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PUB A saída de Daniel Pinto do comando técnico do Ben- fica de Macau promete fazer correr muita tinta. Um grupo de associados do emblema estão a equacionar a possibilidade de solicitar uma Assembleia-Geral extraordinária. BENFICA DE MACAU PÁGINA 16 Se pediu terá de pensar tudo muito bem. As formas de escolha dos alunos estão longe de ser iguais para todos e as vagas são coisa que não abunda. Fomos saber junto das instituições como se prepara a admis- são de novos alunos. REPORTAGEM PGS. 2 E 3 PÁGINA 7 As portas e janelas da Rua da Felicidade vão voltar a ser pintadas de verde, a sua cor original. Os edifícios também vão voltar ao tijolo na cor original cinza. A decisão do Governo surge depois de uma consulta pública mas a data do arranque das obras é ainda desconhecida. FELICIDADE A VERDE DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEXTA-FEIRA 28 DE FEVEREIRO DE 2014 ANO XIII Nº 3040 Despedimento de Dani causa desconforto Foi você que pediu uma creche? AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB hojemacau PUB

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Hoje Macau N.º3040 de 28 de Fevereiro de 2014

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Page 1: Hoje Macau 28 FEV 2014 #3040

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A saída de Daniel Pinto do comando técnico do Ben-fica de Macau promete fazer correr muita tinta. Um grupo de associados do emblema estão a equacionar a possibilidade de solicitar uma Assembleia-Geral extraordinária. BENFICA DE MACAU PÁGINA 16

Se pediu terá de pensar tudo muito bem. As formas de escolha dos alunos estão longe de ser iguais para todos e as vagas são coisa que não abunda. Fomos saber junto das instituições como se prepara a admis-são de novos alunos. REPORTAGEM PGS. 2 E 3

PÁGINA 7

As portas e janelas da Rua da Felicidade vão voltar a ser pintadas de verde, a sua cor original.

Os edifícios também vão voltar ao tijolo na cor original cinza. A decisão do Governo surge depois

de uma consulta pública mas a data do arranquedas obras é ainda desconhecida.

FELICIDADEA VERDE

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 S E X TA - F E I R A 2 8 D E F E V E R E I R O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 0 4 0

Despedimento de Dani causa desconforto

Foi você que pediu uma creche?

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2 hoje macau sexta-feira 28.2.2014REPORTAGEM

CRECHES TÊM DIFERENTES FORMAS DE LIDAR COM LISTAS DE ESPERA

O tempo dourado do ensino pré-escolarCECÍLIA L [email protected]

L ONGE vai o tempo em que poucos bebés nasciam em Macau, por causa de dificul-dades trazidas por uma eco-

nomia que não brilhava como hoje. Contudo, verifica-se actualmente que o desenvolvimento económico trouxe mais bebés, o que resultou na sobrecarga das escolas. “Temos sorte, porque mesmo na pior época temos alunos suficientes para ga-rantir a operacionalidade na esco-la”, disse ao HM a vice-directora da escola de São Paulo, Rowena Chong, também responsável pela área do jardim de infância.

Rowena Chong considera que o jardim infantil sempre conseguiu contornar o possível azar de ter uma diminuição do número de salas ou mesmo do fecho da escola. Com uma lista de espera, há sempre mais candidatos do que vagas. “No ano passado, com 210 vagas, tínhamos mais de 1200 candidatos”, disse Alejandro Salcedo, director-geral da mesma escola.

“Houve pais que ficaram à espera fora da escola no dia da inscrição, desde as três da manhã, porque pensavam que seriam es-colhidos aqueles que chegassem primeiro. Mas a situação não é assim. Contamos aos pais que não precisam de vir mais cedo, e que podem fazer a inscrição no site.”

Situada na Areia Preta, zona de elevada densidade populacional, a procura de uma vaga no jardim infantil da escola são Paulo sempre foi superior à oferta. “Não escolhe-mos os alunos segundo a ordem de inscrição, mas segundo vários elementos”, explicou Alejandro Salcedo. Esses elementos incluem se a casa fica perto da escola, se os irmãos já estudaram na mesma instituição ou se são familiares dos professores.

“Temos de considerar o ele-mento dos professores, porque eles têm prioridade, podem cuidar dos seus filhos no espaço escolar, é uma questão de humanidade. Esta é uma zona com muita população, e temos a responsa-bilidade de servir os moradores.

Mas mesmo assim temos alunos da Taipa e de Coloane.”

Outro dos elementos de ad-missão passa pela realização de um exame de admissão. “Temos de fazer isso, não porque temos um estilo chinês, que se concentra mais nos exames dos alunos, mas porque o estilo da nossa escola é muito aberto, os pais podem ouvir as aulas dos filhos à vontade. Mas temos de escolher 120 alunos de entre 1200 candidatos.”

Alejando Salcedo explica que o exame não é difícil, mas apenas pretende analisar se as crianças estão preparadas para aquela escola. “Se tivermos um aluno que anda numa cadeira de rodas, isso implica ter casas de banho com condições espe-ciais de acesso, o que é difícil, pois temos que ter um funcionário para cuidar e isso ultrapassa a nossa ca-pacidade. Para os alunos surdos não temos terapia ou linguagem gestual. Aí aconselhamos a irem para uma escola com condições adaptadas.”

Nos exames, só entram ques-tões simples, como o local de alo-jamento ou o nome dos pais. “Não

vamos avaliar a capacidade dos pais, como fazem alguns jardins de infância, nem a sua profissão, porque não estamos a seleccionar os pais, apenas as crianças.”

NO COSTA NUNES NÃO HÁ EXAME, MAS MUITAS LÍNGUAS A utilização de um exame para o acesso de crianças no jardim infantil tem causado alguma polémica. Segundo a edição de quarta-feira do jornal Ou Mun, os exames não serão nada fáceis na maioria das escolas. São citadas declarações de pessoas ligadas à área da educação que revelam que, com dois anos, as crianças devem ter noções de literatura, lógica e moral. Devem ainda saber cores, fórmulas e números, bem como identificar produtos do dia-a-dia, nome de comidas e de animais. Depois dos exames, há escolas que ainda questionam os pais porque é que escolhem aquela instituição, e quanto tempo do seu dia-a-dia dispõem para cuidar do filho.

Não é o que se passa no Jardim de Infância Dom José da Costa Nu-

Numa altura em que as escolas do ensino pré-escolar e infantil se preparam para receber as candidaturas, fomos ver os exemplos de três escolas na admissão dos alunos, numa altura em que há mais procura do que oferta. As formas de escolha dos alunos estão longe de ser iguais para todos

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3 reportagemhoje macau sexta-feira 28.2.2014

nes. “Não temos este tipo de exame, não fazemos nenhum exame”, disse ao HM a directora, Vera Gonçalves, que considera que não deve existir um ambiente muito sério no ensino infantil. “Os pais, mesmo os que não falam português, escolhem o nosso jardim de infância, porque gostam do ambiente que damos aos seus filhos.”

O facto de poderem ter contacto com o português é outras das ra-zões. “É um dos motivos pelo qual nos escolhem, bem como o tipo de ensino. É menos formal, não há trabalhos de casa. Temos um ensino mais divertido, construtivo, as crianças sabem aprender brin-cando. É isso que faz as crianças felizes.”

Vera Gonçalves confirma que há muitas crianças chinesas que “rapidamente” aprendem o por-tuguês ali. “É a altura ideal para aprender uma língua. Cada turma tem os agentes de ensino que falam chinês, há auxiliares e professores portugueses que comunicam com estes alunos.”

Há ainda aulas de mandarim, idioma que Vera Gonçalves consi-dera ser o futuro. “Temos todos os dias aulas de mandarim, mas inglês já não temos com tanta frequência, porque é uma língua que se aprende melhor depois da aula. Mesmo os alunos portugueses conseguem aprender mandarim aqui.”

Ao contrário da escola de São Paulo, os primeiros 40 alunos a inscreverem-se entram no Costa Nunes, e depois entram em lista de espera. “Neste momento temos cinco alunos à espera. Quando tivermos alunos suficientes para abrir mais uma sala, iremos pe-dir à Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM) uma terceira sala. Cada ano tem actualmente duas salas, cada uma com 20 alunos.”

DIFICULDADES NO RECRUTAMENTOCom uma pequena lista de espera, o Costa Nunes tem dificuldades no recrutamento de professores por-tugueses. “Não temos dificuldade de espaço, e o número de alunos voltou a aumentar desde 2009. Mas a grande dificuldade que temos é em recrutar um professor do ensino do português. Em Portugal há esse curso, mas em Macau não há”, disse Vera Gonçalves.

Pelo contrário, o espaço é uma das preocupações da escola de São Paulo. “Temos muitos candidatos, mas não recebemos todos por falta de espaço”, disse Alejandro Salce-do. “Mas não me queixo, porque o Governo já nos financiou um novo edifício. Queremos é mais espaço para as aulas. Não temos dificulda-de em recrutar professores, porque somos uma escola chinesa.”

NA CRECHE DA SANTA CASA FAZ-SE SORTEIOTendo em conta o desequilíbrio entre a procura e a oferta, a creche

INSCRIÇÕES COMEÇAM EM MAIO O IAS já tinha anunciado a abertura de cinco creches para satisfazer as necessidades de vaga, mas com o atraso nas obras, só dois novos espaços abriram. Para além da creche da Associação de Beneficência Tung Sin tong, há a creche no Edifício do Lago, na habitação económica da Taipa, gerida pela Associação de Moradores de Macau (UGAMM). Outras creches vão ainda abrir este ano: para além da Sin Meng, há o espaço da Obra das Mães, no edifício Flower City, bem como outro espaço na habitação pública de Seac Pai Van, da Associação dos Operários de Macau. As creches começam as candidaturas em Maio, quando para os jardins de infância é já em Março.

da Santa Casa da Misericórdia de Macau (SCMM) prefere sortear os candidatos. “Temos 258 vagas para crianças com idades entre os três meses e três anos. Mas só temos 114 vagas para as crianças com três meses que querem entrar na creche pela primeira vez”, explicou ao HM Isabel Marreiros, directora do espaço.

“Começamos a fazer as candi-daturas esta segunda-feira, e até esta manhã já recebemos 2450 pedidos de candidatura. Acredito que no final o número de candida-turas será de 2500.”

“Normalmente uma creche tem apenas cem vagas. Há dois anos expandimo-nos e o número de vagas duplicou para o que temos agora. No próximo ano vamos abrir outra creche, no nosso edifício da SCMM, o que vai trazer ainda mais vagas.”

No dia anterior à entrevista com Isabel Marreiros, o presidente do Instituto de Acção Social (IAS), Iong Kong Io, disse que há cerca de 20 mil crianças para entrar nas creches, mas que as vagas são apenas oito mil.

Para Isabel Marreiros, “nem todas as crianças com idade de entrar vão entrar. Se os pais não precisarem de trabalhar fora de casa ou conseguirem cuidar dos seus filhos, não há essa necessi-dade”.

A SCMM já ajudou muitos pais com dificuldades financeiras, mas agora as crianças que estão na creche fazem parte de todos os estratos sociais. “Com o desenvol-vimento económico, muitas mães começaram a trabalhar fora de casa. Pensam que pagar a uma emprega-da doméstica é o mesmo que pagar a uma creche. Mas numa creche as crianças podem conviver com os colegas e aprendem a integrar-se na comunidade. Já vi muitas em-pregadas que deixam as crianças a ver televisão enquanto tomam as refeições. Isso não acontece na creche.”

Das 11 salas da creche, há também uma sala de inglês e português. “Temos 5% de alunos portugueses”. O número não é muito alto, comparando com os números da comunidade portu-guesa. Mas Isabel Marreiros diz que nem todos os portugueses optam pelas creches. “Na minha época, eu não fui para o jardim infantil.”

Em relação ao novo sistema de matricula, implementado pelos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), Isabel Marreiros defende que o mesmo sistema podia ser usado na creche. “Já aconteceu uma ou duas vezes dois alunos que desistiram da vaga por motivos pessoais, porque emigraram para outros países ou mudaram para outra creche. Isso não é justo para os pais que, de facto, querem uma vaga, mas de facto estamos num mercado livre.”

MELINDA CHAN ABRE CRECHE EM SETEMBRO

A Associação de Beneficência Sin Meng, presidida pela deputada Melinda Chan, vai abrir a sua primeira creche no edifício residencial Riviera. Segundo Íris Yeong, administradora da Sin Meng, o espaço abre em Setembro, depois de algum atraso. “A creche está a ser renovada e poderá ter até 200 crianças. Mas no primeiro ano vamos apenas aceitar 100, porque não temos recursos humanos, temos de ir fazendo fase a fase.”

GONÇALO LOBO PINHEIRO

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TIAG

O AL

CÂNT

ARA

4 hoje macau sexta-feira 28.2.2014POLÍTICA

ANDREIA SOFIA [email protected]

A Comissão para os Assuntos das Finanças Pú-blicas voltou a

reunir ontem para analisar o relatório intercalar face à execução do orçamento de 2013 por parte do Governo. Perante uma baixa taxa de execução, na ordem dos 18,9%, os deputados dese-jam saber em que estado está a revisão da actual lei do or-çamento, projecto há muito exigido pelo hemiciclo. “O Governo tem vindo a dizer que os trabalhos para a lei de enquadramento orçamental estão a ser feitos, e tem-nos

CECÍLIA L [email protected]

J ASON Chao, presidente da Associação Novo Macau (ANM), disse ontem que Macau não seguiu as práticas normais

de recrutamento para os serviços públicos, indicadas inclusive numa espécie de guia para a radiodifusão da UNESCO. O activista e ex-candidato a deputado, queria que a TDM tivesse aberto um recrutamento público para escolher o director da televisão, cargo ocupado recentemente por Manuel Pires, por nomeação do Governo.

Numa conferência de imprensa ontem na sede da ANM, Jason Chao e o deputado Ng Kuok Cheong acusaram a TDM de falta de liberdade de imprensa. “É o momento oportuno

para fazer uma mudança, em vez de nomear um funcionário público para ser o director da televisão. Se fosse feito um recrutamento público, a TDM poderia avançar para um novo futuro”, defendeu Ng Kuok Cheong. “Depois do Governo ter comprado a TDM, a liberdade de imprensa da televisão já começou a ser pre-judicada. Acreditamos que Macau tem talentos para ocuparem o lugar de director. Não se pode esperar que sejam os jornalistas a dar conta da censura dos seus dirigentes.”

Na semana passada, um grupo dos funcio-nários da TDM emitiu três cartas, onde revela que algumas entrevistas e notícias foram censuradas por decisão dos dirigentes. Jason Chao diz que a TDM como “uma instalação pública, não consegue ser independente de escolhas políticas e do poder comercial”.

Ng Kuok Cheong vai mais longe. “Os dirigentes da TDM, Leong Kam Chun, director actual de TDM, e Lo Song Man, directora do departamento de notícias no canal chinês da TDM, são ambos membros do conselho eleitoral do Chefe do Execu-tivo e, por isso, é difícil serem imparciais quando noticiam os acontecimentos. Eu também tive oportunidade para entrar neste conselho, mas rejeitei, porque não concordo com o sistema eleitoral actual do Chefe do Executivo.”

Ao mesmo tempo que a conferência de imprensa sucedia, a TDM lançou um comu-nicado onde reafirma que a direcção da TDM nunca intervém na liberdade de imprensa e respeita a independência de departamento das notícias.

A Assembleia Legislativa (AL) tem a competência de fiscalizar o Governo, para ver se está a gastar o erário público de forma adequada. É uma lei importante para exercermos a nossa competência e fiscalizaçãoMAK SOI KUN Presidente da Comissão para os Assuntosdas Finanças Públicas

Comissão liderada por Mak Soi Kun deseja saber em que estado está a revisão da lei do orçamento actualmente em vigor, por forma a poderem fiscalizar melhor os gastos do Executivo. Execução orçamental de 2013 continuou a ser baixa

TDM NOVO MACAU QUERIA RECRUTAMENTO PÚBLICO PARA ESCOLHER DIRECÇÃO

Televisão rejeita acusações de censura

LEI ORÇAMENTAL FRANCIS TAM DEVERÁ DAR EXPLICAÇÕES EM MARÇO

Deputados querem saber avanços

dito que este ano nos vai adiantar mais informações sobre os trabalhos desen-volvidos. Na reunião que teremos com o senhor se-cretário esta vai ser outra das questões colocadas”, disse o deputado Mak Soi Kun, presidente da comissão.

“A Assembleia Legislati-va (AL) tem a competência de fiscalizar o Governo, para ver se está a gastar o erário público de forma adequada. É uma lei importante para exer-cermos a nossa competência e fiscalização”, disse ainda.

Segundo a análise feita pela assessoria jurídica da AL, na área económica, o Governo voltou a gastar muito nos últimos meses do ano. Se as receitas rondam os 69%, a execução das despe-sas é apenas de 18,9%. “No relatório há uma situação de exagero nas despesas e subestimação das receitas. Será que essa é uma situação real de execução? Temos de perguntar ao Governo. Todos os anos a taxa de exe-cução nos primeiros meses do ano é baixa.”

Gabriel Tong, deputa-do nomeado que também apresentou as conclusões do encontro aos jornalistas,

frisou o facto desta ser uma característica comum nas contas do Executivo. “No primeiro semestre a taxa de

execução é baixa e já é uma situação comum. Trata-se de um hábito.”

METRO LIGEIROEM PRIMEIRO LUGAR Indo mais a pormenor, a assessoria jurídica e os de-putados encontraram taxas de execução abaixo de 1% em áreas como a previdên-cia social, equipamentos culturais ou edifícios. Na área da educação essa execução “não é baixa”, sendo que para a segurança pública é de 2%. Na área dos transportes aéreos é de 0%.

Mas outra das áreas em que os deputados prome-tem dar mais atenção é em relação aos grandes projec-tos que já estão em desen-volvimento. “A comissão vai ainda acompanhar os assuntos de planos pluria-nuais, que têm excesso de despesas. Um dos assuntos que vamos acompanhar o é o Metro Ligeiro, as des-pesas previstas e o plano de funcionamento.”

Mak Soi Kun falou da necessidade de analisar os planos mais urgentes. “Te-mos de tratar dos assuntos segundo a premência e urgência dos planos. Se for extremamente vamos acompanhar o assunto. Te-mos que definir uma ordem para esses trabalhos, temos que prevenir as situações e não remediar.”

ANTÓ

NIO

FALC

ÃO

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ANTÓ

NIO

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ÃO

5 políticahoje macau sexta-feira 28.2.2014

RITA MARQUES [email protected]

A lei de salvaguar-da do património entra em vigor amanhã. O dia

marca também o início dos trabalhos de fundo do Insti-tuto Cultural (IC). Ung Vai Meng não se compromete com datas para a futura lista de património cultural, mas acredita na possibilidade de o levantamento de dados es-tar concluído em Dezembro. “Depois da entrada em vigor, começamos a investigar o património total da nossa cidade. Se alguns casos se mostrarem mais urgentes ou com condições mais maduras classificamo-los. Esperamos no fim deste ano acabar com esta investiga-ção”, explica o presidente do IC, à margem da ceri-mónia de lançamento dos trabalhos de promoção da lei de salvaguarda do patri-mónio cultural, na Casa do Mantarim.

O responsável garan-tiu ainda que, em sendo necessário, ainda antes da conclusão do inventário, será dada primazia à classi-ficação de certos edifícios que merecem conservação urgente.

A lei também não de-termina datas para a con-clusão deste inventário. Actualmente, existe uma lista de bens patrimoniais, de 1992, que será anexada à nova lei e posteriormente actualizada.

Por outro lado, será criada uma lista de patri-mónio cultural intangível, onde se vão incluir, entre outras manifestações, a dança do dragão embria-

A lei de prevenção e controlo do ruído ambiental esteve ontem a ser analisada na

especialidade e os deputados exigem a introdução do crime de desobediência no diploma. Segun-do a deputada Kwan Tsui Hang, presidente da primeira comissão permanente de análise à proposta de lei, trata-se de uma forma de assegurar que, após uma primeira advertência, os casos de ruído não se repitam. “Colocámos uma

questão ao Governo: e depois de uma advertência, se a pessoa em causa continuar a fazer barulho? De acordo com o Governo, pode tomar-se ainda como referência alguns diplomas, ou seja, aplicar o crime de desobediência. En-tendemos que se pode, também, introduzir este tipo de norma nesta proposta de lei”, disse, citada na edição online da Rádio Macau.

Para além da questão dos bate-estacas nas obras de rua, os

deputados analisaram ainda dados apresentados pelo Governo, que pretendeu dessa forma analisar algumas alterações visadas na lei. “[O Executivo] recebeu mais de 300 pareceres – entre eles, 68 estão relacionados com as máquinas bate estacas e quase 70 por cento desses pareceres indicam que se deve con-trolar o ruído da vida quotidiana. E foi com base nisso que o Governo introduziu alterações nesta proposta de lei”, disse Kwan Tsui Hang.

A aplicação da lei das pen-sões ilegais poderá vir a ser analisada na Assembleia

Legislativa (AL). Segundo a edi-ção online da Rádio Macau, esta foi uma das conclusões saída da reunião de ontem da comissão de acompanhamento para os assuntos da administração pública. O depu-tado Chan Meng Kam, que preside à comissão, explicou que este foi um dos assuntos propostos pelos mem-bros. “Os deputados apresentaram diferentes temas, como a aplicação da lei das pensões ilegais, os serviços

de táxis – sobretudo tendo em conta o que tem vindo a acontecer recente-mente, com a recusa de passageiros –, a questão do empolamento do pessoal da máquina administrativa, o regime de funcionalismo público, os procedimentos administrativos.”

O empolamento da máquina pública terá sido outro dos temas propostos. Para já ainda não exis-tem conclusões definitivas sobre o assunto. Nos próximos meses ca-berá a esta comissão ir elaborando relatórios sobre os diversos assuntos mencionados.

LEI ORÇAMENTAL FRANCIS TAM DEVERÁ DAR EXPLICAÇÕES EM MARÇO

Deputados querem saber avançosSe alguns casos se mostrarem mais urgentes ou com condições mais maduras classificamo-losUNG VAI MENG Presidente do Instituto Cultural

PATRIMÓNIO GOVERNO VAI FAZER UMA INVESTIGAÇÃO ATÉ AO FIM DO ANO

Inventariação ainda sem data

INTERESSE PÚBLICO DEVE VIR EM PRIMEIRO,ALERTA RESPONSÁVEL DO GOVERNO CENTRAL

RUÍDO DEPUTADOS PEDEM CRIME DE DESOBEDIÊNCIA

E se a primeiraadvertência não resultar?

PENSÕES ILEGAIS CONCLUSÕES DA COMISSÃO DOS ASSUNTOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Lei pode ir para a AL

gado, a ópera cantonense e a comida macaense. O dirigente do IC também não avança quando estará concluída mas, segundo

a lei, esta será objecto de uma consulta pública por um período de 30 dias e será posteriormente fixada pelo Chefe do Executivo.

Segundo determina a lei, fica também relegada para mais tarde a escolha dos 27 profissionais que compõem o Conselho do Património

Cultural (CPC), que é pre-sidido pelo secretário para os Transportes e Obras Pú-blicas e incluiu 35 vogais, segundo regulamento ad-

ministrativo publicado esta semana em Boletim Oficial. De diversos departamentos do Governo. “O Conselho é muito importante porque os representantes vêm da sociedade e contactam directamente com a reali-dade”, comentou Ung Vai Meng, sem adiantar mais pormenores. O CPC vai reunir-se mensalmente à porta aberta. O mandato deste conselho é para três anos, com possibilidade de renovação. “Já esperámos tanto tempo, com a Lei de Salvaguarda podemos proteger muito melhor o património de Macau. Esta lei não é só respeitante a edifícios, mas património intangível. Por isso, deixa--nos tão felizes. Não prote-gemos só um templo, mas também os rituais e cada estátua e objecto. No início protegíamos os objectos do Governo, mas depois passo-a-passo protegemos o património de forma mais abrangente”, rematou on-tem Ung Vai Meng.

He Suzhong foi um dos convidados de ontem no evento organizado pelo IC para promoção da Lei de Salvaguarda do Património. O vice-director do Departamento de Regulação e Políticas da Administração Estatal do Património

Cultural entende que “é preciso pôr o interesse público em primeiro lugar para proteger o património cultural”. “Algumas pessoas põem o interesse particular à frente do interesse público, por isso, é necessário proteger

o património cultural através da legislação.” Ung Vai Meng não podia estar mais de acordo. Aos jornalistas, o presidente do IC disse-se “100% de acordo” com o representante do Governo Central.

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hoje macau sexta-feira 28.2.20146 SOCIEDADE

JOANA [email protected]

O Tribunal Judicial de Base (TJB) dedicou ontem cerca de uma hora e meia a ouvir

escutas telefónicas em mais uma audiência do caso que tem Ar-turo Calderon como arguido. Mais uma vez, e a pedido do Ministério Público (MP), foi

possível ouvir conversas que indicam que a mulher de Lam Peng Chi, primeiro arguido no caso, estaria a ser perseguida por outros dois arguidos, Chao Kit e Fong Tim Wo, mas, como tem sido hábito, nunca é possível perceber qual a intenção dos homens.

A sessão ficou-se pela audição de cerca de uma dezena de escutas feitas aos telefones de Lam Peng Chi, Arturo Chiang Calderon, Chao Kit e Fong Tim Wo, os quatro arguidos do processo que, recorde-se, vêm acusados de ten-tativa de homicídio, acolhimento de emigrante ilegal e posse de armas proibidas. Os homens foram detidos em Novembro de 2012, altura em que a Polícia Judiciária tinha já montado uma investigação, devido a uma de-núncia anónima. Arturo Calderon é visto como tendo sido quem organizou o plano a pedido de Lam Peng Chi, marido da ofen-dida, e Chong Kit é tido como o homem que foi contratado para assassinar a mulher, com a ajuda de Fong Tim Wo.

À semelhança das sessões anteriores, onde se ouviram outras

População ultrapassa pela primeira vez as 600.000 pessoasA população de Macau ultrapassou as 600.000 pessoas no final de 2013, indicam dados estatísticos oficiais que assinalam que viviam na actual Região Administrativa Especial chinesa 607.500 pessoas, mais 25.500 do que no final de 2012. O aumento da população ao longo de 2013 foi de 4,4% e 51,4% dos residentes, ou 312.300 pessoas, eram do sexo masculino. Os dados demográficos da população de Macau referem ainda que 8% da população de Macau tinha 65 ou mais anos (mais 0,3 pontos percentuais do que em 2012), 80,7% tinha idades compreendidas entre os 15 e os 64 anos (menos 0,1 pontos percentuais do que no final de 2012) e 11,3% eram jovens com idades até 14 anos (menos 0,3 pontos percentuais do que em Dezembro de 2012). O número de nascimentos em 2013 - 6.571 - caiu em 744 face a 2012 e o número de óbitos subiu 79 para 1.920, o que traduziria um crescimento natural da população de apenas 4.651 pessoas, 18,2% do crescimento efectivo e que é potenciado pela chegada de novos trabalhadores à cidade. Aquando da transferência da Administração de Portugal para a China, a população local era de apenas 438.000 pessoas, 72% da actual, segundo os dados dos Serviços de Estatística locais.

Desemprego ao nível mais baixo de sempreA taxa de desemprego em Macau no período terminado em Janeiro deste ano caiu para 1,7%, o mais baixo valor de sempre e menos 0,2 pontos percentuais do que no período homólogo entre Novembro de 2012 e Janeiro de 2013. No período em análise - de Novembro de 2013 a Janeiro de 2014 - a população activa foi calculada em 379.000 pessoas, mais 5,83% dos que os 358.100 apurados entre Novembro de 2012 e Janeiro de 2013. Já a população empregada subiu em termos homólogos 5,86%, para um total de 372.000, acrescentam os números oficiais. O número de desempregados - 6.500 pessoas - caiu 1,5% face ao período homólogo anterior, sendo que 14,6% destes estavam à procura do primeiro emprego.

JULGAMENTO DE ARTURO CALDERON CONTINUA COM AUDIÇÃO DE ESCUTAS TELEFÓNICAS

Muita conversa e pouco sumo

“Ele não conseguiu executar, porque estava um carro a aproximar-se. Depois ele foi para a esquina e estava lá um bófia de pé, então ele não conseguiu porque ela subiu”EXTRACTO DE UMA DAS ESCUTAS TELEFÓNICAS

escutas telefónicas, as de ontem indicam movimentos suspeitos dos arguidos, mas sem dar provas concretas à acusação, pelo menos de que havia a intenção de matar. “Ele não conseguiu executar, por-que estava um carro a aproximar--se. Depois ele foi para a esquina e estava lá um bófia de pé, então ele não conseguiu porque ela subiu”, ouve-se numa das gravações. “Vi passar um carro patrulha, já não dá para fazer.”

Numa outra conversa é pos-sível ouvir-se que “houve duas oportunidades perdidas”, porque Chong Kit se assustou com po-lícia e pessoas no local. “Ele até estava calmo, mas viu a polícia e não fez nada. Eu até pensei ‘mas porque é que ele não executou o plano’, mas depois vi que havia um carro a tapar a minha visão para um carro da polícia que es-tava lá. Disse-lhe que tínhamos de fazer o mais rápido possível, se não perdíamos a oportunidade, mas vi o bófia. Hoje à noite vamos fazer o possível.”

Os telefonemas falam ainda dos horários da mulher, que tra-balhava num casino, e da forma como ela estava vestida na altura dos factos. A acusação diz que Chong Kit estaria a planear ma-tar a mulher com uma chave de fendas, na zona dos Nova Taipa, na Taipa, mas a defesa põe isto em causa, dando como hipóteses que o alvo poderia ser um amante da mulher ou até que a intenção não seria matar, até porque os homens falam quase sempre em código. O julgamento continua na próxima semana.

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7 sociedadehoje macau sexta-feira 28.2.2014

RITA MARQUES [email protected]

A S portas e janelas da Rua da Felicidade voltam a ganhar a cor original. Nas últimas duas décadas, a cor vermelha

passou a ser a imagem de marca do bairro patrimonial, mas a população parece estar de acordo com a proposta de mu-dança do Instituto Cultural. Verde volta a ser a opção para revitalizar não apenas a rua como também o Beco e o Pátio da Felicidade. “A Rua da Felicidade vai ser verde com tijolo na cor original”, avança Ung Vai Meng, numa cerimónia

Encontro da Associação das Universidades de Língua Portuguesa começa hojeO encontro anual da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP) está de volta a Macau. A proposta de candidatura para a organização do XXIV Encontro Anual da AULP, feita no ano passado, foi apresentada em nome de três instituições de ensino superior público de Macau: UMAC, Instituto Politécnico e Instituto de Formação Turística. Esta é a quinta vez que o evento se realiza em Macau, e esta edição, com membros provenientes de cerca de 150 universidades em todo o mundo, incluindo Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, terá lugar no novo campus da UMAC, na Ilha da Montanha.

Portuguesa Portline vai adquirir seis novos navios de cargaA Portline, empresa de transportes marítimos internacionais propriedade do magnata Stanley Ho e sediada em Portugal, emitiu uma ordem de compra de seis novos navios a serem construídos na Ásia, revelou ontem o diário Business Daily. De acordo com o jornal, que cita fontes da empresa liderada por Ambrose So, um dos braços direitos de Stanley Ho enquanto o empresário esteve à frente dos negócios, os novos navios serão entregues num prazo de dois a três anos e irão juntar-se à frota de 16 outros já existentes. Fundada em 1984 pelo Governo português e privatizada em 1991, a Portline tem actualmente 16 navios, 12 dos quais graneleiros, e dois porta-contentores e opera regularmente em carga de contentores ou convencional para portos como Leixões, Lisboa, Caniçal, norte da Europa, Le Havre, Las Palmas, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Guiné Conacri. Já no sector dos granéis, a Portline actua em todo o mundo nos mercados do Atlântico, Pacífico e Índico, transportando, entre outros, carvão, minérios, adubos e cereais.

Mais de 15 mil candidatos aos T1 em Seac Pai VanO Instituto de Habitação (IH) realizou ontem um sorteio informático sobre o concurso geral para aquisição de fracções autónomas de habitação económica de tipologia 1 do Edifício Ip Heng, em Seac Pai Van. Como havia mais de 15 mil candidatos, mas a oferta das fracções é apenas 1,544, na lista, quem ficou para lá do número 2.000 preferiu desistir da candidatura e escolher antes apartamentos de T2, T3 e T4.

RUA DA FELICIDADE CONSULTA PÚBLICA DETERMINOU MUDANÇAS

Do vermelho ao verde

RUA DA BARCA IC AINDA SEM CERTEZA SOBRE PROTECÇÃOOs vários departamentos do Governo ainda estão a estudar o caso do antigo edifício na Rua da Barca que foi parcialmente demolido por engano por um chefe de departamento da DSSOPT. Ung Vai Meng explica que a investigação interna nas Obras Públicas ainda decorre, pelo que o relatório só depois será conhecido. Da mesma forma, o IC ainda se mantém a avaliar a importância daquela infra-estrutura. “Investigaremos a parte mais história e depois em conjunto com o IACM vamos perceber se vale a pena proteger porque uma parte já não existe. Quando tivermos um resultado avançaremos com o assunto para o Conselho [do Património] para discussão”, explica o presidente do IC. Ainda não há, porém, explicações para os motivos que levaram à autorização de demolição do edifício. Apesar de não ser património classificado, o proprietário do imóvel recebeu das mãos da DSSOPT uma planta de alinhamento onde era referida a obrigatoriedade da sua preservação.

sobre os trabalhos de promoção da Lei de Salvaguarda do Património Cultural, ontem à tarde na Casa do Mandarim.

A data para o arranque das obras ainda não é, porém, conhecida. “Ainda não sabemos, para nós o mais difícil é chegar a acordo com as propriedades,

A Rua da Felicidade volta a ser verde nas portas e janelas dos edifícios. A decisão foi tomada pelo Governo, depois de terminada esta semana a consulta pública sobre o “Projecto de Restauro das Fachadas de um Conjunto de Construções Classificadas na Rua da Felicidade e no Beco da Felicidade”

só então podemos avançar”, explica o presidente do Instituto Cultural, que admite a nova cor como a melhor op-ção. “Para mim fica melhor verde do que vermelho.” No entanto, o Governo no início do ano, em resposta a uma interpelação do deputado Ho Ion Sang, fez saber que as obras de manutenção dos edifícios na Rua da Felicidade iriam começar gradualmente este ano.

A decisão é tornada pública pelo Governo, depois de a consulta pública sobre o “Projecto de Restauro das Fa-chadas de um Conjunto de Construções Classificadas na Rua da Felicidade e no Beco da Felicidade” ter chegado ao fim na passada terça-feira. No entanto, Ung Vai Meng ontem não adiantou resultados sobre este levantamento de opiniões.

O bairro, inscrito na lista do pa-trimónio classificado, ganhou janelas e portas vermelhas em 1996 quando a Administração Portuguesa decidiu fazer uma recuperação das fachadas em quatro espaços comerciais e obras de recuperação.

A Rua da Felicidade e edifícios em redor datam do tempo do imperador Tongzhi, da dinastia Qing e formam uma das primeiras áreas na cidade sujeita a planeamento urbano e possuindo caracte-rísticas arquitectónicas particulares, uma história remota e cultura abundante.

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8 hoje macau sexta-feira 28.2.2014CHINA

O banco central da China arquitectou o declínio recente da moeda do país para se

livrar de especuladores, à medida que se prepara para permitir uma gama cambial mais ampla para o yuan, segundo fontes ligadas à filosofia do banco.

Na semana passada, o Banco Popular da China começou a direccionar o yuan para uma des-valorização em relação ao dólar, quando definiu uma menor taxa de câmbio de referência para a moeda. Segundo os operadores a instituição interveio também no mercado, orientando os bancos es-tatais chineses a comprar dólares. As acções levaram o yuan ao seu nível mais baixo em sete meses e representam uma reversão da prática assumida durante grande parte de 2013, quando o banco central continuou a impulsionar a valorização do yuan em relação ao dólar, mesmo enquanto as moedas de outros países emergentes caíam. A China viu entrar um enorme fluxo de dinheiro do exterior — às vezes, segundo alguns analistas, contornando os controlos cambiais — tentando aproveitar a aparente subida sem fim à vista do yuan.

Ao promover a desvalorização da moeda chinesa, o banco central espera impedir que os especu-ladores de curto prazo apostem numa subida contínua do yuan e, ao mesmo tempo, introduzir mais volatilidade na sua negociação.

Embora seja uma acção de curto prazo, fazer com que a cotação do yuan se comporte mais como uma moeda dirigida pelo mercado encaixa-se num plano mais amplo do gigante asiático para reestruturar a economia tornando-a menos dependente dos investimentos e das exportações.

DIFICULDADESAO NÍVEL INTERNACIONALMesmo que tenha uma importância cada vez maior no comércio inter-nacional, o yuan não é livremente conversível. O banco central define

Ao promover a desvalorização da moeda chinesa, o banco central espera impedir que os especuladores de curto prazo apostem numa subida contínua do yuan e, ao mesmo tempo, introduzir mais volatilidade na sua negociação

ECONOMIA BANCO CENTRAL CHINÊS ARQUITECTOU QUEDA DO YUAN

Moeda mais perto do “ponto de equilíbrio”o seu valor, permitindo que este flutue dentro de uma gama cambial controlada em relação ao dólar. Ac-tualmente, o BPC permite que os investidores pressionem o valor do yuan em 1% em qualquer direcção nas negociações diárias, com base na taxa pré-definida.

Muitos analistas e economistas esperam que o BPC expanda a va-riação cambial este ano, permitindo que a moeda oscile diariamente até 2% em qualquer direcção. A última vez que a variação foi am-pliada aconteceu em Abril de 2012, quando passou de 0,5% para 1%.

O aumento do fluxo de capitais para a China dificultou os esfor-ços de Pequim para controlar a economia, contribuindo para uma subida dos preços dos imóveis e injectando dinheiro em excesso no sistema financeiro. O BPC e os bancos comerciais compraram o equivalente a quase cerca de 350 mil milhões de patacas em moeda estrangeira em Dezembro, o quinto mês consecutivo de compras lí-quidas. Um yuan mais fraco pode também ajudar os exportadores,

cujos produtos ficam mais baratos nos mercados internacionais.

O BPC decidiu derrubar as expectativas de valorização do yuan e pôr travão nas operações de câmbio especulativas durante uma reunião de dois dias sobre política monetária que terminou em 18 de Fevereiro, disseram fontes ligadas à questão.

Na reunião, Hu Xiaolian, vice--presidente do banco central, pediu um maior esforço para impedir os riscos associados aos fluxos inter-nacionais de capitais e juntou-se a outras autoridades ao expressar as suas preocupações com a en-trada de “dinheiro especulativo”, segundo um comunicado emitido pelo BPC após a reunião. O banco decidiu também expandir a varia-ção cambial do yuan este ano de

forma “ordenada”, informou o comunicado, para tornar o yuan uma moeda mais livre. A 19 de Fevereiro, um dia após a reunião, o yuan deu início à sua trajectória recente de queda, atingindo o menor nível em quase dois meses.

DECLÍNIO ABALA CONFIANÇANo encerramento desta quarta--feira na China, um dólar comprava 6,1248 yuans, praticamente a mesma cotação de terça-feira. Este ano, a moeda chinesa caiu 1,2% em relação ao dólar, uma oscilação grande para uma moeda que quase não se move e se valorizou 2,9% em 2013.

O declínio abalou ainda mais os investidores já preocupados com a desaceleração da economia chine-sa e desencadeou temores de uma liquidação de yuans nos mercados internacionais. As autoridades

chinesas tentaram quarta-feira pôr alguma água na fervura. “A oscilação do yuan deve-se a um ajuste da estratégia de negociação dos principais participantes do mercado”, informou o regulador cambial da China no seu site. “As flutuações são normais em comparação com a volatilidade nos mercados de câmbio de paí-ses desenvolvidos e emergentes”, acrescentou o regulador.

Alguns funcionários do BPC já disseram no passado que o yuan está a aproximar-se do seu valor justo de mercado, ou do seu “ponto de equilíbrio”, ou seja, as hipóteses de quaisquer movimentos drásticos na moeda são limitadas.

A ampliação da faixa de nego-ciação não vai eliminar o controlo do BPC sobre a moeda, que ainda manterá uma taxa de referência para o yuan. Mas a potencial mudança seria um passo impor-tante para o estabelecimento de um sistema de taxa de câmbio com base no mercado, em que o yuan se moveria tanto para cima como para baixo, à semelhança de outras moedas importantes.

A reforma cambial é parte do plano chinês para reformar o seu sector financeiro, elevar o estatu-to do país no sistema monetário internacional e, um dia, competir com o dólar como a moeda global de facto, segundo algumas autori-

dades chinesas.Um yuan mais livre pode

também ajudar a China a apa-ziguar as queixas de estrangei-ros sobre as políticas cambiais do país. Os Estados Unidos e outras economias avançadas têm pressionado Pequim há vários anos para afrouxar o con-trolo sobre o yuan, permitindo que este se valorize e impulsione a procura do consumidor chinês.

Há anos que a China resiste à pressão por um regime de câmbio flutuante, preferindo uma aborda-gem gradual devido à preocupação de que medidas drásticas poderiam desestabilizar os seus mercados de capitais ou prejudicar o poderoso mercado de exportações do país.

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9 chinahoje macau sexta-feira 28.2.2014

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P ELA primeira vez após uma semana de espessa poluição, Pequim amanhe-ceu ontem com sol e céu azul.

Às 8h, a densidade de partículas PM2.5, as mais finas e susceptíveis de se infiltrarem nos pulmões, era de apenas 10 microgramas por metro cúbico, menos de metade do máximo de 25 recomendados pela Organização Mundial de Saúde, en-quanto na quarta-feira ultrapassou os 400.

A acentuada melhoria da qualidade do ar foi atribuída aos aguaceiros de quarta--feira à noite e ao vento que soprou durante a madrugada.

Pequim estava desde sexta-feira pas-sada em alerta laranja, o terceiro mais

grave numa escala de quatro. Segundo um estudo citado na quarta-feira na imprensa oficial chinesa, 350.000 a 500.000 pessoas morrem prematuramente por ano na China devido à poluição.

A persistente poluição em Pequim é também uma das principais fontes de insatisfação popular.

Numa sondagem realizada há um ano em Pequim e seis outras cidades, 60% dos inquiridos apontaram a poluição como uma das “principais ameaças ao desen-volvimento” do país, a seguir à corrupção.

Em Janeiro de 2013, a atmosfera em Pequim deu mesmo origem a uma palavra nova - “arpocalipse”.

Livro azul Relações sino-europeias terão melhor desenvolvimento

A chefe da diplomacia da União Eu-ropeia (UE), Catherine Ashton, e o secretário-geral das Nações Unidas

(ONU), Ban Ki-moon, instaram ontem ao diálogo na Tailândia para acabar com a es-calada de violência derivada dos protestos antigovernamentais. “A alta representante está profundamente preocupada com os graves incidentes de violência política na Tailândia. A morte de crianças é particular-mente alarmante”, disse em comunicado a porta-voz do gabinete de Catherine Ashton.

Quatro crianças morreram recente-mente devido a diferentes ataques contra os manifestantes antigovernamentais em Banguecoque e na província de Trat, situ-ada no sudeste do país, onde os tiroteios e as explosões se repetem quase todas as

noites no âmbito dos protestos, descreve a agência Efe.

Catherine Ashton apelou a todas as par-tes na Tailândia a agirem com a “máxima moderação para evitar mais violência” e reiterou o seu “apelo urgente ao diálogo que conduza a uma solução política duradoura, baseada nos princípios democráticos”, acrescentou o comunicado.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki--moon, também expressou a sua “vontade” em apoiar ambas as partes e o povo da Tai-lândia para que estabeleçam um diálogo que acabe com a escalada de violência no país.

Em comunicado, um porta-voz de Ban informa que o responsável da ONU insta ambas as partes a respeitarem os direitos humanos e o Estado de direito.

POLUIÇÃO SOL E CÉU AZUL VOLTAM APÓS UMA SEMANA

Pequim com abertas

TAILÂNDIA UE E ONU APELAM AO DIÁLOGO

Pelos direitos humanos

REGIÃO

A Academia de Ciências Sociais da China publicou esta quinta-feira um livro azul, afirmando que as relações sino-europeias terão um melhor desenvolvimento ao longo da próxima década. O documento faz uma retrospectiva sobre o desenvolvimento das relações entre a China e a Europa entre o período de 2003 a 2013. O livro aponta que no futuro, a base e a prioridade do

relacionamento bilateral são as cooperações nas áreas económica e comercial, sugerindo que a China e a Europa deverão promover em conjunto normas justas e razoáveis de comércio e investimento global. Para além disto, o documento acrescenta ainda que as duas partes terão mais possibilidades de cooperação nas áreas de defesa, tecnologia espacial e protecção ambiental.

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hoje macau sexta-feira 28.2.201410 publicidade

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hoje macau sexta-feira 28.2.2014 11EVENTOS

U M desenho da ilustra-dora portuguesa Ana Aragão é a capa da edição de Fevereiro

da revista chinesa Casa In-ternational, uma publicação de Pequim dedicada ao de-sign internacional. “É quase impossível não ficarmos apaixonados pelo trabalho de Ana Aragão”, disse o di-rector criativo da revista, o português Emanuel Barbosa.

Ana Aragão, 30 anos, nascida e criada no Porto, é arquitecta, mas depois de ter trabalhado um ano naquela área, dedica-se sobretudo ao desenho e à ilustração. “Não consigo sequer imaginar pas-sar os dias sem um lápis na mão ou uma ideia de desenho na cabeça”, disse a artista numa entrevista à Casa International, publicada em inglês e chinês.

A arquitectura está presente

S E está habituado a ouvir rádio, possivelmente os nomes Jorge Vale e

Helder Fernando não lhe são estranhos. Pois, os dois anima-dores de rádio celebram hoje o 4º aniversário do programa ‘Rua das Mariazinhas’, que preenche as tardes semanais do canal português da Rádio Macau, e prometem um es-pectáculo em cheio.

A partir das 16 horas, na ga-leria da Fundação Rui Cunha, Jorge Vale e Helder Fernando convidam-no a juntar-se à festa, que traz não só música, como uns convidados espe-ciais. “Vamos ter crianças da Escola Portuguesa de Macau a

recitar poesia ao vivo e Marce-lino Marques, que traz consigo um grupo de crianças que vão tocar cavaquinho e viola”, explicou Jorge Vale ao HM.

A tarde será ainda preen-chida com artistas de Macau: o músico Fabio Ari Calangi, o duo Concrete/Lotus, Fabrizio Croce e Herbert Ramos vão cantar ao vivo. “Não temos nada planeado, queremos que seja algo descontraído e que as pessoas vão aparecendo. Temos comes e bebes”, asse-gura Jorge Vale.

O espectáculo começa às 16 horas e tem entrada livre, mas passa também em directo na rádio. - J.F.

O Centro Cultural de Macau apresenta em Abril o clássico

da Ópera cantonense, “A Reincarnação da Ameixa Vermelha”, numa super--produção que sobe ao palco do Grande Auditório em seis espectáculos. “A Reincarna-ção da Ameixa Vermelha” é uma obra-prima romântica do lendário dramaturgo Tong Dik Sang, apresentada numa versão integral protagonizada

por Connie Chan Po Chu e Mui Suet Si à frente de um colectivo de mestres do gé-nero, informa o comunicado de imprensa da organização.

Encenada por Pak Suet Sin, a actriz principal da ópera quan-do esta estreou em Hong Kong em 1959, este verdadeiro e raro clássico envolve o público num conto de amor fantástico. A peça relata a paixão entre o fantasma de Li Huinang, uma concubina assassinada, e o

mortal Pei Yu. A protagonista transcende a morte para re-gressar ao mundo dos vivos e estar com o seu amado, o qual a salva dos intentos vingativos de Jia Sidao, o seu antigo amo e assassino, informa a nota de imprensa.

Os papéis principais são interpretados pela popular actriz Connie Chan Po Chu (papel principal masculino) e por Mui Suet Si (papel princi-pal feminino), um dos nomes

maiores da ópera cantonense. A produção fica completa com a coreografia de Yuri Ng e com os interlúdios musicais de Leon Ko num cenário concebido por Ewing Chan.

“A Reincarnação da Ameixa Vermelha” vai ser apresentado no Grande Au-ditório de 17 a 22 de Abril de 2014. Os bilhetes estarão disponíveis a vários preços e descontos a partir do próximo domingo.

“ARTFUSION” comworkshops a partir de domingoO grupo “ARTFUSION” promove a partir do próximo domingo uma dupla sessão de workshops criativos ligados às artes performativas. O “ARTFUSION” é um projecto de trabalho em “fusão” com outros grupos locais, ou não, misturando estilos, culturas, e visões do Mundo diferentes. Para este workshop, a ser ministrado nos dois próximos domingos, num total de dez horas, inscreveram-se 40 pessoas, entre os oito e os vinte anos. Chineses, americanos, ingleses, holandeses, macaenses, portugueses e brasileiros irão ter a oportunidade, ao longo das dez horas de trabalho, de adquirir conhecimentos para aplicarem no final do workshop na criação de espectáculos. Os monitores são profissionais oriundos do Brasil, China e Portugal, com trabalho produzido em várias disciplinas artísticas. O “ARTFUSION” colaborou recentemente com o Grupo AXE Capoeira-Alegria Brasil na última Parada do Ano Novo Chinês.

ARTISTA PORTUGUESA É CAPA DE REVISTA CHINESA DE DESIGN

Desenhos para “os olhos e para a mente”

no seu trabalho, mas os espaços que Ana Aragão desenha desti-nam-se “aos olhos e à mente”. “Não sinto necessidade de cons-truir esses espaços. Basta-me que eles sejam habitados pela imaginação”, afirmou.

É a terceira vez que Portugal é tema de capa da Casa Interna-tional, revista que se publica há uma década em Pequim.

A primeira foi em No-vembro de 2012, quando a revista dedicou a sua edição à arquitectura portuguesa. “Não há duvida que ‘desenhado em Portugal’ significa ‘desenha-do com qualidade’”, assinalou então o director da revista, Chen Yuanzheng.

A edição de Fevereiro de 2014 da Casa International inclui também uma entre-vista com os animadores da Maria Riding Company, coletivo de design funda-do em Lisboa em 2012 e “apaixonado” por objectos criados nas décadas de 1950, 1960 e 1970, nomeadamente motas.

Para eles, aqueles anos “foram décadas cheias de criatividade e inovação, em que os designers quebraram regras e criaram objectos ver-dadeiramente fora de série”.

“RUA DAS MARIAZINHAS” CELEBRA 4.º ANIVERSÁRIO NA FUNDAÇÃO RUI CUNHA

Música, conversa e poesia ao vivo

CLÁSSICO DA ÓPERA CANTONENSE “A REINCARNAÇÃO DA AMEIXA VERMELHA” NO CCM

Obra-prima romântica a caminho

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12 hoje macau sexta-feira 28.2.2014

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José simões morais(TEXTO E FOTOS)

FESTIVIDADE KUN IAM HOI FU

N A última terça-feira, o vi-gésimo sexto dia do ano no calendário lunar chi-nês, em Macau celebrou-

-se a festividade Kun Iam Hoi Fu, quan-do a deusa da Misericórdia e Compai-xão abriu os seus cofres para os devotos fazerem empréstimos de fortuna.

Como todos os anos acontece, o número de crentes nesse dia enchem os templos dedicados a Kun Iam. Ainda não tinha chegado as 23 horas, altura que começa o dia festivo, e era já uma multidão que se apinhava no Kun Iam Tong. Por tal razão neste dia os tem-plos dedicados à deusa não fecham.

bretudo com o implorar o nascimento de um filho, de felicidade, boa sorte e saúde. Actualmente, na sua maioria es-tão virados para conseguir mais dinhei-ro, como nos confessam muitos crentes.

À NOITE NO TEMPLOO dia lunar inicia-se às 23 horas e nor-malmente é no primeiro período que as pessoas crêem ser o mais auspicioso para entrar no templo. Mas, durante o dia há outras horas que são auspicio-sas. Desde o dia anterior aos festejos, o templo não encerra as suas portas, ficando aberto para receber os devotos.

No interior encontra-se uma verda-deira multidão e chega a ser necessário controlar as entradas. Olhando à nossa volta, vemos alguns crentes que trans-portam consigo duas peças de três dife-rentes tipos de fruta, flores, pivetes (os paus de incenso) e um enorme maço de papel pagode, por vezes já dobrado em forma de lingotes de ouro e prata, que representa dinheiro no mundo do Além, assim como um moinho de ven-to (fong che).

Segundo a opinião de alguns de-votos, para as celebrações deve-se tra-zer três grandes pivetes de incenso e por respeito aos outros deuses, que se encontram no templo, levar incenso mais pequeno para em sua honra lhes oferecer. Também um par de velas ver-melhas (lap chôc) e um conjunto de vestes de papel para Kun Iam (Kun Iam yi), que pode ser comprada nas lojas ao redor, ou no próprio templo. Ainda levar uma refeição confeccio-nada com cinco diferentes tipos de vegetais cozinhados, denominada Louhan chái, mas que hoje em dia foi substituído por cinco peças diferentes de fruta. Pede-se aos devotos que não façam oferendas nem de carne, nem de vinho. Outros utensílios que per-deram lugar nesta cerimónia foram as três taças de chá, as três de água e os três pares de pauzinhos para comer (fai-chi em cantonense, ou em man-darim kuaizi) e em vez deles, paga-se para o óleo das lamparinas, que estão sempre acesas em frente às imagens dos deuses. Crê-se que quem assim procede terá a compensação de ver o seu negócio prosperar durante todo o ano.

O circular no templo é bastante difícil e o imenso fumo e cheiro dos pivetes fazem os olhos lacrimejar. Os

A FESTIVIDADE KUN

IAM HOI FU ESTÁ

LIGADA À MITOLÓGICA

HISTÓRIA QUE REFERE

TER O IMPERADOR DE

JADE (玉帝, IOC TAI,

EM MANDARIM YU DI)

ENVIADO 500 LOHAN

AO TEMPLO, ONDE KUM

IAM SE PREPARAVA PARA

ATINGIR A ILUMINAÇÃO,

PARA SE INTEIRAREM DOS

SEUS PROGRESSOS

A festividade Kun Iam Hoi Fu está ligada à mitológica história que refere ter o Imperador de Jade (玉帝, Ioc Tai, em mandarim Yu Di) enviado 500 Lo-han ao templo, onde Kum Iam se pre-parava para atingir a Iluminação, para se inteirarem dos seus progressos. Os iluminados homens santos, disfarçados de monges aí chegaram, pedindo de comer e Kun Iam abriu a sua dispen-sa, alimentando-os a todos. No fim, com a comida que restou, ofereceu aos crentes que no seu templo rezavam. Tal aconteceu no vigésimo sexto dia do ano no calendário lunar chinês.

Os iniciais pedidos dos crentes à pusa Kun Iam estavam relacionados so-

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13 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 28.2.2014

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pivetes acesos no incensório da en-trada são elevados ao nível da cabe-ça e com uma vénia, colocados nos incensórios de cada um dos três al-tares, dispostos em cada um dos três pavilhões. Já na terceira sala, o altar à deusa Kun Iam está sempre cheia de devotos. Aí os crentes recebem um envelope vermelho com o emprés-timo, representado por uma moeda antiga chinesa, cujo centro é aberto em quadrado.

O RITUALPrimeiro acende-se as velas vermelhas (lap choc) e por três vezes se inclina a cabeça à imagem da Kun Iam, em sinal de respeito, colocando-as no incen-sório (heóng lou, em cantonense ou, xiang lu em mandarim). Depois acen-dem-se os três grandes paus de incenso (heóng) e repete-se os gestos anterio-res. Dirigindo-se de novo para a está-tua de Kun Iam, colocar-se de joelhos e com as mãos unidas apresentar-se à deusa dizendo (o que pode ser apenas

No regresso, ao passar pelo segun-do pavilhão, onde se encontra o altar dos Três Budas Preciosos, os devotos tocam o gongo e batem no tambor por três vezes.

Por fim chega a altura de atirar para o depósito de preciosidades, (chói pou lou - forno) os papéis oferecidos à deu-sa e o dinheiro-papel do Além (yun pou), que arde em altas labaredas, após se fazer três vénias com o tronco e ca-beça, encerrando o cerimonial de cada um dos crentes.

Estes são os passos da série de ri-tuais praticados pelos devotos de Kun Iam no 26º dia do primeiro mês do ano lunar, pois a deusa, por um dia, põe à disposição o cofre para que se possa pedir empréstimos de fortuna.

Passados onze meses, também no vigésimo sexto dia lunar, para que a deusa atenda de novo as preces deve o devoto voltar ao templo e repor o em-préstimo pedido e antes de lhe voltar a pedir algum favor, deve-se pagar o que dela se recebeu no quotidiano da vida.

mentalmente) o nome, data de nasci-mento e o que se lhe quer pedir.

Após fazer o pedido, pega-se nas vestes de papel para Kun Iam (Kun Iam yi) e coloca-se-lhes fogo para estas se-rem enviadas pelo fumo à deusa e com

um envelope vermelho (lai si fong) apanham-se algumas dessas cinzas e guardam-se depois na carteira para se-rem levadas para a mesa dos Antepas-sados (san toi), que existem em muitas casas chinesas de Macau.

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PARA SE REALIZAR AS

CELEBRAÇÕES DA

FESTA DE LUPERCALES,

ENTRE OS “HOMENS

BONS” DA CIDADE ERAM

ANUALMENTE ELEITOS

OS SACERDOTES DESTE

DEUS, CHAMADOS

LUPERCI

14 hoje macau sexta-feira 28.2.2014h

A NTES de o mês de Fevereiro terminar e para complemen-tar o artigo sobre a Procis-são de Nossa Senhora das

Candeias, editado no dia 7 deste mês, gostaríamos aqui de explanar as ori-gens desta festividade.

Talvez de proveniência grega, mas sobretudo ligada à fundação de Roma, as festas de Lupercales celebravam-se em honra do Fauno Luperco, a ver-são romana de Pã, o deus grego dos pastores.

Pã, representado com corpo de ho-mem, tem orelhas, chifres e pernas de bode e vivia em grutas e pelas monta-nhas, vagueando nos bosques e cam-pos. Está associado à Natureza e sim-boliza o Universo. Diz-se que o pânico que assalta quem atravessa à noite um bosque tem origem no temor provoca-do pelo deus Pã. Os latinos davam-lhe o nome de Fauno (do latim favorável) e em Roma era chamado de Luperco (o que protege do lobo) e ficou ligado à lenda da fundação da cidade quando, tomando a forma de uma loba, numa gruta amamentou Rómulo e Remo.

As festas de Lupercales celebra-vam-se na Roma pagã no mês de Fe-

José simões morais(TEXTO E FOTOS)

PURIFICAÇÃOna fralda da Colina Palatino (um dos sete montes de Roma) e aí imolavam dois bodes brancos e um cão. Com o sangue destes animais os luperci ungiam-se, terminando assim as ce-rimónias de sacrifício. Em seguida tiravam-lhes as peles e com elas se vestiam, cortando das peles tiras de couro, denominadas februa. Depois saíam com a februa a chicotear os que vinham assistir aos festejos, sobretu-do as mulheres inférteis, pois criam que o poder das chicotadas lhes traria a fertilidade.

De februa (sacrifícios de purifica-ção, nome dado também a estas ceri-mónias) veio o nome de Februarius, em português Fevereiro.

Acreditava-se servir essa cerimónia para espantar os maus espíritos e puri-ficar a cidade das doenças, assim como conceder fertilidade às pessoas açoita-das pelos luperci.

FESTIVIDADE CRISTÃNos finais do século V, as pagãs fes-tas Lupercais foram proibidas e para as substituir, a Igreja instituiu a fes-ta da Purificação de Nossa Senhora, também conhecida por festa de Nos-

vereiro e estavam conectadas com a passagem do Inverno (simbolizando a morte) para a Primavera (a ressur-reição para uma nova vida), abrindo assim um novo ciclo. Simbolizando a purificação, com ela procurava-se obter, para o ano que estava prestes a começar, uma grande produtivi-dade, tanto na agricultura como na reprodução dos animais. De salien-tar que nesse tempo, o ano começa-

va em Março e no mês de Fevereiro havia um período de cinco dias fora do calendário e por isso celebrados licenciosamente que deram origem ao Carnaval.

Para se realizar as celebrações da festa de Lupercales, entre os “homens bons” da cidade eram anualmente eleitos os sacerdotes deste deus, cha-mados Luperci. Reuniam-se logo pela manhã na caverna Lupercal, situada

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15 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 28.2.2014

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“MERCADORES DO ÓPIO – MACAU NO TEMPO DE QUIANLONG” • Maria Helena do CarmoO romance histórico Mercadores do Ópio – Macau no Tempo de Quianlong abarca a vivência macaense do século XVIII, combinando situações reais com outras romanceadas pela autora. A obra retrata a saga de quatro gerações contemporâneas de Quianlong. Os Vicente Rosa, enriquecidos com o comércio e o contrabando do ópio na China, então proibidos no Império do Meio, viram-se aprisionados na gaiola dourada de Macau por deterem recursos financeiros e uma frota mercantil que sustentava a cidade em épocas de crise. A sua permanência no território assegurou a continuidade da presença portuguesa.

O LOBO DE WALL STREET • Jordan BelfortChamavam-lhe «O Lobo de Wall Street», e a própria máfia colocou operacionais na sua empresa para aprenderem com os seus métodos. Esta é a autobiografia de Jordan Belfort, o jovem corretor de Wall Street que nos anos 90 se sobrepôs à lógica da economia, manipulou o mercado bolsista e ganhou uma fortuna incalculável. Uma história verídica e fulguran-te, escrita num registo confessional mas com muito humor, onde Belfort relata ao pormenor a sua ascensão prodigiosa e a inevitável queda.

sa Senhora das Candeias, ou Nossa Senhora da Luz, que se realiza no dia 2 de Fevereiro, quarenta dias após o Natal.

Tal como se crê em muitas partes do mundo, as mulheres que dão à luz, ou estão com o período, ficam impu-ras e por isso, não podem/devem en-trar nos templos. Tendo nascido Jesus no dia 24 de Dezembro, a Santíssima Virgem Maria, acompanhada por José e o filho, só pode ir ao templo após os 40 dias estipulados. Assim no dia 2 de Fevereiro, perante o sacerdote Simião, aí foi apresentar o filho e realizar a pu-rificação, levando para a cerimónia de sacrifício um cordeiro e duas pombas.

Começou por ser a última festa no

ano cristão, quando no antigo calendá-rio romano este tinha início em Março.

Organizava-se uma procissão com tochas ou velas (candela e por isso, candelária, ou festa das candeias) e antes de serem distribuídas pelos par-ticipantes, as velas de cera de abelha, a representar o corpo de Cristo, eram abençoadas pelo sacerdote.

onde os portugueses se instalaram, como foi o caso de Damão.

Em Macau, apesar da festa das Candeias ter pouco mais de 20 anos, trazida pelos damanenses residentes nesta cidade, existia desde 1961 o Colégio de Nossa Senhora da Puri-ficação, localizado no sopé da Forta-leza do Monte, na Calçada das Ver-dades.

O dia 2 de Fevereiro está ligado ao ditado popular que diz: “Nossa Senhora a rir, está o Inverno para vir. Nossa Senhora a chorar está o In-verno a acabar”. Tal quer dizer que, quando no dia 2 de Fevereiro está Sol, o Inverno vai-se prolongar e quando chove, está ele a terminar.

NOS FINAIS DO SÉCULO V, AS PAGÃS FESTAS

LUPERCAIS FORAM PROIBIDAS E PARA AS SUBSTITUIR,

A IGREJA INSTITUIU A FESTA DA PURIFICAÇÃO DE

NOSSA SENHORA

Em Portugal, no século XV foi o culto a Nossa Senhora da Luz ga-nhando força e depois, quando foi patrocinado pela terceira esposa de D. Manuel I, D. Leonor, filha do rei de Espanha Filipe I de Castela e pela sua filha, D. Maria, adquiriu uma nova dimensão. Seguindo nas naus, o culto propagou-se por muitas das terras por

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16 DESPORTO hoje macau sexta-feira 28.2.2014

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AvisoInscrição para o exame de admissão conjunta, de 2014, realizado

em Macau, para estudantes chineses residentes no estrangeiro, em Macau, Hong Kong e Taiwan, candidatos aos cursos de licenciatura das

instituições do ensino superior do Interior da China.

Estão abertas as inscrições para o exame de admissão conjunta, de 2014, realizado em Macau e destinado a estudantes chineses residentes no estrangeiro, em Macau, Hong Kong e Taiwan, candidatos aos cursos de licenciatura das instituições do ensino superior do Interior da China. O exame é organizado pelo Ministério da Educação da República Popular da China e coordenado pelo Gabinete de Apoio ao Ensino Superior.InscriçõesDatas:De 1 a 15 de Março (Inscrição prévia online) De 17 a 31 de Março (Confirmação oficial da inscrição)Horários para a confirmação oficial da inscrição:De segunda a sexta-feira, das 10H30 às 19H00, sem interrupção na hora de almoço; sábado e domingo, fechado.Local:Centro dos Estudantes do Ensino Superior – Gabinete de Apoio ao Ensino Superior, Avenida do Conselheiro Ferreira de Almeida n.º 68-B, Edifício Va Cheong, r/c B, Macau. (em frente à paragem de autocarro do Jardim Lou Lim Ioc)ExameDatas: 24 e 25 de Maio (sábado e domingo)Local: Escola Secundária Pui Ching de Macau(Avenida Horta e Costa, n.º 7)Consulta

As informações sobre a admissão dos estudantes e às inscrições para o exame, podem ser consultadas na página electrónica do GAES (http://www.gaes.gov.mo) ou no website do “Blog para os Estudantes de Ensino Superior de Macau” em (http://studentblog.gaes.gov.mo). Para mais esclarecimentos, se necessários, ligue, por favor, para os telefones (853) 83969345 e (853) 83969390. Macau, 28 de Fevereiro de 2014

O Coordenador Sou Chio Fai

MARCO [email protected]

A saída de Daniel Pinto do coman-do técnico da equipa de futebol

da Casa do Sport Lisboa e Benfica de Macau não agradou a alguns dos adeptos e sócios da filial do clube encarnado no território, que ponderam agora exigir a rea-lização de uma Assembleia--Geral extraordinária para discutir os moldes em que se consumou o afastamento do técnico cabo-verdiano.

Tido de forma unâni-me como uma das mais prestigiadas figuras do desporto-rei do território, o consulado de Dani no banco

BENFICA DE MACAU SÓCIOS PODERÃO SOLICITAR ASSEMBLEIA-GERAL EXTRAORDINÁRIA

Saída de Dani gera indignação

Moçambique quer jogo com PortugalA Federação Moçambicana de Futebol vai sugerir à sua homóloga portuguesa um jogo entre as selecções dos dois países, em Lisboa ou Maputo, para homenagear Mário Coluna, anunciou Faizal Sidat, presidente da federação moçambicana.

Grécia Federação anunciasaída de Fernando SantosFernando Santos vai deixar o cargo de seleccionador da Grécia após o Mundial-2014, anunciou hoje o presidente da Federação Grega de Futebol, Georgios Sarris. «Há algum tempo informei os membros da Direcção de que Fernando Santos vai terminar o seu trabalho com a nossa selecção após a fase final do Campeonato do Mundo do Brasil», revelou o dirigente ao site oficial do organismo na Internet. Sarris sublinhou ainda que a decisão foi do técnico português e que este continuará a merecer o respeito da federação, assegurando o empenho para cumprir os objectivos estabelecidos para o Mundial-2014. “O objectivo imediato é procurar e encontrar uma solução para liderar a equipa, para que a transição, em Setembro, se faça de forma segura, tendo em vista a presença no Euro-2016», frisou Sarris. Grécia e Portugal defrontam-se num particular, a 31 de Maio.

dos vice-campeões de Ma-cau prolongou-se por pouco mais de um mês, abrangendo apenas três partidas oficiais. Nos encontros disputados pelo Macau e Benfica sob a tutela de Daniel Pinto, o emblema encarnado somou uma vitória, um empate e uma derrota, mas o desaire frente ao campeão Monte Carlo, no último fim-de-semana, terá propulsionado o desfecho que se consumou ao final da tarde de quarta-feira.

Contactado pelo Hoje Macau, o antigo técnico das águias furtou-se a comentários e a explicações, mas deixou ainda assim a promessa de esclarecer em tempo oportuno

os contornos que premedi-taram a saída do comando técnico da Casa do Sport Lisboa e Benfica de Macau. Daniel Pinto entende que ainda é cedo para avançar com explicações, mas há quem queira tirar a limpo as razões por detrás do afastamento do treinador cabo-verdiano.

A “chicotada psicológi-ca” foi a segunda a envol-ver o emblema encarnado no espaço de pouco mais de um mês e a dança das cadeiras e a aparente insta-bilidade no seio das águias do território não é vista por bons olhos por algumas personalidades ligadas ao

clube. Em declarações ao HM, um sócio da Casa do Sport Lisboa e Benfica de Macau acusou alguns membros do elenco direc-tivo da filial do Benfica na RAEM de estarem a tentar sequestrar o projecto. “A Casa do Benfica é um clube com uma dimensão muito particular por ser uma emanação local de uma instituição com enorme prestígio, o Sport Lisboa e Benfica. Estas movimenta-ções não afectam apenas a imagem e a credibilidade da instituição em Macau. Tem repercussões mais latas. O Benfica de Macau é uma instituição com órgãos sociais bem definidos, mas há quem actue como se assim não fosse e decida por mote próprio o que deveria ser decidido por todos”, acusa, escudado pelo anonimato.

FERNANDO SILVA NA MIRAAs críticas são sobretudo dirigidas a Fernando Silva. O protagonismo do direc-tor desportivo da Casa do Benfica e braço direito de Duarte Alves para o futebol é visto com maus olhos por parte de um grupo de sócios da formação encarnada, assegura a fonte contactada pelo Hoje Macau.

Caso não veja a saída de Daniel Pinto devidamente esclarecida, o grupo não exclui a possibilidade de exigir, junto do presidente da Mesa, a realização de uma Assembleia-Geral extraordinária: “A situação criou um certo mal-estar e não pode passar sem ser esclarecida. No nosso en-tender, tais esclarecimentos devem ser prestados em sede própria, no âmbito de uma assembleia-geral”, remata.

Em declarações à Rá-dio Macau, o director executivo do Benfica, Duarte Alves garantiu que o sucessor de Daniel Pinto à frente dos destinos da equipa encarnada vai ser apresentado dentro em breve. Alves deixou claro que o “futuro imediato” dos vice-campeões do território se encontra a ser diligencia-do. O director executivo do conjunto encarnado acres-centou ainda que a direcção do clube está a considerar “todas as opções possíveis” e desvalorizou a dança de cadeiras e a instabilidade no clube: “É tudo feito em prol do Benfica e tendo o melhor para o Benfica em conta”, garante.

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hoje macau sexta-feira 28.2.2014 FUTILIDADES 17

TEMPO MUITO NUBLADO MIN 17 MAX 23 HUM 70-98% • EURO 10.9 BAHT 0 .2 YUAN 1.3

Pu YiPOR MIM FALO

Verde voltaa trazer esperançapara a Felicidade

GIL JUNG E A LUTA NA LAMA

E aqui que aparece Gilmara Jung, mais conhecida por Gil Jung, modelo pro-fissional, oriunda do Rio Grande do Sul (Brasil). Esta manequim, também mediática apresentadora de televisão, foi notícia em terras brasileiras por participar num evento de luta na lama numa recente viagem de negócios a Barcelona. Ainda não existem muitas fotografias destes duelos escaldantes, é certo, mas não vão tardar a aparecer certamente.

Grávidas que bebem vinho têm filhos mais bem comportados• Estranho, ou talvez não… E o pessoal da Universidade de Copenhaga também se surpreendeu. Eles analisaram o consumo de álcool entre 100 mil dinamarquesas grá-vidas em três ocasiões: duas vezes durante a gravidez e seis meses após o parto. Quando a criança já tinha sete anos, 37 mil mulheres foram convocadas, mais uma vez, para responder a algumas perguntas sobre o comportamento dos filhos. Aí, os investigadores perce-beram que os filhos das mulheres que haviam bebido até uma taça de vinho por semana durante a gravidez comportavam-se melhor – eram emocionalmente mais equilibrados.

Às 19h37 de sábado é quando mais pessoas fazem o amor• Uma pesquisa publicada no site Lovehoney.com descobriu que às 19h37 de sábado é quando a maioria dos casais opta por ter relações sexuais. De acordo com o estudo, o dia da semana é o mais popular para a prática do sexo, eleito por 44% dos casais, seguido pelo domingo, que recebeu 24% dos votos, e das sextas--feiras, com 22%. As informações são do Daily Mail. O momento de mais excitação, no entanto, acontece de madrugada, às 4h33 do sábado.

João Corvofonte da inveja

“(...) Janelas do meu quarto,Do meu quarto de um dos milhões do mundo.que ninguém sabe quem é(E se soubessem quem é, o que saberiam?),Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,Com a morte a por (h)umidade nas paredese cabelos brancos nos homens,Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,E não tivesse mais irmandade com as coisasSenão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da ruaA fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitadaDe dentro da minha cabeça,E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.Estou hoje dividido entre a lealdade que devoÀ Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.(...)A aprendizagem que me deram,Desci dela pela janela das traseiras da casa.”

(Álvaro de Campos in “Tabacaria”)

Fernando Pessoa não escreveu este poema a pensar nas janelas da Rua da Felicidade, mas é da sua cor vermelha que nos despedimos. Voltam a ser verdes para (segundo a tradição chinesa) trazer melhor auguro. Enquanto for verde a esperança, os problemas sobre a insegurança, os prédios devolutos e as lojas vazias relatados por moradores – que o Hoje Macau abordou numa reportagem recente – talvez venham a conseguir nova atenção. Ficamos à espera para ver...

Se andares a pisar vinho, ficam manchas no corpinho.

C I N E M ACineteatro

SALA 1POMPEII [C]Um filme de: Paul W. S. AndersonCom: Kit harington, Emily Browning, Kiefer Sutherland14.30, 16.30, 21.30

POMPEII [3D] [C]Um filme de: Paul W. S. AndersonCom: Kit harington, Emily Browning, Kiefer Sutherland19.30

SALA 2 LONE SURVIVOR [C]Um filme de: Peter Berg

Com: Mark Wahlberg, Taylor Kitsch, Ben Foster, Emile Hirsch14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 312 YEARS A SLAVE [C]Um filme de: Steve McQueenCom: Michael Fassbender, Benedict Cumberbatch, Chiwetel Ejiofor14.15, 16.45, 21.30

ROBOCOP [C]Um filme de: José PadilhaCom: Joel Kinnaman, Gary Oldman, Michael Keaton, Abbie Cornish19.30

POMPEII

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18 OPINIÃO hoje macau sexta-feira 28.2.2014

A mudança climática pode ter impactos desiguais no bem-estar das mulheres quando comparado com o dos homens. Os ris-cos directos e indirectos das mudanças climáticas afectam as oportunidades das mulheres de aceder a diferentes formas de vida,

o tempo de que dispõem diariamente e a sua esperança de vida. Os riscos das mudanças climáticas e o seu efeito potencial nas mulhe-res podem ser directos, pois as temperaturas mais elevadas nos oceanos, conduz à perda de recifes de coral que podem prejudicar a indústria turística, sector no qual as mulheres representam mais de 45 por cento da força de trabalho.

É de prever ainda, que possam acon-tecer mais secas e escassez de água, com repercussão nas mulheres e crianças do sexo feminino nos países em vias de de-senvolvimento, pois com frequência são quem recolhe, utiliza e administra a água. A diminuição de água disponível põe em perigo os meios de subsistência das suas famílias e aumenta a intensidade e duração de trabalho, que pode ter efeitos secundários tais como a menor quantidade de crianças do sexo feminino matriculadas nas escolas ou menores oportunidades para as mulheres se dedicarem a actividades lucrativas.

É ainda de considerar como efeito direc-to, a maior frequência de fenómenos climáti-cos extremos, como a crescente intensidade e quantidade de ciclones, inundações e vagas de calor. O estudo realizado pela ONU em cento e quarenta países desde 1980 tem re-velado que as catástrofes naturais e os seus subsequentes impactos matam em média mais mulheres que homens ou matam as mulheres numa idade mais jovem.

Os efeitos indirectos são as maiores pra-gas, tendo a instabilidade do clima um papel decisivo nas epidemias de malária nas zonas altas da África Oriental e foi responsável por cerca de 70 por cento das epidemias de cólera no Bangladesh. As mulheres têm menor acesso aos cuidados de saúde que os homens e a sua intensidade e duração de trabalho aumenta quando têm que dedicar mais tempo a cuidar dos doentes.

As famílias mais pobre afectadas pelo

perspect ivasJORGE RODRIGUES SIMÃO

As mudanças climáticas são um tema de segurança global e de direitos humanos, constituindo um gigantesco desafio para o desenvolvimento sustentável, justiça social, equidade e respeito dos direitos humanos, e para as gerações futuras

O Objectivo de Desenvolvimento do Milénio 3“The growing attention for sustainable development has further nurtured interest at all levels. At the macro-level, reducing poverty worldwide and increasing trade with developing countries have become part of the United Nations` Millennium Development Goals to which 189 national governments have committed themselves. Without proper planning, land reform can lead to supply bottlenecks as a result of declining productivity and production. China is another example where the reform of the land property is a key element of the transition from a centrally planned to a market oriented system.”

Hans van Trijp and Paul Ingenbleek Markets, Marketing and Developing Countries: Where We

Stand and Where We Are Heading

vírus da “SIDA” têm menores recursos para adaptarem-se aos impactos das mudanças climáticas. Adoptar novas estratégias para a produção de colheitas ou cuidar do gado torna-se mais difícil para as famílias in-fectadas e para as que têm a mulher como chefe de família. Um outro efeito indirecto é a extinção das espécies, prevendo-se que as mudanças climáticas podem levar à ex-tinção de cerca de 25 por cento das espécies existentes, em 2050.

As mulheres com frequência dependem da diversidade de cultivos para fazer face às mudanças climáticas, mas as alterações permanentes da temperatura reduzirão fa-talmente a biodiversidade da agricultura e as opções de medicina tradicional, criando impactos potenciais na segurança alimentar e na saúde e a menor produção das colheitas, esperando-se, por exemplo em África, que a produção de colheitas diminua até um valor máximo de 50 por cento como consequência das condições extremas parecidas às do fenómeno El Niño.

As mulheres das zonas rurais são responsáveis por metade da produção de alimentos do mundo e produzem entre 50 e 80 por cento dos alimentos na maior parte dos países em via de desenvolvimento. Em África, a proporção de mulheres afectadas

pelas mudanças nas colheitas devido ao clima pode atingir 75 por cento. Além de agravar os riscos existentes, as mudanças climáticas podem revelar novos riscos que se encontram ocultos.

O aumento de surtos de doenças relaciona-das com o clima terá um impacto distinto entre as mulheres e homens. Todos os anos cerca de cinquenta milhões de mulheres que vivem em países com malária endémica engravidam, sendo que mais de metade vivem em zonas tropicais de África com intensa transmissão do bacilo, vindo a morrer cerca de dez mil mulheres e duzentas mil crianças em consequência da infecção durante a gravidez.

O relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 2008, afirmava que a anemia associada à malária era responsável por mais de metade das mortes registadas. A análise e estudo de cento e quarenta cala-midades naturais em vários países revelou que não protecção dos direitos económicos e sociais das mulheres, provocou mais mortes nas mulheres que nos homens como causa dessas catástrofes naturais.

As sociedades dos países em que am-bos os sexos gozam dos mesmos direitos, as catástrofes naturais matam quantidades semelhantes de mulheres e homens, daí

que todas as intervenções relacionadas com a redução do risco e gestão do risco social, deveriam prestar especial atenção à necessidade de melhorar a capacidade das mulheres para gerir os riscos relacionados com as mudanças climáticas, tendo em vista de reduzir a sua vulnerabilidade e conser-var ou aumentar as suas oportunidades em termos de desenvolvimento.

É importante considerar acções pos-síveis, como as de melhorar o acesso ao desenvolvimento de habilidades, educação e conhecimentos; melhorar a preparação e gestão das catástrofes naturais e apoiar as mulheres para que possam ser ouvidas e tenham capital político que possibilitem o acesso a instrumentos de gestão de riscos e desenvolver políticas que ajudem as famílias a estabilizar o consumo, como o crédito, acesso aos mercados e mecanismos de segurança social.

O principal propósito do “Terceiro Ob-jectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM 3)”, é o de promover a igualdade entre os sexos e a autonomização das mulheres, tendo em consideração que dois terços dos analfabetos do mundo são mulheres, sendo 80 por cento dos refugiados mulheres e crianças. Vencer as desigualdades entre as crianças do século masculino e feminino no

acesso à educação e escolaridade obrigatória e oficial é o suporte fundamental para virem a desempenhar papeis cada vez mais activos a nível económico e político nos seus países.

É de crucial importância no quadro dos “ODM 3” realizar eventos que combatam a violência contra as mulheres, informando as instituições que agem no apoio às vítimas de violência; promover actividades desportivas e culturais a favor da melhoria da auto-estima das mulheres, impulsionando a valorização e o respeito em todas as fases do seu ciclo de vida como sejam a infância, adolescência, gravidez, maternidade, menopausa e velhice; realizar campanhas de combate a produtos, serviços e estabelecimentos que exploram o corpo da mulher nas suas publicidades e anúncios, consolidando o senso crítico da sociedade.

Torna-se ainda importante nos termos do “ODM 3”, promover campanhas para estimular e encorajar as jovens a procurarem o seu desenvolvimento socioeconómico, por meio da educação e do trabalho; or-ganizar fóruns de discussão, em parceria com o “Conselho Comunitário e Delegacia da Mulher”, tendo em vista esclarecer a população sobre os serviços públicos em defesa da mulher e a legislação vigente, bem como determinar o número de Organizações

não Governamentais (ONG’s) e de todos os serviços públicos dirigidos às necessidades das mulheres e difundir essas informações em locais de grande circulação ou por meio de visitas ao domicilio.

É ainda importante no âmbito das “ODM 3” promover palestras de preferência profe-ridas por homens de forma a sensibilizar os demais quanto à divisão das tarefas domésti-cas, paternidade responsável e intransigência face a todas as formas de violência contra mulheres e crianças. O propósito principal dos “ODM3” é um pré-requisito para que se possam atingir todos os demais “ODM”.

A forma como as mudanças climáticas potenciam as presentes desigualdades entre sexos, dificultará de maneira significativa os esforços para atingir os referidos “ODM”. Os países em via de desenvolvimento estão a ocu-par-se das mudanças climáticas que travam a redução da pobreza e o sucesso das metas do desenvolvimento sustentável. No entanto, as desigualdades entre sexos acentuam ainda mais a pobreza e o subdesenvolvimento des-ses países. Os “ODM” são interdependentes e reforçam-se uns aos outros.

As mudanças climáticas são um tema de segurança global e de direitos humanos, constituindo um gigantesco desafio para o desenvolvimento sustentável, justiça social, equidade e respeito dos direitos humanos, e para as gerações futuras. As diferenças entre sexos foi registada em todo o tipo de calamidades naturais, desde os furacões Mitch e Katrina, tufão Haiyan e outros temporais nas Américas, passando pelas vagas de calor na Europa até às inundações e ciclones por todo planeta.

Alguns países da América do Sul, pe-rante o comportamento social que se espera

dos que os homens tenham em situações de catástrofes naturais, de assumirem os riscos extremos durante a ocorrência dos mesmos, designado por “sindroma do super homem” tem conduzido a mortes desnecessárias, como as de cruzar os rios com correntes fortes.

Quando acontecem rápidas mudanças climáticas, as desigualdades existentes en-tres sexos aumentam e reforçam-se os papéis tradicionais entre os mesmos. As históricas desvantagens, incluindo o limitado acesso a terras de cultivo, recursos naturais, infor-mação e tomada de decisões, convertem-se em situações mais pesadas para as mulheres durante e depois dos desastres naturais.

As mulheres nos países em desenvolvi-mento são, em grande parte, responsáveis por garantir os alimentos, água e energia para cozinhar e aquecimento. As secas, desertifi-cação e precipitações obrigam as mulheres a trabalhar ainda mais para assegurar tais recursos, deixando-as com menos tempo para produzir rendimentos, educarem-se ou cuidar das suas famílias. A falta de representação e de participação da mulher na tomada de decisões relativamente às mudanças climáticas a todos os níveis (local, nacional, regional e interna-cional) conduz à inexistência de políticas e programas sensíveis às diferenças de sexos.

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19 opinião

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana de Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos Colaboradores Amélia Vieira; Ana Cristina Alves; António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

hoje macau sexta-feira 28.2.2014

Foi só uma vez

D EPOIS das declarações desta semana do presiden-te do Instituto de Acção Social acerca da proposta de lei sobre a violência do-méstica, fiquei com muita curiosidade em saber o que vem escrito no articulado. Depois de muitas trocas e baldrocas com o diploma,

disse o presidente que, numa “solução de equilíbrio”, afinal a violência doméstica (só) vai ser crime público em situações de maus-tratos continuados.

Expliquem-me – que eu não entendo – o que se pretende com isto. Assim de repente parece-me que não se pretende nada. Mas expliquem-me lá como é que isto se define. Presumo que o Governo, promotor do di-ploma, venha um dia destes dizer que não quer dar trabalho aos tribunais ao permitir que se abram processos por causa de um único desaguisado, mesmo que doloroso e ruidoso, entre marido e mulher.

O jantar não estava feito a horas e o marido decidiu bater com a colher de pau à mulher-cozinheira-atrasada – mas foi só uma vez, senhor juiz. O marido chegou tarde a casa, com álcool no sangue a mais para acertar com a chave na fechadura, e a mulher decidiu vingar-se com o wok – mas foi só uma vez, senhor juiz. Os vizinhos que chamaram a polícia, senhor juiz, é que não sabem ler a lei. Não são maus-tratos continuados, senhor juiz. Foi só uma vez. Esta lei não vai servir para nada.

Numa rápida pesquisa acerca da defini-ção de violência doméstica, descobri vários textos que concluem basicamente o mesmo. A violência doméstica desenrola-se em três fases: aumento da tensão, ataque violento, apaziguamento. A continuidade faz-se neste ciclo. Os especialistas não explicam quanto tempo demora a começar uma fase para se

contramãoISABEL [email protected]

Nos últimos anos as soluções encontradas para os mais diversos problemas têm sido tudo menos equilibradas e o Governo não tem tido pudor em ignorar o desequilíbrio. Ignora-o de várias formas – quase sempre ao assobiar para o lado

aferir da continuidade. Os vizinhos estão tramados. Esta lei não vai servir para nada.

Houve um tempo em que percebia esta lógica de o Governo apresentar as soluções como sendo de “equilíbrio”, ou de “con-

senso”, de modo a evitar que as comadres se zangassem. Acontece, porém, que nos últimos anos as soluções encontradas para os mais diversos problemas têm sido tudo menos equilibradas e o Governo não tem tido

OS OUTROScartoonpor Stephff

pudor em ignorar o desequilíbrio. Ignora-o de várias formas – quase sempre ao assobiar para o lado, na esperança de que os proble-mas se resolvam sozinhos, na expectativa de que a população não reaja, porque não dá jeito um povo que reage. Aumentam-se uns subsídios e fica-se à espera, a ver no que dá.

Tem sido assim com quase tudo o que incomoda o povo. Se fossem encontradas soluções para quase tudo o que incomoda o povo, se fossem encontradas verdadeiras “soluções de equilíbrio”, seriam pouco consensuais para os que não adormecem com o desequilíbrio das coisas a pesar--lhes na cabeça e na consciência. E esses sim, reagem.

O povo, como povo que é, só se preocupa com questões comezinhas, como as patacas que deixa no supermercado, a renda que já não consegue pagar e o salário mínimo que não existe. Lamentavelmente, as elites também – vendo bem as coisas, as elites são feitas de povo cheio de dinheiro nos bolsos. Foi só uma vez, senhor juiz.

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hoje macau sexta-feira 28.2.2014

O número de traba-lhadores não resi-dentes (TNR) de

Macau mais do que duplicou nos últimos sete anos, ul-trapassando, em Janeiro, a fasquia dos 140.700, indicam dados divulgados no portal do Gabinete de Recursos Humanos.

Em Janeiro de 2007, quando os dados começaram a ser divulgados, estavam a trabalhar em Macau 66.769 pessoas com o título de trabalhador não residente, dos quais 38.434 oriundos do interior da China, 12.711 de Hong Kong e 7.435 das Filipinas, os três maiores mercados fornecedores de mão-de-obra de Macau.

Em Janeiro de 2014, o universo de mão-de-obra importada era composto por 140.765 pessoas, a maioria do interior da China (88.787), das Filipinas (19.252), do Vietname (12.616). Segue--se Hong Kong (6.650) - o

Mais de 46.000 pessoas repatriadas por Macau em 2013Mais de 46.000 pessoas foram repatriadas ao longo de 2013 a partir de Macau para os seus locais de origem, referem dados da Polícia de Segurança Pública, que salienta um aumento de 15,67% dos casos face ao ano anterior. Os mesmos dados apontam para um aumento de 17,15% nas pessoas repatriadas para a China continental, num total de 42.362 pessoas. Para Hong Kong seguiram 407 pessoas, mais 19,01% do que em 2012, para Taiwan 101 ou mais 40,28% e para outros destinos 3.133, menos 2% face a 2012. Já no que se refere a imigrantes ilegais, entre Janeiro e Dezembro de 2013 foram repatriadas 1.335 pessoas, ou mais 15,9% face a 2012 e todas oriundas da China continental, referem os mesmos dados disponíveis no portal da Polícia de Segurança Pública de Macau.

Serviços de Turismo participam na feira de Cantão A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) vai participar na edição da Feira Internacional de Turismo de Cantão deste ano, que teve ontem inicio e que deverá durar durante este fim-de-semana. Segundo um comunicado, a delegação de Macau é composta por 39 representantes de 18 empresas, tais como hotéis, agências de viagem e estabelecimentos de acolhimento de eventos. O objectivo é “apresentar aos operadores turísticos de vários países e regiões, e aos cidadãos do interior da China, os novos desenvolvimentos turísticos da cidade e produtos turísticos diversificados”, para além de “dar a conhecer o conteúdo do posicionamento de Macau como centro mundial de turismo e lazer”. Pretende-se ainda “incrementar relações com operadores turísticos do interior da China e internacionais”. “Ao mesmo tempo, pretende atrair mais visitantes para Macau e promover a mistura de culturas chinesa e ocidental bem como o ambiente festivo e características de Macau.”

TRABALHADORES NÃO RESIDENTES MAIS DO QUE DUPLICARAM EM SETE ANOS

À procura de uma oportunidadeúnico mercado a registar uma quebra nos últimos sete anos.

O “top cinco” em termos de “fontes” de mão-de-obra fica completo com a Indoné-sia (4.007 pessoas), segundo os mesmos dados.

Ao nível da activida-de económica, os dados revelam que o número de trabalhadores do interior da China empregados no sector da construção civil se mul-tiplicou por cinco desde Ja-neiro de 2007 - passando de 4.580 para os actuais 24.089, num universo composto por 27.002 trabalhadores de vá-rias nacionalidades.

Já ao serviço do comércio estavam, em Janeiro de 2007, um total de 1.283 funcioná-rios recrutados ao interior da China, cujo número subiu para 14.093. Semelhante situação verificou-se no ramo dos hotéis, restaurantes e si-milares, onde os trabalhado-res contratados ao interior da China subiram de 6.552, em

Janeiro de 2007, para 29.378 no primeiro mês de 2014.

Por oposição, hoje há menos trabalhadores do in-terior da China empregados nas actividades culturais e recreativas, lotarias e outros serviços: diminuíram de 8.681 para 3.849 pessoas.

Já os trabalhadores pro-venientes das Filipinas, sempre exerceram sobretudo funções como empregados domésticos e de um total de 7.435 presentes em Janeiro de 2007, 4.266 pessoas tra-balhavam neste sector.

Hoje os trabalhadores domésticos oriundos das Fi-lipinas são 9.693 e o universo

de TNR oriundos deste país escalou para 19.252 pessoas.

Já os naturais do Vietna-me estão hoje contabilizados em 12.616 pessoas, das quais 7.325 como empregados domésticos, enquanto em Janeiro de 2007 estavam contabilizados apenas 1.439 pessoas.

Macau é uma Região Administrativa Especial da China desde 20 de Dezembro de 1999 e tem a sua economia fortemente dependente do turismo, especialmente do jogo em casino.

O mecanismo de tra-balhadores não residentes define que as empresas e particulares em Macau contratem quadros especia-lizados ou indiferenciados, tendo estes autorização para permanecerem na cidade enquanto os seus contratos forem válidos ou enquanto se manifestarem necessidades especiais de recrutamento de mão-de-obra no exterior.