EXPOSIÇÃO ÚNICA NO MAM

O álbum de uma viagem de família alucinante

CENTRAIS

FISCALIZAR A VIDEOVIGILÂNCIA

Protecção de dados precisa de mais pessoal

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LÍDER DA LIGA DE ELITE

Ka I ainda foi comprar mais um reforço

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Ter para ler

Francis Tam irrita APOMAC... de novo

Perdeu-se aVOZJohnny Reis 1928 - 2012

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2 publicidade quinta-feira 23.2.2012www.hojemacau.com.mo

EDITAL

Edital no :12/E/2012Processo no :964/BC/2011/F e 966/BC/2011/FAssunto :Demolição da obra não autorizada pela infracção às respectivas disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI)Locais :Rua do Capão no 3, Edf. Wing Nam, Bloco 2, terraço sobrejacente à fracção 5o andar H, Macau. Rua do Capão no 3, Edf. Wing Nam, Bloco 2, escada comum do 4o andar, Macau.

Chan Pou Ha, subdirectora da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, no uso das competências delegadas pela alínea 7) do no 1 do Despacho no 09/SOTDIR/2009, publicado no Boletim Oficial da RAEM no 16, II série, de 22 de Abril de 2009, faz saber por este meio aos donos das obras ou seus mandatários, aos encarregados das obras, aos técnicos responsáveis pelas obras e executores das obras existentes nos locais acima indicados, cujas identidades se desconhecem, o seguinte:1. Processo no 964/BC/2011/F. Local da obra: Rua do Capão no 3, Edf. Wing Nam, Bloco 2, terraço sobrejacente à fracção 5o andar H, Macau. OagentedefiscalizaçãodestaDSSOPTdeslocou-seaolocalacimaindicadoeverificouarealizaçãodeobra sem licença cuja descrição e situação é a seguinte:

1.2 Em cumprimento do disposto no no 3 do artigo 88odoRSCI,aprovadopeloDecreto-Leino 24/95/M, de9deJunho,oagentedefiscalizaçãoordenouaimediatasuspensãodaobra. 1.3 Nos termos do no 1 do artigo 88o do RSCI e por despacho de 19/08/2011 do Exmoo Sr. Director dos Serviços,confirmouasuspensãodaobraordenadapeloagentedefiscalizaçãoedeterminouoembargo da obra, emitindo em consequência o respectivo despacho de embargo. 1.4 De acordo com o no 1 do artigo 95odoRSCI,foirealizada,noseguimentodenotificaçãoporedital

publicado nos jornais em língua chinesa e portuguesa de 25/08/2011, a audiência escrita dos in-teressados, mas não foram carreados para o procedimento elementos ou argumentos de facto e de direito que pudessem conduzir à alteração do sentido da decisão de ordenar a demolição da obra não autorizada acima indicada.

2. Processo no 966/BC/2011/F. Local da obra: Rua do Capão no 3, Edf. Wing Nam, Bloco 2, escada comum do 4o andar, Macau. OagentedefiscalizaçãodestaDSSOPTdeslocou-seaolocalacimaindicadoeverificouarealizaçãodeobra sem licença cuja descrição e situação é a seguinte:

2.2 De acordo com o no 1 do artigo 95odoRSCI,foirealizada,noseguimentodenotificaçãoporeditalpublicado nos jornais em língua chinesa e portuguesa de 25/08/2011, a audiência escrita dos in-teressados, mas não foram carreados para o procedimento elementos ou argumentos de facto e de direito que pudessem conduzir à alteração do sentido da decisão de ordenar a demolição da obra não autorizada acima indicada.

3. Sendo as escadas e corredores comuns e terraço do edifício considerados como caminhos de evacuação, devemosmesmosconservar-sepermanentementedesobstruídosedesimpedidos,deacordocomodisposto no no 4 do artigo 10o do RSCI.4. Nestas circunstâncias, de acordo com o no 1 do artigo 88o do RSCI e no uso das competências delegadas

pela alínea 7) do no 1 do Despacho no 09/SOTDIR/2009, publicado no Boletim Oficial da RAEM no 16, II Série, de 22 de Abril de 2009, e por meu despacho de 15/02/2012 exarado sobre a informação no 6835/DURDEP/2011 (processo no 964/BC/2011/F) e a informação no 6847/DURDEP/2011 (processo no 966/BC/2011/F), ordeno aos donos da obra ou seus mandatários que procedam, por sua iniciativa, no prazo de 8 (oito) dias contados a partir da data de publicação do presente edital, à demolição das obras acima indi-cadas e à reposição dos locais afectados, devendo, para o efeito e com antecedência, apresentar na Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, a declaração de responsabilidade do construtor responsável por essa demolição, bem como a apólice de seguro contra acidentes de trabalho e doençasprofissionais.ApósaconclusãodosreferidostrabalhosdeverásercomunicadoofactoàDSSOPTpara efeitos de vistoria.

5. Findo o prazo da demolição e da desocupação não será aceite qualquer pedido de demolição da obra acima mencionada. De acordo com o no 2 do artigo 139o do Código do Procedimento Administrativo, aprovado peloDecreto-Leino 57/99/M, de 11 de Outubro,notifica-seainda que nos termos dos nos 1 e 2 do artigo 89o do RSCI, a DSSOPT, em conjunto com outros serviços públicos e com a colaboração do Corpo de Polícia de Segurança Pública, procederá a partir do termo do prazo atrás referido à execução dos trabalhos acima referidos, a expensas do infractor. Além disso, tendo o prazo da demolição e da desocupação voluntárias expirado, a DSSOPT dará início aos trabalhos da demolição e da desocupação, não podendo ser cancelados osreferidostrabalhosumaveziniciados.Porfim,osmateriaiseequipamentosdeixadosnolocalacimaindicado serão depositados no local indicado à guarda de um depositário a nomear pela Administração. Findo o prazo de 15 (quinze) dias a contar da data do depósito e caso os bens não tenham sido levantados, consideram-seosmesmosabandonadoseperdidosafavordogovernodaRAEM,porforçadaaplicaçãodo artigo 30odoDecreto-Leino 6/93/M, de 15 de Fevereiro.

6. As obras acima indicadas infringem o disposto no RSCI, pelo que, os infractores são sancionáveis com a respectiva multa. Além disso, de acordo com o no 4 do artigo 87o do mesmo regulamento, em caso de pejamento dos caminhos de evacuação, será solidariamente responsável a entidade que presta os serviços de administração ou segurança do edifício.

7. Nos termos do no 1 do artigo 97o do RSCI e das competências delegadas pelos nos 1 e 4 da Ordem Executiva no124/2009,publicadanoBoletimOficialdaRAEM,NúmeroExtraordinário,ISérie,de20deDezembrode 2009, da decisão referida no ponto 4 do presente edital cabe recurso hierárquico necessário para o Se-cretário para os Transportes e Obras Públicas, a interpor no prazo de 8 (oito) dias contados a partir da data de publicação do presente edital.

Aos 15 de Fevereiro de 2012 A Subdirectora dos Serviços Enga Chan Pou Ha

Obra Infracção ao RSCI e motivo da demolição Sanção

1.1

Construção de um compartimento não autorizado com janela em caixilharia de alumínio, paredes em alvenaria de tijolo, suporte metálico e cobertura em chapa de zinco, bem como execução da obra de renovação no referido compar-timento não autorizado.

Infracção ao no 4 do artigo 10o, obstrução do caminho de evacuação.

Nos termos do no 3 do artigo 87o do mesmo regulamento, é sancionável com multa de $4 000,00 a $40 000.00 patacas.

Obra Infracção ao RSCI e motivo da demolição Sanção

2.1 Instalação de portão e gradeamento metálicos.

Infracção ao no 4 do artigo 10o, obstrução do caminho de evacuação.

Nos termos do no 3 do artigo 87o do mesmo regulamento, é sancionável com multa de $4 000,00 a $40 000.00 patacas.

HOJE

MAC

AU

3políticaquinta-feira 23.2.2012 www.hojemacau.com.mo

O Gabinete de Protec-ção de Dados Pessoais (GPDP) vai ter um papel preponderante

assim que entrar em vigor o Re-gime Jurídico de Videovigilância. Por isso mesmo, defende Cheang Chi Keong, é necessário que seja

A Associação Novo Macau Democráti-co quer saber porque deu o Governo

o projecto de construção das habitações públicas de Coloane ao empresário que explorava a anterior pedreira que existia no local. Liu Chok Kuan é o empresário que ficou encarregue da exploração das habitações, mas faz também parte do Conselho Executivo, o que levantou polé-mica entre os membros da Novo Macau.

Scott Chiang, vice-presidente do organismo, diz que Liu foi obviamente beneficiado e que o processo não foi trans-parente. Segundo a associação, o processo não foi esclarecido e a manutenção do di-reito de exploração do mesmo empresário incomodou, dada a finalidade dos lotes.

No local vão ser construídos 12 blo-cos residenciais. A Novo Macau queria que o processo de concessão tivesse sido discutido previamente e acusa mesmo o Governo de não ter tirado lições sobre o caso de corrupção que envolveu Ao Man Long, ex-secretário para as obras públicas.

OS deputados da Assembleia Legislativa vão atender os cidadãos no próximo mês.

A AL disponibiliza um serviço de atendimento ao público, que serve para ouvir as opiniões dos cidadãos, três vezes por semana. Às segundas, quartas e sextas, às 13 horas, quem pretender falar com os membros do hemiciclo pode deslocar-se ao edifício da AL. A marcação terá de ser prévia. No dia 2 de Março, Florinda Chan e Tong Io Cheng serão os anfitriões, a 5 Tong Io Cheong mantém-se mas na companhia de Chui Sai Che-ong. Dia 7 de Março, pode contar com este e com Kou Hou In, que está disponível também no dia 9 com Fong Chi Keong. Dia 12 está reservado para Fong Chi Keong e Kwan Tsui Hang e dia 14 para a mesma deputada e Leonel Alves. Nos dias 16 e 19 estarão presentes Leonel Alves, Ng Kuok Cheong e Cheung Lup Kwan. Este último recebe ainda o público no dia 21, ao lado de Tsui Wai Kuan, que passa por sua vez para o dia 23 ao lado de Chan Chak Mo. Dia 26 Chan Chak Mo acompanha Cheang Chi Keong e dias 28 e 30 Au Kam San e Vong Hin Fai são os responsáveis por ouvir as opiniões da população.

Chui Sai On falacom Mundell...Chui Sai On encontrou-se com o economista Robert Mundell na Sede do Governo, para troca de opiniões sobre a diversificação da economia e o desenvolvimento do ensino superior de Macau. O pai do euro falou com o Chefe do Executivo sobre a economia mundial. Durante o encontro, o também laureado com o prémio Nobel da Economia fez uma breve estimativa sobre as perspectivas económicas da Europa e dos Estados Unidos e mostrou-se optimista quanto ao desenvolvimento futuro da China e benefícios para Macau. Sugeriu que Macau possa introduzir vertentes mais diversificadas para complementar o desenvolvimento do sector de jogo. Robert Mundell dá hoje uma palestra na Universidade de Macau, às 10h00.

... e visita Ilhada MontanhaChui Sai On esteve ontem na Ilha da Montanha para observar o progresso da construção do novo campus da Universidade de Macau. Na companhia de Lau Si Io, secretário para os Transportes e Obras Públicas, foram conhecidos os pormenores do plano de trabalhos, localização do novo campus e construção de instalações complementares, bem como as dificuldades técnicas da obra do túnel subaquático. As principais estruturas já estão concluídas e as obras poderão terminar nos finais do corrente ano. Foi no 10º aniversário da RAEM, no dia 20 de Dezembro de 2009, que Hu Jintao presidiu à cerimónia de lançamento da primeira pedra do novo campus da Universidade de Macau na Ilha da Montanha. O projecto é o primeiro no âmbito do desenvolvimento conjunto da Ilha da Montanha por Guangdong e Macau.

Novo Macau acusa Governo de beneficiar empresário

Membro do Executivo explora terrenos

Atendimento personalizadoaos cidadãos em Março

Escolha o seu deputado

Gabinete de Protecção dos Dados Pessoais precisa de mais efectivos

Como fiscalizar a videovigilância?

aumentado o número de funcioná-rios da entidade. “Espera-se uma maior dificuldade e também um maior volume de trabalho deste gabinete, por isso esperamos que o pessoal do gabinete - os chamados fiscais - possa vir a ser reforçado”, disse à Rádio Macau.

A 3ª. Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) esteve a analisar na especialidade o Regime Jurídico de Videovigilância. Ontem, o presidente da comissão afirmou que o parecer foi assinado e que no dia 28 ou 29 a proposta de lei será aprovada no plenário.

Assim que for aprovado, o regi-me implica que seja o GPDP a rece-ber os pedidos para a autorização de colocação de câmaras, emitindo um parecer que será entregue ao aval do Chefe do Executivo.

O SISTEMAAs câmaras terão um prazo má-ximo de dois anos para estarem instaladas, sendo que, em caso de pedido de renovação, o GPDP tem de reavaliar as necessidades de utilização do sistema. Também é o GPDP que tem a responsabilidade de fazer a fiscalização dos sistemas de videovigilância, assegurando a protecção da privacidade.

O parecer foi ontem assinado pelos deputados da 3ª. Comissão Permanente. A revisão do diploma dois anos após a sua aplicação ficou também prevista.

O novo regime vai permitir que as imagens captadas possam servir de prova em processos penais, desde o que tribunal aprove, e de sons em casos especiais.

A entrada em vigor do regime dá-se 30 dias após a sua publicação, para dar “tempo aos preparativos e colocação de avisos nos locais onde vão ser postas as câmaras”, frisou Cheang Chi Keong.

4 sociedade quinta-feira 23.2.2012www.hojemacau.com.mo

Joana Freitasjoana.freitas@hojemacau.com.mo

A Associação dos Refor-mados e Pensionistas de Macau (APOMAC) teve de reescrever o

recurso a ser apresentado ao tribunal, face ao indeferimento da atribuição do subsídio de resi-dência aos reformados da função pública.

Conforme disse ao Hoje Macau Francisco Manhão, presi-dente da APOMAC, Francis Tam, secretário para a Economia e Fi-nanças, já respondeu à entidade, ainda que tenha voltado a indefe-rir o pedido. Apesar do prazo de resposta não ter sido cumprido, a resposta foi dada, pelo que o recurso terá de versar agora sobre as razões dadas por Francis Tam para voltar a indeferir o pedido. “Tínhamos já escrito o recurso, mas agora temos de recorrer de

novo, porque mesmo que o pro-cesso entre junto do tribunal, se houve resposta do secretário fica sem efeito.”

Recorde-se que o director dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) disse que 169 aposentados da função pública não iriam receber o sub-sídio uma vez que optaram por despesas pagas para a passagem e fixação de residência em Portugal. Manhão afirmou, na altura, que o pagamento dessas despesas nada tem a ver com a RAEM, uma vez que foi feito durante a adminis-tração portuguesa.

O presidente da APOMAC criticou ainda terem sido emitidos dois pareceres, face aos pedidos dos pensionistas, que utilizavam uma norma já revogada para sustentarem a decisão. Segundo o Decreto Lei 96/99/M, os aposen-tados da função pública inscritos na Caixa Geral de Aposentações

tinham direito a residir numa casa do Governo, ou, em alternativa, ao subsídio de residência. Em 2011 saiu em Boletim Oficial o novo regime do prémio de antiguidade e dos subsídios de residência e família, definindo que os funcio-nários públicos, em efectividade de funções ou aposentados, têm direito aos subsídios.

HISTÓRICO DA INSATISFAÇÃOUm primeiro parecer dos SAFP não contestava os pedidos da APOMAC. “O pessoal abrangi-do pelo Decreto Lei n.º 96/99/M continua, hoje, a beneficiar da extensão do subsídio de residência previsto na Lei n.º 2/2011.” Mas depois, acusa Manhão, os SAFP emitiram outro parecer, baseado numa análise subjectiva, onde se lê: “somos do entendimento que o pessoal que exerça o direito de transporte por conta da RAEM deixa de reunir os pressupostos

do Decreto Lei n.º 96/99/M, em consequência deixa de poder manter o direito ao subsídio de residência”.

A APOMAC decidiu, por isso, avançar com recurso para o Tribunal de Segunda Instância. “Acredito na justiça de Macau e já temos o nosso advogado a tratar do recurso”, explicou Francisco Manhão no mês passado.

Agora, uma vez que este pri-meiro recurso terá sido feito com base num “indeferimento tácito” – que surge automaticamente à falta de decisão hierárquica -, o novo recurso tem de contestar os pontos que serviram como base para o indeferimento do secretário para a Economia e Finanças. A decisão de Francis Tam foi baseada num parecer da Direcção dos Serviços de Finanças, segundo explicou Francisco Manhão.

O novo recurso deverá estar pronto no próximo mês.

CotaiJetsuspende ligaçõesA empresa CotaiJet anunciou ontem que algumas ligações por transporte marítimo estarão suspensas até ao próximo dia 29, devido a serviços de manutenção. Assim, as viagens de Hong Kong para o terminal da Taipa, nos horários das 13h00 e das 18h30, não vão realizar-se até amanhã. Até ao dia 24 vão também estar suspensas as ligações entre o terminal do Porto Exterior e a China (das 12h00) e Hong Kong, no horário das 17h00. Estas ligações também estarão paradas entre 27 e 29 de Fevereiro. Este sábado e domingo não funciona o ferry das 17h00, entre o terminal do Porto Exterior e Hong Kong, bem como a ligação entre a RAEHK e o terminal da Taipa, às 18h30.

Menos empréstimos para hipotecas na habitaçãoA Autoridade Monetária de Macau revelou ontem que os novos empréstimos hipotecários para habitação aprovados pelos bancos de Macau diminuíram no quarto trimestre do último ano. Relativamente ao trimestre anterior, a descida dos novos empréstimos registou-se em 27,7%, atingindo MOP 4,6 mil milhões. Os residentes locais receberam 91% desses empréstimos – uma descida de 31,5% nos empréstimos a residentes e um aumento de 65,6% para os não-residentes.

Comércioa retalho aumentaA venda de produtos ou comercialização de serviços em pequenas quantidades cresce em Macau. No quarto trimestre de 2011 facturou-se MOP 12,55 mil milhões, um crescimento de 44% relativamente ao mesmo trimestre de 2010. O comércio de relógios e joalharia cresceu 30%, seguindo-se as mercadorias de armazém e quinquilharias (15%), logo após os artigos de couro, o vestuário para adultos e os automóveis. Este tipo de comércio cresceu também face ao anterior trimestre deste ano, em 15%. Face a esta comparação, os sectores de relógios e joalharia e também de vestuário para adultos são os que mais se destacam. Os montantes de negócios deste ano somam-se em mais de MOP 43 mil milhões.

APOMAC recebeu nega de Francis Tam sobre subsídios de residência

Resposta obriga a novo recurso

ANTÓNIO FALCÃO

5sociedadequinta-feira 23.2.2012 www.hojemacau.com.mo

No último dia do fórum internacional de gestão universitária, o vice-reitor da Universidade de Macau referiu ao Hoje Macau que é preciso retirar mais peso do Governo na hora de contratar professores

Andreia Sofia Silvaandreia.silva@hojemacau.com.mo

FORAM dois dias a ouvir os exemplos de gestão univer-sitária vindos de

todo o mundo, e agora é altura de decidir qual o me-lhor modelo que se adapta à realidade da Universidade de Macau (UMAC). De acordo com o vice-reitor, Rui Martins, a instituição de ensino superior “já tem alguma autonomia dentro da lei actual”, sobretudo a nível académico. “Em tudo o que está relacionado com programas e investigação,

A 26ª edição do Curso de Verão de Língua e Cultura Portu-

guesas vai decorrer entre 2 e 27 de Julho na Universidade de Macau (UMAC), disse à Lusa Aldino Dias, membro da comissão organizadora e docente da instituição. A iniciativa deverá reunir cerca de 250 alunos locais, nacionais e de outros países e territórios da Ásia. “Anualmente, recebemos estudantes da China, Co-reia, Malásia, Tailândia, Filipinas, Vietname, Indonésia, Hong Kong, entre outros, que aprendem, a par da língua e da cultura portuguesas, a conhecer Macau, a sua história, a sua cultura, o seu património, a hospitalidade e cordialidade das suas gentes.”

Aldino Dias destacou a impor-tância do evento para divulgar aos

participantes o papel de Macau “como ponto de encontro entre culturas e como plataforma para um relacionamento entre a China e os países lusófonos”, uma vez que, além das aulas, o curso de verão contempla normalmente vi-sitas e reuniões com responsáveis da região.

“Anualmente, a este grupo de jovens que nos visitam e que, nos últimos anos, tem sido de 225, juntam-se mais cerca de 125 de Macau. Esperamos ter entre nós, em Julho do corrente ano, um grupo idêntico.”

DIA DA LÍNGUAA UMAC vai ainda assinalar, a 3 de Abril, o Dia da Língua Portuguesa, dando seguimento a uma actividade

iniciada há 15 anos e que tem por ob-jectivo proporcionar um “maior con-tacto” com a cultura lusófona, como explicou Aldino Dias. “Trata-se de uma actividade que se realiza há 15 anos, cujos objectivos principais são, por um lado o convívio entre toda a comunidade do departamento de Português e, por outro, proporcionar aos nossos alunos um maior contacto com a língua e cultura dos países de língua portuguesa.”

As comemorações deste ano têm duas vertentes: uma gastronómica, com a apresentação das “comidas típicas dos vários países de língua portuguesa”, e outra recreativa, através da interpretação “de canções, danças, poesia e pequenas drama-tizações” realizadas pelos alunos e “todas em língua portuguesa”.

Rui Martins defende maior flexibilidade nas finanças e administração

Quebrar o “funcionalismo público”

UMAC realiza curso de língua portuguesa

Iniciativa junta 250 alunos

a UMAC já é bastante au-tónoma.”

Contudo, outras áreas requerem uma “evolução”. No ano em que os novos estatutos deverão ficar defi-nidos, Rui Martins revelou a intenção de diminuir a de-pendência face ao Governo na hora de contratar profes-sores para a instituição. “Os docentes da UMAC, apesar de já não serem totalmente funcionários públicos, ainda têm algumas pontes com o funcionalismo público, mas creio que deverá haver uma mudança.”

Também na gestão do orçamento a universidade pede mais independência. “Nas áreas administrativa e financeira deverá haver mais alguma evolução”. Ao nível das contas, a UMAC tem “o estatuto das entidade autónomas, mas podemos evoluir”.

O facto de uma universi-dade ser mais independente do Governo, do ponto de vista financeiro, significa ter par-ceiros privados. Neste ponto, a doação de 135 milhões de dólares americanos feita pela Wynn Resorts é um exemplo de autonomia a este nível, e que servirá para apoiar a investigação na UMAC. “Esse donativo foi feito à fundação da UMAC. Tal como o reitor referiu, esses

fundos são para apoiar estu-dos e investigações na área da gestão, inclusivamente uma academia de estudos de gestão Ásia Pacífico.”

Durante as diversas pa-lestras, foi referida a ideia de transformar o ensino superior num “mercado”, segundo uma abordagem

“neoliberal”. Rui Martins considera que este sistema, para já, não funciona. “Uma vez que a universidade é pública, tendo parte do seu

financiamento oriundo do Governo, e com o desa-fio grande que é o novo campus, esse modelo de empresas não se adapta à UMAC para já”.

GOVERNO “GENEROSO”O autor da teoria da “ma-rketização das instituições de ensino superior” é Mok Ka Ho, vice-presidente associado do Instituto de Educação de Hong Kong. O docente acredita que as universidades asiáticas estão a mudar e isso vai reflectir-se no seu modelo de controlo. “Não é só o Ministério da Educação que deve ter res-ponsabilidades, mas sim dar mais autonomia e não apos-tar tanto na centralização.”

Mok Ka Ho falou em “constrangimentos” para mudar o ensino superior, tais como a limitação de dinheiros públicos e as maiores expectativas das pessoas. Mas a tendência é para que “as universidades asiáticas sejam cada vez mais privatizadas”.

O docente apelidou a UMAC de “sortuda”, por receber fundos de “um Governo muito generoso”, algo que não acontece em Hong Kong. “Na região vizinha as universidades estão a tornar-se empresas de uma forma pró-activa, e o dinheiro que o Governo dá não é grátis. Temos de nos responsabilizar e há muita competição. Tivemos de encontrar um novo mo-delo mais flexível, porque estávamos habituados à centralização.”

6 nacional quinta-feira 23.2.2012www.hojemacau.com.mo

O chefe do Exe-cutivo de Hong Kong admitiu ontem ter viaja-

do até Phuket, na Tailândia, num jacto privado de um amigo e ter passado o último fim-de-semana no iate de outro magnata em Macau, mas os deputados exigem mais explicações.

Em declarações à rádio e televisão de Hong Kong, Donald Tsang referiu ter realizado recentemente duas viagens privadas, sem adiantar detalhes, ga-rantindo, porém, ter pago essas deslocações e não ter violado as leis anti--corrupção do território, ao alegar que não estava em causa qualquer conflito de interesses.

De acordo com o jornal de Hong Kong em língua chinesa Oriental Daily, Tsang e a sua mulher viaja-ram até à ilha de Phuket, num jacto privado, com cerca de uma dúzia de milionários para quatro dias de férias, alegadamente na sequência de um convite do magnata do sector imobiliário Zhang Songqiao.

O mesmo jornal cita o gabinete do líder do Gover-no, segundo o qual Donald Tsang terá reembolsado o proprietário do jacto pela viagem num montante cor-respondente ao custo de um voo comercial e apenas consideraria participar em tal viagem privada se não

A China ainda não deci-diu se irá participar na

“Conferência de Amigos da Síria”, prevista para sexta--feira na Tunísia, declarou esta terça-feira o porta voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

Entretanto o Líbano já anunciou que não par-ticipará na Conferência. “De acordo com a nossa decisão de dissociar o Lí-bano da situação na Síria, decidimos não participar na conferência em Tu-nes”, afirmou o ministro dos negócios estrangeiros libanês, Adnan Mansur.

O Líbano foi controla-do pela Síria durante quase três décadas e não apoiou qualquer resolução ou pro-jecto da comunidade inter-nacional ou da Liga Árabe contrário às autoridades de Damasco, apesar de parte

dos libaneses criticarem essa atitude.

A China e a Rússia ve-taram no início de Fevereiro uma resolução do Conselho de Segurança da ONU condenando a repressão do regime do presidente Bashar al-Assad contra a população síria, mas enquanto Mosco-vo já anunciou que não parti-cipará no encontro de Tunes, Pequim ainda não decidiu. “A China está a analisar a utilidade, o funcionamento e outros aspectos da confe-rência”, declarou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hong Lei, durante um encontro com a imprensa.

Para a “Conferência de Amigos da Síria” foram con-vidados os países membros da Liga Árabe, a União Eu-ropeia, os Estados Unidos, a Rússia e a China.

O vice-presidente chinês, Xi Jinping, afirmou nesta terça-feira, em An-

cara, capital turca, que espera que a comunidade internacional e os países da região respeitem os estatutos da ONU e as normas básicas da Lei Internacional, para poderem desempenhar um papel construtivo na resolução das tensões sentidas no Médio Oriente e Norte de África.

Em conversa com o presidente turco, Abdullah Gul, Xi Jinping subli-nhou que a China espera que as partes envolvidas trabalhem para recuperar, o mais depressa possível, a normalidade.

A China respeita o tratamento autónomo dos assuntos internos dos países da referida região e apoia os esforços de conciliação tentados por via diplomá-tica, referiu o vice-presidente chinês.

De visita à Turquia, durante um périplo que incluiu já os Estados Unidos e a Irlan-da, Xi Jinping apresentou quatro sugestões para o desenvolvimento das relações sino-turcas: manter contactos ao mais alto nível e consolidar a confiança estratégica mútua; ampliar as parcerias e concretizar um desenvolvimento comum; estreitar os intercâmbios culturais e aumentar a amizade entre as duas populações; ampliar

a cooperação multilateral e salvaguardar os interesses comuns.

Abdullah Gul reiterou que a Turquia está disposta a reforçar a cooperação nos sectores económico, comercial, energético e cultural, aprofundar a co-ordenação nos assuntos internacionais e promover o desenvolvimento das relações estratégicas bilaterais para um novo patamar. Além disso, Gul reafirmou que a Turquia persiste no reconhecimento da política de “Uma Só China”, o que significa que não entende a existência de Taiwan como um país independente.

O porta-voz do Minis-tério dos Negócios

Estrangeiros da China, Hong Lei, afirmou esta terça-feira numa confe-rência de imprensa em Pequim, que a posição da China quanto à questão síria é consistente e clara, contrariando as recentes declarações da Liga Árabe segundo as quais o governo chinês teria mudado a sua atitude sobre esta questão.

Hong Lei disse que a China acompanha com atenção a situação do país e pede que o governo sírio e as partes envolvidas aca-bem com os actos violentos e iniciem o diálogo político

sem pré-condições, para discutir a reforma do sis-tema político do país.

Ainda segundo o porta--voz, a comunidade inter-nacional deve respeitar a soberania, a indepen-dência, a reunificação e a integridade territorial, acrescentando que escolha do povo sírio deve ser res-peitada. Hong Lei declarou ainda que a China está disponível para contactar com o governo sírio, com os diversos partidos polí-ticos sírios, países árabes e com a Liga Árabe para desempenhar um papel construtivo no tratamento adequado da questão.

Deputados exigem explicaçõessobre viagens de Tsang. Ele justifica-se

“Só vi televisão”

existisse qualquer conflito de interesses envolvido.

Tsang afirmou estar “tris-te” com as acusações de que tem sido alvo nos últimos dias.

TODOS A BORDOTsang viajou até Phuket apenas uma semana antes de se ter deslocado a Macau, de onde a mulher é natural,

tendo ambos ficado aloja-dos no luxuoso iate de um milionário, mas garantiu hoje que “o único entrete-nimento que teve foi ver as notícias na televisão, não tendo havido karaoke, jogo ou espectáculos”.

Mesmo assim, a deslo-cação privada de Tsang à região vizinha tem levado vários deputados a alegarem

que o líder do Governo po-derá ter violado as leis anti--corrupção de Hong Kong e a exigirem explicações.

O deputado Albert Chan garantiu que o seu partido, Poder do Povo, vai apresen-tar uma queixa contra o chefe do Executivo na Comissão Independente contra a Cor-rupção (ICAC) do território, se ele não explicar as deslo-cações privadas.

Também o Partido De-mocrático e o Partido Liberal exortaram Tsang a deslocar--se ao Conselho Legislativo para explicar as recentes visitas a Macau e a Phuket, considerando que estas carecem de ser clarificadas.

O deputado Ronny Tong, do Partido Cívico, conside-rou “impróprio” o facto de o chefe do Executivo ter aceite tais extravagâncias.

DE SAÍDAA lei anti-corrupção de Hong Kong impede o chefe do Executivo de quaisquer actos de “solicitação e aceitação de vantagens ou posse de pro-priedade inexplicável”, tendo de declarar todos os presentes que receber avaliados em mais de cerca de MOP 400.

O Governo de Hong Kong é frequentemente alvo de críticas por alegadamente proteger o negócio de gran-des empresários, designada-mente do sector imobiliário, às custas dos mais pobres, sendo-lhe atribuída a res-ponsabilidade dos elevados preços das habitações.

Tsang deixa em Junho o cargo de chefe do Executivo por cumprir dois mandatos consecutivos. A escolha do novo líder do Governo está agendada para 25 de Março e será realizada pelos 1.200 membros de um colégio eleitoral.

MNE chinês esclarece posição da China sobre a Síria

Para que não restem dúvidas

Xi Jinping pede respeito pelos estatutos da ONU

Lei internacional deve ser respeitada

Participação em “Conferência de Amigos da Síria” por decidir

Esperar para ver

7nacionalquinta-feira 23.2.2012 www.hojemacau.com.mo

A China “quer aju-dar a Europa” a ultrapassar a crise da dívida

soberana, “mas através do Fundo Monetário Interna-cional” e “em articulação com outros países”, disse ontem o representante do FMI em Pequim, Mur-taza Syed. “Há muitas negociações a decorrer nos bastidores, é apenas uma questão de os países chegarem a acordo (sobre o apoio do FMI à Europa)”, disse Murtaza Syed numa conferência promovida pelo Clube dos Corres-pondentes Estrangeiros na China.

O Governo chinês tem manifestado a disposição de se envolver mais nos

esforços para ultrapassar a crise da divida na zona euro, mas publicamente nunca precisou a nature-za desse envolvimento. “É uma questão bastante sensível, há ainda muitas pessoas pobres na China”, comentou o representante do FMI, acerca da “apa-rente demora” nas nego-ciações.

A União Europeia é o maior cliente da China e juntamente com os Estados Unidos absorve metade das exportações chinesas.

Na opinião de Syed, a Europa é o maior risco que a economia global enfrenta e uma forte recessão na zona euro atingiria dura-mente a China. “A China tem dito muito claramente

que quer ajudar a Europa, mas através do Fundo Monetário Internacional e em articulação com outros países.”

ABUNDÂNCIA DE RESERVASO representante do FMI em Pequim afirmou que “ne-nhum país quer evidenciar--se” quanto ao programa para ajudar a União Euro-peia, mas garantiu que “há muita coisa a acontecer” nesse domínio.

Segundo exemplifi-cou, a China “tem grande quantidade de reservas externas” e “pode disponi-bilizar alguns recursos para fundos especiais” do FMI. “A economia chinesa está a abrandar, mas continua

a ser um ponto brilhante na imprevisível economia global.”

A disposição do go-verno central da China em promover internacional-mente o yuan é um “sinal de esperança” de que o país também vai fomentar reformas financeiras há muito esperadas, declarou ainda Murtaza Syed. A liberalização das taxas de juros e a abertura da conta de capital fazem parte des-se processo de reformas de médio prazo.

BOLHAS DE ACTIVOS“Uma vez que se começa a abrir buracos no regime cambial para permitir que mais capital entre, é preciso ter a certeza de que o sis-

tema financeiro tem poder de absorção sem causar bolhas de activos”, disse Syed. “A China precisa de reformas domésticas. As reformas no sistema financeiro ajudarão o país a crescer nos próximos 10 a 15 anos.”

Muitos analistas ar-gumentam que a reforma do sector financeiro está paralisada na China desde o início da crise financeira global, em 2008.

Segundo as previsões do FMI, o Produto Interno Bruto chinês deverá cres-cer “acima dos 8% em 2012 e 2013”, o que representa um abrandamento de um ponto percentual em re-lação aos 9,2% registados em 2011.

A maior potência comercial em 2016 O HSBC Global Research divulgou esta terça-feira um relatório no qual prevê que a China irá ultrapassar os Estados Unidos e tornar-se na maior potência comercial mundial já em 2016. O relatório anuncia que o comércio chinês tem crescido a uma velocidade de 6% ao ano e que, com o aumento da procura comercial global, a velocidade de crescimento chinesa pode chegar aos 7,4% entre 2017 e 2021. Segundo o responsável pela análise de comércio do HSBC, com a recuperação da confiança da economia global, o aumento das exportações asiáticas promoverá o desenvolvimento do comércio internacional.

Bolsa da China em grandeA bolsa de valores na China ampliou uma sequência de ganhos esta quarta-feira, próxima da maior subida dos últimos três meses, impulsionada pelas acções do sector imobiliário, que também ajudaram o mercado de Hong Kong a reverter as perdas do início da sessão, acabando por fechar em alta pelo segundo dia consecutivo. A notícia do Shanghai Securities News, citando o órgão regulador do sector na cidade, de que os residentes não locais de Xangai poderão habilitar-se a comprar uma segunda casa assim que completarem três anos a viver na cidade, agradou ao sector imobiliário e os mercados minimizaram os danos do sector de manufactura da China que continuou a contrair-se em Fevereiro, com a queda nos pedidos de exportações.

Comércio livre entre Coreia do Sul e EUAO acordo de livre comércio entre os EUA e Coreia do Sul entrará em vigor no dia 15 de Março, anunciou nesta terça-feira Ronald Kirk, representante do comércio norte-americano. A informação foi entretanto confirmada pelos sul-coreanos. Segundo o documento, a partir do dia 15 de Março 80% produtos dos industrializados e dois terços dos produtos agrícolas exportados pelos EUA para a Coreia do Sul estarão isentos de impostos alfandegários. Fazem parte deste pacote equipamentos de aviação, equipamentos agrícolas, peças de automóveis, materiais de construção, produtos químicos, equipamentos eléctricos, produtos turísticos, vinho, milho, trigo e produtos de papel, entre outros.

O Banco Mundial revelou esta terça-feira que o

seu presidente, Robert Zo-ellick, visita a China entre os dias 26 a 28 deste mês para ajudar a apresentar um relatório sobre desafios e oportunidades económicas do país nos próximos anos.

O relatório, fruto da parceria entre o Centro de Investigação de Desen-volvimento do Conselho de Estado da China e o Banco Mundial, examina as opções estratégicas do país até 2030, deixando um

conjunto de recomendações acerca da futura estrutura do modelo de crescimento da China, segundo indica um despacho da agência oficial chinesa Xinhua.

“Para negociar com êxito o seu caminho nas próximas duas décadas, a China tem oportunidade de construir os seus pontos fortes de modo a enfrentar os desafios estruturais de crescimento dentro e fora” do país, afirmou Robert Zoellick num comunicado, citado pela Xinhua.

O presidente do Banco Mundial vai participar numa conferência de alto nível na segunda-feira, dia 27, com vista ao lançamento do referido estudo conjunto.

Estão ainda previstos encontros entre Robert Zoellick e líderes da China para a troca de pontos de vista sobre questões globais, as futuras direcções da con-tínua reforma da China ou o futuro envolvimento de Pequim numa parceria com o Banco Mundial, refere o comunicado.

China quer ajudar Europa, mas através do FMI

O ponto brilhante da economia

Presidente do Banco Mundial visita a China

Olhar para o futuro

8 nacional quinta-feira 23.2.2012www.hojemacau.com.mo

DURANTE qua-se uma década, vários hackers tiveram amplo

acesso à rede corporativa de computadores da Nortel Networks Ltd., uma empresa que já foi um gigante das telecomunicações, antes de sucumbir face à crise inter-nacional.

Os hackers, suspeitos de operar a partir da China, usaram sete senhas que roubaram a altos executivos da Nortel, incluindo o pre-sidente do conselho de ad-ministração , e começaram a invadir os computadores da empresa, desde pelo menos 2000, continuando a fazê-lo ao longo dos anos, descarre-gando relatórios técnicos de pesquisa e desenvolvimento, planos de negócios, e-mails de funcionários e outros documentos, de acordo com Brian Shields, um ex-empre-gado que trabalhou 19 anos na Nortel e que chefiou uma investigação interna.

O software de espiona-gem foi instalado de forma tão profunda nos computa-

Falta sangueO Ministério da Saúde da China anunciou esta terça-feira que o volume de doação de sangue na China continental chegou às 4164 toneladas no ano passado, um aumento de 5,18% em relação ao ano anterior, mas mesmo assim um valor ainda muito abaixo das necessidades. O ministério pediu às estações de recolha sangue, em diversos lugares do país, que estabelecessem mecanismos de divulgação de informação, aumentassem o número de dadores de tipos raros de sangue, e aplicassem estratégias eficazes para o recrutamento de novos dadores. Reforçar a aprendizagem das equipas médicas, elevar o índice de utilização do sangue e garantir a segurança dos pacientes são outras das tarefas consideradas prioritárias para o planeamento do trabalho das equipas de recolha.

WEN Yunsong, filho do primeiro-

-ministro chinês, Wen Jiabao, foi nomeado presidente da China Satcom, a companhia de telecomunicações estatal, revelou ontem o diário “South China Morning Post”.

O filho do chefe do Governo chinês, tam-bém conhecido como Winston Wen, irá subs-tituir Lei Fangpei, um engenheiro aeronáuti-co, à frente de uma das principais empresas de telecomunicações chi-nesas, revela o jornal.

Segundo o diário, Winston Wen é um exemplo do interesse dos “príncipes” – como são conhecidos os filhos dos líderes chineses – em ocupar altos cargos no importante sector das telecomunicações

chinesas, aproveitando a influência das suas famílias.

A China Satcom é uma das seis operado-ras de infra- estruturas de telecomunicações no país asiático, com receitas anuais de cerca de 19.000 milhões de patacas, de negócios terrestres e via satélite, prevendo-se que duran-te os próximos três anos esteja a funcionar com pelo menos 15 satélites.

A vida dos fami-liares mais próximos dos líderes chineses está sempre rodeada de algum secretismo, mas Winston Wen, como outros príncipes, estu-dou nos Estados Unidos e criou a companhia de telecomunicações Unihub e a empresa financeira New Horizon Capital.

Barcos japoneses expulsosForças da Vigilância Marítima da China identificaram e expulsaram dois barcos japoneses que foram encontrados a realizar actividades de reconhecimento nas águas territoriais do país, comunicaram esta terça-feira as autoridades marítimas chinesas. Os barcos de reconhecimento da Guarda Costeira do Japão que foram encontrados no Mar do Leste da China na noite de domingo saíram da zona depois de receberem uma advertência das patrulhas, confirmou a Administração Estatal dos Assuntos Marítimos e a Vigilância Marítima da China.

Filho de Wen Jiabao nomeado presidente da China Satcom

Príncipe das telecomunicações

Hackers da China suspeitos de espiar a Nortel

Anos de espionagem industrial

dores de alguns empregados, que os investigadores leva-ram vários anos a perceber a gravidade do problema, segundo Shields e docu-mentos da Nortel revistos pelo The Wall Street Journal. “Os hackers tiveram acesso a tudo”, disse Shields “E ti-veram tempo de sobra. Tudo

o que tinham de fazer era descobrir o que queriam.”

ATÉ O GOOGLEDe acordo com um relatório interno, a Nortel “não fez nada do ponto de vista da segurança” para evitar a invasão, além de substituir as sete senhas roubadas.

A violação da seguran-ça informática da Nortel oferece um nível raro de detalhes sobre um tipo de espionagem corporativa internacional que é uma preocupação crescente para as autoridades americanas. Um relatório dos serviços secretos norte-americanos

divulgado em Novembro concluiu que os hackers que operam na China são os mais activos do mundo em espionagem industrial.

O relatório cita uma série de ataques chineses (incluindo um que tinha o Google como alvo), o roubo de dados de empresas glo-

bais de energia e petróleo e o roubo de dados confiden-ciais, como listas de clientes e planos de aquisição de outras empresas.

CHINA NEGAAs revelações da Nortel apareceram na mesma altura em que os EUA receberam o vice-presidente chinês, Xi Jinping, numa visita destinada a promover uma maior confiança entre os dois países. O governo chinês nega contudo as acusações de espionagem cibernética. Quando questionado espe-cificamente sobre a Nortel, a embaixada chinesa em Washington emitiu um co-municado em que dizia que “os ataques cibernéticos são transnacionais e anónimos” e que não se deve presumir que tenham tido origem na China “sem uma investi-gação completa ou provas concretas”.

A Nortel não respondeu aos pedidos de comentários sobre o assunto. A empresa canadiana está a finalizar a de venda de activos, como parte de um processo de acordo iniciado em 2009.

A Nortel foi pioneira no fabrico de routers e de equipamentos de telecomu-nicações usados nas redes telefónicas e de internet em todo o mundo.

9regiãoquinta-feira 23.2.2012 www.hojemacau.com.mo

O Presidente da Coreia do Sul, Lee Myung-Bak, exortou ontem a China a lidar com os refugia-

dos da Coreia do Norte à luz das normas internacionais, aumentando a pressão crescente sobre Pequim para não os repatriar. “Quando se trata de desertores norte-coreanos, é correcto que o Governo chinês lide com eles de acordo com as regras internacionais desde que não sejam criminosos”, afirmou Lee Myung--Bak durante uma conferência,

naquele que foi o seu primeiro comentário sobre o assunto.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul, deputados e activistas instaram Pe-quim a não repatriar para a Coreia do Norte um grupo de fugitivos recentemente detido.

Os activistas afirmam que se os desertores regressarem ao país enfrentam fortes castigos, poden-do mesmo ser condenados à pena capital.

Na terça-feira, a China reiterou a sua posição de que os fugitivos da Coreia do Norte são imigrantes

Operadorade Fukushima cobre leito marítimo A TEPCO, operadora da central nuclear de Fukushima, começou ontem a cobrir com cimento e argila o leito marítimo em torno da unidade para prevenir a propagação de substâncias radioactivas no mar. Segundo a estação de televisão pública NHK, a operação da Tokyo Eletric Power (TEPCO) visa cobrir o fundo do mar numa área de 70.000 metros quadrados junto à entrada do reactor 6 da central nuclear, com uma camada de 60 centímetros, para evitar que a lama e a areia contaminadas junto à unidade possam alastrar durante os próximos 50 anos. A operação será iniciada no final deste mês e deverá estar concluída cerca de quatro meses depois de terem sido detectados altos níveis de césio radioactivo na zona.

O ex-embaixador das Filipinas no México,

Francisco Ortigas, pode ser preso por adultério no país asiático devido a uma lei antiga e obsoleta que condena as relações ex-traconjugais. O diplomata foi preso esta semana pela polícia, acusado de viver

UM tribunal de Hong Kong começou esta

terça-feira a ouvir os argu-mentos do Governo contra uma decisão judicial que poderá abrir caminho à possibilidade de as empre-gadas domésticas pedirem a residência permanente no território.

O advogado do Governo, David Pannick, alegou no Tribunal de Recurso que a decisão judicial de Setembro foi errada por impor limites à capacidade das autoridades de decidirem quem pode

Presidente da Coreia do Sul apela à benevolência da China

Trinta fugitivos em risco

Ex-embaixador filipino preso por adultério

Apanhado em casa

HK Decisão judicial sobre domésticas estrangeiras

Risco de invasão?

com uma amante num apar-tamento da capital.

A lei do país estabe-lece que o concubinato é um delito que ocorre quando um homem casado mantém relações sexuais com uma amante no lar do casal oficial ou quando mantém uma vida conju-

gal com uma amante noutra residência.

Ortigas, empresário e des-cendente de uma poderosa dinastia de políticos e empre-sários de origem espanhola, foi detido quando estava no seu escritório e levado para a esquadra, onde permaneceu preso até ser libertado passadas 24 horas mediante o pagamen-to de uma fiança.

LEGÍTIMA FURIOSA“A dolorosa verdade é que casei com um incorrigível mulhe-rengo e pervertido”, declarou a esposa traída, Susana Madrigal.

O acusado, casado há 43 anos, continuará em liberdade provisória até à realização do julgamento. Se for considera-do culpado por concubinato, poderá ser condenado a penas que variam de seis meses a seis anos de prisão.

A legalização do divórcio em Malta, no ano passado, fez com que as Filipinas se tornas-sem o único país do mundo (se o Vaticano for excluído) a não permitir a dissolução legal de um casamento.

ilegais que entram no país por “razões económicas” e “não inte-gram a categoria de refugiados”, apesar de organizações de defesa de direitos humanos insistirem que se tratam de pessoas que carecem de protecção.

“Este assunto não se enquadra no âmbito do mecanismo das Nações Unidas”, disse o porta--voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Hong Lei.

A Coreia do Sul afirmou que irá procurar apoio junto das Na-

ções Unidas para tentar evitar que aqueles que foram recentemente detidos sejam enviados para casa.

REPATRIAMENTOS Activistas e deputados em Seul deram conta de que cerca de 30 norte-coreanos serão repatriados. Contudo, o ministério sul-coreano dos Negócios Estrangeiros só con-seguiu confirmar que dez correm o risco de ser repatriados.

Mais de 21.700 norte-coreanos fugiram para a Coreia do Sul desde a Guerra de 1950-1953, a grande maioria dos quais nos últimos anos.

Por regra, os desertores norte--coreanos fogem a pé para a China, escondem-se, tentando depois viajar para um terceiro país para procurar a sua reinstalação na Coreia do Sul.

Onze refugiados norte-corea-nos, de dois grupos distintos, fica-ram “presos” em consulados sul--coreanos em Pequim e Shenyang durante quase três anos depois de a China ter recusado deixá-los partir para a Coreia do Sul.

conseguir a residência per-manente em Hong Kong.

A decisão de Setembro surgiu na sequência de uma acção interposta por uma empregada doméstica fili-pina, Evangeline Vallejos, e considerou inconstitucional uma disposição relativa à imigração que exclui as domésticas estrangeiras da possibilidade de consegui-rem a residência permanen-te após, pelo menos, sete anos de residência na antiga colónia britânica.

O caso dividiu a socieda-

de local, com alguns grupos a temerem que aquela deci-são resulte numa chegada maciça a Hong Kong de familiares das domésticas, alegando que tais preocupa-ções são infundadas.

Se a decisão judicial de Setembro for confirmada pelas outras instâncias, mais de 100 mil domésticas po-derão requerer a residência permanente em Hong Kong e candidatar-se a outros empregos e trazer familiares dependentes para viverem consigo no território.

10 quinta-feira 23.2.2012www.hojemacau.com.moentrevista

Vem a Macau fazer um workshop sobre fotografia e apresentar uma exposição sobre a sua incrível viagem. Uma história que parece vinda do passado ou do futuro, mas que foi um grande presente.

Andreia Sofia Silvaandreia.silva@hojemacau.com.mo

Quando é que descobriu que podia captar imagens sem lente?Em criança, o meu quarto transformava-se. As paredes mexiam-se. Era um velho ca-sarão minhoto com pequenas fendas nas ressequidas portadas das janelas. Um dia as sombras móveis e indefinidas tornaram--se compreensíveis. Nesse dia um ponto vermelho deslizava na minha parede e lá fora ouvia--se o ruído do motor de um trac-tor. Foi a descoberta da primeira condição para fazer fotografia: a câmara escura. Graças à pouca luz que penetrava na escuridão, o tractor fumegante lavrava a minha parede de barro caiado. Mais tarde descobri que era

O mundo de aventuras de Amílcar Carvalho

Viagens em famíliapreciso um monte de botões e lentes para fazer o que o meu quarto fazia sozinho.

As imagens que estarão em exposição no MAM mos-tram o período em que viveu em Macau. Que pedaços do território quis retratar?Só algumas fotos são de Macau. Esta exposição é uma retrospectiva do meu trabalho com epicentro no planalto tibetano. Estende-se de 1986 a 2000, o período em que Macau foi o nosso porto seguro, o nosso campo de base para a Ásia. Um período de grande produção em que não me atrevia a sair de casa sem máquina fotográfica. Tudo me interessava e, como ensinava só a partir do fim da tarde, caminhava incansavelmente por Macau, visitando amigos para me proteger da chuva, o antiquário junto ao Lou Lim Iok, o zelador do templo, ou ficava horas numa esquina esperando esse momento pre-ciso que transforma sombras e brumas em eternidade.

Está agora de regresso, anos depois. Preparado para as

mudanças que o território teve com os casinos?A nossa Macau é intemporal. A pequena pátria que escolhi para os meus filhos vive (e sempre viveu!) nos peque-nos espaços. Sair de Macau, mesmo por alguns meses, e voltar a uma outra cidade é coisa comum. Todos sabemos que o Farol da Guia está cada vez mais em terra. Nós os macaenses, próprios ou por adopção, somos uma espécie de líquen que desponta aqui e ali nesse grande tronco em crescimento. Não pertence-mos, nem nos pertencem, os grandes aterros. Vivemos na sombra húmida das rugas do passado... somos mutantes frágeis e muito coloridos. De qualquer forma, nas viagens se me perguntam “moraste em Macau?” respondo “não, morei em Coloane”. A pessoa perplexa, murmura “ia jurar que alguém me tinha dito que moraste em Macau...”.

Foi jornalista na TDM. Como foi essa incursão pelo jornalismo?Nunca morei em Macau (ri-sos)! Não sou jornalista. A

Sofia [sua mulher] sim, traba-lhou uma década na TDM. No melhor dos casos sou um docu-mentarista. Na Macau do fim do século XX, promovi ofici-nas de fotografia, fui professor de Artes do Instituto Cultural e do Instituto Politécnico. Passei para a frente este “mister” da imagem parada. Nessa época lembro-me de coisas extraor-dinárias em que me envolvi (ou me envolveram). A mais épica foi pouco antes de partir. Participei nas reuniões oficiais para a escolha da bandeira de Macau. Os jornais chineses no dia seguinte registaram a divergência dos dois artistas e únicos portugueses presentes. Por um lado o insigne pintor (o falecido professor Nuno Barreto) propunha adoptar o Farol da Guia como símbolo da nova bandeira, por outro um jovem fotógrafo, eu próprio, discordava, por razões que hoje esqueci.

Em 2000 saiu do território e começou a sua viagem itinerante. Que projectos queria desenvolver?Em finais de 1986, com a Sofia, entrei em Macau pelas

Portas do Cerco, depois de viajar durante dois anos até cá. Viajar é o que faço melhor, é a minha actividade mais re-corrente... a partida da família em 2000 pelas mesmas portas foi o início de uma volta ao mundo que dura até hoje. Aqui estamos num rápido retorno a casa para cumprir o honroso compromisso de mostrar o meu trabalho no MAM. Vamos retomar o fio da viagem na Indonésia e acabar no Verão este projecto fami-liar intercontinental que dura há 12 anos e que chamamos de: “Meninos preparem as mochilas... vamos dar a volta ao Mundo”. São 12 anos de educação itinerante.

Iniciou, em 2006, o projecto “O Brasil pelo buraco da agulha”. Como surgiu essa oportunidade? E porquê uma “câmara” de 17 toneladas?Os brasileiros são muito gene-rosos... Saímos de Macau com um todo-o-terreno, no entan-to, quando chegámos ao Brasil em 2006, depois da etapa ame-ricana que tinha durado dois anos, o nosso transporte era um antigo camião militar de nove toneladas que, em Por-tugal, tínhamos transformado num lar. As crianças tinham crescido e o “Bartolomeu” era uma escola-casa-veículo de expedição. Estávamos muito bem instalados e dentro dele tínhamos sobrevivido

aos 47º negativos do inverno do Canadá. No entanto, uma marca de camiões brasileira decidiu que isso era pequeno demais para uma família e “ofereceu-nos” o Geolander, um camião novo de 17 tonela-das. A única condição era que o transformássemos - além de tudo o resto que o “Bart” já era - numa máquina fotográfica e que percorrêssemos o Brasil de lés-a-lés. É claro que não foi preciso dizer duas vezes.

Quais as reacções das pes-soas ao longo do percurso?Passámos a ter um apartamen-to de luxo, arquitectura con-temporânea sobre rodas. A sala era a tal máquina fotográfica e fazia negativos de 4x1,5m. Um por cada estado do Brasil. Vinte e seis estados, mais o distrito federal de Brasília. Calculo que 50 mil brasileiros passaram dentro da câmara de “O Brasil pelo buraco da agulha”, porque além das fotos fazíamos apresentações e as pessoas podiam passear dentro de uma máquina fotográfica. Ver o Brasil invertido projecta-do, a cores, na parede da nossa sala. Recebemos o Brasil como ele nos recebeu: em grande estilo. E eu consegui de volta a minha parede inquieta com o mundo invertido.

Quais os momentos mais emocionantes?O dia 24 de Dezembro de 2004,

11quinta-feira 23.2.2012 www.hojemacau.com.mo entrevista

Entre 1984 e 1986, Amílcar e a mulher, Sofia, então com 22 e 19 anos, respectivamente, viveram outra grande aventura. Ele conta tudo.“Saí do continente europeu pelo Bósforo. O planalto da Anatólia foi a primeira visão de outro mundo. Arrisquei a vida nos tumultos do Curdistão e na revolução islâmica da Pérsia. No Paquistão, depois de perder a minha velha VW, comprei duas mochilas ao Jerzy Kukuczka*, que muitos consideram o maior alpinista de todos os tempos. A Índia limpou o que restava do meu pseudo-pragmatismo europeu. Duas vezes na mesma semana, vi o cérebro de um homem vivo. Do Cabo Comarim, com muita imaginação, vi o pólo sul. Nos Himalaias, chorei a saudade do lar e da adolescência. Nas lojas de tapetes de Peshawar, rimos dos agentes norte-americanos mal disfarçados de curta-pijama e turbante. A história demonstrou que

não tínhamos nenhum motivo para rir, em segredo patrocinavam autênticas fábricas de fazer talibãs. Os meus amigos afegãos - ainda vivos - sofrem até hoje as dramáticas consequências. Através dos inóspitos Pamires, de altos picos e centenários cidadãos, passei às terras de Gengis Khan. De oásis em oásis da bacia do Tarim, entre uzebeques, quirguizes e uigures contornei o Taclamancam. Com a sensação de apátrida descansei sob as ramadas altas do baixio de Turfan, os turcomanos chineses lembraram-me que “portucala” em turco é laranja. Ensinei-lhes quatro palavras em português e todas as manhãs à minha chegada ao mercado repetiam: —Olá Portugueche, chetás bon! Evitando o Gobi, subi clandestinamente o Tibete, caminhei e morei com monges. Na China, talvez por não ter encontrado as alegres camponesas da propaganda, abandonei o maoísmo nas margens do Chang Jiang que os estrangeiros,

copiando os cantonenses, chamam Yang-Tzé, mas comprei emocionado o original do livrinho vermelho. Em Macau apelidaram-me de “afegão” e “o que veio a pé”. Passei as tardes de chuva com um antiquário chinês e soube pelos noticiários que passamos inequivocamente a fazer parte da Europa. Vi os primeiros CD e faxes nas lojas de Hong-Kong. Prossegui pelo sudeste asiático até à misteriosa ilha que deu o nome a Sandokan, o famoso tigre da Malásia. Fui baptizado num mosteiro de mulheres na Formosa e, com a minha coxa entalada entre as dela, dancei o tango com uma monja chinesa de Buenos Aires. Ao sul do Japão cheguei navegando numa espécie de cópia de caravela com velas de junco. Os anos tinham passado e um dia voltei a casa de comboio pela tundra e a taiga soviéticas. Em todo esse tempo usei o correio para saberem de mim e a sua mítica ‘posta restante’ para saber da família.”

nas estradas do norte do Canadá. Rodávamos entre paredes de neve e sobre um palmo de gelo e na frente do camião corriam uma dúzia de renas. Foi para as crianças o que se pode chamar de Natal a sério. Somos semi--nómadas, não estamos continuamente em viagem. A nossa longa volta ao mundo é meio a meio, entre estrada e residência fixa. Em cada mudança trocamos de continente e cada proces-so de mudança dura entre um e dois anos de estrada. Somos recolectores, gastamos os lugares e procuramos novos horizontes.

Porquê o fim de um percurso em Macau?Macau não será o fim das nossas andanças. É sim o ponto de referência dos “ritos de passagem” que a Sofia e eu escolhemos para a educação dos nossos filhos. Uma educação feita de vida global mas muito real, onde para chegar de um ponto ao outro existem mesmo caminhos e oceanos. Aqui começámos essa saga familiar, tinha o Elói seis anos e a Sásquia quatro e aqui vamos terminar este ano com o Elói a entrar no Ensino Superior e a Kia a acabar o secundário. Vimos os nossos filhos crescer enquanto eles experimentavam o mundo e assim vamos continuar.

A sua mulher, Sofia Salgado, vai fazer um documentário sobre esta viagem. Como vai ser desenvolvido o projecto?A Sofia é a dona das palavras, pela sua profissão e pela sua prática. Foi a principal responsável pela educa-ção das crianças dentro e fora dos

camiões. Um livro e uma exposição é inevitável. Setembro é a data do início para organizar tudo o que colhemos desta experiência a quatro.

Pretende continuar em viagem, ou vai fixar-se no Brasil?Formalmente somos cidadãos de três continentes. Do nosso berço que é Portugal, da pátria dos nossos filhos que é Macau e do país que nos aco-lheu por mais tempo: o Brasil. Vamos distribuir a nossa vida por aí... num eterno verão (risos).

E Macau?Será o nosso foco de actividades regulares. Estou a compor mais uma forma de designar Macau: capital internacional do pinhole. Através da criação da The International School of Alternative Photogra-phy, que vai promover anualmente o Annual Pinhole Gathering of Macau. Quero produzir, este ano ainda, o “Albergue dos Sonhos”. Um micro-edifício com linhas con-temporâneas numa das colinas de Macau, que reflicta no seu interior a cidade imaterial. Uma câmara que regista sem guardar uma cidade invertida. Talvez a primeira câmara obscura para visitação pública da Ásia. Em Maio voltamos para isso e para fazer uma palestra a convite do PinholeHK de Hong-Kong. O “Europe through the needle’s eye” está na calha para Junho, 45 países da Europa com outra máquina es-pecial, cheia de tecnologia, mas de novo apenas com um furinho de 2 mm, por onde vai continuar a entrar o mundo inteiro...

A outra viagem

“Ramblings” vai estar no Museu de Arte de Macau até ao dia 1

quinta-feira 23.2.2012www.hojemacau.com.mo12 vida

Clickecológico

A cidade chinesa de Xi’an tem da pior qualidade do ar do mundo, mas ainda assim a sua atmosfera é

mais segura do que a de algumas cidades norte-americanas, de acordo com um novo estudo.

Investigadores chineses com-pararam dados entre a poluição atmosférica e a taxa de mortalidade em Xia’an, entre 2004 e 2008. Esta foi a cidade que, em 2006, a Organização Mundial de Saúde classificou como a segunda pior na Ásia em termos de poluição do ar, consequentemente a segunda pior do mundo.

As análises revelavam que a concentração de poluição estava associada a um aumento de 0,2% nas mortes ligadas a acidentes cardiovasculares e outros 0,2% nas ligadas ao sistema respiratório.

Um número baixo, se comparado com os dados dos EUA. Numa análise que incluiu os dados de 112 cidades norte-americanas, as mortes relacionadas com acidentes cardíacos elevaram-se 0,9% e os problemas respiratórios subiram 1,7%.

O estudo assegura que as medidas feitas pelos investigadores chineses ao ar de Xi’an é, em média, mais 10 vezes poluído em termos de partículas do que o das duas cidades mais poluídas dos EUA, das 112 estudadas.

Ainda assim, essa atmosfera poluída da China é mais segura que nos EUA. O chocante, de acordo com um dos investigadores, é que este tipo de partículas – chamadas de PM2.5 por terem este diâmetro – não costumam estar relacionadas com mortes.

ENTRE A VEGETAÇÃO

• Este é um sapo do género Atelopus no zoo de Zurique. Estes anfíbios, nativos da região que vai da Costa Rica até Bolívia

e Guiana Francesa, têm sido muito afectados pela acção de um fungo. Algumas espécies já estarão mesmo extintas.

Foto: Arnd Wiegmann/Reuters

PALEONTÓLOGOS chineses disseram ter descoberto o

fóssil com cinco milhões de anos do esqueleto de um Hipparion, um cavalo que tinha três dedos e nariz comprido. A descoberta foi feita na província de Gansu, segundo a Agência Xinhua.

O fóssil foi dos mais intactos alguma vez encontrados na China deste tipo de cavalo, segundo Deng Tao, da Academia Chinesa de Ciências.

A descoberta permitiu perceber pistas vitais para o estudo das carac-

terísticas estruturais das espécies, especialmente para a investigação sobre o chamado “entalhe nasal”.

O Hipparion tem origem na América do Norte e pensa-se ter-se espalhado pelo mundo depois de ter saído pelo estreito de Bering, que uma vez conectado ao actual Alasca e Sibéria ajudou ao seu crescimento populacional pelos outros países.

Este fóssil foi descoberto no maior planalto do mundo, o de Qinghai-Tibete, local de muitas descobertas de fósseis de mamíferos.

Cidade chinesa com níveis de poluição altos mas menos perigosos do que EUA

Fugir para Xi’ané mais seguro

Fóssil de cavalo milenar encontrado na China

De três dedose nariz comprido

quinta-feira 23.2.2012 www.hojemacau.com.mo 13vida

Sabia que...

... a pulga pode saltar até 350 vezes o comprimento do próprio corpo?

É como se um homem saltasse a distância de um campo de futebol.

ASTRÓNOMOS con-firmaram a existência

de um planeta diferente de todos os conhecidos até agora e que terá mais água do que a Terra. O GJ1214b, a 40 anos-luz do nosso planeta, foi descoberto pelo telescópio espacial Hubble, escreve o jornal Público.

O GJ1214b, mais pe-queno que Urano e maior que a Terra, é descrito como um “mundo de água” distante, envolvido numa espessa atmosfera de va-por de água, segundo um estudo que foi aceite para publicação na revista As-trophysical Journal. “Uma grande quantidade da sua massa é feita de água”, disse em comunicado o astrónomo Zachory Berta, do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, que coordenou a equipa inter-nacional de investigadores. “O GJ1214b é diferente de todos os planetas que conhecemos.”

O GJ1214b, a 40 anos-

A campanha foi da Gre-enpeace China e parece ter tido sucesso. A China entregou uma

nova proposta de lei que preten-de afastar a comercialização de arroz geneticamente modificado. “Esta é a primeira iniciativa legal que lida com alimentos geneti-camente modificados”, assegura Fang Lifeng, o líder da campa-nha da Comida e Agricultura da Greenpeace.

O Governo Central já lançou a proposta de lei que restringe a pesquisa, ensaios de plantação, produção, comercialização, im-portação e exportação de grãos de arroz modificados geneticamente. O projecto prevê ainda que nenhu-ma organização ou pessoa possa empregar tecnologia que modi-fique geneticamente qualquer produto alimentar importante na China. “Neste momento, existem

Telescópio Hubble descobre nova classe de planeta

Com mais água mas mais quente

China entrega proposta para acabar com produtos transgénicos

Arroz modificado sai fora

é de 5,5. Isso sugere que o GJ1214b tem muito mais água que a Terra e muito me-nos rocha. Por isso, a estru-tura interna do planeta seria “extraordinariamente dife-rente” em relação à Terra. “As elevadas temperaturas e as elevadas pressões podem formar materiais exóticos como ‘gelo quente’ e ‘água superfluida’, substâncias que são completamente es-tranhas à nossa experiência do dia-a-dia”, comentou Zachory Berta.

Os teóricos acreditam que o GJ1214b se começou a formar longe da sua estrela, onde o gelo era abundante, e que depois se aproximou, passando pela zona onde as temperaturas à superfície seriam semelhantes às da Terra. Os cientistas não sa-bem dizer quanto tempo ele teria ficado nesta posição.

Este planeta é um forte candidato para ser objecto de estudo do telescópio espacial James Webb, que deverá ser lançado em 2018.

-luz da Terra, foi desco-berto em 2009 por uma equipa liderada por David Charbonneau, que traba-lhou com uma série de oito telescópios, no estado

norte-americano do Arizo-na. No ano seguinte, uma outra equipa de cientistas, coordenada por Jacob Bean, tinha descoberto que a atmosfera do plane-

ta poderia ser composta maioritariamente por água.

Agora os investigadores conseguiram confirmar detalhes sobre a atmosfera deste planeta, através da

observação de imagens conseguidas pelo telescópio espacial Hubble. De acordo com a NASA, o GJ1214b tem 2,7 vezes o diâmetro da Terra e uma massa quase sete vezes maior. O planeta completa uma órbita em volta de uma estrela anã vermelha a cada 38 horas, a uma distância de dois milhões de quilómetros. Os cientistas estimam que a temperatura à sua superfície seja de 230º C.

BAIXA DENSIDADEComo a massa e o tamanho do planeta são conhecidos, os cientistas podem calcular sua densidade: apenas dois gramas por centímetro cúbi-co. A água, por exemplo, tem densidade de um grama por centímetro cúbico, enquanto a densidade média da Terra

após um ano de intenso esforço de sete activistas da Greenpeace para manter o arroz geneticamente alterado fora do mercado de ali-mentos do país.

brechas e fracos controlos sobre os alimentos transgénicos na China.”

De acordo com uma investi-gação citada pela Greenpeace, o investimento em transgénicos nos últimos 20 anos tem sido 30 vezes maior do que na agricultura ecoló-gica. “Este é um grande obstáculo para o desenvolvimento de uma agricultura sustentável moderna na China”, assegura Fang. “O di-nheiro da China deve ser gasto no apoio alimentar que é seguro para consumo humano e na produção que tenha em conta os impactos ambientais. E esta tecnologia cla-ramente não consegue fazer isso.”

A Greenpeace considera que nenhum país deve optar pelos transgénicos, mas antes colocar mais investimento em tecnologia agrícola segura e dita mais eficaz.

Isto inclui a agricultura ecológica, a tecnologia verde para controlar pragas e doenças, a selecção assis-tida de alimentos e outros.

O anúncio da nova lei vem

14 publicidade quinta-feira 23.2.2012www.hojemacau.com.mo

O QUE DIZEM

15culturaquinta-feira 23.2.2012 www.hojemacau.com.mo

Gonçalo Lobo Pinheiroglp@hojemacau.com.mo

AOS 83 anos o radialista Johnny Reis deixou--nos. Natural de Braga, João Sameiro Afonso

dos Reis, mais conhecido por Johnny Reis, chegou a Macau em 1939 e, apesar de ter sido funcionário público, foi na Rádio Macau que se tornou conhecido do grande público.

Johnny Reis, que começou na Rádio Vila Verde em 1948 e depois seguiu em 1996 para a Rádio Macau, foi responsável pela apresentação de programas como “Hit Parade”, “Yours for Asking”, “Request” e ain-da “Disco-Mistério”, entre outros.

Foram 40 anos onde também fez informação e apresentou noti-ciários. Chegou a chefe dos locu-tores e, já no fim da sua carreira na rádio, foi responsável pelo arquivo discográfico da Rádio Macau.

Na televisão apresentou o concurso de Miss Macau e foi um dos fundadores do grupo de teatro “Doci Papiaçam di Macau”, onde tocava música. A música, aliás, sempre o seguiu. Músico auto-didacta, tocou nas bandas “Rockers” e “Four Aces” onde fez concertos por Macau, Portugal e Hong Kong. “Tocámos em todos os locais onde era possível tocar”, afirmou Johnny Reis a Cecília Jorge, em 1998.

• “No espaço de quatro dias perdi dois grandes amigos. Isto dói muito. Depois do meu cunhado João Carrascalão, foi a vez da voz de ouro da Rádio Macau. Johnny Reis, deixou-nos. Companheiro inseparável no 98FM, o Johnny foi sempre um grande amigo pronto a colaborar e a aceitar os desmandos de muita porcaria que por lá apareceu. Lamento o seu desaparecimento. Macau ficou mais pobre”

JOÃO SEVERINO

• “Tinha figura de gentleman. Todos gostavam dele pela maneira de estar, pela sua voz. Lembro-me do seu programa logo pela manhã em que ele dedicava 15 minutos à música portuguesa. Servia de despertador para mim. Lembro-me também dele a tocar nas noites de festa do Hotel Lisboa. Aprendi com ele muito do que sei na rádio. Era um excelente profissional. Lamento a sua morte e quero enviar as condolências à família”

MIGUEL BRANDÃO

• “Quando, na rádio, uma genuína voz se cala, permanece no éter o seu timbre, e nos ouvintes um sentimento de perda. No cósmico, jamais se apagará a voz de Johnny Reis. Na memória do colectivo auditório que o conheceu e lhe sobrevive, também. “Os Dias da Rádio”, entendidos como um tempo em que as telefonias, depois os transístores, ofereciam o fascínio dos sons da música, das vozes, dos programas de radiodifusão com os cantores e as orquestras tocando ao vivo, as reportagens vividas de forma empolgante, o estilo coloquial e bem pronunciado das conversas em estúdio, tinham em Macau um profissional do mesmo nível dos melhores em qualquer parte do mundo radiofónico. Johnny Reis oferecia a verdadeira magia da rádio. Quando há quase 30 anos comecei a ser seu companheiro de trabalho, foi o Johnny que me apresentou e mobilizou as primeiras pessoas de Macau com quem fiz as minhas quase primeiras horas de emissões na Rádio Macau. Ainda na Rua Francisco Xavier, lembro-me da alegria dele quando o João Canedo (outro gigante da rádio que esta terra acolheu, com irreparável partida precoce há uns anos) transformou os antigos estúdios, dentro do possível,

numa lógica mais semelhante ao pleno exercício profissional de radiodifusão. Era, então, o Johnny Reis o nosso querido Rei da Rádio, a voz singular, o dono das manhãs em antena, para além de outros espaços. Elegantíssimo, afectuoso, sempre disponível para novas tentativas de melhor, dinamizar, operacionalizar a forma de fazermos rádio. Inesquecível companheiro de trabalho. No princípio dos anos 1990, a sua voz deixou de ser escutada nas telefonias, por motivos algo nebulosos, que muito entristeceram ouvintes e profissionais na época, passando a exercer funções na discoteca interna. Momentos provavelmente escuros que a longa história da radiodifusão em Macau, talvez um dia venha a dar relevância. Mas a vida pública do senhor Johnny Reis também transmitiu brilho a muitíssimos espectáculos que apresentou com extraordinária elegância e eficácia. Tal como tantos concursos “Miss Macau”, inclusivamente através da televisão. Em récitas do patuá macaense, tal como músico permanente, anos a fio, no então “Portas do Sol” do Hotel Lisboa. Noites inesquecíveis nos bailes, ao som da sua banda; dias e noites inesquecíveis com a rádio que ele nos proporcionava. Muitos, bem melhor do que, dará acrescentado testemunho a estas singelas e rápidas palavras que aqui deixo como um longo e fraterno abraço a um grande cavalheiro, a um enorme profissional, a um sempre fiel companheiro de trabalho”

HELDER FERNANDO • “Foi um grande senhor. Muita gente, por diversos motivos e de diversas formas, expressaram o seu pesar e isso deixou-me satisfeito. Johnny nunca foi esquecido. Foi uma grande voz e um grande músico. Para mim, foi a Voz dos anos 60 e 80 da Rádio Macau. A sua voz mítica é inesquecível. Foi ainda um dos fundadores do Doci Papiaçam di Macau e sempre foi uma pessoa prestável e profissional. Lembro-me dos Rockers, enfim. Há vários anos que já não estava bem e a última vez que apareceu em público, num espectáculo, foi em 2006. Guardo muita saudades do Johnny”

MIGUEL SENNA FERNANDES

Morreu Johnny Reis, aos 83 anos

O às da rádio e do rock

Johnny Reis, um autodidacta da música, dominava o xilofone e acordeão

16 desporto quinta-feira 23.2.2012www.hojemacau.com.mo

Gonçalo Lobo Pinheiroglp@hojemacau.com.mo

JEFFERSON Santos, nome de guerra Jé. É o último reforço do Windsor Ka I para a reno-vação do título de campeão

da Liga de Elite de futebol e, quiçá, almejar uma presença na Liga dos Campeões Asiáticos, algo assumi-do recentemente pelo presidente do clube. “Vim para ajudar os meus colegas. Quero fazer um bom ano aqui e, porque o presidente já o disse ao grupo, tentar disputar a Liga dos Campeões da Ásia.”, disse Jé ao Hoje Macau.

Canhoto e habilidoso, o médio gosta de jogar para a equipa, promo-vendo o golo aos colegas da frente.

“Vou procurar fazer o trabalho que sempre fiz. Estou bem fisicamente. Quero ir para cima, deixar os com-panheiros na cara do golo. Usar o que tenho de melhor que é o passe e o drible. O principal é ajudar os companheiros.”

Aos 26 anos, o estrangeiro não é uma incógnita para o jogador. Antes de chegar a ao território, Jé já jogou no México e no Japão, país com no qual vê semelhanças com Macau. “Ter estado no Japão vai ajudar-me a compreender o Oriente e é muito melhor para a adaptação.”

Passou ainda por Portugal mas apenas em jogos treinos. “Tive oportunidade de ir para o Estoril--Praia e ainda cheguei a treinar

no Beira-Mar mas nunca se con-cretizou.”

Para já, e com poucos dias de estadia, Jé está a gostar de conhecer Macau. “É uma cidade muito boni-ta. Acho piada ler português para tudo que olho”, referiu o médio.

Conheceu Cesinha quando jo-garam juntos no Juventus de São Paulo e assume que o facto de ele estar já em Macau foi meio caminho para também viajar para cá. “Já conhecia o Cesinha. Ele funcionou um pouco como meu empresário. Falou de mim ao Josecler e o resto foi fácil.”

Como todo o brasileiro Jé só tem receio da comida chinesa. “Não é que não coma mas prefiro continuar a comer a boa carne e o feijão.”

Andreia Sofia Silvaandreia.silva@hojemacau.com.mo

HÁ dois anos a cidade de Lucknow, na Índia, foi palco

da 19ª edição do Campeonato Asiático de Ténis de Mesa. Lá, a equipa de Macau conseguiu chegar ao quarto lugar na equipa masculina de primeira divisão, enquanto nos resultados finais por equipas o grupo ficou em 10.º lugar nos masculinos e em 13.º nos femininos.

Para o jogador Chang Hoi Wa, melhorar essa meta é o objectivo, agora que Macau recebe os me-lhores do mundo da modalidade. “É muito importante ficarmos nos oito primeiros”, disse ao Hoje Macau.

Para o jogador que joga de forma individual, grupos e pares, o evento desportivo representa uma oportunidade. “É muito bom poder jogar com estes atle-tas, para aprender mais. Temos vindo a fazer a nossa preparação já há algum tempo, porque este campeonato significa muito para Macau e queremos ter uma boa participação”.

Igualmente confiante está Wong Chong Fan, treinador da equipa. “Fizemos uma grande preparação e podemos obter bons resultados. Da última vez ficámos no Top 8 das equipas, e esperamos fazê-lo de novo este ano”. Para o profissional, estar

nesta competição não é a única oportunidade de estar junto dos melhores. “A equipa de Macau envia constantemente atletas para torneios no estrangeiro. Mas claro que estamos orgulhosos por receber este campeonato”.

OS CAMPEÕESNa Índia, o atleta chinês Ma Long ganhou tudo o que tinha a ganhar. Ficou em primeiro nos jogos singulares e nos grupos de pares, bem como na categoria de pares, onde jogou com Xu Xiu. Em Macau, espera repetir a pro-eza. “Pretendo manter a minha meta. A primeira prioridade é fazer com que a equipa chegue às medalhas; depois, jogar bem no torneio”. Jogar em Macau “é como um teste para nós, para ver até que ponto estamos preparados para competir a nível mundial”.

Do lado das mulheres, a atleta Ai Fukuhara, do Japão, é outro nome sonante. Em 2009 ficou em terceiro lugar nos grupos de pares, com Seiya Kishika-wa. Quanto aos resultados por equipas, Fukuhara quer igualar. “Conseguimos chegar ao quinto lugar. O meu primeiro objectivo para esta competição é chegar à final e às medalhas”.

Macau começa a defrontar a Mongólia amanhã, a partir das 10 horas. Taiwan, Japão e Coreia do Sul vão também passar pelo “Dome”.

Jé chegou para fechar o plantel do Ka I

“Quero jogar na Liga dos Campeões Asiáticos”

Campeonato Asiático de Ténis de Mesa começa hoje no “Dome”

Macau quer igualar prova indiana

A caminho do mundialDepois do Campeonato Asiático de Ténis de Mesa, a equipa de Macau marca presença no Mundial, que decorre na Alemanha de 25 de Março a 1 de Abril. Na Europa, o treinador Wong Chong Fan quer aumentar os níveis da equipa. “Da última vez a equipa masculina ficou no grupo D, que é o mais baixo. Queremos melhorar e ir para o grupo C”, disse ao Hoje Macau.

GONÇ

ALO

LOBO

PIN

HEIR

O

17futilidadesquinta-feira 23.2.2012 www.hojemacau.com.mo

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

SALA 1CONTRABAND [C]Um filme de: Baltasar KormákurCom: Mark Wahlberg, Kate Beckinsale, Ben Foster, Giovanni Ribisi1430, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 2CHRONICLE [C]Um filme de: Josh TrankCom: Dane Dehaan, Michael kelly14.130 16.00, 17.45, 21.30

I LOVE HONG KONG 2012 [B]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Gai ChungCom: Eric Tsang, Teresa Mo19.30

SALA 3WAR HORSE [B]Um filme de: Steven SpielbergCom: Jeremy Irvine, Emily Watson, David Thewlis14.15, 16.45, 21.00

JOURNEY 2: THE MYSTERIOUS ISLAND [3D] [B]Um filme de: Brad PeytonCom: Vanessa Hudgens, Dwayne Johnson19.15

[Tele]visão

Aqui há gato

Su doku [ ] Cruzadas

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Voar sem sair do mesmo sítio. Atar, ligar. 2-Maciço montanhoso do Níger. Produz. Liga, une. 3-Passar, decorrer rapidamente. A atmosfera. 4-Sucedido há pouco. 5-Duas vogais. Cavidade em que entram os machos do leme de uma dobradiça. Osmio (s.q.). 6-Rocha constituída por orgãos de areia fina. Voz imitativa do som da campanhia ou sineta. 7-Apelido. Lisonjeai. Profissão (Suf.). 8-Acto de fariscar. 9-Exprimir pelo som. Esvaziam. 10-Cartilha para aprender a ler. Grande doçura. Junta, soma. 11-Gritar, gemer (Gír.). Tinham conhecimento.

VERTICAIS: 1-Torcida envolvida em cera. Pagam sisa. 2-Pedagogo. Comandante de um corpo turco. Nome da noz da cola, em África. 3-Entraivecer. Instrumento cortante com cabo. 4-Fazer refegos. 5-Afixo (abrev.). Nome de homem. 6-Esmigalhem. Espécie de avental, com mangas, para as crianças (pl.). 7-Redes de arrastar. Nota musical. 8-Relativo ao etal. 9-Navio de pequena lotação. Tornai oco. 10-Indicação de limite. Cru (Pref.). Nome de mulher. 11-Pouco densas. Movam os remos.

HORIZONTAIS: 1-PAIRAR. LIAR. 2-AIR. FAZ. ATA. 3-VOAR. L. ETER. 4-I. RECENTE. A. 5-OA. FEMEA. OS. 6-GRES. TLIM. 7-SA. GABAI. OR. 8-I. FARISCO. E. 9-SOAR. B. OCAM. 10-ABC. MEI. ADE. 11-MIAR. SABIAM.VERTICAIS: 1-PAVIO. SISAM. 2-AIO. AGA. OBI. 3-IRAR. R. FACA. 4-R. REFEGAR. R. 5-AF. CESAR. M. 6-RALEM. BIBES. 7-Z. NETAS. LA. 8-L. ETALICO. B. 9-IATE. I. OCAI. 10-ATE. OMO. ADA. 11-RARAS. REMEM.

NADA OS IMPEDEQuando estou à janela, divirto-me a ver a vidinha dos meus vizinhos. Em especial um homem sempre bem-disposto, apesar de já não ir para novo e trabalhar imenso. Sai de casa com o dia a nascer e chega já de noite, incluindo aos sábados.Esta rotina manteve-se meses a fio, mas há uns tempos a mudança aconteceu – enamorou-se pela empregada que lhe trata da casa. Ela, porém, não cedeu logo. O pobre teve de suar muito. Acordava ainda mais cedo para ir comprar flores, bombons e até jóias, que deixava para ela descobrir quando chegasse a casa para as limpezas. Voltava do trabalho ainda mais tarde, para explorar os restaurantes com os pratos mais gourmet e o champanhe de melhor qualidade. Tudo para que quando a convidasse a sair ela respondesse afirmativamente.Tanto esforço acabou por compensar. Ao fim de quase um ano, houve o sim para saírem juntos, depois o sim para o namoro, o casamento, a vida a dois.Eufórico de felicidade, ele arranjou um segundo emprego, para que nada faltasse à sua princesa. Queria-a descansada, que cuidasse apenas de ser bonita e atraente. Nesse aspecto, teve sorte, porque tanto spa, tanto ginásio, tanto creme faziam com que a sua mulher ficasse mais apetecível de dia para dia. Sem surpresa, apareciam sedutores aos magotes, prontos a desfrutar da bela esposa. E ela, generosa, a todos se oferecia. De tal maneira, que o marido acabou por perceber a realidade dos factos.Sentados no sofá da sala – enorme e em pele, era de certeza caríssimo -, ele questionou o seu comportamento. A mulher foi sincera. “Se eles me querem e nada os impede, achas que vou ser eu a dizer não, tontinho?” O homem foi para outra divisão da casa chorar e, desde aí, nunca mais o vi bem-disposto.Conheço também uma história parecida com esta, mas em vez do homem há a TV Cabo e em vez da mulher há um conjunto de apetecíveis canais. Já estão a ver onde entram os anteneiros, não estão?

Pu Yi

TDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h14:30 RTPi DIRECTO18:30 That 70\’s Show (Que Loucura de Família)19:00 Montra do Lilau (Repetição)19:30 Amanhecer20:30 Telejornal21:00 TDM Talk Show21:30 Castle22:15 Passione23:00 TDM News23:31 Resumo Liga Europa23:45 Resumo Liga dos Campeões00:01 Herman 201200:50 Reportagem Sic01:20 Telejornal (Repetição)01:50 RTPi DIRECTO

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 Histórias Que a Vida Conta15:00 A Conversa dos Outros15:30 U2416:00 Bom Dia Portugal17:00 O Elo Mais Fraco18:00 Resistirei18:45 Moda Portugal 219:20 Os Compadres20:00 Jornal Da Tarde 21:20 O Preço Certo22:15 Com Ciência22:45 Portugal no Coração

ESPN 3013:00 Samsung Beach Soccer Intercontinental Cup 2011 14:00 Women’s College Gymnastics LSU vs. Florida15:30 Big Ten Basketball 2011/12 Michigan State vs. Minnesota17:30 Asean Basketball League 2012 Chang Thailand Slammers vs. AirAsia Patriots19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 2012 20:00 ABL 2012 Weekly H/L 20:30 Global Football 2011 21:00 Samsung Beach Soccer Intercontinental Cup 2011 22:00 Sportscenter Asia 2012

22:30 ABL 2012 Weekly H/L 23:00 Global Football 2011 23:30 Samsung Beach Soccer Intercontinental Cup 2011

STAR SPORTS 3113:00 Goal! - FA Cup 2011/12 13:30 HSBC Sevens World Series 2011/12-Highlights 14:00 The Masters 10 Ball Tournament 201117:00 Sports Max 2011/12 18:00 Motorsports@Petronas 2011 18:30 FEI Equestrian World 201219:00 FA Cup 2011/12 Crawley Town vs. Stoke City21:00 Total Rugby 21:30 (LIVE) Score Tonight 2012 22:00 Global Football 2011 22:30 Goal! - FA Cup 2011/12 23:00 F1 Classics - 2003 British Grand Prix

FOX MOVIES 4012:35 Alvin And The Chipmunks14:05 Crazy On The Outside15:45 Rollerball17:25 You Again19:15 Brothers21:00 The Fighter22:55 Unstoppable00:35 Aliens In The Attic

HBO 4112:00 2 Fast 2 Furious13:45 Before Sunset15:05 Luck16:15 Leap Year18:00 How Do You Know?20:00 Green Zone22:00 The Rundown23:45 The Nutty Professor

CINEMAX 4211:45 Renegades13:30 Watchmen16:00 Earth Vs. The Flying Saucers17:25 The Revenge Of Frankenstein18:55 Hercules And The Circle Of Fire20:30 Xiii22:00 Sniper: Reloaded23:30 The Saint

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LIFE • Keith RichardsJá apelidada de Santo Graal das biografias de estrelas de rock, Life foi celebrado como um fenómeno incrível: mais de um milhão de cópias vendidas em menos de um ano. Em Life, Keith revela-nos os seus excessos e fragilidades, mas também todo o seu sentido de humor e coragem. Desde música, sexo, drogas, a lutas de facas, pouco fica por contar neste seu relato entusiástico e vibrante que nos revela os bastidores da maior banda de rock do mundo, os Rolling Stones: o seu nascimento, a passagem de Brian Jones pela banda, as rusgas policiais, os problemas com a lei, a conturbada relação de Keith com Mick Jagger, e a verdade acerca de todos os boatos e mitos que rodeiam uma das mais carismáticas figuras musicais de todos os tempos.

DUBLINESCA • Enrique Vila-MatasSamuel Riba considera-se o último editor literário e sente-se perdido desde que se retirou. Um dia tem um sonho premonitório que lhe indica claramente que o sentido da sua vida passa por Dublin. Convence então uns amigos para irem ao Bloomsday e percorrerem juntos o próprio coração do Ulisses de James Joyce. Neblina e mistério. Fantasmas e um humor surpreendente. Enrique Vila-Matas regressa com um romance que parodia o apocalíptico ao mesmo tempo que reflecte sobre o fim de uma época da literatura. Um romance deslumbrante, aberto às mais diversas leituras, uma verdadeira prenda povoada de surpresas. Simplesmente genial.

18 opinião quinta-feira 23.2.2012www.hojemacau.com.mo

Daniel a. Bell*In Público

UAL é o grande acontecimento da nossa época? Depende do dia, mas se contarmos por séculos, então de certeza que a urbaniza-ção da humanidade é um forte candidato. Hoje, mais de metade

da população mundial vive em cidades, em comparação com os menos de 3% em 1800. Em 2025, só a China deverá ter 15 “mega--cidades”, cada uma com uma população de pelo menos 25 milhões de habitantes. Estão os críticos sociais preocupados com a solidão atomizada da vida nas grandes cidades?

É certo que as cidades não podem forne-cer o sentido rico de comunidade que muitas vezes caracteriza as aldeias e as pequenas cidades. Mas uma forma diferente de co-munidade evolui nas cidades. As pessoas têm muitas vezes orgulho das suas cidades e procuram sustentar as suas culturas cívicas distintivas.

Ter orgulho da nossa cidade tem uma longa história. No mundo antigo, os atenien-ses eram identificados pelo etos democrá-tico da sua cidade, enquanto os espartanos orgulhavam-se da reputação que a sua cidade tinha de disciplina militar e de força. É claro que as actuais áreas urbanas são enormes, diversificadas e pluralistas, por isso pode parecer estranho dizer que uma cidade moderna tem um etos que transmite a vida colectiva dos seus moradores.

No entanto, as diferenças entre, digamos, Pequim e Jerusalém, sugerem que as cidades têm tal etos. Ambas são construídas com

A urbanização é responsável por uma grande variedade de males sociais modernos, que vão desde o crime e a indelicadeza até à alienação e à anomia. Mas, ao macerar-nos com os seus espíritos únicos e com as suas identidades, as nossas cidades podem, de facto, ajudar a fortalecer a humanidade para enfrentar os desafios mais difíceis do século XXI.

A identidade e a cidadeum núcleo cercado por círculos concêntri-cos, mas o núcleo de Jerusalém exprime valores espirituais, enquanto o de Pequim representa o poder político. E o etos de uma cidade não molda somente os seus líderes. Pequim atrai os principais críticos políticos da China, enquanto os críticos sociais de Jerusalém defendem uma interpretação da religião que mantém as pessoas, em vez dos objectos inanimados, sagrados. Em ambos

os casos, apesar das objecções aos princípios específicos da ideologia dominante, poucos rejeitam o etos.

Ou veja-se o caso de Montreal, cujos moradores têm de navegar na complexa política linguística da cidade. Montreal é um exemplo relativamente bem-sucedido de uma cidade onde tanto os anglófonos como os francófonos se sentem em casa, mas onde os debates linguísticos dominam, contudo, o cenário político – e constrói um etos para os residentes da cidade.

Hong Kong é um caso especial, onde o modo de vida capitalista é tão central que está consagrado na Constituição (a Lei Básica). Ainda assim, o capitalismo de Hong Kong não se fundamenta simplesmente na procura de ganhos materiais. É sustentada por uma

Qética confucionista que dá prioridade ao cuidado de outras pessoas acima dos próprios interesses, o que ajuda a explicar o porquê de Hong Kong ter a maior taxa de doações no leste da Ásia.

Paris, por outro lado, tem um etos român-tico. Mas os parisienses rejeitam o conceito banal de Hollywood do amor como sendo uma história que tem sempre um final feliz. A ideia que eles têm de romance centra-se

na sua oposição aos valores sóbrios e à previsibilidade da vida burguesa.

Na verdade, muitas cidades têm identida-des distintivas das quais os seus residentes se orgulham. O orgulho urbano – ao qual cha-mamos “civicismo” – é uma característica fundamental das nossas identidades nos dias de hoje. Isto é importante, em parte, porque as cidades que têm um etos claro podem re-sistir melhor às tendências homogeneizantes da globalização. É preocupante quando os países proclamam os seus ideais intemporais e orgânicos, mas afirmar a particularidade de uma cidade pode ser um sinal de saúde.

As cidades chinesas procuram contrariar a uniformidade através de campanhas para recuperarem o seu “espírito” único. Harbin, por exemplo, orgulha-se do seu historial de

tolerância e de abertura aos estrangeiros. Noutros lugares, o site oficial de Telavive celebra, entre outras atracções, o papel pro-gressista da cidade como sendo um centro mundial para a comunidade gay.

O orgulho urbano pode também evitar o nacionalismo extremo. A maioria das pesso-as necessita de uma identidade comunitária, mas pode ser melhor encontrá-la através da ligação a uma cidade do que através da ligação a um país que está armado e disposto a envolver-se em conflitos com os inimigos. Os indivíduos que têm um forte sentido de “civicismo” podem tomar decisões baseadas em algo mais do que o simples patriotismo, quando se trata de compromissos nacionais.

As cidades que têm um forte etos também podem cumprir os objectivos políticos que são difíceis de alcançar a nível nacional. A China, os Estados Unidos e até mesmo o Canadá podem demorar anos até imple-mentarem planos sérios para enfrentarem as alterações climáticas. No entanto, cidades como Hangzhou, Portland e Vancouver orgulham-se dos seus etos “verdes” e vão muito além dos requisitos nacionais em ter-mos de protecção ambiental. A urbanização é responsável por uma grande variedade de males sociais modernos, que vão desde o crime e a indelicadeza até à alienação e à anomia. Mas, ao macerar-nos com os seus espíritos únicos e com as suas identidades, as nossas cidades podem, de facto, ajudar a fortalecer a humanidade para enfrentar os desafios mais difíceis do século XXI.

*Professor na Universidade Jiao Tong, Xangai,e na Universidade de Tsinghua, Pequim

da estre laCarlos M. Cordeiro

19opiniãoquinta-feira 23.2.2012 www.hojemacau.com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Nuno G. Pereira; Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Joana Freitas; José C. Mendes; Virginia Leung; Rita Marques Ramos (estagiária) Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Carlos Picassinos; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Carlos M. Cordeiro; Correia Marques; Gonçalo Alvim; Helder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte, José Pereira Coutinho, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia; Peng Zhonglian; Vanessa Amaro Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo

S livrarias que em Portugal têm sobrevivido à crise económica e à ganância de grupos editoriais que visam o controlo absoluto da edição e distribuição passaram, infelizmente, a apresentarem-

-se como armazéns de palavras enlatadas. Os livros estão para ali enfiados nas estantes e quando já não tiverem amigos para os ir buscar fecha-se a porta. Habituámo-nos a ver a livraria como um lugar de culto. Culto pelas mulheres e homens com inspiração, com cultura, com conhecimento, com so-nho, com experiência, com investigação, com amor por tudo o que os rodeia e que resolvem a dado momento transparecer para o papel todas essas virtudes. O escritor é um ser humano sem diploma, sem cargo, sem horário, sem pretensões a ser deus. O escritor oferece o que lhe vai no âmago da sua inte-rioridade. O respeito que nos merecem todos os escritores é incomensurável, atendendo que as recordações, os pensamentos, as experiências, em suma, a história do mundo fica patente através dos livros que décadas após décadas vão sendo editados.

Devia ser decretado em todo o mundo que as livrarias não podiam acabar. Que as livrarias históricas e com história não lhes era permitido o encerramento. Quando saio aqui da serra para ir ao Porto ou a Lisboa, sinto uma dor profunda pela inexistência da Buchholz ou pela decadência da Sá da Costa. Mas do que não estava mesmo à espera, era que a querida Livraria Portugal fosse deixar de nos proporcionar momentos de culto envolvente com os grandes nomes da literatura. A grande livraria clássica do velho e restaurado Chiado vai desaparecer. Não faz

Os livros não têm culpa da crise A Livraria Portugal vai

encerrar as portas. É tempo de luto para a cultura portuguesa. Lamento profundamente que este episódio da vida social de Lisboa se transforme numa realidade triste. Contudo, apelo fervorosamente que o reverso da medalha tenha o maior êxito. E o reverso situa-se no avanço tecnológico, no computador ou no iPad. Que o importante para a nossa juventude seja continuar a ler, a ler muito.

mal, dirão alguns incultos da nossa política e da nossa sociedade. Existem os hipermer-cados onde se pode adquirir toda a espécie de livros. Oh meu Deus, quanta estupidez, ignorância e quanto materialismo que não entende nada de viagens do pensamento.

O futuro da venda de livros poderá situar-se nos supermercados ou na internet, mas não é a mesma coisa. Os potenciais amantes da leitura vão deixar de estar recolhidos, nem que seja por uns breves minutos, com os seus autores mais íntimos e até com os desconhecidos, na tentativa de os poder vir a tratar por tu após uma estreia da sua leitura. Ainda há pouco este facto aconteceu comigo. Um jovem de nome João Tordo deu-se à estampa e pensei que a sua juventude seria razão suficiente para não adquirir qualquer obra sua. Qual quê, qual jovem. Após dez minutos no interior da livraria e depois de folhear em leitura diagonal um livro seu, deparo-me hoje como leitor obrigatório de João Tordo.

A Livraria Portugal vai encerrar as portas. É tempo de luto para a cultura portuguesa. Lamento profundamente que este episódio da vida social de Lisboa se transforme numa realidade triste. Contudo, apelo fervorosa-mente que o reverso da medalha tenha o maior êxito. E o reverso situa-se no avanço tecnológico, no computador ou no iPad. Que o importante para a nossa juventude seja continuar a ler, a ler muito. Que a leitura se mantenha por muitas décadas na mentalidade da nossa juventude, por vezes, distraída dos valores culturais. Que os jovens entendam que os “velhos” ao serem atingidos pela crise e ao deixarem de ter os seus armazéns de palavras enlatadas, possam entender, acima de tudo, que os livros não têm culpa da crise.

A

quinta-feira 23.2.2012www.hojemacau.com.mo

Ciclone Graças à falta de regras na importação de veículos,o Metro Ligeiro vai tornar-se extremamente pesado no trânsito. POR FERNANDO

Globo Anonymous voltam a atacarNo dia 31 de Março, o grupo vai realizar um ataque global a vários servidores que inutilizarão a internet. Mas desta vez não é nenhum site específico: é a rede a nível global. O grupo agendou a operação “global blackout” para 31 de Março e promete que a internet ficará inutilizável. O objetivo é, mais uma vez, protestar contra a lei SOPA (Stop Online Piracy Act), Wallstreet, os líderes irresponsáveis e os banqueiros. No site pastebin, os atacantes dizem “assaltar” 13 servidores globais. E começam logo com a frase: “o maior inimigo da liberdade é um escravo feliz.”

Alemanha Strauss- -Kahn sob custódiaDominique Strauss-Kahn, ex-diretor geral do FMI, encontra-se sob custódia policial por “cumplicidade em proxenetismo” e “mau uso de coisa pública”, no caso conhecido como “Carlton”. Khan é suspeito de estar envolvido em rede de prostituição. O ex-ministro socialista será interrogado sobre a sua participação em “festas com prostitutas” em Paris e Washington. Strauss-Kahn foi preso em Maio passado devido ao caso “Sofitel”, em Nova Iorque, onde uma empregada do hotel - Nafissatou Diallo - acusou o ex-diretor do FMI de abuso sexual e tentativa de violação. Este processo criminal já foi arquivado pela Justiça norte-americana.

Síria Doisjornalistas mortosA jornalista americana, Marie Colvin, que trabalhava para o britânico “The Sunday Times”, e fotógrafo francês, Rémi Ochlik, que ganhou o World Press Photo, morreram em bombardeamentos no bairro de Baba Amr, na Síria. Três ou quatro outros jornalistas estrangeiros ficaram feridos. No passado dia 11 de Janeiro tinha já perdido a vida o grande repórter francês Gilles Jacquier, morto em Homs, o epicentro do movimento de contestação contra o regime do Presidente. Desde Março do ano passado já morreram mais de 7600 pessoas, a maioria das quais civis, revelou hoje o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Áustrália O maior diamante cor-de-rosa Na mina de Argyle, região ocidental da Austrália, foi encontrado um diamante rosa de 12.76 carates, cujo valor comercial pode ultrapassar os 7,5 milhões de euros. O diamante está a ser trabalhado e pode ser comercializado no final do ano, para depois ser mostrado em Nova Iorque e Hong Kong. O processo de polimento deverá estar completo na próxima semana e será avaliado por especialistas, que determinarão um valor de referência. Mais de 90% dos diamantes rosa existentes no mundo têm sido encontrados na mina de Argyle.

Geórgia Ataquea separatistasAlexandre Ankvab, presidente da Abkhásia, região separatista da Geórgia, saiu na manhã de hoje ileso de um ataque armado perpetrado na capital abkhase. Dois guarda-costas morreram no ataque realizado por desconhecidos, que conseguiram fugir do local. Trata-se do quinto atentado contra Ankvab, que antes de ser eleito presidente em 2011 ocupou o cargo de primeiro-ministro e de vice-presidente da Abkhásia. Ankvab foi alvo de dois ataques em 2005 e em 2007 sofreu vários ferimentos num ataque ao seu veículo. Em Setembro de 2010 ficou de novo ferido noutro atentado contra a sua casa.

EUA Barackcanta bluesMick Jagger pediu ao presidente dos EUA para (en)cantar na Casa Branca. O presidente acedeu. Numa noite de blues na Casa Branca, Barack Obama tentou ficar à parte, apenas para se divertir um pouco, enquanto um conjunto de estrelas da música, entre elas o mítico B.B. King, atuava na Casa Branca. Porém, Mick Jagger incentivou o presidente a demonstrar o seus dotes vocais. Obama cantou “Sweet Home Chicago” e por mais que tentasse passar o microfone, teve mesmo de continuar.

UMA dona de casa de Klebang, na Malásia, encontrou um meda-lhão, de origem por-

tuguesa e datado do século XIII, quando preparava um tubarão para cozinhar, divulgou ontem a comunicação social local.

O medalhão, com um peso de cerca de 10 gramas, exibe, num dos lados, o perfil de uma mulher com uma coroa na cabeça, en-quanto que na outra face é visível a figura de um crucifixo e uma inscrição, referiu a mesma fonte.

De acordo com um historia-dor local, citado pelo diário The Star, o perfil feminino pertence à rainha Isabel, consorte do rei D. Dinis, que governou Portugal de 1279 a 1325.

A mulher que fez a descober-ta, Suseela Menon, de 47 anos,

O chefe do Gabinete de Ligação ouviu há dias os objectivos da organização benemérita Obra das Mães (OM). Xu Ze tomou conhecimento do desenvolvimento das instituições da mesma numa visita à OM, onde pôde ver o

funcionamento do Lar e conhecer todos os membros, pessoal e utentes da Obra das Mães. Xu Ze assegurou que a OM tem vindo a desenvolver actividades assistencial e de beneficência, selando pelos desfavorecidos

e carenciados com resultados positivos. Aconselhou também a que a organização aproveite as suas potencialidades no relacionamento com outras instituições congéneres a nível interno e externo.

Encontrada relíquia portuguesa dentro de um tubarão

O medalhão da rainha

por Steffcar toon INSPECÇÕES

Chefe de Gabinete de Ligação visita Obra das Mães

encontrou o objecto dentro de um tubarão, que tinha comprado num mercado local. “Decidimos não comer o tubarão, uma vez que o objecto parece ter elemen-tos religiosos”, afirmou Suseela, em declarações ao jornal.

Para a dona de casa, mãe de duas crianças, a descoberta “foi uma bênção para a família”.

O medalhão, com 7,4 cen-tímetros de comprimento e seis de largura, pode ter sido transportado por um soldado ou missionário português durante a colonização da Malásia (Malaca) em 1511. A cidade malaia esteve sob domínio português entre 1511 e 1641. - Lusa