hoje macau 24 fev 2012 #2558

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TEMPO PERÍODOS DE CHUVA MIN 16 MAX 20 HUMIDADE 85-98% • CÂMBIOS EURO 10.6 BAHT 0.2 YUAN 1.2 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ SEXTA-FEIRA 24 DE FEVEREIRO DE 2012 ANO XI Nº 2557 PUB Ter para ler ROBERT MUNDELL, NOBEL DA ECONOMIA “China não deve emprestar à Europa nem exagerar nas medidas sociais” PÁGINA 3 ASIÁTICO DE TÉNIS DE MESA Macau fora dos melhores PÁGINA 16 CHEFE DO EXECUTIVO DE HK Tsang arrenda casa de luxo ÚLTIMA h “150 159 cnt cnqnt cnt cnqnt nv” e outros versos improváveis A Capela Sistina é um templo homo-erótico? Weiwei junta-se a dois suíços para surpreender os britânicos Vamos acabar com a poesia? Quando se pensava que o “Caso das Sepulturas” já estaria resolvido, o Ministério Público entregou no tribunal uma “declaração de ilegalidade” das normas contidas no Regulamento Interno de Arrendamento de Campas, aprovado pela antiga Câmara Municipal de Macau. PÁGINA 5 MP considera ilegais as normas do regulamento de atribuição de campas Assunto não enterrado

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Edição do Hoje Macau de 24 de Fevereiro de 2012 • Ano X • N.º 2558

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Page 1: Hoje Macau 24 FEV 2012 #2558

TEMPO PERÍODOS DE CHUVA MIN 16 MAX 20 HUMIDADE 85-98% • CÂMBIOS EURO 10.6 BAHT 0.2 YUAN 1.2

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEXTA-FEIRA 24 DE FEVEREIRO DE 2012 • ANO XI • Nº 2557

PUB

Ter para ler

ROBERT MUNDELL,NOBEL DA ECONOMIA

“China não deve emprestar à Europa nem exagerar nas medidas sociais”

PÁGINA 3

ASIÁTICO DE TÉNIS DE MESA

Macau forados melhores

PÁGINA 16

CHEFE DO EXECUTIVO DE HK

Tsang arrenda casa de luxo

ÚLTIMA

h“150 159 cnt cnqnt cnt cnqnt nv”e outros versos improváveis

A Capela Sistina é um templo homo-erótico?

Weiwei junta-se a dois suíçospara surpreender os britânicos

• Vamos acabar com a poesia?

Quando se pensava que o “Caso das Sepulturas” já estaria resolvido, o Ministério Público entregou no tribunaluma “declaração de ilegalidade” das normas contidasno Regulamento Interno de Arrendamento de Campas, aprovado pela antiga Câmara Municipal de Macau. PÁGINA 5

MP considera ilegais as normasdo regulamento de atribuição de campas

Assunto não enterrado

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2 política sexta-feira 24.2.2012www.hojemacau.com.mo

Mais apoio domiciliário para os idosos e, imediatamente, a criação de uma ala e de um curso de geriatria. É o que pede quem trabalha com os mais velhos diariamente

Joana [email protected]

ONTEM, Chui Sai On ouviu opiniões e pe-didos da Associação dos Assuntos para o

Cidadão Sénior e do Conselho de Acção Social, ao lado de Cheong U, secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. No encontro, foram 13 as vozes intervenientes, cujo con-teúdo foi quase semelhante.

A falta de recursos humanos que trabalhem com os idosos é o problema mais gritante. O apoio domiciliário seria o método preferencial, mas os já poucos assistentes sociais que existem fogem das associações cívicas para o Governo, devido às ofertas de salário mais alto. Também os lares de idosos e associações cívicas enfrentam o problema de mão de obra, principalmente qualificada.

Paul Pun, presidente da Caritas, admite que as propostas do Execu-tivo em criar mais lares de idosos é positiva, mas alerta para um problema. “Se aumentarem os nú-meros de instituições vai ser ainda mais difícil encontrar mão-de-obra qualificada.” O responsável frisa a dificuldade de manter os recursos

“TER um idoso em casa é ter ouro”. É um pro-

vérbio chinês que parece ter efeito no discurso do Chefe do Executivo. Chui Sai On afirmou ontem que a prio-ridade das prioridades das Linhas de Acção Legislativa são os idosos, uma vez que merecem ser respeitados pelo seu contributo social.

O Chefe do Executivo encontrou-se ontem com profissionais da área social,

acompanhado pelo secretá-rio para os Assuntos Sociais e Cultura Cheong U, mas não se limitou a ouvir.

O líder do Governo quer abrir um estudo sobre “a definição de idoso e as suas necessidades a longo-prazo” e diz querer apostar princi-palmente na manutenção do ambiente sócio-familiar, isto é apoiar os idosos ao domicílio. Para isso, afirma, é necessário agrupar os ido-

sos por categorias de forma a perceber as necessidades reais de cada um.

Habitação e cuidados mé-dicos são os pontos fulcrais do apoio, mas Chui Sai On deixa o alerta. “Dada a situação fi-nanceira de Macau, podemos apoiar, mas temos de ver qual a situação mais urgente e começar por aí.” O Chefe do Executivo quer investir numa geração mais bem preparada para dar assistência aos idosos

e colmatar a falta de trabalha-dores da área social.

Admite a necessidade de fazer mais, até porque a população está a envelhe-cer e a esperança média de vida – que é de 82 anos no território – terá tendência a aumentar. Ao prolongar-se mais a esperança de vida, relembra, consequentemente sobem as doenças crónicas e outro tipo de dificuldades que necessitam de apoio - J.F.

Falta de recursos humanos impede idosos de serem tratados em casa

Chui Sai On ouve associações sociais

Chui Sai On fala em divisão categórica dos idosos

Ajudar por ordem de necessidade

humanos nos centros de apoio, mas descarta a necessidade de serem apenas os nativos da língua chinesa a poderem aceitar este tipo de trabalho. Recorde-se que esse foi um dos apontamentos feitos por diversas associações cívicas, que defendem a necessidade de assistentes sociais chineses para que a comunicação seja mais facilitada com os idosos. “Basta serem as pessoas adequadas, com capacidades para esta profissão e que queiram trabalhar com idosos. Se estiverem dispostos a aprender a língua e a aceitar a cultura, por-que não?”

Paul Pun frisa que qualquer pessoa trabalha de igual forma aos locais ou chineses do continente, sendo apenas necessário receber

treino adicional e aulas de chinês, apenas para que se adaptem rapi-damente à sua função.

GERIATRIA PRECISA-SE É necessário ponderar a criação de um curso de geriatria nas institui-ções de ensino superior, e o “mais rápido possível”. A implementação de uma ala específica para os idosos nos hospitais e a criação deste curso fizeram ontem levantar muitas vo-zes no encontro dos dois conselhos com o Chefe do Executivo.

Os cuidados de saúde não são suficientes para os idosos, defen-dem, o que só poderá acontecer quando houver uma especialidade dedicada apenas aos mais velhos. “Existem trabalhadores de assis-tência social e sentem dificuldades

pela falta de formação”, frisou um dos membros do Conselho para os Assuntos do Cidadão Sénior.

Alguns argumentam mesmo que a falta de recursos humanos qualificados é motivo, muitas vezes, de erro médico.

Paul Pun acredita que, mesmo com a atracção gerada pelo dinhei-ro oferecido pelos casinos, alguns jovens não ficarão afectados e podem gostar de trabalhar com os idosos e tirar cursos relacionados com eles. Tudo depende, diz o presidente da Caritas, da forma como as coisas são feitas.

APOIOS A LONGO PRAZOÀ falta de profissionais da assis-tência social, António Freitas, provedor da Santa Casa da Mise-

ricórdia, deixa outra sugestão ao Chefe do Executivo. “O tratamento domiciliário era ideal para que os idosos pudessem passar os últimos dias da sua vida em casa, mas Macau não tem condições, prin-cipalmente com as dificuldades cada vez maiores das famílias, por isso é preciso mais lares de idosos e vales médicos.”

Anualmente, os idosos recebem 500 patacas para tratamentos médi-cos, o que, diz o responsável, não é suficiente para custear algumas das despesas. “Se não for possível para o São Januário atender o ido-so, então deveria ser aumentado o montante da ajuda para que este seja tratado numa clínica privada.”

Apesar de admitirem que o Governo tem apoiado os idosos do território, os intervenientes de ontem acusam o Executivo de estar a pensar apenas a curto-prazo. “Os resultados alcançados para já não se estendem a longo-prazo”, referiu uma respon-sável do Conselho de Acção Social. “As medidas implementadas são imediatas e de curta-duração.”

Mas, para saber exactamente que tipo de apoios financeiros e medidas devem ser implementa-das, os responsáveis dos conselhos deixam o alerta. “É preciso definir primeiro o índice do limiar da po-breza, de forma a quais as pessoas com mais necessidade.”

Houve mesmo quem pedisse a atribuição de um subsídio se-melhante ao destinado aos alunos do ensino superior para material – de duas mil patacas – para que sejam comprados objectos neces-sários aos idosos, como aparelhos auditivos.

A distribuição das funções das associações para que não haja sobreposições e sejam poupados recursos foi outra das sugestões.

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3economiasexta-feira 24.2.2012 www.hojemacau.com.mo

Joana [email protected]

A China quer – e tem de - melhorar as suas políticas sociais, mas não pode fazê-lo de

forma exagerada. Quem o afirma é Robert Mundell, Prémio Nobel da Economia e considerado o “pai do euro”, que alerta que medidas sociais arrastam consigo despesas elevadas. O projectista da moeda única esteve ontem na Univer-sidade de Macau, onde falou da China e de Macau perante a crise europeia.

Entre os anos 60 e 90, a maioria dos países europeus, incluindo Portugal, instaurava a democracia, que fez multiplicarem-se as acções governamentais desenvolvidas em prol da sociedade. Surgem as políticas sociais – atribuição de pensões, subsídios de velhice e reforma, apoios na educação e saúde. Mas aquilo que seria para beneficiar a sociedade, afundou os países da Europa do Sul em dívidas, por falta de controlo financeiro. “Grécia, Portugal, Espanha e Itália ainda eram po-bres e já assumiam o papel de países ricos”, explica Mundell. “Em 1993, adoptaram as medi-das sociais que fizeram disparar as despesas significativamente. Enquanto em 1963, por exemplo, Portugal gastava 17,4% do seu Produto Interno Bruto (PIB), em

A Europa está em recessão, o que pode afectar Macau

um pouco, assim como a China. Mas não será um impacto muito grande, diz Mundell. A China vai continuar a crescer e Macau está “bem posicionado, graças à indústria do jogo – que é muito vulnerável -, porque em caso de um grande abrandamento, Macau sofrerá”. Mas, ainda assim, afirma, o território está em boa forma. “Sei que os preços subiram, especialmente das casas, e que isso preocupa, mas acontece em todo o mundo e é impossível controlar todos os preços.” Mas toda a culpa posta na indexação da pataca ao dólar de Hong Kong e sua consequente indexação ao dólar

Euro sem culpaRobert Mundell defende que a Europa já tinha problemas financeiros antes da implementação da moeda única. As despesas que estes países em crise tinham, diz, não podiam ser financiada sem empréstimos. O Nobel da Economia acredita que o euro está em melhor forma do que quando surgiu, tendo subido face ao dólar americano. Aponta um “grande sucesso” à sua criação – que conseguiu substituir o yen japonês como a segunda moeda mais forte no mundo – e diz sentir-se optimista com a moeda única, mesmo com o quadro internacional. “isto é uma crise espoletada pelas despesas das políticas sociais e não pela moeda.” Mas não terá o actual drama europeu nascido da criação da moeda única? “Sempre que o euro tem grande sucesso as pessoas não me chamam o pai do euro. Quando vêem que está em baixo de forma, eu sou o pai dele. Porque o sucesso tem muitos pais, mas o falhanço é órfão.”

China não deve exagerar nas medidas sociais, diz Nobel da Economia

Uma lição made in Europa

Será mau para Macau deixar indexação ao dólar

China empresta à Europa? Má ideiaA China não deve dar dinheiro à Europa, podendo deixá-la numa dívida ainda maior que o que esta já se encontra, diz Mundell. Ainda assim, se o fizer, deverá ser injectando dinheiro no Fundo Monetário Internacional. Se a China está a comprar a Europa, ele assegura que não. “A China está a investir, e faz bem, num país que precisa de vender.”

CERTEZAS DE MUNDELL

• SIM. A economia europeia pode vir a

piorar, porque a maioria dos mercados

europeus está a enfrentar uma recessão

pela primeira vez. Isso dura algum tempo,

mas não por um longo período.

• NÃO. Deixar o euro não é uma vantagem

para a Grécia e não deve vir a fazê-lo,

havendo apenas uma hipótese de 20% de

isso acontecer.

• NÃO. Nenhum dos países deve declarar

bancarrota. Podem ter uma parcial, mas não

a podem declarar, pelo menos sozinhos.

• NÃO. A Europa não vai deixar o euro.

Todos esses países europeus têm a

segunda melhor moeda do mundo, a seguir

ao dólar americao, e ganharam imenso

com o euro. Tem sido um grande sucesso

durante dez anos e esta não é uma crise do

euro, é uma crise de dívida.

• NÃO. Portugal não é a Grécia. Apesar disso,

e de ser especialmente uma crise da Grécia,

Portugal, Espanha e Itália estão em perigo

também. Mas a Grécia está numa situação

diferente, mais grave do que Portugal. Os

mercados internacionais sabem disso.

• SIM. Agora, as medidas de apoio social

vão ter de ser diminuídas e cortadas

pouco a pouco, como Portugal já está

fazer. Mas os países não puderam recuar

mais cedo porque esta é uma decisão

politicamente complicada.

• Sim. O euro continua uma moeda forte.

Aliás, é mais forte do que quando começou.

O euro começou a 1.18 dólares e agora

está a 1.39, é uma moeda fortíssima.

• SIM. Portugal terá de pedir outra ajuda

financeira, mas os países mais fortes

da zona euro têm mais confiança em

Portugal do que na Grécia.

• SIM. Se o Reino Unido se juntasse à moeda

única, a Europa seria a maior área de

transacções do mundo, à frente dos EUA.

• NÃO. A Europa não tem obrigações

financeiras da Zona Euro e Bilhetes do

Tesouro da Zona Euro que compitam com os

dos EUA. Mas isso poderá acontecer mais

cedo que se pensa – daqui a três anos -,

tornando a moeda única mais madura e uma

possível alternativa ao dólar americano.

– que, constantemente, aprego-am ser o motivo da inflação -, não pode fazer com que Macau deixe de estar indexado à mo-eda americana. “Isso seria um erro. Criaria especulação. Não podemos trocar uma moeda de indexação a uma divisa conver-tível, como o dólar americano, para uma que não é, como o yuan.” O facto de uma divisa ser ou não convertível tem a

ver com o grau de intervenção do Estado no mercado cambial, que permite trocar apenas um limitado número de moeda. Isso faz com que a moeda seja menos estável e atinja altas taxas de inflação. A proposta de Mundell é precisamente equilibrar a taxa entre o dólar e o euro, o que aliviaria a subida e descida da pataca e do dólar de Hong Kong.

1993 essas despesas chegaram aos 42,7%, um aumento de 25% em despesas.”

Enquanto os países da Europa sustentavam algo que seria, à parti-da, insustentável, o Japão, explica Robert Mundell, era uma grande economia que não gastou muitas das suas receitas em medidas de apoio social. E que, por isso, nunca se viu envolvida em crises financeiras como a actual.

MACAU IGUAL À EUROPA?Um comportamento semelhante ao do Japão é o conselho que o Nobel tem para o tigre asiático. “A China tem de melhorar o seu bem-estar social, mas não pode ir muito longe nas medidas sociais que implementa porque isso é insustentável.”

Macau também não fica de fora das sugestões de Robert

Mundell. Recorde-se que, no ter-ritório, está agora a ser preparada a implementação de um Fundo de Previdência Central. O Nobel alerta para alguns factores a ter em conta: defende a imposição de um limite máximo para este tipo de despesas sociais e a criação de um Fundo de Segurança Social onde as contribuições sejam feitas por todos. “Tirar de um grupo de pessoas [que paga impostos] para dar a outro grupo de pessoas [que não paga] é algo que não se pode fazer eternamente.”

A contribuição, alerta, deve ser feita pela poupança das famílias e deve haver um limite para as con-tribuições do Governo. “Os gastos têm de ter um limite, não pode ir além daquilo que a economia do país suporte.”

É HORA DE PAGAROs países da zona euro tiveram grandes perdas devido às despesas efectuadas pelos governos em comparação com o PIB. Coisas que, diz Mundell, os impostos não podiam pagar, mas numa si-tuação em que também os estados estavam já impedidos de recuar dado o seu compromisso perante a população. “É uma decisão poli-ticamente difícil de fazer, mas vão ter de fazê-la agora. Renderam-se ao socialismo nestas últimas três décadas, mas acumularam despe-sas impossíveis de pagar.”

O facto de os países da zona sul

da Europa terem uma população a envelhecer sem que, ao mesmo tempo, cresça a força laboral impede a continuação deste tipo de medidas. “Nos próximos dez anos tem de se diminuir as políticas sociais. Não há forma da Europa se manter estável se continuar com isto, porque não há dinheiro para pagar pensões a todos.”

O FUTURO DO FUNDOEm Macau, a situação do Fundo de Previdência Central está ainda a ser analisada, mas o diploma que cria o sistema prevê apenas contribuições facultativas durante três anos, sem garantir ainda que no final deste período venham a ser obrigatórias. Numa altura em que a esperança média de vida subiu – no território tal como nos países europeus -, sobe a duração de atribuição de pensões de velhi-ce e reforma.

Se na Europa não resultou, resta saber se Macau aguentará, principalmente quando as baixas contribuições efectuadas por patronato e entidade laboral para o Fundo de Poupança Central impõem a falência do Fundo de Segurança Social. Recorde-se que o Governo divulgou o ano passado um relatório que dá conta que se a situação financeira do fundo não se alterar, este irá registar um défice de MOP 170 mil em 2014, com tendência para entrar em falência em 2020.

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4 sociedade sexta-feira 24.2.2012www.hojemacau.com.mo

ASSOCIAÇÃO GERAL DE AUTOMÓVEL DE MACAU-CHINA

InscriçãoCurso de Formação para os Comissários Desportivos do AAMC

para o ano 2012

A Associação Geral de Automóvel de Macau - China (AAMC) com o intuito fomentar o desenvolvimento do desporto automobilismo, comunica-se a todos os interessados que as inscrições do curso de formação para os comissários desportivos do AAMC para o ano 2012 estão abertas a partir do dia 27 de Fevereiro do corrente ano.

Todos os interessados devem preencher uma ficha de inscrição fornecida pelo AAMC, juntando 1 fotocópia do Bilhete de Identidade de Residente Macau, incluindo 2 fotografias e 1 atestado médico apto para prestar o cargo acima referido e entregá-la até ao dia 09 de Março de 2012 na sede do Associação Geral de Automóvel de Macau - China (AAMC), sita na Avenida Amizade, Ed.do Grande Prémio, Torre Controle, R/C – Macau.

Horário- de 2ª. Feira a 6ª. Feira: das 09H30 às 13H00 e das 14H30 às 18H30

Informação- Telefone: (853) 2872 6578

PROPINA PARA INSCRIÇÃO: Mop$100.00 por inscrição. (o montante será reembolsado após da frequência de todas as aulas do referido curso)

Nota: Relativamente ao horário do curso de formação para os comissários desportivos, está afixado no placar e na página electrónica da Associação Geral de Automóvel de Macau – China, http://www.aamcauto.org.mo/

Andreia Sofia [email protected]

NA última reunião da 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legis-lativa (AL), a acusação

foi clara. Segundo uma análise dos assessores da Comissão, a proposta de lei que pretende alterar o Re-gime Geral de Apoio Judiciário estaria em confronto com o artigo 36º da Lei Básica, assim como o

Governo já ouviu advogados

Florinda Chan disse ontem que a forma de cálculo do Regime Geral de Apoio Judiciário deve ser alterada, assegurando também que, na proposta de lei, nada põe em causa a Lei Básica

Governo quer mudar formas de cálculo na proposta de lei

Apoio Judiciário “não viola Lei Básica”

Regime Jurídico do Enquadramen-to das Fontes Normativas Internas.

Ontem, Florinda Chan, Se-cretária para a Administração e Justiça, explicou que o diploma está dentro da lei. “Afirmo aqui que não há qualquer artigo que viole a Lei Básica ou a lei de enquadra-mento. O objectivo comum, tanto para a AL como para o Governo, é garantir que esse direito chega a todos os cidadãos perante a Lei Básica.”

Entre os pontos criticados pelos deputados, foi debatida a forma de cálculo utilizada para definir o apoio judiciário, tendo ambas as partes chegado a um consenso. “Concordámos com a Comissão em definir melhor a forma de cálculo.”

Para Florinda Chan, há que ter em conta “o dinheiro disponível, subtraindo as saídas face às entra-das de dinheiro, e analisar quanto é que o cidadão tem, para avaliar se a pessoa realmente tem carên-cia económica para pedir o apoio judiciário”. Contudo, é “difícil definir o montante”, pois “cada caso é um caso”.

CRITÉRIOS CLAROSOutra das acusações feita à proposta de lei prende-se com a falta de clareza dos critérios que definem quem tem direito a ajuda para pagar um processo. Florinda Chan considerou que o diploma está claro neste ponto. “Há pessoas que dizem que não constam os critérios básicos para

a concessão do apoio judiciário. Nós dizemos que existem no ar-tigo 8º do projecto de lei.”

A Secretária para a Adminis-tração e Justiça rejeitou também as críticas feitas à criação da Co-missão de Apoio Judiciário (CAJ), criada por regulamento adminis-trativo, e que será responsável por decidir quem recebe a ajuda financeira nestes casos. “Sobre o

facto de a constituição da Comissão por regulamento administrativo não estar na lei, isso não é verda-de. Conforme a lei 13\2009, em qualquer departamento público pode ser feita a criação de serviços públicos através do regulamento. Há excepções, como os serviços públicos que têm competência na questão dos direitos fundamen-tais.”

Os deputados queriam ouvir a Associação dos Advogados de Macau (AAM) face a esta questão e prometeram esperar pelo pedido do Governo. Florinda Chan garantiu ontem que tal já foi feito. “No parecer da AAM foi dito que seria bom os critérios ficarem no regulamento administrativo.” Desta vez, o Governo “enviou uma cópia” aos deputados, mas continua sem esclarecer o facto de os pareceres enviados pela AAM, em 2010 e 2011, não terem sido mostrados à AL. “Quanto aos

pareceres da AAM, recebemos na altura da consulta, e levámos em conta algumas opiniões”, disse apenas Florinda Chan. O anterior pedido dos deputados tinha sido comentado ao Hoje Macau por Jorge Neto Valente, presidente da AAM. “Se o deputado Chan Chak Mo vem agora pedir um parecer, o que eu concluo é que a Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça não terá enviado nada à AL. Ao que tudo indica, o Governo não terá enviado nada e tirou as suas conclusões.”

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5sociedadesexta-feira 24.2.2012 www.hojemacau.com.mo

Gonçalo Lobo [email protected]

O caso das sepul-turas parece que não tem fim à vista. Os avanços

e recuos, num caso que dura desde 2001, conhecem agora mais um episódio.

Fontes bem informadas revelaram ao Hoje Macau que o Ministério Público (MP), na condição de reque-rente, apresentou este mês, no Tribunal de Segunda Ins-tância (TSI), uma declaração de ilegalidade das normas contidas no Regulamento Interno de Arrendamento de Campas aprovado pela antiga Câmara Municipal de Macau Provisória em 14 de Dezembro de 2001.

As mesmas fontes expli-caram que a declaração de ilegalidade pode ser pedida a todo o tempo, e o MP tem toda a legitimidade para isso, de acordo com o previsto na lei. “Pese embora, na deliberação em questão, se aluda a casos concretos de pedidos, os efei-tos serão sempre produzidos na generalidade.”

O MP não tem dúvidas. “O Regulamento Interno de Arrendamento de Campas aprovado pela Ex-Câmara Municipal de Macau Provi-sória em 14 de Dezembro de 2001, infringe o disposto no artigo 36.º da Lei 24/88/M [Publicidade das delibera-ções e decisões que não foi feita em Boletim Oficial].”

A lei é clara. Todas as condições “careciam de ser publicitadas e dadas a conhecer aos destinatários fosse porque forma fosse, designadamente através do Boletim Oficial ou de outro documento.”

Mais, o MP acusa mesmo a Ex-Câmara Municipal de Macau Provisória, agora

A MGM China, que opera um hotel casino em Macau,

fechou 2011 com lucros líquidos de 3,27 mil milhões de patacas, mais 110 por cento do que em 2010, revelam dados da empresa.

De acordo com os dados de 2011 agora publicados, a MGM China, que tem Pansy Ho, filha do magnata do jogo Stanley Ho, como uma das principais accio-nistas, gerou no ano passado receitas operacionais de 20.293 milhões de patacas, um valor cerca de 63 por cento superior ao apurado em 2010.

Entre as receitas da compa-nhia, 19.974,5 milhões de patacas eram oriundos do sector do jogo, sendo que 13.815,4 milhões cor-

Sepulturas MP apresentou um pedido de ilegalidade no TSI

Nem São Miguel Arcanjo lhes vale

Lucros da MGM China mais do que duplicaram em 2011

Dinheiro a rodosde 86,3 avos de pataca por acção, mais do dobro do dividendo atri-buído em 2010.

O jogo em casino em Macau encerrou 2011 com receitas brutas de 267.867 milhões de patacas, em mais um recorde de receitas daquela que é hoje a ca-pital mundial do jogo em termos de receitas.

O sector do jogo, baseado nos complexos de seis operadores, é a principal fonte de receitas da ad-ministração de Macau que cobra, além de taxas sobre mesas, ‘slot machines’ e licenças de operação, um imposto especial direto de 35 por cento sobre as receitas brutas que é pago no mês seguinte ao mês de referência. - Lusa

respondiam a receitas geradas nas salas destinadas a grandes apostadores (salas VIP).

No campo da despesa, a MGM China pagou 10.816,7 milhões de patacas de impostos directos ao Governo de Macau, teve um custo de 1.414,7 milhões com pessoal, num total de gastos de 16.326,2 milhões. Os lucros operacionais quase duplicaram para 3.967,44 milhões de patacas.

Com os resultados de 2011, a MGM China prevê a atribuição

de cabeça à secretária para a Administração e Justiça, Florinda Chan, e ao ex-presi-dente da Câmara Municipal, José Sales Marques.

Em Dezembro último, o relatório do Grupo de Trabalho (GT) criado para o aperfeiçoamento do processo da concessão de sepulturas concluiu que a atribuição das sepulturas foi dada “por autoridade legítima que lhe havia sido concedida pela antiga câmara municipal”.

Aliás, o GT defendeu que, apesar de não lhe competir qualquer tipo de investigação e apenas analisar o relatório do Comissariado contra a Cor-rupção (CCAC), seria preciso esclarecer diversos pontos. “A perda do poder político dos órgãos municipais não significa que tenham ficado desobrigados de assegurar ac-tividades de gestão dos assun-tos municipais e de prestação de serviços comunitários”, defendeu o relatório do GT.

Quanto a Florinda Chan, na altura responsável pela tu-tela da entidade, não pode ser acusada de abuso de poder. Se, por um lado, a decisão de Sales Marques não tinha de passar pela tutela, de acordo com a lei, também não se comprova qualquer abuso de poder – e o próprio CCAC admitiu isso. O relatório do GT reforçou essa posição.

A polémica, que pare-cia ter tido um fim, volta a incendiar-se com o avanço do MP. O GT culpou a imprensa de maltratar a “boa imagem do Governo”. E agora, em que é que se fica?

IACM, de ter “criado um regulamento interno que não respeitou o consagrado no n.º 2 do Artigo 15.º da Lei 1/1999”, que se refere à Lei da Reunificação, onde “são confirmados todos os actos praticados antes de 20 de Dezembro de 1999 pelo Chefe do Executivo, pelo Conselho Executivo, pelo Governo, pela Assembleia Legislativa, pela Comissão Independente responsável pela indigitação dos candi-datos ao cargo de juiz, e pelo Procurador da Região Admi-nistrativa Especial de Macau, em conformidade com os documentos regulamentares da Comissão Preparatória da Região Administrativa Espe-

-se satisfeito com a decisão do TSI mas duvida da forma como o IACM irá publicitá-la à população. “Fico contente com essa decisão. Parece-me que o MP aderiu ao resultado do CCAC. Agora quanto à publicidade que farão deste caso tenho as minhas reser-vas. Quando é para pandas publicam nos jornais e fazem cartazes, agora devem apenas afixar uma folha de papel na porta do IACM. Não acredito em transparência da parte deles e só nos resta passar pelo IACM todos os dias para ler o Edital.”

VOLTE-FACE À VISTAEstes novos desenvolvimen-tos podem voltar a dar dores

cial de Macau da Assembleia Popular Nacional, a Lei Bási-ca da Região Administrativa Especial de Macau, e demais diplomas legais aplicáveis”.

VINTE DIASPARA IACM REAGIRDepois de intentada a acção contra o IACM, em subs-tituição da antiga Câmara Municipal de Macau Provi-sória, o seguinte passo é dar a conhecer ao organismo dirigido por Raymond Tam que terá 20 dias para contes-tar a decisão judicial.

De acordo com as fontes ouvidas pelo Hoje Macau, “o IACM já foi devidamente no-tificado”, o que sugere, grosso modo, que o TSI aceitou o

pedido de declaração de ilega-lidade apresentado pelo MP.

O TSI terá mesmo “obri-gado”, nos termos da lei, o IACM a publicitar, em Edital, que foi apresentada a declaração de ilegalidade por parte do MP. “A declaração de ilegalidade revela-se útil para restabelecer a confiança do público no ordenamento jurídico de Macau e esta tem de ser devidamente publicita-da para dar a conhecimento às partes interessadas”, revelou a mesma fonte.

Contactado pelo Hoje Macau, o deputado José Pe-reira Coutinho, que sempre defendeu “irregularidades” em todo o processo de atri-buição de campas, mostrou-

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6 publicidade sexta-feira 24.2.2012www.hojemacau.com.mo

NOTIFICAÇÃO EDITAL N.º 26/2012(Reparação coerciva)

Raimundo Vizeu Bento, Chefe do Departamento de Inspecção do Trabalho, manda que se proceda, nos termos do n.º 3 do artigo 9.º e do artigo 11.º do Regulamento Administrativo n.º 26/2008 --- Normas de funcionamento das acções inspectivas do trabalho conjugados com os artigos 58.º, n.º 2 do 72.º e n.º 2 do 136.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, à notificação do transgressor do Auto n.º 18/0708/2012, de 30 de Janeiro de 2012, senhor Wong Pui Teng, proprietário do “Lei Hou Engineering”, residente na Travessa do Canal dos Patos, n.º 82, Edf. Chun Hei Garden, Bloco 2, R/C “X”, Macau, para no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do 1.º dia útil seguinte ao da publicação dos presentes éditos, proceder ao pagamento da multa aplicada no aludido auto, no valor de Mop$20.000,00 (vinte mil patacas), por prática da transgressão laboral prevista no n.º 3 do artigo 62.º, e punida nos termos da alínea 6) do n.º 1 do artigo 85.º da Lei n.º 7/2008 – Lei das relações de trabalho, de 18 de Agosto, sendo que de acordo com o artigo 87.º da mesma Lei, a pena de multa prevista na alínea 6) do n.º 1 do artigo 85.º, é convertível em prisão nos termos do Código Penal. Por outro lado, o notificado deve, no mesmo prazo, proceder ao pagamento da quantia em dívida ao trabalhador Chan Chong Chi no valor de Mop$38.000,00 (trinta e oito mil patacas), devendo ainda, nos 5 (cinco) dias subsequentes ao do termo do atrás citado prazo, fazer prova dos pagamentos efectuados.

A cópia do auto, a notificação, o mapa de apuramento da quantia em dívida ao referido trabalhador e as guias de depósito deverão ser levantados, dentro das horas normais de expe-diente, no Departamento de Inspecção do Trabalho, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.os 221-279, Edifício “Advance Plaza”, 1.º andar, Macau, sendo facultada a consulta do processo em causa, instruído por estes Serviços.

Decorridos os prazos, sem que tenha sido dado cumprimento à presente notificação, seguir-se-á a tramitação judicial, com a remessa do auto ao Juízo.

Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais – Departamento de Inspecção do Trabalho, aos 15 de Fevereiro de 2012.

O Chefe de Departamento,

Raimundo Vizeu Bento

NOTIFICAÇÃO EDITAL(Trabalho ilegal – Exercício do direito de defesa)

Considerando que se revela impossível notificar, nos termos dos artigos 10.º e 58.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, os indivíduos abaixo mencionados, pes-soalmente, por ofício, telefone, ou outra forma, sobre a matéria acusada pela eventual infracção à Lei n.º 21/2009 – Lei da Contratação de Trabalhadores Não Residentes, Raimundo Vizeu Bento, Chefe do Departamento de Inspecção do Trabalho (DIT), manda que proceda, nos termos do n.º 2 do artigo 11.º do Decreto-Lei n.º 52/99/M, de 4 de Outubro, conjugado com o artigo 94.º do mesmo Código, à notificação dos mesmos, para no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do 1.º dia útil seguinte ao da publicação do presente edital, exercerem por escrito o seu direito de defesa, em virtude de terem eventualmente infringido as respectivas disposições legais. Os eventuais infractores abaixo mencionados poderão levantar, dentro das horas de expediente, a respectiva nota de culpa no DIT, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.os 221-279, edifício “Advance Plaza”, 1.º andar, em Macau, sendo também facultada a consulta dos respectivos processos. Findo o prazo acima referido, os processos seguirão a respectiva tramitação nos termos do Código do Procedimento Administrativo.1. Relativamente ao processo n.º 5348/2010: A sociedade “COMPANHIA DE CERVEJAS DE MACAU LIMITADA” suspeita de utilização de trabalhador não residente em actividade profissional alheia à autorizada, cometendo eventualmente infracção ao disposto na alínea 7) do n.º 2 do artigo 32.º da Lei n.º 21/2009 – Lei da Contratação de Trabal-hadores não Residentes. Por outro lado, nos termos da alínea 1) n.º 1 do artigo 33.º da mesma Lei, a companhia “COMPANHIA DE CERVEJAS DE MACAU LIMITADA” está sujeita às sanções acessórias de revogação da autorização de contratação de um trabalhador não residente concedida e à privação, pelo período de seis meses a dois anos, do direito de requerer novas autorizações.2. Relativamente ao processo n.º 593/2011: DAO THI HUONG (titular do título de identificação de trabalhador não-residente), DO THI HUE (titular do título de identificação de trabalhador não-residente) e BUI THI TOI(titular do título de identificação de trabalhador não-residente), que apesar de estarem autorizados a permanecer na RAEM na qualidade de trabalhadores, são suspeitos de prestar actividade para em-pregador diferente daquele para o qual haviam sido autorizados, cometendo eventualmente infracção ao disposto na alínea 2) do n.º 5 do artigo 32.º da Lei n.º 21/2009 – Lei da Contratação de Trabalhadores Não Residentes. 3. Relativamente ao processo n.º 1440/2011: VU THI HUONG (titular do título de identificação de trabalhador não-residente), que apesar de estar autorizado a permanecer na RAEM na qualidade de trabalhador, é suspeito de prestar actividade para empregador diferente daquele para o qual havia sido autorizado, cometendo eventualmente infracção ao disposto na alínea 2) do n.º 5 do artigo 32.º da Lei n.º 21/2009 – Lei da Contratação de Trabalhadores Não Residentes. 4. Relativamente ao processo n.º 3602/2011: A sociedade “GINÁSIO ESTRELA LIMITADA” suspeito de utilização de trabalhador não residente em actividade profissional alheia à autorizada, cometendo eventualmente infracção ao disposto na alínea 7) do n.º 2 do artigo 32.º da Lei n.º 21/2009 – Lei da Contratação de Trabalhadores não Residentes. Por outro lado, nos termos da alínea 1) n.º 1 do artigo 33.º da mesma Lei, o “GINÁSIO ESTRELA LIMITADA” está sujeito às sanções acessórias de revogação da autorização de contratação de um trabalhador não residente concedida e à privação, pelo período de seis meses a dois anos, do direito de requerer novas autorizações. Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais – Departamento de Inspecção do Trabalho, aos 20 de Fevereiro de 2012.

O Chefe do DIT

Raimundo Vizeu Bento

Nº: 27/2012

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7nacionalsexta-feira 24.2.2012 www.hojemacau.com.mo

A China poderá enfren-tar uma crise econó-mica, a menos que implemente reformas

profundas, de acordo com um relatório do Banco Mundial e a opinião do Centro de Pesquisa de Desenvolvimento chinês (CPD), que exorta Pequim a alterar o funcionamento das imensas em-presas estatais. A recomendação é feita no relatório “China 2030”, cujo lançamento está programa-do para segunda-feira, de acordo com especialistas envolvidos na preparação e análise do relatório.

O relatório, que aborda al-gumas das questões económicas politicamente mais sensíveis da China, foi projectado para influenciar a próxima geração de líderes chineses que assumirá o poder a partir deste ano, dizem os especialistas. O estudo desafia a forma como o modelo económi-co da China se desenvolveu nos últimos dez anos, sob o comando do presidente Hu Jintao, onde o papel do Estado na segunda maior economia do mundo foi constantemente ampliado.

O “China 2030” adverte que o crescimento do país está em perigo de desacelerar de forma rápida e imprevisível, como ocorreu com muitos dos países em desenvolvimento depois de atingirem um determinado nível, um fenómeno a que os economistas dão o nome de “ar-madilha do rendimento médio”. Uma forte desaceleração poderia aprofundar os problemas no sec-tor bancário e em outras áreas, adverte o relatório, e poderia levar a uma crise, segundo os envolvidos no projecto.

O estudo recomenda que as empresas estatais sejam supervisionadas por firmas de administração de activos e sugere que a China reforme as

A China mostrou-se muito preocupada

com a negação do Mas-sacre de Nanquim pelo representante da cidade de Nagoya, no Japão, Takashi Kawamura, e apresentou um protesto contra a parte japonesa, afirmou esta quarta-feira o porta-voz do Ministé-rio dos Negócios Estran-geiros chinês, Hong Lei.

Hong expressou a compreensão e o apoio à decisão tomada pelo governo municipal de

Nanquim, no leste da China, de suspender os contactos oficiais com a cidade japonesa de Nagoya. O porta voz do MNE da China declarou que este ano marca os 40 anos da normalização das relações diplomá-ticas entre a China e o Japão, e que a China es-pera que o Japão respeite os princípios alcançados pelos dois países e se esforce pelo desenvolvi-mento estável e saudável das relações bilaterais.

Ainda esta quarta--feira, o chefe de gabine-te do primeiro ministro japonês, Osamu Fujimu-ra, considerou inegável que tenham ocorrido assaltos e assassinatos de civis provocados por tropas japonesas em Nanquim, durante a guerra com a China. No entanto, declarou que a suspensão de contactos entre Nanquim e Nagoya deve ser agora resolvida pelos dois governos municipais.

A China e a União Euro-peia deviam “apres-

sar as negociações para um acordo sobre inves-timento” nos respectivos mercados, cujos fluxos continuam muito aquém do comércio bilateral, defendeu ontem o China Daily, citando peritos chineses e europeus.

O estabelecimento da-quele acordo foi decidido na Cimeira China-UE rea-lizada na semana passada em Pequim.

“Embora o comércio

China-UE esteja em ace-lerado crescimento, os fluxos de investimento ainda são pequenos”, re-alça o China Daily.

O acordo será “cru-cial” para estimular o investimento nos dois sentidos, proporcionando às empresas da UE “maior acesso a uma economia em rápido crescimento” e “facilitando” a compra de activos europeus por parte de empresas estatais ou multinacionais chinesas, realça o jornal.

Chanceler chinês fala sobre viagem de Xi JinpingA convite do primeiro-ministro irlandês, Enda Kenny e do presidente turco, Abdullah Gul, o vice-presidente chinês, Xi Jinping fez, entre os dias 18 e 22 de Fevereiro, uma visita oficial aos dois países. No final, o chanceler chinês, Yang Jiechi, explicou o importante significado e os êxitos destas visitas. Para Yang, a visita de Xi é um importante contacto diplomático entre a Europa, Ásia e África, no contexto de transformação da situação internacional e dos novos desafios apresentados ao desenvolvimento das relações bilaterais entre a China e a Irlanda, e a China e a Turquia.

Avanço na exploração de gás natural, petróleo e carvãoSegundo informações divulgadas esta quinta-feira pelo Ministério de Terras e Recursos Naturais da China, o país conquistou em 2011 grandes avanços na exploração de petróleo, gás natural e carvão. A reserva recentemente descoberta provocou um aumento de mais de 20% na exploração destes recursos, em comparação com ano anterior. Em 2011, foi encontrada uma nova reserva de petróleo estimada em 137 milhões de toneladas, a nona vez que se descobre no país uma reserva superior a 100 milhões de toneladas desde a década de 50 do último século.

Pequim é contra Taiwan em organizações internacionaisA China não é contra intercâmbios populares entre Taiwan, em áreas da economia e cultura, e países que têm relações diplomáticas com a China, mas opõe-se a contactos oficiais ou assinatura de acordos oficiais de Taiwan com esses países, bem como a integração em organizações internacionais que se limitam aos países soberanos, afirmou na quarta-feira o porta-voz da Chancelaria chinesa, Hong Lei. Recentemente, o chamado “vice-ministro da Economia” das autoridades de Taiwan participou de actividades na Alemanha, França e Bélgica, afirmando que Taiwan está empenhada em assinar um acordo de cooperação económica com a União Europeia. Além disso, o novo “representante” de Taiwan no Reino Unido declarou que a ilha quer “oficializar relações essenciais” com os países sem relações diplomáticas, bem como aderir, “em nome do Governo”, a organizações internacionais e instituições da ONU.

Cargueiro chinês atacado na NigériaO porta-voz da chancelaria chinesa, Hong Lei, confirmou esta quarta-feira em Pequim que um cargueiro chinês, que navegava com bandeira do Panamá, foi atacado por piratas na Nigéria. A China pediu à Nigéria que garanta a segurança da tripulação chinesa e inicie uma investigação sobre o crime. O cargueiro de Tianwei foi atacado na madrugada do dia 14, por oito piratas, à saída do porto nigeriano de Lagos, ferindo alguns tripulantes. Os marinheiros enviaram um sinal de socorro e conseguiram chamar a atenção de um navio estrangeiro que os resgatou. Segundo Hong, a polícia local já reforçou a protecção ao cargueiro chinês.

Relatório sugere reformas profundas para a China

Na encruzilhada

China apresenta protesto pela negação do massacre de Nanquim

A zanga eternaNegociações de acordo China/UE

devem ser mais rápidas

Depressa e bem

finanças dos governos locais e promova concorrência e o em-preendedorismo.

“O sector estatal da China está numa encruzilhada”, disse Fred Hu, administrativo da Primavera Capital Group, uma firma de investimentos de Pequim. O go-verno chinês deve decidir “se quer capitalismo liderado pelo Estado e dominado por empresas estatais gigantescas ou pelo empreendedo-rismo do mercado livre “.

O provável futuro líder político da China, o actual vice--presidente Xi Jinping, deu até agora poucas pistas sobre o rumo da sua política económica. Os analistas esperam que o relatório encoraje Xi e os seus aliados a

discutirem alterações no modelo económico liderado pelo Estado, que deixa os empresários chine-ses apreensivos, e que se está a tornar numa fonte de crescente tensão entre a China e seus principais parceiros comerciais.

“O relatório apresenta reco-mendações para um caminho de crescimento e desenvolvimento da China a médio prazo”, disse o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, num comu-nicado no qual anunciava o lançamento do estudo.

Entre as áreas mais polémi-cas do relatório estão sugestões sobre como gerir as empresas estatais, que dominam os secto-res da energia, recursos naturais,

telecomunicações e de infra--estrutura e que têm fácil acesso a empréstimos com juros baixos de bancos estatais. O relatório também recomenda um aumento acentuado nos dividendos que as empresas estatais pagam, o que aumentaria a receita do governo e poderia financiar programas sociais, dizem os analistas.

“É uma proposta inovadora”, disse Yiping Huang, um econo-mista do Barclays Capital. Mas outros argumentam que as pro-postas não vão suficientemente longe. Nem o Banco Mundial nem o CPD propuseram a pri-vatização das empresas estatais, concluindo que isso seria politi-camente inaceitável.

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8 publicidade sexta-feira 24.2.2012www.hojemacau.com.mo

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9nacionalsexta-feira 24.2.2012 www.hojemacau.com.mo

A Apple defendeu esta quar-ta-feira o direito de usar a marca iPad na China numa turbulenta audiência, que

colocou o gigante americano face a face com a empresa emergente que nega ter vendido os direitos de uso do nome para os tablets comercializados no território chinês.

Xie Xianghui, advogado da Shenzhen Proview Technology, defendeu que a venda da marca iPad para a Apple, feita pelo es-critório taiwanês da Proview em 2009, é inválida. “A Apple não tem o direito de comercializar produtos com este nome.”

A Apple respondeu que a Pro-view teria desrespeitado o contrato de venda ao ter deixado de transfe-rir para a empresa os direitos de uso da marca na China continental. A empresa americana afirma também que a produtora chinesa de LCD nunca anunciou nem comerciali-zou o seu próprio iPad (sigla em inglês para Dispositivo Pessoal de Acesso à Internet), numa tentativa de invalidar as queixas relativas à propriedade da marca.

A audiência foi interrompida depois de uma sessão agitada de quatro horas, na qual o juiz se viu obrigado a repreender numerosas vezes ambos os lados em disputa, exigindo o devido respeito ao tribunal, enquanto os representan-tes das duas empresas discutiam fervorosamente. Não foi, para já anunciada a data do julgamento nem de futuras audiências.

O OUTRO IPADA medida da Proview que visa a impedir a Apple de vender o iPad na China com este nome já fez

Investigação deixa China “muito insatisfeita”O Governo chinês considerou ontem que uma investigação europeia às importações de produtos de aço chinês para o espaço comunitário “poderá prejudicar” os esforços no combate à crise da zona euro. A Comissão Europeia iniciou uma investigação sobre práticas anti-dumping (venda abaixo do preço de produção) e eventuais subsídios estatais à produção de artigos de chapa de aço, utilizados no sector da construção civil. O Ministério do Comércio chinês, numa declaração na sua página na Internet, disse estar “muito insatisfeito” com a investigação, afirmando ainda que o inquérito da Comissão Europeia envia ao mundo um sinal errado, de proteccionismo comercial. “Além de ensombrar o comércio de produtos de aço entre a União Europeia e a China, o inquérito vem fragilizar os esforços conjuntos da China e da Europa para lidar com a crise.”

80 mil patacaspara cada candidatoOs 13 candidatos às presidenciais de 17 de Março em Timor-Leste vão receber, cada um, perto de 80 mil patacas do Governo timorense para assegurar condições de igualdade, diz um comunicado do Conselho de Ministros ontem divulgado. Segundo o documento, a decisão foi tomada na reunião extraordinária do Conselho de Ministros do passado dia 16. “O Conselho de Ministros concede o montante de cerca de 80 mil MOP a cada um dos candidatos oficiais à primeira volta das eleições para a Presidência da República, no respeito pelo princípio de igualdade de oportunidades e tratamento.” O comunicado refere também que caso exista segunda volta das presidenciais aos dois candidatos que passarem será novamente atribuída a mesma verba.

ESTUDANTES chinesas “fartas” das filas de espera à porta das

casas de banho anunciaram ontem que vão estender a Pequim o seu singular protesto contra “a desigual distribuição dos sanitários públicos”.

Como fizeram há uma semana em Cantão, no sul da China, no próximo domingo, Li Tingting e 20 outras alunas

Luta acesa entre Apple e Proview por causa do iPad

Segundo assalto

Movimento feminino ocupa WC dos homens

Direito ao alívio

com que muitos iPads tenham sido retirados das prateleiras de algumas cidades chinesas, mas não há ainda sinais de uma medida de alcance nacional.

Um outro advogado da Pro-view, Ma Dongxiao, disse que a empresa planeia mover processos contra a Apple em mais cidades depois desta audiência. Como

prova, a Proview apresentou ao tribunal um computador plano embalado numa caixa de papelão, que declarou ser o seu “Ipad”. Os advogados da empresa afir-maram que o sucesso do iPad impediu o êxito do produto da Proview na China. Por seu lado, a Apple sublinhou que o iPad só começou a ser vendido em 2010,

muito depois do lançamento do produto da Proview, ocorrido em 2000.

PERDAS GIGANTESCASOs advogados da Apple disseram que a proibição da venda do iPad na China representaria um imenso prejuízo para a empresa e que a popularidade do tablet

beneficiou a China em termos de receitas fiscais e da criação de empregos associados ao seu fabrico.

“Eles não têm mercado, nem vendas, nem consumidores - não têm nada”, disse o advogado da Apple, Qu Miao, a respeito da Proview. “O iPad é tão popular que está em falta no mercado. Devemos ter em consideração as necessidades do público.”

A defesa da Proview refutou esta questão considerando-a irre-levante. “A questão é se alguém vai passar fome se a venda do iPad for proibida na China”, disse Xie. “O tribunal deve decidir de acordo com a lei. Será que é absolutamente necessário comercializar este pro-duto? Não será possível vendê-lo com outro nome?”

O caso da marca registada está a chamar a atenção para as atitudes ambíguas em relação à Apple na China. Os chineses mostram-se tão fascinados pelo iPhone e pelo iPad como os consumidores de outros países, e os dispositivos fabricados na China, dão emprego a centenas de milhares de pessoas.

A Apple recorreu de uma deci-são anterior tomada por um tribunal de Shenzhen, cidade localizada na província de Guangdong, no sul da China, a favor da Proview. O Supremo Tribunal de Guangdong deve julgar o caso no dia 29 de Fevereiro.

Na terça-feira, Xie disse que, como não foi anunciada nenhuma decisão final nas várias disputas legais sobre a questão, os dois lados ainda “podem reunir-se e chegar a um entendimento fora dos tribunais”.

da Universidade ChangAn propõem-se ocupar uma casa de banho de homens na capital do país.

“Queremos chamar a atenção dos líderes nacionais, é uma questão impor-tante para muitas mulheres”, disse Li Tingting à agência France Presse.

Uma acção idêntica está prevista para Shenzhen, a zona económica especial, adjacente a Hong Kong. O movimento chama-se “Ocupar Casas de Banho de Homens”, numa alusão ao “Movimento Ocupar Wall Street”, que agitou Nova Iorque em 2011. Um estudo norte-ame-ricano citado por um jornal de Pequim indica que, em média, um homem usa a casa de banho durante 30 segundos, enquanto as mulheres demoram uma minuto e meio.

“No início, os homens ficaram chocados, mas depois de lerem a carta que distribuímos, a maioria mostrou compreender”, disse ao jornal Global Times uma das activistas envolvidas no protesto de há uma semana.

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10 sexta-feira 24.2.2012www.hojemacau.com.moentrevista

Helder [email protected]

COMEÇOU a for-mar-se muito jo-vem na Academia Portuguesa de Ilu-

sionismo no Porto, cidade onde nasceu. Durante anos trabalhou na secção de publi-cidade do Jornal de Notícias onde também manteve coluna sobre ilusionismo, tem o nome inscrito na Magicpedia e prémios nacionais e inter-nacionais. António Cardinal completa agora 70 anos e mantém-se em actividade em várias partes do mundo e em Macau. Ilusões dos políticos para ele não passam de truques

Se agora lhe entregar uma nota de 100 patacas, devol-ve-me uma de 500?Seria capaz de fazer uma devolução assim, mas...com a crise em que estamos não seria muito fácil nem com a magia toda (risos).

Ilusionista é um manipu-lador?Existem várias áreas no ilu-sionismo, dentro delas a manipulação. Diria que um ilusionista é um homem que consegue perceber as reacções do público. E para ser um bom ilusionista tem de as perceber e depois trabalhá-las, não digo manipulá-las, pois pode dar uma impressão pejorativa. No fundo, é uma questão de muito estudo e psicologia.

Geralmente, o público só vê aquilo que pode ver, mais do que aquilo que quer ver.Por vezes, estamos mesmo a mostrar-lhes, mas esse feito que lhes mostramos, muitas vezes o público não acredita que seja assim. Talvez porque o público interprete uma imagem diferente da nossa. É aí que nós, ilusionistas, co-meçamos a tirar rendimento e proveito, criando uma espé-cie de lenda do determinado número que se vai fazendo.

Falou na existência de vá-rias áreas no ilusionismo, qual é a sua área prefe-rencial?A chamada magia geral e o mentalismo.

Mentalismo?É quando levamos as pessoas a pensar que nós somos ca-pazes de lhes tirar qualquer coisa do cérebro e de que estamos a fazer-lhes uma pré-visão.

Género telepatia?Não, a telepatia é outra coisa, se quisermos muito mais séria

do ponto de vista científico. O que falo, como ilusionista, é do chamado mentalismo de palco, teatral.

Enfim, ilusão...Sim. A ilusão não tem expli-cação. Sempre que nos apre-sentamos perante o público, ele imediatamente vê em nós uma ilusão. E nós, quando percebemos que o público está a acreditar, também en-tramos no campo da ilusão a nós próprios.

Como ilusionista, não acha que tem muitos concorren-tes na política?Acho que sim. Mas a esses não lhes chamo ilusionistas, são fazedores de truques. Os verdadeiros ilusionistas não fazem truques.

Tenho reparado que os ilusionistas não gostam da palavra truque.É verdade. Não nos parece que o truque tenha arte. Chamamos antes, magia. É essa magia que sempre pretendemos transmitir ao público. Para isso, também temos de ter magia dentro de nós, pois não é possível estarmos descrentes do que vamos executar, que é a tal ilusão, a tal magia para o público.

Está, há uns poucos anos, a gozar um género de aposentação activa do ilusionismo, pois mantém actividade sempre que é solicitado, inclusivamente nos períodos que passa em Macau.Sim, mantenho actividade, continuo a fazer a exerci-tação das mãos, os ensaios com os aparatos, sempre. Os ilusionistas que leiam esta entrevista, confirmarão que é sempre assim. Claro que este trabalho acontece quando se pretende ser ilusionista com magia, não somente para fa-zer uns truques aprendidos.

Fartou-se de cortar mulhe-res às fatias.(Risos) Muitas mulheres, sim. Em palco, claro.

Belas mulheres, normal-mente...Belas mulheres, algumas. Cortava-as realmente às fatias.

Um número que, por mais antigo que seja, excita sem-pre as plateias.Não sei quantos anos tem esse número, seguramente tem muitos anos. O público continua a aceitá-lo como mágico, uma pura ilusão.

Especificamente nesse nú-mero não há lugar a espon-tâneos que estejam na sala, tem de ser alguém já cola-borador do ilusionista...Realmente não pode ser um espontâneo, daqueles que, em outros números, por vezes convidamos a vir ao palco. É a nossa “partenai-

re”, a que normalmente nos acompanha nesses números.

Esse foi sempre o número mais aplaudido nos seus espectáculos?O número da mulher às fatias cria sempre perplexidade, mas aquele que ainda hoje pratico e é sempre muito

aplaudido, é o do menta-lismo, se quiser do suposto mentalismo. Um número que é feito com ardósias que estão nas mãos das pessoas e que obtém resultados, lá está, mágicos!

Tem números concebidos por si?Sou criativo. Não sou in-ventor.

Há diferenças?Acho que um inventor te-ria de inventar tudo desde o princípio. Por exemplo, se pegar numa carta para fazer um número, a carta já existia, alguém anterior-

mente a inventou e depois foi construída. Os números, sim, alguns que apresento são de minha autoria, ex-clusivamente criados por mim. Fico muito feliz em transmiti-los, em executá--los, até em explicá-los, e verificar como são bem recebidos. Aqui em Macau também tem acontecido isso.

A propósito de colabo-rações vindas da plateia a pedido ocasional do ilusionista. São mesmo espontâneos ou existem combinações prévias?Peço desculpa de fazer algu-ma correção. O ilusionista

António Cardinal, ilusionista

“Os políticos não são concorrentes, apenas fazedores de truques”

“Amália Rodrigues com ares de vedeta? Não! Havia muito mais vedetices na equipa que a rodeava do que nela. Amália Rodrigues, como senhora e artista era realmente uma companheira, uma personalidade extraordinária”

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11sexta-feira 24.2.2012 www.hojemacau.com.mo entrevista

“De forma metafórica, a ilusão que gostaria de fazer era a de não ter envelhecido, para continuar a fazer ilusionismo sempre com profissionalismo, com arte, com magia”

e gosta de ter essa viagem, para ele próprio conseguir interiorizar-se na ilusão.

Aprecia muito trabalhar para públicos mais jovens e também crianças?Gosto muito, apesar de as crianças serem um público bastante difícil, pela sua irrequietude mas não só. O público infantil está a ver, mas não concretamente com o objectivo de apreciar, apenas quer distrair-se. Aí, o ilusionista tem de estar mui-to seguro, sujeitando-se a um “eu vi!” e coisas do género, com alguma crueldade, reac-ções muito próprias daquelas

idades. É um risco, mas vale sempre a pena.

O que diz a esses progra-mas de televisão que procu-ram revelar como se fazem as coisas em palco, na área do ilusionismo?Ah, o programa do mas-carado (risos). Aquilo é feito por quem não gosta do ilusionismo. Será um fra-cassado, alguém que falhou na carreira, que se esconde por detrás de uma máscara. Não gostamos. Mas, por outro lado, é um desafio, porque quando ele denuncia aquelas formas, de resto já antigas, já nós fazemos uma

abordagem dos números por outra forma, de modo a que o público perceba que, afinal, não era nada daquilo que, eventualmente, tenha visto na televisão.

Como ilusionista, começou muito cedo na Academia de Ilusionismo no Porto.Sim, muito jovem, a Acade-mia era dirigida por Martins Oliveira. Quem nos ensinava percebia, e nós também, que estávamos ali para aprender e não para divulgar. Há um código estabelecido entre nós. A nossa “partenaire”, naturalmente que sabe muita coisa, mas percebem o dever

de não divulgar. Se alguém lhes pergunta, e isso acon-tece, dizem sempre: eu não sei, não percebo como ele faz, quem sabe é ele. E essa é que deve ser a resposta.

Outro dia, passava na rá-dio um tema com Amália, e ouvi-o recordar o tempo em que trabalhou com ela.Oh, muitas e muitas vezes! Até me lembro de uma tour-née que fizemos: “Amália, Joselito, Mini Pop, com Cardinal Magic Show”. Tive também a felicidade de fazer uma passagem de ano no Casino Estoril com Amália Rodrigues. Inesquecível.

Até pela grande senhora que Amália era.

Confirma que Amália não se dava ares de vedeta?Amália Rodrigues com ares de vedeta? Não! Havia muito mais vedetices na equipa que a rodeava do que nela. Amá-lia Rodrigues, como senhora e artista era realmente uma companheira, uma persona-lidade extraordinária.

Ilusionistas que o impres-sionaram?Conde d´Aguilar, uma perso-nalidade que quando se apre-sentava em palco ou em pista era realmente um senhor, um cavalheiro na forma de estar perante o público. Para a época, pode dizer-se que era evoluído tecnicamente. Também aprendi muito com D. Aguinaldo, um ilusionis-ta extremamente criativo, conheci-o bem, chegou a estar em minha casa. Acabou a morrer na miséria.

não deve nunca combinar com ninguém. Há dois anos estive em Pequim, num con-gresso mundial de ilusionis-mo e um dos ilusionistas, um argentino, foi desclassifica-do exactamente por ter sido detectado que ele utilizou uma combinação prévia com um espectador para um nú-mero de mentalismo. A nossa deontologia não permite esse tipo de coisas.

O ilusionista deve interagir com o público?Sem dúvida. Sou adepto dessa interacção, se não pela palavra, pelo gesto, pelo mo-vimento. O público, precisa

António Cardinal, ilusionista

“Os políticos não são concorrentes, apenas fazedores de truques”

E destas novas gerações?Das novas gerações, saliento dois ilusionistas portugueses que muito admiro. O Luís de Matos, um querido amigo, a quem nunca subiu à cabeça, fora do palco, o sucesso e a fama. E há um outro, ainda bastante jovem, que conseguiu ser 2º classificado no Campeo-nato do Mundo na Alemanha, o David Sousa, que se está a impor numa área muito difícil, que é a manipulação. O David tem corrido o mundo e, se tudo correr bem, apresentar-se-á no mês de Outubro em Macau, numa realização do mágico António Almeida.

Qual a ilusão que gostava de fazer e ainda não rea-lizou?De forma metafórica, a ilusão que gostaria de fazer era a de não ter envelhecido, para continuar a fazer ilusionismo sempre com profissionalis-mo, com arte, com magia. Hoje, tenho de convencer-me que o artista já está distante daqueles tempos em que me pediam autógrafos.

GONÇALO LOBO PINHEIRO

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sexta-feira 24.2.2012www.hojemacau.com.mo12 vida

INSECTOS primiti-vos, sem asas e sem olhos. Sofia Reboleira, cientista portuguesa,

ajudou a encontrar estas espécies a quase dois qui-lómetros de profundidade, naquela que foi considerada a gruta mais funda do plane-ta, na Geórgia. A expedição, feita no Verão de 2010, não esperava encontrar vida

A agência espacial russa Roskosmos

pretende aderir ao pro-jecto europeu ExoMars, que prevê o lançamen-to de duas missões de pesquisa para Marte em 2016 e em 2018. A agência deverá fazer a declaração oficial em princípios de Março, depois do início das con-versações com a Agência Espacial Europeia. A esta altura estará também perfeitamente claro o papel da Rússia nesta missão. Depois da recen-te saída dos americanos deste projecto por causa do corte do orçamento da NASA, o ExoMars será um projecto russo--europeu.

Deverão ser lança-das simultaneamente duas naves, uma delas destinada à aterragem e permanência no Planeta Vermelho. Será também utilizado um veículo marciano multifuncio-nal. Os dois lançamentos deviam ser realizados com a ajuda de mís-seis pesados america-nos Atlas–5. Mas, no Ou-tono passado, a NASA deu a entender que até 2016 estes mísseis irão criar problemas e o che-fe da Agência Espacial Europeia, Jean-Jacques Dordain, convidou a Rússia a participar no projecto.

A parte russa será

o terceiro participante do projecto e vai levar a cabo os seus próprios testes.

METANO MISTERIOSOO secretário do Ins-ti tuto de Pesquisas Cósmicas da Academia de Ciências assegura que a participação da Rússia no projecto pode consistir também na criação do sistema de pouso – os europeus jamais pousaram em Marte, nem sequer em testes científicos, – diz Aleksandr Zakharov.

Os cientistas estão especialmente intri-gados com a origem do metano. Em Marte não existe actividade vulcânica e, portanto, “fica sob suspeita” uma outra fonte – hipotéti-cos micro-organismos. O veículo marciano vai pousar precisamente perto de um destes locais. A sua missão principal será a busca de vida primitiva.

O veículo será muni-do de um braço mecânico comprido, o que lhe per-mitirá tomar amostras do solo. De um modo geral, a missão ExoMars aju-dará a compreender melhor a evolução deste planeta e avaliar a enver-gadura do risco com que as expedições pilotadas se irão deparar em mea-dos do atual século.

Portuguesa ajuda a descobrir novas espécies

Na gruta mais profunda da Terratantos metros abaixo do solo.

Os cientistas estiveram 30 dias no interior da gruta Krubera-Vorónia, na região da Abkhazia, perto do Mar Negro. Sofia Reboleira, investigadora do Depar-tamento de Biologia da Universidade de Aveiro, e o seu colega espanhol Alberto Sendra, do Museu Valen-ciano de História Natural,

descobriram quatro novas espécies de colêmbolos, in-sectos primitivos sem asas e sem olhos, adaptados à vida subterrânea, na mais com-pleta escuridão: anurida ste-reoodorata, deuteraphorura kruberaensis, schaefferia profundisima e plutomurus ortobalaganensis.

Este último, encontrado a 1980 metros de profundi-

dade, é o animal subterrâneo terrestre mais profundo até agora conhecido. Cada uma das espécies tem exemplares que medem entre um e qua-tro milímetros.

UMA SURPRESA“Fomos surpreendidos por uma biodiversidade superior àquela que es-perávamos a tão grandes

profundidades”, disse a cientista ao jornal por-tuguês Público. “Não se conheciam animais caver-nícolas a viver abaixo dos 1000 metros de profundi-dade.”

Os animais encontrados adaptaram-se para sobrevi-verem em condições sub-terrâneas extremas, como a ausência total de luz e a

pouca disponibilidade de alimentos. No interior da gruta as temperaturas os-cilam entre 0.5ºC e 5ºC e a água é totalmente fria.

Mistérios do planeta vermelho

Quem chega primeiro?

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sexta-feira 24.2.2012 www.hojemacau.com.mo 13vida

Clickecológico

MISHA: TODO-O-TERRENO, FUTURISTA, FAMILIAR E ELÉCTRICO

• O designer Alekseev Andrey acaba lançar o Misha, um veículo todo-o-terreno familiar. Deverá ser mostrado

pela primeira vez ao público no salão automóvel de Detroit, nos Estados Unidos. Cada roda é servida de um motor

eléctrico independente.

TEM 298 milhões de anos e estava soterrada em cin-zas. Uma erupção

cobriu uma floresta de fetos arbóreos, que ficou preser-vada até agora. O retrato deste pântano tropical está descrito na revista Procee-dings of the Natural Acade-my of Sciences desta semana e permite compreender me-lhor a evolução das florestas da Terra numa altura em que ainda não havia flores.

“É como [a cidade ro-mana] Pompeia”, disse em comunicado Herrmann Pfe-fferkorn, um dos autores do estudo, que pertence à Uni-versidade de Pensilvânia, e citado pelo jornal português Público. “Esta descoberta é como uma cápsula do tempo, permite-nos interpretar mui-to melhor o que aconteceu antes e depois.”

O antes foi há 298 mi-lhões de anos, quando a Terra se encontrava no início do período Pérmico, antes da era dos dinossauros. Nesta altura os mamíferos e as plantas com flor ainda não existiam e os répteis e as co-níferas – o grupo de plantas a que os pinheiros pertencem – eram uma aquisição recente da evolução.

A Explore.org, uma organização filantrópica com sede em Los

Angeles, permite-lhe ver a vida em directo dos pandas na reserva de Bifengxia, uma das maiores da China. As câmaras têm como objec-tivo criar uma maior preocupação perante os animais ameaçados. Existem, actualmente, apenas 1.600 pandas gigantes na natureza.

Uma câmara passa vídeos ao vivo dos animais da maior reser-va de pandas da China, dando a oportunidade para ver como eles brincam, descansam e comem num ambiente natural, 24 horas por dia. As melhores alturas para vê-los são entre as 20h30 e as 22h30 e entre a 1h30 e as 3h30. Quando os ursos estão a dormir, os visitantes podem ver clipes dos melhores momentos do dia.

Existem outros jardins zoológi-cos no mundo que também têm câ-maras em viveiros de pandas, todos emprestados da China. Mas nenhum tem os pontos de visão deste.

A visualização ao vivo está dis-ponível em http://explore.org/#!/li-ve-cams/player/china-panda-cam-2 ou em https://www.facebook.com/EndangeredAnimals?sk=wall.

Assista à vida de um grupo de ursos ao vivo

Big Brother panda

Descoberta floresta fossilizada na China

Debaixo de cinzasO mundo terrestre era

dominado por anfíbios e por fetos com porte de ár-vore. E as placas tectónicas estavam a acabar de se jun-tar para formar a Pangeia. O local arqueológico que

os cientistas da Academia de Ciência chinesa estu-daram, na região da antiga Mongólia, no norte do continente, era na altura uma super-ilha separada do continente, que se situava

a latitudes tropicais, no Hemisfério Norte.

ACHADO EMOCIONANTEOs cientistas analisaram 1000 metros quadrados de área florestal em três

sítios diferentes. Se não tivesse havido erupção, ao longo de milhões de anos aquela paisagem ter-se-ia transformado em carvão no interior da Terra, como aconteceu em muitos lo-cais semelhantes a norte e a sul da formação.

Mas a cinza fez fos-silizar a floresta, que ficou comprimida em 66 centímetros de solo e fez com que a equipa pudesse recriar um retrato deta-

lhado da floresta. “Está maravilhosamente preser-vada”, disse Pfefferkorn. “Podemos estar ali a olhar e encontrar um ramo com folhas, e depois encontra-mos o outro ramo e o outro ramo. Depois encontramos um cepo da mesma árvore. É realmente emocionante.”

Foram encontrados seis grupos de plantas diferentes com várias espécies em cada grupo, incluindo um antepassado das palmeiras.

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14 cultura sexta-feira 24.2.2012www.hojemacau.com.mo

O projecto de filmagens que os escritores bra-

sileiros João Paulo Cuenca e Tatiana Salem Levy trou-xeram a Macau, no âmbito do festival Rota das Letras, já pode ser visualizado no diário português Público. Antes de ser um documen-tário, os filmes feitos com a ajuda de Miguel Gonçalves Mendes vão surgir sema-nalmente na edição online do jornal, tendo o primeiro vídeo sido publicado ontem. Intitulado “Nada tenho de meu”, o projecto é descrito pelos autores como sendo “uma mistura de caderno de viagens e ficção”.

O primeiro vídeo, que tem menos de 1 minuto, mostra breves instantes

Maria João [email protected]

EXPLICAR o que é a comida através da prática. Uma ideia simples que levou

a leitora Liliana Gonçalves até à cozinha com os seus alunos chineses. Leitora de Português em Pequim, Li-liana Gonçalves encontrava dificuldades em explicar o que eram certos pratos da gastronomia portuguesa que apareciam nos textos das aulas. E, na falta que havia de um restaurante de comida portuguesa naquela altura na capital chinesa, a professora decidiu optar pelo saber de experiência feito e deitar mãos à obra numa actividade com os alunos.

O que começou há cerca de três anos por ser uma activida-de extra-curricular deu forma à ideia de lançar um livro sobre culinária portuguesa destina-do a quem estuda português como língua estrangeira. “Os alunos aderiram bastante bem à actividade”, conta Liliana Gonçalves, explicando tam-bém que se tratava apenas de um passatempo para todos e sem qualquer atribuição de nota.

Cozinhar e depois provar

facilitava a aprendizagem de certas palavras, como ingre-dientes ou mesmo utensílios de cozinha. E, como diz Lilia-na, muito da cultura popular de um país gira à volta da cozinha.

Publicado em Dezembro pela Lidel, o livro “Cozinhar em Português” começou por ser uma iniciativa de Liliana Gonçalves, que percebeu não haver no mercado um livro que falasse apenas de gastronomia e apresentou a ideia à editora.

NA PONTA DA LÍNGUADividido entre aperitivos e entradas, sopas, pratos prin-cipais e sobremesas, o livro percorre o menu completo de uma casa portuguesa. A estrutura segue da receita para um exercício mais lúdico para motivar o aluno, seguida da interpretação da receita, gra-mática, e no final um exercício oral ou escrito. Acompanhado de imagens dos pratos para motivar o apetite.

O projecto inicialmente feito e pensado com alunos chineses destina-se hoje a toda a comunidade que estuda português como língua es-trangeira. Liliana, doutoranda de didáctica de línguas, diz que convém que os alunos já

tenham algum conhecimento prévio da língua antes de entrar no mundo dos pratos típicos.

OVOS MOLES E CALDO VERDEContos tradicionais, provér-bios e jogos, ajudam agora mais facilmente a perceber do que se fala quando se fala de sopa da pedra, ovos moles, pastéis de bacalhau ou caldo verde.

Novidade no mercado o “Cozinhar em Português” traz pela primeira vez um glossário em mandarim entre as cinco línguas estrangeiras apresen-tadas no pequeno dicionário de cozinha.

Com cada vez mais chine-ses a investirem no estudo de português, a leitora que ensina na Universidade de Comuni-cação em Pequim desde 2005, considera que existe ainda uma certa falta de livros. “Os livros que se fazem na China não utilizam material muito real e os que se fazem em Portugal não estão adaptados para as necessidades dos aprendentes chineses.”

Muito do trabalho para ensinar faz-se na sala de aula e, em alguns casos, mesmo na cozinha entre tachos e panelas. A partir de agora há um manual para ajudar.

Zhang Daqian vale maisque Pablo PicassoAté ao ano passado, o pintor espanhol Pablo Picasso ocupava o topo dos leilões mundiais com as suas obras. Contudo, o artista chinês Zhang Daqian conseguiu ultrapassar o autor de “Guernica”. Daqian, falecido em 1983, tem obras avaliadas em 554,53 milhões de dólares. Já as vendas de Picasso caíram para os 315 milhões. “A China, que chegou ao primeiro lugar no mercado dos leilões de obras de arte desde 2010, conseguiu em 2011 colocar dois pintores nacionais à frente da classificação anual de artistas”, disse à AFP Thierry Ehrmann, presidente da Artprice. Qi Baishi é o nome que está em segundo lugar na classificação.

Leitora em Pequim lança livro inovador

Aprender português na cozinha

Filmagens de Cuenca e amigos disponíveis

“Caderno de viagens” está onlineque pretendem retratar uma Macau sem casinos, com pessoas, mercados de rua e prédios de habitação no meio dos bairros antigos. Depois, os autores pretendem ex-pandir o projecto para um documentário.

A vinda a Macau dos escritores brasileiros e do re-alizador português, que veio apresentar o documentário “José e Pilar”, foi o mote para este projecto. No dia em que arrancou o primeiro festival literário do território, os au-tores mostraram intenções de deixar a viagem ao Oriente bem retratada. Tatiana Sa-lem Levy chamou-lhe “uma espécie de poema visual”, assim como “um trabalho de criação colectiva”.

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DADOS PESSOAIS15desportosexta-feira 24.2.2012 www.hojemacau.com.mo

Gonçalo Lobo [email protected]

CHEGA ao Kuan Tai para dar tudo o que tem. O argentino Maximiliano Ayala, formado no In-

dependiente da Argentina, assinou contrato até ao final da época. Quem o confirmou foi o director do Kuan Tai, João da Rosa, ao Hoje Macau.

O avançado, que foi compa-nheiro de equipa de estrelas do futebol como Kun Aguero, Diego Forlán ou Gabriel Milito, entre outros, assinou contrato com a Associação Desportiva Cultural Kuan Tai. “Foi campeão pelo In-dependiente da Argentina. Para o futebol que se pratica em Macau dispensa mais apresentações”, re-feriu João da Rosa ao Hoje Macau.

Ayala, que estava a evoluir no Sun Hei de Hong Kong, ainda não

está nas condições físicas ideais mas o Kuan Tai deposita grandes espe-ranças nas suas capacidades para a restante época. “Ainda não está a 100% mas quando estiver será uma grande valia pois é um jogador muito forte”, explicou o director da equipa sensação da Liga de Elite deste ano.

O Kuan Tai encontra-se num surpreendente segundo lugar ao cabo de seis jornadas e amoral dos jogadores pede outros voos. Contudo, João da Rosa pede al-guma clarividência na análise do campeonato. “A nossa intenção era ficar no 5.º ou 6.º lugar. Sabe-mos que o Ka I ou o Benfica têm planteis muito fortes e é difícil jogar contra eles. Estas são as equipas com responsabilidades para lutarem pelo título. O Kuan Tai fará o melhor para dignificar a camisola do clube e no final do campeonato fazemos as contas.”

Nome: Guillermo Maximiliano Ayala

Nacionalidade: Argentina

Nascimento: 1983-09-22 (28 anos)

Posição: Avançado

Altura: 1,83 m

Peso: 80 kg

CLUBES POR ONDE PASSOU

2012 Kuan Tai (MAC)

2012 Sun Hei (HKG)

2011 San Telmo (ARG)

2010 San Telmo (ARG)

2009 San Telmo (ARG)

2008 Sarmiento (ARG)

2007 Sarmiento (ARG)

2006 Sarmiento (ARG)

2005 Ben-Hur (ARG)

2005 La Plata FC (ARG)

2004 Instituto (ARG)

2003 Independiente (ARG)

2002 Independiente (ARG)

2001 Independiente (ARG)

2000 Independiente (ARG)

Sérgio [email protected]

ANDY Chang Wing Chung é a mais recente aposta forte da RAEM no

automobilismo internacional. O jovem pi-loto de 15 anos, residente em Hong Kong, mas que enverga as cores de Macau, terá o privilégio de em 2012 correr em alguns dos mais importantes campeonatos mundiais de karting na equipa de fábrica da TonyKart, aquela que é considerada por muitos a mais forte equipa da modalidade.

Segundo o que o Hoje Macau apurou junto de fonte da própria Tonykart, o jovem kartista que ostenta a bandeira do território e o logótipo da Associação Geral Automó-vel de Macau-China (AAMC) no fato, irá participar na Taça do Mundo CIK FIA e no Campeonato da Europa da categoria KF2, e ao mesmo tempo, ainda também na classe KF2, irá tomar parte dos campeonatos in-

Marco [email protected]

A Casa de Portugal vingou ontem a derrota sofrida

há uma semana frente ao Chao Pak Kei, goleando o Hong Lok por seis bolas a uma.

Perante um adversário menos estruturado e com grandes dificuldades para delinear um futebol ofensivo, o onze de matriz lusa saltou para a frente do marcador aos quatro minutos, na sequência de uma boa jogada de ataque conduzida por Éric Perez.

Em vantagem no placard, o grupo de trabalho orientado por Pelé não teve dificuldades em controlar o andamento da partida e conseguiu chegar ao segundo golo antes ainda do final da primeira parte, numa iniciativa do francês

Gaspard Laplaine. A partida seguiu para intervalo com a Casa de Portugal a dominar, tanto no marcador como no futebol jogado dentro das quatro linhas.

Na recta inicial da segun-da parte foi o Hong Lok quem mostrou mais argumentos. Aos 48 minutos, o adversário da Casa de Portugal conse-guiu mesmo reduzir e semear receios, mas a resposta do gru-po de trabalho orientado por Pelé materializou-se menos de dez minutos depois, numa das jogadas de ataque mais bonitas da partida. O capitão Cuco é quem conclui o lance, ao dar o melhor seguimento a um bom cruzamento.

Na derradeira meia hora da partida, apenas o nevoeiro que se abateu sobre o campo da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau difi-cultou a progressão da Casa de Portugal rumo ao último reduto do adversário, mas o conjunto orientado por Pelé conseguiu ainda marcar por mais três ocasiões. Gaspard Laplaine bisou antes do jovem Diogo Cernadas se estrear a marcar com a ca-misola lusa.

Quase a fechar o pano, Éric Perez voltou a fazer o gosto ao pé e encerrou a mar-

cha do marcador, consuman-do a terceira vitória da Casa de Portugal em quatro encontros disputados na edição de 2012 do Campeonato de Futebol da Segunda Divisão.

Depois do percalço frente ao Chao Pak Kei, o grupo de trabalho orientado por Pelé regressou às vitórias e às boas exibições. O jovem treinador são-tomense garan-te que as ambições da equipa continuam inalteradas e que a subida de divisão continua a ser o objectivo prioritário do plantel às suas ordens: “Vínhamos de uma derrota e sabíamos que o triunfo era um resultado absolutamente crucial para manter vivos os nossos objectivos. Entrámos bem na partida, marcámos logo aos quatro minutos e depois foi uma questão de gerir a vantagem. Era muito importante digerir a derrota com o Chao Pak Kei com uma vitória esclarecedora para manter a moral em alta. Mantémo-nos na corrida pela subida de divisão e o objecti-vo está ao nosso alcance. Se vencermos o Chang Wai e o Lai Chi, creio que para o ano teremos a Casa de Portugal a fazer companhia ao Porto e ao Benfica na Liga de Elite”, remata o jovem treinador.

II Divisão Casa de Portugal, 6 - Hong Lok, 1

Ambições renovadasPiloto de Macau, Andy Chang, na Tonykart

No topo aos 15 anos

Liga de Elite Kuan Tai contrata Maximiliano Ayala, de 28 anos

Uma pérola do Independiente

ternacionais “WSK Master Series” e “WSK Euro Series KF2”.

Este será o programa desportivo, na disciplina de karting, mais ambicioso que alguma vez um piloto do território teve oportunidade de usufruir. “O Chang já teve experiências connosco e é considerado en-tre a nova geração de pilotos de Macau” , explicou a mesma fonte da Tonykart.

Contudo, a temporada arrancou com o pé esquerdo para a jovem esperança de Macau. No passado fim-de-semana disputou-se a “17ª Edição da Taça de Inverno” em Lonato, Itália, onde se reúne a nata da modalidade para o “pontapé de saída” da nova época. Com 97 inscritos na categoria KF2, Chang foi prematuramente eliminado nas qualifi-cações, e nem sequer conseguiu entrar nas repescagens, terminando o seu primeiro fim-de-semana desportivo do ano numa muito modesta 87.ª posição da geral. Mes-mo assim, a aposta da Tonykart em Chang é para continuar: “Macau é pequeno, mas a Ásia é um grande e importante continente e mercado. Macau tem um excelente circuito e uma grande tradição graças ao Grande Prémio de Macau e à organização asiática (AKOC) que colocam várias diligencias para promover este desporto.”

Chang começou a correr com cinco anos na cidade chinesa de Cantão, tendo participado em várias competições locais, antes de ingressar pela primeira vez no asiático da especialida-de, já com a bandeira da RAEM, em 2007. A temporada passada, Chang teve a honra e o dever de defender Macau nas três provas pontuáveis para o Campeonato do Mundo de Karting CIK-FIA “Sub-18”, terminando na vigésima oitava posição da geral.

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HOJE

MAC

AU

JOGOS DE MACAU

16 desporto sexta-feira 24.2.2012www.hojemacau.com.mo

Rita Marques [email protected]

O 20º Campeonato Asiático de Ténis de Mesa come-çou de forma

insólita para as equipas da casa. Ontem disputaram-se os primeiros jogos de equi-pas masculinas e femininas e, logo nos dois primeiros jogos de ambos, a adversária Mongólia não compareceu (devido a atrasos no voo). Uma vantagem para Macau que, no fim do dia, não foi suficiente para apurar os an-fitriões para os oito melhores nesta fase de grupos.

MACAU NO FEMININOPara além de Macau e Mon-gólia, no grupo B feminino esteve presente a equipa da

As oito melhores equipasAs chamadas “Champions Divison”, onde se inserem as oito melhores selecções femininas e masculinas, já conhecem, mesmo antes do inicio da competição, seis equipas. Na equipa masculina fazem parte do “quadro”, a China, Hong Kong, Japão, a Coreia do Sul, Taipei (Taiwan) e Coreia do Norte. Apesar de ainda não estarem apuradas as duas outras equipas que constam desta tabela, ontem disputou-se o primeiro jogo: Hong Kong vs República da Coreia. No lado da “Champions Division” feminina, as equipas favoritas, e já antes apuradas são a China, Coreia do Sul, Hong Kong, Japão, Coreia do Norte e Singapura, às quais se irão juntar mais duas. Na tarde de ontem, Hong Kong e Japão puseram as garras de fora e defrontaram-se por mais de duas horas. Levou a melhor o Japão com três jogos ganhos, dos quatro disputados. As jogadoras mantiveram o jogo cerrado até ao fim (com ‘sets’ muito elaborados), embora o Japão tivesse ganho os dois primeiros jogos à cabeça.

12h Indonesia - Macau (FEMININOS)

14h Macau - Kuwait ou Laos (MASCULINOS)

As equipas de grupos, homens e mulheres, estão fora dos oito melhores

Macau resistiu mas acabou vencidoTailândia, selecção que veio a derrotar as representantes de Macau por três-dois em cinco jogos. Pelas 18h, as duas equipas defrontaram-se no grande pavilhão da Nave dos Jogos da Ásia Oriental, a par dos restantes quatro jogos que que decorriam em simultâneo. No entanto, foi precisamente o jogo “Ma-cau-Tailândia” a prender os olhos dos espectadores, já que os elementos de cada equipa foram os últimos a sair de campo.

Este foi por isso um

jogo que se provou bastante renhido. Apesar das tailan-desas manterem sempre a vantagem, as jogadoras de Macau nunca deixaram de correr atrás do empate. Tanto que foram precisos os cinco jogos para se apurar o resultado final.

Nos dois primeiros jogos, as duas equipas resolveram em três ‘sets’ (três-zero para a Tailândia no primeiro; três-ze-ro para Macau no segundo), enquanto que nos últimos três jogos a história prolongou-se, e só foi resolvida depois de quatro e cinco ‘sets’ por jogo.

A partida acabou às 20h15, quando as equipas mascu-linas, que entraram à hora marcada (20h), já estavam em campo a disputar a luta pelo primeiro lugar dos seus grupos.

HOMENS PERDEMCOM CHAMAA equipa masculina não se deixou ficar e provou que também vinha com garra para campo. A par das co-legas, os jogadores do terri-tório disputaram o seu jogo frente à Indonésia até já não restarem as restantes equipas de grupos em campo. Duas horas e 20 minutos depois o desfecho foi o mais infeliz, mas quem assistiu, sabe que suaram como mais nenhuns.

Neste jogo bem batido, também foram necessários os cinco jogos, com um elemento de equipa por cada, para apurar o líder de grupo. A equipa anfitriã, neste caso, não começou da melhor forma já que perdeu os dois primeiros jogos. Contudo, ganhou fôlego e recuperou logo nos dois seguintes. Depois do 2-2, o jogo das decisões, mais uma vez combatido para ambas as equipas, foi concluído com um ‘set’ de 3-1 para a Indonésia.

Os oito jogos femininos, jogados em três rondas, permitiram por isso apurar as duas equipas incluídas na “Champions Division”, onde jogam as oito melho-res equipas (ver caixa), e construir a tabela dos jogos que vão permitir saber quem fica entre o 9º e o 19º lugar. A equipa feminina de Macau vai então competir para o 11º lugar, defrontando a Indonésia às 12h de hoje.

Por outro lado, os nove jogos masculinos, também disputados em três rondas, colocaram Macau no apu-ramento para 13º lugar, estando já garantido pelo menos o 14º lugar. Hoje, pelas 14h, a equipa vai de-frontar o Kuwait ou o Laos, o que sair apurado no jogo das 10h da manhã.

Vale a pena recordar que neste campeonato es-tão presentes 18 equipas masculinas, de selecções diferentes, representadas em seis grupos (A a F), e mais seis directamente distingui-das para as oito melhores. As equipas femininas estão representadas em menor nú-mero, com 13 equipas, distri-buídas por quatro grupos (A a D) e mais seis directamente apuradas para a final das oito melhores.

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17futilidadessexta-feira 24.2.2012 www.hojemacau.com.mo

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

SALA 1CONTRABAND [C]Um filme de: Baltasar KormákurCom: Mark Wahlberg, Kate Beckinsale, Ben Foster, Giovanni Ribisi1430, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 2CHRONICLE [C]Um filme de: Josh TrankCom: Dane Dehaan, Michael kelly14.130 16.00, 17.45, 21.30

I LOVE HONG KONG 2012 [B]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Gai ChungCom: Eric Tsang, Teresa Mo19.30

SALA 3WAR HORSE [B]Um filme de: Steven SpielbergCom: Jeremy Irvine, Emily Watson, David Thewlis14.15, 16.45, 21.00

JOURNEY 2: THE MYSTERIOUS ISLAND [3D] [B]Um filme de: Brad PeytonCom: Vanessa Hudgens, Dwayne Johnson19.15

[Tele]visão

Aqui há gato

Su doku [ ] Cruzadas

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Barbeiro. Filtrai. 2-Pira, altar. Obrigado a sair. 3-Repare, observe. Que não é real. 4-Solicito. 5-Apartamento (abrev.). Indispensável, exacta. 6-Recíproco. Dar eco. 7-Que obteve formatura numa universidade. Rádio (s.q.). 8-Relativo a urina e ao canal da ureta. 9-Bonacheirona, calma. Oposição (Pref.). 10-Cogumelo que nasce em árvores velhas ou cortadas. Dueto. 11-Que não é comum, insólita. Suspensas no ar.

VERTICAIS: 1-Suprimiam. Tatu-bola (Bras.). 2-Arco. Enfado, cansaço (Interj.). A letra muda do nosso alfabeto. 3-Choquei, colidi. Pôr touca. 4-Impelira com força. 5-Aférese de até. Comprometi-me. 6-Condene a exílio. Combate, assalta. 7-Comportei-me. Duas vogais. 8-O m. q. Curricada, espécie de cegonha da América. 9-Que tem óleo. Em que parte?. 10-Puxador, pega. Rio que banha Berna. De ti. 11-Embarcação estreita, movida a remos. Telefonia (pl.).

HORIZONTAIS: 1-BABETE. COAI. 2-ARA. EXPULSO. 3.NOTE. IRREAL. 4-I. IMPLORO. E. 5-AP. PRECISA. 6-MUTUO. ECOAR. 7-FORMADA. RA. 8-A. URETICO. D. 9-PACATA. ANTI. 10-AGARICO. DUO. 11-RARA. AEREAS.VERTICAIS: 1-BANIAM. APAR. 2-APRO. PUF. AGA. 3-BATI. TOUCAR. 4-E. EMPURRARA. 5-TE. PROMETI. 6-EXILE. ATACA. 7-PROCEDI. OE. 8-CURRICACA. R. OLEOSO. ONDE. 10-ASA. AAR. TUA. 11-IOLE. RADIOS.

PELE ESCURAE LENÇONO ROSTOSempre ouvi dizer que o desporto move multidões, mas sobretudo mexe nos sentimentos das pessoas, gerando uma euforia ou a catástrofe colectiva. Ontem, quando fui gatinhar até ao Dome, assisti aos primeiros jogos do 20º Campeonato Asiático de Ténis de Mesa e os meus olhinhos brilharam perante a imensidão cultural que emergia para além das mesas de pingue-pongue. O público era pouco para gerar algum tipo de sentimento colectivo, pelo que me concentrei nos pormenores. Os rapazes do Barém vestiam casaco vermelho e tinham a pele muito escura, quase como se fossem indianos, e envergavam olhos vivos e brilhantes, como quem quer absorver todos os pedaços de mundo. A rapariga do Turquemenistão era branca e muito loira, e jogava contra a atleta que vive sob o regime de Bashar al-Assad. As atletas da Malásia fitavam as adversárias com os olhos orientais, enquanto as jogadores das Maldivas iam perdendo pontos envergando um tom de pele castanho escuro. Mas o que mais me fascinou foi ver os olhos escuros, quase pretos, das atletas do Irão, cobertos por lenços como manda a religião muçulmana. E enquanto as pernas da atleta do Turquemenistão estavam descobertas, as iranianas usavam calças e uma camisola por cima, sem se vislumbrar um único pedaço de pele. Os chineses, os campeões, também estão lá, pequeninos, cabelo finos, olhos rasgados, pele branca.Do Irão da energia nuclear, liderado espiritualmente por Khamenei, passamos à enorme e pacifica Índia, à Síria em conflito e às praias das Maldivas. Temos também o Turquemenistão que já foi soviético, a China que domina o mundo e o vizinho Hong Kong. Esta Ásia onde agora vivo é um lugar de mil e um mundos que convergem num só espaço geográfico, mas o seu mapa vai muito mais além do que simples fronteiras. Um desenho de geografia não revela as culturas, as religiões e os modos de vida representados em cada tom de pele e em cada olhar. Mais do que vê-las, temos de vivê-las.

Pu Yi

TDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h14:30 RTPi DIRECTO18:30 That 70\’s Show (Que Loucura de Família)19:00 TDM Talk Show (Repetição)19:30 Amanhecer20:30 Telejornal21:00 Ásia Global21:30 Desperate Housewives (Donas de Casa Desesperadas)22:15 Passione23:00 TDM News23:30 Resumo Liga Europa23:45 Pulp Fiction02:15 Telejornal (Repetição)02:40 RTPi DIRECTO

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 Couto & Coutadas15:15 Poplusa16:00 Bom Dia Portugal17:00 Portugal de Negócios17:30 Viagem ao Centro da Minha Terra18:15 Teatro em Casa19:00 Estado de Graça20:00 Jornal Da Tarde 21:15 O Preço Certo22:15 Prova dos 322:45 Portugal no Coração

ESPN 3013:00 Atlantic Coast Conference Basketball Duke vs. Florida State15:00 Samsung Beach Soccer Intercontinental Cup 201116:00 PBA Tour - PBA Scorpion Open17:30 Atlantic Coast Conference Basketball Duke vs. Florida State19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 2012 20:00 Football Asia 2011/12 20:30 Spirit Of London 21:00 Special Moments Of Salt Lake City 21:30 Special Moments Of Athens 2004 22:00 Sportscenter Asia 2012

22:30 Football Asia 2011/12 23:00 Spirit Of London 23:30 Seoul 1988

STAR SPORTS 3113:00 Rolex FEI World Cup Jumping 2011/1214:00 Masters 10 Ball Tournament 2011, The16:30 Ifmfx Freestyle World Championships17:00 Ocean Thunder - Pro Surf Boat Series 201118:00 FIM Super Enduro World Championship 2012 19:00 Total Rugby 19:30 FA Cup 2011/12 Stevenage vs. Tottenham Hotspur21:30 (LIVE) Score Tonight 2012 22:00 Spirit Of London 22:30 FA Cup 2011/12 Highlights 23:00 FIM Super Enduro World Championship 2012 FOX MOVIES 4012:55 The Fighter14:50 Gulliver’S Travels16:20 Predators18:10 The Replacement Killers19:40 The Mask Of Zorro22:00 The Walking Dead23:40 I Know What You Did Last Summer

HBO 4112:00 The Rundown 13:50 White Fang15:45 The Back-Up Plan17:30 The Golden Child19:05 Scott Pilgrim Vs. The World21:00 Luck22:00 The Green Hornet00:00 Year Of The Dragon

CINEMAX 4211:45 Star Trek14:00 Escape From Alcatraz16:00 Coogan’S Bluff17:25 Merrill’S Marauders19:00 The Funhouse20:25 Supershark21:45 Epad On Max22:00 Xiii23:35 Carriers

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA

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LIFE • Keith RichardsJá apelidada de Santo Graal das biografias de estrelas de rock, Life foi celebrado como um fenómeno incrível: mais de um milhão de cópias vendidas em menos de um ano. Em Life, Keith revela-nos os seus excessos e fragilidades, mas também todo o seu sentido de humor e coragem. Desde música, sexo, drogas, a lutas de facas, pouco fica por contar neste seu relato entusiástico e vibrante que nos revela os bastidores da maior banda de rock do mundo, os Rolling Stones: o seu nascimento, a passagem de Brian Jones pela banda, as rusgas policiais, os problemas com a lei, a conturbada relação de Keith com Mick Jagger, e a verdade acerca de todos os boatos e mitos que rodeiam uma das mais carismáticas figuras musicais de todos os tempos.

DUBLINESCA • Enrique Vila-MatasSamuel Riba considera-se o último editor literário e sente-se perdido desde que se retirou. Um dia tem um sonho premonitório que lhe indica claramente que o sentido da sua vida passa por Dublin. Convence então uns amigos para irem ao Bloomsday e percorrerem juntos o próprio coração do Ulisses de James Joyce. Neblina e mistério. Fantasmas e um humor surpreendente. Enrique Vila-Matas regressa com um romance que parodia o apocalíptico ao mesmo tempo que reflecte sobre o fim de uma época da literatura. Um romance deslumbrante, aberto às mais diversas leituras, uma verdadeira prenda povoada de surpresas. Simplesmente genial.

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perspect ivasJorge Rodrigues Simão

18 opinião sexta-feira 24.2.2012www.hojemacau.com.mo

“Discussions about a Europe-wide SEA Directive started at the same time as discussions about an EIA Directive, in about 1975. It was initially intended that one Directive would cover both projects and strategic actions, but by the time that the EIA Directive was approved in 1985 (Commission of the European Communities (CEC), 1985), its application was restricted to projects only.”

Strategic Environmental Assessment in ActionRiki Therivel

S projectos de infra-estruturas, entre muitos outros, que possam causar impacto ambiental negati-vo, devem ser acompanhados de um “Estudo de Impacto Ambien-tal” (EIA). Existem por exemplo,

diferenças importantes entre o autor de um projecto de pontes e o autor do EIA. A maioria dos países desenvolvidos têm um conjunto de códigos de segurança que devem ser observados, caso contrário o projectista arrisca-se a ser processado, sobretudo se houver um desastre. Em contrapartida, o universo do EIA possui apenas regras muito genéricas. O conceito de EIA foi introduzido na década de 1960 nos Estados Unidos, designando-se por “Environmental Impact Assessment”. Segundo a Directiva 85/337/CEE, alterada pela Directiva n.º 97/11/CE, do Conselho, de 3 de Março de 1997, da então Comissão das Comunidades Europeias (CCE), os Estados-membros da União Europeia (UE) devem assegurar que os EIA, se realizem dentro de determinadas circunstâncias, mas os regulamentos forne-cem poucas linhas de orientação quanto ao conteúdo ou à qualidade.

O Decreto-Lei n.º 69/2000, que aprovou o regime jurídico da avaliação de impacto ambiental, em Portugal, transpôs para a ordem jurídica interna a referida Directiva n.º 85/337/CEE. O Brasil, um dos países mais evoluídos em termos de legislação ambiental, que deve ser sempre objecto de análise em termos de direito ambiental comparado, introduziu o conceito por meio da resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) n.º 001/86, de 23 de Janeiro de 1986. Foram feitos regulamentos importantes, no final da década de 1980 e início da década de 1990, no Reino Unido.

As normas escocesas para “Avaliação do Impacto Ambiental (Environmental Assess-ment Regulations)” de 1988, e as instituições oficiais de conservação de natureza do país reuniram-se e criaram princípios orientado-res relativos às suas atribuições ou funções no âmbito do EIA, os quais ficaram consagrados no “ Environmental Assessment Handbook”. Ainda que, apresente uma análise útil e pormenorizada das etapas necessárias para realizar e avaliar um EIA, o “Handbook” não faz parte da legislação, e portanto não constitui um vínculo legal.

Quanto às normas propriamente ditas, apesar das posteriores circulares e memoran-

Impacto ambientaldos, pelo menos no Reino Unido, que recebeu a influência da correspondente legislação dos Estados Unidos, a maior parte da legislação tem em vista determinar se é necessário fazer um EIA. Ao descrever a natureza prática, oposta à natureza ampla de qualquer Estudo Ambiental (EA) e ao relatório que dele nasce, a legislação é particularmente tímida. É intenção da Directiva da UE que os promotores ponderem os possíveis impactos de qualquer empreendimento na fase mais precoce dos seus planos.

Encorajá-los a realizar os EIA, é um dos meios através dos quais é possível suscitar um interesse directo pelas questões ambientais, a um nível mais alargado e que constituem um dos temas mais importantes a nível glo-bal, senão o mais relevante. Infelizmente, a tradução desta filosofia no Reino Unidos e outros países da UE, é mais acentuada do que seria aconselhável. Exige-se ao promotor que apresente às autoridades responsáveis pelo planeamento, um relatório que inclua uma descrição física do empreendimento; dados que permitam determinar os efeitos ambientais mais importantes e uma análise dos efeitos significativos prováveis directos e indirectos no domínio relativos aos seres humanos, flora, fauna, solo, água, ar, clima, paisagem, quais-quer interacções das componentes anteriores, bens materiais e herança cultural; medidas destinadas a evitar, reduzir ou remediar efeitos, e por último um resumo não técnico.

A declaração ambiental pode incluir, embora não seja obrigatória, uma explicação mais ampla sobre os requisitos do uso do solo durante a construção e o funcionamento ou exercício de actividades nela desenvolvida; as principais características ambientais do processo produtivo; o tipo e a quantidade dos resíduos esperados; a análise dos pontos de vista alternativos; os efeitos directos e indirectos da utilização de recursos naturais e da criação de resíduos e os métodos de previsão utilizados, bem como os problemas causados por deficiências técnicas e lacunas de informação.

O conceito de efeito pode abranger os efeitos secundários, cumulativos, de curto ou longo prazo, permanentes ou temporários e positivos ou negativos. A lista de itens a investigar é sem dúvida ampla, mas é como dizer a uma pessoa irascível e dona de um cão perigoso, que tem as placas de união, vigas, cimento e demais materiais e lhe ordene que construa a ponte. Não é dada qualquer orientação regulamentar quanto à forma que o relatório deve ter, e o modo como o promotor responde a essas questões fica totalmente em aberto. Dizem apenas que preste informações suficientes sobre todos os temas que constam da lista, para que as autoridades responsáveis pelo planeamento possam fazer uma avaliação.

Se as informações não forem considera-das adequadas pelas autoridades, o promotor pode ser instado a apresentar mais elementos

até que as autoridades fiquem satisfeitas. Na falta de uma estrutura definida através da qual a autoridade possa avaliar um EA, compete ao promotor criá-la, porque é muito difícil planear, calendarizar e orçamentar algo que, em última análise, e a pedido das autorida-des, pode transformar-se na análise de um ecossistema, e nesta situação encontramos um dos maiores perigos de todo o sistema da avaliação ambiental.

O “Environmental Assessment Han-dbook” é esquemático no tratamento do tema, limitando-se a reconhecer que não podem ser fornecidos métodos de referên-cia. Na falta de orientações formais, para garantir que são utilizados métodos comuns nos diversos estudos ambientais, também significa que as autoridades responsáveis pelo planeamento, confrontadas com dois pedidos sucessivos relativos a propostas muito semelhantes, podem não conseguir transferir a experiência e os conhecimentos, alcançados num estudo para o processo de avaliação da segunda proposta.

Os métodos adoptados nos dois estudos ambientais podem ser tão diferentes, que a comparação dos resultados pode não ser válida. Nem as autoridades responsáveis pelo planeamento, (na experiência colhida em diversos Estados-membros da UE) conseguirão tirar partido do que devia ser

um núcleo de conhecimentos acumulados à medida que os EA (s) se vão realizando. Os promotores, de igual modo, não têm facilidade em valer-se da experiência e dos resultados dos estudos anteriores quando fazem as suas investigações.

O outro grande problema, talvez o mais importante, da filosofia dos EA (s), tal como é praticada na maioria dos países, é que todo o processo diz respeito apenas às fases anteriores à autorização e sequente concessão da licença, que nasce do desejo louvável de garantir que as considerações de índole ambiental, são incluídas nas primeiras fases de um empreendimento proposto. Na legislação inglesa e outras, isto corresponde, a uma revisão potencialmente exaustiva dos efeitos prováveis anteriores à concessão da licença, esquecendo-se a legislação de prever um acompanhamento e alterações posteriores.

O “Handbook” refere que o acompanha-mento após a concessão da licença é possível, no quadro das condições previstas, no caso da Inglaterra e do País de Gales, por exemplo, no parágrafo 106 da “Lei do Planeamento Urbano (Town and Country Planning Act)”. O “Handbook” refere também, que tais acções raramente se realizam no contexto inglês, nem sequer são uma prática comum no resto do mundo, apresentando, pois, três falhas cruciais, dado não fomentar uma aproximação consistente entre os promo-tores e constitui uma receita de anarquia; consequentemente, nem o promotor, nem as autoridades responsáveis pelo planeamento beneficiam facilmente dos resultados de estudos anteriores, nem é possível comparar os conhecimentos acumulados, pois, cada EA é um estudo isolado e o sistema é total-mente profético, preocupado apenas com os acontecimentos possíveis do futuro e, pelo menos na prática, não consegue projectar a avaliação do impacto no futuro com o objectivo de detectar os verdadeiros efeitos, como não são responsáveis pelo desfecho subsequente, as equipas responsáveis pelos EA (s) não são incentivadas a fazer previsões rigorosas.

A estas falhas no sistema do EIA junta--se outro potencialmente mais grave, na medida em que, com uma simples alteração da lei, as três falhas referidas podem ser superadas, enquanto que esta complicação adicional tem uma causa mais profunda. Trata-se de um aspecto da cultura científica, que deu origem a muitos exemplos notáveis relativos aos EA (s). Na pior das hipóteses, pode considerar-se uma atitude de desprezo, uma afirmação arrogante de que a ciência possui todas as respostas. A sua expressão mais vulgar reside na convicção de que falta de prova é um sinónimo de prova de falta, ou na precaução científica que exige que a prova do dano seja obtida, antes de serem tomadas medidas, quer esse dano possa ser invertido ou não.

“A estas falhas no sistema do EIA junta-se outro potencialmente mais grave, na medida em que, com uma simples alteração da lei, as três falhas referidas podem ser superadas, enquanto que esta complicação adicional tem uma causa mais profunda”

O

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um gr i to no desertoPaul Chan Wai Chi*

19opiniãosexta-feira 24.2.2012 www.hojemacau.com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Nuno G. Pereira; Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Joana Freitas; José C. Mendes; Virginia Leung; Rita Marques Ramos (estagiária) Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Carlos Picassinos; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Carlos M. Cordeiro; Correia Marques; Gonçalo Alvim; Helder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte, José Pereira Coutinho, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia; Peng Zhonglian; Vanessa Amaro Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

signo do zodíaco chinês para este ano é o dragão e, como tal, o ano de 2012 é conhecido como o Ano do Dragão. Para os chineses o dragão é um animal místico. O famoso conto “Viagem ao

Oeste” começa por narrar a história do Rei Dragão do Mar do Oriente que desafiou a Providência ao manipular a quantidade de chuva que haveria de cair para provar que a previsão do profeta estava errada. Embora o Rei Dragão tenha ganho a aposta que fez com o profeta, no fim acaba por ser condenado à morte pelo Imperador Celestial. Os chineses têm um ditado: “aqueles que obedecem ao mandato do céu serão prósperos, enquanto que aqueles que o desafiarem serão des-truídos”. Isto aplica-se a todos. Até ao Rei Dragão que sofreu o castigo divino.

Enquanto director de uma revista cristã, concebi uma imagem para a capa dessa publicação em celebração do Novo Ano Chinês, com um dragão e as ruínas de São Paulo. As ruínas no canto inferior esquerdo e o dragão ao centro com a cabeça virada para a esquerda na direcção das ruínas a simbolizar o anúncio de boas notícias. O design estava bem traçado e eu tinha-o re-visto inúmeras vezes. Nada poderia correr mal. Mas quando a revista saiu, a imagem tinha sofrido uma rotação gráfica de 90º para a direita, que provocou a deslocação das ruínas para o canto superior esquerdo e colocou o dragão de cabeça para baixo. A composição gráfica da capa da revista era uma aberração.

Quando a publicação foi para a gráfica para ser impressa estávamos muito em cima da data da sua distribuição. Para além disso, muitas das pessoas envolvidas na sua produção estavam já a gozar as férias do Novo Ano Chinês. Não tive outra alternativa senão publicar a revista tal como estava, e suportar o grafismo invertido. Mas surpre-endentemente, a maior parte dos leitores presumiu que a inversão gráfica era um “kuso” (gozo) propositado e não apresentou qualquer reclamação. Tive sorte, enquanto editor. Mas no caso do Governo da RAEM é uma desgraça que todos tenham aceite a sua actuação “kuso”. Para tentar perceber a causa do erro questionei os vários departamentos envolvidos na produção da revista. A empre-sa impressora respondeu que só é responsá-vel por imprimir a partir dos negativos que recebe. A responsável pela composição disse que tinha tudo corrido bem e que se houve algum erro deveria ter sido na produção dos negativos. Estes responderam que, uma vez que o material que veio da composição

Não acredito que o mundo vai acabar em 2012, embora algumas pessoas digam o contrário. No entanto estão a acontecer tantas coisas estranhas, que não consigo deixar de me preocupar com a estabilidade de Macau no seu futuro próximo. O primeiro-ministro Wen Jiabao já alertou há muito tempo o Governo da RAEM para ter cuidado com a maneira como lida com as coisas desde o seu início até ao fim e que lidar com os assuntos remando contra a maré só leva a sociedade à ruína.

Aberrações - remar contra a maré

“usam bens públicos para fins pessoais”, estará a permitir que a ideia de emitir notas com os animais dos signos do zodíaco se transforme numa mina para obter lucros fáceis.

Não acredito que o mundo vai acabar em 2012, embora algumas pessoas digam o contrário. No entanto estão a acontecer tantas coisas estranhas, que não consigo deixar de me preocupar com a estabilidade de Macau no seu futuro próximo. O primeiro-ministro Wen Jiabao já alertou há muito tempo o Governo da RAEM para ter cuidado com a maneira como lida com as coisas desde o seu início até ao fim e que lidar com os assuntos remando contra a maré só leva a sociedade à ruína.

Quando um governo tem problemas com a emissão de moeda é porque a sua administração é problemática. Eu continuo a tentar descobrir as causas que provocaram a inversão gráfica da minha revista, e espero que o governo da RAEM dispense algum tempo para tentar arranjar uma solução para os problemas da “nota dragão” deste ano e das restantes 11 notas com os animais do zodíaco a serem emitidas durante os próximos anos.

*Deputado e presidenteda Associação Novo Macau Democrático

estava em condições, os negativos também estariam e não faziam ideia de como é que a imagem apareceu invertida.

Estou em crer que os nossos leitores não aceitariam estas respostas. Já passei dema-siadas vezes pelos detalhes da composição e de impressão para saber que durante o processo alguém tem de ajustar graficamente as proporções do comprimento e da largura.

É por isso que continuo a tentar des-cobrir onde é que o “ajustamento” se deu. Ao mesmo tempo continuo a investigar o paradeiro das notas “dragão” emitidas pelo Banco da China.

O governo da RAEM concordou com a ideia, vinda não se sabe de onde, de emitir notas com os animais dos signos do zodí-aco chinês durante 12 anos consecutivos, tendo começado com o dragão em 2012.

Ninguém esperava que as “notas dragão” provocassem tamanha agitação e confusão. O Banco da China dois dias depois de ter emitido as notas suspendeu a sua troca ao público. O Banco Nacional Ultramarino foi mais atencioso e deu mais alguns dias aos seus clientes para angariar as notas antes de suspender o serviço. O Governo, entretanto, alterou os regulamentos e anunciou que os dois bancos irão no futuro emitir 10 milhões de notas, cada um. Quanto aos 20 milhões já emitidos, não se vêm em circulação em lado nenhum e são alvo de especulação no centro comercial GongBei em Zhuai. Pior do que isso, são os rumores de que algumas associações e escolas locais trocam “notas dragão” aos seus associados ou alunos. Se isto for verdade e o Governo fechar os olhos às actividades de associações e escolas que

O

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sexta-feira 24.2.2012www.hojemacau.com.mo

Ciclone A excelência dos instrutores de condução de Macau resulta que, com umas nuvens mais húmidas, nem o computador de bordo impede os condutores de baterem uns nos outros.POR FERNANDO

HK Eleição do Chefe do Executivo conta com três candidatosO ex-membro do Conselho Executivo de Hong Kong Leung Chun-ying formalizou ontem a sua candidatura a Chefe do Executivo, sendo o terceiro candidato a entrar formalmente na corrida, que será decidida a 25 de Março. Leung angariou o apoio de 293 dos 1.200 membros do colégio eleitoral que escolherá o novo líder do Executivo local, de acordo com a Rádio e Televisão de Hong Kong. Henry Tang, ex-número dois do Governo de Hong Kong, formalizou também esta semana a sua candidatura, com o apoio de 378 dos 1.200 membros do colégio eleitoral, mas tem vindo a ser pressionado a abandonar a corrida devido às polémicas em que tem estado envolvido devido a uma relação extra-conjugal e obras ilegais em casa. O presidente do Partido Democrático, Albert Ho, foi o primeiro a submeter as 183 assinaturas que recolheu entre os membros do colégio eleitoral. A deputada e antiga Secretária para a Segurança de Hong Kong, Regina Ip, presidente do Novo Partido Popular, anunciou também esta semana o seu interesse em se juntar à corrida, mas ainda não formalizou a candidatura. Também o presidente do Conselho Legislativo, Tsang Yok-sing, apontado como próximo de Pequim - como Henry Tang - e até membro do Partido Comunista Chinês, facto nunca confirmado pelo mesmo, anunciou estar a considerar uma candidatura a Chefe do Executivo, uma decisão que disse que iria tomar até ao início da próxima semana ao salientar que não conta com o apoio do Governo Central. O prazo para a formalização das candidaturas termina no dia 29 e a escolha do novo líder do Governo será feita a 25 de Março pelos 1.200 membros do colégio eleitoral.

Rubem Fonsecavence PrémioCasino da PóvoaO escritor brasileiro Rubem Fonseca, com a obra “Bufo e Spallanzani”, é o vencedor do Prémio Casino da Póvoa, atribuído no âmbito do Correntes d’Escritas. O escritor confessou à plateia do Casino da Póvoa o seu amor pela língua portuguesa, poesia e por Portugal. “Amo a língua portuguesa, lindíssima, que vai durar pela eternidade”, afirmou o escritor, que é avesso a entrevistas e que há anos vinha sendo convidado para estar presente no evento literário que vai na sua 13ª edição. Dando uns curtos passos, de microfone na mão -- “eu sou a pessoa peripatética, para falar tenho de andar, apesar de ter uma luxação no joelho”, Rubem Fonseca declarou que já “tinha vindo a Portugal”, mas que estava “encantado com esta cidade e com as pessoas daqui”, numa alusão à Póvoa de Varzim.

Marca chinesa denunciada por Michael JordanA lenda do basquetebol americano Michael Jordan levou a julgamento a marca desportiva chinesa Qiaodan pelo uso indevido do seu nome, informou nesta quinta-feira o seu advogado citado pela agência oficial Xinhua. O ex-jogador do Chicago Bulls e Washington Wizards alega que o próprio nome da empresa utiliza sem permissão a tradução para mandarim de “Jordan”, o sobrenome do atleta, acompanhado do número 23 (o mesmo que usava quando jogava). A Qiaodan tentou até usar os nomes dos filhos de Jordan para fins comerciais, disseram os advogados chineses do ex-atleta da NBA. A empresa asiática, que alega ter registado a marca em 2000, é relativamente desconhecida no mercado do país, mas nesta semana foi notícia pelo suposto interesse em conseguir um contrato de patrocínio com a nova estrela do basquetebol americano, Jeremy Lin, de origem taiwanesa. Conforme os defensores de Jordan, o caso parece-se com o apresentado pelo ex-jogador chinês Yao Ming, que levou a julgamento outra marca desportiva da China por usar o seu nome e assinatura sem permissão - uma disputa polémica que o ex-jogador ganhou no ano passado. Os conflitos pelo uso de marcas e nomes conhecidos são frequentes na China, e nas últimas semanas ganharam destaque com mais um caso da Apple. A empresa disputa na justiça com uma companhia do país o uso no mercado nacional da marca “iPad”.

State Grid considera que compra da REN “não foi cara”Os chineses da State Grid consideram que pagamento ao Estado de 287 milhões de euros por 25 por cento do capital da REN “não foi caro” se houver uma perspetiva de investimento a longo prazo. Fonte oficial da empresa chinesa afirmou que era preciso “um preço razoável para ser um accionista de longo prazo”, pelo que se a State Grid “ficar na REN cinco, dez ou vinte anos, a opinião sobre se é barato ou caro é completamente diferente”. A mesma fonte disse estar “confortável” com a posição de 25 por cento da Redes Energéticas Nacionais (REN) e que não procuram “o controlo da empresa, mas sim ser um investidor estratégico que quer ajudar a REN a crescer melhor e mais rápido”.

O Chefe do Executivo de Hong Kong, Do-nald Tsang, arrendou um apartamento de

luxo com três andares, piscina e jardim na cidade chinesa vizinha de Shenzhen, para onde se vai mudar quando deixar o cargo em Junho, foi ontem noticiado.

Entretanto, Membros do Partido Democrático pediram à Comissão Independente contra a Corrupção (ICAC) de Hong Kong que investigue se o líder do Governo obteve vantagens no arrendamento de um aparta-mento de luxo na cidade chinesa vizinha de Shenzhen.

De acordo com a edição do jornal South China Morning Post, o apartamento pertence ao magnata Wong Cho-bau, dele-gado da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês - o principal órgão de consulta do Partido Comunista e do governo da China -, com negócios em Hong Kong e Shenzhen.

Wong confirmou que o apar-tamento foi arrendado a Tsang aos preços de mercado, sem adiantar o valor, acrescentou o jornal, adiantando que Donald Tsang deverá pagar, no mínimo, uma renda mensal na ordem dos 60 mil yuan.

Hong Kong Tsang vai viver com luxo em Shenzhen

Sopas e descanso

por Steffcar toon MOCAS

O apartamento de Tsang está em obras desde Novembro, avaliadas em cerca de 10 milhões de yuan, custos que, indicou o gabinete do líder do Governo citado pelo mesmo diário, são assumidos pelo proprietário.

As obras deverão estar con-cluídas até Maio e o casal deverá mudar-se a 1 de Julho, adiantou na quarta-feira Donald Tsang em declarações à Rádio e Televisão de Hong Kong.

O governante explicou que planeia sair de Hong Hong “por algum tempo” depois de deixar o cargo de chefe do Executivo em Junho, após dois mandatos consecutivos, e a mulher, Selina Tsang, arrendou uma casa em

Shenzhen para preparar a nova etapa da vida do casal.

REGALIAS DE FIM DE CICLOO chefe do Executivo de Hong Kong tem estado nos últimos dias envolvido numa polémica relacionada com deslocações privadas efetuadas recentemen-te a Macau e à ilha tailandesa de Phuket, durante as quais usufruiu de algumas regalias a convite de magnatas amigos.

Em respostas às várias no-tícias publicadas nos jornais da região, o gabinete de Tsang salientou que o governante assu-miu as despesas das deslocações, não tendo existido qualquer conflito de interesses.

Enquanto líder do Governo de Hong Kong, Donald Tsang aufere um salário anual de cerca de quatro milhões de dólares de Hong Kong, ocupando o segundo lugar do “ranking” dos políticos mais bem pagos do mundo, só ul-trapassado pelo primeiro-ministro de Singapura. Em terceiro surge o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

O novo chefe do Executivo da Região Administrativa Espe-cial chinesa será escolhido a 25 de Março pelos 1.200 membros de um colégio eleitoral.