hoje macau 2 fev 2015 #3264

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PUB AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEGUNDA-FEIRA 2 DE FEVEREIRO DE 2015 ANO XIV Nº3264 HOJE MACAU CENTRAIS A RUA ESTÁ MAIS BONITA Cultura chega a bairro antigo hojemacau SEM-ABRIGO PÁGINAS 2-3 PATRIMÓNIO Relatório segue para a UNESCO SOCIEDADE PÁGINA 7 LIGA DE ELITE Taylor Gomes ajuda Ka I a ser feliz DESPORTO PÁGINA 16 As razões que levam a uma existência nas ruas têm sido quase sempre as mesmas: droga, alcoolismo, Jogo ou ainda perturbações mentais. No entanto, surge agora um outro motivo que leva quem não tem um tecto a pedir acolhimento. Rendas demasiado altas. A confirmação vem da Casa Corsel que ao longo dos anos se dedica a dar apoio a quem nada tem. O MUNDO DOS OUTROS FIM DO FUMO Receitas VIP podem cair 10 a 15% POLÍTICA PÁGINA 4

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Hoje Macau N.º3264 de 2 de Fevereiro de 2015

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Cultura chega a bairro antigo

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Páginas 2-3

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sociedade Página 7

liga de elitetaylor gomes ajuda Ka i a ser feliz

desporto Página 16

As razões que levam a uma existência nas ruas têm sido quase sempre as mesmas: droga, alcoolismo, Jogo ou ainda perturbações mentais. No entanto, surge agora um outro motivo que leva quem não tem um tecto a pedir acolhimento. Rendas demasiado altas. A confirmação vem da Casa Corsel que ao longo dos anos se dedica a dar apoio a quem nada tem.

o mundo dos outros

fim do fumoreceitas Vip podem cair 10 a 15%

política Página 4

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2 reportagem hoje macau segunda-feira 2.2.2015

Fil ipa araú[email protected]

“H á cada vez mais pe-didos de alojamento temporário de pes-soas que estão com

muitas dificuldades em pagar as rendas”. A resposta estava na ponta da língua de Olívia Ip, uma dos três assistentes sociais responsáveis pela Casa Corcel, abrigo para aqueles que por uma razão ou outra, não o têm.

São 43 os sem-abrigo que neste momento ocupam parte das 86 camas disponíveis na Casa Corcel, asilo ao encargo da Cáritas, diri-gido por Paul Pun. Grande parte destas pessoas sem lar para viver são homens, contabilizando-se apenas oito mulheres.

“As mulheres quando chegam aqui e percebem que não há se-paração por sexo, sentem alguma vergonha. Os quartos são sempre partilhados e pode acontecer al-gumas mulheres terem que ficar em quartos com outros homens. É compreensível que não se sintam à vontade. Muitas vezes dizem--nos que não e recorrem a outras organizações, normalmente orga-nizações não governamentais, as

Rendas altas estimulam apaRecimento de novos sem abRigo

Há espaço para mim?

ONG”, explica a assistente social, sublinhando que “há mais espaços que acolhem só mulheres”.

Apesar de existir desde 1994, foi apenas em 2007 que a Casa Corcel abriu portas à sua actual sede com mais de três pisos, si-

tuada na Ilha verde. Para além dos quartos que podem ter três, quatro ou cinco camas, existem também uma sala de leitura, equipada com televisão, uma lavandaria, várias casas de banho e chuveiros, a cantina para que todos possam tomar as refeições e uma sala de convívio, onde são organizados vários momentos em grupo, sejam palestras ou workshops. Há ainda uma parte administrativa com escritório para os três assistentes sociais responsáveis por todas aquelas pessoas.

“Fora as que estão aqui cuida-mos ainda daquelas [pessoas sem

abrigo] que estão na rua e insistem em não vir para aqui, por não querer, ou até por já ter passado o tempo previsto de solucionar a sua situação. Fazemos ainda dis-tribuição de comida, e em dias de muito frio ou muito calor, quando as temperaturas baixam os 12 graus ou superam os 34 graus, abrimos as nossas portas para que as pessoas possam estar aqui resguardadas”, explica Olívia Ip

Selecção abrangenteQuerendo saber como acontece o processo de candidatura às vagas disponíveis para a Casa Corcel, a

assistente social esclareceu que “grande parte dos sem-abrigo que aqui está hoje veio pelo próprio pé pedir ajuda”, e que uma pequena percentagem é “convencida nas rondas do pessoal auxiliar que aqui trabalhar, e por um assistente social, para passar a noite aqui e receber a nossa ajuda”, conta.

A ajuda mencionada por Olívia Ip é os programas de reinserção social disponíveis. Conforme ex-plica a assistente social aquando a entrada do candidato é feita uma “análise à sua história”, porque tal como a própria admite, “cada um tem a sua história, e por muito pare-cida que possa ser, não é, cada caso é um caso”. Depois de analisada é-lhe então atribuída um responsá-vel, que irá funcionar como uma espécie de tutor, ou seja, um dos três assistente sociais disponíveis. “É preciso perceber o que os levou para a rua, se são dependências, problemas familiares ou doenças”, esclarece.

Com mais de 500 casos nas mãos, a Casa Corcel já viu passar muitas histórias com finais felizes e outras não tão felizes. “Há casos que nos deixam muito contentes, as pessoas conseguem superar os seus problemas, que muitas vezes

Ao longo dos últimos anos a Casa Corcel tem recebido e tirado das ruas sem-abrigo quase sempre pelos mesmos motivos: alcoolismo, toxicodependência e Jogo. Algo que está a mudar, surgindo agora uma nova causa: habitações demasiado caras

“Grande parte dos sem-abrigo que aqui está hoje veio pelo próprio pé pedir ajuda”

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3 reportagemhoje macau segunda-feira 2.2.2015

não passam de problemas de co-municação. Como saber comunicar com o outro. Este é um dos maiores problemas”, conta.

Mas a verdade, diz, é que nem sempre as pessoas estão dispostas ou percebem o tipo de problema pelo qual atravessam. Macau é um território pequeno e por isso

população não pode ignorarSendo um dos principais motivos as doenças mentais, os assistentes sociais da Casa Corcel assumem que “é preciso estar muito atento a esta delicada situação” que nem sempre se mostra. “A população tende a ignorar esta questão, mas não podem. Sempre que vemos alguém na rua a falar sozinho, rimos e viramos a cara, não podemos, não sabemos que tipo de situação aquela pessoa está a passar, nem sequer sabemos se a pessoa está com álcool ou drogas, pode ser só doente”, começa pode defender Olívia Ip. O caso de Chan “foi flagrante”, diz. Um sem-abrigo que “inexplicavelmente não se conseguia aguentar em trabalho algum”. Ele, conta a assistente, tinha uma capacidade de aprendizagem “como muito poucos”, e em pouco menos de seis meses conseguia falar mandarim muito bem. “O comportamento dele manteve-se sempre normal, arranjou trabalho e saiu deste abrigo. Pouco tempo depois despediu-se e um dia chegou aqui com uma faca, tivemos que chamar a polícia e só depois percebemos que ele tinha problemas mentais. Acabou por se suicidar mais tarde”, relembra. Assustada com o que aconteceu a equipa da Casa Corcel começou por se dedicar mais a estas problemáticas da saúde mental percebendo assim que ainda resta a Macau “um longo caminho a percorrer”, que deverá começar por cada um de nós. “Quando vemos uma pessoa na rua assim devemos chamar logo a polícia ou até ligar para este abrigo”, apela, reforçando a necessidade de “não virar a cara para o lado”.

um grito silencioso Percorremos os corredores dos vários pisos e fomos dedicando alguns minutos aos vários quartos que nos eram apresentados. Olhares vagos, caras sem sorrisos cruzavam-se pelo caminho, outros de olhos postos em livros ou até no vazio. Iong e Fong foram dois jovens adultos de pouco mais de 30 anos que ali viveram, estando agora na viver num apartamento partilhado pelos dois. Os ex-sem-abrigo conheceram-se na Casa Corcel e ali travaram um relação de amizade que ultrapassou as portas daquele espaço. “Pela convivência durante uma fase difícil vivida aqui [no abrigo] a relação fortificou-se e expandiu para além dos seis meses aqui a residir”, conta. Olívia Ip explica que estes dois amigos viram a partilha da casa como uma forma de controlar despesas mas também de apoio emocional. A assistente conta ainda que são várias as visitas que o pessoal trabalhador da Casa Corcel vai recebendo de ex-sem-abrigo. “Muitos trazem coisas, por exemplo comida e dinheiro, mas não fazendo parte do Governo não podemos aceitar, então nos momentos de convívio, como o natal, o ano novo lunar, épocas festivas – que é quando eles mais nos visitam – os visitantes confraternizam com os que agora estão a passar por um momento que eles viveram na primeira pessoa”, conta a assistente, assinalando que “é muito bonito”.

A Casa Corcel recebe qualquer pessoa acima do 18 anos, de qual-quer nacionalidade, seja ou não residente. “Só precisam trazer um documento de identificação para que percebamos se estão legais ou não, isso tem que ser”, esclarece. “Estas infelicidades podem acontecer a qualquer um de nós”, conta.

“As pessoas que aqui ficam só podem estar seis meses, durante este período – apesar de toda a sua liberdade para fazerem o que quiserem durante o dia – são acompanhadas e conduzidas para a procura da solução do seu proble-ma. São convidadas a frequentar cursos de motivação, outros assis-tentes sociais organizam palestras para os orientar, e claro, tudo passa também pelo acompanhamento para encontrar trabalho e seguir com a sua vida”, explica o membro da equipa.

A aposta na liberdade e re-solução dos problemas é então a meta desta equipa que confessa que “tudo está dificultado” com a questão imobiliária. “Como é que é suposto uma pessoa com apenas um subsídio de apenas três mil patacas [subsídio de risco de sobrevivência] conseguir ter o seu próprio espaço, ou até mesmo dividir? Assim não dá”, remata.

A solução apontada, diz a repre-sentante, é a uma forte construção na habitação social. “Com a cons-trução dos blocos sociais sentiu-se um ligeiro alivio, mas é preciso mais, muito mais”, conclui.

o número de 43 sem-abrigo à responsabilidade do Governo não se mostra de impacto quando comparado com outras regiões. “Apenas um já é assustador, não deveria existir sequer qualquer caso de alguém sem tecto para dormir”, sublinha.

não conSigo maiSEm declarações ao HM, o Instituto de Acção Social (IAS) explica que as doenças mentais, a toxi-codependência e as más relações familiares são as três principais causas para o pedido de alojamen-to na Casa Corcel. É o desemprego que surge em quarto lugar sendo o número de casos muito pontuais. Questionada sobre o assunto, Olívia Ip, que juntamente com a sua equipa lida todos os dias na primeira pessoas com os casos, esclarece ao HM “que de facto a maioria é por problemas com vícios, sejam eles quais foram, e também quando são expulsos de casa, mas há cada vez mais pessoas sem vícios a pedir ajuda porque simplesmente não conseguem pagar as suas rendas”.

Este, a habitação é assim “o maior problema que a sociedade de Macau está a ultrapassar neste momento, afectando tudo”, come-ça por defender.

Olívia Ip esclarece que os preços altos das rendas, agora praticadas no território, trazem dois problemas para o trabalho do abrigo. “Primeiro há mais pessoas a pedir ajuda, depois como é su-posto nós conseguirmos ajudar as pessoas que passam pelo processo de reinserção social se não existem casas com rendas que eles possam pagar agora que conseguiram um trabalho e já estão de novo inse-ridos na sociedade?”, questiona, salientando que ter que “pagar quatro rendas logo no primeiro mês é uma medida que só dificulta a vida das pessoas”.

“Há casos que nos deixam muito contentes, as pessoas conseguem superar os seus problemas, que muitas vezes não passam de problemas de comunicação. Como saber comunicar com o outro. Este é um dos maiores problemas”

“Há cada vez mais pessoas sem vícios a pedir ajuda porque simplesmente não conseguem pagar as suas rendas”

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4 hoje macau segunda-feira 2.2.2015política

Analistas já apontam uma quebra de 10 a 15% das receitas do Jogo com o fim total do fumo nos casinos. William Cheung, da UM, concorda, mas fala de um impacto negativo a curto prazo. Albano Martins e Jorge Godinho apontam para maior quebra no sector VIP

Coutinho questiona demora na revisão da lei do tabaCoO deputado José Pereira Coutinho mostra-se aborrecido com a demora por parte do Governo, relativamente à revisão do Regime de Prevenção e Controlo do Tabagismo. Em declarações à rádio Macau, o deputado afirmou que irá entregar uma interpelação oral para que seja justificada a demora ou adiamento na proposta de lei em causa. “Esta semana, vamos entregar uma interpelação oral, solicitando a vinda do secretário [Alexis] Tam à Assembleia para nos explicar quais as dificuldades e as razões para a demora ou adiamento na apresentação da revisão da lei do tabaco”, afirmou Coutinho. Para o deputado a proposta deveria ser entregue no imediato para que assim pudesse ser sujeita análise. “Nós queremos que esta proposta de lei seja de imediato enviada para a AL para que todos os deputados se pronunciem sobre essa questão tão importante para a saúde de todos em Macau. Nós gastamos muito do erário público para curar as pessoas, só que prevenir é mais importante, temos de explicar às pessoas que o fumo é nocivo e acabar com o fumo dentro dos casinos”, afirmou à rádio. - F.A.

Fim do Fumo pode originar queda inevitável das receitas

As consequências da “Lei Seca” no Jogo“Tenho vindo a falar com colegas meus ligados aos casinos e eles acreditam numa quebra das receitas. (10 a 15% de quebra) são números razoáveis, eu concordo”WiLLiAm Cheung Professor da um

Creio que vai haver um impacto, mas que a longo prazo isso vai ser ultrapassado e as receitas vão continuar a subir” Jorge godinho economista

“A opção está tomada e naturalmente que as consequências vão ser a quebra das receitas. Os jogadores que vão para essas salas (VIP) têm hábitos como fumadores e não abdicam do fumo. Provavelmente vão procurar outras paragens”ALbAno mArtinS economista

andreia sofia [email protected]

o impacto das medidas anun-c i a d a s p o r Alexis Tam,

Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, em banir na totalidade o fumo nos casinos, mesmo nas salas VIP, já levou alguns ana-listas do sector a apontar uma quebra das receitas na ordem dos 10 a 15%.

Os números, citados pelo website GGRASIA, são avançados pela analista Karen Tang, do Deutsche Bank, explicando que o fim do fumo nas salas de jogo de massas já originou essa quebra, que poderá repetir-se nas salas VIP. Para Karen Tang, o impacto poderá ser maior para as operadoras Galaxy e Wynn, que têm uma maior expo-sição a esse segmento de mercado. Também DS Kim e Daisy Lu, da JP Morgan

Securities, prevêem uma quebra na ordem de 10%.

Questionado pelo HM, William Cheung, professor da Universidade de Ma-cau (UM) e especialista em mercados financeiros, concorda com os valores, mas fala de um impacto a curto prazo.

“Tenho vindo a falar com colegas meus ligados aos casinos e eles acreditam numa quebra das receitas. (10 a 15% de quebra) são números razoáveis, eu concordo. Mas acredito que o impacto negativo nas receitas será de curto prazo, não vai durar muito tempo. Talvez três meses. Os jo-gadores não vão deixar de apostar porque não podem fumar, vão sim procurar outros locais onde possam fumar”, apontou ao HM.

Para Jorge Godinho, jurista especialista na área do Jogo, o impacto também será de curta duração. “O que se assiste em países que aplicaram a proibição do fumo é que há um impacto no primeiro ano, depois no segundo ano recupera-se um bocado. Creio que vai

Já o economista Albano Martins não consegue ana-lisar se o impacto durará ou não muito tempo, mas afir-ma que cabe ao Executivo avaliar as consequências.

“A opção está tomada e naturalmente que as conse-quências vão ser a quebra das receitas. Os jogadores que vão para essas salas (VIP) têm hábitos como fumadores e não abdicam do fumo. Provavelmente vão procurar outras paragens onde esse fumo não é limi-tado. Macau vai ter de tomar essa opção. Ou segue a favor dos seus trabalhadores, ou paga-lhes mais e estes aceitam estar sujeitos a essa situação. Mas se o Governo vai para ‘Lei Seca’ de não se fumar em lado nenhum, vai ter que ter consciência que o impacto nas receitas vai ser substancial.”

Questionado sobre se o Executivo não terá ido longe demais na sua opção de banir totalmente o fumo destes espaços nocturnos, William Cheung acredita que a opção mais “razoável” seria a que existem actual-mente, a da instalação de salas para fumadores.

“Não se consegue banir o fumo a 100%. Os jogadores vão sempre procurar fumar em algum lado. Votaria na implementação de um sis-tema como existe no aero-porto, onde existe uma área destinada para fumadores. Noutros locais é difícil. Seria uma solução mais razoável para o Governo, turistas e casinos”, concluiu.

haver um impacto, mas que a longo prazo isso vai ser ultrapassado e as receitas vão continuar a subir”, disse ao HM.

ImpActos dIstIntosOlhando para os dois seg-mentos do sector, as conse-quências serão diferentes. “O impacto no mercado

de massas é pequeno ou nenhum porque no fundo esses espaços já tinham sido vedados. Nas salas VIP é evidente que pode haver (uma quebra). Terá algum impacto. Espero que o mercado acabe por recuperar e que tudo isso se dilua. Os factores jogam sempre ao mesmo tempo, e na prática é difícil pegar num número e dizer que uma parte foi devido ao tabaco”, apontou.

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5 políticahoje macau segunda-feira 2.2.2015

Num encontro com Hu Chunhia, secretário-geral do Partido Comu-

nista da província de Guangdong, Chui Sai On apontou a liberalização das trocas comerciais como um dos principais pon-tos para o desenvolvimento da economia local e regional. O encontro teve lugar em Cantão, na passada sexta-feira.

“Nós focámo-nos especialmente na zona de livre comércio, nos novos de-

senvolvimentos e na cooperação para este ano. Analisámos as vantagens da zona de comércio livre e as vantagens que traz ao desenvolvimento, particu-larmente em relação à liberalização das trocas comerciais”, explicou o Chefe do Executivo ao canal televisivo luso da TDm.

Para Hu, que admite a existência de pressão na economia actual, a coopera-

ção entre Guangdong e macau tem sido bastante positiva e só tende a melhorar. “Existe pressão sobre a nossa economia este ano, mas acreditamos que não é nada de muito preocupante. A coope-ração entre Guangdong e macau tem corrido muito bem. Já tivemos encon-tro em diversas ocasiões para falar da cooperação e temos estado em contacto permanente”, assegurou o líder.

AndreiA SofiA [email protected]

A proposta de lei de pre-venção e correcção da violência doméstica co-meçou a ser analisada

na passada sexta-feira, mas ainda não está claro no diploma quais os actos considerados graves, e que por isso serão classificados como crime público, e quais aqueles que originam consequências mais leves, e que serão crime semi--público.

“O essencial é clarificar os actos de violência doméstica com con-sequências que não sejam leves, há que ter uma delimitação bem clara”, apontou a deputada que preside à 1ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), Kwan Tsui Hang.

“O Governo disse que vai me-lhorar essas normas no articulado, mas sabemos que é difícil elencar todas as situações. A comissão espera que alguns casos possam estar elencados, talvez não na proposta de lei, mas no futuro parecer (jurídico) da comissão”, disse ainda.

Kwan Tsui Hang, deputada directa, referiu ainda que ainda “há algumas reservas” quanto à consagração do crime público. “Só em casos com consequências não leves é que há lugar a crime público. mas não podemos dizer que a violência doméstica atinge só casais. Os filhos também podem estar envolvidos. Se os encarre-gados de educação derem uma bofetada aos filhos, é apenas para os educarem. Quando é considera-do leve ou não leve? Isto pode dar lugar a muitas preocupações, pelo que a comissão pediu ao Governo

para definir com clareza esses crimes”, exemplificou.

Os ex também batemA proposta de lei inclui ainda a figura do ex-cônjuge no âmbito de potenciais agressores. O Governo garantiu que isso se deve à exis-tência de muitos casos em macau.

“O Governo diz que é pelo facto de se verificarem casos frequentes de ex-cônjuges serem importunados pelos ex-maridos ou ex-mulheres. mesmo depois do divórcio, como têm filhos, há situações de conflito e ofensas fí-

“O essencial é clarificar os actos de violência doméstica com consequências que não sejam leves, há que ter uma delimitação bem clara”Kwan Tsui Hang Deputada

sicas. Para proteger essas pessoas o Governo decidiu incluir os ex--cônjuge”, disse a deputada.

Outra questão pedida pelos deputados da comissão prende-se com o aumento da prevenção e educação cívica sobre o assunto.

“A comissão concorda com as opções do Governo, mas em relação a certas matérias há que encontrar algumas soluções. A primeira prende-se com os actos de violência doméstica: quais são as opções do Governo na vertente de prevenção? (O Executivo) dá atenção aos actos de violência doméstica, para dizer

a todas as pessoas que a nossa sociedade não admite actos de vio-lência doméstica, sobretudo ofensas repetidas. O Governo disse que a vertente educativa desempenha um

papel muito importante. Esperamos que, quando a lei entrar em vigor, sejam reforçadas as acções de sen-sibilização e divulgação”, concluiu Kwan Tsui Hang.

No hemiciclo já se discute a proposta de lei da violência doméstica, mas os deputados pediram ao Governo para “delimitar” os casos com consequências graves e não graves, apesar de ser “difícil” especificar todas as situações, disse Kwan Tsui Hang

Violência DomésTica DeputaDos peDem clarificação Dos actos

uma questão de intensidade

CE em Cantão Liberalização das trocas comerciais na agenda

encontro com ASSociAçõeS Só em mArçoKwan Tsui Hang garantiu que a 1ª Comissão Permanente da AL “está a deparar-se com dificuldades”, uma vez que tem em mãos a análise de quatro leis (sendo uma delas a lei da protecção dos animais). Por isso, a deputada diz que as reuniões com associações ligadas à questão da violência doméstica só podem acontecer daqui a dois meses. “Pedimos às associações para apresentarem por escrito as suas opiniões e só em março é que vamos ter mais algum tempo para realizar um encontro.”

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hoje macau segunda-feira 2.2.20156 política

Subordinado ao lema ‘ter por base a população’ vários têm sido os encontros entre diversos sectores e Alexis Tam, que se mostra firme na sua posição e objectivo: melhorar a vida da população

Fil ipa araú[email protected]

F oi na passada sexta-feira, que o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, se reuniu, na

sede do Governo, com os deputa-dos Ng Kuok Cheong e Au Kam San, para debater sobre segurança social, serviços de saúde e também a proibição total de fumar no casi-nos. Em comunicado à imprensa, o gabinete do Secretário informa que Alexis Tam reforçou a sua determi-nação, até agora mostrada, “num

“O Governo está empenhado na melhoria da vida da população, prestando especial atenção aos grupos mais vulneráveis, nomeadamente os idosos, as pessoas portadoras de deficiência e pessoas com baixos rendimentos”

Alexis TAm Encontro com dEputados com foco na população

Tertúlias com esperança“Mais afirmou que irá elaborar,

juntamente com vários sectores da sociedade, e sob o princípio da imparcialidade e de acordo com a lei, mais medidas que beneficiem os grupos mais vulneráveis”, pode ler-se no comunicado.

Para isso, afirmou o Secre-tário é preciso que os deputados apresentem ao Executivo as “re-vindicações dos residentes e que participem em estudos sobre as medidas relacionadas com a vida da população”, para que assim existam melhores condições de vida para todos.

Alexis Tam adiantou ainda que está a ouvir as opiniões da popu-lação e a levar a cabo “diversos trabalhos para a melhoria da gestão e do planeamento, promovendo, de forma activa e eficaz, os trabalhos em todas as áreas sob a sua tutela”.

Recorde, que subordinado ao lema ‘ter por base a população’, e na área da saúde, o Secretário deu o prazo de um ano para que os Serviços de Saúde (SS) mostrem trabalho. “É preciso aperfeiçoar o sistema hospitalar, melhorar o sistema de saúde, acelerar os tra-balho de reestruturação, melhorar a gestão e apostar no recrutamento”, disse aquando o encontro com o sector, sublinhando que Macau e a sua população não podem ficar estagnados.

bom trabalho durante os próximos cinco anos”, reconhecendo que a sua pasta está directamente ligada à vida da população.

Durante o encontro, o Secre-tário afirmou que espera que os deputados presentes possam servir de ponte entre o Governo e os cidadãos, “por forma a partilhar e explicar as políticas” do próprio Executivo.

Nas suas intervenções, os de-putados mostraram preocupações no sector da segurança social, proi-bição total de fumo nos casinos, serviços de saúde, antecipação do levantamento da pensão de velhi-ce, e subsídio provisório para os portadores de deficiências.

Em dEfEsa dos mais dEsprotEgidosEm resposta, Alexis Tam garantiu que o “Governo está empenhado na melhoria da vida da população, prestando especial atenção aos grupos mais vulneráveis, nomea-damente os idosos, as pessoas portadoras de deficiência e pessoas com baixos rendimentos”.

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THIRD FLOOR, SCHOOL HALLON

TUESDAY, FEBRUARY 10th 2015, 7:30 P.M.

*Four new K1 classes commence in September 2015.*100 places will be offered to new K1 pupils aged 3, in 4 classes of 25. *English and Putonghua are the main languages of instruction. *Creative teaching styles; child centred learning.*Application Days, from March 2nd to 5th 2015.*Assessment Day, Saturday, March 7th 2015, from 9:00 a.m. (Details to follow).

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hoje macau segunda-feira 2.2.2015 7sociedadeLeonor Sá Machado*[email protected]

o Instituto Cultural (IC) conseguiu entregar à UNESCO o relatório sobre o Plano de Sal-

vaguarda e Preservação do Centro Histórico antes da data limite de 1 de Fevereiro, ontem. A notícia foi avançada por Feng Jing, director da secção Ásia-Pacífico do Co-mité do Património Mundial da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Educação, Ciência e Cultura. Recorde-se que o IC havia referido, há cerca de seis meses, a possibilidade da entrega do rela-tório vir a acontecer fora do prazo estabelecido, devido à demora na conclusão da consulta pública.

À agência Lusa, o responsável da ONU referiu que o documento vai agora ser analisado pelo Co-mité, apenas ficando disponível na internet “em meados de Maio”, cerca de um mês e meio antes da 39ª Sessão do Centro do Patrimó-nio Mundial ter luga na Alemanha, entre 28 de Junho e 8 de Julho.

A questão da entrega do rela-tório ganhou principal relevância em Outubro do ano passado, quando Guilherme Ung Vai Meng, presidente do IC, se escusou a dar certezas sobre a data de entrega, apenas dizendo que “todo o tra-balho” estaria concluído em 2015. Numa conferência de imprensa no início de Outubro passado, o chefe de Departamento do Património, Cheong Cheok Kio, assegurou que IC estava empenhado em cumprir o prazo imposto. No entanto, o cumprimento do prazo não era certo devido à obrigatoriedade de conclusão de duas consultas públicas, que duraram até 10 de Dezembro. “Foi decidido que o Governo vai ter que apresentar um relatório no prazo que termina a 1 de Fevereiro do próximo ano, sobre o ponto de situação dos trabalhos [de protecção do património], inclusivamente a nível jurídico e de opiniões da sociedade. Temos que relatar todas essas opiniões e factos à UNESCO”, explicou o responsável. Em resposta à agência Lusa, o Instituto Cultural explicou, sucintamente, os principais con-teúdos do documento entregue. “Os pontos principais do relatório contemplam a descrição sobre a protecção e gestão do centro histórico de Macau, a introdução dos projectos de conservação do património cultural, trabalhos pre-paratórios e conteúdos do sistema legal para a protecção do patrimó-nio cultural, bem como informação sobre as consultas públicas sobre o ‘Plano de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico de Macau’ iniciadas no final do ano passado”, referiu o IC à Lusa.

O centro histórico do território foi classificado como Património Mundial pela UNESCO em 2005, altura em que o Comité apontou

Centro históriCo Macau cuMpre prazo de entrega de relatório à uneSco

Mesmo em cima da hora

“É preciso uma consulta mais profissional porque o património é um bem da comunidade e para a comunidade e não apenas um produto fabricado dentro de uma ‘caixa negra’ por um departamento do governo”Vizeu Pinheiro Arquitecto

dois factores problemáticos, que seriam os “eventuais impactos negativos do desenvolvimento de projectos em áreas circundantes às zonas tampão sobre a integridade visual do património” e a “aparente inadequação do sistema de gestão”. Esta foi uma das razões que levou, em 2013, o organismo mundial a pedir ao Governo local o referido relatório, agora já nas mãos da UNESCO.

Recorde-se que, também há dois anos, Tim Curtis – responsável pela unidade cultural da UNESCO – havia alertado para a existência de “muita pressão derivada de tu-rismo”, situação que não gostaria de ver agravada. “Vemos locais na região a serem mais destruídos do que em Macau e há esforços a serem feitos”, observou. Curtis dei-xou ainda uma sugestão: é preciso “gerir a situação para garantir que não tem um impacto negativo sobre o património, a qualidade de vida na cidade, o que envolve muitas

questões de planeamento urbanís-tico e transportes”, admitindo que “há sempre desafios à protecção do património” em qualquer parte do mundo.

A consultA do descontentAmentoO arquitecto Francisco Vizeu Pi-nheiro mostrou-se mais uma vez descontente com o conteúdo das consultas públicas sobre a protec-ção do centro histórico, iniciadas no final do ano passado. “É preciso uma consulta mais profissional porque o património é um bem da comunidade e para a comunidade e não apenas um produto fabricado dentro de uma ‘caixa negra’ por um departamento do governo”, disse o arquitecto à Lusa. As de-clarações foram proferidas depois do anúncio da entrega do relató-rio à UNESCO sobre o Plano de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico da região. “O que foi submetido a consulta foram uns

quantos princípios. E um plano e princípios são coisas diferentes: um plano é algo detalhado, com mapas, com indicações de alturas [de construção], de materiais, entre outros aspectos”, continuou Vizeu Pinheiro. O arquitecto acrescentou ainda que este não é um problema novo, já que dura há quase dez anos. “Isto é uma longa história, que já vem desde 2005, e o que acontece não é a abordagem de cima para baixo que a UNESCO recomenda, ou seja, as propostas partirem da comunidade para o governo, mas o contrário, com o governo a sugerir e as pessoas a dizerem ‘ámen’”, frisou. Já o arquitecto Rui Leão – também residente na RAEM – comentou, em declarações ao HM em Outubro passado, que a consulta pública seria positiva se ajudasse o Governo a perceber até que ponto é que a população estava sensibiliza-da para a preservação patrimonial.

umA questão de poderVizeu Pinheiro tem uma opinião clara sobre estas matérias. De acor-do com o arquitecto, o IC passa a ter prioridade de decisão caso haja um conflito entre a DSSOPT e o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais. No que a isto diz respeito, o profissional deixa a pergunta no ar: “Quem é que dá garantias que o Instituto Cultural tem a melhor decisão?”.

Quanto à preservação dos monumentos históricos, Rui Leão sugere que se deixe de “agir em regime de bombeiros a apagar fogos”, referindo-se à tomada de acção muitas vezes em cima da hora, quando os edifícios estão já em perigo de ruína.

À agência Lusa, Vizeu Pinheiro falou ainda de um caso frisado pelo HM e que envolve a reconstrução do Quartel de São Francisco, junto à subida para o hospital Conde de São Januário. “Eles [IC] têm aprovado intervenções, como recentemente no Quartel de São Francisco, que de acordo com a lei anterior era um monumento que não podia ter novas construções, mas que deixou de estar protegido na nova lei. Agora depende do critério subjectivo do Instituto Cultural”, acrescentou. Em declarações ao HM, em Outubro passado, o arquitecto disse não perceber qual a justificação para uma consulta pública, uma vez que a Lei de Salvaguarda do Património Cultural estava já em vigor.

Ao comentar a entrega do relató-rio à UNESCO, Vizeu Pinheiro suge-re que seja implementado um critério assente em linhas de orientação e com definições iguais para todos”. O arquitecto falava de características como limites de altura, materiais e da fachada. Tudo, explicava, de forma a manter as tradições chinesa e portuguesa. - *com lusa

Uma coisa é certa: O Instituto Cultural já entregou o relatório à UNESCO sobre o Plano de Salvaguarda e Preservação do Centro Histórico. Ainda não há, contudo, pormenores sobre o documento, sabendo-se apenas que inclui “projectos de preservação” e “trabalhos preparatórios” de quadros legais. Arquitectos deixam algumas críticas ao processo de consulta

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hoje macau segunda-feira 2.2.20158 sociedade

Flora Fong*[email protected]

A Universidade de Macau (UM) ga-rantiu que nunca tolerará a prá-

tica de assédio sexual no campus. De acordo com um comunicado da UM, os três processos ainda em resolução estão sob sigilo. A polémica sobre o alegado assédio sexual de docentes a alunos na instituição surge novamente, depois de terem sido descobertos mais casos nas últimas semanas. No entanto, a UM avança em comunicado que poderá vir a ser criada uma “comissão independente de investi-gação disciplinar” para se encarregar deste assunto. No entanto, o mesmo co-municado avança que este grupo só vai tratar de casos graves e que obriguem à abertura de uma investiga-ção disciplinar. O mesmo documento adianta ainda que o presidente da comis-são deverá ser “o reitor ou o vice-reitor da UM e três outros membros que não tenham qualquer envolvi-mento no assunto, de forma a “obter evidências avan-çadas e fazer a auditoria

Emissão de fumo DSPA pode atribuir subsídio a sistema de limpezaA Direcção de Serviços para Protecção Ambiental (DSPA) referiu que pode vir a implementar sistemas de limpeza e manutenção de fumos oleosos de utilização fácil, bem como atribuir um subsídio para os estabelecimentos de restauração e bebidas. Na última sessão da consulta pública sobre as Normas para controlo de emissão de fumos oleosos em estabelecimentos de restauração e bebidas e melhoramento do regime de regulação, no sábado passado, um participante mostrou-se preocupado com que a regulação de sistema de limpeza e manutenção de fumos oleosos tenda a aumentar o custo de operação de estabelecimentos. Em resposta, o subdirector da DSPA, Ip Kuong Lam, referiu que estão em curso vários estudos para que se possa atribuir um subsídio para o sector, assim como tentar introduzir sistemas mais fáceis de utilizar. “Vamos cooperar com os estabelecimentos, introduzir sistemas mais fáceis de limpeza e manutenção, bem como através do Fundo para a Protecção Ambiental e a Conservação Energética, atribuir um subsídio, diminuindo a pressão do sector”, defendeu.

Televisão Deputada questiona datas para mais licenças A deputada Kwan Tsui Hang está preocupada por a Direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunicação (DSRT) ainda não ter um calendário sobre a emissão de mais licenças de televisão em Macau, apontando que o actual sinal televisivo está instável. Enquanto isso as entidades responsáveis fogem à responsabilidade. Numa interpelação escrita, Kwan recordou que o Relatório de Estudo de Desenvolvimento de Mercado do Serviço Televisivo de Macau, publicado pela Universidade de Macau (UM), há dois meses, refere que o território tem condições para a realização de “Triple Play”, ou seja integração de telecomunicação, redes sociais e televisão por cabo. Assim sugere ainda que implementar pelo menos três licenças nos futuro, de três a cinco anos, poderá evitar o monopólio. No entanto, ainda nada está feito, nem sequer a calendarização dos trabalhos. “O respectivo relatório já foi publicado há dois meses, qual é o plano concreto em relação a emissão de licenças a canal gratuito e pago de televisão, a autoridade tem uma data concreta de execução?”, indaga.

Aterros C e D Chui Sai Peng quer mais coordenação no planeamento O deputado e presidente do Instituto de Planeamento Urbano (IPU), José Chui Sai Peng, quer ver mais coordenação no planeamento urbano das zonas C e D dos novos aterros, situados perto dos lagos Nam Van. “A meu ver, a questão essencial passa por coordenar os preceitos de ambos os planos”, disse o presidente. Chui Sai Peng referia-se aos projectos iniciais para aquela zona delineados pela ainda Administração portuguesa, durante os anos 80. De acordo com notícia da TDM, o presidente do IPU pediu que o Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU) fosse mais “transparente” no que diz respeito à forma como representam as vontades da população. Segundo o jornal Ou Mun, nunca foi oficialmente publicado o plano detalhado para as zonas C e D que havia sido traçado nos anos 80, pelo Governo luso. No entanto, o mesmo jornal avançou, há já alguns anos, que estava pensada a criação de uma zona “recreativa”. As zonas C e D terão 33 e 59 hectares e, quando completos, espera-se que os cinco aterros acrescentem cerca de 3,5 quilómetros quadrados à área do território.

Assédio sexuAl UM MANTéM CASOS DE INVESTIGAçãO EM SIGILO

Três exames privados

associação pede investigação “séria”Leong Chi Hou, director da Associação Geral de Estudantes Chung Wa de Macau, mostrou-se preocupado com esta polémica. Ao jornal Ou Mun, disse esperar que a instituição apure todos os factos relacionados com as três investigações em curso e de forma séria. Leong acrescentou ainda que a UM precisa de recuperar a confiança dos pais, estudantes e sociedade. Além disso, o director pede ainda que a investigação seja levada a cabo protegendo a privacidade dos estudantes em causa.

a participantes e autores”. Contudo, mesmo que este grupo seja efectivamente criado, a instituição já refe-

riu que todos os processos serão tratados sob sigilo.

Comissão talvez mais tardeTudo isto acontece depois de alegados casos já anteriores e até mesmo do reitor Zhao Wei ter admitido – na semana pas-sada – ter recebido mais qua-tro queixas desde 2008. De acordo com notícia do jornal chinês Today Macao Daily, os académicos em causa per-tencem ao Departamento de Governação e Administração Pública. O mesmo diário faz ainda referência a um homem

de apelido Wong, alegada-mente a ocupar a posição de chefe do departamento. “A universidade nunca tolerará actos de assédio sexual e vai tratar [destes] rigorosamente e de acordo com os regula-mentos respectivos”, lê-se num comunicado publicado pela UM.

No que toca às quatro quei-xas de assédio sexual, a UM revelou que a primeira – rece-bida em 2013 – foi já concluída e as restantes, que tiveram lugar durante os últimos seis meses do ano passado, estão ainda numa “fase inicial” da investigação. “De forma a assegurar os direitos das pessoas envolvidas, a UM não pode, por enquanto, comentar nada sobre o assunto” referiu a instituição no documento pu-blicado na passada sexta-feira. A UM garante ainda que “tem tratado os casos com rigor”.

em nome da leiTêm sido várias as vozes em defesa de criar uma legislação que transforme o assédio sexual em crime de carácter público. Em Outubro do ano passado, foi a vez de Cecilia Ho – activista da área de serviço social – e da deputada Wong Kit Cheng se chegarem à frente, referindo que Macau deve seguir as normas internacionais.

Em meados do ano passa-do, a Direcção dos Serviços da Reforma Jurídica e do Direito Internacional (DSRJDI) tinha já confirmado ao HM que a legislação relativa a este tema iria entrar em fase de revisão, assegurando que estava “ter-minado o estudo básico sobre a revisão do regime da matéria penal” sobre o tema. - *com leonor sá machado

“A universidade nunca tolerará actos de assédio sexual e vai tratar [destes] rigorosamente e de acordo com os regulamentos respectivos”ComuniCAdo dA um

São três, os casos de alegado assédio sexual a serem investigados pela Universidade de Macau e a instituição está a pensar criar uma comissão independente de investigação. No entanto, a UM assegura que todos os processos estão a ser resolvidos, mas sob sigilo

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9 sociedadehoje macau segunda-feira 2.2.2015

A Direcção dos Serviços para Assuntos de Trá-

fego (DSAT) revelou que actualmente existem três operadoras de Jogo que transportam os seus Tra-balhadores Não Residentes (TNR) dos locais da cons-trução. Algo, que segundo a DSAT, tem resultado num alivio do serviço dos auto-carros públicos.

Numa interpelação es-crita em Dezembro do ano passado, o deputado Chan Meng Kam questionou se a medida de transporte de ope-radoras de Jogo para os TNR, de projectos em construção, estaria a atingir a eficácia prevista. Indagando ainda se

a medida tinha aumentado a pressão das estradas. Agora, em resposta, o director da DSAT, Wong Wan, referiu que a medida está ainda em fase experimental e até ao momento existem três operadoras de Jogo que implementam esta política.

A DSAT diz ainda que na hora de pico de manhã, os veículos das respectivas operadoras transportam 1500 a 2000 pessoas dia-riamente, enquanto na hora de pico de noite são 1200 a 1600 pessoas. Assim, acredita Wong Wan que a medida tem desempenhado um papel de alivio do ser-viços de autocarros. - F.F.

Tabaco City of Dream segue para revisão judicialO casino City of Dream reagiu à sanção, com multa máxima, de 100 mil patacas por não cumprir as regras de fixação de sinais de proibição de fumo, numa zona para a qual já tinha sido notificado para o fazer, admitindo que o valor “é discutível” e por isso vai tentar uma revisão judicial. Perante a situação o vice director dos Serviços de Saúde (SS), Cheang Sang Ip, referiu, ao canal chinês de Rádio Macau, que “respeita a decisão do casino, mas a autoridade decidiu acusar o acto ilegal e multou a máxima montante através de uma série de análises jurídicas.”

EPM com obras pensadas mas sem dataEm entrevista à rádio Macau, José Luís Sales Marques, o presidente da Fundação da escola portuguesa, admiti que a escola precisa de obras, mas que ainda não existe uma decisão sobre como deverão ser feitas. Sales Marques explicou que está a decorrer um programa para a intervenção, mas que o mesmo está numa fase preliminar. “A Fundação e a escola estão a trabalhar no sentido de procurar, em primeiro lugar, definir um programa, o que é que se deve fazer. Mas a definição desse programa está numa fase muito preliminar, porque vamos dialogar com os nossos parceiros – com a associação de pais e outros parceiros –, no sentido de que, na medida do possível, esse programa recolha um consenso generalizado, um consenso muito alargado”, explicou Sales Marques, à rádio.

Aeroporto termina ano em alta O aeroporto internacional de Macau registou no ano passado 5,48 milhões de passageiros, um aumento de 9% face ao ano anterior. De acordo com os dados divulgados pela Companhia do Aeroporto de Macau, em 2014 o número de movimentos atingiu os 52.000, mais 7,4% e os voos executivos totalizaram 2.791, ou mais 29,15% do que no ano anterior. As receitas do aeroporto escalaram 6,6% para 4.380 milhões de patacas, das quais 1.040 milhões de patacas, ou mais 13,6%, cabem nas receitas da Companhia do Aeroporto e estabelecem o terceiro ano consecutivo de lucros para a infra-estrutura. Os mesmos dados indicam que mais de um milhão de passageiros utilizaram o aeroporto através de companhias de baixo custo.

Balança comercial supera oito vezes valor de exportaçãoO défice da balança comercial de Macau, em 2014, superou em mais de oito vezes o valor das exportações da cidade que vendeu para fora produtos no valor de 9,91 mil milhões de patacas. Dados oficiais indicam que as exportações de Macau totalizaram 9,91 mil milhões de patacas, em 2014, uma subida de 9% face a 2013, mas fortemente sustentada pela reexportação. Os dados referem que ao longo do ano passado, a reexportação cresceu 11,4% para 7,89 mil milhões de patacas enquanto a exportação doméstica subiu apenas 0,7% para 2,02 mil milhões de patacas. Já as importações escalaram 11% para 89,95 mil milhões de patacas, fixando o défice da balança comercial em 80,04 mil milhões de patacas, mais de oito vezes superior ao produto das exportações de Macau. A maior parte das exportações de Macau seguiram para Hong Kong com o registo de vendas a atingir 5,81 mil milhões de patacas mais 19,7%.

O novo Campus da Universi-dade de São José, situado na

Ilha Verde, vai finalmente estar pronto em “Junho ou Julho” do presente ano, conforme avançou à TDM, o reitor Peter Stilwell. Ape-sar da obra estar pronta em 2015, depois de muitos adiamentos, só começará a funcionar em pleno no ano lectivo de 2015/2016.

“Devemos ter o campus pronto em Junho ou Julho. É isso que a empresa de construção nos diz. É claro que depois disto concluído, são necessárias algumas licenças, o que pode demorar alguns meses. Portanto não estamos a contar ter posse do campos antes do fim de Setembro ou Outubro”, afirmou.

Também em declarações ao canal chinês da rádio Macau,

Peter Stilweel informou que os alunos finalistas das escolas secundárias, candidatos à univer-sidade, “são cada vez menores”, e por isso, a instituição vai con-centrar-se em acolher estudantes estrangeiros, incluindo portanto os do interior da China. O que, pode levar a uma diminuição das propinas para os locais.

“Como recebemos apoio do Governo no próximo ano lectivo, prevejo que a propina de licenciatura para estudantes locais possa diminuir para 40 mil patacas, num futuro breve. A universidade vai também inves-tigar a diminuição de propinas dos cursos de mestrado, mas de-penderá da inflação e despesas”, afirmou. - L.S.M. com F.F.

USJ Campus pronto a meio do ano mas só arranca em 2016

TNR Três operadoras transportam operários de construção

O preço médio do metro quadrado das fracções autó-nomas destinadas

à habitação em Macau subiu 20,99% em 2014, para 100.156 patacas, mas o número de casas vendidas caiu 36,15%, para 7.218 unidades.

De acordo com dados dos Serviços de Finanças apurados pela declaração para liquidação do imposto de selo, ao longo de 2014 o valor médio do metro quadrado subiu na península de Macau 19,4% para 96.226 patacas, na ilha da Taipa 26,54% para 104.623 pa-tacas e na ilha de Coloane 19,58% para 126.632 patacas.

Só no mês de Dezembro de 2014, e comparativamente a Novembro, o preço médio do metro quadrado subiu 5,1% para 96.411 patacas, tendo o maior aumento sido registado na ilha de Coloane com a subida de 27,56% para 138.587 patacas.

Com os preços em alta, o número de casas transacciona-das em Dezembro de 2014 caiu 12% face ao mês de Novembro para um total de 418 unidades.

VendaS a cairNa comparação homóloga, em Dezembro de 2014 o pre-

ço médio do metro quadrado das casas em Macau registou uma ligeira queda de 1% para 96.411 patacas, mas o número de unidades vendidas caiu significativamente - 50,35% das 842 casas vendidas em Dezembro de 2013 para as 418 unidades de 2014.

Nos últimos meses assiste--se a uma oscilação do preço médio do metro quadrado em Macau que já não regista os valores de crescimento de anos anteriores, ao mesmo tempo

que as unidades habitacionais transaccionadas sofrem uma forte quebra.

As limitações ao crédito e os altos valores praticados pelo mercado afastam potenciais compradores, nomeadamente os residentes de Macau que passam a recorrer ao mercado de arrendamento.

Apesar de não existirem nú-meros oficiais, fontes do sector imobiliário estimam em cerca de 50.000 as casas devolutas na cidade e responsabilizam a

especulação imobiliária e até os próprios agentes de estimular e sustentar a subida das rendas e das casas.

Por diversas vezes, quer Edmund Ho, primeiro chefe do Executivo, quer Chui Sai On, o actual líder do Governo, e diversos economistas, acon-selharam prudência aos inves-tidores no mercado imobiliário, salientando que o sector vive uma alta de preços artificial que pode terminar a qualquer momento. - Lusa

MEtRO quADRADO DE HAbItAçãO SObE quASE 21%

Vendas em quedaEnquanto o preço do metro quadrado habitacional continua a subir, o número de casas transaccionadas em Macau desceu 50% num ano

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10 hoje macau segunda-feira 2.2.2015eventos

Os CinCO na Casa em Ruínas • enid BlytonOs Cinco estão acampados perto de uma velha casa em ruínas. Quando a Ana ouve uns ruídos es-tranhos, à noite, ninguém acredita nela. Até que avistam umas luzes misteriosas. Estará a casa mesmo abandonada?

À venda na LivRaRia PORtuguesa

AndreiA SofiA [email protected]

D EixEmOs o rebu-liço causado pelos sacos cheios de caixas de biscoitos

de amêndoa e do amontoado de jóias e roupas que diaria-mente se vendem aos turistas. Depois da azáfama que mora nas Ruínas de são Paulo, podemos encontrar um novo distrito cultural na rua da Nossa senhora do Amparo e do pátio de Chon sau. são 12 lojas com produtos bas-tante diversos mas que têm um único objectivo: mostrar um pouco da cultura local e das indústrias criativas que existem por cá.

A ideia partiu de Duarte silvério, empresário local na área do imobiliário que, através da empresa Number 81, detém uma série de lojas num dos lugares mais histó-ricos do território. mais do que arrendar os seus espaços a pequenos comerciantes, Duarte quis criar um espaço diferente como nunca se viu. E parece ter conseguido.

Macau teM Mais uM espaço cultural coM lojas junto às ruínas de são paulo

Nunca antes se viu uma rua assimO macaense Duarte silvério é proprietário de uma série de lojas junto à rua de Nossa senhora do Amparo e Pátio de Chon sau mas, ao invés de simplesmente as arrendar a comerciantes, fez mais do que isso: criou um novo distrito cultural que até tem um café macaense e uma pastelaria francesa. As lojas estarão totalmente abertas em maio

desta rua. Antes estava tudo degradado aqui e não havia nada. Também conhecemos algumas pessoas, e uma delas foi o Tommaso (manzoni, da loja murano Glass). Eles têm fantásticos produtos e então pensámos: “porque não?”, contou ao Hm.

“A maioria dos produtos que temos aqui estão ligados às indústrias criativas. Pensá-mos que poderíamos associar essa área ao imobiliário. De-finitivamente é um produto novo e foi por isso que deci-dimos apostar nisto. Nunca vimos ninguém a fazer algo como isto, talvez não a esta escala. Queríamos trazer algo novo, com cultura”, adiantou Duarte silvério.

Começar um projecto des-ta dimensão teve as suas difi-culdades, tal como a abertura de todas as lojas ao mesmo tempo, conta o responsável da Number 81. só em maio é que as nove lojas estarão todas abertas ao público.

Duarte silvério confessa que não quer ficar por aqui, uma vez que detém mais espaços nas ruas adjacentes. “Esta é apenas a fase 1, e queremos desenvolver a fase 2 nesta área. Ainda estamos a fazer a concepção de tudo, iremos ter talvez uma maior variedade (de espaços e pro-dutos)”, adiantou.

ROuPas, Cafés e CuLtuRaA entrada do pátio marca des-de logo a diferença, com duas figuras de cor vermelha que fazem lembrar o distrito 798 em Pequim. Depois, podem comprar-se mobílias contem-porâneas, roupas coreanas e até jantar num restaurante de cozinha de fusão. Portugal faz-se representar através do espaço KUsO, que será uma montra para o trabalho do artista mário Reis, na área da cerâmica. No meio das compras, pode experimentar--se as receitas da terra no café macaense sAB8, de sandra Niza Barros.

“Este espaço é baseado nas receitas da minha mãe e da mi-

A entrada do pátio marca desde logo a diferença, com duas figuras de cor vermelha que fazem lembrar o distrito 798 em Pequim

“Este projecto começou há cerca de um ano. somos a empresa Number 81 e este projecto começou há cerca de um ano. Pensámos que esta era uma localização central, histórica, e muito próxima de uma das maiores atrac-ções turísticas, que são as Ruínas de são Paulo. somos uma empresa de imobiliário e queríamos tirar partido

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11 eventoshoje macau segunda-feira 2.2.2015

Os CinCO na Casa em Ruínas • enid BlytonOs Cinco estão acampados perto de uma velha casa em ruínas. Quando a Ana ouve uns ruídos es-tranhos, à noite, ninguém acredita nela. Até que avistam umas luzes misteriosas. Estará a casa mesmo abandonada?

À venda na LivRaRia PORtuguesa Rua de s. dOmingOs 16-18 • teL: +853 28566442 | 28515915 • fax: +853 28378014 • [email protected]

é nataL! • vários autores É véspera de Natal e já deveria estar tudo pronto para a viagem… mas, pelos vistos, não está! O Pai Natal tem um problema. Relâmpago, uma das suas renas, está constipado! Como é que o Pai Natal vai conseguir entregar as prendas?

a nOite de nataL, ediçãO esPeCiaL • sophia de mello Breyner andresen, Jorge nesbittA consoada em casa de Joana é cheia de abundância e alegria. Contudo, a menina lembra-se do seu amigo manuel, que nem vai ter presentes nem uma mesa farta nessa noite tão espe-cial. Decide, por isso, ir ter com ele e dar-lhe o que recebeu. Guiada por uma estrela, Joana descobre, nessa noite, o verdadeiro Natal. Neste livro, sophia recria, de forma muito pessoal, dois contos tradicionais japoneses. Com «A árvore» e «O espelho ou o retrato vivo» somos transportados para o exotismo do Oriente, mas encontramos, como em tantas outras obras da autora, na primeira história, a valorização da natureza, da harmonia e do equilíbrio; na segunda, a importância dos laços familiares e das vivências afectivas.

“Sempre falamos da diversificação económica, mas até agora sabemos que isso não tem sido bem sucedido. Penso que este projecto pode ser um caso de estudo”Duarte Silvério

Macau teM Mais uM espaço cultural coM lojas junto às ruínas de são paulo

Nunca antes se viu uma rua assimO macaense Duarte silvério é proprietário de uma série de lojas junto à rua de Nossa senhora do Amparo e Pátio de Chon sau mas, ao invés de simplesmente as arrendar a comerciantes, fez mais do que isso: criou um novo distrito cultural que até tem um café macaense e uma pastelaria francesa. As lojas estarão totalmente abertas em maio

nha avó e esta é uma das ruas mais antigas de macau, então achei que seria interessante fazer este projecto”, contou ao Hm. O que diferencia este espaço de outros lugares de gastronomia macaense é, assegura, a qualidade e a sensação de se estar a comer algo genuíno.

“Todos os restaurantes macaenses têm diferentes pratos, mas tudo depende da qualidade do que é apresen-tado. Nós temos comida ca-seira e as receitas tradicionais macaenses.”

Para sandra Niza Barros, o mentor desta iniciativa é “um visionário”. “Ele (Duarte silvério) pensou em tudo e não apenas numa só loja. Não podemos encontrar nenhum sítio como este em macau e aqui é uma lugar onde as pessoas e os turistas podem desfrutar e que não vêem em mais lado nenhum. se formos às Ruínas de são Paulo só vemos lojas com biscoitos e de roupas. Aqui os turistas po-dem encontrar algo especial”, assegura.

Ainda sem as portas aber-tas, o sAB8 é, para já, um dos representantes das iniciativas locais, mas Duarte silvério garante que a ideia é dar a rua de Nossa senhora do Amparo e o pátio de Chôn sau aos artistas de macau.

“Ainda estamos em con-versações e não posso avan-çar já nomes. serão pessoas ligadas à pintura, artistas de graffiti, arte contemporânea. Temos este café macaense, o que é um bom começo. mas esperamos que no futuro possamos ter mais artistas de macau”, frisou.

Uns passos à frente do sAB8 está a loja de Tom-maso manzoni, a murano Glass. Esta é a primeira vez que a murano Company sai de itália, mais propriamente Veneza, para mostrar aos chineses os mais belos móveis trabalhados a vidro.

Tommaso manzoni, di-rector da empresa que há 30 anos opera neste ramo, acredita que, no início, será

preciso explicar ao turista a especificidade dos seus pro-dutos. “Talvez precisemos de tempo para os ensinar a gostar. Trouxemos as peças mais importantes que temos, de entre as peças de mobiliário de luxo que produzimos”, assegura o homem que quer entrar devagar no mercado asiático: primeiro macau, depois Hong Kong e mais tarde a China.

saindo da rua principal e descendo as escadas cheias de cores, podemos encontrar a Cacao Patisserie. Baptiste Brichon é o responsável pelas iguarias francesas que poderão ser provadas no pe-queno café. Este é o segundo espaço da Cacao Patisserie em macau, que já existe junto ao mercado vermelho.

“Conheci um amigo de macau que me disse que conhecia alguém que queria abrir um espaço como este. Cheguei em Novembro de 2013, abrimos o café em Julho e agora estamos aqui. Penso que não há muitos lugares onde se possa fazer isto. Estou contente que tenhamos a loja aqui”, contou ao Hm.

PúBLiCO está a ReagiR BemApesar da rua ainda estar a funcionar a meio gás, o certo é que muitas pessoas já passeavam neste espaço no sábado, um dia antes da abertura oficial, olhando cada detalhe de um projecto

cheio de pormenores. Duarte silvério garante que os objectivos estão a ser cumpridos.

“As lojas ainda não estão totalmente abertas, mas em ter-mos de vendas já temos resultados muito positivos. mesmo as pes-soas de macau, e até estrangeiros, todos dizem: “não fazia ideia que ma-cau tinha uma rua como esta”.

sendo uma empresa privada a fazer um projecto que vai de encontro às polí-ticas do Governo na área das indústrias culturais e criati-vas, Duarte silvério assegura que tudo está a ser feito pela Number 81 sem apoios público. Contudo, não descarta a hipótese de uma colaboração futura.

“Neste mo-mento estamos a fazer isto por nós, claro que se no futuro pudés-semos ter alguma colaboração com o Governo seria positivo. Queremos mostrar algo antes de entregar algum tipo de proposta”, explicou.

Para o proprietário da Number 81, projectos como o desta rua poderiam ser feitos noutros locais do território. “sempre falamos da diver-sificação económica, mas até agora sabemos que isso não tem sido bem sucedido. Penso que este projecto pode ser um caso de estudo. Em termos de economia, que-remos reinventar as velhas ruas de macau, espaços como este têm mui-to significado. Ma-cau é uma cidade com misturas de culturas e é isso que queremos fazer, mostrar variedade”, concluiu.

“Definitivamente é um produto

novo e foi por isso que

decidimos apostar nisto. Nunca vimos

ninguém a fazer algo como isto, talvez não

a esta escala. Queríamos trazer

algo novo, com cultura”

Duarte Silvério Proprietário da Number 81

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12 hoje macau segunda-feira 2.2.2015china

M ilhares de ma-nifestantes pró-de-mocracia foram on-tem às ruas de hong

Kong pela primeira vez desde as manifestações que paralisaram por dois meses, no Outono de 2014, bairros inteiros da antiga colónia britânica.

sacudindo os chapéus de chuva amarelos, que se tornaram o sím-bolo da campanha pela democracia em hong Kong, os manifestantes marcharam lentamente pelas ruas

na manifestação, muito abaixo dos 50 mil esperados pelos orga-nizadores.

a polícia declarou que havia cerca de 6.600 pessoas na mani-festação.

do centro da cidade para “reclamar por uma verdadeira eleição uni-versal” no sufrágio para escolher o chefe do governo local em 2017.

De acordo com a organização, 13 mil pessoas estiveram presentes

as autoridades estavam prontas para evitar qualquer tentativa de uma nova ocupação das ruas da cidade, mas nenhuma das organiza-ções pró-democracia manifestaram esta intenção.

“O evento foi menor do que o esperado, mas é errado dizer que a população de hong Kong cedeu diante de uma democracia de má qualidade”, disse Daisy Chan, uma das organizadoras da manifestação.

“Nós apenas queremos expres-sar a nossa frustração com o Gover-no de hong Kong”, disse ronnie Chang, um dos manifestantes.

“sabemos que não há muito a fazer, mas se ficarmos em silêncio, nada vai mudar”, acrescentou Chang.

a situação é tensa em hong Kong, onde a mais forte mobili-zação ocorreu no Outono passado, quando cerca de 100 mil pessoas se manifestaram por maior liberdade política.

a partir de setembro, bairros inteiros foram ocupados e con-frontos violentos opuseram os manifestantes e a polícia.

em Dezembro, as autoridades desmantelaram os acampamentos dos manifestantes.

A Presidente argentina, Cristina Kirchner, vai realizar, na esta semana, uma visita oficial à

China, a convite do seu homólogo chinês, Xi Jinping, anunciou sexta--feira uma porta-voz do Ministério dos Negócios estrangeiros da China.

a chefe de estado argentina chega na terça-feira a Pequim, onde irá man-ter, no dia seguinte, um encontro com o homólogo Xi Jinping, que antecede a assinatura de acordos bilaterais entre os dois países, num acto a ser presidido por ambos.

Os dois líderes estarão ainda juntos numa cerimónia de boas--vindas e num jantar oficial, indicou a porta-voz da diplomacia chinesa hua Chunying.

Já na quinta-feira, dia 05 de Fevereiro, Cristina Kirchner, vai reunir-se com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, e com o pre-sidente da assembleia Nacional Popular, acrescentou a mesma responsável.

a China “confere grande impor-tância” aos laços com a argentina e

espera que a visita constitua “uma oportunidade” para aprofundar a sua “amizade em vários campos e enriquecer o conteúdo” da sua rela-ção, realçou a porta-voz, citada pela agência noticiosa Efe.

PériPlo latinohua Chunying recordou a visita de Estado de Xi Jinping à Argentina, realizada em Julho do ano passado, no quadro do périplo pela américa latina que também o levou ao Brasil, à Venezuela e a Cuba.

Na altura, Buenos aires e Pequim acordaram expandir a sua relação para um nível estratégico, o que abriu, segundo realçou a porta-voz chinesa, “uma nova era” nos laços bilaterais.

segundo informações veicu-ladas na argentina, citadas pela agência noticiosa espanhola, Cris-tina Kirchner far-se-á acompanhar por uma comitiva de uma centena de empresários durante a visita à China com a qual vai procurar fechar investimentos chineses no país sul-americano.

O Governo chinês doou dez toneladas de arroz

às vítimas das cheias que assolam as províncias do centro e norte de Moçambi-que, anunciou sexta-feira o instituto Nacional de Gestão de Calamidades (iNGC).

“É mais um apoio para matar a fome, trazer saúde e minorar o sofrimento das populações afectadas. Nós vamos encaminhar o arroz aos necessitados nas províncias da Zambézia, de Nampula e do Niassa”, afir-mou o director-geral-adjunto do iNGC, Casimiro abreu, falando aos jornalistas na capital moçambicana.

a doação, simbolicamen-te realizada na quarta-feira em Maputo, foi executada através da Câmara de Co-mércio China-Moçambique, e contou com as presenças do presidente da entidade, Ma shuiyu, e do conselheiro económico da embaixada da China em Moçambique, Wang lipei.

ao mesmo tempo, as linhas aéreas de Moçam-bique (laM) colocaram à disposição do iNGC, em todos os voos entre Mapu-to e Quilimane, capital da Zambézia, a província mais afectada pelas cheias no país, capacidade para transportar duas toneladas de donativos para os afectados pelas en-xurradas.

segundo um comunica-do da transportadora aérea foi criado internamente um movimento de sensibilização para com os afectados pelas cheias em Moçambique e já foram reunidos e enviados para Quelimane vários dona-tivos, numa carga estimada em 500 quilos.

De acordo com o Ministé-rio da administração estatal e Função Pública, as cheias provocaram até terça-feira 117 mortos, dos quais 93 na Zambézia, afectando cerca de 150 mil pessoas e destruin-do 19 mil casas no centro e norte de Moçambique.

Dez toneladas de arroz para vítimas das cheias em Moçambique

Presidente argentina em visita oficial esta terça-feira

Kirchner com cem na comitiva

Hong Kong Milhares nas ruas por liberdade política

regresso pouco participadoOs protestos voltaram às ruas da ex-colónia britânica em nome do sufrágio universal. No entanto, os números ficaram muito aquém das expectativas da organização que previa a participação de cerca de 50 mil manifestantes

13.000pessoas estiveram presentes na

manifestação, segundo a organização

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hoje macau segunda-feira 2.2.2015 13 china

a construção de um par-que temático da Uni-

versal studios em Pequim, o sexto do género em todo o mundo, vai começar este ano, devendo ser concluída em 2019, informou ontem a agência Xinhua.

O projecto foi aprovado pela Comissão Nacional de Desenvolvimento e refor-ma da China, em setembro do ano passado.

O parque, que vai ocupar uma área de 20,2 milhões de metros quadrados de terreno no distrito de Tongzhou, nos subúrbios da capital

chinesa, deverá atrair um investimento global de 50 mil milhões de yuan, escre-ve a agência oficial chinesa.Prevê-se ainda a construção no interior do complexo de um hotel-resort temático – o primeiro a ser subordinado à Universal em todo o mundo.

segundo os ‘media’ locais, a empresa norte--americana introduziu “ele-mentos chineses” no plano para atrair mais turistas.

a intenção da Universal de erguer um parque temático em Pequim foi anunciada em 2009, altura em que a

empresa revelou que iria investir 10.000 milhões de yuan no projecto.

este valor representa metade do custo do parque da Disney em Xangai, cujas obras foram concluídas este ano, embora ainda não tenha sido avançada uma data para a inauguração.

Com os projectos da Dis-ney e da Universal, a China espera aumentar o número de turistas da metrópole financei-ra e da capital, face à quebra de visitantes devido à grave poluição e às dificuldades na obtenção de vistos.

a s autoridades da re-gião autónoma do Ti-

bete vão pagar recompensas de até 300.000 yuan por pistas sobre os “violentos ataques terroristas”, num esforço para “promover a estabilidade”, informou, este sábado, a agência ofi-cial chinesa.

O governo vai pagar compensações por pistas sobre “organizações ter-roristas internacionais e sobre as actividades dos seus membros no interior da China” e “alastramento do extremismo religioso”,

indicou a Xinhua, citando um documento publicado pelo departamento regional de segurança pública.

informações sobre “propaganda relacionada com terrorismo, aqueles que fabricam, vendem e detém armas, activistas que possam ajudar terro-ristas a cruzar as fronteiras nacionais e as actividades terroristas através da in-ternet” também são elegí-veis para as recompensas em causa.

as pistas podem ser transmitidas por telefone,

através de uma linha de emergência, ou pessoal-mente junto do departamen-to da polícia.

O valor das recompen-sas vai variar consoante a importância da informação facultada.

Pequim diz enfrentar uma grave e complexa luta contra o terrorismo, pelo que outras províncias e re-giões chinesas ofereceram recompensas idênticas por informações sobre o que as autoridades qualificam de crimes e suspeitos ter-roristas.

Tibete paga recompensa por pistas sobre “ataques terroristas”Pequim vai construir parque temático da Universal studios

Produção industrial da China contraiu-se em Janeiro a produção industrial da china contraiu-se em Janeiro pela primeira vez desde outubro de 2012, elevando a pressão sobre o abrandamento da segunda economia mundial. o purchasing Managers index (pMi), agora divulgado pelo Gabinete nacional de estatísticas da china, fixou-se em 49,8 pontos em Janeiro, contra 50,1 em dezembro. Quando o pMi, considerado um indicador-chave, se encontra acima dos 50 pontos, sugere uma expansão do sector, pelo que se situar abaixo dessa barreira pressupõe uma contracção em termos do nível de actividade.o valor de Janeiro traduz a primeira contracção em 27 meses. o hsbc indicou, no mês passado, que uma leitura preliminar do seu próprio pMi colocava o indicador em 49,8 em Janeiro, por oposição a 49,6 com que fechou o passado mês de dezembro. o banco britânico vai divulgar na segunda-feira os seus dados finais. o crescimento da economia chinesa em 2014 abrandou para 7,4%, registando o valor mais baixo em quase um quarto de século.

a s autoridades de edu-cação da China querem controlar a entrada de manuais importados

nas universidades chinesas de forma a reduzir a influência dos valores ocidentais entre os jovens, noticiou o jornal south China Morning Post.

De acordo com o diário de hong Kong, o ministro da educação Yuan Guiren instou as universidades a exercerem um controlo mais apertado sobre o uso de manuais importados, durante um simpósio, na quinta-feira, em que estiveram presentes os líderes das maiores instituições de ensino superior chinesas, como a Peking University e a Tsinghua University.

invocando uma directiva con-junta do Conselho de estado e do Gabinete Geral do Comité Central do Partido Comunista, Yuan disse que as universidades não devem permitir que livros que promovam valores ocidentais sejam utilizados nas aulas, noticiou a agência de notícias Xinhua.

Yuan lembrou que qualquer tipo de discurso que envergonhe os líderes do partido e o socialismo deve ser banido das salas de aula. Os professores também não devem mostrar descontentamento nas aulas de modo a evitar “transmitir emoções negativas para os seus estudantes”, acrescentou.

recomendaçõesNo início do mês, as universida-des chinesas foram aconselhadas

nos com os “valores correctos”. Ci-tado pelo jornal Ou Mun, li Gang lembrou a visita do Presidente Xi Jinping, em Dezembro, que subli-nhou a importância de promover a formação dos jovens, em especial no que toca ao patriotismo.

em Dezembro, foi noticiado que o Gabinete de apoio ao ensino superior (Gaes) de Macau estava a preparar linhas orientadoras para avaliar instituições ensino com base em critérios que incluem a adesão ao princípio “amar a China” e “amar Macau” - esta avaliação iria determinar, entre outros factores, a atribuição de financiamento.

nuais marxistas, informaram as autoridades.

em Macau, o director do Ga-binete de ligação do Governo Central, li Gang, apelou, visita esta semana a uma escola, a que se “reforce a educação sobre a cultura chinesa”, de modo a formar os alu-

a intensificar a propaganda e o ensino do marxismo e socialis-mo chinês para garantir que tais valores “entram na cabeça dos estudantes”, lembra o jornal de hong Kong.

Os institutos seriam avaliados de acordo com o recurso a ma-

universidades QuereM banir Manuais Que proMoveM valores ocidentais

a importância de ser socialista

As universidades chinesas foram aconselhadas a intensificar a propaganda e o ensino do marxismo e socialismo chinês para garantir que tais valores “entram na cabeça dos estudantes”

Do encontro em que estiveram presentes alguns dos líderes das maiores instituições de ensino chinesas saíram recomendações para o reforço dos valores do marxismo e do socialismo chinês

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14 hoje macau segunda-feira 2.2.2015

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José simões morais

A Restauração da Independên-cia de Portugal deu-se a 1 de Dezembro de 1640, mas Macau apenas dela soube

oficialmente por António Fialho Fer-reira em 31 de Maio de 1642.

Foram vários os motivos que con-gregaram os portugueses numa acção para tentar fugir do jugo espanhol. O Rei Filipe III de Portugal entre 1621 a 1640 (Filipe IV, rei de Espanha entre 1621 a 1665) aumentara ainda mais os altos impostos devido às necessidades financeiras para suportar as várias guer-ras, as famílias nobres e da alta burguesia portuguesa já não tinham voz na corte e os portos portugueses de além-mar estavam um a um a ser ocupados pelos holandeses e ingleses, sem que fosse possível fazer algo.

Perante tal cenário, quando ao oi-tavo Duque de Bragança, D. João, lhe foi ordenado organizar um exército para ir combater contra a Catalunha revoltada, a lutar também pela inde-pendência, deu-se a oportunidade de, aproveitando as tropas de Castela se encontrarem para aí concentradas, aclamar Rei de Portugal o Duque de Bragança. Assim subiu ao trono D. João IV (1640-56), mas não foi fácil sair do domínio espanhol já que essa guerra da Restauração da Independência durou aproximadamente trinta anos, muito para além da vida do primeiro rei da quarta dinastia portuguesa.

Os portugueses, vencendo em 1668 a Batalha de Montes Claros, conseguiram por fim ver reconhecida a sua indepen-dência, assinada no Tratado de Lisboa entre dois novos reis, Afonso VI (1656-67) de Portugal e Carlos II (1665-1700) de Espanha. Mas Ceuta não foi devolvida a Portugal.

Pior acontecera logo após o grito de aclamação de D. João IV. Os por-tugueses informaram os holandeses da sua proclamação de Independência e então celebraram com eles uma trégua, pois ambos estavam também em guerra para conseguirem sair do domínio es-panhol. Mesmo assim, aproveitaram os holandeses para continuar a conquistar as praças portuguesas, como foi o caso do Ceilão e Malaca.

Só em 1661 se realizou em Haia um acordo de paz entre os portugueses e ho-landeses. Ficando na posse do que tinham conquistado na Ásia aos portugueses, os holandeses ainda receberam toneladas de

RESSONÂNCIAS NA RESTAURAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA

ouro pela entrega à soberania portuguesa das suas partes no Nordeste brasileiro.

EspErando ajuda E rEconhEcimEnto

Foi ainda no ano de 1661, que Portugal deu Tânger, no Norte de África e Bom-baim, na costa indiana do Mar Arábico, como dote de casamento da princesa D. Catarina de Portugal ao Rei Charles II de Inglaterra. Pretendia-se ajuda contra os holandeses e suster os próprios ingle-ses, que também depredavam o Império Português do Oriente. Foi o caso da participação da frota inglesa ao lado do Emir persa Shah Abbas I, ajudando-o a conquistar a Praça de Ormuz em 1622. Aos ingleses apenas lhes interessava conquistar as posições portuguesas no comércio e para a Companhia Britâni-ca das Índias Orientais, as regalias nos portos como a que conseguira do Emir Sefévida (Safávida) da Pérsia, que os isentara de impostos.

Portugal atravessou o período entre 1640 a 1668 muito debilitado pela pro-longada guerra de independência, que lhe retirava muitos dos recursos huma-nos tão necessários para a sustentação do território ultramarino. De longe, ia assistindo impotente ao desfazer do seu Império Marítimo no Oriente, com a perda de muitas naus e portos, e a ser substituído pela Companhia Britânica das Índias Orientais e Companhia das Índias Orientais Holandesas (Vereeinid-gde Oostindiche Compagnie).

Também a Santa Sé tardava em reco-nhecer Portugal como país independen-te. Escreveu Cónego Francisco Xavier Vás: “Após a restauração, em 1640 veio a rotura das relações diplomáticas entre as Cortes de Roma e de Lisboa. Sob a pressão do governo espanhol, a Santa Sé não quis reconhecer a independência de Portugal e os seus reis, D. João IV e sucessores; e desta maneira, deixou de confirmar os prelados apresentados por estes para as dioceses do Padroado. Durou muitos anos esta situação, cujo resultado - mas não pela culpa do Pa-droado - foi o de ficarem vagas todas as dioceses, que constituíam a Província Eclesiástica de Goa, e desprovidas do

número necessário de missionários portugueses as cristandades. A Propa-ganda enviou-lhes, pois, directamente missionários estrangeiros, que tomaram posse de muitas igrejas do Padroado. Datam daqui as lutas escandalosas e desedificantes entre a Propaganda e o Padroado.” Devido ao enfraquecimento dos monarcas portugueses, a Santa Sé criou a Congregação De Propaganda Fide.

o porto dE manila nas Filipinas

No ano anterior à Restauração da In-dependência em Portugal de 1640, o comércio de Macau tinha acabado de perder a árvore das patacas, represen-tada no Trato português da seda, vinda de Cantão e trocada por prata japonesa, com lucros fabulosos. Com o fim desse comércio com o Japão, os portugueses tiveram que rumar para outros mercados e Manila foi a solução.

Manila, nas Filipinas, fora conquista-da aos locais pelos espanhóis em 1574 e rapidamente se transformou “num empório de atracção comercial para a Grande China, o Sião, o Camboja, o Bornéu, o Japão e as Molucas.” E con-tinuando com Benjamim Videira Pires: “Chegavam cada ano a Manila trinta ou quarenta juncos de Cantão, Chincheu e Foochow. Partiam da China na Lua Nova de Março e regressavam a Manila antes da época dos tufões - fins de Maio, ou princípios de Junho.” “Era intenso, na primeira década do século XVII, o comércio indirecto entre Macau e Ma-nila, através de Nagasáqui, de Malaca e da Índia Portuguesa, pois aos navios portugueses não se cobravam direitos nas Filipinas.”

Filipe I de Portugal em 1583 reco-nhecera aos portugueses, o exclusivo do comércio com a Índia e em todas as outras praças dos antigos domínios portugueses, e poderem livremente comerciar com Espanha, Peru e Mani-la. Depois, por decreto real de 1594, proibiu o comércio entre as Filipinas e a China e no ano seguinte, pedia o Rei ao Vice-Rei para interditar o acesso dos espanhóis ao comércio reservado aos seus vassalos portugueses de Macau.

Os macaenses, com os direitos ad-quiridos pelos portugueses em 1583 e estando os espanhóis de Manila interdi-tos de comerciarem em Macau, ficaram com o exclusivo dessas viagens. Por isso

No aNo aNterior à restauração da iNdepeNdêNcia em portugal de 1640, o comércio de macau tiNha acabado de perder a árvore das patacas, represeNtada No trato português da seda, viNda de caNtão e trocada por prata japoNesa, com lucros fabulosos

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15 artes, letras e ideiashoje macau segunda-feira 2.2.2015

“era iNteNso, Na primeira década do século Xvii, o comércio iNdirecto eNtre macau e maNila, através de Nagasáqui, de malaca e da ÍNdia portuguesa, pois aos Navios portugueses Não se cobravam direitos Nas filipiNas”

não é de estranhar terem os portugueses na cidade de Manila em 1606 fundado a Misericórdia e por volta do ano de 1640, Macau ter aí três Procuradores, para tratar de algumas utilidades do comércio.

“No galeão anual de Acapulco che-gavam a Manila os produtos da América espanhola, sobretudo oiro e prata. De Manila, transbordavam-se para os bar-cos de Macau esses metais preciosos e os produtos das Filipinas (açúcar, arroz, chocolate, cera, cordame ou abaca, nácar de conchas para persianas das janelas e frutas tropicais), em permuta das sedas, tafetá, brocados, porcela-nas, bronzes, jades e outras rarezas da China e dos tecidos do Guzerate, de Cambaia e de Caxemira, na Índia. Em Acapulco, cobravam-se dez por cento às mercadorias oriundas da China, que eram depois transportadas para Sevi-lha. Durou esta carreira das Filipinas desde 1565 até 1815” e tardava entre três (com bons ventos) a oito meses. E continuando com Benjamim V. Pires: Manila, na primeira década do século XVII, “transbordava de comerciantes e imigrantes estrangeiros: chineses sem conta, japoneses, índios orien-tais, malaqueiros e javaneses, muitos portugueses, franceses, prisioneiros holandeses, flamengos, italianos, gregos e sicilianos, naturais de várias ilhas, tribos e línguas limítrofes, espanhóis (mulheres e homens).”

“Efectivamente, estimulado pelos capitães-generais desde 1623, com a conivência dos sucessivos vice-reis, o comércio de Macau com Manila foi sancionado, com relutância, pela Corte, em 1629, voltando esta, porém, em breve, às suas antigas proibições.” Filipe IV tomou conhecimento de o Vice-Rei da Índia ter vendido as viagens a Lopo Sarmento e então, em 1632, deu ordem régia para não mais tal acontecer, tendo no ano de 1634 ficado banido o tráfico entre Macau e Manila.

Mas o comércio entre Macau e Ma-nila durou até 1642, quando de novo fechou, aproveitando as gentes de Fujian para inundar de seda as Filipinas.

comErciantEs dE macau

O Japão sobre si se fechara, proibindo definitivamente em 1639 os estrangei-ros de aí irem, nem mesmo para comer-cializar. Desde 1631, os chineses como piratas, por desobedecerem às ordens imperiais, iam ao Japão carregados de seda e perante tal cenário, em 12 de Julho de 1644 ficou resolvido arriscar e enviar em embarcações chinesas para o Japão alguns caixões de mercadorias, guardadas no Seminário e que esta-vam a estragar-se. Assim nesse ano e nos seguintes, com a colaboração das embarcações do pirata chinês Nicolau Iquan, foram transportadas à consig-nação para Nagasáqui as fazendas dos macaenses.

Por outro lado, com a perda de Malaca para os holandeses em Janeiro de 1641, depois de uma longa e devas-tadora guerra, os portugueses ficaram na sua rota marítima com um grande entrave na passagem dos barcos do Oceano Índico para o Pacífico. Des-de 1602 os holandeses dominavam o

Estreito de Sunda e passavam assim a controlar também o Estreito de Malaca. Os portugueses perdiam mais um dos seus três portos chave planeados por Afonso de Albuquerque, que corro-boravam com os usados séculos antes pelos chineses.

Valeram as muitas famílias católicas de Malaca que se foram refugiar em Macassar, nas Ilhas Celebes, acima das ilhas das Flores e Solor, onde continuaram os seus negócios. Como comunidade mercantil desenvolveu-se pelo comércio das especiarias, sendo a população católica assistida por

franciscanos, jesuítas e dominicanos. Assim Macassar veio substituir o porto de Malaca e isolada, tal como Macau, entre as duas cidades foi activada uma rota, que muito bom lucro deu aos macaenses.

Para além do porto de Macassar, os barcos de Macau iam ainda comerciar aos portos das ilhas de Timor, Solor e Flores e a Manila, que se encontrava florescente.

Com a Restauração da Indepen-dência de Portugal ficou fechado o comércio de Macau com Manila, si-tuação que não era propriamente nova já que, no período filipino ocorriam também constantes interdições oficiais mas, como sempre, eram torneadas. A 7 de Janeiro de 1634, Filipe IV de Espanha banira o tráfico entre Macau e Manila, mas essas ordens provenientes desde Madrid não foram cumpridas e assim continuou o lucrativo comércio entre ambas as cidades. No entanto, os lucros não atingiam a fortuna que o Japão dera.

Para ajudar a tornar a situação de Macau mais preocupante, a 11 de Junho de 1640, o governo chinês proibiu os portugueses de irem negociar em Cantão. Condições mais adversas não se poderiam encontrar.

para ajudar a torNar a situação de macau mais preocupaNte, a 11 de juNho de 1640, o goverNo chiNês proibiu os portugueses de irem Negociar em caNtão. coNdições mais adversas Não se poderiam eNcoNtrar

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16 desporto hoje macau segunda-feira 2.2.2015

Num tu cá, tu lá permanente, Ka I e Chao Pak Kei mostraram pormenores interessantes no jogo de maior nomeada da 3.ª jornada. Levaram a melhor os comandados de Josecler Filho que bem pode se dar por satisfeito por ter no plantel um belo extremo-direito

Gonçalo lobo [email protected]

t arde fria no estádio da Universidade de Ciências e Tecnologia (MUST) para acolher o jogo grande da

terceira jornada da Liga de elite entre o Windsor arch Ka I e o líder Chao Pak Kei, com a vitória a sorrir aos primeiros por 2-1.

Jogo de toada morna, quase sempre equilibrado, mostrou um Ka I com mais perigo na primeira parte do encontro. roni Silva, Taylor Gomes e Samuel ramosoeu faziam as honras dos comandados de Josecler Filho, ainda acompa-nhados por um intermitente Bruno Martinho que acabaria por ficar nas cabines ao intervalo por troca com alison Brito.

ataques de parte a parte, Ka I e Chao Pak Kei proporciona-ram alguns momentos de futebol interessante. do lado dos azuis, diego Patriota e Bruno Figueiredo mostraram-se sempre inconforma-dos e ronald Cabrera, na defesa, não deixava passar nada por si.

Mesmo assim, e muito cedo no encontro, o Ka I acabou por chegar ao golo através de Taylor Gomes, a nosso ver o homem do jogo que nunca virou a cara à luta no flanco direito nem tampouco se esquivou a ajudar os colegas em missões mais defensivas. aliás, o extremo acabou por ter outras oportunida-des para dilatar o marcador mas não conseguiu desfeitear as redes do Chao Pak Kei, pouco guardadas na tarde de sábado por Fong Chi Hang.

O jogo chegou ao intervalo sem muito mais história. a vitória, mesmo com o encontro equilibra-do, caia bem ao Ka I uma vez que, durante o primeiro tempo, foi a equipa cujas jogadas de ataque surtiram mais perigo. esteve mais perto o Ka I do segundo golo do que o Chao Pak Kei da igualdade.

Uma história diferentea segunda parte traria uma histó-ria diferente, mas não sem antes o médio Samuel ramosoeu ter aumentado a contagem para o Ka I, aos 47 minutos, em mais uma jogada de ataque. ramosoeu – que esteve para não fazer parte do plantel comandado pelo brasileiro Josecler Filho -, entrou de estaca na equipa titular que defrontou o Chao Pak Kei, manobra bem no meio-campo e revela-se um joga-dor importante para as aspirações dos vermelhos e brancos, que vêm o título a fugir-lhes das mãos há dois anos.

Contudo, o segundo golo do Ka I acabou por ter o condão de acordar o adversário. Comandados

por Bruno Figueiredo e diego Pa-triota, o Chao Pak Kei agigantou--se e começou a levar o Ka I mais atrás no seu jogo. Por mais de 20 minutos, os azuis dominaram a seu bel-prazer sem, no entanto, con-

seguir marcar qualquer golo que poderia deixá-los mais à vontade para outros voos.

aliás, nesse domínio do Chao Pak Kei, o Ka I acaba por ganhar uma grande penalidade, quanto a nós algo duvidosa, que Christopher Nwaorou falha enviando a bola muito por cima da trave.

O tão almejado golo do CPK só apareceu aos 75 minutos, marcado pelo avançado Leong Tak Wai, entrado no decorrer da segunda parte, depois de alguma apatia na

defesa do Ka I, onde nem César, nem alex conseguiram dominar o adversário. O guarda-redes Ba-tista ainda defendeu um primeiro remate mas nada podia fazer para parar o segundo.

O golo surgiu tarde mas ajudou ainda mais a manter a esperança. Até ao final, particamente só deu Chao Pak Kei. O Ka I defendeu com mestria a diferença no mar-cador e ainda viu o seu jogador Christopher Nwaorou expulso, por acumulação de cartões amarelos, depois de uma agressão infantil ao defesa ronald Cabrera. O árbitro do encontro, que teve uma actuação intermitente e sem chama, acabou por não ter qualquer influência no resultado final.

Ka i ainda procUra onzeNo final do encontro, o treinador Josecler Filho mostrou-se satis-feito com resultado mas ainda descontente com a exibição da equipa. “em futebol não jogos fáceis. Nós sabíamos que não iria ser um jogo fácil mas mesmo assim entrámos a dormir. a nossa sorte acabou por ser o golo ma-drugador do Taylor. a vitória foi muito importante. Sofremos um pouco mas estamos aí para o que der e vier.”

O treinador do Ka I ainda anda em fase de experiências e, como tal, releva uma prestação menos conse-guida. “ainda não consegui meter os jogadores nas suas posições mas aos poucos vamos ganhando uma forma de jogo. estou a ver quem é quem e a montar o meu onze ideal.”

do lado do Chao Pak Kei, o médio Bruno Figueiredo lembra “10 minutos de bom futebol na primeira parte” mas depois a apatia veio ao de cima. “entrámos no jogo deles de bolas longas, e por aí as coisas não correram bem.”

O brasileiro, que considera que o resultado justo seria o em-pate, acusa o árbitro de não ter visto uma falta que precedeu o primeiro golo deles. “No primeiro golo do Ka I, existe claramente uma falta sobre um jogador nosso que até foi empurrado para a pista de tartan.”

apesar de um melhor desempe-nho na segunda metade do encon-tro, Bruno Figueiredo mostra-se conformado com o resultado lem-brando que os jogadores “lutaram e mostraram ser merecedores de outra sorte”. “aprendemos com a derrota e vamos voltar a crescer no decurso do campeonato.”

Liga de eLite 2015 Ka I vence chao PaK KeI com destaque Para um jogador

taylor gomes e mais dezRESULTADOS3.ª Jornada

Benfica 2 – 0 Lai chi

chuac Lun 1 – 8 sporting

Ka i 2 – 1 chao pak Kei

polícia 0 – 1 monte carlo

sub-23 0 – 1 c. portugal

“Sofremos um pouco mas estamos aí para o que der e vier”JosecLer FiLho treinador do Ka i

Gonç

alo

lobo

Pin

heir

o

Gonç

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lobo

Pin

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CLASSIFICAÇÃO

J V e d Gm-Gs p

1. monte carlo 3 3 0 0 6-1 9

2. Benfica 3 2 1 0 5-2 7

3. Ka i 3 2 0 1 9-4 6

4. chao pak Kei 3 2 0 1 12-3 6

5. sporting 3 1 2 0 9-2 5

6. Lai chi 3 1 1 1 2-3 4

7. casa de portugal 3 1 0 2 2-8 3

8. sub-23 3 0 1 2 1-2 1

9. polícia 3 0 1 2 0-2 1

10. chuac Lun 3 0 0 3 2-20 0

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17hoje macau segunda-feira 2.2.2015 (F)utilidadestempo muito nublado min 13 max 20 hum 60-90% • euro 9 .0 baht 0 .2 yuan 1 .3

O que fazer esta semana?

João Corvo

Aconteceu Hoje 2 de Fevereiro

U m D i s c o H o j e

Um povo, nenhuma nação.

Frederik de Klerk declara o fracasso do Apartheid• Corria o ano de 1990 quando, a 2 de Fevereiro, Frederik de Klerk, presidente da África do Sul, declara que o Apartheid fracassara. Na abertura de sessão legislativa, no parlamento sul-africano, de Klerk anuncia também que as proibições aos partidos políticos, incluindo o ANC, são retiradas.o Apartheid, que imperou entre 1948 a 1994 na África do Sul, é declarado um fracasso e começa a ruir. É uma vitória de Nelson Mandela – uma das principais figuras da oposição a este regime de segregação racial.Neste dia 2 de Fevereiro, em 1509, dá-se a Batalha de diu, entre portugueses e uma aliança muçulmana. Já em 1542, uma expedição levada a cabo por 50 homens, liderada por Francisco de orellana, descobre o rio Amazonas.os governos de Buenos Aires e inglaterra firmam, a 2 de Fevereiro de 1825, um tratado contra o tráfico de escravos. e em 1913 é inaugurada em Nova iorque a maior estação ferroviária do mundo.Já em 1959, indira Gandhi é nomeada presidente do Partido do Congresso da Índia e nas artes chega ao fim a série ‘Star Trek: enterprise’, a 2 de Fevereiro de 2005.Nasceram neste dia damião de Góis, humanista e histo-riador português (1502), João César Monteiro, cineasta português (1939), e Shakira, cantora colombiana (1977).A 2 de Fevereiro assinala-se a morte de António Cordeiro, sacerdote católico e historiador açoriano (1722), e rosa Lobato Faria, escritora e actriz portuguesa (2010).Celebra-se a 2 de Fevereiro o dia Mundial das Zonas Húmidas

• AmanhãMAeSTro JAMeS CuddeFord APreSeNTA NoiTe de MúSiCA FoLKClube Fringe, Hong Kong, a partir das 19hBilhetes a partir dos 90 dólares de Hong Kong

iNAuGurAção dA exPoSição de PiNTurA do CASAL ZHANG ZHoNG HuAN e deNG Fei Centro uNeSCo de Macau, 18h30entrada livre

• Quarta-feiraCoNCerTo ‘ode à HuMANidAde’, CoM MAiS de 100 CoriSTASvenetian Theatre, 19h45Bilhetes à venda por 100 e 200 patacas

• Sexta-feira APreSeNTAção de doCuMeNTÁrio BBC PLANeTA TerrA, CoM CoNCerTo Ao vivo dA FiLArMóNiCA de HoNG KoNGCentro Cultural de Hong Kong, Tsim Sha Tsui, a partir das 20hBilhetes entre os 140 e os 360 dólares de Hong Kong

• diariamenteexPoSição “PoNTo de PArTidA: PiNTurAS de deNNiS MurreL e doS SeuS ArTiSTAS” (ATÉ 31/01)Fundação rui Cunha, 18h30entrada livre

exPoSição de SâNdALo verMeLHo (ATÉ 22/03)MGM resortentrada livre

exPoSição de PiNTurA “KoreAN ArT”, CoM oH YouNG SooK e KiM YeoN oK (ATÉ 15/02)Galeria iao Hinentrada livre

exPoSição de deSiGN de CArTAZeS “v•x•xv:” (oBrAS de 1999, 2004 e 2009) [ATÉ 15/03]Museu da Transferência da Soberania de Macau, 10h00 às 19h00entrada livre

“SeLF/uNSeLF” – exPoSição de TrABALHoS de ArTiSTAS HoLANdeSeS (ATÉ 15 de MArço)CeNTro de deSiGN de MACAuentrada livre

reTrAToS A óLeo doS SÉCuLoS xix e xx: CoLeCção do MuSeu de ArTe de MACAuMuseu de Arte de Macau, das 10h às 19h (até 31/12)entrada livre

iLuSTrAçõeS PArA CALeNdÁrio, de GuAN HuiNoNG (ATÉ 10/05)Museu de Arte de Macau, das 10h às 19hentrada livre

“BeYoNd THe SurFACe” de Mio PANG Fei (de 04/02 A 01/03)Albergue SCM, das 12h às 20hentrada livre

“A BAndA mAis BonitA dA cidAde”(o mAis Feliz dA vidA, 2013)

Um pequeno grupo que em 2009 viu um dos seus vídeos lançados na internet tornar-se viral. “oração” foi a rampa de lançamento daquela que é ‘A Banda mais Bonita da cidade’, conduzida pela doce voz de Uyara Torrente. Foi através de crowdfunding que o grupo conseguiu financiamento para gravar o seu primeiro disco, e tudo aconteceu depois. “o mais feliz da vida” nasce em 2013, brindando o auditório com 11 músicas de reflexão sobre as etapas da vida, alegrias, fracassos, supe-rações e o fim. - Filipa Araújo

c i n e m ACineteatro

Sala 1Blackhat [c]um filme de: Michael MannCom: Chris Hemsworth, viola davis, Tang Wei, Wang Leehom14.15, 16.45, 19.15, 21.45

Sala 2nightcrawler [c]um filme de: dan Gilroy

Com: Jake, Gyllenhaal, rene russo, riz Ahmed, Bill Paxton14.30, 16.45, 19.15, 21.30

Sala 3american Spiner [c]um filme de: Clint eastwoodCom: Bradley Cooper, Sienna Miller14.15, 16.45, 19.15, 21.45

NiGHTCrAWLer

fonte da inveja

Page 18: Hoje Macau 2 FEV 2015 #3264

18 opinião hoje macau segunda-feira 2.2.2015

O Índice de Liberdade Económica (Index of Economic Freedom ou IEF) para o ano de 2014 foi publicado no dia 29 de Janeiro deste ano. Hong Kong foi mais uma vez classificado, entre 186 cidades mundiais, como o território que mais protege

a liberdade dos indivíduos em perseguirem os seus próprios interesses económicos, o que, por sua vez, se traduz numa crescente prosperidade para todos os envolvidos.

Contudo, esta boa notícia não trouxe grande felicidade aos residentes de Hong Kong, que cedo descobriram outras reve-lações não dignas de celebração. Em pri-meiro lugar, a sua posição no IEF desceu em relação ao ano passado, visto a cidade ter obtido uma pontuação de 90.1 em 2013 e apenas 9.4 em 2014. Em segundo lugar, um dos componentes deste índice abrange um indicador de “isenção de corrupção”. Também nesta categoria, a pontuação baixou de 82.3 valores para 75.

Este índice é redigido todos os anos, tendo sido criado pela “The Heritage Foundation” e pelo “The Wall Street Jour-nal” em 1995, com a intenção de medir o grau de liberdade económica em todas as nações do mundo. Ao mesmo tempo, indica a quantidade de protecção oferecida a indivíduos na procura dos seus interesses económicos, o que, por sua vez, permite índices maiores de prosperidade a toda a sociedade.

*Professor Associadono Instituto Politécnico de Macau

Índice de Liberdade EconómicaO IEF é composto por 10 indicadores

diferentes, sendo possível uma pontuação máxima de 100 valores em cada um. A pontuação de Hong Kong em cada indicador foi a seguinte em 2013:

Indicador PontuaçãoDireitos de Propriedade 90Isenção de Corrupção 82.3Isenção Fiscal 93Despesas Públicas 89.7Liberdade Empresarial 98.9Liberdade Sindical 95.5Liberdade Monetária 82Comércio Livre 90Liberdade de Investimentos 90Liberdade Financeira 90Despesas Públicas (% PIB) 18.5Pontuação Total em 2013 89.6

A pontuação total foi por sua vez dividida em cinco classes diferentes:

Classe PontuaçãoLivre 80-100Geralmente livre 70-79.9Moderadamente livre 60-69.9Geralmente não-livre 50-50.9Reprimida 0-49.9

Visto o território de Hong Kong ter rece-bido uma pontuação total de 89.9 valores, foi classificado como sendo “livre”. Assim, esta cidade tem toda a liberdade necessária para conduzir os seus negócios, o que se torna evidente ao observar o contínuo crescimento económico e a subsequente prosperidade.

A maior parte dos inquéritos indica que Hong Kong é uma das melhores plataformas a nível mundial para companhias estrangeiras entrarem no mercado chinês

Na classe dedicada à “isenção de corrup-ção”, quanto maior fosse o índice total de cor-rupção mais baixa seria a liberdade económica no geral. Assim, a pontuação de Hong Kong foi negativamente influenciada por este factor.

Quando responderam às perguntas sobre a corrupção em Hong Kong, o ICAC (CCAC), ou departamento anti-corrupção da RAEHK, salientou que o IEF baseou as suas asserções em opiniões de indivíduos privados, o que fazia com que o índice apenas exprimisse a opinião de privados sobre a corrupção no território. Tendo em conta que a cidade havia recentemente presenciado um grande caso de corrupção, envolvendo homens de negócios proeminentes e alguns ex-funcionários públi-cos de relevo, a imagem do território poderia assim ter sido negativamente influenciada. Mesmo assim, este caso singular não era indicador da realidade de Hong Kong em matéria de corrupção.

Tendo analisado o IEF para o ano de 2014 e atendendo às respostas do Governo da RAEHK, podemos afirmar que o desempe-nho do território neste índice foi pior do que

no ano anterior. Isto indica que a liberdade económica, assim como o crescimento e a prosperidade diminuíram no ano transacto. Um dos factores mais importantes nesta consideração foi a corrupção. Analisando o site do ICAC de Hong Kong, podemos encontrar os seguintes dados importantes:

Número de casos de corrupcção processados:

Janeiro-Junho 2013 115

Janeiro-Junho 2014 101

Mudança -12%

Não conseguimos descobrir na internet os dados sobre corrupção referentes ao período compreendido entre Julho e Dezembro de 2014. Mas, de acordo com as estatísticas para a primeira metade do ano, podemos descobrir que os casos de corrupção trazidos a tribunal foram mais ou menos iguais tanto em 2013 como em 2014. Assim sendo, po-demos considerar a resposta das autoridades aceitável, tendo em conta que o território havia recentemente enfrentado o seu mais famoso caso de corrupção e que, por isso, toda a população estava preocupada com esta matéria.

Como todos sabemos, Donald Tsang, o antigo Chefe do Executivo, ainda está a ser investigado por corrupção, estando o ICAC a investigar este caso há mais de três anos. Independentemente do resultado final, seria desejável que as autoridades resolvessem este caso com a maior brevidade possível. Isto faria com que os cidadãos locais voltas-sem a confiar no sistema legal do território e ajudaria a demonstrar a situação real de Hong Kong em termos de corrupção.

A maior parte dos inquéritos indica que Hong Kong é uma das melhores plataformas a nível mundial para companhias estrangei-ras entrarem no mercado chinês. Além disso, o yuan começa agora a ser transaccionado em Hong Kong, mas também em outras regiões. Isto faz com que os méritos da RAEHK como plataforma para a China diminuam, especialmente se a cidade não conseguir resolver os seus problemas de corrupção.

Os crimes de corrupção são prejudiciais para a sociedade mesmo se nos depararmos apenas com um caso insólito. O artigo 47 da Lei Básica da RAEHK requer que o Chefe do Executivo de Hong Kong seja uma pessoa com integridade. Quando este assume as suas funções, encontra--se obrigado a revelar os seus bens pessoais ao Presidente do Tribunal de Última Instância. Mas a legislação local não contém legislação especial para lidar com casos de corrupção que envolvam o seu dirigente máximo. Esta é talvez uma boa altura para a RAEHK considerar im-plementar leis para o efeito.

macau v is to de hong kongDaviD Chan*[email protected] • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog

cartoon por Stephff

Page 19: Hoje Macau 2 FEV 2015 #3264

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19 opiniãohoje macau segunda-feira 2.2.2015

P ASSOU uma semana desde que o Syriza ganhou as eleições na Grécia, quase com maioria absoluta, com um programa anti-troika e anti-austeritário, logo a seguir aliou-se com outro partido nacionalista e anti-troika, e no dia seguinte o seu líder visitou um memorial dos fuzilados na guerra contra a

ocupação alemã, negociou com o Arcebispo Ieronymos de Atenas uma dupla cerimónia de juramento do governo grego, uma laica para os ministros ateus ou agnósticos e outra religiosa para os ministros cristãos, e ainda não pôs gravata. E começou a tempesta-de europeia, abrindo caminho a políticas distintas das dos últimos anos impostas pela Alemanha. Espero que tudo termine em bem para os gregos e que isso ajude a mudar a Europa que bem precisa. Para que haja contágio.

Se eu quiser descrever o que se passou de outra forma posso fazê-lo. Passou uma semana desde que um partido radical da extrema-esquerda ganhou as eleições na Grécia, mas não conseguiu a maioria abso-luta, com um programa que quer a Grécia a mandriar e os gregos na boa vida, e os outros países da Europa a pagar a factura, logo a seguir aliou-se com um partido de extrema-direita, à direita do CDS, foi homenagear os guerrilheiros comunistas, e rompeu as obrigações que tinha com a Constituição grega, que definem a Grécia como tendo uma religião de estado, e com um primeiro-ministro que é mal-educado e não sabe vestir a roupa própria para cerimónias protocolares. E começou a tempestade grega, com os gregos a irem provar o fel de terem escolhido uns energúmenos demagogos para se governarem. Desejo que tudo se faça para que a “minha” política alemã “inevitável”, “sem alternativa”, não venha a ser posta em causa e que os gregos paguem duramente o preço da sua aventura, para que tudo continue na mesma. Para que haja vacina.

Basta comparar estas duas versões, para se perceber o grau de radicalização que hoje implica mudar, na Europa, como se as rela-ções de poder tivessem ficado congeladas num momento da história recente e ninguém quisesse partir essa redoma de gelo. E foi mesmo isso que aconteceu. De há uns anos para cá, ou melhor desde que a Alemanha abriu a crise das dívidas soberanas, que é uma “construção” política artificial, esco-lhida, desejada e desencadeada, lançada às feras dos mercados, de natureza muito diferente da crise bancária suscitada pelos activos tóxicos e pela derrocada do Lehman Brothers, que a mudança parecia impossível. Num pequeno espaço de tempo, a União

o espectro que assola a Europa

Europeia ensaiou uma resposta keynesiana, de injectar dinheiro nas economias para impedir que a crise bancária fizesse estra-gos consideráveis numa Europa sob assalto tóxico, seguida de imediato de um travão a fundo e do prosseguimento de duras políticas austeritárias, escolhendo uma linguagem punitiva para apontar os alvos. Começou pela Grécia e depois foi Portugal, esteve para ser a Espanha e a Itália.

Estava tudo bem nesses países? Não, não estava nada bem, mas a abertura artificial da “crise das dívidas soberanas” tornou tudo pior, porque impediu de imediato que esses países acedessem aos mercados e tornou-nos dependentes das políticas que levaram à troika. A relação de causa efeito não é entre os descalabros orçamentais e as dívidas cada vez mais altas desses países e os “resgates”, mas entre a criação de um novo tipo de crise com as dívidas soberanas dos estados, que infectaram os mercados e deram origem aos resgates. Nesse processo, acabou o directório, que já era uma perver-são do funcionamento da União Europeia e passou-se ao exercício do poder único da Alemanha, que mudou de aliados na Europa. Deixou a França apagar-se cada vez mais e ligou-se aos países pequenos da linha dura anti-PIGs, como a Finlândia ou a Holanda.

Ou seja, a crise das dívidas soberanas permitiu a hegemonia alemã, que a Alemanha usou para impor um Tratado Orçamental que tornava rígida a sua política em toda a União Europeia, impediu o Banco Central Europeu

de avançar com qualquer outra solução al-ternativa para conter a crise, e fez tudo para bloquear qualquer esboço de resistência à sua política. O Reino Unido isolou-se ainda mais, a França enfraqueceu-se, a Espanha conseguiu in extremis não seguir os PIGs, a Itália permaneceu na corda bamba, a Ir-landa, Portugal e Grécia subjugaram-se em desespero de causa. Os socialistas traíram um pouco por todo o lado, assinando o Tratado Orçamental, aliando-se como parceiros me-nores aos vários governos alemães, e, quando tinham sido eles a estarem no poder no mo-mento dos resgastes, ou foram reduzidos a partidos menores ou desapareceram do mapa dos grandes partidos, como aconteceu com o PASOK. Não havia “alternativa”, embora desde o início, essas alternativas surgissem, mas foram descartadas como exercícios de irrealismo político quase subversivo. Uma política genuinamente radical, como a que foi seguida por vários países europeus, como é o caso do governo português, passou a ocupar o “centro político”, o “arco da governação”. Eles é que eram radicais, mas chamavam radicais a todos os que lhe contestavam a “inevitabilidade”. No intervalo, países que seguiram outras receitas para combater a crise, passaram quase a bolchevistas, como era o caso dos EUA.

Era só uma questão de tempo até que outros verdadeiros radicais acabassem por vir tomar o lugar dos partidos social-demo-cratas, democratas-cristãos, centristas, que cederam aos diktats alemães. Cresceram

os partidos democráticos, conservadores e eurocépticos, como UKIP, que, como con-testava a ortodoxia europeia, passou também a ser considerado radical. Mas cresceram os partidos de direita mais extrema, como a Frente Nacional e partidos neo-nazis, que deixam Marine Le Pen num altar de mo-deração, como é o caso da Aurora Dourada na Grécia. E cresceu o Syriza e o Podemos. Mas, mais significativo do que tudo isso, todos traduziram as tendências crescentes do eleitorado de muitos países de recusar a deriva anti-democrática da União Europeia, e a hegemonia das políticas alemãs de aus-teridade punitiva. Se hoje a União, como está, fosse a votos, na maioria dos países, não passava no eleitorado.

As pessoas sabem disso, os governantes que estão irresponsavelmente a destruir a União como ela existia, também sabem. A União Europeia não sobrevive à substituição de uma política de coesão e de interesse mútuo pela pergunta pavloviana dos novos mestres: “quem é que paga?”. É que antes também só alguns pagavam, mas percebiam que a construção da Europa era uma vanta-gem política para todos, e que o preço era pequeno. Pagavam desmandos? Pagavam e sabiam que pagavam, quer fosse a falcatrua das contas gregas quer fossem os privilégios dos agricultores franceses. Hoje quem per-gunta “quem paga?”, para depois dizer que não quer pagar para esses preguiçosos do sul, está a usufruir das vantagens da União, a garantir que o euro é uma nova versão do seu marco, ou que os mercados a leste lhes estão abertos como nunca estiveram desde o tempo nefasto do Generalgouvernement, ou que puderam beneficiar do fim da guerra fria sem grandes turbulências à porta. De-sequilibrem a Europa e depois admirem-se de Putin estabilizar as suas conquistas a Leste; dividam a Europa entre os amigos da austeridade e os seus inimigos e depois queixem-se de muitos segundos ou terceiros partidos serem extremos, anti-europeus, po-pulistas, radicais; aticem os mercados contra os “que se portam mal” e depois queixem-se de haver saídas do euro, e queixem-se ainda mais se elas se revelarem vantajosas a prazo.

Ninguém pode garantir que o Syriza tenha sucesso, e também não é fácil definir qual o grau de cumprimento das suas inten-ções que possa ser considerado pelos gregos um sucesso, mas os gregos que votaram no Syriza prestaram um enorme serviço à Europa, desbloquearam-na, abriram novas possibilidades, umas boas e outras más. Os gregos fizeram história, no sentido de que quem conhece a história sabe que ela é sempre surpresa. É por isso que, como na célebre frase de 1848, um espectro assola a Europa: o do Syriza.

Propriedade Fábrica de notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção andreia Sofia Silva; Filipa araújo; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores antónio Falcão; antónio Graça de abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel reis; rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas agnes Lam; antónio Conceição Júnior; arnaldo Gonçalves; David Chan; Fernando Eloy; Fernando vinhais Guedes; isabel Castro; Jorge rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração rui rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing vincent vong Impressão tipografia Welfare Morada Calçada de Santo agostinho, n.º 19, Centro Comercial nam yue, 6.º andar a, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

José Pacheco Pereirain Público

Ninguém pode garantir que o Syriza tenha sucesso, e também não é fácil definir qual o grau de cumprimento das suas intenções que possa ser considerado pelos gregos um sucesso, mas os gregos que votaram no Syriza prestaram um enorme serviço à Europa, desbloquearam-na, abriram novas possibilidades, umas boas e outras más

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