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GESTÃO DO CONHECIMENTO COMO FERRAMENTA DE MAPEAMENTO DE PROCESSO E MODERNIZAÇÃO INSTITUCIONAL Pedro Vinícius Campos Irina Berbert Vidal Inácio Coelho Gabriel Albino Ponciano Nepomuceno Márcio Modesto da Silva

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GESTÃO DO CONHECIMENTO COMO FERRAMENTA DE MAPEAMENTO DE

PROCESSO E MODERNIZAÇÃO INSTITUCIONAL

Pedro Vinícius Campos

Irina Berbert Vidal Inácio Coelho Gabriel Albino Ponciano Nepomuceno

Márcio Modesto da Silva

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Painel 10/002 Conhecimento, Formação e Aprendizagem na Administração Pública

GESTÃO DO CONHECIMENTO COMO FERRAMENTA DE MAPEAMENTO DE PROCESSO E MODERNIZAÇÃO INSTITUCIONAL

Isidro-Filho

Pedro Vinícius Campos Irina Berbert Vidal Inácio Coelho

Gabriel Albino Ponciano Nepomuceno Márcio Modesto da Silva

RESUMO

As organizações públicas possuem técnicas e processos não mapeados existindo

grande concentração de conhecimentos tácitos em setores restritos e pessoas chave.

Este fator pode se tornar prejudicial para a instituição já que, caso ocorra alguma

eventualidade com os indivíduos que detêm o conhecimento, as atividades serão

comprometidas ou inviabilizadas. Por meio da Gestão do Conhecimento esse saber

individual pode ser sistematizado e expressado facilitando seu compartilhamento: é o

chamado conhecimento explícito. Baseado nesta premissa o presente artigo tem

como objetivo apresentar como a Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais

mapeou um complexo processo de distribuição de cotas orçamentárias através de um

projeto de Gestão do Conhecimento que objetivou transformar os conhecimentos

tácitos em conhecimento explícito, culminando no desenvolvimento de um sistema de

informação. Assim, o presente trabalho é um estudo de caso descritivo e exploratório

que visa demonstrar a potencialidade da utilização das técnicas de Gestão do

Conhecimento. Concluiu-se que a utilização desse mecanismo proporcionou aos

setores envolvidos uma maior habilidade técnica e estabilidade dos serviços

prestados, assim como a modernização do processo, reduzindo as atividades

operacionais e proporcionando uma maior atenção às atividades de caráter tático e

estratégico.

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1. INTRODUÇÃO

A Gestão do Conhecimento (GC) tornou-se área de profunda importância

dentro das organizações por constituir ferramenta que alavanca ganhos de eficiência.

A comunidade científica ainda se debruça sobre o tema a fim de aprofundar pesquisas

e dirimir questões e, por essa razão, o conceito ainda é difuso.

A GC é definida como a coordenação deliberada e sistemática das pessoas,

tecnologias, processos e estrutura de uma organização, com o objetivo de agregar

valor, por meio da reutilização do conhecimento e da inovação. Essa coordenação é

atingida através da criação, compartilhamento, e aplicação do conhecimento, assim

como por meio da incorporação de valiosas lições aprendidas e melhores práticas

dentro da memória corporativa com o objetivo de fomentar aprendizagem

organizacional contínua (CASTILLO e CAZARINI, 2010, p.1)

Iniciativas balizadas pela Gestão do Conhecimento são essenciais para

disseminação do conhecimento individual na organização e consequente

despersonificação das atividades e processos nela. A concentração do conhecimento

na mente de poucas pessoas em uma organização gera riscos de descontinuidade da

prestação de serviços, perda de qualidade dos mesmos, sobrecarga de trabalho para

alguns funcionários e perda de conhecimento no decorrer do tempo.

No mesmo sentido o mapeamento de processos é instrumento indispensável a

empresas que almejam aprimorar sua gestão. Processos mapeados facilitam sua

otimização, seu aprendizado e sua transmissão. Assim sendo, na bibliografia existem

diversas técnicas e métodos para mapear processos e otimizá-los.

O uso da Gestão do Conhecimento e do Mapeamento de Processos são

ferramentas difundidas entre organizações que buscam excelência na gestão.

Entretanto, podem existir situações nas quais a realização do mapeamento de

processo torna-se dependente da gestão do conhecimento, ou seja, o mapeamento

está condicionado à realização de um processo de gestão de conhecimento.

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Diante dessa premissa o presente artigo apresenta a seguinte pergunta de

partida: Como a Gestão do Conhecimento pode ser utilizada no mapeamento de

processos e consequente modernização institucional?

1.1. OBJETIVOS

Alinhando-se a pergunta de partida acima descrita o presente artigo apresenta

como objetivo geral demonstrar como a Gestão do Conhecimento ocupa papel

essencial no mapeamento de processos e na modernização institucional.

Assim sendo os objetivos específicos do estudo são:

1. Apresentar referencial teórico sobre gestão do conhecimento e

mapeamento de processos;

2. Correlacionar o uso das duas ferramentas;

3. Demonstrar, a partir de um estudo de caso, a aplicação da teoria

proposta.

1.2. METODOLOGIA

“[...] método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões.” Marconi e Lakatos.

Primeiramente, faz-se necessário destacar a natureza exploratória, descritiva e

qualitativa do presente artigo. Desta maneira, procura-se compreender o fenômeno

em estudo de uma maneira integrada, ou seja, considerando o contexto no qual está

inserido (GODOY, 1995).

O estudo inicia apresentando os conceitos e opiniões de diversos autores

acerca dos temas aqui abordados: Gestão do Conhecimento e Mapeamento de

Processos. Tal apresentação constitui o referencial teórico que sustenta e justifica a

elaboração do presente artigo.

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Baseado nas teorias apresentadas o artigo propõe uma nova abordagem que

conjuga a utilização das duas ferramentas supracitadas. Com a finalidade de

comprovar a eficácia desta associação apresenta-se estudo de caso realizado na

Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais no qual se demonstra a aplicação

prática da teoria proposta. Essa Aplicação conta com a utilização de técnicas de

mapeamento de processos e de sistemas de informação para criação de fluxos de

processos. A plataforma utilizada para este fim chama-se Bizagi Process Modeler®.

Entretanto, na coleta de dados para a realização do mapeamento de processo foram

utilizadas técnicas de Gestão do Conhecimento. A forma de condução do trabalho

será melhor detalhada na seção 4 desse artigo.

Por fim, o estudo se subdivide em cinco seções. A primeira seção aborda os

aspectos introdutórios do artigo pontuando seus objetivos e metodologias. A segunda

e terceira seções apresentam o referencial teórico acerca da Gestão do Conhecimento

e do Mapeamento de Processos, respectivamente. Na seção três também é proposta

a associação na utilização das duas ferramentas e como esta pode levar a

modernização institucional.

Na quarta seção é apresentado o estudo de caso que demonstra a aplicação

prática da teoria proposta. Por fim, a seção 5 apresenta as conclusões do presente

artigo.

2. GESTÃO DO CONHECIMENTO

As grandes mudanças sofridas pela sociedade nas últimas décadas instalaram

novos padrões nas organizações, no mercado e nas relações interpessoais. Uma das

grandes metamorfoses ocorridas nesse período foi a crescente produção e aumento

do fluxo de informações propiciado pela ampliação dos canais de comunicação.

O conhecimento está na mente das pessoas. As pessoas transformam

informação em conhecimento, fazendo comparações, analisando as consequências,

buscando as conexões e conversando com outras pessoas sobre as informações

recebidas (CHIAVENATO, p.411, 2009).

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Indo além, segundo Davenport (1999), o conhecimento é composto por uma

mistura de experiências condensadas, valores, de informações contextuais e

discernimento de um indivíduo que estrutura a avaliação e assimilação de novas

informações. A partir dessas definições torna-se possível inferir que uma sociedade

em que as informações se avolumam e ganham importância cada vez maior o

conhecimento passa a ser considerado um recurso valioso.

O recurso econômico básico – ‘os meios de produção’, para usar uma expressão dos economistas – não é mais o capital, nem os recursos naturais [...], nem a ‘mão-de-obra’. Ele é e será o conhecimento. (DRUCKER, 1994 apud MOREIRA, p.18, 2005).

Segundo Chiavenato (2009), nas organizações, o conhecimento está embutido

em processos, documentos, procedimentos, normas e rotinas organizacionais. Esse

conhecimento é o insumo de desenvolvimento de novos produtos e serviços, de

tomada de decisões assertivas e desenvolvimento de estratégias. Além disso, o autor

ressalta que quando um conhecimento deixa de evoluir torna-se opinião ou, em

estágio ainda mais deturpado, um dogma.

Entendendo-se o conhecimento com a devida relevância expressa pelos

autores supracitados é inevitável reconhecer que, assim como todos os recursos

necessitam ser geridos, deve haver uma gestão do conhecimento.

Pela sua importância, o conhecimento está sendo considerado um ativo corporativo, e as empresas bem-sucedidas perceberam que é necessário geri-lo e cercá-lo do mesmo cuidado que dedicam à obtenção de valor baseado em outros ativos que são tangíveis (CHIAVENATO, p.411, 2009).

Peter Drucker (1992) realizou a seguinte analogia entre a gestão do

conhecimento e uma orquestra:

[...] somente a orquestra, tocando uma partitura conjunta, faz música. Tanto para o solista como para o maestro, obter música de uma orquestra significa não só conhecer a partitura, mas também aprender a gerenciar o conhecimento (DRUCKER, 1992 apud MOREIRA, p.19, 2005).

A Gestão do Conhecimento, portanto, consiste em criar, identificar, integrar,

recuperar, compartilhar e utilizar o conhecimento dentro da organização. Desenvolve-

se através da construção de fluxos de informação entre setores de todos os níveis na

organização a fim de que o conhecimento seja aprimorado, incrementado e partilhado

em sua estrutura, estimulando-se as trocas espontâneas de conhecimento entre as

pessoas (CHIAVENATO, 2009).

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Ao contrário do que acontecia antigamente – quando as empresas guardavam e escondiam o conhecimento a sete chaves por meio da confidencialidade -, a gestão do conhecimento (knowledge management) procura orientar a empresa inteira para produzir o conhecimento, aproveitá-lo, disseminá-lo, aplicá-lo e lucrar com ele (CHIAVENATO, p.411, 2009).

Torna-se importante salientar que o conhecimento organizacional é muito mais

dinâmico e que o conhecimento individual dentro da organização. A formação do

conhecimento organizacional se dá através de um processo de ampliação dos

conhecimentos produzidos pelos indivíduos e a organização e cristalização dos

mesmos (CHIAVENATO, 2009). Devido ao contexto de constantes mudanças e

incertezas que cercam as organizações é importante que a Gestão do Conhecimento

conduza um processo em que os conhecimentos dos colaboradores sejam registrados

e componham o conhecimento organizacional.

Polangy (1966 apud FRANCINI, 2002) define que há dois tipos de

conhecimento: o conhecimento tácito e o conhecimento explícito. Segundo o autor o

conhecimento tácito é de difícil comunicação, mas pode ser deduzido ou inferido

através de ações, ou seja, depende de mídias mais ricas ou interação direta entre

indivíduos para que se transmitido. Já o conhecimento explícito é de fácil expressão

e pode ser facilmente transmitido através do idioma formal, além de ser prontamente

transferível em formato digital. Para os fins desse artigo, entende-se, em outras

palavras, que o conhecimento tácito é aquele que os indivíduos detêm em sua mente

enquanto o conhecimento explícito é aquele traduzido para linguagem formal e

documentalmente registrado.

Nonaka e Takeuchi (1995 apud FRANCINI, 2002), apresentam formas pelas

quais um conhecimento pode ser convertido em novo conhecimento através de uma

interação entre conhecimento tácito e explícito. Dessa forma os autores apresentam

quatro modelos para a criação de conhecimento:

Socialização: Comunicação de conhecimento Tácito para criação de

novo conhecimento Tácito.

Combinação: Comunicação de conhecimento Explícito para criação de

novo conhecimento Explícito.

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Exteriorização: Comunicação de conhecimento Tácito para criação de

novo conhecimento Explícito.

Interiorização: Comunicação de conhecimento Explícito para criação de

novo conhecimento Tácito.

A partir do exposto permite-se iniciar a análise da correlação entre gestão do

conhecimento, mapeamento de processo e modernização institucional.

3. MAPEAMENTO DE PROCESSO, MODERNIZAÇÃO INTITUCIONAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO.

A palavra processo origina-se do termo processos, do latim, que remete a ação

de avançar, de ir para frente. Seguindo a etimologia, o dicionário Larousse(2004)

define processo como:

1 – Ato ou efeito de proceder;

2 – Sequência de fatos conexos entre si; desenvolvimento, andamento;

3 - Sucessão de operações com vistas a um resultado definido; sistema; método.

(LAROUSSE, 2004, p. 743).

Segundo a Association of Business Process Professionals (ABPMP), processo

define-se por: “[...] uma agregação de atividades e comportamentos executados por

humanos ou máquinas para alcançar um ou mais resultados”. (ABPMP, 2013, p. 35).

Já o conceito de Davenport (1990) aborda processo como diversas atividades

relacionadas conjugadas com o objetivo de gerar um output ao cliente.

A partir das definições supracitadas o presente artigo trabalha com a seguinte

definição de processo: esforço contínuo na realização de operações, atividades e

procedimentos interdependentes objetivando gerar um resultado ou produto

conhecido.

Uma organização pode ser composta por diversos setores, sendo cada um

responsável pela realização de diversos processos que entregam resultados a um

cliente, seja este interno ou externo a organização. Pela característica inerente de que

todo processo é responsável pela produção de resultados evidencia-se a importância

de se buscar a excelência na execução dos mesmos.

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Baseado nessa premissa, diversos autores e instituições preocuparam-se em

abordar o tema e produzir metodologias, ferramentas e técnicas que auxiliassem as

organizações a otimizarem seus processos e consequentemente a entrega de seus

resultados. Dentre essas, o presente artigo terá como foco a técnica conhecida como:

mapeamento de processos.

O vocábulo mapeamento, por sua vez, refere-se ao ato de mapear, de

“executar a representação gráfica da dimensão espacial de um dado fenômeno”

(LAROUSSE, 2004, p. 585). Conjugando os conceitos apresentados, tem-se que a

expressão mapeamento de processos refere-se ao ato de representar graficamente

as atividades, operações e procedimentos cujas execuções contínuas geram um

produto conhecido.

Segundo definição de Soliman (1999) a técnica de mapeamento de processos

objetiva apresentar os processos de maneira detalhada ressaltando os pontos críticos

de influência em seu comportamento.

Corroborando com esse ponto de vista, Teixeira (2013) classifica o

mapeamento de processos como “[...] ferramenta gerencial e de comunicação

essencial para líderes e organizações que querem promover melhorias ou implantar

uma estrutura voltada para novos processos” (TEIXEIRA, 2013, p. 1)

Percebe-se, portanto, a potencialidade gerencial da ferramenta em estudo. A

partir das informações geradas pelo mapeamento de processos torna-se possível a

realização de análises sobre a otimização dos processos de uma organização o que

auxiliará na geração de melhores resultados. Entretanto, além desse benefício o

mapeamento de processos também gera outro ganho: a produção de registros

históricos da realização dos processos.

Quanto a isso, Villela (2000) afirma que essa técnica apresenta a função de

registro o que auxilia na documentação dos aprendizados e experiências da

organização. Complementando o argumento, Teixeira (2013) afirma:

O mapeamento dos processos também ganha importância por sua função de registro e documentação histórica da organização. Uma vez que o aprendizado é construído com base em conhecimentos e experiências passadas dos indivíduos, a organização não pode se arriscar, em função de seus funcionários migrarem de um emprego para

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outro ou se aposentarem, a perder lições e experiências conseguidas ao longo de muitos anos. (Ibidem, p.1)

Baseado nos argumentos apresentados, o presente artigo define mapeamento

de processo como: ato de representar graficamente os processos de uma

organização gerando insumo para análises que objetivam a sua otimização e

registros históricos de sua realização.

Entretanto surge a questão que se relaciona ao objetivo desse artigo: Como

realizar mapeamento de processos e como a Gestão do Conhecimento pode auxiliar

esta tarefa?

Segundo Pinho et. al.(2007)a literatura lista diversas técnicas e procedimentos

que auxiliam no mapeamento de processos, dentre eles destacam-se: fluxogramas,

mapa de processos, mapofluxograma, dentre outras.

Entretanto, a elaboração gráfica desses depende de algumas etapas. Assim

sendo, Leal (2003) relaciona três passos usualmente executados na realização de

mapeamento de processos:

Identificação dos produtos e serviços e seus respectivos processos. Os pontos de início e fim dos processos são identificados neste passo.

Reunião de dados e preparação

Transformação dos dados em representação visual para identificar gargalos, desperdícios, demoras e duplicação de esforços.

(Ibidem, p. 35).

A partir do supracitado percebe-se a conexão existente entre o segundo e

terceiro passos descrito por Leal (2003) e a transformação do conhecimento tácito em

conhecimento explícito abordado pela Gestão do Conhecimento.

A reunião de dados e preparação dos mesmos conecta-se com o processo de

absorção do conhecimento tácito dos colaboradores de uma organização. Como visto

na seção 2 do presente artigo, existem organizações nas quais a concentração do

conhecimento está fortemente presente. Assim sendo, caso essa organização deseje

mapear seus processos, a reunião de dados dependerá inteiramente da

transformação dos conhecimentos dos funcionários em questão, o que evidencia a

indispensável necessidade da Gestão do Conhecimento neste passo do mapeamento

de processos.

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Seguindo o raciocínio, o terceiro passo do mapeamento de processos depende

da transformação dos dados coletados anteriormente em representação visual. Nota-

se que esse procedimento, se inserido no mesmo cenário utilizado para exemplificar

a relação entre gestão do conhecimento e o segundo passo do mapeamento de

processos, atrela-se ao processo de transformação do conhecimento tácito em

conhecimento explícito.

Logo, nota-se a potencialidade da Gestão do Conhecimento em auxiliar a

realização de mapeamento de processos nas organizações. Ademais, a correlação

dos fatores citados tem a capacidade de modernizar a instituição em sua prestação

de serviços ou geração de produtos. O mapeamento de processos poderá evidenciar

gaps de eficiência a serem otimizados ou até mesmo traçar a necessidade da

implantação de sistemas de informação e outras soluções tecnológicas.

Pode-se dizer que o mapeamento de processos desempenha o papel essencial de desafiar os processos existentes, criando oportunidades de melhoria de desempenho organizacional ao identificar interfaces críticas e, sobretudo, criar bases para implantação de novas e modernas tecnologias de informação e de integração empresarial. (TEIXEIRA, 2013, p. 1).

Baseado nisso, analisando-se de um ponto de vista mais técnico, o processo

de levantamento de dados que possibilita o processo de registro de conhecimento

tácito da gestão do conhecimento também pode ser utilizado como ferramenta de

levantamento de requisitos para a construção de um sistema de informação. A partir

de um processo bem mapeado e do levantamento de necessidades dos usuários a

partir da aplicação de processos de gestão de conhecimento, aliado aos avanços

tecnológicos da atualidade, sistemas de informação podem ser desenvolvidos visando

aperfeiçoar os processos das organizações modernizando-as.

Desta maneira, o presente artigo demonstrará, a partir da apresentação de um

estudo de caso, a aplicação prática das abordagens teóricas apresentadas até o

momento.

4. ESTUDO DE CASO DA SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE MINAS GERAIS.

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A presente seção do estudo pretende demonstrar como um projeto de Gestão

do Conhecimento executado na Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais

(SEF/MG) possibilitou a transformação de conhecimentos tácitos em explícitos

auxiliando no mapeamento do processo e consequente otimização e modernização

do mesmo.

Para tanto, apresentar-se-á inicialmente breve histórico do cenário da SEF/MG

que motivou o desenvolvimento do referido projeto, depois será apresentado como foi

a realização do mapeamento de processos e, por fim, especificado e exposto o

sistema de informação que foi desenvolvido.

4.1. BREVE HISTÓRICO E O PROJETO COMPARTILHE JÁ.

A Secretaria de Estado de Fazenda apresenta a particularidade de sua

execução orçamentária ser realizada de maneira descentralizada, ou seja, dispersas

pelo território de Minas Gerais existem diversas Administrações Fazendárias com a

autonomia de executar as ações orçamentárias da secretaria. Devido a esta

característica, e a necessidade eminente de gerir os recursos públicos, o setor

responsável pela gestão do orçamento setorial da SEF/MG sempre existiu, apesar de

ter sido renomeado e realocado algumas vezes no decorrer da história.

Alguns servidores da SEF/MG acompanharam e participaram da evolução do

setor responsável pelo orçamento. Este fato fez com que esses membros adquirissem

amplo conhecimento sobre os processos e procedimentos orçamentários. Entretanto,

esses conhecimentos, tal como estudado na seção 2 do presente artigo, se

manifestavam predominantemente no nível tácito.

Com o passar do tempo, alguns desses servidores se aposentaram ou

mudaram de setor e novos servidores chegaram à equipe. O resultado deste processo

foi um cenário no qual os servidores mais antigos concentravam os conhecimentos

(não por intenção própria) e os novos servidores ainda não apresentavam a

experiência necessária para se gerir o orçamento.

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Além deste fator, os servidores detentores do conhecimento sofriam

sobrecarga de atividades já que somente eles conseguiriam executá-las de acordo

com o necessário. Como agravante apresentava-se a possibilidade de alguma

externalidade afetar estes funcionários (tais como problemas de saúde e familiares,

aposentadoria, etc.) e as atividades serem comprometidas ou até mesmo

impossibilitadas, prejudicando a instituição como um todo.

Diante do contexto descrito o Núcleo de Orçamento (setor responsável pela

gestão orçamentária desde 2011 na SEF/MG), em conjunto com a Superintendência

de Recurso Humanos (SRH), desenvolveu um projeto balizado na Gestão do

Conhecimento ao qual foi atribuído o nome de “Compartilhe Já”.

De acordo com os registros documentais do Núcleo de Orçamento os objetivos

deste projeto eram:

Disseminar as experiências e os conhecimentos referentes às atividades

do núcleo, de maneira que se tenha sempre mais de um funcionário

treinado para todas as atividades;

Garantir a continuidade das atividades do núcleo de forma que, na falta

de algum servidor, tenhamos pessoal treinado e capaz de conduzir os

serviços;

Permitir aos participantes convivência saudável de aprendizado e troca

de experiências e de conhecimentos;

Valorizar iniciativas de colaboração e compartilhamento de experiências

e de conhecimentos;

Contribuir para que os integrantes do Núcleo se tornem servidores

proativos tanto no compartilhamento quanto na valorização das atitudes

dos colegas e líderes, contribuindo para fomentar o fluxo de

conhecimentos;

Criar uma energia positiva no dia a dia do setor.

Partindo desse pressuposto a execução do projeto se daria pelo

compartilhamento interpessoal de conhecimento entre os membros da equipe.

Segundo os documentos do setor o compartilhamento se daria por treinamento,

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capacitação e prática constante das atividades do setor pelos diversos servidores

envolvidos.

A característica inovadora desse processo é a questão do “fazer junto”. O servidor que detém o conhecimento de um determinado processo de trabalho, primeiramente faz junto com os participantes da disseminação do conhecimento, para demonstrar o passo a passo da atividade. Esse processo é repetido uma segunda vez e na terceira o participante é quem faz, assistido pelo disseminador. (Documentação Interna).

Além disso, foi determinado que seria transmitido um conhecimento por

trimestre, somando-se quatro ao final de um ano. O conhecimento a ser transmitido

seriam processos internos, processos de tomada de decisão, práticas operacionais

rotineiras, dentre outras atividades inerentes ao setor.

Decidiu-se que o primeiro conhecimento a ser disseminado através da

execução do “Compartilhe Já” seria o processo de distribuição de cotas orçamentárias

mensais da SEF/MG. Esse processo visa descentralizar o orçamento da Secretaria

de Fazenda para as Administrações Fazendárias.

Assim sendo, iniciou-se o compartilhamento de conhecimentos que possibilitou

o mapeamento do processo em questão assim como sua otimização e modernização

tal como descrito a seguir.

4.2. MAPEAMENTO DO PROCESSO DE DISTRIBUIÇÃO DE COTAS ORÇAMENTÁRIAS MENSAIS DA SEF/MG ATRAVÉS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO.

O processo de distribuição de cotas mensais envolve diversos steakholders,

métodos e procedimentos o que o torna complexo e repleto de detalhes. Somado a

este fator a ausência de documentos explicativos e de um processo mapeado

prejudica ainda mais a execução das atividades tornando-a estritamente dependente

de indivíduos chave que concentram (intencionalmente ou não) o Know-How.

Com o objetivo de explicitar os conhecimentos relativos ao processo em

questão, mapeá-lo e otimizá-lo, o presente artigo utilizará a metodologia apresentada

no referencial teórico seguindo os três passos descritos por Leal (2003).

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4.2.1. Identificação dos produtos e serviços e seus respectivos processos.

Como já evidenciado na seção 4.1 do presente artigo o objeto de estudo em

pauta é o processo de distribuição de cotas orçamentárias mensais da Secretaria de

Estado de Fazenda de Minas Gerais. Por conseguinte, o produto, ou no caso, o

serviço prestado é a distribuição de cotas orçamentárias mensais as diversas

unidades descentralizadas da SEF/MG.

O processo envolve diversas etapas das quais participam diferentes

steakholders que serão evidenciados posteriormente. As etapas envolvidas neste

processo são:

1. Coleta das necessidades orçamentárias das unidades da SEF/MG;

2. Consolidação e análise dos dados coletados na etapa 1;

3. Aprovação e descentralização das cotas orçamentárias.

Definidas as etapas, e balizando-se na metodologia proposta, torna-se possível

a definição do início e do fim do processo, sendo eles:

Início: Elaborar planilha de solicitação de cotas mensais;

Fim: Descentralizar o orçamento às unidades.

4.2.2. Reunião de dados e preparação.

Definido o processo, seu início, fim, e suas respectivas etapas, inicia-se o

próximo passo para a realização do processo em estudo: a reunião de dados e sua

preparação.

Como tratado no referencial teórico é nessa fase que o auxílio da Gestão do

Conhecimento mostra-se essencial. Devido à carência de registros documentais do

processo e inexistência de seu mapeamento, o Know-How sobre sua execução

encontrava-se exclusivamente no domínio tácito dos servidores mais antigos da

SEF/MG. Assim, tornou-se indispensável transformar o supracitado conhecimento

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tácito em conhecimento explícito, com a finalidade de reunir os dados necessários

para mapear o processo e tornar possível seu aperfeiçoamento.

Partindo dessa premissa foi realizado, como já citado, o Projeto “Compartilhe

Já”. Durante sua execução os servidores detentores do conhecimento sobre o

processo de distribuição mensal de cotas orçamentárias repassaram aos demais

servidores o passo a passo para a realização deste. O conhecimento tácito foi

transmitido e, acompanhado deste, foram gerados registros que facilitariam a posterior

execução deste processo. Estes registros representam o início da transformação do

conhecimento tácito para o conhecimento explícito, pressuposto básico para a

realização da Gestão do Conhecimento.

Durante o processo de compartilhamento do conhecimento supracitado foi

gerada extensa massa de registros que se manifestaram no formato de:

Procedimentos Operacionais Padrão (POPs), textos explicativos, cópias de e-mail,

cópias das telas dos sistemas de informação utilizados, lista de steakholders

envolvidos, fluxo das atividades, etc.

Devido ao caráter heterogêneo dos dados reunidos necessitou-se

primeiramente organizá-los e prepará-los para o posterior mapeamento. Assim, os

arquivos foram organizados seguindo a lógica cronológica da ocorrência dos fatos

objetivando facilitar a construção da representação visual do processo. Além disso,

após a realização deste passo consultou-se os servidores mais antigos com a

finalidade de confirmar se alguma etapa do processo não estava contemplada pelos

documentos recolhidos. Após a confirmação foi possível iniciar a realização do último

passo da metodologia de mapeamento de processos proposta.

4.2.3. Transformação dos dados em representação visual.

A partir dos dados reunidos gerados a partir do projeto “Compartilhe Já”, de

Gestão do Conhecimento, pode-se iniciar a construção da representação gráfica do

processo a fim de identificar gargalos, desperdícios, demoras e duplicação de

esforços.

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Desse modo, utilizou-se a plataforma Bizagi Process Modeler® (software utilizado para desenhar processos) a fim de

representar graficamente o processo de distribuição de cotas orçamentárias. A Figura 1 retrata o resultado final do mapeamento

realizado.

Figura 1. Processo de Distribuição de Cotas Orçamentárias Mensais da SEF/MG simplificado.

Fonte: Elaboração própria.

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A partir do mapeamento e desenho do processo possibilitou-se a realização de

análise que identificou diversos gargalos, dentre eles:

Percebe-se crítica morosidade na execução do processo como um todo;

A fase de coleta das necessidades orçamentárias das unidades, por ser

realizada através do envio de planilhas por e-mail gera informações não

integradas dispersas em aproximadamente 50 planilhas que deverão ser

consolidadas manualmente;

A planilha, por não apresentar regras de preenchimento, abre margem

para a inserção de dados não padronizados pelas unidades, o que se

torna um obstáculo na fase de consolidação;

Além da não padronização dos dados também há o risco de

preenchimento de dados inconsistentes ou incoerentes, atrasando ainda

mais o processo;

A fase de consolidação dos dados, por ser realizada manualmente por

mais de um servidor abre margem para ocorrência de erros humanos o

que poderá prejudicar o serviço prestado;

Os servidores responsáveis devem estar atentos a possíveis erros de

preenchimento o que retarda o processo;

Esta etapa do processo ocupa o tempo de vários servidores do Núcleo

de Orçamento com uma atividade extremamente operacional;

Na fase de análise dos dados as informações não são geradas de

maneira automatizada requerendo um retrabalho mensal em gerá-las o

que retarda o processo como um todo;

Na etapa de aprovação e descentralização de cotas orçamentárias as

planilhas utilizadas para tais fins também não são geradas de forma

automatizada necessitando elaborá-las todos os meses.

Percebe-se que, além da revisão de algumas etapas do processo, há a

necessidade de automatizar etapas a fim de prevenir retrabalhos e reduzir ao máximo

a ocorrência de erros e inconsistências. Portanto, o Núcleo de Orçamento decidiu

desenvolver um sistema de informação que atendesse as necessidades levantadas a

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partir do processo de Gestão do Conhecimento visando otimizar a prestação do

serviço reduzindo as atividades operacionais desenvolvidas, restando mais tempo

para a execução de atividades de caráter tático e estratégico.

4.3. DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA DE PROGRAMAÇÃO ORÇAMENTÁRIA.

O desenvolvimento de um sistema de informação perpassa várias etapas que

envolvem levantamento de requisitos, planejamento, desenvolvimento, fase de testes,

homologação, implementação, manutenção, dentre outras.

“O levantamento de requisitos é a etapa do desenvolvimento de sistemas de

informação responsável por identificar e modelar as necessidades do negócio a serem

atendidas pelos sistemas de informação” (JUNIOR; CAMPOS, 2008, p. 27). Percebe-

se, portanto, que a fase de levantamento de requisitos foi realizada junto ao processo

de Gestão de Conhecimento e consequente mapeamento do processo. O

compartilhamento do conhecimento, e sua transformação de tácito em explícito, foi

acompanhado do levantamento das necessidades de informação dos servidores

responsáveis pela distribuição de cotas orçamentárias permitindo a especificação e

modelagem das necessidades dos clientes. O sistema deveria apresentar as

seguintes funcionalidades:

Área de lançamento: Interface em que as unidades da SEF inserem suas

necessidades orçamentárias;

Regras: Limitação do preenchimento dos campos a fim de prevenir erros

e inconsistências;

Consolidação automática dos dados inseridos;

Produção automática de planilhas consolidadas para envioà SEPLAG e

conseguinte descentralização de cotas orçamentárias;

Baseado nos dados, informações e conhecimentos coletados os requisitos para

desenvolvimento do sistema foram consequentemente levantados. Considerando a

decisão de que o desenvolvimento do sistema seria realizado internamente, pelos

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próprios servidores do Núcleo de Orçamento, o planejamento foi prontamente

realizado e iniciou-se a construção do mesmo.

A partir das especificações o sistema foi desenvolvido utilizando programas da

plataforma Office® (Excel vinculado ao Access). O presente artigo não irá aprofundar

nos detalhes do desenvolvimento do sistema bastando a este demonstrar como o

projeto “Compartilhe Já” proporcionou além do mapeamento do processo a

modernização institucional. Vale ressaltar que, como o sistema foi desenvolvido

internamente não houve dispêndio adicional de recursos, somente aqueles relativos

às horas de trabalho dos servidores utilizadas para sua construção.

4.3.1. Melhorias obtidas com a implementação do sistema de informação.

A partir da implementação do sistema de informação notou-se uma série de

melhorias na execução e qualidade do processo, quais sejam:

Redução do trabalho manual e operacional anteriormente realizado;

Maior agilidade no processo de coleta e consolidação dos dados;

Maior confiabilidade nos dados devido às regras de preenchimento

estabelecidas pelo sistema e a ausência de consolidação manual;

Automatização da geração das planilhas enviadas para a SEPLAG e das

planilhas de descentralização;

Maior tempo destinado a atividades de análise;

Extinção dos erros de programação envolvidos no processo.

Além dos benefícios acima citados também se destaca a simplificação do

processo com a exclusão de cinco etapas do processo tal como retratado pela Figura

02 na página seguinte.

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Figura 02: Novo processo de Distribuição de Cotas Orçamentárias Mensais da SEF/MG simplificado.

Fonte: Elaboração própria.

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4.4. RESULTADOS ALCANÇADOS, DESAFIOS FUTUROS E LIÇÕES APRENDIDAS.

A partir da explanação acima nota-se que os três resultados mais significativos

alcançados através do projeto de Gestão do Conhecimento foram: o mapeamento do

processo de distribuição de cotas orçamentárias mensais, sua otimização e o

desenvolvimento do Sistema de Programação Orçamentária.

Além da disseminação do conhecimento, desconcentrando-o, a produção de

registros, transformando o conhecimento tácito em explícito, facilitou a consulta e

análise do processo. Este fator proporcionou seu desenho e posterior otimização.

Acompanhado disso, o “Compartilhe Já” também auxiliou no levantamento de

requisitos para a elaboração do sistema de informação que viria a automatizar o

processo reduzindo as atividades de cunho puramente operacional dos servidores.

Os aperfeiçoamentos no processo de distribuição de cotas orçamentárias ainda

não findaram. Existem pontos no processo que ainda merecem otimização, tais como:

descentralização automática de cotas orçamentárias, produção de um sistema mais

seguro e mais completo migrando-o do Excel para outra plataforma, etc.

O resultado positivo nesta primeira experiência estimulou a continuidade do

projeto não somente no Núcleo de Orçamento como também em outros setores da

SEF/MG. Notou-se a potencialidade e importância da Gestão do Conhecimento na

organização, reconhecendo o conhecimento como importante bem da organização

que deve ser gerido a fim de otimizar os serviços prestados e produtos gerados.

5. CONCLUSÕES.

O aprimoramento na execução dos processos e atividades internas influencia

a integração institucional, o dispêndio de tempo e de recursos e a prestação de

serviços de qualidade. Diante desta premissa, e almejando sucesso, as organizações

buscam diariamente ferramentas e mecanismos destinados a otimizar sua gestão.

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O presente artigo demonstrou como duas ferramentas de gestão podem ser

aliadas a fim de gerar ganhos incrementais aos processos das organizações: o

Mapeamento de Processos e a Gestão do Conhecimento. O mapeamento de

processos é indispensável quando o objetivo é otimizar os processos e rotinas.

Conhecer o produto gerado (ou serviço prestado), o fluxo de atividades que deve ser

realizado para gerá-lo e representa-lo de forma gráfica não somente auxiliam a

visualização e análise do processo como se mostra essencial para identificar gargalos

e, também, boas práticas.

Entretanto, quando o conhecimento sobre a realização do processo a ser

mapeado encontra-se majoritariamente no nível tácito dos indivíduos a presença de

outra ferramenta de gestão torna-se também indispensável. Nestes casos, a coleta e

a preparação de dados, segundo passo para o mapeamento de um processo,

somente tornam-se possíveis através da transformação do conhecimento tácito em

conhecimento explícito. Assim sendo, a gestão do conhecimento mostra-se

imprescindível na realização do mapeamento de processos.

Partindo deste pressuposto o estudo demonstrou a aplicação prática da

proposta teórica através de um estudo de caso da Secretaria de Estado de Fazenda

de Minas Gerais. Demonstrou-se como a Gestão do Conhecimento é utilizada no

mapeamento de processos e constatou-se a potencialidade da combinação das duas

técnicas de gestão em promover diversos benefícios à organização.

Neste contexto, o projeto “Compartilhe Já”, de gestão do conhecimento,

proporcionou a criação de registros explícitos dos conhecimentos anteriormente

presentes apenas no nível tácito dos servidores públicos. Estes registros foram

essenciais no mapeamento do processo de distribuição de cotas orçamentárias

mensais da SEF/MG.

Além disso, a representação gráfica do processo em questão proporcionou uma

análise mais apurada ampliando a identificação dos gargalos que geravam

morosidade no serviço prestado. A partir disso, ações puderam ser planejadas

visando à otimização do processo.

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Conclui-se, portanto, que tanto o mapeamento de processos quanto a gestão

do conhecimento são ferramentas indispensáveis a organizações que buscam o

sucesso. Entretanto, há situações nas quais a associação destas duas técnicas

potencializa a efetividade do resultado almejado.

Ressalta-se ainda que o presente artigo buscou demonstrar a associação entre

duas ferramentas de gestão específicas, entretanto, diversas outras ferramentas

podem e devem ser utilizadas com a finalidade de promover melhorias na gestão

organizacional gerando melhores resultados.

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AUTORIA

Pedro Vinícius Campos – Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais

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