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Pós Graduação Direito Público - FACITEC Execução Módulo Execução – Processo Civil – Prof.ª Carolina Petrarca Cláudio Bittencourt 26/04/2010

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Sobre a execução no Processo Civil Brasileiro

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Pós Graduação Direito Público - FACITEC

Execução Módulo Execução – Processo Civil – Prof.ª Carolina Petrarca

Cláudio Bittencourt26/04/2010

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Execução

1. Sobre a execução

Com a evolução do Direito Processual através dos tempos, o processo de

conhecimento, o processo de liquidação e o processo de execução, outrora divididos em

processos individuais e separados, passaram a constituir apenas um processo, sincrético

e consistente em três fases. Essa junção dos três processos trouxe um avanço

considerável e imprimiu maior celeridade à prestação jurisdicional, com a

desnecessidade da citação do devedor, bastando a intimação do advogado, no

passamento de uma fase para outra. Outra mudança relevante é que caso o devedor,

condenado ao pagamento de quantia líquida e certa, não o efetue no prazo de quinze

dias, e a requerimento do credor, proceder-se-á a expedição do mandado de penhora e

avaliação, com as ressalvas do artigo 614, inciso II, do CPC. Neste mesmo ato,

encontra-se outra mudança: o oficial de justiça também faz a avaliação e penhora do

bem.

Portanto aqui será tratado da fase de execução, que é a fase final do processo,

quando a resposta da jurisdição na solução da lide composta por uma parte com suas

pretensões resistidas por outra parte se materializa. De que adiantaria uma ação sem que

seu resultado não se produzisse, não fosse palpável?

2. Os tipos de execução

O procedimento executório divide-se em duas modalidades: judicial e

extrajudicial. A execução judicial é a fase final do processo sincrético, decorrente de

sentença judicial, e ramifica-se em definitiva, quando é originário de sentença transitada

em julgado e provisória, quando a sentença encontra-se impugnada sem efeito

suspensivo ou quando a execução funda-se em decisões de antecipação de tutela,

estando esta última fulcrada no artigo 475-O, do Codex de Ritos.

Quanto a extrajudicial, esta se funda em títulos executivos, como nota

promissória, cheques, contratos, por exemplo, ademais não são uma fase do processo

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cível e sim um novo processo autônomo. A execução judicial também se divide em

definitivas, por padrão, segundo o artigo 739-A, e provisórias quando forem desafiadas

por embargos com efeito suspensivo, consoante com a exigência tratada no artigo 739-

A, §1º. As execuções provisórias procedem como as definitivas, mas amparadas com as

garantias exigidas pela lei, como a caução, nos casos em que houver de levantamento de

dinheiro, alienação de domínio e possível dano de difícil ou incerta reparação ao

devedor, segundo o artigo 475-O, inciso III, do CPC. Ainda, na execução provisória, as

despesas para seu procedimento e a reparação dos danos sofridos pelo executado em

caso de reforma da sentença, são de responsabilidade do exequente. A caução será

dispensada nos casos em que o objeto da execução seja de natureza alimentar ou

decorrente de ato ilícito, até o limite de sessenta salários-mínimos e se o exequente

demonstrar situação de necessidade (art. 475-O, §2º, I, CPC).

3. Princípios

Dentro dessa fase, há de observar um norteamento que balize o processo. O

princípio da patrimonialidade versa que a garantia do débito é o patrimônio e não a

pessoa devedora. Isto quer dizer que, é permitida a constrição dos bens e rendas do

devedor, a sua prisão não, com a exceção das dívidas de caráter de alimentos. Até pouco

tempo era possível a prisão civil de depositário infiel, mas o STF, através da súmula

619, decidiu contrariamente à prisão com esse caráter.

Pelo princípio do exato adimplemento depreende-se que o devedor responderá

exatamente pelo que deve, não sendo atingido o seu patrimônio além do avençado com

o credor, salvo se houver a necessidade de conversão em pecúnia. Tal princípio se acha

no art. 692 do CPC, in verbis: “penhora deverá incidir em tantos bens quantos bastem

para o pagamento do principal atualizado, juros, custas e honorários advocatícios”.

Outro princípio da execução é o princípio da utilidade, que preconiza que o uso

da execução pode se fazer apenas para prejudicar o devedor, sem beneficiar o credor.

Quando o produto da execução dos bens encontrados for absorvido pelas custas de

execução, a penhora não será levada a efeito (art. 659, §2º, CPC).

O princípio da responsabilidade do devedor dá ao devedor o ônus das custas,

despesas processuais e honorários advocatícios, despesas com editais e tudo mais que

envolva o andamento executório.

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Um princípio que deve ser observado em conjunto com os demais é o princípio

da menor onerosidade do devedor, já que por este, mesmo que a execução seja efetuada

em interesse do credor, quando houver mais de um meio de satisfazer o credor, far-se-á

pelo meio menos danoso ao credor, conforme o artigo 620, do Código de Ritos. Busca-

se dessa forma evitar danos desnecessários ao devedor.

Talvez o mais importante, já que, via de regra, presente na maioria dos atos

processuais, é o princípio do contraditório se faz presente também nessa fase do

processo civil. É por esse que se torna possível contestar as várias decisões onde esteja

presente o juízo de valor do magistrado, como na observância do princípio da menor

onerosidade, por exemplo. Tal princípio, ainda que mitigado pela própria natureza da

fase processual, é importante por ser um direito assegurado na Constituição Federal, em

seu artigo 5º, inciso LV, e caracteriza, de forma inequívoca, o Estado Democrático de

Direito.

4. Requisitos

O título passível de execução deverá obrigatoriamente conter características que

possibilitem a segurança jurídica na prestação jurisdicional. Como já foi visto, os títulos

executivos podem ser judiciais ou extrajudiciais e ambos necessitam de certos requisitos

que os tornem aptos a amparar a execução. Dentre os requisitos para a execução está o

inadimplemento do devedor: não se pode exigir a execução de título que não tenha seu

termo final vencido sem o pagamento correspondente. Ademais, deverá ser líquido e

certo, ou seja, ter valor ou objeto definido e estarem amparados por documentos

comprobatórios da existência do débito e consequente inadimplemento.

5. Títulos Judiciais

Os títulos executivos judiciais são: as sentenças prolatadas no processo civil que

reconheçam a obrigação de fazer ou não fazer, entregar coisa ou quantia certa; as

sentenças penais ex delicto; as sentenças homologatórias de transação ou conciliação; as

sentenças arbitrais, os acordos extrajudiciais homologados judicialmente; as sentenças

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estrangeiras homologadas no STF (exequatur) e os formais e certidões de partilha, todos

relacionados no artigo 475-N.

6. Títulos Extrajudiciais

Formam títulos executivos extrajudiciais: letra de câmbio, nota promissória,

duplicata, debênture e cheque; a escritura pública ou outro documento público assinado

pelo devedor, documento particular assinado pelo devedor na presença de duas

testemunhas, instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, Defensoria

Pública ou pelos advogados dos transatores, os contratos garantidos por hipoteca,

penhor, anticrese, caução e seguro de vida; o crédito decorrente de foro ou laudêmio; o

crédito documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de

encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; o crédito de

serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando às custas,

emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial; a certidão de dívida

ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e

dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei e todos os demais

títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva, nos termos do artigo

585, do CPC.

7. Liquidação de Sentença

A liquidação de sentença é uma fase intermediária à fase de conhecimento e à

fase de execução. Sua meta é especificar, quantificar ou valorar o objeto da lide,

proporcionando assim sua execução. Existem somente três ocasiões em que a liquidação

será formadora de um processo autônomo: quando se fizer para sentenças penais

condenatórias (ex delicto); para sentenças estrangeiras e para as arbitrais, pois nestas

não há a fase de conhecimento antes.

A fase de liquidação pode ocorrer duas formas: por arbitramento, que ocorre

quando há a quantificação, especificação ou valoração da execução feita por perito

judicial e a liquidação por artigos, que acontece quando não se pode definir o montante

da execução no momento da proposição da ação. Melhor explicando, o processo inicia

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com a fase de conhecimento, sem o valor exato a ser pleiteado; a fase de conhecimento

condena uma parte, quando ocorre a definição do an debeatur, ou seja quem deve pagar.

Como não se pôde mensurar o valor, o quantum debeatur, isto é, o quanto se deve

pagar, o credor deverá mostrar, através de todos os meios permitidos pelo direito,

inclusive perícia, os fatos novos que implicam na verificação do quantum debeatur, que

poderão ser contestados ou não pelo devedor e assim haverá a liquidação. Um exemplo

para aclarar a explicação é o do poluidor de uma lagoa. Pela fase de conhecimento se

obtém o an debeatur com a comprovação que o poluidor é o culpado, mas não se sabe a

extensão do dano (quantum debeatur) que causou, pois esse fato que só poderá ser

mensurado com a verificação posterior ao ajuizamento da ação. Essa verificação será

dada na fase de liquidação.

8. Execução da obrigação de dar coisa certa

No caso das obrigações de dar coisa certa, a execução extrajudicial prevista nos

artigos 621 a 628, do CPC, define que o devedor deverá, em dez dias, entregar a coisa

ou depositá-la ou caucionar, se optar por opor embargos. Lembrando: impugnação

desafia execução judicial e embargos combatem execução extrajudicial. Se o devedor

entregar a coisa, se finda a execução, salvo de houver ainda pagamento de frutos ou

indenização de prejuízos. Ocorre também em situação que a coisa a ser entregue fora

vendida depois do início da lide, neste caso, o terceiro será intimado para depositá-la e

ouvido após seu depósito. Ainda, pode acontecer da coisa a ser entregue se deteriorar,

não for encontrada ou mesmo não ser entregue, nessas ocorrências deverá o devedor

pagar o valor da coisa, acrescidos as perdas e danos condizentes.

9. Execução de entrega de coisa incerta

No caso de entrega de coisa incerta, ou seja, especificadas por gênero e

quantidade, por exemplo: entrega de quinhentas sacas de feijão, deverá o devedor,

consoante com os artigos 629 a 631 do Código de Ritos, fazê-la conforme suas opções

(feijão roxo, carioca, preto), se a escolha couber a ele; se por escolha do credor, este

deverá indicar a coisa na sua petição inicial. Pelos ditames do artigo 630, as partes têm

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quarenta e oito horas para impugnar a escolha da outra parte, cabendo ao juiz decidir e

se necessário ouvir um perito por ele nomeado. Cabe nessa execução, as mesmas regras

da obrigação de coisa certa, inclusive no caso de não entregar ou se deteriorar a coisa,

terá o devedor que pagar o valor da coisa e as perdas e danos referentes.

10. Obrigação de fazer e de não fazer

As obrigações de fazer ou não fazer, podem sofrer execuções judiciais ou

extrajudiciais, dependo da sua origem: se sentença, judicial e se contrato, extrajudicial.

A execução é feita através de uma ordem judicial, exigindo o seu cumprimento,

constante nos artigos 632 a 643, do CPC, podendo ser efetuada à custa do devedor ou

convertida em indenização, na ocorrência de perdas e danos. Também converter-se-á

em indenização, perdas e danos, se somente o devedor é tem a aptidão a prestar a

obrigação, por exemplo, a execução de uma obra de arte. Não sendo o caso, poderá,

ainda, o credor habilitar-se a fazê-la, terminá-la ou repará-la, ou mandar terceiro fazer

sob sua direção, às custas do devedor.

11. Execução por quantia certa de devedor solvente

É através da expropriação de bens do devedor que a execução por quantia certa

de devedor solvente é efetuada. Os procedimentos elencados nos artigos 475-I a 475-R

devem ser observados, e sua definição encontra-se no artigo 646 do CPC. Conforme o

artigo, a execução poderá se dar por adjudicação, ou seja, ceder, em favor do exequente

ou das pessoas indicadas no § 2o do art. 685-A, §2º, rol que consiste nos credores com

garantia real, credores concorrentes que hajam penhorado o mesmo bem, o cônjuge, os

descendentes ou ascendentes do executado, ou na falta dessa, através de alienação por

iniciativa particular, por alienação em hasta pública, por usufruto de bem móvel ou

imóvel (arts. 685-C a 707 do CPC).

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12. Execução por quantia certa contra devedor insolvente

A execução contra devedor inadimplente e sem condições para adimplir,

mostrado no artigo 748 do CPC, gera um processo autônomo e independente, que

provavelmente resultará na insolvência, a qual pode ser requerida pelo credor, pelo

próprio devedor ou declarada judicialmente ou ainda presumida. Seus efeitos se

traduzem no vencimento antecipado das suas dívidas, na arrecadação de todos os seus

bens suscetíveis de penhora, quer os atuais, quer os adquiridos no curso do processo e

na execução por concurso universal dos seus credores. Além disso, o insolvente não

mais poderá gerir os seus bens até a liquidação total da massa. No caso de pessoas

jurídicas, também existe a insolvência.

13. Execução de prestação alimentícia

Definitivamente a mais temida por pais que se negam a pagar os alimentos

devidos aos filhos, pelo fato de acharem que a mãe é quem utilizará o dinheiro em uso

próprio, o que, na grande maioria dos casos não é verdade. Trata-se de uma execução

que tem por finalidade coibir a inadimplência do alimentante, forçando-o a pagar em

três dias ou ter sua prisão decretada pelo prazo de um a três meses. Caso isso ocorra, a

obrigação ainda persiste, não desonerando o devedor. Tratada pelos artigos 732 e 733

do CPC, tem a prerrogativa da prisão civil, quando a ação visa o prazo de três meses

anteriores à sua propositura. Ainda, como faz remissão ao capítulo IV do mesmo

código, que trata da execução por quantia certa contra devedor solvente, possibilita a

execução dos débitos anteriores, desde que dentro do prazo prescricional de dois anos a

partir de seu vencimento, segundo o artigo 206, §2º, Código Civil, lembrando não corre

prescrição contra absolutamente incapaz.

14. Penhora

A penhora é o ato pelo qual o juízo garante a execução, através da segregação de

bens do devedor ou do bloqueio das rendas do mesmo. Após a citação do devedor para

pagamento, em três dias, da dívida e este não o fizer, o oficial de justiça procederá com

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a penhora, intimando o devedor; o juiz intimará o advogado do devedor, só o fazendona

pessoa do devedor se este não tiver advogado e no caso do oficial não o encontrar, e

arrestar-lhe-á quantos bens forem necessários para garantir a execução (arts. 652 e 653,

CPC).

Hodiernamente tem-se a penhora on line, onde o juiz e somente ele, a pedido do

credor, bloqueia as contas bancárias do devedor e penhora o dinheiro dessas contas

(655-A, CPC).

15. Substituição da penhora

A substituição da penhora pelo exequente, possibilitada pelo artigo 656, do CPC,

acontece nos casos previstos em sua listagem, como, por exemplo, a incidência da

execução em bens de baixa liquidez, afinal, receber um “elefante branco” como forma

de pagamento não é uma opção. Também poderá haver a substituição, caso haja bens do

executado no local da execução e outros fora deste local foram penhorados. Para o

requerimento dessa substituição é necessária o disposto no artigo 668 do mesmo código,

o qual determina o prazo de dez dias a partir da sua intimação e que se prove não trazer

danos ao devedor. Ainda, sob a égide do mesmo artigo, deverá o exequente trazer

especificados, qualificados, descritos e valorados, os bens que deseja substituir.

16. Impenhorabilidade

A legislação determina proteção especial a determinados bens, conferindo-lhes a

propriedade de não serem objetos de penhora, trata-se da impenhorabilidade elencada

no artigo 649 do Código de Processo Civil, in verbis: “São absolutamente

impenhoráveis”. O rol apresentado no artigo em comento, como o imóvel declarado

com bem de família; os móveis, pertences e utilidades domésticas de valor mediano; os

livros, ferramentas e bens móveis necessários para o trabalho, além de outros mais, tem

interpretação teleológica e não literal. Aqui a expressão dura Lex sed Lex não é literal.

À guisa de exemplo, o imóvel declarado como bem de família, se de valor elevado,

pode sofrer execução, sendo sub-rogado por outro de menor valor. Se existirem dois

imóveis e o de maior valor estiver gravado como bem de família, poderá haver a

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transferência do gravame para o de menor valor, liberando o maior para penhora, se

necessário for. Ocorre também a mesma relativização com os bens que guarnecem a

residência do executado: se existirem bens de valor elevado, como uma obra de arte, ela

será penhorada ou em duplicidade, no caso de duas televisões, uma será penhorada.

No entanto, certos itens do artigo 649, não poderão realmente ser penhorados,

tais como a pequena propriedade rural, assim definida em lei; a caderneta de poupança

com saldo até quarenta salários-mínimos e o seguro de vida. Os rendimentos destinados

ao sustento do devedor poderão ser penhorados se a execução se tratar de alimentos,

conforme o §2º, do artigo. Em casos concretos, observa-se a penhora de, no máximo,

trinta por cento dos rendimentos, a fim de não prejudicar a subsistência do devedor.

17. Impugnação da penhora

Como uma defesa do executado, tem-se a impugnação da penhora fundada em

título judicial, incidental no processo e deliberada pelo juiz, que prolata decisão

interlocutória, que por sua vez é combatida por agravo. Existe aí uma ressalva: se a

decisão interlocutória resultar na extinção da execução, terá ela efeito terminativo,

podendo, nesse caso ser atacada por apelação. Seu prazo para sua apresentação é de

quinze dias a partir da intimação da penhora ao advogado do devedor, nos termos do

artigo 475-J, §1º. A impugnação deverá estar baseada somente nas matérias elencadas

em lei, através do artigo 475-L, como por exemplo, excesso de execução ou

inexigibilidade do título. Esse rol do 475-L é taxativo. Encontrando-se fundado nestas

matérias, a impugnação, por padrão, não possui efeito suspensivo: este só será

concedido, em caráter especial, em casos em que haja prova inequívoca e extremamente

fundamentada ameaça de dano de difícil ou incerta reparação ao executado, caso

contrário a execução continuará seu caminho procedimental.

18. Exceção de pré-executividade

Outra defesa possível é a exceção de pré-executividade. A exceção de pré-

executividade visa apontar fatos de ordem pública que podem ter passado despercebidos

pelo juiz, como a prescrição e a decadência ou mesmo o pagamento do título, já

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efetuado anteriormente à execução. Essa defesa visa apontar fatos impeditivos da

execução e por serem de ordem pública podem ser levantados a qualquer tempo, já que

o juiz deveria tê-lo feito de ofício.

19. Embargos à Execução

Incidentais ao processo são os embargos à execução, podendo ser opostos pelo

executado em quinze dias a partir da intimação, como ação autônoma, que visa a

modificação do mérito da sentença pela cognição, por meio de todas as provas lícitas

que puder produzir, conforme preconiza os artigos 736 a 740 do Código de Processo

Civil . Não é necessária a caução, penhora ou depósito e não têm o efeito suspensivo,

salvo se fundado grave ameaça de dano de difícil ou incerta reparação ao devedor. Au

contraire das exceções de pré-executividade, que abordam erros processuais, os

embargos à execução visam os erros materiais ocorridos na execução extrajudicial,

como nulidade da execução, por não ser executivo o título apresentado, penhora

incorreta ou avaliação errônea, excesso de execução ou cumulação indevida de

execuções, retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de título para

entrega de coisa certa, além de qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa

em processo de conhecimento.

20. Execução provisória

A execução provisória, explicitada no artigo 475-O, do CPC, se dá quando a

sentença condenatória for embargada ou impugnada, sem o efeito suspensivo, seguindo

os mesmos trâmites da execução definitiva, mas necessitando de garantir o juízo através

de caução. O exequente custeia e se responsabiliza por todos os atos necessários à

execução, respondendo ainda por todos os danos causados ao devedor no caso de

reforma ou cassação da sentença.

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21. Cumprimento de sentença ou execução por quantia fundada em título

judicial

Quando a execução se funda em sentença originada na fase de conhecimento,

tem-se a execução fundada em título judicial, ou mais acertadamente, o cumprimento de

sentença, regido pelo artigo 475-J, que dá quinze dias para o pagamento da quantia certa

ou líquida pelo devedor. Caso não o faça, será acrescida multa de 10% e, a requerimento

do credor, emitido o mandado de penhora e avaliação, será intimado o devedor através

do seu advogado, com a prerrogativa de oferecer impugnação no prazo de quinze dias.

O oficial de justiça, no exercício da intimação, poderá avaliar os bens que penhorar,

salvo quando necessitar de conhecimentos específicos para fazê-lo, passando então esta

responsabilidade para um perito nomeado pelo juiz.

22. Extinção da execução

Considera-se extinta a execução quando for declarada por sentença (art. 795).

Para que o juiz a declare, deverá estar presente o rol do artigo 794, quando, in verbis: o

devedor satisfaz a obrigação; o devedor obtém, por transação ou por qualquer outro

meio, a remissão total da dívida; o credor renunciar ao crédito.

23. Conclusão

Com a finalidade da satisfação do crédito e o cumprimento da obrigação, a

execução judicial, fase do processo civil ou a extrajudicial, um novo processo, foram

bastante melhoradas com o advento da lei nº 11232/2005 e da lei nº 11382/2006, que

tornaram mais céleres o processo civil. Espera-se mais mudanças com o anunciado

Novo Código de Processo Civil, cujos debates têm tomado lugar em várias capitais do

País, com a presença constante do doutor e mestre em Direito Processual Civil, José

Miguel Garcia Medina, dentre outros juristas.

A esperança por dias melhores, tanto para advogados, como para magistrados,

promotores e, sobretudo, para a população brasileira, que já não tem a credibilidade na

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justiça como uma certeza, fica avivada e, como já é próprio do brasileiro, que não deixa

de carregá-la em seu âmago.

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Referências

ALVIM, José Eduardo Carreira. Elementos de Teoria Geral do Processo. Rio de Janeiro: Forense, 1989.

BRASIL, 1973. Lei nº 5869 de 11 de janeiro de 1973. Código de Processo Civil Brasileiro.. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5869compilada.htm>. Acessado em 11/04/2010.

BRASIL, 1988. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/_ConstituiçaoCompilado.htm>. Acessado em 03/04/2010.

BRASIL, 2002. Lei nº 10406 de 10 de janeiro de 2002. Código Civil Brasileiro. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/leis/2002/L10406compilada.htm>. Acessado em 25/04/2010.

Dornelles, Eliane Dornelles de. Teoria Geral do Processo. Apostila de Pós Graduação. 2009.

MEDINA, José Miguel Garcia. Execução. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.