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ANOTAÇÕES DE PROCESSO CIVIL IV TEORIA GERAL DAS CAUTELARES CAUTELARES EM ESPÉCIE TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO EXECUÇÕES EM ESPÉCIE MEIOS DE RESISTÊNCIA DO EXECUTADO

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Material de apoio ao curso de Direito. Anotações de Direito Processual Civil. Contendo os seguintes tópicos: TEORIA GERAL DAS CAUTELARES;CAUTELARES EM ESPÉCIE;TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO;EXECUÇÕES EM ESPÉCIE;MEIOS DE RESISTÊNCIA DO EXECUTADO.

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ANOTAÇÕES DE PROCESSO CIVIL IV

TEORIA GERAL DAS CAUTELARESCAUTELARES EM ESPÉCIE

TEORIA GERAL DA EXECUÇÃOEXECUÇÕES EM ESPÉCIE

MEIOS DE RESISTÊNCIA DO EXECUTADO

Bibliografia Recomendada:

- CAMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil. Vol. II. Ed. Lumen Juris. Rio de Janeiro: 2003.

- THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Vol.II. Ed. Forense. Rio de Janeiro: 2003.

- WAMBIER, Luiz Rodrigues. Vol. III

- DONIZETTI, Elpidio. Manual de Processo Civil. Volume único. Ed. Atlas

- BUENO, Cassio Scarpinella – Curso Sistematizado de Direito Processual Civil. Ed. Saraiva

- HARTMANN, Rodolfo Krinemberg. Ed. Impetus

TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO

1- Considerações Preliminares

Como sabemos, o CPC atual (1973) é dividido em cinco livros, organizados da forma abaixo, sendo certo que o que vai determinar o tipo de processo (conhecimento, execução ou cautelar) é o tipo de providência jurisdicional pretendida. Vejamos:

I- Processo de Conhecimento: o Autor pretende o acertamento do direito (dizer o direito), requerendo providencia jurisdicional declaratória, constitutiva ou condenatória.

II- Processo de Execução: a tutela jurisdicional pretendida é a que se dê efetividade ao direito já acertado em sentença ou título executivo extrajudicial.

III- Processo Cautelar: a providência jurisdicional pretendida é que se resguarde a efetividade de outro processo. Por isso, a cautelar será sempre acessória.

IV- Procedimentos Especiais

I- Disposições Finais e Transitórias

Temos então que, conforme art. 270 a 272, o CPC regula as espécies de processo (conhecimento, execução, cautelar) e os tipos de procedimentos. Quanto aos procedimentos, vale lembrar que temos os seguintes:

A) Procedimento Comum no CPC: - Ordiário;- Sumário;

B) Procedimentos Especiais: - todos do livro IV (art. 890 e SS)

- Algumas considerações sobre o Processo de Conhecimento em virtude das alterações trazidas pela lei 11.232/05:

* Fases do processo de Conhecimento (híbrido/sincrético = conhecimento + execução)

FasePostulatória

Fase Saneadora

Faseinstrutória

Fasedecisória

Cumprimento sentença

Petição Inicial

Resposta doRéu

Providênciaspreliminares

Julgamentoconforme o estado do processo

Produção de provas

sentença

Liquidação de sentença

Cumprimento Ou Execução da Sentença

Art.463/CPC

Obs: agora, como veremos, proferida a sentença, o réu terá 15 dias para cumprir a obrigação, sob pena de multa de 10% sobre o montante devido. Não cumprida a obrigação, passa-se a execução forçada, com simples intimação do devedor na pessoa do seu advogado, sem necessidade de nova citação. Podemos dizer, portanto, que a execução de sentença e de título executivo extrajudicial não se dará, como antes, da mesma forma. Para tanto, vejamos quais artigos do CPC tratam da matéria:

2- Como se dará o nosso estudo:

1º momento- Teoria Geral da Execução. Normas aplicáveis a qualquer tipo de execução

2º momento- Execução das obrigações de fazer e não fazer (baseada em título judicial e em título extrajudicial.

3º momento- Execução das obrigações de entregar coisa (baseada em título judicial e extrajudicial)

4º momento- Execução das obrigações de pagar (Execução por quantia certa contra devedor solvente- baseada em título judicial e extrajudicial.

5º momento- Execuções especiais- Prestação alimentícia Contra a Fazenda Pública Execução Fiscal

6º momento- Comportamentos defensivos- Defesa no processo de execução, em caso de título extrajudicial e nas execuções especiais.

7º momento- Execução por quantia certa contra devedor insolvente.

8º momento- Execução nos Juizados Especiais.

3- Nova Sistemática do CPC no que se refere à atividade executiva

“O processo civil é um instrumento que o Estado põe à disposição dos litigantes, a fim de administrar justiça. Não se destina a simples definição de direitos na luta privada entre os contendores. Atua ... não no interesse de uma ou de outra parte, mas por meio do interesse de ambos. O interesse das partes não é senão um meio, que serve para conseguir a finalidade de processo na medida em que dá lugar àquele impulso destinado a satisfazer o interesse público da atuação da lei na composição dos conflitos. A aspiração de cada uma das partes é a de ter razão: a finalidade do processo é a de dar razão a quem efetivamente a tem... Duas exigências que concorrem para aperfeiçoá-lo são a rapidez e a justiça”

Este trecho do Capítulo II da Exposição de Motivos do CPC, nos mostra que o legislador tem como busca dar maior efetividade ao processo civil, de forma que este seja o mais eficaz possível. É em virtude desta busca que, desde que entrou em vigor, o CPC vem passando por diversas alterações. Algumas das mais importantes mudanças ocorreram, justamente, na estruturação da atividade de execução. Vejamos algumas

Lei 8.952/94: alterou o art. 461 determinando que, nas sentenças que condenem o réu a obrigação de fazer ou não fazer, o juiz irá determinar a obrigação e as providências que lhe assegurem o resultado prático pretendido (inclusive multa astreinte), somente se admitindo a conversão da obrigação, em perdas e danos, se impossível o seu cumprimento pelo devedor ou por terceiro, a custa dele, pois, como aprenderemos, o processo deve assegurar a parte aquilo e somente aquilo a que tem direito.

Lei 10.444/02 – a tutela jurisdicional de execução referente às obrigações de entregar coisa, definidas em sentença, não mais dependem de iniciativa da parte. O juiz ao dar a sentença, determina prazo para cumprimento da obrigação (inclusive sob pena de multa astreinte), bem como a busca e apreensão, caso não haja adimplemento voluntário, somente se convertendo em perdas e dados a obrigação se impossível a entrega da mesma, também porque, como aprenderemos, o

processo deve assegurar a parte aquilo e somente aquilo a que tem direito.

Lei 11.232/05: a atividade jurisdicional não se encerra mais com a publicação da sentença (antiga redação do art. 463), mas somente quando o processo for capaz de dar efetividade ao direito declarado, repise-se, no mesmo processo. Assim, os títulos executivos judiciais, em regra, não dependem mais de processo de execução autônomo. O processo de conhecimento para a ser híbrido, sincrético, congregando atividade de conhecimento e de execução na mesma relação processual.

Lei 11.382/06: alterou diversos dispositivos do livro II do CPC, que trata do processo de Execução de Títulos Extrajudiciais, modificações trazidas com o intuito de tornar o processo de execução mais célere e eficaz..

Novo CPC – um novo CPC foi aprovado no Senado e agora está sendo votado pela Câmara dos Deputados. Para saber mais detalhes, acesse o site da Câmara dos Deputados e fique por dentro do que está para acontecer. Destaque para a eliminação de espécies de recursos, diminuição das modalidades de intervenção de terceiros, simplificação da defesa, entre outros pontos, muitos positivos e outros bastante criticados.

Devemos lembrar que, pela sua natureza, o que se busca na atividade

executiva não é o acertamento do direito, que já está definido em um dos títulos executivos descritos no art. 585 e 475-N.

No processo de conhecimento a parte que acredita ser a titular do direito utiliza-se do seu direito de ação e requer do Estado a prestação da tutela jurisdicional, ou seja, o Estado é chamado para “dizer o direito”. Tal tutela poderá ser finalmente entregue através do proferimento de uma sentença.

No processo de Execução, em contrapartida, o Estado não é chamado para dizer o direito, pois este já está previamente acertado, mas a efetivar, na prática, aquele direito que já está acertado. Em outras palavras, a substitutividade da jurisdição refere-se aos atos executórios, dos quais não pode a parte valer-se sem amparo do judiciário, uma vez que, como sabemos, a autotutela é vedada. Assim, somente o Estado-juiz pode, valendo-se do devido processo legal, adentrar ao patrimônio do devedor e à custa dele, garantir o pagamento do devido ao credor.

A execução ou cumprimento de sentença cível se processa nos mesmos autos do processo de conhecimento, sem que seja necessária, em regra, nova citação do devedor que, neste caso, toma conhecimento dos atos do processo através de intimação por DO, feito na pessoa do seu advogado (vide art. 236 c/c art. 475-J, §1º) .

4- A tutela executiva, na atual organização do CPC, seguirá as seguintes regras:

Título Executivo Judicial Título Executivo Extra-Judicial

Execução de Obrigação de Fazer

Art. 461 Art. 632 a 638

Execução de Entregar Coisa

Art. 461- A Art. 621 a 628

Execução por Quantia Certa (obrigação de pagar)

Art. 475- A a 475- R Art. 646 a 735

As formas de Resistência do Executado se darão seguindo as seguintes normas:

Título Executivo Extrajudicial

Embargos do devedorArt. 736 a 747

Título Executivo Judicial Impugnação§1º do art. 475-J, 475-L e 475-M

5- Classificação da Tutela Jurisdicional Executiva

a- Quanto à origem do Título ExecutivoI- Execução baseada em título judicial, descritos no art. 475-N.II- Execução baseada em título extrajudicial, descrito no art. 585.

Obs: Conforme art. 475-R e 598, as normas referentes a execução de título judicial são aplicáveis à execução de títulos extrajudiciais e vice-versa.

b- Quanto à estabilidade do título executivo:

I- Execução definitiva, baseada em título executivo não mais sujeito a modificação ou desconstituição.

II- Execução provisória baseada em título executivo ainda sujeito a recurso (recebido no efeito devolutivo) ou a modificação ou desconstituição por embargos à execução. (art. 475-J, §1º e art. 587, art. 475-O).

c- Quanto à modalidade da obrigaçãoI- Execução de obrigação de Fazer ou não Fazer;II- Execução de obrigação de Entregar Coisa;III- Execução das obrigações de pagar.

d- Quanto à origem da dívida:

As obrigações de pagar têm tratamento diferenciado conforme se tratem de:

I- Dívida com origem alimentar- Há normas específicas no CPC (art. 475-Q e 732 a 735) e em legislação extravagante (Lei 5.478/68)

II- Dívida com origem em obrigação da qual participe a Fazenda Pública: Como devedora- art. 100 CF/ art. 730 e 731 a 741Como credora- Lei 6.8030/80 (Execução Fiscal).

e- Quanto à solvabilidade do devedor:

I- Execução contra devedor solvente- regra geralII- Execução contra devedor insolvente- art. 748 a 786-A

Obs: A execução de devedor insolvente do CPC se aplica apenas à pessoa física ou natural. À pessoa jurídica se aplica a Lei 11.101/2004, que trata da recuperação judicial, extrajudicial e falência de empresa ou empresário.

6- Princípios Aplicáveis à Atividade Executiva

Falaremos, neste período, tanto do Cumprimento da Sentença quanto do Processo de Execução propriamente dito, este somente cabível no caso de títulos extrajudiciais.

Antes, entretanto, trataremos dos pontos que lhe são comuns, ou seja, de todas as regras que se aplicam à atividade executiva do Estado, aplicáveis aos dois procedimentos.

Inicialmente, tenhamos em mente que todos os princípios aplicáveis à Teoria Geral do Processo o são também ao processo de execução. São eles (só para relembrar):

Princípio do Acesso à Justiça Princípio da Efetividade do Processo Princípio da Imparcialidade do Juiz Princípio do Juiz Natural Princípio da Igualdade (ou da Isonomia) Princípio da Publicidade Princípio da Lealdade Princípio do Contraditório Princípio da Ampla Defesa Princípio do Devido Processo Legal Princípio da Economia Processual Princípio da Instrumentalidade das Formas Princípio do Duplo Grau de Jurisdição Princípio da Inércia da Jurisdição Princípio do Impulso Oficial Princípio da Persuasão Racional do Juiz Princípio da Motivação das Decisões Judiciais

Princípio da Inafastabilidade do Controle Jurisdicional Princípio da Eventualidade Princípio dispositivo

Existem, entretanto, princípios específicos da atividade executiva, aplicáveis, como dito, tanto ao processo de execução autônomo (títulos extrajudiciais) quanto ao cumprimento da sentença (títulos executivos judiciais):

Princípio da Efetividade da Execução (ou da Especificidade): “o processo deve dar, quanto for possível praticamente, a quem tenha um direito, tudo aquilo e exatamente aquilo que tenha direito de conseguir1”. O processo de execução somente terá atingido o seu objetivo se for capaz de assegurar ao titular do direito exatamente aquilo que ele tem direito de receber, seja soma em dinheiro ou coisa certa.

Princípio do menor sacrifício possível do executado: encontra amparo precipuamente no art. 620 do CPC, que determina que a execução deva ser feita pelo modo menos gravoso para o devedor. Nos primórdios do processo de execução, não pagando o devedor a sua dívida, este poderia ser reduzido á condição de escravo, preso ou até mesmo morto. Hoje, apenas o patrimônio do executado pode ser atingido e, ainda assim, com ressalvas. O princípio acima coroa a evolução do processo executório.

Princípio do desfecho único: o único desfecho que se espera em um processo de execução é que o devedor pague, de uma forma ou de outra, sua dívida para com o credor (se estiverem presentes as condições da ação, como legitimidade da parte, p. exemplo). Qualquer outro fim será considerado inadequado. Este princípio é corolário da própria finalidade da execução. Assim, pode o exeqüente, a qualquer tempo, com ou sem consentimento do executado, desistir da execução.

Princípio da Utilidade da Execução: a Execução deve ser útil ao

credor, não deve ser mero castigo ao devedor. Seu objetivo é a satisfação do crédito exeqüendo. Está ligado ao Princípio da Economia processual e tem por objetivo focar o processo em seu verdadeiro fim, qual seja, o pagamento do crédito.

Princípio do Ônus da Execução: se o devedor não pagou espontaneamente, não é justo que o ônus da execução recaia sobre o credor. Assim, o devedor deverá arcar com todas as despesas, custas processuais e honorários de advogado da parte exeqüente. Assim é que, alguns juízes, ao determinar a citação em Execução, já estipulam o valor dos honorários relativo àquela fase, independente daquele determinado em sentença, para que o mesmo seja executado juntamente com o crédito do autor.

Princípio do Respeito à Dignidade Humana: a execução não deve levar o executado a uma situação de total penúria, incompatível com a dignidade humana. Em atenção a este princípio é que alguns bens do executado não são passíveis de penhora.

1 CHIOVENDA. Instituições de Direito Processual Civil. Vol. II, p. 46.

Princípio da Disponibilidade: como processo autônomo que é, a execução somente começa por iniciativa da parte, que dispõe do direito de executar, ou não, o seu crédito, ou ainda, pode aceitar que o devedor apenas lhe pague parcialmente o débito. Assim, ainda que em sede de processo de execução, é facultado às partes que estas transijam.

7- Conceito de Execução (atividade Executiva, tanto no Processo de Execução Autônomo, quanto no Cumprimento de sentença)

“conjunto de atos estatais através de que, com ou sem o concurso da vontade do devedor (ou até contra ela), invade-se seu patrimônio para, à custa dele, realizar-se o resultado prático desejado concretamente pelo direito objetivo material.”2

Tal conceito, como dito, serve tanto para a execução autônoma (título extrajudiciais) quanto para o cumprimento de sentença.

8- Requisitos para se realizar atividade executiva

O CPC apresenta dois requisitos necessários para qualquer execução:

1- título executivo (art. 580) 2- inadimplemento do devedor (art. 581).

Podemos dizer, portanto, que o requisito primordial da execução é a existência prévia de título executivo que represente obrigação líquida, certa e exigível.

Titulo Executivo

Importante lembrar que, com o advento do art. 475, o processo de Execução, enquanto relação jurídica autônoma, somente ocorre no que se refere aos títulos extrajudiciais. Basicamente, a grande diferença é que, agora, prolatada a sentença, o devedor não é mais citado para pagar, mas sim, intimado, na pessoa do seu advogado.

O Livro II do CPC também foi alterado em vários dispositivos.

Ainda assim, temos que os títulos judiciais são requisitos, tanto da Ação de Execução (Livro II do CPC), quanto do Cumprimento da Sentença (art. 475-J a 475-R do CPC) .

2 CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil. Ed. Lumen Juris. Rio de Janeiro: 2003.

Há divergência na doutrina a respeito do conceito e função dos títulos executivos.

A teoria documental, encabeçada por Francesco Carnelutti, afirma que título executivo é o documento que consiste na prova legal da existência do crédito afirmado pelo exeqüente. Esta teoria merece críticas por reduzir o título executivo à mera prova do direito, o que se contradiz com a natureza do processo de execução, que não admite produção de provas, mas apenas aplicação do direito previamente acertado.

Contra esta teoria, surgiu aquela criada por Liebman, que vê o título executivo como ato (ou fato) jurídico capaz de tornar adequada a via executiva como meio de atuação concreta da vontade da lei, através da imposição da sanção processual consistente na responsabilidade patrimonial. Esta é a posição mais aceita atualmente.

Sem querer tomar partido neste intensa discussão, acerca da natureza dos títulos executivos, sendo certo que ambas as teorias tem boa fundamentação, o fato é que o art. 580, ao mencionar os requisitos para se realizar uma execução, determina que “a execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação certa, líquida e exigível, consubstanciada em título executivo.”, com nova redação dada pela Lei 11.382/2006, o que vem a reforçar, até certo ponto a corrente que vê no título executivo um documento, uma prova da obrigação nele consubstanciada.

Para uns, portanto, o título executivo é o ato ou fato jurídico a que a lei atribui eficácia executiva, para outros, é o documento que prova a existência da obrigação.

Temos contudo, inclusive segundo Scarpinella, que o que é a obrigação e não o título, que deve ter a qualidade de líquida, certa e exigível.

Títulos executivos enfim, são aqueles e somente aqueles que a lei enumera e podem ser de dois tipos: judiciais (art. 475-N) ou extrajudiciais (art. 585). Ambos devem expressar a existência de obrigação com os requisitos da liquidez, certeza e exigibilidade.

Características dos títulos executivos (ou das obrigações expressadas no documento título executivo)

Liquidez: é líquido a obrigação quando seu objeto está devidamente determinado no título executivo. Há liquidez quanto o título permite, independentemente de prova de outros fatos, a exata definição da quantidade de bens devidos, bem como a sua natureza.

Exemplos de Obrigações líquidas: pagar R$ 5.000,00, pagar 1.000 TRs, pagar 100 s.m., entregar 40 sacas de café, 20% de honorários advocatícios sobre o valor da causa. Na entrega de coisa, o objeto deve estar determinado: construir um muro de 40m de comprimento X 2m de altura. Na obrigação de não fazer, a liquidez é revelada na exata determinação do que não deve ser feito: não construir determinado prédio, não despejar determinados dejetos em um rio etc.

Certeza: a obrigação deve ser certa. A certeza, segundo Luiz Rodrigues Wambier, refere-se unicamente à exata definição de seus elementos, ou seja, o título retrata obrigação certa quando nele estão estampadas a natureza da prestação, seu objeto e seus sujeitos.

Exigibilidade: a obrigação deve ser exigível a partir do momento em que não foi cumprida pelo devedor no prazo expresso no título ou na lei. Ou seja, se no título está expresso que o devedor deverá pagar no dia 12/05/11, antes desta data ao obrigação não é exigível, pois não venceu. Pode-se dizer nos títulos executivos extrajudiciais, as obrigações tornam-se exigíveis a partir do vencimento da dívida e na sentença, após o transito em julgado (art. 580). Pode ser ainda, que a sentença estipule prazo ou condição para que possa ser exigível. Ex. condena o réu a pagar ao autor a quantia de 1 s.m. ao mês a partir de janeiro de 2012, ou condena o réu a pagar determinada quantia durante o período que o autor estiver cursando faculdade etc. Neste caso, o credor deverá, além do título, juntar a prova de que a condição se realizou, conforme regra insculpida nos artigos 572 (quando o juiz decidir relação jurídica sujeita a condição ou termo, o credor não poderá executar a sentença sem provar que se realizou a condição ou que ocorreu o termo) e 614, III.

Se ainda o título executivo em si, for nulo, a execução lastreada no mesmo deverá ser declarada nula de pleno direito (art. 618, I). Por ser nulidade absoluta, poderá ser declarada de ofício e em qualquer fase da execução. Destaque-se que tal nulidade não se refere à obrigação, mas ao próprio título. Ex: a assinatura na duplicata era falsa, o procurador que firmou compromisso o fez através de procuração falsa ou que não lhe dava poderes para tanto etc. (São tais questões de ordem pública e, por poderem ser alegadas a qualquer tempo, podem ser objeto de exceção de preexecutividade, como veremos mais adiante)

9- Títulos Executivos Judiciais

Descritos originalmente no art. 584 do CPC e agora no art. 475-N, os títulos executivos judiciais são aqueles emanados do órgão jurisdicional ou por ele chancelados. Antes de tratarmos do conteúdo do art. 475-N, façamos alguns comentários sobre a sentença.

a. Sentença Proferida no Processo Civil que reconheça existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia – art. 475-N, I

Considerações Iniciais sobre sentença

Em linhas gerais e sem nos preocuparmos muito com as divergências doutrinárias acerca do tema, podemos dizer que existem três tipos de sentenças.

Sentença Declaratória é a que apenas declara a existência ou inexistência de uma relação jurídica, a autenticidade ou a falsidade de um documento (art. 4º, I e II CPC). Ex. sentença que reconhece a paternidade, que declara a nulidade absoluta de um contrato, a inexistência de uma obrigação.

Sentença Constitutiva é aquela modifica, cria ou extingue uma situação jurídica. Ex. sentença de divórcio, de anulação de ato jurídico por nulidade relativa.

Vale destacar que a sentença que afirma nulidade é declaratória, tem portanto, efeito “ex tunc”(desde então), enquanto a sentença que anula o negócio, é constitutiva, produzindo, em tese, efeito “ex nunc” (a partir de agora).

Sentença Condenatória como o próprio nome diz, é a aquela que impõe a uma das partes, uma obrigação, de fazer, deixar de fazer, entregar coisa ou pagar quantia em dinheiro.

Sobre o art. 475-N, I

Originalmente previsto no art. 584, I do CPC, que se referia tão somente à sentença condenatória. O legislador que implementou as alterações, teve o cuidado de destacar que a sentença passível de “execução” é aquele que contenha obrigação, ainda que esta não seja a sua natureza principal.

Isso se dá porque, mesmos as sentenças preponderantemente declaratórias ou constitutivas (como é o caso da sentença que reconhece a paternidade ou a sentença que decreta o divórcio), podem conter uma parte condenatória, como por exemplo, a condenação em pagamento de honorários advocatícios. Mesmo estas, podem ser “executadas”, já que há previsão de obrigação para uma das partes.

Neste caso, nos mesmos autos em que for proferida a sentença, ou seja, na mesma relação jurídica onde for reconhecida e existência de obrigação, deverá o juiz dar efetividade ao processo. Proferida a sentença e transitada em julgado, deverá o devedor efetuar o pagamento da obrigação, sob pena de multa e de desencadear todo o procedimento executório, com penhora dos seus bens, inclusive penhora “on line”.

b. Sentença Penal Condenatória Transitada em Julgado (art. 475- N, II)

Manteve-se a redação original do art. 484. O nosso ordenamento jurídico atribui executividade à sentença penal condenatória transitada em julgado (art. 91, I do CP), uma vez que torna certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime.

A ação civil ex delicto, como se sabe, é aquela que tem como objetivo a reparação do dano decorrente de infração penal. No Brasil, adotamos o sistema da separação das instâncias, embora esta separação seja apenas parcial já que a sentença criminal possui em muitos casos reflexos diretos na seara civil e vice-versa. Caso a vítima suporte prejuízo material ou moral decorrente de uma infração penal tem diante de si duas alternativas:

a) aguardar o trânsito em julgado da sentença penal condenatória e executá-la, na seara civil; b) ajuizar desde logo a ação civil para a reparação dos danos

Insta destacar que, originalmente, a sentença penal apenas reconheceria o crime e sua autoria, condenando o Réu á pena prevista no CP. Recentemente, o CPP foi alterado pela Lei 11.719/2008 e o juiz criminal deverá arbitrar um valor mínimo para indenização do ofendido pelo dano sofrido.

Antes desta alteração legislativa, a sentença penal apenas levava à certeza da indenização, mas não trazia qualquer valor, sendo portanto, um título executivo ilíquido e que deveria passar por um procedimento de liquidação, para fixar o valor do quantum debeatur no juízo cível.

Mas agora, se o ofendido se sentir satisfeito com o valor arbitrado pelo juiz, não mais prescindirá da Liquidação, vez que o valor é líquido e certo, o que significa, em linhas gerais, que a sentença penal condenatória entregará ao ofendido um título executivo líqüido, que poderá ser executado no juízo civil diretamente, independentemente de qualquer procedimento de liquidação.

Importante observar, todavia, que a indenização fixada na sentença penal condenatória nem sempre será a definitiva. O juiz criminal, com os elementos de prova de que dispõe fixará um quantum debeatur e o ofendido poderá executá-lo diretamente e além disso, ingressar com o procedimento de liquidação da sentença criminal e, posteriormente, com a execução do restante da indenização devida.

c. Sentença homologatória de transação ou conciliação (art. 584, III)

Tem previsão no art. 269, III do CPC. Assim, as partes podem se conciliar (perante o juiz) ou transigir (fora do juízo). Submetendo ao juiz os termos de seu acordo, este o homologará através de sentença. O cumprimento, se não se der espontaneamente, seguirá às regras gerais contidas no art. 475-I a 475-R e se dará da mesma forma que em qualquer sentença que determine ou declare obrigação. Poderá ser objeto de transação ou conciliação, inclusive, matéria não posta em juízo. A adstrição a que se refere o art. 128 e 460 somente se refere ao alcance da sentença, que, em tese, somente poderá apreciar as questões postas pelas partes.

d. Sentença arbitral

Ainda que pelo princípio da inafastabilidade do controle do judiciário, o Estado-juiz não possa se eximir de apreciar lesão ou ameaça a direito, a lei 9.307/96 instituiu os chamados tribunais arbitrais, somente para apreciar litígios para os quais as partes tenham assinado compromisso arbitral. O art. 31 da referida lei, determina que "a sentença arbitral produz entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título executivo", ou seja, não depende de homologação judicial. Tal idéia foi acolhida por uma lei de 2001 que incluiu a sentença arbitral no revogado art. 584 do CPC. Com a lei 11.232/05, que criou o art. 475-N, este rol foi deslocado para o Livro I do CPC.

Logicamente, neste caso, haverá, no Judiciário, a abertura de um processo de execução, mas que seguirá as regras do art. 475-I a 475-R, salvo quanto à forma de notificar o devedor. Neste caso, teremos, obviamente, a citação do devedor, uma vez que somente neste momento estará sendo formada a relação processual.

e. Acordo Judicial de qualquer natureza homologado judicialmente

Esta inovação vai de encontro à uma das mais caras finalidades do processo, que é a pacificação com justiça, levando-se em conta outros meios de solução das controvérsias. Não há mais qualquer dúvida portanto, que qualquer que seja a natureza da sentença, tenha decidido o juiz ou simplesmente homologado a vontade das partes em tornar definitiva uma situação jurídica, mesmo que tais questões não tenham sido objeto de processo de conhecimento, mas de simples e singelo acordo.

A vantagem do acordo, da transação e da conciliação judiciais, é que elas não podem, pelo menos em tese, ser mais discutidas, pois foi feita perante o Juiz, tornando-se coisa julgada.

Uma vez não cumprida espontaneamente, o cumprimento se dará por força da atividade executiva dos art. 475-I a 475-R.

f. Sentença Estrangeira homologada pelo STJ

A Emenda Constitucional 45 alterou vários dispositivos da Constituição, dentre os quais, transferiu a competência para homologação da sentença estrangeira para o STJ (a redação original atribuía ao STF). O CPC foi alterado pela lei 11.232/05 e corrigiu a redação original do rol dos títulos judiciais (antes no art. 584), adequando-o à referida EC 45. As sentenças estrangeiras, uma vez homologadas pelo STF produzem efeitos no Brasil. Assim, a homologação de sentença condenatória cível é título executivo, possibilitando a sua execução que é feita através de carta de sentença na justiça federal de primeira instância (art. 109, X da CF/88).

g. Formal ou certidão de partilha

Formal de partilha é o documento extraído dos autos do inventário e que constitui prova da propriedade dos bens dos sucessores do falecido e deve ter as peças elencadas no art. 1.027 do CPC. Se, entretanto, o quinhão não exceder ao equivalente a 5 salários mínimos, o formal pode ser substituído por documentos mais simplificado denominado certidão de partilha. Tais documentos têm força executiva somente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores. Contra estranhos entretanto, este documento não tem força executiva, devendo o interessado valer-se do processo de conhecimento.

10- Títulos Executivos Extrajudiciais

Descritos no art. 585, os títulos executivos extrajudiciais são aqueles que representam relações jurídicas criadas independentemente da ingerência do Poder Judiciário, ou seja, são aqueles que não emanam da atividade jurisdicional do Estado através do processo de conhecimento, mas representam direitos acertados pelos particulares. Tem plena eficácia executiva, o que equivale a dizer que o seu titular ou possuidor pode ingressar com ação de execução, tendo eficácia equivalente à do título judicial que condena a pagamento em dinheiro.

São aqueles enumerados nos incisos do art. 585 do CPC.

a) Títulos Cambiais e Cambiformes (art. 585, I)

Tem eficácia executiva, ou seja, podem ser executados independentemente de outra exigência, a nota promissória, a duplicata, a letra de câmbio, a debênture (título de crédito emitido por sociedade anônima e que representa parte do capital) e o cheque. Podem ser executados independentemente de protesto quando completos. Caso contrário, se lhe faltarem algum requisito do título, precisarão ser protestados, como é o caso da duplicata sem aceite.

Passado determinado lapso temporal, podem perder a eficácia executiva (no caso do cheque, mais de 6 meses sem que se ingresse com a ação de execução), caso em que será necessária a atividade cognitiva, ou seja, a propositura de ação de conhecimento cabível para acertamento do direito.

b) Escritura Pública ou outro documento público assinado pelo devedor; documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; instrumento de transação referendado pelo MP, pela Defensoria ou pelos advogados dos transatores (art. 585, II)

Ou seja, as obrigações contidas em tais documentos, desde que presentes dos requisitos de liquidez, certeza e exigibilidade, podem ser executadas diretamente.

Com relação à transação referendada pelo MP, Defensoria Pública ou Advogados dos Transatores, insta salientar que, embora tais acordos não tenham sido submetidos a chancela e homologação do Judiciário (vide art. 475-N, III e V), têm força de título executivo, embora extrajudiciais.3

c) Contratos de hipoteca, de penhor, de anticrese (caução real) e de caução (fiança é caução fidejussória), bem como de seguro de vida e de acidentes pessoais nos quais ocorra morte ou incapacidade (art. 585, III)

3 Qual seria, então, a diferença entre os títulos descritos nos artigos 475-N, III e V e o título mencionado no art. 585, II? Bom, primeiramente, os primeiros são títulos judiciais e os demais, extrajudiciais. Contudo, todos referem-se a acordo ou transação das partes. A hipótese do art. 475-N, III refere-se a “sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua matéria não posta em juízo” e talvez tenha sido mencionada pelo legislador (embora pareça obvio, uma vez que consta no rol do art. 269) para destacar que, não só a sentença condenatória, na qual o Estado decide e impõe a sua decisão, mas também na sentença que homologa conciliação entre as partes. Há também de se destacar que terá força executiva mesmo se a matéria ultrapassa aquela posta em juízo, ou seja, havendo processo em andamento, as partes podem acordar sobre matéria que não tenha sido posta em juízo, não se aplicando à conciliação a regra contida no art. 460.Já o caso do art. 475-N, V, diz respeito, ao acordo celebrado entre as partes quando ainda não há processo judicial, e que passa a ter força de coisa julgada e título judicial se for homologado judicialmente.Por último, o art. 585, II se refere à mesma transação extrajudicial mencionada no art. 475-N, V, sendo que neste caso, não ocorrerá a homologação judicial, mas apenas será referendado pelo MP, Def. Pública os pelos Advogados dos transatores, sendo portanto, título extrajudicial. Inclui-se nesta categoria o TAC assinado com o MP.

d) Crédito decorrente de foro, laudêmio (art. 585, IV)

Foro e laudêmio são quantias ao nu-proprietário de um bem sujeito a enfiteuse (direito real sobre coisa alheia).

e) Crédito documentalmente comprovado decorrente de aluguel de imóvel , bem como encargos acessórios tais como taxas e encargos de condomínio (art. 585, V)

Encargo de condomínio é aquele fixado no contrato de locação, por meio do qual o locatário se obriga a pagar as cotas de condomínio. Se for cobrado pelo Condomínio, é necessário processo de conhecimento.

f) Crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial (art. 585, VI);

g) Certidão de Dívida ativa da Fazenda Pública da União, Estados, Distrito Federal, Território, Município, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei (art. 585, VII)

Trata-se de título que embasa a execução fiscal, regulamentada na lei 6.830/80, que será objeto de capítulo próprio referente a execução de dívida ativa perante a Fazenda Pública.

h) Todos os demais títulos que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva

O Código de Processo Civil prevê a possibilidade de outros títulos executivos extrajudiciais serem inseridos no ordenamento, além daquele rol apresentado nos incisos I a VI do art. 585. Vejamos alguns exemplos:

- cédula hipotecária (Decreto-lei 70/66, art. 29);- compromisso arbitral que fixa honorários do árbitro (art. 11,

parágrafo único da Lei 9.307/96);- contrato escrito de honorários advocatícios (art. 24 da Lei

8.906/94);

11- Competência para a Execução

A competência para a execução depende da natureza do título executivo envolvido.

A) Competência para a Execução de sentença: O art. 475-P, embora não tenha revogado expressamente, substitui a matéria tratada no art. 575. Assim, temos que o cumprimento de sentença efetuar-se-á perante:

I- Os tribunais, nas causas de sua competência originária- Ex. ação rescisória, mandado de segurança;

II- O juízo que processou a causa no primeiro grau de jurisdição – Com a exceção contida no parágrafo único do próprio art. 475-P. Assim, o exeqüente poderá optar pelo juízo do local onde se encontram os bens sujeitos a expropriação ou pelo atual domicílio do executado, com remessa dos autos;

III- O juízo cível competente quanto se tratar de sentença penal condenatória, sentença arbitral ou sentença estrangeira. Há também de se destacar o contido no art. 578, que estabelece que, na execução fiscal, será competente o foro do domicílio do devedor, ou onde o mesmo for encontrado ou ainda, havendo mais de um devedor, no domicílio de qualquer um deles.

IV- Sentença estrangeira homologada pelo STJ – neste caso, a competência será da Justiça Federal de Primeira instancia (CF, art. 109, X). Para definição do foro competente, contudo, serão aplicadas as regras gerais de competência (art. 94 a 100 do CPC).

B) Competência para a Execução de titulo extrajudicial: art. 576 – aplica-se as normas de competência contidas no livro I do CPC, arts. 94 e SS. A jurisprudência, interpretando tais normas, fixou a seguinte ordem: a) foro de eleição ou privilegiado, se houver; b) lugar do pagamento (art. 100, inciso IV, “d” do CPC); c) domicílio do réu;

2- Legitimidade para a Execução

recapitulando...

Legitimidade para a causa (Legitimatio ad causam): também chamada de capacidade de ser parte. Trata-se de uma das condições da ação (art. 267, VI). A parte legítima é, em regra, a que é titular do direito ou da obrigação. Em uma ação, as partes legítimas são: aquela que entende que tem o direito subjetivo de pleitear algo e a aquela contra quem se pretende algo (art. 6º, 1ª parte)

Capacidade de Estar em Juízo ou Capacidade de ser Parte: toda pessoa que tenha direitos e obrigações tem capacidade de estar em juízo- art. 7º CPC (Ex. até uma criança de 6 meses pode ser parte). Desta forma, a lei atribui também a alguns entes despersonalizados a capacidade de estar em juízo, uma vez que são sujeitos de direitos e obrigações (ex. condomínio, espólio, empresa de fato).

Capacidade Processual: É pressuposto processual . Somente pode praticar atos processuais válidos aquele que for capaz para os atos da vida civil, na forma do que determina o art. 8º e 9º do CPC, c/c art. 3º e 4º do CC. O incapaz, embora possa ter legitimidade e tenha capacidade de ser parte (estar em juízo), não tem capacidade processual, devendo ser representado ou assistido.

Capacidade postulatória: a regra, é que somente o advogado, o órgão do Ministério Público e a Defensor Público têm capacidade postulatória. Temos exceções, já que a parte não precisa de advogado para impetrar habeas corpus e para peticionar perante os Juizados Especiais (até 20 salários mínimos), somente para mencionar alguns exemplos. Vide art. 36 a 38 CPC e art. 9º Lei 9.099/95.

Nomenclatura

No processo de execução as partes são:

Exeqüente: aquele que promove a execução forçada; é o autor do processo de execução;

Executado: aquele contra que é promovida a execução; é o réu no processo de execução;

O código de Processo Civil refere-se a estas partes simplesmente como credor e devedor.

Legitimidade das Partes no Processo de Execução

Também no processo de execução devem estar presentes as condições da ação, quais sejam: legitimidade das partes; interesse de agir e possibilidade jurídica do pedido, estando estes dois últimos requisitos presentes quando há título executivo líquido, certo e exigível e quando há inadimplemento do devedor.

Quanto à legitimidade, vejamos:

Legitimação Ativa- Pode ser:

- Ordinária a) originária – art. 566, I

credor constante no título executivo

b) derivada ou sucessiva – art. 567

o espólio, os herdeiros ou sucessores do credor, em caso de morte deste;

o cessionário, quando o direito resultante do título lhe foi transmitido por ato entre vivos. Ex. endosso nos títulos cambiais – art. 286 e ss do CC.

O sub-rogado – é terceiro que paga a obrigação ao credor originário e substitui o credor nos seus direitos creditórios. Vide arts. 346 e 351 do CC;

- Extraordinária Art. 566, II - O CPC apenas menciona o MP, mas existem outros legitimados extraordinários, como veremos. De qualquer forma, o Parquet somente terá legitimidade em harmonia com o art. 127 da CF, que prevê a sua atuação

quando evidenciado interesse público ou interesse individual indisponível.

Obs: nos casos de substituição das partes no processo de execução, por ato inter vivos ou causa mortis, não há necessidade de anuência do devedor, ou seja, não se aplica o art. 42, §1º do CPC. Contudo, o ingresso de novo devedor depende de anuência do credor conforme art. 568, II. Legitimação ativa originária do credor

É importante frisar que a parte legítima originária para figurar no pólo passivo de uma ação de execução é o credor, ou seja, aquele a quem a lei confere título executivo (566, I). Assim, quase sempre, a legitimação ativa emerge do próprio título executivo. Trata-se de legitimação ordinária, porque a parte pleiteia em nome próprio.

Em outros casos, pode acontecer do título executivo não constar o nome de credor, mas a lei legitima-lo para promover a execução, uma vez que trata-se do titular do direito. É o que ocorre no caso dos honorários advocatícios de sucumbência, quando o advogado da parte vencedora poderá promover a execução de seus honorários, em seu próprio nome. Art. 23 da Lei 8.906/94.

Legitimação ativa derivada ou superveniente

Trata-se também de legitimação ordinária, uma vez que a parte pleiteia direito seu. É superveniente porque a parte não era a titular originária do direito, mas a sucedeu por “causa mortis” ou por ato “inter vivos”. Frise-se que tal sucessão pode ocorrer antes ou depois de iniciada a execução forçada.

Legitimação Extraordinária

O art. 566, II atribui legitimidade ao MP para promover a execução nos casos previstos em lei. Há de se destacar, contudo, que não só o MP, mas outros legitimados podem ser autorizados por lei a promover a Execução. É o que ocorre na hipótese do art. 97 c/c art. 82 da Lei 8.078/85, que atribui legitimidade para promover a execução na Ação Civil Pública aos mesmos a que a lei atribui legitimidade para a ação de conhecimento.

Nestes casos, a legitimação é extraordinária, pois tanto o Ministério Público, quanto os demais legitimados, não estarão atuando para defender interesses próprios. (art. 6ª, 2ª parte).

Legitimação Passiva- Pode ser:

O art. 568 do CPC enumera as pessoas que podem ser sujeito passivo em um processo de execução. São eles:

I- o devedor constante no título executivo;II- o espólio, os herdeiros e sucessores do devedor, até o limite do quinhão sucessório;III- o novo devedor, que assumiu com o consentimento do credor, a obrigação do título executivo;IV- o fiador judicial;V- o responsável tributário.

Assim, temos que existem três tipos de legitimação passiva:

a) dos devedores originários (constantes no título);b) dos sucessores do devedor originário (espólio, herdeiros, sucessores ou o novo

devedor);c) dos apenas responsáveis pela dívida (fiador judicial e responsável tributário)

Atenção: A súmula 268 do STJ (“O fiador que não integrou a relação processual na ação de despejo não responde pela execução do julgado”) não se aplica ao fiador judicial, somente ao fiador convencional.

Litisconsórcio na Execução

É admissível o litisconsórcio na execução. Assim, dois credores em um mesmo contrato de locação, por exemplo, podem executar, em uma mesma execução, o locador. Também havendo dois devedores, nada impede que o credor execute todos eles na mesma execução.

Contudo não se permite que dois credores, um de um cheque, outro de uma nota promissória, executem, juntos o mesmo credor, pois isso significa temerária coligação de credores ou devedores.

Intervenção de Terceiros

Em princípio, não são admitidas as modalidades de intervenção de terceiros, com exceção do recurso de terceiro prejudicado.

Contudo, existem intervenções de terceiros bastante peculiares ao processo de execução. Ex: art. 711 – protesto por preferência, que ocorre na fase de entrega do dinheiro, após terem sido feitos todas as penhoras e alienações no processo. Neste caso, o dinheiro não será entregue ao credor do processo se houver outro credor com direito de preferência sobre o crédito. Neste caso, bastará mera petição do terceiro ao juiz causa, requerendo a preferência. Como menciona o juiz federal e professor Rodolfo Hartman, neste caso, de tão simples, o protesto por preferência nem mesmo gerará o deslocamento da competência. Vejamos a súmula 270 do STJ: “O protesto por preferência de crédito apresentado por ente federal em execução que tramita na Justiça Estadual, não desloca a competência para a Justiça Federal.”.

3- Responsabilidade Patrimonial

A responsabilidade patrimonial pode ser entendida como a possibilidade de sujeição de um patrimônio às medidas executivas. Em regra, a responsabilidade é sempre patrimonial, pois o devedor (ou responsável) responde com seus bens presentes e futuros (art. 591). Em outras eras, o devedor já respondeu com sua vida, seu corpo e sua liberdade.

Podemos falar em Responsabilidade Patrimonial Subjetiva (quem será atingido) e em Responsabilidade Patrimonial Objetiva (quais bens serão atingidos).

Responsabilidade Patrimonial Subjetiva

A matéria é tratada no art. 592. A responsabilidade patrimonial primária é do devedor, ou seja, inicialmente, é o devedor quem responde com os seus bens. A responsabilidade patrimonial secundária se dá naquelas situações em que um terceiro responde com seu patrimônio por dívida alheia.

Se tratarmos a responsabilidade como um fenômeno eminentemente processual, ou seja, a responsabilidade como a possibilidade de sujeição do patrimônio às medidas executivas, chegaremos à conclusão que existe dívida sem responsabilidade porque há casos em que embora a dívida exista, não possa ser exigida judicialmente. É o que ocorre com as dívidas de jogo. A dívida existe no plano do direto material, mas não pode ser reivindicada judicialmente porque há vedação no ordenamento jurídico.

Temos também, casos de responsabilidade sem dívida. Tais casos são previstos no art. 592 do CPC, que prevê as hipóteses de responsabilidade secundária. Contudo, nas hipóteses dos incisos I, III e V, o legislador não utilizou de boa técnica, pois se referem a responsabilidade primária. Vejamos:

Caso do inciso I- trata de bens que foram alienados quando pendia execução de direito real. Como sabemos, tanto a alienação quando a sucessão causa mortis serão sem efeito se o bem pertence a outrem.

Caso do inciso III- bens do devedor em poder de terceiros. Ora, neste caso, resta claro que os bens são do devedor.

Caso do inciso V – bens alienados ou gravados em fraude a execução. Como veremos, a alienação feita com fraude a execução não surtirá efeitos em relação ao credor prejudicado. Assim, o bem também pertencia e nunca deveria ter deixado de pertencer ao patrimônio do devedor.

As únicas hipóteses, de fato, de responsabilidade de terceiros e sujeição dos seus bens a execução de dívida que não é sua são os incisos II e IV. Vejamos.

- Caso do inciso II – bens do sócio. Responsabilidade do sócio, pessoa física, pelas dívidas contraídas pela pessoa jurídica. Não é a regra, mas sim a exceção. Em geral, os bens dos sócios não respondem pelas dívidas da sociedade. Há casos, previstos em lei que prevêem esta responsabilização. É o caso do art. 134 e 135 do CTN.

Há posição na doutrina que este não é o caso da desconsideração da personalidade jurídica, porque neste caso, a dívida teria sido contraída pela pessoa física

e este é justamente o motivo de “descortinar o véu em caso de fraudes, ou seja, quando o sócio utiliza a pessoa jurídica para realizar fraudes em proveito próprio, se considera que foi ele e não a pessoa jurídica quem contraiu a dívida.

Não é o mesmo que ocorre na desconsideração que se dá na justiça do trabalho.

- Caso do inciso IV- bens do cônjuge – de acordo com art. 1643, I e 1644 do CC, hipóteses em que os bens do cônjuge são atingidos porque a dívida foi contraída a bem da família.

Dentro da Responsabilidade Patrimonial Subjetiva, podemos falar ainda das modalidades fraudulentas de alienação de bens, que são as alienações feitas pelo devedor e que, em tese, retirariam os bens da incidência dos meios executivos, posto que a partir da alienação os bens passariam ao patrimônio de terceiros. Contudo, como vimos, a alienação fraudulenta de bens é ato ineficaz em relação ao credor (vamos ver as situações), portanto, os atos executivos estão, a bem da verdade, incidindo sobre os bens do devedor e não de terceiros.

4- Modalidades de Alienação Fraudulentas de Bens

Fraude a Credores

Prevista no art. 158 do CC, a fraude a credores ocorre quando um devedor, ainda não réu em processo ou de execução, mas com dívidas, aliena o seu patrimônio com vistas a tornar-se insolvente. Há necessidade de dois elementos:

a) a alienação com intenção de fraudar, tanto por parte do devedor, quando do comprador;

b) Diminuição patrimonial capaz de tornar o devedor insolvente.

Neste caso, o credor deverá comprovar os dois elementos através de ação própria, denominada ação pauliana, que deverá ser ajuizada em face do devedor e do terceiro adquirente, em litisconsórcio necessário.

Há divergência sobre se a ação pauliana anularia o ato de transmissão fraudulenta dos bens ou apenas o tornaria sem efeito em relação ao credor que propusesse a ação pauliana.

Para Alexandre Freitas Câmara, a alienação fraudulenta não seria anulada, tampouco declarada nula na ação pauliana, mas sim, seria declarada ineficaz em relação do credor que sofreu a fraude e propôs a ação pauliana, não beneficiando terceiros. Em outras palavras, o ato praticado em fraude a credores não perde a sua validade, apenas deixa de ser eficaz em relação ao autor da ação pauliana (logicamente, se reconhecida a fraude).

Pode ser penhorado, em uma execução, um bem alienado em fraude a credores se ainda não foi proposta a ação pauliana? Não. O bem alienada saiu do

patrimônio do devedor e não pode ser penhorado, a não ser em caso de fraude a execução (vide art. 592). A sentença da ação pauliana restaurará a incidência dos atos executivos sobre o bem, ou seja, o ato de alienação do bem, embora válido, torna-se ineficaz em relação ao credor que propôs e ganhou a ação pauliana.

Fraude a Execução

Prevista no art. 593 do CPC, é a alienação ou oneração de bens em duas hipóteses:

a) Quando existia contra o devedor, ao tempo da alienação do bem, ação fundada em direito real sobre o bem alienado, ou seja, quando se vende ou onera bem litigioso;

b) Quando ao tempo da alienação ou oneração, havia contra o devedor, demanda capaz de reduzí-lo à insolvência. Importante dizer que não é toda e qualquer alienação de bem que é fraudulenta, apenas a alienação do bem quando não existam outros livres e desembaraçados capaz de suportar a presente ou a futura execução.

Na fraude a credores não há necessidade de se provar a intenção de fraudar, basta que o bem alienado seja necessário para garantir a solvibilidade do valor executado. A doutrina moderna tem começado a aceitar a idéia da boa fé do adquirente para livrá-lo de ter o bem adquirido atingido por ato de constrição. Para que terceiro não possa alegar desconhecimento, é útil que o exeqüente requeira, na forma do art. 615-A, certidão da distribuição da execução, com identificação das partes e valor da causa, a fim de providenciar averbação no registro de veículos, registro de imóveis ou outros registros de propriedade. Vide §3º do referido dispositivo legal, aplicável ao cumprimento de sentença.

Insta salientar que na fraude a execução, o ato é ineficaz na sua origem e não depende de declaração do juiz para que se considere a alienação fraudulenta ineficaz em relação ao credor. Por isso, para alegação de fraude a execução, basta mera petição, nos próprios autos da execução informando ao juiz a alienação fraudulenta do bem. Não existindo outros bens livres e desembaraçados, o juiz, reconhecendo a fraude a execução, determinará a penhora dos bens adquiridos pelos terceiros, tornando ineficaz o ato de alienação em relação ao credor prejudicado.

O terceiro, por sua vez, poderá alegar boa fé, o que fará através dos embargos de terceiros, como será estudado adiante.

Fraude à alienação de bem penhorado

É uma modalidade ainda mais grave de fraude. Prevista no art. Nesta, o bem penhorado é alienado a terceiro, com vistas a impedir a sua alienação nos autos do processo onde foi penhorado.

O termo inicial para sua caracterização é a partir da realização da penhora e em tese, não haveria necessidade de se comprovar o conluio entre o devedor e o adquirente. Tal conluio é presumido.

Contudo, o art. 659, §4º prevê que “a penhora de bens imóveis realizar-se-á mediante termo de penhora, cabendo ao exeqüente...providenciar, para presunção absoluta de conhecimento por terceiros, a respectiva averbação do ato”.

Há ainda a súmula 375 do STJ, que indica que “o reconhecimento de fraude à execução depende de registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente”.

Como vimos, tal questão ainda é polêmica, embora a posição majoritária seja no sentido de que a na alienação de bem penhorado a má-fé seria presumida. De fato, nos negócios jurídicos onde se costuma requerer certidões de distribuição de feitos (como por exemplo, na alienação de bens imóveis, onde os cartórios de RI exigem tais certidões sob pena do comprador ter de assinar um termo afirmando que se responsabiliza por quaisquer execuções que recaiam sobre o bem alienado) a má-fé seria presumida.

O mais importante é entender que a alienação do bem penhorado é completamente sem efeito em relação ao credor que é parte no processo onde a penhora foi realizada. Neste caso, pouco importa se existam outros bens desembaraçados, a alienação de bem já penhorado não surtirá efeito em relação ao credor.

Resumão das Modalidades de Alienações Fraudulentas:

Fraude a credores: é a modalidade menos grave de alienação fraudulenta. É demonstrada através de ação pauliana, na qual o credor deverá demonstrar a) a alienação com intenção de fraudar e b) a diminuição patrimonial (situação de insolvência de fato – passivo maior que ativo); a sentença na ação pauliana torna o ato ineficaz em relação ao credor que propôs a ação pauliana.

Fraude a execução: para sua demonstração, não há necessidade de ação, basta mera petição nos autos alegando que a) ao tempo da alienação corria contra o devedor demanda capaz de levá-lo a insolvência (não existência de outros bens livres e desembaraçados ) ou b) que o bem alienado era disputado judicialmente (pendência de ação de direito real sobre o bem). A alienação em fraude a execução não produz efeitos em relação ao credor, sem necessidade de se demonstrar a má-fé do devedor alienante e do terceiro adquirente.

Fraude a penhora ou alienação de bem penhorado: é a modalidade mais grave. Não há necessidade de se demonstrar a má fé do devedor ou do terceiro adquirente. A alienação do bem penhorado é totalmente ineficaz em relação ao credor, independentemente da existência de outros bens livres e desembaraçados.

Responsabilidade Patrimonial Objetiva

Veremos agora quais bens são sujeitos aos atos executivos. Em tese, segundo art. 591, o devedor responde com seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em leis. Tais restrições, referem-se a impenhorabilidade de certos bens, ou seja, porque a lei prevê que alguns bens do devedor (ou responsável) são relativamente ou absolutamente impenhoráveis, pois estes, segundo art. 648, não estão sujeitos a execução.

Existem 03 categorias de bens impenhoráveis:

a) Bens absolutamente impenhoráveis: enumerados no art. 649 do CPC. Não podem ser penhorados em hipótese alguma.

b) Bens relativamente impenhoráveis: enumerados no art. 650, tais bens só poderão ser penhorados se o executado não dispuser de outros bens suficientes para assegurar a satisfação do crédito exeqüendo.

c) Bens de residência: esta impenhorabilidade é estabelecida pela lei 8.009/90. Tal lei determina que a residência onde o devedor resida com sua família, bem como os móveis que o guarnecem, excluídos os veículos, as obras de arte e os adornos suntuosos. A referida lei, contudo, exclui casos em que a impenhorabilidade mencionada não é oponível (vide art. 3º da Lei). Nestes casos, os bens referidos podem ser penhorados livremente.

5- Execução definitiva e Execução provisória

Execução definitiva é aquela promovida tendo como lastro um título definitivo e imutável, isto é, título executivo judicial já transitado em julgado ou título extrajudicial.

A doutrina majoritária (Humberto Theodoro, Wambier, Donizetti etc) entende que somente há execução provisória em caso de sentença contra a qual esteja pendente recurso recebido somente no efeito devolutivo, ou seja, que não há execução provisória em caso de título extrajudicial. Para a doutrina majoritária, como dito, somente há execução provisória na hipótese descrita no art. 475-I, § 1º (“é definitiva a execução da sentença transitada em julgado e provisória quando se tratar de sentença impugnada mediante recurso ao qual não foi atribuído efeito suspensivo.”)

Contrário a este entendimento majoritário, alguns doutrinadores, dentre os quais, Cassio Scarpinella, vislumbram a possibilidade de execução provisória também em relação a títulos extrajudiciais, porque estes também estariam, segundo esta corrente, sujeitos a modificação ou anulação e o fazem ao interpretar o disposto no art.

587 que determina que “É definitiva a execução fundada em título extrajudicial; é provisória enquanto pendente apelação da sentença de improcedência dos embargos do executado, quando recebidos com efeito suspensivo (art. 739)”. Isso se explica porque a apelação contra sentença que julgou improcedentes os embargos é recebida apenas no efeito devolutivo, o que faz com que o resultado seja provisório. Se a sentença julgou procedentes os embargos, não se poderá fazer execução, porque a apelação será recebida no efeito suspensivo, o que impede a execução do julgado.

Título Executivo

Embargos à Execução

a) Procedente: suspende a execução, não pode executar provisoriamente.

b) Improcedente: se o executado apela, a apelação é recebida, em regra, no efeito devolutivo apenas (vide art. 520, V); Se for recebida apenas no efeito devolutivo, pode o credor fazer execução provisória.

Como já sabemos e aprendemos no período passado, a sentença

transitada em julgado é aquela contra a qual não caiba mais qualquer recurso.

Entretanto, no que se refere à execução provisória, temos que relembrar que alguns recursos têm efeito suspensivo, enquanto outros somente são recebidos no efeito devolutivo. Nestes casos, tais recursos aos quais não foi atribuído efeito suspensivo, não têm o condão de sustar ou suspender os efeitos da decisão impugnada. Assim, poderá a sentença ser executada.

O art. 475-O regula o procedimento da execução provisória. Veja a o quadro abaixo:

Execução definitiva Execução provisória- fundada em título onde o direito já está acertado: sentença transitada em julgado ou título executivo extrajudicial não mais passível de modificação;

- fundada em sentença civil condenatória sobre a qual ainda esteja pendente julgamento de recurso recebido no efeito apenas devolutivo ou ainda, segundo parte minoritária da doutrina, fundada em título extrajudicial judicial quando recebida apenas no efeito devolutivo a apelação interposta contra decisão que julgou os embargos improcedentes.

- abrange todos os atos, desde a citação do executado, penhora de bens, alienação dos mesmos, depósito em dinheiro e levantamento da quantia pelo credor;

- abrange todos os atos. Porém, para o levantamento de dinheiro ou a prática de atos que importem alienação de bens, deverá o exeqüente prestar caução idônea, arbitrada pelo juiz;

- far-se-á nos autos principais; - será feita nos autos suplementares, devendo o exeqüente instruir a petição de execução provisória com as peças descritas no §3º do art. 475-O;

- por ser definitiva, não há risco para o - é feita por iniciativa, conta e

credor. responsabilidade do credor, que se obriga a reparar os danos decorrentes dos atos de execução, caso haja reforma da sentença executada.

6- Liquidação de sentença

Também somente tem aplicação no que se refere à sentença. Portanto, não há liquidação de qualquer outro título. Lembremos que os títulos executivos devem ser líquidos, certos e exigíveis.

O parágrafo único do art. 459 determina que, se o Autor tiver feito pedido certo, não é permitido que o juiz profira sentença ilíquida. A lei também proíbe a sentença ilíquida no procedimento sumário, quando se referir à acidente de trânsito (art. 275, II, d).

Ainda assim, existem casos em que as sentenças são proferidas sem que se possa deduzir o valor devido através de meros cálculos aritméticos (art. 475-B). Nestes casos, ou seja, quando a sentença não determinar o valor devido, procede-se à liquidação.

Liquidação por cálculo? Não, apresentação de mero planilha!

Não há que se falar em liquidação por cálculos, uma vez que, como dito, havendo apenas necessidade de meros cálculos aritméticos, não haverá liquidação, mas apresentação de “memória discriminada do cálculo”, ou seja, de planilha discriminando os cálculos realizados. Ex: “condeno o Réu a pagar R$ 20.000,00 a título de danos morais, atualizados monetariamente desde a sentença e ainda em custas e honorários advocatícios, estes arbitrados em 15% do valor da condenação.” Neste caso, o credor deverá, pedir a intimação do devedor para pagar o devido (art. 475-J) e instruirá o pedido com planilha discriminando os cálculos.

Valor da condenação R$ 20.000,00Reembolso das custas adiantadas R$ 1.500,00Honorários advocatícios 15% R$ 3.000,00Total devido R$ 24.500,00

Obs; valor devido até 15/03/2009

Importante frisar que este procedimento não se trata de liquidação de sentença. A sentença é líquida quando depender de meros cálculos aritméticos.

Dados em poder de terceiros

No artigo 475-B, que trata dos “meros cálculos aritméticos”, o §1º e 2º, o legislador faz menção à possibilidade de “existirem dados em poder de terceiros ou do devedor”. Entendemos entretanto que, se existem dados em poder de outros, ou seja, se existem dados que não estão no processo, seria o caso de liquidação por artigos (vide 475-E). Se considerarmos que fato novo é o fato que não está no processo e não foi considerado na sentença, que não foi líquida justamente por não ter sido alegado ou provado o referido fato, há que se proceder à procedimento de liquidação por artigos, no qual, inclusive, pode ser nomeado contador.

É o que acontece, por exemplo, no seguinte caso:

A parte autora ingressa com ação, requerendo a devolução dos valores descontados durante 20 anos, indevidamente, por uma seguradora, do contracheque do seu falecido marido, que era militar do Exército. O juiz, verificando a ilegalidade dos descontos, determina, na sentença, a devolução. Entretanto, para se calcular os valores descontados, mês a mês, há necessidade que sejam apresentados todos os contracheques, referentes aos vinte anos de desconto. Ocorre que a viúva e autora, não tem - nem teria obrigação de ter - em seu poder os referidos contracheques. Tais dados podem ser apresentados pela seguradora, que, de certo tem planilha dos valores descontados e cópias dos contracheques, ou pela União (Ministério do Exército). Não parece que este procedimento possa ser feito através de mero cálculo aritmético se depende de dados que ainda não estão no processo. Vejamos a decisão abaixo, exarada pelo STJ (RECURSO ESPECIAL Nº 946.327 - AL (2006/0281869-0), REL: MINISTRO TEORI)

"1. É do nosso sistema processual que "toda execução tem por base título executivo, judicial ou extrajudicial" (CPC, art. 583), sendo que "a execução para cobrança de crédito, fundar-se-á sempre em título líquido, certo e exigível" (CPC, art. 586), sob pena de nulidade ("É nula a execução: I - se o título não for líquido, certo e exigível" - CPC, art. 618, I). 2. No caso dos autos, a sentença condenou a CEF a pagar diferenças de correção monetária do FGTS, sem, no entanto, precisar desde logo os valores devidos. Sendo assim, trata-se de título executivo judicial ilíquido, somente podendo ser executado após a devida apuração do quantum debeatur . A propositura da ação executória, como aqui ocorreu, fundada em planilha de cálculo sem base documental que confirmasse a existência dos depósitos na conta do FGTS e o seu respectivo valor, acarreta a nulidade da execução. O juízo de certeza a respeito dos valores devidos é pressuposto necessário para a configuração dos requisitos de certeza e liquidez do título. Nesse aspecto, tem toda a razão a sentença de primeiro grau, que extinguiu a ação executiva. 3. Todavia, o procedimento para a liquidação, no caso, não é, necessariamente, por artigos. Conforme estabelece o § 1º do art. 604 do CPC, com a redação da Lei 10.444/2002 (superveniente, portanto, à decisão de primeiro grau), "quando a elaboração da memória de cálculo depender de dados em poder do devedor ou de terceiro, o juiz, a requerimento do credor, poderá requisitá-la, fixando prazo de até trinta (30) dias para cumprimento da diligência (...)". A propósito do tema, observamos, em sede doutrinária, o seguinte: "Quando o valor da prestação devida puder ser determinado mediante simples cálculo aritmético, dispensa-se ação liquidatória. Cabe ao credor elaborar memória discriminada e atualizada do cálculo, a ser anexada à petição inicial da execução. É o que estabelece o art. 604, caput, do CPC: “Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo aritmético, o credor procederá à sua execução na forma do art. 652 e seguintes, instruindo o pedido com a memória discriminada e atualizada do cálculo”.Para que se configure a situação prevista nesse dispositivo é indispensável que todos os elementos que servem de base ao cálculo aritmético sejam

conhecidos e acessíveis desde logo ao credor (ou, se for o caso do art. 605, ao devedor), porque informados no título, ou disponíveis no processo de conhecimento, ou em publicações oficiais ou por cotação em bolsa. Se os dados para o cálculo tiverem de ser buscados ou requisitados junto ao devedor ou a terceiro, proceder-se-á na forma do § 1º do art. 604, introduzido pela Lei n.10.444, de 2002. E se, para apurar a base de cálculo, houver necessidade de alegar ou provar fato novo, a hipótese já não estará regida pelo art. 604, devendo-se proceder a liquidação por ação autônoma. (...)A reforma processual operada em 1994, eliminando do sistema a ação de liquidação por cálculo do contador, deixou a descoberto diversas situações de iliquidez não enquadráveis nos procedimentos remanescentes (liquidação por arbitramento e liquidação por artigos). Caso típico mais comum é o de sentença condenatória de obrigação cujo valor pode, em tese, ser apurado por simples cálculo aritmético, mas que, na prática, isso fica inviável porque os dados necessários não se encontram nos autos. Foi justamente para atender a essa espécie de situação que se aprovou o § 1º do art. 604, introduzido pela Lei 10.444, de 2002. Propõe-se, em suma, que, a requerimento do credor, os dados necessários à elaboração da memória de cálculosejam requisitados pelo juiz. O requerido, devedor ou terceiro, deverá atender à requisição no prazo fixado, de até trinta dias. Descumprida a ordem sem razão justa, ocorrem as seguintes conseqüências: a) relativamente ao devedor, “reputar-se-ão corretos os cálculos pelo credor”; b) relativamente ao terceiro, a sua resistência “seráconsiderada desobediência”. A solução dada ao problema, no entanto, não é a mais feliz. Observe-se que a requisição dos documentos destina-se a propiciar ao credor a elaboração da memória de cálculo que, nos termos do caput, deverá acompanhar a inicial da execução. Ou seja: o requerimento e o deferimento da requisição são atos praticados antes do ajuizamento da execução. Tratar-se-á, portanto, de procedimentoautônomo, da espécie de que tratam os arts. 844 e 845 do CPC, cuja disciplina, ante a ausência de regulação própria, deverá ser aplicada Por analogia. Pelo dispositivo, se houver recalcitrância em entregar os documentos por parte do devedor, a conseqüência será esta: “reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo credor”. Mas que cálculos são esses, se o credor não apresentou cálculo algum? Note-se que a requisição de dados destina-se justamente a propiciar a elaboração da planilha de cálculos. Há, portanto, uma impropriedade lógica no dispositivo, o que torna inviável, do ponto de vista prático, a conseqüência alvitrada. Relativamente ao terceiro, a sua resistência à ordem de entrega “será considerada desobediência”. A conseqüência, portanto, é de natureza penal, o que não resolve, objetivamente, o problema da falta dos dados necessários à elaboração dos cálculos. Em suma: o dispositivo não tem solução prática efetiva para enfrentar a hipótese de recusa de entrega dos dados. Alvitra-se, nas circunstâncias, invocando o art. 845 do CPC, a providência estabelecida no art. 362: expedição de mandado de busca e apreensão, com o auxílio, se necessário, de força policial, para haver, compulsoriamente, o fornecimento dos dados por parte de quem os detenha, seja o devedor, seja terceiro. Entregues os dados, estes serão juntados aos autos, à disposição do credor. Qual a natureza do ato judicial que indefere o pedido de requisição formulado com base no § 1º do art. 604: é decisão interlocutória ou sentença? A vingar, como entendemos correto, o entendimento de que a requisição prevista no dispositivo constitui processo autônomo – que não se confunde com o de conhecimento (já encerrado) nem com o de execução (ainda não iniciado), e que se rege pela disciplina prevista nos arts. 844 e 845 –, a resposta à indagação é que se trata de sentença, semelhante à que indefere a petição inicial. O recurso, portanto, será o de apelação" (Processo deExecução - Parte Geral, SP, RT, 2004, p. 412 e ss.) Assim, no caso dos autos, a execução ajuizada com base em cálculo sem comprovação da existência dos depósitos na conta do FGTS e do seu respectivo valor acarreta a nulidade da execução. No entanto, possível a aplicação do procedimento descrito no

art. 604, § 1º do CPC, a fim de que o título judicial torne-se líquido e exigível. 2. Ante o exposto, dou parcial provimento ao recurso especial, para restabelecer a sentença de primeiro grau extintiva da execução, podendo a liquidação, todavia, ser promovida pelo procedimento do § 1º do art. 604 do CPC. É o voto.

Procedimentos da Liquidação

O procedimento a ser adotado no processo de liquidação irá variar de acordo com o tipo de operações que serão necessárias para fixação do "quantum debeatur". O CPC prevê duas modalidades de liquidação: por arbitramento e por artigos.

Em regra, a liquidação será feita nos próprios autos da ação condenatória. Em se tratando, entretanto, de liquidação para execução provisória, esta será feita em autos suplementares ou através de carta de sentença.

Em qualquer das hipóteses, a liquidação começará com petição inicial do interessado e intimação da parte contrária para acompanhar a liquidação. A intimação não será pessoal, devendo ser feita na pessoa do advogado constituído nos autos (art. 475-A, §1º).

Liquidação provisória: A liquidação pode ser feita na pendência de recurso, processando-se em autos apartados, no juízo de origem.

Liquidação por arbitramento (art. 607)

Originalmente esta matéria era tratada no livro II, mais precisamente no art. 607 do CPC. Agora, todo o procedimento relativo ao cumprimento da sentença foi deslocado para o livro I (art. 475-A a 475-R).

Quando a fixação do quantum debeatur depender de conhecimentos técnicos de perito, a liquidação se dará por arbitramento. Ex. estimativa de desvalorização de um bem depredado ou de um veículo acidentado; lucros cessantes por inatividade por culpar do réu; perda parcial da capacidade laborativa etc.

“O arbitramento é, em suma, uma perícia, feita pelo arbitrador”.7

Será feita a liquidação por arbitramento sempre que: (art. 475-C)- determinado por sentença;- convencionado pelas partes;- o exigir a natureza do objeto da liquidação.

Procedimento da Liquidação por arbitramento

1º. Petição do credor;2º. nomeação do perito pelo juiz;3º. Intimação do devedor para acompanhar a liquidação e intimação

do credor da nomeação do perito;

7 Alexandre Freitas Câmara. Op. Cit. P. 231.

4º. formulação de quesitos e indicação de assistentes;5º. apresentação do laudo pericial, no prazo determinado pelo juiz;6º. manifestação das partes sobre o laudo;7º. sendo o laudo aceito, o juiz proferirá decisão interlocutória ou

marcar audiência de instrução para oitiva do perito.

Liquidação por artigos

Terá cabimento tal forma de liquidação sempre que "para determinar o valor da condenação houver necessidade de alegar e provar fato novo", entendido como aquele que constitui fato novo no processo, indispensável para apuração do valor devido.

Assim temos que “fato novo é o fato pertinente ao valor que não foi considerado na sentença exatamente porque a sentença não o fixou”8, podendo inclusive tratar-se de fato anterior à sentença, mas novo para o processo.

Ex.: O Réu foi condenado a pagar os valores gastos pelas vítimas de um acidente de automóvel com tratamento médico hospitalar. Neste caso, no procedimento de liquidação irão ser comprovados fatos novos (o tratamento, o nexo de causalidade entre o tratamento e o acidente e os gastos efetuados).9

O credor indicará na petição os fatos a serem provados (um em cada artigo) para que possa proceder à liquidação.

Ex4:um sitiante foi condenado a indenizar seu vizinho pelo prejuízo decorrente da invasão da lavoura por seus animais com destruição de toda a colheita esperada. Na ação de conhecimento ficou comprovado a invasão e a destruição da lavoura. Na liquidação, o credor articulará os seguintes fatos a serem provados para apuração do quantum debeatur:

b) extensão da área destruída;c) produtividade da lavoura;d) volume da produção prevista;e) qualidade do produto esperado;f) sua cotação do mercado;g) valor final da produção não obtida (prejuízo a ser

indenizado).

O procedimento a ser adotado na liquidação por artigos será o comum (art. 475-F). A doutrina entende por comum o procedimento ordinário e o sumário, indicando que deva ser observado o mesmo rito do processo de conhecimento. Assim, se a ação condenatória procedeu-se pelo rito sumário, este deverá ser observado no processo de liquidação.

A INTIMAÇÃO do devedor será feita na pessoa do seu advogado.

8 WAMBLER, apud. Alexandre Freitas Câmara.9 NUNES, Eupidio Donizath. Curso Didático de Dir. Processual Civil. Ed. Del Rey. Belo Horizonte: 2002. 4 Humberto Theodoro Júnior, op. cit. p.93.

Procedimento da Liquidação por artigos

1º. Petição do credor, de forma articulada;2º. Intimação do devedor para acompanhar a liquidação e fazer suas

alegações em 15 dias;3º. Fase de saneamento (o juiz vai fixar os pontos controvertidos);4º. Julgamento antecipado se a prova for meramente documental ou;

- Instrução na forma do art. 332 a 443;

5º. Audiência de instrução e julgamento, inclusive com proposta de conciliação.

6º. O juiz profere decisão interlocutória que decide o incidente.

ESPÉCIES DE EXECUÇÃO

Noções Gerais

Como já vimos, o CPC, trata, de forma diversa, a execução de título extrajudicial e judicial.

Por tal motivo, nosso estudo se dividiu da seguinte forma:

1º momento- Teoria Geral da Execução. Normas aplicáveis a qualquer tipo de execução – Já vimos.

2º momento- Execução das obrigações de fazer e não fazer (baseada em título judicial e em título extrajudicial.

3º momento- Execução das obrigações de entregar coisa (baseada em título judicial e extrajudicial)

4º momento- Execução das obrigações de pagar (Execução por quantia certa contra devedor solvente- baseada em título judicial e extrajudicial.

5º momento- Execuções especiais- Prestação alimentícia Contra a Fazenda Pública Execução Fiscal

6º momento- Comportamentos defensivos- Defesa no processo de execução, em caso de título extrajudicial e nas execuções especiais.

7º momento- Execução por quantia certa contra devedor insolvente.

8º momento- Execução nos Juizados Especiais.

Como já vimos, a tutela executiva é tratada no CPC da seguinte forma:

Título Executivo Judicial Título Executivo Extra-Judicial

Execução de Obrigação de Fazer

Art. 461 Art. 632 a 638

Execução de Entregar Coisa

Art. 461- A Art. 621 a 628

Execução por Quantia Certa (obrigação de pagar)

Art. 475- A a 475- R Art. 646 a 735

São justamente as espécies de Execução que vamos estudar agora:

17- Execução das obrigações de fazer e não fazer (baseada em título judicial e em título extrajudicial.

O sistema do Código de processo Civil Brasileiro organizou as espécies de Execução de acordo com o direito material, ou seja, levando-se em conta o tipo de obrigação constante no título executivo.

Também, como vimos, trata o CPC, de forma separada, da execução de obrigações de fazer baseada em título extrajudicial diferentemente do que trata a execução baseada em título judicial.

Os artigos 461 e 461-A são aplicáveis mesmo quando se trate de sentença contra a Fazenda Pública. Só há rito especial para a Fazenda Pública quando se tratar de execução de obrigação de pagar.

Obs: ressalva para o contido no art. 475, ou seja, em regula, somente após ser confirmada pelo tribunal.

Não haverá incidência de honorários advocatícios nesta etapa, pois trata-se de mera continuidade, não sendo novo processo ou nova ação.

Meios Executivos

Podem ser:

a) de sub-rogação: são aqueles estabelecidos pelo juiz e que foca, diretamente o cumprimento da obrigação, mesmo que através de ato de terceiro. Ex: busca e apreensão, penhora, cumprimento da obrigação de fazer por terceiro as expensas do devedor.

b) de coerção: também chamados de execução indireta, tem foco na vontade do devedor. O exemplo mais clássico é a multa astreinte e a prisão do devedor de alimentos.

Astreintes

Meio de coerção mais utilizado.

Principais questões a respeito das astreintes:

A) podem ser fixadas em que tipo de decisão? Tanto em decisão interlocutória, quanto em sentença que impõe obrigação de fazer ou não fazer ou de entregar coisa. A doutrina majoritária repudia as astreintes nas execuções de obrigação de pagar.

B) podem ser fixadas de ofício? Tanto a requerimento do credor, quanto de ofício, a qualquer tempo. Art. 461, §4º. Também a revisão pode ser de ofício. Art. 461, §6º .

C) a decisão que reduz as astreintes pode ter efeito retroativo? Há polêmica. Parte defende que o efeito é apenas ex nunc e o valor acumulado já integra o patrimônio do credor. Há quem defenda o efeito ex tunc, porque o acúmulo teria desvirtuado a finalidade de coerção, gerando enriquecimento ilícito. Uma alternativa sugerida por alguns são as astreintes de incidência única. Ex. cumprimento da obrigação em 15 dias sob pena de multa única de R$30.000,00. Alguns juízes, ao fixar as astreintes, já firmam um teto máximo. Ex. astreintes de R$ 500,00 ao dia até o limite de R$ 10.000,00.

D) podem as astreintes ultrapassar o valor da obrigação principal? Pacificado que sim, inclusive nos JEC, ultrapassando o limite de 40 salários mínimos no Estadual e 60 no JE da Fazenda Pública e no JE Federal.

E) São cabíveis contra a Fazenda Pública? Majoritariamente a posição é que sim, porque defender diferentemente iria contra o princípio da isonomia. Há, contudo, posição contrária, porque tal ato feriria direito indisponível e penalizaria a própria sociedade (cofres públicos). Tal questão é polêmica também porque, segundo defendem alguns, a coerção, característica das astreintes, não estaria presente nestes casos.

F) O devedor deve ser intimado pessoalmente? Majoritariamente, a resposta é sim. Súmula 410 do STJ: “a previa intimação pessoal do devedor constitui condição necessária para a cobrança de multa pelo descumprimento de obrigação de fazer e não fazer”.

G) é imediatamente executável? Há divergência. Se foi determinada em uma decisão interlocutória antes da sentença (v.g. decisão de tutela antecipada) não há dúvida que tal decisão é provisória e reversível e não há certeza de ser mantida. Neste contexto, poderíamos dizer que não deve ser permitida a sua execução imediata. Por outro lado, só poder executá-la após a sentença, lhe tira a característica de coerção imediata e passa a ser mera promessa de mal. Para aqueles que defendem a possibilidade de execução imediata, o melhor seria vê-la como uma execução provisória, pois há risco de reversão do provimento.

Execução de Obrigações de Fazer e não Fazer baseada em Título Judicial

Importante frisar que o art. 461 do CPC, com as modificações inscritas pela lei 10.444/2002, as sentenças onde sejam determinadas obrigações de dar coisa certa ou incerta e obrigações de fazer ou não fazer devam ser auto executáveis. Ou seja, tais obrigações não precisarão mais ser objeto de processo de execução autônomas. Na própria sentença deverá conter a obrigação e a determinação de seu cumprimento do prazo fixado pelo Juiz, sob pena de multa astreinte, pelo não cumprimento.

Tal modificação visa dar maior celeridade ao processo. Neste caso teremos um processo misto de cognição e execução.

Primeiramente determina-se se a obrigação de fazer é infungível ou fungível. Na fungível pode-se fazer uso de meios de coerção e subrogação (realização da obrigação por terceiro às expensas do devedor). Nas obrigações infungíveis, não surtindo efeito os meios de coerção, converte-se a obrigação em perdas e danos.

Sentenças que contenham obrigação de fazer ou não fazer:

1- o juiz, na própria sentença, em caso de procedência, vai adotar providencias que assegurem o resultado prático, a teor do que dispõe o §5º do art. 461.

2- sendo fungíveis, o desfazimento pode ser feito por terceiro.

3- em se tratando de obrigações infungíveis, não cumprida a obrigação, haverá conversão em perdas e danos.

Meio de resistência do executado: A lei não prevê. Há, contudo, duas correntes. O devedor poderia se defender por mera petição para argüir questões de ordem pública, não sujeitas portanto à preclusão. Há quem defenda o cabimento da impugnação. Art. 475-J, §1º e 475-L. Essa segunda opção não parece a melhor, principalmente pela redação do art. 475-I.

Execução de Obrigações de Fazer e não Fazer baseada em Título Extrajudicial

Tratada nos artigos 632 e ss.

Primeiramente, é bom distinguir as obrigações de fazer fungíveis das infungíveis, uma vez que estas últimas podem ser cumpridas por qualquer pessoa, se assim aceitar o credor, às expensas do devedor, ao passo que a obrigação de fazer infungível somente pode ser cumprida pelo devedor e não sendo possível, são convertidas em perdas e danos. Vide artigos 633 e 634.

Na execução de obrigação de fazer fungível, o juiz:

1- primeiramente fixa prazo para que o devedor cumpra a obrigação (prazo previsto no título ou, a falta deste, prazo determinado pelo juiz – art. 632). Neste caso, o juiz pode fixar multa periódica pelo não cumprimento (meio de coerção). Art. 621.

2- Se não for cumprida, o juiz pode nomear, com a concordância do

credor, um terceiro para realizar a obrigação, podendo os valores pelo serviço ser adiantado pelo credor. Neste caso, após o cumprimento da obrigação de fazer pelo terceiro, a execução se converte em obrigação de pagar quantia em dinheiro, para que o devedor venha a ressarcir o credor das despesas

Na execução de obrigação de fazer infungível, o juiz:

1- Não havendo possibilidade de utilização dos meios de sub-rogação (realização da obrigação por terceiro), o juiz fará uso apenas dos meios de coerção, com fixação de multa. Aplica-se subsidiariamente o art. 461, §5º ;

2- Caso não seja cumprida a obrigação,a mesma será convertida em perdas e danos. Art. 638 e 633.

Na execução da obrigação de Não Fazer:

Se o devedor deveria abster-se de praticar determinado ato e o fez, haverá uma execução para desfazer o que foi feito. Este desfazer pressupõe, não inércia do devedor, mas ação. Pode acontecer:

1- do desfazimento ser possível e puder ser feito pelo devedor, que fará sob pena de multa. Art. 642 c/c art. 461 §§ 4º e 5º;

2- do desfazimento poder ser cumprido por terceiro às expensas do devedor; art. 643.

3- do desfazimento não ser possível, hipótese na qual a obrigação será convertida em perdas e danos e a execução correrá na forma de execução de quantia certa.

Execução das obrigações de entregar coisa baseada em título judicial

Regulada pelo art. 461-A, também trata-se de sentença autoexecutável.

Coisa incerta: §1º art. 461-A – se a escolha couber ao credor, este a individualizará na inicial. Se a opção for do devedor, este a entregará individualizada no prazo fixado pelo juiz.

Coisa certa: o juiz fixara o prazo para cumprimento da obrigação, sob pena de busca e apreensão, imissão na posse, multa, ou qualquer outra providencia prevista nos §§ 1º a 6º do art. 461. Vide art. 461-A, §§ 2º e 3º.

Não sendo possível a entrega da coisa, a obrigação poderá ser convertida em perdas e danos.

Execução das obrigações de entregar coisa baseada em título extrajudicial

Regulada nos art. 621 a 631 do CPC.

O devedor será citado para cumprir a obrigação em 10 dias ou apresentar embargos, no prazo de 15 dias, sem necessidade de segurança do juízo (o art. 737 foi revogado e a nova regra de embargos, dispensa a segurança do juízo – art. 736).

O juiz pode fixar multa por atraso no cumprimento da obrigação (art. 621, p. único).

Se a coisa litigiosa tiver sido alienada, expedir-se-á mandado contra o terceiro (fraude a execução) ; art. 626.

Não sendo possível a entrega da coisa, a obrigação poderá ser convertida em perdas e danos (art. 627).

Disposições Comuns a execução de título extrajudicial que contenham obrigação de fazer ou de entregar coisa:

Alguns doutrinadores defendem ser possível a fixação de honorários advocatícios na forma do art. 652-A e a opção do executado em cumprir a obrigação em 3 dias para fazer jus a redução desta verba em 50%.

O executado pode embargar sem garantir o juízo (art. 736), no prazo de 15 dias. O art. 735 foi revogado.

Execução das obrigações de pagar

Se divide em:

1- Execução por Quantia Certa contra devedor Solvente (baseada em título Extrajudicial)

2- Cumprimento de Sentença

1- Execução por Quantia certa contra devedor solvente

Art. 646 a 724 que, inclusive, são aplicáveis subsidiariamente ao cumprimento de sentença. Por isso, trataremos primeiramente desta espécie de execução, regulada no livro II do CPC e, após, apenas das peculiaridades aplicáveis ao cumprimento de sentença.

Pois bem, a execução de quantia em dinheiro, ou simplesmente, execução por quantia certa contra devedor solvente se divide em 5 fases, a saber:

a) Fase de Proposição:- Petição inicial com os requisitos do art. 282;- demonstrativo do débito- art. 614, II;- Prova da ocorrência da condição ou termo – art. 614, III- Possibilidade de indicação de bens pelo credor. Art. 652, §2º Obs: pode o credor promover a averbação da execução no registro de imóveis, registro de veículos ou qualquer outro registro de bens. Art. 615-A.

b) Fase de Cognição Preliminar: recebida a petição inicial, o juiz poderá:- Indeferir a petição inicial ou determinar a sua emenda- art. 616- fazer controle de eventual clausula de eleição de foro abusiva – art. 112, parágrafo único;- declarar, de ofício, a prescrição – art. 219, §5º - presentes todos os requisitos, mandará citar o devedor para pagar em 3 dias a dívida – art.652; obs: ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os honorários de advogado a serem pagos pelo executado. Atenção para o contido no art. 652-A parágrafo único – redução da verba honorária se o pagamento se der no prazo de 3 dias.

Obs: – possibilidade de parcelamento – art. 745-A – o devedor poderá (é direito do devedor) de depositar 30% do valor e requerer o parcelamento do restante do débito em até 06 vezes.

c) Fase de Apreensão de Bens- Se o oficial de justiça não encontra o devedor para citá-lo, procede-se ao arresto de bens – art. 653. Obs: neste caso, se o devedor não for encontrado, poderá ser citado por edital. Se o devedor citado por edital não comparecer para pagar, será o arresto convertido em penhora.- citado o devedor, terá prazo de 3 dias para pagar o débito – art. ;- não pagando, o oficial de justiça, munido da 2ª via do mesmo mandado, retorna ao endereço e procede a penhora de bens;

Obs: impenhorabilidade (absoluta, relativa e referente a bem de família – art. 649 e 650 do CPC e lei 8.009/90)

Indicação de bens – vide art. 652, §§ 2º e 3º - Pode ser feita pelo exeqüente ou pelo executado, quando intimado pelo juiz.

A penhora será efetivada:- Por oficial de justiça – art. 652, §1º - por termo, nos autos – art. 657 e 659, §5º

- por meio eletrônico – art. 655-A

Considera-se feita a penhora com a apreensão e o depósito do bem.

Substituição do bem penhorado ocorre nos seguintes casos – art. 656:- desobediência a ordem legal – art. 655- incidência sobre bens impenhoráveis – art. 649, 650 CPC e lei 8.009/90;- existência de outros bens no foro da execução quando o bem penhorado se situe em outra comarca - se sobre o bem penhorado já recair outra penhora ou gravame que ultrapasse o seu valor;- penhora de bens de baixa liquidez;- fracasso na tentativa de alienação;- omissão do devedor quando ao valor dos bens ou indicações a que se referem os incisos I a IV do art. 668;

D) Fase de Expropriação - Adjudicação – art. 685-A e 685-B- Alienação por iniciativa particular – art. 685-C- Hasta Pública – art. 686 a 707- Usufruto de bem móvel, imóvel – art. 716 a 724

Obs: avaliação pode ser feita:

a) Pelo oficial de justiça;b) Pelo próprio devedor, quando apresenta o bem;c) Pelo avaliador (perito) nomeado pelo juiz (quando houver necessidade de

conhecimentos especializados)

A expropriação se dará, preferencialmente, através de:

a) Adjudicaçãob) Alienação por inicativa particularc) Alienação em hasta publica

Adjudicação

É a transferência da propriedade do bem para o credor.

O credor com garantia real; os demais credores; o conjuje, descendente, ascendente do executado podem adjudicar o bem, tendo preferência:

1- ,,O cônjuge;2- O descendente;3- O ascendente;

A alienação por iniciativa particular x alinenação hasta pública

E) Pagamento ao Credor- Entrega do dinheiro - adjudicação de bens penhorados- usufruto de bem móvel ou imóvel

Obs:PRISÃO CIVIL DO DEPOSITÁRIO

Súmula Vinculante 25 - É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.Data de Aprovação 16/12/2009

 Súmula 419 STJ – projeto do ministro Felix Fischer: “Descabe a prisão civil do depositário judicial infiel”.

Saída – enquadrar como:

Fraude à ExecuçãoArt. 179 CP - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo

ou danificando bens, ou simulando dívidas:Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa.

Nesse sentido, recentemente foi proferida decisão pelo Superior Tribunal de Justiça: Decisões Recentes:"HABEAS CORPUS. PRISÃO CIVIL DE DEPOSITÁRIO JUDICIAL. ILEGALIDADE. PRECEDENTES 1. Conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal, é inconstitucional a prisão CIVIL do depositário infiel e do alienante fiduciário (RE n. 466.343/SP). 2. Ordem concedida." (Habeas Corpus nº 156878/MG, Ministro João Otávio de Noronha, DP.05/04/2010) "Habeas Corpus - prisão de depositário infiel - impossibilidade - Súmula Vinculante 25 do STF - Ordem concedida com determinação de expedição de salvo conduto."(Habeas Corpus nº 994092333416, Rel. Maria Laura de Assis Moura Tavares, j. 03/05/2010) "AÇÃO REVISIONAL - CONTRATO BANCÁRIO - JUROS REMUNERATÓRIOS - INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS 596, 648 E DA SÚMULA VINCULANTE N° 7 DO STF - CAPITALIZAÇÃO DE JUROS - CONTRATO POSTERIOR À MEDIDA PROVISÓRIA N° 1.963-17 - POSSIBILIDADE - AÇÃO DE DEPÓSITO - JULGAMENTO CONJUNTO - DEPOSITÁRIO INFIEL - POSSIBILIDADE DE PRISÃO CIVIL AFASTADA - SÚMULA VINCULANTE N° 25, STF - APELAÇÃO EM PARTE PROVIDA PARA ESSE FIM."(Apelação nº 991090769709, Rel. Matheus Fontes, j. 28/04/2010) "PRISÃO CIVIL Execução fiscal depositário infiel Prisão do representante legal da empresa devedora. Não cabimento. Alteração de entendimento pelo STF. Súmula Vinculante n° 25. Prisão CIVIL restrita à hipótese de devedor de alimentos. Ordem concedida" (Habeas Corpus nº990100327208, Rel. Edson Ferreira, j. 28/04/2010) "AGRAVO DE INSTRUMENTO - EXECUÇÃO FISCAL - PENHORA - DEPÓSITO DO BEM EM MÃOS DO DEVEDOR - DETERMINAÇÃO DE APRESENTAÇÃO - DESCUMPRIMENTO - PRISÃO CIVIL - SÚMULA VINCULANTE Nº 25 DO STF - IMPOSSIBILIDADE.Nos termos da Súmula Vinculante nº 25 do STF, é incabível a prisão do depositário infiel independentemente da modalidade do depósito." (Agravo de Instrumento nº 1.0702.99.023318-2/001, Rel. Afrânio Vilela, j. 02/03/2010)

2- Cumprimento de Sentença

Art. 475- I a 475-R

Considerações Preliminares – a lei 11.232/05 alterou o procedimento deste tipo de execução. O que antes era feito como execução autônoma, com necessidade de nova citação, passou a ser mera continuidade do processo de conhecimento, agora sincrético.

Agora, há uma nova fase denominada cumprimento de sentença.

O cumprimento de sentença depende de requerimento do credor. Não se trata de uma sentença mandamental ou auto executável, mas o requerimento do credor não precisa ser na forma de petição inicial, bastando mera petição acompanhada de planilha discriminando o débito (art. 475-B).

O credor pode indicar bens a serem penhorados (art. 475-J, §3º) ou requerer penhora on line (art. 655-A, § §1º e 2º). O devedor somente pode indicar bens a serem penhorados em casos excepcionais (art. 652, §3 e art. 656, §1º).

O requerimento de execução deve ser apresentado no prazo de 6 meses sob pena de arquivamento dos autos (475-J §5º), a contar, segundo jurisprudência majoritária, do transito em julgado.

O credor pode requerer uma certidão de início da etapa executiva no próprio cartório (art. 615-A aplicável subsidiariamente).

A multa do art. 475-J

a) Qual a natureza da Multa? É meio de coerção. Guarda semelhança com as astreintes, mas com suas próprias peculiaridades, como a circunstancia de ter o seu montante definido em lei.

b) É possível isentar o devedor do pagamento desta multa? Para Marinoni, sim. Por ser um meio de coerção, se o devedor demonstrar que não possui nenhum bem passível de penhora, não seria justo impor-lhe uma multa coercitiva.

c) É possível executar provisoriamente esta multa? Mesma dúvida que refere-se a execução provisórias das astreintes. O STJ já tem diversos julgados no sentido de que esta multa somente pode ser executável após o transito em julgado da referida decisão, porque é somente após o transito em julgado da decisão que passaria a incidir.

d) A intimação para pagamento é necessária? Caso positivo deve ser feita na pessoa do advogado ou pessoal?

Ainda há bastante controvérsia a respeito. Para Alexandre Freitas Câmara, a parte deve ser intimada pessoalmente, uma vez que o advogado somente possui poderes processuais, não sendo razoável que o patrimônio do devedor seja afetado sem que a mesma seja cientificada pessoalmente a respeito. Note-se que o pagamento é um ato que somente pode ser praticado pela parte e não por seu advogado. Por este mesmo

raciocínio, a parte é intimada pessoalmente (e não através do seu advogado) quando tem que prestar depoimento pessoal, visto que é ato personalíssimo.Contudo, outros doutrinadores, como Fredie Didier, sustentam que a intimação pessoal demanda tempo e contraria a nova sistemática do cumprimento de sentença. Para eles, portanto, bastaria a intimação na pessoa do advogado (publicação em DO).Inicialmente o STJ exarou entendimentos no sentido de que sequer seria necessária a intimação da parte, nem mesmo na pessoa do advogado e que o prazo para incidência da multa incidiria a partir do transito em julgado da decisão. No entanto, recentemente, o próprio STJ, revendo seu posicionamento, concluiu que há sim, necessidade de intimação da parte na pessoa do seu advogado.

Prescrição: súmula 150 do STF: prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação. Aplica-se portanto, o art. 617 ao cumprimento da sentença, embora não se trate de novo processo, não há dúvida que se trata de novo exercício do direito de ação, agora tendente a exigir o cumprimento da obrigação. Este novo prazo prescricional, da execução, conta a partir da petição com requerimento de que trata o art. 475-J.

Fixação de honorários nesta etapa executiva:Já recomendado pela jurisprudência de vários tribunais, tem respaldo na aplicação do art. 652-A c/c 475-R.

Deslocamento da Execução: é uma peculiaridade do cumprimento de sentença. Ainda que a sentença seja cível condenatória, pode o credor optar por efetuar a fase de cumprimento da comarca onde o executado possua a maior parte dos bens passíveis de penhora. Art. 475-P.

Procedimento4- Sentença condenando a obrigação de pagar;5- Devedor é intimado na pessoa do seu advogado a pagar obrigação no prazo de 15 dias sob pena de multa de 10%;6- Se o devedor não paga, o credor apresenta pedido de expedição de mandado de penhora ou penhora on line e instrui a petição com planilha discriminando o débito (já incluindo a multa doa art. 475-J §1º);7- Após a penhora feita por OJA ou on line, o devedor será intimado do auto de penhora e poderá oferecer impugnação (vamos estudar a impugnação mais adiante, inclusive a necessidade de segurança do juízo);8- Caso a impugnação seja acolhida, a execução poderá ser extinta.9- Caso contrário, se dará início a etapa expropriatória, ou seja, aquela em que se busca alienar o patrimônio do devedor que foi objeto de constrição para pagamento da dívida. Segue-se a partir daí, a disciplina tratada nos artigos 646 a 651 e 680 a 724 do CPC.

Recapitulando:

Já vimos:1º momento- Teoria Geral da Execução. Normas aplicáveis a qualquer tipo de execução

2º momento- Execução das obrigações de fazer e não fazer (baseada em título judicial e em título extrajudicial.

3º momento- Execução das obrigações de entregar coisa (baseada em título judicial e extrajudicial)

4º momento- Execução das obrigações de pagar (Execução por quantia certa contra devedor solvente- baseada em título judicial e extrajudicial.Agora, nos falta falar sobre: