estudo da participaÇÃo e permanÊncia dos jovens na...

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Sustentabilidade Mestrado Profissional ESTUDO DA PARTICIPAÇÃO E PERMANÊNCIA DOS JOVENS NA AGRICULTURA FAMILIAR NA LOCALIDADE DO ANCORADO EM ROSÁRIO DA LIMEIRA - MG HÉLIO PEREIRA DA COSTA JÚNIOR CARATINGA Minas Gerais – Brasil Novembro de 2007

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA

Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Sustentabilidade

Mestrado Profissional

ESTUDO DA PARTICIPAÇÃO E PERMANÊNCIA DOS JOVENS NA AGRICULTURA FAMILIAR NA LOCALIDADE

DO ANCORADO EM ROSÁRIO DA LIMEIRA - MG

HÉLIO PEREIRA DA COSTA JÚNIOR

CARATINGA Minas Gerais – Brasil

Novembro de 2007

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA

Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Sustentabilidade

Mestrado Profissional

ESTUDO DA PARTICIPAÇÃO E PERMANÊNCIA DOS JOVENS NA AGRICULTURA FAMILIAR NA LOCALIDADE

DO ANCORADO EM ROSÁRIO DA LIMEIRA - MG

HÉLIO PEREIRA DA COSTA JÚNIOR

Dissertação apresentada ao Centro Universitário de Caratinga, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Sustentabilidade para a obtenção do Título de Magister Scientiae.

CARATINGA Minas Gerais – Brasil

Novembro de 2007

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ii

HÉLIO PEREIRA DA COSTA JÚNIOR

ESTUDO DA PARTICIPAÇÃO E PERMANÊNCIA DOS JOVENS NA AGRICULTURA FAMILIAR NA LOCALIDADE

DO ANCORADO EM ROSÁRIO DA LIMEIRA - MG

Dissertação apresentada ao Centro Universitário de Caratinga, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Sustentabilidade para a obtenção do Título Magister Scientiae.

Aprovado em: 23/11/2007 Prof. Dr. Amedis Germano dos Santos

Orientador

Prof. Dr. José de Fátima Juvêncio Co-Orientador

Prof. Dr. Jorge Luiz de Góes Pereira Co-Orientador

Prof. Dr. Marcos Alves de Magalhães

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Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar, que daqui para diante vai ser diferente.

Carlos Drummond de Andrade

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À minha mãe, Juracy Leandro Pereira da Costa, que, através de suas ações, seja por

palavras ou gestos, me fortalece para superar os obstáculos da vida. Obrigado por ter me

dado a vida e continuar me alimentando de força e coragem.

Ao meu pai, Hélio Pereira da Costa, pelo exemplo de homem e pai íntegro.

Aos meus filhos, Gabriel, Pedro e Caio, por representarem tudo de bom que esta vida

poderia me dar. Vocês são meus maiores incentivadores.

À minha esposa, Cláudia Regina, pela família maravilhosa que juntos constituímos e

por ser uma companheira e amiga incansável, conforto e alento no meu dia a dia. Você é

muito importante para mim.

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v

AGRADECIMENTO

A DEUS, presença constante em minha vida, onde busco forças para enfrentar

todos os desafios e respostas para minhas dúvidas.

Ao meu orientador, professor Dr. Amedis Germano dos Santos, que sempre fez

cumprir o seu papel, mostrando-me os caminhos para a realização deste trabalho.

Aos professores Dr. José de Fátima Juvêncio e Dr. Jorge Luiz Góes Pereira, co-

orientadores deste trabalho, que contribuíram com suas correções e sugestões para

elaboração do mesmo.

Aos meus irmãos, Maria Imaculada, Marília, Magda, Jasvan e Aloísio, por me

apoiarem sempre em minhas ações.

Aos companheiros de trabalho de campo, Álvaro Benini Ramos, Luciano Mello

Peixoto e Dênis Fortunato Areno, pois, sem a ajuda dos mesmos, pessoas conhecedoras

e respeitadas da localidade do Ancorado, não teria conseguido concluir esta etapa.

Ao ex-prefeito, técnico em agropecuária e médico veterinário, Senhor Édson

Couri, por estar sempre disponível quando solicitado nas visitas e questionamentos

referentes ao município de Rosário da Limeira, especificamente na localidade do

Ancorado.

Ao Centro Universitário de Caratinga, que me oportunizou a realização deste

curso.

À Faculdade de Minas – FAMINAS, que contribuiu, decisivamente, na conclusão

desta etapa.

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vi

Aos professores, Dr. Marcos Vinícius de Mello Pinto e Dr. Marcos Alves de

Magalhães, por agirem de forma honesta no incentivo e correção das etapas durante o

curso.

Às professoras, diretoras, Rachel Silva Matos Latini, Maria da Conceição

Rodrigues de Souza e Zelitéia Lúcia Montezano Pacheco de Oliveira, que, por muitas

vezes, compreenderam as dificuldades por mim encontradas na conciliação entre o

trabalho e o estudo.

Às famílias de agricultores da localidade do Ancorado, que sempre foram

pacientes quando solicitados a responderem os questionários e entrevistas.

Às professoras Fátima França e Silva, Rita de Cássia Schittini Costa, Maria das

Graças de Oliveira Castro e Maria da Glória de Sá - Irmã Denise, pela valiosa

contribuição nesta etapa de meu estudo.

Finalmente, expresso meus sinceros agradecimentos a todos que me apoiaram

durante esta jornada, contribuindo de diversas formas para a elaboração e conclusão

deste estudo.

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BIOGRAFIA

HÉLIO PEREIRA DA COSTA JÚNIOR, filho de Hélio Pereira da Costa e Juracy

Leandro Pereira da Costa, nasceu no dia 13 de março de 1962, em Muriaé, Estado de

Minas Gerais.

Graduou-se em Licenciatura em Educação Física pela Universidade Federal de

Juiz de Fora (UFJF) em setembro de 1984.

Pós-Graduação “Latu Sensu” – Especialização em Docência Superior pela

Fundação Educacional Rosemar Pimentel - Barra do Piraí - RJ, no período de 03/1996 a

12/1996.

Pós-Graduação “Latu Sensu” – Especialização em Treinamento Desportivo pela

Universidade Federal de Viçosa em Viçosa - MG, no período de 03/2001 a 01/2002.

É professor de Educação Física na Escola Estadual Professor Gonçalves Couto, na

Escola Estadual Desembargador Canêdo e no Centro Cenecista Educacional de Muriaé.

Docente do curso de Educação Física da Faculdade de Minas – Faminas - Muriaé-MG.

Em abril de 2005, iniciou o Curso de Mestrado Profissional em Meio Ambiente e

Sustentabilidade, no Centro Universitário de Caratinga, em Caratinga, MG.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Das atividades seguintes qual a que você gostaria de se dedicar mais ......24

TABELA 2: Desenvolve atividade individual para obter dinheiro só para você . .........27

TABELA 3: Desenvolve atividade individual para obter dinheiro só para você. ..........27

TABELA 4: Você tem empréstimo com o PRONAF.....................................................36

TABELA 5: Você já sugeriu fazer algum financiamento para a propriedade................36

TABELA 6: Atividades não agrícolas que os filhos mais gostariam de desenvolver permanecendo no meio rural...................................................................40

TABELA 7: Opinião das moças sobre o trabalho na agricultura ...................................40

TABELA 8: Considerando a sua experiência e a perspectiva futura você.....................41

TABELA 9: Futuro desejado pelas moças .....................................................................42

TABELA 10: Futuro desejado pelos rapazes .................................................................42

TABELA 11: Principais razões que podem levar as moças a abandonarem o campo. ......44

TABELA 12: Principais razões que podem levar os rapazes a abandonarem o campo......44

TABELA 13: Problemas atuais que as moças enfrentam para serem bem sucedidas ........53

TABELA 14: Problemas atuais que os rapazes enfrentam para serem bem sucedidos ......53

TABELA 15: Programas/Projetos do governo federal voltados para a juventude. ............59

TABELA 16: Permanência ou não das moças nas atividades do campo .......................60

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TABELA 17: Permanência ou não dos rapazes nas atividades do campo .....................60

TABELA 18: Qual a principal razão, para permanecer na agricultura. .........................75

TABELA 19: Qual a principal razão, para permanecer na agricultura ..........................75

TABELA 20: Programa adequado para a instalação das moças ....................................76

TABELA 21: Programa adequado para instalação dos rapazes .....................................76

TABELA 22: Participação das moças em atividades de lazer e cultura na comunidade.............................................................................................77

TABELA 23: Participação dos rapazes em atividades de lazer e cultura na comunidade .................................................................................................. 78

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LISTA DE ABREVIATURAS, NOMENCLATURAS E SÍMBOLOS

4A...................Associação dos Colaboradores no Apoio da Agricultura na Amazônia.

ANPA.............Associação Nacional de Pequenos Agricultores.

CPF.................Cadastro de Pessoa Física.

CAR ...............Central dos Assentados de Roraima.

CEIFAR..........Centro de Estudos Integração Formação e Assessoria Rural da Zona da Mata.

CEPLAC.........Comissão Executiva do Plano de Lavoura Cacaueira.

CPT.................Comissão Pastoral da Terra.

CNA................Confederação Nacional da Agricultura.

CONTAG........Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura.

CMN...............Conselho Monetário Nacional.

CNDR.............Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural.

COTERRA.....Cooperativa de Trabalho, Assistência Técnica e Extensão Rural da Região Norte do Brasil.

DAP................Declaração de Aptidão ao Pronaf.

DESER...........Departamento Sindical de Estudos Rurais – PR.

EJA.................Educação de Jovens e Adultos.

EMATER........Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural – MG.

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EPAGRE.........Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extenção Rural de Santa Catarina.

EGF.................Empréstimo do Governo Federal.

ECA ................Estatuto da Criança e do Adolescente.

FETRAF..........Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar.

ITESP..............Fundação Instituto Estadual de Terras do Estado de São Paulo.

FUNAI............Fundação Nacional do Índio.

IBGE ..............Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

INCRA............Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.

MCR................Manual de Crédito Rural.

MDA...............Ministério do Desenvolvimento Agrário.

MST................Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra.

PCB.................Partido Comunista Brasileiro.

PNAD.............Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios.

PGPN..............Política de Garantia de Preços Mínimos.

PEA................População Economicamente Ativa.

PIB..................Produto Interno Bruto.

PRONAF........Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar.

SEDINE..........Serviço de Informações Educacionais.

SER.................Superintendência Regional de Ensino.

ULTAB...........União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil.

UTE................Unidade Técnica Estadual.

VBP................Valor Bruto da Produção.

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RESUMO

COSTA JÚNIOR, HÉLIO PEREIRA DA. Centro Universitário de Caratinga, novembro de 2007. Estudo da participação e permanência dos jovens na agricultura familiar na localidade do Ancorado em Rosário da Limeira, MG. Professor Orientador: Professor Dr. Amedis Germano dos Santos. Co-orientadores: Professor Dr. José de Fátima Juvêncio e Dr. Jorge Luiz de Góes Pereira.

O município de Rosário da Limeira/MG possui características predominantemente

rurais, cuja economia está voltada principalmente para a plantação, cultivo e beneficiamento

do café, sendo a agricultura familiar responsável por 80% das atividades desenvolvidas no

município. O presente estudo analisa o comportamento dos jovens, da localidade do

Ancorado, inseridos nas atividades rurais, por meio das transformações sociais vividas no

campo, principalmente da agricultura familiar. A inserção dos jovens rurais em um mundo

globalizado, recebendo influências de culturas diferentes faz os mesmos repensarem seus

projetos para o futuro e a sua busca por uma realização pessoal. Para conhecer as

transformações comportamentais desses jovens foram investigadas 40 familias por meio de

questionários e entrevistas semi-estruturadas, aplicados aos pais e jovens do meio rural, e

apontaram para uma tendência dos jovens, principalmente das moças, em projetar seu futuro

profissional no meio urbano, mesmo sabendo das dificuldades que podem encontrar. Palavras-chave: participação, jovens rurais, agricultura familiar, projeto de vida.

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ABSTRACT

COSTA JÚNIOR, HÉLIO PEREIRA DA. Centro Universitário de Caratinga, novembro de 2007. Study of the participation and the youths' permanence in the family agriculture in the Ancorado, Rosário da Limeira, Minas Gerais state. Adviser: Amedis Germano dos Santos. Comittée Members: José de Fátima Juvêncio e Jorge Luiz de Góes Pereira.

The city of Rosário da Limeira/MG has predominating rural characteristics,

focused specially in plantation, cultivation and benefiting of coffee, and the family

farming is responsible for 80% of the activities developed in the city. This study,

analyses the behavior of youth inserted in the farm activities in the Ancorado’s area,

through the social transformations lived by the farmers, specially the ones from the

family farming. The insertion of young farmers into a globalized world, receiving

foreign cultures influences, makes them think about their own projects to the future, and

the search for a personal achievement. To get to know these youth's changes of

behavior, 40 families were investigated, by interviews and questionnaires semi-

structured applied in parents and young people from the rural area, and they pointed to a

tendency of the youth, specially the girls, in projecting their professional future into the

urban area, even knowing about the difficulties they might find.

Keywords: participation, young, family farming.

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CONTEÚDO

Página LISTA DE TABELAS...................................................................................................viii

LISTA DE ABREVIATURAS, NOMENCLATURAS E SÍMBOLOS ..........................x

RESUMO........................................................................................................................xii

ABSTRACT...................................................................................................................xiii

APRESENTAÇÃO.........................................................................................................14

1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................16

2 METODOLOGIA......................................................................................................22

3 TRABALHO DE CAMPO ........................................................................................25

4 CARACTERÍSTICAS DO MUNICÍPIO DE ROSÁRIO DA LIMEIRA – MG ............... 27

4.1 Aspectos Físicos.. .............................................................................................29

4.2 Aspectos Socioeconômicos...............................................................................31

CAPITULO I

HISTÓRIA DA AGRICULTURA FAMILIAR.............................................................33

CAPITULO II

A DINÂMICA DA AGRICULTURA FAMILIAR .......................................................40

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2.1 A agricultura familiar e a pluriatividade de atividades paralelas .....................40

2.2 Crédito rural e agricultura familiar ..................................................................50

2.3 A agricultura familiar no ancorado...................................................................53

CAPITULO III

JUVENTUDE RURAL E SEUS PROJETOS DE VIDA...............................................64

3.1 Definição ou característica ................................................................................64

3.2 Os jovens e a relação campo/cidade ..................................................................66

3.3 Políticas públicas direcionadas aos jovens do campo........................................70

3.4 PRONAF Jovem e os projetos de vida dos jovens ............................................75

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .....................................................................84

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................................87

ANEXOS........ ................................................................................................................93

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APRESENTAÇÃO

O curso de Licenciatura em Educação Física, realizado, entre 1981 e 1984, na

Universidade Federal de Juiz de Fora, possibilitou-me conhecer escolas de diversas

propostas pedagógicas e principalmente relacionar-me com vários jovens com

diferentes propostas de vida. As suas características sempre me faziam voltar a uma

reflexão sobre as diversas formas de visualização do futuro. Atuando no ensino superior

desde 2003 e, estando novamente entre jovens, percebi o quanto seria necessário uma

atualização nos estudos - daí o interesse de ingressar no curso de mestrado. Das linhas

de pesquisa propostas para esta pós-graduação, percebi que algum estudo poderia ser

feito com esses jovens, uma vez que a globalização, cada vez mais presente em todos os

meios sociais, poderia estar modificando seus pensamentos e ações.

Conhecendo alguns alunos residentes em Rosário da Limeira, município

localizado na região da Zona da Mata Mineira que, durante o dia tinham suas atividades

voltadas para o trabalho no campo e, à noite, buscavam, por meio da formação de um

curso superior, maior conhecimento que os qualificasse para um mundo diferente,

voltei-me para os problemas relacionados às atividades desenvolvidas pelos moradores

do campo, seus trabalhos, suas famílias e seus movimentos sociais.

Considerando a relevância da agricultura familiar em nosso país, questionei-me

sobre como jovens e participantes das atividades urbanas se vêem como trabalhadores e

trabalhadoras rurais.

Procurei pesquisar sobre as perspectivas criadas pelos jovens residentes no

município de Rosário da Limeira, mais especificamente na localidade do Ancorado,

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local onde a atividade econômica é basicamente familiar, e analisar sobre o que pensam

esses jovens quanto às suas atividades rurais atuais e suas perspectivas para o futuro.

Vejo essas questões como relevantes para o município, já que os resultados desse estudo

poderão servir como subsídios para projetar o futuro destas unidades familiares rurais,

bem como contribuir para o desenvolvimento de novas pesquisas relacionadas às

atividades rurais quanto à participação, à permanência e ao êxodo rural dos jovens.

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1 INTRODUÇÃO

No Brasil, segundo Abramovay (1998, 2000), Carneiro (1998, 1999), Pereira

(2004), Schneider (2001, 2004), Campanhola e Silva (2000), há uma preocupação

crescente em aprimorar os conhecimentos na área social dos moradores do campo, que

visam soluções e avaliações comportamentais que resultem em efetiva ação para a

população específica. Essa preocupação transita desde a concepção teórica (como o

desenvolvimento da pesquisa), até esforços de aperfeiçoamento do planejamento, da

gestão e da implantação de ações pelos órgãos públicos, responsáveis pelo campo no

país.

Esses estudos apontam que o mundo rural dos dias atuais já não se caracteriza

como um bloco coeso, como uma única corporação implantada ao longo de um imenso

território, mas, sim, por atividades diversificadas, possibilitando a presença de novas

culturas e uma maior intensidade de competição por terras produtivas.

A agricultura está ligada à cultura, à história, às oportunidades e às restrições

geográficas e ecológicas (localização, clima, solo, plantas e animais nativos),

possibilitando aos agricultores tornar sustentável seu modelo de trabalho para melhorar

a condição de vida das pessoas envolvidas no processo.

Conforme pesquisa realizada aos trabalhos desenvolvidos pelos autores dentre

outros, que se voltem sobre as questões do campo brasileiro, sobretudo nas propostas de

transformações a partir do século XX, não se pode deixar de considerar temas como

“agricultura familiar”, “novo rural” ou “ecoturismo” entre outros. As formas de

sociedades rurais nos dias atuais demonstram crescentes mudanças referentes aos estilos

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de vida, às concepções de mundo, aos processos decisórios e modalidades de trabalho

que se elaboram e se modificam constantemente, dificultando a compreensão e análise

de expressões como “futuro do mundo rural” ou ainda “modernidade”, para

posteriormente podermos pensar as transformações do campo e, sobretudo as relações

entre as cidades e os espaços rurais.

Estas pesquisas apontam para a necessidade de uma maior diversificação das

atividades rurais como forma de competir no mercado cada vez mais exigente, fazendo

o trabalho rural assumir novas tendências e, conseqüentemente, adotar posturas

inovadoras em relação às culturas anteriormente desenvolvidas.

Sobre a agricultura familiar o que se observa no mundo rural, é a supremacia nas

ocupações com pouco recurso tecnológico, o que exige muito trabalho e torna

necessária a presença constante dos trabalhadores e trabalhadoras envolvidos neste

processo.

As precárias políticas públicas voltadas para o desenvolvimento do campo

dificultam as condições de vida destes trabalhadores e trabalhadoras, principalmente dos

jovens, e em conseqüência desta realidade, buscam os estudos, opções de trabalho,

novas relações pessoais, entre outros. A desvalorização do meio rural por parte da

juventude, tem contribuido com a constante saída de jovens para as cidades em busca de

novos horizontes, principalmente as mulheres.

No caso específico de Rosário da Limeira, são poucos os estudos voltados para a

juventude rural, contudo, percebemos ser este um espaço amplo para as investigações,

debates acadêmicos e, em decorrência, a busca pela promoção de benefícios aos jovens

rurais, reafirmando a relevância dos estudos científicos.

De acordo com a EMATER – MG (2006) existem no Brasil aproximadamente 5

milhões de estabelecimentos rurais. Deste total, 85% são estabelecimentos que vivem a

realidade da agricultura familiar. Entretanto, a área ocupada pela agricultura familiar é

de apenas 30%.

Dos estabelecimentos rurais que estão inseridos na agricultura comercial e

empresarial, estes representam os outros 15%. Esses estabelecimentos estão voltados

para os mercados interno e externo, com grande escala de produção (utilização de maior

mecanização), grandes propriedades e utilização de mão-de-obra contratada.

Dados da EMATER – MG (2006) apontam que em Minas Gerais tem

aproximadamente 500 mil estabelecimentos rurais, dos quais 384 mil são da agricultura

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familiar, representando 77%. Assim como no Brasil, a área ocupada pela agricultura

familiar em Minas Gerais é de apenas 30%.

Segundo a EMATER (2006), em Rosário da Limeira, existem, 225 produtores rurais

cadastrados no município. Na localidade do Ancorado, existem 82 famílias cadastradas, dos

quais 85% são de unidades agrícolas familiares.

A importância econômica da agricultura familiar em nosso país é apontada pela

EMATER (2006) através do Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária brasileira chega a

38%, sendo que, em Minas Gerais, estes números apontam para 37%. Especificamente, na

produção mineira, a agricultura familiar é responsável pela produção de 84% da mandioca,

67% do feijão, 52% do leite, 49% do milho, 40% de aves e ovos e 25% do café, o que vem a

demonstrar sua importância para as atividades econômicas e sociais. Como citado

anteriormente, em Minas Gerais existem aproximadamente 2 milhões de pessoas que

trabalham em atividades agropecuárias, sendo que 1 milhão e 300 mil (65%) são da

agricultura familiar. Também não pode deixar de ser relevada a importância desse segmento

na questão ambiental, pois a exploração e manutenção dos recursos naturais da terra é que lhe

garantem o trabalho hoje e a oportunidade de futuras ocupações por parte de filhos e netos.

Ancorado é a comunidade de maior representatividade populacional e econômica

de Rosário da Limeira. Sua população é trabalhadora no campo, vivendo quase que

independente da sede do município, salvo em relação ao comércio que se localiza em

Rosário da Limeira.

Apesar do percentual de famílias cadastradas que trabalham com a agricultura

familiar na localidade do Ancorado ser elevado, esta pesquisa identificou que os jovens

demonstram desinteresse em continuar desempenhando as funções na agricultura,

aspecto que compromete o processo sucessório destas unidades.

De acordo com Oliveira (2006), nas atividades de trabalho no meio rural, observa-

se que o jovem residente no campo inicia suas atividades entre 10 a 12 anos,

normalmente ajudando a família. A necessidade do trabalho para sobrevivência faz com

que estes jovens, ao aproximar-se dos 16 ou 17 anos, assumam, às vezes, o papel de

adulto, adquirindo de forma antecipada responsabilidades familiares, o que de certa

forma, restringe a vivência de atividades próprias da adolescência.

Uma parcela de jovens moradores da cidade buscam no campo opções de

descanso e lazer, ao contrario do que é observado para jovens residentes no campo,

sendo este espaço tido como local de trabalho, com poucas opções de lazer e atividades

culturais (Pereira, 2004).

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De acordo com Kreutz (1999, p.26), “O desenvolvimento do capitalismo

globalizado tem influenciado, ou modificado, as condições sociais de vida no meio

rural”. O mesmo autor afirma: “a terra que antes era vista como terra de trabalho, terra

para vida, rapidamente se converte em meio de produção e em terra de mercadorias

destinadas à agroindústria”.

Saviani (1994, apud KREUTZ, ibid, p.31) destaca que “(...) a agricultura passa a

assumir e adotar, cada vez mais, a forma industrial de produção, à medida que tende a

se mecanizar e a desenvolver nessa forma de produção específica”.

Lamarche (1993) descreve a existência de modelos que são fundamentais no

funcionamento econômico das explorações familiares: no modelo original, os traços

familiares, valores e costumes seriam preservados do modelo anterior; no modelo ideal

haveria a projeção do futuro desta exploração - o produtor projeta uma determinada

imagem de sua exploração, organiza-se e toma decisões em função de alcançar a

situação esperada.

Segundo Rio (1998), as transformações sociais são como fraturas no sistema

sociocultural onde mantinham o funcionamento das sociedades em fluxos relativamente

estáveis e que, atualmente, ocorre uma ruptura das formas de funcionamento social pela

inovação e diversidade da expressão individual e sociocultural.

Esta estabilidade social anteriormente vivida no meio rural confronta com as

transformações necessárias a adaptações de um tempo cada vez mais globalizado.

De acordo com Campanhola e Silva (2000), as profundas transformações sociais e

econômicas por que passa o meio rural brasileiro são justificadas pela contraposição ao

moderno e ao industrializado, que impede as novas atividades em que estão engajadas

quase um terço da população economicamente ativa (PEA). Com isso, a diversificação

das fontes de renda das famílias rurais passa a ter o objetivo de aumentar a renda

familiar para amenizar os riscos inerentes à produção agropecuária.

Campanhola e Silva (ibid) afirmam também, com base no Programa Nacional de

Amostra a Domicílio (PNAD), que os resultados gerados no Projeto Rurbano (2000)1

apontaram 46% das famílias rurais do nosso país como sendo não-agrícolas ou

1 De acordo com Campanhola e Silva (2000), o Projeto Rurbano tem sua origem no projeto de pesquisa temático “Caracterização do novo rural Brasileiro” que visa basicamente a reconstruir series históricas a partir dos microdados das PNADs para o período de 1981 – 95, relativos à população ocupada, emprego e renda, sob coordenação dos professores José Graziano da Silva e Rodolfo Hoffmann do Instituto de Economia da Unicamp. http://www.eco.unicamp.br/nea/rurbano/divulg/novorural.html

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pluriativas, e que a renda dessas famílias chega a ser até 50% maior que a das famílias

agrícolas.

Diante desta complexidade existente na agricultura atual, os jovens passam a ser

atores fundamentais, mas eles estão cada vez mais inseridos em um mundo globalizado,

recebendo influências de culturas diferentes, passando por transformações várias, com

valores sociais que chegam ao campo, projetando novas perspectivas e desafios quanto

a sua permanência.

Essas transformações, vividas principalmente pelos jovens, modificam o

comportamento das pessoas inseridas no meio rural, e é este o ponto central deste

estudo uma vez que pode ocorrer uma nova resposta nos hábitos assumidos.

Segundo Veiga (2000), uma das preocupações acerca da permanência dos jovens

nas atividades rurais é a experiência relacionada ao êxodo rural destes jovens em

direção às cidades. As buscas destes jovens por novas perspectivas na cidade vão ao

encontro de melhores condições de trabalho, de educação, de serviços de saúde mais

especializados e de lazer o que compromete consideravelmente a sua permanência no

meio rural.

Sobre a possibilidade de mudança do meio em que está inserido, Carneiro (1998,

p.109) afirma que

“A migração para a cidade, temporária ou definitiva, expõe os jovens ao contato com um sistema variado de valores que são absorvidos ou rejeitados, atuando tanto no sentido de reforçar os laços identitários com a cultura original, quanto no sentido de negá-los”.

As atividades desenvolvidas no meio urbano, onde se exige uma melhor

qualificação profissional, torna menores as chances dos jovens rurais, que detêm o saber

voltado às atividades do cotidiano da vida no campo, com níveis inferiores de educação

escolar, fazendo com que estes tenham que repensar seus projetos futuros na busca por

uma realização pessoal.

Mais específica para este estudo, a agricultura familiar vem sendo debatida em

vários segmentos; nos órgãos públicos, no meio acadêmico e nos movimentos do

campo. Porém, passam a ser fundamentais os estudos voltados a agricultura familiar,

aos jovens destas unidades de produção, a reforma agrária, destacando a participação

dos jovens na produção de alimentos, na busca de empregos e na distribuição de renda.

Para isto é fundamental a realização de campanhas públicas de valorização da

agricultura familiar.

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Não menos preocupante vem a ser o destino dos jovens da localidade do

Ancorado, pois a mão-de-obra predominante nas atividades agrícolas é de unidades

familiares, o que torna interessante este estudo, pois a participação e permanência destes

jovens nas atividades representam a garantia da continuidade do processo em que estão

inseridas essas famílias.

Com base nessa pesquisa de campo, realizada no município de Rosário da

Limeira, cuja representatividade é muito importante no cultivo, beneficiamento e

torrefação do café, buscou-se identificar quais são as perspectivas de vida dos jovens do

campo, especificamente da localidade do Ancorado, a partir das transformações na

agricultura. A pesquisa levanta uma discussão voltada sobre a participação dos jovens

na agricultura local, além de oportunizar os mesmos a questionarem sobre sua

permanência nas atividades agrícolas e suas expectativas para o futuro.

A localidade do Ancorado, pertencente ao município de Rosário da Limeira tem

na agricultura familiar a predominância de suas atividades e a relevância para a

realização dessa pesquisa justifica-se pelo fato de Rosário da Limeira ser um importante

pólo da produção cafeeira de nossa região. Nesse sentido, buscou-se conhecer suas

peculiaridades regionais para contribuir na escolha de políticas sociais adequadas que

atenuem tanto a ocorrência do fenômeno do êxodo rural em si, como de seus impactos

na sociedade.

O objetivo desse estudo é identificar quais são as perspectivas de vida dos jovens

do campo do município de Rosário da Limeira, especificamente da localidade do

Ancorado, a partir das transformações na agricultura.

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2 METODOLOGIA

A pesquisa tem como ambiente a localidade do Ancorado, pertencente ao

município de Rosário da Limeira e, como amostragem, temos pais e jovens envolvidos

nas atividades agrícolas desta localidade.

Embora possa ser considerada exploratória, já que pesquisas voltadas aos jovens

de Rosário da Limeira são poucas, a pesquisa é, sobretudo, um estudo qualitativo – o

pesquisador preocupou-se em estudar os fenômenos que envolvem os seres humanos no

seu próprio contexto, no ambiente em que se dão as relações sociais, analisando-os

numa perspectiva integrada, sob todos os ângulos relevantes, a partir da percepção das

pessoas (Godoy, 1995).

Ainda, segundo Triviños (1987), a metodologia qualitativa orienta o pesquisador

no sentido de se preocupar não apenas com os resultados e o produto, mas

principalmente com o processo. Por isso, a reflexão que os indivíduos fazem sobre seus

projetos, sua vida familiar e profissional é que compôs a preocupação fundamental da

abordagem que ora se faz.

Em campo, há a possibilidade de o pesquisador ter uma visão geral sobre o

fenômeno em estudo e intensificar a sua familiaridade com o ambiente em questão,

facilitando estudos posteriores (Gil, 1999).

Como instrumento para coleta de dados, utilizou-se um questionário semi-

estruturado e entrevistas dirigidas. O questionário é composto por perguntas abertas e

fechadas o que possibilitou a expressão de relação dos pais e filhos quanto à

participação e permanência dos mesmos nas atividades rurais.

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O questionário utilizado nesta pesquisa foi proposto por Ricardo Abramovay e

colaboradores como Milton Luiz Silvestro, Nelson Cortina, Vilson Marcos Testa,

Dilvan Luis Ferrari, Marcio Antonio de Mello, Ivan Tadeu Baldissera, Clovis Dorigon e

Sirlane Roverse, funcionários da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural

de Santa Catarina - Epagri, no Centro de Pesquisa para Pequenas Propriedades (CPPP).

Este instrumento é composto de 28 perguntas direcionadas aos pais (anexo 2), 48 às

filhas (anexo 4) e 44 aos filhos (anexo 3) cujas respostas foram as mais relevantes para

o nosso estudo.

A escolha deste questionário vem respaldada por ser uma proposta de um grupo

de pesquisadores que atua com pesquisas agrárias para pequenas propriedades, e por ter

sido devidamente autorizado por seus idealizadores para utilização nesta pesquisa

(anexo 1).

Algumas adaptações foram realizadas como a retirada de uma segunda opção para

as respostas com o intuito de melhor objetivar as respostas e facilitar no processo de

quantificação dos resultados.

Para validação do questionário, foi solicitado a 3 (três) doutores que avaliassem o

instrumento e seu conteúdo como meio de alcançar os objetivos propostos para este

estudo.

Com o objetivo de garantir a independência das informações fornecidas pelos

pais, filhos e filhas, constituímos uma equipe de quatro pesquisadores, sempre com a

preocupação de realizar as entrevistas, simultaneamente, em locais separados da

propriedade, para que os entrevistados não sofressem interferências um dos outros em

suas respostas.

Procurou-se, através de reuniões, capacitar pesquisadores para auxiliar na

aplicação do questionário de forma que fosse uniformizada a abordagem e aplicação do

mesmo. Estes pesquisadores foram pessoas do município de Rosário da Limeira, o que

facilitou o acesso às famílias de agricultores do Ancorado.

A população estudada residente na localidade do Ancorado foi composta por pais

e jovens participantes da agricultura familiar, cujos membros estão ou não absorvidos

pelas atividades agrícolas. Serão considerados jovens homens e mulheres entre 15 e 25

anos integrantes da agricultura familiar.

Na propriedade onde havia mais de um filho ou filha com idade entre 15 e 25

anos, todos foram entrevistados, possibilitando aos mesmos a livre expressão sobre o

tema de nossa pesquisa.

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Para a realização da amostra a ser pesquisada, foram sorteadas 40 famílias de

agricultores que apresentassem filho ou filha com idade entre 15 e 25 anos.

A pesquisa apresentou este número de famílias devido ao tempo disponível para

coleta de dados, ao período de colheita do café que absorve toda a mão-de-obra familiar

e tendo que contar com a disponibilidade dos membros destas famílias para

responderem os questinários.

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3 TRABALHO DE CAMPO

O trabalho de campo teve início em abril de 2006, quando foi visitado o

município de Rosário da Limeira, com objetivo conhecer as localidades e coletar dados,

para posterior definição da localidade a ser estudada.

Varias localidades foram visitadas antes da definição do local de estudo, sendo

que algumas chamaram mais a atenção pelo fato de termos tido a oportunidade de

conhecermos membros de diferentes famílias, o que proporcionou um melhor

conhecimento com a realidade que iríamos encontrar nessas propriedades rurais.

A escolha pela localidade do Ancorado procedeu-se por ser a maior localidade

pertencente ao município e por ter a agricultura familiar como forma predominante de

suas atividades.

Quando da visita na localidade do Ancorado percebeu-se a receptividade sempre

cortês dessas famílias, o que deixou evidente que a relação de amizade entre os

membros dessas famílias com nossos pesquisadores foi algo que facilitaria o

desenvolvimento de nossa pesquisa.

Percebeu-se uma grande interação entre os jovens das unidades de produção com

nossos pesquisadores, o que demonstra a aproximação dos pesquisados, mesmo que

estes estivessem ocupando funções diferenciadas no seu dia-a-dia.

É inegável que, em algumas famílias, fossem observados uma certa desconfiança

por parte de alguns produtores rurais, pois estávamos ali em suas casas levantando

algumas questões sobre suas vidas e perspectivas dos jovens em relação ao trabalho e

futuro deles.

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A coleta dos dados aconteceu no período de 5 de julho a 15 de agosto de 2006 e

oportunizou uma interação entre pesquisadores e pesquisados uma vez que os mesmos

construíram uma relação muito interessante na hora de responder as perguntas, pois,

quando da abordagem das propriedades visitadas, a aplicação do questionário sempre

ocorria após uma apresentação da equipe bem como um esclarecimento dos objetivos a

serem alcançados na pesquisa.

As abordagens para a coleta dos dados aconteciam sempre com um pesquisador

para cada membro das famílias. Não era específico que cada pesquisador aplicasse o

questionário e entrevista a um determinado elemento dessas unidades, uma vez que a

diversificação nas entrevistas possibilitaria aos mesmos uma maior investigação sobre a

pesquisa.

A receptividade dessas famílias caracteriza o jeito simples e cortês dos moradores

do campo e permitiu observar a disposição dos mesmos em questionarem sobre outros

assuntos voltados às atividades rurais.

Durante o período em que foi realizada a coleta de dados, acontecia a colheita do

café, fato este que dificultou a nossa pesquisa por mobilizar os membros das famílias

nestas atividades. Nesse sentido, esse momento representou uma oportunidade

significativa para observamos a participação dos jovens nas atividades da produção do

café.

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4 CARACTERÍSTICAS DO MUNICÍPIO DE ROSÁRIO DA LIMEIRA - MG

O município de Rosário da Limeira possui uma área de 110,81 km², o que

equivale a 3.730 alqueires. Se localiza na Zona da Mata Mineira, é uma região próxima

às divisas dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Suas altitudes variam de 700

m, na sede do município à 1.400 m, na Serra das Aranhas, caracterizando uma região

tipicamente serrana. É um município novo, emancipado em 21 de dezembro de 1995 e

instalado em 1º de janeiro de 1997. Sua população total é de 4.000 habitantes (IBGE,

2000) e a economia é baseada no cultivo do café, com uma média de produção de 15

sacas por hectare/ano, sendo o tipo de mão-de-obra mais presente a agricultura familiar.

Sua beleza natural é privilegiada com as matas nativas, montanhas, nascentes e

cachoeiras. Sua fauna é rica em animais silvestres como, jaguatirica, tatu, tamanduá-

mirim, paca e outros. Sua flora é exuberante, com alto índice de orquídeas e bromélias.

As localidades rurais também fazem parte da vida cotidiana deste município, onde

mora e trabalha a maioria das pessoas, demonstrando assim a grande aptidão das

mesmas para as atividades agrárias, sendo as comunidades do Ancorado, São Pedro,

Babilônia, Serra das Aranhas, Fundão e Pombal as de maior representatividade.

Outro espaço de convívio coletivo são os bares e lanchonetes, porém sem

nenhuma programação voltada às atividades culturais ou artísticas, o que foge a esta

rotina quando acontecem as festas locais.

Algumas festividades fazem parte do calendário anual de Rosário da Limeira,

como a exposição agropecuária, festa comemorativa do aniversário do município e, na

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localidade do Ancorado, a festa junina, que atrai um grande número de pessoas não só

de Rosário da Limeira, mas também de toda a região.

Rosário da Limeira se confronta com os municípios de Muriaé, São Sebastião da

Vargem Alegre e Miradouro. Sua principal via de acesso é a estrada BR 356 que liga

Muriaé a Ervália, totalmente asfaltada, o que valoriza as propriedades da região e

facilita o transporte no município (EMATER, 2000).

Em relação a sua distância aos grandes centros do nosso país2, Rosário da Limeira

se encontra a 230 km de Belo Horizonte, a 330 km do Rio de Janeiro, a 677 km de São

Paulo e a 946 km de Brasília.

O mapa do município de Rosário da Limeira em relação ao acesso para

municípios circunvizinhos esta apresentado na figura 1.

FIGURA 1: Mapa da localidade do município de Rosário da Limeira em MG. (Fonte: www.limeiramg.com.br)

2 http://www.aondefica.com/distancias_br.asp acessado em: 26 dez. 2005

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O clima, solo e altitude do município favorece a lavoura do café, sua principal

atividade econômica, e permite a produção de um produto de qualidade. A lavoura

cafeeira em Rosário da Limeira e particularmente no Ancorado, é marcada pela

economia de natureza familiar, com baixo emprego de tecnologia.

Outras atividades vêm mudando o perfil do município onde já se observam

algumas plantações de eucalipto e maracujá, porém não em número suficiente para

quebrar a hegemonia da localidade que é de grandes plantações de café.

A proximidade da BR 356 possibilita o escoamento de sua plantação facilitando

ainda mais o seu comércio, estimulado pelas grandes empresas de café ali situadas,

como Café Toko, Bertoni e Coqueiral.

O fato da população do município ter baixo poder aquisitivo, dificulta a existência

de espaços de lazer típicos de centros urbanos, como salas de cinema, teatros, etc. A

prática do futebol nos finais de semana, passeios e festas representam as poucas opções

de lazer para os jovens desta localidade. De uma forma geral, percebemos nestas

localidades rurais a ausência de programas governamentais de inventivo no lazer de

jovens e adultos.

4.1 Aspectos Físicos

- Relevo e clima

A área de Rosário da Limeira apresenta características físicas, de domínio

morfoclimático, conhecido como “mares de morros”. São formas morfológicas,

encontradas na faixa norte e sul, ao longo do Litoral Atlântico, que se alargam nos estados

de Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. Nessa região serrana, os processos erosivos

deram a forma de relevo arredondada, que constitui o que chamamos de morros. O relevo

exerce uma relação direta com o clima, que reflete na vida dos moradores, estes por sua vez,

desenvolve atividades econômicas apropriadas ao relevo e ao clima local (EMATER,

2006).

O clima predominante na região de Rosário da Limeira é o que chamamos tropical

de altitude, e sua temperatura pode variar de 5º à 35ºC. O clima de Rosário da Limeira

apresenta ainda um índice pluviométrico de 2000 mm de chuvas, distribuídas durante o

ano, proporcionando o desenvolvimento da agricultura e pecuária (IBGE, 2000).

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Por ser uma região de altitudes, possui em seu território dezenas de riachos,

córregos, regatos, além de centenas de nascentes distribuídos por todo o município e

comunidades. O rio mais importante que passa pelo território de Rosário da Limeira é o da

Fumaça, pertencente à bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul. O ribeirão que corta a sede

do município é chamado de Córrego Limeira e é formado pelo encontro dos córregos Jacaré

e Fundão. Além dos córregos citados, existem ainda os seguintes: Córrego das Palmeiras,

Córrego do Ancorado, Córrego do Caramoné e Córrego Babilônia (EMATER, 2006).

É importante destacar também a presença da Usina Coronel Domiciano conhecida

como Usina da Fumaça, produtora de energia elétrica que forma um imenso lago nas

divisas de Muriaé e Rosário da Limeira, local de lindas paisagens que é visitado

regularmente por pescadores e banhistas que buscam lazer e contatos com a natureza.

Existe também a Cachoeira do Pombal no rio da Fumaça, situada a poucos

quilômetros do município, lugar de águas límpidas, com infra-estrutura de bar,

banheiros, campo de futebol e amplo estacionamento, muito visitada pelos moradores

de Rosário da Limeira que para lá se dirigem para se divertirem.

Na região de Rosário da Limeira encontramos uma grande variação de vegetais,

orquídeas e bromélias são encontradas em grande variedade, tendo porém, a presença

dominante, de pastagem de brachiaria, capim gordura e muitas lavouras de café.

Existem ainda na região manchas da Mata Atlântica que se apresentam dispersas pelo

território do município. A Serra das Aranhas e as encostas do Pico Itajuru são exemplos

do que resta da floresta estacional semi-descidual (floresta subcaducifoliada). Incluídos

nos domínios da Zona da Mata, formam um conjunto florestal com relevos dissecados.

Apesar de refúgios florestais já danificados em sua estrutura, a composição é de uma

enorme variedade de árvores e arbustos, próprios da floresta tropical. As extensões

destas matas são galerias ao longo dos cursos d´água, formando as galerias ou matas

ciliares. Nas regiões de maior altitude encontram-se os campos rupestres que ocupam

área de condições e umidades favoráveis (EMATER, 2006).

A preservação da vegetação do município inserido no entorno do Parque Estadual da

Serra do Brigadeiro tem sido um dos objetivos do poder público e também dos diversos

segmentos da comunidade como a ONG ambiental Amigos de IRACAMBI, Herbário Serra

das Aranhas, escolas, igrejas e comunidades. A proteção das matas é ponto prioritário para

os estudantes e moradores em geral.

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4.2 Aspectos Socioeconômicos

Na área da educação, de acordo com dados fornecidos pelo Serviço de Informações

Educacionais (SEDINE/SRE de Muriaé), Rosário da Limeira é um município pertencente à

jurisdição da Superintendência Regional de Ensino (SRE) de Muriaé e conta com 3(três)

escolas da Rede Municipal, uma escola da Rede Estadual e uma escola da Rede Particular

(educação especial). Estas escolas atendem aproximadamente 1400 alunos.

De acordo com a PREFEITURA MUNICIPAL DE ROSÁRIO DA LIMEIRA

[200-], em janeiro de 1997, quando se deu a emancipação de Rosário da Limeira, existia

apenas 1 posto de saúde, com consultas básicas esporadicamente. A partir desta data, a

prefeitura junto com a secretaria de saúde estruturou vários atendimentos, buscando assim

uma melhor assistência à população. Foram realizadas várias obras como reforma e

ampliação do posto de saúde, passando a se tornar um Centro de Saúde com maior

resolutividade e maior capacidade de atendimentos. Foi adquirida uma Unidade Móvel de

Saúde, levando o atendimento a todas as comunidades rurais, com consultório médico,

odontológicos e vacinas. As campanhas de vacinas de crianças e vacinação de animais

contra a raiva são levadas as localidades. Ocorreu também a implantação do Programa

Saúde da Família em todo o município. Hoje são realizados Exames Laboratoriais

(sangue, fezes e urina) consultas diárias além de convênio com todos os hospitais da

região para realização de internações e cirurgias. Recentemente foi realizada a reforma do

posto de saúde do Ancorado e melhoria no seu atendimento. Ocorreu também a

construção da policlínica municipal, com capacidade para internações e cirurgias, além de

todos os atendimentos já existentes.

Quanto a sua economia, a produção na agricultura se destaca como a principal

atividade econômica. Na agricultura de Rosário da Limeira o clima é favorável a cultura

de diversos produtos, sendo o café o produto de maior produção. Destacam ainda,

outras culturas com importância para o consumo dos moradores, o milho, feijão, arroz, a

mandioca, abóbora, hortaliças e outras culturas básicas da região. A agricultura de

subsistências é uma característica nas pequenas propriedades, diferente das grandes

fazendas que praticam a monocultura e produzem em alta escala comercial apenas um

tipo de produto. A paisagem marcante do lugar são os cafezais. As propriedades são

formadas de grandes e pequenas lavouras, que geram emprego e renda para a grande

parte da população. A maior parte das atividades econômicas da região gira em torno do

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trabalho dos moradores do campo, principalmente dos agricultores familiares

(EMATER, 2006).

O solo é fértil, o que possibilita um satisfatório índice de produtividade, em

grande parte das propriedades. A assistência técnica se faz presente, através da

EMATER, que orienta o produtor a buscar melhores resultados a cada safra.

A pecuária do município é pouco diversificada, se destacando principalmente a

criação de gado de leite e de corte, fazendo da bovinocultura atividade praticada em

quase todas as propriedades rurais da região. A produção de gado leiteiro é responsável

direta pela produção de milhares de litros de leite, que são transportados para os tanques

de resfriamento existentes nas localidades e sede do município. No Ancorado existem 2

tanques que são gerenciados por lideres comunitários que são responsáveis pela

receptação, analise e controle do leite coletado de cada produtor.

Dados recentes da EMATER (2007) apontam para a criação da Central das

Associações da Agricultura Familiar de Rosário da Limeira (CAAF – julho/2007), com

sede no município. Esta central conta com um total de 44 conselheiros sendo 10

representantes da localidade do Ancorado e surgiu a partir de uma exigência do

Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) quando da doação de um trator agrícola

para uso dos produtores rurais com o objetivo principal de proporcionar aos agricultores

um trabalho mais digno e rentável.

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CAPÍTULO I

HISTÓRIA DA AGRICULTURA FAMILIAR

Neste capítulo, faremos uma breve abordagem sobre o início das organizações

econômicas e sociais no Brasil, sua relação com a agricultura familiar e as influências

culturais e políticas em sua evolução.

Para melhor compreendermos as formas de organização e participação vividas na

sociedade rural brasileira, faz-se necessário empreender uma síntese de nossa história,

em uma sociedade marcada por uma tradição autoritária e excludente e que tem na

agricultura um fator que norteia os tempos e define o país em seus aspectos sociais,

econômicos, culturais e políticos em cada época. Contudo, nos dedicaremos a observar,

mais especificamente, o lugar da agricultura familiar na sociedade brasileira.

A agricultura familiar brasileira é um segmento que sempre esteve diretamente

relacionado com as transformações socioeconomicas vividas no campo e ate os dias

atuais continua sendo uma categotia que busca seu reconhecimento no meio rural

brasileiro.

Ela foi marcada, pelas origens coloniais da economia e da sociedade, e pelas

grandes propriedades, pelas monoculturas de exportação e a escravatura (Abramovay,

2001).

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Os primeiros imigrantes que aqui chegaram vinham atraídos pela possibilidade de

se tornarem proprietários de terras e atrás de fortunas conseguidas por meio das

atividades agrícolas que aqui desenvolveriam.

As regiões de nosso país apresentavam diferentes possibilidades de exploração no

campo e, foi nas grandes áreas do cultivo do café e na cana-de-açucar que teve início

esta ligação da nossa história da agricultura com a economia e a política do país.

A união de agricultura, ao processo histórico contínuo e as interações entre os

seres humanos mais os recursos oferecidos por sua região (localização, clima, solo e

outros) começou a ser percebida, à medida que se observavam diferenciações de

trabalho e renda nas atividades agrícolas desenvolvidas como o cultivo do algodão,

cacau, borracha, e outros.

Schneider (2004a) informa que a participação dos primeiros imigrantes alemães

que chegavam ao Sul do Brasil como colonos3 traziam novas técnicas de produção

agrícola para o desenvolvimento de suas atividades rurais em busca de melhores formas

de produção nas áreas agricultáveis por eles ocupadas.

De acordo com Muls (1990), Minas Gerais se destacava pela exploração

mineradora e as atividades agropastoris que aqui eram desenvolvidas. A agropecuária se

destacava principalmente pela valorização da terra que se dividia entre os que viviam

das roças, os que viviam de seus engenhos, os artesãos, os comerciantes e os

profissionais das minas.

O mesmo autor revela que os interesses econômicos e políticos dos grandes

proprietários de terra destinavam, aos trabalhadores livres e pobres, pequenas

propriedades para o desenvolvimento das atividades agrárias que possibilitavam a

absorção da mão-de-obra excedente, garantindo a preservação e propriedade da terra, o

controle dos produtos do trabalho e a geração de trabalhos não mais escravos, mas

camponeses, formados por pequenos agricultores (Muls, ibid).

Em contrapartida, o processo de sistema produtivo colonial começava a sofrer

com a fragilidade das formas agrícolas utilizadas. As queimadas e a rotação de terras

destruíam em pouco tempo a fertilidade do solo, levando à busca incessante de novas

áreas. Este processo de minifúndio passava a ser mais característico desses colonos, que

3 Schneider (2004, p. 24) cita colono como o sujeito que vive numa colônia. O termo colônia, no sentido como é empregado no Sul do Brasil, não indica uma possessão exterior, ultramarina, de um estado nacional (como exemplo “as colônias africanas dos paises europeus”).

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com a quantidade menor de terras, buscavam um padrão econômico e cultural decente

para suas famílias (Schneider, 2004a).

Assim, o sistema de produção de cada estabelecimento agrícola colonial revelava

uma combinação única de trabalho de homens, mulheres, adultos e crianças que

buscavam na agricultura administração, conhecimento, trabalho, capital e terra. A

família de agricultores passava a ser um centro de alocação, produção e consumo de

recursos (Reijntjes et al.,1999).

Por volta de 1940, o setor econômico do país já apresentava uma absorção de

quase 70% da população em atividades voltadas ao setor agrícola. A estrutura

dominante mantinha a economia voltada para as grandes plantações destinadas à

exportação, como as lavouras de café, açúcar, algodão, borracha, fumo e cacau, o que

representava mais de 85% das exportações brasileiras. Nas grandes lavouras um maior

número desses trabalhadores exercia suas funções e residia. A indústria e outros

serviços absorviam os outros 30% da mão-de-obra trabalhadora (Garcia Jr., 2002 p. 45).

Porém a falta de interesse pela geração de políticas voltadas a esses

segmentos da sociedade dificultou a realização organizacional dessas famílias até o

surgimento dos movimentos sociais, formados por agricultores que permaneceram

no campo, que buscavam maior reconhecimento e participação deste setor

econômico através da busca de conquista de direitos e redefinição desta classe

trabalhadora, representando o inicio de luta dos trabalhadores rurais.

No período de 1950, a industrialização ganhou impulso, devido à expansão dos

cafezais diante das crises de superprodução, muitos produtores de café aplicaram parte

do lucro na indústria. Diante deste quadro, muitos dos trabalhadores deixaram o campo

em busca de novas oportunidades de vida, constituindo-se assim em mão-de-obra para o

setor industrial.

A industrialização marcou uma mudança de composição na sociedade, que antes

via no setor rural a grande força política e social do país. O setor urbano começou a

crescer em importância e ali, nesse cenário, operários e setores médios urbanos

passaram a exigir, cada vez mais, o direito de participar da vida política e econômica do

país. Neste período, a força do trabalho da mulher passou a ser intensamente requisitada

nas fábricas, tornando-se maioria em muitos setores, principalmente os têxteis e o de

alimentos.

Estas formas de organização e participação vividas na sociedade brasileira

demonstram exatamente a evolução dessas organizações sociais, construídas,

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arduamente, ao longo de todo o processo de formação do povo brasileiro. Uma luta que

se inicia com as primeiras resistências indígenas e negras, passando pelos movimentos

camponeses, até os dias atuais.

De acordo com Garcia Jr (2002, p. 55 - 56),

“foi com o surgimento das Ligas Camponesas, em meados de 50, simultaneamente ao surgimento das organizações próximas ao Partido Comunista (PC) na ULTAB (União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil), que impulsionou o Congresso Nacional a votar, o Estatuto do Trabalhador Rural”.

No período entre 1950 a 1960, ocorreu a migração de grande parte de pessoas

do campo para as cidades do Brasil. Muitas dessas pessoas eram nordestinas e

procuravam uma vida melhor no Centro-Sul do país. Este movimento de migração

que também atingiu a região sudeste caracterizava-se pela busca dos trabalhadores

rurais por melhores condições de vida, uma vez que a miséria e a falta de

perspectiva, na zona rural, os ameaçavam, de vez que não tinham terra para plantar

e o latifúndio predominava nessas regiões.

Uma vez na cidade, essas pessoas iam engrossando as fileiras da mão-de-obra

não-qualificada, trabalhando principalmente na construção civil e serviços

domésticos.

Neste período, o Brasil que antes era tido como um país essencialmente

agrícola, veio a se tornar um país urbano em rápido processo de industrialização.

(Schneider, 2004a).

De acordo com Garcia Jr (ibid, p.45), “em 1940, 70% da população viviam

no meio das grandes lavouras. Já em 1980, 70% dos contingentes se situavam em

pólos urbanos e em 2000, apenas 22% residiam no espaço rural.”

O mesmo autor faz referência aos grupos de sindicalistas católicos ou os

comunistas representantes de camponeses ou trabalhadores rurais que buscavam a

consolidação de seus movimentos em prol das leis trabalhistas para essa classe social.

Em 1963, foi criada a Confederação dos Trabalhadores da Agricultura (CONTAG) que

veio a contribuir para que se colocassem em prática os dispositivos legais voltados a

este grupo de trabalhadores.

Esta passagem para um novo sistema de relações em que não mais existia a figura

de patrões/protetores exigia a necessidade de prover o sustento de seus dependentes e

que cada qual buscasse, através de seu trabalho, suprir suas necessidades na geração de

sua própria forma de sobrevivência sem o auxílio de ninguém.

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Garcia Jr (ibid, p. 61) afirma que:

“Com a criação da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 1975 torna-se sistemático o trabalho de mobilização junto aos trabalhadores rurais, desenvolvido pelos padres e bispos que, através da Igreja Católica buscavam fugir da repressão do regime autoritário que se exercia sobre essa classe social que passava por um momento de transformação. As ocupações de terra sobretudo pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) não possibilitavam essas novas formas sociais de luta contra a pobreza e a obstinação em não se deixar excluir da vida social”.

O mesmo autor informa que os novos caminhos dessa mudança agrária se

caracterizavam pela “expansão do número de engenhos e fazendas transformados em

assentamentos, e o debate sobre a relevância da agricultura familiar ou, mais

precisamente, das estratégias de reconversão das populações desprovidas de recursos”

que basicamente sobreviviam do trabalho do grupo doméstico, adquiria força e elas

passavam a ser conhecidas como protagonistas no cenário econômico, social e político

do país (Garcia Jr, ibid).

De acordo com o DESER (1997), na década de 70, a transferência de recursos

do Estado na forma de crédito possibilitou a utilização de novas tecnologias na

produção, aumentando assim a produção, gerando um aquecimento na economia dos

pequenos municípios. Porém, a queda desses incentivos fiscais levou a agricultura a

uma crise gerada por uma situação de incerteza nestes municípios. Os créditos rurais

eram as principais vias de política do meio rural e as políticas agrícolas se voltaram

prioritariamente para as regiões mais desenvolvidas e aos produtos mais dinâmicos

(nobres), ocasionando a descapitalização da grande maioria dos agricultores

familiares.

Informa o DESER (ibid), que na década de 80, ocorreram as políticas

macroeconômicas com o favorecimento a grandes produtores que puderam se

modernizar, enquanto os pequenos agricultores eram penalizados com a implantação do

Plano Real onde ocorreu a queda dos preços dos produtos e as altas dos juros cobrados

nos financiamentos bancários. Como a agricultura é um agente de desenvolvimento

comercial principalmente nas pequenas e médias cidades do interior do Brasil torna-se

necessário a retomada de incentivo à agricultura para a obtenção de crescimento em

outros setores econômicos. Projetos voltados à agricultura familiar não podem ser visto

apenas como uma proposta política para o setor rural, mas a retomada do crescimento

da economia para um grande número de municípios brasileiros.

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Estudos realizados por Mello et al (2003), DESER (ibid), entre outros,

apontam para a importância da agricultura familiar no contexto socioeconômico de

nosso país, por se tratar de uma atividade que, além de possibilitar a geração de

milhões de empregos para os brasileiros, possibilita a permanência dessas pessoas

no campo, diminuindo o êxodo rural, e a superpopulação nas áreas urbanas, e, em

conseqüência, o aumento da miséria.

Programas de crédito que buscam viabilizar a participação e permanência

dessas famílias em suas áreas de produção, além de proporcionar um fortalecimento

social deste segmento, passam a ser um meio capaz de possibilitá-las a continuarem

buscando o crescimento econômico nas atividades desempenhadas no meio rural.

O início do processo de atenção específica à produção rural familiar no país

ocorreu, a partir dos anos 90, com a criação do Programa Nacional de

Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), resultado da luta de milhares de

trabalhadores rurais por uma política pública justa e diferenciada para a agricultura

familiar (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO, 2007).

Com o surgimento de uma sociedade mais democrática, a partir dos anos 90,

ocorreu o fortalecimento e organização destas famílias e de outros segmentos sociais,

que antes eram considerados incapazes, através das mobilizações de luta por direitos

sociais considerados proibidos (Abramovay, ibid).

Segundo o mesmo autor, a sociedade passou a enxergar a importância deste

segmento social, a agricultura familiar passou a ser vista como uma forma da economia

de geração de emprego e de ocupações produtivas no desenvolvimento da sociedade.

Foi a partir de 1996, com a criação do PRONAF, é que os agricultores familiares

conquistaram uma atenção maior do Governo Federal e ações específicas foram

destinadas para promover a melhoria de condição de vida deste segmento (Abramovay,

ibid).

Para Abramovay (ibid), a institucionalização do PRONAF passou a ser um grande

instrumento de Estado, que busca auxiliar a capitalização de recursos4 para estes agricultores,

aumentando a participação e descentralização nas gestões sociais através das discussões na

busca de alternativas e soluções para suas necessidades e prioridades como:

4 O Pronaf foi criado no primeiro mandato do governo de Fernando Henrique Cardoso quando os recursos mantiveram pouco acima de R$ 2 bilhões. Na primeira safra da gestão Lula (2003/2004), o montante saltou para R$ 4,5 bilhões. E continuou aumentando significativamente até atingir os R$ 10 bilhões da safra atual (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO, 2007).

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- Expandir e readequar o PRONAF, adotando-se o conteúdo de territorialidade e

multifuncionalidade da agricultura como estratégia de desenvolvimento.

- Diversificar e ampliar as ações fundiárias.

- Formação, captação, pesquisa, assistência técnica e extensão rural voltadas para o

desenvolvimento sustentável da agricultura familiar.

- Criar um novo ambiente educacional voltado para o desenvolvimento sustentável da

agricultura familiar.

- Buscar maior representatividade política para a agricultura familiar, com o

fortalecimento dos Conselhos Municipais, Regionais e Estadual de Desenvolvimento

Rural Sustentável.

- Desenvolver ações de políticas agrícolas adequadas à agricultura familiar.

De acordo com Reijntjes (1999 p. 40 – 41),

“os pequenos agricultores devem buscar na produtividade um equilíbrio uniforme da produção ao longo do tempo, de modo a assegurar que sejam supridas as necessidades durante todo o ano e a utilização efetiva da mão-de-obra disponível, buscar a segurança da produção, minimizar os riscos de perdas da produção ou da renda, resultado de alterações nos processos ecológicos, econômicos ou sociais, mantido o potencial produtivo do sistema de produção do estabelecimento capaz de garantir a reprodução agrícola dos recursos naturais do estabelecimento, e traçar como objetivo a manutenção da identidade que abranja o critério de definição da agricultura sustentável através da relação com a cultura local”.

De acordo com o Centro de Estudos Integração Formação e Assessória Rural da

Zona da Mata (2006 p. 09)

“o surgimento dos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural (CNDR) vem possibilitando o envolvimento de comunidades rurais, a inserção em projetos que visam a apoiar e viabilizar o desenvolvimento dessas organizações comunitárias”.

Cabe aos agricultores familiares brasileiros, integrantes ou não destes programas,

fortalecerem seus projetos voltados à reforma agrária e a luta por transformações no

meio rural, capazes de possibilitar sua inserção em novas atividades econômicas cada

vez mais presentes na realidade dessa população, a exemplo de indústrias, turismo,

lazer, comércio, artesanato e outros, bem como o acesso a novas formas de atividades

agrárias, com o acesso a novas tecnologias, possibilitando aos mesmos sua presença

cada vez mais marcante e competitiva no processo econômico segundo a exigência do

mercado atual.

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CAPITULO II

A DINÂMICA DA AGRICULTURA FAMILIAR

Neste capítulo, serão analisadas a dinâmica das atividades exercidas pela

agricultura familiar e sua interação com novas estruturas agrárias, conforme as atuais

unidades produtivas em relação ao trabalho e reprodução das famílias agrícolas.

2.1 – A agricultura familiar e a pluriatividade de atividades paralelas

A história da agricultura e do meio rural revelam uma prática no qual o agricultor

sempre combinou cultura local a outras atividades desenvolvidas em suas unidades

como lavoura e artesanato, como alternativas para obtenção de recursos capazes de

permitir a aquisição de produtos fora de sua propriedade. Esta prática constitui a própria

forma sob a qual a família de agricultores se organiza para garantir a própria

sobrevivência e manter as atividades pertinentes à sua propriedade.

A interação entre a agricultura, a unidade familiar, a propriedade rural e o

mercado de trabalho, é o que constitui a pluriatividade que aparece como uma forma de

integração e necessidade entre os agricultores familiares, principalmente em regiões

onde esta forma social é predominante. O agricultor não pode agir sozinho, seu trabalho

depende de fatores internos e externos a que cada unidade de produção apresenta.

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Para melhor intendermos o conceito de pluriatividade, Grossi e Silva (1998, p.01)

informam que:

“O conceito de pluriatividade permite juntar as atividades agrícolas com outras atividades que gerem ganhos monetários e não monetários, independentemente de serem internas ou externas à exploração agropecuária”.

Sobre esta forma de reprodução social, Pereira (2004b, p.87) cita que:

“A importância do trabalho coletivo familiar nas estratégias de reprodução social é bastante visível; porém, internamente há diferenças quanto à participação de cada membro de acordo com as necessidades de mão-de-obra das famílias, ligadas ao gênero e ao ciclo de vida”.

Essa nova percepção de reprodução se acelerou a partir do final da década de 70,

marcada pela crise da agricultura, quando as atividades agrícolas sofreram significativas

alterações, e quando ocorreu um maior atrativo da população residente no meio rural

por atividades não agrícolas.

Para Carneiro, (1999, p. 326),

“a associação de diferentes atividades não agrícolas no interior da unidade familiar agrícola, implica uma diversidade de significados que este tipo de combinação poderá assumir na reprodução social e, conseqüentemente, uma transformação na posição de cada unidade familiar na estrutura social agrícola”

Acrescenta a mesma autora:

“(...) a unidade familiar tem a capacidade de elaborar novas estratégias para se adaptar às condições econômicas e sociais a que está inserida, e que a agricultura familiar pluriativa, requer a incorporação da complexidade das relações sociais, tornando-se necessário analisar a família como unidade social e não apenas como unidade de produção” (idem, p.327).

Destes estudos de novas formas de produção e de trabalho nestas unidades é que

se buscou compreender e reestruturar as diferentes trajetórias que as unidades familiares

rurais se nortearam.

Reforça Carneiro (ibid, p. 328):

“A decisão de privilegiar a unidade familiar como universo de análise e não a unidade de produção, justifica-se pelas seguintes razões: 1 – A família desempenha a função de agente integrador das relações sociais que se desenvolvem no interior dos estabelecimentos da agricultura familiar. 2 – A qualidade das relações sociais que são integradas e integradoras da família agrícola é muito dispersa, mas é nas inter-relações entre os

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domínios do parentesco – hierarquia e significados – e do trabalho que se encontram os principais sistemas de relações que articulam e estruturam os indivíduos na unidade familiar e na de produção. 3 – A escolha da unidade familiar (e não da unidade de produção familiar) como unidade de análise permite identificar as relações de força entre os agentes sociais situados diferentemente na esfera do parentesco ou da produção”.

Quanto aos jovens, sua participação na agricultura familiar se caracteriza pelas

atividades exercidas por parte destas novas gerações, buscando assim um fortalecimento dos

membros das famílias que, além de estarem inseridos no processo, têm o pleno conhecimento

das atividades e garantia da formação de novas gerações (Mello et al, 2003).

Em algumas situações, a dificuldade de inserção no mercado de trabalho urbano

encontrada por jovens, reforça as necessidades dos mesmos em permanecerem nas atividades

rurais, que, mesmo não sendo a principal atividade que gostariam de desenvolver, estes se

vêem obrigados a permanecerem até que venha a ocorrer uma oportunidade de trabalho no

meio urbano.

Na localidade do Ancorado, os jovens foram questionadas sobre o seu trabalho na

agricultura e, de acordo com as respostas obtidas, percebeu-se a pretensão das moças quanto

às atividades a serem desenvolvidas, como mostra a Tabela 1.

TABELA 1: Atividades que as moças gostariam de se dedicar mais.

Respostas % Total Trabalho com frutas 25 5 Trabalho fora da propriedade (na agricultura) 20 4 Hortaliças 15 3 Atividades domésticas 10 2 Aviário 10 2 Leite 10 2 Outras atividades 10 2 Total 100 20

Fonte: Pesquisa de campo

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Porém, as dificuldades encontradas para a formação de novas unidades produtivas

podem reforçar o desejo de muitos jovens de não dar continuidade ao processo

reprodutivo social das propriedades semelhante ao de seus pais nas atividades rurais.

Isso significa dizer que o êxodo rural em que predomina a agricultura familiar hoje,

atinge as populações jovens com muito mais ênfase que em momentos anteriores.

Destas dificuldades de reprodução apresentadas pelas famílias é que existe uma

grande preocupação quanto à participação e perspectivas futuras dos jovens no meio

rural desta localidade, e como se desenrolará o envolvimento das futuras gerações de

agricultores ou se o mesmo se direcionará ao esvaziamento das atividades

tradicionalmente familiares.

Na localidade do Ancorado, um grande número das unidades de produção

concentra suas atividades na plantação e cultivo do café, milho e feijão como forma de

ocupação do solo e conseqüente absorção da mão-de-obra de toda a família.

No Ancorado, esta prática de ocupação de toda a família nas atividades da

lavoura, cuidados com a criação, costura e serviços domésticos, representa 85% da mão-

de-obra do município, quadro este que não se modifica na localidade do Ancorado, local

onde se concentrou nossa pesquisa.

A essas atividades desenvolvidas e administradas pela própria família é que

definimos como agricultura familiar, que busca, como principal característica, a geração

de renda não centrada e a criação de ocupações produtivas, garantindo a auto-

suficiência, produtividade, qualidade, diversificação e continuidade de uma política de

segurança alimentar (Abramovay, ibid).

Reforçando essas considerações, Carneiro (ibid) diz que se entende como

agricultura familiar uma unidade de produção, onde trabalho, terra e família estão

intimamente relacionados.

A estrutura social econômica implementada compreende um modo de vida com

diferentes formas de produzir e socializar. A forma de produzir se volta à organização

do trabalho como um processo produtivo capaz de assegurar a subsistência da família e

a garantia de sua reprodução. A forma de socialização refere-se ao modo pelo qual as

famílias se relacionam com os elementos externos (Schneider, 2004a).

As relações com outras atividades não agrícolas produzidas por um ou mais

elementos destas unidades de produção, seja por período integral ou parcial, permite

estabelecer uma estratégia de garantia de sua reprodução social e possibilita o trabalho

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com atividades que buscam uma complementação no orçamento familiar e a busca por

uma melhor qualidade de vida para os que vivem no meio rural.

Para Carneiro (ibid), a incorporação de atividades não agrícolas à dinâmica da

agricultura familiar aumenta a complexidade do processo de transformação no mundo

rural brasileiro, traduzindo uma heterogeneidade das formas de organização social e

exigindo da unidade familiar a elaboração de novas estratégias para a adaptação às

condições econômicas e sociais.

A autora reforça ainda que estas novas perspectivas incorporadas requerem uma

redefinição das relações sociais, “privilegiando-se a família, como unidade familiar, e

não apenas como unidade de produção” Carneiro (ibid, p.327).

Conforme Carneiro (ibid), é possível conhecer categorias de unidades familiares

agrícolas como:

1- A família agrícola de caráter empresarial que se caracteriza “pela realização de uma produção orientada para o mercado, obedecendo à satisfação de índices de rentabilidade e de produtividade crescentes”. 2- A família camponesa que se caracteriza pelo esforço de manter a família em determinadas condições culturais e sociais, isto é, a manutenção da propriedade familiar e da exploração agrícola. 3- A família agrícola rurbana5, que se caracteriza pelo modelo de família rural “que orienta a produção agrícola, não em função do lucro e da produtividade crescentes, mas para a melhoria da qualidade de vida, sem deixar de considerar a realidade do mercado e, obviamente, a capacidade de retorno em termos de rendimento”.

Sobre a representatividade da agricultura familiar no Brasil, Schuch (1999, p.01)

destaca que:

“A agricultura familiar emprega hoje, no Brasil, cerca de 80% das pessoas que trabalham na área rural, representando cerca de 18% do total da população economicamente ativa. Além disso, a geração de um emprego no campo, principalmente na agricultura familiar, representa custo bem mais baixo que a geração de um emprego nas atividades urbanas. Também, é responsável pela produção de 80% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros.”

A produção e comercialização de produtos agrícolas são atividades voltadas a suprir as

necessidades das unidades familiares, no tocante a outros produtos não produzidos nas

propriedades rurais.

5 Segundo Pereira (2004) entende-se por família “rurbana” aquela que busca no campo uma melhor qualidade de vida, mesmo buscando algum rendimento voltado à atividade rural. Trata-se de uma família, cujas relações econômicas, sociais e culturais se dão nos dois espaços – rural e urbano ao mesmo tempo.

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Estas combinações diversas de atividades passam a ser necessárias e revelam as

diferenças do contexto social a que está inserido essas famílias. As questões relacionadas a

perspectivas futuras estão associadas, principalmente, à questão de gênero e a busca por novas

oportunidades, Brun e Fuller (1990), apud Schneider (2001, p.368) descrevem que:

“A pluriatividade apresenta variações muito expressivas de situações de espaço e tempo, ainda que se possa afirmar que sua característica fundamental seja a interação entre a agricultura, a unidade familiar e o mercado de trabalho.”

Conforme Carneiro (2002), há a necessidade de se conhecer a participação de

integrantes da família em atividades concorrentes no mercado de trabalho externo

como prática social alternativa e complementar à agricultura para garantir a

reprodução das famílias de agricultores.

Porém, é na agricultura que os jovens, filhos de pequenos agricultores

descapitalizados têm sua fonte de renda, sem possuir salário pela atividade que

exerce, mas recebendo algum dinheiro, quando há disponibilidade para gastos com

sua diversão. Seu grau de escolaridade também passa a ser um fator que dificulta sua

inserção no mercado de trabalho no meio urbano.

Os concursos públicos ou mesmo a ida para a cidade na tentativa de conseguir

um emprego no comércio ou em residências, possibilitam mudança de atividade em

relação à existente na agricultura.

Em nossa pesquisa, os jovens da localidade do Ancorado tiveram a

oportunidade de responder sobre quais outras atividades que, possivelmente, lhes

renderiam um retorno financeiro que não fossem as desenvolvidas dentro das

unidades de produção, como demonstra as Tabelas 2 e 3. Nelas, podemos observar a

pouca expressividade das atividades não-agrícolas na vida de rapazes e moças:

TABELA 2: Desenvolve atividade individual para obter dinheiro só para você. (Pergunta feita às moças)

Respostas % Total Não desenvolvem nenhuma atividade 90 18 Desenvolvem trabalhos não agrícolas fora da propriedade 10 02 Total 100 20

Fonte: Pesquisa de campo

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TABELA 3: Desenvolve atividade individual para obter dinheiro só para você. (Pergunta feita aos rapazes)

Respostas % Total Não desenvolvem atividades 60 18 Desenvolvem trabalhos não agrícolas fora da propriedade 20 6 Através do plantio ou criação na propriedade 20 6 Total 100 30

Fonte: Pesquisa de campo

O desejo de trabalhar e morar na cidade, é reforçado na medida que os jovens

relatam não desejarem permanecer na agricultura, porém as dificuldades financeiras e a

baixa escolaridade apresentada por estes jovens tornam mais difíceis suas possibilidades

de ingressarem no mercado de trabalho no meio urbano.

Para um jovem agricultor, a questão da remuneração pelo trabalho desenvolvido na

propriedade rural é vista da seguinte forma: “Prefiro buscar em outras atividades que não

sejam rurais a possibilidade de ganhar meu próprio dinheiro para não ter que pedir a meu

pai, mas sei das dificuldades em vencer na cidade.” (J. M. P. – agricultor, 21 anos).

Percebe-se que os jovens encontram grandes dificuldades em conseguir outras

formas de trabalho, o que faz com que desempenhem atividades no próprio meio rural.

De acordo com o DESER6 (1997), o incentivo a outras atividades produtivas é

determinante para garantir a viabilidade econômica do processo de desenvolvimento e

para evitar o êxodo rural, através da geração de empregos locais, utilizando a mão-de-

obra excedente da agricultura. Essas outras atividades econômicas devem ser

prioritariamente derivadas da agricultura, entre outras, pequenas e médias indústrias, o

turismo rural.

Apesar da pouca expressividade, as jovens rurais da localidade do Ancorado que

buscam trabalho na sede do município, acabam por ingressar no trabalho doméstico,

enquanto os rapazes buscam em algum comércio ou nas atividades voltadas a serviços

gerais, uma forma de ocupação.

Observações feitas por Bergamasco (2000 apud Abramovay, ibid) apontam as

atividades não agrícolas desenvolvidas pela agricultura familiar e seu crescimento como

6 Departamento Sindical de Estudos Rurais - Órgão Estadual do Governo do Paraná.

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sendo fruto de um processo de transformação que tem suas bases na urbanização do

campo brasileiro.

Sobre este desenvolvimento, Schneider (2004a, p.174) afirma que:

“Através da pluriatividade e dos empregos não agrícolas nas indústrias, a população do meio rural vem elevando seu poder aquisitivo e passando a demandar uma variada gama de bens de consumo. Um dos sinais mais notáveis desse crescimento rural pode ser constatado no crescimento acelerado na construção de novas moradias no meio rural”.

O mesmo autor aponta recentes estudos sobre a pluriatividade destacando não ser

apenas os pequenos agricultores, marginalizados ou desfavorecidos, que buscam

trabalhos extra-agrícolas para manter ou ampliar suas rendas. Cita ser em muitos casos,

mulheres, esposas ou filhos jovens, membros de famílias de agricultores bem-sucedidos

e tecnicamente modernizados,os que buscam fontes de renda fora da propriedade com o

objetivo de satisfazer interesses não-econômicos, como obter garantias previdenciárias

ou, simplesmente, como uma forma de manter vínculos com a cidade e um estilo de

vida urbano.

Sobre esta complexidade vivida nas unidades familiares, Maluf (2002) afirma que

“a dinâmica sócio-econômica do mundo rural tem revelado uma tendência à pluriatividade das famílias de agricultores chamando a atenção para novas formas de organização da produção e formas alternativas de vida no campo. A combinação de atividades agrícolas e não agrícolas insere a família rural em diferentes setores, ampliando o seu campo de atuação e de inserção social e econômica”.

Ao observarmos a realidade de Ancorado, podemos observar que mesmo os

jovens se interessando por atividades não-agrícolas, as oportunidades na localidade são

muito poucas. O investimento do poder público em atividades não agrícolas, nesse

sentido, iria ao encontro do interesse de muitos jovens, filhos de agricultores familiares.

Isso não representaria, necessariamente, que os jovens deixariam de ser rurais, mas uma

maior possibilidade de melhorar suas condições de vida.

Como afirma Pereira (2004b, p.138),

“as mudanças que vem se operando no campo através da intensificação das relações com outros espaços como aqueles que costumeiramente são identificados como urbanos, demonstram ao mesmo tempo a afirmação de uma identidade diferenciada e a assimilação do diferente. Há nessa relação entre diferentes realidades, um complexo processo de transformação de identidade local que não significa a priori o fim da identificação com as formas de ser e viver no meio rural”.

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Carneiro (2002, p. 04) reforça tal observação, analisando a pluriatividade como

um recurso fundamental

“(...) que atuam no sentido de favorecer a manutenção dos jovens e das famílias rurais em suas localidades de origem, ao passo que a centralidade da atividade exclusivamente agrícola exerceria uma pressão contrária, expulsando os jovens para outras atividades em localidades mais distantes, desvinculando seus projetos individuais da estratégia de reprodução social da unidade familiar originária”.

O que se percebe é que sempre foi necessário buscar em outras atividades o

complemento da renda familiar para a obtenção de mais conforto e, conseqüentemente,

uma melhor qualidade de vida no campo. Sobre estas propostas para a agricultura, o

DESER (ibid) relata:

“O incentivo a outras atividades econômicas é determinante para garantir a viabilidade econômica do processo de desenvolvimento, e para evitar um êxodo rural através da geração de empregos locais, utilizando a mão-de-obra excedente da agricultura. Estas outras atividades econômicas devem ser prioritariamente derivadas da agricultura. Como exemplo, podemos citar as pequenas e médias agro-industriais, estruturas de comercialização, pequenas e médias indústrias; turismo rural, e etc”.

Também Carneiro (1999, p.327) chama a atenção para a família, não só como

unidade de produção no campo, mas ressaltando sua participação como unidade social:

“Falar em agricultura familiar pluriativa, requer ainda incorporar a complexidade das relações sociais que definem e redefinem a família. Nesta perspectiva, torna-se necessário redefinir também o universo de observação, privilegiando-se a família, como unidade social, e não apenas como unidade de produção como normalmente tem sido considerada quando o assunto é a agricultura familiar”.

A partir destas avaliações das atividades nas unidades de produção rural, percebe-se

que, na localidade do Ancorado, os jovens se mostram dispostos a exercer outras atividades,

porém apresentam dificuldades em sua consolidação no que se refere a atividades não

agrícolas em seu espaço rural e à formação de unidades produtivas agrícolas crescentemente

identificadas com a pluriatividade dos seus membros.

As poucas oportunidades de inserção em atividades rurais não agrícolas

desenvolvidas na localidade do Ancorado como o trabalho na construção civil ou em

serviços domésticos, além de possibilitar a fixação dos jovens no meio rural, podem

favorecer aos mesmos o acesso ao trabalho que não seja exclusivamente agrícola, buscando

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solucionar problemas existentes, como a pobreza, as mudanças decorrentes da globalização

e a modernização na produção agrícola.

Schneider (2004a, p.181) informa que a transitoriedade no aproveitamento do tempo

parcial, baseia em algumas características do processo de desenvolvimento do capitalismo

na agricultura como:

a) A agricultura de tempo parcial e a pluriatividade seriam formas residuais de persistência de um falso tipo de categoria social na agricultura que tende, no processo de desenvolvimento do capitalismo, ao crescimento dos assalariados, proletários em transformação para o aburguesamento. b) A agricultura de tempo parcial seria um fenômeno transitório e localizado em função das dificuldades circunstanciais (crédito e mercado que atingem, geralmente, os pequenos agricultores cujas propriedades situam-se em regiões de montanha ou em áreas agrícolas desfavorecidas).

Ainda sobre estas transformações e suas conseqüências, Schneider (2004) informa

que as transformações ocorridas na agricultura familiar foram importantes para o

“aparecimento de um conjunto novo de formas sociais de trabalho e de produção”, e aponta

para um aprofundamento da discussão sobre os efeitos que o ambiente social e econômico

vem exercendo nas unidades familiares pluriativas. Estas informações apontam para as

estratégias e meios que viabilizam e ampliam as atividades agrícolas e não-agrícolas nas

unidades de produção em busca de uma ampliação do orçamento doméstico por meio de

outras atividades realizadas. Estas estratégias em algumas situações podem estar

estimulando a participação e permanência dos membros destas famílias no campo,

principalmente dos jovens.

De acordo com o DESER (ibid) Esta forma de organização em torno da ocupação

produtiva nas unidades rurais possibilita que membros destas famílias venham a se adaptar

aos novos contextos sociais vividos no campo, além de exercer uma importante

característica na fusão entre a unidade de produção e a família, destacando ser de

fundamental importância pensar na viabilidade e no desenvolvimento, não só no ponto de

vista econômico produtivo, mas de uma forma global, capaz de garantir o conjunto de

necessidades que a família e o sistema de produção apresentam para garantir a qualidade de

vida da população rural.

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2.2 Crédito rural e agricultura familiar

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA, 2006), a

agricultura familiar é uma forma de produção agrícola, na qual os próprios agricultores

e suas famílias cuidam de tudo, sendo um sistema produtivo bastante diversificado e

gerador de trabalho e renda.

Quanto às linhas de crédito voltadas para a agricultura familiar, o MDA informa que

a habilitação dessas famílias que optam por acessar as linhas de crédito pelo PRONAF,

devem ser através do cadastramento na Declaração de Aptidão ao PRONAF (DAP) 7, que

as define em geral por grupos8.

Para obtenção da DAP, elas devem procurar uma entidade autorizada pelo governo a

emiti-la. Normalmente, uma entidade oficial de assistência técnica e extensão rural ou um

sindicato, seja ele patronal ou de trabalhadores rurais. Necessita também da apresentação de

documentos como CPF, cédula de identidade, bem como documento que comprove a posse

da terra que será explorada.

Para as famílias assentadas pelo “Plano Nacional de Reforma Agrária”, entre elas as

beneficiárias do “Crédito Fundiário”, o fornecimento da DAP deve ser feito pelo Instituto

Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, ou pela Unidade Técnica Estadual

do Crédito Fundiária – UTE (MDA, 2006).

No caso dos povos indígenas, além dos emissores tradicionais, a DAP também

poderá ser emitida pela Fundação Nacional do Índio – FUNAI, no caso de

comunidades quilombolas, além dos emissores tradicionais, a DAP também poderá

ser emitida pela “Fundação Cultural Palmares”, e no caso dos Pescadores

Artesanais, além dos emissores tradicionais, a DAP9 poderá ser emitida pela

Secretária Especial de Aqüicultura e Pesca, por meio de seus escritórios regionais e

locais (MDA, 2006).

Para a obtenção de financiamento pelo PRONAF os agricultores familiares

devem atender as seguintes condições:

7 http://www.pronaf.gov.br - consultado em 05/09/2007 8 De acordo com o MDA os grupos são classificados conforme a renda anual do produtor e extensão da propriedade. Para o grupo “A” os recursos são destinados aos assentados da reforma agrária e beneficiados do crédito fundiário, para o grupo “B” os recursos são destinados ao produtor rural com renda anual ate R$ 2 mil reais, o grupo “C” aos produtores rurais com renda anual entre R$ 2 a 16 mil reais, o grupo “D” aos produtores rurais com renda anual de R$ 16 a 32 mil reais e para o grupo “E” aos produtores rurais, com renda anual acima de R$ 32 mil. 9 Ver anexo 6 – As instituições que fornecem a DAP.

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- Produzam na terra, na condição de proprietários (as), posseiros (as),

arrendatários (a)s, parceiros (as) ou assentados (as) do Programa Nacional de

Reforma Agrária e Programa Nacional de Crédito Fundiário;

- Residam na propriedade ou em local próximo e tenham no trabalho familiar a base

da produção;

- Possuam no máximo 4(quatro) módulos fiscais10 (ou 6 módulos, no caso de

atividade pecuária);

- Tenham parte da renda gerada na propriedade familiar, sendo pelo menos 30% para

o grupo “B”, 60% para o grupo “C”, 70% para o grupo “D” e 80% para o grupo “E”;

- Tenham renda bruta anual compatível com a exigida para cada grupo do PRONAF.

Observação: Os pescadores artesanais, os ribeirinhos, os extrativistas, os

silvicultores, os aqüicultores, quilombolas ou povos indígenas que atendam aos

requisitos do Programa, também podem obter financiamento.

Para o MDA (2006), pode ser financiado pelo PRONAF os Créditos de

Investimento (recursos para o financiamento da implantação, ampliação e

modernização da infra-estrutura de produção e serviços pecuários e não

agropecuários, na propriedade rural ou em áreas comunitárias rurais, conforme

projeto elaborado de comum acordo entre a família e o técnico). Crédito de Custeio

(recursos para o financiamento das despesas que são feitas em cada plantio, em cada

safra ou ciclo de produção). Incluem-se aqui as despesas com as atividades

agropecuárias e não-agropecuárias e de beneficiamento ou industrialização da

produção própria da agricultura familiar ou de terceiros, de acordo com a proposta

de financiamento). Crédito para Cota-Parte (os créditos ao amparo da linha de

crédito para a integralização de cotas-partes de agricultores familiares cooperados

podem beneficiar agricultores familiares filiados a cooperativas de produção rural

para financiamento da integralização de cotas-partes de cooperativas de produção.

Os recursos podem ser aplicados em capital de giro, custeio e investimento na

cooperativa). Crédito de Comercialização (visa proporcionar recursos financeiros

aos seus beneficiários através do o Empréstimo do Governo Federal – EGF e outros

instrumentos de comercialização definidos no MCE, de modo a permitir o

armazenamento e a conservação de seus produtos, para venda futura em melhores

condições de mercado).

10 De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Muriaé, 01 Modulo Fiscal significa uma área de 28 hectares.

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Observação: Os créditos de comercialização podem ser concedidos para

produtores rurais ou suas cooperativas, bem como para outras categorias de

pessoas físicas ou jurídicas, quando de interesse da Política de Garantia de Preços

Mínimos (PGPM), mediante autorização do Conselho Monetário Nacional (CMN).

Na localidade do Ancorado, foram abordadas as questões referentes à

utilização das linhas de crédito por parte dos produtores e isso possibilitou aos pais

relatarem a respeito da utilização das linhas de créditos do PRONAF. Quando

questionados sobre o ingresso em algum tipo de empréstimo, observou-se que

81,4% declararam não haver recorrido a essa forma de crédito, sendo que apenas

18,6% ingressaram na linha do custeio11 como mostra a Tabela 4.

TABELA 4: Você tem empréstimo com o PRONAF? (Pergunta feita aos pais)

Respostas % Total Não 81,4 22 Custeio 18,6 5 Total 100 27

Fonte: Pesquisa de campo

O fato dos produtores rurais da localidade do Ancorado temerem não conseguir

cumprir com os compromissos assumidos, faz com que os mesmos busquem novas

alternativas para os seus projetos. Reforça essa opinião as declarações de um agricultor

entrevistado: “Não faço empréstimo no Banco porque tenho medo de não conseguir

pagar o financiamento e ter que vender algum bem para conseguir quitar a divida

(J.P.M – 43 anos).”

Os filhos dos agricultores também foram questionados sobre a possibilidade de

tomar financiamento para investir na propriedade rural. Percebeu-se que os mesmos têm

opinião ainda mais conservadora que seus pais, uma vez que 90% dos entrevistados

disseram “não” à possibilidade de tomar financiamento, conforme mostra a Tabela 5.

11 Recursos para o financiamento das despesas que são feitas em cada plantio, em cada safra ou ciclo de produção. Incluem-se aqui as despesas com as atividades agropecuárias e não agropecuárias e de beneficiamento ou industrialização da produção própria da agricultura familiar ou de terceiros, de acordo com a proposta de financiamento.

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TABELA 5: Você já sugeriu fazer algum financiamento para a propriedade? (Pergunta feita aos filhos)

Respostas % Total Sim 10 5 Não 90 45 Total 100 50

Fonte: Pesquisa de campo

Esta situação fica ainda melhor definida com a declaração de um filho de

agricultor que relatou: “Acho melhor trabalhar no limite que podemos para comprar e

investir que ter que pegar dinheiro no banco e arriscar a própria produção e até

mesmo a propriedade (J.C.N 21 anos)”.

O receio de não conseguir cumprir com suas obrigações com os órgãos de

financiamento, aliado à falta de informações, são fortes motivos para que os

agricultores, e também seus filhos e filhas, não vejam nas políticas públicas uma

possibilidade de melhorar as condições de reprodução social. A agricultura familiar,

mesmo com todas as transformações, apoiada pelos créditos agrícolas, como o

PRONAF, ainda carece de uma maior atenção dos órgãos públicos, principalmente no

tocante a informação de qualidade.

2.3 A agricultura familiar no Ancorado

A localidade do Ancorado tem na agricultura a sua principal atividade econômica,

destacando-se a lavoura cafeeira como a de maior importância econômica e social. Os

cafezais que formam as paisagens marcantes neste município, que têm no pequeno

produtor12 sua maior força de trabalho (85%), porém a pecuária e a produção do leite

assume importante papel nas atividades desenvolvidas pelas famílias rurais, além dos

produtos da lavoura como o milho e o feijão. Muitas das pequenas propriedades ainda

utilizam serviços com tração animal para o preparo da terra e carretos para o

desenvolvimento de suas atividades rurais.

12 De acordo com informações da EMATER (2006), as pequenas propriedades (2 a 10 alqueires) são predominantes na localidade do Ancorado.

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É característico destes produtores o aproveitamento dos membros das unidades

familiares nas atividades desenvolvidas, desde os serviços mais pesados (geralmente

exercido pelos homens), até os domésticos e pequenas criações (exercido, geralmente,

pelas mulheres). Carneiro (1999, p.329) lembra que “por agricultura familiar entende-se

em termos gerais, uma unidade de produção onde trabalho, terra e família estão

intimamente relacionados”.

As famílias rurais do Ancorado, geralmente residem em pequenas propriedades

onde as atividades agrícolas e pecuárias são desenvolvidas, tornando-se necessária a

participação e integração de todos os membros destas unidades na geração de recursos

capazes de manter a propriedade, o sustento da família e propiciar aos filhos a

oportunidade de continuar seus estudos buscando um melhor preparo para uma possível

inserção em atividades não-agrícolas.

Para Carneiro (1999, p.334-336), a heterogeneidade dos agricultores familiares

tem sido constatada também em documentos oficiais do governo, o que evidencia,

assumir previamente uma posição metodológica através de uma revisão de algumas

premissas que orientam a abordagem da agricultura familiar:

1 – Os agricultores familiares não constituem um grupo social homogêneo. Não correspondem, portanto, a uma classe social, mas incluem uma diversidade social produzida pelas diferentes condições de produção a que se submetem, tais como: tamanho da propriedade, grau de emprego de técnicos agrícolas, acesso a créditos; capital cultural (valores, saberes, tradição) e social (número e sexo dos filhos, rede de relações sociais...) disponível; relação com o mercado (Lamarche, 1993). 2 – A agricultura familiar não é sinônimo de trabalho familiar. O que distingue a maioria das formas sociais de produção como familiar é o papel preponderante da família como estrutura fundamental de organização da reprodução social através da formulação de estratégias (conscientes ou não) familiares e individuais que remetem diretamente à transmissão do patrimônio material e cultural (a herança) e à transmissão de exploração agrícola (a sucessão). No entanto, não são raras as unidades de produção agrícola sustentadas exclusivamente pelo trabalho do casal ou por apenas um dos membros do casal. 3 – A forma de exploração agrícola familiar pressupõe uma unidade de produção onde propriedade e trabalho estão intimamente ligados à família. 4 – Por diversas razões, a agricultura, em algumas regiões do país, vem se tornando apenas um dos componentes da economia familiar, ainda que as estruturas da produção agrícola (propriedade da terra e dos meios de produção) permaneçam ligadas ao núcleo familiar. 5 – O ressurgimento do recurso a práticas não-agrícolas integradas à agricultura familiar é um fenômeno que tanto pode apontar para uma contradição entre a individualização da força de trabalho e o caráter coletivo da economia familiar como pode acarretar o resgate de laços

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de solidariedade intrafamiliares que se revelam fundamentais para combinação do trabalho individual com os interesses coletivos representados pela família e expressos na unidade de produção familiar. 6 – O caráter familiar de produção não pode ser reduzido à utilização de mão-de-obra familiar. O recurso da contratação do trabalho assalariado externo e a atividade remunerada de membros da unidade familiar fora do estabelecimento não são suficientes para afirmarmos a decomposição do caráter familiar da unidade de produção. 7 – Em termos conceituais, para ser mantido o caráter familiar da produção, exige-se a presença de, ao menos, um membro da família que combine as atividades de administrador da produção e de trabalhador. Normalmente, esse personagem ocupa as posições de chefe da família e chefe da unidade produtiva, integrando, de um lado, o parentesco ao trabalho e à propriedade e, de outro, a produção ao consumo. 8 - O trabalho extra-agrícola executado por um ou vários membros da unidade familiar pode desempenhar diferentes funções de acordo com a lógica da dinâmica de reprodução social da unidade família. A renda dele obtida tanto pode servir como complemento que reforça e garante a reprodução da exploração agrícola como pode indicar uma estratégia de secundarização da atividade agrícola na reprodução social. 9 – A compreensão da situação da unidade de produção familiar não pode ficar restrita à dinâmica econômica (produtividade, rentabilidade, competitividade). O significado dos próprios fatores econômicos pode ser dado por outras esferas do social já que a produção não ocorre em um vazio social, nem se resume a uma atividade isolada; 10 – Alternativa metodológica: no lugar de centrarmos a análise na família como unidade de produção, o que a restringe aos aspectos técnicos e econômicos do processo produtivo, devemos considerá-la como a unidade social que administra a reprodução social de seus membros em situações materiais e culturais distintas.

A nossa pesquisa observou que os jovens da localidade do Ancorado também

pensam em alternativas de trabalho que não seja a agricultura, mesmo que tenham de

continuar morando na zona rural, mantendo sua identidade como agricultores

familiares, o que vem reforçar a necessidade da implantação de novas atividades

nessas unidades de produção, caracterizando assim a pluriatividade nestas unidades,

como demonstra a tabela 6, relativa aos interesses dos filhos trabalharem em outras

áreas que não sejam agrícolas.

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TABELA 6: Atividades não-agrícolas que os rapazes mais gostariam de desenvolver permanecendo no meio rural.

Respostas % Total Não quer permanecer no meio rural 30 9 Agroindústria rural de pequeno porte 20 6 Indústria do vestuário 10 3 Mecânico 10 3 Comerciante 10 3 Outras atividades 20 6 Total 100 30

Fonte: Pesquisa de campo

Essa busca por novas formas para as praticas não-agrícolas, vem reforçar uma

contradição entre a individualização da força de trabalho com o caráter coletivo da

economia familiar (Carneiro, ibid).

Quando da aplicação do questionário, as filhas dos agricultores tiveram a

oportunidade de relatar o que pensam quanto ao trabalho na agricultura e suas

perspectivas de futuro. Pôde-se observar o não interesse das mesmas em desenvolver

atividades voltadas à agricultura, como demonstra a Tabela 7.

TABELA 7: A opinião das moças sobre o trabalho na agricultura.

Respostas % Total Não gostaria de desenvolver atividades agrícolas 55 11 Gostaria de desenvolver atividades diferentes das dos homens 40 8 Permanecer desenvolvendo atividades não-agrícolas 5 1 Total 100 20

Fonte: Pesquisa de campo

Para Camarano e Abramovay (1999), este predomínio de migração das moças esta

relacionado à opção das mesmas por desenvolver suas atividades nos setores de serviço

urbanos, uma vez que sua permanência nas unidades de produção no meio agrícola

dificilmente encontraria perspectivas de valorização de seu trabalho.

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É inegável que esta questão afeta as famílias rurais, e também é influenciada pela

falta de interesse por parte de alguns membros destas famílias de agricultores em não

permanecer no campo e modificando o comportamento social destas famílias.

Sobre estas transformações sofridas nas pequenas e médias propriedades rurais,

Silva (2002, p.09) informa:

“A gestão de pequenas e médias propriedades agropecuárias está se individualizando, ficando o pai e/ou um dos filhos encarregado das atividades enquanto os demais membros da família procuram outras formas de inserção produtiva, em geral fora da propriedade. Também uma parte cada vez maior das atividades agro-pecuárias antes realizadas no interior das propriedades estão sendo, hoje, contratadas externamente através de serviços de terceiros, independentemente no tamanho das explorações”.

A influência dos pais quanto à continuidade desses jovens na agricultura nos

mostra uma mudança no comportamento de pensar e agir. O que antes existia na figura

paterna, o desejo de permanência dos filhos nas atividades agrícolas (através de divisão

de terras), o que se percebeu, pelas respostas obtidas foi que os pais já não procuram

com tanta determinação tais desejos, como mostra a Tabela 8.

TABELA 8: Considerando a sua experiência e a perspectiva futura você: (Pergunta feita aos pais)

Respostas % Total Não influenciam na decisão dos filhos 55 22 Desestimulam os filhos 20 8 Estimulam todos a serem agricultores 10 4 Estimula apenas um filho a ser agricultor 15 6 Total 100 40

Fonte: Pesquisa de campo

A relação existente entre os pais e filhos nas unidades familiares nos mostra a

diferença nos modos de pensar e agir das gerações. O grande esforço para que os

filhos busquem novas oportunidades de inserção no mercado de trabalho fora da

agricultura se reforça à medida que os mesmos tentam oportunizar os filhos a

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continuarem seus estudos de forma a se prepararem para novas práticas de trabalho.

Este posicionamento dos pais em não mais influenciar os filhos quanto à decisão de

permanecerem ou não na agricultura é confirmado pelo fato dos mesmos relatarem

já terem vivenciado essa mudança de objetivos e hoje querem para os filhos um

futuro melhor, favorecendo assim aos mesmos um maior sucesso profissional através

da continuidade de seu estudo, como podemos constatar na seguinte declaração:

“Gostaria que meus filhos estudassem mais e se mudassem para a cidade para

poder tentar se formar em um curso superior e buscar assim um melhor futuro do

que a agricultura pode proporcionar para ele” (M. E. P. – agricultor, 43 anos)

As dificuldades vividas pelos pais justificam a posição dos mesmos quanto ao

desejo de planejar para seus filhos um projeto futuro diferente do que vivem

atualmente, pela falta de alternativas que possibilitem maior inserção e

desenvolvimento no meio rural.

Outro aspecto importante na observação dos pais ao relatarem o desinteresse

filhos em continuarem pelo processo sucessório, é a convicção de que a agricultura

não é a única opção de trabalho para eles, como afirma outro agricultor: “Procuro

mostrar aos meus filhos o quanto é difícil a vida no campo e procuro orientá-los

para que eles busquem outro tipo de atividade profissional que não seja no meio

rural.” (J. V. P. – agricultor, 52 anos)

Em contrapartida às declarações anteriores, um outro agricultor vê a

possibilidade da permanência dos filhos na agricultura. O mesmo afirma que:

"Prefiro que meu filho continue na roça. Assim ele fica mais perto de nós, mesmo

sabendo que, na cidade, existem mais oportunidades, mas que também apresenta

problemas como as drogas e a violência.” (J. C. P. – agricultor, 42 anos)

A pesquisa oportunizou aos jovens relatarem suas impressões quanto ao futuro

desejado por eles e, a partir delas, constatou-se que as atividade rurais não

despertam interesse em um grande número desses jovens, o que gera uma

preocupação muito grande quanto a essas atividades. Entretanto, o baixo nível de

escolaridade desses jovens da localidade do Ancorado pode influenciar em sua

decisão, como mostram as Tabelas 9 e 10.

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TABELA 9: Futuro desejado pelas moças.

Respostas % Total Trabalhar e morar na cidade 70 14 Permanecer na agricultura como operária rural 10 2 Não sabe 10 2 Permanecer na agricultura como arredatária 5 1 Permanecer na agricultura com tempo parcial 5 1 Total 100 20

Fonte: Pesquisa de campo

TABELA 10: Futuro desejado pelos rapazes.

Respostas % Total Não deseja ser agricultor 40 12 Gostaria de ter outra profissão, mas provavelmente será a agricultura 20 6

Não sabe 20 6 Ser agricultor e é certo que será agricultor 20 6 Total 100 30

Fonte: Pesquisa de campo

Quanto a este desejo da maior parte dos jovens em não seguir a função exercida

pelos pais na agricultura, o mesmo se deve à percepção das dificuldades que

encontrariam no desenvolvimento dessas práticas como o trabalho pesado e a pouca

rentabilidade. As unidades produtivas da localidade do Ancorado são, em sua maioria,

pequenas propriedades que apresentam grandes dificuldades para a geração e

desenvolvimento de novas formas de trabalho, reforçando a dificuldade da inclusão de

novas atividades como o turismo e outros.

A maior busca por atividades no meio urbano vividas pelas jovens rurais se

justifica pela falta de perspectivas das mesmas em herdar a propriedade do pai, o não

interesse em reproduzir as atividades realizadas pelas suas mães e a dificuldade que

encontram em desenvolver as tarefas do campo, o que fazem com as mesmas se

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voltarem para uma busca por outras atividades que não sejam as desempenhadas nas

unidades familiares rurais.

As típicas famílias do meio rural do Ancorado encontram dificuldades no período

na colheita do café (maio a agosto), em que ocorre a necessidade de aproveitamento de

todos os membros destas unidades (pais e filhos), em algumas vezes, não sendo

suficiente para atender a demanda desta atividade neste período, necessitando da

contratação de mão-de-obra das localidades próximas para suprir a falta de

trabalhadores no meio rural, feita de forma variada, podendo ocorrer o pagamento por

dia de serviço (aproximadamente R$ 20,00) ou pela colheita do balaio13, o que rende a

estes trabalhadores, em média, R$5,00 por balaio. O interesse dos jovens em exercerem

outras atividades fora da agricultora pode aumentar a necessidade das famílias em

contratar pessoas externas ao grupo familiar.

No entanto, nada que signifique em absoluto que as atividades desenvolvidas por

essas unidades de produção deixaram de ter uma base familiar, mas apenas existe a

necessidade de conviver com estas transformações de comportamento, devidas muitas

vezes pela não participação de todos os membros das famílias rurais. Porém, o não

interesse dos jovens nas atividades não-agrícolas pode comprometer a organização e

reprodução da agricultura familiar, já que existem momentos do processo de produção

que exige o aumento de mão-de-obra.

No Ancorado, as atividades agrícolas continuam sendo a principal alternativa para

uma parte significativa da população rural, principalmente para os pequenos produtores.

A falta de estudo e as dificuldades de trabalho no meio urbano reforçam o movimento

de continuidade por parte de alguns dos membros destas unidades produtivas, mesmo

sendo reconhecido que o trabalho na agricultura é árduo, pesado e de baixa

remuneração.

Para o DESER (ibid), uma agricultura familiar fortalecida na sua produtividade,

buscando uma nova visão de relações sociais, com garantia de um mesmo nível de

participação na sociedade, procurando objetivar principalmente a memória do bem-estar

geral desta população rural.

A inserção dos jovens advindos das unidades agrícolas nas atividades urbanas

proporciona aos mesmos uma expectativa de melhores condições de vida, trazendo com

13 Cesto de palha utilizado na colheita do grão do café com capacidade para 60 litros.

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este movimento um crescimento econômico às pequenas cidades tidas como unicamente

voltadas às atividades rurais.

Quando questionados sobre as principais razões que podem levar os jovens da

comunidade do Ancorado a abandonarem o campo, tanto as moças quanto os rapazes

demonstraram estar encarando a realidade da mesma forma como a mesma é vista nas

atividades desenvolvidas por pequenos produtores, desde as dificuldades de crescimento

na agricultura até as políticas não adequadas para o desenvolvimento nesta área, como

demonstram as Tabelas 11 e 12.

TABELA 11: Principais razões que podem levar as moças a abandonarem o campo.

Respostas % Total Trabalho árduo 70 14 Busca por outras oportunidades de trabalho fora da agricultura 20 4

Política agrícola inadequada 10 2 Total 100 20

Fonte: Pesquisa de campo

TABELA 12: Principais razões que podem levar os rapazes a abandonarem o campo.

Respostas % Total

Trabalho árduo 50 15

Falta de opções de lazer 10 3

Falta de infra-estrutura 10 3

Falta de terras 10 3

Ausência de outras oportunidades de trabalho 10 3

Dificuldade de estudar 10 3

Total 100 30 Fonte: Pesquisa de campo

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As características das pequenas propriedades rurais do Ancorado têm mostrado

poucas oportunidades de crescimento nos “negócios” e, conseqüentemente, um maior

desenvolvimento nas unidades familiares no que toca às formas de trabalho como o

preparo da terra para o cultivo até sua forma de escoamento da produção aos centros do

consumo.

Aos filhos que tentam suas atividades no meio urbano, percebe-se uma

preocupação por parte dos pais em preservar o patrimônio familiar que inclui as terras e,

acima de tudo, a casa dos pais que se transforma numa espécie de base territorial que

acolhe parentes em algumas ocasiões e que vem se tornando cada vez mais um ponto de

refúgio nas crises, principalmente do desemprego, além de permanecer como alternativa

de possível retorno (Silva, 2002).

Estudo realizado por Abramovay (et al 1998) aponta para uma perspectiva de

futuro para os rapazes filhos de agricultores em que muitos não se vêem na continuidade

da profissão dos pais no meio rural. Porém em nossa pesquisa o que se observou foi que

40% dos rapazes manifestaram seus desejos em não continuar na agricultura, embora

exista uma forte associação entre permanecer no campo e o desnível educacional, o que

tornaria mais restritas suas chances no meio urbano.

Para Durston (1996 apud Oliveira, 2006), em seus vários estudos realizados, na

América Latina, a sucessão dos jovens aponta para o filho que menos estudou o que

ficou no campo ou que não teve oportunidade de continuar com seus estudos, por

assumir cedo demais, funções no trabalho rural que deveriam ser desenvolvidas por

adultos. As estratégias vividas pelos jovens rurais se orientam essencialmente através de

metas individuais, porém devem ser levadas em consideração fatores como

necessidades familiares, alternativas que são oferecidas aos mesmos e o contexto social

em que cada um desses jovens estão inseridos.

Destaca Durston (1996 apud Oliveira 2006, p.50)

“(...) Num primeiro estágio da transição demográfica/ocupacional jovens rapazes pouco qualificados emigram, em geral temporariamente, para suplementar a escassa renda da família, especialmente nas etapas iniciais de formação de seus próprios lares, quando tem pouco capital, terra herdada ou trabalho capaz de garantir sua sobrevivência no interior de sua própria unidade produtiva. Num estágio seguinte desta dupla transição, as moças estão mais expostas a alternativas à vida numa cultura ‘machista’ tradicional e alcançam mais anos de educação formal que podem servir como passaporte para trabalhos qualificados e freqüentemente não manuais, num novo ambiente”.

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A análise de registros regionais de tendências de migração por parte dos jovens

demonstrou desigualdade, nesse sentido, em diferentes regiões. O aumento do

predomínio masculino entre os jovens rurais se torna nítido quando estudos apontam

para a região Nordeste do país como sendo a região cuja área rural apresenta um menor

grau de elementos do sexo masculino. Posteriormente aparece a região Sul, seguida

pelas regiões Sudeste, Norte e Centro-Oeste como as regiões rurais mais masculinizadas

no país.

Camarano e Abramovay (ibid) apontam duas hipóteses para estudos destas

questões:

a) As migrações estão relacionadas à oferta de trabalho no meio urbano e o predomínio do trabalho feminino aí está diretamente relacionado aos setores de serviço em empresas como em residências. b) O trabalho pesado no interior das unidades de produção das famílias, sem nenhuma perspectiva de valorização se ocorrer sua permanência, faz com que a própria família estimule esta migração, pois reconhecem ser reduzidas as chances das moças se estabelecerem como agricultoras ou esposas de agricultores.

Outro ponto a ser questionado sobre o êxodo rural feminino e jovem é que o

grau de instrução das jovens rurais é maior que dos rapazes, o que pode vir a aumentar a

expectativa por novas perspectivas no meio rural, mas nada que venha mudar o quadro

quanto a este aspecto.

Essas dificuldades tornam a reprodução das famílias inseridas no campo mais

complexas, o que contribui para que pais e filhos busquem em outras atividades, que

não sejam na agricultura, uma maior possibilidade para a melhoria das condições

econômicas destas famílias.

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CAPITULO III

JUVENTUDE RURAL E SEUS PROJETOS DE VIDA

Este capítulo apresenta as diferentes características sociais que envolvem os

jovens do meio rural sobre o aspecto de suas complexidades.

3.1 Definição ou características

Como meio rural, recorreremos às características sociais e territoriais definidas

pelo IBGE (2000), que chama de meio rural as cidades com menos de 20 mil habitantes

e que estejam fora das regiões metropolitanas. De acordo com esses dados,

aproximadamente, um em cada três brasileiros vive em regiões rurais.

Para definirmos juventude, Pereira (2004b, p.28) cita ser importante

“informarmos a que juventude estamos nos referindo, pois, como construção social heterogênea, além de tomá-la como plural, devemos descrever os atributos e os processos que conformam as identidades especificas levando em consideração a realidade do universo físico de recorte: trabalho, educação, transporte, comunicação, lazer, comércio, enfim, o espaço público, bem como as relações de amizade, as condições de gênero e sexualidade (espaço privado). (...) Desta forma, não podemos chegar a conceituar a juventude rural de modo generalizante. Talvez uma forma de visualizarmos a possibilidade dos jovens compartilhando certas

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características, seja descrever diferentes juventudes inseridas na dinâmica do desenvolvimento local (socioeconômico), apontando para a trajetória histórica do lugar – sua propriedade familiar e sua comunidade – os ritos que marcam a entrada e saída da juventude.”

As práticas e representações sociais dos jovens inseridos no meio rural,

considerando seus contextos sociais, a relação entre campo e cidade bem como seus

projetos de vida, passam a ser objeto de questionamento quanto ao futuro destes jovens

rurais. É o que estudos desenvolvidos por Pereira (2004), Carneiro (1998), entre outros,

focaram em suas pesquisas as relações voltadas a estes jovens. Investigar as diferentes

situações vividas por estes jovens, passa a ser uma necessidade para melhor

compreendermos questões relacionadas a cultura, relações sociais, trabalho e outros o

que reforça a heterogeneidade vivida pelos mesmos.

Estudos realizados por Oliveira (2006) definem juventude em cinco abordagens:

faixa etária, ciclo de vida, geração, cultura ou modo de vida e representação social. Para

esta pesquisa, estes aspectos se tornam necessários, uma vez que estas relações estão

diretamente relacionadas ao que se propõe o estudo.

Ainda sobre juventude, Weisheimen (2005, p.24 apud Oliveira, 2006) cita que:

“mais do que uma faixa etária, fala-se em condição juvenil, que aparece como uma posição na hierarquia social fundada em representações sociais, ou seja, busca-se aprender os significados atribuídos que definem quem é e quem não é jovem em um dado contexto sociocultural”.

Segundo Pereira (2004b, p.17),

“(...) na sociedade moderna, a lógica está mais na pluralidade, na heterogeneidade, e menos nas generalizações. Tempo e espaço estão ampliados, dificultando a identificação das especificidades, o que não quer dizer que elas não existam”.

Para a análise de duas situações de jovens, de mesma idade cronológica, advindos

de meios sociais diferentes nos fazem entender melhor estas afirmações. Um jovem

morador de um meio rural de poucos recursos tecnológicos, com poucas oportunidades

de acesso à educação, ao lazer e ao trabalho, enquanto outro jovem reside em uma

região mais desenvolvida economicamente e socialmente como as regiões Sul e Sudeste

do país. Estas diferenças na idade social destes jovens, as diferentes experiências

vividas pelos mesmos, ao longo de sua vida, fazem com que estes apresentam

comportamentos diferentes com influência no jeito de ser, de pensar e de agir destes

jovens. Estas interpretações sobre os jovens demonstram que a construção social,

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cultural e histórica reforça a classificação destes grupos como heterogêneos

(Weisheimen, 2005, apud Oliveira, 2006).

3.2 Os jovens e a relação campo/cidade

Para Pereira (2004b, p.138), “(...) não se pode falar de um processo de

urbanização e homogeneização do campo porque, diante de cada realidade local, o

espaço rural assume formas diferentes”.

A urbanização do espaço rural ocorrida nas últimas décadas, em decorrência da

invasão de algumas indústrias, pousadas, pessoas da cidade que optam por morar ou

passear em sítios, chácaras, enfim, essas diferentes culturas inseridas no campo, onde,

originalmente, possuía seu próprio convívio cultural e social, passou a integrar-se no

contexto de uma vida urbana, e o mesmo ocorreu com o agricultor, que se viu obrigado

a relacionar-se com diferentes grupos sociais.

Reforça Pereira (2004b, p.27)

“(...) As diferentes realidades do rural dos paises da América Latina influenciam no ciclo de vida dos jovens ajudando a moldar suas características. Fala dos fatores culturais dominantes no mundo rural que dão sentido à utilização do termo juventude rural. Elas apontam para o fato de que mesmo o jovem que não exerce atividades agrícolas, mas que está inserido numa lógica e consolidação da propriedade familiar, ou mesmo que se transfira para a área urbano-industrial em busca de melhores oportunidades de trabalho e estudo enquanto a terra não é dividida, e ainda aquele que mesmo que não a herde, como no caso de muitas moças, não deixou de ser rural. Porque o significado do rural envolve toda a dinâmica e não apenas a condição de um indivíduo.”

Cita Pereira (2004a) que os jovens do meio rural que, gerações passadas,

construíam suas experiências em espaço social mais restrito, e que as gerações atuais

estão cada vez mais ligadas neste campo com relações sociais e culturais mais amplos, o

que possibilita a esses jovens repensar suas identidades e suas relações pessoais.

Com o aumento da inserção de novas culturas no meio rural na busca de um lugar

para turismo e lazer, surgem novas formas sociais e culturais, proporcionando uma

mudança de comportamento naqueles que antes viviam em uma hierarquia familiar

voltada ao trabalho agrícola, e agora vêem seus espaços ampliados com novas formas de

trabalho e sociedade.

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Reforça tal fato Pereira (2004a), em estudos realizados com jovens da localidade

de São Pedro da Serra, região serrana de Nova Friburgo, que apontam para uma nova

atividade dos jovens desta localidade. O convívio com jovens, que buscam no meio

rural novas formas de lazer, proporciona a muitos deles moradores da localidade um

novo trabalho em atividades diversas que não sejam a agricultura com o objetivo de

obter algum lucro com esse movimento. Assim, o tempo e o espaço do lazer para o

turista significam novas oportunidades de trabalho para estes jovens, seja no comércio,

nas casas de veraneio e pousadas.

A proximidade com outros municípios, possibilita aos jovens da localidade do

Ancorado esta maior interação entre rural e urbano, o que fica claro quando se percebe a

presença de vários jovens que se deslocam todos os dias para as cidades em busca de

estudos superiores, o que possibilita esta vivência/interação com outros meios sociais e

culturais.

Essa interação se intensifica à medida que a relação de jovens do meio urbano e os

que residem no meio rural vão estreitando relações, criando novas formas de

sociabilidade no meio em que estão inseridos.

De acordo com Velho (1994) apud Pereira (2004b, p.4)

“(...) é preciso levar em consideração que a construção de projetos individuais dependerá da interação com outros projetos competitivos, como, por exemplo, os projetos familiares, muitas vezes antagônicos, de ordem individual ou coletiva”.

Reforça Carneiro (1998), que o meio rural passou a ser um espaço cada vez mais

heterogêneo, diversificado e não exclusivamente agrícola, onde a juventude rural é a

mais afetada devido a esta diluição das fronteiras entre os espaços rurais e urbanos,

combinada com o agravamento da situação da falta de perspectivas para os que vivem

da agricultura, e que, no contexto socioeconômico, deve-se considerar que os jovens

buscam afirmações para o seu futuro e aspiram à construção de seus projetos, que estão

geralmente voltados para o desejo de inserção no mundo moderno.

Pereira (2004 apud Oliveira, 2006) comenta que as fronteiras rurais e urbanas são

constantemente diluídas no cotidiano. Os jovens, mesmo morando em áreas rurais,

transitam por áreas urbanas, o que lhes possibilita a vivência de diferentes redes sociais

e práticas culturais, compondo uma verdadeira bricolage14 de linguagens e

comportamentos. É na diluição das fronteiras entre campo e cidade que os jovens rurais

14 Bricolage significa uma mistura de linguagens.

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vêm construindo seus projetos de vida, já que há um aumento do campo de

possibilidades e o estabelecimento de novas estratégias de reprodução social.

Pereira (2004b, p.3) Afirma que,

“O campo das possibilidades15 de alto-realização se, por um lado, é ampliado, por outro, mostra que as melhores oportunidades estão colocadas para os mais capacitados, para aqueles que podem investir recursos em formação, que podem contar com o apoio financeiro dos pais e com a rede de relações que se constrói em torno de cada família. Desta forma, os diferentes grupos de jovens que estão hoje no meio rural se assemelham, em condições, àqueles jovens que vivem nas periferias das grandes cidades, principalmente quando a questão é o acesso à educação e ao mercado de trabalho.”

Para as moças inseridas no meio rural da localidade do Ancorado, a inserção nas

atividades urbanas passou a ser uma questão de possibilidade uma vez que, o que se

percebeu foi que, a maioria delas (70%) manifestaram seu desejo de trabalhar e morar

na cidade em busca de oportunidades no mercado de trabalho urbano, mesmo sendo no

setor de serviços, tanto em residências como no comércio e na indústria.

Por se tratar de uma etapa da vida onde existe uma heterogeneidade muito grande

em relação a seus grupos sociais, os jovens estão sempre voltados aos questionamentos

quanto a seus projetos de vida que se misturam e confundem entre o rural e o urbano.

Outro ponto a ser visto como relevante na localidade do Ancorado, é quanto ao

lazer, que não diferencia da realidade dos pequenos municípios. Os bares, as festas

locais, a praça e o futebol dos finais de semana, são programas em que se concentram

uma maior parte destes jovens. As ocupações em empregos públicos aparecem como a

melhor opção de trabalho para estes jovens que ainda buscam em outras atividades suas

realizações pessoais.

A estratégia de repartição de terras por parte dos pais a novos agricultores, que

anteriormente asseguravam a permanência do jovem no campo e garantia de reprodução

social nas atividades rurais, hoje já não é suficiente, pois alguns não aspiram à

continuidade de sua permanência no meio rural.

Para a maioria dos jovens do Ancorado, filhos de pequenos agricultores sem

capital, seus pais não têm muitas condições de ajudá-los financeiramente e a

15 O campo de possibilidades, é conceituado por Gilberto Velho (1994 apud Pereira, 2004) como uma dimensão sociocultural, um espaço para a formulação e implementação de projetos. Este, por sua vez, é a conduta organizada para atingir finalidades especificas. Projeto e campo de possibilidades são noções que nos ajudam a entender as trajetórias e biografias dos indivíduos situados em determinado quadro sociocultural.

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possibilidade dos mesmos de alcançar algum sucesso na execução de seus projetos

passam a ser menores.

Sobre a possibilidade de permanência dos jovens no campo e serem bem

sucedidos nas atividades agrícolas, o que mais se destacou na pesquisa foi o fato de

serem muito cansativas quase todas as tarefas voltadas à lavoura, como mostram as

Tabelas 13 e 14.

TABELA 13: Problemas atuais que as moças enfrentam para serem bem sucedidas.

Respostas % Total

Trabalho na agricultura ser muito sofrido, pesado e cansativo 65 13 Problemas graves de relacionamento com os pais e a família 10 2 Falta de água na propriedade 10 2 Falta de energia elétrica 10 2 Falta de capacitação, orientação técnica e gerenciamento 5 1

Total 100 20 Fonte: Pesquisa de campo

TABELA 14: Problemas atuais que os rapazes enfrentam para serem bem sucedidos.

Respostas % Total

Trabalho na agricultura ser muito sofrido, pesado e cansativo 50 15 Falta de capital para a compra de terras 20 6 Falta de mão-de-obra 10 3 Falta de estradas, escolas e postos de saúde 10 3 Falta de oportunidades de renda 10 3

Total 100 30 Fonte: Pesquisa de campo

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Pereira (2004b, p.157) lembra que

“(...) as condições socioeconômicas familiares são fundamentais para a realização dos projetos de vida dos jovens, principalmente porque em torno de cada família se estabelece uma rede de relações sociais e econômicas que pode vir a garantir o sucesso esperado. Assim, para além da solidariedade familiar que a mantém como espaço íntimo de afeto, outros fatores também contribuem para a realização dos projetos de vida dos jovens, como o capital social e financeiro existente em cada uma delas e que formam o campo de possibilidades de cada jovem.”

Rosário da Limeira não oferece muitas possibilidades de trabalho em seu

município. Na área da educação, o município oferece os Ensinos Infantil e Fundamental

através da rede pública municipal, o Ensino Médio de responsabilidade estadual, bem

como a implantação de projetos como o Educação de Jovens e Adultos (EJA) voltado à

oportunizar jovens e adultos a retomarem seus estudos, buscando uma melhor

qualificação educacional e um aumento de possibilidades por atividades do meio

urbano.

3.3 Políticas públicas direcionadas aos jovens do campo

As políticas públicas voltadas para o setor agrícola é um importante instrumento

que busca o desenvolvimento de regiões e países. Através delas, busca-se o

estreitamento de diferenças sociais que cerca a distribuição de renda, proporcionando a

busca pelo desenvolvimento local e regional através de ações de políticas voltadas aos

diversos setores.

A agricultura é um setor econômico que, além de ter um enorme potencial de

geração de emprego e renda para milhões de brasileiros, necessita de políticas de

desenvolvimento que devem ser planejadas de forma a organização do âmbito

municipal. Deve-se a esse fato a capacidade de governos locais de administrarem as

demandas por serviços públicos, com maiores possibilidades de controle dessas

políticas, bem como da percepção das principais carências da comunidade.

Dados do IBGE (2006) revelam um grande número dos estabelecimentos rurais

do Brasil como sendo de agricultores familiares (85%), o que demonstra a necessidade

de concentrar ações que tornem possíveis as condições de trabalho para esta classe, e

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crie estratégias que possibilitem a participação e permanência dos jovens nestas

unidades de produção.

Rua e Abramovay (ibid apud Oliveira, 2006) definem políticas públicas como

sendo um conjunto de decisões e ações destinadas à resolução de problemas políticos, e

à promoção de ações que visem a melhorar a vida dos jovens inseridos no campo, o que

passou a ser uma necessidade para evitar o aumento do êxodo rural desta parcela da

população.

As dificuldades encontradas pela maioria das unidades de produção, em pequenas

e médias propriedades, vão desde a dificuldade ao acesso a linhas de crédito,

implantação de políticas públicas, à falta de terras, expondo os jovens produtores rurais

a um constante questionamento quanto ao seu futuro, uma vez que a relação mais

intensa com o meio urbano propicia aos mesmos um conhecimento de novas formas de

trabalho, aumentando ainda mais suas dúvidas quanto a seu futuro profissional.

Na localidade do Ancorado, as mulheres participam diretamente das atividades rurais,

principalmente no período da colheita do café. As mesmas consideram o trabalho na

agricultura pesado e cansativo, além disso, elas assumem uma dupla jornada de trabalho,

principalmente nos meios populares e no meio rural, o que as tornam mais expostas no

sentido de repensarem o seu futuro.

Dias (2006 apud Oliveira, ibid) afirma que existe uma necessidade de mudanças que

envolvam questões estruturais voltadas ao jovem do campo, no sentido de facilitar o acesso

dos mesmos à linha de crédito, possibilitando a aquisição de terras como início de

realização de seus projetos, o que pode levar à fixação desses jovens no meio rural,

garantindo assim uma reprodução social deste importante segmento da agricultura familiar.

Os jovens também foram questionados sobre os programas agrícolas, como

compra de terras, instalações e equipamentos, e o que se observou foi que os

mesmos já vivenciam algumas dificuldades para a implantação desses programas de

desenvolvimento, como mostram as Tabelas 15 e 16.

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TABELA 15: Programa adequado para a instalação das moças.

Respostas % Total

Não ter condições de se viabilizar na agricultura 35 7 Ter condições, porém desenvolvendo outras atividades além daagricultura 35 7

Ser viável, herdando a propriedade do pai 25 5

Mudanças de atividades e melhor gerenciamento 5 1

Total 100 20 Fonte: Pesquisa de campo

TABELA 16: Programa adequado para a instalação dos rapazes.

Respostas % Total

Não ter condições de se viabilizar na agricultura 40 12

Ser viável, herdando a propriedade do pai 30 9

Através de mudanças de atividades 20 6 Desenvolverem atividades que agreguem um maior valor aos produtos 10 3

Total 100 30 Fonte: Pesquisa de campo

As possibilidades de instalação de estruturas com propostas de criação de novas

oportunidades a acessos a serviços básicos a esses jovens, colabora com a manutenção da

situação de vulnerabilidade social vivida pelos jovens inseridos na grande maioria das

unidades de produção nas pequenas e médias unidades rurais.

Não se pode deixar de evidenciar a preocupação que gira em torno dos jovens e suas

perspectivas no meio rural. A necessidade da implantação de políticas públicas que

realmente satisfaçam este grupo de trabalhadores tão importante na continuidade do

processo instalado nas unidades familiares rurais, passa a ser urgente e necessária.

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O grande desafio para as políticas de desenvolvimento rural destinada a esses jovens

é a mudança de padrões atuais que viabilizem os mesmos a se tornarem agricultores através

da possibilidade de acesso de ativos (educação, crédito, terra) e a criação de um ambiente

que possibilite e assegure a execução de seus projetos.

A participação dos jovens no planejamento e elaboração das propostas para a busca

de melhores condições de continuidade no meio rural, se torna importante uma vez que

apenas eles realmente sabem melhor a respeito de seus anseios e perspectivas de vida.

O comportamento de jovens da localidade do Ancorado, quanto à permanência

e participação dos mesmos nas atividades desenvolvidas no meio rural foi analisado

no sentido de verificar a satisfação e tornar viável o desenvolvimento de atividades

no campo, evitando assim o abandono, às vezes precoce, por parte desses jovens.

TABELA 17: Permanência ou não das moças nas atividades do campo.

Respostas % Total

Relação entre as condições de vida na cidade 60 12

Condição de vida no meio rural 30 6

Ambas as condições 10 2

Total 100 20 Fonte: Pesquisa de campo

TABELA 18: Permanência ou não dos rapazes nas atividades do campo.

Respostas % Total

Relação entre as condições de vida na cidade 40 12

Condição de vida no meio rural 30 9

Ambas as condições 30 9

Total 100 30 Fonte: Pesquisa de campo

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Uma das questões mais importantes observadas em nossa pesquisa diz respeito

aos problemas existentes no local em que residem estes jovens quanto ao seu grau de

instrução, o que dificulta a busca de trabalho no meio urbano. Eles demonstram uma

disposição em abandonar o meio rural em busca de novas oportunidades, como

demonstram as Tabelas 19 e 20.

TABELA 19: Qual a principal razão, para permanecer na agricultura. (Moças)

Respostas % Total

Não pretender ficar na agricultura 55 11

Permanecer na agricultura por tradição ou costume 20 4

Os pais quererem sua permanência na propriedade 15 3

Medo do desemprego na cidade 10 2

Total 100 20 Fonte: Pesquisa de campo

TABELA 20: Qual a principal razão, para permanecer na agricultura. (Rapazes)

Respostas % Total

Não pretender ficar na agricultura 40 12

Atual situação do pai 30 9 Exercendo outras atividades agrícolas que propiciem mais renda 20 6

Desenvolvendo outras atividades não agrícolas 10 3

Total 100 30 Fonte: Pesquisa de campo

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As políticas públicas voltadas aos jovens brasileiros inseridos no meio rural

necessitam de um maior questionamento devido às grandes diversidades geográficas e do

distanciamento socioeconômico e cultural de suas regiões, o que toca fortemente a questão

da eqüidade e da descentralização das ações do Governo.

Destaca Schuch (ibid) que os pequenos municípios não conseguem seu crescimento

diante apenas do setor urbano/industrial. O falso sonho de atrair médias e grandes indústrias

para as pequenas e médias cidades, apostando todos os recursos públicos na busca de

empregos e aumento da arrecadação fiscal, está cada vez mais difícil de concretizar-se.

Durante muitos anos, esta perspectiva de desenvolvimento vinha norteando as ações de

muitas administrações, federais, estaduais e municipais, mas hoje, a realidade é de um

número quase insignificante de municípios que buscam ainda esta possibilidade.

Para o Departamento Sindical de Estudos Rurais (DESER, ibid), a agricultura é o

principal agente propulsor do desenvolvimento comercial e, conseqüentemente, dos

serviços nas pequenas e médias cidades do interior do Brasil. Incentivar um projeto de

desenvolvimento municipal ou mesmo regional, baseado na agricultura sustentável e,

principalmente, em agricultores familiares não é apenas uma proposta política para o setor

rural; é uma necessidade, uma condição de sobrevida para a economia de um grande

número de municípios brasileiros. Essas políticas também podem contribuir para a

permanência dos jovens no campo, pois aumentariam o leque de possibilidades para que

moças e rapazes rurais ali permaneçam.

3.4 PRONAF Jovem e os projetos de vida dos jovens

De acordo com a Central dos Assentados de Roraima – CAR, Cooperativa de

Trabalho, Assistência Técnica e Extensão Rural da Região Norte do Brasil – COTERRA e

Associação dos Colaboradores no Apoio da Agricultura na Amazônia – 4 A (2000), o

PRONAF implica serviços de apoio financeiro às atividades agropecuárias e não

agropecuárias exploradas mediante emprego direto da força de trabalho do agricultor e sua

família, estando financeiramente amparados por recursos controlados do crédito rural e dos

fundos constitucionais de financiamento regional. Acredita-se que as formas de organização

dos produtores rurais da agricultura familiar poderão contribuir para uma reforma

participativa, contribuindo para o desenvolvimento rural sem vícios e coibindo o desvio do

dinheiro público.

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Como uma das propostas do PRONAF nas questões voltadas aos jovens rurais, em

2004 foi criado o PRONAF Jovem, com o objetivo de fortalecer a agricultura brasileira e

combater o êxodo rural.

O PRONAF Jovem consiste em uma linha de crédito especial, voltada para atender os

filhos de agricultores entre 16 e 25 anos, com financiamentos que oportunizam esses jovens

a buscar novas perspectivas para suas atividades rurais, mantendo-os no campo, gerando

empregos e, diminuindo o êxodo rural.

Esta linha de crédito especial do Plano Safra para a Agricultura Familiar atende aos

filhos de agricultores, de famílias enquadradas nos grupos B, C, D, E do programa. Para ter

acesso ao financiamento de até R$ 6 mil, com juros de 1% ao ano, os jovens agricultores

devem ter formação técnica profissional – precisam ser formados ou estar cursando o último

ano de cursos técnicos nas casas familiares rurais, escolas técnicas agrícolas de nível médio

ou outro curso de formação profissional reconhecido pela Secretaria de Agricultura Familiar

do Ministério do Desenvolvimento Agrário (SAF/MDA). Jovens que não se formaram ou não

cursam escolas técnicas poderão se beneficiar da linha de crédito especial ao comprovar mais

de três anos de atividade agrícola.

O prazo para reembolso é de até dez anos, com carência de até três, ou até cinco anos

quando o projeto técnico da atividade assistida comprovar a necessidade do prazo. A

finalidade do PRONAF Jovem é atender as propostas de crédito relacionadas com projetos

específicos de interesse de jovens que promovam novas formas de agregação de renda e/ou

atividades exploradas pela unidade familiar. Este financiamento tem impactos tanto sociais

quanto econômicos, ao mesmo tempo em que dá condições para que os agricultores

familiares ganhem em escala dentro da unidade de produção, mantém as pessoas ocupadas,

gera empregos e possibilidades para que a família permaneça no meio rural. Além disso,

diminui a tensão no campo e a pressão por emprego na cidade (Oliveira ibid).

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei Federal nº 8.069) garante e

amplia os direitos dos jovens. Porém, não basta ter os direitos garantidos por lei, são

necessários ações e investimentos capazes de implantar programas que proporcionem aos

jovens uma melhor qualidade de vida.

Programas e projetos governamentais, inseridos com maior ou menor focalização

sobre a juventude brasileira, não garantem sua ação em seus planos práticos, uma vez que a

falta de integração entre os poderes públicos na implantação desses programas, pode

influenciar nas atividades que a envolvem.

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A falta de estrutura e as limitadas políticas públicas voltadas à agricultura familiar

têm sido um dos fatores de contribuição para a migração da juventude rural para as cidades.

Esta migração ocorre, em maior freqüência entre 20 e 24 anos, para os homens e, entre 15 e

19 anos, para as mulheres.

Quanto à complexidade desta relação vivida pelos jovens, Abramovay et al. (1998)

informa que as unidades familiares começam a enfrentar problemas sucessórios que não

existiam até pouco tempo. Hoje o êxodo rural atinge principalmente aos jovens, o que exige

a uma análise das atuais participações dos mesmos nas atividades agrícolas.

O mesmo autor cita a importância dos jovens nessas atividades como forma de

garantir a continuidade do processo por aqueles que detêm o conhecimento das práticas

agrícolas, garantindo com isso a continuidade crescente e capaz de competir em um

mercado cada vez mais exigente e competitivo.

É necessário que esses jovens busquem equilíbrio entre as unidades de produção e

perspectivas no meio rural de forma a possibilitar aos mesmos o acesso aos serviços básicos

como saúde, educação e trabalho, evitando assim que eles façam parte desses movimentos

migratórios para os meios urbanos, onde encontrariam dificuldades de instalação,

aumentando a classe de baixa renda nesses locais.

Estudos realizados por Ferrari et al. (2004) apontam para a necessidade de uma maior

reflexão sobre o processo migratório e um maior investimento dos poderes públicos na

capacitação profissional desses jovens, associada a uma política que possibilite aos mesmos

o desenvolvimento dos seus projetos voltados para as atividades rurais.

Abramovay (ibid) afirma que o meio rural pode ser encarado de maneira positiva, não

como o local onde se espera um momento de integrar-se à vida urbana, mas como a base de

projetos capazes de motivar o surgimento local e regional de novas oportunidades.

Veiga (ibid) ressalta a necessidade de se resgatar a motivação dos grupos sociais,

através de uma revalorização dos encantos da vida rural, transmitindo uma imagem de

beleza, tranqüilidade e segurança, na busca por atrair outras pessoas ao meio, aumentando

as oportunidades de trabalho, possibilitando a permanência dos jovens no campo e evitando

o aumento das taxas de desemprego urbano.

Quanto às jovens mulheres rurais, existe a necessidade de superar problemas

históricos. O IBGE (2000) apresenta alguns dados a respeito e destaca como problemas

relacionados à vida das mulheres no campo, os seguintes aspectos: 1) cerca de 36% da

população economicamente ativa no mercado de trabalho rural são de mulheres, mas elas

não desfrutam dos benefícios e resultados sociais desse modelo de desenvolvimento; 2) a

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mão-de-obra feminina tem sido absorvida nos trabalhos temporários, sem garantia de

direitos e sem investimentos na formação profissional; 3) quase dois terços das mulheres

rurais engravidam entre 15 e 21 anos de idade e, quase a metade, não utiliza qualquer

método contraceptivo.

Estas são algumas das razões que têm levado um grande número de jovens do sexo

feminino a migrarem do campo para a cidade. A ausência de mulheres no campo, pode

comprometer o desenvolvimento da agricultura familiar, uma vez que a própria

continuidade do modelo familiar tradicional passará por conflitos na sua formação e

estruturação. Camarano e Abramovay (ibid: p.78) apresentam dados regionais e nacionais

relevantes a respeito do tema. Uma das conclusões a que os autores chegaram é que o

“êxodo predominantemente jovem mostra que o campo se abre cada vez mais para o contato com as cidades. Resta saber se esta abertura dará lugar a laços construtivos e interativos ou se levará à desagregação do tecido social existente hoje no meio rural”.

Porém Schneider (2004a, p.187) lembra que é crescente o número de propriedades

rurais em que a mulher tornou-se a principal responsável pela execução das operações

agrícolas, ficando ao cargo da esposa a organização e execução dos trabalhos desenvolvidos

nas unidades familiares.

A necessidade de implantação de criação de políticas públicas que atendam de forma

mais efetiva os agricultores rurais, em especial os jovens, fez com que viesse a acontecer um

gradativo avanço nesta questão a partir de meados da década de 90.

Com o apoio do PRONAF, ocorreram as institucionalizações de linhas de crédito aos

agricultores familiares. A primeira linha de financiamento da produção voltada a esses

agricultores (custeio agrícola) ocorreu por meio do Decreto Presidencial nº 1.946, de 28 de

junho de 1996, como um programa de apoio técnico e financeiro ao desenvolvimento rural

para o fortalecimento da agricultura familiar. De acordo com dados disponibilizados no site

do Ministério do Desenvolvimento Agrário16 (2004), mais de 1,57 milhões de pessoas

firmaram contratos do PRONAF contra apenas 953,2 mil em 2002. O volume de recursos

destinado pelo governo ao financiamento rural de agricultores familiares também apresentou

expressivo crescimento, passando de R$ 2,4 bilhões em 2002 para R$ 5,6 bilhões em 2004, o

que representa um incremento de 134,2% (Oliveira, ibid).

A questão é que não é só a insuficiência e a ineficiência dos programas do governo

federal, mas também a falta de integração entre os poderes públicos (federal, estadual e

16 www.mda.gov.br/saf acessado em 20/08/2007

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municipal) e a completa exclusão dos jovens e suas participações nestes programas existentes

conforme podemos observar na Tabela 21.

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TABELA 21: Programas/Projetos do governo federal voltados para a juventude.

Programa/projeto Responsável pelo Programa/Projeto Período Programa saúde do adolescente e do jovem Ministério da saúde Antes de 1995

Programa especial de treinamento (PET) Ministério da Educação Antes de 1995 Prêmio jovem cientista Ministério da ciência e tecnologia Antes de 1995 Jogos da juventude Ministério dos esportes e turismo 1995 – 1998 Esporte solidário Ministério dos esportes e turismo 1995 – 1998 PRONERA Ministério do desenvolvimento agrário 1995 – 1998 PLANFOR Ministério do Trabalho e Emprego 1995 – 1998

Capacitação solidária Presidência da república / conselho Comunidade solidária 1995 – 1998

Alfabetização solidária Presidência da república / conselho Comunidade solidária 1995 – 1998

Programa Escola Jovem Ministério da Educação 1999 – 2002 Financiamento Estudantil Ministério da Educação 1999 – 2002 Programa Recomeço Ministério da Educação 1999 – 2002 Olimpíadas Colegiais Ministério do Esporte e Turismo 1999 – 2002 Projeto Navegar Ministério do Esporte e Turismo 1999 – 2002 Esporte na Escola Ministério do Esporte e Turismo 1999 – 2002 Serviço Civil voluntário Ministério da Justiça 1999 – 2002 Plano Nacional de Enfretamento da Violência sexual Ministério da Justiça 1999 – 2002

Programa de Defesa dos direitos da Criança e Adolescente Ministério da Justiça 1999 – 2002

Programa Paz nas Escolas Ministério da Justiça 1999 – 2002 Jovem Empreendedor Ministério do Trabalho e Emprego 1999 – 2002 Centros da Juventude Ministério da Previdência e Assistência social 1999 – 2002 Agente Jovem de desenvolvimento social e humano Ministério da Previdência e Assistência social 1999 – 2002

Prêmio Jovem cientista do futuro Ministério da ciência e tecnologia 1999 – 2002

PIAPS Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da Republica 1999 – 2002

CENAFOCO Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da Republica 1999 – 2002

Brasil em ação Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão 1999 – 2002 Projeto Alvorada Presidência da República 1999 – 2002 Programa de apoio ao aluno Estrangeiro Ministério da Educação Não informadoReinserção Social do Adolescente em conflito com a lei Ministério da Justiça Não informado

Combate ao abuso e Exploração sexual Ministério dos Esportes e Turismo Não informadoProjeto sentinela Ministério da Previdência e Assistência Social Não informadoProjeto Rede Jovem Comunidade Solidária Não informado

Fonte: Oliveira (ibid apud Sposito e Carraro, 2003)

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Porém, as linhas de crédito fornecidas pelo governo aos agricultores não

despertam muito interesse nos jovens da localidade do Ancorado que demonstram

um certo receio em comprometer uma possível parcela da produção sem saber se

esta lhe daria um retorno suficiente para o cumprimento de seus compromissos. As

cooperativas e os incentivos de órgãos locais são os meios mais utilizados no auxílio

da produção.

De acordo com os técnicos da EMATER de Rosário da Limeira, existem 225

produtores rurais cadastrados no município e na localidade do Ancorado existem 82

produtores cadastradas dos quais 85% são de Rosário da Limeira unidades familiares.

A permanência das moças nas unidades familiares do Ancorado, apresentam uma

forte tendência de buscarem novas perspectivas de trabalho, pois reconhecem bem as

dificuldades de desenvolverem as atividades do meio rural, e em decorrência as

realizações projetadas para seu futuro.

Na localidade do Ancorado, as pequenas propriedades são em maior número e,

geralmente, os filhos desses proprietários exercem funções de trabalho que seriam

dos adultos, aspecto que compromete a continuidade aos estudos, o que restringe na

maioria das vezes as chances de inserção no mercado de trabalho no meio urbano,

fazendo os mesmos repensarem o seu futuro profissional.

As dificuldades encontradas pelos jovens agricultores aos programas adequados

para a instalação dos mesmos no meio rural são percebidas quando uma jovem filha de

agricultor afirma:

“Sei da dificuldade que é de arrumar emprego na cidade e me manter lá, mas para tentar buscar um futuro diferente deste que a agricultura pode me oferecer, somente depois que casar e ir morar na cidade é que poderei pensar em outra atividade.” (C. D. P. – filha de agricultor, 17 anos)

Sobre as questões referentes as de implantações de políticas públicas voltadas

para os jovens inseridos no meio rural, Oliveira (ibid) afirma a necessidade de

implantação de programas adequados, como forma de estimular a participação e

permanência destes jovens nas atividades do meio rural. Das questões pertinentes à

participação e permanência deles no campo, o lazer foi citado como pouco atrativo

como ocorre na maioria das pequenas localidades rurais. Para Oliveira (ibid) o lazer

disponível aos jovens do meio rural, geralmente está ligado à atividades de contato com

a natureza, o que demonstra não satisfazer tanto estes jovens.

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Carneiro (2005, p.257), afirma que “a ausência de espaços de lazer é responsável,

entre outros fatores, pela avaliação negativa do campo em relação à cidade e pelo desejo

de migração dos jovens”. Isto nos permite dizer que é necessário o estabelecimento de

ações que visem à criação e/ou lineamento de políticas públicas voltadas à oferta de

lazer aos jovens residentes no campo.

Nossa pesquisa demonstrou como se torna limitada a participação destes jovens

inseridos no meio rural quanto às opções de lazer oferecidas, algo característico em

pequenos municípios nos quais ocorre a predominância de pequenas propriedades que

geram poucos recursos como mostram as Tabelas 22 e 23.

TABELA 22: Participação das moças em atividades de lazer e cultura na comunidade

Respostas % Total

Festas 70 14 Esportes coletivos 10 2 Coral 10 2 Excursões 5 1 Bailes 5 1

Total 100 20 Fonte: Pesquisa de campo

TABELA 23: Participação dos rapazes em atividades de lazer e cultura na comunidade.

Respostas % Total

Futebol e outros esportes coletivos 60 18

Festas 20 6

Bailes 20 6

Total 100 30 Fonte: Pesquisa de campo

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Para os jovens da localidade do Ancorado as festas são eventos que acontecem

normalmente em espaços abertos como as expocições agropecuárias e outros enquanto

que os bailes são eventos em recintos fechados.

O baixo nível de oferta de vagas no mercado de trabalho e lazer em Ancorado

levam os jovens a repensarem quanto a sua permanência no meio rural. Portanto, as

políticas públicas devem levar em consideração os interesses desses jovens.

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CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A pesquisa realizada na localidade do Ancorado, pertencente ao município de

Rosário da Limeira – MG, apontou para a necessidade de novas estratégias de

desenvolvimento rural através da criação de meios que possibilitem o fortalecimento da

agricultura familiar, como forma de garantir a permanência no campo das novas

gerações e, conseqüentemente, a continuidade do processo através da participação dos

jovens nas atividades agrícolas.

Proporcionar aos jovens inseridos no meio rural um espaço propício à construção

da cidadania e condições de vida capazes de promover a integração econômica e a

emancipação social é fundamental para que se busque a “fixação do homem no campo”.

A necessidade de instalação de programas adequados capazes de satisfazer os

anseios desses jovens, como forma de viabilização dos mesmos no campo fica bem

clara quando 35% das moças e 40% dos rapazes que foram submetidos ao questionário

relataram não ter condições de viabilizarem seu projeto de vida na agricultura, o que

demonstra a falta de condição desses jovens em permanecer no meio rural.

A pesquisa demonstrou a avaliação dos jovens quanto às condições de

crescimento oferecidas na atual situação vivida na localidade do Ancorado, onde se

percebeu a deficiência na prestação de serviços básicos e o quanto pode estar

influenciando a tomada de decisão desses jovens.

Estimular as iniciativas governamentais em prol da agricultura familiar, enquanto

aplicadas no contexto regional, torna fortalecida as unidades de produção e um maior

interesse dos jovens por estas atividades.

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A partir das relações anteriormente discutidas, o que percebemos foi a existência

de uma estreita relação entre projeto de vida e campo de possibilidades. No Ancorado, a

agricultura ainda é predominante e, mesmo não sendo uma constante entre os jovens, as

lavouras de café continuam sendo uma referência para estas unidades de produção na

construção de seus projetos de vida.

A principal conclusão de nossa pesquisa quando da análise das questões relativas

às atividades desenvolvidas por essas unidades foi quanto à questão da pluriatividade

que é exercida na localidade do Ancorado. Mesmo quando os “números” não são

promissores aos futuros jovens agricultores, as atividades agrícolas constituem ainda a

mais significativa forma de ocupação destas famílias residentes do meio rural e é nas

lavouras de café que se encontram uma forma importante de ocupação desses

trabalhadores, bem como para outros trabalhadores que migram para estas propriedades

rurais em busca de trabalho na época da colheita.

Na localidade do Ancorado, o desejo dos jovens em não permanecer no campo vai

da não satisfação no trabalho destinado a eles, à falta de perspectivas de melhoria para o

seu futuro, o que faz com que os mesmos busquem, na cidade, um lugar mais propício

para a realização de seus projetos.

A pesquisa demonstrou que os jovens da localidade do Ancorado não vêem na

profissão de agricultor uma escolha natural para a realização dos projetos futuros,

deixando em evidência a pretensão de buscar, nas atividades urbanas, um perfil mais

favorável para o seu futuro profissional, não descartando porem a possibilidade de

continuar na agricultura.

As transformações vividas no meio rural são observadas a partir das respostas

obtidas junto aos pais submetidos ao questionário; 55% destes disseram não influenciar

nas decisões dos filhos, outros 20% declararam desestimular a permanência dos jovens

na agricultura e somente 25% dos pais responderam estimular um ou mais filhos a se

tornarem agricultores, o que se contrapõe ao papel desempenhado anteriormente pelos

pais que incentivavam seus filhos a permanecer no campo, através de divisão e doação

de terras, garantindo assim a reprodução do processo.

As questões mais significativas apresentadas pelos jovens da localidade do

Ancorado, quando da aplicação do questionário ou das entrevistas, referem-se às

dificuldades de implantação de recursos para a realização de seus projetos, o que

viabilizaria o crescimento das atividades agrárias, das poucas oportunidades de lazer,

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bem como quanto à remuneração dos seus trabalhos quando citaram situações um tanto

quanto delicadas, como a necessidade de pedir dinheiro aos pais, quando necessário.

A remuneração dos filhos que trabalham na propriedade acontece apartir da

necessidade dos mesmos em pedir dinheiro aos pais (30%), e que apenas 15% dos filhos

recebem mesada regularmente. Quanto às filhas, 90% das moças não desenvolvem

nenhuma atividade para obter o seu próprio dinheiro.

As projeções das unidades de produção da localidade do Ancorado divergem em

alguns pontos. Alguns pais demonstraram interesse na permanência dos filhos nas

atividades agrícolas por questões afetivas. Outros já não mais incentivam seus filhos a

dar continuidade ao processo, estimulando-os a buscarem outras atividades que não

sejam as voltadas para o meio rural.

As questões relacionadas às atividades de lazer e cultura na localidade do

Ancorado apontaram para reduzidas oportunidades, uma vez que 70% das moças

responderam ir somente às festas locais, enquanto 60% dos rapazes disseram ser o

futebol e outros esportes coletivos os meios de lazer.

A necessidade de uma política voltada para um programa de manutenção e

assentamento desses jovens na agricultura, torna-se necessária e urgente no sentido de

estimular a participação dos mesmos no meio rural, possibilitando assim uma discussão

nos processos participativos dos jovens e suas perspectivas, e disponibilizar melhores

condições de trabalho.

Cabe aos jovens a busca de trabalho que não sejam ligadas exclusivamente à

agricultura, diversificando as fontes de renda por meio de atividades relacionadas ao

meio ambiente, possibilitando inclusive, formas variadas de lazer, buscando um novo

estilo de vida no meio rural, aumentando assim a integração da vida urbana ao campo e

o fortalecimento das atividades desenvolvidas pelos jovens nas unidades familiares,

capazes de motivar a fixação dos mesmos no meio rural.

O contato desses jovens rurais com novas culturas, diferentes formas de

sociedades e outros tipos de lazer, impulsiona os mesmos à descoberta de novas

perspectivas para o seu futuro em outras atividades que não sejam no campo.

Estes estudos relacionados à permanência dos jovens inseridos no meio rural,

exigem o aprofundamento das condições em que vivem os jovens e qual o potencial de

desenvolvimento que os mesmos podem buscar no campo por meio de novos estudos e

movimentos sociais voltados a esta atividade.

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ANEXOS

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ANEXO 1 – AUTORIZAÇÃO PARA UTILIZAÇÃO DO QUESTIONÁRIO NA

PESQUISA Governo do Estado de Santa Catarina Secretaria de Estado da Agricultura e Política Rural Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A. Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar – CEPAf.

Através deste documento, autorizamos o Professor Hélio Pereira da Costa Junior, a utilizar em seu Projeto de Mestrado, o “Questionário sobre juventude rural Epagri/CPPP”, elaborado pelos pesquisadores do Centro de Pesquisa para a Agricultura Familiar – CEPAf e pelo professor Dr. Ricardo Abramovay (FEA e PROCAM) USP. Milton Luis Silvestro Pesquisador da Epagri e responsável pelo questionário

Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar – Cepaf. Serv. Ferdinando Tusset, s/n - Bairro São Cristóvão, Caixa Postal 791. 89801-970 - Chapecó - SC - Brasil Fone: (049) 328-

4277; Fax: (049) 328-6017; Internet-http://www.epagri.rct-sc.br/cepaf/cppp.htm; e-mail: [email protected]. CGC 83.052.191/0004-05; Inscrição Estadual: 250.556.782

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ANEXO 2 – QUESTIONÁRIO UTILIZADO PARA COLETA DE DADOS DOS PAIS

ESTUDO DA PARTICIPAÇÃO E PERMANÊNCIA DOS JOVENS NA

AGRICULTURA FAMILIAR NA LOCALIDADE DO ANCORADO EM ROSÁRIO

DA LIMEIRA - MG

INSTRUÇÕES

Este é um instrumento de coleta de dados para um estudo que pretende analisar

a participação e permanência dos jovens na agricultura familiar na localidade do

Ancorado, em Rosário da Limeira – MG. As respostas serão mantidas em sigilo.

Este questionário deverá ser respondido por pais e jovens com idade entre 15 e 25

anos, residentes na localidade do Ancorado, pertencente ao município de Rosário da

Limeira. Neste questionário, as questões existentes são fechadas e as respostas foram

sugeridas.

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QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PAIS P115) Considerando a sua experiência e a perspectiva futura você: 1) Estimula todos os filhos a serem agricultores 2) Estimula só um filho a ser agricultor 3) Desestimula seus filhos a serem agricultores 4) Não influencia os filhos nem a favor e nem contra P116) Por quê 1) A vida é mais saudável na agricultura 2) Gostaria que os filhos morassem perto da família 3) Ser agricultor é melhor que ser assalariado 4) Não tem terra para todos os filhos 5) Alguém tem que ficar com os pais 6) A agricultura e o meio rural não são valorizados 7) As condições de vida na cidade são melhores que o meio rural 8) Não gostaria que seus filhos fossem agricultores 9) A atividade agrícola dá pouca renda 10) Relacionamento familiar 11) Outros P117) Quem ficará na propriedade? 1) Já foi definido (já sabe quem ficará) 2) Não sabe quem ficará, mas um ficará 3) Não sabe se alguém ficará na propriedade 4) Ninguém ficará e ainda não está decidido o que fazer com a propriedade 5) A propriedade será vendida 6) A propriedade será arrendada. 7) Os filhos são muito jovens para fazer a escolha

P118) Quem foi ou será o escolhido como sucessor. 1) O mais velho 2) O mais novo 3) O mais estudado 4) O menos estudado 5) O de melhor saúde 6) Ainda não foi escolhido 7) O que mais gostava da agricultura 8) O que tem maior afinidade com os pais 9) Não tem um critério definido 10) Filho único 11) Mais de um sucessor

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P119) Quem participou na escolha do sucessor 1) A escolha foi feita pelos pais 2) Só os homens participaram da escolha 3) Todos os membros da família participaram da escolha 4) Outros P120) Em relação a terra para os filhos: 1) Mais de um sucessor ficará com a terra, que será dividida e é suficiente 2) Mais de um sucessor ficará com a terra, que será dividida mas não é suficiente 3) Só existe um sucessor e a terra é suficiente 4) Só existe um sucessor, mas a terra não é suficiente 5) Só ficará um sucessor e os outros precisarão de terra. 6) Só ficará um sucessor e os outros não querem terra. 7) Nenhum filho quer ficar P121) Dos seus filhos quem receberá terra: ( da propriedade ou comprada fora dela) 1) Só um 2) Todos os filhos 3) Todas as filhas 4) Todos os filhos e filhas 5) Só uma parte dos filhos ou filhas 6) Ainda não foi definida a partilha dos bens P122) Quando só um filho herdar a propriedade, como será feita a compensação aos

demais? 1) Não terão compensação porque o herdeiro ficará com a responsabilidade de cuidar dos

pais 2) Através de capitais não agrícolas (lotes, casas, poupança) 3) Através de capitais agrícolas (animais, produtos, etc) 4) Através de estudo e dinheiro 5) Todos ganharão terra da propriedade do pai 6) Será comprado outras áreas de terra 7) Será feito acerto no momento final de transmissão do patrimônio, dependendo da

situação econômica de cada filho 8) O herdeiro da propriedade compensará aos demais (dinheiro, produtos, etc) P123) Em que momento será feita a transferência do controle da propriedade: 1) Quando os pais tiverem uma renda garantida (aposentadoria, aluguel, etc. 2) Quando o sucessor estiver preparado 3) Não será feita enquanto o pai tiver condições de dirigir a propriedade 4) Não pensaram ainda

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P124) Qual a possibilidade das filhas serem sucessoras: 1) Quando existe terra para todos os filhos 2) Tem as mesmas chances que os homens 3) Nenhuma filha será sucessora 4) Depende do relacionamento do genro com o sogro e a sogra 5) Quando há conflito com os filhos homens 6) Quando só há filhas 7) Prefere as filhas 8) Prefere os filhos P125) As decisões importantes (investimentos, compras de terra, mudanças de

atividades, tomada de crédito) são tomadas: 1) Pelo chefe da família e cônjuge 2) Pelo chefe da família, cônjuge e os filhos 3) Pelo chefe da família, cônjuge e as filhas 4) Pelo chefe depois de conversar com toda a família 5) Somente pelo chefe da família 6) Pelo conjunto da família P126) Como é a divisão e gerenciamento do trabalho na unidade familiar 1) O pai controla todas as atividades e todos trabalham em todas as atividades 2) Todos participam do gerenciamento e do trabalho 3) O pai controla todas as atividades e o trabalho é dividido 4) Cada filho gerencia uma atividade e trabalha em todas 5) Cada filho gerencia e trabalha em uma atividade 6) Outros P127) Que recompensas os filhos recebem pelo trabalho na propriedade: 1) Tem que pedir dinheiro a cada vez que precisa 2) O pai decide e toma a iniciativa de dar dinheiro a seu critério 3) Tem que pedir, mas o pai também oferece dinheiro 4) Recebe em produção da propriedade ou em animais 5) É destinado uma área de terra para que o filho faça uma lavoura e fique com essa renda 6) Recebe uma mesada regularmente 7) Outros P128) Quantas pessoas moram na propriedade e trabalham fora? (Considerar

aquelas pessoas que vêm costumeiramente dormir na propriedade) 1) Nenhuma 2) uma 3) Duas 4) Três 5) Quatro ou mais

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P129) Por quê continuam morando na propriedade 1) Para reduzir os custos de manutenção e moradia 2) Para poder ajudar a propriedade com recursos financeiros 3) Para ajudar no trabalho da propriedade 4) Porque pretende ser agricultor e/ou assumir a propriedade 5) Por que trabalha próximo da casa 6) Outros motivos P130) Com relação ao último filho (a) que saiu da propriedade. 1) Já recebeu todo seu patrimônio 2) Recebeu somente uma parte do patrimônio 3) Ainda não recebeu 4) A família manda mais dinheiro para o (a) filho (a) 5) O (a) filho (a) manda mais dinheiro para a família 6) Há fluxo de bens e/ou dinheiro, em momentos diferentes 7) Não tem filhos que saíram da propriedade 8) Outros

P131) Com relação ao penúltimo filho (a) que saiu da propriedade. 1) Já recebeu todo seu patrimônio 2) Recebeu somente uma parte do patrimônio 3) Ainda não recebeu 4) A família manda mais dinheiro para o (a) filho (a) 5) O (a) filho (a) manda mais dinheiro para a família 6) Há fluxo de bens e/ou dinheiro, em momentos diferentes 7) Não tem filhos que saíram da propriedade 8) Outros P132) Se os filhos que saíram mandam dinheiro para a propriedade, quais as razões? 1) Para pagamento de dinheiro que lhe foi adiantado (Estudo, aquisição de bens pessoais,

etc.) 2) Para ajudar na propriedade (atividades agropecuárias) 3) Para ajudar na manutenção dos pais 4) Para investir em atividades conjunta (Sociedade) com os pais ou irmãos que

permanecem na propriedade 5) Empréstimo 6) Outros P133) Com relação a freqüência no envio de dinheiro: 1) Só mandou uma vez 2) Manda de vez em quando 3) Manda regularmente

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P134) Qual a origem da renda da propriedade? 1) Somente da agricultura 2) Somente da pecuária 3) Da agricultura e pecuária 4) Agricultura, pecuária e transformação da produção 5) Agricultura e venda de produtos frescos 6) Pecuária e venda de produtos frescos 7) Agricultura, pecuária, transformação da produção e venda de produtos frescos P135) Existem rendas não agrícolas na propriedade. 1) Não 2) Trabalho assalariado de uma pessoa da família 3) Aposentadoria 4) Filho(a) manda dinheiro 5) Arrendamento de terras 6) Aluguel de máquinas 7) Aluguel de imóvel 8) Venda de mão-de-obra na agricultura 9) Trabalho em atividade não agrícola 10) Venda de artesanatos 11) Venda de produtos agroindustrializados 12) Outras

P136) Quanto representa a renda não-agrícola na propriedade 1) Menos de 25% 2) Entre 25% e 50% 3) Entre 50% e 75% 4) Mais de 75% P137) Quanto representa a aposentadoria na renda total da propriedade 1) Menos de 25% 2) Entre 25% e 50% 3) Entre 50% e 75% 4) Mais de 75% P138) Você tem empréstimo do Pronaf? 1) Não 2) Custeio 3) Investimento 4) Custeio e investimento

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P139) Você acha que vai ter problema para pagar o financiamento? 1) Sim 2) Não 3) Não sabe P140) Quantas vezes você fez empréstimo pelo Pronaf? 1) Uma vez 2) Mais de uma vez 3) Nenhuma vez P141) Você teria interesse em fazer um financiamento para adquirir uma

propriedade para instalar seus filhos que querem permanecer na agricultura? 1) Sim, dependendo das condições 2) Não 3) Os filhos (as) não querem permanecer na agricultura P142) O Banco da Terra é um programa para aquisição de imóvel rural. Por

exemplo, financiando um valor de R$ 12.000,00, pagaria uma prestação aproximada de 120 sacas de milho por ano durante 20 anos, com um período de carência de 3 anos. Nestas condições:

1) Tomaria o empréstimo 2) Não tomaria o empréstimo 3) Não tem condições de avaliar

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ANEXO 3 – QUESTIONÁRIO UTILIZADO PARA COLETA DE DADOS DOS FILHOS

QUESTIONÁRIO APLICADO AOS FILHOS P143) Qual o seu futuro desejado? 1) Permanecer na agricultura como proprietário 2) Permanecer na agricultura como arrendatário 3) Permanecer na agricultura como operário rural 4) Permanecer na agricultura com tempo parcial 5) Trabalhar e morar na cidade 6) Trabalhar na cidade e morar na propriedade 7) Ficar no meio rural, mas trabalhar em atividades não agrícolas 8) Outros P144) Na situação atual e com sua instrução e treinamento onde é que você acha que

tem as melhores oportunidades 1) No meio rural na agricultura 2) No meio rural com atividades agrícolas e não agrícolas 3) Morando na cidade, mas com a renda principal de atividades agrícolas 4) Na cidade, em atividades da cidade (comércio, serviços, etc) P145) Que atividades não agrícolas você mais gostaria de desenvolver

permanecendo no meio rural 1) Agroindústria rural de pequeno porte 2) Indústria do vestuário 3) Indústria de moveis 4) Comerciante 5) Artesanato 6) Pedreiro 7) Mecânico 8) Carpinteiro 9) Não quer permanecer no meio rural 10) Não sabe 11) Outros P146) O que você pensa sobre o seu futuro como agricultor 1) Gosta de ser agricultor e é certo que será agricultor 2) Gostaria de ter outra profissão, mas provavelmente será agricultor 3) Desejaria ser agricultor, mas vê dificuldades 4) Não sabe se será agricultor (muito novo ou ainda não pensou nisso) 5) Não deseja ser agricultor.

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P147) Em que condições você ficaria no meio rural 1) Na agricultura na situação atual do pai 2) Só ficaria se houvesse crédito para compra de terra 3) Só ficaria se houvesse crédito para compra de equipamentos, instalações, etc. 4) Ficaria se tivesse crédito fundiário e de instalação 5) Ficaria se pudesse desenvolver outras atividades não agrícolas 6) Fazendo outras atividades agrícolas que proporcione mais renda P148) Se para continuar na atividade agrícola você tivesse que sair da localidade do

Ancorado, em que condições você aceitaria: 1) Somente com crédito fundiário 2) Somente com crédito de instalação 3) Somente com crédito fundiário e de instalação 4) Somente através da reforma agrária 5) Somente em terras de melhor qualidade 6) Em qualquer das situações anteriores 7) Não aceitaria sair da região Oeste P149) Fora de um programa adequado para instalação de jovens agricultores com

crédito para compra de terra, instalações e equipamentos, você acha que há condições de se viabilizar na agricultura:

1) Não há condições de se viabilizar na agricultura 2) Através de mudança de atividades (lavouras ou criações e suas combinações) 3) Através de melhor gerenciamento e melhor tecnologia 4) Através de mudanças de atividades e melhor gerenciamento/tecnologia 5) Desenvolvendo atividades que agregue maior valor aos produtos 6) Desenvolvendo outras atividades além da agricultura (agricultura de tempo parcial), 7) Herdando a propriedade do pai. P150) Qual o nível mínimo de instrução para desempenhar a profissão de

agricultor? 1) Saber ler e escrever 2) Primário completo (4ª série) 3) Ginásio (8ª série) 4) Segundo grau 5) Curso técnico agrícola 6) Fazer curso da Casa Familiar 7) Faculdade

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P151) Cite até três tipos de cursos que você freqüentou e que achou mais interessantes 1) Cursos/palestras de cooperativismo 2) Cursos de sindicalismo 3) Eventos técnicos de curta duração 4) Cursos de profissionalização da EPAGRI 5) Colégio/ginásio agrícola 6) Casa familiar rural 7) Outros 8) Nenhum P152) Os seus pais 1) Estimulam todos os filhos (as) a serem agricultores 2) Estimulam só um filho (a) a ser agricultor 3) Desestimulam seus filhos (as) a serem agricultores 4) Não influenciam os filhos (as) nem a favor e nem contra

P153) Quem ficará na propriedade? 1) Já foi definido (já sabe quem ficará) 2) Não sabe quem ficará, mas alguém ficará 3) Não sabe se alguém ficará na propriedade 4) Ninguém ficará e não sabem o que fazer com a propriedade 5) A propriedade será vendida 6) A propriedade será arrendada. P154) Entre os seus irmãos quem receberá terra? 1) Só um 2) Todos os irmãos 3) Todas as irmãs 4) Todos os irmãos e as irmãs 5) Só uma parte dos irmãos e das irmãs 6) Ainda não foi definido quem ficará com a propriedade

P155) Quem foi ou será o escolhido como sucessor? 1) O mais velho 2) O mais novo 3) O mais estudado 4) O menos estudado 5) O de melhor saúde 6) O que mais gosta da agricultura 7) O que tem maior afinidade com os pais 8) Aquele que não gosta de estudar 9) Não teve critério definido 10) Ainda não foi escolhido 11) Mais de um filho

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P156) Se já existe um sucessor (a) para a propriedade, quem participou da escolha: 1) A escolha foi feita pelos pais 2) Só os homens participaram da escolha 3) Todos os membros da família participaram da escolha P157) Quando só um filho herdar a propriedade, como será feita a compensação aos

demais? 1) Não terão compensação porque o herdeiro ficará com a responsabilidade de cuidar dos

pais 2) Através de capitais não agrícolas (lotes, casas, poupança) 3) Através de capitais agrícolas (animais, produtos, etc) 4) Através de estudo e dinheiro 5) Todos ganharão terra da propriedade do pai 6) Será comprado outras áreas de terra 7) Será feito acerto no momento final de transmissão do patrimônio, dependendo da

situação econômica de cada filho 8) O herdeiro da propriedade compensará aos demais (dinheiro, produtos, etc) P158) Em que momento será feita a transferência do controle da propriedade: 1) Quando os pais tiverem uma renda garantida (aposentadoria, aluguel, etc. 2) Quando o sucessor estiver preparado 3) Não será feita enquanto o pai tiver condições de dirigir a propriedade 4) Não pensaram ainda P159) Qual a possibilidade das filhas serem sucessoras: 1) Quando existe terra para todos os filhos 2) Tem as mesmas chances que os homens 3) Nenhuma filha será sucessora 4) Depende do relacionamento do genro com o sogro e a sogra 5) Quando há conflito com os filhos homens 6) Quando só há filhas 7) Prefere as filhas 8) prefere os filhos P160) As decisões importantes (investimentos, compras de terra, mudanças de

atividades, tomada de crédito) são tomadas: 1) Pelo pai e mãe 2) Pai, mãe e filhos 3) Pelo pai, mãe e filhas 4) Pelo Pai depois de conversar com toda a família 5) Pelo conjunto da familia 6) Somente pelo pai

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P161) Você está de acordo com os últimos investimentos e mudanças realizados na propriedade

1) Não houve investimentos e mudanças 2) Está de acordo com eles 3) Concorda em parte 4) Não concorda 5) Não participou das decisões 6) O jovem decidiu P162) Diante de uma idéia nova que você faça para a organização da propriedade a

reação de seu pai costuma ser?

1) Não aceita nem discutir 2) Rejeita quase sempre 3) Aceita quase sempre 4) Você não costuma fazer propostas novas. 5) Discute em família e aceita algumas propostas P163) Com relação a sua participação nas decisões da propriedade você acha:

1) Que está diminuindo 2) Continua igual 3) Esta aumentando 4) É responsável pela propriedade 5) Não participa das decisões P164) Você desenvolve atividade individual para obter dinheiro só para você?

1) Plantio ou criação na propriedade 2) Trabalho agrícola fora da propriedade 3) Trabalho não agrícola fora da propriedade 4) Não desenvolve atividade P165) Qual é o principal motivo de você buscar este dinheiro para si :

1) Está se capitalizando para ter sua propriedade no futuro 2) Para seu lazer 3) Para comprar bens de uso pessoal (moto, bicicleta, roupas, outros) 4) Para preparar-se para o casamento 5) Para estudar 6) Outros

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P166) Como você obtém dinheiro (para lazer, roupas, etc.) 1) Tem que pedir dinheiro a cada vez que precisa 2) O pai decide e toma a iniciativa de dar dinheiro a seu critério 3) Tem que pedir dinheiro, mas o pai também dá a seu critério 4) Trabalhando fora 5) Recebe uma parte da produção da propriedade 6) Outras

P167) O fato de ter que pedir dinheiro cada vez que precisa: 1) Não o incomoda (não se importa) 2) Incomoda e gostaria de ter seu próprio dinheiro 3) Incomoda e pode ser um dos motivos para sair de casa 4) Não pede dinheiro P168) Caso você assuma esta propriedade ou alguma que venha adquirir: 1) Continuaria explorando as mesmas atividades 2) Ampliaria as atividades existentes mas não tem condições de capital e conhecimento 3) Mudaria as atividades, melhorando a tecnologia e gerenciamento 4) Mudaria as atividades, melhorando a tecnologia e gerenciamento, mas não tem

oportunidade de capital, de mercado e de conhecimento, dentre outras. 5) Compraria mais terra 6) Não será agricultor 7) Outros P169) Se tivesse recursos disponíveis onde você aplicaria primeiro 1) Na agricultura (construção de instalações, máquinas equipamentos

reprodutores/animais) 2) Bens urbanos (lotes, casas, etc.) 3) Comprar terra 4) Poupança 5) Uso pessoal (carro, moto, outros) 6) Estudo 7) Outra atividade na propriedade 8) Outra atividade fora da agricultura P170) Com relação a quantidade e qualidade da terra: 1) A quantidade da terra a ser herdada é suficiente e boa 2) A quantidade é suficiente mas predominantemente de má qualidade (difícil de ser

trabalhada - trabalho penoso) 3) A quantidade é insuficiente e predominantemente de má qualidade 4) A quantidade de terra é insuficiente mas de boa qualidade 5) Não tem condições de avaliar

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P171) Qual o seu atual problema, que mais dificultam para você ser um agricultor bem sucedido.

1) Problemas graves de saúde 2) O trabalho na agricultura é muito sofrido, pesado cansativo 3) Problemas graves de relacionamento com os pais e a família 4) Falta de energia elétrica 5) Falta de água na propriedade 6) Falta de capital para compra de terra 7) Falta de capital para compra de máquinas, equipamentos, benfeitorias e insumos 8) Falta de capacitação, orientação técnica e gerenciamento 9) Falta de estradas, escolas e postos de saúde 10) Falta de mão-de-obra 11) Falta de novas oportunidades de renda 12) Falta de acesso a educação/formação/profissionalização

P172) Qual a principal razão, para permanecer na agricultura.

1) Gosta da agricultura 2) Se sente valorizado como agricultor 3) Permanece na agricultura por tradição ou costume 4) Permanece porque vai ser o sucessor e vai herdar o capital 5) Porque os pais querem que permaneça na propriedade 6) Porque não tem oportunidade fora da agricultura 7) Porque não tem/teve oportunidade de estudar 8) Medo do desemprego na cidade 9) Fica na agricultura por outras razões 10) Não pretende ficar na agricultura

P173) Na sua opinião, qual a principal razão que pode levar os jovens da sua

comunidade a abandonar o campo.

1) Falta de terra 2) Política agrícola inadequada (falta de crédito, assistência técnica, preços baixos dos 1) produtos, etc.) 2) Ausência de outras oportunidades de trabalho 3) Falta de opções de lazer 4) Trabalho árduo 5) Dificuldade para estudar 6) Ausência de infra-estrutura - (estradas, etc.) 7) Discriminação em relação aos jovens da cidade. 8) Baixa renda da atividade agrícola 9) As criações exigem a presença constante na propriedade 10) Brigas na familiar

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P174) Quais são suas relações com os agentes externos à propriedade.

1) É associado da cooperativa 2) É associado do sindicato 3) Participa de grupos de jovens da cooperativa 4) Associação de agricultores 5) Tem conta corrente individual 6) Bloco de produtor 7) Participa de grupos de jovens da igreja 8) Estuda na casa familiar rural 9) Participa de grupos de jovens 4 S 10) Participa de movimentos sociais 11) Nenhuma P175) Nestes grupos que temas são discutidos e que atividades são desenvolvidas?

1) Assuntos técnicos da atividade agropecuária 2) Dificuldades para se instalar e ser agricultor 3) Projetos de vida para o futuro 4) Perspectivas existentes fora da agricultura 5) Religião 6) Assuntos gerais sobre economia, política, problemas sociais, etc. 7) Alternativas para permanecer na região 8) Atividades de esporte e lazer 9) Atividades coletivas para obtenção de renda

P176) Quais as atividades de lazer e cultural que você participa em sua comunidade

1) Futebol e outros esportes coletivos 2) Grupo de danças 3) Bocha/Bolão 4) Coral 5) Excursões 6) Bailes 7) Festas 8) Grupos de estudo 9) Outros P177) Quais as atividades de lazer e cultural que você gostaria que tivessem em sua

comunidade

1) Futebol e outros esportes coletivos 2) Grupo de danças 3) Bocha/Bolão 4) Coral 5) Excursões 6) Bailes 7) Festas 8) Grupos de estudos 9) Biblioteca 10) Outros

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P178) Quando você decide sobre sua permanência ou não na propriedade você o faz em relação:

1) Condições de vida na cidade 2) As condições de vida no meio rural 3) Ambas P179) Se a decisão de permanecer ou sair esta relacionada com as condições de vida

na cidade, então qual é o fator que você acha mais importante? 1) Mais lazer 2) Mais tempo livre 3) Ganhar seu próprio dinheiro 4) Menos obrigações 5) Trabalho mais leve 6) Mais oportunidades para estudar 7) Possibilidades de tirar férias 8) Porque ganha mais 9) Outros

P180) Se a decisão em permanecer ou sair da propriedade está relacionada com as condições de vida no meio rural então qual o fator que você acha mais importante?

1) Precisa trabalhar mais 2) Precisa estudar mais mas não tem oportunidade 3) A agricultura não é mais valorizada 4) Melhorou o conforto doméstico 5) Existe mais lazer no meio rural 6) Trabalho agrícola ficou menos pesado 7) Melhor qualidade de vida 8) Flexibilidade no horário de trabalho 9) Não tem patrão 10) Nada mudou P181) Você já sugeriu fazer algum financiamento para a propriedade? 1) Sim 2) Não

P182) Se já sugeriu: 1) O pai aceitou 2) O pai não aceitou

P183) Você já fez um financiamento em seu nome? 1) Sim 2) Não

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P184) Você teria interesse em fazer um financiamento para adquirir uma

propriedade e instalar-se como agricultor? 1) Sim 2) Não 3) Depende das condições P185) O quê você conhece sobre o Banco da Terra? 1) Não conhece 2) Já ouviu falar, mas desconhece os detalhes 3) Conhece, mas não pretende utilizar o crédito 4) Conhece e pretende utilizar o crédito P186) O Banco da Terra é um programa para aquisição de imóvel rural. Por

exemplo, financiando um valor de R$ 12.000,00, pagaria uma prestação aproximada de 120 sacas de milho por ano durante 20 anos, com um período de carência de 3 anos. Nestas condições:

1) tomaria o empréstimo 2) não tomaria o empréstimo 3) Não tem condições de avaliar

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ANEXO 4 – QUESTIONÁRIO UTILIZADO PARA COLETA DE DADOS DAS FILHAS

QUESTIONÁRIO APLICADO ÀS FILHAS P187) Quais são suas atribuições atuais na propriedade 1) Só as atividades domésticas 2) Domésticas e esporadicamente na lavoura/criações 3) Doméstica e lavoura/criações 4) Só na lavoura P188) Das atividades seguintes, qual a que você dedica mais tempo, exceto a casa. 1) Lavoura 2) Suínos 3) Outros animais 4) Leite 5) Hortaliças 6) Frutas 7) Aviário 8) Trabalho fora da propriedade 9) Outros P189) Das atividades seguintes, qual a que você gostaria de se dedicar mais. 1) Atividades domésticas 2) Lavoura 3) Suínos 4) Outros animais 5) Leite 6) Hortaliças 7) Frutas 8) Aviário 9) Trabalho fora da propriedade 10) Outros 11) Nenhuma P190) Qual a sua opinião sobre o trabalho na agricultura 1) Gostaria de desenvolver as mesmas atividades que os homens. 2) Gostaria de desenvolver atividades diferentes da dos homens 3) Não gostaria de desenvolver atividades agrícolas 4) Permanecer desenvolvendo atividades não agrícolas

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P191) Que atividades não agrícolas você mais gostaria de desenvolver permanecendo no meio rural

1) Agroindústria rural de pequeno porte 2) Indústria do vestuário 3) Indústria de moveis 4) Comerciante 4) Artesanato 5) Salão de beleza 6) Professora 7) Agente de saúde 8) Empregada doméstica 9) Não sabe 10) Outros

P192) Qual a possibilidade de você ser sucessora? 1) Não será sucessora 2) Quando existe terra para todos 3) Tem as mesmas chances que os homens 4) Quando há conflito entre o pai e os filhos 5) Depende do relacionamento do genro com o pai e a mãe (da filha entrevistada) 6) Quando só há filhas 7) Há preferência pelas filhas P193) Qual o seu futuro desejado? 1) Permanecer na agricultura como proprietária 2) Permanecer na agricultura como arrendatária 3) Permanecer na agricultura como operária rural 4) Permanecer na agricultura com tempo parcial 5) Trabalhar e morar na cidade 6) Trabalhar na cidade e morar na propriedade. 7) Ficar no meio rural, mas trabalhar em atividades não agrícolas 8) Outros P194) Na situação atual e com sua instrução e treinamento onde é que você acha que

tem as melhores oportunidades: 1) No meio rural na agricultura 2) No meio rural com atividades agrícolas e não agrícolas 3) Morando na cidade, mas com a renda principal de atividades agrícolas 4) Na cidade, em atividades da cidade (comércio, serviços, etc)

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P195) O que você pensa sobre o seu futuro como agricultora 1) Gosta de ser agricultora e é certo que será agricultora 2) Gostaria de ter outra profissão, mas provavelmente será agricultora 3) Desejaria ser agricultora, mas vê dificuldades 4) Não sabe se será agricultora (muito nova ou ainda não pensou nisso) 5) Não deseja ser agricultora P196) Em que condições você ficaria no meio rural 1) Na agricultura na situação atual do pai 2) Só ficaria se houvesse crédito para compra de terra 3) Só ficaria se houvesse crédito para compra de equipamentos, instalações, etc. 4) Ficaria se tivesse crédito fundiário e de instalação 5) Ficaria se pudesse desenvolver outras atividades não agrícolas 6) Fazendo outras atividades agrícolas de mais renda P197) Se para continuar na atividade agrícola você tivesse que sair da localidade do

Ancorado, em que condições você aceitaria: 1) Somente com crédito fundiário 2) Somente com crédito de instalação 3) Somente com crédito fundiário e de instalação 4) Somente através da reforma agrária 5) Somente em terras de melhor qualidade 6) Em qualquer das situações anteriores 7) Não aceitaria sair da região Oeste P198) Fora de um programa adequado para instalação de jovens agricultores com

crédito para compra de terra, instalações e equipamentos, você acha que há condições de se viabilizar na agricultura:

1) Não há condições de se viabilizar na agricultura 2) Através de mudança de atividades (lavouras ou criações e suas combinações) 3) Através de melhor gerenciamento e melhor tecnologia 4) Através de mudanças de atividades e melhor gerenciamento/tecnologia 5) Desenvolvendo atividades que agregue maior valor aos produtos 6) Desenvolvendo outras atividades além da agricultura (agricultura de tempo parcial), 7) Herdando a propriedade do pai. P199) Qual o nível mínimo de instrução para desempenhar a profissão de agricultor 1) Saber ler e escrever 2) Primário completo (4ª série) 3) Ginásio (8ª série) 4) Segundo grau 5) Curso técnico agrícola 6) Fazer curso da Casa Familiar 7) Faculdade

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P200) Cite até três tipos de cursos que você freqüentou e que achou mais interessantes. 1) Cursos/palestras de cooperativismo 2) Cursos de sindicalismo 3) Eventos técnicos de curta duração 4) Cursos de profissionalização da EPAGRI 5) Colégio/ginásio agrícola 6) Casa Familiar Rural 7) Outros 8) Nenhum P201) Os seus pais 1) Estimulam todos os filhos (as) a serem agricultores 2) Estimulam só um filho (as) a ser agricultor 3) Desestimulam seus filhos (as) a serem agricultores 4) Não influenciou os filhos (as) nem a favor e nem contra

P202) Quem ficará na propriedade? 1) Já foi definido (já sabe quem ficará) 2) Não sabe quem ficará, mas alguém ficará 3) Não sabe se alguém ficará na propriedade 4) Ninguém ficará e não sabem o que fazer com a propriedade 5) A propriedade será vendida 6) A propriedade será arrendada. P203) Entre os seus irmãos quem receberá terra? 1) Só um 2) Todos os irmãos 3) Todas as irmãs 4) Todos os irmãos e irmãs 5) Só uma parte dos irmãos e irmãs 6) Ainda não foi definido quem ficará com a propriedade

P204) Quem foi ou será o escolhido como sucessor? 1) O mais velho 2) O mais novo 3) O mais estudado 4) O menos estudado 5) O de melhor saúde 6) O que mais gosta da agricultura 7) O que tem maior afinidade com os pais 8) Aquele que não gosta de estudar 9) Não teve critério definido 10) Ainda não foi escolhido 11) Mais de um filho (a)

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P205) Se já existe um sucessor (a) para a propriedade, quem participou da escolha: 1) A escolha foi feita pelos pais 2) Só os homens participaram da escolha 3) Todos os membros da família participaram da escolha P206) Quando só um filho herdar a propriedade, como será feita a compensação aos

demais? 1) Não terão compensação porque o herdeiro ficará com a responsabilidade de cuidar dos

pais 2) Através de capitais não agrícolas (lotes, casas, poupança) 3) Através de capitais agrícolas (animais, produtos, etc) 4) Através de estudo e dinheiro 5) Todos ganharão terra da propriedade do pai 6) Será comprado outras áreas de terra 7) Será feito acerto no momento final de transmissão do patrimônio, dependendo da

situação econômica de cada filho 8) O herdeiro da propriedade compensará aos demais (dinheiro, produtos, etc) P207) Em que momento será feita a transferência do controle da propriedade: 1) Quando os pais tiverem uma renda garantida (aposentadoria, aluguel, etc. 2) Quando o sucessor estiver preparado 3) Não será feita enquanto o pai tiver condições de dirigir a propriedade 4) Não pensaram ainda P208) As decisões importantes (investimentos, compras de terra, mudanças de

atividades, tomada de crédito) são tomadas: 1) Pelo pai e mãe 2) Pelo pai, mãe e filhos 3) Pelo pai, mãe e filhas 4) Pelo pai depois de conversar com toda a família 5) Pelo conjunto da família 6) Somente pelo pai P209) Você está de acordo com os últimos investimentos e mudanças realizados na

propriedade 1) Não houve investimentos ou mudanças 2) Está de acordo com eles 3) Concorda em parte 4) Não concorda 5) Não participou das decisões 6) O jovem decidiu

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P210) Diante de uma idéia nova que você faça para a organização da propriedade, e que possa ser implantada, a reação de seu pai costuma ser:

1) Não aceita nem discutir 2) Rejeita quase sempre 3) Aceita quase sempre 4) Você não costuma fazer propostas novas. 5) Discute em família e aceita algumas propostas P211) Com relação a sua participação nas decisões da propriedade você acha? 1) Que está diminuindo 2) Continua igual 3) Esta aumentando 4) É responsável pela propriedade. 5) Não participa das decisões

P212) Desenvolve atividade individual para obter dinheiro só para você. 1) Plantio ou criação na propriedade 2) Trabalho agrícola fora da propriedade 3) Trabalho não agrícola fora da propriedade 4) Não desenvolve atividade individual P213) Qual é o principal motivo de você buscar este dinheiro para si : 1) Está se capitalizando para ter sua propriedade no futuro 2) Para seu lazer 3) Para comprar bens de uso pessoal (moto, bicicleta, roupas, outros) 4) Para preparar-se para o casamento 5) Para estudar 6) Outros

P214) Como você obtém dinheiro (para lazer, roupas, etc.) 1) Tem que pedir dinheiro a cada vez que precisa 2) O pai decide e toma a iniciativa de dar dinheiro a seu critério 3) Tem que pedir, mas o pai também oferece 4) Trabalhando fora 5) Recebe uma parte da produção da propriedade 6) Outras P215) O fato de ter que pedir dinheiro cada vez que precisa: 1) Não a incomoda (não se importa) 2) Incomoda e gostaria de ter seu próprio dinheiro 3) Incomoda e pode ser um dos motivos para sair de casa 4) Não pede dinheiro

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P216) Caso você assuma esta propriedade ou alguma que venha adquirir: 1) Continuaria explorando as mesmas atividades 2) Ampliaria as atividades existentes, mas não tem condições de capital e conhecimento 3) Mudaria as atividades melhorando a tecnologia e gerenciamento 4) Mudaria as atividades melhorando a tecnologia, o gerenciamento, mas não tem

oportunidade de capital, de mercado e de conhecimento. 5) Compraria mais terra 6) Não será agricultora 7) Outros P217) Se tivesse recursos disponíveis onde você aplicaria primeiro 1) Na agricultura (construção de instalações, máquinas, equipamentos, reprodutores /

animais) 2) Bens urbanos (lotes, casas, etc.) 3) Comprar terra 4) Poupança 5) Uso pessoal (carro, moto, outros) 6) Estudo 7) Outra atividade na propriedade 8) Outra atividade fora na agricultura P218) Com relação a quantidade e qualidade da terra: 1) A quantidade da terra a ser herdada é suficiente e boa 2) A quantidade é suficiente mas predominantemente de má qualidade (difícil de ser

trabalhada - trabalho penoso) 3) A quantidade é insuficiente e predominantemente de má qualidade 4) A quantidade de terra é insuficiente mas de boa qualidade 5) Não tem condições de avaliar P219) Qual o problema, que mais dificulta para você ser uma agricultora bem

sucedida. 1) Problemas graves de saúde 2) O trabalho na agricultura é muito sofrido, pesado cansativo 3) Problemas graves de relacionamento com os pais e a família 4) Falta de energia elétrica 5) Falta de água na propriedade 6) Falta de capital para compra de terra 7) Falta de capital para compra de máquinas, equipamentos, benfeitorias e insumos 8) Falta de capacitação, orientação técnica e gerenciamento 9) Falta de estradas, escolas e postos de saúde 10) Falta de Mão de Obra 11) Falta de novas oportunidades de renda 12) Acesso a educação/formação/profissionalização

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P220) Qual a principal razão, para permanecer na agricultura. 1) Gosta da agricultura 2) Se sente valorizada como agricultora 3) Permanece na agricultura por tradição ou costume 4) Permanece porque vai ser a sucessora e vai herdar o capital 5) Porque os pais querem que permaneça na propriedade 6) Porque não tem oportunidade fora da agricultura 7) Porque não tem/teve oportunidade de estudar 8) Medo do desemprego na cidade 9) Fica na agricultura por outras razões 10) Não pretende ficar na agricultura P221) Na sua opinião, qual a principal razão que pode levar os jovens da sua

comunidade a abandonar o campo. 1) Falta de terra 2) Política agrícola inadequada (falta de crédito, assistência técnica, preços baixos dos

produtos, etc.) 3) Falta de outras oportunidades de trabalho fora da agricultura 4) Falta de opções de lazer 5) Trabalho árduo 6) Dificuldade para estudar 7) Ausência de infra-estrutura - (estradas, etc.) 8) Discriminação em relação aos jovens da cidade. 9) Baixa renda da atividade agrícola 10) As criações exigem presença constante na propriedade 11) Brigas na familia

P222) Qual sua relação com os agentes externos à propriedade. 1) É associada da cooperativa 2) É associada do sindicato 3) Participa de grupos de jovens da cooperativa 4) Associação de agricultores 5) Tem conta corrente individual 6) Bloco de produtor 7) Participa de grupos de jovens da igreja 8) Estuda na Casa Familiar Rural 9) Participa de grupos de jovens 4 S 10) Participa de movimentos sociais 11) Nenhuma

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P223) Nestes grupos que temas são discutidos e que atividades são desenvolvidas? 1) Assuntos técnicos da atividade agropecuária 2) Dificuldades para se instalar e ser agricultor 3) Projetos de vida para o futuro 4) Perspectivas existentes fora da agricultura 5) Religião 6) Assuntos gerais sobre economia, política, problemas sociais, etc. 7) Alternativas para permanecer na região 8) Atividades de esporte e lazer 9) Atividades coletivas para obtenção de renda P224) Quais as atividades de lazer e cultural que você participa em sua comunidade 1) Futebol e outros esportes coletivos 2) Grupo de danças 3) Bocha/Bolão 4) Coral 5) Excursões 6) Bailes 7) Festas 8) Grupos de estudos 9) Outros P225) Quais as atividades de lazer e cultural que você gostaria que tivessem em sua

comunidade 1) Futebol e outros esportes coletivos 2) Grupo de danças 3) Bocha/Bolão 4) Coral 5) Excursões 6) Bailes 7) Festas 8) Grupos de estudos 9) Biblioteca 10) Outros P226) Quando você decide sobre sua permanência ou não na propriedade você o faz

em relação: 1) Condições de vida na cidade 2) Condições de vida no meio rural 3) Ambas

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P227) Se a decisão de permanecer ou sair está relacionada com as condições de vida na cidade, então qual é o fator que você acha mais importante?

1) Mais lazer 2) Mais tempo livre 3) Ganhar seu próprio dinheiro 4) Menos obrigações 5) Trabalho mais leve 6) Mais oportunidades para estudar 7) Possibilidades de tirar férias 8) Porque ganha mais 9) Outros P228) Se a decisão em permanecer ou sair da propriedade está relacionada com as

condições de vida no meio rural, então qual o fator que você acha mais importante?

1) Precisa trabalhar mais 2) Precisa estudar mais mas não tem oportunidade 3) A agricultura não é mais valorizada 4) Melhorou o conforto doméstico 5) Existe mais lazer no meio rural 6) Trabalho agrícola ficou menos pesado 7) Melhor qualidade de vida 8) Flexibilidade no horário de trabalho 9) Não ter patrão 10) Nada mudou P 229) Você já sugeriu fazer algum financiamento para a propriedade? 1) Sim 2) Não P 230) Se já sugeriu: 1) O pai aceitou 2) O pai não aceitou

P 231) Você já fez um financiamento em seu nome? 1) Sim 2) Não P232) Você teria interesse em fazer um financiamento para adquirir uma

propriedade e instalar-se como agricultora? 1) Sim 2) Não 3) Depende das condições

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P233) O quê você conhece sobre o Banco da Terra? 1) Não conhece 2) Já ouviu falar, mas desconhece os detalhes 3) Conhece, mas não pretende utilizar o crédito 4) Conhece e pretende utilizar o crédito P234) O Banco da Terra é um programa para aquisição de imóvel rural. Por

exemplo, financiando um valor de R$ 12.000,00, pagaria uma prestação aproximada de 120 sacas de milho por ano durante 20 anos, com um período de carência de 3 anos. Nestas condições:

1) Tomaria o empréstimo 2) Não tomaria o empréstimo 3) Não tem condições de avaliar

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ANEXO 5 – VALIDAÇÃO DO QUESTIONÁRIO APLICADO

VALIDAÇÃO DO QUESTIONÁRIO APLICADO PARA ESTE ESTUDO Professores avaliadores:

1) Prof. Dr. José de Fatima Juvêncio 2) Prof. Dr. Amédis Germano dos Santos 3) Profª. Drª. Eliana Carla Gomes de Souza

Questionário aplicado aos pais 1 2 3 Observação

P 115) Considerando a sua experiência e a perspectiva futura você:

1) Estimula todos os filhos a serem agricultores

2) Estimula só um filho a ser agricultor S S S

3) Desestimula seus filhos a serem agricultores

4) Não influencia os filhos nem a favor e nem contra

P 125) As decisões importantes (investimentos, compras de terra, mudanças de atividades, tomada de crédito) são tomadas:

1) Pelo chefe da família e cônjuge

2) Pelo chefe da família, cônjuge e os filhos

3) Pelo chefe da família, cônjuge e as filhas S S S

4) Pelo chefe depois de conversar com toda a família

5) Somente pelo chefe da família

6) Pelo conjunto da família

P 126) Como é a divisão e gerenciamento do trabalho na unidade familiar

1) O pai controla todas as atividades e todos trabalham em todas as atividades

2) Todos participam do gerenciamento e do trabalho

3) O pai controla todas as atividades e o trabalho é dividido S S S

4) Cada filho gerencia uma atividade e trabalha em todas

5) Cada filho gerencia e trabalha em uma atividade

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6) Outros

P 127) Que recompensas os filhos recebem pelo trabalho na propriedade:

1) Tem que pedir dinheiro a cada vez que precisa

2) O pai decide e toma a iniciativa de dar dinheiro a seu critério

3) Tem que pedir, mas o pai também oferece dinheiro S S S

4) Recebe em produção da propriedade ou em animais

5) É destinado uma área de terra para que o filho faça uma lavoura e fique com essa renda

6) Recebe uma mesada regularmente

7) Outros

P 134) Qual a origem da renda da propriedade?

1) Somente da agricultura

2) Somente da pecuária

3) Da agricultura e pecuária S S S

4) Agricultura, pecuária e transformação da produção

5) Agricultura e venda de produtos frescos

6) Pecuária e venda de produtos frescos

7) Agricultura, pecuária, transformação da produção e venda de produtos frescos

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Questionário aplicado aos filhos 1 2 3 Observações

P 143) Qual o seu futuro desejado?

1) Permanecer na agricultura como proprietário

2) Permanecer na agricultura como arrendatário

3) Permanecer na agricultura como operário rural S S S

4) Permanecer na agricultura com tempo parcial

5) Trabalhar e morar na cidade

6) Trabalhar na cidade e morar na propriedade

7) Ficar no meio rural, mas trabalhar em atividades não agrícolas

8) Outros

P 160) As decisões importantes (investimentos, compras de terra, mudanças de atividades, tomada de crédito) são tomadas:

1) Pelo pai e mãe

2) Pai, mãe e filhos S S S

3) Pelo pai, mãe e filhas

4) Pelo Pai depois de conversar com toda a família

5) Pelo conjunto da família

6) Somente pelo pai

P 164) Você desenvolve alguma atividade individual para obter seu próprio dinheiro?

1) Plantio ou criação na propriedade

2) Trabalho agrícola fora da propriedade S S S

3) Trabalho não agrícola fora da propriedade

4) Não desenvolve atividade

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P 149) Fora de um programa adequado para instalação

de jovens agricultores com crédito para compra de terra, instalações e equipamentos, você acha que há condições de se viabilizar na agricultura:

1) Não há condições de se viabilizar na agricultura

2) Através de mudança de atividades (lavouras ou criações e suas combinações)

3) Através de melhor gerenciamento e melhor tecnologia S S S

4) Através de mudanças de atividades e melhor gerenciamento / tecnologia

5) Desenvolvendo atividades que agregue maior valor aos produtos

6) Desenvolvendo outras atividades além daagricultura (agricultura de tempo parcial),

7) Herdando a propriedade do pai.

P 171) Qual o seu atual problema, que mais dificulta para você ser um agricultor bem sucedido.

1) Problemas graves de saúde

2) O trabalho na agricultura é muito sofrido, pesado cansativo

3) Problemas graves de relacionamento com os pais e a família

4) Falta de energia elétrica

5) Falta de água na propriedade

6) Falta de capital para compra de terra S S S

7) Falta de capital para compra de máquinas, equipamentos, benfeitorias e insumos

8) Falta de capacitação, orientação técnica e gerenciamento

9) Falta de estradas, escolas e postos de saúde

10) Falta de mão-de-obra

11) Falta de novas oportunidades de renda

12) Falta de acesso a educação/formação/profissionalização

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P 172) Qual a principal razão, para permanecer na agricultura.

1) Gosta da agricultura

2) Se sente valorizado como agricultor

3) Permanece na agricultura por tradição ou costume

4) Permanece porque vai ser o sucessor e vai herdar o capital

5) Porque os pais querem que permaneça na propriedade S S

6) Porque não tem oportunidade fora da agricultura

7) Porque não tem/teve oportunidade de estudar

8) Medo do desemprego na cidade

9) Fica na agricultura por outras razões

10) Não pretende ficar na agricultura

P 178) Quando você decide sobre sua permanência ou não na propriedade você o faz em relação: S S

1) Condições de vida na cidade

2) As condições de vida no meio rural

3) Ambas

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Questionário aplicado às filhas 1 2 3 Observações

P 193) Qual o seu futuro desejado?

1) Permanecer na agricultura como proprietária

2) Permanecer na agricultura como arrendatária

3) Permanecer na agricultura como operária rural

4) Permanecer na agricultura com tempo parcial S S S

5) Trabalhar e morar na cidade

6) Trabalhar na cidade e morar na propriedade.

7) Ficar no meio rural, mas trabalhar em atividades não agrícolas

8) Outros

P 187) Quais são suas atribuições atuais na propriedade

1) Só as atividades domésticas

2) Domésticas e esporadicamente na lavoura/criações S S S

3) Doméstica e lavoura/criações

4) Só na lavoura

P 212) Você desenvolve alguma atividade individual para obter seu próprio dinheiro?

1) Plantio ou criação na propriedade

2) Trabalho agrícola fora da propriedade S S S

3) Trabalho não agrícola fora da propriedade

4) Não desenvolve atividade individual

P 226) Quando você decide sobre sua permanência ou não na propriedade você o faz em relação:

1) Condições de vida na cidade

2) Condições de vida no meio rural S S S

3) Ambas

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P 219) Qual o problema, que mais dificulta para você ser uma agricultora bem sucedida.

1) Problemas graves de saúde

2) O trabalho na agricultura é muito sofrido, pesado cansativo

3) Problemas graves de relacionamento com os pais e a família

4) Falta de energia elétrica

5) Falta de água na propriedade

6) Falta de capital para compra de terra S S S

7) Falta de capital para compra de máquinas, equipamentos, benfeitorias e insumos

8) Falta de capacitação, orientação técnica e gerenciamento

9) Falta de estradas, escolas e postos de saúde

10) Falta de Mão de Obra

11) Falta de novas oportunidades de renda

12) Acesso a educação/formação/ profissionalização

P 220) Qual a principal razão, para permanecer na agricultura.

1) Gosta da agricultura

2) Se sente valorizada como agricultora

3) Permanece na agricultura por tradição ou costume

4) Permanece porque vai ser a sucessora e vai herdar o capital S S S

5) Porque os pais querem que permaneça na propriedade

6) Porque não tem oportunidade fora da agricultura

7) Porque não tem/teve oportunidade de estudar

8) Medo do desemprego na cidade

9) Fica na agricultura por outras razões

10) Não pretende ficar na agricultura

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P 198) Fora de um programa adequado para instalação de jovens agricultores com crédito para compra de terra, instalações e equipamentos, você acha que há condições de se viabilizar na agricultura:

1) Não há condições de se viabilizar na agricultura

2) Através de mudança de atividades (lavouras ou criações e suas combinações) S S S

3) Através de melhor gerenciamento e melhor tecnologia

4) Através de mudanças de atividades e melhor gerenciamento / tecnologia

5) Desenvolvendo atividades que agregue maior valor aos produtos

6) Desenvolvendo outras atividades além da agricultura (agricultura de tempo parcial),

7) Herdando a propriedade do pai.

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ANEXO 6 – INSTITUIÇÕES QUE FORNECEM A DAP São instituições que fornecem a DAP:

- Institutos Oficiais de Assistência Técnica e Extensão Rural, por meio de seus

escritórios regionais e locais, como por exemplo, no caso da EMATER.

- Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e Unidades

Técnicas Estaduais do Crédito Fundiário – (UTE), no caso de beneficiários dos

grupos “A” e “A/C” do PRONAF;

- Fundação Instituto Estadual de Terras do Estado de São Paulo (ITESP)

- Secretária Estadual de Aqüicultura e Pesca, por meio dos seus escritórios

regionais e locais;

- Institutos Estaduais de Pesca ou similares;

- Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), por meu de

seus escritórios regionais e locais;

- Fundação Cultural Palmares, por meio das entidades por ela reconhecidas

(somente para o público quilombola);

- Fundação Nacional do Índio (Funai), por meio de suas representações

regionais e locais (somente para o público indígena);

- Confederação Nacional da Agricultura (CNA), por meio de seus sindicatos

filiados (somente para os grupos “C”, “D”, “E” e pessoas jurídicas);

- Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), por

meio de seus sindicatos filiados;

- Federação de Pescadores, por meio de suas colônias filiadas (somente para

pescadores e extrativistas);

- Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (FETRAF), por meio

de seus sindicatos e associações filiadas;

- Associação Nacional de Pequenos Agricultores (ANPA), por meio de suas associações.