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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA Programa de Pós-Graduação Meio Ambiente e Sustentabilidade Mestrado Profissionalizante AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DO MUNICÍPIO DE CORONEL FABRICIANO – MINAS GERAIS SOLANGE DE ANDRADE AVELAR CARATINGA Minas Gerais - Brasil Dezembro de 2006

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA Programa de Pós-Graduação Meio Ambiente e Sustentabilidade

Mestrado Profissionalizante

AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DO MUNICÍPIO DE

CORONEL FABRICIANO – MINAS GERAIS

SOLANGE DE ANDRADE AVELAR

CARATINGA Minas Gerais - Brasil

Dezembro de 2006

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA Programa de Pós-Graduação Meio Ambiente e Sustentabilidade

Mestrado Profissionalizante

AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DO MUNICÍPIO DE

CORONEL FABRICIANO – MINAS GERAIS

SOLANGE DE ANDRADE AVELAR

Dissertação apresentada ao Centro Universitário de Caratinga, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Sustentabilidade, para obtenção do título de Magister Scientiae

CARATINGA Minas Gerais - Brasil

Dezembro de 2006

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SOLANGE DE ANDRADE AVELAR

AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DO MUNICÍPIO DE

CORONEL FABRICIANO – MINAS GERAIS

Dissertação apresentada ao Centro Universitário de Caratinga, como parte das exigências do Programa de Pós Graduação em Meio Ambiente e Sustentabilidade, para obtenção do título de Magister Scientiae

APROVADA: 14 de dezembro de 2006 _____________________________ __________________________

Prof. Dr. Marcos Alves de Magalhães Prof Dr. Meubles Borges Júnior (Orientador) (Co-orientador)

__________________________ ___________________________ Prof. Dr. Antônio José Dias Oliveira Prof. Dr. Felipe Nogueira Bello Simas

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Se quisermos ter menos lixo, precisamos rever nosso paradigma de felicidade humana.

Ter menos lixo significa ter mais qualidade, menos quantidade

mais cultura, menos status mais tempo com as crianças, menos dinheiro trocado

mais animação, menos tecnologia de diversão mais carinho, menos presente...

(Gilnreiner, 1992)

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À minha filha Daura Ao meu esposo Crispim

À Tia Renata

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AGRADECIMENTO

A Prefeitura Municipal de Coronel Fabriciano - MG por permitir a realização desta

pesquisa juntamente com a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Urbanos.

Ao Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (UNILESTE MG) pela concessão

de bolsa para financiar parte desta pesquisa.

A Enfermeira Celina Vasconcelos pela disponibilidade em substituir-me nas

atividades profissionais todas as vezes que se fizeram necessárias para o desenvolvimento

desse trabalho.

A amiga Fernanda Gama pelo efetivo apoio junto à Secretaria de Saúde e por

interceder sempre a meu favor.

Ao Professor Doutor Marcos Alves de Magalhães pela sua dedicação, paciência e

conhecimento.

A todos aqueles que contribuíram diretamente ou indiretamente para a efetiva

conclusão desta tese.

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BIOGRAFIA

SOLANGE DE ANDRADE AVELAR, filha de Hélio Chaves de Avelar e Daura

de Andrade Avelar, nasceu no dia 02 de fevereiro de 1966, em Petrópolis, Estado do Rio

de Janeiro.

Em março de 1988, ingressou-se no Curso de Graduação em Enfermagem e

Obstetrícia, na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Juiz de Fora - MG,

concluindo-o em dezembro de 1992. Especializou-se em Enfermagem do Trabalho pela

Universidade Integrada São Camilo, no Rio de Janeiro, concluindo-o em dezembro de

1996 e em Gestão de Serviços de Saúde, pelo Centro Universitário São Camilo, Belo

Horizonte - MG, término em dezembro de 2001.

Em agosto de 2005 iniciou-se o Programa de Mestrado em Meio Ambiente e

Sustentabilidade, do Centro Universitário de Caratinga (UNEC), em Caratinga – Minas

Gerais, finalizando-o em dezembro de 2006.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Proporção do destino final do RSU .................................................................... 14

TABELA 2: Evolução da avaliação ambiental ....................................................................... 31

TABELA 3: Distribuição percentual das frações que compõe os RSU de Coronel Fabriciano

.................................................................................................................................................. 37

TABELA 4: Levantamento quantitativo dos RSU coletados em Coronel Fabriciano,

no ano de 2005 ........................................................................................................................ 38

TABELA 5: Matriz comparativa quanto aos RSU e os impactos ambientais ocasionados .... 51

TABELA 6: PGIRSU e melhorias dos impactos ambientais ................................................. 62

TABELA 7: Distribuição percentual das frações que compõe os RSU de Coronel Fabriciano

.................................................................................................................................................. 72

TABELA 8: Levantamento quantitativo dos RSU coletados em Coronel Fabriciano ............ 73

TABELA 9: Matriz comparativa quanto aos RSU e os impactos ambientais ocasionados .... 79

TABELA 10: PGIRSU e melhorias dos impactos ambientais ............................................... 91

vii

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Aspectos visuais dos RSU descartado pela população ribeirinha às margens do Rio Piracicaba, localizado na área periférica da mancha urbana, maio 2006. .......................................................................................................................... 46

FIGURA 2: Aspecto visual do transbordamento de RSU descartado nos tambores coletores, maio 2006. ...................................................................................... 47

FIGURA 3: (A) Aspecto visual do transbordamento de RSU descartados nos coletores, maio de 2006; (B) cão transportando sacola para busca de restos de alimentos, maio de 2006. ................................................................................................. 48

FIGURA 4: Rede de Interação de ocupação Urbana Irregular e descarte de RSU em logradouros e lotes vagos. .............................................................................. 49

FIGURA 5: Vista parcial do vazadouro “Lixão da Ponte Mauá” de Coronel Fabriciano, setembro de 2004. ........................................................................................... 53

FIGURA 6: (A) Vista lateral do vazadouro, maio 2006; (B) Escorrimento dos resíduos no talude, maio 2006.............................................................................................54

FIGURA 7: Vista parcial do vazadouro localizado à margem do Rio Piracicaba, setembro de 2004. .......................................................................................................... 55

FIGURA 8: (A) Presença de catador na segregação dos resíduos, vazadouro Coronel Fabriciano, setembro de 2004; (B) Catadora na amarração dos resíduos segregados para venda, vazadouro Coronel Fabriciano, setembro de 2004. ...........................................................................................................................55

FIGURA 9: Aspecto visual das residências dos catadores no vazadouro, setembro de 2004.

....................................................................................................................... 56

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FIGURA 10: Mina d’água localizada na área do vazadouro utilizada pelos catadores, setembro de 2004. ........................................................................................... 57

FIGURA 11: Portão de acesso à área do vazadouro, maio 2006. ........................................ 57

FIGURA 12: Criação de animais área do vazadouro interditado, maio 2006. .....................58

FIGURA 13: Cobertura vegetal da área do vazadouro pela vegetação pioneira, maio de 2006 ......................... ............................................................................................... 58

FIGURA 14: Rede de Interação dos RSU. .......................................................................... 61

FIGURA 15: Projeto para recuperação da área do vazadouro. ............................................ 64

FIGURA 16: Vista parcial do aterro sanitário, maio 2006. ................................................. 67

FIGURA 17: Geomembrana utilizada para revestimento da base e das laterais do aterro sanitário, maio de 2006. .................................................................................. 68

FIGURA 18: Vista parcial da área destinada ao aterramento de RSSS, localizada na área interna do aterro sanitário, maiode2006. ......................................................... 68

FIGURA 19: Mapa da área urbana de Coronel Fabriciano com as freqüências de coleta dos RSU. ................................................................................................................ 74

FIGURA 20: Trajeto de coleta domiciliar e comercial setor Centro. ...................................76

FIGURA 21: Trajeto de coleta domiciliar e comercial setor Amaro Lanari. ....................... 77

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LISTA DE ABREVIATURAS

AA

AAE

ABNT

ABRELP

AIA

CEMPRE

CLT

CMMAD

CNEN

CODEMA

CONAMA

COPAM

COPASA

CREA

DN

EIA

ETE

FEAM

FUNASA

IBAMA

IBGE

ICMS

Avaliação Ambiental

Avaliação Ambiental Estratégica

Associação Brasileira de Normas Técnicas

Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública

Avaliação de Impactos ambientais

Compromisso Empresarial para Reciclagem

Consolidação das Leis Trabalhistas

Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

Comissão Nacional de Energia Nuclear

Conselho Municipal de Meio Ambiente

Conselho Nacional de Meio Ambiente

Conselho de Políticas Ambientais

Companhia de Abastecimento e Saneamento

Conselho Regional de Engenharia

Deliberação Normativa

Estudo de Impacto Ambiental

Estação de Tratamento Esgoto

Fundação Estadual do Meio Ambiente de Minas Gerais

Fundação Nacional da Saúde

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços

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IDH-E

IDH-M

IPTU

MMA

NARC

NBR

PGIRSS

PGIRSU

PMCF

PNUMA

REFORSUS

RIMA

RSS

RSSS

RSU

SEMAD

SMOSU

SNIS

TGA

UFJF

UNEC

UNILESTE

UTC

Imposto Predial Territorial Urbano

Índice da Dimensão Educação

Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

Ministério do Meio Ambiente

Núcleos de Apoio Regional Colegiado

Norma Brasileira Regulamentadora

Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos de Serviços de Saúde

Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos

Prefeitura Municipal de Coronel Fabriciano

Política Nacional do Meio Ambiente

Reforço à Reorganização do Sistema Único de Saúde

Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente

Resíduos de Serviços de Saúde

Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde

Resíduos Sólidos Urbanos

Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

Secretaria Municipal de Obras e Serviços Urbanos

Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento

Taxa Geométrica de Crescimento Anual

Universidade Federal de Juiz de Fora

Centro Universitário de Caratinga

Centro Universitário do Leste de Minas Gerais

Usina de Triagem e Compostagem

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CONTEÚDO BIOGRAFIA .................................................................................................................. viLISTA DE TABELAS.................................................................................................... viiLISTA DE FIGURAS .................................................................................................... viiiLISTA DE ABREVIATURAS ...................................................................................... xRESUMO ...................................................................................................................... xivABSTRACT .................................................................................................................. xvi1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................... 3 2.1 O cenário dos RSU no Brasil .............................................................................. 12 2.2 Ocenário dos RSU em Minas Gerais ................................................................. 14 2.3 Gestão de RSU no âmbito do municípios ......................................................... 17 2.4 Instrumentos para o Planejamento Ambiental ................................................ 22 2.5 Aspectos socioeconômicos e políticas ambientais relacionadas ao RSU ........ 24 2.6 Avaliação de Impactos Ambientais ................................................................... 283 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................ 39 3.1 Área de estudo .................................................................................................... 39 3.2 Metodologia de Pesquisa .................................................................................... 414 RESULTADO E DISCUSSÃO .................................................................................. 45 4.1 Análise dos serviços públicos de Limpeza Urbana ......................................... 45 4.1.1 Descarte de RSU nas margens e/ou diretamente no leito do rio Piracicaba. 46 4.1.2 Descarte de RSU nos logradouros e/ou lotes .............................................. 47 4.1.3 Situação do vazadouro “Lixão da Ponte Mauá” ......................................... 52 4.1.4 Análise do aterro sanitário ........................................................................... 66 4.1.5 Descrição do órgão de Limpeza Urbana de Coronel Fabriciano ................. 69 4.1.6 Avaliação gravimétrica do RSU .................................................................. 71 4.1.7 Delimitação da área urbana ........................................................................ 74 4.1.8 Gestão municipal ......................................................................................... 81 4.1.9 Proposta do Plano de Gerenciamento Integrado dos RSU .......................... 85

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5 CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................ 956 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 987 ANEXOS .................................................................................................................... 107 ANEXO 1: Relação de Normas Brasileiras Regulamentadoras (NBR) .................. 107 ANEXO 2: Relação de Legislação Federal relacionadas aos Resíduos Sólidos ..... 108 ANEXO 3: Relação de Decreto, Resoluções e Portarias relacionados aos

Resíduos Sólidos .................................................................................. 109

ANEXO 4: Diagnóstico Situacional de Gestão de RSU (Check list) ..................... 111

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RESUMO

AVELAR, SOLANGE ANDRADE. M.Sc. Centro Universitário de Caratinga - UNEC, dezembro de 2006. Avaliação do sistema de gerenciamento de resíduos sólidos urbanos do município de Coronel Fabriciano, MG. Orientador: Professor Doutor Marcos Alves Magalhães. Co-orientador: Professor Doutor Meubles Borges Junior.

Um dos problemas ambientais das cidades contemporâneas é a geração excessiva de

resíduos sólidos urbanos (RSU), tais como os restos orgânicos, as embalagens que

envolvem os produtos, pneus, garrafas, latas de refrigerante, papel, entre outros resíduos. A

crescente quantidade de resíduos gerados nas diversas atividades humanas, residências,

comércio, serviços e na manutenção das cidades, tem sido causada pelo modelo atual de

desenvolvimento econômico, pelo crescimento acelerado da população, sua concentração

em cidades e na mudança de padrão de consumo ocorrida nas últimas décadas. A gestão

inadequada desses resíduos tem causado impactos negativos ao meio ambiente, porque

causa danos desastrosos ao solo, ao ar e às águas superficiais carreando agentes poluentes

presentes nesses resíduos, os quais infiltram no solo e podem atingir as águas subterrâneas.

Neste contexto, o presente trabalho teve por objetivo avaliar a gestão dos resíduos sólidos

urbanos gerados no Município de Coronel Fabriciano, localizado na Região do Vale do

Aço do Estado de Minas Gerais, através de análise da situação encontrada e a trajetória

municipal do inicio desta pesquisa em setembro de 2004 a dezembro de 2006. Para tal, foi

elaborado e utilizado como instrumento de trabalho, o Diagnóstico Situacional de RSU

para a coleta de dados da situação da Gestão Urbana Municipal, análise dos Serviços de

Limpeza Urbana prestado pela Secretaria Municipal de Obras e Serviços Urbanos e,

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também, pelas empresas prestadoras de serviços, contratadas por essa Prefeitura e

avaliação gravimétrica destes RSU. Foi escolhido este instrumento por constituir-se em

uma avaliação e planejamento que objetiva direcionar as ações a serem realizadas pelo

poder público e assim definir a importância e posteriormente prevenir, ou mesmo reduzir,

os efeitos gerados ao meio ambiente em decorrência de falha na gestão municipal. Os

resultados ambientais foram mensurados tendo como princípio norteador a Gestão de RSU,

considerando alternativas de viabilidade política, econômico-financeira e institucional-

administrativa e por fim, apresentar uma proposta de Política de Gestão de RSU, tendo

como instrumento o Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos

(PGIRSU), que busca a preservação da saúde pública, proteção e melhoria da qualidade do

meio ambiente, recuperação de áreas degradada e assegurando a utilização adequada e

racional dos recursos naturais para a área de deposição final a ser construída. Foram

identificados avanços na gestão de RSU em Coronel Fabriciano, contudo ainda muito se

tem o que fazer nessa área, objetivando minimizar os impactos negativos causados, como

também atores sociais que têm cooperado com algumas das ações do poder público

municipal na gestão dos RSU e atuam junto à Secretaria Municipal de Obras e Serviços

Urbanos e à Secretaria Municipal de Assistência Social, a exemplo do Centro Universitário

do Leste de Minas Gerais (UNILESTE-MG), responsável pelo projeto extensionista de

Educação Ambiental.

Palavras-chaves: resíduos sólidos urbanos, gestão de resíduos, planejamento ambiental.

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ABSTRACT

AVELAR, SOLANGE ANDRADE. M.Sc. Centro Universitário de Caratinga – UNEC,

December, 2006. Solid Residue Evaluation Management in Coronel Fabriciano Town,

MG. Director: Professor Doctor Marcos Alves Magalhães. Co-director: Professor Doctor

Meubles Borges Junior.

One of the environment issues of contemporary residues is the over generation of solid

urban residues (SUR), like organic remains, the packing around the products, tires, bottle,

soft drink cans, paper and other residues. The increasing amount of residues produced in

many human activities, residences, commerce, services and in the maintenance of the

cities, has been caused by the current model of economical development, by the fast

population growth, its concentration inside the cities and in the consumption pattern

change occurred in the last decades. The inadequate management of these residues has

caused negative impact in the environment because it causes outrageous damage to the

soil, air and to the superficial water, carrying polluting agents present in these residues,

which permeate the soil and can reach the underground waters.

Therefore, the current study had as a goal, to evaluate the management of solid urban

residues produced in Coronel Fabriciano Town, located in the Region of Vale do Aço in

Minas Gerais State, through the analysis of the situation found and the municipal path from

the beginning of this research in September 2004 to December 2006. To have it done, a

Situational Diagnosis of SUR was elaborated and used as work tool for the data collecting

of the Urban Municipal Management, of the Urban Cleaning Services analysis done by the

Building and Urban Service Municipal General Office and also by the installment service

companies, contracted by the City Hall and gravimetric evaluation of these SUR. This tool

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was chosen because for been in an evaluation and planning that aim to direct the actions to

be done by the public authority, then define the importance and after all prevent or even

reduce the effects to the environment due to the lack of municipal management. The

environmental results were measured having as a guidance principle the SUR management,

considering choices of political’s, economic-financial’s and institutional-administrative’s

viability and finally, to present a SUR Management Politics offer, having the Integrated

Management of Solid Urban Residue Plan (IMSURP) as a tool that looks up to the public

health preservation, protection and improvement of the environment’s quality, recuperation

of the degraded areas and guaranteeing the appropriated and rationalized using of the

natural resources to the area of final deposition to be built. Advances in the SUR

Management in Coronel Fabriciano were identified but there is a lot to be done in this area,

aiming to minimize the negative impacts caused and the social agents as well who have

cooperated with some of the actions of the municipal public authority in the SUR

management and acted together with the Building and Urban Service Municipal General

Office, like Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (UNILESTE-MG), responsible

for the extension project of Environmental Education.

Key-words: Urban Solid Residue, Residue Management, Environmental Planning

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1 INTRODUÇÃO

Um dos problemas ambientais das cidades contemporâneas é a geração excessiva de

Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), as sobras da civilização, o desperdício. A crescente

quantidade de resíduos gerados nas diversas atividades humanas, a exemplo das

residências, do comércio, dos serviços e na manutenção das cidades, tem sido causada pelo

modelo atual de desenvolvimento econômico, pelo crescimento acelerado da população e

sua concentração em cidades e, também, pela mudança de padrão de consumo ocorrida nas

últimas décadas.

O manejo inadequado desses resíduos tem causado significativos impactos ao meio

ambiente, porque causa danos irreparáveis ao solo, ao ar e às águas superficiais ou ainda,

carreando agentes poluentes presentes nesses resíduos, infiltrando-se no solo, atingindo as

águas subterrâneas. Essa é, infelizmente, a realidade na maioria dos municípios brasileiros,

cujo descarte dos resíduos quando são coletados é feito em vazadouros a céu aberto,

denominados lixões, dando origem à proliferação de vetores a exemplo de moscas, ratos,

baratas, dentre tantos outros transmissores potenciais de doenças.

As áreas próximas aos centros urbanos adequadas para abrigar sistemas de

disposição final de resíduos estão cada vez mais escassas, devido à valoração da área

urbana, associada à forte rejeição da população em relação à implantação desses sistemas.

Esses aspectos são constituídos de complicadores que dificultam a gestão dos RSU.

Como a geração de RSU têm-se expandido, resultante do consumo desmedido dos

recursos naturais, uma das preocupações que se deve ser levado em conta é com a vida útil

das áreas para a disposição final desses resíduos, para que não ocorra rápida saturação

dessas áreas.

1

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A presente pesquisa avaliou os principais impactos ambientais causados pelos RSU

gerados em Coronel Fabriciano, Município localizado no Vale do Aço em Minas Gerais,

distando aproximadamente 198 km de Belo Horizonte.

A minimização é aqui considerada como uma ferramenta essencial para a gestão dos

RSU porque proporciona a economia de matéria prima, a conservação dos recursos

naturais, redução de custos de manutenção, tratamento e disposição de resíduos.

Buscando diminuir o impacto ambiental, economizando os recursos naturais,

ampliando a vida útil dos sistemas de disposição de resíduo, e atuando de forma

preventiva, gerando menos RSU, é necessário que se busque eficientes formas de gestão.

Um dos aspectos de relevância refere-se à necessidade de que todos os Municípios

com mais de 100.000 habitantes devam ter um Plano de Gerenciamento Integrado de

Resíduos Sólidos. Nesse particular, o Município de Coronel Fabriciano já se enquadra

nesse contexto, considerando que a população residente é de 103.724 habitantes, conforme

senso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2005).

Assim sendo, esta dissertação tem como objetivo geral avaliar a gestão dos RSU no,

município de Coronel Fabriciano, e os seus respectivos impactos ambientais causados.

Como objetivos específicos pretendem:

• Propor Plano de Gestão de RSU tendo como premissas norteadoras a saúde

pública, a proteção e melhoria da qualidade do meio ambiente, assegurando a

utilização adequada e racional dos recursos naturais e mitigação dos impactos

ambientais;

• Identificar instrumentos que permitam a regularidade, a continuidade e a

universalidade dos serviços de coleta, transporte, tratamento e disposição final

dos RSU;

• Identificar setores da sociedade civil que possam trabalhar em cooperação para a

gestão integrada dos resíduos sólidos, gerando benefícios sociais e econômicos.

2

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2 REVISÃO DE LITERATURA

Os documentos clássicos, que remetem à percepção científica da problemática

ambiental, mostram desde “Nosso Futuro Comum” (CMMAD, 1988), “Cuidando do

Planeta Terra” (UICN/PNUMA/WWF, 1991), “Agenda 21” (Brasil, 1997 e Barbieri, 2000)

que há a necessidade de um posicionamento da sociedade sobre os destinos do Planeta

Terra, no sentido da sua proteção. Nesse sentido, há uma preocupação com os RSU citado

em “Limites do Crescimento” (Meadows et al., 1978).

No estado de equilíbrio, o avanço tecnológico seria tão necessário quanto apreciado. Alguns poucos exemplos óbvios dos tipos de descobertas práticas que intensificariam o funcionamento de uma sociedade em estado estável incluem: novos métodos de coleta de resíduos para diminuir a poluição, e tornar o material rejeitado disponível para reciclagem; técnicas mais eficientes de reciclagem, para reduzir as taxas de esgotamento dos recursos naturais [...].

Embora a maioria dos domicílios e demais geradores de RSU esteja ciente dos riscos

do descarte inadequados destes resíduos para o meio ambiente, bem como das alternativas

para mitigá-los, visando atenuar os impactos negativos decorrentes da degradação

ambiental, na sua grande maioria, aceita a convivência com os agravos observados,

assumindo freqüentemente uma atitude passiva em face da existência do problema.

A questão da sustentabilidade ambiental, segundo Jacobi (1999), implica a

necessidade da multiplicação de práticas sociais pautadas pela ampliação do direito à

informação e de educação ambiental numa perspectiva integradora. Trata-se de

potencializar iniciativas a partir do suposto de que maior acesso à informação e

transparência na gestão dos problemas ambientais urbanos pode implicar uma

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reorganização de poder e autoridade. De forma enfática, afirma-se que os resíduos sólidos

representam o melhor exemplo e a propícia oportunidade para a formulação de políticas

públicas minimizadoras ou preventivas.

A história do homem sobre a Terra é iniciada com a ruptura progressiva entre a

sociedade e a natureza. Atualmente, as discussões sobre o antagonismo da natureza e a

cidade tornaram assunto diário.

Os RSU são resultantes do descarte proveniente de diferentes atividades humanas,

devido a sua origem e complexa massa heterogênea, mas também pela complexidade

relacionada ao seu destino e classificação. Como desafio para a gestão está o

equacionamento do modelo de desenvolvimento e cultura associado a padrões de conforto,

e desperdício associado ao excesso de consumo.

Nesse aspecto, encontra-se uma crescente concentração da população nos centros

urbanos, aliadas à deficiência do planejamento da expansão urbana, que acarreta

deterioração ambiental, com implicações na qualidade de vida humana.

Conforme Galvão (1993), o atual sistema socioeconômico tem resultado no aumento

da taxa de urbanização e industrialização realimentando-se num processo interativo e o

aumento na produção de RSU e cargas poluidoras.

De acordo com Eigenheer (1999), qualquer atividade que gera resíduos traz

conseqüência ao meio ambiente. A concepção de resíduos reflete variáveis econômicas,

sociais e culturais na medida em que se estabelece o que deve ser jogado fora, o que se

separa à racionalidade construída. Nesse, caso o resíduo tem sido descartado como algo

sem utilidade, gerando aí, raiz de uma série de agravos associados aos RSU.

Segundo Pereira (2000), os RSU possuem diversas conotações como forma de

percepção dos indivíduos, sendo destacada aquelas ligadas aos níveis psicológicos,

econômicos, ecológicos e sóciopolíticos. Na percepção psicológica, os RSU possuem

conotação negativa, como sinônimo de inútil, desprovido de valor e associado à sujeira,

mau odor, degradação, entre outros. Na visão econômica, o que é jogado fora pode variar o

valor de mercado de acordo com o ponto de vista do individuo. Na visão ecológica, os

RSU são caracterizados como agentes de poluição, elementos impactantes oferecendo

riscos para a sociedade e o meio ambiente como um todo. Na visão sóciopolítico, a

responsabilidade pela coleta, transporte, acondicionamento, tratamento e eliminação são

considerados como uma atribuição do poder público municipal.

As tentativas de solucionar a questão dos RSU se apresentam, na literatura utilizada,

direcionada para os aspectos técnicos de sua gestão, incluídas aí, a coleta e a destinação

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final, voltadas para a administração dos sintomas, no lugar de associar a prevenção de

geração destes resíduos. A solução pretendida diz respeito às práticas de reduzir, reutilizar

e reciclar.

Associados à limpeza urbana, os resíduos têm gerado uma iniciativa a respeito de

aterros sanitários, centrais de incineração, plantas de triagem e compostagem e possíveis

alternativas para os usuais vazadouros a céu aberto, conhecido como lixões.

Os RSU podem ser classificados de acordo com a Norma Brasileira de Referência -

NBR 10004/87 - quanto à origem ou natureza em: domésticos; comercial; público; especial

(como pilhas e baterias, lâmpadas fluorescentes, pneus etc); radioativo; resíduos de portos,

aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários; resíduos agrícolas; resíduos sólidos de

serviços de saúde (RSSS); resíduos de construção civil. (Associação Brasileira de Normas

Técnicas – ABNT,1987).

Os resíduos domésticos são considerados os produzidos nas atividades diárias, em

casas, apartamentos, condomínios e demais edificações residenciais.

Os resíduos comerciais são originados por estabelecimentos comerciais, cujas

características dependem da atividade desenvolvida. Na chamada limpeza urbana, os tipos

doméstico e comercial constituem o resíduo domiciliar que, junto com o resíduo público,

representam a maior parcela dos RSU. O grupo de resíduo comercial, assim como os

entulhos de obras, pode ser dividido em subgrupos chamados de pequenos geradores e

grandes geradores. Considerado pequeno gerador de resíduos comerciais produz até 120L

dia-1, e grande gerador é aquele que gera um volume de resíduos superior a esse limite.

Os resíduos públicos estão presentes nos logradouros públicos, em geral resultantes

da natureza como folhas, galhadas, terra, areia, tais como aqueles descartados irregular e

indevidamente pela população, como entulho, bens considerados inservíveis, papéis, restos

de embalagens e alimentos.

Os resíduos sólidos especiais são: pilhas e baterias, lâmpadas fluorescentes, pneus.

Pilhas e baterias encontradas no comércio de várias formas (cilíndricas, retangulares

e botões) e podem conter mais de um metal. As substâncias que têm cádmio, chumbo,

mercúrio, prata e níquel causam impactos negativos sobre o meio ambiente e, em especial,

sobre o homem. Outras substâncias presentes nas pilhas e baterias, como o zinco, o

manganês e o lítio, embora não estejam limitadas pela NBR 10004/87, também prejudicam

o meio ambiente.

Lâmpadas fluorescentes: o pó que se torna luminoso, encontrado no interior das

lâmpadas fluorescentes contém mercúrio. Isso não se restringe apenas às comuns de forma

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tubular, mas também às compactas. As lâmpadas fluorescentes liberam mercúrio quando

são quebradas, queimadas ou enterradas. Quando lançado no meio ambiente, o mercúrio

sofre uma bioacumulação, o que leva ao aumento de sua concentração.

Pneus: os problemas ambientais gerados pela destinação inadequada dos pneus são

muitos. Se deixados em ambiente aberto, sujeitos às chuvas, eles acumulam água, servindo

como local para a proliferação de mosquitos, entre eles como criadores do mosquito da

Dengue (Aedes Aegypti). Quando encaminhados para aterros convencionais, provocam

falhas no maciço de resíduos, causando a instabilidade do aterro. Se destinados para

unidades de incineração, a queima da borracha gera material particulado e gases tóxicos,

necessitando de um sistema de tratamento dos gases. Por todas essas razões, o descarte de

pneus, é hoje, um problema ambiental grave que não se tem uma destinação eficaz.

Os resíduos radioativos são considerados aqueles que emitem radiações acima dos

limites permitidos pelas normas ambientais. No Brasil, o manuseio, o acondicionamento e

a disposição final do lixo radioativo estão a cargo da Comissão Nacional de Energia

Nuclear (CNEN).

Os resíduos de portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários são gerados

tanto nos terminais, como dentro dos navios, aviões e veículos de transporte. Os resíduos

dos portos e aeroportos são decorrentes de passageiros em veículos e aeronaves e sua

periculosidade está no risco de transmissão de doenças já erradicadas. Essa transmissão

também pode se dar por meio de cargas eventualmente contaminadas, tais como: animais,

carnes e plantas.

Os resíduos agrícolas são formados, basicamente, pelos restos de embalagens

impregnadas com pesticidas e fertilizantes químicos, empregados na agricultura, e o

manuseio delas devem seguir as orientações dos fabricantes. A falta de fiscalização quanto

ao manuseio inadequado desses resíduos faz com que sejam misturados aos resíduos

comuns e dispostos nos vazadouros das municipalidades ou, o que é pior, sejam queimados

nas fazendas e sítios mais afastados, gerando gases tóxicos.

De acordo com a NBR 12808 (ABNT, 1993), os resíduos sólidos de serviços de

saúde (RSSS) compreendem todos os resíduos gerados nas instituições destinadas à

preservação da saúde da população. Devido à existência de patógenos, presença de

bactérias e vírus deve receber tratamento diferenciado de todos os demais resíduos.

Resíduos da Construção Civil: no Brasil, a tecnologia construtiva normalmente

aplicada favorece o desperdício na execução das novas edificações. Enquanto em países

desenvolvidos a média de resíduos provenientes de novas edificações encontra-se abaixo

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de 100 kg m-1, no Brasil este índice gira em torno de 300 kg m-1 edificado. Em termos

quantitativos, esse material corresponde a algo em torno de 50% da quantidade em peso de

RSU coletados em cidades com mais de 500 mil habitantes de diferentes países, inclusive o

Brasil. Em termos de composição, os resíduos da construção civil são uma mistura de

materiais inertes, tais como: concreto, argamassa, madeira, plásticos, papelão, vidros,

metais, cerâmica e terra.

Resíduo industrial: resíduos variados gerados pelas indústrias, que apresentam

características diversificadas dependendo do tipo de produto manufaturado. Devem,

portanto, ser estudados caso a caso. Adota-se a NBR10004 (ABNT,1987) para se

classificar os resíduos industriais.

Ficam incluídos nessa definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de

água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como

determinados líquidos cujas particularidades tornam inviável o seu lançamento na rede

pública de esgotos ou corpos de água, ou exigem para isso soluções técnicas e

economicamente viáveis em face à melhor tecnologia disponível.

Ainda de acordo com a NBR-10004 (ABTN, 1987), esses resíduos são classificados

em três classes (I, II, III) quanto aos riscos potenciais de contaminação.

Os resíduos Classe I compreende os resíduos perigosos - resíduos sólidos ou mistura

de resíduos que, em função de suas características de inflamabilidade, corrosividade,

reatividade, toxicidade e patogenicidade podem apresentar riscos à saúde pública,

provocando ou contribuindo para aumento de mortalidade, incidência de doenças ou

apresentar efeitos adversos ao meio ambiente, quando manuseados ou dispostos de forma

inadequada. Esses resíduos apresentam riscos ao meio ambiente e exigem tratamento e

disposição especial, por apresentarem riscos à saúde pública.

Os resíduos Classe II compreende os resíduos não inertes - resíduos sólidos ou

mistura de resíduos sólidos que não se enquadram na Classe I ou na Classe III. Estes

resíduos podem ter propriedades tais como: combustibilidade, biodegradabilidade, ou

solubilidade em água.

Os resíduos Classe III compreende os resíduos inertes - resíduos sólidos ou mistura

de resíduos sólidos que, submetidos a testes de solubilização não tenham nenhum de seus

constituintes solubilizados, em concentrações superiores aos padrões de potabilidade de

águas, excetuando-se os padrões: aspecto, cor, turgidez e sabor. Nessa classe, enquadram-

se os resíduos que não degradam ou não se decompõem quando dispostos no solo. Em

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decorrência dessa classificação estar relacionada ao efeito desses RSU no ambiente, é que

se denomina como impactos ambientais.

A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento

Sustentável de 1992 definiu o conceito de impacto ambiental incorporado ao controle e à

mitigação dos efeitos negativos da poluição incluindo, também, a aferição das alterações

ambientais significativas geradas por atividades associadas ao desenvolvimento tais como

perda de recursos naturais, efeitos sociais e econômicos sobre uma população

(Philippi Jr, 2005).

Impacto ambiental é definido, segundo a Resolução do Conselho Nacional de Meio

Ambiente (CONAMA) no 1, de 23 de janeiro de 1986, como “qualquer alteração das

propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente causada por qualquer forma

de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente,

afetam a saúde, segurança e o bem-estar da população; atividades sociais e econômicas;

biota; condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; qualidade dos recursos

ambientais”.

A poluição do solo é considerada, aqui, um impacto ambiental ocasionado pelo uso

de vazadouro, porém, não o único. Segundo Sisinno (2000), as áreas utilizadas para o

recebimento dos resíduos, mesmo depois de desativadas, terão o seu comprometimento

devido às conseqüências da disposição imprópria de RSU. De acordo com a mesma autora,

substâncias encontradas no chorume poderão contaminar os solos ou serem assimiladas

pelos vegetais. Por isso, não se aconselha o uso dessas áreas para o plantio de culturas

empregadas na alimentação, criação de animais para corte e consumo humano.

Segundo Fonseca (1999), ocorre a poluição das águas superficiais e subterrâneas

quando o resíduo entra em contato com estas águas, provocando a poluição assim definida:

poluição física, poluição química, poluição bioquímica, poluição biológica.

A poluição física corresponde aos lançamentos de resíduos sólidos residenciais e

industriais nos cursos de água ocasionando uma série de problemas, tais como: aumento da

temperatura da água, aumento da turgidez, formação de banco de sedimentos inertes, lodo

e alteração na cor.

A poluição química é causada pelos resíduos industriais e os tóxicos, como por

exemplo, detergentes não degradáveis, substâncias tóxicas, herbicidas, fungicidas.

Na poluição bioquímica acontece uma série de fenômenos naturais com o resíduo,

como a percolação dos líquidos existentes na função orgânica, a lixiviação, o arrastamento,

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a dissolução podendo provocar a poluição bioquímica das águas tanto subterrânea, quanto

de superfície.

No caso da poluição biológica, a água está poluída quando a contagem de coliformes

presente é elevada, ou ainda, quando a qualidade de vida dos seres existentes na água é

alterada pela presença desses resíduos. Normalmente, esse tipo de poluição é provocado

por resíduos líquidos, como os esgotos lançados sem tratamento.

Segundo Lima (1995), o terceiro impacto ambiental ocasionado pelo descarte

inadequado dos RSU se determina pela poluição do ar, quando todos os efluentes gasosos

particulados emitidos para a atmosfera, oriundos das mais diversas atividades do homem

no meio urbano, podem ser considerados como resíduo. Em vista disso, a poluição do ar,

da mesma forma que a das águas, poderá atingir populações distantes do local de

disposição de resíduos.

Nos estudos de casos, as maiores queixas das populações vizinhas a essas áreas

referem-se a distúrbios respiratórios, não só pela poeira suspensa, mas também pelo cheiro

desagradável e efeito irritante de algumas substâncias voláteis, que causam cefaléia e

náuseas. A poluição do ar também poderá ser responsável por problemas de visão, como

irritação e inflamação da mucosa ocular (Oliveira, 1998).

Merece destaque a queima proposital dos resíduos sólidos que ocorre em alguns

vazadouros com o intuito de diminuir o volume do lixo depositado, constitui uma fonte de

poluição do ar, além do incômodo e dos problemas de visibilidade criados pela fumaça e

cinzas produzidas (Sisinno, 2000).

Fonseca (1999), destaca a poluição visual citando que “toda e qualquer disposição

final de RSU que foge dos padrões de técnicos, provoca um impacto de ordem visual”.

Ainda de acordo com o autor, todos os resíduos sólidos, dispostos inadequadamente, à

margem das rodovias, nos vazadouros, em terrenos baldios, provocam a poluição visual.

De acordo com Philippi Jr (2005), existem tratamentos distintos para RSU na qual se

procura minimizar o efeito desses resíduos ao meio ambiente, sendo assim classificados:

coleta seletiva, reciclagem, compostagem, incineração.

A coleta seletiva corresponde a operação que precede o tratamento de RSU. Objetiva

separar os materiais possíveis de recuperação e de acordo com o tipo de resíduos

descartados. A coleta seletiva pode ser feita usando métodos manuais ou executada por

métodos mecânicos como equipamentos magnéticos, peneiras e esteiras em usinas.

A reciclagem caracteriza-se pelo processamento de resíduos permitindo sua

reutilização, reintroduzindo-os no ciclo produtivo. Nesse processo é possível transformar o

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que se considerava resíduo pelo gerador em matéria-prima secundária. A realização da

reciclagem exige instalações industriais quando transcender a realização artesanal para fins

educativos e artísticos. Cada tipo de resíduo necessita de processo tecnológico específico, e

esse aperfeiçoamento se justifica por sua economicidade. A reciclagem permite ganhos

ambientais, pois possibilita a economia de matéria prima, de energia elétrica e de água,

propiciando benefícios. As indústrias recicladoras dependem, diretamente, da viabilidade

econômica, tendo como peso a cultura de que produtos reciclados possuem qualidade

inferior e com isso não utilizam essa informação para manter vantagem competitiva no

mercado, omitindo-a. Em contrapartida, os produtos reciclados, quando associados às

indústrias voltadas para questões sociais, como reintegração de crianças, adolescentes e

portadores de condições especiais, alcançam maior valor econômico.

A compostagem é um processo biológico de decomposição de materiais orgânicos,

restos de origem animal ou vegetal, tendo como produto final um composto a ser

empregado no solo, objetivando melhorar suas características físicas, químicas e

microbiológicas. Se o composto orgânico for preparado adequadamente não ocasionará

riscos ao meio ambiente, pois promove a inativação de patógenos presentes nos resíduos,

devido à exposição a temperaturas que variam em cada etapa do processo de 65 a 70°C em

etapas específicas (Naumoff e Peres, 2000).

A incineração, apesar de ser considerado um recurso eficaz para reduzir o volume de

RSU a cerca de 15% do seu peso original, diminuindo a quantidade a ser depositado nos

aterros e assim prolongando sua vida útil, quando utilizada esta técnica tem sido

questionada devido à geração de externalidades ao meio ambiente sob a forma de

poluentes (Oliveira, 1992). O uso deste equipamento é amplamente empregado para

incinerar RSSS, uma vez que assegura a destruição de patógenos, entretanto, quando

operados a baixas temperaturas aumentam os riscos de gerar diferentes compostos tóxicos,

a exemplo de dioxinas e furanos, consideradas substâncias tóxicas e cancerígenas, além de

outros gases que também podem ser produzidos durante a incineração de resíduos. Além

disso, caracteriza desvantagem desse método o alto custo de operação e manutenção do

sistema, e o empecilho de decisão política relacionado à instalação de incineradores e

conseqüentemente a desativação de equipamentos antigos (Philippi Jr, 2005).

Ainda de acordo com Philippi Jr (2005), o estudo sobre alternativas para a gestão de

RSU, no Estado de São Paulo, mostra que a incineração de resíduos sólidos domésticos

pode se tornar economicamente viável em relação à coleta seletiva, triagem, ou reciclagem.

Entretanto, nesse mesmo estudo é ressaltado que do ponto de vista ambiental, tendo como

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parâmetro o aumento da temperatura na superfície da terra (devido o aumento da presença

de gases atmosféricos) a reciclagem se torna o processo mais vantajoso.

Quanto a aterro sanitário, os RSU que não apresentarem potencial para reciclagem

podem ser dispostos no solo. Esse empreendimento consiste em uma obra de engenharia

para a acomodação dos RSU sobre o solo, ajustado a condições que minimizam os

impactos ambientais e riscos de ordem de saúde pública. Necessitam drenos para captação

e tratamento de líquidos percolados originados da decomposição natural da matéria

orgânica, denominado de chorume, e impermebilialização adequada do solo evitando,

assim, a contaminação dos aqüíferos. Esse material aterrado leva à geração de gases em

função da fermentação do composto orgânico, que por sua vez necessitam também de

canalização adequada para gasodutos (Oliveira, 1992). Segundo o autor, a disposição final

dos resíduos sólidos deve incluir ainda sua compactação, cobertura diária com terra,

objetivando redução de odores fétidos e proliferação de vetores. A área do aterro deverá

estar cercada e com controle de pessoas circulantes para que se evite atividades de

catadores. Considerando as soluções sanitárias e ambientais hoje utilizadas para a

disposição final dos resíduos, os aterros são considerados a forma mais barata em curto

prazo (Oliveira, 1992).

Com a deposição dos RSU, nessas áreas, elas tendem a se esgotar, desencadeando

aumento do custo devido à necessidade de novos terrenos ou o distanciamento da fonte

geradora uma vez que esse local deverá ser recuperado do ponto de vista paisagístico e ser

aproveitada pela sociedade, respeitando as limitações técnicas relacionadas às

características das áreas aterradas com resíduos. Desconsidera-se, aqui, a disposição na

qual não existe preocupação ambiental quanto aos impactos ambientais, nomeados como

vazadouros a céu aberto ou lixões como normalmente são chamados. Esses são

inadequados se avaliados quanto ao quesito sanitário e epidemiológico uma vez que

favorecem o aparecimento e proliferação de doenças, poluição do solo, água, ar. Do ponto

de vista social os vazadouros refletem a miséria do Município, visto que esses logradouros

servem de fonte de renda, alimento e moradia para catadores ou seres excluídos na

sociedade.

Os aterros controlados são empreendimentos construídos para a disposição de RSU

que se encontram em uma situação intermediária entre aterro sanitário e vazadouro a céu

aberto. Diferencia dos vazadouros por receberem cobertura diária de terra, porém não

preenchem os requisitos técnicos básicos. Substituído, hoje, pela denominação de aterro

incompleto em virtude da anterior refletir um entendimento inadequado, uma vez que os

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RSU ali depositados não possuir controle do ponto de vista de saúde pública,

epidemiológico e ambiental (Lima, 2003).

2.1 O cenário dos RSU no Brasil

A Constituição Federal brasileira de 1988 estabelece, no artigo 225, como direito dos

cidadãos o “meio ambiente ecologicamente equilibrado”.

Anterior à promulgação da Constituição Federal de 1988 havia a Política Nacional

do Meio Ambiente, estabelecida pela Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981 a partir da qual

todo o arcabouço jurídico-ambiental se desenvolveu e tomou sua forma atual pelas

alterações posteriores, efetuadas pela Lei 7.804, de 18 de julho de 1989 e pela Lei 8.028 de

12 de abril de 1990 (Machado, 1984).

O Conselho Nacional do Meio Ambiente em 1999 (CONAMA) estabeleceu as

condições de manejo para resíduos sólidos, oriundos de serviços de saúde, portos e

aeroportos. A Resolução n° 5, de 5 de agosto de 1993 estabelece que a elaboração do Plano

de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos, deve considera princípios que conduzam

à reciclagem, bem como a soluções integradas ou consorciadas para os sistemas de

tratamento e disposição final, de acordo com as diretrizes estabelecidas pelos órgãos de

meio ambiente e de saúde competentes.

A ABNT apresenta uma série de documentos que estabelece os padrões necessários

para os serviços relacionados sobre os resíduos sólidos.

A não observância da legislação relacionada aos RSU (Anexos 1, 2, e 3) tem

representado um empecilho para a gestão desses resíduos, comprometendo o

direcionamento das ações das entidades governamentais ou privadas que lidam nessa área.

A legislação brasileira passa por uma evolução em seus conceitos. Na década de

setenta, as políticas de controle de RSU buscaram estabelecer normas referentes à

disposição adequada. São criadas legislações específicas e os aterros sanitários aos poucos

vão substituindo os vazadouros a céu aberto, evitando, assim, a ocorrência de danos

potenciais ao meio ambiente, incluindo problemas de saúde pública e econômica.

Na década de oitenta, a ênfase recaiu sobre formas de pré-tratamento e destinação

final dos RSU. A primeira iniciativa, nos centros urbanos, foi a instalação de incineradores,

usinas de compostagem e reciclagem (Moura, 2002).

No ano de 2002, foi discutido pelo governo federal, de forma enfática, um projeto de

lei objetivando a instituição da Política Nacional de Resíduos Sólidos, onde se busca

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sintetizar os demais projetos em trâmite no Congresso Nacional, tendo como proposta ser

incorporado à Política Nacional de Saneamento (Philippi Jr, 2005).

O Brasil é um país com deficiências, do ponto de vista de saneamento básico, visto

que os resíduos sólidos não fogem a esta regra. A inexistência de uma política nacional

para este segmento limita a atuação dos Municípios em relação à responsabilização do

produtor e gerador pelo destino dos resíduos, colocando-o como único responsável pela

solução do problema. Apesar disso, alguns Municípios implementam bons programas de

gestão de RSU.

Relacionado à gestão administrativa para a limpeza urbana, a maioria dos Municípios

de pequeno e médio porte adotam a administração direta, sendo a Prefeitura, por meio de

uma secretaria ou departamento, responsável pelas ações pertinentes, no qual poucos

possuem autarquias ou empresas públicas específicas para a limpeza urbana, apesar de ser

perceptível o acréscimo no percentual executado pelas empresas privadas em relação aos

serviços executados pelo Poder Público Municipal (Lima, 2003).

Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública (ABRELP, 2005),

não é significativo o número de empresas que atuam nas grandes e médias cidades, uma

vez que das 45 empresas filiadas a este órgão são responsáveis pela coleta de cerca de 70%

dos resíduos nos Municípios que atuam.

Ainda segundo a ABRELP (2005), 50% dos Municípios não cobram dos munícipes

pela execução dos serviços e aqueles que o fazem cobram valores inferiores à despesa real.

Os Municípios de pequeno e médio porte não possuem técnicos qualificados para planejar,

monitorar e avaliar os serviços e assim implantar um sistema de custo e cobrança pelos

serviços.

O Gerenciamento de RSU constitui uma preocupação dos gestores municipais devido

ao crescimento populacional e conseqüentemente o consumo de materiais e descarte de

resíduos de não recicláveis ou retornáveis, fazendo necessário uma destinação e tratamento

destes resíduos.

Segundo o IBGE (2000), os dados dos Municípios, quanto à geração dos resíduos,

em quantidade e caracterização, assim como tipos de coleta e destino final indicam que

cerca de 230 mil toneladas de RSU são geradas por ano no Brasil, cerca de 22% são

destinados a vazadouros a céu aberto ou lixões e aproximadamente 3% a outros destinos. A

maioria, 75%, no entanto, são destinados aos aterros controlados ou sanitários, entretanto,

o volume destinado de forma inadequada a esses locais ou em vias públicas é visto de

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forma expressiva e significativa quanto aos impactos ambientais e sociais presentes nessa

conduta.

De acordo com o IBGE (2000), dos municípios brasileiros que possuem serviços de

limpeza urbana, em 70%, os resíduos são descartados em lixões ou em aterros

inadequados, sem tratamento prévio. Há aproximadamente seis mil vazadouros a céu

aberto no Brasil. Esse quadro demonstra a precariedade de políticas públicas apesar da

existência da Portaria Ministerial n° 53 de 01de março de 1979 do Ministério do Interior,

que estabelece as normas de tratamento e disposição de resíduos sólidos, bem como, a

fiscalização de sua implantação, operação e manutenção.

A TABELA 1 apresenta a variação percentual dos RSU coletados e destinação final

no Brasil e no Estado de Minas Gerais, entre os anos de 1991 e 2000, de acordo com o

IBGE (2000).

TABELA 1: Proporção do destino final do RSU

Proporção do destino final do RSU (%)

Coletado Queimado Enterrado Vazadouro Outro destino

Ano

Unidade

1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000

Brasil 63,80 79,01 11,89 11,23 1,64 1,16 16,92 7,36 5,75 1,24 Minas Gerais 56,76 78,35 17,24 14,39 0,85 0,69 16,49 5,57 8,66 0,99

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1991/2000.

2.2 O cenário dos RSU em Minas Gerais

Analisando a TABELA 1, observa-se que os dados dos serviços de coleta e

destinação final dos RSU no Estado de Minas Gerais comparados com os da Unidade da

Federação, ocorreram proporcionalmente maiores taxas de crescimento, mas esses dados

não são conclusivos para os impactos ocasionados pelos resíduos (IBGE, 2000).

Essa melhoria verificada no Estado de Minas Gerais pode ser atribuída ao trabalho de

parceria que vem sendo realizada pelo Governo Estadual, através da Secretaria Estadual do

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Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), por intermédio da Fundação

Estadual do Meio Ambiente (FEAM), com os Municípios.

Segundo a Assembléia de Minas (2005), o Estado de Minas Gerais tem uma

população equivalente a 18 milhões de habitantes, distribuídos em 853 Municípios. Essa

população, que representa 15% do total de Municípios do Brasil, é responsável por cerca

de 10% dos esgotos sanitários e RSU gerados no país.

Considerando a gravidade que os resíduos sólidos ocasionam ao meio ambiente, em

1990, no âmbito estadual, através da Resolução Normativa do Conselho de Políticas

Ambientais (COPAM) nº 1/90, foram estabelecidos procedimentos para enquadramento e

estudos ambientais a serem solicitados aos Municípios, em decorrência do tipo de

empreendimento proposto, se enquadrando aqui o fechamento dos vazadouros a céu aberto

e a construção dos aterros sanitários, tal como recuperação das áreas degradadas.

A Lei 11.720 de 1994 trata da Política Estadual de Saneamento; Lei 12.040 refere-se

ao ICMS Ecológico, tendo duas versões, uma em 1995 e outra em 2000. A Deliberação

Normativa (DN) 7/94 reviu alguns critérios de enquadramento da DN 1/90 ao ser

constatado que Minas Gerais se encontrava em situação extremamente crítica em relação

aos RSU, sendo estabelecido assim por meio da DN 52/2001, diretrizes a serem seguidas

(Assembléia de Minas, 2005).

Ficou consensado, na época, que os Municípios com população próxima de 30 mil

habitantes, na área urbana, seriam passíveis do processo de licenciamento, uma vez que são

geradores de cerca de 15 t dia-1 de RSU. A DN 52/2001 trouxe outros mecanismos que

somaram à proposta inicial, lembrando que as deliberações são temporais e devem ser

administradas pelo COPAM.

A DN 52/2001 foi estabelecida a pedido do Ministério Público em decorrência da

quase totalidade dos Municípios mineiros disporem seus RSU em vazadouros. Em 2003

foram convocados pela FEAM, 53 Municípios, no primeiro momento, determinando a

necessidade de licenças definidas como prévia concepção e avaliação locacional do

empreendimento; instalação e por fim licença de operação (Assembléia de Minas, 2005).

A licença de concepção e avaliação contava com o prazo de vencimento para julho de

2003, a licença de instalação venceria em dezembro de 2004, sendo prorrogada para

outubro de 2005. Fez-se necessário rever a data para a licença de operação, sendo definido

como prazo final setembro de 2006 (Assembléia de Minas, 2005).

Os Municípios convocados se encontram da seguinte forma no cenário estadual: sete

não conseguiram a licença inicial, quarenta estão em andamento de obtenção da licença de

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instalação e seis já possuem a licença de operação concedida. Está previsto para abril de

2007 a formalização das licenças de instalação e operação, tendo como expectativa a

redução de descarte inadequado dos RSU, em aproximadamente 60%, uma vez que esse

montante é gerado pelos Municípios convocados (Assembléia de Minas, 2005).

O Estado de Minas Gerais tem utilizado como Instrumento de Gestão Ambiental o

ICMS ecológico, no qual prevê repasse de recursos financeiros para os Municípios que

tiverem Unidades de Conservação licenciados e/ou empreendimentos na área de

saneamento (Usinas de Triagem e Compostagem - UTC’s, Aterros Sanitários e Estação de

Tratamento de Esgoto - ETE).

Os recursos financeiros arrecadados para pagamento do ICMS ecológico representam

1% dos 25% distribuídos pelo critério do ICMS. De acordo com a Assembléia de Minas

(2005), os recursos repassados para os Municípios mineiros que dispõem de sistemas

licenciados são beneficiados cerca de 4,5 milhões de habitantes.

Atualmente, são desenvolvidos pelo Governo mineiro, projetos estruturadores no

Estado, denominados como “Gestão Ambiental no Século XXI” e “Minas sem Lixão” que

priorizam, entre suas ações, educação ambiental, reintegração de catadores de lixo e

programas de erradicação do trabalho infantil junto aos vazadouros existentes.

Foram realizados em Municípios mineiros de porte entre 30 e 50 mil habitantes, no

ano de 2005, dezessete Seminários Legislativos “Lixo e Cidadania Políticas Públicas para

uma Sociedade Sustentável” organizados pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais em

parceria com o Governo do Estado, objetivando a minimização dos impactos ocasionados

pelos vazadouros e distribuídas cartilhas educativas quanto à segregação de RSU.

Existe a preocupação do Governo mineiro em realizar parcerias com os Municípios

para implementar ações diferenciadas para a construção de aterros sanitários, sendo

prioridade a implantação de programas de coleta seletiva, uma vez que das 6.200 t de RSU

licenciadas, apenas 2.500 t necessitariam ser encaminhadas para aterramento, aumentando

assim a vida útil desses aterros (Assembléia de Minas, 2005).

Segundo a FEAM (2005), o Estado de Minas Gerais vem trabalhando no processo de

descentralização e interiorização, tendo como instrumento o licenciamento ambiental,

orientando aos municípios quanto à destinação final de RSU, o monitoramento e

fiscalização, com vistas à melhoria da qualidade ambiental. Para isso, está em curso a

otimização dos instrumentos de gestão articulados ao planejamento, desenvolvido pela

Divisão de Saneamento com os Núcleos de Apoio Regional Colegiado – NARC’s e a

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informação da sociedade, sendo essas ferramentas consideradas como norteadores para a

obtenção de resultados quanto à diminuição dos impactos ambientais gerados pelos RSU.

Como há ausência de dados sobre RSU disponíveis no acervo da maioria das

Prefeituras Municipais, o Ministério das Cidades, através do Sistema Nacional de

Informações sobre Saneamento - SNIS (2003), realizou um Diagnóstico do Manejo de

RSU. Esse diagnóstico convidou 191 municípios a participarem, na qual 28 eram do

Estado de Minas Gerais representando 14,66% da amostra, desses, 24 responderam e 4 se

abstiveram. Vale ressaltar que um dos aspectos mais relevantes e peculiares é o fato de que

as informações enviadas pelos Municípios convidados se fazem de modo espontâneo

estando, aí, incluído o Município de Coronel Fabriciano.

2.3 Gestão de RSU no âmbito dos Municípios

Abrange atividades referentes à tomada de decisão de forma estratégica e se inter-

relacionando com aspectos institucionais, administrativos, financeiros, ambientais e

operacionais. A Gestão de RSU deve contemplar questões de aspecto tecnológico e

operacional, mas envolve fatores administrativos, gerenciais, econômicos, ambientais e de

desempenho. Sua abordagem deve estar relacionada à prevenção, à redução e segregação,

reutilização, acondicionamento, coleta transporte, recuperação e tratamento e destino final.

A Gestão de Resíduos Sólidos Municipais deve considerar um conjunto de medidas

de cunho político e estratégico, institucional, legal, financeiro e ambiental capaz de

organizar e orientar os serviços na prevenção de geração de resíduos.

A estruturação de modelo de gestão de resíduos deve adotar procedimentos que

contemplem o reconhecimento dos agentes sociais envolvidos, bem como o cumprimento

das leis vigentes, conforme apresentados nos ANEXOS 1, 2 e 3, necessitando de

mecanismos financeiros para alcançar a auto sustentabilidade das estruturas de gestão

propostas, sem a qual o trabalho se deteriorará.

De acordo com Lima (2003), os modelos de gestão em RSU devem envolver,

fundamentalmente, três articulações, sendo elas: arranjos institucionais, instrumentos

legais e mecanismos de sustentabilidade do sistema.

Avaliando a complexidade desse gerenciamento para os arranjos institucionais,

busca-se melhores técnicas que levem em consideração o envolvimento interdisciplinar

que abrangerá aspectos geográficos, planejamento municipal e regional, cujos obstáculos

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vão desde a definição de prioridades administrativas que variam de acordo com interesses

políticos, até a dificuldade de encontrar profissionais qualificados tecnicamente.

Nesse particular, a gestão de resíduos deve contemplar a capacidade de articular

ações normativas, operacionais e financeiras de um Município, desenvolvida através de

critérios sanitários, ambientais e econômicos para gerenciar desde a geração deste RSU até

a disposição final, devendo esta escolher os procedimentos que causem o menor nível de

impacto ambiental (Lima, 2003).

De acordo com Lima (2003), o planejamento das atividades de gerenciamento deve

assegurar mecanismo de sustentabilidade do sistema tanto no presente como no futuro.

Assim, os gestores municipais devem estar preocupados com a realização de gestão de

RSU para além do mandato de quatro anos, desenvolvendo deste modo uma gestão

municipal responsável, buscando, por exemplo, participação da sociedade, projetos de

extensão e outras parcerias entre o governo e a sociedade, através dos seus conselhos de

classe.

Conforme os estudos de Jardim (1995), os Municípios desenvolvem, praticamente,

três modelos de Gestão de RSU, assim classificados: Convencional, Participativo e

Compartilhado.

Quanto ao Gerenciamento Convencional, em quase sua totalidade, os Municípios

brasileiros desenvolvem a gestão de RSU associado ao Serviço de Limpeza Urbana na qual

de insere as atividades de coleta, varrição, fiscalização, serviços congêneres e disposição

final. Tem sido realizado de forma rudimentar e experimental, cujas ações frequentemente

causam impactos ambientais, considerando que a organização desse serviço muitas vezes

tem sido feito de forma fracionada e simplificada. Nesse modelo de gestão de RSU, a

administração pública, normalmente, o setor que realiza a limpeza urbana, contrata os

servidores no regime da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) ou estatutários,

comprando ou alugando equipamentos, veículos e definindo local de destino final

(Lima, 2003).

Desse modo, faz-se necessário que a prestação de serviço de limpeza urbana seja

executada com qualidade e eficiência. Para isso, os serviços devem ser universalizados,

dispondo de rotas, dias e horários de coletas definidas e executadas de forma regular,

evitando assim os danos à saúde pública e ao meio ambiente.

Segundo Fernandes (2001), atualmente, se justifica o modelo de gestão convencional

de RSU somente se inexistir empresas interessadas em prestar esse serviço ou devido ao

poder público ter o seu papel indefinido.

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No Gerenciamento Participativo, o desenvolvimento de gestão inicia na definição do

orçamento anual, tendo a participação dos residentes que indicam onde e como deve ser

realizado o investimento dos recursos financeiros (Lima, 2003).

Deverá ser realizada uma compilação dos dados e após essa etapa, o poder público

analisa as ações solicitadas para os serviços de limpeza urbana e inclui ao orçamento anual,

dentro de uma política de prioridade administrativo-financeiro, buscando o envolvimento

efetivo na comunidade, nas ações a serem implantadas para solucionar os problemas

ambientais gerados pelos RSU.

Segundo Lima (2003), o modelo proposto não difere do modelo convencional quanto

ao organograma e definição de Secretarias. Sua diferença básica e de fundamental

importância se define por realizar a participação da comunidade nas decisões definidas nas

Sub-delegacias regionais, que realizam o papel de educadores.

O Gerenciamento Compartilhado é caracterizado pela manutenção do organograma

convencional, ocorrendo o compartilhamento da gestão freqüentemente no destino final,

participando do mesmo aterro sanitário obtendo, assim, melhor qualidade e eficiência de

prestação dos serviços de limpeza e conseqüentemente melhores indicadores de saúde

(Fernandes, 2001).

Segundo Medeiros (2001), essa modalidade de gestão se justifica devido as ações do

Governo Federal que, no ano de 2000, elaborou normas para selecionar Municípios para

recebimento de recursos financeiros destinados a implementar o Programa de

Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos (PGIRSU). Dentre as normas

estabelecidas para o Município se habilitar à obtenção de recursos financeiros para

implantar o PGIRSU é ter população igual ou superior a 20.000 habitantes, segundo dados

do IBGE (2000).

Nesse mesmo ano, o Ministério do Meio Ambiente investiu R$ 45 milhões nessa

modalidade de gestão, beneficiando, assim, noventa e nove municípios totalizando 10

milhões de brasileiros distribuídos no território nacional.

O Gerenciamento em Sistema de Execução Indireta deverá ser aplicado nos moldes

preconizados pela Lei n°8.987/95 que dispõe sobre o regime de concessão e permissão da

prestação de serviços públicos previstos no artigo 175 da Constituição Federal de 1988

(Motta, 1999). Poderá ocorrer de forma total ou parcial, caracterizada a execução total

como a terceirização dos serviços, e na forma parcial, a concessão de serviços,

Descentralizando esse serviço, a administração pública gera uma pessoa jurídica

objetivando a execução dos serviços por meio de autarquia ou sociedade de economia

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mista. Esta última sendo possível somente quando desenvolva outras atividades, em

decorrência do gerenciamento de RSU não estarem devidamente associados a atividades

econômicas, sendo essa uma exigência para o desempenho dessa modalidade

(Brasil, 1967).

A terceirização dos serviços como o próprio nome sugere significa transferir

responsabilidades, mediante contratação, para a execução de serviços, que poderá estar

dentro de outro sistema ou constituir um próprio. Assim, quando uma Prefeitura contrata

uma empresa prestadora de serviços para realizar, por exemplo, a manutenção nos

equipamentos utilizados na limpeza urbana e/ou a manutenção de jardins, a empresa

contratada aloca caminhões coletadores, e essa modalidade se caracteriza como

terceirização.

Tal sistema se diferencia dos demais uma vez que caberá ao setor de limpeza urbana

o estabelecimento de uma estrutura técnico-administrativa para regulamentar e fiscalizar o

concessionário (Vasconcellos, 2000).

Por sua vez, a concessão de serviço nem sempre atende satisfatoriamente à

população, quanto às condições de regularidades, continuidade e eficiência, tal como

valores de tarifas. Contrapõe a percepção do usuário quando a administração pública

continua titular do serviço sendo seu principal executor e fiscal (Fernandes, 2001).

De acordo com Leite (1999), tramita no Congresso Nacional desde 2000 um projeto

de Lei sobre a terceirização do serviço de RSU para que seja cobrada do residente por este

serviço, diretamente pela empresa e não mais ao tesouro municipal, objetivando solucionar

a fragilidade descrita por Fernandes (2001).

Deste modo, entre o gerenciamento convencional até a modalidade de terceirização e

concessão há uma linha de tempo a ser percorrido no qual os gestores públicos deverão

realizar progressivamente até que se atinja a integralidade do gerenciamento dos RSU.

Para Ribeiro (2000), a gestão RSU surge com as inquietudes pela questão da

conservação ambiental dos recursos naturais. Porém, hoje ultrapassa esta barreira de apelo

em favor do uso racional destes recursos, tornando-se algo mais positivo e articulado.

Discutir Gestão Ambiental não deve prescindir somente de uma avaliação da eficácia

dos instrumentos considerada tradicional, tal como a definição da qualidade de gestão que

precede questões de cunho subjetivo, ético e político. A realização de Gestão Ambiental

emprega instrumentos que se apresentam em quatro formatos distintos: normativos que

incluem as legislações de uso e ocupação do solo, fiscalização e controle das atividades a

fim delas estarem de acordo com as legislações, preventivos, caracterizados pela

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delimitação e proteção territorial, corretivos, que constituem nas intervenções diretas de

implantação e manutenção de infra-estrutura (Ribeiro, 2000).

É sabida as dificuldades dos gestores públicos definirem as regras e prioridades para

o atendimento das demandas socioeconômicas e ambientais, bem como o desenvolvimento

de pesquisas científicas que nem sempre asseguram eficácia dos instrumentos de gestão

ambiental. Muitos desses instrumentos quando utilizados, muitas vezes, não conseguem

deter o dano ambiental comprometendo a qualidade do meio. Desta forma, muitos

programas de despoluição têm como resultado apenas o deslocamento dos impactos

ambientais: ao despoluir a água polui-se a atmosfera ou ao despoluir a atmosfera provoca-

se o depósito de substância poluente no solo, que por sua vez, podem ser levadas para os

cursos de água (Bursztyn, 1994).

Nesse particular, a participação da população é de suma importância no processo de

avaliação dos impactos ambientais, devendo ser contempladas as propostas das políticas

ambientais. Acrescente-se, a isto, que o apoio da sociedade à questão das políticas

ambientais, sensibiliza e estimula os governos à implementação de programas de

despoluição e de proteção ambiental.

Segundo Viola (1998), a hipótese de que a urbanização descontrolada constitui a

mais importante transformação social da época contemporânea, estudos, neste sentido,

estão sendo realizados sob a ótica do controle de poluição, da recuperação de áreas

degradadas e no tocante ao ponto de vista de recursos potencialmente aproveitáveis de

forma econômica. Em referência à qualidade do meio, o enfoque orienta a definição de

modalidades de gestão integrada, o controle de poluição e tratamento de dejetos, através de

técnica de reciclagem permanente. A identificação dos possíveis processos de

reaproveitamento para fins mais interessantes à sociedade do que simplesmente enterrar ou

queimar, permite vislumbrar melhor a relação dos seres humanos na natureza, na direção

do estabelecido como desenvolvimento sustentável.

Dentro da perspectiva apresentada, o entendimento global a respeito da relação

inerente a recursos naturais e RSU, no sentido da integração entre Poder Público e

sociedade para a viabilização das práticas consideradas adequadas para a gestão dos RSU

se faz necessário. Quando essas ações acontecem nos Municípios, apresentam a condição

fundamental ao considerar o pensamento globalizado, à prática do possível para uma

contribuição consciente.

Para a efetivação da gestão municipal dos RSU, em amplo senso, é fundamental que

se estabeleçam condições favoráveis para que sejam proporcionadas ações de gestões

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internas às organizações e externas na definição e constituição do sistema de

administração, que envolvem reconhecimento da participação e engajamento na solução

dos problemas (Viola, 1998).

Para a formulação dos princípios para a gestão ambiental ligada aos RSU é

indispensável os seguintes princípios: sustentabilidade ambiental, poluidor-pagador,

precaução, responsabilidade, princípio do menor custo de disposição, princípio da redução

na fonte, princípio do uso da melhor tecnologia disponível (Brollo & Silva, 2000).

2.4 Instrumentos para o Planejamento Ambiental

O planejamento ambiental e a disposição final dos RSU devem ser inseridos num

conjunto de ações que visem o bem-estar da população e a proteção do meio ambiente.

Segundo Jardim (1995), o conjunto de intervenções do poder público local deve

expressar algum grau de planejamento e de abrangência. O planejamento, nesse contexto,

deve ser concebido como um processo contínuo, em que os planos são meios que norteiam

e integram o trabalho de toda uma administração municipal, refletindo a capacidade da

administração em responder aos anseios imediatos e estratégicos da comunidade.

A Constituição Federal Brasileira (1988) estabelece a exigência de quatro leis que

compõem, no seu conjunto articulado, a base do sistema de planejamento municipal, como

exemplo: Plano Diretor, Plano Plurianual, Diretrizes Orçamentárias e Orçamentos Anuais,

podendo ser caracterizados pelo nível de tomada de decisão, assumindo as seguintes

funções: legais, gerenciamento e executivos (Jardim, 1995; Ribeiro, 2000).

As funções legais determinam as políticas públicas através das câmaras de vereadores

que legislam os Municípios às questões ambientais. Quanto ao gerenciamento, são

caracterizadas como as que abrangem os programas, projetos e orçamentos. Executivos

seriam a prestação dos serviços públicos, execução de obras, provisão de bens materiais.

Em matéria ambiental e planejamento, encontra-se o Plano Diretor que condiciona o

processo de desenvolvimento local através de diretrizes básicas para a formulação de

planos, programas, projetos e obras, apontam critérios para definição das áreas de destino

dos RSU prevendo o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) Relatório de Impacto sobre o

Meio Ambiente (RIMA) ou laudos técnicos para empreendimentos públicos e privados,

dentre outras finalidades. A Lei do parcelamento do solo urbano encontra-se respaldada

pela Lei Federal 6.766/79 que estabelece as suas normas gerais em nível municipal e dá

diretriz urbanística aos loteamentos, não permitindo o parcelamento do solo em terrenos

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que possam ser nocivos à saúde pública, a exemplo de áreas de antigos vazadouros a céu

aberto. A Lei Orçamentária estima a receita estipulando as despesas anuais de um

Município, prevendo, dentre outras disposições, as despesas do Serviço de Limpeza

Pública, fixando os custos de obras e projetos de destinação dos RSU.

O planejamento é uma ferramenta utilizada para pensar e projetar o futuro,

contribuindo para decisões e não improvisações. Assim, o planejamento coloca-se como

tentativa de viabilização da intenção de governar o seu futuro.

O Planejamento Ambiental surge como conseqüência do conhecimento da

importância da questão ambiental, particularmente na década de 80, revigorando os

métodos e técnicas utilizadas no planejamento clássico por meio da inserção de parâmetros

ambientais.

Decorrente da necessidade de uma visão holística e integrada, o enfoque ambiental

tem sua origem na teoria dos sistemas e sua evolução nas ciências biológicas a principal

referência. O meio ambiente é tratado como um sistema, no qual um conjunto de partes se

integra direta ou indiretamente estabelecendo uma dependência direta entre elas.

Segundo Chiavenato (2000), existem dois sistemas específicos: o sistema aberto e o

sistema fechado. No sistema aberto há intercâmbio de energia, matéria e informação com o

ambiente, enquanto que no sistema fechado recirculam matéria e energia. Branco (1989)

define o meio ambiente como um sistema aberto integrado pelos demais organismos vivos

e elementos físicos presentes numa área nas quais as propriedades de funcionamento

derivam das relações entre si, uma vez que o planejamento ambiental se caracteriza como

um processo interdisciplinar de caráter multidisciplinar.

De acordo com Chiavenato (2000), o processo do planejamento ambiental envolve

diferentes etapas, processos e tarefas inter-relacionadas assemelhando-se a qualquer outro

tipo de planejamento. Caracteriza-se em cinco etapas especificas, porém não se dão de

formas distintas e fragmentadas, sendo assim definidas.

Na 1ª Etapa é realizado o reconhecimento de uma situação ou problema,

caracterizado quanto aos danos ambientais.

A 2ª Etapa compreende o inventário de dados e informações referentes ao processo e

componentes naturais, abrangendo os fatores ambientais físicos, bióticos e

socioeconômicos, incluindo ainda a legislação existente, denominado como Diagnóstico

Ambiental. Implicam na construção ou atualização de dados e informações existentes por

meio de pesquisas, inquéritos, medições, inspeção de campo e outras formas de coletas.

Soma-se, ainda, o prognóstico feito quanto ao estado futuro, caso se mantenha a tendência

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de utilização dos recursos naturais, planos governamentais, crescimento demográfico entre

outras variáveis.

Na 3ª Etapa ocorre a fixação de objetivos e metas a alcançar. O objeto principal do

planejamento estará fixado na superação dos problemas encontrados para atingir o objetivo

principal de proteger, preservar e conservar uma área de estudo, estando esses, geralmente,

relacionados à política ambiental vigente.

Na 4ª Etapa se efetiva a formulação das ações e estruturação do Plano de Gestão. O

equacionamento entre problemas e soluções constitui a tarefa decisiva no processo de

planejamento ambiental, uma vez que desenhado as ações necessárias para enfrentar o

problema e o estudo de sua viabilidade constituem a base para a formulação do plano de

gestão. Caracterizam de forma corretiva, mitigatória ou preventiva, destinada a manter ou

melhorar a forma de conservação ou preservação dos recursos ambientais, devendo ser

identificadas as instituições responsáveis pela execução, instrumentos legais aplicáveis e os

recursos para viabilizar sua implementação.

A 5ª etapa caracteriza a implantação, melhoria e avaliação do Plano de Gestão.

Iniciada as ações previstas, estas devem ser acompanhadas, monitoradas e avaliadas em

função de metas, objetivos e indicadores de sua realização. Esse instrumento é utilizado

para reorientar as ações corrigindo e aperfeiçoando o processo de planejamento em

decorrência de alterações da realidade no percurso de levantamento das ações a serem

realizadas e a efetiva implantação das mesmas.

O Plano de Gestão é um conjunto de procedimentos importantes para a implantação e

operação de um sistema de gestão de RSU, complementando, assim, como uma política

ambiental e deve estar incluso a execução do planejamento do PGIRSU, para que possa

receber o licenciamento ambiental e posterior aprovação do conselho municipal do meio

ambiente.

2.5 Aspectos socioeconômicos e políticas ambientais relacionados ao RSU

Abordagem econômica representa a valoração da natureza, mostrando tentativas de

apropriação de valores monetários aos valores físicos naturais, através da disposição de

pagar dos usuários. Pretende-se, dessa forma, uma aproximação adaptável da economia à

ecologia, pela formulação de fundamentos que vão da economia de recursos naturais na

década de 60, economia ambiental na década de 70, chegando ao estágio atual da economia

ecológica em busca de uma economia natural (Merico, 1996; Souza, 2000).

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A unificação dos pensamentos econômico e ecológico que permita associar valores,

foi preconizado no Desenvolvimento Sustentável cuja concepção iniciou-se a partir da

Conferência de Estocolmo, pelo relatório Brundtland, em que referencia satisfação de

necessidades atuais e das gerações futuras (CMMAD, 1988).

Apresenta como principais pontos a serem avaliados a economia clássica, economia

ambiental, valoração das contas ambientais e economia ecológica que foca os recursos

renováveis e não renováveis.

Essa abordagem busca ressaltar e valorizar os aspectos econômicos quanto à geração

de RSU presentes na economia da política econômica ambiental. A riqueza de recursos

naturais representa por si só a necessidade de estudar e referenciar economia a economia

ambiental. Os desejos humanos transcendem a capacidade do ambiente de se renovar,

gerando a insustentabilidade e para isso se faz necessário obter o máximo de satisfação,

utilizando o mínimo dos recursos, instalando aí, o dilema quanto ao equilíbrio econômico e

o ambiente.

Os economistas clássicos preocupavam-se com a disponibilidade desse recurso e com

o custo primário dos produtos gerados. Destacavam a disponibilidade limitada de terras

agricultáveis e que em última instância elevariam as taxas decrescentes de retorno de

capital e, conseqüentemente, perda salarial para os trabalhadores do nível operacional. A

economia era considerada como um circuito fechado, envolvendo produtores de

mercadorias e consumidores que se guiam pelo mercado formado por preços e estes

definem sua decisão (Calderoni, 1999).

A economia ambiental foca no risco eminente de escassez de recursos naturais,

decorrente da negligência, devido acreditar ser esta uma realidade distante da geração

atual. Os quatro elementos naturais, a fauna e a flora eram considerados pelos economistas

como bens livres, sendo estes abundantes e acessíveis a todos, sem custo. Após a metade

do século XX ficou eminente que esses recursos não eram abundantes como previsto e que

a falta de qualquer um deles poderia desequilibrar o planeta, surgindo a economia

ambiental (Calderoni, 1999).

Segundo o mesmo autor, a distribuição populacional e seu crescimento contribuíram

para que os impactos ambientais, nos diferentes elementos isolados e associados entre si,

aumentassem os agravos tanto no que se refere ao consumo dos recursos naturais como aos

resíduos eliminados no seu meio. Assim, a capacidade de renovação ficou deficitária e os

danos aumentaram de forma vertiginosa. Com essa percepção desenvolvida, passa a

população a preocupar-se com a sua própria sobrevivência, a economia com a perda de

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capital tanto no que se diz da valoração do recurso natural quanto ao custo de corrigir os

danos causados por esta negligência (Alier, 2001).

A economia ecológica se considera como um sistema aberto por contabilizar os

fluxos de energia e o ciclo de matérias da economia clássica. Diferencia, basicamente,

devido realizar uma análise crítica quanto às diferenças entre o tempo econômico e o

tempo recuperação ambiental. Seu estudo busca o equilíbrio com a sustentabilidade da

economia e o meio ambiente, transcendendo a economia clássica por incluir uma avaliação

dos impactos devidos à economia humana. Conclui-se que a economia ambiental passou a

tratar dos efeitos da atividade econômica sobre o meio ambiente e da forma que devem ser

reguladas as atividades humanas visando o equilíbrio entre os objetivos ambientais,

econômicos e sociais sem negar aqui a importância destes no mesmo nível de

complexidade (Kolstad, 2000).

De forma geral, o questionamento quanto à relevância econômica do tema sobre

RSU, tanto no que se refere ao volume, quanto na potencialidade econômica deparamo-nos

com o desconhecimento do assunto de forma generalizada.

Apresentado no Seminário Internacional de Direito Ambiental (2001) observou-se

que em cidades de porte equivalente a São Paulo são transportadas 15 mil toneladas de

resíduos por dia, sendo deste total de 25% a 30% são compostos de papel ou papelão e que

somente 2% são direcionados para postos de compostagem e reciclagem.

Segundo o Boletim de Direito Municipal (2001), estima-se que o orçamento anual

para atendimento a projetos de gestão de resíduos sólidos municipais seja da ordem de

R$ 1.700.000.000,00 (um bilhão e setecentos milhões de reais) considerando os atuais

níveis de serviços em termos de abrangência e qualidade, podendo atingir

R$ 2.300.000.000,00 (dois bilhões e trezentos milhões de reais) (Filho, 2001).

Estudos realizados no Brasil, por Amorim (1996), revelam que o problema de

gerenciamento de RSU, devido ao acondicionamento no interior de residências, habitação

coletiva, supermercados e atividades hospitalares, consideradas atividades preliminares à

coleta, transporte e destino final adequados a esses RSU como sendo o maior dificultador

de gerenciamento de recursos econômicos devido poderem comprometer até 50% do

orçamento municipal.

No mesmo trabalho é definido como a etapa de transporte, que antecede o

acondicionamento final, adequado desse RSU o item mais importante, conseqüentemente o

mais oneroso, consumindo 70% dos recursos destinados para este fim.

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As diretrizes para a efetivação de instrumentos capazes e eficazes, no trato com as

políticas ambientais, indicam os insucessos e sucessos de implantação de regras que os

gestores deveriam seguir quando as definem e programam, sejam elas: prevenção, realismo

quanto às leis, simplicidade e pragmatismo.

Os esforços devem ser dirigidos para as áreas e problemas onde os resultados podem

ser proveitosos e os riscos de fracasso baixos. As estratégias em políticas públicas devem

concentrar-se em ações mais fáceis de administrar e de mais simples implantação, sendo

considerado aqui o fazer local como importante. Os interessados locais devem utilizar os

instrumentos que se mostrarem mais adequados às condições locais.

Segundo Margulis (1996), a característica mais desejável de qualquer política ou

instrumento é sua viabilidade política, econômico-financeira e institucional-administrativa.

A viabilidade política passa pelo processo de gestão que envolve, de forma integrada, a

compatibilidade com políticas de outros setores e coordenação intersetorial. Os objetivos

ambientais devem ser realistas, consistentes e as iniciativas dos órgãos de controle

ambiental devem estar coordenadas com os de outros serviços governamentais. As

participações de vários segmentos sociais na definição das políticas ambientais têm chance

de se fazer bem-sucedida quando os governos, indústrias, populações afetadas,

profissionais qualificados realizarem sua elaboração. Os representantes sociais tendem a

cumprir os instrumentos quando compreendem como eles foram escolhidos ou

participaram do processo de tomada de decisão. A viabilidade econômico-financeira trilha

em algumas necessidades importantes, dentre as quais a eficiência em relação ao custo,

identificação e fixação de prioridades e que ocorra a disponibilidade de fundo e estas se

encontrem definidas.

A alocação dos recursos, de forma vinculada ou não aos serviços e tributos ou a

apropriação de valores para os investimentos e custeio das atividades, necessita de clareza

e objetividade, sendo possível a sua obtenção através do reconhecimento detalhado a

respeito dos procedimentos, o que deve ser característica essencial dos PGIRSU (Seroa et

al., 2000).

O controle ambiental muitas vezes pode ser caro e os Municípios não devem permitir

o mal uso de recursos que são escassos e para isto precisam escolher instrumentos que não

atinjam os objetivos determinados pelo menor custo possível. A implementação torna-se

inviável se os recursos não forem empregados com sensatez e eficiência e com o máximo

de apuro na sua aferição.

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A identificação de prioridades definidas pelo poder público municipal deve ser

baseada na construção de um consenso e na análise simples das informações disponíveis de

forma a fazer o melhor uso possível dos recursos, e apontar o foco para o trabalho dos

órgãos de controle ambiental.

A viabilidade institucional administrativa necessita de um arcabouço legislativo claro

e eficaz, políticas bem concebidas e outras iniciativas para enfrentar impactos ambientais

prioritários. Vislumbram-se, assim, as necessidades de responsabilidades, leis claras,

parcerias, tal como capacidade político-administrativa, visto que os problemas ambientais

atravessam fronteiras intersetoriais e envolvem serviços diferentes, um arranjo institucional

claro é crucial para uma implantação eficaz. É necessário minimizar os conflitos, definindo

claramente as funções dos órgãos responsáveis, assegurando condições efetivas para

coordenação eficaz entre os setores governamentais com uma estrutura organizacional

dotada de poder político local (Margulis, 1996).

2.6 Avaliação de Impactos Ambientais

Impacto ambiental é definido, segundo a Resolução do CONAMA, nº 1, de 23 de

janeiro de 1986, como “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas

do meio ambiente causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das

atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I. A saúde, a segurança e o bem-

estar da população; II. As atividades sociais e econômicas; III. A biota; IV. As condições

estéticas e sanitárias do meio ambiente; V. A qualidade dos recursos ambientais”.

O estudo de impacto ambiental (EIA) é um dos mais importantes instrumentos de

defesa do meio ambiente e se fundamenta na obrigatoriedade de se respeitar o meio

ambiente e no direito dos cidadãos à participação e à informação.

No Brasil, a obrigatoriedade do estudo prévio de impacto é uma imposição

constitucional. A legislação básica sobre os EIA e Relatórios de Impacto Ambiental

(RIMA) é regida por seis diplomas legais: 1) Constituição Federal, art. 225, inciso IV,

parágrafo 1º; 2) Lei no 6.803, de 2 de julho de 1980; 3) Lei no 6.938, de 31 de agosto de

1981 (art. 9º , III); 4) Resolução do CONAMA nº 1, de 23 de janeiro de 1986; 5)

Resolução CONAMA no 9, de 3 de dezembro de 1987; e 6) Resolução CONAMA nº 1, de

13 de junho de 1988.

A Política Nacional do Meio Ambiente (PNUMA), estabelecida pela Lei 6.938/81,

tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à

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vida, visando assegurar condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da

segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana.

A avaliação de impacto ambiental (AIA) é um instrumento da Política Nacional do

Meio Ambiente (art. 225, parágrafo 1º, IV Constituição Federal, art. 9º, III da Lei

6.938/81). A AIA é um procedimento jurídico-administrativo que tem por objetivo a

identificação, previsão e interpretação dos impactos ambientais que um projeto ou

atividade produzirá no caso de ser executado, assim como prevenir (as conseqüências ou

efeitos ambientais que determinadas ações, planos, programas ou projetos podem causar à

saúde, ao bem-estar humano e ao entorno), fazer correção e valoração dos mesmos, tudo

isso com a finalidade de ser aceito, modificado ou rejeitado por parte das administrações

públicas competentes (Fdez -Vítora, 1997).

Desta maneira, a AIA é capaz de assegurar, desde o início do processo, um exame

sistemático dos impactos ambientais de uma ação proposta como projeto, programa, plano

ou política, suas alternativas, para que os resultados sejam apresentados de forma adequada

ao público e responsáveis pela tomada de decisão (Moreira, 1990).

De acordo com Shopley e Fuggle (1984), a AIA tem sido definida como o processo

de reconhecimento de causas e efeitos, sendo a causa qualquer ação do projeto que tenha

efeito sobre o meio ambiente, e os efeitos são os impactos ambientais desta ação.

As técnicas encontradas em literatura para AIA são calcadas em análises de custo-

benefício ou na utilização de pesos escalonados. Estes últimos são denominados métodos

quantitativos, onde se aplicam escalas de valor aos diferentes impactos. As várias

metodologias para avaliação quantitativa de impactos ambientais foram desenvolvidas com

o objetivo de satisfazer necessidades específicas.

A obrigação em promover a Gestão de RSU de forma a permitir o desenvolvimento

sustentável e agir quando uma mudança ambiental é "provável", envolve a antecipação, e

requer meios de predizer esses efeitos. Diferentes tipos de avaliação ambiental são feitos,

mas muitas vezes ainda ineficientes no que se referem aos princípios do desenvolvimento

sustentável.

Os métodos de AIA tiveram origem na Lei “National Environmental Protection Act”

(EUA), que começou a vigorar em 1970. Os métodos de AIA foram se diversificando de

acordo com os projetos propostos e com a diversidade de ambientes sujeitos a impactos.

Na medida em que profissionais buscavam a compreensão das relações de causa e efeito

das ações dos projetos e seus impactos, levando em conta a dinâmica dos sistemas

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ambientais, os métodos evoluíam na tentativa de alcançar a integração dos fatores

ambientais e a abordagem holística do meio ambiente (Moreira, 1999).

Sadler (1996) define alguns termos chaves relacionados à avaliação ambiental que

são: Avaliação Ambiental (AA), EIA e Avaliação Ambiental Estratégica (AAE).

A TABELA 2 apresenta a evolução da avaliação ambiental no mundo com exemplos

de Inovação nos Processos de Avaliação Ambiental.

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TABELA 2: Evolução da avaliação ambiental

Época Exemplos de Inovação nos Processos de Avaliação Ambiental Antes de 1970 • Revisão de projeto com base na técnica (engenharia) e na análise econômica.

• Consideração limitada dadas as conseqüências ambientais. Início e meio da década de 70

• Princípios básicos, diretrizes, procedimentos, incluindo participação pública. • Exigência de AA instituída. • Desenvolvimento de metodologias padrões para análise de impacto (matrizes,

listagens de controle, redes de interação). Final da década de 70 e início da década de 80

• Uso da Avaliação Ambiental por países em desenvolvimento (Brasil, Filipinas, China, Indonésia).

• Avaliação de Impactos Sociais e Análises de Risco incluídas no processo. • Maior ênfase em modelos ecológicos e em métodos de previsão e avaliação. • EIA para programas preparados nos Estados Unidos. • Investigação ambiental em diversos países abrange aspectos da revisão da

política. Década de 80 • Esforços crescentes para focalizar efeitos cumulativos.

• Desenvolvimento de mecanismos de continuação (monitoramento, auditoria, controle de impacto).

• Aplicação de abordagem ao nível de ecossistema (áreas úmidas). • O Banco Mundial e outras agências internacionais estabelecem exigências para

avaliação ambiental. Década de 90 • Exigência para considerar efeitos trans-fronteiriços de acordo com a Convenção

de Espoo, Finlândia (1991). • EIA identificado para implementar mecanismos nas Convenções das Nações

Unidas para mudanças climáticas e para a diversidade biológica. • Estabelecimento de Sistemas de AAE por um número maior de países. • Mediação incorporada nas exigências da AA (ainda limitada). • Os princípios da sustentabilidade e os assuntos globais recebem maior atenção

(alguma orientação de avaliação ambiental, mas ainda limitada). • Aumento do uso de SIG e de outras tecnologias de informação. • Aplicação da AA às atividades de desenvolvimento internacionais mais

difundidas. Década de 90 • Crescimento rápido em treinamento de AA, nos grupos de trabalho, e nas

atividades de cooperação. • Implementação de instrumentos legais de AA em muitos países em

desenvolvimento Fonte: Sadler (1996).

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É um processo sistemático a AA por documentar a informação de sistemas e recursos

naturais de acordo com seus potenciais, capacidades e funções, de modo a facilitar o

planejamento do desenvolvimento sustentável e as tomadas de decisão em geral, além de

antecipar e controlar os efeitos adversos e as conseqüências dos empreendimentos

propostos.

O EIA é um processo de identificar, de prever, de avaliar, e de mitigar os efeitos

biofísicos, sociais e outros relevantes de projetos propostos, antes das decisões principais e

dos compromissos que estão sendo feitos. O EIA é um mecanismo insuficiente para

conservar e melhorar a qualidade ambiental na dimensão da demanda da sociedade

(Warner, 1996). O processo de AIA tem concentrado-se nos impactos potenciais diretos e

indiretos ao ambiente, no entanto, as questões relacionadas à avaliação dos efeitos

cumulativos são importantes.

A AAE é um processo sistemático para avaliar as conseqüências ambientais de

políticas, planos ou programas a fim de assegurar que elas sejam integralmente

consideradas e adequadamente abordadas, no estágio inicial e apropriado do processo de

tomada de decisão, juntamente com as considerações econômicas e sociais (Sadler, 1996).

Considerando, aqui, zoneamento ambiental, como sendo um processo de

determinação das vulnerabilidades e aptidões, além de proporcionar ao poder público

informações ambientais, traz a possibilidade de ser um subsídio de suporte à decisão na

concretização de bases sustentáveis, dos planos diretores e seus instrumentos jurídicos no

uso e ocupação do solo, auxiliando na implementação da AAE.

A ausência de AAE como instrumento legal para avaliação ambiental sobrecarrega o

EIA que, muitas vezes, para atingir os objetivos da avaliação de iniciativas propostas, tem

seus estudos feitos por partes para conseguir abranger o todo a ser considerado. Esse

procedimento parcial, forçando a análise ambiental ao nível de empreendimento, não traz a

avaliação integrada necessária à compreensão de toda a extensão e dimensão dos impactos;

portanto, não considera a sustentabilidade ambiental.

Segundo Devuyst (2003), torna-se cada vez mais evidente que ações como políticas,

planos e programas, que também provocam impactos ambientais adversos ao ambiente,

necessitem de uma avaliação ambiental dentro de uma abrangência mais ampla, o que deve

ser realizado através de uma AAE.

É de fundamental importância contemplar estudos mais detalhados sobre impactos

potenciais de projetos em seu entorno. No entanto, a qualidade e a eficiência destes estudos

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vão depender das políticas e da legislação existente, de modo que assegure resultados

favoráveis ambientalmente (Pritchard, 1997).

Considerando a necessidade de se estabelecer definições, responsabilidades, critérios

básicos e diretrizes gerais para uso e implementação da AIA como um dos instrumentos da

Política Nacional do Meio Ambiente, a Resolução CONAMA 001/86, estabelece que: o

licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente dependerá de elaboração de

EIA e o respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) a serem submetidos à

aprovação do órgão estadual competente, e do Instituto Brasileiro Meio Ambiente

(IBAMA).

A ligação da AIA ao procedimento de licenciamento ambiental compromete a

eficácia da avaliação no Brasil, pois faz com que ela atue somente como um instrumento

de licenciamento e não como um instrumento para a análise de viabilidade ambiental de

empreendimento. Segundo Sánchez (1993), a análise do EIA/RIMA deveria abordar,

essencialmente, sobre a qualidade e a adequação, enquanto subsídio para uma tomada de

decisão pública sobre a aprovação ou não do projeto.

O EIA é um instrumento de caráter técnico-científico que subsidia uma das etapas do

processo de AIA (Andreoli e Fernandes, 1996) e, segundo a Resolução CONAMA 001/86,

deve obedecer às seguintes diretrizes:

I. Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do projeto,

confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto;

II. Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases de

implantação e operação da atividade;

III. Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos

impactos, denominada área de influência do projeto, considerando, em todos os casos, a

bacia hidrográfica na qual se localiza;

IV. Considerar os planos e programas governamentais, propostos e em implantação

na área de influência do projeto, e sua compatibilidade.

Três funções do meio são determinantes numa análise de impacto ambiental: fonte de

recursos naturais, suporte das atividades e receptor de efluentes e resíduos. Não seria

sustentável o desenvolvimento que utilizasse os recursos naturais acima de suas taxas de

renovação, distribuísse as atividades no território sem considerar sua aptidão e emitisse

poluentes no ar, no solo e na água acima da sua capacidade de assimilação (Orea, 1994).

Fdez-Vítora (1997) sintetiza as fases que um EIA deve contemplar conforme

descritas a seguir:

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• Definição do entorno do projeto e posterior descrição e estudo do mesmo. É a fase

da busca de informação e diagnóstico.

• Previsão dos efeitos que o projeto gerará sobre o meio. Nesta fase se desenvolve

uma primeira aproximação ao estudo de ações e efeitos, sem entrar em detalhes.

• Identificação das ações do projeto potencialmente impactantes.

• Identificação dos fatores do meio potencialmente impactados.

• Identificação de relações causa-efeito entre ações do projeto e fatores do meio.

Elaboração da matriz de importância e valoração qualitativa do impacto.

• Previsão da magnitude do impacto sobre cada fator.

• Valoração quantitativa do impacto ambiental, incluindo transformação de medidas

de impactos em unidades não-mensuráveis para valores mensuráveis de qualidade

ambiental e a soma ponderada deles para obter o impacto total.

• Definição das medidas corretoras, de mitigação. São medidas de precaução,

medidas compensatórias e medidas para o programa de monitoramento ambiental.

A caracterização de ações que causam impacto no meio deve atender aos requisitos

de: ter significância (capacidade de gerar alterações), ser independente (evitar duplicidade),

estar relacionada ao projeto e, na medida do possível, ser quantificada (Fdez.-Vítora,

1997).

Segundo a Resolução CONAMA 001/86, as análises dos impactos ambientais de um

projeto e suas alternativas devem ser realizadas através de identificação, previsão da

magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes,

discriminando: os impactos positivos e negativos, diretos e indiretos, imediatos, de médio e

longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades

cumulativas e sinérgicas; a distribuição do ônus e benefícios sociais.

No entanto, o EIA, no Brasil, como único instrumento implementado para AIA na

Política Nacional de Meio Ambiente (Lei no 6938/81), não garante a sustentabilidade

ambiental, além da adequação local de projetos e empreendimentos. Bitar et al. (1996)

citam que a maioria dos EIAs elaborados aqui no Brasil não aborda explicitamente a

dinâmica do meio físico a ser alterada pelo empreendimento proposto através de processos

como erosão, escorregamentos, assoreamento e inundações, os quais podem ser

potencializados em ambientes tropicais úmidos. O autor sugere que o meio físico, nos

EIAs, sejam representados por cartas de suscetibilidade a processos, cartas de risco ou

cartas geotécnicas e que, antes da previsão e avaliação dos impactos sejam realizadas

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etapas para identificar os processos atuantes na área, analisar os processos mais

significativos e, definir indicadores desses.

Os métodos de análise de impacto são instrumentos de apoio à realização de EIA e

podem ser aplicados para: ordenar (listas de controle); agregar (matrizes, diagramas);

quantificar (modelos de simulação, análise multicritérios); representar graficamente

(matrizes, diagramas) informações geradas nos estudos (IBAMA, 1995).

Os métodos Ad hoc se baseiam na criação de um grupo de especialistas de diversas

disciplinas que discutem, com base na experiência profissional de cada um, os impactos

ambientais prováveis que o projeto causará ao meio ambiente, e assim, definir decisões a

serem tomadas quanto ao projeto analisado. A legislação vigente no Brasil não permite a

utilização dos métodos Ad hoc como metodologia de AIA (Moreira, 1999), apesar de ele

ser citado em referências especializadas no assunto.

Já os métodos de listagens de controle “checklists” permitem identificar as principais

conseqüências de uma ação e hierarquizar as avaliações de possíveis impactos (Tommasi

1994). Os impactos potenciais são listados e cada impacto identificado é associado a uma

lista de parâmetros ambientais (também chamados de características, variáveis, atributos,

ou componentes), sendo que dados do parâmetro são mensurados para refletir o grau de

impacto (Shopley e Fuggle, 1984).

As listagens de controle variam desde uma lista de fatores ambientais até aos

sistemas mais elaborados que incluem a ponderação de importâncias para cada fator

ambiental e a aplicação de escalas para assinalar as interações mais relevantes entre

impacto e fator (Canter, 1998; Fdez-Vítora, 1997).

As listagens de controle são utilizadas no diagnóstico ambiental da área de influência

do projeto e na comparação das alternativas (Moreira, 1999). Elas são simples de aplicar e

são menos exigentes quanto a dados e informações; no entanto, não permitem projeções e

previsões ou a identificação de impactos de segunda ordem (Braga et al. 2002). Existem

quatro classes de métodos de listagem de controle, relacionados ao nível de avaliação do

impacto: simples, descritivo, escalar e peso escalar (Shopley e Fuggle, 1984).

Os métodos de listagem de controle simples enumeram os fatores ambientais e,

algumas vezes, seus indicadores, isto é, parâmetros que fornecem as medidas para o

cálculo, quantitativo ou qualitativo da magnitude dos impactos (Moreira, 1999).

Algumas listas associam os fatores ambientais às ações de desenvolvimento do

projeto, outras a parâmetros ou características ambientais relevantes para a análise

(Canter, 1998; Moreira,1999). Podem ser elaboradas em forma de questionários de modo a

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auxiliar no planejamento do EIA. No entanto, não fornecem informações sobre dados

específicos necessários nem os métodos para prever e avaliar os impactos (Canter, 1998).

Nesses métodos, nenhuma tentativa de avaliação quantitativa ou qualitativa dos impactos é

feita (Shopley e Fuggle, 1984).

Os métodos de listagem de controle descritiva são listas de parâmetros ambientais

relacionados a fontes de informações, com orientações sobre como realizar as estimativas,

previsão e análise dos impactos (Canter, 1998; Tommasi, 1994).

Os métodos de listagem de controle escalar associam fatores e impactos ambientais a

uma escala de valores (Santos, no prelo). Elas permitem ordenar impactos em termos de

magnitude ou severidade. Em alguns casos, podem ser agregadas pontuações. Isto é

possível quando os impactos são pontuados dentro de uma escala de intervalo ou de

proporção (Moreira, 1999; Canter, 1998). É difícil encontrar um critério de escala de

intervalo ou proporção quando se avaliam impactos diversos, principalmente quando estão

associados a parâmetros físicos. Esses métodos tendem a confiar na atribuição subjetiva de

valores numéricos. A agregação pela soma aritmética de pontuações de impacto fornece

um peso igual a cada impacto. Assim sendo, dois impactos igualmente severos podem não

ter a mesma importância para a manutenção do meio ambiente. Esta disparidade não é

considerada neste método (Shopley e Fuggle, 1984).

Os métodos de listagem de controle peso-escalar associam fatores e impactos

ambientais a escalas de valores, além do grau de importância dos impactos (Moreira,

1999). Eles permitem uma avaliação sistemática dos impactos ambientais de um projeto

mediante o emprego de indicadores homogêneos (Fdez-Vítora, 1997) e, com este

procedimento, pode-se conseguir um planejamento a médio e longo prazos de projetos com

o mínimo impacto ambiental possível.

Não se encontram na literatura métodos de AIA para projetos de resíduos sólidos

ou diretamente ligados à reciclagem ou à reutilização. Dessa forma, considerou-se a

técnica mais adequada a Matricial, método de identificação que relaciona ações a fatores

ambientais, podendo ser incorporados valores aos diferentes impactos observados com o

objetivo de avaliar a ação. A matriz é obtida a partir da soma ponderada (magnitude x

importância) dos impactos específicos. A desvantagem observada nesse método é que a

pontuação é subjetiva, havendo possibilidade de dupla contagem ou subestimação de um

impacto.

O EIA que engloba o RIMA foge ao intuito da presente pesquisa, uma vez que o

trabalho completo deve ser feito dentro de uma estrutura multidisciplinar. Pela

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impossibilidade de se trabalhar com tal estrutura, somente será dada uma visão

tecnológica.

A metodologia de AIA pode ser dividida em quatro etapas dentro dos conceitos

estabelecidos pela Resolução CONAMA 001/86 compreendendo a definição dos objetivos

do estudo (esta fase engloba a descrição e a justificativa do projeto); a identificação dos

impactos potenciais; a soma e análise dos resultados (montagem da matriz e cálculo de

seus valores); e a sugestão de ações alternativas e mitigadoras.

A utilização de matriz bidimensional, que relaciona ações a serem implementadas

com os fatores ambientais, aos quais foram atribuídos valores de acordo com a magnitude

e importância do impacto no meio ambiente. Esses valores variaram em escala de 1 a 3.

Considerando o valor 1 de menor magnitude ou importância, valor 2 magnitude ou

importância intermediária, valor 3 maior magnitude ou importância . A opção por uma

escala de pequena extensão foi proposital, de modo a não se superavaliar um impacto

insignificante ou subestimar outro importante. Trabalhar com essa pequena faixa de

valores também diminui o problema da subjetividade do método escolhido.

A magnitude (M) se refere à extensão de alteração provocada pela ação sobre o

fator ambiental e ainda pode apresentar valores positivos ou negativos. Já a importância (I)

dimensiona a interferência que o fator causa no meio ambiente (TABELA 3).

TABELA 3: Valor da magnitude

Valor da magnitude Descrição

3 quando indica que houve descaracterização do fator ambiental considerado.

2 quando a variação dos indicadores for expressiva, porém sem alcance para descaracterizar o fator ambiental considerado

1 quando a variação dos indicadores for inexpressiva, inalterando o fator ambiental considerado

positivo quando o impacto é positivo ou benéfico, ou seja, quando uma ação resulta numa melhoria da qualidade de vida.

negativo ou adverso, quando a ação resulta em um dano à qualidade de um fator ou parâmetro ambiental

Fonte: Andreoli e Fernandes, (1996).

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A magnitude e a importância também foram avaliadas considerando-se aspectos

como temporalidade, duração e abrangência dos impactos. A temporalidade é o parâmetro

que registra a relação entre a data da ação e dos impactos por ela gerados e se caracteriza

pela ação. A duração computa o tempo de permanência do impacto, depois de concluída a

ação que o gerou, caracterizando-se pelos efeitos provocados. Já a abrangência refere-se à

área envolvida pelo impacto.

A TABELA 4 apresenta os valores atribuídos impacto ambiental de acordo com o

seu respectivo nível de importância.

TABELA 4: Valor de importância do impacto ambiental

Valor de importância Descrição

3 quando a interferência do impacto ambiental, bem como dos demais impactos, é tão intensa que acarreta, como resposta social, perda da qualidade de vida.

2 quando a interferência assume dimensões recuperáveis para a queda da qualidade de vida.

1 quando a interferência não implica diminuição da qualidade de vida.

Fonte: Andreoli e Fernandes, (1996).

No processo de AIA é de extrema importância a seleção adequada do(s) método(s)

de avaliação, a depender da natureza da atividade impactante.

As Redes de Interação consistem em procedimentos de representação gráfica ou

diagramática da cadeia dos impactos ambientais provenientes das ações de um projeto,

estabelecendo as relações e inter-relações entre as ações-efeitos-impactos (Agra Filho,

1993). São construídas para identificar as conexões entre vários efeitos ambientais que

podem resultar das intervenções humanas (MMA, 1995).

Segundo Dias (1992), as redes de interação promovem uma abordagem integrada,

enquanto que matrizes e listagens de controle limitam o pensamento à apreciação dos

fatores ambientais isoladamente. A autora complementa afirmando que essa metodologia

induz os técnicos a trabalhar em conjunto, organizando as discussões e a troca de

informações acerca dos impactos.

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3 MATERIAL E MÉTODOS

Para o desenvolvimento desta dissertação realizou-se o levantamento e a organização

das informações ambientais, socioeconômicas e jurídicas disponíveis, estruturadas em um

banco de dados com o objetivo de subsidiar tomada de decisão nas alternativas de Gestão

dos RSU de forma a atenuar seus impactos ambientais. As etapas de caracterização da área,

análise dos impactos e propostas de ações mitigadoras, previstas num EIA, foram aqui

contempladas buscando a efetividade das análises dos processos e problemas existentes na

área de estudo.

3.1 Área de estudo

O trabalho de pesquisa desenvolveu-se em Coronel Fabriciano, município situado na

bacia do Rio Doce, Zona Metalúrgica, Mesoregião do Vale do Aço, no Estado de Minas

Gerais, a 198 km de Belo Horizonte, limitando-se com os municípios de Mesquita,

Joanésia, Antonio Dias, Timóteo e Ipatinga.

A temperatura e índice pluviométrico médio anual são de 23,5º C e 1.374 mm,

respectivamente. Quanto a topografia predominam 80% as feições montanhosas, sendo

15% as onduladas e 5% planas.

Segundo dados do IBGE (2005), o município de Coronel Fabriciano com área

territorial de 221 km², vem tendo nos últimos anos um crescimento populacional na ordem

de 1,6% ao ano. O município totaliza 103.724 habitantes residentes, sendo destes 98,8%,

na área urbana.

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A taxa de densidade demográfica é alta, estimada em 469,3 hab km-2, superior a

média estadual (IBGE, 2005). A composição da população, por sexo, é composta por 51,85

% de homens e 49,15 % de mulheres.

De acordo com o IBGE (2005), a taxa geométrica de crescimento anual (TGA) em

Coronel Fabriciano apresentou uma TGA de 5,50 no período de 1991/2005. Essa taxa está

entre as mais altas na região do Vale do Aço. A estrutura da população de Coronel

Fabriciano, segundo as faixas etárias, é assim distribuída: população jovem, com idade

entre 0-19 anos, representa 38,6 % da população, enquanto a população adulta, com idade

entre 20-59 anos, representa 53,6 % da população. Já a população idosa (≥60 anos)

representa apenas 7,8% da população.

Regiões onde a população jovem é mais numerosa que a de adultos, segundo

Garms et al. (1997), são consideradas subdesenvolvidas. Para uma região ser considerada

desenvolvida, a diferença entre população adulta e a população jovem deve ser ≤ 35%.

Devido a esse critério, o Município de Coronel Fabriciano é considerado em

desenvolvimento, visto que a população adulta é 15 % maior que a população joven.

Quanto ao Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), de acordo

com PROGRAMA (1998), os Municípios ou Regiões que possuem um IDH maior ou igual

a 0,800 são classificados como de alto estágio de desenvolvimento humano; os que

possuem entre 0,500 e menor que 0,800 são classificados como de médio estágio de

desenvolvimento e aqueles que possuem um IDH menor que 0,500 são classificados como

de baixo desenvolvimento humano. Segundo essa classificação, o município de Coronel

Fabriciano tem o IDH de 0,774 em 2000 e classifica-se como um município de médio

desenvolvimento humano. Esse índice foi bastante influenciado pelo Índice da Dimensão

Educação (IDH-E), que apresentou um bom desempenho, sendo estimado em 0,867. A

renda per capita é de R$ 3.031,00 (IBGE, 2005).

As análises realizadas para se alcançar o objetivo proposto neste trabalho foram

realizadas dentro dos limites do Município de Coronel Fabriciano. Esse município foi

selecionado para o estudo de caso porque além de apresentar problemas de degradação

ambiental referente à RSU, a sociedade local tem feito pressão junto à comunidade

científica e ao governo municipal para que sejam encontradas soluções para mitigar os

problemas ambientais relacionados aos RSU.

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3.2 Metodologia da Pesquisa

A presente pesquisa utilizou-se da associação de duas metodologias: abordagem

qualitativa e a pesquisa participante para avaliar os impactos ambientais causados pelos

RSU gerados no município de Coronel Fabriciano.

De acordo com Godoy (1995), a abordagem qualitativa oferece três diferentes

possibilidades de se realizar pesquisa: a pesquisa documental, o estudo de caso e a

etnografia que corresponde à fase de elaboração dos dados obtidos em pesquisa de campo

de um estudo descritivo. A abordagem qualitativa, enquanto exercício de pesquisa, não se

apresenta como uma proposta rigidamente estruturada, permitindo os investigadores a

proporem trabalhos que explorem novos enfoques.

A pesquisa participante ou pesquisa-ação se apresenta como linha de preocupação

metodológica mais do que uma técnica particular, voltando-se para a exploração das

possibilidades de investigação associada a diversas formas de ação social, podendo ser

aplicada em diversos campos. É um procedimento destinado para a resolução dos

problemas no âmbito organizacional, concebida em função de suas origens, sendo

empregada de forma coletiva e adaptativa (Thiollent, 1994). Pelo fato da pesquisa

participante ser um procedimento voltado para a resolução dos problemas no âmbito

organizacional serviu-se para avaliar os métodos de gestão utilizados pelo município e os

impactos ambientais causados pelos RSU gerados no município de Coronel Fabriciano,

associado à pesquisa qualitativa.

As informações sobre as características do meio físico, meio biótico e meio

socioeconômico foram selecionadas a partir do levantamento dos dados existentes (mapas,

relatórios e bibliografias) Em seguida, procedeu-se à organização desses dados em forma

de quadros, tabelas, figuras, estendendo-se até o início da formação do banco de dados, de

forma a permitir a identificação das relações existentes entre a atividade de limpeza

pública e os impactos ambientais causados pelos RSU na área definida para o estudo de

caso.

Considerando que a Gestão Ambiental pode ser entendida como o conjunto de

procedimentos que visam conciliar o desenvolvimento e a qualidade ambiental, de acordo

com a capacidade de suporte do meio ambiente e as necessidades identificadas pela

sociedade e pelo governo (Souza, 2000), foi levantado informações sobre a estrutura que a

Prefeitura Municipal de Coronel Fabriciano dispõe, inclusive no aspecto relativo às

normas, procedimentos e instrumentos técnicos e político-administrativos, como

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instrumentos de ações para a efetivação da gestão ambiental, sendo assim, esta tese foi

desenvolvida em três etapas para que se pudesse atingir aos objetivos propostos.

Na primeira etapa foi realizado o levantamento de dados secundários nas empresas

prestadoras de serviço de limpeza pública, ligadas à Secretaria Municipal de Obras e

Serviços Urbanos (SMOSU) do Município de Coronel Fabriciano. Para isso foi feito

contato com a Construtora Ápia Ltda., Construtora Queiroz Galvão Ltda., PRCZ

Consultores e Associados Ltda., levantado-se informações relacionadas à coleta, transporte

e disposição final dos RSU.

Na segunda etapa foi utilizou-se o levantamento de dados sobre aspectos

quantitativos e qualitativos dos RSU descartados. Para isso foi feito contato previamente

com a SMOSU, para obter autorização para que se pudesse realizar este levantamento, que

foi dividido em sete etapas assim realizadas: Definir a tara de cada veículo coletador, antes

e após o transporte dos resíduos coletados, utilizando balança rodoviária para pesar o

veículo carregado para se aferir a quantidade de resíduos gerados diariamente;

1. Coletar e avaliar as amostras de RSU na própria área da Empresa contratada,

Queiroz Galvão Ltda., responsável pelo aterramento dos RSU deste do Município de

Coronel Fabriciano;

2. Realizar freqüência com duas amostras por caminhão/setor/dia, totalizando oito

amostras no período de setembro a outubro de 2005;

3. Descarregar o caminhão do setor representativo em local determinado, onde do

monte de resíduos, foi feita uma leira quadrada, com volume relativo à capacidade do

caminhão, sendo dividida em 16 quadrantes com volume de 1m3; escolhendo-se,

aleatoriamente, dois quadrantes representativos para amostra;

4. Retirado os RSU da leira e colocar sobre uma lona plástica (dimensão 4x4), e

posteriormente, romper as amostras e caracterizar de acordo com a classificação de

RSU, determinada pela NBR 10.004 (ABNT, 1987);

5. Separar o material e acondicionar em caixas de plástico duro com tara conhecida

com, realizando pesagem, em uma balança com capacidade máxima de 15 kg e somar

os valores para um resultado final de cada material;

6. Avaliar os impactos ambientais causados por estes resíduos;

7. Construir matriz de interação com seus respectivos agravos ambientais.

Durante o diagnóstico da estrutura do órgão responsável pelo gerenciamento dos

RSU foi usado um questionário (Anexo 5) como roteiro para levantamento das

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informações para compor o “Diagnóstico Situacional para Gerenciamento Ambiental dos

RSU”.

De posse dos arquivos existentes, dos relatórios, contato direto com os funcionários

do serviço de limpeza urbana e dos técnicos, obteve-se noção do nível de planejamento do

sistema de gestão existente. Foi avaliado o nível de abrangência dos serviços de coleta dos

RSU, do percentual da população atendida, mediante o acompanhamento dessas rotas no

próprio veículo coletor. Para isso empregou-se a representação cartográfica das rotas

existentes e através de acompanhamento dos veículos coletores através de pesquisa de

campo, por um período de quinze dias úteis, a fim de levantar informações quanto:

racionalidade das rotas definidas pela SMOSU; freqüência da coleta nessas áreas;

disposição dos RSU nas vias públicas; composição gravimétrica e quantidade de resíduos

coletados.

O fato de não se verificar nenhuma sazonalidade significativa no aspecto

populacional no Município de Coronel Fabriciano, a quantidade de resíduos gerados foram

mensurados por um período de sete meses para cálculo da produção mensal e diária. Esse

período foi estabelecido pelo fato de já se dispor de dados durante todo o período, quanto a

pesagem e disposição final dos RSU.

Terceira etapa: dentro da pesquisa participante foi discutida, com funcionários e

técnicos responsáveis pelo serviço de limpeza pública, as alternativas para elaboração de

propostas para solução dos problemas detectados na pesquisa, para atuar junto à sociedade

e serviço público para buscar a minimização dos impactos ambientais dentro da gestão

urbana.

A partir do levantamento de dados e da elaboração do diagnóstico situacional dos

RSU em Coronel Fabriciano, foi construída a matriz de interação relacionando os RSU e

seus respectivos impactos ambientais utilizando como instrumento a listagem de controle

simples como método de análise de gestão e impacto ambiental.

A maioria dos dados socioeconômicos compilados para o presente trabalho teve por

base os Censos Demográficos realizados pelo IBGE, sendo complementados com

informações disponibilizadas pela SMOSU.

Na ausência de dados sobre RSU disponíveis no acervo da Prefeitura Municipal,

referentes aos anos anteriores, foram utilizadas informações do Diagnóstico do Manejo de

RSU elaborado pelo SNIS (2003), quanto à cobertura e eficiência do serviço municipal de

manejo de RSU, na perspectiva da universalização e da sustentabilidade, tendo como foco

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preponderante a inclusão social e econômica dos catadores e o encerramento dos

vazadouros a céu aberto.

Parte da infra-estrutura e da aquisição do material necessária para o desenvolvimento

do trabalho foram viabilizadas a partir do contato com a SMOSU, que ainda disponibilizou

para consultas os documentos existentes sobre sua responsabilidade, relativos aos EIA-

RIMA elaborados por empreendedor ou por ele contratado.

Desses documentos foram obtidas informações sobre tipo do empreendimento,

localização do empreendimento, método utilizado para a AIA, dados empregados para o

inventário das informações, forma de caracterização ou valoração do impacto e propostas

de medidas mitigadoras. Uma tabela foi elaborada para organizar as informações sobre

ações e impactos que, posteriormente, deram suporte às análises dos impactos ambientais

decorrentes da gestão de RSU vigente.

Foram realizadas, também, viagens de campo durante o ano de 2006 para

levantamento dos dados das atividades de caracterização da coleta, transporte e destino dos

RSU antrópicas com verificações “in loco” da ocorrência de impacto ambiental.

Durante as visitas foram feitos registros fotográficos da área e de seus respectivos

impactos. Todos os pontos observados foram relacionados às características de relevo,

cobertura vegetal ou tipo de uso e do impacto observado quando este se fazia presente. As

informações obtidas em trabalhos de campo realizados, em 2005/2006, através de outros

projetos realizados na área de estudo, foram também compiladas.

Na etapa de caracterização dos impactos ambientais causados pelos RSU encontram-

se acompanhadas de tabelas a partir de composição de setores censitários. Essas

informações foram complementadas por dados conseguidos em visitas realizadas a órgãos

ambientais e por viagens de campo.

As inter-relações entre os RSU e os impactos, decorrentes da gestão urbana, foram

obtidas a partir da organização de matriz e rede de interação para a qual esses resíduos

constituem-se no principal agente causador de danos ao meio ambiente.

Segundo Longo et al. (1997), a infra-estrutura de saneamento básico pode servir

como um indicador da qualidade de vida da população, uma vez que sua melhoria tem uma

relação direta com a evolução dos indicadores socioeconômicos.

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4 RESULTADO E DISCUSSÃO

4.1 Análise dos serviços públicos de Limpeza Urbana

A coleta pública dos RSU atinge 94,1% dos domicílios. Desses, onde há coleta de

lixo, 98,9% são atendidos diretamente por caminhões basculantes ou de compactação do

serviço de limpeza e 1,1% armazenam o lixo em caçamba do serviço de limpeza para

posterior coleta.

No município de Coronel Fabriciano, a estrutura de gestão ambiental é composta pelo

Conselho Municipal de Meio Ambiente - CODEMA, pela Secretaria Municipal de Meio

Ambiente e complementando esta estrutura, o Município conta com a Secretaria Municipal

de Obras e Serviços Urbanos.

Em 2005/2006 foram realizados trabalhos de campo, com o objetivo de identificar,

localizar e registrar pontos que fossem representativos das principais origens e processos

de degradação do meio ambiente como água, ar e solo ocasionados pela disposição

inadequada dos RSU. Nem sempre é tarefa fácil a identificação das origens dos impactos,

pois, na maioria das vezes os processos impactantes são intensificados pelas atividades

humanas. No presente trabalho, os impactos foram identificados e avaliados a partir dos

RSU descartados pela comunidade, considerando que as intervenções na área têm sido

intensificadas pela gestão municipal.

Entre os fatores determinantes para a realidade local pode ser considerada como fator

desencadeante a deficiência em educação ambiental da população objetivando esclarecer o

risco do ato de descarte de resíduos em locais inadequados, associado à falhas na gestão

municipal em determinadas área urbanas, quer seja pela freqüência, horário, ou desrespeito

aos dias e horários de coleta, levando a uma parcela da população, por exemplo, a procurar

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maneira de se livrar desses resíduos, descartando-os em diferentes locais, a exemplo dos

cursos d’água (FIGURA 1), terrenos baldios, logradouros, margens de rodovia, entre

outros, formando os focos os quais tendem a atrair vetores.

A

B

FIGURA 1: Aspectos visuais dos RSU descartado pela população ribeirinha às margens do Rio Piracicaba, localizado na área periférica da mancha urbana, maio 2006.

4.1.1 Descarte de RSU nas margens e/ou diretamente no leito Rio Piracicaba

Os descartes de RSU as margens dos rios aumentam os riscos de ocorrerem

assoreamento, causando a redução da secção do canal de drenagem, com o aumento de

possibilidade de enchentes. No que se diz respeito à qualidade da água, ocorre a

depreciação tanto do meio físico, quanto biótico e antrópico.

Quanto ao meio físico, ocasiona a depreciação em função de líquidos contaminados

por substâncias tóxicas presentes nos RSU, aumenta a turbidez, decomposição da fração

orgânica, alterações do potencial hidrogeniônico (pH) e diminuição da capacidade

diluidora de substâncias químicas.

No que está relacionado ao meio biótico, em função dos danos causados a ictiofauna,

como mortandade de peixes, extinção de espécies.

O meio antrópico afeta as características cênicas, aspecto visual, com depreciação do

aspecto paisagístico, da saúde e qualidade de vida da população do entorno, em

decorrência de tornar-se imprópria para uso doméstico nas condições naturais, atividades

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recreativas, propiciando a ocorrência de doenças de veiculação hídrica, associada à maior

incidência de agentes patogênicos, comprometendo a saúde da população.

4.1.2 Descarte de RSU nos logradouros e/ou lotes

Em alguns locais da área urbana onde foram colocados tambores para descarte de

RSU, freqüentemente, ocorrem transbordamentos, conforme registros fotográficos

apresentados na FIGURA 2.

A

B

FIGURA 2: Aspecto visual do transbordamento de RSU descartado nos tambores coletores, maio 2006.

Além de impactos visuais, são significativos os transtornos, principalmente para as

residências localizadas no entorno, em virtude do foco de vetores, bem como, dificulta o

serviço de coleta desses resíduos. Observa-se que os resíduos espalhados na rua são de

sacolas plásticas utilizadas no envase, que foram rompidas por catadores para segregarem

os materiais com potencial para reciclagem ou por cães à procura de alimentos

(FIGURA 3).

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A B

FIGURA 3: (A) Aspecto visual do transbordamento de RSU descartados nos coletores, maio de 2006; (B) cão transportando sacola para busca de restos de alimentos, maio de 2006.

Como a expansão dos serviços de limpeza não acompanhou na mesma ordem de

grandeza a taxa de crescimento populacional e a expansão da área urbana e apesar da

Prefeitura disponibilizar esses serviços em toda a cidade, impactos ambientais são

observados devido o descarte de RSU em lotes vagos, nas ruas e cursos d’água.

Uma parcela da população descarta resíduos domiciliares para a coleta em dias e

horários conflitantes com os dias e horários e roteiros prestados pelo serviço público com o

agravo de estar em envase em desconformidade para ser coletado como sacolas plásticas,

baldes plásticos e/ou metálicos, bacias, caixas de papelão, estando muitos desses

recipientes sem tampa, gerando odores e atraindo vetores.

Presença de cães soltos nas ruas comprometem a qualidade da limpeza pública,

pois além de rasgarem as sacolas de “lixo” à procura de comida, espalhando os resíduos

em vias públicas, como também são descartados excrementos fecais. Similar situação é a

presença de catadores que prejudicam a qualidade da limpeza pública, porque rasgam as

sacolas de “lixo” para “garimpar” materiais com valor econômico para reciclar, deixando

os demais resíduos espalhados pelas ruas.

Associado a essa situação o descarte dos resíduos apresenta o valor 3 de magnitude

(TABELA 3) e valor 3 para importância (TABELA 4), indicando que houve variação dos

indicadores de forma expressiva, porém, sem alcance para descaracterizar o fator

ambiental considerado. Esse procedimento tem sido negativo ou adverso à qualidade

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ambiental, considerando que a ação individual ou coletiva resulta em dano tanto a uma

resposta social quanto à perda da qualidade de vida.

Nesse particular, é fator relevante o desenvolvimento de projetos educativos com

enfoque na gestão participativa dos RSU, envolvendo os múltiplos atores sociais, como

forma de mitigar os impactos causados pela disposição inadequada dos RSU.

Foi elaborada a Rede de Interação dos impactos ambientais (Agra Filho, 1993),

causados pelos RSU descartados nos logradouros e lotes vagos, cuja representação gráfica

ou diagramática da cadeia dos impactos ambientais provenientes das inter-relações entre a

ação-efeitos-impactos (FIGURA 4), construída para identificar as conexões entre vários

efeitos ambientais resultantes das intervenções humanas (MMA, 1995).

Ocupação Urbana Irregular em áreas com declividade acentuada

em Coronel Fabriciano FIGURA 4: Rede de Interação de ocupação Urbana Irregular e descarte de RSU em

logradouros e lotes vagos. Fonte: Agra Filho, 1993.

g h i

n ml j

Desmatamento

Acúmulo de lixo

nas encostas

Ausência de saneamento

básico

Processos erosivos

Desestabilização do solo

Esgoto a céu aberto

Assoreamento decursos d’água

Desmoronamento

Contaminação local e nas baixadas

Inundações nas baixadas

Risco de vida

Danos materiais

c b a

d e f

Doenças

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Segundo Dias (1992), as redes de interação promovem uma abordagem integrada,

enquanto que matrizes e listagens de controle limitam o pensamento à apreciação dos

fatores ambientais isoladamente. Essa metodologia deve ser trabalhada em conjunto pelos

técnicos, organizando as discussões e a troca de informações acerca dos impactos.

O delineamento das medidas ambientais, Mitigadoras ou Potencializadoras, na rede

de interação de ocupação urbana irregular está apresentado na TABELA 5.

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TABELA 5: Delineamento das Medidas Ambientais, Mitigadoras e/ou Potencializadoras, na rede de interação de ocupação

urbana irregular.

Impacto Medida Grau de Importância Natureza Fator Ambiental Responsabilidade

a Revegetação dos taludes 2 Corretiva Biótico Prefeitura

b Programa de coleta de RSU 1 Preventiva Físico Prefeitura com a participação dos moradores

c Implantação de rede de esgotos 2 Corretiva Antrópico Prefeitura

d Revegetação dos taludes 1 corretiva Biótico Prefeitura com a participação dos moradores.

e Reflorestamento / coleta de RSU 1 Corretiva/Preventiva Biótico/Antrópico Prefeitura Municipal

f Implantação de rede de esgoto 2 Corretiva Antrópico Prefeitura Municipal

g Retirada mecânica periódica dos resíduos acumulados no leito do curso d’água

1 Corretiva Físico Prefeitura Municipal

h Reflorestamento / coleta de RSU 1 Corretiva/Preventiva Biótico/Antrópico Prefeitura Municipal

i Implantação de rede de esgoto 2 Corretiva Antrópico Prefeitura Municipal

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O processo de ocupação irregular das áreas de encostas se deve à desigualdade social,

entretanto, esse fato tem como desdobramento, dentre outras coisas, o comprometimento

na qualidade dos serviços de limpeza pública, tanto pela carência de informações por parte

dos moradores desses locais, bem como pela limitação do órgão responsável pelos serviços

de ter acesso a essas áreas.

4.1.3 Situação do vazadouro “Lixão da Ponte Mauá”

A área destinada para a implantação do vazadouro equivale a 5,2 hectares e

corresponde a parte de uma propriedade privada, alugada ao Município.

Na data de trinta de junho de 2005, oficialmente foi encerrado o descarte dos RSU no

vazadouro denominado como “Lixão da Ponte Mauá” utilizado por aproximadamente 30

anos. O fechamento do vazadouro foi determinado pelo Ministério Público, sendo assim

vetado o descarte inadequado na área até então usada como vazadouro, porém até a data de

dezembro de 2005 ainda ocorria o descarte de entulhos e restos de construção civil,

objetivando realizar o aterramento dos RSU ali depositados. Embora o vazadouro esteja

desativado, ainda vem sendo adotado como alternativa para a destinação final dos RSU de

forma clandestina pela sociedade, apesar da condenação pelos órgãos de controle

ambiental, razão pela qual o trabalho de recuperação da área degradada deva fazer parte

das discussões técnicas-administrativas.

O Município de Coronel Fabriciano encontra-se em uma fase transitória, isto é, de

um lado desativou o vazadouro e está com projeto para a sua recuperação, por outro lado

está com um projeto de implantação de aterro sanitário. Para isso, a Prefeitura Municipal

contratou serviços terceirizados para que a empresa contratada efetue a disposição final de

RSU em outra área.

Considerando o aspecto legal, a gestão municipal do RSU é realizada pela SMOSU,

sendo regulamentada pelo código de postura, Lei Municipal nº 2510/95 e pela Lei

Orgânica do Município na mesma data. As tarifas para a gestão de RSU são cobradas

através de guias do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) equivalente a 1% do valor

do imóvel.

Juntamente com os resíduos urbanos que eram descartados no vazadouro, distante

aproximadamente 15 km do centro urbano, também eram depositados os resíduos

industriais da Companhia Acesita, acarretando danos ao solo e ao ar, além do

comprometimento do recurso hídrico, decorrente da sua proximidade ao Rio Piracicaba.

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De acordo com informações obtidas na SMOSU, através do arquivo documental com

data de 1995 a 2004, durante o período em que o vazadouro foi operado, não foi realizado

qualquer aferição ou controle quantitativo dos resíduos descartados nessa área.

Considerando a geração de RSU per capita estimada em 0,60 kg dia-1 hab-1, calcula-se que

diariamente tenha sido descartado na área aproximadamente 60 t dia-1 de RSU e que

durante o período em que o vazadouro foi operado tenha recebido cerca de 657.000 t de

resíduos.

Segundo o SNIS (2003), no vazadouro era descartado em média de 65,8 t dia-1 de

RSU, sem discriminação quanto à classificação de natureza e classe. Além dos resíduos

coletados em Coronel Fabriciano, nesse local também eram depositados os resíduos

gerados nos Municípios de Timóteo e Marliéria. O Município de Coronel Fabriciano é o

responsável pelo gerenciamento do mesmo, não havendo registro e informações do nível

de contrapartida dos demais Municípios. Esse vazadouro funcionava sem licença de

operação, não ocorrendo por parte da administração pública nenhum tipo de planejamento

que contemplasse procedimentos de controle ambiental e uso de equipamentos para

processamento e disposição no solo estes resíduos.

Em decorrência da dificuldade de estar registrando notificações epidemiológicas de

comprometimento da saúde à população, prevista pelo Ministério da Saúde, como dados de

epidemiologia ambiental, não foi possível quantificar os danos à saúde humana e animal,

apesar de ser nítido os impactos causados no solo, água e ar (FIGURA 5).

FIGURA 5: Vista parcial do vazadouro “Lixão da Ponte Mauá” de Coronel Fabriciano,

setembro de 2004.

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A maioria dos problemas e impactos ambientais observados na área do vazadouro

decorrente da disposição dos RSU tem sua origem nas partes altas da área, local onde se

concentrou a maior quantidade de resíduos descartados. Portanto, para a compreensão dos

impactos foi analisado integralmente toda a área, garantindo deste modo, o gerenciamento

e a qualidade ambiental tanto da área onde está inserido o vazadouro como do seu entorno.

Os impactos ambientais são decorrentes da disposição inadequada desses resíduos,

sendo detectados na área do vazadouro que afetam o ar, como, a atração e proliferação de

vetores, emanação de odores, poluição atmosférica provocado pela queima de resíduos.

A FIGURA 6 apresenta o vazadouro visto por outro ângulo, no detalhe o talude,

onde os resíduos eram despejados (A) e considerando o seu grau de inclinação observa-se

o escorrimento dos resíduos (B).

A

B

FIGURA 6: (A) Vista lateral do vazadouro, maio 2006; (B) Escorrimento dos resíduos no talude, maio 2006.

Considerando que o vazadouro situa-se numa área localizada a aproximadamente

150 m do Rio Piracicaba, verificou-se que o arraste de sedimentos do solo e de RSU foram

carreados para esse curso d’água. A erosão hídrica é, portanto, o processo que mais

contribui com fornecimento de material sedimentado no trecho que percorre a área do

vazadouro. Durante o período de pesquisa, que foi feito o registro fotográfico, estava

ocorrendo a queima de resíduos com liberação de fumaça em diferentes pontos do

vazadouro, FIGURA 7.

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FIGURA 7: Vista parcial do vazadouro localizado à margem do Rio Piracicaba, setembro de 2004.

Durante o período em que os resíduos foram descartados no vazadouro havia a

presença de catadores (FIGURA 8).

A

B

FIGURA 8: (A) Presença de catador na segregação dos resíduos, vazadouro Coronel Fabriciano, setembro de 2004; (B) Catadora na amarração dos resíduos segregados para venda, vazadouro Coronel Fabriciano, setembro de 2004.

No início desta pesquisa, em setembro de 2004, residiam no vazadouro vinte

famílias, totalizando 126 pessoas entre adultos e crianças, cujos aspectos de algumas

residências estão apresentados na FIGURA 9.

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A B C

FIGURA 9: Aspecto visual das residências dos catadores no vazadouro, setembro de 2004.

Os catadores dependiam diretamente da segregação dos materiais potencialmente

recicláveis como fonte de renda, cuja venda era feita para intermediários das indústrias

recicladoras localizadas na região do Vale do Aço e Belo Horizonte.

A única fonte de suprimento de água para fins de dessedentação e abastecimento para

finalidades diversas, a exemplo de cozinhar, lavar pratos e outros utensílios, higiene

pessoal etc, era uma mina d’água, estando o seu entorno com significativa quantidade de

resíduos espalhados. Devido sua localização e de sua nascente estar situada na área de

disposição dos RSU, a população usuária dessa fonte de água está predisposta à aquisição

de patologias hídricas como, giardíase, amebíase, entre outras, ocasionando o adoecimento

e perda da saúde (FIGURA 10).

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FIGURA 10: Mina d’água localizada na área do vazadouro utilizada pelos catadores, setembro de 2004.

Com a interdição do vazadouro pela Justiça em setembro de 2005, a área foi

cercada e na entrada colocou-se um portão e nele fixou-se uma placa com os seguintes

dizeres: “Por ordem da Justiça é proibida a entrada ou permanência de pessoas ou veículos

para depósito ou catação de lixo” (FIGURA 11).

FIGURA 11: Portão de acesso à área do vazadouro, maio 2006.

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Mesmo após o fechamento do vazadouro e da sua interdição pela Justiça foram

feitos registros fotográficos flagrando presença de criação de animais pastando na área do

vazadouro (FIGURA 12).

FIGURA 12: Criação de animais área do vazadouro interditado, maio 2006.

Após a desativação do vazadouro nenhuma medida de recuperação da área foi

implementada e apesar de não ser recomendado, freqüentemente, essa área vem sendo

invadida por bovinos e muares para pastar.

Atualmente, os resíduos descartados na área encontram-se parcialmente cobertos

pela vegetação pioneira, formada principalmente por mamonas (Ricinus communis L.) e

gramíneas, conforme pode ser observada na FIGURA 13.

A

B

FIGURA 13: Cobertura vegetal da área do vazadouro pela vegetação pioneira, maio de 2006.

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O manejo do vazadouro apresentou o valor de magnitude 3, indicando que houve

descaracterização do fator ambiental de forma expressiva. Esse procedimento foi negativo

ou adverso à qualidade ambiental, considerando que a ação resultou em dano significativo

ao ambiente. A importância dos impactos foi avaliada tendo em vista os aspectos como

temporalidade, duração e abrangência dos impactos. Um dos aspectos pertinentes, por

exemplo, foi a proximidade do vazadouro ao Rio Piracicaba, contaminação de nascente,

além da característica topográfica da área, fator facilitador para o carreamento de

sedimentos e substâncias tóxicas para esse curso d’água. Esse fato implica que o impacto

apesar de ter ocorrido nesse local, não fica restrito somente nele, isto é, os malefícios

também têm implicação regional, visto que o Rio Piracicaba é um afluente da bacia

hidrográfica do Rio Doce.

Ainda que o vazadouro tenha sido desativado e apesar de não ocorrer, até então,

monitoramento da área por parte da Prefeitura Municipal de Coronel Fabriciano, pode se

afirmar com base na quantidade e na heterogeneidade dos resíduos depositados que os

efeitos da poluição causados pelos RSU deverão permanecer por muito tempo numa área

de abrangência local e regional.

O valor de importância e magnitude do impacto ambiental causado pelo vazadouro

alcançou o nível 3, uma vez que o nível de interferência no impacto ambiental, bem como

dos demais impactos é intensa, o que acarreta, como resposta social, perda da qualidade de

vida, decorrente do sistema de gestão municipal vigente.

Portanto, os principais impactos negativos verificados no meio físico em decorrência

dessa atividade são as depreciações da qualidade do solo quanto ao aspecto visual,

contaminação por substâncias tóxicas (produtos químicos) e metais pesados presentes nos

RSU descartados, indisponibilidade da área para uso para fins agrícolas, residenciais e

industriais, mesmo após ter o encerramento de descarte dos resíduos, desnudamento e

exposição do solo aos ventos, aumento da concentração de particulados advindos do

revolvimento do solo, depreciação do valor das áreas do entorno do vazadouro.

Quanto à depreciação da qualidade da água superficial é caracterizado em função da

exposição do solo e seu conseqüente carreamento, aumentando os riscos de assoreamento

do curso d’água localizado no entorno do empreendimento, causando a redução da secção

do canal de drenagem, com aumento de possibilidade de enchentes, visual em função do

aumento de turbidez decorrente do carreamento de particulados advindos do desnudamento

e conseqüentemente exposição do solo e, também, pela impossibilidade para uso

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doméstico nas condições naturais, para atividades recreativas devido à possibilidade de

ocorrência de doenças de veiculação hídrica, associada à maior incidência de agentes

patogênicos.

Em função da infiltração de líquidos contaminados por substâncias tóxicos presentes

nos RSU alcançar o lençol freático fica caracterizado a depreciação da qualidade da água

subterrânea em decorrência de aumentar a possibilidade de proliferação de doenças,

afetando a saúde pública e, devido a esses fatores, há uma depreciação da qualidade de

vida.

A depreciação da qualidade do ar se caracteriza em função do aumento da

concentração de particulados, decorrentes do trânsito de caminhões e revolvimento do

solo, desnudamento e conseqüentemente exposição do solo aos ventos, concentração de

gases resultantes do processo fermentativo da fração orgânica presente nos RSU e em

função dos odores liberados no modo de disposição final.

Quanto ao meio biótico, os principais impactos negativos são verificados em virtude

do comprometimento da flora pela erradicação de vegetais na área, pela disposição dos

resíduos e, também, pelo comprometimento da qualidade ambiental criando, assim,

condições adversas para a micro e macro fauna, uma vez que há proliferação de vetores de

doenças, ocasionando maior possibilidade de acidentes com animais peçonhentos.

Em relação ao meio antrópico, os principais impactos negativos gerados são a

degradação humana em função da presença de catadores, impacto visual, catadores serem

vetores humanos de microrganismos para seus familiares e a comunidade de um modo

geral.

Assim sendo, pode ser delimitado como característica desses impactos ocorridos no

vazadouro quanto à depreciação da qualidade do solo, da água superficial e subterrânea e

do ar, como negativo, de ação minimizadora sendo de natureza corretiva tendo como fator

ambiental afetando o meio físico.

A representação gráfica ou diagramática da cadeia dos impactos ambientais,

provenientes das ações de um projeto, estabelecendo as Redes de Interação das ações-

efeitos-impactos causados pelos RSU descartados no vazadouro pode ser observado na

FIGURA 14, onde se identifica as conexões entre os vários efeitos ambientais que podem

resultar das intervenções humanas.

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Geração de RSU

FIGURA 14: Rede de Interação dos RSU. Fonte: Agra Filho, 1993.

O delineamento das medidas ambientais (mitigadoras e/ou potencializadoras)

na rede de interação dos RSU está apresentado na TABELA 6.

q

o n ml

p

j

i hg f

e

d

cba

Aumento de insetos vetores de

doenças

Produção de chorume Atração de

catadores de lixo

Poluição dos recursos hídricos

Poluição do solo

Diminuição na diversidade biológica

Diminuição da fauna e flora

aquáticas

Mortalidade de peixes e outros organismos

aquáticos

Aumento no teor de matéria orgânica do

solo

Crescimento de espécies vegetais bioindicadoras

Aumento na quantidade de metais pesados

Contaminação de vegetais

comestíveisProliferação de

doenças

Aumento do nº de internações hospitalares

Condições sub-humanas de

sobrevivência

Acidentes de trabalho

d

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TABELA 6: Delineamento das Medidas Ambientais (Mitigadoras e/ou Potencializadoras) na rede de interação dos RSU

Impacto Medida Grau de Importância Natureza Fator Ambiental Responsabilidade

a Coleta seletiva; Canalização para lagoas de tratamento; Biorremediação

1 Preventiva Corretiva Corretiva

Físico Prefeitura

b Armazenagem adequada dos resíduos 1 Preventiva Biótico Prefeitura

c Capacitação dos catadores; Organização dos catadores em associações 1 Preventiva Antrópico Prefeitura

d Educação Sanitária e Ambiental; Tratamento e monitoramento dos recursos hídricos

1 Preventiva Corretiva Físico Prefeitura

e Educação Ambiental e Monitoramento do solo 1 Preventiva Preventiva Físico Prefeitura

f Tratamento e monitoramento dos recursos hídricos 1 Preventiva

Corretiva Físico Prefeitura

g Monitoramento do solo 1 Preventiva Físico Prefeitura h Monitoramento do solo 2 Preventiva Físico Prefeitura

i Capacitação dos catadores; Organização dos catadores em associações 1 Preventiva Antrópico Prefeitura

j Tratamento e monitoramento dos recursos hídricos 1 Preventiva

Corretiva Biótico Prefeitura

l Utilizar plantas bioindicadoras para o monitoramento da poluição 1 Preventiva

Corretiva Biótico Prefeitura

m Tratamento e monitoramento dos recursos hídricos 2 Preventiva Biótico Prefeitura

n Educação Sanitária e Ambiental Tratamento dos recursos hídricos 1 Preventiva

Corretiva Biótico Prefeitura

o Capacitação dos catadores; Organização dos catadores em associações 1 Preventiva Antrópico Prefeitura

p Tratamento e monitoramento dos recursos hídricos 1 Preventiva

Corretiva Biótico Prefeitura

q Educação Sanitária e Ambiental 1 Preventiva Antrópico Prefeitura

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Especificamente, o vazadouro está, simultaneamente, degradado sob o ponto de vista

paisagístico, de solo, do ar e da contaminação de águas subterrâneas e superficiais.

A PRCZ Consultores Associados Ltda. foi a empresa contratada pela SMOSU, no

período de agosto a dezembro de 2005, para elaboração do projeto de recuperação do

vazadouro.

A PRCZ Consultores Associados Ltda. apresentou quatro alternativas para o

envelopamento do maciço e recuperação do vazadouro, sendo selecionada a alternativa que

sugere a expansão da área do vazadouro equivalente a 5,2 hectares, ocupando espaços

laterais que se encontram degradados a 50 metros à margem direita e esquerda

respectivamente, em vez de avançar em direção ao Rio Piracicaba, que margeia o

vazadouro.

A PRCZ Consultores Associados Ltda. adotou a solução de envelopamento do novo

maciço, capa selante de argila compactada e a introdução de elementos coletores e

encaminhadores das águas pluviais, adicionados à implantação de drenos verticais para

escoamento e queima de gases, objetivando solucionar o problema de efluentes líquidos e

gasosos.

Serão realizadas sondagens do solo pela Projesol Engenharia Ltda., no sentido de se

criar bermas de equilíbrio, mudança de inclinação de taludes e modificação de altura,

considerando, hoje, equivalente a 37m de altitude de maciço sobreposto ao solo.

A área ocupada pelo vazadouro apresenta uma geometria desordenada, e foi

estabelecida como meta a correção da topografia em busca de uma configuração adequada

e ordenada para a superfície final do vazadouro ser plana, objetivando a estabilidade do

maciço, considerando que a deposição de resíduos na área foi disposta de forma aleatória e

sem compactação mecânica do solo.

Encontra-se em etapa final o projeto paisagístico que visa amenizar o aspecto visual

do vazadouro desativado e a recuperação da área degradada, e a sua posterior utilização

para desenvolver ações de educação ambiental.

De acordo com a Prefeitura Municipal de Coronel Fabriciano, através da SMOSU, no

primeiro momento, está previsto a expansão da área do vazadouro para disposição de

resíduos no maciço da área de significativa altura, tornando a nova configuração

geométrica do vazadouro que compreende a remoção dos 12 metros de resíduos

descartados por um conjunto de operações descritas a seguir:

A margem esquerda e direita do atual vazadouro, onde se encontram duas lagoas de

chorume, constituídas naturalmente devido à drenagem natural em decorrência da

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gravidade, esse líquido será encaminhado para a Estação de Tratamento Esgoto (ETE)

operado pela COPASA e depois, a área receberá o maciço deslocado da parte superior do

vazadouro.

A preparação para a recuperação da área do vazadouro consiste em terraplanagem da

superfície do terreno para remoção da cobertura vegetal existente, sendo esse material,

posteriormente, incorporado de forma indiscriminada ao maciço durante as operações de

espalhamento e compactação. Em seguida será feito a escarificação, gradeamento e

compactação do solo remanescente. O projeto contempla, também, a execução do sistema

de drenagem das nascentes, a escavação e a instalação de tubos para canalização dos gases

presentes nesse maciço.

De acordo com o projeto das empresas PRCZ Consultores Associados e Projesol

Engenharia Ltda. será feito distribuição e compactação dos resíduos na área do maciço

em camadas de 0,6 m, formando plataformas. Ao final, resultará um terreno mais baixo e

mais estável, embora com maior área de projeção, reduzindo custos de drenagem e

cobertura vegetal, além de uma melhor proteção das margens do Rio Piracicaba, pelo fato

de ser evitado o avanço do vazadouro em sua direção (FIGURA 15).

Vazadouro

Rebaixar 12m

Área de Expansão

FIGURA 15: Projeto para recuperação da área do vazadouro.

Fonte: PRCZ Consultores Associados Ltda. (2005).

Segundo avaliação técnica realizada pela PRCZ Consultores Associados Ltda. e

Projesol Engenharia Ltda., grande parte do trabalho de construção de plataformas para a

disposição do maciço será processado do mesmo modo com se realiza a construção de um

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aterro sanitário convencional, sendo construída de baixo para cima, utilizando as áreas de

expansão.

Segundo o projeto da PRCZ Consultores Associados Ltda. esse procedimento tem

como vantagem uma geometria final mais estável ao terreno, decorrente da altitude final

estar projetada em 25m, sendo esse um fator significativo quando avaliado a não

compactação do maciço inicial devido ao manejo utilizado, ocasionando diferentes pontos

de instabilidade do solo.

A vantagem operacional consiste em oferecer uma maior segurança, uma vez que o

resíduo descartado no vazadouro deverá ser removido de cima para baixo, por um trator de

esteira, direcionando o maciço para as áreas de expansão e outro, simultaneamente, na

operação de espalhamento e compactação do local removido.

Esse procedimento permitirá maior produtividade dos equipamentos decorrente da

movimentação e transporte de massas de resíduos e, conseqüentemente, redução do

cronograma executivo e custos operacionais.

Segundo os relatórios apresentados pelas empresas contratadas, PRCZ Consultores

Associados Ltda. e Projesol Engenharia Ltda., essa proposta possui como desvantagem o

aumento da superfície da área de disposição do maciço e maior número de drenos de gases

provenientes desse maciço.

Para a execução dessa obra foi celebrado convênio entre a Prefeitura Municipal de

Coronel Fabriciano e a FUNASA, no valor de R$ 400.000,00. De acordo com o orçamento

apresentado pelas empresas contratadas para a execução de recuperação da área degradada

do vazadouro será de R$ 476.000,00, cuja complementação no valor de R$ 76.000,00

ficará a cargo da Prefeitura (FUNASA 2005).

O cronograma executivo compreende um período de quatro meses, incluindo,

locação topográfica, cortes de terra, canalização e compactação do fundo, movimentação

dos RSU antigos, construção de drenos verticais e horizontais, tal como sistema de

drenagem dos gases e implantação do projeto paisagístico.

A data prevista de início não foi determinada pela SMOSU, pendente, assim uma

avaliação do cronograma apresentado pela PRCZ Consultores Associados Ltda.

Nesta fase transitória em que o vazadouro foi desativado e está sendo projetado o

aterro sanitário e, sendo feito a reestruturação dos serviços de limpeza, em setembro de

2005, foi firmado um contrato entre a Prefeitura e a empresa Construtora Queiroz Galvão

Ltda., que é proprietária de um aterro controlado, localizado a 50 km do centro municipal,

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para receber os RSU de Coronel Fabriciano por 12 meses, tendo sido esse contrato

renovado por período igual, depois de expirado a data do contrato.

4.1.4 Análise do aterro sanitário

Em 1998, os municípios de Coronel Fabriciano e Timóteo iniciaram um trabalho na

busca de solução comum para implantar o Consórcio Intermunicipal de Gestão de RSU e

devido a uma série de fatores de cunho político-administrativa não foi concluído. Em 2004,

foi oficializado esse consórcio, regulamentando as ações conjuntas para construção,

gerenciamento, operação do aterro sanitário e encerramento posterior da área utilizada

como vazadouro a céu aberto. Após avaliação técnica da área para construção do aterro

sanitário foi definida a implantação do empreendimento no Município de Coronel

Fabriciano, bem como definido a recuperação da área do vazadouro. Ao Município de

Timóteo ficou a incumbência da construção da estrutura física do novo aterro.

Para isso, foi firmado convênio com a FUNASA (2005) no valor equivalente a R$

400.000,00, cujo recurso financeiro registrado com nº 2302/05, publicado no Diário Oficial

da União em 30/12/2006, seção 3, deverá para ser debitado dentro do prazo do contrato,

compreendido entre 15/12/2005 até 15/12/2006 (PMCF, 2005).

O recurso financeiro destinado à execução dessa obra não é suficiente para a sua

conclusão, sendo o restante complementado pelos Municípios consorciados. Foi elaborada

uma planilha de estimativa de custos da obra pela empresa PRCZ Consultores Associados

e Projesol Engenharia Ltda. cujo valor estimado foi de R$ 942.000,00 (PMCF, 2005).

Em setembro de 2005, objetivando uma solução mais imediata, foi firmado contrato

entre a Prefeitura Municipal de Coronel Fabriciano com a empresa Construtora Queiroz

Galvão Ltda., proprietária de um aterro controlado, localizado a 50 km do centro municipal

por um período equivalente a 12 meses, no valor anual de repasse de R$ 776.520,00 para

manejo e destino final dos resíduos de acordo com a classificação NBR1004/2004.

A coleta domiciliar é de responsabilidade da empresa privada Construtora Ápia Ltda.,

mantenedora do corpo de funcionários e gestora dos veículos municipais para a coleta.

Na implantação do aterro (FIGURA 16), envolveu, inicialmente, a etapa de

derrubada da vegetação nativa. A essa etapa estão relacionados os impactos principais que

o meio biológico irá sofrer, como por exemplo, a diminuição de habitat natural, e a perda

da biodiversidade na flora e na fauna, decorrente do método de gestão municipal em vigor

quanto aos RSU.

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FIGURA 16: Vista parcial do aterro sanitário, maio 2006.

Esse empreendimento é um sistema terceirizado, operado pela Empresa Queiroz

Galvão Ltda., que cobra por tonelada aterrada. Além de receber os RSU gerados em

Coronel Fabriciano, também recebe os resíduos gerados na cidade de Timóteo, Ipatinga,

Santana do Paraíso e Belo Oriente.

O empreendedor solicitou à Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM) a

Licença de Operação (LO) do aterro sanitário, que analisou o processo e emitiu parecer

técnico e jurídico favorável, e o encaminhou para a deliberação do Conselho de Política

Ambiental (COPAM) que deferiu parecer favorável pela concessão da LO. Entretanto, esse

licenciamento ambiental está atrelado ao projeto de recuperação do vazadouro.

A concepção do aterro atende à legislação em vigor, pois além das instalações dos

equipamentos previstos no projeto, toda a base do aterro foi impermeabilizada com

geomembrana (FIGURA 17).

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FIGURA 17: Geomembrana utilizada para revestimento da base e das laterais do aterro sanitário, maio de 2006.

Dentro da área do aterro sanitário foi preparada uma área destinada exclusivamente

para aterramento de resíduos sólidos de serviços de saúde - RSSS (FIGURA 18).

FIGURA 18: Vista parcial da área destinada ao aterramento de RSSS, localizada na área interna do aterro sanitário, maio de 2006.

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Os RSSS são coletados em Coronel Fabriciano pela SMOSU. Essa coleta é realizada

em separado dos RSU. Para isso, a Prefeitura dispõe de veículo adaptado (Pick-up Fiat

Fiorino), não sendo cobrada nenhuma taxa aos geradores, compreendidos por dois

hospitais de atendimento de atenção primária e doze unidades básicas de saúde para

atendimento de promoção à saúde, na qual não é realizado nenhum gerenciamento destes

resíduos nas instituições de saúde.

Na pesquisa de campo foi confrontada a situação real com a atividade inerente ao

funcionamento de um aterro sanitário. Observou-se que apesar do empreendimento ser

considerado como um aterro sanitário e ser administrado pela empresa contratada com

experiência no ramo, sendo inclusive reconhecida pelo órgão público (FUNASA), foram

detectados alguns problemas operacionais de acordo com parecer do órgão fiscalizador,

FEAM, em visita técnica realizada em outubro de 2006, conforme notícia vinculada na

mídia local por realizar processos de compostagem e reciclagem de forma pouco

representativa e, por não ocorrer canalização e reutilização dos gases produzidos em

decorrência do aterramento, estando assim suas atividades inconclusivas.

O modo como o aterro vem sendo operado verifica-se que alguns impactos negativos

estão sendo mitigados no sentido de tornar a sua abrangência apenas local, isto é, apenas

na área ocupada pelo empreendimento e alguns impactos positivos ou benéficos estão

sendo potencializados, possibilitando que as ações resultem numa melhoria da qualidade

de vida ainda que não contemple sua plenitude.

4.1.5 Descrição do órgão de Limpeza Urbana de Coronel Fabriciano

Anterior à administração pública, iniciada no ano de 2004, os procedimentos de

registro municipal eram de forma desordenada e pouco técnica. O conjunto de dados

apresentados possui como características predominantes a indefinição das atribuições pela

competência institucional para a gestão de RSU, escassez e falta de sistematização de

dados, pouca confiabilidade nos dados de base, variação e desarticulação dos órgãos e

entidades ligadas ao serviço. Isso pode ser atribuído à deficiência de capacitação dos

encarregados pelo serviço de limpeza urbana, muitas vezes contratados para ocupar cargos

apenas por indicação política, não tendo autonomia administrativa.

Essas constatações demonstram que apesar das iniciativas de melhorar a gestão de

RSU no Município se fazerem necessários, antes de tudo, é preciso configurar uma

estrutura sistematizada de coleta, processamento e verificação da consistência de

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informações alcançadas. Deve ser ainda avaliado os valores de repasse anual à Construtora

Queiroz Galvão pelo período fixado em doze meses, a ser pago pelo município, uma vez

que esses valores se aproximam do estimado pela PRCZ para a construção do aterro

municipal e assim se possa resolver a questão de destinação final, de forma racional e

definitiva, até que se expire a vida útil desse aterro.

A natureza jurídica do órgão de Limpeza Urbana é ligada à SMOSU. As cobranças

pelos serviços são realizadas como taxa de Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) e

classificados como forma regular e não há diferenciação para RSU especiais.

De acordo com o SNIS (2003), as receitas foram orçadas em R$ 1.682.492,00 para o

setor de limpeza pública. Não há registro quanto ao valor arrecadado. Segundo o agente

executor, as despesas com limpeza urbana deparam com as cifras de R$ 1.556.662,00.

Descrita ainda uma despesa corrente do município de R$ 27.406.488,00. Esse montante

equivale a 6% da arrecadação municipal destinada à SMOSU. A Prefeitura não declara o

valor quanto ao recebimento de recursos federais para manejo adequado dos RSU. O setor

de limpeza urbana é constituído de um de corpo de funcionários estatutários num total de

12, e privado, estando distribuídos da seguinte forma: 30 para coleta de RSU, 57 para

varrição e 8 com função gerencial, perfazendo um total de 95 trabalhadores, permanecendo

estes no quadro fixo, não sendo considerados, aqui, trabalhadores de frente temporária,

como capina, pintura de meio fio, podas.

Quanto às despesas, segundo o tipo de serviço prestado, a coleta de RSU domiciliares

e públicos soma o equivalente a R$ 524.076,00. Não foi computado o valor de coleta de

RSSS. Quanto à varrição e logradouros são gastos R$ 1.001.347,00 e demais serviços,

inclusive com administração que soma R$ 31.239,00 (SNIS, 2003).

Quanto ao orçamento municipal, esse é definido de forma participativa,

contemplando satisfatoriamente a execução dos serviços de limpeza urbana, de forma a

universalizar o atendimento que seja socialmente justo e ambientalmente sustentável,

reduzindo os riscos de ocorrerem doenças associadas aos RSU, principalmente da

população exposta a estes.

De acordo com os dados expedidos pela Prefeitura para elaboração do Diagnóstico

do Manejo de RSU, elaborado pelo SNIS (2003), a população atendida pelos serviços de

coleta de RSU alcançou, em 2004, a 96.500 habitantes na zona urbana, representando 96 %

da população atendida. Desse total, 10% da população é servida todos os dias pelos

serviços de coleta, 83% duas ou três vezes por semana, 3% uma vez por semana e 4% não

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possuem coleta sistemática. Em Coronel Fabriciano não há coleta noturna de resíduos.

Esses serviços são executados durante o dia, com término previsto para as 15horas.

O serviço de limpeza urbana executa de forma esporádica, não sistematizada, a

limpeza de bueiros, poda de árvores, remoção de animais mortos e entulhos. A Prefeitura

não realiza atividades como limpeza de lotes vagos, coleta de pneus velhos, baterias e

resíduos volumosos. Assim, frequentemente são encontrados esses resíduos dispostos em

vias públicas, ocasionando, no período chuvoso, enchentes devido o entupimento de

bueiros, acidentes ocasionados por quedas de árvores, elevando assim os indicadores de

saúde como, mortalidade por acidente e patologias transmitidas por vetores como ratos,

carrapatos e outros.

De acordo com o SNIS (2003), em Coronel Fabriciano, a proporção entre a

população residente e o número de servidores públicos ou de prestadores de serviços para a

coleta e destinação final, equivale a 1,1% de coletadores e a 0,3% motoristas para cada

1.000 habitantes e as despesas per capita correspondem a R$ 15,68 ao ano, com uma folha

de vencimentos equivalentes a R$ 14.584.250,00 ao ano, comprometendo 5,7% das

despesas municipais.

A incidência de despesas com empresas contratadas é de 94,3% do valor descrito,

sendo 83,3% de incidência sobre o manejo dos RSU e 11% com despesas em folha de

pagamentos e despesas administrativas como, telefone, água e luz de escritório no qual se

encontra instalado o serviço de limpeza urbana.

4.1.6 Avaliação gravimétrica dos RSU

Foi realizada a avaliação da composição gravimétrica dos RSU determinada

mediante análise de amostra de RSU coletados pelos caminhões coletores e transportada,

para área anexa ao vazadouro onde o trabalho desenvolveu-se no período em que

antecedeu ao seu fechamento. Como também, a segregação aleatória de dois terços do

conteúdo transportado e realizado sua avaliação.

A distribuição percentual da composição gravimétrica das frações que compõe os

RSU de Coronel Fabriciano está apresentada na TABELA 7.

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TABELA 7: Distribuição percentual das frações que compõe os RSU de Coronel Fabriciano

Fração componente RSU % %

Papel 5,59

Papelão 4,49

Plástico rígido 2,78

Plástico filme 3,33

Metais ferrosos 3,61

Vidros 1,19

Metais não ferrosos 0,82

Materiais potencialmente

recicláveis 21,81%

Couro 0,06

Louças 0,43

Madeira 0,46

Terras e similares 5,23

Trapos 1,50

Poda e varrição 2,62

Resíduos sépticos 1,50

Rejeitos 11,74%

Matéria orgânica 67,45 Materiais compostáveis 67,45%

Total 100% 100%

Fonte: Pesquisa de campo, outubro 2005.

Aproximadamente, 22% dos RSU possuem potencial de reciclagem, sendo 67,45 %

para compostagem e 11,74% representam a fração de rejeitos e que devem ter como

destino o aterramento.

Os resíduos sépticos (considerados como resíduos especiais) são originados nos

serviços de saúde e correspondem a 1,5%, equivalente a média de 150 kg dia-1, quantidade

considerada inferior a média preconizada pelo Ministério da Saúde para cidades desse

porte.

O levantamento quantitativo dos RSU, coletados em Coronel Fabriciano, no ano de

2005, está apresentado na TABELA 8 e foi obtido mediante pesagens realizadas em

balança rodoviária fornecido pela empresa contratada para a destinação final dos RSU e

processada a mensuração por um período de doze meses por compreender o período da

pesquisa.

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TABELA 8: Levantamento quantitativo dos RSU coletados em Coronel Fabriciano

Mês Quantidade de RSU coletados (t mês-1)

Janeiro 1.563,39

Fevereiro 1.333,94

Março 1.097,07

Abril 1.151,65

Maio 1.140,56

Junho 1.155,48

Julho 1.163,09

Agosto 1.243,84

Setembro 1.203,58

Outubro 1.259,95

Novembro 1.319,48

dezembro 1.521,48

Σ Total anual 15.153,51

Média mensal 1.262,79

Média diária 42,09

Fonte: Construtora Queiroz Galvão Ltda., 2005 e 2006.

Com base nos dados apresentados na TABELA 8 observa-se que a quantidade média

de RSU corresponde a 42,09 t dia-1. Estima-se que a quantidade recolhida represente

aproximadamente 75% dos resíduos gerados, considerando que a população urbana

residente e a população flutuante que diariamente visitam a cidade são em torno de

100.000 habitantes e o per capita estimado é de 0,6 kg dia-1 hab-1 de RSU.

Com base nessa análise, a diferença entre os RSU gerados e os coletados representa o

percentual de resíduos que não foram recolhidos pelo Serviço Público de Limpeza Urbana.

O percentual que deixou de ser coletado, quer seja pela não disponibilização do serviço por

parte da Prefeitura, quer seja pela indiferença e/ou insensibilidade por parte da

comunidade, são descartados em diferentes locais, tais como em lotes vagos, nas ruas, em

cursos d’água, margens de rodovias, queimados, enterrados no quintal da própria casa do

gerador etc.

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Esse descarte clandestino gera um grande impacto ambiental no solo, na água e no ar,

tendo como desdobramento redução dos indicadores de qualidade de vida, afetando a

saúde do homem e de outros seres vivos.

4.1.7 Delimitação da área urbana

A realização de um mapeamento municipal quanto às áreas a serem coletadas se fez

necessário em decorrência da otimização dos recursos econômicos disponíveis e

operacionalização de mão de obra.

Os arquivos do setor de SMOSU constavam documentação com data de 1995,

estando-os defasados quanto à delimitação e demarcação municipal de coletas de RSU.

Ao ser realizado o trabalho de campo com o acompanhamento no caminhão

coletador, executada a avaliação do mapeamento municipal quanto às vias de acesso,

itinerários traçados para coleta dos RSU, demonstraram uma deficiência no planejamento o

que ocasionava o descarte inadequado dos RSU, tal como desrespeito ao dia, hora e local.

A FIGURA 19 está apresentando o mapa de freqüência de coleta dos RSU.

Freqüência de Coleta

-- Diária ira

adoFonte: PMCF, 2006. -- 2ª, 3 ª e 4 ª, fe

-- 3 ª, 5 ª e sáb

Freqüência de Coleta Diária

2ª, 3 ª e 4 ª, feira

3 ª, 5 ª e sábado

FIGURA 19: Mapa da área urbana de Coronel Fabriciano com as freqüências de coleta dos RSU.

Fonte: PMCF, 2006.

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A área urbana destacada nas cores amarela e verde são atendidas pelo serviço público

de coleta dos RSU apenas 3 vezes por semana, em dias alternados. A área destacada em

vermelho é atendida, diariamente, pelo serviço público de coleta dos RSU.

Realizada observação atenta quanto ao tráfego, atividades predominantes da área,

produção e apresentação dos RSU, adequando o serviço à peculiaridades do município, a

distribuição dos serviços de coleta foi dividida em sete regionais, em decorrência de fatores

administrativos e operacionais.

Para esse mapeamento se fez necessário um pré-dimensionamento em função da

produção diária de resíduo estimada, capacidade dos veículos a serem utilizados e o tempo

de percurso durante a operação de coleta e disposição final.

Visando um aprimoramento dos dados cadastrais e uma pré-operação dos trajetos foi

feito levantamento de dados em campo e registros cartográficos do município, levando-se

em consideração a existência de dados irregulares e equivocados quanto a distância, o

tempo gasto na coleta, análise do relevo local, sistema viário existente quanto larguras das

avenidas, tráfego e mão única.

Consideraram-se, ainda, as condições de pavimentação das vias, local designado para

guarda de veículos após o término dos serviços, diferentes zonas de ocupação, tais como

residências e comércio. Foram realizadas análise e proposta de rotas de coleta, tal como

redefinido o trajeto de coleta dos RSU, em cada uma regional, em parceria com a empresa

contratada para este fim, assegurando uma melhoria na eficiência dos serviços prestados.

A FIGURA 20 e FIGURA 21 representam a rota a ser realizada após este estudo.

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Trajeto de Coleta Domiciliar e Comercial Setor: Centro

FIGURA 20: Trajeto de coleta domiciliar e comercial setor Centro. Fonte: PMCF,2006.

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Trajeto de Coleta Domiciliar e ComercialSetor: Amaro Lanari

Fonte: PMCF, 2006.

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Trajeto de Coleta Domiciliar e Comercial Setor: Amaro Lanari

FIGURA 21: Trajeto de coleta domiciliar e comercial setor Amaro Lanari.

Fonte: PMCF, 2006.

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Verificou-se, também, que o sistema encontra-se deficitário porque algumas áreas

apresentadas nos registros cartográficos como sendo realizada a coleta de RSU não atende

conforme descrição, tendo como principal justificativa o difícil acesso, gerando assim uma

disposição inadequada de resíduos nas vias públicas.

Observou-se que o sistema de coleta do Município encontra-se carente de

reestruturação e apresenta urgência de um redimensionamento, buscando entre as

necessidades apresentadas, uma cobertura mais efetiva.

Cabe salientar que para um bom andamento dos serviços de limpeza pública, a

estrutura organizacional do órgão responsável por esses serviços deverá ser replanejado,

porque em decorrência de limitações de ordem econômica e técnica ocorrem deficiências

operacionais que podem causar danos ambientais. Notou-se, também, que não tem sido

contemplada, de forma satisfatória, a gestão diferenciada de cada tipo de resíduo gerado,

razão pela quais os impactos ambientais negativos têm sido potencializados, quando

deveriam ser minimizados, mediante a adoção de medidas mitigadoras que contemple a

segregação na fonte e tratamento diferenciado. Nesse contexto, foram avaliadas questões

mais perceptíveis na relação RSU e impactos ambientais, buscando relacionar causa e

efeito, mediante a identificação de impactos ambientais, conforme apresentados na

TABELA 9 - Matriz comparativa dos RSU, fatores e os impactos ambientais.

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Resíduo Etapas Fatores Impactos Acondicionamento Depositados nas vias públicas, misturados,

presença de animais e catadores, entupimento de bueiros.

Proliferação de vetores e epidemias

Coleta e transporte Indiferenciado Acidente e patologias de trabalho dos coletadores, perda materiais potencialmente recicláveis. Domiciliares

Destinação final Baixa compactação, presença de chorume e gases.

Contaminação do lençol freático, desvalorização imobiliária do entorno, poluição visual, degradação da área urbana.

Interno Segregação e acondicionamento inadequado.

Proliferação de vetores, infecção hospitalar, contaminação do ambiente.

Coleta interna Indiferenciada, carros coletadores inadequados. Contaminação no manuseio.

Coleta externa Veiculo adaptado, coletadores em contato com os resíduos.

Contaminação no manuseio, patologia do trabalho, disseminação de material biológico.

Serviços de saúde

Destinação final Vazadouro a céu aberto seguido de queima, presença de chorume e gases.

Contaminação do lençol freático, ar, coletadores, mudança microbiológica do solo.

Acondicionamento Vias públicas, caçambas sem monitoramento pelo órgão municipal, perdas no deslocamento.

Facilitador para inundações, proliferação de vetores, poluição visual

Coleta e transporte Indiferenciado, caminhão carroceria aberto.

Não utilização racional nas obras ocasionando novas retiradas de materiais dos recursos naturais.

Construção Civil

Destinação final Vazadouro a céu aberto. Aceleração do esgotamento da área, degradação ambiental, instabilidade do maciço.

TABELA 9: Matriz comparativa quanto aos RSU e os impactos ambientais ocasionados

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Resíduo Etapas Fatores Impactos

Acondicionamento Vias públicas até coleta, alagamento. Proliferação de vetores.

Coleta e transporte Indiferenciada Aceleração do esgotamento da área, degradação ambiental, instabilidade do maciço.

Limpeza urbana, podas e feiras livres. Destinação final Vazadouro a céu aberto

Material em decomposição, odor fétido, contaminação dos elementos naturais, proliferação de vetores.

Industrial Especial Sucatas e inservíveis Meio Rural

Inexistência de serviço. Vias públicas e Rio Piracicaba. Contaminação dos elementos naturais sem monitoramento ocasionando modificação do ecossistema.

Perda material, poluição visual e contaminação do ambiente por metais, perdas da fauna e flora.

80

“TABELA 9, Cont.”

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4.1.8 Gestão municipal

A coleta de resíduos sólidos domiciliares é realizada pela Construtora Ápia Ltda.,

vencedora do Edital de Concorrência Pública nº 01/98, com vigência nesta atual

administração.

Essa atividade é entendida pelas contratantes como o conjunto que envolve o

recolhimento, transporte e pesagem dos RSU, exclusivamente domiciliar, incluindo aqui os

referentes ao comércio local. É executada nas vias e logradouros públicos, com freqüência

diária distribuída dentro de uma escala de dias e horários a serem cumpridos, exceto

domingos e feriados, utilizando equipamentos coletores compactadores.

São utilizados, para esse fim, os seguintes recursos pela empresa terceirizada: 5

caminhões compactadores de resíduos - modelo M. Benz 1718 K, ano 1998; 2 dispositivos

de basculamento de contêineres. A Construtora Ápia Ltda. dispõe para realizar esse serviço

de: 5 motoristas, 20 coletores, dois engenheiros com formação ambiental, estrutura

administrativa e uma secretária. A empresa ocupa um loteamento, de aproximadamente

600m², para guarda e manutenção dos caminhões coletadores.

Devido o contrato de prestação de serviço ser parcial, o Município, no papel

representado pela SMOSU, mantém um grupo de trabalho para realização das demais

coletas de resíduos, assim constituídos: 3 caminhões basculantes; 1 caminhão

poliguindaste; 3 caçambas; 2 caminhões basculantes; 3 carrinhos de mão para coleta

especial, com capacidade de 170 L; 1 Pick-up; 2 veículos leves.

A estrutura usada para abrigar os veículos coletores e demais equipamentos do Setor

de Limpeza Urbana localiza-se na área central da cidade, tendo sido feita uma adaptação

para os fins a que se destina. Essa estrutura é antiga e inadequada, tanto sob o ponto de

vista operacional, quanto o de saúde pública. Além do odor expelido pelos dos caminhões

coletores, ocorre a atração de muitos vetores, a exemplo de moscas, causando transtornos

em toda a vizinhança, visto que parte desses vetores são atraídos e/ou mesmo transportados

pelos próprios veículos da área do aterro para o perímetro urbano.

Os trabalhadores do Serviço de Limpeza Urbana não dispõem de um ponto de apoio.

No horário do almoço, por exemplo, estacionam o veículo nas vias públicas para fazerem

suas refeições e muitos deles o fazem dentro do próprio veículo.

Consideram-se as atividades administrativas, que são desempenhadas no centro da

cidade, local também destinado à manutenção dos veículos coletores de RSU. Entretanto, a

responsabilidade maior com o ambiente se dá ao longo da via pública, durante os roteiros

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de coleta no local de disposição dos resíduos, incluindo aqui aquelas terceirizadas, haja

vista que a responsabilidade pela gestão dos RSU é de gestor público.

Nesse sentido, relacionou-se o tipo de resíduo, o acondicionamento em vias públicas,

coleta, transporte, destinação final, aspecto e observação sobre a forma como é encontrado

em todo o processo, conseqüência no meio em função das suas características e do local

em que está disponível.

Faz-se necessário priorizar a diminuição dos impactos ambientais causados pela

gestão e destinação inadequada dos resíduos, pela não percepção da importância que cada

um dos materiais possui, fazendo com que grandes áreas sejam destinadas para o depósito

final dos materiais, resultando que, a um só tempo, que se destinem gastos significativos

em relação ao uso inadequado do solo.

Algumas sugestões de ações, serão relacionados de forma integrada, a fim de permitir

a valorização dos recursos naturais, a sua utilização na satisfação de necessidades humanas

e proporcionar a economia de áreas para a disposição de materiais, além de dispor a

comunidade de serviços públicos ligados à questão dos resíduos sólidos, de modo racional,

protegendo o meio ambiente como um todo.

Dessa maneira, é visto a deficiência na gestão dos RSU, como principal impacto

ambiental a destinação inadequada dos resíduos sólidos gerados, em função das

conseqüências que acarretam tais como vetores e poluição visual. Para este estudo,

consideramos o vazadouro a céu aberto como o impacto ambiental prioritário, com toda a

significação ambiental que está associada.

A diminuição do volume de material, além do encaminhamento à produção,

proporcionaria menor possibilidade de contaminação, permitindo a criação de atividades

associadas, agregadoras de valor aos resíduos, a geração de empregos, a preservação de

recursos naturais, maior facilidade de monitoramento e gerenciamento do serviço.

Os custos ambientais associados à utilização de áreas para aterros sanitários,

manutenção, administração e sua operação ficariam, proporcionalmente, diminuídos, assim

como o aumento da capacidade de armazenamento, por tempo de utilização. Em relação

aos resíduos de serviços de saúde, a separação adequada dos diversos tipos de resíduos de

acordo com as Normas da ABNT, NBR 12807, NBR 12808, NBR 12809 e NBR 12810,

consentiria aos estabelecimentos prestadores de serviços de saúde entrarem no roteiro de

coleta seletiva urbano, a caracterização efetiva dos resíduos considerados contaminados,

para a efetiva otimização do processo.

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Essa separação possibilitaria o encaminhamento dos resíduos de sobras de preparo de

alimentos a pátios de compostagem e os remédios vencidos seriam remetidos de volta aos

fabricantes, na conformidade legal.

Os resíduos oriundos de podas e feiras devem ser coletados diferenciadamente. E em

função de sua composição terem destinos mais adequados, sendo direcionados para o

mesmo espaço físico da disposição final dos resíduos do município, por isso sofreriam um

trabalho agregado de valor, transformando os troncos em lenha, assim como os galhos

menores e as folhas iriam para o pátio de compostagem.

Quanto aos resíduos de processos industriais, a eficácia pode ser dada através do

oferecimento de serviços de coleta e destinação final dos resíduos, visto que os geradores

desses produtos serem responsáveis por toda a cadeia, desde a geração até o descarte, o que

faz com que as Prefeituras não interfiram. Os órgãos ambientais estaduais e federais

precisam se adequar em sua estruturação contribuindo, assim, para uma fiscalização

eficiente não acarretando impactos ambientais, que certamente ocorrerão sem a percepção

da comunidade, o que provocaria a impossibilidade de providências mitigadoras.

A minimização dos impactos ambientais gerados pelos entulhos dar-se através do

serviço de coleta e destinação convenientes desses materiais, oferecido pelo poder público

ou delegado a empresas prestadoras de serviços de limpeza urbana. Como proposta, seria

desenvolvido um sistema de cadastro de pessoas que solicitassem um aterro, junto à

Secretaria Municipal de Obras e Limpeza Urbana, para que o material seja destinado após

a sua retirada do local de geração, através de contêineres específicos para esse fim. Não

havendo necessidade de estações de transbordo, denominado como bota-fora, nem o

encaminhamento inadequado ao destino final do município. A melhoria poderia ser sentida

na diminuição das possibilidades de alagamentos em vias públicas, em função da

permanência dos materiais por longos períodos de tempo, e sem muito cuidado junto aos

meio-fios e bueiros.

Procedimentos conforme descritos reduziriam os descartes inconvenientes

relacionados à gestão dos RSU, tal como os impactos ambientais.

A caracterização dos RSU associados aos investimentos e valores agregados, do

Município de Coronel Fabriciano ainda não está bem definida, apesar dos RSU

apresentarem elevados percentuais de reintegração ambiental, que em termos de

quantificação em peso equivalente, a composição apresentou 21,81% de materiais

potencialmente recicláveis e 67,45 % de potencial para compostagem. Assim, pode-se

projetar uma agregação de valor significativa, que hoje é considerado não só zero valor,

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mas valor negativo, porquanto significa o uso de energia, insumos diversos, trabalho,

desperdício de materiais e espaço físico com utilização depreciada. A utilização de um

aterro sanitário em que fossem lançados somente aqueles rejeitos, realmente sem

capacidade atual de uso, resultaria em otimização dos serviços e materiais.

Deve-se considerar as necessidades relativas aos tipos de transporte indispensáveis

para a coleta dos materiais de uma forma diferenciada, como também, a estrutura

administrativa, aquisição de área para a instalação do aterro sanitário, a estimativa de

custeio relativo à operação, administração e manutenção do empreendimento;

equipamentos para os serviços de compactação e pesagem; tratamento de materiais

perigosos, tratamento de chorume, e outros associados a essas funções fundamentais.

Importante notificar que coletas realizadas, como projetadas anteriormente, o volume

a ser destinado, finalmente, será reduzido a somente aquele percentual mínimo ainda

indesejável, o que permite inferir sobre a economia com o espaço físico.

Associe-se a isso a característica de adequação dos recursos, porquanto, ao mesmo

tempo em que se utiliza o aterro sanitário para a proteção real contra a poluição por

resíduos, o custo de implantação fica reduzido, em função da diminuição do volume,

promovendo uma minimização proporcional nos aspectos relativos a tratamento,

equipamentos, mão-de-obra, custo de desapropriação e infra-estrutura.

Serão sintetizadas as providências exigidas para tornar efetiva a melhoria nos

impactos ambientais:

Utilização de um aterro sanitário tecnicamente definido. Para esse procedimento,

existe a necessidade de destinação de recursos orçamentários e a busca de financiamento

para conclusão do projeto.

Implantação e concomitante atenção para os respectivos reaproveitamentos dos

materiais de coleta seletiva dos resíduos recicláveis, coleta especial para RSSS, coletas

diferenciadas para resíduos compostáveis de feiras, coleta de entulhos e coleta de sucatas.

Para a implantação desse serviço é necessário que se estabeleça política municipal,

acompanhada por trabalho de educação ambiental com os atores sociais, por tipo de coleta,

campanha educativa para a população, busca de financiamento para compra de veículos,

treinamento de mão-de-obra, administração e manejo na coleta quanto à definição dos dias

e dos trajetos a serem percorridos, considerando aqui o distanciamento do centro

municipal, o que acarreta diretamente aumento dos custos a longo prazo.

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4.1.9 Proposta do Plano de Gerenciamento Integrado dos RSU em Coronel

Fabriciano

O referido serviço não apresenta os quesitos considerados importantes dentro da

literatura consultada como a inexistência de oferta de serviços de forma representativa de:

coleta seletiva, compostagem e reciclagem dos resíduos ali destinados. Porém, contempla

quanto à cobertura dos RSU ali depositados de forma regular.

O assunto é apresentado também por Jardim (1995), e detalhado na norma NBR 8419

(ABNT, 1992), em função de sua implantação por legislação. Ainda pode ser encontrada

citação sobre resíduos sólidos da OMS (Organização Mundial da Saúde, 1980) a respeito

da definição de aterro sanitário como sendo um método de engenharia para disposição de

resíduos sólidos sobre o solo de uma maneira que proteja o ambiente, através do

espalhamento dos resíduos em camadas finas, compactando-os ao menor volume prático

possível e cobrindo-os com terra ao fim de cada dia de trabalho.

Segundo Eigenheer (1999), essa forma de entender a função dos aterros sanitários

como sendo depósito de todo e qualquer tipo de resíduo sólido está previsto para ser

revista, uma vez que eles não são somente uma obra de engenharia, mas devem apresentar

uma função social preponderante, se forem operados dentro de algumas especificações

mais restritivas, proporcionando aproveitamentos de recursos ao invés de destiná-los ao

solo.

Os aterros sanitários estão associados aos altos custos de todas as suas etapas, desde o

projeto até a operação. Devem ser fechados ao atingirem sua vida útil e manter um custo

não retornável com o processo de monitoramento dos mesmos, quanto a gases liberados,

compactação do solo entre outros (Eigenheer, 1999).

Para ser avaliado o custo real à manutenção de um sistema de administração de RSU

deve ser estabelecido uma sistemática que discrimina os resíduos em relação à natureza de

sua composição, suas possibilidades de reaproveitamento e as formas de gerenciar, sob

uma ótica sistêmica.

A disposição final dos resíduos sólidos deverá passar por critérios econômicos, por

uma triagem qualitativa que encaminhe ao destino final somente aquilo que ainda não se

tenha encontrado soluções tecnológicas e, sociais, mais apropriadas.

Dentro dessa perspectiva, investiga-se a respeito dos RSU, suas possibilidades

sociais, seus custos crescentes, as viabilidades de utilização de novas idéias para velhos

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problemas, um viés alternativo de entendimento que possa sensibilizar o poder público e as

comunidades a respeito do tema.

A sistemática adotada é o que se denomina como Plano de Gerenciamento Integrado

de Resíduos Sólidos (PGIRSU), se referindo ao reconhecimento de possibilidades de

práticas a associar aos materiais destinados aos vazadouros ou aterros sanitários.

Mediante o exposto, será apresentado a seguir como proposta ao Aterro Sanitário

Municipal, conforme previsto construção, uma vez que o Município, em estudo possui

limitações de ação dentro da empresa contratada tal como falta de opção de descarte de

seus RSU gerados em outro aterro sendo esta a única prestadora desse serviço na Região

do Vale do Aço.

O PGIRSU é caracteriza pela preocupação quanto à vida útil de um aterro sanitário,

devido estar associado ao volume disposto após a compactação, levando em consideração a

altura máxima das células de resíduos e do peso específico que for conseguido pelo nível

de compactação, além da área disponível para a disposição final como um indicador

referencial ser o peso por unidade de área (t m2).

A partir dessa consideração, verifica-se que as densidades dos materiais que são

conduzidos ao aterro sanitário passam a contribuir, com intensidade diferente, na direção

da saturação do local. A avaliação da relação custo/benefício do uso no sistema de

gerenciamento dos resíduos, deve levar em conta essas diferenças, devendo ser avaliados

para o gerenciamento integrado dos RSU, sob o ponto de vista econômico.

Todos os resíduos são encaminhados para o aterro sanitário, indiscriminadamente,

sem cuidados de separação e de reaproveitamento dos materiais, uma vez que a evolução

do crescimento populacional e a taxa de produção de resíduos por habitante não sejam

caracterizados como importantes em função da área e vida útil do aterro.

Sendo assim, não ocorre reaproveitamento significativo de materiais, elevando a

incidência de custo do aterro sanitário devido à disposição do material no solo, na

consideração de descarte dos resíduos, sem preocupação ambiental significativa,

considerando apenas o confinamento em local preparado para esse fim, objetivando deter

os impactos ambientais decorrente da exposição dos RSU como em vazadouros.

Na situação encontrada o custo para o uso desse aterro sanitário, ficaria calculado

através da apropriação dos valores pagos pela operacionalização. Cabe salientar que foi

apropriado custo de utilização do aterro sanitário, através da relação R$ t -1, sob a ótica da

tipologia dos resíduos e sua capacidade de ser compactado (Construtora Queiroz Galvão

Ltda., 2005).

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Considerando que a vida útil de um aterro sanitário, pela sua própria essência de

depósito volumétrico, depende fundamentalmente das características do material que ali

será depositado se faz necessário um planejamento individualizado quanto às Classes de

RSU assim propostas:

Resíduos domiciliares urbanos: a implantação de coleta seletiva melhoraria as

condições de aproveitamento de materiais recicláveis, possibilitando uma coleta

diferenciada apropriada de restos orgânicos, que seriam encaminhados a pátios de

compostagem para transformação em adubo orgânico, diminuindo, consideravelmente, o

volume de resíduos a terem destinação final permanente. A diminuição do volume de

material, o encaminhamento à produção proporcionaria menor possibilidade de

contaminação, permitiria a criação de atividades associadas, agregadoras de valor aos

resíduos, geração de empregos, preservação de recursos naturais, maior facilidade de

monitoramento e gerenciamento do serviço. Os custos ambientais associados à utilização e

operação de áreas seriam diminuídos, assim como o aumento da capacidade de

armazenamento por tempo de utilização.

Resíduos dos serviços de saúde: para a efetivação do PGIRSU deve ser preconizada a

participação dos serviços geradores desses resíduos a partir da orientação e capacitação das

instituições prestadoras de serviços de saúde.

Deverá contemplar o mapeamento, a estimativa de produção, a forma de coletar, o

tratamento adequado, a disposição final, respondendo pela formulação técnica do processo.

A viabilização política deverá ocorrer pela gestão através de legislação específica,

assim como a participação junto ao órgão ambiental do Estado (FEAM), no sentido de

prover o processo de licenciamento ambiental em todas as suas etapas.

Intensificar a ação fiscalizadora dos serviços de saúde e prestadores de serviços

autônomos como consultórios médicos, odontológicos, fisioterapias, estéticas, entre outros,

quanto à implantação dos programas de gerenciamento dos resíduos sólidos dos serviços

de saúde conforme estabelecido pelo Projeto Reforço à Reorganização do Sistema Único

de Saúde (REFORSUS, 2001).

Resíduos sólidos industriais: devido à diversificação desse resíduo e a potencialidade

dos impactos ambientais negativos gerados, quando isolados ou associados ao meio

ambiente, se faz necessário realizar o mapeamento das indústrias existentes no Município e

sua caracterização, no sentido de construir objetivo e atividades politicamente adequados

para o encaminhamento e destino final.

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Resíduos da Construção Civil: a SMOSU deve convocar os empresários da

construção civil e entidades representativas, como o Conselho Regional de Engenharia

(CREA), além de empresas prestadoras de serviços na coleta e descarte desse resíduo para

que possam discutir alternativas e elaborar um plano de gestão junto às obras, objetivando

promover a atividade necessária ao gerenciamento dos resíduos. A capacitação deve estar

incluída e dar-se de forma internamente às obras, fornecendo suporte aos construtores para

que sejam orientados a prover um sistema de segregação de resíduos na fonte, durante as

operações pertinentes a reforma, construção ou demolição, acelerando o processo de

recolhimento e destinação através de caçambas adequadas.

Alternativas possíveis poderão ser previstas internamente nas obras, em que as

atividades de reciclagem local dos materiais, como por exemplo, utilizar entulhos de

demolições para aterramento e nivelamento do solo no mesmo campo de obra, ou

disposição dos materiais em depósitos intermediários na espera da coleta externa. Essa

prática objetiva a disciplina dos geradores inibindo a colocação em qualquer lugar, ao

mesmo tempo em que permite de forma adequada que as equipes da Prefeitura realizem a

coleta em lugares específicos e fiscalizados pelo órgão público. Essa medida substituirá a

colocação de placas em áreas urbanas vagas, coibindo essa conduta, e promoverá a

viabilidade de coleta seletiva nas estações, de resíduos diferenciados, ao mesmo tempo em

que é realizado o saneamento adequado dessas áreas.

Essa etapa do PGIRSU visa contemplar a criação de cursos de capacitação e

aperfeiçoamento em todos os níveis, desde para os profissionais como engenheiros,

arquitetos e administradores, mestres de obra, pedreiros, pintores, ajudantes e todos os que

de alguma forma estejam envolvidos com o canteiro de obras, sendo importante a

integração dos profissionais.

A melhoria dos impactos provocados por esse resíduo pode dar-se através do serviço

de coleta e destinação convenientes desses materiais, havendo um sistema de cadastro de

pessoas necessitando aterro, na SMOSU e Ação Social, para o qual o material seria

encaminhado após a sua retirada do local de geração, através de contêineres específicos

para esse fim. Diminuindo, assim, a necessidade de estações de transbordo e o

encaminhamento inadequado ao aterro sanitário do município. A melhoria poderia ser

sentida, além disso, na diminuição das possibilidades de alagamentos nas vias públicas, em

função da permanência dos materiais ao longo das vias públicas.

Podas e Resíduos de Feiras Livres: constará da definição quanto à geração desse

resíduo considerando aqui o proveniente de podas de árvores claro em logradouros, praças

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e jardins. Deverão ser determinados valores para limpeza de áreas particulares objetivando

o controle de vetores nocivos à saúde pública tal como o descarte clandestino pelos

proprietários. Necessitará de uma rota pré-definida através de rodízio setorial o qual levará

a um atendimento racional e ordenado de toda a comunidade contemplando, assim, uma

frota de caminhões e equipe de trabalho dimensionado adequadamente. Incorporará ainda

valores agregados aos troncos servindo como lenha para uso definido pelo município.

Relacionados às feiras livres se faz necessária capacitação dos feirantes quanto à

possibilidade de modificação das embalagens utilizadas para armazenamento e depósito de

seus produtos por material durável, objetivando a minimização desse resíduo. Deverão ser

elaboradas formas de encaminhamento de sobras de alimentos possíveis de aproveitamento

para produção de alimentos para animais, tal como estabelecimento de valores quanto ao

volume de resíduos deixados pelos feirantes ao término das atividades, evitando assim o

desperdício existente. Os valores recolhidos com a utilização adequada desses produtos

poderão ser encaminhados para instituições de assistência social mantida pelo Município

como asilamentos e creches.

Resíduos de sucatas: se faz necessário a tomada de iniciativa da administração

pública municipal tornar claro quais os materiais considerados sucatas, ou inservível, para

uma parcela da população, enquanto ainda de utilidade para outras pessoas. Conforme

apresentado pela organização, Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE,

2001), será considerado aqui como sucatas, alumínio, vidro, papel, plástico, aço, tal como

materiais associados com esta s matérias primas como os recipientes de Tetra Pak.

Após a definição desse resíduo, o plano constará das seguintes etapas: realizar o

levantamento dos pontos tradicionais de descarte dos resíduos inservíveis, no sentido de

promover uma ação de recuperação das áreas atingidas pelo descarte irregular;

Formular propostas educativas e informativas sobre uma melhor forma de dispor esse

tipo de resíduo, após identificação dos locais caracterizados como pontos de descarte

temporário;

Propor campanhas informativas e formativas municipais divulgando sobre os

procedimentos adequados quanto aos tipos de resíduos passíveis de reutilização;

Promover campanhas de esclarecimento à população através de associações de

moradores, escolas próximas aos locais de descarte, com a finalidade de proporcionar a

conscientização sobre o problema e as alternativas de viabilização de solução;

Criar um sistema de comunicação entre a população e a SMOSU que vise ao

conhecimento da necessidade de coleta.

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Estabelecer junto à Secretaria de Assistência Social e a SMOSU cadastros de

indivíduos interessados em adquirir esses resíduos, por chamada ou por de um programa

institucional ou através de convênio com entidades filantrópicas. Permitiriam, assim,

serviços de coleta e entrega em local próprio para distribuição.

Resíduos no Meio Rural: deverá contemplar três etapas: mapear os pontos de

comercialização de agrotóxicos objetivando a estimativa da quantidade de agrotóxicos

empregados no Município, caracterizando os tipos, princípios ativos e usos em relação as

suas finalidades.

Localizar os pontos de utilização dos agrotóxicos no Município, e levantar a prática

dos usuários de agrotóxicos em relação aos procedimentos de descarte dos resíduos, com

amostragens locais, identificando os riscos em função das formas atuais de disposição.

Desenvolver trabalho educativo junto à comunidade geradora desses resíduos, através

de atividades extensionistas, em que se vejam envolvidos os revendedores, consumidores e

órgão de fiscalização da venda desse produto focando o descarte responsável e, assim,

minimizar o impacto ambiental do mesmo.

Formular roteiros de possível coleta especial para os tipos de resíduos detectados e

informar aos usuários sobre que tipo de material pode ter descarte no meio rural.

Sendo assim, esse modelo se propõe estabelecendo uma relação entre o PGIRSU e

melhorias dos impactos ambientais, decorrente de uma gestão mais racional, conforme

TABELA 10.

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TABELA 10: PGIRSU e melhorias dos impactos ambientais

Melhoria Plano de Ação Objetivos Metas PGIRSU Coleta seletiva de recicláveis

Coleta diferenciada de compostáveis Núcleos de separação de recicláveis Pátio de compostagem Educação ambiental Legislação municipal Campanha na mídia local

Otimização do aterro sanitário Reindustrialização dos recicláveis Utilização do composto orgânico na agricultura, praças e jardins Geração de empregos Melhoria da imagem da prefeitura

Comprometimento do Gestor Público e Secretarias municipais Não haver descarte inadequado Implantação do plano no município Prazo p/implantação: 4 anos Obtenção de financiamento e parcerias com órgãos públicos e privados.

Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde

Mapeamento dos geradores de RSSS Coleta especial de resíduos biológicos Educação ambiental Tratamento dos resíduos contaminados Coleta seletiva de recicláveis Coleta diferenciada de compostáveis Legislação municipal Campanha na mídia local

Otimização do aterro sanitário Melhoria dos indicadores de saúde Melhoria das coletas internas quanto as Classes I e Classe II Comprometimento dos atores sociais com o plano Melhoria da imagem dos serviços

Comprometimento das fontes geradoras Obtenção de financiamento e parcerias com órgãos públicos e privados Lançamento e disposição inadequada de resíduos contaminados nas vias públicas Prazo p/implantação: 3 anos para todos os serviços de saúde.

Gerenciamento de resíduos industriais

Estabelecimento de banco de dados de resíduos Identificação da periculosidade dos resíduos e viabilização de coleta especial. Aterro especial para resíduos perigosos

Monitoramento ambiental Otimização do aterro sanitário Melhoria de imagem dos empresários e poder público Possibilidade de reaproveitamento de materiais

Comprometimento do Centro de Indústrias Não haver lançamentos sem controle Prazo p/implantação: 3 anos.

Gerenciamento de resíduos no meio rural

Mapeamento dos pontos de venda de produtos agrícolas para o município Mapeamento dos locais de utilização dos usuários destes produtos Educação ambiental Compilação de normas técnicas Viabilização de coleta de embalagens de produtos agrícolas Legislação municipal

Identificação e quantificação dos tipos de produtos utilizados Conscientização sobre os perigos das embalagens Serviço de depósito e envio das embalagens ao destino adequado

Comprometimento das fontes geradoras Controle de descarte, com lançamento nas propriedades próximo de zero Estabelecimento de serviço em todo o meio rural Prazo p/implantação: 3 anos Obtenção de financiamento e parcerias.

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“TABELA 10, cont.”: PGIRSU e melhorias dos impactos ambientais

Melhoria Plano de Ação Objetivos Metas Gerenciamento de resíduos de podas e feiras

Mapeamento da produção Educação ambiental Coletas específicas desses materiais Encaminhamento a pátio de compostagem Utilização da lenha Encaminhamento de alimentos para produção de ração animal

Otimização do aterro sanitário Agregação de valor aos resíduos Aproveitamento de materiais Solidariedade Integração de secretarias municipais Recursos para instituições municipais como asilos e creches Melhoria de imagem do poder público

Comprometimento da SMOSU e Assistência Social Lançamento com controle ambiental Serviço para todo o município Prazo p/implantação: 2 anos Verba orçamentária.

Gerenciamento de resíduos de obras

Cadastro dos construtores, via representações de classe Cadastro de pessoas interessadas nesse resíduo Educação ambiental Viabilização de coleta de entulhos Convênio com empresas prestadoras de serviços Serviço de entrega dos materiais

Otimização do aterro sanitário Diminuição dos alagamentos na cidade Solidariedade Reaproveitamento de materiais Otimizar o recurso financeiro municipal Melhoria de imagem do poder público

Controle do descarte próximo de zero Comprometimento de Prefeitura e construtores; Implantação em toda a área urbana; Prazo/para implantação: 2 anos; Serviço terceirizado Financiamento pelas empresas.

Gerenciamento de sucatas

Implementação de coleta específica Cadastro de pessoas interessadas neste resíduo Cronogramas de entrega Convênio com entidades filantrópicas

Otimização do aterro sanitário Diminuição da poluição visual Solidariedade Diminuição de alagamentos na cidade Reutilização e reaproveitamento de materiais Melhoria de imagem do poder público

Comprometimento da SMOSU e Assistência Social Convênios com entidades filantrópicas Implantação em todo município Descarte com controle próximo de zero Financiamento via orçamento Prazo p/ implantação: 2 anos.

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Não há registro no Município em estudo, nem avaliações orçamentárias quanto ao

custo do serviço prestado, exceto o valor quantitativo pago às empresas prestadoras de

serviços e pagamento ao servidor público.

Assim, serão descrito os pontos que precisam de um orçamento pré-determinado,

objetivando o conhecimento dos valores necessários a serem investidos para que o

PGIRSU seja eficaz e suas atividades não sejam interrompidas:

Implantação de um aterro sanitário: Custos financeiros estabelecidos por instalações

e manutenção de área para o transbordo, veículos para o transporte de pessoal e resíduo,

combustível, mão-de-obra, material de consumo, depreciação do imobilizado,

terceirizações. Custos de operação e manutenção de um aterro sanitário: veículos para a

distribuição e compactação dos resíduos, impermeabilização de fundo por argila e

geomembrana, material de cobertura diária das células, cobertura final das células por

argila e plantação de gramíneas, drenagem pluvial das células, drenagem de percolados,

drenagem de gases, controle, tratamento e análise de emissões e efluentes líquidos,

combustível, mão-de-obra administrativa, manutenção de prédios, manutenção de

equipamentos e veículos, depreciação do imobilizado, material de consumo, atividades

complementares como paisagismo, outros custos de serviços complementares e

terceirizações.

Implantação de coleta seletiva: Construção de núcleos de separação de RSU limpo,

contendo infra-estrutura para o acondicionamento como prensas e balanças, aquisição de

veículos adequados para a coleta, combustível, mão-de-obra, material de consumo como de

escritório, manutenção de prédios e veículos, depreciação do imobilizado.

Implantação de coleta RSSS: Infra-estrutura para as instalações de tratamento de

RSSS, aquisição de veículos adequados, combustível, mão-de-obra, material de consumo,

manutenção de prédios e veículos, depreciação do imobilizado.

Implantação de coleta de resíduos da construção civil: Preparação de área para

transbordo, aquisição de contêineres para coleta, aquisição de veículos adequados,

combustível, mão-de-obra, material de consumo, manutenção de veículos, depreciação do

imobilizado.

Implantação de coleta de inservíveis e sucatas: Construção de depósito de materiais,

aquisição de veículos adequados, combustível, mão-de-obra, material de consumo,

manutenção de prédios e veículos, depreciação do imobilizado.

Implantação de coleta de resíduos orgânicos: Preparação de pátios de compostagem,

infra-estrutura para a compostagem, aquisição de veículos adequados, aquisição de

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implementos para a compostagem, combustível, mão-de-obra, material de consumo,

manutenção de prédios e veículos, depreciação do imobilizado.

Implantação de coleta de resíduos rurais: Construção de depósitos provisórios até a

coleta final, aquisição de veículos adequados, combustível, mão-de-obra, material de

consumo, manutenção de prédios e veículos, depreciação do imobilizado.

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5 CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Analisando a realidade do Município de Coronel Fabriciano quanto aos serviços de

coleta, transporte e disposição final dos RSU e comparando com informações obtidas e

apresentadas no referencial teórico desta tese, a estrutura do Setor de Limpeza Pública

apresenta um modelo de gestão de RSU descentralizada em sistema de execução indireta.

Da forma como os serviços de limpeza pública vêm sendo geridos atualmente e

apesar dos esforços do poder público para solucionar os problemas causados pelos RSU,

muitos e significativos impactos ambientais são causados ao homem e a natureza.

Constatou-se que o baixo nível de motivação dos servidores do Setor de Limpeza

Pública estão associados aos baixos salários, inexistência de cursos de capacitação,

ingerências políticas, descontinuidade dos projetos e os cargos administrativos são

efetuados por indicação política, aspectos que em muito contribui para ocorrer

descontinuidade administrativa, principalmente pelo fato dos ocupantes não apresentarem

formação/capacitação na área. Para tanto, faz-se necessário que seja realizada capacitação

do funcionalismo público para atuar junto à sociedade como multiplicadores de informação

e assim desenvolver elos de fiscalização entre órgão público e sociedade.

Em todos os compartimentos ambientais (físico, biótico e antrópico) são observados

impactos negativos de diferentes níveis de magnitude, decorrente do modelo de gestão

utilizada aos RSU.

O modelo de planejamento municipal voltado para o gerenciamento integrado de

RSU proposto deve contemplar aspectos sociais, políticos e econômicos de acordo com os

impactos ambientais causados no compartimento físico (solo, água e ar), no compartimento

biótico (flora e fauna) e no compartimento antrópico, em face da disposição inadequada

dos RSU e deve ser priorizado pela gestão pública. Para tanto o Poder Público deve

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estimular a segregação dos RSU na origem, coletas diferenciadas, tratamento e disposição

final que atenda a legislação, utilização de forma racional do espaço de destino final e

proteção ambiental com responsabilidade social como parte da gestão de RSU.

Considerando os antecedentes administrativos do município, a formulação do modelo

para a gestão dos RSU, o Poder Público deve contemplar duas etapas, com o objetivo de

adequar a gestão dos RSU e, assim, minimizar os impactos ambientais ocasionados por ele.

A primeira etapa, consiste na recuperação da área utilizada como vazadouro e a outra etapa

deverá contemplar a reestruturação dos Serviços de Limpeza Urbana, na qual esta inserida

a SMOSU.

Recomenda-se que o poder público integre as Secretarias municipais na Gestão de

RSU, definindo atribuições, estabelecendo metas e cobrando resultados, como forma de

complementar as ações desenvolvidas pela SMOSU. Particularmente, as ações a serem

desenvolvidas pelas Secretarias Municipais de Educação, Saúde e de Bem Estar Social são

de importância imensurável, considerando a capilaridade e o alcance dos serviços.

As avaliações foram efetuadas com ênfase nos aspectos qualitativos dos impactos

ambientais decorrentes da gestão dos RSU, bem como, no delineamento de medidas

ambientais minimizadoras dos impactos negativos e potencializadoras dos impactos

positivos. Dessa forma, com base nesse suporte qualitativo, recomenda-se a realização de

estudos voltados à quantificação de impactos para a realidade específica de cada

interferência, correlacionado quanto à gestão dos RSU.

O processo de avaliação de impactos ambientais, com base no conhecimento quali-

quantitativo cria condições favoráveis para definição das diretrizes e com base nessa,

permite estabelecer o plano de ação no setor de RSU para que sejam adotadas medidas

preventivas ou atenuado os impactos negativos e potencializados os impactos positivos.

Recomenda-se a utilização de outros métodos de avaliação de impactos, atrelado a

gestão dos RSU, elencados no presente trabalho.

Em paralelo à adoção de medidas internas para melhor adequação das atividades a

serem desenvolvidas pela administração pública, aconselha-se que a SMOSU, responsável

pelo Setor de Limpeza Pública, estabeleça com a comunidade um canal aberto e de

contínuo diálogo e relacionamento, a partir do qual possa esclarecer e informar as pessoas

sobre os reais efeitos ambientais decorrentes da má gestão dos resíduos. É sabido que a

proteção ambiental depende, sobretudo, de processos de conscientização e educação da

sociedade, para isso os atores sociais podem e devem estar envolvidos na discussão do

modelo de Gestão de RSU, item de fundamental importância para a minimização dos

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impactos ao meio ambiente, bem como discutir sobre os instrumentos normativos e de

políticas públicas eficazes poderão constituir a alavanca desse processo educativo

ambiental.

Na proporção que os resultados concretos interfiram no meio ambiente de forma

expressa, através de benefícios estéticos imediatos, e de modo direto, por ganhos de saúde

pública, por intermédio da diminuição dos impactos ambientais ocorridos devido a

deficiência existente nesse segmento da administração municipal, só assim, se conseguirá a

adesão de qualquer sociedade.

Apesar das deficiências do sistema, de gestão de RSU no Município, é notório o

empenho do Poder Público em reverter e repensar esta realidade e dentre as medidas

aprovadas, a proposta extensionista de Educação Ambiental relacionada aos RSU a ser

desenvolvida junto ao UNILESTE-MG, é um ganho expressivo para toda a comunidade do

Município e, porque não, do Vale do Aço.

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7 ANEXOS

ANEXO 1: Relação de Normas Brasileiras Regulamentadoras (NBR) relacionadas aos

Resíduos Sólidos

NBR Descrição 8419/84 Apresentação de Projetos para aterros sanitários de resíduos

sólidos urbanos Procedimento.

8849/85 Apresentação de Projetos para aterros controlados de resíduos sólidos urbanos.

9195/85 Sacos plásticos para acondicionamento de lixo. Determinação de resistência à queda livre.

9196/85 Sacos plásticos para acondicionamento de lixo.- Determinação da resistência à pressão de ar.

9197/85 Sacos plásticos para acondicionamento de lixo - Determinação da resistência ao impacto de esfera.

7500/87 Símbolos de risco de manuseio para o transporte e armazenamento de materiais.

8286/87 Emprego da Simbologia para o transporte rodoviário de produtos perigosos.

10004/87 Resíduos sólidos – Classificação.

10005/87 Lixiviação de resíduos - Procedimentos.

10006/87 Solubilização de resíduos – Procedimentos.

10007/87 Amostragem de resíduos - Procedimentos.

9191/93 Sacos plásticos para o acondicionamento de lixo – Especificações -Resíduos de Serviço de Saúde - Classificação.

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ANEXO 2: Relação de Legislação Federal relacionada aos Resíduos Sólidos

Leis Descrição Constituição Federal Artigos 20, 23, 24,30.

São bens da união os que atualmente lhe pertence e os que lhe vierem pertencer.

Constituição Federal Artigos 129, 200.

São funções institucionais do Ministério Público, e do Sistema Único de Saúde colaborar na proteção do Meio Ambiente.

Constituição Federal Artigos 225.

O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Lei n° 5.318 26/09/1967.

Institui a Política Nacional de Saneamento e cria o Conselho Nacional de Saneamento.

Lei n°6.398 31/08/1981.

Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação.

Lei n° 7.347 24/07/1985.

Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, histórico e paisagístico.

Lei n° 8.028 12/04/1990.

Dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios, modifica artigos de Lei n°6.398, 31/08/1981.

Lei n°8.078 11/09/1990.

Dispõe sobre a proteção ao consumidor, modifica a Lei n° 7.347, 24/07/1985, e dá outras providências.

Lei n° 9.605 12/02/1998.

Dispõe sobre Crimes Ambientais.

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ANEXO 3: Relação de Decretos, Resoluções e Portarias, relacionados aos Resíduos Sólidos

Decreto Descrição Decreto n° 50.877

29/06/1961 Dispõe sobe o lançamento de resíduos tóxicos ou oleosos nas águas interiores ou litorâneas do País e dá outras providências.

Decreto n° 76.389 03/10/1975

Dispõe sobre as medidas de prevenção e controle da poluição industrial.

Decreto n° 78.171 02/09/1976

Dispõe sobre o controle e fiscalização sanitária das águas minerais destinadas ao consumo humano.

Decreto n° 79.437 28/03/1977

Promulga a Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil em danos causados por poluição por Óleo – 1969.

Decreto n° 83.540 04/06/1979

Regulamenta a aplicação da Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil em danos causados por poluição por Óleo de 1969 e dá outras providências.

Decreto n° 85.206 25/09/1980

Altera o artigo 8° do Decreto n° 76.389 de 03/10/1975.

Decreto n° 87.079 02/04/1982

Aprova as Diretrizes para o Programa de Mobilização Energética.

Decreto n° 87.566 16/09/1982

Promulga o texto da convenção sobre Prevenção Marinha por Alijamento de resíduos e outras matérias, concluída em Londres em 29/12/1972.

Decreto n° 88.821 06/10/1983

Aprova o regulamento para a execução do serviço de transporte rodoviário de cargas ou produtos e dá outras providências.

Decreto n° 96.044 18/05/1988

Aprova o regulamento para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos, e dá outras providências.

Decreto n° 97.507 13/02/1989

Dispõe sobre o licenciamento de atividade mineral, o uso do mercúrio metálico e do cianeto em áreas de extração de ouro e dá outras providências.

Decreto n° 97.634 10/04/1989

Dispõe sobre o controle da produção e da comercialização de substâncias que comporta risco para a vida e ao meio ambiente, e dá outras providências.

Decreto n° 98.816 11/01/1990

Regulamenta a Lei n° 7.802 de 11/07/1989, que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e a rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação e exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação e controle, e dá outras providências.

Decreto n° 98.973 21/02/1990

Aprova o Regulamento do Transporte Ferroviário de Produtos Perigosos e dá outras providências.

Decreto n° 99.274 06/06/1990

Regulamenta a Lei n° 6.902 de 27/04/1981 que dispõe sobre a orientação de Reservas Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental.

Decreto n° 99.657 26/10/1990

Acrescenta artigo e parágrafo único ao Decreto n° 98.816 de 11/01/1990, que dispõe sobre agrotóxicos.

Decreto n° 806 24/04/1993

Reorganiza o Fundo Nacional de Saúde, de acordo com as diretrizes e os objetivos do Sistema Único de Saúde, de que tratam a Lei 8.080 de 19/09/1990.

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Decreto n° 875 04/07/1993

Promulga o texto da Convenção sobre o Controle de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Sólidos e seu Depósito.

Decreto-Lei n° 1.473 14/08/1975

Dispõe sobre o controle da poluição do Meio Ambiente provocada por atividades industriais.

Resoluções Descrição CONAMA n° 1

23/01/1983 Estabelece Normas para a definição de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental e demais disposições gerais.

CONAMA n° 1- A 23/01/1986

Estabelece normas ao transporte de produtos perigosos que circulam próximo a áreas densamente povoadas de proteção de mananciais e do ambiente natural.

CONAMA n° 5 15/06/1988

Estabelece normas sobre licenciamento de obras de sistemas de abastecimento de água, sistemas de esgotos sanitários e sistemas de limpeza.

CONAMA n° 6 15/06/1988

No processo de licenciamento ambiental de atividades industriais os resíduos gerados deverão ser objetos de controle específico.

CONAMA n° 2 22/08/1991

Dispõe sobre cargas deterioradas.

CONAMA n° 6 19/09/1991

Estabelece critérios de desobrigação de incineração ou qualquer outro tratamento de que resíduos sólidos, proveniente dos estabelecimentos de saúde, portos e aeroportos.

CONAMA n° 8 19/09/1991

Venda e entrada de materiais residuais destinados à disposição final e incineração no Brasil.

CONAMA n° 5 05/03/1993

Define normas mínimas para tratamento de resíduos sólidos oriundos de saúde, portos, aeroportos, bem como a necessidade de estender as exigências aos terminais ferroviários e rodoviários.

CONAMA n° 6 31/08/1993

Resíduos Sólidos incluindo os óleos lubrificantes.

CONAMA n° 9 31/08/1993

Define os diversos óleos lubrificantes, sua reciclagem, combustão e refino, prescreve para sua produção e comercialização e proíbe seu descarte onde possam prejudicar o meio ambiente.

CONAMA n° 24 07/18/1994

Dispõe sobre a importação e exportação de rejeitos radioativos.

CONAMA n° 37 30/12/1994

Definem resíduos sólidos perigosos e estabelece os critérios para importação e exportação de resíduos.

Portaria Descrição Ministerial n° 53

01/03/1979 Estabelecem as normas aos projetos específicos de tratamento e disposição de resíduos sólidos, bem como a fiscalização de sua implantação, operação e manutenção.

Interministerial n° 19 29/01/1981

Dispõe sobre a contaminação do meio ambiente por PBSC (ascarel.)

Interministerial n° 3 31/09/1995

Dispõe sobre a proibição de importação de bens de consumo usados.

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ANEXO 4: Diagnóstico Situacional de Gestão de RSU (Check list)

COLETA SELETIVA 1. Cobertura da população atendida pelo programa de coleta seletiva (%).

2. IRMR - Índice de Recuperação de Materiais Recicláveis (%).

3. Despesa com programa de marketing e educação (R$ hab-1 ano-1).

4. Investimento per capita anual em infra-estrutura e pessoal (R$ hab-1 ano-1).

5. Relação entre receita da comercialização dos recicláveis e despesas do programa (%).

6. Número de catadores de materiais recicláveis existentes no município (autônomos e os

organizados em associação e/ou cooperativa) (no de catadores).

7. Rotatividade dos trabalhadores envolvidos na atividade de catação de materiais

recicláveis (%).

8. Quantidade de materiais recicláveis segregados e comercializados mensalmente, preço

médio do “mix” e receita apurada com a vendas de materiais recicláveis (Qtde mês-1 e

R$ t-1).

9. Freqüência média de coletas na semana (n° de coletas semana-1).

10. Levantamento dos Pontos de Entrega Voluntária (PEV) e quantidade média de

Recicláveis coletados por PEV (t PEV-1).

11. N° de PEV´s danificados em relação ao total de PEV’s instalados (%).

12. Percentual de resíduos recicláveis descartados no “lixo” da coleta regular (%).

13. Custo mensal de Operação da Coleta e Transporte (R$ t-1).

14. Percentual de reclamação da população atendida pelo programa devido ao não

cumprimento da freqüência e horário da coleta seletiva (%).

15. Percentual de resíduos orgânicos descartados nos materiais recicláveis (%).

16. Renda média mensal por catador (R$ catador-1 mês-1).

17. Eficiência média dos catadores em segregar materiais recicláveis por jornada de

trabalho (t dia-1 catador-1).

18. Eficiência média de materiais recicláveis coletados por km rodado por hora (t km-1 h-1).

COLETA DOMICILIAR

1. Cobertura da população atendida pelo programa de coleta domiciliar (%).

2. Investimento per capita anual para realização desse serviço (R$ hab-1 ano-1).

3. Relação Receita/Despesa para realização desse serviço (%).

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4. Despesa com programa de marketing e educação (R$ hab-1 ano-1).

5. Freqüência média de coletas na semana (n° de coletas semana-1).

6. Quantidade de resíduos coletados por hora de operação (t h-1).

7. Custo mensal de Operação da Coleta e Transporte (R$ t-1).

8. Percentual de reclamação da população atendida pelo programa devido ao não

cumprimento da freqüência e horário da coleta seletiva (%).

9. Percentual de resíduos orgânicos descartados nos RSU (%).

10. Quantidade mensal de RSU coletada (t mês-1).

11. Eficiência média da mão-de-obra dos trabalhadores por tonelada recolhida de RSU

domiciliares (t trabalhador -1 jornada de trabalho-1).

COMERCIAL

1. Percentual de atendimento da coleta comercial (%).

2. Investimento no setor para realização desse serviço (R$ estabelecimento-1 ano-1).

3. Despesa com programa de marketing e educação (R$ estabelecimento-1 ano-1).

4. Freqüência média de coletas na semana (n° de coletas semana-1).

5. Quantidade de resíduos coletados por hora de operação (t h-1).

6. Custo mensal de Operação da Coleta e Transporte (R$ t-1).

7. Percentual de reclamação da população atendida pelo programa devido ao não

cumprimento da freqüência e horário da coleta comercial (%).

8. Quantidade mensal de resíduos coletados (t mês-1).

9. Eficiência média da mão-de-obra dos trabalhadores por tonelada recolhida de resíduos

comerciais (t trabalhador -1 jornada de trabalho-1).

LIMPEZA PÚBLICA

1. Percentual de população atendida pelos serviços de limpeza pública (%).

2. Investimento no setor para realização desse serviço (R$ ano-1).

3. Despesa com programa de marketing e educação (R$ hab-1 ano-1).

4. Freqüência de varrição dos logradouros públicos (n° de varrições semana-1).

5. Percentual de reclamação da população atendida pelo programa devido ao não

cumprimento da freqüência e horário d e varrição e outros serviços de limpeza pública,

a exemplo de capina, podas, remoção de animais mortos etc (%).

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6. Densidade de Coleta (t h-1), quantidade coletados por hora de operação.

7. Custo mensal de Operação da limpeza pública (R$ t-1).

8. Eficiência média da mão-de-obra dos trabalhadores por m2 de ruas varridas (m2 de ruas

varridas trabalhador -1 jornada de trabalho-1).

SERVIÇOS DE SAÚDE

1. Percentual dos estabelecimentos de saúde quanto ao cumprimento da Resolução do

CONAMA nº 5/93 - Classificação e acondicionamento dos RSSS por grupos distintos

(%).

2. Percentual dos estabelecimentos de saúde quanto à existência de planejamento do

gerenciamento dos RSSS (%).

3. Avaliar se a quantidade de RSSS, gerados nos estabelecimentos de saúde de Coronel

Fabriciano, está compatível com a proporção entre a quantidade de RSSS e os RSU,

estimada em 1% do total dos RSU, de acordo com o Ministério da Saúde.

4. Avaliar o destino final dos RSSS e as técnicas utilizadas.

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