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ESTUDIO DE CASO

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ESTUDIODE CASO

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INTEGRANTES

Programa de las Naciones Unidas para los Asentamientos Humanos.Oficina Regional para América Latina y el Caribe. Rumania, 20. Río de Janeiro, Brasil. CEP: 22240-140Tel.: +55 21 3235-8550 - E-mail: [email protected] site: http://mejorespracticas.ning.com/

EL Agora- ArgentinaNodo del Foro para Argentina y Uruguay

DESCO- Perú.Centro de Estudio y Promoción del DesarrolloNodo del Foro para Perú y Bolivia

UCR-Costa RicaUniversidad de Costa RicaNodo del Foro para Costa Rica y Panamá

CENVI- México.Centro de la Vivienda y Estudios Urbanos, Nodo del Foro para México

FUNDASAL-El SalvadorFundación Salvadoreña de Desarrollo y Vivienda MínimaNodo del Foro para El Salvador, Honduras y Nicaragua

FHC-ColombiaFundación Hábitat Colombia Nodo del Foro para Colombia, Ecuador y Venezuela

SUR-Chile.Corporación de Estudios Sociales y EducaciónNodo del Foro para Chile y Paraguay

El Foro lleva a cabo sus actividades en la región a través de una red de ocho instituciones. El Secretariado está constituido por el Ministerio de Fomento del Gobierno de España, ONU-Habitat/Rolac y uno de los integrantes del Foro, que alterna cada dos años.

IBAM- Brasil.Instituto Brasilero de AdministraciónMunicipalNodo para Brasil

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MORAR CARIOCA VERDE Babilônia e Chapéu MangueiraRio de Janeiro, Brasil

Palavras-chave: Melhoramento de bairros, espaço público, infraestrutura social.

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1. CONTEXTO

O processo da ocupação e evolução habitacional na Cidade do Rio de Janeiro (e no Brasil) é marcado por mais de um século de presença de favelas. Até a década de 1960, e mesmo início da década de 1970, as políticas públicas para as favelas iam da quase total ausência do poder público à total remoção desses assentamentos para periferias distantes (LOPES, 2012).

Apartir da década de 1970, e sobretudo da década de 1980, com a redemocratização do país, o fortalecimento dos movimentos sociais e o avanço das pesquisas urbanas criaram condições de resistência para que as favelas passassem a ser objeto de urbanização e, posteriormente,

Estudio de Caso / Morar Carioca Verde 5

1 A ocupação do bairro do Leme, adjacente às favelas de Babilônia e Chapé Mangueira iniciou-se nos últimos anos do século XIX, sendo inaugurado oficialmente em 15 de abril de 1900. Vizinho, senão uma extensão, do hoje famoso bairro de Copacabana, o Leme do passado era então um bairro boêmio. Aí se localizava o bar mais concorrido da época, o Bar da Brahma, onde era vendida, entre outros rótulos já extintos, a “Cerveja Clara Babylônia”, fato ao qual alguns atribuem a origem do nome da favela que se formou a partir do ano de 1911 (Secretaria de Obras do Estado do Rio de Janeiro, 2009). Como as duas favelas estão situadas na encosta de um morro, também chamado Babilônia, uma outra versão diz que a vegetação nativa, com muitas árvores e flores, além da vista privilegiada para o mar de Copacabana, teriam inspirado os primeiros moradores a compararem o local aos Jardins Supensos da Babilônia.

Em Chapéu Mangueira também há versões quanto à razão do nome, uns dizem que nos anos 40 foi colocada na subida do morro uma placa que dizia: “Breve neste local, Fábrica de Chápeus Mangueira”. No entanto, a fábrica, cuja sede ficava na subida do Morro da Mangueira, no distante bairro de Benfica, nunca foi construída no local anunciado. A placa, no entanto, ficou no local durante muitos anos, dando origem ao nome da favela. Outros dizem que o nome se originou em função de uma fábrica de chapéus que existia naquela época, localizada onde hoje funciona o Leme Tênis Clube, em cujo terreno existiam grandes plantações de manga.

Babilônia e Chapéu Mangueira nas encostas do Morro da BabilôniaFonte: PEDET – Preliminar, Secretaria de Obras do Estado do Rio de Janeiro, 2009

também de investimentos sociais nas pessoas (LOPES, 2012).

As condições geográficas e, sobretudo, a topografia da cidade tornaram as encostas dos morros cariocas, além de outros locais de interêsse ambiental público, localizações disputadas por aqueles sem acesso ao mercado imobiliário formal na cidade. Vale registrar que a luta pelo direito à moradia acabou por ser contemporânea da luta pela preservação do meio ambiente, tornando favelas como as da Babilônia e do Chapéu Mangueira1 objetos desafiadores para as políticas urbanas na Cidade do Rio de Janeiro.

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Os primeiros a povoarem a área de Chapéu Mangueira foram famílias cujos chefes trabalhavam no Forte Duque de Caxias, entre os anos de 1911 e 1912, vindos do Estado de Minas Gerais. A partir dos anos 30, o perfil da comunidade começou a ser traçado com a vinda de fluminenses, pernambucanos, paraibanos, capixabas, cearenses e cariocas.

As construções nestas comunidades eram predominantemente de alvenaria, limitadas a três pavimentos acima do nível da rua ou beco de acesso. Como solução de ampliação da edificação, os moradores costumam contruir cômodos menores aproveitando o desnível do terreno, abaixo do nível da rua ou beco de acesso. Em geral, esses cômodos são construídos para aluguel, aumentando-se a renda familiar. Foram identificadas algumas áreas com concentração de habitações precárias princialmente construídas em

estuque, pau-a-pique, madeira e outros materiais improvisados.

O adensamento construtivo da Babilônia e do Chapéu Mangueira é baixo, se comparado com o de outras favelas da Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro. As Associações de Moradores consideram que um dos motivos é o controle da ocupação interna e da expansão horizontal, realizado por ex-agentes locais, moradores, treinados pelo Programa “Bairrinho”2 , precursor do atual Programa Morar Carioca, no cumprimento da legislação urbana e ambiental, que impede a ocupação irregular no morro.

No entanto, como nas demais favelas da cidade, as primeiras ações do poder público na Babilônia e no Chapéu Mangueira foram pontuais e episódicas, sem uma visão efetivamente abrangente e integradora desses assentamentos e de suas populações à cidade.

Estudio de Caso / Morar Carioca Verde 6

2 Extinto em 2000, o Programa “Bairrinho” era executado pela Prefeitura Municipal da Cidade do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria Municipal da Habitação, destinado a atender as pequenas favelas (que possuíam entre 100 a 500 domícilios) não contempladas pelo Favela-Bairro. Entre os anos de 1997 e 2000 o Programa “Bairrinho” atendeu 56 favelas, com a implementação de urbanização e equipamentos sociais.

Babilônia e Chapéu Mangueira no Bairro do LemeFonte: Google Earth, 2014

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2. PROCESSO

A implementação do projeto piloto Morar Carioca Verde nessas duas favelas, deve-se à iniciativa das Associações de Moradores, nos anos de 2008 e 2009, para a retomada do Programa “Bairrinho”, pela Prefeitura Municipal da Cidade do Rio de Janeiro, dirigido a favelas de menor porte da cidade. De fato, o Programa Morar Carioca “Verde” constituiu uma versão do Programa Morar Carioca, aplicado em favelas situadas em Áreas de Preservação Permanente (APPs).

As Associações de Moradores da Babilônia e do Chapéu Mangueira, em conjunto com a população local, participaram ativamente de todo o processo, iniciado com a solicitação da intervenção urbanística nas comunidades. Durante a implantação do projeto piloto, as ações foram amplamente debatidas com as comunidades, por meio de encontros públicos. Entre as atividades compartilhadas, as Associações de Moradores apoiaram a Prefeitura Municipal na identificação das famílias residentes nas áreas vulneráveis para a transferência as novas construções.

Na ocasião, foi desenvolvido o Plano Estratégico de Desenvolvimento Territorial das comunidades de Chapéu Mangueira e Babilônia (PEDET – Fase Preliminar), resultado do trabalho de entrada da equipe técnica do Governo do Estado do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria de Obras, nos territórios candidatos a receberem investimentos públicos em obras de urbanização, melhorias habitacionais e trabalhos técnicos sociais.

Além de lançar as bases de construção social e estratégica da visão de futuro das comunidades, o caráter das recomendações do PEDET prestou-se aos enquadramentos para obtenção de recursos, tanto do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), quanto do Fundo Nacional para Habitação de Interesse Social (FNHIS), em especial para ações do Programa de Atendimento Habitacional (Pró-Moradia).

A solicitação de recursos para a implementação de novas ações de urbanização nas comunidades foi encaminhada ao Governo Federal, sendo aprovada pela Casa Civil, em

Estudio de Caso / Morar Carioca Verde 7

3 De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, foram identificadas 1.071 favelas na Cidade do Rio de Janeiro.

4 Fonte: Página da Prefeitura Municipal da Cidade do Rio de Janeiro (RJ) – http://www.rio.rj.gov.br/web/smh/exibeconteudo?article-id=1451251

• Fomento da economia local por meio de incentivos, como a construção de áreas comerciais e o aumento do número de visitantes à área;

• Fortalecimento da educação complementar realizada pela “Escola Tia Percília”, instituição de ensino complementar, criada nos anos 90. Após dez anos de atuação, conquistou o reconhecimento legal e o apoio da Prefeitura Municipal, que contribui para a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. Atualmente, a instituição atende a 175 alunos de diversas idades com uma equipe de 15 funcionários. Com a convicção de que a educação é a melhor ferramenta de transformação, a equipe da “Escola Tia Percília” tem como meta expandir suas capacidades para 250 alunos;

• Fortalecimento do compromisso ambiental dos moradores com as melhorias da área por meio do reflorestamento11, das ações de proteção e educação ambiental e do incremento do turismo ecológico, decorrentes das atividades desenvolvidas pela

Cooperativa de Reflorestamento da Babilônia que, desde 2005 conta com investimentos do Shopping Rio Sul, vizinho do Morro da Babilônia.

• Melhoria na capacitação local ambiental pela adoção de práticas sustentáveis nas construções existentes, como a implantação do telhado verde em uma das coberturas da “Escola Tia Percília”. Segundo o Presidente da Associação de Moradores, Carlos Antônio Pereira, o telhado verde favoreceu a redução da temperatura nos ambientes, nos períodos quentes;

• Oferta de cursos profissionalizantes gratuitos aos moradores das comunidades, por meio dos Agentes SESI Cidadania, programa social do Sistema FIRJAN;

• Implantação do Projeto “Talentos em Corrida”, concebido pelo Instituto Correr Pela Vida, em parceria

com a empresa Happy Hour Marketing Promoções e Eventos Ltda, que conta com o apoio institucional da LIGHT Serviços de Eletricidade. Tem como missão difundir e incentivar a prática da corrida como instrumento de integração e desenvolvimento sócio esportivo. O seu objetivo abrange a integração no contexto social, por meio de conceitos de cooperação e educação para a promoção da cidadania dos participantes e sua preparação como atleta para realização de competições esportivas.

Na área de segurança pública, vale destacar a implantação, pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, em junho de 2009, de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Na área de formação profissional, a Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro (FAETEC) oferece cursos profissionalizantes aos moradores da área.

2009, dando início às intervenções não somente na Babilônia e no Chapéu Mangueira, mas também em outras favelas objeto do novo projeto habitacional municipal denominado Programa Morar Carioca, lançado em julho de 2010.

Denominado também como Plano Municipal de Integração dos Assentamentos Informais Precários, o Programa Morar Carioca tem como objetivo promover a integração socio-urbanística e implantar um sistema de controle e ordenamento da ocupação e uso do solo urbano em 215 favelas3 da Cidade do Rio de Janeiro, até o ano de 2020. Prevê quatro linhas de atuação: conservação do espaço público, controle do crescimento das favelas, legislação urbanística com a criação de Postos de Orientação Urbanística e Social (POUSO) e realojamento de moradores que se encontram em áreas de risco.

Coordenada pela Secretaria Municipal de Habitação, a iniciativa prevê investimentos na implantação de redes de abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem pluvial, iluminação pública e pavimentação. Considera também a construção de áreas de lazer e paisagismo, eliminação das áreas de risco e regularização urbanística e fundiária, além da incorporação dos conceitos de sustentabilidade ambiental e da ampliação das condições de acessibilidade.

O Morar Carioca tem como meta investir, até 20204, R$ 8,5 bilhões, sendo R$ 2,1 bilhões até 2013, beneficiando 70 mil famílias, R$ 2,65 bilhões de 2014 até 2016, alcançando 86 mil famílias no ciclo dois, e R$ 3,75 bilhões de 2017 a 2020 abrangendo 109 mil domicílios no ciclo três. Atualmente o Morar Carioca está presente em 55 comunidades, beneficiando mais de 200 mil pessoas.

Entre outras metas do Morar Carioca, são consideradas ainda:• Regularização de 18 mil casas e emissão de 3 mil títulos de propriedade;• Criação de 28 novos centros de desenvolvimento infantil que atenderão 3.360 crianças de até seis anos de idade;

• Construção e fornecimento de equipamentos para dois centros fixos de referência de segurança social e dez unidades móveis, que fornecerão serviços sociais para as famílias que vivem em situações vulneráveis e acesso a programas de assistência social municipal e federal;• Criação de cinco novos centros de serviços sociais para jovens, que atenderão até 2.500 jovens de 17 a 25 anos de idade, em situação de risco.

Considerado como o componente sustentável do Programa Morar Carioca, o Morar Carioca Verde busca prover moradia para famílias em situação de risco e em área de proteção ambiental. Contempla intervenções promotoras de sustentabilidade, com base nos critérios definidos para o Selo Caixa Azul5, classificação socioambiental dos projetos habitacionais financiados pela Caixa Econômica Federal.

A Babilônia e o Chapéu Mangueira foram as primeiras comunidades a receber o Morar Carioca Verde no Rio de Janeiro, devido à iniciativa da solicitação de retomada das ações de urbanização à Prefeitura Municipal e às suas características de ocupação, em área de encosta com topografia acidentada e de proteção ambiental, além de possuir deficiência de infraestrutura de esgoto, drenagem e de abastecimento de água.

As duas comunidades contíguas ocupam uma área aproximada de 464.278,00 m2. Segundo dados do Instituto Pereira Passos (IPP), com base no Censo Demográfico do IBGE (2010), possuiam, no total, 3.739 habitantes correspondendo a cerca de 1.178 domicílios.

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2.451

1.288

3.739

777

401

1.178

Babilônia

Chapéu Mangueira

TOTAL

Favelas População Domicílios

Estudio de Caso / Morar Carioca Verde 8

5 O Selo Caixa Azul busca reconhecer projetos de empreendimentos que adotem soluções eficientes na construção, uso, ocupação e manutenção dos edifícios, incentivando o uso racional de recursos naturais e a melhoria da qualidade da habitação e de seu entorno.

Fonte: Página da Prefeitura Municipal da Cidade do Rio de Janeiro, Rio Mais Social: http://www.riomaissocial.org/territorios/chapeu-mangueira-babilonia/.

• Fomento da economia local por meio de incentivos, como a construção de áreas comerciais e o aumento do número de visitantes à área;

• Fortalecimento da educação complementar realizada pela “Escola Tia Percília”, instituição de ensino complementar, criada nos anos 90. Após dez anos de atuação, conquistou o reconhecimento legal e o apoio da Prefeitura Municipal, que contribui para a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. Atualmente, a instituição atende a 175 alunos de diversas idades com uma equipe de 15 funcionários. Com a convicção de que a educação é a melhor ferramenta de transformação, a equipe da “Escola Tia Percília” tem como meta expandir suas capacidades para 250 alunos;

• Fortalecimento do compromisso ambiental dos moradores com as melhorias da área por meio do reflorestamento11, das ações de proteção e educação ambiental e do incremento do turismo ecológico, decorrentes das atividades desenvolvidas pela

Cooperativa de Reflorestamento da Babilônia que, desde 2005 conta com investimentos do Shopping Rio Sul, vizinho do Morro da Babilônia.

• Melhoria na capacitação local ambiental pela adoção de práticas sustentáveis nas construções existentes, como a implantação do telhado verde em uma das coberturas da “Escola Tia Percília”. Segundo o Presidente da Associação de Moradores, Carlos Antônio Pereira, o telhado verde favoreceu a redução da temperatura nos ambientes, nos períodos quentes;

• Oferta de cursos profissionalizantes gratuitos aos moradores das comunidades, por meio dos Agentes SESI Cidadania, programa social do Sistema FIRJAN;

• Implantação do Projeto “Talentos em Corrida”, concebido pelo Instituto Correr Pela Vida, em parceria

com a empresa Happy Hour Marketing Promoções e Eventos Ltda, que conta com o apoio institucional da LIGHT Serviços de Eletricidade. Tem como missão difundir e incentivar a prática da corrida como instrumento de integração e desenvolvimento sócio esportivo. O seu objetivo abrange a integração no contexto social, por meio de conceitos de cooperação e educação para a promoção da cidadania dos participantes e sua preparação como atleta para realização de competições esportivas.

Na área de segurança pública, vale destacar a implantação, pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, em junho de 2009, de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Na área de formação profissional, a Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro (FAETEC) oferece cursos profissionalizantes aos moradores da área.

2009, dando início às intervenções não somente na Babilônia e no Chapéu Mangueira, mas também em outras favelas objeto do novo projeto habitacional municipal denominado Programa Morar Carioca, lançado em julho de 2010.

Denominado também como Plano Municipal de Integração dos Assentamentos Informais Precários, o Programa Morar Carioca tem como objetivo promover a integração socio-urbanística e implantar um sistema de controle e ordenamento da ocupação e uso do solo urbano em 215 favelas3 da Cidade do Rio de Janeiro, até o ano de 2020. Prevê quatro linhas de atuação: conservação do espaço público, controle do crescimento das favelas, legislação urbanística com a criação de Postos de Orientação Urbanística e Social (POUSO) e realojamento de moradores que se encontram em áreas de risco.

Coordenada pela Secretaria Municipal de Habitação, a iniciativa prevê investimentos na implantação de redes de abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem pluvial, iluminação pública e pavimentação. Considera também a construção de áreas de lazer e paisagismo, eliminação das áreas de risco e regularização urbanística e fundiária, além da incorporação dos conceitos de sustentabilidade ambiental e da ampliação das condições de acessibilidade.

O Morar Carioca tem como meta investir, até 20204, R$ 8,5 bilhões, sendo R$ 2,1 bilhões até 2013, beneficiando 70 mil famílias, R$ 2,65 bilhões de 2014 até 2016, alcançando 86 mil famílias no ciclo dois, e R$ 3,75 bilhões de 2017 a 2020 abrangendo 109 mil domicílios no ciclo três. Atualmente o Morar Carioca está presente em 55 comunidades, beneficiando mais de 200 mil pessoas.

Entre outras metas do Morar Carioca, são consideradas ainda:• Regularização de 18 mil casas e emissão de 3 mil títulos de propriedade;• Criação de 28 novos centros de desenvolvimento infantil que atenderão 3.360 crianças de até seis anos de idade;

• Construção e fornecimento de equipamentos para dois centros fixos de referência de segurança social e dez unidades móveis, que fornecerão serviços sociais para as famílias que vivem em situações vulneráveis e acesso a programas de assistência social municipal e federal;• Criação de cinco novos centros de serviços sociais para jovens, que atenderão até 2.500 jovens de 17 a 25 anos de idade, em situação de risco.

Considerado como o componente sustentável do Programa Morar Carioca, o Morar Carioca Verde busca prover moradia para famílias em situação de risco e em área de proteção ambiental. Contempla intervenções promotoras de sustentabilidade, com base nos critérios definidos para o Selo Caixa Azul5, classificação socioambiental dos projetos habitacionais financiados pela Caixa Econômica Federal.

A Babilônia e o Chapéu Mangueira foram as primeiras comunidades a receber o Morar Carioca Verde no Rio de Janeiro, devido à iniciativa da solicitação de retomada das ações de urbanização à Prefeitura Municipal e às suas características de ocupação, em área de encosta com topografia acidentada e de proteção ambiental, além de possuir deficiência de infraestrutura de esgoto, drenagem e de abastecimento de água.

As duas comunidades contíguas ocupam uma área aproximada de 464.278,00 m2. Segundo dados do Instituto Pereira Passos (IPP), com base no Censo Demográfico do IBGE (2010), possuiam, no total, 3.739 habitantes correspondendo a cerca de 1.178 domicílios.

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Objetivos

A implementação do Morar Carioca Verde6 e do Morar Carioca nas comunidades da Babilônia e do Chapéu Mangueira, se destaca pelas medidas de sustentabilidade adotadas na construção da edificação e na melhoria do seu entorno.

A primeira edificação do Morar Carioca Verde foi entregue, pela Secretaria Municipal da Habitação, em março de 2013, com as 16 primeiras unidades habitacionais, das 117 previstas, aos moradores que foram realocados pelas obras ou que moravam em áreas de risco. O condomínio é dividido em dois blocos, cada um com oito apartamentos de 45 m2, que possuem dois quartos, sala, cozinha e banheiro.

Estudio de Caso / Morar Carioca Verde 9

6 O lançamento do Morar Carioca Verde nas comunidades, ocorrido em junho de 2011, contou com a presença do Secretário-Geral da ONU para a Rio + 20, Sha Zukang. Na ocasião, a iniciativa foi anunciada como modelo em práticas de sustentabilidade, a ser apresentada na Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável. Decorrido um ano após o lançamento, em junho de 2012, as intervenções realizadas nas favelas foram apresentadas pela Prefeitura durante a Rio+20 como pioneiras em áreas onde residem populações vulneráveis à mudança do clima.

Edifício construído pela Secretaria Municipal de Habitação, para abrigar moradores realocados ou que estavam em áreas de risco.Fotos: Luciana Hamada

• Fomento da economia local por meio de incentivos, como a construção de áreas comerciais e o aumento do número de visitantes à área;

• Fortalecimento da educação complementar realizada pela “Escola Tia Percília”, instituição de ensino complementar, criada nos anos 90. Após dez anos de atuação, conquistou o reconhecimento legal e o apoio da Prefeitura Municipal, que contribui para a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. Atualmente, a instituição atende a 175 alunos de diversas idades com uma equipe de 15 funcionários. Com a convicção de que a educação é a melhor ferramenta de transformação, a equipe da “Escola Tia Percília” tem como meta expandir suas capacidades para 250 alunos;

• Fortalecimento do compromisso ambiental dos moradores com as melhorias da área por meio do reflorestamento11, das ações de proteção e educação ambiental e do incremento do turismo ecológico, decorrentes das atividades desenvolvidas pela

Cooperativa de Reflorestamento da Babilônia que, desde 2005 conta com investimentos do Shopping Rio Sul, vizinho do Morro da Babilônia.

• Melhoria na capacitação local ambiental pela adoção de práticas sustentáveis nas construções existentes, como a implantação do telhado verde em uma das coberturas da “Escola Tia Percília”. Segundo o Presidente da Associação de Moradores, Carlos Antônio Pereira, o telhado verde favoreceu a redução da temperatura nos ambientes, nos períodos quentes;

• Oferta de cursos profissionalizantes gratuitos aos moradores das comunidades, por meio dos Agentes SESI Cidadania, programa social do Sistema FIRJAN;

• Implantação do Projeto “Talentos em Corrida”, concebido pelo Instituto Correr Pela Vida, em parceria

com a empresa Happy Hour Marketing Promoções e Eventos Ltda, que conta com o apoio institucional da LIGHT Serviços de Eletricidade. Tem como missão difundir e incentivar a prática da corrida como instrumento de integração e desenvolvimento sócio esportivo. O seu objetivo abrange a integração no contexto social, por meio de conceitos de cooperação e educação para a promoção da cidadania dos participantes e sua preparação como atleta para realização de competições esportivas.

Na área de segurança pública, vale destacar a implantação, pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, em junho de 2009, de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Na área de formação profissional, a Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro (FAETEC) oferece cursos profissionalizantes aos moradores da área.

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Na construção do edifício foram adotadas medidas que, se não são propriamente “inovadoras”, são consideradas indispensáveis para uma política de sustentabilidade, a saber:• Concreto e estrutura metálica reciclados, contribuindo para a redução de resíduos;• Reuso das águas de chuvas;• Medidores individuais de água e gás;• Esgotos tratados nos vasos sanitários;• Iluminação com lâmpadas eficientes;• Bacia sanitária com duplo acionamento;• Janelas com venezianas que permitem maior ventilação;• Aquecimento solar;• Placa de cimento na vedação das paredes externas, proporcionando conforto térmico nas áreas internas dos apartamentos.

Pela utilização de tais componentes e soluções socioambientais, a edificação tornou-se a primeira construção habitacional pública certificada com a classificação Ouro7 do Selo Casa Azul da Caixa Econômica Federal, cuja premiação aconteceu durante a Rio + 20.

Além dos benefícios do Morar Carioca Verde, as medidas de sustentabilidade implementadas com o Morar Carioca

beneficiaram diretamente as famílias residentes nas comunidades da Babilônia e do Chapeu Mangueira, por meio das seguintes ações:• Implantação de infraestrutura de esgoto;• Implantação de sistema de drenagem e de abastecimento de água;• Adequação de áreas de risco, com contenção de encostas e construção de moradias salubres;• Revitalização dos locais de convivência e recuperação de ruas, além da, escadas e pavimentos da Ladeira Ary Barroso, único acesso para as comunidades;• Utilização de materiais alternativos que não impermeabilizam totalmente o solo, como piso drenante e microjardinagem; a pavimentação da Ladeira Ary Barroso, que dá acesso as duas comunidades, foi feita com asfalto borracha (composto com pneus usados e triturados);• Adequação da iluminação pública das vias com tecnologia LED.

A implementação dos programas colaborou também para a aquisição de novos hábitos socioambientais, relacionados ao descarte correto de dejetos, por meio da coleta seletiva de lixo.

Estudio de Caso / Morar Carioca Verde 10

7 Foram instituídas para o Selo Caixa Azul, 53 critérios de avaliação divididos em seis categorias: qualidade urbana projetos e conforto, eficiência energética, conservação de recursos materiais, gestão da água, e práticas sociais. Para receber o Selo nível Bronze, é necessário preencher os 19 requisitos obrigatórios. Para o nível Prata, é preciso atender aos itens obrigatórios mais 6 opcionais e, para o nível Ouro, os 19 obrigatórios mais 12 opcionais.

Pavimentação da Ladeira Ary Barroso com asfalto borracha. Foto: Luciana Hamada

• Fomento da economia local por meio de incentivos, como a construção de áreas comerciais e o aumento do número de visitantes à área;

• Fortalecimento da educação complementar realizada pela “Escola Tia Percília”, instituição de ensino complementar, criada nos anos 90. Após dez anos de atuação, conquistou o reconhecimento legal e o apoio da Prefeitura Municipal, que contribui para a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. Atualmente, a instituição atende a 175 alunos de diversas idades com uma equipe de 15 funcionários. Com a convicção de que a educação é a melhor ferramenta de transformação, a equipe da “Escola Tia Percília” tem como meta expandir suas capacidades para 250 alunos;

• Fortalecimento do compromisso ambiental dos moradores com as melhorias da área por meio do reflorestamento11, das ações de proteção e educação ambiental e do incremento do turismo ecológico, decorrentes das atividades desenvolvidas pela

Cooperativa de Reflorestamento da Babilônia que, desde 2005 conta com investimentos do Shopping Rio Sul, vizinho do Morro da Babilônia.

• Melhoria na capacitação local ambiental pela adoção de práticas sustentáveis nas construções existentes, como a implantação do telhado verde em uma das coberturas da “Escola Tia Percília”. Segundo o Presidente da Associação de Moradores, Carlos Antônio Pereira, o telhado verde favoreceu a redução da temperatura nos ambientes, nos períodos quentes;

• Oferta de cursos profissionalizantes gratuitos aos moradores das comunidades, por meio dos Agentes SESI Cidadania, programa social do Sistema FIRJAN;

• Implantação do Projeto “Talentos em Corrida”, concebido pelo Instituto Correr Pela Vida, em parceria

com a empresa Happy Hour Marketing Promoções e Eventos Ltda, que conta com o apoio institucional da LIGHT Serviços de Eletricidade. Tem como missão difundir e incentivar a prática da corrida como instrumento de integração e desenvolvimento sócio esportivo. O seu objetivo abrange a integração no contexto social, por meio de conceitos de cooperação e educação para a promoção da cidadania dos participantes e sua preparação como atleta para realização de competições esportivas.

Na área de segurança pública, vale destacar a implantação, pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, em junho de 2009, de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Na área de formação profissional, a Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro (FAETEC) oferece cursos profissionalizantes aos moradores da área.

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Foram entregues também no local duas novas praças construídas pelo Morar Carioca: o Centro Cívico e o Largo do Campinho. O Centro Cívico, implantado em um local que antes era um espaço sem uso, recebeu um deque de madeira de plástico, feito com material reciclado de garrafas pet, e brinquedos infantis para diferentes modalidades de atividades lúdicas.

A urbanização do Largo do Campinho, espaço utilizado para campeonatos de pipas, recebeu piso com o desenho de uma pipa. No prolongamento do Largo, foi construído um mirante feito de madeira de plástico, que oferece ao visitante vista da Praia de Copacabana e do Cristo Redentor, cartões postais da cidade. As novas vias de

acesso, alargadas, permitem a passagem de veículos de serviço, como tratores utilizados na limpeza pública, ambulância do serviço de saúde e outros.

Essas intervenções integram e se somam aos fundamentos gerais do Programa de promover o assentamento definitivo dos moradores do lugar, numa perspectiva de transformar o lugar em um bairro integrado ao entorno da cidade. Simultaneamente, aponta medidas historicamente adiadas de compatibilização das ocupações de favelas localizadas nas encostas dos morros com a preservação da vegetação e a proteção da população contra vulnerabilidades a desastres naturais que tendem a se agravar com as mudanças do clima.

Urbanização dos espaços públicos – Centro CívicoFoto: Luciana Hamada

Urbanização dos espaços públicosFoto: Luciana Hamada

Melhoria das vias, favorecendo a acessibilidade dos moradoresFoto: Luciana Hamada

Melhoria das vias, favorecendo a circulação dos moradoresFoto: Luciana Hamada

• Fomento da economia local por meio de incentivos, como a construção de áreas comerciais e o aumento do número de visitantes à área;

• Fortalecimento da educação complementar realizada pela “Escola Tia Percília”, instituição de ensino complementar, criada nos anos 90. Após dez anos de atuação, conquistou o reconhecimento legal e o apoio da Prefeitura Municipal, que contribui para a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. Atualmente, a instituição atende a 175 alunos de diversas idades com uma equipe de 15 funcionários. Com a convicção de que a educação é a melhor ferramenta de transformação, a equipe da “Escola Tia Percília” tem como meta expandir suas capacidades para 250 alunos;

• Fortalecimento do compromisso ambiental dos moradores com as melhorias da área por meio do reflorestamento11, das ações de proteção e educação ambiental e do incremento do turismo ecológico, decorrentes das atividades desenvolvidas pela

Cooperativa de Reflorestamento da Babilônia que, desde 2005 conta com investimentos do Shopping Rio Sul, vizinho do Morro da Babilônia.

• Melhoria na capacitação local ambiental pela adoção de práticas sustentáveis nas construções existentes, como a implantação do telhado verde em uma das coberturas da “Escola Tia Percília”. Segundo o Presidente da Associação de Moradores, Carlos Antônio Pereira, o telhado verde favoreceu a redução da temperatura nos ambientes, nos períodos quentes;

• Oferta de cursos profissionalizantes gratuitos aos moradores das comunidades, por meio dos Agentes SESI Cidadania, programa social do Sistema FIRJAN;

• Implantação do Projeto “Talentos em Corrida”, concebido pelo Instituto Correr Pela Vida, em parceria

com a empresa Happy Hour Marketing Promoções e Eventos Ltda, que conta com o apoio institucional da LIGHT Serviços de Eletricidade. Tem como missão difundir e incentivar a prática da corrida como instrumento de integração e desenvolvimento sócio esportivo. O seu objetivo abrange a integração no contexto social, por meio de conceitos de cooperação e educação para a promoção da cidadania dos participantes e sua preparação como atleta para realização de competições esportivas.

Na área de segurança pública, vale destacar a implantação, pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, em junho de 2009, de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Na área de formação profissional, a Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro (FAETEC) oferece cursos profissionalizantes aos moradores da área.

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3. RESULTADOS

I. Impacto

Além das ações em infraestrutura, acessibilidade e construção de moradias, iniciados em junho de 2011, os Programas Morar Carioca e Morar Carioca Verde nas comunidades promoveram impactos positivos que fortaleceram iniciativas já existentes nas comunidades e favoreceram a adesão de outras ações:

• Incentivo para a adoção de hábitos sustentáveis, como o descarte correto de dejetos, por meio da coleta seletiva de lixo, favorecidos com a implantação do Projeto Light Recicla, promovido pela LIGHT Serviços de Eletricidade, que concede desconto na conta de luz para os consumidores que realizam a coleta seletiva. Por meio de ecopontos instalados nas comunidades, os participantes ao se cadastrarem, recebem o Cartão do Cliente, no qual são contabilizados os descontos em sua conta de luz, com a entrega de materiais recicláveis. O material recebido –plástico, papel, metal vidro e óleo vegetal– deve ser entregue limpo e separado nos Ecopontos. A iniciativa contribuiu para a criação de novos hábitos, além de favorecer a redução de gastos públicos com limpeza urbana;

Segundo dados divulgados pela Prefeitura Municipal, desde o ano de 2011, foram destinados pela Secretraria Municipal da Habitação, cerca de R$ 52,4 milhões para a implementação do projeto piloto na Babilônia e no Chapéu Mangueira, contemplando ações de infraestrutura, acessibilidade, meio ambiente e construção de habitações. Estão programadas outras intervenções no valor de R$ 41,5 milhões, num total de R$

93,9 milhões em benefícios para as comunidades.

Devido aos resultados alcançados, a iniciativa foi reconhecida, como um dos vencedores do 1º Prêmio de Liderança Climática de Cidades do C40 e da SIEMENS8, em 2013, e do Prêmio Melhores Práticas em Gestão Local, da Caixa Econômica Federal9 – edição 2013-201410.

8 O Prêmio de Liderança Climática de Cidades é promovido pelo Grupo de Grandes Cidades com Liderança Climática (C40), rede composta por 63 grandes cidades dos cinco continentes, preocupadas com a mudança climática e os impactos locais e globais, em parceria com a SIEMENS, empresa alemã de eficiência energética. A premiação é composta de 10 categorias, sendo cinco destinadas especificamente às cidades pertencentes ao C40: Gestão de Resíduos Sólidos, Medição de Carbono e Planejamento, Transporte Público, Finanças e Desenvolvimento Econômico. Complementam a lista as categorias de Energia Verde, Infraestrutura de Cidade Inteligente, Adaptação e Resiliência, Energia Eficiente de Ambiente Construído e Qualidade do Ar.9 O Prêmio Caixa Melhores Práticas em Gestão Local seleciona, premia e divulga projetos urbanos ou rurais realizados com financiamento ou apoio técnico da CAIXA. Criado em 1999, o prêmio ocorre a cada dois anos e reconhece 20 práticas nas categorias Habitação, Gestão Ambiental e Saneamento, Gestão Municipal, Desenvolvimento Local e Inclusão Social e Trabalho Social.10 Informações adicionais sobre as premiações podem ser consultadas nos sites das Instituições promotoras: http://cityclimateleadershipawards.com/category/winners/ e http://www14.caixa.gov.br/portal/melhorespraticas/inicio/edicao_2012_2013

• Fomento da economia local por meio de incentivos, como a construção de áreas comerciais e o aumento do número de visitantes à área;

• Fortalecimento da educação complementar realizada pela “Escola Tia Percília”, instituição de ensino complementar, criada nos anos 90. Após dez anos de atuação, conquistou o reconhecimento legal e o apoio da Prefeitura Municipal, que contribui para a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. Atualmente, a instituição atende a 175 alunos de diversas idades com uma equipe de 15 funcionários. Com a convicção de que a educação é a melhor ferramenta de transformação, a equipe da “Escola Tia Percília” tem como meta expandir suas capacidades para 250 alunos;

• Fortalecimento do compromisso ambiental dos moradores com as melhorias da área por meio do reflorestamento11, das ações de proteção e educação ambiental e do incremento do turismo ecológico, decorrentes das atividades desenvolvidas pela

Cooperativa de Reflorestamento da Babilônia que, desde 2005 conta com investimentos do Shopping Rio Sul, vizinho do Morro da Babilônia.

• Melhoria na capacitação local ambiental pela adoção de práticas sustentáveis nas construções existentes, como a implantação do telhado verde em uma das coberturas da “Escola Tia Percília”. Segundo o Presidente da Associação de Moradores, Carlos Antônio Pereira, o telhado verde favoreceu a redução da temperatura nos ambientes, nos períodos quentes;

• Oferta de cursos profissionalizantes gratuitos aos moradores das comunidades, por meio dos Agentes SESI Cidadania, programa social do Sistema FIRJAN;

• Implantação do Projeto “Talentos em Corrida”, concebido pelo Instituto Correr Pela Vida, em parceria

com a empresa Happy Hour Marketing Promoções e Eventos Ltda, que conta com o apoio institucional da LIGHT Serviços de Eletricidade. Tem como missão difundir e incentivar a prática da corrida como instrumento de integração e desenvolvimento sócio esportivo. O seu objetivo abrange a integração no contexto social, por meio de conceitos de cooperação e educação para a promoção da cidadania dos participantes e sua preparação como atleta para realização de competições esportivas.

Na área de segurança pública, vale destacar a implantação, pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, em junho de 2009, de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Na área de formação profissional, a Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro (FAETEC) oferece cursos profissionalizantes aos moradores da área.

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Ecoponto do Projeto Light ReciclaFoto: Luciana Hamada

Telhado verde da “Escola Tia Percilia”Foto: Luciana Hamada

11 Segundo o PEDET (2009), os primeiros esforços para o reflorestamento do Morro da Babilônia se deram no final da década de 80, quando o Governo do Estado destinou verba para iniciar o reflorestamento dos morros da região, entretanto, o trabalho porém não teve continuidade. As associações de moradores juntamente com entidades ambientalistas, constituíram a frente pró Cidadania Ambiental.Em 1990 iniciou-se o estudo para demarcação de áreas para proteção ambiental e a partir de várias conquistas se concretizaram. A AMALEME (Associação de Moradores do Leme), em parceria com outras associações de moradores, conseguiu o reconhecimento de diversas áreas de proteção na região. Em 1995, criou-se por iniciativa da Prefeitura Municipal, o primeiro projeto permanente criado em prol do reflorestamento, denominado “Mutirão Reflorestamento Comunitário”, que deu origem à Cooperativa de Reflorestamento da Babilônia com atuação nas APAs dos Morros da Babilônia, São João e Leme, cuja formação reúne moradores da Babilônia e Chapéu Mangueira, além de outras instituições governamentais e privadas, atuantes na questão ambiental. A APA dos Morros da Babilônia, São João e Leme foi regulamentada em 1996, por meio do Decreto Municipal nº 14.874. Desde então o reflorestamento ganhou força e a delimitação deu maior poder de vigilância da ocupação do solo.

• Fomento da economia local por meio de incentivos, como a construção de áreas comerciais e o aumento do número de visitantes à área;

• Fortalecimento da educação complementar realizada pela “Escola Tia Percília”, instituição de ensino complementar, criada nos anos 90. Após dez anos de atuação, conquistou o reconhecimento legal e o apoio da Prefeitura Municipal, que contribui para a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. Atualmente, a instituição atende a 175 alunos de diversas idades com uma equipe de 15 funcionários. Com a convicção de que a educação é a melhor ferramenta de transformação, a equipe da “Escola Tia Percília” tem como meta expandir suas capacidades para 250 alunos;

• Fortalecimento do compromisso ambiental dos moradores com as melhorias da área por meio do reflorestamento11, das ações de proteção e educação ambiental e do incremento do turismo ecológico, decorrentes das atividades desenvolvidas pela

Cooperativa de Reflorestamento da Babilônia que, desde 2005 conta com investimentos do Shopping Rio Sul, vizinho do Morro da Babilônia.

• Melhoria na capacitação local ambiental pela adoção de práticas sustentáveis nas construções existentes, como a implantação do telhado verde em uma das coberturas da “Escola Tia Percília”. Segundo o Presidente da Associação de Moradores, Carlos Antônio Pereira, o telhado verde favoreceu a redução da temperatura nos ambientes, nos períodos quentes;

• Oferta de cursos profissionalizantes gratuitos aos moradores das comunidades, por meio dos Agentes SESI Cidadania, programa social do Sistema FIRJAN;

• Implantação do Projeto “Talentos em Corrida”, concebido pelo Instituto Correr Pela Vida, em parceria

com a empresa Happy Hour Marketing Promoções e Eventos Ltda, que conta com o apoio institucional da LIGHT Serviços de Eletricidade. Tem como missão difundir e incentivar a prática da corrida como instrumento de integração e desenvolvimento sócio esportivo. O seu objetivo abrange a integração no contexto social, por meio de conceitos de cooperação e educação para a promoção da cidadania dos participantes e sua preparação como atleta para realização de competições esportivas.

Na área de segurança pública, vale destacar a implantação, pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, em junho de 2009, de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Na área de formação profissional, a Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro (FAETEC) oferece cursos profissionalizantes aos moradores da área.

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II. Sustentabilidade

A continuidade das ações do Programa Municipal de Integração de Assentamentos Precários Informais – Morar Carioca – na Babilônia e no Chapéu Mangueira, e nas demais favelas integrantes do Programa, foi legitimada por meio do Decreto Nº 36.388/2012, que o reconhece como um programa destinado a melhorar as condições de vida das populações de baixa renda residentes em assentamentos precários, em conformidade com o disposto nos incisos I e II do art. 205, e no art. 210 e no art. 230 da Lei Complementar 111/2011 – Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Sustentável do Município do Rio de Janeiro.

Em seu artigo 1º, as ações governamentais decorrentes do Morar Carioca constituem uma política pública de atuação integrada e sustentável, coordenada pela Secretaria Municipal de Habitação (SMH) em articulação com os demais órgãos públicos envolvidos, por meio de um Grupo Gestor do Morar Carioca, cujos membros serão nomeados pela SMH.

No ano de 2013, com a publicação do Decreto Nº 36.670 (01/01/2013), o Programa Morar Carioca passou a integrar o Plano Estratégico 2013-2016 da Prefeitura Municipal da Cidade do Rio de Janeiro promovendo a sustentabilidade institucional do programa.

As ações de reflorestamento e de preservação ambiental do Morro da Babilônia são garantidas por meio de importantes atos legais:• Decreto de Tombamento do Morro da Babilônia pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 1973;• Decreto Municipal nº 9.799/1990 – Delimita preliminarmente a APA do Morro do Leme;• Decreto Municipal nº 12.864/94 – Cria a Área de Proteção do Entorno do Bem Tombado da Pedra Babilônia;• Decreto Municipal nº 14.874/1996 – Delimita preliminarmente a APA do Morro da Babilônia e São João;• Lei Municipal nº 1.272 / 1988 – Criação da APA Orla Marítima, que compreende a faixa de areia da Praia do Leme, definida pelo ponto mais a oeste da Praia do Leme até o encontro desta com o costaão rochoso do Morro do Leme;

• Lei Municipal nº 2,912/1999 – Declara como de especial interesse social, para fins de urbanização e regularização e estabelece os respectivos padrões especiais de urbanização das áreas da Babilônia e Chápeu Mangueira, dentre outras;• Lei Municipal nº 5.019/2009 – Institui a Área de Proteção Ambiental e Recuperação Urbana – APARU – do Complexo Contunduba – São João.

III. Associação

A iniciativa nos Morros da Babilônia e do Chapéu Mangueira foi da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria Municipal de Habitação. No entanto contou com parcerias governamentais decisivas para o sucesso do projeto. O Governo do Estado do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria de Obras, foi pioneiro na elaboração do Plano Estratégico de Desenvolvimento Territorial das comunidades de Chapéu Mangueira e Babilônia (PEDET – Fase Preliminar) nos territórios candidatos a receberem investimentos públicos em obras de urbanização, melhorias habitacionais e trabalhos técnicos sociais. O Governo Federal (Ministério das Cidades e Caixa Economica Federal) garantiu recursos para os respectivos programas, enquadrados no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e no Fundo Nacional para Habitação de Interesse Social (FNHIS), em especial para ações do Programa de Atendimento Habitacional (Pró-Moradia).

A intervenção foi viabilizada com recursos do Programa Pró Moradia do Ministério das Cidades, no valor total de R$ 60.106.927,89, sendo que, deste montante, R$20.282.927,89 foram provenientes de contrapartida da Prefeitura Municipal.

Com o objetivo de tratar o projeto piloto como multisetorial, a Prefeitura Municipal da Cidade do Rio de Janeiro envolveu as seguintes secretarias e órgãos municipais:

• Secretaria Municipal de Habitação – Gestora dos Programas Morar Carioca e Morar Carioca Verde, que compartilha a execução com as Secretarias Municipais de Urbanismo (SMU) e o Instituto Municipal de Planejamento Urbano Pereira Passos (IPP).

• Fomento da economia local por meio de incentivos, como a construção de áreas comerciais e o aumento do número de visitantes à área;

• Fortalecimento da educação complementar realizada pela “Escola Tia Percília”, instituição de ensino complementar, criada nos anos 90. Após dez anos de atuação, conquistou o reconhecimento legal e o apoio da Prefeitura Municipal, que contribui para a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. Atualmente, a instituição atende a 175 alunos de diversas idades com uma equipe de 15 funcionários. Com a convicção de que a educação é a melhor ferramenta de transformação, a equipe da “Escola Tia Percília” tem como meta expandir suas capacidades para 250 alunos;

• Fortalecimento do compromisso ambiental dos moradores com as melhorias da área por meio do reflorestamento11, das ações de proteção e educação ambiental e do incremento do turismo ecológico, decorrentes das atividades desenvolvidas pela

Cooperativa de Reflorestamento da Babilônia que, desde 2005 conta com investimentos do Shopping Rio Sul, vizinho do Morro da Babilônia.

• Melhoria na capacitação local ambiental pela adoção de práticas sustentáveis nas construções existentes, como a implantação do telhado verde em uma das coberturas da “Escola Tia Percília”. Segundo o Presidente da Associação de Moradores, Carlos Antônio Pereira, o telhado verde favoreceu a redução da temperatura nos ambientes, nos períodos quentes;

• Oferta de cursos profissionalizantes gratuitos aos moradores das comunidades, por meio dos Agentes SESI Cidadania, programa social do Sistema FIRJAN;

• Implantação do Projeto “Talentos em Corrida”, concebido pelo Instituto Correr Pela Vida, em parceria

com a empresa Happy Hour Marketing Promoções e Eventos Ltda, que conta com o apoio institucional da LIGHT Serviços de Eletricidade. Tem como missão difundir e incentivar a prática da corrida como instrumento de integração e desenvolvimento sócio esportivo. O seu objetivo abrange a integração no contexto social, por meio de conceitos de cooperação e educação para a promoção da cidadania dos participantes e sua preparação como atleta para realização de competições esportivas.

Na área de segurança pública, vale destacar a implantação, pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, em junho de 2009, de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Na área de formação profissional, a Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro (FAETEC) oferece cursos profissionalizantes aos moradores da área.

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12 A Fundação Parques e Jardins é responsável pela administração dos parques municipais urbanos, planejamento, paisagismo, arborização e projetos, além dos atos normativos referentes às questões relativas às praças, parques e manejo da arborização, conforme determinado no Decreto nº 28.981 de 31/01/2008.

• Secretaria Municipal de Meio Ambiente – Responsável pela demarcação do local e pelo processo de reflorestamento após a remoção das construções irregulares.

• Fundação Parques e Jardins12 - responsável pelo processo de ajardinamento dos largos e praças das comunidades e pelas atividades de capacitação e de sensibilização dos moradores quanto à importância das áreas verdes implementadas.

Com o intuito de melhorar as condições locais de habitação, a Secretaria Municipal de Habitação, em parceria com o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB/RJ), lançou em 2009 o Concurso “Morar Carioca: Conceituação e Prática em Urbanização de Favelas”, que exigiu dos escritórios de arquitetura participantes a elaboração de projetos de urbanização e de arquitetura, considerando a implantação de infraestrutura – como serviços de água, esgoto e iluminação – e de equipamentos (incluindo creches, bibliotecas e outros espaços). Ao final do certame foram selecionados 40 escritórios para a execução dos projetos urbanísticos e de arquitetura.

A Caixa Econômica Federal forneceu subsídios técnicos para a construção da moradia popular com princípios sustentáveis, o que conferiu posteriormente a certificação da edificação, por meio do Selo Caixa Azul.

O Shopping Center Rio Sul, também interessado nos bons resultados da iniciativa vizinha, apoiou as ações da Cooperativa de Reflorestamento da Babilônia.

IV. Inovação

A inovação, na verdade, deve-se ao caráter piloto do projeto, como experimento prático de um conjunto de políticas e estratégias que vinham sendo imaginadas na cidade do Rio de Janeiro para áreas de proteção ambiental e que nos Morros da Babilônia e Chapéu Mangueira

encontraram uma oportunidade de serem testadas na sua integralidade. O potencial de replicabilidade em outros territórios semelhantes torna essa prática capaz de consolidar um aprendizado dirigido ao aperfeiçoamento da própria política que a inspirou.

O diálogo com a comunidade, como ferramenta para gerar uma alta receptividade e um bom aproveitamento e impacto do programa contribuiu muito para a eficácia dos resultados e a disseminação da experiência em outras favelas. Constantemente a Associação de Moradores é procurada por líderes comunitários de outras favelas interessados em conhecer a experiência. A prática também despertou o interesse internacional de visitantes, estudiosos, jornalistas, políticos e celebridades. Entre os que já conheceram pessoalmente as ações nesses morros estão o ex-Prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, e o ator Harrison Ford.

V. Transferibilidade

A Prefeitura pretende, antes de tudo, reproduzir as práticas de sustentabilidade do projeto piloto em outras favelas que serão beneficiadas pelo Programa Morar Carioca, ou seja, em universos semelhantes ao encontrado nas duas comunidades.

A experiência pode ser transferida para comunidades existentes em cidades que possuem características semelhantes, cujas habitações localizam-se em encostas florestadas, situação de risco e condições insalubres.

• Fomento da economia local por meio de incentivos, como a construção de áreas comerciais e o aumento do número de visitantes à área;

• Fortalecimento da educação complementar realizada pela “Escola Tia Percília”, instituição de ensino complementar, criada nos anos 90. Após dez anos de atuação, conquistou o reconhecimento legal e o apoio da Prefeitura Municipal, que contribui para a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. Atualmente, a instituição atende a 175 alunos de diversas idades com uma equipe de 15 funcionários. Com a convicção de que a educação é a melhor ferramenta de transformação, a equipe da “Escola Tia Percília” tem como meta expandir suas capacidades para 250 alunos;

• Fortalecimento do compromisso ambiental dos moradores com as melhorias da área por meio do reflorestamento11, das ações de proteção e educação ambiental e do incremento do turismo ecológico, decorrentes das atividades desenvolvidas pela

Cooperativa de Reflorestamento da Babilônia que, desde 2005 conta com investimentos do Shopping Rio Sul, vizinho do Morro da Babilônia.

• Melhoria na capacitação local ambiental pela adoção de práticas sustentáveis nas construções existentes, como a implantação do telhado verde em uma das coberturas da “Escola Tia Percília”. Segundo o Presidente da Associação de Moradores, Carlos Antônio Pereira, o telhado verde favoreceu a redução da temperatura nos ambientes, nos períodos quentes;

• Oferta de cursos profissionalizantes gratuitos aos moradores das comunidades, por meio dos Agentes SESI Cidadania, programa social do Sistema FIRJAN;

• Implantação do Projeto “Talentos em Corrida”, concebido pelo Instituto Correr Pela Vida, em parceria

com a empresa Happy Hour Marketing Promoções e Eventos Ltda, que conta com o apoio institucional da LIGHT Serviços de Eletricidade. Tem como missão difundir e incentivar a prática da corrida como instrumento de integração e desenvolvimento sócio esportivo. O seu objetivo abrange a integração no contexto social, por meio de conceitos de cooperação e educação para a promoção da cidadania dos participantes e sua preparação como atleta para realização de competições esportivas.

Na área de segurança pública, vale destacar a implantação, pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, em junho de 2009, de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Na área de formação profissional, a Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro (FAETEC) oferece cursos profissionalizantes aos moradores da área.

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4. Lições aprendidas

Os resultados advindos da implementação dos Programas Morar Carioca e Morar Carioca Verde, em comunidades que apresentam características peculiares, possibilitou o desenvolvimento de um aprendizado do qual podem ser extraídas lições como:

Ações contínuas e cumulativas do poder público na melhoria e na integração permanente das favelas e de seus moradores à cidade, vencendo-se a omissão e as ações episódicas do passado com o próprio conhecimento e aprendizado adquirido (inclusive com os erros) em experiências passadas; o Programa tem o mérito de integrar inovações, práticas e soluções bem avaliadas mesmo em outros tempos e também no conjunto das favelas da cidade em seu próprio territorio.

A presença continuada das instituições públicas nas favelas sinalizam, para dentro e para fora das comunidades, para a importância do arbitramento do Estado em questões reguladas pelo interesse público.

Em um país de Estado Federativo, como o Brasil, conta muito a integração, o envolvimento e o comprometimento das instituições públicas – Governos Federal, Governo Estadual e Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro no cumprimento dos objetivos do Programa Morar Carioca, uma vez que essa articulação se apoia no principio da cooperação em detrimento da competição entre os entes federados.

A visão integradora e multisetorial do Programa permitiu atender a bandeiras de luta que exigem resposta de vários setores de ação de governo identificadas com necessidades que não são somente das favelas e comunidades beneficiadas diretamente, mas também de suas vizinhaças imediatas, da cidade e mesmo da agenda global das instituições internacionais. Assim, foram adotadas e incorporadas soluções e práticas visando defesa civil contra desastres naturais, melhorias das habitações e espaços públicos, além de componentes sustentáveis nas construções habitacionais.

• Fomento da economia local por meio de incentivos, como a construção de áreas comerciais e o aumento do número de visitantes à área;

• Fortalecimento da educação complementar realizada pela “Escola Tia Percília”, instituição de ensino complementar, criada nos anos 90. Após dez anos de atuação, conquistou o reconhecimento legal e o apoio da Prefeitura Municipal, que contribui para a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. Atualmente, a instituição atende a 175 alunos de diversas idades com uma equipe de 15 funcionários. Com a convicção de que a educação é a melhor ferramenta de transformação, a equipe da “Escola Tia Percília” tem como meta expandir suas capacidades para 250 alunos;

• Fortalecimento do compromisso ambiental dos moradores com as melhorias da área por meio do reflorestamento11, das ações de proteção e educação ambiental e do incremento do turismo ecológico, decorrentes das atividades desenvolvidas pela

Cooperativa de Reflorestamento da Babilônia que, desde 2005 conta com investimentos do Shopping Rio Sul, vizinho do Morro da Babilônia.

• Melhoria na capacitação local ambiental pela adoção de práticas sustentáveis nas construções existentes, como a implantação do telhado verde em uma das coberturas da “Escola Tia Percília”. Segundo o Presidente da Associação de Moradores, Carlos Antônio Pereira, o telhado verde favoreceu a redução da temperatura nos ambientes, nos períodos quentes;

• Oferta de cursos profissionalizantes gratuitos aos moradores das comunidades, por meio dos Agentes SESI Cidadania, programa social do Sistema FIRJAN;

• Implantação do Projeto “Talentos em Corrida”, concebido pelo Instituto Correr Pela Vida, em parceria

com a empresa Happy Hour Marketing Promoções e Eventos Ltda, que conta com o apoio institucional da LIGHT Serviços de Eletricidade. Tem como missão difundir e incentivar a prática da corrida como instrumento de integração e desenvolvimento sócio esportivo. O seu objetivo abrange a integração no contexto social, por meio de conceitos de cooperação e educação para a promoção da cidadania dos participantes e sua preparação como atleta para realização de competições esportivas.

Na área de segurança pública, vale destacar a implantação, pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, em junho de 2009, de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Na área de formação profissional, a Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro (FAETEC) oferece cursos profissionalizantes aos moradores da área.

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REFERÊNCIA

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Cidade Olímpica. Disponível em: http://www.cidadeolimpica.com.br/projetos/morar-carioca/. Acesso em: 14 ago. 2014.

Decreto Municipal Nº 36.388 (29/10/2012). Disponível em: http://www.rio.rj.gov.br/web/smh/exibeconteudo?id=4119106. Acesso em: 06 out. 2014.

Decreto Municipal Nº 36.670 (01/01/2013). Disponível em: http://www.iabrj.org.br/morarcarioca/2013/01/programa-morar-carioca-integra-novo-plano-estrategico-do-rio-de-janeiro/. Acesso em: 06 out. 2014.

Grupo de Grandes Cidades com Liderança Climática (C40). City Climate Leadership Awards. Disponível em: http://cityclimateleadershipawards.com/category/winners/. Acesso em: 06 out. 2014.

Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos. Secretaria Extraordinária de Desenvolvimento. Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Favelas na cidade do Rio de Janeiro: o quadro populacional com base no Censo 2010. Rio de Janeiro, 2012. 20 p. Disponível em: http://portalgeo.rio.rj.gov.br/estudoscariocas/download%5C3190_FavelasnacidadedoRiodeJaneiro_Censo_2010.PDF. Acesso em 30 out. 2014.

LOPES, Alberto. A questão da habitação no Brasil: retrospectiva e momento atual. Rio de Janeiro: IBAM, Revista de Administração Municipal Municípios, Ano 58, n 279, jan./mar. 2012, p. 41-57.

Prefeitura Municipal da Cidade do Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.rio.rj.gov.br/web/smh/exibeconteudo?article-id=1825649. Acesso em: 14 ago. 2014.

Prefeitura Municipal da Cidade do Rio de Janeiro. Rio Mais Social. Disponível em: http://www.riomaissocial.org/territorios/chapeu-mangueira-babilonia/. Acesso em 05 out. 2014.

Prefeitura Municipal da Cidade do Rio de Janeiro. Secretaria Municipal de Habitação (SMH). Disponível em: http://www.rio.rj.gov.br/web/smh/exibeconteudo?article-id=1451251. Acesso em 05 out. 2014.

Secretaria de Obras do Estado do Rio de Janeiro. Plano Estratégico de Desenvolvimento Territorial das comunidades de Chapéu Mangueira e Babilônia (PEDET – Fase Preliminar). Rio de Janeiro, 2009.

Selo Casa Azul. Caixa Econômica Federal. Disponível em: http://www14.caixa.gov.br/portal/rse/home/produtos_servicos/selo_casa_azul. Acesso em 07 out. 2014.

Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) – Babilônia e Chapéu Mangueira. Disponível em: http://www.upprj.com/index.php/acontece/acontece-selecionado/babilonia-chapeu-mangueira-celebra-4-anos-de-pacificacaeo-com-saude-e-empre/Babil%C3%B4nia%20e%20Chap%C3%A9uMangueira. Acesso em: 06 out. 2014.

Legislação Municipal básica consultada

Decreto Nº 36.388, de 29 de outubro de 2012Institui o Morar Carioca como um programa destinado a melhorar as condições de vida das populações de baixa renda residentes em assentamentos precários, em conformidade com o disposto nos incisos I e II do art. 205, e no art. 210 e no art. 230 da Lei Complementar 111/2011 – Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Sustentável do Município do Rio de Janeiro.

Decreto Nº 36.670, de 1º de janeiro de 2013Reconhece o Programa Morar Carioca como ação integrante do Plano Estratégico 2013-2016 da Prefeitura Municipal da Cidade do Rio de Janeiro.

CRÉDITOS

Instituto Brasileiro de Administração Municipal,Coordenação e texto: Alberto LopesPesquisa, texto e fotos: Luciana Hamada

Agradecimentos

Carlos Antônio Pereira (Palô)Presidente da Associação de Moradores da Babilônia

Débora NascimentoGerência Nacional de Planejamento e Avaliação de Ações em Desenvolvimento SustentávelCaixa Econômica Federal

Jean-Pierre JanotGerente de Projetos Urbanos da Secretaria Municipal de UrbanismoPrefeitura Municipal da Cidade do Rio de Janeiro

Ricarda Lucília Domingues TavaresProfessora Assistente do Departamento de Arquitetura da Escola de Arquitetura e UrbanismoUniversidade Federal Fluminense – EAU/UFF

• Fomento da economia local por meio de incentivos, como a construção de áreas comerciais e o aumento do número de visitantes à área;

• Fortalecimento da educação complementar realizada pela “Escola Tia Percília”, instituição de ensino complementar, criada nos anos 90. Após dez anos de atuação, conquistou o reconhecimento legal e o apoio da Prefeitura Municipal, que contribui para a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. Atualmente, a instituição atende a 175 alunos de diversas idades com uma equipe de 15 funcionários. Com a convicção de que a educação é a melhor ferramenta de transformação, a equipe da “Escola Tia Percília” tem como meta expandir suas capacidades para 250 alunos;

• Fortalecimento do compromisso ambiental dos moradores com as melhorias da área por meio do reflorestamento11, das ações de proteção e educação ambiental e do incremento do turismo ecológico, decorrentes das atividades desenvolvidas pela

Cooperativa de Reflorestamento da Babilônia que, desde 2005 conta com investimentos do Shopping Rio Sul, vizinho do Morro da Babilônia.

• Melhoria na capacitação local ambiental pela adoção de práticas sustentáveis nas construções existentes, como a implantação do telhado verde em uma das coberturas da “Escola Tia Percília”. Segundo o Presidente da Associação de Moradores, Carlos Antônio Pereira, o telhado verde favoreceu a redução da temperatura nos ambientes, nos períodos quentes;

• Oferta de cursos profissionalizantes gratuitos aos moradores das comunidades, por meio dos Agentes SESI Cidadania, programa social do Sistema FIRJAN;

• Implantação do Projeto “Talentos em Corrida”, concebido pelo Instituto Correr Pela Vida, em parceria

com a empresa Happy Hour Marketing Promoções e Eventos Ltda, que conta com o apoio institucional da LIGHT Serviços de Eletricidade. Tem como missão difundir e incentivar a prática da corrida como instrumento de integração e desenvolvimento sócio esportivo. O seu objetivo abrange a integração no contexto social, por meio de conceitos de cooperação e educação para a promoção da cidadania dos participantes e sua preparação como atleta para realização de competições esportivas.

Na área de segurança pública, vale destacar a implantação, pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, em junho de 2009, de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Na área de formação profissional, a Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro (FAETEC) oferece cursos profissionalizantes aos moradores da área.