favela por direitps

4
CULTURA DE TRANSFORMAÇÃO /juventudes e direitos Jovens exigindo direitos em Vila Aliança Em Vila Aliança não tem sequer uma creche governamental, apenas uma creche comunitária, que não atende a demanda, e duas creches particulares. A falta de creches e escolas de ensino integral faz com que os pais deixem seus filhos mais novos sob a responsabilidade dos mais velhos, eles não têm alternativas. A recente formação de Vila Aliança, tendo em vista as diversas origens de seus moradores exigiu, em dado momento uma forma de organização a fim de reivin- dicar serviços como de fato eram seus direitos. O movimento reivindicatório iniciou no final da década de 1960. Cabe mencionar que neste período partiu de duas instituições a iniciativa de orientar a população de forma a fortalecerem enquanto lideranças comunitárias, deste modo passou a ter representatividade efetiva di- ante do poder público. Jeferson Cora - Página 4 Fundado em 2008, Centro Cultural a História que eu Conto é uma organização não governamental sem fins lucrativos, que atua em busca do Desen- volvimento Local do Complexo de Vila Aliança e Senador Camará, por acreditar que seja um passo importante para redirecionar o rumo sócio-educa- cional e econômico estagnados no decorrer da tra- jetória da localidade. Em 2007, após uma operação policial, a Escola Municipal Austregésilo de Athayde fechou suas portas, transferindo-se para outro prédio, deixan- do para trás uma estrutura modesta, feita de três módulos de madeira e um terreno amplo que não tardou a despertar o interesse dos protagonistas desta história. Os fundadores do Centro Cultural A História Que Eu Conto a ocuparam este prédio 2008, seguindo o que rege o Estatuto da Cidade, dando funcionali- dade a um espaço público que não contribuía com o desenvolvimento da comunidade. Mais de 400 pessoas entre crianças, adolescentes, jovens e adultos já participaram das atividades no CCHC, que oferece oficinas de Graffiti, Break (dança de rua), Reforço Escolar, Teatro, Capoeira, Inglês, Grupo de Terceira Idade, Estamparia, Ilha de Edição, além de uma biblioteca comunitária com acervo de mais de 5 mil exemplares e uma exposição de artes permanentes. Os membros fundadores e colabores do CCHC so- mam um total de 18 voluntários, que se empenham nesta missão inovadora de Trabalhar pelo Desen- volvimento do Complexo de Vila Aliança e Senador Camará, pela democratização do acesso ao con- hecimento e à pluralidade cultural. No Brasil, a Constituição Federal de 1988 seguindo a tendência mundial consagrou a existência dos direitos culturais como direitos fundamentais. Garante a pro- teção não só do acesso à cultura, como da identidade cultural dos grupos forma- dores da sociedade brasileira. http://portal.unesco.org/culture/ di reito à educação cultura é fundamental Direito à educação não se resume ao direito de ir à escola. A educação deve ter qualidade, ser capaz de promover o pleno desenvolvimento da pessoa, res- ponder aos interesses de quem estuda e de sua co- munidade. O exercício do direito à educação não pode estar dissociado do respeito aos outros direitos humanos. Tampouco se deve aceitar que o ambiente escolar co- loque em risco a saúde e segurança de estudantes. É importante que a gestão da escola não seja feita de maneira autoritária permitindo a livre manifestação de estudantes e professores. Mais informações Ação Educativa - acaoeducativa.org.br Plataforma DhESCA Brasil - dhescbrasil.org.br favela por direitos BOLETIM INFORMATIVO - Direito à Educação e Direito à Cultura em VILA ALIANÇA Acesso à Justiça e Cultura de Direitos - FASE LEIA E PASSE ADIANTE Rio de Janeiro 2010 / 2011 “O Ponto de Cultura é “uma espécie de ‘do-in’ antropológico, massageando pontos vitais, mas momentaneamente desprezados ou adormecidos, do corpo cultural do País” Gilberto Gil Fotos - Diego Striano

Upload: agencia-midialivre

Post on 09-Mar-2016

227 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

FASE Centro Cultural A História Que Eu Conto

TRANSCRIPT

Page 1: Favela Por Direitps

CULTURA DE TRANSFORMAÇÃO/juventudes e direitosJovens exigindo direitos em Vila Aliança

Em Vila Aliança não tem sequer uma creche governamental, apenas uma creche comunitária, que não atende a demanda, e duas creches particulares.A falta de creches e escolas de ensino integral faz com que os pais deixem seus fi lhos mais novos sob a responsabilidade dos mais velhos, eles não têm alternativas.A recente formação de Vila Aliança, tendo em vista as diversas origens de seus moradores exigiu, em dado momento uma forma de organização a fi m de reivin-dicar serviços como de fato eram seus direitos. O movimento reivindicatório iniciou no fi nal da década de 1960. Cabe mencionar que neste período partiu de duas instituições a iniciativa de orientar a população de forma a fortalecerem enquanto lideranças comunitárias, deste modo passou a ter representatividade efetiva di-ante do poder público.

Jeferson Cora - Página 4

Fundado em 2008, Centro Cultural a História que eu Conto é uma organização não governamental sem fi ns lucrativos, que atua em busca do Desen-volvimento Local do Complexo de Vila Aliança e Senador Camará, por acreditar que seja um passo importante para redirecionar o rumo sócio-educa-cional e econômico estagnados no decorrer da tra-jetória da localidade. Em 2007, após uma operação policial, a Escola Municipal Austregésilo de Athayde fechou suas portas, transferindo-se para outro prédio, deixan-do para trás uma estrutura modesta, feita de três módulos de madeira e um terreno amplo que não tardou a despertar o interesse dos protagonistas desta história. Os fundadores do Centro Cultural A História Que Eu Conto a ocuparam este prédio 2008, seguindo o que rege o Estatuto da Cidade, dando funcionali-dade a um espaço público que não contribuía com o desenvolvimento da comunidade.Mais de 400 pessoas entre crianças, adolescentes, jovens e adultos já participaram das atividades no CCHC, que oferece ofi cinas de Graffi ti, Break (dança de rua), Reforço Escolar, Teatro, Capoeira, Inglês, Grupo de Terceira Idade, Estamparia, Ilha de Edição, além de uma biblioteca comunitária com acervo de mais de 5 mil exemplares e uma exposição de artes permanentes. Os membros fundadores e colabores do CCHC so-mam um total de 18 voluntários, que se empenham nesta missão inovadora de Trabalhar pelo Desen-volvimento do Complexo de Vila Aliança e Senador Camará, pela democratização do acesso ao con-hecimento e à pluralidade cultural.

No Brasil, a Constituição Federal de 1988 seguindo a tendência mundial consagrou a existência dos direitos culturais como direitos fundamentais. Garante a pro-teção não só do acesso à cultura, como da identidade cultural dos grupos forma-dores da sociedade brasileira.

http://portal.unesco.org/culture/

di reito à educação cultura é fundamental

Direito à educação não se resume ao direito de ir à escola. A educação deve ter qualidade, ser capaz de promover o pleno desenvolvimento da pessoa, res-ponder aos interesses de quem estuda e de sua co-munidade.O exercício do direito à educação não pode estar dissociado do respeito aos outros direitos humanos. Tampouco se deve aceitar que o ambiente escolar co-loque em risco a saúde e segurança de estudantes. É importante que a gestão da escola não seja feita de maneira autoritária permitindo a livre manifestação de estudantes e professores.

Mais informações Ação Educativa - acaoeducativa.org.brPlataforma DhESCA Brasil - dhescbrasil.org.br

favela por direitosBOLETIM INFORMATIVO - Direito à Educação e Direito à Cultura em VILA ALIANÇA

Acesso à Justiça e Cultura de Direitos - FASE

LEIA E PASSE ADIANTE

Rio de Janeiro 2010 / 2011

( ) ( )

“O Ponto de Cultura é “uma espécie de ‘do-in’ antropológico, massageando pontos vitais, mas momentaneamente desprezados ou adormecidos, do corpo cultural do País” Gilberto Gil

Fotos - Diego Striano

Page 2: Favela Por Direitps

/expedienteContato - [email protected]

Coordenação de projeto - Melisanda Trentin

Técnico Comunitário (Vila Aliança) - Jeferson Cora

Diagramação e Ilustrações - Agência Mídia Livre

Fotos - Diego Striano

Realização - FASE. www.fase.org.br

Apoio - União Européia

Impressão - Arquimedes Edições (1.000 exemplares)

Não descarte esse impresso em via pública.

*Esta publicação é de responsabilidade da Fase e não refl ete

de maneira algum

a as opiniões da União E

uropéia.

realização:

apoio*:

ação no território:

www.favelapordireitos.org

Favela por Direitos é uma série de construção e difusão de conteúdos de Direitos Humanos e Políticas Públicas que integra o Projeto Acesso à Justiça e Cultura de Direitos. Além de boletins impressos, os conteúdos serão também disponi-bilizados no site www.favelapordireitos.org e em outras publicações. Esse conjunto de ações tem por objetivo fortalecer a luta por direitos utilizando tecnologias de informação.

Mobilize-se! Exija seus direitos!

Em Vila Aliança, as opções culturais são restritas, o que faz com que jovens não tenham o direito à Cultura garantido com plenitude. No ano passado, a luta pelo Direito à Cultura teve uma grande vitória que está ajudando a mudar os rumos do território: o Centro Cultural A História Que Eu Conto passou a ser um Ponto de Cultura. Para entender um pouco mais sobre o que signifi ca essa política pública, selecionamos alguns trechos do texto do idealizador dos Pontos de Cultura, Célio Turino.

CulturaViva“Precisamos descobrir o Brasil! Precisamos desesconder o Brasil, mostrá-lo para nós mesmos e para o mundo. Precisamos entender o Brasil: em lugar de conceitos rígidos, noções líquidas; em lugar da reta, a curva. Para compreender o Brasil, precisamos nos transformar em poetas. Precisamos transformar o Brasil!

O Programa Nacional de Cultura, Educação e Cidadania – Cultura Viva, nasce desse desejo. O Cultura Viva é um programa do Minis-tério da Cultura que desenvolve ações transversais entre os Ministé-rios, estados e municípios. Para transformar o Brasil é preciso ir além de uma política de Estado. É preciso transformar o Cultura Viva em política pública efetivamente apropriada por seu povo. “A sociedade é produzida por nossas necessidades, o governo por nossa perver-sidade” (Thomas Paine, O Bom Senso). Mais que oferecer serviços públicos “para” o povo, é preciso compartilhar, unir afeições, promover felicidade. “A alegria é a prova dos nove” (Oswald de Andrade, Mani-festo Antropológico). Qualidades que o povo brasileiro tem de sobra. Porém, o caminho não é fácil.

Ao mesmo tempo em que olhamos para o Brasil e encontramos cria-tividade e solidariedade, defrontamo-nos com iniqüidade, injustiças, maus tratos… Milhões habitando favelas e cortiços; outros tantos em municípios desassistidos; trabalhadores sem emprego; camponeses sem terra; famílias sem teto; jovens sem perspectiva de futuro; estu-dantes sem ensino de qualidade; índios sem direitos; um povo mesti-ço mas sem igualdade racial; os esquecidos; os desvalidos… os sem Estado. Mesmo assim, o País resiste na solidariedade popular. Mães sem emprego cuidam das crianças de mães que encontram trabalho. Aos domingos, amigos fazem mutirão para construir casas. Ao fi nal da jornada, churrasco, samba e cerveja. Os brasileiros são inventivos, empreendedores e alegres.

O Cultura Viva é um programa de acesso aos meios de formação, criação, difusão e fruição cultural, cujos parceiros imediatos são agen-tes culturais, artistas, professores e militantes sociais que percebem a cultura não somente como linguagens artísticas, mas também como direitos, comportamento e economia. Há muitas ações de combate à exclusão social, cultural e digital já acontecendo. Fala-se da criminali-dade e do tráfi co nas favelas do Rio de Janeiro (e em todas as outras

grandes cidades), mas as pessoas envolvidas com isso são minoria. Muito mais gente se mobiliza para desenvolver música, dança, tea-tro… E com estética inovadora!

Por isso potenciar o que já existe. Acreditar no povo, fi rmar pactos e parcerias com o que o Brasil tem de melhor: o brasileiro. Mas isso não signifi ca um simples “deixar fazer” , porque os gostos e imposições da indústria cultural acabariam por prevalecer. Da mesma forma, que-rer selecionar cursos e espetáculos que julgamos mais adequados e sofi sticados, também continuaria reproduzindo a mesma relação de dependência e subordinação e apenas trocaríamos o dirigismo de mercado pelo de Estado.

Com o Cultura Viva vamos experimentar uma outra alternativa, o de-senvolvimento por aproximação entre os Pontos de Cultura. Nossa ideia é a de que a troca, a instigação e o questionamento, elementos essenciais para o desenvolvimento da cultura, aconteçam num conta-to horizontal entre os Pontos, sem relação de hierarquia ou superiori-dade entre culturas. Um Ponto auxiliando outro Ponto.

Evitamos um estrutura hierarquizada, pesada na forma de gestão e controle, muito comum na burocracia pública. Menos consensos fabri-cados (e sonhos roubados) e mais conexões de trabalho que respei-tem a diversidade e a busca de microsoluções para o fortalecimento de redes sociais. Para sedimentar a rede, os Pontos de Cultura.

O nome Ponto de Cultura surge do discurso de posse do ministro Gilberto Gil, “um do-in antropológico, um massageamento de pontos vitais da Nação”. E que Nação é essa? Não é uma massa compacta e estática e muito menos um conjunto de estereótipos e tradições inven-tadas. A Nação precisa ser vista como um organismo vivo, pulsante e que necessita ser constantemente energizado e equilibrado. Uma acupuntura social que vai direto ao Ponto. “Quando há vida, há inaca-bamento” (Paulo Freire, educador), mais processo e menos estruturas pré-defi nidas, menos fossilização e mais vida.

A rede Cultura Viva deve ser maleável, menos impositiva na sua forma de interagir com a realidade, e por isso, ágil e tolerante como um or-ganismo vivo. O objetivo é fazer uma integração dos Pontos em uma rede global que aconteça a partir das necessidades e ações locais. A interação entre o global e o local deve respeitar o crescimento das ações desenvolvidas em cada Ponto de Cultura, de modo que eles ganhem musculatura e conquistem sua sustentabilidade e emancipa-ção. Tal modo de pactuar com a sociedade foi defi nido como Gestão Compartilhada e Transformadora e envolve os conceitos de empode-ramento, autonomia e protagonismo social.

culturade transformAÇÃO

Page 3: Favela Por Direitps

MOVIMENTA ZONA OESTEMOVIMENTA ZONA OESTEFavela Por Direitos - Qual a importância do CCHC no cenário cultural de Vila Aliança, da Zona Oestee d cidade do Rio de Janeiro como um todo?Jeferson Cora - Primeiramente eu tenho o privilégio, dado por Deus, de ser um dos fundadores do Centro Cultural A História que Eu Conto, que fi ca localizado em Vila Aliança na Zona Oeste, junto com Binho e com Samuca. O CCHC foi construído já com uma pretensão audaciosa, que é se tornar a referência a nível cultural no Brasil. Para isso fomos seguindo etapas. Primeiro foi a construção e solidifi cação das atividades culturais de-senvolvidas pelo CCHC, como grafi tti, teatro, estamparia visando a geração de renda e movimentar a economia criativa, estamos fi nalizando a montagem de uma ilha de edição. Isso tudo para dar visibilidade, sobretudo, às coisas positivas que acontecem aqui no Complexo de Vila aliança e Senador Camará. Partimos do princípio que pequenas transformações ocorridas no ambiente que a gente vive estão impactando no universo como um todo, no mundo como um todo. Essa é a importân-cia que a gente considera... utilizar a cultura como ferra-menta de transformação social. É isso que a gente está desenvolvendo aqui em Vila Aliança.

FD – Sabemos que recentemente o CCHC passou a integrar a política dos pontos de cultura. Que signi-fi ca isso para a comunidade?Jeferson: Primeiro, isso foi uma conquista nossa. Todos os projetos que são elaborados aqui no CC, desde o planejamento até a execução, somos nós mesmos que desenvolvemos, nós mesmos que escrevemos. O Binho e eu. O Ponto de Cultura pra nós é um impacto, um im-pacto super positivo. Porque é o primeiro investimento no segmento cultural governamental aqui na nossa região. Com isso, nós ganhamos uma chancela, não só da Se-cretaria Estadual de Cultura, mas também conseguimos proporcionar maior visibilidade para as coisas que acon-tecem aqui. Conseguimos 92 ou 95 pontos na avaliação do projeto. Isso aproximou e criou uma relação muito ma-neira com a SEC com a galera da diversidade cultural, com marcos Andre, com o pessoal do escritório deapoio, com a sissa. Os holofotes... a gente costuma dizer que não temos o impacto do PAC, não somos uma região pacifi cada, não é benefi ciado pelo merchandising cultural e o nosso intuito foi estudar, aprimorar e projetar o que acontece aqui para atrair esses olhares e o ponto de cul-tura vai ser fundamental pra isso.

FD - Recentemente você produziu um fi lme “Vila Aliança - Memórias em Cinco Minutos” que foi muito bem avaliado pelas pessoas da comunidade. Comen-te um pouco do processo de elaboração do fi lme:Jeferson: Pra nós o CCHC foca no resgate da identida-de cultural. Já que a gente fala em pertencimento, não tem como se sentir pertencente aquilo que a gente não conhece. Muita gente não conhece a história de Vila Aliança. A Vila Aliança foi o primeiro conjunto habitacional da América Latina, fruto de remoções da década de 60, do governador Lacerda. Esse fator histórico merece ser valorizado, merece ser contado. Produzir esse fi lme foi primeiro um privilégio de Deus. Eu fui só uma ferramenta, mas teve um aparato da equipe do cc, que deu suporte para a realização desse curta-metragem. Pra gente foi muito difícil conseguir as imagens de arquivo, conseguir o registro, porque Vila Aliança não registrou sua história. Muitas coisas se perderam. Então, pra trazer isso á tona foi um mega desafi o, mas, como esse fi lme foi fruto da ofi cina de vídeo do RECINE, no Arquivo Nacional, con-seguimos imagens dos então chamados favelados da Guanabara, as imagens do Jornal Correio da Manhã, da época e o resultado foi legal, porque essas pessoas que

vieram dessas remoções e deram depoimentos, quando assistiriam ao fi lme, chora-ram de emoção ao relembrar aquele momento, ver o caminhão de madeira levando o pessoal, ver como era o Morro da Catacumba, a Praia do Pinto, a Favela do Esque-leto, que eles são oriundos de lá. ... Foi uma verdadeira e fantástica volta no tempo. Foi um desafi o muito grande e hoje, graças a Deus eu já colho os resultados desse fi lme, porque eu fui selecionado no edital para integrantes dos Pontos de Cultura do Instituto de Audiovisual Escola de Cinema Darcy ribeiro. Vou fazer o curso de Mon-tagem e Edição de Som e Imagem. Começo dia 14 de março, segunda-feira agora. Nosso intuito é sempre produzir o melhor. Porque, de uma forma geral, as favelas infelizmente ainda são vistas como quem produz material de terceira, sempre focado na questão da reciclagem, na questão do trabalho mediano. E a gente quer contribuir para a mudança desse olhar. Pra que as pessoas estudem mesmo.A gente já tem esse resultado aqui. O Luis Fernando, que é coordenador da área deteatro do CCHC, ganhou uma bolsa de 100% para estudar Teatro na UniverCidade, em Ipanema. O Binho é formado em Ciências Sociais, eu vou estudar Cinema. Esta-mos sempre na busca pelo conhecimento para sempre produzir o melhor para colo-car Vila Aliança e Senador Camará no lugar que eles merecem, pela sua importância histórica, que é ser visto com respeito.

FD – Vocês já contaram a história de Vila Aliança através do teatro, do cinema, do grafi tti, da moda. Vocês acreditam que a cultura também pode ser uma ferramenta para reivindicar direitos?Jeferson: Com certeza, nós costumamos dizer que a cultura é uma espécie deargumento. A ofi cina de grafi tti, por exemplo, é um atrativo que traz a molecada para a refl exão, porque não podemos simplesmente abordar um tema que é desconheci-do, como os Direitos Humanos, por exemplo, sem um ter um chamariz. Através dografi tti, e de outras iniciativas culturais propostas por nós, nós conseguimos promo-ver esse diálogo. Rodas de refl exão. Através do cineclube agora vamos focar em fi lmes temáticos e aguçar a discussão. O próprio projeto Acesso foi um elemento fundamental. Ou seja, o CCHC trabalhando com a Cultura de Direitos, visando a exigibilidade de direito. Muitas pessoas não sabiam o que são DH, que não é só pra defender bandido, então a gente pode abordar a questão dos direito humanois de maneira bem ampla. A cultura tem esse poder. O poder da busca pelo conhecimen-to, que foi o que fi zemos aqui: pra montar o Centro Cultural tivemos que mergulhar na nossa história, trazer isso à tona e, através dessa história que estamos con-tando, sensibilizar para outras coisas que virão. Ou seja, agora temos um projeto arquitetônico, uma parceria que está sendo construída com a prefeitura do Rio de Janeiro, a parceria com instituições como a FASE, o SESC e o pilar principal é a cultura.

MOVIMENTA ZONA OESTEMOVIMENTA ZONA OESTEMOVIMENTA ZONA OESTE

MOVIMENTA ZONA OESTEMOVIMENTA ZONA OESTE

MOVIMENTA ZONA OESTEMOVIMENTA ZONA OESTEMOVIMENTA ZONA OESTEMOVIMENTA ZONA OESTEMOVIMENTA ZONA OESTE

MOVIMENTA ZONA OESTEMOVIMENTA ZONA OESTE

MOVIMENTA ZONA OESTEMOVIMENTA ZONA OESTEMOVIMENTA ZONA OESTEMOVIMENTA ZONA OESTE

MOVIMENTA ZONA OESTEENTREVISTA JEFERSON CORA

grafitti/cinema/teatro/modaJeferson Cora - Grafi teiro e Cineasta Coordenador Executivo do Centro Cultural História Que eu Conto

Page 4: Favela Por Direitps

educação /nosso olhar

A falta de creches e escolas de ensino integral faz com que os pais deixem seus fi lhos mais novos sob a responsabilidade dos fi lhos mais velhos.A recente formação de Vila Aliança, tendo em vis-ta as diversas origens de seus moradores exigiu, em dado momento uma forma de organização afi m de reivindicar serviços como de fato eram seus direitos. O movimento reivindicatório iniciou no fi nal da década de 1960.Cabe mencionar que neste período partiu de duas instituições a iniciativa de controlar os ânimos e orientar a população de forma a fortalecerem enquanto lideranças comunitárias, deste modo passou a ter representatividade efetiva diante do poder público.A Escola Municipal Rubem Berta e a Igreja Cató-lica Menino Jesus de Praga, devidamente repre-sentadas pelo diretor Almir Silva e o Padre Bruno, fomentaram como sujeitos sociais os primeiros passos preponderantes em busca do desenvolvi-mento local, através de reuniões com o Conselho de Moradores de Vila Aliança, onde em cada rua havia um representante e que foram motivados a formar um grupo só com a Associação de Mo-radores Pró Melhoramentos de Vila Aliança em 22 de dezembro de 1968, situados na Rua do Orador 23. Neste período a Fundação Leão XIII realizava atendimento comunitário como alguns serviços médicos procurando suprir a ausência de um posto de saúde na região; distribuição de leite; oferecendo isenções de segunda via de do-cumentos, etc.Em meados da década de 1990 surgiram as iniciativas não governamentais voltadas para a atenção mais direta à educação (reforço escolar) e esporte e lazer (futebol e recreação). Contudo, foi a partir de 2000 que se intensifi caram as ati-vidades do setor de organizações e movimentos sociais na região de Vila Aliança e as áreas adja-centes.Em 2005 foram constatadas pelo Instituto Rede Ação mais de 70 organizações voltadas para ati-vidades de esporte e lazer, educação, etc. A falta de políticas e ações governamentais justifi ca o crescimento contínuo destas instituições.Por mais que os propósitos das instituições e ini-ciativas pessoais tivessem determinados pontos comuns, o isolamento e a falta de diálogo afeta-ram o êxito nas ações das mesmas, levando a reconhecerem a importância de atuarem em par-ceria.Cada ação isolada provocou ainda mais isolamen-to e a perda prejudicou a todos. Grupos associa-dos a igrejas evangélicas e católicas passaram a intensifi car suas ações percebendo a carência e extrema necessidade de intervir no ambiente onde se situam as igrejas. Destacaram-se a Pri-meira igreja Batista de Vila Aliança e a Igreja ca-tólica Meninos Jesus, que desde o Padre Bruno não mais teve um pároco que militasse com tan-to afi nco pela comunidade. Além das iniciativas tomadas pelos moradores, algumas instituições vieram de fora do país, fazendo intercâmbio entre países como Holanda, França, Irlanda, Austrália e Estados Unidos que visitam constantemente o território.Desconstruir os hábitos que estagnaram o de-senvolvimento do Complexo de Vila Aliança e Se-nador Camará talvez seja a prioridade em pauta como grande desafi o dos sujeitos sociais na in-cessante missão de amenizar os problemas vivi-

dos desde a fundação do conjunto e as comunidades que o cercam.O bairro foi berço do Bloco Carnavalesco Boêmios de Vila Aliança. Além deste, outras, atividades culturais do bairro foram a “blecota”, o “frevo mulher”, a festa Junina da Praça do Aviador. Em Bangu, encontram se o Cine Art e o Cinema do Shopping Bangu. A Lona Cultural Hermeto Pasqual da Prefeitura também localizada em Bangu, oferece atividades diversas a preços populares. Dentro de Vila Aliança somente estão situadas as Escolas Municipais Rubem Berta e a Marieta Cunha da Silva, tendo esta com o mesmo nome, mas em horários noturno funciona no prédio da Escola Municipal Rubem Berta, para o ensino médio (Colégio Estadual Marieta Cunha da Silva).

escolas e espaços culturaisESCOLAS

Vila Aliança: - Escola Municipal Rubem Berta- Ensino Fundamental- Escola Municipal Marieta Cunha da Silva- Ensino Funda-mental- Colégio Estadual Marieta Cunha da Silva (ensino médio) funcionando em horário noturno no prédio da Escola Mu-nicipal Rubem Berta.

Nova Aliança:- Creche Municipal Nova Aliança

Estrada do Taquaral:- CIEP Olof Palm - Ensino Fundamental- CIEP Gilberto Freire- Ensino Fundamental- CIEP Rubem Braga- Ensino Médio

Estrada do Engenho:- CIEP Maestrina Chiquinha Gonzaga Ensino Fundamental- Colégio Estadual Bangu- Ensino Médio

Coronel Tamarindo- Escola Municipal Pracinha João da Silva- Ensino Fundamental- Colégio Estadual Prof. Daltro dos Santos- Ensino Médio

Condomínio Colinas do Retiro- Escola Municipal Ayrton Senna- Ensino Fundamental

Augusto Figueiredo (Senador Camará)- Escola Municipal Sampaio Corrêa- Ensino Fundamental

ESPAÇOS DE ARTE E CULTURA

- Centro Cultural a História que Eu Conto- Biblioteca Comunitária Quilombo dos Poeta- Projeto Construir - Igreja Batista de Vila Aliança

- Núcleo Sociocultural Caixa de Surpresa- Projeto Social Ponto Br (IBISS) - Biblioteca Municipal Poeta Cruz e Souza

por Jeferson Cora

transformando vidas

Família, boa noite.

Quando cheguei ao Centro Cultural A História Que Eu Conto,com o Thiago e Ariel, vinha com frustrações de trabalhos anteriores, desacreditado, com a auto-estima lá embaixo, pensando em largar tudo e seguir o que estava posto pra mim.Cheguei nesse espaço conheci pessoas sonhadoras , percebi que ali seria o lugar ideal para depositar e compartilhar o meu Sonho. De lá pra cá foram muitas batalhas, muito suor, mas sempre com a certeza que estava no caminho certo. Foi ai que começou a “gestação do meu Sonho”, conseguimos aprovação do Projeto A História Que Eu Conto Em Teatro, pela Casa da Moeda do Brasil, onde resul-tou num Espetáculo que marcou minha vida, mesmo ansioso para estar no palco, sempre tinha alguém do meu lado para me amparar e me ajudar a ser PACIENTE. Muitas vitórias vieram, Festival de Esquetes, as crianças saboreando o Teatro, confesso que não foi fácil ser PACIENTE, sem vocês tenho certeza que não conseguiria, Deus é tão bom que colocou as pessoas certas, no espaço certo. Com todos os obstáculos, eu não desisti. Hoje, dia três de março de dois mil e onze é um dia histórico para todos nós. Em mais um passo para a realização de um Sonho, Binho e eu fomos novamente a UniverCidade, dessa vez para conversar com o Coordenador do Curso de Teatro, e descobrimos que ele conhecia a Vila Aliança, pois já teria participado de um projeto aqui, fi cou de ver a possibi-lidade de uma bolsa integral com a pessoa responsável. Tivemos a noticia no mesmo dia: CONSEGUIMOS! Estou realizando um sonho.

Luiz Fernando Pereira Pinto.Coordenador do Grupo de Teatro CCHC

Coronel Tamarindo- Escola Municipal Pracinha João da Silva- Ensino Fundamental- Colégio Estadual Prof. Daltro dos Santos- Ensino Médio

Condomínio Colinas do Retiro- Escola Municipal Ayrton Senna- Ensino Fundamental

Augusto Figueiredo (Senador Camará)- Escola Municipal Sampaio Corrêa- Ensino Fundamental

Fotos - Diego Striano