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GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 18, pp. 171 - 186, 2005 ALTERAÇÕES MICROCLIMÁTICAS EM AMBIENTES DE FAVELA: METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO EMPREGADA NA FAVELA DE PARAISÓPOLIS – SÃO PAULO, BRASIL, 2003 1 Edelci Nunes da Silva* Helena Ribeiro** RESUMO: O texto apresenta a metodologia de pesquisa desenvolvida para a avaliação de microclima em região de favela, na zona oeste do município de São Paulo. Utilizando-se a proposta teórica de Monteiro – abordagem rítmica e o Sistema Clima Urbano (SCU) - trabalhou-se na escala microclimática, procurando identificar as transformações que ocorrem na atmosfera em uma ocupação do espaço urbano – como é o caso das favelas. Os fatores de organização e diferenciação considerados foram o arruamento e o adensamento das construções. Foram feitas medições horárias de temperatura e umidade em quatro pontos na favela e em um ponto fora da favela, com registradores digitais em miniabrigos aspirados. A articulação com a escala local foi feita com dados de duas estações meteorológicas da cidade de São Paulo. PALAVRAS-CHAVE: Microclima, favela, temperatura, Paraisópolis, São Paulo ABSTRACT: This article presents methodology used to evaluate microclimatic conditions in a favela located at the southwest region of the city of São Paulo. Based on theory developed by Monteiro – rhythmic analysis and Urban Climate System – the authors worked on microclimatic scale, trying to identify atmospheric transformations in urban occupation – as is the case of slums. Street pattern and density of housing were the factors considered. Hourly measurements of air temperature and humidity were done in four specific areas inside the slums area and another outside the slums with automatic registers. The comparison with the local scale was based on data obtained from two urban meteorological stations. KEY WORDS: Microclimate, slums, air temperature, Paraisópolis, São Paulo *Geógrafa, Mestre em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP. E-mail:[email protected] ** Geógrafa, Profª Titular do Departamento de Saúde Ambiental da FSP da USP. E-mail: [email protected] I- Introdução A favela é um fenômeno presente em todas as capitais brasileiras. Em São Paulo, devido às características de sua urbanização – modelo periférico –, a favela não era um fato de grande magnitude até a década de 1970; a população vivendo em favelas representava 1% do total do município nesta década. Porém, a partir da década de 1970 e nas décadas posteriores – 1980 e 1990 –, o processo de favelização na cidade de São Paulo ganha grandes proporções. No ano de 2000, a população vivendo em favelas no município atinge 8,5%, segundo o IBGE (IBGE 2000) e 11,1% segundo PMSP/CEM (MARQUES E., TORRES H., SARAIVA C 2003). Alguns autores atribuem este fato ao esgotamento de terras

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GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 18, pp. 171 - 186, 2005

ALTERAÇÕES MICROCLIMÁTICAS EM AMBIENTES DE FAVELA:METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO EMPREGADA NA FAVELA DE

PARAISÓPOLIS – SÃO PAULO, BRASIL, 20031

Edelci Nunes da Silva*Helena Ribeiro**

RESUMO:O texto apresenta a metodologia de pesquisa desenvolvida para a avaliação de microclima emregião de favela, na zona oeste do município de São Paulo. Utilizando-se a proposta teórica deMonteiro – abordagem rítmica e o Sistema Clima Urbano (SCU) - trabalhou-se na escala microclimática,procurando identificar as transformações que ocorrem na atmosfera em uma ocupação do espaçourbano – como é o caso das favelas. Os fatores de organização e diferenciação consideradosforam o arruamento e o adensamento das construções. Foram feitas medições horárias detemperatura e umidade em quatro pontos na favela e em um ponto fora da favela, com registradoresdigitais em miniabrigos aspirados. A articulação com a escala local foi feita com dados de duasestações meteorológicas da cidade de São Paulo.PALAVRAS-CHAVE:Microclima, favela, temperatura, Paraisópolis, São PauloABSTRACT:This article presents methodology used to evaluate microclimatic conditions in a favela located atthe southwest region of the city of São Paulo. Based on theory developed by Monteiro – rhythmicanalysis and Urban Climate System – the authors worked on microclimatic scale, trying to identifyatmospheric transformations in urban occupation – as is the case of slums. Street pattern anddensity of housing were the factors considered. Hourly measurements of air temperature andhumidity were done in four specific areas inside the slums area and another outside the slums withautomatic registers. The comparison with the local scale was based on data obtained from twourban meteorological stations.KEY WORDS:Microclimate, slums, air temperature, Paraisópolis, São Paulo

*Geógrafa, Mestre em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP. E-mail:[email protected]** Geógrafa, Profª Titular do Departamento de Saúde Ambiental da FSP da USP. E-mail: [email protected]

I- Introdução

A favela é um fenômeno presente emtodas as capitais brasileiras. Em São Paulo,devido às características de sua urbanização –modelo periférico –, a favela não era um fatode grande magnitude até a década de 1970; apopulação vivendo em favelas representava 1%do total do município nesta década.

Porém, a partir da década de 1970 e nasdécadas posteriores – 1980 e 1990 –, oprocesso de favelização na cidade de São Pauloganha grandes proporções. No ano de 2000, apopulação vivendo em favelas no municípioatinge 8,5%, segundo o IBGE (IBGE 2000) e11,1% segundo PMSP/CEM (MARQUES E.,TORRES H., SARAIVA C 2003). Alguns autoresatribuem este fato ao esgotamento de terras

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que caracterizou a expansão das moradiasperiféricas nas décadas anteriores, aoempobrecimento da população paulistana e àausência de políticas públicas de moradia parapopulação de baixa renda. (BRANT 1989; ROLNIKet. all 1990; TASCHNER 1999; TORRES et. al,2003).

As favelas, na maioria das vezes, estãolocalizadas em áreas que, do ponto de vistanatural, foram rejeitadas pelosempreendimentos legais. Ou seja, estãolocalizadas em terrenos de alta declividade,próximas aos córregos, beira de rodovias eferrovias, áreas essas que representam aspiores condições para a ocupação humana.

Se, no passado, as favelas eram um localtemporário de residência, nas últimas décadasvêm se tornando, cada vez mais, um localdefinitivo de moradia para milhares debrasileiros. A favela deixou, então, de ser umlugar exclusivamente de barracos de madeira –embora eles ainda estejam presentes, mesmonas favelas melhor estruturadas – para dar lugaràs casas de alvenaria com laje estrutural oucobertura de telha amianto, o que demonstraque a favela deixou de ser um espaço dehabitação provisória.

A instalação da infra-estrutura básica(asfalto, água, energia elétrica), e da própriacasa (alvenaria), não refletiu, no entanto, numamelhoria ampla nas condições de habitabilidade,pois outros serviços, como saneamento básico,por exemplo, não foram colocados comoprioridade nas áreas de favela. VERAS eTASCHNER (1990, p. 56) apontam que “emboraservidas em grande parte por serviços de infra-estrutura, a precariedade é sensível quanto aosistema de esgoto (84% não possuem tal benefíciourbano), deixando-se os dejetos a céu aberto, nafossa negra, soluções individuais e provisórias”.

Além disso, na ocupação da área, ocorrea subtração da quase totalidade da vegetação,a alta impermeabilização dos lotes – uma vezque são totalmente construídos – E oordenamento espontâneo e denso com ruasirregulares e muito estreitas. Esses fatores

expõem a população residente a riscos, nemsempre visíveis, como a ausência de insolaçãoe ventilação adequadas, e a precariedade dasconstruções e isolamento do ambiente externo,fatores que estão associados com altasincidências de doenças nessas áreas.

Neste sentido, destaca-se a relevânciade avaliar as condições ambientais atmosféricasem um ambiente de favela – no caso, a favelaParaisópolis, situada na região Sudoeste de SãoPaulo –, um dos setores mais ricos da cidade,onde, porém, encontram-se as marcas dasegregação espacial e da espoliação urbana.

II- Metodologia

II.I- Referencial Teórico

A investigação do microclima, napresente pesquisa, orientou-se pela propostateórica de Monteiro (Monteiro, 1976 e 1990b),considerando a abordagem rítmica do clima2 eo Sistema Clima Urbano3 (SCU).

O SCU tem por objetivo compreender aorganização climática peculiar da cidade, ouseja, as relações complexas entre a atmosferae as diferenciações da estrutura urbana. Comoum sistema aberto e complexo, o clima urbanotem na cidade um componente essencial natransformação que ocorre na atmosfera urbana.As maiores expressões da transformação daatmosfera pela urbanização são a ilha de calore a poluição atmosférica (MONTEIRO,1976, p.96-7).

O SCU permite tratar o clima urbano emqualquer nível de organização hierárquica,desde que este esteja articulado com as outrasescalas de abordagem.

A cidade, em relação à organizaçãohierárquica, insere-se na escala climática local.O local, por sua vez, é parte de um conjuntomaior. A cidade, então, insere-se em níveis dosub-regional, regional e zonal e também sedivide em setores inferiores da escalamicroclimática (MONTEIRO 1976, p. 96)

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Neste trabalho, a organizaçãohierárquica considerada foi a escalamicroclimática. Procurou-se identificar astransformações que ocorrem na atmosfera emuma ocupação irregular do espaço urbano –como é o caso das favelas. O fator deorganização e diferenciação dos aspectosmicroclimáticos considerado foi o arruamento eo adensamento das construções.

Os instrumentos de coleta de dadosforam dispostos em ambientes no interior dafavela, considerando a largura das ruas/vielas.Com isso, buscou-se verificar se o ordenamentoespacial e adensamento consistem em fator detransformação das condições térmicas e deumidade na escala micro.

Para controle, foram instaladosinstrumentos de medição em uma rua padrãodo bairro do Morumbi - em um ambiente de nãofavela.

A articulação com a escala local da cidadefoi feita utilizando-se os dados de duas estaçõesmeteorológicas da cidade de São Paulo: a)Estação Experimental do Laboratório deClimatologia e Biogeografia da USP (ELCB),situada no campus da cidade Universitária,Zona Oeste e b) Estação Meteorológica doDepartamento de Ciências Atmosféricas doInstituto Astronômico e Geofísico daUniversidade de São Paulo – (IAG/USP), situadano Parque Estadual das Fontes do Ipiranga,Zona Sul.

O período de medição das condições detemperatura e umidade compreendeu trêsestações do ano: verão, outono e inverno. Asmedições foram iniciadas em 18 de fevereiro de2003, compreendendo o verão, e foramencerradas no dia 31 de julho de 2003, noinverno, totalizando cinco meses e dez dias deobservação.

II.II- Pesquisa de Gabinete

A pesquisa de gabinete contou com asseguintes etapas:

a) A pesquisa bibliográfica ondeprocurou-se abranger a literatura paracompreender: as questões relacionadas aoprocesso de urbanização na cidade de São Pauloe o crescimento das favelas; a área de estudo– a favela Paraisópolis; a caracterizaçãoclimática da cidade de São Paulo; as alteraçõesclimáticas nas áreas urbanas e suas implicaçõesna saúde – como a bioclimatologia urbana econforto térmico; a degradação ambiental nasáreas de favelas e entorno doméstico. Buscou-se verificar, na bibliografia específica sobre climae saúde, se as condições microclimáticasconstatadas empiricamente, no campo,correspondem ao que os autores colocam comocondições de risco à saúde da população;

b) A pesquisa de dados: buscou-se osdados meteorológicos nas estações doLaboratório de Climatologia e Biogeografia daUSP e do Instituto Astronômico e Geofísico daUSP; dados de população total e da populaçãofavelada do município de São Paulo em sites nainternet de órgãos municipais e do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);

c) Pesquisa documental: Cartatopográfica e fotografias aéreas da área deestudo; censo do Instituto Diadema de EstudosMunicipais (IDEM); Censo da Secretaria Municipalde Habitação e Desenvolvimento Urbano eDiagonal Urbana (SEHAB/Diagonal).

II.III- Pesquisa de Campo

II.III.I- Dados Climáticos

II.III.I.I- A escolha dos pontos de coleta dedados climáticos

A escolha dos pontos de coleta contoucom duas etapas preliminares:

a) A análise do material cartográfico eaerofotogramétrico e;

b) Visita ao campo

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Figura 1– Localização dos postos de medição de temperatura e umidade do ar na favelaParaisópolis e na Rua Silveira Sampaio.

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Na seleção dos pontos, em primeirolugar, utilizou-se a carta hipsométrica daEmpresa Metropolitana de Planejamento daGrande São Paulo S/A (EMPLASA) – escala1:10.000 Folha Vila Campo Belo – e fotografiasaéreas Base S/A – escala 1:6:000, para associaras características topográficas e o uso do solo– tipo de construção predominante,afastamento das ruas e vielas e adensamentoda área em estudo.

Após uma análise preliminar da carta eda fotografia aérea, realizou-se uma visita aocampo com o intuito de se levantar outroselementos que pudessem ajudar na escolha dospontos de coleta dos dados de temperatura eumidade.

De posse das informações cartográficase de campo, definiu-se uma área homogêneado ponto de vista topográfico – foi escolhidauma área de fundo de vale – e do ponto devista do uso do solo – com predominância deconstruções residenciais e pequeno comércio.

A escolha do fundo de vale deu-se como objetivo de eliminar os fatores de diferenciaçãotopográfica, como exposição da vertente ealtitude, pois se sabe que esses fatores interferemna diferenciação microclimática de um lugar, comopor exemplo, as vertentes sul, em nossa latitude,que geralmente, são mais frias do que as vertentesnorte. Dessa maneira, pretendeu-se diminuir, aomáximo, esses fatores de interferência.

Com relação ao uso do solo, procurou-seselecionar uma área bem caracterizada do pontode vista do ordenamento típico de um aglomeradosubnormal4 da cidade de São Paulo, ou seja, compredominância de casas de um ou dois andares,muito adensadas, presença de vielas estreitas deacesso às casas no interior das quadras e ausênciade vegetação.

Delimitada a área, selecionou-se, no seuinterior, quatro pontos onde foram instalados ospostos com os registradores digitais. O critério deseleção dos pontos no interior da área delimitadafoi a largura das ruas e/ou espaço de circulação(Figura 1).

Assim, os Miniabrigos Aspirados foraminstalados com os registradores digitais detemperatura e umidade em quatro pontos na favelacom as características a seguir: Ponto 1 – TravessaN.Sra. Aparecida – correspondente ao Posto A.Altitude: entre 765m e 760 m.5 Trata-se de umarua transversal à rua principal, com larguraaproximada de 6m e calçamento de cimento. Nessatravessa predominam casas de alvenaria,assobradadas. Apresenta, também, um reduzidocomércio de pequenas vendas e bares (Figura 2).Ponto 2 – Rua principal Rudolf Lotze –correspondente ao Posto B. Altitude: entre 765m e760 m. Essa é uma das ruas principais que cortam aárea da favela, com largura aproximada de 12m,calçada e cobertura de asfalto. Predominam casasde alvenaria assobradadas. Há, nessa rua, umnúmero grande de estabelecimentos comerciais –mercadinhos, cabeleireiros, chaveiros, consertos deeletrodomésticos. A rua apresenta um tráfegointenso de automóveis e de pessoas (Figura3).Ponto 3 – Beco do Mota I: Córrego – correspondenteao Posto C. Altitude: entre 760m e 755 m. Trata-sede uma área com predominância de barracos demadeira em palafitas, sobre um córrego. Apassagem de acesso às casas é feita de madeiraou compensado colocados por cima do córrego. Alargura aproximada é de 1,5m (Figura 4). Ponto 4 –Beco do Mota II – correspondente ao Posto D.Altitude: 765 e 760m. Trata-se de uma viela estreita,com mais ou menos 1,5 m de largura. Predominamconstruções de alvenaria, com a presença pontualde “barracos” de madeira. O calçamento da viela éde cimento (Figura 5).

Como referência de controle das condiçõesambientais (temperatura e umidade), instalou-se,fora da área da favela, um quinto posto na RuaSilveira Sampaio, que dá acesso a ela. Ponto 5 –Rua Silveira Sampaio – correspondente ao PostoH. Altitude: entre 765 e 770 m. Trata-se de umponto fora da favela, porém próximo a ela.Caracteriza-se por rua com largura aproximada de12 m, asfaltada, bem arborizada, com predominânciade casas de médio e alto padrão. Do ponto de vistatopográfico, a rua Silveira Sampaio localiza-se acimado nível dos postos de coleta do interior da favela(aproximadamente 15 m acima do ponto mais baixo)(Figura 6).

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Figura 2 – Corte transversal da travessa Nossa Senhora Aparecida – POSTO A, sem escala.

Desenho: Walter Saiani

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Figura 3 – Corte transversal da Rua Rudolf Lotze – POSTO B, sem escala.

Desenho: Walter Saiani

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Figura 4 – Corte transversal do Córrego do Brejo – POSTO C, sem escala.

Desenho: Walter Saiani

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Figura 5– Corte transversal da Viela do Mota – POSTO D, sem escala.

Desenho: Walter Saiani

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Figura 6 – Corte transversal da Rua Silveira Sampaio – POSTO H, sem escala

Desenho: Walter Saiani

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II.III.I.II- Os Miniabrigos MeteorológicosAspirados (MMA)

Os Miniabrigos Meteorológicos Aspirados(MMA), desenvolvidos no Laboratório deClimatologia e Biogeografia da Universidade deSão Paulo, foram utilizados para instalação dosregistradores digitais. Trata-se de abrigos quaseestanques à luz, com paredes que proporcionamisolamento térmico. Possuem restrito volumeinterno e o ar é continuamente aspirado, o queelimina a interferência direta das variações naintensidade e direção do vento no desempenhodos instrumentos (AZEVEDO e TARIFA 2001 e2002). AZEVEDO e TARIFA (2002) demonstraramque os microregistradores digitais detemperatura e umidade, no interior do MMA,apresentam resultados mais confiáveis do queos mesmos instrumentos no interior do abrigometeorológico convencional.

Os miniabrigos meteorológicos foraminstalados numa altura de aproximadamente 2mdo solo. Somente no Posto A – Travessa N.Sra.Aparecida – o miniabrigo foi instalado aaproximadamente 2,5 m. Nessa travessa, comoas calçadas são altas, a 2 metros acima do nívelda rua, o abrigo ficaria acessível às crianças.

II.III.I.III- Registradores digitais(dataloggers)

Para a medição das temperaturas eumidade utilizou-se os miniregistradores digitaisda Marca Onset, Modelo Stow Away XT1026 .

Os registradores digitais ficaramacondicionados em Miniabrigo MeteorológicoAspirado (MMA). Os registros das temperaturase umidade do ar foram programados de 1h em1h, seguindo o padrão das estaçõesmeteorológicas convencionais. Ao programar-seos equipamentos, optou-se pelo registro damédia do intervalo entre as medições. Istosignificou que os aparelhos registraramtemperatura e umidade média do intervalo de1 hora.

Os miniregistradores digitais sãocapazes de armazenar os dados em suamemória. A capacidade de armazenamento éfixa. O período de registro é inversamenteproporcional à freqüência do registro. Porexemplo, os miniregistradores são capazes dearmazenar dados horários por 75 dias.Diminuindo o intervalo para meia hora, diminui-se o período de armazenamento.

II.III.I.IV- A calibragem dos registradoresdigitais

O desempenho dos miniregistradoresdigitais no interior do MMA foi testado ecomparado com os equipamentos analógicostradicionais util izados em estaçõesmeteorológicas convencionais, demonstroueficiência e correlação estatística, ou seja, elesforam validados com os instrumentos utilizadosem uma estação meteorológica padrão 7 .AZEVEDO e TARIFA (2002) demonstraram queos miniregistradores digitais e o miniabrigometeorológico aspirado constituem em uminstrumental de excelente qualidade narealização de pesquisas de campo emmicroclimatologia.

Dessa forma, a calibragem dosregistradores foi feita entre aqueles aparelhosutilizados no campo, seguindo os procedimentosabaixo descritos:

a) Os registradores de temperaturaforam colocados em um mesmo ambientefechado e estanque à luz e foram feitasmedições simultâneas das temperaturas. Emseguida recolheram-se os dados e analisou-sea seqüência dos dados de todos os aparelhos.As diferenças das temperaturas entre osaparelhos não ultrapassaram a 0,1o C, o queestá dentro da margem de precisão dofabricante e do padrão da OrganizaçãoMeteorológica Mundial (OMM). Dessa forma, osdados de temperatura foram comparadosdiretamente sem necessidade de correção entreos instrumentos.

b) Os registradores de umidade foram

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acondicionados em um ambiente fechado,estanque a luz com desumidificador (sal decozinha). Os aparelhos fizeram as mediçõessimultâneas da umidade. Estes aparelhosapresentaram diferenças maiores entre eles.Foram retirados aqueles aparelhos queapresentaram muita discrepância entre osdados. Utilizaram-se os aparelhos com maiorregularidade e com registro de dados próximos.Os registradores de umidade do Posto C e doPosto H foram corrigidos subtraindo 3% dosdados dos instrumentos destes postos.

II.III.I.V- O monitoramento e a coleta dosdados

Durante o período de registro fez-se ainspeção dos equipamentos e a coleta dosdados periodicamente. A coleta deu-se, no início,no intervalo de uma semana – 18/02/2003 a 26/02/2003 - e, nas semanas posteriores,quinzenalmente. Além disso, foi feita inspeçãodos aparelhos semanalmente. Procurou-sefazer as coletas dos dados sempre no mesmodia da semana e no mesmo horário, no entantonem sempre foi possível.

Apesar da capacidade dearmazenamento dos dados por até 75 dias, acoleta dos dados foi feita em intervalos de 15dias pelas seguintes razões:

a) Estar sempre presente nacomunidade, a fim de que os moradores sefamiliarizassem com a pesquisadora e com apesquisa;

b) Certificar-se de que os abrigos e osaparelhos estavam intactos, funcionando eregistrando os dados corretamente.

Esse procedimento procurou garantir aqualidade dos dados e a correção de algumproblema que pudesse ocorrer, minimizando aspossíveis perdas.

A coleta dos dados de temperatura eumidade, inicialmente, deu-se como dito acima:quinzenalmente e aos pares. Isto é, eramescolhidos dois postos, cujos equipamentos

eram recolhidos e levados para gabinete, edescarregados no microcomputador. Asubstituição dos equipamentos nos abrigos sópodia ser efetuada após descarregamento ereprogramação, por não haverem aparelhossobressalentes. Assim, nova programação dosequipamentos era efetuada e aguardava-se ahora cheia para religar os instrumentos –procedimento realizado próximo ao abrigo – ecolocá-los de volta. O mesmo procedimento eraefetuado na hora seguinte para os outros doispostos e, finalmente, para o último posto (forada favela).

Procurou-se, sempre, colocar osequipamentos aproximadamente no mesmohorário. De um posto para outro havia umadiferença de alguns minutos (entre 5 minutos e15 minutos). A informação da primeira hora,após o recolhimento dos aparelhos, sempre foiperdida por não ter havido registro.

No final do mês de abril percebeu-se queo procedimento poderia ser mudado,despendendo menos tempo em campo. A partirdesse momento adotou-se outro procedimento:recolhia-se todos os instrumentos que eramlevados para serem descarregados e re-programados em gabinete. Todos os aparelhoseram religados em gabinete na hora cheia.Posteriormente os equipamentos eramreinstalados nos abrigos. A primeira hora deregistro, após a instalação dos instrumentos,foi descartada, pois os equipamentos iniciavamsuas medidas fora dos abrigos.

Porém, esse procedimento possibilitou aprogramação de todos os equipamentos emhorários muito mais próximos do que os doprocedimento anterior, reduzindo a diferençapara alguns segundos. Além disso, o tempodespendido em campo foi reduzido em 2 horas.Dessa forma, passou-se a adotar este últimoprocedimento na coleta dos dados.

II.IV- Articulação com a escala local

Para articulação dos dados da escalamicro (favela) com a escala local (cidade), foram

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utilizados dados de duas estaçõesmeteorológicas da cidade de São Paulo.

a) Estação Meteorológica AutomáticaExperimental do Laboratório de Climatologia eBiogeografia (ELCB)

A ELCB situa-se à latitude 23o33’47,60’’S e 46o43’25,85’’ W, no prédio do Departamentode Geografia da FFLCH da USP - CidadeUniversitária – , zona oeste da cidade de SãoPaulo. A estação automática da marca Campbellencontra-se a uma altitude de 749,05 m. Nestetrabalho utilizaram-se os registros horários detemperatura do ar a 2 metros do solo e umidaderelativa horário do ar.

Segundo RIBEIRO e AZEVEDO (2003) ocampus da Universidade de São Paulo, ondeestá localizada a ELCB, constitui uma áreaintermediária com relação à ilha de calor dametrópole. As áreas amplas e cobertas porgramados e manchas de vegetação arbóreacontribuem para amenizar a ilha de calor dacidade.

b) Estação Meteorológica doDepartamento de Ciências Atmosféricas doInstituto Astronômico e Geofísico daUniversidade de São Paulo – IAG

A estação meteorológica do IAG situa-se à latitude 23o 39’ S e a longitude 46o 37’ W,no bairro da Água Funda, zona sul da cidade deSão Paulo. A estação encontra-se em umaaltitude de 799,2 m.

A estação do IAG realiza observaçõeshorárias da temperatura do ar e da umidade doar entre as 7h as 24h. A leitura da umidade doar é feita a partir da leitura dos bulbos seco eúmido de um psicrômetro de aspiração tipoAssmann, com motor elétrico, e a leitura datemperatura do ar é feita a partir do bulbo secodo mesmo instrumento.

Os registros de umidade relativa, noshorários entre 01 e 06h, são feitos a partir deestimativa de um higrógrafo dotado de harpade fio de cabelo (Fuess). As temperaturas doshorários entre 01h e 06h são feitas por

estimativa a partir de um termógrafo de anelbimetálico (Fuess).

As temperaturas de máxima sãoefetuadas a partir de um termômetro de máximacom capilar de mercúrio (Fuess) e de umtermômetro de mínima com capilar de álcool(Fuess), às 07h, 14h, 21h e 24h; uma leitura dotermômetro de máxima também é feita às 15h.

O Parque Estadual das Fontes doIpiranga (PEFI), onde está localizada a estaçãodo IAG, pode ser considerado como uma áreaque ameniza a ilha de calor da metrópolepaulistana. Este fato foi constatado emLOMBARDO (1985), que encontrou, nesta porçãoda cidade, a ocorrência das temperaturas maisbaixas do interior da mancha urbana.

RIBEIRO e AZEVEDO (2003, p.14-5)também consideraram o PEFI como uma áreaamenizadora da ilha de calor. Contudo, osautores constataram que esse fenômeno nãoocorre durante todo o dia. Durante o períododa manhã as temperaturas na estação do IAGapresentam-se mais elevadas do que em outrasestações da cidade, voltando a ficar mais baixasa partir do início da tarde. Este fato estárelacionado à dinâmica das brisas continentaise oceânicas e à localização da estação em umacolina.

II.V- Análise dos dados de temperatura eumidade

Primeiramente, os dados foramorganizados em um único banco e forameliminados os “ruídos”, ou seja, aquelesregistros que se apresentaram inconsistentes,aqueles que corresponderam à hora seguinteà instalação dos aparelhos, ou aqueles dadosque foram registrados quando o aspirado dominiabrigo estava desligado.

Foi feita a correção de todos os dadospara a hora cheia. Os raros intervalos de até 5horas sem registro, sempre que possível, foramcompletados fazendo-se a interpolação lineardos dados.

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Após esse procedimento, foi feito otratamento estatístico descritivo. Calcularam-setemperaturas e umidades médias, diárias ehorárias, as temperaturas e umidades máximasdiárias, as temperaturas e umidades mínimasdiárias e a amplitude térmica e de umidadediárias de todos os postos.

Foram feitos, também, os cálculos defreqüências das diferenças de temperaturashorárias, comparando os postos A, B, C, D e H eas estações meteorológicas, adotando-se ocritério de AZEVEDO (2002).

As diferenças das temperaturas acima de1,0oC foram consideradas como mais quentesdo que os postos padrões; as diferenças abaixode –1,0oC foram consideradas como mais friasdo que os postos padrões; as diferenças comintervalo entre –1oC e 1oC foram consideradasiguais aos postos padrões. Em outras palavras,as temperaturas que apresentaram 1 o C oumais do que as temperaturas do posto padrãoforam consideradas como mais quentes; aquelasque apresentaram diferenças de temperaturasinferiores à –1oC foram consideradas como maisfrias.

O tratamento dos dados para o cálculodas freqüências de temperatura seguiu asseguintes etapas:

a) Estabeleceram-se dois postos paracomparação das temperaturas da escala microcom a escala local: Estação Experimental doLaboratório de Climatologia e Biogeografia daUSP (ELCB); e Estação Meteorológica do InstitutoAstronômico e Geofísico da USP (IAG);

b) Calcularam-se as diferenças entre osdados horários de temperatura dos postos dafavela e da Rua Silveira Sampaio (Posto H) e osdados horários de temperatura das estaçõesmeteorológicas;

c) Estabeleceu-se um terceiro postopadrão: o posto da Rua Silveira Sampaio (PostoH) para comparação com os postos do interiorda favela. Os cálculos seguiram o procedimentodo item b.

Efetuou-se o cálculo das freqüências eforam elaborados gráficos.

III- Algumas Conclusôes

O Sistema Clima Urbano e o conceito deritmo proposto por Monteiro (1976), utilizadoscomo referencial teórico de análise dos dadosnesta pesquisa, permitiram ressaltar asalterações dos atributos climáticos detemperatura e de umidade impostas peloscontroles de superfície na escala micro, fato quenão seria possível em uma análise somente apartir das médias dos dados de atributosclimáticos, geralmente obtidos nas estaçõesmeteorológicas padrão. O uso dosmicroregistradores digitais permitiu obter umuniverso amplo de dados e analisar ocomportamento de aquecimento e resfriamentodos ambientes pesquisados, em seu ritmohorário, diário e sazonal.

O uso e ocupação do solo e o arruamentoda favela consistiram fatores diferenciadoresdas características térmicas. Nos ambientesabertos – Postos A e B –, bem como no Posto C(córrego do Brejo), os contrastes térmicos forammais acentuados, sobretudo nas estações maisfrias – outono e inverno. Houve maioraquecimento diurno e maior resfriamentonoturno. No espaço mais fechado – Posto D –,houve atenuação das temperaturas maiselevadas e mais baixas em relação aos micro-ambientes da favela e ao ELCB.

As condições térmicas do Posto H – forada favela – foram atenuadas. Acredita-se que alargura da rua, o espaçamento entre as casase a presença de uma grande massa verde -árvores e jardins - contribuiu para a atenuação,tanto em relação às temperaturas maiselevadas quanto em relação às temperaturasmais baixas.

As médias horárias da umidade relativanos postos A, C, D e H apresentaram-se maiselevadas em relação às estaçõesmeteorológicas da cidade em todo o período. OPosto B apresentou valores de umidade mais

Alterações microclimáticas em ambientes de favela: metodologia de avaliaçãoempregada na Favela de Paraisópolis - São Paulo, Brasil, pp. 171 - 186 185

baixos, igualando-se às estaçõesmeteorológicas da cidade principalmente noperíodo diurno.

O perfil da umidade relativa não sealterou muito nas diferentes estações do ano.No inverno ocorreram médias de umidaderelativa mais baixas no período da tarde, nasestações meteorológicas da cidade e do PostoB. Os resultados indicaram a produção e/oumanutenção de umidade no interior dos micro-espaços.

Agradecimentos

Agradecemos ao Prof. Dr. Tarik Rezendede Azevedo, do Departamento de Geografia daUSP, pelas orientações prestadas noplanejamento e desenvolvimento do trabalho epelo empréstimo dos mini-abrigos eregistradores digitais.

Notas

1 Projeto realizado com bolsa CAPES2 A abordagem rítmica foi proposta por Sorre e

utilizada por MONTEIRO (1976). Segundo SORRE“o clima é a série dos estados atmosféricos acimade um lugar em sua sucessão habitual” (apudMONTEIRO 1976 p.22) .

3 O autor embasa-se na Teoria Geral dos Sistemaspara elaborar a proposta do Sistema ClimaUrbano.

4 Aglomerado subnormal, segundo o IBGE, significaum conjunto de favelas e assemelhadosconstituído por unidades habitacionais dispostasde forma desordenada e densa e carente deserviços públicos essenciais (www.ibge.gov.br).

5 As altitudes dos postos foram estimadas a partirda carta hipsométrica: EMPLASA – escala1:10.000 Folha Vila Campo Belo.

6 Os miniregistradores digitais e os miniabrigosmeteorológicos foram gentilmente cedidos peloLaboratório de Climatologia e Biogeografia doDepartamento de Geografia da Universidade deSão Paulo.

7 A estação utilizada na comparação dos instrumentosfoi a estação meteorológica do IAG/USP. Paramaiores detalhes, ver AZEVEDO e TARIFA (2002)e AZEVEDO e FUNARI (2001).

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Trabalho enviado em junho de 2005

Trabalho aceito em julho de 2005

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