em alerta com o glaucoma

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44 n NB Plus janeiro’2015 Saúde S egundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o glaucoma é a segun- da principal causa de cegueira no mundo e já provocou a perda da visão de sete milhões de pessoas. A doença é cau- sada pelo aumento da pressão intraocular, que faz com que os vasos sanguíneos que nutrem as sensíveis estruturas visuais do fundo do olho se comprimam. Devido à falta dessa irrigação sanguínea, as células nervosas da rena e o nervo ópco vão morrendo, provocando a perda progres- siva da visão e o estreitamento do campo visual. No Brasil, a doença ange cerca de um milhão de pessoas acima dos 40 anos e triplica entre os brasileiros com mais de 70. Em alerta com o glaucoma DOENÇA É A SEGUNDA PRINCIPAL CAUSA DE CEGUEIRA NO MUNDO E SÓ NO BRASIL ATINGE UM MILHÃO DE PESSOAS ACIMA DOS 40 ANOS De acordo com a oſtalmologista Reja- ne Mendonça, o glaucoma não possui sin- tomas claros como a maioria das doenças, por isso deve-se ficar atento e em dia com os exames. “É uma doença assintomáca e apessoa vai perdendo a visão sem que perceba. Quando os sintomas aparecem, o glaucoma já produziu danos significa- vos, como perda irreversível de campo de visão. Idenficar o problema logo no início faz toda a diferença”, adverte. A avaliação anual é fundamental para que o tratamento seja iniciado o quanto antes. Quando é idenficado que o pacien- te possui glaucoma, o começo imediato do tratamento evita que a doença chegue a um estágio complicado. “As pessoas com mais de 40 anos devem fazer consulta anual. Já para quem tem diagnósco de glaucoma, o controle deve ser semestral, com o objevo de manter a estabilização, retardar ou evitar o surgimento das altera- ções glaucomatosas”, explica a Dra. Rejane Mendonça. O controle da doença consiste na me- dida da pressão intraocular e na realização do exame decampo visual entre outros procedimentos importantes para diagnos- car o problema em estágio inicial. Apesar de o glaucoma, na maioria das situações, só aparecer a parr dos 40 anos, existem algumas pessoas mais pro- >> AGUDO - O glaucoma de ângulo fechado ocorre quando a saída do humor aquoso é subitamente bloqueada. Isso origina um aumento rápido, doloroso e grave na pressão intraocular. Casos de glaucoma agudo são emergenciais. >> CRÔNICO - O de ângulo aberto é o po mais comum de glaucoma e tende a ser hereditário, mas sua causa Por Thaís Barcellos Fotos Divulgação Conheça os tipos de glaucoma: é desconhecida. Nele, o aumento da pressão ocular desenvolve-se lentamente com o passar do tempo e a pressão elevada provocaum dano permanente no nervo ópco, causando perda progressiva do campo visual. >> CONGÊNITO - O glaucoma congênito é o po em que a criança já nasce com a doença, herdada da mãe durante a gravidez. Este po de glaucoma, no entanto, é considerado raro e, se descoberto, deve ser tratado imediatamente. >> SECUNDÁRIO - Osecundário costuma ser causado principalmente pelo uso de medicamentos como corcosteroides, por traumas oculares e por doenças sistêmicas.

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Page 1: Em alerta com o glaucoma

44 n NB Plus janeiro’2015

Saúde

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o glaucoma é a segun-da principal causa de cegueira no

mundo e já provocou a perda da visão de sete milhões de pessoas. A doença é cau-sada pelo aumento da pressão intraocular, que faz com que os vasos sanguíneos que nutrem as sensíveis estruturas visuais do fundo do olho se comprimam. Devido à falta dessa irrigação sanguínea, as células nervosas da retina e o nervo óptico vão morrendo, provocando a perda progres-siva da visão e o estreitamento do campo visual. No Brasil, a doença atinge cerca de um milhão de pessoas acima dos 40 anos e triplica entre os brasileiros com mais de 70.

em alerta com o glaucomadoença é a segunda PrinciPal causa de cegueira no mundo e só no brasil atinge um milhão de Pessoas acima dos 40 anos

De acordo com a oftalmologista Reja-ne Mendonça, o glaucoma não possui sin-tomas claros como a maioria das doenças, por isso deve-se ficar atento e em dia com os exames. “É uma doença assintomática e apessoa vai perdendo a visão sem que perceba. Quando os sintomas aparecem, o glaucoma já produziu danos significati-vos, como perda irreversível de campo de visão. Identificar o problema logo no início faz toda a diferença”, adverte.

A avaliação anual é fundamental para que o tratamento seja iniciado o quanto antes. Quando é identificado que o pacien-te possui glaucoma, o começo imediato do tratamento evita que a doença chegue a

um estágio complicado. “As pessoas com mais de 40 anos devem fazer consulta anual. Já para quem tem diagnóstico de glaucoma, o controle deve ser semestral, com o objetivo de manter a estabilização, retardar ou evitar o surgimento das altera-ções glaucomatosas”, explica a Dra. Rejane Mendonça.

O controle da doença consiste na me-dida da pressão intraocular e na realização do exame decampo visual entre outros procedimentos importantes para diagnos-ticar o problema em estágio inicial.

Apesar de o glaucoma, na maioria das situações, só aparecer a partir dos 40 anos, existem algumas pessoas mais pro-

>> AgUdO - O glaucoma de ângulo fechado ocorre quando a saída do humor aquoso é subitamente bloqueada. Isso origina um aumento rápido, doloroso e grave na pressão intraocular. Casos de glaucoma agudo são emergenciais.

>> CRôNICO - O de ângulo aberto é o tipo mais comum de glaucoma e tende a ser hereditário, mas sua causa

Por Thaís BarcellosFotos Divulgação

Conheça os tipos de glaucoma:é desconhecida. Nele, o aumento da pressão ocular desenvolve-se lentamente com o passar do tempo e a pressão elevada provocaum dano permanente no nervo óptico, causando perda progressiva do campo visual.

>> CONgêNITO - O glaucoma congênito é o tipo em que a criança já nasce com a doença, herdada

da mãe durante a gravidez. Este tipo de glaucoma, no entanto, é considerado raro e, se descoberto, deve ser tratado imediatamente.

>> SeCUNdáRIO - Osecundário costuma ser causado principalmente pelo uso de medicamentos como corticosteroides, por traumas oculares e por doenças sistêmicas.

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pensas à doença independente da idade. Ela pode surgir até mesmo na infância. Segundo a oftalmologista, estudos mos-tram que negros e pessoas com história familiar de glaucoma,portadores de dia-betes, problemas cardíacos, hipertensão e hipertireoidismo,comalto grau de miopia e de hipermetropia, e aindaaquelas que usam determinados tipos de medicamen-to, como corticosteroides, também au-mentam o risco para a doença.

Como o Brasil é um país de forte mis-cigenação, vale a dica de fazer exames frequentes mesmo para pessoas de pele clara.

TRATAMeNTOS dISpONíVeIS pARA A dOeNçA

O tratamento varia de acordo com a manifestação do glaucoma. “Na grande maioria dois casos, otratamento inicial é clínico, com o uso de colírios, mas em al-guns casos são necessários uso de medi-cação oral, cirurgia a laser, cirurgias tradi-cionais ou a combinação desses métodos”, pontua Rejane Mendonça.

Os colírios são os mais utilizados para a diminuição da pressão ocular, mas caso o problema persista, são feitas outras for-mas de medicação, como a via oral, que deve ser usada com muito critério, pois entre os diversos efeitos colaterais está a perda de potássio. O paciente que usa medicação oral para o controle da doença deve aumentar o consumo de alimentos como frutas secas, agrião, banana, cenou-ra crua, rabanete, tomate, batata, moran-go e carne magra, que ajudam a repor o potássio perdido.

O procedimento a laser também é feito quando o uso do colírio não está sur-tindo o efeito esperado. A técnica indolor pode ser realizada no próprio consultório e leva de 15 a 20 minutos. No entanto, mes-

As pessoas com mais de 40 anos

devem fazer consulta anual. Já para quem tem diagnóstico de

glaucoma, o controle deve ser semestral, com o objetivo de

manter a estabilização, retardar ou evitar o surgimento das

alterações

mo após o laser, o paciente deve continu-arcom os medicamentos.

Já o tratamento cirúrgico só é usado em último caso, por ser um procedimen-to muito evasivo. A cirurgia para o glau-coma implica em criar um novo sistema de drenagem para o olho, chamada tra-beculectomia. O cirurgião faz um novo caminho por onde o humor aquoso vai sair do interior do olho, evitando o seu acúmulo e consequentemente, o aumen-to da pressão intraocular.Geralmente,a cirurgia resulta na redução significativa da pressão ocular e os colírios podem deixar de ser necessários após o período de ci-catrização. Como a doença não tem cura, a cirurgia serve como um mecanismo que retarda o avanço do problema. Alguns pa-cientes, anos após a cirurgia, podem pre-cisar voltar a usar colírios para o controle do problema. l