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“A tua fé te salvou”. Jesus (Mateus, 9:22; Marcos, 27:42) O que move pessoas de todos os credos e religiões a buscar auxílio para suas dores e angústias em uma casa es- pírita? O saber popular diz “pela dor ou pelo amor”, e, no geral, chegamos à Casa pela dor. Muitas vezes é a última esperança, o último alento do irmão desesperado — em um período normal e feliz de sua vida, muitos não cogitariam nem o passar em frente a uma institui- ção espírita. Muitos dos assistidos pergun- tam, após seu atendimento na Casa: quantas vezes é preciso retornar? É preciso compreender que a dor física e a maior parte das doenças é ape- nas um reflexo do que passa nossa alma, e que a mente controla todo o processo, mesmo que inconscientemente. A doen- ça é, muitas vezes, apenas um instru- mento de chamamento e reflexão, para que tenhamos a oportunidade de perce- ber que somos algo mais que a matéria, e o impacto de nossa conduta moral em nossa vida física e espiritual: é a famosa “reforma íntima”. Também é muito comum perce- ber irmãos que, após a cura, “desaparecem”, retornando ao seu estilo de vida anterior. Sem a mudança interna (que não é fácil!), nossos achaques vol- tam. E pensamos: “O tratamento não resolveu.” Nossa entendimento é muito restrito, mas este mês gostaria de falar sobre os elementos principais presentes na busca da cura. De um lado, o paciente assistido, com suas dores, angústias, medo e curi- osidade (existe a idéia do espetáculo, do sobrenatural no contato com a Espiritua- lidade). Do outro, duas equipes frater- nas: a dos voluntários encarnados e a dos desencarnados. E é esse tripé que faz todo o trabalho funcionar, mediado, obviamente, pela boa vontade. Quando o irmão encontra a cura, vem o maior perigo: o elogio. Todos os agradecimentos devem ser enviados unicamente a Jesus, pois é com sua per- missão (e com o merecimento dos assis- tidos) que tudo é realizado. Em artigo sobre os médiuns curadores, Orson Pe- ter Carrara diz que “As polêmicas sur- gem em virtude do endeusamento de médiuns ou explorações de que são víti- mas ou se permitem. O fato, porém, é que a faculdade de curar pela mediuni- dade existe e deve ser alvo de atento e cuidadoso estudo para evitar-se fraudes e uso indevido da notável capacidade de curar enfermidades através da interven- ção dos espíritos.” (do site http://www.espirito.org.br) Kardec, em suas Obras Póstu- mas, define o médium curador como pessoas que possuem a “faculdade [espontânea] de curar pelo simples to- que, pela imposição das mãos, o olhar, um gesto mesmo, sem a ajuda de ne- nhum medicamento”. Segundo ele, o princípio desta faculdade reside na força magnética, mas dela difere “pela energia e pela instantaneidade da ação, ao passo que as curas magnéticas exigem um tratamento metódico mais ou menos longo”. Sendo espontânea, é uma facul- dade que independe do conhecimento do fenômeno; é orgânica e, assim sendo, até homens perversos a podem ter -- (continua na página 2) O CIDADÃO O CIDADÃO O CIDADÃO O CIDADÃO EM BUSCA DA CURA Distribuição Gratuita Setembro 2008 Ano 6 Edição nº. 47 CURA À DISTÂNCIA Mande um e-mail para [email protected] Mais informações na página 02

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Page 1: Ed 47 set 2008 - iecim.orgiecim.org/jornais/Ed 47 set 2008.pdf · mas, define o médium curador como pessoas que possuem a “faculdade [espontânea] de curar pelo simples to-que,

“A tua fé te salvou”. Jesus (Mateus,

9:22; Marcos, 27:42)

O que move pessoas de todos os

credos e religiões a buscar auxílio para

suas dores e angústias em uma casa es-

pírita? O saber popular diz “pela dor ou

pelo amor”, e, no geral, chegamos à

Casa pela dor. Muitas vezes é a última

esperança, o último alento do irmão

desesperado — em um período normal e

feliz de sua vida, muitos não cogitariam

nem o passar em frente a uma institui-

ção espírita.

Muitos dos assistidos pergun-

tam, após seu atendimento na Casa:

quantas vezes é preciso retornar?

É preciso compreender que a dor

física e a maior parte das doenças é ape-

nas um reflexo do que passa nossa alma,

e que a mente controla todo o processo,

mesmo que inconscientemente. A doen-

ça é, muitas vezes, apenas um instru-

mento de chamamento e reflexão, para

que tenhamos a oportunidade de perce-

ber que somos algo mais que a matéria,

e o impacto de nossa conduta moral em

nossa vida física e espiritual: é a famosa

“reforma íntima”.

Também é muito comum perce-

ber irmãos que, após a cura,

“desaparecem”, retornando ao seu estilo

de vida anterior. Sem a mudança interna

(que não é fácil!), nossos achaques vol-

tam. E pensamos: “O tratamento não

resolveu.”

Nossa entendimento é muito

restrito, mas este mês gostaria de falar

sobre os elementos principais presentes

na busca da cura.

De um lado, o paciente assistido,

com suas dores, angústias, medo e curi-

osidade (existe a idéia do espetáculo, do

sobrenatural no contato com a Espiritua-

lidade). Do outro, duas equipes frater-

nas: a dos voluntários encarnados e a

dos desencarnados. E é esse tripé que

faz todo o trabalho funcionar, mediado,

obviamente, pela boa vontade.

Quando o irmão encontra a cura,

vem o maior perigo: o elogio. Todos os

agradecimentos devem ser enviados

unicamente a Jesus, pois é com sua per-

missão (e com o merecimento dos assis-

tidos) que tudo é realizado. Em artigo

sobre os médiuns curadores, Orson Pe-

ter Carrara diz que “As polêmicas sur-

gem em virtude do endeusamento de

médiuns ou explorações de que são víti-

mas ou se permitem. O fato, porém, é

que a faculdade de curar pela mediuni-

dade existe e deve ser alvo de atento e

cuidadoso estudo para evitar-se fraudes

e uso indevido da notável capacidade de

curar enfermidades através da interven-

ção dos espíritos.” (do site

http://www.espirito.org.br)

Kardec, em suas Obras Póstu-

mas, define o médium curador como

pessoas que possuem a “faculdade

[espontânea] de curar pelo simples to-

que, pela imposição das mãos, o olhar,

um gesto mesmo, sem a ajuda de ne-

nhum medicamento”. Segundo ele, o

princípio desta faculdade reside na força

magnética, mas dela difere “pela energia

e pela instantaneidade da ação, ao passo

que as curas magnéticas exigem um

tratamento metódico mais ou menos

longo”.

Sendo espontânea, é uma facul-

dade que independe do conhecimento

do fenômeno; é orgânica e, assim sendo,

até homens perversos a podem ter --

(continua na página 2)

O CIDADÃO O CIDADÃO O CIDADÃO O CIDADÃO

EM BUSCA DA CURA

Distribuição Gratuita Setembro 2008 Ano 6 Edição nº. 47

CURA À DISTÂNCIA

Mande um e-mail para [email protected]

Mais informações na página 02

Page 2: Ed 47 set 2008 - iecim.orgiecim.org/jornais/Ed 47 set 2008.pdf · mas, define o médium curador como pessoas que possuem a “faculdade [espontânea] de curar pelo simples to-que,

(continua da página 1)

obviamente, só dela farão uso para

satisfazer seu orgulho, vaidade e inte-

resses pessoais, “mas só o homem de

bem dela se serve exclusivamente para

o bem.” É potencializada, segundo

Kardec, pela “pureza dos sentimentos,

o desinteresse, a benevolência, o arden-

te desejo de aliviar, a prece fervorosa e

a confiança em Deus, em uma palavra,

todas as qualidades morais.”

E qual deve ser a posição mental

das pessoas que buscam a cura?

Em primeiro lugar, respeito ao

local, mantendo silêncio e evitando con-

versas - o silêncio ajuda a manter o e-

quilíbrio do ambiente, facilitando o tra-

balho das equipes espirituais. Kardec

afirma, ainda nas Obras Póstumas, que

o processo de cura é o resultado da com-

binação de fluidos emitidos por um

Espírito e pelo médium: “por essa uni-

ão, esses fluidos adquirem propriedades

novas que não teriam separadamente, ou

pelo menos não teriam no mesmo grau”.

Em segundo, o paciente deve

querer o tratamento e confiar plena-

mente em Jesus. Por isso, a prece é tão

importante: “A prece, que é uma ver-

dadeira evocação, atrai os bons Espíri-

tos solícitos em virem secundar os

esforços do homem bem intencionado;

seu fluido benfazejo se une facilmente

ao dele, ao passo que o fluido do ho-

mem vicioso se alia com o dos maus

Espíritos que o cercam.”

E conclui: “O homem de bem

que não tivesse a força fluídica não

poderia, pois, senão pouca coisa por si

mesmo; ele não pode senão chamar a

assistência dos bons Espíritos, mas a

sua ação pessoal é quase nula; uma

grande força fluídica, aliada à maior

soma possível de qualidades morais,

pode operar verdadeiros prodígios de

curas.”

Portanto, caros irmãos, vamos

apenas crer em Jesus e tentar reformar

nosso íntimo: essa é a chave da cura, a

única e exclusiva. (Fonte: Obras Póstumas, Allan Kardec, Parte 1: Manifestações dos Espíritos; Caráter e conseqüências religiosas das manifestações espíritas— 6. Dos Médiuns”)

CONHEÇA AS OBRAS ASSISTENCIAIS DO IECIM

Atendimento às grávidas carentes

3ªs feiras - 14:00 h. Evangelização, orientação de cuidados com os bebês, lanche, doação de ver-ba para transporte, doação de leite, de cesta básica e de enxoval para os re-cém-nascidos.

Atendimento de cura à distância.

Por carta. Informações necessárias: nome completo, idade, endereço atual; sintomas, diagnósticos ou tratamentos já realizados. Envie-nos, com sua car-ta, envelope subscrito e selado para receber a sua resposta.

Por e-mail. Envie os dados já mencio-nados para o e-mail

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EM BUSCA DA CURA

Página 2 O CIDADÃOO CIDADÃOO CIDADÃOO CIDADÃO

Doações para obras assistenciais:

Arroz - Feijão- Óleo - Leite em pó Açúcar - Sardinha—Macarrão

Aceitamos roupas, enxovais de bebês e outros alimen tos não perecíveis. Peças que compõem o enxoval básico 01 cobertor 10 fraldas de pano 01 toalha para banho 01 calça plástica 03 pagãos 03 mijões 02 macacões de malha 01 manta 01 casaco de lã 01 touca 03 pares de sapatinhos 01 sabonete

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Medo da morte Parte Quarta – Esperanças e Consolações Capítulo 1 – Penalidades e prazeres terrenos

(de O LIVRO DOS ESPÍRITOS)

Questão 941: O medo da morte é para muitas pessoas um motivo de perplexidade; de onde vem esse medo, se têm o futuro diante de si?

R– É um erro terem esse medo. Mas o que quereis! Procura-se con-vencê-las desde crianças de que existe um inferno e um paraíso, e que é mais certo irem para o inferno, porque lhe dizem que ao agirem de acordo com a natureza cometem um pecado mortal para a alma: então, quando se tornam adultas, se têm algum discernimento, não podem admitir isso, e tornam-se ateus ou materialistas. É assim que se condu-zem as pessoas a crer que além da vida presente não há mais nada, e as que persistiram em suas crenças de infância temem esse fogo eterno que deve queimá-las sem destruí-las.

A morte, entretanto, não inspira ao justo nenhum temor, porque, com a fé, tem a certeza do futuro; a esperança lhe faz esperar uma vida me-lhor, e a caridade que praticou dá-lhe a certeza de que não encontrará no mundo para onde vai nenhum ser do qual deva temer o olhar. (Veja a questão 730.)

☼ Aquele que é mais ligado à vida material do que à espiritual tem, na Terra, penalidades e prazeres materiais; sua felicidade resume-se à satisfação ilusória de todos os desejos. Sua alma, constantemente preocupada e afetada pelas contingências da vida, permanece numa ansiedade e numa tortura perpétuas. A morte o assusta, por duvidar do seu futuro e acreditar que deixa na Terra todas as suas afeições e esperanças.

Aquele que se eleva acima das necessidades artificiais criadas pelas paixões tem, já aqui na Terra, prazeres desco-nhecidos ao materialis-ta. A moderação de seus desejos dá ao Espí-rito calma e serenidade. Feliz pelo bem que faz, não há para ele decep-ções, e as contrarieda-des deslizam sobre sua alma sem causar ne-nhuma impressão dolo-rosa.

Bem e mal sofrer (capítulo V, Bem aventurados os aflitos— de O Evangelho

Segundo o Espiritismo) INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS 18. Quando o Cristo disse: "Bem-aventurados os aflitos, o reino dos céus lhes pertence", não se referia de modo geral aos que sofrem, visto que sofrem todos os que se encontram na Terra, quer ocupem tronos, quer jazam sobre a palha. Mas, ah! poucos sofrem bem; poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzi-los ao reino de Deus. O desânimo é uma falta. Deus vos recusa consolações, desde que vos falte coragem. A prece é um apoio para a alma; contudo, não basta: é preciso tenha por base uma fé viva na bondade de Deus. Ele já muitas vezes vos disse que não coloca fardos pesados em ombros fracos. O fardo é proporcionado às forças, como a recompensa o será à resignação e à coragem. Mais opulenta será a recompensa, do que penosa a aflição. Cumpre, porém, merecê-la, e é para isso que a vida se apre-senta cheia de tribulações. O militar que não é mandado para as linhas de fogo fica descontente, porque o repouso no campo nenhuma ascensão de posto lhe faculta. Sede, pois, como o militar e não desejeis um repouso em que o vosso corpo se enervaria e se entorpe-ceria a vossa alma. Alegrai-vos, quando Deus vos enviar para a luta. Não consiste esta no fogo da batalha, mas nos amargores da vida, onde, às vezes, de mais coragem se há mister do que num combate sangrento, porquanto não é raro que aquele que se mantém firme em presença do inimigo fraqueje nas tenazes de uma pena moral. Nenhuma recompensa obtém o homem por essa espécie de coragem; mas, Deus lhe reserva palmas de vitória e uma situação gloriosa. Quando vos advenha uma cau-sa de sofrimento ou de contrariedade, sobreponde-vos a ela, e, quando houverdes conseguido dominar os ímpetos da impaci-ência, da cólera, ou do desespero, dizei, de vós para convosco, cheio de justa satisfação: "Fui o mais forte." Bem-aventurados os aflitos pode então traduzir-se as-sim: Bem-aventurados os que têm ocasião de provar sua fé, sua firmeza, sua perseverança e sua submissão à vontade de Deus, porque terão centuplicada a alegria que lhes falta na Terra, porque depois do labor virá o repouso. - Lacordaire. (Havre, 1863.)

Codificação de Kardec

O CIDADÃOO CIDADÃOO CIDADÃOO CIDADÃO Página 3

Orientação Espiri tual em Peruíbe – SP

O IECIM faz atendimentos quinzenais na cidade de Peruíbe, SP, no Núcleo Espírita

Caminho da Luz

End.: Av. Rio Branco, n. 88 - Bairro: Cidade Nova Peruíbe—Informações com o Sr.

Henrique ou D. Neide– tel. (13) 3455-4791

e-mail: [email protected]

IECIM (Instituto Espírita Cidadão do Mundo)

R. Sisenando Gomes, 57—CEP 05530-040

Instituto Previdência - Butantã—SP

(referência: logo após a padaria Previdência do Alvarenga, no cruza-

mento com a av. dos Três Poderes)

Se deseja contribuir para as obras sociais do IECIM, depo-site seu donativo no

BANCO ITAÚ—Ag. 0788 C.C. 36.454-5

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Não é raro ouvir dizer que A Gênese é uma obra hermética, em comparação às demais da Codificação de Kardec. Contudo, tal impressão não deve ser obstáculo às lições ali contidas. Trazemos, este mês, a transcrição de dois “milagres” de cura contidos no Evange-lho, explicados á luz da Doutrina.

Perda de sanguePerda de sanguePerda de sanguePerda de sangue 10. - Então, uma mulher, que havia doze anos sofria de uma hemorragia; - que sofrera muito nas mãos dos médicos e que, tendo gasto todos os seus haveres, nenhum alívio conse-guira, - como ouvisse falar de Jesus, veio com a multidão atrás dele e lhe tocou as vestes, porquanto, dizia: Se eu conseguir ao menos lhe tocar nas vestes, ficarei curada. - No mes-mo instante o fluxo sangüíneo lhe cessou e ela sentiu em seu corpo que estava curada daque-la enfermidade.

Logo, Jesus, conhecendo em si mesmo a virtu-de que dele saíra, se voltou no meio da multi-dão e disse: Quem me tocou as vestes? - Seus discípulos lhe disseram: Vês que a multidão te aperta de todos os lados e perguntas quem te tocou? - Ele olhava em torno de si à procura daquela que o tocara.

A mulher, que sabia o que se passara em si, tomada de medo e pavor, veio lançar-se-lhe aos pés e lhe declarou toda a verdade. - Disse-lhe Jesus: Minha filha, tua fé te salvou; vai em paz e fica curada da tua enfermidade. (S. Mar-cos, cap. V, vv. 25 a 34.)

11. - Estas palavras: conhecendo em si mes-mo a virtude que dele saíra, são significativas. Exprimem o movimento fluídico que se operara de Jesus para a doente; ambos experimenta-ram a ação que acabara de produzir-se. É de notar-se que o efeito não foi provocado por nenhum ato da vontade de Jesus; não houve magnetização, nem imposição das mãos. Bas-tou a irradiação fluídica normal para realizar a cura.

Mas, por que essa irradiação se dirigiu para aquela mulher e não para outras pessoas, uma vez que Jesus não pensava nela e tinha a cercá-lo a multidão?

É bem simples a razão. Considerado como matéria terapêutica, o fluido tem que atingir a matéria orgânica, a fim de repará-la; pode então ser dirigido sobre o mal pela vontade do curador, ou atraído pelo desejo ardente, pela confiança, numa palavra: pela fé do doente. Com relação à corrente fluídica, o primeiro age como uma bomba calcante e o segundo como uma bomba aspirante. Algumas vezes, é ne-cessária a simultaneidade das duas ações; doutras, basta uma só. O segundo caso foi o que ocorreu na circunstância de que tratamos.

Razão, pois, tinha Jesus para dizer: «Tua fé te salvou.» Compreende-se que a fé a que ele se referia não é uma virtude mística, qual a enten-dem, muitas pessoas, mas uma verdadeira força atrativa, de sorte que aquele que não a possui opõe à corrente fluídica uma força re-pulsiva, ou, pelo menos, uma força de inércia, que paralisa a ação. Assim sendo, também, se compreende que, apresentando-se ao curador dois doentes da mesma enfermidade, possa um ser curado e outro não. É este um dos mais importantes princípios da mediunidade curadora e que explica certas anomalias apa-rentes, apontando-lhes uma causa muito natu-ral. (Cap. XlV, nos 31, 32 e 33.)

(...)

O paralítico da piscina 21. - Depois disso, tendo chegado a festa dos judeus, Jesus foi a Jerusalém. -Ora, havia em Jerusalém a piscina das ovelhas, que se cha-ma em hebreu Betesda, a qual tinha cinco galerias - onde, em grande número, se acha-vam deitados doentes, cegos, coxos e os que tinham ressecados os membros, todos à espe-ra de que as águas fossem agitadas - Porque, o anjo do Senhor, em certa época, descia àquela piscina e lhe movimentava a água e aquele que fosse o primeiro a entrar nela, depois de ter sido movimentada a água, ficava curado, qualquer que fosse a sua doença.

Ora, estava lá um homem que se achava do-ente havia trinta e oito anos. -Jesus, tendo-o visto deitado e sabendo-o doente desde longo tempo, perguntou-lhe: Queres ficar curado? - O doente respondeu: Senhor, não tenho nin-guém que me lance na piscina depois que a água for movimentada; e, durante o tempo que levo para chegar lá, outro desce antes de mim. - Disse-lhe Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e vai-te. - No mesmo instante o homem se achou curado e, tomando de seu leito, pôs-se a andar. Ora, aquele dia era um sábado.

Disseram então os judeus ao que fora curado: Não te é permitido levares o teu leito. - Res-pondeu o homem: Aquele que me curou disse: Toma o teu leito e anda. -Perguntaram- lhe eles então: Quem foi esse que te disse: Toma o teu leito e anda? -Mas, nem mesmo o que fora curado sabia quem o curara, porquanto Jesus se retirara do meio da multidão que lá estava.

Depois, encontrando aquele homem no tem-plo, Jesus lhe disse: Vês que foste curado; não tornes de futuro a pecar, para que te não acon-teça coisa pior.

O homem foi ter com os judeus e lhes disse que fora Jesus quem o curara. - Era por isso que os judeus perseguiam a Jesus, porque ele fazia essas coisas em dia de sábado. - Então, Jesus lhes disse: Meu Pai não cessa de obrar até ao presente e eu também obro incessante-mente. (S. João, cap. V, vv. 1 a 17.)

22. - «Piscina» (da palavra latina piscis, peixe),

entre os romanos, eram chamados os reserva-tórios ou viveiros onde se criavam peixes. Mais tarde, o termo se tornou extensivo aos tanques destinados a banhos em comum.

A piscina de Betesda, em Jerusalém, era uma cisterna, próxima ao Templo, alimentada por uma fonte natural, cuja água parece ter tido propriedades curativas. Era, sem dúvida, uma fonte intermitente que, em certas épocas, jorra-va com força, agitando a água. Segundo a crença vulgar, esse era o momento mais propí-cio às curas. Talvez que, na realidade, ao brotar da fonte a água, mais ativas fossem as suas propriedades, ou que a agitação que o jorro produzia na água fizesse vir à tona a vasa salutar para algumas moléstias. Tais efeitos são muito naturais e perfeitamente conhecidos hoje; mas, então, as ciências estavam pouco adiantadas e à maioria dos fenômenos incom-preendidos se atribuíam uma causa sobrenatu-ral. Os judeus, pois, tinham a agitação da água como devida à presença de um anjo e tanto mais fundadas lhes pareciam essas crenças, quanto viam que, naquelas ocasiões, mais curativa se mostrava a água.

Depois de haver curado aquele paralítico, disse-lhe Jesus: «Para o futuro não tornes a pecar, a fim de que não te aconteça coisa pior.» Por essas palavras, deu-lhe a entender que a sua doença era uma punição e que, se ele não se melhorasse, poderia vir a ser de novo punido e com mais rigor, doutrina essa inteiramente conforme à do Espiritismo.

23. - Jesus como que fazia questão de operar suas curas em dia de sábado, para ter ensejo de protestar contra o rigorismo dos fariseus no tocante à guarda desse dia. Queria mostrar-lhes que a verdadeira piedade não consiste na observância das práticas exteriores e das for-malidades; que a piedade está nos sentimen-tos do coração. Justificava-se, declarando: «Meu Pai não cessa de obrar até ao presente e eu também obro incessantemente.» Quer dizer: Deus não interrompe suas obras, nem sua ação sobre as coisas da Natureza, em dia de sábado. Ele não deixa de fazer que se pro-duza tudo quanto é necessário à vossa alimen-tação e à vossa saúde; eu lhe sigo o exemplo.

Pág ina 4 O CIDADÃO

O CANTINHO DA LEITURA

CurasCurasCurasCuras (A Gênese, Cap. XV, Milagres do Evangelho -Allan Kardec)

A GÊNESE

Allan Kardec

Apresentação e Notas de J. Her-

culano Pires

Ed. Lake