duração razoável do processo_ uma análise constitucional - jus navigandi

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Este texto foi publicado no site Jus Navigandi no endereço http://jus.com.br/artigos/30100 Para ver outras publicações como esta, acesse http://jus.com.br Uma análise do Direito Constitucional à duração razoável do processo. Artigo 5º, inciso LXXVIII, da Constituição Federal de 1988 Uma análise do Direito Constitucional à duração razoável do processo. Artigo 5º, inciso LXXVIII, da Constituição Federal de 1988 Wander Pereira Publicado em 08/2014. Elaborado em 07/2014. O aspecto cultural é o principal problema que acarreta a morosidade no judiciário. O Brasil possui número suficiente de juízes para promover respostas às demandas. Porém, falta gestão estratégica e otimização do tempo. RESUMO:Este artigo destinase à análise da duração razoável do processo e os meios para a celeridade processual necessário á consecução da justiça. O objetivo geral foi realizar um breve estudo a respeito do artigo 5º, inciso LXXVIII da Constituição Federal de 1988, enfatizandose a positivação no âmbito judicial e administrativo de direitos a uma resposta jurisdicional rápida. De forma específica, o estudo se pautou em princípios constitucionais atinentes à processualística pátria, sopesando valores ao avaliar possíveis coalisões entre eles, ao exemplo de: duração razoável do processo versus o princípio do contraditório e da ampla defesa. A pesquisa valeuse ampla revisão bibliográfica e a fundamentação teóricometodológica se deu em livros doutrinários da ciência jurídica, além de pesquisa documental em artigos, sentenças e na legislação pátria. Chegouse ao entendimento de que a celeridade deve ser buscada pelas pessoas que compõe o judiciário e pelas partes que o suscitam, cada um contribuindo à medida de sua responsabilidade, que é definida pela lei. O tempo ideal para a solução de um litígio é aquele que traga a pacificação social. Sendo este um termo muito subjetivo, podese dizer que um processo é célere quando respeita os prazos processuais, sem extrapolálos. Nos casos em que se torna impossível o cumprimento dos prazos estabelecidos em lei para os atos imprescindíveis ao deslinde do processo, é necessário que se atente ao caso concreto, às particularidades de cada demanda, estabelecendo prioridades àquelas que não podem esperar muito tempo, como as que tratam de interesses de idosos, crianças, questões alimentares, e ainda que envolvam direitos fundamentais. Palavraschave: Morosidade processual; Contraditório; Ampla defesa; Devido processo legal. INTRODUÇÃO A promulgação da Constituição Brasileira de 1988, denominada como “Constituição cidadã”, trouxe consigo a possibilidade de não somente existir no papel, mas também de chegar ao conhecimento do cidadão brasileiro, por meio de vários canais de comunicação, principalmente, a mídia televisiva, que tornou o brasileiro consciente da existência de um poder capaz de solucionar seus impasses no que tange à esfera do reconhecimento dos seus direitos, frente à resistência de cumprimento de deveres oferecida por

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  • 08/07/2015 Duraorazoveldoprocesso:umaanliseconstitucionalJusNavigandi

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    Este texto foi publicado no site Jus Navigandi no endereohttp://jus.com.br/artigos/30100Paraveroutraspublicaescomoesta,acessehttp://jus.com.br

    UmaanlisedoDireitoConstitucionalduraorazoveldoprocesso.

    Artigo5,incisoLXXVIII,daConstituioFederalde1988

    UmaanlisedoDireitoConstitucionalduraorazoveldoprocesso.Artigo5,incisoLXXVIII,daConstituioFederalde1988

    WanderPereira

    Publicadoem08/2014.Elaboradoem07/2014.

    O aspecto cultural o principal problema que acarreta a morosidade nojudicirio.OBrasilpossuinmerosuficientede juzesparapromoverrespostassdemandas.Porm,faltagestoestratgicaeotimizaodotempo.

    RESUMO:Esteartigodestinaseanlisedaduraorazoveldoprocessoeosmeiosparaaceleridadeprocessualnecessrioconsecuodajustia.Oobjetivogeralfoirealizarumbreveestudoarespeitodoartigo 5, inciso LXXVIII da Constituio Federal de 1988, enfatizandose a positivao no mbitojudicialeadministrativodedireitosaumarespostajurisdicionalrpida.Deformaespecfica,oestudosepautou em princpios constitucionais atinentes processualstica ptria, sopesando valores ao avaliarpossveis coalises entre eles, ao exemplo de: durao razovel do processo versus o princpio docontraditrio e da ampla defesa. A pesquisa valeuse ampla reviso bibliogrfica e a fundamentaotericometodolgicasedeuemlivrosdoutrinriosdacincia jurdica,almdepesquisadocumentalemartigos,sentenasenalegislaoptria.Chegouseaoentendimentodequeaceleridadedeveserbuscadapelaspessoasquecompeojudicirioepelaspartesqueosuscitam,cadaumcontribuindomedidadesuaresponsabilidade,quedefinidapelalei.Otempoidealparaasoluodeumlitgioaquelequetragaapacificaosocial.Sendoesteumtermomuitosubjetivo,podesedizerqueumprocessoclerequandorespeitaosprazosprocessuais,semextrapollos.Noscasosemquesetornaimpossvelocumprimentodosprazosestabelecidosemleiparaosatosimprescindveisaodeslindedoprocesso,necessrioqueseatenteaocasoconcreto,sparticularidadesdecadademanda,estabelecendoprioridadesquelasquenopodemesperarmuitotempo,comoasquetratamdeinteressesdeidosos,crianas,questesalimentares,eaindaqueenvolvamdireitosfundamentais.

    Palavraschave:MorosidadeprocessualContraditrioAmpladefesaDevidoprocessolegal.

    INTRODUO

    A promulgao da Constituio Brasileira de 1988, denominada como Constituio cidad, trouxeconsigo a possibilidade de no somente existir no papel,mas tambm de chegar ao conhecimento docidado brasileiro, pormeio de vrios canais de comunicao, principalmente, amdia televisiva, quetornouobrasileiroconscientedaexistnciadeumpodercapazdesolucionarseusimpassesnoquetangeesferadoreconhecimentodosseusdireitos,frenteresistnciadecumprimentodedeveresoferecidapor

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    outroindivduo.EisaquioevidenciamentodasfunesedeveresdoPoderJudicirio,queapartirdeentopassouasofrercomasobrecargadeseustribunaispelavertiginosaprocuradoscidadosembuscadeseusdireitos.

    OdespreparodoPoderJudiciriobrasileiro,frenteaenormeprocurapelaprestaojurisdicional,fazcomqueoacmulodeprocessosnassecretariasegabinetesdosjuzessejacadavezmaior,oqueculminaemumamorosaprestaojurisdicional,quefazdesacreditarquemesperaqueajustiasejaaplicadaaoseucaso.

    AConstituiocidad,emseuartigo5,incisoLXXVIII,inseridopormeiodaEmendaConstitucionaln 45, diz que: a todos, no mbito judicial e administrativo, so assegurados a razovel durao doprocesso e osmeios que garantama celeridadede sua tramitao. Sendo assim, fazse imprescindvelencontrarumpontodeequilbrio,emqueseverifiquequalarazovelduraodeumprocesso,bemcomoqualamelhormaneiradeseconseguircomqueaprestaojurisdicionalbrasileirasejaclereecapazdeatender finalidade da justia, ou seja, a pacificao social, tudo isso aliado aos princpios do devidoprocessolegal,contraditrioeampladefesa,quesefazemindispensveisparaavalidadedeumprocesso.

    Ocorreque,emvirtudedasprecriascondiesdojudiciriobrasileiro,queserotratadasdeformamaisaprofundada durante o desenvolvimento do trabalho, o atendimento aos princpios do contraditrio,ampladefesaedevidoprocessolegalpassemasersinnimosdelentidonotrmitedoprocesso,oquetrazbailaadiscusso:Qualamelhorformadeseaplicarconcomitantementetodososprincpiosprocessuaiseconstitucionais,aliandoalegalidadedosprocedimentosrapidezefetividade?

    Nestamonografia,buscarseevidenciarosprincpiosquedevempermearotrmiteprocessual,deformaaconcililos,eapartirdomomentoemquesechegaraopontodeequilbrioentre todososprincpiosenvolvidos, levantarsequaisosproblemasquetornamaprestaoda justia tomorosaaocidado,almdeapontarquaisasmodificaesdoPoderJudicirioquepoderiammelhoraroproblemadalentido,deformaarealizaraprestaojurisdicionaldemaneiraeficienteeeficaz,ouseja,queanormaatendafinalidadequesedestina,chegandoarealizarapacificaosocial.

    A pesquisa valeuse de reviso bibliogrfica, iniciandose primeiramente pelo estudo de princpios einstitutosbsicosdoprocessobrasileiro,comoocontraditrio,aampladefesaeodevidoprocessolegal,que servemde subsidioparao entendimento corretodoprincpioda razovel duraodoprocesso e osmeiosquegarantamaceleridadedesuatramitao,chegandoaoobjetivodotrabalhoqueabuscaporum ponto de equilbrio entre os princpios do contraditrio, ampla defesa e devido processo legal, e oprincpiodaceleridadeprocessual.

    Apartirdomomentoemquesechegaaopontodeequilbrio,emqueotempodotrmiteprocessualatendeaos anseios da Justia, procurarse identificar as principais causas do problema da morosidadejurisdicionaleaspossveissoluesparaoJudiciriobrasileiro.

    Abuscadafundamentaotericometodolgicaparaconsubstanciarosconhecimentosnecessriosparaodesenvolvimentodestetrabalhofoipormeiodeumamplolevantamentodedadoscoletadosnarevisobibliogrficarealizadaaprincpioemlivrosdoutrinriosdacinciajurdica,almdepesquisadocumentalemartigos,sentenasenalegislaoptria.

    Analisouse os aspectos relevantes a respeito dos princpios do devido processo legal, daproporcionalidade,dadignidadedapessoahumana,docontraditrio,daampladefesaedoduplograudejurisdio,comocontrapontoduraorazoveldoprocesso.

    Procurouse identificar os principais problemas do judicirio brasileiro que acarretam a morosidadeprocessual, alm de apresentar possveis solues, destacandose a importncia do papel dos juzes edemaisserventuriosdajustiacomoprincipaisresponsveispelaorganizaoadministrativaestruturalefuncional.

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    Alm disso, demonstrouse a necessidade de um modelo de gesto, para melhor aplicar os recursoshumanos, o espao fsico e a legislaoprocessual.Assim, seriapossvel, pormeiodeumprocessodeinovao,aperfeioare tornarclereaprestao jurisdicional,melhorandooretratodopoder judiciriobrasileiro.

    1.ODEVIDOPROCESSOLEGAL

    ApartirdaobradeCarlosRobertodeSiqueiraCastro podesefazerumpanoramasobreoprincpiododevidoprocessolegal.TalprincpioapareceunaIdadeMdia,porviadaMagnaCarta,em15dejunhode1215,inicialmenteentendidacomomerarestriosatuaesdorei.

    Oprincpiododevidoprocessolegalfoinomeadoinicialmentesobalocuo"lawoftheland".Noanode1354foifeitaumaleipeloParlamentoinglsquesubstituiotermo"lawoftheland"peloconhecido"dueprocessoflaw".

    NaInglaterra,oprincpioemtelasurgiuporcausadaresistnciadoParlamentocontraaautoridadedorei,acabandoporconcretizarasupremaciadoParlamento,estesignificavaparaopovoinglsacasadaliberdade e dos grandes anseios sociais. O Parlamento poderia at eliminar o "Bill of Rights", masentendese que no o far por causa da "rigidez sociolgica", que d carter inabalvel aos institutosjurdicosaliceradosnastradiesseculares.

    Nos Estados Unidos, desde o perodo colonial at o perodo psindependncia sobressaiuse opreconceito contra o Poder Legislativo uma vez que o Parlamento, para as colnias era o poder derepresso vinculado por meio da legislao da metrpole. Era pelo Parlamento que as colnias eramexploradaseconomicamenteeseimpossibilitavaaemancipaodasfamliasprotestantesprecursorasnacolonizao.Assim,eraindispensvelencontrarmecanismosdecontroledoPoderLegislativo.Depoisdaemancipaopolticaeaconcepodafederaofoicriadoocontrolejudicialdeconstitucionalidadedasleis("judicialreview")eovetopresidencial.

    Ascaractersticasdosdoissistemassupramencionadostambmtrazimportantediferenanoconceitodelegalidade.NoentendimentodosamericanosalegalidadeasupremaciadaConstituioconformeassimodeclareoPoderJudicirio.Jparaosinglesesa legalidadeavontadedoPoderLegislativoexpressanasleisqueforamvotadassegundooprincpiodamaioriaparlamentar.

    OjuizinglsEdwardCoke,em1610,determinouarevisojudicialdosatosdoParlamentopelasCortesde"common law". Suas ideias tiveram grande repercusso nos Estados Unidos da Amrica. No "Dr.BonhansCase"ojuizEdwarCokeultimouqueserianulooatodoParlamentoquetransformassealguminteressadonacausaemseuprpriojulgador,hojeentendidocomojuizemcausaprpria.

    No caso "Marbury v.Madson" , julgado pela Suprema Corte dos EstadosUnidos, em 1803, pelo juizMarshall,consagrousea"judicialreview".Osamericanospassaramaseradeptosaosmesmosdireitosindividuais ("fundamental rights") j aplicadosna formao constitucional anglosaxnica,mas foramincorporando estruturas que garantiama reviso judicial dos atos legislativos.Assim, passaramanoaplicaremseuterritrioasleisdoParlamentoinglsqueentendessemcomovioladorasdesuasliberdadesfundamentais.OPoderJudiciriocomeouateraprerrogativadeinterpretarasnormas,ouseja,declararoseusentidoealcance("whatthelawis").

    OBillofRights"inglsfoiaprovadocomoleipeloParlamentonoanode1689.Nosentidojurdico,podeseremendadoourevogadopelolegislador.SimbolizaavitriadoParlamentosobreamonarquia.

    Oconceitodedeclaraodedireitos("BillofRights")primordialmenteamericanoemsuaorigem,issoem virtude de incorporar garantias de liberdade individual a um documento constitucional no qual hlimitaoaosmbitosdeatuaolegislativa.

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    O primeiro "Bill of Rights" contemporneo foi a Declarao deDireitos de Virgnia (1776), porque foiprimeiroautilizarumaConstituioescritaparaprotegerosdireitosindividuaisdaatividadelegislativa.EvidenciaumaconquistasupralegaldasociedadesobreoEstadocomoumtodo,depositandosenoPoderJudicirioasliberdadesindividuais.

    ADeclaraodosDireitosdoHomemedoCidado(RevoluoFrancesade1789)sobumaprimeiravisopossuiu evidente carter burgus, metafsico e universalista. Buscava eliminar os benefcios dados nobrezaeaocleroemdetrimentodoterceiroestado(burguesia),quetinhaametadeconquistaropoderpolticoparasomaraoeconmico(quejpossua).

    Desdeocolonialismo,osistemajurdiconorteamericanotrouxeparasiastradieshumanistasinglesaspelo caminho da "recepo". Por necessitarem de uma estrutura organizada organicamente aps aindependncia,osnovosEstados,aliadosnaconvenodaFiladlfiade 1787,noproclamaramdesdelogoo"BillofRights"uniformeparatodaaFederao.Taleventosocorreuquatroanosdepois(1791)comapromulgaodas10primeirasemendasConstituiodosEUA,ratificadaspor trsquartosdosEstadosmembros. Tais emendas consubstanciam o "Bill of Rights" norteamericano ao qual foramagregadasdepoisoutrasemendas,tambmparaproteodosdireitoshumanos.

    O "Due Process of Law" est intrinsecamente unido prpria prerrogativa de reviso judicial eindependnciadojudicirio.Foiconcebidoemelhoradoapartirdetradiesjusnaturalistasdo"commonlaw"anglosaxnico.Juntoaoprincpiodaigualdade("equalprotectionofthelaw"),odueprocessoflawoprincipal instrumentodeargumentaoutilizadopeladoutrinaepela jurisprudncianoprocessodetransformao do direito constitucional norteamericano. Foram as 5 e 14 emendas que trouxeramformalmenteaodireito constitucionalnorteamericanoa clusulado "dueprocessof law"que temsidoobservadopelosmaisdiversosordenamentosjurdicosexistentes.

    NoBrasil,oprincpiododevidoprocessolegalfoiexpressodeformainditapelaConstituiode1988.AsConstituies passadas elencavam princpios que proporcionavam aos cidados alguns direitosrelacionadosaoaspectoprocessualdoprincpio,masnoenumeravamdeformataxativaestepreceito.Oprincpio do devido processo legal visa garantir a realizao de julgamentos com um procedimentoadequadoejusto.

    Odevidoprocessolegaldeterminaqueaspartestenhamtratamentojurisdicionaligualitrioequesejamseguidasasgarantiasindispensveisaoprocesso,comoocontraditrio,aampladefesaeoduplograudejurisdio.

    Podeseinferirqueaceleridadedoprocessotambmestinseridanaclusuladodevidoprocessolegal:...uma das garantias intrnsecas ao devido processo legal o de que os processos devem ser cleres,buscandoumarpidasoluoparaoconflitodeinteresseslevadoaoJudicirio,semquesedeixedeladoorespeito a outros princpios tambm decorrentes do due process, como o da ampla defesa e docontraditrio.

    DeacordocomoentendimentodoSTF,antesdaconsagraodoincisoLXXVIIIdaConstituioFederalde 1988. O ru (...) temodireitopblico subjetivode ser julgado,peloPoderPblico,dentrodeprazorazovel,semdemoraexcessivanemdilaesindevidas.

    O excesso de prazo, quando exclusivamente imputvel ao aparelho judicirio (...), traduz situaoanmalaquecomprometeaefetividadedoprocesso,pois,almdetornarevidenteodesprezoestatalpelaliberdade do cidado, frustra um direito bsico que assiste a qualquer pessoa: o direito resoluo dolitgio,semdilaesindevidasecomtodasasgarantiasreconhecidaspeloordenamentoconstitucional."(RTJ187/933934,Rel.Min.CELSODEMELLO).

    Oprincpiododevidoprocessolegalemsentidomaterial,conformedescreveNelsonNeryJnior , tevesua origem com o exame da questo dos limites do poder governamental, submetida apreciao daSupremaCortenorteamericananofinaldosculoXVIII,edecorredaaimperatividadedeolegislativo

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    produzir leisquesatisfaamo interessepblico, traduzindoseessatarefanoprincpiodarazoabilidadedasleis.

    J em seu sentido processual, o princpio do devido processo legal impossibilita a criao de leisprocessuaisarbitrriaspelolegislador.Aindadesteprincpio,tambmseaduzquetodososcidadostm,alm de direitos deveres, inclusive quando em juzo, e com o objetivo fundamental da Repblica deconstruodeumasociedademaisjustaesolidria(art.3,incisoIdaConstituioFederalde1988)sendodeverdaspartes,colaborarcomosmagistradosparaobomandamentodosprocessosjudiciais.

    Assim,entendesequeparaquehajaarealizaododevidoprocessolegal,primordialqueseatenteaosprincpios do contraditrio, ampla defesa e duplo grau de jurisdio, para que o processo seja vlido eproduzaseusefeitos.

    2.OPRINCPIODAPROPORCIONALIDADE

    O princpio da proporcionalidade indispensvel ao aplicador das normas principalmente aquelasligadasaosdireitosfundamentaisconstitucionaispararesolverconflitosaparentesemcasosconcretos.

    pormeiodelequesefazemponderaeseharmonizaesdosbensjurdicos,emvistadasespecialidadesfticasejurdicasdecadasituaoparticular.

    Oprincpiodaproporcionalidadepossuitrsaparncias:

    a) adequao exige que o meio ou instrumento utilizado para alcanar a finalidade desejada sejaapropriado.DeacordocomPauloBonavides :Comodesgniodeadequaromeioaofimqueseintentaalcanar,fazsemister,portanto,queamedidasejasuscetveldeatingiroobjetivoescolhido,ousegundoHansHuber,quemedianteseuauxliosepossaalcanarofimdesejado.AindadeacordocomBonavides:b)necessidadeexignciadaadoodomeiomaissuavedentreaquelesigualmenteaptosaoalcancedoresultado buscado. Pelo subprincpio da necessidade a medida no h de exceder os limitesindispensveisconservaodofimlegtimoquesealmeja,ouumamedidaparaseradmissveldevesernecessriaec)proporcionalidadeemsentidoestritoconcretaapreciaodosinteressesemconflito,queexigeaformulaodeumjuzodesopesamentoentreomeioadotadoealimitaosofridapeloindivduo,buscandoumfimproporcional.

    Emcasosmaisdifceis,emqueooperadordodireitonoencontreobjetivamentenanormaprocessualasoluo adequada ao caso concreto, devese utilizar o princpio da proporcionalidade para se chegar respostadoquejustoecorreto.frequentequeosjuzesencontremproblemasparajulgarcasosemqueexistemmuitosdireitosenvolvidos,aparentementecolidindoentre si, sendoquea soluodessescasosdifceis (hard cases) deve se pautar no princpio da proporcionalidade que conforme Willis SantiagoGuerraFilho :

    Determinaabuscadeumasoluodecompromisso,naqualserespeitamais,emdeterminasituao,umdos princpios em conflito, procurando desrespeitar o mnimo o(s) outro(s), e jamais lhe(s) faltandototalmentecomorespeito,isto,ferindolhe(s)seuncleoessencial,ondeseachainsculpidaadignidadehumana.

    ConformeGiseleSantosFernandesGes

    Aatividadejurisdicionalestaremdesarmoniacomoacessojustiasenosevalerdainflunciadaproporcionalidadenassuasdecises.Osinteressesemjogodevemconstantementesercontrabalanceadoseoequilbriosomentealcanadopormeiodoprincpiodaproporcionalidade.

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    claro que existem casos concretos que se amoldamperfeitamente aplicao direta da lei, emque acompatibilidadedofatonormapelainterpretaodojuizimediata.Masemcasosmaiscomplicados,possvelutilizaralternativasjurdicas,semprecomosubsidiodoprincpiodaproporcionalidade,evisandorealizaodofundamentomaiordoEstadodeDireito,queadignidadedapessoahumana,quetambmgaranteaduraorazoveldoprocesso.

    A proporcionalidade requisito indispensvel para verificao da proporcionalidade/razoabilidade dadurao do processo, pois sero sopesados os meios e os fins a serem alcanados em relao aosprocedimentospleiteadospelaspartesesdecisestomadaspelojuiz.

    3.OPRINCPIODADIGNIDADEDAPESSOAHUMANA

    Oprincpiodadignidadedapessoahumanaestpositivadononossoordenamentojurdiconoartigo1,incisoIIIdaConstituioFederalde1988,queversaqueaRepblicaFederativadoBrasil,formadapelaunioindissolveldosEstadoseMunicpiosedoDistritoFederal,constituiseemEstadoDemocrticoedeDireitoetemcomofundamentoadignidadedapessoahumana.

    Tal princpio fundamenta o Estado de Direito, e conforme Rizzato Nunes um supra princpioconstitucionalquenorteiatodosdosdemaisprincpiosenormasconstitucionais.NaspalavrasdeLuisRobertoBarroso :

    Dignidade da pessoa humana expressa um conjunto de valorescivilizatrios incorporados ao patrimnio da humanidade. O contedojurdico do princpio vem associado aos direitos fundamentais, envolvendoaspectos dos direitos individuais, polticos e sociais. Seu ncleo materialelementar composto do mnimo existencial, locuo que identifica oconjunto de bens e utilidades bsicas para a subsistncia fsica eindispensvel ao desfrute da prpria liberdade. Aqum daquele patamar,aindaquandohajasobrevivncia,nohdignidade.Oelencodeprestaesque compem o mnimo existencial comporta variao conforme a visosubjetiva de quem o elabore,mas parece razovel consenso de que inclui:renda mnima, sade bsica e educao fundamental. H, ainda, umelemento instrumental, que o acesso justia, indispensvel para aexigibilidadeeefetivaodosdireitos.

    Sodoisoselementosinerentesaoprincpiodadignidadehumana,ummaterialeoutroinstrumental.Omaterialserealizanomnimovitalaoserhumano,emquetudoqueseencontreamenosdesselimitenoproporcionaradignidade.Aindacomoelementomaterial,paraamanutenodadignidadedapessoahumanaincluiseavedaodautilizaodoserhumanocomomeioouinstrumentodeoutroserhumanooudoEstado.Ohomempossuiautonomiaparatraarseudestino,deacordocomsuasdecises,embuscadeseuplenodesenvolvimento.

    Oacessojustiaoelementoinstrumentaldoprincpiodadignidadedapessoahumana,poispormeiodele que o ser humano pode buscar seus direitos. O acesso justia no apenas a possibilidade deingresso no Judicirio, mas tambm a garantia de um processo clere e com respeito aos princpiosprocessuais.Aduraorazoveldoprocessooquegaranteaefetivarealizaodoprincpiodadignidadedapessoahumana.

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    Aparte,impedidadeexercerplenamenteseusdireitospassaaserobrigadaaconvivercomumsofrimentodiriopelaansiedadequecercaaduraodoprocesso.Passamseanos,dcadassemqueapartetenharecebidodoJudicirioaquiloquedelapordireito.

    ConformeLuizFlviodeOliveira :

    Arazovelduraodoprocessoinseresecomoumacrscimoaoprincpiodoacessojustia,ampliandoo.Denota,apartirdarecmaprovadaemenda,apreocupao do legislador constitucional com a temtica do tempo naprestaodatutela jurisdicional,nosEstadosqueseconstituememEstadoDemocrtico de Direito. Tem como fundamento o pleno exerccio dacidadania e o respeito dignidade da pessoa humana, atributos queconsolidamacompreensodosprincpiosinerentesaosDireitosHumanos.

    importante atentar a alguns instrumentos existentes na Constituio Federal que determinammeiospararealizaodocomandoreferenteceleridadedaprestaojurisdicional.

    O constituinte, antes da Emenda Constitucional n45, inseriu no artigo 37, caput, o princpio daeficincia,nortedaatuaodaadministraopblica.Pormeiodelejpossvelsefalaremeficinciadosrgosdaadministraopblica,quedeveprestarrespostaaosanseiosdocidado.

    Adoutrina tambm fala sobreapossibilidadeda responsabilidade civildoEstadodiantedademasiadademora na prestao jurisdicional : A demora da prestao jurisdicional poder ensejar pedido dereparaodedano,casoessadelongaprovoquedanoirreparvelaoparticular.

    AECn45,inovouaoexporsobreininterruptabilidadedaatividadejurisdicional(art.93,XII),garantiadeproporomnima entrenmerode juzes e dedemandas judiciais (art. 93,XIII), possibilidadedosservidores do Poder Judicirio receberem por delegao, a competncia para realizao de atos deadministraoemeroexpedientesemcarterdecisrio(art.93,XIV),distribuioimediatadosfeitos(art.93,XV)fortalecimentodasdefensoriaspblicas(art.134,2),possibilidadedosTribunaisdeJustiaedos Tribunais Regionais Federais e do Trabalho instalarem justia itinerante, podendo funcionardescentralizadamente pormeio de cmaras regionais (art. 125, 6 e 7, art. 107, 2 e 3 e art.115,1e2).

    Ainda nesse sentido, Tratandose de garantia constitucional, a concepo de durao razovel doprocesso,(...),estcompreendidanaconcepodepreceitofundamental ,motivopeloqualpossvel,emtese,aArguiodeDescumprimentodePreceitoFundamental,nos termosda lein9.882/99,casohajaumainaplicabilidadedarazovelduraodoprocesso.

    AindavaleressaltarosensinamentosdeNelsonNeryJnior :AalegaodeofensaConstituio,empasescomestabilidadepolticaeemverdadeiroEstadodeDireito,gravssima,reclamandoaatenodetodos,principalmentedapopulao.

    Comosenota,aConstituiogarantediversaspremissasaseremseguidasparaseefetivararealizaododireito razovel durao do processo. A demora excessiva no curso e finalizao do processo ferefrontalmenteoprincpiodadignidadedapessoahumana,sendonecessrioquesebusquemmeiosparaamenizartallentidodeformaaconcretizarosverdadeirosanseiosdequembuscaajustia.

    4.OPRINCPIODOCONTRADITRIO

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    Ocontraditrioparteintrnsecaaoprocesso,transcendendoomerosignificadodapalavra,umavezque,almdapossibilidadedecontradizeroquefoialegadoemseudesfavor,oprincpiodocontraditriotrazconsigoumaformadeseasseguraroprincpiodadignidadedapessoahumana.

    O contraditrio fundase na igualdade. No uma igualdade meramente formal. A observncia docontraditrio funo do juiz no processo, a quem incumbe assegurar que o contraditrio no sejanegligenciado,violado,queaparticipaodaspartesemsimtricaparidadesejaeficazmentegarantida.Observlo,elemesmo,significarqueojuizsesubmetesnormasdoprocessopelasquaisosatosdaspartessogarantidos,queojuiznopodeserecusaraocumprimentodanormaqueinstituiuodireitodeigualparticipaodaspartes,emsimtricaparidade.

    Saber do que se est sendo acusado direito fundamental da pessoa humana, e a ausncia de talconscincia uma franca violao ao princpio do contraditrio e da ampla defesa, razo pela qual, acitaoatopeloqualaopolopassivodoprocessodadoconhecimentosobreexistnciadoprocesso,bemcomoquaisosfatospelosquaisdevesedefenderessencialaconcretizaodarelaoprocessual.

    De acordo comAda Pellegrini Grinover, que se baseia especialmente noDireito Penal para explicar oprincpio:

    a reao no pode ser meramente eventual, mas h de fazerse efetiva. Ocontraditrio, agora, no pode ser simplesmente garantido, mas deve serestimulado. E a contraposio dialgica das partes h de ser real e noapenas formal. O juiz cuidar da efetiva participao das partes nocontraditrio,utilizandopara tanto seusamplospoderes, a fimdequenohajadesequilbriosentreosofciosdeacusaoedefesa.Cabeaojuizpenal,portanto, integrar e disciplinar o contraditrio, sem que com isso venha aperder sua imparcialidade, que sair fortalecida, no momento da sntese,pela apreciao do resultado de atividades justapostas e paritrias,desenvolvidaspelaspartes .

    Ficaamplamenteevidenciadaa indisponibilidadedoprincpiodocontraditrio,sendoque,umexemploreincidentededecisesjurisprudenciaisaanulaodoprocessopenalemqueacondenaosejapautadaemfatoseprovasutilizadosemseudesfavordequeelenotenhatidooportunidadedesedefenderduranteoprocesso .

    5.OPRINCPIODAAMPLADEFESA

    Aampladefesaest intimamente ligadaaoprincpiodocontraditrio,sendoque,namaioriadasvezesessesprincpiossoanalisadosemconjunto.

    DeacordocomAdaPelegriniGrinover,emsuaobraNovastendnciasdoDireitoProcessualnecessrioque:

    em cada processo, o juiz estimule e promova um contraditrio efetivo eequilibrado,cabendolheverificarseaatividadedefensiva,nocasoconcreto,foi adequadamente desempenhada, pela utilizao de todos os meiosnecessriosparainfluirsobreseuconvencimento.Sobpenadeconsideraroruindefesoeoprocessoirremediavelmenteviciado.

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    Noprocessopenal,oacusadotemodireitoanoautoincriminao,podendopermaneceremsilncio,semqueissooprejudiquenocursodoprocesso.Jnoprocessocivil, imprescindvelqueopolopassivodademandasemanifestecontraosfatosquesoalegadosemseudesfavor,sendoqueosilncio,nestecaso,podeimplicarquesejamtomadoscomoverdadeirostodososfatosalegadospeloautordaao.

    Oexercciodadefesaemtodososmomentos,almdeumdireitodocidado,verdadeirodeverdoEstadoquedevepromovlasempre.

    Paratervalidade,adefesatemquesereficiente,comativaparticipaonoprocesso.Assim,nobastaquesejamcumpridasapenasasformalidadesdedefesa.Atodomomento,sejaduranteaudincias,oumesmonaspeasdefensivastemqueseapresentarcontedosubstancialdedefesa,comoprovasdocumentaisetestemunhaiscapazesderefutaroalegadopelaoutraparte.

    6.ODUPLOGRAUDEJURISDIO

    Alvodegrandepolmicanadoutrinabrasileira,oprincpiododuplograudejurisdioaindapermanececomorequisitofundamentalvlidaconclusodoprocesso.AConstituioFederalde1988,emseuartigo5, inciso LV, assegurou a todos os litigantes em processo administrativo ou judicial o direito aocontraditrioeampladefesa,comosmeioserecursosaelainerentes.VerificasenoaludidoincisoqueaCarta Magna no colocou expressamente o princpio do duplo grau de jurisdio, mas sim aosinstrumentosinerentesaoexercciodaampladefesa[18],razoestaquevemlevandoumagrandecorrentedoutrinria a defender a tese de que o referido princpio no est erguido categoria dos princpiosconstitucionais.

    Semdelongas nas discusses doutrinrias, e partindo do pressuposto que o duplo grau de jurisdio princpioquegaranteodevidoprocessolegal,entendesequeesteodireitodapartesucumbenteterseucasoapreciadoporduasvezeseminstnciasdiferentes.

    Intrnsecoaosistemajurdico,esseprincpiodizque,paracadademanda,existeapossibilidadededuasdecisesvlidasnomesmoprocesso,emanadasporjuzosdiferentes,prevalecendoasegundaemrelaoprimeira.Sendoassim,ficabvioquetalprincpiovisaunicamentegarantirqueolitigantenoestejasujeitoexclusivamenteaoentendimentodeumnicomagistrado.

    7.ADURAORAZOVELDOPROCESSO

    AEmendaConstitucionaln45inseriuumanovagarantiafundamentalpormeiodoacrscimodoincisoLXXVIIIaoartigo5daConstituio: A todos,nombito judicialeadministrativo, soasseguradosarazovelduraodoprocessoeosmeiosquegarantamaceleridadedesuatramitao.

    Opreceitofundamentaldemonstradopeloprincpiovaialmdodireitodeaooudeacessoaojudicirio,inserindoanecessidadedasuaeficinciaeceleridade.

    Poderseiadizerqueanormadeclaraodireito fundamentalde todoseficienterealizaodoprocessopeloqual se levaopedido cognio judicial ou administrativa: assim,direito aoprocesso eficiente,muitoalmdosimplesdireitoaoprocesso.

    OsdoutrinadoresFranciscoMetonMarquesdeLimaeFranciscoGrsonMarquesdeLima entendemqueoinc.LXXVIIIdoartigo5deixaclaroqueficapossibilitadoaocidadoeasinstituiesfazeremduascobranas:a)doPoderPblico,osmeiosmateriaisparaqueoaparelhojudicialpossacumprirosprazosdispostos nas normas processuais b) dos rgos da Justia, o esforo para cumprir os prazos legais,envidandoesforoparaabreviaraprestaojurisdicional,bemcomoprestarumserviodequalidade.

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    Oartigo5,incisoLXXVIIIdaCartaMagnade1988atribuiaosPoderesPblicosanecessidadedefazeraquilo que for necessrio para efetivar a durao razovel do processo e o implemento de meios quegarantamaceleridadedasuatramitao.Impese,emconsequncia,reverahabilidadedoprocedimentopararealizarafinalidadeprocessual,suaflexibilidadeparaatenderosinteressesemjogoeaseguranacom que se garantem os direitos questionados. Incluise, de logo, nos parmetros de durabilidade doprocesso,otempoprudenteejustoparaqueadecisojurisdicionalrendaaeficciaesperada,ouseja,arazoabilidade se estendeno ao tempode afirmaododireito em litgio, seno prpria execuodadeciso,realizaodeseucontedo,aplicaoefetivadodireito .

    Muito se questiona sobre o que seria um tempo razovel para a durao de um processo e a efetivaentregadodireitoaojurisdicionado.Certoque,aduraodeumalidedeverespeitarotemponecessriopara que sejam cumpridas todas as etapas necessrias instruo e julgamento do processo,acompanhandosempre todososprincpiosdeterminadospelaConstituioFederalde1988,merecendodestaqueodevidoprocessolegaldueprocessof law, institutooriundododireitoanglosaxo, implicaque,paraservlido,todoequalqueratopraticadopelaautoridadejudiciriadeveestarprevistoemlei,epara tanto, indispensvel a aplicao dos princpios do contraditrio e da ampla defesa que,respectivamente,asseguramaplenarealizaodoexercciodemocrticodeumpoder,ondeossujeitosdalide devem ser informados de todos os atos que venham a ocorrer no curso do processo, podendo semanifestardiantedoquepropostoe,ainda,odireitodesedefenderederecorrerdeumadeciso,sendoqueningumpodesertolhidodeseudireitodedefesa,sobpenadeferiradignidadedapessoahumanaeosprincpiosdajustia,oexercciododireitodeparticipaoemumprocessocontradizendoesedefendendodeacusaesaformadegarantiravidaeasobrevivnciaemsociedade.

    Paraaplicar taisprincpios emharmonia, fazsenecessrioousoda tcnica j consagradaporRobertAlexyqueidentificaaregradaproporcionalidadeemsentidoestritocomomtododaponderaodebens,eisque,nashiptesesdecolisodedireitosfundamentais,cuanltomayoreselgradodelanosatisfaccinodeafectacindeumprincipio,tantomayortienequeserimportanciadelasasritaccindeoutro.Aregraparcial da proporcionalidade em sendo estrito consubstancia a lei de ponderao, que vale para osopesamentodeprincpiosindependentementedesuanatureza.

    A regra da proporcionalidade em sentido estrito identificase com a ponderao de bens, uma vez queafirma[...]lavaloracinyponderacinrecprocadetodostienesinvolucrados,tantodequejustficanellmite como de los que se ven afectados por ello, lo cual exige tomar en consideracin todas lascircunstanciasrelevantesdelocaso .

    DeacordocomacitaodeRobertAlexy,aregraproporcionalidadeemsentidoestritoderivadosdiretosfundamentaisenquantomandadosdeotimizaosegundoaspossibilidadesjurdicas.Poroutrolado,asdemaisregrasparciaissodeduzidasenquantomandamentosdemelhoriacomrelaospossibilidadesfticas.

    OspossveisconflitosentredireitosfundamentaisebensjurdicosdeterminadosconstitucionaisocorremquandooexercciodedireitofundamentalocasionaprejuzoaumbemprotegidopelaConstituio.Nestahiptese,nosetratadequalquervalor,interesse,exigncia,imperativodacomunidade,mas,sim,deumbemJurdico.Bens jurdicos relevantes,digase, soaquelesqueaConstituioelegeucomodignosdeespecial reconhecimento e proteo, no presente estudo, evidenciamse a razovel durao do processoversusapreservaodosinstitutosdocontraditrioedaampladefesa.

    Portanto necessrio encontrar um ponto de equilbrio entre a rapidez de tramitao do processo e asegurana adequada para um julgamento justo, para que este fator no seja mais um mecanismo deretardamento do trmite processual, corroborando ainda mais com o congestionamento do PoderJudicirio.

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    Arazovelduraodoprocessopodeserentendidaeinterpretadasobvrioscritrios,dentreeles,oquesemostra mais objetivo o do cumprimento dos prazos estabelecidos pela lei para a realizao de atosprocessuais,quesdevesofreralteraes/flexibilizaesanteasparticularidadesdecadacasoconcreto.

    NaspalavrasdeFernandodaFonsecaGajardoni:

    em sistemas processuais preclusivos e de prazos majoritariamenteperemptrios,comoonosso,otempoidealdoprocessoaqueleresultantedo somatrio dos prazos fixados no Cdigo de Processo Civil paracumprimentodetodososatosquecompemoprocedimento,maisotempodetrnsitoemjulgadodosautos .

    Umprocedimentoordinrio,nosmoldesdoatualCdigodeProcessoCivil,semnenhumaintercorrnciaouparticularidadequeobsteoseudevedurarumperodode131dias:

    Exordial..........concluso (24 horas art. 190 CPC)..........despacho do juiz(citaodoruem2diasart.189,I,CPC)..........cumprimentododespacho(48 horas art. 190 CPC)..........contestao do ru (15 dias art. 297CPC)..........concluso(24horasart.190CPC)despachodojuizparaqueoautor se manifeste sobre a contestao (2 dias art. 189, I,CPC)..........cumprimento do despacho (48 horas art. 190CPC)..........impugnao contestao (10 dias art. 327CPC)..........concluso (24 horas art. 190 CPC) e despacho do juiz paradesignao de audincia preliminar (2 dias art. 189, I, CPC) audinciapreliminarfixapontoscontrovertidosedesignaaudinciadeinstruo(30dias art. 331 CPC)..........cumprimento do despacho com a intimao deeventuaistestemunhas(48horas,art.190CPC)..........audinciadeinstruo,memoriais (10 dias sucessivos para cada parte (30 dias art. 331, CPC analogia)..........alegaes finais (20 dias art. 454, 3 c/c art. 177CPC)..........concluso(24horas,art.190CPC)..........sentena(10diasart.456CPC).

    O tempo de durao do processo estabelecido em lei estmuito longe de ser atendido. So diversos osfatoresquedificultamoandamentoprocessualclere,quepodemseracarretadosporparticularidadesdocaso,comoodesaparecimentodetestemunhas,oudedocumentosnecessriosaodeslindedofeito.Porm,fcilverificarquetaisrazesespecficasdeumdeterminadocasosoaexceo,evidenciandosequeoandamentodoprocessoestobstinadoporvriosfatoresguisadeutilizaodaleiprocessualcommfpelaspartes,almda faltaderecursoshumanos,magistrados,estrutura fsicae tecnolgicanosistemaJudiciriobrasileiro.

    8.ARAZOVELDURAODOPROCESSOSOBATICAMUNDIAL

    Alcanarumaduraorazoveldoprocessoumapreocupaomundial,merecendodestaqueoartigo8,1,daConvenoAmericanaSobreDireitosHumanos(PactodeSoJosdaCostaRica),doqualoBrasilsignatrio,quediz:

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    Todapessoatemdireitoaserouvida,comasdevidasgarantiasedentrodeum prazo razovel, por um juiz ou tribunal competente, independente eimparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apurao de qualqueracusao penal formulada contra ela, ou para que se determinem seusdireitos ou obrigaes de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualqueroutranatureza.

    Aindanaesferainternacional,oartigo6ConvenoEuropeiaparaSalvaguardadosDireitosdohomemedasliberdadesfundamentais:

    qualquerpessoa temdireitoaqueasuacausasejaexaminada,equitativaepublicamente, num prazo razovel por um tribunal independente eimparcial, estabelecidopela lei, oqualdecidir,quer sobreadeterminaodosseusdireitoseobrigaesdecarctercivil,quersobreofundamentodequalqueracusaoemmatriapenaldirigidacontraela.

    No ordenamento ptrio verificvel que o direito celeridade processual j existia em decorrncia doincisoXXXVdaConstituiode 1988, que garante o acesso ao judicirio, e tambmadevida e efetivaproteocontraqualquerformadeviolaodedireitos.

    O incisoLXXVIIIdoartigo5,que inseriuagarantiadaduraorazoveldoprocessopassouaexistiraps a promulgao da Emenda Constitucional n 45 em dezembro de 2004. O inciso foi includo naemendasubstitutivan 11daComissoEspecial encarregadadeoferecerparecerpropostadeEmendaConstitucionaln1de1992,anteasuaimportnciaconformejustificativaconstantedacitadaemenda:

    ApropostacentraseemreformaestruturaldoPoderJudicirio,doprimeirograuaosTribunaisSuperioressublinhada,muito especialmente, por princpios demodernidade vigentes empases progressistas, taiscomoosdatransparncia,acesso,eficinciaeefetividadedaprestaojurisdicionalaocidado.

    Enfrentandopreliminar necessria, aEmenda Substitutiva proposta adita aos incisos LV, LX, LXXI eLXXIVecriaosincisosLXXVIII,LXXIXeLXXXaoart.5daConstituioFederal,quetratadosDireitosIndividuais,comprincpiosdereforoassistnciajudiciria,doacessoJustia,dalimitaodecustase taxas judiciais, do direito comunicao da deciso final ao interessado e de razovel durao doprocesso, comosmeiospara talnecessrios. (DiriodaCmaradosDeputadosSuplemento,Terafeira,14dedezembrode1999,p.00389).

    AinserodoreferidoincisoobjetivouestimularumareformanoJudicirionatentativadesolucionarasuasituaocalamitosa,commilharesdeprocessosaguardandojulgamentos,tantonaprimeira,quantonasdemaisinstncias.

    OTribunalConstitucionaldaEspanha ,emjurisprudncia,utilizacomocritriosobjetivosparasaberseasdilaesprocessuaissorazoveis:a)acomplexidadedolitgio,b)otemponormaldeduraodolitgiodemesmaespcie,c)ointeressedodemandante,d)seucomportamentoee)odasautoridades,emvista de cada caso concreto. Ainda nomesmo sentido, para o Tribunal Constitucional da Espanha, odireitoaumprocessopblicosemdilaesindevidasnopodeidentificarsecomumpretendidodireitoaorigoroso cumprimento dos prazos processuais (STC 5/1985, 324/1994, 58/1999), ou seja, aquelesconstantesnoCdigoProcessual.

    NoBrasil,tementendidooSupremoTribunalFederalque:

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    Aeconomiaprocessual,a instrumentalidadedas formaseoutrosprincpiosto caros aos processualistas modernos desaconselham a prtica de atos,notadamentedecisrios,quepoderosernulificadosmaisadiante.Esteumluxo incompatvel com o volume invencvel de feitos que abarrotam oJudiciriobrasileiro.,tambm,umprocedimentoquetrazinseguranaaojurisdicionado hipossuficiente, prolongandolhe a agonia da espera. Tudoisso emdescompasso comos ventos reformistas, que sinalizama razoveldurao do processo e os meios que garantam a celeridade de suatramitao (inciso LXXVIII do art. 5 daMagnaCarta, na redao daEC45/2004).(Pet3597MC/RJRIODEJANEIROMEDIDACAUTELARNAPETIO Relator(a) MIN. CARLOS BRITTO, Julgamento 06/02/2006PublicaoDJ15/02/2006PP00087)

    EoSuperiorTribunaldeJustia:

    MANDADO DE SEGURANA. CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO.REQUERIMENTODEANISTIA.PRAZORAZOVELPARAAPRECIAO.PRINCPIODAEFICINCIA.

    1.Atodosasseguradaarazovelduraodoprocesso,segundooprincpioda eficincia, agora erigido ao status de garantia constitucional, no sepodendopermitirqueaAdministraoPblicapostergue,indefinidamente,aconclusodeprocedimentoadministrativo.

    2.Adespeitodograndenmerodepedidos feitosaoMinistrodaJustiaedosmembrosdaComissodeAnistia, seurgodeassessoramento,seremprobono,aquelesqueseconsideramatingidosnoperodode18desetembrode1946a5deoutubrode1988,pormotivaoexclusivamentepoltica,nopodemficaraguardando,indefinidamente,aapreciaodoseupedido,semexpectativadesoluonumprazorazovel.

    3. Ordem concedida. (MANDADO DE SEGURANA N 10.792 DF2005/01121256)

    Comoordenamentoexpressodoprincpiodaduraorazoveldoprocesso,passaaexistirumacertezadequedeversermodificadaasituaodoJudicirio,masparaqueissoocorra,sonecessriasprofundasalteraesnosistemahojevigente.

    9.ADURAORAZOVELDOPROCESSOVERSUSOCONTRADITRIOEAAMPLADEFESA:COLISODEPRINCPIOS?

    Aaplicaodeprincpiosconstitucionais,quesotrazidosrealidadedeformagradual,devesersempreobjetodecriteriosaavaliaoeestudoporpartedoaplicadordalei.Talacuidadedeveseaofatodequeassituaes a serem avaliadas sempre esto preenchidas por diversos aspectos que merecem ser

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    contempladospormaisdeumprincpiofundamental.aquesurgeoproblema:Comodecidirdeacordocomajustiaquandodoisoumaisprincpiosconstitucionaisseencontramemaparenteconflito?

    ALEXYemsuaobraTeoriade losderechos fundamentales, 1997,asseveraque: Cuandodosprincpiosentran en colisin, uno de los dos princpios tene que ceder ante el outro. Assim, ao confrontar osprincpios do contraditrio e da ampla defesa com a celeridade processual, possvel verificar apossibilidadedeseponderartaisordenamentos.Ojulgadordeveobservarocasoconcreto,nosentidodeconciliar o tempo necessrio para se seguir o trmite legal do processo, observando sempre o plenoexercciodo contraditrio edaampladefesa juntamente coma celeridadedoprocesso,obedecendoaosprazoslegaisestabelecidosnoritodoprocessoemquesto.

    Atutelajurisdicional,parasereficaz,exigerapideze,porvezes,urgncianarealizaododireitomaterialquesebuscaproteger.Anoodetempoinseparveldoprocesso,jqueotempoessencialprticadosatos processuais e observncia das garantias asseguradas pela Constituio Federal s partes, quepossibilitamaojulgadorformarseuconvencimentosobreapertinnciadodireitoafirmado.

    Assim,oaparenteconflitoentreosvaloresdeceleridadeeseguranajurdicaextradadosprincpiosdocontraditrioedaampladefesasefazpresentenarelaoprocessual.Impese,assim,aconstantebuscadoequilbrioentreeles,consoantepreconizaJosRogrioCruzeTucci:

    Nosepodeolvidar,nesseparticular,aexistnciadedoispostuladosque,emprincpio,soopostos:odaseguranajurdica,exigindo,comojsalientado,um lapso temporal razovel para a tramitao do processo (tempofisiolgico),eodaefetividadedeste,reclamandoqueomomentodadecisofinal no se procrastine mais do que o necessrio (tempo patolgico).Obtendoseumequilbriodestesdoisregramentossegurana/celeridadeemergiro asmelhores condies para garantir a justia no caso concreto,sem que, assim, haja diminuio no grau de efetividade da tutelajurisdicional .

    ImportantetambmmencionarosesclarecedoresensinamentosdeLuizGuilhermeMarinoni:

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    Deveseperseguiroequilbrioentreaseguranaeaceleridade,de formaano prejudicar ou favorecer nenhuma das partes litigantes. A tutelajurisdicionalintempestivacompletamenteincapazderealizarefetivamenteo direito do autor, ocasionando, muitas vezes, o perecimento do prpriodireito objeto de tutela. Por outro lado, foroso reconhecer que,independentemente de tratarse de situao de urgncia, devese buscar adistribuio racional do nus do tempo do processo entre as partes.Pretender distribuir o tempo implica em vlo como nus, e essacompreensoexigeaprviaconstataodequeelenopodeservistocomoalgoneutroouindiferenteaoautoreaoru.Seoautorprecisadetempoparareceber o bem da vida a que persegue, lgico que o processo evidentemente que no caso de sentena de procedncia ser tantomaisefetivoquantomaisrpidofor.Demodoqueatcnicaantecipatriabaseadaemabusodedireitodedefesaouemincontrovrsiadeparceladademandapossui o objetivo fundamental de dar tratamento racional ao tempo doprocesso, permitindo que decises sobre o mrito sejam tomadas no seucurso,desdequepresentesoabusododireitodedefesaouaincontrovrsiadeparceladademanda.

    Paratanto,partesedapremissadequenoracionalobrigaroautorasuportarademoradoprocessoquandohabusododireitodedefesaouquandoparceladademandapodeserdefinidadesdelogo .

    A ponderao deve ser aplicada,mesmo que o conceito avaliado no seja determinado objetivamente,como o caso da razovel durao do processo, em que ainda no se chegou a uma definio do querealmente seria um tempo razovel para a soluo da lide. Assim, para que o juiz chegue a umentendimentosobreoquearazovelduraodoprocesso,eledeveponderarqualosentidoqueeledeveatribuiraessaexpresso,escolhendoosignificadoquemelhorseamoldeaocasoconcreto .

    10.OSPRINCIPAISPROBLEMASDOJUDICIRIOBRASILEIROEALGUMASPOSSVEISSOLUES

    Fazer comqueoprocesso se torne clere e efetivo,de formaque eleno sedesvinculedosprincpios egarantias fundamentais o grande desafio do judicirio brasileiro. A rapidez, hodiernamente, umacondiodaefetividadedoprocesso.Aconcessodatutelaforadotemponotrazapacificaosocial,noatingindoafinalidadedoprocesso.

    Aeconomiaprocessualdeterminaqueseconcilieobinmiotempoesegurana,assim,otempoidealdoprocessoaquelequegarantaaabsolutaseguranadadeciso.

    Aoseanalisarquaisosmotivosquelevamatamanhalentidonotrmitedeprocessosnopas,umdospontosprincipaisqueprejudicamoPoderJudiciriooinsucessolegislativo:leismalelaboradas,quedomargemadiversasinterpretaes,bemcomoalacunasquepermitemdecisescontrovertidas.

    Esseoportunismohermenuticoestimulaaexistnciadeincidentesprocessuaisemultiplicaainterposioderecursos.Davemagrandesobrecargadetrabalho,e,talatitudeafetaosrgosjudiciais,truncandoodesenvolvimentojurisprudencial,fontetocaradodireito,umavezqueestaqueseatualizaconformeaevoluosocialdemaneiramaisdinmica.

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    Almdisso, a faltade recursosmateriais e tecnolgicos, a existnciadeuma legislaoprocessualporvezesultrapassadaeaformaoculturaldosoperadoresdodireito,queestdespreparadaparaaadvocaciaque busca a preveno, orientao e conciliao, so barreiras para uma maior rapidez no trmiteprocessualbrasileiro.

    Sendoassim,depreendeseque,basicamente,sotrssoosfatoresdamorosidadedoPoderJudiciriobrasileiro: fator material (investimento financeiro, em infraestrutura, pessoal qualificado, maismagistradose servidores),fatorlegal(alterao das leis processuais, que por vezes so permissivas aadvogadosquesprocuramobstinaraaplicaoda justia,valendosedevriasesferas recursaisparaprolongaraduraodoprocesso)e,fatorcultural(ideais extremamente legalistasdosoperadoresdodireito,queseesquecemdemeiosalternativosdepacificaosocialcomoaconciliao).

    11.ASPRINCIPAISCAUSASDAMOROSIDADE

    Adiante,mostrarseoasprincipaisemaisevidentescausasdamorosidadedoJudicirio,destacandosetodososaspectosacimamencionados,quaissejam:material,legalecultural.

    12.OPAPELDOJUIZNACONDUODOPROCESSO

    Oexercciodomagistradotrazaojuizcomopremissafundamentalabuscapelaaexcelnciadaatividade,enosomenteoatomecnicodojulgamento,masaadequaoarealidadeparticulardecadacaso.

    Asomadeinstituiesbemorganizadasegeridaspelosrespectivosgruposdemagistradoseservidoresdeterminarumauniode iniciativascapazesdealterarde formasatisfatriaaeficinciadoJudicirioenquantoentidadeprestadoradeservios.Estasaescolaboraroterminantementeparaaeficinciadaprestaojurisdicionalporcompletoenoapenasdeformapontualempequenoslocais.

    Osjuzestmquesairdaposionicaeexclusivacomojulgadores,passandoasetornargestoresdesuasunidadesjurisdicionais.Nessesentido,SidneiAgostinhoBenetilecionaque:

    O juiz deve ser encarado como um gerente de empresa, de umestabelecimento. Tem sua linha de produo e produto final, que aprestao jurisdicional.Temde terminar oprocesso, entregar a sentena eexecuo.Comoprofissionaldeproduoimprescindvelmantenhapontodevistagerencial,aspectodaatividadejudicialquetemsidoabandonado.falsaaseparaoestanqueentreas funesde julgaredirigiroprocessoque implicaorientaoaocartrio.Omaiorabsurdoderivadodessenocivoponto de vista dicotmico a alegao que s vezes alguns juzesmanifestam,atribuindoculpapeloatrasodosserviosjudiciriosaocartrioquetambmestasobasuaorientaoefiscalizao.

    A incompreenso de que o trabalho domagistrado no s a arte de julgar, somada falta de aesconcretas que busquem gerir o foro, tem causas culturais, mas tambm fruto da falta de preparo eexignciaporpartedainstituio.

    O Instituto de Estudos Econmicos, Sociais e Polticos de So Paulo (IDESP) realizou, no ano 2000,pesquisapormeiodaqualfoicolhidaaopiniode738juzes,em11EstadosdafederaoenoDistritoFederal, de primeiro e segundo graus de jurisdio, da Justia Estadual, do Trabalho e Federal, sobrevriosaspectosqueenvolvemoJudicirio,emespecialseudesempenhoemorosidade.

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    Apesquisarealizadapelo IDESPapontouque74,6%dos738 juzesentrevistadosemvriosEstadosdopas, disseram que falta de eficincia administrativa fator relevante como causas da morosidade daJustia .

    Helena DelgadoMoreira em sua obra, analisa que h uma posio de passividade do magistradobrasileiroemfacedamorosidadeprocessualedassoluesaelapossveis.

    Assim,humanecessidadedemudananacondutadosmagistradosbrasileiros,nosentidodequeestestomem para si alm da funo tradicional de julgamento, a administrao e gesto de seu local detrabalho,paraqueeste,organizado,possacolaborarparaobomecleredesenvolvimentodasatividades.

    13.DESORGANIZAOADMINISTRATIVA

    evidentequefaltaumaregulamentaoespecficaeefetivaqueorganizemaadministraodostribunaisbrasileiros.

    As organizaes mantidas pela iniciativa privada h muito se utilizam dos ensinamentos daAdministrao na busca de resultados eficazes, com o crescente investimento na formao de seusgestores.Destacasequeoplanejamentooprincipalensinamentoquetrazosucessodetaisinstituiesprivadas.OPoderPblicopoucoaproveitadetalconhecimentoparasi,oplanejamentonamaioriadasvezesnoutilizadonaadministraopblica,emespecialnasgestesadministrativasdostribunais.Talcircunstnciajustifica,pelomenosemparte,asdificuldadesexistentesqueacabamgerandonofinaldoprocessoamorosidadedaprestaojurisdicional.

    AsferramentasdeAdministraosofundamentaisparaaboagestodoPoderJudicirio,comomelhorformadeenfrentaramorosidade.necessriaumapreocupaocomautilizaodenovosconhecimentosparaabuscadaexcelnciadosserviosprestadospopulao.

    Lamentavelmente,osetorpblicodopasestinvadidopelacorrupoeindividualismo,motivopeloqual,osindivduosquepossuemopoderparamodificarasituaobuscamasatisfaodeseusprojetospessoaisemdetrimentodointeressepblico,edagestoestratgicatonecessriamudananasituaoemqueseencontraojudiciriobrasileiro.

    NaspalavrasdeElizerArantesdaCosta,agestoestratgicapodeserentendidacomo:

    O processo sistemtico, planejado, gerenciado, executado e acompanhadosob a liderana da alta administrao da instituio, envolvendo ecomprometendo todos os gerentes e responsveis e colaboradores daorganizao.Agestoestratgicatemporfinalidadeassegurarocrescimento,a continuidade e a sobrevivncia da instituio, por meio de contnuaadequao de sua estratgia, de sua capacitao e de sua estrutura,possibilitandolhe enfrentar e anteciparse s mudanas observadas ouprevisveisnoseuambienteexternoeinterno .

    Assim,paraquehajaumamelhorianaorganizaodopoderjudicirio,imprescindvelqueapesardasdificuldades culturais e da resistncia dos dirigentes e potenciais dirigentes dos tribunais, haja aelaboraodeumagestoestratgicacomomaneiradeenfrentamentoeficazeperenedosproblemasdojudicirio.

    14.CAUSASESTRUTURAIS

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    AfaltadeestruturafsicaehumanadirecionadaaoJudicirioparaodesempenhodesuasfunestambmso importantes causas para amorosidade da prestao jurisdicional. Faltam recursos de informtica,pessoassuficientementequalificadas,etambmseverificaqueasedificaesemquefuncionamosrgosdajustiaestoemprecriascondies.

    AcrescentedemandapelosserviosdoJudicirioexigequeosrecursosdeinformticasejamutilizadoseconduzidosdamelhorformapossvel,sendoqueaprecriautilizaodessesrecursosfacilitadorescapazdeinviabilizarocumprimentodastarefaseprazosemumcurtoespaodetempo.

    Podesedizerquehojeemdiaimpossveldesvincularasatividadesburocrticasdainformtica,umavezqueestafacilitamuitoodesempenhodosprocedimentos,acelerandooresultadoediminuindooscustosdaatividade.OaumentodaprocurapelasaesjudiciaiscriouanecessidadedeaumentaraprodutividadedoJudicirioeesse fatoescancarouasituaoextremamenteprecriadosistemaburocrtico judicial.Umsistemacompletamenteatrasado tecnologicamente,pautadonousodopapele caneta,almdo trnsitodosautosparaqueelescheguemaodestinatrio,queocasionamumdesperdciosignificativodetempoculminandonaindesejadaineficinciadaprestaojurisdicional.

    Apesardeestasituaoserevidenteenecessitardeurgentemudana,osrecursosdeinformticaaindasopouqussimoutilizadospelainstituio.Faltasimmuitodorecursofinanceiroparaefetuartaismudanas,mas,maisque isso, faltaplanejamentoeamadurecimentodosadministradoresdo judicirio,queaindatm a cultura da utilizao do papel como formamais segura de registro de documentos. Jos RenatoNalini diz que uma providncia inevitvel a adequao modernidade. Evidencia o autor, que aotimizaoinstrumentalpermitiraojuizmultiplicarasuaproduo,semgerarmaiordesgaste.

    Ainda de acordo com a pesquisa realizada pelo IDESP no ano de 2000, 91,9% dos magistradosentrevistados apontaram este fator supracitado como causa muito relevante para a morosidade dojudiciriobrasileiro.

    VicentedePaulaAtadeJunior aodescreveraevoluooperacionaldosserviosjudicirios,dizque:

    Mesmo com as constantes inovaes tecnolgicas, no se venceu oparadigmados autos escritos, de papel e plstico, entulhandoprateleiras eescaninhos, obrigando o seu transporte pormeios dispendiosos, sem falarnos galpes e depsitos necessariamente alugados ou comprados pelostribunaisparaarquivarautosfindos.

    Assim,paraquehajaumamudanasignificativanasituaodojudiciriobrasileiro,necessrioquededeixedeladoessaculturadopapel,etambmquesejamdirecionadosmaisrecursosfinanceirosparaoinvestimentoemmelhorestecnologiasqueauxiliemosmagistradoseservidoresatornaroprocessocadavezmaisclere.

    15.RECURSOSHUMANOS

    Afaltadejuzeseservidoresnojudiciriotambmfatorimportanteparaoproblemadamorosidadedosistemabrasileiro.

    Em um primeiro momento, podese afirmar que, o nmero insuficiente de juzes uma das maisimportantescausasdamorosidade.FlvioBeal apontaqueaprimeiraegrandecausadamorosidadedaJustianoBrasilarelaodapopulaopornmerodejuzes.

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    AOrganizaodasNaesUnidassugereaproporomnimade7 juzesparacadagrupode100.000habitantes,ouseja,umjuizparaaproximados14.285pessoas.Aocontrriodoprevisvel,surpreendendoosestudiosos,noBrasil,existem8juzes paracada100milhabitantes, ndiceacimadasugestodaONU.

    Comfulcronosdados fornecidospelodoConselhoNacionaldeJustiarelativoaoanode2011,noseconfirmaatodivulgadacarnciadejuzescomofatordeinflunciadiretaparaamorosidade.

    Assim,valendosedaspalavrasdeJosRenatoNalini:desdelogoseafasteafalciadainsuficinciadejuzes (...) o problema brasileiro a falta de planejamento, falta de controle de produtividade, falta deotimizaodeinfraestrutura .

    16.ESPAOFSICO

    A existncia de espao fsico adequado para o desenvolvimento de atividades burocrticas e deatendimento ao pblico importante para o bom desempenho destas funes. Assim necessrio queexista um local organizado e sistematizado para as atividades dos juzes e servidores, bem comoinstalaescomconfortoetranquilidadeparaobomdesempenhodastarefas.Umambienteorganizadoeplanejado para o desempenho das atividades aumentar o potencial produtivo das pessoas que alitrabalham,equantomaisosmagistradoseservidoresproduzem,maisrapidamenteenfrentamabuscaporJustia.

    17.ALEGISLAOPROCESSUAL

    Alegislaoprocessual,oexacerbadoformalismodasatividadesjudiciriaseascarnciasoramentriassocausasdeimportanteinflunciaparaamorosidade.Porisso,somadosdificuldadesoramentriaseosproblemasdalegislaoprocessualeoformalismoquelhetpico,podemserindicadascomocausasprovveisdamorosidadeaculturaealitigiosidadedosnovostempos.Estas,notadamente,queexigemdosjuzesabuscadesoluesquenopassemapenaspelaalteraodeleisepeloaumentodegastosparaamanutenodosistema.

    AgrandepossibilidadedeinterposioderecursosentendidacomoamaissignificativacausadosmaisgravesproblemasdoJudicirio.Problemasque, sabemos, soamorosidadeea ineficciadasdecisesjudiciais,asegundainfluenciadapelaprimeira.

    NomesmosentidoaopiniodoMinistroCarlosMriodaSilvaVelloso,magistradocomexperincianamaisaltaCortedopas,oSupremoTribunalFederal.SegundoeleoutracausadalentidodaJustia,queme parece, alis, a mais importante, o formalismo das leis processuais e o sistema irracional derecursos .

    DeacordocomFranciulliNettoamaioriadosoperadoresdodireitonohesitaaoelegeroatualCdigodeProcesso Civil como o principal obstculo para uma situao de maior eficincia e presteza naconcretizaodajustia.

    Assim, no possvel deixarmos de considerar certa a incluso da legislao processual e suacomplexidadecomoumadascausasacontribuirparaamorosidadedaprestaojurisdicional,aindaquecomaressalvaquantoaopesoqueamaioriaatribuiuaelacomocausaefetivadestalentido.

    Naavaliaodalegislaoprocessualcomocausadamorosidade,ainda,precisoquesetenhapresentequeoprocessoinstrumentopormeiodoqualseviabilizaoexameedecisosobredireitosmateriais.Paratanto, o processo deve ser conduzido de forma no apenas organizada,mas tambm com respeito aos

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    prazose termos legaispreviamenteestabelecidosna leiprocessualparagarantiracompletadeduodepretensesedefesa,bemcomoaproduodeprovas.Ocumprimentodetodasestasprovidnciasexigirsempreumtempoquesernecessrio.

    Osestudiososportugueses,guiadosporBoaventuradeSousaSantos,sobreesselapsotemporalesclarecemque

    (...) o tempo ideal de durao de um processo, que ser aquele em que arapidezeaeficinciadoTribunalseharmonizamcomotemponecessrioproteo dos direitos de todos os intervenientes no processo e quepoderamos designar como morosidade necessria. No entanto, amorosidade necessria, apensar da sua indefinio, um importanteprincpio regulador namedida em que a morosidade legal, ou seja, a quedecorredocumprimentodosprazoslegaisnaprticadosatosjudiciais,deviaaproximarsetantoquantopossveldessaduraonecessria .

    Portanto, mesmo que exista a culpa da legislao processual para a morosidade, outros aspectosrelevantes e que com ela mantm direta relao devem ser considerados no momento de avaliar aimportnciadesuainfluncia,paraquesechegueaverdadeiraimportnciadeseupapel.

    18.UMMODELODEPROCESSODEINOVAOPARAOJUDICIRIO

    Ainovao,entendidaporserumaaoemquedevemsermelhoradasasideiasemtodosjexistentes,precisasersistematizadaemuitoorganizada.Abuscadapopulaopelaprestao jurisdicional fatordeterminanteparaasuaceleridadeoueficincia.OdesenvolvimentodatecnologiaearapidezcomqueeleprogrideinfluenciaapopulaoaexigirtambmdoPoderPblico,especificamenteoJudicirio,amesmaceleridade.

    Assim,ainovaoumaformaqueacinciadaAdministraoconseguiuparapossibilitaraadaptaoeo enfrentamento das demandas criadas pela evoluo social. Deve o Poder Judicirio encontrar umamaneiradeefetivarainovaocomoinstrumentonabuscadaeficincia.

    PodesedizerqueainovaonoPoderJudiciriotemquepassarporetapas,numprocessodeaceitaodeideiasdeformacoletiva,nabuscaporsolues .Aprimeirafaseconsisteemavaliaranecessidadededeterminados procedimentos serem adotados em um processo. Devese buscar a simplificao com asupresso de etapas e de providncias que no agregam valor, e em contrapartida, exigem demasiadotempoparaseucumprimento.

    ConformeavaliaPeterDrucker ,otrabalhotemqueproporaresolverosproblemasapresentados,assim,precisasebuscaroaperfeioamentodosprocessosjexistentes,ouseja,danecessidadedeserealizaremas tarefas de forma distinta do que usual, na tentativa de alcanar a maior eficincia da prestaojurisdicionalquejexiste.

    fcilentenderquetodosostrabalhadoresenvolvidoscomoJudiciriosocapazesdeagregarmelhoriascomseussaberes,criatividadeeexperincia,deformaainserirnovasrotinas,condutasedisciplina,comcertezaaajudadetodospropiciaamudana.Aparticipaodetodos,trabalhandoemequipe,achaveparaocomeodamelhoriadojudicirio.

    O comeo do processo tem que vir dos que tm contato efetivo e direto com as tarefas que podem serquestionadas,melhoradasousimplificadasembuscadaeficinciadarealizaodajustiaedapazsocial.Estesservidorestemfunoessencialparaoxitodainovao.

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    Um ambiente adequado para o desenvolvimento das atividades aquele com um bom espao fsico,ferramentas adequadas, e, principalmente com o aproveitamento e otimizao dos recursos humanosexistentes. Para efetivar essa organizao necessria a presena de um lder. Nas de Maria ElisaMacieira o papel do lder como incentivador da criatividade e da inovao na equipe determina osucessodaimplementaodamudanaorganizacional.Almdisso,oldertemqueterumconhecimentomaisapuradosobrequaisdiretrizesdevemseradotadasparasechegaraoresultadoesperado.

    SegundoPauloRobertoMotta alideranaumprocessonoqualumindivduoinfluenciaoutrosasecomprometeremcomabuscadeobjetivoscomuns.Eestecomprometimentoquetemqueserestimulado,paraqueogrupoalcanceresultadosefetivos.

    Assim,comapresenadeumlderedevriascabeaspensantes,comummtodoemqueseincentiveaparticipaodetodos,certamentequalquercircunstnciasersuperadaouvencida,oquedeterminaraimplementao criao de uma nova prtica, de uma nova rotina, de uma inovao permanente naatividademeio.nesteinstantequeacriatividadedeumedetodosseestabelececomofatordiferencial.

    A segunda fase a de filtragem dessas novas ideias, bem como o planejamento das aes a seremefetivadas.aescolhadomtodoaserutilizadoduranteodesenvolvimentodotrabalhodeinovaocomaescolhadaideiaquenaconcepodogrupoamaisvivelaoobjetivotraado.Sendoassim,devehaveraescolhadoquedeveserfeito,aexecuodoquefoiplanejado,averificaoderesultadose,aofim,casosejapreciso,ajustaromtodocomalgumascorrees.

    Chegadaaumaconclusodecomodeveseroprocedimento,iniciaseaterceirafasedoprocedimento,que a divulgao do resultado obtido para as demais unidades do Poder Judicirio. O que antes ocorriasomentenaunidadedeimplementaodasinovaes,agoradevesertornarexpostaatodoogrupo,paraqueelaspossamviraserinstitucionalizadas .

    Ogrupoinstitucionaldeveserformadopormagistradoseservidores,decomperfilprativosnabuscadesoluesdebarataserpidasnabuscadeeficinciadasatividades.

    A formao de um grupo heterogneo, com vistas ao mesmo objetivo, propiciar a existncia de umamassacrticacapazdeefetivamenteaperfeioarasprticasremetidasejexecutadasnasunidades.

    Findaa fasede testesemelhoramentos, julgadosos resultadoseaviabilidadede implantaogeraldainovaocomoprocedimentopadroaserseguidoportodos,ogrupoinstitucionaldeveformalizaranovarotina.Depois,deveencaminhlaparaainstitucionalizao,ouseja,paraapadronizao .

    AinstitucionalizaodaprticaestabelecerqueaquelainovaofoiadotadapeloPoderJudiciriocomoformamaiseficientee/oueficazdedesenvolvimentodedeterminadastarefas,logo,eladevefazerpartedeseu rol de procedimentos padronizados, de forma a afastar improvisaes e fazer a manuteno dainovao.

    AadoodessesprocedimentoscertamentepropiciaramelhoriadaatividadedesenvolvidanoJudicirio,proporcionando aos servidores uma rotina a ser seguida, sem, contudo, engessar a criatividade ecapacidadedeaperfeioamentodequemestemcontatocomamovimentaodiriadasinformaes.

    19.UMRETRATODOPODERJUDICIRIO

    Amorosidade da prestao jurisdicional uma dificuldade cuja busca de solues est ao alcance doJudicirio, por meio do enfrentamento dos problemas por seus integrantes. O futuro desejado para aprestaojurisdicional,comosinnimodeeficinciaeeficciademandaqueaquelesquefazempartedoJudicirio,especialmenteosjuzes,assumamquepossvel,esecomprometamcomodeverdeenfrentaroproblema.

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    Os procedimentos demudana e a necessidade da procura incessante de adaptaes diante deles, soindispensveis.Parasechegaraoxito,abuscapornovossaberese ferramentascapazesdeasseguraresta adaptao, com nfase nos recursos intelectuais da prpria instituio e nas prticas e iniciativasinovadoras,parecesersadamaisplausvel.

    Verificaseumaconstante intenodeseatribuiramorosidadedo judicirioa fatoresexternos,comoafaltadeinfraestruturaetecnologia.Taisfatoressodegrandeimportncia,porm,talconcepoafastaaresponsabilidadedosrecursoshumanos,quenaverdade,soosgrandesresponsveispelaotimizaodaestruturaqueoferecida.

    OsresultadossupracitadaspesquisasrealizadaspeloIDESP,juntamentecomamanifestaodaopiniodealgunsmembrosdoPoderJudicirio,normalmenteligadosadministraodomesmo,possibilitamaidentificao dessa posio. De forma muito evidente, demonstram tal posicionamento por meio daconstatao de que h necessidade demais recursos financeiros e alteraes na legislao processual,comoaesapropriadasparaassegurarasoluoparaamorosidadedaprestaojurisdicional.

    UmavezquepapeldoJudicirioaproposio,porexemplo,deprojetode leiparaacriaodenovasunidadeseseusrespectivoscargos,bemcomooplanejamentoadequadodosespaosfsicosedaestruturadeinformtica,estasprovidnciastmvinculaomaisacentuadacomanecessidadedeplanejamentodoquecomaquestodaeventualcarnciaderecursos.precisoque,antesdetudo,secompreendaarazodosgastos,anecessidadeefetivadoacrscimodevalores,semprecombasenoestudoeplanejamentodasaes .

    Logo,primeiramentedeveseverificarsehorganizaoeplanejamentonabuscademelhoriasesoluesporoutromeioquenosejaoacrscimodepessoalouoinvestimentofinanceiroemtecnologia,antesdeseatribuir a culpa damorosidade a esses fatores. Se no existe tal organizao, a ausncia de recursosfinanceirosetecnolgicosumacausasecundria,simplesmente.

    Almdasinformaesjmencionadas,MariaTerezaSadekfoisagazaodizerque:

    Comopode ser observado, do ponto de vista damaior parte dos juzes, osobstculosaofuncionamentoadequadodoJudiciriolocalizamsesobretudoemfatoresexternosmagistraturasoproblemassobreosquaisbaixoograudecontroleouderesponsabilidadedosjuzes.

    HelenaDelgadoMoreira,nomesmoentendimento,asseveraque:

    Observase, dessa feita, uma j identificada tendncia a visualizar causasexternas do prprio Judicirio dentre os fatores ou causas damorosidade,que encontra contrapartidana indicaode solues cuja responsabilidadeigualmente situase fora da esfera de competncia daquele Poder:primeiramente no mbito do Executivo, quando parte oramentria, e,secundariamente,nodoLegislativo,quantosnecessriasreformulaesdeordemlegaleconstitucional .

    Quanto a questo da legislao processual, muitas vezes apontada como a maior responsvel pelalentidodajustia,hautoresquedefendemqueasuamodificaonoseriacapazdeisoladamentegeraradiminuiodamorosidade.

    Nessesentido,RogrioCorreiaDiasafirmaque:

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    Acrena,porm,dequecaberiaaosdefeitosdalegislaoprocessualamaiorresponsabilidadepeladuraoexcessivadospleitosequvoca,noentanto,namedidaemqueassentadanaconcepodequeaculpa[...]sejadanormaeque,comasuaalterao,corrigirseiamosgravesproblemasqueafetamaprestao jurisdicional. A norma, todavia, conquanto no seja impotente,tambmnoonipotente .

    Nomesmosentido,soboprismadequeamelhoriada lentidodependederecursos financeiros,comoaumentodonmerodergosjudiciaisemaiorinvestimentotecnolgico,EgasDirceuMonizdeAragodiz que lucraria a distribuio de justia se os responsveis adotassem tcnicas modernas deadministraodepessoal,commetasaseremcumpridas .

    Eainda:

    (...)noparecerazovelsubordinaraminoraodoproblemasobenfoqueagrandesalteraesdeordemnormativaouaindaaoaporte,pelasinstnciascompetentes, dos recursos financeiros necessrios modernizao daestrutura judiciria nacional. Entendese, pois, bem mais prximo darealidade a reflexo, livre de amarras do pensamento cartesiano, da formacomoseriapossvelporqueomelhoraraadministraoda justiadopas com os recursos disponveis, ou seja, dentro do arcabouo polticoinstitucionaledaordemjurdicapositivaecomaslimitaesoramentriasehumanas(dopontodevistaquantitativo)prpriasdaconjunturanacional.Mas se h vontade de mudar, importante que a mudana que nodepende, em absoluto, de novas leis ou de recursos financeiros possacomear pelo comportamento dos juristas em geral e de quem administrajustiaemparticular.Amudanaquesepropemaisdoqueinstitucional:alcanaasestruturasdopensamentojudicial,moldadasparasuaadaptaoaum modelo de magistratura tipicamente tecnoburocrtico, em quetransparececertodesestmulocriatividade,ousadiaeaoarrojo(...) .

    Precisase se admitir, dentro da prpria instituio, que muitos dos motivos da morosidade esto nombitodoprprioPoderJudicirio.Deveseaceitar,ainda,queassolues,damesmamaneira,precisamserencontradassoluescomaesinternas,devendoserpriorizadasaquelasquetenhammenorcustoepossibilitemresultadosrpidos.

    Para que surjam as solues, a partir dos motivos apontados para o problema, indispensvel que,primeiramente, haja uma mudana de mentalidade, mencionada por Dalmo Dallari como sendo aprimeiragrandereformaquedeveocorrernoJudicirio.

    Ainda no mesmo entendimento, Helena Delgado Moreira diz que as mudanas devem vir do prprioJudicirio,comeandocomoreconhecimentodesuaresponsabilidadeemrelaoaosdefeitosdosistemaeaquebradosrespectivosparadigmas.

    Dizaautora:

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    (...) se fato que a reforma no se pode limitar apenas a reformulaesestanquesdo aparelho judicirio, parece evidente, por igual, que a questono se resume apenas introduo de inovaes em leis, cdigos ou naprpriaConstituio,namedidaemqueno sepodenegar a existnciadeum campo reservado a urgentes renovaes procedimentais eorganizacionais, passveis de serem implantadas dentro do sistema e cujainiciativa no pertence a ningummais do que aos prprios membros doJudicirio. (...) A negao, pela magistratura, de sua margem prpria deresponsabilidade emumquadrodeprestaodeficitria de servios, acabaevidenciando, assim, uma forte diretriz da reforma que os tempos atuaisimpem: no uma assistemtica reformulao de normas legais ouconstitucionais, comoaquevemsendo feita ao longodeumadcada,masantes uma reforma de ideias, uma reforma de posies, uma reforma deparadigmas .

    amudanadaculturaedamentalidadeaprimeiraaoparaasoluodamorosidadedaprestaojurisdicional.SoasiniciativasdoprprioJudicirioqueproduziroagrandealteraonoenfrentamentodosseusproblemasmaisevidentes,especialmenteoproblemafocodotrabalhoqueamorosidade.

    Assim,imperiosoqueamagistraturareconheasuapartederesponsabilidadesobreamorosidadeparaquepossaprovidenciarsolues,aoinvsdeimputarsomenteafatoresexternosaculpapelalentidodaprestaojurisdicional.

    OautorVicentedaPaulaAtadeJniordestacaaimportnciadeumanovaconscinciaeacriatividadecomofatorimportante:

    No obstante, a responsabilidade do Poder Judicirio pela morosidade naentregadaprestaojurisdicionalnopodedeixardeserconsiderada.Nesseaspecto, tornase relevanteobservarquemuitos avanosnodependemdereformas legais ou constitucionais, mais da implantao de sistemas degerenciamentojudicirio,emtodososseussetoresdefuncionamento.Geriro Judicirio em bases de otimizao dos seus servios iniciativa dasrespectivascpulas,masquedevecomprometertodasassuasestruturas.[...]NosetratadetransformaroPoderJudicirioemumagrandeempresa,masadotar as experincias positivas que a atividade empresarial pode fornecerpara ampliar a qualidade dos servios prestados pelo poder. Essegerenciamentomereceumaatenoespecficaedeveresultardeumestudodas necessidades que o poder tem e das dificuldades que ele enfrenta.Significaqueemprimeirolugar,ascpulasdiretivasdostribunaisdevemterconscinciadessanecessidade.NosepodemaisgovernaroJudiciriocomoseelenoenvolvesseadministraopblica.Acriatividadedoadministradorjudicirio o que far a diferena. As suas iniciativas, bem analisadas ebaseadasemdadosdarealidade,serofundamentaisparaconstruodeumnovojudicirio,quenodependatantodainiciativadosoutrospoderes ..

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    necessriaaatuaovinculadado juizadministradorao juizjurista,do juizcidadoedo juizmoral,comodizRuyRosadodeAguiarJnior:

    O mundo contemporneo necessita do juizjurista (o tcnico com boaformao profissional, capaz de resolver a causa com propriedade eadequao), o juizcidado (com percepo do mundo que o circunda, deonde veio a causa que vai julgar e para onde retornaro os efeitos de suadeciso),ojuizmoral(comaidiadequeapreservaodosvaloresticosindispensvel para a legitimidadede sua ao), do juizadministrador (quedeve dar efetividade aos procedimentos em que est envolvido, comsuperviso escalonada sobre os assuntos da sua vara, do foro, do tribunal,dosserviosjudicirioscomoumtodo) .

    Assim, muito possvel que se aplique toda esta mudana rapidamente, desde que os Magistrados eservidores do Judicirio se conscientizem de sua funo fundamental de agirem como precursores damudana,semesperarquefatoresexternostragamamudanaconsigo.

    CONSIDERAESFINAIS

    Apartirdoquefoiapresentado,percebesequealegislaoprocessual,afaltadeestruturaeorganizaoinstitucional eoplanejamentodeaes, as carnciasoramentriaseanecessidadede transformarosjuzes em gestores de suas unidades e seus tribunais, so entendidos como causas da morosidade daprestaojurisdicionalnoBrasil.Cadaqual,namedidadesuaintensidade,semdvida,contribuiparaoproblema.Podesedizerqueumadasgrandescausasdavagarosidadedajustiaaampliaodonmerodeprocessos,que soconsequnciado fatodequequantomais seaguaa cidadania,maisaspessoasprocuramostribunais.

    PercebesequeoPoderJudicirionoBrasildeixoudeserrgodeexceo,passandoaserutilizadocomoprimeira e nica instncia de mediao e soluo de conflitos entre o cidado e o poder pblico,evidenciandoacrescentejudicializaodasrelaessociais.

    Todos os mecanismos criados pela prpria Constituio da Repblica, bem como as reformasempreendidasno sentidode simplificaras leisprocessuais ebuscara eficinciae eficciadaprestaojurisdicionale,ainda,projetosdisseminadosa incentivaraconciliao,nosurtiramenosurtiroosefeitosdesejados.Paraaquelesqueacreditavamqueas reformasseriamanicasoluo,umexemploclaroqueacriaodosJuizadosEspeciais,hojeumarealidadeemtodoopas,noconseguiuresolveremuitomenosaceleraraprestaojurisdicional.

    Apresenaconstanteemaciadoprpriopoderpblicocomolitigante,omissonocumprimentodesuasobrigaes e desestruturado para tratar dessas questes sem a interveno do Judicirio, mesmo querelevanteoseupapelnoprocessodemocrticoapartirdaConstituiode1988,acabaporsufocarasboasiniciativaseperpetuaroproblemadamorosidade.Ademandageradadesnecessariamente,frustrandoaslegtimasexpectativasdoscidados,contribuiseriamenteparaalentidodaprestaojurisdicional.

    Alentidodosistemajudicial,estabelecidooquadrodeomissodopoderpbliconocumprimentodesuasobrigaes e na garantia de direitos sociais, acaba sendo fomentada ainda por prticas protelatrias.Exemploque,merecedestaque,partedoprprioEstadoeacabafixandoaculturadelitigiosidadetambmentreosparticulares,ouseja,aculturanosentidodequeasobrigaessomenteserocumpridasporforadedecisojudiciale,pior,aotempodadecisojudicial.

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    Aculturada litigiosidade, traduzidapelamutilizaodoJudicirio, emvirtudede falhasestruturaiselegislativasvemcomoummeioderetardarocumprimentodeobrigaesapartirdaconvicodequearespostasermorosa,beneficiandoaquelelitigantequenotemodireito.Daaideiadequeaviolaodaordemjurdicaumnegciointeressante,fomentadaalentidotambmcomesteinteresse.

    Onmeroexcessivoderecursos,aviabilizarquatrograusdejurisdiopassveisdeserempercorridosata soluo de controvrsias simples, um exemplo que merece ateno. Com ele, se estabelece aconsequentedesvalorizaodojuzodeprimeirograu,apesardeseraquelequetemcontatodiretocomarealidadedaspartesecondiesdesolucionargrandepartedascausas.

    Todasessascircunstncias,sejaajudicializaodaspolticaseobrigaespblicas,sejaautilizaodamquina judiciria e sua lentido como meio de retardar o cumprimento de obrigaes de formageneralizada no pas, bem demonstram que a morosidade no tem apenas causas conjunturais ouprocessuais.

    Depreendeseaindadoestudo,queoaspectoculturaloprincipalproblemaqueacarretaamorosidadenojudicirio.OBrasilpossuinmerosuficientede juzesparapromover respostassdemandaspropostasperante o judicirio. Porm, falta gesto estratgica e otimizao do tempo, logo, prolongasedemasiadamenteasrelaesprocessuaiscomobjetivosoutrosquenodeobterjustia.

    Assim, podese dizer que amorosidade processual no Brasil decorre de uma somatria de problemas,porm, todas essas dificuldades so oriundas da falta de planejamento e de uma gesto adequadaprimeiramenteporpartedogoverno,e,principalmente,pelasprpriaspessoasquecompemocorpodojudicirio.

    Aceleridadedeveserbuscadapelaspessoasquecompemojudicirioepelaspartesqueosuscitam,cadaumcontribuindomedidadesuaresponsabilidade,quedefinidapelalei.Otempoidealparaasoluodeumlitgioaquelequetragaapacificaosocial.Sendoesteumtermomuitosubjetivo,podesedizerqueumprocessoclerequandorespeitaosprazosprocessuais,semextrapollos.Noscasosemquesetornaimpossvel o cumprimento dos prazos estabelecidos em lei para os atos imprescindveis ao deslinde doprocesso,necessrioqueseatenteaocasoconcreto,sparticularidadesdecadademanda,estabelecendoprioridades quelas que no podem esperarmuito tempo, como as que tratam de interesses de idosos,crianas,questesalimentares,eaindaqueenvolvamdireitosfundamentais.

    Os juzes, servidores e a populao no podem se conformar com a situao que se apresenta, esimplesmentedeixarqueoritmodasatividadesedosistemapersistadomesmojeito.Assim,oproblemano do judicirio, e sim, das pessoas que compem o judicirio, necessitando ento que haja umareformanamaneiradeagirdessesindivduos.Umaposturaativa,quebusquemelhoriascertamentevaiocasionarumarevoluodentrodojudiciriobrasileiro,detalmaneiraqueopesadelodamorosidadequenotrazpacificaosocialpasseafazerpartedopassadodopas.

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    NOTAS

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    OCasoMarburycontraMadison,ocorreunoanode1803nosEstadosUnidos,sendoconsideradoafonte do controle de constitucionalidade difuso no direito, j que consagrou a Constituio como leifundamental e suprema da nao e tambm a idia de que o Judicirio possui a maior fora nainterpretao constitucional. Thomas Jefferson, aps derrotar John Adams que tentava a reeleio,determinou a seu secretrio de Estado, JamesMadison, que no entregasse o ttulo de Juiz de Paz aWilliamMarbury,queforaassimnomeadonotestamentopolticodeAdams.Marburynotomoup