liberdade provisória_ distorções na fiança criminal - jus navigandi

35
 03/03/2015 Li b erd ade pr ovi sór ia: di stoões na fi ança cr imi nal - Jus N a v igandi http://j us.com.br/i mpr i mi r /26327/l i ber dade-prov i sor i a 1/35 Este texto foi publicado no site Jus Navigandi no endereço http://jus.com.br/artigos/26327 Para ver outras publicações como esta, acesse http://jus.com.br Liberdade provisória das distorções no campo da fi ança cr iminal a serem c orrigidas pel o intérprete Suel len da Co sta Go nçal ves Publicado em 01/2014. Elaborado em 02/2012. Presume-se como verdadeira a alegação da falta de condições econômicas do acusado que pleiteia liberdade sem fiança, já que essa mazela econômica é a regra dos encarcerados brasileiros.  Resumo: Diante da configuração de que a prisão em flagrante não pode mais ser mantida como forma de segregação cautelar por si mesma depois de desempenhadas as formalidades do auto de prisão, eis que assim determ in ou a reforma judi cial operada pela Lei nº 12.403/2011, a presente m onograf ia esco lh eu como objetiv o a análise da concessão liberdade provisória mediante fiança policial ainda que haja a alegação da miserabilidade pelo acusado preso em flagrante. Prisão essa que vem sendo mantida em algumas decisões  ju di ci ai s que al eg am o dev er de r esg u ar da r os objet i v os da quel a ca u çã o. A pr obl em á ti ca se i n st au ra a pa rt i r do momento em q ue o abastado po de imediata mente obte r a s ua li berdade, q ue é pressuposto e gara nti a, enquan to que aquele que tem poucas posses tem forma diferenciada no trato do seu direito de liberdade ante a medida cautelar i mposta de forma a utomatizada, a fian ça. Suscita-se se a im po ssibil idade do pagamento dessa garantia, com a consequente permanência da segregação do acusado pobre preso em flagrante, reveste o lapso entre a fia nça a rbitr ada pelo delegado de po cia e a chegada dos autos do fl agr an te às mãos do ma gi stra do como espécie de prisão automática, eis que aquele que não apresenta condições econômicas de arcar com o valor afia nçado te m perma necido segregado sem ordem escrita e fundamentada da autoridade j udicia l. Este trabal ho também m ira as decisõ es judicia is que têm man tido a fiança nesses caso s, mesmo diante da sim ples alegação de miserabilidade nos termos do art. 350 do CPP. No presente estudo aborda-se a inserção da prisão no sistema cau telar processua l pena l, o insti tut o da li berdade provisória an tes e d epo is da Lei nº 12.403/2011, o art. 350 do CPP como espécie de liberdade provisória sem fiança, a fiança estipulada pelo delegado como resquício legisl ativo histórico, o s prin cípios constitucionais e pro cessua is penai s que resguardam o direito à l iberdade antes da certeza condenatória, a proibição da prisão por dívida, a necessidade de maior credibilidade às outras medidas cautelares diversas da prisão e da fiança e o real acolhimento da assistência jurídica gratuita para com esses presos em flagrante, que sofrem os efeitos deletérios do cárcere enquanto necessitam atender a intr icada exigência judicial de pro var sua co ndição econômica. Palavras-chave: PRISÃO EM FLAGRANTE - FIANÇA - LIBERDADE PROVISÓRIA - PROVA DA MISERA BILIDADE - PRISÃ O POR DÍVIDA - ASS ISTÊNCIA JURÍDICA GRA TUIT A - SISTEMA CAUTELAR . Sumári o: INTRODUÇÃO. 1.A incidência da prisão e da liberdade no sistema cautelar. 1.1.Da prisão e seu desdobramento no curso histórico. 1.2.Dispersão legislativa da fiança criminal e da liberdade provisória. 1.3.Percepção sobre o fenômeno da “cautelarização” e sua composição. 1.3.1.Noções sobre a prisão temporária. 1.3.2.A função da prisão domiciliar. 1.3.3.Os pressupostos e requisitos de admissibilidade da prisão preventiva como inspiração aos alicerces de todas as medidas cautelares. 1.3.4.A estrutura da prisão em flagrante e a cessação de sua finalidade. 2.O instituto da liberdade provisória antes e depois da Lei nº 12.403/2011. 2.1.A relação da prisão em flagrante com o instituo da liberdade provisória. 2.2.O art. 350 do cpp como espécie da liberdade provisória sem fiança. 2.3.Não admissão da fiança x admissão da liberdade. 2.4.O novo procedimento em vi gor da liberdade pro vi sória media nte pagam ento de fia nça.. 2.5.Fian ça estipul ada pelo delegado de polícia. 3.Das distorções no campo da fiança criminal a serem corrigidas pelo INTÉRPRETE. 3.1.Princípios constitucionais penai s e o val or da li berdade na co nstitu ição. 3.1.1.Princípio da dignidade da pessoa humana e do favor libertatis relacionados com a excepcionalidade da prisão cautelar. 3.1.2.Princí pio da legal idade estrita da prisão cautelar e do devido processo legal . 3.1.3.Princípio da

Upload: cicerocetoc

Post on 06-Oct-2015

17 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

artigo

TRANSCRIPT

  • 03/03/2015 Liberdadeprovisria:distoresnafianacriminalJusNavigandi

    http://jus.com.br/imprimir/26327/liberdadeprovisoria 1/35

    EstetextofoipublicadonositeJusNavigandinoendereohttp://jus.com.br/artigos/26327Para ver outras publicaes como esta, acessehttp://jus.com.br

    Liberdadeprovisria

    dasdistoresnocampodafianacriminalaseremcorrigidaspelointrprete

    Suel lendaCostaGonalves

    Publicadoem01/2014.Elaboradoem02/2012.

    Presumesecomoverdadeiraaalegaodafaltadecondieseconmicasdoacusadoque pleiteia liberdade sem fiana, j que essa mazela econmica a regra dosencarceradosbrasileiros.

    Resumo:Diante da configuraode que a priso em flagrantenopodemais sermantida como formadesegregaocautelarporsi mesmadepoisdedesempenhadasasformal idadesdoautodepriso,eisqueassimdeterminou areformajudicial operadapelaLei n12.403/2011,apresentemonografiaescolheu comoobjetivoaanl ise da concesso l iberdade provisria mediante fiana pol icial ainda que haja a alegao damiserabi l idade pelo acusado preso em flagrante. Priso essa que vem sendomantida em algumas decisesjudiciaisquealegamodeverderesguardarosobjetivosdaquelacauo.A problemticaseinstauraapartirdomomentoemqueoabastadopodeimediatamenteobterasual iberdade,quepressupostoegarantia,enquantoqueaquelequetempoucaspossestemformadiferenciadanotratodoseu direi tode l iberdadeanteamedidacautelar imposta de forma automatizada, a fiana. Suscitase se a impossibi l idade do pagamento dessagarantia,comaconsequentepermannciadasegregaodoacusadopobrepresoemflagrante,revesteolapsoentreafianaarbitradapelodelegadodepol ciaeachegadadosautosdoflagrantesmosdomagistradocomoespcie de priso automtica, eis que aquele que no apresenta condies econmicas de arcar com o valorafianadotempermanecidosegregadosemordemescri taefundamentadadaautoridadejudicial .Estetrabalhotambmmiraasdecisesjudiciaisquetmmantidoafiananessescasos,mesmodiantedasimplesalegaodemiserabi l idadenostermosdoart.350doCPP.Nopresenteestudoabordasea inserodaprisonosistemacautelarprocessual penal ,oinsti tu todal iberdadeprovisriaantesedepoisdaLei n12.403/2011,oart.350doCPP como espcie de l iberdade provisria sem fiana, a fiana estipu lada pelo delegado como resqu ciolegislativoh istrico,osprincpiosconsti tucionaiseprocessuaispenaisqueresguardamodirei tol iberdadeantesdacertezacondenatria,aproibiodaprisopordvida,anecessidadedemaiorcredibi l idadesoutrasmedidascautelaresdiversasdaprisoedafianaeoreal acolh imentodaassistnciajurdicagratu itaparacom esses presos em flagrante, que sofrem os efei tos deletrios do crcere enquanto necessi tam atender aintricadaexignciajudicial deprovarsuacondioeconmica.

    Palavraschave: PRISO EM FLAGRANTE FIANA LIBERDADE PROVISRIA PROVA DAMISERABILIDADEPRISOPORDVIDAASSISTNCIA JURDICAGRATUITASISTEMACAUTELAR.

    Sumrio: INTRODUO. 1.A incidncia da priso e da l iberdade no sistema cautelar. 1.1.Da priso e seudesdobramento no curso h istrico. 1.2.Disperso legislativa da fiana criminal e da l iberdadeprovisria. 1.3.Perceposobreo fenmenodacautelarizaoesuacomposio. 1.3.1.Noessobreaprisotemporria.1.3.2.A funodaprisodomici l iar.1.3.3.Ospressupostoserequ isi tosdeadmissibi l idadedaprisopreventiva como inspirao aos al icerces de todas as medidas cautelares. 1.3.4.A estrutura da priso emflagrante e a cessao de sua final idade. 2.O insti tu to da l iberdade provisria antes e depois da Lei n12.403/2011.2.1.A relaodaprisoemflagrantecomoinsti tuodal iberdadeprovisria.2.2.Oart.350docppcomoespciedal iberdadeprovisriasemfiana.2.3.Noadmissodafianaxadmissodal iberdade.2.4.Onovoprocedimentoemvigordal iberdadeprovisriamediantepagamentodefiana..2.5.Fianaestipu ladapelodelegado de pol cia. 3.Das distores no campo da fiana criminal a serem corrigidas peloINTRPRETE.3.1.Princpiosconsti tucionaispenaiseovalordal iberdadenaconsti tu io.3.1.1.Princpiodadignidade da pessoa humana e do favor l ibertatis relacionados com a excepcional idade da prisocautelar.3.1.2.Princpiodalegal idadeestri tadaprisocautelaredodevidoprocessolegal .3.1.3.Princpioda

  • 03/03/2015 Liberdadeprovisria:distoresnafianacriminalJusNavigandi

    http://jus.com.br/imprimir/26327/liberdadeprovisoria 2/35

    proporcional idade na priso cautelar. 3.1.4.Princpio da presuno de inocncia e a restrio da l iberdadeindividual . 3.1.5.Princpioda igualdadeno tratamentodos su jei tos da fiana. 3.2.A proibiodeprisopordvida.3.3.Daassistnciadoadvogadoaopresoprovisrio.CONCLUSO.REFERNCIASBIBLIOGRFICAS.

    INTRODUO

    DiantedareformaoperadapelaLei n12.403/2011,a l iberdademediante fianasofreu al teraesdrsticas,passando a entregarmaior poder autoridade pol icial para conceder fiana, aumentou os casos de crimesafianveiseal terou substancialmenteovalordafiana.A l iberdadedirei toeregranoEstadoDemocrticodeDireito,porissoasmedidascautelaresquerestringemostatusl ibertatisdoacusadossejusti ficamdiantedanecessidade,adequaoeexcepcional idadedamedida.

    NoBrasi l ,pareceterpermanecidocomoumaespciedeprisoautomtica,porquesemmanifestaojudicialpararevestila,olapsoentreafianaarbitradapelodelegadodepol ciaeachegadadosautosdoflagrantesmosdomagistrado,eisqueaquelequenoapresentacondieseconmicasdearcarcomovalorafianadotempermanecidosegregado.A indaquemuitosconsideremqueessasegregaonosejatoextensivaou duradoura,elapareceserdesmotivada,desarrazoada, fereoprincpioda igualdade,dapresunode inocnciaeatentacontraoprincpiomaior,dadignidadedapessoahumana.

    Passaseaanal isaraapl icabi l idadepelomagistradodoart.350doCPP,quepermiteaoju iz,apsveri ficarasi tuao econmica do segregadoprovisoriamente, conceder a l iberdadeprovisria sem fiana, su jei tando oacusadosobrigaesconstantesdosartigos327e328doCPPeaoutrasmedidascautelares,seforocaso.Aquestoaserdiscutidaeanal isadasehumadiferenadetratamentoentreoricopresoemflagranteeopobrepresoemflagrante.Umaapreciaosobreadi ferenaentreosdoisemidnticascondies,flagrnciaemquecaibaaconcessodefianapol icial ,indica,aomenosperfunctoriamente,queaquestodesortedoprimeiroeazar do segundo, eis que o primeiro obtm a final idade da lei , a qual consiste em simpl i ficar o processo desol turadequempodepagaragarantiareal ,aopassoqueosegundo,sofreosefei tosdeletriosdasegregao,porqueaprovadasuacondiodemiservel notempresunodeveracidadeaosolhosdojudicirio.Opresentetrabalho vem questionar esse tratamento dado ao acusado, o que parece ferir os princpios norteadores doprocessopenal edadignidadedapessoahumana.

    Asnovasmedidascautelaresobjetivamresolveroproblemadasuperlotaodospresdios,especi ficamentedosque abrigam presos provisrios. Entretanto, a subsistncia da priso em flagrante aps o arbitramento dafianaaoacusadopobreeanoconcessodobenefciodoart.350doCPPferemoprincpiodal iberdade,queregra,ecriaumaprisoautomatizada,desnecessriaesemajudicial izaoexigidacomopanodefundodetodapriso.A negativadal iberaodafiananessecasonoestariaconfigurandocasodeprisocivi l pordvida?Aessaautomatizaoefal taconcretadefundamentaonadenegaodal iberdadeprovisriasemopagamentodafiananascondiesdoart.350doCPPnofeririaosprimadosconsti tucionais?Enfim,essaaceleumaquegiraemtornodavedaodaconcessodal iberdadeprovisriaedamanutenodaprisopreventiva,aqualapresenta,nessecaso,nosermedidadeu l timaratio.Igualmentesequestionaseh,porpartedomagistrado,fal tadecredibi l idadenaconcessodasmedidascautelaresdiversasdapriso.

    O presente trabalho, com o escopo de veri ficar essas h ipteses, passa pelo estudo do campo da l iberdadeprovisriamediantefiana,especi ficamenteafianacriminal arbitradapelodelegadodepol ciaemantidapelomagistradoanteafal tadecondieseconmicasdoacusadopresoemflagrante,apartirdaatual izaoprocessual penal conferidapelaLei n12.403/2011.

    Oestgiosobreoassuntonoseencontratoestalado,eisquenohouvetempohbi l paraadoutrinadiscutirseo judicirio tem dado subsistncia s novasmedidas cautelares diversas da priso. Entretanto, o trabalhoobjetivaquesedaessasoutrasmedidascautelaresapl icabi l idadeanteal iberdadeprovisriamediantefianaquandooacusadonoaefetiva,poralegaraparcacondioeconmica.Otemasefazimportantenamedidaemqueenvolveaprivaode l iberdadeantesdo trnsitoemju lgadodasentenapenal condenatria. A fimdeesclarecer tais questionamentos, u ti l izouse ampla pesquisa bibl iogrfica e entendimento tecido najurisprudncia.

    Inicialmente,buscouseveri ficaraconjunturanotratamentodal iberdade,dafianaedaprisocautelarnocursoh istricodalegislaoconsti tucional eprocessual penal brasi leiraesuainseronoquadrodasmedidascautelares. A h istria pode fornecer os conceitos e termos operacionais que possibi l i tam a compreenso dareal idadejurdicapesquisada.Emsegu ida,procurouseveri ficaroprocedimentodal iberdadeprovisriaantesedepoisda l timareformaprocessual penal .Porfim,averiguouseseafiana l imitadoradal iberdadedoacusadomenosabastadoeseelasecoadunacomosprincpiosconsti tucionaisreferentessmedidascautelaresecomaproibiodaprisopordvida,almdeanal isaraimportnciadadefesatcnicaaoacusadopresoemflagrantediantedoart.350doCPP.

    1 .A INCIDNCIADAPRISOEDALIBERDADENOSISTEMACAUTELAR

  • 03/03/2015 Liberdadeprovisria:distoresnafianacriminalJusNavigandi

    http://jus.com.br/imprimir/26327/liberdadeprovisoria 3/35

    1 .1 . DA PRISOESEUDESDOBRAMENTONOCURSOHISTRICO

    Apriso,seemdesconformidadecomosprincpiosconsti tucionaisdogmticos,umaformadetolherodirei to l iberdade,direi tonatural dohomemprevistonoartigo 1daDeclaraoUniversal dosDireitosHumanos:Todosossereshumanosnasceml ivreseiguaisemdignidadeeemdireitos.Dotadosderazoedeconscincia,devemagirunsparacomosoutrosemespri todefraternidade.

    Gui lherme de Souza Nucci conceitua priso como privao da l iberdade, tolhendose o direi to de ir e vir,atravsdorecolh imentodapessoahumanaaocrcere (NUCCI,2011ap.575).OautordoLivroNovaPrisoCautelar,RenatoBrasi leirodeLima,trazosegu inteconceito:

    Nosentidoquemaisinteressaaodireitoprocessualpenal,prisodevesercompreendidacomoaprivaodaliberdadedelocomoo,comorecolhimento da pessoa humana ao crcere, seja em virtude deflagrante delito, ordem escrita e fundamentada da autoridadejudiciria competente, seja em face de transgresso militar ou porfora de crime propriamente militar, definidos em lei (CF, art. 5,LXI)(LIMAR.B.,2011p.57)

    Osmotivosquedoensejoprisopodemserbaseadosemlegislaodemocrticaqueguardeunicidadeentreaestruturadoseu processopenal eaConsti tu ioou emlegislaoqueafrontepreceitosconsti tucionais.Paraentenderqual oquadroda legislaobrasi leiraneste assunto se faznecessriauma incursono seu mapahistrico.SabesequeaslegislaesquevigoravamnoBrasi l ColniaeramasmesmasdePortugal ,quetinhaseu DireitoProcessual Penal influenciadopeloDireitoRomano.

    Consti tu iseemesclarecimentoimportanteodeque,noBrasi l ,oCdigoPenal regu laaprisoprovenientedecondenao,estabelecendosuasespcies,formasdecumprimentoeregimesdeabrigodocondenado,enquantooCdigodeProcessoPenal regu laaprisocautelareprovisria,destinadaunicamenteavigoraratquandosefizernecessriaou atadecisoabsolu triaou condenatriairrecorrvel .

    Historicamente,aprisonosurgiu comanaturezadepena,masdemedidacautelar,nosentidodecustodiaroacusadoatemissodasentenaesuaexecuo.AuryLopesJr.(LOPESJR.,2011ap.2)informaque,atofimdoscu loXVIII,assanescaracterizavamsenaformadepenamorte,corporaiseinfamantes.Naverdade,pormuitotempo,aregraeraapenademorte,medianteousodaforca.Omencionadoautortambmcomparti lhaque,napocaprmoderna,idademdia,aspenastinhamtraosdetorturaebarbaridade,nosefazendousodaprivaodal iberdadecomoformadepena.

    Aospoucosfoi sequestionandoaeficciadessasmedidasbrbarasecomainspiraonaprisocannica,aqualcarregavaaideiadequeapenanotemporfimadestru iodocondenado,masseu melhoramento,conjugadacomomovimentoquepairou sobreaEuropanoScu loXVII,oqual iniciou aconstruodeprisesvol tadasparaa correodos apenadosmediante o uso da discipl ina e do trabalho (LOPES JR., 2011a p. 2), converteuse aprisocustdiaemprisopena.Ocapital ismoinfluenciou tal converso,umavezqueseriamaisintel igvelu ti l izarospresoscomomodeobra.Realmente,osurgimentodaprisopenasedeu noscu loXVIIIenoXIXquandoseconsol idou comoprincipal formadepena.

    Ostraosdaprisocomomedidacautelaraparecemnocursoh istricodoshebreus,gregoseromanos.Oacusadohebreu serapresopreventivamentenocasodeflagrante.A prisopreventivaeravastamenteempregadanaGrciaantiga.

    EmRoma, aps ci tado, se o acusado no comparecesse ante omagistrado, isso poderia levar apl icao daprisopreventiva(LIMAM.P.,2011p.28).Comoadventodoprocessoacusatrio,al iberdadedoacusadoduranteo ju lgamento era regra.No perodo Imperial Romano, as cautelares se apresentavam na forma de priso el iberdade vigiada, sendo esta amais u ti l izada.Neste perodo, a priso preventiva era restri ta aos casos deflagrante,confissoecrimescontraaseguranadoEstado.Esseatrelamentodemonstraqueoobjetivodaprisopreventivaeragarantiraapl icaodapenadefinitiva.

    Na idademdia,peranteoprocesso inquisi trio,aprisoerasempreprviaaoprocesso,porquantopassou aequivalerci taojudicial ,almdepermitiraoinquisidorteroacusadoasuadisposio,oquefaci l i tariaaobteno de uma confisso por tortura. No scu lo XIII (LIMAM.P., 2011 p. 30), sob a influncia do direi tocannicoeoromano,fundiramseoprocessoacusatrioeinquisi trioesurgiu lei portuguesaquerestringiaapriso preventiva, trabalhando cu idadosamente essa priso para evitar prises i legais. Inclusive, a leiportuguesa do ano de 1264 proibia a priso do detido se ele apresentasse fiadores para garantir seucomparecimentoemju zo,comexceesdasinfraesconsideradasgraves.

  • 03/03/2015 Liberdadeprovisria:distoresnafianacriminalJusNavigandi

    http://jus.com.br/imprimir/26327/liberdadeprovisoria 4/35

    AsOrdenaesA fonsinas, de 1446, proibiamprises embasadas em simples denncias e querelas.De outromodo,asOrdenaesManoel inaspreviamoscasosemquepodiaocorreraprisomediantequerelajurada.JnasordenaesFi l ipinas,em1603,oju izpoderiaponderarsobreanecessidadeou nodapriso.

    NoBrasi l colnia,vigorou asOrdenaesFi l ipinasatapromulgao,em1832,doCdigodeProcessoCriminaldoImprio.EugenioPacel l i deOl iveira(2011p.572)reparaque,desdeotempodalegislaoimperial atasordenaesFi l ipinas, imperou noordenamentoprocessual brasi leiroa regradaprivao l iberdadeantesdotrnsitoemju lgado,embasadanoriscodenocomparecimentodoacusadoparaju lgamento.Naqueletempo,al iberdadeprovisriaeraumaexceoeeraconcedidamediantecertasgarantias,sendoelasascartasdeseguro,ahomenagem,osfiiscarcereiroseafiana.Todasessasgarantiaserammodal idadesdel iberdadeprovisria,denaturezafidejussria,egarantiamaapresentaodopresonodiadoju lgamento.Observequeal iberdadenoeraconcedidacomodirei to,mascomomerafacu ldadedoPoderPbl ico.

    ApsaRevoluoFrancesa,em1789, foi promulgadaaDeclaraodosDireitosdoHomemedoCidado,quedeterminava reprimiroabusonaprisodepessoaconsideradacu lpadaeque fossenecessriaa suapriso.ComonoBrasi l eracomumaprisoporordemdaIntendnciaGeral dePol cia, inclusiveserapermitidaal iberao do preso por esta insti tu io, mesmo que sobreviesse sentena de absolvio, D. Joo, em 1812,determinou que, sobre todos aqueles que adviessem a absolvio, deveria ser resti tu da a l iberdade,independentementedadeterminaodaIntendnciaGeral dePol cia.

    Em1821, editousedecretodeterminandoquenenhumapessoa l ivrenoBrasi l pudesse serpresa semordemescrita e fundamentada da autoridade competente, exceto no caso de flagrante del i to, e no podendo aautoridadeexpedirordemdeprisosemprocedercu lpaformadaporinquiriodetrstestemunhas.

    A Consti tu io Imperial , 1824, dispunha que ningum seria preso sem cu lpa formada, exceto nos casosdeclarados em lei , e que mesmo com cu lpa formada, ningum poderia ser conduzido priso, ou nelaconservadoseprestassefianaidnea,quandocabvel .A partirda ,a fianapassou aseranicamodal idadedel iberdadeprovisriaetinhanaturezadegarantiareal enomaisdefidejussria.Exigiasequeaprisossefizesseperante ordemescri tado Ju iz.Este ou quem tivesse requerido apriso seriampunidospor eventualarbitrariedade.OincisoIXdoart.179daquelaConsti tu iotratavadotermol ivrarsesol to,queconsistianaobtenodal iberdadesempagamentodafianasefossecrimepunidocompenanosuperioraseismesesdeprisoou quenofossededesterroparaforadaComarca.

    OCdigodeProcessoPenal doImpriopreviaapossibi l idadedeprisosemcu lpaformadaseocrimefossedotiposemfianaedevendoaordemprisional seremanadaporautoridadecompetente.A formaodacu lpafuncionava como um fi l tro para admissibi l idade da acusao, que admitida pelo ju iz, tornavase,automaticamente, ordem para priso do ru . Essa era a priso decorrente de pronncia, art. 146 do CdigoImperial de1832.Estetambmpreviaaprisosemcu lpaformadaparaoscasosdeflagrantedel i toecrimesquenocoubessemfiana(CRUZ,2011p.34).

    A Lei n261de1841implantou opol icial ismojudicirio,emqueapol ciaprendia,acusavaepronunciavaosacusadosdecertoscrimesdemenorimportncia.Nessapoca,asfunespol iciaisejudiciaisseconfundiam,atmesmoosDelegadoseosChefesdePol ciaeramescolh idosdentreosJu zesdeDireitoeDesembargadores,respectivamente.OsChefesdePol ciapassaramadesempenharas funesdosJu zesdePaz,processandoeju lgandocrimespunidoscompriso,degredoou desterroatseismeses(CRUZ,2011p.35).EssestatusjudicialquedetinhaoDelegado foi influnciaadvindadaEuropa,naqual asmonarquiasabsolu tistas tinhamseusju zeseospol iciaisfazendopartedomesmobraoarmado,subservientesaosinteressesdosreis.AsordenaesdePortugal ,quevigeramnoBrasi l pormaisdetrsscu los,retratavamessemodismo.A lmdisso,amesmainspirao foi insertanoBrasi l , atravsdodomnioholandsnonordestebrasi leiro, quando se insti tu i emPernambucoocargodeescol teto,queeraumajunoentrepromotorpbl icoepol icial enoexistiadistinoentrefasejudicial epol icial (LIMAF.R.,2011).

    No ano de 1871, foi retirada a competncia dos Chefes de Pol cia para ju lgar certas infraes penais e foimantido o poder de se arbitrar fiana. A inda fora criado o inqurito pol icial nosmoldes em que at hoje segu ido.Passouseapermitirqueopromotor,delegadoou queixososol ici tassemaprisopreventiva.

    As normas sobre priso e l iberdade individual permaneceram inal teradas com o advento da consti tu iobrasi leirade 1891.Essapermitiu aosEstados legislar sobredirei toprocessual .A Consti tu iobrasi leirade1934acrescentou aosdirei tosatentoresguardadosnascartasconsti tucionaisanterioresaobrigatoriedadedeimediatacomunicaoao ju izcompetentesobreaprisodequalquerpessoa.Entrementes,aConsti tu iode1937retirou tal garantia,certamenteporqueissoconvinhacomopodercentral izadordeVargas.

    OCdigodeProcessoPenal de1941nasceu naEraVargas,inspiradaemregimefascistaetotal i trio,edefiniu aprisopreventivaobrigatria, cabvel para crimesemque se cominassepenamximade recluso igual ousuperioradezanos,eainda,havianaquelecdigoaprevisodequeoru deveriaserecolherprisoparateroseu recursodeapelaoconhecido.Apsisso,onovodocumentoconsti tucional de1946restabeleceu tosomenteafianaeacomunicaodapriso.

  • 03/03/2015 Liberdadeprovisria:distoresnafianacriminalJusNavigandi

    http://jus.com.br/imprimir/26327/liberdadeprovisoria 5/35

    Aconsti tu iode1967noal terou significativamenteosmencionadosdirei tos.Umprogressofoi reassumidoquando,aindaem1967,pelaLei n5.349,oCdigodeProcessoPenal teveseu art.311al terado,expurgandoapriso preventiva obrigatria. Em 1973, a Lei Fleury, Lei n 5.941, trouxe ao Cdigo de Processo Penal apossibi l idadedesemantereml iberdadeoru pronunciadoou condenado,al terandoosartigos408,474,594e596 do CPP. A Lei n 6.416/77 veio acrescentar o pargrafo nico ao art. 310 do Cdigo de Processo Penal ,alargandoal iberdadeprovisriasemfiana.A intenodessalei eradeamenizaroproblemadasuperlotaocarcerria,j existentepoca.

    Chegouseaatual CartaConsti tucional ,promulgadaem1988,aqual melhorcaracterizou dequemsedeveriaemanaraordemprisional ,nosendosimplesmentedaautoridadecompetente,masdaautoridadejudiciriacompetente.Otermojudicirianoeracontempladonasoutrasconsti tu iesquandosefalavadadecretaoda priso. O atual documento consti tucional dispensa a ordem escri ta e fundamentada emanada pelaautoridadejudiciriacompetenteparafinsdeprisonoscasosdeflagrante,crimespropriamentemil i taresetransgressesmil i tares.

    Oatual textodaConsti tu iobrasi leirapassou adefiniralgumasinfraescomoinafianveis,acarretandoconfusesparaquemtentaconjugarainterpretaodaquelecomasleisinfraconsti tucionais.Aoal teraroart.310doCdigodeProcessoPenal ,a Lei n6.416/77abafou oinsti tu todafiana,poisqualquercrimepassou aserbeneficiadocomal iberdadeprovisriasemfiana,querestou somenteparaentregarapossibi l idadedesersol tomaisrapidamenteaquemfosseautuadoemflagrantenoscrimespunidoscomprisosimplesou deteno.Deoutrolado,aLei n9.099/95exigiatosomenteaassinaturadotermodecompromissopeloautordofatoparaasual ibertaoimediata.

    Osesforoslanadosnas l timasreformasdoCdigodeProcessoPenal omodernizaramemalgunsaspectos,mas em outros o deixaram com aparncia de Frankenstein, visto que seus remendos, alm de retirarlheunidadeconceitual eanecessriaconfiguraosistmica,criamverdadeirasantinomiasinternas,di fceisdecontornar[...](CRUZ,2011p.39).

    RogerioSchietti MachadoCruz(2011p.39)traaconcluses teisrelativasaoprocessodeevoluoh istricadoinsti tu todaprisocautelarnoBrasi l .A primeiracomportaque,atocdigode1941,acircunstnciadeseserpresoemflagrantenoimpediacolocaroautoreml iberdademedianteopagamentodafianaou noscasosdel ivrarsesol to.Senofossecasodeprisoemflagrante,opresodependiadoarbtriojudicial edaclassi ficaodocrime,jquepoderiarecairnocasodecrimeinafianvel ou nohaviahonradoovalordafiana,quandocabvel .Nah iptesedepronnciadoacusado,estadecisoautomaticamentegeravaaprisodaquele,salvosecoubesse a fiana e esta fosse prestada. Somente poderia haver priso cautelar perante ordem escri ta deautoridadecompetente,salvoemcasodeflagrante.

    Apsainsti tu iodonovoCdigode1941,adecisosobreaatribu iodaprisopreventivadoindiciadopassouatercri triosmaisobjetivos.Omencionadocdigosofreu modificaesmaisconsistentesapartirdadcadade60,firmandoaatual estru tura.

    1 .2 . DISPERSOLEGISLA TIV A DA FIANA CRIMINALEDA LIBERDADEPROV ISRIA

    Emboraaregrasejaadal iberdadedoru ,aindamaisporqueestelevadoadogmaconsti tucional oprincpiodapresunodeinocncia,noquetangel iberdadeprovisria,deveseteremmentequeaexpressoprovisriaparaexprimirqueoru ficaeml iberdade,massu jei toavncu losprocessuais.Seessesforemdescumpridos,acarretar a restrio da l iberdade do ru . Eugenio Pacel l i de Ol iveira (2011 p. 494) esclarece que houveequvocodoconsti tu intede1988aou ti l izarotermol iberdadeprovisria,eisqueoqueprovisriosempreapriso,mesmocomacondenaopassadaemju lgado,acarceragemeventualmenteapl icadanosereterna,mascomprazodeduraol imitado.

    A l iberdade provisria vista como uma medida intermediria entre a l iberdade completa e a prisoprovisria,bemcomoumsubsti tu tivodessapriso.Enquantonofinal izadooprocesso,aquelequeestsu jei to l iberdadeprovisriaaessepermanecevincu lado.Se terminadooprocesso,sendoabsolu triaasentena,oacusado readquire sua l iberdade na total idade (TOURINHOFILHO, 2009 p. 559). Consti tucionalmente, estprevistoqueningumserlevadoprisoou nelamantido,quandoalei admitiral iberdadeprovisria,comousem fiana. Observe que a fiana no um insti tu to autnomo, mas uma espcie do gnero l iberdadeprovisria.

    Outrora,ostiposdecauo,garantia,paraconcessodal iberdadeprovisriaeramareal ,queconsistiaembens,ou a fidejussria, que seria a fiana propriamente dita consistente em compromisso pessoal . A fiana emcauo, mediante o depsito de dinheiro ou bens, ou h ipoteca, destinavase a garantir o cumprimento dasobrigaesprocessuais.A concessodal iberdadepormeiodascartasdeseguro,dahomenagemedapalavradefiiscarcereirosexistiu noBrasi l .Entretanto,essasformasdel iberdadeprovisrianovingaramnoCdigodeProcessoCriminal doImprio,queapenasadmitiu afiana(ROCHA,etal .,2000p.22).

    A fianaeal iberdadeprovisriasotratadasnoart.5,LXVI,daatual Consti tu ioFederal ,quedispequeningum ser levado priso ou nelamantido, quando a lei admitir a l iberdade provisria, com ou semfiana.A fianasendoespciedal iberdade,quegnero.

  • 03/03/2015 Liberdadeprovisria:distoresnafianacriminalJusNavigandi

    http://jus.com.br/imprimir/26327/liberdadeprovisoria 6/35

    Dentrodeumaevoluoh istricadafiana,AntonioScaranceFernandes(FERNANDES,1991p.29)noartigoA fianacriminal eaConsti tu ioFederalparaaBDjurSJTdivideossistemaslegaisarespeitodafianaemtrs grupos, quais sejam: os que possibi l i tam a l iberdade provisria com fiana em qualquer del i to os quesubmetem,emtodososcasos,aconcessodefianaaumju zodiscricionrioosquepossibi l i tamafianaemalgunscasosenegamemoutros.Esse l timoocasodoBrasi l .

    Emumal inhatemporal ,podemostraarcomotratamentolegal paraafianaadequeafianaprevistadesdea antigu idade, sendo que, no Brasi l , todos os textos consti tucionais, exceto o de 1937, previam o referidoinsti tu to. As leis n 6.416/77 e Lei n 5.941, Lei Fleury, al teraram o atual Cdigo de Processo penal aopossibi l i tarem a l iberdade provisria sem fiana, apelao em l iberdade para o ru primrio e de bonsantecedentes e a impossibi l idade de se impedir a l iberdade do ru quando houver recurso da acusao dasentenaabsolu tria.Em1986,foi editadaalei quedefineoscrimescontraosistemafinanceiro,n7.492,emqueseproibiaaprestaodefiana.

    A atual consti tu io,em1988,trouxeafianaemvriosincisosdeseu art.5,tratandoadeformaexpressaeoutrasvezesindiretaquandoabordaaprisoeal iberdade.Aps,segu iu aLei n7.780/89,queatual izou ovalordafiana.Emsegu ida,aLei n8.035/90,quetratavadaproibiodeconcessodal iberdadeprovisriasemfianaaoscrimescontraaeconomiapopularedesonegaofiscal ,bemcomofixou valoresmaiselevadosparaafiana.Nasequncia,aLei n8.072/90tratavadaproibiodefianaparaoscrimeshediondos,nelaprevistos,tortura,trficodedrogaseparaoterrorismo.A Lei n9.034/95,quetratavadarepressodeaespraticadaspororganizaescriminosas,tambmproibiaaconcessodefiana.Foi previstonaLei n9.613/98queoscrimesdelavagem de dinheiro eram insuscetveis de fiana e l iberdade provisria. A mais recente inovao sobre afianaveioporintermdiodaLei n12.403/2011.

    Naverdade, todaessa legislaoespecial ,principalmenteas leisn7.492/86,8.038/90,8.072/90,9.034/95,9.613/98e11.343/06,dispuseramdaprisocomoefei toautomticodasentenacondenatriarecorrvel ,sendoopontonevrlgicodessadisposioa incompatibi l idadecomoprincpiodapresunode inocnciadoart.5,LVII,daConsti tu ioFederal de1988(LIMAR.B.,2011p.328/329).

    Umproblemaquesempreacompanhou afianaatoperodoemquefoi relegadaaodesusoeraaausnciademecanismosqueatual izassemseu valorparamanteropadromonetrio,evitandoquesetornasseirrisrio.Tambmno era fci l determinar o valor da fiana, eis que a Lei n 7.789/89 exclu iu o chamado salriomnimodereferncia,SMR.Emsegu ida,aLei n75/89descongelou ovalordafianaeosvaloresdoSMR,quepassaram a ser calcu lados em funo do Bnus do Tesouro Nacional , BNT, que foi extinto em 1991. Com aextino desse, a autoridade deveria considerar o valor do l timo BNT. Posteriormente, a Lei n 8.177/91determinavaau ti l izaodovalordo l timoBNTcorrigidopelaTRreferenteaomsanterior,emreal .A Lei n12.403/2011 revigorou a fiana, mediante a ampl iao das h ipteses desta e com o aumento de seu valor,tornandomaisfci l osclcu loseapl icaodesseinsti tu to.

    1 .3 . PERCEPOSOBREOFENMENODA CAUTELARIZAO ESUA COMPOSIO

    Emumaviso sobre anomenclatura, diviso,natureza, espcies, fins e qual idadesdapriso, estapode serclassi ficadaemprisoextrapenal ,subdividaemprisocivi l eprisomil i tar,prisopenal eprisocautelar,tambm chamada de processual , provisria ou sem pena. A priso pena advm de deciso condenatriatransitadaemju lgado,nostermosdoart.5,incisoLVII,daConsti tu ioFederal .Antesdasentenapassadaemju lgado,aprisoeventualmentedecretadaserconsideradaprovisria,emrazodoprincpiodapresunodeinocncia.

    A CartaConsti tucional prev,noincisoXLVIdoart.5,comoespciesdepena,quedevemserapl icadasdepoisdeproferidasentenapenal condenatriatransitadaemju lgado,apriso,aperdadebens,multa,prestaosocialal ternativaeasuspensoou interdiodedirei tos.

    Deveseobservarque,comatendnciamundial nofinal doscu loXXdeseadotarformasal ternativaspriso,opes punitivas por meio da restrio de direi tos que no o da l iberdade foram previstas em nosso textoconsti tucional . Tratados e regras internacionais, como a Regra das Naes Unidas Sobre Medidas NoPrivativasdeLiberdadeeasRegrasdeTquiode1990,eramconvictosemafirmarquepenassubsti tu tivaspriso tinham a capacidade de tratar os del inquentes no interesse da sociedade. No que tange s prisescautelares, havia o firmamento internacional de que tal acautelamento deveria ser o l timo recurso a seradotadonosprocedimentospenais,propondomedidasal ternativasquandopossveis.

    Esse entendimento foi sendo firmando em vrios pases, no podendo o Brasi l ficar de fora do mesmopensamento.A partirdeento,olegisladorbrasi leiroeditou oprojetodeLei n4.208/2001,convertidonaLei n12.403/2011.Estaal terou oCdigodeProcessoPenal brasi leiroquandoampl iou orol demedidasal ternativaspriso preventiva, que recebeu um carter subsidirio e excepcional manteve a priso preventiva e atemporriacomosendoasnicasespciesdeprisocautelar,nosendomaisoflagranteumaespciecautelaraser mantida por si s determinou como obrigatria a separao do preso provisrio dos definitivamentecondenadosacresceu prisopreventivaumanovah ipteseparasuadecretao,baseadanodescumprimentode outras medidas cautelares impostas, bem como firmou que se o ru for primrio e a pena mxima emabstratocominadaparaodel i topraticadoforigual ou inferioraquatroanos,oju iznoteramparolegal paradecretaraprisopreventivadoacusadorevogou aprisodoru vadiodefiniu aprisocautelardomici l iar

  • 03/03/2015 Liberdadeprovisria:distoresnafianacriminalJusNavigandi

    http://jus.com.br/imprimir/26327/liberdadeprovisoria 7/35

    regu lou ocabimentodal iberdadeprovisriacumuladacomoutrasmedidascautelaresampl iou ash iptesesdefianaeelevou oseu valortrouxeh iptesesclarasdevedaodafianae,porfim,criou umbancodedadosdosmandadosdeprisoasermantidopeloConselhoNacional deJustia.

    A medidacautelardiversadapriso tempor final idadeevitardanoaalguminteressecoletivoegarantiraseguranapbl icapormeiodarestriodedirei toindividual quenosejaodal iberdade.AntesdoadventodaLei n 12.403/2011, o sistema cautelar brasi leiro era tomado por uma bipolaridade, eis que a l iberdadeprovisriaeraanicamedidaal ternativapriso.Nocasodeseraprisoi legal caberiaoseu relaxamento,sempodercriarnenhumaobrigaoprocessual aoacusado.RogrioSchietti Cruz(CRUZ,2011p.131)expl icaque a l iberdade provisria e a priso preventiva eram medidas inconci l iveis entre si , eis que uma nosubsti tu aaoutra,porquantoquemestivessepresopreventivamenteou porprisotemporriapoderiaserpostoem l iberdade sem se su jei tar s obrigaes previstas nos artigos 310, 327 e 328doCPP, eis que a l iberdadeconcedidaeradotipopuraesimplesprestadapelorelaxamentodaprisoou Habeascorpus,fundadosemprisoi legal ,ou porrevogaodapriso,quandoestanoeramaisnecessria.

    Enfim,al iberdadeconcedidanessesmoldesnotinhaocontornodal iberdadeprovisria,aqual vincu lavaosu jei to ao processo mediante imposio de obrigaes, seja pelo compromisso de comparecimento aos atosprocessuaisquandoal iberdadeconcedidasemfiana,ou porobrigaodenomudarderesidncianemseausentarpormaisdeoitodiassemcomunicaraoju iz,quandoentoeraprestadal iberdadecomfiana.

    Ao se falar sobre cautelares no processo penal , no h como deixar demencionar que existe uma celeumadoutrinria sobre a existncia ou nodeumprocesso cautelar autnomo, paralelo aode conhecimento e doexecutivo. Sistematicamente, o CPP no prev uma ao cautelar, mas trata este assunto como medidaincidental emquenohoexercciodaao.Independentedateoriaaseradotada,sabesequehojeexisteumasriedemedidascautelares,deserventiaparaaaodeconhecimentoeconsequentementeparaadeexecuo.Asmedidascautelaresvisamasseguraronormal desenvolvimentodoprocessoe,comoconsequncia,aeficazapl icaodopoderdepunir.Somedidasdestinadastu teladoprocesso. (LOPESJR.,2011b,p.57,gri fodoautor).

    OCdigodeProcessoPenal brasi leironototcniconoassuntomedidascautelarescomosenoCdigodeProcessoCivi l .NodecorrerdaqueleCdigo asmedidas cautelares estodi fundidas, sendo elasdo tipo reais,probatriasepessoais.Ascautelaresreaisassegurambensparaareparaododanoeparaasatisfaodasobrigaes do condenado, como arrestos e sequestros. As cautelares probatrias objetivam obter prova noprocessopenal .Cautelarespessoaisestorelacionadascomoru ecomosefei tosdeseu comportamentoparaaordem processual . A Lei n 12.403/2011 somente tratou dessa l timamodal idade. Somedidas cautelarespessoais as prises processuais provisrias, as novas medidas cautelares al ternativas ou substi tu tivas dapriso processual estancadas nos artigos 319 e 320 do CPP, e a chamada contracautela, consistentes nal iberdadeprovisriacomou semfiana(LIMAM.P.,2011p.15).

    Asmedidascautelarespessoaisdiversasdaprisoconstamnoart.319doCPPesoautoexpl icativasconformesev:

  • 03/03/2015 Liberdadeprovisria:distoresnafianacriminalJusNavigandi

    http://jus.com.br/imprimir/26327/liberdadeprovisoria 8/35

    Art.319.Somedidascautelaresdiversasdapriso:

    I comparecimento peridico em juzo, no prazo e nas condiesfixadaspelojuiz,parainformarejustificaratividades

    II proibio de acesso ou frequncia a determinados lugaresquando, por circunstncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ouacusado permanecer distante desses locais para evitar o risco denovasinfraes

    III proibiodemanter contato compessoadeterminadaquando,por circunstncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusadodelapermanecerdistante

    IVproibiodeausentarsedaComarcaquandoapermannciasejaconvenienteounecessriaparaainvestigaoouinstruo

    V recolhimento domiciliar no perodo noturno e nos dias de folgaquandooinvestigadoouacusadotenharesidnciaetrabalhofixos

    VI suspenso do exerccio de funo pblica ou de atividade denaturezaeconmicaoufinanceiraquandohouver justoreceiodesuautilizaoparaaprticadeinfraespenais

    VII internao provisria do acusado nas hipteses de crimespraticados com violncia ou grave ameaa, quando os peritosconclurem ser inimputvel ou semiimputvel (art. 26 do CdigoPenal)ehouverriscodereiterao

    VIII fiana, nas infraes que a admitem, para assegurar ocomparecimento a atos do processo, evitar a obstruo do seuandamentoouemcasoderesistnciainjustificadaordemjudicial

    IXmonitoraoeletrnica.

    Esselequedeopesproporcionaaoju izaescolhadeprovidenciasprpriasparaocasoconcreto,sendosu ficientepara tu telaraeficciadoprocesso.Asmedidasarroladaspodemseru ti l izadasde formaautnomaou comovincu laodal iberdadeprovisria,quandofuncionacomocontracautelaprisoemflagrante,art.321doCPP.

    Oregramentogeral deapl icaodasmedidascautelaresdiversasdaprisoestcontempladonoart.282doCPP,querequerque,quandodaapl icaodelas,seobserveasuanecessidadeparaoempregoda lei penal ,paraainvestigaoou ainstruocriminal e,noscasosexpressamenteprevistos,paraevitaraprticadeinfraespenais,bemcomoaadequaodamedidagravidadedocrime,circunstnciasdofatoecondiespessoaisdoindiciadoou acusado.Tal artigoenglobaosatributosdanecessidade,proporcional idadeeadequaoquedevemrevestirasmedidascautelares.

    A necessidadedarestriododirei toveri ficadasobopontodevistadagarantiadaapl icaodalei penal edaeficciadainvestigaoedainstruopenal .A adequaodaprovidenciaobservaagravidadeecircunstanciasdo fato conjugadas com as condies pessoais do indiciado. Observe esses pi lares da necessidade,

  • 03/03/2015 Liberdadeprovisria:distoresnafianacriminalJusNavigandi

    http://jus.com.br/imprimir/26327/liberdadeprovisoria 9/35

    proporcional idadee adequaoesto insertos tambmparaah iptesemais espec ficadaprisopreventiva,mesmonomencionadosdiretamentepodemsersubtradosdoart.312doCPPemumalei turamaisatenta.

    Ao se falar sobre medida cautelar, inevitavelmente aparecem as expresses aparncia do bom direito eperigo da demora, mas emmatria processual penal , especi ficamente no caso das priso cautelar e dasmedidas diversas dessa, devese pensar no acautelamento pelos pressupostos do fumus comissi del icti epericu luml ibertatis,ou seja,pelaexterioridadedofatodel i tuoso,existnciadeelementosinformativosqueindiquemaocorrnciadocrimee indciossu ficientesdaautoriadosu jei topassivodamedidaenecessidadeconcreta da medida cautelar, revestida nos fins legtimos da restrio de direi to antes do tempo. Os doispressupostosoramencionadosdevemserexigidos inclusivenasmedidascautelaresdiversasdaprisoparaevitarpossvel abusonasuaapl icao(LIMAR.B.,2011p.39).

    As medidas cautelares que levam ao crcere provisrio no se apl icam infrao a que no for isolada,cumulativaou al ternativamentecominadapenaprivativadel iberdade.Tal proibiovisaevitarquesejamapl icadasmedidas superiores ao resu l tado final doprocesso.Damesma forma, considerada inadequada aapl icaodetiposdemedidacautelarquerestringemal iberdades infraesdemenorpotencial ofensivoetambmparaoscasosdeaceitaodasuspensocondicional doprocesso,issoporquenessescasosjhmedidasacautelatrias. A l is, as novas medidas acautelatrias da Lei n 12.403/2011 j so conhecidas nessesinsti tu tos, suspenso condicional do processo e transao penal nos crimes de menor potencial ofensivo,inclusive,u ti l izadascomorequisi tosparagozodapenanoregimeaberto.A di ferenaestnousodasnovasmedidascautelarescomoformadeobstarousoexcessivodaprisopreventiva(NUCCI,2011ap.620).

    Marcel lusPolastri Lima(2011p.7/9)resumeascaractersticasfundamentaisdascautelarespenaisemoito,almdepoderemseragregadasaoutrasmaisespec ficas,comoseobservarnasespciesdeprisescautelares,inclusivenocasodaprisopreventiva,quesustentarequ isi toscomplementares.Naenumeraoelencadapelomencionado autor, a primeira a caracterstica da acessoral idade, que equ ivale ao atrelamento damedidacautelaraoprocessoprincipal ,esseeventualmentepodenoexistir,seapsamedidaveri ficarqueincidecasodearqu ivamento.A segundaequ ivalepreventividade,segundoaqual amedidasdeveocorrerparaevitarfu turosdanos.Emterceiro,segueainstrumental idadeh ipottica,paraqual oresu l tadoqueamedidacautelarpretende garantir incerto. Em sequncia, a provisoriedade revela que a medida cautelar se justi fica porsi tuaodeemergncia,quandocessadaessa,amedidatornasedesnecessria.A revogabi l idadedamedidacaractersticaquedecorredapropriedadedaprovisoriedade.A decisonasmedidascautelaresno fazcoisaju lgadamaterial , somente formal ,por isso revesteamedida cautelardopredicadodanodefinitividade.Areferibi l idade exige que a medida cautelar seja concedida mediante si tuao de perigo conjugado com anecessidadedeproteojurdicacautelar.Opodercautelarconcedidoexclusivamenteaoju iz,issoemanadoatributodajurisdicional idade.

    Damesma forma que ocorre com a priso preventiva, asmedidas cautelares diversas da priso podem serimpostas de forma autnoma ou substi tu tiva priso em flagrante ou , at mesmo, no lugar da prisopreventiva.Todaprisocautelarou outrasmedidasacautelatriasdevempartirdeordem judicial escri ta efundamentada,combasenaindispensabi l idadedaprovidncia.

    Retornandoaoart.282doCPP,jnosseuspargrafosestdescri tooprocedimentoparaaapl icaodasmedidascautelares de natureza pessoal diversas da priso, para as quais a decretao ser de ofcio pelo ju iz, arequerimentodaspartes,por representaodaautoridadepol icial ou a requerimentodoMinistrioPbl ico.Estprevistoocontraditrioprviodecretaodamedidacautelar,ressalvadonoscasosdeurgnciaou deperigodeineficciadamedida.Diantedasi tuaoftica,oJu izpoderrevogarasmedidascautelares,quandodesapareceroseu suportelegitimador,substi tu las,cumullasou ,em l timocaso,imporprisopreventiva.

    A urgncia para as medidas cautelares deve ser inconteste quando da sua decretao, mas no pode serjusti ficativanicana fundamentaode eventual prisodecretada, devendo sempre respeitar os requ isi toslegaisquecadatipodesegregaopreventivarequer.RenatoBrasi leiroacrescentaque:A urgnciadamedidacautelarplei teada,bemcomoasumariedadeou superficial idadedacognio,nopodem,entretanto, servircomo justi ficativasparao arbtrio ou qualquer formade automatismono tocante adecisesquedecretemasegregaocautelar.(LIMAR.B.,2011p.284).

    ParaGui lhermedeSouzaNucci (2011ap.577)asespciesdeprisocautelarso:prisotemporriaprisoemflagrante priso preventiva priso decorrente de pronncia priso consequente de sentena condenatriarecorrvel eaprisonaformadeconduocoercitivaderu ,v tima,testemunha,peri toou deoutrapessoaqueserecuse,injusti ficadamente,acompareceremju zoou napol cia.Quantoaessa l tima,oautoraenquadracomoprisoporquantoquem conduzido coercitivamentepode ser algemadoe colocadoemcela atque sejaouvido pela autoridade competente, somente podendo ser real izada tal conduo quando deferida pelomagistrado.

    Emrelaodoutrinamajoritria,asmodal idadesdeprisocautelarsosomenteas trsmaisconhecidas,prisoemflagrante,prisopreventivaeprisotemporria.Hcontrovrsiasacercadanaturezajurdicadaprisoemflagrante.Sobreasprisesdecorrentesdadecisodepronnciaedesentenacondenatriarecorrvel ,estasforamrevogadas,desdeareformaprocessual de2008.A Lei 12.403/2011sequermencionaessasprises,oquedenotaaabol iodelascomomodal idadesautnomasdeprisocautelar.A mudanalegislativade2008foi

  • 03/03/2015 Liberdadeprovisria:distoresnafianacriminalJusNavigandi

    http://jus.com.br/imprimir/26327/liberdadeprovisoria 10/35

    nosentidodequeadecisodepronnciaeasentenacondenatriarecorrvel exigemumaanl iseluzdospressupostosindicadosnoart.312doCPPsobreal iberdadedoru ,querparamantlaou suprimila,querpararestaurla.

    Sobreasprisescautelaresdeveseentenderquetodasdependemdeordemjudicial fundamentada,podemserdecretadasatasentenacondenatriaedevemserfundadasnasrazesdaprisopreventiva.

    1 .3 .1 . NOESSOBREA PRISOTEMPORRIA

    Da priso temporria temse como importante para os fins que este trabalho prope entender seu conceito,requ isi tos,procedimentoeprazo.A Lei n7.960/89 insti tu iu apriso temporria, aqual compeespciedeprisocautelardecretadapelaautoridadejudiciriacompetenteduranteaetapaprel iminardeinvestigaes.Essas apuraes durante a fase de inqurito pol icial configuram o objeto tu telado pela priso temporria.Mesmotendosuaregu lamentaodeformaautnoma,atemporriaconsideradamedidacautelar.

    Os requ isi tos da priso temporria esto previstos no art. 1 da referida lei , que maneja o cabimento datemporriaquandoelaforimprescindvel paraasinvestigaesdoinquritopol icial quandooindiciadonotiver residncia fixa ou no fornecer elementos necessrios ao esclarecimento de sua identidade e ainda,quandohouverfundadasrazesdeautoriaou participaonoscrimeselencadosnoincisoIIIdoart.1daquelediplomalegal enoart.2,4daLei n8.072/90.

    Existemcincocorrentessobreaexignciadessesrequ isi tos,sendoqueprevalecenadoutrinaejurisprudnciaaquelaquemencionaserpossvel amedidaconstri tivaquandopresenteorequ isi todaexistnciadefundadasrazes de autoria ou participao nos crimes elencados naquela lei e no art. 2, 4 da Lei n 8.072/90 econjugadocompelomenosumdosoutrodoisrequ isi tosaludidosacima,ou seja,quandoimprescindvel paraasinvestigaesdoinquritopol icialou quandooindiciadonotiverresidnciafixaou nofornecerelementosnecessrios ao esclarecimentode sua identidade.A priso temporria serdecretadapelo Ju iz, em facedarepresentaodaautoridadepol icial ou de requerimentodoMinistrioPbl ico, e teroprazode cincodias,prorrogvel porigual perodoemcasodeextremaecomprovadanecessidade.A decisoquedecretladeverserfundamentada,sobpenadenu l idade,bemcomodeverserprolatadanoprazodevinteequatrohorascontadasapartirdorecebimentodarepresentaoou requerimento.Nocasodoscrimeshediondos, tortura, trficodedrogaseterrorismooprazodatemporriaserdenomximotrintadias,prorrogvel porigual perodoemcasodeextremanecessidade,conformeart.2,4daLei n8.072/90.

    1 .3 .2 . A FUNODA PRISODOMICILIAR

    Ocaptu loIV doTtu loIXdoLivroIdoCPP,comareformaintroduzidapelaLei n12.403/2011,passou adisporsobreaprisodomici l iareacolocou comosubsti tu tivadaprisopreventivaemcertassi tuaesquedemandemprovadascondiesprevistasnoart.318doCPP.Oscasospermissivosdessasubsti tu ioocorremquando:oagentetenhaidadesuperioraoi tentaanos,ou oagenteseencontreemestadodedebi l idadeextremaforoagenteimprescindvel paracu idardepessoamenordeseisanosdeidadeou comdeficincia,ou ainda,quandooagenteforgestanteapartirdo stimomsdegravidezou sendogravidezdeal to risco.Essapermutavisa tornarasegregaocautelarmenosdesumana,obrigandooagenteapermaneceremsuaresidncia,somentepodendodelaseausentarcomapermissojudicial .

    1 .3 .3 . OSPRESSUPOSTOSEREQUISITOSDEADMISSIBILIDADEDA PRISOPREVENTIV ACOMOINSPIRAOAOSA LICERCESDETODASA SMEDIDA SCAUTELARES

    Amodal idadedeprisocautelarquetemseusrequ isi toscomonortenafundamentaodetodasasmedidascautelarespessoaisaprisopreventiva.EssaafirmaocertaebemdefendidaporEugenioPacel l i porquehgrandeidentidadeentreasrazesparaaimposiodaprisopreventiva,peloart.312doCPP,edequalqueroutramedidacautelar,art.282doCPP,sendoessaumapreferncialegislativa(OLIVEIRA,2011p.502).Tantono textodoart.312quantonoart.282,ambosdoCPP,a restrioadirei to individual exigeordemescri taefundamentada do magistrado e leva em conta a necessidade e adequao da medida, aferidas a partir dagarantiadaapl icaodalei penal edaconveninciadainvestigaoou dainstruocriminal .Detodomodo,com as novas regras cautelares, somente se permitir a priso antes do trnsito em ju lgado quando pudercomprovar quaisquer das razes que autorizem a priso preventiva, independente da instncia em que seencontreoprocesso.

    A preventivadecretadapelaautoridadejudiciriacompetente,medianterepresentaodaautoridadepol icialou arequerimentodoMinistrioPbl ico,doquerelanteou doassistente,emqualquerfasedasinvestigaesoudoprocessocriminal ,semprequeestiverempresentesosrequ isi toselencadosnoart.313doCPPeocorreremosmotivos autorizadores do art. 312 do CPP, e desde que se revelem inadequadas ou insuficientes asmedidascautelaresdi ferentesdapriso.Vejaqueapreventivapodeserimpostaautonomamente,quandoconjugadososmotivoserazesdosart.312e313doCPP,e,subsidiariamente,quandodescumpridaumacautelar,conforme4doart.282doCPP.

    A preventiva pode ser decretada tanto na fase processual quanto na fase prprocessual , investigatria.Duranteainstruoprocessual ,cabvel adecretaodaprisopreventivadeofciopelomagistrado.Nohparaadecretaodelaumrol taxativodedel i tos,bastandoocumprimentodospressupostosexigidospeloart.

  • 03/03/2015 Liberdadeprovisria:distoresnafianacriminalJusNavigandi

    http://jus.com.br/imprimir/26327/liberdadeprovisoria 11/35

    313doCPP.A antigaredaodoart.311doCPPimpunhaqueapreventivasomentepoderiaserdecretadaatofinal da instruo criminal , eis que na poca da elaborao do CPP, o efei to automtico da sentenacondenatriaedadecisodepronnciajrevestiaoru daobrigatoriedadedeserecolherpriso.Naatualredao do referido artigo, a preventiva poder ser decretada em qualquer das fases do curso do processocriminal .

    A tualmente,a iniciativaparaadecretaodaprisopreventivapodeserdadaao ju iz,deofcio,somentenocursodaaopenal .Pelaantigaredaodoart.311doCPP,adecretaodeofciopodiaocorrertambmnocursodafaseinvestigatria,oqueafrontavaosistemaacusatrio.

    Como j mencionado acerca dos caracteres gerais das medidas cautelares, os primados do fumus comissidel ictieopericu luml ibertatisexprimemospressupostosdetodasasmedidascautelares.Nessecotejo,elestambmembasamaprpriaprisopreventivacomomedidaacautelatriaque,art.312doCPP.Oprimeiropressuposto,fumuscomissi del icti,seconsubstanciapelaprovadamaterial idadeeindciossu ficientesdeautoriaou participao.Osegundo, pericu lum l ibertatis, configurasena:garantiadaordempbl icadaordem econmica convenincia da instruo criminal garantia da apl icao da lei penal ou naimpossibi l idadedeapl icaodequalqueroutramedidacautelar.

    Bastaqueumdessesintentosformadoresdopericu luml ibertatisexistaparaquesejadecretadaapreventiva,aqual tambmexigirumadash iptesesdeadmissibi l idadesprevistasnoart.313doCPP.Ash iptesesdeadmissibi l idadedaprisopreventivaestoelencadasnoart.313doCPP:

    Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Cdigo, ser admitida adecretaodaprisopreventiva:

    I nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdademximasuperiora4(quatro)anos

    II se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentenatransitadaem julgado, ressalvadoodispostono inciso Idocaputdoart.64doDecretoLein2.848,de7dedezembrode1940CdigoPenal

    III se o crime envolver violncia domstica e familiar contra amulher, criana, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa comdeficincia, para garantir a execuo das medidas protetivas deurgncia

    IV(revogado).

    Pargrafonico.Tambmseradmitidaaprisopreventivaquandohouverdvidasobreaidentidadecivildapessoaouquandoestanofornecerelementossuficientesparaesclarecla,devendoopresosercolocado imediatamente em liberdade aps a identificao, salvo seoutrahipteserecomendaramanutenodamedida.

    Adecretaodapreventivacontinuasendocabvel apenasemrelaoaoscrimesdolosos.Casoasi tuaofticanopreenchaosmencionadosrequ isi tos,massejah iptesedeinfraopenal emquesecominepenaprivativadel iberdade,poderomagistradolanarmodasmedidascautelaresdiversasdapriso.

    Maioresexpl icaesesteestudoexigesobreocontedodoincisoIdoart.313doCPP,quedenotaoabandonodaantiga observncia acerca da natureza da pena da infrao: recluso ou deteno. Agora, foi entreguenotoriedadepenamximacominadaaodel i to.Logo,sercabvel apreventivaindependentedanaturezadapenase forcrimedolosoemquesecominepenamximasuperioraquatroanos.Issoveioaoencontrocomomontantedepenafixadocomol imiteparaasubsti tu iodapenaprivativadel iberdadeporrestri tivadedirei toeparaoinciodocumprimentodapenaemregimeaberto,ou seja,osmesmosquatroanosdosartigos44,inc.I,e33,2,al neac,ambosdoCP.Assim,deveroju izanal isardeinciosesercasodesubsti tu iodapenanos

  • 03/03/2015 Liberdadeprovisria:distoresnafianacriminalJusNavigandi

    http://jus.com.br/imprimir/26327/liberdadeprovisoria 12/35

    termos do art. 44 do CP, para que evite decretar a preventiva comomedida cautelar, eis que ser viamaisgravosa do que o resu l tado do processo. Nessa si tuao, incide a observncia da proporcional idade ouhomogeneidadeentreaprisopreventivaeeventual condenaoaserproferida(LIMAR.B.,2011p.254).

    A indasobreoquantumdapenamximadainfraocomobasemnimadadecretaodapreventiva,deveseatentar para os casos de concurso de crimes, qual i ficadoras, causas de aumento e de diminuio de pena,agravanteseatenuantes.Paraosprimeiros,a somadaspenasnash iptesesdeconcurso formal imprprio,concursoformal prprio,concursomaterial ecrimecontinuadodeveserconsideradaparafinsdedecretaoounodapreventiva.Asqual i ficadorastambmseroobservadasparaessemesmofim.Seforanal isarcausadeaumento ou diminuio de pena, o cabimento da priso preventiva ser visto com base na causa quemaisaumenteou menosdiminuaapena,conformeocaso.Asagravanteseatenuantesnodeveroserlevadasemconsideraonoclcu loparaau feriromximodapenaquandodadecretaodapreventiva.

    OautorRogerioSchietti Cruz(2011p.199)ressal taqueocrimemaisatingidopelanovalegislaofoi odefurto,quepelocri trioquantidadedapenanopermitemaisadecretaodapreventiva,salvosecometidoemsuaformaqual i ficada,emqueapenamximapassadequatroparaoitoanos,ou entoseforpraticadoemsi tuaodeconcursodecrimes,material ,formal ou continuado,casosemqueapenaseracrescidaou somadademodoau l trapassarol imitemximodequatroanos.

    A relaodaprisopreventivaeasexcludentesdei l ici tudefoi previstanoart.314doCPP.Nasexcludentesdei l ici tude,oju izestardiantedeprovvel absolviodoagentecombasenoart.386,inc.V I,doCPP,nopodendoento decretar a priso preventiva se o agente praticou fato acobertado por tais excludentes. Em relao sexcludentesdecu lpabi l idade,salvonocasoespec ficodainimputabi l idade,RenatoBrasi leirodeLima(2011p.264)entendeserapl icvel aelasaimpossibi l idadedesedecretarpreventiva,porqueseoprprioCPPpermiteaabsolvio sumria nas excludentes de cu lpabi l idade, seria desproporcional permitir a decretao dessapriso.

    A priso preventiva enfrenta a funesta indeterminao acerca do seu prazo de durao. Isso pode levar antecipaodapenaeirdeencontroaorequ isi todaprovisoriedadedasmedidascautelares.A prisocautelarqueexcedaprazorazovel tornasei legal emdecorrnciadaviolaoaoprincpioconsti tucional darazoveldurao do processo. Com o advento das Leis n 11.689/2008 e 11.719/2008, a contagem do prazo para oencerramentodoprocessocriminal quandooacusadoestiverpresofoi sensivelmenteal terada,masnohcomodeterminarumprazonicoeinvarivel paraoencerramentodoprocesso.Oprazovai variardeacordocomasingu laridadedocaso.A qu intaturmadoSTJnoHCn91982CE2007/02359348,decisopubl icadanoDJde04/10/2007,relatoraMin.JaneSi lva,desembargadoraconvocadadoTJ/MG,consol idaque:

    Aplicase o princpio da razoabilidade, para justificar o excesso deprazo, caso haja regular tramitao do feito, com eventualretardamentono julgamentodopacientecausadopelacomplexidadedo processo, decorrente da pluralidade de acusados (onze), dodesmembramentodo feitoemrelaoaospacientes,bemcomopelanecessidade de expedio de diversas cartas precatrias para ointerrogatriodosrus.Justificaseeventualdilaodeprazoparaaconclusodainstruoprocessual,quandoademoranoprovocadapelo Juzo ou pelo Ministrio Pblico, mas sim decorrente deincidentes do feito e devido observncia de trmites processuaissabidamente complexos. correto o decreto de priso preventivafundamentadoemdadosconcretosdoprocesso,evidenciandoassimapericulosidadedopaciente e da quadrilha que ele integra.Omodusoperandidodelito,quetraduzaelevadapericulosidadedoagenteeanecessidade de sua custdia, pode ser utilizado para reforar amotivao da priso preventiva, com base na garantia da ordempblica.Ordemdenegada.(STJ,2007,p.285)

    Ash iptesesqueautorizamoreconhecimentodoexcessodeprazonaprisocautelarestoelencadasnaobradoautor Renato Brasi leiro de Lima (2011 p. 276/277) e evidenciamse pela mora processual decorrente dedi l igenciassuscitadasexclusivamentepelaatuaodaacusao,ou protelaodecorrentedainrciadoPoder

  • 03/03/2015 Liberdadeprovisria:distoresnafianacriminalJusNavigandi

    http://jus.com.br/imprimir/26327/liberdadeprovisoria 13/35

    Judicirio em afronta ao direi to da razovel durao do processo, ou ainda, quando a mora processual forincompatvel com o princpio da razoabi l idade. Configurado o excesso de prazo por essas razes caber orelaxamentodapriso,diantedeconstrangimentoi legal l iberdadedelocomoo.

    Odesumaimportncianesseinsti tuodaprisopreventivaentenderque,aforaal iberdadeprovisria,eleeraanicamedidacautelarqueoCPPdispunhaantesdasal teraeslegislativastrazidaspelaLei n12.403/2011.Osseuscontornosdenecessidadedacautelareadequaodaprovidncia,vistosnombitodaproporcional idadedaprovidncia a ser tomada, foramuti l izadospelasnovasmedidas cautelares insertasnoart. 319doCPP.Ambosostiposdecautelares,preventivaseasnovasmedidascautelaresdiversas,soabatidospelaproibiodoexcesso,odeverdevislumbraramximaefetividadedosdirei tosfundamentaiseousodaponderaonaescolhaentreamedidamaisefetivaemenosgravosa.

    1 .3 .4 . A ESTRUTURA DA PRISOEMFLAGRANTEEA CESSAODESUA FINALIDADE

    Aprisoemflagranteconceituadacomomodal idadedeprisocautelardenaturezaadministrativaporquepodeserefetuadapelapol ciajudiciriaesemanecessidadedeordemescri taefundamentadadaautoridadejudicial , em razo da si tuao de flagrncia, que entrega maior probabi l idade na colheita das provas damaterial idadeedaautoriadocrime.Estprevistaconsti tucionalmentenoart.5,LXIdaConsti tu ioFederal etemnaturezacautelardesegregaoprovisriadosupostoautordocrime.

    Nessamodal idadedeprisocautelar,ofumuscomissi del ictiestnaaparnciadatipicidade.Opericu lumlibertatisestnasi tuaodeflagrnciadainfraoemdesenvolvimento.Oart.310doCPPdeterminaqueaoreceberoautodeprisoemflagranteomagistradodeverrelaxaraprisoseelafori legal ,ou converteraprisoemflagranteempreventivasepresentesosrequ isi tosdoart.312doCPPeseforeminadequadasasmedidascautelaresprevistasnoart.319,ou concederal iberdadeprovisria,comou semfiana.

    A prisoemflagrantenopodemaissermantidacomoformadesegregaocautelarporsi mesmadepoisdedesempenhadasasformal idadesdoautodepriso.Oart.304doCPPtratadasformal idadesparalavraturadoautodeprisoemflagrante,paraoqual deveropresoserapresentadoautoridadecompetentequeouvirocondutoreastestemunhas,bemcomooindiciado,necessariamentenessaordem,recolhendoseaassinaturadetodos.Aocondutorseroferecidoorecibodeentregadopreso.

    A pessoadetidareceber,nasvintequatrohorassegu intespriso,anotadecu lpa,comonomedaautoridadeque lavrou o auto, o nome do condutor e o das testemunhas, alm dosmotivos da priso, a qual dever sercomunicada imediatamente aoMinistrio Pbl ico, faml ia do preso ou pessoa por ele indicada e ao ju izcompetente,sendoqueparaestedeveoautoserencaminhadonasvintequatrohorassegu intespriso.Seoautuadonoindicaradvogado,tambmserenviadacpiadoautodeprisoDefensoriaPbl ica.A medidajusti ficaseplenamente,paraqueadefesapossaserexercidadesdelogo.

    A necessidade imediata do envio do auto de flagrante autoridade judiciria decorre da necessidade de seaveriguaralegal idadedaprisoecriarumaanl isesobreanecessidadedasegregaodoautorpelaprisopreventiva,pois,napocaemqueoCPPfoi elaborado,aprisoemflagranteporsi serafundamentoparaqueoautor da infrao permanecesse preso durante todo o processo, salvo nos casos de crimes afianveis ouhipteses em que o ru se l ivrava sol to. Houvemudana desse quadro quando, em 1977, foi acrescentado opargrafonicoaoart.310doCPP,emquenomaissejusti ficariaapermannciadaprisodealgumsenoestivessempresentesosrequ isi tosdapreventiva.Hoje,aredaodesseartigofoi al teradanovamente,nosepermitindoqueaprisoemflagrantepersi justi fiqueamanutenodoindivduonocrcere.

    Quantoclassi ficaodoflagrante,primeiramente,podesereferiraodotipofacu l tativoeobrigatrio.Oart.301doCPPprevoprimeiro,segundooqual qualquerpessoadopovopoderprenderaquelequeseencontraemflagrante del i to. De outra forma o flagrante obrigatrio, incumbindo s autoridades pol iciais o dever deprenderquemestivernasi tuaodeflagrantedel i to.Existemexceesprisoemflagrantededeterminadaspessoasqueemrazodocargoou funoqueexercemsomentepodemserpresasemcasosmaisespec ficos.

    OFlagranteprprioou perfei toencontrasenadescriodoart.302doCPP.Este,nosincisosIeIIdaqueleartigo,considera em flagrante del i to quem est cometendo a infrao penal ou acaba de cometla. Flagranteimprprioou imperfei toaqueleemqueoagentepersegu ido,logoaps,pelaautoridade,peloofendidoou porqualquerpessoa,emsi tuaoquefaapresumirserautordainfrao,inc.IIIdoart.302doCPP.NoincisoIV domesmoartigoesto flagrantepresumido,paraoqual oagenteencontrado, logodepois,cominstrumentos,armas,objetosou papisquefaampresumirsereleautordainfrao.

    Na via do crime impossvel esta o flagrante classi ficado como preparado ou provocado, porquanto o agenteprovocadorinduzalgumprticadeumcrimeparapoderprendlo.Flagranteforjadoumtipoconsideradoi legal jqueseimputacondutacriminosaauminocente.Paraoflagranteesperado,apol ciaou terceiro,quenointerferemnosfatos,nomomentomaispropcio,efetivaaprisoemflagrante,normalmenteprprio.Aautoridade pol icial no provoca e nem contribu i para o desdobramento dos fatos, apenas acompanha osacontecimentos.

  • 03/03/2015 Liberdadeprovisria:distoresnafianacriminalJusNavigandi

    http://jus.com.br/imprimir/26327/liberdadeprovisoria 14/35

    Flagrantedi feridoou retardadoapossibi l idadequeapol ciapossu i de retardara real izaodaprisoemflagrante,paraobtermaioresinformaesarespeitodeumaorganizaocriminosa.A Lei n9.034/95alei derepressoorganizaocriminosaeela,emseu art.2,quebraaobrigatoriedadedapriso,comafinal idadedesedesfazerdeumaorganizaocriminosa,quadri lha.

    Essacategorizaodaprisoemflagrantedecorredasuafinal idade,ou seja,afunoprimordial doflagranteevitarqueaaodel i tuosapossagerartodososseusefei tos,especi ficamente,evitaseaconsumaododel i toquandonotipoprpriodoincisoIdoart.302doCPP,ou oexaurimentodocrimenocasodosdemaistiposdeflagrante. Cumprida essa final idade da priso em flagrante, que tambm inclu i a faci l idade na coletaimediatadaprova,impeseanecessidadedefundamentaonamanutenodasegregao.

    Mesmo antes do advento da lei 12.403/2011, j havia controvrsia quanto natureza jurdica da priso emflagrante(prisoadministrativa,medidadenaturezaprcautelarou prisocautelar).Comaentradaemvigorda referida lei , a priso em flagrante, por si s, nomais autoriza que o cidado continue preso durante apersecuopenal ,j quedeacordocomanovaredaodoart.310doCPP,diantedeumaprisoemflagrantelegal , ou o ju iz concede ao acusado l iberdadeprovisria, comou sem fiana, cumulada ou no commedidacautelar diversa da priso, ou converte o flagrante em priso preventiva, desde que presentes os seuspressupostos,ou podeaindaomagistradoimporsomenteoutramedidapreventiva,diversadapriso.Portanto,segundoRenatoBrasi leiro(2011p.182),aprisoemflagrantepassaa ternatureza jurdicademedidaprcautelar.

    Diantedequalquermodal idadedepriso,devesesempretercu idadoparaqueelanosejaumrecolh imentoautomtico,eisqueanovaordemprocessual veiogarantiraprimaziadaeficciacautelaru ti l izandoasoutrasmedidascautelaresdiversasdapriso.

    2 .OINSTITUTODALIBERDADEPROVISRIAANTESEDEPOISDALEIN1 2 .403/201 1

    2 .1 . A RELAODA PRISOEMFLAGRANTECOMOINSTITUODA LIBERDADEPROV ISRIA

    AntesdaLei 12.403/2011,al iberdadeprovisriafuncionavacomosucedneosomentedaprisoemflagranteeeraincompatvel comaprisopreventivaetemporria.A antigaposiodostribunaiseradequeoju iznoeraobrigado a semanifestar de ofcio quanto ao cabimento da l iberdade provisria depois do flagrante. Aps areformaimpostaporaquelalei ,onovoart.310doCPPdeterminaumaanl isejudicial obrigatriaacercadocabimentodal iberdadeprovisria,comou semfiana,assimqueoju izreceberoautodeprisoemflagrante.

    Atualmente,al iberdadeprovisriaaindaseprestacomomedidacautelardiversadapriso,pormnovistamaisapenascomessa funo,mascomoexpl ici taodash iptesesdemedidascautelares,art.319CPP,porocasiodaresti tu iodal iberdadesempreapartirdaprisoemflagrante(OLIVEIRA,2011p.502),podendoseruti l izada de forma autnoma ou em substi tu io priso cautelar do preso em flagrante ou do presopreventivamente(OLIVEIRA,2011p.571).Ofundamentoconsti tucional dal iberdadeprovisriaestnoart.5,LXVI,daCF,segundooqual ningumserlevadoprisoou nelamantido,quandoalei admitiral iberdadeprovisria,comou semfiana.

    Napocaemquefoi elaborado,oCPPtraziaaideiadequehaveriapresunodecu lpainequvocadaquelequefossepresoemflagrantedel i to.Comisso,al iberdadeprovisria,comfianaou semela,somentetinhaval idadeapartir dapriso em flagrante epor causadaquelapresunoo termo l iberdade estava acompanhadodotermoprovisria,eisqueacertezadacu lpaerapatente.Entretanto,vistoqueoregramentoatual presapelal iberdadecomoregraepelapresunodenocu lpabi l idadeantesdo trnsitoemju lgadodasentenapenalcondenatria,otermoprovisrianotemmaissentidoemacompanharoinsti tu todal iberdade.

    Pelanovaredaodoart.319doCPP,especialmentecomainclusodafianacomoformademedidacautelar,evidenciasequea l iberdadeprovisriapodeseradotacomoprovidenciacautelarautnoma.Sabendoqueasmedidas al istadas no mencionado art. 319 podem ser apl icadas independente de o indivduo ser preso emflagranteou no, entodamesma forma,poder ser imposta a l iberdadeprovisria, inclusive, podendo serconvertidaemprisopreventiva,emcasodedescumprimentodemedidacautelar.

    A novamudanaintroduzidanoCPPdeu aomagistradoopoderdetrataral iberdadeprovisriacomoformademanteral iberdadedoacusadocondicionandoaaumadasmedidascautelaresdoart.319doCPP,bemcomomanteveapossibi l idadedeomagistradousaral iberdadeprovisriacomoformasubsti tu tivadasi tuaodecarceragememflagranteeestendeu essapossibi l idadeaoscasosdeprisopreventivaetemporria.A prpriafiana no mais exclusivamente umamedida de contracautela substi tu tiva da priso em flagrante, poispoderserconcedidadeformaautnomaindependentedeprviaprisoemflagrante.

    EugenioPacel l i traaosegu intequadroatual dasl iberdadesprovisrias:

    a) l iberdade provisria em que vedada a fi ana:cabvel sempreapsaprisoemflagrante,comaobrigatriaimposiodequalquerdascautelaresdoart.319edoart.320,CPP,comexceodafiana,quandonofornecessriaaprisopreventivaequandoforexpressamenteproibidaaimposiodaquela(fianaart.

  • 03/03/2015 Liberdadeprovisria:distoresnafianacriminalJusNavigandi

    http://jus.com.br/imprimir/26327/liberdadeprovisoria 15/35

    323eart.324)

    b)l iberdadeprovisriacomfiana:cabvel sempreapsaprisoemflagranteequandononecessriaapreventiva.Serimposta,obrigatoriamente,afiana,almdeoutracautelar,seentendernecessriooju iz

    c)l iberdadeprovisriasemfiana:cabvel apsaprisoemflagrante,quandoinadequadaou incabvel apreventiva,comaimposiodequalqueroutramedidacautelar,porju lgaroju izdesnecessriaafiana

    d) l iberdadeprovisriav inculada ,aocomparecimentoobrigatrioatodososatosdoprocesso,sobpenaderevogao(art.310,pargrafonico)(OLIVEIRA,2011p.574,gri fonosso).

    RenatoBrasi leirotrouxeemsuaobraaclassi ficaodasespciesdel iberdadeprovisriaem:

    a)quantofiana:

    a.1)l iberdadeprovisriasemfiana(CPP,arts.310,pargrafonico,e350)

    a.2)l iberdadeprovisriacomfiana(CPP,arts.322a349).

    b)quantopossibi l idadedeconcesso:

    b.1)l iberdadeprovisriaobrigatria

    b.2)l iberdadeprovisriaproibida.

    c)quantosu jeioaocumprimentodeobrigaes:

    c.1)l iberdadeprovisriacomvincu lao

    c.2)l iberdadeprovisriasemvincu lao.(LIMAR.B.,2011p.390)

    Nocasodoatorelaxamentodepriso,estenopodeserentendidocomoespciedel iberdadeprovisriaeisquependeparaoladodeumaespciedeanu laodeatopraticadocomviolaolei (OLIVEIRA,2011p.577)enoimporqualqueroutramedidarestri tivadedirei toaoacusadonomomentodasol tura,ou seja,noseriacasodel iberdadevincu lada,maspelopodergeral decautela,omagistradopodeimpordeterminadamedidacautelar,art.798doCPC.

    2 .2 . OA RT . 3 5 0 DOCPPCOMOESPCIEDA LIBERDADEPROV ISRIA SEMFIANA

    Emumabrevel istagemsobreoscasosdel iberdadeprovisriasemfiana,cabedizerqueaprimeirah iptesedel iberdade provisria inafianvel encontrase no pargrafo nico do art. 310 do CPP, para o qual , se o ju izveri ficar que o agente praticou o crime acobertado por umadas excludentes de i l ici tude, dever conceder al iberdadeprovisria,mediantetermodecomparecimentoatodososatosdoprocesso,sobpenaderevogao.Noentanto,essarevogaoparecesemefei to,eisqueal iberdadeprovisriaconcedidanessecasonoserevestedecautelaridadediantedainapl icabi l idadedecoeroposteriormediantedecretaodapreventiva,aqual estimpossibi l i tadeserimposta,peloart.314doCPP,aoagentequepraticou ofatoaoabrigodeumaexcludentedei l ici tude.

    A Lei n12.403/2011extingu iu aantigah iptesedaconcessodel iberdadeprovisriasemfianaprevistanoart.321doCPP,naqual oconduzidose l ivravasol to,apsa lavraturadoautodeprisoemflagrante. Paraaqueleartigo,oindivduol ivravasesol toquandoainfraocometidanoerapenal izadacompenaprivativade l iberdade,ou assimsendo,elanoexcedessea trsmeses, salvoseoru fossecondenadoporoutrocrimedolosoou houvesseprovadeserru vadio.

    Foi revogadatambmal iberdadeprovisriasemfianapelainexistnciadeh iptesequeautorizasseaprisopreventiva, antiga redao do pargrafo nico do art. 310 do CPP. Por esse, o ju iz podia conceder l iberdadeprovisriasemfiana,mediantetermodecomparecimentoaosatosprocessuais,sobpenaderevogao,quandoveri ficasse, pelo auto de priso em flagrante, a inocorrncia de qualquer das h ipteses que autorizassem apreventiva. Esse benefcio era cabvel tanto para crimes afianveis quanto para inafianveis. Assim, acircunstnciadeserocrimeafianvel ,crimemenosgrave,noeracapazdeobrigaroarbitramentodafiana,porque seriadesproporcional j queos crimes inafianveis, crimesmais graves, comportavama l iberdadeprovisriasemopagamentodafianaevincu lavaoautorapenasaumanicaobrigao,adecompareceratodososatosdoprocesso.

    A Lei n12.403/2011tentou mudaressaconfiguraoquandofezal iberdadeprovisriasemfianavol taraoregimeanteriorvignciadaLei n6.416/77,quehaviaabrandadoafiana,ou seja,al iberdadeprovisriasemfianasomentevol tou aserpossvel quandodiantedecasoamparadoporexcludentedei l ici tude.Paraoscasosrestantes, o ju iz tema opode associar a l iberdadeprovisria smedidasdo art. 319doCPP, que inclu i afiana.

    Oart.325doCPPtinhaemseu 2aredaoentreguepelaLei n8.035/90edeterminavaquenoscasosdeprisoemflagrantepelaprticadecrimecontraaeconomiapopularou decrimedesonegaofiscal noseapl icavaal iberdadeprovisriasemfianaquandoveri ficadaainocorrnciadash iptesesqueautorizassema

  • 03/03/2015 Liberdadeprovisria:distoresnafianacriminalJusNavigandi

    http://jus.com.br/imprimir/26327/liberdadeprovisoria 16/35

    prisopreventiva.Naverdade,apl icavaseal iberdadeprovisriacomfianaaserfixadapeloju izquepoderiareduzirovalorou aumentlo,conformeasi tuaoeconmicadoru .AsnovasmudanasdoCPPacabaramrevogandotambmesse2doart.325.

    Agora, aos crimes contra a economia popular ou de sonegao fiscal apl icase a l iberdade provisria comfiana,fixadanosl imitesdonovoart.325doCPPepodendoserdispensadasehouverenquadramentonoart.350domesmodiplomalegal :Noscasosemquecouberfiana,oju iz,veri ficandoasi tuaoeconmicadopreso,poderconcederlhel iberdadeprovisria,su jei tandoosobrigaesconstantesdosarts.327e328desteCdigoeaoutrasmedidascautelares,se forocaso.Antesdaatual mudana,au ti l idadedoart.350doCPPestavarestri taaoscrimescontraaeconomiapopularedesonegaofiscal ,eisqueopargrafonicodoart.310doCPPhaviaextirpadoaimportnciadal iberdadeprovisriacomfiana.

    Oconceitodemiserabi l idadeextradodo1doart.32doCPP,paraoqual seconsiderarpobreapessoaquenopuder prover s despesas do processo, sem privarse dos recursos indispensveis ao prprio sustento ou dafaml ia.Temseoentendimentodequeonusdaprovaquantosi tuaodepobrezadorequerente.

    Somenteao ju iz permitido concedera l iberdadeprovisria sem fianadoart. 350doCPP.Mesmoassim,omagistrado manter as mesmas obrigaes exigidas para a fiana, quais sejam: comparecer perante aautoridade,todasasvezesqueforintimadoparaatosdoinquritoedainstruoeparaoju lgamentooacusadoafianadonopoder, sobpenadequebramentoda fiana,mudarde residncia, semprvia autorizaodaautoridadeprocessanteoacusadoafianadonopoderausentarsepormaisdeoitodiasdasuaresidncia,semcomunicaraomagistradoolugarondepossaserencontrado.

    Opargrafonicodoart.350doCPPpossibi l i taaomagistradosubsti tu iramedidacautelarimposta,imporoutra cumulativamente ou decretar a priso preventiva do beneficiado quando esse, sem justo motivo,descumpraqualquerdasobrigaesou medidasimpostasnaconcessodobenficol iberatriodafiana.

    2 .3 . NOADMISSODA FIANA X ADMISSODA LIBERDADE

    Emtermosdeprogresso,oatual ordenamentojurdicodiminuiu orol decrimesinafianveisparafazerdal iberdadeprovisriadotipocomfianaaregra,art.323doCPP.Soseisoscasosdeinfraesinafianveisquepassaramaadmitirfiana:

    1)Oscrimespunidoscomreclusoemqueapenamnimacominadafossesuperioradoisanos

    2)Ascontravenestipi ficadasnoart.59enorevogadoart.60daLei deContravenespenais

    3)Crimesdolosospunidoscompenaprivativadel iberdade,seoru jtivessesidocondenadoporoutrocrimedolosoemsentenatransitadaemju lgado

    4)Emqualquercasoemquesehouvessenoprocessoprovadeseroru vadio

    5)Crimespunidoscomrecluso,queprovocassemclamorpbl icoou quetivessemsidocometidoscomviolnciacontraapessoaou graveameaa

    6)Presoemgozodesuspensocondicional dapenaou del ivramentocondicional .

    OautorRenatoBrasi leiro(2011p.411/414)expl icaqueanovaredaodoart.323permiteafianaaindaqueocrimetenhapenamnimasuperioradoisanos.Domesmomodo,permiteocabimentodafiana,cumuladaounocomoutrasmedidascautelares,aoreincidenteespec ficoemcrimedolosopunidocompenaprivativadel iberdade.A lmdisso,agoranosesegregacautelarmentea l iberdadedealgumapenasnarepercussoouclamorcausadopelocrime.Aoqueparece,emtese,tambmcabvel al iberdadeprovisriacomfianaquelequeestivernogozodesuspensocondicional dapenaou del ivramentocondicional .

    Entrementes,a l iberdadeprovisriacomfianaaindaproibidaparaoscrimescontraosistemafinanceironacional ,prticaderacismo,crimesdetrficoi l ci todeentorpecentesedrogasafins,terrorismo,hediondos,tortura,crimescontraaseguranaeaordempol ticaesocial ,participaoemorganizaocriminosa,lavagemdecapitais,porte,disparoepossei legal dearmadefogodeusopermitido.Nucci (2011bp.19)chamaaproibioconsti tucional del iberdadeprovisriamediantefiana,ainafianabi l idade,dedemagogia,eisqueelatentacriarumquadroterrvel paraoacusadodecertoscrimes,formandoseaideiadeumprocessomaisrigorosonodesenhodesegregaocautelardoacusadoantesdasentenapenal condenatriatransitaremju lgado.Sobrearelaodal iberdadeedafianaoMinistroCezarPeluzo,emdecisomonocrticaproferidanoHC99.043MC,ju lgamentoem2852009,DJEde462009,aclarou:

  • 03/03/2015 Liberdadeprovisria:distoresnafianacriminalJusNavigandi

    http://jus.com.br/imprimir/26327/liberdadeprovisoria 17/35

    os institutos da fiana que vedada na hiptese de crimeshediondosedaliberdadeprovisrianoseconfundem.Aliberdadeprovisria, como gnero, pode apresentarse sob a modalidadevinculada fiana (liberdade provisria com fiana) ou de forma

    independente(liberdadeprovisriasemfiana).(...)Asduasespciesde liberdade provisria tm previso no art. 5, LXVI, daConstituiodaRepblica.oqueparecesuficienteparademonstrarque o instituto da fiana no se confunde com o da liberdadeprovisria,senoqueapenasrequisitoparaaconcessodeumadasespciesdesta.(...)Temse,deumlado,aproibioconstitucionaldafianae,deoutro,agarantiadaconcessodeliberdadeprovisria.Aquesto , portanto, de precisar o alcance de cada uma dasdeterminaes. (...)Diantedisso, tenhoqueo incisoLXVIgarantealiberdade, semnecessidadedeprestaode fiana,quandoausentesrequisitos legais autorizadores da priso cautelar e a proibio doinciso XLIII no abrange a liberdade provisria sem fiana. Ora, aedio da Lei n 11.464/2007 eliminou a proibio de liberdadeprovisria, objeto da antiga redao da Lei dos Crimes Hediondos.Logo,jnoestpresentearazoporquemeinclinei,anteriormente,manuteno da priso preventiva em caso similar (...). Diante dainexistnciadeproibiolegal,deveseobservaragoraodispostonopargrafonicodoart.310doCdigodeProcessoPenal,quepermiteaojuizconcederliberdadeprovisriaarupresoemflagrantedelito,quando verifique a no ocorrncia de nenhuma das hipteses queautorizamaprisopreventiva(STF,2009,P.103).

    Quanto l iberdade provisria em que se vedada a fiana, a Consti tu io primeiramente previu umainafianabi l idadeparadel i tosconsideradosmaisgraves,deformaaproibirqualquerformaderesti tu iodel iberdade nesses casos. Entretanto, atualmente, a prpria Consti tu io e o art. 283 do CPP prevem anecessidade de ordem escri ta e fundamentada para imposio de qualquer priso. Por essa exigncia, quesegundo Pacel l i (2011 p. 575) inaugurou uma nova ordem no sistema prisional , instaurouse uma novainterpretaonasistemticadodirei toprocessual penal ,pararecusarqualquernormaquevedearesti tu iodal iberdadeaopresoemflagrantesemordemjudicial escri taefundamentada,baseadanosfundamentosdascautelares.

    Assim sendo, a necessidade da priso para esses crimesmais graves dever ser anal isada, e emno sendonecessria,aautoridadejudiciriadeverconcederal iberdade,contudosemfiana,eisquealei inocuamenteexigiu que no se concedesse a fiana. De maneira conclusiva, para crimes menores, a l iberdade e apossibi l idadedeimposiodetodasascautelaresseropossveis.Deoutromodo,paraoscrimesmaisgraves,arroladosnoart.323doCPP,somentecaberal iberdadeealgumasdascautelares.

    Diante da exigncia de ordem escri ta e fundamentada para manuteno da priso, h evidenteinconsti tucional idade para os crimes de racismo, de tortura, trfico i l ci to de entorpecentes e drogas afins,terrorismoenosdefinidoscomocrimeshediondosecometidosporgruposarmados,civisou mil i tares,contraaordemconsti tucional eoEstadoDemocrtico,conformeprevistosnoart.323doCPPeart.5incisosXLII,XLIII,XLIV , da CF, quando veda a concesso da l iberdade provisria mediante fiana. Vedao, einconsti tucional idade,tambmimpostaparaalgunscrimesdefinidosemlegislaoespecial ,comonalei quecu ida dos crimes hediondos, Lei n 8.072/90 das organizaes criminosas, Lei n 9.034/95 dos crimes delavagemdedinheiro,Lei n9.613/98,enalei doEstatutodoDesarmamento,n10.826/2003,almdaLei n11.343/2006,inti tu ladadeLei deTxicos.

  • 03/03/2015 Liberdadeprovisria:distoresnafianacriminalJusNavigandi

    http://jus.com.br/imprimir/26327/liberdadeprovisoria 18/35

    Todas essas vedaes legais da l iberdade provisria consti tuem hipteses de priso cautelar obrigatria,afrontandoosprincpiosdapresunode inocncia edaanl ise judicial nanecessidadedamanutenodaprisocautelardoagenteporordemescri taefundamentada.Estaanl isedaprisocautelarfunoeatuaoobrigatriadadaaojudiciriopelosartigos5,LXI,e93,inc.IX,daCFeart.310,inc.II,doCPP,devendoelaserfundadanosmotivosdapreventiva,art.312doCPP.

    RenatoBrasi leiro(2011p.433/434)expl icaquedemodoalgumestsedizendoquetodoequalqueragentepresoemflagranteporumdessesdel i tossernecessriaeautomaticamentepostoeml iberdade.Mas,sercabvel aconcesso da l iberdade provisria sem fiana, ficando a manuteno da priso do agente condicionada existncia de deciso judicial devidamente fundamentada, que aponte a necessidade de sua segregaocautelar(LIMAR.B.,2011p.433/434).Damesmaforma,poderiaomagistradoagirquandooacusadoalegarsuacondiodoart.350doCPP,bastandomantloeml iberdadeeinvocarasoutrasmedidascautelaresdiversasdaprisoedafiana.

    A natureza cautelar da priso deve ser fundada em uma necessidade vista de perto em cada caso e noabstratamentenaexignciadalei .Nessesentido,vementendendooSTF,quejsemanifestou que,quantoaoscrimeshediondos,elesporsi snoimpedemaconcessodal iberdadeprovisria,eisquetodaprisoimpostaantes do trnsito em ju lgado da sentena penal condenatria, por ser cautelar, dever ser determinadaexcepcionalmenteequandodemonstradasuanecessidadeapartirdaconcretudeexprimidanosautos.

    2 .4 . O NOVOPROCEDIMENTOEMV IGORDA LIBERDADEPROV ISRIA MEDIANTEPAGAMENTODEFIANA .

    Antes da Lei n 12.403/2011, a l iberdade provisria era vista comomedida contracautelar que substi tu a aprisoemflagrante.Agora,elapassaafuncionartambmcomomedidacautelarautnoma,incisoIIIdoart.310doCPP.A l iberdadeprovisriacomfianaconsisteemdireitosubjetivoconsti tucional doacusadoesendoelanegadadiantedoscasosemquealei a admiteestarcaracterizadooconstrangimentoi legal l iberdadedelocomoo,almdeabusodeautoridade,conformeart.4,al neae,daLei n4.898/65.

    A l iberdadeprovisriaemsentidoamploconsistenafianaenal iberdadeprovisriaemsentidoestri to,essaomesmoquel iberdadesemfiana.Deformamaisampla,existemasformasdel iberdadeprovisriavincu ladaenovincu lada.Naprimeiraespcie,v incu lada,oacusadopostoeml iberdade,pormficavincu ladoacertosdeveres processuais, podendo ser concedida com ou sem fiana. As h ipteses de l iberdade provisria comvincu laoestoprevistasnoart.350,caput,doCPP,quetratadoacusadopobreart.322a349doCPP,emqueoacusado se vincu la sobrigaesdos artigos327 e328doCPP l iberdadeprovisria sem fianadoart. 310,pargrafonico,doCPP,noscasosdecometimentodocrimecomexcludentesdei l ici tudel iberdadeprovisriacumuladacomumaou maisdasmedidascautelaresdiversasdapriso,quandoodirei tol iberatrioconcedidocomomedidacautelarautnoma.

    Na espcie de l iberdade provisria sem vincu lao, o acusado posto em l iberdade sem qualquer deverprocessual .Assimeranocasoemqueoru l ivravasesol to,antigaredaodoart.321doCPP,masnessecasoal iberdadenoeradotipoprovisria,porquenoexistiavncu losaseremdescumpridosquepossibi l i tassemasubsti tu iodamedida,imposiodeoutraemcumulaoou decretaodapreventivaem l timocaso.

    Omomentoparaconcessodafianapeloart.334doCPPatotrnsitoemju lgadodasentenacondenatria.O art. 330 do CPP expl ica que a fiana poder ser prestada por qualquer pessoa e consiste em depsito dedinheiro,pedras,objetosou metaispreciosos.Seafianafordeclaradasemefei toou foroacusadoabsolvidoouextintasuapunibi l idade,ovalordafianaserintegralmenteresti tu do,comadevidaatual izaomonetria,art.337doCPP.Entretanto,entenderseperdido,natotal idade,ovalordafiana,se,condenado,oacusadonoseapresentarparaoinciodocumprimentodapenadefinitivamenteimposta,art.345doCPP.Nocasodeperdadafiana,oseu valor,deduzidasascustasemaisencargosaqueoacusadoestiverobrigado,serrecolh idoaofundopenitencirio,naformadalei .

    OprocedimentoemvigordafianapermiteaoDelegadodePol ciaarbitrarafianaimediatamentenoscasosdeinfrao penal no superior a quatro anos, art. 322 doCPP.No caso de recusa ou retardo na resti tu io dal iberdademediantefiana,bastadirigirumapetioaoju izquedeverdecidilanoprazodequarentaeoi tohoras,art.335doCPP.Ointentodalei foi darpraticidadeeimediatidaderesti tu iodal iberdade,paraqueoautornoaguardeaindaoprazodevintequatrohorasparaqueoautodeprisoemflagrantecheguesmosnomagistrado,quandoentosepronunciariasobreaprisoeal iberdade.

    Mesmonosendoocasodeinsti tu iodafianapeloDelegado,oprazoparadecisosobreorequerimentodel iberaodafianaserdequarentaeoi tohoras,pargrafonicodoart.322doCPP.Namesmaoportunidadeemque omagistrado for decidir sobre a fiana, ele poder impor outramedida cautelar. A fiana pode serimpostadeofcio,quandodachegadoautodeprisoemflagrantenasmosdoju iz,quedeverproferirdecisosobreapriso,al iberdadeeeventual fianadentrodoprazodevinteequatrohoras,ou arequerimentodoautor,quandoento,oprazoserdequarentaeoi tohorasparaseconcederou negarafiana.

    O carter da fiana no de benefcio,mas de restrio de direi to em si tuao cautelar. A Lei 12.403/2011manteve indevidamente, emvriosdispositivos, as expresses concesso e benefcio, sendoquea fianaagoratratadacomoimposio.Oscri triosparasuaimposioabarcamanaturezadainfrao,ascondies

  • 03/03/2015 Liberdadeprovisria:distoresnafianacriminalJusNavigandi

    http://jus.com.br/imprimir/26327/liberdadeprovisoria 19/35

    pessoaisdopresoeocustogeral dasdespesasprocessuais,art.326doCPP.Oparmetromonetriodafianaosalriomnimo.

    Antesdasmudanassobreasnovasmedidascautelares,osvaloresprevistosparaafiananoart.325doCPPeramdeR$61,89aR$309,45parainfraespunidascomatdoisanosdepriso,edeR$309,45aR$1.237,80parainfraespunidascomatquatroanosdepriso,edeR$1.237,80aR$6.189,00parainfraespunidascomgrau mximosuperioraquatroanosdepriso.A novaredaodoart.325doCPPelevou pordemaisosvaloresparafiana,queserfixadopelaautoridadequeaconcedernosl imitesdeumacemsalriosmnimos,quandosetratardeinfraocu japenaprivativadel iberdade,nograu mximo,noforsuperioraquatroanosdedezaduzentossalriosmnimos,quandoomximodapenaprivativadel iberdadecominadaforsuperioraquatroanos.Seassimrecomendarasi tuaoeconmicadopreso,afianapoderserdispensada,naformadoart.350doCPP,reduzidaatomximodedoisterosou aumentadaematmil vezes.

    A imposiodafianafiguracomoumaformadeexignciadoafianadoemcompareceraoprocessosemprequeintimado.Mesmoassim,anaturezadafianapermanececomodecautelar,devendoserexigidasomenteparagarantirapl icaodalei penal ,resguardarainvestigaoou ainstruocriminal e,noscasosexpressamenteprevistos,paraevitaraprticadeinfraespenais.A lmdomais,deverestaradequadagravidadedocrime,circunstnciasdofatoecondiespessoaisdoindiciadoou acusado.

    Os artigos 327 e 328 doCPP determinamobrigaes ao autor quando for prestada a fiana, que o coagir acomparecerperanteaautoridade,todasasvezesqueforintimadoparaatosdoinquritoedainstruocriminaleparaoju lgamento.Quandooru nocomparecer,afianaserhavidacomoquebrada.Oru afianadonopoder, sob pena de quebramento da fiana, mudar de residncia, sem prvia permisso da autoridadeprocessante,ou ausentarsepormaisdeoitodiasdesuaresidncia,semcomunicarquelaautoridadeolugarondeserencontrado.Todasessasobrigaestambmpodemserimpostasaoru queporcondieseconmicasnopuderprestarafiana,masquetemdireitol iberdade.

    Sehouverdescumprimentodessasobrigaesfixadaspeloart.327e328doCPP,serconsideradaquebradaafiana, bem como quando o acusado praticar ato de obstruo ao andamento do processo, descumprir outramedidacautelarimposta,resistirinjusti ficadamenteaordemjudicial ou praticaroutrainfraopenal dolosa.Odinheiroou objetosdadoscomofianaserviroaopagamentodascustas,daindenizaododano,daprestaopecuniria e damulta, se o ru for condenado. A fiana quebrada gera a perda dametade do seu valor, aimpossibi l idade de, naquele mesmo processo, prestar nova fiana e poder o ju iz impor outras medidascautelaresmaisgravosas,inclu indoaprisopreventiva,art.343doCPP.

    Dizerqueafianasercassadaomesmoqueafirmarqueelafoi ju lgadainidneaou semefei to.Ovalordeverser devolvido a quem a prestou e o ju iz veri ficar a necessidade de se decretar outras medidas cautelaresdiversasdaprisoou imporaprpriapreventiva.A fianasercassadaemqualquer fasedoprocessose forconcedidaporequ voco,art.338doCPPquandoocorrerumainovaonatipi ficaododel i to,reconhecendosea existncia de infrao inafianvel , art. 339 doCPP se houver o aditamento da denncia, acarretando ainviabi l idadedeconcessodafiana.

    Foi modificadopelaLei n12.403/2011oart.340doCPP,que tratadoreforoda fianaeoexigequando forinovadaaclassi ficaododel i toquandoaautoridadetomar,porengano,fianainsuficientequandohouverdepreciaomaterial ou perecimentodosbensh ipotecadosou caucionados,ou depreciaodosmetaisou pedraspreciosas.Seoru noreforarovalordafianapoderserrecolh idopriso,desdequepresentesosrequ isi tosda preventiva. Se o ru for pobre, poder ser dispensado do reforo, permanecendo em l iberdade e sendogarantidooefei todafiana.

    H tambm a dispensa da fiana quando, se estiver diante do art. 350 do CPP, o ju iz conceder a l iberdadeprovisriadoacusado.Nessecasoadispensaumaobrigatoriedadedomagistrado,porquesetratadedirei todobeneficirio.A fianaserconsideradasemefei toquandoelaforcassadaquandonohouveroseu reforoequando,recolh idooseu valor,adviersentenaabsolu triadoacusadaou declarandoaextinodaaopenal .Nessescasosovalordafianadeverserresti tu dosemdesconto.

    Aosefalardodestinodafiana,deveseanal isarasi tuaodoru .Seoru seapresentou paracumprirapenaimposta,lheserresti tu doovalordadoemgarantia,atual izado,abatendoovalordascustas,indenizaododano,prestaopecuniriaemulta.Seoru forabsolvidoou extintaasuapunibi l idade,ovalorserresti tu dosem desconto, atual izado. Se for declarada extinta a punibi l idade em razo da prescrio da pretensoexecutria,nosefalaemresti tu io,jqueopargrafonicodoart.336doCPPdemandaqueodinheiroouobjetosdadoscomofianaserviroaopagamentodascustas,daindenizaododano,daprestaopecuniriaedamulta,seoru forcondenado.Nocasodefianaquebradaou perdida,adestinaodovalorserparaofundopenitencirionacional .

    Fianaprestadapormeiodepedras ou objetospreciosos ser executadamediante ordem judicial paraqueolei loeiro promova a venda desses bens. Sabendo que existe a possibi l idade de se prestar fiana pormeio dehipoteca,aexecuodafianadessetiposerpromovidanoju zocvel pormeiodoMinistrioPbl ico.

    2 .5 . FIANA ESTIPULADA PELODELEGADODEPOLCIA

  • 03/03/2015 Liberdadeprovisria:distoresnafianacriminalJusNavigandi

    http://jus.com.br/imprimir/26327/liberdadeprovisoria 20/35

    Comoexpl icadonocaptu loprimeirodeste trabalho,napocaemqueopovobrasi leiroconviviacomopodermoderador,designadopelaconcentraodepodernasmosdo imperador,estenomeavaosmagistrados,aosquaiscabiaexercertambmachefiadapol cia,nostermosdoCdigodeProcessoPenal de1832.Naquelapoca,quemdetinharealmentepoderesparaprocessareju lgarascontravenesecrimespunidoscompriso,degredoou desterroatseismeseseramosprpriosju zesdepaz.Emrazodisso,estesdetinhammaispoderesdoqueosprpriosju zesdedirei to.

    Posteriormente, as funes dos ju zes de paz foramentregues aos chefes de pol cia, quepassarama exercerassim poderes judiciais, formando um sistema denominado de pol icial ismo judicirio, em que a justiacriminal erabaseadaemumapol ciaqueprendia,investigava,acusavaepronunciavaosacusadosdecertoscrimes.Oart.54daLei n261,de1841abordavaessestatusjudicial doinvestigadoraodizerqueassentenasdepronncianoscrimesindividuaisproferidaspelosChefesdePol cia,Ju zesMunicipais,easdosDelegadoseSubdelegados,queforemconfirmadaspelosJu zesMunicipais,su jei tamosrusacusao,easeremju lgadospeloJury.Jquedetinhapoderesparacondenar,apol ciapoderiaconcederl iberdademediantefiana,sendoqueoPromotorPbl icodeveriaserouvidoantesdeapol ciaconcederafiana.

    ComoadventodoCPPde1941,apesardejseestaremumaRepbl ica,mantiveramseosprincpiosdoimprioe das monarquias absolu tistas do passado. Naquele Cdigo, a regra era a priso e somente a pol cia podiaconcederafiananocasodopresoemflagranteeeraaprpriapol ciaquepoderiacassaressafiana,prendendonovamente e no havia necessidade de oitiva doMP quando o delegado fosse decidir sobre a fiana. O ju izsomentepoderiasol tarmediantefianaapsotrminodasinvestigaes.Casoodelegadosenegasseaarbitrarafiana,oju izsomentepoderiasemanifestarsobrearecusaseodelegadofosseouvidoantesdadeciso,pormestenoprecisavaconsu l tarosrgosdaJustiaquandodecidiasobreafiana(LIMAF.R.,2011).

    Comotempoafianaperdeu suaimportnciaeanteriormentevignciadaLei n12.403/2011,aautoridadepol icial somentepoderiaconcederfiananoscasosdeinfraopunidacomdetenoou prisosimplesedesdequenosetratassedecrimecontraaeconomiapopularou crimedesonegaofiscal .Nosdemaiscasos,somenteaautoridadejudiciriapoderiaarbitrar.

    Agoraemquevigoramasmudanasdalei dasnovasmedidascautelares,aautoridadepol icial somentepodeconcederfiananoscasosdeinfraocu japenaprivativadel iberdademximanosejasuperioraquatroanos.Consti tu i abuso de autoridade levar priso e nela deter quem quer que se proponha a prestar a fianapermitida em lei . Assim, o delegado no poder negar a fiana quando esta for cabvel . Caso a autoridadepol icial retardeou noconcedafiana,caberaopresoprestlamediantepetiodirigidaaoju izcompetentequeteroprazodequarentaeoi tohorasparaproferirdeciso,art.335doCPP.Noaproferindo,caberhabeascorpusdiantedoconstrangimentoi legal .

    A autoridadepol icial passaaterodeverdearbitrarafiananoscasospermissivosdalegislao.Emoutrogiro,afianadirei todoacusadodiantedamanifestaodoartigo5,LXVI,CF,eisqueostatusl ibertatisdeveserconservado.Porm,afianaarbitradaporaquelaautoridadepodeterocondodeferiressedirei tol iberdade,tanto porque o acusado no tem condies de arcar, necessi tando da reduo do valor, ou porque no temcondio alguma de arcar comqualquer valor. A lei , art. 325, 1, incs. II e III, doCPP, entrega umpoderdiscricionriomuitograndeautoridadeaautoridadepol icial aopermitilareduzirovalorda fianaatomximode2/3,assimcomoaumentlaatmil vezes.Diantedisso,sefaznecessrioocrivojudicial sobreessadel imitao de direi tos, no configurando uma intromisso judicial , mas uma luz guarda da l iberdadedaqueleacusado,ressal tand