regime patrimonial dos terrenos de marinha - jus navigandi - o site com tudo de direito

Upload: vicurcio

Post on 17-Oct-2015

58 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 13/4/2014 Regime patrimonial dos terrenos de marinha - Jus Navigandi - O site com tudo de Direito

    Este texto foi publicado no site Jus Navigandi no endereo http://jus. com. br/artigos/5855Para ver outras publicaes como esta, acesse http://jus. com. br

    Regime patrimonial dos terrenos de marinha

    Roberto Santana de Menezes

    Publicado em 11/2004. Elaborado em 12/2003.

    Terreno de marinha, bem da Unio, a faixa de terra com 33 metros de largura, contada a partir da linha da preamar mdia de 1831, adjacente ao mar, rios e lagoas, no continente ou em ilhas, desde que no local se observe o fenmeno das mars, com oscilao de pelo menos cinco centmetros.

    "A Repblica, relevem-nos a insistncia, precisa imprescindivelmente dos terrenos de marinha, para dar cumprimento s extraordinrias responsabilidades que lhe incubem quanto defesa e polcia costeira, segurana do pais, regularizao do comrcio e da navegao, aos ajustes e convnios da decorrentes, conservao, melhoramento e fiscalizao sanitria dos portos, construo de alfndegas, entrepostos, faris e obras de defesa contra possveis agresses estrangeiras, higiene internacional, polcia sanitria etc, etc".

    Epitcio Pessoa

    (Nas contra razes apresentadas Ao Originria n 8, ajuizada em 1904 perante o Supremo Tribunal Federal, na qual os Estados do Esprito Santo e Bahia reivindicaram lhes fosse reconhecido o direito de propriedade sobre tais terrenos).

    RESUMO

    Terreno de marinha, bem da Unio, a faixa de terra com 33 metros de largura, contada a partir da linha da preamar mdia de 1831, adjacente ao mar, rios e lagoas, no continente ou em ilhas, desde que no local se observe o fenmeno das mars, com oscilao de pelo menos cinco centmetros. Quando situado na faixa de segurana da orla martima, a qual tem a largura de cem metros, fica obrigatoriamente sujeito ao regime enfitutico. Por conta de seus acrescidos, que so os aterros naturais ou artificiais, os terrenos de marinha situados na orla podem estar fora da faixa de segurana, excludos, portanto, da obrigatoriedade do regime enfitutico. Dentre os bens da Unio o nico que, mesmo sendo dominial, encontra impedimento constitucional para sua alienao plena. A enfiteuse, instituto de direito real, de longa origem, possibilita a transferncia do domnio til a terceiros mantendo-se a propriedade direta. Embora vedado no mbito do novo Cdigo Civil, tal instituto permanece em nosso ordenamento para aplicao em sede de direito administrativo. A falta de controle da posse dos terrenos de marinha ao longo de nossa histria, a realizao de registros pblicos deficientes, a legislao oscilante, e o difcil critrio de demarcao possibilitaram que se formassem direitos conflitantes sobre tais bens pblicos, gerando a insegurana jurdica. Lei de 1998 vem imprimindo rapidez aos trabalhos de cadastramento e regularizao de tais bens pblicos, ao passo que tramitam no Congresso Nacional propostas de emenda constitucional tendentes a abolir o domnio da Unio sobre os terrenos de marinha.

    1.0 INTRODUO

    Os terrenos de marinha, tambm citados por "marinhas" [1], so as reas situadas na costa martima, as que contornam as ilhas, as margens dos rios e das lagoas, em faixa de 33 metros, medidos a partir da posio do preamar mdio de 1831, desde que nas guas adjacentes se faa sentir a influncia de mars com oscilao mnima de cinco centmetros.

    http://jus.com.br/imprimir/5855/regime-patrimonial-dos-terrenos-de-marinha 1/39

  • 13/4/2014 Regime patrimonial dos terrenos de marinha - Jus Navigandi - O site com tudo de Direito

    So bens de domnio [3] da Unio. Note que so terrenos "de marinha", o que vale dizer, caracterizados por sua proximidade com as guas salgadas, e no "da Marinha", no sentido de pertencerem Marinha do Brasil, ora Comando da Marinha, rgo subordinado ao Ministrio da Defesa, o qual no exerce controle patrimonial sobre os mesmos, sendo tal tarefa atribuda Secretaria do Patrimnio da Unio, rgo do Ministrio do Planejamento Oramento e Gesto (MPOG).

    Apenas para estimarmos a rea sobre a qual estamos nos debruando, considerando apenas a rea martima, com cerca de 8.500 km de costa linear (desprezando-se as reentrncias), podemos inferir, grosso modo, um total de 280 km2, o que equivale aproximadamente a apenas 0,6% da rea do Estado do RJ. Entretanto a densidade populacional, e a existncia dos condomnios verticais na rea potencializam o nmero de ocorrncias de direitos sobre terrenos de marinha e os conflitos decorrentes.

    um regime patrimonial diferenciado do que se aplica aos demais bens imveis da Unio, vez que se submetem obrigatoriamente ao aforamento, e, ao que sabemos, sem similar no direito comparado. Tal regime tem causado apreenses queles que edificaram sobre tais terrenos, principalmente em razo da prpria natureza do instituto que rege os direitos reais sobre os imveis ali situados, mas tambm pela legislao, por demais oscilante, considerando-se que versa sobre propriedade, bem de raiz que naturalmente requer maior estabilidade.

    Este Trabalho de Concluso de Curso procurar expor a origem legal do instituto, a definio da rea, os direitos reais e obrigacionais incidentes, as condies para cesso, alienao e os encargos decorrentes (laudmio, foro e taxa de ocupao), as peculiaridades da enfiteuse especial, ou administrativa, os projetos de lei em tramitao e por fim uma concluso, consistindo de comentrios e sugestes. O tema foi escolhido, por ser pouco abordado no programa de graduao desta Faculdade, que, naturalmente, diante da extenso do currculo optou por trat-lo de modo superficial, em relao aos demais temas. Alm disso a literatura sobre o tema escassa, com raras publicaes mais recentes. Mesmo os compndios de Direito Administrativo mais conhecidos apenas enumeram os terrenos de marinha entre os bens da Unio dedicando-lhe poucos pargrafos. Foi, portanto, um desafio.

    Optei por uma abordagem jurdico-positivista da situao atual, evitando estender o trabalho por aspectos sociolgicos e ambientais, deixando ao leitor a interpretao das conseqncias quanto a tais aspectos. As repeties encontradas no texto, quando no resultem de deficincia minha, so propositais com vistas a facilitar a digesto do tema. O enfoque histrico e da legislao pretrita, limitar-se- ao necessrio compreenso do tema. O trabalho tem por base a pesquisa da legislao, da jurisprudncia, da doutrina, e informaes obtidas junto a instituies e especialistas.

    2.0 HISTRICO

    O descobrimento do Brasil incorporou ao Estado portugus a propriedade sobre as novas terras. No mbito internacional, tal direito tinha respaldo no tratado de Tordesilhas, com beneplcito papal, ainda que questionado por outros pases, especialmente pela Frana. Localmente, a organizao poltica dos nativos no era suficiente para oposio de resistncia, sendo certo que a manu militari foi de pouco uso frente aos dceis silvcolas, ao menos nos momentos iniciais da apropriao e colonizao. As terras descobertas passaram, ipso facto, ao domnio da Coroa.

    O instituto das capitanias hereditrias no retirou do Estado a propriedade [4], tendo os donatrios apenas direitos resolveis pelo inadimplemento das obrigaes. Dentre seus direitos havia o de estabelecer as sesmarias, que da mesma forma no transferia a propriedade das terras. Compararamos tais ajustes enfiteuse e subenfiteuse, na medida que apenas se transferia o domnio til, mediante obrigaes que eram assumidas perante o senhorio. Desta forma a propriedade permanecia sempre em mos da coroa. A enfiteuse proporcionava a um s tempo a ocupao e explorao da terra, gerava rendas, como tambm mantinha com o Estado a propriedade. Por isso que, na sua forma original, remanescente no Cdigo de 1916 s se permitia a sua constituio sobre terrenos destinados s plantaes ou edificaes.

    Com a independncia, as terras foram naturalmente transferidas ao Estado brasileiro [5]. Por evidente, no foram includas nesta transferncia as terras que haviam sido anteriormente transferidas pela coroa famlia real, Igreja, e a particulares. Sobre estas o estado manteve, e mantm, apenas o domnio eminente, decorrente da soberania, como de norma sobre as demais propriedades em solo nacional.

    As marinhas sempre tiveram um tratamento diferenciado das demais terras do Estado em face de sua localizao estratgica, uma interface com o mar. Resulta na importncia desses terrenos para defesa do territrio, a exemplo do assentamento de fortes, assim como para os servios pblicos em geral, tais como os portos. Por isso Ordem

    http://jus.com.br/imprimir/5855/regime-patrimonial-dos-terrenos-de-marinha 2/39

  • 13/4/2014 Regime patrimonial dos terrenos de marinha - Jus Navigandi - O site com tudo de Direito

    Rgia de 21-10-1710, sempre citada, j vedava que as terras dadas em sesmarias compreendessem as marinhas, as quais deveriam estar "desimpedidas para qualquer servio da Coroa e de defesa da terra". Enfim, uma rea nobre que se reservou ao domnio pblico.

    Mais tarde, o valor patrimonial da marinhas sobrepujou sua utilidade como rea de defesa e reserva para servios pblicos. A primeira demonstrao efetiva do interesse patrimonial do Estado sobre essas terras surge em lei oramentria de 15.11.1831, que orou a receita e fixou a despesa para o perodo financeiro de 1832 a 1833, colocando disposio das Cmaras Municipais os terrenos de marinha para aforar e estipular o foro sobre os mesmos. Todavia a titularidade permaneceu com a Unio [6], e as rendas posteriormente foram direcionadas ao poder central. O ano de 1831 tornou-se ento o marco temporal que serve para definir a linha do preamar mdio, marco inicial para medio das marinhas. A demarcao inicia-se logo a seguir com a Instruo de 14 de novembro de 1832, assinada por Campos Vergueiro, na qualidade de Presidente Interino do Tribunal do Tesouro Pblico Nacional, em cumprimento lei acima citada, que em seu art. 4 previa que "ho de considerar-se terrenos de marinha todos os que, banhados pela guas do mar, ou rios navegveis, vo at a distncia de 15 braas craveiras da parte da terra, contadas estas desde os pontos a que chega o preamar mdio". E segue a Instruo detalhando procedimentos para demarcao, inclusive prevendo a participao dos representantes de Provncias e municpios alm outros interessados como posseiros e concessionrios.

    A marcao de 15 braas, equivalente hoje a de 33 metros [7], vigorou at 1942 quando o Decreto-lei n 4.120 alterou a linha de marcao inicial para a linha da preamar mxima de 1942, avanando, provavelmente na maioria dos casos, em direo ao interior. Em 1946 o Decreto-lei n 9.760 de 5 de setembro, ainda vigente, retomou a medio de 1831, anulando assim as provveis desapropriaes de terras alodiais. Neste Decreto-lei adota-se a enfiteuse para os bens pblicos, que a doutrina chama de especial ou administrativa, pois a esto insertas algumas peculiaridades que a diferenciam da enfiteuse civil, ou comum. Nela j no figura, como na enfiteuse do Cdigo Civil, o requisito de constituir-se sobre terras destinadas a plantaes e edificaes, aflorando visivelmente o interesse especfico na gerao de renda para o Errio [8].

    Hoje, a Constituio Federal dispe no art. 20, inciso VII, que so bens da Unio os terrenos de marinha e seus acrescidos, recepcionando o Decreto-lei n. 9.760/46, e adiciona, no o artigo 49, 3, do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias (ADCT) que sobre tais terrenos fica mantido o instituto da enfiteuse. Finalmente a Lei 9.636 de 15 de maio de 1998, inserida no contexto poltico de sua poca, trouxe ao ordenamento jurdico instrumentos legais para alienao dos imveis da Unio no afetados ao servio pblico. Entretanto, quanto aos terrenos de marinha, a alienao no pode ser plena, como veremos.

    3.0 DEFINIO DA REA

    Sua definio legal est contida no Decreto-lei 9.760 de 5-9-1946:

    Art. 2 - So terrenos de marinha, em uma profundidade de 33 (trinta e trs) metros, medidos horizontalmente, para a parte da terra, da posio da linha do preamar mdio de 1831:

    a) os situados no continente, na costa martima e nas margens dos rios e lagoas, at onde se faa sentir a influncia das mars;

    b) os que contornam as ilhas situadas em zona onde se faam sentir a influncia das mars.

    Pargrafo nico. Para os efeitos deste artigo a influncia das mars caracterizada pela oscilao peridica de 5 (cinco) centmetros pelo menos do nvel das guas, que ocorra em qualquer poca do ano.

    Art. 3 - So terrenos acrescidos de marinha os que se tiverem formado, natural ou artificialmente, para o lado do mar ou dos rios e lagoas, em seguimento aos terrenos de marinha.

    Vejamos alguns aspectos estabelecidos no texto legal.

    A expresso "medidos horizontalmente" visa a evitar que nos locais onde haja aclives ou declives, a faixa dos terrenos de marinha, por efeito trigonomtrico, ficasse reduzida a menos de 33 metros, se a medio se efetuasse segundo a inclinao da rea. Para a razo de ser no mais ou no menos a largura de 33 metros, no encontrei explicao plausvel na literatura pesquisada.

    A mar [9] um fenmeno cclico, harmnico, dirio, por influncia do posicionamento dos astros, especialmente da lua em relao terra. Origina-se nos mares (da seu nome), em razo do grande volume das guas, e se propaga em onda pelos rios que desguam nos oceanos e nas lagoas [10]. A propagao refreada pela sinuosidade dos rios

    http://jus.com.br/imprimir/5855/regime-patrimonial-dos-terrenos-de-marinha 3/39

  • 13/4/2014 Regime patrimonial dos terrenos de marinha - Jus Navgandi - O site com tudo de Direito

    (razo pela qual os rios afluentes no apresentarem mars) ou outros obstculos sua propagao, como as represas. Distingue-se das enchentes ordinrias dos rios. Estas so provocadas pela pluviosidade, sendo, portanto, de ciclo anual, no harmnico. Os dois fenmenos interagem entre si, somando-se, de forma que ao longo do ano as oscilaes por efeito das mars ocorrem sobre nveis de gua maiores ou menores conforme a estao das guas. importante o entendimento de tais fenmenos porque rios de grande abertura propiciam a existncia de mars em regies bem distantes do mar como o caso do Amazonas no qual o fenmeno das mars sentido em cidades como bidos-PA, a cerca de 700 km da foz. Por isso incluem-se entre as marinhas uma quantidade considervel de margens fluviais.

    Curioso notar que nem sempre foi adotado o critrio da existncia das mars para qualificar suas margens como terrenos de marinha. Antes vigorou o critrio da existncia ou no de gua salgada [11 ].

    Os acrescidos, ou seja, os aterros artificiais ou a deposio de terras pela prpria natureza (aluvio ou avulso), so equiparados legalmente, sem distino, aos terrenos de marinha. Entretanto, quando houver ocorrido avano das guas aps o marco de 1831, ou os avanos que venham a ocorrer, no se falar em deslocamento simultneo da faixa, pois acarretaria desapropriao de outras terras. Cabe observar que por fora dos acrescidos comum encontrar terrenos de marinha muito distantes do mar.

    Devemos distinguir as marinhas dos terrenos marginais, tambm de propriedade da Unio. Estes tm uma largura de apenas quinze metros, e mede-se a partir da linha mdia das enchentes ordinrias. So tambm conhecidos por terrenos reservados, denominao dada pelo Cdigo de guas. So banhados pelas correntes de rios navegveis, desde que fora do alcance das mars, pois assim seria considerado terreno de marinha. Por conseguinte apenas as margens de pequenos rios, no navegveis [12] e no sujeitos a mars, esto fora do domnio imobilirio da Unio.

    Terrenos de marinha no so terras devolutas. Estas so as foram conferidas a particulares por sesmarias e que caram em comisso por abandono, retornando em conseqncia ao poder pblico cedente [13] (da devolutas, de devoluo). Aqueles nunca foram transferidos a particulares [14], ao menos em regra.

    Por exceo, exclui-se do universo "terrenos de marinha", como propriedade da Unio, as terras que, embora subsumidas definio legal, foram plenamente transferidas aos demais entes federativos ou a particulares em atos da coroa ou do governo republicano [15], lembrando que apenas aps a Carta de 1988 tal prtica ficou expressamente inconstitucional, embora respeitando as transferncias at ento efetuadas.

    Finalmente, as praias tambm no so terrenos de marinha. So bens pblicos de uso comum tais como as praas eruas e tm definio especfica conforme Lei 7.661 / 88, que instituiu o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro [16].

    3.1 DEMARCAO

    O Decreto-lei n 9.760/46 atribuiu ao Servio de Patrimnio da Unio, hoje Secretaria do Patrimnio da Unio (SPU) [17], competncia para determinar a posio das linhas do preamar mdio do ano de 1831, preliminar necessria para os trabalhos de demarcao. Admite o prprio texto legal, possivelmente antevendo as dificuldades de execuo, aproximaes razoveis em sua fixao bem como a participao dos interessados:

    Art. 9 - da competncia do Servio do Patrimnio da Unio (SPU) a determinao da posio das linhas do preamar mdio do ano de 1831 e da mdia das enchentes ordinrias.

    Art. 10 - A determinao ser feita vista de documentos e plantas de autenticidade irrecusvel, relativos quele ano, ou quando no obtidos, poca que do mesmo se aproxime.

    Art. 11 - Para a realizao do trabalho, o SPU convidar os interessados certos e incertos, pessoalmente ou por edital, para que no prazo de 60 (sessenta) dias ofeream a estudo, se assim lhes convier, plantas, documentos e outros esclarecimentos concernentes aos terrenos compreendidos no trecho demarcado.

    As dificuldades para a fixao de tal linha so grandes. Gasparini [18] afirma que tem sido aceito, inclusive pelo Judicirio, a linha do jandu, vegetao existente nas proximidades das praias, como marco substituto da linha de preamar mdia de 1831, quando de todo impossvel determin-la. Os procedimentos adotados pela SPU esto detalhados em Orientao Normativa (ON-GEADE n 002 de 12 de maro de 2001) daquela Secretaria, que estabeleceu os critrios tcnicos para o trabalho [19], inclusive prevendo a utilizao de dados do Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional, da Diretoria de Hidrografia e Navegao do Comando da Marinha (que dispe de um banco de dados oceanogrficos), mapoteca do Itamarati, Fundao Instituto Brasileiro de Geografia e

    http://jus.com.br/imprimir/5855/regime-patrimonial-dos-terrenos-de-marinha 4/39

  • 13/4/2014 Regime patrimonial dos terrenos de marinha - Jus Navgandi - O site com tudo de Direito

    Estatstica, museus, Diretoria do Servio Geogrfico do Exrcito, empresas de aerolevantamentos, Biblioteca Nacional, bibliotecas regionais e locais, associaes culturais, cmaras de vereadores, prefeituras, igrejas, cartrios, depoimentos de moradores e/ou pescadores antigos.

    Definida a linha de referncia, trabalho ainda inconcluso para todo o pas [20], inicia-se o processo de demarcao, ou, dito de modo mais apropriado, a discriminao das terras (descrev-la, medi-la e extrem-la dos confrontantes). Inicialmente, por uma fase administrativa, ou na dico legal, amigvel, que se mostrando impossvel prosseguir em fase judicial. O prprio DL 9.760/46 traa os procedimentos, tanto os administrativos (art 22 a 31) quanto os judiciais (art 32 a 60). Eles so comuns para discriminao de todas as terras da Unio, com exceo das terras devolutas cujo procedimento est regulado pela Lei 6.383/76, relacionada reforma agrria.

    Dentre os atos do procedimento administrativo ressalto: a) abertura do processo com inspeo tcnica da rea e elaborao de memorial; b) ampla convocao dos provveis interessados e confinantes por edital e carta; c) recebimento de documentos, ttulos, arrolamento de testemunhas, indicao de peritos; d) lavratura de laudo em que as partes reconheam a discriminao feita. Importante observar a discriminao administrativa s confere ttulo contra a Unio.

    A discriminao judicial [21] segue o procedimento especial de instncia contenciosa conforme artigos mencionados, sendo aplicveis supletivamente os procedimentos do Cdigo de Processo Civil.

    Registre-se que demarcaes anteriores foram validadas pelo decreto 9.760/46, nos termos do Art. 202 "Ficam confirmadas as demarcaes de terrenos de marinha com fundamento em lei vigente na poca em que tenham sido realizadas".

    Com o propsito de dar celeridade aos trabalhos de demarcao, a Lei 9.636/98 previu a formao de convnios e contratos nos quais o conveniado ou contratado participa nas receitas decorrentes do cadastramento:

    Art. 4 - Os Estados, Municpios e a iniciativa privada, a juzo e a critrio do Ministrio da Fazenda, observadas as instrues que expedir sobre a matria, podero ser habilitados, mediante convnios ou contratos a serem celebrados com a SPU, para executar a identificao, demarcao, cadastramento e fiscalizao de reas do patrimnio da Unio, assim como o planejamento e a execuo do parcelamento e da urbanizao de reas vagas, com base em projetos elaborados na forma da legislao pertinente.

    2 - Como retribuio pelas obrigaes assumidas, os Estados, Municpios e a iniciativa privada faro jus parte das receitas provenientes da:

    I - arrecadao anual das taxas de ocupao e foros, propiciadas pelos trabalhos que tenham executado;

    II - venda do domnio til ou pleno dos lotes resultantes dos projetos urbansticos por eles executados.

    Foi editada pela SPU uma cartilha em linguagem apropriada ao grande pblico sobre o processo de cadastramento, demarcao e regularizao dos terrenos de marinha, com o evidente propsito de esclarecer e conseqentemente reduzir apreenses que a acelerao dos trabalhos possa trazer a possuidores antes tranqilos, em posse mansa e pacfica.

    3.2 FAIXA DE SEGURANA

    No encontrei na legislao, doutrina e jurisprudncia pesquisadas, definio explcita do que vem a ser faixa de segurana. Entretanto, dado que aos rgos de segurana externa se submete consulta prvia para aforamentos, razovel entender-se que, na costa, a faixa de segurana seja a de cem metros, conforme se depreende do Decreto- lei n 9.760, de 15 de setembro de 1946:

    Art. 100 - A aplicao do regime de aforamento a terras da Unio, quando autorizada na forma deste Decreto-lei, compete ao SPU, sujeita, porm, a prvia audincia:

    a) dos Ministrios da Guerra, por intermdio dos Comandos das Regies Militares; da Marinha, por intermdio das Capitanias dos Portos; da Aeronutica, por intermdio dos Comandos das zonas Areas, quando se tratar de terrenos situados dentro da faixa de fronteiras, da faixa de 100 (cem) metros ao longo da costa martima ou de uma circunferncia de 1.320 (um mil trezentos e vinte) metros de raio em torno das fortificaes e estabelecimentos militares;

    http://jus.com.br/imprimir/5855/regime-patrimonial-dos-terrenos-de-marinha 5/39

  • 13/4/2014 Regime patrimonial dos terrenos de marinha - Jus Navigandi - O site com tudo de Direito

    Alm da faixa de segurana costeira, de maior interesse ao nosso estudo, duas outras esto definidas: a faixa de fronteira, com 150 Km [22], e a circunferncia com 1,32 Km de raio em torno das fortificaes. Evidentemente que h marinhas que se enquadram em mais de uma definio, sem maiores problemas.

    De outra forma, observe-se que possvel a existncia de terrenos de marinha que, embora situados na orla, por fora de aterros ocorridos, deixou de estar na faixa de segurana, de cem metros da orla [23]. Isso ocorre porque enquanto a faixa de segurana se desloca acompanhando a linha efetiva da orla, os terrenos de marinha esto fixados linha da preamar de 1831. Isto importante porque implica na possibilidade de sua remio, como veremos. Observe-se tambm que nem todo terreno de marinha, para ser submetido ao regime de aforamento, est legalmente sujeito consulta prvia aos rgos de defesa, pois sua definio inclui outras regies situadas fora da faixa de segurana cem metros da costa martima, como j vimos. Mas devero ser ouvidos outros rgos pblicos nas situaes elencadas no art. 100 do Decreto-lei citado:

    Art. 100 -. ...

    b) do Ministrio da Agricultura, por intermdio dos seus rgos locais interessados, quando se tratar de terras suscetveis de aproveitamento agrcola ou pastoril;

    c) do Ministrio da Viao e Obras Pblicas, por intermdio de seus rgos prprios locais, quando se tratar de terrenos situados nas proximidades de obras porturias, ferrovirias, rodovirias, de saneamento ou de irrigao;

    d) das Prefeituras Municipais, quando se tratar de terreno situado em zona que esteja sendo urbanizada.

    4.0 REGIME PATRIMONIAL

    Os bens pblicos so doutrinariamente classificados em bens de uso comum, tais como as ruas e praas; bens de uso especial, tais como os prdios pblicos; e os bens dominicais (ou dominiais), que so propriedades da Unio sem destinao especfica. Apenas quando dominicais, ou seja, no afetados a qualquer servio ou utilidade pblica, so passveis de alienao. Est implcito que sobre todo o territrio nacional o Estado exerce o domnio eminente, decorrente da soberania. Esta condio lhe permite desapropriar sempre que houver necessidade pblica, submetendo-se s leis estabelecidas, como soe acontecer em um estado de direito.

    Os terrenos de marinha, como bens pblicos, podem estar em qualquer uma dessas classificaes. O que os distingue dos demais bens imveis da Unio quanto ao regime patrimonial aplicado que, quando situados na orla, na faixa de segurana, no so suscetveis de alienao total, em qualquer de suas formas, quais sejam, venda, permuta ou doao, ainda que no estejam afetados ao servio pblico, nem constituam bem de uso comum. E quando for conveniente que deles terceiros faam uso, existe a obrigatoriedade de faz-lo sob o regime de aforamento. Esta peculiaridade foi introduzida pela CF/88, no Ato das disposies Constitucionais Transitrias, art. 49, pargrafo 3 que determinou: "A Enfiteuse continuar sendo aplicada aos terrenos de marinha e seus acrescidos, situados na faixa de segurana, a partir da orla martima." Anteriormente, como os demais bens da Unio submetiam-se a quaisquer dos regimes previstos no Dec-lei 9.760/46 art. 64 ("Os bens imveis da Unio no utilizados em servio pblico podero, qualquer que seja a sua natureza, ser alugados, aforados ou cedidos.''). Agora possvel apenas a transferncia para terceiros da frao "domnio til" tambm denominada "direito real de uso", por meio da enfiteuse, pela qual permanece com a Unio o "domnio direto", ou seja, fica a Unio na condio de nu proprietrio. Os demais bens imveis da Unio, mesmo situados nas faixas de segurana, e os terrenos de marinha no situados na faixa de segurana da orla, quando no subsistam motivos para aplicao do regime enfitutico, sendo oportuno e conveniente, podero ser alienados plenamente, pois para estes no h impedimento constitucional, como ocorre em relao aos terrenos de marinha. o que est disposto na legislao:

    Decreto-lei 9.760 / 46, com alterao introduzida pela Lei 9.636/ 98:

    Art. 103 - O aforamento se extinguir por inadimplemento de clusula contratual, por acordo entre as partes, ou, a critrio do Presidente da Repblica, por proposta do Ministrio da Fazenda, pela remio do foro nas zonas onde no mais subsistam os motivos determinantes da aplicao do regime enfitutico. [24]

    Lei 9.636/98:

    Art. 23 - A alienao de bens imveis da Unio depender de autorizao, mediante ato do Presidente da Repblica, e ser sempre precedida de parecer da SPU quanto sua oportunidade e convenincia.

    http://jus.com.br/imprimir/5855/regime-patrimonial-dos-terrenos-de-marinha 6/39

  • 13/4/2014 Regime patrimonial dos terrenos de marinha - Jus Navgandi - O site com tudo de Direito

    1 - A alienao ocorrer quando no houver interesse pblico, econmico ou social em manter o imvel no domnio da Unio, nem inconvenincia quanto preservao ambiental e defesa nacional, no desaparecimento do vnculo de propriedade.

    A regra, portanto, que, havendo interesse pblico sobre o terreno de marinha, mantm-se o domnio pleno com a Unio. No havendo tal interesse, aliena-se o domnio til, pelo aforamento, mantendo-se, com a Unio, o domnio direto; sendo o terreno de marinha situado fora da faixa de segurana, procede-se a alienao plena, como de resto ocorre com os demais bens dominicais.

    As razes que levaram o legislador constitucional a estabelecer tal distino ora esto questionadas em proposta de emenda constitucional que veremos.

    Note-se que as outras faixas de segurana, quais sejam, 1.320 m ao redor de fortificaes, ou a faixa 150 km ao longo de fronteiras, mesmo alcanando as marinha, no so motivos impeditivos da sua alienao plena.

    O impedimento de alienar totalmente, como dissemos, recai apenas sobre as marinhas situadas na faixa de segurana (100 m) a partir da orla, e, como vimos, as marinhas situam-se tambm em outras regies. Deste modo algumas marinhas podem ser alienadas plenamente outras no. Isto tem causado alguma polmica:

    [25] "O resgate dos terrenos da Unio, dados em aforamento segundo o regime prescrito pelo Decreto-Lein. 9.760/46, ao contrrio de ser defeso, permitido expressamente nos arts. 103 e 122,....Se assim , cabesaber se ao regime do resgate previsto nessas duas regras do citado diploma legal tambm se subsumem os terrenos de marinha. A lgu n s a u to re s , a e x em p lo d e C le n c io d a S ilva D u arte (E stu d o s, c it .) e O sw ald o A . B a n d e ira d e M ello (E n fiteu se , RF, 20 4:52), e n te n d e m q u e n o . O u tros, c a p ita n e a d o s p o r C elso A n t n io B a n d e ira d e M ello (O s te rre n o s d e m a rin h a , c it., R T, 396:29 ), em p o si o fro n ta lm e n te o p o sta , a c h a m p e rfe ita m e n te p o ss v e l o p e ra r-s e o resg a te . Sigamos o seu raciocnio, que nos parece o mais acertado. O resgate, sob a forma de remio, foi acolhido pelo citado decreto-lei, sem qualquer restrio, nos arts. 103 e 122. E o ttulo outorgado pela Unio ao foreiro, que, encontrando-se nas situaes previstas, consolida a seu favor o domnio pleno da propriedade emprazada. Ademais, o art. 198 desse mesmo estatuto, ao acolher as pretenses sobre o domnio pleno dos terrenos de marinha, fundadas em ttulos outorgados na forma desse mesmo estatuto, admitiu o resgate, por ser esse um dos referidos ttulos de aquisio da propriedade. Por fim, arremata Celso Antnio Bandeira de Mello, nessa passagem do citado trabalho, que a transferncia dos terrenos de marinha para particulares, Estado ou Municpio no repugna, "porquanto desde a constituio da enfiteuse j no dispe mais a Unio de domnio til e no pode, pois, sob o ttulo de proprietrio, com simples domnio direto, utiliz-los na defesa da costa, e se as aforou foi por entender que ditas reas no eram requeridas para a defesa da terra". Processa-se o resgate quando a Unio entender que no persistem mais as razes que orientaram o emprazamento e facultar ao foreiro a remio.".........

    Gasparini (op.cit, p. 545 - grifo nosso):

    Entretanto, penso, tal dvida no pode prosperar. Veja-se inicialmente os pareceres da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional:

    1.387/ 96: "O art. 49 do ADCT confere ao legislador ordinrio a competncia de editar lei que disponha sobre a enfiteuse de imveis urbanos, facultando at mesmo a sua extino, exceto no caso dos terrenos de marinha e seus acrescidos, situados na faixa de segurana, a partir da orla martima. Incumbe lei definir o conceito de faixa de segurana previsto no art. 49 do ADCT.

    784/97: "No se inclui entre as matrias facultadas disposio da lei de que trata o art. 49 do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias alterar a noo jurdica de terrenos de marinha".

    Finalmente, corroborando o entendimento da vedao constitucional da alienao plena das marinhas, a Lei 9.636/98, que veio para implementar a alienao dos imveis da Unio no afetados ao servio pblico, faz reservas quanto aos bens sujeitos ao regime enfitutico, implcito a as marinhas, enquanto nicos bens da Unio, ora obrigatoriamente sujeitos a tal regime, determinando to somente a alienao do domnio til, mantendo-se com a Unio o domnio direto, procedimento que vem sendo adotado pelo rgo responsvel (SPU), pelo que nos parece no restar qualquer dvida sobre o dispositivo constitucional. Veja-se o texto legal:

    http://jus.com.br/imprimir/5855/regime-patrimonial-dos-terrenos-de-marinha 7/39

  • 13/4/2014 Regime patrimonial dos terrenos de marinha - Jus Navgandi - O site com tudo de Direito

    Lei 9.636/98

    Art. 12 - Observadas as condies previstas no 1 do art. 23 e resguardadas as situaes previstas no inciso I do art. 5 do Decreto-Lei n 2.398, de 1987, os imveis dominiais da Unio, situados em zonas sujeitas ao regime enfitutico, podero ser aforados, mediante leilo ou concorrncia pblica, respeitado, como preo mnimo, o valor de mercado do respectivo domnio til, estabelecido em avaliao de preciso, realizada, especificamente para esse fim, pela SPU ou, sempre que necessrio, pela Caixa Econmica Federal, com validade de seis meses a contar da data de sua publicao.

    3 - No sero objeto de aforamento os imveis que, por sua natureza e em razo de norma especial, so ou venham a ser considerados indisponveis e inalienveis.

    Cabe observar ainda que as demais marinhas, ou seja, as fluviais, lacustres ou insulares, quando situadas fora da faixa de segurana costeira, se submetem ao regime patrimonial comum s terras pblicas em geral. Vale dizer, quanto possibilidade de alienao, que, enquanto constituam bens dominicais, no afetados, portanto, ao servio pblico, no sendo bem de uso comum, e ainda, havendo oportunidade e convenincia administrativa, no h impedimento para sua alienao plena.

    Tem-se a impresso de que o legislador desejou dar um tratamento especial quelas marinhas situadas prximo ao mar ou, o que no impossvel, no atentou ao alcance da definio geogrfica do instituto.

    Intrigante que, se o legislador constitucional desejou reservar para a Unio a propriedade das marinhas situadas na orla, faixa de segurana, pela importncia que lhes tenha atribudo, devia autorizar apenas sua a cesso para uso em forma precria, tipo locao ou permisso de uso, o que manteria consigo a propriedade plena do imvel, mas a contrrio senso, determina a obrigatoriedade do aforamento, o que lhe retira considervel parcela da propriedade, constituindo direito real de terceiros sobre o bem. Lamentavelmente no consegui acessar os anais dos debates da constituinte, se que existe algo sobre este tema, de forma a permitir a interpretao histrica e teleolgica do preceito constitucional.

    Finalmente diga-se que possvel que as marinhas sejam usadas por terceiros atravs de outros instrumentos que no a enfiteuse, em casos excepcionais, por instrumentos administrativo de direito obrigacional, como veremos mais adiante.

    4.1 ENFITEUSE

    Consiste em direito real sobre coisa alheia, transmissvel por herana, sendo reconhecido pela doutrina como o mais amplo direito sobre propriedade alheia. O Cdigo Civil de 2002 vedou a criao de novas enfiteuses e subenfiteuses, sendo mantidas as existentes at sua extino. Em seu lugar instituiu o direito de superfcie, sem a perpetuidade, vedado o prazo indeterminado, mas transfervel a terceiros e, por morte do superficirio, aos seus herdeiros. Neste no poder ser estipulado pelo concedente qualquer pagamento de transferncia, a exemplo dos laudmios enfituticos. previsvel que a extino da enfiteuse venha ocorrer efetivamente, pois um outro dispositivo introduzido pelo estatuto civil de 2002 vedou a cobrana de laudmios sobre as benfeitorias, tornando, a longo prazo, desinteressante para o senhorio a manuteno do emprazamento, medida que reduziu significativamente suas receitas. Acredito que, por segurana jurdica, a vedao atinja apenas as novas benfeitorias.

    Os direitos reais inerentes propriedade podem ser desmembrados, de forma que possvel a alienao de suas fraes. Pelo instituto da enfiteuse, o direito de propriedade dividido em domnio til e domnio direto. O domnio til permite a seu titular o uso do imvel como se proprietrio fosse, restando ao titular apenas o direito ao recebimento do foro anual, laudmios e preferncia em eventual alienao do domnio til.

    Em termos de segurana patrimonial, sob o ngulo do foreiro, o aforamento juridicamente inferior propriedade plena, no tanto pelos laudmios e foros devidos, mas porque sujeito caducidade, ou seja, a consolidao do domnio pleno em favor do senhorio, pelo inadimplemento das penses anuais, se ocorrida por trs anos consecutivos ou quatro intercalados. Em outros casos, sujeitam-se os foreiros s mesmas vulnerabilidades do proprietrio pleno. Por exemplo, a mesma necessidade pblica que possa atingir o direito do foreiro, expropriando- o do domnio til, poder expropriar o titular do domnio pleno. O mesmo se diga quanto s obrigaes proper rem (v.g. impostos), e a submisso ao poder de polcia.

    4.2 A ENFITEUSE ESPECIAL

    a principal forma regular de uso dos terrenos de marinha. As modificaes trazidas pelo novo cdigo no afetaram a enfiteuse administrativa, regida pelo Decreto-lei 9.760/46 e leis modificadoras, que aplicada aos bens imveis da Unio. A enfiteuse administrativa diferencia-se da enfiteuse civil ou comum conforme quadro a seguir:

    http://jus.com.br/imprimir/5855/regime-patrimonial-dos-terrenos-de-marinha 8/39

  • 13/4/2014 Regime patrimonial dos terrenos de marinha - Jus Navigandi - O site com tudo de Direito

    QUADRO COMPARATIVO

    AFORAMENTO ESPECIAL (Dec-lei 9.760/46, 2.396/87 e Lei 9.636/98)

    AFORAMENTO CIVIL (CC 1916)

    Objeto Pode ser qualquer bem imvel da Unio.Terras no cultivadas, ou terrenos destinados edificao.

    ForoValor de 0,6% sobre o valor do domnio pleno do terreno, atualizado anualmente.

    estabelecido pelas partes.

    Laudmio 5% sobre o valor do terreno e benfeitorias.

    2,5% ou outro percentual estipulado no contrato sobre o valor do terreno (a incidncia sobre benfeitorias foi vedada no CC 2002).

    Remio

    Em se tratando de marinhas situadas na faixa de segurana da orla o resgate, vedado constitucionalmente. Nos demais casos far-se- mediante pagamento de 17% do valor do domnio pleno do terreno. A Unio pode indeferir o pedido.

    O resgate direito do foreiro, aps 10 anos de constitudo, mediante pagamento de 10 penses anuais e um laudmio.

    Transferncia Necessita de anuncia da Unio, atravs da SPU.

    transfervel a terceiros mediante simples aviso ao senhorio para que exera sua preferncia.

    Execuo de dvida

    Os dbitos relativos a foros e laudmios constituem dvida ativa da Unio, com as prerrogativas inerentes.

    A cobrana de dbitos segue o procedimento judicial comum.

    CaducidadeOcorre pelo no pagamento do foro 3 anos consecutivos ou 4 intercalados

    Ocorre pelo no pagamento do foro por 3 anos consecutivos

    Revigoramento direito do foreiro obter a revigorao solicitada no prazo de 90 dias depois de notificado da caducidade da enfiteuse, pagando os foros em atraso.

    O comisso extingue o aforamento sem direito a prazo para purgao da mora.

    ParmetroO domnio til representa 83% do domnio pleno, e domnio direto, 17%.

    Estabelecido pelas partes.

    4.3 CRITRIOS PARA AFORAMENTO

    Os critrios para alienao dos imveis da Unio esto contidos na Lei 9.636/ 98 [26] e no seu regulamento, Decreto 3.725 de 10-01-2001. So normas situadas no contexto poltico tendente desestatizao, com propsito de gerar rendas para a Unio e ao mesmo tempo extinguir a ocupao ilegal. No caso especifico dos terrenos de marinha, a forma de alienar o aforamento, por imperativo constitucional, como vimos. A mencionada lei inovou a

    http://jus.com.br/imprimir/5855/regime-patrimonial-dos-terrenos-de-marinha 9/39

  • 13/4/2014 Regime patrimonial dos terrenos de marinha - Jus Navigandi - O site com tudo de Direito

    administrao de imveis pblicos com procedimentos tais como, a delegao iniciativa privada de atividades de "fiscalizao" e "planejamento" de reas (art 4) e participao da iniciativa privada na arrecadao de receitas ou no produto da venda de terras pblicas ( 2, do art. 4).

    Diversas so as situaes jurdicas dos ocupantes dos terrenos de marinha, as quais resumi no quadro a seguir. As situaes descritas so as que conferem preferncia ao aforamento. Em qualquer caso so devidos o foro (penso anual) equivalente a 0,6% sobre o valor do terreno (atualizado) mais o laudmio de 5% sobre o valor do terreno e benfeitorias existentes, inclusive as realizadas pelo foreiro, nas transmisses entre vivos.

    CONSTITUIO DO AFORAMENTO [27]

    SITUAOFUNDAMENTOLEGAL

    VALOR OBS.

    OS QUE TIVEREM TTULO DE PROPRIEDADE DEVIDAMENTE TRANSCRITO NO REGISTRO DE IMVEIS

    ART 105, I, DEC-LEI 9.760/46 C/C ART 5 DEC- LEI 2.398/87 E ART 12 LEI 9.636/98

    ISENTO

    PRESUNO DE BOA-F [28].

    A ISENO FOI CONCEDIDA PELO DEC-LEI 2.398/87.

    OS QUE ESTEJAM NA POSSE DOS TERRENOS, COM FUNDAMENTO EM TTULOOUTORGADO PELOS ESTADOS OU MUNICPIOS

    ART 105, LL, DEC-LEI 9.760/46 C/C ART 5 DEC- LEI 2.398/87 E ART 12 LEI 9.636/98

    ISENTO

    PRESUNO DE BOA-F [29].

    A ISENO FOI CONCEDIDA PELO DEC-LEI 2.398/87.

    OS QUE, NECESSARIAMENTE, UTILIZAM OS TERRENOS PARA ACESSO S SUAS PROPRIEDADES.

    ART 105, LLI, DEC-LEI 9.760/46 C/C ART 5 DEC- LEI 2.398/87 E ART 12 LEI 9.636/98

    ISENTO

    A ISENO FOI CONCEDIDA PELO DEC-LEI 2.398/87.

    OS OCUPANTES INSCRITOS AT O ANO DE 1940.

    ART 105, IV, DEC-LEI 9.760/46 C/C ART 5 DEC- LEI 2.398/87 E ART 12 LEI 9.636/98

    ISENTOA ISENO FOI CONCEDIDA PELO DEC-LEI 2.398/87.

    http://jus.com.br/imprimir/5855/regime-patrimonial-dos-terrenos-de-marinha 10/39

  • 13/4/2014 Regime patrimonial dos terrenos de marinha - Jus Navgandi - O site com tudo de Direito

    OSCONCESSIONRIOS DE TERRENOS DE MARINHA, QUANTO AOS SEUS ACRESCIDOS, DESDE QUE ESTES NO POSSAM CONSTITUIR UNIDADES AUTNOMAS.

    ART 105, VI, DEC-LEI 9.760/46 C/C ART 5 DEC- LEI 2.398/87 E ART 12 LEI 9.636/98

    ISENTOA ISENO FOI CONCEDIDA PELO DEC-LEI 2.398/87.

    OS QUE NO TERRENO POSSUAM BENFEITORIAS, ANTERIORES AO ANO DE 1940, DE VALOR APRECIVEL EM RELAO AO DAQUELE.

    ART 105, VLI, DEC-LEI 9.760/46 C/C ART 5 DEC- LEI 2.398/87 E ART 12 LEI 9.636/98

    ISENTO

    CONSIDERA-SEVALORAPRECIVEL O QUECORRESPONDER A PELO MENOS METADE DO VALOR DO DOMNIO TIL DO TERRENO (DEC- LEI N 1.561/77 ART P. 1). A ISENO FOI CONCEDIDA PELO DEC-LEI 2.398/87.

    OS QUE TIVERAM DIREITOS REVIGORADOS. [3]

    ART 215 DEC- LEI 9.760/46 C/C ART 5 DEC-LEI 2.398/87 E ART 12 LEI 9.636/98

    ISENTO

    ANTERIORMENTE PEREMPTOS POR FORA DO DISPOSTO NOS ARTIGOS 20, 28 E 35 DO DECRETO- LEI N 3.438, DE 17-07-1941, E 7 DO DECRETO-LEI N 5.666, DE 15-071943. A ISENO FOI CONCEDIDA PELO DEC-LEI 2.398/87.

    PODER NO EXERCER A OPO DE AFORAMENTO E CONTINUAR OCUPANDO O IMVEL MEDIANTE CESSO

    http://jus.com.br/imprimir/5855/regime-patrimonial-dos-terrenos-de-marinha 11/39

  • 13/4/2014 Regime patrimonial dos terrenos de marinha - Jus Navgandi - O site com tudo de Direito

    OCUPAES EFETUADAS ANTES DA CF/88

    ADCT, ART. 49, PARGRAFO 2a E ART 17 CAPUT DA LEI 9.636/98

    ONEROSA DE USO. SE A UNIO, POR INTERESSE DE SERVIO PBLICO, CANCELAR A PERMISSO, O OCUPANTE NO TER

    DIREITO A INDENIZAO SOBRE AS BENFEITORIAS.

    OCUPAES EFETUADAS APS CF/88

    ADCT, ART. 49, PARGRAFO 2a E LEI

    9.636/98, ART 17 CAPUT E ART 2

    OCUPAO IRREGULAR, SUJEITA A MULTA DE 10% SOBRE O VALOR DO TERRENO POR ANO OU FRAO. SOMENTE PODER UTILIZAR O TERRENO SOB REGIME DE AFORAMENTO.

    OCUPANTE QUE EM 15/02/97 [31], TINHA MAIS DE UM ANO DE POSSE (MAS POSTERIOR CF/88)

    ART 13 DA LEI 9.636/98

    83 % DOVALORDOTERRENO

    TEM DIREITO DE PREFERNCIA AO AFORAMENTO PELO PREO MNIMO DE AVALIAO ADMINISTRATIVA PARA LEILO, FACILIDADES DE FINANCIAMENTO E INDENIZAO PELASBENFEITORIAS.

    OCUPANTE QUE EM 15/02/97 TINHA AT UM ANO DE POSSE[32]

    ARTIGO 15, CAPUT, PARGRAFOS 2 E 4 DA LEI N 9.636/98.

    83 % DOVALORDOTERRENO

    TEM DIREITO DE PREFERNCIA AO AFORAMENTO PELO MESMO VALOR OBTIDO EM LICITAO E INDENIZAO PELASBENFEITORIAS.

    IMPRESSIONANTE NOTAR A SEMELHANA ENTRE O DECRETO-LEI 3.438/41 E A LEI 9.636/98. EM AMBOS DIPLOMAS SENTE-SE O NIMO DO LEGISLADOR EM PR FIM AO TUMULTO LEGAL E ADMINISTRATIVO QUE S SUAS POCAS PAIRAVAM SOBRE O ASSUNTO. DEMONSTRAM IMPULSOS QUE SE DILUEM NO TEMPO, DEVIDO S DIFICULDADES DE GERENCIAMENTO DO INSTITUTO.

    http://jus.com.br/imprimir/5855/regime-patrimonial-dos-terrenos-de-marinha 12/39

  • 13/4/2014 Regime patrimonial dos terrenos de marinha - Jus Navigandi - O site com tudo de Direito

    O AFORAMENTO DE REGRA CONCEDIDO MEDIANTE PAGAMENTO DO VALOR CORRESPONDENTE AO DOMNIO TIL, QUE EQUIVALE A 83% [33] DO VALOR DO IMVEL. SO ABSTRADAS DESTE VALOR AS BENFEITORIAS REALIZADAS PELO OCUPANTE. AS CONDIES PARA O AFORAMENTO, NA FORMA FINANCIADA, ESTO PREVISTAS NA LEI 9.636/98, ART 14:

    II - A PRAZO, MEDIANTE PAGAMENTO, NO ATO DA ASSINATURA DO CONTRATO DE AFORAMENTO, DE ENTRADA MNIMA DE 10% (DEZ POR CENTO) DO PREO, A TTULO DE SINAL E PRINCPIO DE PAGAMENTO, E DO SALDO EM AT CENTO E VINTE PRESTAES MENSAIS E CONSECUTIVAS, DEVIDAMENTE ATUALIZADAS, OBSERVANDO-SE, NESTE CASO, QUE O TRMINO DO PARCELAMENTO NO PODER ULTRAPASSAR A DATA EM QUE O ADQUIRENTE COMPLETAR OITENTA ANOS DE IDADE.

    A LEI ESTABELECEU REGRAS DIFERENCIADAS PARA FAMLIAS DE BAIXA RENDA E CARENTES. A FAMLIA DE BAIXA RENDA DEFINIDA NO REGULAMENTO DA LEI COMO AQUELA CUJA RENDA FAMILIAR FOR IGUAL OU INFERIOR AO VALOR CORRESPONDENTE A OITO SALRIOS MNIMOS, ACRESCIDO DE UM QUINTO DO SALRIO MNIMO POR DEPENDENTE QUE COM ELA COMPROVADAMENTE RESIDA, AT O MXIMO DE CINCO DEPENDENTES. A FAMLIA CARENTE AQUELA COM RENDA FAMILIAR IGUAL OU INFERIOR AO VALOR CORRESPONDENTE A TRS SALRIOS MNIMOS, ACRESCIDO DO EQUIVALENTE A UM QUINTO DO SALRIO MNIMO POR DEPENDENTE QUE COM ELA RESIDA, AT O MXIMO DE CINCO DEPENDENTES.

    PARA FAMLIAS DE BAIXA RENDA O PAGAMENTO SER EFETIVADO MEDIANTE UM SINAL DE, NO MNIMO, CINCO POR CENTO DO VALOR DA AVALIAO, PERMITIDO O PARCELAMENTO DESTE SINAL EM AT DUAS VEZES E DO SALDO EM AT TREZENTAS PRESTAES MENSAIS E CONSECUTIVAS, OBSERVANDO-SE, COMO MNIMO, A QUANTIA CORRESPONDENTE A TRINTA POR CENTO DO VALOR DO SALRIO MNIMO VIGENTE. QUANDO O AFORAMENTO SE DESTINAR A FAMLIAS CARENTES, SER DISPENSADO SINAL, E O VALOR DA PRESTAO NO PODER SER SUPERIOR A TRINTA POR CENTO DA RENDA FAMILIAR DO BENEFICIRIO, OBSERVANDO-SE, COMO VALOR MNIMO, AQUELE CORRESPONDENTE AO CUSTO DO PROCESSAMENTO DA RESPECTIVA COBRANA.

    OS POSSUIDORES DO TERRENO DESDE 15/02/1996, COM REGISTRO JUNTO SPU, TM PREFERNCIA E FACILIDADE DE FINANCIAMENTO PARA O AFORAMENTO. MAS NO TM O DIREITO DE PERMANECER NO IMVEL CASO NO ADIRAM AO AFORAMENTO, QUANDO FOR PROMOVIDO EX OFFICIO PELA UNIO (SPU). NESSA SITUAO SER OFERECIDO A TERCEIROS, MEDIANTE LICITAO. TERO, ENTRETANTO, DUAS OPORTUNIDADES PARA MANIFESTAREM SUA ADESO AO AFORAMENTO. INICIALMENTE, QUANDO NOTIFICADO PARA TANTO, ANTES DO EDITAL DE LICITAO, DEFINIDA A AVALIAO EM LAUDO DA SPU. POSTERIORMENTE, EM AT 48 HORAS APS A DIVULGAO DO RESULTADO DO JULGAMENTO DA LICITAO; AGORA, NO MAIS PELO VALOR DA AVALIAO INICIAL, MAS AO PREO OFERTADO PELO VENCEDOR DO CERTAME. CASO SEJA O IMVEL ALIENADO A TERCEIROS O VALOR DAS BENFEITORIAS EXISTENTES NO TERRENO SER REPASSADO AO ANTIGO OCUPANTE NA MESMA MEDIDA EM QUE O VENCEDOR DA LICITAO FOR REALIZANDO OS PAGAMENTOS. J AOS OCUPANTES POSTERIORES A 15/02/96, RESTA-LHES APENAS A PREFERNCIA NO AFORAMENTO E A INDENIZAO POR BENFEITORIAS. QUANDO A MQUINA ADMINISTRATIVA, E X OFFICIO, INDEPENDENTE DE DECLARAO DE UTILIDADE PBLICA, ACHAR QUE A VEZ DE REGULARIZAR A OCUPAO PELO AFORAMENTO, NO LHES RESTAR OUTRA ALTERNATIVA SENO EXERCER SUA PREFERNCIA, ARREMATANDO O DOMNIO TIL PELO PREO OBTIDO PELA ADMINISTRAO NO PROCESSO LICITATRIO.

    http://jus.com.br/imprimir/5855/regime-patrimonial-dos-terrenos-de-marinha 13/39

  • 13/4/2014 Regime patrimonial dos terrenos de marinha - Jus Navgandi - O site com tudo de Direito

    O "DIVISOR DE GUAS" MARCADO EM 15/02/96, RESULTA DE UMA DISCRICIONARIEDADE ADMINISTRATIVA, QUE, POR MEIO DE MEDIDA PROVISRIA, TRANSFORMADA NA LEI 9.636/98, INOVOU O ORDENAMENTO, ESTABELECENDO TAL LIMIAR. OCORREU QUE APS A PROMULGAO DA VIGENTE CARTA MAIOR, NO SE PODERIAM MAIS CONCEDER PERMISSES DE USO SOBRE TERRENOS DE MARINHA. TAL PRTICA, ENTRETANTO, MANTEVE-SE: CADASTRAMENTOS FORAM-SE EFETIVANDO JUNTO AO RGORESPONSVEL, COM APARNCIA DE NEGCIO JURDICO REGULAR. ACERTADAMENTE, A CITADA MEDIDA PROVISRIA, ESTANCOU O PROCEDIMENTO CONSTITUCIONALMENTE REPROVADO. ESTABELECEU PRAZO AOS QUE J ESTAVAM EM POSSE DOS TERRENOS A MAIS DE ANO NA DATA DA SUA EDIO PARA QUE EFETIVASSEM O CADASTRAMENTO (TALVEZ A O CRITRIO DE POSSE VELHA E POSSE NOVA, DO CDIGO CIVIL). INEXPLICVEL, ENTRETANTO, FOI O TRATAMENTO DADO AOS TITULADOS COM AUTORIZAES, PERMISSES, ENFIM, REGULARMENTE CADASTRADOS ANTES DA CF/88, NO TOCANTE AO DIREITO POR INDENIZAES POR BENFEITORIAS REALIZADAS. A ESSES NO RESTOU ASSEGURADO O DIREITO A TAIS INDENIZAES QUANDO FOREM DESAPROPRIADOS. LEMBREMOS QUE ESTAS PODEM CONSTITUIR-SE NO VALOR PRINCIPAL DO IMVEL. A CF/88 ASSEGURA, A PAR DA OBRIGATORIEDADE DA ENFITEUSE AOS TERRENOS DE MARINHA NAS CONDIES CITADAS, O DIREITO MANUTENO DO STATUS QUO ANTERIOR, IN VERBIS, "OS DIREITOS DOS ATUAIS OCUPANTES INSCRITOS FICAM ASSEGURADOS PELA APLICAO DE OUTRA MODALIDADE DE C O N T R A T O APENAS A DECLARAO DE UTILIDADE PBLICA, POIS, COMO DE RESTO A QUALQUER OUTRO IMVEL, TEM FORA PARA DESALOJAR O POSSUIDOR, MAS SEMPRE MEDIANTE INDENIZAO. INEXPLICVEL, PORTANTO, A VIOLNCIA JURDICA QUE QUER A LEI PERPETRAR CONTRA OS POSSUIDORES MAIS ANTIGOS, RESSALTE-SE, REGULARIZADOS JUNTO ADMINISTRAO.

    4.4 EXTINO, COMISSO E REMIO [34]

    A EXTINO DO AFORAMENTO EST PREVISTA NO DEC-LEI 9760/46, QUE ENUMERA SUAS HIPTESES, COM AS QUAIS SE CONSOLIDA A PROPRIEDADE COM UM S TITULAR:

    ART. 103. O AFORAMENTO SE EXTINGUIR POR INADIMPLEMENTO DE CLUSULA CONTRATUAL, POR ACORDO ENTRE AS PARTES, OU, A CRITRIO DO PRESIDENTE DA REPBLICA, POR PROPOSTA DO MINISTRIO DA FAZENDA, PELA REMIO DO FORO NAS ZONAS ONDE NO MAIS SUBSISTAM OS MOTIVOS DETERMINANTES DA APLICAO DO REGIME ENFITUTICO.

    A PARTE INICIAL DO ARTIGO CORRESPONDE PENA DE COMISSO, CONSISTINDO NA PERDA DO DOMNIO TIL POR INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAES. DE MAIOR INTERESSE A INADIMPLNCIA, O QUE S SE CONFIGURA PELO NO PAGAMENTO DO FORO POR TRS ANOS CONSECUTIVOS OU QUATRO INTERCALADOS, AINDA ASSIM SEM A REVIGORAO PERMITIDA A QUEM REQUERER NO PRAZO LEGAL, ALM DO NECESSRIO RECONHECIMENTO DA REFERIDA CONDIO. QUANTO A ISSO, ASSIM TEM ENTENDIDO O SUPREMO, CONFORME VERBETES DE SMULA 169 E 122, RESPECTIVAMENTE: "A APLICAO DA PENA DE COMISSO DEPENDE DE SENTENA"; E "O ENFITEUTA PODE PURGAR A MORA ENQUANTO NO DECRETADO O COMISSO POR SENTENA". NO PODERIA SER DE OUTRA FORMA, POIS SE TRATANDO DE DIREITO REAL INCIDENTE SOBRE IMVEL, SER NECESSRIO O CANCELAMENTO DO GRAVAME JUNTO AO REGISTRO PBLICO COMPETENTE, E PARA TAL, A COMPROVAO JUDICIAL DO FATO.

    http://jus.com.br/imprimir/5855/regime-patrimonial-dos-terrenos-de-marinha 14/39

  • 13/4/2014 Regime patrimonial dos terrenos de marinha - Jus Navigandi - O site com tudo de Direito

    A PARTE FINAL DO ARTIGO CORRESPONDE UMA SEGUNDA FORMA DE EXTINO DO AFORAMENTO. A REMIO (RESGATE) CONSISTE EM CONSOLIDAR COM O TITULAR DO DOMNIO TIL O DOMNIO PLENO, MEDIANTE AQUISIO DO DOMNIO DIRETO. ENTRETANTO AOS TERRENOS DE MARINHA SITUADOS NA FAIXA DE SEGURANA DA COSTA MARTIMA VEDADA A REMIO. AOS DEMAIS PERMITIDA, COM O PAGAMENTO DE 17% DO VALOR DO TERRENO, CORRESPONDENTE AO DOMNIO DIRETO.

    A DOUTRINA ENUMERA AINDA COMO CAUSAS DE EXTINO DO AFORAMENTO O DESAPARECIMENTO DO BEM (POSSVEL, P. EX., QUANDO O TERRENO FOR TOMADO PELO MAR), PELO ACORDO ENTRE AS PARTES (13:546), E, LEMBRO AINDA, QUANDO OCORRER A DESAPROPRIAO DO DOMNIO TIL PELO SENHORIO DIRETO.

    4.5 USO POR TERCEIROS

    OS TERRENOS DE MARINHA, QUANTO AO USO, COMO DE REGRA TODOS OS DEMAIS BENS IMVEIS DA UNIO, APENAS QUANDO CLASSIFICADOS COMO BEM DOMINIAL PODERO SER CEDIDOS PARA USO COM EXCLUSIVIDADE POR TERCEIROS.

    O USO IRREGULAR, EM FACE DA SUA NOTRIA OCORRNCIA, DEVE SER COMENTADO. TRATA-SE DA OCUPAO ILCITA, DESAUTORIZADA, TAMBM CONHECIDA POR "INVASO". O OCUPANTE COMETE O ESBULHO POSSESSRIO CONTRA A UNIO, MERC DA PASSIVIDADE DA ADMINISTRAO, MAS FICA SUJEITO S PENALIDADES. H PREVISO LEGAL, MEDIDA PROVISRIA 2.220 DE 4/9/2001 [35], EM CARTER ASSISTENCIAL, PARA CONCESSO DE "DIREITO REAL DE USO ESPECIAL PARA FINS DE MORADIA", COM REGISTRO EM CARTRIO DE REGISTRO DE IMVEIS, RESOLVEL QUANDO NO APLICADO AO FIM A QUE SE DESTINA, SUCESSVEL, DESTINADO A FAMLIAS DE BAIXA RENDA, COM ISENO DE TAXA DE OCUPAO, MAS SOMENTE PARA OCUPAES COM MAIS DE CINCO ANOS EM 05.06.2001. EMBORA SEM REFERNCIA AOS TERRENOS DE MARINHA, DEVEMOS ENTENDER QUE A ELES APLICVEL, CASO NO SEJAM SITUADOS NA FAIXA DE SEGURANA DA ORLA, ONDE O AFORAMENTO OBRIGATRIO, EXCEO DAS SITUAES CONSTITUDAS ANTES DA CF/88.

    A CESSO ONEROSA DE USO, GNERO DO QUAL A PERMISSO DE USO ESPCIE, FORMA RESIDUAL PARA USO DOS TERRENOS DE MARINHA, SITUADOS NA ORLA, SENDO A REGRA O AFORAMENTO [36]. SUBSISTE PARA CASOS ESPECIAIS, CONSTITUDOS ANTES DA CF/88, APENAS DESCONSTITUVEIS POR NECESSIDADE PBLICA, OU SE CONSTITUDOS AT 15/02/97, ENQUANTO O IMPULSO OFICIAL NO INICIAR O PROCESSO DE AFORAMENTO. NO SENDO SITUADO NA ORLA, EM FAIXA DE SEGURANA, O AFORAMENTO NO OBRIGATRIO, SEGUINDO O REGIME DOS DEMAIS BENS IMVEIS DA UNIO. DEVE-SE OBSERVAR O QUADRO A SEGUIR:

    CESSO ONEROSA DE USO [37]

    SITUAOTAXA DE OCUPAO (ANUAL)/ OBS

    REF. LEGAL

    OCUPANTE INSCRITO AT 30/09/88

    2 % SOBRE O VALOR DO TERRENO

    DEC-LEI N 2.398, DE 21.12.87, a r t 1 - I

    http://jus.com.br/imprimir/5855/regime-patrimonial-dos-terrenos-de-marinha 15/39

  • 13/4/2014 Regime patrimonial dos terrenos de marinha - Jus Navgandi - O site com tudo de Direito

    OCUPANTE 5 % SOBRE OINSCRITO APS VALOR DO DEC-LEI N 2.398, DE

    30/09/88 TERRENO 21.12.87, a r t 1 - II

    EM TODAS AS SITUAES, INCIDE LAUDMIO DE 5% SOBRE O VALOR DO TERRENO E BENFEITORIAS (DEC-LEI N 2.398, DE 21.12.87, ART 3) NAS TRANSFERNCIAS ENTRE VIVOS.

    OUTRA FORMA PREVISTA A CESSO DE USO (ART 18, LEI 9.636/98) PARA PROJETOS DE INTERESSE PBLICO OU SOCIAL, A ESTADOS, MUNICPIOS E PESSOAS JURDICAS OU FSICAS, EM CONDIES ESPECIAIS, INCLUSIVE GRATUITA, E A CESSO DE USO COMO DIREITO REAL RESOLVEL, PARA OS MESMOS FINS, PARGRAFO 1 MESMO ARTIGO, FAZENDO REMISSO AO DECRETO-LEI 271/67 [38]. ENTRETANTO, TAL FORMA DE CESSO SOMENTE PODE SER APLICADA AOS TERRENOS DE MARINHA QUANDO ADMITIDA ANTERIORMENTE CF/88, OU NO SITUADOS NA FAIXA DE SEGURANA DA ORLA.

    A LOCAO (ART 86 DEC-LEI 9.760/46), MAIS FREQENTE PARA OS PRPRIOS NACIONAIS UTILIZADOS POR SERVIDORES, CONTRATO MAIS APROPRIADO RELAO ENTRE PARTICULARES. EFETIVAMENTE TEM-SE UTILIZADO A FORMA PERMISSO DE USO, INSTRUMENTO TPICO DO DIREITO ADMINISTRATIVO. ALIS, O PRPRIO DEC-LEI EXCLUI, PARA O CASO, A APLICAO DAS LEIS CONCERNENTES LOCAO CIVIL, PARECENDO QUE O LEGISLADOR DE 46 USOU TERMINOLOGIA NO APROPRIADA ATUALMENTE. NESTE SENTIDO A EXPLICAO DE H.L. MEIRELLES, CITADA POR GASPARINI (13:543).

    PREVISTA AINDA A PERMISSO DE USO (ART 22, LEI 9.636/98), A TTULO PRECRIO, PARA EVENTOS DE CURTA DURAO.

    MESMO QUANDO ALIENADAS OU CEDIDAS, AS MARINHAS SUBMETEM-SE AO PLANO NACIONAL DE GERENCIAMENTO COSTEIRO DA LEI N 7.661/88, CONFORME PARGRAFO NICO DO ART. 2:

    "PARA OS EFEITOS DESTA LEI, CONSIDERA-SE ZONA COSTEIRA O ESPAO GEOGRFICO DE INTERAO DO AR, DO MAR E DA TERRA, INCLUINDO SEUS RECURSOS RENOVVEIS OU NO, ABRANGENDO UMA FAIXA MARTIMA E OUTRA TERRESTRE, QUE SERO DEFINIDAS PELO PLANO".

    NO CUSTA LEMBRAR TAMBM A SUA SUBMISSO S POSTURAS MUNICIPAIS.

    A REALIZAO DE ATERROS PARA A FORMAO DE ACRESCIDOS DE MARINHA SEM AUTORIZAO IMPORTA NA REMOO DO ATERRO E DEMOLIO DAS EVENTUAIS BENFEITORIAS CONTA DE QUEM AS HOUVER EFETUADO E NA APLICAO DE MULTA, DE R$ 30,00 (TRINTA REAIS), POR MS, (ATUALIZADA ANUALMENTE) [39], PARA CADA METRO QUADRADO DE REA ATERRADA.

    4.6 TRANSFERNCIA

    A TRANSFERNCIA DE DIREITOS DE USO, TANTO NA FORMA DE AFORAMENTO, QUANTO NA FORMA DE CESSO DE USO REQUEREM ANUNCIA PRVIA DA UNIO, MANIFESTADA POR CERTIDO AUTORIZATIVA EMITIDA PELA SPU.

    EXIGE O DEC-LEI 2.398/87 ART 3, CAPUT, O PAGAMENTO DO LAUDMIO CORRESPONDENTE A 5% SOBRE O VALOR DO TERRENO E BENFEITORIAS. A INCIDNCIA DE LAUDMIOS SOBRE BENFEITORIAS FOI VEDADA PELO CDIGO CIVIL DE 2002, A MEU VER,

    http://jus.com.br/imprimir/5855/regime-patrimonial-dos-terrenos-de-marinha 16/39

  • 13/4/2014 Regime patrimonial dos terrenos de marinha - Jus Navgandi - O site com tudo de Direito

    UMA MEDIDA DE JUSTIA, UMA VEZ QUE REPRESENTA UM ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA PARA O "NU PROPRIETRIO", POIS, SE AS BENFEITORIAS FORAM REALIZADAS PELO FOREIRO, NO H JUSTIA EM FAZER INCIDIR SOBRE ELAS O LAUDMIO, PROPORCIONANDO GANHO SEM MRITO PARA O SENHORIO. MAS TAL DISPOSITIVO NO AFETOU A ENFITEUSE APLICADA SOBRE BENS PBLICOS E POR ISSO A UNIO CONTINUA A FAZER TAL EXIGNCIA.

    CONSIDERANDO QUE O LAUDMIO NO UM TRIBUTO (ESTE SIM, COBRVEL NA FORMA QUE A LEI DETERMINAR, EM RAZO DA SOBERANIA DO ENTE PBLICO), MAS UMA RELAO CONTRATUAL, DE DIREITO OBRIGACIONAL, NA QUAL O ENTE PBLICO PARTICIPA NA CONDIO DE CONTRATANTE E COMO TAL SUJEITO AOS PRINCPIOS GERAIS DOS CONTRATOS, PENSO SER TAL DISPOSITIVO QUESTIONVEL EM FACE DO NOVO ORDENAMENTO TRAZIDO PELO CDIGO DE 2002.

    QUANDO SE TRATAR DE TRANSFERNCIA DE DOMNIO TIL NECESSRIO O REGISTRO DA ESCRITURA NO CARTRIO DE REGISTRO DE IMVEIS. O ADQUIRENTE DEVER REQUERER JUNTO A UNIO (SPU) A TRANSFERNCIA PARA SEU NOME DAS OBRIGAES ENFITUTICAS, NO PRAZO NO PRAZO DE SESSENTA DIAS SOB PENA DE MULTA DE 0,05%, POR MS OU FRAO, SOBRE O VALOR DO TERRENO E BENFEITORIAS NELES EXISTENTES (ART 3 5 DEC-LEI 2.398/87). MEDIDA DE CONTROLE ADMINISTRATIVO IMPOSTA, EMBORA TAL OBRIGAO PUDESSE RECAIR, SEM DIFICULDADES, SOBRE O CARTRIO ONDE SE FEZ O REGISTRO.

    4.7 DESAPROPRIAO POR OUTROS ENTES FEDERATIVOS

    POSSVEL QUE O ESTADO OU MUNICPIO, HAVENDO INTERESSE PBLICO, VENHAM A DESAPROPRIAR O DOMNIO TIL DE UM TERRENO DE MARINHA AFORADO PELA UNIO A TERCEIRO, POIS O DESAPROPRIADO O TERCEIRO, NO A UNIO. O QUE NOS EXPLICA GASPARINI:

    "O DOMNIO TIL OBTIDO PERPETUAMENTE PELO FOREIRO UM BEM SUSCETVEL DE VALORAO ECONMICA. SENDO ASSIM, PODE SER DESAPROPRIADO. TODOS OS BENS PODEM SER EXPROPRIADOS. O QUE ESTABELECE O DECRETO-LEI N. 3.365/41 (LEI DA DESAPROPRIAO). DE FATO, PRESCREVE SEU ART. 2.0 QUE, "MEDIANTE DECLARAO DE UTILIDADE PBLICA, TODOS OS BENS PODERO SER DESAPROPRIADOS PELA UNIO, PELOS ESTADOS, MUNICPIOS, DISTRITO FEDERAL E TERRITRIOS". ESSE DIPLOMA LEGAL NO FAZ RESTRIO DESAPROPRIAO DO DOMNIO TIL OU DOS DIREITOS DO FOREIRO, SEGUINDO-SE DA A POSSIBILIDADE EXPROPRIATRIA POR QUEM QUER QUE SEJA QUE TENHA INTERESSE NESSE DOMNIO." (13:551)

    QUANTO NECESSIDADE DE AUTORIZAO DA UNIO PARA QUE OCORRA A DESAPROPRIAO POR OUTRO ENTE FEDERATIVO, O MESMO INSIGNE MESTRE ESCLARECE:

    "A EXPROPRIAO INDEPENDE DE QUALQUER ASSENTIMENTO DO DPU, POR NO SE TRATAR DE ALIENAO OU TRANSFERNCIA DESSES DIREITOS, POR ATO ENTRE VIVOS. S OS ATOS ENTRE VIVOS QUE TRANSMITIREM OS DIREITOS DOS FOREIROS DEMANDAM A ANUNCIA DESSE RGO FEDERAL (ARTS. 102 E 112). NA DESAPROPRIAO, O FOREIRO NO ALIENA, NO TRANSMITE; SIMPLESMENTE PERDE SEUS DIREITOS POR ATO DO PODER PBLICO". (ID, IBID)

    NO MESMO SENTIDO O PENSAMENTO DE CELSO BANDEIRA DE MELO QUE RESSALVA A POSSIBILIDADE DO MUNICPIO SOLICITAR DA UNIO SEU ASSENTIMENTO (19:49). PENSO, COM A MXIMA VNIA DOS INSIGNES MESTRES, QUE NO H QUE SE FALAR EM AUTORIZAES OU CONSENTIMENTOS ENTRE OS ENTES FEDERATIVOS. H, NO CASO,

    http://jus.com.br/imprimir/5855/regime-patrimonial-dos-terrenos-de-marinha 17/39

  • 13/4/2014 Regime patrimonial dos terrenos de marinha - Jus Navigandi - O site com tudo de Direito

    COMPETNCIAS CONCORRENTES A SEREM EXERCIDAS COM RELAO A UM MESMO IMVEL, V.G., DEFESA E URBANIZAO. POR NECESSIDADE DE COORDENAO DAS ATIVIDADES PBLICAS, MANDATRIA A COMUNICAO ENTRE ELES, PELOS PRINCPIOS GERAIS DA ADMINISTRAO PBLICA. EMERGINDO UM CONFLITO DE INTERESSES A SOLUO DEVER SURGIR SEGUNDO O INTERESSE PBLICO MAIS RELEVANTE A PROTEGER, SENDO COMPETNCIA ORIGINRIA DO STF (ART 102-F DA CF) DIRIMIR CONFLITOS ENTRE A UNIO E OS ESTADOS. SENDO O CONFLITO ENTRE A UNIO E MUNICPIO, A COMPETNCIA RECAI SOBRE OS JUZES FEDERAIS (ART 109-I DA CF, QUE ATRIBUI COMPETNCIA GENRICA PARA CAUSAS ENVOLVENDO INTERESSES DA UNIO), COM INSTNCIA RECURSAL NOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS (ART 108-II DA CF).

    4.9 TRIBUTAO, DECADNCIA E PRESCRIO

    A TRIBUTAO SOBRE A PROPRIEDADE URBANA INCIDE APENAS SOBRE O DOMNIO TIL, FICANDO O MUNICPIO SEM TRIBUTAR O DOMNIO DIRETO, EM RAZO DA IMUNIDADE RECPROCA ENTRE OS ENTES FEDERATIVOS. OBSERVE-SE QUE, SE DE UM LADO O FOREIRO PAGA MENOS IPTU, POR NO POSSUIR A PROPRIEDADE PLENA, POR OUTRO, PAGA O FORO, PELO USO DO BEM DA UNIO. IGUALMENTE NAS TRANSMISSES ENTRE VIVOS, O IMPOSTO MUNICIPAL INCIDIR TO SOMENTE SOBRE O DOMNIO TIL TRANSFERIDO. O MESMO OCORRE COM RELAO AO TRIBUTO DE COMPETNCIA DO ESTADO, INCIDENTE SOBRE A TRANSFERNCIA CAUSA MORTIS E O TRIBUTO DA COMPETNCIA DA UNIO, INCIDENTE SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL. A BASE DE CLCULO EM TODOS ELES SER APENAS SOBRE O VALOR DO DOMNIO TIL, DE RESPONSABILIDADE DO FOREIRO, FICANDO IMUNE O DOMNIO DIRETO.

    O FORO, O LAUDMIO E A TAXA DE OCUPAO NO SO TRIBUTOS, RECEITAS DERIVADAS, MAS SIM RECEITAS ORIGINRIAS, S QUAIS A UNIO TEM DIREITO EM RAZO DO USO POR TERCEIROS DE SEUS BENS IMVEIS. NO ESTO SUJEITOS, PORTANTO, S NORMAS DO CDIGO TRIBUTRIO NACIONAL.

    SO TTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS [40]. A DECADNCIA E A PRESCRIO DO CRDITO DE NATUREZA PATRIMONIAL ESTO REGULAMENTADAS NO ARTIGO 47 DA LEI 9.636/98. O PRAZO PARA CONSTITUIR O CRDITO, MEDIANTE LANAMENTO, DE NATUREZA DECADENCIAL, DE DEZ ANOS, RETROAGINDO AT CINCO ANOS. UMA VEZ CONSTITUDO, SE SUBMETER AO PRAZO PRESCRICIONAL DE CINCO ANOS PARA A SUA EXIGNCIA. A COBRANA PROCESSA-SE PELA VIA ADMINISTRATIVA, E QUANDO NO ATENDIDA D MOTIVO INSCRIO DO DEVEDOR NO CADIN (CADASTRO INFORMATIVO DOS CRDITOS NO QUITADOS DE RGOS E ENTIDADES FEDERAIS). VENCIDO O TRMITE ADMINISTRATIVO, O CREDITO PATRIMONIAL INSCRITO NA DVIDA ATIVA DA UNIO, CUJA CERTIDO CONSTITUI TITULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL, DOCUMENTO NECESSRIO AO AJUIZAMENTO DA EXECUO FISCAL.

    4.10 REGISTRO PBLICO

    APENAS O AFORAMENTO REGISTRADO EM CARTRIO DE REGISTRO DE IMVEIS, POR SER DIREITO REAL, OPONVEL ERGA OMNES. AS CESSES DE USO SO REGISTRADAS APENAS JUNTO A SPU, E CONSTITUEM INSTRUMENTO DE DIREITO ADMINISTRATIVO DE CARACTERSTICA CONTRATUAL MANTIDO ENTRE O PARTICULAR E A UNIO. A EXISTNCIA DO REGISTRO EM CARTRIO DE IMVEIS CONFERE VALOR ECONMICO SIGNIFICATIVO AO DIREITO SOBRE O IMVEL. O REGISTRO NO CARTRIO DE IMVEIS O QUE DIFERENCIA O OCUPANTE DO FOREIRO. O DEC-LEI 2.398/87 VEIO A IMPOR MAIORES PRECAUES PARA O REGISTRO DE IMVEIS DA UNIO DE FORMA A EVITAR QUE TERCEIROS DE BOA-F SEJAM PREJUDICADOS. DIZ O ART. 3 PARGRAFO 2:

    http://jus.com.br/imprimir/5855/regime-patrimonial-dos-terrenos-de-marinha 18/39

  • 13/4/2014 Regime patrimonial dos terrenos de marinha - Jus Navgandi - O site com tudo de Direito

    "OS REGISTROS DE IMVEIS, SOB PENA DE RESPONSABILIDADE DO RESPECTIVO TITULAR, NO REGISTRARO ESCRITURAS RELATIVAS A BENS IMVEIS DE PROPRIEDADE DA UNIO OU QUE CONTENHAM, AINDA QUE PARCIALMENTE, TERRENO DA UNIO:

    A) SEM PROVA DO PAGAMENTO DO LAUDMIO;

    B) SE O IMVEL ESTIVER SITUADO EM ZONA QUE HOUVER SIDO DECLARADA DE INTERESSE DO SERVIO PBLICO EM PORTARIA DO DIRETOR-GERAL DO SERVIO DO PATRIMNIO DA UNIO; "

    TM-SE NOTCIAS DE REGISTROS EM CARTRIO DE IMVEIS DE OCUPAES AUTORIZADAS, MAS TAL REGISTRO NO TEM RESPALDO NO DECRETO-LEI 9.760/46, QUE S PREV ESSE REGISTRO EM CARTRIO DE IMVEIS NOS CASOS DE AFORAMENTO. A LEI DE REGISTROS PBLICOS (LEI 6.015/73), PREV APENAS O REGISTRO DA ENFITEUSE (ART 167,I, 10), MAS OMISSA QUANTO A OCUPAO AUTORIZADA. SENDO NUMERUS CLAUSUS, CONCLUMOS QUE PROCEDE ERRONEAMENTE O TABELIO QUE EFETUA TAL ASSENTAMENTO.

    A EXISTNCIA DO REGISTRO PBLICO CONFERE SOLIDEZ AO DIREITO SOBRE O DOMNIO TIL QUE SE TORNA DESAPROPRIVEL APENAS POR DECRETAO DE UTILIDADE PBLICA TAL QUAL OCORRE COM A PROPRIEDADE PLENA. A MERA CESSO DE USO, OCUPAO AUTORIZADA, TITULO PRECRIO, REVOGVEL UNILATERALMENTE PELA UNIO.

    4.11 AES POSSESSRIAS

    NOSSO ORDENAMENTO CONSIDERA POSSUIDOR AQUELE QUE TEM DE FATO O EXERCCIO DE ALGUNS PODERES INERENTES PROPRIEDADE (JUS UTENDI, JUS FRUENDI, JUS ABUTENDI, JUS REIVIDICATIO). A POSSE PRODUZ EFEITOS LEGAIS, DENTRE ELES O DIREITO PROTEO JURDICA, NECESSRIA PACIFICAO SOCIAL, POR MEIO DAS AES POSSESSRIAS DE MANUTENO NA POSSE, NO CASO DE TURBAO, DE REINTEGRAO NA POSSE, NO CASO DE ESBULHO, DENTRE OUTRAS. OUTRO EFEITO JURDICO DA POSSE A USUCAPIO. ESSE DIREITO, ENTRETANTO, NO APLICVEL AOS TERRENOS DE MARINHA, POR SEREM BENS PBLICOS E COMO TAL IMPRESCRITVEIS, POR DISPOSIO CONSTITUCIONAL, EMBORA O TITULAR DE USO PRIVATIVO POSSA PROPOR AO POSSESSRIA CONTRA TERCEIROS.

    A COMPETNCIA JURISDICIONAL PARA SOLUO DAS LIDES REFERENTES POSSE EM TERRENOS DE MARINHA DA JUSTIA FEDERAL, POR ENVOLVER INTERESSE DA UNIO. ENTRETANTO J SE DECIDIU QUE, HAVENDO LITGIO ENTRE TERCEIROS, NO SE QUESTIONANDO O DOMNIO DA UNIO, A COMPETNCIA DA JUSTIA COMUM. O QUE CONSTA DOS ACRDOS DO STF A SEGUIR TRANSCRITOS:

    ACRDO CC 16967/AL; CONFLITO DE COMPETNCIA 1996/0024210-0 DATA: 09/12/1996 RELATOR MIN. RUY ROSADO DE AGUIAR.

    EMENTA: CONFLITO DE COMPETNCIA. UNIO. AO POSSESSRIA. TERRENO DA MARINHA. E DA JUSTIA ESTADUAL A COMPETNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR A AO POSSESSRIA SOBRE TERRENO DE MARINHA, NO ESTANDO EM CAUSA O DOMNIO DA UNIO.

    DATA DA DECISO 25/11/1996 RGO JULGADOR S2 - SEGUNDA SEO

    DECISO: POR UNANIMIDADE, CONHECER DO CONFLITO E DECLARAR COMPETENTE O JUZO DE DIREITO DA 6A. VARA DE MACEIO-AL, O SUSCITADO.

    ACRDO CC 8228/PB; CONFLITO DE COMPETNCIA 1994/0009466-3

    http://jus.com.br/imprimir/5855/regime-patrimonial-dos-terrenos-de-marinha 19/39

  • 13/4/2014 Regime patrimonial dos terrenos de marinha - Jus Navigandi - O site com tudo de Direito

    DATA: 16/05/1994 RELATOR MIN. COSTA LEITE.

    EMENTA: COMPETNCIA. AO DE REINTEGRAO DE POSSE. TERRENO DE MARINHA. TRATANDO-SE DE AO DE REINTEGRAO DE POSSE, EM QUE LITIGAM PARTICULARES, SEM A INTERVENO NO FEITO DE QUALQUER DOS ENTES MENCIONADOS NO ART. 109, I, DA CONSTITUIO, A CIRCUNSTNCIA DE CUIDAR-SE DE TERRENO DE MARINHA NO SERVE A FIRMAR A COMPETNCIA DA JUSTIA FEDERAL. CONFLITO CONHECIDO, DECLARANDO-SE A COMPETNCIA DO JUZO DE DIREITO SUSCITADO.

    DATA DA DECISO 27/04/1994 RGO JULGADOR: SEGUNDA SEO

    DECISO POR UNANIMIDADE, CONHECER DO CONFLITO E DECLARAR COMPETENTE O JUZO DE DIREITO DE RIO TINTO- PB, O SUSCITADO.

    4.12 LOTEAMENTOS E CONDOMNIOS

    OS LOTEAMENTOS EM TERRENOS DE MARINHA FORAM AUTORIZADOS PELO DECRETO 7.937 DE SETEMBRO DE 1945:

    ART 1 FICA PERMITIDA A CONCESSO DE AFORAMENTO DE QUAISQUER REAS DE TERRENOS DE MARINHA, PARA DIVISO EM LOTES E POSTERIOR TRANSFERNCIA A TERCEIROS, DESDE QUE OS LOTES A TRANSFERIR TENHAM SIDO APROVEITADOS COM CONSTRUES.

    ART. 2 FICA PERMITIDO, TAMBM, INDEPENDENTE DA CONDIO ESTABELECIDA NO ARTIGO ANTERIOR, AO OCUPANTE, POSSEIRO OU FOREIRO, O LOTEAMENTO DOS RESPECTIVOS TERRENOS DE MARINHA, BEM COMO A TRANSFERNCIA A TERCEIRO DE SEUS DIREITOS SOBRE OS LOTES RESULTANTES, DESDE QUE CADA UM DESTES SE CONSTITUA DE TERRENO DE MARINHA E DE TERRENO AIODIAL E O LOTEAMENTO CONSTE DE PROJETO APROVADO PELA MUNICIPALIDADE.

    OS LOTEAMENTOS EM GERAL SEGUEM AS REGRAS DA LEI 6.766 DE 19.12.79 QUE DISPE SOBRE O PARCELAMENTO DO SOLO URBANO. NELA H UM DETALHE SOBRE A RESERVA LEGAL PARA REA PBLICA, QUE NOS INTERESSA. CONSTA:

    ART. 4. OS LOTEAMENTOS DEVERO ATENDER, PELO MENOS, AOS SEGUINTES REQUISITOS:

    I - AS REAS DESTINADAS A SISTEMAS DE CIRCULAO, A IMPLANTAO DE EQUIPAMENTO URBANO E COMUNITRIO, BEM COMO A ESPAOS LIVRES DE USO PBLICO,ser o p r o p o r c io n a is d e n sid a d e de o c u p a o p r e v ist a pelo p la n o d ir e t o r o uAPROVADA POR LEI MUNICIPAL PARA A ZONA EM QUE SE SITUEM. (NR) (REDAO DADA AO INCISO PELA LEI 9.785, DE 29.01.1999, DOU 01.02.1999).

    ART. 22. DESDE A DATA DO REGISTRO DO LOTEAMENTO, PASSAM A INTEGRAR O DOMNIO DO MUNICPIO AS VIAS E PRAAS, OS ESPAOS LIVRES E AS REAS DESTINADAS A EDIFCIOS PBLICOS E OUTROS EQUIPAMENTOS URBANOS, CONSTANTES DO PROJETO E DO MEMORIAL DESCRITIVO.

    COMO SE V, OS LOTEAMENTOS DEVEM A RESERVAR FRAO DO TERRENO PARA CONSTITUIO DE RUAS E PRAAS, AS QUAIS PASSAM, AO DOMNIO DO MUNICPIO. TRATANDO-SE DE TERRENOS DE MARINHA TAIS REAS, DIFERENTEMENTE, NO PASSAM

    http://jus.com.br/imprimir/5855/regime-patrimonial-dos-terrenos-de-marinha 20/39

  • 13/4/2014 Regime patrimonial dos terrenos de marinha - Jus Navgandi - O site com tudo de Direito

    AO DOMNIO DO MUNICPIO, O QUAL RECEBE DO LOTEADOR APENAS O DOMNIO TIL, NA QUALIDADE DE FOREIRO, MANTENDO-SE O DOMNIO DIRETO COM A UNIO. O QUE NOS EXPLICA GASPARINI:

    "EMBORA A LEI DE PARCELAMENTO DO USO DO SOLO (LEI FEDERAL N. 6.766/79) EXPRESSAMENTE DECLARE QUE, COM A INSCRIO, AS REAS DAS RUAS, PRAAS E OUTRAS DITAS LIVRES PASSAM A PERTENCER AO MUNICPIO, NO CREMOS QUE ISSO OCORRA QUANDO O LOTEAMENTO ABRANGER TERRENOS DE MARINHA. A TRANSFERNCIA S OCORRE QUANDO ALGUM VOLUNTARIAMENTE SE PROPE A PARCELAR GLEBA DE SUA PROPRIEDADE. O FOREIRO NO TEM A PROPRIEDADE PLENA DAS MARINHAS. ASSIM, EM RELAO A ESSAS REAS, H UMA AUTOMTICA SUBSTITUIO DO FOREIRO, I. E., COM A INSCRIO DO LOTEAMENTO NO REGISTRO DE IMVEIS, O FOREIRO PASSA A SER O MUNICPIO, NO QUE SE REFERE A ESSAS REAS. DEIXA DE SER FOREIRO O LOTEADOR PARA O SER O MUNICPIO." (13 :5 5 0 )

    QUANTO AOS CONDOMNIOS, O DOMNIO TIL DIVIDIDO EM FRAES IDEAIS TAL QUAL NAS PROPRIEDADES PLENAS, SEM MAIORES PROBLEMAS QUANDO, EM UM CONDOMNIO VERTICAL, A EDIFICAO ASSENTA-SE SOBRE TERRENO, PARTE ALODIAL, PARTE TERRENO DE MARINHA, AS FRAES IDEAIS CONTERO PARTE DOMNIO TIL E PARTE DOMNIO PLENO, NA MESMA PROPORO ENTRE O TERRENO ALODIAL E O DE MARINHA SOBRE OS QUAIS EST EDIFICADO. O PROCEDIMENTO LGICO.

    5. LEGISLAO PORTUGUESA: PEQUENA INCURSO PELO DIREITO COMPARADO

    H EM PORTUGAL O REGIME JURDICO DOS TERRENOS NO DENOMINADO"DOMNIO PBLICO HDRICO", REGIDO PELO DECRETOS-LEIS N. 468/71 E 309/93 [4 1].

    AS MARGENS SO DEFINIDAS EM FAIXAS DE 10, 30 OU 50 METROS, CONFORME CRITRIOS DE MARITIMIDADE E NAVEGABILIDADE:

    MINISTRIOS DA MARINHA E DAS OBRAS PBLICAS

    DECRETO-LEI N. 468/71 DE 5 DE NOVEMBRO

    ARTIGO 3.0 (NOO DE MARGEM; SUA LARGURA)

    1. ENTENDE-SE POR MARGEM UMA FAIXA DE TERRENO CONTGUA OU SOBRANCEIRA LINHA QUE LIMITA O LEITO DAS GUAS.

    2. A MARGEM DAS GUAS DO MAR, BEM COMO A DAS GUAS NAVEGVEIS OU FLUTUVEIS SUJEITAS JURISDIO DAS AUTORIDADES MARTIMAS OU PORTURIAS, TEM A LARGURA DE 50 M.

    3. A MARGEM DAS RESTANTES GUAS NAVEGVEIS OU FLUTUVEIS TEM A LARGURA DE 30 M.

    4. A MARGEM DAS GUAS NO NAVEGVEIS NEM FLUTUVEIS, NOMEADAMENTE TORRENTES, BARRANCOS E CRREGOS DE CAUDAL DESCONTNUO, TEM A LARGURA DE 10 M.

    A LEGISLAO NO FAZ RESERVAS GENERALIZADAS, A P R IO R I, PODENDO O DOMNIO SER PBLICO OU PARTICULAR, MAS NESTE CASO SUJEITAS A SERVIDES PBLICAS.

    ARTIGO 5. (CONDIO JURDICA DOS LEITOS, MARGENS E ZONAS ADJACENTES)

    http://jus.com.br/imprimir/5855/regime-patrimonial-dos-terrenos-de-marinha 21/39

  • 13/4/2014 Regime patrimonial dos terrenos de marinha - Jus Navigandi - O site com tudo de Direito

    1. CONSIDERAM-SE DO DOMNIO PBLICO DO ESTADO OS LEITOS E MARGENS DAS GUAS DO MAR E DE QUAISQUER GUAS NAVEGVEIS OU FLUTUVEIS, SEMPRE QUE TAIS LEITOS E MARGENS LHE PERTENAM, E BEM ASSIM OS LEITOS E MARGENS DAS GUAS NO NAVEGVEIS NEM FLUTUVEIS QUE ATRAVESSEM TERRENOS PBLICOS DO ESTADO.

    2. CONSIDERAM-SE OBJECTO DE PROPRIEDADE PRIVADA, SUJEITOS A SERVIDES ADMINISTRATIVAS, OS LEITOS E MARGENS DAS GUAS NO NAVEGVEIS NEM FLUTUVEIS QUE ATRAVESSEM TERRENOS PARTICULARES, BEM COMO AS PARCELAS DOS LEITOS E MARGENS DAS GUAS DO MAR E DE QUAISQUER GUAS NAVEGVEIS OU FLUTUVEIS QUE FOREM OBJECTO DE DESAFECTAO OU RECONHECIDAS COMO PRIVADAS NOS TERMOS DESTE DIPLOMA

    CONSTITUI AINDA A LEI UMA ZONA ADJACENTE, DE EXTENSO VARIVEL CASO A CASO SUJEITA A RESTRIES DE UTILIDADE PBLICA:

    ARTIGO 4. (NOO DE ZONA ADJACENTE, SUA LARGURA)

    2. AS ZONAS ADJACENTES ESTENDEM-SE DESTE O LIMITE DA MARGEM AT UMA LINHA CONVENCIONAL DEFINIDA, PARA CADA CASO, NO DECRETO DE CLASSIFICAO, NOS TERMOS E PARA OS EFEITOS DO PRESENTE DIPLOMA.

    ARTIGO 5. (CONDIO JURDICA DOS LEITOS, MARGENS E ZONAS ADJACENTES)

    3. CONSIDERAM-SE OBJECTO DE PROPRIEDADE PRIVADA, SUJEITAS A RESTRIES DE UTILIDADE PBLICA, AS ZONAS ADJACENTES.

    QUANDO PBLICAS, O USO PRIVADO DAS MARGENS D-SE POR MEIO DE LICENAS, EM CARTER PRECRIO OU CONCESSES, PARA USOS MAIS PROLONGADOS.

    ARTIGO 18.(LICENAS E CONCESSES)

    2. SERO OBJECTO DE CONTRATO ADMINISTRATIVO DE CONCESSO OS USOS PRIVATIVOS QUE EXIJAM A REALIZAO DE INVESTIMENTOS EM INSTALAES FIXAS E INDESMONTVEIS E SEJAM CONSIDERADAS DE UTILIDADE PBLICA; SERO OBJECTO DE LICENA, OUTORGADA A TTULO PRECRIO, TODOS OS RESTANTES USOS PRIVATIVOS.

    INSTRUMENTO SIMILAR AO NOSSO PLANO DE GERENCIAMENTO COSTEIRO REGULAMENTA O USO DOS TERRENOS COSTEIROS

    MINISTRIO DO AMBIENTE E RECURSOS NATURAIS

    DECRETO-LEI N. 309/93 DE 2 DE SETEMBRO

    ARTIGO l. M B IT O

    O PRESENTE DIPLOMA REGULA A ELABORAO E A APROVAO DOS PLANOS DE ORDENAMENTO DA ORLA COSTEIRA, ADIANTE DESIGNADOS POR POOC.

    ARTIGO 3.OBJECTO DOS POOC

    http://jus.com.br/imprimir/5855/regime-patrimonial-dos-terrenos-de-marinha 22/39

  • 13/4/2014 Regime patrimonial dos terrenos de marinha - Jus Navgandi - O site com tudo de Direito

    1 - OS POOC TM POR OBJECTO AS GUAS MARTIMAS COSTEIRAS E INTERIORES E RESPECTIVOS LEITOS E MARGENS, COM FAIXAS DE PROTECO A DEFINIR NO MBITO DE CADA PLANO.

    COMO VISTO, NO H, EM PORTUGAL PREVISO DE REGIME ENFITUTICO PARAOS "TERRENOS DE MARINHA" COMO EM NOSSO PAS. ADOTA APENAS UM REGIME PROTETIVO PARA AS MARGENS, COMO COMUM EM OUTRAS LEGISLAES.

    6.0 PROPOSTAS EM TRAMITAO

    EM PASSADO RECENTE DIVERSAS PROPOSTAS FORAM APRESENTADAS AO CONGRESSO MODIFICANDO O REGIME PATRIMONIAL DAS MARINHAS.

    AS REJEITADAS, MAIS DE UMA CENTENA, VISAVAM, DENTRE OUTRAS MODIFICAES, A REDUZIR A FAIXA DE 33 METROS, A MUDAR O ANO DE REFERNCIA DA PREAMAR MDIA (1831), A CONCEDER ISENES SOCIAIS A PESCADORES ARTESANAIS E OUTROS GRUPOS, A TRANSFERIR O DOMNIO PLENO PARA MUNICPIOS, ORA EM CARTER GERAL, ORA EM CARTER ESPECFICO, E A LIMITAR REAJUSTE DE ENCARGOS INCIDENTES SOBRE O DOMNIO TIL.

    HOJE TRAMITA NO CONGRESSO NACIONAL CERCA DE UMA DEZENA DE PROPOSIES. AS MAIS IMPACTANTES SOBRE O REGIME PATRIMONIAL DOS TERRENOS DE MARINHA SO AS PROPOSTAS DE EMENDAS CONSTITUCIONAIS N S 603/98, 27/99 E 40/99, TODAS COM PARECERES FAVORVEIS DA COMISSO DE CONSTITUIO E JUSTIA E DE REDAO. TAIS EMENDAS PROPEM, EM RESUMO, REVOGAR OS DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS QUE OBRIGAM A APLICAO DO REGIME ENFITUTICO AOS TERRENOS DE MARINHA SITUADOS NA FAIXA DE SEGURANA DA ORLA. OS IMVEIS SERIAM DESTINADOS AOS MUNICPIOS DA RESPECTIVA SITUAO, COM EXCEO DAQUELES J UTILIZADOS PELOS DEMAIS ENTES FEDERATIVOS, OS QUAIS SERIAM SEUS RESPECTIVOS DESTINATRIOS, E AINDA DAS REAS QUE O MINISTRIO DA DEFESA RESERVASSE POR INTERESSE MILITAR OU DOS SERVIOS DE SINALIZAO NUTICA. OS IMVEIS AFORADOS A PARTICULARES SERIAM ALIENADOS AOS RESPECTIVOS FOREIROS, PELOS MUNICPIOS, EM FORMA AINDA NO DEFINIDA.

    OUTRAS PROPOSIES PROCURAM TORNAR VLIDOS OS REGISTROS DE ESCRITURAS DE DOMNIO PLENO SOBRE ACRESCIDOS OUTORGADAS POR MUNICPIOS ANTES DE 15/02/1997, OU QUE SE REFIRAM A IMVEL CUJA CADEIA DOMINIAL TENHA INCIO ANTES DO DEC-LEI 9.760/46.

    NA PROPOSTA QUE REFORMA O NOVO CDIGO CIVIL, FOI INSERIDA A SEGUINTE MODIFICAO:

    http://jus.com.br/imprimir/5855/regime-patrimonial-dos-terrenos-de-marinha 23/39

  • 13/4/2014 Regime patrimonial dos terrenos de marinha - Jus Navigandi - O site com tudo de Direito

    "ART. 2.038 -

    PARGRAFO 2 IGUALMENTE PROBE-SE A CONSTITUIO DE ENFITEUSE E SUBENFITEUSE DOS TERRENOS DE MARINHA E ACRESCIDOS, SUBORDINANDO-SE AS EXISTENTES S DISPOSIES CONTIDAS NA LEGISLAO ESPECFICA;

    PARGRAFO 3 FICA DEFINIDO O PRAZO PEREMPTRIO DE DEZ ANOS PARA A REGULARIZAO DAS ENFITEUSES EXISTENTES E PAGAMENTOS DOS FOROS EM ATRASO, JUNTO REPARTIO PBLICA COMPETENTE. DECORRIDO ESSE PERODO, TODAS AS ENFITEUSES QUE SE ENCONTRAREM REGULARMENTE INSCRITAS E EM DIA COM SUAS OBRIGAES, SERO DECLARADAS EXTINTAS, TORNANDO-SE PROPRIEDADE PLENA PRIVADA. AS DEMAIS, REVERTERO DE PLENO DIREITO PARA O PATRIMNIO DA UNIO". (NR)

    OU SEJA, PROIBIR-SE-I-A DE IMEDIATO A CONSTITUIO DE ENFITEUSES SOBRE TERRENOS DE MARINHA, EM CONTRA-MARCHA AO TRABALHO ORA EM CURSO NA SPU, E EM SEGUIDA DAR-SE-I-A UM PRAZO DE DEZ ANOS PARA OS DEVEDORES ACORRESSEM AO TESOURO RECOLHENDO O QUE FOSSE DEVIDO, PARA QUE, CUMPRIDO O DECNIO, RECEBESSEM A PARCELA DA PROPRIEDADE QUE LHES FALTA, O DOMNIO DIRETO, INTEGRALIZANDO ASSIM A PROPRIEDADE PLENA. AQUELES QUE NO REGULARIZASSEM SUAS OBRIGAES CAIRIAM EM COMISSO, PERDENDO O DOMNIO TIL EM FAVOR DA UNIO. A DEFINIO DOS TERRENOS DE MARINHA SERIA ALTERADA POR LEI PARA CABER APENAS REAS PRESERVADAS PARA USO DA UNIO, NO RESTANDO SOBRE O QUE APLICAR O REGIME ENFITUTICO.

    EM PRIMEIRO LUGAR, PARECE-ME INEFICAZ PARA ALTERAR O QUE FOI CONSTITUCIONALMENTE ESTABELECIDO, PELO PRINCPIO K E L S E N IA N O DA HIERARQUIA DAS NORMAS, EMBORA O RELATOR DA PROPOSTA DIGA QUE NO H NECESSIDADE DE EMENDA CONSTITUCIONAL, NESTES TERMOS:

    "REGISTRE-SE QUE NO H QUALQUER NECESSIDADE DE MODIFICAO DA CONSTITUIO FEDERAL, ART. 20, VII (ART. 20. SO BENS DA UNIO:. .. VII - OS TERRENOS DE MARINHA). A DEFINIO DO QUE SE COMPREENDE POR "TERRENOS DE MARINHA" DEVE OCORRER ATRAVS DE LEI ESPECIAL QUE VERSAR SOBRE A MATRIA EM QUESTO, NO QUE CONCERNE S REAS QUE SERO MANTIDAS E POSTERIORMENTE CONSIDERADAS COMO "TERRENOS DE MARINHA", MANTENDO-SE ASSIM A LEI MAIOR SEM QUALQUER RETOQUE".

    PELO PROPOSTO, A NORMA CONSTITUCIONAL SE TORNARIA INERTE, POIS, DA A DEZ ANOS, NO HAVERIA MAIS TERRENOS DE MARINHA SOBRE OS QUAIS APLICAR A ENFITEUSE. SERIA UM SUBTERFGIO LEGAL, UM GOLPE ARDILOSO DADO PELA LEI, CDIGO CIVIL, CONTRA A CARTA MAGNA.

    EM SEGUNDO LUGAR, A ALTERAO DA DEFINIO DE TERRENOS DE MARINHA POR LEI INFRACONSTITUCIONAL J FOI COMBATIDA NESTES TERMOS:

    A) PARECER PGFN/CPA/N0 784/97: "... A ALTERAO, POR LEI ORDINRIA, DO CONCEITO DE TERRENOS DE MARINHA INCONSTITUCIONAL, EM FACE DA RECEPO NO CORPO DA CARTA POLTICA DA DEFINIO LEGAL ESTABELECIDA PELO DECRETO-LEI NO 9.760, DE 1946 PARA A CONFORMAO DO REGIME APLICVEL S RELAES JURDICAS A ELES RELATIVAS. NO SE INCLUI ENTRE A S MATRIAS FACULTADAS DISPOSIO DA LEI DE QUE TRATA O ART. 49 DO ATO DAS DISPOSIES CONSTITUCIONAIS TRANSITRIAS ALTERAR A NOO JURDICA DE TERRENOS DE MARINHA".

    B) PARECER PGFN/CPA/NO 1301/96: "A ALTERAO, POR EMENDA, DO CONCEITO DE TERRENOS DE MARINHA NO FERE DIREITOS CONSOLIDADOS, DESDE QUE, EM HARMONIA COM O SISTEMA CONSTITUCIONAL, SEJAM INDENIZADOS OS PROPRIETRIOS DE TERRENOS ALODIAIS QUE VENHAM A SER ALCANADOS PELO NOVO REGIME".

    http://jus.com.br/imprimir/5855/regime-patrimonial-dos-terrenos-de-marinha 24/39

  • 13/4/2014 Regime patrimonial dos terrenos de marinha - Jus Navgandi - O site com tudo de Direito

    ENFIM, PERCEBE-SE UM ENFRENTAMENTO INDIRETO DA QUESTO CONSTITUCIONAL, NO MESMO SENTIDO ABOLICIONISTA DAS PEC ANTES REFERIDAS, QUE VAI APENAS JOGAR MAIS COMPLEXIDADE JURDICA AO INSTITUTO. PARA OBRIGAR OS FOREIROS A ADIMPLIREM SUAS OBRIGAES J PREVISTA A PENA DE COMISSO E A EXECUO FISCAL, NO SE JUSTIFICANDO POIS O INCENTIVO DO REGATE APS O DECNIO DE CUMPRIMENTO DAS OBRIGAES.

    7.0 COMENTRIOS FINAIS E CONCLUSES

    DIFCIL JUSTIFICAR A MANUTENO DO DOMNIO DIRETO SOBRE OS TERRENOS DE MARINHA PELA UNIO.

    O DOMNIO TIL, UMA VEZ TRANSFERIDO, POSSIBILITA AO ENFITEUTA AGIR COMO SE PROPRIETRIO FOSSE, SUBMETIDO COMO OS PROPRIETRIOS PLENOS S POSTURAS MUNICIPAIS E AOS DEMAIS REGULAMENTOS DE USO DO SOLO. CASO O PODER PBLICO NECESSITE REAVER O DOMNIO TIL SOBRE A PROPRIEDADE DEVER IGUALMENTE PROCEDER DESAPROPRIAO PAGANDO-LHE AS INDENIZAES DE PRAXE. APENAS O DOMNIO DIRETO, EQUIVALENTE A 17% DO DOMNIO PLENO, NO SER INDENIZADO POR J PERTENCER UNIO. O INSTITUTO DA DESAPROPRIAO POR INTERESSE OU NECESSIDADE PBLICA, MEDIANTE PRVIA INDENIZAO, CARACTERSTICAS DA SOBERANIA EM UM ESTADO DE DIREITO, SUPRE A RESERVA PATRIMONIAL QUE PORVENTURA SE QUEIRA FAZER INDISCRIMINADAMENTE COM A TOTALIDADE DOS TERRENOS DE MARINHA.

    COMO FONTE DE GERAO DE RENDAS PARA MANUTENO DO ESTADO TAIS RECEITAS NO GOZAM DO NECESSRIO ATRIBUTO DA SIMPLICIDADE. REQUEREREM PESADA ESTRUTURA PARA SUA ARRECADAO, MANUTENO DE CADASTROS, DEFESA JURDICA DA POSSE ETC.

    SOCIALMENTE TEM PSSIMA REPERCUSSO, POIS ATUANDO SOBRE BEM DE RAIZ, FATOR DE INSEGURANA, DADO QUE O AFORAMENTO PODE CADUCAR COM FACILIDADES PREVISTAS NA LEI, AO CONTRRIO DO DIREITO DE PROPRIEDADE QUE EXIGE MAIOR FORMALIDADE PARA SUA PERDA. ADEMAIS, AS SUCESSIVAS ALTERAES LEGISLATIVAS ADICIONARAM COMPLICAES AO QUE J ERA COMPLEXO, DESDE A DEMARCAO DE UMA PREAMAR MDIA DE 1831.

    A FAIXA DE 33 METROS, QUALQUER QUE TENHA SIDO O PARMETRO UTILIZADO ORIGINALMENTE PARA ESTABELEC-LA, SIMPLRIA. CONSIDERANDO, POR EXEMPLO, A NECESSIDADE DE INSTALAES DE BASES MILITARES EM TAIS REGIES, TAL DIMENSO SERIA IRRISRIA. A EXEMPLO, CASO A MARINHA VENHA A NECESSITAR DE UMA BASE PARA SEDIAR SUBMARINOS DE PROPULSO NUCLEAR, DISTANTE DE CENTROS URBANOS, OS 33 METROS DE FAIXA SERIAM NOTORIAMENTE INSUFICIENTES. O MESMO SE DIGA EM RELAO S RESERVAS AMBIENTAIS OU OUTRAS APLICAES PBLICAS, COMO INSTALAES PORTURIAS. H AINDA A SITUAO EM QUE TAL FAIXA POSSA SER EXCESSIVA OU MESMO DESNECESSRIA. MAIS LGICO E RAZOVEL SERIA RESERVAR

    http://jus.com.br/imprimir/5855/regime-patrimonial-dos-terrenos-de-marinha 25/39

  • 13/4/2014 Regime patrimonial dos terrenos de marinha - Jus Navigandi - O site com tudo de Direito

    REAS ESPECFICAS, CONSIDERADAS ESTRATGICAS UNIO, AINDA QUE A LONGO PRAZ, PARA FINS DETERMINADOS, MINIMIZANDO DESAPROPRIAES POSTERIORES.

    NO SE CONHECE REGIME PATRIMONIAL SIMILAR ADOTADO EM OUTROS PASES. CONTUDO COMUM LEGISLAO ESPECIFICA PARA CUIDAR DAS TERRAS ADJACENTES S GUAS.

    SUA ALIENAO PLENA NO OCASIONAR, EM PRINCPIO, PERDA DE RENDA PBLICA, MAS TO SOMENTE TRANSFERNCIA ENTRE ENTES FEDERATIVOS BENEFICIRIOS, OU SEJA, DA UNIO PARA OS ESTADOS OU MUNICPIO. EXPLICANDO: SENDO O TERRENO ALIENADO A PARTICULARES, UNIO DEIXARIA DE RECEBER O FORO DE 0,06% ANUALMENTE SOBRE O VALOR DO TERRENO E 5% SOBRE O VALOR DO TERRENO E BENFEITORIAS NAS TRANSFERNCIAS ENTRE VIVOS, MAS O MUNICPIO PASSARIA A TRIBUTAR NO APENAS SOBRE O DOMNIO TIL, MAS SOBRE O DOMNIO PLENO QUE ESTARIA CONSOLIDADO NA MO DE PARTICULAR TANTO NO IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE URBANA COMO NAS TRANSFERNCIAS ENTRE VIVOS; E OS ESTADOS PASSARIAM IGUALMENTE A TRIBUTAR SOBRE A PROPRIEDADE PLENA NAS TRANSMISSES CAUSA MORTIS. ADICIONALMENTE, A UNIO TRIBUTARIA SOBRE A PROPRIEDADE PLENA NO CASO DE TERRENOS SITUADOS EM REA RURAL. EVIDENTEMENTE QUE A CONTA ACIMA, DE LINHAS GERAIS, REQUERER MAIORES PONDERAES.

    POR OUTRO LADO A IMPORTNCIA DAS TERRAS ADJACENTES AO MAR E RIOS, POR QUESTES DE DEFESA, SINALIZAO NUTICA, POLCIA COSTEIRA, SERVIOS PORTURIOS, MEIO AMBIENTE, TURISMO ETC., NO DEIXA DVIDAS QUANTO NECESSIDADE DE UM TRATAMENTO ESPECIAL PELO ESTADO. ENTRETANTO A VISO PATRIMONIALISTA PARECE-ME EQUIVOCADA ALM DE INEFICAZ.

    CONCLUSIVAMENTE, SOU PELA EXTINO DO INSTITUTO, PELA ALIENAO DO DOMNIO DIRETO AOS POSSUIDORES COM JUSTO TTULO, REINTEGRAO DE POSSE OU DESAPROPRIAO QUANDO HOUVER INTERESSE PBLICO, A TRANSFERNCIA PATRIMONIAL PARA OS ENTES FEDERATIVOS QUE MELHOR POSSAM APLICAR O IMVEL AO SERVIO PBLICO E A RESERVA DE REAS ESPECFICAS NECESSRIAS AINDA QUE A LONGO PRAZO.

    UM PATRIMNIO QUE DE QUALQUER MODO ATRAVESSOU OS SCULOS DA NOSSA HISTRIA EM PODER DA UNIO REQUER, PORM, UM ESTUDO PORMENORIZADO, BEM ALM DO QUE PRETENDEU ESTA MODESTA MONOGRAFIA.

    NOTAS

    1 OU "LIZEIRAS" OU "TERRAS SALGADAS", NAS REFERNCIAS MAIS ANTIGAS.

    2 PREAMAR SINNIMO DE MAR CHEIA.

    3 DOMNIO JURIDICAMENTE EQUIVALENTE A PROPRIEDADE.

    http://jus.com.br/imprimir/5855/regime-patrimoniai-dos-terrenos-de-marinha 26/39

  • 13/4/2014 Regime patrimonial dos terrenos de marinha - Jus Navigandi - O site com tudo de Direito

    4 Dl PIETRO, MARIA SYLVIA ZANELLA. 500 ANOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO BRASILEIRO. "ELAS ERAM DOADAS, POR CARTA DE DOAO, SENDO INALIENVEIS, PORM TRANSMISSVEIS POR HERANA AO FILHO VARO MAIS VELHO (DA O NOME DE CAPITANIAS HEREDITRIAS). AS TERRAS DOADAS PODIAM SER ARRENDADAS OU AFORADAS, PELO FORO OU TRIBUTO QUE ENTENDESSE CABVEL O DONATRIO. AS CARTAS DE DOAO ERAM SEGUIDAS DAS CARTAS DE FORAIS, QUE ESPECIFICAVAM OS DIREITOS, FOROS, TRIBUTOS E COISAS QUE SE PAGARIAM AO REI E AO CAPITO HEREDITRIO E GOVERNADOR.0 5 DOIS DOCUMENTOS CONSTITUAM O ESTATUTO DA CAPITANIA, ONDE CONSTAVAM OS PRIVILGIOS E OS DEVERES DOS DONATRIOS. ESTES ATUAVAM COMO GOVERNADORES, COM PODERES ADMINISTRATIVOS EXERCIDOS SOBRE COISA PBLICA, J QUE A CAPITANIA NO ERA DE PROPRIEDADE DO CAPITO, A NO SER QUANTO A UMA PEQUENA PARCELA. SENDO COISA PBLICA, A CAPITANIA ERA INALIENVEL, PODENDO REPARTIR-SE EM SESMARIAS (INSTITUTO J PREVISTO NAS ORDENAES AFONSINAS, ORIGINRIO DE UMA LEI DE 1375 - LEI DAS SESMARIAS)."

    5 DECRETO-LEI N 9.760/46: ART. Io - INCLUEM-SE ENTRE OS BENS IMVEIS DA UNIO:...J) OS QUE FORAM DO DOMNIO DA COROA;.

    6 TAL SITUAO GEROU DVIDAS SOBRE A PROPRIEDADE DAS MARINHAS, MAS FOI DEFINITIVAMENTE ESCLARECIDA PELO SUPREMO EM 1905 (AO ORIGINRIA N 8, AJUIZADA EM 1904 PELOS ESTADOS DO ESPRITO SANTO E BAHIA).

    7 EDGAR CARLOS DE AMORIM EM "TEORIA E PRTICA DA ENFITEUSE", FORENSE, 1986, Ia ED., P. 40. CITADO POR LUS CARLOS CAZETTA EM LEGISLAO IMOBILIRIA DA UNIO: ANOTAES E COMENTRIOS S LEIS BSICAS, P 25.

    8 OUTRAS REFERNCIAS HISTRICAS: AVISO DE 18 DE NOVEMBRO DE 1818: "E QUE DA LINHA D " G U A PARA DENTRO SEMPRE SO RESERVADAS 15 BRAAS PELA BORDA DO MAR PARA SERVIO PBLICO, NEM ENTRAM EM PROPRIEDADE ALGUMA DOS CONFINANTES COM A MARINHA, E TUDO QUANTO ALEGAREM PARA SE APROPRIAR DO TERRENO ABUSO E INATENDVEL." AVISO DE 29 DE ABRIL DE 1826: "DEVE LIMITAR A OBRA QUE SE ACHA CONSTRUINDO NAQUELE STIO DISTNCIA DE 15 BRAAS DO BATER DO MAR EM MARS VIVAS, DE FORMA QUE FIQUE DESEMBARAADO O TERRENO INTERMEDIRIO, QUE COMPREENDE O QUE SE CHAMA PROPRIAMENTE MARINHA." DECRETO IMPERIAL N 4.105, DE 22 DE FEVEREIRO DE 1868: "ART. Io. ... 1 SO TERRENOS DE MARINHA TODOS OS QUE BANHADOS PELAS GUAS DO MAR OU DOS RIOS NAVEGVEIS VO AT A DISTNCIA DE 15 BRAAS CRAVEIRAS PARA A PARTE DE TERRA, CONTADAS DESDE O PONTO A QUE CHEGA O PREAMAR MDIO."

    9 ESCLARECIMENTOS TCNICOS PRESTADOS PELO CAPITO-TENENTE HIDRGRAFO JOO FRANSWILLI AM, DA MARINHA DO BRASIL.

    10 TECNICAMENTE, NAS LAGUNAS, POIS ESTAS E NO AQUELAS TM COMUNICAO COM O MAR. POR ISSO APRESENTAM O FENMENO DAS MARS E CONTM GUA SALGADA. ENTENDE-SE QUE O LEGISLADOR TENHA MENCIONADO "LAGOAS", POIS, GERALMENTE ASSIM SO CHAMADAS AS LAGUNAS NO NOSSO PAS (A ENCICLOPDIA BARSA FAZ ESTA OBSERVAO NO VERBETE "LAGUNA"). LAGOA, APROPRIADAMENTE, UM PEQUENO LAGO, CONFORME DIVERSOS DICIONRIOS.

    http://jus.com.br/imprimir/5855/regime-patrimonial-dos-terrenos-de-marinha 27/39

  • 13/4/2014 Regime patrimonial dos terrenos de marinha - Jus Navigandi - O site com tudo de Direito

    11 DECRETO NO 4.105, DE 22-02-1868: REGULA A CONCESSO DOS TERRENOS DE MARINHA, DOS RESERVADOS NAS MARGENS DOS RIOS E DOS ACRESCIDOS NATURAL OU ARTIFICIALMENTE. ART 1, 4O O LIMITE QUE SEPARA O DOMNIO MARTIMO DO DOMNIO FLUVIAL PARA O EFEITO DE MEDIREM-SE E DEMARCAREM-SE 15 OU 7 BRAAS CONFORME OS TERRENOS ESTIVEREM DENTRO OU FORA DO ALCANCE DAS MARS, SER INDICADO PELO PONTO ONDE AS GUAS DEIXAREM DE SER SALGADAS DE UM MODO SENSVEL, OU NO HOUVER DEPSITOS MARINHOS, OU QUALQUER OUTRO FATO GEOLGICO, QUE PROVE A AO PODEROSA DO MAR.

    12 O RIO NAVEGVEL, CONFORME DEFINIO ENCONTRADA NAS NORMAS E PROCEDIMENTOS DA CAPITANIA DOS PORTOS-RJ COM A SEGUINTE CLASSIFICAO: A - RIOS COM MAIS DE 2,10 M DE PROFUNDIDADE EM 90% DOS DIAS DO ANO; E B - RIOS COM 1,30 A 2,10 M DE PROFUNDIDADE EM 90% DOS DIAS DO ANO.

    13 LEI 601 DE 1850 (LEI DAS TERRAS): ART. 30 SO TERRAS DEVOLUTAS: 1 AS QUE NO SE ACHAREM APLICADAS A ALGUM USO PBLICO NACIONAL, PROVINCIAL OU MUNICIPAL. 2o AS QUE NO SE ACHAREM NO DOMNIO PARTICULAR POR QUALQUER TTULO LEGTIMO, NEM FOREM HAVIDAS POR SESMARIAS E OUTRAS CONCESSES DO GOVERNO GERAL OU PROVINCIAL, NO INCURSAS EM COMISSO POR FALTA DO CUMPRIMENTO DAS CONDIES DE MEDIO, CONFIRMAO O CULTURA. (...) ART. 70 O GOVERNO MARCAR OS PRAZO DENTRO DOS QUAIS DEVERO SER MEDIDAS, AS TERRAS ADQUIRIDAS POR POSSES OU POR SESMARIAS, OU OUTRAS CONCESSES, QUE, ESTEJAM POR MEDIR, ASSIM COMO DESIGNAR E INSTRUIR AS PESSOAS QUE DEVAM FAZER A MEDIO, ATENDENDO S CIRCUNSTNCIAS DE CADA PROVNCIA, COMARCA E MUNICPIO, E PODENDO PRORROGA OS PRAZOS MARCADOS, QUANDO O JULGAR CONVENIENTE, POR MEDIDA GERAL QUE COMPREENDA TODOS OS POSSUIDORES DA MESMA PROVNCIA, COMARCA E ONDE A PRORROGAO CONVIER. ART. 8o OS POSSUIDORES QUE DEIXAREM DE PROCEDER MEDIO NOS PRAZOS MARCADOS PELO GOVERNO SERO REPUTADOS CADOS EM COMISSO, E PERDERO POR ISSO O DIREITO QUE TENHAM A SEREM PREENCHIDOS DAS TERRAS C