distincao das especies normativas a luz da teoria dos principios. jus navigandi
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DISTINCAO DAS ESPECIES NORMATIVAS A LUZ DA TEORIA DOS PRINCIPIOSTRANSCRIPT
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11/06/2015 DistinodasespciesnormativasluzdateoriadosprincpiosJusNavigandi
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Distinodasespciesnormativasluzdateoriadosprincpios
RosrisPaulaCerizzeVogas
Publicadoem04/2009.Elaboradoem01/2009.
SUMRIO:1Introduo.2AForaNormativadosPrincpioseoConceitodeNormaJurdica.3PorumaDistinoentrePrincpios eRegras. 4Hierarquia eColiso entreEspciesNormativas. 5OsPostuladosNormativos. 6OsElementosEstruturantesdoSistemaJurdico7ConsideraesFinais.8Referncias.
RESUMO
Odireito contemporneo palcode verdadeiraquebradeparadigmas clssicos em tornodo conceito,normatividade ehermenuticadosprincpios,emespecial,dasuarelevnciaparaacompreensodaestrutura lgicoargumentativadasnormasjurdicas.Opresenteestudoenfatizaavaliosa"TeoriadosPrincpios"deHumbertovila,quesuperouatradicionalclassificaodicotmicadasespciesnormativasenquantoprincpioseregras,pormeiodaapresentaodospostuladosnormativos como normas de segundo grau. O tema pulsante, j que a compreenso das distines entre as espciesnormativaseseusrespectivoscritrioscondioindispensvelparaagarantiadaordemeunidadedosistemajurdico.
PalavrasChave:NormaJurdica,Princpios,Regras,Postulados,Sistema
ABSTRACT
ThecontemporaryLawisscenefortherealbreachofclassicalparadigmsaroundtheconcept,rulesandhermeneuticsprinciples,mainlytherelevanceforthecomprehensionoftheargumentativelogicalstructureoflegalrules.Thisstudyemphasizes the valuable "Principles Theory" from Humberto vila, that overcame the traditional dichotomousclassification of the rule species as principles and rules, through the presentation of normative postulates as seconddegreerules.Thethemeis intense,astheunderstandingofdistinctionsbetweentherulespeciesandtheirnormativecriteriaisanindispensableconditiontoguaranteetheorderandunityofthelawsystem.
KeyWords:LegalRules,Principles,Rules,Postulates,System
1INTRODUO
Odireitobrasileirocontemporneo(oupsmoderno,comopreferemalguns)viveummomentomarcadoporacentuadapreocupaocomaprincipiologia.ApsapromulgaodeCartaMagnade1988,ondeosdispositivosconstitucionaissodotados de plena normatividade, a Lei Fundamental e seus princpios, deramnovo alcance e sentido a todos os ramosjurdicos.
A conscincia acerca do papel normativo dos princpios vem crescendo entre os estudiosos do direito, tendo adquiridoenormeimportncianocenrioatual,reclamandodosjuristastodooesforoparagarantirasuaaplicabilidadeeefetividade,bemcomodespertandoointeressenoestabelecimentodecritriosdistintivosentreasespciesnormativas.
Verificasequeamaioriadadoutrinanacionalinsistiupormuitotempoemconcordarereproduzirastesesdefendidasporalguns pensadores (Larenz, Dworkin, Alexy, Canotilho, etc.) da temtica dos princpios, o que acabou por retardar oreconhecimentodasuaforanormativa,principalmentenocasodosprincpiosconstitucionais,quehojesim,passaramateraplicaodiretaeimediata.
Algunsesforosisoladosforamempreendidosnestesentido,comoocasodoProf.Humbertovila,marcotericodestesingeloestudo,quecomsuainovadora"TeoriadosPrincpios",representouumaquebradeparadigmasdomodelodualquevinhasendosustentadoemproldeumadistinoentreasespciesnormativas.Acontribuionotveldoautorseraquianalisadaapenascomaresderecenso,semqualquerpretensodeproporalgodiferentedetudooquejfoiescrito.
Apropostadestetrabalho,inicialmente,apresentarasteoriasquesedimentaramoreconhecimentodaforanormativadosprincpios,bemcomoevidenciaroconceitodenormajurdica.Apartirda,serfeitoumexamedetidodasdiferenasentreasespciesnormativas,dandoespecial atenos crticas lanadasporviladogmtica tradicional e suapropostadedistino,destacandotambmopapeldospostuladosnoordenamentojurdico.Serofeitasalgumasreflexessobreoj
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ultrapassadoconceitodeordenamentojurdicosustentadoporKelsen,enquantoumaestruturaescalonadaehierarquizadade normas jurdicas. Farse tambm uma anlise sobre os caminhos para a resoluo de conflitos entre espciesnormativas.Eporfim,buscarseidentificarquaissoosverdadeiroselementosestruturantesdosistemajurdico,queseprestamagarantirasuacomposioordenadaeharmnica,encarandoateoriadopensamentosistemticopreconizadaporCanaris.
Surgedaanecessidadedemantervivoesteincandescentedebate,sendoqueapesardavastadoutrinasobreotema,hmuito que se produzir, estando ainda diversos aspectos das mais diversas teorias carentes de reflexes mais srias eprofundas.
2AFORANORMATIVADOSPRICPIOSEOCONCEITODENORMAJURDICA
Antesdeingressarnadiscussocentraldesteestudo,sonecessriasalgumasreflexesacercadoconceitodenormajurdicaedojcedioreconhecimentodaforanormativadosprincpios.
Por isto que neste trabalho sero tratadas as distines entre princpios e regras, enquanto espcies normativas,classificaosedimentadanadoutrina,emquepesemasimperdoveisconfusesemqueaindaincorremalgunsjuristasdaatualidadeaoigualarregrasanormasoumesmodissociarosprincpiosdasnormas.Nadamaisincoerente,namedidaemquetantoosprincpiosquantoasregrasimpemumdeverser.
Sustentandoaforanormativadosprincpios,Bobbioosinserenoconceitoamplodenormas:
Osprincpiosgeraissoapenas,ameuver,normasfundamentaisougeneralssimas do sistema, as normas mais gerais. A palavraprincpioslevaaengano,tantoquevelhaquestoentrejuristasseos princpios gerais so normas. Para mim no h dvida: osprincpiosgeraissonormascomotodasasoutras.Eestatambma tese sustentada por Crisafulli. Para sustentar que os princpiosgeraissonormas,osargumentossodois,eambosvlidos:antesdemaisnada,sesonormasaquelasdasquaisosprincpiosgeraisso extrados, atravs de um procedimento de generalizaosucessiva,nosevporquenodevamsernormastambmeles:seabstraiodaespcieanimalobtenhosempreanimais,enofloresouestrelas. Em segundo lugar, a funo para qual so extrados eempregados a mesma cumprida por todas as normas, isto , afunoderegularumcaso.Ecomquefinalidadesoextradosemcaso de lacuna? Para regular um comportamento noregulamentado:masentoservemaomesmoescopoqueservemasnormas.Eporquenodeveriamsernormas?
ParaEspndola,osprincpiossonormasjurdicas,possuindo,assim,"positividade,vinculatividade,carterobrigatrio"equecomportam"eficciapositivaenegativasobrecomportamentos",contribuindoparaa"interpretaoeaaplicaodeoutrasnormas,comoasregraseoutrosprincpiosderivadosdeprincpiosdegeneralizaesmaisabstratas".
Oreconhecimentodaeficcianormativadosprincpios,osquaissodotadosdemaiordensidadevalorativa,conseqnciadapsmodernidade,quedemandaumconjuntonormativomaisflexveleabertosubjetividadedoaplicadordoDireito.Jasregras,dotadasdereduzidacargavalorativa,norealizamosanseiosdejustiaelegitimidadedeumasociedadeemcujaestruturasocialvacilamascertezasexistenciaisemultiplicamseasincertezasticofilosficas.Nessecontexto,osprincpiosrealizamsimultaneamenteareflexoacercadosdeveresdosindivduoseanormatizaodavidasocial,razopelaqualseexigedohermeneuta jurdicoopercursodeumcaminhomais longoentreaabstraoprincipiolgicaea realizaodajustianocasoconcreto,atravsdaargumentaoedamotivaomaiselaboradadeseusatos.
possvelconcluirquenaatualclassificaopspositivistanormaognerodoqualsoespciesasregraseosprincpios.Eseissojfoitomadoporverdadepelamaciadoutrinamoderna,nohavendomaistantadiscussoquantohaviaemoutrostempos,porqualmotivoosTribunaisaindainsistememnoreconheceraforanormativadosprincpios?Hquemafirmequeosprincpiosisoladamentenopodemfundamentarumapretensojurdicaemjuzo.Existemtambmaquelesque
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sustentam que um princpio no direito lquido e certo capaz de dar ensejo a um mandado de segurana baseadoexclusivamenteemprincpios.Ora, istoaindaaconteceporqueosnossos juristasaindanodoodevidovalor foranormativadosprincpios.
Pararessaltaraimportnciadoreconhecimentodanormatividadedosprincpios,quesetranscreveaseguirimportanteconclusodeBonavides:
Tudo quanto escrevemos fartamente acerca dos princpios, embusca de sua normatividade, a mais alta de todo o sistema,porquanto quemos decepa arranca as razes da rvore jurdica seresumemnoseguinte:nohdistinoentreprincpiosenormas,os princpios so dotados de normatividade, as normascompreendemregraseprincpios,adistinorelevanteno,comonos primrdios da doutrina, entre princpios e normas,mas entreregras e princpios, sendo as normas o gnero, e as regras e osprincpiosaespcie.
Daqui j se caminha para o passo final da incurso terica: ademonstrao do reconhecimento da superioridade e hegemoniados princpios na pirmide normativa supremacia que no unicamente formal,mas sobretudomaterial, e apenas possvel namedidaemqueosprincpiossocompreendidoseequiparadoseatmesmoconfundidoscomosvalores,sendo,naordemconstitucionaldosordenamentosjurdicos,aexpressomaisaltadanormatividadequefundamentaaorganizaodopoder.
Nestaesteira,aqualificaodedeterminadasnormascomoprincpiosoucomoregras,dependedacolaboraoconstitutivadointrprete.Paratanto,comobemsalientadoporvila,precisoteremmenteque"normasnosotextosnemoconjuntodeles,masossentidosconstrudosapartirdainterpretaosistemticadetextosnormativos".Noexistecorrespondnciaentrenormaedispositivo.Isto,nemsemprequehouverumdispositivohaverumanormaeviceversa.Oautorsustentasuaposioinvocandoosprincpiosdaseguranajurdicaecertezadodireito,osquaissonormasquenotmdispositivosespecficosparalhesdarsuportefsico.
Nesteponto,ousamosdiscordardaposiodevila,apesardoenormeadmiraoerespeitoporsua"TeoriadosPrincpios".O autor acaba por acolher doutrina que concebe a possibilidade de norma sem base em enunciados prescritivos.PreferimosaposiodoProf.PaulodeBarrosCarvalhoqueassimleciona:
Sucedequeasconstruesdesentidotmdepartirdainstnciadosenunciados lingsticos, independentemente do nmero deformulaes expressas que venham a servirlhe de fundamento.Haveria, ento, uma forma direta e imediata de produzir normasjurdicas outra, indireta e mediata, mas sempre tomando comopontoderefernciaaplataformatextualdodireitoposto.
Certoqueanormajurdicanoseencontraenraizadaapenasnoenunciadoprescritivo,ouseja,notextolegal,oriundoexclusivamentedeumatoemanadodefonteautorizada.Anormajurdicasurgesim,dainterpretao,daconjugaoentreasuaprogramaodevariantessemiolgicasedosdadosconcretosquesepropeelucidar,ouseja,oseumbitoderealidade.
Fixarestaspremissastemrelevnciaprticanacompreensododireito.Umavezqueosdispositivossoospontosdepartidaparaaconstruodenormaspelointrpretequenosepodeconcluirquedeterminadotextolegalcontmumaregraouumprincpio.Enesteaspecto,vilaestcorretoaoafirmarqueaqualificaodeumaespcienormativadependemuito
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maisdasconexesaxiolgicasquesoconstrudaspeloprpriointrprete.Mas, incorreemequvocoaoafirmarquetaisconexes so independentes do texto legal . Isto porque no se pode perder de vista, em momento algum, que odispositivotextualdeveserjustamenteopontoderefernciadoaplicadordodireitoparasolucionarumcasoconcreto.
Carvalho,citandooilustreProf.SachaCalmonNavarroCoelho,demonstraquehmuitoaimportnciadadistinoentretextoenormajurdicajeraobjetodepreocupaodadoutrina:"Frisesequeanormaprodutodouniversolegisladosenoconfundecomseusveculos,osentespositivos(leis,decretosleis,etc.).Tampoucoseconfundecomasproposiesjurdicasqueacinciadodireitoproduzaodescreveranorma,sobaforma,quasesempredejuzoshipotticos."
Assim,anormajurdicaexatamenteojuzo(oupensamento)quealeituradotextoprovocaemnossoesprito.Umnicotexto pode originar significaes diferentes, de acordo com asmais diversas noes que o intrprete tenha dos termosempregadospelo legislador.Ofatoqueotermo"norma"podeassumirumamultiplicidadedesignificados,dadaasualarguezasemntica,quecontinuaacomportarambigidades.
Os positivistas compreendiam a norma como juzo hipottico condicional, isto , "se ocorrer o fato X, ento deve ser aprestaoY" .Assim,todanormajurdica,enquantojuzohipotticocondicionaldeveriasercompostaporumahipteseoudescritoreumaconseqnciaouprescritor.Oelodeligaoentreestesdoiselementosdanormajurdica,hipteseeconseqncia,odeverseroudentico.Destamaneira,realizadoofatoprevistonosuposto,instaurase,automaticamente,aconseqncia.Deformabastantesinttica,ocorrendoasubsunodofatonorma(ocorrncianomundofenomnicodoeventodescritonahiptesenanormajurdica),inevitavelmenteosefeitosdanormajurdica,presentesnoconseqentedamesma,nascero,surgindoparaosujeitopassivoodeverdecumprimentodeumdosmodaisdenticos(proibido,permitidoeobrigado).
Talposicionamentoencontrasesuperadonaatualidade,namedidaemqueconfereverdadeiraprimaziadaleinasoluodosconflitoseumpapelsecundrioaosprincpios,sendoaplicadostosomenteemcasodeeventuaislacunasdalei,nodesempenhodeumafunomeramentesupletiva.
vilaacreditaqueofenmenodasubsunodofatoanormatpico(oquediferentedeserexclusivo)dasregrasenodosprincpios,quesegundooautor,sonormasfinalsticas,paracujaaplicaodemandaumaavaliaodacorrelaoentreosestadodecoisasaserpromovidoeosefeitosdecorrentesdacondutahavidacomonecessriasuapromoo .Ademais,existemoutrostiposdenormas,qualificadascomodesegundograu,quenoselimitamadeterminarcondutasobrigatrias,permitidaseproibidasoumesmoestabelecerumfimaseratingido.Soospostulados,queservemcomoparmetroparaarealizaodeoutrasnormas.
Fica claro, portanto, que o atributo da normatividade no exclusividade das proposies jurdicas. Nesse diapaso,registreseopensamentopspositivistadeLeite:
indiscutvelqueosprincpiosdesempenhamessepapelorientadorna ordem jurdica, mas sua relevncia no se adstringe a esseaspectodiretivo.Defato,noestgioatualdesuacompreenso,asuaelevada generalidade no lhes retira a capacidade de solversituaes fticas controvertidas, posto que so considerados, nocomo simples pautas valorativas, seno como autnticas normasjurdicas,conformesever.(...)Osprincpios,frisese,sonormasjurdicas que impem um dever ser, dotados de cogncia eimperatividade, no podem ser relegados aos casusmos de quemquer que seja, posto que so a prpria essncia e substncia daconscinciajurdicapresenteemdeterminadoseiocoletivo.(...)
Norestamdvidasdequeosprincpiostmeficcianormativa,tendosidosuperadaacrenadequeteriamumadimensopuramenteaxiolgica,tica,semeficciajurdicaouaplicabilidadediretaeimediata.Talconclusorefletediretamentenasuperaodadogmticajurdicatradicional,aqueladesenvolvidasobomitodaobjetividadedoDireitoedaneutralidadedointrprete.Naverdade,estaevoluodopensamentojurdico,muitomarcadapelaascensodosvalores,vaiaoencontrodopspositivismo,queultrapassaoestritolegalismo,semterderecorrerscategoriasdarazosubjetivadojusnaturalismo.
Feitas estas consideraespreliminares, passarse ao examedetidodadistino entre as espciesnormativas luzda"TeoriadosPrincpios"deHumbertovila,fazendosemaisumarecensosvaliosascontribuiestrazidaspeloautorparaacinciajurdicacontempornea,doquetentandoproporalgodiferentedetudoquejfoiproduzidoarespeito.
3PORUMADISTINOENTREREGRASEPRINCPIOS
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Partindodopressupostodequenomaisrestamdvidasacercadaeficcianormativadosprincpios,seroexaminadasasprincipaispropostasdedistinoentreosconceitosderegraseprincpios,enquantoespciesdogneronormajurdica.Paratanto,vlidaaexposiodeumbrevepanoramaevolutivodoscritriosdedistinopropostospelaboadoutrinaaolongodostempos.
Para Larenz, os princpios estabelecem fundamentos normativos para a interpretao e aplicao do direito, delesdecorrendo,diretaou indiretamente,normasdecomportamento.Sopensamentosdiretivos,enoregrassuscetveisdeaplicao, pois lhes falta carter de proposio jurdica, isto , a conexo entre uma hiptese de incidncia e de umaconseqnciajurdica.
Nomesmosentido,Canaris,discpulodeLarenz,lecionaqueosprincpiospossuemcontedoaxiolgicoexplcitoecarecem,porisso,deregrasparasuaconcretizao.Osprincpios,aocontrriodasregras,recebemseucontedodesentidosomentepormeiodeumprocessodialticodecomplementaoelimitao.
Dworkininaugurouoparadigmacontemporneodateoriadosprincpios,buscandoprocederdistinopormeiodomododeoperaoeaplicaodasregrasedosprincpios.Oautorentendequeregrassoaplicadasao"modooutudoounada".Seumahiptesedeincidnciadeumaregrapreenchida,ouaregravlidaeaconseqncianormativadeveseraceitaounoconsideradavlida.Nocasodecolisoderegras,umadelasdeveserconsideradainvlida.Osprincpios,aocontrriodasregras,possuemuma"dimensodepeso"demonstrvelnahiptesedecolisoentreprincpios,casoemqueodemaiorpesosesobrepeaooutrosemperdersuavalidade.
AposiodeAlexybastanteparecidacomadeDworkin.Paraele,adiferenaentreasduasespciesnormativasdendolequalitativa.Osprincpiosjurdicosconsistemapenasemumaespciedenormajurdica,pormeiodaqualsoestabelecidos"deveresdeotimizao"aplicveisemvriosgraus,segundoaspossibilidadesnormativasefticas,ouseja,osprincpiosimpemquealgosejarealizado"namedidadopossvel".
Canotilhotambmoferecealgunscritriosparadiferenciarosprincpiosdasregras:
a)graudeabstraoosprincpiospossuemumgraudeabstraorelativamente elevado, ao passo que as regras tm esse graurelativamentebaixob)graudedeterminabilidadenaaplicaodocaso concreto em decorrncia do alto grau de abstrao dosprincpios, eles reclamam mediaes para serem aplicados,enquanto a regras podem ser aplicadas diretamente c) carter defundamentalidadeno sistemadas fontes do direito os princpiosdesempenhamumpapelfundamentalnoordenamentojurdico,porcausa de sua posio hierrquica superior ou por fora de suaimportncia estruturante no sistema jurdico d) proximidade daidia de direito os princpios so "standards" juridicamentevinculantes,decorrentesdeexignciada"justia",enquantoqueasregras podem ter um contedomeramente funcional e) naturezanormogenticaosprincpiossofundamentodasregras,dateremumafunonormogentica.
Aexposiodospensamentosdealgunsdosprincipaisautoresquejsepreocuparamemempreenderumadistinoacercadasespciesnormativascomprovaqueosmtodosecritriosestoemvisveltransiodeparadigmas.Nessediapasoquesereveladeextremautilidadeoenfoquecrticodevila,queapresentoumodosdeaperfeioamentoaospadrestericosatentopredominantes.
Porm,antesoautoravalioudetidamenteosprincipaiscritriosdedistinodemaiorrepercussonadogmticajurdica,quaissejam:(i)ocritriodecarterhipotticocondicional(ii)ocritriodomodofinaldeaplicaoe(iii)ocritriodoconflitonormativo.
O primeiro critrio de distino, pautado no carter hipotticocondicional, distingue princpios e regras a partir doselementos, hiptese de incidncia e conseqncia. Para tal corrente, estes elementos se acham presentes nas regras,enquantoqueosprincpios,diferentemente,apenasindicamofundamentoaserutilizadopeloaplicadorpara,apartirda,encontrararegraaplicvelaocasoconcreto.
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Acrticalanadaaestecritrionosentidodequeaexistnciadehiptesesdeincidncianasregrasmeraquestodeformulaolingsticaenotraodistintivodeespciesnormativas.Existemprincpiosquetambmrevelamproposiesjurdicas aomodo, "Se, Ento".Citese como exemplo, o princpio da anterioridade. Se determinada lei estabelecer aexignciadetributonomesmoexercciodaleiqueoinstitui,ento,talnormadeverserdeclaradainconstitucional.Almdisso,ofatodeumdispositivotersidoelaboradoseguindoostrmitesdodevidoprocessolegislativonoimpedeoaplicadordo direito de entendlo como princpio, justamente porque cabe ao intrprete a apreenso do sentido do texto da lei,traduzindoocomonormajurdica,aserqualificadaoucomoprincpiooucomoregra.
Assim,qualquertextolegalpodeserreformuladodemodoaapresentarumahipteseeumaconseqncia,oquepoderialevaraoequvocodeseconcluirquetodanormaseriaumaregra.Nadamaisabsurdo.
Osegundocritrio,pautadonomodofinaldeaplicao,levaemconsideraoaformacomoosprincpioseasregrassoaplicadosaocasoconcreto.Asregrasseriamaplicadasaomodo"tudoounada",enquantoosprincpiosseriamaplicadosdemaneira"maisoumenosgradual".EstacorrenteadefendidaporDworkineAlexy,tendosofridoseverascrticasdevila.Umadelasofatodequenemsempreaconseqnciadedeterminadanormavaiserimplementadadeformaabsoluta,mesmo tendo sido preenchidos todos os requisitos da situao hipottica respectiva. Outras razes podem se sobreporquelesrequisitosecontribuirparaque,aindaassim,nosejaconfiguradoaqueletiponormativo.
Umexemploseriaocasodeumaregraqueprevaaplicaodemultaparaoscondutoresqueultrapassaremavelocidadede70Km/hemdeterminadarodovia.Ora,eseumveculoestiverconduzindoumamulhergrvidaemregimeadiantadodeparto?Oaplicadordaleipode,naturalmente,entenderqueavidadameedacrianasovaloresmaisimportantesaserempreservados. Assim,mesmo que o condutor tenha preenchido a situao prevista na hiptese, qual seja, ultrapassar avelocidademximapermitida,porrazesnoprevistasnaregra,poderseverdesobrigadoaocumprimentodaobrigaoestabelecidanaconseqncianormativa.
Quantoaoterceirocritriopautadonoconflitonormativo,omesmoserabordadocommaiornfasenotpicoseguinte,quetrataespecificamentedacolisoentreasespciesnormativas.
Aocabodetodasascrticas levadasaefeitoporvila,oautorpropeoutroscritriosdistintivoseumanovapropostadeclassificao das espcies normativas, partindo do pressuposto que um ou vrios dispositivos podem experimentar,simultaneamente, uma dimenso imediatamente comportamental (regra), finalstica (princpio) e/ou metdica(postulado), a depender das conexes axiolgicas do intrprete. E assim, supera o tradicional modelo dicotmico declassificaodasespciesnormativasentreregras/princpios,adotandoummodelotricotmico,pormeiodadissociaoentre regras/princpios/postulados, estes ltimos entendidos como "instrumentos normativosmetdicos", os quais serotratadosemtpicoespecificonesteestudo.
O primeiro critrio distintivo proposto por vila quanto ao "modo como as espcies normativas prescrevem ocomportamento",peloqualpossvelconcluirqueasregrasnoseexcluem,masantes,secomplementam.Eisaclarssimadefinionaspalavrasdoautor:
Enquantoas regras sonormas imediatamentedescritivas, namedida emque estabelecemobrigaes, permisses eproibiesmedianteadescriodacondutaaseradotada,osprincpiossonormasimediatamentefinalsticas, jqueestabelecemumestadodecoisasparacujarealizaonecessriaaadoodedeterminadoscomportamentos.Osprincpiossonormascujaqualidadefrontal,justamente,adeterminaodarealizaodeumfimjuridicamenterelevante,aopassoquecaractersticadianteiradasregrasaprevisodocomportamento.
Outrocritriodistintivoapresentadooda"naturezadajustificaoexigida",quelevaemconsideraoaavaliaofeitapelointrpreteeaplicadordodireitoaoconfrontarocasoconcretocomodispositivolegal.Deveseavaliaracorrespondnciaentreadescriodocasoconcretoeadescriohipotticadaregra.Osprincpios,porsuavez,exigemumacorrelaoentreoestadodecoisasquesebuscaatingireosefeitosdacondutanocasoconcreto.
Porfim,umltimocritrioapontadoporvilaoquedistingueasespciesnormativas"quantoaomodocomocontribuemparaadeciso".Nestesentido,asregrasdistinguemsedosprincpiosnamedidaemqueaquelasconsistemem"normaspreliminarmentedecisivaseabarcantes",umavezquevisaabrangertodososaspectosrelevantesparasetomaradeciso.Josprincpiosso"normascompretensodecomplementaridadeedeparcialidade",poisnotmapretensodegerarumasoluoespecfica,masapenascontribuir,aoladodeoutrasrazes,paraatomadadedeciso.
De todososcritriospropostoporvilaemproldeumadistinocoerente,esteltimo,semdvida,umtantoquantoimpreciso.Istoporque,seanormajurdicaainterpretaoobtidaapartirdosdispositivoslegais,denotasequeparaunsotextopodeexprimirumaregraeparaoutrospoderevelarumprincpio.Poristomesmoqueosprincpios,emalgunscasos,podem sim fundamentar isoladamente uma tomada de deciso, independentemente de terem de ser invocadas razescomplementares.Porexemplo,sedeterminadaleimajorouumtributo,tendoaplicadoseusefeitosretroativamente,podesimo juizpautarse to somentena inobservnciadoprincpioda irretroatividade emmatria tributriaparamanter aeficciaprospectivadanormajurdica.
SouzaCruzconclamaosjuristasarefletiremsobrearelevnciaprticadadistinoentreasespciesnormativas:
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Nem a hermenutica nem tampouco a teoria do discurso devemsuportaressadicotomiadeespciesnormativase,sim,alardearumamudananoparadigmada interpretao comoum todo, pois foradeumavisoemtornodaponderaodevalores,qualautilidadedeseparar regras e princpios nos parmetros atuais de nossaracionalidade? Negar uma distino ontolgica entre as espciesnormativas implicaria a quadra atual do pensamento jurdico umretrocessoaopositivismo?Cremossinceramentequeno,eisqueoessencial construir uma argumentao de princpios, ou seja,calcada na filosofia da linguagem, concretista e aberta, livre, pois,dospadresformalistasesubsuntivosdopositivismoedafilosofiadaconscincia
ApesardaadmiraopelasidiastrazidasporSouzaCruz,aindaqueseadmitanohaverumaessencialdiferenaentreasespciesnormativas,sendoprincpioseregrastextosnormativos,devesereconhecerquepapeldosestudiososdodireitoenvidar esforos para garantir a sua aplicabilidade e efetividade, razo pela qual se torna sobremaneira relevante adelimitaodeseuscritriosdistintivos.
4HIERARQUIAECOLISOENTREASESPCIESNORMATIVAS
Seriautpicoseosistemajurdicofossebaseadosomenteemregras,comaaplicaodaletrafriadalei,pormeiodamerasubsuno do fato norma, semmargempara integrao ou interpretao.A sociedade vive em constante e aceleradamutaonosendopossvelaexistnciadetextoslegaisdetoamplacobertura.Damesmaforma,seosistemafossebaseadosomenteemprincpios,careceriadepreciso,sendoqueestariasemprenadependnciadautilizaodaponderaoparaauferirsedeterminadocomportamento/situaoviolouounoalgumprincpio.
Partindodopressupostodequeasdiferentesespciesnormativasdevemcoexistirharmonicamente,devendosemanteraordeminterioreunidadedoDireito ,quemuitocontribuiparaasdiscussesempreendidasnopresenteestudoavaliarsehhierarquiaentreosprincpiosequalocaminhomaisacertadoemcasodeconflitoentreasespciesnormativas.
DeacordocomateoriapreconizadaporKelsen,oordenamentojurdicoumsistemahierrquicodenormas.Nestesentido,eisumtrechotradicionalssimodaobra,"TeoriaPuradoDireito",docitadoautor:
Aordemjurdicanoumsistemadenormasjurdicasordenadasno mesmo plano, situadas umas ao lado das outras, mas umaconstruo escalonadadediferentes camadasounveisdenormasjurdicas.Asuaunidadeprodutodaconexodedependnciaqueresultado fatode a validadedeumanorma,que foi produzidadeacordo com outra norma, se apoiar sobre essa outra norma, cujaproduo,porsuavez,determinadaporoutraeassimpordiante,atbicarfinalmentenanormafundamentalpressuposta.
Segundooposicionamentodevila,aoavaliaraproblemticadahierarquizaodasnormasconstitucionais,ointrpretedevepreocuparseemsaberqualnormadeverprevaleceremcasodeconflito,assimcaracterizadocomocontraposioconcreta entre normas jurdicas. Deve o hermeneuta aterse ainda em perquirir se algumas normas jurdicas possuemhierarquiasuperior(qualnorma"valemais"ouse"sobrepe"?),bemcomoinvestigarquaissoasrelaesdedependnciaexistentesentreasnormasjurdicasdentredeumsistemaespecfico.
vilalanapesadacrticasobreatradicionalnoodehierarquiaquepartedoconceitodeordenamentojurdicoenquantoumaestruturaescalonadadenormas,sustentandoqueestemodeloinsuficienteparacobriracomplexidadedasrelaesentreasnormasjurdicas.posicionamentodoautorarespeito:
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Com efeito, vrias perguntas ficam sem resposta, segundo essemodelo.Quaisasrelaesexistentesentreasregraseosprincpiosconstitucionais? So somente os princpios que atuam sobre asregrasouserqueasregrastambmagemsimultaneamentesobreocontedonormativodosprincpios?Quaissoasrelaesexistentesentre os prprios princpios constitucionais? Todos os princpiospossuem amesma funo ou h alguns que ora predeterminam ocontedo, ora estruturam a aplicao de outros? Quais so asrelaes entre as regras legais, j consideradas vlidas, e osprincpios e as regras de competncia estabelecidos naConstituio? So somente as normas constitucionais que atuamsobre as normas infraconstitucionais ou ser que essas tambmagemsobreaquelas?
Oautorpropeasubstituiodatradicionalnoodehierarquia,pautadaemumasistematizaolinear(normasuperiorconstituio fundamentodanorma inferior), simples (baseadanumarelaodehierarquia linearentreasnormas)enogradualentreduasnormas jurdicas (normasesto,ouno,sistematizadasenquantohierarquicamentepostas),que temsrias implicaesnoplanodavalidadedasnormas,porumnovomodelodesistematizaocircular(normassuperiorescondicionamas inferiores, e as inferiores contribuempara determinar os elementos das superiores), complexo (no hapenas uma relao vertical de hierarquia,mas vrias relaes horizontais, verticais e entrelaadas entre as normas) egradual(asistematizaosertantomaisperfeitaquantomaiorforaintesidadedaobservnciadosseusvrioscritrios).Onovomodelo teria conseqncias,nonoplanodavalidadedasnormas,mas simnoplanodaeficcia, razopelaqualpropeasubstituiodopostuladodahierarquiapelodacoerncia.
Interessanteexaminaraindaaproblemticadahierarquiadasnormasjurdicas,especificamentenoquedizrespeitoaosprincpiosconstitucionais.Lima,citandoCanotilho,seposicionaacertadamentenosentidodequeinexistehierarquiaentreprincpiosconstitucionais:
Do ponto de vista jurdico, foroso admitir que no hhierarquia entre os princpios constitucionais. Ou seja,todos as normas constitucionais tm igual dignidade em outraspalavras: no h normas constitucionaismeramente formais, nemhierarquia de supra ou infraordenao dentro da Constituio,conformeasseverouCANOTILHO.Existem,certo,princpioscomdiferentesnveisdeconcretizaoedensidadesemntica,masnempor isso correto dizer que h hierarquia normativa entre osprincpios constitucionais. Com efeito, como decorrncia imediatadoprincpiodaunidadedaConstituio,temsecomoinadmissvela existncia de normas constitucionais antinmicas(inconstitucionais),isto,completamenteincompatveis,conquantopossahaver,egeralmenteh,tensodasnormasentresi.
Efetivamentenohhierarquiaentreprincpiosconstitucionais,apesardosensocomumsobreaexistnciadeprincpiosdemaioroumenor importncia,decorrendoessagradaodasuautilizaomais freqenteedofatode,muitasvezes,unsenglobaremoutros. Tavaresconfirmatalentendimento,namedidaemquesustentaque"nohhierarquianormativaentreprincpios(...).Nosepodepretenderatribuiraumprincpiosuperioridadeapriorstica,emrelaoaoutroprincpio,porforadealgumvalorrelevantequenoprimeirosevislumbre".
Aquestopostaemdiscussonopacfica.Atalibaafirmaque"mesmononvelconstitucional,humaordemquefazcomque as regras tenham sua interpretao e eficcia condicionadas pelos princpios. Estes se harmonizam, em funo dahierarquiaentreelesestabelecida,demodoaassegurarplenacoernciainternaaosistema(...)". Porestarazoque
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algunsprincpiossoconsiderados"irreformveis",ouseja,estoimantadospelaclusuladainabolibidade,aopassoqueoutrospodemser,naformadoprocessoconstitucionallegislativo,suprimidospelopoderconstituintederivado.
Parecemmaisacertadasasconclusesdosqueacreditamquenohhierarquiaentreosprincpiosconstitucionais,apesarde seremdotados de diferentes nveis de concretizao e densidade semntica. Isto porque, o princpio da unidadedaConstituio,impedeaexistnciadenormasconstitucionaisantinmicasouincompatveis,podendohaver,poroutrolado,tensodasnormasentresi,quepodeserresolvida,medianteutilizaodopostuladodacoerncia,conformepropostadevilaquesertratadamaisadiante.
Fixandose a premissa de que no h hierarquia entre os princpios e regras, imperioso se faz avaliar outra questotormentosa:adesedefinirqualomelhorcaminhoaserseguidonocasodeconflitoouantinomiaentrenormasjurdicas,especialmenteentreprincpios.
MariaHelenaDiniz,emsuaobraacercadosconflitosentrenormas,defineaantinomiacomo"apresenadeduasnormasconflitantes,semquesepossasaberqualdelasdeverseraplicadaaocasosingular".
Para Bobbio, no caso de conflitos entre regras h trs critriosdistintos para soluo do problema: (i) critrio cronolgico (lexposterior derogat priori), o critrio hierrquico (lex superiorderogat inferiori) e, por ltimo, o critrio da especialidade (lexspecialis derogat generali). Aplicandose, por escolha dointrprete, um destes trs critrios, verificarse a validade daregra e sua conseqente aplicao ao caso concreto, o quenecessariamenteimplicanainvalidadedaoutraregraconflitante.
Osmtodos propostos por Bobbio, apesar de altamente eficazes,no so absolutos, vez que as normas em conflito podem contercaractersticas tambm antinmicas. o caso, por exemplo, deuma regra hierarquicamente superior conflitar com outra que especial em relao a ela. Se aplicado o critrio hierrquicoprevalecer uma norma, se aplicado o critrio da especialidade,prevaleceroutranorma.Paraestescasos,oautornotratoudeumasoluo, sendoadoutrinapraticamenteunnimeno sentidode que a controvrsia resolvida por meio da aplicao dosprincpiosgeraisdedireitoenoodejustia,enquantofimmaiordodireito.
Nocasodosprincpiosconstitucionaisnohoquesefalaremantinomias,poisemcasodeconflito,nosepodeafastaraaplicaodeumemdetrimentodeoutro.Comoseadmitiulinhasacima,istoquenohhierarquiaentreprincpios,comoentoresolveroscasosdecolisoentreprincpios?
Algunscritriosforamdelineadospeladoutrinaestrangeira,osquaistmsidobemrecepcionadosnoordenamentojurdicoptrio.UmdoscritriosmaisaceitosaqueledesenvolvidoporHesse,qualsejaodaconcordnciaprtica,segundooqualosdireitos fundamentais e valores constitucionais devero ser harmonizados, no caso sub examine, pormeio de juzo deponderaoquevisepreservareconcretizaraomximoosdireitosebensconstitucionaisprotegidos. Outroscritrios,nomenosimportantes,equejforaminclusivecomentadosnotpicoanterior,soaquelespreconizadosporDworkineAlexy,podendosertambmserutilizadosnestescasos.
Limaassimseposicionasobreacorretaformadeaplicaodoscritriosparasoluodeconflitosentreprincpios:
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Anossover,essasduassolues(concordnciaprticaedimensode peso e importncia) podem e devem ser aplicadassucessivamente, sempre tendo o princpio da proporcionalidadecomo "parmetro": primeiro, aplicase a concordncia prtica emseguida,nosendopossvelaconcordncia,dimensionaseopesoeimportncia dos princpios em jogo, sacrificando, o mnimopossvel,oprincpiode"menorpeso".
Umdos critrios dedistino entre as espciesnormativa aceito por boaparte dadoutrina o do "conflitonormativo",segundooqualaantinomiaentreasregrasconsubstanciaverdadeiroconflitoasersolucionadopormeiodadeclaraodeinvalidadedeumadasregrasoucomacriaodeumaexceo,aopassoquehavendoconflitoentreprincpios,devesedecidirmedianteumaponderaoqueatribuiumadimensodepesoacadaumdeles.
vila,demaneirabastanteconvincente,simplesmentedesconstriatesedosautoresdefensoresdaponderaoenquantomtodoprivativodosprincpios,demonstrandoqueelapodeserutilizadatambmnocasodeconflitoentreregras,asquaispodementraremrotadecolisoemalgunscasos,sem,contudo,perdersuavalidade,dependendoasoluodaatribuiodepesomaioraumadelas. TecetambmseverascrticasateoriadeDworkin,defendendoquenocoerenteafirmarquesomenteosprincpiospossuemumadimensodepeso.Domesmomodo,aaplicaoderegrasexigeosopesamentoderazes,cujaimportnciaseratribudapeloaplicador.Sojustamenteasdecisesqueatribuemaosprincpiosumpesoemfunodocasoconcreto.
viladexemplosverdadeiramentecapazesdeconfirmarsuatese.Umdelesgenial,justamenteporquesuscitaaaplicaodeumaregradoDireitoPenal,queprivelegiaoprincpiodatipicidadecerrada,decunhoeminentementepositivista.ocasodaaplicaodoArt.224doCdigoPenal,peloqualarelaosexualpraticadacommenorde14(quatorze)anosdeveseter por presumida a violncia. Todavia, independentemente do teor do texto legal, o Supremo vem considerando"circunstnciasparticularesnoprevistaspelasnormas",taiscomoaaquiescnciadavtimaesuaaparnciafsicae(ou)mentaldepessoacomidadesuperioraolimitedotipo.
Realmenteaquestopostaemexamenodasmaispacficas.AfonsodaSilvadiscordadoposicionamentodevila,aoafirmarque "serpassveloucarentede interpretao"umacaractersticade textosqueexprimemtanto regrasquantoprincpios.Mas"serpassveloucarentedesopesamento"caractersticaexclusivadosprincpios.
Apesquisaacercadahierarquiaeconflitosentreasnormasjurdicasinesgotvel.Otemaderelevnciaindiscutvelparaacompreensodoconstitucionalismomoderno,dopspositivismoedastcnicasdeinterpretao,notadamenteasistmica.Todavia,norestamdvidasdequetantoosprincpiosquantoasregrascontrapostasdevemsersopesados,enestesentido,sopreciosasascontribuiesdevila,aoinvocaraimportnciadospostuladosparaoaplicadordodireitonasoluodeantinomias.
5OSPOSTULADOSNORMATIVOS
Ospostuladossoconsideradoscomoterceiraespcienormativadeacordocom"TeoriadosPrincpios"devila,queveioquebraroparadigmaclssicoedicotmicodefendidoporAlexyeDworkin.Navisodoautor,umavezqueospostuladosnoseenquadramnastradicionaisdefiniesdeprincpioseregras,merecemtratamentodiferenciado.
Ospostuladossodiferentesdosprincpiosedasregras,pornosesituaremnomesmonveldeaplicao.Enquantoospostuladosorientamaaplicaodeoutrasnormas,osprincpioseregrassooprprioobjetodaaplicao.Almdisso,nopossuemosmesmosdestinatrios,poisosprincpioseregrassodirigidosprimariamenteaoPoderPblicoecontribuintes,ao passo que os postulados so dirigidos para o intrprete e aplicador do direito. Por isso que se qualificam como"metanormas"ou"normasdesegundograu". NosdizeresdeCruz,"ospostuladosdevemserentendidoscomoelementossemosquaissoobramacoerncia,aintegridadeeaconsistnciadoDireito".
Masospostuladosnormativosnofuncionamcomoqualquernormaquefundamentaaaplicaodeoutra,comotambmocasodos sobreprincpios, tais comoosprincpiosdoEstadodeDireito edodevidoprocesso legal.Adiferena queossobreprincpiossituamsenoprprionveldasnormasdeaplicao,enononveldasnormasqueestruturamefetivamente(enosomentefundamentam)aaplicaodeoutras.
O autor defende a existncia de dois tipos de postulados: osmeramente hermenuticos, que so aqueles destinados acompreensoemgeraldoDireito,eosaplicativos,cujafunoestruturaracorretaaplicaodeoutrasnormas.
Comoexemplosdepostuladoshermenuticos,citese:(i)opostuladodaunidadedoordenamentojurdico,oqualexigedointrpreteorelacionamentoentreaparteeotodomedianteempregodascategoriasdaordemeunidade(ii)opostuladodacoerncia,queimpeaointrpreteaobrigaoderelacionardeterminadasnormascomoutrasquelhessosuperiorese(iii)opostuladodahierarquia,querequeracompreensodoordenamentocomoumaestruturaescalonadadenormas.
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Entreosprincipaispostuladosaplicativos,destacamse:(i)postuladodarazoabilidade(ii)postuladodaproporcionalidadee(iii)postuladodaproibiodeexcesso.Aaplicaodeumanorma(regra/princpio)seriarazovelquandoatendesseofimaqueelasedestina,seriaproporcionalquandoencontrasseumequilbrioentreobemrealizadoeosacrificadoeserianoexcessivaquandoevitassesacrificarumbemdesnecessariamenteoumaisqueonecessrio.
Ousamos, novamente, discordar das lies de vila. Ora, no se pode ignorar que os postulados da razoabilidade eproporcionalidade,naclassificaodoautor,sontidasmanifestaesdaprpriajustianoplanoconcreto.Nestaesteira,revelam,assimcomoosprincpios,umestadoidealdecoisasouumfimaseralcanadopeloaplicadordodireito,sendodesprovidadequalquerrelevnciaprticaaclassificaodestasespciesenquantopostuladosnormativos.
ParaHumbertovila,nopodehaverviolaodetaispostulados,namedidaemquevioladassoasnormasouprincpiosquedeixaramdesercorretamenteaplicados.
Podese tambm afirmar que os postulados no funcionam da mesma maneira, pois alguns so aplicveisincondicionalmenteeoutrosdependemdaexistnciadedeterminadoselementos,pautandosepordeterminadoscritrios.Comoexemplodepostuladosinespecficos(incondicionados),destacaseaponderao,aconcordnciaprticaeaproibiode excesso. Como exemplo de postulados especficos (condicionados) apontase a igualdade, a razoabilidade e aproporcionalidade.
Emverdade,nosepodenegarqueaTeoriadosPrincpiosdeHumbertovilainovadora,porquantotrazumainusitadadistinoentreasespciesnormativas.Oautorabandonaatradicionaldistinoentreprincpioseregras,esustentaqueindependentemente da denominao que se empreenda, o importante reconhecer a diferente operacionalidade dospostulados,enquantodeveresestruturantesdaaplicaodeoutrasnormas.
6OSELEMENTOSESTRUTURANTESDOSISTEMAJURDICO
Antesdetudo,precisobuscarumconceitosatisfatriodesistema.SegundoCanaris,"osistemaumaordemaxiolgicaouteleolgicadeprincpiosgeraisdoDireito" .Sabesequeumsistemanormativonoseexaurenasregrasaprovadaspelolegislador,nopodendoficaradstritoaessecontedomeramentepositivista.
Poroutro lado,ummodeloconstitudoapenasdeprincpioscarecedepreciso, sendo inconcebvelnamedidaemquegerariaanecessidadeconstantedeponderaosobresedeterminadaaohumana feriuounoalgumprincpio.Nestaesteira,sovlidososensinamentosdeCanotilho:
Um modelo ou sistema constitudo exclusivamente por regrasconduzirnosia a um sistema jurdico de limitada racionalidadeprtica. Exigiria uma disciplina legislativa exaustiva e completa legalismo domundo da vida, fixando, em termos definitivos, aspremissaseos resultadosdas regras jurdicas.Conseguirseiaumsistemadesegurana,masnohaveriaqualquerespaolivreparaacomplementao e desenvolvimento de um sistema, como oconstitucional,quenecessariamenteumsistemaaberto.Poroutrolado,umlegalismoestritoderegrasnopermitiriaaintroduodosconflitos, das concordncias, do balanceamento de valores einteresses,deuma sociedadepluralista e aberta.Corresponderia auma organizao poltica monodimensional (...).O modelo ousistema baseado exclusivamente em princpios (...) levarnosia aconseqncias tambm inaceitveis. A indeterminao, ainexistncia de regras precisas, a coexistncia de princpiosconflitantes, a dependncia do possvel fctico e jurdico, spoderiam conduzir a um sistema falho de segurana jurdica etendencialmente incapaz de reduzir a complexidade do prpriosistema.
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Canarisapontaduascaractersticasbsicasdesistema:ordenaoeunidade.Comaordenaopretendeseexprimirumestadodecoisasintrnsecoeracionalmentecompreensvel,isto,baseadonarealidade.Jaunidadeatuanaordenao,porintermdiodosprincpiosfundamentaisquelheconferemsentido,visandoevitaradispersoemumamultiplicidadedenormassingularesdesconexas.
Maisdoquepostuladosmetodolgicos,aordenaoeunidadepertencemsexignciasticojurdicaseradicamaprpriaidiadodireito,nabuscapelagarantiadaausnciadecontradies.Nestesentido,apesardamultiplicidadedevaloressingularesquecompemosistema,osprincpiosgeraisdodireito,navisodocitadoautor,sojustamenteoselementosquerevelamaunidadeinternaeadequaodaordemjurdica,buscandoportrsdalei,asuaratioiurisdeterminante,
Duas outras importantes caractersticas dos princpios so ressaltadas por Canaris: a abertura e mobilidade. Quanto acaractersticadaabertura,verificaseaincompletude,acapacidadedeevoluoealterabilidadedosistema,quesecolocaem constante mudana face a incidncia de novos princpios, de modo que o prprio direito positivo suscetvel deaperfeioamento. Quanto a caracterstica da mobilidade, verificase a igualdade fundamental de categorias e asubstitutividademtuadoscompetentesprincpiosoucritriosdeigualdade.
Aindaembuscadeumconceitoidealparasistema,citeseoposicionamentomaisamplodeFreitas:
(...)se conceitue o sistema jurdico como uma rede axiolgica ehierarquizadadeprincpiosgeraisetpicos,denormasedevaloresjurdicoscujafunoade,evitandoousuperandoantinomias,darcumprimento aos princpios e objetivos fundamentais do EstadoDemocrtico de Direito, assim como se encontramconsubstanciados,expressaouimplicitamentenaConstituio.
Talconceitopecanaimprecisodostermosutilizadosparaasespciesnormativas,bemcomocaracterizaosistemajurdicocomo sendo hierarquizado. que parece mais acertada a tese de vila acerca da correta distino entre as espciesnormativasemprincpios, regrasepostulados,bemcomoo fatodo tradicionalmodelo linear, simplesenogradualdesistema,pautadonahierarquizaodasnormasjurdicas,terdesercomplementadoporoutromodelocircular,complexoegradual,pautadono"postuladodacoerncia".
MisabelDerzi,comseubrilhantismo,utilizou,comaguadapreciso,terminologiajurdicaadequadaaodefinirosistemaconstitucional:
Hoje,oConstitucionalismovaConstituiocomoumsistemadenormas que aspira a uma unidade de sentido e de compreenso,unidade essa que somente pode ser dada pormeio de princpios,continuamente revistos, recompreendidos e reexpressos pelosintrpretes e aplicadores do Texto Magno. Ou seja, a anliseestruturadora sistmica necessariamente aberta, visto que, noraramente, normas e princpios esto em tenso e aparentamconflito.Chamamostaisconflitosetensesde"aparentes",porqueacompreensoprofundadaConstituio sempre buscada, sempredescoberta,deformacontnua.
Aps todo este estudo preferimos conceituar o sistema jurdico comouma rede axiolgica, hierarquizada e coerente deprincpios,regrasepostulados,queconvivemdemodoagarantirasuaprpriaunidadevalorativaeadequaointerna.
Canaris,defatorevolucionouasteoriassobreosmtodosdeobtenododireito,aodefenderarelevnciadopensamentosistemtico, como resposta s exigncias renovadasdeumaCincia Jurdica clara,precisa e capazde responder aumarealidade em permanente evoluo, tendo em conta os atuais conhecimentos hermenuticos e as exigncias demaleabilidadedelesdecorrentes.Onobrejuristafoicapazdecomprovarqueperanteumproblemaaserresolvido,nosepodeaplicarsomenteanormaoriginalmentevocacionadaparaasoluo,sendonecessrioinvocartodoodireito.
Todavia,aosustentarosprincpiosgeraiscomonicoselementosestruturantesdosistema,incorreemgrandeequvoco,poisumadasjustificativasdesuateoriaadeque"osprincpiosprecisam,parasuarealizao,deumaconcretizaoatravsdesubprincpiosevaloressingulares,comcontedomaterialprprio" .Comisto,negaeficcianormativaaosprincpios,osquais no seriam capazes de aplicao imediata, discusso esta que j se encontra absolutamente superada no Direito
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contemporneo. Ao defender que as normas no podem ter funo sistematizadora , uma vez normas no podemaglutinar outras normas, que partindo das premissas fixadas neste estudo, no sentido de que princpios so simconsideradosnormasjurdicas,concluisequeadefiniodeCanarisperdeconsistncia.
Cremosquenososomenteosprincpiosgeraisoselementosestruturantesdosistemacapazesdegarantirasuaunidadeeordenao, mas sim o relacionamento das diversas espcies normativas entre si que irradiam seus efeitos por todo ocomplexo jurdico, pautado nos postulados hermenuticos e aplicativos defendidos por vila, conforme exposto linhasacima.
Seopensamentopspositivistaadmiteosprincpioscomonormasjurdicasdeelevadoteoraxiolgico,sendoindependentesdeenunciaoemqualquercorpolegal,istosignificariadizerqueenquantonorma,nopoderiaaglutinarouterafunodesistematizar outras normas?Como fica o pensamento sistemtico preconizado porCanaris neste sentido?Parece que talpensamentoprecisaserrepensado.
Parafortaleceropensamentoqueorasepretendeexpor,quemaisumavezseinvocaasliesdeCanotilho,oqualexplicitaaidiadequeosistemajurdicodeveservistocomoumsistemanormativoabertoderegraseprincpios:
(1)umsistemajurdicoporqueumsistemadinmicodenormas
(2) um sistemaabertoporque temumaestruturadialgica {Caliess} traduzidanadisponibilidade e capacidadedeaprendizagem das normas constitucionais para captarem a mudana da realidade e estarem abertas s concepescambiantesdaverdadeedajustia
(3)umsistemanormativo,porqueaestruturaodasexpectativasreferentesavalores,programas,funesepessoas,feitaatravsdenormas
(4)umsistemaderegrasedeprincpios,poisasnormasdosistematantopodemrevelarsesobaformadeprincpioscomosobasuaformaderegras.
Nosepretende,porora,aprofundarnestadiscusso,atporqueestenoocernedopresenteestudo.AintenotosomenteadetentarfazerumaavaliaocrticadascontribuiestrazidasporCanarisaopensamentojurdicoaoproporumadefiniodesistema,lanandoapenasalgumasreflexes,quesemdvidaalguma,precisamsermaisbemexploradasemoutrotrabalho.
Oqueprecisaficarclaro,portanto,queoestudodopensamentosistemticodevesercomplementadopeloexameprofundodasdiferenasentreasespciesnormativas,poistodaselasseprestamagarantiracomposioordenadaeharmnicadaestruturadosistemajurdico.
7CONSIDERAESFINAIS
Diantede tudooque foiexposto,possvel compendiaralgumasdasprincipais idiasdesenvolvidas,nasproposiesaseguir.
(a)Naatualclassificaopspositivistanormaognerodoqualsoespciesasregraseosprincpios.Estesltimostmreconhecidaeficcianormativa, reflexododireitocontemporneo,quedemandaumconjuntonormativomais flexveleabertosubjetividadedoaplicadordodireito.
(b)Normaetextolegalnoseconfundem.Osdispositivossonecessariamenteospontosdepartidaparaaconstruodenormas,quedependemdeconexesaxiolgicasdointrprete,inclusiveparaclassificarumaespcienormativa.
(c)Mereceaplausosadistinodasespciesnormativaspropostasporvilaentreregras(normasdescritivas),princpios(normasfinalsticas)epostulados(normasmetdicas),quesuperouotradicionalmodelodicotmico.
(d)Anoodesistemajurdicocompostopornormasorganizadasdeformahierrquicadevesersubstitudaporummodelodesistematizaocircular,complexoegradual,devendoseadmitirquenohhierarquiaentreprincpiosconstitucionais.
(e)Emcasodeconflitonormativo,tantoasregrascomoosprincpiossopassveisdesopesamentoeponderao.
(f)Todasasdiversasespciesnormativasdevemserconsideradaselementosestruturantesdoordenamento jurdico,notendoosprincpiosocondodegarantir,comexclusividade,aunidadeeordenaodosistema.Ospostulados,porexemplo,tmexatamenteestepapel.
Restaevidentequeoassuntoaindaincipiente.Apesardasvriascontribuiestimidamenteapontadasnestetrabalho,asbasestericasaindaestoemplenodesenvolvimento,cabendoaosjuristasacompanharecontribuirparatalevoluodemodogarantiramaiorefetividadenaaplicaodasnormasjurdicas.
8REFERNCIAS
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dogmticaconstitucionalmenteadequada.SoPaulo:RevistadosTribunais,1998,p.55.3. ASSIS,WilsonRocha.Anormatividadedosprincpioseapsmodernidade
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Saraiva,1.999,p.229. SARAIVA,PauloLopo.Direito,polticaejustianacontemporaneidade.Campinas:Edicamp,2002,p.10.10. VILA,Humberto,op.cit,p.34.11. COELHO,SachaCalmonNavarro,TeoriaGeraldoTributoedaExoneraoTributria,p.66,apudCARVALHO,
PaulodeBarros.Op.cit,p.19.12. CARVALHO,PaulodeBarros.CursodeDireitoTributrio.17.ed.SoPaulo:Saraiva,2005,p.8.13. VILA,Humberto.Op.Cit,,p.137,138e180.14. LEITE,GeorgeSalomo.AAberturadaConstituioemFacedosPrincpiosConstitucionais.Disponvelem
http://www.jfpb.gov.br/esmafe/Pdf(http://www.jfpb.gov.br/esmafe/Pdf).Acessoem28.01.2009.15. BARROSO,LuisRoberto.FundamentostericosefilosficosdonovoDireitoConstitucional
brasileiro(http://jus.com.br/artigos/3208).Disponvelemhttp://jus.com.br/artigos/3208.Acessoem:25.01.2009
16. LARENZ,Karl.MetodologiadaCinciadoDireito.TraduodeJosLamego.3ed.Lisboa:CalousteGulbenkian,1997,p.674ess.
17. CANARIS,KlausWilhelm.PensamentoSistemticoeConceitodeSistemanaCinciadoDireito.TraduodeA.MenezesCordeiro.2ed.Lisboa:CalousteGulbenkian,1996,p.8899.
18. DWORKIN,Ronald.LevandoosDireitosaSrio.2ed.SoPaulo:MartinsFontes,2007,p.2426.19. ALEXY,Robert.TeoriadosDireitosFundamentais.TraduodeVirglioAfonsodaSilvada5ed.alem.So
Paulo:Malheiros,2008,p.90.20. CANOTILHO,JosJoaquimGomes.DireitoConstitucional.7ed.rev.Coimbra:LivrariaAlmedina,2003,p.166
167.21. VILA,Humberto.Op.Cit,p.40.22. Ibidem,p.4143.23. Ibidem,p.4451.24. Ibidem,p.69e71.25. Ibidem,p.71.26. Ibidem,p.73.27. Ibidem,p.7678.28. SOUZACRUZ,lvaroRicardo.RegrasePrincpios:PorumaDistinoNormoteortica.RevistadaFaculdadede
DireitodaUFPR,AmricadoSul,n.45,ago/2007,p.7071.29. CANARIS,KlausWilhelm.Op.Cit,p.18.30. KELSEN,Hans.TeoriaPuradoDireito[traduoJooBaptistaMachado].6ed.SoPaulo:MartinsFontes,
1.998,p.247.31. VILA,Humberto.Op.Cit,p.124.32. Ibidem,p.126127.33. Ibidem,p.125e127.34. LIMA,GeorgeMarmelstein.HierarquiaentrePrincpioseColisodeNormasConstitucionais
(http://jus.com.br/artigos/2625).Disponvelemhttp://jus.com.br/artigos/2625.Acessoem:27.01.2009.35. Oprincpiodaseguranajurdica,porexemplo,englobaoprincpiodairretroatividadedasleistributrias.36. TAVARES,AndrRamos.ElementosparaumaTeoriaGeraldosPrincpiosnaperspectivaconstitucional.In:
LEITE,GeorgeSalomo(org.).Dosprincpiosconstitucionais:ConsideraesemtornodasnormasprincipiolgicasdaConstituio.SoPaulo:Malheiros,2003,p.2728.
37. ATALIBA,GeraldoapudESPNDOLA,RuySamuel.ConceitodePrincpiosConstitucionais.RevistadosTribunais,SoPaulo,1999,p.165.
38. Ibidem,p.155.39. DINIZ,MariaHelena,ConflitodeNormas.SoPaulo:Saraiva,1987,p.23
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40. BOBBIO,Norberto.Op.Cit,p.9194.41. FARIAS,EdilsonPereirade.ColisodeDireitos.Braslia:SrgioAntnioFabrisEditor,1996,p.98.42. LIMA,GeorgeMarmelstein.Op.Cit.Disponvelemhttp://jus.com.br/artigos/2625.43. VILA,Humberto.Op.Cit,p.51.44. Ibidem,52.45. Ibidem,59.46. Cf.STF,2turma,HC73.6629,relatorMin.MarcoAurelio,DJU20.09.1996.47. AFONSODASILVA,LusVirglio.Princpioseregras:mitoseequvocosacercadeumadistino.Belo
Horizonte:DelRey,RevistaLatinoAmericanadeEstudosConstitucionais,p.617.48. AVILA,Humberto.Op.Cit.,p.122123.49. SOUZACRUZ,lvaroRicardo.Op.Cit,p.37.50. AVILA,Humberto.Op.Cit.,p135.51. Ibidem,p.124.52. Ibidem,p.182.53. Ibidem,p.134.54. Ibidem,p.142143.55. CANARIS,KlausWilhelm.Op.Cit,p.77.56. CANOTILHO,JosJoaquimGomes.Op.Cit,p.1162.57. CANARIS,KlausWilhelm.Op.Cit,p.12.58. Ibidem,p.77.59. Ibidem,p.103.60. FREITAS,Juarez.AInterpretaoSistemticadoDireito.2ed.ver.amp.SoPaulo:Malheiros,1998,p.50.61. CORDEIRO,AntonioMenezesinPrefciodeCANARIS,ClausWilhem.Op.Cit,p.CXICXII.62. CANARIS,KlausWilhelm.Op.Cit,p.88.63. Ibidem,p.81.64. CANOTILHO,JosJoaquimGomes.DireitoconstitucionaleTeoriadaConstituio.4ed.Coimbra:Almeida,
2000,p.1123.
Autor
RosrisPaulaCerizzeVogas
Advogada,especialistaemDireitoTributriopeloIBET,especialistaemDireitoEmpresarialpela UFU/MG, mestranda em Direito Empresarial pela Faculdade de Direito MiltonCampos/MG,professorauniversitria
Informaessobreotexto
Comocitarestetexto(NBR6023:2002ABNT)
VOGAS,RosrisPaulaCerizze.Distinodasespciesnormativasluzdateoriadosprincpios.RevistaJusNavigandi,Teresina,ano14,n.2109,10abr.2009.Disponvelem:.Acessoem:10jun.2015.