distincao das especies normativas a luz da teoria dos principios. jus navigandi

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Este texto foi publicado no site Jus Navigandi no endereço http://jus.com.br/artigos/12597 Para ver outras publicações como esta, acesse http://jus.com.br Distinção das espécies normativas à luz da teoria dos princípios Rosíris Paula Cerizze Vogas Publicado em 04/2009. Elaborado em 01/2009. SUMÁRIO: 1 Introdução. 2 A Força Normativa dos Princípios e o Conceito de Norma Jurídica. 3 Por uma Distinção entre Princípios e Regras. 4 Hierarquia e Colisão entre Espécies Normativas. 5 Os Postulados Normativos. 6 Os Elementos Estruturantes do Sistema Jurídico 7 Considerações Finais. 8 Referências. RESUMO O direito contemporâneo é palco de verdadeira quebra de paradigmas clássicos em torno do conceito, normatividade e hermenêutica dos princípios, em especial, da sua relevância para a compreensão da estrutura lógicoargumentativa das normas jurídicas. O presente estudo enfatiza a valiosa "Teoria dos Princípios" de Humberto Ávila, que superou a tradicional classificação dicotômica das espécies normativas enquanto princípios e regras, por meio da apresentação dos postulados normativos como normas de segundo grau. O tema é pulsante, já que a compreensão das distinções entre as espécies normativas e seus respectivos critérios é condição indispensável para a garantia da ordem e unidade do sistema jurídico. Palavras Chave: Norma Jurídica, Princípios, Regras, Postulados, Sistema ABSTRACT The contemporary Law is scene for the real breach of classical paradigms around the concept, rules and hermeneutics principles, mainly the relevance for the comprehension of the argumentativelogical structure of legal rules. This study emphasizes the valuable "Principles Theory" from Humberto Ávila, that overcame the traditional dichotomous classification of the rule species as principles and rules, through the presentation of normative postulates as second degree rules. The theme is intense, as the understanding of distinctions between the rule species and their normative criteria is an indispensable condition to guarantee the order and unity of the law system. Key Words: Legal Rules, Principles, Rules, Postulates, System 1 INTRODUÇÃO O direito brasileiro contemporâneo (ou pós moderno, como preferem alguns) vive um momento marcado por acentuada preocupação com a principiologia. Após a promulgação de Carta Magna de 1988, onde os dispositivos constitucionais são dotados de plena normatividade, a Lei Fundamental e seus princípios, deram novo alcance e sentido a todos os ramos jurídicos. A consciência acerca do papel normativo dos princípios vem crescendo entre os estudiosos do direito, tendo adquirido enorme importância no cenário atual, reclamando dos juristas todo o esforço para garantir a sua aplicabilidade e efetividade, bem como despertando o interesse no estabelecimento de critérios distintivos entre as espécies normativas. Verificase que a maioria da doutrina nacional insistiu por muito tempo em concordar e reproduzir as teses defendidas por alguns pensadores (Larenz, Dworkin, Alexy, Canotilho, etc.) da temática dos princípios, o que acabou por retardar o reconhecimento da sua força normativa, principalmente no caso dos princípios constitucionais, que hoje sim, passaram a ter aplicação direta e imediata. Alguns esforços isolados foram empreendidos neste sentido, como é o caso do Prof. Humberto Ávila, marco teórico deste singelo estudo, que com sua inovadora "Teoria dos Princípios", representou uma quebra de paradigmas do modelo dual que vinha sendo sustentado em prol de uma distinção entre as espécies normativas. A contribuição notável do autor será aqui analisada apenas com ares de recensão, sem qualquer pretensão de propor algo diferente de tudo o que já foi escrito. A proposta deste trabalho é, inicialmente, apresentar as teorias que sedimentaram o reconhecimento da força normativa dos princípios, bem como evidenciar o conceito de norma jurídica. A partir daí, será feito um exame detido das diferenças entre as espécies normativas, dando especial atenção às críticas lançadas por Ávila à dogmática tradicional e sua proposta de distinção, destacando também o papel dos postulados no ordenamento jurídico. Serão feitas algumas reflexões sobre o já

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DISTINCAO DAS ESPECIES NORMATIVAS A LUZ DA TEORIA DOS PRINCIPIOS

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  • 11/06/2015 DistinodasespciesnormativasluzdateoriadosprincpiosJusNavigandi

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    Distinodasespciesnormativasluzdateoriadosprincpios

    RosrisPaulaCerizzeVogas

    Publicadoem04/2009.Elaboradoem01/2009.

    SUMRIO:1Introduo.2AForaNormativadosPrincpioseoConceitodeNormaJurdica.3PorumaDistinoentrePrincpios eRegras. 4Hierarquia eColiso entreEspciesNormativas. 5OsPostuladosNormativos. 6OsElementosEstruturantesdoSistemaJurdico7ConsideraesFinais.8Referncias.

    RESUMO

    Odireito contemporneo palcode verdadeiraquebradeparadigmas clssicos em tornodo conceito,normatividade ehermenuticadosprincpios,emespecial,dasuarelevnciaparaacompreensodaestrutura lgicoargumentativadasnormasjurdicas.Opresenteestudoenfatizaavaliosa"TeoriadosPrincpios"deHumbertovila,quesuperouatradicionalclassificaodicotmicadasespciesnormativasenquantoprincpioseregras,pormeiodaapresentaodospostuladosnormativos como normas de segundo grau. O tema pulsante, j que a compreenso das distines entre as espciesnormativaseseusrespectivoscritrioscondioindispensvelparaagarantiadaordemeunidadedosistemajurdico.

    PalavrasChave:NormaJurdica,Princpios,Regras,Postulados,Sistema

    ABSTRACT

    ThecontemporaryLawisscenefortherealbreachofclassicalparadigmsaroundtheconcept,rulesandhermeneuticsprinciples,mainlytherelevanceforthecomprehensionoftheargumentativelogicalstructureoflegalrules.Thisstudyemphasizes the valuable "Principles Theory" from Humberto vila, that overcame the traditional dichotomousclassification of the rule species as principles and rules, through the presentation of normative postulates as seconddegreerules.Thethemeis intense,astheunderstandingofdistinctionsbetweentherulespeciesandtheirnormativecriteriaisanindispensableconditiontoguaranteetheorderandunityofthelawsystem.

    KeyWords:LegalRules,Principles,Rules,Postulates,System

    1INTRODUO

    Odireitobrasileirocontemporneo(oupsmoderno,comopreferemalguns)viveummomentomarcadoporacentuadapreocupaocomaprincipiologia.ApsapromulgaodeCartaMagnade1988,ondeosdispositivosconstitucionaissodotados de plena normatividade, a Lei Fundamental e seus princpios, deramnovo alcance e sentido a todos os ramosjurdicos.

    A conscincia acerca do papel normativo dos princpios vem crescendo entre os estudiosos do direito, tendo adquiridoenormeimportncianocenrioatual,reclamandodosjuristastodooesforoparagarantirasuaaplicabilidadeeefetividade,bemcomodespertandoointeressenoestabelecimentodecritriosdistintivosentreasespciesnormativas.

    Verificasequeamaioriadadoutrinanacionalinsistiupormuitotempoemconcordarereproduzirastesesdefendidasporalguns pensadores (Larenz, Dworkin, Alexy, Canotilho, etc.) da temtica dos princpios, o que acabou por retardar oreconhecimentodasuaforanormativa,principalmentenocasodosprincpiosconstitucionais,quehojesim,passaramateraplicaodiretaeimediata.

    Algunsesforosisoladosforamempreendidosnestesentido,comoocasodoProf.Humbertovila,marcotericodestesingeloestudo,quecomsuainovadora"TeoriadosPrincpios",representouumaquebradeparadigmasdomodelodualquevinhasendosustentadoemproldeumadistinoentreasespciesnormativas.Acontribuionotveldoautorseraquianalisadaapenascomaresderecenso,semqualquerpretensodeproporalgodiferentedetudooquejfoiescrito.

    Apropostadestetrabalho,inicialmente,apresentarasteoriasquesedimentaramoreconhecimentodaforanormativadosprincpios,bemcomoevidenciaroconceitodenormajurdica.Apartirda,serfeitoumexamedetidodasdiferenasentreasespciesnormativas,dandoespecial atenos crticas lanadasporviladogmtica tradicional e suapropostadedistino,destacandotambmopapeldospostuladosnoordenamentojurdico.Serofeitasalgumasreflexessobreoj

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    ultrapassadoconceitodeordenamentojurdicosustentadoporKelsen,enquantoumaestruturaescalonadaehierarquizadade normas jurdicas. Farse tambm uma anlise sobre os caminhos para a resoluo de conflitos entre espciesnormativas.Eporfim,buscarseidentificarquaissoosverdadeiroselementosestruturantesdosistemajurdico,queseprestamagarantirasuacomposioordenadaeharmnica,encarandoateoriadopensamentosistemticopreconizadaporCanaris.

    Surgedaanecessidadedemantervivoesteincandescentedebate,sendoqueapesardavastadoutrinasobreotema,hmuito que se produzir, estando ainda diversos aspectos das mais diversas teorias carentes de reflexes mais srias eprofundas.

    2AFORANORMATIVADOSPRICPIOSEOCONCEITODENORMAJURDICA

    Antesdeingressarnadiscussocentraldesteestudo,sonecessriasalgumasreflexesacercadoconceitodenormajurdicaedojcedioreconhecimentodaforanormativadosprincpios.

    Por isto que neste trabalho sero tratadas as distines entre princpios e regras, enquanto espcies normativas,classificaosedimentadanadoutrina,emquepesemasimperdoveisconfusesemqueaindaincorremalgunsjuristasdaatualidadeaoigualarregrasanormasoumesmodissociarosprincpiosdasnormas.Nadamaisincoerente,namedidaemquetantoosprincpiosquantoasregrasimpemumdeverser.

    Sustentandoaforanormativadosprincpios,Bobbioosinserenoconceitoamplodenormas:

    Osprincpiosgeraissoapenas,ameuver,normasfundamentaisougeneralssimas do sistema, as normas mais gerais. A palavraprincpioslevaaengano,tantoquevelhaquestoentrejuristasseos princpios gerais so normas. Para mim no h dvida: osprincpiosgeraissonormascomotodasasoutras.Eestatambma tese sustentada por Crisafulli. Para sustentar que os princpiosgeraissonormas,osargumentossodois,eambosvlidos:antesdemaisnada,sesonormasaquelasdasquaisosprincpiosgeraisso extrados, atravs de um procedimento de generalizaosucessiva,nosevporquenodevamsernormastambmeles:seabstraiodaespcieanimalobtenhosempreanimais,enofloresouestrelas. Em segundo lugar, a funo para qual so extrados eempregados a mesma cumprida por todas as normas, isto , afunoderegularumcaso.Ecomquefinalidadesoextradosemcaso de lacuna? Para regular um comportamento noregulamentado:masentoservemaomesmoescopoqueservemasnormas.Eporquenodeveriamsernormas?

    ParaEspndola,osprincpiossonormasjurdicas,possuindo,assim,"positividade,vinculatividade,carterobrigatrio"equecomportam"eficciapositivaenegativasobrecomportamentos",contribuindoparaa"interpretaoeaaplicaodeoutrasnormas,comoasregraseoutrosprincpiosderivadosdeprincpiosdegeneralizaesmaisabstratas".

    Oreconhecimentodaeficcianormativadosprincpios,osquaissodotadosdemaiordensidadevalorativa,conseqnciadapsmodernidade,quedemandaumconjuntonormativomaisflexveleabertosubjetividadedoaplicadordoDireito.Jasregras,dotadasdereduzidacargavalorativa,norealizamosanseiosdejustiaelegitimidadedeumasociedadeemcujaestruturasocialvacilamascertezasexistenciaisemultiplicamseasincertezasticofilosficas.Nessecontexto,osprincpiosrealizamsimultaneamenteareflexoacercadosdeveresdosindivduoseanormatizaodavidasocial,razopelaqualseexigedohermeneuta jurdicoopercursodeumcaminhomais longoentreaabstraoprincipiolgicaea realizaodajustianocasoconcreto,atravsdaargumentaoedamotivaomaiselaboradadeseusatos.

    possvelconcluirquenaatualclassificaopspositivistanormaognerodoqualsoespciesasregraseosprincpios.Eseissojfoitomadoporverdadepelamaciadoutrinamoderna,nohavendomaistantadiscussoquantohaviaemoutrostempos,porqualmotivoosTribunaisaindainsistememnoreconheceraforanormativadosprincpios?Hquemafirmequeosprincpiosisoladamentenopodemfundamentarumapretensojurdicaemjuzo.Existemtambmaquelesque

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    sustentam que um princpio no direito lquido e certo capaz de dar ensejo a um mandado de segurana baseadoexclusivamenteemprincpios.Ora, istoaindaaconteceporqueosnossos juristasaindanodoodevidovalor foranormativadosprincpios.

    Pararessaltaraimportnciadoreconhecimentodanormatividadedosprincpios,quesetranscreveaseguirimportanteconclusodeBonavides:

    Tudo quanto escrevemos fartamente acerca dos princpios, embusca de sua normatividade, a mais alta de todo o sistema,porquanto quemos decepa arranca as razes da rvore jurdica seresumemnoseguinte:nohdistinoentreprincpiosenormas,os princpios so dotados de normatividade, as normascompreendemregraseprincpios,adistinorelevanteno,comonos primrdios da doutrina, entre princpios e normas,mas entreregras e princpios, sendo as normas o gnero, e as regras e osprincpiosaespcie.

    Daqui j se caminha para o passo final da incurso terica: ademonstrao do reconhecimento da superioridade e hegemoniados princpios na pirmide normativa supremacia que no unicamente formal,mas sobretudomaterial, e apenas possvel namedidaemqueosprincpiossocompreendidoseequiparadoseatmesmoconfundidoscomosvalores,sendo,naordemconstitucionaldosordenamentosjurdicos,aexpressomaisaltadanormatividadequefundamentaaorganizaodopoder.

    Nestaesteira,aqualificaodedeterminadasnormascomoprincpiosoucomoregras,dependedacolaboraoconstitutivadointrprete.Paratanto,comobemsalientadoporvila,precisoteremmenteque"normasnosotextosnemoconjuntodeles,masossentidosconstrudosapartirdainterpretaosistemticadetextosnormativos".Noexistecorrespondnciaentrenormaedispositivo.Isto,nemsemprequehouverumdispositivohaverumanormaeviceversa.Oautorsustentasuaposioinvocandoosprincpiosdaseguranajurdicaecertezadodireito,osquaissonormasquenotmdispositivosespecficosparalhesdarsuportefsico.

    Nesteponto,ousamosdiscordardaposiodevila,apesardoenormeadmiraoerespeitoporsua"TeoriadosPrincpios".O autor acaba por acolher doutrina que concebe a possibilidade de norma sem base em enunciados prescritivos.PreferimosaposiodoProf.PaulodeBarrosCarvalhoqueassimleciona:

    Sucedequeasconstruesdesentidotmdepartirdainstnciadosenunciados lingsticos, independentemente do nmero deformulaes expressas que venham a servirlhe de fundamento.Haveria, ento, uma forma direta e imediata de produzir normasjurdicas outra, indireta e mediata, mas sempre tomando comopontoderefernciaaplataformatextualdodireitoposto.

    Certoqueanormajurdicanoseencontraenraizadaapenasnoenunciadoprescritivo,ouseja,notextolegal,oriundoexclusivamentedeumatoemanadodefonteautorizada.Anormajurdicasurgesim,dainterpretao,daconjugaoentreasuaprogramaodevariantessemiolgicasedosdadosconcretosquesepropeelucidar,ouseja,oseumbitoderealidade.

    Fixarestaspremissastemrelevnciaprticanacompreensododireito.Umavezqueosdispositivossoospontosdepartidaparaaconstruodenormaspelointrpretequenosepodeconcluirquedeterminadotextolegalcontmumaregraouumprincpio.Enesteaspecto,vilaestcorretoaoafirmarqueaqualificaodeumaespcienormativadependemuito

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    maisdasconexesaxiolgicasquesoconstrudaspeloprpriointrprete.Mas, incorreemequvocoaoafirmarquetaisconexes so independentes do texto legal . Isto porque no se pode perder de vista, em momento algum, que odispositivotextualdeveserjustamenteopontoderefernciadoaplicadordodireitoparasolucionarumcasoconcreto.

    Carvalho,citandooilustreProf.SachaCalmonNavarroCoelho,demonstraquehmuitoaimportnciadadistinoentretextoenormajurdicajeraobjetodepreocupaodadoutrina:"Frisesequeanormaprodutodouniversolegisladosenoconfundecomseusveculos,osentespositivos(leis,decretosleis,etc.).Tampoucoseconfundecomasproposiesjurdicasqueacinciadodireitoproduzaodescreveranorma,sobaforma,quasesempredejuzoshipotticos."

    Assim,anormajurdicaexatamenteojuzo(oupensamento)quealeituradotextoprovocaemnossoesprito.Umnicotexto pode originar significaes diferentes, de acordo com asmais diversas noes que o intrprete tenha dos termosempregadospelo legislador.Ofatoqueotermo"norma"podeassumirumamultiplicidadedesignificados,dadaasualarguezasemntica,quecontinuaacomportarambigidades.

    Os positivistas compreendiam a norma como juzo hipottico condicional, isto , "se ocorrer o fato X, ento deve ser aprestaoY" .Assim,todanormajurdica,enquantojuzohipotticocondicionaldeveriasercompostaporumahipteseoudescritoreumaconseqnciaouprescritor.Oelodeligaoentreestesdoiselementosdanormajurdica,hipteseeconseqncia,odeverseroudentico.Destamaneira,realizadoofatoprevistonosuposto,instaurase,automaticamente,aconseqncia.Deformabastantesinttica,ocorrendoasubsunodofatonorma(ocorrncianomundofenomnicodoeventodescritonahiptesenanormajurdica),inevitavelmenteosefeitosdanormajurdica,presentesnoconseqentedamesma,nascero,surgindoparaosujeitopassivoodeverdecumprimentodeumdosmodaisdenticos(proibido,permitidoeobrigado).

    Talposicionamentoencontrasesuperadonaatualidade,namedidaemqueconfereverdadeiraprimaziadaleinasoluodosconflitoseumpapelsecundrioaosprincpios,sendoaplicadostosomenteemcasodeeventuaislacunasdalei,nodesempenhodeumafunomeramentesupletiva.

    vilaacreditaqueofenmenodasubsunodofatoanormatpico(oquediferentedeserexclusivo)dasregrasenodosprincpios,quesegundooautor,sonormasfinalsticas,paracujaaplicaodemandaumaavaliaodacorrelaoentreosestadodecoisasaserpromovidoeosefeitosdecorrentesdacondutahavidacomonecessriasuapromoo .Ademais,existemoutrostiposdenormas,qualificadascomodesegundograu,quenoselimitamadeterminarcondutasobrigatrias,permitidaseproibidasoumesmoestabelecerumfimaseratingido.Soospostulados,queservemcomoparmetroparaarealizaodeoutrasnormas.

    Fica claro, portanto, que o atributo da normatividade no exclusividade das proposies jurdicas. Nesse diapaso,registreseopensamentopspositivistadeLeite:

    indiscutvelqueosprincpiosdesempenhamessepapelorientadorna ordem jurdica, mas sua relevncia no se adstringe a esseaspectodiretivo.Defato,noestgioatualdesuacompreenso,asuaelevada generalidade no lhes retira a capacidade de solversituaes fticas controvertidas, posto que so considerados, nocomo simples pautas valorativas, seno como autnticas normasjurdicas,conformesever.(...)Osprincpios,frisese,sonormasjurdicas que impem um dever ser, dotados de cogncia eimperatividade, no podem ser relegados aos casusmos de quemquer que seja, posto que so a prpria essncia e substncia daconscinciajurdicapresenteemdeterminadoseiocoletivo.(...)

    Norestamdvidasdequeosprincpiostmeficcianormativa,tendosidosuperadaacrenadequeteriamumadimensopuramenteaxiolgica,tica,semeficciajurdicaouaplicabilidadediretaeimediata.Talconclusorefletediretamentenasuperaodadogmticajurdicatradicional,aqueladesenvolvidasobomitodaobjetividadedoDireitoedaneutralidadedointrprete.Naverdade,estaevoluodopensamentojurdico,muitomarcadapelaascensodosvalores,vaiaoencontrodopspositivismo,queultrapassaoestritolegalismo,semterderecorrerscategoriasdarazosubjetivadojusnaturalismo.

    Feitas estas consideraespreliminares, passarse ao examedetidodadistino entre as espciesnormativas luzda"TeoriadosPrincpios"deHumbertovila,fazendosemaisumarecensosvaliosascontribuiestrazidaspeloautorparaacinciajurdicacontempornea,doquetentandoproporalgodiferentedetudoquejfoiproduzidoarespeito.

    3PORUMADISTINOENTREREGRASEPRINCPIOS

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    Partindodopressupostodequenomaisrestamdvidasacercadaeficcianormativadosprincpios,seroexaminadasasprincipaispropostasdedistinoentreosconceitosderegraseprincpios,enquantoespciesdogneronormajurdica.Paratanto,vlidaaexposiodeumbrevepanoramaevolutivodoscritriosdedistinopropostospelaboadoutrinaaolongodostempos.

    Para Larenz, os princpios estabelecem fundamentos normativos para a interpretao e aplicao do direito, delesdecorrendo,diretaou indiretamente,normasdecomportamento.Sopensamentosdiretivos,enoregrassuscetveisdeaplicao, pois lhes falta carter de proposio jurdica, isto , a conexo entre uma hiptese de incidncia e de umaconseqnciajurdica.

    Nomesmosentido,Canaris,discpulodeLarenz,lecionaqueosprincpiospossuemcontedoaxiolgicoexplcitoecarecem,porisso,deregrasparasuaconcretizao.Osprincpios,aocontrriodasregras,recebemseucontedodesentidosomentepormeiodeumprocessodialticodecomplementaoelimitao.

    Dworkininaugurouoparadigmacontemporneodateoriadosprincpios,buscandoprocederdistinopormeiodomododeoperaoeaplicaodasregrasedosprincpios.Oautorentendequeregrassoaplicadasao"modooutudoounada".Seumahiptesedeincidnciadeumaregrapreenchida,ouaregravlidaeaconseqncianormativadeveseraceitaounoconsideradavlida.Nocasodecolisoderegras,umadelasdeveserconsideradainvlida.Osprincpios,aocontrriodasregras,possuemuma"dimensodepeso"demonstrvelnahiptesedecolisoentreprincpios,casoemqueodemaiorpesosesobrepeaooutrosemperdersuavalidade.

    AposiodeAlexybastanteparecidacomadeDworkin.Paraele,adiferenaentreasduasespciesnormativasdendolequalitativa.Osprincpiosjurdicosconsistemapenasemumaespciedenormajurdica,pormeiodaqualsoestabelecidos"deveresdeotimizao"aplicveisemvriosgraus,segundoaspossibilidadesnormativasefticas,ouseja,osprincpiosimpemquealgosejarealizado"namedidadopossvel".

    Canotilhotambmoferecealgunscritriosparadiferenciarosprincpiosdasregras:

    a)graudeabstraoosprincpiospossuemumgraudeabstraorelativamente elevado, ao passo que as regras tm esse graurelativamentebaixob)graudedeterminabilidadenaaplicaodocaso concreto em decorrncia do alto grau de abstrao dosprincpios, eles reclamam mediaes para serem aplicados,enquanto a regras podem ser aplicadas diretamente c) carter defundamentalidadeno sistemadas fontes do direito os princpiosdesempenhamumpapelfundamentalnoordenamentojurdico,porcausa de sua posio hierrquica superior ou por fora de suaimportncia estruturante no sistema jurdico d) proximidade daidia de direito os princpios so "standards" juridicamentevinculantes,decorrentesdeexignciada"justia",enquantoqueasregras podem ter um contedomeramente funcional e) naturezanormogenticaosprincpiossofundamentodasregras,dateremumafunonormogentica.

    Aexposiodospensamentosdealgunsdosprincipaisautoresquejsepreocuparamemempreenderumadistinoacercadasespciesnormativascomprovaqueosmtodosecritriosestoemvisveltransiodeparadigmas.Nessediapasoquesereveladeextremautilidadeoenfoquecrticodevila,queapresentoumodosdeaperfeioamentoaospadrestericosatentopredominantes.

    Porm,antesoautoravalioudetidamenteosprincipaiscritriosdedistinodemaiorrepercussonadogmticajurdica,quaissejam:(i)ocritriodecarterhipotticocondicional(ii)ocritriodomodofinaldeaplicaoe(iii)ocritriodoconflitonormativo.

    O primeiro critrio de distino, pautado no carter hipotticocondicional, distingue princpios e regras a partir doselementos, hiptese de incidncia e conseqncia. Para tal corrente, estes elementos se acham presentes nas regras,enquantoqueosprincpios,diferentemente,apenasindicamofundamentoaserutilizadopeloaplicadorpara,apartirda,encontrararegraaplicvelaocasoconcreto.

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    Acrticalanadaaestecritrionosentidodequeaexistnciadehiptesesdeincidncianasregrasmeraquestodeformulaolingsticaenotraodistintivodeespciesnormativas.Existemprincpiosquetambmrevelamproposiesjurdicas aomodo, "Se, Ento".Citese como exemplo, o princpio da anterioridade. Se determinada lei estabelecer aexignciadetributonomesmoexercciodaleiqueoinstitui,ento,talnormadeverserdeclaradainconstitucional.Almdisso,ofatodeumdispositivotersidoelaboradoseguindoostrmitesdodevidoprocessolegislativonoimpedeoaplicadordo direito de entendlo como princpio, justamente porque cabe ao intrprete a apreenso do sentido do texto da lei,traduzindoocomonormajurdica,aserqualificadaoucomoprincpiooucomoregra.

    Assim,qualquertextolegalpodeserreformuladodemodoaapresentarumahipteseeumaconseqncia,oquepoderialevaraoequvocodeseconcluirquetodanormaseriaumaregra.Nadamaisabsurdo.

    Osegundocritrio,pautadonomodofinaldeaplicao,levaemconsideraoaformacomoosprincpioseasregrassoaplicadosaocasoconcreto.Asregrasseriamaplicadasaomodo"tudoounada",enquantoosprincpiosseriamaplicadosdemaneira"maisoumenosgradual".EstacorrenteadefendidaporDworkineAlexy,tendosofridoseverascrticasdevila.Umadelasofatodequenemsempreaconseqnciadedeterminadanormavaiserimplementadadeformaabsoluta,mesmo tendo sido preenchidos todos os requisitos da situao hipottica respectiva. Outras razes podem se sobreporquelesrequisitosecontribuirparaque,aindaassim,nosejaconfiguradoaqueletiponormativo.

    Umexemploseriaocasodeumaregraqueprevaaplicaodemultaparaoscondutoresqueultrapassaremavelocidadede70Km/hemdeterminadarodovia.Ora,eseumveculoestiverconduzindoumamulhergrvidaemregimeadiantadodeparto?Oaplicadordaleipode,naturalmente,entenderqueavidadameedacrianasovaloresmaisimportantesaserempreservados. Assim,mesmo que o condutor tenha preenchido a situao prevista na hiptese, qual seja, ultrapassar avelocidademximapermitida,porrazesnoprevistasnaregra,poderseverdesobrigadoaocumprimentodaobrigaoestabelecidanaconseqncianormativa.

    Quantoaoterceirocritriopautadonoconflitonormativo,omesmoserabordadocommaiornfasenotpicoseguinte,quetrataespecificamentedacolisoentreasespciesnormativas.

    Aocabodetodasascrticas levadasaefeitoporvila,oautorpropeoutroscritriosdistintivoseumanovapropostadeclassificao das espcies normativas, partindo do pressuposto que um ou vrios dispositivos podem experimentar,simultaneamente, uma dimenso imediatamente comportamental (regra), finalstica (princpio) e/ou metdica(postulado), a depender das conexes axiolgicas do intrprete. E assim, supera o tradicional modelo dicotmico declassificaodasespciesnormativasentreregras/princpios,adotandoummodelotricotmico,pormeiodadissociaoentre regras/princpios/postulados, estes ltimos entendidos como "instrumentos normativosmetdicos", os quais serotratadosemtpicoespecificonesteestudo.

    O primeiro critrio distintivo proposto por vila quanto ao "modo como as espcies normativas prescrevem ocomportamento",peloqualpossvelconcluirqueasregrasnoseexcluem,masantes,secomplementam.Eisaclarssimadefinionaspalavrasdoautor:

    Enquantoas regras sonormas imediatamentedescritivas, namedida emque estabelecemobrigaes, permisses eproibiesmedianteadescriodacondutaaseradotada,osprincpiossonormasimediatamentefinalsticas, jqueestabelecemumestadodecoisasparacujarealizaonecessriaaadoodedeterminadoscomportamentos.Osprincpiossonormascujaqualidadefrontal,justamente,adeterminaodarealizaodeumfimjuridicamenterelevante,aopassoquecaractersticadianteiradasregrasaprevisodocomportamento.

    Outrocritriodistintivoapresentadooda"naturezadajustificaoexigida",quelevaemconsideraoaavaliaofeitapelointrpreteeaplicadordodireitoaoconfrontarocasoconcretocomodispositivolegal.Deveseavaliaracorrespondnciaentreadescriodocasoconcretoeadescriohipotticadaregra.Osprincpios,porsuavez,exigemumacorrelaoentreoestadodecoisasquesebuscaatingireosefeitosdacondutanocasoconcreto.

    Porfim,umltimocritrioapontadoporvilaoquedistingueasespciesnormativas"quantoaomodocomocontribuemparaadeciso".Nestesentido,asregrasdistinguemsedosprincpiosnamedidaemqueaquelasconsistemem"normaspreliminarmentedecisivaseabarcantes",umavezquevisaabrangertodososaspectosrelevantesparasetomaradeciso.Josprincpiosso"normascompretensodecomplementaridadeedeparcialidade",poisnotmapretensodegerarumasoluoespecfica,masapenascontribuir,aoladodeoutrasrazes,paraatomadadedeciso.

    De todososcritriospropostoporvilaemproldeumadistinocoerente,esteltimo,semdvida,umtantoquantoimpreciso.Istoporque,seanormajurdicaainterpretaoobtidaapartirdosdispositivoslegais,denotasequeparaunsotextopodeexprimirumaregraeparaoutrospoderevelarumprincpio.Poristomesmoqueosprincpios,emalgunscasos,podem sim fundamentar isoladamente uma tomada de deciso, independentemente de terem de ser invocadas razescomplementares.Porexemplo,sedeterminadaleimajorouumtributo,tendoaplicadoseusefeitosretroativamente,podesimo juizpautarse to somentena inobservnciadoprincpioda irretroatividade emmatria tributriaparamanter aeficciaprospectivadanormajurdica.

    SouzaCruzconclamaosjuristasarefletiremsobrearelevnciaprticadadistinoentreasespciesnormativas:

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    Nem a hermenutica nem tampouco a teoria do discurso devemsuportaressadicotomiadeespciesnormativase,sim,alardearumamudananoparadigmada interpretao comoum todo, pois foradeumavisoemtornodaponderaodevalores,qualautilidadedeseparar regras e princpios nos parmetros atuais de nossaracionalidade? Negar uma distino ontolgica entre as espciesnormativas implicaria a quadra atual do pensamento jurdico umretrocessoaopositivismo?Cremossinceramentequeno,eisqueoessencial construir uma argumentao de princpios, ou seja,calcada na filosofia da linguagem, concretista e aberta, livre, pois,dospadresformalistasesubsuntivosdopositivismoedafilosofiadaconscincia

    ApesardaadmiraopelasidiastrazidasporSouzaCruz,aindaqueseadmitanohaverumaessencialdiferenaentreasespciesnormativas,sendoprincpioseregrastextosnormativos,devesereconhecerquepapeldosestudiososdodireitoenvidar esforos para garantir a sua aplicabilidade e efetividade, razo pela qual se torna sobremaneira relevante adelimitaodeseuscritriosdistintivos.

    4HIERARQUIAECOLISOENTREASESPCIESNORMATIVAS

    Seriautpicoseosistemajurdicofossebaseadosomenteemregras,comaaplicaodaletrafriadalei,pormeiodamerasubsuno do fato norma, semmargempara integrao ou interpretao.A sociedade vive em constante e aceleradamutaonosendopossvelaexistnciadetextoslegaisdetoamplacobertura.Damesmaforma,seosistemafossebaseadosomenteemprincpios,careceriadepreciso,sendoqueestariasemprenadependnciadautilizaodaponderaoparaauferirsedeterminadocomportamento/situaoviolouounoalgumprincpio.

    Partindodopressupostodequeasdiferentesespciesnormativasdevemcoexistirharmonicamente,devendosemanteraordeminterioreunidadedoDireito ,quemuitocontribuiparaasdiscussesempreendidasnopresenteestudoavaliarsehhierarquiaentreosprincpiosequalocaminhomaisacertadoemcasodeconflitoentreasespciesnormativas.

    DeacordocomateoriapreconizadaporKelsen,oordenamentojurdicoumsistemahierrquicodenormas.Nestesentido,eisumtrechotradicionalssimodaobra,"TeoriaPuradoDireito",docitadoautor:

    Aordemjurdicanoumsistemadenormasjurdicasordenadasno mesmo plano, situadas umas ao lado das outras, mas umaconstruo escalonadadediferentes camadasounveisdenormasjurdicas.Asuaunidadeprodutodaconexodedependnciaqueresultado fatode a validadedeumanorma,que foi produzidadeacordo com outra norma, se apoiar sobre essa outra norma, cujaproduo,porsuavez,determinadaporoutraeassimpordiante,atbicarfinalmentenanormafundamentalpressuposta.

    Segundooposicionamentodevila,aoavaliaraproblemticadahierarquizaodasnormasconstitucionais,ointrpretedevepreocuparseemsaberqualnormadeverprevaleceremcasodeconflito,assimcaracterizadocomocontraposioconcreta entre normas jurdicas. Deve o hermeneuta aterse ainda em perquirir se algumas normas jurdicas possuemhierarquiasuperior(qualnorma"valemais"ouse"sobrepe"?),bemcomoinvestigarquaissoasrelaesdedependnciaexistentesentreasnormasjurdicasdentredeumsistemaespecfico.

    vilalanapesadacrticasobreatradicionalnoodehierarquiaquepartedoconceitodeordenamentojurdicoenquantoumaestruturaescalonadadenormas,sustentandoqueestemodeloinsuficienteparacobriracomplexidadedasrelaesentreasnormasjurdicas.posicionamentodoautorarespeito:

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    Com efeito, vrias perguntas ficam sem resposta, segundo essemodelo.Quaisasrelaesexistentesentreasregraseosprincpiosconstitucionais? So somente os princpios que atuam sobre asregrasouserqueasregrastambmagemsimultaneamentesobreocontedonormativodosprincpios?Quaissoasrelaesexistentesentre os prprios princpios constitucionais? Todos os princpiospossuem amesma funo ou h alguns que ora predeterminam ocontedo, ora estruturam a aplicao de outros? Quais so asrelaes entre as regras legais, j consideradas vlidas, e osprincpios e as regras de competncia estabelecidos naConstituio? So somente as normas constitucionais que atuamsobre as normas infraconstitucionais ou ser que essas tambmagemsobreaquelas?

    Oautorpropeasubstituiodatradicionalnoodehierarquia,pautadaemumasistematizaolinear(normasuperiorconstituio fundamentodanorma inferior), simples (baseadanumarelaodehierarquia linearentreasnormas)enogradualentreduasnormas jurdicas (normasesto,ouno,sistematizadasenquantohierarquicamentepostas),que temsrias implicaesnoplanodavalidadedasnormas,porumnovomodelodesistematizaocircular(normassuperiorescondicionamas inferiores, e as inferiores contribuempara determinar os elementos das superiores), complexo (no hapenas uma relao vertical de hierarquia,mas vrias relaes horizontais, verticais e entrelaadas entre as normas) egradual(asistematizaosertantomaisperfeitaquantomaiorforaintesidadedaobservnciadosseusvrioscritrios).Onovomodelo teria conseqncias,nonoplanodavalidadedasnormas,mas simnoplanodaeficcia, razopelaqualpropeasubstituiodopostuladodahierarquiapelodacoerncia.

    Interessanteexaminaraindaaproblemticadahierarquiadasnormasjurdicas,especificamentenoquedizrespeitoaosprincpiosconstitucionais.Lima,citandoCanotilho,seposicionaacertadamentenosentidodequeinexistehierarquiaentreprincpiosconstitucionais:

    Do ponto de vista jurdico, foroso admitir que no hhierarquia entre os princpios constitucionais. Ou seja,todos as normas constitucionais tm igual dignidade em outraspalavras: no h normas constitucionaismeramente formais, nemhierarquia de supra ou infraordenao dentro da Constituio,conformeasseverouCANOTILHO.Existem,certo,princpioscomdiferentesnveisdeconcretizaoedensidadesemntica,masnempor isso correto dizer que h hierarquia normativa entre osprincpios constitucionais. Com efeito, como decorrncia imediatadoprincpiodaunidadedaConstituio,temsecomoinadmissvela existncia de normas constitucionais antinmicas(inconstitucionais),isto,completamenteincompatveis,conquantopossahaver,egeralmenteh,tensodasnormasentresi.

    Efetivamentenohhierarquiaentreprincpiosconstitucionais,apesardosensocomumsobreaexistnciadeprincpiosdemaioroumenor importncia,decorrendoessagradaodasuautilizaomais freqenteedofatode,muitasvezes,unsenglobaremoutros. Tavaresconfirmatalentendimento,namedidaemquesustentaque"nohhierarquianormativaentreprincpios(...).Nosepodepretenderatribuiraumprincpiosuperioridadeapriorstica,emrelaoaoutroprincpio,porforadealgumvalorrelevantequenoprimeirosevislumbre".

    Aquestopostaemdiscussonopacfica.Atalibaafirmaque"mesmononvelconstitucional,humaordemquefazcomque as regras tenham sua interpretao e eficcia condicionadas pelos princpios. Estes se harmonizam, em funo dahierarquiaentreelesestabelecida,demodoaassegurarplenacoernciainternaaosistema(...)". Porestarazoque

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    algunsprincpiossoconsiderados"irreformveis",ouseja,estoimantadospelaclusuladainabolibidade,aopassoqueoutrospodemser,naformadoprocessoconstitucionallegislativo,suprimidospelopoderconstituintederivado.

    Parecemmaisacertadasasconclusesdosqueacreditamquenohhierarquiaentreosprincpiosconstitucionais,apesarde seremdotados de diferentes nveis de concretizao e densidade semntica. Isto porque, o princpio da unidadedaConstituio,impedeaexistnciadenormasconstitucionaisantinmicasouincompatveis,podendohaver,poroutrolado,tensodasnormasentresi,quepodeserresolvida,medianteutilizaodopostuladodacoerncia,conformepropostadevilaquesertratadamaisadiante.

    Fixandose a premissa de que no h hierarquia entre os princpios e regras, imperioso se faz avaliar outra questotormentosa:adesedefinirqualomelhorcaminhoaserseguidonocasodeconflitoouantinomiaentrenormasjurdicas,especialmenteentreprincpios.

    MariaHelenaDiniz,emsuaobraacercadosconflitosentrenormas,defineaantinomiacomo"apresenadeduasnormasconflitantes,semquesepossasaberqualdelasdeverseraplicadaaocasosingular".

    Para Bobbio, no caso de conflitos entre regras h trs critriosdistintos para soluo do problema: (i) critrio cronolgico (lexposterior derogat priori), o critrio hierrquico (lex superiorderogat inferiori) e, por ltimo, o critrio da especialidade (lexspecialis derogat generali). Aplicandose, por escolha dointrprete, um destes trs critrios, verificarse a validade daregra e sua conseqente aplicao ao caso concreto, o quenecessariamenteimplicanainvalidadedaoutraregraconflitante.

    Osmtodos propostos por Bobbio, apesar de altamente eficazes,no so absolutos, vez que as normas em conflito podem contercaractersticas tambm antinmicas. o caso, por exemplo, deuma regra hierarquicamente superior conflitar com outra que especial em relao a ela. Se aplicado o critrio hierrquicoprevalecer uma norma, se aplicado o critrio da especialidade,prevaleceroutranorma.Paraestescasos,oautornotratoudeumasoluo, sendoadoutrinapraticamenteunnimeno sentidode que a controvrsia resolvida por meio da aplicao dosprincpiosgeraisdedireitoenoodejustia,enquantofimmaiordodireito.

    Nocasodosprincpiosconstitucionaisnohoquesefalaremantinomias,poisemcasodeconflito,nosepodeafastaraaplicaodeumemdetrimentodeoutro.Comoseadmitiulinhasacima,istoquenohhierarquiaentreprincpios,comoentoresolveroscasosdecolisoentreprincpios?

    Algunscritriosforamdelineadospeladoutrinaestrangeira,osquaistmsidobemrecepcionadosnoordenamentojurdicoptrio.UmdoscritriosmaisaceitosaqueledesenvolvidoporHesse,qualsejaodaconcordnciaprtica,segundooqualosdireitos fundamentais e valores constitucionais devero ser harmonizados, no caso sub examine, pormeio de juzo deponderaoquevisepreservareconcretizaraomximoosdireitosebensconstitucionaisprotegidos. Outroscritrios,nomenosimportantes,equejforaminclusivecomentadosnotpicoanterior,soaquelespreconizadosporDworkineAlexy,podendosertambmserutilizadosnestescasos.

    Limaassimseposicionasobreacorretaformadeaplicaodoscritriosparasoluodeconflitosentreprincpios:

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    Anossover,essasduassolues(concordnciaprticaedimensode peso e importncia) podem e devem ser aplicadassucessivamente, sempre tendo o princpio da proporcionalidadecomo "parmetro": primeiro, aplicase a concordncia prtica emseguida,nosendopossvelaconcordncia,dimensionaseopesoeimportncia dos princpios em jogo, sacrificando, o mnimopossvel,oprincpiode"menorpeso".

    Umdos critrios dedistino entre as espciesnormativa aceito por boaparte dadoutrina o do "conflitonormativo",segundooqualaantinomiaentreasregrasconsubstanciaverdadeiroconflitoasersolucionadopormeiodadeclaraodeinvalidadedeumadasregrasoucomacriaodeumaexceo,aopassoquehavendoconflitoentreprincpios,devesedecidirmedianteumaponderaoqueatribuiumadimensodepesoacadaumdeles.

    vila,demaneirabastanteconvincente,simplesmentedesconstriatesedosautoresdefensoresdaponderaoenquantomtodoprivativodosprincpios,demonstrandoqueelapodeserutilizadatambmnocasodeconflitoentreregras,asquaispodementraremrotadecolisoemalgunscasos,sem,contudo,perdersuavalidade,dependendoasoluodaatribuiodepesomaioraumadelas. TecetambmseverascrticasateoriadeDworkin,defendendoquenocoerenteafirmarquesomenteosprincpiospossuemumadimensodepeso.Domesmomodo,aaplicaoderegrasexigeosopesamentoderazes,cujaimportnciaseratribudapeloaplicador.Sojustamenteasdecisesqueatribuemaosprincpiosumpesoemfunodocasoconcreto.

    viladexemplosverdadeiramentecapazesdeconfirmarsuatese.Umdelesgenial,justamenteporquesuscitaaaplicaodeumaregradoDireitoPenal,queprivelegiaoprincpiodatipicidadecerrada,decunhoeminentementepositivista.ocasodaaplicaodoArt.224doCdigoPenal,peloqualarelaosexualpraticadacommenorde14(quatorze)anosdeveseter por presumida a violncia. Todavia, independentemente do teor do texto legal, o Supremo vem considerando"circunstnciasparticularesnoprevistaspelasnormas",taiscomoaaquiescnciadavtimaesuaaparnciafsicae(ou)mentaldepessoacomidadesuperioraolimitedotipo.

    Realmenteaquestopostaemexamenodasmaispacficas.AfonsodaSilvadiscordadoposicionamentodevila,aoafirmarque "serpassveloucarentede interpretao"umacaractersticade textosqueexprimemtanto regrasquantoprincpios.Mas"serpassveloucarentedesopesamento"caractersticaexclusivadosprincpios.

    Apesquisaacercadahierarquiaeconflitosentreasnormasjurdicasinesgotvel.Otemaderelevnciaindiscutvelparaacompreensodoconstitucionalismomoderno,dopspositivismoedastcnicasdeinterpretao,notadamenteasistmica.Todavia,norestamdvidasdequetantoosprincpiosquantoasregrascontrapostasdevemsersopesados,enestesentido,sopreciosasascontribuiesdevila,aoinvocaraimportnciadospostuladosparaoaplicadordodireitonasoluodeantinomias.

    5OSPOSTULADOSNORMATIVOS

    Ospostuladossoconsideradoscomoterceiraespcienormativadeacordocom"TeoriadosPrincpios"devila,queveioquebraroparadigmaclssicoedicotmicodefendidoporAlexyeDworkin.Navisodoautor,umavezqueospostuladosnoseenquadramnastradicionaisdefiniesdeprincpioseregras,merecemtratamentodiferenciado.

    Ospostuladossodiferentesdosprincpiosedasregras,pornosesituaremnomesmonveldeaplicao.Enquantoospostuladosorientamaaplicaodeoutrasnormas,osprincpioseregrassooprprioobjetodaaplicao.Almdisso,nopossuemosmesmosdestinatrios,poisosprincpioseregrassodirigidosprimariamenteaoPoderPblicoecontribuintes,ao passo que os postulados so dirigidos para o intrprete e aplicador do direito. Por isso que se qualificam como"metanormas"ou"normasdesegundograu". NosdizeresdeCruz,"ospostuladosdevemserentendidoscomoelementossemosquaissoobramacoerncia,aintegridadeeaconsistnciadoDireito".

    Masospostuladosnormativosnofuncionamcomoqualquernormaquefundamentaaaplicaodeoutra,comotambmocasodos sobreprincpios, tais comoosprincpiosdoEstadodeDireito edodevidoprocesso legal.Adiferena queossobreprincpiossituamsenoprprionveldasnormasdeaplicao,enononveldasnormasqueestruturamefetivamente(enosomentefundamentam)aaplicaodeoutras.

    O autor defende a existncia de dois tipos de postulados: osmeramente hermenuticos, que so aqueles destinados acompreensoemgeraldoDireito,eosaplicativos,cujafunoestruturaracorretaaplicaodeoutrasnormas.

    Comoexemplosdepostuladoshermenuticos,citese:(i)opostuladodaunidadedoordenamentojurdico,oqualexigedointrpreteorelacionamentoentreaparteeotodomedianteempregodascategoriasdaordemeunidade(ii)opostuladodacoerncia,queimpeaointrpreteaobrigaoderelacionardeterminadasnormascomoutrasquelhessosuperiorese(iii)opostuladodahierarquia,querequeracompreensodoordenamentocomoumaestruturaescalonadadenormas.

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    Entreosprincipaispostuladosaplicativos,destacamse:(i)postuladodarazoabilidade(ii)postuladodaproporcionalidadee(iii)postuladodaproibiodeexcesso.Aaplicaodeumanorma(regra/princpio)seriarazovelquandoatendesseofimaqueelasedestina,seriaproporcionalquandoencontrasseumequilbrioentreobemrealizadoeosacrificadoeserianoexcessivaquandoevitassesacrificarumbemdesnecessariamenteoumaisqueonecessrio.

    Ousamos, novamente, discordar das lies de vila. Ora, no se pode ignorar que os postulados da razoabilidade eproporcionalidade,naclassificaodoautor,sontidasmanifestaesdaprpriajustianoplanoconcreto.Nestaesteira,revelam,assimcomoosprincpios,umestadoidealdecoisasouumfimaseralcanadopeloaplicadordodireito,sendodesprovidadequalquerrelevnciaprticaaclassificaodestasespciesenquantopostuladosnormativos.

    ParaHumbertovila,nopodehaverviolaodetaispostulados,namedidaemquevioladassoasnormasouprincpiosquedeixaramdesercorretamenteaplicados.

    Podese tambm afirmar que os postulados no funcionam da mesma maneira, pois alguns so aplicveisincondicionalmenteeoutrosdependemdaexistnciadedeterminadoselementos,pautandosepordeterminadoscritrios.Comoexemplodepostuladosinespecficos(incondicionados),destacaseaponderao,aconcordnciaprticaeaproibiode excesso. Como exemplo de postulados especficos (condicionados) apontase a igualdade, a razoabilidade e aproporcionalidade.

    Emverdade,nosepodenegarqueaTeoriadosPrincpiosdeHumbertovilainovadora,porquantotrazumainusitadadistinoentreasespciesnormativas.Oautorabandonaatradicionaldistinoentreprincpioseregras,esustentaqueindependentemente da denominao que se empreenda, o importante reconhecer a diferente operacionalidade dospostulados,enquantodeveresestruturantesdaaplicaodeoutrasnormas.

    6OSELEMENTOSESTRUTURANTESDOSISTEMAJURDICO

    Antesdetudo,precisobuscarumconceitosatisfatriodesistema.SegundoCanaris,"osistemaumaordemaxiolgicaouteleolgicadeprincpiosgeraisdoDireito" .Sabesequeumsistemanormativonoseexaurenasregrasaprovadaspelolegislador,nopodendoficaradstritoaessecontedomeramentepositivista.

    Poroutro lado,ummodeloconstitudoapenasdeprincpioscarecedepreciso, sendo inconcebvelnamedidaemquegerariaanecessidadeconstantedeponderaosobresedeterminadaaohumana feriuounoalgumprincpio.Nestaesteira,sovlidososensinamentosdeCanotilho:

    Um modelo ou sistema constitudo exclusivamente por regrasconduzirnosia a um sistema jurdico de limitada racionalidadeprtica. Exigiria uma disciplina legislativa exaustiva e completa legalismo domundo da vida, fixando, em termos definitivos, aspremissaseos resultadosdas regras jurdicas.Conseguirseiaumsistemadesegurana,masnohaveriaqualquerespaolivreparaacomplementao e desenvolvimento de um sistema, como oconstitucional,quenecessariamenteumsistemaaberto.Poroutrolado,umlegalismoestritoderegrasnopermitiriaaintroduodosconflitos, das concordncias, do balanceamento de valores einteresses,deuma sociedadepluralista e aberta.Corresponderia auma organizao poltica monodimensional (...).O modelo ousistema baseado exclusivamente em princpios (...) levarnosia aconseqncias tambm inaceitveis. A indeterminao, ainexistncia de regras precisas, a coexistncia de princpiosconflitantes, a dependncia do possvel fctico e jurdico, spoderiam conduzir a um sistema falho de segurana jurdica etendencialmente incapaz de reduzir a complexidade do prpriosistema.

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    Canarisapontaduascaractersticasbsicasdesistema:ordenaoeunidade.Comaordenaopretendeseexprimirumestadodecoisasintrnsecoeracionalmentecompreensvel,isto,baseadonarealidade.Jaunidadeatuanaordenao,porintermdiodosprincpiosfundamentaisquelheconferemsentido,visandoevitaradispersoemumamultiplicidadedenormassingularesdesconexas.

    Maisdoquepostuladosmetodolgicos,aordenaoeunidadepertencemsexignciasticojurdicaseradicamaprpriaidiadodireito,nabuscapelagarantiadaausnciadecontradies.Nestesentido,apesardamultiplicidadedevaloressingularesquecompemosistema,osprincpiosgeraisdodireito,navisodocitadoautor,sojustamenteoselementosquerevelamaunidadeinternaeadequaodaordemjurdica,buscandoportrsdalei,asuaratioiurisdeterminante,

    Duas outras importantes caractersticas dos princpios so ressaltadas por Canaris: a abertura e mobilidade. Quanto acaractersticadaabertura,verificaseaincompletude,acapacidadedeevoluoealterabilidadedosistema,quesecolocaem constante mudana face a incidncia de novos princpios, de modo que o prprio direito positivo suscetvel deaperfeioamento. Quanto a caracterstica da mobilidade, verificase a igualdade fundamental de categorias e asubstitutividademtuadoscompetentesprincpiosoucritriosdeigualdade.

    Aindaembuscadeumconceitoidealparasistema,citeseoposicionamentomaisamplodeFreitas:

    (...)se conceitue o sistema jurdico como uma rede axiolgica ehierarquizadadeprincpiosgeraisetpicos,denormasedevaloresjurdicoscujafunoade,evitandoousuperandoantinomias,darcumprimento aos princpios e objetivos fundamentais do EstadoDemocrtico de Direito, assim como se encontramconsubstanciados,expressaouimplicitamentenaConstituio.

    Talconceitopecanaimprecisodostermosutilizadosparaasespciesnormativas,bemcomocaracterizaosistemajurdicocomo sendo hierarquizado. que parece mais acertada a tese de vila acerca da correta distino entre as espciesnormativasemprincpios, regrasepostulados,bemcomoo fatodo tradicionalmodelo linear, simplesenogradualdesistema,pautadonahierarquizaodasnormasjurdicas,terdesercomplementadoporoutromodelocircular,complexoegradual,pautadono"postuladodacoerncia".

    MisabelDerzi,comseubrilhantismo,utilizou,comaguadapreciso,terminologiajurdicaadequadaaodefinirosistemaconstitucional:

    Hoje,oConstitucionalismovaConstituiocomoumsistemadenormas que aspira a uma unidade de sentido e de compreenso,unidade essa que somente pode ser dada pormeio de princpios,continuamente revistos, recompreendidos e reexpressos pelosintrpretes e aplicadores do Texto Magno. Ou seja, a anliseestruturadora sistmica necessariamente aberta, visto que, noraramente, normas e princpios esto em tenso e aparentamconflito.Chamamostaisconflitosetensesde"aparentes",porqueacompreensoprofundadaConstituio sempre buscada, sempredescoberta,deformacontnua.

    Aps todo este estudo preferimos conceituar o sistema jurdico comouma rede axiolgica, hierarquizada e coerente deprincpios,regrasepostulados,queconvivemdemodoagarantirasuaprpriaunidadevalorativaeadequaointerna.

    Canaris,defatorevolucionouasteoriassobreosmtodosdeobtenododireito,aodefenderarelevnciadopensamentosistemtico, como resposta s exigncias renovadasdeumaCincia Jurdica clara,precisa e capazde responder aumarealidade em permanente evoluo, tendo em conta os atuais conhecimentos hermenuticos e as exigncias demaleabilidadedelesdecorrentes.Onobrejuristafoicapazdecomprovarqueperanteumproblemaaserresolvido,nosepodeaplicarsomenteanormaoriginalmentevocacionadaparaasoluo,sendonecessrioinvocartodoodireito.

    Todavia,aosustentarosprincpiosgeraiscomonicoselementosestruturantesdosistema,incorreemgrandeequvoco,poisumadasjustificativasdesuateoriaadeque"osprincpiosprecisam,parasuarealizao,deumaconcretizaoatravsdesubprincpiosevaloressingulares,comcontedomaterialprprio" .Comisto,negaeficcianormativaaosprincpios,osquais no seriam capazes de aplicao imediata, discusso esta que j se encontra absolutamente superada no Direito

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    contemporneo. Ao defender que as normas no podem ter funo sistematizadora , uma vez normas no podemaglutinar outras normas, que partindo das premissas fixadas neste estudo, no sentido de que princpios so simconsideradosnormasjurdicas,concluisequeadefiniodeCanarisperdeconsistncia.

    Cremosquenososomenteosprincpiosgeraisoselementosestruturantesdosistemacapazesdegarantirasuaunidadeeordenao, mas sim o relacionamento das diversas espcies normativas entre si que irradiam seus efeitos por todo ocomplexo jurdico, pautado nos postulados hermenuticos e aplicativos defendidos por vila, conforme exposto linhasacima.

    Seopensamentopspositivistaadmiteosprincpioscomonormasjurdicasdeelevadoteoraxiolgico,sendoindependentesdeenunciaoemqualquercorpolegal,istosignificariadizerqueenquantonorma,nopoderiaaglutinarouterafunodesistematizar outras normas?Como fica o pensamento sistemtico preconizado porCanaris neste sentido?Parece que talpensamentoprecisaserrepensado.

    Parafortaleceropensamentoqueorasepretendeexpor,quemaisumavezseinvocaasliesdeCanotilho,oqualexplicitaaidiadequeosistemajurdicodeveservistocomoumsistemanormativoabertoderegraseprincpios:

    (1)umsistemajurdicoporqueumsistemadinmicodenormas

    (2) um sistemaabertoporque temumaestruturadialgica {Caliess} traduzidanadisponibilidade e capacidadedeaprendizagem das normas constitucionais para captarem a mudana da realidade e estarem abertas s concepescambiantesdaverdadeedajustia

    (3)umsistemanormativo,porqueaestruturaodasexpectativasreferentesavalores,programas,funesepessoas,feitaatravsdenormas

    (4)umsistemaderegrasedeprincpios,poisasnormasdosistematantopodemrevelarsesobaformadeprincpioscomosobasuaformaderegras.

    Nosepretende,porora,aprofundarnestadiscusso,atporqueestenoocernedopresenteestudo.AintenotosomenteadetentarfazerumaavaliaocrticadascontribuiestrazidasporCanarisaopensamentojurdicoaoproporumadefiniodesistema,lanandoapenasalgumasreflexes,quesemdvidaalguma,precisamsermaisbemexploradasemoutrotrabalho.

    Oqueprecisaficarclaro,portanto,queoestudodopensamentosistemticodevesercomplementadopeloexameprofundodasdiferenasentreasespciesnormativas,poistodaselasseprestamagarantiracomposioordenadaeharmnicadaestruturadosistemajurdico.

    7CONSIDERAESFINAIS

    Diantede tudooque foiexposto,possvel compendiaralgumasdasprincipais idiasdesenvolvidas,nasproposiesaseguir.

    (a)Naatualclassificaopspositivistanormaognerodoqualsoespciesasregraseosprincpios.Estesltimostmreconhecidaeficcianormativa, reflexododireitocontemporneo,quedemandaumconjuntonormativomais flexveleabertosubjetividadedoaplicadordodireito.

    (b)Normaetextolegalnoseconfundem.Osdispositivossonecessariamenteospontosdepartidaparaaconstruodenormas,quedependemdeconexesaxiolgicasdointrprete,inclusiveparaclassificarumaespcienormativa.

    (c)Mereceaplausosadistinodasespciesnormativaspropostasporvilaentreregras(normasdescritivas),princpios(normasfinalsticas)epostulados(normasmetdicas),quesuperouotradicionalmodelodicotmico.

    (d)Anoodesistemajurdicocompostopornormasorganizadasdeformahierrquicadevesersubstitudaporummodelodesistematizaocircular,complexoegradual,devendoseadmitirquenohhierarquiaentreprincpiosconstitucionais.

    (e)Emcasodeconflitonormativo,tantoasregrascomoosprincpiossopassveisdesopesamentoeponderao.

    (f)Todasasdiversasespciesnormativasdevemserconsideradaselementosestruturantesdoordenamento jurdico,notendoosprincpiosocondodegarantir,comexclusividade,aunidadeeordenaodosistema.Ospostulados,porexemplo,tmexatamenteestepapel.

    Restaevidentequeoassuntoaindaincipiente.Apesardasvriascontribuiestimidamenteapontadasnestetrabalho,asbasestericasaindaestoemplenodesenvolvimento,cabendoaosjuristasacompanharecontribuirparatalevoluodemodogarantiramaiorefetividadenaaplicaodasnormasjurdicas.

    8REFERNCIAS

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    NOTAS

    1. BOBBIO,Norberto.TeoriadoOrdenamentoJurdico.7ed.Unb,Braslia,1996,p.159.2. ESPNDOLA,RuySamuel.ConceitodePrincpiosConstitucionais:elementostericosparaumaformulao

    dogmticaconstitucionalmenteadequada.SoPaulo:RevistadosTribunais,1998,p.55.3. ASSIS,WilsonRocha.Anormatividadedosprincpioseapsmodernidade

    (http://jus.com.br/artigos/8212).Disponvelemhttp://jus.com.br/artigos/8212.Acessoem:25.01.2009.4. LIMA,GeorgeMarmelstein.AForaNormativadosPrincpiosConstitucionais.Disponvelem

    http://direito.memes.com.br/jportal/portal.jsf?post=1495.Acessoem25.01.2009.5. BONAVIDES,Paulo.CursodeDireitoConstitucional.7aed.SoPaulo:Malheiros,1998,p.255.6. VILA,Humberto.Teoriadosprincpios.Dadefinioaplicaodosprincpiosjurdicos.8ed.SoPaulo:

    Malheiros,2008,p.3035.7. Vide,GUASTINI,Ricardo.Dallefontiallenorme.Torino,Giapichelli,1.993,p.16.8. CARVALHO,PaulodeBarros.DireitoTributrio:FundamentosJurdicosdaIncidncia.2ed.rev.SoPaulo:

    Saraiva,1.999,p.229. SARAIVA,PauloLopo.Direito,polticaejustianacontemporaneidade.Campinas:Edicamp,2002,p.10.10. VILA,Humberto,op.cit,p.34.11. COELHO,SachaCalmonNavarro,TeoriaGeraldoTributoedaExoneraoTributria,p.66,apudCARVALHO,

    PaulodeBarros.Op.cit,p.19.12. CARVALHO,PaulodeBarros.CursodeDireitoTributrio.17.ed.SoPaulo:Saraiva,2005,p.8.13. VILA,Humberto.Op.Cit,,p.137,138e180.14. LEITE,GeorgeSalomo.AAberturadaConstituioemFacedosPrincpiosConstitucionais.Disponvelem

    http://www.jfpb.gov.br/esmafe/Pdf(http://www.jfpb.gov.br/esmafe/Pdf).Acessoem28.01.2009.15. BARROSO,LuisRoberto.FundamentostericosefilosficosdonovoDireitoConstitucional

    brasileiro(http://jus.com.br/artigos/3208).Disponvelemhttp://jus.com.br/artigos/3208.Acessoem:25.01.2009

    16. LARENZ,Karl.MetodologiadaCinciadoDireito.TraduodeJosLamego.3ed.Lisboa:CalousteGulbenkian,1997,p.674ess.

    17. CANARIS,KlausWilhelm.PensamentoSistemticoeConceitodeSistemanaCinciadoDireito.TraduodeA.MenezesCordeiro.2ed.Lisboa:CalousteGulbenkian,1996,p.8899.

    18. DWORKIN,Ronald.LevandoosDireitosaSrio.2ed.SoPaulo:MartinsFontes,2007,p.2426.19. ALEXY,Robert.TeoriadosDireitosFundamentais.TraduodeVirglioAfonsodaSilvada5ed.alem.So

    Paulo:Malheiros,2008,p.90.20. CANOTILHO,JosJoaquimGomes.DireitoConstitucional.7ed.rev.Coimbra:LivrariaAlmedina,2003,p.166

    167.21. VILA,Humberto.Op.Cit,p.40.22. Ibidem,p.4143.23. Ibidem,p.4451.24. Ibidem,p.69e71.25. Ibidem,p.71.26. Ibidem,p.73.27. Ibidem,p.7678.28. SOUZACRUZ,lvaroRicardo.RegrasePrincpios:PorumaDistinoNormoteortica.RevistadaFaculdadede

    DireitodaUFPR,AmricadoSul,n.45,ago/2007,p.7071.29. CANARIS,KlausWilhelm.Op.Cit,p.18.30. KELSEN,Hans.TeoriaPuradoDireito[traduoJooBaptistaMachado].6ed.SoPaulo:MartinsFontes,

    1.998,p.247.31. VILA,Humberto.Op.Cit,p.124.32. Ibidem,p.126127.33. Ibidem,p.125e127.34. LIMA,GeorgeMarmelstein.HierarquiaentrePrincpioseColisodeNormasConstitucionais

    (http://jus.com.br/artigos/2625).Disponvelemhttp://jus.com.br/artigos/2625.Acessoem:27.01.2009.35. Oprincpiodaseguranajurdica,porexemplo,englobaoprincpiodairretroatividadedasleistributrias.36. TAVARES,AndrRamos.ElementosparaumaTeoriaGeraldosPrincpiosnaperspectivaconstitucional.In:

    LEITE,GeorgeSalomo(org.).Dosprincpiosconstitucionais:ConsideraesemtornodasnormasprincipiolgicasdaConstituio.SoPaulo:Malheiros,2003,p.2728.

    37. ATALIBA,GeraldoapudESPNDOLA,RuySamuel.ConceitodePrincpiosConstitucionais.RevistadosTribunais,SoPaulo,1999,p.165.

    38. Ibidem,p.155.39. DINIZ,MariaHelena,ConflitodeNormas.SoPaulo:Saraiva,1987,p.23

  • 11/06/2015 DistinodasespciesnormativasluzdateoriadosprincpiosJusNavigandi

    http://jus.com.br/imprimir/12597/distincaodasespeciesnormativasaluzdateoriadosprincipios 16/16

    40. BOBBIO,Norberto.Op.Cit,p.9194.41. FARIAS,EdilsonPereirade.ColisodeDireitos.Braslia:SrgioAntnioFabrisEditor,1996,p.98.42. LIMA,GeorgeMarmelstein.Op.Cit.Disponvelemhttp://jus.com.br/artigos/2625.43. VILA,Humberto.Op.Cit,p.51.44. Ibidem,52.45. Ibidem,59.46. Cf.STF,2turma,HC73.6629,relatorMin.MarcoAurelio,DJU20.09.1996.47. AFONSODASILVA,LusVirglio.Princpioseregras:mitoseequvocosacercadeumadistino.Belo

    Horizonte:DelRey,RevistaLatinoAmericanadeEstudosConstitucionais,p.617.48. AVILA,Humberto.Op.Cit.,p.122123.49. SOUZACRUZ,lvaroRicardo.Op.Cit,p.37.50. AVILA,Humberto.Op.Cit.,p135.51. Ibidem,p.124.52. Ibidem,p.182.53. Ibidem,p.134.54. Ibidem,p.142143.55. CANARIS,KlausWilhelm.Op.Cit,p.77.56. CANOTILHO,JosJoaquimGomes.Op.Cit,p.1162.57. CANARIS,KlausWilhelm.Op.Cit,p.12.58. Ibidem,p.77.59. Ibidem,p.103.60. FREITAS,Juarez.AInterpretaoSistemticadoDireito.2ed.ver.amp.SoPaulo:Malheiros,1998,p.50.61. CORDEIRO,AntonioMenezesinPrefciodeCANARIS,ClausWilhem.Op.Cit,p.CXICXII.62. CANARIS,KlausWilhelm.Op.Cit,p.88.63. Ibidem,p.81.64. CANOTILHO,JosJoaquimGomes.DireitoconstitucionaleTeoriadaConstituio.4ed.Coimbra:Almeida,

    2000,p.1123.

    Autor

    RosrisPaulaCerizzeVogas

    Advogada,especialistaemDireitoTributriopeloIBET,especialistaemDireitoEmpresarialpela UFU/MG, mestranda em Direito Empresarial pela Faculdade de Direito MiltonCampos/MG,professorauniversitria

    Informaessobreotexto

    Comocitarestetexto(NBR6023:2002ABNT)

    VOGAS,RosrisPaulaCerizze.Distinodasespciesnormativasluzdateoriadosprincpios.RevistaJusNavigandi,Teresina,ano14,n.2109,10abr.2009.Disponvelem:.Acessoem:10jun.2015.