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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ NICOLY FIORI BUENO GONÇALES PRINCIPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL NO PROCESSO PENAL PARA OS CRIMES DE COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JURI CURITIBA 2018

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

NICOLY FIORI BUENO GONÇALES

PRINCIPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL NO PROCESSO PENAL PARA OS

CRIMES DE COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JURI

CURITIBA

2018

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NICOLY FIORI BUENO GONÇALES

PRINCIPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL NO PROCESSO PENAL PARA OS

CRIMESDE COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JURI

Projeto de Pesquisa apresentado a Curso de Direito da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Roberto Aurichio Junior

CURITIBA

2018

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NICOLY FIORI BUENO GONÇALES

PRINCIPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL NO PROCESSO PENAL PARA OS

CRIMES DE COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JURI

Monografia apresentada ao Curso de Direito da Faculdade Tuiuti do Paraná, como

nota parcial para obtenção do título de bacharel em Direito.

Data: / /

Nota:

BANCA EXAMINADORA

Prof. Roberto Aurichio Junior. Orientador

Universidade Tuiuti do Paraná

Prof.

Universidade Tuiuti do Paraná

Prof.

Universidade Tuiuti do Paraná

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Dedico este trabalho a os meus

familiares, sem exceção e ainda a

Deus, pela oportunidade de chegar ao

fim de mais uma etapa.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus por tudo que me deu desde o meu

nascimento, me sustentou e me guiou, me deu sabedoria para chegar até aqui, além

de não me abandonar. Meu muito obrigada.

Aos meus pais Pablo e Rosangela, que confiaramem mim, me dispuseram

todo o seu tempo e dedicação para me ensinar desde o mais puro saber, até o mais

complexo dos problemas da vida, que sem dúvidas estão guardados no meu

coração e jamais esquecerei. Por terem brigado tantas vezes para que eu

entendesse tudo que estava sendo feito e ainda é feito por mim. Meu pai o homem

mais sábio que já conheci, obrigada, por sentar inúmeras vezes comigo para discutir

política, direitos, deveres, me questionar e me deixar questiona-lo também, sobre

como encarar as situações trazidas pela vida, no trabalho, na faculdade e ao meu

redor todos os dias. A minha mãe por me escutar, me entender quando já estava de

cabelo em pé, me aconselhar todas as vezes que chorei de desespero, angustia e

tristeza, por secar minhas lagrimas e me fazer sorrir quando não mais podia ver o

Sol, por responder minhas mensagens longas com tanto amor e carinho, por ser a

emoção e meu pai a razão, que juntos me fazem ser melhor a cada dia. Meu muito

obrigada.

Aos meus irmãos Gabriel e Iago, por sempre me distraírem, por me

aturarem gritando pela casa para ficarem quietos e abaixarem o volume da

televisão, quando eu queria estudar ou descansar, pela paciência que tiveram ou

que por algumas vezes pela falta dela, por me deixarem participar de suas vidas,

com conselhos e brincadeiras. Meu muito obrigada.

Ao meu namorado Allan Lopes, que sempre me apoiou, me ajudou, me

aconselhou, sempre esteve comigo, me dando seu suporte, seu ombro amigo, por

nunca desistir de mim, me aguentar e me guiar quando tudo parecia sem sentido,

por não me deixar abater pelos problemas nem tão pouco me deixar cair. Meu muito

obrigada.

As minhas avós Jurema e Abigail, com tantas palavras de amor e sabedoria

me ajudaram e me apoiaram sempre que surgia um imprevisto da faculdade. Por

todos os almoços em família que além de comida, reunia a família e a gratidão, por

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sempre me perguntarem ―Nicoly pode ver aquele processo para mim? ‖E me fazer

buscar e estudar sobre os assuntos envolvidos. Meu muito obrigada.

Aos meus amigos de sala Andrieli, Danielle, Jaine, Joel e Larissa que sem

dúvidas levarei para o resto da minha vida, por me ajudarem com trabalhos,

estudos, arquivos, xerox, brincadeiras, resumos, discussões, debates, companhias

em palestras e julgamentos. Por dividirem comigo seus problemas e confiarem nas

minhas explicações préprova, por me mandarem mensagens ―Nicoly, o que é tutela

provisória? ‖ ―Nicoly, quantos jurados são escolhidos no Tribunal do Júri‖ e me fazer

buscar mais do que eu já tinha aprendido para poder ajuda-los também. Agradeço

pelos 5 anos de amizade, agradeço por me aturarem, por fazerem a faculdade ficar

mais leve. Meu muito obrigada.

E por último, mas não menos importante, pelo contrário muito importante,

aos professores, pela paciência, pela dedicação, emprenho e sabedoria que nos

passaram, alguns que vimos apenas durante um semestre, outros que nos

acompanharam em mais de um período, pela orientação nos dada, pelo amor

passado através das aulas. Mesmo trabalhando o dia todo, nos ensinavam por horas

durante a noite, alguns com muita paciência para nos aturar perguntando e

perguntando de novo, outros com não tanta paciência assim, mas que sem dúvidas

me fizeram ter amor pelo que eu estava cursando. Meu muito obrigada.

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“Em tempos de dificuldade, líderes sábios constroem pontes, tolos constroem muros” Pantera Negra.

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RESUMO

O presente estudo tem como objetivo explanar o princípio que norteia os

processos judiciais, princípio esse que vem de uma longa discussão, não somente

no sistema Brasileiro, mas em todo o Mundo, fato que torna o Princípio da Duração

Razoável do Processo de tamanha relevância, a fim de entender e explicar as

motivações do sistema, ou a falta delas, para a atuação nos processos celebres e

para os processos com menos repercussão geral. A aplicação do tema pelo

ordenamento jurídico, quando os processos penais decorrem anos para um

julgamento final, interferindo por vezes nos demais princípios que norteiam a

dignidade humana. Além de explanar o Principio aqui citado, analisaremos sua

aplicação no âmbito dos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou seja, crimes

contra a vida, onde afunilaremos o Principio ora citado e estudado, com o objetivo de

demonstrar qual a importância de um adequado prazo para o decurso desta forma

de processo.

RESUMO – ABSTRACT - PRINCÍPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO -

RITO DO TRIBUNAL DO JURI – MOROSIDADE - APLICABILIDADE – INTERESSE

PÚBLICO – LEGISLAÇÃO – DOUTRINA MAJORITÁRIA.

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ABSTRACT

The present study aims to explain the principle that guides judicial processes, a

principle that comes from a long discussion, not only in the Brazilian system, but

throughout the world, a fact that makes the Principle of Reasonable Duration of the

Process of such relevance, in order to understand and explain the motivations of the

system, or the lack thereof, for the performance in the celebrated processes and for

the processes with less general repercussion. The application of the theme by the

legal system, when criminal proceedings take years for a final judgment, sometimes

interfering with other principles that guide human dignity. In addition to explaining the

Principle mentioned here, we will analyze its application in the scope of the crimes of

jurisdiction of the Jury Court, that is, crimes against life, where we will tap the

Principle quoted and studied, in order to demonstrate the importance of an adequate

for this procedure.

ABSTRACT - PRINCIPLE OF THE REASONABLE DURATION OF THE

PROCEDURE - RITE OF THE COURT OF JURI - MOROSITY - APPLICABILITY -

PUBLIC INTEREST - LEGISLATION - MAJORITY DOCTRINE.

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 10

2. PRINCIPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO: EVOLUÇÃO HISTORICA E O

ORDENAMENTO JURIDICO BRASILEIRO. ................................................................................ 12

2.1EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PRINCIPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO

........................................................................................................................................................... 12

2.2 O ORDENAMENTO JURIDICO BRASILEIRO E A DURAÇÃO RAZOÁVEL DO

PROCESSO .................................................................................................................................... 14

3. CASOS CONCRETOS DE MOROSIDADE DO JUDICIÁRIO ............................................... 18

3.1CASO GARIBALDI VS BRASIL .............................................................................................. 18

3.2 CASO GILMAR RAFAEL YARED E CARLOS MURILO DE ALMEIDA .......................... 19

VS LUIZ FERNANDO RIBAS CARLI FILHO ............................................................................. 19

3.3 CASO MINISTÉRIO PÚBLICO VS JAIL AZAMBUJA ........................................................ 19

4. O RITO DO TRIBUNAL DO JÚRI, COMPETÊNCIA, PRINCÍPIOS, FASES E

PRESCRIÇÃO. ................................................................................................................................... 21

4.1 O RITO ...................................................................................................................................... 21

4.1.1 CRIMES DE COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JURI ........................................... 22

4.1.2 PRINCIPIOS DO TRIBUNAL DO JURI ......................................................................... 22

4.2 AS FASES DO TRIBUNAL DO JÚRI .................................................................................... 26

4.2.1 FASE JURICIUM ACCUSATIONIS ............................................................................... 27

4.2.2 FASE JUDICIUM CAUSAE ............................................................................................. 28

5. PRESCRIÇÃO DOS CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA................................................ 30

5.1 HISTÓRICO DE APLICAÇÃO NO BRASIL ......................................................................... 30

5.2 A TRÍPLICE FUNDAMENTAÇÃO DA PRESCRIÇÃO NO ORDENAMENTO JURIDICO

BRASILEIRO ................................................................................................................................... 31

5.2.1 O DECURSO DO TEMPO, TEORIA DO ESQUECIMENTO DO FATO .................. 31

5.2.2 A NEGLIGENCIA DA AUTORIDADE ............................................................................ 32

5.3 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA ...................................................................... 32

5.4 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA .............................................................. 33

6. DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO E OS DEMAIS PRINCIPIOS

CONSTITUCIONAIS .......................................................................................................................... 34

6.1 O CONCEITO DE DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO ......................................................... 34

6.2 GARANTIA DA AMPLA DEFESA E O CONTRADITÓRIO ............................................... 36

7. A PRESCRIÇÃO DOS CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA E OS PRINCIPIOS

CONSTITUCIONAIS .......................................................................................................................... 38

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8. CONCLUSÃO ................................................................................................................................. 40

9. REFERÊNCIAS .............................................................................................................................. 42

ANEXO I .............................................................................................................................................. 45

TERMO DE RESPONSABILIDADE AUTORAL ........................................................................... 45

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1.INTRODUÇÃO

A Declaração Universal dos Direitos do Homem, bem como a nossa atual

constituição trata pontualmente o Princípio da Duração Razoável do Processo, na

Emenda Constitucional n° 45/2004. Dentro das garantias fundamentais

asseguradas a cada indivíduo, insculpido no inciso LXXVIII do artigo 5° da

Constituição Federal de 1988, temos o seguinte teor: ―a todos, no âmbito judicial e

administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que

garantam a celeridade de sua tramitação‖. Tal princípio se tornou fundamental,

pois a sociedade mostrou-se insatisfeita com a forma e o tempo que seus

processos vêm sendo tratados e por vezes com uma grande demora para

resolução final. O legislador precisou tornar a tutela jurisdicional efetiva,

tempestiva e adequada, sendo que o Estado tem o dever de alcançar tais

necessidades.

Além de uma sociedade insatisfeita de forma genérica, com as

demandas sem solução em tempo hábil e justo, o presente estudo tornará

evidente e se dedicará exclusivamente aos processos de competência do Tribunal

do Júri. Rito este que vem sendo amplamente discutido e aplicado.

O Princípio da duração razoável do processo, é um importante

instrumento de jurisdição e uma vez posto, o legislador vem criando normas para

acelerar a tramitação dos processos judicias, através de reformas nas Leis já

existentes.

O presente trabalho, não tratará do processo penal como um todo, mas

tem como objetivo o aprofundamento da aplicação do Princípio aqui apresentado

diretamente para os casos em que há um acusado e a demora em julgar através

do Tribunal do Júri sua inocência ou não, evidenciando a necessidade pelo

julgamento antes da prescrição dos crimes desta competência. Tomando como

necessário o debate, uma vez que de um lado temos uma família clamando por

justiça e de outro temos um acusado, muitas vezes respondendo ao processo em

reclusão, clamando por uma finalização, dentro do prazo prescricional aplicado

aos crimes previsto em Lei, que serão elencados neste trabalho. É entendível,

portanto a necessidade pelo julgamento rápido e uma celeridade processual

devida.

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Em suma temos: O Brasil e o Histórico do Princípio da Duração

Razoável do Processo; O rito do Tribunal do Júri, uma vez que é necessário

entender como funciona este instrumento jurisdicional para aplicação do Princípio

aqui apresentado; A prescrição aplicada aos crimes de competência deste

Tribunal e sua jurisdição, uma vez que o legislador precisa aplicar a Lei e

determinar o julgamento dentro deste prazo prescricional.

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2. PRINCIPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO: EVOLUÇÃO

HISTORICA E O ORDENAMENTO JURIDICO BRASILEIRO.

Para análise aprofundada da temática aqui demonstrada, deve-se elencar

os pontos mais relevantes da história e evolução do princípio da duração razoável

do processo e ainda entender o posicionamento do judiciário Brasileiro frente a

aplicação do princípio, entenderemos como vem sendo aplicado o princípio dentro

dos parâmetros da jurisdição brasileira, pontualmente.

2.1EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PRINCIPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO

PROCESSO

O Brasil é o destaque negativo na América Latina quando se trata de novas

ações, durante o ano de 2016 ingressaram 29,4 milhões de processos novos e

ainda 29,4 milhões foram baixados, mesmo assim ano foi finalizado com 79,7

milhões de processos em tramitação. O estoque de processos no Poder Judiciário

continua aumentando desde o ano de 2009, conforme mostra o Conselho

Nacional de Justiça (CNJ) publicado no ano de 2017, tendo como base o ano de

2016. É notório que a morosidade vem caminhando lado a lado com a duração

razoável do processo, não somente neste século, mas sim desde os tempos mais

remotos, podemos ver por Cícero na ―Oratio pro Quinctio‖ 81 a.C, lamentando que

sua causa já perdurava por um biênio (ARAÚJO, 1999, p253). Como era de se

esperar este assunto sempre foi causa de discussão, os juristas, cientistas,

legisladores desde a velha Germânia criticavam e se mostravam insatisfeitos com

as demandas que perduravam por anos. Podemos citar aqui o Conselheiro Jean

de la Bruyére, no século XVII que constituiu a demora na verdade como pura

denegação de justiça.

O princípio da Duração Razoável do Processo iniciou-se em discussão na

Roma Antiga, vez que este elemento já era tido como um problema, confirmamos

através da Carta Magna de 1215, § 40: ―A ninguém venderemos, negaremos ou

retardaremos direito a justiça; a necessidade de assegurar ao povo sem retardo

que seus processos e sua justiça fossem adquiridos‖.

Convenção Europeia, ano de 1215, artigo 6°, § 1°.

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Artigo 6º - Direito a um processo equitativo 1. Qualquer pessoa tem

direito a que a sua causa seja examinada, equitativa e publicamente, num

prazo razoável por um tribunal independente e imparcial, estabelecido pela lei,

o qual decidirá, quer sobre a determinação dos seus direitos e obrigações de

caráter civil, quer sobre o fundamento de qualquer acusação em matéria penal

dirigida contra ela.

Neste exato momento, tomou-se como direito fundamental a razoável

duração do processo, entretanto só se tornou enunciado na década de 1950, no

pós-guerra, momento em que se via a necessidade de assegurar os direitos

esquecidos neste período.

A Convenção Americana de Direitos Humanos, ou Pacto de San José da

Costa Rica, assinada durante a Conferência Especializada Interamericana sobre

Direitos Humanos, em22 de novembro de 1969 entrando em vigor em 18 de julho

de 1978, veio logo em seguida,objetivando a busca pela consolidação dos países

americanos através de um regime de liberdade pessoal e de justiça social, sendo

assegurado a pessoa o respeito aos seus direitos essenciais. No artigo 8° é

assegurada a necessidade da razoável duração do processo. O Brasil só ratificou

o documento em 25 de setembro de 1992, valendo somente a partir do Decreto

número 45 de 2004.

É de fato alarmante quando entendemos que o problema da excessiva

saturação do processo nos persegue desde antes mesmo da história do direito

processual (TARUFFO, 1980, p. 10-11), tento início em Portugal, que exerce

sobre o judiciário Brasileiro grande influência uma vez que durante o

descobrimento e a colonização, passou a seguir as Ordenações Afonsinas de

1446. Houve inúmeras modificações ao longo dos anos, porém nada que

trouxesse alguma modificação realmente significativa; que resultaram nas

Ordenações Manoelinas de 1521, que previam punições aos juízes que não

observassem as Ordenações; sendo substituídas pelas Ordenações Filipinas com

o intuito de reorganizar o direito português (DIDONE, p. 30). Inúmeras são as

publicações que demonstram a incerteza na finalização do processo no menor

tempo hábil sempre existiu.

O ordenamento jurídico brasileiro, é herdeiro desde vicio de morosidade, a

ConstituiçãoFederal de 1824, falhou ao não abordar o direito de acesso à justiça,

nem tão pouco em garantir ao cidadão o tramite de suas ações da melhor forma.

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A Constituição Federal de 1891 não alterou este cenário, mesmo diante de um

novo contexto histórico, período este que acentuou as desigualdades jurídicas.

O Supremo Tribunal, se viu diante de uma situação alarmante, tornando

necessário que os julgamentos fossem feitos de imediato, vez que as ações

novas eram inúmeras e o aumento era progressivo.

2.2 O ORDENAMENTO JURIDICO BRASILEIRO E A DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO

A Constituição Federal, em seu artigo 5°, inciso LXXVIII, trata do princípio

da duração razoável do processo:

―Art. 5°. [...]

LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a

razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua

tramitação.

§ 1° - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm

aplicação imediata.

§2° - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros

decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados

internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

§3° - Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que

forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por

três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às

emendas constitucionais.

§4° - O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja

criação tenha manifestado adesão‖.

Determinar uma razoável duração do processo e os meios para sua

celeridade sem que ocorra uma ineficácia por parte das análises processuais

necessárias, bem como, levantamento de provas, testemunhas, pericias e demais

andamentos pertinentes para a efetivação e o sucesso no julgamento da

demanda, é tarefa extremamente difícil ao Poder Judiciário.

A Emenda Constitucional n° 45, introduz a norma programática no que

tange a solução eficiente e ao mesmo tempo de razoável duração, que o

processo penal deveria gozar.

Este princípio constitucional, pode ser observado no art. 8°, 1, da

Convenção Americana sobre Direitos Humanos:

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Artigo 8º - Garantias judiciais:

1. Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e

dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente

e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer

acusação penal formulada contra ela, ou para que se determinem seus direitos

ou obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra

natureza.

E ainda no art. 6º da Convenção Europeia, firmada em 4 de novembro de

1950, em Roma:

Artigo 6° - Direito a um processo equitativo:

1. Qualquer pessoa tem direito a que a sua causa seja examinada,

equitativa e publicamente, num prazo razoável por um tribunal independente e

imparcial, estabelecido pela lei, o qual decidirá, quer sobre a determinação dos

seus direitos e obrigações de caráter civil, quer sobre o fundamento de

qualquer acusação em matéria penal dirigida contra ela.

Neste cenário o Brasil encontra-se em desvantagem, uma vez condenado

pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, no caso Damião Ximenes Lopes.

Devemos aqui, relatar de forma breve o caso mencionado. Damião, ―pessoa com

transtorno mental‖, foi morto em consequência de maus-tratos sofridos durante

uma internação psiquiátrica, no Hospital Casa de Repouso Guararapes,

localizado na cidade de Sobral – Ceará – Brasil. A fatalidade, foi denunciada

internacionalmente, levada a Corte Interamericana de Direitos

Humanos,condenado o Brasil por violação ao direito à vida (art. 4°), direito à

integridade física (art. 5°), direito às garantias judiciais (art. 8°) e direito à proteção

judicial (art. 25°) do Pacto de San José da Costa Rica, uma vez que houve uma

excessiva demora na prestação de tutela cível e penal, tendo considerado como

fundamentos para a condenação a complexidade do caso, a atuação processual

dos interesses e do Estado (LOPES JÚNIOR, págs. 175 a 178).

Os julgados do superior Tribunal de Justiça não determinam,

expressamente, qual seria a duração razoável do processo, até mesmo o projeto

156/2009, que consiste em uma reforma do atual Código de Processo Penal, não

trouxe em seus capítulos nenhuma previsibilidade no que rege as fases

processuais, ou seja, nada impedirá a dilatação dos atos processuais (PAULA,

2010, pág. 209). Além disso vamos analisar o que Aury Lopes Jr assim discorre:

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O direito a um processo sem dilações indevidas (ou de ser julgado num prazo razoável) é "jovem direito fundamental", ainda pendente de definições e mesmo de reconhecimento por parte dos tribunais brasileiros, em geral bastante tímidos na recepção de novos (e também de "velhos") direitos fundamentais, mas que já vem sendo objeto de preocupações há bastante tempo por parte do Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH), e dos sistemas processuais europeus. (2004, p. 219-245)

Em 09.12.2003 o Supremo Tribunal Federal, editou a Súmula 697, que

permitiu o relaxamento da prisão processual por excesso de prazo mesmo em

caso de crime hediondo, entendendo que independentemente do crime, não há

força suficiente para aniquilar a ilegalidade proveniente do excesso de prazo.

Vejamos como vem se posicionando o Judiciário Brasileiro:

Não desconheço que o Supremo Tribunal Federal, em reiteradas decisões, tem afirmado que a superveniência da decisão de pronúncia, por importar em superação de eventual excesso de prazo, afastaria a configuração, quando ocorrente, da situação de injusto constrangimento (...). Impende registrar, por relevante, que esta Suprema Corte – embora assinalando que a prisão cautelar fundada em decisão de pronúncia não tem prazo legalmente predeterminado – adverte, no entanto, que a duração dessa prisão meramente processual está sujeita a um necessário critério de razoabilidade, no que concerne ao tempo de sua subsistência, (...). (...). Nada pode justificar a permanência de uma pessoa na prisão, sem culpa formada, quando configurado excesso irrazoável no tempo de segregação cautelar do acusado, considerada a excepcionalidade da prisão processual, mesmo que se trate de crime hediondo." (HC 142177, Relator Ministro Celso de Mello, Segunda Turma, julgamento em 6.6.2017, DJe de 19.9.2017)

Temos ainda:

"No que se refere ao alegado excesso de prazo na formação da culpa, verifico também não assistir razão à defesa. Ressalto que, em tais casos, o STF tem deferido ordem de habeas corpus somente em hipóteses excepcionais, nas quais a mora processual: a) seja decorrência exclusiva de diligências suscitadas pela atuação da acusação (cf.: HC 85.400/PE, rel. Min. Eros Grau, 1ª Turma, unânime, DJ 11.3.2005; e HC 89.196/BA, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 1ª Turma, maioria, DJ 16.2.2007); b) resulte da inércia do próprio aparato judicial em atendimento ao princípio da razoável duração do processo, nos termos do art. 5º, LXXVIII (cf.: HC 85.237/DF, Pleno, unânime, rel. Min. Celso de Mello, DJ 29.4.2005; HC 85.068/RJ, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 1ª Turma unânime, DJ 3.6.2005;); e, por fim, c) seja incompatível com o princípio da razoabilidade (cf.: HC 84.931/CE, rel. Min. Cezar Peluso, 1ª Turma, unânime, DJ 16.12.2005), ou, quando o excesso de prazo seja gritante (cf.: HC 81.149/RJ, rel. Min. Ilmar Galvão, 1ª Turma, unânime, DJ 5.4.2002; RHC 83.177/PI, rel. Min. Nelson Jobim, 2ª Turma, unânime, DJ 19.3.2004)." (HC 131225, Relator Ministro Gilmar Mendes, Segunda Turma, julgamento em 8.3.2016, DJe de 25.4.2016)

E o texto da Súmula 687

―A PROIBIÇÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA NOS PROCESSOS POR CRIMES

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HEDIONDOS NÃO VEDA O RELAXAMENTO DA PRISÃO PROCESSUAL POR

EXCESSO DE PRAZO. ‖

Na década passada era entendimento da jurisprudência pátria, que os

casos de processos criminais nos quais o acusado se encontrasse preso, a

instrução criminal deveria findar no prazo de 81 dias, esta situação mostrou-se

impossível para a realidade jurídica brasileira.

Podemos observar, no HC 160.276/PE, acusação de homicídio qualificado

consumado e homicídio tentado, a ordem foi negada, uma vez que o caso se

mostrou com uma elevada complexidade demonstrando, portanto, que o judiciário

seguiria um novo padrão para as demandas recorrentes. Este novo parâmetro se

mostrou moroso, mas o judiciário traria para isto uma justificativa, afirmando que

tal demora se dava pelo alto nível de complexidade do assunto julgado.

2. Na hipótese, o processo teve curso regular e a decisão de pronúncia foi prolatada (Súmula 21/STJ); eventual demora para a submissão dos pacientes ao Tribunal do Júri pode ser atribuída, entre outras causas, ao pedido de desaforamento feito pelo MP, julgado definitivamente pelo TJPE, sendo certo que a defesa contribuiu significativamente para a delonga em seu julgamento, pois, não obstante regularmente intimada levou quase um ano para se manifestar sobre o pedido (Súmula 64/STJ); os autos já foram encaminhados à Comarca de Recife/PE, onde será realizado o julgamento. 3. Nada recomenda a soltura dos acusados quando se aproxima a finalização do processo, pois presentes ainda os motivos para a prisão cautelar; registre-se que, no caso, os pacientes já demonstraram a intenção de se furtar à aplicação da lei penal, tendo um deles permanecido foragido por 2 anos e o outro por 3 meses, quando foi preso em flagrante pelo delito de porte ilegal de arma. (STJ – HC nº 160.276/PE – 5ª Turma – Min. Rel. Napoleão Nunes – DJ 15/04/2010).

O autor Aury Lopes Jr afirma:

―O ideal seria a clara fixação da duração máxima do processo e da prisão cautelar, impondo uma sanção em caso de descumprimento (extinção do processo ou liberdade automática do imputado). Para falar-se de em dilação ―indevida‖, é necessário que o ordenamento jurídico interno defina limites ordinários para os processos, um referencial do que seja a ―dilação devida‖, ou o ―estándar médio admisible para proscribir dilaciones más allá de él‖

É clara a necessidade de analise especifica, recolhimento de provas e

execução de diligencias em todas as fases do processo, entretanto é

imprescindível a aplicação de todos os direitos previstos na Constituição Federal,

pois é através dela que os direitos inerentes, a pessoa humana, serão aplicados e

respeitados.

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3. CASOS CONCRETOS DE MOROSIDADE DO JUDICIÁRIO

Como anteriormente citado, o caso Ximenes obteve grande repercussão,

uma vez que além da demora do Judiciário no julgamento e analise da demanda,

foram violados inúmeros princípios que norteiam a pessoa humana, como direitos

reservados a ela. Mas não é tão somente o caso Ximenes que sofreu com a não

aplicação de princípios básicos assegurados pela Constituição Federal, mas

inúmeros outros casos que perduraram por anos, ou que ainda perduram sem

uma tutela jurisdicional adequada.

Ao analisar os princípios, mais adiante explanados, como o duplo grau de

jurisdição, a ampla defesa e contraditório, presunção de inocência, e tantos outros

que norteiam o Judiciário Brasileiro, é claramente visível que diante de tantas

opções para cercar e proteger os direitos fundamentais, fica quase impossível

haver de fato uma duração razoável do processo, por vezes as questões da

demora estão no diapasão do ordenamento jurídico, não prevendo como

realmente seria a aplicação de tal princípio nas demandas hoje numerárias.

A seguir, veremos três casos, em que a aplicação do princípio da duração

razoável do processo não foi efetiva, mas é importante entender, que a não

aplicação de um princípio básico, previsto pela Constituição Federal, não é

unicamente de ônus do Poder Judiciário, mas também do Ordenamento jurídico

aplicado, das autoridades envolvidas em cada caso. Para o presente trabalho,

tem-se o Direito Penal e o Direito Processual Penal como alicerces, mas inúmeras

outras Leis precisam ser aplicadas, para que os processos sejam justamente

julgados, o que por vezes causa conflito entre os princípios constitucionais.

3.1CASO GARIBALDI VS BRASIL

Sétimo Garibaldi, integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem

Terra (MST), foi morto em 1998, por uma milícia armada. Em 2012, o Tribunal de

Justiça do Estado do Paraná, arquivou a ação penal que imputava ao fazendeiro

Morival Favoreto a autoria do crime. Este arquivamento decorreu de uma

alegação por parte do Ministério Público, de inexistência de provas, arquivando,

pois, o inquérito policial. Após isto, o inquérito policial foi reaberto em 2009, para a

oitiva de mais duas testemunhas, com isto foram levantados mais oito

depoimentos, e ainda uma perícia na arma de fogo, que somados seriam o

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suficiente para denunciar Morival Favoreto. Mas nada foi feito se não um novo

arquivamento do processo em 2012, pois não haveria no processo mais provas

contundentes além daquelas já juntadas ao inquérito policial desde 2004.

O caso foi denunciado em 2003 à Comissão Interamericana de Direitos

Humanos, em 2007 a CIDH submeteu o caso a Corte, resultando na condenação

do Estado brasileiro.

O caso segue sem sentença condenatória e arquivado sem previsão para

julgamento do responsável pela morte do Trabalhador.

3.2 CASO GILMAR RAFAEL YARED E CARLOS MURILO DE ALMEIDA

VS LUIZ FERNANDO RIBAS CARLI FILHO

Na madrugada do dia 7 de maio de 2009 o ex-deputado Luiz Fernando

Ribas Carli Filho, conduzia seu carro pela Rua Monsenhor Ivo Zanlorenzi a cerca

de 150 quilômetros por hora, quando atingiu um carro que seguia pelo

cruzamento, sem semáforo em funcionamento, no carro Gilmar Rafael Yared, de

26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, 20, morreram na hora. O deputado

sobreviveu. Passou por uma cirurgia de 14 horas para reconstrução do seu rosto.

Durante 7 anos, a defesa de Carli Filho, utilizou todos os recursos cabíveis

para que o mesmo não fosse a Júri Popular, entretanto em 2018, o julgamento

pelo rito do Tribunal do Júri foi efetivado, levando o ex-deputado a uma sentença

condenatória de 9 anos e 4 meses de reclusão, mesmo com os votos pela

condenação o Réu não saiu do Pleno preso, cabe ainda recurso da decisão,

sendo este assegurado pela Lei, para responder e aguardar em liberdade. Mais

de 9 anos após o acidente temos um passo real para uma demanda de grande

repercussão.

3.3 CASO MINISTÉRIO PÚBLICO VS JAIL AZAMBUJA

Na madrugada do dia 19 de setembro de 2008, o segurança do ex-juiz

federal Jail Azambuja, Adriano Roberto Vieira, de 37 anos, efetuou 13 disparos de

arma de fogo contra a casa de Luiz Carlos Canalli, em Umuarama.

Segundo o Ministério Público Federal, à época, o segurança prestava

serviços a Jail Benites de Azambuja, acusado de ter encomendado o crime.

Segundo investigações, o segurança utilizou o carro do ex-juiz para ir até a casa

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de Canalli. Alguns dos disparos atingiram o interior dos cômodos onde Canalli e

seus familiares dormiam. Ninguém ficou ferido.

Ocorre que pouco tempo antes do atentado Canalli sofreu um ataque

contra seu carro.

O ex-juiz federal, acusado de tentativa de homicídio duplamente

qualificado, deve ser julgado na sexta-feira, dia 06 de abril de 2018, no Tribunal

do Júri, no fórum de Umuarama.

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4. O RITO DO TRIBUNAL DO JÚRI, COMPETÊNCIA, PRINCÍPIOS, FASES E PRESCRIÇÃO.

O rito do Tribunal do Júri é resguardado pela Constituição Federal em seu

artigo 5°, inciso XXXVIII, ―d) é reconhecida a instituição do Júri, competente para

julgar os crimes dolosos contra a vida [...]”. E é um dos pontos centrais do Estado

Democrático de Direito.

4.1 O RITO

O Tribunal do Júri, como aplicado nos dias atuais, provem da Carta Magna

de 1215, com o texto: ―Ninguém poderá ser detido, preso ou despojado de seus

bens, costumes e liberdades, senão em virtude de julgamento de seus pares,

segundo as leis do país‖. A origem do Tribunal do Júri, tal qual conhecemos hoje,

provem da Inglaterra, quando o Concílio de Ladrão, em 1215, aboliu as ordálias,

aqui quer dizer uma correspondência ao Juízo ou julgamento de Deus, onde Deus

não deixaria de socorrer o inocente, com julgamento totalmente teocrático, sendo

instalado o conselho de Jurados.

No Brasil, em 1822, com o Príncipe Regente o júri teve início, com 24

cidadãos, com vida civil honrosa, sendo que suas decisões seriam passiveis de

revisão somente pelo Regente. Naquela época, a competência do Júri não se

limitava a crimes contra a vida, como passaremos a ver a diante, mas sim nas

causas cíveis e criminais, conforme texto da Constituição Federal de 1824.

A promulgação do rito foi à luz da Constituição Federal de 1988, onde fora

reconhecida sua soberania, o sigilo dos votos e a plenitude de defesa.

Em 09 de junho de 2008 foi sancionada a Lei 11.689, que promoveu uma

completa alteração nos artigos referentes ao Tribunal do Júri.

É o rito que possibilita a aplicação da supremacia do Estado Democrático

de Direito, onde o acusado será julgado pelos seus. Cidadãos civis, que se

encaixam nos requisitos formais descritos na Constituição Federal e no Código de

Processo Penal, a) maior de 18 anos; b) estar em pleno gozo dos direitos políticos

(ser eleitor); c) não ter sido processado criminalmente; d) prestar o serviço

gratuitamente (voluntário). Segundo o Doutrinador Julio Fabbrini Mirabete (2000,

p.509):

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É o jurado, em termos jurídicos, o leigo do Poder Judiciário, investido, por lei, na função de julgar em órgão coletivo a que se dá o nome de Júri. O cidadão é jurado por ter íntima ligação com o meio em que vive, em que o Conselho de Jurados que integra exerce a sua jurisdição (RTJ 44/646).

Temos ainda o texto de Távora, que dispõe que o tribunal do júri detém

também as seguintes características:

a) Órgão heterogêneo: na Constituição de 1988, o júri popular é reafirmado como órgão do Poder Judiciário. Sua composição é formada por um juiz-presidente e por vinte e cindo jurados, nos termos da nova redação do art. 433 do CPP [...], dos quais sete compõe o Conselho de Sentença. O juiz-presidente aplica o direito de acordo com os fatos que são julgados pelos jurados. Aquele, o juiz do direito, estes, o juiz dos fatos. [...]; b) órgão horizontal: não há o que se falar em hierarquia entre o juiz presidente e os jurados. Têm funções diversas, e a conjugação de esforços faz a harmonia do tribunal; c) órgão temporário: o tribunal funcionará durante alguns períodos do ano. Desta forma, a reunião do júri é o período do ano em que o tribunal opera, ao passo que a sessão do júri concentra a realização do julgamento [...]; d) decisões por maioria de votos: não é necessário, ao contrário do que ocorre no júri norte-americano, que haja unanimidade na votação. Basta a obtenção de quatro votos num determinado sentido para que se tenha a majoritariedade na votação de cada quesito [...] (2015, p. 828-829‖).

4.1.1 CRIMES DE COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JURI

O Código Penal, traz em seu teor, explicito os crimes de competência do

Tribunal do Júri e o Código de Processo Penal exemplifica o Rito em si, além

disso os crimes elencados devem ser em sua forma dolosa, quando há a

deliberação para a sua prática, em resumo, são julgados por esse rito, os crimes

dolosos contra a vida, consumados ou tentados e os conexos. Definidos:

a) Homicídio (art. 121 CP);

b) Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio (art. 122 CP);

c) Infanticídio (art. 123 CP);

d) Aborto (art. 124 a 128 CP).

4.1.2 PRINCIPIOS DO TRIBUNAL DO JURI

É necessário saber, que o Tribunal do Júri, tem como princípios básicos e

indispensáveis:

a) plenitude de defesa;

b) sigilo das votações;

c) soberania dos veredictos, e;

d) competência para o julgamento de crimes dolosos contra a vida.

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Temos para Nucci:

Assim, no processo criminal, perante o juiz togado, tem o acusado assegurada a ampla defesa, isto é, vasta possibilidade de se defender, propondo provas, questionando dados, contestando alegações, enfim, oferecendo os dados técnicos suficientes para que o magistrado possa considerar equilibrada a demanda, estando de um lado o órgão acusador e de outro uma defesa eficiente. Por outro lado, no Tribunal do Júri, onde as decisões são tomadas pela íntima convicção dos jurados, sem qualquer fundamentação, onde prevalece a oralidade dos atos e a concentração da produção de provas, bem como a identidade física do juiz, torna-se indispensável que a defesa atue de modo completo e perfeito – logicamente dentro das limitações impostas pela natureza humana. A intenção do constituinte foi aplicar ao Tribunal Popular um método que privilegie a defesa, em caso de confronto inafastável com a acusação, homenageando a sua plenitude.

O princípio da plenitude de defesa, foi atribuído pela Carta Magna,

exclusivamente para a figura do Tribunal do Júri uma vez que é utilizada para

conscientizar os jurados, vez que a convicção de cada um é construída a partir

dos fatos e provas apresentados pela Acusação e Defesa, sem o conhecimento

verdadeiro das Leis e Princípios que norteiam o Judiciário Brasileiro, portanto por

sua livre interpretação e consciência.

O advogado poderá através do interrogatório do Réu, dispor de perguntas

que propiciem sua defesa, possuindo uma ampla liberdade de argumentos, sem

que os temos jurídicos sejam o foco da defesa, mas sim a conscientização do

Jurado.

O princípio do sigilo das votações difere-se do que é previsto no artigo 93,

inc. IX da Constituição Federal, onde é necessária a publicidade dos votos. O

Código de Processo Penal em seu artigo 485 dispõe o passo a passo para a

incomunicabilidade entre os jurados:

―Antes do sorteio dos membros do Conselho de Sentença, o Juiz Presidente esclarecerá sobre os impedimentos, a suspeição e as incompatibilidades constantes dos arts. 448 e 449 deste Código. §1º – O Juiz Presidente também advertirá os jurados de que, uma vez sorteados, não poderão comunicar-se entre si e com outrem, nem manifestar sua opinião sobre o processo, sob pena de exclusão do Conselho e multa, na forma do §2º do art. 436 deste Código (BRASIL – DECRETO-LEI Nº 3.689, 1941).

Dito isto, vale lembrar que o julgamento é feito em sala especial, os votos

são proferidos secretamente, onde o Juiz faz perguntas acerca do processo e os

Jurados respondem através de uma cédula com a palavra ―SIM‖ e outra com a

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palavra ―NÃO‖, disposta em uma urna, sem que nenhum outro membro da sala

possa observar qual cédula foi usada para responder, uma outra urna passa

recolhendo a cédula de descarte. São abertas as cédulas até a maioria de votos e

assim sucessivamente, artigo 486 do Código de Processo Penal.

Para o princípio da soberania dos veredictos, Nucci tem:

―Sendo a revisão criminal uma garantia individual implícita e a Soberania dos Veredictos uma garantia da instituição do Júri, portanto, explícita, não há necessidade de se prejudicar uma para dar lugar a outra. Neste caso, é perfeitamente possível a conciliação, desde que haja boa vontade do intérprete para fazê-lo, afastando-se o preconceito existente na maioria da doutrina e da jurisprudência contra a instituição do Júri. Aliás, sendo também a coisa julgada uma garantia individual, é natural que, como toda garantia, comporte limitação. A revisão criminal é uma restrição à coisa julgada, em nome da simetria que deve reinar dentre os direitos e garantias fundamentais, pois maior segurança tem a sociedade se uma sentença injusta for revista do que se for mantida imutável. ‖

Este princípio está hoje entre as cláusulas pátrias da Constituição Federal

de 1988. Para a anulação das decisões que provem do Tribunal do Júri, é

necessário que tenha ocorrido vício processual, ou, apenas por uma vez, que seja

determinado novo julgamento em casos onde as votações foram manifestamente

contrarias à prova dos autos, com apresentação de apelação das decisões pelo

mérito, artigo 593, inciso III, alínea D, onde pode ocorrer a anulação do

julgamento pugnado para determinação de novo julgamento, porem como dito,

apenas em casos onde ocorra afronta as provas apresentadas.

Júlio Fabbrini Mirabete destaca que:

―A soberania dos veredictos é instituída como uma das garantias individuais, em benefício do réu, não podendo ser atingida enquanto preceito para garantir a sua liberdade. Não pode, dessa forma, ser invocada contra ele. Assim, se o tribunal popular falha contra o acusado, nada impede que este possa recorrer ao pedido revisional, também instituído em seu favor, para suprir as deficiências daquele julgamento. Aliás, também vale recordar que a Carta Magna consagra o princípio constitucional da amplitude de defesa, com os recursos a ela inerentes (art. 5°, LV), e que entre estes está a revisão criminal, o que vem de amparo dessa pretensão. ‖

Entretanto, a soberania dos votos não é sempre correta, os casos em que

há manifesta decisão contraria a prova dos autos ou até mesmo divergência na

resposta dos quesitos, é passível de anulação, com a remarcação do julgamento.

A jurisprudência entende

E M E N T A:CÓDIGO PENAL. CRIMES CONTRA A VIDA. TRIBUNAL DO JÚRI. ART. 121, § 2º, INC. I E IV. HOMICÍDIO QUALIFICADO. CONCURSO DE AGENTES. EXISTÊNCIA DO FATO E AUTORIA.

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INDUVIDOSA A EXISTÊNCIA DO FATO. AUTORIA ADMITIDA PARA EFEITOS DE PRONÚNCIA. DENÚNCIA QUE ATRIBUIU A TRÊS AGENTES, EM CONCURSO, A PRATICA DO HOMICÍDIO, IMPUTANDO A UM DELES – NÃO IDENTIFICADO - A ATITUDE DE ATRAIR A VÍTIMA AO LOCAL, E AOS OUTROS DOIS A AUTORIA DOS DISPAROS. QUESITOS. INCONGRUÊNCIA DAS RESPOSTAS AOS QUESITOS REJEITADA NO JULGAMENTO DA APELAÇÃO. AO PRIMEIRO QUESITO, ADMITIDO QUE A VÍTIMA FOI ATINGIDA POR DISPAROS. AO SEGUNDO QUESITO, QUE OS RÉUS NÃO EFETUARAM DISPAROS. MAS AO TERCEIRO E QUARTO QUESITO, RESPOSTA AFIRMATIVA DO AJUSTE E APOIO MORAL. MAS, SE NENHUM DOS TRÊS EFETUOU DISPAROS, COM QUEM SERIA O AJUSTE E A QUEM O APOIO MORAL? RESPOSTAS CONTRADITÓRIAS. CASO DE INCIDÊNCIA DO ART. 490, CPP. NULIDADE DO JULGAMENTO. REVISÃO PROCEDENTE. UNÂNIME. (REVISÃO CRIMINAL –TJ/RS – Nº 70045837101). (meu grifo)

Temos ainda, para o Tribunal de Justiça do Distrito Federal

REVISÃO CRIMINAL – JÚRI – CONDENAÇÃO – ABSOLVIÇÃO DO CO-RÉU EM AUTOS DESMEMBRADOS – PRETENDIDA EXTENSÃO DOS EFEITOS DESSA DECISÃO – LEGÍTIMA DEFESA REAL – CARÁTER OBJETIVO – POSSIBILIDADE – OUTROS FUNDAMENTOS – ERRO JUDICIÁRIO – OFENSA A TEXTO LEGAL E À PROVA DOS AUTOS – REEXAME – HIPÓTESES NÃO CONFIGURADAS – PRETENDIDA REINTEGRAÇÃO AOS QUADROS DA POLÍCIA MILITAR DO DISTRITO FEDERAL – ESFERA ADMINISTRATIVA - PROCEDÊNCIA PARCIAL DA AÇÃO – UNÂNIME. (Revisão Criminal – TJDF 2006.00.2.002313-8).

Por último, porém não menos importante temos o princípioque versa sobre

a competência para os crimes dolosos contra a vida, consumados ou tentados. O

Tribunal do Júri é um órgão de 1ª instância, da Justiça Comum, Estadual ou

Federal. Para Nucci temos:

―A meta da reserva de competência adquire o contorno de enaltecimento da instituição popular, conferindo-lhe importância no cenário do Judiciário, visto tratar de julgamentos de delitos, cujo tutela concentra-se na vida humana, o mais relevante dos bens jurídicos. (...) Cuida-se de eleição política, cujo escolha concentrou-se em infrações penais graves e presentes no cenário nacional, permitindo a visibilidade da instituição em todas as Comarcas brasileiras. Ademais, a competência eleita é mínima e não taxativa ou exclusiva. O júri será organizado nos termos da lei ordinária assegurada (tornando seguro) a competência para os delitos dolosos contra a vida. Outros crimes podem ser envolvidos pelo Tribunal Popular, desde que haja alteração legislativa, incluindo novas figuras típicas na sua alçada‖.

É necessário elencar os quesitos que a Lei 11.689 incluiu no artigo 483 do

Código de Processo Penal, quesitos estes que o Jurado deverá analisar ao

decorrer do processo de julgamento e que serão matéria de questionário no

momento da votação, são pontos importantes, que devem ser analisados para

que o julgamento seja efetivo.

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Art. 483. Os quesitos serão formulados na seguinte ordem, indagando

sobre: (Redação dada pela Lei 11.689, de 2008)

I – a materialidade do fato;

II – a autoria ou participação;

III – se o acusado deve ser absolvido;

IV – se existe causa de diminuição de pena alegada pela defesa;

V – se existe circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena

reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram

admissível a acusação;

§ 1° A resposta negativa, de mais de 3 (três) jurados, a qualquer dos quesitos

referidos nos incisos I e II do caput deste artigo encerra a votação e implica a

absolvição do acusado.

§ 2° Respondidos afirmativamente por mais de 3 (três) jurados os quesitos

relativos aos incisos I e II do caput deste artigo será formulado quesito com a

seguinte redação:

O jurado absolve o acusado?

§ 3° Decidindo os jurados pela condenação, o julgamento prossegue, devendo

ser formulados quesitos sobre:

I – causa de diminuição da pena alegada pela defesa;

II – circunstancias qualificadoras ou causa de aumento de pena, reconhecidas

na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram admissível a acusação;

§ 4° Sustentada a desclassificação da infração para outra competência do juiz

singular, será formulado quesito a respeito, para ser respondido após o 2°

(segundo) ou 3° (terceiro) quesito, conforme o caso.

§ 5° Sustentada a tese de ocorrência do crime na sua forma tentada ou

havendo divergência sobre a tipificação do delito, sendo este da competência

do Tribunal do Júri, o juiz formulará quesito acerca destas questões, para ser

respondido após o segundo quesito.

§ 6° Havendo mais de um crime ou mais de um acusado, os quesitos serão

formulados em séries distintas.

4.2 AS FASES DO TRIBUNAL DO JÚRI

Tradicionalmente este rito possui um entendimento bifásico dividido em

“Judicium Accusationis” e “Judicium Causae”, lembrando que a primeira fase aqui

trata apenas da coleta e apresentação de provas fora do Júri, realizadas perante

juiz togado.

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É necessário entender as fases elencadas acima, uma vez que é no

conglomerado de cada uma e em sua apreciação que poderemos entender o

quão demorado ou não vem sendo o nosso Poder Judiciário.

4.2.1 FASE JURICIUM ACCUSATIONIS

Esta primeira fase, inicia-se com a denúncia e encerra-se com a sentença

de pronuncia, impronuncia, desclassificação ou absolvição sumária. Denominada

também de instrução preliminar segundo a Lei 11.689/08, precisa que seja

apresentada a denúncia pelo Ministério Público, ou através da queixa pelo

querelante. Após a apresentação pelo Ministério Público, este não deve mais

requerer a condenação do indicado, mas sim sua pronuncia. É na denúncia, que é

solicitado o arrolamento de testemunhas de acusação, sendo no máximo oito

pessoas.

Todos os crimes dolosos contra a vida são de ação penal pública

incondicionada, entretanto é admissível o ajuizamento da queixa na hipótese de

ação penal privada subsidiária da pública ou, ainda, nos casos em que haja crime

conexo que seja sujeito à ação privada.

Um novo procedimento foi instaurado com a Lei n° 11.689/08, este que se

assemelha em partes ao novo rito do procedimento comum ordinário estabelecido

pela Lei 11.719/08, onde uma sequência de atos foi estabelecida:

a) Oferecimento da denúncia;

b) Recebimento da denúncia;

c) Citação e intimação para apresentação de resposta à acusação, no prazo de

10 dias;

d) Resposta à acusação, com o direto ao pedido para arrolar testemunhas

também, até 8;

e) Caso não apresentada resposta à acusação, é obrigatória nomeação de

defensor dativo para apresenta-la;

f) Contraditório da acusação sobre a resposta à acusação, no prazo de 5 dias;

g) Julgamento das preliminares arguidas pela defesa;

h) Audiência de instrução no prazo de 10 dias, com a seguinte ordem dos atos

processuais: oitiva do ofendido, testemunhas de acusação, testemunhas de

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defesa, esclarecimentos (peritos, acareações e reconhecimentos de pessoas) e

interrogatório;

i) Debates orais e audiência, com o direitode 20 minutos prorrogável por mais 10;

h) Decisão de pronuncia, impronuncia, desclassificação ou absolvição sumária,

podendo ocorrer no prazo de 10 dias ou oralmente.

4.2.2 FASE JUDICIUM CAUSAE

Esta fase tem início a partir do momento em que ocorre preclusão da

decisão de pronuncia. Devendo ser salientado que não se fala de transito em

julgado, somente de preclusão, vez que a pronuncia não põe fim ao processo

nem mesmo faz coisa julgada material.

O objetivo desta fase é a preparação do processo para que seja julgado

perante o Tribunal do Júri. Cabe ao Juiz notificar o Ministério Público e

posteriormente o réu para que, em 5 dias, apresentem cada qual seu rol de

testemunhas, nesta fase ainda é possível juntar documentos e requerer

diligencias.

É neste momento que o Juiz delibera sobre os pedidos elencados pelas

partes, e após as diligencias tomadas realiza um relatório do processo,

designando a data para a realização da sessão de julgamento.

Importante lembrar que foi nesta fase que o libelo e a contrariedade do

libelo foram extintos. Libelo-crime era uma petição inicial da segunda fase do júri,

que retratava a pronúncia. Este ato delimitava a dimensão da acusação sob

a ―forma de articulado, vale dizer, os fatos deviam ser relatados parte por parte, a

começar do fato principal, passando pelas qualificadoras, causas de aumento, e,

se houvesse, circunstanciais agravantes‖. (ALENCAR; TÁVORA: 2009, p. 695).

Diante disto, é atualmente somente a pronuncia delimita a acusação em plenário.

Há autores que defendem que o novo rito do Tribunal do Júri, em razão da

lei 11.689, passou a prever três fases para este procedimento, sendo a primeira

de instrução até a decisão de pronuncia, conforme mencionado acima; a segunda

com a fase de preparação para o julgamento, onde consta o rol de testemunhas

de ambas as partes, requerimentos e ainda o relatório do Juiz designando a data

para o julgamento pelo Tribunal do Júri e ainda uma terceira, que seria justamente

o momento do julgamento, com todo o tramite do Tribunal em especifico, debates

orais e a deliberação pelo Conselho de sentença.Entretanto este mérito não vem

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sendo aplicado pelo Poder Judiciário Brasileiro, vez que é adotada para questões

teóricas o Tribunal do Júri como ato bifásico.

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5. PRESCRIÇÃO DOS CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA

É preciso entender, no que consiste a prescrição para os crimes de grande

repercussão, e como o Código Penal prevê o cálculo destas prescrições, como o

Brasil aplica a tríplice fundamentação da prescrição no ordenamento jurídico,

como ela se subdivide.

5.1 HISTÓRICO DE APLICAÇÃO NO BRASIL

O Código Penal de 1832, dispunha em seu artigo 65 ―As penas impostas

aos réus não prescreverão em tempo algum‖. Em 1890, tanto a prescrição da

pretensão punitiva, quanto à prescrição de pretensão executória passaram a ser

reguladas pelo Código Penal, com o Decreto n° 774, de 20 de outubro de 1890.

Já em 1932, o Código de Processo Penal, admitiu a prescrição, conforme seus

artigos 54 a 57, tornando-se parte dos códigos posteriores.

Vamos analisar o texto do Código Penal, artigo 109 atual.

Artigo 109 A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no

§1° do art. 110 desde Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao

crime, verificando-se:

I – em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;

II – em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não

exceda a doze;

III – em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não

exceda a oito;

IV – em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não exceda a

quatro;

V – em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior,

não exceda a dois;

IV – em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano.

Parágrafo único – Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos

previstos para as privativas de liberdade.

A prescrição, após inserida ao código penal, não mais foi questionada e

sim aprimorada e aplicada de forma a se adequar a cada caso concreto, conforme

seu grau de complexidade e pena aplicada.

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31

5.2 A TRÍPLICE FUNDAMENTAÇÃO DA PRESCRIÇÃO NO ORDENAMENTO

JURIDICO BRASILEIRO

A Prescrição Penal, subdivide-se em: prescrição punitiva e executória. O

Estado, como ente de máxima soberania, detém o jus puniendi, poder este

intransferível e exclusivo. É para tanto, dever do Estado e de posse dele a

pretensão punitiva nos prazos determinado por Lei, sob pena de ver frustrada sua

pretensão.

Logo temos que a prescrição é a perda da pretensão de punir do Estado ou

de executar a punição decretada, em virtude do lapso temporal, é o que diz

Damásio E. de Jesus a "prescrição é a perda do poder-dever de punir do Estado

pelo não exercício da pretensão punitiva ou da pretensão executória durante certo

tempo" (Prescrição Penal. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 1998).

Temos para Heráclito Mossin e Júlio Mossin (2015, p. 24)

[...] o legislador estabeleceu que o Estado, na qualidade de titular exclusivo do ius puniendi in concreto, tem que exercer esse seu poder dentro de determinado lapso temporal. Mantendo-se inerte no âmbito do tempo previamente assinalado, perde ele o seu poder de aplicar a sanção penal àquele que violou o tipo penal.

Para Damásio de Jesus, é necessário analisar o prazo prescricional de

acordo com o máximo da sanção abstrata privativa de liberdade

[...] a prescrição da pretensão punitiva é regulada pela pena abstrata cominada na lei penal incriminadora, seja simples, seja qualificado o delito. O prazo prescricional varia de acordo com o máximo da sanção abstrata privativa de liberdade, com desprezo da pena de multa, quando cominada cumulativa ou alternativamente. Para saber qual o prazo de prescrição da pretensão punitiva devemos verificar o limite máximo da pena imposta in abstracto no preceito sancionador e enquadrá-lo em um dos incisos do art. 109 do CP [...]

A prescrição, em face da Legislação Brasileira tem tríplice fundamento:

a) o decurso do tempo (teoria do esquecimento do fato);

b) a correção do condenado; e

c) a negligência da autoridade.

Damásio de Jesus entende que a prescrição, para ocorrer, precisa incidir

em um desses três fundamentos.

5.2.1 O DECURSO DO TEMPO, TEORIA DO ESQUECIMENTO DO FATO

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A Teoria do Esquecimento, estabelece que o transcurso do tempo a partir

do cometimento do delito, sem que haja apuração dos fatos, da ação delituosa

consequentemente sem a condenação do indivíduo, faz com que o crime,

ocorrido, seja esquecido pela sociedade, sendo deixado de lado sem que exista o

interesse a ser tutelado.

É a partir de então que se questiona a perda do Estado de cumprir com sua

soberania – ius puniendi- apenas pelo transcurso do tempo. É necessário pensar,

que uma vez que o Estado e a própria sociedade não vincularam ao indivíduo sua

responsabilização pelo ato delituoso, não mais se deve pensar em punição após

grande lapso temporal.

5.2.2 A NEGLIGENCIA DA AUTORIDADE

Este instituto tem como panorama a ideia de que o acusado deixou de ser

punido em razão de negligencia do Estado, vez que o ius persequendié atributo

do Estado de acossa-la, através de seus servidores, autoridades policiais,

serventuários e outros, para tanto temos que por sua inércia, e responsabilidade

por não publicação de sentença condenatória ou não provem da negligencia

destas autoridades públicas.

Temos para o Professos Aloysio de Carvalho Filho: ―A prescrição criminal

atende, primordialmente, ao interesse social. Não há, por isso, esperar que a

requeira o acusado ou condenado. Não é favor ao indivíduo, mas medida de

ordem pública. ‖ (CARVALHO FILHO, Aloysio de, ob. cit., p. 249).

Vários são os fatores que levam a demora no tramite do processo penal,

lembrando que fator decisivo se encontra na inercia do Estado e de seu dever de

punir, além de necessária capacidade dos agentes públicos na resolução e

retenção de provas que agilizem o passo-a-passo de cada demanda.

5.3 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA

Esta prescrição é consequência da inércia do Estado, onde ocorre um

intervalo de tempo, sem que o dever de punir deste seja posto em prática,

impedindo o começo do processo.

Disposto no artigo 10 do Código Penal, deve-se contar o prazo de começo

e os meses e anos seguintes de acordo com o calendário comum. Aplicar ainda

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as normas dispostas no artigo 109 do Código Penal, de maneira taxativa, em

relação a cada um dos prazos presente neste Código.

5.4 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA

Em contrapartida a prescrição da pretensão executória sobrevém de uma

sentença transitada em julgado, e novamente provem de uma inércia do Estado

em executar a sanção imposta pelo mesmo. Conta-se a prescrição a partir do

transito em julgado da sentença do acusado. Prevista na Lei n° 12.234, de 2010 e

ainda 110 do Código Penal. O entendimento, pela contagem da prescrição a partir

da data do transito em julgado da sentença para a acusação, foi da presidente do

Superior Tribunal de Justiça, ministra Laurita Vaz, ao deferir liminar em Habeas

Corpus com o voto

―Considerando que a sentença condenatória transitou em julgado para a acusação em março de 2013 e que, nos termos do artigo 109, inciso VI, do Código Penal, crimes cuja pena máxima seja inferior a um ano — hipótese dos autos —, forçoso reconhecer que a pretensão executória estatal estaria fulminada pela prescrição‖, explicou a ministra.

Resta demonstrado o entendimento dos Tribunais quanto a contagem de

prazo para a prescrição onde há a pretensão executória.

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6. DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO E OS DEMAIS PRINCIPIOS

CONSTITUCIONAIS

A efetividade na aplicação de um princípio constitucional se deve, pelo

conglomerado de tantos outros princípios processuais, quando há uma busca pela

efetividade jurisdicional, por vezes, acarreta um conflito entre princípios.

É sabido que uma das causas de morosidade do judiciário está, na

quantidade de demandas recursais existentes no ordenamento jurídico. Observa-

se, portanto o primeiro princípio que analisaremos, o duplo grau de jurisdição.

6.1 O CONCEITO DE DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO

A doutrina é amplamente divergente quando ao duplo grau de jurisdição,

vez que este não está inserido na letra da Constituição Federal.

Para Carmem Lúcia Antunes Rocha, o princípio ―constitucionalizado‖ passa

a ter elevada importância para o ordenamento jurídico

Os princípios constitucionais são os conteúdos primários diretores do sistema jurídico-normativo fundamental de um Estado. Dotados de originalidade e superioridade material sobre todos os conteúdos que formam o ordenamento constitucional, os valores firmados pela sociedade são transformados pelo Direito em princípios. Adotados pelo constituinte, sedimentam-se nas normas, tornando-se, então, pilares que informam e conformam o Direito que rege as relações jurídicas no Estado. São eles, assim, as colunas mestres da grande construção do Direito, cujos fundamentos se afirmam no sistema constitucional.

Para que possamos falar em duplo grau de jurisdição, é necessário

entender que a efetividade em um processo,está no fácil acesso à população e na

decisão da demanda correta e no menor tempo possível. Uma vez que a

Constituição Federal não aborda o princípio ora elencado, abre-se a discussão

para a sua aplicabilidade, é para tanto dever do juiz de 1º grau verificar a diretriz a

ser seguida de acordo com cada caso.

A Constituição Federal prevê em seus artigos 102, inciso I e 105, inciso I a

utilização desse princípio pelos Tribunais Superiores, em competência originária,

o que claramente afunila as matérias que podem ser tratadas por estes órgãos.

É clara a necessidade por uma razoável duração do processo, abrangendo

todas as formas de julgamento do litigio, temos o posicionamento de Mauro Vasni

Pariski

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A razoável duração do processo, a despeito de ser garantia constitucional, não é necessariamente sinônimo de processo rápido, até pela diversidade de opinião que pode suscitar quanto ao tempo que deve ser considerado para a conceituação dessa celeridade processual. Não é desarrazoado, certamente, admitir restrições a algumas garantias processuais em benefício de um bem maior, mas jamais será legítima sua supressão ou mesmo limitação de modo a torná-las inócuas, gerando decisões injustas e o descrédito do próprio Judiciário.

Para Djanira Maria Radamés de Sá (1999, p.88), o duplo grau de jurisdição

consiste em ―[...] possibilidade de reexame, de reapreciação da sentença

definitiva proferida em determinada causa, por outro órgão de jurisdição que não

o prolator da decisão, normalmente de hierarquia superior‖.

Para a doutrinadora em questão, a manifestação de contestação deve ser

analisada por órgão diferente ao que prolatou a decisão pugnada, entretanto, não

necessariamente, por órgão hierarquicamente superior.

Ainda para a mesma linha de pensamento, Já Leib Soibelman, entende

que todas as causas possuem o direito de reexame por uma segunda instância,

entretanto, deixa implícito que a revisão deve ser feita por órgão diferente do

primeiro, todavia para esta, há a necessidade do órgão julgador pertencer a um

nível hierarquicamente superior.

Em contrapartida as doutrinadoras citadas, temos Nelson Nery Junior, que

disserta a respeito deste principio

Consiste em estabelecer a possibilidade de a sentença definitiva ser reapreciada por órgão de jurisdição, normalmente de hierarquia superior à daquele que a proferiu, o que se faz de ordinário pela interposição de recurso. Não é necessário que o segundo julgamento seja conferido a órgão diverso ou de categoria hierárquica superior à daquele que realizou o primeiro exame.

Para o doutrinador, não há necessariamente, julgamento por órgão distinto,

tampouco hierarquicamente superior.

É nesta esfera de pensamento que precisamos pontuar ao duplo grau de

jurisdição,quando ele precisa ser aplicado e a quem cabe esta interpretação,

Nelson Nery Junior afirma

Essa ponderação é feita inicialmente pelo legislador, sopesando valores através das normas principais. Ponderando assim a complexidade da matéria, a importância social da causa, as circunstâncias procedimentais e a duração razoável do processo, pode o legislador, concedendo maior peso à efetividade sem sacrificar (eliminar) os princípios do devido processo legal e ampla defesa, optar por restringir o duplo grau de jurisdição em determinadas causas ou em certas circunstâncias.

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Observou-se, portanto, que o intitulado princípio, mesmo que assegure o

reexame necessário de decisão proferida por pessoa, passível de erro, para que

possa ser aplicado sem que prejudique os demais princípios constitucionais, é

passível de interpretação pela autoridade competente, uma vez que é através

desta interpretação que será analisado a real necessidade da aplicação do duplo

grau de jurisdição.

É aqui que se analisa a importância da causa e as circunstâncias

procedimentais que são elementos que levaram o legislador a delimitar a

aplicação sem que os demais preceitos legais sejam feridos.

6.2 GARANTIA DA AMPLA DEFESA E O CONTRADITÓRIO

É garantia dos acusados em geral, a segurança na aplicação da ampla

defesa e do contraditório, através dos recursos cabíveis. É neste momento que o

acusado, traz ao processo todos os elementos que contribuirão para a sua

defesa, ou até mesmo o momento de omitir-se e calar-se, se assim desejar.

Para o doutrinador, Nelson Nery Junior, tem-se que

[...] o princípio do contraditório, além de fundamentalmente constituir-se em manifestação do princípio do Estado de Direito, tem íntima ligação com o da igualdade das partes e o do direito de ação, pois o texto constitucional, ao garantir aos litigantes o contraditório e a ampla defesa, quer significar que tanto o direito de ação, quanto o direito de defesa são manifestação do princípio do contraditório.

O contraditório e a ampla defesa se completam, em termos gerais, uma vez

que ambos são usados para o mesmo fim. Entretanto, o contraditório pode sofrer

algumas limitações. O artigo 5°, inciso LV da Constituição Federal, tem-se que

"Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral

são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com meios e recursos a ela

inerentes."

Em linhas gerais, o contraditório é a oportunidade garantida ao acusado de

defender-se, enquanto a ampla defesa é a defesa propriamente dita, ou seja, o

usufruto da garantia que lhe é dada.

É através da jurisprudência que podemos entender como o ordenamento

jurídico tem solucionado os casos em que há uma demora na finalização da

demanda sem que estes princípios elencados acima sejam feridos, temos por

exemplo o julgado do Tribunal de Justiça do Maranhão, onde o Magistrado, em

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um Habeas Corpus, postula a aplicação do princípio da duração razoável do

processo

TJ-MA - HABEAS CORPUS HC 117822009 MA (TJ-MA) Data de publicação: 17/07/2009 Ementa: HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. EXCESSO DE PRAZO. INSTRUÇÃO PROCESSUAL NÃO INCIADA. OFENSA AO PRINCÍPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO. 1 . Processo paralisado na fase de nomeação de defensor dativo para apresentação da defesa preliminar ofende ao princípio da duração razoável do processo. 2 . O excesso de prazo, quando exclusivamente imputável ao aparelho judiciário, traduz situação abusiva que compromete a efetividade do processo. 3 . Ordem concedida.

Os recentes julgados do Superior Tribunal de Justiça, apontam mais uma

vez que a legislação brasileira não determina expressamente qual seria a duração

razoável do processo, mas formalizam que todos os princípios devem ser

analisados e aplicados para cada caso concreto. É demonstrado que mesmo

diante da aplicação de inúmeros princípios, vários deles andam lado a lado,

duração razoável do processo e dignidade da pessoa humana, por exemplo.

Discorre a Ministra Maria Thereza Rocha de Assis Moura, em artigo escrito em

coautoria com Thaís Aroca Datcho Lacava

"Trata-se de ponto pacífico, no âmbito deste Tribunal, que o excesso de prazo não deve ser visto apenas com base na soma aritmética dos prazos legais do procedimento, podendo ser estendido quando a complexidade do caso assim o exigir. Têm sido apontados como fatores que identificam uma causa como complexa e assim justificam uma razoável delonga no procedimento, a necessidade de expedição de cartas precatórias, julgamento de incidentes processuais, bem como de realização de exames e perícias e outras diligências, tais como de gravação de conversas telefônicas interceptadas, expedição de ofícios, a pluralidade de acusados e de testemunhas, assim como a existência de autos muito volumosos, que demandem maior tempo para a análise e ordenação dos atos." (MOURA e LACAVA, 2009, pág. 412).

Observa-se, portanto a necessidade na aplicação de todos os princípios

constitucionais, uma vez que as demandas envolvem pessoas em busca de

justiça, todavia não se pode deixar de lado a aplicação de um devido processo em

tem hábil.

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7. A PRESCRIÇÃO DOS CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA E OS

PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS

Os princípios da ampla defesa, do contraditório e do duplo grau de

jurisdição, para o rito do Tribunal do Júri, possuem seus respectivos tempos para

aplicação, o duplo grau de jurisdição não pode ser aplicado a Sentença prolatada

pelo Conselho de Sentença, uma vez que há o princípio da soberania dos votos,

como elencado no tópico do Tribunal do Júri, poucos são os casos em que há a

possibilidade pela revisão desta decisão, podemos verificar mais uma vez, que a

interposição de tal princípio deve ser analisada inicialmente para que não ocorra

de forma desenfreada pelas partes, uma vez que se o Réu estiver solto, a

depender do crime cometido, é de interesse dele a prescrição do delito, ou seja,

quanto mais o tempo passar sem que ocorra seu julgamento, melhor.

Por outro lado, o princípio da ampla defesa e do contraditório devem ser

postos em pratica antes do Julgamento pelo Tribunal do Júri, mas principalmente

no momento oportuno do rito aqui elencado, uma vez que é neste momento, que

haverá o convencimento da parte, com relação a cada jurado ali presente, jurado

este que pela primeira vez, estará em contato com o processo, ou seja, cabe as

partes, defesa do acusado e Ministério Público a apresentação de suas teses,

para que através de sustentação oral, convenção os populares ali presentes, pela

prisão ou liberdade do acusado.

Para o Professor Guilherme de Souza Nucci (2001), a instituição do Júri

sem soberania é falida em sua essência, assim não é possível admitir que, após

condenação, a aplicação do princípio da ampla defesa e contraditório, os

magistrados sejam habilitados para o fim de rever o mérito da decisão dos

jurados.

É importante lembrar, que uma vez prescrita a pretensão punitiva do

Estado ou executória, o Estado como ente soberano para a aplicação da norma

penal, não mais é possível que o jus puniendi seja posto em prática para aquele

delito prescrito, por isto, o ordenamento Jurídico e a norma penal precisam ser

analisadas imediatamente, assim que recebida a denúncia, e para que ocorra da

melhor forma possível, as autoridades precisam em harmonia, sopesar os casos

relevantes, indubitavelmente crimes contra a vida precisam ser prioridade a

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autoridade inicial, no recolhimento de provas e apresentação de denúncia, para

que o Ministério Publico inicie a citação do acusado e assim o tramite para o

julgamento.

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8. CONCLUSÃO

O presente trabalho, abordou o tema Duração Razoável do Processo para

os crimes de competência do Tribunal do Júri, a pesquisa voltou-se para estes

crimes, por se tratar de tema relevante, de grande clamor popular, uma vez que

como demonstrado ao longo do estudo, o Tribunal do Júri, tão somente tem

competência para julgar os crimes contra a vida, que é o bem mais importante

tutelado pelo ordenamento jurídico, conforme analisado no trabalho. Em

contrapartida, mesmo diante de um tema tão relevante como nosso maior bem, a

vida, o ordenamento jurídico brasileiro não determina prazos para a finalização de

uma demanda judicial, nem mesmo com o novo projeto para o Código Penal, os

prazos de recursos e outros atos possuem uma redução, pelo contrário, não há

previsão para estes prazos.

Foram apresentados casos concretos em que a aplicação do Princípio

lecionado não obteve êxito, vez que o ordenamento jurídico não foi analisado para

que as partes pudessem usufruir de um tempo hábil para o julgamento, entretanto

neste diapasão é necessário entender que assim como os doutrinadores este

tema entra em conflito com inúmeros outros princípios assegurados pela

Constituição Federal e demais Leis que cercam estres crimes e a família de das

vítimas.

É preciso compreender, que temos dois lados em todas as demandas

ajuizadas, a vítima ou no mais pesar a sua família e o acusado. O ordenamento

Jurídico, assegura princípios que pretejem ambas as partes, mas por vezes estes

princípios conflitam entre si. Conforme apresentado nesta pesquisa, o duplo grau

de jurisdição, mesmo que não previsto na Constituição Federal, é notoriamente

importante para que as decisões viciadas ou errôneas sejam revisadas, em

contrapartida se não aplicado de forma correta, fere o princípio da Duração

Razoável do Processo, vez que é importante que ambos sejam sopesados.

O Poder do Estado de punir, não se restringe apenas no rito do tribunal do

Júri, mas sim em todas as fases do processo, não dependendo apenas do Estado

o percurso da demanda, mas sim de todas as autoridades envolvidas.

A questão está, na demora pelo julgamento e na prescrição do crime

cometido, quanto mais se fala em crimes dolosos contra a vida, mais a população

clama por justiça e segurança, entretanto, se não julgado em um tempo hábil, os

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crimes podem prescrever e por vezes o acusado sai impune, pelo simples fato da

perda da pretensão punitiva ou até mesmo da executória, quando se tem uma

sentença condenatória, mas não é imputada a pena ao criminoso.

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MOURA, Maria Thereza Rocha de Assis; LACAVA, Thaís Aroca Datcho. A

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STJ – HC nº 160.276/PE – 5ª Turma – Min. Rel. Napoleão Nunes – DJ

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TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de direito processual

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ZAFFARONI, Eugênio Raul. Manual de direito penal brasileiro. 7ª ed. São

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ANEXO I

TERMO DE RESPONSABILIDADE AUTORAL

Declaro para os devidos fins, que eu Nicoly Fiori Bueno Gonçales,

matriculada sob o nº.115253, responsabilizando-me pela monografia

apresentada como trabalho de conclusão do Curso de Direito, sob o título

PRINCIPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL NO PROCESSO PENAL PARA OS

CRIMES DE COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JURI, isentando, mediante o

presente termo, o Orientador, Coordenação do Curso de Direito, a Banca

Examinadora e a Universidade Tuiuti do Paraná de quaisquer ônus

consequentes de ações atentatórias à ―Propriedade Intelectual‖, assumindo

as responsabilidades civis e criminais decorrentes de tais ações.

Curitiba Paraná 24,de abril de 2018.

_____________________________________

NICOLY FIORI BUENO GONÇALES

Acadêmico