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DOUTORADO

DIREITO, HISTÓRIA E PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO.

Prof. Frederico Barbosa

EMENTA:

A disciplina desenvolverá reflexão crítica a respeito das interdependências entre a história brasileira e a história do pensamento social brasileiro. A história incorporada, que é a história da internalização de formas de pensamento social e de formas culturais duráveis, mobiliza imagens, figuras de linguagem, conceitos, crenças e disposições específicas próprias para o “pensar”, mas também para o “agir” político.

Os intelectuais são produtores e mediadores na construção de repertórios de pensamento e modos de ação. Parte significativa dos intelectuais brasileiros teve formação jurídica e assim mobilizou as figuras de linguagem, os estilos e a retórica própria do campo do direito.

A institucionalização das ciências sociais traz transformações, mas dialoga durante largo período com os repertórios de conceitos, estilos e retórica do mundo jurídico.

Nosso objetivo primário será o de repertoriar os conceitos de ciência, cultura e política nas tradições culturais que ligam direito, história e pensamento social.

OBJETIVO GERAL:

Examinar o pensamento de autores e obras apontadas como fundamentais para a compreensão do Brasil considerando-os como parte de dispositivos discursivos, isto é, como parte da produção simbólica e técnica de indivíduos, mas também de coletivos institucionalizados.

Oferecer recursos analíticos para uma reflexão histórica crítica sobre os diferentes modelos interpretativos que inventaram o Brasil, extraindo deles elementos para a compreensão do pensamento social brasileiro – sobretudo, nesse âmbito, os valores que o sustentam, como justificam ou constroem uma determinada ordem moral, conceitos de pessoa, gênero humano, de justiça, de direito, de liberdade e democracia.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Apresentar ferramentas de reflexão histórica crítica a respeito dos diversos modelos interpretativos do Brasil, extraindo deles seus significados para a compreensão da realidade e da atuação dos intelectuais brasileiros, tendo como objetivo dotar o aluno de ferramentas para o permanente reexame de ideias e representações a respeito da realidade social brasileira.

METODOLOGIA:

A disciplina tem como núcleo as discussões em sala de aula. Eventuais aulas expositivas visam ao esclarecimento e orientação das leituras e não a sua supressão

O material básico de cada aula será lido e sintetizado pelos alunos permitindo o domínio interpretativo e analítico de fatos e explicações históricas, portanto dos pré-requisitos para a participação oral e argumentativa em sala.

Esse material será eventualmente recolhido pelo professor a título de controle e avaliação da qualidade da leitura.

Serão propostos exercícios de estruturação de textos e de sínteses analíticas (resumos, exercícios, respostas a questionários, etc.).

Serão propostas, de acordo com a necessidade, metodologias participativas em forma de dinâmicas de grupos e oficinas.

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AVALIAÇÃO:

Os alunos serão avaliados segundo os seguintes critérios:

a) Participação em sala de aula; b) Apresentação de fichas de leitura; c) Redação de documentos em grupo e d) Trabalho final individual;

O trabalho individual terá como objeto um autor brasileiro dos itens 3.1, 3.2 e 3.3 que deverá ser analisado a partir dos pressupostos de análise apresentadas no item 2.

PLANO DO CURSO E BIBLIOGRAFIA

1. APRESENTAÇÃO

2. OLHARES PARA A HISTÓRIA: FERRAMENTAS PARA A ANÁLISE

2.1 FERRAMENTAS METODOLÓGICAS

HESPANHA, Antônio Manuel Hespanha, Cultura Jurídica Europeia - síntese de um milênio, Editora Fundação Boiteux, Florianópolis, SC, 2005. [Os usos da história, metanarrativa, tradição e historiografia] (uma aula)

BERMAN, Harold J -Direito e revolução – a formação da tradição jurídica ocidental Editora UNISINOS, São Leopoldo, RS, 2004. [A invenção do direito e da tradição do pensamento jurídico]. (uma aula)

FOUCAULT, Michel, Os anormais: Curso no Collège de France (1974-1975).2. Ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013. [A construção do anormal como categoria jurídica, médica e sociológica] (uma aula)

BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. 14. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010. [Campo, representações e os jogos sociais] (uma aula)

2.2 O CAMPO INTELECTUAL BRASILEIRO- APROXIMAÇÕES

MICELI, Sérgio. Intelectuais a brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.[Campo e construção institucional]

PÉCAUT, Daniel. Os intelectuais e a política no Brasil: entre o povo e a nação. São Paulo: Editora Ática, 1990. [A tematização do povo e do nacional]

RIDENTI, Marcelo. Em busca do povo brasileiro: artistas da revolução, do CPC à era da tv. Rio de Janeiro: Record, 2000 [A permanência do povo como temática romântica]

CARDOSO, Fernando H. Pensadores que inventaram o Brasil, SP, Editora Companhia das Letras, 2013. [O “olhar paulista” para a tradição do pensamento social]

3. TROPOS E FIGURAS PARA A ANÁLISE HISTÓRICA

SCHWARCZ, Lilia Moritz. Espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil: 1870-1930; São Paulo: Companhia das Letras, 1993. [Racialismo e o mito das três raças]

TODOROV, Tzvetan. Nós e os outros a reflexão francesa sobre a diversidade humana, v.1.Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1993. [Racialismo, etnocentrismo, universalismo, diversidade, centralidade do Estado]

DUMONT, Louis. O Individualismo – uma perspectiva antropológica da ideologia moderna, Ed. Rocco, RJ, 1985 [Individualismo, humanismo, centralidade da política no pensamento social, democracia e totalitarismo]

3.1 O PENSAMENTO AUTORITÁRIO [Democracia, individualismo e Nação]

PRADO, Paulo. Retrato do Brasil – ensaio sobre a tristeza brasileira. São Paulo, IBRASA, 1981.

TORRES, Alberto. A Organização Nacional. São Paulo, Ed. Nacional/Ed. Universidade de Brasília, 1982.

OLIVEIRA VIANNA, F.J. Populações Meridionais do Brasil. São Paulo, Cia. Editora Nacional, 1933.

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AZEVEDO Amaral. O Estado Autoritário e a Realidade Nacional. Brasília, Câmara dos Deputados/Ed. Universidade de Brasília, 1981.

Campos, Francisco, O Estado Nacional e outros ensaios, Câmara dos Deputados, Brasília, 1983.

3.2 IBERISMO E AMERICANISMO

MORSE, Richard M. O espelho de Próspero: cultura e ideias nas Américas. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. [Diálogos entre americanismo e iberismo]

HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. Rio de janeiro, José Olympio, 1987. [A democracia possível]

HOLANDA, Sérgio Buarque de. Visão do paraíso: os motivos edênicos no descobrimento e colonização do Brasil. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1959. 412 p.[Alteridade e colonialidade]

FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. 25. ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1987. 573 p. (Introdução à História da Sociedade Patriarcal no Brasil; [Racismo, colonialismo, regionalismo e vida íntima do brasileiro]

FREYRE, Gilberto. Sobrados e Mocambos. São Paulo, Global Editora, 2004. [Transições, tradições e novos dualismos]

FAORO, Raimundo. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro [v.1 e V. 2], Editora Globo, RJ, 1991. [Tradição ibérica e formação política]

3.3 DESENVOLVIMENTO E SUAS POSSIBILIDADES DO DESENVOLVIMENTO

PRADO Jr., Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo, Brasiliense, 1986.

FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. Ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.

CARDOSO, Fernando Henrique; FALETTO, Enzo. Dependência e desenvolvimento na América Latina: ensaio de interpretação sociológica. 7. ed. Rio de janeiro: Zahar, 1984.

CARDOSO, Fernando Henrique. Autoritarismo e democratização. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975.