introdução ao pensamento social

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    INTRODUO

    AO

    PENSAMENTO

    SOCIAL

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    E

    RNESTO

    K

    RAMER

    COMPARTILHAR MEUS LIVROS NO PIRATARIA2k13

    [email protected]

    OBS!Editoras comerciais no fazem parte deste trato.

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    CONTEDO:

    Instituies 4

    Alguns Tipos de Sistema Poltico 13

    A Sociedade Acfala 15

    O Que Lei 2

    A Organizao da Produo 24

    A Troca de Bens 28

    Dinheiro e Crdito 33

    Capital 34

    Crdito 37

    Impostos 41

    Mudana Social 43

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    I

    NSTITUIES

    Como suposio implcita tnhamos que oser humano comeou a criar instituiesdepois de um perodo sem elas. Atualmentetendemos mais a supor que sempre deveter havido algum tipo de instituies, desde

    que existem criaturas que podem ser descri-tas como seres humanos.

    A primeira hiptese pareceria mais plausvelno campo das instituies polticas, contra-

    postas s relaes domsticas. Nas ltimasdevemos reconhecer regras sobre proprie-dade, disposies sobre uso, herana e dis-putas. Nas primeiras, no podemos afirmarque sempre existiram tipos de governo.

    Em sociedades de pequena escala, a noode organizao social poderia ser delimita-da a relaes puramente pessoais de paren-tesco, ainda que este conceito hoje mais

    aplicado organizao total da sociedade.

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    Organizao poltica viria a se referir so-mente ao governo que reivindica autorida-

    de sobre um territrio definido. Discutvel traar a este ponto o conceito Estado, poispovos sem governo ainda assim tem siste-mas polticos. Podemos ver que, se o Go-verno for adequadamente definido, ver-se-

    que toda sociedade o possui.

    Parece ser que o conceito de lealdade pol-tica devida a uma autoridade territorialsurgiu bastante tarde na histria da huma-

    nidade. Esta seria uma mudana to dram-tica nas relaes humanas, que chega a me-recer o nome de revoluo.

    De fato no h registro de sociedades nasquais a filiao a uma unidade ou comuni-dade poltica dependa unicamente de pa-rentesco, e nenhuma na qual todas as pes-soas ligadas pelo parentesco esto sujeitas,em virtude desse elo, a uma autoridadecomum. Esta ilustrao tirada de socieda-des que teriam organizao social, mas

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    no poltica, como aborgines australia-nos, bosqumanos africanos ou ndios ame-

    ricanos, grupos mveis/nmades de baixs-simo nvel tecnolgico, e com a crena nodireito comum de bando sobre um territ-rio.

    Desde um ponto de vista funcional-verticalista, pode-se afirmar que nem todasas sociedades tm Governo, que s os Esta-dos o tm, sendo este caracterizado pelaautoridade centralizada, administrao

    territorial e instituies jurdicas. Comple-tando, toda sociedade teria um sistema po-ltico e este age dentro de uma estruturaterritorial.

    Chamamos este ponto de vista como fun-cional, pois define o que que as institui-es polticas fazem numa sociedade, e co-mo as podemos identificar onde noencontramos as caractersticas claramente

    reconhecveis do Estado. Assim visto, siste-

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    ma poltico foi definido como: Aquela

    parte da organizao total de uma socieda-

    de, que diz respeito manuteno ou esta-belecimento da ordem social, dentro deuma estrutura territorial, pelo exerccio deautoridade coercitiva atravs do uso, ou dapossibilidade de uso, da fora fsica.

    Destarte, o sistema poltico o que apoia osistema de direitos e obrigaes que qual-quer sociedade deve ter se quiser ser umasociedade [uma vez que sociedade um

    agregado de pessoas unidas por direitos eobrigaes mutuamente reconhecidos].

    Podemos rejeitar uma definio que tornao controle ou o uso da fora o nico crit-rio de um sistema poltico. Ainda que nofaltem exemplos sobre o no-uso da forapara a punio de infratores e a autoridadesocial seja reconhecida, confrontamo-noscom a realidade que isto s foi registradoem sociedades de pequeno porte.

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    Contudo, podemos reconhecer que a orga-nizao das atividades pblicas e a tomada

    de decises em nome de - ou por toda acomunidadetambm so atividades pol-ticas. Estas contribuem mais para a manu-teno da ordem social do que o uso dafora em defesa de reivindicaes.

    Podem-se reconhecer certos papeis que po-dem ser descritos como governamentais:existem certas pessoas cuja atividade re-

    conhecida e regular a de dedicar-se administrao dos assuntos pblicos. Co-munidade poltica seria, assim, um grupo

    de pessoas organizado numa s unidadeque administra seus assuntos independen-temente de controle externo. Seria um

    grupo que tem um conjunto de funcion-rios e que no reconhece qualquer autori-dade sobre ele.

    Ainda assim, no deveriam se ignorar as

    funes de tomadas de deciso do Governo

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    em sua preocupao com as suas funesde lei e ordem. Contudo, nas sociedades

    acfalas [sem cabea] difcil identificaruma comunidade poltica que reconheaum conjunto nico de lderes ou organiza-dores.

    As questes sobre a natureza da autorida-de, o que a torna legtima, que obedinciapode ou deveria ser-lhe recusada, comoimpedir o abuso por parte dos que a pos-suem, h muitos sculos vem ocupando o

    pensamento do ser humano. Parece ser in-til, agora, tentar adaptar a um plano lgicoas palavras poltica e poltico.

    A expresso mais ampla sistema polti-co.Em princpio pode se concordar que todasociedade o tem.Pode ser classificado de diferentes maneiras:um sistema de Governo;ou podemos dizer que certos sistemas pol-

    ticos no so Governo.

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    Tambm necessrio distinguir entre Go-verno, que um processo, e umGoverno,

    que um conjunto de cargos reconhecidos.

    A palavra poltica poderia ser usada para

    significar o estudo do Governo. Mas umsistema poltico subentende um campo de

    atividades mais amplo do que temos emmente quando pensamos em Governo. Osestudiosos da poltica muitas vezes fazem

    a distino entre poltica e administra-o.

    A primeira se refere a qualquer tipo de dis-puta para obter o poder dentro do sistemapoltico [seja luta eleitoral ou eliminaofsica dos adversrios].A segunda significa a direo dos assuntospblicos pelas pessoas que adquiriram opoder ingressando no cargo, seja de formalegtima ou no.

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    Poltica tambm o processo de discusso emanobra que precede execuo de uma

    deciso.Neste sentido, podemos perceber a possibi-lidade de uma maior participao social,mais de acordo com um conceito de demo-cracia mais avanado; o que deixaria mais

    ou menos obsoletos [segundo o grau eforma de aplicao] os indivduos ou grausexclusivamente preocupados pela polti-ca.

    Neste sentido, a poltica como atividadeseria atrada a grupos que, em si mesmos,no so comunmente vistos como polti-cos, na viso vulgar.

    A perigo de que alguns a considerem amplademais, poderamos formular a definio:As relaes polticas devem ser descritas

    nos termos da maneira como determinadosdireitos e privilgios so mantidos ou favo-recidos.

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    Cada definio sugere diferentes perspecti-vas e nenhuma delas elimina alguma outra.

    Todas elas podem ser proveitosamenteformuladas se estivermos procurando en-tender aquela parte de um sistema socialque possa ser chamada de poltica ou Go-verno.

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    A

    LGUNS

    T

    IPOS

    D

    E

    S

    ISTEMA

    P

    OLTICO

    interessante considerar algumas varieda-des, como os povos que consideram umanica chefia como fonte de autoridade e os

    que no o fazem.

    Uma comunidade pequena pode atender auma nica chefia, que est em contato dire-to com todos os membros; ou quando

    muito grande e considera que s um siste-ma de autoridade centralizado poderiamant-la unida.

    Populaes que reconhecem direitos eobrigaes comuns, mas que no confiamnuma autoridade nica, podem ser consi-derados como situados entre os dois tipos.

    Todavia podemos reconhecer Estados queno reconhecem chefe algum, ainda que

    no passem de tamanhos tribais.

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    As unidades polticas menores podem serchamadas de face-a-face, nas quais todo

    membro conhece todos os outros.As decises para a ao comunal so gera-das em conversaes informais e/ou emreunies mais elaboradas e estruturadas.

    Os possveis lderes no poderiam rejeitar aopinio de outras pessoas [impossvel, por-que no tem meios de forar outros], masespera-se que estes organizem atividadesespecficas aprovadas pela comunidade.

    Um grupo assim constitudo precisa de umdomnio de lei comum e contaria com

    pessoas identificveis que teriam responsa-bilidades reconhecidas pela coordenaodas atividades pblicas em todo aquelegrupo social.

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    A

    S

    OCIEDADE

    A

    CFALA

    A ideia que cada e todo tipo de grupoque compe a comunidade poltica aut-nomo e independente, sendo garantido orespeito dos indivduos pelos direitos dosoutros.

    As rixas entre os humanos tm sido soluci-onadas pelas formas adotadas para garantiresses direitos.

    Diferentes formas de admisso fazem oscritrios para a distribuio das funes po-lticas.

    As pessoas, organizadas em conjuntos ou

    associaes com filiao voluntria, com-partilham entre si os servios pblicos.

    A autoridade para a distribuio destes tra-balhos entre os diferentes conjuntos, que

    poderamos tambm chamar de Comits ou

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    Comisses, e a convocao para realiz-los, dada a assembleias populares.

    A entrega de tarefas especficas a indivduosresponsveis, a comisses ou comits, de-pende da envergadura e/ou complexidadedo trabalho precisado pela comunidade.

    Responsveis pela direo e execuo detarefas pontuais so nomeados pela livreescolha de seus companheiros e confirma-dos pela assembleia. Esta ltima tambm os

    controla, cobra deles a efetivao dos en-cargos, e os controla diretamente ou pormeio de pessoas designadas especificamentepara esta tarefa.

    Os litgios seriam solucionados por acordos.Estes poderiam ser supervisionados por umConselho, nos casos que tivessem soluomais dificultosa.

    Diferentes tipos de conselhos podem coe-

    xistir, para debater questes de interesse

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    pblico, aes de indivduos que infringemregulaes sociais [leis] estabelecidas, des-

    respeitem direitos ou no cumpram obriga-es reconhecidas.

    Critrios para distribuir funes polticas,para organizar a vida pblica, so de exclu-

    siva responsabilidade do todo social, oqual se expressa por meio de assembleiaspopulares. Pelo tanto, estes critrios soconsiderados mutveis; podem mudar se-gundo o interesse social, mas no por inte-

    resses individuais ou de grupos minorit-rios.

    Membros de Conselhos so escolhidos porqualidades de sabedoria e habilidade denegociao, mas no contam com autori-dade para dar deciso obrigatria em ques-tes de litgio.

    Portavozes dos diferentes conjuntos, esco-lhidos pelos membros dos conjuntos como

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    seus representantes, desempenham papelimportante nos debates.

    Embora suas opinies tenham importnciano teatro social, o cargo no confere

    qualquer autoridade nem privilgio ao seuocupante.

    Elas so pessoas que seriam consideradasobrigadas a participar de qualquer debatepblico, quer que o assunto lhes seja departicular interesse ou no.

    Os portavozes teriam tambm a obrigaorecproca de informar a seus representadossobre os assuntos tratados nas reunies nasque participarem.

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    Pode ser expandido:

    Equilbrio de poder... o que mantm a ordemnessas sociedades.

    Anlise da organizao poltica nas sociedades

    sem Estado.

    A questo da iniciativa pessoal.

    Conselho se rene sempre que h qualquerquesto a discutir.

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    O

    Q

    UE

    L

    EI

    Lei um aspecto da organizao social.O debate normalmente gira em torno areconhecer, ou no, a responsabilidade b-sica de um Governo por manter a lei, aordem e a soluo dos litgios.

    Como diz respeito s regras de conduta e sformas que agem para garantir a obedin-cia a essas regras, pertence a um campo quepode ser chamado de controle social.

    Tentou-se separar as leis de outras regras,atravs de vrios critrios.Poder-se-ia afirmar que podem ser diferen-ciadas pela maneira como so postas em

    vigor.

    Podemos reconhecer um sistema polticoonde no existe governante ou Governopropriamente tal, e tambm que a posse de

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    um sistema poltico no acarreta, necessari-amente, a posse de lei.

    Para entender, quando falamos em lei

    no queremos dizer o mesmo quando fa-lamos em leis.

    As leis so regras, mas lei significa todoo processo de se manter e pr em vigor asregras reconhecidas como obrigatrias.

    A lei existe onde as pessoas concordam que

    certas aes infringem os direitos dos ou-tros; e tambm concordam que os danospodem ser reparados, os litgios formal-mente solucionados e as partes conciliadas,inclusive por diversas formas de indeniza-o.

    Os humanos, em geral, so propensos atransgredir ou burlar as leis da sociedade,quando h algo que lucrar com isso. O quefaz pensar nas foras sociais que garantam

    obedincia s regras na maioria dos casos; e

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    classificar diferentes tipos de regras de mo-do a distinguir entre as que poderiam ser

    chamadas adequadamente de legais, e asoutras.

    Sanes negativas [punies] devem serexaminadas com extremo cuidado, visando

    sempre que o respeito lei, embora noseja exatamente automtico, fique garanti-do por outros meios que a punio ou omedo desta.

    A procura de desagravo por conta prpriadeve ser evitada, fazendo que as pessoas seabstenham de se prejudicar mutuamente,aceitando aquelas regras desagradveis

    que lhes impem obrigaes positivas.

    Se a maioria das pessoas obedece s regrasda sua sociedade, no por medo da polciaou por um certo automatismo irracional,poder-se-ia incorporar efetivamente o con-ceito de que elas dependem economica-

    mente da cooperao de outrem.

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    esta interdependncia, e no o medo docastigo, que compele s pessoas a cumprir

    suas obrigaes. Uma pessoa que no de-sempenhe seu papel ver que as outras, porsua vez, ignoram suas obrigaes para comela.

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    A

    O

    RGANIZAO

    DA

    P

    RODUO

    Quem imagina que a Economia diz respei-to, essencialmente, ao dinheiro e aos pre-os, est em firme terreno lgico ao dizer

    que ela no pode existir em sociedades queno trocam mercadorias por dinheiro e,assim no podem fazer clculos exatos depreos.

    Este ponto de vista sobre a Economia tolimitado como o que afirma que no tempoltica sem Estado.De fato, a Economia diz respeito maneiracomo as pessoas administram seus recursos[principalmente, no totalmente, os mate-

    riais] e, sobretudo, s escolhas que fazementre os diferentes usos destes.

    Uma definio interessante / proposta podeser: Aquela ampla esfera de atividade hu-

    mana que diz respeito aos recursos, suas

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    limitaes e usos, e organizao pela qualeles so colocados, de maneira racional, em

    relao s atividades humanas.Fica aqui implcito que no imposta umaviso puramente competitiva na atividadeeconmica realizada.

    Reconhecemos que qualquer tipo de socie-dade produz, troca e consome bens.Uma simples caa ou colheita primitiva jproduz estes atos.Mas, no obstante, podem-se obviar os

    clculos econmicos baseados em valoresrelativos. claro que aqui a pessoa ideal no , demodo algum, um magnata dos negcios.

    Um estudo desta questo engloba informa-es sobre:* como o povo consegue sua subsistncia,* que fontes de alimentos e matrias primaspossui,* como se organiza o trabalho e se distri-

    buem as tarefas,

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    * detalhes sobre as tcnicas aplicadas,* calendrio relativo a atividades sazonais

    ou, pelo menos, descrio sobre as varia-es das rotinas no decorrer de perodosdados[p.ex.: um ano],

    e como complementam suas carncias dos

    produtos e matrias, de energia e informa-o, que no esto disponveis em seu pr-prio espao de ao ou influncia.

    Um grupo social que considere a suplemen-

    tao de carncias como necessidade, nose pode limitar a uma economia apenas desubsistncia.

    A dependncia de mbitos alm dos pr-prios limites condiciona a necessidade de

    intercmbio, o que no considerado emsociedades que apenas produzem aquiloque satisfaz suas prprias necessidades, eno para trocar por outros bens.

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    No mundo capitalista isto alcanado porintermdio do dinheiro, o que acaba con-

    dicionando a fixao de estritos valores detroca, dificultando extremamente o desen-volvimento sem atritos de uma economiaque possa ser qualificada como de interessehumano [ou sequer humanista].

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    T

    ROCA

    D

    E

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    ENS

    A aceitao ou rejeio de uma economiabaseada no emprego universal do dinheirocomo meio de intercmbio uma questocrtica.

    As atividades nas quais as pessoas organi-zam seu comportamento em termos declculo racional das quantidades de merca-dorias e servios produzidos, trocados ouconsumidos, e a maneira de distribuio

    dos meios mais escassos, podem visar finscompetitivos ou no.

    Comunidades no mais esto necessaria-mente isoladas neste mundo globalizado.

    Os meios para realizar transaes de qual-quer tipo esto disposio de praticamen-te qualquer grupo social no planeta. Nomais necessrio considerar os intercm-bios no-monetrios como possveis so-

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    mente entre pessoas cujas relaes sejamcontnuas, dentro de um espao reduzido.

    Entre os intercmbios, o que primeiro vem mente do economista vulgar, o qualonde cada parte tem um excedente de al-gum bem que falta outra.

    Na maioria dos casos esses bens so permu-tados, evidentemente, no sem algumaconcesso de equivalncia. Certamente soos que menos interessam.

    Um problema bem mais interessante otipo de transferncia no qual o doadoraparentemente no obtm nada ou rece-be um bem de um valor relativo evidente-mente menor.Ser este um modo racional que tem umapessoa ou sociedade de dispor de sua pro-priedade?

    A importncia social da doao, pela qualno se espera uma retribuio direta, no

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    tem sido suficientemente explorada ou de-senvolvida por pensadores economistas.

    Se encararmos a doao na sociedade nos como uma expresso espontnea de afe-to do doador, mas um componente soci-almente esperado de certas relaes - ou

    tipo de relaes -, estaremos a meio cami-nho de uma compreenso de sua impor-tncia.

    Se considerarmos as doaes como sendo

    um presente, veremos que elas so um mo-do particularmente importante de manteras relaes sociais em todas as sociedades.Receber sem justificativa caracterstica demuitas sociedades, mas o presente destina-do a ocasies pontuais algo que est pre-sente em todas elas.

    Nas economias no-monetrias, a distribui-o do alimento seria parte infinitesimal daatividade econmica do doador.

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    No existiria obrigao formal de retribuiro equivalente que foi originalmente recebi-

    do, ou, na verdade, de retribuir o que seja.

    Esta maneira de usar a propriedade poderiasugerir, a um observador superficial, umfracasso em apreciar o valor das posses ma-

    teriais.Mas as pessoas podem distribuir seus recur-sos para as vrias finalidades possveis, se-gundo uma escala de propriedades [e prio-ridades] diferente daquela a que o mundo

    capitalista est acostumado.

    O modo de troca competitiva / mercantilis-ta no exemplo da inabilidade de fazerclculos econmicos, mas exatamente ooposto.

    Em muitas sociedades vulgares, mais rique-za circula em transaes que so to oumais polticas e sociais que propriamente

    econmicas.

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    Mais pagamentos e presentes so feitos pa-ra manter amizades e alianas, tributos s

    autoridades superiores, do que recursosempregados no comercio ou no escambo,onde as mercadorias so trocadas pelo pro-cesso de barganha com clculos abertos,por mais toscos que sejam, do seu valor

    relativo.

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    D

    INHEIRO E

    C

    RDITO

    Mais uma vez descobrimos que a aproxi-mao tradicional moeda circulante no um simples artifcio para medir o valor natroca e nas reivindicaes de recursos, mastambm tem um significado especial que

    no caracterstico do dinheiro como oseconomistas o definem.

    Ademais, as atitudes associadas s trocasno so apropriadas para as pessoas que

    procuram lucrar com uma troca.

    A forma que o capital assume nas socieda-des no-monetrias, ou apenas parcialmen-te monetarizadas, pode ser algo que o eco-

    nomista no suspeitaria.

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    CAPITAL

    Existe capital nas sociedades no-monetrias e, se existe, como identifica-do?

    Tem quem considera capital aquilo que

    produz juros, dizendo que os bens de capi-tal - nas sociedades no industriais - so ascolheitas e os rebanhos.

    Outros preferem considerar capital: os

    recursos dirigidos para finalidades produti-vas;mas observam que as mesmas mercadoriaspodem ser consideradas de consumo

    numa poca e de produo em outra;

    porque os artigos que no so usados dire-tamente na produo podem s-lo pararemunerar mo de obra.

    Numa economia deste tipo h pouca neces-sidade de um sistema de crdito, pois as

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    pessoas criam o capital, desviando para

    fins de produo de futuras mercadorias

    que, de outra forma, elas prprias teriamusado.

    Tambm tem quem considera que o equi-valente de capital nas sociedades no-

    monetrias um estoque de mercadorias,existente antes que se realize o ato produ-tivo, usado na produo, e imobilizado doconsumo direto enquanto o ato est emandamento. A renda parte da adio ao

    estoque de mercadorias criado por este atode produo que distribuda e consumida.Esta definio inclui entre as mercadorias

    os recursos naturais bem como os produtosmanufaturados, e tambm a tcnica e oconhecimento.

    De acordo com outra definio, o capitalconsiste em mercadorias e servios que noso devotados ao consumo imediato, masusados para aumentar as mercadorias dis-

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    ponveis para consumo no futuro. O capitalno apenas os produtos acumulados;

    so produtos destinados a serem usadosdessa maneira.

    Pode se incluir aqui os recursos de conhe-cimento e habilidade tcnica, assim como

    os bens materiais.Numa sociedade cooperativa e solidria,no temos nenhum rendimento direto

    sobre um investimento;em vez disto, a rede inteira de obrigaes

    mtuas assegura um equilbrio aproximadoentre os servios e contribuies feitos erecebidos.

    Ainda assim, a administrao de capital exi-ge uma conscincia constante da poltica depoupana e investimento;ela cria nas pessoas uma atitude de preocu-pao contnua e parcimoniosa pelos recur-sos disponveis.

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    CRDITO

    O reconhecimento de obrigaes sociaissolidrias no impede, em toda parte, aideia de que um emprstimo deveria serreembolsado com juros.No fcil distinguir esta ideia da que

    primeira vista parece ser muito diferente: aideia da magnanimidade na troca de pre-sentes, de sobrepujar seu parceiro em gene-rosidade.

    Onde existe uma simples troca de objetopor objeto, a posio bastante clara: noexiste, na verdade, nenhuma concepo deemprstimo.

    Para muitos parece evidente que, quantomais tempo uma pessoa retm um valor,tanto mais se espera que esta acrescentequando o devolvesse.

    Mas o que significa isso?

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    Pode muito bem ser considerado comouma indenizao por ter feito outro[s] es-

    perar, mas dificilmente no sentido em quese pagam juros sobre um emprstimo emdinheiro, porque o prestamista poderia terfeito outra coisa com seu dinheiro se no otivesse emprestado.

    Um tipo de emprstimos que rendem juros[do tipo que um economista poderia reco-nhecer] poderia se chamar de emprstimos

    amigveis.

    So feitos quando pessoas tm que satisfa-zer utilizaes imprevistas de seus recursos eficam impelidos a contrair emprstimos.A garantia destes feita em valores oupropriedades que o credor possui. Se oemprstimo no for reembolsado na pocaconveniada, ele perde a posse destes.

    Podemos diferenciar aqui entre emprsti-mos sociais e os puramente econmicos.A mais simples forma do segundo o em-

    prstimo de uma ferramenta ou de um

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    utenslio domstico. Aqui no surge ne-nhuma questo de juros; os servios se can-

    celam mutuamente.

    Dificilmente a cobrana formal de jurospoderia ser cogitada numa sociedade base-ada em conceitos de cooperao, solidarie-

    dade e ajuda mtua.O ato de cobrana de juros implementadoem condies de reciprocidade [quem cobrado tambm cobra], encarece a ativi-dade econmica bruta e anula qualquer

    benefcio que poderia acarretar esferasocial.

    O juro um tipo de imposto que beneficiapessoas fsicas ou s instituies que estaspossuem.S plenamente aceito em sociedades quetenham finalidades de lucro no propsitode suas atividades econmicas.No poderia ser considerado numa socie-dade cuja organizao econmica vise fins

    de benefcio social.

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    Existem poucas sociedades que fazem tran-saes sem dinheiro e os economistas no

    esto muito interessados nelas.Mas este um dos setores mais interessan-tes para recolher informaes teis s pes-soas prticase aos economistas prticosqueesto interessados no desenvolvimento

    econmico e social da humanidade.Em toda parte os povos gastam recursospara obter vantagens sociais bem comooutras puramente econmicas.

    Por outro lado, os povos cuja tecnologiano lhes permite acumular grandes riquezasou posses materiais, esto bem cnscios dasescolhas sua disposio sobre os usos adar aos recursos que possuem.

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    I

    MPOSTOS

    A cobrana de impostos num Estado verti-calista seria necessria para permitir que osfuncionrios desempenhem suas atividades. um aspecto que no se encontra no tipode sistema poltico acfalo.

    Na forma vulgar do Estado, nico sistemapoltico que pode ser chamado propria-mente de Governo, um dirigente reconhe-cido como supremo torna sua autoridade

    eficaz atravs de agentes [territoriais] es-colhidos ou aceitos por ele prprio.

    Este sistema garante a manuteno da pazinterna pela soluo dos litgios e a defesa

    da agresso externa, bem como a organiza-o da guerra agressiva, por exclusiva von-tade do lder.

    Assim mesmo organiza as obras pblicas e

    garante relativamente a realizao dos ritu-

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    ais considerados necessrios ao bem-estarcomum.

    Existem srias divergncias sobre a afirma-o de que isto deve ser assim, ou que sepossa aceitar com confiana que este onico sistema capaz de integrar uma grande

    populao numa s comunidade poltica., no mnimo, discutvel a cogitao danecessidade absoluta de reconhecer umgrupo que ostente a autoridade para orga-nizar e reglar os assuntos de interesse social

    comum.O povo, como tal, permanece afastado dasdecises e no participa da vida poltica emforma direta, muitas vezes explorado eviolentamente reprimido, ou participa mi-nimamente em condies apenas formais.

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    M

    UDANA

    S

    OCIAL

    A ideia vulgar de que uma mudana socialabrangente se efetua por expanso territo-rial, operada desde um foco central equiva-lente a um territrio liberado, est fican-do obsoleta.

    Os meios de comunicao hoje disponveispermitem implementar mudanas a nvelplanetrio, sem a necessidade de basearestas em aes anteriormente consideradas

    indispensveis, se se quiser considerar umaverdadeira ao revolucionria.

    A oportunidade que a comunicao globalnos coloca a disposio permite desenhar

    uma estratgia totalmente diferente, parapenetrar e permear a sociedade com con-ceitos e atividades de relacionamento abso-lutamente diferentes aos atuais.

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    Em nosso caso presente, possvel visar criao de unidades sociais reformuladas,

    ainda que estas estejam isoladas geografi-camente.

    O isolamento fsico compensado pelacomunicao e o intercmbio com outras

    comunidades e/ou grupos / indivduos emoutros lugares, e que estejam nas mesmascondies.

    O tipo de organizao social almejada

    uma que permita o mximo de relaciona-mento e penetrao em seu mbito socialimediato. Isto permitiria um crescimento daparticipao social em geral e, por conse-guinte, uma relativa expanso territorial.

    Sendo isto implementado desde uma infi-nidade de focos independentes e autno-mos, a efetividade da ao renovadora noseria atingida pela eliminao de qualquerum destes.

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    A qualificao efetiva dos participantes, emqualquer uma das unidades restantes, d

    segurana continuao do processo. So-mente uma ao coordenada de formaplanetria poderia atingir um golpe mortal organizao, sendo que esta no centra-lizada. Isto bastante difcil acontecer em

    um estgio primrio.Quando a rede esteja montada, ser tardee ficar muito difcil elimin-la totalmenteda face da Terra.

    O crescimento das unidades feito em basea operaes econmicas com efeitos sociais.

    No se considera crescimento econmicona acepo vulgar [lucros auferidos, p.ex.],mas interessa um volume de operaes quepermita implementar programas que en-volvam e produzam benefcio a maioresquantidades de pessoas.

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    Necessariamente os participantes em aesdadas devem ser educados e treinados para

    funcionar sob os novos parmetros.

    Isto toma o lugar de grande parte da pro-paganda poltica intelectualizada [com

    poupana e redirecionamento de recursos],

    que to pouco efeito tem sobre as massasquando no originada pelo poder popu-lar estabelecido.

    A pregao baseada numa nova atitude

    para com todos aqueles que seguem asmesmas regras do novo jogo.Em princpio.A expanso consequncia de aes e seusresultados, no somente de palavras deordem ou panfletos.A experincia do novo, sentido como algobenfico, a melhor propaganda e deveimpulsionar a multiplicao destas experi-ncias.

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    Isto resulta em crescimento participativo adicionando pessoas que se comportam de

    acordo com os novos princpios propostos- e em expanso territorial, criando zonas eregies de influncia mais ou menos mar-cante, devido participao da populaonelas estabelecidas.

    Assim a revoluo vai crescendo, se expan-dindo, conquistando seu[s] lugar[es] nomapa, sem necessidade de disparar um tiroou de tomar o poder de uma forma violen-

    ta [ou at democrtica].A revoluo seria considerada um feito di-nmico que, em seu acontecer, vai produ-zindo a sociedade nova imediatamente;isso apesar de que o fechamento do ciclorevolucionrio s pode chegar a ser consi-derado completo, quando toda a humani-dade do planeta seja atingida.

    Mas, por enquanto, a novidade reside naimplementao imediata da nova socieda-

    de, sem a necessidade anteriormente pre-

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    conizada de primeiro ter que eliminar to-talmente os fatores reacionrios, para s

    depois comear a implementar o novo.

    Isto quer dizer que

    No necessrio mudar toda a sociedadenem eliminar os centros de poder existen-

    tes, para comear a implementao de umnovo tipo de relao social-econmica-poltica entre as pessoas.Tambm no necessrio produzir estasmudanas em grandes extenses territoriais

    para, desde a, difundir a revoluo.Isso nunca funcionou antes e agora estra-tegicamente inecessrio, alm de ineficaz.

    A estratgia adotada capacita grupos relati-vamente pequenos para se autosustentar eimplementar infraestruturas que os capaci-tem e condicionem para a participao noplano global.Esta, em si mesma, a primeira ao revo-lucionria.

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    A dinmica de funcionamento destas uni-dades seria o que permitiria a expanso

    destas e, consequentemente, a expanso darevoluo.

    Um requisito que extrado da prpriacaracterstica da organizao e funciona-

    mento das unidades participantes - suaautonomia e independncia do sistema he-gemnico.Isto no implica num total isolamento des-te, pois o relacionamento pessoal e institu-

    cional requerido.Especialmente o financiamento est dese-nhado de forma que este seja, de certaforma, dependente da estrutura vulgar;ainda que isto s seja necessrio considerarna fase de desenvolvimento primrio,quando a nova estrutura global ainda notenha atingido um estgio que permita suatotal autossustentao.

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    O

    C

    RTER

    L

    DICO

    D REVOLUO TOT L

    Experimenta