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Disciplina: IED (Introdução ao Estudo do Direito) ANHANGUERA Educacional Campus Rondonópolis - MT Prof. Ms. Valéria Borges Ribeiro [email protected]

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Disciplina: IED (Introdução ao Estudo do Direito)

ANHANGUERA Educacional Campus Rondonópolis - MT

Prof. Ms. Valéria Borges Ribeiro

[email protected]

1º. Semestre

Curso: Direito

Aula 04:

DIREITO POSITIVO,

DIREITO NATURAL,

DIREITOS HUMANOS,

INSTITUIÇÕES E ORDEM JURÍDICAS,

LÍCITO E ILÍCITO,

VALIDADE E VIGÊNCIA,

EFICÁCIA E LEGITIMIDADE

1. Definição de DIREITO:

Etimologia (latim) = directum (direção,

regra)

Romanos = jus / justitia

Ocidente: em alemão = recht ;

em italiano = diritto;

em francês = droit;

em espanhol = derecho.

1.1. A palavra DIREITO tem 03 sentidos:

i) Regra de conduta obrigatória

(direito objetivo);

ii) Sistema de conhecimentos jurídicos

(ciência do direito);

iii) Faculdade ou poderes que tem ou pode

ter uma pessoa (direito subjetivo);

Tem estrutura BILATERAL (imperativo-

atributiva) pois comporta direitos a uma

parte e obrigações à outra parte numa

mesma relação jurídica. MAS NÃO SÓ

ISSO...

Pois quando o Direito ao buscar no

Estado (juiz) a decisão para o conflito, traz

à relação jurídica uma 3ª pessoa?

Deixaria de ser somente bilateral

então....passando a ser SOCIAL,

ADMINISTRATIVO, POLÍTICO, por meio

desta 3ª pessoa !

Também não é somente NORMA GERAL

aplicável ao povo em geral pois no

passado, como teria sido ele se resumido

na Lei das XII Tábuas e no Código de

Hamurabi?

Também não é somente o Direito

Estatal, pois o que seriam dos ramos

privados, comercial, empresarial etc?

Em todo os casos é comum a idéia que :

CARACTERÍSTICA principal:

“COERCIBILIDADE” !! (reprimir, coagir)

Via ‘força’, ou seja, via Poder Judiciário

que aplica SANÇÕES !!

Mas Norberto BOBBIO, ressalta que

nem todas as normas tem sanção....!?

São normas de organização (ex. Direito

Constitucional e Administrativo).

Entretanto isso não enfraquece a tese

da COERCIBILIDADE. Aliás é

necessário distinguir as normas

jurídicas, das normas da ética, da moral

e dos bons costumes.

Assim, seria o Direito “um conjunto de

normas executáveis coercitivamente,

reconhecidas ou estabelecidas e

aplicadas por órgãos institucionalizados”

(nacionais ou internacionais).

2. Direito POSITIVO x DIREITO NATURAL

x DIREITOS HUMANOS

A expressão Direito Positivo não é antiga

pois nasce com o JUSNATURALISMO =

oposição do direito natural ao direito positivo.

Mas o que vem a ser ambos?

2.1. DIREITO NATURAL:

Na época da Revolução Francesa, o

direito natural era o mais importante,

pois foi inspirador da “Declaração dos

Direitos do Homem e do Cidadão” –

1789.

Direito Natural pertence à MORAL (foro

íntimo).

São direitos naturais fundamentais,

superiores á qualquer legislação: o

direito à VIDA e à LIBERDADE !! :

direito à VIDA : não ser submetido à

tortura, a maus-tratos nas prisões, no lar, no

trabalho, etc;

direito à LIBERDADE :não ser submetido à

prisões arbitrárias, injustas, sequestros por

dinheiro ou por motivação política, etc.

O DIREITO NATURAL independe de

qualquer legislador.

Raízes do Direito Natural: estão na peça

‘Antígona’ (Sófocles, 441. a.C).

HOJE: final dos anos 40 = DIREITOS

HUMANOS !!! (1948 ONU: Declaração

Universal dos Direitos do Homem)

Violar DIREITOS NATURAIS/HUMANOS,

consiste em CRIME CONTRA A

HUMANIDADE !! (ex: Tribunal de Nuremberg)

Direitos que derivam do direito à VIDA e à

LIBERDADE: (ver PG 57 E 58 do PLT)

“Vitória do Homem e da Civilização” ! (Ver Várias Convenções a respeito dos

Direitos Humanos - pg 58 PLT)

2.2. DIREITO POSITIVO: “é direito

vigente, garantido por sanções,

coercitivamente aplicadas”.

É obrigatório a todos, promulgado por lei,

declarado pelos Tribunais, estabelecido

por consenso em Tratados

(internacionais).

Ou seja, DIREITO POSITIVO: “é o direito

vigente, histórico, efetivamente observado,

passível de ser observado, e imposto

coercitivamente.”

É encontrado em leis, códigos, tratados

internacionais, resoluções, regulamentos,

decretos, decisões de tribunais, etc.

É a norma ESCRITA, que teve vigência ou

está vigente.

Resulta de ATO DE VONTADE !

EX: ‘Convenção Americana de Direitos Humanos’,

popularmente conhecida como Pacto de São José

da Costa Rica é um tratado celebrado pelos

integrantes da Organização de Estados Americanos

(OEA), adotada e aberta à assinatura durante a

Conferência Especializada Interamericana sobre

Direitos Humanos, em San José da Costa Rica, em

22 de novembro de 1969 e tendo entrado em vigor

a 18 de julho de 1978.

Possui 81 artigos, e tem como objetivo estabelecer

os direitos fundamentais da pessoa humana,

como o direito à vida, à liberdade, à dignidade, à

integridade pessoal e moral, à educação, entre

outros.

A convenção proíbe ainda a escravidão e a

servidão humana, trata das garantias judiciais, da

liberdade de consciência e religião, de pensamento

e expressão, bem como da liberdade de associação

e da proteção a família.

Foi ratificado pelo Brasil somente em 1992.

Com a promulgação da Emenda Constitucional –

EC - número 45 de 2004 (que trata da reforma do

Judiciário), os tratados cujo teor trate de questões

de direitos humanos passaram a vigorar de

imediato e a ser equiparados às normas

constitucionais.

O DIREITO POSITIVO TEM:

a) Dimensão Temporal: momento histórico;

b)Dimensão Territorial ou espacial: espaço

geográfico;

c) Caráter Formal: documentos formais e escritos;

d)Auto-controle: controla sua própria criação,

modificação ou revogação;

e) Hierarquia de normas: conforme a matéria;

Entretanto nunca esquecer que ACIMA DAS

NORMAS ESTÃO OS PRINCÍPIOS GERAIS DE

DIREITO (fonte das fontes), e acima de tudo,

está a Declaração Universal dos Direitos do

Homem (ONU-1948) !!

Princípio jurídico

Princípio concernente ao Direito, à ciência do Direito

ou às ações no campo do Direito

LICC, Art. 4° - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá

o caso de acordo com a analogia, os costumes e os

princípios gerais de direito.

Os Princípios Gerais do Direito seriam as idéias

basilares e fundamentais do Direito, são os

alicerces do ordenamento jurídico. Lhe dão apoio e

coerência, respaldados pelo ideal de Justiça, que

envolve o Direito.

No CPC: (Código de Processo Civil)

Art. 126. O juiz não se exime de sentenciar ou

despachar alegando lacuna ou obscuridade da

lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as

normas legais; não as havendo, recorrerá à

analogia, aos costumes e aos princípios gerais

de direito.

Miguel Reale define princípios gerais de

direito como sendo:

“enunciações normativas de valor genérico,

que condicionam e orientam a compreensão

do ordenamento jurídico, quer para a sua

aplicação e integração, quer para a

elaboração de novas normas”.

São eles as “bases teóricas ou as razões

lógicas do ordenamento jurídico”.

ALGUNS EXEMPLOS DE PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO:

todos são iguais perante a lei; (IGUALDADE);

ninguém deve ser punido por seus pensamentos

(cogitationis poenam nemo patitur);

diz-me o fato e te darei o direito (narra mihi factum dabo

tibi jus);

ninguém está obrigado ao impossível (ad impossibilia

nemo tenetur ou impossibilium, nulla obligatio est);

autonomia da vontade,

liberdade contratual e obrigatoriedade do vínculo,

da probidade e boa-fé objetiva;

da vedação do enriquecimento sem causa;

não locupletamento com a própria torpeza;

reparação integral dos danos;

da humanidade das penas e da sua

individualização;

Não há crime sem lei anterior que o descreva.

(LEGALIDADE);

o acessório segue o principal...Etc...

3. DIREITO OBJETIVO:

Noção restrita do direito que o vê somente

como NORMA. É chamado de objetivo pois

está contido em normas ESCRITAS , podendo

ser procuradas e ali em determina código ou

lei serem encontradas.

3.1. Instituições jurídicas:

ESTADO, FAMÍLIA, ÓRGÃOS, etc.

responsáveis por regular, fiscalizar,

normatizar.

É o aparato que garante a ‘paz social’.

3.2. Ordem jurídica:

Trata-se do próprio ORDENAMENTO

JURÍDICO, composto por NORMAS:

leis,

decretos-lei;

Códigos;

Regulamentos;

Constituição, etc. .... e também por:

normas consuetudinárias,

jurisprudências,

tratados internacionais,

princípios gerais de direito vigentes, etc.

3.2.1. As ordens jurídicas se distiguem:

Ratione materiale: diferem pela matéria

(civil, penal, etc)

Ratione loci: em razão do território/local que

tem vigência;

Ratione personae: em função do grupo

social que identificam (dto canônico, dto do

trabalho, dto profissional, estatuto da OAB,

etc)

Ratione temporis: historicamente vigentes;

Ratione fontis: fonte que provém (dto

escrito, doutrinário, costumes,

jurisprudencia, etc).

4. LÍCITO E ILÍCITO:

Lícito: o que é permitido, o que é

indiferente ao direito.

“O que não é juridicamente proibido é lícito,

sendo, consequentemente, juridicamente

permitido”. (Ver final da pg 60 PLT)

Ilícito: o que é contrário ao prescrito

em lei ou expressamente proibido no

direito.

“Consiste na ação (ou omissão) que não

observou a norma proibitiva de atos, ações

ou omissões”

lLícito CIVIL: inobservância da lei civil

ou do dever legal ou contratual,

causando dano a outrem;

lLícito PENAL: transgressão da lei

penal (tipo penal pré-existente).

Segundo KELSEN, quando há um ilícito

é o momento que o Estado vai exercer

seu poder de coerção... aplicando a

SANÇÃO jurídica.

5. VALIDADE DO DIREITO:

No Direito Nacional depende da

competência para legislar ! Quem tem?

O Poder Legislativo, imbuído da

Competência ORIGINÁRIA (Poder

Constituinte) ou DERIVADA (Constituição),

do poder que emana do POVO (res-publica).

Validade da Norma:

- aspecto formal ou técnico-jurídico.

quorum, prazos, autoridade competente,

hierarquia de normas, etc.

- aspecto axiológico: legitimidade pela

sociedade (fato+valor+norma);

No Direito Internacional essa validade

depende do ACORDO de vontades entre

os Estados, que vão ‘ratificar’ (assinar ou

aderir) ou não determinado Tratado ou

Convenção.

Ex: os EUA não aderiram ao Protocolo

de Quioto – 1999 Japão).

6. VIGÊNCIA DO DIREITO: Circunscrita a

determinado período de tempo e espaço.

TEMPO = Uma lei depois de sancionada e

publicada no Diário Oficial, após a vacacio legis,

enquanto não revogada, continua em vigência. A

data da publicação do Diário nem sempre coincide

com o início da sua eficácia (obrigatoriedade)

podendo o legislador postergar tal termo.

Trata-se da expressão latina que significa "vacância

da lei", ou seja: " A Lei Vaga"; que designa o período

que decorre entre o dia da publicação de uma lei e o

dia em que ela entra em vigor, ou seja, tem seu

cumprimento obrigatório, a partir de tal data. Prazo

mais utilizado: 90 dias após a publicação (art 1º §1º

LICC).

Até quando vigorará uma Lei?

LICC - Devido ao fato de a LICC não estar restrita

somente ao ramo civilista, seu nome foi alterado

pela Lei nº 12.376, de 2010, passando hoje a ser

chamada de Lei de Introdução às Normas do

Direito Brasileiro (LINDB).

Art. 2° - Não se destinando à vigência temporária, a

lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.

§ 1° - A lei posterior revoga a anterior quando

expressamente o declare, quando seja com ela

incompatível ou quando regule inteiramente a

matéria de que tratava a lei anterior.

vigência.

ESPAÇO = TERRITÓRIOS, fronteiras, céu, mar,

subsolo, atmosfera, etc.

Artigos 7º, 9º, 10º, 11º e 17º da LICC.

§ 2° - A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou

especiais a par das já existentes, não revoga nem

modifica a lei anterior.

§ 3° - Salvo disposição em contrário, a lei revogada não

se restaura por ter a lei revogadora perdido a

VIGÊNCIA.

ESPAÇO = TERRITÓRIO

Ver Artigos 8º, 9º, 10º, 11º e 17º da LINDB.

Art. 8° - Para qualificar os bens e regular as relações a eles

concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem

situados.

Art. 9° - Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei

do país em que constituírem.

Art. 10° - A sucessão por morte ou por ausência obedece a lei

do país em que era domiciliado o de cujus ou o desaparecido,

qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.

Art. 11° - As organizações destinadas a fins de interesse

coletivo, como as sociedades e as fundações, obedecem à lei

do Estado em que se constituírem.

Art. 17° - As leis, atos e sentenças de outro país, bem como

quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil,

quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os

bons costumes.

7. EFICÁCIA DO DIREITO:

Significado de Eficaz: Que produz o efeito

esperado, que dá resultado.

O direito pode ter vigência e não ter eficácia.

Dependerá da norma alcançar o resultado

pretendido pelo legislador.

8. Exequibilidade DO DIREITO:

A norma criada precisa ter condições de ser

posta em prática. Caso contrário é

inexequível. EX: norma penal que prevê cumprimento de pena em

colônia penal agrícola. Se tal colônia não existir, não é

possivel executá-la.

9. LEGITIMIDADE DO DIREITO:

É o reconhecimento legítimo do direito pela

sociedade civil. Sem o apoio desta, o direito

não tem legitimidade de ser. (componente

axiológico = valoração)

10. LEGALIDADE DO DIREITO:

“Qualidade do direito prescrito por autoridade

competente, com a observância da

Constituição, aplicado de acordo com a lei, por

autoridade qualificada para tal”

.