disciplina: ied (introdução ao estudo do...

48
Disciplina: IED (Introdução ao Estudo do Direito) ANHANGUERA Educacional Campus Rondonópolis - MT Prof. Ms. Valéria Borges Ribeiro [email protected]

Upload: doanthuy

Post on 15-Dec-2018

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Disciplina: IED (Introdução ao Estudo do Direito)

ANHANGUERA Educacional Campus Rondonópolis - MT

Prof. Ms. Valéria Borges Ribeiro

[email protected]

1º. Semestre

Curso: Direito

MARÇO / 2014

Aula 02:

Conceito e Evolução do Direito

O Surgimento do Direito O Claude du Pasquier, usou uma metáfora para se reportar

sobre a busca da fonte do direito: “Se alguém procurasse

a nascente de um rio, a delimitar o exato ponto em que

as águas surgem das profundezas da terra dando origem

a um curso d`água. Ali encontraria a Fonte”.

O Julio Fabbrinni Mirabete, eminente mestre, preleciona

que “a história do Direito é a história da humanidade”.

O O direito surgiu com o próprio homem e o tem

acompanhado através dos tempos, pois ‘dele nunca se

afastou, mormente quando o crime, qual sombra sinistra,

sempre esteve ao seu derredor’

O Primeiro

ordenamento:

Moisés, os

Hebreus e os 10

Mandamentos.

A primeira ‘Lei’

O O Direito surgiu com a evolução humana,

pois, vem o homem reagindo às situações

conflituosas. Esta reação já era encontrada

nos clãs e nas tribos primitivas.

O O homem não tendo condições de explicar os

fenômenos naturais, passou a relacioná-los

aos deuses, que agiam de acordo com os

gravames e as condutas dos grupos sociais.

O Viviam os grupos sociais envoltos em

ambiente mágico (vedas) e religioso.

O A peste, a seca, e todos os fenômenos naturais eram tidos como manifestações maléficas resultantes das forças divinas (totem).

O Os ‘deuses’ encolerizados pela prática de atos

contrários às normas de comportamentos exigiam

reparação. Para tanto, os grupos sociais criaram uma

série de proibições de cunho religiosos, sociais e

políticas, que ficaram conhecidas como tabus.

O Num segundo momento, de formação histórica da

sociedade, a pena passou a ser associada aos

aspectos religiosos dos clãs e tribos, havendo estreita

ligação entre crenças e punições, passando o crime a

ser visto como uma ofensa aos deuses, capaz de

fazer recair sobre o grupo as mais nefastas

conseqüências.

O A aplicação de determinadas penas aos ofensores

era, então, considerada como reação social, como

forma de reparação às divindades, a fim de evitar

que sua ira recaísse sobre o conjunto da

comunidade.

O As infrações a estas normas (infrações totêmicas)

sempre levava as reprimendas, as quais

permitiam que a coletividade através das punições

desagravassem a entidade ultrajada, gerando-se

daí, o que modernamente denominamos de pena

e crime.

O Código de Hammurábi

O . Foi o código legislativo mais importante da

Mesopotâmia, elaborado pelo rei da Cidade da

Babilônia, Hammurábi, em torno de 1.700 a.C.

O . É um bloco de pedra com 2,25 metros de altura, contendo 282 artigos em 3.600 linhas de texto.

O Encontra-se, hoje, no Museu do Louvre, em Paris.

O A evolução do Direito, fica sempre

subordinada à idéia de que a história do

Direito Penal e a Justiça Criminal

confundem-se com a própria história da

humanidade, pois tendo nascido com o

próprio homem irá acompanhá-lo,

continuamente, através dos tempos.

A Violência envolvia os indivíduos e o

seu grupo social, com sangrentas

batalhas, causando muitas vezes a

completa eliminação dos grupos rivais.

Para evitar a dizimação das tribos,

surgiu a Lei de Talião, determinando a

relação proporcional ao mal praticado:

olho por olho dente por dente, sendo

este o maior exemplo de tratamento

igualitário entre infrator e vítima,

representando de certa forma, a

primeira tentativa de humanização da

sanção criminal.

A Lei do Talião

.

Algumas leis do Código de Hammurábi:

Se um homem bater em seu pai, terá as mãos cortadas;

se um homem furar o olho de um homem livre, Ser-lhe-á

furado um olho;

se um médico tratar da ferida grave de

outro homem e ele morrer, terá as mãos decepadas; se um

construtor fizer para outro uma casa e não a fizer Bastante

sólida, se a casa cair, matando o dono, esse construtor

será morto; se for o filho do dono quem morrer, o filho do

construtor será morto;

a mulher poderá voltar para a sua

família, levando seu patrimônio, se o marido se comportar

mal com ela; se o casal não conseguir ter filhos, o homem

poderá inserir em sua casa uma segunda esposa...ETC

Assim:

O Direito constitui-se numa das Ciências

Sociais cujo objeto não está no indivíduo, diretamente, mas no estudo das regras e princípios que disciplinam as relações humanas, desde seus primórdios.

Entretanto, a definição exata de Direito nunca foi ponto pacífico entre os pensadores...

Ao longo do tempo...

O O Direito esteve vinculado a

ideias filosóficas e políticas.

O Por este motivo, trata-se de

uma ciência dinâmica, na

medida em que os diversos

pensadores ao longo da

História do Ocidente, o

definiam e estudavam...

Sócrates 469 a 399 a. C.

(Formação das Sociedades)

Sócrates não deixou nada escrito, o

que sabemos foi copilado pelo seu

discípulo Platão.

Nasceu em Atenas. Seu pai era

escultor e sua mãe parteira.

Lutou na Guerra do Peloponeso

contra Esparta.

Conta-se que andava com trajes

simples por Atenas perdido em

pensamentos.

Platão (427 – 348 a.C.) O Direito é dar a cada um aquilo que

corresponde à sua natureza e função na

sociedade.

O Para Platão, em sua obra “A República”, esse

princípio deve ser garantido pelo Estado, que

deve se estruturar em:

O Povo: são os trabalhadores, presentes na

camada mais inferior;

O Militares: são os guerreiros corajosos, na

camada intermediária; e

O Filósofos: estão na camada superior e devem

governar a sociedade.

Aristóteles (384 – 322 a.C.) O Para Aristóteles, o direito está ligado à justiça, a qual, sendo

seguida pelo Estado, será por ele definido.

O Só o homem possui: Razão

O Possui Sentimento: do bem e do mal; do justo e do injusto.

O O direito é justo quando protege os interesses gerais da sociedade e, em particular, quando trata de maneira igual aqueles que se encontram em condição igual.

O Aristóteles expõe duas formas de igualdade: a aritmética, que exprime a justiça comutativa; e a geométrica, que exprime a justiça distributiva: O Justiça comutativa: todos devem cumprir suas promessas e

indenizar pelos danos causados na mesma proporção do dano;

O Justiça distributiva: cada um tem segundo seu mérito e valor na sociedade

Ulpiano (170 – 228 a.C.)

O Para o jurisconsulto romano, o direito é o mesmo para todos.

O Categoriza o direito em:

O Direito natural: lei que a natureza ensina a todos os animais, racionais e irracionais;

O Direito das gentes: aplicável apenas aos seres humanos, podendo diferenciá-los segundo sua origem e condição social;

O Direito civil: normas específicas de uma sociedade.

São Tomás de Aquino

(1225 – 1274) O As leis são mandamentos da boa razão,

formulados e impostos por quem cuida do bem

da comunidade.

O Para o teólogo italiano, o monarca (aquele que

cuida do bem) não tem plena liberdade na criação

do direito, deve respeitar os mandamentos divinos,

que são a lei eterna.

O Se a lei imposta é contra a lei eterna, os súditos

estão liberados do dever de obediência à lei. Em

alguns casos, porém, o respeito à lei “corrupta”

pode ser necessário para manter a ordem.

Thomas Hobbes (1588 –

1679) O O direito é a vontade política.

O “o HOMEM É O LOBO DO PRÓPRIO HOMEM”

O A lei é determinada pelo poder que exerce o Estado, e não pela verdade do direito natural.

O Para Hobbes, a sociedade deve fazer um “contrato social” com o Estado, o qual é absoluto, pois só assim é possível organizar a sociedade.

O O Estado deve distribuir direitos e obrigações. Mas o direito não deve ser uma decisão ditatorial e sim uma correspondência ao efetivo e racional interesse de todos.

Rousseau (1712 – 1778) O O direito é a vontade política de mudanças.

O Ao contrário de Hobbes, Rousseau idealiza um Estado social democrático, onde o direito é a expressão da soberania do povo, sem, no entanto, abolir a liberdade dos membros da sociedade.

O O povo deve criar as próprias leis e não deve se submeter à vontade dos poderosos.

O O Estado deve eliminar as desigualdades e injustiças sociais causadas pela propriedade privada.

Immanuel Kant O O direito é a conciliação da liberdade individual

com a liberdade dos demais, de forma que a liberdade possa prevalecer como regra geral.

O Para Kant, o direito é produto da sociedade e é a expressão de obrigações morais dos indivíduos.

O O direito está intimamente ligado à moral. A diferença é que o direito ameaça com coação em caso de descumprimento da norma, objetivando os resultados, enquanto que a moral se interessa mais pelos motivos da ação dos indivíduos.

Georg W. F. Hegel O Para o filósofo alemão, o direito não possui uma

única definição, sendo esta formulada conforme cada época, com finalidades e características diversas.

O O direito moderno, por ser produto do Estado, é o mais elevado, porque exprime os valores supremos do gênero humano. O Estado é a liberdade e a moralidade, e deve: O exprimir o interesse geral;

O garantir a aplicação dos princípios morais; e

O realizar a liberdade humana.

O O direito moderno é a plena liberdade, definida e garantida pelo Estado.

Savigny

O O direito é o produto histórico decorrente da consciência coletiva de cada povo manifestado nas tradições e nos costumes.

O As formas de organização política e social, presentes na tradição, são as principais fontes do direito, e não o direito estatal.

O O direito não pode ser universal, deve ser particular e evoluir com o tempo, conforme as tradições da época e do local.

Eugen Ehrlich O O direito depende do reconhecimento social de certas

normas.

O Para o austríaco, o direito nasce e se transforma por meio da ação social que lhe dá força vinculante.

O O direito tem sua origem na sociedade, e não no Estado. Há um “direito vivo” criado, aplicado e transformado pelo povo, o qual não se manifesta nos códigos ou nos tribunais.

O Para Ehrelich, o jurista faz o direito segundo uma “pesquisa livre”, esta realizada conforme a interpretação pessoal das tradições.

Hans Kelsen

O O direito é ordem de coação.

O As normas jurídicas são obrigatórias e o direito vigora porque é imposto e reconhecido pela maioria da população.

O Kelsen elabora uma pirâmide normativa: as normas inferiores devem ser conforme as normas superiores. A ciência jurídica deve descrever as características e as relações das normas em vigor (estática) e também examinar quais são as autoridades competentes e os procedimentos para a elaboração de novas normas (dinâmica).

Robert Alexy O Para Alexy, as definições de Kelsen são insuficientes.

O A validade da norma está ligada aos preceitos morais vigentes de uma determinada sociedade.

O As normas injustas não são válidas, mesmo sob coação do Estado. E o ordenamento jurídico não compreende apenas as normas do legislador, mas também os princípios morais da sociedade, que guiam a aplicação do direito e satisfaz as exigências da moral e da justiça.

O O direito possui duas dimensões:

O Real: normas criadas pelo legislador; e

O Ideal: normas que dão sentido à dimensão real, satisfazendo as exigências da justiça.

Miguel Reale

O Há um sistema de normas que exige da sociedade determinadas formas de conduta. Esse sistema, historicamente realizado, é o objeto de estudo da Jurisprudência. Os motivos que explicam as condições mediante as quais essa indagação é possível faz parte da Filosofia do Direito.

O O direito é um problema filosófico.

O Para Reale, o direito é um problema tridimensional. Cada uma das dimensões (fato, valor e norma) não pode e nem deve ser estudada isoladamente em uma sociedade.

Eros Grau O Para o jurista brasileiro, a visão POSITIVISTA

(SOMENTE A LETRA DA LEI) é insuficiente.

O O direito é a solução de conflitos para encontrar um equilíbrio entre a liberdade individual e o interesse coletivo.

O O direito deve solucionar conflitos para encontrar um equilíbrio entre o indivíduo e a sociedade.

O A sociedade gera um “direito pressuposto”, determinado pelo modo de produção e pela correlação de forças políticas, que é a base do “direito posto” elaborado e aplicado pelo Estado.

“Ubi societas ibi Jus” ‘onde está a sociedade está o direito’

Desta forma o Direito evolui, na medida em que a SOCIEDADE evolui e clama por regulamentação de uma determinada situação.

Hoje todas as relações são permeadas pelo

Direito: todos tem uma razão de direito para fazer ou não fazer algo !! (ex: professor x aluno, empregado x empregador, profissional x cliente, etc).

Direito = MANTO PROTETOR das atividades lícitas e rege inúmeros comportamentos, relacionamentos.

Por isso...apesar do Direito ser UNO, ele é formado por diferentes ramos / saberes jurídicos / disciplinas que abarquem o estudo das diferentes relações sociais existentes. Tais ramos se complementam, não são isolados.

Divisão clássica: DIREITO privado (Dto Comercial,

Empresarial, Civil) = presença indireta do Estado

X DIREITO Público (Dto Constitucional,

Administrativo, Penal, Tributário) = presença direta do Estado

O Direito é então ciência na medida em que

possui:

MÉTODO: procedimento / caminho lógico que leva

a um conhecimento seguro, teórico e ordenado.

(sociológico, histórico, comparativo, analógico,

compreensão)

OBJETO: o que essa ciência estuda? Toda ciência

tem objeto de estudo próprio.

SISTEMA: organização. Tudo que for pesquisado

tem que ser organizado sistematicamente.

FINALIDADE: toda ciência tem seu fim / objetivo.

E a IED (nossa disciplina)?

É uma ciência?

Não pois não tem objeto de estudo

próprio (campo autônomo de

pensamento).

Ela é uma disciplina acadêmica

introdutória da ciência do direito, que

mescla conhecimento de várias outras

ciências (filosofia, sociologia, história,

etc.)

Referências O GUSMÃO, Paulo Dourado de (org.). Introdução ao

Estudo do Direito. 46ª ed. São Paulo: Forense, 2013.

O RIZZATTO NUNES, Luis Antonio. Manual de

Introdução ao Estudo do Direito. 9ª ed. São Paulo:

Saraiva, 2008.

O REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 27ª

ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

O DINIZ, Maria Helena. Compêndio de Introdução à

Ciência do Direito. 20ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

O FERRAZ JUNIOR, Tercio Sampaio. Introdução ao

Estudo do Direito : técnica, decisão e argumentação.

5ª ed. São Paulo: Atlas, 2007.