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Direito Fiscal Europeu Tânia Carvalhais Pereira 2015

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Page 1: Direito Fiscal Europeu 14-10-2015 - VF

Direito Fiscal Europeu

Tânia Carvalhais Pereira

2015

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Princípios de Direito Fiscal

• Tributação do rendimento:

– Capacidade contributiva

• Um único imposto sobre o rendimento

• Tributação de todos os rendimentos (independentemente da fonte)

• Tributação de base mundial (worldwide principle)

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Princípios de Direito Fiscal

• Elementos de conexão decisivos na atribuição/reconhecimento da competência para tributar:

– Residência do sujeito passivo

– Fonte do rendimento

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Residência vs. fonte

Portugal: tributação das pessoas singulares

• Art. 13.º n.º 1 do CIRS:

“Ficam sujeitas a IRS as pessoas singulares que residam em território português e as que, nele não residindo, aqui obtenham rendimentos.”

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Residência vs. fonte

• Art. 15.º do CIRS

“1 - Sendo as pessoas residentes em território português, o IRS incide sobre a totalidade dos seus rendimentos, incluindo os obtidos fora desse território.

2 -Tratando-se de não residentes, o IRS incide unicamente sobre os rendimentos obtidos em território português”.

• Art. 16.º do CIRS: residência

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Risco: Dupla Tributação

• Cada Estado é livre de definir os critérios de conexão relevantes para efeitos de tributação

Risco de dupla tributação

Prejuízo para a livre circulação de pessoas e bens, para o investimento, o comércio, …

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• Ricardo Pereira (ator)

– Contrato com a SIC (PT)

– Contrato com a Globo (Brasil)

– Recebe juros de uma conta num Banco Espanhol

• Residente em Portugal: tributado em IRS pela totalidade do rendimento

• Brasil e Espanha: tributação na fonte

Exemplo:

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Risco: dupla tributação

• Solução:

1) Unilateral (interna)

2) Bilateral (ADT)

3) Multilateral

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Direto Fiscal Europeu

• É direito fiscal internacional?

• Direito fiscal internacional “especial”?

• Qual a relação entre DFE e DFI?

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Direto Fiscal Europeu

• Qual a relação com o direito interno dos EM?

– Prevalência?

– Subordinação?

• Qual o grau de harmonização das legislações fiscais dos EM?

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DFE vs. DFI

• Questão controversa

• TJUE:

– A eliminação da dupla tributação constitui um objetivo da UE

– A realização desse objetivo compete aos EM

– O tratamento diferenciado de residentes e não residentes não fere, por si só, o direito europeu

– Respeito pelas liberdades fundamentais da União

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DFE vs. DFI

• Ac. D: EM mantêm o direito de celebrar ADT, sem que essas normas fossem obrigatoriamente aplicadas a todos os residentes na UE

• Ac. Saint-Gobain: normas de um ADT não devem ser incompatíveis com o direito europeu

• Ac. Köbler: responsabilidade dos EM pelo incumprimento do direito europeu (ação por incumprimento?)

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Direito Fiscal

Internacional • Derrogação/restrição

bilateral e revogável da soberania fiscal do Estado contratante

• Princípio da reciprocidade

• ADT/CDT – natureza convencional

Europeu • Ordenamento jurídico

parcial, construído por via multilateral

• Integração europeia

• Regulamentos e diretivas – origem legal

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Direito Fiscal

Internacional • Âmbito territorial: Estados

Parte

• Aplicabilidade e sindicabilidade “indireta”

• Tribunais nacionais

• Dupla tributação jurídica

Europeu • Âmbito territorial: “espaço

geopolítico da UE”

• Aplicabilidade e sindicabilidade direta (efeito direto Ac. Van Gend en Loos)

• Tribunais nacionais + TJUE

• Dupla tributação económica

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DFE vs. direito fiscal interno

• Primado do direito europeu sobre o direito nacional infraconstitucional (ac. Costa/Enel - 1964)

– Aplicação direta (ac. Van Gend en Loos)

– Art. 8.º n.º 4 da CRP

– Acórdão n.º 184/89 do TC

– Interpretação conforme ao direito europeu - TJUE

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Direto fiscal europeu

• O Direito fiscal europeu é produto da própria construção europeia

• Tratado de Roma/TFUE e TUE: criação de uma união aduaneira, mercado comum ou interno – Proibição de direitos aduaneiros de importação

– Proibição de direitos aduaneiros de exportação

– Proibição de encargos de efeito equivalente

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Direto fiscal europeu

• Direito fiscal europeu próprio

– Previsto nos Tratados

– Disciplina os impostos próprios da UE

• Direitos aduaneiros

• Impostos niveladores agrícolas

• Impostos sobre os funcionários europeus

• Direito fiscal europeu interestadual

– Harmonização fiscal entre EM referente a impostos que continuam a ser impostos nacionais

– Harmonização da tributação indireta prevista nos Tratados

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Direito fiscal europeu

• A “intervenção da UE em matéria fiscal vem sendo feita na medida das necessidades de integração europeia” (Ana Paula Dourado)

• Consequência e condição necessária para a construção do mercado comum/ interno

• Avanços mais significativos na tributação indireta

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DFE: “duas velocidades”

• Uniformização: instrumentos de direito europeu (regulamentos)

• Harmonização:

– positiva: instrumentos de direito europeu (diretivas)

– negativa ou jurisprudencial: TJUE

– política: Código de Conduta sobre a fiscalidade das empresas (“soft law”)

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Tributação indireta: uniformização

• Direitos aduaneiros

– União Aduaneira

– Código Aduaneiro Comunitário 1992 (regulamento)

– Disposições de Aplicação do CAC (regulamento)

– Código Aduaneiro da União 2013 (regulamento)

– Receita própria da UE

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Tributação indireta: harmonização

• IVA

– Art. 112.º e 113.º TFUE

– Harmonização positiva

– Diretiva IVA (Diretiva nº 2006/112)

– Código do IVA /RITI

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Tributação indireta: harmonização

• IEC’s

– Art. 112.º e 113.º TFUE

– Harmonização positiva

– Diretiva n.º 2008/118/CE, de 16-12-2008

– CIEC (Decreto-Lei nº 73/2010, de 21-06-2010)

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Tributação direta

• Harmonização não foi expressamente prevista nos Tratados (cláusula geral art. 114.º TFUE)

• Maior resistência dos EM (soberania fiscal/unanimidade)

• Harmonização positiva parcelar

– Especial incidência na tributação das pessoas coletivas relacionadas

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Tributação direta

• Harmonização positiva parcelar

– Diretiva mães/filhas (Diretiva n.º 2011/96/UE, na redação da Diretiva n.º2015/121/UE)

– Diretiva fusões (Diretiva n.º 2009/133/CE)

– Diretiva poupança (Diretiva n.º 2003/48/CE, na redação da Diretiva n.º 2014/48/UE)

– Diretiva juros e royalties (Diretiva n.º 2003/49/CE)

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Diretiva mães/filhas

• Objetivo: facilitar os agrupamentos empresariais à escala europeia, mediante a:

– Eliminação da penalização fiscal associada à

distribuição de lucros da sociedade-filha para a mãe; e

– Eliminação da dupla tributação económica dividendos pagos pelas sociedades-filhas às sociedades-mães residentes noutros EM.

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Diretiva mães/filhas

• Requisitos de aplicação:

– Sociedades devem constar do anexo da Diretiva;

– Residência (sede e direção efetiva) num EM

– Entidades sujeitas e não isentas de imposto sobre o rendimento

– 10% de participação mínima

– 1 ano de detenção ininterrupta da participação

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Diretiva mães/filhas

• Obrigação do EM da sociedade-mãe:

Renunciar à tributação dos lucros distribuídos pela sociedade-filha sedeada noutro EM (isenção)

ou

Deduzir a fração do imposto pago pela sociedade-filha (crédito de imposto)

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Diretiva mães/filhas

• Obriga o EM da sociedade-filha:

– A isentar os lucros que distribua à sociedade-mãe, vedando-lhe a retenção na fonte

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Diretiva mães/filhas: exemplo

Sociedade X

Sociedade Y

Dividendos

100%

Lucros

Sociedade Z

Dividendos

Lucros

Estado da sede/direção efetiva

Lucro x IRC- Italiano Lucro x IRC- Francês

Sem Diretiva = ADT’s = PT vs. Itália + PT vs. França

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Diretiva fusões

• Objetivo: eliminar a penalização fiscal das operações de:

– fusão

– cisão

– entrada de ativos

– permuta de ações entre sociedades de diferentes EM

– transferência de sede de um EM para outro EM

Page 31: Direito Fiscal Europeu 14-10-2015 - VF

Diretiva fusões: exemplo

Sociedade X

Sociedade Y

100%

Sociedade X

Momento 1: fusão por incorporação Momento 2

Sócios da Y Sócios da X

Ativo/passivo

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Diretiva fusões

• Não tributação das mais-valias realizadas com a transmissão de elementos do ativo nas operações de fusão/cisão

• Não tributação da atribuição de títulos representativos do capital social da sociedade incorporante aos antigos sócios da sociedade incorporada

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Diretiva poupança

• Objetivo:

– simplificar o regime fiscal e a circulação dos rendimentos de capitais

– evitar a “dupla não tributação”

• Tributação exclusiva no EM da residência

• Proibição da retenção no EM da fonte

• Sistema de troca de informações

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Diretiva poupança: exemplo

Rui Costa: residente em Portugal

Banco Y

Juros

Proibição de retenção na fonte

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Diretiva juros e royalties

• Objetivo:

– Eliminar distorções fiscais e formalidades administrativas

– Eliminar a dupla tributação no pagamento transfronteiriço de juros e royalties entre sociedades associadas de diferentes EM

• Isenção no EM da fonte

Page 36: Direito Fiscal Europeu 14-10-2015 - VF

Diretiva juros e royalties: exemplo

Sociedade X

Sociedade Y

Juros

100%

Proibição de retenção na fonte

Estado da fonte

Estado da sede/direção efetiva

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Harmonização negativa

• TJUE: declaração de normas de direito fiscal interno dos EM contrárias ao Direito europeu

• Metodologia de análise do TJUE

1) Existe uma situação discriminatória?

– Liberdade de circulação de pessoas/trabalhadores – Liberdade de circulação capitais – Liberdade de prestação de serviços – Liberdade de estabelecimento – Não discriminação em razão da nacionalidade/ residência

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Harmonização negativa

2) É justificada?

3) A justificação é proporcional?

- Necessária?

- Adequada?

- Proporcional stricto sensu?

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Harmonização negativa: exemplo

• Ac. Avoir Fiscal/ Saint Gobain: proibição da discriminação em função da forma societária (estabelecimentos estáveis)

• A. Schumacker: “residente virtual” (art. 17º-A do CIRS)

• Motivaram alterações da legislação fiscal dos EM

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Bibliografia recomendada

• J.L. Saldanha Sanches, Manual de

Direito Fiscal, 3.ª Ed., Coimbra Editora, 2007, pp. 85-89

• Ana Paula Dourado, Lições de Direito Europeu – Tributação direta, Coimbra Editora, 2010

• Sérgio Vasques, Manual de Direito Fiscal (pp. 107-121)

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Obrigada pela atenção!

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