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  • Acoplamento spin-rbita

    em processos pticos no lineares

    Leonardo Silva Silveira

    Niteri, dezembro de 2011

  • 2

    Leonardo Silva Silveira

    Acoplamento spin-rbita

    em processos pticos no lineares

    Trabalho de monografia apresentado ao

    curso de graduao em Fsica

    Bacharelado, da Universidade Federal

    Fluminense, como requisito parcial

    concluso do curso.

    Orientador: Prof. Dr. Antonio Zelaquett Khoury

    Niteri RJ

    09 de dezembro de 2011

  • 3

    S587 Silveira, Leonardo Silva. Acoplamento spin-rbita em processos pticos no

    lineares / Leonardo Silva Silveira ; orientador: Antonio Zelaquett Khoury - Niteri, 2011.

    42 f. : il. Trabalho de concluso de curso (Bacharelado) Universidade Federal Fluminense, Instituto de Fsica, 2011. Bibliografia: f. 41-42.

    1. PTICA NO LINEAR. 2. PTICA QUNTICA. 3. CONVERSO PARAMTRICA I. Khoury, Antonio Zelaquett, Orientador. II.Universidade Federal Fluminense. Instituto de Fsica,Instituio responsvel. III.Ttulo. CDD 535.2

  • 4

    Aos meus pais, Rogrio e Rose, exemplos e pilares;

    aos meus familiares e amigos; e memria de meu grande av Lus Silveira.

  • 5

    Agradecimentos

    Neste espao quero deixar registrada minha gratido a todos que foram essenciais

    durante a minha caminhada neste tempo de graduao.

    Comeo dedicando meus agradecimentos ao professor Antonio Zelaquett, com

    quem muito aprendi e a quem eu devo a maior parte dos conhecimentos adquiridos na

    faculdade. Seu apoio, seus ensinamentos e, principalmente sua confiana depositada em

    mim me permitiram crescer como profissional e como pessoa. Muito obrigado pela sua

    orientao!

    Agradeo tambm ao professor Daniel Jonathan que me orientou em estudos

    tericos por um bom tempo e com quem adquiri muita base para a minha formao.

    Obrigado pela pacincia e pelas oportunidades. Em voc, agradeo tambm aos demais

    membros do grupo de ptica e Informao Quntica.

    Muito obrigado, tambm, a todos os professores do IF-UFF pelos exemplos e

    ensinamentos. Orgulho-me de poder dizer que estudei com pessoas realmente apaixonadas

    pelo que fazem, como vocs o so. Mesmo correndo risco de parecer injusto, sou obrigado

    a mencionar nomes de fundamental importncia: os professores Jorge S Martins, Jess

    Lubin Rios, Wanda da Conceio, Roberto Meigikos e Paulo Acioly. Mais do que

    mestres, eles se mostraram grandes amigos!

    A graduao no teria a menor graa sem a Iniciao Cientfica que desenvolvi. E

    nela conheci grandes pessoas: o Professor Carlos Eduardo (ainda tenho que me acostumar

    a cham-lo assim, ao invs de Cadu), a Professora Malena Osrio da UFRJ, o

    pesquisador francs Thierry Rouchon que muito me ajudou no domnio de tcnicas

    experimentais, e a aluna de doutorado Carolina Borges. A todos vocs, muito obrigado

    pela ajuda!

    Dizem que na faculdade a gente aprende as maiores lies da vida. E o pior que

    verdade. Mesmo sem perceber, a gente se deixa levar por um novo jeito de encarar o

    mundo e as pessoas. No meu caso o maior aprendizado, acho que foi ter entendido o

    sentido da definio: Amigos: a famlia que escolhemos. Jamais teria entendido, fora da

    UFF, o real sentido da amizade! a eles, meus amigos, que dedico estas ltimas linhas de

    agradecimento.

  • 6

    Em primeiro lugar, ao cara mais fantstico que a faculdade me apresentou: Antnio

    Duarte. Do primeiro ao ltimo dia de graduao, ele foi amigo, analista, professor, aluno

    (minha modstia haha)... Definitivamente, esse O CARA.

    Allan Vieira, companheiro de laboratrio, de casa, de pr-vestibular. Est a uma

    das maiores personalidades que a costa do sol revelou para o mundo! Com seu jeito

    inconfundvel e irreverente, e sempre camuflado sob o intrigante mistrio do golpe

    escondido, fazia at as provas de Eletro virarem motivos para dar risadas.

    Entre as caronas da Las, os e-mails URGENTES do JC (Jos Carlos) e as

    aplicaes macabras da Rogeriana, fui conhecendo e convivendo com pessoas incrveis

    como o Samir, Pedro, Alice e Beatriz. A todos esses e aos demais que no citei, sou

    imensamente grato pela amizade e pelo convvio que me proporcionaram.

    E, se amigos so a famlia que escolhemos, ento j sei quem o meu irmo:

    Rosembergue Jnior! Um homem de carter invejvel e grande capacidade de ajudar os

    outros. Sem dvida, esse o meu exemplo! Quando crescer, quero ser igual a ele!

    Brincadeiras parte, muito obrigado, Rosembergue, por tudo!

    Deixo aqui, registrado tambm, o meu agradecimento a todos os familiares e

    amigos de fora da UFF, que sempre me incentivaram e agiram de muita pacincia comigo

    quando a vida social foi ficando escassa durante a faculdade.

    Por fim, agradeo ao CNPq e a PROPPI UFF pelo apoio financeiro durante meu

    projeto de Iniciao Cientfica.

  • 7

    A f e a razo constituem como que as duas asas

    pelas quais o esprito humano se eleva para a contemplao da verdade.

    (Joo Paulo II)

  • 8

    Resumo

    Consideramos como meios pticos no lineares aqueles cuja resposta a um campo eltrico

    aplicado seja proporcional a potncias do campo maiores que um. Num caso mais

    especfico, cristais no lineares cujas polarizaes so proporcionais ao quadrado do

    campo incidente atuam como mediadores da interao entre ftons, dando origem a

    fenmenos como soma e subtrao de frequncias e gerao de segundo harmnico. Neste

    trabalho, desejamos estudar o comportamento dos graus de liberdade de polarizao e

    modo transversal do feixe de luz usado nesses processos. Estudamos os mtodos para

    gerao e manipulao desses graus de liberdade, sobretudo dos modos Laguerre-

    Gaussianos. Partiremos de conceitos pticos fundamentais como interferncia e difrao e

    os utilizaremos como ferramenta para o diagnstico dos feixes produzidos nos processos

    no lineares. Pretendemos, tambm, caracterizar os processos de estabilizao e o

    funcionamento de um oscilador paramtrico ptico (OPO), dispositivo de grande potencial

    na rea de ptica Quntica e cuja base de funcionamento o processo no linear

    conhecido como converso paramtrica descendente. Por fim, descrevemos um

    experimento para acoplar os graus de liberdade de polarizao e modo transversal em um

    feixe laser, sem perdas tericas de energia.

  • 9

    Abstract

    In this work, we are interested in the interplay between polarization and transverse mode of

    a light beam undergoing parametric amplification in a nonlinear crystal. First, we study the

    methods for generating and manipulating these variables, specially the Laguerre-Gaussian

    (LG) modes. We start with the fundamental concepts of optical interference and

    diffraction, and use them to characterize the beams produced by the nonlinear process. We

    describe an experiment to couple polarization and transverse mode in cavity free second

    harmonic generation. In the future, we intend to operate an optical parametric oscillator

    (OPO) with spin-orbit modes, and check the role played by mode entanglement on

    quantum noise reduction.

  • 10

    Sumrio

    1. Introduo ................................................................................................................. p. 09

    2. Processos pticos no lineares ................................................................................. p. 13

    2.1. Equaes e Maxwell em meios materiais .................................................... p. 13

    2.2. Propagao da luz em cristais ...................................................................... p. 14

    2.3. A converso paramtrica ............................................................................ p. 15

    2.4. Gerao de segundo harmnico ................................................................... p. 16

    3. Oscilador paramtrico ptico .................................................................................. p. 19

    3.1. Converso paramtrica em cavidade ........................................................... p. 19

    3.2. Montagem experimental .............................................................................. p. 20

    3.3. Processo de estabilizao do OPO ............................................................... p. 21

    4. Modos transversais ................................................................................................... p. 26

    4.1. Momento angular orbital da luz ................................................................... p. 26

    4.2. Modos transversais ...................................................................................... p. 27

    4.3. Computao quntica nas variveis orbitais ................................................ p. 29

    4.4. Interferometria com modos transversais ...................................................... p. 31

    5. Acoplamento spin-rbita ......................................................................................... p. 33

    5.1. Eficincia da gerao de modos LG ............................................................ p. 33

    5.2. Acoplamento spin-rbita ............................................................................. p. 34

    6. Concluses e perspectivas ........................................................................................ p. 37

    7. Bibliografia ............................................................................................................... p. 38

    p. 11

    p. 15

    p. 15

    p. 16

    p. 17

    p. 18

    p. 22

    p. 23

    p. 24

    p. 25

    p. 30

    p. 30

    p. 32

    p. 33

    p. 35

    p. 37

    p. 37

    p. 38

    p. 41

    p. 42

  • 11

    Captulo 1

    Introduo

    Motivamos este trabalho no estudo do acoplamento spin-rbita em sistemas

    pticos. Estudaremos principalmente processos pticos no lineares e, de forma mais

    fundamental, buscaremos caracterizar o grau de liberdade associado ao momento angular

    orbital da luz. Para comear a desenvolver tais discusses, razovel perguntar sobre o

    objeto principal de nosso estudo: a luz feita de qu? Ou melhor, qual a natureza fsica da

    luz? Essa pergunta exige uma resposta no trivial, sobretudo pela tentativa frustrada que

    muitos tm de explicar a natureza da luz a partir da analogia com alguma outra entidade

    fsica.

    Isaac Newton (1643 - 1727) escreveu em seu famoso livro Opticks que "raios de luz

    so corpos minsculos emitidos por substncias radiantes". Tal descrio previa que os

    fenmenos pticos fossem explicados por conta da composio da luz por corpsculos, que

    sob as leis da mecnica seriam responsveis por eventos como a propagao linear,

    reflexo e refrao de raios luminosos. E se alm disso, considerarmos que raios de

    diferentes cores so formados por corpsculos de diferentes massas, conseguimos prever

    com sucesso, inclusive, a decomposio da luz branca ao passar por um prisma, fenmeno

    explicado pela primeira vez pelo prprio Isaac Newton.

    Contemporneo a Newton, Christiaan Huygens (1629 - 1695) j defendia uma

    teoria diferente, na qual a luz seria uma onda em movimento, emitida por uma fonte em

    todas as direes. De sua teoria nasce o famoso princpio de Huygens, que diz que cada

    ponto de uma frente de onda se comporta como uma fonte luminosa que, portanto, emite

    luz em todas as direes. A propagao da luz, sua reflexo e refrao so frutos da

    interferncia dessas "ondas secundrias" geradas pela sua frente de onda e ajustadas de

    acordo com cada situao: reflexo por uma superfcie, refrao entre meios de diferentes

    densidades, etc. A teoria de Huygens ganhou fora justamente quando foi provado por

    Thomas Young (1773 - 1829) e seu famoso experimento da dupla fenda que, de fato,

    feixes luminosos tm propriedades de difrao e interferncia, prprias de fenmenos

    ondulatrios.

    Graas, principalmente, a James Clerck Mawell (1831 - 1879) hoje sabemos que a

    luz apenas uma de tantas formas de energia eletromagntica, usualmente descritas pelas

  • 12

    ondas eletromagnticas. No incio do sculo seguinte, novas construes tericas foram

    utilizadas para explicar os experimentos da radiao do corpo negro, por Planck, e do

    efeito fotoeltrico, por Einstein. Essas construes se basearam, principalmente, na

    hiptese de que a radiao interage com a matria de forma quantizada, isto , apenas

    alguns valores pr determinados de energia podem ser transferidos nessa interao. J na

    dcada de 1980, ganhou fora a teoria de quantizao da matria [18]. Essa teoria quntica

    da luz muda completamente a discusso sobre a sua natureza: ela no abandona a descrio

    ondulatria do fenmeno luminoso, mas sugere que a luz carregue energia de forma

    discretizada formada por ftons (partculas sem massa de repouso e com energia h).

    Voltando pergunta original, o que essa histria nos responde? A luz, afinal, feita

    de qu? melhor descrita pela teoria ondulatria ou corpuscular? A resposta para essa

    pergunta, alm de difcil, ainda tema de calorosas discusses no meio cientfico. Mas a

    melhor resposta que podemos dar hoje parece ser: "nem uma coisa nem outra!". Ou

    melhor, a luz uma entidade fsica que no pode ser comparada apenas com ondas, nem

    apenas com partculas. Em outras palavras, a luz de natureza dual: ora se comporta como

    onda, ora como partcula.

    Podemos utilizar a ideia do fton, por exemplo, como recurso fsico para a

    implementao de processamentos de informao quntica, ou seja, podemos usar os

    ftons como portadores dos q-bits (unidade bsica de informao quntica que

    desempenha papel anlogo aos bits da computao clssica) [14]. H muito j se sabe que

    o estado de polarizao dos ftons se encaixa bem nesse perfil de q-bits. Podemos

    imaginar um fton com polarizao linear: h dois nveis distinguveis para esse caso

    polarizao horizontal e vertical. Um estado de polarizao linear em uma direo

    arbitrria pode ser descrito como:

    cos( ) sin( )H V = +,

    que uma superposio dos estados de polarizao horizontal e vertical.

    Note que essa definio para o q-bit de polarizao d conta apenas dos estados de

    polarizao linear. Se quisermos levar em conta, tambm as polarizaes circulares e

    elpticas basta inserir uma fase relativa entre as componentes:

    (1.1)

  • 13

    cos( ) sin( )iH e V = +.

    Os estados de polarizao do fton ficam determinados por dois parmetros reais,

    e . Esses parmetros podem ser pensados como as coordenadas angulares usuais de um

    sistema esfrico de coordenadas, o que sugere que os estados de polarizao estejam

    dispostos espacialmente na superfcie de uma esfera unitria. Essa representao

    geomtrica conhecida como esfera de Poincar. Na esfera de Poincar, a linha do

    equador reservada s polarizaes lineares e os plos s polarizaes circulares. Todo o

    resto da superfcie , portanto, destinado s polarizaes elpticas.

    Na viso da computao quntica, podemos pensar em uma representao esfrica

    de q-bits. Essa representao anloga esfera de Poincar conhecida como esfera de

    Bloch e os estados de q-bits esto dispostos sobre ela, segundo a equao

    cos 0 sin 12 2

    ie = +

    ,

    onde o estado de um q-bit fica determinado pelos parmetros reais e . A representao

    da esfera de Bloch ilustrada na figura 1.1.

    Figura 1.1: Esfera de Bloch

    Neste trabalho mostraremos, tambm, que outro grau de liberdade pode ser

    associado ao fton e utilizado para a codificao e o processamento de informao: o modo

    transversal. Tomando a primeira ordem das famlias de modos transversais, podemos tratar

    esse grau de liberdade experimentalmente de forma anloga polarizao, o que ajuda a

    (1.2)

    (1.3)

  • 14

    determinar as operaes a serem feitas nesses q-bits, em termos das manipulaes j

    conhecidas para os q-bits de polarizao. Dessa forma, a utilizao de ftons como

    unidades bsicas de informao se torna bastante promissora para o progresso de

    implementao de protocolos de informao quntica.

  • 15

    Captulo 2

    Processos pticos no lineares

    2.1 Equaes de Maxwell em meios materiais

    As leis do eletromagnetismo clssico, para os campos eltrico e magntico , so descritas de forma completa pelas equaes de Maxwell, com sua forma diferencial bem

    conhecida em livros didticos:

    E , B 0,

    E B ,

    B J E ,

    onde e so, respectivamente, a permeabilidade e a permissividade do vcuo, a densidade de cargas e a densidade de correntes.

    Ao estudar o campo eletromagntico em um material, sujeito a efeitos de

    polarizao e magnetizao, mais usual [3] reescrever as equaes acima como funo

    explcita apenas das cargas e correntes livres e . Podemos dizer que as densidades totais de cargas e correntes so dadas por

    , ,

    onde o ndice b indica as cargas e correntes ligadas e a densidade de correntes produzidas pelo efeito de polarizao do material, por conta da incidncia de um campo

    externo. Essas novas grandezas so definidas, em funo da polarizao P e da magnetizao M, por

    (2.1)

    (2.2)

  • 16

    P, M,

    #$#% .

    Podemos, ento, reescrever as equaes 2.2, da seguinte forma:

    P, M #$#% .

    Substituindo as expresses para densidades de cargas e correntes e utilizando as

    definies usuais para o deslocamento de cargas D e para o campo auxiliar H,

    ( ), * + ,,

    as equaes de Maxwell assumem a forma

    D , B 0,

    E B ,

    H J- D .

    2.2 Propagao da luz em cristais

    A resposta de um meio aplicao de um campo externo dada pela polarizao

    do material que, em geral, escrita como uma srie de potncias

    ( )(2) (3)0 ...P E EE EEE = + + +

    .

    (2.3)

    (2.4)

    (2.5)

    (2.6)

    (2.7)

  • 17

    Podemos separar essa expanso em um termo linear e outro no linear. No regime

    de baixa potncia do campo incidente, o termo linear da polarizao se apresenta como

    dominante

    0LP E =

    .

    J, para o regime de altas intensidades, preciso levar em conta os efeitos de no-

    linearidade da polarizao, descritos por

    ( )(2) (3)0 ...NLP EE EEE = + +

    ,

    onde o primeiro termo do lado direito d conta dos fenmenos pticos no-lineares de

    segunda ordem, dos quais destacamos a soma e subtrao de frequncias e a gerao de

    segundo harmnico. Note que (n) so tensores que do conta dos efeitos de anisotropia dos

    cristais. Se o meio for isotrpico, tais tensores se transformam em escalares [1].

    2.3 A converso paramtrica

    No processo conhecido como converso paramtrica, um cristal no linear atua

    como mediador na interao de ftons de diferentes frequncias, em que a converso em

    comprimentos de onda afetada pelas polarizaes dos feixes envolvidos no processo.

    O primeiro caso que vamos considerar o esquematizado na figura 2.1, chamado

    de converso paramtrica descendente (CDP). Lanamos sobre o cristal, um feixe com

    frequncia 0 - chamado feixe de bombeamento - e um feixe de referncia de frequncia

    1. Ao fazermos medidas nas intensidades que so emitidas pelo cristal, nos deparamos

    com trs frequncias: 0, 1 e uma nova frequncia 2, tal que

    0 1 2 = + .

    Em geral, a intensidade do feixe 1 aumentada ao passar pelo cristal, o que sugere

    que parte da energia carregada por 0 foi convertida em duas novas radiaes, de

    frequncias 1 e 2, menores que a frequncia de bombeamento.

    (2.10)

    (2.8)

    (2.9)

  • 18

    Figura 2. 1: Esquema de converso paramtrica descendente de tipo I (a) e II (b), em que parte da

    intensidade do feixe de bombeamento convertida em feixes com frequncias menores.

    Alm da energia, a converso deve tambm conservar o momento linear, o que

    implica em

    0 1 2 k k k= +

    .

    Na CPD de tipo I, os feixes convertidos so polarizados linearmente e ambos em

    uma direo ortogonal ao feixe de bombeamento. J no tipo II, os feixes convertidos tm

    polarizaes ortogonais entre si.

    2.4 Gerao de segundo harmnico

    Outro processo de converso paramtrica pode ser concebido no sentido inverso

    da CPD, isto , lanamos os feixes de frequncia 1 e 2 e vemos, como convertido, um

    feixe de frequncia 0. Note que neste caso no h repartio da energia que entra no

    cristal, mas a soma das energias de bombeamento que d origem a um feixe de energia

    maior, sendo mantidas as relaes de conservao de energia (2.10) e (2.11).

    Se os feixes de entrada tiverem a mesma frequncia, no difcil perceber que o

    feixe de sada ter uma frequncia duas vezes maior, conforme esquema da figura 2.2. Este

    processo conhecido como gerao de segundo harmnico (SHG, do ingls second

    harmic generation).

    (2.11)

  • 19

    Figura 2.2: Esquema de gerao de segundo harmnico dos tipos I(a) e II(b).

    A SHG foi implementada no laboratrio de ptica Quntica do IF-UFF durante a

    graduao do autor, seguindo o esquema ilustrado na figura 2.3. Nesse experimento,

    usamos um cristal KTP no-linear de tipo II1. Utilizamos apenas um feixe laser de 1064nm

    de comprimento de onda, polarizado a 45, o que equivale a dois feixes de mesma

    intensidade com polarizaes horizontal e vertical. Basta notar que um campo orientado a

    45 pode ser pensado como a soma de dois outros campos ortogonais sobre os eixos do

    plano perpendicular direo de propagao.

    Figura 2.3 Montagem experimental para a gerao de segundo harmnico.

    1 Na SHG a relao entre as polarizaes dos feixes envolvidos a mesma que na CPD. Neste caso, o tipo II indica que os feixes de entrada devem ter polarizaes ortogonais, e a polarizao do feixe de sada ser paralela a uma das duas direes do bombeamento, dependendo da orientao do cristal.

  • 20

    O feixe de luz passa inicialmente por um conjunto lmina de meia-onda com

    orientao livre mais PBS (Polarizing beam splitter) com o intuito de controlar a

    intensidade total do feixe de entrada no experimento, j que o PBS permitir apenas a

    transmisso da componente horizontal da polarizao do feixe inicial e a mudana na

    orientao da lmina de meia-onda faz, na prtica, variar a intensidade dessa componente.

    Em seguida, uma nova lmina de meia-onda orientada a 22,5 colocada no

    caminho do feixe para girar sua polarizao para 452.

    Figura 2.4: Montagem experimental para a gerao do segundo harmnico. Acima mostrada a foto do

    feixe convertido, projetado sobre um anteparo, visto a olho nu.

    Dois outros espelhos ajudam a alinhar o feixe antes que ele seja direcionado para a

    converso e uma lente focaliza-o sobre a superfcie de incidncia do cristal. Essa

    focalizao de extrema importncia. Com a focalizao, concentramos a energia

    carregada pela luz em uma regio menor do cristal o que aumenta a eficincia do processo,

    alm de garantir que no perderemos energia por conta do spot de luz ser maior que a

    superfcie de incidncia do cristal.

    2 O ngulo de orientao da lmina metade do ngulo fsico de rotao da polarizao.

  • 21

    Aps a passagem pelo cristal, inserimos um filtro de infravermelho, a fim de

    fazer chegar no anteparo, apenas o feixe convertido. Tiramos uma fotografia do anteparo,

    com o spot de luz verde, convertida no processo de SHG (figura 2.4).

  • 22

    Captulo 3

    Oscilador Paramtrico ptico

    No captulo anterior, falamos da existncia de um efeito da ptica no linear

    caracterizado pela converso de frequncias de feixes luminosos. Esse processo, a

    converso paramtrica, est na base de funcionamento do oscilador paramtrico ptico

    (OPO), que formado por uma cavidade ptica, contendo um cristal no linear. Por

    ocorrer dentro da cavidade, a converso paramtrica tem sua eficincia aumentada,

    transformando o OPO em uma fonte intensa de feixes convertidos na CPD. Este

    dispositivo tem despertado grande interesse entre os fsicos, principalmente por sua

    aplicabilidade ao processamento de Informao Quntica.

    Vamos, nesse captulo, apresentar de forma bastante simples o funcionamento do

    OPO e sua montagem experimental, tal como implementada no LOQ-UFF (Figura 3.1),

    alm do processo de estabilizao.

    Figura 3.1: Fotografia da montagem do OPO no Laboratrio de ptica Quntica do IF-UFF.

  • 23

    3.1 Converso paramtrica em cavidade

    Como j discutido no captulo anterior, cristais no lineares funcionam como

    mediadores na interao entre feixes de diferentes frequncias, podendo haver a converso

    dessas frequncias. Se fizermos incidir sobre o cristal apenas um feixe de frequncia /, teremos a converso de parte da energia carregada pelo feixe, dando origem a outras

    frequncias que, assumindo o casamento de fase (2.10) e (2.11) sero emitidas num cone

    de luz, tal que, para uma seo reta do feixe, h diferentes frequncias, para diferentes

    valores da componente radial do vetor de onda, conforme mostra a figura 3.2. Esse

    processo conhecido como CPD espontnea e pode ser descrito pela teoria de

    perturbaes da mecnica quntica. Utilizando a interpretao quntica da luz, podemos

    imaginar uma emisso cnica de ftons, de tal forma que ftons diametralmente opostos,

    pertencentes a cones complementares pelo casamento de fase, esto fortemente

    correlacionados (emaranhados) e, por isso, so chamados de ftons gmeos.

    Figura 3.2: Esquema da converso paramtrica descendente (CPD) espontnea. Fonte: ref. [8].

    Quando esse cristal posto dentro de uma cavidade ptica, o processo

    constantemente realimentado de forma que as condies de contorno impostas pela

    cavidade ptica priorizam a intensificao de uma frequncia especfica. Os ftons

    convertidos com essa frequncia ficam aprisionados na cavidade, dando origem a feixes

    convertidos intensos, uma vez atingida a condio de ressonncia.

    No Laboratrio de ptica Quntica do IF-UFF, trabalha-se com um OPO do tipo II,

    isto , parte do feixe de bombeamento / converte-se em dois feixes com polarizaes ortogonais, chamados de sinal /0 e complementar /1 (figura 3.3). A condio de ressonncia para a emisso de luz em uma cavidade desse tipo que a distncia L entre os

    espelhos seja prxima a mltiplos inteiros dos comprimentos de onda que oscilam na

    cavidade.

  • 24

    Figura 3.3: Esquema do funcionamento de um OPO, como fonte intensa de

    feixes convertidos (sinal e complementar). Fonte: ref. [8].

    3.2 Montagem experimental

    O experimento consiste em direcionar luz de 532nm de comprimento de onda para

    a cavidade do OPO, que converter parte dessa energia em dois outros feixes de 1064nm

    com polarizaes ortogonais. O esquema da montagem experimental mostrado na figura

    3.4. O feixe de 532nm sai do laser e colimado por um conjunto de lentes. Passa por uma

    lente que focaliza o feixe no cristal e entra na cavidade semi-monoltica, em que um dos

    espelhos a face de entrada do cristal. Aqui importante perceber que a entrada na

    cavidade atravs de um espelho semi-refletor, ou seja, uma parte da luz incidente

    refletida e a chamaremos de luz rejeitada pelo OPO. Esse feixe rejeitado medido no

    DET-2 e de grande importncia para o processo de estabilizao, como ser mostrado

    mais frente.

    Figura 3.4: Esquema do experimento do OPO tipo II, montado no Laboratrio

    de ptica Quntica do IF-UFF.

  • 25

    A transmisso de luz verde (532nm) pela cavidade medida pelo DET-1: o feixe

    verde que sai do OPO encontra um filtro que o reflete e, ento, chega ao detector. O

    infravermelho convertido passa por um divisor de feixes polarizador, a fim de separar o

    sinal do complementar.

    claro que queremos um OPO que seja ressonante, isto , que atinja a condio de

    ressonncia para que a luz possa ser emitida. Com essa finalidade, usamos dispositivos

    eletrnicos para dar graus de liberdade que possibilitem variar o comprimento da cavidade

    em ordens de grandeza distintas: alm de um ajuste milimtrico no prprio espelho,

    colocamos um parafuso micromtrico na base de sustentao do mesmo, proporcionando

    variaes um pouco menores no alinhamento; inserimos no espelho, tambm, um PZT

    (cermica piezoeltrica) que faz variaes da ordem de nanmetros; e, por fim, um ajuste

    ainda mais fino conseguido a partir de um controlador de temperatura.

    3.3 Processo de estabilizao do OPO

    O experimento no IF-UFF prev uma montagem que permita medidas de

    correlaes entre os feixes que saem do OPO. Para isso h necessidade de que o OPO

    emita o sinal e o complementar de maneira intensa e aproximadamente contnua, e isso s

    ser conseguido com todo o processo de estabilizao concludo. Por isso, demos, agora,

    especial ateno ao processo de estabilizao do OPO. Esse processo composto dos

    seguintes passos: alinhamento do OPO, estabilizao eletrnica da cavidade e estabilizao

    trmica.

    Alinhamento do OPO:

    Nessa primeira parte, utilizamos um gerador de funes devidamente programado

    para variar a diferena de potencial no tempo, de acordo com uma funo do tipo rampa,

    fazendo variar periodicamente o volume do PZT fixado ao espelho. Um detector que capta

    a intensidade do feixe de 532nm que est sendo transmitido pela cavidade (DET 1)

    ligado ao osciloscpio, conforme a Figura 3.5. Olhando para o osciloscpio, percebemos

    que a transmisso de luz verde tem um perfil peridico e, de fato, a cavidade estar

    realmente alinhada quando os picos de ressonncia observados chamados de picos de

    Airy estiverem maximizados.

  • 26

    Figura 3.5: Montagem para a visualizao dos picos de Airy e alinhamento do OPO.

    Esse perfil peridico aparece devido variao de tenso no PZT que faz variar o

    comprimento da cavidade, passando assim por algumas condies de ressonncia. Se

    houver algum erro de alinhamento, poder haver vrios modos espaciais em ressonncia na

    cavidade, gerando picos de ressonncia secundrios no osciloscpio. Desejamos eliminar

    essa ressonncia secundria o que significa otimizar o alinhamento da cavidade. Para isso,

    inserimos dois espelhos entre o colimador e o OPO, formando um periscpio. Ajustando,

    ento, os graus de liberdade desses dois espelhos at que os picos secundrios tenham

    sumido, temos o OPO alinhado.

    Figura 3.6: Montagem para a obteno do sinal de erro.

    Estabilizao da cavidade:

    Agora ser crucial contar com o sinal de erro, sinal eletrnico obtido com a

    utilizao de um conjunto de dispositivos eletrnicos como o da Figura 3.6. Variando o

    ganho do PID (responsvel pela variao da amplitude do sinal de erro) buscamos o sinal

  • 27

    mais adequado para possibilitar a estabilizao e, uma vez obtido um bom sinal de erro,

    desligamos o gerador de funes que varia a tenso no PZT.

    Na figura 3.7 mostramos a tela do osciloscpio com os picos de Airy aps o

    alinhamento (canal 1) e o perfil de um bom sinal de erro, obtido com a ajuda do feixe

    rejeitado pela cavidade (canal 2).

    Figura 3.7: Tela do osciloscpio fornecendo os picos de Airy

    e o sinal de erro, para a cavidade j alinhada.

    Variamos manualmente a tenso no PZT at encontrar no osciloscpio um mximo

    de ressonncia e, ento ligamos o PID para acionar o sistema eletrnico de estabilizao

    que ir fixar o comprimento da cavidade prximo ao valor ideal. Quando isso acontece,

    vemos que a cavidade transmite luz verde a uma intensidade constante, ou seja, ela se

    tornou uma fonte contnua de luz intensa.

    Alinhamento e Estabilizao para o infravermelho:

    Note que at aqui o processo de estabilizao da cavidade s levou em conta o feixe

    de luz verde (feixe de bombeamento e sinal de erro), nada foi feito sobre a estabilizao do

    infravermelho gerado no OPO. O grande objetivo dessa etapa justamente conseguir fazer

    com que o OPO se torne uma fonte de luz contnua e intensa para o infravermelho. Na

    realidade, estabilizar a cavidade para o verde implica (ou pelo menos, quase) na

    estabilizao da mesma para o infravermelho, pois se na observao dos picos de Airy,

    observarmos tambm o sinal captado por um detector de infravermelho colocado depois do

    OPO, veremos que no mesmo instante em que a cavidade passa por uma condio de

    ressonncia para o verde, bem prximo dali (dentro ainda do pico de verde) aparecem

  • 28

    picos no infravermelho, acusando que para ele, tambm foi atingida a condio de

    ressonncia, conforme mostra a tela do osciloscpio da figura 3.8; e com um detalhe

    adicional: em geral, aprecem vrios picos de infravermelho dentro de um nico pico de

    verde.

    Figura 3.8: Tela do osciloscpio fornecendo um dos picos de Airy (canal 1)

    e os picos de ressonncia para o infravermelho referentes a essa ressonncia do verde. (canal 2).

    Portanto, aps a estabilizao da cavidade observando apenas a intensidade do feixe

    verde transmitido, podemos repetir o mesmo processo s que agora com o detector de

    infravermelho ligado ao osciloscpio. Na maioria das vezes, ao terminarmos a

    estabilizao da cavidade (olhando para o verde), atentamos para o sinal de intensidade dos

    feixes de infravermelho (sinal e complementar, separados por um divisor de feixe

    polarizado PBS mostrados em canais diferentes do osciloscpio) e percebemos que

    praticamente no h transmisso para esse comprimento de onda. Isso acontece porque,

    mesmo que muito pequena, ainda existe uma diferena entre o ponto de ressonncia do

    verde e do infravermelho. Os picos de ressonncia para o infravermelho so muito mais

    finos que os picos de verde, o que indica que necessria uma preciso muito maior para

    tal comprimento de onda. Como a cavidade j est estabilizada e queremos ajustar uma

    diferena de tamanho que realmente minscula quando comparada variao de

    comprimento causada pelas variaes de tenso do PZT, recorremos a um grau de

    liberdade bem mais refinado: a temperatura. Com a ajuda de um Peltier podemos ajustar a

    estabilizao de temperatura da cavidade, o que causa uma variao pequena no

    comprimento da mesma. Variamos a temperatura at que a intensidade dos feixes sinal e

    complementar assumam um valor constante diferente de zero, e o OPO funcione como

  • 29

    fonte intensa de dois feixes de infravermelho. Essa situao representada na figura 3.9,

    em que as intensidades do verde e do infravermelho transmitidos pela cavidade so

    aproximadamente constantes.

    Figura 3.9: Tela do osciloscpio fornecendo as intensidades aproximadamente constantes no tempo para o verde (canal 1) e para o infravermelho (canal 2).

  • 30

    Captulo 4

    Modos transversais

    bem sabido entre os fsicos que a luz carrega energia e momento linear. Tambm

    de conhecimento de todos que um feixe de luz possui momento angular intrnseco,

    associado ao spin dos ftons que o formam. Agora, no entanto, vamos considerar que o

    momento angular total de um feixe seja escrito como

    2 3 4 567 3 897 : 48567 ,

    onde o primeiro termo do lado direito, independente da coordenada de posio, o

    momento angular intrnseco e o segundo termo d conta de um momento angular orbital

    (MAO) [9].

    Nesta seo vamos discutir o sentido fsico desse momento angular orbital e ver

    como descrever esses feixes, em funo dos modos transversais Hermite-Gaussianos e

    Laguerre-Gaussianos.

    4.1 Momento angular orbital da luz

    Bem sabemos que um feixe de luz formado de ftons, cada um com energia ;/ e momento linear ;

  • 31

    Esses feixes com MAO j so largamente utilizados em sistemas como pinas

    pticas, por permitir a aplicao de torque matria, ao interagir com ela.

    Figura 4.1: Em (a) um feixe de onda plana, com o vetor de onda paralelo direo de propagao.

    Em (b) um feixe com frente de onda helicoidal, em que o vetor de onda gira em torno da direo de propagao. Fonte: ref. [13].

    Os feixes de lasers com frente de onda plana, em geral, so caracterizados em

    termos dos modos Hermite-Gaussianos [7]. Esses modos tm simetria retangular e so

    descritos por dois ndices m e n, que do, respectivamente, os nmeros de ns nos eixos x e

    y; so representados pela notao HGmn. Por outro lado, os feixes com frente de onda

    helicoidal so mais bem descritos pelos modos Laguerre-Gaussianos, denotados por LGlp,

    onde l representa o nmero de hlices entrelaadas e p o nmero de ns na direo radial.

    A figura 4.2 apresenta exemplos desses modos transversais.

    Figura 4.2: Exemplos de modos HG e LG.

  • 32

    4.2 Modos transversais

    Os modos HG e LG surgem como solues para a equao paraxial

    BCDB

    BCEB 2ik

    CI 0,

    onde representa o perfil transversal de um feixe laser que se propaga ao longo da direo z com divergncia lenta. Em [12], essa equao resolvida para o caso do feixe gaussiano.

    Neste trabalho vamos destacar duas famlias de solues para a equao paraxial.

    Resolvendo a 4.1 em coordenadas retangulares encontramos a expresso

    K,MN7O PQRSN>O *T U2W

    SN>OX *? U2Y

    SN>OX Z[\^_`NaO[8bc

    \^_BdNaO[

    R^Q^eB fKge

    aadh,

    na qual *T e *? so os chamados polinmios de Hermite. Essas solues descrevem os j apresentados modos Hermite-Gaussianos (HG). A ordem dos modos dada por N n m. Usando, agora, coordenadas cilndricas, surge a expresso para os modos Laguerre-

    Gaussianos (LG):

    lm N7O Aop

    SN>O qrsSN>Ot

    |A|Llm U srSN>OX Z

    [ w`NaO[8bxw

    BdNaOyNsy|A|y+O fKgea

    adyAzh.

    A ordem dos modos LG dada por N 2p |l|, onde p o ndice que d conta do nmero de anis que aparecem na distribuio de intensidade e l o ndice azimutal, tambm

    chamado de helicidade ou carga topolgica.

    O modo fundamental

    Se fizermos } ~ 0 na equao 4.2 e 0 na 4.3, encontraremos o chamado modo fundamental, descrito pela equao

    N, , O UsX+ s +

    NIO Z[\^_`NaO[8bc>yfKge

    aadyc

    \^_BdNaOh,

    (4.3)

    (4.4)

    (4.5)

    (4.2)

  • 33

    onde o raio de curvatura dado por

    RNzO U1 >dB>X e a largura do feixe escrita como

    NO s U1 >>dBX+ s

    ,

    tal que o parmetro chamado de cintura do feixe e sua determinao de crucial importncia para os clculos de uma boa colimao do feixe laser a ser usado nos

    experimentos. Neste trabalho, utilizamos o mesmo mtodo utilizado em [8], conhecido

    como mtodo da faca para determinar .

    4.3 Computao quntica nas variveis orbitais

    Analisemos agora apenas os modos HG e LG de primeira ordem. interessante

    notar que esses modos se comportam de forma anloga, respectivamente, aos estados de

    polarizao linear e circular. Da mesma forma que a polarizao circular, os modos LG

    podem ser escritos como superposio de modos HG, conforme mostra a figura 4.3.

    Figura 4.3: Assim como os estados de polarizao linear, os modos HG de primeira ordem formam uma base de estados para a computao quntica.

    Podemos pensar os modos HG de primeira ordem como uma base para codificar e

    processar informao. Assim como no caso da polarizao, poderamos associar o estado

    |0 ao modo HG10 e o estado |1 ao modo HG01 e qualquer q-bit de modo transversal dado por

    | cosN 2 O|0 Z sinN 2 O |1,

    (4.6)

    (4.7)

    (4.8)

  • 34

    que a expresso para um q-bit disposto sobre a esfera de Bloch (figura 1.1) e a coordenada angular nessa representao (dobro do ngulo fsico).

    Vamos destacar aqui duas manipulaes imediatas que podem ser feitas com os

    modos de primeira ordem: a rotao dos modos HG e a converso de modos.

    Na primeira, utilizamos um elemento conhecido como prisma de Dove que, por

    reflexes internas, permite girar a orientao de um modo HG de acordo com a inclinao

    do prisma. Note que essa operao equivalente realizada por uma lmina de meia onda

    em um estado de polarizao.

    Figura 4.4: Esquema ilustrativo do funcionamento

    de um prisma de Dove.

    J o conversor de modos [17] realiza, nos modos de primeira ordem, uma

    transformao semelhante de uma lmina de quarto de onda na polarizao: ele

    transforma os modos HG em LG, e vice-versa. A forma de construo desses conversores

    variada, com inmeros exemplos na literatura, como o conversor de lentes cilndricas [13]

    e o de lente nica [8].

    Figura 4.5: Esquema do funcionamento de um conversor de modos de lentes

    cilndricas, com duas lentes (a) e o de lente nica (b). Fonte: ref. [8].

  • 35

    Os conversores funcionam baseados na defasagem imposta s componentes do

    modo HG ao passar pela lente cilndrica. Chamamos de conversor aquele que impe uma defasagem . Os parmetros fsicos a serem controlados para regular essa defasagem so a distncia focal da lente e a distncia entre as lentes (no caso do conversor de lente

    nica, a distncia da lente ao espelho plano posto em z=0).

    4.4 Interferometria com modos transversais

    A interferometria se torna um meio til de avaliar e detectar o modo com o qual se

    est operando. Demos sequncia, neste trabalho, a um estudo dos perfis de interferncia

    entre diferentes modos. importante conhecer esses padres para que ganhemos uma

    forma eficaz de identificar a presena de um modo no gaussiano em um feixe, em especial

    naqueles convertidos nos processos no lineares. Vamos identificar os padres de

    interferncia de um modo LG com um feixe gaussiano. Para isso, construmos um

    interfermetro de Mach-Zehnder, conforme ilustrado na figura 4.6.

    Figura 4.6: Interfermetro de Mach-Zehnder com um dos

    braos produzindo modos LG.

    Usamos como fonte um laser de 532nm. O feixe de luz passa por um conjunto de

    lmina de meia onda e PBS para fazermos o controle da intensidade e depois, a sua parte

    com polarizao horizontal, entra no interfermetro. A porta de entrada um BS (beam

    splitter), que transmite metade da intensidade incidente e reflete a outra metade em uma

  • 36

    direo ortogonal. A parte que segue pelo brao A do interfermetro passa pela rede de

    difrao produzindo diversas ordens do modo LG, das quais uma ser selecionada pela ris

    posicionada logo a seguir. Note que a utilizao da mscara de difrao implica em perda

    de intensidade luminosa, j que vamos selecionar apenas uma ordem. Isso pode

    comprometer o padro de interferncia, pois o feixe gaussiano teria uma intensidade muito

    maior que o feixe de modo LG. Por isso, colocamos um atenuador (espelho semi-refletor)

    no brao B do interfermetro, o que nos permite controlar a diferena de intensidades entre

    os braos do interfermetro. Por fim, ao se juntarem no segundo BS, os feixes interferem e

    o padro de interferncia captado por uma cmera CCD.

    A figura 4.7 mostra os resultados obtidos para duas ordens de modos LG.

    possvel notar que a presena do modo LG faz surgir bifurcaes no padro de

    interferncia e que o nmero de bifurcaes d a ordem do modo LG em questo. Esses

    resultados so importantes porque a partir deles podemos usar o interfermetro como

    aparato de medida de modos LG.

    Figura 4.7: Padres de interferncia de um modo gaussiano

    com um modo LG de primeira ordem (a) e de segunda ordem (b).

  • 37

    Captulo 5

    Acoplamento spin-rbita

    5.1 Eficincia da gerao de modos LG

    Em geral, um feixe laser tem frente de onda aproximadamente plana e um perfil

    gaussiano de intensidades. Para gerar os modos LG com esse feixe precisamos recorrer a

    transformaes fsicas capazes de produzir singularidades de fase. Essas transformaes

    so possveis utilizando, principalmente, as mscaras de difrao como a mostrada na

    figura 5.1. O uso das mscaras especialmente indicado pela facilidade de trabalhar com

    elas. Basta fazer o feixe incidir sobre a bifurcao da mscara e posteriormente selecionar

    o modo desejado, usando uma ris, como j foi feito na seo 4.4.

    Figura 5.1: Para a produo dos modos LG, usamos mscaras de difrao,

    como a mostrada acima, de forma que as ordens de difrao coincidem com as ordens do modo LG.

    claro que, por conta da conservao da energia do feixe incidente sobre a

    mscara, ao selecionarmos um modo LG estaremos pegando apenas uma frao da

    intensidade do feixe laser, ou seja, esse processo gera uma grande perda de energia. H de

    se levar em conta que a ordem de difrao mais intensa justamente a ordem 0 (central),

    que, como visto na figura 5.1 ainda um modo gaussiano [6]. Isso faz perceber que a

    maior parte da intensidade no transformada em feixes com modos LG.

    Na tese [8] mostrado o processo de gravao de dois tipos de mscaras: as de

    amplitude e as de fase. As mscaras de amplitude so gravaes de franjas escuras

    permitindo a passagem da luz em apenas algumas regies, como um filme fotogrfico [15].

    Essas mscaras tm uma eficincia muito baixa: apenas cerca de 5% da intensidade inicial

  • 38

    aproveitada nos modos LG de primeira ordem. Alm disso, elas no apresentam bons

    resultados para feixes muitos intensos.

    J as mscaras de fase so gravadas em forma de relevo sobre uma pelcula

    transparente, de modo que a refrao dos feixes e a espessura varivel da placa do origem

    singularidade de fase (modos LG) no feixe incidente. Essas mscaras suportam feixes

    mais intensos e tem uma eficincia prxima a 20%.

    Figura 5.2: Mscaras de amplitude (eficincia de 5%) e

    mscaras de fase (eficincia de 20%).

    Essa perda de intensidade muito ruim para alguns experimentos, em especial,

    envolvendo a converso paramtrica onde a energia de bombeamento essencialmente

    importante. Por isso, mostraremos na prxima seo uma maneira de gerar um feixe que

    acople polarizao e modos LG, sem ter que passar por mscaras de difrao e,

    teoricamente, sem perdas de energia.

    5.2 Acoplamento spin-rbita

    Utilizamos como inspirao as propostas de [16], para aproximar um modo HG de

    primeira ordem por dois spots de modos gaussianos defasados de . O esquema geral do experimento mostrado na figura 5.3. O feixe gaussiano do laser entra, atravs de um

    PBS, em um interfermetro de Mach-Zehnder. Um dos braos do interfermetro tem um

    espelho sob um estgio de translao micromtrico e o outro ligado a um PZT, que gera

    variaes mais finas, da ordem de nanmetros. Na sada, colocamos outro PBS, mas de

    forma que os feixes no se juntem, cheguem lado a lado3, se propagando em direes

    paralelas.

    3 Pelas propriedades de transmisso e reflexo de um PBS, fcil perceber que, nesse caso, s h uma porta possvel de sada para o interfermetro, no havendo, assim, perdas de energia pela passagem nos dois PBSs utilizados.

  • 39

    Figura 5.3: Experimento do acoplamento spin-rbita, para a gerao

    do feixe acoplado sem o uso de mscaras de difrao.

    Os dois spots gaussianos que saem do interfermetro tm polarizaes ortogonais.

    Fazemos esse feixe passar por uma lmina de meia onda orientada a 22,5. Os spots

    passam a ter polarizaes 45.

    Em seguida, construdo um interfermetro de Michelson. A entrada, pelo PBS,

    vai dividir o feixe em duas partes iguais, sendo em cada brao, dois spots com a mesma

    polarizao. Se a diferena de fase for exatamente igual a , ento temos em cada brao um modo HG10, sendo cada brao com uma polarizao ortogonal ao outro. Note que a

    diferena de caminho no primeiro interfermetro fundamental para que essa descrio

    funcione, por isso colocamos graus de liberdade nos espelhos do Mach-Zehnder: em um,

    foi posto um parafuso micromtrico, responsvel por controlar a separao entre os spots

    gaussianos; e no outro espelho colocamos um PZT para controlar a fase relativa entre os

    spots.

    Colocamos em cada brao uma lmina de quarto de onda que, aps as duas

    passagens ser responsvel por girar a polarizao em 90 a fim de fazer os feixes sarem

    pela porta ortogonal que entraram.

    Em cada brao do interfermetro de Michelson implementamos um conversor de

    lente nica, tal qual mostrado da seo 4.3. Com isso, os modos HG sero transformados

    L A S E R

  • 40

    em LG. Portanto, na sada do Michelson teremos um feixe que superpe modos LG de

    primeira ordem com polarizaes ortogonais.

    interessante notar justamente que a polarizao est diretamente associada ao

    spin dos ftons que compem o feixe e o MAO, descrito pelo modo LG, d conta do

    momento orbital desses ftons [11]. O feixe produzido nesse experimento acopla, ento,

    momento angular intrnseco (spin) e orbital, e pode ser usado em processos no lineares,

    principalmente com a proposta de fazer aritmtica de momento angular com vrtices

    pticos [18].

  • 41

    Captulo 6

    Concluses e perspectivas

    Este trabalho reproduz boa parte dos estudos realizados como projeto de Iniciao

    Cientfica no Laboratrio de ptica Quntica do IF-UFF. Trabalhamos inicialmente com a

    caracterizao terica e implementao experimental de processos pticos no lineares,

    como a converso paramtrica descendente e a gerao de segundo harmnico. Esse estudo

    permitiu um melhor entendimento do oscilador paramtrico ptico (OPO), nosso passo

    seguinte do trabalho. Buscamos dominar o processo de estabilizao do OPO, bem como

    os parmetros de alinhamento e ajustes eletrnicos e trmicos. Essas etapas nos deixaram

    aptos a trabalhar no futuro com medidas de correlaes e outros estudos acerca do OPO,

    problemas a serem abordados na ps-graduao.

    Foi feito tambm um estudo sobre modos transversais e sua ligao com momento

    angular orbital (MAO) da luz. Dominar as variveis orbitais de um feixe tem se mostrado

    um caminho promissor tanto para estudos fundamentais de ptica quntica, quanto para a

    implementao de portas e algoritmos qunticos usando q-bits fotnicos. Do ponto de vista

    experimental, este trabalho tratou principalmente da gerao e deteco desses modos,

    usando sistematicamente interfermetros do tipo Michelson e Mach-Zehnder. Agora

    estamos aptos a investir na construo de dispositivos de computao quntica, usando

    principalmente trs graus de liberdade como q-bits: polarizao, modo transversal e

    direo de propagao.

    Por fim, elaboramos uma proposta experimental para estudar o acoplamento das

    variveis de spin e momento angular orbital na gerao de segundo harmnico.

    A implementao dessa proposta, bem como a investigao do acoplamento spin-

    rbita da luz no OPO, far parte do projeto de ps-graduao a ser desenvolvido no

    Laboratrio de ptica Quntica do IF-UFF.

  • 42

    Bibliografia

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    computao e informao quntica, tese de Doutorado, Instituto de Fsica UFF (2010).

    [9] Jos Augusto O. Huguenin, Correlaes espaciais e temporais na amplificao e

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