direito da segurança social, prof. doutor rui teixeira santos (grh, isg, lisboa 2017)

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PROFESSOR DOUTOR RUI TEIXEIRA SANTOS DIREITO DA SEGURANÇA SOCIAL GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS (1º CICLO) 2º ANO INSTITUTO SUPERIOR DE GESTÃO LISBOA 2016/2017 DIREITO DA SEGURANÇA SOCIAL

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  1. 1. P R O F E S S O R D O U T O R R U I T E I X E I R A S A N T O S D I R E I T O D A S E G U R A N A S O C I A L G E S T O D E R E C U R S O S H U M A N O S ( 1 C I C L O ) 2 A N O I N S T I T U T O S U P E R I O R D E G E S T O L I S B O A 2 0 1 6 / 2 0 1 7 DIREITO DA SEGURANA SOCIAL
  2. 2. Programa O direito da Segurana Social 1. O reconhecimento e a consagrao do direito Segurana Social. As funes sociais do Estado e a reforma do Estado Social de Providncia. O Estado Garante e o Estado Isonmico. 2. O direito segurana social na constituio portuguesa - um compromisso de concepes 3. Direito segurana social versus democracia 4. Direito segurana social versus solidariedade 4.1. Uma responsabilidade de todos 4.2. Uma responsabilidade do estado 5. Direito a um mnimo de proteco social versus princpio da dignidade da pessoa humana
  3. 3. Programa 6. Um direito a prestaes 6.1. Colocao do problema 6.2. A natureza do direito (a prestaes) 6.3. A vinculao do estado (mxime do legislador) 6.4. Vinculao a um dever objectivo de prestao ou ao fornecimento de prestaes subjetivas ? 6.5. Princpio da proibio do retrocesso ou no retorno da concretizao 6.5.1. Enquanto exigncia de "proteo" de normas (legais) que concretizam o ncleo essencial do direito 6.5.2. Enquanto exigncia de "proteo" de normas (legais) materialmente constitucionais 6.6. A no concretizao do direito segurana social 7. Os princpios da universalidade e da igualdade 8. Histria do direito da segurana social portugus 9. Lei de bases do sistema de solidariedade e da segurana social 10. Lei de bases da economia solidria 11. Princpios do voluntariado
  4. 4. Programa Regime geral de segurana social (RGSS) Prestaes e contribuies Regimes Contribuitivos da Segurana Social (Lei 110/2009 de 16 de setembro). Regime geral dos trabalhadores por conta de outrem O regime geral dos trabalhadores por conta de outrem compreende: a) Regime aplicavel a generalidade dos trabalhadores por conta de outrem; b) Regime aplicavel aos trabalhadores integrados em categorias ou situacoes especificas; c) Regime aplicavel as situacoes equiparadas a trabalho por conta de outrem. Quotizao do trabalhador Contribuio da entidade empregadora Contribuies da entidades empregadoras pblicas Contribuies das entidades empregadoras no includas no mbito da Administrao Pblica que tenham trabalhadores com uma relao jurdica de emprego pblico e estejam enquadrados no RGSS
  5. 5. Programa Restituio de Contribuies e de Quotizaes Regularizao das Dvidas Segurana Social (Decreto- Lei n.o 42/2001, de 9 de fevereiro, republicado pelo Decreto-Lei n.o 63/2014 de 28 de abril)
  6. 6. Bibliografia Conceio, Apelles (2014) Segurana Social, Lisboa: Almedina Santos, Albano (2013) Cdigo dos Regimes contribuitivos do Sistema Previdencial de Segurana Social, Porto: Vida Econmica Santos, Rui Teixeira (2016) Direito da Segurana Social, PPTX, ISG, Lisboa
  7. 7. Crtica ao capitalismo industrial: o Social passa a ser Pblico A segurana social uma resposta publica ao desafio que o social representou par o capitalismo o sculo XIX. As condies de trabalho e de vida dos trabalhadores da industria capitalista eram de tal modo degradantes que o cooperativismo, do corporativismo e do sindicalismo comearam a ameaar a ordem estabelecida. A Igreja Catlica defenderia solues de salario justo e a organizao dos trabalhadores em corporaes ou organizaes sindicais (Rerum Novarum traz uma nova doutrina social da Igreja). O socialismo utpico e marxista bem como o anarquismo haveria de se organizar em sindicatos, semelhana dos organizados pela Igreja Catlica Estes sindicatos catlicos evoluiriam no sculo XX para os partidos democratas cristo e os os comunistas e anarquistas para os Partidos socialistas e social-democratas europeus, que viriam a adotar uma agenda de direitos sociais que caraterizou o Estado Social de Providncia.
  8. 8. Introduo Sendo inegvel a imperfeio do universalismo providencialista institudo at hoje, designadamente quanto extenso e profundidade de cobertura de riscos sociais, as dvidas sobre a adequao do fundamento estritamente beveridgiano da nossa proteco social no podem, por outro lado, ser iludidas, dada a visibilidade das crises demogrfica e do emprego na nossa sociedade. Daqui resulta uma forte tenso entre prementes necessidades sociais, ainda insatisfeitas, e os factores tpicos de ruptura do Estado-providn- cia, no obstante a incipincia da realizao deste, em Portugal. (Ribeiro Mendes)
  9. 9. O CONTRATO SOCIAL PROVIDENCIALISTA O debate associado s propostas e estratgias de reforma do Estado- providncia tem posto em evidncia o aparente esgotamento do contrato social em que ele assentou originariamente1. A este contrato social providencialista podemos chamar beveridgiano, se atendermos inspirao histrica mais evidente que o influenciou, e dele salientar-se-o como traos principais os seguintes: O conceito de cidadania inclui, para alm dos direitos cvicos e polticos, os direitos sociais. Estes garantem a proteco universal dos cidados face aos diversos riscos sociais, bem como o acesso universal a certos servios eticamente valorizados, como sejam os cuidados de sade e a educao, assumindo a cidadania uma dimenso explcita de bem-estar material, anteriormente entregue ao livre jogo do mercado; A definio dos riscos sociais incorpora uma gama muito ampla de contingncias do desemprego maternidade, da incapacidade de trabalho perda do ganha-po familiar, da doena velhice cobrindo virtualmente a totalidade das situaes de incapacidade de gerar rendimentos, em estreita articulao com as polticas de pleno emprego caractersticas do Estado-providncia; O Estado assegura aos cidados a segurana social, baseada no conceito de garantia de recursos, que inclui nos seus mecanismos quer o previdencialismo do seguro social, quer a solidariedade nacional assistencialista.
  10. 10. A conjugao do seguro social e da assistncia social veio a ser um elemento central da configurao dos modernos sistemas de segurana social e, em consequncia, dos diversos modelos histricos de Estado-providncia, por duas razes importantes. Em primeiro lugar, permitiu a transio sem rupturas do seguro social bismarckiano aos sistemas beveridgianos, atravs da universalizao da- quele. A incluso do seguro social no contrato social beveridgiano permitiu aplicar a tcnica actuarial de redistribuio do custo dos riscos sociedade no seu conjunto, tomando esta como o maior dos grupos de risco e cada cidado como subscritor da aplice de grupo, pagando a correspondente quota do prmio respectivo.
  11. 11. Em segundo lugar, viabilizou a adopo do regime de financiamento por repartio, em substituio da capitalizao. Naquele no h pr-financiamento dos benefcios concedidos e so as contribuies actuais dos beneficirios activos que pagam a globalidade das prestaes atribudas correntemente aos inactivos. A repartio vantajosa em certas condies, quando permite transaces intergeracionais e partilhas de riscos que podem trazer melhorias paretianas de bem- estar.
  12. 12. claro que nada nos mecanismos de mercado garante que se realize espontaneamente a transaco intergeracional da repartio neste ltimo caso. S a mediao do Estado permitir superar a resistncia dos jovens relativamente s transferncias para os idosos, as quais nunca podem ser compensadas directa ou indirectamente por estes, como salientou Samuelson, logo no seu artigo pioneiro sobre transferncias intergeracionais (Samuelson,1958).
  13. 13. A crise dos Estados-providncia tem causas profundas que radicam numa crise mais ampla do modelo de crescimento econmico e de acumulao de capital que vigorou no Ocidente desenvolvido do aps-guerra. As manifestaes da crise tm variado de uns pases para outros e no tempo, mas pode afirmar-se-se que ela se tem reflectido especificamente em cada um dos aspectos caractersticos principais do contrato social beveridgiano, para alm dos particularismos de cada caso nacional. Com efeito:
  14. 14. 1. O contedo histrico dos direitos sociais dos cidados acabou por fixar-se na garantia da satisfao de um conjunto de necessidades bsicas supostamente inerentes condio humana. Sendo tais necessida- des historicamente contingentes, o desenvolvimento substantivo dos direitos sociais fez-se segundo mecanismos de escolha pblica (public choice), em funo do peso poltico e eleitoral dos grupos interessados ou de risco. Ora, tal dinmica de alargamento cumulativo dos direitos sociais entrou em conflito com as restries oramentais com que os Estados se defrontam, uma vez deflagrada a crise do modelo de crescimento e acumulao do aps-guerra;
  15. 15. 2. As mudanas sociais, econmicas e demogrficas da nossa poca alteraram a prpria definio dos riscos sociais e os padres de exposio dos indivduos a esses riscos. Por um lado, o prolongamento substancial da durao mdia de vida individual institucionalizou a velhice como terceira idade, pelo que deixou de constituir o risco social universal da fase residual da vida de cada indivduo; so as diversas formas de incapacidade fun- cional crnica da velhice que emergem agora e cada vez mais como riscos sociais, em sua substituio. Por outro lado, assistiu-se pulve- rizao do ciclo clssico de exposio aos riscos sociais, em que esta se desenvolvia como funo linear da idade individual. Em vez do anterior padro uniforme que fundamentava a universa- lidade beveridgiana, os padres pluriformes de risco social e de expo- sio ao risco que hoje predominam implicam cada vez mais a selectividade orientada (targeting) da interveno social do Estado;
  16. 16. 3. Os nveis de bem-estar assegurados pelas prestaes dos sistemas de segurana social esto postos em causa nas actuais condies demogrficas e de emprego, visto que se basearam generalizadamente no financiamento por repartio, o qual depende criticamente do crescimento estvel da populao e do crescimento equilibrado da economia. Compreende-se, assim, que se tenha vindo a assistir, um pouco por toda a parte, reviso do contrato social subjacente aos Estados Social de Providncia num sentido a que podemos chamar ps-beveridgiano. Ao longo dos anos 80 foram empreendidas nos principais pases desenvolvidos profundas reformas dos sistemas de segurana social, que vieram materializar a reviso ps-beveridgiana do contrato providencialista a diversos nveis;
  17. 17. 4. A conteno em matria de direitos sociais apontou para, em vez da insistncia na garantia universal da satisfao de necessidades bsicas, a criao de condies em que ningum possa cair abaixo de um certo nvel de bem-estar mnimo, isto , a garantia de um rendimento mnimo;
  18. 18. 5. A nfase contratual privilegiou a equidade enquanto igualdade de oportunidades, significando que a justia social est a tornar-se cada vez mais processual, isto , preocupa-se mais em alcanar regras e procedimentos equitativos e menos com a afectao mais igualitria dos recursos econmicos. Consequentemente, procura-se que todos tenham acesso em termos equitativos a oportunidades de desenvolvimento pessoal, segundo as suas preferncias. Os termos ps-beveridgianos do contrato social providencialista afirmam preferencialmente um princpio maxi-mir?, isto , uma norma de discriminao positiva dos menos favorecidos, que (a) implica a priorizao dos riscos sociais e dos grupos de exposio, constituindo estes o alvo de medidas de solidariedade selectivas e orientadas para erradicar fenmenos extremos de pobreza e excluso social, ao mesmo tempo que (b) impe a tutela pblica sobre o nvel de consumo individual de certos bens (merit goods) julgados indispensveis igualdade de oportunidades educao, cuidados de sade, previdncia dos principais riscos sociais;
  19. 19. Em consequncia, assiste-se responsabilizao crescente de todos e cada um dos cidados na elevao do bem-estar social, o que passa designadamente pela articulao das prestaes sociais com os incentivos ao trabalho e pelo desdobramento do seguro social em patamares hierarquizados e complementares de substituio do rendimento, contratualizando-se crescentemente os de ordem superior (pela negociao colectiva de trabalho ou pelo contracting-out individual, ainda que fortemente regulamentado).
  20. 20. Uma viso ps-neoliberal A nostalgia utpica do neo-estatismo que se est a instalar como modelo do ps-neoliberalismo de inspirao obamiana (ltimo dos baby boomers) e perigosamente assumida pela grande coligao alem (Merkel) que domina a Euroburocracia da UE to insustentvel quanto os modelos neoliberais e desregulamentadores que empolaram o monstro da desigualdade social e econmica nas sociedades ocidentais e que foram a resposta ao fim da situao especial de boom econmico do ps-guerra, ao fracasso do keynesianismo, transformao estrutural do mundo fordista do trabalho e crise do Estado de bem-estar do ps-guerra. A crise actual mostra que as utopias da esquerda de regresso ao trabalho normal (garantido e seguro, masculino e ordenado) no resolvem a crise do neoliberalismo que nos empurra para a recesso e o empobrecimento. Acreditar que possvel voltar ao controlo central do neo-keynesianismo sem perceber a "prova" de crise de 1973 um erro que a Europa vai pagar caro: no faz sentido voltar ao modelo arcaico das polticas activas do Estado anti-ciclicas, dado que a questo central a mudana estrutural do paradigma de desenvolvimento, trabalho e distribuio. Sobretudo porque as polticas de expanso monetria tem apenas alimentado a bolha imobiliria que torna os ricos ainda mais ricos e a poltica oramental no consegue pagar o Estado Social de Providncia. (Rui Teixeira Santos, O Estado Isonmico, 2014).
  21. 21. As funes sociais do Estado e a reforma do Estado social de providncia. O Estado garante e o Estado isonmico.
  22. 22. ndice Estado social Na Europa Em Portugal As funes sociais do Estado A reforma do Estado social de providncia O Estado garante O Estado isonmico Consideraes finais Bibliografia 22
  23. 23. Estado social O conjunto de polticas sociais desenvolvidas em quase todo o mundo colocou ao servio do cidado proteco para variados riscos sociais 23
  24. 24. Estado social Na Europa Bismarck - 1880 Alemanha, surge 1 sistema de segurana social assente em seguros sociais, proteco dos trabalhadores industriais frente aos riscos de doena, acidente, invalidez e velhice De 1880 ao inicio da 1 Guerra Mundial - surgiram sistemas pblicos de assistncia social aos trabalhadores, na maioria dos pases europeus Lord Beveridge poltico britnico com grande contributo na concepo da proteco social sc. XX 24
  25. 25. Estado social Em Portugal A educao parece ter sido a 1 funo que o Estado assumiu, para alm da justia e defesa do Reino 1290 - Rei Don Dinis decide criao 1 universidade Com a queda da monarquia, a Constituio de 1911 prev pela 1 vez o direito igualdade social, estipulando-se a criao de um servio de assistncia pblica 1916 - Criado Ministrio trabalho e da Providncia Social 1919 Criado Instituto Segurana Social O acrscimo de produtividade e a realizao de mais valias do sector financeiro movimentos sociais reivindicativos dos trabalhadores por melhores condies de trabalho, ensino e apoios sociais Carta dos Diretos Fundamentais da Unio Europeia Base das novas funes sociais do Estado 25
  26. 26. As funes sociais do Estado Sade CRP 64 Educao CRP 74 e 75 Segurana social CRP 63 grfico 26
  27. 27. CAPTULO II da CRP (Dto Constitucional da Seg. Social) Direitos e deveres sociais Artigo 63.o Segurana social e solidariedade 1. Todos tm direito segurana social. 2. Incumbe ao Estado organizar, coordenar e subsidiar um sistema de segurana social unificado e descentralizado, com a participao das associaes sindicais, de outras organizaes representativas dos trabalhadores e de associaes representativas dos demais beneficirios. 3. O sistema de segurana social protege os cidados na doena, velhice, invalidez, viuvez e orfandade, bem como no desemprego e em todas as outras situaes de falta ou diminuio de meios de subsistncia ou de capacidade para o trabalho. 4. Todo o tempo de trabalho contribui, nos termos da lei, para o clculo das penses de velhice e invalidez, independentemente do sector de actividade em que tiver sido prestado. 5. O Estado apoia e fiscaliza, nos termos da lei, a actividade e o funcionamento das instituies particulares de solidariedade social e de outras de reconhecido interesse pblico sem carcter lucrativo, com vista prossecuo de objectivos de solidariedade social consignados, nomeadamente, neste artigo, na alnea b) do n.o 2 do artigo 67.o, no artigo 69.o, na alnea e) do n.o 1 do artigo 70.o e nos artigos 71.o e 72.o As funes sociais do Estado 27
  28. 28. Artigo 64.o Sade 1. Todos tm direito proteco da sade e o dever de a defender e promover. 2. O direito proteco da sade realizado: a) Atravs de um servio nacional de sade universal e geral e, tendo em conta as condies econmicas e sociais dos cidados, tendencialmente gratuito; b) Pela criao de condies econmicas, sociais, culturais e ambientais que garantam, designadamente, a proteco da infncia, da juventude e da velhice, e pela melhoria sistemtica das condies de vida e de trabalho, bem como pela promoo da cultura fsica e desportiva, escolar e popular, e ainda pelo desenvolvimento da educao sanitria do povo e de prticas de vida saudvel. 3. Para assegurar o direito proteco da sade, incumbe prioritariamente ao Estado: a) Garantir o acesso de todos os cidados, independentemente da sua condio econmica, aos cuidados da medicina preventiva, curativa e de reabilitao; b) Garantir uma racional e eficiente cobertura de todo o pas em recursos humanos e unidades de sade; c) Orientar a sua aco para a socializao dos custos dos cuidados mdicos e medicamentosos; d) Disciplinar e fiscalizar as formas empresariais e privadas da medicina, articulando-as com o servio nacional de sade, por forma a assegurar, nas instituies de sade pblicas e privadas, adequados padres de eficincia e de qualidade; e) Disciplinar e controlar a produo, a distribuio, a comercializao e o uso dos produtos qumicos, biolgicos e farmacuticos e outros meios de tratamento e diagnstico; f) Estabelecer polticas de preveno e tratamento da toxicodependncia. 4. O servio nacional de sade tem gesto descentralizada e participada As funes sociais do Estado 8
  29. 29. 29 Artigo 74 Ensino 1. Todos tm direito ao ensino com garantia do direito igualdade de oportunidades de acesso e xito escolar. 2. Na realizao da poltica de ensino incumbe ao Estado: a) Assegurar o ensino bsico universal, obrigatrio e gratuito; b) Criar um sistema pblico e desenvolver o sistema geral de educao pr-escolar; c) Garantir a educao permanente e eliminar o analfabetismo; d) Garantir a todos os cidados, segundo as suas capacidades, o acesso aos graus mais elevados do ensino, da investigao cientfica e da criao artstica; e) Estabelecer progressivamente a gratuitidade de todos os graus de ensino; f) Inserir as escolas nas comunidades que servem e estabelecer a interligao do ensino e das actividades econmicas, sociais e culturais; g) Promover e apoiar o acesso dos cidados portadores de deficincia ao ensino e apoiar o ensino especial, quando necessrio; h) Proteger e valorizar a lngua gestual portuguesa, enquanto expresso cultural e instrumento de acesso educao e da igualdade de oportunidades; i) Assegurar aos filhos dos emigrantes o ensino da lngua portuguesa e o acesso cultura portuguesa; j) Assegurar aos filhos dos imigrantes apoio adequado para efectivao do direito ao ensino. Artigo 75.o Ensino pblico, particular e cooperativo 1. O Estado criar uma rede de estabelecimentos pblicos de ensino que cubra as necessidades de toda a populao. 2. O Estado reconhece e fiscaliza o ensino particular e cooperativo, nos termos da lei. slide 6
  30. 30. As funes sociais do Estado 30 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 1972 1980 1990 2000 2010 2012 Educao Sade Seg Social Totais Fonte: PORDATA, 2013 Milhes Euros
  31. 31. As funes sociais do Estado O fim A estagnao O renascimento 31
  32. 32. A reforma do Estado Social 1 gerao reformas - Dcada de 90 Os pases enfrentavam verdadeira bomba demogrfica 1994 Divulgadas propostas do Banco Mundial aconselhando a privatizao parcial dos sistemas pblicos de penses, recomendando um sistema de pilares mltiplos de proteco, reequilibrando as funes redistributiva, de poupana e de seguro dos programas de segurana na velhice Richard Musgrave advogou a superioridade da garantia de uma relao fixa entre a penso mdia atribuda aos reformados em cada momento e o correspondente salrio mdio da populao activa, de tal modo que os riscos de mudanas no crescimento da populao e da produtividade no recassem apenas num daqueles grupos, sendo partilhados por pessoas em actividade e por pensionistas de forma equitativa 32
  33. 33. A reforma do Estado Social 1 gerao reformas - Dcada de 90 Empreendidas reformas exclusivamente subordinadas conteno rpida da dinmica expansiva da despesa social, atravs do controlo dos encargos com penses Aumento carga fiscal e medidas de poltica monetria e oramental de austeridade, favorecendo em simultneo o crescimento do PIB atravs de incentivos do lado da oferta, Poltica de incentivo natalidade, facilitao da imigrao, aumentar a idade de passagem reforma ou alterando as regras de atribuio e clculo do benefcio, Mudanas nas formas de clculo dos benefcios e nos mecanismos de actualizao peridica das penses, tornando-as menos generosas Grande dificuldade dos governos em colocar em pratica tais medidas, dado o seu forte impacto social, poltico e geracional 33
  34. 34. A reforma do Estado Social 2 gerao reformas - Inicio sculo XXI O impulso reformista foi alimentado pela dinmica comunitria de discusso e acompanhamento das polticas sociais nacionais Mtodo Aberto de Coordenao na rea da proteco social e incluso social (MAC social), depois de 2000 O MAC social definido como um processo voluntrio de auto- avaliao, tendo por base a definio de objectivos comuns, que completa um conjunto de medidas legislativas, instrumentos financeiros (incluindo o Fundo Social Europeu) e processos de coordenao (estratgia de Lisboa) Objectivos comuns: Garantia de rendimento na reforma, permitindo manter nvel vida razovel Sustentabilidade financeira dos esquemas de penses pblicas e privadas Sistemas de penses adaptados de forma transparente s necessidades 34
  35. 35. A reforma do Estado social de providncia 2 gerao reformas - Inicio sculo XXI O MAC social, segundo a Comisso Europeia, imps disciplina s polticas sociais dos Estados-membros: apoiando a aprendizagem mutua, promovendo maior envolvimento das partes interessadas, impulsionando a modernizao dos sistemas de proteco social, aumentando a sensibilizao para a natureza pluridisciplinar da pobreza e da excluso social, criando uma abordagem global dos desafios comuns e evidenciando novas questes de interesse partilhado 35
  36. 36. A reforma do Estado social de providncia 2 gerao reformas - Inicio sculo XXI As reformas da 2 gerao vo aprofundar o ajustamento paramtrico das penses iniciado na dcada anterior Elevao da idade estatutria da reforma Incentivos ao adiamento da reforma, penalizaes sua antecipao Alterao da base de incidncia da frmula do clculo do benefcio Revalorizao do benefcio: novos mecanismos de actualizao peridica A conjugao das reformas da 1 e 2 gerao foi inequvoca Portugal passa de uma taxa bruta de substituio das penses antes das reformas de 89,9 para uma taxa de 53,9 depois das reformas (OCDE, 2009) 36
  37. 37. A reforma do Estado social de providncia 3 gerao reformas - Aps 2010 Em Julho de 2010 a Comisso Europeia publica o Livro Verde, visando apoiar a discusso pblica sobre como tornar os sistemas de penses europeus adequados, sustentveis e seguros Um envelhecimento demogrfico mais rpido que o esperado e os efeitos da crise financeira e econmica contextualizam esta recente evoluo das polticas de reforma dos sistemas de penses Consequentemente tende a haver mais riscos suportados por cada indivduo 37
  38. 38. A reforma do Estado social de providncia 3 gerao reformas - Aps 2010 Podemos antecipar com alguma segurana: O fim do benefcio definido como regra geral, passando ao ajustamento automtico das penses evoluo da esperana de vida, A maior adequao das prestaes atravs da criao de benefcios complementares dirigidos a cidados em desvantagem, Maior diversificao da fonte de rendimentos dos reformados, A elevao da idade estatutria de penso aproximando-a dos 70 anos, A superviso comunitria sobre as polticas sociais de cada pas. 38
  39. 39. O Estado Garante Estado Garante ou Estado Social de Garantia Prof. Freitas do Amaral, 2009 Onde se garante basicamente o combate pobreza, intervindo as polticas sociais pblicas j no sobre a totalidade da populao mas sobre a parte mais pobre, numa ptica mais assistencialista que contratualista Pode ser considerado um Estado intermdio, ainda sobre uma definio econmica da poltica Existe uma redefinio das funes do Estado, libertando a economia do Estado, mas libertando sobretudo o Estado da captura de interesses que caracteriza a economia. 39
  40. 40. O Estado Isonmico Isonomia = igualdade O papel do governo ser o de garantir as condies de igualdade, no sentido da descriminao positiva dos mais desfavorecidos nas polticas pblicas, ao mesmo tempo que se deve actuar no contexto com polticas de fomento e incentivo mas tambm de marketing poltico e social favorveis ao empreendedorismo privado e social para se poder sair da pobreza Prof. Rui Teixeira Santos, 2013 Programa de seguros de penses do presidente Obama, usando no os mecanismos de mercado mas o prprio financiamento pblico directo ao seguro para os mais pobres e indigentes. No est em causa a prestao de servios e bens pblicos ao cidado mas sim as politicas activas de combate desigualdade e pobreza. 40
  41. 41. O Estado Isonmico Caracteriza o Estado ps - intervencionista H uma clara separao entre a economia e o Estado Recupera as funes polticas e reduz as funes pblicas Numa altura de profundas alteraes do Estado social, o Estado dever assumir a privatizao de algumas funes sociais pblicas como a sade e a educao e reservar para si, cada vez mais, um papel de fiscalizador, regulador e garante da justia social. 41
  42. 42. O Estado Isonmico A CRP de 1976 consagra o princpio da isonomia nas suas duas vertentes: Universalidade artigo 12 Igualdade artigo 13 O direito reconhece as desigualdades sociais, polticas e econmicas que parecem ir contra o princpio da isonomia, mas, pelo contrrio, essas diferenas vo contextualizar um quadro de valores que tm de presidir s polticas pblicas, no criando obstculos isonomia poltica e jurdica 42
  43. 43. O Estado Isonmico atravs da compreenso no apenas dos conceitos mas da adopo dos pressupostos e atitudes dos movimentos do Direito Alternativo, do movimento Achados na Rua e do Pluralismo jurdico relacionado com a concepo democrtica da justia e com valores plurais, humanos e sociais que se compromete o princpio da isonomia O movimento Achados na Rua, expresso original de Roberto Lera Filho, emerge do pluralismo jurdico, uma vez que nasce do clamor dos oprimidos e das prticas dos novos sujeitos sociais e no do Estado 43
  44. 44. Consideraes finais Com a crise do Estado Social, na afirmao dos direitos sociais que a isonomia ganha nova relevncia, especialmente no combate pobreza O debate vai continuar sobre os desafios que os sistemas de penses enfrenta, tendo como horizonte os objectivos da estratgia da Europa 2020 44
  45. 45. Bibliografia AMARAL, Luciano (2010), Economia Portuguesa, as ltimas dcadas, Lisboa, Fundao Francisco Manuel dos Santos; CARREIRA DA SILVA, Filipe (2013), O futuro do Estado Social, Lisboa, Fundao Francisco Manuel dos Santos; MENDES, Fernando (2011), Segurana Social: O futuro hipotecado, Lisboa, Fundao Francisco Manuel dos Santos; TEIXEIRA SANTOS, Rui (2013), Reforma do Estado, Privatizao das funes do Estado, disponvel em http://www.slideshare.net/Ruiteixeirasantos/privatizao-das-funes-do- estado-universidade-de-coimbra-2013-professor-doutor-rui-teixeira- santos?utm_source=slideshow02&utm_medium=ssemail&utm_campaign=share_slideshow_loggedout [acedido a 30 de Abril de 2014]; TEIXEIRA SANTOS, Rui (2013), Servio Pblico I disponvel em http://www.slideshare.net/Ruiteixeirasantos/servico-publico-i-isg-2013-professor-doutor-rui-teixeira- santos?utm_source=slideshow02&utm_medium=ssemail&utm_campaign=share_slideshow_loggedout [acedido a 30 de Abril de 2014]; TEIXEIRA SANTOS, Rui (2013), Estado Isonmico e o declnio das Polticas Pblicas, disponvel em http://www.slideshare.net/Ruiteixeirasantos/o-estado- isonomico-e-o-declnio-das-polticas-pblicas-rui-teixeira- santos?utm_source=slideshow02&utm_medium=ssemail&utm_campaign=share_slideshow_logged out [acedido a 2 de Maio de 2014]. 45
  46. 46. Histria da Segurana Social em Portugal A Segurana Social um sistema que pretende assegurar direitos bsicos dos cidados e a igualdade de oportunidades, bem como, promover o bem-estar e a coeso social para todos os cidados portugueses ou estrangeiros que exeram atividade profissional ou residam no territrio. A institucionalizao da segurana social (beveridgiana), prenunciada ainda nos ltimos anos do regime corporativo, s foi possvel aps 1974. A democratizao das instituies e da sociedade, ento iniciada, incluiu logo no programa do 1, governo provisrio certas medidas de poltica social para a substituio progressiva dos sistemas de previdncia e de assistncia por um sistema integrado de segurana social, a proteco de riscos anteriormente ignorados (maternidade e primeira infncia, invalidez e velhice) e a criao de um sistema nacional de sade.
  47. 47. Em Portugal, os princpios fundamentais de proteco social decorrentes do relatrio Beveridge, e fixados aps a Segunda Guerra Mundial pela conveno n. 67 da Conferncia Internacional do Trabalho, comearam a difundir-se desde os anos 60, apesar de dificilmente compatveis com o esprito e a prtica da previdncia social corporativa. Um parecer da Cmara Corporativa de 1961, por ocasio da primeira grande reviso da legislao da previdncia social, tinha sido, embora de forma discreta, o seu primeiro mani- festo, aquando da anlise da proposta da futura Lei n. 2115, de 1962. Todavia, o regime corporativo revelou-se incapaz de incorporar a doutrina beveridgiana na lgica da previdncia social, mesmo na fase da abertura marcelista.
  48. 48. Sistema Pblico de Segurana Social Portugal dispe de um Sistema Pblico de Segurana Social que se desenvolveu muito mais tarde que o de outros pases. Foi o 25 de Abril que permitiu a consagrao do princpio de solidariedade entre geraes e que fosse consagrado na Constituio o direito de todos segurana social. O direito segurana social recente e tem em vista defender e proteger a vida humana face aos riscos sociais, podendo tambm defend-la e proteg-la face s adversidades de contextos polticos e econmicos.
  49. 49. A Segurana Social tal como hoje existe e a respetiva internacionalizao resultou da necessidade de proteger as pessoas na sequncia do aparecimento de problemas sociais decorrentes dos fenmenos da industrializao e urbanismo e da deslocao de trabalhadores dentro e alm fronteiras. Para esse efeito foi fundamental o papel das organizaes internacionais atravs da adoo dos respetivos instrumentos internacionais, que visam coordenar e desenvolver ou harmonizar e fazer convergir as normas de Segurana Social por si adotadas. A essas organizaes internacionais e respetiva atividade normativa em matria de Segurana Social internacional far-se- referncia a seguir, ilustrando-se, de forma sinttica, o seu mbito de atuao e respetivos objetivos, o papel que desempenham na rea da Segurana Social, dando-se visibilidade forma como cada uma delas intervm no domnio da Segurana Social, seja ela exclusiva, maioritria ou mais genrica, conforme o caso.
  50. 50. Histria da Segurana Social Portuguesa Vm de longe, desde a fundao da nacionalidade, os esforos de monarcas e ordens religiosas para corresponder ao dever moral de proteo das situaes de necessidade nos planos individual e familiar. As santas casas da misericrdia que se multiplicaram por todo o pas a partir da fundao da primeira Irmandade da Misericrdia, pela Rainha D. Leonor, em 1498, tornaram-se o grande plo da assistncia privada nos domnios da sade e da ao social. A Casa Pia de Lisboa, fundada em finais do sculo XVIII, foi o primeiro sinal de instaurao da assistncia pblica. Implantada a Repblica, foi longo e penoso o caminho at aprovao, na primeira metade da dcada de quarenta, do estatuto de sade e assistncia, apontando para a funo supletiva do Estado na ao assistencial que, a nvel local, passou a ser coordenada pelas Misericrdias. O vigoroso associativismo operrio do sculo XIX esteve na base do rpido crescimento do nmero de associaes de socorros mtuos e seus associados. Apesar de terem preenchido um papel importante tanto na prestao de cuidados mdicos e de fornecimento de medicamentos, como na atribuio de prestaes pecunirias em situaes de incapacidade temporria ou permanente para o trabalho e de subsdios de funeral, a proteo assegurada era insuficiente, designadamente em matria de velhice, o que levou criao, ainda nos finais do sculo XIX, das primeiras caixas de aposentaes.
  51. 51. Histria da Segurana Social Portuguesa Cinco diplomas legislativos publicados em 10 de maio de 1919 deram corpo primeira tentativa de instituio de um sistema de seguros sociais obrigatrios, destinados a abranger a generalidade dos trabalhadores por conta de outrem, com salrios ou rendimentos inferiores a determinado montante. Previa-se a criao de uma entidade gestora de mbito nacional - o Instituto de Seguros Sociais Obrigatrios para a concesso de prestaes nas eventualidades de doena, invalidez, velhice, sobrevivncia, desemprego e acidentes de trabalho. Todavia, por falta de condies polticas, esta legislao no viria a ser aplicada.
  52. 52. Histria da Segurana Social Portuguesa Foi a Lei n. 1 884, de 16 de maro de 1935 que, em conjunto com diversos diplomas posteriores de regulamentao, lanou a estrutura para a criao de um sistema de seguros sociais obrigatrios correspondente ao modelo ento em vigor em muitos pases europeus. Em obedincia aos princpios corporativos estabelecidos na constituio poltica de 1933 e no estatuto do trabalho nacional, esta lei determinava as bases da ento designada previdncia social que, tendencialmente, deveria abranger os trabalhadores por conta de outrem, do comrcio, indstria e servios. O mbito material do sistema era limitado a prestaes de doena (cuidados de sade e subsdio de doena), invalidez, velhice e morte, geridas fundamentalmente por caixas sindicais de previdncia, na sua maioria de mbito nacional. Os trabalhadores do setor agrcola e do setor das pescas viriam a ser enquadrados em sistemas de proteco social especfica geridos pelas casas do povo e casas dos pescadores.
  53. 53. Histria da Segurana Social Portuguesa Sendo o primeiro sistema de previdncia social que se podia considerar estruturado, era tambm limitado no seu mbito de ao. Em 1962, foi empreendida a reforma atravs da Lei n. 2115, de 18 de junho de 1962, regulamentada pelo Decreto-Lei n. 45 266, de 23 de setembro de 1963 e numerosos diplomas posteriores. Foi alterado o mtodo de equilbrio financeiro das instituies de previdncia, passando-se do regime de capitalizao estrita, anteriormente em vigor, para o da capitalizao mitigada, o que permitiu melhorar as prestaes j existentes e alargar a proteo s eventualidades de maternidade e de encargos familiares. Os trabalhadores independentes foram mencionados pela primeira vez. Com o objetivo de tornar as instituies de previdncia mais prximas dos trabalhadores e seus familiares, a sua base territorial passou a ser predominantemente regional, salvo no que respeita s eventualidades de invalidez, velhice e morte, para as quais foi criada a Caixa Nacional de Penses. Foi criada uma outra instituio de mbito nacional, a Caixa Nacional de
  54. 54. Histria da Segurana Social Portuguesa Dada a internacionalizao j atingida pelo sistema portugus de previdncia social, entrou, ainda, em funcionamento, a Caixa Central de Segurana Social dos Trabalhadores Migrantes, instituio que passou a assegurar as funes de organismo de ligao entre as instituies portuguesas de previdncia e as suas congneres de pases aos quais Portugal se encontrava ligado por instrumentos internacionais de Segurana Social. Foi reformulado o regime de proteo contra os acidentes de trabalho, embora mantendo o princpio da responsabilizao direta da entidade patronal, com a obrigao de a transferir para as companhias seguradoras (Lei n. 2 127, de 3 de agosto de 1965).
  55. 55. 1970-1984 Medida de proteo importante num pas que tinha, ainda, uma considervel populao rural, foi a criao do regime de previdncia dos trabalhadores agrcolas, caracterizado como regime transitrio de penses destinado a abranger, de imediato, os trabalhadores agrcolas inscritos nas casas do povo que se encontrassem em situao de carncia por motivo de invalidez ou velhice e, posteriormente trabalhadores agrcolas no inscritos nas casas do povo e produtores agrcolas (Decreto-Lei n. 391/72, de 13 de outubro). Numa perspetiva histrica e de consolidao do sistema, todos estes passos foram importantes para traar o caminho em direo ao sistema de Segurana Social do ps-25 de Abril, assente num direito universal.
  56. 56. Penso Social O direito Segurana Social, estabelecido no art. 63. da Constituio da Repblica Portuguesa, concretizado atravs do sistema de Segurana Social consubstanciado nas sucessivas leis de bases que o foram ajustando evoluo social e econmica nacional e internacional e da estrutura orgnico-funcional responsvel pela sua implementao. Vrias alteraes e ajustamentos ao longo das dcadas foram dando corpo ao sistema, ilustrando, simultaneamente, as opes polticas e sociais dos sucessivos Governos. Antes da aprovao da primeira lei de bases, j vrias medidas haviam sido tomadas nos campos de aplicao pessoal (pessoas abrangidas) e material (prestaes garantidas) da proteo social. de particular importncia a penso social. Instituda, inicialmente, em termos puramente assistenciais, o seu campo de aplicao pessoal posteriormente alargado a todas as pessoas com idade superior a 65 anos que no exercessem atividade remunerada e no estivessem abrangidas por qualquer esquema de previdncia, bem como s pessoas invlidas com idade superior a 14 anos, que no conferissem direito ao subsdio vitalcio ou a outro subsdio (Despacho Normativo n. 59/77, de 23 de fevereiro).
  57. 57. Regime no contributivo de proteo social Em certa medida, a instituio da penso social est na base da criao do esquema mnimo de proteo social (Decreto-Lei n. 513-L/79, de 26 de dezembro), para todos os cidados nacionais residentes, independentemente do vnculo laboral ou de contribuio prvia. Tem por objetivo a garantia universal do direito a prestaes no mbito da sade e da Segurana Social, incluindo a penso social, o suplemento de penso a grandes invlidos, o abono de famlia, o subsdio mensal a menores deficientes e o equipamento social. O esquema mnimo , mais tarde, substitudo pelo regime no contributivo de proteo social (Decreto-Lei n. 160/80, de 27 de maio) que, mantendo todos os benefcios do referido esquema, passa a limitar o universo pessoal aos cidados mais desfavorecidos na base da verificao da condio de recursos. Embora com designaes diferentes ao longo dos anos, o regime no contributivo continua a constituir uma trave mestra da proteo social de cidadania.
  58. 58. Histria da Segurana Social Portuguesa Entre as medidas adotadas neste perodo, em matria de regimes, so de realar: integrao dos trabalhadores do servio domstico no regime geral de previdncia com um reordenamento do seu esquema de Segurana Social a partir de 1982, (Decreto Regulamentar n. 43/82, de 22 de julho) criao do regime do seguro social voluntrio para abranger facultativamente os cidados nacionais maiores de 18 anos no cobertos por qualquer regime de inscrio obrigatria (Decreto-Lei n. 368/82, de 10 de setembro) criao do regime transitrio para todos os trabalhadores independentes (Portaria n. 115/77, de 9 de maro), que se transformou posteriormente no regime dos trabalhadores independentes (Decreto-Lei n. 8/82, de 18 de novembro) reformulao do regime de proteo social dos trabalhadores agrcolas (Decreto-Lei n. 251/83, de 11 de junho) aprovado o regulamento do regime de proteo social a desalojados (Despacho Normativo n. 152/77, de 21 de junho).
  59. 59. Histria da Segurana Social Portuguesa Em matria de prestaes, o Decreto-Lei n. 169/80, de 29 de maio, vem dar incio a um processo de reviso e valorizao das prestaes familiares em favor da infncia e juventude e da famlia, estabelecendo-se que o abono de famlia dever constituir, de futuro, essencialmente um direito das crianas. institudo, com base experimental, um subsdio de desemprego para a generalidade dos trabalhadores por conta de outrem (Decreto-Lei n. 169- D/75, de 31 de maro). No mbito das penses, so introduzidas novas prestaes como o subsdio de natal para os pensionistas (Decreto-Lei n. 724/74, de 18 de setembro). Numa tentativa de imprimir uma outra dinmica ao processamento das penses de invalidez, criado o sistema de verificao de incapacidades permanentes - SVIP (Decreto-Lei n. 144/82, de 27 de abril), para abertura do direito a penses de invalidez e outras prestaes de incapacidade, que resulta na transferncia da responsabilidade que estava a ser exercida pelas juntas mdicas dos servios medico sociais para os servios da Segurana Social.
  60. 60. Histria da Segurana Social Portuguesa Em matria de ao social, renovada a obrigatoriedade j prevista no Decreto-Lei n. 48 580, de 14 de setembro de 1968, de sujeio de equipamentos a licenciamento prvio e fiscalizao do Estado, atravs do Decreto-Lei n. 350/81, de 23 de dezembro, ficando os estabelecimentos com fins lucrativos sujeitos obteno de alvar pelos centros regionais, relativamente s condies de instalao e funcionamento. No mbito das modalidades de proteo a crianas e jovens, definida a resposta de colocao familiar, como medida de acolhimento temporrio, por famlias consideradas idneas, de menores cuja famlia natural no esteja em condies de desempenhar cabalmente a sua funo educativa (Decreto-Lei n. 288/79, de 13 de agosto e Decreto Regulamentar n. 60/80, de 10 de outubro).
  61. 61. Histria da Segurana Social Portuguesa No reconhecimento de que a organizao do sistema de Segurana Social no prejudicar a existncia de instituies privadas de solidariedade social no-lucrativas que sero permitidas, regulamentadas por lei e sujeitas fiscalizao do Estado, o Decreto-Lei n. 519-G2/79, de 29 de dezembro, estabelece o regime jurdico das instituies privadas de solidariedade social e a portaria n. 234/81, de 5 de maro, aprova o regulamento do registo das instituies privadas de solidariedade social. Posteriormente, o Decreto-Lei n. 119/83, de 25 de fevereiro, aprova o estatuto das instituies privadas de solidariedade social. So estabelecidas as normas reguladoras dos acordos de cooperao entre os centros regionais de Segurana Social e as instituies privadas de solidariedade social com o objetivo de contribuir para a concesso, por estas, de prestaes sociais, designadamente em servios de ao social e familiar e de equipamento social, para a proteo infncia e juventude, famlia, comunidade e populao ativa, aos idosos e aos deficientes (Despachos Normativos n. 360/80, n. 388/80, de 31 de dezembro e n. 12/88, de 22 de fevereiro).
  62. 62. Histria da Segurana Social Portuguesa Correspondendo necessidade da criao de servios para assegurar o acolhimento das crianas durante o perodo de trabalho dos pais, garantindo as condies adequadas ao seu desenvolvimento integral, sobretudo tratando-se do acolhimento de crianas entre os 3 meses e os 3 anos, criada uma nova resposta social a ama - e procede-se ao seu enquadramento em creches familiares (Decreto-Lei n. 158/84, de 17 de maio e Despacho Normativo n. 5/85, de 26 de novembro). Em matria de financiamento, aprovado um novo regime jurdico de contribuies tendo em vista um maior rigor no pagamento das mesmas bem como das dvidas vencidas e vincendas (Decreto-Lei n. 103/80, de 9 de Maio).
  63. 63. 1984-1989 Em 1984, aprovada a primeira lei de bases da Segurana Social (Lei n. 28/84, de 14 de agosto), que estabelece, como objetivos do sistema: garantia da proteo dos trabalhadores e das suas famlias nas situaes de falta ou diminuio de capacidade para o trabalho, de desemprego e de morte compensao dos encargos familiares proteo das pessoas em situao de falta ou diminuio de meios de subsistncia. Posteriormente publicao da lei, so regulamentadas vrias medidas.
  64. 64. Histria da Segurana Social Portuguesa Desemprego criado o subsdio de desemprego cuja durao e montante esto diretamente ligados aos perodos de trabalho e de contribuies do trabalhador bem como com as remuneraes de trabalho perdidas (Decreto- Lei n. 20/85, de 17 de janeiro). Este diploma prev, ainda, o subsdio social de desemprego, integrado no regime no contributivo, para os trabalhadores desempregados que tenham esgotado os prazos de concesso do subsdio de desemprego ou no tenham o prazo de garantia exigido para aquela prestao, isto , trabalhadores com menores carreiras contributivas e baixos rendimentos. Em toda a Europa comunitria, o desemprego dos jovens e o desemprego de longa durao constituem preocupao dominante pelas suas repercusses negativas quer para os prprios, quer para a sociedade.
  65. 65. Histria da Segurana Social Portuguesa O sistema de Segurana Social procura apoiar estes dois grupos atravs de um conjunto de medidas de especial apoio e proteo, designadamente a desonerao de pagamento das contribuies devidas Segurana Social e ao fundo de desemprego por parte das entidades patronais que contratem trabalhadores pertencentes a estes 2 grupos, bem como apoios financeiros no reembolsveis (Decreto-Lei n. 257/86, de 27 de agosto e Decreto-Lei n. 64-C/89, de 27 de fevereiro). As entidades empregadoras que celebrem contratos de trabalho por tempo indeterminado com pessoas com deficincia, passam, tambm, a ter direito reduo da taxa contributiva (Decreto-Lei n. 299/86, de 11 de setembro).
  66. 66. Histria da Segurana Social Portuguesa Doena Por sua vez, a proteo na doena objeto de reformulao global, procurando-se uma maior clareza nos direitos reconhecidos e a racionalizao dos meios para o pagamento atempado das prestaes (Decreto-Lei n. 132/88, de 20 de abril). Maternidade paternidade e adoo A proteo global da maternidade e paternidade e a valorizao da famlia no mbito dos regimes da Segurana Social so reforadas pelo Decreto-Lei n. 154/88, de 29 de abril, que define e regulamenta a proteo na maternidade e paternidade, na adoo, e na assistncia a descendentes menores, dos beneficirios do regime geral por conta de outrem e dos trabalhadores independentes. As prestaes para cobertura desta eventualidade passam a depender de um prazo de garantia de seis meses, sem exigncia de ndice de profissionalidade e fixado um montante mnimo para os subsdios, particularmente para os trabalhadores em situao econmica precria.
  67. 67. Histria da Segurana Social Portuguesa Invalidez e Velhice Na linha de integrao dos sistemas de Segurana Social no regime unitrio preconizado na lei de bases de 1984, institudo o regime da penso unificada para trabalhadores abrangidos pelo sistema de Segurana Social e pelo sistema de proteo social da funo pblica (Decreto-Lei n. 143/88, de 22 de abril). , tambm, institudo o subsdio por assistncia de terceira pessoa a deficientes titulares de outras prestaes, de montante igual ao estabelecido para o suplemento de grande invlido do regime geral da Segurana Social (Decreto-Lei n. 29/89, de 23 de janeiro). Na rea da ao social, so disciplinadas as atividades de apoio ocupacional aos deficientes graves (Decreto-Lei n. 18/89, de 11 de fevereiro) e definidas as condies de exerccio e o regime de proteo social das ajudantes familiares (Decreto-Lei n. 141/89, de 28 de abril). O regime do licenciamento, funcionamento e fiscalizao dos estabelecimentos com fins lucrativos que exercem atividades de apoio social relativas ao acolhimento de crianas e jovens (creches, centros de atividades de tempos livres e lares), pessoas idosas (lares e centros de dia) e pessoas com deficincia (lares) e, ainda, servios de apoio domicilirio para todos novamente objeto de regulamentao (Decreto-Lei n. 30/89, de 24 de janeiro). So posteriormente aprovadas as normas reguladoras dos centros de atividades de tempos livres e das creches, atravs dos Despachos Normativos n. 96/89 e n. 99/89, de 11 de setembro.
  68. 68. Histria da Segurana Social Portuguesa Em matria de financiamento, na lei de bases fica estabelecido que o regime geral financiado pelo oramento da Segurana Social, isto pelas contribuies dos trabalhadores e das entidades patronais, enquanto que o regime no contributivo e a ao social so financiados por transferncias do Estado. aprovado o regime sancionatrio no mbito da Segurana Social (Decreto- Lei n. 64/89, de 25 de fevereiro) e estabelecidas as contraordenaes e as coimas correspondentes. A taxa social nica entra em vigor em 1986. So fixadas as taxas de contribuies a pagar pelos trabalhadores e entidades patronais em 11% e 24%, respetivamente, das remuneraes por trabalho prestado, sendo a percentagem de 0,50% destinada ao financiamento da proteco na eventualidade de doena profissional (Decreto- Lei n. 140-D, de 14 de junho). Correspondendo necessidade de regulamentar a concesso de benefcios complementares que j abrangiam um considervel nmero de trabalhadores e de empresas, so regulamentados os regimes profissionais complementares (Decreto-Lei n. 225/89, de 6 de julho).
  69. 69. Dcada de 1990 Independentemente da referncia posterior a medidas especficas no mbito das diversas prestaes, a dcada de 90 caracterizada por 4 diplomas estruturantes, todos publicados no dia 25 de setembro de 1993, com grande incidncia na definio das traves mestras do sistema. O Decreto-Lei n. 326/93, de 25 de setembro, reintroduz o sistema de desagregao da taxa contributiva global por eventualidade, determinando o valor da taxa atribuvel a cada eventualidade. O Decreto-Lei n. 327/93, de 25 de setembro, assegura a efetivao do direito Segurana Social dos membros dos rgos estatutrios das pessoas coletivas e entidades equiparadas, passando a abranger os administradores e scios gerentes de empresas.
  70. 70. Histria da Segurana Social Portuguesa Pelo Decreto-Lei n. 328/93, de 25 de setembro, reformulado o regime de Segurana Social dos trabalhadores independentes, que passam a usufruir da cobertura da Segurana Social, em igualdade de circunstncias com os trabalhadores por conta de outrem. So previstos 2 esquemas de prestaes: - um, mais restrito, que cobre, com carter obrigatrio, as eventualidades de maternidade, invalidez, velhice e morte - outro, mais alargado, que cobre tambm, com carter facultativo, a proteo nas eventualidades de doena, doena profissional e encargos familiares. Finalmente, o Decreto-Lei n. 329/93, de 25 de setembro, distingue a componente de seguro da componente de solidariedade com base no financiamento pelo oramento do Estado.
  71. 71. Histria da Segurana Social Portuguesa No mbito do regime no contributivo, a medida de maior relevo, neste perodo, a criao do rendimento mnimo garantido, prestao integrada por duas vertentes - prestao pecuniria e programa de insero social - procurando garantir aos indivduos e seus agregados familiares os recursos necessrios satisfao das suas necessidades bsicas e a progressiva integrao social e profissional Lei n. 19-A/96, de 29 de junho. uma medida complexa e de carter inovador, optando-se, por isso, por promover um perodo de aprendizagem social, em que o rendimento mnimo criado sob a forma de projetos-piloto experimentais de ao social em vrias zonas do pas (Portaria n. 237-A/96, de 1 de julho). Os conceitos de rendimento mnimo, prestao de rendimento mnimo, programa de insero e vrios outros, bem como as condies de titularidade e atribuio da prestao, e a elaborao do programa de insero, so definidos, com base na experincia adquirida, pelo Decreto-Lei n. 196/97, de 31 de julho.
  72. 72. Histria da Segurana Social Portuguesa Desemprego Reconhecendo-se a necessidade de uma proteo mais eficaz para os trabalhadores de grupos etrios mais elevados cuja reintegrao no mercado de trabalho mais problemtica, aumentada a durao da concesso das prestaes de desemprego e surge uma nova medida de subsdio de desemprego parcial (Decreto-Lei n. 119/99, de 14 de abril e Decreto-Lei n. 186-B/99, de 30 de maio).
  73. 73. Histria da Segurana Social Portuguesa Prestaes Familiares A reformulao do regime jurdico das prestaes familiares, em 1997, assente numa nova poltica social de compensao de encargos familiares que melhor corresponda s necessidades dos agregados familiares economicamente mais desfavorecidos, atravs da seletividade. criada uma nova prestao, designada por subsdio familiar a crianas e jovens, que substitui as prestaes de abono de famlia e subsdios de aleitao e de nascimento, passando os respetivos montantes a ser modulados em funo dos rendimentos familiares para que, conforme expresso no prembulo do Decreto-Lei n. 133-B/97, de 30 de maio "sem deixar de ter em conta o direito universal s correspondentes prestaes, (se) fortalea a dinmica redistributiva de rendimentos prpria da Segurana Social, indo ao encontro das necessidades dos agregados familiares economicamente mais dbeis". Paralelamente, numa tica de salvaguarda do equilbrio financeiro do sistema e de racionalizao do esquema de prestaes, procede-se unificao dos benefcios concedidos no primeiro ano de vida abono de famlia e subsdios de nascimento e aleitao. Esta reformulao acarreta, naturalmente, alteraes correspondentes na proteo na eventualidade dos encargos familiares no mbito do regime no contributivo (Decreto-Lei n. 133- C/97, de 30 de maio).
  74. 74. Histria da Segurana Social Portuguesa Maternidade, paternidade e adoo A proteo na maternidade, paternidade e adoo objeto de sucessivas alteraes legislativas neste perodo, em parte devido necessidade da aplicao dos normativos comunitrios. Entre as mais importantes, de salientar (Decreto-Lei n. 347/98, de 9 de novembro e Decreto-Lei n. 333/95, de 23 de dezembro): criao do subsdio para assistncia a deficientes profundos e doentes crnicos alargamento da licena subsidiada por maternidade, de 98 para 120 dias licena subsidiada, de 5 dias teis, para o pai, no ms seguinte ao nascimento da criana a concesso do direito aos avs de faltarem at 30 dias a seguir ao nascimento de netos, filhos de adolescentes com idade at aos 16 anos que vivam consigo em comunho de mesa e habitao.
  75. 75. Histria da Segurana Social Portuguesa Invalidez e Velhice So vrias as medidas adotadas em matria de penses, desde a instituio do 14. ms de penso para os pensionistas dos regimes de Segurana Social, em julho de cada ano (Portaria n. 470/90, de 23 de junho), ao aperfeioamento e desenvolvimento do quadro legislativo em vigor para a acumulao de penses (Decreto-Lei n. 141/91, de 10 de abril). institudo o regime jurdico da pr-reforma (Decreto-Lei n. 261/91, de 25 de julho), caracterizada como situao de suspenso ou reduo da prestao de trabalho para os trabalhadores com idade igual ou superior a 55 anos com manuteno de prestao pecuniria mensal que no pode ser inferior a 25% da ltima remunerao nem superior mesma. O regime jurdico das penses de invalidez e velhice objeto de uma ampla reforma. Entre outros aspetos, consagrado o princpio da igualdade de tratamento entre homens e mulheres, uniformizando a idade de acesso penso de velhice aos 65 anos, embora com um perodo transitrio de seis anos para a introduo gradual da medida que tem em conta a maior esperana de vida das mulheres bem como a frequente existncia de carreiras mais curtas. alterado de 120 meses para 15 anos o prazo de garantia para acesso s penses de velhice, mantendo-se inalterado o prazo de garantia para as penses de invalidez. reformulada a frmula de clculo das penses, designadamente para tomar em considerao um maior perodo da carreira contributiva (10 melhores anos dos ltimos 15) com vista a que a remunerao de referncia exprima de forma mais ajustada o ltimo perodo da atividade profissional (Decreto-Lei n. 329/93, de 25 de setembro).
  76. 76. Histria da Segurana Social Portuguesa Procede-se, ainda, reformulao global do regime jurdico da constituio dos fundos de penses (Decreto-Lei n. 415/91, de 17 de outubro). instituda uma nova prestao o complemento por dependncia - para os pensionistas de invalidez, velhice e sobrevivncia do regime geral de Segurana Social e das penses do regime no contributivo e equiparados que se encontrem em situao de dependncia. So fixados dois graus de dependncia com montantes indexados ao valor da penso social de invalidez e velhice do regime no contributivo (Decreto-Lei n. 265/99, de 14 de julho). Inicia-se, nos centros regionais de Segurana Social, o sistema de verificao de incapacidades temporrias para o trabalho (SVIT) dos beneficirios dos regimes de Segurana Social (Decreto-Lei n. 236/92, de 27 de outubro). Posteriormente, o sistema de verificao de incapacidades (SVI) integra, num diploma nico, as condies para a verificao de incapacidades determinantes do direito ao subsdio de doena, s penses de invalidez e sobrevivncia, ao subsdio por assistncia de 3. pessoa e ao subsdio mensal vitalcio (Decreto-Lei n. 360/97, de 17 de dezembro).
  77. 77. Em matria de ao social, sentida a necessidade de desenvolver e aperfeioar diversas modalidades de apoio a indivduos e famlias que se encontrem em situao de maior isolamento, dependncia ou marginalizao social. O acolhimento familiar uma nova resposta social que consiste em integrar, temporria ou permanentemente, em famlias consideradas idneas, pessoas idosas ou pessoas com deficincia, a partir da idade adulta (Decreto-Lei n. 391/91, de 10 de outubro). As crianas e jovens em situao de risco colocam problemas particulares. Entre as medidas que os procuram abordar de forma integrada esto o Projeto de Apoio Famlia e Criana (Resoluo do Conselho de Ministros n. 30/92, de 23 de julho) e o Programa Ser Criana (Despacho n. 26/MESS/95, publicado no Dirio da Repblica n. 298, de 22 de dezembro). A assembleia da repblica autoriza o Governo a introduzir alteraes no regime jurdico da adoo (Lei n. 2/93, de 6 de janeiro). Novas alteraes, com repercusses nos servios da ao social, so introduzidas pela Lei n. 9/98, de 18 de fevereiro e pelo Decreto-Lei n. 120/98, de 8 de maio
  78. 78. O licenciamento e a fiscalizao dos estabelecimentos de apoio social para crianas, jovens, pessoas idosas ou pessoas com deficincia, bem como os destinados preveno e reparao de situaes de carncia, de disfuno e de marginalizao social so objeto de nova legislao que novamente regulamentado pelo Decreto-Lei n. 133-A/97, de 30 de maio. Na sequncia da mesma, so aprovadas as normas reguladoras das condies de instalao e funcionamento dos lares de idosos (Despacho Normativo n. 12/98, de 13 de janeiro). So, tambm, aprovadas as orientaes reguladoras do apoio integrado (ao social/educao/sade) a crianas com deficincia ou em risco de atraso grave de desenvolvimento e suas famlias, no mbito da interveno precoce (Despacho Conjunto n. 891/99, de 18 de outubro) e as normas que regulam as condies de implantao, localizao, instalao e funcionamento do servio de apoio domicilirio (Despacho Normativo n. 62/99, de 12 de novembro).
  79. 79. Desenvolvem-se, nos anos 90, alguns programas de apoio a idosos, que visam a melhoria, qualitativa e quantitativa, dos servios dirigidos populao idosa (Resoluo do Conselho de Ministros n. 91/99, de 12 de agosto): Programa Idosos em Lar Programa de Apoio Integrado aos Idosos (Despacho Conjunto n. 259/97, publicado no Dirio da Repblica n. 192, de 21 de agosto) Programa de Apoio Iniciativa Privada Social. criada a comisso nacional de proteo das crianas jovens em risco, a quem cabe planificar a interveno do Estado e a coordenao, acompanhamento e avaliao da ao dos organismos pblicos e da comunidade na proteo de crianas e jovens em risco (Decreto-Lei n. 98/98, de 18 de abril), na sequncia da Resoluo do Conselho de Ministros n. 193/97, de 3 de novembro, que desenvolve um processo interministerial e interinstitucional de reforma do sistema de proteo de crianas e jovens em risco.
  80. 80. A Resoluo do Conselho de Ministros n. 197/97, de 18 novembro, na sequncia do ano dedicado erradicao da pobreza, vem reconhecer a rede social como o conjunto das diferentes formas de entreajuda, bem como das entidades particulares sem fins lucrativos e dos organismos pblicos que trabalham no domnio da ao social e articulam entre si e com o Governo a respetiva atuao, com vista erradicao ou atenuao da pobreza e excluso social e promoo do desenvolvimento social. O Despacho Normativo n. 8/2002, de 12 de fevereiro, procede regulamentao do Programa de Apoio Implementao da Rede Social.
  81. 81. O estmulo ao voluntariado concretizado atravs da regulamentao da Lei n. 71/98, de 3 de novembro, que vem permitir aos voluntrios sociais o acesso proteo social facultativa atravs do enquadramento no seguro social voluntrio. Relativamente s contribuies para a Segurana Social, so definidos os princpios gerais a que deve obedecer a fixao das taxas contributivas do regime geral dos trabalhadores por conta de outrem e a adequao dessas taxas a situaes especficas. estabelecida a taxa contributiva global de 34,75%, subdividida em duas parcelas, cabendo 23,75% entidade empregadora e 11,00% ao trabalhador beneficirio (Decreto-Lei n. 199/99, de 8 de junho). Em matria de dvidas Segurana Social, de acordo com um novo diploma de regularizao da dvida Decreto-Lei n. 411/91, de 17 de outubro, deixa de ser permitido autorizar ou acordar extrajudicialmente o pagamento prestacional de contribuies em dvida Segurana Social, nem isentar ou reduzir, extrajudicialmente, os respetivos juros a no ser em situaes excecionais de empresas declaradas em situao econmica difcil ou objeto de processo especial de recuperao de empresas e de proteo dos credores. O Decreto-Lei n. 115/98, de 4 de maio, vem criar o Fundo de Estabilizao Financeira da Segurana Social, com vrios objetivos, designadamente assegurar a estabilizao financeira, atravs da adoo de medidas de maior flexibilidade no financiamento da Segurana Social, bem como a gesto, em regime de capitalizao, do patrimnio e das disponibilidades financeiras que lhe so afetas.
  82. 82. Sculo XXI A segunda lei de bases do sistema de solidariedade e Segurana Social (Lei n. 17/2000, de 8 de agosto), renova o direito a todos Segurana Social atravs do sistema de solidariedade e Segurana Social, prosseguindo a melhoria das condies e dos nveis de proteo social e o reforo da respetiva equidade; a eficcia do sistema; e a eficincia da sua gesto e a sustentabilidade financeira. O sistema passa a dividir-se em trs subsistemas: Proteo social de cidadania Proteo famlia Previdencial. A Lei n. 32/2002, de 20 de dezembro, vem revogar a Lei n. 17/2000, de 8 de agosto.
  83. 83. O sistema passa a denominar-se, novamente, sistema da Segurana Social. Embora as designaes se tenham alterado, os objetivos e composio do sistema, bem como o universo pessoal e material das prestaes no sofrem grandes alteraes. O sistema abrange: sistema pblico de Segurana Social que, por sua vez, integra: subsistema previdencial subsistema de solidariedade subsistema de proteo familiar sistema de ao social sistema complementar. A Lei n. 4/2007, de 16 de janeiro a que aprova as bases gerais do sistema de Segurana Social atualmente em vigor.
  84. 84. Numa nova rearrumao, o sistema de Segurana Social volta a ser composto por 3 sistemas: proteo social de cidadania previdencial complementar. Diversas medidas so revogadas e novas medidas so aprovadas a partir do ano 2000, na sequncia da regulamentao das sucessivas leis de bases. definida a proteo garantida no mbito do subsistema previdencial aos trabalhadores que exercem a sua atividade no domiclio sem carter de subordinao, nas eventualidades de maternidade, doenas profissionais, invalidez, velhice e morte, na sequncia da regulamentao do Cdigo do Trabalho (Decreto-Lei n. 98/2005, de 16 de junho).
  85. 85. Histria da Segurana Social Portuguesa criado o rendimento social de insero em substituio do rendimento mnimo garantido (Lei n. 13/2003, de 21 de maio). O novo regime pretende reforar a natureza social da prestao e promover efetivamente a incluso dos mais carenciados, privilegiando a insero e introduzindo um maior rigor na atribuio, processamento e gesto da prpria medida, conferindo assim uma eficcia social acrescida com claros benefcios para as pessoas e para o Estado (Decreto-Lei n. 283/2003, de 8 de novembro e Decreto-Lei n. 42/2006, de 23 de fevereiro).
  86. 86. Histria da Segurana Social Portuguesa Desemprego A desacelerao econmica que conduz a um significativo aumento no desemprego est na base do Programa de Emprego e Proteo Social aprovado pelo Decreto-Lei n. 84/2003, de 24 de abril, que estabelece medidas de proteo social de natureza temporria para minimizar os efeitos decorrentes deste contexto, designadamente: reduo do prazo de garantia para acesso ao subsdio de desemprego a majorao do montante do subsdio de desemprego e do subsdio social de desemprego o acesso penso de velhice de desempregados com idade igual ou superior a 58 anos (Decreto-Lei n. 168/2003, de 29 de julho).
  87. 87. Histria da Segurana Social Portuguesa Em 2006, estabelecido um novo quadro legal de reparao da eventualidade de desemprego dos trabalhadores por conta de outrem, com particular enfoque nas medidas ativas para o retorno ao mercado de trabalho, reforando-se a ao dos centros de emprego no acompanhamento personalizado dos beneficirios e clarificando o conceito de emprego conveniente. So introduzidas regras no sentido de alargar o prazo de suspenso das prestaes de desemprego por exerccio de atividade profissional e valoriza-se, na determinao do perodo de concesso, as carreiras mais longas. So, tambm, alteradas as regras de acesso penso antecipada aps desemprego, procurando incentivar a permanncia dos trabalhadores na vida ativa, em sintonia com a evoluo da esperana mdia de vida (Decreto-Lei n. 220/2006, de 3 de novembro). Dado que o reforo da proteo social dos beneficirios mais carenciados impe a melhoria das condies de acesso ao subsdio social de desemprego, aprovado um regime de natureza transitria e excecional, em vigor durante 12 meses, em que se procede alterao da condio de recursos do referido subsdio com a inteno de abranger um maior nmero de beneficirios (Decreto-Lei n. 150/2009, de 30 de junho). , ainda, adotado um regime transitrio e excecional de acesso ao subsdio de desemprego, concretizado na reduo do prazo de garantia a vigorar durante 2010 (Decreto-Lei n. 324/2009, de 29 de dezembro).
  88. 88. Histria da Segurana Social Portuguesa Doena O regime jurdico de proteo social na eventualidade doena revisto, atravs da integrao global das normas de proteo dos beneficirios do regime geral dos trabalhadores por conta de outrem, dos trabalhadores independentes e do regime de inscrio facultativa; da preveno e reforo dos mecanismos efetivos de combate fraude no acesso ao subsdio de doena; e da introduo de melhorias significativas ao nvel de proteo das doenas de longa durao atravs da flexibilizao de prazos de garantia e de percentagens de clculo (Decreto-Lei n. 28/2004, de 4 de fevereiro e Decreto-Lei n. 146/2005, de 26 de agosto).
  89. 89. Histria da Segurana Social Portuguesa Prestaes Familiares Em matria de prestaes familiares, aperfeioa-se a tcnica da diferenciao positiva em funo dos rendimentos das famlias, e a componente redistributiva na atribuio das prestaes, mediante um ajustamento no critrio da fixao dos escales de rendimentos. criado um novo escalo para beneficiar de forma mais eficaz as famlias cujos rendimentos se situam entre uma remunerao e meia e quatro remuneraes mnimas mensais (Decreto-Lei n. 250/2001, de 21 de setembro). A autonomizao do subsistema de proteo familiar previsto na Lei n. 32/2002, de 20 de dezembro, reflete uma alterao profunda na conceptualizao do modelo de proteo em causa, ao qual foi conferida uma identidade prpria, caracterizada essencialmente pela diferenciao e seletividade na atribuio das prestaes sociais generalidade das pessoas residentes em territrio nacional.
  90. 90. Histria da Segurana Social Portuguesa Na sequncia da Lei n. 32/2002, de 20 de dezembro, definido um novo regime para as prestaes familiares (Decreto-Lei n. 176/2003, de 2 de agosto). Reforando diplomas anteriores, o abono de famlia para crianas e jovens passa a constituir, efetivamente, um direito prprio das crianas e jovens residentes em territrio nacional, deixando de estar subordinado a condicionalismos que lhes eram alheios, designadamente os que se referem carreira contributiva dos beneficirios seus ascendentes. , ainda, alargado o mbito de aplicao do subsdio de funeral aos beneficirios do regime de solidariedade.
  91. 91. Histria da Segurana Social Portuguesa Tendo em linha de conta as tendncias demogrficas, so estabelecidas medidas de incentivo natalidade e de apoio s famlias com maior nmero de filhos. Passa a ser reconhecido mulher grvida o direito ao abono de famlia durante o perodo pr -natal, uma vez atingida a 13. semana de gestao. No sentido de discriminar positivamente as famlias mais numerosas, reforada a majorao do abono de famlia para crianas e jovens, garantindo o prolongamento da proteo reforada, que j concedida a todas as crianas no 1. ano de vida, para incluir os 2. e 3. ano de vida. duplicado o valor do abono de famlia, durante este perodo de vida das crianas, em caso de nascimento do segundo filho e triplicado para o terceiro filho e seguintes (Decreto-Lei n. 308-A/2007, de 5 de setembro). Numa tica de reforo da proteo aos ncleos familiares potencialmente mais fragilizados do ponto de vista econmico, como o caso das famlias monoparentais, instituda uma medida de reforo da proteo social na monoparentalidade concretizada na majorao do abono de famlia para crianas e jovens (Decreto-Lei n. 87/2008, de 28 de maio).
  92. 92. Histria da Segurana Social Portuguesa Maternidade, paternidade e adoo Consagrada a possibilidade da licena por maternidade e por paternidade, mediante a opo do trabalhador, poder ser alargado para 150 dias, nos termos da regulamentao do Cdigo do Trabalho, o Decreto-Lei n. 77/2005, de 13 de abril, fixa que, nessa situao, o montante dirio dos subsdios de maternidade e de paternidade igual a 80% da remunerao de referncia. Uma vez que as alteraes verificadas proteo nesta eventualidade tm sido especialmente dirigidas ao universo da populao trabalhadora, torna- se necessrio reforar a mesma nas situaes de carncia econmica. Na prossecuo deste objetivo de reforo, so institudos os subsdios sociais na maternidade, paternidade, por adoo e por riscos especficos. A condio de recursos definida em funo dos rendimentos mensais per capita do agregado familiar que no podem ultrapassar 80 % do indexante dos apoios sociais (IAS), conforme o Decreto-Lei n. 105/2008, de 25 de junho.
  93. 93. Histria da Segurana Social Portuguesa A proteo na parentalidade no mbito da eventualidade de maternidade, paternidade e adoo do sistema previdencial e do subsistema de proteo familiar definida pelo Decreto-Lei n. 91/2009, de 9 de abril, que alarga, tambm, o esquema de proteo social na parentalidade dos trabalhadores independentes. Por outro lado, reconhecido ao instituto da adoo o estatuto que lhe devido atravs da equiparao deste regime ao regime de proteo na parentalidade. So reforados os direitos do pai por nascimento de filho, em relao aos direitos de gozo obrigatrio e facultativo, e aumenta-se o perodo de licena parental no caso de partilha por ambos os progenitores, possibilitando uma maior conciliao da vida familiar com a gesto da carreira profissional. Cria-se a possibilidade de prolongamento da licena parental inicial por mais seis meses adicionais subsidiados pela Segurana Social. O trabalho a tempo parcial para acompanhamento de filho durante os 12 primeiros anos de vida contado em dobro para efeitos de atribuio das prestaes de Segurana Social, com o limite da remunerao correspondente ao tempo completo.
  94. 94. Histria da Segurana Social Portuguesa Invalidez e Velhice Reconhecendo o princpio de que determinadas doenas, pela sua gravidade e evoluo, do origem, por vezes com acentuada rapidez, a situaes extremamente invalidantes, requerendo uma estruturao diferente das regras de concesso das prestaes, designadamente as relativas a prazos de garantia, taxas de formao de penses e outros fatores relevantes na determinao do montante das prestaes. Assim, tratamento mais favorvel na atribuio da penso de invalidez assegurado aos seropositivos doentes de sida beneficirios do regime geral, atravs do Decreto-Lei n. 216/98, de 16 de julho, enquanto que o Decreto-Lei n. 92/2000, de 19 de maio, assegura proteo especial aos beneficirios tanto do regime geral como do regime no contributivo, em situao de invalidez originada por doena do foro oncolgico, e o Decreto-Lei n. 327/2000, de 22 de dezembro, aos doentes com esclerose mltipla. Posteriormente, a Lei n. 90/2009, de 31 de agosto, vem aprovar o regime especial de proteo na invalidez para pessoas que sofrem de diversas doenas incapacitantes.
  95. 95. Histria da Segurana Social Portuguesa A dependncia, em certa medida decorrente do aumento da esperana de vida, est cada vez mais presente nas sociedades contemporneas, requerendo a interveno articulada dos servios de sade e de apoio social. Nesta linha, a Resoluo do Conselho de Ministros n. 59/2002, de 22 de maro, define a rede nacional de cuidados continuados integrados, designada por Rede Mais, que se destina a desenvolver respostas integradas de cuidados de sade e de apoio social potenciadoras de mais autonomia, mais integrao social e mais sade, para as pessoas em situao de dependncia. Com base na experincia do funcionamento da Rede Mais, criada a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, no mbito dos Ministrios da Sade e do Trabalho e da Solidariedade Social, constituda por unidades e equipas de cuidados continuados de sade, e/ou apoio social, e de cuidados e aes paliativas, com origem nos servios comunitrios de proximidade, abrangendo os hospitais, os centros de sade, os servios distritais e locais da Segurana Social, a Rede Solidria e as autarquias (Decreto-Lei n. 101/2006, de 6 de junho). Por seu turno, o Despacho Normativo n. 34/2007, de 19 de setembro, define os termos e as condies em que a Segurana Social comparticipa os utentes pelos encargos decorrentes da prestao dos cuidados de apoio social nas unidades de mdia durao e reabilitao, e de longa durao e manuteno da Rede.
  96. 96. Histria da Segurana Social Portuguesa Na prossecuo do reforo da proteo social conferida aos cidados mais desfavorecidos, criado um complemento extraordinrio de solidariedade, para os beneficirios das penses sociais de invalidez e de velhice do regime no contributivo e de regimes equiparados, cujas condies de atribuio so definidas pelo (Decreto-Lei n. 208/2001, de 27 de julho). No desenvolvimento da lei de bases de 2000, que integra a previso do clculo das penses de velhice ter por base, de um modo gradual e progressivo, os rendimentos de trabalho, revalorizados, de toda a carreira contributiva, o Decreto- Lei n. 35/2002, de 19 de fevereiro, introduz uma mudana de vulto no sistema em vigor. Estabelecem-se, pela primeira vez, mecanismos redistributivos no mbito da proteco de base profissional. Com efeito, a frmula de clculo, em especial no que concerne taxa de formao global das penses, passa a obedecer, tambm ela, ao princpio da diferenciao positiva, aplicando-se taxas regressivas de formao da penso a diferentes escales de rendimentos. Privilegiam-se as carreiras contributivas mais longas e so previstas novas regras de revalorizao da base de clculo.
  97. 97. Histria da Segurana Social Portuguesa criado o complemento solidrio para idosos, no mbito do subsistema de solidariedade, destinado a pensionistas com mais de 65 anos. Como indicado pela sua designao, trata-se de complemento a rendimentos preexistentes, sendo o seu valor definido por referncia a um limiar fixado anualmente e a sua atribuio diferenciada em funo da situao concreta de recursos do pensionista que o requer. A idade para o reconhecimento do direito fixada de forma progressiva, com incio nos 80 anos, tendo como finalidade a atribuio da prestao, em 2009, s pessoas idosas com 65 ou mais anos (Decreto-Lei n. 232/2005, de 29 de dezembro). Esta medida inicia um processo de reconfigurao da poltica de mnimos sociais para idosos, capaz de produzir mudanas com significado na situao daqueles que delas realmente precisam e se encontram em situao de pobreza, reduzindo, assim, os nveis de desigualdade. Por outro lado, procura-se maiores nveis de responsabilizao de todos os que podem e devem contribuir para melhorar a qualidade de vida dos idosos, designadamente as suas famlias, pelo que entram em linha de conta para a determinao dos recursos do requerente, os rendimentos do seu agregado familiar.
  98. 98. Histria da Segurana Social Portuguesa A Resoluo do Conselho de Ministros n. 110/2005, de 30 de junho e a Lei n. 60/2005, de 29 de dezembro, reiteram a necessidade da uniformizao progressiva dos diversos regimes de proteo social (Segurana Social, CGA, etc.) da qual a penso unificada constitui o primeiro passo. No quadro das iniciativas destinadas a reforar a convergncia e a equidade entre os subscritores da Caixa Geral de Aposentaes e os contribuintes da Segurana Social e a garantir a sustentabilidade dos sistemas de proteo social, o Decreto-Lei n. 229/2005, de 29 de dezembro, procede reviso dos regimes que consagram desvios s regras previstas no estatuto da aposentao em matria de tempo de servio, idade de aposentao, frmula de clculo e atualizao das penses, para determinados grupos de subscritores da Caixa Geral de Aposentaes. Por sua vez, o Decreto-Lei n. 117/2006, de 20 de junho, define regras especiais aplicveis s situaes de transio para os trabalhadores da administrao pblica com contrato individual de trabalho. A Lei n. 52/2007, de 31 de agosto, adapta o regime da Caixa Geral de Aposentaes ao regime geral da Segurana Social em matria de aposentao e clculo de penses aos subscritores da Caixa Geral de Aposentaes inscritos at 31 de agosto de 1993.
  99. 99. Histria da Segurana Social Portuguesa O indexante dos apoios sociais institudo pela Lei n. 53-B/2006, de 29 de dezembro, que fixa, igualmente, as regras da sua actualizao. As penses e algumas das outras prestaes do sistema de Segurana Social passam a ser atualizadas em funo do montante do indexante dos apoios sociais. Em matria quer de regimes, quer de ao social, o sistema apoiou, frequentemente, pessoas em situao difcil no prevista, por exemplo, em 2003, atravs do pagamento do subsdio eventual de emergncia para compensao dos rendimentos do trabalho perdidos aos trabalhadores por conta das entidades empregadoras diretamente afetadas pelos incndios ocorridos nas reas geogrficas declaradas abrangidas pela situao de calamidade pblica (Decreto-Lei n. 219/2003, de 19 de setembro). J anteriormente o sistema havia sido chamado, atravs dos servios de ao social, a colaborar na ajuda humanitria a cidados civis na Guin-Bissau em situao de carncia resultantes das circunstncias militares, no mbito do Plano Regresso (Resoluo do Conselho de Ministros n. 80/98, de 9 de julho), bem como na ajuda humanitria de emergncia aos refugiados do Kosovo (Resoluo do Conselho de Ministros n. 29/99, de 22 de abril).
  100. 100. Histria da Segurana Social Portuguesa Nesta dcada, so criados novos equipamentos sociais. Reconhecendo a necessidade de reforar a proteo s vtimas de violncia domstica, o Decreto-Lei n. 323/2000, de 19 e dezembro, estabelece o quadro geral da Rede Pblica de Casas de Apoio s Mulheres Vtimas de Violncia, caracterizada como um conjunto de casas de abrigo (residenciais) a funcionar em equipamentos pertencentes a entidades pblicas ou particulares sem fins lucrativos, regulamentadas pelo (Decreto Regulamentar n. 1/2006, de 25 de janeiro), e de centros de atendimento (equipas tcnicas pluridisciplinares). Para apoiar as crianas e suas famlias, lanado o Programa de Apoio Primeira Infncia (Despacho n. 6 802/2001, de 3 de abril) e adotado o modelo experimental de financiamento centrado na famlia para cobrir as despesas inerentes frequncia em creche (Despacho n. 15 139/2001 (2. srie), de 20 de julho).
  101. 101. Histria da Segurana Social Portuguesa A lei de proteco de crianas e jovens em perigo regulamentada pelo Decreto-Lei n. 332-B/2000, de 30 de dezembro. No seguimento desta regulamentao, estabelecido o regime de execuo do acolhimento familiar (Decreto-Lei n. 11/2008, de 17 de janeiro) e de outras medidas de promoo dos direitos e de proteo das crianas e jovens em perigo a executar em meio natural de vida (Decreto-Lei n. 12/2008, de 17 de janeiro): apoio junto dos pais ou de outro familiar confiana a pessoa idnea apoio para a autonomia de vida. Na rea do apoio deficincia, regulamentado o exerccio das atividades socialmente teis, bem como as condies de atribuio das compensaes monetrias aos utentes dos centros de atividades ocupacionais (Portaria n. 432/2006, de 3 de maio). As condies de instalao e funcionamento de estruturas residenciais (lar residencial e residncia autnoma) para as pessoas com deficincia so regulamentadas pelo Despacho Normativo n. 28/2006, de 3 de maio.
  102. 102. Histria da Segurana Social Portuguesa criado, sob coordenao conjunta dos Ministrios do Trabalho e da Solidariedade Social, da Sade e da Educao, o sistema nacional de interveno precoce na infncia, com vista a garantir condies de desenvolvimento das crianas dos 0 aos 6 anos com funes ou estruturas do corpo que limitam o crescimento pessoal e social, e a sua participao nas atividades tpicas para a idade, bem como das crianas com risco grave de atraso no desenvolvimento (Decreto-Lei n. 281/2009, de 6 de outubro). , ainda, aprovado um novo regime de licenciamento e fiscalizao da prestao de servios e dos estabelecimentos de apoio social (Decreto-Lei n. 64/2007, de 14 de maro) por: sociedades ou empresrios em nome individual instituies particulares de solidariedade social ou instituies legalmente equiparadas entidades privadas. So lanados o Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais (Portaria n. 426/2006, de 2 de maio) e o Programa de Apoio ao Investimento em Equipamentos Sociais (Portaria n. 869/2006, de 29 de agosto), com a finalidade de apoiar o desenvolvimento da rede de equipamentos sociais atravs da concesso de incentivos ao investimento.
  103. 103. Histria da Segurana Social Portuguesa Os Planos Nacionais de Ao para a Incluso, em vigor nos Estados Membros da UE desde 2001, desenvolvem um conjunto de medidas com o contributo do sistema de Segurana Social no combate pobreza e a todas as formas de excluso. Neste mbito e a ttulo de exemplo, referem-se: Programa para a Incluso e Desenvolvimento que se concretiza atravs da concesso de apoios a projetos que respondam a problemas de natureza multidimensional, de um territrio ou de um grupo, em reas de interveno diversificadas e com um perodo alargado de execuo (Portaria n. 730/2004, de 24 de junho e Despacho n. 25/2005, de 3 de janeiro). Contratos locais de desenvolvimento social, territorialmente implementados de forma progressiva, com um modelo de gesto que prev o financiamento induzido de projetos selecionados centralmente, privilegiando territrios com pblicos alvo mais vulnerveis e aes de interveno obrigatria que respondam s necessidades diagnosticadas (Portaria n. 396/2007, de 2 de abril).
  104. 104. Histria da Segurana Social Portuguesa Em matria de financiamento, concretiza-se o princpio da adequao seletiva. Consiste na determinao das fontes de financiamento e na afetao dos recursos financeiros do sistema, de acordo com a natureza e os objetivos das modalidades de proteo social definidas e com situaes e medidas especiais, nomeadamente as relacionadas com polticas ativas de emprego e formao profissional. Assim, estabelece o Decreto-Lei n. 331/2001, de 20 de dezembro: subsistema de proteo social de cidadania - financiamento exclusivo por transferncias do oramento do Estado subsistema de proteo famlia e medidas especiais relacionadas com polticas ativas de emprego e formao profissional - financiamento de forma tripartida, atravs: das cotizaes dos trabalhadores das contribuies das entidades empregadoras da consignao de receitas fiscais subsistema previdencial - financiamento de forma bipartida, atravs: das cotizaes dos trabalhadores das contribuies das entidades empregadoras.
  105. 105. Histria da Segurana Social Portuguesa A luta contra a fraude e evaso fiscais e contributivas constitui objetivo fundamental do Governo que concede, atravs do Decreto-Lei n. 248-A/2002, de 14 de novembro, uma faculdade excecional de regularizao das situaes contributivas, a qual pressupe o pagamento das dvidas fiscais e Segurana Social at 31 de dezembro de 2002, quer se trate de dvidas j detetadas pelas respetivas administraes, quer autodenunciadas voluntariamente pelos contribuintes. A preocupao com a sustentao de uma poltica social e redistributiva justa, na base do controlo ativo do cumprimento das obrigaes fiscais e contributivas conduz publicao do Decreto- Lei n. 92/2004, de 20 de abril, que regula a forma, extenso e limites da interconexo a efetivar entre os servios da administrao fiscal e as instituies da Segurana Social no domnio do acesso e tratamento da informao de natureza tributria e contributiva.
  106. 106. Alteraes introduzidas no OE/2015 O direito de liquidar contribuicoes e quotizacoes caduca ao fim de 4 anos no caso de correcoes oficiosas das declaracoes da entidade patronal. Deixa de existir prazo para apresentar requerimento para restituicao de contribuicoes e quotizacoes indevidas. Prorroga-se a contribuicao extraordinaria de solidariedade para as pensoes pagas a um unico titular, mas reduz-se o seu a mbito de aplicacao, passando a ser aplicada apenas em pensoes mensais de valor superior a 4.611,42. Porm, da sua aplicacao nao podera resultar uma pensao de valor mensal abaixo de 4.611,42. E criado um novo regime, que consiste na eliminacao da CES: em 2016 serao reduzidas a 50% e em 2017 serao elimina- das. Mantm-se em 2015 a suspensao da actualizacao do valor do IAS. E obrigatrio que todos os trabalhadores independentes tenham correio eletrnico.
  107. 107. Lei n.o 4/2007, de 16 de janeiro A Lei n.o 4/2007, de 16 de janeiro aprova as bases gerais do sistema de segurana social A Lei n.o 83-A/2013 de 30 de dezembro procede sua primeira alterao e faz a sua republicao. (inclui os acordo estabelecidos o MoU com a Troika, durante o PAEF)
  108. 108. Lei n.o 4/2007, de 16 de janeiro Artigo 1.o Objeto A presente lei define as bases gerais em que assenta o sistema de segurana social, adiante designado por sistema, bem como as iniciativas particulares de fins anlogos. Artigo 2.o Direito segurana social 1 Todos tm direito segurana social. 2 O direito segurana social efetivado pelo sis- tema e exercido nos termos estabelecidos na Constituio, nos instrumentos internacionais aplicveis e na presente lei.
  109. 109. O Cdigo dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurana Social aprovado pela Lei n. 110/2009 de 16 de setembro, tendo entrado em vigor em 1 de janeiro de 2011.
  110. 110. Lei de Bases da Economia Solidria LEI N 30/2013 de 8.05 Lei de Bases da Economia Social ( a presente lei define economia social e os respetivos princpios orientadores, bem como os critrios a que deve obedecer a relao do estado com as entidades da economia, entre outros ).
  111. 111. A presente lei define economia social como o conjunto das atividades econmico-sociais, livremente levadas a cabo pelas cooperativas, associaes mutualistas, misericrdias, fundaes, instituies particulares de solidariedade social, associaes com fins altrusticos que atuem no mbito cultural, recreativo, do desporto e do desenvolvimento local, entidades abrangidas pelos subsectores comunitrio e autogestionrio, integrados nos termos da Constituio no sector cooperativo e social, outras entidades dotadas de personalidade jurdica, que respeitem os princpios orientadores da economia e que constem da base de dados da economia social, com a finalidade de prosseguir o interesse geral da sociedade, quer diretamente quer atravs da prossecuo dos interesses dos seus membros, utilizadores e beneficirios, quando socialmente relevantes.
  112. 112. Co