direito civil – obrigaÇÕes

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1 | Página DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES. Prof. Cristiano de Souza DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES Sumário DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES.......................................................................................................... 1 1. CONCEITO .................................................................................................................................................. 2 2. Elementos Constitutivos ...................................................................................................................... 2 2.1. Elemento subjetivo ............................................................................................................................ 2 2.2. Elemento objetivo .............................................................................................................................. 3 3. DO NÃO CUMPRIMENTO ESPONTÂNEO .......................................................................................... 3 4. Modalidades. ............................................................................................................................................ 4 4.1. Classificação da obrigação quanto ao objeto. ........................................................................... 4 4.2. Obrigação de dar e de restituir ...................................................................................................... 5 4.2.1. Obrigação de dar coisa certa ....................................................................................................... 5 4.2.2. Obrigação de dar coisa incerta ................................................................................................... 7 4.3. Características especiais das obrigações de dar coisa (certa ou incerta) ...................... 8 4.4. Adimplemento e extinção da obrigação dar ............................................................................. 9 4.5. Inadimplemento da obrigação de dar ...................................................................................... 14 5. Meios indiretos de adimplemento (cumprimento) ................................................................ 18 5.1. Pagamento em consignação ......................................................................................................... 19 5.2. Pagamento com sub-rogação....................................................................................................... 19 5.3. Pagamento imputação do pagamento ...................................................................................... 21 5.4. Dação em pagamento ..................................................................................................................... 21 5.5. Novação ............................................................................................................................................... 22 5.6. Compensação .................................................................................................................................... 23 5.7. Confusão ............................................................................................................................................. 24 5.8. Remissão da Dívida ......................................................................................................................... 24 6. Da obrigação de fazer ........................................................................................................................ 25 6.1. Impossibilidade e inadimplemento da obrigação fazer .................................................... 25 7. Da obrigação de não fazer ................................................................................................................ 26 7.1. Impossibilidade e o inadimplemento da obrigação de não fazer................................... 26 8. Classificação da obrigação quanto aos elementos................................................................... 27

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DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES.

Prof. Cristiano de Souza

DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES

Sumário

DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES .......................................................................................................... 1

1. CONCEITO .................................................................................................................................................. 2

2. Elementos Constitutivos ...................................................................................................................... 2

2.1. Elemento subjetivo ............................................................................................................................ 2

2.2. Elemento objetivo .............................................................................................................................. 3

3. DO NÃO CUMPRIMENTO ESPONTÂNEO .......................................................................................... 3

4. Modalidades. ............................................................................................................................................ 4

4.1. Classificação da obrigação quanto ao objeto. ........................................................................... 4

4.2. Obrigação de dar e de restituir ...................................................................................................... 5

4.2.1. Obrigação de dar coisa certa ....................................................................................................... 5

4.2.2. Obrigação de dar coisa incerta ................................................................................................... 7

4.3. Características especiais das obrigações de dar coisa (certa ou incerta) ...................... 8

4.4. Adimplemento e extinção da obrigação dar ............................................................................. 9

4.5. Inadimplemento da obrigação de dar ...................................................................................... 14

5. Meios indiretos de adimplemento (cumprimento) ................................................................ 18

5.1. Pagamento em consignação ......................................................................................................... 19

5.2. Pagamento com sub-rogação ....................................................................................................... 19

5.3. Pagamento imputação do pagamento ...................................................................................... 21

5.4. Dação em pagamento ..................................................................................................................... 21

5.5. Novação ............................................................................................................................................... 22

5.6. Compensação .................................................................................................................................... 23

5.7. Confusão ............................................................................................................................................. 24

5.8. Remissão da Dívida ......................................................................................................................... 24

6. Da obrigação de fazer ........................................................................................................................ 25

6.1. Impossibilidade e inadimplemento da obrigação fazer .................................................... 25

7. Da obrigação de não fazer ................................................................................................................ 26

7.1. Impossibilidade e o inadimplemento da obrigação de não fazer ................................... 26

8. Classificação da obrigação quanto aos elementos. .................................................................. 27

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8.1. Obrigações alternativas ................................................................................................................ 27

8.2. Obrigações Divisíveis e Indivisíveis .......................................................................................... 28

8.3. Obrigações Solidárias..................................................................................................................... 29

8.3.1. Da solidariedade ativa ............................................................................................................... 29

8.3.2. Da solidariedade passiva .......................................................................................................... 30

9. Conseqüências do Inadimplemento das Obrigações .............................................................. 32

9.1. Das perdas e danos ......................................................................................................................... 32

9.2. Juros ..................................................................................................................................................... 33

9.3. Cláusula penal ................................................................................................................................... 34

9.4. Das ARRAS OU SINAL ...................................................................................................................... 35

10. Transmissão. ...................................................................................................................................... 35

10.1. Cessão de Crédito .......................................................................................................................... 36

10.1.1. Responsabilidade do cedente (credor velho) com o cessionário (credor novo) 37

10.2. Assunção de dívida ....................................................................................................................... 38

11. Questões de provas realizadas em 2011. ................................................................................. 39

1. CONCEITO

O conceito de obrigações ficou a cargo dos doutrinadores, pois o CC/02 não o definiu. Sendo assim, obrigações é o vinculo existente entre duas pessoas (credor e devedor) pelo qual uma delas assume uma prestação, vinculando seu patrimônio, em favor de outra.

Portanto, o cerne da questão é o vínculo existente entre credor e o devedor obrigando alguém a dar, fazer ou não fazer uma obrigação. Observa-se que em nenhum momento discute-se direito de propriedade do patrimônio vinculado à obrigação.

2. Elementos Constitutivos:

Os elementos componentes da obrigação são os mesmos elementos de uma relação jurídica. Nesse sentido, a obrigação é também composta de sujeitos, objeto e um vínculo.

2.1. Elemento subjetivo

O elemento subjetivo é representado pelo sujeito ativo (credor) e passivo (devedor) da relação obrigacional. Consequentemente, o credor é aquele que pode exigir de outrem um determinado comportamento, enquanto o devedor é quem deve cumpri-lo.

Cumpre lembrar que poderão existir pluralidades em ambos os polos da relação. Por isso, a existência de vários sujeitos poderá implicar na classificação das obrigações em solidárias.

Por outro lado, não é exigida capacidade creditícia para ser sujeito da relação obrigacional, pois o absolutamente incapaz poderá ser credor da obrigação a exemplo das obrigações

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alimentícias. Mas, não é possível a concepção de sujeitos absolutamente indetermináveis. Nesse sentido, não podemos confundir com os sujeitos de direitos coletivos de interesses difusos, pois a coletividade é um sujeito credor determinado na relação conforme o Código de Defesa do Consumidor.

Durante o período em que permanece hígida e exequível a obrigação é possível que haja mudança dos sujeitos da relação, desde que não seja personalíssima. Nestes casos, serão adotados os regramentos da cessão de crédito, assunção de dívida, sub-rogação, novação etc.

2.2. Elemento objetivo

O elemento objetivo é representado pela prestação consubstanciada na conduta humana determinada que possa ser positiva (dar ou fazer) ou negativa (não fazer). Assim, a prestação é aquilo que deve ser feito, prestado ou omitido pelo devedor (sujeito passivo). Portanto, a prestação deve sempre ser uma conduta humana.

Tratando-se de conduta humana a prestação deve apresentar algumas características e preencher os requisitos do art. 104, II, do CC/02: i) licitude, ii) possibilidade jurídica e iii) determinabilidade.

Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:

I - agente capaz;

II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;

III - forma prescrita ou não defesa em lei.

Portanto, sendo ilícita, impossível ou indeterminada a obrigação não produzirá efeitos no mundo jurídico devido à nulidade dos atos. Mas, é preciso atentar que a nulidade gerada pela impossibilidade jurídica é verificada no momento da constituição da obrigação (início). Por outro lado, a nulidade gerada pela indeterminabilidade é verificada no momento da execução (final).

OBS: Assim, sendo a impossibilidade jurídica superveniente não acarretará a nulidade, pois ela poderá ser cumprida por outra pessoa, salvo se a obrigação era personalíssima.

3. DO NÃO CUMPRIMENTO ESPONTÂNEO

No ato de constituir a obrigação, subjetivamente, às partes esperam que a prestação seja adimplida voluntariamente, por isso as relações obrigacionais são chamadas de efêmeras, tendo em vista o seu caráter temporário.

Contudo, havendo o inadimplemento (descumprimento) das partes, resta, então, a busca pela tutela jurisdicional para efetivar o direito subjetivo da parte credora. Mas, isso não significa que o Estado poderá adentrar na esfera da liberdade individual do inadimplente, vez que o STF já decidiu pela inconstitucionalidade da prisão do depositário infiel.

Analisando a nova redação dada ao art. 461 e parágrafos do CPC, percebemos que a conversão da obrigação inadimplida em perdas e danos deixou de ser a regra em nosso ordenamento, pois, hoje, converte-se primeiro em tutela específica ou em resultado prático equivalente. Sendo impossíveis essas medidas somente agora é que será convertida em perdas e danos. Assim, a conversão em perdas e danos passou a ser exceção e não mais a regra.

Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.

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§ 1º A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível à tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.

§ 2º A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa (art. 287).

§ 3º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em decisão fundamentada.

§ 4º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito.

§ 5º Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial.

§ 6º O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva.

4. Modalidades.

As modalidades das obrigações são tratadas nos art. 233 a 285 do CC/02, divididas em obrigação de dar, fazer, não fazer, alternativas, divisíveis ou não divisíveis e as obrigações solidárias.

Para melhor estudar esta matéria, iremos abordar cada modalidade analisando sua classificação, o adimplemento (cumprimento), o inadimplemento (descumprimento) e sua extinção.

4.1. Classificação da obrigação quanto ao objeto.

Sob a análise da classificação quanto ao objeto, podemos dividi-la em três subgrupos: i) obrigação de dar e de restituir; ii) obrigação de fazer; iii) obrigação de não fazer. Sendo assim, analisaremos cada subgrupo a seguir.

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4.2. Obrigação de dar e de restituir

Na obrigação de dar coisa certa como, também, na obrigação de dar coisa incerta a prestação consistirá na entrega de um bem (objeto) ao credor. Sendo assim, compete ao devedor (vendedor) transferir a propriedade do objeto, ceder sua posse ou restituir a coisa ao credor (comprador).

Nesse caso é indiferente a atividade realizada pelo devedor para conseguir cumprir a obrigação, pois o credor está interessado apenas na tradição do bem móvel ou imóvel.

Não se confunde, portanto, a obrigação de dar com o próprio direito real (direito de propriedade, posse, etc.) que surgirá dessa relação, pois na obrigação espera-se um comportamento de dar ou restituir diferente do direito real que poderá ocorrer, somente, após a tradição ou pelo registro dependendo se for bem móvel ou imóvel. Sendo assim, após este fato (tradição ou registro) é que a obrigação passará para o direito real.

A repercussão desse tema está diretamente ligada às distintas eficácias concernente as ações manejadas em virtude da violação desse direito.

O ponto definidor desta dicotomia está na tradição ou registro. Pois, antes da tradição não poderá o credor da obrigação de dar se valer das ações petitórias porque ainda não é proprietário restando-lhe a execução de tutela específica compelindo o devedor a entregar o bem com fundamento no art. 461-A do CPC.

Por outro lado, após o registro o proprietário poderá manejar a ação reivindicatória, pois, a obrigação já foi extinta pelo pagamento (tradição).

4.2.1. Obrigação de dar coisa certa

A coisa torna-se certa quando individualizada pela quantidade e pelo gênero. Sendo assim, desnecessária a sua determinabilidade no momento da execução da obrigação, pois não depende de declaração negocial definidora da coisa no momento da execução.

Portanto, sendo a coisa individualizada no início da obrigação, o credor não está obrigado a receber coisa diversa em substituição à originária, conforme o princípio da especificidade do art. 356 do CC/02.

Art. 356. O credor “pode” consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida.

No entanto, caso o credor aceitar coisa diversa a obrigação extinguirá pelo adimplemento na modalidade dação em pagamento. Ainda, diante da redação do art. 92 c/c art. 233, ambos do CC/02, os frutos, produtos, rendimentos, partes integrantes da coisa serão abrangidas pela obrigação de dar coisa certa.

Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal.

Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.

Porém, podem as partes convencionar no sentido de excluir os acessórios da obrigação principal conforme art. 448 do CC/02.

Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção.

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Assim, as benfeitorias incorporam à coisa principal. Mas, as pertenças não seguem a mesma regra, consoante art. 93 do CC/02.

Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.

Na obrigação de entregar coisa certa existe o risco da impossibilidade absoluta ou parcial de entregar o bem. Nesse caso, a Teoria do Risco vem disciplinada nos art. 234 a 241 do CC//02. Novamente, o marco balizador é a tradição, pois a regra é que a coisa perece para o dono, ou seja, res perito domino.

Ainda, ninguém pode assumir a responsabilidade pelo fortuito. Então, não ocorrendo culpa do devedor ou caso fortuito antes da tradição nos casos de perda, deteriorização ou restituição do bem, a obrigação se resolverá para ambas as partes. Situação diferente ocorre quando existir culpa antes da tradição, a qual irá garantir ao credor o direito ao equivalente cumulado com perdas e danos.

Regra: Cabe apenas uma resalva quando a coisa for deteriorada, a resolução da obrigação não se opera ex legis, mas, sim, pela manifestação do credor em não aceitar a coisa com o abatimento de seu preço do valor que se perdeu.

Exceção: No entanto, há um caso especial na obrigação de dar coisa certa em que o devedor responderá mesmo que a perda ou destruição resulte de caso fortuito ou força maior ocorrendo à perpetuação da obrigação com fundamento no art. 399 do CC/02, salvo se provar que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse cumprida.

Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada.

Como característica das minhas apostilas, irei demonstrar a Teoria do Risco, na obrigação de dar coisa certa, em quadro mnemônico.

Regra – Perda da coisa certa.

Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.

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Regra – Deteriorada a coisa certa.

Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.

Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos.

4.2.2. Obrigação de dar coisa incerta

É uma obrigação em que o objeto é indeterminado no momento inicial, ou seja, na constituição da obrigação, mas deverá ser determinado no momento de sua execução. Assim, trata-se de objeto determinável preenchendo os requisitos de validade do art. 104, II, do CC/02.

No entanto, a coisa deve ser indicada, ao menos, pelo gênero e quantidade da maneira cumulativa. Fato muito importante na obrigação de dar coisa incerta é o momento da concretização,

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pois sendo a coisa determinada quanto ao gênero e a quantidade falta-lhe a determinação quanto à qualidade.

Conforme dispõe o art. 244 do CC/02 pertence ao devedor à concretização da quantidade do bem quanto à qualidade, caso o devedor não a realizar caberá ao credor concretizar e/ou individualizar a qualidade no prazo do art. 894 do CPC.

Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.

Art. 894. Se o objeto da prestação for coisa indeterminada e a escolha couber ao credor, será este citado para exercer o direito dentro de 5 (cinco) dias, se outro prazo não constar de lei ou do contrato, ou para aceitar que o devedor o faça, devendo o juiz, ao despachar a petição inicial, fixar lugar, dia e hora em que se fará a entrega, sob pena de depósito.

Desta forma, ocorrendo à escolha/concretização deverá o credor ser cientificado (art. 245, CC/02). Neste momento a obrigação de dar coisa incerta transforma-se em obrigação de dar coisa certa.

Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente.

Mas, a cientificação da escolha não importa em mora do credor, pois o prazo para a entrega do bem poderá ser posterior a data da concretização, culminando com o efetivo cumprimento da obrigação.

Contudo, caso a escolha seja válida a obrigação passará a ser entrega de coisa certa importando, consequentemente, as regras de mora e inadimplemento absoluto das obrigações de dar coisa certa.

Porém, antes da escolha/concretização é irrelevante a análise da culpa do devedor ou de caso fortuito no caso de perda da coisa incerta tendo em vista que o gênero não perece ante a indeterminação.

OBS: Assim, no caso fortuito ou força maior, ocorrido antes da individualização da coisa, impede que ocorra o inadimplemento da obrigação ou a resolução do contrato, pois o gênero não perece.

4.3. Características especiais das obrigações de dar coisa (certa ou incerta)

Percebe-se que a garantia do credor e adquirente de obrigação de dar está ligada a proteção contra o risco de perder o bem no momento anterior à tradição

Por outro lado, quanto à garantia contra a evicção e vícios redibitórios serão analisados no momento posterior a tradição.

Contudo, essa visão dada pelo CC/02 às obrigações de dar é um pouco diferente no microssistema do CDC. De acordo com o art. 18, §1º, I, II, III, c/c art. 6º, IV, ambos da Lei nº 8.078/90 a responsabilidade do fornecedor abrange vícios de qualidade, quantidade e de informação de forma objetiva.

Assim, o consumidor tem o direito potestativo de sanar os vícios e de postular pela substituição do bem de forma subsidiária ou optar pela rescisão cumulada com perdas e danos.

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Diferentemente das disposições do CC/02 que prevê a resolução legal ou a pretensão ressarcitória no caso de culpa.

4.4. Adimplemento e extinção da obrigação dar

A principal característica do direito obrigacional é a sua transitoriedade, pois as obrigações nascem para serem cumpridas (adimplidas). Sendo assim, o adimplemento encerra o ciclo obrigacional que vinculou credor/devedor por determinado tempo. Para tanto, os princípios da eticidade, sociabilidade e operabilidade têm especial função nesse momento.

Tecnicamente, adimplemento significa cumprimento voluntário da obrigação pelo devedor, ou seja, o pagamento.

Sendo assim, os requisitos do adimplemento são: i) ato voluntário sem a coerção do credor; ii) perfeito no sentido de satisfazer a obrigação nos termos ajustados e; iii) lícito.

No entanto, quando isso não ocorre, teremos a extinção das obrigações por meios indiretos os quais estão nos arts. 334 a 388 do CC/02. (Pagamento em consignação, sub-rogação, imputação ao pagamento, dação em pagamento, novação, compensação, confusão e remissão).

Assim, o adimplemento da obrigação de dar exige uma conduta do devedor vinculado a um bem. Por isso, iremos analisar esses dois pontos dividindo-os em requisitos subjetivos e objeitos do pagamento.

Requisitos subjetivos do adimplemento

a) Quem deve pagar (devedor)

Via de regra, o principal obrigado no adimplemento é o devedor, podendo, ainda, ser representado por seu mandatário. Porém, há outros legitimados que poderão adimplir. É o caso dos herdeiros do de cujus, terceiro interessado na dívida e terceiros não interessados.

No caso dos herdeiros só poderá ser adimplida caso a obrigação não seja de caráter personalíssimo que demandasse conduta pessoal do devedor.

No que tange ao terceiro interessado, tem especial interesse econômico em pagar a dívida para evitar agravamento da própria situação, sendo assim, integra a relação obrigacional, consequentemente, após o pagamento sub-roga-se no crédito na posição do credor primário havendo

apenas a substituição do polo ativo, pois o devedor ainda continua inadimplente.

De maneira diferente ocorre com o terceiro não interessado, pois é um estranho à relação obrigacional e sem interesse jurídico ou econômico em saldar o débito. A sua atuação poderá ser de duas formas:

i) pagar por conta e em nome do devedor (art. 304, p.u., CC/02) – o pagamento extingue a obrigação e não há direito de regresso (sub-rogação) e tão pouco de reembolso, pois equivale à doação incondicional;

Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor.

Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste.

ii) pagar em seu próprio nome – o pagamento extingue a obrigação não gerando direito de regresso (sub-rogação), porém com direito de reembolso com fundamento no art. 884 do CC/02 em ação própria de enriquecimento sem causa.

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Art. 305. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor.

Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao reembolso no vencimento.

Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.

b) A quem se deve pagar (credor)

O pagamento da obrigação deve ser paga a credor ou a quem o represente legal, judicial ou convencional, conforme art. 308 do CC/02. Ocorre que ao tempo do pagamento da obrigação o credor originário poderá ser substituído por credores derivados que assumiram essa posição após realização de negócio jurídico ou autorização para o recebimento do pagamento por parte do devedor a exemplo dos cessionários e sub-rogados.

Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito.

No entanto, é de especial importância observar que a penhora requerida pelos credores do credor originário, mudará a legitimidade a quem se deve pagar, depois de efetuada a cientificação do devedor.

Assim, se o devedor pagar ao credor originário, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito, o pagamento não terá eficácia em relação aos credores (terceiros) do credor originário que poderão constranger o devedor a pagar novamente, surgindo o direito de regresso do devedor.

Requisitos objetivos do adimplemento

a) Objeto do pagamento

O art. 313 do CC/02 elenca a regra geral quanto ao objeto do pagamento. Nesse sentido, o credor não será obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa. Mas, caso aceite o pagamento em prestação diversa ocorrerá à dação em pagamento e, consequentemente, a extinção da obrigação.

Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.

Porém, nem sempre a recusa do credor é legitima frente à situação do adimplemento substancial conhecido por inadimplemento mínimo que, após cumprir quase que integral a obrigação diferida no tempo, terá o credor de aceitar a prestação excluindo o direito de resolução e permitindo, apenas, o pedido de indenização, pois, caso contrário, sua conduta poderá configurar abuso de direito conforme art. 187 do CC/02.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Ocorre que, em alguns casos, a prestação será paga em dinheiro, ou seja, valor nominal expresso em moeda. Neste caso, até o dia do vencimento da prestação não haverá correção monetária, ficando o risco da desvalorização da moeda a cargo do credor.

No entanto, após o vencimento, a dívida de valor não paga sofrerá atualização monetária a fim de evitar o enriquecimento sem causa previsto no art. 884 do CC/02.

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Ainda, poderá ocorrer excessiva onerosidade da prestação ao tempo de sua execução nas obrigações de eficácia diferida ou sucessiva no tempo por motivos imprevisíveis possibilitando ao juiz a correção, a pedido da parte, para preservar o valor real da prestação, salvo se comprovada má fé da parte.

Com isso, o direito de revisão do conteúdo da obrigação está tutelado no art. 317 do CC/02. Fato diferente do ocorre no art. 478 do CC/02, que tutela o direito de resolução contratual por onerosidade excessiva.

Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.

Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.

Portanto, a resolução contratual com base no art. 478 do CC/02 é restrita ao tópico dos contratos. Por outro lado, o direito de revisão do art. 317 do CC/02 estende sua eficácia a qualquer relação obrigacional, seja ela obrigação de dar, fazer, não fazer.

b) Prova do pagamento

O meio mais comum de provar o adimplemento da obrigação é através do termo de quitação que deverá ser emitido pelo credor no momento da satisfação do seu crédito. Caso o credor se recusar a emitir o recibo de quitação surge o direito subjetivo do devedor em reter o pagamento e consignar o valor em juízo. A recusa injustificada à quitação induz o credor em mora diante do disposto do art. 394 do CC/02.

Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.

No entanto, diante da redação do art. 320 do CC/02 percebemos que a quitação poderá ser dada por instrumento particular, mesmo que o contrato seja solene ex lege, bastando apenas que estejam presentes todos os elementos identificadores como: valor, identificador do devedor, tempo do pagamento, assinatura do credor. Ainda, a quitação poderá ser provada por outros meios elencados no art. 212 do CC/02.

Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante.

Art. 212. Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode ser provado mediante:

I - confissão;

II - documento;

III - testemunha;

IV - presunção;

V - perícia.

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Tratando-se de pagamento de prestações sucessivas, a quitação da última presume o pagamento das anteriores, mas essa presunção é relativa, invertendo-se o ônus da prova que, agora, recairá ao credor provar do inadimplemento (descumprimento) parcial.

Ademais, se a quitação se deu sem reservas de juros presumem-se pagos, pois a natureza jurídica dos juros é de frutos civis e, portanto, devem acompanhar o principal como acessório. Assim, imputa-se primeiro o pagamento dos juros vencidos para, somente, depois adimplir o restante da obrigação.

Ainda, poderá ocorrer a devolução do título ao devedor, presumindo-se o pagamento da obrigação podendo, também, configurar remissão de dívida conforme art. 324 c/c art. 386, ambos do CC/02.

Art. 324. A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento.

Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular, prova desoneração do devedor e seus co-obrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz de adquirir.

Ao contrário da presunção relativa encontrada nos arts. 322, 323 e 324, todos do CC/02, a quitação concedida por instrumento público terá aptidão de fazer prova plena consoante art. 215 do CC/02, salvo se provado a falsidade material ou ideológica posteriormente.

Art. 215. A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento dotado de fé pública, fazendo prova plena.

c) Local do pagamento

A regra esculpida no art. 327 do CC/02 é da chamada dívida quesível (quer? Então vem buscar!), ou seja, cabe ao credor procurar o devedor para obter o adimplemento. A distinção entre as dividas quesíveis ou portáveis tem relevante importância no campo da mora, pois o fundamento da definição do local de pagamento está na fixação do ônus de buscar ou não o pagamento.

Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias.

Assim, o devedor somente sofrerá as consequências da mora quando o credor perseguir a prestação e aquele a recusar, portanto, a mora do devedor na dívida quesível não é automática.

Contudo, no caso do credor desidioso em cobrar o seu crédito poderá ser constituído em mora pelo devedor através da ação de consignação em pagamento previsto no art. 335 do CC/02.

Art. 335. A consignação tem lugar:

I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;

II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;

III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;

IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;

V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

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Por outro lado, tratando-se de obrigações portáveis, a mora opera-se automaticamente, nos contratos escritos, nos casos de omissão do devedor em levar o pagamento até o credor na data e local estipulado nos termos da obrigação.

Tratamento diferenciado foi conferido pelo Código de Defesa do Consumidor ao estipular como abusiva a eleição de foro da sede do fornecedor nos contrato de adesão no caso em que o foro eleito resultar em frustração do devedor ao buscar acesso ao poder judiciário.

No entanto, três casos foram excepcionados pelo art. 327 do CC/02, em que restará indisponível a escolha de domicílio contratual quais sejam: i) resultar da vontade da lei; ii) da natureza da obrigação; c) conforme as circunstâncias.

d) Tempo do pagamento

Analisando os art. 134 c/c 331, ambos do CC/02, percebemos que as obrigações sem prazo são imediatamente exequíveis, salvo se providas de termo ou condição ainda não satisfeitas. Já as obrigações com prazo definido para o seu adimplemento a dívida será exequível quando do seu vencimento. No entanto, em alguns casos, a lei tratou de fixar prazos para o adimplemento das obrigações operando-se como termo legal a exemplo do contrato de mútuo em dinheiro, comodato e cobrança de aluguel.

Art. 134. Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são exeqüíveis desde logo, salvo se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo.

Art. 331. Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente.

Assim, quando existir previsão contratual de termo, a pretensão ao crédito ficará suspensa até a sua implementação, ou seja, até a data do vencimento. Mas, caso o devedor seja compelido a pagar antes da data do vencimento sujeitará o credor as sanções do art. 939 do CC/02 por configurar ato ilícito na modalidade abuso do direito previsto no art. 187 do CC/02.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Art. 939. O credor que demandar o devedor antes de vencida a dívida, fora dos casos em que a lei o permita, ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a descontar os juros correspondentes, embora estipulados, e a pagar as custas em dobro.

Mas, há situações previstas no art. 333, I, II, III, do CC/02 em que ocorrerá o vencimento antecipado da dívida, pois se presume a exigibilidade dos créditos ao tempo da execução será frustrada por falta de solvabilidade.

Porém, a insolvência de um devedor nas obrigações em que houver solidariedade no polo passivo (devedor), não importará o vencimento antecipado da dívida em relação aos demais devedores solvente.

Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipulado no contrato ou marcado neste Código:

I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;

II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor;

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III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.

Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade passiva, não se reputará vencido quanto aos outros devedores solventes.

4.5. Inadimplemento da obrigação de dar

As obrigações nascem para serem cumpridas e, naturalmente, a extinção das obrigações é fato esperado e previsto. Mas, ocorre que a obrigação de dar, fazer ou não fazer nem sempre são cumprida nos exatos termos entabulado e, consequentemente, gerando o inadimplemento absoluto ou a mora.

Portanto, o inadimplemento no direito das obrigações configura um ato ilícito contratual, pois a conduta violou um negócio jurídico pactuado. No entanto, não podemos confundir com a definição do ato ilícito previsto nos art. 186 e 187 do CC/02, pois estes estão atrelados ao ilícito extracontratual gerando responsabilidades pelo art. 927 do CC/02. Contudo, iremos dividir o estudo do inadimplemento das obrigações em pontos específicos.

a) Inadimplemento absoluto: é o caso em que a obrigação não foi cumprida e, também, não poderá ser. Assim, é a completa impossibilidade de cumprimento da obrigação. Portanto, sendo o inadimplemento um ato ilícito genérico, o art. 389 do CC/02 cumulou o inadimplemento absoluto com perdas e danos do art. 402 do CC/02, salvo se o devedor justificar que a impossibilidade se deu por caso fortuito ou modificação objetiva do negócio jurídico, então, trata-se de culpa latu sensu. Tal perquirição da culpa é importante na quantificação da responsabilidade nos casos de contratos onerosos ou benéfico consoante art. 392 do CC/02. Por fim, o inadimplemento absoluto poderá ser realtivo ao objeto da relação ou ligado aos interesses do credor.

Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.

a.1) inadimplemento absoluto pelo objeto da prestação: nesse caso, o inadimplemento poderá ser perda total ou parcial da prestação.

Será total quando houver perecimento da coisa, assim, ao credor caberá indenização substitutiva da coisa perecida. Por outro lado, será parcial quando houver deteriorização da coisa possibilitando duas alternativas ao credor, a primeira, poderá pedir indenização, pois não está obrigado a receber coisa diversa, consoante art. 313 do CC/02. A segunda, poderá receber a coisa deteriorizada acrescida de indenização complementar do art. 236 do CC/02.

Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.

Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos.

Mas, é preciso ter atenção para verificar se a impossibilidade da prestação ocorreu posteriormente ao negócio jurídico, pois caso a impossibilidade já era existente ao tempo do negócio jurídico será caso de invalidade de todo o negócio com fundamento no art. 166, II do CC/02.

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Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:

II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;

Ainda, não se pode sustentar inadimplência pela perda da coisa antes da concentração/individualização no caso das obrigações de dar coisa incerta, por o gênero não perece consoante art. 246 do CC/02.

Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.

a.2) inadimplemento absoluto por interesse do credor: o inadimplemento, nesse caso, deriva da ausência de interesse do credor em receber a prestação configurando a transformação da mora em inadimplemento absoluto.

Ainda, a ausência de interesse é fundamentada na completa perda da necessidade e utilidade da coisa em fase do descumprimento. Assim, nas obrigações de não fazer, conhecida com obrigações negativas, prevista no art. 390 do CC/02, o inadimplemento absoluto se opera ex lege, pois não há possibilidade de incidir em mora.

Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster.

Portanto, o descumprimento culposo na obrigação de não fazer garantirá o credor o direito apenas em perdas e danos.

Especial atenção para as obrigações pecuniárias puras como espécie de obrigação de dar coisa, pois, via de regra, não há perecimento ou deteriorização da obrigação.

a.3) inadimplemento absoluto x caso fortuito e a força maior: o art. 393 do CC/02 disciplina a desoneração do devedor no caso de caso fortuito ou força maior, possibilitando a resolução da obrigação, sem direito a perda e danos, consoante art. 234 do CC/02, desde que a inexecução tenha sido involuntária, pois se de alguma forma o devedor contribuiu de forma negligente auxiliando a posterior verificação do fortuito este não será isentado da responsabilidade.

Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.

Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.

Porém, há caso em que é possível a responsabilização mesmo sobrevindo fato excepcional por: i) convenção entre as partes; ii) ocorrência do fortuito durante o período em mora; iii) responsabilidade civil por fortuito interno.

Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada.

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b) Mora: é uma espécie de inadimplemento das obrigações, no entanto, não produzem o

efeito da resolução da relação obrigacional, pois ainda é possível o seu cumprimento. Portanto, a mora é qualquer situação em que a prestação não é cumprida de forma exata, mas ainda interessa que seja cumprida.

Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.

b.1) Mora do devedor: o descumprimento da obrigação pelo devedor requer a cumulação

de dois requisitos: i) a imperfeição do cumprimento da obrigação; ii) culpa do devedor.

Cabe relembrar que o instituto da mora nas obrigações de não fazer é automática gerando inadimplemento absoluto (art. 390, CC/02).

Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster.

Contudo, a mora aqui estudada é das obrigações de dar ou de fazer, pois são obrigações positivas. Portanto, a mora do devedor acarretará a responsabilização pelo atraso no cumprimento da prestação cumulada com o dever de indenizar previsto no art. 395 do CC/02, mesmo que ela resulte do caso fortuito ou força maior por disposição do art. 399 do CC/02, fato conhecido como perpetuação da obrigação pelo perecimento do objeto. Por fim, pelos ditames do art. 234 do CC/02, a perda da coisa importará em resolução da obrigação.

Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.

Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada.

Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.

b.2) Mora do credor: o art. 400 do CC/02 disciplina que é a recusa imotivada do credor em receber a prestação ofertada pelo devedor, no tempo, lugar e modo convencionado o constitui em mora.

Art. 400. A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pela conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas em conservá-la, e sujeita-o a recebê-la pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação.

Para isso, é preciso que a oferta do devedor seja correspondente ao devido. Nesse caso, basta à atitude injustificada do credor em receber a prestação. Portanto, as consequências da mora do

credor acarretará a isenção da responsabilidade do devedor pela conservação da coisa, a obrigação de

ressarcir as despesas efetuadas pelo devedor com a conservação da coisa e a obrigação do credor em

receber a prestação pela estimação mais favorável ao devedor, em caso de oscilação de valores.

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Por fim, a demonstração da oferta libera o devedor dos efeitos da mora, mas não da prestação em si podendo realizar consignação em pagamento pelo art. 335 do CC/02.

b.3) Da constituição da Mora: a constituição da mora poderá ocorrer em duas situações.

Na primeira, já está fixada termo final na própria obrigação, sendo assim o descumprimento após o termo fixado induzirá a mora automática, não necessitando de provocação do credor, operando de pleno direito na forma ex re.

Nesse sentido, o termo interpela em lugar do credor, salvo nos casos de dívida quesível em que o local do pagamento é o domicílio do devedor, nesse caso enquanto o credor não se dirigir para buscar o pagamento não poderá a mora ex re ser constituída.

Em segundo, não havendo prazo estipulado na relação obrigacional a mora será ex

persona, pois somente se aperfeiçoa por provocação do credor mediante interpelação judicial ou extrajudicial, conforme dispõe o art. 397, parágrafo único do CC/02.

Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor.

Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial.

Contudo, o CC/02 não estipulou prazo para a interpelação do devedor ficando ao crivo da razoabilidade e proporcionalidade, salvo previsão em legislação especial de micro sistemas jurídicos. Como reflexo da mora ex persona, o marco inicial dos juros resultará da interpelação judicial ou extrajudicial, tendo à citação a função apenas de constituir litigiosa a coisa.

Por outro lado, tratando-se de mora ex re (termo interpela o homem) os juros moratórios começam a fluir a contar do termo do pagamento e não da interpelação judicial ou extrajudicial.

Ainda, nas obrigações originadas de atos ilícitos de responsabilidade extracontratual é dispensada a notificação do causador do dano, trata-se de mora presumida por disposição do art. 398 do CC/02 sendo, portanto, o marco de fruição dos juros moratórios o próprio evento danoso.

Art. 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou.

Então, diante da regra geral prevista no art. 405 do CC/02 em que os juros moratórios devem ser contados desde a citação inicial deve ser excepcionada nas seguintes hipóteses:

i) do art. 397 diante da mora ex re e da mora ex persona com interpelação anterior ao processo e,

ii) também, do art. 398 diante da mora presumida por ato ilícito extracontratual.

Art. 405. Contam-se os juros de mora desde a citação inicial.

b.4) Da purgação da Mora: o instituto da mora configura-se pela inadimplência da obrigação quando a prestação ainda pode ser cumprida pelo devedor e hígido o interesse do credor.

Assim, nos casos de inadimplemento absoluto não há que se falar em purgação da mora, apenas em perdas e danos.

Purgação da mora (inadimplemento absoluto) significa fazer desaparecer o estado de atraso no cumprimento da obrigação, mas não se identifica com o cumprimento da própria obrigação. Contudo, o CC/02 no art. 401 disciplinou os requisitos para a purgação da mora.

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Art. 401. Purga-se a mora:

I - por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a importância dos prejuízos decorrentes do dia da oferta;

II - por parte do credor, oferecendo-se este a receber o pagamento e sujeitando-se aos efeitos da mora até a mesma data.

b.4.1) Purgação da Mora pelo devedor: o devedor deverá oferecer a prestação originária juntamente com o valor da eventual perdas e danos verificado até a data da oferta da purgação ou o valor da perdas e danos fixado pela pena convencional moratória do art. 411 do CC/02.

Art. 411. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança especial de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal.

Ainda, a essa oferta deve ser acrescida os juros moratórios legais ou contratuais, consoante art. 404 do CC/02.

Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional.

Caso o credor entender por critérios objetivos que a prestação perdeu a sua finalidade originária e não houver mais interesse no seu adimplemento inibir-se-á a purgação da mora, pois a obrigação revestiu-se de inadimplemento absoluto. O devedor poderá purgar a mora, inclusive durante a fase processual, desde que permaneça hígida a utilidade da prestação primária em proveito do credor.

Portanto, a resolução do contrato não ocorre automaticamente, salvo se houver clausula resolutiva expressa conforme art. 474 do CC/02.

Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial.

b.4.2) Purgação da Mora pelo credor: naturalmente, a purgação da mora pelo credor ocorrerá quando este receber o pagamento ofertado pelo devedor, além de reembolsar as despesas pela conservação da coisa. Porém, o devedor poderá utilizar-se da consignação em pagamento para alcançar a liberação da obrigação e, neste caso, se o credor aceitar o valor depositado deverá, ainda, ressarcir o devedor com eventuais despesas e encargos suportados pelo devedor.

5. Meios indiretos de adimplemento (cumprimento)

A extinção da obrigação pelo pagamento ordinário é a consequência lógica no direito obrigacional, porém há situações em que a extinção da obrigação não se dará pelo pagamento ordinário, mas pelas vias indiretas gerando o mesmo resultado que o pagamento de extinção das obrigações. Assim, estudaremos agora os institutos de cumprimento indireto da obrigação previstos nos artigos 334 a 388 do CC/02.

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5.1. Pagamento em consignação

A consignação em pagamento é uma forma indireta de substituição do pagamento, mas não é sinônimo de pagamento, sendo que a discussão principal da consignação está justamente em sua eficácia liberatória para o devedor quando realiza o depósito.

Conforme o § 3º do art. 890 do CPC, depois de cientificado o devedor da recusa do credor em receber o depósito bancário, terá o prazo de 30 dias para ajuizar a ação de consignação em pagamento, expirado esse prazo o deposito perde eficácia, mas não impede que o devedor realize novo depósito.

A sentença de procedência na ação de consignação em pagamento é de natureza declaratória e a eficácia liberatória do depósito terá efeitos retroativos a sua data, não se confundindo, portanto, com a data de requerimento de consignação.

Além do mais, o efeito principal do depósito é a transferência dos riscos (deteriorização ou perecimento do objeto) do devedor para o credor com força no art. 400 do CC/02, desde que a obrigação seja viável para o credor e que não tenha a mora sido transformada em inadimplemento absoluto.

Naturalmente, na consignação em pagamento teremos os legitimados ativos e passivos.

No primeiro caso, são o devedor ou o seu representante legal, judicial ou convencional os legitimados ativos, lembrando que pela regra do art. 304, parágrafo único do CC/02, o terceiro

interessado ou o terceiro não interessado somente terão legitimidade quando pagarem em nome do

devedor.

Já no segundo caso, o legitimado passivo será o credor ou o seu representante, consoante art. 308 do CC/02. Importante salientar que havendo solidariedade passiva a consignação poderá ser direcionada a qualquer dos credores, por outro lado, se a obrigação for indivisível, com pluralidade de credores, o depósito deverá ser direcionado contra todos os credores, pois a indivisibilidade é do objeto e a solidariedade é dos sujeitos.

Superado o ponto da legitimidade, resta-nos observar a consignação em relação ao objeto da obrigação, pois o depósito será da coisa devida em sua integralidade não sendo possível o pagamento parcial da obrigação, salvo se o credor aceitar.

Como consectário lógico, não caberá consignação em pagamento nas obrigações de fazer ou não fazer, pois a regra do art. 334 do CC/02 não abrange as obrigações negativas.

Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais.

Com o julgamento procedente da consignação, diante do deposito realizado no local adequado, extinguir-se-á a obrigação exonerando o devedor a contar do depósito. Por outro lado, o efeito do julgamento improcedente será a não extinção e tão pouco a liberação do devedor da obrigação.

5.2. Pagamento com sub-rogação

Genericamente sub-rogação significa substituição ou modificação. Na concepção do CC/02, iremos estudar a sub-rogação dividida em duas modalidades: i) pessoal; ii) real.

A sub-rogação pessoal leva em consideração a qualidade de credor que pagou a obrigação de outrem ocupando o lugar do credor originário o qual sairá da relação primitiva por ter o seu crédito satisfeito. Nesse caso, a extinção da obrigação ocorre somente em relação ao credor originário, pois o devedor permanece ligado agora ao novo credor.

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Já a segunda modalidade – sub-rogação real -, a substituição ocorrerá no objeto quando titular de direito real transferir vínculo de propriedade ligado a um imóvel para outro imóvel. Sob o enfoque processual, o procedimento de sub-rogação real será de jurisdição voluntária por força do inc. II do art. 1.112 do CPC.

Art. 1.112. Processar-se-á na forma estabelecida neste Capítulo o pedido de:

II - sub-rogação;

Na esteira do art. 346 CC/02, temos a sub-rogação legal caracterizada pela dispensa da manifestação de vontade das partes e estão taxativamente previstas nos seus incisos I, II e III.

Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:

I - do credor que paga a dívida do devedor comum;

II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel;

III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.

Já nos incisos I e II do art. 347 do CC/02, temos a sub-rogação convencional que resulta do pagamento do débito por um terceiro desinteressado que não tinha relação de direito material ligado ao credor ou devedor. Via de regra o terceiro desinteressado quando ingressa numa relação jurídica teria direito somente ao reembolso do que pagou por força do art. 305 do CC/02.

No entanto, essa regra encontra duas exceções que estão disciplinadas pelos inciso I e II do art. 347 do CC/02, em que o terceiro desinteressado terá direito de sub-rogar-se na qualidade de credor. Neste caso, o instituto do reembolso converte-se em sub-rogação.

Art. 347. A sub-rogação é convencional:

I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos;

II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.

Especial atenção para não confundir sub-rogação com cessão de crédito, pois este último é uma forma de transmissão da obrigação como forma de circulação de créditos, já no caso da sub-rogação o interesse maior é o adimplemento da obrigação satisfazendo o credor primário e a recuperação do que foi despendido pelo terceiro. Ainda, o credor sub-rogado corre o risco do devedor se tornar insolvente não assistindo qualquer direito de garantia junto ao antigo credor, pois o pagamento é pro soluto.

Assim, a garantia é pela existência do crédito e não pela solvência do crédito, salvo se o credito não existia ao tempo da transferência, cabendo opor ação de repetição de indébito com fundamento no enriquecimento ilícito.

Por fim, percebe-se como principais efeitos da sub-rogação o (i) liberatório diante da exoneração do credor originário e o (ii) translativo pela mudança de credor que ingressa na relação. Cabendo salientar a grande diferencia entra sub-rogação e novação, pois na primeira subsistem os

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creditos e os seus acessórios como garantias acessórias pessoais, cláusula penal e garantias reais, enquanto na segunda o crédito é extinto surgindo uma nova relação obrigacional.

É importante manter a clareza desses conceitos tendo em vista que processualmente os efeitos serão diferentes, pois não há fungibilidade entre a denunciação e o chamamento ao processo.

Na denunciação o denunciado não tem nenhuma relação jurídica material com o denunciante, ingressando, portanto, no feito como assistente e não como litisconsorte a exemplo das seguradoras de veículos.

Já no chamamento ao processo os chamados possuem vínculos jurídicos a exemplo dos devedores solidários e fiadores.

5.3. Pagamento imputação do pagamento

Os requisitos para a imputação do pagamento são a pluralidade de débitos, identidade de credores e devedores, débitos da mesma natureza desde que líquidos e vencidos, suficiência de credito para o pagamento total e extinção de qualquer débito.

Preenchidos todos os requisitos quanto a imputação do pagamento e havendo resistência do credor em aceitar poderá o devedor consignar em pagamento constituindo em mora o credor por força do art. 335, inciso I do CC/02, com aplicação cumulativa do art. 400 do mesmo diploma legal.

Consequentemente, não será admitido pagamento parcial de apenas um dos débitos, pois o credor não está obrigado a receber partes da obrigação por força do art. 314 do CC/02, assim, o valor deve ser suficiente para pagar pelo menos a integralidade de uma das prestações.

Quanto a pluralidade de débitos salientamos que se trata de obrigação de dar coisa certa, pois o credor não está obrigado a receber coisa diversa do que fora ajustado, salvo se aceitar a coisa diversa, consoante art. 313 do CC/02, e caso aceite coisa diversa como substituição do pagamento, então, não poderemos mais falar em imputação do pagamento, mas sim, em dação em pagamento com fulcro no art. 356 do CC/02.

A regra é que a imputação seja feita pelo devedor, mas diante da omissão do devedor poderá o credor exercer o direito potestativo. No entanto, haverá imputação legal determinada pelo art. 355 do CC/02 quando não houver imputação convencional nem ao devedor nem ao credor.

Art. 355. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa.

5.4. Dação em pagamento

A dação em pagamento é uma modalidade de adimplemento indireto extintiva da obrigação quando o credor receber objeto diverso ao da prestação originariamente pactuada com força no art. 356 do CC/02.

Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida.

No entanto, caso o objeto seja substituído por dinheiro não será mais dação em pagamento, pois estará configurada indenização pela perda da coisa servindo o pagamento como ressarcimento por disposição do art. 947 do CC/02.

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Art. 947. Se o devedor não puder cumprir a prestação na espécie ajustada, substituir-se-á pelo seu valor, em moeda corrente.

Assim, a coisa nova dada em substituição pode ser bem móvel, imóvel ou direito sobre o bem como usufruto de imóvel. Nesse diapasão, não importa que a coisa valha mais ou menos do que a quantia devida, sendo vedado ao credor exigir a diferença se a coisa substituta valer menos, restando-lhe apenas dar quitação parcial. Por outro lado, caso a coisa substituta tenha valor superior o devedor não terá direito a exigir a restituição do excedente.

Por disposição do art. 357 do CC/02 a dação de pagamento terá disposição de contrato real sendo, então, necessário a tradição ou o registro para a sua perfeição. Ressalta-se que se a obrigação originária tinha como garantia a caução acessória como a fiança, esta não se restabelece no caso de evicção da coisa dada pelo devedor por força do inc. III do art. 838 c/c art. 359 ambos do CC/02, portanto, quando a obrigação resurge, resurge sem o fiador. De forma semelhante, o devedor também será responsável pelos vícios redibitórios tratando-se de contrato comutativo por força do art. 441 do CC/02.

Art. 838. O fiador, ainda que solidário, ficará desobrigado:

III - se o credor, em pagamento da dívida, aceitar amigavelmente do devedor objeto diverso do que este era obrigado a lhe dar, ainda que depois venha a perdê-lo por evicção.

Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros.

Especial importância em lembrar que a dação em pagamento é vedada em algumas situações por expressa disposição de lei a exemplo da cláusula comissória originária nos contratos de hipoteca, penhor, anticrese e propriedade fiduciária. Nesses casos é vedada ao credor a possibilidade de ficar com o bem dado em garantia no caso de inadimplência do devedor, mas nada impede que após o inadimplemento o objeto seja dado voluntariamente pelo devedor como forma de dação em pagamento.

5.5. Novação

Novação é a criação de uma nova relação obrigacional com objetivo de extinguir a relação anterior. Possui natureza jurídica negocial e jamais será imposta por lei não havendo novação legal, mas o CC/02 admite a novação tácita desde que a manifestação das partes sejam inequívocas excluindo, nesse caso, o silêncio das partes. Portanto, é modo extintivo não satisfatório vez que não conduz a imediata satisfação do crédito.

A perfeição da novação ocorre quando houver obrigação anterior válida cumulada com acordo entre as parte com animus novandi. Assim, se não houver débito primitivo a novação será inexistente.

Por outro lado a alteração de prazos ou condições acessórias de pagamento não importa em novação, assim como, também, a mudança do local do cumprimento, aumento ou diminuição das garantias.

Do ponto de vista objetivo as partes originárias contraem nova dívida objetivando a extinção e a substituição da dívida anterior mantendo as mesmas partes com alteração apenas no objeto da prestação. Agora, do ponto de vista subjetivo haverá a criação de uma nova relação obrigacional com a substituição dos sujeitos ativos (subjetiva ativa) ou passivos (subjetiva passiva) da relação primitiva.

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No primeiro caso – novação subjetiva ativa – será possível alteração do credor mediante acordo das partes ficando o devedor quite com o credor originário, assim, ocorrerá a extinção da relação primitiva e a criação de um novo vínculo com o novo credor sem as garantias e os acessórios da obrigação primária, diferenciando-se substancialmente da cessão de crédito ou da sub-rogação que além de ocorrer na mesma relação ocorrerá também a mantença dos acessórios, motivo pelo qual não é vantajoso novação subjetiva ativa. Por isso, havendo fiança e a nova obrigação seja realizada sem o consentimento do fiador, este ficará exonerado por força do art. 366 do CC/02.

Art. 366. Importa exoneração do fiador a novação feita sem seu consenso com o devedor principal.

No segundo caso – novação subjetiva passiva – haverá a substituição do devedor primitivo por um novo devedor pelos modos da expromissão ou delegação. Sendo a expromissão a modalidade em que é desprezada a anuência do antigo devedor operada mediante acordo entre o novo devedor e o expropriante credor por força do art. 362 do CC/02.

Art. 362. A novação por substituição do devedor pode ser efetuada independentemente de consentimento deste.

Já na delegação o devedor participa do ato de novação indicando uma terceira pessoa para assumir o débito, com o devido consentimento do credor diferindo do pagamento feito por terceiros, pois, neste, a dívida é extinta pelo pagamento, enquanto na novação uma nova obrigação é constituída com sujeitos diversos.

5.6. Compensação

Quando duas pessoas foram reciprocamente credor e devedor uma da outra poderão adimplir seus débitos por compensação até onde alcançarem desde que ambas as prestações sejam homogêneas relacionadas a coisas fungíveis da mesma qualidade, ou seja, café por café. Ainda, as prestações precisam ser líquidas e exigíveis. No entanto, esses requisitos podem ser mitigados conforme o tipo de compensação.

A compensação poderá ser convencional quando fundadas nos artigos 369 e 370 do CC/02, permitindo autonomia as partes para livre dispor de seu créditos, nesse caso, nada impede que as partes compensem débitos ilíquidos, inexigíveis ou mesmo infungíveis desde que não ofendam a ordem pública.

É possível que a compensação seja realizada em juízo, quando o réu alega em contestação dívida e/ou crédito a compensar com o autor da demanda. Por último, a compensação legal ocorrerá independentemente de qualquer oposição dos interessados extinguindo de pleno direito as dívidas recíprocas. Mas, para que ocorra compensação legal de maneira automática é preciso observar os requisitos de liquidez e exigibilidade do crédito do débito.

Ainda, como requisito necessário para a compensação legal é preciso que haja a fungibilidade das prestações e reciprocidade das obrigações.

No entanto, mesmo que presentes os requisitos objetivos e subjetivos para a compensação, esta não ocorrerá quando por mútuo acordo prévio entre as partes houver renúncia ao direito de compensar diante da possibilidade do art. 375 do CC/02.

Art. 375. Não haverá compensação quando as partes, por mútuo acordo, a excluírem, ou no caso de renúncia prévia de uma delas.

Ainda, o artigo 373 do CC/02 veda a possibilidade de compensação em três casos: dívidas provenientes de esbulho, furto e roubo; obrigações derivadas de comodato, depósito e alimentos; e sobre dívidas sobre bens insuscetíveis de penhora.

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Art. 373. A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto:

I - se provier de esbulho, furto ou roubo;

II - se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos;

III - se uma for de coisa não suscetível de penhora.

Por fim, apenas para lembrar que o art. 373 do CC/02 não se aplica a matéria de compensação de dívidas fiscais ou para fiscais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, pois tal matéria deveria ser tratada por Lei Complementar.

5.7. Confusão

O instituto da confusão ocorre quando na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e devedor desaparecendo a pluralidade de autores da relação obrigacional. Aqui não ocorre o adimplemento, pois o débito desaparece sem que se manifeste o ato de solver a dívida.

As causas mais comuns de confusão ocorrem na sucessão causa mortis e casamento em regime de comunhão universal de bens.

Poderá ocorrer a extinção total ou parcial da dívida até onde alcance a confusão, mas tratando-se de credores ou devedores solidários a extinção da obrigação se dará somente a quem se deu a confusão sem acarretar o término da solidariedade, pois haverá saldo remanescente por força do art. 383 do CC/02.

Art. 383. A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só extingue a obrigação até a concorrência da respectiva parte no crédito, ou na dívida, subsistindo quanto ao mais a solidariedade.

Muito cuidado com a disposição do art. 384 do CC/02 que estabelece que cessando a confusão restabelecerá a obrigação primitiva com todos os acessórios, gerando efeitos retroativos como se ao houvesse ocorrido a confusão, mas nem sempre os acessórios serão restaurados sendo exceção a regra desse artigo os casos de fiança e hipoteca emitidas por terceiros e não tenham consentido expressamente com a extinção da prestação por meio da confusão.

5.8. Remissão da Dívida

Na remissão haverá a extinção da obrigação sem a obtenção da prestação e o interesse do credor não será satisfeito, nem ao menos pelas vias indiretas de pagamento, significando verdadeiro perdão da dívida que poderá ser parcial ou total. Consoante 385 do CC/02, a remissão é um negócio jurídico bilateral, pois necessita de anuência do devedor deferentemente do instituto da renúncia.

Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro.

A remissão poderá ser expressa quando o perdão traduzir-se em documento público ou privado com a manifestação de perdoar o débito e levado ao aceite do devedor, a lei não exige forma especial para esse tipo de perdão. Por outro lado, a remissão poderá ser tácita quando os atos de credor se manifestarem incompatíveis para a conservação do seu crédito a exemplo do art. 386 do CC/02.

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Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular, prova desoneração do devedor e seus co-obrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz de adquirir.

Tratando-se de codevedores solidários a remissão concedida a apenas um deles somente a este se aproveita mantendo o débito contra os demais com a dedução da parte remitida conforme o art. 388 do CC/02. Instituto semelhante se apresenta na ordem tributária no art. 156, IV do CTN quando trata das causas extintivas do crédito tributário, no entanto, na esfera fiscal é necessário lei autorizando o ato administrativo da remissão, deferente da remissão tratada no âmbito civil vincula-se a esfera do particular na autonomia de suas vontades.

Art. 388. A remissão concedida a um dos co-devedores extingue a dívida na parte a ele correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida.

6. Da obrigação de fazer

A obrigação de fazer consiste na pretensão do credor a prestação de um fato de que não resulta de transferência de direitos subjetivos consistente em atividade pessoal ou serviço pelo devedor. Assim, objetiva-se uma conduta do devedor e não a satisfação de um bem.

A prestação na obrigação de fazer poderá ser infungível quando levam em consideração as qualidades pessoais do devedor, sendo, portanto, intuito persone. Por outro lado, o art. 247, CC/02, permite inferir que a prestação poderá ser fungível quando outra pessoa puder dar cumprimento sem prejuízo do credor. Nesse caso, o credor está interessado no resultado da atividade sem questionar as qualidades pessoais de quem executa.

Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível.

A outorga de escritura definitiva no contrato de promessa de compra e venda quando a vontade recusada do devedor é substituída por decisão judicial é um exemplo clássico da fungibilidade da obrigação de fazer.

6.1. Impossibilidade e inadimplemento da obrigação fazer

A impossibilidade nas obrigações de fazer originar-se-á no início ou de forma superveniente ao negocio jurídico.

Sendo inicial a impossibilidade deveremos analisar sob o aspecto da operabilidade, pois se esta for de caráter absoluto, a solução ao negócio jurídico será a sua nulidade consoante art. 166, II do CC/02. Por outro lado, sendo a impossibilidade inicial de caráter relativo, ou seja, podendo ser cumprida por terceiros, e não sendo personalíssima, será cumprida por ordem do credor à custa do devedor, sem prejuízo da indenização cabível, trata-se, portanto, de obrigação fungível. No entanto, sendo personalíssima a impossibilidade inicial resolver-se-á da mesma forma que a impossibilidade inicial absoluta – nulidade do negócio jurídico.

Na mesma linha de raciocínio, o CC/02 vai mais longe, ainda, possibilitando ao credor a auto-executoriedade em caso de urgência na obtenção da obrigação de fazer quando fungível com amparo no art. 249, parágrafo único do CC/02. Encontrando, no entanto, limite no art. 187, do mesmo diploma legal, caso a auto executoriedade se configure abuso de direito.

Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.

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Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.

Contudo, se a impossibilidade da obrigação for superveniente ao negócio jurídico haverá necessidade de avaliar a existência ou não de culpa, pois o art. 248 do CC/02 possibilita a resolução da obrigação caso a prestação seja impossível devido a fato não culpável ao devedor.

Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos.

Lembrando que o devedor que se encontrar em mora ao tempo da impossibilidade da obrigação não poderá exonerar-se, mesmo no caso de fortuito, devido à perpetuação da obrigação conforme o disposto do art. 399 do CC/02.

Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada.

7. Da obrigação de não fazer

A obrigação de não fazer é a imposição de uma conduta de abstenção, permissão ou tolerância. Portanto, o adimplemento dessa obrigação é exatamente o não agir.

Difere da obrigação de fazer, pois a obrigação negativa de abstenção é de natureza infungível, personalíssima e insubstituível uma vez que toda omissão é uma atitude pessoal e intransferível do devedor. Contudo, caso o credor no exercício da autonomia privada nas relações obrigacionais cercear a liberdade pessoal do devedor nas obrigações de não fazer, esta encontrará limites quando ofensivas à ordem econômica ou a direitos fundamentais da pessoa humana, sendo analisada sob o prisma da proporcionalidade e da razoabilidade.

7.1. Impossibilidade e o inadimplemento da obrigação de não fazer

A extinção das obrigações de não fazer ocorrem quando verificadas as condições pactuadas na relação obrigacional podendo ser pelo fato do vencimento do prazo de abstenção, perda do objeto da obrigação negativa ou nos casos de cessação da possibilidade de agir. Diferentemente das obrigações positivas de dar coisa ou de fazer, que poderão ser extintas pelo seu pleno cumprimento, novação, compensação, transação, confusão ou remissão.

O CC/02 disciplinou essa matéria nos art. 250 e 251, entabulando na parte do art. 250 o caso de impossibilidade objetiva e superveniente do adimplemento da obrigação. De modo contrário, caso a impossibilidade seja originária na obrigação de não fazer, esta será resolvida pela nulidade do negócio jurídico por falta de condições de validade consoante art. 104, II c/c art. 166, II, ambos do CC/02.

Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.

Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.

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As obrigações negativas poderão, ainda, serem classificadas quanto às consequências do seu inadimplemento. Pois, no caso de inadimplemento de obrigação instantânea terá como consequência a não possibilidade de constituir em mora o devedor que ao descumprir uma única vez a sua obrigação restará de forma irreversível e, portanto, gerará o inadimplemento absoluto. Sendo assim, consoante o art. 390 do CC/02, não há que se falar em incidência de mora nos casos de obrigações negativas instantâneas.

De outra sorte, o art. 251 e seu parágrafo único, disciplinam os casos de obrigações permanentes em que admitem a constituição em mora do devedor que poderá ser compelido a desfazer as consequências de sua conduta, cumulado com o dever de ressarcir perdas e danos. Ainda, há possibilidade de auto executoriedade nas obrigações permanentes em casos de urgência sem a necessidade de autorização judicial a exemplo das poluições nos rios.

8. Classificação da obrigação quanto aos elementos.

No tópico anterior estudamos as obrigações sob a análise do seu objeto (dar, fazer e não fazer) na modalidade simples com apenas uma prestação. A partir de agora iremos estudá-las com foco em seus elementos para melhor compreender as obrigações plurais e suas multiplicidades de objetos.

8.1. Obrigações alternativas

As obrigações alternativas apresentam pluralidades de prestações e satisfeita uma delas a obrigação estará adimplida. Entre as possibilidades de prestações poderão concorrer uma prestação de dar com uma obrigação de fazer, ou mesmo de não fazer, assim, não há necessidade de semelhança dos objetos (dar-dar; fazer-fazer).

Nesse tipo de obrigação também existe o momento da concentração que via de regra caberá ao devedor à escolha conforme preconiza o art. 252 do CC/02.

Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.

Após a concentração, a prestação passa a ser individualizada e a obrigação alternativa converte-se em obrigação simples pela determinação seguindo o rito já explicado nos tópicos anteriores. Portanto, quando o credor toma conhecimento da individualização do objeto o devedor ficará obrigado de forma irrevogável a sua escolha, salvo se houver cláusula de arrependimento.

Importante não confundir a “espécie” - obrigação alternativa -, com os demais tipos de adimplemento das obrigações (dação em pagamento, obrigação de dar coisa incerta), pois nas obrigações alternativas a pluralidade de prestações já existia ao tempo da constituição da obrigação.

O CC/02 permitiu a possibilidade de satisfação de obrigações alternativas de forma periódica sendo que a cada período caberá ao titular do direito exercer o ato de concentração e individualização da prestação.

Uma vez cumprida a prestação adimplida estará a obrigação. No entanto, poderá haver casos de inadimplemento das obrigações alternativas devido a impossibilidade superveniente da prestação.

Assim, se uma das prestações se tornar inexequível sem culpa do devedor haverá a concentração automática na prestação remanescente convertendo-se a obrigação em pura e simples, consoante art. 253 do CC/02.

Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra.

Porém, se todas as prestações se tornarem inexequíveis sem culpa do devedor extinguir-se-á a obrigação por força do art. 256 do CC/02.

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Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação.

Por outro lado, tratando-se de culpa, se uma das prestações for inexequível haverá duas possibilidades que será definida pela titularidade da escolha:

a) Titularidade do credor para concentrar/individualizar a prestação: poderá optar em permanecer com a prestação remanescente ou o valor da prestação que pereceu acrescido de perdas e danos consoante art. 255 do CC/02.

b) Titularidade do devedor para concentrar/individualizar a prestação: permanece obrigado no debito da prestação remanescente sem nenhum acréscimo diante da redação do art. 253 do CC/02.

8.2. Obrigações Divisíveis e Indivisíveis

Obrigação indivisível é aquela em que a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetível de divisão, por natureza, por motivo de ordem econômica ou dada a razão determinante do negócio jurídico.

Então, é o objeto da prestação que é divisível ou indivisível, sempre com olhar voltado para as características essenciais do todo e a essência da coisa, pois no momento em que houver prejuízo da substância da coisa haverá a perda de sua utilidade. Caso contrário, conservando sua essência e utilidade após a sua divisão o objeto da prestação será divisível. Supletivamente quando tratar-se o objeto da prestação de bens poderemos adotar o critério do art. 87 do CC/02 para definir a sua divisibilidade.

Porém, a regra do art. 257 do CC/02 somente é válida no caso de pluralidades de credores ou devedores, pois havendo um único credor ou um único devedor a prestação seguirá a regra do art. 314 do CC/02 em que será cumprida sempre por inteiro, mesmo sendo objeto divisível, salvo estipulação em contrário.

Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores.

Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou.

Assim, o pagamento nas obrigações indivisíveis com pluralidade de devedores ou credores poderá ocorrer da seguinte forma:

i) pluralidade de devedores: cada devedor obriga-se pela dívida toda, pois a prestação é exigida por inteiro pelo credor e quem pagar sub-roga-se em todos os direitos do credor;

ii) pluralidades de credores: cada credor terá direito de reclamar a prestação por inteiro e o devedor que pagar a um ou a todos desonera-se da obrigação. Mas, é preciso receber caução de ratificação do credor que receber o pagamento em nome dos demais credores, pois não existe solidariedade entre os credores.

Caso especial ocorre quando um dos credores resolver remir o débito do devedor, neste caso o perdão não sortirá efeitos aos demais credores que ainda poderão exigir o pagamento do devedor com o abatimento da parcela que foi remida pelo outro credor. Outro caso especial ocorre quando houver perda do objeto ou perda da sua qualidade, nesse caso haverá a conversão da obrigação indivisível em perdas e danos que será paga pro rata em partes iguais caso todos os devedores forem culpados pela perda do objeto sendo, essa regra, mitigada apenas se a culpa for

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atribuída a apenas um devedor em que os demais serão exonerados das perdas e danos e responderão apenas pelo pagamento de suas partes, consoante art. 263 c/c 234 ambos do CC/02.

Sendo divisível a prestação com pluralidades de devedores, a obrigação de cada devedor será rateada em partes iguais tanto quanto for o numero de devedores, pois as obrigações são fracionárias, consoante art. 257 do CC/02. Por outro lado, havendo pluralidades de credores e um único devedor, este pagará a cada credor uma parte igual da dívida, pois não há solidariedade entre os credores nas obrigações divisíveis. Assim, cada credor só tem direito de exigir a sua fração, do mesmo modo que cada devedor só tem o dever de pagar a sua parte da dívida. Caso o devedor pagar integralmente sua dívida a um só credor não se desobrigará com relação aos demais credores. Ainda, a insolvência de um dos devedores não aumentará a dívida de cada devedor, ou seja, não há rateio da parte insolvente. Por fim, a suspensão ou a interrupção da prescrição não aproveita e, também, não prejudica os demais codevedores ou cocredores.

No entanto, a regra do art. 257 do CC/02 – divisibilidade da prestação –, poderá ser excepcionada quando a obrigação for solidária ou quando a prestação for indivisível. Neste ultimo caso, a indivisibilidade poderá ser legal ou material em virtude da natureza do bem ou da vontade das partes como já visto.

8.3. Obrigações Solidárias

As obrigações solidárias caracterizam-se pela multiplicidade de credores ou de devedores na mesma obrigação com direito a toda dívida.

Assim, cada credor ou devedor atua como se fosse o único legitimado a exigir ou a pagar. Portanto, a solidariedade está presente nas relações externas entre credores e devedores, pois nas relações internas entre credores ou devedores haverá direito de regresso ou reembolso de forma que o crédito ou débito será fracionado e, portanto, não solidário.

Nesse caso, o codevedor que pagar toda a dívida a um só credor a relação será extinta em relação aos demais codevedores. Mas, caso haja pluralidade de credores, aquele que recebeu toda a prestação terá o dever de repassar a fração aos demais cocredores podendo sofre ação regressiva caso não o faça.

Ainda como principal característica da solidariedade é que esta não se presume, mas resulta da lei ou da vontade das partes por disposição expressa do art. 265 do CC/02. Portanto, ocorrendo dúvida quanto à interpretação da vontade entre as partes nas relações negociais prevalecerá a divisibilidade da obrigação.

Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.

8.3.1. Da solidariedade ativa

Trata-se de concurso de credores na mesma relação em que um dos credores solidários terá o direito de exigir toda a prestação do devedor.

Fato importante nesse ponto é a possibilidade de extinção da obrigação pelo simples fato

de pagamento a um só dos credores não havendo necessidade de exigir caução de ratificação como

garantia contra os demais credores como ocorre nas obrigações indivisíveis do art. 260 do CC/02.

Ainda é possível que somente um credor ajuíze demanda individual cobrando o devedor por toda a dívida sem necessidade de litisconsórcio ativo necessário e caso seja julgado procedente a demanda os efeitos da sentença serão aproveitados pelos demais credores, por outro lado, se julgado improcedente a demanda os efeitos da sentença não prejudicará os demais credores.

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Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais; o julgamento favorável aproveita-lhes, a menos que se funde em exceção pessoal ao credor que o obteve.

Por outro lado, um dos credores poderá efetuar a remissão, compensação ou novação do débito com o devedor ficando aquele obrigado pelo débito originário perante os demais credores, consoante art. 272 do CC/02.

Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba.

Contudo, convertendo-se a obrigação em perdas e danos por impossibilidade material do objeto a solidariedade persistirá para todos os efeitos, diferentemente do que ocorrem na regra do art. 263 do CC/02 quando tratamos das obrigações indivisíveis.

Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade.

8.3.2. Da solidariedade passiva

De forma distinta do caso anterior, a solidariedade passiva configura-se pela possibilidade de cada um dos codevedores responder por toda a dívida, ou seja, pelo pagamento integral da prestação sendo facultado ao credor cobrar de um ou de todos os devedores.

Portanto, o devedor solidário não poderá opor ao credor pagamento parcial por vedação expressa do art. 275, do CC/02.

Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto.

Processualmente haverá litisconsórcio facultativo na formação do polo passivo, pois não se confunde com o instituto da solidariedade da obrigação de adimplir a prestação. Assim, o fato de o credor demandar apenas contra um dos credores não importará em renúncia presumida ao crédito em relação aos demais e o não chamamento ao processo dos demais codevedores não gera invalidade processual.

Art. 275. Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores.

Por outro lado, o credor não poderá exigir a totalidade da prestação caso tenha remido a dívida em relação a um dos devedores devendo neste caso abater a parcela remida e exigir o restante dos codevedores. Cominando-se os art. 277 e art. 388 ambos do CC/02, percebemos que a remissão concedida a um dos codevedores extingue a dívida na parte a ele correspondente, restando a solidariedade em relação aos demais devedores.

Importante não confundir remissão do débito do art. 277 com o instituto da renúncia da solidariedade do art. 282 ambos do CC/02. Neste último caso, mesmo o devedor exonerado da solidariedade pelo credor deverá contribuir no rateio da parte de outro devedor, caso este último se torne insolvente por disposição do art. 284 do CC/02.

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A renúncia à solidariedade apenas desonera o devedor de não ter de adiantar a totalidade do débito, no entanto, permanece como devedor.

Ainda, salientamos que a insolvência de um dos devedores não causa a antecipação automática da exigibilidade da prestação sendo ilícito a cobrança antecipada dos demais codevedores, pelo credor, consoante art. 278 c/c art. 333, parágrafo único, ambos do CC/02.

Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes.

Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipulado no contrato ou marcado neste Código:

I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;

II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor;

III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.

Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade passiva, não se reputará vencido quanto aos outros devedores solventes.

Como reflexo prático no âmbito processual, poderá o devedor chamar ao processo os demais codevedores ampliando o polo passivo possibilitando o direito de regresso e possibilitando a celeridade processual.

Por fim, salientaremos a principal diferença entre as obrigações solidárias e as obrigações indivisíveis que está adstrita à hipótese de perda do objeto. Neste ponto, tratando-se de obrigações solidárias não acarretará a extinção da obrigação, pois mesmo na conversão da obrigação em perdas e danos a solidariedade subsistirá conforme art. 271 c/c 279, ambos do CC/02.

Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade.

Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado.

Por outro lado, se for obrigação indivisível a conversão em perdas e danos tornará a obrigação divisível possibilitando a indenização em dinheiro consoante art. 263 do CC/02.

Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos.

§ 1o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais.

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§ 2o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos.

9. Conseqüências do Inadimplemento das Obrigações

9.1. Das perdas e danos

As perdas e danos devido ao credor abrangem o que razoavelmente deixou de lucra como também aquilo que efetivamente perdeu , assim a inexistência de dano é um impedimento a qualquer pretensão de reparação, pois a configuração do ato ilícito independe de dano, porém o ilícito sem dano não será objeto de reparação.

Mas verificada a lesão causada por uma conduta culposa ou pelo abuso de direito infringindo um dever jurídico geral com base nos artigos 186 e 187 do CC/02, restará configurada a responsabilidade civil conhecida como extracontratual.

A partir do momento em que o indivíduo viola esse dever genérico causando dano a terceiros, sem relação jurídica preexistente, surge o dever de indenizar com base nos artigos 944 e 954 ambos do CC/02.

Por outro ângulo, caso a conduta praticada for contrária a uma relação obrigacional preexistente violando um dever positivo de dar, fazer ou não fazer, esta produzirá efeitos na responsabilidade contratual ou negocial. Nesse mesmo ponto, sabemos que o dano poderá ocorrer tanto pelo inadimplemento absoluto quanto na mora (inadimplemento relativo).

Pontualmente, no direito obrigacional o dano equivale aos prejuízos suportados por uma das partes, provocado pelo descumprimento de um dever de outra parte, sendo a indenização quantificada, nos casos de responsabilidade extracontratual, pela respectiva extensão do dano no caso concreto, não perquirindo qual foi o grau de culpa do agente causador do dano.

Diferentemente, ocorre nos casos de responsabilidade contratual em que a culpa é relevante, basta analisar o art. 392 do CC/02 e verificamos que nos contratos onerosos ambos os contratantes respondem por culpa, já nos contratos gratuitos aquele que não extraiu vantagem no negocio jurídico somente será responsabilizado na existência de dolo.

Há, porém, hipóteses em que a prova do prejuízo está dispensada pela própria lei, isso ocorre no caso de imposição de juros moratórios.

Já na cláusula penal convencional e arras penitenciário a indenização pelo inadimplemento é previamente estipulado pelas partes sem a necessidade de eventual produção de provas do prejuízo.

A análise do dano será realizada conforme o bem jurídico tutelado, portanto, começaremos com o estudo do dano emergente e lucro cessante.

a) Dano emergente e lucro cessante: o dano emergente é configurado pelos valores efetivamente perdidos em virtude da ofensa sofrida acarretando uma diminuição patrimonial do credor.

Já o lucro cessante corresponde aos acréscimos patrimoniais frustrados como reflexo futuro do ato lesivo, ou seja, é tudo aquilo que o credor deixou de agregar ao seu patrimônio desde o ato ilícito. Lembrando que o art. 404 do CC/02 disciplina a possibilidade das perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serem atualizadas monetariamente abrangendo juros, clausula penal, custas e eventuais honorários.

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Por fim, o art. 405 do CC/02 trata do prazo de fluência dos juros de mora, salientamos que a citação será marco delimitador como regra, salvo nos casos de ato ilícito na responsabilidade extracontratual, nos casos de evento danoso e na mora ex re iniciada pelo seu termo, em que os juros de mora não serão contados da citação, mas sim o ato ilícito.

b) Perda de uma chance: com origem no sistema francês, a teoria da perda de uma chance está ponderadamente entre os extremos do lucro cessante e do dano hipotético. Como em nosso sistema somente é permitido a indenização no caso de efetivo prejuízo, podemos afirmar que a perda de uma chance deverá ser avaliada no caso concreto pelo juiz como um a certeza da perda da ocasião ou de uma oportunidade. Assim a indenização não será fixada no valor do beneficio esperado, pois não se trata de dano hipotético devendo, então, será fixado com base na perda da chance em si em virtude da expectativa perdida.

c) Dano moral: por sua vez, o dano moral está intrinsecamente ligado aos direitos da personalidade como dano extrapatrimonial, diversamente do dano emergente, lucro cessante e perda de uma chance. Diante da redação do art. 186 do CC/02 admite-se a compensação pelo dano moral independentemente de haver existido o dano patrimonial nas situações de responsabilidade extracontratual.

9.2. Juros

Conforme o art. 92 do CC/02 os juros estão incluídos na categoria de frutos civis, pois representado como rendimento de capital assumindo o papel de acessórias ao principal. Para melhor compreender esse ponto iremos dividir o estudo dos juros conforme a sua destinação em moratório e compensatório, lembrando que poderão ter como origem a lei (juros legais) ou quando convencionados pelas partes (juros convencionais).

a) Juros compensatórios: também conhecidos como juros remuneratórios, porquanto tem como principal objetivo remunerar o capital emprestado a outrem podendo não incidir apenas em valores pecuniários, pois poderão ser remunerados por coisa.

Via de regra, os juros compensatórios são convencionais podendo as partes ajustar no acordo bilateral ou unilateral. Então, servem para compensar o mutuante pela privação do capital emprestado a terceiro por certo tempo.

Todavia, a cobrança de juros nos empréstimos de finalidade econômica são presumidos devido à onerosidade sofrida por uma das partes, sendo apenas afastada por convenção expressa em sentido contrário. Observando atentamente o CC/02, nota-se o referido código preocupou-se em fixar juros legais moratórios no seu art. 406, no entanto, nada falou sobre os limites dos juros legais compensatórios, lembrando que os juros compensatórios poderão ser convencionais.

Contudo, é preciso muita atenção nesse ponto devido a evolução legal e suas interpretações. Por isso será aplicado analogicamente o art. 406 do CC/02 na ausência de taxa fixada entre as partes com parâmetro no §1º do art. 161 do CTN, ou seja, no percentual de 1% ao mês, vedado a aplicação da taxa selic. Mas, as partes poderão convencionar um taxa de juros compensatórios a qual não poderá ultrapassar o percentual de 2% ao mês (24% ao ano) por força do art.1º do Dec. nº 22.626/33, conhecida como Lei da Usura, pois nesse ponto o referido decreto não foi derrogado.

Por outro lado, se tratarmos de contrato de mútuo, o CC/02 disciplinou em regra especial no art. 591, que se presumem devido juros que não poderão exceder a taxa que se refere o art. 406 do CC/02, sob pena de redução, ou seja, 12% ao ano, não se aplicando o limite em dobro, pois há lei especial nesse ponto determinando o teto máximo de juros compensatórios, o mesmo caso ocorre no

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art. 25 da lei nº 8.692/93 que limita os juros a taxa de 12% ao ano nos contratos do Sistema Financeiro de Habitação.

Por fim, tratando-se de juros ligados as instituições financeiras não serão aplicadas a regra do art. 406 do CC/02, pois sua aplicação é restrita as relações interprivadas desde que o ente do SFH não esteja em nenhum dos polos, ficando ao crivo do juiz verificar no caso concreto a existência de juros abusivos quando a taxa cobrada pela instituição financeira for superior a taxa média do mercado incidindo, inclusive, regras de proteção do CDC nessas relações de consumos conforme súmula 297 do STJ.

b) Juros Moratórios: regulados pelo art. 406 do CC/02 disciplina que serão aplicados quando não foram convencionados ou se forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de determinação legal serão fixados segundo a taxa que tiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional, mesmo que as partes tenham ajustados em patamares superiores a regra do art. 406 do CC/02 c/c com o art. 5º do Dec. 22.626/33 são de ordem pública e sobreporá a autonomia privada das partes admitindo que a mora eleve os juros a taxa máxima de 1% ao mês.

Não há que se cogitar a aplicação da taxa selic, vez que essa vem regulamentada pelas Leis Ordinárias nº 8.981/95 e 9.779/99 e o CTN foi recepcionado com status de lei complementar, não podendo ser alterado no que tange a taxa de juros por norma ordinária por afrontar o princípio da legalidade. Lembrando que o inicio da taxa de juros moratórios será do momento da citação nas obrigações em que a mora é ex persona, pois nas obrigações de mora ex re o termo interpela o homem conforme regra do art. 397 do CC/02, da mesma forma acontece nos atos ilícitos extracontratuais em sede de responsabilidade civil consoante art. 398 do CC/02.

9.3. Cláusula penal

A cláusula penal é o pacto acessório pelo qual as partes fixam o valor das perdas e danos no caso de inadimplemento total ou parcial da obrigação, conhecida também por multa contratual ou pena convencional.

Via de regra, o art. 416 do CC/02 deixa claro que para exigir a pena convencional não será necessário que o credor alegue prejuízo, nesse caso não se cogita a verificação da extensão do dano como instrumento de quantificação da indenização. Sendo da cláusula penal acessória da obrigação principal perderá a sua natureza caso a principal seja julgada inválida.

Por outro ângulo, a cláusula penal não se restringe a pena pecuniária podendo constituir um reforço de garantia de uma obrigação acessória de dar outro bem, ou na obrigação de fazer ou não fazer. Ainda, poderá representar a perda de um desconto por inadimplemento da obrigação.

a) Da cláusula penal moratória: sua natureza é de indenização complementar pelo inadimplemento da obrigação podendo ser cobrada juntamente com a obrigação principal e juros de mora. Com fundamento no art. 411 do CC/02, na cláusula penal moratória o credor ainda tem interesse no cumprimento da obrigação, pois não se trata de inadimplemento absoluto, o fato é que a prestação estará sendo cumprida em prazo diferente do avençado, assim, funciona como um substituto das perdas e danos no período em que a prestação ficou em atraso.

b) Da cláusula penal compensatória: trata-se de situação de inadimplemento absoluto da obrigação não interessando mais ao credor o seu cumprimento, ou seja, total inexecução contratual.

Fixado esse acordo entre as partes, fica o credor impedido de futuramente requer judicialmente complementação em perdas e danos alegando que a cláusula penal compensatória fora

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insuficiente para cobrir os prejuízos sofridos, salvo se expressamente previsto no contrato entre as partes. Em qualquer caso, é proibida a cumulação da clausula penal com outro tipo de pena ressarcitória, pois não pode onerar o devedor duplamente sob o argumento da vedação do enriquecimento sem causa. No entanto, é permitido cumulação da cláusula penal moratória com a cláusula penal compensatória, pois os fatos geradores são distintos.

9.4. Das ARRAS OU SINAL

O conceito tradicional das arras disciplina como um instituto ligado a importância em dinheiro ou a coisa dada por um dos contratantes ao outro com o objetivo de firmar presunção de um acordo final e tornar obrigatório o ajuste realizado pelas partes ou com o propósito de assegurar para cada um dos contraentes o direito de arrependimento.

Consoante art. 417 do CC/02, temos a arras confirmatórias em que elas atuam como modo de garantia e de reforço à execução de um futuro contrato podendo ser admitido como princípio de pagamento caso as prestações sejam do mesmo gênero.

Assim se a obrigação seja em pecúnia e a arras for dada na mesma espécie – pecúnia – esta servirá como amortização do total débito. No entanto, no mesmo caso em que a obrigação seja em pecúnia é permitido a arras por coisa infungível, vez que após a execução do contrato o bem será restituído a quem adiantou não sendo computado na prestação devida. Complementando essa regra, o art. 418 disciplina as possibilidades no caso do não cumprimento do contrato da seguinte forma:

i) se a parte que não teve culpa recebeu a arras terá direito a retenção sobre os valores como antecipação da indenização pela desistência da outra parte;

ii) se a parte que não teve culpa pagou a arras terá o direito de desfazimento do contrato com a exigência da devolução ao equivalente pago em dobro acrescido de juros, atualização monetária e honorários de advogado.

Por outro lado se foi o faltoso quem adiantou as arras perderá o valor adiantado como forma de reparação pela sua infidelidade. Ainda, com força no art. 419 do CC/02 a parte inocente poderá pedir indenização suplementar se provar prejuízo suportado em proporção maior do que o valor das arras ou poderá a parte inocente exigir a execução forçada do contrato cumulado com perdas e danos valendo as arras como indenização mínima.

Por um segundo olhar, o art. 420, do CC/02, trás o instituto das arras penitenciais que por sua vez ilustram o direito de arrependimento das partes para o caso de não cumprimento do contrato ou o seu desfazimento posterior. Consequentemente, se não houver no contrato de forma expressa a possibilidade de arrependimento das partes, presume-se que as arras sejam confirmatórias.

Portanto, as arras penitenciais serão o valor máximo da indenização sem a possibilidade de cumulação com perdas e danos ou indenização suplementar mesmo que os prejuízos da parte inocente seja maior que o valor dado em arras.

10. Transmissão.

Característica importante desse ponto é que na transmissão não há extinção da obrigação, apenas houve a mudança de sujeitos, ativos ou passivos, da relação obrigacional. Portanto, as transmissões ocorrem sempre antes do adimplemento (cumprimento) total da obrigação, pois um dos efeitos do adimplemento é a extinção da obrigação.

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10.1. Cessão de Crédito

Na cessão de crédito ocorre uma transferência de posição patrimonial a terceiros, sem que com isso se crie uma nova situação jurídica. Sendo necessária a presença obrigatória de três pessoas nessa transmissão, quais sejam:

Credor (velho) Credor (novo)

Cedente Cessionário

Devedor

(Cedido)

Garantidor

Importante observar que na cessão de crédito ocorre um negócio jurídico que estabelece a transmissão total ou parcial do crédito. Portanto, esse negócio deve obedecer aos requisitos de validade estampados no art. 104 do CC/02.

Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:

I - agente capaz;

II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;

III - forma prescrita ou não defesa em lei.

Por outro lado, o art. 286 do CC/02 criou mecanismos impeditivos da transmissão desses créditos, senão vejamos:

Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação.

Ex: direitos de alimentos são incessíveis por sua natureza personalíssima, ou seja, intuitu personae, conforme art. 1.707 do CC/02.

Ex: crédito já penhorado não pode ser cedido por vedação legal.

Atenção: Cabe resaltar que é possível haver impedimento de cessão de crédito por convenção das partes, desde que exista cláusula de impedimento de cessão expressa no contrato com possibilidade de ciência por parte de terceiros da proibição da cessão.

Outra característica importante é que na cessão de créditos abrangem todos os seus acessórios, entre eles, todos os atributos e garantias como cauções reais, juros, cláusula penal e direitos potestativos.

Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus acessórios.

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Mas, tratando-se de garantia ofertada por terceiro, será necessário a notificação da cessão de crédito, ao terceiro garantidor (ex: avalista, fiador etc.), para que ele saiba a quem pagar.

Ainda, na cessão de crédito, não há necessidade de consentimento do devedor para a cessão.

No entanto, é necessária a notificação do cedido, pois é esse momento que define o marco inicial para que o cedido (devedor) possa opor ao cessionário (novo credor) as exceções, bem como marco final para que possa o cedido (devedor) arguir as exceções que possuía contra o cedente (credor velho).

Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente.

OBS: os defeitos e vícios que comprometem o crédito não são sanados em virtude da cessão, pois houve apenas a substituição do sujeito credor da relação, não afetando os requisitos iniciai de validade do negócio jurídico. Assim, o crédito transfere-se com as mesmas características ao cessionário (credor novo).

OBS: tão logo o cedido (devedor) tenha sido notificado deverá comunicar ao cedente (credor velho) ou ao cessionário (credor novo) as exceções pessoais oponíveis ao cedente, portanto, as exceções pessoais contra o cedente devem ser feitas no primeiro momento após a notificação.

OBS: já as exceções pessoais contra o cessionário poderão ser alegadas a qualquer tempo pelo cedido (devedor) desde que seja antes do adimplemento (cumprimento) da obrigação.

10.1.1. Responsabilidade do cedente (credor velho) com o cessionário (credor novo)

A cessão de credito apresente como efeito básico a transmissão da titularidade da relação jurídica ao cessionário.

Porém, há outros efeitos decorrentes da cessão, senão vejamos:

Regra: o cedente (credor velho) apenas se responsabiliza perante o cessionário (credor novo) pela existência do crédito ao tempo da cessão (transferência), mas não pela solvência do crédito ao tempo do adimplemento (cumprimento). A responsabilidade pela existência é extensiva também aos acessórios.

Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor.

Atenção: opera-se a cessão pro soluto quando o cedente é exonerado da responsabilidade pelo adimplemento do crédito nas cessões por título oneroso, não respondendo o cedente pela boa ou má fé no momento da liquidação da prestação.

Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé.

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No entanto, o cedente é responsável pela invalidade do título em razão de sua nulidade ou anulabilidade por ato imputável ao cedente sem conhecimento do cessionário.

Porém, existe a cessão pro solvendo, que consiste na transferência de um direito de crédito que além de garantir a existência do crédito, o cedente responde, também, pela solvência do mesmo.

Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a cobrança.

Muita atenção nesse caso, porque ao cessionário cabe o direito de requerer o valor que o cedente recebeu acrescido de juros e correção monetária, mas não cabem perdas e danos.

10.2. Assunção de dívida

Ocorre à assunção de dívida quando um terceiro, chamado assuntor, estranho a relação obrigacional, assume a posição do devedor originário, sempre com a anuência do credor.

OBS: a falta de anuência do credor gera a nulidade absoluta, sendo considerado inexistente, em relação ao credor, o negocio jurídico celebrado entre os dois devedores.

Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava.

Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa.

Lembrando que o silêncio na assunção de dívida não importa aquiescência do credor. Diferentemente da regra contida no art. 111 do CC/02 em que o silêncio importaria a anuência nos negócios jurídicos.

Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.

Portanto, a assunção de dívida tem caráter liberatório, exonerando o devedor primário de qualquer responsabilidade, pois o assuntor avoca a obrigação de pagar.

Credor

Devedor primário

Novo devedor

(assuntor)

Consentimento do credor

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Poderá ocorrer que o terceiro (assuntor) celebre diretamente com o credor um negocio jurídico bilateral, mesmo sem anuência ou qualquer participação do devedor primitivo. Nesse caso, estamos diante da modalidade expropriatória de assunção de dívida.

Mas cuidado, pois caso o novo devedor (assuntor) se encontre em estado de insolvência ao tempo da assunção da dívida sem que tal fato fosse de conhecimento do credor quando concedeu o consentimento, será o devedor primitivo responsabilizado pelo pagamento, independente de ter agido de boa fé.

OBS: não se aplica a regra se a insolvência produziu seus efeitos ao tempo do vencimento do débito. Porém, se o credor tinha conhecimento do estado de insolvência do assuntor ao tempo do consentimento, presumi-se que assumiu o risco da obrigação.

Importante lembrar que, diferentemente da cessão de crédito, o assuntor (novo devedor) não poderá opor exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo. Mas, o novo devedor (assuntor) pode opor exceções pessoais contra o credor.

Art. 302. O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo.

OBS: as garantias pessoais e reais prestadas por terceiros ao devedor primitivo não prosseguiram com a assunção de dívida, salvo se houver anuência do terceiro garantidor. Assim, o fiador do devedor originário apenas continuará vinculado pessoalmente ao novo devedor se assim expressamente anuir.

Portanto, somente com o expresso consentimento do garantidor é que subsistirão as garantias especiais por ele prestadas.

Art. 300. Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor.

Ainda, caso seja invalidado a assunção de dívida e o garantidor não sabia do motivo da invalidação, não será restabelecida a sua responsabilidade como garantidor, pois agiu de boa fé.

Art. 301. Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, com todas as suas garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este conhecia o vício que inquinava a obrigação.

11. Questões de provas realizadas em 2011.

PESSOA NATURAL

1 - Serão representados nos atos da vida civil a) os relativamente incapazes. b) os absoluta ou relativamente incapazes. c) somente os menores de 16 anos. d) somente os menores de 18 anos. e) os absolutamente incapazes. 2 - A respeito da personalidade e da capacidade, considere: I. Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência, se alguém, desaparecido em campanha ou feito

prisioneiro, não for encontrado até um ano após o término da guerra. II. São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. III. A incapacidade cessará, para os menores, dentre outras hipóteses, pela colação de grau em curso de ensino médio. IV. São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo.

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De acordo com o Código Civil brasileiro, está correto o que se afirma APENAS em a) I, II e IV. b) I, II e III. c) II, III e IV. d) I e IV. e) II e IV. 3 - São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil a) os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido. b) os ébrios habituais. c) os pródigos. d) os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo. e) os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. 4 - Berilo, cinquenta anos de idade, desapareceu de seu domicílio, sem deixar notícias de seu paradeiro e sem designar procurador ou representante a quem caiba a administração de seus bens. Foi declarada a sua ausência e nomeado curador através de processo regular requerido por sua esposa. Neste caso, os interessados poderão requerer a sucessão definitiva a) após o trânsito em julgado da decisão judicial que declarou a ausência de Berilo e nomeou curador. b) três anos depois de passada em julgado a sentença que concedeu a abertura da sucessão provisória. c) cinco anos depois do trânsito em julgado da declaração de ausência, independentemente de abertura de sucessão provisória. d) sete anos depois do trânsito em julgado da declaração de ausência, independentemente de abertura de sucessão provisória. e) dez anos depois de passada em julgado a sentença que concedeu a abertura da sucessão provisória. 5 - A respeito da personalidade e da capacidade, é correto afirmar que a) os menores de dezoito anos têm capacidade para adquirir direitos e contrair obrigações. b) a proteção que o Código Civil confere ao nascituro não alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade. c) os ausentes são considerados absolutamente incapazes para os atos da vida civil. d) a emancipação do maior de dezesseis anos pelos pais através de escritura pública só produz efeitos após homologação judicial, com prévia audiência do Ministério Público. e) não merece proteção a imagem de pessoa falecida porque os direitos da personalidade são intransmissíveis. 6 - Far-se-á a averbação em registro público a) dos nascimentos, casamentos e óbitos. b) da interdição por incapacidade absoluta. c) da sentença declaratória de ausência. d) dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem, anularem ou reconhecerem a filiação.

e) das sentenças que decretarem anulação do casamento, o divórcio, a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal. 7 - Declarada a ausência e aberta provisoriamente a sucessão, a) se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida a posse provisória, não cessarão as vantagens dos sucessores nela emitidos, as quais perdurarão até a entrega dos bens a seu dono. b) os bens do ausente poderão ser livremente alienados, sem autorização judicial, para lhes evitar a ruína. c) os sucessores provisórios empossados nos bens do ausente não o representarão ativa ou passivamente e contra eles não correrão as ações pendentes e as que de futuro àquele forem movidas. d) os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade de herdeiros, poderão, independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente. e) o descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente deverá capitalizar, na forma de lei, metade dos frutos e rendimentos que a este couberem e prestar contas anualmente ao juiz. 8 - Os descendentes que, na qualidade de herdeiros, se imitirem na posse dos bens do ausente, a) darão garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos. b) estão desobrigados de prestar garantia, desde que provada a sua qualidade de herdeiros. c) estão desobrigados de prestar garantia, bem como de provar a qualidade de herdeiros, tratando-se de direitos presumidos legalmente. d) darão garantia da restituição deles, mediante caução em dinheiro feita através de depósito em estabelecimento bancário oficial equivalente aos quinhões respectivos. e) deverão requerer a nomeação de administrador judi- cial do imóvel pelo prazo mínimo de cinco anos. 9 - Os descendentes que, na qualidade de herdeiros, se imitirem na posse dos bens do ausente, a) darão garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos. b) estão desobrigados de prestar garantia, desde que provada a sua qualidade de herdeiros. c) estão desobrigados de prestar garantia, bem como de provar a qualidade de herdeiros, tratando-se de direitos presumidos legalmente. d) darão garantia da restituição deles, mediante caução em dinheiro feita através de depósito em estabelecimento bancário oficial equivalente aos quinhões respectivos. e) deverão requerer a nomeação de administrador judicial do imóvel pelo prazo mínimo de cinco anos. 10 - A respeito da capacidade de direito, é correto afirmar: a) O menor de dezesseis anos é absolutamente incapaz, ao passo que a capacidade de direito plena ocorre somente aos dezoito anos.

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b) Em relação às pessoas físicas, ocorre a partir do nascimento com vida, mas somente se prova com o registro de nascimento. c) Em relação às pessoas jurídicas, ocorre a partir do nascimento com vida, mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. d) O registro civil da pessoa física possui natureza jurídica meramente declaratória, ao passo que, para as pessoas jurídicas, o registro tem efeito constitutivo. e) Para o maior de dezoito anos, pode ser afastada mediante ação de interdição, na qual se prove a total falta de discernimento do interditando, quer por doença, quer por mal congênito. GABARITOS: 1 - E 2 - E 3 - E 4 - E 5 - A 6 - E 7 - D 8 - B 9 - B 10 - D 11 - João é pródigo, José é excepcional, sem desenvolvimento mental completo, Jonas transitoriamente não pode exprimir sua vontade e Joaquim possui quinze anos. Neste caso, de acordo com o Código Civil brasileiro, são incapazes, relativamente a certos atos da vida civil, ou à maneira de os exercer: a) João, José e Joaquim. b) José e Joaquim. c) João e José. d) José e Jonas. e) João e Jonas. 12 - Haverá nulidade absoluta, a) se houver lesão contratual e relativa, se a parte celebrar negócio jurídico mediante coação. b) se o negócio jurídico for celebrado por pessoa absolutamente incapaz e relativa, se tiver por objetivo fraudar lei imperativa. c) se a parte incidir em erro substancial de direito e relativa, se praticado por pessoa relativamente incapaz. d) se o negócio jurídico for simulado e relativa, se for celebrado em estado de perigo. e) no caso de dolo, se o seu autor for a outra parte e relativa, se o seu autor for terceiro. 13 - Considere as seguintes afirmações a respeito dos direitos da personalidade: I. O pseudômino, ainda que adotado para atividade lícita, não goza de proteção legal. II. O servidor público não pode ser constrangido a submeter-se a tratamento ou a intervenção cirúrgica com risco de morte, para, se não tiver sucesso, obter aposentadoria por invalidez. III. A vida privada da pessoa natural é inviolável, salvo se exercer cargo público ou mandato eletivo. IV. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição, gratuita ou onerosa, do próprio corpo para depois da morte. V. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. Estão corretas as afirmações

a) I e III. b) II e IV. c) II e V. d) III e V. e) IV e V. 14 - Com relação à capacidade civil, é hipótese correta: a) Menor entre 16 e 18 anos, por ser relativamente incapaz, não pode ser interditado. b) Menor com 16 anos fez testamento, por instrumento público, deixando todos os seus bens para a mãe. Faleceu aos 25 anos, solteiro, sem filhos, deixando vivos pai e mãe. Em razão do testamento, com sua morte, todos os seus bens irão para a mãe, após o regular processamento do testamento. c) Decretada a interdição do pródigo, fica o mesmo impossibilitado de praticar atos da vida civil e, portanto, está proibido de contrair matrimônio. d) São relativamente incapazes os ébrios eventuais e os pródigos. e) Um viúvo, pai de dois filhos menores, é interditado. Com a incapacidade do pai e sua conseqüente interdição, os filhos menores serão representados pelo Curador do pai, automaticamente. 15 - No tocante à ausência, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão a) decorridos dois anos da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando um ano. b) decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando três anos. c) decorridos três anos da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando dois anos. d) decorridos dois anos, independentemente do ausente ter deixado representante ou procurador. e) decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando dois anos. 16 - Considere as seguintes assertivas a respeito da ausência: I. Decorrido seis meses da arrecadação dos bens do ausente poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão. II. Na falta de descendente, a curadoria dos bens do ausente incumbe ao cônjuge ou aos pais não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo. III. Dez anos depois de passada em julgado a senten- ça que concede a abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas. IV. Pode-se requerer a sucessão definitiva, provando- se que o ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco

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datam as últimas notícias dele. De acordo com o Código Civil Brasileiro está correto o que se afirma APENAS em a) I, II e III. b) I, III e IV. c) I e IV. d) II, III e IV. e) III e IV. 17 - A sucessão do ausente obedece a lei do país a) onde foi visto pela última vez. b) em que se situam seus bens imóveis. c) onde ocorreu o desaparecimento. d) em que era domiciliado o desaparecido. e) onde residirem seus filhos. 18 - O domicílio do marítimo é onde a) estabeleceu sua residência com ânimo definitivo. b) o navio estiver matriculado. c) o navio estiver atracado. d) for encontrado. e) residir sua família. 19 - A respeito das fundações é correto afirmar: a) A fundação deve ser instituída por escritura pública, através de dotação especial de bens, sendo que seu ato constitutivo não pode fixar prazo para a sua existência. b) A alteração do estatuto da fundação deve ser aprovada pelo órgão do Ministério Público, não podendo o juiz supri-la a requerimento do interessado. c) Se a fundação tiver sede no Rio de Janeiro, mas as suas atividades se estenderem por mais de um Estado, caberá, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público o encargo de por ela velar. d) A fundação criada para fins econômicos será submetida à fiscalização do Ministério Público e do Banco Central. e) A fundação criada para fins políticos deverá ter o seu estatuto registrado no Tribunal Regional Eleitoral do lugar da sua sede. 20 - Dentre outros, NÃO será registrado no Registro Civil de Pessoas Naturais a) a petição inicial de pedido de interdição por incapacidade absoluta. b) a emancipação por outorga dos pais. c) a sentença declaratória de morte presumida. d) os nascimentos, casamentos e óbitos. e) a interdição por incapacidade absoluta ou relativa. GABARITOS: 11 - C 12 - D 13 - C 14 - E 15 - B 16 - E 17 - D 18 - B 19 - C 20 - A

PESSOA JURÍDICA 1 - Com relação às Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno e de Direito Privado é certo que a) a criação, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas são livres, mas o poder público pode negar-lhes registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. b) as fundações e as organizações religiosas são pessoas jurídicas de direito público interno.

c) os partidos políticos e as associações são pessoas jurídicas de direito público interno. d) o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, decai em três anos por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro competente. e) a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado começa com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, em qualquer hipótese, de autorização ou aprovação do Poder Executivo. 2 - São pessoas jurídicas de direito público interno: a) as sociedades. b) as autarquias. c) as organizações religiosas. d) os partidos políticos. e) as fundações. 3 - De acordo com o artigo 45 do Código Civil brasileiro, “começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito

privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo

registro, precedida, quando necessário, de autorização ou

aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro

todas as alterações por que passar o ato constitutivo”. O prazo para anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado de sua inscrição no registro, é a) prescricional de cinco anos. b) decadencial de cinco anos. c) decadencial de dois anos. d) prescricional de três anos. e) decadencial de três anos. 4 - Considere as seguintes assertivas a respeito das Associações: I. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantido a 1/5 (um quinto) dos associados o direito de promovê-la. II. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. III. O modo de constituição e de funcionamento dos ór- gãos deliberativos não são obrigatórios no conteúdo do estatuto das associações. IV. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário. De acordo com o Código Civil brasileiro está correto o que se afirma APENAS em a) I, II e III. b) I, II e IV. c) I e IV. d) II, III e IV. e) II e IV. 5 - O registro da pessoa jurídica no órgão competente tem eficácia a) resolutiva. b) declaratória. c) rescisória. d) discriminatória.

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e) constitutiva. 6 - As condições para a desconsideração da personalidade jurídica, tais como regidas pelo Código Civil e pelo Código de Defesa do Consumidor (Lei no 8.078/90), são a) idênticas. b) distintas, porque pelo Código Civil é necessária a prova do excesso de poder por parte do sócio, ao passo que pelo Código de Defesa do Consumidor é necessária a prova da fraude contra o consumidor. c) distintas, porque além das condições já previstas pelo Código Civil, o Código de Defesa do Consumidor exige, adicionalmente, a comprovação da violação dos estatutos ou do contrato social em detrimento do consumidor. d) distintas, porque o Código Civil permite a desconsideração apenas em casos de desvio de finalidade ou confusão patrimonial, ao passo que o Código de Defesa do Consumidor traz hipóteses mais amplas. e) distintas apenas no campo de sua aplicação, pois o Código de Defesa do Consumidor restringe-se às relações de consumo, sendo nos demais aspectos idênticas. 7 - As organizações religiosas são classificadas como a) pessoas jurídicas de direito público interno, se não tiverem ramificações em outros países e de direito público externo, se tiverem ramificações em outros países. b) entes despersonalizados, embora seus atos constitutivos possam ser registrados em cartório. c) pessoas jurídicas de direito público externo, sempre que constituídas em outros países, ainda que exercendo atividade no território brasileiro. d) pessoas jurídicas de direito privado, podendo, entretanto, o poder público negar-lhes reconhecimento ou registro de seus atos constitutivos. e) pessoas jurídicas de direito privado, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento e registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. 8 - Considere as seguintes entidades com abrangência nacional: I. Igreja São Marcos Divino. II. Associação Pública “Venceremos”. III. Partido Político ABC. IV. Autarquia XYZ. Neste caso, são pessoas jurídicas de direito público interno, SOMENTE a) III e IV. b) II, III e IV. c) II e IV. d) I e IV. e) I e II. 9 - Durante a análise do conteúdo de um estatuto de associação submetido a registro, foram constatados os seguintes pontos relevantes: I. em caso de dissolução da associação, os associados receberão o pagamento de quotas partes que possuem sobre o patrimônio;

II. os órgãos deliberativos da associação serão convocados apenas pela sua diretoria; III. os associados poderão ser excluídos por decisão da diretoria, sem garantia de ampla defesa. É (São) impeditiva(s) do registro da associação a(s) disposição(ões) constante(s) do(s) item(ns) a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 10 - No que concerne às associações, a convocação dos órgãos deliberativas far-se-á na forma do estatuto, garantido o direito de promovê-la a a) 1/8 dos associados. b) 1/6 dos associados. c) 1/5 dos associados. d) qualquer associado individualmente. e) qualquer interessado. GABARITOS: 1 - D 2 - B 3 - E 4 - B 5 - E 6 - D 7 - E 8 - C 9 - D 10 - C 11 - Considere as assertivas abaixo a respeito das Associações. I. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantido a um quinto dos associados o direito de promovê-la. II. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais. III. A qualidade de associado é transmissível, se o estatuto não dispuser o contrário. IV. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos. Há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. Está correto o que se afirma APENAS em a) I e II. b) I, II e III. c) III e IV. d) I, II e IV. e) II e IV. 12 - Pessoas jurídicas de direito privado, seu processo de personificação e desconsideração de sua personalidade jurídica. a) Não se aplica às pessoas jurídicas a proteção dos direitos da personalidade. b) A existência legal das pessoas jurídicas de direito privado começa com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, sendo exigível, em regra, autorização estatal para a sua criação e personificação.

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c) Nos termos do Código Civil, a desconsideração da personalidade jurídica exige a comprovação de fraude ou abuso de direito, sendo prescindível, nesses casos, a demonstração de insolvência da pessoa jurídica, mas necessária a prova da má-fé do sócio gestor. d) É cabível a desconsideração da personalidade jurídica "inversa", visando a alcançar bens de sócio que se valeu da pessoa jurídica para ocultar ou desviar bens pessoais, com prejuízo a terceiros. e) A teoria da desconsideração da personalidade jurídica não alcança as pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos ou de fins não econômicos. 13 - É pessoa jurídica de direito público: a) partido político. b) associação pública. c) fundação. d) organização religiosa. e) empresa pública. 14 - No que se refere às pessoas jurídicas, é correto afirmar que a) em caso de dissolução, ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua. b) por não se confundirem com as pessoas físicas, possuem patrimônio próprio a responder pelas dívidas contraídas, em nenhuma hipótese atingindo-se o patrimônio pessoal dos sócios. c) possuem o mesmo rol de direitos da personalidade das pessoas naturais. d) por serem uma ficção legal, não possuem direitos da personalidade. e) podem sofrer danos morais, já que possuem honra subjetiva. 15 - Considere as seguintes assertivas a respeito das Associações: I. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos, não havendo, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. II. Os associados devem ter iguais direitos, sendo que a legislação competente veda a instituição pelo estatuto de categorias com vantagens especiais. III. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantindo a um quinto dos associados o direito de promovê-la. IV. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário. De acordo com o Código Civil brasileiro, está correto o que se afirma APENAS em a) I e II. b) I, III e IV. c) I e IV. d) II, III e IV. e) II e IV. 16 - Segundo o artigo 45 do Código Civil brasileiro "começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro,

precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo". O direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, está sujeito ao prazo a) decadencial de cinco anos contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. b) decadencial de três anos contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. c) prescricional de dois anos contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. d) decadencial de cinco anos contado o prazo do ato de inscrição no respectivo registro. e) prescricional de um ano contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. 17 - São pessoas jurídicas de direito público interno a) as fundações e associações. b) somente a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal. c) as empresas públicas e as sociedades de economia mista. d) as autarquias e associações públicas. e) os partidos políticos e as autarquias. 18 - A desconsideração da pessoa jurídica se dá quando o Juiz a) estabelece que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. b) declara, de ofício, a nulidade do negócio jurídico, impondo apenas aos sócios a responsabilidade pelo cumprimento das obrigações assumidas pela pessoa jurídica com terceiros. c) reconhece que as alienações de bens feitas pela pessoa jurídica se deram em fraude de execução. d) reconhece que o negócio jurídico foi simulado e impõe a seus sócios ou administradores a obrigação de reparar os prejuízos causados a terceiros. e) reconhece, nos casos de responsabilidade civil subjetiva, a obrigação solidária dos sócios e administradores pela reparação de danos. 19 - O direito de anular a constituição de pessoa jurídica de direito privado, por defeito do ato respectivo, decai em a) cinco anos, da publicação de sua inscrição no registro. b) cinco anos, do ato constitutivo. c) cinco anos, do registro. d) três anos, do ato constitutivo. e) três anos, da publicação de sua inscrição no registro. 20 - A respeito das associações, é correto afirmar: a) A decisão do órgão que, de conformidade com o estatuto, decretar a exclusão de associado é irrecorrível. b) Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins econômicos. c) A qualidade de associado é sempre transmissível, não podendo o estatuto dispor em contrário. d) Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto pode instituir categorias com vantagens especiais. e) Entre os associados, há direitos e obrigações recíprocas, que devem obrigatoriamente constar do estatuto.

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GABARITOS: 11 - A 12 - D 13 - B 14 - A 15 - B 16 - B 17 - D 18 - A 19 - E 20 - D

NEGOCIO JURIDICO 1 - É nulo o negócio jurídico quando a) o vício é resultante de erro. b) o vício é resultante de dolo. c) celebrado por pessoa absolutamente incapaz. d) celebrado com vício de consentimento. e) celebrado para fraudar credores. 2 - Em um negócio jurídico uma parte pensa que a outra parte está doando um bem quando na verdade o bem está sendo oferecido à venda. Neste caso, ocorreu a) error in negotio tratando-se de erro substancial que poderá anular o negócio jurídico. b) error in corpore tratando-se de erro substancial que poderá anular o negócio jurídico. c) erro acidental que não anula o negócio jurídico, devendo as partes adequá-los à situação real. d) erro acidental que anula o negócio jurídico, não cabendo perdas e danos à parte prejudicada. e) error juris tratando de erro substancial que poderá anular o negócio jurídico. 3 - A condição suspensiva a) suspende a aquisição e o exercício do direito, enquanto o termo inicial suspende o exercício, mas não suspende a aquisição do direito. b) refere-se a evento futuro e certo, enquanto o termo inicial a evento futuro e incerto. c) suspende o exercício mas não a aquisição do direito, enquanto o termo inicial suspende a aquisição e o exercício do direito. d) e o termo inicial referem-se a evento futuro e incerto, mas enquanto aquela suspende a aquisição e o exercício do direito, este apenas lhe suspende o exercício. e) e o termo inicial referem-se a evento futuro e certo, mas enquanto este suspende a aquisição e o exercício de direito, aquela apenas lhe suspende o exercício. 4 - São, respectivamente, nulos (I) e anuláveis (II) os negócios jurídicos a) realizados em fraude à lei imperativa (I) e os simulados (II). b) nos quais a parte incidir em erro de direito (I) e os em que houver lesão (II). c) simulados (I) e os realizados em fraude contra credores (II). d) em que se verificar lesão (I) e os realizados em estado de perigo (II). e) celebrados com os pródigos (I) e os celebrados com os ébrios habituais (II). 5 - Preconiza o Código Civil Brasileiro, que o instituto da lesão ocorrerá quando a) houver declaração de vontade emanada de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.

b) alguém, premido da necessidade de salvar-se de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. c) alguém, premido da necessidade de salvar-se de grave dano conhecido pela outra parte, obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta d) houver a transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, praticados por devedor já insolvente. e) uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga à prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. 6 - É nulo o negócio jurídico a) simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, salvo se válido for na substância ou na forma. b) celebrado por pessoa relativamente incapaz. c) celebrado por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. d) não revestido da forma escrita, ainda que a lei não exija tal formalidade. e) celebrado por pessoa que, mesmo por causa transitória, não puder exprimir sua vontade. 7 - Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos. A situação descrita refere-se a a) fraude à lei imperativa. b) fraude à execução. c) fraude contra credores. d) ato emulativo. e) abuso de direito. 8 - NÃO é nulo o ato jurídico a) simulado. b) praticado sem observância da forma legal. c) praticado por absolutamente incapaz. d) praticado com reserva mental, desconhecida da outra parte. e) sujeito à condição suspensiva impossível. 9 - Desejando guardar móveis e eletrodomésticos inservíveis, Cláudio contrata a empresa denominada “Armazéns Gerais Ltda.”, pelo prazo certo de 12 (doze) meses. Passado esse período, resolve retirar os bens, mas foi impedido de fazê-lo pela empresa porque não havia pago a retribuição devida, relativa aos últimos dois meses. Além disso, um dos bens armazenados continha substâncias tóxicas que vazaram e contaminaram bens de outros proprietários, que foram indenizados pela empresa depositária. Nesse caso, a retenção dos bens de Cláudio é providência a) lícita, para garantia do pagamento da retribuição e para o ressarcimento dos danos causados. b) lícita apenas para garantia do pagamento da retribuição, mas não para o ressarcimento dos danos causados. c) lícita apenas para o ressarcimento dos danos causados, mas não para o pagamento da retribuição. d) ilícita, tendo Cláudio direito à restituição dos bens por suas próprias forças.

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e) ilícita, tendo Cláudio direito à indenização correspondente ao valor dos bens depositados. 10 - A respeito do negócio jurídico é INCORRETO afirmar que a) os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente. b) a validade do negócio jurídico requer agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei. c) o silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, ainda que seja necessária a declaração de vontade expressa. d) os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar da sua celebração. e) nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que no sentido literal da linguagem. GABARITOS: 1 - C 2 - A 3 - A 4 - C 5 - E 6 - E 7 - C 8 - D 9 - A 10 - C 11 - Num negócio jurídico, houve erro de cálculo do valor das prestações mensais do preço estabelecido para a transação. Nesse caso, o erro de cálculo a) implica a inexistência do negócio jurídico. b) apenas autoriza a retificação da declaração de vontade. c) acarreta a nulidade do negócio jurídico. d) possibilita a anulação do negócio jurídico. e) só possibilita a anulação do negócio jurídico se o seu objeto for bem imóvel. 12 - José recebeu quantias em dinheiro de Paulo, Pedro e Antonio, que assinaram escrituras de doação em seu favor, com fundado temor de dano imediato decorrente de ameaças por este formuladas. José ameaçou Paulo de agressão física; intimidou Pedro, ameaçando agredir seu neto; e disse a Antonio que, se não o fizesse, atearia fogo em sua fazenda. Nesse caso, pode(m) ser anulada(s) por coação a(s) doação(ões) feita(s) por a) Pedro e Antonio, apenas. b) Paulo, apenas. c) Paulo e Pedro, apenas. d) Paulo e Antonio, apenas. e) Paulo, Pedro e Antonio. 13 - É nulo o negócio jurídico por vício resultante de a) fraude contra credores. b) lesão. c) simulação. d) estado de perigo. e) erro. 14 - Os negócios jurídicos entre vivos sem prazo a) equiparam-se aos negócios jurídicos sob condição suspensiva, porque sua eficácia sempre ficará na dependência de evento futuro e incerto. b) são exigíveis desde logo, e a constituição em mora independe de interpelação judicial ou extrajudicial, exceto se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo.

c) devem ser executados dentro de trinta (30) dias da celebração do ajuste, sob pena de o devedor incidir em mora. d) são ineficazes, porque o prazo é da essência dos negócios jurídicos, salvo se, expressamente, a obrigação tiver sido assumida para execução imediata. e) são exigíveis desde logo, exceto se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo, mas a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial. 15 - Quando a lei proíbe a prática de um negócio jurídico, sem lhe cominar sanção, ele será a) inexistente. b) ineficaz. c) nulo. d) anulável. e) válido. 16 - Num negócio jurídico, a parte a quem aproveitaria o seu implemento, forçou maliciosamente a ocorrência de condição. Nesse caso, a) reputa-se verificada a condição. b) considera-se não implementada a condição. c) o negócio jurídico é nulo para todos os efeitos legais. d) o negócio jurídico é anulável. e) a verificação da condição será retardada em 90 dias. 17 - Apesar de ser notória a sua insolvência, Paulo vendeu um terreno a Pedro por valor inferior ao preço de mercado. Nesse caso, a) se Pedro ainda não tiver pago o preço, para conservar o bem, poderá depositar em juízo o valor que pagou pelo terreno, com a citação de todos os interessados. b) o negócio será nulo de pleno direito, independentemente do pagamento do preço pelo comprador. c) o negócio será nulo de pleno direito, se o pagamento do preço pelo comprador ainda não tiver sido feito. d) se Pedro ainda não tiver pago o preço, para conservar o bem, poderá depositar em juízo o valor real do terreno, com a citação de todos os interessados. e) a transação não será anulável, respondendo Paulo pelas perdas e danos causadas aos credores. 18 - É nulo o negócio jurídico a) quando tiver por objetivo fraudar lei imperativa. b) celebrado por pessoa relativamente incapaz. c) celebrado por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. d) que não revestir a forma escrita, ainda que a lei não exija tal formalidade. e) simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, ainda que inválido for na substância ou na forma. 19 - Invalidam os negócios jurídicos, que lhes são subordi- nados, as condições física ou juridicamente a) impossíveis, quando resolutivas. b) impossíveis. c) impossíveis, quando suspensivas. d) possíveis, quando resolutivas. e) possíveis, se potestativas.

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20 - A respeito dos defeitos dos negócios jurídicos, é correto afirmar: a) Se ambas as partes procederem com dolo, qualquer delas poderá alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização. b) O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante. c) Considera-se coação a ameaça do exercício normal de um direito, bem como o simples temor reverencial. d) Não se presumem fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor. e) Se uma pessoa, por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta, o negócio será anulado inclusive se a parte favorecida concordar com a redução do proveito. GABARITOS: 11 - B 12 - E 13 - C 14 - E 15 - C 16 - B 17 - D 18 - A 19 - C 20 - B 1 - Sujeita-se a prazo decadencial a ação a) declaratória de nulidade de negócio jurídico simulado. b) de anulação de negócio jurídico em virtude de fraude contra credores. c) de cobrança de dívida de dinheiro. d) de repetição de indébito. e) que tenha por objeto declarar a existência ou a inexistência de uma relação jurídica. 2 - Sobre prescrição e decadência, considere: I. Pode ser renunciada pela parte, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois da consumação. II. Não pode ser reconhecida de ofício pelo juiz. Tais afirmativas são, dentre outras, características da a) prescrição e da decadência convencional, respectivamente. b) decadência legal e da prescrição, respectivamente. c) prescrição e da decadência legal, respectivamente. d) decadência legal. e) prescrição. 3 - NÃO corre a prescrição a) pendendo condição resolutiva. b) pendendo condição suspensiva. c) contra os relativamente incapazes. d) contra todos os ausentes do País e) enquanto não prolatada a respectiva sentença penal recorrível quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal. 4 - A respeito da decadência, considere: I. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação. II. A decadência não corre contra os absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil.

III. O protesto cambial sempre interrompe o prazo decadencial. Está correto o que se afirma APENAS em a) I. b) I e II. c) I e III. d) II e III. e) III. 5 - A pretensão de ressarcimento do enriquecimento sem causa e a de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular prescrevem em a) 2 e 3 anos, respectivamente. b) 2 e 4 anos, respectivamente. c) 3 anos, em ambas hipóteses. d) 3 e 5 anos, respectivamente. e) 4 anos, em ambas hipóteses. 6 - Sobre a prescrição, considere: I. as exceções são imprescritíveis; II. a prescrição pode ser, de ofício, reconhecida pelo juiz; III. quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva; IV. suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, sempre aproveita aos demais credores; V. a interrupção da prescrição contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros. Estão corretos a) I, II e IV. b) I, II e V. c) I, III e IV. d) II, III e V. e) III, IV e V. 7 - O prazo estabelecido no contrato, para manifestação da vontade, a fim de obstar-lhe a renovação é a) decadencial e o juiz deve suprir a alegação da parte a quem aproveita. b) decadencial, mas o juiz não pode suprir a alegação da parte a quem aproveita. c) prescricional, mas o juiz não pode suprir a alegação da parte a quem aproveita. d) prescricional, e o juiz deve suprir a alegação da parte a quem aproveita. e) de simples garantia do interesse da parte, podendo ser qualificado como decadencial, ou prescricional, conforme seja a ação a ser proposta constitutiva ou condenatória. 8 - Considere as seguintes afirmações a respeito da prescrição e decadência, reguladas pelo Código Civil: I. Pode o Juiz, de ofício, reconhecer a ocorrência da prescrição e da decadência legal ou convencional.

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II. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva, embora a responsabilidade civil seja independente da criminal. III. Salvo se se tratar de obrigações ou direitos indivisíveis, a interrupção da prescrição por um dos credores solidários, não aproveita aos outros, assim como a interrupção efetivada contra o devedor solidário não envolve os demais ou seus herdeiros. IV. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível. V. Não corre o prazo prescricional, nem o prazo decadencial contra os absolutamente incapazes. Estão corretas as afirmações a) III, IV e V. b) II, IV e V. c) II, III e IV. d) I, III e V. e) I, III e IV. 9 - Marina, advogada, foi contratada por Gabriela para ajuizar execução de contrato particular não cumprido mediante o pagamento de honorários advocatícios no valor de R$ 7.000,00, a serem pagos até o trânsito em julgado da demanda. O mencionado processo transitou em julgado, mas Gabriela não efetuou o pagamento dos honorários de Marina. Neste caso, segundo o Código Civil brasileiro, a pretensão relativa aos honorários advocatícios de Marina prescreverá no prazo, contado do trânsito em julgado da demanda, de a) dois anos. b) um ano. c) cinco anos. d) três anos. e) dez anos. 10 - A pretensão de cobrança de dívida decorrente do descumprimento de contrato verbal de empréstimo em dinheiro prescreve em a) 2 anos. b) 3 anos. c) 4 anos. d) 5 anos. e) 10 anos. GABARITOS: 1 - B 2 - A 3 - B 4 - B 5 - D 6 - D 7 - B 8 - B 9 - C 10 - E 11 - Não corre a prescrição a) entre os cônjuges, ainda que separados judicialmente. b) entre ascendentes e descendentes. c) contra os relativamente incapazes. d) enquanto não prolatada a respectiva sentença penal definitiva quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal.

e) contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas. 12 - Não corre a decadência, nem a prescrição contra os a) que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. b) maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. c) ébrios habituais e os viciados em tóxicos. d) que, por deficiência mental, tenham o discerni-mento reduzido. e) pródigos. 13 - Prescreve em três anos a pretensão a) relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas. b) de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular. c) do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo. d) dos profissionais liberais em geral pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços ou cessação dos respectivos contratos. e) do beneficiário contra o segurador e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório. 14 - O motorista José, no dia 08 de dezembro de 2005, envolveu-se em acidente de trânsito, do qual resultaram danos em seu veículo e aos ciclistas Pedro e João, à época contando 12 (doze) e 16 (dezesseis) anos de idade, respecti- vamente. No procedimento criminal José foi absolvido, transitando em julgado a sentença em 09/06/2006. José ajuizou ação indenizatória contra Pedro e João, que têm patrimônio próprio, em 17/03/2009. Os réus, em peças distintas, contestaram, alegando que José fora culpado no acidente e apresentaram pedido contraposto, na audiência realizada em 12/06/2009, pleiteando indenização para serem ressarcidos dos prejuízos que também sofreram, inclusive me- diante compensação se o juiz concluir pela concorrência de culpas. Foram ouvidas testemunhas e o juiz, de ofício, re- conheceu que as pretensões do autor e dos réus estavam prescritas, porque já decorridos mais de 3 (três) anos desde o acidente, sendo este o prazo estabelecido no artigo 206, § 3º , V, do Código Civil. A sentença é a) parcialmente correta, porque a prescrição só atingiu as pretensões de José e de João. b) correta tanto em relação ao autor como aos réus. c) incorreta, porque a prescrição não atingiu as pretensões do autor nem dos réus, à vista de circunstâncias que obstam o curso do prazo prescricional. d) incorreta, porque o Juiz não pode, de ofício, reconhecer a prescrição. e) parcialmente correta, porque a prescrição atingiu a pretensão do autor, mas não atinge o pedido contraposto , porque se caracteriza como exceção. 15 - Incidência dos Institutos da prescrição e da decadência na teoria das invalidades do negócio jurídico.

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a) Segundo o Código Civil, as nulidades, por ofenderem interesse público, podem ser arguidas pelas partes, sendo vedado ao juiz conhecê-las de ofício em processo que verse sobre a validade de determinado negócio jurídico. b) O negócio jurídico nulo não convalece pelo decurso do tempo, razão pela qual apenas as anulabilidades estão sujeitas a prazos prescricionais. c) A invalidade do instrumento contratual induz necessariamente a invalidade do negócio jurídico. d) A decretação judicial é necessária para o reconhecimento de nulidades e anulabilidades, pois estas espécies de vícios não têm efeito antes de julgados por sentença. e) Respeitada a intenção das partes, é cabível a manutenção do negócio jurídico no caso de reconhecimento de invalidade parcial, a qual não o prejudicará na parte válida se desta for separável. 16 - No que se refere à prescrição: a) Os prazos prescricionais da pretensão e da exceção são autônomos. b) O início do prazo prescricional ocorre com o surgimento da pretensão, que decorre da exigibilidade do direito subjetivo. c) Seus prazos podem ser alterados pela vontade das partes, se maiores e capazes. d) Deve ser alegada na primeira oportunidade processual, sob pena de se tratar de matéria preclusa. e) Iniciada contra uma pessoa, não corre contra o seu sucessor. 17 - Contra os menores de dezesseis anos a) não correm os prazos de decadência, mas correm os prazos prescricionais. b) não correm os prazos de decadência e de prescrição. c) não correm os prazos de prescrição, mas correm os prazos decadenciais. d) correm normalmente os prazos de decadência e de prescrição. e) os prazos prescricionais e decadenciais são computados em dobro. 18 - A prescrição a) é a extinção do direito pela falta de exercício dentro do prazo prefixado, atingindo indiretamente a ação. b) poderá ser renunciada pelo interessado, depois que se consumar, desde que não haja prejuízo de terceiro. c) poderá ter seus prazos alterados por acordo das partes, em razão da liberdade de contratar. d) só pode ser alegada pela parte a quem aproveita até a sentença de primeira instância. e) suspensa em favor de um dos credores solidários aproveitará os outros se a obrigação for divisível. 19 - A renúncia da prescrição será a) válida, se feita pelo devedor insolvável ainda que prejudique os demais credores. b) ineficaz, se não houver anuência da outra parte. c) inexistente, se não tiver sido feita por escritura pública. d) válida, se tiver sido feita antes de consumada a prescrição.

e) tácita, quando presumida de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição. 20 - Assinale a alternativa correta. a) Pretensão e exceção prescrevem em prazos desvinculados. b) Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva. c) Os prazos prescricionais podem ser objeto de transação entre as partes. d) A interrupção da prescrição, por uma única vez, darse- á por despacho do juiz, salvo se incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual. e) A decadência pode ser reconhecida de ofício, enquanto a prescrição depende da iniciativa da parte para ser judicialmente declarada. GABARITOS: 11 - D 12 - A 13 - E 14 - A 15 - E 16 - B 17 - B 18 - B 19 - E 20 - B

OBRIGAÇÕES 1 - Considere as seguintes assertivas a respeito da obrigação de dar coisa certa e da obrigação de dar coisa incerta: I. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais po- derá exigir aumento no preço. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes. II. Em regra, a obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados. III. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito. IV. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero. Nas coisas determinadas pelo gênero, em regra, a escolha pertence ao credor. De acordo com o Código Civil brasileiro está correto o que se afirma APENAS em a) I, II e III. b) I, II e IV. c) I e III. d) II, III e IV. e) II e IV. 2 - De acordo com o Código Civil brasileiro, o pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é a) inválido, desde que seja arguida a nulidade no prazo decadencial de dois anos contados do pagamento. b) válido, exceto se provado depois que não era credor. c) inválido em qualquer hipótese podendo ser arguida a qualquer momento. d) válido, ainda provado depois que não era credor. e) inválido, desde que seja arguida a nulidade no prazo decadencial de um ano contado do pagamento.

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3 - Magda, amiga de infância de Manoel, ganhou na loteria. Para ajudá-lo, pagou dívida de seu amigo na condição de terceira não interessada que paga dívida em seu próprio nome. Neste caso, pelo Código Civil brasileiro, Magda a) terá direito a reembolsar-se do que pagou; mas não se sub-roga nos direitos do credor. b) terá direito a reembolsar-se do que pagou e se sub-roga nos direitos do credor. c) não terá direito a reembolsar-se do que pagou e não se sub-roga nos direitos do credor. d) terá direito a reembolsar-se apenas de 50% do que pagou, mas não se sub-roga nos direitos do credor. e) terá direito a reembolsar-se apenas de 30% do que pagou e se sub-roga nos direitos do credor. 4 - Para exigir a pena convencional, a) é necessário que o credor alegue prejuízo e sua aposição no contrato sempre importará renúncia a indenização superior ao valor da cláusula penal, porque ela exerce função alternativa às perdas e danos. b) é necessário que o credor alegue prejuízo, mas, ainda que o prejuízo exceda ao previsto na cláusula penal, não pode o credor exigir indenização suplementar, se assim não for convencionado, e, se o for, caberá ao credor também provar o prejuízo excedente, valendo a pena como o mínimo da indenização. c) não é necessário que o credor alegue prejuízo e sua aposição no contrato sempre importará renúncia à indenização superior ao valor da cláusula penal, porque ela exerce função alternativa às perdas e danos. d) não é necessário que o credor alegue prejuízo, mas, ainda que o prejuízo exceda o previsto na cláusula penal, não pode o credor exigir indenização suplementar, se assim não for convencionado, e, se o for, caberá ao credor provar o prejuízo excedente, valendo a pena como o mínimo da indenização. e) é irrelevante a ocorrência de prejuízo, todavia, as partes, ao estabelecê-la, ficam impedidas, sob pena de nulidade, de contratar indenização suplementar, mesmo que o prejuízo supere o seu valor, porque contraria a boa-fé objetiva. 5 - Na obrigação de dar coisa incerta, a) o devedor sempre poderá dar a coisa pior. b) a escolha pertence conjuntamente ao credor e ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação. c) o devedor será sempre obrigado a prestar a melhor. d) a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação. e) o devedor, antes da escolha, não poderá alegar perda ou deterioração da coisa, salvo na ocorrência de caso fortuito ou força maior. 6 - João é devedor das quantias de R$ 2.000,00 e R$ 5.000,00 para um estabelecimento bancário, relativas a débitos da mesma natureza, ambos líquidos e vencidos. O direito que a lei lhe assegura de indicar a qual deles oferece pagamento denomina-se a) dação em pagamento. b) imputação do pagamento. c) pagamento com sub-rogação. d) novação.

e) compensação. 7 - A compensação a) pode ocorrer entre dívida proveniente de esbulho e dívida decorrente de comodato. b) efetua-se entre dívidas líquidas e vencidas de coisas infungíveis. c) não pode ser feita se o credor concedeu prazo de favor ao devedor. d) da dívida do fiador pode ser feita com a de seu credor ao afiançado. e) de dívida de pessoa que se obrigou por terceiro pode ser feita com a que o credor dele lhe dever. 8 - É correto afirmar: a) A obrigação é divisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico. b) Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas do Código Civil brasileiro atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé, apenas. c) Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao credor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor. d) Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda, devendo ser presumida sua ocorrência desde que não haja proibição legal ou acordo das partes em sentido diverso. e) A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, mesmo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. 9 - José deve a Tomás a quantia de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Tomás, contudo, não tomou medidas necessárias para a cobrança, o que ensejou o transcurso do prazo prescricional. Posteriormente, Tomás dirige notificação a José, solicitando o pagamento, e José lhe responde afirmando que pagará a dívida em 3 meses, assim que conseguir recursos. Se José não pagar a dívida nesse prazo, Tomás a) não pode cobrar a dívida, porque os prazos prescricionais não podem ser alterados por vontade das partes. b) pode cobrar a dívida, pois José renunciou à prescrição. c) não pode cobrar a dívida, pois não se admite renúncia tácita à prescrição. d) não pode cobrar a dívida, porque os prazos prescricionais não podem ser interrompidos. e) não pode cobrar a dívida, porque a prescrição consumada é definitiva. 10 - A respeito do pagamento, como forma de adimplemento e extinção das obrigações, é correto afirmar: a) O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo não é válido, provado ou não posteriormente que não era credor. b) Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que, em benefício dele, efetivamente reverteu.

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c) Quanto ao lugar do pagamento, designados dois ou mais lugares, cabe ao devedor escolher entre eles. d) O pagamento reiteradamente feito em outro local, não faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato. e) O credor é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, se houver prova de que é mais valiosa. GABARITOS: 1 - A 2 - D 3 - A 4 - D 5 - D 6 - B 7 - D 8 - A 9 - B 10 - B 11 - Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o a) contrato será rescindido, sem perdas e danos, voltando as partes ao estado anterior. b) credor poderá reclamar o valor de qualquer das duas, sem perdas e danos. c) credor só terá o direito de exigir a prestação subsistente, sem perdas e danos. d) credor só poderá exigir o valor da prestação que se tornou impossível por culpa do devedor. e) credor terá o direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos. 12 - Nas obrigações a) divisíveis, se um dos credores remitir a dívida, a obrigação ficará extinta para com os outros. b) de fazer, se o fato puder ser realizado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, o que o isentará da responsabilidade por perdas e danos. c) alternativas, se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, a escolha caberá ao credor. d) de dar coisa certa, se a obrigação for de restituir coisa certa e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda. e) solidárias, havendo solidariedade ativa, convertendo-se a prestação em perdas e danos, extingue-se, para todos os efeitos, a solidariedade. 13 - Numa obrigação há três credores solidários e apenas um devedor. Nesse caso, a) o julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais. b) convertendo-se a prestação em perdas e danos, desaparece, para todos os efeitos, a solidariedade. c) cada um dos credores solidários poderá exigir do devedor o cumprimento de até um terço da obrigação. d) se apenas um dos credores solidários demandar o devedor, este poderá pagar a qualquer um dos três, em razão da solidariedade. e) o credor que houver remitido a dívida não responderá aos outros pela parte que lhes caiba. 14 - Nas obrigações de dar coisa a) incerta, nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao credor, se o contrário não resultar do título da obrigação.

b) incerta, antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito. c) certa, até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais não poderá exigir aumento no preço. d) certa, os acessórios dela não mencionados não estão abrangidos pela obrigação, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. e) certa, deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, o credor deverá aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu, não podendo resolver a obrigação. 15 - A novação a) feita com o devedor principal sem o consentimento do fiador não importa na sua exoneração. b) não extingue os acessórios e garantias da dívida, sempre que não houver estipulação em contrário. c) operada entre o credor e um dos devedores solidários, não afetará as preferências e garantias do crédito novado relativas aos bens de todos os devedores. d) que substitui devedor é transparente e, sendo assim, em regra, se o novo devedor for insolvente, tem o credor, que o aceitou, ação regressiva contra o primeiro. e) por substituição do devedor pode ser efetuada independentemente de consentimento deste. 16 - Segundo o Código Civil brasileiro, só terá eficácia o paga- mento que importar transmissão da propriedade, quando feito por quem possa alienar o objeto em que ele consistiu. Se for dado em pagamento coisa fungível, a) não se poderá mais reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená-la. b) não se poderá mais reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e consumiu, exceto se o solvente não tivesse o direito de aliená-la. c) poderá requerer indenização por perdas e danos, quantificada em ação própria a ser ajuizada no prazo decadencial de seis meses contados da data do pagamento. d) poderá requerer indenização por perdas e danos, quantificada em ação própria a ser ajuizada no prazo decadencial de doze meses contados da data do pagamento. e) poderá requerer a devolução de coisa da mesma espécie, qualidade e quantidade, sob pena de responder por perdas e danos. 17 - Sendo a obrigação indivisível e conjunta ou existindo soli- dariedade passiva em obrigação divisível, o credor a) pode cobrar a dívida toda apenas de cada um dos devedores da obrigação indivisível, embora seja ela conjunta, mas não pode cobrar a dívida toda apenas de um dos devedores solidários, se a obrigação deles é divisível. b) pode cobrar a dívida toda de apenas um dos devedores solidários, mas não pode cobrar integralmente a dívida de apenas um dos devedores se a obrigação é conjunta ainda que indivisível. c) pode, em ambos os casos, cobrar a dívida toda de qualquer dos devedores. d) não pode o credor em nenhum desses dois casos cobrar a dívida toda de apenas um dos devedores.

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DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES.

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e) terá de demandar, em ambos os casos, todos os devedores, mas terá direito de receber apenas de um deles. 18 - O pagamento efetuar-se-á a) no domicílio do credor, salvo convenção em contrário. b) no local convencionado, mas o pagamento feito reiteradamente em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato. c) sempre no domicílio do devedor, salvo, apenas, disposição legal em sentido contrário. d) onde melhor atender o interesse do credor, salvo convenção em sentido contrário. e) onde for menos oneroso para o devedor, salvo convenção em sentido contrário. 19 - Segundo o Código Civil brasileiro, só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade, quando feito por quem possa alienar o objeto em que ele consistiu. Se for dado em pagamento coisa fungível, a) não se poderá mais reclamar do credor que, de boa- fé, a recebeu e consumiu, ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená-la. b) não se poderá mais reclamar do credor que, de boa- fé, a recebeu e consumiu, exceto se o solvente não tivesse o direito de aliená-la. c) poderá requerer indenização por perdas e danos, quantificada em ação própria a ser ajuizada no prazo decadencial de seis meses contados da data do pagamento. d) poderá requerer indenização por perdas e danos, quantificada em ação própria a ser ajuizada no prazo decadencial de doze meses contados da data do pagamento. e) poderá requerer a devolução de coisa da mesma espécie, qualidade e quantidade, sob pena de responder por perdas e danos. 20 - Direito Obrigacional. a) Segundo o entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justiça, os juros remuneratórios, não cumuláveis com a comissão de permanência, são devidos no período de inadimplência, à taxa média de mercado estipulada pelo Banco Central do Brasil, limitada ao percentual contratado. b) No mútuo feneratício civil os juros remuneratórios são presumidos, não sendo admitida a sua capitalização anual. c) Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la com a utilização dos meios conducentes à exoneração do devedor, sendo que igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, independentemente da oposição deste. d) O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa, mas quando a obrigação tenha por objeto prestação divisível, o credor poderá ser compelido a receber por partes, ainda que a prestação tenha sido ajustada de forma diversa. e) Havendo pluralidade de devedores na obrigação indivisível, cada um deles se obriga por toda a dívida, não havendo sub-rogação nos direitos do credor, em relação aos demais coobrigados, para o devedor que paga a totalidade do débito. GABARITOS: 11 - E 12 - D 13 - A 14 - B 15 - E 16 - A 17 - C 18 - B 19 - A 20 - A

Bons Estudos!

Prof. Cristiano de Souza