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1 DIREITO CIVIL - Obrigações PROF. FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO CONCEITO Consignação é o modo indireto de extinção da obrigação, através do depósito judicial ou extrajudicial da prestação devida. O assunto pertence mais ao processo do que ao direito civil. Dispõe o art. 334 do Código: “Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais”. A consignação extrajudicial, em regra, só é possível mediante depósito bancário, salvo no compromisso de compra e venda de imóvel urbano loteado, pois, nesse caso, pode ser realizada no Cartório de Registro de Imóveis onde se encontra registrado o loteamento (arts. 33 e 38, § 1º da Lei nº 6.766/79). Sobre a natureza jurídica da consignação, trata-se de um instituto híbrido, interessante tanto ao direito civil, que cuida do poder liberatório da consignação, quanto ao direito processual civil, que prevê o rito procedimental da ação. ESPÉCIES DE CONSIGNAÇÃO A consignação pode ser judicial e extrajudicial. A consignação judicial é cabível não só em dívida de dinheiro, mas também para coisas móveis e imóveis. Tratando-se de imóvel, cita-se o credor para vir ou mandar recebê-la, sob pena de ser depositado (art. 341). Trata-se, é claro, de um depósito simbólico, representado pela entrega das chaves. Nas obrigações de dar coisa incerta em que a escolha compete ao credor, este é citado para esse fim, sob pena de perder esse direito de escolha e ser depositada a coisa que o devedor escolher (art. 342). Acrescente-se ainda que não é cabível a consignação nas obrigações de fazer e não-fazer devido à própria natureza dessas obrigações, nem nas obrigações ilíquidas, a não ser após a liquidação. A consignação extrajudicial só é cabível em dívida de dinheiro, pois a lei faz alusão a depósito bancário, sendo, pois, inaplicável à consignação de coisas. CABIMENTO DA CONSIGNAÇÃO A consignação só é cabível nos casos taxativamente previstos em lei. O rol do Código Civil, porém, não é taxativo, porque o Código Tributário Nacional e outras leis prevêem outras hipóteses de consignação. Fora dessas hipóteses legais, ocorrerá a carência de ação por impossibilidade jurídica do pedido. O art. 335 do Código Civil prevê as causas que ensejam o pagamento em consignação. Com efeito, a consignação tem lugar: I. “se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;”. Assim, a negativa do recebimento ou em dar quitação, é a primeira causa de consignação. Urge, porém, que essa negativa seja injusta; se for justa, como, por exemplo, o devedor quer

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Direito Civil - Obrigações- Adimplemento parte 2

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    DIREITO CIVIL - Obrigaes PROF. FLVIO MONTEIRO DE BARROS

    PAGAMENTO EM CONSIGNAO CONCEITO Consignao o modo indireto de extino da obrigao, atravs do depsito judicial ou

    extrajudicial da prestao devida. O assunto pertence mais ao processo do que ao direito civil. Dispe o art. 334 do Cdigo: Considera-se pagamento, e extingue a obrigao, o depsito judicial ou em estabelecimento

    bancrio da coisa devida, nos casos e forma legais. A consignao extrajudicial, em regra, s possvel mediante depsito bancrio, salvo no

    compromisso de compra e venda de imvel urbano loteado, pois, nesse caso, pode ser realizada no Cartrio de Registro de Imveis onde se encontra registrado o loteamento (arts. 33 e 38, 1 da Lei n 6.766/79).

    Sobre a natureza jurdica da consignao, trata-se de um instituto hbrido, interessante tanto ao direito civil, que cuida do poder liberatrio da consignao, quanto ao direito processual civil, que prev o rito procedimental da ao.

    ESPCIES DE CONSIGNAO A consignao pode ser judicial e extrajudicial. A consignao judicial cabvel no s em dvida de dinheiro, mas tambm para coisas

    mveis e imveis. Tratando-se de imvel, cita-se o credor para vir ou mandar receb-la, sob pena de ser

    depositado (art. 341). Trata-se, claro, de um depsito simblico, representado pela entrega das chaves.

    Nas obrigaes de dar coisa incerta em que a escolha compete ao credor, este citado para esse fim, sob pena de perder esse direito de escolha e ser depositada a coisa que o devedor escolher (art. 342). Acrescente-se ainda que no cabvel a consignao nas obrigaes de fazer e no-fazer devido prpria natureza dessas obrigaes, nem nas obrigaes ilquidas, a no ser aps a liquidao.

    A consignao extrajudicial s cabvel em dvida de dinheiro, pois a lei faz aluso a depsito bancrio, sendo, pois, inaplicvel consignao de coisas.

    CABIMENTO DA CONSIGNAO A consignao s cabvel nos casos taxativamente previstos em lei. O rol do Cdigo Civil,

    porm, no taxativo, porque o Cdigo Tributrio Nacional e outras leis prevem outras hipteses de consignao.

    Fora dessas hipteses legais, ocorrer a carncia de ao por impossibilidade jurdica do pedido.

    O art. 335 do Cdigo Civil prev as causas que ensejam o pagamento em consignao. Com efeito, a consignao tem lugar: I. se o credor no puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitao

    na devida forma;. Assim, a negativa do recebimento ou em dar quitao, a primeira causa de consignao.

    Urge, porm, que essa negativa seja injusta; se for justa, como, por exemplo, o devedor quer

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    DIREITO CIVIL - Obrigaes PROF. FLVIO MONTEIRO DE BARROS

    entregar a mercadoria descongelada, ao invs de congelada, conforme pactuado, incabvel a consignao.

    II. se o credor no for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condio devidos; Enquanto no inciso anterior a dvida portable, competindo ao devedor dirigir-se ao domiclio

    do credor para pag-lo, no inciso em apreo a dvida querable, pois o credor quem deve procurar o devedor para receber.

    Em ambas as hipteses, porm, configura-se a mora do credor. No inciso I ele se recusa a receber ou dar quitao; no inciso II, que estamos analisando, ele deixa de ir at o devedor para efetuar a cobrana.

    Nos incisos I e II, a mora do credor, de modo que o devedor no est obrigado a consignar, mas, como esclarece Silvio Rodrigues, a consignao quase sempre conveniente, pois evita os debates sobre quem seja o culpado pelo atraso, alm de revelar o propsito de cumprir a obrigao e poupar-se do trabalho de guardar a coisa a ser prestada.

    III. se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em

    lugar incerto ou de acesso perigoso ou difcil; Se o credor for absolutamente incapaz, o pagamento deve ser feito ao representante legal; se

    for relativamente incapaz, o prprio credor o recebe sob a assistncia do representante legal. Todavia, caber a consignao quando no houver o representante legal ou quando o interesse deste colidir com o do incapaz.

    Quanto ao credor desconhecido, cumpre registrar que, no momento da formao da obrigao, o credor quase sempre conhecido, mas em virtude da sucesso do credor originrio pode tornar-se desconhecido, tendo em vista a ignorncia de quem sejam os herdeiros. Nesse caso, o credor ajuza a ao de consignao e os eventuais herdeiros incertos e desconhecidos so citados por edital.

    Na hiptese de credor declarado ausente, o pagamento deve ser efetuado ao curador do ausente. Se este no for localizado, cabvel a consignao.

    Por fim, quando o credor residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difcil tambm cabvel a consignao.

    IV. se ocorrer dvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento; Ocorre quando dois ou mais credores apresentam-se ao devedor. Este, na dvida, sobre

    quem o legtimo credor, deve consignar a prestao. O exemplo clssico o da seguradora, quando paira dvida se o pagamento deve ser feito companheira ou esposa do de cujus, de quem este estava separado de fato.

    V.se pender litgio sobre o objeto do pagamento entre o credor e terceiro Nessa hiptese, o credor certo, mas est litigando judicialmente com um terceiro sobre o

    objeto da prestao. Assim, por exemplo, o inquilino deve consignar a prestao ao tomar cincia que um terceiro

    reivindica o imvel do locador. Alm dessas hipteses elencadas acima, o Cdigo de 1916 previa ainda a consignao no

    concurso de credores, isto , quando houvesse sentena de falncia ou sentena de insolvncia civil prolatada em execuo coletiva. O novo Cdigo no to claro sobre o assunto, mas manteve a hiptese. Com efeito, nesses casos o pagamento deve ser efetuado ao administrador judicial da falncia ou ao administrador da massa insolvente. Se o administrador for desconhecido ou houver sido destitudo, cremos que ainda cabvel a consignao, com base no inciso I do art. 335, que

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    admite a ao quando o credor no puder receber, ou dar a quitao, sob pena de fraude execuo.

    REQUISITOS Dispe o art. 336 do Cdigo Civil: "Para que a consignao tenha fora de pagamento, ser mister que concorram, em relao

    s pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os quais no vlido o pagamento". Em relao s pessoas, cumpre salientar que a ao de consignao pode ser proposta pelo

    devedor, seu representante legal ou mandatrio, ou terceiro interessado no pagamento. O terceiro no interessado s pode entrar com a ao se oferecer o pagamento em nome e por conta do devedor. No plo passivo da relao processual, deve figurar o credor ou quem alega ser credor ou ainda, sendo o credor desconhecido, dever ser citado por edital. Se o credor for absolutamente incapaz, a consignatria dirigida contra quem de direito o represente, isto , contra a pessoa que tem o poder de receber o pagamento, que o seu representante legal, nos termos do art. 308 do CC, mas o assunto polmico, pois h quem entenda que a ao deve ser movida em face do representado.

    Quanto ao objeto, preciso ressaltar que a prestao deve ser oferecida na ntegra, isto , na qualidade e quantidade avenada. Deve ser completa, abrangendo, alm da prestao devida, os juros, frutos e outros acessrios.

    No tocante ao modo ou forma, deve tambm observar o pactuado. Se, por exemplo, for pactuada a entrega de mercadoria congelada, a consignao no poder ser descongelada.

    Quanto ao tempo, necessrio que a consignao se realize na data do vencimento ou venha acompanhada dos encargos da mora, quando em atraso. Nada obsta a consignao antes do vencimento, na hiptese de o prazo ter sido estipulado em benefcio do devedor e o credor recusar-se ao recebimento antecipado.

    O art. 337 do Cdigo preceitua que a ao de consignao deve ser proposta no lugar do pagamento, e no no domiclio do ru, cessando para o depositante os juros da dvida e os riscos, salvo se a ao for julgada improcedente.

    Finalmente, uma parcela da doutrina sustenta que na ao de consignao no se pode discutir a validade do contrato, pois sua finalidade meramente liberatria, sendo vedado o debate sobre a relao jurdica fundamental, salvo se houver cumulao com a ao de reviso contratual. Todavia, a jurisprudncia dominante tem admitido que, na ao consignatria, seja revista as clusulas contratuais, porquanto necessria para a perfeita apurao da prestao devida, independentemente de acumulao de pedido. Trata-se, no plano processual, de aplicao do princpio da operabilidade.

    PROCESSO DA CONSIGNAO A ao de consignao em pagamento tramita em rito especial (arts. 890 a 900 do CPC). O autor, isto , o devedor, na petio inicial, requerer o depsito da prestao devida, a ser

    efetivado no prazo de 5 (cinco) dias a contar do deferimento. Dispensa-se o requerimento do depsito se a ao de consignao for precedida de depsito extrajudicial, recusado pelo credor, pois, nesse caso, o devedor deve instruir a inicial com a prova do depsito e da recusa. Anote-se que no h mais a audincia de oblao ou oferta da prestao.

    O ru citado para levantar o depsito ou oferecer resposta. Enquanto o credor no declarar que aceita o depsito, ou no o impugnar, isto , contestar o

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    devedor, ou melhor, o autor da ao, (devedor ou terceiro) poder requerer o levantamento da prestao consignada, desistindo, pois, da ao, pagando as respectivas despesas. Nesse caso, subsiste a obrigao para todas as consequncias de direito (art. 338).

    Aps a contestao, ou aceitao do depsito pelo credor, o devedor no poder mais levantar o depsito sem a anuncia do credor. E se este aquiescer no levantamento, perder a preferncia e garantia que lhe competiam com respeito coisa consignada, ficando para logo desobrigados os codevedores e fiadores que no tenham anudo (art. 340). Ocorre, portanto, um fenmeno similar novao, pois como se a primitiva obrigao tivesse sido extinta, sendo substituda por outra, de igual valor, mas sem as garantias da anterior.

    No oferecida a contestao, e ocorrentes os efeitos da revelia, o juiz julgar procedente o pedido, declarar extinta a obrigao e condenar o ru nas custas e honorrios advocatcios (art. 897 do CPC). Igualmente, se o credor receber e dar quitao, porque esse ato implica em reconhecimento do pedido, aplicando-se, destarte, o art. 269, II do CPC. De acordo com o art.343 do CC, as despesas com o depsito, quando julgada procedente a ao, correro conta do credor, e, no caso de improcedncia, conta do devedor. Alis, se a ao for julgada improcedente, a situao do devedor ser a mesma em que se encontrava antes da propositura da ao, caracterizando-se a sua mora, respondendo ainda pelas custas e despesas processuais, bem como honorrios advocatcios, pelos riscos coisa e juros.

    Anote-se que a falta de contestao no gera necessariamente a procedncia da ao, pois pode ocorrer de o autor ou ru serem partes ilegtimas.

    Se, ao revs, o ru optar em contestar a ao, cujo prazo de 15 (quinze) dias, poder alegar: a) que no houve recusa ou mora em receber a quantia ou coisa devida; b) que a recusa foi justa; c) que o depsito no se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento; d) que o depsito no integral. Nessa ltima hiptese, a alegao s ser admissvel se o ru indicar o montante que entende devido. Em tal situao, lcito ao autor complet-lo, dentro em 10 (dez) dias, salvo se corresponder a prestao cujo inadimplemento acarrete a resciso do contrato.

    Alegada a insuficincia do depsito, poder o ru levantar, desde logo, a quantia ou coisa depositada, com a consequente liberao parcial do autor, prosseguindo o processo quanto parcela controvertida.

    Aps a contestao, segue-se o rito ordinrio. A sentena que concluir pela insuficincia do depsito determinar, sempre que possvel, o

    montante devido, e neste caso, valer como ttulo executivo, facultando ao credor promover-lhe a execuo nos mesmos autos ( 2 do art. 899 do CPC). Verifica-se, portanto, que a ao consignatria dplice na hiptese de defesa fundada na insuficincia de depsito, porquanto dispensado est o ru de apresentar reconveno para receber a diferena que lhe devida. Anote-se ainda que mera faculdade do credor promover a execuo nos prprios autos, pois ele pode ajuizar ao de execuo autnoma. Se a sentena conclui pela insuficincia do depsito, mas no tem elementos para apurar o valor da diferena devida, a condenao poder ser ilquida, isto , dependente de futura liquidao.

    A sentena prolatada na ao de consignao em pagamento tem natureza declaratria, com efeito ex tunc, porque a extino da obrigao opera-se com o depsito vlido, antes, portanto, da sentena. o depsito que tem a eficcia constitutiva, isto , de produzir o efeito de extinguir a obrigao, tanto que, a partir dele, cessam os juros da dvida e os riscos do devedor, salvo se for julgado improcedente. Com o depsito vlido, considera-se feito o pagamento, liberando-se o devedor da obrigao. A partir do depsito as despesas com a guarda e conservao da coisa, desde que procedente o pedido, correm por conta do credor; se improcedente sero arcadas pelo devedor. Assim, procedente a ao, o depsito judicial (que o pagamento) gerar os seguintes

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    DIREITO CIVIL - Obrigaes PROF. FLVIO MONTEIRO DE BARROS

    efeitos: a. Extino da obrigao, liberando o devedor; b. Constituio do credor em mora; c. O credor torna-se o responsvel pelos riscos prestao; d. Liberao dos fiadores; e. Credor obrigado a indenizar os danos que sua mora causou ao devedor e reembols-lo

    das despesas pela conservao do bem; f. Cessao dos juros e riscos para o depositante (autor da ao). Por outro lado, na hiptese do inciso IV do art. 335, isto , dvida sobre quem deva

    legitimamente receber o objeto do pagamento, a ao movida em face dos sedizentes credores. Haver um litisconsrcio passivo, em que podem ocorrer as seguintes hipteses:

    a) os dois ou mais rus, na contestao, no impugnam o depsito, limitando-se a disputarem apenas quem seja o legtimo credor. Nesse caso, o juiz declarar extinta a obrigao, continuando o processo a correr unicamente entre os credores, no rito ordinrio. Trata-se de um processo sui generis, porque s h rus, tendo em vista a liberao do autor;

    b) nenhum dos dois ou mais rus comparecem ao processo para contestar a ao. Nesse caso, o juiz converte o depsito em arrecadao de bens de ausente;

    c) apenas comparece um dos dois ou mais credores. Nesse caso, o juiz decidir de plano, liberando o depsito em favor dele, caso ele demonstre a sua condio de credor;

    d) os dois comparecem e impugnam o depsito. Se o autor completar o depsito, o juiz o libera do processo, que prosseguir apenas entre os rus.

    A CONSIGNAO DE PRESTAES PERIDICAS Tratando-se de prestaes peridicas, uma vez consignada a primeira, pode o devedor

    continuar a consignar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as que se forem vencendo, desde que os depsitos sejam efetuados at 5 (cinco) dias, contados do vencimento (art. 892 do CPC).

    Na consignao de prestaes peridicas, como alugueres, o cumprimento da obrigao se prolonga no tempo, e, uma vez consignada a primeira prestao poder o devedor-autor continuar a consignar, no mesmo processo, as demais medida que se forem vencendo, depositando-as dentro de 5 (cinco) dias, a contar o vencimento. Com isso, evita-se a propositura de nova ao.

    Essa prerrogativa de efetuar o depsito das prestaes subsequentes, para alguns autores, estende-se at o trnsito em julgado; outros, acertadamente, sustentam que esse direito perdura s at a sentena, para evitar a supresso de um grau de jurisdio, devendo as prestaes vincendas serem objetos de outra ao.

    Anote-se que se as prestaes subsequentes no forem depositadas no prazo de 5 (cinco) dias, ainda assim a ao de consignao poder ser procedente quanto ao depsito inicial. Em relao s outras prestaes, o devedor poder aguardar a ao de cobrana ou ento ajuizar outra ao consignatria.

    CONSIGNAO EXTRAJUDICIAL A consignao extrajudicial s cabvel em obrigaes de dinheiro. O depsito deve ser feito em estabelecimento bancrio oficial, situado no local do

    pagamento, pelo devedor ou terceiro. Se no houver um banco oficial, isto , controlado pelo

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    Poder Pblico, o juiz pode designar um banco no oficial para receber o depsito. O depsito deve ser feito em conta com correo monetria. Feito o depsito, o banco notifica o credor, pelo correio, assinando-lhe o prazo de 10 (dez)

    dias, a contar do recebimento, para a manifestao da recusa. Srgio Bermudes sustenta que essa notificao tambm pode ser feita pelo prprio devedor. A recusa do devedor, por escrito, deve ser dirigida ao estabelecimento bancrio, e no ao credor.

    Decorrido esse prazo sem a manifestao da recusa, reputar-se- o devedor liberado da obrigao, ficando disposio do credor a quantia depositada.

    Se o credor levantar o depsito, implicar em reconhecimento de sua mora, exonerando-se o devedor quanto soma depositada.

    Anote-se, porm, que a ausncia de recusa no impede a propositura da ao de cobrana ou de execuo pelo credor, que, contudo, dever provar a nulidade da consignao extrajudicial. Assim, caso a defesa do devedor se ampare no depsito extrajudicial, o credor poder alegar, por exemplo, que o depsito foi efetuado fora do local do pagamento ou que foi feito sem correo monetria etc.

    Se o credor recusar-se por escrito em receber o depsito bancrio, o devedor ou terceiro poder propor, dentro de 30 (trinta) dias, a ao de consignao, instruindo a inicial com a prova do depsito e da recusa. No proposta essa ao no prazo mencionado, ficar sem efeito o depsito, podendo levant-lo o depositante. Assim, o banco, to logo receba a recusa escrita do credor, dever comunicar o fato ao depositante.

    Finalmente, as despesas cobradas pelo banco sero arcadas pelo depositante, e no pelo credor.

    CONSIDERAES FINAIS a) A consignao em pagamento, judicial ou extrajudicial, mera faculdade do devedor. Este,

    para demonstrar a mora do credor, pode, ao invs de consignar, aguardar a propositura da ao de cobrana.

    b) A obrigao de fazer, como vimos, no pode ser objeto da ao de consignao em pagamento. Se, porm, aps realizar o fato, por exemplo, pintar um quadro, o credor recusar-se a receber a coisa, o devedor pode consign-lo em juzo. Assim, cabvel a consignao quando a obrigao de fazer estiver relacionada com a entrega de uma coisa.

    c) A ao de despejo por falta de pagamento no inibe a propositura da ao de consignao. Todavia, em face da conexo de aes, impe-se a reunio dos processos perante o juiz prevento, para julgamento simultneo.

    d) Na ao de consignao cabvel a reconveno quando o fundamento desta for conexo com o que se discutir na consignatria.

    e) A partir do depsito, se procedente a ao, liberam-se os fiadores e demais coobrigados, tendo em vista a extino da obrigao.

    PAGAMENTO INDEVIDO CONCEITO Pagamento indevido o feito, voluntariamente, por erro em favor de pessoa que no tinha o

    direito de receber a prestao. De acordo com o art. 876 do CC, todo aquele que recebeu o que lhe no era devido, fica

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    DIREITO CIVIL - Obrigaes PROF. FLVIO MONTEIRO DE BARROS

    obrigado a restituir. Essa obrigao de restituir baseia-se no princpio da proibio do enriquecimento sem causa.

    A restituio devida, no s quando no tenha havido causa que justifique o enriquecimento, mas tambm se esta deixou de existir.

    ESPCIES H duas espcies de pagamento indevido. So elas: a) Pagamento objetivamente indevido: quando a dvida era inexistente ou j estava extinta.

    necessrio o erro de quem pagou, cujo nus da prova lhe compete, pois se efetuou o pagamento

    ciente da inexistncia ou extino do dbito no caber a restituio, devendo o fato ser

    interpretado como liberalidade (art.877 do CC).

    b) Pagamento subjetivamente indevido: o feito para adimplir dbito existente, mas

    efetuado, por erro, por quem no era o devedor ou a quem no era o verdadeiro credor. Em suma,

    o sujeito paga a dvida alheia, supondo prpria, ou paga dvida prpria a pessoa diversa do

    verdadeiro credor.

    REQUISITOS A ao in rem verso, que proposta para obter a restituio do pagamento indevido,

    pressupe os seguintes requisitos: a) Enriquecimento patrimonial da pessoa que recebeu o pagamento accipiens: Quem, por

    erro, paga alimentos a quem no devia, no pode pedir restituio, pois a verba alimentar no gera

    o aumento do patrimnio ativo.

    b) Empobrecimento da pessoa que paga solvens, em razo do pagamento indevido.

    c) Pagamento efetuado por erro de fato ou de direito ou ento por dolo ou coao.

    d) Falta de causa jurdica que justifique o enriquecimento: , pois, necessria que a obrigao,

    em relao a quem pagou, seja inexistente ou nula. Assim, cabvel a restituio quando a pessoa

    recebe a dvida condicional antes do implemento da condio (art. 876 do CC). Tratando-se, porm,

    de dvida a termo, o pagamento efetuado antes do implemento do termo no passvel de

    restituio, pois o direito sob termo considerado direito adquirido (art.131 do CC). O pagamento

    de imposto ilegal ou inconstitucional passvel de restituio.

    e) Que a lei no tenha conferido ao lesado outros meios para se ressarcir do prejuzo sofrido

    (art. 886). Assim, a ao in rem verso tem natureza subsidiria, s sendo cabvel se no houver

    outros meios ou outra ao judicial especfica para se obter a restituio. Tratando-se, porm, de

    dvida a termo, o pagamento efetuado antes do implemento do termo no passvel de restituio,

    pois o direito sob termo considerado direito adquirido (art.131 do CC). O pagamento de imposto

    ilegal ou inconstitucional passvel de restituio.

    Presentes os requisitos acima, ao in rem verso pode ser proposta pelo lesado, dentro do prazo prescricional de trs anos (art. 206, 3, IV do CC).

    Em regra, o lesado aquele que efetuou o pagamento indevido. Se, no entanto, o pagamento, que efetuou por erro, liber-lo do vnculo obrigacional, o lesado ser outra pessoa, que

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    DIREITO CIVIL - Obrigaes PROF. FLVIO MONTEIRO DE BARROS

    estar legitimada a propor ao. Exemplo: o devedor, que no foi notificado da cesso de crdito, faz o pagamento ao antigo credor (cedente) liberado da obrigao, mas o cessionrio ter direito de repetio de indbito em face do cedente.

    H, por outro lado, uma hiptese em que a ao de repetio de indbito no movida em face da pessoa que recebeu o pagamento.

    Com efeito, dispe o art. 880 do CC: Fica isento de restituir pagamento indevido aquele que, recebendo-o como parte de dvida

    verdadeira, inutilizou o ttulo, deixou prescrever a pretenso ou abriu mo das garantias que asseguravam seu direito; mas aquele que pagou dispe de ao regressiva contra o verdadeiro devedor e seu fiador.

    Dessa forma, se a pessoa que, de boa-f, recebeu o pagamento inutiliza o ttulo, deixar prescrever a dvida ou abrir mo das garantias do crdito, o direito de restituio dever ser exercido contra o verdadeiro devedor e seu fiador. Entre o direito de duas pessoas de boa-f, optou a lei pela proteo do credor.

    CASOS DE EXCLUSO DA REPETIO DE INDBITO Em trs hipteses, o pagamento indevido no gera direito restituio. So elas: a) pagamento para solver dvida prescrita, ou cumprir obrigao judicialmente inexigvel

    (art.882 do CC). Trata-se do adimplemento de obrigao natural (exemplos: dvida prescrita; dvida

    de jogo; juros no convencionados etc). Em relao a essas obrigaes, h uma causa jurdica, e,

    por isso, a lei veda a repetio.

    b) Pagamento para obter fim ilcito, imoral, ou proibido por lei (art.883 do CC). A proibio da

    repetio justificada pela proibio de se alegar a prpria torpeza. O que se deu em pagamento,

    porm, reverter em favor de estabelecimento local de beneficncia, a critrio do juiz (pargrafo

    nico do art. 883 do CC).

    FORMA DE DEVOLUO Tratando-se de obrigao de dar coisa certa, a restituio dever recair sobre a prpria coisa

    dada em pagamento. Se houver o perecimento do bem, ou sua alienao a terceiro de boa-f, far-se- a devoluo pelo equivalente em dinheiro ao valor do bem na poca em que foi exigido (pargrafo nico do art.884 do CC), sendo vedada a reivindicao do bem.

    Quanto s perdas e danos s sero devidas em caso de alienao de m-f. Tratando-se de imvel caber ao reivindicatria do bem se o terceiro o adquiriu onerosamente de m-f, ou de boa-f a ttulo gratuito (pargrafo nico do art. 879 do CC). Se o alienante agiu de m-f o adquirente de boa-f, em sendo o negcio jurdico oneroso, no cabvel a reivindicao do bem, mas o alienante indenizar a quantia recebida pela alienao, alm de perdas e danos; se alienou de boa-f s responder pelo valor obtido com a alienao.

    Na obrigao de fazer ou no fazer, quem recebeu o pagamento indevido ter que indenizar aquele que, por erro, pagou consistindo a indenizao no valor do lucro obtido (art.881 do CC).

    Quanto aos frutos, benfeitorias, acesses, e responsabilidade pela perda ou deteriorao da coisa dada em pagamento, os efeitos, para aquele que recebeu o pagamento, variam conforme tenha procedido de boa ou m-f, equiparando-se, segundo o art.878 do CC, ao possuidor de boa-f ou de m-f, conforme o caso. O assunto encontra-se disciplinado no art.1.214 a 1.222 do CC.

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    PAGAMENTO COM SUB-ROGAO

    INTRODUO Em sentido amplo, sub-rogar substituir uma pessoa ou coisa por outra. Na sub-rogao pessoal, de que cuida o Direito das Obrigaes, verifica-se a substituio do

    credor por outra pessoa, que adquire os mesmos direitos e aes daquele. Na sub-rogao real ou do vnculo ocorre a substituio de uma coisa por outra, ficando a

    segunda no lugar da primeira, com os mesmos nus e atributos. Tal sucede, por exemplo, quando o herdeiro requer judicialmente o cancelamento da clusula de inalienabilidade, que recai sobre o bem herdado, mediante transferncia dessa clusula para outro bem (art. 1.911, pargrafo nico do CC). Outro exemplo encontra-se no regime da comunho parcial de bens, excluindo-se da comunho os bens sub-rogados, isto , adquiridos exclusivamente com valores da alienao de bens anteriores ao casamento (art.1.659, II, do CC).

    O objeto do presente estudo ser to-somente a sub-rogao pessoal. CONCEITO Sub-rogao, de acordo com Clvis, a transferncia dos direitos do credor para aquele que

    solveu a obrigao, ou emprestou o necessrio para solv-la. Assim, por exemplo, o terceiro, que paga a dvida do devedor, ao sub-rogar-se em seus

    direitos, adquire-lhe o crdito com todas as garantias e acessrios que o guarneciam. Dentre essas garantias e acessrios, que se transferem ao credor sub-rogado, destacam-se o penhor, a hipoteca, a fiana, o aval, juros, clusula penal etc.

    Vimos que, em regra, o pagamento extingue a obrigao. Todavia, a sub-rogao uma exceo, pois a dvida paga, ao invs de extinguir-se, transferida com todas as garantias e acessrios para o crdito sub-rogado, assegurando-se, destarte, ao terceiro que pagou, maiores possibilidades de reembolso.

    Com a sub-rogao, portanto, a obrigao no se extingue para o devedor ocorrendo a mera substituio do credor, extinguindo-se, no entanto, para o credor primitivo.

    NATUREZA JURDICA Alguns juristas sustentam que a sub-rogao uma cesso de crdito operada por lei. No

    obstante a semelhana, consistente no fato de o crdito transferir-se ao terceiro com todas as garantias e acessrios que o guarneciam, distinguem-se nitidamente.

    Com efeito, a sub-rogao pressupe pagamento, de modo que o credor originrio satisfeito, ao passo que a cesso de crdito ocorre antes da realizao do pagamento.

    Na cesso de crdito, h necessidade de se notificar o devedor; na sub-rogao, no. Na cesso de crdito, o cedente se responsabiliza perante o cessionrio pela existncia do

    crdito ao tempo que lho cedeu, ao passo que na sub-rogao no h essa responsabilidade. Finalmente, a cesso de crdito sempre obra do credor, ao passo que a sub-rogao pode

    realizar-se at contra a sua vontade, na hiptese de o terceiro emprestar dinheiro ao devedor, para que este pague a dvida, adquirido, em troca, o crdito do credor com todos os acessrios.

    Na verdade, a sub-rogao no se encaixa dentro de nenhum instituto conhecido. Trata-se, pois, de um instituto autnomo, sui generis, pois o crdito se extingue para o credor primitivo satisfeito, subsistindo o dbito para o devedor. Trata-se de uma forma de pagamento em relao

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    ao credor, que mantm a obrigao para o devedor em relao ao terceiro sub-rogado. este terceiro que o instituto da sub-rogao visa tutelar, distinguindo-se, nesse aspecto, da cesso de crdito cujo escopo garantir a circulao do crdito.

    ESPCIES A sub-rogao pessoal pode ser legal e convencional. A primeira emana da lei; a segunda de

    um acordo de vontades. SUB-ROGAO LEGAL A sub-rogao legal, isto , imposta por lei, opera-se de pleno direito, automaticamente,

    independentemente de qualquer conveno entre as partes. Todavia, a vontade das partes pode afast-la.

    Com efeito, dispe o art. 346: A sub-rogao opera-se de pleno direito, em favor: DO CREDOR QUE PAGA A DVIDA DO DEVEDOR COMUM No Cdigo de 1916, s havia a sub-rogao se o crdito quitado tivesse preferncia sobre o do

    solvens. Se os crditos tivessem a mesma ou igual garantia no existiria a sub-rogao. Assim, no Cdigo de 2002, haver sub-rogao ainda que o crdito quitado seja quirografrio, isto , destitudo de uma especial garantia de preferncia.

    Assim, o nico requisito exigvel para a sub-rogao que quem paga seja tambm credor do devedor. No Cdigo de 1916 era ainda preciso que o crdito pago tivesse preferncia sobre o crdito do credor que efetuou o pagamento, como, por exemplo, um crdito hipotecrio ou trabalhista. No obstante, a jurista Maria Helena Diniz ainda continua sustentando que no haver sub-rogao se o crdito for quirografrio ou se o pagamento for efetuado a um credor que est na mesma situao preferencial que a do solvens, uma vez que se requer que o crdito pago tenha preferncia sobre o do solvens. Ora, a lei no requer mais esse requisito e por isso esse posicionamento no merece acolhida.

    DO ADQUIRENTE DO IMVEL HIPOTECADO, QUE PAGA A CREDOR HIPOTECRIO, BEM

    COMO DO TERCEIRO QUE EFETIVA O PAGAMENTO PARA NO SER PRIVADO DE DIREITO SOBRE IMVEL

    Esse inciso II contm duas hipteses de sub-rogao. A primeira, que j era prevista no Cdigo

    de 1916, ocorre quando algum compra o imvel hipotecado e paga diretamente ao credor hipotecatrio, liberando o devedor, evitando, destarte, a excusso judicial do bem hipotecado. Na verdade, h simultaneamente sub-rogao e compensao. Tambm pode ocorrer de recair mais de uma hipoteca sobre o mesmo bem e o adquirente paga o credor da 1 hipoteca, sub-rogando-se em seus direitos, impedindo ou executando a execuo dos demais.

    A segunda hiptese, que inovao do Cdigo de 2002, verifica-se em favor de terceiro que efetua o pagamento para no ser privado de direito sobre o imvel. Assim, o terceiro cujo imvel foi penhorado em razo de dvida contrada pelo alienante, ao efetuar o pagamento, alm de liberar o imvel da penhora, sub-roga-se nos direitos do credor. Essa hiptese tem a ver com a fraude de execuo e fraude contra credores, institutos que permitem a penhora de bens alienados pelo devedor. Outro exemplo o do promissrio-comprador que paga dbito do promitente-vendedor para evitar a excusso judicial do bem que este lhe alienou.

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    DO TERCEIRO INTERESSADO, QUE PAGA A DVIDA PELA QUAL ERA OU PODIA SER OBRIGADO, NO TODO OU EM PARTE

    Essa hiptese, que a mais comum na prtica, compreende o pagamento efetuado pelo

    fiador, avalista, devedor solidrio, devedor de coisa indivisvel etc. O terceiro no interessado, porm, no sub-rogado legal, s tem direito ao reembolso til,

    quando efetuar o pagamento em seu prprio nome, salvo o interveniente voluntrio que paga a letra de cmbio, pois em favor deste terceiro haver a sub-rogao, por fora do art. 40, pargrafo nico, do Decreto n 2.044/1908.

    A sub-rogao legal s cabvel nos casos taxativamente previstos em lei, no admitindo a analogia.

    SUB-ROGAO CONVENCIONAL OU CONTRATUAL A sub-rogao convencional resulta de acordo de vontades entre o credor e o terceiro ou

    entre este e o devedor. Com efeito, dispe o art. 347 que a sub-rogao convencional: QUANDO O CREDOR RECEBE O PAGAMENTO DE TERCEIRO E EXPRESSAMENTE LHE

    TRANSFERE TODOS OS SEUS DIREITOS Assemelha-se cesso de crdito, seguindo-lhe as mesmas regras (art. 348). Essa sub-rogao realizada quando o pagamento efetuado por terceiro no-interessado,

    porque o terceiro interessado sub-roga-se automaticamente, isto , por fora de lei. Anote-se ainda que o devedor no precisa aquiescer nem ser notificado. QUANDO TERCEIRA PESSOA EMPRESTA AO DEVEDOR A QUANTIA PRECISA PARA SOLVER A

    DVIDA, SOB A CONDIO EXPRESSA DE FICAR O MUTUANTE SUB-ROGADO NOS DIREITOS DO CREDOR SATISFEITO

    Nessa hiptese de sub-rogao, o pagamento efetuado pelo prprio devedor, ao passo que

    nas demais o solvens um terceiro. Tal ocorre, por exemplo, quando o devedor obtm de um amigo a quantia necessria para pagar a dvida, transferindo-lhe, em troca, os direitos do credor satisfeito. Essa sub-rogao independe do consentimento do credor.

    Anote-se que a sub-rogao convencional deve ser estipulada antes ou no instante do pagamento. Se estipulada antes tem o efeito de promessa de sub-rogao concretizvel com o pagamento.

    Acrescente-se, porm, que a conveno posterior ao pagamento no ser sub-rogao, mas uma nova relao jurdica, ainda que tenha todas as garantias do crdito originrio.

    Finalmente, a sub-rogao no exige forma escrita, podendo realizar-se por instrumento particular.

    EFEITOS DA SUB-ROGAO A sub-rogao, legal e convencional, produz duplo efeito: a) liberatrio: o devedor desobriga-se para com o credor primitivo, que excludo da relao

    jurdica;

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    b) translativo: transferncia ao terceiro sub-rogado de todos os direitos, aes, privilgios e garantias desfrutadas pelo credor primitivo.

    A sub-rogao legal, porm, no pode ter carter especulativo, isto , fim lucrativo, porque o sub-rogado s poder exercer os direitos e as aes do credor at a soma que tiver desembolsado para desobrigar o devedor (art. 350).

    A sub-rogao convencional, por sua vez, tal qual a cesso de crdito, se no houver limitao, transfere a totalidade do crdito, ainda que o terceiro sub-rogado tenha pago menos para satisfazer o credor. Portanto, pode ter carter especulativo, a no ser que as partes tenham restringido os direitos do sub-rogado. O desembargador Carlos Roberto Gonalves entende que, no silncio do contrato, a sub-rogao no ser total, mas limitada ao valor desembolsado, segundo ele, s ser total se houver clusula expressa nesse sentido. Predomina o posicionamento que, no silncio, na sub-rogao convencional, opera-se a transferncia do valor total do crdito, pois para restringi-lo haveria necessidade de norma expressa tal qual na sub-rogao legal. H ainda o entendimento de Judith Martins Costa, que a norma do art.350 do CC tambm aplicvel sub-rogao convencional, que no poderia, segundo ela, ter carter especulativo, invocando em defesa do seu ponto de vista os princpios da boa-f (art.422), da proteo aderente (arts. 423 e 424), bem como o que veda o enriquecimento sem causa (art.884), alm do princpio da proporcionalidade.

    SUB-ROGAO PARCIAL D-se a sub-rogao parcial quando o terceiro sub-rogado efetua o pagamento de apenas

    uma parcela do dbito. Tal ocorre, por exemplo, quando o avalista paga 30% (trinta por cento) da dvida. Nesse caso, o credor originrio, reembolsado em parte, tem preferncia no recebimento da dvida em relao ao terceiro sub-rogado, se os bens do devedor forem insuficientes para saldar todo o dbito (art. 351).

    IMPUTAO DO PAGAMENTO CONCEITO Imputao do pagamento a indicao do dbito que ser extinto quando houver mais de

    uma obrigao, da mesma natureza, perante o mesmo credor, e a prestao oferecida for insuficiente para solver todas as dvidas.

    REQUISITOS Os requisitos so: a) pluralidade de dbitos. Em havendo uma s dvida, em regra, no cabvel a imputao ao

    pagamento, salvo no caso do art.354 do CC, conforme salienta Washington de Barros Monteiro, isto , em havendo, na mesma dvida, capital e juros, o pagamento imputar-se- primeiro nos juros vencidos, e depois no capital.

    b) identidade de sujeitos. Este requisito no excludo na solidariedade, ativa ou passiva, porque, nesse caso, tambm h identidade de partes.

    c) igual natureza dos dbitos. Assim, as prestaes devem ser fungveis entre si. Se, por exemplo, devo dinheiro e acar, no posso imputar o pagamento que fizer em dinheiro no dbito referente ao acar e vice-versa. Portanto, no basta que as prestaes sejam fungveis, pois preciso que sejam fungveis entre si.

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    d) possibilidade de a prestao oferecida resgatar um ou mais dbitos. Se, por exemplo, algum deve trinta, setenta e cem e oferece cem em pagamento, poder imputar o pagamento nas duas primeiras dvidas ou apenas na terceira. Se, no exemplo, o devedor oferece uma prestao de vinte, insuficiente para quitar sequer um dos dbitos, o credor pode rejeit-la, pois no obrigado a receber parceladamente uma prestao que se combinou receber por inteiro.

    Se, ainda no mesmo exemplo, o devedor oferece uma prestao de trinta, far-se- a imputao na dvida de trinta, porque o credor no obrigado a receber pagamento parcial.

    ESPCIES DE IMPUTAO Na hiptese de omisso do contrato, a imputao do pagamento compete ao devedor. Se

    este no exercer tal direito, a imputao passa ao credor e se este tambm no o fizer, a lei determina os dbitos a que se imputaro o pagamento.

    A imputao ao pagamento, a rigor, sempre convencional, e o credor tem o dever de aceit-la, quer emane do devedor, do prprio credor ou da Lei, sob pena de mora accipiendi, autorizando o devedor, no caso de recusa do credor, a mover a ao consignatria.

    IMPUTAO POR VONTADE DO DEVEDOR No silncio do contrato, o devedor, ao efetuar o pagamento, declarar o dbito que pretende

    extinguir. Certamente optar pelo mais oneroso, isto , com juros mais elevados. Todavia, no pode imputar o pagamento em dvidas no vencidas ou ilquidas, a no ser mediante anuncia do credor. No tocante s dvidas ilquidas, a imputao ao pagamento s ser possvel mediante consentimento do credor. A dvida vincenda, por sua vez, pode ser objeto de imputao ao pagamento, quando o prazo for estipulado em favor do devedor, o que a regra, desde que a imputao emane do devedor, implicando esse ato em renncia ao prazo que lhe beneficiava. Se, no entanto, o prazo beneficiava o credor, o devedor, salvo anuncia do credor, no poder imputar o pagamento a ela. Acrescente-se ainda que havendo capital e juros, no pode imputar o pagamento no capital, a no ser que o credor concorde. V-se assim que a lei impe limites a imputao.

    IMPUTAO FEITA PELO CREDOR Se o devedor no declara o dbito que a prestao oferecida visa quitar, o credor far a

    imputao indicando o dbito na quitao. Se esta for aceita pelo devedor, presume-se que concordou com a imputao feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido violncia ou dolo (art. 353). O erro do credor, imputando o pagamento num dbito ao invs de imputar noutro, irrelevante, porque o art. 353 s permite a anulao nas hipteses de dolo e coao. Como se v, o credor faz a imputao ao pagamento na prpria quitao, mediante indicao do dbito. Se no o indicar, no poder faz-lo posteriormente, submetendo-se imputao legal.

    IMPUTAO ORDENADA POR LEI No silncio do devedor e do credor, a lei ordena que a imputao se faa na dvida mais

    antiga. Entende-se por mais antiga a dvida vencida em primeiro lugar, e no aquela contrada por primeiro.

    Se as dvidas forem vencidas ao mesmo tempo, far-se- a imputao na mais onerosa.

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    Entende-se por mais onerosa as seguintes dvidas: a. a que contm juros mais elevados; b. a garantida por penhor, hipoteca, anticrese ou cauo; c. a que possibilita o imediato processo de execuo; d. a que contiver clusula penal; e. a que o solvens for o devedor principal; f. a que j objeto de ao judicial etc. Por fim, de acordo com a doutrina, se as dvidas forem do mesmo valor e vencidas ao mesmo

    tempo, far-se- a imputao proporcionalmente, por rateio entre todos os dbitos, aplicando-se analogicamente o Cdigo francs. Esse posicionamento tem o inconveniente de obrigar o credor a receber por partes, violando o art.314 do CC, mas de fato no h outra soluo mais justa.

    EFEITOS A imputao ao pagamento meio de extino da obrigao, classificado pela doutrina como

    meio indireto. DAO EM PAGAMENTO CONCEITO Dao em pagamento a operao pela qual o devedor, mediante consentimento do credor,

    quita uma dvida vencida, entregando uma prestao diversa da que lhe era devida. REQUISITOS A datio in solutum requer a presena de quatro requisitos: a) que a prestao dada em pagamento tenha natureza diversa da devida; b) consentimento do credor. De fato, este no obrigado a receber prestao diversa, ainda

    que mais valiosa (art. 313). A concordncia do credor pode ser expressa, tcita, escrita ou verbal. c) dvida vencida. Se antes do vencimento, credor e devedor deliberam que este ltimo tem o

    poder de substituir a prestao por outra, no haver dao em pagamento e sim obrigao facultativa;

    d) que a prestao seja entregue como pagamento. Exige-se, pois, o animus solvendi (inteno de efetuar o pagamento). No basta, portanto, a concordncia do credor em receb-la, urge que o receba como forma de quitao do dbito. Se receb-la apenas em garantia, no haver dao em pagamento, mas um contrato de penhor.

    Convm ressaltar que o devedor s pode dar em pagamento um bem imvel mediante autorizao do cnjuge, salvo quando casado no regime de separao de bens. anulvel a dao em pagamento feita por ascendente a descendente, sem a autorizao dos demais descendentes. Esses requisitos so necessrios porque a dao em pagamento negcio jurdico translativo da propriedade.

    CABIMENTO Washington de Barros Monteiro sustenta que a dao em pagamento pode ter por objeto

    prestao de qualquer natureza, exceto dinheiro de contado.

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    Assim, possvel a dao em pagamento quando o dbito de dinheiro substitudo por coisa ou crdito; o de coisa substitudo por outra coisa; o de fato por outro fato; o de fato por coisa e o de coisa por fato.

    O ilustre civilista, porm, sustenta que no dao, mas transao, a substituio de uma coisa ou fato por dinheiro. Quando se d o dinheiro em pagamento, ou ento se fixa valor certo para coisa dada em pagamento, o fato passa a ser regido pelas normas da compra e venda, nos termos do art.357 do CC. A meu ver, a entrega de dinheiro em substituio da prestao devida (coisa ou fato) tambm dao em pagamento, pois a restrio em se considerar essa hiptese como dao, constante no art.995 do Cdigo de 1916, no foi repetida pelo novo diploma, alargando com isso o mbito de incidncia do instituto, conforme observa Carlos Roberto Gonalves, visto incluir tambm as obrigaes pecunirias.

    Na dao em pagamento, as prestaes no precisam ser equivalentes; o que importa a sua entrega com o fim de extinguir a obrigao.

    NATUREZA JURDICA Trata-se de negcio jurdico bilateral, oneroso e real. Real porque s se perfaz com a entrega

    da prestao. uma forma de pagamento indireto, e no propriamente contrato. Este o acordo para criar a obrigao, enquanto que a dao visa extingui-la.

    A dao em pagamento no se confunde com a obrigao alternativa. Nesta, a obrigao tem por objeto mais de uma prestao, podendo o pagamento realizar pela entrega de uma ou outra; naquela, a prestao substituenda no objeto da obrigao, pois o direito de substituir a prestao convencionado aps o vencimento da obrigao. Com efeito, na obrigao alternativa, h mais de uma prestao vinculada ao negcio e o devedor se libera entregando apenas uma delas e, na obrigao facultativa, a opo de o devedor substituir a prestao devida por outra j existe antes do vencimento do dbito. Por isso, a dao em pagamento no se confunde com essas obrigaes, pois a prestao dada em pagamento no era objeto do contrato e s entrou em cena aps o vencimento da dvida, mediante anuncia do credor.

    EFEITOS DA DAO EM PAGAMENTO A dao em pagamento provoca a extino da obrigao, qualquer que seja o valor da

    prestao dada em substituio. Com efeito, na dao em pagamento, o credor no recebe a coisa por preo certo e

    determinado, mas aliud pro alio, isto , uma coisa pela outra. Portanto, se a prestao dada em pagamento valer menos, o credor no pode exigir a diferena; se valer mais, o devedor no pode exigir a restituio do excedente.

    Se a coisa dada em pagamento for bem imvel o efeito liberatrio s se opera com a tradio solene (registro no Registro de Imveis); se for bem mvel, a dao s se completar com a tradio real (entrega do bem ao credor). que a dao negcio jurdico real (exige-se a tradio do bem), distinguindo-se da compra e venda, que consensual (basta o acordo de vontades).

    EQUIPARAO DA DAO EM PAGAMENTO COMPRA E VENDA Dispe o art. 357 que determinado o preo da coisa dada em pagamento, as relaes entre

    as partes regular-se-o pelas normas do contrato de compra e venda. A fixao do preo da coisa no faz com que o negcio deixe de ser dao em pagamento, e

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    se transforme em compra e venda, mas a ela ser aplicada as normas da compra e venda. Se, no entanto, no for fixado o preo, a contrario sensu, no se aplica dao em pagamento as normas relativas compra e venda.

    A EVICO DA COISA RECEBIDA EM PAGAMENTO Evico a perda da coisa, em razo de sentena que a atribui a outrem. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, isto , perd-la por sentena,

    restabelecer-se- a obrigao primitiva, ficando sem efeito a quitao dada, ressalvados os direitos de terceiros (art. 359).

    Em virtude da evico, fora convir que o devedor entregou em pagamento coisa que no lhe pertencia. Por isso, fica sem efeito a quitao dada, ressuscitando-se a obrigao que havia se extinguido, restaurando-se, inclusive, a hipoteca, a no ser que o imvel hipotecado tenha sido adquirido por terceiro de boa-f.

    Todavia, no tocante fiana, que havia sido extinta com a datio in solutum, a evico no a far revigor-la (art. 838, III).

    Observe-se, ainda, que, no tocante evico, a dao em pagamento tem tratamento diverso da compra e venda. Com efeito, o comprador evicto no pode anular nem rescindir a compra e venda, mas apenas pleitear a indenizao, ao passo que a evico causa de resciso da dao em pagamento, restabelecendo-se o negcio jurdico anterior.

    CESSO IN SOLUTO E CESSO IN SOLVENDO Dispe o art. 358 que se for ttulo de crdito a coisa dada em pagamento, a transferncia

    importar em cesso. Portanto, o pagamento com ttulo de crdito no implica em dao em pagamento e sim em

    cesso de crdito, devendo o cedido (devedor) ser notificado, nos termos do art.290 do CC, ficando o solvens responsvel pela existncia do ttulo (art.295 do CC). Trata-se de uma cesso pro solvendo, que no extingue a obrigao seno aps o recebimento do ttulo. Nada obsta, porm, a clusula expressa ou tcita de cesso pro soluto, cuja simples transferncia do ttulo, por si s, quita o dbito, extinguindo a obrigao, restando ao credor apenas a cobrana do valor consignado no ttulo. Nesse caso, a transferncia do ttulo, para alguns, assumiria o perfil de dao em pagamento. A meu ver, a cesso pro soluto novao, extinguindo-se a obrigao anterior, independentemente da satisfao do credor, pois pode ocorrer de o cheque no ter fundos, ao passo que na dao em pagamento o credor satisfeito.

    DAO EM PAGAMENTO PARCIAL Em duas situaes, pode verificar-se datio in solutum parcial. A primeira ocorre quando, num dbito de dinheiro, o devedor efetua uma parte do

    pagamento em dinheiro e a outra em prestao diversa. A segunda, quando o credor concorda em receber uma prestao diversa, quitando parcialmente a

    dvida, que remanesce de forma reduzida. DAO EM PAGAMENTO E ADJUDICAO NA EXECUO O exequente pode adjudicar o bem penhorado, como forma de extino da obrigao, na

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    hiptese de ningum arremat-lo. A adjudicao assemelha-se dao em pagamento, porque em ambas a obrigao extinta em troca do recebimento de um bem diverso do pactuado. Distinguem-se, porque na adjudicao, o pagamento feito pelo Estado, pois este quem executa o devedor, ao passo que a dao emana de um ato de vontade do prprio devedor.

    DISTINO ENTRE DAO EM PAGAMENTO E COMPRA E VENDA A compra e venda um contrato, fonte de nascimento da obrigao, regido pelo princpio do

    consensualismo, aperfeioando-se com o simples acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa.

    A dao em pagamento uma forma de pagamento indireto, fonte de extino da obrigao, sendo ainda um negcio jurdico real, aperfeioando-se apenas com a entrega da coisa.

    DISTINO ENTRE DAO EM PAGAMENTO E NOVAO Na novao, a obrigao extinta, sendo substituda por outra, sem que o credor seja

    satisfeito; na dao em pagamento, o credor satisfeito, e no h a substituio de uma obrigao por outra.

    DISTINO ENTRE DAO EM PAGAMENTO E DATIO PRO SOLVENDO A datio pro solvendo ou dao em funo do cumprimento ocorre quando o devedor,

    mediante anuncia do credor, realiza prestao diversa da devida com o escopo de facilitar o credor a receber o seu crdito, no acarretando, porm, a extino imediata da obrigao. Exemplo: o devedor faz propaganda do bar do credor para aumentar-lhe a clientela. Conquanto no prevista no Direito Ptrio, a datio solvendo pode ser estipulada pelas partes, com base no princpio da autonomia da vontade.

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    PERGUNTAS:

    1) O que consignao? 2) Quando possvel a consignao extrajudicial? 3) Qual a distino entre consignao judicial e extrajudicial? 4) Quais as hipteses de consignao? 5) Quem pode propor a ao de consignao em pagamento? 6) Quando possvel propor a ao de consignao em pagamento? 7) Qual o foro competente para a aludida ao? 8) Qual o rito da ao de consignao em pagamento? 9) O autor da ao deve requerer o depsito da prestao? 10) At que momento o autor pode desistir da ao? 11) Qual o prazo para contestar a ao? 12) Alegada a insuficincia de depsito, o ru pode levantar a quantia depositada? 13) A ao de consignao em pagamento sempre dplice? 14) Por que a sentena de procedncia da aludida ao declaratria? 15) Disserte sobre a consignao extrajudicial. 16) A obrigao de fazer pode ser objeto de ao de consignao em pagamento? 17) Quais os requisitos do pagamento indevido? 18) Qual a ao cabvel no caso de pagamento indevido? 19) Qual o prazo desta ao? 20) Em face de quem ela proposta? 21) Quais as hipteses em que o pagamento indevido no gera repetio de indbito? 22) Qual a distino entre sub-rogao pessoal e real? 23) O que sub-rogao? 24) Qual a natureza jurdica da sub-rogao? 25) Qual a distino entre sub-rogao e cesso de crdito? 26) Quais as espcies de sub-rogao pessoal? 27) Quais as hipteses de sub-rogao legal? 28) Quais as hipteses de sub-rogao convencional? 29) Quais os efeitos de sub-rogao? 30) O que sub-rogao parcial? 31) O que imputao do pagamento? 32) Quais os requisitos da imputao do pagamento? 33) Quando se opera a imputao do pagamento por vontade do devedor? 34) Quando se opera a imputao do pagamento por vontade do credor? 35) Quando se opera a imputao do pagamento ordenada por lei? 36) O que dao em pagamento? 37) Quais os requisitos da dao em pagamento? 38) Qual a diferena entre dao em pagamento e obrigao facultativa? 39) cabvel dao em pagamento de bem mvel? 40) Quais as hipteses de cabimento da dao em pagamento? 41) Qual a natureza jurdica da dao em pagamento? 42) Quais os efeitos da dao em pagamento? 43) Quando a dao em pagamento equiparada compra e venda? 44) O que acontece se ocorrer a evico da coisa dada em pagamento? 45) Qual a distino entre cesso in soluto e in solvendo?

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    46) cabvel a dao em pagamento parcial? 47) Qual a distino entre dao em pagamento e adjudicao na execuo?