direito civil i051205153546...ead unitins – direito civil i – fundamentos e prÁticas...

77
PALMAS-TO/ 2005 DIREITO CIVIL I Graziela Tavares de Souza Reis Josefa Wieczoreck Paulo Benincá 1º PERÍODO

Upload: doanthuy

Post on 23-Nov-2018

232 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

1

PALMAS-TO/ 2005

DIREITO CIVIL I

Graziela Tavares de Souza Reis Josefa Wieczoreck

Paulo Benincá

1º PERÍODO

Page 2: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

2

APRESENTAÇÃO

Destina-se esta disciplina de Direito Civil I a apresentar breves noções

acerca do direito civil. Para tanto, condensamos o conteúdo da disciplina,

procurando destacar o mais importante e usual sobre o tema.

Não temos aqui a pretensão de elaborarmos um trabalho de cunho

altamente filosófico ou científico, tampouco pretendemos criar escola de

direito. Nosso objetivo é o mais didático possível, além de sermos fiéis às

noções já estabelecidas sobre os mais importantes institutos do direito civil

atinentes a este semestre e ao conteúdo programático do curso.

Enfim, nos comprometemos com a clareza e a objetividade para que

você possa aprender e apreender o conteúdo.

Segue, neste material, as lições do 2.º bimestre desse curso.

Leituras complementares e exercícios serão apresentadas nas web-

aulas, além das bibliografias indicadas, o que poderá contribuir para o

aperfeiçoamento do seu estudo. Fazemos votos de que essas lições sejam

agradáveis e bem aproveitadas por você, mas, lembre-se: o estudo é

indispensável !!

Bons estudos rumo ao sucesso profissional!!

Os autores.

Page 3: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

3

PLANO DE ENSINO CURSO: FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS DISCIPLINA: DIREITO CIVIL I PROFESSORES: GRAZIELA TAVARES DE SOUZA REIS JOSEFA WIECZORECK PAULO BENINCÁ EMENTA Noções e raízes históricas. Fontes de direito. O Código Civil. Sujeitos do direito. Objeto do direito. Pessoas. Fatos e atos jurídicos. Bens. Prescrição e decadência. Noções gerais das obrigações. Conceito. Elementos. Classificação. Efeitos e modalidades das obrigações. Cessão de crédito. Mora. Cláusula penal. Contratos. Conceito, classificação, condições e conclusão. Contratos em espécie. Contratos previstos no Código Civil e em leis esparsas. Novas formas contratuais.Contratos no código de proteção do consumidor. OBJETIVOS

Apresentar o conteúdo do direito civil, introduzindo ao aluno as breves noções históricas de seu desenvolvimento;

Levar ao seu conhecimento a lei de introdução ao código civil, verdadeira “normas sobre normas”, que define os vários ramos do direito;

Apresentar as primeiras lições do direito civil em si, definindo os institutos de sua parte geral;

Demonstrar as noções de contratos. CONTEÚDO

- Noções e raízes históricas - Fontes do direito - Lei de introdução ao Código Civil - Sujeito de direito: pessoas - Dos bens - Fatos, atos e negócios jurídicos - Validade e invalidade do negócio jurídico - Prescrição e decadência - Noções gerais da obrigação: conceito, elementos e classificação - Modalidades das obrigações: 1.ª parte - Revisão - Prova

BIBLIOGRAFIA BÁSICA: DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro 1. 22ª edição.São Paulo: Saraiva, 2005. DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro 2. 20ª edição.São Paulo:Saraiva, 2004.

Page 4: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

4

DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro 3. 21ª edição.São Paulo: Saraiva, 2005. MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil 1 – Parte Geral. 39ª edição. São Paulo: Saraiva, 2003. MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil 4 – Direito das Obrigações. 32ª edição. São Paulo: Saraiva, 2003. MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil 5 – Dos Contratos. 34ª edição. São Paulo: Saraiva, 2003. RODRIGUES, Sílvio. Direito Civil 1 – Parte Geral. 34ª edição. São Paulo: Saraiva, 2003. RODRIGUES, Sílvio. Direito Civil 2 – Parte Geral das Obrigações. 30ª edição. São Paulo: Saraiva, 2002. RODRIGUES, Sílvio. Direito Civil 3 – Dos Contratos e das Declarações Unilaterais da Vontade. 30ª edição. São Paulo: Saraiva, 2004. WALD, Arnold. Direito Civil – Introdução e Parte Geral. 10ª edição. São Paulo: Saraiva, 2003. WALD, Arnold. Curso de Direito Civil – Obrigações e Contratos. 14ª edição. São Paulo: Saraiva , 2000. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR: GAGLIANO, Pablo Stolze, PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil. São Paulo: Saraiva, 2003. GONÇALVES, Carlos Roberto; Sinopses Jurídicas: direito civil – parte geral. volume I. São Paulo: Editora Saraiva, 1997. LISBOA, Roberto Senise. Manual Elementar de Direito Civil. 2ª edição. Revista Atualizada em conformidade com o Novo código Civil. Editora Revista dos Tribunais. São Paulo, 2002. PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. vol. I e vol. III, Rio de Janeiro, Editora Forense,1990. VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral. 5.ª ed. São Paulo:Atlas, 2005.

Page 5: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

5

SUMÁRIO Tema 11 - Efeitos e modalidades das obrigações – 2.ª parte

06

Tema 12 - Mora e cláusula penal

14

Tema 13 - Dos contratos. Conceito, classificação, condições e conclusão

21

Tema 14 - Dos contratos em geral

29

Tema 15 - Dos contratos em espécie

37

Tema 16 – Das várias espécies de contrato – 2.ª parte

44

Tema 17 – Das várias espécies de contrato – 3.ª parte

51

Tema 18 - Das várias espécies de contrato 4.ª parte. Contratos previstos em leis esparsas. Novas formas contratuais

57

Tema 19 – Contratos nas relações de consumo

64

Tema 20 – Contratos bancários 70

Page 6: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

6

MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE

DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS

Objetivos: - Identificar os institutos das obrigações alternativas, das obrigações divisíveis e indivisíveis e das obrigações solidárias. - Conceituar e classificar a Cessão de Crédito Introdução: Trata-se de obrigações compostas pela multiplicidade de objetos. Tem, assim, por conteúdo duas ou mais prestações das quais uma somente será escolhida para pagamento ao credor e liberação ao devedor.

O art. 252 do CC confere o direito de escolha ao devedor, pois

para que a escolha caiba ao credor é necessário que esteja expressa no contrato. Se houver comum acordo, também, poderá a opção ser deferida a um terceiro, que se não aceitar a incumbência e não houver acordo entre as partes, caberá ao juiz a referida escolha, conforme prevê o art. 252, §4º.

Cientificada a escolha efetua-se a concentração: onde fica determinado de modo definitivo, sem possibilidade de

retratação unilateral, o objeto da obrigação. As prestações in obligatione reduzem-se a uma só e a

obrigação se torna simples. Segundo dispõe o § 1º do art. 252: Se a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de

opção poderá ser exercida em cada período (art. 252 §2º). O contrato deve estabelecer o prazo para opção, se não o fizer, o devedor será notificado, para efeito de sua constituição em mora, não o privando, entretanto, do direito de escolha, salvo se a convenção dispuser que passa ao credor, que se lhe competir, o contrato não fixará prazo, será citado para em cinco dias, exercer o direito, ou aceitar que o devedor faça a escolha (art.894 do Código de Processo Civil), depositando a coisa.

Tema 11

Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte de uma prestação e parte em outra, pois deve uma ou outra.

In obligacione: em latim quer

dizer nas obrigações

Page 7: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

7

Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação

ou se torna inexeqüível, subsistirá quanto à outra (art. 253, CC). Trata-se de impossibilidade material.

Quando a impossibilidade de uma das prestações é

superveniente e inexiste culpa do devedor, concentra-se a dívida na outra, ou, nas outras. Se a impossibilidade for de todas as prestações, sem culpa do devedor, aplica-se o art. 256, extinção da obrigação, por falta de objeto. Se houver culpa de sua parte (devedor) cabendo-lhe a escolha, será aplicado o art. 254, CC (valor da última prestação mais perdas e danos). Se a escolha couber ao credor, poderá ser exigido o valor de qualquer das prestações, além das perdas e danos.

DAS OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS As obrigações divisíveis e indivisíveis são compostas pela

multiplicidade de sujeitos. Cuidou o legislador de disciplinar e classificar as obrigações,

enfocando a respectiva prestação que, por sua natureza e características, pode se revelar divisível ou indivisível.

Exemplos de obrigações divisíveis: a de ddaarr ccooiissaa iinncceerrttaa ddaa

mmeessmmaa eessppéécciiee,, aa ppeeccuunniiáárriiaa oouu aa oobbrriiggaaççããoo ddee ffaazzeerr qquuee ssee ppoossssaa eexxeeccuuttaarr eemm eettaappaass ddiissttiinnttaass.. Esta última pode se exemplificar como oo ddeevveerr aassssuummiiddoo ppoorr uumm ppiinnttoorr ddee eeffeettuuaarr aa ppiinnttuurraa eemm cciinnccoo ccaassaass,, ttaarreeffaa qquuee ppooddee sseerr ccuummpprriiddaa eemm cciirrccuunnssttâânncciiaass ee mmoommeennttooss ccllaarraammeennttee ddiissttiinnttooss..

Exemplos de obrigação indivisível: se pode mencionar a ddee

ddaarr ccooiissaa iinncceerrttaa iinnffuunnggíívveell,, aa ddee ffaazzeerr uummaa ttaarreeffaa úúnniiccaa ee iinnssuubbssttiittuuíívveell,, oouu aaiinnddaa,, aa oobbrriiggaaççããoo ddee nnããoo ffaazzeerr qquuaannddoo oo ffaattoo aa sseerr eevviittaaddoo éé uunnoo ee iinnddiivviidduuaalliizzaaddoo..

O art. 258 aduz que “a obrigação é indivisível quando a

obrigação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico”.

A indivisibilidade decorre, em geral, da natureza das coisas

(indivisibilidade natural), mas os bens naturalmente divisíveis podem se

IImmppoossssiibbiilliiddaaddee mmaatteerriiaall jjuurrííddiiccaa ee iimmppoossssiibbiilliiddaaddee mmaatteerriiaall ffííssiiccaa:: se for jurídica, por ilícito de um dos objetos, toda a obrigação se torna nula e inexigível suas prestações. Se uma delas não puder ser cumprida em razão de impossibilidade física desde a avença, será alternativa apenas na aparência, por ser na verdade, uma obrigação simples.

Page 8: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

8

tornar indivisíveis por determinação da lei, como ocorre com as servidões prediais, considerados indivisíveis pelo art. 1.326 do CC, ou por vontade das partes, (indivisibilidade intelectual). Existe ainda a indivisibilidade judicial.

O dispositivo do artigo 252, do CC, preconiza ser a obrigação

indivisível nas hipóteses que menciona, todas, porém, referentes as circunstâncias que envolvem a própria prestação. Admite-se que o devedor possa quitar sua obrigação em partes, desde que tal conduta seja compatível com as razões econômicas ou o espírito do contrato subjacente à obrigação.

DAS OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS Observa-se na solidariedade uma pluralidade subjetiva – mais

que um credor ou mais de um devedor – à qual se soma à chamada unidade objetiva, em virtude da qual há uma só obrigação, sendo que cada credor ou devedor assume o crédito por inteiro.

Características das obrigações solidárias: a) pluralidade de credores, ou de devedores, ou de uns e de outros; b) integralidade da prestação; c) co-responsabilidade dos interessados. Distinção entre as obrigações solidárias e as indivisíveis,

as quais nitidamente verificam-se distintas:

As primeiras têm caráter subjetivo, originam-se nas pessoas, que convencionaram o surgimento da solidariedade ou submetem-se às hipóteses legais em que tal instituto incide; as últimas têm caráter subjetivo e objetivo, com prevalência do último, eis que resultam do objeto, ou seja, da prestação que não se pode dividir.

De se acrescentar que, enquanto as obrigações indivisíveis não

perdem seu caráter de unicidade quando transmitidas aos herdeiros do devedor, o mesmo não acontece quanto às obrigações solidárias, que se desnaturam quanto a este aspecto em havendo sucessão. É o que deflui dos arts. 270 e 276, do Código Civil.

É de se observar ainda que enquanto a obrigação solidária se

conserva como tal, mesmo se convertida em perdas e danos (art. 271), se desnatura a indivisibilidade da obrigação, até porque a indenização traduzir-

Se ativa a solidariedade, qualquer dos credores pode cobrar toda dívida; se passiva, cada devedor pode vir a ser cobrado

pelo total do débito.

Page 9: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

9

se-á em pecúnia, que é, por sua própria natureza, coisa divisível por excelência.

A solidariedade pode ser ativa ou passiva. Na primeira

concorrem dois ou mais credores, podendo qualquer deles receber integralmente a prestação devida (art. 267, CC). O devedor libera-se pagando a qualquer dos credores, os quais, por sua vez, pagará aos demais a quota de cada um.

Enquanto algum dos credores solidários não demandar o

devedor comum, a qualquer daqueles poderá ser paga a dívida (art.268, CC).Porém, se um deles, credores, já ingressou em juízo com ação de cobrança, só a ele o pagamento deve ser efetuado.

O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a

dívida até o montante do que foi pago (art. 269,CC). Exonera também o devedor do pagamento aos demais sujeitos

ativos, o ato de um dos credores em nnoovvaarr,, rreemmiittiirr oouu ttrraannssiiggiirr oo ddéébbiittoo.. Vindo a falecer um dos credores solidários, deixando herdeiros,

cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível (art. 270,CC).

Como já visto, a solidariedade não se presume, portanto, a

solidariedade passiva emana da lei ou da vontade das partes (art. 265, CC). O pagamento total extingue não só a solidariedade como a própria obrigação. O pagamento parcial extingue em parte a obrigação e mantém a solidariedade no tocante ao remanescente.

Reza o art. 283 do CC: “o devedor que satisfez a dívida por

inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos co-devedores”.

É de registrar, ainda, o surgimento do direito de regresso assegurado ao devedor que paga a dívida, em face dos demais co-devedores, o que deflui da redação do art. 283, CC.

EExxeemmpplloo ddee ddiirreeiittoo ddee rreeggrreessssoo:: direito do beneficiado pelo título

a cobrar dos coobrigados cambiários a totalidade de sua importância. O coobrigado que pagou terá direito de regresso em relação aos outros devedores.

Ressalte-se que, com o pagamento realizado por um dos

devedores, desaparece a solidariedade, até então existente.

Novar: criar uma nova dívida que extingue a anterior. Diz-se objetiva quando credor e devedor continuam os mesmos, e subjetiva quando muda o credor ou o devedor. Remitir: vem de remissão, que é o perdão da dívida pelo credor. Dá-se o crédito como pago e satisfeito. Transigir: é o ato de transigir, ou seja, é o meio dos interessados prevenirem ou terminarem litígios, mediante concessões mútuas.

Page 10: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

10

A regra aqui é exigir de cada um dos co-devedores a sua quota,

que no silêncio do contrato será igualmente rateada. Hipótese interessante se verifica quando se detecta a

principalidade da dívida em relação a um dos co-devedores. É o que ocorre ordinariamente nos contratos sob fiança, em que há um devedor principal e um ou mais fiadores, que como se sabe, formulam seu vínculo em face da liberalidade prevista em lei. Em casos tais, se um dos fiadores paga a dívida, somente poderá cobrá-la em regresso do verdadeiro devedor, nos termos do art. 285 do CC. OOppeerraa--ssee aassssiimm,, aa lliibbeerraaççããoo ddaa oobbrriiggaaççããoo eemm rreellaaççããoo aaooss ddeemmaaiiss ffiiaaddoorreess,, ssee hhoouuvveerr..

Passemos agora ao estudo do instituto da CESSÃO DE

CRÉDITO: Ocorre quando o credor transfere a outrem o seu crédito,

desde que não vedado pela natureza da obrigação. Essa alteração subjetiva da obrigação se realiza sob a

modalidade de um negócio jurídico que se rege pelos princípios da compra e venda, se onerosa e da doação gratuita e como negócio jurídico é necessário que estejam presentes todos os requisitos de validade destes bens, quais sejam, a capacidade dos agentes, a licitude do objeto e a obediência à forma, instrumento público ou particular, quando a lei assim o exigir, sendo permitido, na cessão de crédito hipotecário averbá-la à margem do registro imobiliário. O negócio abrange todos os acessórios do crédito transferido, salvo se houver disposição em contrário.

O devedor tem que ser notificado da cessão realizada entre o

credor originário e o novo credor para que o negócio tenha eficácia e sua ciência deve ser manifestada por escrito ⇒ o devedor deve saber a quem realizar o pagamento.

Havendo multiplicidade de cessões sobre o mesmo crédito,

prevalece a que se completar com a tradição do título cedido .

O DEVEDOR QUE PAGOU SUB-ROGA-SE NA POSIÇÃO DE CREDOR, PORÉM SUA AÇÃO REGRESSIVA EM FACE DOS DEMAIS

DEVEDORES, NÃO MAIS PODE CONTAR COM A PRERROGATIVA DA SOLIDARIEDADE.

HIPÓTESES QUE VEDAM A CESSÃO DE CRÉDITO: as oobbrriiggaaççõõeess ppeerrssoonnaallííssssiimmaass; ssiittuuaaççõõeess vveeddaaddaass ppeellaa lleeii, como nas hipóteses de proibições inerentes ao direito administrativo; ou pelo ppaaccttoo eennttrree aass ppaarrtteess. Como acontece quando, no contrato de locação, as partes não permitem a sublocação.

Page 11: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

11

O art. 292 trata da hipótese do pagamento válido realizado pelo devedor, em sede de multiplicidade de cessões, estabelecendo a lei que o devedor se desobriga se pagar ao credor primitivo antes de ter ciência da cessão ou se pagar ao cessionário que se apresenta com o título da obrigação cedida. Inova a lei ao dispor que se a cessão constar de escritura pública prevalecerá a prioridade de notificação.

O credor é livre para transferir o seu crédito a quem quer que

seja, independentemente da anuência do devedor, pois como pondera Pereira; (1999,236): “o vínculo essencial da obrigação sujeita-o a uma prestação; e não existe modificação na sua substância se, em vez de pagar ao primitivo sujeito ativo, tiver de prestar a um terceiro em que sub-rogam as respectivas qualidades, sem agravamento da situação do devedor”

CCOONNCCLLUUIINNDDOO:: AA lleeii aasssseegguurraa aaoo cceessssiioonnáárriioo,, aanntteess mmeessmmoo

qquuee oo ddeevveeddoorr ttoommee cciiêênncciiaa ddaa cceessssããoo,, oo ddiirreeiittoo ddee ppooddeerr eexxeerrcceerr ooss aattooss ccoonnsseerrvvaattóórriiooss ddoo ddiirreeiittoo cceeddiiddoo,, iissttoo éé,, eellee ppooddee iinnggrreessssaarr ccoomm aass aaççõõeess qquuee vviisseemm aa pprrootteeççããoo ee ddeeffeessaa ddee sseeuuss ddiirreeiittooss..

O devedor, por sua vez, no momento em que veio a ter

conhecimento da cessão, pode contrapor ao cessionário todas as exceções, vale dizer, todas as defesas pessoais, inclusive, as que possuíam o cedente. Quedando-se inerte após a notificação da cessão, perde a oportunidade de exercer o seu direito, deixando que se opere a preclusão.

Preclusão: é a perda de uma faculdade ou direito processual

por não ter sido exercido no devido tempo. Há duas modalidades de cessão, a conhecida como cessão

pro soluto: E a cessão pro solvendo: Vejamos agora o que é assunção de dívida ou cessão de

débito: Ao contrário da cessão de crédito, a assunção de dívida ou

cessão de débito ocorre quando o devedor transfere a outrem o seu débito

Ocorre quando o cedente, embora garantindo a existência de crédito, não se obriga pela sua boa-fé ou má liquidação, correndo os riscos por conta do cessionário que, em qualquer hipótese, nada mais terá a reclamar do cedente.

No caso de não haver o pagamento do crédito, o cessionário poderá exigi-lo do cedente, que se torna co-responsável pelo débito até o limite do que recebeu do cessionário.

Page 12: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

12

(art. 299, do CC). Segundo a doutrina, é o negócio jurídico onde figuram como partes o devedor originário e o terceiro que assume, gratuita ou onerosamente, o seu lugar, mas com o consentimento expresso do credor.

Segundo Venosa, 2001, pág.305: “ Assim como o credor não é obrigado a receber coisa diversa do objeto da obrigação, ainda que mais valiosa, não é o credor obrigado a aceitar outro devedor, ainda que mais abastado. AA qquueessttããoo éé bbáássiiccaa.. BBaassttaa ddiizzeerr qquuee oo ddeevveeddoorr mmaaiiss aabbaassttaaddoo qquuee aassssuummee aa ddíívviiddaa ddee uumm tteerrcceeiirroo ppooddee nnããoo tteerr aa mmeessmmaa ddiissppoonniibbiilliiddaaddee mmoorraall ppaarraa ppaaggaarr aa ddíívviiddaa”. (grifo nosso)

As garantias especiais como, por exemplo, a hipoteca, dadas

pelo devedor primitivo ao credor, são consideradas extintas a partir da cessão do débito, a menos que esse consinta no contrário.

Se o negócio jurídico for anulado restaura-se o débito e suas

garantias, salvo aquelas prestadas por terceiro, como a fiança, a não ser que o terceiro conhecesse o vício que anulou a obrigação.

As defesas pessoais que competiam ao devedor primitivo, tais

como a alegação de que o negócio jurídico era anulável por vício de consentimento, não podem ser opostas pelo novo devedor ao credor, o que parece justo, pois a vontade ensejadora e caracterizadora do negócio jurídico são outra.

AATTIIVVIIDDAADDEESS:: 1. Você poderia dizer por que podemos afirmar que o direito de escolha é característica das obrigações alternativas. 2. Discorra sobre as modalidades de impossibilidade de cumprimento da obrigação alternativa. 3. A impossibilidade superveniente de uma das prestações da obrigação alternativa gera conseqüências jurídicas. Discorra sobre as diferentes conseqüências quando esta impossibilidade se der por culpa ou não do devedor. 4. Exemplifique uma situação que represente uma obrigação de dar coisa indivisível. 5. Caio deve um touro a Tício, Cássio e Graco, no valor de R$300,00 (trezentos reais). Caio entrega o touro à Tício. Pergunta-se: Ticio poderá fazer algum tipo de exigência á Caio? Cássio e Graco exigirão de quem as suas respectivas cota-partes?

Page 13: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

13

Poderíamos afirmar que Caio, com o recebimento do Touro, tornou-se devedor de Cássio e Graco? Justifique.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

GONÇALVES, Carlos Roberto. Sinopses Jurídicas: direito das obrigações, parte Geral. V. 5. 6ª edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2004.

BARROS, Ana Lúcia Porto de, et al. O novo Código Civil Comentado.Rio de janeiro. V.1. Editora Freitas Bastos, 2002.

PEREIRA, Caio Mario da Silva.Instituições de Direito Civil, vol II. 19.ª edição. Rio de Janeiro: Editora Forense,1999. VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: teoria geral das Obrigações e teoria geral dos contratos. São Paulo: ed. Atlas, 2001;

Page 14: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

14

MORA E CLÁUSULA PENAL

Objetivo: Conhecer os institutos da mora e da cláusula penal para compreender as conseqüências do inadimplemento obrigacional.

Introdução: Ainda sobre o tema direito das obrigações, passemos ao estudo dos efeitos do descumprimento obrigacional, que gera ao inadimplente ônus para a reposição do estado anterior. Vejamos, pois, os institutos da mora e da cláusula penal:

Formas de descumprimento das obrigações

As prestações positivas constituem o objeto das obrigações de dar e de fazer, enquanto que as prestações negativas constituem objeto das obrigações de não fazer e resultam do contrato, da sentença ou da lei, consistindo em uma abstenção ou ato de tolerância. Todo ato praticado contrariamente à prestação assumida importa em descumprimento da obrigação.

Nas obrigações positivas, o descumprimento se opera com a omissão

do devedor, que não efetua a prestação de dar ou fazer. Já nas obrigações negativas, onde o que se exige como prestação é a própria omissão, o descumprimento ocorre quando o devedor pratica o ato que se obrigará a não realizar.

Obrigação impossível ou da inexecução sem culpa do

devedor: existe a possibilidade de haver inexecução obrigacional

Tema 12

DDee ttuuddoo qquuaannttoo jjáá eessttuuddaammooss,, rreessttaa ccllaarroo qquuee oo oobbjjeettoo ddaa oobbrriiggaaççããoo éé aa pprreessttaaççããoo,, ppoossiittiivvaa oouu nneeggaattiivvaa,, qquuee ddeevvee aaiinnddaa sseerr llíícciittaa,, ddeetteerrmmiinnáávveell ee ppoossssíívveell..

Page 15: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

15

escusável, decorrente de caso fortuito e força maior, que sugerem a ocorrência de evento inevitável, neste caso, inexistirá a responsabilidade do obrigado, considerando que era impossível o cumprimento da obrigação.

Admite-se estipulação de exceção à regra de não indenizar,

nos moldes do artigo 393, do Código Civil. Conseqüências do descumprimento: O descumprimento pode se dar através das figuras ddaa

iinneexxeeccuuççããoo,, ddoo iinnaaddiimmpplleemmeennttoo ee ddaa mmoorraa..

• Inexecução é o descumprimento da obrigação, seja pelo inadimplemento, total ou parcial, ou pela mora, que é o atraso injustificado no cumprimento.

•• Inadimplemento é espécie de inexecução. Diz-se devedor

inadimplente aquele que deixa de cumprir a obrigação totalmente. ((eexx..:: nnoo ccaassoo ddee ppeerreecciimmeennttoo ddoo oobbjjeettoo –– aa oobbrriiggaaççããoo eerraa ddee eennttrreeggaarr uumm ddeetteerrmmiinnaaddoo ccaavvaalloo áárraabbee ccaammppeeããoo,, mmaass oo ddeevveeddoorr oo ddeeiixxoouu mmoorrrreerr)) ou parcialmente ((oo ddeevveeddoorr ppaaggaa ssoommeennttee ppaarrttee ddaa ddíívviiddaa ee ccaaii eemm iinnssoollvvêênncciiaa))..

Nas obrigações do tipo negativo, o mero agir contrário à

prestação negativa implica em inadimplemento.

• Mora é o atraso, a demora, o retardamento culposo ou cumprimento deficiente da obrigação do tipo positivo. Pelo Direito Civil, o devedor está em mora a partir do vencimento da obrigação.

A mora equivale ao inadimplemento, mas com ele não se

confunde. A mora consiste no retardo do cumprimento da prestação, o inadimplemento implica em não cumprimento, total ou parcial desta.

A mora também se configura quando o cumprimento se dá na

data estipulada, mas de modo imperfeito, ou seja, em lugar ou forma diversa da convencionada.

É possível que o devedor ou o credor, culposamente, não

cumpram a obrigação da data pactuada, mas por haver interesse econômico no cumprimento da obrigação, as partes podem pactuar uma multa pelo atraso, que é denominada mora.

OO aattrraassoo pprroovveenniieennttee ddee ccaassoo ffoorrttuuiittoo,, ffoorrççaa mmaaiioorr oouu,, aattéé ddee ffaattoo

ddee tteerrcceeiirroo ppooddee sseerr ccoonnssiiddeerraaddoo ccoommoo mmoorraa?? Resposta: Não. Trata-se de mero atraso no pagamento, eis que não houve ação culposa, quer do devedor ou do credor (arts. 394 e 395, do CC).

MMoorraa éé ddeemmoorraa,, aattrraassoo,, rreettaarrddaammeennttoo,, iinneexxeeccuuççããoo,, iinnaaddiimmpplleemmeennttoo,, ddeessccuummpprriimmeennttoo oobbrriiggaacciioonnaall..

Page 16: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

16

Passemos agora aos tipos de mora,: 1 - a do credor é chamada mora creditoris ou accipiendi, e

consiste na sua atitude de dificultar ou recusar o pagamento, sem justificativa. O devedor terá para sua defesa a ação de consignação em pagamento.

São seus pressupostos: a) vencimento da obrigação; b)

oferta da prestação; c) recusa injustificada em receber; d) constituição em mora, mediante consignação em pagamento.

Seus efeitos estão presentes no art. 400, do CC. Procede com dolo o devedor que, em face da mora do

credor, deixa a coisa em abandono. Exige a lei que tenha o mínimo de cuidado com sua conservação, pois lhe assegura o direito ao reembolso das despesas que efetuar. Faculta-lhe, também, o direito de consignar em pagamento.

O credor em mora responde ainda por eventual oscilação do

preço, tendo que receber o objeto pela estimação mais favorável ao devedor.

2 - A mora do devedor é chamada mora debitoris ou

solvendi, que é a hipótese mais comum. Pode ser de duas espécies: 2.1 - mora ex re (em razão de fato previsto na lei): A mora ex re ocorre quando a obrigação é positiva (dar ou fazer)

e líquida (de valor certo), com data fixada para pagamento e seu descumprimento acontece automaticamente, sem necessidade de qualquer providência do credor (art.397, CC, caput).

2.2 – mora ex persona ocorre quando não havendo no termo,

data estipulada, a mora se constitui mediante interpelação, judicial ou extrajudicial (art. 397, parágrafo único). A mora ex persona depende de providência do credor.

São pressupostos da mora solvendi: a) exigibilidade da

prestação; b) inexecução culposa; c) constituição em mora.

Os principais efeitos da mora do devedor são: a)

responsabilização por todos os prejuízos causados ao credor (art. 395, CC); b) perpetuação da obrigação (art. 399, CC).

Page 17: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

17

EE ppaarraa aa hhiippóótteessee ddaass mmoorraass ssiimmuullttâânneeaass ?? Resposta: Dá-se a compensação. As situações permanecem

como se nenhuma das partes houvesse incorrido em mora. Se ambas nelas incidem, nenhuma pode exigir da outra perdas e danos. Se sucessivas, permanecem os efeitos pretéritos de cada uma.

Se, em razão do retardamento tornou-se inútil ao outro

contraente (caso de inadimplemento absoluto), ou a conseqüência legal ou convencional for a resolução, não será possível mais pretender a emenda da mora. O art. 401, do CC estabelece, nos dois incisos, os modos pelos quais se dá a purgação da mora pelo devedor e pelo credor.

AAssssiimm,, ccoommoo eennssiinnaa aa ddoouuttrriinnaa,, ppuurrggaarr aa mmoorraa éé ppuurriiffiiccaarr,, lliimmppaarr oo aattrraassoo..

O inadimplemento da obrigação gera vários efeitos. O Código

Civil em sua parte geral, no Título IV, Capítulo I/VI, art. 389 até o art. 420 prevê os efeitos jurídicos do descumprimento obrigacional. Estudaremos agora a cláusula penal, arts. 408/416. Mas lembre-se: é importante que seja feita uma leitura dos demais artigos citados

DA CLÁUSULA PENAL A lei não a conceitua. Trata no art. 408, primeiro dedicado à

matéria, sobre como se dá sua constituição. No conceito de Gonçalves ( 2004,p.120), a "cláusula penal é

obrigação acessória, pela qual se estipula pena ou multa destinada a evitar o inadimplemento da principal, ou o retardamento de seu cumprimento”.

Chamada também de pena convencional ou multa contratual,

que se consagrou nos contratos em geral e pode ser inserida em negócios jurídicos, unilaterais, como testamento, para empenhar, por exemplo, o herdeiro a cumprir fielmente o legado.

Pode ser estipulada conjuntamente com a obrigação principal, ou

em ato posterior (art. 409, CC) sob forma de adendo. Pode ser fixada em dinheiro, forma mais comum, algumas vezes em entrega de alguma coisa, abstenção de um fato ou perda de algum benefício (desconto).

Purgar ou emendar a mora é neutralizar seus efeitos. Aquele que nela incidiu corrige, sana sua falha, cumprindo a obrigação já descumprida e ressarcindo os prejuízos causados à outra parte, porém, a purgação somente poderá ser feita se a prestação ainda for proveitosa ao credor. Também não se deve confundir purgação com cessação da mora.

Page 18: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

18

Referindo-se a pena à inexecução completa da obrigação, trata-se da cláusula penal compensatória, ao passo que, referindo-se à inexecução de alguma cláusula especial ou à mora, trata-se da cláusula penal moratória.

A diferença entre as modalidades começa pelo núcleo de direitos a que cada uma visa proteger: enquanto a compensatória destina-se a evitar o inadimplemento integral da obrigação, a moratória dirige-se à proteção do cumprimento de determinada cláusula ou ao fiel cumprimento da obrigação, quanto à forma, ao lugar e, primordialmente, ao tempo estipulado.

Quando se dirigir à inexecução total da obrigação converte-se em alternativa para o credor, que gozará da faculdade de exigir uma ou outra, além da atualização monetária. Realizada a escolha, será irretratável.

A cumulação do recebimento da multa com gozo de adimplemento obrigacional é proibida, até porque pagando aquela o devedor libera-se do vínculo, uma vez que se trata, exatamente, de indenização fixada antecipadamente.

A simples justificativa de que a cláusula penal é elevada não autoriza o juiz a reduzi-la, entretanto, esta pode ocorrer em dois casos: a) quando ultrapassar o limite legal; b) nas hipóteses do art. 413, do CC.

O limite legal é o valor da obrigação principal, mesmo sendo esta compensatória (art.412, CC). O juiz determinará a redução do excesso, sem declarar a ineficácia da cláusula, somente do excesso- art. 413, do CC.

Há ainda, a proibição de cumulação de pedidos (art. 410, CC). Assim, se houver total inadimplemento da obrigação, se tornará alternativa para o credor que deverá: aa)) pplleeiitteeaarr aa ppeennaa ccoommppeennssaattóórriiaa,, ccoorrrreessppoonnddeennttee àà ffiixxaaççããoo aanntteecciippaaddaa ddooss eevveennttuuaaiiss pprreejjuuíízzooss;; oouu bb)) ppoossttuullaarr oo rreessssaarrcciimmeennttoo ddaass ppeerrddaass ee ddaannooss,, aarrccaannddoo ccoomm oo ôônnuuss ddaa pprroovvaa,, oouu aaiinnddaa,, cc)) eexxiiggiirr oo ccuummpprriimmeennttoo ddaa pprreessttaaççããoo..

Em qualquer destes casos, portanto, o credor obterá integral ressarcimento, sem que ocorra o bis in idem.

Porém, se a cláusula for moratória (art. 411, CC), o credor poderá cobrá-la cumulativamente, pela prestação não satisfeita, visto que neste caso, o valor da pena convencional costuma ser reduzida.

Quando a obrigação é indivisível e há pluralidade de devedores, para que a cláusula penal se torne exigível, basta que um só devedor a infrinja. Do culpado poderá ser reclamado o inteiro, mas dos demais co-

Nada impede que, numa mesma relação obrigacional, estejam estipuladas ambas modalidades, prevendo-se conseqüências para o inadimplemento total ou parcial e para o atraso no implemento.

Page 19: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

19

devedores poderão ser cobradas as respectivas cotas, como determina o art. 414, do CC.

No entanto, o parágrafo único, do artigo 414, é claro ao aduzir que aos não-culpados fica reservada a ação regressiva contra o que deu causa à aplicação da pena, assim sendo, quem sofre todas as conseqüências da infração contratual é quem lhe deu causa, que deverá reembolsar os co-devedores inocentes.

Se a obrigação for divisível, somente incorre na pena o devedor, ou herdeiro do devedor que a infringiu e, proporcionalmente à sua parte na obrigação (art. 415, CC). Infringida a obrigação principal por um único devedor, ou pelo herdeiro, só o culpado responderá pela multa, proporcionalmente à parte que tiver na obrigação principal, pois a cláusula penal, de natureza acessória segue a principal.

Concluindo...

Enquanto para todo dever corresponde um direito, para toda obrigação corresponde uma prestação. A prestação é o objeto da obrigação, seja ela positiva ou negativa, de dar (coisa certa ou incerta), de fazer, ou de não fazer.

As obrigações positivas e negativas têm por objeto

prestações de natureza diferenciada. As positivas se cumprem por uma ação (prestação comissiva), as negativas por uma abstenção (prestação omissiva).

O descumprimento das obrigações comporta inversa

diferenciação. As obrigações de dar e fazer são descumpridas pela omissão, enquanto as de não fazer restam descumpridas pelo ato de realizar o que se estava obrigado a deixar de fazer.

O descumprimento das obrigações pode ser total ou

parcial. As obrigações de dar e fazer comportam inexecução ou simples estado moratório. As obrigações de não fazer, por sua natureza, não são passíveis de constituição em mora. Ao realizar o que estava obrigado a deixar de fazer, o devedor incorre em descumprimento imediato.

No campo teórico, obrigações negativas e obrigações de

não fazer são expressões sinônimas.

Nas obrigações do tipo positivo, o devedor inadimplente ou em mora incorre nas penas decorrentes do atraso, enquanto as de não fazer resolvem-se em perdas e danos, podendo o credor exigir, se factível, o desfazimento da coisa, a cuja abstenção se obrigará o devedor.

Page 20: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

20

Há hipóteses de cumprimento da obrigação, que pelas características de que se revestem aproximam-se, em efeitos, ao descumprimento, como ocorre nas obrigações de fazer, onde o devedor cumpre a obrigação, mas o faz com atraso, sendo a mora inadmissível; ou nas de não fazer, quando concomitantemente à abstenção, realiza outros atos que frustram a obrigação negativa.

AATTIIVVIIDDAADDEESS:: 1. De que forma pode se dar o descumprirmento das obrigações? Fale brevemente sobre cada um delas. 2. Existe inexecução obrigacional escusável? Justifique. 3. Como é conhecida a mora do devedor e quais as suas espécies? Fale sobre cada uma delas. 4. O que é pena convencional ? Esta pode ser estabelecida por ato posterior ao negócio jurídico ? 5. Diferencie cláusula penal compensatória da cláusula penal moratória:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

GONÇALVES, Carlos Roberto. Sinopses Jurídicas: direito das obrigações, parte Geral. V1. 6ª edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2004.

BARROS, Ana Lúcia Porto de, et al. O novo Código Civil Comentado.Rio de Janeiro. V1; Editora Freitas Bastos, 2002.

PEREIRA, Caio Mario da Silva.Instituições de Direito Civil, vol II. 19.ª edição. Rio de Janeiro: Editora Forense,1999.

VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos. São Paulo: ed. Atlas, 2001; Matéria retirada com base no texto da internet “Obrigações negativas do Direito Brasileiro”, site MSM Busca, na data de 10.06.2005, às 9:00h.

Page 21: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

21

DOS CONTRATOS. CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO, CONDIÇÕES E CONCLUSÃO

Objetivo: Delinear a teoria das obrigações, bem como apresentar uma visão geral das normas disciplinadoras do contrato dentro das inovações do Código Civil Brasileiro. Introdução: O foco de nossas próximas aulas se referem ao conceito e noções dos Contratos, que nada mais representam do que a formalização de direitos e obrigações contraídos e assumidos através dos negócios jurídicos.

Conceito: “O contrato é o acordo de vontades para o fim de

adquirir, resguardar, modificar ou extinguir direitos” (BEVILÁQUA, 1958,p.194).

Quando se fala em negócio jurídico, pressupõe-se algo

querido, que causará efeito jurídico. Podemos resumir a definição de contrato segundo o quadro a seguir:

Quando se fala em contrato, o primeiro requisito que se deve

ter em mente é o consentimento. Aqui reside a sua noção estrita: é um negócio bilateral – envolve duas declarações de vontade para a sua celebração.

Pressupõe que esteja em conformidade com a lei. E também pode ser solene, obedecer a rituais (formalidades legais) exigidos para a sua celebração.

AULA 13

Seu fundamento: a vontade humana Seu “habitat”: a ordem legal Seu efeito: a criação de direitos e obrigações

Clóvis Beviláqua, importante civilista brasileiro, autor do Código Civil de 1916, regularmente citado nas mais modernas obras de Direito Civil.

Page 22: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

22

São pressupostos de validade dos contratos:

- capacidade das partes - licitude do objeto - observância à forma, quando prescrita em lei

O requisito essencial do contrato é o consentimento, ou seja, o

acordo de vontades. Os princípios que orientam os contratos são: 1 - Autonomia da vontade: limitado pelo princípio da

supremacia da ordem pública, pelas normas de ordem pública e pelos bons costumes.Tal princípio sofre restrições do denominado dirigismo contratual ou intervenção do Estado na vida do contrato, que nada mais é do que a intervenção estatal no negócio para assegurar a igualdade econômica das partes.

2 – Relatividade das convenções: os efeitos dos contratos só

se manifestam entre as partes. Exceções relativas: transferência dos efeitos dos contratos aos herdeiros dos contratantes. Estipulações em favor de terceiros – contrato de seguro que beneficie terceiro.

3 – Princípio da “pacta sunt servanda”: significa a

obrigatoriedade do que foi convencionado. O contrato faz lei entre as partes. Exceções: quando por motivo de força maior ou caso fortuito

torna-se impossível cumprir a obrigação assumida. Este princípio também encontra limite na Teoria da

Imprevisão, que se manifesta através da antiga cláusula “rebus sic stantibus”, o que significa “se as coisas permanecerem como estão”. Ou seja, o futuro pode trazer um agravamento excessivo para a prestação de uma das partes, de forma que a impeça o cumprimento do acordado.

A Teoria da Imprevisão significa um:

Princípio de eqüidade, pois se o futuro trouxesse um agravamento excessivo da prestação de uma das partes, estabelecendo profunda desproporção com a prestação da outra parte, seria injusto manter-se a convenção, pois haveria o indevido enriquecimento daquele, com o injustificado empobrecimento deste.

O contrato obriga os contratantes. Lícito não é revogá-lo, senão por consentimento mútuo. Lícito não é ao juiz alterá-lo.

O objeto deve ser lícito, possível, fisicamente e juridicamente, além de determinado ou determinável

Page 23: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

23

A doutrina e a jurisprudência admitem sua aplicação, estabelecendo para tanto os seguintes requisitos:

execução prolongada ou diferida; fato imprevisto,imprevisível e geral. EExx..:: gguueerrrraa,, ggeeaaddaa,, ppllaannoo

eeccoonnôômmiiccoo eettcc.. onerosidade excessiva. 4 – Função social do contrato: contrapõe-se ao princípio

anterior (Pacta sunt servanda), porque atenua a autonomia da vontade. O contrato é celebrado segundo a vontade das partes, no entanto, essa vontade é auto-regrada em razão e nos limites da função social, princípio fundamental, originado na valoração da dignidade humana ditada no art. 1.º da Constituição Federal, determinante para a ordem econômica e jurídica.

Nas disposições gerais do Código Civil, a primeira norma,

inserta no art. 421, assim estabelece: “a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato”.

5 - Boa-fé: os contratos devem ser interpretados sob inspiração

da boa-fé, ou seja, as partes devem agir com lealdade e confiança recíprocas. Presume-se a boa-fé, salvo prova em contrário. Este princípio está insculpido no art. 422, do Código Civil. Ou seja, o espírito da declaração deve preponderar sobre a letra da cláusula; a vontade predomina sobre o formalismo.

6 – Consensualismo: o simples acordo de vontades basta

para gerar o contrato válido. O momento de celebração do contrato é o momento do acordo de vontades.

Exceções a esses contratos apresentam-se os contratos de

direitos reais, cujo aperfeiçoamento se dá após a tradição, se móveis, e com o registro da escritura, se imóveis.

Fixada a noção de contrato, passemos a sua classificação,

uma vez que os doutrinadores que cuidam da matéria sempre a desenvolvem, de forma mais ou menos limitada.

Quanto à natureza, os contratos podem ser:

• unilaterais – gera obrigações para apenas um dos

contratantes.. EExx..:: ddooaaççããoo ssiimmpplleess • bilaterais ou sinalagmáticos – acarretam obrigações

recíprocas entre os contratantes • Onerosos – trazem vantagens patrimoniais para ambos

os contratantes. EExx..:: ccoommpprraa//vveennddaa;; llooccaaççããoo.. • Gratuitos – onera só uma parte, conferindo vantagem a

outra, sem qualquer contraprestação.. EExx..:: ddooaaççããoo ssiimmpplleess

A regra geral é que os contratos onerosos sejam

bilaterais e os contratos gratuitos sejam unilaterais. Porém, há

Page 24: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

24

exceções: EExx..:: eexxiissttee uumm úúnniiccoo ccoonnttrraattoo uunniillaatteerraall ee oonneerroossoo:: oo mmúúttuuoo ffeenneerraattíícciioo ((eemmpprrééssttiimmoo ddee ddiinnhheeiirroo àà jjuurrooss:: ddeeppooiiss ddee cceelleebbrraaddoo oo mmúúttuuoo,, ccoomm aa eennttrreeggaa ddoo ddiinnhheeiirroo,, oo mmuuttuuaannttee jjáá nnããoo tteerráá oobbrriiggaaççõõeess.. EEssssaa eennttrreeggaa éé rreeqquuiissiittoo pprréévviioo ddoo mmúúttuuoo,, ppoossttoo qquuee ddee ddiirreeiittoo rreeaall)). Há outros que são bilaterais e podem ser gratuitos.. EExx..:: oo mmaannddaattoo nnããoo rreemmuunneerraaddoo..

Por que distinguir os contratos em onerosos ou gratuitos?

Os contratos onerosos subdividem-se em :

1.1 - comutativos e aleatórios: são comutativos os contratos em que as prestações de ambas as partes são de antemão conhecidas, e guardam entre si uma relativa equivalência de valores. Aleatórios são os contratos em que a prestação de uma das partes não é precisamente conhecida e suscetível de estimativa prévia,inexistindo equivalência com a da outra parte. Dependem de um acontecimento incerto. Se é certo que em todo contrato há um risco, esta é essência do contrato aleatório

Por que distinguir os contratos em comutativos e aleatórios?

1.2 - paritários e de adesão: paritários são aqueles em que os contratantes têm ampla oportunidade de negociarem as cláusulas contratuais. Contratos de adesão (contratos tipo ou por formulário) são aqueles que não resultam do livre debate entre as partes, mas provêm do fato de uma delas aceitar tacitamente cláusulas e condições

• Nos contratos gratuitos, a responsabilidade do devedor pelo ato ilícito deve ser vista com menos rigor, só a determinando se houver dolo por parte do autor da liberalidade; • Somente aos contratos onerosos é aplicada a responsabilidade decorrente da evicção e dos vícios redibitórios;

• O contrato a título gratuito poderá ser anulado por ação pauliana, independentemente de má-fé, ao passo que para anular o contrato oneroso, será indispensável que o estado de insolvência do devedor seja conhecido da outra parte, ou que esta insolvência seja notória; • O contrato gratuito deve ser interpretado restritivamente; • O erro sobre a pessoa será mais grave no contrato gratuito do que no oneroso, salvo nas locações de serviços materiais e encomendas de obras artísticas.

A rescisão contratual por lesão não tem lugar nos contratos aleatórios, nem a ação redibitória.

Page 25: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

25

previamente estabelecidas pela outra. EExx..:: ccoonnttrraattoo ddee ccoonnssóórrcciioo;; ccoonnttrraattoo ddee sseegguurroo..

Quanto à forma, podem ser assim classificados:

• consensuais: aqueles que se formam

exclusivamente pelo acordo de vontades, não exigindo a lei outro requisito.

O contrato consensual é a regra, e exceções os que não o são.

• solenes: aquele para cuja formação não basta o acordo das partes, exigindo-se algumas formalidades, em razão das quais o contrato se diz também formal.. EExx..:: ccoonnttrraattooss ddee aalliieennaaççããoo ddee bbeennss iimmóóvveeiiss;;

•• reais: denomina-se real o contrato para cuja perfeição a lei exige a traditio (entrega) efetiva do objeto. Nele a entrega da coisa não é fase executória, porém requisito da própria constituição do ato. EExx..:: mmúúttuuoo;; ccoommooddaattoo;; ddeeppóóssiittoo;; ddooaaççããoo mmaannuuaall..

Quanto à designação: • nominados ou típicos: diz-se que um contrato é

nominado ou típico quando as suas regras disciplinares e são deduzidas de maneira precisa nos códigos e nas leis.

• inominados ou atípicos: não pertencem a modelos legais, haja vista que não regulados pela legislação.

Quanto ao tempo em que devem ser executados, classificam-se os contratos em:

• Contrato de execução imediata ou instantânea: é o contrato em que a solução se efetua de uma só vez e por prestação única, acarretando a extinção total da obrigação. É o contrato que nasce e extingue-se ao mesmo tempo.

• Contrato de execução diferida ou retardada: é aquele em que a prestação de uma das partes não se dá de uma só vez, porém a termo, não ocorrendo a extinção da obrigação enquanto não for cumprida , por completo, a obrigação. A execução desse contrato prolonga-se no tempo.

•• Contrato de execução de trato sucessivo: é o contrato que sobrevive com a persistência da obrigação, até que pelo implemento de uma condição, ou decurso de um prazo, cessa o próprio contrato. EExx..:: ccoommpprraa ee vveennddaa aa pprraazzoo..

Page 26: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

26

Quanto ao objeto, classificam-se os contratos: TABELAS Quanto ao objeto os contratos podem classificar-se em

definitivos, criam obrigações para os contratantes e em preliminares, objetivam a celebração de um contrato definitivo. EExx..:: aa pprroommeessssaa ddee ccoommpprraa ee vveennddaa éé uumm bboomm eexxeemmpplloo ddee ccoonnttrraattoo pprreelliimmiinnaarr,, eennqquuaannttoo qquuee oo ccoonnttrraattoo ddee ccoommpprraa ee vveennddaa éé oo ccoonnttrraattoo ddeeffiinniittiivvoo..

Os contratos ainda podem classificar-se quanto à

pessoa do contratante:

• Contratos “intuitu personae”: aqueles que a pessoa do contratante é considerada pelo outro como elemento determinante de sua conclusão. Nesta modalidade contratual, a prestação de natureza personalíssima não pode ser executada por outrem, sendo, portanto, intransmissível aos herdeiros do contratante. Se houver erro essencial quanto a pessoa do contratante, poderá ser anulado.

• Contratos impessoais: aqueles em que a pessoa do outro contratante é juridicamente indiferente.

Ainda há as seguintes classificações contratuais:

• Contrato “inter vivos”: celebrado para surtir efeitos enquanto o beneficiado estiver vivo.

• Contrato “mortis causa”: só gera seus efeitos com a morte do sujeito de direitos.

• Contrato principal: aquele contrato que existe por si mesmo.

• Contrato acessório: supõe a existência do principal. EExx..:: ffiiaannççaa;; ccllááuussuullaa ppeennaall..

Conclusão: São requisitos para existência e validade dos contratos:

Atente-se ao texto do art. 478 do novo Código Civil: “Art.478: Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação”. Nota-se que a Teoria da Imprevisão aplica-se somente aos contratos de execução diferida e aos de trato sucessivo.

intuitu personae:

(LATIM) em razão da

pessoa

Page 27: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

27

Para a existência: Declaração de vontade Finalidade negocial: produção de efeitos Idoneidade do objeto ( Ex.: só poderá existir mútuo

se recair em coisa infungível).

Para a validade: Agente capaz Objeto lícito, possível e determinado Forma prescrita ou não defesa em lei

Objeto lícito é aquele que não afronta a moral e aos bons

costumes. Juridicamente possível é o objeto que não viola a lei.

Para relembrar: os fatos jurídicos são todos e quaisquer fatos que tenham relevância para o mundo do direito. Dividem-se em fatos naturais e atos jurídicos. Por sua vez, esses dividem-se em atos lícitos e atos ilícitos. Dentre os atos lícitos encontram-se os negócios jurídicos, que pressupõem uma declaração de vontade. Os negócios jurídicos podem ser unilaterais ou bilaterais. Nos bilaterais há duas declarações de vontade. Exatamente aqui situam-se os contratos.

.

ATIVIDADES:

1) Discorra sobre, pelo menos, três princípios que orientam os contratos:

2) O que significa a Teoria da Imprevisão ?

3) Por que distinguir os contratos em onerosos ou gratuitos?

4) Quais características diferem os contratos em comutativos dos aleatórios ?

Os contratos são classificados em unilaterais e bilaterais, quanto às obrigações assumidas. Os negócios jurídicos também classificam-se em unilaterais ou bilaterais, porém, quanto à declaração de vontades. Ex.: a doação: em termos de classificação quanto ao negócio jurídico, é bilateral. Porém, em termos de classificação de contrato, é unilateral, uma vez que só o doador assume obrigações.

Page 28: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

28

RREEFFEERRÊÊNNCCIIAA BBIIBBLLIIOOGGRRÁÁFFIICCAA:: GONÇALVES, Carlos Roberto. Sinopses Jurídicas: direito das obrigações, parte Geral. V. 5. 6ª edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2004. BARROS, Ana Lúcia Porto de, et al. O novo Código Civil Comentado. v.1. Rio de Janeiro: Editora Freitas Bastos, 2002. PEREIRA, Caio Mario da Silva.Instituições de Direito Civil, vol II. 19.ª edição.Rio de Janeiro: Editora Forense,1999. SOIBELMAN, Leib. Enciclopédia Jurídica. V.1,2 e 3.Rio de Janeiro: editora Rio; VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos. São Paulo: ed. Atlas, 2001.

Page 29: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

29

DOS CONTRATOS EM GERAL

Objetivo: - Apresentar os requisitos e princípios gerais para formação dos contratos.

Introdução: Iniciaremos agora o estudo da parte geral dos contratos, cujas disposições legais encontram-se nos arts. 421 até 480, do Código Civil, que tratam da formação dos contratos; contratos bilaterais; o distrato; as arras ou sinal; estipulações em favor de terceiro; os vícios redibitórios e a evicção. Passemos aos temas propostos:

Da formação dos contratos Todo contrato inicia-se com as negociações preliminares, que

não vinculam o seu proponente. Somente a proposta de contrato em si, que é uma declaração unilateral de vontade, produz seus efeitos jurídicos entre o proponente e o proposto, e portanto, terá força vinculante.

Diniz (2005, p. 58), assim conceitua: “a proposta, oferta ou policitação é uma declaração receptícia de vontade, dirigida por uma pessoa a outra (com quem pretende celebrar o contrato), por força da qual a primeira manifesta sua intenção de se considerar vinculada se a outra parte aceitar”. A proposta (policitação ou oblação), portanto, somente produz

a obrigação, diante de sua aceitação, podendo o proponente arrepender-se antes de ser aceita pelo outro. Necessita ser real e séria.

A aceitação “consiste na formulação da vontade concordante do oblato, feita dentro do prazo e envolvendo adesão integral à proposta recebida” (Silvio Rodrigues).

PROPOSTA ACEITAÇÃO Deve ser séria, completa e precisa. Pode ser expressa ou tácita, salvo

nos contratos solenes.

Deve conter todos os elementos do negócio proposto.

Deve ocorrer dentro do prazo concedido ou dentro do prazo “moral”.

AULA 14

Page 30: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

30

Declaração unilateral de vontade do proponente ou policitante.

Aceitação inoportuna importa em nova proposta.

Convida o aceitante ou oblato a contratar.

Deve corresponder à adesão integral à oferta, pois aceitação com restrições ou modificações importa em nova proposta.

Tem força vinculante. Deve ser conclusiva, sem imposição de condições.

Deixará de ser obrigatória a proposta se feita sem prazo a pessoa presente e não foi imediatamente aceita.

Se antes dela houver uma retratação do proponente, será considerada inexistente.

Deixará de ser obrigatória se realizada sem prazo a pessoa ausente e esta deixar de responder em tempo razoável (tempo moral).

Deixará de ser obrigatória, se feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta no prazo concedido.

Deixará de ser obrigatória se antes dela, ou simultaneamente, chegar a retratação do proponente.

É negócio jurídico receptício (depende da declaração do aceitante).

Lembremos que o contrato irá surgir no momento da aceitação

da proposta, justamente por ser ato bilateral (ou plurilateral). Não podemos confundir proposta com meras tratativas de negociação. A fase de negociações preliminares é chamada de fase de puntuação.

negociações pré-contratuais. A manifestação de vontade poderá ser tácita (quando a lei não

exigir que seja expressa) ou expressa. É expressa quando se revelar por palavra, escrita ou oral, ou até por meio de gestos. Tácita, quando resulta da prática de atos compatíveis com o ânimo de aceitar o contrato. Atente-se que o silêncio pode conter manifestação volitiva, capaz de exteriorizar uma vontade contratual.É o chamado silêncio conclusivo, circunstanciado ou qualificado.

Prazo para resposta da proposta: Se é feita uma proposta para uma pessoa presente e não é

oferecido prazo para a resposta, entende-se como prazo de resposta o prazo imediato “ é pegar ou largar”.

Page 31: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

31

Se realizada a proposta entre ausentes e fixado um prazo para resposta: a resposta deve ser expedida no prazo, sob pena do proponente ficar desvinculado da obrigação.

Caso não seja fixado prazo para a resposta, será considerado o prazo razoável .

Para a hipótese do contrato ser realizado entre ausentes, por correspondência, foram desenvolvidas as teorias da declaração e da cognição.

A teoria da declaração subdivide-se em:

• Teoria da declaração propriamente dita: entende como o momento da celebração do contrato aquele em que a carta for redigida;

• Teoria da expedição: entende como o momento da celebração do contrato aquele em que a carta for expedida;

• Teoria da recepção: entende como o momento da celebração do contrato aquele em que a carta com a proposta for recebida pelo aceitante.

Por sua vez, a teoria da cognição subdivide-se em: Teoria da informação ou da cognição: o contrato somente se

aperfeiçoará no momento em que o proponente tomar conhecimento da aceitação.

Teoria da agnição ou declaração: parte do princípio de que o contrato se aperfeiçoa no instante em que o aceitante manifesta sua aquiescência à proposta.

AGNIÇÃO: apreensão intelectual, ou ato de perceber ou reconhecer um fato, uma verdade COGNIÇÃO: ato ou efeito de conhecer processo ou faculdade de adquirir um conhecimento

.

A teoria adotada pela legislação brasileira é a teoria da declaração, na subdivisão, teoria da expedição, porém é mitigada, porque aceita-se também a retratação da proposta, valendo então, a teoria da recepção. A retratação da proposta, ou seja, o arrependimento de sua aceitação, valerá desde que chegue antes ou ao mesmo tempo da aceitação nas mãos do proponente.

Page 32: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

32

Do lugar em que se reputa celebrado o contrato: no lugar em que foi proposto. EExxcceeççããoo:: eemm ddiirreeiittoo iinntteerrnnaacciioonnaall pprriivvaaddoo,, rreeppuuttaa--ssee cceelleebbrraaddoo oonnddee rreessiiddiirr oo pprrooppoonneennttee.

Do arrependimento nos contratos dependentes de instrumento público:

Quando o instrumento público for exigido, as partes poderão arrepender-se antes da assinatura, desde que pagando eventuais perdas e danos. Ressalte-se, porém, que o compromisso de compra e venda de imóveis loteados são irretratáveis e irrevogáveis (Lei de parcelamento do solo – art. 25 da Lei 6766/79).

DOS CONTRATOS BILATERAIS Lembremos que são aqueles que envolvem prestações

recíprocas de ambas as partes – contratos sinalagmáticos - e se nada for estipulado, entendem-se simultâneas as prestações, ou seja, antes de cumprida a obrigação de uma das partes, não poderá exigir o implemento da do outro. De forma mais clara: nenhum dos dois contratantes poderá ingressar em juízo exigindo a parte do outro, sem ter cumprido a sua.

Neste contexto surge a defesa de uma parte, que alega o

descumprimento de sua obrigação, justamente porque a outra parte inadimpliu. É a chamada “Exceptio non adimpleti contractus” ou exceção do contrato não cumprido.

Se uma das partes cumprir de forma incompleta ou incorreta a obrigação, a defesa da outra parte será a “ Exceptio non rite adimpleti contractus”, ocasião em que poderá se recusar a cumprir sua obrigação até que o primeiro a melhore ou complete.

Nos contratos bilaterais de prestações não simultâneas, o contratante obrigado a cumprir primeiro correrá o risco do inadimplemento do segundo. Se ocorrer, depois de celebrado o contrato, uma imprevisível e grande diminuição patrimonial da outra parte que torne duvidosa a sua prestação, o primeiro contratante, antes de cumprir a sua parte, pode exigir do outro a oferta de uma garantia.

OBSERVAÇÃO! São proibidos contratos que estabeleçam negócios capazes de levantar no coração de uma das partes ou de ambas, anseio pela morte de outra ou de terceiro. É um preceito de ordem pública, originado da “Pacta corvina” do direito romano. Este entendimento está expresso no art. 426, do CC:” Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva”. Exceção: partilha de bens feita pelo ascendente, por ato “inter vivos” aos descendentes – art. 2018, CC

Page 33: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

33

Se o contratante que se obrigou a cumprir a sua parte em

primeiro lugar já tiver fornecido a sua obrigação e o outro tornar-se inadimplente, poderá o primeiro exigir o cumprimento do contrato, se possível, ou requerer sua rescisão com pagamento de perdas e danos.

Para tanto, há a cláusula resolutiva que é a cláusula que prevê a rescisão do contrato por uma das partes não o ter cumprido. Todo o contrato bilateral a tem de forma tácita, por imposição legal (art.474, do CC).

DO DISTRATO É um negócio jurídico que rompe o vínculo contratual, mediante

a declaração de vontade de ambos os contraentes de por fim ao contrato que firmaram. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato. Seus efeitos não retroagem.

DAS ARRAS OU SINAL Consiste na entrega de dinheiro ou outros bens, de um

contratante ao outro, no momento da celebração do contrato e que firmam a presunção do acordo final ou, excepcionalmente, permitem o direito de retratação.

Têm natureza acessória e se o contrato principal for nulo, nulas também serão as arras. Têm natureza de contrato real,pois só se perfazem com a efetiva entrega. É um princípio de pagamento.

Existem dois tipos de arras: 1) Arras confirmatórias: a regra é que sejam as

arras confirmatórias. Excepcionalmente terão natureza penitencial. Confirmam que o contrato foi celebrado, selando-o e tornando-o definitivo.

2) Arras penitenciais: têm por fim permitir o arrependimento, a retratação. Caso não haja arrependimento, servirão como início de pagamento. Na verdade, seria uma prefixação das perdas e danos. Não se admite a sua cumulação com a indenização de perdas e danos.

Se ocorrer o arrependimento: * A iniciativa de arrependimento foi de quem efetuou o

pagamento das arras: as perderá.

Requisitos para a garantia:

- contrato bilateral; - prestação não simultânea; - imprevisibilidade para a parte que assumiu o risco; - grande diminuição patrimonial.

Page 34: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

34

* A iniciativa de arrependimento foi de quem recebeu o pagamento das arras: a devolve em dobro.

DA ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIROS Trata-se de contrato estabelecido em favor de terceiro, estranho

à relação contratual, mas dela beneficiário, sem sofrer qualquer ônus por isso.

“A estipulação em favor de terceiro vem a ser um contrato estabelecido entre duas pessoas, em que uma (estipulante) convenciona com outra (promitente) certa vantagem patrimonial em proveito de terceiro (beneficiário), alheio à formação do vínculo contratual” (Diniz, 2005, P. 114).

O estipulante, bem como o terceiro beneficiado, podem exigir o

cumprimento da obrigação. Este, porém, fica sujeito às condições e normas contratuais, se a ele anuir e enquanto o estipulante não o inovar.

Exemplo clássico desse instituto é o Contrato de Seguro que beneficia terceiro.

DOS VÍCIOS REDIBITÓRIOS São defeitos ocultos da coisa, que a deprecia ou impede o seu

uso no fim a que se destina, de tal forma que o contrato não teria sido realizado se tais defeitos tivessem sido observados.

Cumpre-nos diferenciar o erro do vício redibitório: O erro leva-nos a comprar uma coisa pela outra. EExx..:: ccoommpprraa ddee

““ggaattoo ppoorr lleebbrree”” No vício, compro exatamente o que queria comprar, mas com

um defeito oculto. Requisitos do vício redibitório: 1 – contratos comutativos (onerosos): somente nestes é que se

reclama vício redibitório ou de doação gravada com encargo; 2 – o vício deve ser anterior ao contrato; 3 – o vício deve ser oculto, ou seja, aquele que não é percebido

com um exame normal, razoável da coisa; 4 – o vício deve ser de tal forma que torne a coisa imprópria ao

uso que se destina ou que reduza o seu valor; Se o alienante sabia do vício, poderá ser reclamada perdas e

danos.

É possível prefixar as arras confirmatórias como perdas e danos, desde que expressa no contrato. Aqui haveria a coincidência com a cláusula penal.

Page 35: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

35

DA EVICÇÃO: Em linguagem simples, um indivíduo adquire um bem e

descobre, posteriormente, que o fez de quem não era o verdadeiro dono. Acarretará, por força de uma sentença judicial, a perda da propriedade, posse ou uso desse bem, atribuído a terceiro.

Requisitos da evicção: 1 – Deve ser oneroso o contrato, posto que se gratuito, da

evicção não resultará qualquer prejuízo; 2 - Perda da propriedade, posse ou uso do bem; 3 - A causa da evicção deve ser anterior ao contrato; 4 - Sentença judicial ou apreensão administrativa (jurisprudência); 5 - Denunciação da lide. Pode ocorrer a evicção parcial. Se consistir em parte

considerável do bem, o evicto tem duas alternativas: a) rescisão do contrato: devolve a parte restante e exige a

devolução do dinheiro pago; b) exige o abatimento parcial do preço. AATTIIVVIIDDAADDEESS:: 1) Sobre os contratos em geral, responda: A – Defina proposta e aceitação. Devem ser sempre expressas? 2) De acordo com as teorias estudadas, onde se considera

celebrado o contrato ? 3) Como regra geral, pode a parte contratante arrepender-se

do negócio avençado ? 4) O Negócio jurídico é um contrato ?

55)) O juiz pode rever os termos do contrato ?

Page 36: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

36

RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS BBIIBBLLIIOOGGRRÁÁFFIICCAASS::

BEVILÁQUA, Clóvis. Código Civil dos Estados Unidos do Brasil. Edição histórica.V.I e II. Rio de Janeiro: Editora Rio, 1958. DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. V.3. 21ª Edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2005. GONÇALVES, Carlos Roberto. Sinopses Jurídicas: direito das obrigações, parte Geral. V. 5. 6ª edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2004. BARROS, Ana Lúcia Porto de, et al. O novo Código Civil Comentado. v.1.Rio de Janeiro: Editora Freitas Bastos, 2002. PEREIRA, Caio Mario da Silva.Instituições de Direito Civil, vol II. 19.ª edição. Rio de Janeiro: Editora Forense,1999. SOIBELMAN, Leib. Enciclopédia Jurídica. V.1,2 e 3. Rio de janeiro: Editora Rio.

Page 37: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

37

DOS CONTRATOS EM ESPÉCIE(1ª PARTE)

Objetivo: - Demonstrar as noções gerais dos contratos regulados em lei específica. Introdução: No direito contemporâneo nacional adota-se as denominações de contratos típicos e atípicos. Os contratos típicos, como os nominados, são objeto de regulamentação legal específica, configuram-se por traços inconfundíveis e possuem denominação própria. Uma vez estudadas as noções gerais dos contratos, passemos ao estudo destes contratos nominados em suas espécies.

DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA É o contrato através do qual um dos contratantes se obriga a

transferir a propriedade de um bem a outrem mediante o pagamento de um preço em dinheiro.

Trata-se de contrato bilateral, oneroso, em regra, comutativo, mas pode ser aleatório (a compra de uma safra, por exemplo).

Perfaz-se com o simples acordo de vontades: consensual. Três são os elementos básicos do contrato de compra/venda: 1 – o bem: é o objeto da compra e venda. Constitui-se de

qualquer coisa que não esteja fora do comércio.

TEMA 15

Observação: Você sabia que muito antigamente, o que provia as necessidades de cada um era o roubo? E que só mais tarde, em fase de desenvolvimento e de notório polimento, no dizer de Caio Mário da Silva Pereira, substituiu-se a violência pelo entendimento, como técnica de aquisição ?? Ainda assim a permuta antecedeu a venda. Porém, desde as origens de Roma já se praticava a compra e venda.

As coisas fora do comércio: as insuscetíveis de apropriação e as legalmente inalienáveis.

Page 38: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

38

Em regra, deve existir ao tempo da celebração do contrato. Permite-se, porém, que diga a respeito de coisas futuras.

A coisa deve ser individualizada ou suscetível de ser individualizada no momento de sua execução.

Deve pertencer ao devedor, sob pena de nulidade do negócio. 2 – o preço: pode ser em dinheiro ou em títulos

representativos de dinheiro (cheque; letra de câmbio; promissória). O preço deve ser sério, real e verdadeiro, haja vista que se

irrisório não será compra e venda, mas sim doação. Deve ser determinado ou determinável.

3 – o consentimento: deve recair sobre o objeto, o preço e demais condições do negócio.

Natureza jurídica: é contrato consensual, bilateral ou sinalagmático e oneroso.

DAS DESPESAS DO CONTRATO: salvo disposição em contrário, ficarão a cargo do comprador as despesas com escritura, e a cargo do vendedor as da tradição.

RISCOS PELA DETERIORAÇÃO E PERDA DA COISA Até o momento da tradição os riscos pela deterioração e

perda da coisa correm por conta do devedor, e os do preço por conta do comprador.

O LIMITAÇÕES AO CONTRATO DE COMPRA E VENDA: 1) Venda de ascendente à descendente: É possível esta venda, mas a sua validade fica condicionada à

autorização dos demais descendentes, inclusive, para se evitar doação simulada. Este consentimento deve ser por escritura pública, de preferência na própria escritura da compra e venda.

2) Não podem ser comprados em hasta pública os bens confiados à guarda ou administração, a tutores, curadores, testamenteiros e administradores.

3) Não podem ser comprados em hasta pública pelos mandatários, os bens de cuja administração ou alienação estejam encarregados.

4) Não podem ser comprados em hasta pública, pelos empregados públicos, os bens da União, dos Estados e dos Municípios, que estiverem sob sua administração direta ou indireta. Aplica-se esta regra aos juízes, arbitradores e peritos, que de qualquer modo possam influir no ato ou no preço da venda.

Quando uma coisa se perde em decorrência de caso fortuito ou força maior, incide a regra res perit domino, que significa que sofrerá prejuízo quem ainda é o dono da coisa. res perit domino = a coisa perece para o dono

hasta pública:venda

judicial de bens a quem

oferecer maior lance,

procedida por servidor

auxiliar da justiça, o

porteiro dos auditórios.

tradição:é a entrega de um objeto ou coisa a

terceira pessoa com o objetivo de entregar-lhe

a posse

Page 39: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

39

5) Não podem ser comprados em hasta pública pelos juízes, empregados de fazenda, secretários de tribunais, escrivães e outros oficiais de justiça, os bens, ou direitos, sobre que se litigar em tribunal, juízo, ou conselho, no lugar onde esses funcionários servirem, ou a que se estender sua autoridade.

6) Não pode o condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto.

7) Venda por amostra: o vendedor tem que assegurar que a coisa vendida tenha a mesma qualidade das amostras apresentadas.

COMPRA E VENDA DE IMÓVEIS: Venda “ad corpus”: o imóvel é visto como um todo. As

dimensões e a metragem, não têm relevância para a celebração do negócio. São meramente enunciativas.

Venda “ad mensuram”: refere-se à metragem por ser de fundamental importância para a celebração do negócio. Por esta modalidade, não correspondendo à área do imóvel às dimensões dadas, o comprador terá direito de exigir o complemento da área (ação ex empto ou ex venddito), e não sendo isso possível, poderá reclamar a rescisão do contrato ou o abatimento proporcional do preço.

Cláusulas especiais do contrato de compra e venda: 1 – Retrovenda: cláusula através da qual desfaz-se a compra e

venda, recebendo o vendedor o bem de volta e devolvendo o dinheiro pago. Raramente ocorrerá porque comprador algum terá interesse de comprar um imóvel com esta estipulação.

Trata-se de uma cláusula resolutiva. A propriedade transferida é resolúvel.

Só é permitida sua inserção para os contratos de compra e venda de bens imóveis, isto porque deverá constar da escritura no registro de imóvel.

O Código Civil limita o direito de retrovenda a um prazo de até três anos, sob pena de caducidade (o contrato poderá fixar outro prazo).

O vendedor conservará a sua ação contra terceiros adquirentes da coisa retrovendida, ainda que eles não conheçam a cláusula de retrato.

2 – Venda a contento: esta venda só se aperfeiçoa quando o

comprador disser ao vendedor que a coisa lhe satisfez. Vale para a compra e venda de bens móveis ou imóveis. Encerra uma condição suspensiva: o comprador só precisa pagar se estiver satisfeito.

A venda a contento raramente ocorrerá. Atente-se que não deve ser confundida com a previsão contida no Código de Defesa do Consumidor com a venda realizada por telefone, em que o adquirente terá o prazo de sete dias para se arrepender.

ad corpus”: por inteiro. Na venda “ad corpus” o vendedor aliena o imóvel como corpo certo e determinado, perfeitamente individuado pelas pelas confrontações e divisas. ”ad mensuram”: por medida. Determina-se a área do imóvel vendido.

Page 40: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

40

Caso seja realizada a venda a contento e não seja concedido prazo razoável para o comprador dizer se satisfaz ou não, basta o vendedor notificar o comprador dando um prazo razoável para o comprador manifestar-se sobre sua satisfação com o bem. O seu silêncio valerá como aceitação. Na venda a contento vigora, portanto, o princípio que não vigora para o direito civil em geral, de que “quem cala, consente”.

3 – Pacto de preferência ou preempção: É a cláusula que impõe ao comprador de um bem o dever de

oferecê-lo a quem lhe vendeu, quando a coisa for revendida ou dada em pagamento.O primeiro vendedor exercerá o seu direito de prelação na compra.

Aplica-se somente a uma modalidade de direito real: ao direito de propriedade. É direito personalíssimo, uma vez que não se transmite aos herdeiros.Ou seja, a morte de qualquer dos acordantes extinguirá o pacto de preferência.

Requisitos para se exercer o direito de preempção:

- Exige-se que o comprador queira vender ou dar em pagamento; - Exige-se que o vendedor queira readquirir a coisa, acordando com o preço ajustado; - Exige-se que o seu direito seja cumprido no prazo de três dias, se o objeto do negócio for coisa móvel; e no prazo de trinta dias, se tratar de bem imóvel;

O prazo para ser exercido o direito de preferência é prazo

decadencial e começa a correr da data em que se der a comunicação do comprador ao vendedor.

Caso o comprador não dê ciência ao vendedor do preço e do negócio que pretenda realizar com o bem, para que esse exerça o seu direito de preferência ou prelação, poderá responder por perdas e danos.

Também poderá o vendedor, sabendo que o comprador pretende negociar o bem, intimá-lo para exercer o seu direito.

4 – Pacto do melhor comprador Consiste na possibilidade de resolver uma compra e venda se

aparecer quem dê mais pela coisa em um determinado prazo. Vale somente para bens imóveis e sua previsão deverá constar

do registro público, para conhecimento geral. O prazo máximo para surgir terceiro que ofereça mais pela

coisa objeto do negócio: 01 (um) ano. Decorrido tal prazo, haverá a propriedade plena pelo adquirente.

Vale como cláusula resolutiva.

Page 41: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

41

5 – Pacto comissório: Trata-se de cláusula resolutiva, inserta em contrato de compra

e venda, por meio da qual se estabelece que seja desfeito o negócio se não se pagar o preço até certo dia. O vendedor poderá promover a rescisão ou pedir o preço.

6 – Da venda com reserva de domínio; Dá-se a reserva de domínio quando se estipula pacto adjeto ao

contrato de compra e venda, em virtude do qual o vendedor reserva para si a propriedade da coisa alienada, até o momento em que se realize o pagamento integral do preço” (Pereira, 1992, pág.153).

É utilizado nas vendas em prestações. Destina-se, em regra, aos contratos de coisa infungível.

O entendimento dominante é o de que se trata de condição suspensiva.

7 – Da troca, permuta ou escambo Segundo Beviláqua (1958,p.267), “Troca é o contrato pelo qual

as partes se obrigam a dar uma coisa por outra, que não seja dinheiro” Trata-se de negócio bilateral, oneroso e consensual. Caberá a cada um dos contratantes a metade das despesas

com o instrumento de troca, salvo disposição em contrário. Para haver troca entre ascendentes e descendentes, não

poderá ocorrer em valores desiguais, a não ser que assim consinta os demais descendentes e o cônjuge do alienante.

DA DOAÇÃO Segundo o texto da lei civil, considera-se doação o contrato em

que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra.

O contrato serve de título de aquisição, uma vez que a translatividade do domínio só ocorre pela tradição – coisa móvel - ou pelo registro – coisa imóvel. A exceção a essa regra é a doação manual: doação de bens móveis de pequeno valor que exige a tradição.

Você sabia que há no Código Civil dois institutos com o nome de pacto comissório ? Um deles refere-se à hipoteca. Trata-se de uma permissão ao credor hipotecário de ficar com o bem, caso não seja paga a obrigação. É cláusula ilícita. O outro, que é o que estamos estudando agora, está ligado ao contrato de compra e venda e consiste na possibilidade de prever expressamente a rescisão do contrato caso haja inadimplemento de uma das partes. É a cláusula resolutiva.

Page 42: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

42

É contrato unilateral, considerando que a obrigação pertence somente ao doador, salvo a doação modal ou com encargo. É contrato gratuito, consensual e, em geral, solene.

Poderá o doador fixar prazo ao donatário para dizer se aceita ou não a liberalidade. A aceitação é pressuposto necessário para aperfeiçoar o contrato.

No silêncio do doador, presumir-se-á o consentimento: aceitação tácita.

Dispensa-se a aceitação quando o donatário for absolutamente incapaz.

Doação feita em contemplação do merecimento do donatário: é aquela doação pura, cuja liberalidade tem como motivo o reconhecimento ao mérito do donatário, exarado pelo doador, e que influi na decisão de doar.

Doação remuneratória: é a efetuada pelo doador em retribuição a serviços prestados de forma graciosa pelo donatário. Demonstra o interesse de recompensar. Ex.: iinnddiivvíídduuoo ssaallvvaa aallgguuéémm ppoorr aaffooggaammeennttoo,, sseennddoo ppoosstteerriioorrmmeennttee aaggrraacciiaaddoo ccoomm uummaa ddooaaççããoo..

Doação gravada com encargo ou doação modal: É aquela em que o doador atribui encargos ao donatário

Quem pode doar? As pessoas maiores e capazes. Quem pode receber doações? Qualquer pessoa pode receber doações. Os incapazes podem

aceitar as doações puras. Se for com encargo a doação, só poderá ser aceita pelo representante legal.

AATTIIVVIIDDAADDEESS:: 1. No compromisso de compra e venda admite-se o posterior arrependimento do compromissário comprador? Deve ser celebrado através de escritura pública ? 2. O que vem a ser pacto sucessório? É ele admitido em nosso

ordenamento jurídico ? 3. Quais são as limitações do contrato de compra e venda?

ELEMENTOS DA DOAÇÃO: - Consentimento - Liberalidade - Transferência de bens do patrimônio do doador para o do donatário

Page 43: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

43

RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS BBIIBBLLIIOOGGRRÁÁFFIICCAASS::

BEVILÁQUA, Clóvis. Código Civil dos Estados Unidos do Brasil. Edição histórica.V.I e II. Rio de Janeiro: Editora. Rio, 1958. CALDAS, Gilberto. O Latim no Direito. V.1.2.3. São Paulo: Editora Internacional Ltda. DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. V.3. 21ª Edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2005. GONÇALVES, Carlos Roberto. Sinopses Jurídicas: direito das obrigações, parte Geral. V. 5. 6ª edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2004. BARROS, Ana Lúcia Porto de, et al. O novo Código Civil Comentado. v.1.Rio de janeiro: Editora Freitas Bastos, 2002. PEREIRA, Caio Mario da Silva.Instituições de Direito Civil, vol II. 19.ª edição.Rio de Janeiro: Editora Forense,1999. SOIBELMAN, Leib. Enciclopédia Jurídica. V.1,2 e 3.Rio de Janeiro: editora Rio.

Page 44: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

44

DAS VÁRIAS ESPÉCIES DE CONTRATO (2.ª PARTE) Objetivo: - Apresentar as noções gerais dos contratos regulados em lei específica.

Introdução: As noções dos contratos em espécie foram iniciadas no módulo anterior. Neste tópico, especificamente, continuaremos o estudo sobre os contratos de doação, e seguiremos nossos estudos com os contratos de empréstimo. Passemos às lições:

O nascituro pode receber doações ? Resposta: O nascituro surge com a fecundação e torna-se

pessoa com o nascimento com vida. Pode–se doar ao nascituro, ficando a cargo de seus pais a aceitação.

Tal doação é feita sob condição suspensiva, condicionada ao

nascimento com vida, o que, uma vez não ocorrendo, acarretará a permanência do bem com o doador.

De igual modo, permite-se a doação à prole eventual. EExx..:: ssee

ttiivveerreemm ffiillhhooss,, eessttee tteerrrreennoo sseerráá ddooaaddoo ppaarraa eelleess.. Restrições à doação: 1.ª Ninguém pode doar todos os bens de seu patrimônio sem

reservar para si o necessário para a sua subsistência, sob pena de nulidade. É válida até a doação integral, porém, deve ficar com o usufruto dos bens.

2.ª Doação inoficiosa: é a doação que supera 50% (cinqüenta por cento) do patrimônio, ferindo a legítima. O doador tem herdeiros necessários. Logo, tem uma parte disponível do patrimônio e uma legítima. Será nula quanto a parte excedente. O cálculo da inoficiosidade só poderá ser feito na hora da morte.

Quando se verifica a inoficiosidade? Na hora da doação ou

quando da abertura da sucessão?

TEMA 16

Page 45: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

45

Verifica-se no momento da liberalidade, da doação. Porém, como os bens deverão ser calculados para a partilha na abertura da sucessão, o cálculo só poderá ser feito no momento da morte.

EExx..:: JJooããoo ddoooouu uumm ccaarrrroo ppaarraa CCaarrllooss.. PPoossssuuííaa ppaattrriimmôônniioo ddee 220000 eeuurrooss.. PPoorr ooccaassiiããoo ddee ssuuaa mmoorrttee ppoossssuuííaa ppaattrriimmôônniioo ddee 110000 eeuurrooss.. OO ccaarrrroo vvaalliiaa 6600 eeuurrooss.. AA ddooaaççããoo ffooii iinnooffiicciioossaa eemm 1100 eeuurrooss.. OO ddoonnaattáárriioo ddeevveerráá rreeppoorr 1100 eeuurrooss,, eemm ddiinnhheeiirroo,, aaoo ddooaaddoorr..

Se a doação ocorrer ao mesmo tempo para muitas

pessoas, verificando-se o caráter de inoficiosa, retirar-se-á proporcionalmente de cada donatário o equivalente ao excesso.

DAS ESPÉCIES DE DOAÇÃO 1 – Doação simples ou pura: não impõe ao donatário ônus

algum. É só benefício. 2 – Doação com encargo: onerosa ou modal. O doador impõe ao donatário um encargo. Tipos de encargo: 1 – em benefício do doador. EExx..:: oo ppaaggaammeennttoo ddoo ffuunneerraall ddoo

ddooaaddoorr.. 2 – em benefício de um terceiro. Tanto o doador como o terceiro

beneficiado poderá exigir o cumprimento do encargo. 3 – em benefício da coletividade.Exx..:: ddôôoo uumm mmiillhhããoo,, mmaass oo

bbeenneeffiicciiaaddoo tteerráá qquuee ccoonnssttrruuiirr uumm mmuusseeuu.. Sendo em benefício da coletividade, quem poderá exigir o

cumprimento do encargo é o próprio doador ou o Ministério Público. Trata-se de legitimação subsidiária que somente surgirá após a morte do doador. Aliás, a certidão de óbito do doador deverá instruir a inicial da Ação de cumprimento de encargo.

Prazo para cumprimento do encargo: Poderá ser estabelecido pelo próprio contrato de doação ou o

donatário será notificado com prazo razoável para tanto. Revogação da doação: 1 – o descumprimento do encargo na doação modal

acarreta a sua revogação. 2 – a ingratidão é motivo para a revogação da doação pura. A propositura de ação para a revogação da doação é

personalíssima do doador. Rol taxativo de hipóteses de ingratidão (art. 557, CC): 1 – se o donatário atentou contra a vida do doador. 2 – ofensa física contra o doador.EExx..:: llaattrrooccíínniioo ccoonnttrraa oo ddooaaddoorr. 3 – crime contra a honra do doador.EExx..:: ccaallúúnniiaa,, iinnjjúúrriiaa oouu

ddiiffaammaaççããoo..

Page 46: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

46

4 – se o donatário, tendo condições de prestar alimentos ao doador, recusou-se a fazê-lo.

Ocorrida à ingratidão, o doador terá um ano como prazo, da ciência de sua ocorrência, para ingresso da ação de revogação da doação.

DO CONTRATO DE EMPRÉSTIMO: Sob a denominação genérica de empréstimo, reúnem-se duas

figuras contratuais: comodato e mútuo. A idéia é a mesma: utilização da coisa alheia com o dever de

restitutição. Porém, distintos serão a natureza, a forma de celebração e os efeitos.

COMODATO: É o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Conhecido também como empréstimo de uso, o que

essencialmente o distingue do mútuo, que é conhecido como empréstimo de consumo.

As coisas que não se consomem no primeiro uso, de igual modo, poderão ser comodadas, haja vista que não poderão ser restituídas em espécie.

Características do comodato: 1 - Contrato unilateral: porque, em regra geral, gera

obrigações somente para o comodatário 2 - Gratuito: somente o comodatário aufere proveito. 3 – Real : porque se forma com a “traditio” da coisa. É elemento

de sua celebração.Na falta da entrega da coisa, não há comodato, mas contrato preliminar.

4 – Embora não seja essencialmente celebrado “intuitu personae”, habitualmente traduz um favorecimento pessoal.

5 – Temporiedade: se perpétuo, deixa de ser empréstimo, e passa a ser doação.

6 – O comodante não precisa ser proprietário, uma vez que importa somente a cessão de uso.

Diferença entre o contrato de comodato, o contrato de locação e o de doação:

Você sabia que a doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge ou por seus herdeiros ?? Leia o art. 550, do Código Civil. Trata-se de proteção ao acervo patrimonial dos cônjuges.

Admite-se a possibilidade de empréstimo de uso e de encargo imposto ao comodatário, porém, sem que represente uma contraprestação. EExx..:: AA eemmpprreessttaa ssuuaa ccaassaa ddee ccaammppoo ppaarraa BB,, qquuee ssee ccoommpprroommeettee aa ttrraattaarr ddooss ppáássssaarrooss

Page 47: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

47

A diferença dos dois institutos reside no fato de que no contrato de locação, o cessionário do uso fará jus a uma retribuição, enquanto que no comodato, o empréstimo é de caráter gratuito. No contrato de doação, não há o dever de restituição do bem.

Obrigações do comodatário:

• conservar a coisa; • usá-la na finalidade estipulada, sob pena de responder

pela sua perda ou deterioração; • não basta que dispense cuidado elementar, mas deve

tratar o bem objeto do comodato como coisa sua; • em caso fortuito ou de força maior, se houver risco de

dano sobre o objeto do comodato e a bens seus, preferir o do comodato para a dispensa de seus cuidados;

• obriga-se com as despesas normais de conservação e manutenção da coisa;

• deve avisar o comodante sobre as despesas extraordinárias, para que as proveja;

• em caso de urgência, deverá arcar com despesas extraordinárias de conservação, porém, com o direito de ser reembolsado posteriormente;

• restituir a coisa no prazo avençado,ou, caso não tenha sido combinado prazo para devolução, devolverá quando for reclamado o bem;

• pagar aluguel pela coisa, se depois de constituído em mora, negar-se ou atrasar-se a restituí-la.

O comodante só terá obrigações se:

reembolsar o comodatário pelas despesas extraordinárias e urgentes;

indenizar o comodatário dos prejuízos causados por vício

oculto da coisa, das quais tinha conhecimento e não preveniu o comodatário.

Observação! • No caso de morte do comodante, o bem deverá ser restituído ao inventariante ou aos herdeiros.

• Se duas ou mais pessoas receberem o bem em comodato, simultaneamente, serão solidariamente responsáveis. Na hipótese do perecimento do bem, qualquer delas poderá ser acionada, mesmo que o dano tenha ocorrido por um só. Terá ação regressiva contra o causador do dano.

Page 48: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

48

DO CONTRATO DE MÚTUO Mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis, em que o mutuário,

aquele que recebe a coisa, obriga-se a restituir coisa do mesmo gênero, da mesma qualidade e na mesma quantidade.

Qualquer coisa fungível de propriedade do mutuante pode ser emprestada. O mais comum é o dinheiro.

Para a utilidade econômica desse empréstimo, exige a transferência da propriedade, por não se conciliar a conservação da coisa com a faculdade de consumi-la.

O mutuante deverá ser o dono da coisa, uma vez que importa na transferência da propriedade ao mutuário.

Características do contrato de mútuo: 1 – Real. A entrega efetiva da coisa é requisito de constituição

da relação contratual; 2 – Unilateral. Somente o mutuário contrai obrigações; 3 – Gratuito. O mútuo é naturalmente gratuito. Na falta de

estipulação, presume-se a gratuidade; 4 – Temporário. É de sua essência a restituição. Se fosse

perpétuo, confundir-se-ia com a doação, se gratuito; com a compra e venda, se oneroso.

5 – Translatício do domínio. Opera para o mutuário a transferência de propriedade da coisa emprestada.

Os requisitos subjetivos são aqueles afetos a todos os

contratos, ou seja, a capacidade das partes. Por essa razão, o mútuo realizado a pessoa menor, sem prévia autorização daquele em cuja guarda estiver (pai, mãe, tutor), não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores ou abonadores.

Logo, perderá a coisa mutuada se fizer o empréstimo

proibido, salvo se: 1 – Houver ratificação ulterior da pessoa cuja autorização era

necessária à sua validade, ou do próprio mutuário, após a maioridade ou emancipação;

2 – Na hipótese de ausência do responsável e tendo o menor necessidade de prover os seus alimentos, é admissível o reembolso para o empréstimo tomado para essa finalidade. Abrange os alimentos naturais – alimentação - como os civis – despesas com vestuário, colégio etc.

3 – Se o menor tiver adquirido os bens em serviço militar, de magistério, ou de outra função pública, responderá pelo empréstimo obtido até o limite de seu valor, pois, se foram adquiridos em sua atividade, presume-se ter discernimento bastante para defendê-los.

4 -Se o menor, dolosamente, ocultou a sua idade para obter o empréstimo, não poderá invocar mais tarde a sua menoridade para eximir-se da obrigação.

O mútuo não é considerado um contrato de alienação, como a doação ou a compra e venda,porque o efeito translativo não é o seu fim principal, mas o meio de sua efetivação.

Page 49: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

49

Pode ainda ocorrer que o empréstimo contraído pelo menor beneficie diretamente a pessoa que deveria autorizá-lo. Como não se admite no direito o locupletamento à custa alheia, o mutuante poderá reaver o que emprestou, acionando aquele que se aproveitou, e não o menor.

Obrigação do mutuante: Responderá pelos prejuízos decorrentes de vícios ou defeitos

da coisa, de que tinha conhecimento e deixou de informar ao mutuário. Obrigação do mutuário: Restituir o que recebeu em coisas do mesmo gênero,

quantidade e qualidade. Momento em que deve ser realizada a restituição: Em regra, o prazo estipulado para o pagamento vigora a favor

das partes. Não sendo estipulado expressamente, será assim

compreendido: • até a próxima colheita, se o mútuo referir-se aos

produtos agrícolas, assim para o consumo como para a semeadura;

• de trinta dias, pelo menos,até prova em contrário, se for de dinheiro;

• do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa fungível.

Mútuo Feneratício ou oneroso: É permitido por cláusula expressa, fixar juros ao empréstimo em

dinheiro ou de outras coisas fungíveis.

AATTIIVVIIDDAADDEESS:: 11. Quais são as situações em que a doação pode ser revogada por uma situação comum a qualquer contrato ? 2. Tendo por base a bibliografia indicada, responda se está obrigado a cumprir o encargo estipulado pelo doador o donatário que permanecer silente sobre a aceitação da doação? Na mesma resposta, discorra sobre a validade jurídica do ditado que diz: “quem cala consente”. 33.. Quanto ao conceito do comodato, pode-se afirmar, exceto: ( ) O comodato é o empréstimo gratuito de coisas fungíveis, obrigando-se o comodatário a restituir ao comodante o que dele recebeu em coisas do mesmo gênero, qualidade ou quantidade; ( ) O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis, perfazendo-se com a tradição do objeto;

Vigora no direito, em geral,o princípio de que ninguém pode alegar a própria torpeza para se beneficiar. Ou seja, não podemos nos valer de nossa própria malícia para obtermos uma vantagem.

Page 50: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

50

( ) O comodatário constituído em mora, além de por ela responder, pagará o aluguel da coisa durante o tempo do atraso em restituí-la; ( ) Se duas ou mais pessoas forem simultaneamente comodatárias de uma coisa, ficarão solidariamente responsáveis para com o comodante. ( ) Quem entrega a coisa infungível é o comodante, quem a usa é o comodatário. O objeto do contrato de comodato pode ser: coisa móvel ou um imóvel. 4. É correta a afirmativa de que se o mutuário puder restituir coisa de natureza diversa, ou soma em dinheiro, haverá respectivamente troca ou compra e venda e não mútuo? 5. Quanto ao objeto a ser restituído, diferencie os contratos de mútuo e comodato?

RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS BBIIBBLLIIOOGGRRÁÁFFIICCAASS::

CALDAS, Gilberto. O Latim no Direito. V.1.2.3. São Paulo: Editora Internacional Ltda. DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. V.3. 21ª Edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2005. FIÚZA, Ricardo e outros. Novo Código Civil Comentado. 1.ª edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2002. PEREIRA, Caio Mario da Silva.Instituições de Direito Civil, vol II. 19.ª edição.Rio de Janeiro: Editora Forense,1999.

Page 51: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

51

DAS VÁRIAS ESPÉCIES DE CONTRATO (3.ª PARTE)

Objetivo: - Demonstrar as noções gerais dos contratos regulados em lei específica.

Introdução: Estudamos os contratos em espécie, elencados pelo Código Civil, e terminamos nosso estudo sobre os contratos de empréstimo, nas suas modalidades, comodato e mútuo. Passemos agora ao estudo dos demais contratos.

DO CONTRATO DE DEPÓSITO É o contrato através do qual o depositário recebe uma coisa

móvel, corpórea, para guardar, até que o depositante o reclame. CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE DEPÓSITO: 1 – contrato real: o depósito só se perfaz com a traditio efetiva

da coisa. Pode ser precedido de promessa de depósito, que se regula

pelos princípios relativos ao contrato preliminar; 2 – contrato gratuito: o depósito convencional ou voluntário

é gratuito, podendo as partes estipular que o depositário seja gratificado. O depósito necessário não se presume gratuito, inclusive, há

em empresas que se organizam comercialmente para explorar o depósito como atividade lucrativa;

3 – contrato temporário: o depositário deverá devolver a coisa no momento em que lhe for solicitada.

Originariamente tratava-se de um contrato “intuitu personae”,

predominando a consideração da pessoa do depositário. Hoje não prevalece essa idéia. EExx..:: éé ccoommuumm sseerr ccoonnffiiaaddoo ppaarraa ddeeppoossiittáárriioo ddeessccoonnhheecciiddoo ((eemmpprreessaa ddee ddeeppóóssiittoo))

Requisitos subjetivos: os dos contratos em geral. Não se exige ser dono para depositar, bastando a capacidade

para administrar e ressalvando-se os direitos do verdadeiro dono.

TEMA 17

Page 52: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

52

Para ser depositário, basta a capacidade genérica para obrigar-se.

Requisitos objetivos: Podem ser objeto do depósito quaisquer coisas móveis, sejam as

corpóreas, sejam as que se corporificam, com os valores incorpóreos representados por títulos de qualquer espécie, tais como ações de sociedades anônimas, apólices da dívida pública etc.

No depósito judicial e no seqüestro de bens, se aceita o depósito

de coisas imóveis – depósito voluntário. Forma: A lei exige o instrumento escrito para o depósito voluntário, ou

seja, a forma “ ad probationem tantum”.

Dispensa-se esse requisito para o depósito necessário, que se prova

por todos os meios. Espécies: Voluntário: quando se origina da convenção livre da vontade das

partes. Necessário: quando se realiza no desempenho de obrigação

imposta por lei – depósito legal; ooccoorrrree ppoorr ooccaassiiããoo ddee aallgguummaa ccaallaammiiddaaddee ppúúbblliiccaa,, ccoommoo iinnccêênnddiioo,, iinnuunnddaaççããoo,, nnaauuffrráággiioo oouu ssaaqquuee – depósito de miserável.

Depósito regular: tem por objeto coisas não fungíveis,

obrigando-se o depositário a restituir especificamente a própria coisa depositada.

Depósito irregular: quando incide sobre coisas não fungíveis,

obrigando-se o depositário a restituir objetos do mesmo gênero, qualidade e quantidade.

“ad probationem tantum” em Latim quer dizer para prova apenas

Se o depositário, no decorrer do contrato, tornar-se pessoa incapaz, a pessoa que lhe assumir a administração dos bens diligenciará a imediata restituição do objeto depositado, e caso o depositante não a queira ou não possa recebe-la, será recolhida junto ao depósito público, ou será promovido novo depositário.

Page 53: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

53

Se ficar ajustado que será devolvida a mesma coisa, embora fungível, o depósito é regular.

Dois fatores que definem o depósito irregular, em razão da

destinação econômica do contrato:

faculdade ao depositário de consumir a coisa; propósito de beneficiar o depositário.

Depósitos de mercadorias nos armazéns-gerais: A empresa depositária recebe as mercadorias, obrigando-se a

restituir no mesmo gênero, qualidade e quantidade a coisa depositada e emite o certificado de depósito sob a forma de títulos de crédito causais, que são o conhecimento de depósito e o warrant .

São títulos à ordem, transmissíveis por simples endosso. Obrigações do depositante: 1 – pagamento do preço convencionado; 2 – pagamento das despesas feitas com o depósito, sendo

legalmente obrigado ao pagamento das despesas necessárias e pelo contrato, pelas úteis e voluptuárias;

3 - obriga-se a indenizar o depositário de eventuais prejuízos que surgirem em decorrência do depósito.Ex.: a coisa é portadora de vício ou defeito que possa causar dano a outras coisas depositadas, salvo se perceptível o defeito ou se o depositário foi avisado no momento da tradição.

Tem o depositário direito à retenção do bem até o pagamento,

assegurando-lhe a faculdade de exigir caução idônea ou na sua falta, a remoção do bem para depósito público, até que se liquidem as despesas e prejuízos.

Obrigações do depositário: 1 – a guarda e conservação da coisa com o cuidado e diligência

como se a coisa fosse sua; 2 – manutenção do estado em que o depósito se acha; 3 –não pode o depositário utilizar-se da coisa depositada, salvo

se houver autorização expressa do depositante;

Existem modalidades assemelhadas ao depósito, mas que melhor se definem sob a designação de contratos de guarda, nos quais se associam ao típico depósito outras obrigações ou prestações de atividades. Ex.: gguuaarrddaa ddee aanniimmaall,, aalliiaaddaa aaoo ddeevveerr ddee aalliimmeennttáá--lloo;; aa gguuaarrddaa ddee aauuttoommóóvveell ee oo ddeevveerr ddee lliimmppáá--lloo ee mmoovviimmeennttaarr oo mmoottoorr..

Page 54: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

54

4 - entregar ao depositante a coisa que tiver recebido em substituição ao depósito, se o houver perdido e cederem-lhes as ações contra o terceiro responsável;

5 – restituir o depósito com todos os frutos. Extinção do contrato de depósito: A – pelo vencimento do prazo, sem prejuízo de que o depositante

a qualquer tempo, poderá reclamar a restituição da coisa; B – por iniciativa do depositário, com o recolhimento da coisa ao

depósito público; C – pelo perecimento do objeto, por caso fortuito ou de força

maior; D – pela incapacidade superveniente do depositário; E – pela morte do depositário, se o contrato for “intuitu personae”; F – pelo decurso de tempo instituído em lei especial Seqüestro: é o depósito da coisa litigiosa. É disciplinado por alguns ordenamentos jurídicos no Código Civil.

No Brasil, regula-se pelo disposto no Código de Processo Civil (art. 822 e seguintes).

Compreende bens móveis e imóveis, realizando-se de forma

simbólica, neste caso. Uma vez expedido o mandado judicial, será medida preparatória

ou incidente da ação. Do mandato MANDATO Quando o interessado na consecução de um negócio jurídico

está impossibilitado de realizá-lo pessoalmente, ou até mesmo não quer fazê-lo, poderá efetuá-lo através de um mandatário ou procurador.

Na definição legal, “opera-se o mandato quando alguém

recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses.”

A procuração é o instrumento do mandato. Impõem-se as regras gerais da capacidade, devendo-se

distinguir a incapacidade absoluta da incapacidade relativa.

Distingue-se do seqüestro judicial o que os autores chamam de seqüestro voluntário, que ocorre quando as partes de um processo acordam no depósito da coisa litigiosa, em mãos de terceiro, com a cláusula de efetuar a sua restituição àquele que sair vitorioso na demanda. O Código Civil brasileiro não o prevê.

Todas as pessoas maiores ou emancipadas, no gozo de seus direitos civis, estão aptas a outorgar mandato mediante instrumento particular por elas assinado.

Page 55: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

55

Características do mandato: 1 – Consensual – perfaz-se só com o acordo de vontades. Pode

ser verbal ou escrito, por instrumento público ou particular. 2 – Gratuito, em regra. Salvo aqueles em que o mandatário trata

por ofício ou profissão lucrativa. 3 - “Intuitu personae” – o pressuposto fundamental é a

confiança que o gera. 4 – Bilateral - gera obrigações para o mandatário e para o

mandante. O Mandato oneroso é sempre bilateral. O mandato gratuito é normalmente unilateral (deveres de ressarcimento de despesas eventuais).

5 – Preparatório – habilita o mandatário para a prática de atos subseqüentes.

6 – Revogável – qualquer das partes poderá por termo ao contrato

Requisitos específicos: - pode constituir mandatário todo aquele que possui habilitação

para os atos da vida civil;

- pode ser constituído mandatário, além dos plenamente capazes, o menor entre 16 e 18 anos.

Resposta: A incapacidade é instituída em benefício do menor.

Não agirá por si, mas como intermediário, em nome e sob a responsabilidade do mandante.

DA GESTÃO DE NEGÓCIOS: É a administração do negócio alheio, sem a autorização do

interessado. Caberá ao administrador do negócio alheio – gestor - agir no

interesse e de acordo com a vontade presumível do dono do negócio. Será responsável pela gestão, respondendo até pelos casos

fortuitos, não provando que teriam sobrevindo, mesmo se não assumisse a administração, na hipótese da gestão ter sido assumida contra a vontade manifesta ou presumível do interessado. Aliás, deverá restituir as coisas ao estado anterior, ou indenizar o interessado pela diferença, se esse o exigir, nessa mesma hipótese da gestão ter sido assumida contra a vontade manifesta ou presumível do interessado.

O gestor deverá comunicar, quando se tornar possível, a gestão que assumiu, aguardando a resposta, se da resposta não resultar perigo.

Crítica: como gerir os interesses alheios se não pode gerir os próprios?

Page 56: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

56

Deve empenhar todo o cuidado habitual na administração do negócio, sendo certo que qualquer culpa sua nessa gestão ensejará o seu dever de ressarcimento ao dono.

Deverá prestar contas.

AATTIIVVIIDDAADDEESS::

1. A Constituição Federal proíbe a prisão por dívida civil, mas ressalva a do devedor de pensão alimentícia e a do depositário infiel (art. 5º, LXVII). Com base na bibliografia indicada, explique o significado de depositário infiel? 2. Em que situações o depositário não está obrigado a restituir a

coisa depositada, sem os riscos da prisão civil? 3. Especifique para que servem os poderes outorgados a uma

determinada pessoa quando se tratar de procuração “ad negotia” ou “ad juditia”: 4. O mandato pode ser outorgado por instrumento público ou particular. Cite 03 exemplos práticos, onde o mandato a ser outorgado, necessariamente, deverá ocorrer por instrumento público. 4. Tendo por base os requisitos elencados no art. 654, do C.C., esclareça

se a assinatura constante de uma procuração particular precisa ser autenticada em cartório ou não? Da mesma forma, responda se é necessária a autenticação, quando se tratar de procuração outorgada a um advogado para propor uma ação judicial?

RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS BBIIBBLLIIOOGGRRÁÁFFIICCAASS::

CALDAS, Gilberto. O Latim no Direito. V.1.2.3. São Paulo: Editora Internacional Ltda. DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. V.3. 21ª Edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2005. FIÚZA, Ricardo e outros. Novo Código Civil Comentado. 1.ª edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2002. PEREIRA,Caio Mario da Silva.Instituições de Direito Civil, vol II. 19.ª edição.Rio de Janeiro: Editora Forense,1999.

Page 57: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

57

DAS VÁRIAS ESPÉCIES DE CONTRATOS (4.ª PARTE) CONTRATOS PREVISTOS EM LEIS ESPARSAS. NOVAS FORMAS CONTRATUAIS Objetivo: - Demonstrar as noções gerais dos contratos regulados em lei específica.

Introdução:: Desde o módulo 15 estudamos espécies de contratos. Continuaremos agora o estudo da Gestão de negócios e a seguir, estudaremos a fiança e a empreitada. Após, veremos breves noções da locação e demais contratos previstos em leis esparsas.

Continuando o estudo sobre a Gestão de Negócios: As obrigações do dono do negócio: Deverá reembolsar as despesas necessárias ou úteis feitas pelo

gestor, com os juros legais desde o desembolso, se a administração restou inútil.

Tal indenização, porém, nunca poderá exceder em importância as vantagens obtidas com a gestão, evitando assim o enriquecimento sem causa do gestor.

Se o negócio foi utilmente administrado, o dono dele se equipara

ao gestor e deverá cumprir todas as obrigações contraídas em seu nome Ratificação: é o ato pelo qual o dono do negócio, ciente da

gestão, aprova o comportamento do gestor. Esta ratificação, pura e simples, retroage ao dia do começo da

gestão, e produz todos os efeitos do mandato (as relações entre o dono do negócio e o gestor serão como as de mandante e mandatário).

O dono do negócio só poderá recusar a ratificação se provar que

a gestão foi contrária a seus interesses, hipótese em que o gestor não só responderá por perdas e danos, como também pelo caso fortuito, se não provar que teriam ocorrido os prejuízos ainda que não tivesse iniciado a gestão.

Tema 18

Page 58: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

58

DA FIANÇA: É o contrato por meio do qual uma pessoa se obriga por outra,

para com o seu credor, a satisfazer a obrigação, caso o devedor não a cumpra.

É uma garantia pessoal ou fidejussória. É negócio realizado diretamente entre o credor e o fiador, dispensando-se o consentimento do devedor.

Destina-se a oferecer ao credor uma segurança de pagamento. Espécies de fiança:

• convencional: resultante do contrato • judicial: determinada pelo juiz • legal: imposta por lei

Natureza jurídica: trata-se de contrato acessório, por não se

conceber sua existência sem um contrato principal. É unilateral, só gera obrigação para o fiador em relação ao credor. É solene, depende de forma escrita, exigindo outorga uxória ou marital. Em regra, é gratuito. É um contrato “intuitu personae”, porque ajustado em função da confiança de que desfruta o fiador.

Objeto da fiança: dívidas atuais e futuras Dos efeitos da fiança: Benefício de ordem: prerrogativa concedida ao fiador, em que

lhe cabe exigir, até a contestação da lide, que seja primeiramente executado o devedor, e, para que esse efetive, deverá ele nomear bens a este pertencentes, sitos no mesmo município, livres e desembaraçados, suficientes para suportar a solução do débito.

Se feita a nomeação deste modo, o devedor, retardando-se a

execução, cair em insolvência, ficará exonerado o fiador, provando que os bens por ele indicados eram, ao tempo da penhora, suficientes para a solução da dívida afiançada.

Solidariedade dos co-fiadores: a fiança conjuntamente

prestada a um só débito por mais de uma pessoa importa o compromisso de solidariedade entre elas, se declaradamente, não se reservarem o benefício da divisão.

Se o gestor se fizer substituir por outro, ficarão responsáveis pela gestão os dois: isto porque na gestão de negócios a solidariedade decorre da lei. No mandato, a solidariedade não é presumida, deve resultar de estipulação expressa.

O fiador só será demandado após as dívidas tornarem-se certas e líquidas.

Page 59: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

59

Obrigações e direitos do fiador:

• - pagar a dívida do devedor

• - sub-rogação : o devedor que pagar integralmente a dívida, fica sub-rogado nos direitos do credor;

• - indenização pelo devedor: o devedor responde ao fiador por todas as perdas e danos que este pagar, e pelos que sofrer em razão da fiança;

• - promover o andamento da execução iniciada contra o devedor, se o credor, sem justa causa, acarretar sua demora;

• - exigir que o devedor satisfaça a obrigação, ou o

exonere da fiança; • -exonerar-se da fiança, assumida sem limitação de

tempo, sempre que lhe convier, ficando, porém, obrigado por todos os efeitos da fiança anteriormente ao acordo ou à sentença que o exonerar;

Extinção da fiança:

• extinção do contrato principal; • concessão de moratória ao devedor principal; • ato do credor que torne impossível a sub-rogação do fiador

em seus direitos e preferências; • dação em pagamento, consentida pelo credor, ainda que

posteriormente haja a perda do objeto dado por evicção; • retardamento do credor na execução, na hipótese em que

tiver se alegado o benefício de ordem. DO CONTRATO DE EMPREITADA: É o contrato em que uma das partes se propõe a fazer ou a

mandar fazer certa obra, mediante remuneração determinada ou proporcional ao serviço executado. (MONTEIRO, 2005,p.222).

Diferença entre fiança e aval: ambos são tipo de garantia pessoal, mas, enquanto a fiança é uma garantia fidejussória ampla e hábil a aceder qualquer espécie de obrigação, convencional, legal ou judicial, o aval é restrito aos débitos submetidos aos princípios cambiários. Não exige outorga do outro cônjuge. Difere nos efeitos, gerando o aval responsabilidade sempre solidária, ao contrário da fiança, que pode sê-lo ou não.

Page 60: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

60

Dono da obra: comitente Classificação da empreita quanto à execução: 1 – empreitada de lavor: o empreiteiro contribui para a obra

apenas com a mão-de-obra; 2 – empreitada de materiais ou mista: aquela em que o

empreiteiro contribui para a obra com a mão-de-obra e com os materiais; Riscos – Na empreitada mista, correm por conta do empreiteiro

os riscos até o momento da entrega da obra, a contento de quem a encomendou, se este não estiver em mora de recebê-la. Estando, correrão os riscos por igual contra as duas partes. Tratando-se apenas de empreitada de lavor, todos os riscos, em que não tiver culpa, correrão por conta do dono.

Se a coisa perecer antes de entregue, sem mora do dono, nem culpa do empreiteiro, este perderá também o salário, a não ser que prove que a perda resultou de defeito dos materiais, e que em tempo reclamara de sua qualidade ou quantidade.

Concluída a obra de acordo com o combinado, o dono será

obrigado a recebê-la. Poderá enjeitá-la se o empreiteiro se afastou das instruções recebidas e dos planos dados, ou ainda, das regras técnicas. Neste caso, o dono da obra poderá recebe-la com abatimento no preço.

DOS CONTRATOS PREVISTOS EM LEIS ESPARSAS

DO CONTRATO DE LOCAÇÃO DE IMÓVEIS URBANOS Encontra-se regulamentada pela Lei 8245/91. É o contrato em que uma das partes se obriga a ceder a outra,

por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição.

É um contrato pessoal, bilateral, oneroso, consensual e de

execução sucessiva.

O nosso Código Civil traz a previsão de outras modalidades contratuais, porém, submetidas às generalidades dos contratos em geral. Além dos contratos previstos no Código, há outras modalidades contratuais, oriundas de leis esparsas, muito utilizadas em nosso dia a dia. Estudaremos, a seguir, as mais corriqueiras:

Page 61: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

61

Algumas regras sobre a locação de imóveis urbanos: - prazo: o contrato de locação pode ser ajustado por qualquer

prazo, dependendo de vênia conjugal, se igual ou superior a dez anos. - ação para reaver o imóvel: a ação para o locador reaver o

imóvel locado é a ação de despejo. - direito de preferência: o locatário terá preferência para adquirir

o imóvel locado, em igualdade de condições com terceiros, devendo o locador dar-lhe conhecimento do negócio.

Caducará o direito de preferência se o locatário não der sua

resposta, ou seja, sua aceitação integral á proposta, no prazo de 30 (trinta) dias.

Se o imóvel locado tratar-se de condomínio, o(s) condômino(s)

terá(ão) preferência prioritária sobre a do locatário. BENFEITORIAS: As benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda

que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis, e permitem o exercício do direito de retenção.

As benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis, podendo

ser levantadas pelo locatário, finda a locação, desde que sua retirada não afete a estrutura e a substância do imóvel.

OS CONTRATOS COMO FONTE DE OBRIGAÇÕES COMERCIAIS:

“Sendo as obrigações relações jurídicas, de caráter patrimonial, mediante as quais uma pessoa, que tem o nome de devedor, assume o dever de dar, fazer ou não fazer alguma coisa em favor de outrem, denominado credor, para que existam necessárias se tornam causas originárias, de que as obrigações são conseqüências. A essas causas dá-se, em geral, o nome de fontes da obrigação. E dentre elas se destaca, por ser a mais comum, o contrato” (MARTINS,1990,P.75)

Existem contratos específicos do comércio: CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL ( LEASING):

“Entende-se por arrendamento mercantil ou leasing o contrato segundo o qual uma pessoa jurídica arrenda a uma pessoa física ou jurídica, por tempo determinado, um bem comprado pela primeira, de acordo com as indicações da

Page 62: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

62

segunda, cabendo ao arrendatário a opção de adquirir o bem arrendado findo o contrato, mediante um preço residual, previamente fixado”. (MARTINS, 1990,p.535)

CONTRATO DE FATURIZAÇÃO OU “ FACTORING”:

“O contrato de faturização ou factoring é aquele que um comerciante cede a outro os créditos, na totalidade ou em parte, de suas vendas a terceiros, recebendo o primeiro do segundo o montante desses créditos, mediante o pagamento de uma remuneração” (MARTINS, 1990, p.559).

CONTRATO DE FRANQUIA OU “FRANCHISING”:

“É o contrato que liga uma pessoa a uma empresa, para que esta, mediante condições especiais, conceda á primeira o direito de comercializar marcas ou produtos de sua propriedade, sem que, contudo, a essas estejam ligadas por vínculo de subordinação. O franqueado, além dos produtos que vai comercializar, receberá do franqueador permanente assistência técnica e comercial, inclusive no que se refere à publicidade dos produtos” (MARTINS, 1990, p.578).

CONTRATO DE “ KNOW-HOW”:

“Consiste o “know-how” em certos conhecimentos ou processos, secretos e originais, que uma pessoa tem e que, devidamente aplicados, dão como resultado um benefício a favor daquele que os emprega. Esses conhecimentos ou processos devem, como se disse, ser originais e secretos. É justamente com sua aplicação que resultam benefícios em favor do utilizador do “ know-how”. Daí sua transferência ser considerada,hoje, uma forte fonte de rendas para seus possuidores, sejam pessoas físicas ou jurídicas”. (MARTINS, 1990,p.592).

Traçadas breves conceituações sobre essas novas formas

contratuais, oriundas do direito mercantil, cumpre observar que há várias modalidades contratuais outras, que fazem parte de nosso dia-a-dia e que obedecem às regras gerais dos contratos, ditadas pela Lei Civil, mas que são afetas a outros direitos: EExx..:: ccoonnttrraattoo ddee ttrraabbaallhhoo..

No próximo módulo, estudaremos os contratos nas relações de

consumo, dentre os quais fazem parte os Contratos Bancários. ATÉ MAIS!!!

Page 63: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

63

ATIVIDADES:

1. Explique as obrigações do dono do negócio em relação ao gestor em se tratando de gestão útil e de gestão necessária? 2. Tendo por base as noções relativas à fiança, especifique: o que diferencia “benefício de ordem” do “benefício de divisão”? 3. Com base na bibliografia indicada, pesquise e esclareça as principais diferenças entre a FIANÇA e o AVAL, seja em relação aos conceitos, características e responsabilidades perante o credor. 4. A lei de locação faculta às partes a estipulação do prazo de duração da locação. Entretanto, fixou um prazo mínimo para a locação de fins residenciais? Justifique citando o artigo da referida lei que regulamenta a matéria. 5. Tendo por base a lei de Locação, pesquise e esclareça o que vem a ser “locação de fins não residenciais”? Esclareça a finalidade da “ação renovatória de aluguel de fins não residenciais” e quais os requisitos que deverão ser preenchidos pelo locatário para propor a referida ação? Especifique em que situações o locador não está obrigado a renovar o aluguel de fins não residenciais? 6. Pesquise e disserte sobre o tema a seguir proposto: Factoring: de um negócio lícito à agiotagem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

FIÚZA, Ricardo e outros. Novo Código Civil Comentado. 1.ª edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2002. MARTINS, Fran. Contratos e obrigações comerciais. 2.ª edição. Rio de Janeiro:Editora Forense, 1990. MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil: direito das obrigações 2.ª parte. V.5. São Paulo: Editora Saraiva, 2003. PEREIRA,Caio Mario da Silva.Instituições de Direito Civil, vol II. 19.ª edição.Rio de Janeiro: Editora Forense,1999. RODRIGUES, Silvio. Direito Civil.v.3. São Paulo: Editora Saraiva,1987.

Page 64: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

64

CONTRATOS NAS RELAÇÕES DE CONSUMO

Objetivo: - Caracterizar os contratos de consumo e demonstrar as práticas empresariais e as cláusulas contratuais que são consideradas abusivas. Introdução: O agigantamento da indústria, os novos métodos de vendas, a publicidade em alta escala, o consumo em massa e a vulnerabilidade do consumidor, foram fatores determinantes para a criação de normas que regulamentassem as relações de consumo e modo a proteger a parte mais fraca da relação: o consumidor. Boa parte dessas relações está documentada em contratos regulados pelo Código de Defesa do Consumidor.

1. A relação de consumo: Genericamente, “relação” demonstra uma “reciprocidade de

ações” entre pessoas, físicas ou jurídicas. É uma “vinculação”. No mundo dos fatos, várias são as inter-relações entre pessoas e

a maior parte delas não interessa ao convívio social, coletivamente considerado.

As relações relevantes à sociedade são elevadas à condição de “relações jurídicas”, uma vez que servirão de parâmetro de conduta para a sociedade.

Interessa-nos o conceito jurídico das relações de consumo. Tais relações são reguladas pelo Código de Defesa do consumidor – Lei 8.078/90, regulamentando um direito fundamental previsto no art. 5º, XXXII, da Constituição Federal.

Ela pode ser assim definida: Relação jurídica de consumo é o vínculo entre um consumidor,

destinatário final e entes a ele equiparados, e um fornecedor, decorrente de um ato de consumo que sofre a incidência das normas de proteção ao consumidor, para harmonizar as interações das sociedades modernas de consumo em massa.

TEMA 19

Page 65: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

65

Da leitura desse conceito, é mister elucidar alguns conceitos fundamentais para melhor compreender quem são as pessoas envolvidas e qual é o objeto dessa relação jurídica:

a) Consumidor: é toda a pessoa física ou jurídica que adquire ou

utiliza produto ou serviço como destinatário final (art. 2º, CDC). São equiparadas a consumidores as coletividades de pessoas que tenham participado nas relações de consumo (art. 2º, p. único, CDC), as vítimas de danos causados por produtos ou serviços (art. 17, CDC) e pessoas expostas a certas práticas comerciais (art. 29, CDC), como oferta, publicidade enganosa, banco de dados etc.

CONSUMIDOR é aquele que compra para consumo próprio. É aquele que não revende o produto nem o usa para produzir outros bens.

b) Fornecedor: é a pessoa física ou jurídica que exerce atividade econômica direcionada ao público em geral, na área de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

c) Produto: é qualquer bem: rever os conceitos no tema 05 – Dos

bens), móvel ou imóvel, material ou imaterial (art. 3º, § 1º, CDC). d) Serviço: é qualquer atividade fornecida no mercado de

consumo mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista (art. 3º, § 2º, CDC).

2. Os contratos de consumo: O contrato de consumo é definido como aquele em que uma das

partes se enquadra no conceito de consumidor e a outra no conceito de fornecedor. Não há tipos específicos de negócios que sempre são tidos como contratos de consumo. Esses contratos serão caracterizados através da qualidade dos sujeitos contratantes (ser um dos contratantes consumidor e o outro fornecedor).

Observação: a compra e venda, a locação, o depósito, o seguro, e

outros, podem ter natureza civil, comercial ou de consumo.

Existem contratos que pela forma não podem ser tidos como de consumo, estando inseridos, necessariamente, em relações interempresariais. Exemplos disso são os contratos de franchising e factoring. Além desses, há também contratos que, pela forma, são necessariamente civis, como é o caso da cessão de direitos autorais e da constituição de associação, cooperativa ou sociedade civil.

Na relação entre consumidores e fornecedores, em meio a uma

economia de massa, não há muito espaço para negociações de cunho individual. Assim, faz-se necessário um contrato de adesão

Page 66: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

66

3. Princípios da tutela contratual dos consumidores Três princípios fundamentais podem ser extraídos da disciplina

legal dos contratos nas relações de consumo: • Princípio da Transparência: por este princípio, o

consumidor deve ser informado da real extensão das obrigações pactuadas entre ele e o fornecedor (art. 6º, III, 30, 46, 47, 50 e 52, CDC).

• Princípio da Irrenunciabilidade de Direitos: este princípio traduz que devem ser declaradas nulas todas as cláusulas contratuais que restrinjam os direitos dos consumidores. As normas de direito civil e de direito comercial são permissivas. As normas de proteção e defesa do consumidor são cogentes, daí por que, não podem ser alteradas por ato de vontade das partes contratantes.

• Princípio do Equilíbrio Contratual: por este princípio, o contrato não pode estabelecer prerrogativas ao fornecedor sem que o faça também em relação ao consumidor. O princípio do equilíbrio contratual se manifesta, principalmente, através da invalidação de determinadas cláusulas abusivas, como por exemplo, as que determinam obrigações incompatíveis com a boa-fé, com a equidade ou demasiadamente desvantajosas para os consumidores (art. 51, IV); as que obrigam o consumidor, mas abrem ao fornecedor a possibilidade de concluir ou não o negócio (art.51, IX); as que possibilitam somente ao fornecedor o cancelamento unilateral do contrato (art.51, XI); e as que obrigam apenas o consumidor a ressarcir despesas com cobrança de obrigação contratual (art. 51, XII).

4. Formação do contrato e a proteção do consumidor: O CDC protege o consumidor não apenas no momento da

celebração do contrato, mas também nas fases pré-contratuais e pós-contratuais. Podemos citar algumas regras protetivas:

• O contrato não vincula o consumidor se previamente não lhe foi dada oportunidade de conhecer o conteúdo, ou se redigido de forma a prejudicar seu entendimento (art. 46, CDC).

• As cláusulas contratuais devem ser interpretadas da maneira mais favorável ao consumidor (art. 47, CDC).

• A oferta (propaganda) e as tratativas pré-contratuais existentes em recibos ou escritos vinculam o fornecedor (art. 48, CDC).

• Nas compras realizadas fora do estabelecimento empresarial, por telefone ou a domicílio, o consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 07 dias, com a devolução dos valores pagos (art.49, CDC).

Contrato de Adesão: é aquele cujas cláusulas foram estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor, sem que o consumidor possa modificar seu conteúdo) com condições gerais estabelecidas pelo empresário fornecedor.

Page 67: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

67

• As cláusulas duvidosas ou ambíguas, expostas em contratos de adesão, deverão ser apreciadas sempre de maneira mais favorável ao consumidor.

• As cláusulas que limitam direitos dos consumidor devem estar em destaque (art. 54, par. 4º, CDC).

5. Das práticas empresariais abusivas: O CDC reservou o Capítulo Vl para regulamentar as práticas

comerciais (arts. 29 a 45), que entre outras situações estipula:

• Que a oferta também faz parte da relação jurídica de consumo, de modo que devem ser cumpridas pelo fornecedor (art. 30, CDC).

• Fabricantes e importadores devem assegurar a oferta de componentes e peças de reposição (art. 32, CDC).

• É proibida toda a publicidade enganosa ou abusiva (art. 39, CDC). É enganosa a publicidade falsa, ainda que por omissão (art. 39, par. 3º, CDC) que possa induzir o consumidor em erro. É abusiva a publicidade, que entre outras modalidades, explore o medo ou a superstição e a ingenuidade das crianças (art. 39, par. 3º, CDC).

No mesmo capítulo o CDC reservou a Seção IV (arts. 39 a 41)

para regulamentar as práticas empresariais abusivas. Práticas abusivas são condutas dos fornecedores, que abusam

de seu direito para violar os direitos do consumidor ou que atentam contra dispositivo expresso de lei. Algumas destas práticas abusivas estão elencadas no art. 39, do CDC, como estas:

• Condicionar a venda de um produto à compra de outro. • Enviar ou entregar produto ao consumidor sem solicitação

prévia. • Elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços. • Exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva.

Embora não prevista na seção específica do CDC como “prática abusiva”, é entendimento pacífico que também é uma prática comercial abusiva, submeter o consumidor a constrangimentos, ameaças ou situações ridículas, quando da cobrança de débitos (art. 42, CDC).

A proteção se justifica uma vez que o consumidor é a parte mais vulnerável na relação de consumo. Não se pode esquecer que o CDC, como o próprio nome menciona, nasceu justamente para proteger o consumidor.

O consumidor só pode desistir do negócio se a mercadoria puder ser devolvida intacta).

Page 68: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

68

6. Das cláusulas abusivas nos contratos de consumo: Cláusula contratual abusiva é a manifestação comissiva do abuso

de direito na área contratual, mais especificamente no momento de pré-elaboração do contrato que será utilizado.

O consumo em massa obrigou o fornecedor a estabelecer padrões

de conduta, visando atender de maneira pronta e ágil a demanda de consumidores para satisfazer suas necessidades. Tais padrões foram constituídos, de um modo geral, através dos contratos de adesão, ou condições gerais de contratação.

Boa parte dos contratos de adesão materializam operações

bancárias, e na atualidade, merecem um estudo mais apurado, pois a maior parte dos conflitos judiciais e extrajudiciais ante a existência de algumas cláusulas abusivas.

O CDC não proíbe a contratação por meio desses instrumentos

(art. 54). Entretanto, procura proteger o consumidor de cláusulas contratuais pré-estabelecidas em favor apenas de quem as elaborou (arts. 51 a 53).

Antes do surgimento do Código de Defesa do Consumidor, a

abuso de direito não implicava a nulidade da cláusula, mas sim a obrigatoriedade de se criar obstáculos a seus efeitos (art. 125, do CPC). O CDC, no art. 51, caput e parágrafos 2º e 4º, e no art. 53, caput, fala em nulidade de pleno direito.

Observação: é importante lembrar que o legislador previu a

modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais (CDC, at. 6º, V), e de outro lado, imputou com nulidade várias cláusulas dessa categoria.

Da interpretação sistemática do CDC resultaria a classificação das

cláusulas abusivas em duas categorias:

• as nulas de pleno direito, que apesar de não apresentarem desproporcionalidade nas prestações, possuem outro tipo de abuso (incisos I, II, III, VI, VII, VIII, XIV, XV e XVI, do art. 51).

• as relativamente inválidas, que estabelecem prestações desproporcionais (incisos IV, IX, X, XI, XII e XIII, do art. 51).

Observação: As cláusulas abusivas, de acordo com o art. 51, §

2º, do CDC, apenas acarretariam a invalidação do contrato como um todo se, em decorrência de sua ausência, resultasse ônus demasiado ao consumidor ou ao fornecedor.

Page 69: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

69

ATIVIDADES: 1. As operações de crédito bancário estão abrangidas pelo CDC? Justifique. 2. Cite as hipóteses de possibilidade de revisão dos contratos de consumo: 3.Tendo por base as determinações do CDC e de acordo com a jurisprudência atual, é válida a estipulação da multa de 20% por atraso no pagamento das taxas do condomínio? 4. Se uma pessoa tem seu veículo furtado no estacionamento de um supermercado é correto afirmar que, ainda que não cobre pelo estacionamento, ele poderá ser responsabilizado a indenizar os prejuízos que o proprietário vier a sofrer? Justifique a resposta. 5. Numa ação judicial que discute a validade ou não de partes um contrato de consumo, se existir uma cláusula contratual que estipule fórmulas de cálculo de juros e encargos sobre prestações, ininteligíveis ao consumidor, o juiz deverá declará-las nulas de pleno direito ou apenas revisá-las? Justifique. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BONATTO, Cláudio. Questões controvertidas no Código de Defesa do Consumidor. 4ª Ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003. BRUNO, Marcos Gomes da Silva. Resumo Jurídico de obrigações e contratos, volume 10. São Paulo: Quartier Latin, 2004. RIZZARDO, Arnaldo. Contratos de Crédito Bancário. 5ª Edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.

Page 70: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

70

CONTRATOS BANCÁRIOS Objetivos: - Apresentar os conceitos dos principais contratos que materializam as operações das atividades bancárias. - Demonstrar que o Código de Defesa do Consumidor se aplica aos contratos bancários. Introdução: como visto no tema 19, o consumidor goza de proteção contratual quando a relação jurídica for considerada de consumo. Como visto esta proteção contratual abrange, entre outras circunstâncias, a possibilidade de declaração de nulidade de algumas cláusulas do contrato ou a sua revisão. Entretanto, alguns juristas defendem que a atividade bancária poderia não estar abrangida pelo Código de Defesa do Consumidor. No presente tema, abordaremos questões relativas à atividade bancária, a natureza jurídica dos contratos bancários e a extensão das benesses do Código de Defesa do Consumidor a estas relações jurídicas.

1. Atividade bancária:

A atividade bancária é eminentemente creditícia. O progresso e a

expansão da indústria, bem como a evolução da atividade empresarial, são movidos pelos empréstimos, a fim de fomentar os setores produtivos da economia.

Na maioria dos casos, as pessoas físicas ou jurídicas não têm meios próprios para manter suas atividades.

As instituições financeiras são os instrumentos tradicionais do crédito. Elas promovem a industrialização do crédito e o favorecimento da circulação de riquezas.

Elas recebem os depósitos e os investem no setor público ou privado. Promovem a coleta das poupanças individuais e transforma-as em recursos para fomentar a atividade econômica.

Sua atividade alimenta-se ainda dos recursos próprios e de depósitos do público, mediante remuneração ao depositante.

TEMA 20

Page 71: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

71

2. Operações bancárias: A atividade principal consiste em conceder empréstimos, receber

valores em depósito, descontar títulos, abrir créditos, e tudo o que for necessários para sua finalidade econômica.

As operações bancárias se classificam em principais e acessórias: - Principais: são as que compreendem a intermediação do

crédito, isto é, o recolhimento de dinheiro de uns e a concessão a outros. Se subdividem em:

a) passivas: as que têm por objetivo a procura e a provisão de

fundos, significando um ônus para com o cliente, pois na relação jurídica o banco é seu devedor.

b) ativas: visam a colocação e o emprego dos valores aos interessados por meios de operações onde o banco se torna credor do cliente. Destacam-se nesta categoria os empréstimos, financiamentos, abertura de crédito, descontos, antecipações etc.

- Acessórias: são as funções que não implicam nem na

concessão do crédito nem o recebimento de dinheiro, e sim, prestação de serviços bancários com a finalidade de atrair clientes. Destacam-se a custódia de valores, as caixas de segurança e a cobrança de títulos.

As operações bancárias materializam-se através de contratos. 3. Contratos bancários e sua natureza jurídica: Os bancos são os mediadores do crédito. Na operação ativa,

obrigam-se a conceder o crédito. Sendo passiva a operação, o cliente é que dá o crédito.

A característica básica dos contratos de crédito bancário é que

eles materializam uma obrigação de dar. Nas atividades acessórias, materializa uma obrigação de fazer.

A natureza jurídica dos contratos de crédito bancários se

caracteriza como sendo um “contrato de adesão”.

Os instrumentos são previamente impressos deixando apenas

espaços em branco para preenchimento, destinados ao nome, prazos, valores, juros encargos e penalidades.

Como o aderente (cliente) de um contrato recebe o documento

pronto, sua liberdade em contratar é apenas para dizer “sim” ou “não”.

Conceito já especificado no tema 19.

Page 72: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

72

Pode-se dizer que o cliente não contratou, não expressou

aceitação, mas simplesmente “aderiu” e submeteu-se às regras previamente estipuladas pelo banco.

Na maioria das vezes, o cliente sequer lê as cláusulas impressas e se as lê, não as entende e nem tem condições de conhecer seu significado jurídico.

4. Contratos bancários e o Código de Defesa do Consumidor: No Direito Brasileiro, as operações bancárias têm regras

específicas. Todas elas estão submetidas ainda às determinações do Banco Central do Brasil, por meio das resoluções e circulares por ele editadas.

Como dito por RIZZARDO (2000, p. 24), não há dúvidas quanto à aplicabilidade do CDC aos contratos bancários, quando a outorga de dinheiro ou do crédito é dado a um devedor como destinatário final.

O próprio CDC, no artigo 3º, elenca a atividade bancária no rol

dos serviços. Ademais, o princípio da transparência que se depura da leitura do art. 4º, do CDC é imprescindível nos contratos bancários.

A lealdade e o respeito ao consumidor devem imperar nos

negócios bancários de modo a preservar a boa-fé e a eqüidade. Há relação de consumo no fornecimento do crédito, onde a

autonomia da vontade fica reduzida a aceitação ou não das cláusulas do contrato. Além do mais, proliferam cláusulas abusivas e leoninas, previamente estabelecidas, não podendo ser modificadas ou discutidas quando da assinatura dos contratos. Daí por que o aderente (cliente) enquadra-se como consumidor.

As cláusulas abusivas, com vantagens extremamente exageradas

ou excessivas são nulas de pleno direito Nos termos do art. 46, do CDC, o aderente tem o direito de

conhecer previamente o conteúdo do contrato. Visa-se evitar que o se apresentem ao cliente fórmulas incompreensíveis de cálculos e métodos desconhecidos que só especialistas conseguem desvendar.

Na mesma esteira, o art. 54, § 3º, estipula que “os contratos de

adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis de modo a facilitar sua compreensão”.

Ver arts. 6º, IV, art. 39, V, art. 51, § 1º, III, do CDC

Page 73: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

73

Pelo art. 52, incs. II e III, o fornecedor do crédito é obrigado a informar o “montante de juros de mora e da taxa efetiva anual” e sobre os “acréscimos legalmente previstos”. O mesmo artigo, no parágrafo 2º, faculta o abatimento de juros ou encargos na liquidação antecipada.

O art. 51, inc. I, determina ser nula a cláusula que implica em

renúncia de direito, como, por exemplo, aquela que estipula que o correntista reconhece como líquidos e exigíveis os saldos lançados em sua conta corrente.

O art. 53 deixa claro que são nulas as cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações pagas ao credor.

Muitas outras regras poderiam ser elencadas, de qualquer modo,

ainda que haja certa divergência doutrinária a respeito, a jurisprudência pacificou o entendimento quanto à aplicabilidade do CDC aos contratos bancários.

Súmula 296, do STJ: O código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras.

5. CONTRATOS BANCÁRIOS EM ESPÉCIE: 5.1. Mútuo:

O empréstimo de coisas fungíveis, como o dinheiro, como já

definido em temas anteriores, recebe o nome de mútuo, com a especialidade de ser concedido por uma entidade creditícia que se submete à Lei 4.595, de 31.12.64.

Esta lei dispõe sobre a política e as instituições monetárias, bancárias e creditícias, cria o Conselho Monetário Nacional e dá outras providências.

Trata-se de um contrato onde o banco transfere a um cliente certa

quantidade de dinheiro em espécie e este se obriga a devolver em um prazo determinado a quantia estipulada acrescida de encargos contratados.

5.2. Conta-corrente de depósitos: Conta corrente bancária é um contrato onde uma pessoa física ou

jurídica ajusta a guarda de dinheiro depositado pelo correntista ou por terceiros, bem como revela o ajuste para o banco pagar as ordens de pagamento do cliente até o limite dos valores existentes na conta, ou até o limite de crédito concedido pela instituição financeira (cheques especiais).

Observação: o contrato de abertura de crédito bancário

apresenta semelhança ao contrato de depósito em conta-corrente, entretanto, nesta situação o banco se torna credor do cliente.

Como definição, a abertura de crédito bancário é o contrato pelo qual o banco se obriga a manter por um certo tempo à disposição da outra parte uma soma em dinheiro. O saldo do cliente será sempre negativo, podendo ele efetuar depósitos em dinheiro, abatendo seu débito. Sobre o saldo negativo, o banco cobra juros e outros encargos.

Page 74: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

74

Depósitos são quantias entregues pelos clientes ou de terceiros para crédito em uma conta-corrente mantida com o banco para serem sacados oportunamente. No depósito, a propriedade do dinheiro passa para o banco, ficando o depositante com um direito de crédito sobre ele.

5.3. Desconto bancário:

É o contrato pelo qual o banco, antecipa valores de um crédito

contra terceiros, não vencido, mediante a cessão desse mesmo crédito. Pela antecipação o banco cobra suas taxas. A prática ficou conhecida como “desconto de duplicatas”.

A operação se completa quando o banco recebe por endosso o título e transfere a quantia na conta do cliente, deduzindo as taxas. Se o crédito não for pago no vencimento, o banco poderá solicitar a restituição da quantia antecipada, sem prejuízo dos direitos decorrentes da operação cambial havida.

Endosso é a operação pela qual uma pessoa mediante assinatura no verso de um título de crédito, transfere a propriedade e o crédito nele inscrito, respondendo pela inadimplência.

5.4. Antecipação bancária:

A antecipação bancária consiste na operação pela qual o banco

antecipa valores ao cliente, mediante a apresentação de garantias reais documentadas títulos de crédito, direitos, mercadorias ou títulos representativos de mercadorias. Vale dizer: a garantia será sempre real.

Ela se difere do desconto, pois os títulos não são repassados ao

banco. Ficam apenas como “garantia”. Também se difere do mútuo, visto que a garantia é facultativa. Na

antecipação, a garantia é da essência do contrato.

5.5. Custódia de títulos e valores:

Trata-se de um serviço prestado pelos bancos aplicável à guarda de títulos e valores. Ele pode ser assim subdividido:

• Depósito para simples custódia: que revela a obrigação do banco em conservar a coisa e o direito a percepção de juros e dividendos. • Depósito em administração: além da simples custódia, nesta situação, o banco presta um serviço de orientação para a melhor aplicação econômica da coisa. • Depósito cerrado: refere-se à custódia de coisas entregues fechadas ou lacradas para serem assim devolvidas. 5.6. Cofres de segurança: Trata-se do contrato onde uma pessoa física ou jurídica contrata

junto ao banco um cofre-forte, para nele guardar objetos valiosos ou documentos.

Page 75: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

75

Não se trata de depósito, pois o contrato subsiste ainda que não tenha nada depositado no cofre.

Também não se trata de locação, pois o banco assume mais

compromissos do que assume o locador. Na verdade é um contrato que reúne prestação de serviços,

locação e depósito ao mesmo tempo.

5.7. Cartões de crédito:

Genericamente podem ser definidos como documentos que recomendam um consumidor ou que permitem a aquisição de produtos ou serviços, para pagamento futuro, dentro de um limite contratado, junto aos estabelecimentos fornecedores filiados. Também podem ser usados para saques em dinheiro até o limite contratado.

Os cartões podem ser operados por bancos ou por empresas

autorizadas. Eles podem ser utilizados apenas para pagamento, ou para

crédito, possibilitando, além das compras, o saque em dinheiro. A empresa emitente dos cartões coordena e intermedia as

operações entre os fornecedores e os titulares dos cartões. Para tanto, cobra comissão de administração dos fornecedores em cada operação, cobrando também valores dos titulares dos cartões pela expedição deles.

A empresa administradora assume o compromisso de pagar os

fornecedores. O pagamento das compras efetuadas, dos serviços prestados e

das quantias retiradas, será feito não aos fornecedores e sim à empresa administradora.

Observações:

• Os cartões de crédito estão substituindo o dinheiro e os títulos de crédito que materializam as operações empresariais. O crédito é concedido e cobrado sem a emissão de “títulos”. Não se emitem mais notas promissórias, letras de câmbio ou duplicatas, para as vendas à prazo. O exercício dos direitos sempre pressupôs a existência de um título (documento). Assim, como exercitar os direitos decorrentes de uma operação de crédito se não existem os títulos? Ou se existem os títulos, são extraídos por meio eletrônico sem a assinatura do devedor. • Além do mais, é uma relação de consumo sui generis, visto que nela aparecem o cliente, o fornecedor e a administradora. Como a relação revela uma cessão de crédito alguns problemas poderão surgir na relação de consumo. Isto por que o titular não pode dar ordem para administradora não pagar o fornecedor se o produto é defeituoso. Também não pode deixar de pagar a

Page 76: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

76

administradora alegando exceções que tivesse contra o fornecedor. • Por fim, podem estar inseridas cláusulas nesses contratos que podem não ser válidas, e que ensejarão discussões sérias no judiciário, como a cláusula que subordina o pagamento de todas as contas no caso de extravio dos cartões.

Tais observações são elencadas para justificar que o tema merece

um estudo mais aprofundado, tendo em vista as conseqüências que podem causar aos titulares dos cartões.

5.8. Outros Contratos Bancários:

Nos itens anteriores, especificamos os principais contratos

bancários. Entretanto, tal assunto não se esgota.

Algumas entidades financeiras têm autorização para prestar crédito habitacional celebrando contratos de financiamento da casa própria, que tem normas específicas.

Pode ser concedido crédito especial destinado ao sistema

financeiro imobiliário por entidades financiadoras e companhias securitizadoras. As modalidades de financiamentos e os contratos respectivos estão regulamentados em legislação específica.

Por fim, as entidades financeiras podem conceder crédito especial

à atividade rural, à industria, ao comércio, à importação e à exportação. Entretanto, tais operações não se materializam em “contratos”, mas sim, em “títulos de crédito”, regulamentados por normas específicas, como por exemplo:

• Cédula Rural Pignoratícia, Hipotecária, Pignoratícia e

hipotecária, Nota de Crédito Rural: Dec. Lei, 167 de 14.02.67. • Cédula de Produto Rural: Lei 8.929, de 22.08.1994. • Cédula e Nota de Crédito Industrial: Dec. Lei 413, de 09.01.69. • Cédula e Nota de Crédito à Exportação: Lei 6.313, de 16.12.75. • Cédula e Nota de Crédito Comercial: Lei 6.840, de 13.11.80. • Cédula de Crédito Bancário:

AATTIIVVIIDDAADDEESS::

1. Há divergências doutrinárias a respeito da aplicabilidade do CDC aos contratos bancários. Pesquise e sintetize as razões do autor contrárias a aplicação do CDC aos contratos bancários. 2. Por que é correta a afirmação de que os contratos bancários são caracterizados como “contratos de adesão”? 3. Em que se diferenciam os contrato civis dos contratos de consumo?

Page 77: DIREITO CIVIL I051205153546...EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS 6 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES – 2ª PARTE DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Objetivos:

EAD UNITINS – DIREITO CIVIL I – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS JUDICIÁRIAS

77

4. Quais são os traços distintivos entre desconto bancário e antecipação bancária? 5. Pesquise e apresente 03 decisões judiciais atuais que reconheçam qual é taxa de juros aplicável aos contratos de abertura de crédito? REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BONATTO, Cláudio. Questões controvertidas no Código de Defesa do Consumidor. 4ª Ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003.

BRUNO, Marcos Gomes da Silva. Resumo Jurídico de obrigações e contratos, volume 10. São Paulo: Quartier Latin, 2004.

REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 24ª Ed. São Paulo: Ed.

Saraiva, 2004.

RIZZARDO, Arnaldo. Contratos de Crédito Bancário. 5ª Edição. São

Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.