diario do congresso - 5 maio-1989 o 1.o. zoneamento do acre

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DIÁRIO Rep1ública Federativa do Brasi I DO CONGRESSO NACIONAL ANO XLIV - 50 CAPITAL FEDERAL SEXTA-FEIRA, 5 DE MAIO DI; 1"" CÂMARAl DOS DEPUTADOS SUMÁRIO 1- ATA DA 51' SESSÃO DA 3' SESSÃO LEGIS- LATIVA DA 48' LEGISLATURA EM 4 DE MAIO DE 1989 1- Abertura da Sessão D- Leitura e assinatura da ata da sessão anterior DI - Leitura do Expediente OFÍCIOS N' 1.115/89-Do Senhor Deputado PAES DE ANDRADE, Presidente da Câmara dos Deputa- dos, encaminhando à Presidência do Senado Fede- ral, as Mensagens Presidenciais n'S 141, de 4 de abril de 1989 e 170, de 24 de abril de 1989. N' 70/89 - Do Senhor Deputado AMARAL NETTO, Líder do Partido Democrático Social (PDS), indicando o Senhor Deputado NOSSER ALMEIDA para integrar, na qualidade de ihembro efetivo, a Comissão de Serviço Público em substi- tuição ao Senhor Deputado ARY VALADÃO. 71/89 - Do Senhor Deputado LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, participando que se ausentará do País no período compreendido entre 1 e 7 de maio do corrente. PROJETOS APRESENTADOS Projeto de Resolução n' 103, de 1989 (Da Mesa) - Nega licença para a instauração de processo crimi- nal contra o Deputado Carrel Benevides. Projeto de Lei n' 2.228, de 1989 (Do SI. Elias Murad) - Dispõe sobre restrições ao uso do tabaco em recintos fechados e limita a sua propaganda. Projeto de Lei n' 2.229, de 1989 (Do Sr. Raul Ferraz) - Acrescenta parágrafo ao art. 18 da Lei n' 4.717, de 29 de junho de 1965, que "regula a ação popular". Projeto de Lei n' 2.230, de 1989 (Do SI. Raul Ferraz) - Altera o regime jurídico da relação de trabalho e remuneração a que se submetem os agen- tes do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural). . Projeto de Lei n' 2.247, de 1989 (Do SI. Geraldo Campos) - Dispõe sobre a fixação de piso salarial para as ô.iversas categorias e dá outras providências. . Projeto de Lei n' 2.248, de 1989 (Da Sra. Anna Maria R artes) - Dispõe sobre a reposição automá- tica do "alar real dos salários, estabelece medidas de proteção aos salários, e dá outras providências. IV - Pequeno Expediente NILSON GIBSON - Início das atividades do Tribunal Regional Federal, 5' Região, em Recife, Estado de Pernambuco. Discurso de posse do Juiz José Delgado, na Corte. JOSE ELIAS - Ocorrência de atos de corrupção na administração do Estado de Mato Grosso. ORLANDO PACHECO - Necessidade da cria- ção de mecanismo para coibição da prática de crimes por menores. GERSON PERES - Comportamento antidemo- crático do SI. Jair MenegueIli, Presidente da CUT, na arregimentação de apoio político para a rejeição da Medida Provisória 50. Necessidade de ampla discuss20 da regulamentação do exercício do direito de greve pelo Congresso Nacional. JONAS PINHEIRO - Soma de esforços institu- cionais para evitar a falência do meio rural brasi- leiro. WALDECK ORNÉLAS - Protesto contra a prá- tica, pelo Governador Waldyr Pires, do Estado da Bahia, do retorno de Secretários à Assembléia Le- gislativa, para a votação de matérias de interesse govermmental, e a posterior nomeação para o cargo de origem. JOSE CARLOS COUTINHO - Reabertura das negoci2ções entre bancários do Banco do Brasil e o Gov(:rDO Federal. DUTRA - Urgente amparo governamen- tal às populações amazonenses assoladas por en- chentel'. SANTOS NEVES - Desvio, pela Caixa Econô- mica Federal, de recursos destinados a programas habitacionais e de saneamento básico para finali- dades eleitorais. JOÃO CUNHA - Filiação do orador aos qua- dros do PRN. ANTERO DE BARROS - Imediata necessida- de de rejeição, pelo Congresso Nacional, da medida provisória regulamentadora do exercício do direito de greve. NELSON SABRÁ - Probabilidade de insucesso das prévias eleitorais do PFL no Estado do Rio de Janeiro em conseqüência da não-indentificação das seções do partido com a proposta aprovada pela Convenção. GABRIEL GUERREIRO - Urgente liberação de verbas governamentais para atendimento às po- pulações dos municípios paraenses atingidos pela enchente do Rio Amazonas. Ausência de repasse dos recursos destinados às prefeituras da região em conseqüência da greve dos funcionários do Banco do Brasil. NILSON CAMPOS - Inocuidade, em relação à regionalização dos orçamentos fiscais e das empre- sas estatais, da proposta governamental sobre dire- trizes orçamentárias para o exercício de 1990. JAYME CAMPOS - Situaçáo pré-falimentar da faculdade de formação de professores de São Gon- çalo, Estado do Rio de Janeiro. JOSÉ GENOÍNO - Conveniência da rejeição, pelo Congresso Nacional, da Medida Provisória n' 50. Memorial dos petroleiros de São José dos Cam- pos pelo cumprimento da jornada de 6 horas nos turnos ininterruptos de trabalho. RAIMUNDO BEZERRA - Necrológio do ex- Deputado Antônio Araripe. EDIVALDO HOLANDA - Uniáo parlamentar em torno da defesa dos postulados democráticos ameaçados pela violência verificada nos movimentos grevistas. OTTOMAR PINTO - Amparo dos Ministérios dos Transportes e da Aeronáutica à população sitia- da de Boa Vista, Estado de Roraima. em virtude da interrupção de tráfego na BR-174.

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Diario do Congresso - Camara dos Deputados - 5 maio-1989 GERALDO FLEMING (PMDB) fala sobre a criação do "ProjetoAcre:HumanizaroDesenvolvimento",com o objetivo de implementar e agilizar o Zoneamento Agroecológico e o Plano de Ocupação Econômico, Social e Ecológico do Estado do Acre

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Page 1: Diario Do Congresso - 5 Maio-1989  o  1.o.  Zoneamento do Acre

DIÁRIORep1ública Federativa do BrasiI

DO CONGRESSO NACIONALANO XLIV - N~ 50 CAPITAL FEDERAL SEXTA-FEIRA, 5 DE MAIO DI; 1""

CÂMARAl DOS DEPUTADOS

SUMÁRIO

1- ATA DA 51' SESSÃO DA 3' SESSÃO LEGIS­LATIVA DA 48' LEGISLATURA EM 4 DE MAIODE 1989

1- Abertura da Sessão

D - Leitura e assinatura da ata da sessão anterior

DI - Leitura do Expediente

OFÍCIOS

N' 1.115/89-Do Senhor Deputado PAES DEANDRADE, Presidente da Câmara dos Deputa­dos, encaminhando à Presidência do Senado Fede­ral, as Mensagens Presidenciais n'S 141, de 4 de abrilde 1989 e 170, de 24 de abril de 1989.

N' 70/89 - Do Senhor Deputado AMARALNETTO, Líder do Partido Democrático Social(PDS), indicando o Senhor Deputado NOSSERALMEIDA para integrar, na qualidade de ihembroefetivo, a Comissão de Serviço Público em substi­tuição ao Senhor Deputado ARY VALADÃO.

N° 71/89 - Do Senhor Deputado LUIZ INÁCIOLULA DA SILVA, participando que se ausentarádo País no período compreendido entre 1 e 7 demaio do corrente.

PROJETOS APRESENTADOS

Projeto de Resolução n' 103, de 1989 (Da Mesa)- Nega licença para a instauração de processo crimi­nal contra o Deputado Carrel Benevides.

Projeto de Lei n' 2.228, de 1989 (Do SI. EliasMurad) - Dispõe sobre restrições ao uso do tabacoem recintos fechados e limita a sua propaganda.

Projeto de Lei n' 2.229, de 1989 (Do Sr. RaulFerraz) - Acrescenta parágrafo ao art. 18 da Lein' 4.717, de 29 de junho de 1965, que "regula aação popular".

Projeto de Lei n' 2.230, de 1989 (Do SI. RaulFerraz) - Altera o regime jurídico da relação detrabalho e remuneração a que se submetem os agen­tes do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural(Funrural). .

Projeto de Lei n' 2.247, de 1989 (Do SI. GeraldoCampos) - Dispõe sobre a fixação de piso salarialpara as ô.iversas categorias profi~sionais, e dá outrasprovidências. .

Projeto de Lei n' 2.248, de 1989 (Da Sra. AnnaMaria R artes) - Dispõe sobre a reposição automá­tica do "alar real dos salários, estabelece medidasde proteção aos salários, e dá outras providências.

IV - Pequeno Expediente

NILSON GIBSON - Início das atividades doTribunal Regional Federal, 5' Região, em Recife,Estado de Pernambuco. Discurso de posse do JuizJosé A~lgusto Delgado, na Corte.

JOSE ELIAS - Ocorrência de atos de corrupçãona administração do Estado de Mato Grosso.

ORLANDO PACHECO - Necessidade da cria­ção de mecanismo para coibição da prática de crimespor menores.

GERSON PERES - Comportamento antidemo­crático do SI. Jair MenegueIli, Presidente da CUT,na arregimentação de apoio político para a rejeiçãoda Medida Provisória n° 50. Necessidade de ampladiscuss20 da regulamentação do exercício do direitode greve pelo Congresso Nacional.

JONAS PINHEIRO - Soma de esforços institu­cionais para evitar a falência do meio rural brasi­leiro.

WALDECK ORNÉLAS - Protesto contra a prá­tica, pelo Governador Waldyr Pires, do Estado daBahia, do retorno de Secretários à Assembléia Le­gislativa, para a votação de matérias de interessegovermmental, e a posterior nomeação para o cargode origem.

JOSE CARLOS COUTINHO - Reabertura dasnegoci2ções entre bancários do Banco do Brasil eo Gov(:rDO Federal.

JOS1~ DUTRA - Urgente amparo governamen­tal às populações amazonenses assoladas por en­chentel'.

SANTOS NEVES - Desvio, pela Caixa Econô­mica Federal, de recursos destinados a programas

habitacionais e de saneamento básico para finali­dades eleitorais.

JOÃO CUNHA - Filiação do orador aos qua­dros do PRN.

ANTERO DE BARROS - Imediata necessida­de de rejeição, pelo Congresso Nacional, da medidaprovisória regulamentadora do exercício do direitode greve.

NELSON SABRÁ - Probabilidade de insucessodas prévias eleitorais do PFL no Estado do Rio deJaneiro em conseqüência da não-indentificação dasseções do partido com a proposta aprovada pelaConvenção.

GABRIEL GUERREIRO - Urgente liberaçãode verbas governamentais para atendimento às po­pulações dos municípios paraenses atingidos pelaenchente do Rio Amazonas. Ausência de repassedos recursos destinados às prefeituras da região emconseqüência da greve dos funcionários do Bancodo Brasil.

NILSON CAMPOS - Inocuidade, em relaçãoà regionalização dos orçamentos fiscais e das empre­sas estatais, da proposta governamental sobre dire­trizes orçamentárias para o exercício de 1990.

JAYME CAMPOS - Situaçáo pré-falimentar dafaculdade de formação de professores de São Gon­çalo, Estado do Rio de Janeiro.

JOSÉ GENOÍNO - Conveniência da rejeição,pelo Congresso Nacional, da Medida Provisória n'50. Memorial dos petroleiros de São José dos Cam­pos pelo cumprimento da jornada de 6 horas nosturnos ininterruptos de trabalho.

RAIMUNDO BEZERRA - Necrológio do ex­Deputado Antônio Araripe.

EDIVALDO HOLANDA - Uniáo parlamentarem torno da defesa dos postulados democráticosameaçados pela violência verificada nos movimentosgrevistas.

OTTOMAR PINTO - Amparo dos Ministériosdos Transportes e da Aeronáutica à população sitia­da de Boa Vista, Estado de Roraima. em virtudeda interrupção de tráfego na BR-174.

Page 2: Diario Do Congresso - 5 Maio-1989  o  1.o.  Zoneamento do Acre

3160 Sexta-feira 5

RUBERVAL PILOTIO - Importância de reali­zação da Mostra "Sistema Itália", componente doProjeto "Itália Viva".

PAULO PAIM - Urgente definição, pelo Con­gresso Nacional, de política salarial e novo saláriomínimo.

FRANCISCO DORNELLES - Asfixia da eco­nomia nacional pela permissão governamental dacobrança elevada de juros.

BOCAYUVA CUNHA - Reunião de prefeitosmunicipais fluminenses para análise das conseqüên­cias da instalação de pólo petroquímico em Itaguaí,no Estado.

GERALDO FLEMING - Instituição, pelo Go­verno do Estado do Acre, do "Projeto Acn:: huma­nizar o desenvolvimento".

JORGE LEITE - Improcedência das a,;usaçõesfeitas pelo Deputado Francisco Dornelles contrao Governador Moreira Franco, do Estado do Riode Janeiro, relativas ao Sistema Marajoara ele capta­ção de água para a Baixada Fluminense.

NEUTO DE CONTO. - Asfaltamento da rodo­via SC-466, trecho Seara-Xavantina-Xanxerê.

CHAGAS NETO - Acolhida dos Ministériosda Fazenda, do Desenvolvimento da Indústria e doComércio e da Agricultura à solicitação do Gover­nador Jerônimo Santana de elevação de Porto Ve­llio, Estado de Rondônia, a pólo de exportação.

MENDES RIBEIRO - Peregrinação int,ernacio­nal do Cacique Raoni.

ANTONIOCARLOS MENDES THAME - In­tegral validade da proposta partidária do PSDB cde seu candidato, Senador Mário Covas, à Presi­dência da República.

DENISAR ARNEIRO - Repúdio ao artigo"Trapalhadas ConstituciOl)ais", publicado pdo Jor·Dal do Brasil.

MOEMA SÃO THIAGO - Confiança da orado­ra em melhores dias para o trabalhador brasileirocom a implantação do plano de governo do PSDB.

FERES NADER - Ameaça de epidemia de den­guc no interior do Estado de São Paulo.

SIGMARINGA SEIXAS - Louvor ao Minis­tério Público Federal pelo ajuizamento de ação civilpública, em defesa do meio ambiente, contra a Ad­ministração Ptíblica, representada pela Comi:;são In­terministerial encarregada de executar o ProgramaGrande Carajás, em face da desregrada instalaçãode siderurgia ao longo do corredor ferrovilírio doPrograma.

OSVALDO BENDER - Transcurso do aniver­sário de emancipação do Município de Três dê' Maio,Estado do Rio Grande do Sul.

LEONEL JÚLIO - Desempenho do CoronelLuiz Gonzaga dc Oliveira à frentc do Comando daPolícia Militar para a Ãrea Metropolitana Lt:ste dacapital paulista. Atuação do radialista AfanÉlsio Ja­zadij em prol da diminuição dos índices de crimina­lidade no Estado de São Paulo.

JORGE ARBAGE - Proibição do uso de tabaconos ônibus cm viagens interestaduais ou interna­cionais, estas quando em território brasileiro. Impo­sição de pena a condutor de veículo cm estado deembriagucz. Proibição da vcnda de bebidas alcoó­licas ao longo das rodovias federais.

CARLOS VINAGRE - Extensão, pelo Gover­no Federal, dos bencfícios de isenção fiscal do IPIem vendas das indústrias de máquinas e equipa­men!os a setores ligados ao processo produti'lD.

FABIO' RAUNHEITII - Reconhecimento dapopulação da Baixada Fluminense ao trabalho de­senvolvido na região pelo Governador MoreiraFranco, do Estado do Rio de Janeiro.

SOTERO CUNHA - Repúdio ao descaso dasautoridades governamentais no atendimento·das ne­cessidades do povo e do País..

FRANCISCO AMARAL - Realização do 11 Fó­rum Nacional dos Reitores das Universidades Esta­duais e Municipais, Campinas, Estado de São Paulo.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

LYSÃNEAS MACIEL - Eliminação, pela Pe­trobrás, de conquistas sociais e econômicas comocausa da greve dos petroleiros de São José dos Cam­pos, Estado de São Paulo.

SALATIEL CARVALHO - Repúdio à práticade violência terrorista contra o processo democrá­tico nacional.

LÍDICE DA MATA -Ameaça, pelo GovernoFederal. de privatização da Redc Ferroviária Fede­ral, a pretexto de modernização da empre·sa.

CARLOS CARDINAL - Natureza autoritáriae ditatorial do Presidente José Sarncy na conduçãoda administração pública federal. .

ARNALDO FARIA DE SÁ - Palestras profe­ridas pelo orador em cidades paulistas de esclareci­mento dos direitos dos aposentados.

ULDURICO PINTO - Respeito e defesa, peloGoverno Federal e Governo do Estado da Bahia.do direito territoriaI"histórico dos índios Pataxós.

VILSON SOUZA - Estudo promovido pelaFrente Parlamentar Nacionalista sobre a inconstitu­cionalidade da regulamentação governamental doexercício do direito de greve.

BENEDITA DA SILVA - Verdadeiros obje­tivos da Central Única dos Trabalhadores e do Parti­do dos Trabalhadores. Indefinição governamentalsobre política salarial.

ARTUR DA TÁ VOLA - Homenagem póstumaao ensejo do transcurso do 80" aniversário natalíciotio compositor popular Ataulfo Alves.

ALEXANDRE PUZlNA - Importãncia da ho­mologação, pelo Ministério das Comunicaçõesdo Serviço Limitado Rádio Estrada, com a conces­são de freqüências exclusivas para utilização por ca­minhoneiros.

V - Grande Expediente

ELIAS MURAD - Inconveniências da liberaçãodas drogas de uso controlado.

ARNALDO MARTINS - Conjuntura político­econômico-social brasileira.

CHAGAS DUARTE - Razões do ingresso doorador nos quadros do PDT. Perspectivas do partidono Estado de Roraima.

VI - Ordem do Dia

Apresentação de proposições: ARY VALA­DÃO, CÉSAR CALS NETO, CRISTINA TAVA­RES,ELIASMURAD, RAULFERRAZ,JO]{GELEITE, JORGE ARBAGE. FRANCISCO AMA­RAL. MARCOS LIMA, LUIZ HENRIQUE, DIR­CE TUTU QUADROS, MESSIAS SOARES.VIRGILDÃSIO DE SENNA. ROBSON MARI­NHO, FERNANDO GASPARIAN, JOSÉ LUIZDE SÃ, ÁLVARO VALLE. GERALDO CAM­POS, NELTON FRIEDRICH. ANNA MARIARATTES. LEOPOLDO SOUSA, JOSÉ SERRA.

CRISTINA TAVARES (Como Líder) - Comu­nicação sobre visão do PSDB da qucstão nordestina.Alterações sugeridas pelo partido ao projeto de leiregulamentador da aplicação de recursos orçamcn­tários constitucionalmente destinados às RegiõesNorte e Nordeste.

ADYLSON MOTTA {Como Líder) - Comuni­caçáo sobre transcurso do 25' anivcrsário dc funda­ção do jornal Zero Hora, de Porto Alegre, Estadodo Rio Grançle do Sul.

EDUARDO BONFIM (Como Líder) - Comuni­cação sobre omissão do Deputado Ulysses Guima­rães na condenação de ato terrorista praticado emVolta Redonda, Estado do Rio de Janciro. Intransi­gente solidariedade do PCB à luta dos trabalha­dores,

DIRCE TUTU QUADROS (Pela ordem) ­Constituição de Comissão Especial de Inquérito des­tinada à apuração de irregularidades cometidas pelo

Maio de 1989

Deputado Gnstavo de Faria na a,dministração doIPC.

PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Respostaà Deputada Dierce Tutu Quadros.

ANNA MARIA RATIES (Pela ordem) - Des­cumprimento, pelo Presidente da República, do pra­zo constitucional para resposta a requerimentos deinformação, prática configuradora do crime de res­ponsabilidade.

PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Respostaà Dcputada Anna Maria Rattes.

VIVALDO BARBOSA (Como Líder) - Comu­nicação sobre necessidade de união dos segmentosintegrantes da sociedade nacional para evitar even­tual vazio de poder no País. para a tranqüila consu­mação da transição democrática.

PRESIDENTE (Inocêncio Olivcira) - Comuni­cação sobre convocação, pelo Presidente do SenadoFederal, de sessão do Congresso Nacional para às1Sh 30min, destinada â apreciação da Medida Provi­sória n' 46.

JOSÉ LUIZ MAIA (Pela ordem) - Caráter pre­judicaI aos Estados das Regiões Nortc, Nordcstee Centro-Oeste de normas contidas na Medida Pro­visória n' 46.

PLÍNIO DE ARRUDA SAMPAIO (Como Lí­dcr) - Comunicação sobre urgente apreciação, peloCongresso Nacional, de projetos fundamentais paraa normalização da vida nacional.

JOSÉ TEIXEIRA (Como Lídcr) -Comunicaçãosobre visita do Dr. Aureliano Chaves, candidatoà Prcsidência da República nas eleições prévias doPFL, ao Estado do Piauí.

GEOVANI BORGES - (Como Líder) -Comu­nicação sobre urgente apreciação, pelo CongressoNacional. de projeto de lei regulamentador de nor­ma constitucional relativa aos direitos minerários.

CARREL BENEVIDES (Como Líder) - Comu­nicação sobre solidariedade do PTB ao DeputadoJosé Elias nas dentíncías formuladas em discursoproferido no Pequeno Expediente da presente ses­são.

JOSE LUIZ DE SÁ (Como Líder) - Comuni­cação sobre drama vivido pela população de VoltaRedonda, Estado do Rio de Janeiro, em face dosevcntos ocorridos na Companhia Sidertírgica Nacio­nal.

IBSEN PINHEIRO (Como Líder) - Comuni­cação sobre exercício do direito de greve em harmo­nia com os interesses democráticos da sociedade bra­silcira.

ARNALDO FARIA DE SÁ (Como Líder) ­Comunicação sobre negativa, pela Assembléia Na­cional de Portugal, em processo de revisão constitu­cional. de reciprocidade aos brasileiros dos direitosassegurados aos portugueses na Constituição doBrasil.

VII - Encerramento

2 - ATAS DAS COMISSÓES

Comissão de Educação, Cultura. Esporte e Turis­mo - l' reuniâo extraordinária, em 4-5-89

3 - DISTRIBUIÇÃO DE PROJETOS

a) Comissão de Finanças, em 4-5-89; b) Comissãode Saúde, Previdência e Assistência Social. em4-5-89.

4- ÍNDICE

5 - MESA (Relação dos membros)

6 - LÍDERES E VICE-LÍDERES (Relação dosmembros)

7 - COMISSÓES TÉCNICAS (Relação dosmembros)

Page 3: Diario Do Congresso - 5 Maio-1989  o  1.o.  Zoneamento do Acre

Maio de 1989 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Ata da 51~ Sessão, em 4 de maio de 1989

Sexta-feira 5 3161

Presidência dos Srs.: Paes de Andrade, Presidente; Inocêncio Oliveira, 19 Vice-Presidente;

Carlos Cotta, ]9 S,ecretário, ' Ruberval Piloto, 49Secretário,

Arnaldo Faria de Sá, Suplente de SecretÓ/'io

'As 13 HORAS COMPARECEM os SENHORES:

Paes da AndradeInocêncio OliveiraWilson CamposLuiz HenriqueCarlos CottaRubervalPilottoFeres NaderArnaldo Faria de SáJosé Melo

Acre

Alércio Dias - PFL; Geraldo Fleming - PMDB;João Maia - PMDB; Nosser Almeida - PDS.

Amazonas

Bernardo Cabral - PMDB; Carrel Benevides ­PTB; Eunice Michiles - PFL; José Dutra - PMDB;José Fernandes - PDT.

Rondônia

Arnaldo Martins - PMDB; Chagas Neto - PMDB;Francisco Sales - PMDB; José Guedes - PSDB; JoséViana - PMDB; Raquel Cândido - PDT.

Pará

Amilcar Moreira - PMDB; Arnaldo Moraes ­PMDB; Asdrubal Bentes - PMDB; Benedicto Mon­teiro - PTB; c;arlos Vinagre - PMDB; Dionísio Hage- PFL; Domingos Juvenil-PMDB; Fausto Fernandes-PMDB; Fernando Velasco-PMDB; Gabriel Guer-reiro - PMDB; Gerson Peres - PDS; Jorge Arbage- PDS; Mário Martins - PMDB; Paulo Roberto ­PMDB.

Tocantins

Ary Valadão - PDS; Edmundo Galdino - PSDB;Eduardo Siqueira Campos - PDC; Moisés Avelino- PMDB; Paulo Mourão - PDC; Paulo Sidnei ­PMDB.

Maranhão

Cid Carvalho - PMDB; Costa Ferreira - PFL; Edi­valdo Holanda - PL; Eliézer Moreira - PFL; EnoeVieira - PFL; Eurico Ribeiro - PDS; Jayme Santana- PSDB; José Carlos Sabóia - PSB; Wagner Lago-PMDB.

Piauí

Átila Lira - PFL; Felipe Mendes - PDS; JesualdoCavalcanti - PFL; Jesus Tajra - PFL; José Luiz Maia- PDS; Manuel Domingos - PC do B; Mussa Demes- PFL; Myriam Portella - PDS; Paes Landim - PFL.

Ceará

Aécio de Borba - PDS; Carlos Benevides - PMDB;César Cals Neto - PSD; Etevaldo Nogueira - PFL;Expedito Machado - PMDB; Firmo de Castro ­PMDB; Furtado Leite - PFL; José Lins - PFL; LúcioAlcântara - PDT; Luiz Marques - PFL; Mauro Sam­paio - PMDB; Moema São Thiago - PSpB; OrlandoBezerra - PFL; Osmundo Rebouças ~ PMDB; Rai­mundo Bezerra - PMDB; Ubiratan Aguiar - PMDB.

Rio Grande do Norte

Antônio Câmara - PMDB; Flávio Rocha - PL;Henrique Eduardo Alves - PMDB; Iberê Ferreira­PFL; Ismael Wanderley - PMDB; Marcos Formiga- PL; Vingt Rosado - PMDB.

Paraíba

Adauto Pereira - PDS; Agassiz Almeida - PMDB;Edivaldo \10tta - PMDB; Evaldo Gonçalves - PFL;João Agripino - PMDB; José Maranhão - PMDB;Lúcia Braga - PDT.

Pernambuco

Artur de Lima Cavalcanti - PDT; Cristina Tavares- PSDB; Egídio Ferreira Lima - PSDB; Gilson Ma­chado - PFL; Gonzaga Patriota - PDT; Harlan Gade­lha - PMDB; Horácio Ferraz - PTB; José CarlosVasconcellos - PMDB; José Jorge - PFL; José Moura- PFL; José Tinoco - PFL; Marcos Queiroz ­PMDB; Maurílio Ferreira Lima -,. PMDB; Nilson Gib­son-Pl\IlDB; Oswaldo Lima Filho -PMDB; RicardoFiuza - l'FL; Salatiel Carvalho - PFL.

Alagoas

Eduardo Bonfim - PC do B; José Costa - PMDB;José Thomaz Nonô - PFL; Roberto Torres - PTB;Vinicius Cansanção - PFL.

Sergipe

Cleonâ"lcio Fonseca - PFL; Djenal Gonçalves ­PMDB; Gerson Vilas Boas - PMDB; José Queiroz- PFL; Lauro Maia - PFL; Leopoldo Souza ­PMDB.

Bahia

Ángelo Magalhães - PFL; Celso Dourado ­PMDB; Domingos Leonelli - PSB; Eraldo Tinoco­PFL; Femando Santana - PCB; Genebaldo Correia- PMDB; Haroldo Lima - PC do B; Jairo Azi ­PDC; Jairo Carneiro - PFL; João Alves - PFL; Joni­val Lucas- PDC; Jorge Hage - PSDB; Jorge Medauar- PMDH; Jorge Vianna - PMDB; José Lourenço- PFL; Lídice da Mata - PC do B; Luiz Eduardo- PFL; Manoel Castro - PFL; Raul Ferraz - PMDB;Sérgio Brito - PFL; Uldurico Pinto - PMDB; Virgil­dásio de Senna - PSDB; Waldeck Ornélas - PFL.

Espírito Santo

Lezio Sathler - PSDB; L~rdinha Savignon - PT;Nyder Barbosa - PMDB; Pedro Ceolin - PFL; RitaCamata --PMDB; Santos Neves - PMDB; Stélio Dias-PFL.

Rio de Janeiro

Adolfo Oliveira - PL; Álvaro Valle - PL; AmaralNetto - PDS; Anna Maria Rattes - PSDB; Arturda Távol" - PSDB; Benedita da Silva - PT; BocayuvaCunha -- PDT; Brandão Monteiro - PDT; CarlosAlberto Caó - PDT; Daso Coimbra - PMDB; Deni­sar Arne:iro - PMDB; Doutel de Andrade - PDT;Edmilson Valentim - PC do B; Fâbio Raunheitti ­PTB; Francisco Dornelles - PFL; Jayme Campos ­PJ; JOrgE' Leite - PMDB; José Carlos Coutinho ­PL; José Luiz de Sá - PL; José Maurício - PDT;Lysâneas Maciel - PDT; Márcio Braga - PMDB;Messias Soares - PMDB; Nrelson Sabrá - PFL; Oswal-

do Ahneida - PL; Paulo Ramos - PMN; Sandra Ca­valcanti - PFL; Simão Sessim - PFL; Sotero Cunha- PDC; Vivaldo Barbosa - PDT.

Minas Gerais

Bonifácio de Andrada - PDS; Célio de Castro ­PSDB; Chico Humberto - PDT; Christóvam Chiaradia- PFL; Dálton Canabrava - PMDB; Elias Murad- PTB; Humberto Souto - PFL; Ibrahim Abi-Ackel- PDS; Israel Pinheiro - PMDB; João Paulo - PT;José da Conceição - PMDB; José Geraldo - PMDB;Lael Varella - PFL; Leopoldo Bessone - PMDB;Luiz Alberto Rodrigues - PMDB; Marcos Lima ­PMDB; Maurício Pádua - PMDB; Melo Freire ­PMDB; Mello Reis - PDS; Milton Lima - PMDB;Octávio Elísio - PSDB; Oscar Corrêa - PFL; PauloAlmada - PMDB; Ronaro Corrêa - PFL; Saulo Coe­lho - PFL; Sérgio Naya - PMDB; Sérgio Werneck- PMDB; Virgílio Guimarães - PT.

São Paulo

Adhemar de Barros Filho; Agripino de Oliveira Lima- PFL; Antoniocarlos Mendes Thame - PFL; Antô­nio Perosa - PSDB; Antônio Salim Curiati - PDS;Arnold Fioravante - PDS; Bete Mendes - PMDB;Delfim Netto - PDS; Dirce Tulu Quadros - PSDB;Fábio Feldmann - PSDB; Fernandó Gasparian ­PMDB; Florestan Fernandes - PT; Francisco Amaral- PMDB; Gastone Righi - PTB; Geraldo AlckminFilho - PSDB; Irma Passoni - PT; João Cunha; JoãoHerrmann Neto -PSB; José Carlos Grécco - PSDB;José Egreja - PTB; José Genoíno - PT; José Serra-.PSDB; Koyu Iha - PSDB; Leonel Júlio - PTB;Manoel Moreira - PMDB; Mendes Botelho - PTB;Nelson Seixas - PDT; Plínio Arruda Sampaio - PT;Robson Marinho - PSDB.

Goiás

Aldo Arantes - PC do B; Antonio de Jesus ­PMnB; Iturival Nascimento -PMDB; Jalles Fontoura- PFL; João Natal - PMDB; José Freire - PMDB;José Gomes - PDC; Lúcia Vânia - PMDB; Luiz Soyer- PMDB; Maguito Vilela - PMDB; Pedro Canedo- PFL; Roberto Balestra - PDC.

Distrito Federal

Augusto Carvalho - PCB; Geraldo Campos ­PSDB; Jofran Frejat - PFL; Márcia Kubitschek ­PMDB; Maria de Lourdes Abadia - PSDB; Sigma­ringa Seixas - PSDB; Valmir Campelo - PTB.

Mato Grosso

Antero de Barros - PMDB; Joaquim Sucena ­PTB; Jonas Pinheiro - PFL; José Amando - PMDB;Júlio Campos - PFL; Osvaldo Sobrinho - PTB; Ro­drigues Palma - PTB; Ubiratan Spinelli - PFL.

Mato Grosso do Sul

José Elias - PTB; Juarez Marques Batista-PSDB;Levy Dias - PFL; Plínio Martins - PMDB; RosárioCongro Neto - PMDB.

Paraná

Alceni Guerra - PFL; Antônio Ueno - PFL; BasilioViIlani - PTB; Borges da Silveira - PMDB; DarcyDeitos - PMDB; Dionísio Dal Prá - PFL; Ervin Bon­koski - PTB; Euclides Scalco - PSDB; Hélio Duque

Page 4: Diario Do Congresso - 5 Maio-1989  o  1.o.  Zoneamento do Acre

3162 Sexta-feira 5

- PMDB; Jovanni Masini - PMDB; Matheus Iensen-PMDB; Maurício Nasser-PMDB; Nelton Friedrich- PSDB; Osvaldo Macedo - PMDB; Renato Jlohns-son - PMDB; Tadeu França - PDT.

Santa Catarina

Alexandre Puzyna -'- PMDB; Antônio Carlos Kon­dcr Reis - PDS; Cláudio Ávila - PFL; Eduardo Mo­reira - PMDB; Francisco Küster - PSDB; G"ovahAmarante - PMDB; Henrique C6rdova - PDS; Neu­to de Conto - PMDB; Orlando Pacheco - PFL; Rena­to Vianna - PMDB; Valdir Colatto - PMDB; VictorFontana - PFL; Vilson de Souza - PSDB.

Rio Grande do Sul

Adroaldo Streck; Adylson Motta - PDS; AntonioMarangon - PT; Arnaldo Prieto - PFL; Carlos Car­dinal - PDT; Darcy Pozza - PDS; Hermes Zaneti- PSDB; Ibsen Pinheiro - PMDB; Irajá Rodrigues- PMDB; João de Deus Antunes - PTB; Jorge: Ue-qued - PMDB; Júlio Costamilan - PMDB; Lélio Sou­za - PMDB; Luís Robcrto Pontc - PMDB; Me'ndcsRibeiro - PMDB; Nelson Jobim - PMDB; OsvaldoBender - PDS; Paulo Mincarone - PMDB; PauloPaim - PT; Ruy Nooel - PMDB; Telmo Kirst ­PDS; Vicente Bago - PSDB; Victor Faccioni - J'DS.

Amapá

Annibal Barccllos - PFL; Eraldo Trindade - PFL;Geovani Borges - PFL; Raquel Capiberibe - P8B.

Roraima

Alcides Lima - PFL; Chagas Duarte - PDT; Mar­luce Pinto - PTB; Ottomar Pinto - PMDB.

I - ABERTURA DA SESSÃO

o SR. PRESIDENTE (Carlos Cotta) - A lista depresença registra o comparecimento de 177 senh oresdeputados.

Está aberta a sessão.Sob a proteção de Deus iniciamos nossos trabalhos.O sr. secretário procederá à leitura da ata da sessão

anterior.

11- LEITURA DA ATA

o SR. ADROALDO STRECK, servindo como 2' se­cretário, procede à leitura da ata da sessão antecedente.a qual é, sem observações, assinada.

O SR. PRESIDENTE (Carlos Cotta) - Passa-se àleitura do expediente.

O SR. NILSON GIBSON, scrvindo como l' secre­tário, procede à leitura do seguinte.

111- EXPEDIENTE

Ofícios

Do Sr. Deputado Paes de Andrade, Presidente da leâ·mara dos Deputados, nos seguintes termos:

GP-0/1.1l5/89 Brasília, 4 de maio de 1989A Sua Excelência o SenhorSenador Nelson CarneiroPresidente do Senado Federal

Senhor Presidente, .À vista do disposto no art. 166 da Constituição Fede­

ral, combinado com a decisão dessa presidência, nasessão conjunta de.26 de abril de 1989, a respeito datramitação dos projetos de abertura de crédito, tenhoa honra de dirigir-me a Vossa Excelência para encami­nhar as seguintes mensagens do Podcr Executivo:

- Mensagem n° 141. de 4 de abril de 1989. que en:a­minha projeto de lei que "autoriza o Poder ExecutLvoa abrir o crédito especial de NCz$ 63.734.679.00 (ses­senta e três milhões. setecentos e trinta e quatro ml,

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

seiscentos e setenta e nove cruzados novos), em favordo Ministério da Educação, e dá outras providências";e

-Mensagem n' 170, de 24 de abril de 1989, queencaminha projeto de lei que "autoriza o Poder Execu­tivo a abrir crédito especial no valor de NCz$8.000.000.00, em favor do Ministério do Interior, e dáoutras providências".

A título de subsídio ao estudo da respectiva propo­sição, segue, junto à Mensagem n' 141/89, emenda doSenhor Deputado Gumercindo Milhomem, apresenta­da quando da tramitação do projeto nesta Casa.

Aproveito o ensejo para apresentar a Vossa Exce­lência meus protestos de elevada estima e consideração.- Deputado Paes de Andrade, Presidente da Câmarados Deputados.

Do Sr. Deputado Amaral Netto, Líder do PDS. nosseguintes termos:Ofício n' 70/89 Brasília. 3 de maio de 1989

Senhor Presidente:Tenho a honra de dirigir-me a Vossa Excelência para

indicar-lhe o Deputado NOSSER ALMEIDA eomomembro titular da Comissão de Serviço Público, emsubstituição ao Deputado ARY VALADÃO.

Valho-me da oportunidad~ para reiterar-lhe meusprotestos de consideração e apreço.

Deputado Amaral Netto, Líder do PDS.

Do Sr. Deputado Luiz Inácio Lula da Silva, nos seguin.tes termos:Ofício n" 71189 Brasília (DF), em 4 de maio de 1989

Senhor PresidenteNos termos do art. 247 do Regimento Interno, comu­

nico a Vossa Excelência que estarei ausente do País,em viagem aos Estados Unidos. do dia l' a 7 de maiodo corrente.

Venho solicitar, nos termos do art. 244, lII, do mesmoRegimento, licença do exercício do mandato, sem direi­to ao recebimento dos subsídios, pelo prazo de 7 dias,a contar de l' de maio.

Aproveito a oportunidade para apresentar a VossaExeelência protestos de estima e elevada consideração.- Luiz Inácio Lula da Silva.

ProjetosPROJETO DE RESOLUÇÃO

N" 103, de 1989(Da Mesa)

Nega licença para a instauração de processo cri·minai contra o Deputado Carrel Benevides.

A Cãmara dos Deputados resolve:Art. l' 13 negada a licença, solicitada pelo Supremo

Tribunal Federal através do Ofício n' 1.145/R. de 14de março de 1989, para a instauração de processo crimi­nal contra o Deputado Carrel Ypiranga Benevides.

Art. 2' Esta resolução entra em vigor na data desua publicação.

Art. 3" Revogam-se as disposições em contrário.

Justificação

Através do Ofício n" 1. 145íR, datado de 14 de marçode 1989. O ilustre Ministro Francisco Rezek. do EgrégioSupremo Tribunal Federal. solicita à Câmara dos Depu­tados a neccssária licença-prévia. conforme o dispostono art. 53, § 1', da Constituição Federal, para que sepossa instaurar processo contra o nobre Deputado Car­rel Benevides.

A matéria encontra-se relacionada com o Inquériton' 387-5/AM, em curso naquele Excelso Pret6rio, se­gundo e6pia da Queixa Crime, que acompanha o Ofício.o querelado teria feito declarações difamat6rias, calu­niosas e injuriosas contra o Governador AmazoninoArmando Mendes.

A necessidade da prévia licença da Casa Legislativaé tema quc foi reintroduzido ua Carta Magna e repre­senta uma restauração das imunidades parlamentaresconforme a tradição do direito constitucional pátrio.Ensinam os doutos que não se trata de um privilégiopessoal mas de uma prerrogativa do próprio Poder.Tanto assim que, mesmo se O desejasse. não poderiao parlamentar acusado abrir mão de suas imunidadespara se defender na esfera judicial.

Maio de 1989

As imunidades parlamentares constituem princípioconstitucional de organização política e são indispen­sáveis ao exercício do mandato legislativo, à proteçãodo Poder Legislativo e ao funcionamento do governorepresentativo, no dizer de Raul Machado Horta (inRevista de Informação Legislativa, 1967, outubro a de­zembro de 1976. ano IV, n~ 15 e 16, p. 61).

Carlos Maximiliano prelecionou que "a imunidadcnão é privilégio compatível com o regime igualitárioem vigor, nem direito subjetivo ou pessoal; é prerro­gativa universalmente aceita por motivos de ordem su­perior, ligados intimamente às exigências primordiaisdo sistem" representativo c ao jogo normal das institui­ções nos governos constitucionais" (in Comentários àConstituição Brasileira, Freitas Bastos, Rio, 5' edição,vaI. 11, p. 45).

Adotamos, como fundameuto de decisão o argumen­to de Sampaio D6ria. ao comentar a Con~tituição dc1946:".... s6 a Nação os julgará no conceito em quesejam tidos, no apoio ou censura da opinião públicapela imprensa, pelo rádio, pela tribuna, na consagraçãoou repúdio, quando em novas eleições". (in Comen­tários à Constituição de 1946, Max Limonad, São Paulo.1960. vaI. 2'. p. 218). I

Diante do exposto, nossa manifestação é no sentidode ser negada a licença. nos termos do anexo projetode resolução.

Sala das Reuniões, 26 de abril de 1989. - Paes deAndrade, Presidente da Câmara dos Deputados - Ino·cêncio Oliveira, I' Vice-Presidente. Relator.

PARECER DA MESA

A Mesa, na reunião de hoje, presentes os SenhoresDeputados Paes de Andrade. Presidente, Inocêncio deOliveira, F Vice-Presidente (relator), Wilson Campos,2' Vice-Presidente, Luiz Henrique, l' Secretário, EdmeTavares, 2' Secretário, Carlos Cotta. 3' Secretário eRuberval Pilotto, 4' Secretário. aprovou o parecer dorelator, favorável ao projeto de resolução que "negalicença para a instauração de processo criminal contrao Deputado Carrel Benevides".

Sala das Reuniões, 26 de abril de 1989. - Paes deAndrade, Presidente da Câmara dos Deputados - Ino­cêm:io de Oliveira. l' Vice-Presidente, Relator.

OFÍCIO N" 150-RDE 14 DE MARÇO DE 1989

DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Ref.: Inquérito n' 387-5-AM (Queixa-Crime)Exm" SI.Deputado Paes de AndradePresidente da Câmara dos DeputadosNesta

Senhor Presidente,Reiterando os termos do Of. n' L289-R, de 15-12-88.

tenho a honra de solicitar a V. Ex' que informe sobrea necessária licença prévia pedida a essa Colenda Câma­ra através do Of. 1. 145-R, de 7-11-88, conforme dispos­to no art. 53, § l' da Constituição Federal, a fim deque se possa instaurar processo contra o Deputado Car­rel Ypiranga Benevides.

Aproveito a oportunidade para apresentar a V. Ex'protestos de elevado apreço. - Ministro Francisco Re·zek, Relator.

OFÍCIO N' 1.289-RDE 15 DE DEZEMBRO DE 1989

DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Ref.: Inquérito n" 387-5-AM (Queixa-Crime)Exm' Sr.Deputado Ulysses GuimarãesPresidente da Câmara dos DeputadosNesta

Senhor Presidente,Tenho a honra de solicitar a V. Ex' informaçõe'bS0bre

a necessária licença prévia pedida a essa Colcnda Câma­ra através do Of. n' 1.145-R. de 7-11-88. conforme dis·posto no art. 53. § l' da Constituição Federal. a fimde que se possa instaurar processo contra o DeputadoCarrel Ypiranga Benevides.

Aproveito a oportunidade para apresentar a V. Ex'protcstos de elevado apreço. Ministro Djaci Falcão, Re·lator.

Page 5: Diario Do Congresso - 5 Maio-1989  o  1.o.  Zoneamento do Acre

Maio de 1989

OFÍCIO N" 1.145-RDE 7 DE NOVEMBRO DE 1988

DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Ref.: Inquérito n' 387-5-AM (Queixa-Crime)Exm' Sr.Deputado Ulysses GuimarãesPresidente da Câmara dos DeputadosNesta

Senhor Presidente,A fim de que se possa instaurar processo contra o

Deputado Carrel Ypiranga Benevides, nos termos daqueixa-crime oferecida por Amazonino Armando Men­des, cuja cópia segue anexa, solicito de V. Ex' quese digne submeter a essa Colenda Câmara o pedidoda necessária licença prévia, conforme o disposto noart. 53, § 1" da Constituição Federal, em virtude daimunidade processual de que goza o referido parlamen­tar.

Aproveito a oportunidade para apresentar a V. Ex'protestos de elevado apreço. - Ministro Djaci Falcão,Relator.

QUEIXA·CRIME

ESTADO DO AMAZONAS

PROCURADORIA GERAL DO ESTADO

Excelcntíssimo Senhor Ministro Presidcnte do Colen­do Supremo Tribunal Federal

Amazoníno Armando Mendes, brasileiro, casado, Go­vernador do Estado do Amazonas, domiciliado e resi­dente na rua Belo Horizonte n' 315-A, em Manaus,representado na forma autorizada no art. 2', VI, daLei Estadual n' 1.639, de 30 dc dezembro de 1983,pelo Procurador-Geral d'o Estado, amparado nas dispo­sições dos arts. 32, capul, e § 4', e 119-1, alínea a,da Constituição Federal, combinados com o art. 40-1,letra c, da Lei n' 5.250, de 9 de fevereiro de 1967,em consonância com as normas regimentais desta Corte,vem oferecer queixa-crime contra o Deputado FcderalCllfrel Ypiranga Benevides, brasileiro, casado, domici­liado e residente na SQS 311, Bloco L apt' 202, emBrasília - Distrito Fedcral, pelos fatos c sob os funda­mentos expostos nesta postulação.

1. Em recente estada na Capital amazonense, o De­putado Carrel Bencvides investiu dolosamente contraa honra do querelante, com calúnias, difamações e injú­rias, fazendo veicular suas agressões através dos inclusosjornais, cujos exemplares estampam os textos ofensivos,a seguir destacados, para melhor exame e enquadra­mento legal:

a) O Povo do Amazonas, edição de 17 de abril de1988, página 5 do primeiro caderno, sob o título "Carrelrebate as acusações de Amazonino Mendes":

Carrel acrescentou que nem todo o dinheiro gas­to, efetivamente, nas propagandas para fazer a ima­gem de Amazonino como 'de um homem honesto'vai conseguir. Nem mesmo - enfatizou - 'usandodinheiro do contrabando do ouro', argumentandoquc o amazonense não é 'leso' a esse ponto, tendo- ainda - na lembrança, o 'velho Amazoninode sete anos atrás, com seus cheques sem fundo'.O constituintc lembrou a 'fama de comprar e nãopagar' do governador.

'Seus clientes viviam às voltas com a polícia',prosseguiu Carrel, salientando que seus cobradores(de Amazonino) não deixavam a sua porta, na AR­CA, 'Hoje - diz O deputado - o que intriga oamazonense é como Amazonino, com três anosna Prefeitura e um no governo do Estado, conse­guiu pagar todas as suas contas, recolher seus che­ques sem fundo c concluir o Ayapuá e gastar nasua campanha eleitoral de 86 US$ 80 milhões'.

'Os amazonenses - continua Carrel - não dc­vem mesmo entender como Amazonino conseguiu,com o dinheito da Prefeitura (com o dinheiro dopovo), não ter mais à sua porta os agiotas, gerentesde bancos, donos de cassinos, de botequins e con-

DIÁiuo DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

traba:ldistas'. O deputado garante que ele, junta­ment~: com outros vereadores, na época em queAmamnino cra prefeito de Manaus, testemunhoua pre!.ença de contrabandistas e vendedores de uis­que TIO seu gabinete. Agora - enfatiza - 'temconta na Suíça c quilos de ouro.'

Na verdade, conclui o parlamentar, 'o grandeproblema do governador Amazonino Mendes éagredir quem não deixou suas impressões digitaisnos cofres da Prefeitura, ao lado das suas' .

Segundo o parlamentar, ele respondeu pela ad­ministração da Prefeitura no mesmo tempo queAma:!Onino e ainda tinha de ser vereador.

- Só que - frisou Carrel- "nunca recebi di­nheiro das empresas de ônibus, da Andrade Gutier­rez OI, da Comissão de Asfalto, e ele (Amazonino)ainda teve a cara de pau de dizer que asfaltou611 ruas."

b) Diário do Amazonas, de 17·4-88, primeiro cader­no, na primeira página, com a manchete:

"CARREL ACUSA AMAZONINO""O deputado federal Carrel Benevides faz uma

amostra das falcatruas do governador AmazoninoMendes."

Ainda no primeiro caderno, na terceira página:".A,MAZONINO FICA RICO COM DINHEI­

RO DOS AMAZONENSES"

Sob este título, foram repetidas as mesmas agressõesao querelante, inflingidas pelo ofensor, através do jor­nal O Pm'o do Amazonas, anteriormente transcritas.

c) Diário do Amazonas, de 20-4-88, primeiro cader­no, primdra página:

"AMAZONINO É MALUCO"

O deputado disse ainda que soube que o pedidode intervenção será feito hoje, no entanto, nãoteme tal iniciativa de um governador maluco. Car­rel ainda faz questão de criticar a conduta do gover­nadc'r quando saiu candidato em 86, empenhandoa própria vida em busca do poder e as tramas comempiresas construtoras que receberam dinheiro doEstado e não realizaram obras conforme acertoscelebrados. Carrel vai continuar sua campanhacontra os atos imorais de Amazonino."

E, na terceira página, do mesmo caderno:

"fI.MAZONINO SE EXPÕE AGORA AO RI­DÍCULO, DIZ CARREL"

"O Amazonino está arranjando coragem paraconsumar o seu maior ato de covardia e insanidade:intelvir na Prefeitura Municipal de Manaus

O qeputado pelo PTB revela ainda que o gover­nador Amazonino Mendes para arrumar sua indi­cação para prefeito se submeteu a toda sorte dehumilhação da Câmara Municipal de Manaus. 'Pa­ra se· manter no poder se agachou diante da Assem­bléia Legislativa. Rastejou como venne em buscade apoio. Negociou e vcndeu até sua honra parasair candidato a governador do estado'.

-. Como candidato cometeu toda espécie de in­dignidadc para ser governador .,. Já denuncieio contrato da Construtora Solar com a Sesau, aempresa que tem como testa-de-ferro o filho dovice-governador que hoje se queixa aos quatro can­tos da cidade que é candidato a prefeito. E o pior:a empresa recebeu o dinheiro e não entregou asobras ... O prefeito do Careiro é da escola e dalaia do Amazonino ... Cadê a intervenção? Passariao d: a e vou passar três anos citando exemplos.O Amazonino quer mesmo é aparecer nacional­mente de alguma forma, ainda que seja como tiranoe cretino. Por hoje é s6. Amanhã tem mais."

2. O querelado, sem dúvida alguma, imputou falsa­mente ao ofendido a prática dos seguintes crimes:

a) este:lionato (Código Penal, art. l?l, § 2', incisoVI), ao acusá-lo da emissão de cheques sem fundos;

b) pec:ulato (Código Penal, art. 312), ao aludir queO ofendi,jo pagou suas contas com dinheiro do Estado

Sexta-feira 5 3163

e do Município e que deixou suas impressões digitaisnos cofres da Prefeitura;

c) corrupção passiva (Código Penal, art. 317) ao afir­mar que o querelante teria recebido dinheiro de empre­sas de Ônibus e de construtoras que inclusive não entre­gavam as obras,

Essas imputações falsas, da prática de delitos, consti­tuem o crime de calúnia cometido pelo querelado, atra­vés dos veículos de infonnação anexos a esta peça cominfringência ao art. 20, da Lei n' 5.250, de 9 de fevereirode 1967. As demais agressões constantes dos trechosanalisados, configuram os crimes de difamação e injú­ria, previstos nos artigos 21 e 22 da lei mencionada,eis que ofendem a dignidade ou o decoro e a reputaçãodo querelante, devendo-se assinalar que todos essescrimes foram cometidos com o agravamento de quetrata o art. 23, inciso III, da norma sob exame.

O dolo, a intenção de denegrir a honra do querelanteé inegável, não podendo o ofensor valer-se da conhecidadesculpa de que tudo não passara de excessos de orató­ria, no calor de um debate, ou de uma campanha, por­que isso não está ocorrendo. Na verdade, houve a ofen­sa e a detenninação de ofender que não se mede apenasno fato de ter sido veiculada através de jornal comcirculação por todo..o Estado, mas também porque foirepisada - em vários jornais e em dias diferentes confir­mando o animus do ofensor.

Por outro lado, a prova, consistente nos órgãos noti­ciosos, é suficiente, em quantidade e qualidade, à cons­tatação e classificação dos delitos praticados, de modoa orientar o julgamento do ofensor.

Comprovados, assim, os crimes de calúnia, difamaçãoe injúria, irrogados contra o querelante, vai formuladaa presente queixa para que seja processado o DeputadoCarrel Ypiranga Benevides, na forma prevista em lei.

Nestes tennos,Pede deferimento.Brasília, 29 de abril de 1988. - Vicenle de Mendonça

Júnior, Procurador Geral do Estado.

PROJETO DE LEIN~ 2.228, de 1989(Do Sr. Elias Murad)

Dispõe sobre restrições ao uso do tabaco em recin­tos fechados e limita a sua propaganda.

(Anexe-se ao Projeto de Lei n' 875, de 1988.)

O Congresso Nacional decreta:Art. I" O uso do tabaco (cigarros, cigarrilhas, cha­

rutos, cachimbos) é proibido em recintos fechados, comescassa ventilação externa ou com sistema de ar condi­cionado.

§ l' Tais recintos incluem principalmente os eleva­dores, as salas de reuniões e de recepção coletiva deórgãos oficiais públicos e privados, instituições da áreada saúde, como hospitais e similares, instituições educa-­cionais, salas de aula, bibliotecas e auditórios, cinemase teatros.

§ 2' Fica também proibido o uso de tabaco em veí­culos coletivos, como ônibus municipais, intermunici­pais e estaduais, trens e metrôs.

§ 3' Nas aeronaves em vôos inferiores a 2 (duas)horas fica proibido fumar. Naqueles superiores a 2 ho­ras, 50 por cento dos assentos anteriores (á frente) serãodestinados aos não fumantes e o restante aos fumantes.

Art. 2' Nos locais de trabalho de fábricas e empre­sas e nos seus refeitórios fica também proibido fumar.

Art. 3' A propaganda dos produtos à basc de taba­co em veículos de comunicação social (rádio, televisão)é p~rmitida apenas após as 22 horas, sendo proibidaa partir das 6 horas da manhã.

§ l' Tais propagandas devem ser sempre acompa­nhadas de advertências, "Fumar faz mal à saúde", emcaracteres nítidos e por tempo suficiente para a leitura.

§ 2' Nas rádios, logo após a propaganda, o locutordeve ler, ao microfone, csta mesma advertência.

§ 3'. A advertência deve ser escrita também em ca­racteres nítidos em todos os maços de cigarros e demaisobjetos que contenham tabaco e poderá ser modificadaa cada ano, de acordo com as autoridades da área desaúde.

§ 4' Tais advertências devem também constar dequalquer outro tipo de propaganda como "out-doors",painéis. cartazes etc, '

Page 6: Diario Do Congresso - 5 Maio-1989  o  1.o.  Zoneamento do Acre

3164 Sexta-feira 5

§ 5' As empresas e instituições ou qualquer ôrgãointeress~do, po~em estabelecer "fumatórios" especiais,em locaIs previamente determinados. Tais fumalEóriosdevem ter boa ventilação e sistema adequado de <'Xaus­tores.

Art. 4' Es1;a lei entrará em vigor na data d,~ suapublicação, revogadas as disposições em contrário.

Justificação

Você sabia:1-Que a Comunidade Européia (Portugal, Espa­

nha, Itália, França, Inglaterra, Alemanha Ocidentaletc.) resolveu abrir guerra ao tabagismo através de umacampanha de mobilização popular?

2 - Que o Instituto Nacional do Câncer dos EstadosUnidos está convocando os norte-americanos a transfor­marem o país em uma nação livre do cigarro :lté oano 2000?

3-Que a OMS (Organização Mundial da Saúde)considera o tabagismo como a maior causa de morteevitável em todo o mundo?

4 - Que na Espanha a lei prevê uma multa corres­pondente a 100 dólares para quem fuma em ambi(mtesfechados?

5 - Que nas Filipinas os que fUl1fam em locais proibi­dos podem sofrer pena de prisão'de at6 6 (seis) diasc pagar 10 dólares de multa?

6 - Que na Argentina as propagandas de cigarrosdivulgadas na TV são seguidas d~ uma contra-propa­ganda mostrando uma chapa radiográfica dos pulmõessendo furada por um cigarro aceso'!

7 - Que na França a Companhia Aérea Estatal' AirFrance estabeleceu vários vôos onde é proibido fumara bordo durante todo o percurso?

E nós?1-Cinqüenta e seis projetos de lei proibindo ou

restringindo o uso do tabaco e sua propaganda, apresen­tados à Câmara dos Deputados ou ao Senado Federalde 1979 a 1986, nenhum deles - absolutamente nenhum- passou' das comissões ou foi submetido a votos noplenário.

2 - Um projeto de resolução que apresentamos àMesa da Assembléia Nacional Constituinte restringindoo uso do tabaco no plenário, não foi submetido à vota­ção, apesar do parecer favorável do relator.

3 - Um projeto de lei proibindo o uso do tabaconas aeronaves nos vôos inferiores a duas horas de dura­ção e restringindo-o às últimas poltronas naqueles ,~om

mais de duas horas foi arquivado.4-Um dos membros da Mesa Diretora da Câmara

Federal tem comparecido a poucas sessões por riíco­méndação médica, tendo em vista uma irritação ocularprovada, provavelmente pela poluição do plenário pelotabaco. Apesar disso, nenhuma medida restritiva foitomada pela Mesa, permitindo que continue a existiresse verdadeiro "caldo de cultura" de poluição tabágica.

Tendo em vista tudo isso, e a necessidade de regula­mentar o § 4' do art. 220 da nova Constituição brasileira,estamos apresentando este projeto de lei à Câmara dosDeputados esperando o apoio da maioria dos parlamen­tare~ pois ele tem, como principal objetivo, prot,:gera saude de todos nós.

Sala das Sessões, 4 de maio de 1989. - Elias MUl'3d.

LEGISLAÇÃO CITADA, ANEXADAPELA COORDENAÇÃO DASCOMISSÕES PERMANENTES

• CONSTITUIÇÃOREPUBLICA FEDERATIVA DO BRAS[L

1988

........, 'ifTüio·viii" .. ··· .. · ·· ..Da Ordem Social

.........................·cúíTüiCiv · .Da Comunicação Social

Art. 220. A manifestação do pensamento, a cria­ção, a expressão e a informação, sob qualquer forma,processo ou veículo não sofrerão qualquer restriç.io,observado o disposto nesta Constituição........................

§ 4" A propag~~ti~·c~~~;~;~i ..ci~·i~b~~~; b~bicl'~~alc06licas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção 1)

sujeita a restrições legais, nos termos do inciso II doparágrafo anterior, e conter:1, sempre que necess:1rio.advertência sobre çs malefícios decorrentes de seu uso.

PROJETO DE LEIN9 2.229, DE 1989(Do Sr. Raul Ferraz)

Acrescenta parágrafo ao art. 18 da Lei n' 4.717,de 29 de junho de 1965, que "regnla a ação popu.lar".

(Á Comissão de Constituição c Justiça e Reda­ção.)

O Congresso Nacional decreta:Art. 1" O art. 18 da Lei n' 4.717, de 29 de junho

de 1965, passa a viger <(crescido do seguinte parágrafo:

"Art. 18 ..Parágrafo único. Anulado o ato, restituir-se-ão

as partes ao estado em que antes se encontravam,ou, não sendo possível restituí-las, serão indeni­zadas com o equivalente."

Art. 2' Esta lei entra em vigor na data de sua publi­cação.

Art. 3' Revogam-se as disposições em contrário.

Justificação

induvidosa é a necessidade deste acréscimo ao art.18 da Lei n" 4.717, haja vista que a aplicação do art.158 do Código Civil trata, sobretudo, do relacionamen­to dos negócios na esfera da atividade privada e sóexcepcionalmente, ou por analogia a esfera dos negó­cios públicos.A~sim, algumas hipóteses de anulação de atos ilegais

e leSIVOS, para o restabelecimento da situação anterior,teriam que socorrer-se da analogia, o que seria desne­cessário, na medida da aprovação da presente propostaque, na verdade, transcreve para a área administrativa,portanto do Direito Público, a regra vigente na LeiCivil, s6 trazendo benefícios para o fiel cumprimentodos objetivos da Lei n' 4.717, que é o melhor instru­mento moralizador da nossa legislação.

Para exemplificarmos a importância do dispositivoque pretendemos acrescentar ao art. 18 da Lei n" 4.717,de 1965, imaginemos as seguintes situações:

1') Alguém constrói, de boa ou ma-fé, um im6velnuma praça pública. Nesse caso, pode o dono da cons­trução ser objeto de ação popular, por danos à coisapública. Mas, não contendo a lei que regula a açãopopular a regra que pretendemos acrescer-lhe, a praçaficará simplesmente destruída ou o imóvel inacabado.O Estado, nesse caso, terá de gastar verbas públicaspara recuperar um bem que pertence ao povo e quefoi danificado por alguém que pretendeu dar-lhe usoprivativo.

2') O titular de uma função pública se aposenta e,para substituí-lo, eventualmente, foi designado seu au­xiliar. Outra pessoa é nomeada definitivamente parao cargo, voltando o auxiliar para sua primitiva função.Se, algum tempo depois, a pessoa nomeada definitiva­mente tiver sua nomeação anulada. por ter sido feitacom vício insanável, o lugar do titular ficará vago, semter quem responda por ele, mesmo provisoriamente.

Só com esses exemplos, conscientizamo-nos da im­portância do projeto que ora oferecemos à tramitaçãono Congresso Nacional.

Pelas razões expostas, estamos certos do integralapoio dos senhores Congressistas à nossa iniciativa.

Sala das Sessões, 4 de maio. de 1989. - DeputadoRaul Ferraz.

LEGL5LAÇÂO CITADA, ANEXADAPELA COORDENAÇÃO DASCOMISSÕES PERMANENTES

LEI N' 4.717, DE 29 DE JUNHO DE 1965

Regula a Ação Popular.

Da Ação Popular

Art. 18. A sentença terá eficácia de coisa julgadaoponível erga omnes, exceto no caso de haver sido a

Maio de 1989

ação julgada improcedente por deficiência de prova;neste caso, qualquer cidadão podlOrá intentar outra açãocom idêntico fundamento valendo-se de nova prova.

PROJETO DE LEIN' 2,230, de 1989(Do Sr. Raul Ferraz)

Altera o regime jurídico da relação de trabalhoe remuneração a que se submetem os agentes doFundo de Assistência ao Trabalhador Rural- Fun·rural.

(As Comissões de Constituição e Justiça e Reda­ção; de Serviço Público; e de Finanças.)

O Congresso Nacional decreta:Art. l' Fica autorizado o Ministério da Previdência

e Assistência Social a contratar. pelo regime da CLT.os representantes do Funrural que se encontram emefetivo exercício no respectivo cargo, bem como aquelesque vierem a ser contratados.

Art. 2' O Poder Executivo regulamentará esta leino prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da data desua publicação.

A_rt. 3' Esta lei entra em vigor na data de sua publi­caça0.

Art. 4' Revogam-se as disposições em contrário.

Justificação

Institucionalizado em 1967, através do Decreto-Lein' 276, o Funrural trouxe inegáveis benefícios ao traba­lhador rural com a concessão de aposentadorias e aprestação de serviços médico-odontológicos, incorpo­rando ao sistema previdenciário do País milhares depessoas até então marginalizadas. E isto foi possível,em grande parte, devido à figura dos representanteslocais, executores do programa a nível municipal, que.cm que pese às limitações ainda existentes fizeram dessesistema uma das maiores conquistas sociais do povobrasileiro.

É justo, portanto, creditar aos representantes partedo mérito pela consolidação do Funrural no País. Entre­.tanto, esses representantes continuam a exercer suasatividades em situação precária e, devido ao regimede trabalho, mediante contrato de serviço, não recebemos direitos trabalhistas mais elementares, tais como fé­rias e 13' salário.

Além de arcarem com o ônus de manutenção dasinstalações, exercerem sua atividade por mais de oitohoras por dia e receberem salários irrisórios, estão sujei­tos a critérios políticos para credenciamento ou exone­ração.

Esse quadro corrobora a ocorrência de fraudes, crian­do dificuldades na prestação de serviços aos benefi­ciários, o que aliado à vulnerabilidade do cargo, permi­tindo a remoção dos agentes por razões arbitrárias, mui­tas vezes de caráter político, contribui para a deterio­rização dos serviços prestados à "omunidade. Assim,a alternância do poder pode levar a sucessivas trocasde a~entes, que muitas vezes demonstram competência,probIdade e qualificação profissional, mas também pro­piciando o surgimento de agentes corruptos ou inefi­cientes, protegidos na região.

Em face do abandono e insegurança em que vivea categoria, e no intuito de resolver, ao menos parcial­mente, a situação aflitiva em que se encontram essesdedicados servidores, propomos que os contratos detrabalho dos agentes do Funrural, tanto os que se encon­tram em efetivo exercício no cargo como os que vierema ser contratados passem a ser regidos pelo regime jurí­dico da CLT.

Ademais, a alteração do regime jurídico que deseja­mos ver implementada, não acarretará aumento de des­pesa pois a remuneração desses agentes já é feita atravésde dotação orçamentária, razão pela qual deixamos demencionar a fonte pagadora.

Contamos com o apoio dos nobres Pares para aprova­ção deste projeto de lei.

Sala das Sessões, 4 de maio de 1989. - Raul Ferraz.

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..Maio de 1989

PROJETO DE LEINº 2.247, DE 1989

(Do Sr. Geraldo Campos)

Dispõe sobre a fixação de piso salarial para asdiversas categorias proIlSsionais e dá outras provi­dências.

(Anexe-se ao Projeto de Lei n' 952. de 1988.)

O Congresso Nacional decreta:Art. l' A convenção ou o acordo coletivo de traba­

lho poderão estabelecer piso salarial aplicável, confor­me o caso, à categoria profissional ou à empresa e quelevará em conta a natureza e a complexidade de ativi­dade correspondente.

§ l' Nos processos de dissídio coletivo, o Tribunaldo Trabalho competente poderá homologar acordo dis­pondo, na forma deste artigo, sobre níveis salariais míni­mos.

§ 2' O piso salarial expresso em quantitativo fixoterá preservado seu poder aquisitivo, corrigido mensal­mente o seu valor pelo índice oficial de inflação.

Art. 2' Nenhum empregado poderá perceber, noâmbito de incidência do respectivo instrumento e duran­te sua vigência. salário inferior ao fixado na forma doartigo anterior.

Art. 3' Os Tribunais Regionais do Trabalho comu­nicarão às correspondentes Delegacias do Ministériodo Trabalho, para efeito de registro, as decisões quehomologarem acordos fixando níveis mínimos de salá­rio.. Parágrafo único. Em qualquer circunstância não sedará efeito suspensivo aos recursos interpostos em pro­cessos de dissídio coletivo.

Art. 4' Constitui obrigação dos Sindicatos de Em­pregadores e de Trabalhadores, em relação às respec­tivas categorias econômicas ou profissionais, divulgaros níveis salariais mínimos ajustados ou decorrentesde fixação judicial na forma do art. l'

Art. 5' A presente lei entrará em vigor na data desua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Justificação

A presente proposta busca estabelecer a fixação depiso salarial para diversas categorias profissionais e pre­vê outras providências.

A realidade brasileira exige atenção espccial aos tra­balhadores quanto ao piso salarial, em face das dife­renças regionais, fragilidade sindical e incipiente sensoorganizacional de setores obreiros.

A proposta em tela, apresentada por diversos parla­mentares, pretende apoio dos demais pares.

Sala das Sessões, 4 de maio de 1989.São os autores deste Projeto de Lei os parlamentares

que debaixo subscrevem. - Geraldo Campos - JorgeHage - Vilson Souza - Célio de Castro - VicenteBogo - Anna Maria Rattes - Cristina Tavares - Nel­ton Friedrich - Edmundo Galdino.

PROJETO DE LEIN" 2.248, DE 1989

(Da Sr' Anna Maria Rattes)

Dispõe sobre a reposição automática do valor realdos salários, estabelece medidas de proteção aossalários, e dá outras providências.

(Anexe-se ao Projeto de Lei n' 1.596, de 1989.)

O Congresso Nacional decreta:Art. l' Fica asscgurado a todo trabalhador o direito

de automática e integral reposição do valor real de seusalário, corrigido o seu valor mensalmente de acordocom o índice oficial de inflação.

Parágrafo único. A reposição do valor real do salá­rio será determinada pelo índice oficial da variação dovalor da moeda.

Art. 2' A negociação coletiva é ampla, não estandosujeito a qualquer limitação que se refira a aumentodc salário a ser objeto de livre convenção ou acordocoletivo.

Art. 3' A partir do ano subseqüente ·ao da publi­cação desta lei, as datas-base ficarão restritas aos mesesde janeiro, maio e setembro, devendo todas as catego-

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

rias profissionais ficar distribuídas eqüitativamente nes­ses meses.

§ l' Al; categorias profissionais integrarão as nuvasdatas-base pelo critério de proximidade dos meses-re­ferência dos com as datas-base que lhes serviam dereferencial. Sendo eqüidistantes prevalece a proximi­dade com a data-base anterior.

§ 2' A:; categorias profissionais que tiverem suasdatas-base alteradas farão jus a reposição salarial. nasnovas datan-base, pelo critério estabelecido no art. 1'.

§ 3' O Ministério do Trabalho servirá de mediadorna organização das novas datas-base.

§ 4' Era qualquer circunstáncia não se dará efeitosuspensivo aos recursos interpostos em processos dedissídio coletivo.

Justificação

. O presercte projeto de lei consubstancia providênciaspara o estal)elecimento de regras que visam a dois obje­tivos: atualização do poder de compra dos salários antesque estes l.ejam violentamente erodidos pelo processoinflacionáriO e dar aos trabalhadores instrumentos capa­zes de fort:ilecer suas posições nas negociações e acor­dos coletivos.

O proje10 cuida de garantir recomposição das perdasde poder aquisitivo dos salários sempre que a variaçãoda taxa de inflação atingir 10%, contados a partir docontrato de trabalho ou da última revisão de salário.de modo que a remuneração do trabalhador não venhaa expcrimecntar perdas substanciais eomo ocorre hoje.

A redação do art. l' enseja direito líquido e certoque pode ler reclamado coletiva ou individualmente.

A providência em causa aponta no sentido da melhorrepartição funcional da renda além de contribuir paraa ampliação do mercado consumidor interno, cujas con­seqüência!: imediatas são o aumento do volume dosinvestimentos, do nível de emprego e da renda. Emsíntese, .tais medidas apontam no sentido de melhornível de bem-estar social do trabalhador brasileiro.

Até o presente, a legislação referente a política sala­rial tem trazido embutidos mecanismos que inibem rei­vindicaçõe.s como reposição das perdas salariais preté­ritas, impe,ndo aos trabalhadores todo o ônus dos dese­quilíbrios do nível de preços relativos. Já está mais quecomprovado de que os reajustes salariais não consti­tuem causa primária da inflação, até porque os reajustessão sempre reivindicados em função de perdas havidasdo poder aquisitivo.

A unifi<:ação de datas-base previsto no projeto cons­titui forma de fortalecimento de categorias profissionaissem grande poder de mobilização. No momento emque estas categorias se juntarem a outras para negociarcom patrées pauta comum de reivindicações, seu poderde barganila resulta enormemente fortalecido e as possi­bilidades de sucesso nos seus pleitos ficam de muitoampliadas. Nesse contexto, insere-se o contrato c~letivo

de trabalho. Trata-se, realmente, de poderoso mstru­menta de negociação dos trabalhadores, pois previneeventuais arbitrariedades contra os individuos isolada­mentc. Despedir-se um grupo de empregados, por me­nor que seja o grau de qualificação exigida para o de­sempenho de suas tarefas. produz solução de continui­dade no processo produtivo, cujo ônus nenhum empre­sário deseja assumir.

O projl:to contempla aind\l medidas de proteção aossalários, "tendendo, aliás, às disposições constitucionaisdo art. 7' .. inciso X.

Como c:ontraprestação dos serviços prestados ao em­pregador. os salários têm, para o empregado, caráteralimentar, não devendo, por isso, sofrer qualquer espé­cie de constrangimento para sua disposição. E, portan­to, dever do Estado protegê-lo, oferecendo inclusivea seu titular a possibilidade de recurso à justiça paragarantir ~eu recebimento.

O projeto tipifica como crime contra a economia po­pular, de' xar o empregador de pagar o empregado atéa data estipulada. sujeitando-se o empregador impon­tual ao pagamento de acréscimos correspondentcs a1/30 da r(spectiva remuneração mensal por dia de atra­so, além de correção monetária e de pena privativade liberdade.

A açãc da justiça do trabalho é regulada em lei especí­fica. Por isso, o projeto, com o propósito de estimularo princípio da livre negociação, limita-se a dispor em

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que circunstâncias é permitida sua interferência nos lití­gios de natureza trabalhista.

Aos servidores públicos assegura-se o mesmo direitodos empregados da iniciativa privada, no que se refereà atualização do valor monetário dos salários previstano art. 1', bem assim às reposições de perdas havidasanteriormente à vigência desta lei. Isso porque os au­mentos reais de salários dependem de disponibilidadede caixa do Tesouro Nacional. Por outro lado, existea limitação constitucional para as despesas com pessoal,que não poderão ser superiores a 65% das receitas cor­rentes.

Já os empregados da administração descentralizadasão constitucionalmente equiparados aos das empresasprivadas. Daí a aplicação a estes do inteiro teor dalei editanda.

São estas razões que nos moveram a apresentar opresente projeto de lei, a que rogamos a indispensávelatenção dos ilustres Pares no sentido de seu aperfeiçoa­mento e transformação em norma jurídica, dado o ele-vado alcance social que encerra. .

Sala das Sessões, 4 de maio de 1989.São os autores deste Projeto de Lei os Parlamentares

que abaixo subscrevem. - Anna Maria Rattes - Ge­raldo Campos - .Jorge Hage - Vilson Souza - Céliode Castro - Vicente Bogo - Rose de Freitas - CristinaTavares - Nelton Friedrich - Edmundo Galdino ­Sigmaringa Seixas - Beth Azize - Carlos Moscone- Francisco Küster - Octávio Elísio - Paulo Silva.

LEGISLAÇÁO CITADA, ANEXADAPELA COORDENAÇÁO DASCOMISSÓES PERMANENTES

CONSTITUIÇÃOREPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

1988

············ ..·.. ········· .. :r1TüiCJIi .. ····· .. ······ .. ·· .. ·.. ·..·Dos Direitos e Garantias Fundámentais

Dos Direitos Sociais..........................CAPiTüio 'ii" .

Art. 7' São direitos dos trabalhadores urbanos erurais, além de outros que visem à melhoria de suaccmdição social;

x - proteção do salário na forma da lei, constituindocrime sua retenção dolosa;

O SR. PRESIDENTE (Carlos Cotta) - Está findaa leitura do Expediente.

Finda a leitura do Expediente, passa-se ao

IV - PEQUENO EXPEDIENTETem a palavra o Sr. Nilson Gibson.

O SR. NILSON GIBSON (PMDB - PE. Pronunciao seguinte discurso.) -Sr. Presidente, Sr' e Srs. Depu­tados, registro com a maior satisfação o início das ativi­dades do Tribunal Regional Federal da 5' Região, sedia­do na cidadc do Recife, em Pernambuco, assim coroan­do de pleno êxito o nosso trabalho desenvolvido durantea Assembléia Nacional Constituinte, bem assim quandoda votação do Orçamento da União, em que servi comoRelator do Poder Judiciário, e facilitando todo o traba­lho para a .obtenção de recursos a fim de executartodo o planejamento preparado pelo Ministro EvandroGueiros Leite, como Presidente do Tribunal Federalde Recursos.

Registro, Sr. Presidente. Sr"' e Srs. Deputados, aeleição do Minisitro Ridalvo Costa, da Paraíba, porunanimidade à Presidência do Tribunal Regional Fede­ral, em eleição que também definiu o Vice-Presidentee Corregedor de Justiça, Juiz Arakem Mariz, do RioGrande do Norte. e determinou a composição das duasTurmas de Julgamento, cada uma com quatro magis-trados. .

Apesar de suas instalações precárias, o Palácio FreiCaneca, que foi cedido pelo governador Miguel Arraes,o Tribunal já está atuando plenamente. A mesma sensão

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que elegeu a Diretoria e aprovou o Regimento Internoefetuou também os primeiros julgamentos - seis ha­beas corpus - e indicou os representantes do TribunalRegional Federal junto ao Tribunal Regional Eleitoral,os Juízes Francisco Falcão (efetivo) c Nereu Santos(suplente) para o biênio 89/91.

Os Tribunais Regionais Federais - resultantes deemenda de nossa autoria quando dos trabalhos dia As­sembléia Nacional Constituinte - entidades de instân­cia superior (2' grau), foram criados para julgar princi­palmente os rccursos das decisões proferidas pelos Juí­zes Federais das Regiões em que atuam, recursos queantes eram encaminhados ao extinto Tribunal Federalde Recursos, aqui em Brasília, hoje denominado Supe­rior Tribunal de Justiça. Os TFR gozam de inteira auto­nomia administrativa, de acordo com a lei que os eriou.Suas decisões judiciais podem, no entanto, ser objetode recursos ao Superior Tribunal de Justiça, criado ap6sa extinção do Tribunal Federal de Recursos. Do 8!ntigoTribunal Federal de Recursos deverão chegar ao TRFda 5' Região mais de seis mil processos e outros mildeverão vir dos Estados de Alagoas, Scrgipc, Rio Gran­de do Norte, Ceará, Paraíba, além de Pernambuco.Estes cerca de sete mil recursos serão distribuídos entreoito juízes, já que o Presidente não recebe processose o Vice-Presidente só recebe os da competência dopleno. Assim, a expectativa é de que cada Juiz d~verá

receber cerca de novece'>tos processos. Apesar disso,o Presidente Ridalvo Costa acredita que o julgamentodos recursos será agilizado, obtendo os recorrentes· umadccisão em tempo menor do que era gasto pelo antigoTribunal Federal de Recursos, onde um processo demo­rava, em média, quatro anos ou mais sem julgaml~nto.

A distribuição desses recursos aos Tribunais Regionaiscom certeza vai melhorar a prestação do serviço jurisdi­cionaL

Registro, Sr. Prcsidente SI" e Srs. Deputados, queo Juiz Federal Petrúcio Ferreira, com assento no Tribu­nal Regional Federal - 5' Região, que tem obtido emtodo o país o reconhecimento de ser o Magistrado quemaior número de processos vem apreciando, inclusivequase sem reforma alguma pela instância superior, con­tinuará a repetir o mesmo desenvolvimento no seu. tra­balho, que muito honra o Judiciário.

Sr. Presidente Sr" e Srs. Deputados, peticiono à Mesaque autorize a transcrição do discurso proferido peloJuiz Federal Dr. José Augusto Delgado, do Estado doRio Grande do Norte, por ocasião da Instalação doTribunal Regional Federal - 5' Região, sediado emRecife, Estado de Pernambuco ao tomar posse comomagistrado da referida Corte falando em nome de todosos empossados, no dia 30 de março do corrente ano:

"Saúdo-o com a homenagem maior da Cortc; pe­lo reconhecimento dO' trabalho desenvolvido porVossa Excelência, ao semear a boa semente naPresidência do Egrégio Tribunal Federal de Recur­sos, em benefício da Justiça hrasileira, espedal­mente por, sem se quedar ante os obstáculos, cum­prir o estabelecido na Constituição Federal, iI!sta­lando no prazo determinado esta Casa da Lei.

Excelentíssimo Senhor Governador Miguel Ar­raes, cultivador de ideais, realizador de sonhos erepresentante, em potencial, da saga do caboclonordestino; Excelentíssimo Senhor Ministro Pedroda Rocha Acioli, Juiz Maior dos atos dos homenspor vocação formada pelo hibridismo místico exis­tente no povo alagoano, onde a bondade, a cora­gem e a amizade formam o triângulo representativoda dignidade do julgador culto e do amor à terra,valores constantes de sua vida profissional; Exce­lentíssimo Senhor Ministro Geraldo Sobral, sergi­pano continuador do milagre da amizade, incenti­vador do bom combate, dignificador da funçãc, dejulgar e pregador da celeridade da prestação juris­dicional como instrumento da solidificação da 'Pazentre os homens; Excelentíssimo Senhor Mini5:troDjacir Falcão, representante da dignidade maiorda Justiça e símbolo, neste instante, das emoç·5esdos nossos pais, por ser pai de um dos nossos Juízes;amigos e familiares presentes, testemunhas maio­res do compromisso que acabamos de assumir; Ex­celentíssimos Senhores Senadores da República;Excelentíssimos Senhores Deputados Federais;Excelentíssim.o Senhor Deputado Federal Antônio

DIÁRIO DO CONORESSO NACIONAL (Seção I)

Câmara, do Rio Grande do Norte; ExcelentíssimoSenhor Desembargador Hélio Fernandes, do Tri­bunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Nor­te, Excelentíssimo Senhores Desembargadores dosTribunais de Justiça dos Estados de Pernambucoc Paraíba e Excelentíssimos Senhores Desembar­gadores Presidentes dos Tribunais Regionais Elei­torais; Excelentíssimos Senhores Juízes Presiden­tes dos Egrégios Tribunais Regionais do Trabalhosediados nos Estados de Pernambuco e Paraíba;demais autoridades presentes que, em face do gran­de número, torna-se impossível mencioná-las, asquais homenageio, com breve saudação;

Meus senbores e minhas senhoras, o momentovivido agora é marcado pelo fenômeno existenteno ato de nascer, de começar, de dar vida a umainstituição, envolvido com a convocação do homempara o seu realizar. Conseqüentemente, é chamadapara auxílio toda a razáo do ser humano que seintegra a fases de reflexões envoltas com entidadescomplexas situadas no círculo do mundo jurídico.E, por tal alcançar o plano dos acontecimentoshist6ricos, verifica-se que s6 a atividade conscienteé fecunda e quem a desempenha jamais compreen­derá o seu significado, pelo mistério existente naaçáo de crer e fazer.

A instalação deste Tribunal Regional Federale a posse dos seus Juízes refletem, necessariamen­te, as exigências de uma sociedade impulsionadapor mudanças c sequiosa de uma prestação jurisdi­cional rápida, impávida e serena. São atos que re­tratam, também, as características básicas de umPaís que se apega ao direito escrito, somente alterá­vel, no seu fundo, pelo legisladorinstituído, porém,que necessita, pelas suas conotações e diferençasregionais, vê-lo submetido ao juízo interpretativodos Tribunais que assumem o nobre dever de guar­da impertérrita da Constituição e das leis.

Consolida-se, hoje, neste momento, uma reivin­dicação dos jurisdicionados que submetem as suaslides ao julgamento da Justiça Federal, desceutrali­zando-se o poder judicante de segundo grau emprol da aceleração e facilidade da consumação daatividade jurisdicional. Ao mesmo tempo, se iniciauma longa e árdua caminhada para a sedimentaçãode tais conquistas sem paralelo na hist6ria do Judi­ciário brasileiro, o que provoca profundas medita­ções e um cúmulo de responsabilidades para osque assumem a obrigação, o dever de fazer comque este Tribunal Regional Federal desempenhea missão constitucional que lhe foi confiada.

Meus senhores, minhas senhoras, autoridadespresentes, o Direito não deve ser um mero esquemade organização social, conforme defendeu Kelsen.Ele deve atingir os anseios dos homens que estãotutelados por seus princípios, disciplinando o agirhumano no âmbito da sociedade e resolvendo asquestões conflitantes que envolvem problemas le­gais.

Por tal razão, os italianos, sob o comando deCarnelutti, proclamam que não é no legislador,mas no juiz que se concentra, verdadeiramente,a figura central do Direito, E concluem: tanto queum ordenamento jurídico pode existir sem regrasjurídicas, porém, nunca sem o juiz. É evidenteque daí não se conclua em uma interpretação il6gi­ca e apressada a desvinculação do juiz à obediênciaà lei, nem, conseqüentemente, se negue a autori­dade do comando legislativo. O que se afirma éque existe na sociedade, não obstante o atordoa­mento imposto pelo ritmo das mudanças com asquais está obrigada a conviver, uma crença de quehá necessidade de, no particular, se refazer o mun­do, começando pela imposição da paz com a estabi­lização do direito nas relações entre os homens.

Para tanto alcançar, o Estado necessita de justiçaque brote de juízes independentes e que jamaisse afaste dos fins sociais e das exigências do bemcomum, sem cujo conteúdo não teria nenhum senti­do. Justiça que penetre na alma do povo, pois paraele é ditada, e que faça realizar os seus anseios;justiça simples, despida de qualquer aparato quepossa rorná-Ia dificultosa, com características reais.

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Justiça sentida com fervor pelos jurisdicionados eque nela creiam, do mesmo modo que crêem noamor, no milagre da harmonia d:ls coisas e queseja o porto seguro onde as esperanças depositadasrepresentem uma s6lida garantia. Justiça que, nodizer de Rui, "paire mais alto que a coroa dosreis e seja tão pura como a coroa dos santos".

É incomensurável, assim, numa sociedade com­plexa e envolvida por inovações e mudanças queo progresso científico e tecnol6gico suscita, a res­ponsabilidade do órgão a quem compete distribuira justiça, pelo que os homens que o compõem de­vem estar preparados para enfrentar o que jamaisaconteceu, Em tal mister, ao juiz cabe diferenciara lei no papel da lei em ação, não se vinculandoao pensamento de que há Estado demais na realiza­ção da justiça, sob a influência da afirmação deque a Justiça é o Estado ,ou de que o Estado éa Justiça, mas porque esta é, no retrato mais con­temporâneo daquele, por delegação do seu povo,o seu objetivo ou o seu fim.

A Justiça não realiza o milagre de proporcionarao povo terra onde corram rios de leite e de mel,à maneira bíblica. Deve, contudo, desincumbir-seda sua missão de realizar o sobre-humano poderde produzir no mundo do Direito, sem construirmonstruosas metamorfoses e sem dar às sombrasaparências eternas de verdade.

O juiz sempre termina a jornada, nunca a missão.A exemplo do missionário de Abraão ao voltarà Judéia, depois de levar a doutrina de Cristo aosHebreus, o juiz há de sempre voltar a outras plagas:pois há muito que laborar na cruzada que encetou.

Ao magistrado cabe revelar o homem que seacha pulsando em sua pessoa, resumindo tudoquanto de grandioso e nobre o inspira no momentode julgar. Se permitido fosse fixar uma fórmulaque orientasse o juiz no momento de sentenciar,eu o faria, adaptando a tal, o pensar de MiguelÂngelo. ao dizer:

"A boa pintura aproxima-se de Deus e comEle se unifica. Não passa de uma cópia das perfei­ções divinas, uma sombra do seu pincel, da suamúsica, da sua melodia. Não basta, pois, de mo­do nenhum, que o pintor seja um sábio ou umhábil mestre. Penso, antes, que deve a sua vidaser quanto possível pura e santificada para queo Espírito Santo governe seus pensamentos,"

Transpondo tal pensamento para o ato de julgar,temos o homem juiz, no cumprimento de sua mis­são, coordenando emoções e equilibrando interes­ses, condensando energias dispersas, contendo oegoísmo individual, desfazendo paixões e contro­lando os abusos, tudo através do culto da verdadeque se constitui em bálsamo animador para os cora­çóes e meio de purificação das almas.

O Tribunal Regional Federal há de conquistara razão de sua existência, reconquistando todosos dias a confiança que os seus jurisdicionados doNordeste nele há de depositar.

Meus senhores, minhas senhoras, autoridadespresentes, não há preten~ão de ser atingida a infali­bilidade por tal condição ser uma ilusão lírica. Cer­tos, estamos, porém, nós juízes do Tribunal Regio­nal Federal, que as instituições possuem a sua mo­raI c que a sua glorificação decorre em linha diretaao desempenho pessoal dos que foram recrutadospara fazer a sua hist6ria, para cumprir a sua missão,O nosso chegar a tal patamar, conduz-nos a meditarcom Rui Barbosa a respeito da realidade do queseja Justiça, vista por ele de tal modo:

"Eu não conheço duas grandezas tão vizi­nhas pela sua atitude, tão semelhantes pelas suaslições, tão paralelas na sua eternidade como (!l­

tas: a justiça e a morte. Ambas tristes e necessá­rias, amba~ amargas e salvadoras, ambas suavese terríveis, são como dois cimos de névoa e luzque se contemplam nas alturas imaculadas dohorizonte."

A nossa função como integrantes do TribunalRegional Federal é a de ter urna verdadeira pers-

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peétiva do justo, fazendo com que o bem da pessoasó se concretize com o bem do outro, em relaçõesinter-humanas, numa busca em comum. Para tan­to, temos que ter crença no homem, afirmandocomo Sófocles, na sua obra "Antígona", que "Mui­tas são as maravilhas e nenhuma é mais maravilhosado que o homem."

Este Tribunal Regional Federal, sediado na fozdos rios Capibaribe e Bebcribe, haverá de julgara força do. pernambucano domador da naturezarenitente no sertão e caprichosa no agreste, forma­da pelo canto da senzala e agraciada com_a inteli­gência de Gilberto Frcyre e o ideal consagradode Dom Helder Câmara; terá de conferir o pulsarda intclectualidadc dos paraibanos e conviver coma coragem indômita de sua gente, em desbravaro inalcansável e rumar, de peito aberto, para cons­truir o seu futuro; haverá de se sensibilizar coma simplicidade dos ri-ograndenses do norte, ven­do-o, em face de seu destemor, crescer o seu domí­nio sobre o mar e o controle sobre a caatinga ins6­lita e sempre recusável à exploração do seu solo,porém, nunca negando a tradição do fazer, apoiadana esperança de conquistar dias melhores; terá decompatibilizar os sentimentos emergentes transmi­tidos pelos canaviais das Alagoas com a tranqüi­lidade de suas praias e a vontade ilimitada de suagente de crescer na mesma proporção da grandezae da bondade de seu povo; há de conviver coma fartura do Vale do Jaguaribe, em contraste coma solidão econômica das terras não férteis do Ceará,porém, sempre aprendendo quc a Iracema de Joséde Alencar continua presente no viver da mulhercearense, a embalar os sonhos dos seus homensde firmar um Estado progressista entre os demaisda Nação; terá de penetrar no interior de Sergipee ao escutar o clamor do São Francisco, o VelhoChico alimentador de ilusões, pelo seu não aprovei­tamento, inteirar-se de que os seus fiUlOS são guer­reiros constantes em busca da verdade e pregadoressem rumo da dignidade.

Esta crença será um postulado a se impor nestaCorte, porque os que a compõem reafirmam a cre­dibilidade no ser humano, por acreditarem que averdadeira amizade constr6i o mistério da convi­vência pa~ífica e imortaliza a paz.

A verdadeira amizade é a colhida do coraçãoda mãe presente aqui na terra ou lá no céu aben­çoando esta solenidade, mãe-mulher-justiça, justi­ça-mulher-mãe, mãc mais do que justiça, mãe maisdo que mulher, santa pela sua abnegação, incan­sável no ato de dar o seu amor.

A amizade verdadeira é a que vem do pai, ojuízo maior de nosso comportamento de juízes quesomos, porque foi pelo comando de sua força ededicação dos scus dias cansados que aqui chega­mos.

A amizade certa é a construída pelo chorar dosfilhos e das filhas que impõem pressas perdidas,frutos de nosso sangue e partes de nossa carne,reflexos do mistério do amor, postos no mundopara a missão de continuar, de ser imagem e seme­lhança, de fazer homenagear a dignidade transmi­tida, com ela se envolvendo em todos os dias, ho­ras, minutos e segundos, na grandeza do realizar,do ser profissional e do pai e mãe que assumirãono misticismo existente no continuar gerações.

A verdadeira amizade é a vivida com a esposaquerida, amada, amiga, companheira da alegriae da dor e partícipe da sublimidade de construiramor, mulher consciente do fortalecer das nossasemoções e estimuladora constante das nossas aspi­rações.

A amizade real é a louvada no carinho inocentedos netos para quem os têm e a já existente emestado de esperança para aqueles que os esperampara o abraço duplo de pai e mãe.

A amizade certa é a plantada no gesto dos amigosde sangue - irmãos e irmãs - e dos amigos dotempo, que por terem crença em nós juízes, aquiassumidos, juntaram-se ao pai amigo, à amiga mãe,ao filho amigo neto e à esposa amiga, c eom elesformam o elo da homengem, estando a nossa espe­ra para o abraço desejado.

DIÁRIO D().ÇONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Cremos, pelo visto, meus senhores, minhassenhoras, autoridades presentes, na força da ami­zade que é, também, condutora da realização daJustiç<,. E, por assim pensarmos, queremos cantara amizade como sendo o nosso primeiro julgamentodo dia e hora da instalação desta Corte, em sauda­ção a todos, sem qualquer distinção, quer autori­dades judiciárias, executivas e legislativas, quer ho­mens mais simples do povo, por confiarem no nossocompmmisso, por esperarem que juízes seremos,por di:<erem aos seus filhos que juízes terão."

Concluo, Sr. Presidente, Senhoras e Senhores,fazendo votos aos ilustres e eminentes Magistrados,compc·nentes do Tribunal Regional Federal - 5'Região, sediado em Recife, Estado de Pernam­buco, pleno êxito nas atividades profissionais, mu­nido de orgulho e felicidade ao verificar, hoje, quemeu trabalho desenvolvido durante a AssembléiaNacional Constituinte não foi em vão. (Muito bem!Palmas.)

o SR. JOSÉ ELIAS (PTB - MT. Pronuncia o seguin­te discursc.. ) - Sr. Presidente, SI" e Srs. Deputados,o povo de Mato Grosso do Sul clama por justiça. Poressa razão ocupo a tribuna, para falar de um assuntoque na re.i1idade não é do meu agrado. Trata-se dolastimável estado de corrupção em que se encontra oGoverno dc Mato Grosso do Sul. o Governo infelizdo Sr. Marcelo Miranda.

Escândalos se sucedem sem nenhum escrúpulo.Quando estourou o primeiro escândalo, que agora

se transfo'~mou em caso de polícia, preferi aguardar.Não por medo de ameaças ou receio de um confronto,mas na c~pectativa cautelosa de ·uma verdade que seevidenciasse mais cristalina, sem subterfúgios e sem ne­nhuma eonotação sensacionalista.

Em fun~;ão disso, esperei que tudo pudesse ser credi­tado. ao início da administração do Sr. Marcelo Miran­da, em pO:isibilidades de absorção, mediante uma justi­ficativa séria do Governador, de modo a esclarecer satis­fatoriamente as denúncias contidas no vasto dossiê exis­tente sobr,: a corrupção, que infelizmente hoje campeianaquele e!;tado.

Refiro-me ao "dossiê" analisado na SubprocuradoriaGeral da República, que pediu o enquadramento noC6digo Penal do Governador Marcelo Miranda e dcseu secret:irio particular José Rodrigues Dias, por irre­gularidad,:s praticadas no uso indevido de verbas pú-·blicas.

O dossiê examinado pelo Subprocurador Geral daRepública, Dr. Cláudio Lemos Fontelles, constitui-sede três volumes. bastante elucidativos nas suas maisde oitocentas páginas de denúncias comprovadas, quederam en;ejo ao subprocurador afirmar que "diantedo extenso relat6rio policial (Polícia Fcderal) produ­zido, sobressaíram fatos que exigem amplo esclareci­mento no tocante à conduta do governador e de seusecretário".

O dossi3 contém provas irrefutáveis envolvendo umaagência dto propaganda, cujo nome, Matriz PropagandaLtda., é de propriedade do Sr. José Rodrigues Dias,secretário particular do Sr. Governador. Uma das ope­rações, no valor de 30 milhões de cruzados, realizadajunto ao Banco Bamerindus S/A, com o patrocínio doSr. Governador, foi aprovada com a seguinte obser­vação no verso: "Trata-se de operação de cunho polí­tico. Outrossim, informamos que a operação está sendoreformada integralmente, inclusive juros, a pedido doSr. Marcc:lo Miranda Soares, Governador eleito em15-11-86". '

Mas a coisa não pára aí. A influência do governador,por si s6, já caracteriza responsabilidade, descambandoirremediavelmente para o escândalo, quando, uma vezno Governo, o Sr. Marcelo Miranda transforma a em­presa Matriz Propaganda Ltda. em agência oficial doestado, contemplando-a generosamente com vultosasverbas, sem obedecer a nenhnma formalidade legal,no que diz respeito à licitação ou a qualquer Olltrocritério ol'icial de seleção. A Matriz Propaganda Ltda.,por decisão do governador, passou a monopolizar apublicidade do Governo do Estado de Mato Grossodo Sul.

Um mês depois de assumir o Governo, o Sr. MarceloMiranda concedeu aval, no mesmo Banco Barnerindus,

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no valor de 14 milhões de cruzados, a uma empresade engenharia, a Engecruz - Engenharia, Construçãoe Comércio Ltda., de propriedade do Sr. Elídio DelPino (conforme anexo lI). Consta aí a cópia do contratocom o Sr. Marcelo Miranda como avalista, e sem nenu­ma observação cspecial, o que poderia configurar-senuma operação sem suspeita, não fosse a Engecruz em­preiteira de obras públicas e, a partir dessa operação,a vencedora das principais concorrências no setor deconstrução e pavimentação de estradas.

Um outro empréstimo realizado pela Engecruz, em3 de julho de 1987, no montante de 160 milhões decruzados, junto ao mesmo Banco Bamerindus, tambémteve como avalista o Sr. Marcelo Miranda. O trata­mento dado a esse empréstimo à Engccruz foi especial,com taxa de 20,09%, abaixo da taxa de inflação doperíodo (24%) e bem inferior aos juros praticados nomercado (31,07%).

Esse farto dossiê é de domínio público. Foi ampla­mente divulgado por ocasião do seu aparecimento, sen­do integralmente transcrito pelo semanãrio "Edição Ex­tra" em sua edição da semana passada, e a partir dehoje fará parte dos Anais desta Casa.

Assim sendo, nãp me vou deter no seu exame.O Governador Marcelo Miranda defendeu-se atacan­

do, mobilizou sua bancada na Assembléia Legislativae no Congresso Nacional. Comprou espaço em órgãosda grande imprensa nacional e armou um verdadeirocirco, onde a opinião pública deveria ser desviada coma versão trabalhada pelo então Secretário da Fazenda,Sr. João Leite Schimidt, segundo o qual o dossiê erafalso, visando tão-somente a denegrir a imagem de MatoGrosso do Sul no contexto nacional.

A encenação teria um final apoteótico, com a cumpli­ciadc lamentável do Senador Wilson Barbosa Martins.que juntou-sc a uma comissão que se dirigiu ao Paláciodo Planalto para fazer entrega ao Presidente da Repú­blica de uma cópia da suposta defesa do GovernadorMarcelo Miranda, mancomunando-se àquela monta­gem grosseira, mentirosa e que tinha como objetivocondenável e bastante claro o de envolver no escândaloa pessoa do Presidente José Sarney.

Portanto, o que me traz a esta tribuna é a notíciaque a imprensa nacional fez circular na última quarla­feira, 26-4-89, dando ciência do pedido de enquadra­mento do Governador Marcelo Miranda Soares no C6­digo Penal, formulado pelo Subprocurador-Geral daRepública ao Superior Tribunal de Justiça, com basenas conclusões do inquérito policial que se originoudesse dossiê.

Estou aqui, para externar à Casa a apreensão deque está tomada a comunidadc sul-mato-grossense, in­dignada diante da corrupção desenfreada que grassaem nosso estado, constituindo crise que abala a estabi­lidade do Governo de Marcelo Miranda. Externar ãpreocupação daquela comunidade que pede a ação dajustiça, colocando um basta, um ponto final no descaso,provocado pela impunidade que envolve a camarilhaque se apossou do Governo de Mato Grosso do Sula partir da gestão de Marcelo Miranda.

Minhas afirmações retratam apenas os fatos. Fatoslastimáveis, que conferem a Mato Grosso do Sul umaimagem de negativismo, desestimulando investimentos'e levando ao descrédito a classe política.

Confio na justiça do meu País, creio no discernimentodesta Casa, e espero que o Sr. Presidente da Repúblicanão se permita o envolvimento nesta situação pantanosae faça uso da prerrogativa assegurada pelo art. 34 daConstituição Federal. Somente a intervenção, até a apu­ração formal de todas as denúncias comprovadas contrao Governador Marcelo Miranda, poderá restabelecera normalidade em Mato Grosso do Sul.

A intervenção é o que recomendo. como cidadãoe como representante dos cidadãos do meu estado namais alta Câmara Federal. Mato Grosso do Sul nãopode continuar sendo vítima da irresponsabilidade, dodesregramento, da corrupção, da impunidade e do des­governo quc ora ali sc instalou, alastrando e ameaçandouma comunidade ordeira e determinada a trabalhar.

Ao final, solicito a inserção, neste pronunciamento,de artigos que tratam deste assunto.

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ARTIGOS A QUE SE REFERE O ORADOR:

"Agora é a palavrada Justiça

PEDIDO O ENQUADRAMENTODE MARCELO NO CÓDIGO PENAL

A Subprocuradoria-Geral da República pediu o en­quadramento do Governador Marcelo Miranda e deseu secretário particular, José Rodrigues Dias, no Códi­go Penal, por irregularidades no uso de verbas púbHcas,denunciadas em outubro de 86 pelo dossiê do íornalistaFrancisco de Lagos. O proccsso chcgou na quarta-fei.raao Supremo Tribunal de Justiça e íá foi encaminhadoao Ministro Willian Patterson. Seu íulgamento não de­verá levar um mês e será o primeiro processo do géneroa ser apreciado pelo STJ.

Em seu parecer, o subprocurador-geral da República,Cláudio Lemos Fontelles, afirma que "diante do exten­so relatório policial (da Polícia Federal) produzido so­bressaíram fatos que exigem amplo esclarecimento notocante à conduta do governador e de seu secretário",conforme publicou o Correio Braziliense, íorna1 dosDiários Associados. A notícia foi veiculada nO dia 26e o Governador Marcelo Miranda se encontrava emBrasília. Ao retornar a Campo Grande, no início danoite do mesmo dia, mostrava-se abatido, comporta­mento idêntico de seus assessorea mais diretos, ,:ntreeles o Secretário de Comunicação Social Nílson Araúío.

Quando agovemadoria tomou conhecimento da deci­são da Justiça, a primeira versão dada por um assessorde Miranda foi a de que "isso é coisa de Roberto Alves(Superintendente Rcgional da Polícia Fcderal)". Postc­riormente, o Secretário de Comunicação Social desmen­tia a informação divulgada pelo Correio Braziliense,mas confirmada posteriormente pela divisão da PolíciaFederal, em Brasília. O inquérito é extenso - três volu­mes, mais de 800 páginas -, em que Lagos acusa ogovernador e assessores de "malversaçáo" do dinheiropúblico e participação em "negociatas".

Segundo o Correio Braziliense, "no decorrer dn in­quérito as evidências viraram-se contra o próprio autorda representação", ao citar que, inconformado com asacusações, o Governador do Estado e o Secretário JoséRodrigues Dias decidiram encaminhar uma rcpresen­tação à Justiça tentando incriminar Francisco de Lagospor calúnia c qucbra dc sigilo bancário.

O Govcrnador Marcelo Miranda foi avalista principalde Cz$ 245 milhões e 200 mil - valores de 1987 ­contraídos no Banco Bamerindus S/A pelas empresasMattriz Propaganda Ltda., quc coordcnou sua éampa­nha política e ainda hoíe executa parte dos serl'içospublicitários, gráficos, sonorização, vídeo c "outdoors"do seu governo, e a Engecruz. A Mattriz teve comos6cio o secretário particular do Governador, José Ro­drigues Dias, personagem central de um escândalo daadministração pública que veio à tona no dia 7 de outu­bro de 87.

Um dossiê dc 191 páginas, cuías c6pias chcgaramà Polícia Federal, SNI (Serviço Nacional de Informa­ções) e alguns ministérios, em Brasília, não apenas wn­firma esta denúncia - que é apenas uma ponta do"iceberg" -como comprova, com farta documentat;ão,o envolvimento de Marcelo Miranda. seus principaisassessores e o Bamerindus num crime até então de difícilcomprovação: o da reciprocidade. O dossiê, encader­nado cronologicamente, relata atos ilícitos praticadosantes mesmo da posse do Governador de Mato Grossodo Sul, em 15 de março de 87, até o mês de íulhodo mesmo ano.

Seu autor, o íornalista Francisco de Lagos Viana Cha­gas, atual Secretário de Cultura e Esportes de CampoGrande, protocolou-o às 17h do dia 5 de outubro de87 no F6rum. Na época. Lagos estava sendo processadopelo governador por declarar à revista Veja que "nuncase roubou tanto como cm seu governo.. (de MarceloMiranda). Um parecer da Justiça, datado do ano passa­do, concluiu que o processo deveria ser íulgado porSão Paulo. scde da rcvista.

A Ciranda

Um dos empréstimos feitos pela Engecruz, no valorde Cz$ 160 milhões, çm 3 de íulho de 87, tendo comoavalista o Governador do Estado, foi processado a umataxa de 20,09% - menos do que a inflação do período,

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de 24% -, quando os juros praticados naqucle diaeram de 31,07%. O Bamerindus, ao proceder a opera­ção a íuros baixos, beneficiava-se diretamente dos re­cursos do Tesouro Estadual, depositados na conta nú­mero 0238-90041-50, da agência n' 0238 (rua 13 deMaio). "Os recursos oriundos principalmente do ICM,principal fonte de arrecadação do Estado. não são apli­cados totalmente no Open/Over para contrabalançaras operações desta naturcza", relata o dossiê, apresen­tando extratos da conta dos meses de maio a íulho.

Deixando de aplicar o saldo principal, nesse período,o Estado tcve um preíuízo de Cz$ 8 milhões 760 mil936. Enquanto isso, uma outra conta, denominada Go­verno de Mato Grosso do Sul, n' 0238-29937-01 refe­rente às operações de antecipação de receita:não quita­da em 31 de dezembro de 86, vinha sendo acrescida·mensalmente dos íuros e correções de mercado, elevan­do uma dívida, que em íaneiro de 87 cra de Cz$ 230milhões, para aproximadamente Cz$ 1milhão em outu­bro daquele ano. "O Estado fica devedor propositada­mente, e é desta forma que está sendo administrado,isto é, através da corrupção desenfreada e imoral", afir­ma Lagos no documento.

Cunho Político

Dois dias após as eleições de 15 de novembro de86, quando os votos que elegeriam Marcelo Mirandaainda estavam sendo computados mas ninguém tinhadúvidas de sua vitória para suceder Wilson BarbosaMartins, hoíe senador, íá se beneficiava do cargo, queassumiria quatro mescs depois, assinando um aval novalor de Cz$ 15 milhões, contraído pela Mattriz Propa­ganda no Bamerindus. No dia 9 de fevereiro de 87,íá diplomado, Miranda avalisou nova operação de crédi­to, no mesmo banco e para a mesma empresa, agorano valor de Cz$ 14 milhões c 200 mil.

O Bamerindus, conforme cópias aprcsentadas pelodossiê, íustificou, no verso do contrato, que se tratavadc uma operação de "cunho político" , e acrescentava:"Informamos que a reforma está sendo feita integral.mente, inclusive juros, a pedido do Senhor Marcelo Mi­randa Soares, Governador eleito em 15·11-86."

Novamente, no dia 7 de abril/87, o Governador ga­rantia um novo empréstimo à Mattriz, de Cz$ 42 mi­lhõcs, assumindo toda a responsabilidade: "Somos fa­voráveis à operação - atesta o gerente do Bamerindus- por tratar-se de responsabilidade do Dr. MarceloMiranda Soares, Governador do Estado". O banco seprecavia com razão: embora constasse no contrato quea Mattriz "possuía boa situação financeira", seu capitalera, naquela data, de apenas Cz$ 16 mil. Portanto,insuficiente para contrair um empréstimo de Cz$ 42milhões.

"Saco de Gatos"

As operações de crédito, em nome da Mattriz, atéaquela data, somaram Cz$ 71 milhões e 100 mil. Oprimciro empréstimo garantido por Marcelo Mirandaà Engecruz - Engenharia, Construções e ComércioLIda -, de Cz$ 14 milhões, no dia 28 de abril, coincidiucom a assinatura de dois contratos da cmpresa como Departamento de Estradas de Rodagem (Dersul) paraexecução de obras de pavimentação. O contrato paraasfaltamento dc um trccho dc 55km da rodovia MS-377foi assinado antes da publicação do resultado da licita­ção, pelo Diário Oficial n' 2069, de 20 de maio. Inclu­sive. fora feito o empenho n" 0647 para a liberaçãoimediata de Cz$ 42 milhões.

- A medida que sc procurou usar o Diário Oficialpara se legalizar a corrupção que, sorrateiramente, vemsendo praticada, os acertos são feitos e as ligações setornam cada·· vez mais profundas, concluindo que asempresas, as pessoas e os interesses são um só, na ex­pressão popular, um verdadeiro "saco de gatos" - dizo dossiê.

O documento contém fotocópias de contratos de em­préstimos da Mattriz e da Engecruz, contas bancáriasdo Tesouro Estadual, do governador, de seu secretárioparticular e das duas empresas beneficiadas, além derecibos de depósitos e de retirada e transferências devalores para a conta pessoal dc Marcelo Miranda cJosé Rodrigues Dias - que comprovam a manipulaçãocom o dinheiro público. Consta, também, de notas fis­cais, em nome da Casa Civil, referentes a compras feitaspara a residência do governador, no valor de Cz$ 314

Maio de 1989

mil, durante três meses e meio, para a aquisição dcmoranguinhos, vinhos, maçãs e peras argentinas, tone­ladas de batata inglesa e uma séJ'le de outros produtosalimentícios, de limpeza domiciliar e supérfluos.

Governo retruca críticas

Quando as denúncias contidas no dossiê vieram àtona, divulgadas pelo Jornal do Brasil e pela Folha deS. Paulo no dia 7 de outubro de 87, uma quarta-feira,uma solenidade realizada na tarde-noite na governa­doria transcorreu num clima de constrangimcnto, revol­ta e de ameaças. Toda a cúpula política do Estado eos principais assessores do governador se fizeram pre­sentes, quando Marcelo Miranda, em discurso tensoe emotivo, prometeu "banir" de Mato Grosso do Sul"os maus brasilciros (?)," numa alusão ao cearenseFrancisco de Lagos e aos correspondentes dos dois gran­des jornais que também sofreram ameaças constantes.

A solenidade foi transformada num levante oficialcontra o que se dizia ser uma estratégia para "denegrira imagem de Mato Grosso do Sul". Ao mesmo tempo,o então Secretário de Comunicação Social, GuilhermeCunha - posteriormente acusado pela Polícia Federalde contrabandear equipamentos eletrônicos e tapetespersas da paraguaia Pedro Juan Caballero -, fechouo cerco e impediu que Marcelo Miranda desse entrevistaao Jornal do Bra~i1, iniciando uma campanha na tenta­tiva de desmoralizar o correspondente, Silvio Andradc,citando-o inclusive num anúncio de duas páginas publi­cado nos principais meios de comunicação do País. Nãose dando por satisfeito, o Governo demitiu o jornalistada Radiobrás, ano passado, numa manobra arquitetadapclo chefc da sucursal da cmpresa, ex-colunista socialSantos Mário, e pelo Senador Rachid Saldanha Derzi.

Miranda falou, naquele dia, apenas à "Folha", quan­do até chorou e confirmou a cxistência dos avais emfavor da Mattriz e da Engecruz. A partir daí, enquantoa administração estadual era chamada de "pantanosa"pela grande imprensa, iniciava-se uma mobilização paratentar provar que o dossiê mentia. Logo, o então Procu­rador-Geral de Justiça do Estado, Wagner Crepaldi,surpreendia com seu parccer mandando simplesmentearquivar o documento por conter fotocópias "não-au­tenticadas". Ao mesmo tempo, o promotor de Justiça,Anizio Bispo dos Santos, promovido posteriormente.ensaiava também uma vida curta para o dossiê.

MarimbondoUm mês depois, quando o assunto. estava sendo

abafado, inclusive na imprensa nacional - mesmo emCampo Grande não se noticiou o episódio, a não serpara defendcr o Governo, deixando o leitor sem enten­der nada -, o secretál:io particular, José RodriguesDias, num dia de muita inspiração, ingenuamente pro­tocolava requerimento na Procuradoria Geral de Justiçapedindo a abertura de inquérito para incriminar o pete­bista Francisco de Lagos por quebra de sigilo bancário.Julgando-se incompetente. a procuradoria remeteu ocaso à Justiça Federal, desencadeando. assim, uma in­vestigação imparcial que, agora, pode chegar à incrimi­nação do governo.

"Com essa atitude. o secretário mexcu em casa dcmarimbondo", disse o secretário da l' Vara FederalHorácio Leite Martins, 42, ao .TornaI do Brasil do di~22 de março de 88, ao informar que o processo íá estavasendo analisado pelo íuiz federal Luís Calixto Bastos,e insinuava que o caso poderia ter vários desdobra­mentos, inclusivc com intervenção nas agências locaisdo Bamerindus. Na época, o superintendente regionalda Polícia Federal, delegado Roberto Alves - que,também sofrcu muitas pressões e teve sua demissãop.edida ao ex-Ministro Paulo Brossard, mas negada pelodiretor-geral do DPF, Romeu Tuma -, admitiu estahipótese.

ConfirmaçãoO despacho da Justiça Federal foi solicitar à Polícia

Federal que investigasse a quebra de sigilo bancário,c a conclusão final foi a dc que os documentos contidosno dossiê são verdadeiros. Na mesma reportagem do.ro, de 22 de março de 88, o DPF anunciava que estavase empenhando em investigar a origem da "cirandafinanceira" denunciada. O superintendente RobertoAlves, gravando sua entrevista. foi claro ao afirmarque estava intrigado com o fato de a Engecruz receberum depósito de Cz$l00 milhões, em sua conta corrente

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no Bamerindus, e depois retirar todo o dinheiro nocaixa.

-Existem algumas operações não-explicadas, comoessa dos Cz$ 100 milhões. Alguém terá que dizer deonde o dinheiro saiu e para que fim foi usado. Nãovamos entrar no mérito ou não dos avais garantidospelo governador. A nosso ver, o problema é mais éticoc político do quc policial- disse Alves, 42.

No andamento do inquérito, outra preocupação doDPF era o motivo que levou o Bamerindus a concedervultosos empréstimos à Engecruz e à Matriz sem garan­tias. Ao comentar as informações explícitas no dossiê-relatando os empréstimos concedidos a juros baixos,o superintendente comentou: "Deve ter havido algumavantagem". Na ópoca; peritos e agentes da Pólícia Fede­ral fizeram uma devassa na documentação das duasagências do banco - na 13 de Maio e na Dom Aquino-, com mandado de busca para requisitar os originaisde todos os documentos.

- As c6pias de contratos e outros documentos decaráter sigilosos do Bamerindus, anexados no dossiê,são autênticos. O Estado jogou-os na sexta seção (nolixo), alegando serem falsos, mas foram todos checados- garantiu Roberto Alves.

Desistência

Quando a Federal concluiu seu inquérito, dando umnovo encaminhamento ao caso, o secretário particulardo governador tentou suspender o pedido que ele pró­prio formulara para se apurar a quebra de sigilo bancá­rio, indeferido pela Justiça. O DPF ouviu José Rodri­gues Dias, os proprietários da Mattriz e da Engecruze o denunciante, Francisco de Lagos. Este disse, emseu depoimento, que recebeu a documentação do Ba­merindus através de envelope lacrado, endereçado ano­nimamente à sua residência. Parte destes documentos.teria chegado às mãos do Deputado Nelson Trad, doPTB, da mesma forma, segundo consta nos autos. Ape­sar das pressões políticas, o processo chegou à Subpro­curadoria Geral da República.

o Relatório da Corrupção

Ao )l:residir o Inquérito Policial n' 002/88, o DelegadoFazendário da Polícia Federal, Elivaldo Elias, depoisde analisar as peças processuais constantes do "casoMattríz" - como ficou conhecida a série de acusaçõesenvolvendo o Governador Marcelo Miranda.e scu Se­cretário Particular, José Rodrigues Dias - decidiu en­caminhar seu relatório ao Juiz Federal. No relatório,de 20 laudas, o Delegado - acionado para dar seupareccr pela Procuradoria da República em Mato Grssodo Sul - reconhece o grande volume de ilícitos como dinheiro público empregado em transações financeiraspelo Governador e seu secr;tário particular. José Rodri­gues Dias, sócio da Mattriz Propaganda. provocou es­tranheza no Delegado porque desistiu de dar andamen­to à representação criminal que impetrara contra Fran­cisco Lagos, a quem tentou incriminar por quebra desigilo bancário, acusação que Rodrigues depois corrigiupara divulgação indevida de assuntos confidenciais."Parece-nos que esta segunda manifestação do SI. JoséRodrigues Dias teria o condão de invalidar todo o apu­ratório", frisa o Delegado. Além de confirmar a auten­cidade dos documentos que compõem o "dossiê" deFrancisco Lagos, o Delegado da PF relaciona as transa­ções bancárias e as frágeis explicações do Governa,terminando por pedir a remessa dos autos para o Tribu­nal de Justiça, Procuradoria de Justiça e Tribunal deContas, sugerindo ainda a exame da Receita Federalsobre as operações financeiras realizadas com recursosdo Tesouro Público Estadual. O Delegado, no relatório,fulmina: "O fisco da União poderá rastrear essa movi­mentação financeira".

INQUÉRITO POLICIAL N' 002/88 - SRlMSLocal dos fatos: Campo Grande - MS

MM. Juiz Fedcral,

Fatos:Esta Polícia Federal, atendendo requisição formulada

pela D. Procuradoria da República neste Estado, apósrepresentação impetrada pelo Sr. José Rodrigues Dias,secretário particular do Governador deste Estado, emanifestação na mesma pela Promotoria de Justiça eProcuradoria Geral de Justiça deste Estado (fls. 03/05),

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instaurou o presente inquérito policial para "apurar aresponsabilidade das pessoas que teriam quebrado osigilo bancário ao fornecerem ao Senhor Francisco deLagos documentos bancários e fiscais sigilosos..." (11s.04).

Junto à f€'presentaçãQ do "qucrelante", são encami­nhadas a estes autos de inquérito policial fotocópiasvárias, as 'quais retrataram operações bancárias realiza­das, bem coma pagamentos diversos efetuados pelo Go;vernador deste Estado a firmas comerciais (fls. 47/204).

Os documentos dos quais se reclama que não deve­riam ser conhecidos, revelam a realização de operaçõesbancárias efetuadas pela firma Mattriz Proganda Ltda.e Engecruz - Eng. Const. e Com. Ltda., operaçõesessas preced1idas de empréstimos bancários de "cunhopolítico" (fh. 51v. e 55v.), com avais do Governadordeste Estado e seu Secretário Partícular José RodriguesDias, "querelante". Destaque-se que o Sr. José Rodri­gues Dias eu sócio-proprietário da firma Mattriz Propa­ganda LIda., uma das beneficiárias dos pagamentos ofi­ciais, conforme se denuncia no "dossiê", encaminhadoa este DPF junto com a representação.

Às fls. 107/111 destes autos também'existem cópiasde "Notas de Pagamento" noticiando haver a firmaMattríz Propaganda LIda., de propriedade do secretárioparticular dI) Governador deste Estado, haver recebidoimportâncias diversas da Secretaria Estadual de Comu­nicação SOCial, sendo a numeração de documento ban­cário registrada nessas "Notas de Pagamentos" a mesmaregistrada no depósito bancário de fls. 112 destes autos,onde a firma Mattríz Propaganda LIda., abocanha aimportância de Cz$ 8.424.358,30 (oito milhões quatro­centos e ví:lte e quatro míl, trezentos e cinqüenta eoito cruzados e trinta centavos) dos cofres estaduais.

Outra importância, de Cz$ 9.619.345,00 (nove mi­lhõcs, seiscentos e dezenove mil, trezentos e quarentae cinco cruzados), foi também destinada à Mattriz Pro­paganda Ltda.• pela mesma fonte, do que se pode suporpela numeração de cheques registrada no dep6sito ebanco pagador, idêntico ao pagamentó anterior, embo­ra não esteja na denúncia das "Natas de Pagamentos"corrcspondl~ntes aos cheques depositados (fls. 145).

Também no "dossiê" da representação são apresen­tadas cópias de documentos que "autorizam" a distri­buição de dinheiro do Governo deste Estado a empresaspartícularei; diversas, todas elas do ramo de divulgaçãode notícias, recebendo cada uma importâncias distintas.tais como: Televisão Morena Ltda., Cz$ 7.500.000,00(fls. 156 e 167); S/A Correio Brazílíense - Diário daSerra (fls. 157), Cz$ 2.480.000,00; Edic - Editora In­formação LIda. (fls. 159/160), Cz$ 2.280.000,00; Re­vista Executivo Fiscal LIda. (fls. 161), Cz$1.000.000,00;Editora de Cidade Ltda. (fls. 162), Cz$ 750.000,00;ZM - Prado Prom. Ar1. e Fonografia LIda. (fls. 163)Cz$ 250.000,00. Soma: Cz$14.260.000,00 (quatorzemi­Ihões, duzentos e sessenta mil cruzados).

Das denúncias não se incluiu nesta relação flores,almoços e coquetéis, no total de Cz$ 861.000,00 (oito­centos e sessenta e um mil cruzados). tudo a preçosdo início d·) ano p.p. (fls. 164/166).

Finalizando, apresenta o "dossiê" de denúncias c6­pias de ne tas fiscais, às fls. 168/204, dando conta daaquisição de gêneros alimentícios diversos, além de pro­dutos de utilizações múltiplas. produtos esses adqui­ridos pela "Casa Civil da Govemadoría do Estrado deMS", de mfinado gosto.

Reclama José Rodrigues Dias da quebra de sigilo dedocumentos constantes desse "dossiê", constando suarepresentação para apuração dos fatos, em inquéritopolicial, à~ fls. 11113 destes autos, representação proto­colada na Procuradoria Geral da Justiça neste Estadoe que recebeu o Parecer do D. 8' Promotor de Justiçada Comarca desta Capital (fls. 4/5) com manifestaçãofavorável ao encaminhamento do expediente à Procura­doria da República, terminando nesta Regional de Polí­cia Federal (fl. 3).

Diligências: Após a instauração destes autos, aosmesmos foram trazidos pareceres da lavra da Procura­doria Gerlll de Justiça deste Estado (fls. 210/217), onde,manifestando-se sobre as cópias encaminhadas a estaRegional, assim se expressa:

"Da amílise sucinta de pedido verifica-se que o mes­mo foi elaborado mais como peça de defesa para ser

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anexado aos autos de Inquérito Polícial a que nos referi­mos acima, do que como prova propriamente dita paraa instauração de ação penal contra as pessoas e empresasalí mencionadas.

E tal peça, é constituída de fotocópias de documentosvários, sem a devida autenticação, fato que, por si só,tira-lhe o valor probante, ex-vi..." (fls. 211).

E às fls. 214: " ... Quanto às afirmações de que oerário público teria tido prejuízos com a não aplicaçãono mercado de capitais denominado overnight, dos de­pósitos feitos no Banco Bamcrindus S.A., visando agarantir "a reciprocidade" a empréstimos contratadospela empresa Engecruz Ltda., é matéria a ser apuradapelo órgão fiscalizador competente, através de audito­ria...1

'

E quase terminando, fls. 215: " ... No caso vertente,entendo não estar configurada qualquer espécie de deIí­to... mesmo porque a base sustentadora das acusaçõesfoi constituída de modo um tanto suspeito. Fotocópiasde documentos altamente sigilosos (grifo nosso) e sema devida autenticação, fato quc em si macula a seriedadee legitimidade..." .

Este parecer, vérsando sobre o "dossiê" encaminha­do a esta Regional, sem que se tivesse apurado a legiti­midade e autenticidade que lhe desse valor probante,foi acolhido pelo Egrégio Tribunal deste Estado quedecidiu arquivar a representação formulada com baseno referido "dossiê", sem lhe julgar o mérito (fls.218/220), por força do disposto no art. 28 do CPc.

Francisco de Lagos Viana Chagas, contra quem serepresentou, foi chamado a esta Regional para informarpreliminarmente, sobre a obtenção dos documentos si­gilosos, prestando declarações nestes autos às fls.271/273.

Esclareceu o depoente: " ... em cerla ocasião foi dei­xado na residência do declarante, deixado sob a portada residência, um envclope contendo diversos docu­mentos bancários, além de outros... posteriormente foideixado sob a porta do estabelecimento comercial, res­taurante Carlitos, mais envelopes contendo também do­cumentos diversos ... todos os documentos estavam emcópia, sendo que o declarante não teve ou não temnenhum original dos mesmos... o declarante elaborouum dossiê juntando todos esses documentos... em ne­nhum momento diz o declarante haver procurado algumfuncionário do banco respectivo para confirmar a auten­ticidade dos documentos ..."

'Questionada a autenticidade. pela Procuradoria Ge­ral de Justiça deste Estado, dos documentos que seiria investigar nestes autos, passou-se a dílígenciar parase comprovar se tais documentos de fato eram cópiasde originais ou se tratavam de montagens, fato esteque distinguiria a quebra de sigilo bancário da tipifica­ção de outro ilícito penal previsto no Código Penalpátrio.

Relevante para as investigações policiais se demons­trava tal diferenciação.

Para se obter tal prova, tentamos nos valer dos docu­mentos públicos existentes nas Secretarias de Estado,sendo expedidos ofícios à Casa Civil e Com!!nicaçãoSocial, de onde se presumia serem originários os papéiscujas cópias constam do "dossiê" objeto de represen·tação (fls. 274/277).

Da mesma forma rec.orreu-se ao MM. Juiz Federalnesta Capital para obtcnção dos documentos bancários,a fim de que se confirmasse, através de perícia legal,se essas fotocópias representavam "ou não documentosbancários autênticos, com o que se comprovaria haver.de fato. ocorrido a publicidade de operações bancárias(fls 282/287), resguardadas por sigilo legal.

Manifestou-se favorável a estas diligências a D. Pro­curadora da Repúblíca (fls. 290).

A Justíça Federal prontamente ateudeu às delígênciassolicitadas, auxiliando sobremaneira o andamento dasinvestigações policiais.

Através de despacho favorável (fls. 292/294), da lavrado Exm', Sr. Juiz Federal da I' Vara nesta Capital,obteve-se os documentos bancários originais (fls.322/346), sendo então possível a realização de examepericial, o qual veio a estes autos através de "Laudode Exame Documentos-cópico" de fls. 359/370.

Do exame das fotocópias do'''dossiê'' com os obtidosna casa bancária, provou-se que as fotocópias eramautenticas, revelando a realização das operações bancá-

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rias ali registradas. Essa prova cstá selada na conclusãodo Laudo Pericial às fls. 3G9/370 dcstes autos, ondeos Senhores Perítos Criminais atestam a autencidadedos documcntos quc compõem o "dossiê"

Isto quanto aos documentos bancários.Já com relação aos documentos públicos que integram

o mesmo "dossiê", por razões, a nosso ver injustifi­cáveis não puderam os mesmos ser examinados.

Embora tenhamos oficiado às Secretarias dc Estadorequcrcndo os originais de tais documentos, argumen­taram os Senhores Secretários que:

" ... os documcntos solicitados já foram objl~to deanálise pela Douta Procuradoria Geral de Justiça doEstado que, ao examiná-los à luz da legislação vigente,inclusive quanto ao mérito, (grifo nosso) solicitou doEgr~~io Tribunal de Justiça do Estado, o arquivamen-to...

E continua o documento da Secretaria do Esta:do:" ... não se consegue vislumbrar o interesse pelos do­

cumentos solicitados, os quais além de já examinadospela esfera judicial competente em nada elucidllrão 11

questão (grifo nosso) ..." (fls. 309/310).No mesmo diapasão a resposta da Secretaria ele Co­

municação Social (fls. 311), acrescentando agora que:" ...quanto à licitude de atos praticados pela Adminis­

tração, quer nos parecer que sua análise e julgamentoé da estrita competência do Colendo Tribunal dc Contasdo Estado... "

Ora, procurávamos ncstes autos comprovar a autenti­cidade de documentos, bancários e públicos, com a fina­lidade de orientar invcstigações. Em nosso entend imen­to, teria o Governo do Estado o maior interesse emque isso fosse feito, exatamente para rechaçar as dcsa­gradávcis acusaçõcs que sofria.

No entanto, revelam as respostas às diligências :;olici­tadas às Secretarias de Estado, preocupação com "atospraticados pela Administração", culminando com o de­sentendimento aos pedidos formulados através d~, nor­mas comuns de investigações. em flagrante discordânciaao dcmonstrado pela Egrégia Justiça Federal em atossimples, claros e públicos, embora tenha ficado o Egré­gio Tribunal de Justiça impedido de se manifestar ::obreo mérito dos documentos requisitados, conforme deci­são às fls. 219 destes autos.

Em face da recusa das Secretarias de ComunicaçãoSocial e Casa Civil em fornecer os originais dos docu­mentos questionados, renovou-se solicitação às mes­mas, não mais para que apresentassem os papéis, mas,tão-somente para que comprovassem se as fotocópiasconstantes do "dossi€" correspondiam ou não aos docu­mentos públicos autênticos existentes cm pode'r dos ór­gãos oficiais perquiridos.

Afinal de contas, a própria Procuradoria Geral deJustiça havia desdenhad~ tais fotocópias, por julgá-Iassem valor probante, em face à ausência dc autcnticação.Nada mais lógico, portanto, do que dirimir tal dúvidae se estabelecer responsabilidade.

Todavia, para nossa estupefação, nem mesmo a sim­ples confirmação da autenticidade ou não de tais p<,péisnos foi fornecida pelas Secretarias envolvidas, as quaisreiterando ncgativas antcriorcs, argumentaram:

" ... nem à Justiça Federal compete processar e julgarcrimcs praticados contra a Administração Estadu ai encm a Polícia Federal tem atribuições para investigarfatos a este respeito ..." (fls. 503/504).

Já o Senhor Chefe da Casa Civil foi mais além ponde­rando:

"... a notícia do crime contra a Administração P,íbli­ca Estadual foi feita pcrantc a Autoridade local compe­tente, no caso o Digno Procurador Geral de JusJ:iça,que a respeito do assunto não determinou qualquee in­vestigação policial, (grifo nosso), mas, pelo contriírio,em face do caráter faccioso da denúncia preferiu solici­tar o seu arquivamento..." (fls. 50G(508).

Não deixa de scr significativo o fato dos SenhorcsSecretários afirmarem, a todo momento. que os crimespraticados pela Administração Estadual não deveriamser apurados pelo DPF. Entretanto, parece-nos queesqueceram os Senhores Secretários de que "os crimes"de que falam não foram objeto de apuração pelo próprioEstado, exatamentc por se ler colocado em dúvid'a aautenticidade dos papéis que integravam a denúncil...

O que deixam transparecer essas Secretarias de E.sta­do é que não lhcs convinha submcter seus documentosà apreciação desta Polícia, tão-somentc.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Também incidiram em grave incoerência os ScnhoresSecretários que recusaram o fornecimento dos docu­mentos se compararmos seus argumentos com aquiloque foi dito pelo Sr. Secretário de Fazenda quando,perante a Assembléia Estadual dos eleitos pelo povo,discorrendo sobre assuntos pertinentes ao "dossiê" (fls.510/544).

Afirmou que:" todo documento público é do povo, e do públi-

co " (fls. 510).Não sabemos a que povo se referia o Senhor João

Leite Schimidt quando de sua peroração, eis que, nemmesmo através de requisições oficiais conseguiu-se pôros olhos em tais papéis!

Todavia, sem cmbargo de tais percalços, como osdcmais documentos bancáriqs existentcs no aziago"dossiê" foram declarados autênticos, atravês de examepericial, entendeu-se nestes autos deixar de, novamen­te. acionar o Poder Judiciário para obtenção dos faltan­tes, dando-os também por autênticos, já que todo fun­cionário público é obrigado a comunicar crime, de ofí­cio, quando dele tomar conhecimento. estando tal nor­ma lá pelos artigos 319 e 320 do Código Penal Brasileiro,onde se discorre sobrc prevaricação e condescendênciacriminosa. Se não negaram a autenticidade das fotocó­pias, o que seria de dever legal, dâmo-Ias como autên­ticas.

Roberto Lourençone, gerente de uma das agênciasbancárias de onde foram tornados públicos documen­tos, informou nestes autos às fls. 562/566 de que extratosbancários foram fornecidos ao correntista Francisco La­gos, pela ex-funcionária Ivonilda, estando a expediçãodesscs extratos bancários entre outros que haviam sidoexpcdidos pelo computador do banco.

Quanto aos documentos diferentes dos extratos deconta, não sabe informar como as cópias foram obtidas(fls. 5G3).

Walter Rodrigues é gerente de outra agência de ondetambém se obtiveram documentos bancários tornadospúblicos.

Depondo às fls. 5G7/5G8 destes autos, diz-se surpresoe que:

"Não tem conhecimento de que tenha havido quebradc sigilo bancário na agência que gerencia... nunca rece­beu nenhuma reclamação desse tipo ... surpresa parao declarante ocorrência de tal natureza em agencia ban­cária do Bamerindus desta Capital..."

Sueli Aparecida Dronov de Souza, citada pelo gerenteda ag€ncia de onde se obteve cópia de documentosbancários, foi ouvida às fls. 575/578 destes autos.

Informa esta:" ... passou a solicitar extratos de firma Engecruz um

indivíduo branco e magro, com cerca de dezenove anos,o qual dizia que era funcionário dessa empresa... decli­nou o nome de Sérgio ou Celso ou César. .. somenteo funcionário com autorização registrada no compu­tador podia extra-ir extrato da conta bancária... emcaso de extratos rápidos, o próprio clientc digitandoseu código, obtinha movimentação de sua conta bancá­ria... recebeu a declarante aviso de Roberto de queestavam sendo fornecidos documentos de clientes a ter­ceiras pessoas... de fato Sérgio ou César ali apareceu,sendo indicado ao gerente Roberto ... segundo se co­mentou depois no banco, a pessoa indicada pela dccla­rante ao gerente Roberto s1 tratava de um parentede Francisco Lagos, cunhado ou concunhado... (concu­nhado) conhecia de vista Francisco Lagos... não eraeste quem obtinha extratos bancários da conta da Enge­cruz... não forneceu documentos de terceiros a Fran­cisco Lagos..."

Elidio José Del Pino, proprietário da firma Engecruz,de quem também foram divulgados documentos bancá­rios, foi ouvido nestes autos às fls. 579/584, sendo queeste não reclama de quebra de sigilo bancário em seudepoimento. Também esclarece que o funcionário en­carregado de operações bancárias em sua firma Enge­cruz, se trata de Luiz Carlos de Oliveira, diferentedc Sérgio ou César alegados pela atendente de balcãodo Banco Bamerindus S.A.

Investigávamos serenamente os fatos objeto destesautos quando, em dado momento, notícias estranhaspassaram a preencher espaços nos jomais desta Capital,dando conta de destituição do Sr. Superintendente Re­gional desta Polícia, cm razão da existência deste IPL.

Maio de 1989

Isto nos causou surpresa, mas em nada influiu nas inves­tigações.

No curso das diligências foi ouvido nestes autos oSr. José Rodrigues Dias às fls. 626/628. Seu depoimento

Joi no mínimo curioso, pois, não sabcndo ou não que­rendo esclarecer detalhes sobre as relações comerciaisIque mantinha com o poder público estadual (emborafuncionário deste poder) cuidou de deixar perfeitamen­te claro seu desejo de que o inquérito fosse encerradono ponto em que se encontrava.

Não há como se chegar a outra conclusão em facedo que declarou:

" ... o dcclarante tcve cm suas mãos um punhadode documentos bancários, os quais vieram a público,inclusive com publicação na imprensa escrita, documen­tos estes que expressavam operações bancárias reali­zadas pelo próprio... ao compulsar os documentos per­cebeu que eram autênticos... ficou o declarante sabendoquc estes documentos eram manipulados pelo indivíduochamado Francisco Lagos... o declarante ingressou comrepresentação criminal contra o mesmo... por quebrade sigilo bancário... o declarante não chegou a testemu­nhar de que forma Francisco Lagos veio a obter osdocumentos bancários... ncsta ocasião apresenta, atra­vés de seu advogado, nova petição onde sc retrata darepresentação de quebra de sigilo contra Francisco deLagos Viana Chagas... à vista desta petição apresen­tada. o declarante se reserva o direito de deixar de res­ponder 11 qualquer outra indagação realizada nesta oca­sião.u"

Tanto era seu desejo o encerramento das investi­gações que José Rodrigues Dias teve o cuidado de com­parecer a esta Polícia trazendo consigo o documentode fls. '629/630, onde expressa sua desistência da recla­mação intentada contra a quebra de sigilo bancário atri­buída na representação inicial a Francisco de Lagos Via­na Chagas.

Coriélusão: Esclarece o bipeticionário José RodriguesDias em seu requcrimento de fls. G29/630, que não pre­tendia representar contra o sigilo bancário, mas simpor segredo divulgado.

Neste ponto porém, náo poderíamos deixar de apon­tar outros fatos já comprovados nestes autos, e da máxi­ma importância.

Preliminarmente. rcstou comprovada a autenticidadedos documentos que compõem o chamado "dossiê",scndo este fato novo passível de ser apreciado pelaD. Procuradoria Geral dc Justiça e pelo E. Tribunalde Justiça, o qual não pode conhecer do mérito, remen­tendo-se-lhes cópias destes autos para ajuizamento.

Como também entendido pela D. Procuradoria Geralde Justiça deste Estado, em parecer exarado e constantencstes autos às fls. 210/216 de que:

" ... o Tribunal de Contas do Estado, órgão fiscali­zador, é competente para apurar as licitudes ou ilicitu­des dos at,?s praticados dentro da esfera governamental(fls. 214)';, seria de bom alvitre a remessa de cópiadestes aut,os também a essa instância, em auxílio aoreferido óFgáo fiscalizador, eis que, constatou-se nestesautos que a legislação invocada nos documentos de au­torizaçãode despesas às fls. 15G/1G7, foi equivocada­mente aplicada, conforme se pode entender da leituraatenta do Decreto-Lei n° 2.300, de 21'-11-86 (fls.278/280); pois, ao sc confrontar estes mesmos docu­mentos com os de fls. G21 destes autos, constatamosque deveriam antes ser licitados, o que não ocorreu!

Informa o D. Delegado do Tesouro Nacional (fls.G21) que a dispensa de licitação. na data registradanos documentos de dcspesa de fls. 15611G7; scria possí­vel até a importância de Cz$ 15.000,00 (quinze mil cru­zados), e pagou-se o montante de Cz$ 14.260.000,00(quatorze milhões, duzentos e sessenta mil cruzados),com o singelo registro de que: "a licitação é dispen­sável", sempre com a desculpa de que o tempo seriaescasso para a realização do exigível processo licitatório,ou que a firma contemplada seria "concessionária dcserviço público".

Ora, notamos que até mesmo os gastos com a solcni­dade de posse do eminente Governador deste Estadotambém não puderam ser previstos cm tcmpo hábil,conforme se depreende de justificativa apostada aosdocumentos de fls. 156/IG7, o que não deixa de serintrigante, visto que a eleição. diplomação e posse deum Chefe do Executivo Estadual, além de serem fatos

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Maio de 1989

marcantes, notórios e significativos, encontram-se jun­gidos a um calendário oficial, com prazos determinadose fatais.

Em desabono a essas despesas também se destacao documento de fls. 619 destes autos, oriundo do Minis­tério das Comunicações, onde se atesta que as empresasfavorecidas com o crédito: " ... não se constituem emconcessionárias do serviço público".

Realmente, documcntos dc constituição das mesmasencontram-se às fls. 602/618 destes autos, comprovan­do-se serem empresas privadas, e não concessionáriasde serviço público, classificação que lhes foram atribuí·dos pelas autoridades estaduais e que lhes possibilitaramempalmar vnltosas somas de dinheiros públicos.

Registre-se que não se computou no valor acima apu­rado a importância de Cz$ 861.100,00 (oitocentos esessenta e um mil cruzados), cstampados às fls. 1641166destes autos, expendida com flores e quitutes.

Também não nos ativemos nestes autos à análise dasaquisiçõe& de crustáceos, guloseimas e frutos divcrsospela Casa) Civil da Governadoria, conforme registramos documentos de fls. 168/204.

A esse fespeito discorreu o Sr. Secretário de Fazendado Estado, conforme registrado às fls. 522 destes autos,nos seguintes termos:

" ...nosso eminente Presidente do Tribunal de Con­tas, disse: "Puxa, isso é prova fraquinha, isso aí eubebo de uísque."

Acreditamos que essa brincadeira do Sr. Presidentedo Tribunal de Contas, conforme afirmado pelo SI.Secretário de Fazenda, não retratava seu real pensa­mento, pois este não poderia assim menosprezar a coisapública.

O que achamos é que no bojo dos autos, perquirirsobre o que se consome na Governadoria do Estado,serviria simplesmente para ridicularizar questão dasmais sérias.

Também ncstes autos se registra, para ajuizamentoà competência legal, que o SI. José Rodrigues Dias,funcionário público estadual, sendo sócio proprietáriode firma constituída por cotas de responsabilidadc limi­tada, detendo percentagem dessas cotas, obteve fatura·mento do Governo deste Estado, o que não nos pareceem consonância com a própria Constituição do Estadode Mato Grosso do Sul, conforme alguns artigos quefizemos inserir às fls. 4961497.

Comprovou-se também, durantc as investigações,que operações financeiras de vulto foram realizadas noexercício fiscal de 1987, envolvendo a firma MattrizPropaganda Ltda., a qual teve uma movimentação dedepósitos de numerários, em duas contas correntes noBanco Bamerindus S.A., que alcançaram o valor deCz$ 166.225.648,00 (cento e sessenta e seis milhões,duzentos e vinte e cinco mil, seiscentos e quarenta eoito cruzados) fls. 478/482.

Seu sócio José Rodrigues Dias depositou no mesmobanco, numerário que atingiu a cifra de Cz$295.800.145,00 (duzentos e noventa e cinco milhões,oitocentos mil e cento e quarenta e cinco cruzados)fls. 4891493.

Recebe este funcionário público a quirera de Cz$99.273,62 (noventa e nove mil, duzentos e setenta etrês cruzados e sessenta e dois centavos), em dezem­brol87, de rendimento mensal do Estado.

Auferiu melhores rendimentos com aplicações noopen/over.

Totalizaram Cz$ 1.922.585,27 (hum milhão, nove­centos e vinte e dois mil, quinhentos e oitenta e cincocruzados c vinte e sete centavos), no exercício de 1987,(fls. 4941495), os rendimentos auferidos por este funcio­nário público no mercado openlover.

Alega às fls. 6261628 quc desconhece a existênciade duas contas no Banco Bamerindus S.A.• em nomede sua firma comercial, Mattriz Propaganda Ltda, em­bora realize operaçiies bancárias em nome da mesma,inclusive com o aval do Exmo. SI. Governador desteEstado (fls. 49/55).

Essas operações serão melhor analisadas através deprovocaçao da D. Procuradoria da República junto aoFisco Federa!, podendo este, após fiscalização regula­mentar, noticiar eventuais irregularidades encontradas.

De exame pela Receita Federal também padece acontabilidade da empresa Engecruz - Engenharia, Ind.Com. e Consto Ltda.

DIÁRIO D'O CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Ao se examinar os cheques emitidos pela firma àsfls. 165/322. totalizando Cz$ 13.062.720,12 (treze mi­lhões, sessenta e dois mil e setecentos e vinte cruzadose doze centlvos) e sobre os quais o "dossiê" de denún,cias aventou a suspeita de que teriam sido emitidospara fins desconhecidos - o que é grave - nada podeapurar esta Polícia, eis que, em confronto com a fichacontábil de caixa às fls. 6381648. não registra a referidaficha de caixa a emissão referente a estes pagamentos,o que, além de altamente irregular sob o aspecto contá­bil, pode configurar evasão de receita da empresa esonegação de pagamento de impostos, inclusive à União(I.R).

Acresce que, o proprietário desta empresa, havendoobtido empréstimo de vulto junto ao Banco BamerindusS.A., no valor de Cz$ 160.000.000,00 (cento e sessentamilhões de cruzados), destina Cz$ 20.000.000,00 (vintemilhões de cruzados) à compra de imóvel rural.

Não sabe dizer como foram movimentados Cz$47.000.000.00 (quarenta e sete milhões de cruzados)fls. 5791584.

O Fisco da União poderá rastrear esta movimentaçãofinanceira.

Estavam as investigações neste ponto, quando é inter­posto o pedido do SI. José Rodrigues Dias, requerendoque sejam suspensos os trabalhos de apuração.

MM. Juiz,Há que ser considerada a manifestação do bi-peti­

cionário Jo,é Rodrigues Dias.Primeiro, representou por violação de sigilo bancário

que teria sido praticado pelo Sr. Francisco Lagos.Sua pretensão encontrara amparo no artigo 18 da

Lei número 7.492/86 que protege o sigilo bancário.

Agora, peticiona novamente, desta vez para escla­recer que seu objetivo inicial não era a responsabilidadedaquele que violara deveres funcionais protegidos pelosilêncio, mas sim a responsabilização de quem fizeraa divulgação dos segredos relativos às suas contas bancá­rias, e, neSTe ponto não nos parece haver amparo legala tal pretensão, por absoluta falta de tipicidade. Afinalde contas, a Lei proíbe e pune aquele que, violandodever de ofício. propicia a infidelidade. Nada diz a Leiem relaçãü àqueles que, não tendo o dever legal demantero sigilo, divulga fato de que toma conhecimento.

Por conseqüência, parece-nos que esta segunda mani­festação dI) Sr. José Rodrigues Dias, teria o condãode invalidar todo apuratório, desde que. sem embargoa falta de disposições específicas na Lei n' 7.492186,venhamos a considerar o crime previsto no Artigo 18da mesma como aqueles cuja ação penal dependeriade represell tação.

Pesquisado o Instituto que resguarda o sigilo bancá­rio, consta':amos no Artigo 27 da Lei n' 7.492 de 16-6-86(fls, 63416%), que o legislador se refere no mesmo arepresenta',ão do "ofendido", para que a ação seja in­tentada.

Sabemo!i que este termo, quando usado juridicamen­te, se réfere às ações penais que, para serem iniciadasdependem de provocação da vítima, ou quem o repre­sente.

Entendemos que o segredo divulgado era e é do Sr.José Rodriigues Dias, o qual reclamou como ofendidoem sua pe1:ição inicial.

Retratando-se, fenece agora a competência da Uniãonestes autos, pois, esvaiado o objeto principal das inves­tigações, quebra de sigilo bancário, em razão da qualse procurava neste apuratório esclarecer os meandrosdos acont(:cimentos, obrigatoriamente sentimos a ne­cessidade de manifestação de V. Ex' e da D. Procura­doria da República quanto à continuidade ou não dostrabalhos.

Em síntese, investigávamos toda a ocorrência em facea crime da alçada federal que, por conexão, nos impeliaao exame dos fatos subjacentes.

Com a c1esistência do "ofendido" e a ruptura do nexocausal, poderíamos, agora. estar impedidos de prosse­guir nos al1tos diligenciando exclusivamente sobre irrc­gularidad"s no âmbito estadual e, ressalte-se, com'abso­luta contrariedade do poder investigado.

Era também nossa intenção esclarecer, detalhada­mente, a regularidade ou não das concorrências venci­das pela firme Ellgecruz - Eng. Ind. e Com. Ltda,tanto assim que foram requisitados documentos da Se­cretaria de Obras Públicas do Estado - DER-SUL,

Sexta-feira 5 3171

referente ao Processo n' 1.557187 (fls. 7391984), sobreo qual se investiga a origem da ve.rba pública despendidapara execução do licitado neste processo, e eventu~l

interesse da União em sua boa aplicação.Da mesma forma, nossa ação se estenderia ao esque­

ma contábil existente entra o Sr. Jôsé Rodrigues Dias,a firma Matriz Propaganda JAda., c a empresa Brama.zônia - Brasil Amazônia Agroindustrial Comércio Im·portação eExportação Ltda., porém, todas essas investi­gações se encontram agora obstruídas com o surgimentoda retratação oferecida pelo SI. José Rodrigues Dias,Como registrado na petição renovada.

Por esta razão, submetcmos à apreciação de VossaExcelência os trabalhos até aqui realizados, a fim deque seja devidamente ajuizada a inteligência do Artigo27 da Lei n' 7.492186 (fls. 6341636), diante da desistênciaformulada nestes autos pelo queixoso Sr. José RodriguesDias.

Neste sentido, caso sejam estes autos de InquéritoPolicial encerrados. pelas razões expostas. ou outrasa juízo de V. Ex', reiteramos nossa sugestão de quedestes mesmos autos de IPL devam ser remetidas cópiasao Egrégio Tribunal de Justiça, à D. Procuradoria deJustiça e ao Colendo Tribunal de Contas, todos desteEstado, além de.. conhecimento das operações finan­ceiras realizadas à Receita Federal para exame e deci­sões de alçada de cada um desses Órgãos Públicos dospoderes Judiciário e Executivo.

É o relatório.Campo Grande-MS, 4 de maio de 1988. - Dr. Eli­

valdo Elias, Delegado de Polícia Federal.

O PRÓPRIO GOVERNOADMITIU O CRIME

Na ânsia de se defender das acusações do "dossiêLagos" e, ao mesmo tempo, tentar o esvaziamento daparticipação da Polícia Federal na apuração das denún­cias, o Governo escorregou grosseiramente em váriasocasiões. Numa delas, a casa Civil e a Secretaria deComunicação Social questionam da seguinte forma: " ...nem compete à Justiça Federal processar e julgar crimespraticados contra a administração estadual" ou, inge­nuamente, assim: " ...a notícia do crime contra a admi­nistração pública estadual foi feita perante autoridadelocal competente". Partindo do próprio governo, cominsistência, as frases "crimes praticados" e "notícia docrime foi feita", o Delegado Elivaldo Elias considerousignificativo o uso dessas expressões por quem deveria,ao contrário, em se tratando de defesa, rechaçá-Ias:"O que deixam transparecer (as secretarias estaduais)é que não lhes convinha submeter seus documentosà apreciação desta Polícia, tão-sOl)1ente". Na ótica doGoverno as denúncias deveriam ser apuradas pela Pro­curadoria Geral do Estado. Ou seja, em casa.

DIAS, UM SECRETÁRIO SUPERAGIO

A ação do secretário particular José Rodrigues Diasé narrada com detalhes e precisão pelo dossiê, mostran­do sua agilidade na manipulação do dinheiro públicoe de particulares. Começa em 12 de maiol87, logo ap6so emprestímo de Cz$ 14 milhões contraído pela Enge­cruz. Ele emitiu dois cheques de sua conta corrente,no Bamerindus, liquidando empréstimos feitos pela Ma­triz e pela Bramazônia - Brasil Amazônia Agroin­dustrial, Comércio, Importação e Exportação Ltda-,de propriedade do governador Marcelo Miranda. ABramazônia. instalada em Rondônia, foi acusada, em82, de contrabandear Café para o Paraguai. A denúnciafoi posteriormente contestada pela Polícia Federal. Oscheques totalizam Cz$ 14 milhões 999 mil 999.

No período de maio a julho, o chamado superse­cretário efetuou depósitos no valor global de Cz$ 65milhões 910 mil, de sua conta, para a Matriz e Brama­zônia, ao passo que recebeu, não se sabe a procedência,Cz$ 59 milhões 800 mil. Enquanto transferiu para aconta do Governador. no mesmo Bamerindus, Cz$ 5milhões, rccebeu, em'contrapartida, do próprio chefedo Executivo Estadual, outros CZ$ 4 milhões 350 mil.Nesse vaivém de vultosas somas em dinheiro, a empresaEngecruz recebeu um depósito de Cz$ 100 milhões,também sem procedência definida. e o retirou na bocado caixa da agência central do.Bamerindus, sito à RuaDom Aquino, nesta Capital.

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3172 Sexta-feira 5

Quem é

No dia 24 de junho/87, "fecha-se o circuito da corrup­ção", como narra o dossiê. com o secretário Jmé Ro­driuges Dias avalisando uma nova operação de créditopara a empreiteira Engecruz, sempre no Bamerindus,no valor de Cz$ 15 milhócs. O dinheiro foi retiradono dia seguinte átravés de três cheques ao portador-dpis de Cz$ 4 milhões. e o terceiro. de Cz$ 5 milhões62 mil 720.

O secretário particular do governador é um dos prin­cipais alvos do dossiê. Na época. ele dividia a sociedadeda Matriz com o maranhense Paulo Iran Sardinha, queem quatro anos tornou-se grande proprietário de terrase tem mais prestígio do que qualquer titular da Secre­taria de Comunicação Social. A nomeação de JOHé Ro­drigues Dias, que acompanha Marcelo Miranda desdeque este era diretor do Departamento de Estradas deRodagem de Mato Grosso (Dermat), na década de 70,foi o primeiro ato do novo governo.

O artigo 11 da Constituição Estadual, porém, proíbeum secretário de "ser proprietário ou diretor de empre­sa que goze de favor decorrente de contrato com pessoajurídica de direito público, ou nela exerça função remu­nerada". Na época. alegou-se que Dias estava afastadoda empresa, que ganhara, em poucos anos, o títulode "notoriedade" para abocanhar, com exclusividade,toda a publicidade governamental. Mas o próprio es­quema do Governo reconheceu a cumplicidade ao afas­tar o secretário da Matriz, mesmo que contratualmente,e deixá-lo de molho por quase um ano - não apareciaem solenidades, dentro ou fora do Parque dos Poderes,e não era encontrado em seu luxuoso gabinete.

Dias, hoje, com 52 anos, é pessoa de extrema confian­ça do Governador. como o é também o ex-Secretárioda Fazenda e atualmente Conselheiro do Tribunal deContas, ex-Deputado estadual João Leite Schimidt,considerado seu "guru" político e ainda visto com fre­qüência "dando as cartas" na Cassa Civil. Schimidt foiquem defendeu o Governo numa "prestação de contas"na Assembléia Legislativa, quando, apresentou docu­mentos tentando livrar o governador e seus asseilsoresdos crimes apontados pelo dossiê de Francisco de Lagos.

LAGOS, O ARQUIINIMIGO DO PMDB

O cearense Francisco de Lagos Viana Chagai;, 37,pode não ser bom de voto - perdeu três eleições, duaspara verl'ador, em 82 e 88, e a outra para deputadoestadual. em 86 - mas é um colecionador de processose bastante hábil para conseguir penetrar na inviolabi­lidade de um banco como o Bamerindus e extrair cópia,sde documentos altamente comprometedores, como osque ilustram seu dossiê ao tentar comprovar a polc2micadeclaração à Veja - "Nunca se roubou tanto. comono atual governo".

Depois de exercer o jornalismo até princípios de 80,quando foi assessor de imprensa, por ironia, do gover­nador Marcelo Miranda na Secretaria de Saúde - tendorabalhado nos Diários Associados em Brasília e CampoGrande - Lagos aderiu a política estreando no própriopartido do governador do estado, o PMDB, e chegou'a ser um dos coordenadores da campanha de Mirandaao Senado em 82. Em 1986 tronou-se arquiinimigo doPMDB ao debandar para o PTB. Durante a campanhaeleitoral de 86 sofreu um atentado, ao denunciar, nohorário gratuito do TRE. na TV, os benefícios conce­

.didos pelo estado e pela prefeitura, administrada porJuvêncio Fonscca, à Mattriz Propaganda. Seu caITO,um caravan, foi incendiado, e ele, espancado.

Na época. o caso foi muito comentado mas aindahoje os peemedebistas o acusam de ter forjado o aten­tado para comover a opinião pública. O certo é queo PMDB fez de tudo para evitar sua candidatura eincriminá-lo. A prefeitura abriu inquérito administra­tivo - tão logo Lagos filiou-se ao PTB, juntamentecom o Prefeito Lúdio Coelho e o ex-governador P"droPedrossian -, depois transformado em processo cTimi­nal, tentando indiciá-lo pelo susposto desaparecimentode lances de arquibancadas desmontáveis, adquiridasde uma firma do Rio de Janeiro, para o carnaval de86. O processo transcorria sem que ele soubesse, "numaverdadeira heresia jurídica". segundo o advogado An­tônio Cunha Lacerda. Lagos acabou sendo absolvido.

Desde então. passou a :'colecionar" documentoscomprometedores contra seus ex-companheiro:; do

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

PMDB, particularmente o Governador Marcelo Miran­da. A divulgação do dossié originou-se de um novoprocesso contra sua pessoa, em que era acusado dedifamação juntamente com o presidcnte da Associaçãodas Agências de Propaganda·de Mato Grosso do Sul.Sérgio Peixoto Braga, por reportagem na revista Veja.Tudo começava com novas denúncias dc favorecimentodo governo à Mattriz - empresa constituída em 83e, hoje, uma potência -. envolvendo inclusive umabutique de propriedade da filha do governador. Simul­taneamente. a Federação Nacional das Agências de Pro­paganda (Fenapro) entrava com uma representaçãocontra o Estado no Tribunal de Contas.

Durallte o discurso do Sr. José Elias o Sr. CarlosCotta, 3'-Secretário deixa a eadeira da presidência,que é ocupada pelo Sr. Paes de Andrade, Presidente

O SR. PRESIDENTE - (Paes de Andrade) - Tcma palavra o Sr. Orlando !'acheco (Pausa.)

O SR. ORLANDO PACHECO (PFL - Se. Pronun­cia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente. SI" e Srs.Deputados, "País inteiro vive um tempo de sangue emortes", esta foi manchete de página intcira do CorreioBraziliense, domingo próximo passado. Agride-se, estu­pra-se, mata-se por motivos fúteis, por raivas mOmen­tâneas ou por uma pretensa honra.

O dia-a-dia do povo brasileiro está repleto de agres­sões, seja de que forma for: violência no trânsito, nasruas, nos lares e nas escolas. O índice de mortes notrânsito é assustador. Nas ruas não se pode andar semmedo, sem sermos vítimas de um assalto a qualquerhora do dia, ou morto sem motivo algum. Temos vistoconstantemente nos jornais denúncias de violência àmulher e à criança, ato comum nos lares brasileiros.Nas escolas, as crianças estão expostas às drogas e aosestupros, causando até morte, como fato narrado sema­na próxima passada na capital do Brasil: menor de 17anos morto com tiros por outro menor, nas imediaçõesde uma escola.

S1'. Presidente. é alarmante a violência no Brasil;estamos à frente de um grande problema social brasi­leiro. Com" mostra Adolpho Bloch. num artigo titulado"Sou de Mdnor", chamou-me a atenção a seguinte cruele dura realidade:

"A grande quantidade de menores infratores tor­nará dentro em breve até mesmo inviável a existên­cia das' instituições que pretendem resgatá-los damarginí'lidade. Mas ninguém pode esquecer que,por tras de cada menor infrator, há um adulto,que foJnece a arma para os assaltos e crimes, ea droga, que torna o jovem dependente e auxilíarno tráfico. Os atos dc violência cometidos pelomenor ganharam graves dimensões quando ele pas­sou a cpnhecer seus direitos. O menor é inimpu­tável: alIei o livra das conseqüências penais dosatos criminosos que ele comete. Para resolvermosesse pn.jblema, temos antes de mais nada de reverseriam~p.te a lcgislação protetora do menor à luzdos pro~lemassociais brasileiros de agora. A socie­dade m~da e as leis devem acompanhar essa evolu­ção, pa~a ser eficiente e realmente oferecer prote­ção a tqda a população - adultos e crianças. Paratomar realmente possível o processo de salvação,reeducação e reinserção do menor delinqüente nasocieda,de, temos também de reavaliar o tipo deassistên:cia prestada pelas instituições especializa­das. Talvez com a criação de col6nias agrícolas,os men.ores aprenderiam o real sentido da respon­sabilidade, através do trabalho".

Sr. Presidente, nobres colegas, é hora dc refletirmossobre essa crise de violência que assola o País. Como índice de criminalidade cometido por menores, Joaça­ba, pequeno Município de Santa Catarina, com aproxi­madamente 50 mil habitantes, chega assustadoramentea 21,26% contra 8% de São Paulo e 6% do Rio deJaneiro. De cem crimes verificados no Município deJoaçaba, 21 são cometidos por menores. Com a faltade local apropriado para recolher os menores infratores,eles estão sendo levados até para a cadeia pública daregião.

Vamos transmitir seguridade ao nosso povo brasileiro,criando mecanismos para coibir a violência.

Maio de 1989

Durante o discurso do Sr. Orlando Pacheco oSr. Paes de Andrade, Presidente deixa a cadeirada presidência, que é ocupada pf!{o Sr. Carlos Cotta,3' Secretário.

O SR. PRESIDENTE(Carlos Cotta) - Tem a palavrao S1'. Gerson Peres (Pausa.)

O SR. GERSON PERES (PDS - PA. Sem revisãodo orador.) - Sr. Presidente. Srs. Deputados, estra­nho, sob todos os aspectos, é o procedimento políticodo Presidente da CUT, o S1'. MenegeI1i. S. S, esteveontemnesta Casa, pretendendo arregimentar liderançaspolíticas para uma rejeição imediata. ion limine, da Me­dida Provisória n" SO. Procurou lideranças políticas iden­tificadas com o seu ponto de vista; levou-as para ocentro da biblioteca e convocou o Líder maior, queé do PMDB. nosso eminente companheiro DeputadoIbsen Pinheiro, do Rio Grande do Sul. Ali fez a suaprimeira tentativa. buscando uma rejeição preliminarda medida, sem apreciação do mérito, hão a julgandorelevante, nem urgente, e também condcnando-a porinconstitucionalidade.

Estranhamos, que S. S, não tenha procedido comodas vezes anteriores, buscando um debate democráticocom as lideranças de todos os partidos para poder rece­ber, no momento, a opinião do conjunto de liderançasdesta Casa.

Sr. Presidente, viemos a esta tribuna justamente paradizer a S. S', de público, que não subestime a presençadas demais lideranças que não concordam com o seuponto de vista.

Elas estarão sempre vigilantes com relação às suasatitudes, muitas vezes arrogantes e não democráticas,como esta que agora prega pelo País inteiro. e quediz respeito à desobediência civil. Fala da inconstitucio­nalidade que possa ter a Medida Provisória n' 50, que,por mais defeitos que tenha no seu texto, é origináriado princípio do Estado de Direito, está no elenco dosinstrumentos do processo legisiativo. Cabe ao Congres­so apreciá-la, nos termos da lei, e ela deve submeter-seao tripé do Estado de Direito. que são a liberdadc.a legalidade e o controle jurisdicional.

Quanto à Medida Provisória n° SO. o Partido Demo­crático Social e n6s, particularmente. temos sérias res­trições a determinados dispositivos. Julgamo-Ia atéatentatória ao princípio constitucional. mas grande par­te do seu conjunto é indispensável e deve ser analisadapelos Congressistas para botarmos um ponto final naex·ploração do grevismo que, assim usado pelo Sr. Me­ncghel1i, atenta contra o Estado de Direito, contra aqui­lo que queremos implantar em nosso País, que é umademocracia abrigando todos ,?5 segmentos da nossa so­ciedade.

O Sr. Jair Meneghelli está prestando um desserviçoà classe trabalhadora do Pais. Não está querendo ajus­tar-se à realidade do momento hist6rico brasileiro, queé o de construir uma democracia sólida. Em vez deanular a ação governamental e legislativa, prega elea desobediência a toda esta ação e a todo o processolegislativo. Vamos apreciar a Medida Provisória n' SO.Vamos mostrar onde está o pecado mortal por. ..

O Sr. José Genoíno - Ela é o pecado mortal doBrasil.

O SR. GERSON PERES - Sr. Presidente, esperoque V. EX' me garanta a palavra, pedindo ao nobreDeputado José Genoíno que se contenha.

O SR, PRESIDENTE (Carlos Cotta) - (Faz soaras campainhas.) - V. Ex' está com a palavra. Nãosão permitidos apartes no Pequeno Expediente.

O SR. GERSON PERES - Continuando, Sr. Presi­dente. devemos escoimar, por exemplo, determinadascolocações no que diz respeito ao processo da requisiçãocivil, que está colocado de maneira pouco compatívelcom o que dispõe nossa atual Constituição. Devemosexaminar e eliminar a transferência da punibilidade paraos empregadores e trazê-la para o controle jurisdicional,para os tribunais. Existe também um grave erro quefere o princípio do estado e de direito. Além disso.devemos examinar outras tantas coisas para colocar aMedida Provisória n" 50 no trilho dos princípios queregem a Constituição.

Não podemos, preliminarmente. rejeitá-Ia e deixarpermanecer o estado ca6tico em que vive o Brasil, onde

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Maio de 1989

a sociedade, a cada dia, vem rcbelando-se contra asações de greve política, que atentam contra aquilo oque queremos; construir em nosso País uma verdadeirademocracia, onde haverá debate e discussão.

Sugerimos ontem, na Comissão de Lideranças, que,para acabarmos de uma vez com toda essa discussão,temos de tirar do arquivo do Congresso todos os 27projetos de lei de greve que estão tramitando, juntá-losà medida provisória, pedir urgência, nomear uni Rela­tor, elaborar um substitutivo com todo o pensamentoali inserido, após indagar ao País, com coragem, defini­ção e decisão, como seria a lei de greve que precisamoster já e já para acabar com os abusos que a pr6priaConstituição condena e que estão dominando todos ossetorcs de atividades de nosso País.

o SR. JONAS PINHEIRO (PFL - MT. Pronunciao seguinte discurso.) - Sr. Presidcnte, Sr" e Srs. Depu­tados, aquela que é a maior safra agrícola do País poderátornar-se o maior destímulo às safras futuras.

Não é possível o Govcrno Fcderal não entender oque passa ou sensibilizar-se por situação mais caóticaque sobressalta o produtor rural, neste final de exce­lente safra em quantidade e qualidade de seus produtos.

O desespero do homem db campo se justifica quando,com sua lavoura colhida, depois de tanto sacrifício, nãocncontra preço que remunere suas despesas.

Com o congelamento dos preços a nível de 15 dejaneiro, é evidente que os preços mínimos estão muitoabaixo do custo real. A gravidade é maior quando sesabe que o Governo ainda não colocou à disposiçãodos Agentes Financeiros recursos para as operaçõesde EGF e sobretudo AGF, mecanismos iplprescindíveispara sustentação dos preços, sobretudo na área de fron­teira agrícola.

Sr. Presidcnte, Sr" e Srs. Deputados, soma-se a estaspreocupações o congelamento do dólar em relação aoCruzado Novo. Os produtos de exportação estão como.preço extremamente defasado, insuficiente sequer pa­ra cobrir o custo de produção, apesar da boa produti­vidade, como o caso da soja.

Apelos já foram feitos em toda instãncia, sem quenenhuma providência tenha sido tornada.

Vàmos insistir. Gostaríamos de receber o apoio doCongresso Nacional, para que, junto aos Ministro daAgricultura, Planejamcnto, Fazenda e ao Sr. Prcsidenteda República, somemos esforços para evitar a falênciado meio rural brasileiro, por paradoxal que seja, noano da super safra brasileira.

O SR. WALDECK ORNELAS (PFL - BA. Semrevisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados,em decorrência de dispositivo constitucional, está emandamento, em vários E~ados brasileiros, a elaboraçãodas cartas estaduais.

Na Bahia, contudo, a elaboração da Constituição Es­tadual vem sendo atropelada pelo Poder Executivo lo­ca!. À guisa de manter maioria na Assembléia Legisla­tiva, o Governador do Estado adota-o que já é umaprática - expediente que se repete, qual seja o deexonerar secretários de Estado com mandatos esta­duais, a fim de que se reincorporarem à Casa Legisla­tiva, ficticiamente, até à votação de matéria do seuinteresse, para em seguida retornarem a seus postosexecutivos, dos quais efetivamente não se afastaram.

O caso acaba de se repetir agora, com o afastamentoda Assembléia Legislativa do suplente de DeputadoPaulo Fábio Dantas, do Partido Comunista Brasileiro,que é também relator da Comissão de Organização doEstado, na Constituinte estadual. O fato é extrema­mente deplor;ível e nos causa estranheza, sobretudoporque tal iniciativa parte de um Governo que faz ques­tãc de assinar governo democrático da Bahia, cujo go­vernador, no fim de semana anterior, na convençãodo PMDB, neste plenário, desfraldou a bandeira deprogressista, tendo até seu nome cogitado para umaeventual candidatura à Vice-Presidência da República.

Solidarizo-mc com o Dcputado Paulo Fábio Dantase com o Partido Comunista Brasileiro, que teve seuúnico representante na Assembléia Legislativa cassadopor ato do Governo do Estado da Bahia, ainda quetemporária e circunstancialmente. Nesse sentido, cha­mo a atenção da Nação e em particular do PMDB,que, nesta hora, cogita do Sr. Waldir Pires como líder

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

progressista, para que tenha presente que aquilo queS. Ex' prega não é o que pratica no Governo da Bahia.

O SR. JOSÉ CARLOS COUTINHO (PL - RJ. Semrevisão do oJTador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados,o nosso apelo se dirige aos responsável pelo GovernoFederal no sentido de que haja negociação efetiva comos funcioná rios do B'anco do Brasil. Esta situação nãopode contillUar. Com a Medida Provis6ria n' 50, osfuncionários do Banco do Brasil estão-se sentindo muitoameaçados. Naturalmentc, no Congrcsso Nacional:va­mos analisar e, quem sabe, até rejeitar essa medida,que me parece discricionária. Mas de qualquer maneiraé muito importante, é fundamental que haja por partedo Governo o espírito de negociação, inclusive acaban­do com ess,l ameaça que paira sobre esses funcionários.Votamo~, na Constituição, o direito líquido e certo

de greve, que será regulamentado pelo Congresso Na­cional. N2.0 pode pairar qualquer dúvida, qualquerameaça so bre o emprego e a estabilidade da famíliadesses func:ionários. Apelo, desta Casa, para que hajaefetivamente uma negociação e não haja dúvida sobrea estabilidade dos funcionários do Banco do Brasil.

Muito obrigado.

O SR. JOSÉ DUTRA (PMDB - AM. Sem revisãodo orador) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, no quetoca à hiterlândia, o Estado do Amazonas vive um dosproblemas mais graves de sua hist6ria. Trata-se da terrí­vel enchente quc se abate sobre o vale Amazônico.

Sr. Presidente., esse fato tem gerado verdadeiro des­c:'labro iJa economia do Estado. Por via de conseqüên­CIa, trouxe desgraça, angústia, apreensão e desespe­rança aos corações e almas de quantos habitam o inte­rior do Estado. Para comprovar essa ocorrência, o "Diá­rio Oficial·' do Estado do Amazonas do dia 24 de abril,publica ato de S. Ex', o Governador do Estado, decre­tando estado de calamidade pública nos Municípios deItacoatiara, Urucurituba, Silves, Itapiranga, São Sebas­tião do Uatumã, Urucará, Barreirinha, Boa Vista doRamos, Maués, Parintins, Nhamúndá, Manacapuru,Iranduba., Manaquiri, Careiro da Várzea, Anorim,Anamã, Atalaia do Norte, Benjamin Constant e Taba­tinga.

Cerca de 150 mil pessoas no meu estado hoje se en­contram s~m abrigo, sem assistência médica, sem ajudapara saíTEm desse estado terrível que se desen ha noAmazonal; como conseqüência da enchente tenebrosa.Aliás, est:. já se aproxima da ocorrida em 1953, quechegou a alagar a Capital do Estado, Manaus.

Por isso, vendo esse drama, recebendo dos Prefeitosmunicipai, as suas apreensões e os seus reclamos, venhoà tribuna hoje, pela segunda vez no mês, para daquibradar um SOS do meu Estado ao Sr. Ministro do Inte­rior, no !,entido de que determine a ida de técnicospara exame, in loco, da situação real por que passao povo hinterlandino do Amazonas. E o faço, Sr. Presi­dente, na esperança de que, com isso, o Governo Fede­ral possa, de alguma forma, minimizar a dor e o sofri­mento do meu povo.

O SR. SANTOS NEVES (PMDB - ES) - Sr. Presi­dente, Sr>. Deputados, assomo' à tribuna para dar co­nhecim.ento a esta Casa de denúncia feita pela revista"Isto E -- Senhor". do dia 3 de maio. Trata-se deum artigo sob o título "Olho na Caixa", do qual enfatizoo seguint'l:

"A CEF distribuiu verbaspara eleitores de Íris Rezende

A Caixa Econômica Federal entrou firme no jo­go dE. sucessão presidencial. Está reabrindo as por­tas de seus cofres - fechados desde novembro- para os Estados do Maranhão e Piauí, e prometeo mesmo tratamento para Mato Grosso do Sul eParaiba. Coincidentemente, os governadores des­ses Estados estão entre os que mais se compro­meteram com a candidatura do Ministro íris Rezen­de. apoiada pelos moderados do PMDB e peloPalác:io do Planalto.

SãD ao todo sete operações para obras de águae saneamento. Três destinam-se ao Maranhão, doGowrnador Epitácio Cafeteria. e serão realizadaspela Construtora Norberto Odebrecht. Uma é parao Piauí, de Alberto Silva, e caberá ã empreiteira

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paulista Servaz. Essas já foram aprovadas pelo pre- .sidente da Caixa, Paulo Mandarino, ad referendumda diretoria. As que atenderão aos pedidos do Go­vernador Marcelo Miranda, de 'Mato Grosso doSul, e de Tarcísio Burity, da Paraíba, estão emvias de aprovação.

Essas operações, aprovadas ou com sinal verde,atropelam uma enonne fila de projetos de outrosEstados e Municípios, além de inúmeros financia­mentos propostos por empresas privadas, princi­palmente para a construção de habitações. Paraviabilizar esses financiamentos, a Caixa está estu­dando um artifício para burlar a Resolução n'1.469, do Banco Central, que limita os créditospara o setor público. A resolução, que proíbe em­préstimos para novas obras, admite que eles sejamfeitos no caso de obras de complementação. Asobras agora apoiadas pela Caixa correspondem anovos projetos. Mas. como se trata de investimen­tos em água e saneamento, alegou-se que serãodestinados à complementação das redes existentes.Outra particularidade dessas operações é que elasserão rea~adas com os recursos obtidos l'ecente­mentc pela Caixa com a colocação de letras hipote­cárias junto à rede bancária privada.

Documento técnico da Caixa revela que essasletras estão sendo remuneradas a 6,5% ao ano deJuros reais, e os empréstimos concedidos a 9%,um diferencial que dá somente para cobrir os custosadministrativos da instituição.

O certo é que as obras correm o risco de parar,c.aso a Caixa não recupere sua capacidade de finan­ciamento ou os bancos privados decidam não reno­var as letras hipotecárias.

O fato de o sistema financeiro privado estar dire­cionando recursos obtidos através de cadernetasde poupança para a aquisição de letras da Caixaassegura aos bancos uma aplicação confortável atéàs vésperas do novo governo. Por outTO lado man­tém fechadas as portas de seus próprios cofr;s paraos financiamentos privados no setor habitacional,onde a demanda é cada vez maior e a rentabilidadegarantida, devido à grande escassez de moradiasno País. Assim, empresas que pretendem investirna construção de habitações esbarram no não dosbanqueiros privados e são atropeladas na fila dosfinanciamentos da Caixa, devido ao jogo político."

Sr. Presidente, gostaria, na qualidade de Deputadopelo Estado do Espírito Santo, de fazer ver a esta Casaque, realmente, ao tempo em que esses fatos ocorrem,com esse sentido político deturpado, o Governador doEstado do Espírito Santo esteve recentemente na CaixaEconômica Federal para encaminhar diversos pleitosque estão paralisados, recebendo sempre a mesma nega­tiva. Há pleitos importantes, como é o easo da implan­tação do Planab - Plano Nacional de Habitação doEstado, do interesse de diversos Prefeitos, que tambémestiveram com o Presidente e a Diretoria da Caixaque continuam esquecidos e abandonados pela CEF:E o caso, em nosso Estado, de projetos de abasteci­mento de água, de saneamento, de segurança públicae de melhoria das condições de habitabilidade em váriosconjuntos residenciais na Grande Vitória. Todos têmsempre recebido a mesma resposta ncgativa, isto é,que a Caixa não dispõe de recursos.

Por outro lado, a empresa privada. cujo Sindicato,o da Construção Civil do Espírito Santo - Sindicon- eu represento pessoalmente na Federação das Indús­trias e na Confederação Nacional da Indústtia - CNI- tem uma série longa de projetos encaminhados paraa construção de habitações e moradias populares, emvários programas e inelusive em programas de coope­rativas habitacionais, que estão paralisados pela pcrma­nente negativa da Caixa. que está desviando os recursospara essas outras finalidades evidenciadas no artigo cu­jos trechos acabei de ler.

Quero, portanto, encerrar, dizendo que é muito im­portante que a Casa diligencie junto à Caixa EconômicaFederal, o esclarecimento do assunto, no sentido decontestar ou explicar esses fatos aqui denunciados.

Muito obrigado.

O SR. JOÃO CUNHA (PRN - SP. Pronuncia o se­guinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr" e Srs. Deputa-

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dos, desejo comunicar a V. Ex' e à Casa que o Partidoda Reconstrução Nacional (PRN) está presente nestaCasa e meu mandato parlamentar o legitima desde ofinal de março de 1989.

Assentado sobre a estrutura legal do antigo PaTtidoda Juventude (PJ). aqui representado pelo nobre Depu­tado Arnaldo Faria de S:l. o PRN hoje tem seu ideário.programa e manifesto orientados no sentido da recons­trução nacional.

Temos para nós, Sr. Presidente, que o próprio nomedo partido sintctiza, dc forma clara c marcante, os obje­tivos de nossa luta.

A idéia da reconstrução contém a denúncia da tragé­dia imposta à Nação brasileira pela ditadura fascista.corrupta e entreguista de 1964. Denuncia a violentaçãode nossa soberania; a entrega de nossas riquezas à vora­cidadc internacional; a destruição da univcrsidadc; agu­dização da dependência externa da economia nacionale o empobrecimento inaceitável de todo o povo brasi­leiro; denuncia a fome, a miséria, a falta de sa'1de,o drama da habitação; denuncia a destruição dos rios.florestas e meio ambiente; denuncia a perda da crençado povo nas suas instituições políticas; denuncia a quc­bra da boa convivência social e a violência instaladade forma assustadora entre nós; denuncia, enfim, 2. de­vastação a que está submetido o Brasil cm todos osníveis hoje.

Por essa idéia de reconstrução, queremos resgataros valores éticos da vida pública; resgatar a econemiaem favor dos brasileiros; resgatar a convivência socialdefinida pela Justiça, que informe a paz e consagreos valores da liberdade.

E queremos com a reconstrução nacional definir quenossos objetivos estabeleçem a necessidade da formu­lação de um projeto nacional que seja a síntese e asoma dos sonhos de todos os brasileiros.

Face a tanto, Sr. Presidente, consignando este regis­tro para que conste dos Anais desta Casa,desejo firmar­me como um dos representantes do Partido da Recons­trução Nacional, feliz por ter sido o primeiro a assumirinteiramente suas propostas e de ter, no mesmo passo,assumido a candidatura Fernando Collor de Mello noinstante mesmo em que se apresentava, com 5% napesquisa da opinião pública, e absolutamente desconhe­cida pelo universo político brasileiro.

Caminho com o Partido da Rcconstrução Nacionale com a candidatura Fernando Collor de Mello à presi­dência da República, certo de que O respaldo do povo,indicado pelas formidáveis pesquisas de opinião públi­ca, sustentam a posição que assumi num momento ante­rior absolutamente adverso.

Requerendo que faça constar dos Anais este comuni­cado. no mesmo sentido peço que sejam informadostodos os setores administrati~os e políticos desta Casade minha integração ao Partido de Reconstrução Nado­nal.

Quero deixar, também. em nome do GovernadorFernando Collor de Mello, abertas as portas do partido,abertas pelas suas idéias, pela adesão que possam teros homens de bem, renegando a participação entre n6sde todos os corruptos, entreguistas, de todos os quese comprometeram com o atual regime na formulal;ãoda política que destruiu o sonho de milhões de br,lsi­leiros. Desejo manter nossas mãos abertas. estendidasa todos os senhores parlamentares de todos os Estadosbrasileiros, a todos os homens de bem que queiramrealmente formular o grande projeto nacional e rcorien­tar a Nação nos passos do seu destino de grandeza.

A minha presença sela um testemunho com a minhavida de 25 anos de luta contra a ditadura, que infeliCÍ'!oua Pátria, luta renhida assumida ao lado de outros patrio­tas brasileiros que, como cu, acreditam que o Brasilé viável. A esperança, o fadário de todos nós no contex­to da ditadura, é algo vivo e palpável e depende apenasde nós, de toda a Casa, de todo o universo políticoda Nação.

Deixo aqui a proposta do PRN. a proposta de nossacandidatura à Presidência da República, respaldada ho­je pela opinião pública.

Sr. Presidente, coloco-me inteiramente ã vontade pa­ra dizer que meu nome subscreve a bandeira da causadesse jovem Governador nordestino, que soube desco­brir o veio exato do que representam os anseios e eXp'ec­tativas do povo brasileiro no dia de hoje.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

o SR. ANTERO DE BARROS (PMDB - MT. Semrevisão do orador.) -Sr. Presidente. Sr~' e Srs. Deputa­dos, ocupamos a tribuna para manifestar nossa preocu­pação, reforçando a crítica c a autocrítica feitas ao Con­gresso Nacional.

A medida provisória que regulamenta o direito degreve - como já disse o Presidente da CUT - é incons­titucional. Talvez por essa sua declaração aquele lídersindical tenha de depor na Polícia Federal. Ao se estabe­lecer o parâmetro da aprovação por um terço da catego­ria profissional para a decretação da greve, está-se ferin­do o princípio da autonomia da organização sindicaldos trabalhadores.

Gostaríamos de dizer ainda - e aí está a autocríticae a crítica - que o Congresso Nacioal deve evitar queo retrocesso se consuma na próxima segunda-feira. Deacordo com a medida provisória baixada pelo Presi­dente Sarney - cujos atos estarão nulos porque o Con­gresso Nacional não pode cometer o suicídio de apro­vá-la - se a partir de segunda-feira os trabalhadoresconvocados não assumirem suas funções, poderão serpresos. E o Congresso Nacional será co-responsávelpor cssas conseqüências, pois a Constituição elaboradapor nós garante o direito de greve. O Congresso Nacio­nal deveria ser convocado extraordinariamente para re­.ieitar imediatamente essa medida provisória, assim co­mo a Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputadosdeveria apresentar proposta no sentido de regulamentaro direito de grevc.

A minha preocupação com o funcionamento do Con­gresso está contemplada em projeto de lei que apresen­tamos e para o qual reivindicamos o apoio das Lide­ranças. Ele trata especificamente da inelegibilidade dosatuais integrantes do Parlamento - Deputados Fede­rais e Senadores -se até a data das convenções partidá­rias, em 1990, não tiverem sido aprovadas a legislaçãoordinária e complementar à nova Constituição. Masnele está contida uma ressalva. Os Parlamentares quetiverem registrado o comparecimento a 70% das sessõesdo Congresso, das votações em Comissões e no Plená­rio. poderão candidatar-se à reeleição. pois ficará de­monstrado que cumpriram o dever de legislar para oBrasil.

O projeto visa a afastar do Congresso Nacional. nãopermitindo a candidatura à reeleição em 1990, aquelesque tradicionalmente não comparecem a esta Casa.

Neste momento o Legislativo está sendo criticado.e com justiça, por não ter ainda regulamentado o direitode greve. Mas mais criticado será se, ao invés de ficaresperando um consenso de lideranças, não rejeitar ime­diatamente essa medida provisória que afronta o quegarantimos na Constituição, relativamente ao direitode greve.

Era o que tinha a dizer.

O SR. NELSON SABRÁ (PFL - RJ. Sem revisãodo orador.) - Sr. Presidente, Sr" e Srs. Deputados,retorno à tribuna para fazer algumas considerações arespeito da convenção que o PFL realizará no dia 21do corrente, quando seus filiados escolherão o candi­dato que deverá representar o partido na eleição presi­dencial de 15 de novembro de 1989.

A perplexidade é tão grande nas bases do partidono Estado do Rio de Janeiro que, quero crer, seráextremamente difícil o PFL realizar, com alguma mar­gem de sucesso. essa prévia eleitoral. Já percorri o nor­te, o noroeste, a Região dos Lagos, a região serranae a Capital do Estado, reunindo os diretórios zonais,e constatei que não há uma única seção do partidoque se identifique com a proposta aprovada na conven­ção realizada no mês próximo passado; não há um únicodiretório que se disponha a estimular a presença deseus filiados para se manifestarem a respeito de suapredileção. Não que faltem aos postulantes, ao ex-Mi­nistro Aureliano Chaves, ao ex-Ministro e SenadorMarco Maciel e à ilustre companhcira Deputada SandraCavalcanti, predicados para ocupar a Presidência daRepública. Todavia, inexiste sintonia entre o status quo,a situação vigente exposta pelos postulantes, pela cúpu­la partidária, pela Executiva Nacional, e as reivindi­cações, as aspirações das bases do partido no Rio deJaneiro. Não temos o direito de submeter esses nossoscompanheiros à situação vexatória de 'participar de umaprévia em que não haja eleitores. E importante que

Maio de 1989

neste momento a Executiva e os líderes nacionais doPFL reflitam e sustem essa prévia eleitoral.

Sr. Presidente, o que as bases desejam é uma maiordiscussão a respeito dos problemas nacionais, do perfildo futuro Presidente da República.

Tenho dito reiteradas vezes - e já o fiz há quinze,trinta, sessenta dias - que, se a escolha se desse hoje,as bases do PFL apoiariam o Governador FernandoCollor de Mello. Sr. Presidente, no Rio de Janeiro sóse fala em Collor de Mello e Leonel Brizola. Lá nãohá espaço para outra candidatura. Por que a ExecutivaNacional dá as costas para o pensamento majoritárioda população daquele Estado? Como pretender gover­nar o País sem entender o sentimento do povo flumi­nense e carioca? Isto é inconcebível.

Por isso, volto a esta tribuna para pedir humildadeàs lideranças, que deverão declinar de suas aspiraçõese permitir que nossas bases escolham os seus próprioscaminhos na direção de coligações que possam sintetizarum sentimento e uma proposta de Governo que se coa­dune com o que a população brasileira, a fluminensee a carioca esperam.

Era o que tinha a dizer.

O SR. GABRffiL GUERREffiO (PMDB - PA. Semrevisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados,o Deputado José Dutra, nesta tarde, colocou uma ques­tão crucial para nós, que é a da enchente do rio Amazo­nas, acontecida este ano. Estive já nesta tribuna fazendoa mesma colocação. Encontram-se em Brasília, hoje,uma dezena de prefeitos de municípios da minha região,que estão vivendo situação de calamidade pública. S.Ex'; aqui vieram em busca de socorro. Cerca de 70mil pessoas jã foram atingidas pelas enchentes, queestão atingindo o mesmo nível das enchentes de 1953.quando houve a maior enchente do Amazonas nesteséculo.

Ainda temos, Sr. Presidente, mais um mês e meiode tempo favorável à subida das águas do rio, e emtorno de quinze mil famílias já estão absolutamentesem abrigo naquela região.

No município de Prainha a situação é calamitosa.Conversei hoje com o Prefeito de Almeirim e ele disse­me que não sabe mais o que fazer.

A enchente está atingindo Ahneirim, Prainha, MonteAlegre, Alequer, Óbidos, Oriximiná, Juruti, Faro, Itai­tuba, Aveiro e Santarém.

Os prefeitos destas cidades estão aqui em Brasíliapedindo socorro e pretendem uma audiência com oMinistro do Interior, pois não sabem mais o que fazer.Além disso, pedem à Defesa Civil da Sudam e do Go­verno do Estado do Pará que ajudem as prefeiturasno socorro aos desabrigados.

Deputado José Genoíno, quando algo acontece noCeará, os deputados nordestinos parecem que são maiscapazes, até mais do que os amazônidas, pois eles gritame fazem muito mais estardalhaço quando das suas en­chentes e secas, que são rápidas. Acontece que lá noAmazonas, como disse desta tribuna. temos o privilégiode "morrer devagar e chorar baixinho". A nossa situa­ção é insustentável.

Veja V. Ex', que é um líder da CUT que inclusiveos nossos prefeitos estão reclamando da greve do Bancodo Brasil. Sabemos das condições que levaram aquelacategoria à greve. Acontece que o Bamco do Brasilé o único repassador de recursos para csses municípios.E os prefeitos estão reclamando porque não conseguemreceber os repasses. Chamo a atenção particularmentedas Lideranças do movimento grevista dos funcionáriosdo Banco do BrasH para que cuidem da situação dessesmunicípios, que estão em estado de calamidade públicanos Estados do Pará e Amazonas. senão a populaçãoacabará por se voltar contra esses movimentos reivindi­catórios na medida em que os prefeitos, 4ue têm deatender essas nesccssidades. não conseguem receber,os recursos porque os bancos estão paralisados. Querodizer aos Srs. deputados que, em face desse quadrocrítico em que sc encontram os municípios, os homenscom sensibHidade política deste País devem chamar aatenção da imprensa para a gravidade da situação, por­que a Amazônia. como está muito longe dos maiorescentros, fica esquecida, nada se lê nos jornais sobreela. nem tampouco se vê a TV Globo fazendo aqueleestardalhaço costumeiro em busca de donativos etc.

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Maio de 1989

o que estamos pedindo é, simplesmente, que a defesacivil da Sudam e o Governo Federal, que têm r:ecursosdestinados a essas calamidades públicas, enviem essesrecursos para as áreas do baixo e médio Ama~onas,

no Pará.Estamos insistindo junto ao Ministério do Interior

para que tome uma medida de urgência. O SI. Gover­nador do Pará, também um Estado sem recursos, decre­tou estado de calamidade pública; portanto, podem seragilizadas ações rápidas. Os prefeitos estão aqui. Esta­mos pedindo ao Congresso Nacional, ao Governo Fede­ral, e vamos pedir ao Senado, que todos se posicionemno sentido de resolver essa situação calamitosa que seinstalou no baixo e médio Amazonas.

o SR. WILSON CAMPOS (PMDB-PE. Pronunciao seguinte discurso.) - SI. Presidente, Sr" e Srs. Depu­tados, a Constituição de 5 de outubro de 1988, no seuart. 165, consagrou a regionalização do orçamento fiscalreferente aos poderes da União e das empresas diretaou indiretamente controladas pela União, conformeprevisto nos incisos I e II do § 5' Esta é uma conquistaresultante do esforço e do trabalho articulados das ban­cadas do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, e não hádúvidas dc que a efctiva aplicação do dispositivo consti­tucional eliminará uma das mais antigas injustiças aque estão historicamente submetidas. Embora não sedesconheça o significativo papel desempenhado pelosetor público, a verdade é que decisões políticas maisfortes e a crônica escassez de recursos têm-se constituídoem obstáculos quase intransponíveis ao desenvolvimen­to das citadas regiões.

Mas, Sr" e Srs. Deputados, neste instante quero refe­rir-me mais especificamente à Mensagem n' 159, doExm' Sr. Presidente da República, que anexa projetode lei "dispondo sobre as diretrizes orçamentárias parao ano de 1990", e que visa a regulamentar o mencionadoart. 165. No meu entender, trata-se de uma peça inócuano que respeita à regionalização dos orçamentos, e per­mito-me dizer-lhes por qué.

Náo desconhecem V. Ex. o que reza o § l' do art.165, da Constituição Federal:

"A lei que instituir o plano plurianual estabe­lecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, obje­tivos e metas da administração pública federal paraas despesas de capital e outras delas decorrentese para as relativas aos programas de duração conti­nuada."

Por sua vez, o § 7' do mesmo artigo prevê:

"Os orçamentos previstos no § 5', I e lI, desteartigo, compatibilizados com o plano plurianual,terão entre suas funções a de reduzir desigualdadesinter-regionais, segundo critério populacional."

E, por fim, o caput do art. 35 das Disposições Consti­tucionais Transitórias, que assim trata do assunto:

"O disposto no art. 165, § 7', será cumpridode forma progressiva, no prazo de até dez anos.distribuindo-se os recursos entre as regiões macroe­conômicas em razáo proporcional à população, apartir da situação verificada no biênio 1986-87."

E o que consta do projeto de lei governamental sobrea questão? Eu lhes responderia que nada ou quase nada.Simplesmente o Poder Executivo ignorou as suas obri­gações constitucionais e limitou-se, no que tange à re­gionalização dos orçamentos, a anunciar tão-somentea intenção de corrigir as desigualdades inter-regionais.Isto é muito pouco, mas é o que se depreende da leiturados arts. 21 e 44 da mensagem governamental.

Diz o art. 21 do projeto de lei, ao enfocar o orçamentofiscal dos poderes da União:

"Será iniciado o processo de redução das desi­gualdades inter-l'egionais, segundo critério popula­cional, na forma disposta no capnt e no § l' doart. 35, do Ato das Disposições ConstitucionaisTransitóIÍas. "

E ao tratar do "orçamento de investimentos das em­presas estatais", o art. 44 dispõe:

"Na fixação dos investimentos deverá ser inicia­do o processo de redução das desigualdades intcr­regionais, segundo o critério populacional, na for-

DIÁRIO DOCONGRESSO NACIONAL (Seção I)

ma disposta no caput e no § 1', art. 35, do Atodas Disposições Constitucionais Transitórias."

Diante destes fatos,·é inquestionável que as lideran­ças das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste nestaCasa precisam fazer intensa mobilização para revertera situação. Não é possível aceitar passivamente o alhea­mento do Poder Executivo, considerando-se, inclusive,que já foi iniciado o calendário para o exame da mensa­gem do SI. Presidente. Chamo a atençáo para a impor­tância da matéria que, regulamentada, representará re­levante fonte de recursos financeiros para o Norte, Nor­deste e Centro-Oeste, nas proporções de 4,49, 29,25e 6,34 por cento, números equivalentes às atuais taxasde participação daquelas regiões na população brasi­leira. Lembraria que, somente no que se refere ao orça­mento da-, estatais, no décimo ano da regionalização,os valores equivaleriam, respectivamente, a 674 mi­lhões, 4,4 bilhões e 951 milhões de dólares, na hipótesede um orçamento de 15 bilhões de d6lares em 1989.Resta negociar a matéria em questão, com grandeza,desprendimento e patriotismo, definindo a progressi­vidade anual, a quem caberá o gerenciamento dos recur­sos, as formas dos investimentos e as suas prioridadespara o del:envolvimento regional, tudo articuladamentecom o qw: dispuserem as diretrizes, as bases do planeja­mento e os planos referidos no art. 174 da ConstituiçáoFederal.

Era o que tinha a dizer.

o SR. JAYME CAMPOS (PJ - RJ. Pronuncia oseguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados,trago a e·,ta Casa e aos seus ilustres componentes umasérie de denúncias contra o Governo do Estado do Riode Janeiro e a Reitoria da Universidade daquele Estado.Seja por desavenças políticas, ou por injunções ligadasà privatilação do ensino, ambos estão levando a Facul­dade de Formação de Profcssores de São Gonçalo auma verdadeira insolvência administrativa e pedagó­gica, colocando em risco a sobrevivência dessa facul­dade, qu~ é a única unidade de ensino superior públicaexistente no Município de São Gonçalo, deixando emsituação de profunda humilhação os corpos docente,discente I) administrativo.

Sr. Pwsidente, Srs. Deputados, a Faculdade de For­mação de Professores de Sáo Gonçalo deu início àssuas atividades em 20 de agosto de 1971, pela Lei Esta­dual n' 6. 598, que aprovou os Estatutos do então Centrode Treinamento de Professores do Rio de Janeiro ­Cetrerj '-, passando esta a ser a primeira entidadcmantcnedora da Faculdade de Formaçáo de Professoresde São Gonçalo.

Passan do por sucessivos governos, foi a mesma vincu­lada a várias Secretarias: pertenceu à Secretaria de Edu­cação, do Planejamento, de Cultura, e várias vezes foivinculada à UERJ c logo ap6s desvinculada dela.

Posteriormente, pela Lei n' 1.175, de 21 de julhode 1987, que reestruturou a Fundação de Amparo àPesquisa do Estado do Rio de Janeiro - Fapcrj -,no seu art. 10, a Faculdade de Formação de Professoresfoi vinculada à Universidade do Estado do Rio de Janei­ro, que alega não poder absorver a faculdade, umavez que, existindo dívidas trabalhistas anteriores, nãopoderia a UERJ assumir tais compromissos, emborafosse o empregador o mesmo: o Estado.

Apesar de o atual Governador ter acatado as decisãesda Assembléia Legislativa Estadual, até a presente datanada foi realizado para regularizar a situação funcionale pedag6gica dessa unidade de ensino de 3' Grau.

Com <:apacidade para 1.500 alunos e atendendo osMunicípios de Maricá, Saquarema, Araruama, Rio Bo­nito, Itaboraí, Magé e Niter6i, e com um somatóriopopulacional superior a três milhões de habitantes, bemcomo o Município de São Gonçalo, onde fica situada,que tem, por si s6, uma população de aproximadamenteum milhão e trezentos mil habitantes, a Faculdade deFormaçilo de Professores de Sáo Gonçalo está, entre­tanto, à mercê da falta de sucessivos vestibulares. Cur­sam, no momento, somente 400 alunos, embora tenhaa faculdade capacidade de absorção muito superior doque o que absorve na atualidade,

No último vestibular realizado flrla UERJ, fugindoaos moldes conhecidos e em vigência",m outros estabe­lecimentos de ensino de 3' Grau, somente 5 candidatosforam aprovados, ficando a Faculdade de·. Formação

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de Professores de São Gonçalo com aproximadamente1.000 vagas ociosas.

Pasmem, Srs. Deputados: uma lei aprovada pela As­sembléia Legislativa Estadual e sancionada pelo Sr. Mo­reira Franco não é cumprida. Nem o,Governador nema UERJ tomam medidas para evitar prejuízos econô­micos ao Erário, bem como prejuízos irreparáveis deordem moral e financeira que, de forma direta ou indire­ta, atingem a comunidade gonçalense.

No momento, a UERJ culpa o Governo do Estadoe este se cala frente às acusações da reitoria de queo Governo não cumpre a sua parte, que é liberar verbaspara solucionar os problemas da UERJ em São Gon­çalo.

Os professores da Faculdade de Formação de Profes­sores de São Gonçalo recebem cerca de 40% do saláriopago aos professores da UERJ no Rio de Janeiro, sen­do-lhes negado igual salário para igual trabalho, o queseria a isonomia salaral que beneficiou considerável nú­mero de servidores da Faperj, que, pela mesma lei,foram transferidos por sucessão trabalhista para aFAEP, a EMOP e para a Funarj.

É o caso de se perguntar por que só o pessoal daFaculdade de Formllção de Professores de São Gonçalonão tem direito à sucessão trabalhista ao passar paraa UERJ, e por que o Conselho Universitário da UERJtenta desvincular a FFP, alegando que não foi consul­tado e que a Universidade tem autonomia? Esquecem­se todos que o Estado é o mantenedor da UERJ eque a lei precisa ser devidamente cumprida, mesmoa contragosto de alguns que querem se institular donosabsolutos da UDiversidade do Estado do Rio de Janeiro.

Mas não fica só aí, Sr. Presidente, Srs. Deputados.Os altos custos que poderão decorrer de uma ação judi­cial serão cobrados aos responsáveis através da açãopopular, nos termos da nova Constituição Federal, con­siderando que, se a situação tivesse sido resolvida nodevido tempo, o contribuinte não seria penalizado, ea lei e o direito das pessoas que labutam na FFP estariapreservado.

Quando a Direção da Faculdade de Formação deProfessores de São Gonçalo aciona a Reitoria da UERJ,solicitando docentes para atendimento dos deveres pe­dagógicos e administrativos, não consegue sensibilizara mesma. No entanto, autoriza o Magnífico Reitor vesti­bular o concurso para professores em outra unidadeisolada da UERJ, situada no Município de Duque deCaxias. Pergunto eu: por que a discriminação por SãoGonçalo? Serão problemas políticos? Será insuficiênciados estabelecimentos privados do ensino superior deSão Gonçalo? Serão interesses outros?

Possui a FFP um acervo valioso, tendo sido o seurepasse feito sem ônus para a UERJ ..

Será que a universidade não tem condições para geriresse patrimônio situado fora do seu campus? Qual arazão da falta de professores? Qual a razáo de até apresente data não haver sido realizada a isonomia sala­rial dos professores? Qual a razão que leva o MagníficoReitor a permitir que 53 professores com 40 horas sema­nais de trabalho recebam 28 salários diferentes, se todospossuem a mesma formação pedag6gica e cumprem amesma carga horária?

A Faculdade de Formação de Professores de SãoGonçalo, desde a sua fundação, já formou 2.454 profes­sores nas áreas de Matemática, Biologia, Português­Literatura, Português-Inglês, Geografia e História emLicenciatura Plena. Esses formandos ocupam sempreos primeiros lugares em concursos realizados para oMagistério Estadual do Rio de Janeiro, Sáo Paulo epara o magistério nos diversos municípios periféricos.

Embora seja.uma faculdade criada e especializadana formação de professores para o ensino de l' e 2'Graus, a Faculdade de Formação de Professores deSão Gonçalo, com todo o seu "know-how", não podesofrer continuadamente'o descaso das mantenedorasdessa unidade de ensino superior.

A comunidade gonçalense, através de minha pessoa,reclama providências para que a Faculdade de Forma­ção de Professores de São Gonçalo tenha condiçõesmínimas que garantam o seu funcionamento.

Deve o Magnífico Reitor aproveitar projeto feito peloDepartamento de Educação dessa unidade de ensinode 3' Grau para retorno à reciclagem de professoresde l' e 2' Graus nas redes públicas e particular do Esta-

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do, dando condições de aprimoramento aos professorescarentes de novos conhecimentos, uma vez que possuiuma faculdadc especializada nesse tipo de treinamcnto.

Deixo aqui o meu veemente protesto contra as absur­das decisões tomadas pela Reitoria da Univer~.idade

do Estado do Rio de Janeiro e pelo não-cumprimento,por parte do SI. Governador do Estado. que vinculoua Faculdade de Formação de Professores de São Gon­çalo à UERJ, mas não rcgulamcntou a lei, negandlo-heso que é de direito.

Sr. Reitor, Sr. Governador, procurem soluções ime­diatas para essa faculdade e para esses servidores tãosofridos, que só querem o direito de ensinar recebendosalários condignos. Façam contatos com a direção, comos docentes, com os discentes e com o corpo adminis­trativo, que anseiam pelo desenvolvimento educaeionalda comunidade gonçalense e o engrandecimento da uni­dade na qual militam.

Honrado ficaria, ainda, Sr. Presidente, fazer juntarà presente fala a preocupação, também da imprensa,com relação à dramática situação de risco em que viveo ensino de 3' Grau, constando deste pronunciamentoa Lei n" 1.175, de 21 de setembro de 1988, que rcestru·turou a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estadodo Rio de Janeiro - Faperj -. bem como reportagensa respeito.

Muito obrigado.Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.Artigos a que se refere o orador:

DIRETOR QUER EVITARQUE FACULDADE ESTADUAL FECHE

Em atitude desesperada para evitar o fechamentoda única escola estadual dc nível superior no interiordo Estado, o Diretor e chefes de departamentos, comapoio dos 500 alunos que restaram, vão realizar emagosto - três anos após o último concurso - o Vesti·bular para ingresso de 300 estudantes na Facul dadede Formação de Professores de São Gonçalo (FFP).

O edital do Vestibular será publicado na próximasemana à revelia da mantenedora da faculdade, a Fun­dação de Amparo à ,pesquisa do Estado do Rio (Faperj).S6 não haverá concurso se ele for vetado na reuniãode hoje do Conselho Estadual de Educação, já queo regimento interno da FFP dá poderes ao Diretor deconvocar o Vestibular.

- Esta deeisão possivelmente me leva à demissãodo cargo. Sairei, contudo, com a consciência tranqüila.Se o Conselho de Educação negar o Vestibular, tereique deixar esvaziar .a faculdade. O descaso da mtmte­nedora é muito grande - disse Neymar Brígida.

Sem recursos da Faperj,a direção da faculdade p,~diu

Cz$ 3 mil adiantados da verba de Cz$ 4 mil que oEstado manda para a manutenção do Complexo Educa­cional de São Gonçalo (a FFP fica com apenas Cz$720,00) e ganhou cinco mil folhas de papel doadas peloProjeto Rondon para a confecção das provas do Vesti­bular. Professores e alunos trabalharão de graça.

Sem Educação

Se depender dos calouros da Faculdade de Educa.çãoda Uerj (em Duque de Caxias), a Baixada Fluminensecorre sério risco de ficar literalmente sem educa,;ão.Isto por todos os candidatos às 160 vagas do concursode Pedagogia foram reprovados no último vestibular.

Não sobrou pedra sobre pedra.Essc nocaute em massa, infelizmente, não é privilégio

da Baixada. Em São Gonçalo, a Faculdade de Formaçãode Professores, também da Uerj, exibe outro lamcn·.tável leque de rcprovações. Nenhum aluno foi selecio­nado para as 100 vagas do curso de Letras e 50 deGeografia. História aprovou apenas um candidato, Bio­logia e Matemática juntos têm quatro.

Para o coordenador da Comissão de Vestibular daUerj, profcssor Jorge Carlos Pereira Pinto, este resul­tado "comprova a falência do ensiuo de 2' grau e tam­bém da uuiversidade que prepara os profissionais".Oriundos em sua maioria da rede oficial de ensino,os candidatos foram prejudicados pelas constautes gre­ves, afirma Jorge Carlos.

Para a vice-diretora da Faculdade de São Gonçalo,I1ka Magalhães, os alllUos não estavam acostumadosàs provas dissertativas, pois o que predominanas escolas

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

é o teste de múltipla escolha. "A situação é difícil,e a solução é repensar toda a educação", enfatiza aprofessora.

UERJ TEM ATÉ O DIA 29PARA ACEITAR A FFP

São Gonçalo (Sucursal) - A Comissão paritária, Ior­mada no dia 25 de fevereiro pelo Reitor da Univcrsidadedo Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Ivo Barbieri, como propósito de viabilizar a vinculação da Faculdade deFormação de Professores dcste município àquela insti­tuição de ensino, tem até o dia 29 para enviar seu pare­cer ao Conselho Universitário da UERJ. O comentárioé da vice-diretora da FFP, I1ka Magalhães, um dos mem­bros da comissão, que tem esperança de ver solucionado"com dignidade" os problemas que afligem os funcio­nários da faculdade, decorrentcs da vinculação à DERJ.

A vice-diretora da FFP, outrora Fundação de Auxílioà Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), expli­cou que 13 professores titulares, a maioria fundadoresda faculdade inaugurada em 1973, estão encontrandodificuldades em serem absorvidos pela Uerj, em virtudede não serem concursados - "nas outras é o ConselhoEstadual de Educação quem escolhe os professores,mas na UERJ s6 entra através de concurso e aindaé necessário que tenham oito anos de doutorado. Ooutro problema é que os funcionários da FFP queremisonomia salarial e de direitos com a Uerj, já que odissídio de categorih na faculdade foi em sctembro,mas que até hoje não foi julgado pelo Juiz do Trabalho.Roberto Dclvis.

"Os professores da UERJ recebem atualmente CZ$75 mil por 40 horas de aula, enquanto os oa Faculdadede Formação de Professores Cz$ 7.200,00, pelo mesmoperíodo. Em São Gonçalo, as escolas de 3o Grau estãopagando Cz$ 220,00 por hora aos professores. Somosos de mcnor salário, como se vê". arrematou.I1ka Maga­lhães, acrescentando que o dissídio dos funcionáriosda Uerj será no mês que vem.

Segundo ela, a comissão, formada por nove pessoas,entre professores e alunos da Uerj e FFP, tem aindapor objetivo analisar as repercussões de ordem acadê­mica, administrativa e financeira decorrentes da vincu­lação da faculdade ao Estado. "As propostas da comis­são serão encaminhadas ao Conselho Universitário daUerj, no final do mês, que irá estudá-las e chegar auma definição", explica.

Uerj não pode absorverfaculdade pública em

crise que lhe foi doada

Com 820 alunos - 40% de sua capacidade -, semturmas novas, pois ainda não realizou vestibular ,esteano, e com os salários de seus professores congeladosdesde julho de 1987, a Faculdade de Formação de Pro­fessores de São Gonçalo (RJ), a única pública do muni·cípio, que tem 1 milhão, 300 mil habitantes, está emcrise: há nove meses ela foi doada pelo governo à Uerj(Universidade do Estado do Rio dc Janeiro), que nãopode aceitar o presente com suas atu'ais dívidas traba­lhistas nem com a carga horária de alguns professores,que chega a 64 horas!aula por semana.

Criada há 17 anos para funcionar como centro detreinamento de professores dc I' grau durante o diae escola de formação de professores de 10 e 2' grausà noite, a Faculdade de São Gonçalo não conseguiu,até hoje, encontrar sua identidade: já pertenceu às Se­cretarias de Educação, de Planejamento e de Cultura,à Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa no Estadodo Rio de Janeiro) e, por três vezes - 1977, 1983e 1987 - foi incorporada à Uerj. Da primeira vez,por 10 dias e, da segunda, por três meses.

Ociosidade - Com suas características, a Faculdadede Formação de Professores de São Gonçalo é, segundoseu diretor, Neymar Negreiros Brígida, a segunda doPaís (s6 existe outra no Rio Grande do Sul). Em suas29 salas, teria condições de atender, em regime de trêsturnos, mais de 2 mil estudantes. A maior parte deseus alunos é de São Gonçalo. onde s6 funciona umaoutra faculdade, particular, e cerca de 40% vêm demunicípios vizinhos, como Niterói, Itaboraí, Maricá eRio Bonito.

Maio de 1989

As criscs na faculdade começaram, de acordo comNeymar Brígido, em 1975. com a fusão do Estado doRio à Guanabara. A partir de ~ntão, ela passou desecrctaria a secretaria e, em 1985 e 1986, quando perten­cia à Faperj, não pôde realizar vestibular. No ano passa­do foi feito o exame de seleção suspenso este ano.

"Nossa capacidade ociosa", comenta o diretor da fa­culdade, "é grande, mas, para funcionar em três turnos,a faculdade precisaria de mais professores".

Atualmente, ela tem 56 professores, seis dos quaisem regime que não existe em nenhuma outra instituiçãosuperior, de 64 horas semanais. Neymar Brígida garanteque a carga horária é cumprida, mas a comissão daUerj que estuda a incorporação da faculdade à univer­sidade acredita que o alto número de horas de aulasatribuídas a alguns professores seja apenas um expe­diente da instituição para aumentar seus salários. Estemês, quem der 40 aulas por semana recebcrá Cz$ 57mil de acordo com o diretor da faculdade.

Dívidas - Ele explica que os professores estão rece­bendo Cz$ 180 por aula, enquanto o piso estabelecidopelo sindicato de professores do município é de Cz$300 por aula. A razão é que o reajuste da categoriafoi em setembro, mas, como a faculdade já havia sidotransferida para a Uerj, os professores não foram bene­ficiados pelo dissídio. Agora, eles esperam receber oreajuste dos funcionários da universidade, que será estemes.

O professor José Ribamar Bessa, da comissão daUerj que cstuda a incorporação da faculdade de SãoGonçalo à universidade, acredita que a situação possaser resolvida na próxima reunião do Conselho Univer­sitário, marcada para 6 de maio. O único problema,explica, é que a Uerja não tem condições de assumiras dívidas trabalhistas da faculdade, cujo montante elenão sabe precisar.

Bessa diz que os professores da Faculdade terão queajustar seu regime de trabalho ao da Uerj (20 ou 40horas semanais) e que os dois titulares da faculdadede São Gonçalo não poderão ser absorvidos pela Uerjnesta categoria, uma vez que não têm curso de douto­rado nem prestaram exames. São questões que deverãoser resolvidas, segundo Bessa.

CARÊNCIA AMEAÇA FACULDADEDE FORMAÇÃO DE PROFESSORES

São Gonçalo (Sucursal) - O ano letivo da Faculdadede Formação de Professores (FFP), no Paraíso, come­çou ontem e foi marcado pelo contraste da alegria doreencontro dos alunos com a situação precária em quese encontra aquela instituição escolar. Com sua vincu­lação à Universidade dà Estado do Rio de Janeiro(UERJ), ocorrida em julho do ano passado, a dirctoriada FFP esperava eliminar os principais problemas exis­tentes na faculdade, mas, viu-se às voltas com dificul­dades administrativas, o que, para o diretor, NeymarBrígida, colabora para o péssimo funcionamento dainstituição.

Ê tão grave a situação da Faculdade de Formaçãode Professores de São Gonçalo que a própria vice-di·retora, Ilka Magalhães, reconhece que, "se continuarassim, não teremos condições de iniciar o semestre,por descontinuidade administrativa. Faltam professo­rcs, material de aula, e há uma defasagcm salarial muitogrande - há um ano e meio que professores e funcio­nários não recebem reajuste, por causa da indefiniçãodo Conselho Superior da UERJ quanto à situação dosprofissionais da faculdade, que foram absorvidos peloEstado, através da vinculação. Esses são os principaisproblemas da instituição que, pelo que sei, é uma daspoucas no Brasil com a especialidade de formar profes­sores", frisa o diretor Brígida.

O quadro se agrava ainda mais na medida em queaumenta a falta de integração entre os componentesda comissão criada em fevereiro, pelo Reitor da UERJ,Ivo Barbieri, com o intuiuto de viabilizar juridicamentea vinculação da faculdade à Universidade, e analisar'as repercussões de ordem acadêmica, administrativa efinanceira da medida, propondo soluções para os pro­blemas identificados.

Segundo I1ka Magalhães, a comissão é composta pornove pessoas, entre professores e alunos, sendo quecinco são da UERJ e quatro da FFP. Ela também fazparte da comissão e mencionou. indignada, um fato

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ocorrido semana passada: "os membros da comissãoque atuam na faculdade, enviaram propostas à UERJ,no mes passado. A outra parte da comissão, que atuana universidade, examinou as propostas sem a partici­pação dos outros integrantes e elaborou um documentoque foi repassado à faculdade na reunião da comissão,realizada na última quinta-feira".

Uma das dcliberações constantcs do documento, cn­carada como "incoerente" pelo diretor da FFP, diz que"como não cabe à presentc comissão decidir sobre asquestões trabalhistas, quc devcrão ser resolvidas scm­pre nas instâncias competentes, deve scr ressaltado queserá mantida a remuneração dos profissionais da FFP,no mesmo valor, como tem sido fcito, até os conselhos

'superiores da UERJ eas outras instâncias, competentesdefinirem a situação final com relação às obrigaçõesda DERJ".

Para I1ka Magalhães, além do fato de os examina­dores das propostas terem elaborado o documento eassinado em nomc dc todos os mcmbros da comissão,"o estranho é que eles se julgam incompetentes paraanalisar a qucstão, e acabam por decidir que os saláriosserão os mesmos. Antes da vinculação, tivemos quetomar medidas para evitar Cijle a faculdade tivesse quefcchar suas portas. Estabelccemos de oito a 60 horassemanais a carga horária dos professores, com o intuitode atender a todos os alunos. Existem professores queatuam nos três turnos. Os profcssores rccebem o equiva­lente à quantidade horas/aula, na semana. Não voume surpreender se decidam voltar ao esquema antigo.

Destino da FFPSerá defmido dia 6

O destino da comunidade acadêmica da Faculdadede Formação de Professores (FFP) poderá ser definido,na próxima sexta-feira, dia 6. O Conselho Universitárioda Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)se reunirá para homologar ou não direitos quc profes­sores, funcionários c alunos reivindicam desde que aFFP passou a ser administrada pela Uerj.

Entre as reivindicações, uma é urgente: o reajusta­mento dos salários dos professores, congelados há umano. Hoje, o maior salário pago a um professor daFFP, com 32 horas-aula semanais, é de CZ$ 56 mil,enquanto na Uerj, um professor auxiliar, com 40 horas­aula, recebe vencimentos iniciais de CZ$100 mil, segun-do o Diretor da FFP, NeYmar Brígido. .

Ele conta que as dificuldades começaram quandoDarcy Ribeiro, então Secretário Estadual de Culturae Vice-Governador do Governo Brizola, resolveu imporcortcs nas atividades da instituição. Segundo o profes­sor, Darcy proibiu a realização de vestibulares, o que,em dois anos, reduziu o m1mero de alunos de 1.2 milpara 300.

A idéia do ex-Secretário, segundo o Diretor, eratransformar a Faculdadc no Complexo Educacional deSão Gonçalo, englobando dois colégios estaduais (Tar­císio Bueno e Valter Orlandini), um pré-escolar e aprópria FFP. As mudanças implicavam ainda na amplia­ção do horário dc funcionamento da Faculdade, quepassou de um para três turnos. A Diretoria de recursosHumanos da Secretaria de Cultura autorizou, então,a realização de concurso para contratação de 28 profes­sores.

-Mas o Darcy proibiu que eles dessem aula. Fica­mos com o mesmo número de professores para atendera alunos durante todo o dia - lembra Neymar.

Em julho do ano passado, a situação parecia ter me­lhorado. A FFP foi vinculada à Uerj, através de projctotransformado em decreto pelo Governo do Estado.Neymar esclarece, porém, que a Uerj não consideroueste decreto:

- Em outubro, nossos salários foram retidos, porqueninguém sabia quem era responsável pelo pagamento.Mas logo dcpois, houve liberação de verba conta Ney­mar Brígida.

Em janeiro, os contracheques já vieram com o regis­tro da Uerj. A mudança de Reitor (Charles Fayal deulugar a Ivo Barbierí) e uma greve de três 'meses adiouseu vestibular e a discussão dos problemas. Com o fimdo movimento Barbierc nomeou uma comissão formadapor representantes das duas instituições -para estudara situação. Ficou decidido que todos os professores dafaculdade com mestrado ingressarão no quadro da Uerj

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como professores assistentes. Os que tiverem douto­rado, serã] adjuntos.

-Mas titular, de jeito nenhum. Aceitamos a pro­posta porQlue não haveria outra maneira de contornaro problerna logo - diz.

Então, eles resolveram recorrer à Justiça, através doSindicato dos Professores de Niterói e São Gonçalo,impetrando um recurso onde exigem a realização deum dissídio, já que seus salários estão congelados,-eisonomia salarial. O processo, porém, aguarda julga­mento há quatro meses.

VERBA DA FAPERJ SÓ DÁPARA PINTAR JANELAS

E FAZER MURO

Apesar de o Governo do Estado ter repassado recen­temente r'ocursos de NCZ$ 15 milhões para assistênciaà Fundaç;lo de Apoio à Pesquisa e Ensino do Estadodo Rio d~ Janeiro (Faperj), a instituição, localizadaem São Gonçalo, continua enfrentando dificuldades.Scgundo o Diretor Neymar Brígido, a'verb.a só deverádar para pintar, reforçar as janelas e, se possível, murara área quo é totalmente aberta e fica à mercê dc assal­tantes.

- Uma das coisas que mais precisamos no momentoé que nosso quadro de professores seja aumentado,já que e!.tá defasado em 33 mestres, em virtude dorecente a~mento de turnos. Isto porque só funcioná­vamos à j~oite e passamos a atender pela manhã e àtarde.

NeymaT acrescenta que eles tambémn estão reivindi­cando a ísonomia salarial com os demais professoresda Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj),a qual a Farpej é vinculada. Ele explica que a Fundaçãopaga 28 !;alários diferentes a seus 56 professores. Oque perc,;be maior vencimento ganha menos do queum auxiliar de ensino da Uerj.

O Diretor esclarece ainda que estão com ação naJustiça reivindicando a isonomia. Diz que O ConselhoUniversitário da Uerj já aprovou o pedido, mas o Go­verno do Estado alega que não tcm verba para pagar.Neymar kmbra, ainda, que depois da fusão dos antigosEstado do Rio e Guanabara, a instituição perdeu prati­camcnte tudo.

Levaram nossa filmoteca, a biblioteca foi reduzidaa menos da metade, a aparelhagem foi transferida eficamos até mesmo scm o nosso circuito interno deTV -lamenta Neymar, acrescentando que a faculdadetinha tudo) para ser a melhor instituição de ensino públi­co dc Sãü Gonçalo.

Ele redama que a direção está tendo dificuldadesaté mesmo para manter aparada a grama da imensaárea que circunda os prédios. Lembra que as máquinasde cortar grama estavam defeituosas e foram enviadaspara com;erto na Uerj há dois meses e até agora nãovoltaram. Diz que pediu apoio à Prefeitura mas tambémnão foi atendido.

O Dirdor também lamenta que uma instituição deensino superior gratuito, com 36 salas de aulas e espaçopara cerca dc 1.500 alunos por semestre esteja funcio­nando apenas com um terço de sua capacidade. Ascadeiras de Ciências (biologia e matemática), Letras(portugu<!s-Iiteratura e português-inglês) e Estudo So­ciais (his'tória e geografia), atendem apenas a cerca de600 alunos.

A Faculdade de Formação de Professores tambémjá não realiza mais os seus vestibulares isolados paraos candidatos da região de São Gonçalo e Niterói ­como fazia há alguns anos - e o Diretor aeredita queeste seja um dos motivos de seu crescente esvaziamento.

- Agora o ingresso é feito através do vestibular daUerj do ,~ual geralmente não vêm candidatos para SãoGonçalo

O SR, JOSÉ GENOÍNO (PT - SP. Sem revisão doorador.) Sr. Presidente, Sr" e Srs. Deputados, vou insis­tir, da tribuna da Câmara dos Dcputados e do Con­gresso Nacional, na necessidade de O Parlamento enca­rar a Me dida Provisória n' 50 com postura política edemocrá'dca. Essa medida não pode ser cmendada; elaé ímendável. A intervenção que fiz durante o pronuncia­mento d,) Deputado Gerson Peres reflete uma reali­dade: a Medida Provisória n' 50, além de ferir aberta-

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mente a Constituição, no que diz respeito ao dircitocoletivo, fere os direitos individuais. quando estabelecepunições, penalidades e outras medidas truculentas. Elaé pior do .que a lei de greve, de n' 4.330, e o Decreton' 1.632. E um erro emendar a referida medida. Temosde rejeitá-Ia preliminarmente e, em seguida, aprovarum projeto de lei de greve que já está pronto e emtramitação na Casa, oriundo da Comissão do Trabalho.Temos que adotar uma posição clara. Aprovar cssamedida provisória, mesmo com emenda, é o mesmoque aprovar uma espécie de AI-S contra os trabalha­dores, emendando-o parcialmente.

Portanto, Sr. Presidente, a nossa posição é no sentidoda rejeição da referida medida, pois representa o elode uma cadeia de repressão política. Ontem chamá­vamos a atenção da sociedade civil e dos partidos demo­cráticos para formarem uma frente democrática em de­fesa dos direitos fundamentais. Não como quer 'o presi­denciável do PCB, isto é, uma frente que vá incluiro Governo. Não queremos incluir o Governo numafrente porque este Governo está cop.spirando contraa democracia e contra os direitos individuais. Portanto,não aceitamos que ele participe desse pacto. Queremos,sim, os partidos democráticos, as entidades popularese sindicais. Vamos sentar à mesa, conversar e formarum pacto em defesa da democracia.

Finalmente, Sr. Presidente, solicitamos a transcriçãonos Anais da Câmara dos Deputados de documentodos petroleiros de São José dos Campos, em que pedemo cumprimento da Constituição no que diz respeito aoturno de seis horas. Tranta-se de documento da maiorimportância que está sendo entregue a todos os Depu­tados e lideranças. Os petroleiros solicitam do Governoa abertura de negociação para enfrentar a greve naquelarefinaria não com repressão. mas com diálogo, paraatendimento de suas justas reivindicações.

Documento a que se refere o orador:Há greve dos petroleiros de São José dos Campos

porque a Petrobrás, ao implantar a jornada de 6 horaspara turno ininterrupto de rcvezamento, tirou dos tra­balhadores as seguintes conquistas:

1. Adicional de 32,5% (Hora repouso alimenta­ção), paga desde 1965 na Petrobrás e desde 1977 narefinaria Henrique Lage (REVAP), de São José dosCampos, quando esta começou a funcionar.

2. Folgas. A Petrobrás cortou 4 folgas dos trabalha­dores num ciclo de 28 dias. (Antes trabalhava-se 20dÍ'as e folgava-se 8 dias. Hoje, tabalham-se 24 dias efolgam-sc 4 dias).

3. Alimentação quente e gratuita. Antes recebia-sequente e gratuita. Hoje, nem o trabalhador que dobrao turno, quc trabalha portanto 12 horas, recebe alimeu­tação quente, Lanche cedido hoje é insuficiente e des­contado em folha.

4. Transporte irregular. A empresa cortou o trans­porte para os trabalhadores que dobram o turno.

5. Horas extras devidas. A empresa deve 2 horasextras diárias desde a promulgação da Constituição,portanto 60 horas mensais. Até agora só pagou 24 horasextras por mês.

6. A empresa está introduzindo·um quinto grupode turno sem fazer novas contratações. Isso implicao aumento de número de trabalhadores que são obriga­dos a dobrar o turno e naturalmente põe em risco opatrimônio, a segurança do trabalhador e da comu­nidade.

Finalmente, é importante ressaltar que O Sindicatodos Petroleiros de São José dos Campos conseguiu umasentença em 1" Instância garantindo a manutenção da­quelas conquistas. A sentença estabelecia o prazo de8 dias para seu cumprimento e foi proferida no dia6-4-89. A Petrobrás recorreu pedindo efeito suspensivoda sentença. O Juiz de l' Instância indeferiu o pedidoe caracterizou efeito devolutivo no dia 24-4. Até agoraa cmpresa nada fez.

A greve se faz, portanto, pelo cumprimento da sen­tença e da Constituição.

O SR. RAIMUNDO BEZERRA (PMDB - CE. Pro­nuncia o seguinte. discurso.) - Sr. Presidente, Sr" e.Srs. Deputados, faleceu ontem o ex-Deputado AntônioAlencar Araripe, Dr. Araripe, nascido a 15 de novem­bro de 1897 na cidadc cearense de Pereiro, bachare­lou-se pela Faculdade de Direito do Ceará, dedican-

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do-se simultâneamente à advocacia, à pecuária c à agri­cultura. Ingressando na política, foi prefeito de Cratode 1930 a 1935 e, jornalista, fundou "O Cariri", naquelacidade. Colaborou na Fundação da União DcmocráticaNacional (UDN) no Ceará, integrando sua ComissãoExecutiva Regional. Em dezembro de 1945 elegeu-seDeputado pelo Ceará à Assembléia Nacional Consti­tuinte na legenda da UDN. Empossado em fevereirode 1946, participou dos trabalhos constituintes e, apósa promulgação da Nova Carta (18-9-1946), passou aexercer o mandato ordinário. Foi reeleito em 1950 eprimeiro suplente em 1954 e 1958. Em 1961 foi presi­dente do Banco do Nordeste do Brasil.

Tem ele publicadas, dentre outras obras, Orôs, aredenção do Nordeste" e "Inconstitucionalidade doparlamentarismo estadual". Partidário do intervencio­nismo econômico, corretivo e supletivo na iniciativaprivada, apoiou o monopólio estatal do petróleo, dosminérios atômicos, da cletricidadc e das telecomuni­cações. Aceitava uma reforma agrária de cunho coope­rativista, em que o Estado se obrigue ao amparo credi­tício, sanitário, técnico e educacional dos lavradores,com garantias de preço mínimo, ensilagem e transpDrteda produção. Admitia a desapropriação, por necessi­dade social, dos latifúndios improdutivos. desde quepaga previamente a justa Indenização em dinheiro. Foium dos maiores estudiosos dos problemas do Nordeste.

Dr. Araripe honrou esta Casa não apenas como Cons­tituinte, mas também como Deputado operoso, compe­tente e defensor intransigente da sua região. Nesta ho­menagem póstuma, que hoje prestamos, queremos inse­rir uma proposição para que seja transmitida à famíliaenlutada, na pessoa de seu filho Dr. J6sio Alencar Ara­ripe, nossas sentidas condolências.

O SR. EDIVALDO HOLANDA (PL - MA. Pronun­cia0 seguinte discurso.) -Sr. Presidente, Srs. Deputa­dos, a bomba que dilacerou as mãos do militante petistado Recife estarreceu a Nação assustada e descrente,mas o atentado ao monumento dos metalúrgicos deVolta Redonda deixou o País atordoado e a multidãoperplexa.

Os profissionais do grevismo selavagem ou os faná­ticos do recuo institucional em nome da paz social pres­tam farta contribuição ao enfraquecimento do regimee ameaçam de perto o processo eleitoral em curso. Que­rem repetir 1964! Mas as forças políticas lúcidas de'staNação não podem permitir que grupos desvairados dadireita ou da esquerda promovam a desordem, estabe­leçam a desobediência civil e mergulhem outra vez nastrevas de uma ditadura a pátria estremecida. Vivemostempos modernos, onde a modernidade política e parti­dária não cede a tais e retrógrados mêtodos. O terro­rismo é cruel, desumano e ultrapassado. É prática mor­ta, não pode ressurgir. Te'rnos um compromisso como futuro, com a hist6ria, e este compromisso se traduznas conseqüentes ações cometidas por nós no dia-a-diada representatividade popular.

Srs. Deputados, sejamos realistas e nos unamos nadefesa dos postulados democráticos tantas vezes am~a­

çados. Acordemos todos para o perigo do retrocei,SOiminenete. As bombas estão de volta às ruas, e elaspodem representar, em última análise, o início do limdo sonho democrático que vivemos.

O SR. OTTOMAR PINTO (PMDB - RR. Sem revi­são do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, tragoao conhecimento desta Casa e do povo brasileiro a situa­ção dramática em que se encontram Raraima, de modoespecial sua Capital.

Todos os anos as vozes levantam-se aqui, no plenárioda Câmara dos Deputados, pedindo providências aoSr. Ministro dos Transportes no sentido de ser pavimen­tada a rodovia BR-174. Normalmente todos os anoshá uma interrupção do tráfego nessa rodovia. com ine­gáveis e inquívocos prejuízos ao comércio e ao bem­estar da população da Capital e do próprio Estad!o.Pois bem, neste ano o invenro ainda não começou.O rio Branco, que é outra artéria por onde fluem osprodutos da economia do Estado, ainda se encontraseco e na rodovia o tráfego já foi interrompido. Assim,a situação é calamitosa justamente porque os dois cami­nhos por onde podem pereolar os produtos para BoaVista e de lá para Manaus estão inoperantes, a rodOVia,por corte, e o rio, por estar seco, pois o inverno n:iocomeçou.

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Deixamos aqui, mais uma vez, nosso veemente apeloao Ministro dos Transportes para que socorra a BR-174,e também ao Ministro da Aeronáutica para que nãomeça esforços no sentido de emprestar seu apoio aquelaregião, abastecendo-a do que for mais urgente e indis­pensável à população sitiada de Boa Vista.

Este o meu apelo, Sr. Presidente, em benefício dopovo brasileiro. Mais uma vez rogo ao Ministro da Ae­ronáutica que não meça esforços para socorrer o sofridopovo de Roraima, e ao Ministro dos Transportes quenão negue recursos para a rodovia BR-174, repito afim de que possa ser restaurada ainda este ano e nãotenhamos de repetir os mesmos pesares pela reinci­dência dos mesmos gravames.

Era o que tinha a dizer.

O SR. RUBERVAL PILOTTO (PDS - SC. Pronun­cia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr'" e Srs.Deputados, a oportunidade da realização da mostra"Sistema Itália", componente fundamental do projeto"Itália Viva" que se desenvolverá em alguns Estadosbrasileiros de maio a julho, permitirá em definitivo soli­dificar a importância da imigração italiana no contextodo desenvolvimento de nosso País. É indubitavelmenteo evento co-participativo de maior expressão que serealiza entre dois países unidos há tanto por laços defraternidade, entendimento c cooperação.

Sinto-me à vontade ao trazer para o Plenário estetema de máxima relevãncia, pois, bisneto de italianos,acompanhei, no transcurso de minha existência, mo­mentos da saga, da perseverança e dos sonhos dessepovo, que tem deixado traços marcantes no crescimentoeconômico e tecnológico do Brasil, Fazendo-se presenteem todos os setores e principalmente no curso da bata­lha pelo nosso progresso e nas vitórias até agora con­quistadas.

Mais de um século nos separa da chegada dos primei­ros imigrantes italianos, que, aventureiros e detenni­nados, traziam na bagaem o gosto amargo da saudadee o desejo altivo de construir aqui seu novo lar. Espalha­dos principalmente em regiões do Sul do País, deraminício a um dinâmico e gradual processo de instalaçãode várias comunidades, semeando com seu suor e traba­lho as primeiras vertentes do amanhã neste imenso edistante rincão. Fecundaram a terra e fundaram as basesda indústria nos mais diferentes campos, acreditandona vocação natural do território rico e vasto e na possibi­lidade de esculpir aqui uma grande Nação.

De recém-chegados a colaboradores efetivos danossamodernização, tornaram-se partícipes na miscigenaçãodas raças e moldaram as feições e a fibra de grandeparcela da população brasileira. Bravos e destemidoscidadãos, fizeram-se espelhar no imponente modelo dopassado e do presente italian03, e de humildes imigran­tes transformaram-se em protagonistas do limiar de umpaís do futuro.

Itália e Brasil, na acertada conclusão contida no catá­logo de apresentação do projeto "Itália Viva", são"Dois países que, mesmo em seus desenvolvimentosautônomos, a história não dividiu e hoje estão entreos maiores intérpretes do renovado diálogo entre Euro­pa e América Latina".

A continuidade dessa relação e os incentivos fomen­tados de parte a parte têm trazido significativas oportu­nidades de permuta cultural e científica de ambos edão mostra de que são perenes as ligações patrióticasque os unem. Constitui-se, antes de uma sólida amizade,uma admiração profunda e mútua pelo parentesco sin­gular, que se renova diariamente na sirene das fábricas,no silêncio ativo do campo e na agitação costumeirado comércio.

A cada momento pulsa na determinação empreen­dedora do povo brasileiro a força que a influência itálicanos transferiu através do tempo e que tem contribuídoexpressivamente para o suporte do nosso progresso.Trago comigo o registro importante da existência desseespírito construtor em diversas cidades da Região Suldo Brasil, onde os imigrantes italianos e seus descen­dentes ergueram, com mãos de amor e persevarança,parte fundamental da história recente de nosso desen­volvimento. Naquelas paragens estão hoje muitas dasmaiores indústrias nacionais. que se diversificam nassuas ramificações, desde a extração do carvão mineraaaté as indústrias do vestuário e alimentação. Entretanto,a mais significativa delas, a cerâmica, faz-se exemplo

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vivo da fecundação daquele desejo persistente do su­cesso.

Nascida de importante troca tecnológ:::a, a indústriacerâmica do sul do Estado de Santa Catarina, terraem cujas veias ainda ferve o sangue imigrante, abrigauma das maiores fábricas do gênero do mundo e suaprodução e exportação tem trazido grande contribuiçãoà economia brasileira. Por estas e muitas outras razões,enaltecer a presença italiana no Brasil é, antes de umgesto carinhoso, uma obrigação daqueles que forambeneficiãrios diretos ou indiretos dessa incomensuráveldedicação e desse interminável desejo de perpetuar osprimórdios de um grande país.

No exercício do ofício de moldar um povo, nossosantepassados e compatriotas italianos nos legaram odireito de figurar com garbo na História e o dever gratode podermos exaltar nossas raízes étnicas. Parabénsao governo italinao pela aproximação que nos possi­bilita e parabéns àqueles que poderão dela desfrutar.

Externo ao Exm' Sr. Embaixador da Itália, DL Antô­nio Ciarrapico. também presidente da comissão organi­zadora desse evento, os cumprimentos do Parlamentobrasileiro pelo brilhantismo e pela oportunidade da rea­lização desse projeto.

Obrigado!

O SR. PAULO PAIM (PT - RS. Sem revisão doorador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, vimos maisuma vez denunciar a existência de uma verdadeira or­questração, a nível nacional, com o único objetivo dedizer que a Central Única dos Trabalhadores e o PTsão participantes dos movimentos chamados greves sel­vagens que po~enturaestejam acontecendo. Greve sel­vagem já é um termo da extrema direita e, se alguémparticipa de greve selvagem, tenho certeza de que nãoé o Partido dos Trabalhadores, nem a Central Únicados Trabalhadores. Organizações de extrema direitaexplodiram o monumento em homenagem aos trabalha­dores em Volta Redonda; as mesmas que, em Recife,de forma hedionda. acabaram detonando dentro dobanco mais uma bomba. É preciso que as pessoas enten­dam que nenhum trabalhador, independentemente decor partidária, colocaria uma bomba em seu local detrabalho. Utilizou-se um inocente útil, no caso de Re­cife.

Lembro também, antes que venha algum deputadoaqui dizer o contrário, que o incidente de Volta Redon­da resultou de um incêndio e não de uma bomba. Issopor que não faltará quem venha dizer que em VoltaRedonda um militante do PT ou da CUT colocou umabomba no forno e por isso houve um incêndio.

Que nesta Casa se pense com muita seriedade. Aúnica forma de se diminuírem os movimentos paredistase, com isso. defender a própria democracia, é com aaprovação de uma política salarial decente. No casodo novo salário mínimo, continua a enrolação no colégiode líderes. Vale ressaltar que já foi anunciada a medidade urgência e, até o momento nenhuma matéria comrelação ao salário mínimo e política salarial foi encami­nhada à Mesa. Meu apelo neste momento é no sentidode que, de uma vez por todas, esta Casa vote a políticasalarial e o novo salário mínimo.

Infelizmente, segundo informações que recebi, estãopara entrar em greve ferroviários, metroviários, funcio­nários do correio e várias outras categorias. É impos­sível que o Congresso Nacional não se sensibilize enão veja que a solução está nas mãos dos congressistas,que têm de assumir esta responsabilidade. Não adiantaapenas dizer que quem faz greve está contribuindo parao retrocesso. Vamos assumir a responsabilidade. colo­car em pauta e votar o novo salário mínimo e a políticasalarial. Não é necessário votar a proposta defendidapelo PT, mas vamos analisar qual a melhor e assumirnosso compromisso com a sociedade. Vir aqui apegaspara dizer que estão acontecendo greves é repetir oque a Nação inteira já sabe. A solução - que me descul­pem os padamentares que me antecederam - é umas6: votar a nova política salarial e o salário mínimo,repito. Não é com leis antigreves, como o estado deguerra decretado pelo Governo Sarney, o verdadeiroculpado por esse arrocho salarial. que resolveremos estaquestão.

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o SR. FRANCISCO DORNELLES (PFL - RJ. Pro­nuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. De­putados, as dificuldades crescentes que enfrentam osmicro, pequenos e médios empresários, comerciais, in­dustriais e agrícolas no País, e em particular no Estadodo Rio de Janeiro, acabarão por estrangular a micro,pequena e média empresa, se tal estado de coisas nãofor modificado, de maneira séria e urgentc.

A altíssima taxa de juros que aí está. se, de um lado,atende aos objetivos da política econômica do Governofederal, de outro é uma verdadeira punição, um desestí­mulo gritante a quem precisa produzir e investir-, mesmoque em escala econômica de nível médio ou pequeno.

Certamente a política econômica do Governo podeatender aos objetivos de eficiência que persegue, semque venha penalizar os produtores pequenos e médiosque, somados, representam os maiores empregadoresde mão-de-obra do País.

Para isto, seria necessário que o Governo realmentecontivesse os seus gastos excessivos, que, por mais fre­qüentes que sejam as promessas das autoridades mone­tárias, continuam acima do nível em que deveriam estar;seria necessário também imprimir maior eficiência àadministração cortando as mordomias, os gastos supér­fluos e as despesas suntuárias. Se o Governo fizer, real­mente, a sua parte e não fugir de suas verdadeiras res­ponsabilidades, não haverá mais a necessidade de taxastão altas de juros, que, repetimos, só servem para desa­lentar a iniciativa dos micro, pequenos e médios comer­ciantes, industriais e agricultores, pelo seu caráter injus­to e confiscatório.

A verdade, contudo. é que o Governo, com todasas medidas que tem tomado nos últimos anos, aindanão atingiu nem o nível de gastos que deveriam alcançarnem "sacudiu as cangalhas" do Estado para livrá-lodo pesado fardo de órgãos e entidades que não maistêm razão dc cxistir na órbita do Estado.

Os micro, pequenos e médios comerciantes, indus­triais e agricultores do Estado do Rio de Janeiro nãopodem continuar indefinidamente sacrificados, enquan­to o Governo, por comodismo, conveniência políticaou qualquer outra razão menos aceitável, não cortafundo na sua própria carne, aliviando a produção econô­mica do ônus de uma taxa dc juros elevadíssima e social­mente injusta.

O SR. BOCAYUVA CUNHA (PDT - RJ. Pronunciao seguinte discurso.) -Sr. Presidente, Srs. Deputados,o Prefeito de Resende, nosso companheiro Noel deCarvalho, tomou a iniciativa, que aliás deveria ter sidodo Governador Moreira Franco - que se auto-intitulou"dono" do nosso Pólo Petroquímico - de reunir oitodos seus colegas para juntos analisarem as conseqüên­cias da instalação do Pólo em Itaguaí.

Esta grande conquista do povo fluminense, que jáhavia vencido a batalha dos royalties de Petróleo, trarágrandes benefícios ao nosso estado. Estamos todos, po­líticos, sindicatos de trabalhadores, associações de clas­se, absolutamente convencidos de que esta decisão doGoverno federal será altamente benéfica para o nossoestado e o nosso povo.

Mas Noel de Carvalho, com a experiência que teme sua visão abrangente, alertou seus colegas para opreço social que muitas vezes é pago pelo progressoeconômico. Daí tcr tomado a decisão de convocar osPrefeitos de ltaguaí, Mangarativa, Rio Claro, Angrados Reis, Volta Redonda, Paracambi, Parati e BarraMansa para juntos analisarem as conseqüências da ins­talação do Pólo. A principal seria o perigo que vairepresentar a dispensa em massa de mais de duas deze­nas de milhares de trabalhadores, a maioria deles não­qualificados, que serão chamados a construir toda ainfra-estrutura do Pólo. É sabido que se não foremtomadas, no devido tempo, providências para evitarque os trabalhadores desempregados possam ser dire­cionados para outras atividades, a favelização de todaa região será inevitável. Só com escolas profissiona­lizantes, só com escolas formadoras de mão-de-obraespecializada ÓS trabalhadores que irão construir o Pólopoderão preparar-se para também se integrarem na fasede operação do Pólo.

Noel de Carvalho acha também, e para isto conclamaos seus colegas, que a união dos prefeitos da regiãolitorânea e do sul do estado poderá permitir a definição

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

de uma área prioritária para a instalação das indústriasde segunda e terceira geração quc irão alimentar o com­plexo localizado em Itaguaí. O perigo da criação debolsões de miseráveis· poderá ser evitado na medidaem que üS· prefeitos tenham consciência da necessidadede, desde já, iniciarem o planejamento da futura pros­peridade. O BNDES não negará o seu concurso aosestudos e financiamentos necessários. Estamos segura­mcnte informados de que o Departamento dc Opera­ções Sociais do Banco tem recursos para investimentosa taxas de juros reduzidas para investimentos em proje­tos na área da saúde e da educação.

Os prefeitos da região deverão procurar, desde logo,melhor entrosamento não 56 com o BNDES, como tam­bém com a Super-Rio, que é uma espécie de subsidiáriada Petroq uisa e que provalmente será encarregada dacoordena,;ão c da supcrvisão da implantação do futurocomplexe petroquímico. Juntamente com os técnicosdo BNDES e da Petroquisa, a visão social e políticados alcaidcs será a responsável para que o Pólo, estagrande vitória do nosso estado, represente somente pro­gresso eCoJnômico e não tenha custo social. Nos pr6xi­mos cinco ou seis anos teremos o Pólo funcionado,temos que maximizar os seus benefícios para todo onosso povo.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

O SR. GERALDO FLEMING (PMDB - AC. Pro­nuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr" eSrs. Deputados, tenho ocupado esta tribuna com fre­qüência para tratar de problemas que preocupam aAmazôni.a, particularmente o Estado do Acre, dentreos quais a questão ecológica e a pavimentação daBR-364, esta a principal necessidade dos acreanos emseu esforço para viabilizar um efetivo processo de desen­volvimento.

Sistematicamente, também, formulo observações arcspeito das tentativas quc fazem entidades e gruposinternacionais para, em nome da preservação ecológica,inviabilizir o desenvolvimento do estado e da região.

Na última semana, em pronunciamento no horáriodo Grande Expediente. analisei aspectos importantesda problt:mática da Amazônia, fazendo consideraçõessobre a absolura viabilidadc de excutarmos projetosdcsenvolámentistas paralelamente ao controle ambien­tal, garantindo-se, portanto, os reais interesses da socie­dade.

Hoje, Sr. Presidente, quero registrar nos Anais daCasa os termos de importante projeto recentementeinstituído pelo Governo do meu estado. sob o título"Projeto Acre: Humanizar o Desenvolvimento", como objetho de implementar e agilizar o ZoneamentoAgroeco!6gico e o Plano de Ocupação Econômico, So­cial e ECoJlógico do Estado.

O referido plano permitirá demonstrar, por exemplo,a viabilidade técnico-econômica da pavimentação darodovia BR-364, no trecho Rio Branco - Cruzeirodo Sul -- fronteira com o Peru, principal via de acessotroncal do) Acre, que, por sua vez, pcrmitirá a integraçãodo nossc estado com o restante do País, bem comoo incremento de nossa exportação, via Oceano Pacífi­co", conforme expressões que recolho de documentopelo qua'l o gabinete do Governador Flaviano de Melogentilmente forneceu a este parlamentar detalhes dessasignificativa decisão.

Integro) ao meu pronunciamento o texto do Decreton" 114, que criou o "Projeto Acre: Humanizar o Desen­volvimento":

"Decreto n° 114, de 22 de março de 1989."Cria o Projeto Acre - Humanizar o Desenvol.

vimento".O Governador do Estado do Acre:No uso das atribuições legais e,Considerando que é interese do Governo a im­

plementação e agilização da proposta de Zonea­mento Agroecológico do solo do Esrado do Acre;

Considerando que é interesse do Governo a im­plementação e agilização do Plano de OcupaçãoEconômico, Social e Ecológico para o Estado doAcre;

Considerando que é interesse do Governo a im­plementação c agilizaç.ão da proposta de viabili­dade técnico-econômica da ligação rodoviária Rio

Sexta-feira 5 3179

Branco - Cruzeiro do Sul - Fronteira com oPeru; e,

Considerando finalmente que, as peculiaridadesdas propostas e a necessidade que estes assuntossejam coordenados e agrupados em um únic.o pro-jeto, decreta: •

Art. l' Fica criado. diretamente vinculado aoGabinete do governador e supervisionado pela Se­cretaria de Planejamento e Coordenação, o Projetã"Acre - Humanizar o Desenvolvimento", com oobjetivo de centralizar a orientação e o controledas propostas de Zoneamento Agroecológico, doPlano de Ocupação Econômico, Social e Ecol6gicodo Estado do Acre, bem como dos Estudos deViabilidade Técnico-Econômico da ligação rodo­viária Rio Branco - Cruzeiro do Sul- Fronteiracom o Peru.

Art. 2' Fica criada uma Coordenação Geral doProjeto, gerenciada pelo Eng' Civil Gilberto doCarmo Lopes Siqueira e como membros o Eng'Civil Aurélio Cance Júnior e a Economista AdirGiannini da Costa.

Art. 3' As secretarias de estado e seus órgãosvinculados passarão o controle dos Contratos ine­rentes ao assunh:> à Coordenadoria Geral do Proje­to, que terá poderes para fiscalizar a elaboraçãodos serviços, avaliar a qualidade e redirecionar osestudos, se necessário.

Art. 4" A Coordenação Geral do Projeto de­baterá com a sociedade civil, enriquecendo as pro­postas com a participação popular, através de umConselho Consultivo do Projeto.

Art. 5' A Coordenação Geral do Projeto ficaautorizada, respeitada a legislação em vigor, a con­tratar peritos em assuntos específicos, bem comofirmar Convênios com entidades estatais ou priva­das, necessários a viabilização do projeto.

Art. 6" O pessoal necessário ao dcsempenhodas atividades do projeto, serão requisitados dasSecretarias de Estado e demais Órgãos da Adminis­tração Estadual.

Art.7" A Coordenação Geral ordenará as des­pesas do projeto cuja dotação inicial e oriunda doorçamento do Estado do Acre para 1989. Programade Trabalho-Elaboração do Plano de Ocupaçãona área de influência da BR-364 alocados na Secre­taria de Planejamento e Coordenação.

Art. 8" Este decreto entrará em vigor na datade sua publicação, revogadas as disposições emcontrário.

Rio Branco, 22 de março de 1989.- FlavianoFlávio Baptista de Melo, Governador do Estadodo Acre."

O SR, JORGE LEITE (PMDB - RJ. Pronuncia oseguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr'" e Srs. Deputa­dos, li, e confesso, com certa estranheza o noticiárioespecialmente publicado nos jornais do Rio de Janeirosobre acusações impostas ao Governador Moreira Fran­co, feitas pelo nosso colega Deputado Francisco Dorne­lles, relativamente ao Sisteam Marajoara.

Por divcrsas vezes ocupei esta tribuna para demons­trar a minha grande preocupação com fatos desta natu­reza, quando acusações são feitas a homens públicos,ministros de Estado, colegas parlamentares, governa­dores e até mesmo ao Presidente José Sarney.

Não acredito em acusações sem provas. Esta, aliás,tem sido a minha linha de conduta. Não aceito chama­rem, simplesmente de corruptos homens que ocupamcargos de responsabilidade no nosso País, sem que este­jamos devidamente munidos de farta documentaçãocomprobatória que justifique esta nossa vontade decombater todo e qualquer ato corrupto.

Uma coisa, sabemos todos nós, é a vontade de falar,seja lá o que for, contra quem quer que seja. É aqueleque fala por falar. Outra coisa é a nossa convicçãoda luta contra a corrupção, contra o mal que estãofazendo ao nosso País, ao nosso estado, à nossa cidade,à nossa gente e aí, sim, amadurecermos a nossa propostade combate a este tipo de ação, juntamos provas docu­mentais contra aquele fato grave, provas testemunhais,se possível, e desta maneira pro\larmos realmente oato corrupto praticado por aquela autoridade, por aque-

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]e mau brasileiro que, usando os benefícios de seu cargo,pratica ações maléficas contra o povo, contra o seuirmão, contra o trabalhador brasileiro, enfim, contratodos nós.

Por outro lado, prezados companheiros desta Casa,tenho presenciado por diversas vezes as atitudes sempreprontas do Governador Moreira Franco diante de de­mjncias que Ihc são feitas de corrupção, em qualuersetor de seu governo, ou de qualquer vestígio de com­prometimento moral contra a sua administração:: nãohesita, vai atrás do fato e pune, se for o caso.

Obrigado.

O SR. NEUTO DE CONTO (PMDB - SC. Pronllncillo seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr~ e Srs. Depu­tados, as rodovias ocupam importante papel no desen­volvimento nacional.

A ocupação do solo, a ampliasão da fronteira ag,ríco­la, o escoamento da produção, a chegada da assistllnciamédica. o socorro às dificuldades vivenciais, o acessoa novos produtos industriais e a chegada à escola viabili­zam-se por intermédio das estradas.

Há hoje, no Brasil, grande polêmica acerca da cons­trução de algumas ferrovias. Sobre este assunto pronun­ciar-me-ei oportunamente.

Nesta oportunidade desejo expressar meu apoio emeu endosso à justa aspiração das lideranças polfticase empresariais de Xavantina e Seara, no Estado deSanta Catarina, quc, por intermédio da "Carta de Xa­vantina", pleiteiam o asfaltamento da Rodovia SC466.

O manifesto tem o seguinte teor:

"As autoridades que abaixo subscrevem, muni­das neste dia 8 de abril de 1989 na cidade de Xavan­tina, tornam púhlica a reivindicação do asfaltamen­to já da Rodovia SC-466, estrada que liga os Muni­cípios de Seara, Xavantina e Xanxerê.

É nma obra prioritária, tendo em vista a necessi­dade do escoamento da produção dos municfpioscircunvizinhos.

Hoje, as dificuldades se apresentam constante­mente para o trânsito e trafegabilidade dos veículosque se utilizam da estrada para o transporte daprodução.

Reivindicamos veementemente às autoridadescompetentes, Governador do Estado, Secretáriodos Transportes. Sec.retário dos Negócios do Oes­te, Deputados Federais, Deputados Estaduai,. as­sim como aos Senadores da República. Ministrodos Transportes e Presidcnte da República. paraque esta obra seja incluída como prioritária paraa região.

Celito José Somensi - Prcfeito de XavantinaHélio da Silva Winckler - Prefeito de XanxerêAurélio Nardi - Prefeito de SearaAlbino Ghidorsi - Ex-Prefeito de XavantinaFlávio Ragagnin - Ex-Prefeito de SearaJosé Gaida Filho - Vice-Prefcito de SearaNilo Gabiatti - Vice-Prefeito de XavantinaNelson Foralosso - VereadorAlbino Bergamin - VereadorAri Parizotto - VereadorOclides Bringhentti- VercadorDomingos Zanadrca - Superintendente Admi-

nistativoGelson Merisio - Vice-Presidente da FaciscRaul Caon - Gerente da CoperdiaValdir Reis - Superintendente da Ceva!."

Condamo, pois. meu caro amigo, companheiro e ilus­tre Governador da minha terra. Casildo Maldaner, adeterminar as providências necessárias ao atendime'ntodeste pleito.

Esta rodovia, meus caros colegas parlamentares., re­presentará importante contribuição à continuidade doprogresso desta região eatarinense.

Ali são produzidos alimentos que, por intermddiodos veículos de carga, atingem os centros consumidores,

. principalmente Curitiba, São Paulo e Rio dc Janeiro.Novas estradas significam novas fronteiras agrícolas,

econômicas e sociais. Estrada é sinônimo de progre;so.Era o que tinha a dizer.

O SR. CHAGAS NETO (PMDB - RO. Pronunciao seguinte discurso.) - S.r. Presidente, Srs. Deputadosleio com redobrada alegria, notícias que me dão conta

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção 1)

da boa acolhida, por parte dos Ministérios da Fazenda,Indústria e Comércio e Agricultura, das solicitaçõesfeitas pelo governador do mcu estado, Jerõnimo Santa­na, relativamente a classificação de Porto Velho comopólo de exportação.

O pleito cstá respaldado no grande potcncial de rique­zas que Rondônia representa hoje. aglutinando, tam­bém. os recursos de estados vizinhos e cuja produçãopoderia facilmente ser canalizada para Porto Velho.

Os altos custos do frete e as dificuldades de um perma­nente meio de transporte dos seus produtos para o Suldo País têm contribuído para uma séria discriminaçãode Rondônia.

A partir do momento em que o Governador JcrônimoSantana decidiu viabilizar a constituição da RondôniaTrading Company Internacional, voltada exclusivamen­te às atividades dc exportaçâo para a Bolívia e daí parao Pacífico, as perspectivas se apresentaram animadorasnão apenas no que tange à multiplicidade de produtosa serem exportados como também na valorização dosprodutos com origem em Rondônia e no aumento subs­tancial de rendas trihutárias.

As possibilidades de liberação do certificado de pro­cedência de produtos é um fato altamente alvissareiropara o meu estado, pois até agora estávamos produzindoe entregando a outros cstados os nossos .produtos, queeram exportados como se fossem de sua origem. Querdizer, além de estarmos aumentando a capacidade deprodução de outros estados ainda estávamos deixandode desfrutar os cobiçados preços oferecidos para expor­taç,ão e que estimulam e fortalecem os produtores.

Estou plenamente convicto, Srs. Deputados, de quea iniciativa do Governador Jerônimo Santana é alta­mente henéfica, para toda a regiâo do Centro-Oestee, a partir do momento em que os órgãos competentessejam regulamentados em Rondônia, as áreas cultiva­das com cacau, café. arroz, milho e outros grãos irãocrescer e aumentar as possibilidades de novos empregosno estado.

A Rondônia Internacional S/A Trading Company,recém-criada. dispõe inicialmente de um capital de 1,2milhão de cruzados novos, sendo que oportunamcntea empresa fará subscrição de capital para os interes­sados.

Manifesto desta tribuna o meu desejo no sentido dequc os Ministérios da Fazenda, Indústria e Comércioe Agricultura apressem a regularização do pleito doGovernador Jerônimo Santana, pois não resta dúvidade que a iniciativa é, além de oportuna. extraordina­riamente eficaz sob aspecto financeiro para o meu esta­do.

Obrigado.

O SR. MENDES RIBEIRO (PMDB - RS. Pronunciao seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Parlamen­tares, um índio. Mcndigando lá fora. Internacionalmen­te, a imagem do Brasil, outra e mais uma vez, prejudi­cada. Um roqueiro, levando-o pela mão, dizendo amarnossa tcrra, organiza campanhas "pechinchando" emnome de nossa indigência e incapacidade.

Gente de muito mais talento escreveu sobre o tcma.O general ministro, por exemplo, fez uma frase, atri­buindo profissionalismo às duas figuras. Ao Raoni. Aocantor. Concordo. Tenho presenciado, no Congresso,cenas lamentáveis. Nunca tantos foram indígenas, e ja­mais passaram perto de só uma tribo. Atrás de cadapseudo-índio existem reservas insuspcitadas cntreguesaos interesses alienígenas. Importamos índios. Expor­tamos tesouros.

Mas não é esse o tema. Associo idéias.Quando o exemplo parte de quem, supostamente,

deve guardar nosso orgulho e vender nossas virtudes,um pobre diabo, presa fácil de ·aventureiros, nâo causaespécie seguindo a rotina do "me-dá-um-dinheiro-af'.Espanta se alguém, ligado em fazer ccna, se aproveitado maior espetáculo da terra: o brasileiro glorificadopor falar mal de seu País?

Somos especialistas cm háhitos sadomasoquistas.Exibimos tudo quanto nos pode denegrir. Silenciamossobre tudo quanto nos orgulha. Inclusive e principal­mente nossas jazidas, reservas. belezas. E a paz denossa natureza. Tudo inexistente em outro chão. Nossoshomens de bem são consagrados sem nossa interferên­cia. Pelo contrário. A vitória de um dos nossos. dentro

Maio de 1989

ou fora das fronteiras, é acinte à mediocridade, ao invésde se construir parâmetro para o progresso.

Somos corruptos. Incompetentes. Governados porladrões eleitos por imbecis. Está nos jornais. Nas nove­las, produtos de exportação. Nas emissoras de grandepotência. Na atitude dos governantes não se dando aorespeito. Nos parlamentares. Nos empresários guer­reando empresários. E até nos trabalhadores, por neces­sidade, querendo a queda uns dos outros para ter em­prego. tal é a força do dia-a-dia, o salve-se quem puder.

Não vale assuntar, como na célebre história do ovoou da galinha, quem nasceu primciro. Se as mazelasou se o triste vício de lavar roupa suja em qualquerquintal, de preferência no alheio. Vale constatar. Essabagunça orquestrada faz dc Raoni coisa de nada, gotade ãgua no oceano. Se não nos respeitamos...

O SR. ANTONIOCARLOS MENDES TRAME(PSDB - SP. Pronuncia o seguinte·discurso.) - Sr.Presidente, Sras. e Srs. Deputados, este País viável tem,com base na força extraordinária do trabalho do seupovo e nas suas imensas riquezas naturais. respondidoa alguns dos mais difíceis desafios econômicos: à crisedo petróleo o Brasil respondeu com o Proálcool. Àcrise do esgotamento das fr'Únteiras agrícolas respondeucom a incorporação dos cerrados.

Se este País viável consegue responder a desafioseconômicos desse portc e ao mesmo tempo continuacom um dos mais baixos salários de todo o mundo,continua com mais de um terço da sua população semter a sua própria casa, continua com uma das piorescondições de segurança e higiene no trabalho de todomundo e continua numa posição destacadíssima entreaqueles países detentores de péssima distribuição derenda e riqueza. é porque o nosso problema não exigeuma solução simplesmente econômica.

O nosso problema é político. Nós vivemos uma crisepolítica, e como tal se exigc uma solução política.

E política é esse processo difícil de entendimento,de discussão contínua, mas que leva a um denominadorcomum. E denominador comum que se traduz, limitadopelo choque das divergências, numa escala de priori­dade que é o nosso azimute para se tentar chegar aobem comum do povo.

Esta escala de prioridade normalmente se traduz numprojeto, num programa, numa proposta. E cabe aos·partidos políticos fazerem essas propostas. Diferentespartidos fazem distintas propostas, que por sua vez re­presentam distintos caminhos para se chegar a estc ohje­tivo comum, que é o bem de todos, que é a melhoriada condição de vida de toda a população.

Foi um programa partidário que me conquistou. Écomum que se diga que nós, políticos do interior. toma­mos nossas decisões políticas baseando-nos em questõesmunicipais. Que a nossa decisão é geralmentc tomada,isso é voz corrente, pelas eleições municipais.

Não há nenhuma eleição municipal à vista!Eu, graças a Deus, consegui romper a barreira desse

provincianismo, e se hoje venho aqui, a este partido,é porque acredito na proposta do PSDB, na propostada social democracia brasileira. Acredito. estou cou­victo de que as livres forças de mercado não serão capa­zes, sozinhas, de maximizar o bcm-estar coletivo. Aomcsmo tempo, não acredito na estatizaçáo completae absoluta dos meios de produção que inibe a subjeti­vidade criadora do homem e despreza a potencialidadeda criação de riquezas quc a livre iniciativa permite.Riquezas que se traduzem em bens materiais capazesde satisfazer as necessidades humanas de toda a popu­lação.

Nenhum desses sistemas é capaz de resolver a gravee sélia crise por que passa a Nação brasileira.

Acredito que a proposta da Social Democracia é amelhor proposta para encurtar a distância entre umaminoria de opulentos, de privilegiados, de apaniguadose a grande maioria da população brasileira, desassistidanão só da fortuna, desassistida também da PrevidênciaSocial, desassistida até do aparato da promoção e deadministração da justiça, que é o Poder Judiciário.

Venho para este partido certo de que venho participardo mais fascinante projeto político dos próximos anos.um partido capaz de abrigar os interesses, os anseiosda grande maioria da população sacrificada deste País,

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Maio de 1989

capaz de abrigar o inconformismo dos jovens que que­rem participar e não encontram um estuário, não encon­tram um caminho para dar vazão àquele seu desejode modificar esta sociedade, e também um partido capazde abrigar a luta, a luta sem trégua dos trabalhadoresbrasileiros, dos seus líderes sindicais, de todos aquelesque têm como quase todo nosso povo, para mantcrsua família, para preservar a dignidade de seu lar, paraeducar seus filhos, apenas uma fonte de receita: o frutodo seu trabalho, scja manual ou intclectual.

Mas todos n6s também sabemos que não bastam osprogramas, não bastam as propostas, não basta o estan­darte, não basta a bandeira. N6s precisamos ver quemsão esses porta-estandartes, quem são os porta-ban­deiras, quem são aqueles homens que resolveram, jun­fos, abraçar csses meSmos ideais c fazer desse azimuteda social democracia brasileira uma confissão de fé,um rumo para a sua atividade política e parlamentar.

A minha decisão de vir fazer parte do PSDB é frutode um longo processo de amadurecimento e da buscada identificação dos verdadeiros parceiros.

Nos dois anos de trabalho na Assembléia NacionalConstituinte, n6s tivemos uma grande vantagem quemuitas v"ezes não é comentada na grande imprensa,mas que é um dos mais impoljlantes subprodutos dessetrabalho da Assembléia Nacional Constituinte: enquan­to que, na maioria ou praticamente em todos os Parla­mcntos do mundo, o processo é quase que permanen­temente dialético, entre a situação e a oposição, entreaqueles que defendem os que estão no poder e os queestão contra e lhe fazem oposição, na Constituintc con­seguiu-se ficar acima desse processo dicotômico. A cadaassunto, a cada matéria, nós tínhamos que procurar,no painel eletrônico, quem eram os nossos· verdadeirosparceiros, quem eram aqueles companheiros com quemnos identificávamos, porquc não havia mais os limitcsimpostos pelas agremiações partidárias. Os Deputadose Senadores iam votar em função da sua consciênciae em função dos compromissos assumidos com os seuscorreligionários, com o povo que ele representa, comdeterminado segmento da sociedade. Isso rompeu asbarreiras partidárias e fcz com que encontrássemos osverdadeiros companheiros. Companheiros não por afi­nidade. pessoal, por coleguismo, mas afinidade deidéias, "de posturas, afinidadé de votos, afinidade queacabava identificando os verdadeiros parceiros políti­cos.

E eu fui encontrar ess\,s meus verdadeirQs compa­nheiros nestes Deputados c SenadOres que hoje com­põem o PSDB. Fui encontrá-los no Senador Mário Co­vas, no Senador Fernando Henrique Cardoso, no Sena­dor José Richa, nos Deputados José Serra, Alkimim,Fábio, Grecco, entre outros.

Votamos pelo parlamentarismo, acreditando que esteé o sistema que faz com quê as crises do Brasil possamser supcradas scm ameaças às instituições, c é o sistemacapaz de evitar que voltemos a enfrentar tão longos,tão cruéis períodos de ditadura, permitidos por estepresidencialismo quc se instalou no País, desde a Procla­mação da República.

Votamos juntos ao voto distrital, porque acreditá--vamos que o distrito une os Deputados, une os políticosao povo que ele representa, diminui o poder do dinheironas eleições e faz com que esse vínculo seja cada vezmaior e a representação política mais autêntica.

Votamos juntos também na definição de duração domandato do atual Presidente da República. Votamospelos quatro anos e perdemos, para a infelicidade daNação.

Votamos juntos, naquelas propostas mais importan­tes que definiram a estrutura jurídica, o arcabouço daconstrução de uma social democracia ágil, em que oEstado não atue como empresário, mas não abdiqueda sua função de fazer com que a organização econô­mica não seja aética, mas se subordine aos princípiosde justiça social.

Votamos por umEstado que não seja omisso na lutacontra a oligopolização, não apenas da economia, mastambém atue contra a oligopolização da política. Euacredito que hoje, ao fazer parte do PSDB, ao ladodos Deputados Estaduais Getúlio Hanashiro, Guiomarde Melo, Fcrnando Lcssa, Wandcrley Macris, RubcnsLara, Luiz Máximo, Mauro Campos, dos Vereadores,dos ex-Prefeitos José Maria Araújo e Magalhães Teixei-

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

ra, dos líde'rcs dos sindicatos, dos cngenheiros agrôno­mos, estamos assumindo juntos o compromisso de aju­dar a tirar o País do atoleiro, da situação em que seencontra. I sso não se faz somentc com a luta basea,daem princípios.

As nações poderosas, fortes, que se transformaramem nacionalidade c que tinham cvidentcmente condi­ções propídas para tanto, não conseguiram dispensara presença de grandes líderes carismáticos, líderes queconseguissem galvanizar a confiança, devolver a credibi<­lidade, .resl~atar a esperança. E é por isso que eu consi­dero que (I PSDB tem hoje uma posição privilegiada.Eu acredito que são poucos os partidos que têm o privi­légio de contar com um candidato à Presidência daRepública, que seja um estadista, com lucidez, descor­tino, discernimcnto, generosidade, sensibilidade paratratar os sérios problemas da Nação brasileira da formaque ela merece e conseguir,com competência, com capa­cidade administrativa c probidade, resgatar a eficáciae a honestidade no trato das coisas públicas - MárioCovas, est~ nosso candidato.

Tenho certeza e todos nós estamos seguros de quena Presidência da República teremos ,'um governantecompetente. Todos sabemos que o idealismo políticovive seus momentos de apogeu, seus momentos de gló­ria, quando está na oposição a sistcmas políticos, agovernos, a regimes decadentes. E esse apogeu faz comque a sua mensagem frutifique. Eles ganham as eleiçõese assumem o poder. E, a partir daquele momento, têmque mostnr compctência. Sc forem incompetentes, opovo tom" imediatamente consciência do fracasso dastentativas de se mudar uma situação pré-estabclecida,de se construir um mundo melhor e uma sociedademais rica. E no momento em que toma consciênciadisso, no momento em que se frustram as esperanças,a hist6ria se transforma 'no cemitério das tentativas demudança. Mas, se ela é o sepulcro dessas tentativasditadas pel a incompetência de políticos, como a situaçãoem que vivemos agora, em que milhões de brasileirose de pauli~.tas estão frustrados, ao mesmo tempo a hist6­ria é o berço do realismo político. É esse realismo quenós, políti:cos do interior, chamamos de realismo péno chão, que não promete o paraíso, que faz com quenós acredi temos na vitória consagradora de Mário Co­vas nas próximas eleições.

Eu, pessoalmente, acredito na vit6ria dos homcns.honestos ·e, por isso, acredito na vitória de Covas eacredito na vitória do PSDB.

Da mesma forma como eu acredito que o povo brasi­leiro está predestinado a um futuro rico c feliz.

Quero dizer que considero como um privilégio, umadádiva da Providência, poder estar aqui para dar minhacontribuição nesta cruzada pela vitória de Covas, pelavitória do PSDB. Dedicarei todos os meus esforços paraajudar a nossa gcnte e enxergar nos horizontes a pers­pectiva mais iluminada de um futuro melhor.

o SR. DENISAR ARNEIRO (PMDB - RJ. Pronun­cia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs.Deputadcs, não podemos imaginar por que a imprensabrasileira tem procurado, sistematicamente, denegrira imagem dos nossos políticos. O Congresso, as Assem­bléias Legislativas, as Câmaras Municipais estão sempreno alvo de qualquer crítica. O Parlamcnto é sinônimode liberdade. Nenhum país oferece garantias de respeitoao cidadã·) sem que haja um çongresso forte e respei­tado. Crit.car ofercccndo sugestões, sim; criticar os polí­ticos sem ver seu passado, não é admissível. Se existempolíticos l:orruptos? Claro que sim, a partir até do pro­cesso eleitoral, quando compram cabos eleitorais, àsvezes diretórios inteiros. Lastimamos também a formairresponsável com que somos citados em fatos, comose verídicos fossem, sem procurarem aprofundar-se nafonte e saber a verdade. O erro é e sempre será nivelarpor baixo. Uma minoria que falta às sessões, que votapor interesse próprio, que transforma sua ação parla­mcntar em balcão de negócios, esta minoria existe, sim.Ofende o Congresso, cria problemas à instituição e de­sacredita os políticos. Estes merccem a reprimenda po­pular. Querer culpar todos os políticos, a política, oPoder Legislativo é ·um erro imperdoável para quemse propõe. a informar ao País e à sociedade.

Convivo nesta Casa, Sr. Presidente, com uma grandeparcela de colegas que são dedicados, lutam por melho-

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res dias para nosso povo com grande sacrifício. Ficoirritado, transtornado e até revoltado quando leio umanotícia como a do "Jornal do Brasil", de segunda feira,dia I' de maio, pág. 3, do caderno "Cidade", com otítulo: "Trapalhadas Constitucionais". Abordam nestareportagem o Deputado Elmiro Coutinho, hoje umadas figuras mais importantes e respeitadas da Assem­bléia Legislativa fluminense, só que considero de umafor!Ua deturpada.

E o caso do jornalista Helton Ribeiro. Não deveconhecer E1miro Coutinho, caso contrário, não diria:"Um Relator com só dois momentos de notoriedade".Como são perversos os ignorantes.

O Deputado Estadual Elmiro Coutinho, Sr. Presi­dente, é nada mais nada menos que contador, advo­gado, professor de Direito Administrativo e Tributário.Foi, em dois anos de excelentes trabalhos realizadosnaquela casa, Vice-Líder do PMDB - Vice-Presidenteda Comissão de Constituição e Justiça c Presidente daComissão Pr6-Constituinte. Hoje é Líder do PMDBe do Governo do Estado, além de Relator Geral daConstituintc estadual. Eleito pelo Clubf: dos RepórtercsPolíticos da Assembléia Legislativa do Estado do Riode Janeiro, em 87/88, como um dos dez mais atuantcsdeputados naquela casa. Sua vida pública e política nãose iniciou com sua eleição em 1986. Em Barra Mansa,sua cidade natal, foi Vereador duas vezes, Presidenteda Câmara Municipal e Prefeito interino da cidade,por 18 meses. Com toda esta bagagem política, princi­palmente na Assembléia Legislativa, está no seu primei­ro mandato. Não ganhou ou caiu do céu nada disso.Conquistou com seu, trabalho, sua inteligência e suahabilidade política. E para o nosso estado uma revela­ção política e, temos certeza, como Relator da Consti­tuinte estadual, haverã de realizar um trabalho perfeito,honesto, que nada ficará devendo aos que se julgamdonos do saber em nossa terra.

A imprensa "Marrom" de hoje não sabe que o analfa­beto político é tão burro que se orgulha e estufa epeito dizendo que odeia a política. Não sabe o idiotaque da sua ignorância política nasce o assaltante, omenor abandonado, a prostituta e, o pior de tudo, votamal e cria os políticos vigaristas, corruptos, pilantrase lacaios de interesses escusos.

Barra Mansa conhece Elmiro Coutinho com seus 53anos de honradez e probidade, ótimo pai e chefe defamília e pedradas de ignorantes jamais lhe atingirão.

Era o que tínhamos a dizer.

A SRA. MOEMA SÃO THIAGO (PSDB - CE. Pro­nuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras.e Srs. Deputados, o l' de maio é ocasião propícia paraque possamos aprofundar nossas reflexões sobre a situa­ção dos trabalhadores no Brasil.

Todos sabem da minha trajet6ria política e do meuinarredável compromisso com a luta dos assalariadospor melhores condições de vida.-

Lembrar neste momento o estado de miséria dos tra­balhadores, por exemplo, da Inglaterra no início daindustrialização é quase que como descrever a telTívelsituação econômico-social do povo brasileiro nó Brasilde hoje. Por acaso, o atual salário mínimo -37 dólaresmensais -não é um dos mais baixos do mundo, inferiormesmo àquele vigente no Paraguai? A insalubridade,os acidentes de trabalho (somos os campeões!) etc. nãosão mais do que suficientes para demonstrar as deplo­ráveis condições nas quais os assalariados vendem, porum preço vil, sua força de trabalho? A indignação ea revolta se fazem presentes quando me lembro dosmilhares de menores mutilados no corte da cana nointerior de São Paulo e na Zona da Mata Pernambucanae Alagoas.

Os planos de estabilização, supostamente distribuin­do sacrifíciç>s entre todos, tem no trabalhador, seu alvoprincipal. E elc qucm, na verdade, paga toda. ou quasetoda a conta. A inflação real (não a do "vetor" doSr. Mailson da Nóbrega) liquidou os minguados saláriosdo trabalhador, que, quando exausto. volta para o reen­contro com a família em miseráveis balTacos, espera-oo espectro da fome.

Nos países centrais, os trabalhadores. àcusta de muitaluta e muito sangue, alcançaram razoáveis conquistasno campo das reivindicações sociais. Importante nãoesquecer o relevante papel dos partidos sociais demo-

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cratas que, com o seu não poucas vezes criticado refor­mismo, lograram elevar os padrões de vida dos assala­riados a níveis tais que hoje se tornaram paradigmaaté mesmo para o mundo socialista.

A luta pela redução da jornada de trabalho que forareivindicação central nas barricadas de Paris em 1848,tema prioritário na fundação da Internacional em 1964e que, sem dúvida, esteve presente no "assalto aos céus"em 1871 na Comuna de Paris - primeiro governo ope­rário da Hist6ria - atravessou o Atlântico para terno l' de maio de 1886, nas manifestações promovidaspela American Federation of Labor (AFL) a sua datamarcante.

Marcante porque uma passeata com milhares de tra­balhadores, sob o lema "oito horas de trabalho, oitohoras de repouso e oito horas de educação", foi violen­tamente reprinúda pela burguesia americana que, na­quela época, pregava sem meias palavras que "o melhoralimento para grevistas é chumbo"! Centenas de mani­festantes, depois de devidamente espancados, forampresos, outros condenados a penas variáveis e, entreos líderes, dois foram condenados à prisão perpétuae cinco foram enforcados, passando a Hist6ria cultuá-loscomo os mártires de Chicago.

Hoje, no Terceiro Mundo, a fome e a miséria, decor­rentes de uma política econômica, cujo único escopoé garantir fabulosos lucros para os grandes monopóliose para a oligarquia financeira internacional, são respon­sáveis por um massacre em massa de populações intei­ras.

No Brasil, o Governo Sarney tem sido o arauto dossapolítica de empobrecimento crescente do nosso povoe de total submissão aos interesses dos grandes gruposeconômicos. Para ser "fiel" a essa política, o pequenogrupo do Planalto, isolado do povo e da sociedade,não tem vacilado em reprimir manifestações e grevesde quase uma centena de categorias profissionaü; naluta por suas mais legítimas e jsutas reivindicações.

Sr. Presidente, nobres colegas, tenho em mão umestudo do Instituto de Economia Industrial da Univer­sidade Federal do Rio de Janeiro revelando que a peTdasalarial motivada pelo Plano Verão chega a ser de 13%,mesmo com a reposição decretada pelo Governo! Maisdo que isso: na região mais desenvolvida do Paú;, ooperário paulista recebeu menos 10,68% em funçãoda desaceleração das indústrias. A depressão dos níveissalariais é de tal ordem que corremos o risco de compro­meter de vez a necessária retomada de crescimento deum país no qual a recessão vem-se aprofundando diaa dia,

Penso que é urgente, senão resolver, pelo menos ame­nizar o grave conflito distributivo existente no País.Poderemos caminhar para o caos, até mesmo para umaruptura no campo institucional, aliás, como é desejo,ainda secreto, da insaciável plutoeracia que mais se be­neficia do status quo,

Nós, da Social Democracia Brasileira, queremos 'ovi­tar o pior. Porque para nós quanto pior, pior. Paraisso já demos o primeiro passo construindo uma forçapolítica realmente interessada em melhores dias parao nosso povo e para a Nação: o PSDB.

Não temos líderes carismáticos, salvadores, nem de­magogos. Temos um programa de governo. Temos umcandidato à Presidência da Repúb lica com competênciae dignidade para executá-lo. Temos Mário Covas.

Creio, nobres colegas, que estamos abrindo 11m cami­nho de esperança para o nosso povo que há de come­morar outros dias l' de Maio que não serão s6 de luta,mas de festa, de felicidade. Como os operários têxteisem greve, em Massachusetts, nos Estados Unidos, em1912, também afirmo: "As almas, como os corpos. ]po­dem morrer de fome. Queremos pão, mas também que­remos rosas".

Muito obrigado,

O SR, FERES NADER (PTB - RI. Pronunci[l oseguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados,tomamos conhecimento de que existem focos de mos­quitos Aedes aegypti em 208 cidades do interior do Esta­do de São Paulo, onde foram registrados, nos primeirosdias, 322 casos de contaminação.

Sem muito alarde e com medidas preventivas conside­radas insuficientes pelos sauitaristas, já existem toelasas condições propícias para a proliferação da doen<;a:o mosquito transmissor se multiplica com fantástica ra-

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

pidez em várias regiões e conta com agentes em poten­cial, representados por milhões de paulistas que nuncacontraíram a febre e não possuem resistência ao vírus.

Nos últimos 45 dias foram descobertos quatro novoscasos de dengue no interior do Estado. A Suean, preo­cupada com a dimensão do problema, deslocou 130funcionários para atuarem nas áreas m,lis críticas.

As cidades mais infestadas até agora pelo mosquitosão Araçatuba, São José do Rio Preto, Presidente Pru­dente. Marília, Ribeirão Preto e, também o Vale doParaíba. Novos focos começam a ser encontrados nasproximidades de Campinas. Somente a Regional de RioPreto foi reforçada com 42 técnicos, procedentes deSão Vicente.

Considerando o graude fluxo de pessoas entre SãoPaulo e Estados críticos, como o Rio, Alagoas e Ceará,além do Paraguai, onde há 300 mil casos, só falta chegaralguém com O vírus e ser picado pelo mosquito parase iniciar a contaminação em massa. A situação podeestar prestes a acontecer.

O risco da dengue hemorrágica, que atinge ex-porta­dores da doença e pode ser fatal, é outro problema,em caso de epidemia.

Há 26 focos de' mosquito em Dracena, cinco vezesmais do que o tolerado - fenômeno que se repeteem Herculândia, Muritinga do Sul, Cataduva, Lueéliae Arapuã.

A verdade é qui" não há capacidade operacional paracobrir toda a área' de risco. Queixa-se o diretor de com­bate a vetores da Superintendência de Controle de En­demias que o orçamento da Sucer, de NCz$15 milhões,foi reduzido em 40% pelo Governo do Estado de SãoPaulo. E agora, por razões óbvias, reivindica o aumentodo seu quadro funcional.

Ao descerrar a cortina desse quadro sombrio, quere­mos alertar as autoridades da área de saúde no sentidode centrarem suas atenções sobre esra nova ameaçade Aedes aegypti, que vitimou, em passado não muitodistante, milhares ~e brasileiros.

Muito obrigado.

O SR, SIGMARlNGA SEIXAS (PSDB - DF. Pro­nuncia o seguinte discurso,) - Sr. Presidente, Srs. De­putados, o ajuizamento de ação civil pública em defesado meio ambiente, promovida pelo Ministério PúblicoFederal contra a Administração Pública, constitui fatoauspicioso e animador.

Realmente, incidindo em grave equívoco, os quadrosdo Poder Executivo, pela Comissão Interministerial en­carregada de executar o Programa Grande Carajás, vêmincentivando a desregrada instalação de siderurgias aolongo do corredor ferroviário do Programa.

Este gesto hostiliza as normas constitucionais assen­tadas pela defesa e preservação do meio ambiente, comO comprometimento ambiental que provoca em250.000Km' de mata nativa em diversos Estados brasi­leiros.

Estudos sérios, firmados por eméritos professores ­e nomeadamente os professores Orlando VaIverde aAziz Ab Sáber - não só demonstram o ecocídio daárea, em prazo não superior a 20 anos, como apontamsoluções viáveis e alternativas com muito menor custoeconômico e muito maior atendimento social, para aregião que abrange espaços de Goiás, Maranhão e Pará.

Chamo a atenção para a seriedade da questão, comoapresentada pelo Ministério Público Federal. que fazelucidativo exame de prévio inquérito civil que a insti­tuição realizou para embasar sua manifestação.

Relevo a atitude concreta do Ministério Público Fede­ral que, assim, dá mostras vivas de que após todo umlongo período de comprometimento e subserviência aoPoder Executivo, próprios do período autoritário, peloalinhamento incondicional da Chefia da instituição aospleitos do Poder Executivo, esta instituição renasce paraa sociedade brasileira: com ela compromete-se; é suavoz efetiva ante o Poder Judiciário, e sai da posiçãode passivo espectador para a de engajado autor na fixa­ção dos valores maiores da convivência democrática,justo porque os busca na demanda judicial, no desafiodos argumentos e das idéias postas em debate.

O PSDB tem o compromisso histórico de se aliarao desenvolvimento participativo do País - porque osbenefícios não se podem reduzir à parcela mínima dosaquinhoados - com a preservação do que a uatureza

Maio de 1989

a todos nós, brasileiros, generosamente, nos permitiuusufruir.

O PSDB tem por inaceitável as soluções traçadasdentro dos gabinetes das comissões interministeriais,que distribuem os benefícios fiscais de isenção de IPIe do Imposto de Renda a empresários que tudo sugamdo governo e da população e nada oferecem em troca.Antes, mantêm o estado de subserviência e perversadesumanidade para com o povo.

É o quadro que temos. A tanto, cito as palavrasdo pr6prio Secretário de Saúde do Estado do Pará:

"Quanto ao tópico da utilização do carvão vege­tal pelo setor metalúrgico ser visto com uma visãodistorcida e tornar a ASICA vilão de uma tristehistória, não aceitamos a ironia colocada, pois,quando eles preservam suas áreas de fornecimentode carvão vegetal para estimularem serrarias, fa­zendas (o MIRAD exige que 25% das terras doadassejam imediatamente desmatadas) e terceiros aproduzirem carvão vegetal de maneira desenfrea­da, estão, sim, promovendo queimadas, desmata­mentos e degradação do meio ambiente,"

Este o grande equívoco dos governos do arbítrio,cujo legado é prazeirosamente recebido e mantido peloGoverno Sarney:

"A avareza do mau empresário brasileiro é pa­trocinada e estimulada pela máquina administra­tiva estatal e a visão gananciosa do lucro impedea sadia convivência entre o capital c o trabalho."

Louvo, pois, a iniciativa do Ministério Público Fede­ral que provoca o debate judicial sobre as grandes ques­tões que o texto constitucional, tão questionado pelasforças do retrocesso, dentro dos vários campos sobreos quais dispôs, permitiu, inclusive naquele próprio aomeio ambiente a defesa dos direitos da coletividadecontra os gananciosos que tudo têm e tudo querem,

Esta a grandeza da Constituição Brasileira de 1988;a de permitir o amplo questionamento judicial dos atosadministrativos que afrontem, posterguem ou eliminemos princípios de convivência comunitária, que erigiu.

Uma Constituição é tanto mais eficiente quanto maisenseje o debate sobre suas diretrizes, explícitas c implí­citas, a cada momento histórico vi\'enciado pelo povoporque, ensejando aos cidadãos, a sociedade e ao pr6­prio Governo que judicialmente discutam os grandestemas de interesse coletivo, faz do Estado de Direitouma realidade cotidiana - e não uma abstração técnica-e pelo exercício contínuo da cidadania desestimula-see resiste-se às soluções aventureiras dos tutores da Pá­tria.

O SR. OSVALDO BENDER (PDS - RS. Pronunciao seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs.Deputados, ontem começaram as comemorações pelaemancipação do município gaúcho de Três de Maio.Um intenso programa de festividades será desenvolvidodurante mais de uma semana, incluindo entre os evcnrosculturais diversões e festejos populares regados como, melhores pratos de comestíveis e bebidas a contentode todos.

Três de Maio é um dos municípios mais pujantesdo Rio Grande do Sul, para não dizer do Brasil. Ficasituado no noroeste do Estado. Possui as melhores ter­ras para a agricultura. Suas culturas principais são asoja, o trigo, a produção de leite, suínos e outras, emmenores proporções. Possui também um excelente par­que industrial composto principalmente por empresasque estão em franco desenvolvimento. Seu comércioé dinâmico, liderando uma grande região. A populaçãoé ordeira e trabalhadora, constituída das mais diversasetnias, com predomínio dos descendentes dc alemães.A cidade é uma das mais bonitas da região e do EstadO.Primeiro era chamada de cidade-jardim, pelas floresabundantes que enfeitam diversos logradouros, incluin­do as casas e os canteiros das avenidas que, com seucolorido, fascinam qualquer visitante. Ultimamentetambém é chamada cidade da canção, em virtude dosgrandes festivais de canção ali realizados.

Quero nesta oportunidade cumprimentar suas autori­dades, na pessoa do seu Prefeito, Olívio Casali, Vice·

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Maio de 1989 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Sexta-feira 5 3183_

Prefeito e vereadores pela realização de mais este even­to, ocasião em que se coloca Três de Maio no destacadolugar que merece entre todos os municípios brasileiros.Parabéns a vocês, autoridades, extensivos a toda a po­pulação hospitaleira, honrada que está de braços aber­tos recebendo os visitantes. Tenho a certeza que esteacontecimento destacará a brilhante administração Ca­sali e Fichcr, e a história guardará cm sua memória,para sempre, mais esta passagem alusiva a mais umano de emancipação desse pujante Município. Os meusvotos para que Três de Miüo continue progJ;edindo cse desenvolvendo, e que paralelamente a este progressopreserve para sempre esta solidariedade humana queé peculiar aos tresmaienses c que, além do progresso,possam sempre festejar, dando vazão à própria alma.Assim é que se vive, festejando, cantando, amando,confraternizando. Isto faz parte da alegria de viver.Continuem assim. Serão, sem dúvida. exemplo paratodo o Brasi!.

./O SR. LEONEL' JÚLIO (PTB - SP. Pronuncia o

seguinte discurso.) - SI. Presidente e Srs. Deputados,a Polícia Militar do Estado de São Paulo muitas vezessofre críticas pela enérgica atuação no combate ao cri­me. Todavia, não vejo ninguém ressaltar o que ela faz,com risco da própria vida, em defesa da população.A Políeia está sempre na linha de frente. A sua formaçãomoral e a sua disciplina causam inveja.

O Poder Legislativo Federal não pode deixar de ho­menagear aquela corporação e muito menos passar des­percebida a presença marcante do honrado Ce!. PMLuiz Gonzaga de Oliveira. É pessoa 'que ilustra esseimportante organismo que repele preventivamente oscrimes hcdiondos e quc também, com coragem e sabe­doria, enfrenta situações. graves no confronto com mar­ginais perigosos.

Assim, com grande prazer cone1amo os Srs. Depu­tados a aplaudirem esse brilhante policial pelos exce­lentes serviços que presta a São Paulo e, também, peloseu magnífico curriculum vítae, o qual registro paraconheeimento deste egrégio Plenário.

Requeiro ao nobre Presidente desta Casa, DeputadoPaes de Andrade, seja este documento publicado noDiário do Congresso Nacional e que o SI. GovernadorOrestes Quércia tome conhecimento desta homenagem,a fim de determinar seja nosso preito registrado nafolha de serviços deste valoroso soldado brasileiro.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, desejo fazeroutro registro. A criminalidade continua avançando emtodo o País, tanto na selva amazônica e nos sertõescomo nos centros mais populosos, aparecendo São Pau­lo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Recifecomo os mais expressivos representantes da violênciaurbana, cujas pegadas vêm sendo seguidas por Brasília.

Não tem adiantado muito a ação policial, mesmoporque a autoridade repressora se encontra menos apa­relhada para a luta do que os bandidos, enquanto asimples divulgação ou o discreto registro dos fatos têmsido suficientes para provocar uma mobilização nacionalcontra o crime, que poderia ser comandada pelo Minis­tro da Justiça, com a Polícia Federal, acolitada pelaspolícias estaduais.

Nesse contexto, Sr. Presidente, queremos ressaltaro papel que vem sendo desempenhado pelo DeputadoEstadual paulista Afanásio Jazadi, na sua qualidadede radialista famoso, uma das vozes mais ouvidas emnosso Estado, pela sua bravura cívica, pela sua coragempessoal, pelo destemor com que enfrenta até mesmoalgunsc6mpanheiros de profissão, na imprensa escritae falada, invejosos da sua fama crescente.

Afanásio Jazadi é um exemplo que deve ser seguidonão apenas pelos demais radialistas bandeirantes, maspelos homens da comunicação em todo o País.

Não dispomos de dados estatísticos, para comprovara diminuição da criminalidade em São Paulo, depoisque Afanásio Jazadi começou a dedicar-se a essa arran­cada cívica, em defesa dos bens e da vida humana eem proveito da comunidade.

Mas não duvidamos de qne, se os seus companheirosscguirem o exemplo, em todo o País, surgirá um verda­deiro mutirão nacional, para reduzir a criminalidadeaos termos suportáveis em que se verifica numa socie­dade verdadeiramente civilizada.

Era o que tínhamos a dizer, SI. Presidente.

CURRICULUMA QUESE REFERE O ORA­DOR.

CurrícuJum VitaeDe Cel. PM Luiz Gonzaga de Oliveira

O Ce!. PM Luiz Gonzaga de Oliveira, nasceu emSanta Branca, Estado de São Paulo, no dia 7 de agostode 1938. É filho de Nestor Samuel de Oliveira e Bene­dita Aparecida Acritelli de Oliveira.

Ingresscu na Força Pública do Estado de São Paulono dia 15 de fevereiro de 1960, no antigo CFA (Centrode Formação e Aperíeiçoamento), atual Academia dePolícia Militar do Barro Branco. onde realizou o CursoPreparató rio de Formação de Oficiais e o Curso deFormação de Oficiais, sendo declarado Aspirante a Ofi­cial em 7 de março de 1964.

O Ce!. F'M Gonzaga galgou todos os postos da hierar­quia militar, como segue:

Asp. 01' PM 07-Mar-642' Ten. PM 15-Dez-64l' Ten. PM 25-Ago-67Capo PM I5-Dez-72Maj. PM 15-Dez-79Ten. Ce!. PM 24-Mai-85Ce!. PM 12-Mar-88

Todas as promoções foram conquistadas por mereci­mento.

Exerceu todas as fnnções inerentes aos postos da hie­rarquia, tendo como Ten. Ce!. PM comandado o l'Batalhão de Choques Tobias de Aguiar - Rota, 10"BPMlM -- Santo André e 2' BPM/M - Penha, atual­mente é o Comandante do Policiamento de Área Leste.

O Ce!. PM Gonzaga possui no âmbito da PolíciaMilitar os seguintes cursos:

-Curso do Ponto IV, realizado em 1964;- Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, realizado

em 1978;- Curso Superior de Polícia, realizado em 1986.É ainda formado em Letras pela Universidade de

São Paulo e Professor de Policiamento, tendo minis­trado aula sobre a matéria no Ouso de Aperíeiçoa­mento de Oficiais. Foi professor de "Planos de Policia­mento" na Academia de Polícia Militar do Barro Bran­co.

É autor da monografia: "Policiamento Ostensivo Mo­torizado Nova Visão - Nova Sistemática" (CSP-1986)e participou do IH Congresso Brasileiro de PoliciaisMilitares ~m Belo Horizonte - MG, em 1987.

Possui as seguintes condecorações:-Medalha Valor Militar em Prata - 20 anos de

serviço;- Medalha Sesqnicentenário da Polícia Militar;-Medalha Pedro Dias de Campos - l' colocado

no Curso Superior de Polícia.É detentor da Láurea do Mérito Pessoal em seu 4'

Grau.Faz pal'te ainda da Diretoria do Clube dos Oficiais

da Polícia Militar, como membro do Conselho Delibe­rativo.

O Ce!. PM Luiz Gonzaga de Oliveira é casado comDona Re;~ina Maria Dias de Oliveira e possui 2 (dois)filhos, Sillaida Maria Dias de Oliveira, fonoaudióloga,e Luiz Gonzaga de Oliveira Junior, que cursa o 3' anodo Curso de Formação de Oficiais da Academia dePolícia Militar do Barro Branco.

Além das funções normais de Comandante da ÁreaMetropolitana Leste, é ainda professor do Curso Supe­rior de Polícia, na cadeira de Policiamento, ministrandoaulas sobre a Polícia Militar na Segurança Pública.

O SR. JORGE ARBAGE (PDS - PAr Pronunciao seguint.: discurso.) -Sr. Presidente, Srs. Deputados,são por demais conhecidos os malefícios causados pelofumo, e seria até tedioso aqui enumerá-los. Entretanto,por sua gravidade, gostaríamos de mencionar apenasdois dele:;: o enfisema pulmonar e o câncer de faringe,que podem ter como causa o hábito de fumar, eufe­mismo utilizado pelos fabricantes do produto para subs­tituir a palavra verdadeira, que é vício.

Pois b('m, apesar de todas as advertências. inclusivenas próprias embalagens dos cigarros, que uma pessoafume e prejudique sua saúde, é problema dela própria.Mas que outros que não fumam seja1I) prejudicados,

afigura-se-nos profundamente injusto. E o caso dos fu­mantes por contaminação, sujeitos aos mesmos riscosdos fumantes inveterados por estarem no mesmo am-biente destes. .

Isso ocorre particularmente nos 'ônibus interesta­duais, quando, em longas viagens, não-fumantes sãocompelidos a conviver com fumantes, sofrendo indispo­sições e mal-estar conseqüente da aspiração da fumaçatóxica dos cigarros.

Nesse contexto, afigura-se-nos de justiça que sejaproibido fumar nos ônibus em viagens interestaduaisou internacionais, estas quando em território brasileiro.

Tal é o anelo de proposição que estamos a oferecerà apreciação desta Casa e para a qual pleiteamos oapoio de nossos ilustres pares.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, o consumo de bebi­das alcoólicas por motoristas é uma das principais causasdos acidentes rodoviários que, anualmente, ceifam mi­lhares de vidas, causando, ainda, mutilações nas vítimassobreviventes e incalculáveis prejuízos materiais.

Recentementc, os jornais noticiaram que em Curitibauma criança foi morta por um veículo conduzido pormotorista embriagado, encontrando-se ele em liberda-de. -

Em verdade, a impunidade que se observa neste Paíscom relação ao assunto não pode perdurar, pois é inad­missível que tantas pessoas continuem a ser vítimas demotoristas irresponsáveis.

Por essa razão, elaboramos proposição considerandocrime o ato de conduzir veículo em cstado de embria­guez. cominando severas penalidades nos casos de le­sões corporais ou mOI'te das vítimas.

Em outro projeto, preconizamos a proibição de bebi­das alcoólicas serem comercializadas ao longo das rodo­vias federais. A medida já foi implantada no Estadodc São Paulo, nas estradas estaduais, com pleno suces­so, eis que, consoante informações da DERSA, dimi­nuíram substancialmente os acidentes rodoviários pro­vocados por motoristas bêbados.

Em face do exposto, SI. Presidente, Srs. Deputados,pleiteamos o apoio de V. Ex" para ambas as proposiçõesque, a nosso ver, colaborarão na diminuição do brutalnúmero de acidentes rodoviários com vítimas fatais nes­te País.

Era o que tínhamos a dizer.

O SR. CARLOS VINAGRE (PMDB - PAr Pronun­cia o seguinte discurso.) - Sr.· Presidente, Sr~ c Srs.Deputados o Governo editou, em maio do ano passado,o Decreto-Lei n" 2.433, dispondo sobre os instrumentosfinanceiros relativos à política industrial e seus objeti­vos, ao tempo em que revogou inúmeros documentosque previam incentivos fiscais.

Na conformidade do seu art. 17 e de nova redaçãoestabelecida pelo Dccreto-Lei n' 2.451, de 29-7-88, te­mos o seguinte:

"Ficam isentos do Imposto sobre Produtos In­dnstrializados os equipamentos, máquinas, apare­lhos e instrumentos, importados ou de fabricaçãonacional, bem como os acessórios, sobressalentesc ferramentas que acompanham esses bens, quan­do:

I - adquiridos por empresas industriais para in­tegrar o seu ativo imobilizado, destinados ao em­prego no processo produtivo em estabelecimentoindustrial;

II - adquiridos por empresas jornalísticas e edi­toras, para integrar o seu ativo imobilizado, desti­nados à impressão de jornais periódicos e livros;

III - adquiridos por órgãos ou entidades da ad­ministração pública, direta e indireta. ou concessio­nárias de serviços públicos, destinados a determi­nados projetos."

Ocorre. SI. Presidente, que a nova disciplina a respei­to da isenção do IPI deixa de contemplar alguns setorese tipos de operação, com sérios prejuízos a importantessegmentos e ao próprio desenvolvimento de nossa in­dústria.

Estudo realizado pela Associação Brasileira da Indús­tria de Máquinas e Equipamentos e Sindicato Nacionalda Indústria de Máquinas aponta, com muita proprie­dade, as lacunas da legislação em análise.

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Considerando essas novas condições estabelecidaspara a isenção do IPI, foram injustificadamente excluí­das do favor fiscal as seguintes operações comerciaisenvolvendo aqueles mesmos produtos:

- venda a escolas técnicas, destinadas especifica­mente ao ensino técnico e à formação de mão-de-obraespecializada;

- operação de leasing;- venda através de redes de revendedores ou estabe-

leci~entos comerciais;- venda de máquinas e equipamentos ligados indire­

tamente ao processo produtivo, como, por exemplo,empilhadeiras.

São, todas, operações de suma importância para odesenvolvimento industrial do País e, portanto, devemser contempladas com o mesmo tratamento propo:rcio­nado às formas de comercialização amparadas pelo be­nefício fiscal.

No caso da não-isenção nas vendas a escolas técnicas,trata-se de discriminação que prejudica a formação demão-de-obra especializada, exatamente no momentoem que o desenvolvimento industrial e tecnológico sefaz urgente para evitarmos o agravamento do atrasoem que se encontra o Brasil e a ameaça de sucatcamentode nosso parque industrial.

Quanto ao leasing, Sr. Presidente, não restam dúvidasde que ele representa moderno instrumento à expansãoda demanda, conseqüentemente também para a realiza­ção de investimento em setores básicos, razão por quenão se justifica permanecer à margem do incentivo fiscalque ora se examina.

Por outro lado, a discriminação imposta às vendasatravés de redes de revendedores e distribuidores cons­titui decisão desprovida de fundamentos lógicos e racio­nais, que contraria as próprias peculiaridades da e;.tru­tura de comercialização no Brasil.

Considerando as dimensões continentais do País eas características dos fabricantes aqui instalados, emsua maioria, de pequeno ou médio porte, estão elesobrigados a recorrer às empresas revendedoras e distri­buidoras, não'somente para a venda de seus produtos,como igualmente para a prestação da assistência técnicaaos usuários.

Diante da restrição legal quanto à isenção do IPI,só conseguem acesso à competição na disputa do mer­cado as grandes empresas, que dispõem de sistema pró­prio à venda direta e assistência técnica para as má':jui­nas e equipamentos que fabrica, enquanto as demaisperdem a oportunidade da comercialização, em flagran­te prejuízo para toda a economia nacional.

Impõe-se, portanto, a urgente ampliação da abran­gência prevista nos Decretos-Leis n" 2.433/88 ~

2.451188, de modo a se estender o benefício da isençãofiscal do IPI a todas as vendas da indústria de máquinas~ equipamentos, ligados direta ou indiretamente ao pro­cesso produtivo, inclusive para distribuidores e reveTI.de­dores, além das operações de leasing e de vend,.s aescolas técnicas, nos casos específicos para o ensinoe a formação de mão·de-obra.

Estou convicto, Sr. Presidente, de que a ampliaçãoreivindicada se harmoniza com o objetivo do Governode conceder isenção do IPi como forma de contribuirpara a modernização da indústria, meta que, ao conl:rá­rio, se inviabiliza, caso se mantenha a interpreta'çãodo atual dispositivo, cujas falhas e omissões aqui apon­tadas podem ser imediatamente corrigidas através demedida provisória.

o SR. FÁBIO RAUNHEITTI (PTB - RJ. Pronunciao seguinte discurso.) -Sr. Presidente, Stê e Srs. Depu­tados, em dois anos de administraçào como Governadordo Estado do Rio de Janeiro, Moreira Franco vem tendoseu trabalho julgado e devidamente reconhecido pelopovo fluminense, não, evidentemente, como quem ti­vesse conseguido resolver os problemas mais graves eurgentes que afligem a população. como é o caso daviolência urbana. Há, sim, um reconhecimento ao enor­me esforço do Governador no sentido de realizar obras~e .infra-estrutura no [setor econômico e nas ár~as so­CiaiS, Visando assegurar ao Estado condiçõ~sde retomaro desenvolvimento Cf oferecer melhores condições devida à sua população,

Exemplos marcan~s têm sido, ainda, sua luta pelainstalação do IV Póld, Petroqnímico no Rio de Janeiro

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

e os projetos de melhoramento das redes de saneamentobásico e abastecimento de água em áreas densamentepovoadas no Grande Rio.

Mas, Sr. Presidente, se existem controvérsias comrelação ao grau de desempenho do atual Governo Esta­dual, o que é normal na análise de qualquer gestão,especialmente se considerarmos as presentes dificulda­des impostas pela conjuntura nacional, o mesmo nãoacontece quanto à honestidade do Governador MoreiraFranco e os propósitos de lisura nos atos e decisõesque seu Governo vem praticando.

A partir desse pressuposto é que tenho examinadotodos os desdobramentos da polêmica suscitada coma denúncia feita pelo jornalista Jânio de Freitas, dojornal Folha de S. Paulo, a respeito da concorrênciapública para a construção do chamado Sistema Mara­joara de captação de água, obra indispensável e urgente,para solução do grave problema de abastecimento noRio de Janeiro.

Para melhor formar opin!ão, antes de fazer um julga­mento definitivo sobre o caso, preferi aguardar o pro­nunciamento das instâncias jurídicas e a formulaçãodo contraditório, sobretudo porque a matéria inicia!do conceituado matutino paulista indicava uma delibe­rada intençáo de beneficiar as construtoras que vence­ram a licitação.

Quero enfatizar, Sr. Presidente, que a atual adminis­tração da CEDAE, sob a presidência de Nilton Pereirados Santos, observa rigorosamente os princípios éticosna condução dos seus tr.lbalhos, seguindo, portanto,a orientação do Governador Moreira Franco, de corre­ção e transparência na gestão dos interesses públicos.

Mas, acima de tudo é inqnestionável o significadoda obra de Marajoara, que liberará o sistema do Guan­du para o abastecimento da Baixada Fluminerise, au­mentando de seis a oito metros cúbicos por segundoo fornecimento de água à cidade do Rio de janeiro.

Como se pode observar, o empreendimento assnmevital importância para a Baixada Fluminense e todoo Grande Rio, sem o que o déficit de hoje, em tornode quatro metros cúbicos por segundo, irá agravar-seprofunda e rapidamente, em face do acelerado cresci­mento populacional na região, com sérios riscos de ab­soluto racionamento de água a médio prazo.

É preciso salientar também que, em razão do seuporte, o projeto será executado em três etapas: primei­ramente, as obras de captação e bombeamento; depois,as redes troncos; finalmente, a construção de reserva­tório e sistemas de distribuição.

Considero digna de registro, Sr. Presidente, a elevadapostura do Governador Moreira Franco, bem como dopresidente da CEDAE e do procurador-geral do Esta­do, os quais, fiéis ao compromisso com a verdade, para­cabal esclarecimento da opinião pública, determinaram,primeiro, a não homologação da concorrência e, poste­riormente, a própria suspensão do referido processo.

Permanece a esperança da população de que o esforçoe a dedicação do Governador Moreira Franco em aten­der justas c antigas reivindicações dos municípios daBaixada Fluminense e do Rio de Janeiro como um todosejam materializados na efetiva realização das obrasprevistas, com a urgência necessária, de modo que nãomais se adie a solução do grave problema de abasteci­mento de água a milhões de pessoas.

o SR. SOTERO CUNHA (PDC - RJ. Pronunciao seguinte discurso.) -Sr. Presidente, Sr's e Srs. Depu­tados, ninguém pode negar que estamos vivendo, a cadadia que passa, o resultado de uma das fases mais difíceisda história para o trabalhador brasileiro.

Não se pode atribuir exclusivamente às gestões ante­riores a crise que assola o País. Por toda a parte, estaé a tônica preocupante e avassaladora, atingindo milha­res de nossos semelhantes, sem que possamos visualizarum pequeno clarão de esperança, na forma de decisõesque venham amenizar os sofrimentos do povo.

Para acréscimo das desilusões, por exemplo. veio oPlano Cruzado, seguido de alterações. E, como sempreacontece, a avaliação e o julgamento popular são deque tudo isto representa simplesmente a abertura depequenos espaços para que algum grupo possa enchermais ainda suas bolsas. E, na verdade, há razões paratanto, pois há os que saqueiam o povo, os que concor­rem para a dor dessa gcnte, por serem desonestos edesumanos, podres e corruptos, na expressão popular,

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molestando os mais sofridos, pagadores de impostos,que apenas escapam gemendo, para logo morrerem.

Até quando, Sr. Presidente, irelt10s assistir a esseespetáculo trevoso de que tem sido vítima a nossaNação? A situação de nosso povo é de dar pena! Nãoé mais possível assistir a tanta degradação, a tanta desu­manidade, a tanta violência de responsabilidade da ad­ministração pública. E que dizer dos preços, que afligemo assalariado, único que verdadeiramente tem seu poderaquisitivo cada vez mais reduzido.

Sr. Ministro Maílson da Nóbrega: é preciso dar umjeito nisto. É necessário quc haja decisões menos incor­retas, menos desumanas. É preciso localizar os deso­nestos, para que sofram as punições que merecem. Quesejam penalizados os administradores responsáveis porerros no uso da coisa pública - quase sempre impunes.

O que falta neste Brasil, pelo que tudo indica, évergonha e honestidade. Há muito se lê e se escutaque a corrupção impera nas administraç?es do País.

Desta tribuna, registro meu mais veemente protestocontra o descaso das autoridades em relação às necessi­dades de nosso povo.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

O SR. FRANCISCO AMARAL (PMDB - SP. Pro­nuncia o seguinte discurso.) Sr. Presidente, Srs. Depu­tados, no final do ano passado, em minha Campinas,realizou-se o TI Fórum Nacional dos Reitores das Uni·versidades Estaduais e Municipais. O encontro foi abri­gado na Unicamp, modelo de Universidade, exemplode quadro de educadores dedicados a ampliar a ciênciae a cultura nacionais, estreitamente ligados à comuni­dade como um todo e a ela dedicando seus esforços.

Creio ser importante esta Casa tomar conhecimentode algumas advertências e várias sugestões efetuadasna ocasião, porque nosso trabalho, como Constituintes,quando asseguramos a autonomia universitária, ficariaincompleto se não se prolongasse em um detido acom­panhamento dos debates que se travarão, no dccorrerdo ano, nas Constituintes Estaduais e Municipais, eno momento em que se discute a nova Lei de Diretrizese Bascs.

No encontro, o Reitor da Unicamp, Prof. Paulo Re­nato Costa Souza, formulou uma advertência que deveecoar em todas as esferas do poder e em todas as comu­nidades de ensino:

"Mal-entendida, a autonomia universitáriapode ser confundida com autarquia e pode refor­çar certos traços exageradamente corporativos,que terminariam por consolidar os aspectos maisnegativos e mediocrizantes da crise universitáriaatual. Bem entendida, pode ser a restauraçãoda dignidade universitária."

A preocupação do Reitor da Unicamp não se prendeapenas ao aspecto da vida interna no Campus Univer­sitário. Com a visão ampla que sempre o caracterizounos vários cargos públicos que ocupou, ele deseja queas Universidades formem profissionais, desenvolvama tecnologia e a ciência, participem ativamente da vidada sociedade, como seu corpo de elite, corpo pensanteque devc proporcionar condições básicas para a socie­dade deliberar sobre seu desenvolvimento.

Efetivamente, se é necessário descentralizar interna­mente a administração das Universidades, se nelas, co­mo nas demais instituições, a luta contra a burocraciadeve ser constante, também é fundamental que as reito­rias sejam fortes e reúnam condições de encaminhara Universidade rumo às respostas exigidas pela socie­dade.

É fundamental que as Universidades tcnham coerên­cia institucional e condições para estreitar vínculos aca­dêmicos e científicos com instituições estrangeiras. Temrazão o Reitor da Unicamp, quando alerta para o fatode que a Universidade brasileira não pode deixar deter contatos estreitos com o exterior e, ao mesmo tem­po, não deve seguir uma linha de formação básica exclu­siva no exterior, porque já há uma pós-graduação inter­na que deve ser reforçada e aprimorada.

As Universidades brasileiras devem segir o conselhodo Reitor Paulo Renato Costa Souza e abrir-se paramaior participação externa, a fim de evitar que os pro­gramas dos candidatos e as propostas de políticas paraas Universidades sejam elaboradas apenas em função

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de interesses internos de Institutos e Faculdades oude cada Universidade.

Se as Universidades devem ter princípios comuns.devem também permitir-se a procura de sua identidade,e, por isso, deverão ser diferentes uma das outras nasua organização e nos seus prop6sitos.

Creio, Sr. Presidente, e Srs. Deputados, que o pro­nunciamento do Reitor da Unicamp ante os dirigentesmáximos das Universidades do País, não poderia ficarlimitado ao mundo universitário, porque tem como baseo princípio de que uma Universidade não é uma autar­quia, não é um compartimento estanque na vida social,mas é conseqüência e causa do aprimoramento de todaa comunidade.

°SR. LYSÂNEAS MACmL (PDT - RJ. Pronunciao seguinte discurso.) -SI. Presidente, Sr's e Srs. Depu­tados, os trabalhadores brasileiros estão estarrecidoscom a forma como o Governo pretende amedrontá-los,por apresentarem justas reivindicações, oprimidos emassacrados em seus mínimos direitos.

A greve é a arma que os trabalhadores utilizam paraobterem um salário mínimo digno e melhores condiçõesde trabalho. A contrapartida do Governo - ao invésde rejeitar seus reclamos - é uma lei de greve queembute quase toda a doutril!a da segurança nacional.Com um salário mínimo, decretado, de NCz$ 81,40,que ofende os trabalhadores c consagra o arrocho sala­rial. Com a impunidade de ministros c funcionáriossubalternos envolvidos em escândalos e corrupção.

Gostaria, Sr. Presidente e Srs. Deputados, de trazerao conhecimentp desta Casa a greve dos petroleirosde São José dos Campos, que reivindicam o cumpri­mento da Constituição. Ao fazê-lo, quero também ­para evitar notícias tendenciosas - transcrever, em sín­tese bem elucidativa, as razões de tal procedimento.Para' tanto, leio o memorial que recebi daquela catego­ria profissional:

"Há greve dos petroleiros de São José dos Cam­pos porque a Petrobrás, ao implantar a jornadade 6 horas para turno ininterrupto de revesamento,tirou dos trabalhadores as seguintes conquistas:

1. Adicional de 32,5% (hora - repouso - ali­mentação), pago desde 1965 na Petrobrás c desde1977 na refinaria Henrique Lage (REVAP), deSão José dos Campos, quando esta começou a fun­cionar.

2. Folgas. A Petrobrás cortou 4 folgas dos traba­lhadores, num ciclo de 28 dias. (Antes trabalha­va-se 20 dias e folgava-se 8 dias. Hoje, trabalha-se24 dias e folga-se 4 dias).

3. Alimentação quente e gratuita. Antes rece­bia-se quente e gratuita. Hoje, nem o trabalhadorque dobra o turno c que trabalha, portanto, 12horas, recebe alimentação quente. O lanche dadohoje é insuficiente e descontado em folha.

4. Transporte irregular. A empresa cortou otransporte para os trabalhadores que dobram o tur­no.

5. Horas extras devidas. A empresa deve 2 horasextras diárias desde a promulgação da Constituição- portanto, 60 horas mensais. Até agora s6 pagou24 horas extras por mês.

6. A empresa está introduzindo um 5' grupo deturno sem fazer novas contratações. Isso implicao aumento do número de trabalhadores que sãoobrigados a dobrar o turno e naturalmente põeem risco o patrimônio, a segurança do trabalhadore da comunidade.

Finalmente, é importante ressaltar que o Sindi­cato dos Petroleiros de São José dos Campos conse­guiu uma sentença em l' instância garantindo amanutenção daquelas conquistas. A sentença esta­bçlecia o prazo de 8 dias para seu cumprimentoe foi profcrida no dia 06-4-89. A Petrobrás recor­reu, pedindo efeito suspensivo da sentença. O Juizde l' instância indeferiu o pedido e caracterizouo efeito devolutivo no dia 24/4. Até agora a empre­sa nada fez.

A greve se faz, portanto, pelo cumprimento dasentença e da Constituição."

°SR. SALATIEL CARVALHO (PFL - PE. Pronun­cia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,. Sr's e Srs.Deputados, não podemos deixar de também registrar

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nossa mais veemente repulsa contra as lamentáveis evergonhosas ocorrências verificadas nos últimos dias,que se caracterizam como atos terroristas e que culmi­naram com a recente explosão de uma bomba que des­truiu um monumento na cidade de Volta Redonda.

pe igual modo, a explosão de outro artefato explosivonas mãos de um militante sindical em Recife deve rece­ber, por parte dos brasileiros sensatos e responsáveis,toda condenação.

Estes acontecimentos, Sr. Presidente, causam tristefae perplelidade, porque nos remetem a um passado quese constitui página indesejável da nossa história, algoque julg:ivamos pertencer a um tempo definitivamentearquivado, em função da nossa evolução institucionale do aprimoramento da convivência livre e democrática.

Estes gestos de violência contra a democracia nãopodem ser acolhidos de forma alguma. O Congresso,caixa de ressonância da sociedade, tem o dever e aresponsabilidade de zelar pela manutenção de um regi­me aberto ~ democrático, por ser este o desejo da maio­ria do nosso povo.

Os qUI; desejam o retrocesso, são minoria inexpres­siva, inconformada com o avanço democrático.

Temoil de garantir que tais acidentes serão eliminadosda cena brasileira, para não se colocar em risco a realiza­ção de el eições presidenciais.

A SRA. LÍDICE DA MATA (PC do B-BA, Pronunciao seguinte discurso.) -Sr. Presidente, Sr's e Srs. Depu­tados, e,;tá em funcionamento, desde julho do ano pas­sado, ura grupo de trabalho constituído de represen­tantes dJS Ministérios dos Transportes e do Planeja­mento, da Rede Ferroviária, da Bolsa de Valores, dosempresários, do Sindicato dos Ferroviários e da Federa­ção das Associações de Engcnheiros Ferroviários. Cria­do por decreto do Governo Federal, tem o objetivode estuG ar a modernização da RFFSA.

Vária; reuniões já foram realizadas, fundamental­mente para análise da proposta do Governo federale dos empresários, de privatização segmentada da RFF­SA, a qual se iniciaria com o arrendamento da Superin­tendência Regional de Juiz de Fora e da Divisão Opera­cional di; Santos.

Acon1ece, porém, Sr. Presidente, que essa propostade privatização da Rede Ferroviária, que, inclusive,já está ilendo concretizada pelo Ministério dos Trans­portes, lere enormemente a vida dessa importante em­presa pública de transporte ferroviário. Referida priva­tização inicia-se exatamente nas duas mais importantese lucrativas unidades da RFFSA - a SuperintendênciaRegional de Juiz de Fora (Ferrovia do Aço) e a DivisãoOperaci'Jnal de Santos (Tubarão). Como é normal emuma empresa, a RFFSA usa o lucro dessas unidadespara coorir os prejuízos de outras unidades e a faltade receita da Administração Geral, de tal modo quea médio prazo toda as unidades apresentem lucro finan­ceiro e li RFFSA se torne uma empresa rentável.

Segundo estudo feito pelos próprios ferroviários, osdados j:i dramáticos da RFFSA vão se agravar aindamais se o Ministério dos Transportes, em seus acordoscom os empresários, passar ao càntrole privado umpatrimônio de 4,5 bilhões de d6lares. A empresa priva­da que tiver esse controle operará essas unidades, deacordo com a proposta, com um capital de 250 mild6larcs, a ser assim integralizado: 50% ou 125 mil dóla­res atra'lés da pulverizaçãb ou Tenda de ações em bolsa;30% ou 75 mil dólares adquiridos pelo grupo contro­lados; 20% ou 50 mil dólares adquiridos pelos empre­gados.

Ou seja, com 75 mil d6lares, os empresários passa­riam a controlar um patrimônio de 4,5 bilhões de dóla­res, em prejuízo dos 64 mil empregados da RFFSAe de 130 milhões de brasilciros.

Ainda de acordo com a proposta, a nova empresanão assumirá os custos dos investimentos em andamen­to, usufruindo os benefícios advindos das melhorias ob­tidas com esses investimentos. Também Os direitos tra­balhistas adquiridos pelos empregados não scrão absor­vidos pda empresa, ficando a Rede Ferroviária como ônus é1a manutenção. Nessas circunstâncias, a RFFSAserá praticamente dada.

Está claro, Sr. Presidente, SI'S e Srs. Deputados.que a concretização desse plano deixará a Rede Ferro­viária Federal cada vez mais sem re'cursos, e que impli-

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cará o aumento do déficit público e a concomitantedificuldade para o pagamento dos salários. Com a redu­ção de seus recursos. ocorrerá, sem dúvida, a demissãode grande parte dos empregados do setor.

A experiência internacional mostra que, ao contráriodo que se fala, na grande maioria dos países capitalistas.entre eles os Estados Unidos, Inglaterra. França, Ale­manha Ocidental e Japão, não tem ocorrido privati­zação de ferrovias, continuando o Estado como grandeineentivador da construção, manutenção e operação dasestradas de ferro.

No Brasil, a privatização significa passar às mãos departiculares, por preços baixíssimo.s, empresas construí­das com grandes investimentos federais, estaduais oumunicipais, enfim, com o dinheiro do contribuinte. His­toricamente, já houve épocas em que aqui se incentivoua privatização. Uma primeira tentativa deu-se em 1890e outra em 1897. Em ambas, a experiência fracassou.Em 1910, algumas ferrovias foram arrendadas a particu­lares, causando grandes prejuízos financeiros e levandoo Governo federal a recebê-las de volta, assimilandoos prejuízos - como se11!pre, pagos pelo povo.

Muitas cidades ~ituadas ao longo de estradas de ferrosofrem influência direta da ferrovia, já que, de modogeral, sua atividade econômica depende essencialmentedo transporte ferroviário.

Em Alagoinhas e regiões adjacentes, no interior da'Bahia, onde vivi grande parte de minha vida, tambémjá foi grande a presença da Rede Ferroviária. Os dadosreferentes ao período de 1940 a 1965 deixam claro isso.Na região de Alagoinhas e Aramari havia cerca de 1500funcionários da Ferrovia. Esta principal força do comér­cio local. Quando, por algum motivo, a ferrovia parava,fosse por motivos de ordem técnica ou por questõesligadas a reivindicações salariais, toda a cidade ficavatemerosa. pois reduzia-se drasticamente a atividadeprodutiva.

Em outras ocasiõcs, a ferrovia chegou a fornecerenergia elétrica para a cidade de Aramari, o que de­monstra sua importância vital para a região. Adernais,a tradição democrática dos ferroviários era grande csua organização e combatividade faziam. com que exer­cessem enorme influência no movimento sindical deentão.

Em Alagoinhas, o prédio da estação ferroviária éum dos mais bonitos da cidade. necessitando de serpreservado, patrimônio histórico e cultural que é. OCqmitê de Defesa da RFFSA tem reunido represen­tantes dos ferroviários, sindicatos e outras categorias,bem como representações de toda a comunidade, como apoio, inclusive, da Prefeitura.

Ao denunciar a absurda tentativa de privatização daRFFSA, quero declarar meu apoio e minha solidarie­dade aos ferroviários e a todos aqueles que, com espíritopatri6tico, têm resistido à entrega deste patrimônio dopovo brasileiro.

Muito obrigada.

°SR. CARJ,OS CARDINAL (PDT - RS. Pronunciao seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados,diante da crise que se estabelece no Brasil devemos,por questão de lealdade às instituições nacionais, fazeralgumas observações:

Todos sabemos da natureza autoritária e ditatorialdo Presidente José Sarney, que, apoiado numa maioriade congressistas eleitos pela farsa do Plano Cruzado,tenta impor à Nação, de fo~ma arbitrária, os interessesdos grupos econômicos que comandam o Brasil.

Evidentemente, os ditadOres não poderiam prestigiarnem o Congresso nem a Constituição. A votação dasuplementação orçamentária no exercício passado c avergonhosa tramitação do novo orçamento, inclusivecom a ruptura de acordo de lideranças e vetos sorra­teiros, elucidam claramente os fatos. ,

O Governo conseguiu jogar a opinião pública contrao Congresso Nacional.

A avalanche dc medidas provisórias, utilizadas peloPresidente Sarney, desprovidas dos conceitos básicosde relevância e urgêncirr agridem a nova ordem constitu­cional. Os parlamentares progressistas não podem con­cordar com tais instrumentos autoritários.

Em novembro de 1988, em votação aberta, aprova­mos, por unanimidade, o salário mínimo, que mereceuo apoio de toda a sociedade. Vieram, porém, os vetosdo Presidente ao novo salário mínimo, acolhidos em

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votação secreta, que permite regimentalmente ocultaros inimigos da classe trabalhadora.

Poderíamos arrolar uma série de argumentos, incon­testãveis, que comprovam a natureza e a prática ditato­rial do Presidente Sarney. Agora mesmo a televisãodivulga publicidade atribuindo ao Governo, e tão-so­mente e ele, a recomposição das aposentadorias queo próprio Governo sorrateou nos últimos anos.

Na verdade essa foi uma conquista da nova CO'nsti­tuição, que apenas garantiu a melhor distribuição dosrecursos previdenciários. oriundos das contribuições daprópria classe trabalhadora.

Não podemos confundir todos os congressistas. Al­guns náo querem as eleições dirctas. Por não teremformação democrática, não compreendem os mecanis­mos que sustentam as instituições republicanas, que,antes de mais nada, exigem distribuição de rendas edecisões.

Não podemos admitir que incidentes isolados, total­mcnte dissonantes da formação pacífica do nosso povo,justifiquem a gana irrecuperável dos falsos democratasque procuram o oxigênio da ditadura.

o SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PJ -SP. Pronun­cia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputa­dos, em nossa peregrinação a favor dos aposenta.dosno último final de semana, estivemos, no sábado (29-4),em São José dos Campos, onde todas as associa\;õesfundiram-se e onde, a convite do Sr. Benedito Domin­gues, fizemos palestra para grande número de aposen­tados não só da cidade, mas de toda a região.

No domingo estivemos em São Caetano do Sul e,no auditório da faculdade local, totalmente lotado, fala­mos para os aposentados, discutindo os problemas queafligem os previdenciários. em reunião convocada pelaLegião Brasileira de Aposentados, dirigida por JoséCroco. e coordenada pelo Viriato.

Na sexta-feira, dia 28, estivemos em pleno Viadutodo Chá, distribuindo a cartilha dos direitos do apoi;en­tado. Mais de 1.000 aposentados ali se encontravamquerendo saber de seus direitos e dos novos benefíciosque começam a ser pagos a partir deste mês.

Continuamos na luta, Sr. Presidente. Trazemos paraesta Casa o agradecimento de todos os aposentadose pensionistas aos parlamentares. pelo que foi conquis­tado.

Aposentado, essa conquista é sua!A luta é nossa!

o SR. ULDURICO PINTO (PMDB - BA. Pronun­cia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr'" c Srs.Deputados, a História do Brasil, desde os seus primór­dios, está marcada por episódios os mais repugnantesde perseguição e aniquilamen.o, seja pelo comércio denegros importad!ls da África para se tornarem escravos.seja pelo extermínio dos nativos da terra e usurpa(;ãode suas propriedades, além dos prejuízos imposto:; àsua cultura.

Nestes 489 anos de dominaçáo dos brancos, temospresenciado uma profusão de atos ilegais, violência eagressões contra os índios, motivados especialmente pe­la cobiça dos poderosos com relação à posse da terra.

Dentre os incontáveis episódios do gênero, a históriados índios Pataxó, ocupantes da Reserva Paragua,;u­Caramuru, merece destaque, tanto pela forte resistêndaoferecida pelos indígenas como pelos excessos que aindahoje se cometem contra eles, promovidos por gruposcujo único interesse é erradicar os índios daquelaregi:ío.O fato é que não apenas a posse de terras está t~m

jogo, mas a própria sobrevivência dos Pataxó.Situada na Bahia, a Reserva Paraguaçu-Caramuru

é composta de terras férteis, propícias à criação de gadoe à cultura do cacau. Abrange parte dos Municípiosde Pau Brasil, Itaju do Colônia e Camacã, e bastantepróxima de ltapetinga. Foi a grande fertilidade dessasterras que atraiu a cobiça de fazendeiros - ou melhor- posseiros, que ali começaram a se estabelecer ('m1936 e que forçaram o ac;ordo firmado em 1937 entreo Serviço de Proteção ao Indio, que antecedeu a Funai.e o Governo do Estado da Bahia, pelo qual as 50 légu.asquadradas da reserva indígena foram reduzidas paraos 36.000 hectares atuais.

Por absurdo que pareça. em 1938, o Governo promo­veu nova demarcação, que envolveu total ou parcial­mente várias posses de pequenos lavradOTes. A maioria

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deles concordou em ser agregado ao posto. pois sabiam,há muito tempo, que estavam ocupando terras indíge­nas. Entretanto, uma p~rte desses posseiros, entre osquais os fazendeiros de maior porte, passaram a criarpolêmicas, sob a alegaçã,6 de serem os legítimos donosdas terras que ocupavarrj, embora nenhum deles tenhatido condições de apresentar os títulos comprobatóriosdesses direitos. :

Houve, na ocasião. inclusive tentativa de subornopara que as linhas demarcadas obedecessem aos inte­resses dos posseiros.

A este respeito existem documentos que atestam apressão exercida pelos fazendeiros da região para desviodas linhas demarcatórias da reserva, uma vez que pre­tendiam estender indefinidamente seus latifúndios. To­davia, documentação dq século XVII indica que os pata­xó ocupavam aquela área desde tempos imemoriais.

Apesar de tudo, a Rpserva Paraguaçu-Caramuru foidemarcada e para lá se t:lirigiram outros índios. escorra­çados de suas terras, somo os tupiniquim, botocudo,mongoió e kamakan. E~ses grupos passaram a integrara nação pataxó, ali vivendo e trabalhando. Fazendeirose seus prepostos. todavia, continuam a levantar dúvidasquanto à autenticidade da reserva. embora com argu­mentos inaceitáveis por sua fragilidade.

Forçado por inominável violência, certo contingentede indígenas abandonou a área, mas a comunidade Pata­xó resistiu e permaneceu firme em seu propósito derecuperar suas terras. Sob o argumento de que "osíndios constituem obstáculo ao desenvolvimento econô­mico da região". os fazendeiros e ° próprio Governoda Bahia tentaram justificar como ilegal a ocupaçãodaquelas terras pelos silvícolas. tentando, de forma tam­bém ilegal, transferi-los para outros locais.

Evidentemente, hoje. os pataxó já não vivem apenasda caça e coleta, tendo se transformado em agricultorese pastores. passando de uma economia de subsistênciapara fornecedores do mercado regional e internacional,especialmente de café e cacau.

Inconstestavelmente, isso incomoda a todos os quedesejam apossar-se daquelas terras, tendo dado enscjoa inúmeros litígios judiciais. Humilhações e violêncianão têm faltado para aqueles índios. forçados a transfe­rências de área indevidamente, chegando mesmo a ternegado o acesso a fontes de água potável. As condiçõesinfra-humanas de vida a que têm sido submetidos ospataxó, no decorrer de várias décadas, resultaram emelevado índice de mortalidade infantil. sem falar nosatentados a bala que têm sofrido e toda sorte de pres­sões.

Propositadamente empurrados pelos brancos parauma total negação de sua cultura, os índios pataxó,que ocuparam a reserva do Monte Pascoal, no Muni­cípio de Porto Seguro, além de tcrem sido usados comoatração turística, hoje são vítimas da vileza acusatóriade devastarem a Mata Atlântica, na realidade decor­rente da ambição desmedida de grupos econômicos queexploram o estado de carência e abandono daquela co­munidade indígena. vivendo subaliamentada, em preca­ríssima situação de saúde, explorando sem nenhumapoio as terras exíguas e pouco férteis que lhes permi­tiram ocupar.

O "problema" dos pataxó data do século passado,mas infelizmente as autoridades têm sido ou coniventescom os fazendeiros. mais poderosos economicamente,ou simplesmente relapsas.

Hoje os pataxó constituem uma nação miserável, queenfrenta problemas como a fome e a doença, além deter que, ocasionalmente, pegar em armas para defendera si mesmo e suas fanu1ias.

A despeito do Estatuto do Índio e dos artigos consti­tucionais que pretensamente protegem os interesses dossilvícolas. os problemas se avolumam à medida em quea questão de terras se torna mais acirrada e que osmesmos vão tendo, cada vez mais, sua cultura c suasraízes agredidas pelo mundo civilizado.

Ocorre que os indígenas. hoje, conhecem melhor osseus direitos e, assim, têm mais e maiores condiçõesde organizar-se c lutar por eles.

Contudo, parece ter sido impossível, até o momento,impedir que a fertilidade das terras que ocupam e asriquezas minerais que contêm se torncm alvo da ambi­ção dos brancos, que não hesitam em se tornar assas­sinos e violentadores de gente praticamente indefesa.

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A Funai, na maioria das vezes, se tem mostrado ino­perante para re,olver as questões mais graves, qu~ndonão compactua com grupos poderosos de fazendeiros,empresas de mineração ou projetos indevidos para aabertura de estradas e construção de hidrelétricas emáreas indígenas.

É absolutamente necessário que os direitos dos índiossejam protegidos. Suas terras têm que ser demarcadase respeitadas. para que eles possam manter viva suacultura, tão rica de usos, costumes e tradições.

No Brasil, há lugar para todos e os índios têm direitohistórico e im~morial à terra. Os pataxó estão envol­vidos numa luta justa e tanto o Governo Federal quantoo do Estado da Bahia tem obrigação de respeitá-lose defendê-los, em vez de cooptar com sua dizimação.

O SR. VILSON SOUZA (PSDB - SC. Pronunciao seguinte discurso.) -Sr. Presidente, Sr'" e Srs. Depu­tados, enredado na sua própria incompetência, o atualGoverno procura inimigos e adversários para justificarseu fracasso na condução da política econômica e insisteem criar um clima de terrorismo dc Estado, reprimindomovimentos grevistas reivindicatórios legítimos, atravésda Medida Provisória n" 50. cujo conteúdo é mais autori­tário do que o da Lei de Greve editada durante a dita­dura militar.

Sabedor da docilidade do Congresso, o Governo temse valido da elaboração de medidas provisórias paraburlar a Constituição, desrespeitar os avanços sociaise das relações de trabalho tão ardorosamente conquis­tados.

A mais recente afronta ao Legislativo, mas que certa­mente não será. infelizmente, a última deste governo,veio através da Medida Provisória n' 50 - que já conse­guiu encontrar defensores aqui nesta Casa, subservien­tes e dóceis aos ditames e às ordens do Planalto.

O eclodir de greves tem uma causa que todos sabem,causa esta localizada no Palácio do Planalto e nos gabi­netes ministeriais. É a política econômica baseada noarrocho salarial e que tem levado os trabalhadores areagirem legitimamente através do direito de greve,buscando a recomposição do poder de compra dos seuscombalidos salários. Querer a docilidade dos cidadãosmassacrados e oprimidos por uma política econômicade permanente contração de salários é manifestar sau­dades dos tempos onde falar era perigoso e exigir seusdireitos era crime. Tempos negros aos quais serviu oatual Presidente da República, bem como a maioriados seus auxiliares mais diretos.

Os saudosistas daqueles tempos de repressáo e medoacreditam que o clamor da sociedade deve ser sufocado,nem que seja pela força, como quando da invasão daCompanhia Siderúrgica Nacional, em novembro de1988, independentemente do número de vítimas. Ossaudosistas daqueles tempos não gostam da memória,porque ela os denuncia e por isso explodem monu­mentos, como foi o caso de Volta Redonda, Estadodo Rio de Janeiro, na madrugada do último dia 2 demaio.

Mais do que uma lei de greve autoritária e fascista,a Medida Provisória n" 50 faz reviver mecanismos damalfadada Lei de Segurança Nacional. Recria oficial­mente a figura do aleagüete, do delator que, encobertopelo anonimato, pode extravasar ódios, do dedo-duroque. em troea de favores ou benefícios, aceita testemu­nhar contra outras pessoas.

O direito de greve inscrito na Constituição é umagarantia do trabalhador e não pode ser limitado porqualquer norma infraconstitucional. O que a Consti­tuição remete à regulamentação através de lei comple­mentar é o exercício da greve no serviço público. Ea opção por lei complementar dp.veu-se principalmentepor exigir quorum qualificado. diverso do quorum co­mum exigido para aprovação de Medida, Provisóriase leis ordinárias.

A Constituição deferiu aos trabalhadores sobre aoportunidade e os interesses que devem ser defendidosem cada movimento reivindicatório, não cabendo qual­quer lei para limitar o direito constitucionalmente ga­rantido.

O Congresso Nacional, se não quiser ser cúmpliceda institucionalização do terror, deve revogar esta Me­dida e repudiar todas as tentativas oficiais de pisar e

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Maio de 1989

conspurcar o texto constitucional que nós elaboramos,quase sempre contra os interesses do Governo e dosgrupos que ele se preocupa em defender.

Neste sentido, solicito a transcrição nos Anais destaCasa de um amplo e profundo estudo da inconstitucio­nalidade da Medida Provisória n" 50 - elaborado pelaFrente Parlamentar Nacionalista, reiterando mais umavez a importância desta Casa em assumir uma posturaque não sirva para aviltar ainda mais a imagem da classepolítica. A "Proclamação ao povo brasileiro", com oposicionamento da frente, deve servir de reflexão nãoapenas aos políticos, mas ao conjunto da população.

DOCUMENTO A QUE SE REFERE O ORA­DOR:

PROCLAMAÇÃO AO POVO BRASILEIRO

A FRENTE PARLAMENTAR NACIONALISTAE O DffiEITO DE GREVE

O Senhor Presidente da República, impressionadocom o vultoso número de greves e de aderentes, o maiorde nossa História, utilizando-se da Medida Provisórian' 50, procurou colocar um paradeiro nesses movimen­tos.

A Constituição Federal assegura o direito de grevee os milhões de grevistas estão a revelar que não sãogrupos delinqüentes que as promovem. Elas resultamda política impatriótica exercida pelo Governo nacionalque se submete a imposições do Fundo Monetário Inter­nacional, cartel dos banqueiros que, em desacordo coma Constituição, estabeleceram contratos usurários e ilí­citos em conluio com administradores incompetentesou criminosos. Por isto mesmo, a Constituição deter­minou o exame desses contratos. O Presidente da Repú­blica, em vez de acatar a prescrição constitucional,apressa-se em esvaziar' os cofres públicos para pagarem dia tais dívidas colocadas sob suspeita.

Reduz salários, vencimentos, soldos aos níveis maisbaixos de nossa História e estimula inflação e especu­lação com juros a alturas insuportáveis. As greves sãoefeitos desse comportamento.

A Frente Parlamentar Nacionalista condena a Me­dida Provisória n' 50, por inconstitucional, lesiva aossagrados direitos do povo e instrumento de provocaçãodestinado a desestabilizar o processo eleitoral pacífico,ora em marcha. Condena-a pelas seguintes razões:

Salários, Dívida Externa e Greves

O salário mínimo, entre 1.955 e 1.959, cresceu até22,65%, acima do valor real de sua instituição em 1940e, daí em diante, passou a decrescer. No final de 1988,era apenas 34,57% do valor de 1940. Segundo o relató­rio Hélio Jaguaribe. 35% das famílias ganham até meiosalário mínimo; 65% recebem um ou menos de umsalário mínimo; 54% vivem em estado de miséria.

Segundo informa o JB, de 9-9-88, no relatório daUnicei, o braço da ONU dedicado à criança, o Brasilé o quarto maior exportador de alimentos do mundo,porém, o sexto maior povo subnutrido; o 13' em morta­lidade infantil e o 8' pior do mundo em ingestão decalorias por habitante. Entre 1986 e 1987, mais de214.000 brasileiros deixaram de plantar para tornarem­se consumidores nas áreas urbanas. O total de pessoassem nenhum rendimento, segundo o IBGE, cresceude 5,4 milhões para 6,4 milhões.

Num discurso reproduzido no Diário da AssembléiaNacional Constituinte, em janeiro de 1988, p. 6546, oPresidente Sarney registrava: "A metade mais pobreda população brasileira que, em 1960, detinha 4% darenda nacional. tem hoje menos de 3%. Os 10% maisricos, que possuíam 39% da riqueza nacional, passarama comandar 51%. Os pobres mais pobres; os ricos maisricos. "

O mesmo Presidente Sarney, em abril último, queixa­va·se de haver pago US$ 86 bilhões em serviço da DívidaExterna e que a dívida não se tinha reduzido. Aproxi­ma-se de 120 bilhões, e afirmou:

"O dinheiro que mandamos para nossos credo­res, de 1985 para cá, daria para construirum País."

Complementando as queixas, o Ministro João Alves,respondeu à sugestão de Genady Golubev, represen­tante especial do Diretor Executivo do Programa dasNações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), para

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

que os países devedores convertessem suas dívidas emprogramas ambientais, na abertura da VI ConferênciaMinisterial sobre Meio Ambiente.

O Mimstro do Interior salientava:

"O Brasil acumulou um recorde de exportação,alcançando o terceiro superavit do mundo ociden­tal, ,:om 1.9 bilhões de dólares. Entretanto, apóstodo esse esforço extremo, constatamos que quasenada sobrou para investimentos essenciais ao nossopovo, porque mais de 90 por cento desse saldoforam absorvidos pela nossa dívida externa."

Ainda é o Presidente Sarney que informa o descon­tentamento do povo com tudo isto:

Em 1985 - 1.289 greves; 1986 - 2.282; 1987 ­2.313; 1988 - 2.241; 1989 -1.288 (três meses).

1985 -- 48,8 milhões homens-dia; 1986 - 39,5; 1987-56,0; 1988 - 54,4; 1989- 9,5 (três meses).

O Prc!;idente ajunta:

"Em 1985, nós tinhamos cerca de 64 por centodas greves no setor privado e apenas 35 no setorpúb!lico. Pois bem, esse processo foi se invertendode tal modo que hoje nós temos 40 por cento dasgreves no setor privado e 60 por cento no setorpúblico...

"Mas eu não estou condenando aqui a grevelcgí1ima. Este é um direito sagrado e necessário.Nec,~ssário contra outra coisa, também criminosa,que é o capitalismo selvagem."

"Mas eu quero falar é dos encapuzados, da vio­lência, da ocupação das fábricas, dos predadoresdo patrimônio, dos piquetes armados que agridem,quehram, apedrejam, intimidam. jogam bombas."

Presumia-se, nessas palavras. que o Presidente daRepública pretenderia punir provocadores infiltradosnas greves legítimas, com o propósito de prolongar oregime autoritário que serve os responsáveis pelas agru­ras do povo, o capitalismo selvagem, como bem o quali­ficou.

Ficava a impressão de que o Governo reconheciaas causa:; da tragédia nacional. Os descontentamentose as grcves são fruto da agiotagem e da espoliação im­postas aJ povo brasileiro e viriam medidas para sustaressas remessas, ativar os trabalhos da Comissão Mistaque, no Congresso Nacional, examina a legitimidadeda Dívida Externa, toda ela contraída sem conheci­mento e sem permissão do Poder Legislativo, mas porum decr,;to-Iei inconstitucional do Governo Médici.

A Medida Provisória n" 50

Em v·~z de medidas para defender o povo em grevecontra esta injustiça social que se agrava dia a dia,injustiça que atinge militares e até a polícia, o PresidenteSarney passou a agredir o direito de greve.

A causa dos infortúnios não é mais o salário quese avilh,; não é a dívida externa; não é a especulaçãofinanceira e nem a agiotagem. É o "grevismo selva­gem".

A NLção e a História percebem que o PresidenteSarney, por palavras condena o capitalismo selvagem,e, por atos, se coloca contra os 56 milhões homens-diaque tivmam de recorrer à greve em 1.987; contra os54,4 milhões de 1988 e contra os 9,5 milhões do primeirotrimestre de 1989 e sob o pretexto de punir sabotadores,busca ferir de morte o direito de greve inscrito na Cons­tituição.

A M~:dida Provisória n' 50 estabelece:a) só há direito lie greve quando, haja ou não haja

condições para isso, um terço de uma entidade sindicalse reunir, para decretá-Ia e quando a maioria presentea decre1:ar;

b) se a greve não tiver esses requisitos, torna-se ile­gal, permite rescindir o contrato de trabalho e aplicaroutras penalidades aos assalariados descontentes (arts.3'e 5');

c) também a greve necessitará de assentimento daJustiça do Trabalho e será ilegal se pretender alterarcondição constante de acordo sindical. convenção cole­tiva de trabalho, ainda que esses atos conciliatórios te­nham s; do assinados por pelegos (art. 6');

d) a Medida Provisória torna serviços essenciais trezeatividac!.es, na maior parte de puro interesse de empre­sas privadas em que o lucro não está sujeito a qualquer

Sexta-feira 5 3187

limitação e o esmagamento salarial se encontra ao arbí­trio da classe patronal (art. 7');

e) nos movimentos grevistas mais importantes, a ex­trema-direita faz infiltrar sabotadores, freqüentementefinanciados com dólares do gangsterismo sindical nortc­americano e da CIA, como revela vasla literatura. Essessabotadores incitam a quebrar. agredir e desencadearo vandalismo destinado a desmoralizar a reivindicaçãolegítima. Pela Medida Provisória n' 50, se isto aconte­cer, os dirigentes dos sindicatos respondem como co-au­tores e sujeitos às mesmas penas (art. 11, parágrafoúnico);

f) os arts. 12 e 13 consideram crimes até simplesexpressões verbais, revivendo a Lei de Segurança Na­cional editada no auge da ditadura e colocando sobo risco de detenção, de um a dois anos, a própria partici­pação na greve, pois para a autoridade policial tornar­se-á facl1imo encontrar testemunhas para comprovarque o trabalhador, por exemplo, incitou alguém a deso­bedecer ato de requisição civil (art. 13. lI) ou "assacouofensas morais contra qualquer autoridade ou funcio­nário público" (art. 13, IV) etc.

Estará em sintonia com a Constituição Federal talforma de regulamentação do direito de greve?

A resposta virá -cotejando o texto da Medida Provi­sória n' 50, com as normas constitucionais protetorasdo trabalho em suas contradições normais com os ocu­pantes do Poder Público e com os empregadores.

Segundo o § 2' do art. 5' da Constituição Fedetal,os direitos e garantias expressos em seu texto não ex­cluem outros decorrentes dos tratados internacionaisem que a República Federativa do Brasil seja parte.Assim sendo, há que examinar, frente aos princípiosde Hermenêutica, a Medida Provis6ria n" 50, confron­tada com

A Declaração Universal dosDireitos do Homem e os Direitos

Trabalhistas

Este documento internacional preceitua:

"Art. XXIII -1. Todo homem tem direito aotrabalho, à livre escolha de emprego, a condiçõesjustas e favoráveis de trabalho e à proteção contrao desemprego.

2. Todo homem, sem qualquer distinção, temdireito a igual remuneração por igual trabalho.

3. Todo homem que trabalha tem direito a umaremuneração justa e satisfatória, que lhe assegure,assim como à sua família, uma existência compa­tível COm a dignidade humana e a que se acrescen­tarão, se necessário, outros meios de proteção so­cial.

Art. XXV. Todo homem t"m direito a um pa­drão de vida capaz de assegurar a si, e a sua família,saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuá­rio, habitação, cuidados médicos e os serviços so­ciais indispensáveis. e direito à segurança em casode desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhiceou outros casos de perda dos meios de subsistênciaem circunstâncias fora de seu controle."

O que recita a lei maior?

A Constituição da RepúblicaFederativa do Brasil e o Direito de Greve:

"Art. 7' São direitos dos trabalhadores urba­nos e rurais, além de outros que visem a melhoriade sua condição social:

IV -salário mínimo, fixado em lei, nacional­mente unificado, capaz de atender as suas necessi­dades vitais básicas e às de sua família com mora­dia, alimentação, educação, saúde, reajustes perió­dicos que lhe preservem o poder aquisitivo. sendovedada sua vinculação para qualquer fim;

Art. 8'" É livre a associação profissional ou sin­dical, observado o seguinte:

111 - ao sindicato cabe a defesa dos direitos einteresses coletivos ou individuais da categoria, in­clusive em questões judiciais ou administrativas.

Art. 9" É assegurado o direito de greve, com­petindo aos trabalhadores decidir sobre a oportu­nidade de exercê-lo e sobre os interesses que de­vam, por meio dele, defender.

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3188 Sexta-feira 5

§ 1" A lei definirá os serviços ou atividadei\ es­senciais é disporá sobre o atendimento das nec'~ssi­

dades inadiáveis da comunidade.§ 2' Os abusos cometidos sujeitam os repon­

sáveis às penas da lei.Art. 10. É assegurado a participação dos tra­

balhadores e empregadores nos colegiados dm; ór­gãos públicos em que seus interesses profissio nais

. ou previdenciários sejam objeto de discussão e deli-beração.

Art. 37. A administração pública direta, indi­reta ou fundacional, de qualquer dos podere5' daUnião, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu­nicípios obedecerá aos princípios de legalidade, im­pessoalidade, moralidade, publicidade e, também,ao seguinte:

VII - o direito de greve será excrcido nos ter­mos e nos limites definidos em lei complementar.

As inconstitucionalidades daMedida Provisória n' 50

Se o direito de grcve no serviço público deve serexercido nos termos e limites definidos em lei comple­mentar, segue-se que medida provisória, para cuja aná­lise no Congresso Nacional não é exigido quorum quali­ficado (art. 62, parágrafo único da Constituição), nãopode ser meio hábil para promover suarcgulamentação.

Se o constituinte exigiu o tratamento da matéria cmlei complementar, e não abriu exceção, sua prescrição

.não pode ser limitada pelo legislador ordinário. Invo­cando o Título V, art. 4' do Código Civil Francês; Cal.da·ra. Interpretazione delle Leggi, n. 175 e Giuseppe Sare­do - Trattato delle Leggi, n. 14, art. IV, Carlos Maxi­miliano, in Hermenêutica e Aplicação do Direito n'326, ensina:

"Uma lei deve aplicar-se à ordem de coisas paraa qual foi estabelecida. Os objetos que são d~ or­dem diversa, não podem ser decididos pelas mes-mas leis." I

Por isto, lei complementarê sempre lei complementare medida provisória é scmpre medida provisória.ILeicomplementar não pode ser absorvida por medida pro­visória e vice-versa.

Assim, a inconstitucionalidade de medida provis<iriapara disciplinar lei complementar torna-se clara e indis­cutível. O quorum de medida provisória é insuficieatepara gerar uma lei complementar. Aliás, os autoresda Medida Provisória n' 50 isto reconhecem, impliclta­mente, na redação do art. 15.

11r

Se o art. 9' da Constituição atribui aos trabalhadoresdecidir sobre a oportunidade de exercer o direito degreve e sobre os interesses que devam por meio deledefender - é o que está escrito - não pode a leiordinária limitar essa prerrogativa.

Permittitur quod non prohibetur: "presume-se permi­tido tudo aquilo que a lei não proíbe."

"Interpretam-se estritamente as disposiçõesiquelimitam a liberdade, tomada esta palavra em qual­quer das suas acepções: liberdade de locomoção,trabalho, trânsito, profissão, indústria, comércio,etc."

Assim proclamam Guilherme Alves Moreira, prof.da Universidade de Coimbra - Instituições do DireitoCivil Português, vol I, p. 49; Sutherland - Statute andStatutory Construclion, 2' Ed., vol. II, §§ 543 e 546;Domat ~ Teoria da Intcrpretação das Leis, trad. deI.H. Correia Teles, reproduzida no Código Filipino deCândido Mendes, V. m, p. 435, XV, citados por CarlosMaximiliano, in Hermenêutica e Aplicação do Direito,n" 276, Rio, 5' ed., 1951.

"Quando o texto dispõe de modo amplo, s,:mlimitações evidentes, é dever do intérprete aplicá-loa todos os casos particulares que se possam enqua­drar na hipótese geral prevista explicitamente; nãose tente distinguir entre as circunstâncias da qu~s­

tão e as outras; cumpra-se a norma tal qual é,sem acrescentar condlçõcs novas, nem dispensar

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

nenhuma das expressas. "Giuseppe Falcone - Re­gulae Juris 2' Ed., n. 45-48.

"Quando a Constituição confere poder geral ouprescreve dever franqueia também, implicitamen­te, todos os poderes part.iculares, necessários parao exercício de um ou cumprimento de outro.

A regra é completada por duas outras mais:a) Onde se mencionam os meios para o exer­

cício de um poder outorgado, não será lícito, impli­citamente, admitir novos ou diferentes meios, sobo prctexto de sercm mais eficazes ou convenientes;

b) Onde um poder é conferido em termos ge­rais, interpreta-se como estendendo-se de acordocom os mesmos termos, salvo se alguma clara restri­ção for deduzível do próprio contexto, por ~e acharali expressa ou implícita." Thomas Cooley - Pro­fessor da Universidade de Michigan - Con~titu­

cional Límitations, 1903, p. 98."Não se admite interpretação estrita que entrave

a realização plena do escopo visado pelo texto.Dentro da letra rigorõsa dele procura-se o objetivoda norma suprema; seja este atingido e será perfeitaa exegese." Joseph Story - Commentaries ou theConstitucion of the United States, 5' ed., vol. I,§ 419.

O direito de greve não é apenas um direito. É tambémum fato social. Surge com lei, ou sem lei, quando cir­cunstãncias objetivas, ua sociedade, gerem força aostrabalhadores para impor o exercício da greve.

Pinochet, na Constituição que promulgou em 1981,proibiu rigorosamente o direito de greve e, entretanto,elas iíTompem com freqüência cada vez maior, à medidaque os assalariados ocupam espaço político.

Se os redatores da Medida Provisória n" 50 tivessemaprofundado seus estudos sociológicos. teriam visto queas proibiçõcs ditatoriais contidas na Lei n' 4.330, deI" de junho de 1964 e no Decreto-Lei n' 1.632, de 4de agosto de 1978, que essa Medida Provisória n' 50inutilmente revogou em seu art. 17, já estavam revoga­dos antes mesmo de findar o regime autoritário insti­tuído em 1964.

Estavam revogados pela força política dos assalaria­dos que se lançaram cm grcves scm qualquer preocu­pação com os ritos e interdições neles contidas, indusivecom a Lei de Segurança Nacional. Nesta altura de ama­durecimento, de organização e de suporte do texto cons­titucional aos assalariados, torna-se puerilidade lançaruma lei repressiva ao fato social da greve como respostaà injustiça social de cortar a remuneração do trabalhoe promover o empobrecimento para enriquecer mino­rias privilegiadas.

Não há mais clima polftico para um estado policial.As Forças Armadas, vítimas como o povo, desse odiosoempobrecimento, acompanharam e apoiaram disposi­ções democráticas e nacionalistas na Constituinte. Osprepostos de interesses antinacionais, cada vez maisfreqüentemente criticam e agridem pela imprensa osmilitares que se identificam e ajudam a modernizaçãoe a democratização das instituições. Isto gerará a convic­ção dc que não retornaremos ao nível das republiquetasdominadas por generais, a serviço de grandes potências.

Os Constituintes de 1988 inspiraram-sc'nas modernasconstituiçõcs europêias, entre as quais a portuguesa,cujos parlamentares compreenderam essa realidade davida social, ao estabelecerem, no art. 58 de sua Consti­tuição de 1976:

"Art. 58. 1. É garantido o direito de greve.2. Compete aos trabalhadorcs definir o âmbito

de interesses a defender através da greve, não po­dendo a lei limitar esse âmbito."

Os "juristas" da PIDE agora fazem escola no Pla­nalto.

mComo se viu no tcxto do art. 9" da atual Constituição,

não cabe lei para reprimir o direito de greve, o quecomo se viu, seria até inútil. A lei complementar desti­na-se tão-somente: l' a definir os serviços ou atividadesessenciais e disposições para atendimento de necessi­dades inadiávcis da comunidade; c, 2' punir abusos.

Ambas as matérias são de interesse dos trabalha­dores. As greves não se dirigem contra a sociedade,

Maio de 1989

mas contra os maus administradores ou maus patrões.Portanto, não cabem restrições ao exercício das gre­

ves.Cabe organizar, em caso de greve nos serviços essen­

ciais, a forma de conciliar a paralisação com os inte­resses vitais das comunidades e punir os sabotadoresque, radicalizando, se infiltrem no movimento grevistapara despertar a animosidade social contra os trabalha­dores e fazer o jogo de seus adversários. Nada mais.

Responsabilizar os dirigentes sindicais e limitar oexercício da greve, a pretexto de punir os excessos,é fazer o jogo dos maus patrões e do capitalismo selva­gem e reprimir o exercício do direito legítimo.

A Medida Provisória n' 50 visa a aterrorizar os quebuscam o direito de lutar contra a erosão imoral deseus direitos.

Conclusão

I - É tempo do Congresso Nacional votar a regula­mentação do direito de greve, através da lei comple­mentar que a Constituição exige. Entretanto, essa leinão se destinará a restringir direitos assegurados naConstituição.

TI - A Medida Provisória n' 50 não é meio constitu­cionalmente lícito de satisfazer a exigência relativa àdisciplina do processo de proteção ao funcionamentodos serviços públicos essenciais, ainda que de formaprecária e especificação desses serviços. Essa normaatropelada de legislar tampouco é instrumento adequa­do para estabelecer penalidades contra abusos pratica­dos contra o legítimo direito de greve.

TIl - Ainda que se admitisse a Medida Provisórian' 50 como fórmula para a regulamentação, o Sr. Presi­dente da República, não cumpriu o dispositivo constitu­cional de proteção ao direito, mas, a pretexto dc puniro "grevismo selvagem", truncou a prerrogativa.

IV - Não apenas truncou o direito, mas ampliou àsdírcções sindicais a responsabilidadc pelos abusos quesabotadores infiltrados venham a praticar, contrapon­do-se ao disposto na regra multisecular do art. 5', incisoXLV, segundo a qual "nenhuma pena passará da pessoado condenado". Adotou normas vigentes no nacional­socialismo hitlcrista há muito abolidas.

Criticando essa teratologia, o próprio conservadorO Estado de S. Paulo, em editorial, em 30-4-89, assimse extcrnava:

"Nunca se viu no Direito Penal brasileiro tama­nha aberração: o dirigente de uma entidade sindicalresponder solidariamcnte pelo palavrão que o gre­vista dirigir ao funcionário público, ou pela bombaque jogar dentro de uma fábrica. Crime, ensina-senas faculdades de Direito, é ato pessoal certo pre­visto em lei. .. Custa crer que em 1989, em Brasília,não se tcnha aprendido alguma coisa da Históriado Direito Penal, especialmente aquela sábia liçãoa ensinar que quando as leis não respondem aobom senso e à moralidade social, os tribunais nãoas aplicam!"

V - A Medida Provisórian" 50 será repelida em qual­quer tribunal pela sua antinomia com a Constituiçãoe o Congresso Nacional terá de repudiá-Ia como umatentado ao regime democrático e aos foros de naçãocivilizada e moderna a que o Brasil aspira.

Brasilia, l' de maio de 1989. - Frente ParlamentarNacionalista.

ASRA. BENEDITA DA SJLVA (PT - RJ. Pronunciao seguinte discurso.) - Sr. Presidente, SI' e Srs. Depu­tados, está existindo uma campanha de difamação con­tra a CUT e o PT que consideramos ser de setoresatrasados, orquestrados para inviabilizar o processo de­mocrático e a decisão tomada pela nova Constituiçãoem garantir direito de greve e eleição direta para Presi­dente. É preocupante observannos que jornais de gran­de circulação em nosso País divulgam notícias desinfor­madas na construção da democracia.

Matêrias publicadas nos jornais O Estado de S. Pauloe O Globo denunciam apreens:ío de material dito comoverdadeiro, que asseguram ser manual de adestramentopara sindicalista e dirigentes sindicais, passando a falsaidéia de que são formados para promover badernas.

A CUT e o PT são organizações diferentes, porémambos buscam construir democraticamente uma socie-

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dade cuja transformação permita a convivência frater­na com justiça e igualdade dos diferentes segmentos.

OPT ea CUT, ao contrário do que dizem as falsasnotícias, querem ver o trabalhador em p..rimeiro plano,e não como massa de manobra nas maos de aventu­reiros, que só souberam levar o País ao endividamento,à miséria e tirar o pão da boca do trabalhador e alndatentar co~vencer de que só eles reúnem as condiçõesnecessárias para governar este País.

Não podemos admitir que os caluniadores fiquemimpunes. _ _ .

Temos responsabilidades, CUT e PT nao sao orga?-I­zações clandestinas, não são levadas ao gueto e mmt?menos à hostilidade social; ambas estão presentes COtl­

, dianamente na luta do povo trabalhador.A quem interessa essa campanha?Aos que querem promover a desordem e são pais

do caos.A CUT, diante desses fatos, divulgou a seguinte nota,

datada de 26-4-89:"Manual da CUT", uma provocação

Diante do noticiário dos últimos dias, o presi­dente nacional da CUT, em nome de sua Executivae dos sindicatos a ela fi~ad,:,s, informa:. . . .

1. A CUT não distnbmu, nem esta dlstnbum­do, pública ou confidencialmente, qualquer do,?~­

mento intitulado "Manual de adestramento de mlh­tantes e dirigentes sindicais".

2. Denunciamos no dia 15, conforme foi ampla­mente noticiado, uma operação de falsific~ção ementira qüe tentava envolver esta. ce_ntr~1 sm~l~al

e um partido político em supostas vlOlencIas SOCIaiS.Em matéria no jornal O Estado de S. Paulo, umagente anônimo do Centro de Informaçõ~s doExército associava um vídeo de campanha eleitorala documentos forjados, obtidos, segundo a maté­ria, através de infiltração de agentes do Exércitoem organizações sindicais.

3. Para preservar a verdade, e estarrecida peloretomo de tais ações secretas por setores das ForçasAnnadas, cujas responsabilidades são ,?onstitucio­nahnente limitadas, a CUT entrou no dia 19-4 comum requerimento administrativo fundament~d? ~o

art. 5' incisos XXXIII e XXXIV da ConstltmçaoFeder~l, junto ao Ministério do Exército, em Br.a~í­lia, para obter inteiro teor do supo~to relatonoem poder do Ciex. Até o momento na,? temos res­posta a tal solicitação.

4. Em Recife, São Paulo, Rio de Janeiro e ou­tras .cidades, no correr das greves são detectadasações provocativas por parte de agentes poli:iais,identificados ou não. A CUT chama a atençao dasociedade para a gravidade destes fatos. _ .

Visivelmente orga'hizadas, estas provocaçoes Ir­

rompem em pontos distantes do P.aís, ~emonstr~­do' um plano com, pelo menos, tres abjetos propo­sitos:

-intimidar o movimento de mais de dois mi­lhões de trabalhadores pela reposição' salarial quelhes foi negada após mais de 50 dias de negociações;

- vieiar o debate parlamentar sobre a regul~­

mentação dos direitos definidos na nova Consti­tuição. Não por acaso, hoje o Governo Sarney estáapresentando seu projeto de lei de greve para apre­ciação no Congresso Nacional;

- constranger o debate e a livre manifestaçãodo povo brasileiro nas eleições marcadas para no-vembro próximo. .

Tal operação tenta recolocar o.Bra~rl ~a ma~-afa­

mada década de 70 e não faz mveJa as açoes eaos agentes, fardad;s ou não, do DOI-Codi, doRiocentro, do atentado contra a OAB. Mms grave,porém, será se a sociedade brasileira não lhe dera devida e democrática resposta.

5. A CUT conclama os trabalhadorcs, sobre­tudo aqueles que com garra e coragem estão debraços cruzados para garantir o sustento de suasfamílias e às lideranças sindicais a perseveraremem seus'movimentos, ordeira e pacificatnente.

6. Contra esta operação de ataque aos espaçosdemocráticos e de liberdade tão duratnente con­quistados pelo povo brasile~ro,. a CUT reafirm,aseu compromisso com um smdlcalismo demo~ra­tico, de massas, profundamente comprometido

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

com o futuro deste País, está tomando as medidasjudiciais e políticas cabíveis e procurará mantera sociedade informada.

Sio Paulo, 26 de abril de 1989. - Jair AntonioMeneguelJi, Presidente Nacional da CUT."

'Apesar da iniciativíl em esclarecer ess~ orquestr_ação,a CUT Be viu no dever de requerer a mstauraçao deinquérito policial diretamente ao Ministro da Justiça,Oscar Correa, para apurar as responsabilidades p.elafalsificaç ão de documentos atribuídos à CUT relacio­nados aos seguintes fatos:

"A resposta da CUTDiante desta campanha, apesar do desmentido

e da denúncia de falsificação feita por Meneguelll,dia 15-4 a Executiva da CUT decide. exigir a inves­tigação ~ punição da falsificação. .

No dia 28-4, no Rio, Jair encontra-se com o MI­nistro da Justiça e entrega o requerimento de ins­tauração de inquérito para apurar possíveis ocor­rên~ias de crimes e autores relacionados aos seguin­tes fatos:

aI falsidade de documento particular - falsi­dade material e ideológica, uma vez quc o docu­meato que se atribui a CUT não foi por ela produ­zido, nem divulgado e nem distribuído;

b) crime de prevaricação, no caso de realmenteter .;ido feita a apreensão do documento, conformeafirma o jornal O Estado de S. Paulo, por agen~es

federais sem a lavratura do auto de apreensao,que indique o nome da pessoa em cujo poder foiapr·~endido, e sem a instauração do inquérito poli­cial, na hipótese de o documento ter sido conside-rado prova de delito; . . ,

e) crime de abuso de autondade na hlpotese de,não sendo considerado prova de delito, haver ocor­rido a apreensão, eis que faleceria à autoridadeque realizou a apreensão competência para tanto;

d) crime de difamação contra a CUT, descntono artigo 139 do Código Penal po~ haverem osag,:ntes federais atribuído a Central Unica dos Tra­balhadores a produção e distribuição do documen­to, atribuindo-lhe, assim, fato falso ofensivo à suareputação; .

t,) crime de difamação descrito no ar!. 21 da Leide Imprensa, por haver sido publicada matéria queatribui à CUT a produção e distribuição do docu­mento, sendo este fato falso e ofensivo à sua repu-tação; .

l) crime descrito no ar!. 16 da Lei de Imprensa"publicar ou divulgar notícias falsas ou fatos verda­deiros truncados ou deturpados, que provoquempel1urbação da ordem pública ou alarme social".

I) requerimento de instauração de inquérito poli­ciai foi apresentado ao Ministro da Justiça dado

r os fatos de terem sido citados pela imprensa agentesfederais como envolvidos no caso e diante da ausên­cia do Diretor do Departamento da Polícia Fcde­ral."

Esperamos que a lei apure col)1 rigor essa associaçãocriminosa, deformante, radical e antidemocrática con­traa CUT.

Sr. Presidente, Sr" e Srs. Deputados, temos milhõesde trabalhadores em greve, os bancários há dias tentamnegociar e a intransigência, a radicalização não tempermitido o diálogo, sem o 'qual jamais haverá entendi­mento. "Os bancários nunca tiveram um sectarismotão grande na relação trabalhadores e direção, comoestão vivendo agora, nem no auge da ditadura encon­tram tanta rigidez".

O que está por trás?Querem inviabilizar a democracia'!Privatizar totalmente o setor financeiro?Atender ao FMI?Prom over com dose forte e lenta a morte dos traba­

lhadores?Desmoralizar o Congresso Nacional?Sei 12, meu Deus, sei lá. O que sei é que as greves

só terminarão quando o Governo for capaz de negociarcom a dasse trabalhadora sua reposição salarial. semameaças ou intimidações com medidas que dificultemo diálogo e hostilize as manifestações.

Do jdto que está, este País vai parar, e não serãoos trabalhadores os responsáveis.

Sexta-feira 5 3189

Sr. Presidente, Sr~ e Srs. Deputados, outro registro.O Plano Verão está tendo efeito abrasivo sobre as dispu­tas entre empregados e patrões a respeito da questãosalarial. Um levantamento feito pela Secretaria de Em­prego e Salário do Ministério do Trabal~o revelou que,no primeiro bimestre de 1989, a quantidade de grevesno País foi de 30% superior ao período correspondenteno ano passado. .

Cumpre-nos chamar a atenção dos companheIros pa­ra o fato de que o congelamento dos salários, sem quea inflação tivesse sido debelada e sem a definição deuma regra que assegurasse aos trabalhadores o ressarci­mento de suas perdas, contribuiu para alimentar o po­tencial de radicalização nas discussões normais entreempresas e trabalhadores.

Lamentavelmente, os trabalhadores sentem-se logra­dos. e os empresários, com o engodo dos preços deseus produtos congelados, também resistem mais às rei­vindicações dos seus empregados.

Trata-se, na verdade, de uma situação em qu~ seencontram frustrações em todas as partes. Se na areade preços o Governo convive com turbulências, maioressão elas no cam~o dos salários.

A falta de acordo faz com que muitos trabalhadorespermaneçam por longo tempo de braços cruzados, oque traz sérios prejuízos ao nosso País.

Em muitas greves ocorridas após a decretação doPlano Verão, houve momentos de tensão e até mesmode violência injustificada.

Quero aqui manifestar meu repúdio e dizer que, en­quanto o Governo permanece indefinido quanto a umaséria política salarial, as greves se multiplicam e se pro-lonllam. .

E chegado o momento de uma definição clara e deuma tomada de atitudes que possam solucionar de umavez por todas a crise que estamos vivendo.

Era o que tÚlhamos a dizer, Sr. Presidente.

O SR. ARTUR DA TÁVOLA (PSDB-RJ. Pronunciao seguinte discurso.) -Sr. Presidente, Sr~ e Srs. Depu­tados 2 de maio de 1989 marcou 80 anos de AtaulfoAlves: O satnbista de "Ail Que Saudades da Amélia"há poucos dias, a 20 de abril, fez 20 anos de morto.Nesse período, o público foi ficando distanciado da obranotável do compositor, pela inexistência de programa­ção eclética e variada em nossas emissoras de rádio.

Por outro lado, obras como "Leva Meu Samba",:'Laranja Madura", "Pois É", "Sei Que É Covardia","Atire a Primeira Pedra", "Mulata Assanhada", "MeusTempos de Criança" e algumas outras transformaram­se. nesses 20 anos, em clássicos de nossa MPB. Parí\comemorar o fato, significativo para a história da cultu­ra do Rio de Janeiro e, por via deste, do País, dirijoà Casa as considerações seguintes.

A ascensão e glória de Ataulfo Alves está a merecerestudo e inserção entre os valores do movimento negrobrasileiro. Como foi possível, através do talento, emer­gir em meios que só deferiam prestígio e not9riedadeaos brancos, como o rádio, o disco e o show? E impres­sionante a capacidade de invenção e criatividade daque­le mcnino de origem muito pobre, vindo para o Riocom 17 anos, sem qualquer estudo especial ou chancesde subir na vida, mas com lances de criatividade, aplica­ção. sensibilidade e talento tais que conscgue chegaràs cuhninâncias de nossa canção popul~r, em 30 anosde impecável carreira artística.

Além da propriedade do assunto escolhido para seussambas, Ataulfo consegue, através da melodia, umacento de tristeza ancestral, milenar, muito antiga,aquela espécie de lamento característico da beleza damúsica negra e de seu sofrimento nas terras do chamadoNovo Mundo, as Américas, para onde seus pais e avósvieram, escravizados, e seus irmãos de cor são explo­rados até hoje, vítimas de preconceitos, discriminaçõese, em alguns casos, até de racismo.

Infância

Ataulfo Alves nasceu, a 2 de maio de 1909, na cidadede Miraí, Minas Gerais. Em seu depoimento no Museuda Imagem e do Som, novembro de 1966, disse:

"Chamo-me Ataulfo Alves de Souza. Até hojenão sei por que este Alves no meu nome. Deveser o nome da família Alves Pereira, era gente

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3190 Sexta-feira 5

graduada e meu pai, e eu também, trabalhamospara eles e assim o nome ficou sonante até hoje."

O pai de Ataulfo, por nome Severino de Souza, apeli­do Capitão, foi um desses violeiros do interior do País,e a mãe dele, que viveu noventa e poucos anos, donaMatilde, possuía bela voz c sempre cantou. Pobre,Ataulfo, em criança, fez de tudo: marmiteiro, engra­xate, menino de recado, condutor de boi, plantadorde café, arroz, milho, leiteiro. Acostumado ao trabalho,encontrava na música a grande distração e alegria, além,é claro, das brincadeiras que ele cantaria. muitos anosdepois, no belo samba "Meus Temp.os de Criança",no qual, ao relembrar a infância, escreve esta belezade verso:

"Eu era feliz e não sabia."

E este outro, que dói por igual em todos nós:

"Meu primeiro amor, onde andará?"

O pai de Ataulfo morreu quando ele tinha 12 anose já batia prato e triângulo na banda da cidade. Ficarama mãe, 4 irmãs e ele.

"Homem" da casa aos 12 anos, o menino Ataulfocomeçou a desenvolver a capacidade de trabalho, oamor pelo progresso e a consciência de que a vida éluta. O traço de sabedoria de vida, presente em !,eusatos adultos e letras que captaram vivências populares,por certo originaram-se na consciência precoce da ne­cessidade de luta, trabalho e lucidez como condi~;ões

para a superação das inevitáveis limitações da vida:

No Rio de Janeiro

A família do médico Afrânio Rezende ajudou-o, ain­da em Miraí, e, quando alguns anos depois veio parao Rio, o rapazote Ataulfo, magro e espigado, calmoe decidido, arrimo de famJ1ia. veio com ela. Estavacom 17 anos. Aqui, foi dei ajud(lnte de lanterneiro aprático de farmácia.e·daí a!mÓÍtál datnúsica brasileira.. Foi a vida de farmácia, contudo, que marcou suaJuventude. Entrou como lavador de vidros e acabou,segundo suas palavras:

"- assumindo a chefia do laboratório. fiquei umprático de farmácia."

Coincidência geográfica aproximou-o do universo dosamba: morou primeiro na Avenida Paulo de Frontin;depois no Catumbi e, afinal, no Estácio. Viver lle'ssaregião em fins da década de 20, começos da de 30,significou nutrir a sensibilidade com o que havia demelhor e mais autêntico no samba de asfalto carioca.

Asfalto do Rio, bairro do Estácio c vivências fundasde um menino sensível do interior de Minas Gerais,mesclados ao sangue negro. tocado por antigas nobrezasafricanas, s6 poderia gerar a'1igura complexa, artística,elegante, sábia e malemolente de Ataulfo Alves.

Primeiro disco

Conta Jota Efegê que alguns anos depois, ainda traba­lhando em farmácia, porém, no centro da cidade (RuaSáo José, 61). conheceu Carmem Miranda. Ela tambémtrabalhou em farmácia. Cantora, depois, gravou o sam­ba "Tempo Perdido", de Ataulfo. primeiro momentopr.ofissional do compositor. Atanlfo concorrera ao prê­mIo de melhor samba para o carnaval de 1932, patroci­nado pelo Diário Carioca. Nada ganhou. Tempos de­pois, Carmem Miranda (em começo de carreira) ou­viu-o cantar a música derrotada e demonstrou vontadede gravá-la. O que fez em 1933. No depoimento parao Museu da Imagem e do Som, contava Ataulfo. 33anos depois, em 1966:

"Quem cantou meu primeiro samba foi a Car­mem, não fez sucesso porque não era o gêne:rodela, nessa época ela já era conhecida, a Carmem,aquela da farmácia. se lembra? Pois ela já estavacantando o "TaL'-

A letra do Tempo Perdido, diz:

"Mesmo derramando lágrimaseu não te posso perdoarchega o que tenho sofridoTodo o meu tempo perdidoNunca mais eu quero amar'"

Ainda não era o grande letrista de anos depois ...Diz o pesquisador Jota Efegê:

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seçáo I)

"Numa entrevista concedida a 10 de janeiro de1933 ao cronista carnavalesco K. Rapcta (ArlindoCardoso). do Diário Carioca, Ataulfo declarou queembora tivesse feito parte, anos antes, de um blocoem Santa Alexandrina, pertencia, naquela data,ao "Fale Quem Quiser."

Segundo o sambista Amor. igualmente citado na pes­quisa de Jota Efegê, Ataulfo era "mestre de harmonia"c autor de várias mlÍsicas cantadas pelos membros do"Fale Quem Quiser", agremiação importante nos anosiniciais da formaçáo das escolas de samba.

Ataulfo, portanto, aos vinte e poucos anOs vivia osamba em profundidade, participava da fundação e or­ganização das escolas de samba em época ainda difícilc adversa e se relacionava com os bambas do Estácio.havendo feito. em particular. amizade com o famosoBide, Alcebíades Barcelos, compositor e ritmista (au­tor, com Marçal. de "Agora é Cinza"), depois seu com­padre. Bide funcionou como o introdutor de Ataulfono mundo do samba e o que. à época, era bem maisimportante: os universos do disco e do rádio.

A formação

Segundo o relato de Ismael Silva, o grande sambista,fundador da primeira escola de samba, Ataulfo partici­pava das rodas de samba do Estácio e permanecia cala­do, quieto. ouvindo, prestando grande atenção em tu­do: Esta percepção de Ismael é importante para quese possa, hoje, ter a compreensão das várias fusõesoperadas instintivamente por um grande criador po­pular.

A sua formação era a do pai, violeiro e cantador.A influência mais antiga, a da infância, trazia do interiorde Minas Gerais. A propósito desta. o próprio Ataulfodizia:

"Eu acho que guardei na memória, sem saber,muita toada da roça, e isso tem influéncia no meusamba, é por isso que elc é assim triste ... "

Havia, ainda, no fundo do seu ser. a s.eilSibilidademilenar da raça negra. De que nobrezas africanas provi­ria? De que tristezas c dores ancestrais teria surgidoo seu canto carregado de lamentos'? E houve ainda,depois, a influência das formas culturais urbanas doRio na década de 30.

A cidade passava por processo de modernização. Apopulação negra, embora discriminada, conseguia, acusto, lentamente. exercer sua religião de origem e exer­citar as formas de arte transplantadas para nossa cultu­ra. A tecnologia do rádio e do disco abria a possibilidadede caminhos profissionais, principalmente para músicose criadores de talento. O vertiginoso processo de ali­mentar as necessidades da programação radiofônicacom obras sintonizadas' com o mercado impunha, já,a necessidade de renovação permanente. Graças à inci­piente, mas veloz e crescente comunicação, o País come­çava a conhecer novas faces de sua formação e de seupopulário.

No seu plano psicológico, Ataulfo representava a fi­gura do mcnino pobre, disposto à ascensão social numasociedade fechada para pobres c para negros, aberta,somente, para a subida de status quando provinda dosucesso radiofônico.

Ataulfo sempre revelou intensa sabedoria na adminis­tração da própria carreira e era um sagaz observadorda vida. Ajustou-se aos padrões vigentes no gosto popu­lar e, intuitivamente, sem qualquer perda de autenti­cidade em suas criações - c talvez por isso - soube,aos poucos, encontrar os temas comuns à sensibilidademédia. Tal percepção levou-o de início, a cativar 05

segmentos sociais ligados ao rádio (os populares) e,em alguns anos mais, os segmentos de classe média,até atingir todo o País com obra de alto valor musical­poético-popular.

Anos depois, já vitorioso c festejado como compo­sitor, transformou-se em homem show, compensou com"As Pastoras" as limitações de sua voz agradável mas~e curta_extensão, e, numa época em que os compo­sItores nao cantavam as suas obras e os grandes intér­pretes dominavam a cena, inseriu-se com êxito na estra­tégia do sucesso, do show, do programa radiofônicocom independência. autenticidade. descortino c tinocomercial raro em compositores populares.

Maio de 1989

Começo de Carreira

Depois de gravar o primeiro disco com Carmem Mi­randa, Ataulf(l penetra lentamente no universo do rá­dio, do disco, da música popular. O sucesso viria com"Saudadc do Meu Barração", gravado por um cantorhoje deslembrado: Floriano Bélia. Ainda e uma vez,a apresentação foi feita por Alcebíades Barcelos, o Bi­de. Em seu depoimento de 1966 no Museu da Imageme do Som, conta, a propósito, Ataulfo:

"Naquela época o disco fazia sucesso quandovendia mil, mais de mil. Os outros ganhavam cemréis por face, mas eu, não sei por que, já comeceiganhando duzentos réis."

Em fins da década de trinta, Ataulfo, com cerca dcvinte e cinco anos, começou a produzir algumas obrasaté hoje famosas, como "Sei Que é Covardia", de 1937:

"Sei que é covardiaUm Homem chorarpor uma mulher"

Praticamente de 1936 até a sua morte, em 1969. pertode fazer sessenta anos, Ataulfo, ano a ano, criou obrastocadas em rádio, boas em vendagem de discos c sobre­tudo algumas pertencentes à antologia do samba urba­no/carioca, muitas delas situadas na exata intercessãoentre o samba puro e o (depois) chamado samba-can­ção.

1936 trouxe o "Vai, Vai Saudade". 1937. o acimacitado "Sei Que É Covardia". 1938, "Boêmio Nos Ca­barés da Cidade". 1939, "Errei, Erramos".

1940 traz, com Wilson Batista, o sucesso carnavalesco"O Bonde de São Januário". Em 1941, o imortal

"Leva, meu sambaMeu mensageiro,Este recado,Para o meu amor primeiro.Vai dizer que c\a éA razão de meus aisAi, não posso mais."

"Leva Meu Samba" foi a primeira de suas obras gra­vadas por ele como cantor.

1942 é o ano do sucesso popular maior de Ataulfo,ainda que não uma de suas obras-primas: "Ai Que Sau­dades da Amélia". em parceria com Mario Lago. Aque­le ano e o sucesso do "Ai! Que Saudadcs da Amélia"(música que ninguém quis gravar) marcam a carreirado compositor: primeiro, o disco foi gravado por Ataul­fo. então desconhecido como cantor; segundo, surgiramnaquele 1942, c por causa do sucesso, as suas famosas"Pastoras", grupo vocal feminino que trazia, ao mesmotempo, a marca, em miniatura, da simbologia das esco­las de samba e cobria a agradável mas pouco extensavoz de Ataulfo nas passagcns que nccessitavam de agu­dos ou de força vocal, além de dotar seu conjunto deum novo sentido de espetáculo. Aqui parecia o Ataulfoempresarial, transformando a sua tipicidade em matériade consumo de excelente qualidade musical e comuni­cativa. Respondcndo sobre a razão de ser das "Pasto­ras", o próprio Ataulfo dizia, bem humorado:

"As pastoras? É porque cu não podia encararo público só com este pedacinho de voz...

Amélia, Mulher de VerdadeO autor e escritor Mário Lago havia entregue a Ataul­

fo alguns versos para musicar. A força da melodia euma certa intuição sobre a necessidade de ser a músicapopular curta, direta, sintética, levaram Ataulfo Alvesa ajustar os versos, podando-os c de certa maneira atémodificando o seu sentido, Bom caráter, porém, achouque deveria manter o nome de Mário Lago, por respeitoao parceiro c amigo c por haver sido a partir dos versos,tal como Mário os escreveu, que lhe veio a inspiraçãopara o samba.

Ao saber que a obra fora gravada com sua pocsiaalterada. Mário Lago, com razão, enraiveceu-se. Co~­ta que não queria reconhecer a parceria. Há mais: nin­guém queria gravar a música. devido a seu clima enfado·nho, depressivo, melodia em tom menor. tristonha, emsuma o anti-sucesso. Gravou-a. então, de modo experi­mentaI (e apenas para aproveitar a onda de gravaçõespara o Carnaval de 1942). o próprio Ataulfo Alves.acompanhado por ótimo arranjo e as vozes femininasque se constituiriam a partir daí nas suas "Pastoras" .

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Maio de 1989

Sucesso estrondoso no Carnaval daquele ano e, hoje,obra presente nas antologias de música popular brasi­leira por seu conteúdo polêmico, o da mulher confor­mada com o destino, síntese de um modo de compor­tar-se reprimido que a expansão das idéias feministase a própria independência pessoal e profissional dasmulheres viriam, depois, sepultar.

"Ai! Que Saudades da Amélia" possui, por outrolado, uma afirmação da compreensão e da tolerância(e não apenas do tão condenado conformismo) quea faz mobilizar os modos de comportamento ditadospelo afeto e pela solidariedade. Amélia fiçou como osímbolo não da mulher compreensiva, amiga, solidária(a da letra da música), mas da mulher dominada, humi­lhada, explorada. É ao símbolo da Amélia submetida(gerado pela música ainda que independente da vontadede seus autores) que se abatem, com toda a razão,as restrições libertárias e feministas.

O mais curioso na história é ser Mário Lago homemde convicções progressistas, e se ver obrigado, até hoje,a dar satisfações ao movimento feminista por uma letraque a rigor não escreveu...

Para acentuar o conjunto de dissabores causados por"Ai! Que Saudades da Amélia", ao lado da alegriapelo sucesso que o consagrou em todo o Brasil e abriuportas para Ataulfo como compositor e intérprete,acrescente-se que, da obra, ele e Mário Lago não viramtostões. Gravando-a experimentalmente, sem intençãode sucesso e numa fase de carência financeira do compo­sitor, Ataulfo vendcu-a para os irmãos Vitale, que atéhoje faturam a imortalidade de uma obra nascida quasepor acaso, mas portadora de algum elemento pertur­bador e profundo que a transformou em clássico damúsica popular brasileira.

A gravação do "Ai! Que Saudades da Amélia" teveainda algumas curiosiçlades. A abertura foi feita pelogrande Jacob do Bandolim, e o acompanhamento, pelogrupo Academia Samba. O estilo da gravação, a voztristonha de Ataulfo acompanhada por um coro, pareciaestar inaugurando o que hoje se chamaria "um som"próprio, vale dizer forma sonora original e peculiar,um estilo. Em plena era das grandes vozes solistas,a autenticidade do modo de cantar de um sambistado Estácio, o tipo de arranjo peculiar e nacional comocoro, regional e alguns sopros, tudo isso parecia corres­ponder a uma vontade do mercado. Havia originalidadeno formato por ele descoberto.

Ainda Mário Lago

O sucesso de "Amélia" , apesar dos dissabores iniciaiscom Mário Lago, não desfez, antes animou a duplaque tentou e obteve, no Carnalvai de 1944, grande êxitocom o "Atire a Primeira Pedra".

"Covarde sei que me pode chamarPorque não guardo no peito esta dorQue atire a primeira pedra, ai, ai,aiAquele que não sofreu por amor."

Aqui já se pode encontrar o estilo Ataulfo em pleni­tude. A melodia triste, o andamento molemolente ecadenciado, dorde amor, derrota afetiva, algum confor­mismo, romantismo 'no sentimento, porém, não nas pa­lavras ou derramamentos, recato no sofrimento, melo­dia de assimilação imediata, clareza absoluta e vincu­lação da história melódica com o teor da letra. ComMário Lago, Ataulfo faria, ainda, para o Carnaval de1945, duas outras obras de menor repercussão: "Capa­cho" e "Pra Que Mais Felicidade".

A essa altura já se firmara como intérprete de suasmúsicas, e embora fosse compositor de muitos parcei­ros, gravado por diversos intérpretes, a sua intuiçãoartístico-empresarial levava-o a reservar para si as melo­dias e letras que lhe conformariam o estilo, com arranjoe ritmo a seu gosto, a fusão perfeita do samba de asfaltocom o samba-canção quando este ainda era tocado emandamento algo mais rápido, antes de sc aproximarda batida do bolero e de desaguar na bossa-nova.

A forma de cantar de Atanlfo incluía um tipo dearranjo c a prcsença de vozes femininas, minicoral,as suas pastoras,

As Pastoras

Ataulfo Alves talvcz seja oprimeiro dos compositoresde origem popular, nutrido [nas rodas dos bambas doEstácio, a realizar uma esp,écie de alegoria do samba

DlÁRIüno CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

autêntico do asfalto e preparar um produto assimilávelpelos segmentos alhcios a este ambiente.

Na década de quarenta, embora as escolas de sambajá estivessem constituídas e em pleno crescimento, oseu universo estético e temático não havia chegado aossegmentos consumidores de rádio e de disco. Ademais,os processos de gravação da época não tinham comocaptar em plenitude a massa sonora que envolve a gigan­tesca bateria e milhares de vozes em uníssono a cantara melodia.

Os segmentos dominantes da sociedade ainda nãohaviam encontrado - na década de 40 - no sambaautêntico o grau de bcleza e de verdade que hoje osleva a consumir e a ,sc apropriar do cspetáculo amea­çando de',caracterizá-Io, a começar pelo rito. Necessi­dadcs ligadas ao desfile e à padronização de um tipode batida que "levante" e "empolgue" na avenida leva­ram as eswlas de samba das décadas de setenta e oitentaa praticamente eliminar o andamento do samba, tala aceleração da batida, o que o aproxima da marcha.Hoje é marcha sincopada, jamais samba.

Na déGada de quarenta, o andamento do samba dasescolas hinda se dava dentro dos padrões do sambatradicional e era bem mais cadenciado, belo e aptoà inserção de melodias e letras da maior expressividade.

Ataulfo retira desse universo alguns elementos bási­cos e, com agudo tino comercial e percepção do gostode outrOl; segmentos da população, realiza uma espéciede samb!l de câmcra, se assim podemos chamá-lo, umaversão sllft do samba de massas.

Tal versão suavizada do samba de massas substituias milhares de vozes pelo canto simbólico das vozesfemininas a que chamou "As Pastoras", parece quepor sugestão do compositor Pedro Caetano; mantéma predominância do ritmo brasileiro autêntico em anda­mento mais cadenciado que o das escolas, e traz o ele­mento da negritude na forma lamentosa do canto, suaótima dieção e a inflexão mais falada que cantada, ajusteperfeito às limitações da baixa intensidade e pequenaextensão vocal. Um produto, portanto, de característicacomercial, ajustado ao mercado, porém de total autenti­cidade, tradutor magnífico dos elementos básicos dosamba popular brasileiro, tornando claro em temáticae essência para o consumo das classes média e alta,as única~ que, à época, podiam comprar discos.

As "Pastoras" nascem nesse contexto e dão a marcada tipicidade do samba, espécie de versão sonora dasnotáveis baianas dos desfiles das escolas de samba. Sãoa alegria de coro, a vestimenta contrastante e contra­pontística em versão popular. As primeiras "Pastoras"foram Olga, Marilu e Alda, ainda em princípios dadécada de quarenta. Ataulfo lentamente prospera comoempresário, como protagonista do próprio sltow, viajabastante, faz apresentações e até programas própriosem rádio, depois tv. Participa de caravanas de músicabrasileira enviadas ao exterior para divulgação culturale chega a fundar a sua própria editora de músicas, a"Ataulfo Alves Edições".

Em vários desses períodos apresentou-se com as"Paston,s", depois quatro: Antonina, Geraldina, Ge­ralda e Nadir. Nos últimos anos de sua vida, na décadadc sessenta, alegando custo muito alto para o seu con­junto com as "Pastoras" e remunerações abaixo do me­recido, Ataulfo delas se desligou, passando a apresen­tar-se sozinho, já na condição de artista consagradoe legenc:a de nossa música popular.

Os Parceiros

Atauh'o Alves foi prolífico. Mais de setecentas obras,com parceiros variadíssimos ou sozinho, fazendo letrae música. Chega a ser impressionante a quantidade deparceiras de Ataulfo ao longo de seus trinta e cincoanos de carreira.

O res'"ltado desta obra díspar e desigual ainda estáa merecer a devida avaliação crítica, pois dela perma­nece - como clássicos de nossa música - cerca deuma dúzia de sambas dc definitivo sucesso popul at:

"Ai Que Saudades da Amélia", "Pois É", "LaranjaMadura", "Sei Que É Covardia". "Atire a PrimeiraPedra", "O Bonde de São Januário", "Meus Temposde Criar,ça"; "Eu Sei Que Vou Morrer", "Mulata Assa­nhada", "Fim de Comédia" e "Errei Sim" (Sucessosde Dalva de Oliveira), "Na Cadência do Samba". "Vo-

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cê Passa Eu Acho Graça", "Leva Meu Samba", "Vai,Mas Vai M~smo".

A sua obra, porém, é enorme, devendo ser separadaas composições para carnaval, marchas e sambas, dasoutras chamadas "de meio de ano;'. Há muitas compo­sições que cantam as origens negras e a negritude africa­na, infelizmente sem reproduções via novas gravações,e há as tentativas de Ataulfo em vários outros gêneros,até a valsa.

O samba, todavia, domina a sua criação. Ele é acimac além de tudo um grande compositor de sambas. Aforça do ritmo e a certeza de ser a manifetação popularbrasileira típica, juntamente com o choro (Ataulfo com­pôs alguns sambas-choro), leva-o a não apenas compor,mas a tomar constantemente posição na defesa de nossamúsica popular em entrevistas e como dirigente quefoi de uma de nossas entidades musicais defensoras damoralização na arrecadação do direito autoral e da pre­sença crescente de nossa música nas emissoras de rádio.

Em fins da década de quarenta e durante toda a'década de cinqüenta, em várias entrevistas, Ataulfoprofligou a deformação operada pela programação dasemissoras de rádio no gosto popular, processo que hojechega ao auge com a quase total descaracterização na­cional da programação radiofônica, principalmente adas emissoras em FM.

Importante, ainda, citar a existência, na obra deAtaulfo Alves, de uma série de outros ritmos brasileirospouco divulgados, como a batucada, o batuque, a toada­eateretê, o samba-batuque, o samba-maracat'!, o sam­ba-canção, o choro e o partido alto, por ele compostoanos antes do hoje exitoso "Pagode",

O nome de alguns de seus mais de quarenta parceirosdeve ser recordado, para que se tenha a idéia exatada versatilidade buscada e da militància real de AtaulfoAlves em todos os escalões de nossa música popularurbana, sempre procurando estilos diversos, variedadee a captação exata do sucesso, embora este lhe tenhachegado, quase sempre, através das obras exclusiva­mente suas e por ele interpretadas.

Eis alguns de seus múltiplos parceiros: Wilson Batis­ta, Alcebíades Barcelos (Bide), Felisberto Martins, La­martine Babo, Mário Lago, Benedito Lacerda, AssisValente, Herivelto Martins, Roberto Martins, AlbertoRibeiro, Antonio Almeida, Aldo Cabral, Roberto Ro­berti, Silvio Caldas, Marino Pinto, Jorge Murad, SinvalSilva, Claudionor Cruz, Haroldo Lobo, Nássara, Peter­pan, Carlos Imperial, Davi Nasser, Jacob do Bandolim,Jorge Faraj, Luís Bandeira, Newton Teixeira, MiguelGustavo, André Filho, Dunga, Raul Longras.

Lista eclética, incompleta, expressiva de obra versá­til, necessitando ser reestudada e~ profundidade e ex­tensão, além dos marcos exclusivos dos sucessos quea caracterizaram.

Assim era Ataulfo Alves, verdadeiro gênio da músicapopular brasileira.

O SR. ALEXANDRE PUZYNA (PMDB - SC. Pro­nuncia o seguinte discurso.) - Existe uma força gran­diosa que serve ao nosso País em todas as épocas, sendoo alicerce das grandes conquistas.

Ela é formada pelos caminhoneiros, que sem dúvidaalguma forjaram as estradas do Brasil, calcadas pelospneus de seus caminhões.

Hoje faço o papel de porta-voz, com grande orgulho,destas pessoas maravilhosas que se debruçam sobre osvolantes dos seus carros e conduzem as riquezas denossa grande nação, indiferentes quase aos perigos, àsolidão das estradas, às intempéries etc., c até à própriamarginalização da sociedade.

Aprendi a admirar gente como o Diumar Deléu Cu­nha Bueno, Francisco de Assis Matos e José AraújoSilva (China), que empunharam a bandeira dos autôno­mos, e somente após vinte meses de criação dos seusrespectivos sindicatos do Paraná, Santa Catarina e SãoPaulo, já conseguiram grandes vitórias para esta catego·ria de profissionais.

O fato mais significativo quando as conquistas foramfeitas sob a égide do diálogo, da conversação, do bomsenso, e jamais sob a forma de greves.

Conseguimos adotar este procedimento, e os frutosvieram sem que houvesse paralisações, porque conse­guimos a credibilidade perante Poder Público.

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É fato que houve um esforço muito grande por partedo China, do Dilmar e do Chico, mas valeu a pena,até agora.

No dia 20 do mês de abril último, o SI. Mimstrodas Comunicações baixou a Instrução n' 2, homolo­gando o Serviço Limitado Rádio Estrada, autoriza,ndoe regulamcntand9 a utilização de um rãdio UHF/FMcom duas freqüências exclusivas, sendo que uma delasserá usada entre estações de base e estações m6veise a outra exclusivamente entre estações móveis.

Um dos canais estará ligado com estações de r:ídiofixas, instaladas nos postos das Polícias Rodoviárias, Es­taduais e Federais, postos de abastecimento e de sl~rvi­

ços, concessionárias, terminais de carga, centraiB defrete e outros.

Servirá para que o caminhoneiro possa entrar emcontato direto com os integrantes dessas unidades sem­pre que houver uma situação de emergência. Por seulado, esses postos acima citados também poderão emitirmensagens aos caminhoneiros, propiciando-lhe todasorte de benefícios possíveis cm situações de igual emer­gência.

O segundo canal servirá para que um eaminhon,~iro

possa conversar com outros caminhoneiros.Todos os dois canais desempenharão papéis impor­

tantes na segurança e na prevenção dos males.Com a implantação do Serviço Limitado Rádio Estra­

da, o transportador rodoviário que possuir o equipa,mento homologado para a utilização do sistema poderácomunicar-se com as unidades das Polícias RodoviáriasEstaduais c Federal, através de um canal de freqüênciaexclusiva, e também com outras estações de base, quedeverão ser instaladas nos postos de abastecimento ede serviços, concessionárias, terminais de carga e een­trais de frete. além da comunieação direta com outrostransportadores que estiverem trafegando dentro doraio de alcance do equipamento.

A coordenação de implantação, operação e utilizaçãodo sistema será exercida por entidades de coordenaçãode âmbito estadual que em princípio são os Sindicatosdos Transportadorcs Rodoviários Autônomos de Bensdos Estados - Sindieam elou entidades afins ou órgãospúblicos que se habilitarem atravês da celebração deconvênios com as entidades coordenadoras.

Indubitavalmente os caminhoneiros do Brasil come­çaram a respirar e agradecem, por meu intermédio,a sensibilidade do Governo José Sarney, que na pessoado própro Presidente atendeu várias vezes às reivindi­cações; ao Ministro-Chefe do SNI, General Ivan deSouza Mendes, que interveio decisivamente, fazendoabortar, pelo menos em duas oportunidades, grevesquase que programadas. "

Ao Ministro dDs Transportes, Dr. José Reinaldo Ta­vares, os motoristas devem a presteza do bom atendi­mento dispensado. Em todas as oportunidades em quefoi solicitado, o Ministro imediatamente atendeu os pe­didos.

Aliás, esta tem sido a tônica com que os camin:ho­neiros vêm sendo atendidos satisfatoriamente pelo doGoverno Sarney.

O CNP tem demonstrado total sensibilidade, tal~to

por parte do Cc!. Gualter como do Ce!. VasconcelDs,com quem mais amiudemente temos tratado.

Nos pr6ximos dias mais uma vit6ria vai ser obtida,quando o Conselho Nacional do Trânsito resolver ado­tar, em caráter obrigat6riD, em todo o territ6rio nacio­nal, a autorização para conduzir veículo de transportede bcns.

As duas medidas, em conjunto, de iniciativa, a pri­meira, do Dilmar, reprcsentando o Sindicam do Paraná,criando o Scrviço Limitado - Rádio Estrada; e a segun­da, do Francisco, criaudo o cartão de autorização decondução. de veículos, vêm criar maior segurança nasestradas, coibindo o roubo e proporcionando a recupe­ração pronta dos veículos que eventualmente venh:lma ser surrupiados.

Por último, em nome dos caminhoneiros agradece­mos a espontaneidade, a firmeza e o carinho do Sr.Ministro das Comunicações, Dr. Antônio Carlos Maga­!hães, por ter consignado o que muitos consideravamImpossível: o Serviço Limitado - Rádio Estrada. P"lasua consideração para com a classe trabalhadora doshomcns da estrada, a nossa saudação agradecida.

o SR. PRESIDENTE (Carros Cotta) - Passa-se ao

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

v - Grande ExpedienteTcm a palavra o Sr. Elias Murad.

O SR. ELIAS MURAD (PTB - MG. Pronuncia oseguinte discurso.) - SI. Presidente, caro colega e no­bre Deputado Carlos Cotta, ST" e Srs. Deputarlos, hojevamos abordar, no Grande Expediente, tema que acre­dito ser bastante polêmico: por que não se deve pensarem liberação de drogas?

A proposta de liberar as drogas de abuso controladasnão é nova. Pode-se até mesmo dizer que ela surge,no mundo inteiro, cm surtos esporádicos, mas com umafreqüência que, ultimamente, tem se tomado inquie­tante. Tal idéia possui adeptos muito importantes, prin­cipalmente cm detcrminados setores de intelectuais cartistas e, precipuamente entre certos liberais avança­dos que propugnam o chamado livre arbítrio, isto é,a decisão pessoal - sem interferências de quem querque seja - sobre usar ou não usar drogas. Além disso,tal posição dá aos defensores dessa idéia uma imagemliberal, avançada e sui generis que, de outro modo,eles talvez jamais alcançariam.

Como tal movimento tcm surgido através de algunsadeptos no Brasil e vários artigos têm aparecido ultima­mente na imprensa sobre o tema, resolvemos divulgarde público a nossa opinião, baseada em estudos dc maisde 25 anos sobre o assunto.

É interessante salientar aqui que a imprensa interna­cional muito ligada à indústria do tabaco tem dado ênfa­se especial à possibilidade de liberação de certas drogas,principalmente da maconha. Um artigo muito impor­tante a esse respeito foi escrito na rcvista FinanciaiTimes - Tempos Financeiros - uma das publicaçõesmais importantes ligadas à indústria, principalmente naEuropa. Nos Estados Unidos The Economist, uma revis­ta igualmente muito conceituada, também está atreladaà indústria do tabaco.

SI. Presidente, Srs. Deputados, receio que daqui aalgum tempo, se a maconha for liberada. tenhamospropaganda desse produto até nos meios de comuni­cação social. Um cigarro de maconha poderia, assim,ter o seguinte anúncio: "Fume 'Charmonha', que, alémdo charme do tabaco, tem ainda gosto de maconha".Acreditamos ser possível esse tipo de propaganda, tala ousadia com que as multinacionais do tabaco nosbombardeiam diariamente com suas sugestões atravésdos meios de comunicação social.

Por que somos contra a liberação da venda das drogascontroladas? Vamos explicar os principais motivos paraisso.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) considerao abuso de drogas, nos dias atuais, uma verdadeira"doença social epidêmica". ou seja, uma epidemia só­cia!. E, como em todas as epidemias, são três os fatoresresponsáveis por ela: a droga (agente), o hospedeiro(homem, jovem) e o ambiente favorável, como ali<isacontece nas epidemias comuns, em que temos tambémuma cadeia com três elos: o micróbio ou o vírus (agen­te), o hospcdeiro (homem) e o ambiente favorável,como, por exemplo, as baixas condições sanitárias.

Tomemos por exemplo epidemias como a meningite,uma doença infecciosa, a paralisia infantil ou ainda essamoléstia nova que alarma o mundD inteim, a AIDS.Todos apresentam três elos de uma cadeia. No casoda meningite, o agente é micróbio; no caso da paralisiainfantil e da AIDS, é um virus o agente causador dadoença. Este o primeiro elo da cadeia. O segundo eloé o hospedeiro, o indivíduo afetado pela doença, geral­mente o hDmem. E o terceiro e último elo é o ambientefavorável para que a epidemia se espalhe. São essesos três elos da cadeia.

Ora. é coisa por· demais sabida em Medicina quea melhor maneira de combater qualqucr epidemia éatacar os três elos da cadeia ao mesmo tempo. Porexemplo, matar o micróbiD ou o vírus - em síntese,desaparecer com eles ou, pelo menos, diminuir a suapresença; proteger o hospedeiro - com vacinas, porexemplo - e melhorar as condições sanitárias ambien­tais.

Este é o grande problema da AIDS ou SrDA (Síndro­mc da Imunodeficiência Adquirida), porque não cxis­tem remédios capazes de matar o vírus no organismoe tampouco vacinas capazes de proteger o hospedeiro.Só temos condições de agir sobre o ambiente comba-

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tendo a promiscuidade sexua!. Portanto, a única coisaque podemos fazer, com todo o avanço da medicinamoderna, é combater a promiscuidade sexual, mudaras condições de ambiente que favorecem a AIDS. Nocaso de abuso de drogas, uma doença social epidêmica,segundo a OMS, esses três elos da cadeia são: o agente,que é a droga, corrcspondcntc ao micróbio; o hospe­deiro, que é o homem, geralmente o jovem; e o terceiroelo, o ambiente favorável, as condições sociais da atuali­dadc que favoreçam a proliferação dessa doença social,que é o abuso de drogas.

Ora, é 6bvio, é meridianamente claro que, se verda­deiramente queremos combater com eficiência essa cpi­demia social, temos de agir sobre os três elos da cadeiaao mesmo tempo. Entretanto, o que os liberais avança­dos, intelectuais ou mesmo artistas, que propugnama liberação de drogas, estão defendendo?

Vejamos quais são so principais itens dos que propug­nam a liberação:

1- Acabar com o controle rigoroso 'das drogas. Ocontrolc de drogas vem acontecendo há dezenas, senãDcentenas de anos em praticamente todos os países domundo. Os opiáceos e os psicotrópicos são exemplosclássicos.

É óbvio, é meridianamente claro que a liberação au­menta a disponibilidade da droga, tornando-a facilmen­te acessível, podendo ser usada - e abusada - coma maior facilidade. São exemplos sugestivos o álcooldas bcbidas alc06licas e o tabaco. O alcoolismo e otabagismo constituem hoje, no mundo inteiro, dois dosmais graves problemas de saúde pública, exatamenteporque álcool e tabaco são livres, disponíveis.

Um exemplo em contrário pode ser dado com osopiáceos, como a morfina e os derivados sintéticos,CDmo a meperidina (Dolantina, Demerol). Essas sãodrogas rigorosamente controladas pelas autoridades sa­nitárias, apesar de sua importância para combater asdores profundas, viscerais.

Um fato importante a respeito delas é que o seuabuso é cerca de 20 a 80 por cento maior no meiodos profissionais da área da saúde do que na populaçãocomo um todo. Isto porque tais profissionais (médicos,farmacêuticos, enfermeiros) têm menos dificuldades emconsegui-las, pois estão, geralmente, em contato diretocom elas. Os quatro únicos casos de abuso dcssas drogasque tivemos em nossos serviços, entre 1600 usuáriosque atendemos, foram dois médicos, um farmacêuticoe l,Ima enfermeira.

Aqui vem, então, o primeiro argumento contra aliberação das drogas, que é diminuir a sua disponibi­lidade, pois se a droga for livre, disponível, será muitomais fácil consegui-la, usá-Ia e conseqüentemente abu­sar dela.

2 - Comparação CDm as drogas ditas sociais. Esteé outro argumento muito comum entre aqueles quepregam a liberação de drogas. Por que certas drogas(como o álcool das bebidas alcoólicas, o tabaco, a cafeí­na) são livres e socialmente aceitas enquanto que asoutras são controladas, cDnstituindo crimc a sua simplespDsse?

Sob o ponto de vista biDlógico - ou, se quiseremfarmacológico e bioquímico - há uma diferença funda­mcntal entre as drogas ditas sociais (tabaco, álcool dasbebidas e caf~ína do café, chá, guaraná etc.) e as drogascontroladas. E que as sDcialmente aceitas não provocam- pelo menos em doses baixas ou moderadas - sinto­mas reversíveis de neurotoxicidade, ao contrário do queacontcce com as outras, as controladas.

Estes efeitos de neurotoxidade afetam principalmen­te o desempenho e o comportamento do indivíduo. Porexemplo, o desempenho psicomotor. Dois ou três "ba­seados" de maconha prejudicam a capacidade do moto­rista dc medir o tempo e espaço, podendD levá-lo acometer erros capazes de culminar em acidentes. Jáo álcool - em doses fracas - não altera esse desem­penho. Tanto assim que a eoncentraçãD do álcool nosangue na dose de 0,5 g/litro não é cDnsiderada legal­mente como embriaguês.

Com relação ao álcool há ainda outro fator muitoimportante a ser considerado. É a chamada dose intoxi­cante diária que, depois de certo tcmpo, pode levarà dependência, Assim, por exemplo, de 100 indivíduosque bebem bebidas alcoólicas à vontade, cerca de 7,em média, se transformam cm alcoólatras (dependen-

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tes). enquanto que os outros ficarão como meros bebe­dores sociais ou mesmo abstêmios. Já no caso da maco­nha, estudos feitos na Jamaica, onde o uso dessa drogaé tolerado entre os camponeses de certas regiões, mos­tram que aproximadamente 50 por cento dos que afuma cronicamente (durante alguns anos e cerca dc10 "baseados" por dia) se tornam dependentes. Noscasos da cocaína esta percentagem sobe para 90 porcento, e da heroína, 95 por cento.

Em termos comparativos, verifica-se, então, que adose intoxicante diária da maconha é cerca de 7 vezessuperior à do álcool e a da cocaína e heroína, cercade 14 vezes.

Por aí se vê que a capacidade de induzir à dependêncianessas drogas é muito superior à do álcool. É que oorganismo humano tem defesas contra o álcool, quesão as enzimas chamadas de catalases, que o metabo­lizam, destróem e eliminam do organismo. Assim, háindivíduos que suportam melhor as bebidas alcoólicas,dependendo da capacidade do seu organismo de meta­balizar o áleool. Já omc (tetrahidrocanabinol), princí­pio ativo da maconha, não tem enzimas específicas paraseu metabolismo. Por isso , enquanto a meia vida (tempomédio para a metade de uma droga ser destruída eeliminada do organismo) é cerca de 4 horas para oáleool, ela é de 5 dias p:fra o THC, que se acumulano organismo.

o Tabaco

No que diz respeito ao tabaco, os sintomas de neuro­toxidade aguda são ainda menos evidente. Em princí­pio, a nicotina não altera o desempenho psicomotore não afcta a capacidade do indivíduo. O que há deimportante com ele é a toxidade crônica_, pelo uso pesa­do e prolongado, como, por exemplo, o câncer do pul­mão, as doenças cardiovasculares, o enfisema pulmo­nar. entre outros.

Isso torna difícil a sua comparação com outras drogas;como a maconha, por exemplo. As doenças provocadaspelo tabaco geralmente levam válios anos - senão dé­cadas-para aparecer e, geralmente, após o uso pesadodo produto, como, por cxemplo, 20, 30, 40 cigarros(ou mais) por dia. São parâmetros de uso difíceis decomparar com a maconha, por exemplo, cujo uso crô­nico' é representado por alguns "baseados" (cigarrosde maconha) por dia (3, 5 ou pouco mais).

Aliás, diga-se de passagem, que pesquisadores suíçosjá constataram a prescnça de produtos cancerígcnosna fumaça da maconha; até mesmo em número superioraos encontrados no tabaco. Possivelmente os casos decâncer do pulmão e dos brônquios em usuários crônicosde maconha ainda não apareceram por causa do seurelativo baixo uso (3, 4, 5 "baseados" por dia) na maio­ria. Há também as flutuações do mcrcado clandestino,isto é, a maconha não é.disponível - como o cigarro- para ser comprada a qualquer hora, em qualquerbar ou botequim. Aqui, também se vê a importânciada droga controlada - como a maconha - e da drogalivre, como o tabaco.

Outrossim, convém lembrar que exames anatomopa­tológicos feitos em indivíduos mortos em acidentes ­usuários de maconha - mostraram, nos pulmões dealguns deles, estados pré-cancerosos. Assim, é de sesupor que, no futuro - principalmente se houver umaliberalização no seu uso - começaremos a detectarcâncer do pulmão e dos brônquios provocados por essadroga.

3 - Retirar o usuário das garras do traficante - Esseé um dos argumentos dos mais comuns entre os defen­sores da legalização ou liberação de drogas. Seria adescriminalização das drogas, ou seja, o uso de drogas- mesmo as ilegais, como a maconha, a cocaína ea heroína - hão seria crime e dependeria apenas daop~ão e do julgamento do indivíduo.

A primcira vista, isto parece uma boa coisa, poisa droga ilegal joga também o seu usuário na ilegalidade.e assim muitas vezes, fica inteiramente submisso nasmãos dos traficantes ou, então, comete crimes paraobter a droga e manter a sua dependência. Entretanto,alguns países que tentaram essa política ou a experimen­taram tiveram-na fracassada ou voltaram atrás na suadecisão.

O exemplo típico é dado pela fngJ aterra, onde, noinício da década de 70, o Governo resolver dar aosheroinômanos (dependentes da horoína), considerados

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

irrecupeniveis, uma "carteira de viciado". Isto lhes per­mitia obter a sua dose diária de heroína legalmente,sem depender do traficante.

Nos dois anos seguintes â instituição de tal política,verificou-';e um aumento assustador no número de usuá­rios de h.:róina. Somente na área de Londres o seunúmero subiu de duzentos e poucos para quase mile trezentos. Dois fatos colaboraram para isso. Em pri­meiro lugar, alguns usuários exageravam as doses diá­rias a que tinham direito através da "carteirinha", porexemplo, O,5g por dia. Usavam a metade e vendiamo resto na rua para aqueles que não queriam ser identifi­cados ou fichados. Transformaram-se, assim, em trafi­cantes que obtinham a droga de graça.

O segundo fator foi que os traficantes tradicionais,tendo perdido a maioria dos seus fregueses, passarama procurar novos usuários, exatamente nas portas. doscolégios e das universidades, muitas vezes fornecen­do-lhes a droga até gratuitamente pelo menos no início,a fim de tJrná-los dependentes.

Tudo 'il;so obrigou o governo britânico a rever a suaposição e, hoje, ainda é possível ao usuário ter a droga(ou similar, com a metadona), mas lipenas com o com­primisso de tratamento de desintoxicação progressivaou outro qualquer, geralmente através do internamen­to.

4 - Legalizar e taxar com impostos altos - uma idéiadas mais '~sdrúxulas partiu exatamente de um especia­lista amedeano razoavelmente conhecido. Trata-se doDI. Lester Grinspoon, professor de Psiquiatria da Fa­culdade de Medicina da Vniversidade de Harvard, quepropõe a legalização das drogas com a cobrança deumimposto sobre elas destinado principalmente a finan­ciar os ga:;tos médicos e sociais resultantes do seu consu­mo. Em outras palavras: você colabora para o indivíduoadoecer e. depois, você gasta os impostos para tratá-lo.É incrível tal proposta partindo de um médico. Pareceque ele nunca ouviu falar em profilaxia. que, por sinal,é a melhor de todas as terapêuticas. O povo humildesabe disso quando diz: "é melhor prev~uirdo que reme­diar". Para o Dr. Grinspoon, não. E deixar o sujeitousar drogas. ficar dependente e, depois, você cntãoo trata CoJm o din1Jeiro proveniente dos impostos dapr6pria droga. Isto sem falar que o tratamento de usuá­rios de drogas é extremamente difícil, as recidivas ourecaídas !:ão comuns. A melhor coisa que podemos fazeré a prevenção. E um dos fatores dos mais importantesna prevel1ção é o controle rigoroso da droga, a fimde dimin~ir a sua disponibilidade. como já vimos.

Algum: especialistas - priucipalmente psicólogos ­falam no "uso responsável" de drogas através do julga­mento e ,jecisão do próprio usuário. Ou seja, o indiví­duo, pel1! sua autodeterminação e juízo, seria o respon­sável por usar ou não usar drogas, para decidir sobreaquilo qu e pode fazer-lhe bem ou mal ao organismo.

Mas como aceitar o uso rcsponsável de drogas que,pelos seus pr6prios efeitos sobre o cérebro, alteramou diminuem o julgamento, a responsabilidade e a capa­cidade d~ decisão? Isto sem falar na ação prazerosaque elas -- pelo menos inicialmente - provocam. Seriaacender 00 cérebro - principalmente no cérebro ima­turo dos adolescentes e de alguns jovens - um fogoque difk,.lmente teriam condições de extingüir.

Precisamos fazer a respeito um controle muito rigo­roso e impedir quc a droga esteja disponível ou sejafacilmeute encontrada e. çonseqüentemente, usada eabusada, levando seu usuário à dependência.

o Exemplo do Japão

O Jap:io é hoje, talvez, a segunda potência industria­lizada do mundo e, em princípio, teria todas aquelascondições para igualar-se aos Estados Unidos na ques­tão das drogas: há dinheiro fácil, mais lazer, os jovensquestionam algumas das atitudes e valores tradicionaisde seus pais. ,

Na Segunda Guerra Mundial, os soldados japoneses- principalmeute os pilotos ~ eram drogados commetanfel:amina (uma das mais potentes "bolinhas"),a fim de permanecer acordados e serem estimuladospara a I~ta por horas seguidas. Os pilotos kamikazes(suicida!:) drogavam-se também com a referida substân­cia, uma vez que pela sua ação altamente estimulanteela torm,va a morte mais tolerável.

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Com o término da guerra. vastos estoques de anfeta­mina sobraram, sendo depois vendidos clandestinamen­te. Como resultado disso, o Japão foi assolado - noinício da década de 50 - por uma verdadeira epidemiade abuso de anfetaminas. O que fez, então, o governojaponês? Atacou o mal através de três medidas funda­mentais:

a) Controle rigoroso da droga, inclusive nas suas fon­tes de produção. Isto é, eles não se limitavam a controlar- como nós fazemos ainda hoje - só as farmácias.Passaram a controlar também a fábrica produtora damatéria-prima (insumo farmacêutico), o laboratóriomultinacional produtor do fánuaco e, na última etapaos distribuídores, isto é, o atacadista e o varejista (far­mácias).

b) Educação científica da juventude. Foram estabe­lecidos programas científicos sobre as drogas a níveiscorrespondentes aI' e 2' graus para abranger todo opaís. Ao lado disso, foram estabelecidos cursos de espe­cialização, a fim de preparar do melhor modo possívele a curto prazo professores e especialistas na área. Taisprofessores passaram a ser os multiplicadores das men­sagens científisas dirigidas aos jovens.

Em menos de cinco anos o programa atingiu todoo país, e somente as duas medidas citaddas - controlerigoroso das drogas e educação científica da juventude- fizeram o abuso das anfetaminas cair no Japão de55.664 casos em 1954 para apenas 271 em 1958. Trata-sede uma queda sugestiva e impressionante em númerode casos de abuso de anfetaminas, ocorrida em apenascinco anos.

c) Ainda mais: com o apoio de toda a comunidade- faml1ias, escolas, parlamentares, militares, tribunaisetc. - os japoneses tomaram uma decisão drástica,algo inaceitável sob a ótica dos países ocidentais: ostraficantes cquivalem a assassinos e merecem invaria­velmente receber longas penas - geralmente a penaperpétua - e os consumidores de drogas também passa­ram a ser considerados criminosos, merecedores de pe­nas de prisão.

O que acontcce então com eles. tr~ficantes e consumi­dores, quando são flagrados? Eles simplesmente vãopara a cadeia. Tanto assim que o número de pessoasdetidas equivale aos que estão presos, isto é. o Uagradonunca deixa de ir para a cadeia. Aliás, diga-se de passa­gem que o tratamento aos prisioneiros no Japão é extre­mamente rigoroso, muito pior do que nos países ociden­tais. Assim, a certeza do castigo é o maior fator dedissuasão para os japoneses. Na verdade, foi a socie­dade japonesa que, através de um consenso nacional,deu a largada para o combate às drogas, não sendotolerante sequer com os próprios usuários, mesmo queestes não se.iam traficantes, o que violaria os padrõesde liberdades civis da maioria dos países democráticosdo mundo. É que os japoneses compreenderall} bemque não se pode ser tolerante com as drogas. E umaguerra sem fronteiras e sem quartel, onde qualquersinal de fraqueza pode ser fatal.

Conseqüência dessas medidas é que esse país tem,atualmente, apenas cerca de 250 mil japoneses depen­dentes de drogas para uma população de 120 milhõesde habitantes, enquanto que os Estados Unidos, parauma população de 240 milhões - embora seja o dobroda população japonesa têm cerca de 50 milhões (segun­do cálculos recentes).

SI. Presidente, Srs. Deputados, esses números dis­pensam qualquer comentário.

Como se vê pelo exposto, não se pode pensar emliberação de drogas, pois seria trazer novos'problemasquc iriam somar-se àqueles já existeutes representadospelo álcool e pelo tabaco. E, como vimos pelo potencialde toxicidade das drogas controladas - muito maiordo que as duas drogas sociais citadas - tais problemasseriam muito maiores do que os já existentes. Alémdisso, o controle rigoroso é um dos fatores mais impor­tantcs na prevenção. E como falar em prevenção, libe­rando drogas? O que dizer, por exemplo, aos jovense adolescentes diante disso, eles que já nos questionampor causa do álcool e do tabaco?

Aqueles que tiveram atitudes tolerantes, liberais ­como alguns setores dos Estados Unidos e da Itália- em relação às drogas hoje estão pagando caro porisso. Precisamos evitar que tal coisa aconteça couosco.antes que seja tarde demais.

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Durante o discurso do Sr. Elias Murad <7 Sr.Carlos Colta. 3' Secretário deixa a cadeira da presi­dência, que" ocupada pelo Sr. Arnaldo Faria deSá, Suplente de secretário

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria de Sá) - Tema palavra o Sr. Arnaldo Martins (Pausa.)

O SR. ARNALDO MARTINS (PMDB - RO. Pro­nuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr" eSrs. Deputados, vive atualmente o País um dos perfodosmais críticos de sua História.

No momento, estamos ainda na fase de transição,da passagem de um período autoritário para o de umademocracia plena, com integral liberdade dos cidadãos.Encontra-se nosso País com uma série de problemasque nós, parlamentares, não podemos nos omitlÍr deanalisar, procurando estudá-los com o único obj,~tivo

de tentar encontrar as soluções, separando os nossosinteresses pessoais, eleitorais e partidários do interessegeral, que é o bem comum de nossa Pátria.

Não podemos, nesta análise, deixar de iniciar peloque consideramos o principal entrave para a soluçãodos problemas brasileiros, que é o baixo estágio culturaldo País, onde encontramos cerca de 30 milhões de anal­fabetos e os seguintes dados estarrecedores: menos de10% da nossa população adulta cursaram o l' grau Gom­pleto; a maior parte das crianças - cerca de 78% ­abandona a escola depois da 3' série do ensino funda­mental; e o índice de repetência na I' série, é de cercade 50%, percentual esse que é fruto do descompassoexistente entre a realidade da criança e a proposta peda­gógica.

Cada criança brasileira que desiste de estudar passaa ser, no futuro, mais um adulto incorporado ao gruponão-produtivo ou pouco produtivo do País, compostode desempregados, subempregados e de mão-de-obranão-especializada.

Uma sociedade industrial moderna requer que a tota­lidade da população adulta tenha completado, pelo me­nos, as oito séries do primeiro grau, e, no Brasil, ap,mas9% dos adultos satisfazem a esse requisito.

Apesar do estágio cultural do nosso País ser um i;érioentrave para o seu desenvolvimento, paradoxalmentetemos o 8' Produto Interno Bruto - PIE - entre asnações do Ocidente.

E incrível como num País com base tão precária sedesenvolveu uma moderna sociedade industrial, quecolocou o Brasil como a oitava economia do mu.ndoocidental.

Perguntar-se-ia: como pôde o Brasil atingir a esseestágio tão auspicioso na economia mundial, quandonão possui as bases que possibilitam atingir essa posi­ção?

A resposta seria: com a po1Jreza, porquanto o baixoíndice cultural do nosso povo gera um também baixograu de especialização. Conseqüentemente, a produti­vidade é baixa, tornando alto o custo de nossa produção,que só se torna viável pelo insuficiente salário pagoaos nossos trabalhadores.

Enquanto somos a oitava economia do Ocidente, so­mos o 64' país do mundo em padrão de vida da popula­ção, e nos incluímos entre as menores rendas per eapi­tado p[aneta.

Efetivamente verificamos que 65% dos trabalhad'Jresbrasileiros recebem remuneração mensal de até um 5;alá­rio mínimo e somente 10% ganham mais de três saláriosmínimos. E o que mais nos entristece é que cerca de53% das crianças brasileiras vivem no mais alto graude pobreza.

A esses dados de caráter cultural podemos aindaacrescer as dívidas interna e externa, que engordamo monstro da inflação, tornando os ricos cada vez maisricos e qs pobres cada vez mais pobres.

Ouço o Deputado Costa Ferreira.

O Sr, Costa Ferreira - Nobre Deputado Arna[doMartins, quero parabenizar V. Ex' pelo brilhante pro­nunciamento que profere nesta tarde, em defesa. deuma política educacional adequada para suprir as neces­sidades principalmente da nossa juventude e das no;sascrianças em idade escolar que estão sem condiçõe!; defreqüentar as escolas. A nova Constituição dá uma aten­ção especial à educação. Precisamos implantar n,"tePaís uma nova política educacional, reformulando aLei de Diretrizes e Bases, a fim de que tenhamos um

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

ensino mais adequado e possamos não só preparar aescola para receber os alunos, mas também dar ao pro­fessor melhores condições de vida e de trabalho paraque tenha mais interesse e entusiasmo em aplicar oensino àqueles que estão à mercê deste benefício. OBrasil está clamando por urgentes medidas, e acredi­tamos que, na regulamentação da Constitúição, a edu­cação terá muito a ganhar. Quero mais uma vez, parabe­nizar V. Ex' pela preocupação que demonstra, porque,afinal de contas, nosso País está pedindo maior atençãopara a educação nacional, que se encontra bastantedefasada e merece ser reestruturada, a fim de que possa­mos atender a essa grande demanda de crianças emfase escolar, que estão por aí, tornando-se menoresabandonados e causando problemas para a sociedade.Com a preocupação de V. Ex', não temos dúvida deque colocaremos a educação na trajetória correta, equem haverá de ganhar com isto serão às nossas crian­ças, à nossa juventude e, principalmente, à sociedade.

O SR. ARNALDO MARTINS - Agradeço a V. Ex'o brilhante aparte, que veio enriquecer meu modestopronunciamento.

Sr. Presidente, efetivamente é a dívida interna queobriga o Governo à captação de recursos, através dosmais diversos papéis; que ocasiona o aumento da taxade juros e, desta forma, o aumento do custo da produ­ção, como também incentiva a especulação financeiraem l)lgar do investimento na produção. E à dívida exter­na que nos obriga a anualmente enviar para o exteriormais de 10 bilhões de dólares, somente de juros, tiran­do-nos toda a capacidade de investimento nos setoresde base.

Os percalços conjunturais e os perversos traços estru­turais da economia brasileira, nesta década, certamentetêm raízes remotas. O modelo de crescimento adotadono País comporta equívocos singulares, e entre os princi­pais, podemos citar a estimulação precoce da produçãode bens industriais de consumo, em detrimento da im­plantação prioritária de setores de base e a prevalênciade empreendimentos estatais, com o conseqüente agi­gantamento do ineficiente aparelho burocrático do Es­tado - empresário.

Efetivamente, ofavorecimento de prematura implan­tação de indústrias de bens de consumo duráveis, volta­das para a suprimento de estrito e concentrado mercadointerno, enquanto a oferta de insumo básicos e de bensde capital continuou predominantemente atendida porimportações, gerou um conjunto de disfunções econô­micas e sociais entre as quais podemos citar a quasecompulsória vinculação dos investimentos públicos àgeração de condições para o escoamento dos bens durá­veis de consumo, o desvio da poupança financeira bmtanacional para o financiamento do consumidor e a desea­pitalização das áreas rurais, associadas à perda de qua­dros humanos produtivos, que migraram para os novospólos de crescimento industrial.

Sr. Presidente, Sr" e Srs. Deputados não é justo,nem honesto, queremos creditar ao atual Governo to­dos os problemas econômicos e sociais do País. A evolu­ção da nossa dívida externa, comprova esta afirmativa.Vejamos: ao término do Governo Juscelino Kubits­chek, devíamos cerca de 1 bilhão de dólares. Após 7meses de Jãnio Quadros, passamos a dever 1,3 bilhão,e quando o Presidente João Goulart foi afastado doGoverno, a nossa dívida era de cerca de 3 bilhões dedólares, tendo atingido a 4 bilhões, ao término do Go­verno austero de Castelo Braneo. Após 2 anos e 5 mesesdo Governo Costa e Silva, nossa dívida passou para6 bilhões de dólares, tendo atingido a 12 bilhões, aotérmino do Governo Médici. E o "milagre brasileiro",então, entrou na sua fase áurea, com obras faraônicas,com recursos externos abundantes, com a criação deinúmeras empresas estatais e, como conseqüência, aotérmino do Governo Geise[, nossa dívida passou de12 para 50 bilhões de dólares, tendo atingido a 95 bi­lhões, ao término do Governo Figueiredo.

Hoje, após 4 anos do Governo Sarney, essa dívidaé de cerea de 120 bilhões de dólares, apresentando por­tanto um percentual de aumento bem inferior aos dosgovernos anteriores.

Surge então a pergunta: seriam as medidas tomadaspelo atual Governo, sacrificando o povo brasileiro eevitando a moratória unilateral, responsáveis pela gravecrise econômica e social que passamos?

Maio de 1989

Nossa resposta é: julgo que em parte e, porquantoque o governo está estimulando as exportações, a fimde possibilitar superávits comerciais que sejam suficien­tes para cobrir o déficit global da balança de serviçose que permitam ainda um saldo para a amortizaçãodo principal da dívida externa. Como nosso estágio in­dustrial não nos permite exportar suficientemente pro­dutos industrializados, cada vez mais temos de exportarmatérias-primas. a preços praticamente impostos pelosnossos compradores, eausando um aumento da pobrezado nosso povo.

Uma outra pergunta, neste momento, poderia serfeita: a desordem generalizada no País, com as inúmerasgreve com que nos deparamos e com os acontecimentosconseqüentes, seria o remédio próprio a ser utilizadopara a cura da atual crise brasileira?

Minha resposta é não, e procurarei apresentar aosSrs. Deputados meus argumentos neste sentido.

Meu primeiro argumento, Srs. Deputados, é um ape­[o à razão. Não nos parece ser uma medida inteligente,a seis meses das eleições presidenciais, dar-se pretextoaos inimigos da democracia paTa que haja nm retrocessono caminho que estamos seguindo rumo a um estadode direito pleno, com o cumprimento integral da Consti­tuição, defendendo o homem dos abusos origináriosdo Estado e de outras procedências e fazendo-o credorde uma série de direitos. Parece-nos que, após umaespera de 29 anos para eleger-se novamente, de formadireta, um Presidente da República, o racional é nãotumultuar o processo de transição, dando ao povo osesclarecimentos necessários, a fim de que, por via pací­fica e ordeira, através do voto, ele escolha o dirigenteque julga poderá proporcionar-lhe melhores dias.

Meu segundo' argumento é um conselho aos inte­grantes dos Partidos da esquerda, para que consultemas últimas pesquisas eleitorais. Nelas, verificarão a que­da ou estagnação dos índices dos candidatos a Presi­dente da República da esquerda, mostrando claramenteque o povo, de maneira geral, está sendo prejudicadopelos últimos acontecimentos, como também está come­çando a ter medo de que o País atinja o caos ·em suasadministrações.

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria de Sá) -Solici­taria ao nobre Deputado Arna[do Martins que me auto­rizasse registrar a presença em plenário de um grupode empresários japoneses, acompanhados do DeputadoFederal Antônio Ueno. A comitiva é composta peloSr. Yozaburo Tsuchiya e mais 20 membros. O Parla­mento brasileiro transmite seus cumprimentos a essesempresários japoneses. (Palmas.)

O Sr. Ottomar Pinto - V. Ex' me permite um aparte?

O SR. ARNALDO MARTINS - Ouço, com prazer,o nobre Deputado Ottomar Pinto.

O Sr. Ottomar Pinto - Quero associar-me a V. Ero,que vem fazendo um diagnóstico sério e crítico dI! situa­ção brasilcira a partir dos fundamentos da nossa socie­dade e do nosso povo, embasados na educação dosjovens e das crianças. Depois de acompanhar o racio­cínio de V. Ex', permita-me, em primeiro lugar, fazerum comentário. Acho que o modelo exportador já per­siste no País há muito tempo. Logo depois da crisedo café, sabe V. Ex" o Brasil adotou-o, em substituiçãoàs importações; mais recentemente, na última década,existe um predomínio da exportação de manufaturasem relação dos produtos primários. Julgo necessárioinserir, neste momento, no pronunciamento de V. Ex'o esclarecimento de que a exportação gera empregosno mercado interno e exerce um efeito muito grandesobre o controle de qualidade permitindo uma sériede avanços no processo industrial brasileiro, para torná­lo competitivo com os produtos internacionais. Junto­me a V. Ex' sobretudo no acon.se[hamento que faz emrelação ao momento político brãsileiro, procurando dis­suadir os segmentos que apóiam movimentos grevistas,de prosseguirem em seus intentos, tendo em vista queas greves - V. Ex' procurou estabelecer uma relaçãode causa e efeito - estão gerando o declínio da popula­ridade de candidatos que apóiam e sustentam esses mo­vimentos. Segundo se comenta, existe uma interaçãoentre determinados partidos políticos e determinadascentrais sindicais, mais precisamente entre o PT e CUT.Por 'outro lado. também é evidente, inquestionável einobjetável que as greves continuadas e prolongadas

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provocam efeito amortecedor no processo econômicobrasileiro. Isto vai redundar, sobretudo, no empobre­cimento do País, na redução do seu Produto InternoBruto e na estagnação da nossa renda per capita. Aprincipal vítima desse processo é justamente o trabalha­dor, e a maior forma dc injustiça social é aquela qucdeflui da inflação. Neste particular, solidarizo-me comzando, esse tipo de argumento, candente e necessáriopara fazer com que a consciência dos homens públicosdo Brasil se sensibilize com esse aspecto grave do pro­blema, que não deve ser encorajado de maneira alguma.

o SR. ARNALDO MARTINS - Agradeço a V. Ex'o aparte.

O Sr. José Genoíno - Permite-me V. Ex' um aparte?

O Sr. ARNALDO MARTINS- Com prazer, nobreDeputado.

O Sr. José Genoíno - Nobre Deputado, gostariadc aparteá-Io exatamente neste ponto. Tem-se discutido-mesmo divergindo de V. Ex', faço-o respeitosamentena sociedade brasileira e na imprensa a respeito deas greves prejudicarem essa ou aquela candidatura.Existe uma dicotomia entre a liberdade política e ascondições sociais do povo brasileiro. Ora, o pano defundo das greves é o profundo processo de degradaçãodas condições de vida do povo brasileiro. Não se dissociaa cidadania política das condições de vida. Queremosuma vida plural e diversificada e, ao mesmo tempo,as condições para que o ser humano possa viver bem.O grande problema, nobre Deputado e o PT tem umaposição muito clara a respeito disso é que as condiçõesde vida do povo nunca estiveram tão degradadas comoagora: o baixo nível da renda, a queda do poder aquisi­tivo, o grau de diferenciação entre os mais ricos e osmenos pobres, assim como' o processo de marginali­zação que consta em quaisquer dados. O Partido dosTrabalhadores quer a democracia e a liberdade, estácomprometido com esse processo e tem. inclusive, umcandidato para disputar a Presidência da República.O PT não criará uma separação entre a liberdade eo direito de votar para eleger o Presidente, com vistasa melhorar o padrão de vida do trabalhador, da cidadee do campo. Por isto achamos que, se houver umainfluência negativa das greves sobre essa ou com aquelacandidatura no processo de debate político, o povo temde votar e escolher um candidato, mas deve tambémeleger uma proposta política para melhorar suas condi­ções de vida. Nós, do PT, não vemos dicotomia entrea liberdade política e a mudança do padrão de vidado nosso povo, o grande motivador desse surto de gre­ves.

O SR. ARNAIJDO MARTINS - Agradeço a V. Ex'o aparte, que muito me honra. O terceiro argumentoé lembrete de um princípio de física, que diz: a todaação corresponde uma reação, igualou de sentido con­trário".

Os fatos recentes, Srs. Deputados, confirmam o cita­do princípio. Assim é que, aos episódios ocorridos emRecife e no Rio de Janeiro. em que, no primeiro, umbancário filiado à CUT acabou ferido pela explosãoda bomba que levava para danificar o terminal bancáriode uma agência, e no segundo, no Rio, durante a grevedos bancários, um piqueteiro foi preso ao atirar umvidro de amônia para forçar o fechamento de uma agên­cia de banco privado, ocorreu uma rcação, que foi adestruição, por bomba, do monumento erguido na pra­ça principal de Volta Redonda, que homenageava ostrês operãl'ios mortos durante a greve de novembrodo ano passado, na Companhia Siderúrgica Nacional.

Nosso quarto argumento é a constatação, de que asgreves estão sendo objeto de manipulações eleitorais,utilizadas como ações políticas partidárias, sendo decre­tadas por ridículas minorias existentes nas cúpulas sindi­cais e ferindo inteiramente os princípios democráticos,porquanto, através de piqueteiros violentos e marginais,são danificados b,ens materiais e praticados atos de vio­lência contra os que querem trabalhar.

Nosso último argumento é um alerta aos que, deboa fé, aderem às greves manipulados. Um País queprecisa produzir e que jrÍ atingiu, nos últimos quatroanos, a milhões de hora - homem de paralisações,tem uma diminuição substancial do seu Produto Interno

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Bruto e, eonseqüentemente, de sua renda per capita,aumentando as crises econômica e social existentes.

Ouço, com prazer, o nobre Deputado Paulo Paim.

O Sr. Panlo Paim - Nobre Deputado Arnaldo Mar­tins, discordando da argumentação de V. Ex', gostariade fazer uma pequena ponderação. Em primeiro lugar,nenhum trabalhador, na História deste País, detonouseu próprio local de trabalho. Trago aqui o testemunhodo presidl:nte das aciarias deste País, que, ao prestardepoimento na Comissão do Trabalho, disse que, nasgreves lá oconidas - e Volta Redonda é uma aciaria- nunca um parafuso foi violado. Se houve a greveselvagem, com dcstruiçáo do patrimônio, pode-se saberque hom"ns de extrema-direita estão infiltrados nosmovimentos trabalhistas. Nunca um militante do PTou da Central Única dos Trabalhadores agiria dessamaneira. Tenho visto neste plenário diversos parlamen­tares defenderem a Medida Provisória n' 50, que é alei antigreve. Espero que ela não seja aplicada a nenhumtrabalhador. Aproveito a oportunidade para deixar aquia seguinte' sugestão: que essa medida provisória, proi­bindo o exercício da greve , seja aplicada também aosDeputados e Senadores que não vêem a esta Casa traba­lhar. Eles devem estar de greve, pois nunca aparecemaqui; em conseqüência, são os maiores responsáveispelas paralisações que estão acontecendo no País.

O SR. ARNALDO MARTJNS - Agradeço ao nobreDeputado Paulo Paim o aparte e aceito seu ponto devista. Acho que numa democracia quem quer trabalharnão pode ser impedido. Não é certo danificar ônibusou furar pneus para evitar que se vá ao trabalho.

Associou-me a V. Ex' quando faz referência à ausên­cia dos parlamentares. A propósito, todos sabem quesou dos mais assíduos.

Como " possível o crescimento de um país, com osseguintes números de greves? EM 1985 houve 1.289greves; em 1986,2.282; em 1987, 2.313; em 1988,2.241:e no período de l' de janeiro a 20 de abril do correnteano, já tivemos 1.228 greves, o que nos dá um totalde 9.353 :,aralisações de trabalho, numa média anualde 2.031 greves. Ouço, com prazer, no nobre DeputadoNelton Friedrich.

O Sr. N,a1ton Friedrich - Enalteço o orador por trazereste tema na tarde de hoje. Aproveito o momento paraenfocá-lo sob outra ótica. Na verdade. a ausência docrescimento econômico tem causas visíveis, entre elasa dívida externa. O País há praticamente dez anos estáestagnand o por causa dela. Neste ano, o Brasil mandarápara o exterior, a título de serviço da dívida, O corres­pondente a 13 milhões de salários mínimos.

O SR. ARNALDO MARTJNS - Nobre Deputado.V. Ex' n,io deve ter ouvido parte do meu discurso.Parece-me que V. Ex' pegou o bonde andando. Já faleia respeite' disto.

O Sr. Nelson Friedrich - Quero retomar esse racioCÍ­nio. O Pafs está literalmente estagnado há muito tempo.A chamda onda grevista não pode ser considerada comocausa da situação que hoje estamos vivendo. O quemais motiva a greve, evidentemente, é a situação sala­rial e a di!;tribuição de riquezas. Talvez o maior estimu­lador das greves se chame Governo Sarney. Ele conse­guiu o impossível: em menos de 90 dias, fez juras aoPaís, dizendo que, com o Plano Verão, os trabalhadoresteriam ganhos. Depois, acabou reconhecendo que acon­teceram perdas e o fato de que elas não estão sendoadequad~menterepostas. Qual o trabalhador que, dian­te de um quadro como esse, não se apercebe, a cadadia, de que as perdas são absurdas e violentas? Qualquercidadão consciente de sua responsabilidade constata aenganação oficial contida no próprio Plano Verão, per­cebe a política do arrocho. Não podemos pegar excep­cionalmente alguns excessos e, como regra, combatero procesw de greves. No Brasil, hoje, o trabalhador,desespera.do, diante do quadro social existentc, comas dcsigu;lldades, com o arrocho salarial e as mentirasoficiais, ':stá reagindo. Por essas razões discordo damanifest~,çãode V. Ex' Compreendemos quc as institui­ções dcmocráticas não podem estar em risco com omovimento grevista. Mas. ao contrário, as greves servi­ram. no mundo inteiro, para consolidar a verdadeirademocracia. Se alguém quiser, pode mirar-se no exem­plo dos Estados Unidos. Há pouco, no porto de Nova

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Iorque, ocorreu uma das mais violentas greves daquelepaís. Nem a polícia conseguiu entrar, mas isso não signi­ficou que as instituições estivessem em risco.

O SR. ARNALDO MARTJNS - Agradeço ao nobreDeputado Nelton Friedrich o seu aparete, e respeitodemocraticamente o seu ponto de vista.•

Ouço o nobre Deputado Virgilio Guimarães.

O Sr. VirgIlio Gnimarães - Nobre Deputado Arnal­do Martins, quero apenas comentar uma informaçãodada por V. Ex' quando atribui às greves a impossi­bilidade do crescimento econômico do País, citandoincusive o número de greves ocorridas e perguntandoqual o país que poderia crescer dessa maneira. Queriadizer, nobre Deputado, que esse é um erro de análiseque V, Ex' comete. O que na realidade tem levadoa crises econômicas tem sido o próprio sistema capita­lista que, com ou sem greve. passa por ciclos de cresci­mento e de depressão. As greves podem ser rapida­mente recuperadas em termo de produção, em váriossetores. Aliás, a greve geral feita no Brasil foi contraa política econômica atual, uma política recessiva. Essa,sim, leva ao desemprego e à diminuição da produção.Nenhum movimento paredista poderia levar à quedada produção industria\" como tem acontecido. Os doisdias de greve geral no Brasil não levaram a diminuiçãoda produção industrial que que chegou o próprio siste·ma capitalista. Aliás, o Brasil diminuiu a produção emoutros momentos. V. Ex' pode inclusive fazer uma aná­lise histórica e constatar que as greves normalmentecoincidem com os ciclos ascendentes da economia. V.Ex' cometeu, portanto, um erro não só político, comofartamente demonstrado aqui, mas também do pontode vista da análise econômica e da observação histórica.

o SR. ARNALDO MARTJNS - Muito obrigado aV. Ex' pelo aparte. Discordo fundamentalmeltte do seuponto de vista porque não tem nenhuma lógica. Separamos milhões de horas/homem, durante todo essetempo, logicamente que diminui-se o nosso ProdutoInterno Bruto, em conseqüência. teremos prejúízos.

O Sr. VirgIlio Guimarães - Mas não ouvi V. Ex'protestar contra a estrutura do sistema capitalista, quefaz isso, independentemente de greve.

O SR. ARNALDO MARTINS - Concluo, Sr. Presi­dente e Srs. Deputados.

Temos receio do agravamento da crise, porquantonos próximos meses estaremos no auge das campanhaseleitorais, em que greves e desordens poderão vir aser utilizadas, de formas inescrupulosas e demagógicas,para a obtenção dos votos dos mais humildes.

São esses fatos, Srs. Deptuados, que me dão receiode não conseguirmos atingir o objetivo qlle todos alme­jamos: a democracia plena do País, porquanto jamaisme esqueci daquele princípio de física: "a toda açãocorresponde uma reação igual e de sentido contrário".

Muito obrigado.

Durante o discurso do Sr. Arnaldo Martins, oSr. AmaMo Faria de Sá. Suplente de Secretário,deixa a cadeira da presidência, que ê ocupada peloSr. Ruberval Pilotto, 4' Secretário.

O SR. PRESIDENTE (Ruberval Pilotto) - Tem apalavra o Sr. Chagas Duarte. (Pausa)

O SR. CHAGAS DUARTE (PDT - RR. Pronunciao seguinte discurso.) -Sr. Presidente. Srs. Deputados,a política brasileira sempre foi marcada pela mediocri­dade, pela ausência de nitidez programática e pela faltade autenticidade dos homens e das idéias, Por isso,nossa História está pontilhada de golpes militares queem várias oportunidades interromperam o processo de­mocrático no Brasil.

Pois foi nessa topografia chã, plana, rotineira. semgrandes relevos, muito chegada ao artificialismo e aooportunismo, que um conjunto de idéias nasceu. semea­do pela Revolução de 1930. Impulsionado pelo pensa­mento e ação de Gctúlio Vargas, rapidamente ganhoua consciência dos trabalhadores. de norte a sul, dosvaqueiros gaúchos aos seringueiros da Amazônia.

Em menos de 20 anos, firmou-se como o movimentopolítico e social mais verdadeiro, mais autêntico. maisgenuinamente brasileiro de quantos êxistem ou existi·

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ram na história política do País. Refiro-me ao traba­lhismo brasileiro, tão profundamente nosso como n ver­de das nossas matas e o azul do nosso céu tropical.

O trabalhismo legado por Getúlio é tão brasileiroque o companheiro Leonel Brizola costuma compará-loaos Mao-ma9 do Quênia pra retratar a dificuldade quetêm os europeus, e mesmo os latino-americanos., emcompreender essa nossa doutrina política. Não é labo­rismo, nada devc ao partido trabalhista inglês, não éapenas socialismo democrático, não é sindicalismo. Ca­da povo tem seus modismos, tanto na cultura comona política. O trabalhismo brasileiro é como uma ex­pressão idiomática, da qual não existe tradução saltisfa­tória. Por isso, só os brasileiros o entendem coniple­tamente.

Meu partido, o Partido Democrático Trabalhista, temsuas origens nesse trabalhismo brasileiro, instituciona­lizado por Getúlio Vargas em 1945. Sua trajetória .. seuideário, sua identidade estão claramente moldados napregação, no exemplo e na figura do grande presid(:ntc.Antes de entrar na História, no derradeiro instante dasua vida, Getúlio Vargas deixou ao povo brasileiro,principalmente aos nossos patrícios mais humildes, uma"chama imortal de resistência", "uma bandeira de lu­ta", que vem a ser precisamente esse legado de idéias,malsinado e perseguido pelas elites conservadoras, masque é, sem dúvida, a chave e a solução dos grandesproblemas nacionais.

O PDT flui naturalmente desse manancial caudalosodo trabalhismo de Vargas, depois enriquecido peloexemplo de João Goulart e pela capacidade de luta,de liderança e de coragem de Leonel Brizola.

SI. Presidente, os compromissos do trabalhismo !;em­pre foram com o povo, sobretudo com os brasileirosmais pobres, essa imensa legião de marginalizados, malremunerados ou, então, sem trabalho, sem educação,sem saúde, sem direito a uma vida digna, livre do cati­veiro da miséria. Os acontecimentos dos últimos tem­pos, a. marcha da crise econômica, política e soeial,o impasse a que chegamos, tudo isso acaba de dar razãoàs advertências dos grandes líderes traballiistas - Getú­lio Vargas, Alberto Pasqualini, João Goulart e LeonelBrizola - e clama pelas soluções por eles apontadas.

O Brasil jamais será a grande potência que sonhae que pode ser, a menos que solucionemos todos osproblemas que levam à marginalização c ao cresc(:nteempobrecimento da maioria do nosso povo. A luta pelaconcretização desse ideal é um compromisso inarre­dável dos trabalhistas do PDT.

Por outro lado, o Território Federal de Roraima,criado em 1943, hoje mais um Estado da Fedcra.;áo.tem muito em comum com o trabalhismo nacionE,l, acomeçar do berço e da herança dos ideais de Vargas,que fecundaram um e outro, na linha do compromissohistórico com os brasileiros menos favorecidos. É, por­tanto, uma verdade rigorosamente histórica que a obracivilizadora de integração e desenvolvimento reali2adano Território de Roraima a partir da sua criação é obratambém do trabalhismo brasileiro.

Por isso, não há que negar, nós, roraimenses, somostodos, de certo modo, discípulos e devedores dos id~ais

de Getúlio Vargas. Foi sua visão de estadista, reforçadapelos compromissos fundamentais do trabalhismo quepossibilitou ao Território, hoje Estado de Roraima, li­bertar-se do isolamento. do abandono. do atraso e doobscurantismo em que viveu anos e anos como muni­cípio do Estado do Amazonas.

Desta forma, SI. Presidente, todo e qualquer rerai­mense de nascimento, ou porque lá vive e traba:tha,não importa a cor partidária de origem, visando aoPDT, faz. na verdade, uma viagem de regresso e deresgate à casa paterna, já que somos todos, em Rorai­ma, queiramos ou não, fruto e conseqüência do tmba­lhismo de Vargas.

Por entender e compreender tudo isso, agora maisclaramente no cenário do Congresso Nacional, com aresponsabilidade de representante do povo de Roraima.é que decidi ingressar no Partido Democrático Traba­lhista - PDT. Obviamente, esses fatores pesaram tam­bém em minha opção pela candidatura de Leonel Bri­zola à Presidência da República. Tomei essa decisãocomo necessária e oportuna, mas não oportunista. Tan­to assim que deixo o PFL no momento em que eleé governo, tanto na' esfera estadual como municipal.A tudo renuncio, e assumo o PDT na hora da luta

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

em favor do seu crescimento, quando o partido pro­pugna pela candidatura do seu líder e Presidente à Che­fia da Nação.

Nesta altura, creio não restar dúvidas de que, pelaconsistência da sua proposta, pela coerência de atitudes,pelo passado de lutas e até pela conseqüência inevitáveldos acontecimentos históricos que o trouxeram do exíliopara essa candidatura, Leonel Brizola é a única saídadesse desfiladeiro trágico onde o País se encontra, leva­do pelos equívocos de uns. pelo dolo maligno de outrose, certamente, pela omissão e insensibilidade de umachamada elite dirigente já inteiramente cediça e desa­creditada.

Leonel Brizola, esta excepcional figum de homempúblico, vai recomeçar o que foi abruptamente bloquea­do, vai reatar no Brasil o governo traballiista, dramati­camente interrompido em 1945, depois novamente emagosto de 1954, com a deposição e morte de Vargase, por último, em 1964, com a derrocada do últimogoverno trabalhista, de João Goulart.

Também em Roraima não resta senão o PDT comoalternativa válida. Lá o partido tem uma história deluta e de resistência, que vem desde 1978. Agora, coma minha filiação ao partido na seção de Roraima, eleganha, pela primeira vez, representação no Congresso

. Nacional. Junto com os companheiros mais antigos,pretendo entregar ao PDT, integralmente, toda a minhaexperiência, acumulada em tantos anos, igualmentemarcados pela luta e pela resistência.

Meu saudoso pai, Aquilino Mota Duarte, que foiGovernador de Roraima em 1952/53, nomeado peloPresidente Getúlio Vargas, legou-me uma tradição deretidão, de coragem e de lealdade. Quero colocar tudoisso a serviço do Partido Democrático Trabalhista edos companheiros de Roraima, para empreendermosuma caminhada em favor de nosso povo. tão espoliado,despojado, além de explorado na sua boa fé.

o Sr. Lysâneas Maciel - Permite-me V. Ex' umaparte?

O SR. CHAGAS DUARTE - Ouço. com muito pra­zer, o nobre Deputado Lysâneas Maciel.

O Sr. Lysâneas Maciel - Nobre Deputado ChagasDuarte, ficamos muito satisfeitos com sua opção peloPartido Democrático Trabalhista, especialmente por­que V. Ex' é de uma região muito sofrida. V. Ex' estárememorando suas ligações, inclusive paternas, com aproposta do trabalhismo. Essa decisão é mais impor­tante ainda, Excelência. porque o trabalhismo tem sidomuito criticado - é claro que ele tem defeitos, comonossas lideranças também os têm. Deve-se perguntar­por que o povo, na sua simplicidade, na sua sabedoria,também está fazendo opção por csse partido,. assimcomo fez por Getúlio Vargas e João Goulart no passadoe, agora. por Leonel de Moura Brizola? Os intelectuaisgostam muito de condenar essa opção e dizer que elanão é de alta consciência política. Eles gostam de prejul­gar o povo e achar que este não tem configuração morale política. Nós. que seguimos o trabalhismo. e V. Ex',por seus ancestrais e, agora. por essa atitude corajosade juntar-se ao nosso partido, verificamos que, aO invésde condenar essa opção pelo trabalhismo, de julgaro povo alienado e sem consciência, os que nos conde­nam devem indagar por que o povo faz a opção pelotrabalhismo e pela proposta de Leoncl de Moura Brizo­la. Parabenizo V. Ex' por essa difícil opção. Isto porqueLeonel de Moura Brizola é uma das pessoas mais visadaspelo regime, dada a herança ditatorial ainda existenteno País, de um sistema militar que não quer entregaro poder par" a construçáo de uma verdadeira demo­cracia. Essa opção é importante para a construção deuma nova sociedade brasilleira, baseada na justiça, nadecência e na dignidade pública, há muito ausentes naHistória do País.

O SR. CHAGAS DUARTE - Agradeço ao nobreDeputado Lysâneas Maciel sua lúcida intervenção. Naverdade, o País está mergulhado em uma crise semprecedentes: inflação, desemprego, greves, dívida ex­terna, falta de autoridade etc. A saída de tudo issoé o respeito à Constituição e, creio, a eleição destegrande brasileiro que é Leonel Brizola.

Continuando meu raciocínio, quero dizer que depoisde tantos anos de governos militares, Roraima precisa

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trilhar novas veredas, experimentar idéias novas. Fácilentender que o atual Governq do Estdo é ainda umacontinuação, um prolongamento dos governos milita­res. Não vai nisso nenhuma crítica ou malquerença.Apenas uma constatação. Ainda agora, no episódio dagreve dos professores, vimos o seu comportamento au­toritário, refratário ao diálogo, o que vem apenas corro­borar a nossa observação.

Roraima vive um momento singular e delicado desua história. Como o adolescente que deixa a tutelado pai e enfrenta o desafio do vasto mundo, Roraima,agora Estado, emancipa-se, rompe os vínculos com aUnião e vai, comunidade autônoma da Federação, vivero desafio da maioridade política.

Ê a hora da transição, momento único, denso e ricode historicidade e de oportunidades, mas igualmenteperigoso, pois das ações ou omissões dos dirigentesnessa conjuntura vai depender a sorte e o destino demilhares de roraimenses, pelo espaço de uma geração.Mais do que nunca, Roraima precisa de homens inte­gralmente comprometidos com a gravidade desta hora,identificados com o nosso povo, absolutamente dedica­do~ àcausa da verdade, da austeridade e da normalidadeadministrativa.

Além de tudo isso, Roraima clama por um governocompetente, moderno na concepção, ágil na tomadade decisões, conhecedor profundo dos nossos proble­mas, capaz de antever e de se antecipar às dificuldadesdo povo, para fazer com êxito essa transformação, paraconcluir esse salto do ontem para o hoje, da periferiapara o centro, da quietude de um tempo emparedadopara o dinamismo criativo da sociedade moderna.

Estou convencido de que o PDT de Roraima, agorafortalecido com a entrada de tantos novos companhei­ros, está preparado para essa tarefa histórica.

O PDT não faz o jogo nem admite o jugo das ideolo­gias estreitas ou das ambições meramente pessoais. Aocontrário, procura o PDT acompanhar a vertente dasidéias que lhe deram origem e lhe balizaram a hist6ria.Do que não abdica o PDT é de seus compromissoscom as causas populares.

A hora é de reflexão, mas é sobretudo de tomadade posições. A minha já está tomada, definitivamente.Temos um longo caminho a percorrer e vamos fazê-lo,sem medo, sem vacilações.

Mãos à obra! Roraima depende de nós. O futurodesta terra está em nossas mãos. Precisamos demonstrarque estamos à altura do momento que vivemos. Nelenão há lugar para os acomodados e os privilegiados,os descomprometidos e os desmotivados. Esta é a horade juntos, mulheres e homens de Roraima, tomaremconta, para gerir o que é nosso.

O Sr. Artur Lima - Concede-me V. Ex' um aparte?

O SR. CHAGAS DUARTE - Ouço, com prazer,o nobre Deputado, Artur Lima Cavalcanti.

O Sr. Artur Lima Cavalcanti - Deputado ChagasDuarte, V. Ex' faz um retrospecto da existência dotrabalhismo no Brasil. Quero. em meu nome e comoVice-Líder da bancada, dizer o quanto é relevante eimportante para nós tê-lo ao nosso lado na luta quese inicia. Recordo-me dos idos de sesenta, quando per­tencia também ao trabalhismo. Fui Deputado Federalnesta Casa, cassado em 1964. Naquela época lutas sedesenvolviam pela reforma estrutural da sociedade bra­sileira, e são as mesmas de hoje. V. Ex', de maneiramuito oportuna, com brilho, serenidade e inteligência,incorpora-se a nossa ainda pequena ou média bancada,representando um Estado jovem, Roraima. V. Ex' co­nhece com muita proficiência os grandes problemas daAmazônia e dos setores de solo naquela nossa região.Associo-me ao pronunciamento de V. Ex', dizendo queé um orgulho para nós tê-lo como companheiro de ban­cada, Deputado Chagas Duarte.

O SR. CHAGAS DUARTE - Muito obrigado, Depu­tado Artur Lima. As palavras generosas de V. Ex' meestimulam na luta dentro das hostes pedetistas.

O Sr. Chico Humberto - Deputado Chagas Duarte,concede-me V. Ex' um aparte?

O SR. CHAGAS DUARTE - Tem o aparte o Depu­tado Chico Humberto.

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Maio de 1989

o Sr. Chico Humberto - Nobre Deputado, querosolidarizar-me com os companheiros que já passarampor este microfone de apartes nos cumprimentos a V.Ex' pelo brilhantismo de sua oração e pela oportunidadedo assunto que aborda nesta tarde. Sabemos que osherdeiros do trabalhismo brasileiro trazem, agora, nasua bandeira, a presença de Leonel de Moura Brizola,como postulante ao cargo mais alto da República brasi­leira. Isto nos traz uma responsabilidade, enquantocompanheiros partidários, trabalhistas e socialistas por­que sahemos que o caminho do Brasil é este. Estamosobservando que a Europa, como um todo, marcha den­tro da democracia socialista, e sabemos que os caminhosbrasileiros também passam por aí. Temos compromissoscom os nossos eleitores, com os companheiros e o povopara restaurar condições dignas de vida. É o que sepropõe o PDT, neste momento. Nosso Partido traz àdiscussão a restauração da normalidade democráticae a meta da social-democracia, que tanto desejamospara a nossa Pátria. Parabêns a V. Ex' pelo pronun­ciamento.

o SR. CHAGAS DUARTE - Agradeço a V. Ex'o aparte. peputado Chico Humberto. V. Ex' colocacom muita propriedade o trabalhismo democrático, pre­gado pelo nosso partido como veúiulo para a restauraçãode condições dignas de vida para o povo brasileiro.

O Sr. Doutel de Andrade - Concede-me V. Ex' umaparte?

O SR. CHAGAS DUARTE - E uma honra ouvirV. Ex', nobre Dep~tado Doutel de Andrade.

O Sr. Doutel de Andrade-Nobre Deputado, seja-mepermitido interromper, por breves minutos, o seu dis­curso, através do qual V. Ex' está a evocar, para encan­tamento intelectual e cívico desta Casa, uma das maisbelas sagas do moderno Estado brasileiro, que é, semdúvida, a do trabalhismo. De modo mais especial, V.Ex" está também a evocar a figura do seu titular, oPresidente Getúlio Vargas. É bom que V. Ex' procedadessa maneira, para que suas palavras sirvam de subsí­dio aos futuros historiadores, quando se debruçaremsobre este conturbado instante da vida brasileira, possi­bilitando-lhes restaurar a verdade no episódio do golpede estado :que derrubou o governo constitucional doSI. João Goulart e dos vinte anos de ditadura que osucederam. Congratulo-me com o ilustre Deputado,não só na condição de seu colega nesta Casa, senãotambém como dirigente nacional do partido. Roraimae o trabalhismo estão de parabéns por ter homens daestatura intelectual, moral e cívica de V. Ex' a serviçodas causas que 'têm iluminado a nossa tormentosa cami­nhada no cenário brasileiro. Muito obrigado pela genti­leza do aparte.

O SR. CHAGAS DUARTE --'!.- sou eu quem agradecea V. Ex', nobre Deputado Doutel de Andrade, poreste seu lúcido apalte, que tanto honrou e enriqueceuo meu modesto pronunciamento. Lamento não poderresponder a toda a sua intervenção, porque o temponão me permite. Mas gostaria de dizer a V. Ex' queo seu aparte tem um acatamento especial, dado o seupassado de lutas e exemplo de civismo, que tanto hon­rou e dignificou a vida política do País, como Líderdo PTB que foi nesta Casa com todo o brilhantismoe nessa função cassado pela ditadura militar e agoracomo Presidente emérito do meu Partido.

Ouço, com muita satisfação, o Líder do PTB, Depu­tado Gastone Righi.

O Sr. Gastone Rillhi - Deputado Chagas Duarte,não é novidade para mim assistir à expressão de suainteligência e cultura, neste instante, através do ricoe ilustrado pronunciamento que está fazendo. Desejariaapenas, como Líder do Partido Trabalhista Brasileiro,situar algum pensamento, o que me parece muito apro­priado, porque tenho certeza de que seu discurso seinscreverá na história dos tempos modernos da políticabrasileira. Minhas palavras são para registrar que o tra­balhismo no Brasil não teve, como em vários outroslugares do mundo, conotação socialista, socializante eestatizante. Nasceu aqui, na realidade, do solidarismocristão que Getúlio Vargas apanhou ao reunir o pensa­mento de Jackson de Figueiredo, Frederico Ozanane Lindolfo Collor, que era o triunvirato do pen.samentocristão nos idos de 1930. Foi através de Lindolfo Collor,

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

no Ministério do Trabalho, que nasceram os institutosde previdência, a CLT e todos os direitos modernosdo trabalhador brasileiro. Por isso o PDT é um partidodemocrático, marcadamente social, um partido de mas­sas e da dasse trabalhadora, sem qualquer conotação,contudo, com as linhas extremistas que cevam e culti­vam a .lO':a de classes como inevitável para o traba­lhismo. A luta de classes não só pode ser evitada, comoé bem pm;sível harmonizar capital e trabalho para cons­truirmos uma nação onde se pratica a justiça social,que é o bem e o objetivo maior do trabalhismo. Aointerromper o discurso de V. Ex', quero deixar consig­nados os meus votos e meu desejo para que, em breve,possa o B:rasil voltar a ter a unidade trabalhista de todosos segmentos partidários que se fracionaram ao longodo tempe, para que possamos ser novamente o maiore mais autóctone partido trabalhista de todos os brasi­leiros.

O SR. CHAGAS DUARTE - Deputado Gastone Ri­ghi, agradeço a V. Ex' o aparte. Com sua cultura einteligência, V. Ex' cita fatos históricos dos mais impor­tantes, para registro nos Anais desta Casa. Nobre Depu­tado Gastone Righi, V. Ex' reflete as preocupaçõesde todos nós: a necessidade da união do' trabalhismodemocrático para que se tenha nesta Nação a o progres­so, o desc:nvolvimento e a paz social.

O SR.I'RESIDENTE (Arnaldo Faria de Sá) - Gosta­ria de informar ao Deputado Chagas Duarte que seutempo está quase esgotado.

O SR. CHAGAS DUARTE - Sr. Presidente, vouencerrar minhas palavras. Creio que as palavras de umgrande pe:nsador servem para dar a medida da gravidadedo mommto e da responsabilidade individual de cadaum de nós:; "Ai dos que não fazem desta vida umamissão!"

Era o que tinha a dizer, SI. Presidente. (Muito bem.Palmas.)

Durante o discurso do Sr. Chagas Duarte o Sr.Ruberval Fi/otto, 4' Sectetário deixa a cadeira dapresidência, que é ocupada pelo Sr. Amaldo Fariade Sá, Suplente de Secretário.

VI - ORDEM DO DIAAl~resentação de Proposições

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria de Sá) - OsSrs. Deputados que tenham Proposições a apresentar,queiram fazê-lo.

APRESENTAM PROPOSIÇÕES OS SRS:ARY VALADÃO - Requerimento de informações

ao Minis'iro da Agricultura sobre aplicação de recursosdo empréstimo BIRD/2864, contratado para desenvol­ver projeto de eontrole de doenças do gado.

- Requerimento de informações ao Ministro da Fa­zenda pára esclarecer a finalidade da aquisição de teleci­nes, gravadores e reprodutores de videocassete, cons­tante dos Avisos de Concorrências n'; I e 2, e se procedea informação inserida no Jornal de Brasília, de 28-2-89a respeito de patrocínio do Banco do Brasil desses cus­tos.

CÉSAR CALS NETO - Projeto de lei que incluina Relação Descritiva das Ferrovias do Plano Nacionalde Viação, aprovado pela Lei n° 5.917, de 10 de setem­bro de 1973, a ferrovia Transnordestina, Ligando Petro­lina (PE:I a Araguaína (TO).

CRISTINA TAVARES - Projeto de lei que regula­menta o ineiso 11 do § 3' do art. 220 da ConstituiçãoFederal E: dá outras providências.

ProJet,) de lei que estabelece as penas para o crimede usura previsto no § 3' do ar. 192 da ConstituiçãoFederal E: dá outras providências.

ELIAS MURAD - Projeto de lei que dispõe sobrerestrições a uso do tabaco em recintos fechados e limitaa sua propaganda.

RAUL FERRAZ- Projeto de lei que acrescentaparágrafo ao art. 18 da Lei n° 4.717, de 29 de junhode 1965.

- Projeto de lei que altera o regime jurídico da rela­ção de tiabalho e remuneração a que se submetem os

Sexta-feira 5 3197

agentes do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural-Funrural.

JORGE LEITE - Projeto de lei que dispõe sobreredistribuição de servidores integrantes da Administra­ção Direta, Autárquica e Fundacional.

- Projeto de lei que concede incentivos ao desenvol­vimento do norte fluminense.

-Projeto de lei que altera a Lei n' 7.498, de 25de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da enfer­magem e dá outras providências.

- Projeto de lei que dispõe sobre a escolha de candi­datos a Governador e a Prefeito pelos partidos políticos.

JORGE ARBAGE - ProJeto de lei que dispõe so­bre proibição de fumar nos ônibus interestaduais e dáoutras providências.

FRANCISCO AMARAL - Projeto de lei que alteraa Lei n' 4.886, de 9 de dezembro de 1965. que regulaas atividades dos representantes comerciais autônomos.

MARCOS LIMA - Projeto de lei que introduz alte­rações na Lei n' 4.726, de 13 de julho de 1965, quedispõe sobre os serviços de registro do comércio e ativi­dades afins e dá outras providências, para o fim deadmitir, também, o "Administrador" cómo membroda assessoria téenica nas juntas comerciais.

- Projeto de lei que dispõe sobre revogação de dispo­,itivos da Lei n° 6.994, de 26 de maio de 1982.

- Projeto de lei que altera dispositivos da Lei n'4.769, de 9 de setembro de 1965, que dispõe sobreo exercício da profissão de Técnico de Administração.

LUIZ HENÍliQUE - Projcto de lei que torna obri­gatória a aplicação dos recursos provenientes do pedá­gio nas rodovias federais localizadas na unidade da Fe­deração ondc foram arrecadados.

DIRCE TUTU QUADROS - Requerimento deComissão Parlamentar de Inquérito para apurar irregu­laridadcs cometidas pelo Deputado Federal Gustavode Faria na gestão do IPC.

MESSIAS SOARES - Projeto de lei que fixa crité­rios a serem observados no estabelecimento da políticasalarial e dá outras providências.

- Projeto de lei que permite a habilitação, comomotoristas amadores, dos menores entre 16 e 18 anosde idade, nas condições que especifica, e dá outras pro­vidências.

VIRGILDÁSIO DE SENNA - Projeto de lei quedispõe sobre política salarial e dá outras providências.

ROBSON MARINHO - Projeto de lei que regula­menta o exercício das profissões de Técnico em HigieneDental e de Atendente de Consultório Deutário.

FERNANDO GASPARIAN - Requerimento soli­citando imediata instauração de inquérito policial paraaveriguar irregularidades na administração do Institutode Previdência dos Congressistas.

JOSÉ LUIZ DE SÃ - Projeto de lei que inclui, emcaráter obrigatório, nos currículos escolares de l' e 2'graus, o estudo de "Legislação Brasileira" e dá outrasprovidências.

ÃLVARO VALLE - Projeto de lei que institui osalário profissional dos professores e dá outras provi­dências.

GERALDO CAMPOS -Projeto de lei que dispõesobre a fixação de piso salarial para as diversas catego­rias profissionais e dá outras providências.

NELTON FRIEDRICH-Projeto de lei comple­mentar que protege o trabalhador urbano ou rural con­tra a despedida arbitrária ou sem justa causa, estabelececritério de indenização e dá outras providências.

ANNA MARIA RATTES - Projeto de lei que dis­põe sobre a reposição automática do valor real'dossalários, estabelece medidas de proteção aos saláriose dá outras providências.

LEOPOLDO SOUZA - ProJeto de lei que alterao art. 2' da Lei n' 5.107, de 13 de setembro de 1966,que cria o Fundo de Garantia do Tempo de Serviçoe dá outras providências, dispondo sobre os prazos derecolhimento do FGTS pelas empresas e pelos estabele­cimentos bancários.

JOSÉ SERRA - ProJeto de lei que rcgula o Progra­ma de Seguro-Desemprego. o Abono Anual e dá outrasprovidências.

O SR. PRESIDENTE (Arnaldo Faria de Sá) - Vai-se.passar ao horário destinado às

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Comunicações das LiderançasA Sr' Cristina Tavares - Sr. Presidente, peço a pala­

vra para uma comunicação, como Líder do PSDB.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tema palavra a nobre Deputada.

A SRA. CRISTINA TAVARES (PSDB - PE. Semrevisão da oradora.) - SI. Presidente, SI" e Srs. Depu­tados, o Programa "Desafios do Brasil e o PSDB" éo compromisso do Senador Mário Covas, assumido en­quanto candidato à Prcsidência da Rcpública pelo Parti­do dos Tucanos.

Diferentemente do que é costume na vida públicabrasileira, o docnmento a quc agora me reporto é oNorte ao qual o Senador Mário Covas, candidato àPresidência da República, cingirá a sua campanha.. Tra­ta-se de nm documento. Sr. Prcsidentc. examinadD pri­meiramente pelos congressos municipais do PSDB, reti­ficado. modificado. emendado nas convenções regio­nais c finalmente votado e emendado no CongressoNacional. -

Quero fazer uma referência específica ao documentona parte referente à questão do Nordeste.

Agora mesmo est1! Casa acabou de apreciar, em regi­me de urgência - como também o Senado - o FundoConstitucional que destina 3% do Imposto de Rendae que deve somar, neste ano fiscal, algo em torno detrezentos milhões de cruzados para o desenvolvimentona Região Norte/Nordeste.

Ora, SI. Presidente, a intenção do PSDB, ao votareste fundo c ao emendá-lo. conforme ocorreu no Sena­do da República, é ter uma definição muito clara sobrea qual dos diversos nordestes o partido está-se aliando.A questão nordestina não é simples.

Passo a ler - e peço a V. Ex' que incorpore aonosso pronunciamento - toda a nossa visão da qu,:stãonordestina.

A posição do PSDB em relação aos problemas doNordeste parte do princípio de que é preciso separare destinguir propostas regionais justas e consiste ates,daquelas inspiradas por uma espécie de regionalismoconservador, engrossadas, eventualmente, até mf smopor segmentos tidos como progressistas, que visão tão­somente a garantir a continuidade de privilégios dasoligarquias tradicionais, de empresários parasitários edo clientelismo político. Não se pretende com isto mini­mizar a competição real existente entre Estados e re­giões da Federação por mais recursos. Nem se endossa,por outro lado, a postura de setores das regiões indus­trializadas que pregam a "desregulação" da economia,a eliminação pura e simples da ação cstatal como rc:mé­dio para tudo, inclusivc para os desequilíbrios regic'Oaisbrasileiros. •

Ao contrário, o PSDB, partido que tem no SenadorMário Covas seu candidato à Presidência da República,sustenta com clareza, primeiro, que o Estado tem nmpapel fundamental a cnmprir na solução das designal­dades regionais, sem o qne elas tenderão a agravar-seem termos econômicos e sociais, inter e intra-regionais.E, segundo, qne a presença estatal deve ser sek:tivae permanentemente avaliada, privilegiando ações a par­tir das quais as repercussões sociais sejam as mais signifi­cativas.

Sr. Presidente, quero comunicar à Casa que apósa leitura do projeto de lei, que tramitou em regimede urgência, entendemos ser preciso fazer algumas reti­ficações ao Fundo Constitucional do Nordeste, sob penade vermos, mais uma vez, as oligarquias regionais seapossarem dos recursos que deveriam servir para o de­senvolvimento da região.

Assim, estamos sngerindo aos senadores do paTlddoqne façam cmendas ao projeto, sobretudo no qne dizrespeito à faixa "a" de prioridade, que está contidanos incisos I e TI do art. 23, dando-lhes uma redaçãomais clara, estabelecendo que os coeficientes de atuali­zação monetária de 75% seriam aplicáveis a contratosde empréstimo e de finaciamento concedidos a peque­nos c microempresários rurais e urbanos, como a 'õm­preendimentos da agricnltura de até dez hectares.

SI. Presidente, também apresentamos modificaçõesao inciso ITI do art. 3'. que na redação original diz:

"Os empreendimentos de irrigação, independlen­te da sua área, no mesmo grau de prioridade queos pequenos produtores."

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Isto pode constituir-se numa grave distorção à decisãodos Constitnintes que votaram os 3% para a nossa re­gião.

Temos ainda uma modificação ao art. 10, cujo textooriginal coloca de forma vaga a participação dos bancosestaduais. deixando-a a critério dos bancos federais re­gionais. A atuação competente dos bancos estaduaisdaria melhor operacionalidade aos fnndos.

Finalmente, Sr. Presidente, quanto ao art. 12, o Rela­tor do projeto na Câmara, o ilustre Deputado JoséLuiz Maia, arrola como um dos princípios norteadoresda proposta a preservação do fundo, graças a meca­nhmos que impeçam a rápida deterioração dos recursos,Por este princípio, não deveriam existir snbsídios, semdúvida o maior meio de corrosão dos recursos.

Portanto, SI. Presidente. a Liderança do PSDB enca­minha essas modificações, qne aprimoram o projetoem questão. Muito obrigada.

Durante o discurso da SI" Cristina Tavares, oSr. Arnaldo Faria de Sá. Suplente de SecretáriodeL-ra a cadeira da presidência, que é ocupada peloSr. Inocêncio Oliveira; l' Vice-Presidente.

O Sr. Adylson Motta - SI. Presidente. peço a palavrapara uma comnnicação, como Líder do PDS.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tema palavra o nobre Deputado.

O SR. ADYJ~SON MOTTA (PDS - RS) - Sr. Presi­dente, Srs. Deputados, em nome do meu partido, oPDS, e por delegação do seu Líder na Câmara Federal,Deputado Amaral Netto, e ainda em meu nome pessoal,como Deputado eleito pelo Rio Grande do Sul, desejoregistrar as nossas homenagens e congratulações ao jor­nal Zero Hora, no dia cm que comemora 25 anos dasua fundação. O referido órgão, ao longo dc duas déca­das e meia, diária e ininterruptamente, como parte inte­grante de importante complexo de comunicação do Suldo Brasil, tem sido um dos principais veículos de infor­mação e de formação da opinião pública do nosso País,e de forma mais destacada na parte meridional. Surgidoda criatividade, do idealismo, do espírito empreendedore da obstinação do saudoso Maurício Sobrinho, conti­nua o referido jornal a cumprir sua missão, graças àequipe formada por seu ex-Diretor-Presidente, na qualhoje pontificam as figuras de sens filhos e de seu irmão,atual Presidente da RBS, Sr. Jaime Sirotsky, a quemdirijo diretamente estas palavras.

E o faço, Sr. Presidente, exatamente pelo comporta­mento que vem tendo, ao longo da sna existência, quan­do, de forma imparcial e dentro daquele espírito deum jornalista sadio, vem o jornal Zero Hora contri­bnindo para essa luta que temos travado em favorda construçáo de uma sociedade democrática. E umaimprensa imparcial, nm jornalismo sadio é uma daspilastras na concretização de nosso ideal de formar umPaís democrático.

Por essa razão, por situar nesse sentido o jornal ZeroHora, neste momento, deixo registradas nos Anais daCâmara dos Deputados as congratulações do PartidoDemocrático Social e particularmente as minhas home­nagens aos seus diretores, ao sen corpo jornalístico eaos seus demais funcionários e colaboradores.

Era o que tinha a dizer.

O Sr. Eduardo Bonfim - Sr. Presidente, peço a pala­vra para uma comumcação. como Líder do PC do B.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tema palavra o nobre Deputado.

O SR, EDUARDO BONFIM (PC do B - AL. Semrevisão do orador.) -SI. Presidente, Sr' e Srs. Deputa­dos, uma onda de ameaças, insinuações já ostensivase até atentados, inclusive o ataque a bomba ao monu­mento em memória dos operários assassinados em VoltaRedonda, está assolando e intranqüilizando o País nosúltimos dias. A bomba de Volta Redonda, um petardofabricado e colocado no monnmento por profissionais.segundo informações da Polícia, mostra que os gruposinteressados em sabotar a construção da democraciano País, estão em plena atividade, pois nunca forammolestados pelas autoridades.

E preciso que o Poder Legislativo discuta e analiseessa situação, tome posição e assuma seus poderes cons-

Maio de 1989

titl.lcionais. Todo esse clima que se pretende criar estádiretamente ligado à crise econômica c social em queo País vive. Ninguém de boa-fé dnvida de que o epicen­tro da crise é o Governo Sarney, e o estopim da mobili­zação de milhões de trabalhadores é o Plano Verão,e o que levou a economia ao caos e provocou o massacresalarial dos trabalhadores brasileiros. Estamos vivendoo maior arrohco salarial da nossa História, e não teriasentido que os trabalhadores ficassem calados e confor­mados diante disso.

Recorrer à greve, SI. Presidente, para pelo menosrecuperar as perdas salariais, é muito mais do que umlegítimo direito asscgurado pela Constitnição: é umaluta elementar e até um dever que os trabalhadorestêm de buscar a sobrevivência diante do brutal rebaixa­mento de seus ganhos.

O Governo, irresponsavelmente, não adota posiçãodiante do arrocho, não propõe uma política salarialjusta. não se convence do desastre qne ele próprio cau­sou. Ao contrário, baixa uma Medida Provisória, a den' 50. autoritária, inconstitucional, repressora, intimi­datória. com o objetivo óbvio de impedir a lnta dostrabalhadores e pumr aqueles que exerçam esse direitoconstitucional.

É no curso desses acontecimentos que as forças maisreacionárias e obscurantistas deflagram ações que visama desestabilizar o precário espaço democrático que asociedade conquistou. Querem essas forças da direitaimpedir que a sucessão presidencial seja concluída nasurnas em novembm próximo. Temem, principalmente,a vitória dos setores progressistas na eleição. Maqui­nam, como sempre, ações territoriais, confiantes na im­pnnidade que sempre tiveram, e encontram vozes com­placentes~ estimulá-los, ou simplesmente omissas, co­mo até agora tém-se mantido diversas personalidadespolíticas nacioanis.

Estranho, SI. Presidente, que nm homem como oDeputado Ulysses Guymarães não se tenha pronun­ciado eom veemência sobre tudo isso, neste quadropolítico em que nos encontramos. A omissão de UlyssesGuymarães exige qne a Nação, mais do que se pronnn­cie sobre a grave crise política em qne nos encontramosse, manifeste contra a sabotagem que se faz contra oprocesso democrático brasileiro e diga, Sr. Presidente,que todos nós temos nma imensa carga de resposa­bilidade a assumir neste momento. E os grupos de direi­ta encontram incentivos ao terror nas palavras do Gene­ral Newton Cruz, qne estimula essa ações da formamats ostensiva e provocadora.

E a sncessão presidencial qne faz esses grupos saíremde seus esconderijos e agirem para sabotar a eonclnsãodo processo sucessório. Como bem observon hoje oarticulista Newton Rodrigues. na Folha de S. Paulo,as eleições deste ano "põem em risco um quarto deséculo de desfrute irresponsável do Poder". E eu acre­centaria: praticamente um século de República.

"Esses grupos sabem que o povo quer dar umbasta nesse desfrute irresponsável, e por isso ape­lam para o terror, usando o medo e a intimidaçãopara manterem privilégios c perpetuarem uma es­trutura injusta, coneentradora, corrupta a atrasadana sociedade brasileira.

Cabe neste momento aos setores democráticose populares, dentro desta Casa e aos homens debem independentemente de qualquer partido polí­tico - "e em todas as partes do país, permane­cerem numa postura de firmeza na defesa dos inte­resse nacionais. solidariedade à luta dos trabalba­dores" - intransigente solidariedade à luta dostrabalhadores - "no sentido de desarmar as provo­cações em cursos e levantarem bem alto a bandeirada legalidade demoçrática, qne está ameaçada."

.IiEsta é a posição do P~rtidó-Çomunista do Brasil.Era o que tinha a dizer. d

A Sr' Dirce Tntu Quadros - SI. Presidente, peçoa palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tema palavra a nobre Deputada.

O SRA. DIRCE TUTU QUADROS (PSDB - SP.Pronnncia o seguinte disenrso) - SI. Presidente, apre­sento a V. Ex' o seguinte documento:

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Maio de 1989

"Tendo em vista as denúncias hojc divulgadaspelo Jornal "Folha de S. Paulo", em matéria assina­da pelo Diretor-Executivo de sua sucursal em Bra­sília, jornalista Gilberto Dimenstein, acerca de gra­ves irregularidades evolvendo o Instituto de Previ­dência dos Congressistas - IPC -, com desviosda ordem de US$ 10 milhõcs, podendo chegar mes­mo aos US$ 50 milhões, dirigimo-nos a V. Ex'

O IPC, patrimônio das duas Casas do CongressoNacional, instituição inatacável, responsável pelopagamento de pensões a órfãos e viúvas de Parla­mentares, e, principalmente, funcionários do Par­lamento que, ao longo de diversas legislaturas, reli­giosamente, recolheram aos cofres do Instituto, de­ve ser preservado da onda de corrupção que assolao País.

Desta forma, em consonãncia com o RegimentoInterno, mas, principalmente, diante do scntimen­to de indignação, repulsa e revolta que nos assalta,requeremos, em caráter de urgência, de V. Ex'a imediata constituição de Comissão Especial dcInquérito para apurar as graves irregularidades co­metidas na gestão do Deputado Federal Gustavode Faria, começando por ouvi-lo, além de todosos envolvidos.

Na oportunidade, fique clara nossa confiança nodestemor e correção do ilustre scnador Ruy Bacelarpor sua coragem e decência em trazer a públicoo escândalo, lamentável sob todos os aspectos, en­volvendo uma instituição que ao longo dos anostornou-sc um patrimônio de toda a imensa comuni­dade do Congresso Nacional.

Sala das Sessões, 27 de abril de 1989.- DireeTutu Quadros - "

(Seguem-as Assinaturas) - Maurílio Ferreira Lima- Humberto Souto - Artur Lima Cavalcanti - Ruber­val Pilotto - Farabulini Júnior - Sérgio Spada - Fer­nando Santana - Horacio Ferraz

o SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - EstaPresidência comunica à nobre Deputada Dirce TutuQuadros que, na reunião da Mcsa marcada para as17h de hoje e convocada especialmente para tratar desseassunto, vai apresentar o requerimento de V. Ex' postu­lar junto aos demais membros da Mesa que seja consti­tuída imediatamente essa Comissão Parlamentar de In­quérito.

A SI" Anna Maria Rattes) - Sr. Presidente, peçoa palavra pela ordem.

O SR, PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tema palavra a nobre Dcputada.

O SRA. ANNA MARIA RATTES (PSDB - RJ. Pro­nuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr" eSrs. Deputados, em 24 de novembro do ano passado,com base no § 2' do art. SO da Constituição Federal,requeri à Mesa Diretora o encaminhamento de um pedi­do dc informações ao Sr. Ministro-Chefe da Casa Civilda Presidência da República. O meu objetivo, à época,era saber o procedimento adotado para as viagens doPresidente José Sarney e, em particular, para as rcali­zadas à União Soviética e à República Oriental do Uru­guai. Na justificativa, além de lembrar a situação decrise da economia nacional, afirmei:

"Assim, a grande indagação da Nação. em espe­cial da classe trabalhadora assalariada, é sobre on­de e como tais viagens, custeadas pelo Erário po­dem ter reflexos positivos para o nosso desenvol­vimento cultural, econômico, ciêntifico e tecnoló­gico, tanto mais quando se sabe que viagens seme­lhantes de chefes de governo de paíscs em condi­ções de desenvolvimento melhores que a nossa nãosão realizadas com semelhante aparato e pompa."

Ainda não afeita às disposições da nova Carta polí­tica, a antiga Mesa Diretora não demonstrou nenhuminteresse em dar curso normal à petição. No entanto.após uma manifestação nossa, cobrando dccisão a res­peito, com oitenta e dois dias de atraso, em 14 de feve­reiro, o requerimento foi enviado à Casa Civil ~a Presi­dência da República_

Aí, mais uma vez, ficou patente o desrespeito às nor­mas constitucionais, agora da parte do Poder Executivo.que. ao não responder o pedido de infonnações, ignora

DIÁRIO D O CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

o disposto no § 2', do art. 50 da Constituição vigente,segundo o qual importa em crime de responsabilidadee recusa ou o não-atendimento, no prazo de trinta dias,das indagàções formuladas.

Por isso. decorridos cxatos oitcnta dias, volto á tribu­na para dei1Unciar a este Plenário o descaso do GovernoSarney para com esta Casa do Poder Legislativo. Maisque isto, aproveito para solicitat à Mesa recém eleitae da qual !;e espera todo o rigor e agilização na defesados intere';ses desta Casa, as providências que o casoexige.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - EstaPresidência informa à nobre Deputada Anna MariaRattes que todos os requerimento passam pela Primei­ra-Vice-Presidência. Em nossos gabinentes não há umsó requerimento que não tenha sido votado e encami­nhado à autoridade. Assim sendo, csta Vice-Presidên­cia, Aue, -- temos certeza - conta com todo o apoiodo Presidente desta Casa, o nobre Deputado Paes deAndrade, vai sugerir que seja feito um ofício a solicitarinformações sobre o andamento de todos os requeri­mentos de informações formulados pelos Srs. Deputa­dos, que visam, em última análise, ao melhor cumpri­mento de seu dever perante a Nação.

ASRA. ANNA MARIA RATTES - Agradeço muito,Sr. Presidente. Isso mostrará mais uma vcz ao povobrasileiro o poder que esta Casa tem e que faz questãode avocar.

o Sr. Vivaldo Barbosa - Líder do PDT - SI. Presi­dente, peço a palavra para uma comunicação.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tema palavrã ':J nobre Deputado.

O SR. "IVALDO BARBOSA (PDT - RJ. Pronunciao seguinte discurso.) -Sr. Presidente, Srs. Deputados,o País está vivendo neste momento uma verdadeiraonda de descrença, pessimismo e violência. As verda­deiras causas, no entanto, são disfarçadas, ou escamo­teadas da população. Tentam colocar nos trabalhado­res, na classe operária, nas suas cntidades represen­tativas, a responsabilidade pelo que se está passandono País.

O arrocho salarial, segundo fontes do Dieese, já ultra­passa os cinqüenta por cento somente após a emissãodo Plano Cruzado, não contando com as perdas verifi­cadas depois do último pacote, o Plano Verão. O Go­verno não inclui nas suas contas estas perdas e porisso nas discussões entre trabalhadores e autoridades,o resultado nunca é o mesmo. No entanto, o Governoinsiste sempre em achar que os seus cálculos é quesão certos e os impõe à classe trabalhadora através demcdidas provisórias que, de tanto serem usadas, reedi­tam os decretos-leis.

Dizem que somos a oitava economia, a oitava riquezado mundo. No entanto, o trabalhador brasileiro, queconstrói essa riqueza com seu suor, sua criatividade,sua garra c. determinação, nela não toca, dela sobram­lhe apenas as migalhas. Essa injustiça, essa crueldadeestá no Cf:ntro de todos os acontecimentos e manifes­taçõcs a que assistimos.

Mas não é só este o problema: o Governo tem-seenvolvido em inúmeras denúncias de corrupção, de bar­ganha política, e tem-se submetido aos interesses inter­nacionais, renegociando uma dívida que continua sendopaga com o sangue e o sacrifício do povo brasileiro.

A incapacidade do Governo em gerenciar o País temprovocado um confronto inconcebível entre os diversossegmento!; de nossa sociedade. Na sua incapacidade,o Govern·) envolve empresários, patrões e empregados,inviabilizando diálogos, tão comuns em todas as demo­cracias. T'~ntando sempre ajustar as discussões aos seusinteresses, o Governo afasta qualquer possibilidade deentendim~nto.

Todo este quadro caótico tem gerado na sociedadebrasileira a descrença, o desânimo e o pcssimismo. Tcmgerado em alguns o inconformismo. Aos trabalhadoresresta o n:curso legal, constitucional, justo, da grev~.

Greves reivindicatórias, pacíficas. Aos empresários, adiminuição da produção, a contenção de despesas, oimobilismo que leva à recessão.

Aos extremistas sobra a oportunidade do golpe. dosatentados. da perturbação da ordem. E estes mais doque ninguém, sabem a hora exata de agir e como agir.

Sexta-feira 5 3199

Eles, coincidentemente, só aparecem nestes momentosde desacertos, de incompreensão. Semeiam então a dis­córdia, a insegurança e o medo. Apresentam estas cas­sandras golpistas o recurso da força.

Nós, como classe política, como Congresso Nacional,não podemos deixar dc dar uma resposta à Nação brasi­leira perplexa. Temos de aglutinar a classe política ecombater esse vazio de autoridade, essa ausência decomando que alimenta esses grupclhos autoritários, quequerem perturbar o processo político nacional.

É oportuno e necessário lembrar que a violência pro­gramada coincidc, quase sempre, com a época das elei­ções. Estes obscuros conspiradores temem a opiniãodo povo. Temem, em srntese, o voto. Portanto, o quecstamos observando possui uma coerência sombria. Jávimos este fihne.

Nós do PDT, conscientes da responsabilidade quepaira sobre nós, sobre este Congresso Nacional, sobrea classe política, sobre os partidos políticos deste País,queremos não apenas alertar, mas queremos fazer ecoa alguns clamores que neste instante exigem de nósuma visão superior, uma visão mais altaneira; exigemde nós que nos consagremos, que, por cima das nossasdivergências, as nossas disputas nas eleições deste ano,elevadas, justas, democráticas e necessárias, reunamosnossos esforços pará que a Naçâo brasileira tenha umconduto, um rumo, um parâmctro diante desse vaziode autoridade. diante dessa ausência. desse vácuo deixa­do pelo Governo federal, pelas autoridades federaise os partidos políticos; exigem que as elites políticastenham um ponto de convergência e um ponto de unida­de. Quero, em nome da bancada do PDT, fazer ecoa csse clamor dc diversos companheiros nossos, de di­versas correntes políticas que propõem uma união, umaunidade, um encontro nacional dos partidos políticose das entidades representativas de trabalhadores e em­pregadores e outras entidades civis que possam, nesteinstante, representar o espelho da sociedade brasileira,um ponto dc encontro, dc unidade e união.

Deixo aqui, neste plenário, às demais correntes polí­ticas uma proposta nítida e clara do PDT, fazendo ecoa várias manifestações de diversas correntes políticas,especialmente à manifestação veiculada na imprensade hoje, de autoria do nosso companheiro Roberto Frei­re, propugnando que os partidos políticos se unam.se encontrem com sindicatos, entidades de emprega­dores, entidades civis e conseqüentes deste País, a fimde que a sociedade brasileira veja o espelho de unidade,sinta um guia, distinga um rumo para que possa enfren­tar as crises políticas que está vivendo, superar essesdesencontros e descaminhos e, com isso, não deixemosespaço político algum para que grupos extremados eexacerbados, especialmente da direita, venham pertur­bar e agredir o processo político brasil"iro, que a Histó­ria exige de nós que seja encaminhado com tranqüi­lidade e plenamente superado com a realização de elei­ções presidenciais neste ano, quando a Nação brasileiraassumirá o seu próprio destino.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Sobrea mesa há ofício do Prcsidente do Congresso Nacional,nos seguintes termos:

"SI. Presidente, comunico a V. Ex' e, por seualto intermédio, à Câmara dos Deputados que estapresidência convocou sessão conjunta a realizar-sehoje, às dezoito horas e trinta minutos, no plenáriodessa Casa, destinada à apreciação da Medida Pro­visória n' 46, de 11 de abril de 1989. que dispõesobre a compensação, com o imposto de rendada pessoa jurídica, da diferença resultante da corre­ção monetária incidente sobre empréstimos ruraise agroindustriais concedidos com recursos da ca­derneta de poupança rural e dá outras providên­cias.

Aproveito a oportunidade para renovar a V. Ex'protestos de estima e consideração. Senador NelsonCarneiro. - Presidente."

O Sr. José Luiz Maia- Sr. Presidente, pcço a palavrapela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tema palavra o nobre Deputado.

O SR. .JOSÉ LUIZ MAIA (PDS - PI. Sem revisãodo orador.) - Sr. Presidente, a Medida Provisória n'

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46 parece-me extremamente prejudicial aos estados dasregiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, porque deter­mina o uso de recursos do Imposto de Renda dos bancospara cobrir o diferencial do débito agrícola, com basenos juros da caderneta de poupança.

Ora, os recursos do Fundo de Participação dos Esta­dos e o dos Municípios são formados pelo Imposto deRenda. Quero, pois, chamar a atenção desta Casa, por­que entendo que essa medida precisa ser estudada commuito cuidado, uma vez que pode trazer um dano muitogrande aos estados e municípios brasileiros, princ:ipal­mente àqueles situados em nossa região, o Norde~'te.

O Sr. Plínio Arruda Sampaio, Líder do PT --·Sr.Presidente, peço a palavra para uma comunicação.

O SR. PRESIDENTE (Inocencio Oliveira) - Tema palavra o nobre Deputado.

O SR. PLÍNIO DE ARRUDA SAMPAIO (PT _. SP.Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente. Sr~

e Srs. Deputados, em um discurso que fiz tempos atrás,falei que os gansos do Capitólio que acordaram a Guar­da Romana e evitaram a queda de Roma certamentenão a acordaram naquela noite pela primeira vez. Segu­ramente essa guarda foi acordada algumas vezes antesdaquela noite tão importante. Tudo isto para dar umalarme. Quero assinalar aos colegas alguns sinais peri­gosos que vejo no panorama político brasileiro. Diasatrás, fiz aqui um discurso refutando acusações de umjornal à CUT, ao meu partido e a mim. Dizia a matériaque estamos realizando uma série de atividades alta­mente suspeitas. Demonstramos que não tinham nadade suspeito. Dias depois, estoura uma bomba em Per­nambuco, e logo após, uma bomba imensa em VoltaRedonda. Imediatamente, um general reformado dizque está muito certo. Que a direita tem de soltar bomba,mesmo porque está haveudo muitas greves. Não acon­tece nada. O Ministro do Exército, perguntado sobreo episódio, deita declarações discutíveis, para dizc:r omenos.

Em seguida, vem o Ministro da Justiça e insinua queas bombas de Pernambuco e do Rio Grande do Sultem algo a ver com certos presidenciáveis, numa alusãoclara a dois candidatos. Ora, o Ministro da Justií:a éum altíssimo funcionário, que tem a responsabilidadede apurar crimes. S. Ex' não tem o direito de fazcrinsinuações. Quando S. Ex' dá declarações desse ti.po,gera no País um clima de intranqüilidade.

Em seguida, temos esta famigerada Medida Pmvi­s6ria n' 50, que limita o direito de greve, de um modoque nem os militares no auge da ditadura se atreverama limitar. Com efeito, nem os governos militares edita­ram uma lei de greve tão draconiana, tão violenta, tãorepressiva, como a Medida Provisória n' 50. E mais,a medida é logo seguida do ato. Hoje, foram presosnesta cidade - continuam presos - dois líderes doSindicato dos Professores, simplesmente porque fazi amuma manifestação em frente ao Palácio do Governo.

Todos esses são sinais, Sr. Presidente, Srs. Deputa­dos, de que aquele velho mal de que padece esta demo­cracia começou a atacar novamente: para determinadogrupo social, democracia só vale enquanto lhe for pro­veitosa, Toda vez que o exercício da democracia ameaçaesse grupo, o nosso País entra na vertente da ruptarada institucionalidade. Daí o apelo que estou fazendopara ver se temos uma guarda democrática neste P.aís.Se temos, precisamos adotar uma atitude fundamentalpara a manutenção da democracia: competir entre nós,mas garantindo sempre a convivência da democrach.

Há três anos. o então Secretário-Geral do meu parti­do publicou um livro muito importante denominado:"PGr que democracia?"

Nesse livro Weffort defendeu a tese de que a demo­cracia, nos anos 80. havia se convertido num valor geral.O valor geral é um valor aceito por todos os segmentosda sociedade, independentemente das divisões polítkasdessa mesma socíedade. Segundo Weffort, nos anos50 e 60, o desenvolvimento, a industrialização do País,tornou-se um valor geral. Salvo grupos minoritário" eextremados, ninguém, mais punha em dúvida que oPaís tinha de se industrializar. Aquela idéia havia ganhoa força de uma idéia geral.

Para o ProL Weffort, após 20 anos de ditadura, direitae esquerda haviam se convencído de que o caminhodo Brasil era o caminho da democracia, e de que quem

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

quiser subverter a democracia, aqui, não apenas preju­dicará o País, prejudicará a si próprio.

Acho fundamental que todos nós, partidos que temosassento nesta Casa, depois desse período tão triste naHistória brasileira, nos levantemos aqui, a despeito denossas diferenças, para dizer à Nação que vamos dispu­tar eleições, que vamos fazer disputas políticas, masque não permitiremos que se toque na democracia. Eque se alguém se atrever a ferí-la terá o repúdio detodos os partidos que aqui têm assento.

Isso é o que gostaria de ouvir dos colegas. De modo,Sr. Presidente, que a minha palavra hoje aqui é simples.É uma palavra de alerta. Talvez porque eu tenha vivido1964 e tenha visto este plenário vazio; ta~vez porqueeu tenha visto em 1964 esta Casa não votar nada rele­vante. Como hoje, sem que ninguém tivesse culpa, semque ninguém soubesse porque, estamos levando mesespara elaborar o Regimento Interno e votar algumasleis fundamentais, a fim de que a Constituição sejaposta em prática. E 'não se vota, não dá número, Eacontece. Prorroga-se um prazo, esquece-se de publicarum edital. Atrasa-se a edição do "Diário do Congres­so", porque a gráfica do Senado Federal está atrasandoe outros pretextos similares.

Mas tudo isso acontece por culpa de quem? Quemfoi o culpado? Quem fez? Ninguém. A Casa está para­da. Ela não está sendo - como deveria - o centrodos acontecimentos gravíssimos que estão ocorrendono país. Temos milhões de operários parados; temosum projeto de lei salarial pronto na Comissão do Traba­lho, mas esse projeto não vem a plenário, porque oLíder "A" ou "B" quer que se coloque na Ordem doDia o projetinho do seu partido. Foi assim em 1964.E foi a paralisia desta Casa o primeiro sinal do golpe.De modo que faço um apelo às lideranças. Vamos tentarum entendimento entre nós. Vamos colocar na pauta10, 15, 20 leis importantes e votá-las. Vamos enchereste plenário. Vamos mostrar que esta instituição estáviva, que o Brasil não quer mais viver na ditadura,que queremos viver na democracia amparados na forçado povo, expressa no voto.

O Sr. José Teixeira - Sr. Presidente, peço a palavrapara uma comunicação, como líder do PFL.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tema palavra o nobre Deputado.

o SR. JOSÉ TEIXEIRA (PFL - MA. Sem revisãodo orador.) - Sr. Presidente, o Partido da Frente Libe­ral teve ontem um dia memorável no Nordeste. O ex­Ministro Aureliano Chaves, candidato a candidato dopartido da Frente Liberal à Presidência da República,visitou ontem o Piauí.

Falo dessa visita não porque tenha algo a ver coma política daquele estado, mas por que o DeputadoJesus Tajra, hoje exercendo a Liderança do PFL naCâmara dos Deputados, pediu-me, por estar afônico,que transmitisse este relato à Casa e ao País.

Esta é a primeira razão pela qual me refiro ao episó­dio. A segunda é porque Teresina se situa à margemdireita do rio Parnaíba, sendo que à margem esquerdase localiza o meu estado, o Maranhão. Justamente aolado da capital piauiense encontra-se a cidade de Timon,meu principal reduto eleitoral. Assim, a população deTimon também foi à festa do Partido da Frente Liberalem Teresina.

Não quero, Sr. Presidente, no entanto, falar da festa.Quero, isto sim, destacar a mensagem que o ex-MinistroAureliano Chaves levou ao povo do Piauí e ao povodo Nordeste 'em sua visita àquela capital. Candidatoa candidato do Partido da Frente Liberal à Presidênciada República, S. Ex' manteve diversos contatos comempresários, a quem garantiu o desenvolvimento conti­nuado da região Nordeste e, em particular do Piauí.com o apoio do Governo federal através da Sudenee outros órgãos federais. O Dr. Aureliano Chaves con­versou também com os trabalhadores do estado, queforam hipotecar-lhe sua solidariedade.

Líder nacional e democrata que é, sua mensagemde desenvolvimento, de democracia e de paz social cor­responde exatamente aos anseios dos trabalhadorespiauienses e nordestinos em relação ao pr6ximo períodopresidencial. De igual modo, os estudantes e os políticos

Maio de 1989

do Piauí c de todo o Nordeste. acolheram S. Ex' commuito entusiasmo. ,

Estou, pois, relatando à Casa e a todo o Brasil amensagem de Aureliano Chaves em relação ao nossofuturo, ou seja, a garantia da continuidade do processode redemocratização do País, do esforço em busca desolução para os graves problemas sociais por que passa­mos, mas também a garantia de progresso material,de desenvolvimento econômico.

O Partido da Frente Liberal, portanto, vê cumpridamais essa etapa da missão do nosso candidato, que hojeestá em Maeei6. amanhã percorrerá outra região, visi­tando, assim, todos os estados brasileiros e levandosua mensagem de confiança no progresso de nosso País.

O Partido da Frente Liberal rejubila-se a põe-se aolado de Aureliano Chaves nesta grande campanha cívicaque empreende por todo o Brasil.

O Sr. Geovani Borges - Sr. Presidente, peço a pala­vra para uma comunicação, como líder do PFL.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tema palavra o nobre Deputado.

O SR. GEOVANI BORGES (PFL - AP. Sem revisãodo orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, apre­sentei, em fins de março, nesta Casa, o Projeto deLei n' 1.826, de 1989, que regulamenta o art. 43 doAto das Disposições Constitucionais e Transit6rias daConstituição Federal.

O referido artigo determina que serão tornados semefeito, na data da promulgação da lei que disciplinara pesquisa e a lavra de recursos minerais, ou no prazode um ano a contar da promulgação da Constituição,as autorizações de pesquisa, as eonsessões de lavra edemais títulos atributivos de direitos minerários, casoos trabalhos de pesquisa ou de lavra não hajam sidoiniciados nos prazos legais ou estejam inativos.

A norma constitucional reflete a preocupação do le­gislador Constituinte com o gravíssimo problema daoutorga de títulos para o exercício das atividades demineração no País, em que se observam distorções pro­fundas, ressaltando a concentração elevada de extensasáreas do territ6rio nacional nas mãos de um grupo redu­zido de empresas, privadas e estatais.

A formação dessas chamadas "reservas de território"foi possibilitada pelas brechas abertas na legislação mi­neral em vigor, aproveitadas espertamente por dezenasde grupos econômicos poderosos que atuam na mine­ração.

Pela via de artifícios vários, entre os quais se incluia constituição de empres'a5 fantasmas (paper companies)para o fim específico de requerer áreas em todo o terri­tório nacional, esses grupos detem, hoje, alguns milhõesde hectares legalmente autorizados para a realizaçãode trabalhos de pesquisa, sem, no entanto, jamais che­gar a executá-los efetivamente. Em conseqüência, veri­fica-se enorme desproporção entre a extensão superfi­cialmente bloqueada ou ouerada por requerimentos oualvarás de pesquisa e o nível de realização dos trabalhosexplorat6rios.

Na verdade - e este fato é do conhecimento detoda a Nação - animam tais empresas propósitos mera­mente especulativos que a ninguém aproveitam, senãoaos seus próprios interesses.

Foi contra esse estado de coisas que se insurgiu aAssembléia Nacional Constituinte ao aprovar o indigi­tado art. 43, incluído entre as Disposições Transitóriasda Carta Política.

A intenção do legislador constituinte, a meu ver, Sr.Presidente, emerge clara e insofismável: expungir docenário da mineração brasileira todos os títulos atribu­tivos de direitos minerários - quer autorização de pes­quisa, quer portaria ou decreto de concessão de lavra,quer manifesto de mina ou licença municipal registradano Departamento Nacional da Produção Mineral(DNPM) - que sejam inúteis, improdutivos, infrutuo­sos, detidos por prop6sitos meramente especulativose obtidos, com freqüência, por intermédio de artifíciosengendrados para f1anquear a lei.

O preceito agasalhado na Lei Maior com essa finali­dade, contudo. não sendo de eficácia plena, carece deregulamentação, a fim de que se garantam sua efetivi­dade e alcance e, ao mesmo tempo, se resguardem situa­ções concretas dos efeitos genéricos que irá ensejar no

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universo das relações entre o poder concedente (aUnião) e o minerador.

E essa regulamentação - peço a máxima atençãodos companheiros para este ponto - tem de fazer-sepor lei, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionadapelo Presidente da República, e nunca por decreto doPoder Executivo. Promovê-la por esta via seria violarfrontalmente a Constituição.

Tendo presentes a relevância da matéria e a urgênciade que se reveste, em face dos prazos indicados nodispositivo, apressei-me em oferecer ao Congresso pro­jeto de lei regulamentando sua aplicação.

Tive o cuidado de atentar para os aspectos delicadosque a questão envolve, procurando, na medida do possí­vel, conciliar os interesses dos mineradores, especial­mentes daqueles que se têm mostrado diligentes nocumprimento de suas obrigações, com os propósitoscristalinos do legislador constituinte. Reconheço quefoi um exercício difícil; as imperfeições que a propostacontém, tenho certeza, serão corrigidas ao longo datramitação nesta Casa e no Senado Federal.

Esclareço, mais, que o meu projeto não apenas esta­belece critérios e condições para a aplicação da normaconstitucional, mas pretende, também, disciplinar o ce­nário futuro da outorga de títJ!los minerários no País.

Pareceu-me imperioso assim fazê-lo, visando a evitarque as distorções atualmente identificadas voltassema se repetir proximamente. Nesse sentido, a proposiçãocontém providências de amplo alcance, entre as quaisse salientam a instituição de uma taxa anual por hectare,a ser paga pelo t1etentor do alvará de pesquisa, e aprevisão da fixação, por ato de competência do Ministrode Estado, de um limite em hectares para o somatórioda extensão de áreas objeto de rcquerimentos de pes­quisas formulados por uma mesma pessoa. .

Sr. Presidente, Srs. Deputados, estou diante de umsério desafio. A apresentação do projeto criou justasexpectativas na comunidade mineral brasileira e juntoao Governo, que reconhecem a premente necessidadede regulamentação do preceito constitucional para evi­tar que, na data do primeiro aniversário da promulgaçãoda Carta de 1988, se instale no setor um tumulto deextensão e conseqüências imprevisíveis. Ao mesmotempo, percebo a exigüidade do prazo de que dispomospara apreciá-lo.

Particularmente, tenho-me empenhado no sentido deagilizar sua tramitação. Para minha alegria, a Comissãode Constituição e Justiça e Redação desta Casa, semvoto discrepante, já o aprovou, em sessão recente.

A vez, agora, é da Comissão de mérito - a Comissãode Minas e Energia, da qual sou membro titular. Adepender da votação do Regimento Interno, a manifes­tação desse órgão técnico poderá ser terminativa, se­guindo o projeto, então, pala a Câmara Alta.

Devo confessar-lhes que me inquieta a pbssibilidadede, não apreciando a matéria em tempo hábil o Con­gresso Nacional, abrirmos espaço para o Poder Execu­tivo regulamentar o dispositivo fazendo uso da medidaprovisória, ou, pior ainda, como apontam certos rumo­res, pela via inconstitucional do decreto.

Entendo que um grande esforço deve ser feito portodos n6s para discutir e votar o projeto de lei emquestão o mais rapidamente possível. Creio que é chega­do o momento de exibirmos á opinião pública do Paísnossa disposição de assumir, na plenitude, o novo papelque nos confere a Constituição -vigente, exercitandoas amplas responsabilidades que nos são atribuídas.

A sociedade brasileira vem cobrando do Parlamento,com insistência, a regulamentação dos dispositivos cons­titucionais, no afã de ver implantada a Nova Ordememergente da Carta Política votada pela AssembléiaNacional Constituinte.

A ~preciação tempestiva da proposta de minha auto­ria constitui, penso, excelente oportunidade para queo ·Poder Legislativo dê uma demonstração efetiva deque cumpre com seriedade os seus deveres e está perfei­tamcntc consciente da missão que lhe incumbc sob aégide da Constiuição democrática de 1988.

Ao encerrar, devo enfatizar que o setor mineral brasi­lerio, nesta hora, volta suas atenções para o CongressoNacional, aguardando com visível ansiedade sua mani­festação, na esperança de que a incertez~ e a insegu­rança hoje observadas possam cedcr lugar a um climade tranqüilidade e harmonia, com a definição dos modos

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

e critêrios de aplicação da norma inserida no art. 43das Disposições Transit6rias da Constituição.

Por isto, permito-me deixar um apelo a todos os com­panheiros e, de modo especial, ás lideranças partidárias,no sentido de que apreciemos com urgência o Projetode Lei n' 1.816, de 1989"atitudc que, certamente, repre­sentará um atestado público da disposição do PoderLegislativ'l de não se furtar ao exercício de suas magnasresponsabilidades.

o Sr. Carrel Benevides - Sr. Presidente, peço apalavra para uma comunicação como líder do PTB.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tema palavra {) nobre Deputado.

O SR. CARREL BENEVIDES (PTB - AM. Semrevisão de orador.) - Sr. Presidente, Sr~ e Srs. Deputa­dos, queremos, em nome do PTB, prestar ao DeputadoJosé Elias Moreira a nossa mais irrestrita solidariedadepela forma com que S. Ex' foi esbulhado, asssaltadono Poder Judiciário pela decisão daquele Poder sobreo caso da Prefeitura do Município de:Dourados, noEstado de Mato Grosso do Sul.

Sr. Pre:;idente, talvez a nossa solidariedade se per­desse no vazio se o caso de Dourados fosse tão-somenteum caso isolado na Nação brasileira, onde o Gover­nador, com seus instrumentos de intimidação e de cor­rupção, decide eleições e - mais do que isso - decidea vontad(, expressa do povo do município pelo votoe nas umas.

O Deputado José Elias não foi vítima de uma eleição,t\,mpouco de erro judiciário na decisão da sua sentença.E vítima, como nós, do Estado do Amazonas, de umgoverno ~lrbitrário, corrupto, desonesto. Essa desones­tidade, SI. Presidente, hoje extrapola as fronteiras doEstado do Amazonas e do Brasil e tem o repúdio ea condenação de toda a comunidade ecol6gica do mun­do.

Sr. Presidente, o Governador Amazonino Mendescontinua a distribuir indiscrimidamente as moto-serras,enquanto o Governador de Mato Grosso do Sul conti­nua envolvido com o contrabando de café, amasiadocom os atos de desonestidade que grassam no seu Esta­do, os quais merecem o repúdio e o desagravo do PTB.

O Deputado José Elias é mais uma vítima deste gover­no nefasto, das repercussões dos desmandos infligidosà Nação.

Queremos registrar esta denúncia nos Anais e - maisdo que is:o - pedir que a Câmara dos Deputados exa­mine o discurso do Deputado José Elias, proferido namanhã de hoje, em que denuncia o clima de corrupçãoem que "ive o Estado do Mato Grosso do Sul, paraque a Polícia Federal e o Ministério da Justiça proces­sem e pU:lam o responsável pelo seu governo corrupto,Sr. Marcdo Miranda.

Este é o desabafo do PTB e principalmente do Estadodo Amamnas.

O Sr. José Luiz de Sá - Sr. Presidente, peço a palavrapara uma comunicação, como líde~ do PL.

O SR, PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tema palavra o nobre Deputado.

O SR. JOSÉ LUIZ DE SÁ (PL - RJ. Pronunciao seguint~ discurso.) -Sr. Presidente, Sr' e Srs. Depu­tados, MS últimos tempos a Cidade de Volta Redondatem sido palco de acontecimentos que repercutem portodo o País e até mesmo por todo o mundo. Os cons­tantes conflitos entre os trabalhadores da CompanhiaSiderúrgica Nacional e o Governo Federal levou minhacidade, antes ordeira c pacata, a se transformar numapraça de guerra e em assunto para os mais diversosdiscursos demagógicos e com cunho meramente ide610­gico. Mais da metade do tempo ocupado, ultimamente,na tribuna desta Casa, foi usada para inflamados discur­sos sobn: os episódios de Volta Redonda, o que foifeito, com 6bvias exceções, com o intuito apenas detrazer di-videndos políticos a quem os faz.

Como ex-Vereador, filho daquela cidade e testemu­nha ocuVlr de todos os fatos ali acontecidos, sinto-meno dever de esclarecer o drama em que vivemos.

A criação da Companhia Siderúrgica Nacional, há47 anos, representou para o País a decisão firme deestimular o processo industrial, caminhar em direção

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ao desenvolvimento e conquistar o respeito interna­cional. Foi a opção pela modernidade.

Por isso, não foram poucas as pressões a que estevea empresa submetida desde antes mesmo de sua criação.As crises têm sido freqüentes, sem arrefecer, jamais,o ânimo de luta dos empregados, trabalhadores alta­mente identificados com os objetivos da CSN e cons­cientes de sua importância no cenário econômico e so­cial do País.

Para atingir o elevado moral, a consciência cívicae a capacidade de orgànização na luta por seus objeti­vos, torna-se necessária a busca do equilíbrio que sem­pre deve nortear a necessária convivência pacífica entreo capital e o trabalho.

Infelizmente, sempre tivemos um foco de tensão dis­seminado entre os trabalhadores da CSN. Não só atra­vés da violência busca-se quebrar a espinha dorsal dessequadro de empregados, responsável pelo constante su­cesso da empresa. A instrumentalização dos trabalha­dores de Volta Redonda por grupos políticos radicais,que não medem as conseqüências de seus atos paraatingirem objetivos excusos, é uma das causas destefoco de tensão. De um lado temos um Governo intransi­gente, insensível e nos seus estertores finais; de outro,radicais e estremistas, tanto de direita como de esquer­da, que, escudados por conteúdos ide610gicos carco­midos e ultrapassados, não se conscientizaram aindade que no mundo moderno não há mais lugar paraideologias. Ao povo pouco importa direita, esquerda,centro; ele está preocupado com o custo dos alimentos,com a escola de seus filhos, o atendimento na fila daPrevidência, o salário insuficiente e todos os problemasque o afetam no seu dia-a-dia.

A população de Volta Redonda se encontra trauma­tizada com a crescente onda de violência que assolaa cidade. São operários mortos em confrontos, atenta­dos a bomba quase que diuturnamente, e assassinatospelos mais fúteis motivos. Os volta-redondenses se en­contram totalmente desprotegidos e apreensivos a talponto que diante de qualquer ruído anormal todos bus­cam proteção diante da iminência de um atentado. Vive-mos um verdadeiro caos. .

A culpa por tudo isso deve scr creditada a diversossetores da sociedade; ao Governo insensível, aos radi­cais e oportunistas, e até mesmo a nós, Congressistas,cuja preocupação, mesmo diante de todas as prerro­gativas adquiridas, se tem limitada ao discurso vazioe demogógico.

A cidade vive em função da CSN e já atingiu talnível de desenvolvimento que seria inimaginável a para­lisação daquela empresa. E é a isto que estamos sujeitos,Sr' e Srs. Deputados. De repente parece que todosestão trabalhando para que isto aconteça. O Governoameaça. em sua iutransigência, não só com sua privati­zação, mas até mesmo com a paralisação total de suasatividades. Os extremistas e radicais no seu fanatismoexacerbado não medem as conseqüências funestas dofechamento ou privatização da única fonte de sobrevi­vência de uma população de quase 400 mil pessoas.

E por fim, Sr. Presidente, temos também a nossaparcela de culpa por não buscarmos, através do poderque nos é concedido, decidir sobre os graves problemasque afetam a todos os brasileiros. Limitamo-nos a dis­cursos evasivos e sem conteúdo prático.

O País atravessa sua mais grave crise e, infelizmente,Volta Redonda está inserida neste contexto como omaior foco de disseminação desta crise.

Como filho daquela cidade, confesso que nunca pre­senciei tal sofrimento em seu povo e tão graves aconteci­mentos em tão pouco tempo.

É indiscutível que a insustentável situação em quehoje nos encontramos tem, entre suas causas, as grevesdeflagradas nos últimos tempos e que, através dos exces­sos de todos os lados envolvidos, tiveram como trágicasconseqüências a morte de 3 operários e a paralisaçãode sua produção, com a inevitável dilapidação do patri­mônio da CSN, sustentáculo de toda a economia daregião.

Enfraquecer a CSN através de sua destruição ou para­lisação, torná-la inoperante e inviável, s6 trará prejuÍzosa nós, que vivemos em função dela. Ao Governo inope­rante e pusilãnime pouco importará, e será até mesmomais cômodo seu fechamento ou privatização.

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3202 Sexta-feira 5

Não se trata, Sr. Presidente, de crimc apenas contrao património nacional representado pela empresa, masé também um crime contra milhares de vidas humanas,contra toda uma cidade desenvolvida e organizada apartir da Siderúrgica. Volta Redonda, antes conhecidacomo a Cidade do Aço, marco do processo de desenvol­vimento e modernização do País e orgulho para todosos seus filhos e para aqueles que contribuíram, comscu trabalho, para a posição que hoje ocupa, agora,lamentavelmente, é conhecida pelos tristes episódiosque estão ocorrendo e que vêm denegrir sua imagem.

O descaso com que a CSN vem sendo tratada, ll~vou,

ontem, a um incêndio de graves proporções e com :incal­culáveis prejuízos em seu alto forno n' 3. Sua manu­tenção tem sido feita debaixo de pressões c sob dimade guerra. Torna-se imperativa, com a máxima urgênciapossível, uma rigorosa apuração das causas deste aci­dente.

Não estamos vivendo uma crise natural, porém forja­da no desejo daqueles que querem ver o País mergu­lhado no mais profundo abismo. Jogam no "quantopior, melhor".

Cabe a nós, Sr. Presidente, como entidade repr"sen­tativa do povo brasileiro, tomar a iniciativa de b"scarmedidas concretas e urgentes no sentido de revertero tenebroso quadro que se avizinha em nosso horil:ontepolítico. Temos o dever de evitar o retrocesso, garantira democracia que virá, se Deu~ quiser, com a eí',içãopara Presidente da República. E hora de lutarmos con­tra os radicalismos, contra aqueles que buscam o ~l1oni­mato para suas atitudes mesquinhas com o intuito dedesestabilizar as eleições e todas as instituições demo­cráticas tão duramente resgatadas.

Que esqueçamos as divergências políticas, as id'~olo­

gias ultrapassadas, os mesquinhos radicalismos, e pen­semos um pouco na paz tão almejada. Volta RedDndapede socorro às autoridades no sentido de impedirema degradação de um património nacional, o sofrimentode milhares de famílias, a humilhação de toda umacidade.

Desejamos que a paz volte a reinar entre nosso povo.Que o sentimento do medo, hoje predominante ,:ntretodos, deixe de existir e dê lugar à convivência pac1;fica.Pode parecer utópico, mas todos sabemos que só atravésda união, do equilíbrio e discernimento poderemos atin­gir um grau de maturidade quc nos permitirá viver comdignidade. Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente

o Sr. Ibsen Pinheiro, Líder do PMDB, - Sr. Presi­dente, peço a palavra para uma comunicação.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tema palavra o nobre Deputado.

O SR. mSENPINHE:tRO (PMDB - RS. Sem revisãodo orador.) - Sr. Presidente, Srs. Dcputados, recebe­mos ontem alguns líderes sindicais de expressão nacio­nal, da CUT e da Contag, que vieram ao CongressoNacional trazer sua preocupação com a situação dostrabalhadores que lideram e com as medidas legislativasem tramitação, especialmente a medida provisória rela­tiva à lei de greve.

Ouvimo-los, Sr. Presidente, e tive o prazer de mani­festar a posição do meu partido a esse respeito, quepretendo reiterar desta tribuna. Meu partido entende,sabe e proclama que as greves têm como causa a com­pressão salarial. Essa obviedade é, no entanto, muitocontestada, razão pela qual se impõe seja repetida: Asgreves têm como causa a compressão salarial. Num Paísonde o salário mínimo é de 40 dólares ou menos, peloparalclo, ou dc 70 ou 80, pelo seu valor oficial nãose pode cogitar outra causa determinante para os confli­tos sociais que não esta. Ter a visão do primado dotrabalho é um compromisso programático do PMDB.Por esta razão, reafirmamos esta posição de líderes sin­dicais nacionais que nos visitaram.

É também verdade, Sr. Presidcnte c Srs. Deputados,que a partir dessa convicção devemos reconheccr e pro­clamar que a greve tem de ser exercida dentro doslimites do regimc democrático. E o direito demoer:íticoé contingenciado pela vivência democrática e não comoum direito absolnto, pois, na sua relatividade. vem mui­to depois de alguns direiros cssenciais ao homem, taiscomo o direito à vida, à segurança e à felicidade.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Por esta razão, Sr. Presidente, nossa posição, assimcomo de rcspaldo à posição das entidades sindicais emdefesa do direito de greve, é também da proclamaçãodo direito da sociedade, ou seja, de que o direito degreve se exercite em harmonia com o interesse do res­tante da sociedade. Não há nisso nenhuma ameaça.aO direito de greve. Ao contrário, vejo-o ameaçadoquando exercido sem limitações, vejo-o sob risco quan­do praticado sem o contorno democrático indispensá­vel.

Assim, entendemos necessária uma lei de greve quenão se confundirá com uma lei contra ela, pelo menosno que depender do voto e da ação do PMDB. Acredi­tamos que é perfeitamente possível um amplo, debateentre os parlamentares c as lideranças partidárias nosentido da construção desse caminho. E a construçãodesse caminho, mais do que a reivindicação de umacategoria profissional, por maus justa que seja, contem­pla a preservação e o fortalecimento do regime demo­crático. É, pois, no interesse do próprio direito de greveque se haverá de cogitar sua definição democrática emtermos precisos para que seu exercício fortaleça o regi­me democrático c não o comprometa. A greve é umconflito social civilizado. Deve correr seus próprios ris­cos, que não são os da repressão num regime democrá­tico, mas os de sua má concepção, seu mau momentoe sua má liderança. Estes fatores poderão eventual­mente levá-la para a derrota corno para a vitória quandopresentes no conflito social. Ouvi com a maior atençãonossos brilhantes companheiros Plínio de Arruda Sam­paio e Vivaldo Barbosa. S. Ex' fizeram colocações depreocupação, que também endosso, com relação ao for­talecimento do regime democrático. Quando vemos amanifestação patológica de setores inconformados como direito político partirem para o ato criminoso, configu­rado na bomba sobre o monumento de Volta Redonda,percebemos, Sr. Presidente, uma vez mais, como diziao Deputado Plínio Arruda Sampaio, os riscos de serestabelecerem as condiçóes e o clim_a de 1964.

Não pretendo culpar a floresta pelo incêndio. Certa­mente não será à miséria inconformada dos trabalha­dores quc se poderá debitar a causa da incerteza ouinsegurança institucional, mas é preciso ter presenteque as lutas sociais e políticas podem servir de pretexto,se não estiverem adequadas ao momento democráticoque todos nós temos o dever de preservar e de fortale­cer. A manifestação do inconformismo direitista parecetalvez fazer oscilar o pêndulo da ação política em nossoPaís da repressão para - diria até mesmo, com perdãoda expressão chula - a "gandaia" do extremo oposto.

Nós próprios, nesta Casa, enquanto constituintes, de­mos alguns exemplos disso. Partimos do regime da limi­tação da organização partidária, da camisa-de-força dobipartidarismo, ou um pouco mais, para uma absoluta"gandaia", o surgimento de partidos sem nenhuma den­sidade, representatividade ou história. Vemos tambémos grandes órgãos de imprensa, ontem obrigados a viversufocados pela censura e pela repressão, fazerem usoinadequado da liberdade de imprensa, através da agres,são indiscriminada, irresponsável, às imagens das pes­soas e da instituição. Esta Casa tem sido tantas vezesvítima de generalizações que pretendem atingir a gene­ralidade de sua composição e de suas atribuições. Sepretendessem meramente condenar aquilo que fossecondenável, não há nada que impeça seja feita a rcspon­sabilização específica de quem é responsável por atosque a comprometem. Mas a generalização serve a outrosinteresses que não os da democracia.

Exemplo do mau uso da liberdade de imprensa sevê por exemplo, quando "Veja", uma revista de expres­são e respeito, dá um tratamento escandaloso, comoo da reportagem relativa ao artista Cazuza, em suamatéria de capa. Vemos a mesma revista redigir umamatéria intencionada a uma conclusão que independiados fatos, quando apontou esta Casa como contráriaao processo natural, na sua visão de privatização deempresas públicas. Esta Casa, ao contrário, num mo­mento de alta maturidade afirmou-se como favorávelà privatização daquilo que seja ocioso ou perniciosoao serviço público, mas não quis alienar o patrimôniopúblico com descrédito ou sem crédito. Então, estaCasa foi responsável, e uma publicação respeitável deutratamento banal, diria até mesmo comprometido, comum objetivo estranho aos fatos ali registrados.

Maio de 1989

Vi nosso companheiro Luiz Inácio Lula da Silva seralvo também de tratamento injusto por parte do Jornaldo Brasil, nnma referência à sua vida familiar, trata­mento absolutamente inadequado à siruação que o pró­prio texto revela, enfocando de modo escandaloso umaconduta irrepreensível, seja do ponto de vista pessoalou humano. São dois os três fatos, Sr. Presidente, queindicam os excessos que se praticam no exercício dealgumas liberdades.

Espero que a construção democrática em que todosestamos empenhados possa conduzir o País ao equilíbriono exercício dessas liberdades - do direito de greve,da liberdade de imprensa e de organização partidária- para que não tenhamos de conviver com essas duasalternativas trágicas, que significam a repressão ou, noextremo oposto, o comportamento absolutamente ilimi­tado e desmedido.

O proccsso democrático pode afirmar o regime damáxima autoridade, o regime do máximo respeito àsleis e à ordem, o regime democrático. São razões queme ocorrem para somar nossa voz à voz daqueles quealertam para os riscos institucionais que estamos cor­rendo.

Não pretendo, Sr. Presidente, fazcr qualquer cspéciede terrorismo verbal. Ao contrário sou confiante nofortalecimento do regime democrático. Mas esse forta­lecimento passa pela ação daqueles setorcs da socicdadecivil, daquelas lideranças políticas para que ajam res­ponsavelmente neste momento, usufruindo do momen­to democrático que vivemos, mas tcndo a perfeita cons­ciência de que o exercício democrático desse direitoimpõe observância dos limites também democráticos.

Não vejo nesta Casa quem não esteja adstrito a essecompromisso, seja qual for o matiz ideolõgico dos parti­dos, das tendências dos que aqui se encontram.. Pensoque indentificamos a unanimidade dos sentimentos daCâmara, do Congresso, no fortalecimento do regimedemocrático.

À transição política se fez nos corredores desta Casa.É evidente que em 84 fomos representantes do senti­mento que vinha das ruas, mas foi nos corredores destaCasa que se fez, sem violêncía, a transição do autorita­rismo para o regime democrático.

Aqui se fará, tenho convicção mais do que esperança,a consolidação do regime democrático. Aqui se assegu­rou a reinstitucionalização do País. Aqui se asseguraa correta realização das elcições através da legislaçãoregulamentadora que estamos apreciando e que prova­velmente estaremos votando cm termos finais na pr6xi­ma semana.

O Congresso Nacional, tão ultrajado, vilipendiado,incompreendido, tantas vezes internacionalmente mal­tratado, está realizando a sua tarefa, o seu trabalho.Temos os defeitos do povo que para cá nos mandou,mas confiamos em que também seremos capazes derepresentar as suas virtudes. Muito obrigado.

(Palmas.)

O Sr. Arnaldo Faria de Sá - Líder do PJ. - Sr.Presidente, peço a palavra para uma comunicação.

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Olivcira) - Tema palavra o nobre Deputado.

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PJ -SP. pronun­cia o seguinte discurso.) -Sr. Presidente, Srs. Deputa­dos, durante o processo constituinte, muito lutamospara que fossem estendidas aos portugueses residentesno Brasil direitos totais de nacionalidade.

Diz o art. 12 § l' do texto constitucional:

"Aos portugueses com residência permanenteno País, se houver reciprocidade em favor dos bra­sileiros, serão atribuídos os direitos inerentes aobrasileiro nato, salvo os casos previstos nesta Cons­tituição."

Estávamos preocupados com a amplíação da ion­quista da igualdade de direitos, que, mesmo com a com­plicada burocracia, estendia alguns direitos recíprocos,que queríamos ver simplificados. com o texto aprovado,nossos irmãos lusos teriam todos os direitos, desde quehouvesse reciprocidade. Daí este meu pronunciamentoSr. Presidente, pois o proccsso de revisão constitucionalde Portugal negou essa reciprocidade, tornando nossotexto letra morta. O pior é que o partido do governo

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Maio de 1989

luso deu o maior número de votos para a negativa,desprezando os portugueses residentes no Brasil.

Sabemos que, com o ingresso de Portugal na Comu­nidade Econômica Européia, ocorreram pressões paraque isso acontecesse. Lamentamos apenas que Portu­gual tenha preferido ficar ao lado dos países da Europa,amigos de hoje, contra o Brasil, amigo de sempre equc jamais deixou de reverenciar a mãe-pátria.

Constituinte, luso-descendente, tive a oportunidadede interpretar o Secretário de Estado das ComunidadesPortuguesas, quando, em visita à Casa de Portugal,em São paulo, estranhamente alegou des~onhecer oresultado da votação, por estar lá muito tempo forade Portugal, visitando as comunidades portuguesas naAmérica.

Essa atitude da Assembléia portuguesa, jamais espe­rada, poderá provocar a denúncia da igualdade de direi­tos.

Sabemos que a comunidade portuguesa de São Pauloestá se articulando para protestar e tentar, em segundoturno, a alteração.

Portugal e Brasil são irmãos. Ninguém pode separarbrasileiros e portugueses!

VII - ENCERRAMENTOo SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Nada

mais havendo a tratar, vou encerrar a sessão.

DEIXAM DE COMPARECER OS SENflORES:

Acre

Francisco Diógenes - PDS; Maria Lúcia- PMDB;Rubem Branquinho - PMDB.

Amazonas

Beth Azize - PSDB; Ézio Ferreira - PFL; SadieHauache - PFL.

Rondônia

Assis Canuto - PFL; Rita Furtado - PFL.

Pará

Ademir Andrade - PSB; Aloysio Chaves - PFL;Eliel Rodrigues - PMDB.

Tocantins

Alziro Gomes - PFL; Freire Júnior - PMDB.

Maranhão

Albérico Filho - PMDB; Antonio Gaspar ­PMDB; Francisco Coelho - PFL; Haroldo Sab6ia ­PMDB; José Teixeira - PFL; Onofre Corrêa ­PMDB; Sarney Filho - PFL; Victor Trovão - PFL;Vieira da Silva - PDS.·

Piauí

Paulo Silva - PSDB.

Ceará

Carlos Virgílio - PDS; Gidel Dantas - PDC; Ha­roldo Sanford - PMDB; Iranildo Pereira - PMDB;Moysés Pimentel- PMDB.

Rio Grande do Norte

Ney Lopes - PFL.

Paraíba

Aluízio Campos - PMDB; Antonio Mariz ­PMDB; Edme Tavares - PFL; Francisco Rolim -;João da Mata - PDC.

Pernambuco

Fernando Bezerra Coelho - PMDB; Fernando Lyra- PDT; José Mendonça Bezerra - PFL; Osvaldo Coe­lho - PFL; Paulo Marques - PFL; Roberto Freire-PCB.

Alagoas

Albérico Cordeiro - PFL; Antonio Ferreira - PFL;Geraldo Bulhões - PMDB; Renan Calheiros - PSDB.

Sergipe

Bosco França - PMDB; Messias G6is - PFL.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Bahia

Abigail Feitosa - PSB; Afrísio Vieira Lima ­PMDB; Benito Gama - PFL; França Teixeira ­PMDB; Francisco Benjamim - PFL; Francisco Pinto- PMDB; Joaci G6es - PMDB; João Carlos Bacelar- PMDB; Leur Lomanto - PFL; Luiz Vianna Neto- PMDB; Marcelo Cordeiro - PMDB; Mário Lima- PMDB; Milton Barbosa - PDC; Miraldo Gomes- PDC; Nestor Duarte - PMDB; Prisco Viana -PMDB.

Espírito Santo

Hélio Manhães - PMDB; Nelson Aguiar - PDT;Rose de Freitas - PSDB.

Rio de Janeiro

Aloysio Teixeira - PMDB; Arolde de Oliveira ­PFL; Cés2f Maia - PDT; Flavio Palmier da Veiga- PMDB; Gustavo de Faria - PMDB; Luiz Salomão- PDT; Márcia Cibilis Viana - PDT; Miro Teixeira- PDT; Osmar Leitão - PFL; Roberto Augusto -PTB; Roberto Jefferson - PTB; Ronaldo Cezar Coe­lho - PSDB; Rubem Medina - PFL; Sérgio Carvalho- PDT; Vladimir Palmeira - PT.

Minas Gerais

Aécio Neves - PSDB; Álvaro Antônio - PMDB;Alysson P,'ulineIli - PFL; Carlos Mosconi - PSDB;Genésio Bf:rnardino - PMDB; Hélio Costa - PMDB;José Santan.a de Vasconcellos - PFL; José Ulisses deOliveira _. PMDB; Luiz Leal- PMDB; Mário Assad- PFL; Mário Bouchardet - PMDB; Mário de Oli­veira - PMDB; Maurício Campos - PFL; MauroCampos _. PSDB; Milton Reis - PMDB; Paulo Del­gado - PT; Raimundo Rezende - PMDB; Raul Belém- PMDB; Roberto Brant - PMDB; Roberto Vital- PMDB; Ronaldo Carvalho - PMDB; Rosa Prata- PMDB, Silvio Abreu - PSC; Ziza Valadares -PSDB.

São Paulo

Afif Domingos - PL; Airtcn Sandoval - PMDB;Aristides Cunha - PSC; Caio Pompeu - PSDB; Cu­nha Bueno -PDS; Del Bosco Amaral-PMDB; Do­reto Campanari - PMDB; Ernesto Gradella - PT;Farabulini Júnior- PTB; Fausto Rocha - PFL; FelipeCheidde _. PMDB; Gerson Marcondes - PMDB; Gu­mercindo Milhomem - PT; Hélio Rosas - PMDB;Jayme Paliarin - PTB; João Rezek - PMDB; JoséCamargo -- PFL; José Maria Eymael - PDC; LuizGushiken -- PT; Luiz Inácio Lula da Silva - PT; Ma­luly Neto -- PFL; Michel Temer - PMDB; Paulo Zar­zur - PMDB; Ralph Biasi - PMDB; Ricardo Izar- PFL; Samir Achôa - PMDB; S610n Borges dosReis - PTB; Theodoro Mendes - PMDB; Tidei deLima - PMDB; Ulysses Guimarães - PMDB.

Goiás

Délio Braz - PMDB; Genésio de Barros - PMDB;Mauro Miranda - PMDB; Naphtali Alves de Souza- PMDB; Tarzan dc Castro - PDC.

Distrito Federal

Francisco Carneiro - PMDB.

Mato Grosso do Sul

GandiJ2mil-PFL; Ivo Cersósimo-PMDB; SauloQueiroz - PSDÉ.

Paraná

Airton Cordeiro - PFL; Alarico Abib - PMDB;Jacy Scanagatta - PFL; José Carlos Martinez ­PMDB; José Tavares - PMDB; Mattos Leão ­PMDB; Maurício Fruet - PMDB; Max Rosenmann- PMDB; Nilso Sguarezi - PMDB; Paulo Pimentel- PFL; Renato Bernardi - PMDB; Santinho Furtado- PMDB; Sérgio Spada - PMDB; Waldyr Pugliesi-PMDB.

Santa Catarina

Artenir Werner - PDS.

Sexta-feira 5 3203

Rio Grande do Sul

Amaury Müller - PDT; Antônio Britto - PMDB;Erico Pegoraro - PFL; FIoriceno Paixão - PDT; Hilá­rio Braun-PMDB; Ivo Lech-PMDB; Ivo Mainardi- PMDB; Rospide Netto - PMDB.

oSR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Encerroa sessão, designando para amanhã dia 5, sexta-feira,às 9 horas, a seguinte

ORDEM DO DIA

PARA RECEBIMENTO DE

EMENDAS EM PLENÁRIO

PROJETO DE LEI N' 1.923. DE 1989(Do Poder Executivo)

MENSAGEM N' 164/89

Cria a comissão Coordenadora Regional de Pesquisasna Amazônia para elaboração do Programa de Pesqui­sas sobrc o Meio Ambiente e Recursos Naturais Reno­váveis, e dá outr~s providências.

PROJETO DE LEI N' l.924, DE 1989(Do Poder Executivo)

MEMSAGEM N' 165/89

Dispõe sobre o registro. a produção. a comerciali­zação, o uso, o controle, a inspeção, a fiscalização ea classificação, a importação e a exportação de agrotó­xicos, seus componentes c afins, e dá outras providên­cias.

PROJETO DE LEI N' 2.008, DE 1989(Do Poder Executivo)

MENSAGEM N' 166/89

Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente,o Cadastro Técnico Federal de Atividade c Instrumen­tos de Defesa Ambiental e dá outras providências.

PROJETO DE LEI N° 2.114, DE 1989(Do Poder Executivo)

MENSAGEM N' 167/89

Altera a redação dos arts. 2', 16, 19 e 44 da lei n'4.771. de 15 de setembro de 1965, revoga o art. 18da Lei n' 6.938, de 31 de agosto de 1981. e revogaas Leis n~ 6.535, de 15 de junho de 1978, e 7.511,de 7 de julho de 1986.

PROJETO DE LEI N' 2.'115, DE 1989(Do Poder Executivo)

MENSAGEM N' 168/89

Dispõe sobre o Ordenamento Territorial e a PolíticaFlorestal, para a região Amazônica, e dá outras provi­dências.

PROJETO DE LEI N' 2.116. DE 1989(Do Poder Executivo)

MENSAGEM N° 169/89

Cria o Fundo Nacional do Meio Ambiente e dá outrasprovidências.

Prazo:5 dias (art. 203 do Regimento Interno)4' dia: 8-5-89 - segunda-feira5' dia 9-5-89 - terça-fcira

PROJETO DE LEI N° 2.146, DE 1989(Do Poder Executivo)

MENSAGEM N' 177189

Estabelece normas gerais de organização, efetivo,material bélico. garantias, convocação e mobilizaçãodas Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militaresdos Estados. Distrito Federal e Territ6rios e dá outrasprovidências.

Prazo: 5 dias (art. 203 do Regimento Interno)3' dia: 8-5-89:"- segunda-feira4" dia: 9-5-89 - terça-feira5' dia: 11-5-89 - qu"inta-feira

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3204 Sexta-feira 5

PROJETO DE LEI N" 2.176, DE 1989(Do Poder executivo)

MENSAGEM N' 179/89

Define, em defesa do consumidor, os crimes pratica­dos contra a economia popular, simplifica o precedi­mento penal aplicável e dá outras providências.

Prazo: 5 dias (art. 203 do Regimento Interno)2' dia: 4-5-89 - quinta-feira3' dia: 4-5-89 - terça-feira4' dia: 9-5-89 - quinta-feira5' dia: 15-5-89 - segunda-feira

Encerra-se a Sessão às 17 horas e 13 minutos.

ATAS DAS COMISSÕESCOMISSÃO DE EDUCAÇÃO,

CULTURA, ESPORTE E TURISMOl' Reunião Extraordinária Realizada

em 4 de Maio de 1989

Aos quatro dias do mês de maio de mil novecentose oitenta e nove, na sala 27 do Anexo II da Cámarados Deputados, às dez horas, reuniu-se extraordiná­riamente a Comissão de Educação, Cultura, Esportee Turismo, presentes os Srs. Ubiratan Aguiar, Presi­dente, Jorge Hage, Vice-Presidente, Fábio Raunheitti,Luiz Marques, Lídiccda Mata, Octávio Elísio, Hl:rmesZaneti, Tadeu França, Evaldo Gonçalves, Hélio Rosas,Celso Dourado, Osvaldo Sobrinho, Maguito Vilela,Costa Ferreira, Nelson Seixas, Jesualdo Cavalcanti eEurico Ribeiro. Ata: Abertos os trabalhos, sob a .Presi­dência do Sr. Ubiratan Aguiar, a Secretária proeedeu

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

à leitura da Ata da reunião anterior, que foi aprovadasem restrições. Comnnicações: 1) O SI. Deputado Her­mes Zaneti levantou questão de ordem sobre as datasdas audiências públicas alegando o choque de horáriocom outras Comissões Técnicas. 2) O SI. Presidentejustificou as ausências dos Deputados Florestan Fernan­des c Átila Lira. Audiência Pública: O SI. Presidenteapresentou os expositores, Professor Roberto Felício,Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhado­res em Educação-CNTE; e Professora Lindoya BarretoVinhas, Secretária da Secretaria de Ensino Básico doMEC. A seguir, passou a Presidência ao SI. Vice-Pre­o de trabalho, Deputado Jorge Hage que deu a palavraa Prof' Lindoya Barreto Vinhas, que expôs o po,siciona­mento da Secretaria do Ensino Básico sobre a Lei deDiretrizes e Bases da Educação; em seguida. foi ouvidoo Professor Roberto Felício, analisando o tema soba ótica da CNTE. Interpelaram os expositores os Srs.Deputados Jorge Hage, Çelso Dourado, Osvaldo Sobri­nho, Tadeu França, Lídice da Mala e Nelson Seixas;os Srs. Profs. Eunice Ribeiro Durham, da NUPES­USP, Francisco Pinto Cabral, representante do Conse­lho de Reitores das Universidades Brasileiras; Thelmyda Costa Arruda, da Escola Técnica Federal de MatoGrosso; Maria Cândida Gonçalves, da Fasubra; e Vi­cente de Paula Andrade Lopes, da CODESFI. A seguir.o SI. Presidente passou a palavra aos expositores paraas considerações finais. Encerramento: Nada mais ha­vendo a tratar, o Sr. Presidente, após agradecer a pre­sença dos expositores e demais representantes de enti­dadés, encerrou a presente reunião às treze horas evinte minutos. E, para constar, eu Tasmânia Maria deBrito Guerra, lavrei a presente Ata que lida, aprovadae assinada pelo Sr. Presidente será publicada no Diáriodo Congresso Nacional.

Maio de 1989

DISTRIBUIÇÃO DE PROJETOS

COMISSÃO DE FINANÇAS

Distribuição efetuada pelo Senhor Presidente, Depu­tado FRANCISCO DORNELLES em 4-5-89

Ao Senhor Deputado LUIS ALBERTO RODRI­GUES:

1) Projeto de Lei n" 6.362/85 - "Dispõe sobre ativi­dade de caixa, operador de caixa, tesoureiro ou funçãoassemelhada".

Autor: Deputado Floriceno Paixão

COMISSÃO DE SAÚDE, PREVIDÊNCIAE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Distribuição efetuada pelo Senhor Presidente DEPU­TADO RAIMUNDO BEZERRA, em 4-5-89:

Ao Senhor Deputado FLORICENO PAIXÃO:1) Projeto de Lei n' 1.205/88 - "Altera a redação

do inciso lU do artigo 473 da CLT para fixar em 5dias o prazo da licença-paternidade" (Dep. Adhemarde Barros Filho)

Ao Senhor Deputado FARABULINI JÚNIOR:1) Projeto de Lei n° 1.027/88 - "Dispõe sobre o

cálculo dos benefícios de prestação continuada da Previ­dência Social" (Dep. F1oriceno Paixão)

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Maio de 1989 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Sexta-feira 5 3205

ÍNDICE

Ofícios '" 3162Projetos '" 3162

I - ABERTURA DA SESSÁO11 - LEITURA DA ATA DA SESSÃO ANTERIORIII - LEITURA DO EXPEDIENTE

VI - ORDEM DO DIA

Apresentação de Proposições

Ary Valadão, César Cals Neto, Cristina Tavares. Elias Mu­rad, Raul Ferraz, Jorge Leite, J()rge Arbage, Francisco Amaral,Marcos Lima, Luiz Henrique, Dirce Tutu Quadros MessiasSoares, Virgildásio de Senna, Robson Marinho, Fern~ndoGas­pa~an? José Luiz de Sá, Alvaro Valle, Geraldo Campos, NeltonFnednch, Anna Maria Rattes, Leopoldo Souza, José Serra

319231913195

3204

32043204

31993199

319931993200320032003201320132023202

3198319831983198

31993199

3197

pág.

Uldurico Pinto (PMDB -BA) 3186Vilson Souza (PSDB -Se) 3186Benedita da Silva (PT - RJ) 3188Artur da Távola (PSDB-RJ) :....... 3189Alexandre Puzyna (PMDB -SC) 3191

V - GRANDE EXPEDIENTE

Elias Murad (PTB - MG) ..Arnaldo Martins (PMDB - RO) ..Chagas Duarte (PDT - RR) ..

3 - DISTRIBUIÇÃO DE PROJETOS

Comissão de Finanças, em 4-5-89 .Comissão de Saúde, Prev. e Assist. Social, em 4-5-89 ::

Comunicações das Lideranças

Cristina Tavares (PSDB-PE. Como Líder) ..Adylson Motta (PDS - RS. Como Líder) .Eduardo Bonfim (PCdoB -AL. Como Líder) - .Dirce Tutu Quadros (PSDB -SP. Pela ordem) ..Presidente (Inocêncio Oliveira/resposta à Questão de Or-dem) .Anna Maria Rattes (PSDB - RJ. Pela ordem) ..Presidente (Inocêncio Oliveira/resposta à Questão de Or-dem) ..

Vivaldo Barbosa (PDT - RS. Líder) ..Presidente (Inocêncio Oliveira/Comunicação sobre convoca-ção de Sessão Conjunta) : .José Luiz Maia (PDS-PI. Pela ordem) ..Plínio Arruda Sampaio (PT-SP. Líder) ..José Teixeira (PFL - MA. Como Líder) .Geovani Borges (PFL-AP. Como Líder) : ..Carrel Benevides (PTB - AM. Como Líder) .José Luiz de Sá (PL - RJ. Como Líder) ..Ibsen Pinheiro (PMDB - RS. Líder) ..Arnaldo Faria de Sá (PJ - SP. Líder) ..

VII - ENCERRAMENTO

2 - ATAS DAS COMISSÕES

Com. de Educ. Cult. Esporte e Turismo, l' Reunião Extraor-dinária .

pág

316531673172317231733:172317331733173317331743174317431753175317731.7731783178317831783179317931793179318031803180318031813181318231823182318331833183318431843184~,185

~,185

~185

~·185

,;186

IV - PEQUENO EXPEDIENTE

Nilson Gibson (PMDB - PE) .José Elias (PTB -MS) .Orlando Pacheco (PFL - SC) .Gerson Peres (PDS - PA) .Jonas Pinheiro (PFL-MT) .~alde~k Ornélas (PFL- BA) .José Carlos Coutinho (PL-RJ) .JoséDutra(PMDB-AM) .SantosNeves!PMDB-ES) ..João Cunha (PRN -SP) ..Antero de Barros (PMDB - MT) .NelsonSabrá(PFL-RJ) ..Gabriel Guerreiro (PMDB -PA) ..Wilson Campos (PMDB - PE) ..Jayme Campos (PJ -RJ) ..José Genoíno (PT-SP) ..Raimundo Bezerra (PMDB -CE) ..Edivaldo Holanda (PL - MA) .Ottomar Pinto (PMDB - RR) ..Ruberval Pilotto (PDS - SC) ..Paulo Paim (PT- RS) ..Francisco Dornelles (PFL - RJ) .Bocayuva Cunha (PDT - RJ) .Geraldo Fleming (PMDB - AC) :Jorge Leite (PMDB - RJ) .Neuto de Conto (PMDB - SC) ..Chagas Neto (PMDB-RO) ..Mendes Ribeiro (PMDB - RS) .Antoniocarlos Mendes Thame (PSDB - SP) .Denisar Arneiro (PMDB - RJ) ..Moema São Thiago (PSDB -CE) ..Feres Nader (PTB - RJ) .Sigmaringa Seixas (PSDB - DF) .Osvaldo Bender (PDS - RS) .LeonelJúlio (PTB -SP) .Jorge Arbage (PDS-PA) .Carlos Vinagre (PMDB -BA) .Fábio Raunheitti (PTB - RJ) .Sotero Cunha (PDC - RJ) .Francisco Amaral (PMDH- SP) .Lysâneas Maciel (PDT - RJ) .Salatiel Carvalho (sem partido - PE) .Lídice da Mata (PCdoB-BA) .Carlos Cardinal (PDT- RS) '" .Arnaldo Faria de Sá (PJ -SP) .

Page 48: Diario Do Congresso - 5 Maio-1989  o  1.o.  Zoneamento do Acre

PÁGINA ORIGINAL EM. BR:ANCO

Page 49: Diario Do Congresso - 5 Maio-1989  o  1.o.  Zoneamento do Acre

P.OI MESA------------- ---------------,

Presidente:

PAES DE ANDRADE - PMDB

}9 Vice-Presidente:

INOCÊNCIO OUVEIRA - PFL

29 Vice-Presidente:

WILSON CAMPOS - PMDB

}9 Secretário:LmZ HENRIQUE - PMDB2° Secretário:EDME TAVARES - PFL

39 Secretário:CARLOS COITA - PSDB

49 Secretário:RUBERVAL PILOITO - PDS

Suplentes:

FERES NADER - PTBFLORICENO PAIXÃo - PDTARNALDO FARIA DE SÁ - PJJOSÉ MELO - PMDB

PARTIDO SOCIALISTABRASILEIRO-PSB-

PARTIDO DO MOVIMENTODEMOCRÁTICO BRASILEIRO

-PMDB-

/LIDERANÇAS------------,PARTIDO DEMOCRÁTICO

TRABALHISTA:"'-PDT-

Líder: IBSEN PINHEIRO

Vice-Líderes

Líder: VIV.&J.DO BARBOSA

Vice-Líderes Líder: JOAO HERRMANN NETO

Vice-Líder

PARTIDO TRABALHISTABRASILEIRO-PTB-

Genebaldo CorreiaAntônio BrittoBete MendesDalton CanabravaDenísar ArneiraFernand, VelascoFirmo de CastroGabriel GuerreiroJorge UequedJosé Carlos VasconcelosJosé Geraldo

José TavaresJosé Ulisses de Oliveira

Maguito VilelaManoel Moreira

Márcio BragaMaurício PáduaRenato ViannaRospide Neto

Ruy NedelSérgio SpadaTideide Lima

Luiz SalomàoArtur Lima Cavalcante

Líder: GASTONE RIGHI

Vice-Líderes

Sólon Borges dos ReisRoberto JE,fferson

Lysâneas MacIelCarlos Cardinal

Elias Murad

Ademir Andrade

PARTIDO COMUNISTABRASILEIRO-PCB-

Líder: ROBERTO FREIRE

Vice-Líderes

PARTIDO DA FRENTE UBERAL-PFL-

PARTIDO DOS TRABALHADORES-PT-

Fernando Santana Augusto Carvalho

Líder: JOSÉ LOURENÇO

Vice-Líderes

Líder: PÚNIO ARRUDA SAMPAIO

Vice-LíderesPARTIDO SOCIAL CRISTÃO

-PSC-

PARTIDO DEMOCRATA CRISTÃO-PDC-

. Líder: mDEL DANTAS

Vice·Líder

José TeixeiraRicardo IzarJofran FrejatJesus TajraIberê FerreiraDionisío HageStélio Dias

Luís EduardoRonara Corrêa

Rita FurtadoPaes Landim

Alceni GuerraFausto Rocha

José Lins

Virgilio GUimarães Gumercindo MilhomemLíder: SILViO ABREU

Vice-Líder

Aristides Cunha

PARTIDO DA SOCIALDEMOCRACIA BRASILEIRA

-PSDB-

Tarzan de ':::astro

PARTII)O UBERAL-PL-

PARTIDO SOCIAL DEMOCRÁTICO-PSD-

Líder: CESAR CALS NETO

PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL

-PCdoB-

Líder: EUCliDES SCALCO

Vice-líderes

Virgildásio de Senna Maria de Lourdes AbadiaCristina Tavares Robson Marinho

PARTIDO DEMOCRÁTICO SOCIAL

-PDS-

Líder: ADOLFO OliVEIRA

Vice·Líderes

Afif Domingos Marcos FormigaPARTIDO DA MOBIUZAÇÃO

NACIONAL-PMN-

Líder: PAULO RAMOS

Líder: AMARAL NEITO

Vice-Líderes

Bonifácio de AndradaGerson Peres

Darcy PozzaAécio de Borba

Líder: HAROLDO UMA

ViCe-líder

Aldo AraIl':es

PARTIDO DA JUVENTUDE-PJ-

Líder: ARNALDO FARIA DE SÁ

Page 50: Diario Do Congresso - 5 Maio-1989  o  1.o.  Zoneamento do Acre

COMISSÃO DE AGRICULTURAE POLÍTICA RURAL

Presidcnte: José Egreja - PTB - SPVice-Presidentes: Rodrigues Palma - PTB _. MT

Nestor Duarte - PMDB -- BAJonas Pinheiro - PFL - MT

PFLAlcides Lima Jacy SeanagattaAlércio Dias Jonas PinheiroAlysson Paulinelli Sérgio BritoErico Pegoraro Ubiratan SpineliFrancisco Coelho Vinícius CansançãoIberê Ferreira

PSDBEdmundo Galdino Saulo QueirozNelton Friedrich Vicente Bogo

PDSAdauto Pereira Osvaldo BendeIAdylson Motta

PDTAmaury Müller Nelson AguiarCarlos Cardinal

PTBJayme Paliarin Rodrigues PalmaJosé Egreja

PTAntonio Marangon João Paulo

PCdoB

José Carlos SabóiaPT

Roberto Torres

Francisco BenjamimJairo CarneiroMessias GóisNey LopesOscar CorrêaPaes Landim

Ibrahim Abi-Ackel

Miro Teixeira

Virgílio Guimarães

PT

Santos Neves10 Vagas

PFLJúlio CamposNarciso MendesRita FurtadoSadie HauacheSérgio Brito

PT

PDC

Frauciseo Diógenes

PDT

Carlos Cardinal

PSB

PTB

PL

Féres Nader

PDS

PFL

PDS

PDC

PTB

PDT

PSDBMoema São Thiago1 Vaga

PSDBSigmaringa SeixasVilson Souza

PCdoB

2 Vagas

Carrel BenevidesGastone Righi

Alysson PaulinelliChristóvam ChiaradiaErico PegoraroEunice MichilesJalles FontouraJesualdo Cavalcanti

F1ávio Rocha

Carlos Alberto CaóMiro Teixeira

Lídice da Mata

Darcy PozzaDelfim Netto

José Carlos GreccoNelton Friedrich

Sotero Cunha

Jorge LeiteMárcia Kubitschek

Aloysio ChavesCosta FerreiraDionísio HageEliézer MoreiraEvaldo Gonçalves

1 VagaSecretária: Delzuíte M. A. do ValeRamal: 6906

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃOE JUSTIÇA E REDAÇÃO

Presidente: Nelson Jobim - PMDB - RSVice-Presidentes: João Natal - PMDB - GO

Jorge Medauar - PMDB - BABonifácio de Andrada - PDS ­MG

Titulares

PMDBMichel TemerNelson JobimNilson GibsonOsvaldo MacedoPlínio MartinsRenato ViannaRosário Congro NetoSérgio SpadaTheodoro Mendes1 V:aga

José Genoíno

José Maria Eymael

Brandão MonteiroDoutel de Andrade

Bonifácio de AndradaGerson Peres

Artur da TávolaJuarez Marques Batista

Benedicto MonteiroHorácio Ferraz

Arnaldo MoraesBernardo CabralCarlos VinagreHarlan GadelhaHélio ManhãesJoão NatalJorge MedauarJosé DutraJosé TavaresLeopoldo SouzaMendes Ribeiro

Osmundo RebouçasRalph BiasiRenato Johnsson

PTBRoberto Jefferson

PFLJosé CamargoJosé JorgePaulo MarquesPaulo PimentelPedro Ceolin

Gumercindo Milhomem

PDT

Fernando Lyra

Gerson PeresPDS

Robson Marinho1 Vaga

PT

PT

'2 Vagas

PTBRoberto Torres

PL

PSB

PDT

PDC

PSDB

TitularesPMDB

Luiz LealMaurício FruetMaun1io Ferreira LimaMatheus IensenMendes RibeiroNilso SguareziOnofre CorrêaRonaldo CarvalhoRosário Congro NetoTidei de Lima

Suplentes

PMDB

PCdoB

Florestan Fernandes

Airton SandovalAntero de BarrosFrancisco Amaral

Ervin BonkoskiJosé Elias

Antônio Salim CuriatiArnold Fioravante

Lysâneas MacielLuiz Salomão

Cristina TavaresKoyo Iha

José EliasOsvaldo Sobrinho

Ângelo Magal1IãesArolde de OliveiraÁtila LiraEliézer MoreiraEraldo TrindadeFrancisco Coelho

Antonio BrittoAntonio GasparBete MendesEliel RodriguesFrança TeixeiraFrancisco PintoHélio CostaHenrique Eduardo AlvesJosé Carlos MartinezJosé CostaJosé Ulísses de Oliveira

Chico Humberto

Afif Domingos

2 Vagas

João da Mata

PLÁlvaro Valle

PSB

PDCEduardo Siqueira Campos

Eduardo Bonfim

Edmilson Valentim

Raquel éapiberibe

Secretário: Mariza da Silva MataRamais: 6902 - 6903

COMISSÃO DE CIÊNCIAE TECNOLOGIA,

COMUNICAÇÃO E INFORMÁTICAPresidente: Antonio Gaspar - PMDB - MAVice-Presidentes: José Costa - PMDB - AL

Álvaro Valle - PL - RJArolde de Oliveira - PFL - RJ

PFL

TitularesPMDB

Marcos Queiro~;

Maurício NasserNestor DuarteNeuto de ContoNyder BarbosaRaul BelémRosa PrataRospide NettoSantinho FurtadoWaldyr Pugliesi

Gilson MachadoHumberto SoutoLuiz MarquesMaurício CamposNarciso Mendes

PSDB1 Vaga

Juarez Marques BatistaZiza Valadares

José TavaresJosé VianaMaguito VilelaMoisés AvelinoOnofre CorrêaRaul FerrazRenato BernardiRuy NedelSérgio Spada1 Vaga

PSB

PDC

Telmo Kirst

PCdoB

PDS

PL

SuplentesPMDB

Antônio de JesusCelso DouradoDarcy DeitosDel Bosco AmaralHilário BraunIturival NascimentoIvo CersósimoIvo MainardiJorge ViannaJovanni MasiniLélio Souza

Antônio UenoAssis CanutoCleonâncio FonsecaCosta FerreiraDionísio Dal Prá

Alexandre PuzynaAntônio CâmaraDoreto CampanariFausto FernandesGenésio BernardinoGeraldo BulhõesGeraldo FlemingJoão MaiaJoão RezekJosé AmandoJosé Freire

Aldo Arantes

Oswaldo Almeida

José Carlos Sabóia

Paulo Mourão

Cristina TavaresDirce Tutu Quadros

Eurico RibeiroMello Reis

Page 51: Diario Do Congresso - 5 Maio-1989  o  1.o.  Zoneamento do Acre

Adolfo Oliveira

Aldo AvantesPCdoB

PL

Mendes Botelho

Mello Reis

PTB

Sérgio Brito4 Vagas

PT

Sérgio Naya13 Vagas

1 Vaga

PFL

PDC

PDS

PDl'

Orlando BezerraRicardo IzarWaldcck Ornelas

Pedro CanedoSimão ScssimUbiratan Spinelli

Roberto AugustoPl'B

PDC

Myriam Portella

PFL

PSDBLézio Sathler

Pl'

PDS

PDTChico Humberto

PFL

PSDBJosé Serra

PSDBPaulo Silva

PMDB·José MaranhãoLuís Roberto Ponte'·Prisco VianaRaul FerrazRuy NedelVingt Rosado

Suplentes

PMDB

Paulo SidneiRonaldo CarvalhoValdir ColattaWaldir Pug1ie~i3 Vagas

Caio PompeuFábio Feldman

Marluce Pinto

José Luiz Maia

Jairo Azi

Florestan Fernandes

Cleonâncio FonsecaLeur LomantoLuiz MarquesManoel Castro

Brandão Monteiro

Lurdinha Savignon

1 Vaga

Agassiz AlmeidaAntônio de JesusFrancisco CarneiroGabriel GuerreiroGerson MarcondesJosé Dutra

Antonio PerosaGeraldo Campos

Álvaro AntonioAntônio BrittoAsdrubal BentesChagas NetoFernando VelascoFirmo de CastroJosé Carlos Vasconcelos

Chagas Duarte

Antônio FerreiraChristóvam ChiaradiaEtevaldo NogueiraMario Assad

Anna Maria RattesJosé Carlos Grecco

Secretária: Marei Ferreira LopesRamais: 6998 - 7001

COMISSÁODEDESENVOLVIMENTO URBANO,

INTERIOR E ÍNDIOPresidente: Mário Assad - PFL - MGVice-Presidentes: Etevaldo Nogueira - PFL - MG

Raul Ferraz - PMDB - BAJairo Azi-PDC-BA

Titulares

Ary Valadão

Aloysio ChavesEtevaldo Nogueira

Joaquim HaickelMário de Oliveira

João da Mata (PDC)

Valmir Campelo

Narciso MendesPedro CanedoSarney Filho

1 Vaga

Cunha Bueno

Pl'

PTBRoberto Augusto

PDC

PDT

PDS

Pl'B

PT

PDC

Pl'BLeonel Júlio

Sérgio Carvalho

PDSOsvaldo Bender

PFLPaes LandimRicardo IzarSadie Hauache

PT

PDC

PDT

PSDBOctávio Elísio

PSDBJuarez Marques Batista

SuplentesPMDB

Milton LimaPaulo AlmadaPaulo Zarzur

SuplentesPMDB

Manoel MoreiraMaria LúciaUldurieo Pinto6 Vagas

PFL

Nelson Aguiar

Paulo Delgado

Anna Maria RattesCarlos Mosconi

Artenir Werner

Joaquim Sucena

COMISSÃO DEDEFESA NACIONAL

Presidente: Furtado Leite - PFL - CEVice-Presidentes: Dionísio Dal Prá - PFL - PR

Annibal Barcellos - PFL - APOttomar Pinto - PMDB - RR

Titulares·

PMDBIvo CersásimoManoel MoreiraNyder BarbosaOttomar PintoPaulo SidneiRenato Vianna1 Vaga

Alysson PaulinelliAlziro GomesEliézer MoreiraLúcio Alcântara

Harlan GadelhaHélio ManhãesIvo LechJorge Lequed

Elias M~rad

Domingos JuvenilFelipe CheiddeFerna,"do VelascoGilson Machado

José Genoíno

Miraldo Gomes

César Vlaia

Antônio CâmaraArnaldo MartinsEdivaldo MottaExpedito MachadoGeraldo FlemingHarold o Sanford

Paulo Mourão

Secretário: Jarbas Leal VianaRama:s: 6930 - 6931

Sotero Cunha

Farabulini Júnior

Gumercindo Milhomem

Carlos Virgílio

Anníbal BarcellosDionísio Dal PráFurtado LeiteOrlando Bezerra

Euclid(~s ScalcoJosé Guedes

Jovanni MasiniLélio SouzaMaurício NasserNestor DuarteRaimundo BezerraUbiratan AguiarWagner Lago6 Vagas

PT

Victor Faccioni

Pl'B

Rodrigues Palma

José Luiz MaiaPDS

1 Vaga

1 Vaga

PFLLúcia BragaSandra CavalcantiWaldeck Ornélas

PDl'2 Vagas

PDT

PDS

PSDBJorge HageVicente Bogo

PSDBJosé Guedes

SuplentesPMDB

COMISSÃO DE DEFESADO CONSUMIDOR E

DO MEIO AMBIENTEPresidente: Joaci Góes - PMDB - BAVice-Presidentes: Antonio Câmara - PMDB - RN

Fábio Feldmann - PSDB - SPRaquel Cândido - PDT - RO

TitularesPMDB

Raimundo BezerraRaimundo RezendeRenato BernardiRonaldo CarvalhoSamir AchôaValdir Colatto

Adylson MottaJorge Arbage

Beth AzizeEgídio Ferreira Lima

Lysâneas Maciel

Ernesto Gradella

PFLAirton Cordeiro ' Jesus TajraAlcides Lima Jesualdo CavalcantiAntôniocarlos Mendes Thame Narciso MendesBenito Gama Sarney FilhoEnoc Vieira 1 VagaJosé Thomaz Nonô

Ervin BonkoskiRoberto Jefferson

Cláudio ÁvilaGandi JamilJofran FrejatJúlio Campos

Eurico Ribeiro

Raquel Cândido

Eduardo Bonfim

PCdo B

Afrísio Vieira LimaAluisio CamposAntonio MarizAsdrubal BentesFrancisco SalesGenebaldo CorreiaGonzaga PatriotaJosé Melo

PSB

Sccrctlírio: Ruy Ornar Prudêncio da SilvaRamais: 6920 - 6921

Fábio FeldmannGeraldo Alckmin Filho

PSB

PDCEduardo Siqueira Campos

João Herrmann Neto

I Vaga

Aécio NevesAntônio CâmaraGeraldo BulhõesJoaci GoesJoão MaiaJosé MeloPaulo Sidnei

Page 52: Diario Do Congresso - 5 Maio-1989  o  1.o.  Zoneamento do Acre

PCdoB

Irma Passoni

PDC

PSB

PDT

Victor Faccioni

I Vaga

PL

Ney LopesOrlando PachecoRita FurtadoSandra CavalcantiSarney Filho

Nelson Seixas

Gastone Righi

PT

PFI

PTB

PDS

PDC

PSDBPaulo SilvaRobson Marinho

PFLManoel CastroMussa DemesRita Furtado

PDSFelipe Mendes

PSDBJosé Serra

SuplentesPMDB

Mário MartinsMário BouchardetMauro MirandaMessias SoaresPlínio MartinsRoberto Vital7 Vagas

Adylson MottaAécio de Borba

Antur da TávolaMoema São Thiago

José Carlos Coutinho

Fernando LyraFloriceno Paixão

Benedicto MonteiroElias Murad

Alceni GuerraAlysson PaulinelliÁngelo MagalhãesErico PegoraroLauro MaiaManoel Castro

Gumercindo Milhomem

Jonival Lucas

Amilcar MoreiraBorges da SilveiraDaso CoimbraDienal GonçalvesFrancisco PintoHenrique Eduardo AlvesJosé Carlos MartinezJosé da Conceição

Presidente: Francisco Dornelles - PFL - RJVice-Presidentes: Arnaldo Prieto - PFL - RS

Fernando Bezerra Coelho - PMDB-PEJosé Serra - PSDB - SP

TitularesPMDB

João Carlos BacelarJosé FreireLuiz Alberto RodriguesMoysés PimentelOsmundo RebouçasRoberto BrantSérgio Naya

PLÁlvaro Valle

Francisco KüsterJosé Carlos Grecco

Arnaldo PrietoFausto RochaFrancisco DornellesLevy Dias

Aécio de Borba

1 VagaPSB

João Herrmann Neto

PCdo B

PSB

Edmilson ValentimPC do B

Secretária: Tasm,lnia Maria de Brito GuerraRamais: 6980 - 6977

COMISSÃO DE FINANÇAS

Lídice da Mata

Arnaldo MartinsCid CarvalhoFernando Bezerra CoelhoFrancisco SalesGonzaga PatriotaIrajá Rodrignes

PDS

Paulo Delgado

Eurico Ribeiro

PDTTadeu França

PT

Sólon Borges dos Reis

PSB

Osvaldo Bender

Horácio Ferraz

PTB

PL

PDS

Orlando BezerraOscar CorrêaRicardo Izar

1 Vaga

Luiz Salomão1 Vaga

PTB

PT

PDT

PSDBJorge HageOctávio Elísio

PDC

PSDBKoyu IhaVilson Souza

PCdo B

TitularesPMDB

José FreireJosé MaranhãoMaguito VilelaMárcia KubitschekMárcio BragaMauro SampaioRenato BernardiRita Camata'Sérgio SpadaUbiratan Aguiar

Arnold FioravanteArtenir Werner

Caio PompeuHermes Zaneti

Márcia Cibilis VianaNelson Aguiar

Florestan Fernandes

Virgílio Guimarães

Fábio RaunheittiFeres Nader

Adauto PereiraJosé Luiz Maia

José Luiz de Sá

José Gomes

Lídice da Mata

Amaury Müller

Fábio RaunheittiOsvaldo Sobrinho

PFL~gripino de Oliveira Lima Jesualdo CavalcantiAtila Lira José QueirozCleonâncio Fonseca Luiz MarquesCosta Ferreira Osvaldo CoelhoEraldo Tinoco Pedro CanedoEvaldo Gonçalves

COMISSÃO DEEDUCAÇÃO, CULTURA,ESPORTE E TURISMO

Presidente: Ubiratan Aguiar - PMDB - CEVice-Presidentes: Celso Dourado - PMDB - BA

Jorge Hage - PSDB - BAFlorestan Fernandes - PT - SP

Arolde de OliveiraChristovam ChiaradiaCláudio ÁvilaIberê Ferreira

Afrísio Vieira LimaAgassiz AlmeidaBezerra de MeloBete MendesCelso DouradoChagas NetoFausto FernandesFlávio Palmier da VeigaGerson Vilas BoasHélio RosasJoaquim Haiekel

1 Vaga

Secretária: Maria Laura CoutinhoRamais: 7016 - 7019

.Dirce Tutu QuadrosJorge Hage

Max RosenmannMoysés PimentelNelson JobimPaulo MincaroneRosa Prata9 Vagas

PFLLuiz EduardoRicardo FiuzaRonaro CorreaSaulo CoelhoVinicius Cansanção

PL

Felipe Mendes

PI

PDTMárcia Cibilis Viana

PTBGastone Righi

PDS

PFL

Vladimir Palmeir.~

PDC

PSDBVirgildásio de SennaZiza Valadares

PMDJ3fJorge LeiteJosé GeraldoLúcia VâniaLuís Roberto PonteMarcelo CordeiroMilton ReisOsmundo RebouçasOswaldo Lima FilhoRalph BiasiRenato JohnssonRoberto Brant

SuplentesPMDB

Cunha BuenoDelfim Netto

Albérico FilhoAmilcar MoreiraFernando Bezerra CoelhoFrancisco CarneiroGenebaldo CorreiaGustavo de FariaHélio DuqueIsmael WanderleyIsrael PinheiroJoão Agripino

Artur Lima CavalcantiCésar Maia

José SerraRonaldo Cesar Coelho

Basílio VillaniJayme Paliarin

Airton Corc;leiroGilson MachadoJosé Mendonça BezerraJosé MouraJosé Thomaz NonôLael Varella

Ernesto Gradella

Gidel Dantas

Secretário: Benício Mendes TeixeiraRamais: 6971 - 6072

COMISSÃO DE ECONOMIA,INDÚSTRIA E COMÉRCIO

Presidente: Ricardo Fiuza - PFL - PEVice-Presidentes: Airton Cordeiro - PFL - PR

Osmundo Rebouças - PMDB ­CECésar Maia - PDT - RJ

Titulares

PDTRaquel Cândido 1 Vaga

PTBMilton Barbosa (PDC) Valmir Campelo

PT

José Maria Eymael

Bosco FrançaDarcy DcitosFirmo de CastroJosé CostaLuiz SoyerLuiz Vianna NetoMarcos Queiroz

Manuel Domingos

PDSCarlos Virgílio Eurico Ribeiro

Ademir Andrade

Flávio Rocha

Antônio UenoArnaldo Prieto

Jofran FrejatJosé Jorge Milton Barbosa

PDC PDTAdhemar de Barros Filho José Fernandes

Page 53: Diario Do Congresso - 5 Maio-1989  o  1.o.  Zoneamento do Acre

Basílio Villani

Luiz Gushiken

Jonival Lucas

PTB

Honício FerrazPT

PDC

Carlos VinagreCid CarvalhoDélio BrazDenisar ArneiroHaroldo Sabóia

SnplentesPMDB

João AgripinoJosé Carlos VasconcelosSamir Achôa5 Vagas

PFL

PDS

Bonifácio de Andrada Francisco Diógenes

PDTBocayuva Cunha Luiz Salomão

PTBBenedicto Monteiro José Elias

PSDBEuclides Scalco Rose de FreitasRonaldo Cezar Coelho

Expedito MachadoFernando GaspananJoão NatalLúcia VãniaMiiton Reis

Alceni GuerraCleonâncio FonsecaGandi JamilJosé Lins

Arnold Fioravante

SuplentesPMDB

Nyder BarbosaOswaldo Lima FilhoSérgio Werneck5 Vagas

PFLOrlando BezerraRubem MedinaSérgio Brito

PDSVictor Faccioni

Alércio DiasEnoe VieiraJosé LinsFurtado Leite

Francisco KüsterGeraldo) Campos

Felipe :\o1endes

Artur Lima Cavalcanti

Basílio Villani

Luiz Gushiken

Leur LomantoMussa DemesStélio Dias

PSDBJosé Guçdes

PDSGerson Peres

PDTJosé Fernandes

PTBFarabulini Júnior

PT

PDC

PTAntônio Marangon

PDCJosé Maria Eymael

Secretária: Állia Felício TobiasRamais: 6945 - 6947

COMISSÃO DERELAÇÓESEXTERIORES

Presidente: Bernardo Cabral - PMDB - AMVice-Presidentes: Márcia Kubitschek - PMDB - DF

Aloysio Chaves - PFL - PAAdolfo Olivcira - PL - RJ

TitularesPMDB

Miraldo Gomes

Secretária: Maria Julia Rabello de Moura

Ramais: 6955 - 6959

COMISSÃO DEFISCALIZAÇÃO E CONTROLE

Presidente: Fernando Gasparian ­PMDB-SPVice-Presidentes: Irajá Rodrigues-PMDB-RSBenito Gama - PFL - BAFernando Santana - PCB - BA

PDC

Oscar CorrêaOsvaldo CoelhoPaulo PimentelRubem MedinaSarney Filho

Jaime SantanaMoema São Thiago

Mello Reis

José Maurício

Virgílio Guimarães

Luiz Viana NetoMarcelo CordeiroMárcia KubitschekMattos LeãoMaurílio Ferreira LimaMaurício FruetMelo FreireNaphtali Alves de SouzaUlysses GuimarãesLeopoldo Bessone

João de Deus Antunes

PL

PFL

PDS

PT

PTB

PDe

PDT

PSDB

Afrísio Vieira LimaAntônio MarizAirton SandovalBernardo CabralBosco FrançaDaso CoimbraDélio BrazDjenal GonçalvesHaroldo SabóiaJosé Ulisses de OliveiraLuiz Soyer

Adylson MottaFrancisco Diógenes

Aloysio ChavesAntônio UenoEnoc VieiraFrancisco BenjamimJesus TajraLeur Lomanto

Carrel BenevidesErvin Bonkoski

Beth AzizeEgídio Ferreira Lima

Amaury MüllerBocayuva Cunha

Tarzan de Castro

Benedita da Silva

PMDBJosé AmandoLuiz Alberto RodriguesMarcos LimaMário LimaMaurício PáduaPrisco Viana

PFL 1 Vaga

Maurício CamposNelson SabráSalatiel Carvalho

Albérico FilhoDomingos JuvenilEduardo MoreiraGabrieI GuerreiroGenésio de BarrosJoão Resek

PSDBAnton;o Perosa Octávio ElísioMauro Campos

PDSAécio de Borba Victor Faccioni

PDTRaqud Cândido José Maurício

PTBLeonel Júlio Marluce Pinto

PT

Alcide; LimaAssis CanutoGeovani BorgesJosé Santana de Vasconcellos

Tarzan de CastroSeeretÊ!rio: Silvio Avelino da Silva

Ramai:;: 7025 - 7026

COMISSÃO DEMINAS E ENERGIA

Presidente: Octávio Elisio - PSDB - MGVice-Presidentes: Antônio Perosa - PSDB - SP

Mário Lima - PSDB - BAAécio de Borba - PDS - CE

Titulares

Vladimir Palmeira

PT

PDTMárcia Cibilis Viana

Valmir CampeloPTB

PDC

TitularesPMDB

Irajá RodriguesJosé GeraldoMaria LúciaMário LimaNilso SguareziOttomar Pinto

PFLMaluly NetoNelson SabráSimão Sessim

Vladimir Palmeira

Leonel Júlio

César Maia

Benito GamaJoão AlvesJosé MouraJosé Tinoco

Airton SandovalAluízio CamposFernando GasparianFirmo de CastroFernando SantanaGerson MarcondesGustavo de Faria

PSDBJayme Santana Virgildásio de SennaMaria de Lourdes Abadia

Adolfo de Oliveira

PSB

PC do B

SuplentesPMDB

Jorge MedauarMarcos LimaMatheus IensenMauro SampaioMichel TemerRaul BelémRosário Congro Neto

Eduardo Bonfim

Antônio GasparBete MendesGenésio de BarrosGeovah AmaranteHélio DuqueHélio RosasIsmael Wanderley

Domingos Leonelli

SnplentesPMDB

Neuto de ContoOttomar PintoPaulo RobertoWalmor de Luca

PFL 5 Vagas

Ézio FerreiraJonas PinheiroRonaro Corrêa

Arnaldo MartinsCarlos BenevidesHilário BraunIsrael PinheiroMaguito Vilela

José Gomes da Rocha

Aloysio ChavesAnnib li BarcellosAntônio FerreiraEraldü Tinoco

PSDBAnna Maria Rattes Rose de FreitasDirce Tutu Quadros

PDS

José Luiz Maia Telmo Kirst

PDTChagas Duarte Sérgio Carvalho

PTBMarluce Pinto Valmir Campelo

PTPaulo Delgado

PDCSotero Cunha

Page 54: Diario Do Congresso - 5 Maio-1989  o  1.o.  Zoneamento do Acre

Hermes ZanetiMaria de Lourdes Abadia

Jorge ViannaLeopoldo SouzaLuiz Alberto Rodrigues

Arnaldo PrietoAirton CordeiroEr';-Idõ·TinocoFausto RochaJosé Camargo

Artenir WernerAryValadão

Doutel de Andrade

José EgrejaOsvaldo Sobrinho

José Genoíno

Rubem BranquinhoSantinho FurtadoTheodoro Mend';s1 Vaga

PFLLevy DiasMessias GóisNey LopesPaes LandimRicardo Izar1 Vaga

PSDBSigmaringa SeixasVirgildásio de S,:nna

PDSCunha Bueno

PDT2 Vagas

PTBSólon Borges dos Reis

PT1 Vaga

PDC

Bcnedita da Silva

Miraldo Gomes

José Carlos Coutinho

Edmilson Valentim

Abigail Feitosa

Antônio BrittoBernardo CabralCelso DouradoDalton Canabrava

Anníbal BarcellosArolde de OliveiraJúlio CamposLúcia BragaMaurício Campos

PTJoão Paulo

PDC

PL

PC do B

PSB

SuplentesPMDB

Ivo MainardiMárcio BragaMattos LeãoTidei de Lima13 Vagas

PFLPaulo MarquesRubem MedinaSaulo CoelhoSimão Sessim2 Vagas

PSDB

Floriceno Paixão

Feres Nader

Irma Passoni

Jaira Carneiro

Alarico AbibÁlvaro Antônio

Antõnio VenoÁtila LiraEraldo Tinoco

Célio de Castro

Aécio de Borba

Chagas buarte

Fábio Raunheitti

PDTMiro Teixeira

PTBSólon Borges dos Reis

PT

PDC

SuplentesPMDB

França TeixeiraRenato Vianna9 Vagas

PFLIberê FerreiraJofran FrejatRicardo Fiuza1 Vaga

PSDBGeraldo Alckmin Filho1 Vaga

PDSJorge Arbage

PDT

1 VagaPTB

Roberto Augusto

PDC

Roberto Augusto

PDS

PDTLysâneas Maciel

Myriam Portella

PTB

PT

PDC

PSDBNelton Friedrich

PT

TitularesPMDB

Ismael WanderleyJorge VequedJosé da ConceiçãoJosé TavaresJúlio CostamilanSantos Neves

PFLRicardo FiuzaWaldeck Ornélas2 Vagas

SnplentesPMDB

Luís Roberto PonteMário LimaNilson Gibson6 Vagas

1VagaSccrctário: Ronaldo de Oliveira NoronhaRamais: 7011-7012

Farabulini Júnior (PTB)

Mendes Botelho

Paulo Paim

Carlos Alberto Caó

Célio de CastroGcraldo Campos

Mello Reis

Lurdinha Savignon

Átila LiraEnoc VieiraEunice Michiles

PFLAntoniocarlos Mendes Thame Narciso MendesHumbcrto Souto Osmar LeitãoLúcia Braga Victor TrovãoLúcio Alcântara

Alexandre PuzynaAntero de BarrosAntônio MarizEdmilson ValcntimFrancisco AmaralGeraldo FlemingHaroldo Sabóia

COMISSÃO DE TRABALHOPresidcnte: Carlos Alberto Caó - PDT - RJVice-Presidentes: Paulo Paim - PT - RS

Júlio Costamilan - PMDB - RSEdmilson Valentim - PC do B ­RJ

Aloysio TcixeiraBezerra de MelloEdivaldo MottaHaroldo Sanford

Leonel Júlio

PL

PT

PTB

PDC

Nosser Almeida

PSDBPaulo Silva

PDS

PDS

Octávio ElísioVicente Bago

Osvaldo Bender

TitularesPMDB

Mario de OliveiraNaphtali Alves de SouzaOsvaldo MacedoPaulo ZarzurTlleodoro MendesWagner Lago

PDTAdhemar de Barros Filho2 Vagas

Anna Maria RattesEuclides Scalco

Paulo Paim1 Vaga

I Vaga

Artenir Werner

Adylson MottaGerson Peres

Francisco KüsterGeraldo Campos

Oswaldo Almeida

Farabulini JúniorJoão de Deus Antunes

Manuel Domingos

PFLAlbérico Cordeiro Luiz MarquesAntoniocarlos Mendes Thame Mussa DemesHumberto Souto Sadie HauacheJalles Fontoura

PCdoB

PSBFrancisco RolimSecretária: Maria lnêz LinsRamal: 6914

Aloysio TeixeiraAristides CunhaCarlos VinagreHélio RosasJoão NatalJosé FreireLeopoldo Bessone

COMISSÃO DESERVIÇO PÚBLICO

Presidente: Irma Passoni - PT - SPVice-Presidentes: Mira Teixeira - PDT - RJ

Carlos Vinagre - PMDB - PAAristides Cunha - PSC - SP

Roberto Jefferson

José QueirozLauro MaiaOrlando PachecoPedro CanedoSandra Cavalcanti

Nelson Seixas

Carlos Virgt1io

PL

PSB

PFL

PDS

PTB

PDT

PSDBGeraldo Alkmin FilhoMaria de Lourdes Abadia

PCdo B

Aldo Arantes

Roberto Balestra

Marcos Formiga

João Herrmann NetoSecretária: Regina Beatriz Ribas MarizRamais: 6992 - 6994

COMISSÃO DE SAÚDE,PREVIDÊNCIA E

ASSISTÊNCIA SOCIALPresidente: Raimundo Bezerra - PMDB - CÉVice-Presidentes: Ivo Lech - PMDB - RS

Elias Murad - PTB - MGArnaldo Faria de Sá - PJ -- SP

TitularesPMDB

Júlio CostamilanMauro SampaioMessias SoaresMoisés AvclinoRaimundo BezerraRaimundo Rêze~de

Ruv NedelUlclurico PintoVingt Rosado1 Vaga

Alarico AbibArnaldo Faria de SáBorges da SilveiraDjenal GonçalvesDoreto CampanariEduardo MoreiraFrancisco AmaralGenésio BernardinoIvo LechJorge UequedJosé Viana

Alceni GuerraErico PegoraroEunicc MichilesGandi JamilJesualdo CavalcantiJofran Frejat

Carlos MosconiCélio de Castro

Antonio Salim CuriatiAry Valadão

Chico HumbertoFloriceno Paixão

Elias Murad. Joaquim Sucena

Page 55: Diario Do Congresso - 5 Maio-1989  o  1.o.  Zoneamento do Acre

Reunião: 4'; e 5" feirasSecretário: Agassis Nylandeir BritoRamais: 6989 - 6990

PFLAlziro Gomes Luiz MarquesÉzio FelTeira Simão SessimJosé Santana de Vasconcellos Stélio DiasJúlio Campos

COMISSÃO DE TRANSPORTESPresidente: Darcv Pozza - PDS - RSVice-Presidente: Jorge Arbage - PDS - PA

Sérgio Werneck - PMDB ~ MGJosé Santana - PFL - MG

TitularesPMDB

Titulares

PMDBDeputados

Cid CarvalhoDenisar ArneiroDélio BrazGenebaldo CorreiaIsmael WanderleyIsrael PinheiroJoão AgripinoJoão Carlos BacelarJosé Carlos VaconceIlosJosé MaranhãoMarcos QueirozMauro SampaioMax RosenmannNilson GibsonNyder BarbosaSantinho FurtadoUbiratan AguiarWagner LagoWalmor de Luca

PFL

Annibal BarcellosAntônio FerreiraArnaldo PrietoEraldo TinocoFurtado LeiteJoão AlvesJoão MenezesJofran FrejatPaes LandimSimão Sessim2 vagas

PSDB

PDT

Adhemar de Barros FilhoCésar Maia

Odacir Soares

José SelTaMaria de Lourdes AbadiaSaulo QueirozZiza Valadares

PDS

Darcy PozzaFelipe MendesJorge Arbage

PTB

Luremberg Nunes Rocha Fábio RaunheittiFéres Nader

Chagas RodriguesJosé Richa

João Castelo

Senadores

Almir GabrielJoão CalmonLeopoldo PeresMendes CanaleRaimundo LiraRuy BacelarSevero Gomes

Maurício COlTêa

Eduardo TinocoNelson Sabrá

PT

1 Vaga

PTBMarluce Pinto

Telmo Kirst

PDC

PDT

PDS

PDT

PFL

PDS

PTB

S610n Borges dos Reis

Suplentes

PMDB

Wilma Maia

Benedita da Silva

José Maurício

CalTel Benevides

Leur LomantoEunice Michiles

José Maurício

Artur da TávolaDoreto CampanariEduarCio MoreiraHerme; Zaneti

Praz.~ 6-4·88 a 10-6-89

Presidente: Hermes ZanetiVice-Pr~sidente:Eraldo TinocoRelator: Sólon Borges dos Reis

TitularesPMDB

Milton BarbosaOctávio ElísioRita CamataSérgio Spada

Felipe Mendes

Jairo Carneiro

Secretária: lole LazzariniRamais: 7005 - 7006

COMISSÃO TEMPORÁRIA

COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉ.RITO DESTINADA A INVESTIGAR ODEST1!NO DE APLICAÇÃO, PELO MINIS­TÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA, DOSRECURSOS PROVENIENTES DA EMEN­DA CALMON,

REQUERIMENTO NÇ 1/87

Max RosenmannPaulo Roberto MatosPaulo MincaroncRoberto VitalRubem BranquinhoSérgio Werneck1 Vaga

PDS

Ary Valadão

PDC

PT

Osvaldo Sobrinho

PTB

PDT

Tadeu França

PSDB

Saulo Queiroz

José Fernandes

PDSJorge Arbage

PDT

PSDBMauro Campos

Edmundo GaldinoRobson Marinho

Arnold Fioravante

João de Deus Antunes

Sérgio Carvalho

João Paulo

Jayme Paliarin (PTB)

Brandão Monteiro

Darcy Pozza

Antônio PerosaLézio Sathler

Alexandre PuzynaCarlos Be.nevides

'Dalton Ca~brava

Denisar ArneiroMário MartinsMauro Miranda

Geovani BorgesJosé CamargoRubem MedinaSergio Brito

Abigail Feitosa

PT

PFL

Suplentes

PMDB

Haroldo SabóiaIrajá RodriguesLélio SouzaLuiz Vianna NetoRaul Belém'Renato Vianna

Irma PassoniVirgílio Guimarães

PDC

1 vaga

PL

José Luiz de Sá

PSnlPC do n

João Lobo

Márcio LacerdaMeira FilhoNelson Wedekin

Márcia KubitschekMárcio BragaMauro SampaioRenato Vianna

Ubiratan Spinelli

PDT

Chico Humberto

Cid CarvalhoHenrique Eduardo AlvesJosé TavaresManod Moreira

Fábio Raunheitti

Secretíria: Irene M. F. GrobaRamal: 7068

PTB

PFL

PDS

Evalde. GonçalvesÁtila Lira

1. COMISSÃO MISTA DE ORÇAMENTOComposição

Presidente: Deputado Cid 'Carvalho - PMDB - MAVice- Presidente: Deputado César Maia - PDT ­RJRelator: Senador Almir Gabriel - PMDB - PA

COMISSÕES MISTASManoel CastroMaurício CamposSaulo Coelho

PFL

PT

PTBMendes Botelho

PDC

PSDBSigmaringa Seixas

SuplentesPMDB

José GeraldoJosé Ulisses de OliveiraLuiz LealNaphtali Alves de SouzaRoberto BrantRospide Netto

Airton CordeiroCosta FerreiraGeovani BorgesLael Varella

José Carlos GreccoSaulo Queiroz

Arnaldo MoraesChagas NetoDel Bosco Amaral):lliel RodriguesFlávio Palmier da VeigaGustavo de FariaIturival Nascimento

Gidel Dantas

Joaquim Sucena

Ernesto Gradella

Page 56: Diario Do Congresso - 5 Maio-1989  o  1.o.  Zoneamento do Acre

P.08

PDTLuiz Salomão

PT

João Paulo

Secretãria: Hilda de Sena C. WiederheckerRamais: 6938 - 6939

2 - COMISSÃO MISTA DESTINADA APROMOVER EXAME ANALÍTICO E PE­RICIAL DOS ATOS E FATOS GI~RADO­

RES DO ENDIVIDAMENTO EXTERNOBRASILEIRO (ART. 26 DAS mSpOSI-

Hermes Zanetti

PSDB

Composição

Deputados

Alcides LimaJosé Guedes

Jarbas Passarinho

PDSFelipe Mendes

PDTLuiz Salomão

PTBCarlos Alberto Gastone Righi

Itamar Franco (sem partido)

GabrieI GuerreiroRenato BernardiJosé Carlos Vasconcelos

3 - COMISSÃO DE ESTUDOS TERRITO­RIAIS (ART. 12 DO ATO DAS DISPOSI­ÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓ­RIAS).

Deputados

Fernando GasparianIrajá RodriguesOswaldo Lima FilhoRaimundo BezerraRoberto Brandt

Nelson SabráWaldeck ameIas

PFL

PMDB

Senadores

Severo GomesJosé FogaçaNelson WedekinWilson MartinsJutahy Magalhães

Odacir SoaresHugo Napoleão

ÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓ-RIAS). Pompeu de Souza

ComposiçãoPresidente: Deputado Waldeck ameias (PFL)Vice-Presidente: Deputado Hermes Zaneti (PSDB)Relator: Senador Severo Gomes (PMOB)

PDS

Telmo Kirst

PTB

Carrel Benevides

PSDBAnna Maria RattesPompeu de Souza

Page 57: Diario Do Congresso - 5 Maio-1989  o  1.o.  Zoneamento do Acre

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL

PREÇO DE ASSINATURA

(Inclusas as despesas de correio via terrestre)

SEÇÃO II[CWnwa ...Deputlldo-)

Semestral ••••••••,.......................... NCz. 9,32Exemplarawlsc. ••••••••••••••••••••••••• rICz. 0,06

SEÇÃO 11 (SMado F......)

Semestral •••••••.'•••••••••••••••••••••••••~ NCz. 9,32Exemplar avulsc) ••••••••••••••••••••••••• rtCz. 0,06

Os pedidos devem ser acompanhados de cheque pagávelem Brasília. Nota de Enlpenho ou Ordem de Pagamento pelaCaixa Econômica Federall - Agência - PS-CEGRAf, conta cor­rente 0 9 920001-2, a fav.)f do

CENTRO GRÁf1CO DO SENADO FEDERALPraça dos Três Podere!. - Caixa Postal 1.203 - Brasília - DF

CEP: 70160.

Maiores informações pelos telefones (061) 211- 738 e 224-5615,na Supervisão de Assinaturas e Distribuição de Publlcac;õe5 - Coordenaçãode Atendimento ao Usuário.

Page 58: Diario Do Congresso - 5 Maio-1989  o  1.o.  Zoneamento do Acre

-REVISTA DE INFORMAÇAOLEGISLATIVA

(OUTUBRO A DEZEMBRO DE 1988)

Está circulando o n9 :[ 00 da ReVÍsta de Informação Legislativa, períodico trimestral de pesquisa jurídicaeditado pela Subsecretaria de Edições Técnicas do Senado federal.

Este número, com 400 páginas, contém as seguintes matérias.

COLABORAÇÃO

A vocação dos séculos e o direito romano. Oensino, a doutrina e a legislação. Um novo direito ro­mano não europeu. Exemplos do passado e do pre­sente. A África do Sul. O uti possidetis e o mundomoderno. Os sem terrae do mundo atual. O mono­pólio das terras rurais e a enfiteuse. A usura interna­cional. As reformas agrárias. Sobrevivência da latini­dade - Sílvio A. B. Meira.

A nova Constituição e SUla contradição ideológica- Senador Leite Chaves

Aspectos da nova Constituição - Marcelo Pi­mentel

O mandado de injunção - Herzeleide MariaFernandes de Oliveira

O exílio do povo e a alienação do direito - R.A. Amaral Vieira

O Congresso brasileiro e o regime autoritário ­Antônio Carlos Pojo do R«~go

CPI e Constituição: Um caso concreto - AlaorBarbosa

A participação política da mulher - JoaquimLustosa Sobrinho

Ombudsman para o Brasil? Daisy de Asper yValdés

Competência concorrente limitada. O problemada conceituação das normas gerais - Diogo de Fi­gueiredo Moreira Neto.

O princípio do concurso público na jurisprudênciado Supremo Tribunal federal. Alguns aspectos - Gil­mar Ferreira Mendes

À venda na Subsecretaria de Edições Técnicas- Senado Federal, Anexo I, 229 andar - Praçados Três Poderes, CEP 70160 - Brasília, DF­Telefones: 311-3578 e 311-3579

Programa de desenvolvimento para uma alta ad­ministração da Justiça - Evandro Gueiros Leite

A eletividade da magistratura no Brasil - Orlan­do Soares

Linchamentos: do arcaico ao moderno - JoséArthur Rios

Poder cautelar geral do juiz - Ministro SydneySanches

A teoria das ações em Pontes de Miranda - Cló­vis do Couto e Silva

La necesaria motivación de las resoluciones judi­ciales - Antonio Maria Lorca Navarrete

A proibição de analogia no direito tributário ­Ricardo Lobo Torres

O futuro do mercado de capitais - AmoldoWald

Arbitragem internacional. Percalços & entraves ­Marcos A. Raposo

Reforma agrária no Brasil - José Luiz Quadrosde Magalhães

Da responsabilidade civil no Estado - ManoelCaetano Ferreira Filho

O seguro da responsabilidade civil - VoItaireMarensi

A TVA e o direito de autor - Carlos AlbertoBittar

Evolução histórica do instituto da cessão de con­tratos - Antonio da Silva Cabral

A atividade pesqueira e suas implicações jurídico­penais - Ucínio Barbosa

A iniciativa das leis pelo Tribunal de Contas ­Raimundo de Menezes Vieira

Preço do exemplar: NCz$ 3,00Assinatura para 1989 (n9" 101 a 104): NCz$

12,00 Uá incluídos os 50% para cobertura das des­pesas postais)

Os pedidos a serem atendidos através da ECT deverão ser acrescidos de 50% (cinqüenta por cento) de seu valorpara a cobertura das respectivas despesas postais e acompanhados de cheque nominal à Subsecretaria de Edições Técnicasdo Senado Federal ou de vale postal remetido à Agência ECT do Senado - COA 470775.

Deixamos de atender pedidos pelo Reembolso Postal, em virtude do preço das publicações desta subsecre­taria serem abaixo do mínimflí exigido pela ECT, para remessa através do referido sistema.

Page 59: Diario Do Congresso - 5 Maio-1989  o  1.o.  Zoneamento do Acre

CONSTITUIÇ'ÃODA REPÚBLICAFEDERAl'IVA DO BRASIL

Quaclro Comparativo

(5~ e~:iição - 1986)

- Comparação de cada dispositivo do texto constitucional vi­gente consolidado ao texto originário da Constituição de 1967 e àConstituição de 1946.

- Notas explicativa~~ das alterações.

- lndice temático da Constituição vigente.

À venda na Subsecretaria de Edições Técnicas - Senado Fede·ral (Anexo I, 229 andar, fone: 311-3578)

Encomendas mediant~~ vale postal ou cheque v~sado pagâvel emBrasília, a favor da Subsecretaria de Edições Técnicas do Senado Fe·deral. (Brasília, DF - CEP: 70160)

Atende-se também pelo reembolso postal.

Page 60: Diario Do Congresso - 5 Maio-1989  o  1.o.  Zoneamento do Acre

REVISTA DE INFORMAÇÃOLEGISLATIVA NQ 95

(julho a setembro de 1987)

Está circúlando o n" 95 da Revista de Informação Legislativa, periódico trimestral de pesqUl3aíurídlca editado pela SClbsecretaria de Edições Técnicas do Senado Federal.

Este número, com 360 páginas, contém as seguintes matérias:

- Direitos humanos no Brasil - compreen­são teórica de sua hi!?tória recente - José Rei·naldo de Uma LOpel.

_ Proteção intemacional dos direitos do hç>­.mem nos sistemas region.als americano e europeu_ uma introdução ao estudo comparado dos direi­tos protegidos - Clemerson Merlin Cleve

- Teona do ato de govsrno - J. CretellaJúnior

- A Corte Constitucional - Pinto Ferreira

- A interpretaçiío constitucional e o controleda constitucionalidade das leis - Maria HelenaFerreira da CAmara

- Tendências atuais dos regimes de 9overno- Raul Machado HClrU

_ Do contenciclso administrativo e do pro­cesso. administrativo - no Estado de Direito ­A.B. Cotrim Neto

- Ombudsman - Carlos Alberto Proven·ciano .Gallo

- Liberdade capitalista no Estado de Direito- Ronaldo Potetti

- A Constituição do Estado federal e das uni-dades federadas - Fernanda Dias Menezes deAlmeida

- A distribuição dos tributos na Federaçãobrasileira - Harry Conrado Schüler

- A moeda nacional e a Constituinte - Letí·cio Jansen

- Do tombamento - uma sugestão à As­sembléia Nacional Constituinte - NaliA Ruuoma·no

- Facetas da "Comissão Afonso Arinos" ­e eu... - Rosah RUllomano

- Mediação e bons ofícios - consideraçõessobre sua natureza e presença na história da Amé­rica Latina - José Carlol Brandi Aleixo

- Prevenção do dano nuclear -aspectos jurí­dicos - Paulo Affonso Leme Mechado

Avenda na Subsecretariade Edições Técnicas­Senado Federal, Anexo I,n" andar - Praçados Três Poderes,CEP 70160 - Brasília, DF- Te1flfone: 311-3578

Assinatura para 1988(n9" 97 a 100):

Os pedidos deverão ser acompanhados de cheque nominal à Subsecretaria de Edições Técrii­, Federal ou de val~ postal remetido à Agência ECT Senado Federal - CGA 470775.A,tende-se, também, pelo sistema de reembolso postal.

Page 61: Diario Do Congresso - 5 Maio-1989  o  1.o.  Zoneamento do Acre

REVISTA DE INFORMAÇÃOLEGISLATIVA N9 96

(outubro a dezembro de 1987)

Está circulando o nQ 96 da REivista de Informação legislativa, periódico trimestral depesquisa jurídica editado pela Subseçretaria de Edições Técnicas do Senado Federal.

Este número, com 352 páginas. contém as seguintes matérias:

Os dilemas institucionais no Brasil - Ronaldo Polett;A ordem estatal e legalista, A política como Estado e o

direito como lei - Nelson SaldanhaCompromisso Constituinte - Carlos Roberto PellegrinoMas qual Constituição? - Torquato JardimHerfllenêutica constitucional - Celso BastosConliderações sobre os rumos do federalismo nos Esta-

dos Unidos e no B(asil - Fernanda Dias Menezesde Almeida

Rui Barbosa, Constituinte - Rubem NogueiraRelaciones y convenios de 'Ias Provincias con SUB Munici­

pios, con el Estado Federal y con Estados extranjeros- Jesús Luis Abad Hernando

Constituição sintética ou analítica? - Fernando HerrenFernandes Aguillar

Constituição americana: moderna aos 200 anos- Ricar­do Ama'ldo Malheiros Fiuza

A Constituição dos Estados Unidos - Kennelh L. Pe­negar

A evolução constitucional portuguesa e suas relações coma brasileira - Fernando Whitakerda Cunha

Uma análise sistêmica do conceito de ordem econômicae social - Diogo de Figueiredo Moreim Neto eNey Prado

A intervenção do Estado na economia - seu processoe ocorrência históricos - A. B. Cotrim Ne,to

O processo de apuração do abuso do poder econômicona atual legislação do CADE -José Inácio GonzagaFranceschini

Unidade e dualidade da magistratura - Raul MachadoHorta

Judiciário e minorias - Geraldo Ataliba

Dívida externa do Brasil e a argüição de sua inconstitucio­nalidade - Nailê Russomano

O MiAistério Público e_a Advocacia de Estado - PintoFerreira

Responsabilidade civil do Estado - Carlos Mário da SilvaVelloso

Esquemas privatísticos no direito administrativo - J. Cre­tella Júnior

A síndi'cância administrativa e a punição disciplinar - Ed­mir Netto de Araújo

A vinculação constitucional, a recorribilidade e a acumu­lação de empregos no Direito do Trabalho - PauloEmflio Ribeiro de Vilhena

Os aspectos jurídicos da inseminação artificial e adisciplinajurídica dos bãncos de esperma - Senador NelsonCarneiro

Casamento e família na futura COhstituição brasileira:· acontribuição alemã - João Baptista Villela

A evolução social da mulher - Joaquim L~stosa So­brinho

Os seres monstruosos em face do direito romano e docivil moderno - SlIvip Meira

Os direitos intelectuais na Constituição - Carlos AlbertoSittar

O direito autoral do ilustrador na literatura infantil- Hilde­brando Pontes Neto

Reflexões sobre os rumos da reforma agrária no Brasil- Luiz Edson Fachin

À venda na Subsecretariade Edições TéG;nicasSenado Federal.Anexo I, 22Q andarPraça dos Três Poderes,CEP 70160 - Brasília. DFTelefones: 211-3578 e

211-3579

PREÇO DO

EXEMPLAR:

Cz$ 150,00

Assinaturapara 1988

(n 9S 97 a 100);Cz$ 600.00

Os pedidos deverão ser acompanhados de cheque nominal à SUbsecretaria de Ediçóes Técnicasdo Senado Federal ou de vale postal remetido à Agência ECT Senado Federal- CGA 470775.

Atende-se. também. pelo sistema de reembolso postal.

~-------------,------------...~-.....----.."

Page 62: Diario Do Congresso - 5 Maio-1989  o  1.o.  Zoneamento do Acre

,..,

REVISTA DE INFüRMAÇAüLEGISLATNA N9 98

(abril a junho de 1988)

Está circulando o n\' 98 da Revista de Informação Legislativa, periódicotrimestral de pesquisa jurídica editado pela Subsecretaria de Edições Técnicasdo Senado Federal.

Este número, com 466 páginas, contém as seguintes matérias:

EDITORIAL

Centenário da Abolição da Escravatura

SESSÃO SOLENE DO CONGRESSO NACIONAL

Comemoração do centenário da Abolição

COLABORAÇÃO

Aspectos econômicos dlo processo abolicionista -Mü"cea BuescuA família na ConstituiçiiLo - Senador Nelson CarneiroFonte de legitimidade da Constituinte - Gemido AtalibaA Constituição e o caso brasileiro - Eduardo Silva CostaA vocação do Estado unitário no Brasil - Orlando SoaresDa arbitragem e seu conceito categorial-J CretellajúniorO juízo arbitral no difeJlto brasileiro - Clóvis V. do Couto e SilvaGrupo econômico e direito do trabalho - Paulo Emílio R. de VílhenaHacia el abolicionismo de la sanción capital en Espana - Antonio

BeristainAs cláusulas contratuais gerais, a proteção ao consumidor e a lei portu­

guesa sobre a matéria - Francisco dos Santos Amaral NetoDelineamentos históricos do processo civil romano - Sílvio Meira

. O destinatário do sistema brasileiro de patentes - Nuno Tomaz Piresde Carvalho

A política de informática e a Lei fi\' 7.646, de 18-12-87 - Antônioli'

ChavesA lei do software - Carlos Alberto Bittar

ARQUIVO

Lei do Ventre Livre, Lei dos Sexagenários e Lei Áurea - A grandetrilogia abolicionista - Branca Borges Góes Bakaj

Page 63: Diario Do Congresso - 5 Maio-1989  o  1.o.  Zoneamento do Acre

,..,

REVISTA DE INFORMAÇAOLEGISLATNA N9 99

(julho a setembro de 1988)

Está circulando o n9 99 da Revista de Informação Legislativa, periódicotrimestral de pesquisa jurídica editado pela Subsecretaria de Edições Técnicasdo Senado Fedet:al.

Este número, com 332 páginas, contém ais seguintes matérias:

EDITORIAL

Declaração Universal dos Direitos do Homem. Quarenta Anos Decor­ridos - Beatriz Elizabeth Caporal Gontijo de Rezende

COLABORAÇÃO

Reflexões sobre o valor jurídico das Declarações Universal e Americanade Direitos Humanos de 1948 por ocasião de seu quadragésimo aniversário- Antônio Augusto Cançado Trindade

O Poder Judiciário e a tutela do meio ambiente - Ministro SidneySanches

Dever de prestar contas e responsabilidade administrativa: concepçõesalternativas. Evolução de conceitos e aplicação na administração públicabrasileira - Daisy de Asper Y Valdés

Constituinte e Constituição -Jarbas MaranhãoDireito administrativo inglês -J CreteUaJúniorO reerguimento econômico ( 1903·1913) - M ircea BuescuCostume: forma de expressão do direito positivo -Marta VinagreOs direitos individuais -José Luiz Quadros de MagalhãesA arte por computador e o direito de amor - Carlos Alberto BittarVictimologia Y criminalidad violenta en IEspafta -Miguel Polaina Na-

varreteParticipação da comunidade na área penitenciária - Necessidade de

melhor apoio legal - Armida Bergamini MioftoA conversão da dívida - Amoldo WaldSelección y formación deI personal penitenciario en Argentina - Juan

Luis SavioliO problema teórico das lacunas e a defesa do consumidor. O caso

do art. 159 do Código Civil-José Reinaldo de Lima LopesCriminalidade e política criminal - Francisco de Assis ToledoAs eleições municipais de 1988 - Adbemar Ferreira MacielA legislação agrária e o federalismo, leis federais e leis estaduais ­

José Motta MaiaMudança política e política de desenvolvimento regional no Brasil desde

o ano de 1964 -Horts Bahro eJurgen ZeppAtos políticos e atos de governo. Realidades diversas, segundo a teoria

tetraédrica do direito e do Estado -Marques Oliveira

Page 64: Diario Do Congresso - 5 Maio-1989  o  1.o.  Zoneamento do Acre

L EDIÇÃO DE HOJE: 64 PÁGIN)~

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