zoneamento ecológico econômico do acre zoneamento ecológico

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1 Rio Branco - Acre 2010 Zoneamento Ecológico Econômico do Acre Resumo Educativo Zoneamento Ecológico Econômico do Acre

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Page 1: Zoneamento Ecológico Econômico do Acre Zoneamento Ecológico

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Rio Branco - Acre 2010

Zoneamento Ecológico Econômico do Acre

Resumo Educativo

Zoneamento Ecológico Econômico do Acre

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2 3

RealizaçãoGoverno do Estado do AcreSecretaria de Estado de Meio Ambiente do Acre – SEMA

ParceriaSecretaria de Estado de Planejamento do Acre – SEPLAN Biblioteca da Floresta - FEM

Projeto Gráfico, Diagramação e IlustraçõesMaurício de Lara Galvão

FotosAcervos da Biblioteca da Floresta, Arquivo Histórico do Itamaraty - MRE, Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Acre, Secretaria de Estado de Comunicação do Acre.

GUIA PARA USO DA TERRA ACREANA COM SABEDORIARESUMO EDUCATIVO DO ZEE/AC

Eufran Ferreira do Amaral

Secretário de Estado de Meio Ambiente do Acre – SEMA

Gilberto do Carmo Lopes SiqueiraSecretário de Estado de Planejamento do Acre

Carlos Edegard de DeusChefe do Dept.º Estadual da Diversidade

Socioambiental e Coordenador da Biblioteca da Floresta/FEM

Magaly da Fonseca e Silva Taveira MedeirosCoordenação do Escritório em Brasília/SEPLAN/EAB

Edson Alves de AraújoAssessor Técnico de Gabinete/SEMA

Conceição Marques de SouzaCoordenadora do Departamento de Gestão Territorial e Ambiental/SEMA

ElaboraçãoMagaly da F. S. T. de Medeiros, Conceição Marques de Souza

OrganizaçãoConceição Marques de Souza, Carlos Edegard de Deus, Magaly da S. T. de Medeiros, Marília Lima Guerreiro

ColaboradoresEquipe Técnica da SEMA: Adriano Alex Santos e Rosário, Átila de Araújo Magalhães, Carolina Jambo Gama, Claudemir Mesquita, Claudenir Maria Ferreira da Rocha, Edson Alves de Araújo, Eufran Ferreira do Amaral, Francilino Monteiro e Silva, Janaina Silva de Almeida, Marcos Catelli, Naika

Andréia Teixeira, Renata Gomes de Abreu, Ricardo Melo de Souza, Roberto Tavares, Schumacher Andrade Bezerra, Sebastião FreitasEquipe da Biblioteca da Floresta: Elaine Alves de Souza, Élson Martins, Elzira Reis, Fernanda Birolo, Luciana Vieira de Souza, Kátia Monteiro Matheus, Maria de Fátima Ferreira da Silva, Maurício de Lara Galvão, Myully dos Santos Sousa, Maria Rodrigues da Silva, Maria Sebastiana de

Medeiros, Maria do Socorro Cordeiro, Lucas Mortari, Valeria Pereira da Silva, Marcos Afonso Pontes, Toinho Alves

MapasCynara Alets Sthuasth Souza de Melo FrançaBase de dados do ZEE – Acre/SEMA e UCGEO

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)Acre. Governo do Estado.

Guia para o uso da terra acreana com sabedoria: Resumo educativo do Zoneamento Ecológico-Econômico do Acre: fase II (escala 1: 250.000) Rio Branco: Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Acre, 2010.152p. : il. 1. Desenvolvimento Sustentável – Acre (Estado). 2. Zoneamento Ecológico Econômico – Acre (Estado). 3.Gestão Territorial – Política Estadual. I. Título. I. Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Acre.

CDD 21.ed. 333.731798112 Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:

Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Acre– SEMARua Benjamin Constant, 856 – CentroCEP 69900-160 - Rio Branco – Acre - BrasilFone: 55 (0xx68) 3224-3990/ 7129 / 8786Fax: 55 (0xx68) 3223-3447E-mail: [email protected]

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4 5

O Resumo Educativo do Zoneamento Ecológico-Econômico do Acre – “Guia Educativo do ZEE-Acre” é um instrumento educativo que nasceu a partir de estudos técnicos

elaborados por vários autores. Este segundo Resumo Educativo, assim como o primeiro, pretende transformar o conteúdo técnico-científico em um documento didático e de linguagem mais acessível, direcionado a um público, preferencialmente formado por educadores, estudantes e lideranças rurais. Tornar acessível os estudos do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) a toda a população acreana é o grande desafio.

O ZEE tem como atribuição fornecer subsídios para orientar as políticas públicas relacionadas ao planejamento, uso e ocupação do território, considerando as potencialidades e limitações do meio físico, biótico e socioeconômico, tendo como eixo norteador os princípios do Desenvolvimento Sustentável. É uma ferramenta essencial para a definição de estratégias compartilhadas de gestão do território entre governo e sociedade.

O ZEE do Acre Fase II foi elaborado de forma participativa, envolvendo estudos sobre as potencialidades e limitações para o uso sustentável dos recursos naturais e as relações entre a sociedade e o meio ambiente. A integração de informações scontou com a contribuição de inúmeros especialistas em diferentes campos do conhecimento, cujos subsídios foram incorporados ao Documento Síntese. São estudos inéditos, elaborados especificamente para subsidiar nas decisões a serem tomadas sobre o território do Acre.

O Resumo Educativo, Guia Uso da Terra com Sabedoria, tem um formato de leitura mais fácil e convidativa, de forma a contribuir com a reflexão e a aprendizagem, disseminando o conhecimento. Seu obejtivo é o de estabelecer pacto de construção da sustentabilidade a partir de uma economia de base florestal, com foco na melhoria da qualidade de vida da população, contribuindo para a construção de um Acre melhor.

Magaly Medeiros e Conceição Marques

Zoeneamento Ecológico Econômico do AcreO Uso da Terra Acreana com Sabedoria

Resumo Educativo

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6 7

SumárioComo usar o Resumo Educativo ........................................................... 08

Histórico e objetivos do ZEE .............................................................. 11

Conhecendo melhor o Acre ................................................................. 21

As principais características das terras acreanas ..................................... 31

A visão integrada dos recursos naturais ................................................ 53

Como se organizou o domínio e a posse da terra acreana. .......................... 57

Como a população utiliza os recursos naturais ....................................... 69

O uso da terra e os recursos naturais ................................................... 75

Conhecendo melhor a população .......................................................... 85

Infraestrutura e desenvolvimento socioeconomico .................................... 97

Um olhar sobre a cultura do Acre ........................................................ 105

A gestão do território do Acre ........................................................... 111

O mapa de gestão territorial do Acre .................................................. 125

Glossário ....................................................................................... 142

Bibliografia consultada ..................................................................... 148

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8 998

Como usar o Resumo Educativo ZEE Fase II

Este Guia é um resumo educativo do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) do Acre Fase II e faz parte de um conjunto de material de apoio para educadores e gestores municipais. A partir dele pode-se ter um melhor conhecimento sobre o nosso estado.

O GUIA – RESUMO EDUCATIVO ZEE – ACRE FASE II tem como desafio difundir o Zoneamento Ecológico-Econômico e as diretrizes de uso do território, contidas no Mapa de Gestão Territorial do Estado do Acre e na Lei do ZEE, Lei n o1904/07.

A melhor maneira de ordenar a ocupação de cada parte do território do Acre é conhecendo suas riquezas, compreendendo os cuidados necessários para determinadas atividades econômicas, de acordo com cada região, desenvolvendo uma economia local e contribuindo para melhoria da qualidade de vida das populações que aqui habitam.

Pensando nisso, este Guia faz uso de uma linguagem menos técnica, de modo que pode ser utilizado, tanto na escola quanto na comunidade, como fonte de informação e pesquisa. Mas, se ainda restar qualquer dúvida, pode-se sempre recorrer ao glossário.

O Guia contém as principais informações do Documento Síntese ZEE – Acre Fase II e, também, alguns mapas e tabelas, para facilitar a visualização e localização das informações.

O Guia pode, ainda, ser associado aos Jogos Ambientais do Acre, pois

nele, professores e alunos encontrarão as respostas a todas as perguntas contidas nos

jogos, desenvolvidos para alunos do ensino infantil e fundamental.

Outro material complementar ao ZEE são as Questões Ambientais, que têm um nível maior de

aprofundamento das questões sobre o ZEE Fase II e destina-se a um público com mais escolaridade.

Gestores dos municípios poderão, inicialmente, utilizar o guia para depois aprofundar os conhecimentos com o

Documento Síntese e Mapas de Gestão Territorial do Estado do Acre. Poderão, ainda, obter informações mais detalhadas com

os Relatórios Técnicos da Coleção Temática do ZEE Fase II.

Estas são apenas algumas das possibilidades de uso para este Guia, entretanto nada impede que você crie outras formas para sua utilização, junto aos grupos em que atua.

A distribuição deste guia e dos demais materiais complementares está integrada a uma estratégia de Educação Ambiental, que envolve educandos, educadores e gestores na implantação do ZEE - Acre Fase II.

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10 11

Histórico e Objetivos do ZEED esde o final dos anos oitenta, o Zoneamento Ecológico-

Econômico (ZEE) tem se destacado como uma das principais ferramentas utilizadas para orientar as políticas públicas da

Amazônia, definindo as potencialidades e fragilidades do território, a partir de uma base de conhecimento sobre as características sociais, econômicas, ambientais e culturais.

Objetivo do ZEE – ACRE

Contribuir para a construção de um novo modelo de desenvolvimento sustentável local e regional pautado no combate à pobreza e na elevação do bem-estar da população, no dinamismo econômico com a geração de emprego e renda, no fortalecimento da identidade e respeito à diversidade cultural e no uso dos recursos naturais com sabedoria e na manutenção do equilíbrio ambiental (Acre, 2006).

O ZEE direciona as ações que podem dar melhores resultados em cada parte do território, a partir de estudos sobre a sociedade e a natureza. Serve como orientador para as tomadas de decisão, entre os órgãos governamentais, o setor privado e a sociedade civil, sobre as políticas públicas voltadas para o Desenvolvimento Sustentável.

Atualmente, o Zoneamento Ecológico-Econômico é o principal instrumento de planejamento e gestão territorial do Acre.

Alguns benefícios do ZEE para a sociedade:

• Estimula os investimentos públicos e privados para determinadas atividades econômicas, de acordo com as potencialidades e fragilidade do território.

• Garante uma melhor aplicação dos recursos financeiroseasustentabilidadedousodosrecursos naturais a longo prazo.

• Identificapossíveisconflitossocioambientais existentes e recomenda as ações.

• Defineasprioridadesnas áreas onde ainda nãoforamdefinidasatividades.

• Orienta o ordenamento territorial, com base nos estudos técnicos.

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O ZEE - ACRE nA pRimEiRA fAsE (1999-2000)

O ZEE Fase I - escala 1:1.000.000 - foi elaborado para todo o Estado do Acre compreendendo a elaboração de um diagnóstico com indicativos e recomendações na gestão do território.

A metodologia utilizada envolveu a participação de diversos grupos sociais em todo o processo de elaboração do ZEE, através da Comissão Estadual do Zoneamento Ecológico-Econômico (CEZEE), contando com 35 instituições.

Composição da CEZEE

• 7 Representantes da Câmara Pública Estadual• 3 Representantes da Câmara Pública Federal• 6 Representantes da Câmara de Representantes

de outras esferas governamentais• 3 Representantes da Câmara dos Trabalhadores• 7 Representantes da Câmara Empresarial• 3 Representantes da Câmara Indígena• 3 Representantes da Câmara da Sociedade Civil• 3 Representantes da Câmara de Pesquisa

A pactuação de diretrizes de desenvolvimento sustentável entre diversos setores do governo e sociedade orientou a elaboração dos estudos técnicos, priorizando temas para estudos como aptidão agroflorestal, biodiversidade e serviços ambientais, territorialidades

de populações tradicionais, conflitos socio-ambientais e poten-cialidades de produtos florestais não-madeireiros.

Implementação do ZEE-Acre Fase I

• Elaboração de Programas e Projetos Estratégicos.• Descentralização de ações governamentais.• Criação do Instituto Estadual de Terras – ITERACRE.• Regularização de Terras Indígenas.• Criação da Lei Estadual Florestal nº 1.426.• Criação de Unidades de Conservação de Proteção Integral e de

Uso Sustentável.• Criação da Lei Estadual que estabelece a Política de Recursos

Hídricos nº 1.500.

Os indicativos contidos no ZEE Acre Fase I nortearam o desenvolvimento do Estado, orientando a ocupação do território, quanto ao estabelecimento de Terras Indígenas e Unidades de Conservação e os investimentos da economia do Estado direcionados ao manejo florestal comunitário e empresarial, à agropecuária sustentável e aos negócios florestais sustentáveis.

Produtos do ZEE Fase I:

• Documento técnico contendo 03 volumes: (I) Recursos Naturais e Meio Ambiente; (II) Aspectos Sócio-econômicos e Ocupação Territorial e (III) Indicativos para a Gestão Territorial do Acre.

• Mapas temáticos do estado na escala 1:1.000.000. • Vídeo institucional do ZEE.• CD-ROM do ZEE. • Vídeo educativo denominado Mapas do Futuro. • Resumo educativo-Guia para uso da terra acreana com sabedoria. • Os produtos estão disponíveis em http://www.ac.gov.br

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14 15

.O ZEE – ACRE nA sEgundA fAsE (2003-2007)

O ZEE Fase II foi construído a partir de um conjunto de estudos e cruzamento das informações sobre recursos naturais, aspectos sócio-econômicos-culturais e organização política da sociedade acreana, com um caráter de atualização e detalhamento da primeira fase.

“Vejo esse estudo como respeito aos trabalhadores e trabalhadoras do estado, que utilizam a terra para sobreviver.”Maria Sebastiana, Presidente da FETACRE

Os principais resultados da segunda fase foram o Mapa de Gestão Territorial do Estado do Acre - escala 1:250.000 e a Lei Estadual nº 1.904. A participação da sociedade, através de reuniões, oficinas participativas e Audiência Pública, foi fundamental no processo de construção das decisões a serem tomadas sobre o uso do território contidas no Mapa de Gestão.

“O Mapa de Gestão será de extrema importância para os gestores nas tomadas de decisões e para os diferentes setores da sociedade poderem fazer uso adequado dos recursos naturais”. Marcos Del Prette Coordenador do ZEE Brasil do Ministério do Meio Ambiente

Foram realizadas várias reuniões de avaliação da CEZEE, construindo o consenso. Em oficinas ocorridas em todos os municípios do Acre, foi possível ouvir as sugestões de diferentes grupos sociais e de setores econômicos e produtivos. Além disso, também aconteceram discussões técnicas institucionais durante o processo de construção.

Maria Sebastiana, Presidente da FETACRE .

Mapa de Gestão Territorial do Acre

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Elaboração: UCEGEOFonte: Base Cartográfica Digitale ZEE/AC FaseII - SEMA(2007)

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1:3.300.000Km

Perú Bolívia

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16 17

A versão final do ZEE Fase II foi apresentada à CEZEE e aos Conselhos Estaduais, em reunião conjunta, obtendo

aprovação unânime de todos os presentes, e o Projeto de Lei foi aprovado na Assembléia Legislativa do Estado do Acre.

Em 5 de junho de 2007, Dia Mundial do Meio Ambiente, o Governador do Estado do Acre, Arnóbio Marques de Almeida Júnior, sancionou a Lei Estadual do Zoneamento Ecológico-Econômico, Lei no 1.904.

No âmbito federal, a Comissão Coordenadora do Zoneamento Ecológico-Econômico (CEZEE) busca apoiar os estados na execução de suas iniciativas de trabalho de ZEE, através do Consórcio ZEE Brasil, bem como acompanhar e avaliar os resultados e produtos dos ZEEs Estaduais. O Acre passou a ser o segundo estado do Brasil a ter seu processo de zoneamento aprovado pelo Governo Federal, com o desafio de disseminar a metodologia para os demais estados, conforme recomendação do CONAMA nº 07 de 28/05/2008.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso das competências que lhe são conferidas pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, e tendo em vista o disposto em seu Regimento Interno, anexo à Portaria nº 168, de 13 de junho de 2005 e no art. 16, inciso I, § 5º, da Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965, resolve:Aprovar recomendação ao Poder Executivo Federal autorizar a redução, parafinsderecomposição,dareserva legaldos imóveissituadosnaZonaI,definidanaLeiEstadualno1.904,de5dejunhode2007,doEstado do Acre, que institui o Zoneamento Ecológico-Econômico, Fase II, para até cinqüenta por cento da propriedade, excluídas, em qualquer caso, as Áreas de Preservação Permanente- APP, os ecótonos, os sítios e ecossistemas especialmente protegidos, os locais de expressiva biodiversidade e os corredores ecológicos.Aprovar recomendação ao Estado do Acre para ampliar a divulgação do Zoneamento Ecológico-Econômico para os 22 municípios do Estado, deixando no mínimo uma cópia na prefeitura local, na biblioteca pública, na Câmara de Vereadores e na Secretaria de Extensão e Produção Familiar do Estado do Acre-SEAPROF/AC, órgão de extensão rural do Estado, em meio digital e/ou impresso. Aprovar recomendação ao Estado do Acre, em articulação com a Comissão Coordenadorado ZEE do Território Nacional, divulgar a metodologia de elaboração do ZEE para os entes federados.

IZABELLA MÔNICA VIEIRA TEIXEIRAPresidente do Conselho, Interina

Oficina da CEZEE

O Governador do Acre Arnobio Marques e autoridades aprovando o ZEE Fase II. foto: Sérgio Vale/SECOM - AC, 2007.

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O Zoneamento Ecológico-Econômico do Acre foi oficializado, também, pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, através de

Decreto, após aprovação, da Comissão Coordenadora do Zoneamento Ecológico-Econômico das Políticas Públicas Federais e Resolução aprovada pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA.

O Acre desenvolve uma experiência na Amazônia de gestão pública, municipal e estadual, continuada, voltada para a implementação de um processo que concilia desenvolvimento e meio ambiente, cuja ferramenta para orientar as ações de inclusão social, ordenamento territorial e desenvolvimento sustentável é o Zoneamento Ecológico-Econômico.

1918

• 06 de abril de 1999 – o Governador Jorge Viana instituiu o Programa Estadual de Zoneamento Ecológico-Econômico do Acre e criou a CEZEE, através do Decreto nº 503.

• 25 de novembro de1999 – o ZEE Fase I foi aprovado em Plenária do CEMACT e CEZEE.

• 29 de novembro de 2001 – os produtos do ZEE Fase I foram aprovados, através da Resolução CEMACT 003.

• 12 de dezembro de 2006 – ZEE Fase II foi aprovado na Plenária do CEMACT, CEZEE, CEF, CDRFS.

• 13 de dezembro de 2006 – o ZEE Fase II e o Projeto de Lei foram aprovados na Assembléia Legislativa do Acre.

• 05 de junho de 2007 – a Lei Estadual do ZEE, nº 1904 foi sancionada pelo Governador Arnóbio Marques de Almeida Júnior.

• 10 de outubro de 2007 – a Comissão Coordenadora do Zoneamento Ecológico-Econômico (CCZEE) das Políticas Públicas Federais aprovou por unanimidade o ZEE do Acre.

• 28 de maio de 2008 – a Resolução do CONAMA nº 007/08 recomendou o ZEE Fase II.

• 30 de maio de 2008 – o ZEE é sancionado pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, através do Decreto Federal nº 6.469/08 que adota a Recomendação do CONAMA, que trata da autorização de redução,parafinsderecomposição,daReservaLegaldosimóveissituados na Zona I do ZEE do Acre.

Decreto PresiDencial

DECRETO Nº- 6.469, DE 30 DE MAIO DE 2008Adota a Recomendação nº 007, de 28 de maio de 2008, do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuiçãoque lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 16, § 5º, inciso I, da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e no Decreto no 4.297, de 10 de julho de 2002,

D E C R E T A:Art. 1º Fica adotada a Recomendação no 007, de 28 de maio de 2008, do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, queautorizaaredução,parafinsderecomposição,daáreadereserva legal, para até cinqüenta por cento, das propriedades situadas na Zona 1, conforme definido no ZoneamentoEcológico Econômico do Estado do Acre. Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 30 de maio de 2008; 187º da Independência e 120º da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVAIzabela Mônica Vieira Teixeira

“Estamosalcançandoummomentofundamentalparadirimirconflitos.ÉmuitobomverqueoAcrenãoestámaisdefinindosuapolíticadeformaempírica,mascombaseemestudoscientíficosqueapresentamas potencialidades e as limitações para determinadas ações”.

Assuero Veronez, Presidente da FAEAC

Autoridades acreanas e o Presidente Lula validando o ZEE-Acre

Solenidades de validação do ZEE-AC, com a presença de diversas autoridades: O Governador Binho Marques, o Prefeito de Rio Branco,

Raimundo Angelim, o então presidente da Assembléia Legislativa do Acre, Edvaldo Magalhães, o Governador Jorge Viana, além dos

Secretários Edegard de Deus e Eufran Amaral, nos anos de 2006 e 2007.

Page 11: Zoneamento Ecológico Econômico do Acre Zoneamento Ecológico

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1. BREVE HisTÓRiCO dO pROCEssO dE OCupAÇÃO TERRiTORiAL

A história do Acre foi construída por acontecimentos políticos, sociais, culturais e ambientais. Neste breve

relato está descrito como aconteceu a ocupação da terra acreana para compreender

melhor o Estado hoje e refletir sobre o futuro de nossa gente.

Os povos indígenas

A região da Amazônia, onde está situado o Acre,

já era ocupada por povos indígenas, muito antes da chegada dos colonizadores. Há mais

de cinco mil anos, uma

Conhecendo melhor o Acremigração de cerca de 50 grupos indígenas, das famílias linguísticas Aruak e Pano, provenientes da Ásia, ocuparam toda a América do Sul, habitando também o Acre. Segundo registros arqueológicos recentes, o povoamento humano do Acre pode ter iniciado até mesmo entre 20 e 10 mil anos atrás.

Os Povos da família linguística Aruak (Apurinã, Manchineri, Kulina, Canamari, Piros, Ashaninka) se espalharam desde a confluência da localidade Pauini/AM com o rio Purus até a região dos Andes, no Peru.

Os espaços do Rio Juruá e seus afluentes, como também os rios Tarauacá, Muru e Moa, foram ocupados pelos povos da família Pano: Kaxinawa,

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3.

Page 12: Zoneamento Ecológico Econômico do Acre Zoneamento Ecológico

22 23

Jaminawa, Arara, Xixinawa, Amahuaca e Rununawa.

Na região entre o Purus e o Juruá, habitaram ainda os Katukina, ocupando terras firmes, menos ricas em alimentos que as margens dos grandes rios.

A Economia da Borracha

A seringueira (Hevea Brasiliensis) constituiu uma parte importante da história econômica e social do Brasil e teve o seu centro na

Amazônia, proporcionando grande expansão da colonização, atraindo riqueza e causando transformações culturais e sociais.

A ocupação do território do Acre teve início com o primeiro ciclo econômico da borracha, por volta de 1800, que vinha suprir a demanda industrial da Europa e dos Estados Unidos da América (EUA), ligadas à Revolução Industrial. A invenção do automóvel na Alemanha, a invenção do pneumático e a produção dos automóveis em série nos Estados Unidos acarretaram uma demanda de borracha em todo o mundo e os seringais nativos da Amazônia representavam a maior fonte de matéria-prima.

Nessa época, denominada de Ciclo da Borracha, toda a economia da Amazônia encontrava-se dominada por empresas estrangeiras, com sede na Inglaterra, Estados Unidos e Alemanha, que impediam qualquer iniciativa contrária aos seus interesses. O Brasil passou a exportar toneladas de borracha, principalmente para as fábricas de automóveis norte-americanas.

Essa rápida expansão da produção de borracha atraiu grande quantidade de trabalhadores para a região, principalmente nordestinos, que fugiam da seca do sertão e estavam em busca de melhores condições de vida. A presença nordestina formou um dos principais grupos da sociedade acreana e a estrutura dos seringais estabeleceu um novo modo de vida para a região Amazônica e seu povo.

Os seringais foram organizados em um sistema para a circulação de produtos e mercadorias. Esse sistema envolvia desde o seringueiro, os seringalistas até as casas aviadoras, estabelecimentos fixados em Belém e Manaus, que tinham como objetivo receber a produção dos seringais e abastecer os seringalistas com mercadorias para consumo dos seringueiros e, também, recrutar mão-de-obra para trabalhar nos seringais.

Na estrutura que ficava sob o domínio do seringalista havia um grupo de pessoas que trabalhava junto ao patrão no barracão ou núcleo central do seringal, incluindo o comboieiro que levava mercadorias para os seringueiros e recolhia a borracha que eles produziam, utilizando tropa de burros (muares). Além dessa estrutura, tinha os regatões, embarcações que desenvolviam comércio ambulante pelos rios circulando pelos seringais da região. Esta atividade era feita, principalmente, por sírio-libaneses, muitos dos quais estabeleceram residência no Acre.

A maioria dos núcleos urbanos formou-se a partir de povoados organizados em função da atividade extrativista: a borracha saia

2322

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24 25

do centro dos seringais para o barracão em lombo de burro, pelos varadouros; em alguns casos descia pelos igarapés até margem do rio onde ficava a sede do barracão. Pelos rios transitavam navios, lanchas e batelões levando mercadorias que eram pagas com borracha.

Os núcleos urbanos eram vilas mercantis e não havia uma forte organização político-administrativa.

A disputa pelo território

durante o Império do Brasil, em1867, com a assinatura do Tratado de Ayacucho, o Brasil concedeu aos bolivianos o direito ao Acre

nos limites territoriais.

O Acre era quem mais produzia borracha na época, entretanto, a distância geográfica natural fez com que o poder político fosse exercido pelas Casas Aviadoras de Belém ou Manaus, e mesmo pelo próprio Rio de Janeiro, no contexto político formal, de capital do Império.

Havia interesse econômico do Governo do Amazonas em anexar a região do Acre, rica em seringais, ao seu Estado. Para tanto, apoiou a Expedição do espanhol Luiz Galvez Rodrigues Arias ao Acre para encontrar com donos de seringais e comerciantes que se opunham ao domínio boliviano. Galvez proclamou o Acre Estado Independente, acirrando os conflitos entre bolivianos, seringueiros e seringalistas.

Galvez governou o Acre no período de 1899 até a chegada das

tropas federais brasileiras, em 1900, que atendendo aos reclamos dos bolivianos o levou de volta para Manaus e, depois, para a Espanha.

A Bolívia queria passar o controle do território do Acre para uma companhia norte-americana, a Anglo-Bolivian Syndicate, de Nova York, por meio de um contrato que concedia não só o monopólio sobre a produção e exportação da borracha, como também os direitos fiscais, mantendo ainda as tarefas de polícia local.

A notícia do contrato com o Bolivian Syndicate gerou uma revolta do povo acreano, formado quase que integralmente por brasileiros, seringueiros nordestinos. Na cidade de Xapuri, iniciou-se um movimento armado contra a Bolívia, a chamada Revolução Acreana, sob o comando de Plácido de Castro.

Plácido de Castro, militar e agrimensor gaúcho, foi designado para o Norte e acabou no comando da Revolução Acreana, movimento armado contra a Bolívia que culminou com a posse da região pelos brasileiros. Com um exército formado por seringueiros e seringalistas, Plácido de Castro começou em 1902 o levante armado que derrotou as tropas do exército boliviano em janeiro de 1903. O Barão de Rio Branco, Ministro do Exterior do Governo Brasileiro, preocupado com a situação do Acre, estabeleceu relações diplomáticas com a Bolívia e, em 17 de novembro de 1903, foi assinado o Tratado de Petrópolis, pondo fim ao conflito dos dois países em relação ao território do Acre, que passou a pertencer ao Brasil, mediante compensação econômica e pequenas concessões territoriais..

2524

Page 14: Zoneamento Ecológico Econômico do Acre Zoneamento Ecológico

26 27

O Tratado de Petrópolis ampliou as fronteiras do país na Região Norte, com a incorporação de uma extensão de terra com cerca de 181.000 mil km2, entregue aos seringueiros para exercer as funções extrativistas da borracha.

A incorporação do Acre ao Brasil, entretanto, ocorreu na forma de território e não como um Estado independente, com forte dependência do poder executivo federal. Assim, a autonomia política tornou-se a nova bandeira de luta do povo acreano.

Surgiram organizações políticas em diversas cidades, como Xapuri, Rio Branco e Cruzeiro do Sul. A primeira revolta autonomista foi registrada em Cruzeiro do Sul (1910), seguida por Sena Madureira (1912) e Rio Branco (1918), todas reprimidas pelo Governo Brasileiro.

O declínio da borracha

O Brasil perde a hegemonia da borracha por volta de 1912, com a concorrência do produto produzido no Oriente. Na segunda metade do século XIX, os ingleses levaram sementes selecionadas das seringueiras brasileiras para suas colônias do sudeste asiático, onde se desenvolveram rapidamente. No início do século XX, começou a chegar ao mercado internacional sua primeira produção, causando uma queda nos preços da borracha nativa brasileira.

Impacto sobre as sociedades indígenas

Com a crise da borracha, ocorrida a partir de 1912, diminuiu a busca da mão-de-obra nordestina e intensificou-se o trabalho indígena. Aspopulações indígenas que viviam no Acre foram perseguidas com violência pelos seringalistas e seus capangas. Muitas tribos desapareceram sob ataques denominados “correrias”; tribos inteiras desapareceram, também, com as doenças introduzidas pelos não-índios.

A decadência econômica provocada pela queda dos preços internacionais da borracha deu origem a um novo modelo de ocupação. Alguns seringueiros se deslocaram para as cidades e outros sobreviveram nos seringais. A economia passou a não depender somente da borracha e teve como base atividades de subsistência e comerciais em escala reduzida, dependente diretamente dos recursos naturais disponíveis no local para a coleta e produção de alimentos, como a castanha, a pesca, o comércio de pele de animais silvestres, a madeira, a agricultura e a pecuária em pequena escala.

sírios e LibanesesA trajetória de migração síria e libanesa foi realizada por

conta própria. Eram comerciantes em busca do ouro negro, como também era chamada a borracha, que desenvolviam um comércio ambulante, com o barco conhecido como regatão. Depois, muitos estabeleceram residência no Acre, substituindo as casas aviadoras de Belém e Manaus na função de abastecer os barracões e manter ativos os seringais. A população foi se estabelecendo na beira dos rios, dando origem a um segmento social tradicional do Estado, os ribeirinhos.

A segunda guerra mundial

Na década de 40, com a Segunda Guerra Mundial, houve um novo aumento da demanda externa pela borracha em decorrência dos Acordos de Washington que asseguravam o fornecimento do látex para os países aliados, EUA, França e Inglaterra, em conflito com os países do Eixo Alemanha, Itália e Japão, que detinham o controle dos seringais asiáticos.

A Segunda Guerra Mundial impulsionou o segundo Ciclo da Borracha. Isso se deu após a tomada dos seringais asiáticos pelos japoneses, privando os países aliados do produto. O governo brasileiro, incentivado pelos norte-americanos, promoveu uma política de estímulo à produção da borracha. Surgiu, então, a figura do soldado da borracha, recrutado do nordeste do país para os seringais da Amazônia, objetivando o aumento da

produção da seringa para ser utilizada na Guerra.

O fim da guerra causou nova queda nos preços do produto e a consequente falência dos seringais. Os seringalistas falidos abandonaram suas propriedades dando origem a uma nova categoria nas relações de trabalho - o seringueiro autônomo, que passou a viver livre dos laços de dependência com o patrão.

Com o novo período de ascensão da borracha, durante a Segunda Guerra Mundial, a melhoria do contexto econômico permitiu que os Autonomistas ganhassem nova força e, em 1962, depois de longa batalha legislativa, o Acre passou a ser Estado e o povo, a exercer cidadania plena.

2726

Acervo Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará - Foto Aba-Film,1943

Kaxinawás no rio Jordão, em 1928, durante uma festa no seringal Revisão

Page 15: Zoneamento Ecológico Econômico do Acre Zoneamento Ecológico

28 29

A expansão da fronteira agrícola

A partir da década de 70, verificamos uma forte mudança produtiva na ocupação do Acre, com as políticas do governo

federal refletindo na situação social e econômica do Estado.

O novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia foi orientado para investimentos em pecuária e agricultura, o que alteraria radicalmente a base de recursos naturais e o modo de vida da população do Acre.

Nas décadas de 70 e 80, migrações foram favorecidas pela criação de Projetos de Assentamento Dirigidos – PAD, construção de rodovias e o incentivo à compra de terras por grupos empresariais do centro-sul do país.

Os empresários vieram para o Acre com o objetivo de especular com a compra de grandes seringais, espaços estes ocupados por famílias pobres e sem terras, basicamente seringueiros e posseiros, dando início a uma nova fase na trajetória de lutas das comunidades tradicionais de seringueiros, indígenas e pequenos agricultores.

Os seringais foram desmantelados e os seringueiros abandonados à própria sorte. As florestas com as colocações de seringueiros, principalmente aquelas localizadas ao longo das rodovias, foram sendo derrubadas e transformadas em pastos para criação de bois em grandes fazendas. A mesma lógica de

ocupação foi utilizada nos projetos de assentamento, com a floresta dando lugar a lavouras, no primeiro ciclo, e na próxima etapa transformadas em pastagem para a pecuária.

A sociedade acreana começou a se organizar e a desenvolver diferentes estratégias de resistência, apoiada pela Igreja, organizações sindicais e partidos políticos para a defesa de seu território, dos recursos florestais e de seu modo de vida.

A luta pela terra no Acre contra o modelo econômico implantado pelos militares se deu ao custo de muitos conflitos e mortes de lideranças sindicais, como Wilson Pinheiro, Evair Higino e Francisco Alves Mendes Filho, conhecido como Chico Mendes.

Seringueiros, castanheiros, ribeirinhos, índios e demais populações tradicionais conseguiram pressionar o governo federal, através do Conselho Nacional de Seringueiros – CNS e da atuação de suas lideranças, como Chico Mendes, que ficou conhecido mundialmente pela mobilização em favor da preservação do modo de vida das populações tradicionais do Acre e da proposta de criação das Reservas Extrativistas para a regularização dos territórios e acesso aos recursos naturais.

As diferentes trajetórias de vida dos índios, seringueiros, regatões, ribeirinhos e sulistas caracterizam, hoje, a identidade do povo acreano e constitui a base para a construção do novo modelo de desenvolvimento, baseado na valorização dos recursos florestais e da sociobiodiversidade.

2928

Page 16: Zoneamento Ecológico Econômico do Acre Zoneamento Ecológico

30 31

O Acre tem uma natureza rica e diversificada. Um estudo dos recursos naturais é fundamental para fazer um

uso inteligente e de longo prazo. O conjunto dos dados de geologia, da geomorfologia, dos solos, das bacias hidrográficas e da vegetação permite um maior detalhamento das paisagens do Acre, contribuindo para uma melhor utilização do uso dos recursos naturais pela população acreana e a garantia da sustentabilidade.

CARACTERísTiCAs gERAis

O Acre está situado no extremo sudoeste da Amazônia brasileira, corresponde a 4% da área amazônica brasileira e a 1,9% do território nacional. O Estado faz fronteiras internacionais com o Peru e a Bolívia e nacionais com os estados do Amazonas e de Rondônia.

As principais caracteristicas das Terras Acreanas

As principais características das Terras Acreanas

3130

Page 17: Zoneamento Ecológico Econômico do Acre Zoneamento Ecológico

32 33

gEOLOgiA

A formação geológica do Acre é resultado de sucessivas transformações na origem e formação da Terra, dos processos

internos e externos do globo terrestre. O conhecimento da geologia permite identificar as diversas formações que ocorrem no estado, definindo diferentes paisagens e o potencial mineral existente.

A Geologia está voltada tanto para indicar os locais favoráveis a encerrarem depósitos minerais úteis ao homem como para fornecer informações que permitam prevenir catástrofes sejam de causa natural ou atribuída à ação do homem sobre o meio ambiente.

Ocorrem no Acre 16 formações geológicas, predominando no território a Formação Solimões.

A Bacia do Juruá é a de maior diversidade geológica e a de menor diversidade é a Bacia de Tarauacá. Há certa uniformidade no restante da área do Estado, que é modificado apenas pela ocorrência de diferentes níveis de terraços fluviais nas regionais do Purus e Baixo Acre.

Foram identificados, em todo o Acre, sítios arqueológicos, principalmente ao longo dos rios, onde estão depositados materiais de origem fóssil. Os estudos de Paleontologia determinam o valor científico desses materiais, que necessitam ser protegidos para o entendimento da evolução da história do ambiente natural.

Os estudos do material geológico indicam algumas potencialidades de uso e aplicações, principalmente de minerais como: gipsita, caulim, ametista, lateritas, areias e argilas. Todavia, para que haja segurança na sua exploração, é necessário intensificar os estudos e levantamentos para segurança e controle ambiental.

Pequenos tremores de terra ocorrem no Acre, principalmente na regional do Juruá pela proximidade com a Cordilheira dos Andes. Apesar da baixa intensidade pode vir a causar efeitos para a construção civil e obras de infraestrutura.

O Estado do Acre é constituído politicamente de 22 Municípios. Para uma melhor gestão administrativa, divide-se em duas

mesorregiões, Vale do Acre e Vale do Juruá, e em 5 regionais de desenvolvimento: Alto Acre, Baixo Acre, Purus, Tarauacá/Envira

e Juruá, que seguem a distribuição das bacias hidrográficas dos principais rios acreanos. Atualmente, 71% da população concentra-se nas áreas urbanas, predominando na capital, Rio Branco 58% desta população urbana, (Acre, 2009).

Mesorregião, Regionais e Municípios

Vale do Acre•RegionalPurus-ManoelUrbano,SantaRosadoPurus, Sena Madureira•RegionalBaixoAcre-Acrelândia,Bujari,Capixaba,PlácidodeCastro,Porto Acre, Rio Branco, Senador Guiomard•RegionalAltoAcre-AssisBrasil,Brasiléia,Epitaciolândia,Xapuri

Vale do Juruá •RegionalJuruá-CruzeirodoSul,MâncioLima, Marechal Thaumaturgo, Porto Walter, Rodrigues Alves•RegionalTarauacá-Envira-Feijó,Jordão,Tarauacá

3332

Regionais do Acre

Page 18: Zoneamento Ecológico Econômico do Acre Zoneamento Ecológico

34 353534

ERA PERÍODO ÉPOCA FORMAÇÃO CARACTERÍSTICAS LITOLÓGICASCE

NO

ZÓIC

O

QUAT

ERN

ÁRIO

Holoceno Aluviões holocênicos

(QHa) depósitos grosseiros a conglomeráticos, representando residuais de canal, arenosos relativos a barra em pontal e pelíticos relacionados a transbordamentos.

Coluviões holocênicos

(QHc) material grosso disposto no sopé de montanhas em forma de leque aluvial.

Terraços holocênicos

QHt)depósitosdeplaníciefluvial,cascalhoslenticularesdefundodecanal, areias de barra em pontal e siltes e argilas de transbordamento.

Areias quartzosas (QHaq)areaisinconsolidadoseminterflúvios.

PleistocenoTerraços

Pleistocênicos(QPt)terraçosfluviasantigos.Argilas,silteeareias, localmentecomintercalações lenticulares de argilitos e conglomerados.

Coberturas detrito-lateríticas

(QPdl) material argilo-arenoso amarelado, caolinítico, alóctone e autóctone.

Formação Cruzeiro do Sul

(QPcs) terraços, originados através de sedimentação fluvial, flúvio-lacustre ealuvial, constituídosporarenitosfinosamédios, friáveis,maciços e argilosos, com intercalações de argilitos.

TERC

IÁRI

O Plioceno Mioceno Formação Solimões

(TNs) sedimentos pelíticos fossilíferos (argilitos com intercalações de siltitos, arenitos, calcários e material carbonoso), de origem fluviale flúvio-lacustre, com estratificações plano-paralelas e cruzadastabulares e acanaladas.

MES

OZÓ

ICO

CRET

ÁCEO

Maestrichtiano * Formação Divisor

(Kd) arenitos brancos, amarelos e vermelhos, maciços ou com estratificaçãocruzada,médios,bemselecionados,com intercalaçãode siltitos.

Campaniano Turoniano

* Formação Rio Azul

(Kra) compõe-se de arenitos finos, com intercalações de folhelhose níveis de calcário (na base) e para o topo esses arenitos contêm intercalações de siltitos cinza-esverdeados.

Cenomaniano * Formação Moa (Km)conglomeradospolimíticosbasaisencimadosporarenitosfinosaconglomeráticoscomestratificaçãocruzada.Notopo,arenitosfinosamédios,estratificaçãocruzadaeníveisconglomeráticos.

CAM

BIEA

NO

PROT

ERO

ZÓIC

O S

UPER

IOR

Sienito República (PS(L))r compostapor quartzo traquitopórfiro, ultramilonito,microsienito,sienito, traquito pórfiro cataclástico, sienito pórfiro, nordmarkito, quartzotraquito e traquito amigdaloidal, constituem corpos de pequenas dimensões.

Formação Formosa

(PSf) quartzitos cinza-escuros, muito duros, camadas de chert cinza-claro e esbranquiçadas, metassiltitos e arenitos quartzíticos. Apresenta metamorfismodecontatodevidoaintrusãoderochasienítica.

PRÉ-

CAM

BIEA

NO

IN

DIF

EREN

CIAD

O Complexo Jamari (PIMj) rochas de alto grau de metamorfismo na forma de gnaisses,migmatitos, granitos anatéticos, granulitos, leptitos e charnockitos.

ERA PERÍODO ÉPOCA FORMAÇÃO CARACTERÍSTICAS LITOLÓGICAS

Page 19: Zoneamento Ecológico Econômico do Acre Zoneamento Ecológico

36 373736

mapa de geologia

1. Sedimentação da borda continental oesta da placa Sul-Americana (Sanozama).

2. Compressão preliminar e início do soerguimento dos Andes.

3. Formação de arcos de ilhas, grandes lagos secundários e do lago amazonas.

4. Paisagem atual: Cordilheira dos Andes e Formação Solimões.

A fORmAÇÃO dOs AndEs E dAs TERRAs ACREAnAs

2.

3.

4.

1.

Serra do Divisor Rio Branco

Page 20: Zoneamento Ecológico Econômico do Acre Zoneamento Ecológico

38 39

gEOmORfOLOgiA

A Geomorfologia estuda o relevo da superfície terrestre, sua classificação, descrição, origem e evolução, incluindo análise

dos processos formadores da paisagem (IBGE, 2004).

A distribuição do relevo pode ser verificada pelas diferentes altitudes. No Acre, essa variação não se altera muito, com exceção dos Planaltos Residuais da Serra do Divisor, onde aparecem serras como a da Jaquirana, do Moa, do Juruá-Mirim e do Rio Branco, compreendendo as maiores altitudes da Amazônia Ocidental.

O relevo é importante para avaliação do uso e potencial do ambiente, uma vez que é determinante na ocorrência

das espécies animais, vegetais, drenagem das águas e, também, na implantação de

projetos de construção civil.

O Estado do Acre mostra-se dividido em nove unidades geomorfológicas: a Planície Amazônica, a Depressão do Endimari-Abunã, a Depressão do Iaco-Acre, a Depressão de Rio Branco, a Depressão do Juruá-Iaco, a Depressão do Tarauacá-Itaquaí, a Depressão Marginal à Serra do Divisor, a Superfície Tabular de Cruzeiro do Sul e os Planaltos Residuais da Serra do Divisor, diferentemente das regionais Alto Acre e Baixo Acre.

A Planície Amazônica está presente em todas as regionais, sendo áreas utilizadas por populações ribeirinhas.

100 - 192192 - 208208 - 222222 - 230230 - 232232 - 243243 - 254254 - 270270 - 284284 - 316

Altitude Média

3938

mapa de geomorfologia

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40 41

• Regional do Juruá – Depressão do Juruá-Iaco e Depressão Marginal à Serra do Divisor, Planície Amazônica, Planaltos Residuais da Serra do Divisor e a Superfície Tabular de Cruzeiro do Sul.

• Regional Tarauacá - Envira – Depressão do Juruá-Iaco e Planície Amazônica.

• Regional Purus – Depressão do Juruá-Iaco e Planície Amazônica.• Regional Alto Acre – Depressões do Rio Branco, Iaco-Acre e

Endimari-Abunã, Planície Amazônica.• Regional Baixo Acre – Depressões do Rio Branco, Iaco-Acre e

Endimari-Abunã, Planície Amazônica.

A regional Tarauacá-Envira Regional Purus e sudeste da Regional do Juruá apresentam uma capacidade de uso da terra limitado e maior vulnerabilidade, diferentemente das regionais Alto Acre e Baixo Acre.

sOLOs dO ACRE

Os solos exercem um papel fundamental no que se refere à produção de alimentos e de outros bens necessários à vida. A

partir do conhecimento da distribuição dos solos é possível fazer um planejamento do uso da terra e alcançar o desenvolvimento sustentável local, seja municipal ou mesmo no nível comunitário, permitindo aliar o potencial às demandas sociais e culturais estabelecidas.

Os solos do Acre apresentam características próprias, principalmente, por serem de uma região de acúmulo de

sedimentos vindos da Cordilheira dos Andes. Os principais solos do Acre são: Argissolos, Cambissolos, Luvissolos, Gleissolos, Latossolos, Vertissolos, Plintossolos e Neossolos.

• Cambissolos – solos muito argilosos e ricos quimicamente, com restrição para utilização agrícola e construção de estradas.

• Printossolos – solos localizados nas margens dos rios e igarapés, comboafertilidadequímica,masdificultaousoagrícolaemfunçãodo excesso de umidade.

• Gleissolos – São permanentemente ou periodicamente saturados por água. Geralmente apresentam argilas de alta atividade e elevados teores de alumínio trocável. Não apresentam grandes problemas de fertilidade.

• Argissolos – solos predominantes em todo o Acre, sujeitos à erosão; em função do aumento da argila em profundidade, requerem cuidados especiais para uso agrícola.

• Latossolos – solos pobres quimicamente, localizados em relevo plano a suave ondulado o que facilita o uso agrícola.

• Neossolos – solos muito arenosos, ocorrem nas margens de rios e grande igarapés, com fertilidade boa, ao longo dos rios de água barrenta, mas baixa em rios de água escura.

• Luvissolos – solos sujeitos à erosão e drenagem deficiente,restrição ao uso agrícola, apesar da elevada fertilidade natural.

• Vertissolos – solos muito argilosos, de cor acinzentada na superfície. De clima árido, apesar da boa carga de nutrientes, os problemas físicos restringem o uso agrícola.

Na regional do Baixo Acre, ocorrem os Argissolos, em grandes extensões do território associados aos Latossolos. São as áreas que possuem melhor potencial agrícola do território acreano para o cultivo mecanizado e intensivo de arroz, feijão, milho e mandioca.

Na Regional do Alto Acre predominam os Argissolos (90 % do território), mas esses solos requerem um manejo mais

delicado em função do relevo na região.

Na Regional do Purus se destacam os Cambissolos (45% do território), solos argilosos e quimicamente férteis, com certo potencial agrícola, mas sujeitos à erosão e compactação. No município de Sena Madureira ocorrem, principalmente, os Vertissolos e os Argissolos, raros no ambiente Amazônico.

Na Regional do Tarauacá-Envira, predominam os Cambissolos, principalmente, em Feijó (80% do território).

A Regional do Juruá apresenta uma grande diversidade de solos, com predominância dos Argissolos (65%), seguido

pelos Luvissolos (19%). Apresentam também os Vertissolos e os Latossolos. Nos municípios de

Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima se destacam os Gleissolos e Neossolos Flúvicos.

4140

mapa de solos

Page 22: Zoneamento Ecológico Econômico do Acre Zoneamento Ecológico

42 43

BACiAs HidROgRáfiCAs

B acias Hidrográficas compreendem divisores de água no qual toda a água precipitada escorre para um ponto mais baixo, ou

seja, podemos dizer que a Bacia Hidrográfica corresponde ao um rio principal e seus afluentes, onde são realizados diversos usos.

O estado do Acre faz parte da Região Hidrográfica do rio Amazonas, da Região Hidrográfica do rio Solimões, das Bacias Hidrográficas do Javari, Juruá, Purus, e da Bacia Hidrográfica do Rio Madeira (Brasil, 2006).

Os rios Juruá e Purus pertencem à rede hidrográfica do rio

Amazonas e formam a Bacia Hidrográfica do Juruá e a Bacia Hidrográfica do Purus. São rios que nascem no Peru, atravessam o Estado, em paralelo, no sentido sudoeste/nordeste e deságuam em outros rios do Amazonas, ou seja, são rios que apresentam, ao mesmo tempo, caráter internacional e federal.

Bacia do Juruá

A bacia do Rio Juruá tem como principais afluentes, os Rios Tarauacá e Envira, que formam as sub-Bacias Tarauacá e Envira. Esta bacia abrange oito municípios pertencentes às Regionais de Desenvolvimento do Juruá e do Tarauacá-Envira: Mâncio Lima, Rodrigues Alves, Cruzeiro do Sul, Porto Walter, Marechal Thaumaturgo, Jordão, Tarauacá e quase toda a área do município de Feijó, ficando uma pequena porção deste na Bacia do Rio Purus.

O rio Juruá é navegável por grandes embarcações entre Cruzeiro do Sul e Marechal Thaumaturgo, durante a cheia e, por embarcações de pequeno e médio porte, na vazante.

O rio Tarauacá é o mais importante afluente do rio Juruá, atingindo esse Rio no estado do Amazonas, é navegável desde a divisa com o Peru até a foz do Jordão. Seus afluentes são os rios Muru, Envira e jurupari. O rio Envira, principal afluente do rio Tarauacá é navegável desde sua foz até o Município de Feijó. É um rio de muita sinuosidade e de grande importância para atividades comerciais e comunicação com localidades isoladas, cujo acesso é somente via fluvial ou aéreo.

4342

mapa de Bacias Hidrográficas

Page 23: Zoneamento Ecológico Econômico do Acre Zoneamento Ecológico

44 45

Bacia do purus

O rio Purus, junto com os rios Juruá e Javari, são considerados os principais rios da Amazônia Sul-Ocidental brasileira. A Bacia do Purus tem como principais afluentes os rios Iaco, Macauã, Iquiri e o Rio Acre. Os rios Iquiri e Rio Acre formam as Sub-bacias do Rio Iquiri e do Rio Acre.

Os municípios que compõem a Bacia do Rio Purus pertencentes às Regionais de Desenvolvimento do Purus são: Santa Rosa do Purus, Sena Madureira, Manuel Urbano, Assis Brasil e pequenas porções dos territórios de Bujari e Feijó.

Os municípios da Regional do Purus que compõem parte da Bacia do Rio Purus apresentam a área de cobertura florestal bem conservada, enquanto que os municípios de Acrelândia e Senador Guiomard que

pertencem à sub-bacia do rio Iquiri apresentam mais de 50% de suas áreas desflorestadas

(ACRE, 2007a).

Bacia do Rio Acre

O rio Acre e seus afluentes formam a Bacia Hidrográfica do Rio Acre e ocupa

parte das regionais de Desenvolvimento do Alto Acre e Baixo Acre. Nasce em território

peruano, atravessa os países da Bolívia e do Brasil. No Acre, deságua no rio Purus e tem como principais afluentes os rios Xapuri e Riozinho do Rôla, este último apresentando-se como o maior e mais importante afluente da Bacia Hidrográfica do Rio Acre. Dentre outros afluentes importantes do Rio Acre estão os rios Antimary e Andirá.

Os Municípios formadores da bacia do rio Acre são os que apresentam maior taxa de desmatamento, como Capixaba (42%), Epitaciolândia (42%), Porto Acre (41%), Bujari (34%), Brasiléia (27%), Rio Branco (25%) e Xapuri (20%).

Bacia do Rio AbunãO rio Abunã nasce na Bolívia, atravessa os estados do Amazonas,

Acre e Rondônia e forma, com o rio Mamoré, a Bacia Hidrográfica do rio Madeira; é considerado uma bacia binacional.

Em território acreano, o rio Abunã ocupa áreas dos municípios de Acrelândia, Senador Guiomard, Plácido de Castro, Capixaba, Epitaciolândia e Xapuri. Os municípios brasileiros que compõem esta bacia tiveram, em 2006, alto percentual de desmatamento, destacando Plácido de Castro (71%), Senador Guiomard (68%) e Acrelândia (53%). As águas deste manancial são utilizadas para consumo, recreação e lazer, dentre outros.

A gestão dos recursos hídricos, a partir de bacias hidrográficas, ainda é um grande desafio no Acre, uma vez que nossas principais bacias hidrográficas são formadas por rios fronteiriços, ou seja, aqueles que as águas de um rio são utilizadas por dois ou mais estados da mesma federação ou com outros países.

A Bacia Hidrográfica do rio Madeira em território acreano ocupauma área de 5.227 km2. Tem cerca de 1.500 pessoas em núcleos habitacionaisnosseusprincipaisafluentes.(Acre,2007).

4544

Page 24: Zoneamento Ecológico Econômico do Acre Zoneamento Ecológico

46 47

VEgETAÇÃO

A vegetação é caracterizada por diferentes paisagens naturais, inseridas no ambiente da Floresta Tropical e apresenta modificações,

também, em função da altitude, do tipo de solo e do relevo.

As tipologias florestais encontradas no Acre permitem compreender a forma de organização natural do espaço bem como as potencialidades desse bem natural. Desse modo, o estudo da vegetação avalia o potencial da floresta e suas limitações para uso dos recursos naturais, visando às áreas possíveis de uso e também de conservação.

No Acre, predominam a Floresta Ombrófila Densa e a Floresta Ombrófila Aberta e se subdividem em 18 tipologias florestais.

campinaranas -vegetaçãonão-florestaldeportebaixoeaberto,comárvorespequenasefinas.Ocorrenoextremonortedosmunicípiosde Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima. Floresta aberta com Bambu em Áreas aluviais - árvores de porte médio e alto, com dominância de Bambu e taboca, localizadas ao longo dos rios, principalmente o Juruá, na região de Cruzeiro do Sul, Porto Walter, e Marechal Thaumaturgo, e rios Tarauacá, Muru e Envira na região de Tarauacá e Feijó onde ocorre secundariamente. Floresta aberta com Bambu + Floresta aberta com Palmeiras - Ocorre em quase todo o Estado do Acre, com maior predominância nas áreas próximas aos Rios Purus, Tarauacá, Muru, Juruá, Liberdade e Antimary.

Floresta aberta com Bambu + Floresta aberta com Palmeiras + Floresta Densa - A Floresta Aberta com Bambu domina a comunidade e manchas de Floresta Aberta com Palmeiras e Floresta Densa. Ocorre nos municípios de Tarauacá, Feijó, Sena Madureira, Bujari, Rio Branco, Xapuri e Assis Brasil. Floresta aberta com Bambu + Floresta Densa - áreas com grande concentração de bambus e manchas de Floresta Densa, podendo apresentar também pequenas manchas de Floresta Aberta com Palmeiras. Ocorre nos municípios de Tarauacá, Feijó, Mâncio Lima, Sena Madureira, Rio Branco. Floresta aberta com Bambu Dominante - grande concentração de bambus dominando a vegetação. Floresta aberta com Palmeiras - florestadedosselabertocompresença de palmeiras, podendo também ser encontradas áreas com cipós. Geralmente é encontrada em áreas próximas a planícies aluviais de rios com grande vazão na época das cheias. Floresta aberta aluvial com Palmeiras - A Floresta Aberta com Palmeiras em áreas aluviais ocorre ao longo dos principais rios e algunsdeseusafluentes,estandodistribuídaportodooEstado.Floresta aberta aluvial com Palmeiras + Formações Pioneiras - Floresta Aberta com Palmeiras dominante apresenta buritizais nas áreas pioneiras. Ocorre apenas na região de Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima. Floresta aberta aluvial com Palmeiras + Vegetação secundária - característica da Floresta Aberta com Palmeiras em áreas aluviais, com manchas de vegetação secundária e algumas pequenas áreas antropizadas.

4746

Mapa de Vegetação

Page 25: Zoneamento Ecológico Econômico do Acre Zoneamento Ecológico

48 49

Floresta aberta com Palmeiras + Floresta aberta com Bambu - Esta tipologia é dominada pela Floresta Aberta com Palmeiras onde podem ser encontradas várias espécies de palmeiras commanchasdeflorestacomsub-bosquedebambu.Floresta aberta com Palmeiras + Floresta Densa - dominância da Floresta Aberta com Palmeiras, bem como manchas de Floresta Aberta com Bambu e manchas de Floresta Densa. Floresta aberta com Palmeiras + Floresta Densa + Floresta aberta com Bambu - ocorre nos municípios de Assis Brasil, Feijó, Marechal Thaumaturgo, Jordão e Tarauacá.Floresta aberta com Palmeiras + Formações Pioneiras - características de Floresta Aberta com Palmeiras e nas áreas onde olençolfreáticoésuperficial,ondeocorremosburitizais,noextremooeste do Estado, na região da serra do Moa. Floresta Densa – ocorre na região do Parque Nacional da Serra do Divisor nos municípios de Cruzeiro do Sul e de Mâncio Lima e em Assis Brasil. Floresta Densa submontana - ocorre na região da Serra do Divisor nos municípios de Mâncio Lima, Rodrigues Alves e Porto Walter. Floresta Densa + Floresta aberta com Palmeiras - apresenta copa das árvores na altura aproximada, de 35 a 40 metros de altura e aspecto aberto; predominância da espécie breu. vermelho; parteinferiordaflorestacomaspectoabertooulimpo.

BiOdiVERsidAdE

O Acre ocupa uma posição de destaque no contexto mundial e em relação aos demais estados da Amazônia, por abrigar uma alta biodiversidade de fauna e flora, em 88% de sua cobertura florestal.

A biodiversidade florística é riquíssima. O estado abriga 70% das espécies de palmeiras de toda a Amazônia Ocidental. Nos últimos sete anos, houve um aumento de 10.047 registros botânicos (74%) em relação à primeira fase do ZEE (1999).

Os registros botânicos correspondem a menos de 8% do total de famílias (207) existente no Acre e reúnem pouco mais de 50% de todas as coletas botânicas já realizadas.

ZEEFaseI(1999)-13.642registrodeespéciesflorísticasZEEFaseII(2006)-23.680registrodeespéciesflorísticas

Foram descobertas e/ou identificadas 72 espécies novas para a ciência, nesta segunda fase do ZEE. A maior parte dos novos registros de gêneros e espécies para o Acre e das espécies novas para a ciência foram documentados na bacia do Alto Juruá, região de Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima, onde ocorrem as tipologias florestais Campinaranas e florestas densas.

Novos registros e espécies novas, também, foram catalogadas

na Bacia do rio Acre, região caracterizada como área antropizada.

O Acre possui uma alta diversidade de ambientes e algumas espécies restringem-se a um determinado tipo de ambiente. Portanto, para conservar a máxima proporção da flora, deve-se mapear a ocorrência de certos ambientes e garantir sua representação nas Unidades de Conservação.

Ambientes que possuem uma “flora própria” com relação aos outros ambientes, como por exemplo, as Campinaranas e outras formações sobre areia branca ao longo dos rios, as florestas de encosta localizadas na fronteira com o Peru, precisam de maior atenção que outros tipos de vegetação mais abundantes.

A floresta com bambu, vegetação predominante na região, necessita ser mais estudada, pelo seu potencial de uso na arquitetura, construção civil e decoração, entre outros.

Quanto à fauna, é provável que 40% dos mamíferos do Brasil e 4,5% dos mamíferos do mundo existam no Acre. No caso das aves, estes números aumentam para 46% das espécies existentes no Brasil e 8,5% das existentes no mundo.

4948

Page 26: Zoneamento Ecológico Econômico do Acre Zoneamento Ecológico

50 51

Há um grande desconhecimento sobre a fauna ictiológica da Amazônia. Os peixes catalogados no Estado representam somente 11% desta riqueza do Brasil, pelo fato do reduzido número de coletas realizadas no Acre.

Na Lista de Espécies de Vertebrados do Estado do Acre, foram registradas 1443 espécies e 55 estão classificadas até o nível taxonômico de gênero. O grupo das aves foi o que apresentou a maior diversidade (51,4%), seguido pelos peixes (21,6%), mamíferos (13,6%), anfíbios (7,4%) e répteis (6%).

Os dados levantados reforçam a importância da conservação da biodiversidade do Acre.

O Acre possui três espécies de mamíferos na categoria “em perigo”, 14 espécies na categoria “vulnerável”, dentre as quais, o tracajá (Podocnemis unifilis) e jabuti (Geochelone denticulata), répteis que estão nesta categoria por serem muito visados por caçadores clandestinos.

Duas espécies que ocorrem no Acre, ariranha (Pteronura brasiliensis) e Tatu Canastra (Priodontes maximus), estão na Lista das

Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção por terem uma taxa de reprodução relativamente baixa.

•Ameaçadas de extinção - espécies cujo número haja diminuído a um nível crítico ou cujos hábitats tenham sido tão drasticamente reduzidos que eles podem vir a desaparecer.•Em perigo - espécies que em breve estarão extintas, a menos que sejam tomadas medidas urgentes de proteção.•Vulnerável – espécies com probabilidade de passarem à categoria ‘Em perigo’ em futuro próximo se os fatores causais continuarem operando.

O conhecimento atual permite reconhecer a riqueza existente e os riscos de desaparecimento de espécies ainda nem conhecidas pela ciência. Existe a necessidade de mais estudos, pois há lacunas de conhecimento sobre a biodiversidade, principalmente na região do Baixo Acre, onde estão concentradas as áreas mais degradadas e alteradas, decorrentes do uso desordenado e das atividades antrópicas.

É extremamente importante, também, a proteção do entorno das Unidades de Conservação, para a preservação da fauna e flora, principalmente nas regiões em que foram encontradas espécies endêmicas.

5150

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52 53

Para se entender as questões ambientais de um território, é preciso compreender como os processos acontecem na natureza e suas interações. O Acre é formado por alguns ambientes mais estáveis e outros mais frágeis. Esse conhecimento implica no planejamento de forma eficiente da ocupação do território para, dessa forma, poderminimizar os impactos ambientais.

Os AMbientes dO Acre

A s noções de estabilidade e fragilidade de um ambiente estão relacionadas a dois fatores: resistência e resiliência. As chuvas, os solos, rochas que dão origem aos solos, o relevo e a vegetação

determinam o grau de vulnerabilidade do ambiente à erosão.

A ação da chuva sobre o solo é a principal forma de erosão que ocorre em ambientes tropicais. O solo do Acre apresenta grande instabilidade ambiental, quando exposto às condições climáticas, pois grande parte da superfície é coberta por rochas sedimentares,

mais vulneráveis à erosão, principalmente nas áreas centrais do estado, onde está localizada a Formação Solimões Superior e ao longo dos rios.

Em relação ao relevo, predominam maior resistência e menor vulnerabilidade ambiental nas áreas de relevo menos movimentada, como nos municípios de Acrelândia e Senador Guiomard.

Os Latossolos apresentam um grau de estabilidade elevado na região sudeste do Estado. Os Cambissolos estão numa escala de vulnerabilidade alta e representam o segundo grupo de maior vulnerabilidade, localizados na região central do Estado. Os solos mais vulneráveis são os Neossolos Flúvicos, que acompanham os grandes rios e igarapés.

A vegetação reveste o solo, dando proteção à erosão na época das chuvas, evita o impacto direto das gotas de chuva contra o solo; impede a compactação do solo e aumenta a capacidade de infiltração e absorção de água pelo solo. Assim, as áreas com cobertura florestal apresentam de moderada à alta estabilidade ambiental.

A visão integrada dos recursos naturais

53

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54 55

As áreas mais estáveis do ponto de vista de recursos naturais estão concentradas nos extremos do Estado, por razões variadas, se analisadas em termos de geologia, geomorfologia, solos e vegetação.

Nos ambientes moderadamente estáveis, os solos têm uma restrição severa de drenagem. É aconselhável apenas o uso de práticas agroflorestais em pequenas áreas, de forma a manter a cobertura do solo e evitar a degradação irreversível.

Os ambientes frágeis, ou vulneráveis, são aqueles ambientes de alta sensibilidade à ocupação humana, onde o equilíbrio natural é mantido, principalmente, pela cobertura vegetal. Se a cobertura vegetal é retirada, há rápida degradação dos solos, pelos processos de erosão acelerada e chuvas elevadas, e pela presença de argila de atividade alta.

Os ambientes vulneráveis estão representados, principalmente, pelas áreas ribeirinhas distribuídas no Estado do Acre, como os Cambissolos, de solos jovens e relevo mais movimentado, bem como nas margens dos rios de predominância dos Neossolos Flúvicos, além das áreas antropizadas e com baixa cobertura florestal.

O Acre é constituído de uma diversidade de paisagens. Cada parte do território que possui uma mesma característica, reunindo vegetação, fauna, solo, enfim, diferentes características dos recursos naturais e que interagem com diversos tipos de relevos e rochas é chamada de Unidade de Paisagem Biofísica (UPB).

A distribuição das UPBs ocorre de forma diferenciada no Estado. Nesta segunda fase do ZEE, foram definidas 960 paisagens distribuídas diferentemente nas Regionais do Acre. A regional do Juruá possui o maior índice de diversidade de paisagens.

As Unidades de Paisagem com maior ocorrência nas Regionais do Alto Acre e do Baixo Acre foram representadas por forte ação humana, sendo um indicativo do grau de alteração dessas unidades territoriais.

Mapa de Vulnerabilidade

5554

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56 57

A situação das terras do Acre é resultado de uma série de fatores da organização político-administrativa e da ocupação econômica ao longo dosanos.VamosmostrarcomoseconfiguraasituaçãodasterrasdoAcre,osconflitoserefletirsobreoordenamentofundiáriodenossaterra.

A REguLARiZAÇÃO fundiáRiA

A situação fundiária da terra acreana é bastante complexa, pelo fato de terem sido reconhecidos os títulos expedidos por diferentes administrações nacionais e internacionais.

Esta regularização fundiária teve início com a política de expansão da fronteira agrícola e integração da Amazônia ao território nacional, estimulada pelo Governo Federal.

No período de 1976 a 1985, o Governo deu início a um processo intenso de discriminação das terras, transferindo aos novos donos das terras, seringais vendidos por preços extremamente baixos com reconhecimento da titulação, iniciando um confronto entre os seringueiros e esses donos de terras.

Em meados da década de 80 foram criados os Projetos de Assentamentos e Reservas Extrativistas e, na década de 90, o reconhecimento e demarcação das terras indígenas, fruto das reivindicações das lutas dos povos tradicionais e dos apoios nacional e internacional dos movimentos que apontavam para a necessidade de manutenção dos recursos naturais.

O INCRA discriminou cerca de dois terços das terras acreanas, mas permaneceu a falta de ordenamento fundiário dessas áreas discriminadas. Mais tarde, foi proibida a obtenção de terras e implantação de assentamentos rurais em áreas de cobertura florestal primária e criadas várias modalidades de Projeto de Assentamento, voltadas para atender a demanda de terras do Programa de Reforma Agrária para populações tradicionais e não-tradicionais, exigindo o compromisso de uso da terra com técnicas adequadas e a proibição do corte raso da vegetação.

As pendências na regularização fundiária são responsáveis pela maior parte dos conflitos existentes. Com o objetivo de promover a

Como se organizou o domínio e a posse da terra acreana

5756

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58 59

regularização, ordenação e reordenação fundiária rural e a mediação de conflitos pela posse da terra, em 2001, o Estado criou o Instituto de Terras do Acre, com a finalidade de apoiar a criação de novas áreas de interesse público tais como Unidades de Conservação, Projetos de Assentamentos e Terras Indígenas, bem como a regularização

das demais denominações fundiárias.

A nOVA LinHA CunHA gOmEs

O Acre aumentou o território em 1.228.936 hectares com a revisão dos limites da Nova Linha Cunha Gomes.

A dimensão territorial do Acre passou por distintas fases até chegar aos atuais 16.422.136 hectares de área, e o processo teve origem no Tratado de Petrópolis.

Com base nos marcos geodésicos históricos, a revisão dos limites da Nova Linha Cunha Gomes, linha divisória que

separa os Estados do Acre, Amazonas e Rondônia, foi definida pelo Instituto Brasileiro de Geologia

e Estatística - IBGE e acatado pelo Supremo Tribunal Federal - STF, em 3 de abril de

2008, ampliando o território que tinha 15.193.200ha para 16.422.136ha.

As mudAnÇAs dOs LimiTEs inTERmuniCipAis

A revisão dos limites intermunicipais acreanos foi outra questão trabalhada em relação à situação fundiária do estado, pois a situação de imprecisão entre as jurisdições causavam transtornos quanto à autonomia e soberania das administrações municipais. Foi criada na Assembléia Legislativa do Acre uma Comissão Parlamentar de Inquérito que aprovou, em 2004, a revisão dos limites para os 22 municípios acreanos que foram definidos pelo IBGE, alterando

o tamanho do território, com ganho de território para alguns municípios e perda para outros.

Hoje, o Estado do Acre apresenta 55,3% de suas terras protegidas: 32,1% destinadas a Unidades de Conservação, 13,2% em Terras Indígenas e 10% em Projetos de Assentamento. Os imóveis rurais sob domínio de particulares compreendem 31% das terras do estado que, somados às áreas a serem discriminadas (6.9%), terras em discriminação sob júdice (2,5%), terras dominiais estaduais (1,3%) e terras públicas não destinadas (3%), totalizam 44,7% da superfície das terras estaduais.

EspAÇOs TERRiTORiAis - áREAs pROTEgidAs

As áreas protegidas são necessárias para a preservação dos bens naturais e da diversidade biológica, para o equilíbrio climático e para a manutenção da qualidade do ar, além de oferecer lazer e cultura, garantindo qualidade de vida não somente à população que ali vive,

mas também aos habitantes das cidades e de todo o planeta.

As áreas protegidas distribuem-se em Unidades de Conservação (UC), terras indígenas (TI), Áreas

de Preservação Permanente (APP), Reservas Legais (RL) e algumas

áreas militares. Para cada uma delas existem procedimentos normativos para a gestão do território.

A Lei Estadual Florestal

5958

Estrutura fundiáriamapa político

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60 61

nº 1.426, criada em 27 de dezembro de 2001, contempla o Sistema Estadual de Áreas Naturais Protegidas - SEANP e complementa o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, nas condutas para a preservação dessas áreas.

A área que compõe o SEANP é formada por um mosaico contínuo de 7,5 milhões de hectares, de Unidades de

Conservação de Uso Sustentável e Proteção Integral, de jurisdição federal e

estadual, e Terras Indígenas, totalizando 45% do território do Acre. Contempla, ainda, as áreas de Reserva Legal das propriedades.

O SEANP é um “corredor ecológico” que age como um sistema de proteção natural para a diversidade existente de animais e plantas, com uma extensão contínua de floresta em toda a fronteira internacional com o Peru e a Bolívia. Este Corredor Ecológico não privilegia somente a fauna e a flora, mas considera também as comunidades que vivem nessas áreas.

É um sistema que facilita a gestão participativa das Unidades de Conservação e o acompanhamento das

demais áreas protegidas por meio de programas que envolvem a comunidade, órgãos

governamentais e não governamentais e a iniciativa privada.

As unidAdEs dE COnsERVAÇÃO dO ACRE

Para criar, implantar e cuidar das Unidades de Conservação, foi criada uma legislação federal específica, denominada de Sistema Nacional de Unidades de Conservação, que determina os critérios de como vão ser criadas e o que pode ser feito dentro de cada categoria de Unidade de Conservação - UC.

As Unidades de Conservação são definidas em dois grupos principais: UC de Proteção Integral ou UC de Uso Sustentável.Cada UC tem uma característica que depende da região onde se localiza, podendo abrigar cursos de água, vegetações, animais e paisagens bem diferentes. As características apresentadas em estudo para a criação das UCs é que define a categoria mais indicada para a área, dentro do grupo de proteção integral ou de uso sustentável.

As Unidades de Conservação do Acre representam 31% do território. São áreas destinadas à conservação da natureza e uso sustentável dos recursos naturais, reconhecidas pelos governos federal, estadual e municipal, responsáveis pela gestão administrativa dessas áreas.

Gestão administrativa das Unidades de Conservação

UCs federais - Instituto Chico Mendes e de BiodiversidadeUCs Estaduais de Proteção Integral e Áreas de Proteção Ambiental - Secretaria Estadual de Meio Ambiente UCs de uso sustentável - Secretaria Estadual de Florestas UCs municipais - Secretarias Municipais de Meio Ambiente.

No Acre existem três Unidades de Conservação na categoria de Proteção Integral, totalizando 9,9 % do território: o Parque Nacional da Serra do Divisor, o Parque Estadual do Chandless e a Estação Ecológica do Rio Acre. Nestes locais são permitidas apenas atividades que não impliquem na retirada de recursos naturais nem em impacto ambiental, como o turismo ecológico, a pesquisa científica e ações de educação ambiental.

As Unidades de Conservação de Uso Sustentável são 16 e compreendem Reservas Extrativistas, Florestas Estaduais e Floresta Nacional, Área de Relevante Interesse Ecológico e Área de Proteção Ambiental, num total de 22,3% do território acreano.

A criação das Reservas Extrativistas (RESEX) foi uma das principais bandeiras de luta de Chico Mendes. Hoje, existem no Acre cinco Reservas Extrativistas: Alto Juruá, Chico Mendes, Cazumbá-Iracema, Alto Tarauacá e Riozinho da Liberdade. A primeira Reserva Extrativista criada no Brasil foi a RESEX do Alto Juruá, em 1989. Em 1990, foi criada a maior Reserva Extrativista do Brasil, a RESEX Chico Mendes com 931.834 hectares, abrangendo 7 municípios: Assis Brasil, Brasiléia, Capixaba, Epitaciolândia, Rio Branco, Sena Madureira e Xapuri.

Nas Unidades de Conservação de Uso Sustentável, o objetivo é a conservação da natureza, mas são permitidas atividades pelos moradores do local para o consumo familiar, coleta e comercialização

Sistema de Áreas Naturais Protegidas do Estado Acre

6160

Terra IndígenaUnidade de Conservação de Uso SustentávelUnidade de Conservação de Uso Integral

01-Reserva Extrativista do Alto Juruá02- Reserva Extrativista Alto Tarauca03- Área de Proteção Ambiental Amapá 04- Floresta Estadual Antimary05- Reserva Extrativista Cazumbá- Iracema 06- Parque Estadual Chandles 07- Reserva Extrativista Chico Mendes 08- Área de Proteção Ambiental Irineu Serra

09-Reserva Nacional Macauã 10-Floresta Estadual Mogno11-Estação Ecológica Rio Acre12-Floresta Estadual Rio Gregório 13-Floresta Estadual Rio Liberdade14-Res. Extr. Riozinho da Liberdade15-Floresta Estadual Santa Rosa do Purus16-Floresta Nacional São Francisco

17-Área de Proteção Ambiental São Francisco18-Área Relevante Int. EcológicoSeringal Nova Esperança19-Parque Nacional Serra do Divisor

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62 63

sustentável dos recursos naturais existentes, de forma a garantir a manutenção da diversidade de animais e plantas para seu uso e, também, para as futuras gerações.

Um dos principais desafios que surgem após a criação das unidades de conservação de uso sustentável é estruturar um modelo de desenvolvimento que permita a permanência dos habitantes nestas áreas com acesso a serviços de saúde, educação, trabalho e renda. Por este motivo é importante a organização dos moradores, a elaboração do plano de manejo em parceria com os gestores das unidades e melhorias das condições de vida para a comunidade.

As Unidades de Conservação criadas no estado, após 2000, foram indicadas no ZEE Fase I, representando um incremento de 105,8%. São eles: o Parque Estadual do Chandless; Florestas Estaduais (3) Mogno, Rio Liberdade e Rio Gregório; Áreas de Proteção Ambiental (3) Lago do Amapá, São Francisco e Raimundo Irineu Serra; Reservas Extrativistas (3) Alto Tarauacá, Cazumbá-Iracema e Riozinho da Liberdade.

A gestão das Unidades de Conservação compreende uma série de ferramentas de planejamento, organização, normatização, monitoramento e controle visando à conservação e à sustentabilidade dos recursos naturais. Mas a participação das populações locais é fundamental para uma eficiência dos processos de gestão e tem como principais instrumentos o Conselho Gestor e o Plano de Manejo.

As TERRAs indígEnAs

As Terras Indígenas (TI) do Acre totalizam 14,5% do território acreano distribuídas em 35 terras indígenas reconhecidas pelo governo federal, a maior parte delas já regularizada.

6362

mapa das Terras indígenas

11o 0´0

´́S10

o 0´0´́S

9o 0´0´́S

8o 0´0´́S

74o 0´0´́ W 73o 0´0´́ W 72o 0´0´́ W 71o 0´0´́ W 70o 0´0´́ W 69o 0´0´́ W 68o 0´0´́ W 67o 0´0´́ W

0 25 50 100 150 200

1:3.300.000Km

1. Nukini2. Nawa3. Poyanawa4. Jaminawa do Igarape Preto5. Campinas Katukina 6. Arara Ig. Humaitá7. Arara do Rio Amonia8. Kampa do Rio Amonea

9. Kaxinawa da Praia do Carapana 10. Rio Gregório 11. Kampa do Igarapé Primavera12. Jaminawa Arara do Rio Bagé13. Kaxinawa do Rio Humaitá14. Kaxinawa Seringal Independência15. Kaxinawa do Baixo Rio Jordão 16. Kaxinawa do Rio Jordao17. Kaxinawa Ashaninka do Rio Breu

18. Alto Tarauacá19. Katukina/ Kaxinawa20. Kaxinawa Colonia Vinte e Sete21. Igarapé do Gaucho22. Kaxinawa do Seringal Curralinho23. Kaxinawa Nova Olinda24. Kulina do Igarape do Pau25. Jaminaua Envira26. Kulina do Rio Envira

27. Kampa Isoladoso do Rio Envira28. Xinane29. Alto Rio Purus30. Jaminawa do Rio Caeté31. Manchineri do Seringal Guanabara32. Mamoadate33. Cabeceira do Rio Acre34. Jaminawa do Guajará

Terras Indígenas

Categoria Área (há) Percentual Estado (%)

I-Unidade de Conservação de Proteção IntegralParque nacional da Serra do Divisor 844.636 5,14Estação Ecológica do Rio Acre 84.387 0,51Parque Estadual Chandess 693.366 4,22Sub-Total 1.622,389 9,87II-Unidades de Conservação de Uso SustentávelFloresta Nacional do São Francisco 21.142 0.13Reserva Extrativista do Alto Tarauacá 151.537 0.92Reserva Extrativista do Alto Juruá 527.831 3,21Reserva Extrativista Cazumbá - Iracema 742.410 4,52Floresta Nacional do Macauã 177.047 1,08Reserva Extrativista Chico Mendes 931.834 5,67Floresta Estadual do Mogno 140.624 0,86Floresta Estadual do Rio Gregório 212.948 1,30Floresta Nacional Santa Rosa do Purus 228.861 1,39Floresta Estadual do Rio Liberdade 125.080 0,76Resex Riozinho da Liberdade 326.810 1,99Área de Relevante Interesse Ecológico Seringal Nova Esperança 2.909 0,02Floresta Estadual do Antimary 65.824 0,40Sub-Total 3.654,858 22,26

TOTAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 5.277,247 32,13III - Terras Indígenas 2.167,146 13,20TOTAL DE AREAS NATURAIS PROTEGIDAS 7.444,393 45,33ÁREA TOTAL DO ESTADO 16.422,136 ha.

áreas naturais protegidas no Acre

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64 656564

Vivem atualmente no território acreano 15 povos indígenas, falantes de idiomas de três famílias linguísticas. Uma população de pouco mais de 16 mil pessoas (cerca de 2% da população total do estado e 6% da população rural). Outros quatro povos indígenas considerados “isolados” (cerca de 600 pessoas) habitam e têm áreas de uso, no território acreano.

As Terras Indígenas têm como entorno as Unidades de Conservação, sendo que uma parte delas está situada em áreas de influência direta das Rodovias BR 364 e BR 317, e outra parte faz fronteira internacional com o Peru e a Bolívia.

Atualmente, existem 34 organizações indígenas legalizadas no estado e responsáveis pela gestão da maioria das Terras Indígenas do Acre. As políticas públicas para os povos indígenas devem ser aprofundadas quanto ao planejamento, execução e monitoramento de ações voltadas para a produção, gestão ambiental, educação, saúde e fortalecimento da cultura, com a participação efetiva das organizações nos processos de decisão de formulação e implementação das políticas.

Os AssEnTAmEnTOs RuRAis Os Assentamentos Rurais representam 10% das terras do Estado

do Acre, distribuídos em 123 Assentamentos Rurais em diferentes modalidades, distribuídos em 74 Projetos de Assentamentos (PA), 5 Projetos de Assentamento Dirigido (PAD), 1 Projetos de Assentamento

Rápido (PAR), 11 Projetos de Assentamento Agroextrativista (PAE), 13 Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS), 4 Projetos de Assentamento Florestal (PAF), 12 Projetos Estadual Pólo Agroflorestal (PE) e 3 Projetos Casulo (PCA).

O PAD foi criado na década de 70, como parte da política de ocupação da Amazônia com o objetivo de cumprir com as determinações do Estatuto da Terra quanto ao assentamento de pequenos e médios agricultores em regime de propriedade familiar. Depois, em 1982, foi criado o PAR com o objetivo de regularizar a ocupação de áreas devolutas arrecadadas na faixa de fronteira.

A modalidade de PAE ocorreu em 1987, para fazer uma Reforma Agrária diferenciada na Amazônia, respeitando e resgatando a forma e o modelo de ocupação das populações tradicionais (seringueiros e ribeirinhos). Foram implantados no Acre os PAEs, entretanto, cada projeto necessita ter seu Plano de Utilização da área elaborado pelos moradores e aprovado pelo Incra para dar sustentabilidade jurídica.

A partir de 1999, foi criado o PDS, de interesse social e ecológico, destinado às populações que tinham suas atividades baseadas no extrativismo e na agricultura familiar, bem como outras atividades de baixo impacto ambiental.

O PAF foi criado em 2003, destinado às áreas com aptidão para a produção florestal familiar, com o objetivo de desenvolver o manejo florestal de uso múltiplo em base familiar.

A modalidade PE é de responsabilidade do Estado, sendo

mapa de projetos de Assentamentos

11o 0´0

´́S10

o 0´0´́S

9o 0´0´́S

8o 0´0´́S

74o 0´0´́ W 73o 0´0´́ W 72o 0´0´́ W 71o 0´0´́ W 70o 0´0´́ W 69o 0´0´́ W 68o 0´0´́ W 67o 0´0´́ W

Projeto de Assentamento- PA

Projeto de Assentamento Dirigido- PAD

Projeto de Assentamento Agro-Extrativista- PAE

Projeto de Assentamento Florestal Sustentável-PAF

Projeto de Assentamento Rápido- PAR

Projeto Casulo – PCA

Projeto de Desenvolvimento Sustentável- PDS

Projeto Estadual Polo AgroFlorestal- PE

Assentamentos - Modalidade

0 25 50 100 150 200

1:3.300.000Km

7o 0´0´́S

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66 676766

Os COnfLiTOs AgRáRiOs

Os conflitos pela posse da terra, no Acre, tiveram origem na pressão de grandes proprietários sobre áreas de posse de seringueiros, índios e pequenos agricultores familiares.

Atualmente, dentre os conflitos existentes, podemos destacar: (a) conflitos entre proprietários e posseiros; (b) conflitos em pequenas, médias e grandes propriedades; (c) conflitos entre posseiros e o estado; (d) conflitos em Projeto de Assentamento, Unidades de Conservação e Terras Indígenas.

A compra de grandes seringais, com moradia efetiva por populações extrativistas, constitui importante fator de geração de conflitos dos grandes proprietários contra os posseiros tradicionais, principalmente nas áreas destinadas à Reserva Legal.

Apesar das iniciativas do Incra visando à regularização fundiária, os conflitos nas pequenas, médias e grandes propriedades e entre posseiros e Estado aumentaram nos últimos anos.

Outro fator de conflitos são os planos de manejo madeireiro aprovados, que não consideram a presença de populações extrativistas nas áreas, que praticam atividade extrativista não-madeireira.

Muitas vezes, os conflitos gerados nos Projetos de Assentamento com as propriedades particulares estão relacionados aos limites

legais. Nos lotes próximos às rodovias asfaltadas, a especulação pelas terras é bastante acentuada para que os assentados vendam os lotes, sem anuência do Incra.

Os maiores conflitos nas Terras Indígenas e Unidades de Conservação são gerados pela caça, pesca e retirada ilegal de

reconhecido pelo Incra, formando “cinturões verdes” em volta das áreas urbanas. Foram implantados com o objetivo de assentar ex-seringueiros e ex-agricultores que se encontram na periferia das cidades e fora do mercado de trabalho.

O PCA foi criado em 1997, destinado à exploração agropecuária e instalado em áreas de transição no entorno de núcleos urbanos. É uma modalidade descentralizada de assentamento por meio de convênio do Incra com as prefeituras municipais.

O Projeto de Assentamento é uma área orientada para o uso racional dos espaços físicos e dos recursos naturais existentes visando à implementação de sistemas de vivência e produção sustentável, em cumprimento da função social da terra e da produção econômica, social e cultural do trabalhador rural e seus familiares.

A agricultura familiar e a agropecuária são atividades de maior impacto econômico, social e ambiental no Estado. As políticas públicas devem estar baseadas no investimento em recursos humanos, infraestrutura, assistência técnica e extensão rural e inovação tecnológica para a mudança dos sistemas agropecuários tradicionais e da agricultura familiar predatória em sistemas de produção sustentáveis.

madeira, devido à falta de fiscalização.

Os problemas de sobreposição de áreas entre as Unidades de Conservação, as Terras Indígenas e os Projetos de Assentamento estão relacionados à definição dos limites legais de cada área, que precisam ser revistos, visando ao desenvolvimento territorial da região.

Empate na estrada de Boca do Acre, em 1979, ou “Mutirão contra a jagunçada”. Foto de José Maria Barbosa.

Page 35: Zoneamento Ecológico Econômico do Acre Zoneamento Ecológico

68 69

A floresta oferece uma infinidade de produtos a serem utilizados paraconsumo e também para serem comercializados. A população rural depende do uso e manejo desses recursos, que oferece oportunidades de melhoria da qualidade de vida, de emprego e renda às comunidades locais.

A pROduÇÃO fLOREsTAL mAdEiREiRA

O Estado possui 88% do seu território em condição de floresta e, portanto, capaz de fomentar o crescimento da atividade madeireira, desde que de forma sustentável. A cobertura

florestal varia entre as regionais em função das ações antrópicas. As regionais que tiveram as maiores reduções de cobertura florestal foram a Regional Alto Acre e a Regional Baixo Acre, com 77% e 54% de cobertura florestal, respectivamente. As demais regionais, Purus (97%), Tarauacá/Envira (96%) e Juruá (94%) apresentam um ativo florestal.

A gestão do patrimônio florestal tem sido feita de forma responsável e participativa, utilizando os instrumentos legais e

econômicos, programas de fomento, bem como sistemas de controle e monitoramento para reduzir as taxas de desmatamento.

O IMAC é a instituição responsável pela autorização e controle dos Planos de Manejo Florestais, em convênio com o IBAMA.

Como a população utiliza os recursos naturais

6968

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70 71

O Programa de Florestas Estaduais de Produção representa um dos eixos principais da política de desenvolvimento sustentável da economia florestal do estado. Atualmente, a indústria de base florestal no Estado do Acre tem como fonte de suprimento de matéria-prima prioritariamente:

• OsPlanosdeManejoFlorestaisSustentáveisEmpresariais;

• OsPlanosdePlanejoFlorestaisSustentáveisComunitários;

• FlorestasPúblicasEstaduaiseFederais.

A Regional Baixo Acre apresentou a maior área manejada, em 2009, seguida pelas Regionais do Purus, Alto Acre, Tarauacá/Envira e Juruá.

OuTROs pROduTOs fLOREsTAis

Os produtos florestais não-madeireiros possibilitam a utilização sustentável da floresta, gerando renda, estimulando a preservação e respeitando tanto a paisagem natural como os habitantes que tradicionalmente vivem na região.

No Acre, entre os inúmeros produtos extrativistas, podemos destacar a borracha e a castanha, que ocupam lugar de destaque na cadeia produtiva. Além desses, temos produtos estratégicos tais como o açaí e copaíba.

Em 1999, o Governo do Acre lançou o Programa de Incentivo ao Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Borracha natural que fortalece todos os segmentos da cadeia produtiva, seringueiros (extrativistas), associações/cooperativas de seringueiros, interme-diários (atravessador), usinas de beneficiamento e indústrias,

A NATEX- Fábrica de Preservativos Masculinos de Xapuri.

mapa de áreas com potencial florestal do Acre

Potencial madeireiro

Alto Baixo

Médio Sem valor

26,06

13,54 14,43

44,621,35

Alto AcreBaixo Acre JuruáPurus Tarauacá/Envira

70 71

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72 73

contribuindo para impulsionar e desenvolver o setor extrativista no Estado, gerando mais ocupações produtivas e renda para os povos da floresta.

O Governo do Estado do Acre assegurou o preço à borracha nativa, com a Lei Chico Mendes nº 1277 de 03/ 01/1999, que estabelece o pagamento por serviços ambientais aos extrativistas por meio de subsídio no valor da produção de borracha, e agregou valor com a industrialização de preservativos a partir do látex nativo, que está sendo realizada pela NATEX- Fábrica de Preservativos Masculinos de Xapuri, criada através do Decreto no 14.985, em 2006.

O Acre hoje é o maior produtor do país no extrativismo da castanha no Brasil e está no mercado internacional, sendo exportado para países como Itália, Alemanha, Estados Unidos, Reino Unido e Japão. Ocorre apenas nas regionais do Purus, Baixo Acre e Alto Acre e, os municípios de Brasiléia, Rio Branco, Sena Madureira e Xapuri concentram 71,86% da produção total.

O programa de modernização e industrialização da Castanha-do-brasil, promovido pelo Governo do Acre, garantiu um impacto positivo no volume de produção, no preço da castanha e melhoria na renda anual do extrativista. Uma das iniciativas promovidas foi a compra antecipada, capitalizando as cooperativas e favorecendo a relação com elas.

O açaí existe em todas as Regionais do Acre, com destaque para os Municípios de Cruzeiro do Sul e Plácido de Castro que, em 2008 responderam por 36,37% do total produzido.

7372

A extração do óleo da Copaíba possui grande potencial comercial e valor econômico. São muito usados como antiinflamatório, mas tem potencial, também, na fabricação de cosméticos.

Além desses produtos, as sementes florestais têm sido uma alternativa para exploração e comercialização do artesanato. Para tanto, devem ser manejadas conforme procedimentos de autorização junto ao órgão ambiental competente, no caso, o Instituto de Meio Ambiente do Acre - IMAC. Os produtos obtidos de áreas autorizadas passam a ser mais valorizados no mercado, pois comprovam responsabilidade social e ambiental na sua produção.

extrAtiVisMO VegetAl

períOdO de 2004 A 2007 nO Acre.

Fonte: IBGE - Produção Extrativa Vegetal.

Produto extrativo 2004 2005 2006 2007

Quantidade Produzida

Madeira em tora (m³) 353.861 483.441 397.414 326.138Lenha (m³) 562.748 627.228 646.002 666.151

Látex coagulado (Ton.) 1.710 2.073 1.407 1.226

Carvão vegetal (Ton.) 1.743 1.744 1.698 1.736

Castanha-do-Brasil (Ton.) 5.859 11.142 10.217 10.378

Açaí (fruto) ( Ton.) 741 907 961 1.459Copaíba (óleo) (Ton.) 0 0 0 0

Valor da Produção (Mil Reais)

Madeira em tora 10.550 13.040 12.533 11.862Lenha 3.741 4.003 4.242 4.959Látex coagulado 3.234 3.617 2.881 2.593Carvão vegetal 580 612 642 718Castanha-do-Brasil 4.940 15.376 12.254 12.142Açaí (fruto) 280 352 393 667Copaíba (óleo) 3 7 7 4

Page 38: Zoneamento Ecológico Econômico do Acre Zoneamento Ecológico

74 75

Aqui será discutido como está sendo usado o território acreano no que se refere ao uso da terra, quanto ao desmatamento e queimadas, além de um retrato da situação da ação do homem e do uso dos recursos naturais.

A fLOREsTA E O usO dA TERRA

O território acreano apresentava 12% de desmatamento até 2007. A ação do homem, quanto ao uso intenso da terra destacam-se nas pastagens (81,2%), capoeiras (13,1%) e

culturas temporárias e permanentes (3,5%), do total desmatado.

As pastagens correspondem a 81,2 % do total desmatado, até 2007. A dinâmica da atividade é muito grande e introduziu mudanças recentes nas características do processo produtivo para criação de gado de corte em grandes fazendas, como o criatório destinado ao corte e leite, em áreas dos projetos de assentamento e mesmo em áreas extrativistas. Atualmente, a concentração do efetivo bovino, está na Regional do Baixo Acre.

Uma preocupação constante, diz respeito à pressão que a pecuária pode exercer sobre os recursos florestais. Os dados indicam que o crescimento deste setor não está impulsionando o processo de desmatamento, mas que esta atividade aumentou sua

O uso da terra e os recursos naturais

7574

Produtos AgrícolasQuantidade Produzida

2004 2005 2006 2007 2008

Lavoura temporária (Ton.)

Mandioca 450.335 563.919 455.581 614.193 730.434

Milho (em grão) 68.252 60.979 56.612 56.763 61.088

Arroz (em casca) 38.717 31.561 32.490 28.099 28.569

Cana-de-açucar 22.977 25.690 35.248 37.138 52.609

Feijão (em grão) 8.914 4.448 6.816 7.900 5.779

Melancia 5.602 5.560 6.713 5.581 9.776

Abacaxi (Mil frutos) 2.801 2.807 2.710 2.664 3.582

Lavoura permanente (Ton.)

Banana 62.503 55.479 75.589 90.786 94.964

Café (beneficiado) 2.533 2.185 1.131 1.370 1.579

Laranja 7.059 5.558 4.434 2.937 3.551

Mamão 2.347 1.795 1.820 2.031 3.054

Borracha (Látex coagulado) 1.329 634 559 553 427

Tangerina 2.422 2.083 2.032 1.468 1.399

Palmito 702 440 483 407 137

Limão 1.190 1.340 1.108 1.208 1.623

Guaraná (semente) 90 90 61 53 15

QuAnTidAdE pROduZidA dOs pRinCipAis pROduTOs AgRíCOLAs, pERíOdO dE 2004 A 2208 nO ACRE

Page 39: Zoneamento Ecológico Econômico do Acre Zoneamento Ecológico

76 77

eficiência e produtividade, com melhores tecnologias de pastoreio e aproveitamento de áreas já desmatadas, antes sem utilização.

As culturas agrícolas podem ser divididas em dois grupos, lavouras permanentes e lavouras temporárias.

As lavouras temporárias têm como principais produtos a mandioca, o feijão, o arroz, a melancia, o abacaxi, o milho e a cana-de-açúcar.

O papel da produção de mandioca é muito importante para a geração de renda, com a participação de todos os municípios. Atualmente, o município de Sena Madureira é o maior produtor do Estado seguido de Cruzeiro do Sul. A segunda cultura temporária que mais gera recurso, dentre as demais, é o Milho. Destacamos ainda o crescimento da produção de cana-de-açúcar.

Quanto às culturas permanentes, a principal contribuição é a produção de Banana, dentre as demais culturas.

7776

QuEimAdAs

O uso do fogo na Amazônia vem aumentando consideravelmente, dado que o processo de desmatamento é, quase sempre, realizado através desse recurso. Ainda, em decorrência do uso intencional do fogo, a vegetação se torna mais inflamável, o que aumenta o risco de incêndios e, por isso, vastas regiões de florestas tropicais estão sendo queimadas.

No Acre, as queimadas ocorrem com maior frequência entre os meses de agosto e outubro, época mais seca do ano na região.

Os municípios mais afetados pelas queimadas todos os anos são os das Regionais do Baixo e Alto Acre: Acrelândia, Assis Brasil, Brasiléia, Bujari, Capixaba, Epitaciolândia, Plácido de Castro, Porto Acre, Rio Branco, Senador Guiomard e Xapuri.

No ano de 2005, em que houve uma seca atípica, o Acre foi alvo de queimadas e incêndios florestais que danificaram dezenas de milhares de florestas em pé e áreas abertas, causando a morte de árvores e a emissão de milhões de toneladas de gases de efeito estufa para a atmosfera.

Os impactos da seca e dos incêndios florestais têm importância para as perspectivas futuras das sociedades da Amazônia. Mudanças climáticas induzidas por atividades humanas podem resultar em uma alteração da distribuição das chuvas e em um aumento de temperatura, especialmente na época seca. Estas mudanças podem, por sua

vez, levar a uma alteração na frequência e severidade das secas nas próximas décadas, tornando este evento mais comum e aumentando a variabilidade climática e a vulnerabilidade da sociedade.

dEsmATAmEnTOs O acesso às sedes municipais, com a pavimentação das rodovias

federais e estaduais, melhorou a comunicação e o desenvolvimento econômico, mas contribuiu para o desmatamento. Os desmatamentos cresceram significativamente ao longo das BR-364 e BR-317, com maior concentração nos Projetos de Assentamento e fazendas.

A abertura de estradas, a implantação de atividades agropecuárias, e a extração de madeira, são fatores que agravam os desmatamentos no Acre.

A Unidade Central de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto (UCEGEO), do Governo do Acre, concluiu, em 2010, estudo da dinâmica do desmatamento para o Estado do Acre em uma análise temporal de 22 anos, entre o período de 1988 e 2009. Os dados mostraram que o desmatamento acumulado para o Acre é de 20.678 km², o que representa 12,59 % da área total do estado.

Até o ano de 1988, ano base da análise, no Acre havia 6.648 Km²

DESmATAmENTo ANuAl Do ESTADo Do AcrE(Período de 1988 a 2009)

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

6.648

528 652 478 590 522 3631.069

582 539 880 544 641 909 868 843 917 577 640 529 488872

528

Ano

Área

em K

m2

Guaraná

Limão

Palmito

Tangerina

Borracha (látex coag.)

Mamão

Laranja

Café (beneficiado)

Banana

Page 40: Zoneamento Ecológico Econômico do Acre Zoneamento Ecológico

78 797978

11o 0´0

´́S10

o 0´0´́S

9o 0´0´́S

8o 0´0´́S

7o 0´0´́S

74o 0´0´́ W 73o 0´0´́ W 72o 0´0´́ W 71o 0´0´́ W 70o 0´0´́ W 69o 0´0´́ W 68o 0´0´́ W 67o 0´0´́ W

mapa de desmatemento

0 25 50 100 150 200

1:3.300.000Km

Áreas Desmatadas

desmatados, o que representava 4,05% da área do Estado. Assim, nos últimos 21 anos, entre 1989 e 2009, houve uma perda total de florestas primárias na ordem de 14.031 Km², representando 8,54% do território acreano, indicando uma taxa média anual de 0,41%.

Analisando-se a distribuição dos dados por ano, constata-se que houve uma redução das taxas de desmatamento nos últimos 4 anos. A taxa media anual de desmatamento é de 558,5Km²/ano (0,34%), sendo que o ano de 2009 apresentou a menor taxa dos últimos 14 anos, 488 km² (0,30%), além de representar a 3ª menor área desmatada entre o período analisado que corresponde a 22 anos.

Os anos de 1996 (1.069 Km²) e 2005 (917 Km²) tiveram os maiores índices de desmatamento, que estão relacionados a intensos e prolongados períodos de seca, que propiciaram grande número de queimadas.

Os municípios que apresentam os maiores índices de desmatamento são Capixaba (51,1%), Acrelândia (58,8%), Senador Guiomard (71,5%) e Plácido de Castro (72,2%), todos com percentuais de desmatamento acima de 50% de sua área. Já os municípios com as menores áreas desmatadas são Santa Rosa do Purus (1,1%), Manuel urbano (2,3%) e Jordão (2,7%), todos com menos de 3% da sua floresta alterada.

A dinâmica do desmatamento está associada à densidade de pessoas e à concentração de estradas. A maior concentração do desmatamento no Acre está nas regionais de desenvolvimento do Alto e Baixo Acre, onde fica a capital Rio Branco e é o ponto de partida para o interior do

Page 41: Zoneamento Ecológico Econômico do Acre Zoneamento Ecológico

80 818180

estado. O histórico da ocupação do território amazônico indica que a abertura de redes de acesso viário exerce pressão de desmatamento. Esta tendência pode ser observada ao longo das principais vias de acesso ( BR-364 e BR-317) que cortam o território acreano.

No Acre as maiores áreas desmatadas encontram-se nas regionais do Alto Acre e Baixo Acre. Nessa região, verifica-se que os desmatamentos guardam as marcas dos grandes empreendimentos realizados pelas fazendas agropecuárias nos anos 80.

Dados do ZEE 2006 indicam que a Regional do Baixo Acre contribui com mais de 40% do desmatamento no Estado do Acre, principalmente em função do acesso privilegiado de transportes por rodovias federais, estaduais e estradas vicinais, da concentração de projetos de assentamento e de solos com topografia suavizada, além de outras características favoráveis à implantação de atividades agropecuárias.

A Regional do Alto Acre contribui em torno de 20% da área total desmatada, em função de sua ligação rodoviária integral (Rio Branco - Assis Brasil) ter sido concluída desde 2002. A tendência é que haja uma maior pressão sobre as florestas que margeiam a BR-317. Entretanto, as unidades de conservação e áreas indígenas protegem a expansão do desmatamento nessa região.

A regional do Juruá, apesar do número considerável de municípios, contribui com 6% da área total desmatada. O isolamento garante a cobertura florestal.

A regional do Tarauacá-Envira contribui com mais de 6% da área

total desmatada. A transformação da floresta nos municípios de Feijó e Tarauacá vem crescendo, podendo ser considerada um novo pólo de desmatamento, mesmo com seu isolamento. Constitui-se numa área prioritária para a implantação de unidades de conservação e manejo florestal sustentável. Por isso, foi criado o Complexo de Florestas Estaduais do Rio Gregório, Mogno e Liberdade, anterior ao asfaltamento da BR-364.

A regional que tem a menor área florestal convertida a outros usos da terra é a do Purus, em torno de 3%. Essa região consegue manter uma pequena área convertida, principalmente em função de condições de solos desfavoráveis, grande número de áreas protegidas e pelo fato da ligação rodoviária entre Sena Madureira e Manuel Urbano não ter sido pavimentada.

Ao longo dos últimos doze anos o governo tem pautado suas ações na busca da sustentabilidade social, econômica, ambiental e política. Um conjunto de políticas públicas, adequadas e integradas, estão sendo implementadas dentro dos princípios de equidade e sustentabilidade, respeitando as tendências vocacionais da região, para alcançar índices satisfatórios de desenvolvimento social e econômico, garantindo o equilíbrio ambiental.

A elaboração e implantação do Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE Fase I, em 2000, e Fase II em 2006, o incentivo ao manejo florestal de uso múltiplo, o programa de valorização do Ativo Florestal, dentre outros, foram instrumentos importantes na redução dos desmatamentos e valorização das nossas florestas.

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Acre

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tro

1,06 2,29 2,73 3,09 3,12 4,37 4,77 6,25 6,31 6,739,87

13,35

26,8330,92 32,37

41,48

49,31 49,47 51,1

58,81

71,49 72,16

% D

E DE

SmAT

AmEN

TOTAXA dE dEsmATAmEnTO pOR muníCipiO E VARiAÇAO pERCEnTuAL:

pERiOdO dE 1988 a 2009

Page 42: Zoneamento Ecológico Econômico do Acre Zoneamento Ecológico

82 83

TAXA dE pAssiVO fLOREsTAL

O Código Florestal estabeleceu em maio de 2000, que toda propriedade rural da Amazônia Legal, deveria manter um percentual de 80% de floresta, na forma de Reserva Legal. Anteriormente a essa data, o percentual de Reserva Legal era de 50%, o que levou muitos proprietários a ficarem em situação irregular, ou seja, passaram a ter um passivo florestal.

Reserva legaléapartedapropriedaderuralcomfloresta,deformaa permitir a manutenção dos serviços ambientais tais como regulação doclima,conservaçãodabiodiversidade,abrigodafaunaefloranativase regeneração do solo.

Após a mudança do percentual da Reserva Legal de 50% para 80%, a legislação somente permitia a redução da Reserva Legal em 50% para fins de recomposição, caso indicado pelo ZEE. Portanto, tornou-se estratégico a elaboração do ZEE na expectativa de resolução dos conflitos relacionados aos passivos florestais.

Até o ano de 2007, o Acre possuía aproximadamente 88% do território coberto de floresta. Entretanto, essa floresta não está distribuída igualmente em todo o território.

As regionais do Baixo e Alto Acre, contemplam as áreas as mais críticas em termos de passivos florestais, enquanto que as regionais do Purus, Tarauacá-Envira e Juruá apresentam ativos florestais.

8382

A compensação de Reserva Legal pode ser um importante instrumento para regularização dos passivos florestais em propriedades rurais, pois, além de resolver passivos florestais pontuais existentes na região, ajudará na conservação de ativos florestais que, por lei, podem ser desmatados a qualquer momento.

Com a aprovação da Lei do ZEE-AC, foram criados os seguintes programas no Estado:

1- Programa de Recuperação de Áreas Alteradas e Programa de Florestas Plantadas, e

2- Programa de Regularização do Passivo Ambiental Florestal e Programa Estadual de Certificação de Unidades Produtivas Familiares do Estado do Acre.

Esses Programas fazem parte da Política de Valorização do Ativo Florestal e sua aplicação tem como prioridade a Zona 1 do ZEE-AC, onde estão localizados os passivos florestais.

A regularização dos imóveis rurais com base no ZEE-AC poderá ser realizada por meio de uma das seguintes modalidades:

I - recomposição por meio de plantio ou de condução da regeneração natural, dentro de cronograma que respeite os prazos e critérios estabelecidos no Código Florestal e nesta norma;

II - compensação da Reserva Legal por meio de servidão florestal

oudeaquisiçãodeflorestaoudemais formasde vegetação nativa existentes em outro imóvel e que sejam excedentes à sua reserva legal, na forma estabelecida no Capítulo III do Decreto que cria e normatiza o programa de regularização dospassivosflorestaisdeimóveisruraisnoEstado do Acre.

III - desoneração das obrigações previstas nos itens anteriores, adotando as seguintes medidas, isoladas ou conjuntamente:

a) doação, em favor do Poder Público, de propriedade particular existente em Unidade de Conservação de domínio público cuja área deflorestaououtra formadevegetaçãonativaexistaemextensãoequivalente ao passivo de Reserva Legal, de acordo com o § 6º do artigo 44 da Lei nº 4.771 de 1965, com as alterações introduzidas pelo art. 49 da Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006;

b)depósito,emcontaespecíficadoFundoEstadualdeFlorestas, previsto na Lei Estadual nº 1.426/2001, de valor correspondente à área de mesma importância ecológica e extensão, destinando-se estes recursos exclusivamente à regularização fundiária de Unidade de Conservação.

Page 43: Zoneamento Ecológico Econômico do Acre Zoneamento Ecológico

84 85

A população do Acre deve ser compreendida no contexto histórico doprocessodeocupaçãodoespaço. Issosignificaobservarmoscomatenção as migrações, a movimentação dos acreanos dentro do estado e a diferença entre nascimentos e óbitos. Além disso, as condições de vida, a partir dos dados de educação, saúde, saneamento nos revelam um retrato da sociedade e indicam as tendências de inclusão social, qualidade de vida e necessidades básicas da população.

A pOpuLAÇÃO dO ACRE

A migração no Acre teve como período marcante a expansão da economia da borracha, que atraiu grande quantidade de trabalhadores para a região, a partir do século XIX, até a Segunda Guerra Mundial.

O outro período marcante foi a partir de 1970, com a política de integração da Amazônia. O crescimento populacional do Acre voltou a crescer e, em 1980, atingiu 301.276 habitantes, ressaltando que, nesse período, a taxa de fecundidade era de 9,5 filhos por mulher, a maior taxa de todos os estados brasileiros.

Os núcleos urbanos, nos tempos áureos da borracha, eram vilas mercantis e não havia uma forte organização político-administrativa local. Mais tarde, com as mudanças políticas e históricas ocorridas na Amazônia, a população do Acre foi se estabelecendo nos centros urbanos, verificando-se um crescimento da população urbana, apesar de ser um dos estados brasileiros de menor grau de urbanização em relação ao Brasil.

Crescimento da População do Estado do Acre, total, urbana e rural, no período de 1970 a 2007.

Conhecendo melhor a populaçãoSUA DISTRIBUIÇÃO NO TERRITÓRIO E AS CONDIÇÕES DE VIDA.

8584

Fonte: IBGE, Censo Demográfico e Contagem Populacional para os anos 1996 e 2007. SEPLANDS/ACRE, (1991/1996).

Ano População Total

População Urbana População Rural

Absoluto (%) Absoluto (%)

1970 215.299 59.439 65 168.322 35

1980 301.276 131.930 66 186.659 34

1991 417.718 258.520 69 190.101 31

1996 483.593 315.404 65 168.322 35

2000 557.526 370.267 66 187.259 34

2007 655.385 464.680 71 190.705 29

Page 44: Zoneamento Ecológico Econômico do Acre Zoneamento Ecológico

86 87

A partir de 1980, houve um acelerado crescimento populacional do Acre, com grande concentração populacional nas cidades. Esse movimento foi marcado pelo dinamismo dos setores terciário (comércio e serviços) e industrial, em relação ao setor primário

(atividades agrícolas e extrativas). É importante ressaltar, também, o impacto gerado com o asfaltamento

da Rodovia BR-364.

A população urbana do Acre, em 2007, representa 71% do total da população do Acre, com grande concentração na capital do Estado, Rio Branco. A população rural (29%) está assim distribuída: assentados rurais (48%), médios e grandes produtores rurais (20%), extrativistas (16%), ribeirinhos (10%) e indígenas (6%).

Atualmente, com relação à distribuição da população nas Regionais de Desenvolvimento, existe uma concentração da

população na Regional do Baixo Acre, abrangendo 56% da população total do estado. A Regional do Juruá, onde

se localiza Cruzeiro do Sul, 2º município em termos populacionais detém 18% da população total

do estado. A Regional Tarauacá-Envira participa com 11%, a Regional Alto

Acre com 8% e a Regional do Purus com 7%.

8786

Regional/ município PopulaçãoUrbana População Rural TOTALBAIXO ACRE 303.150 63.835 366.985Acrelândia 5.470 6.050 11.520Bujari 3.034 3.509 6.543Capixaba 3.154 5.292 8.446Placido de Castro 8.866 8.392 17.258Porto Acre 1.841 11.875 13.716Rio Branco 269.505 21.134 290.639Sen. Guiomard 11.280 7.583 18.863ALTO ACRE 31.792 20.372 52.164Assis Brasil 2.956 2.395 5.351Brasileia 12.243 6.822 19.065Epitaciolândia 9.227 4.207 13.434Xapuri 7.366 6.948 14.314PURUS 26.934 18.392 45.326Manoel Urbano 4.153 2.995 7.148Sta. Rosa do Purus 1.425 2.523 3.948Sena Madureira 21.356 12.874 34.230TARAUACÁ/ENVIRA 34.069 35.449 69.518Feijó 15.726 15.562 31.288Jordão 1.735 4.324 6.059Tarauacá 16.608 15.563 32.171JURUÁ 68.735 52.657 121.392Cruzeiro do Sul 50.950 22.998 73.948Mâncio Lima 8.164 5.621 13.785M. Thaumaturgo 3.238 9.823 13.061Porto Walter 2.709 5.461 8.170Rodrigues Alves 3.674 8.754 12.428VALE DO ACRE 361.876 102.599 464.475VALE DO JURUÁ 102.804 88.106 190.910TOTAL 464.680 190.705 655.385

Fonte: IBGE, Censo Demográfico e Contagem Populacional para os anos 1996 e 2007. SEPLANDS/ACRE, (1991/1996).

Page 45: Zoneamento Ecológico Econômico do Acre Zoneamento Ecológico

88 89

Novos modelos de planejamento do espaço dependem do nível de informação da população e estão ligados à dinâmica de ocupação do território, o movimento da população e a intensidade do processo de urbanização.

EduCAÇÃO, sAúdE E sAnEAmEnTO

Os principais problemas sociais ocorreram com a atração da população rural para os centros urbanos, pela possibilidade de trabalho e de acesso aos benefícios ofertados pelos serviços públicos, saúde e educação, incidindo negativamente nas condições de vida

dessas populações. Hoje, busca-se melhorar o desempenho desses serviços, tanto na área rural como urbana, de forma a melhorar a qualidade de vida do povo acreano, utilizando indicadores previamente definidos e buscando bons resultados.

A Educação, fundamen-tal para o desenvolvimento da cidadania plena, apresen-tava quadro uma situação crítica até 2000. O estado melhorou a infra-estrutura física das escolas e a formação dos professores da rede de ensino. Também, buscou-se a redução da taxa de analfabetismo, dos índices de abandono e reprovação, além da distorção idade-série nos primeiros anos do ensino fundamental.

Da mesma forma que na Educação, os investimentos públicos na Saúde, tornavam o atendimento à população

precário. Nas últimas décadas, o Acre vem alcançando importantes avanços em relação à saúde da população como a redução da taxa de mortalidade infantil, a melhoria do acesso aos serviços de média e alta complexidade e a implantação de serviços que vêm atender as

necessidades da população.

A rede de saúde estadual, atualmente, oferta serviços de atenção básica, média e alta

complexidade ambulatorial e hospitalar, na maioria dos municípios.

Inovou com a implantação do Programa Saúde Itinerante, garantindo aos municípios com insuficiência de

oferta da média complexidade e na atenção básica, o atendimento em diversas especialidades. Além disso, reforçou o investimento no controle e combate à malária, dengue, doenças diarréicas, principais problemas de saúde pública da atualidade.

Com relação aos serviços de saúde de média e alta complexidade, firmou parcerias garantindo o atendimento de um grande percentual de pacientes do Programa de Tratamento fora do Domicílio (PTFD).

Nos últimos anos, o estado aumentou o número de profissionais de saúde, aprovou o Plano de Cargos, Carreiras e Salários e priorizou a realização do Concurso Público.

O Sistema de Abastecimento de água para consumo humano no Estado, até 2000, apresentava um quadro abaixo da média nacional. Apenas 34% da população tinham acesso à rede geral de água.

A Cobertura da rede de esgoto e fossa séptica apresentava, em 2000, um percentual de cobertura de 29%, muito abaixo da média brasileira (59%) e da Região Norte (33%).

O acesso ao Serviço de coleta de lixo, até 2000, era de 52%, também inferior à média nacional, de 76%.

Com os investimentos realizados nos municípios, sob a responsabilidade do Estado, houve uma mudança dessa realidade. A partir de 2008, 69% dos domicílios passaram a ter acesso à água, 89,5% possuem esgotamento sanitário adequado e 71,6% têm coleta de lixo.

O IDH do Acre, hoje, se aproxima da média da Região Norte, mas existe disparidade entre os municípios. O IDH mais alto está na capital de Rio Branco e os mais baixos estão nos municípios mais isolados: Jordão, Santa Rosa do Purus, Marechal Thaumaturgo, Porto Walter, Manuel Urbano e Assis Brasil.

O Governo do Acre vem questionando os parâmetros utilizados para o cálculo deste índice, uma vez que ele não distingue satisfatoriamente as populações urbanas das florestais, cujas características são muito diferenciadas.

O Índice de Desenvolvimento Humano - IDH, que mede a qualidade de vida da população, é composto pela média de três indicadores: renda, expectativa de vida da população e educação.

8988

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90 91

Uma economia bem desenvolvida de um município, estado ou país, está baseada em três setores produtivos: primário, secundário e terciário que devem possuir um relativo equilíbrio entre eles, sendo que os setores considerados geradores de riqueza são o primário e o secundário.

prOdutO internO brutOA análise da economia é feita com o estudo do Produto Interno Bruto

(PIB) do estado. O PIB é um indicador que mede a expressão monetária dos bens e serviços finais produzidos em um dado período de tempo, dentro dos limites territoriais de um país, estado ou município.

O PIB do Estado vem apresentando uma tendência crescente nos últimos anos. A Taxa de crescimento do PIB acumulada, em 2007, garantiu a sétima colocação no Brasil, registrando um crescimento de 6,5%.

O setor privado, graças à construção civil e a indústria da transformação, passou a ser o setor de maior contribuição para o crescimento do PIB do estado. A participação do Setor Industrial na economia vêm crescendo, o que demonstra que o estado está mudando sua base produtiva, deixando de produzir matéria-prima e agregando valor aos produtos.

Em relação aos PIB dos municípios, Rio Branco, a capital do Acre,

concentra a maior parte das atividades econômicas, e o setor de atividade mais importante é o de serviços com 46,4%. Destacamos, também, o Município de Cruzeiro do Sul, a segunda cidade mais importante, que tem como principal atividade setor de serviços; Senador Guiomard, que concentra forte atividade econômica no setor de Agroindústria e, o município de Sena Madureira, por ser um dos maiores beneficiadores de borracha do estado, bem como produtor de grãos.

Como se organiza a economia acreana

Taxa de crescimento real acumulada (2002-2007) do PIB do Brasil, Região Norte e Unidades da federação.

9190

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92 93

Municípios

ProDuTo INTErNo BruTo muNIcIPAl

Participação (%) no PIB do Estado

2003 2004 2005 2006 20071

Acre 100 100 100 100 100

Acrelândia 2,1 2,5 2,6 2,5 2,5

Assis Brasil 0,5 0,6 0,7 0,7 0,7

Brasiléia 3,1 2,7 2,6 2,7 2,7

Bujari 1,5 1,3 1,8 1,5 1,8

Capixaba 1,1 1,7 1,7 1,6 1,7

Cruzeiro do Sul 8,9 8,8 8,8 8,9 8,5

Epitaciolândia 2,0 2,1 2,0 1,9 1,9

Feijó 2,9 3,1 3,2 3,0 2,8

Jordão 0,5 0,5 0,5 0,6 0,7

Mâncio Lima 1,3 1,1 1,1 1,1 1,2

Manoel Urbano 0,9 0,8 0,7 0,7 0,8

Marechal Thaumaturgo 0,9 0,9 0,8 1,0 1,2

Plácido de Castro 2,4 2,7 3,1 2,4 2,6

Porto Acre 2,0 1,9 1,6 2,0 2,1

Porto Walter 0,6 0,6 0,6 0,7 0,7

Rio Branco 52,7 54,0 52,9 53,8 52,8

Rodrigues Alves 1,1 1,1 1,1 1,3 1,3

Santa Rosa do Purus 0,3 0,3 0,3 0,4 0,4

Sena Madureira 6,9 5,0 5,2 4,5 4,4

Senador Guiomard 3,1 3,1 3,1 3,5 3,8

Tarauacá 3,1 3,2 3,7 3,4 3,4

Xapuri 2,1 2,0 1,8 1,9 1,9Fonte: IBGE; SEPLAN/ Dep. de Estudos e Pesquisas Aplicadas à Gestão.

(1) Dados sujeitos a revisão.

9392

Participação (%) dos setores econômicos no Valor Adicionado (VA) do município por setor predominante – 2007

Município por setor

econômico predominante

Participação (%) dos setores no VA do município

Agropecuária Indústria Serviços Adm. Pública Total

Agropecuária predominante

Acrelândia 49,5 11,2 16,6 22,7 100

Bujari 65,3 3,1 2,6 19,0 100Capixaba 52,7 8,1 13,8 25,4 100Plácido de Castro

38,6 8,0 20,0 33,4 100

Senador Guiomard

35,1 22,0 16,7 26,3 100

Porto Acre 48,6 7,0 13,6 30,8 100Serviços

predominantesRio Branco 3,9 19,4 46,4 30,3 100

Administração Pública

predominante

Assis Brasil 28,4 7,3 23,4 40,9 100Brasiléia 32,0 7,6 25,8 34,7 100Cruzeiro do Sul 12,8 11,3 33,3 42,6 100Epitaciolândia 29,7 6,9 29,5 33,9 100Feijó 18,5 10,0 19,1 52,4 100Jordão 33,4 5,6 10,0 51 100Mâncio Lima 19,1 8,0 17,3 55,6 100Manoel Urbano 25,3 7,2 17,5 50,0 100Marechal Thaumaturgo

24,1 6,4 10,5 59,0 100

Porto Walter 26,0 6,9 11,4 55,7 100Rodrigues Alves 35,5 6,1 12,2 46,2 100Santa Rosa do Purus

18,5 7,7 11,7 62,1 100

Sena Madureira 33,9 9,2 20,2 26,7 100Tarauacá 24,7 8,8 19,7 46,8 100Xapuri 33,3 8,8 21,1 36,8 100

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94 95

A ECOnOmiA fLOREsTAL

A atividade florestal obteve crescimento nos últimos anos, transformando-se na atividade econômica mais importante do estado, com 16,8% (2006).

Com o crescimento da industrialização e exportação de produtos florestais, a demanda por matéria prima madeireira ampliou a valorização deste recurso florestal e o grau de industrialização do setor.

Em 2003 e 2004, novos investimentos foram realizados, destacando-se a implantação de novas indústrias com grande capacidade produtiva e a industrialização de produtos florestais. As empresas locais, principalmente do Baixo Acre, ampliaram seu potencial para agregação de valor aos produtos serrados.

A Castanha do Brasil também é um importante produto extrativo que está contribuindo para a economia do estado com uma produção em 10.378 ton/ano (2007).

Atualmente, a madeira de compensado seguida da Castanha do Brasil são os principais produtos do Acre, exportados para outros países.

Outro importante produto extrativo é a borracha natural, subsidiada do Estado. Em 2007, a produção extrativa foi de 1.226 ton/ano de látex coagulado, principalmente dos municípios de Brasiléia e Rio Branco.

O açaí é um potencial produto da floresta, cuja extração atingiu

1.459 ton/ano em 2007, com destaque para os municípios de Cruzeiro do Sul e Plácido de Castro, cujo valor da produção respondeu a 36% do total produzido em 2008.

pROduÇÃO AgROpECuáRiA No Acre, as atividades agropecuárias são predominantes no setor

primário, responsável pela ocupação da mão-de-obra no meio rural e por grande parte dos produtos alimentícios que abastecem a população urbana da capital e dos municípios do interior do Estado.

A pecuária esteve ligada ao crescimento das áreas desmatadas, hoje ocupadas com pastagens e, principalmente, na intensificação dos sistemas de produção.

Os municípios do Rio Branco, Senador Guiomard, Bujari, Sena Madureira, Xapuri e Acrelândia caracterizam-se por possuir uma pecu-ária desenvolvida, com os maiores efetivos de rebanho de bovinos.

EXTrATIVISmo VEGETAlQuantidade produzida e valor da produção

dos principais produtos extrativos

Produto extrativo

2003 2004 2005 2006 2007

Madeira em tora (m3)

317.190 353.861 483.441 397.414 326.138

Lenha (m3) 530.339 562.748 627.228 646.002 666.151

Hevea (látex coagulado) (Ton.)

1.489 1.710 2.073 1.407 1.226

Carvão vegetal (Ton.)

2.226 1.743 1.744 1.698 1.736

Castanha-do-Brasil (Ton.)

5.661 5.859 11.142 10.217 10.378

Açaí (fruto) (Ton.) 783 741 907 961 1.459

Copaíba (óleo) (Ton.)

2 0 0 0 0

Valor da produção (Mil Reais)

Madeira em tora 9.314 10.550 13.040 12.533 11.862

Lenha 3.423 3.741 4.003 4.242 4.959

Hevea (látex coagulado)

2.543 3.234 3.617 2.881 2.593

Carvão vegetal 620 580 612 642 718

Castanha-do-Brasil

2.354 4.940 15.376 12.254 12.142

Açaí (fruto) 466 280 352 393 667

Copaíba (óleo) 21 3 7 7 4

Fonte: IBGE - Produção Extrativa Vegetal.

Quanto à produção do leite, predominantemente desenvolvida por pequenos produtores, a partir de 1999, o Governo do Estado iniciou políticas para o setor.

A agricultura, em geral, é desenvolvida pela maioria dos pequenos produtores familiares, muitos de projetos de assentamento, além das comunidades tradicionais de extrativistas, ribeirinhos e indígenas. É responsável por grande parte dos produtos alimentícios que abastecem a população urbana da capital e dos municípios do interior do estado, além de ser a base alimentar dessas populações.

A mandioca é o principal produto agrícola da lavoura temporária e respondeu por aproximadamente 70% da produção, em 2007-2008.

O principal produto da lavoura permanente é a banana que respondeu por 60% a 70% da produção, no período de 2006-2008.

9594

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O desenvolvimento socioeconômico regional está relacionado às condições de infraestrutura física dos sistemas de transportes, energia, comunicação e armazenamento. As políticas públicas voltadas ao fortalecimento dessa área são fundamentais para garantir a reorganização da economia que contemple distribuição de renda mais justa, aliada ao respeito e conservação dos recursos naturais.

TRAnspORTEO sistema de transporte do Acre, tradicionalmente, tem os

principais rios acreanos como meio de deslocamento das populações. Das 22 sedes urbanas dos municípios acreanos, 20 estão situadas às margens dos rios, que tradicionalmente formaram as grandes vias de comunicação e de transporte de produtos.

No auge da borracha, as relações comerciais com as casas aviadoras de Belém e Manaus eram feitas pelos rios. Mais tarde, nos anos sessenta e setenta, com a dinâmica de ocupação voltada para

as atividades da pecuária e da exploração madeireira, bem como a expansão das cidades no leste acreano, intensificaram-se as ligações comerciais, fluviais e rodoviárias com Manaus/AM e Porto Velho/RO, respectivamente.

A partir da década de 80, o Governo Federal estimulou a integração da região amazônica ao resto do país, com a pavimentação de Rodovias, entretanto, a BR 364 não foi consolidada no Acre e a via aérea ainda ocupa papel fundamental para a ligação de alguns municípios como Porto Walter, Marechal Thaumaturgo, Jordão e Santa Rosa do Purus.

Abrangendo todo o território, a rede hidrográfica apresenta um grande potencial dentro do sistema de transporte, por possuir rios perenes e navegáveis, fator decisivo ao processo de desenvolvimento regional. Desde 1999, o Governo do Acre vem estimulando a utilização dos rios como rota de transporte, realizando investimentos para consolidar um sistema de transporte intermodal.

Infraestrutura e Desenvolvimento Socioeconômico

9796

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98 99

No Vale do Juruá, do Município de Feijó a Cruzeiro do Sul, a pavimentação da Rodovia BR-364 foi consolidada, por via rodoviária e, foi construída uma infraestrutura portuária na cidade de Cruzeiro do Sul que interligou, definitivamente, o município de Feijó a Cruzeiro do Sul.

A pavimentação da Rodovia Federal BR-364, permitirá a integração interna de 18 dos 22 municípios com sua interligação à BR-317, cujo traçado se inicia no município de Rio Branco, atravessa o território acreano e termina no município de Rodrigues Alves, cortando

transversalmente todos os rios até chegar a Cruzeiro do Sul.

No Vale do Acre, a Rodovia do Pacífico ou Interoceânica, como é conhecida a Rodovia Federal BR-317, percorre toda a parte leste do seu território, iniciando na fronteira com o Estado do Amazonas e terminando no município de Assis Brasil.

A conclusão da pavimentação do trecho da rodovia BR 317 é uma realidade para a integração brasileira com os países sul-americanos, principalmente o Peru e a Bolívia.

A Rodovia BR-317 faz parte do corredor bio-oceânico Atlântico-Pacífico, como parte do sistema hidrorrodoviário que permite o escoamento da produção das regiões Centro-Sul e Norte do Brasil, bem como a importação de mercadorias. A pavimentação da BR-317 em direção ao Estado do Amazonas, interligando Rio Branco-AC com o município de Boca do Acre-AM, garantirá o transporte de mercadorias do Acre até o Porto de Manaus e a conexão de Manaus para Belém, até a Costa do Atlântico na Venezuela.

A rede rodoviária estadual interliga várias sedes municipais às Rodovias Federais e estradas vicinais em diversos municípios. É formada por 12 rodovias, com uma extensão total de 575,80 km, concentrada nas regionais do Alto Acre e Baixo Acre, onde reside a maioria da população do estado. As principais rodovias estaduais são AC-90, AC-475, AC-485 e AC-10.

As rodovias municipais e estradas vicinais apresentam condições precárias, por não possuírem pavimentação e, no período de chuvas,

9998

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100 101

a trafegabilidade nessas estradas é comprometida, prejudicando o abastecimento e escoamento de mercadorias.

O sistema aeroviário é muito importante no Acre, devido às grandes distâncias entre o Estado e outras regiões do país, e para o deslocamento interno a alguns municípios, principalmente na época de chuvas. O sistema possui uma rede principal composta por onze pistas de pouso e decolagem e dois aeroportos, em Rio Branco e Cruzeiro do Sul.

EnERgiA

O consumo de energia no Acre é alimentado por dois sistemas elétricos: Centrais Elétricas do Norte do Brasil - Eletronorte e Eletroacre/Guascor do Brasil. O Sistema Elétrico da Eletronorte é associado ao intercâmbio energético na linha de transmissão Porto Velho/Rio Branco (Linhão), responsável pela geração e transmissão de energia elétrica na capital do Estado e pelo suprimento de doze localidades do interior, pertencentes ao Sistema ELETROBRÁS DISTRIBUIÇÃO ACRE: Acrelândia, Bujari, Porto Acre, Plácido de Castro, Rio Branco, Senador Guiomard, Capixaba, Xapuri, Brasiléia, Epitaciolândia, Bujari e Sena Madureira.

O sistema Acre- Rondônia atualmente é atendido por geração de energia hidráulica da UHE Samuel e UTE Termonorte I e II, ambas localizadas no estado de Rondônia e pelo Sistema Interligado Nacional (SIN).

Atualmente o sistema Acre-Rondônia possui uma capacidade de

101100

fornecer 524MW para atender toda a demanda dos dois estados, observando que o maior fornecimento vem da queima de combustível fóssil. Com a interligação dos estados do Acre e Rondônia ao Sistema Interligado Nacional (SIN), está sendo injetado no sistema cerca de 200MW neste primeiro momento. Esta interligação proporciona uma maior estabilidade no sistema, pois qualquer problema que ocorra em alguma máquina geradora, o sistema SIN supre de energia os Estados do Acre e Rondônia.

O Sistema Elétrico da Eletroacre/Guascor é composto por sistemas isolados no estado e atende aos municípios restantes. A maioria da população do Acre recebe energia elétrica convencional e a população restante, não atendida, corresponde a uma parcela que vive em localidades remotas, no interior do estado.

Desde 1999, o Programa Luz para Todos, política do Governo Federal em parceria com o Governo do Acre, beneficiou a população rural/florestal em 18 municípios que não eram atendidos com a rede de energia elétrica convencional. Outras iniciativas inovadoras têm sido desenvolvidas buscando garantir energia às populações de áreas mais remotas. A Funtac desenvolve pesquisas com um Fogão Gerador de energia, já em fase de fabricação pela iniciativa privada.

COmuniCAÇÃOUm sistema de comunicação é fundamental para garantir a

disseminação das informações, a integração das populações e estimular as relações comerciais e institucionais. Os meios de

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102 103

comunicação utilizados no Acre são: TV, telefonia e celular, internet, jornal, serviço postal e rádio.

O Acre possui, na capital Rio Branco, unidades geradoras filiadas às grandes redes de televisão nacional. Essas unidades recebem e retransmitem os sinais para o interior do Estado, inserindo nos espaços destinados por essas redes os programas produzidos localmente. Desde 2004, o sistema público de comunicação no Acre tomou grande impulso, concretizou a Rede Pública de Comunicação reestruturando a TV Educativa (TV Aldeia), com transmissão para todos os 22 municípios do Estado.

Na área de telefonia fixa, operam no Acre cinco empresas privadas; na telefonia celular móvel são quatro empresas, cujos serviços estão concentrados, em sua maioria, na capital.

Para acesso à internet, o Governo implantou o Projeto Floresta Digital, que possibilita o acesso a internet com banda larga em qualquer local do estado do Acre.

O serviço postal é operado pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e, na área de encomendas expressas, divide o mercado com outras companhias particulares. A capital é a única cidade do Estado que possui agências próprias além das que operam o serviço postal no sistema de franchising. Em vários municípios do interior, os serviços postais são realizados com dificuldades, devido ao isolamento por via terrestre e à falta de serviços aéreos regulares.

As emissoras locais de rádios apresentam uma programação que

estimula a cultura da região e prestam um importante serviço de utilidade pública à comunicação entre pessoas, como é o caso do serviço de recados. O sistema está presente em todos os municípios do Acre, por meio da Rádio Difusora Acreana e da Aldeia FM.

O radioamador ainda é muito importante em diversas comunidades do Acre isoladas por via terrestre e com acesso restrito à via aérea ou fluvial, como o elo de comunicação.

ARmAZEnAgEm

O setor de armazenagem no Acre é importante para a agricultura, especialmente para a estocagem da produção e viabilidade econômica dos pequenos produtores rurais. São basicamente apoiados pelo Governo do Estado através da CAGEACRE (Companhia de Armazéns Gerais e Entrepostos do Acre).

103102

Programas televisivos sendo gerados nos estúdios da TV Aldeia, pertencente ao Sistema Público de

Comunicação do Acre.

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104 105

A cultura acreana é representada pela diversidade de povos, suas histórias e modos de vida. A culinária, a dança, a arte, a religiosidade, as celebrações bem como os monumentos e sítios naturais, são os principais pontos a serem analisados para melhor compreender nossa gente.

A CuLTuRA ACREAnAA formação da cultura acreana envolve a compreensão de

diferentes identidades, surgidas e reproduzidas no tempo e no espaço. Muitos conflitos e disputas pelo território, ao longo do tempo, foram definindo o povoamento e o modo de vida da população acreana e ocupam, hoje, diferentes espaços territoriais como Terras Indígenas, Unidades de Conservação, Assentamentos Rurais, propriedades privadas, Colônias, beiras de rio e cidades.

A cultura acreana envolve os índios que já habitavam o território; os nordestinosquevieramtrabalharnafloresta;ossírioselibanesesquecorriamosriosnosbatelõesembuscadaborrachaedepoisfixaramresidência no Acre; os colonos que vieram em busca de terra para plantar e outros atores sociais como os pecuaristas e madeireiros do centro-sul, que ocuparam o território para implantar um desenvolvimento que excluíaafloresta.

Um olhar sobre a cultura do Acre

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O patrimônio imaterial de uma sociedade é formado por uma série de bens, hábitos, usos e costumes, crenças e formas de vida cotidiana. É a expressão, no campo da cultura, das diferentes formas de apropriação do território e de construção das identidades.

Ao longo do tempo, os acreanos foram moldando novas práticas, mais adaptadas à região através das celebrações, festas, jogos, danças, modos de fazer, culinária, além de edificações, monumentos e obras de arte de todos os atores que compõem a sociedade, como também, bens naturais, de grande beleza ou história.

idEnTidAdE HisTÓRiCO-CuLTuRALElementos da cultura indígena, celebrações religiosas e ofícios

fazem parte das expressões culturais da identidade histórico-cultural de um povo e devem ser preservadas e difundidas para toda a sociedade, através das festas tradicionais e eventos culturais.

No Acre, o carnaval e as festas juninas são expressões identificadas em todos os municípios acreanos. No entanto, cada lugar, cada comunidade, se apropria dessas festas de uma forma especial. A Marujada e a Cavalhada são exemplos de festas tradicionais, promovendo relações sociais e aumentando a auto-estima da população local.

Os pATRimôniOs HisTÓRiCOs

É muito recente a identificação, valorização, recuperação e sistematização do patrimônio histórico e natural do Acre, O patrimônio histórico material (edificado) do Acre tem recebido especial atenção das instituições governamentais; foram realizados investimentos nos espaços destinados à memória acreana. Museu da Borracha e Palácio Rio Branco, ambos localizados no município de Rio Branco; Seringal Bom Destino, localizado no município de

Porto Acre, a Sala Memória de Porto Acre, Casa de Chico Mendes e Rua do Comércio em Xapuri, Centro Cultural de Cruzeiro do Sul, o Teatro de Tarauacá e o Colégio Santa Juliana, onde foi fundado o primeiro museu de Sena Madureira, entre outros. Destacamos alguns desses patrimônios.

O Seringal Bom Destino, principal área de vestígios da Revolução Acreana, foi transformado num grande museu, com infraestrutura turística para receber visitação. Um Chalé foi recuperado e transformado em sala-memória, com uma exposição permanente, que conta a história da área e as informações ao longo das trilhas levam aos vestígios do antigo seringal.

A casa de Chico Mendes é uma das imagens mais conhecidas do Estado do Acre. Transformada em museu logo após sua morte, é mantida a inte gridade física do imóvel e relatada sua história na luta pela proteção da Amazônia e de seu povo.

síTiOs ARQuEOLÓgiCOs Pesquisas arqueológicas no Acre identificaram uma rica e

complexa ocorrência de vestígios arqueológicos, material fóssil presente nas formações geológicas, que cobrem toda a Amazônia Ocidental. A Universidade Federal do Acre, reconhecendo a importância deste material coletado durante as pesquisas de campo, ao longo dos rios e estradas que cortam o Estado do Acre, criou o Laboratório de Pesquisas Paleontológicas (LPP-UFAC).

A pavimentação da Rodovia Federal BR-317 e a expansão da rede de energia acabaram por revelar a existência de desenhos geométricos escavados em baixo relevo no solo argiloso do Acre, em área próxima à fronteira com a Bolívia, denominados de “Geoglifos”. Esses sítios de grande potencial arqueológico estão sendo mapeados e estudados por especialistas.

107106

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síTiOs pAisAgísTiCOsUm lago, uma floresta ou mesmo uma praia às margens de um

rio ou igarapé, pode ser considerado sítio ou paisagem natural. Os principais sítios paisagísticos identificados até o momento são o Parque Municipal Capitão Ciríaco, Parque Municipal Chico Mendes, o Horto Florestal, a Gameleira, o Lago do Amapá, o Igarapé Preto e o Seringal Bom Destino.

O TuRismO E A VALORiZAÇÃO dA CuLTuRA

A atividade turística propicia geração de emprego e de renda em todo o mundo desde que bem planejado. Esta atividade pode ser utilizada como mecanismo de proteção ao patrimônio, seja ele histórico/cultural ou paisagístico/natural.

A oferta de atrativos históricos e culturais, um dos principais focos do turismo, tem contribuído para manter o valor histórico de prédios, bairros e até cidades, evitando que sejam descaracterizadas ou mesmo destruídas. Um exemplo é a revitalização de prédios antigos para abrigar salas-memória, como a sede da prefeitura de Xapuri, transformada em museu.

O desenvolvimento científico de uma região também pode se transformar em um atrativo cultural. No caso do Acre, por ser uma região de alta biodiversidade do planeta, tanto faunística como florística, pode favorecer o turismo científico com roteiros especializados e mesmo visitações aos laboratórios de pesquisa.

Os eventos culturais também promovem uma movimentação turística e permitem ao turista a compreensão da constituição cultural da sociedade.

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110 111

A gestão territorial e ambiental compreende uma série de mecanismos e instrumentos a serem empregados para orientar a tomada de decisão e regular as relações homem-natureza. Esses instrumentos são regulamentados e geridos através de políticas públicas ou por grupos que se organizam em classes ou nos mesmos espaços territoriais.

A rica e complexa diversidade cultural do Acre, a maneira como os grupos sociais foram se organizando no território, suas características de ocupação territorial e uso dos recursos naturais, a percepção que têm hoje do seu próprio futuro, estão presentes na gestão do território.

Nos anos 70 e 80, depois dos conflitos socioambientais provocados pela expansão desordenada da fronteira agropecuária, as populações extrativistas e indígenas do Acre conseguiram importantes conquistas com a regularização de terras indígenas e a criação de Reservas Extrativistas.

A biodiversidade do Acre, entretanto, é considerada uma das mais ricas da Amazônia, o que requer a criação e gestão de novas Unidades de Conservação, para garantir a sustentabilidade efetiva deste recurso.

A gestão do território do AcreDESAFIOS E PERSPECTIVAS

111110

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dEsAfiOs dA gEsTÃO TERRiTORiAL E AmBiEnTAL

A expansão da fronteira agropecuária concentrou-se no sudoeste do Estado, principalmente ao longo das Rodovias Federais - BR-364 e BR-317. A predominância de atividades pecuárias com baixa produtividade em propriedades rurais, projetos de colonização e assentamentos rurais, acarretam problemas de manejo do solo e das pastagens, onde se encontra a maior parte dos solos com possibilidade de exploração mais intensiva.

Os avanços na viabilização de alternativas econômicas entre as populações extrativistas, baseadas no uso sustentável da floresta e sabedorias tradicionais sobre o uso sustentável da biodiversidade, ainda são pontuais. Nesse sentido, algumas tendências são preocupantes, como o crescimento acelerado da pecuária em alguns Projetos de Assentamento Agro-Extrativista (PAE) e Reservas Extrativistas (RESEX).

Na maioria das propriedades rurais, voltadas à agricultura e à pecuária, existe ainda um passivo ambiental relacionado ao não cumprimento da legislação florestal sobre Reservas Legais e Áreas de Preservação Permanente (APPs), associado a uma prática de baixa utilização de manejo florestal.

Apesar de avanços recentes, ainda permanece um elevado grau de pendências de cadastramento fundiário de propriedades rurais no Acre, sobretudo em bases georreferenciadas.

As queimadas provenientes do uso indiscriminado do fogo em roçados e pastagens e mesmo as práticas de corte seletivo de madeira podem deixar a floresta mais vulnerável à invasão do fogo, em épocas de estiagem mais pronunciada.

As principais cidades acreanas, com destaque para a capital Rio Branco, sofreram com processos de expansão desordenada ao longo das últimas décadas, associados às tendências de migração rural-urbana. Essa situação gerou um déficit enorme de planejamento urbano e políticas correlatas nas áreas de saúde, habitação e saneamento básico.

O agravamento de enchentes em áreas urbanas, como a que afetou a cidade de Rio Branco, em fevereiro de 2006, inclui entre seus fatores causais as mudanças climáticas, o desmatamento de cabeceiras de rios e seus afluentes, problemas de assoreamento de rios causados pelo desmatamento indiscriminado e o crescimento desordenado de periferias urbanas, envolvendo a ocupação de terrenos susceptíveis à

erosão e fundos de vales facilmente inundáveis.

As interAções trAnsfrOnteiriçAs: Acre, bOlíViA e peru

O Estado do Acre, por estar inteiramente contido na Faixa de Fronteira do Brasil, está sujeito às normativas instituídas pela lei que criou esse território especial há trinta anos (Lei 6.634/1979). Para o estudo das interações transfronteiriças, alguns aspectos devem ser destacados ao se tomar como referência o limite internacional.

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Dos 22 municípios que compõem o Acre, 17 fazem divisa com outros países. Apesar de ser significativa a proporção, as sedes da maioria dos Municípios tendem a se localizar fora da linha de fronteira, muitas delas ao longo da estrada federal BR-364, situada na extremidade norte do estado, ou seja, no lado oposto ao limite internacional. As vias fluviais, no entanto, permitem a conexão entre essas sedes municipais e o limite internacional e, além dele, com os países vizinhos.

Nos próximos anos, serão importantes para a gestão do território as interações transfronteiriças. Algumas sedes municipais formam uma relação do tipo “cidade-gêmea”, como é o caso de Brasiléia e Epitaciolânida com Cobija, capital do Departamento de Pando na Bolívia.

ZOnA dE fROnTEiRA dO ACRE COm A BOLíViA

O Acre compartilha com a Bolívia uma linha divisória de 618 km, correspondente às províncias bolivianas de Nicolas Suárez e Abunã, do Departamento de Pando. Os municípios acreanos, nessa divisa, são seis -Brasiléia, Epitaciolândia, Xapuri, Capixaba, Plácido de Castro e Acrelândia. O município de Assis Brasil, embora compartilhe um curto segmento com o distrito de Bolpebra (Departamento de Pando), tem um segmento muito maior com o Peru (Departamento de Madre de Dios).

As cidades-gêmeas apresentam forte potencial de atuar como articuladoras de redes locais, regionais, nacionais e transnacionais, além de serem lugares favoráveis para promover a criação de Zonas de Integração Fronteiriça (ZIF).

As áreas acreanas limítrofes a Pando apresentam atividades agropecuárias de baixo valor mercantil (mandioca, arroz, milho, pecuária, extração vegetal), sejam elas exploradas por grandes fazendas ou em pequenas e médias propriedades, ou em reservas extrativistas.

Do lado boliviano, a atividade econômica principal é a extração de madeira e outros produtos florestais, como castanha e borracha. Porém, recentemente, o governo boliviano licitou áreas de exploração de manejo florestal próximas à divisa com o Acre.

Nas últimas décadas, um complexo e dinâmico Arranjo Produtivo Local transfronteriço tem se desenvolvido na zona de fronteira Acre-Pando, ligado à cadeia produtiva da castanha amazônica (Bertholletia excelsa).

A Zona de Fronteira Acre-Pando pode estar evoluindo no sentido de atingir um novo patamar de organização territorial que envolve aspectos como: áreas de ocorrência e potencial produtivo da região; posse da terra; deslocamentos de mão-de-obra para as diversas etapas da produção; comercialização da produção; escoamento e transporte; processamento e beneficiamento; evolução dos preços no mercado internacional; (iii) as institucionalidades envolvidas e (iv) o fomento às atividades produtivas.

O Consórcio de Desenvolvimento Intermunicipal do Alto Acre e Capixaba (CONDIAC) atua na região como articulador e gestor dos projetos de caráter territorial, que envolvem questões comuns a todos os municípios: a condição de fronteira com Bolívia e Peru, o Rio Acre, a Estrada do Pacífico, rota de turismo, dentre outras. As ações executadas pelo CONDIAC são antes discutidas e aprovadas pelo Conselho de Desenvolvimento do Território.

O CONDIAC elaborou um planejamento para 10 anos, revisto

recentemente em função da preocupação causada por investimentos em obras de grande porte na região: as pontes bi-nacionais Brasil-Bolívia (Brasiléia) e Brasil-Peru (Assis Brasil); a Estrada do Pacífico, que ligará a BR-317 ao Porto de Illo -Peru; a instalação de indústrias como a Álcool Verde (Capixaba), Fábrica de preservativos masculinos e fábrica de pisos de madeira (Xapuri) e Abatedouro de Frangos (Brasiléia).

O CONDIAC, fundado em maio de 2004, é uma associação de cinco municípios: Assis Brasil, Brasiléia, Epitaciolândia, Xapuri e Capixaba.

ZOnA de frOnteirA dO Acre cOM O peruNa zona de fronteira Acre-Peru, 11 municípios acreanos - Assis

Brasil, Sena Madureira, Manoel Urbano, Santa Rosa do Purus, Feijó, Jordão, Marechal Thaumaturgo, Porto Walter, Cruzeiro do Sul, Rodrigues Alves e Mâncio Lima fazem limite com o Peru - Departamentos de Madre de Dios, Ucayali e Loreto, numa extensão de 1.565 km, com predomínio absoluto de povoamento indígena.

Três principais processos estão condicionando as dinâmicas na região da fronteira Brasil-Peru no Vale do Acre e Purus, com efeitos diversos sobre os povos indígenas ao longo do rio Acre, onde estão situadas a Terra Indígena Cabeceira do Rio Acre e a Estação Ecológica Rio Acre:

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• a pavimentação da Rodovia BR-317 e da Rodovia Transoceânica; • a intensa atividade madeireira no Departamento

de Madre de Dios; • oaumentodotráficotransfronteiriçodedrogas.

No Oeste acreano, desde Santa Rosa do Purus até Rodrigues Alves, os municípios acreanos são limítrofes ao Departamento de Ucayali. Porém a maioria deles tem sede ao longo da Rodovia BR-364, ou seja, ao norte, em eixo oposto à divisa e onde se concentra a maior parte da população municipal.

Na região de fronteira, entretanto, fluxos imigratórios indígenas de outras regiões do Peru e do Acre levam à caracterização desse segmento como do tipo “frente indígena”. Do lado acreano, no entorno do Paralelo de 10º S, há hoje um mosaico de oito Terras Indígenas (TI) habitadas pelos índios das etnias Kaxinawá, Kampa e Kulina, além de povos desconhecidos que podem constituir a maior população de índios “isolados” na Amazônia.

Do lado peruano, a região do Paralelo de 10º S passou por significativas mudanças, nos últimos anos, como resultado de políticas oficiais de ordenamento territorial e de mobilizações e propostas de organizações indígenas e ambientalistas. Hoje, ocorre nessa região um corredor contínuo formado por um Parque Nacional, uma Reserva Comunal e uma “Reserva Territorial” para “isolados”.

O Paralelo de 10º S é a linha reta que, a sul, demarca a fronteira internacional Brasil-Peru, correndo, de leste a oeste, no Estado do Acre, entre as cabeceiras dos rios Santa Rosa e Breu.

O trecho mais ocidental da fronteira do Acre com o Peru é constituído pelo divisor de águas dos rios Juruá e Ucayali e se estende da TI Kampa do Rio Amônea ao Parque Nacional da Serra do Divisor, nos Municípios de Marechal Thaumaturgo, Porto Walter, Rodrigues Alves, Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima. No entorno do Parque, estão localizadas as TI Arara do Rio Amônia e TI Nukini, no rio Moa e a TI Nawa, em identificação pela FUNAI.

Do lado peruano da fronteira internacional, coincidindo com o norte do Parque Nacional da Serra do Divisor, fica a Reserva Territorial Isconahua, com área de 275.665 hectares. Nesse trecho da fronteira peruana, as atividades de empresas madeireiras, traficantes de drogas e garimpeiros têm invadido o território acreano, causado impactos ambientais nas terras dos índios Ashaninka e das famílias de agroextrativistas que há mais de um século vivem na atual área do Parque.

Há, no Vale do Juruá, questões urgentes e específicas a serem tratadas em relação à BR-364, bem como desafios a serem enfrentados e equacionados. Esforços significativos devem ser feitos para aprofundar o ordenamento territorial na região e definir, junto às populações locais e suas organizações, planos de mitigação de curto, médio e longo prazo dos impactos sociais e ambientais.

É necessária uma efetiva resolução dos problemas socioambientais causados pela exploração ilegal feita por madeireiros peruanos, elaborar o zoneamento ecológico e econômico da região de fronteira, seguido de amplo leque de investimentos nas áreas de saneamento, educação, saúde, moradia e produção sustentável, bem como a consolidação dos territórios dos índios “isolados” e das comunidades nativas, ao longo do limite internacional.

AspectOs de gestãO dOs MunicípiOs dO Acre

Os Municípios do Acre passaram a utilizar, de forma mais intensiva, o aparato legislativo específico para as suas ações, com a descentralização administrativa ocorrida após a Constituição de 1988. Todos os municípios têm Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei de Orçamento Anual.

A existência de Conselhos Municipais no Brasil teve significativo aumento no decorrer da década de 1990 e denota uma forma de articulação entre o poder público municipal e setores da sociedade civil, com uma importância social, política, econômica e cultural.

O Acre segue o padrão regional e nacional da importância e presença dos Conselhos Municipais, sendo mais frequentes os Conselhos Municipais de Saúde, Assistência Social, Crianças e Adolescentes e Educação. A capacidade de gestão dos Municípios, no que diz respeito à infraestrutura e ao desenvolvimento institucional, pode ser avaliada a partir dos seguintes pontos:

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• nível de informatização de serviços prestados; • existênciadelegislaçãoparapolíticasespecíficas;• existência de leis e instrumentos de planejamento e gestão; • articulação entre o poder executivo municipal e segmentos

representativos da sociedade civil, através da existência de Conselhos Municipais, a partir de determinados temas sociais;

• nível de associativismo trabalhista e sindical, medido pela incidência deentidadesemcadamunicípio,classificadaspelotipo;

• quadro político-eleitoral dos Municípios do Estado do Acre, a partir dos resultados das eleições municipais para prefeito, realizadas nos últimos anos.

Uma primeira avaliação sobre o desenvolvimento institucional dos 22 municípios do Estado do Acre diz respeito a um indicador de informatização de serviços, refletindo o grau de organização e de modernização encontrada em cada cidade. O nível de informatização é relativamente alto para os serviços considerados essenciais para a administração (saúde, folha de pagamento, execução orçamentária, contabilidade, cadastro de funcionários e educação) que atinge, no mínimo, a metade dos municípios.

Quanto à capacidade institucional, considerando a existência de incentivos fiscais de diversas naturezas políticas para geração de trabalho e renda, assim como iniciativas de capacitação profissional, esses indicadores aparecem com frequência expressiva, superando as médias nacional e regional.

Cabe ressaltar a iniciativa dos municípios, quanto à promoção de incentivos para o investimento econômico, assim como políticas de geração de emprego e capacitação profissional.

Os indicadores sociais, econômicos e demográficos demonstram que o Estado se encontra em um processo de modernização crescente, aqui entendida sob o aspecto da sustentabilidade sócio-cultural, econômica e ambiental, em que os movimentos sociais recentes, a participação popular e novas orientações políticas apontam significativamente para a região e para o país.

Alguns indicadores sobre a infraestrutura e a gestão municipal demonstram carências a serem superadas, pela formação de pólos regionais (especialmente Rio Branco e Cruzeiro do Sul), em contraste com municípios que devem ser objetos de uma maior atenção quanto ao poder de gestão e sua articulação institucional.

Rio Branco, capital do Estado, apresenta os melhores indicadores sociais e econômicos do Estado, com reflexos nos municípios das regiões do Baixo e Alto Acre. Destaca-se, também, a cidade de Cruzeiro do Sul, localizada na região do Juruá, por seu poder econômico e pelos diversos indicadores sociais relativamente melhores, em comparação com outros municípios, a despeito da sua localização no extremo oeste do Estado.

Quanto à estrutura sindical, foram identificados 82 sindicatos, agrupados em 18 categorias profissionais, em pesquisa do IBGE realizada em 2001. Deve-se destacar um número elevado de

entidades em Rio Branco, em função de sua condição de capital do estado, o que faz com que tenha um grande número de sindicatos, tanto com representação restrita ao município, como também, sendo a sede de sindicatos com representação estadual.

Cruzeiro do Sul é a segunda cidade em número de sindicatos, embora bem distanciada de Rio Branco. A maior parte dos municípios possui 1 ou 2 sindicatos, com representação geralmente restrita à cidade de localização. Registre-se, finalmente, que 7 dos 22 municípios do Estado não têm nenhuma entidade representativa de trabalhadores.

A descentrAliZAçãO dA gestãO AMbientAl

Nos últimos anos, tem-se verificado uma forte tendência de descentralização da política ambiental, de modo que cada esfera administrativa (Federal, Estadual e Municipal) seja responsável pelos problemas localizados na sua área de atuação.

A Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981, estabeleceu a Política Nacional de Meio Ambiente no Brasil, seus conceitos, princípios, objetivos, mecanismos de aplicação e de formulação e instrumentos. Instituiu, também, o Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA – e o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA. A legislação brasileira atribuiu a todas as três esferas administrativas competências ambientais.

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No Acre, a Lei Estadual nº 1.117, de 26 de janeiro de 1994, estabeleceu a Política Estadual de Meio Ambiente, em conformidade com a Política Nacional. As principais ações se relacionam ao fortalecimento institucional, aquisição de infra-estrutura e treinamento de técnicos nos órgãos estaduais de meio ambiente, estabelecimento de legislação ambiental estadual, criação e atuação do Conselho Estadual de Meio Ambiente. No âmbito municipal, o Conselho de Meio Ambiente existe em 32% dos municípios acreanos, percentual superior ao da Região Norte (19%) e do país (29%).

As pOLíTiCAs púBLiCAs dE gEsTÃO TERRiTORiAL E AmBiEnTAL

A formulação de políticas públicas constitui-se, no campo dos governos democráticos, em propósitos que são discutidos com os setores da sociedade e depois transformados em programas e ações, envolvendo vários atores e níveis de decisão e, quando necessário, são propostas mudanças no rumo ou curso dessas ações. É importante ressaltar que a gestão territorial e ambiental deve contemplar uma real participação das populações locais nas decisões e no planejamento, nas atividades de zoneamento e de produção.

Dentre os avanços recentes nas políticas de gestão territorial no Acre, destaca-se a estratégia de asfaltamento da BR-364, a partir do Vale do Juruá, em direção ao Vale do Acre, associada à criação de florestas públicas e outras ações de ordenamento fundiário e

gestão ambiental integrada no eixo da rodovia, de modo a inibir a especulação fundiária e a exploração ilegal dos recursos naturais e criar as condições de um novo modelo de desenvolvimento em bases sustentáveis.

A modernização da pecuária e manejo de pastagens, recuperação de áreas degradadas com integração de lavoura-pecuária, inclusive com implantação de sistema silvipastoril, fazem parte das políticas que estão sendo implementadas.

A indústria madeireira no Acre, que historicamente demonstrou altos níveis de desperdício e baixos níveis de tecnologia e valor agregado, tem conseguido alguns avanços importantes nos últimos anos. De forma crescente, a produção madeireira tem suas origens no manejo florestal, no lugar da retirada de madeira de áreas derrubadas. Mesmo assim, o processo de transição para uma economia florestal dinâmica e inovadora é um processo contínuo e de longo prazo.

Um avanço significativo no ordenamento territorial tem sido o aumento das áreas destinadas a unidades de conservação de proteção integral e uso sustentável e a regulamentação do Sistema Estadual de Áreas Naturais Protegidas. Desde o ano de 2000, a área total destinada a áreas protegidas no Acre aumentou em 105%.

O Governo continua buscando conter o desmatamento, reverter o impacto ambiental e social, consolidar empreendimentos de base florestal, promover novos negócios estratégicos e reinserir áreas alteradas/degradadas ao sistema produtivo, agora com um forte instrumento orientador para a decisão das políticas públicas - o ZEE .

O ZEE do Acre se constitui como instrumento orientador das inúmeras ações que compõe, em uma perspectiva mais operacional, um sistema de decisões públicas destinadas a manter ou modificar a realidade de um ou vários setores da vida social, por meio da definição de objetivos e estratégias de atuação e da alocação dos recursos necessários para atingir os objetivos estabelecidos.

A implementação de políticas públicas de gestão territorial e ambiental somente foi possível com aprovação da Lei do ZEE, no âmbito federal, de forma que as legislações, tanto estaduais como federais, não tivessem incompatibilidades para sua aplicação.

A pOlíticA de VAlOriZAçãO dO AtiVO AMbientAl flOrestAl

O Vale do Acre concentra a maior parte das áreas degradadas e a maioria da população acreana. Diante dessas características, é uma região prioritária para projetos de recuperação das Áreas de Preservação Permanente e da Reserva Legal nas propriedades.

Essa política contempla a recuperação de áreas degradadas; recuperação de nascentes e bacias hidrográficas; formação de sistemas agroflorestais em pequenas e médias propriedades rurais; aplicação de práticas silviculturais; reflorestamento e geração de crédito para serviços ambientais, além da diminuição do passivo ambiental florestal das propriedades rurais.

Em relação às Reservas Legais (RL) e Áreas de Preservação Permanente (APP), a Lei Estadual nº1904, de 5 de junho de 2007, que instituiu o Zoneamento Ecológico-Econômico - ZEE do Acre, e o Decreto do Presidente Nº- 6.469, de 30 de maio de 2008, possibilitaram a viabilização de Políticas Públicas para resolução ou minimização de conflitos.

A compensação da Reserva Legal para regularização do passivo das propriedades ou posses rurais e assentamentos e a recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APP) integram as políticas públicas estaduais já abordadas no item Passivos Florestais deste documento.

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A Política de Valorização do Ativo Ambiental Florestal em implementação pelo Governo do Acre tem por base dois planos:

• Plano de Recuperação de Áreas Alteradas que contempla dois importantes programas:

Programa de Recuperação de Áreas Alteradas e Programa de Florestas Plantadas. Ambos têm como objetivo consolidar áreas que se encontram desmatadas, utilizando práticas sustentáveis visando à recuperação das mesmas (com o uso de roçados sustentáveis, sistemas agroflorestais,sistemassilvipastoriseumapecuáriasustentável),alémdeplantiosflorestais,comvistasàcriaçãodeflorestasplantadasemáreas desmatadas.

• Plano de valorização do Ativo Ambiental Florestal com dois importantes programas:

Programa de Regularização do Passivo Ambiental Florestal e Programa EstadualdeCertificaçãodeUnidadesProdutivasFamiliaresdoEstadodoAcre.Ambos com a finalidade de fornecer alternativas sociais eprodutivas, legal e ambientalmente corretas para a regularização do passivoambientalflorestalnoEstadodoAcre.

A impLEmEnTAÇÃO dO ZEE: As ZAps E As ZEds

O Governo do Acre adotou como desafio nas políticas públicas buscar a universalização dos serviços básicos e a emancipação das famílias acreanas, especialmente aquelas no limite da linha de pobreza adotado pelo Estado, bem como a consolidação do Acre na economia regional e nacional, mediante o fortalecimento do seu desenvolvimento econômico, social e ambiental, por meio de ações de logística e infra-estrutura complementar, assegurando a sustentabilidade dos serviços, das ações públicas e dos empreendimentos privados.

Para definir ações de superação desses desafios e os serviços básicos a ser universalizado, o ZEE mais uma vez serviu de base para a identificação de zonas prioritárias nas quais se devem concentrar os serviços universais, denominadas ZAPs; e as zonas de maior dinâmica econômica em condições de oferecer oportunidades para todos, denominadas ZEDs.

Zonas de Atendimento Prioritário - ZAP

áreas que possuem alta vulnerabilidade ambiental e baixo potencial social, definidas pelo agrupamento de famílias com elevado índicede analfabetismo, reduzida capacidade de organização e condições precárias de saúde e saneamento. Nessas zonas serão concentrados esforços para a melhoria da oferta dos Serviços Básicos Universais e o desenvolvimento econômico comunitário.

Zonas Especiais de Desenvolvimento - ZED

áreasdemaiordinâmicaeconômica, localizadasnaáreade influênciadireta das rodovias federais BR-317 e BR-364, dotadas de melhor infraestrutura, com empreendimentos consolidados, ocupação territorial definida e significativo capital social. Essas regiões apresentam baixavulnerabilidade ambiental e alto capital humano.

Os estudos do ZEE apontam 4 (quatro) Zonas Especiais de Desenvolvimentos (ZED: Juruá/Tarauacá-Envira, Alto Acre, Purus e Baixo Acre) e 6 (seis) categorias de Zonas de Atendimento Prioritário (ZAP Rio, ZAP Cidade, ZAP Assentamento, ZAP UCs, ZAP TI e ZAP BR).

As ZAPs se distribuem por todo o Estado do Acre, porém com territórios delimitados pela sua estrutura fundiária. Nas quais destaca-se o atendimento a comunidades rurais em Unidades de Conservação, Projetos de Assentamento Tradicionais e Diferenciados, Terras Indígenas e outras comunidades nas margens dos principais rios do Estado.

Nas ZAPs, foram identificadas 1.980 comunidades, das quais 70% encontram-se dispersas e isoladas no território acreano, compostas por núcleos que variam de 4 até 30 domicílios. As comunidades das áreas rurais/florestais ainda estão agrupadas por tipo de atividade econômica principal da seguinte forma: extrativistas, indígenas, ribeirinhos, agricultores familiares e manejadores florestais. Os 30% restantes das comunidades possuem caráter concentrado, com uma quantidade maior que 30

domicílios por núcleo, geralmente localizadas às margens dos rios (área rural/florestal), e, quando nas áreas urbanas, nos fundos de vale, áreas alagadiças e bairros periféricos.

A ação governamental em cada ZAP é definida segundo as características de cada local. Para isso, é necessário conhecer cada comunidade e como se relacionam entre si. Nesta perspectiva é realizado o zoneamento comunitário, tendo por estratégia final a elaboração do Plano de Desenvolvimento Comunitário.

O Plano de Desenvolvimento Comunitário (PDC) é uma ferramenta de planejamento que orienta e define os investimentos e serviços a serem instalados nas comunidades e tem por objetivo identificar um conjunto de serviços que devem ser oferecidos pelo governo de acordo com as necessidades das comunidades. Estes representam uma importante estratégia de integração das ações de educação, saúde e atividades produtivas.

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O Acre expressou sua realidade quanto à distribuição dos recursos naturais, a ocupação da população e a destinação de cada território ocupado, com a construção de um mapa denominado “Subsídios a Gestão Territorial”. Para tanto, levou em consideração um conjunto das informações relativas aos recursos naturais, aspectos sócio-econômicos, políticos e culturais analisadas, que foram discutidas e pactuadas entre o governo e sociedade.

O “Mapa de Subsídios a Gestão Territorial” aponta no território acreano as melhores possibilidades de uso do território para um desenvolvimento justo e sustentável, definindo quatro grandes Zonas e detalhando cada uma delas em Sub-Zonas e, quando possível, em Unidades de Manejo. Cada Zona definida tem suas diretrizes de gestão, de acordo com as características do território acreano, levando em consideração:

• as potencialidades naturais existentes no território, com o cuidado de direcionar a intensidade do uso de acordo com as aptidões e fragilidades desses recursos naturais;

• a conciliação das atividades econômicas com proteção dos ecossistemas e aspectos culturais, com relevância para a conservação da biodiversidade e do patrimônio histórico e paisagístico;

• a garantia da diversidade cultural presente nas diferentes etnias indígenas e populações tradicionais, bem como o reconhecimento formal de seus territórios e de suas demandas sociais;

• aminimizaçãodosconflitossocioambientais,apartirdadefiniçãode áreas pretendidas e não regularizadas;

• a eficácia das atividades econômicas, comadequação da infra-estrutura e das tecnologias para melhor aproveitamento dos produtos disponíveis, menores riscos na gestão e nos investimentos públicos e privados.

Parte II

O Mapa de Gestão Territorial do Acre

1. COmpREEndEndO O TERRiTÓRiO dE ACORdO COm A disTRiBuiÇÃO dAs ZOnAs dE gEsTÃO TERRiTORiAL

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Zona 1 - Consolidação de sistemas de produção sustentáveis: atividades agropecuárias e madeireiras.

Zona 2 - Uso sustentável dos recursos naturais e proteção ambiental: áreas protegidas do Acre.

Zona 3 - Áreas prioritárias para o ordenamento territorial: populações tradicionais do Acre.

Zona 4 - Cidades do Acre

mApA dE gEsTÃO TERRiTORiAL dO ACRE

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ZONA 1 - A COnsOLidAÇÃO dE sisTEmAs dE pROduÇÃO susTEnTáVEis

A Zona 1 ocupa 24,7% do território, compreende a área da chamada “fronteira aberta” e se constitui de áreas de influência direta das rodovias BR-364 e BR-317, ocupadas pela agricultura familiar em Projetos de Assentamento tradicionais, pequenos produtores em posses, médios e grandes pecuaristas e áreas florestais de grandes seringais, com as seguintes características:

- áreas de ocupação mais antiga do Estado com atividades agropecuárias e madeireiras e estão associadas às novas frentes deexpansãoetransformaçãodasáreasflorestaisparaodesenvolvimento de atividades agropecuárias;- concentra a maior proporção de propriedades com passivoflorestal;-asunidadesterritoriaisdestazonaincluemáreasdefinidaslegalmentecomo Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente (APPs).

A Zona 1 se destina à consolidação de sistemas de produção agropecuários, agroflorestais e florestais (silvicultura) sustentáveis e está subdividida em 3 Subzonas, com respectivas Unidades de Manejo para cada subzona:

• 1.1. Produção Familiar em Projetos de Assentamento ePolosAgroflorestais;•1.2.ProduçãoAgropecuária;•1.3.ManejoeProteção.

subzona 1.1. produção familiar em projetos de Assentamento e pólos Agroflorestais

Corresponde às áreas de Projetos de assentamento e Pólos Agroflorestais de pequenos produtores rurais, tendo a mão-de-obra familiar como forma predominante de uso da terra. Nos assentamentos existem duas situações: as áreas já desmatadas, usadas para agricultura, pastagens ou capoeiras e os remanescentes florestais. Essas duas situações de uso ocorrem em função das características dos recursos naturais e do processo de ocupação e uso da terra.

subzona 1.2. produção Agropecuária

São áreas de pequenos, médios e grandes produtores. Há predominância do uso de pastagens, muitas delas em diferentes estágios de produtividade. Essas áreas apresentam de baixa a média vulnerabilidade dos recursos naturais, boas condições de acessibilidade e escoamento da produção, boas condições de infraestrutura e serviços, além de bom nível de gestão municipal e local. Recomenda-se a consolidação de sistemas agropecuários intensivos nas áreas planas e de solos bem drenados e nas demais áreas recomenda-se a conversão das práticas de produção atuais em sistemas agrícolas e pecuários mais sustentáveis ou inserção de novas práticas de manejo agroflorestal, recomendadas para estas condições ambientais.

subzona 1.3. manejo e proteção

São áreas com potencial florestal que permite o uso sustentável da floresta. O Acre, por possuir 88% de seu território coberto de florestas

nativas, torna essas áreas prioritárias para o desenvolvimento de políticas de manejo florestal. Há possibilidade de criação de áreas protegidas em fragmentos florestais com relevância ambiental, dando ênfase à criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural-RPPN.

Zona 1 – CONSOLIDAÇÃO DE SISTEMAS DEPRODUÇÃOSUSTENTÁVEIS

Subzona1.1.ProduçãoFamiliaremProjetosdeAssentamentoPolosAgroflorestaisUnidadesdeManejo1.1.1. Áreas com alto potencial para uso agrícola e pecuário intensivo1.1.2. Áreas com alto potencial para produção de culturas perenes1.1.3.Áreascomaltopotencialparaproduçãoemsistemasagroflorestais1.1.4. Áreas com alto potencial para produção em sistemas silvipastoris1.1.5. Áreas indicadas para produção de culturas anuais em sistemas de rotação e silvicultura1.1.6. Áreas indicadas para recuperação ambiental ou silvicultura1.1.7.Manejoflorestaldebaixoimpacto

Sub-zona 1.2. Produção Agropecuária UnidadesdeManejo1.2.1. Áreaspara consolidação e intensificaçãodouso da terra emsistemas agrícolas e pecuários1.2.2 – Áreas para consolidação do uso da terra e inserção de práticas de manejo mais sustentáveis.

Subzona1.3.ManejoeProteção

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diretrizes de uso para Zona 1 - Consolidação de sistemas de produção sustentáveis

A cana-de-acúcar é uma importante cultura para a agricultura familiar e se adapta bem às condições locais desta zona. Permite aos pequenos produtores uma alternativa econômica com a produção dos derivados da cana (açúcar, gramixó e outros) e também pode ser utilizada na alimentação de bovinos.

A agroindústria do açúcar é uma atividade importante com possibilidade de uma produção em grande escala capaz de impulsionar o setor econômico, através da geração de empregos diretos e indiretos e aumento de renda, bem como fortalecer o mercado de exportação do estado com a estrada do Acre ao Pacífico.

No caso da produção do álcool, as áreas potenciais se concentram no Baixo Acre, principalmente no Município de Capixaba, devido a reativação da usina de álcool.

A expansão do cultivo das oleaginosas é uma opção agrícola de grande importância econômica para a agricultura familiar e tem um potencial estratégico no fornecimento de energia renovável, a partir de óleos de origem vegetal como o dendê, entre outros.

A produção de frutas tropicais é uma opção viável para a recuperação de áreas alteradas, com implantação de Sistemas

Agroflorestais (SAFs), proporcionando geração de emprego e renda, diversificação da produção, agregando mão-de-obra na agricultura familiar. A implantação da Agroindústria localizada nos municípios de Brasiléia, Rio Branco, Plácido de Castro, Feijó e Senador Guiomard.

O Governo do Estado, juntamente com outras instituições parceiras, está incentivando o beneficiamento das frutas tropicais e a estruturação da cadeia produtiva para diminuir as importações e agregar valor ao produto para contribuir no aumento da arrecadação de tributos com a exportação dos produtos.

As lavouras anuais constituem a base alimentar da agricultura de subsistência praticada por famílias de pequenos agricultores familiares. Porém, geralmente são praticadas com base na derrubada e queima anual de floresta e aumento de áreas alteradas e degradadas.

As culturas anuais devem estar vinculadas à adoção de tecnologias como práticas de correção e adubação do solo, mecanização agrícola de pastagens degradadas e implantação de Sistemas Integrados de Produção como SAFs e Lavoura-Pecuária.

O cultivo mecanizado do milho ocorre primordialmente no sudeste acreano e se estabelece em áreas de pastagens

degradadas e capoeiras jovens, que estavam abandonadas e que foram incorporadas ao processo produtivo, reduzindo a necessidade de derrubar novas áreas de floresta..

A cultura do arroz também pode ser feita sem que seja neces-sária abertura de novas áreas, apenas com a implementação de novas tecnologias. O arroz se destaca como uma cultura de grande importância econômica e alimentar para a população acreana. Destaca-se a produção de arroz nos municípios de Rio Branco e Senador Guiomard, os quais são privilegiados pela localização, com acesso aos municípios, estrutura de armazenamento e beneficiamento, assistência técnica.

A mandioca é um importante alimento e tem a farinha como

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seu principal derivado. Em todo o estado, o hábito de consumir farinha é aliado à facilidade de produzir e comercializar, além da disponibilidade de mão-de-obra familiar. A região do Juruá se consolidou nos mercados local e regional como um produto de qualidade. Hoje, existe uma produção considerável também no município de Sena Madureira.

A cultura do feijão é pratica-da por pequenos agricultores e verifica-se uma baixa pro-dutividade justificada pelo bai-xo uso de insumos, utilização de mão-de-obra familiar e baixa tecnologia empregada na condução dessa lavoura. Entretanto, com mecanização agrícola e insumos, aliada à época de plantio, a tratos culturais adequados, a produtividade do feijão poderá chegar a 900 kg/ha.

As hortaliças são muito importantes na alimentação humana, são ricas principalmente em vitaminas e sais minerais. A produção de hortaliças, tanto comercial como para subsistência, possui um papel importante na agricultura familiar do Estado. Para a realização desta atividade são necessárias pequenas extensões de terra, a utilização de muita matéria orgânica, baixo nível de investimento e mão-de-obra.

A pecuária de leite com adoção de tecnologias básicas para realização de ordenha eficiente e de qualidade garante uma propriedade economicamente viável, com a melhoria da área de pasto já existente sem a necessidade de ampliação de novas áreas e impacto sobre a floresta. Esta atividade é desenvolvida principalmente nos municípios de Rio Branco, Senador Guiomard,

Porto Acre, Plácido de Castro, Acrelândia, Capixaba e Xapuri, onde já existem laticínios e uma pecuária de leite bem estabelecida.

O cultivo do amendoim é viável devido às condições do solo, mão-de-obra familiar e rentabilidade do produto. Representa hoje um importante produto para a economia da região, gera emprego direto e indireto bem como renda para famílias assentadas nos Projetos de Assentamento em Senador Guiomard e Plácido de Castro. O município de Senador Guiomard é responsável por cerca de 80% do amendoim

produzido no estado e por 70% do que é comercializado.

A criação de galinha caipira visa a diversificação da produção e o suprimento de proteína animal à população de baixa renda, além de promover o aumento da oferta na capital e municípios e diminuir a importação de carne e ovos. A produção de aves com o uso de tecnologia adequada possibilita aumentar a produtividade com baixo custo de produção, num sistema semi-extensivo. Tem sido incentivado em todo o estado com exceção dos municípios que não há acesso terrestre durante todo o ano.

A instalação do complexo frigorífico de Aves em Brasiléia, com apoio do Governo do Acre conta com abatedouro, fábrica de ração, incubadora de pintos e aviários. Sua localização privilegiada estimulará a exportação para a Bolívia e Peru, além do comércio para outros estados da federação.

A piscicultura é uma atividade que normalmente utiliza áreas não aproveitáveis por outras atividades, demanda investimento consistente, de acordo com a produção a ser atingida e o tipo de peixe a ser criado. As áreas prioritárias para implementação no Estado são os Municípios de Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima e Rodrigues Alves na Regional do Juruá; Epitaciolância, Brasiléia e Assis Brasil na Regional do Alto Acre; Rio Branco, Senador Guiomard, Capixaba e Acrelândia e Plácido de Castro na Regional do Baixo cre.

O manejo de florestas nativas de impacto reduzido é possível com a adoção de manejo e um conjunto de técnicas empregadas,

de forma que as espécies de grande porte a serem manejadas não comprometam as espécies menores a serem colhidas no futuro, de forma contínua e ao longo dos anos.

O Plano de Manejo Florestal de Uso Múltiplo deve ser utilizado na exploração dos recursos florestais, garantindo um aproveitamento compatível com a capacidade de suporte da floresta. Este plano deverá ser compatível com a política pública definida para as operações florestais, conciliar a presença das comunidades tradicionais em suas atividades, potencializar o uso múltiplo dos recursos florestais disponíveis, definir padrões ambientais, técnicos e sociais e buscar a qualidade do produto em todo o seu processo produtivo.

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ZONA 2 - O usO susTEnTáVEL dOs RECuRsOs nATuRAis E A pROTEÇÃO AmBiEnTAL

Esta zona ocupa 49,5% do território acreano e se constitui de áreas protegidas, que inclui as Unidades de Conservação e as Terras Indígenas, além dos Projetos de Assentamentos Diferenciados.

subzona 2.1 - proteção integral

São contemplados os Parques Nacional e Estadual e a Estação Ecológica. Estas áreas possuem elevada importância para a manutenção da biodiversidade, serviços ambientais e têm como objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisa científica.

subzona 2.2 - florestas nacionais e florestas Estaduais

As áreas são caracterizadas por Florestas Nacionais (FLONA) e Florestas Estaduais (FLOTA) já existentes. Possuem cobertura florestal de espécies nativas e têm como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais, em escala empresarial e/ou comunitária, e a pesquisa científica.

subzona 2.3 - Reservas ExtrativistasAs áreas são utilizadas por populações tradicionais cuja

subsistência baseia-se no extrativismo, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, uma vez que as RESEX permitem a permanência dessas populações residentes nessas áreas. Têm como objetivo proteger o meio de vida e a cultura dessas populações, além de assegurar o uso sustentável dos recursos naturais.

subzona 2.4 - projetos de Assentamentos diferenciados

São áreas utilizadas por pequenos produtores rurais e populações tradicionais cuja atividade baseia-se no extrativismo, na agricultura de subsistência, na criação de animais e no manejo florestal. Estes projetos têm como objetivo garantir o acesso e o uso sustentável dos recursos naturais e manutenção dos modos de vida dessas populações e consistem das seguintes categorias:

• ProjetodeAssentamentoExtrativista(PAE);• ProjetodeDesenvolvimentoSustentável(PDS);• ProjetodeAssentamentoFlorestal(PAF).

subzona 2.5 - Terras indígenasSão quarenta e três Terras Indígenas já demarcadas e/ou

homologadas, tradicionalmente ocupadas pelos índios, utilizadas para suas atividades produtivas e para assegurar o seu bem-estar e sua reprodução física e cultural segundo seus usos, costumes e tradições, conforme a legislação em vigor.

subzona 2.6 - áreas de Relevância para proteção Ambiental e uso sustentável dos Recursos

Compreendem as seguintes categorias:

• ÁreadeProteçãoAmbiental(APA);• ÁreadeRelevanteInteresseEcológico(ARIE);• Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN).

As APA são constituídas por áreas públicas ou privadas, com

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FotoGleilson Miranda/SECOM-AC

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• Fomento a estratégias de gestão participativa de recursosnaturaisemáreasdeentornoeintegraçãoentreáreasprotegidasvizinhas,contandocomaatuaçãodosConselhos Consultivos eDeliberativos dasUnidades deConservação.

certo grau de ocupação humana, dotadas de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas e têm como objetivos proteger a biodiversidade, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.

As ARIE são constituídas por terras públicas ou privadas, em geral de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional.

As RPPN são constituídas por áreas privadas, gravadas com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica e desenvolvimento de atividades turísticas, recreativas, educacionais e pesquisa científica.

Zona 2 – USO SUSTENTÁVEL DOS RECURSOS NATURAIS E PROTEÇÃO AMBIENTAL

Subzona 2.1 – Proteção IntegralSubzona 2.2 – Florestas Nacionais e Florestas EstaduaisSubzona 2.3 – Reservas ExtrativistasSubzona2.4–ProjetosdeAssentamentoDiferenciadosSubzona 2.5 – Terras IndígenasSubzona 2.6 - Áreas de relevância para proteção ambiental e uso sustentável dos recursos

diretrizes de uso para Zona 2

• Efetivação de ações necessárias de regularizaçãofundiária, como condição essencial para garantir ocumprimentodosobjetivosdasunidadesdeconservação,das terras indígenas e dos projetos de assentamentodiferenciados.

• Implementação de planos de manejo e outrosinstrumentosdegestãoterritorialdecadatipodeárea,objetivandoocumprimentodeseusobjetivos.

• Implementação efetiva de ações de demarcação, sinalização e fiscalização, necessárias para garantir aintegridadedecadaárea.

• Execuçãodeaçõescontínuasdemapeamento,análiseegestãodeconflitosambientais,objetivandoaprevençãoe resolução dos mesmos.

• Fortalecimento de iniciativas de mobilização sociale capacitação gerencial junto a comunidades e suasorganizações representativas, objetivando a gestãointegrada do território, alternativas econômicas sustentáveisemelhoriasnascondiçõesdevida.

• Desenvolvimento de ações contínuas de educação ambiental.

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ZONA 3 - As ÁreAs priOritÁriAs pArA O OrdenAMentO territOriAl

Esta zona ocupa 26,2% do território acreano e constitui-se de áreas demandadas por populações tradicionais e/ou recomendadas pelos estudos técnicos do ZEE-Acre para criação de novas unidades de conservação, terras indígenas e projetos de assentamento diferenciados. Inclui ainda as áreas já estabelecidas de produção ribeirinha ao longo dos rios do território acreano. Apresenta as seguintes características, por subzona:

subzona 3.1 –Áreas com situação fundiária indefinida

São áreas com situação fundiária indefinida, muitas delas com a presença de população rural/florestal, que após realização de estudos e levantamentos, poderão ser destinadas: para criação de novas

Unidades de Conservação, em decorrência de sua relevância para conservação da biodiversidade e/ou potencial para o manejo florestal sustentável; para criação de novas Terras Indígenas, em função de demandas sociais de populações indígenas residentes; para criação de novos Projetos de Assentamentos Diferenciados, em função de presença de populações rural/florestal e para a consolidação de propriedades particulares identificadas e legalmente reconhecidas.

subzona 3.2 – Áreas ribeirinhas

São áreas caracterizadas por ambientes de várzea e áreas adjacentes de terra firme das bacias dos principais rios do Estado (Juruá, Tarauacá, Envira, Purus, Iaco e Acre) e de seus afluentes; com baixa densidade demográfica, já estabelecida por populações ribeirinhas em colocações e comunidades, com potencial de manejo de recursos pesqueiros,

recursos florestais madeireiros e não-madeireiros e sistemas de produção agropecuários e agroflorestais em locais restritos.

diretrizes de uso para Zona 3 - Áreas prioritárias para Ordenamento fundiário

• Criação de Unidades de Conservação, em conformidade com a Lei Federal nº 9.985/2000 (Sistema Nacional de Unidades de Conservção - SNUC) e a Lei Estadual 1.426/2001 (Sistema Estadual de Áreas Naturais Protegidas – SEANP).

• Criação de Projetos de Assentamento Diferenciados (PDS, PAE, PAF) com a implementação de estratégias de produção sustentável em base florestal e agroextrativista com inclusão social.

• Criação de Terras Indígenas, em conformidade com o arcabouço legal e estudos necessários para determinar sua criação.

• Realização de levantamento ocupacional e processos discriminatórios para identificação de posses passíveis de regularização fundiária e área a serem revertidas ao patrimônio público.

• Reincorporação ao patrimônio público de terras griladas.

• Recuperação de Reserva Legal e Área de Preservação Permanente.

• Prevenir e mediar conflitos sobre os direitos de acesso e utilização dos recursos naturais.

• Planejamento integrado para destinação de terras públicas, considerando o arcabouço jurídico na legislação ambiental, fundiária e indigenista, associado às diretrizes do Zoneamento Ecológico-Econômico do Acre.

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ZONA 4 - As CidAdEs dO ACRE

Esta zona ocupa 0,2% do território acreano. São áreas municipais caracterizadas por espaços urbanos circundados por diferentes paisagens rurais com predominância de florestas. As vinte e duas cidades acreanas foram distribuídas em Subzonas, utilizando como critério sua inserção nas sub-bacias hidrográficas, sendo agrupadas da seguinte forma:

subzona 4.1 – Cidades dos Altos Rios

São caracterizadas por populações predominantemente florestal e ribeirinha, situadas nas cabeceiras dos rios Juruá, Jordão e Purus, tendo como entorno as Terras Indígenas e Unidades de Conservação. São cidades isoladas, com acesso somente pelos rios ou de avião. Os rios são ainda a principal via de transportes e comunicação. As cidades que constituem esta subzona são Marechal Thaumaturgo, Porto Walter, Jordão e Santa Rosa do Purus.

A ocupação urbana é espontânea e sem planejamento, aliada a um escasso orçamento municipal, o que dificulta o atendimento de todos os serviços públicos básicos. Mantém relações mais diretas com as cidades maiores dos médios rios (Cruzeiro do Sul, Tarauacá e Sena Madureira) para o abastecimento local e atendimento de alguns serviços públicos. Dependem fortemente da ação do governo do Estado e de repasses do governo Federal.

subzona 4.2 – Cidades do médio JuruáSão caracterizadas por cidades localizadas na Bacia do médio rio

Juruá, tendo como principal meio de transporte e comunicação a navegação fluvial, quando não há acesso pela rodovia BR-364, de trafegabilidade sazonal. As cidades que constituem esta subzona são Rodrigues Alves, Mâncio Lima e Cruzeiro do Sul.

A navegação fluvial permanece como principal e intenso meio de transporte e a cidade de Manaus funciona como polo de abastecimento. Separadas entre si por pequenas distâncias, têm Cruzeiro do Sul como uma capital regional, a segunda maior cidade do Acre.

subzona 4.3 – Cidades dos médios RiosSão caracterizadas por cidades localizadas no médio curso dos

rios Tarauacá, Envira, Purus e Iaco e tiveram sua origem da atividade extrativista. Sua população é em grande parte ribeirinha e situam-se na confluência destes grandes rios com a rodovia BR-364. As cidades que constituem esta subzona são Tarauacá, Feijó, Manoel Urbano e Sena Madureira

Alguns elementos, antigos e recentes, influenciam consideravel-mente a vida dessas cidades: via de acesso ao município do Vale do Juruá; presença de Projetos de Assentamento no entorno urbano imediato (Rodrigues Alves); acesso ao Parque Nacional da Serra do Divisor (Mâncio Lima); tradicional e movimentado mercado de produtos agroextrativistas.

subzona 4.4 – Cidades do Alto Acre e de integração fronteiriça

São caracterizadas por cidades localizadas na Bacia do Alto rio Acre e, em sua maioria, estabelecem fronteira com a Bolívia e/ou Peru. Apesar de apresentarem características muito diferentes entre si, em termos de taxas de urbanização e de desmatamento e composição populacional diversificada, estabelecem relação com o entorno composto de um mosaico de usos diferenciados como terras indígenas, reserva extrativista, projetos de assentamento, pequenas e grandes propriedades rurais, que influenciam diretamente o perfil de cada uma dessas cidades. As cidades que constituem esta subzona são Assis Brasil, Brasiléia, Epitaciolândia, Xapuri e Capixaba.

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Cruzeiro do Sul

Porto Walter

Xapuri

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A região por elas englobada possui elementos comuns e determinantes para seu agrupamento no contexto atual: fronteiras nacionais com Peru e Bolívia conectadas pela Rodovia BR-317 e sua ligação até a costa marítima peruana (Estrada do Pacífico).

subzona 4.5 – Cidades do Baixo Acre e Abunã

Caracterizadas por cidades localizadas nas Bacias do Baixo rio Acre e rio Abunã. Situam-se na região de penetração da BR-364 no Acre, início da BR-317, eixos das rodovias estaduais AC-10 e AC-40, além da fronteira com a Bolívia ao longo do Rio Abunã. Com população predominantemente rural, a região é marcada por fazendas e projetos de assentamento com alta taxa de desmatamento, consolidando uma zona de fronteira agropecuária nas proximidades da capital Rio Branco. As cidades que constituem esta subzona são Bujari, Porto Acre, Acrelândia, Plácido de Castro e Senador Guiomard.

subzona 4.6 – Capital do Acre

É o centro político e administrativo do Estado, pólo de forte atração populacional e com alta taxa de urbanização. Situa-se no encontro das duas principais Rodovias, a BR-364 e a BR-317. Apresenta uma população diversificada oriunda de todas as partes do Estado e também de outras regiões do país. Representa uma referência aos demais municípios pela concentração de serviços públicos e privados, infraestrutura, universidades, indústrias, hospitais.

As cidades acreanas ainda são pequenas, em termos de aglomeração populacional, o que facilita a solução de muitos problemas. A credibilidade externa conseguida pelo Estado nesses últimos anos favorece a atração de recursos financeiros para programas de planejamento, organização e requalificação do espaço, como a elaboração e aplicação dos Planos Diretores Participativos. Esses Planos devem trazer um projeto para o município e um conceito de cidade. Caberá a cada um deles responder ao que pode ser uma cidade amazônica do século XXI.

diretrizes de uso para a Zona 4 – cidades do Acre• Implementação de Planos Diretores, de forma integrada ao

Orçamento Participativo.• Implementação das Agendas 21 Locais.• Estruturar os Municípios com saneamento básico,

envolvendo o tratamento de resíduos sólidos, o tratamento da água e a coleta seletiva do lixo urbano.

• Fortalecimento de políticas de arborização de vias públicas e criação de áreas verdes.

• Promoção de lazer, esporte e conservação de fragmentos florestais e recursos hídricos.

• Promoção de ações sobre o consumo consciente e princípios da economia solidária, com a certificação da origem dos produtos e dos impactos ambientais do consumo.

• Incentivo ao reordenamento do trânsito, privilegiando o

transporte coletivo, ciclovias e veículos não poluentes.

• Promoção da educação ambiental, visando a uma mudança do comportamento individual para construir um modo de vida sustentável nas cidades.

Considerações finais• Um conjunto de políticas necessárias para assegurar a gestão

territorial em bases sustentáveis estão sendo implementadas no Acre, desde a aprovação do ZEE-Acre pelo Governo Federal, destacando os critérios e mecanismos de compensação e recuperação de Reservas Legais em propriedades rurais e a recuperação de áreas alteradas e degradadas.

• O Programa do ZEE-Acre está articulado a outras iniciativas de gestão territorial, no nível municipal e microrregional, bem como em áreas transfronteiriças interestaduais e internacionais. São os ordenamentos territoriais locais municipais, os Etnozoneamentos em Terras Indígenas, as Zonas de Atendimento Prioritário (ZAP) e as Zonas Especiais de Desenvolvimento (ZED).

• A consolidação do banco de dados georreferenciado do ZEE-Acre garante o armazenamento e a integração dos dados para que seja possível a difusão das informações para a sociedade, por meio da internet.

• O monitoramento e avaliação da implementação do ZEE-Acre tem como base indicadores sócio-econômico-ambientais e culturais e a Comissão Estadual do ZEE – CEZEE deverá atuar cada vez mais nas decisões políticas de gestão territorial e ambiental.

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Rio Branco

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Absorção (solo): É a capacidade do material de absorver água. Está diretamente relacionada com a porosidade do material.

Agroflorestal: O termo “agroflorestal” foi criado para designar um uso especial da terra que envolve o manejo intencional de árvores. Através da introdução e mistura de árvores ou arbustos nos campos de produção agrícola ou pecuária, obtem-se benefícios a partir das interações ecológicas e econômicas que acontecem nesse processo.

Ametista: É um mineral de coloração violeta ou púrpura, muito usada como ornamento. Diz-se que a origem de seu nome é do grego a, “não” e methuskein, “intoxicar”, de acordo com a antiga crença de que esta pedra protegia seu dono da embriaguez.

Área Antropizada: Área alterada e impactada pela a ação do homem.

Assentamento: Distribuição de terra em pequenos módulos, dimensionados de modo a proporcionar a produção de alimentos suficientes para a fixação do homem no campo.

Ayacucho: Cidade Boliviana, aonde foi assinado o Tratado de mesmo nome (27 de março de 1867, entre Brasil e Bolívia.

Ativo Ambiental: É a propriedade rural que permanece preservada ou que não atingiu o percentual de desmate permitido por lei.

Bacia Hidrográfica: É um conjunto de terras drenadas por um rio principal,

seus afluentes e subafluentes. Consiste num ambiente vital para o homem estabelecer os robustos pilares do desenvolvimento social, ambiental e cultural. Por ser constituída de uma unidade paisagística homogênea e uma riqueza ecológica inigualável no planeta, a bacia hidrográfica deveria ser cuidada por mãos delicadas como se fosse um fino cristal.

Bacia Hidrográfica - porções da superfície terrestre banhadas por um rio principal e seus afluentes e, delimitadas por partes mais elevadas do relevo, consideradas divisores de água. São definidas, além do relevo, pela composição das rochas e dos solos, do clima da região e das atividades econômicas. Ainda, podem ser subdivididas em nível 1, nível 2 e nível 3.

Biodiversidade: Total de genes, espécies e ecossistemas de uma região. A biodiversidade genética refere-se à variação dos genes dentro das espécies, cobrindo diferentes populações da mesma espécies ou variação genética dentro da população. A diversidade de espécies refere-se à variedade de espécies existentes dentro de uma região. A diversidade de ecossistema refere-se à variedade de ecossistemas de uma dada região.

Biopirataria: É a exploração, manipulação, exportação e/ou comercialização internacional de recursos biológicos que contrariam as normas da Convenção sobre Diversidade Biológica, de 1992.

Cabeceira: Porção superior de um curso d’água, próximo a sua nascente.

Capoeira: Vegetação secundária que nasce após a derrubada das florestas primárias. Termo brasileiro que designa a vegetação que nasce

após a derrubada de uma floresta.

Caulim: é um minério composto de silicatos hidratados de alumínio, como a caulinita e a haloisita, e apresenta características especiais que permitem sua utilização na fabricação de papel,cerâmica, tintas, etc. Pode ser utilizado para adição ou substituição das argilas plásticas. Apresentam plasticidade e resistência mecânica, a seco. É de coloração branca e funde a 1800°C.

Compactação do Solo: É um processo decorrente da utilização agrícola do solo, quando o solo perde sua porosidade através do adensamento de suas partículas. A compactação do solo também é uma das etapas de construções, por exemplo, de rodovias, através de um equipamento chamado de compactador.

Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA): Órgão Superior do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) com função de assessorar o Presidente da República na formulação de diretrizes da Política Nacional de Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81). É composto por 71 membros, representantes do governo federal e estadual e da sociedade civil (entidades de classe, organizações de defesa do meio ambiente etc.).

Casa Aviadora: Estabelecimento comercial que se constituíra para abastecer os seringais, deles recebendo, em troca, a borracha produzida e na posse dela realizar as operações de venda para o exterior.

Cordilheira dos Andes: É uma vasta cadeia montanhosa formada por um sistema contínuo de montanhas ao longo da costa ocidental da América do Sul, sendo a formação geológica da mesma datada do período Terciário. A cordilheira possui aproximadamente 8000 km de extensão. É a maior cadeia de montanhas do mundo (em comprimento), e em seus trechos mais largos

chega a 160 km do extremo leste ao oeste. Sua altitude média gira em torno de 4000 m e seu ponto culminante é o pico do Aconcágua com 6962 m de altitude.

Corte Raso: Quando se faz a retirada de toda a vegetação de uma determinada área. Desenvolvimento Sustentável: A palavra desenvolvimento leva em conta não apenas o crescimento da atividade econômica, mas também as melhorias sociais, institucionais e a sustentabilidade ambiental, buscando, em última análise, garantir o bem-estar da população no longo prazo, assegurando um meio ambiente saudável para as futuras gerações. Em termos sociais, o desenvolvimento sustentável propõe a repartição mais justa das riquezas produzidas (justiça social), a universalização do acesso à educação e à saúde e a equidade entre sexos, grupos étnicos, sociais e religiosos, entre outros aspectos. Para ser sustentável o desenvolvimento tem de significar melhoria na qualidade de vida de toda a população, assegurando condições de vida dignas a todos e justiça social. Do ponto de vista ambiental, o desenvolvimento sustentável propõe a utilização parcimoniosa dos recursos naturais, de forma a garantir o seu uso pelas gerações futuras.

Empresa transnacional: É uma entidade autônoma que fixa suas estratégias e organiza sua produção em bases internacionais, ou seja, sem vínculo direto com as fronteiras nacionais, sendo acusadas por alguns, por este motivo, de não serem vinculadas a qualquer país, mesmo àquele no qual se originou

Espécie: Em Biologia denomina-se espécie a cada um dos grupos em que se dividem gênero, e que são compostos de indivíduos que, para além dos caracteres genéticos, têm em comum outros caracteres pelos quais se assemelham entre si e se distinguem das demais espécies.

Glossário

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Espécie Endêmica: Espécie que tem sua ocorrência limitada a um único local ou região.

Fauna: A vida animal; conjunto de animais de uma área, época ou meio ambiente específico.

Fauna Ictiológica: Coleção de peixes de um determinado lago, riacho, rio, etc. Flora: Entende-se por flora, o conjunto de espécies vegetais localizadas em determinada região.

Floresta Ombrófila Aberta: Ela caracteriza-se por um bioclima de período seco pouco pronunciado (2 a 3 meses) e altas temperaturas (acima de 22o C – Tropical Equatorial Amazônico), apresenta dominância de formas biológicas fanerófitas e lianas lenhosas. Ocupa grandes extensões de terreno com diferentes aspectos fisiográficos e litológicos.

Floresta Ombrófila Densa: É constituída de árvores com alturas variando entre 20 e 30 metros, com troncos retos e bem copados que representam os estratos dominantes e co-dominantes. apresenta um grande número de espécies, muitas delas de excelente propriedade e de ótima potencialidade de madeira por unidade de área.

Florística: Este termo está relacionado ao estudo da vegetação ou composição florestal de uma determinada área florestal.

Formações Geológicas: É um conjunto de rochas ouminerais que tem características próprias, em relação à sua composição, idade, origem ou outras propriedades similares.

Gênero: Em Biologia é uma unidade de taxonomia (umtaxon) utilizada

na classificação científica e agrupamento de organismos vivos/fósseis para agrupar um conjunto de espécies que partilham um conjunto muito alargado de características morfológicas e funcionais.

Geologia: Ciência que estuda o globo terrestre desde o movimento em que as rochas se formam até o presente. A geologia está voltada tanto a indicar os locais favoráveis a encerrar depósitos minerais úteis ao homem como também do ponto vista social, a fornecer informações que permitam prevenir catástrofes, sejam aquelas inerentes às causas naturais, sejam aquelas atribuídas à ação do homem sobre o meio ambiente. É também empregada direta ou indiretamente nas obras de engenharia na construção de túneis, barragens, estabilização de encostas, etc.

Geomorfologia: É a ciência que estuda a gênese e a evolução das formas de relevo sobre a superfície da Terra.

Gipsita: É um mineral formado basicamente de cálcio e pertence ao grupo dos sulfatos. Cristaliza-se no sistema mono-clinico e tem baixo teor de dureza. Sua cor pode variar do branco ao cinza e possue brilho vítreo. É a principal fonte para obtenção do gesso. No Brasil 90% da produção de gipsita está concentrada na cidade de Ipubi, na região do Araripi, em Permanabuco.

Infiltração: É o fenômeno de penetração de água em camadas de solo próximo à superfície, movendo-se para baixo, por ação da gravidade, através dos espaços vazios do solo, até atingir uma camada que a retém, formando, então, os lençóis d’água.

Laterita: É um tipo de solo muito alterado com grande concentracão de hidróxidos de ferro e alumínio. Este processo de alteração do solo é

designado por laterização e caracteriza-se pela ocorrência de lixiviação, que ocorre pelo excesso de chuvas ou irrigação, podendo vir a formar uma crosta constituída por nutrientes do solo, como Fe e Al, impedindo assim a penetração de água até níveis de profundidade superiores ao do laterito formado. Os solos originados por este processo são também chamados solos lateríticos.

Mosaico: Conjunto de unidades de conservação de categorias diferentes ou não, próximas, justapostas ou sobrepostas a outras áreas protegidas públicas ou privadas geridas de forma integrada, transparente e participativa, considerando os seus distintos objetivos de conservação.

Nível Taxonômico: Lineu foi um botânico, zoólogo e médico sueco, criador da nomenclatura binominal e da classificação científica, sendo considerado ‘pai da taxonomia moderna’. A Taxonomia de Lineu é extensamente usada nas ciências biológicas. A taxonomia de Lineu classifica as coisas vivas em uma hierarquia, começando com os Reinos. Reinos são divididos em Filos. Filos são divididos em classes, então em ordens, famílias, géneros e espécies e, dentro de cada um em subdivisões. Grupos de organismos em qualquer uma destas classificações são chamados taxa (singular, taxon), ou phyla, ou grupos taxonómicos.

Ordenação: É a orientação e a utilização do espaço trerrittorial que do ponto vista técnico encontra-se desorganizado; organizar alguma coisa, que está fora do lugar.

Paleontologia - Ciência que estuda animais e vegetais fósseis, além de marcas e restos dos mesmos registrados nas camadas geológicas, permitindo, entre outras coisas, identificar o ambiente em que viveram.

Passivo Florestal: O termo “Passivo Ambiental” significa que houve intervenção na floresta, além do percentual permitido pela legislação ambiental, na nossa região norte o percentual é de 20% permitindo para desmatar, o restante 80% da floresta, considera como Reserva Legal. Exemplo: O proprietário rural que desmatou além de 20% da sua floresta, ele tem passivo ambiental.

Planaltos Residuais: São formas de relevo, onde predominam formas de relevo denudacionais.

Povos Tradicionais: Trata das populações em reservas de desenvolvimento sustentável, que são qualificadas como tradicionais e caracterizadas por terem a sua existência baseada “em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais e que desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica. São os pescadores artesanais, os seringueiros, a comunidade quilombola formada pelos negros e índios remanescentes de quilombos, a população ribeirinha...

Produtos Florestais Não-Madeireiros: São aqueles que não engloba como matéria-prima madeireira (madeira). Onde, também são conhecidos como “produtos extrativos da floresta”, destacam-se: borracha, sorva, carnaúba, buriti, bambu, piaçava, óleo de copaiba, cupuaçu, mel, pinhão, açai, palmitos, cipós, folhas, cascas, raizes, etc.

Recomposição: É a recuperação da floresta na mesma quantidade em que foi derrubada ilegalmente. Essa recuperação pode ocorrer pelo plantio de árvores ou deixando a floresta crescer naturalmente. Para isso, você precisará de um Plano e o Governo poderá orientá-lo nesse sentido.

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Compensação: é a possibilidade de se utilizar uma área em outra propriedade que sirva como reserva legal de seu imóvel. Isso pode acontecer tanto pela compra como pelo arrendamento da referida área.

Rede Hidrográfica: Curso longitudinal de um rio, afluentes ou sub afluentes, visando o planejamento de atividades antrópicas em benefício do homem.

Regatão: Espécie de comércio montado num barco que sobe e desce os rios da Amazônia, ora comprando produtos da floresta, ora trocando ou vendendo a preço de ouro gêneros que as populações ribeirinhas necessitam, tais como café, açúcar e remédios, etc..

Regularização: regularização fundiária é a concessão do título de posse da terra mediante o preenchimento de certas condições e exigências.Pode ocorrer em diversas situações: terras pagas e nunca regularizadas nos órgãos de registro e taxação, terras concedidas a participantes do MST, terras invadidas (posseiros) como um tipo de usucapião rural,etc

Reordenação Fundiária Rural: Determinação dos limites entre as propriedades rurais de uma determinada região, para regularização fundiária e definicao de uso da terra das proprieddaes rurais com base cartografica definida.

Reserva Extrativista: Área de domínio público, na qual os recursos vegetais podem ser explorados racionalmente pela comunidade local sem que o ecossitema seja alterado. As reservas extravistas são áreas destinadas à exploração sustentável e conservação de recursos naturais renováveis por uma população com tradição extrativista, como seringueiros, os coletores de castanha-do-paráou pescadores artesanais.

Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas (art. 1º, §2º, III, Código Florestal, Lei federal 4.771/65 com a alteração promovida pela Medida Provisória 2.166-67/01.

Resiliência: Capacidade do ecossistema de absorver tensões ambientais sem mudar seu estado ecológico.

Resistência: Capacidade do ecossistema em permanecer sem ser afetado pelas tensões ambientais.

Ribeirinhos: Comunidades organizadas a partir de unidades produtivas familiares que utilizam os rios como principal meio de transporte, de produção e de relações sociais. Com as crises da borracha, se fixaram nas margens dos rios, constituindo um estilo próprio sendo o rio o elemento central de sua identidade.

Sedimento: Detrito rochoso resultante daerosão, que é depositado quando diminui a energia do fluido que o transporta, água, gelo ou vento.

Seringalista: Proprietário de extensa terra na amazônia, com bastante árvores de seringueiras, que são exploradas pelo seringueiro.

Seringueira: É uma árvore da família das Euphorbiaceae (Hevea brasiliensis), originária da bacia hidrografica do Rio Amazonas, de onde se retira o látex, que é usado na fabricação da borracha. Seringueiro: Trabalhador que extrai látex da seringueira, que é utilizado

na fabricação da borracha.

Sítio Arqueológico: É um local, ou grupo de locais (cujas áreas e delimitações nem sempre se podem definir com precisão), onde ficaram preservados testemunhos e evidências de atividades do passado histórico (pré-histórico ou não) e que são avaliados e estudados segundo a disciplina da arqueologia.Um sítio arqueológico pode ser encontrado em vários países do mundo.

Taxa de Fecundidade: É uma estimativa do numero médio de filhos que uma mulher teria até o fim de seu período reprodutivo, mantidas constantes as taxas observadas na referida data. Também pode ser definida como: O número médio de filhos por mulher em idade de procriar, ou seja, de 15 a 49 anos.

Taxa Geométrica de Crescimento: Expressa em termos percentuais o crescimento médio da população em um determinado período de tempo. Geralmente, considera-se que a população experimenta um crescimento exponencial também denominado como geométrico.

Terraços Fluviais: São superfícies planas ou levemente inclinadas formando as margens um rio, resultantes de variações climáticas ou do nível das águas através dos tempos.

Territorialidade: A palavara territorialidade remete sempre a um processo de reorganização social no qual pode existir a criação de novas unidades sócioculturais, a constituição de mecanismos políticos, o controle social sobre os recursos naturais e a re-elaboração da cultura (Oliveira, 1999).

Território: A palavra território refere-se a uma área delimitada sob a posse

de um animal, de uma pessoa (ou grupo de pessoas), de uma organização ou de uma instituição. O termo é empregado na política (referente ao Estado Nação, por exemplo), na biologia (área de vivência de uma espécie animal)e na psicologia (ações de animais ou indivíduos para a defesa de um espaço, por exemplo). Há varios sentidos figurados para a palavra território, mas todos compartilham da idéia de apropriação de uma parcela geográfica por um indivíduo ou uma coletividade.

Unidade de Conservação: Espaço territorial e seus componentes, incluíndo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo poder público, com objetivos de preservação e/ou conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. As Unidades de Conservações podem ser de uso indireto (quando envolvem consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais) e de uso direto (quando envolvem o uso comercial ou não dos recursos naturais).

Vulnerabilidade: A noção de vulnerabilidade de um ambiente está relacionado a dois fatores: Resistência e Resiliência (ver significado acima).

Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE): Instrumento de racionalização da ocupação dos espaços e de redirecionamento das atividades econômicas. O ZEE serve como subsídio a estratégias e ações para a elaboração e execução de planos regionais de busca do desenvolvimento sustentável.

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