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Rio Branco - Acre 2010 Livro Temático | Vol. 2 C o l e ç ã o T e m á t i c a d o Z E E RECURSOS NATURAIS: GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS DO ACRE Secretaria de Estado de Meio Ambiente Programa Estadual de Zoneamento Ecológico-Econômico do Acre ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO DO ACRE FASE II - ESCALA 1:250.000

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Rio Branco - Acre2010

Livro Temático | Vol. 2C o l e ç ã o T e m á t i c a d o Z E E

RECURSOS NATURAIS: GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS DO ACRE

Secretaria de Estado de Meio AmbientePrograma Estadual de Zoneamento Ecológico -Econômico do Acre

ZONEAMENTO ECOLÓGICO -ECONÔMICO DO ACRE FASE II - ESCALA 1:250.000

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Livro Temático | Vol. 2 COLEÇÃO TEMÁTICA DO ZEE

RECURSOS NATURAIS: BIODIVERSIDADE E AMBIENTES DO ACRE

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Acre. Secretaria de Estado de Meio AmbienteRecursos naturais: geologia, geomorfologia e solos do Acre. ZEE/AC, fase II, escala 1:250.000 /

Programa Estadual de Zoneamento Ecológico-Econômico do Acre. - Rio Branco: SEMA Acre, 2010. 100 p. _ (Coleção Temática do ZEE; v. 2).

1. Resíduos sólidos – Solos – Acre (Estado). 2. Geomorfologia – Acre (Estado). 3. Ge-ologia – Acre (Estado). 4. Solos – Formação – Acre (Estado). I. Título. II. Acre, Governo do Estado do.

CDD. 551.41098112

Bibliotecária responsável: Maria do Socorro de O. Cordeiro – CRB 11/667.

Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:Secretaria de Estado de Meio Ambiente – SEMA

Rua Benjamin Constant, 856 – Centro | CEP. 69900-160 - Rio Branco – Acre – Brasil

Fone: 55 (0xx68) 3224-3990/7129/8786 | Fone Fax: 55 (0xx68) 3223-3447

E-mail: [email protected]

©2010 SEMA

ORGANIZAÇÃO DA PUBLICAÇÃO

Conceição Marques de Souza Coordenadora do Departamento de Gestão Territorial e Ambiental/SEMA

Edson Alves de Araújo Assessor Técnico de Gabinete/SEMA

Magaly da Fonseca S. T. Medeiros Coordenadora do Escritório em Brasília/SEPLAN/EAB

Átila de Araújo Magalhães Técnico/SEMA

Diagramação e Arte FinalMX Design | Antonio Queiroz

ImpressãoGráfica Imediata

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Luiz Inácio Lula da Silva Presidente da República

Izabella Teixeira Ministra do Meio Ambiente

Arnóbio Marques de Almeida Júnior Governador do Estado do Acre

Carlos César Correia de Messias Vice -Governador

Fábio Vaz de Lima Coordenador da Área de Desenvolvimento Sustentável

Gilberto do Carmo Lopes Siqueira Secretário de Estado de Planejamento

Eufran Ferreira do Amaral Secretário de Estado de Meio Ambiente

Cleísa Brasil da Cunha Cartaxo Diretora -Presidente do Instituto de Meio Ambiente do Acre

Felismar Mesquita Moreira Diretor -Presidente do Instituto de Terras do Acre

Carlos Ovídio Duarte da Rocha Secretário de Estado de Floresta

Nilton Luiz Cosson Mota Secretário de Estado de Extensão Agroflorestal

e Produção Familiar

Mauro Jorge Ribeiro Secretário de Estado de Agropecuária

João César Dotto Diretor -Presidente da Fundação de Tecnologia

do Estado do Acre

Roberto Barros dos Santos Procurador Geral do Estado

Maria Corrêa da Silva Secretária de Estado de Educação

Osvaldo de Souza Leal Júnior Secretário de Estado de Saúde

Mâncio Lima Cordeiro Secretário de Estado de Fazenda

Márcia Regina de Sousa Pereira Secretária de Estado de Segurança Pública

Marcus Alexandre Médice Aguiar Diretor -Geral do Departamento Estadual de Estradas de

Rodagem, Hidrovias e Infra -Estrutura Aeroportuária

Paulo Roberto Viana de Araújo

Diretor -Presidente Instituto de Defesa

Agropecuaria e Florestal

Cassiano Figueira Marques de Oliveira

Secretário de Estado de Esporte, Turismo e Lazer

Aníbal Diniz

Secretário de Estado de Comunicação

Eduardo Nunes Vieira

Secretário de Infraestrutura, Obras Públicas e Habitação

Petrônio Aparecido Chaves Antunes

Diretor do Departamento de Águas e Saneamento

Laura Keiko Sakai Okamura

Secretária de Estado de Desenvolvimento

para Segurança Social

Daniel Queiroz de Sant’ana

Diretor -Presidente da Fundação de Cultura e Comunicação

Elias Mansour

Mâncio Lima Cordeiro

Secretário de Estado de Gestão Administrativa

Ilmara Rodrigues Lima

Diretora -Presidente da Companhia de Habitação do Acre

Carlos Alberto Ferreira de Araújo

Secretário de Estado de Articulação Institucional

Irailton Lima de Souza

Diretor -Presidente do Instituto Estadual de

Desenvolvimento de Educação Profissional

Dom Moacir Grechi

Francisco da Silva Pinhanta

Assessor Especial dos Povos Indígenas

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Comissão EditorialPresidente: Eufran Ferreira do Amaral - SEMA | EMBRAPA/AC

Vice -Presidente: Edson Alves de Araújo - SEMA/SEAP

MembrosAdriano Alex do Santos e Rosário - SEMA

Antônio Wilian Flores de Melo - UFAC

Átila de Araújo Magalhães - SEMA

Carlos Edegard de Deus - FEM | Biblioteca da Floresta

Claudenir Maria Ferreira da Rocha - SEMA

Conceição Marques de Souza - SEMA

Jakeline Bezerra Pinheiro - SEMA

Janaina Silva de Almeida - SEMA

Judson Ferreira Valentim - EMBRAPA -Acre

Jurandir Pinheiro de Oliveira Filho - SEMA

Magaly da Fonseca S. T. Medeiros - SEPLAN/EAB

Maria Aparecida de O. Azevedo Lopes - SEMA

Marília Lima Guerreiro - SEMA

Marta Nogueiro de Azevedo - SEMA

Mónica Julissa De Los Rios de Leal - SEMA

Nilson Gomes Bardales - SEMA

Renata Gomes de Abreu - SEMA

Roberto de Alcântara Tavares - SEMA

Rosana Cavalcante dos Santos - SEMA

Sara Maria Viana Melo - SEMA

RevisoresGEOLOGIA DO ESTADO DO ACRE

Pedro Edson Leal Bezerra, Dr. em Geologia | UFPA

Adriano Alex Santos e Rosário, Engº Agrônomo | SEMA

- Revisão Técnica

GEOMORFOLOGIA DO ESTADO DO ACRE

Carlos Ernesto G. R. Schaefer, Dr. em Solos e Nutrição

de Plantas | UFV

José Eduardo Bezerra da Silva, M.Sc.. Geografia | IBGE/RJ

Adriano Alex Santos e Rosário, Engº Agrônomo | SEMA

- Revisão Técnica

BASES GEOLÓGICAS E GEOMORFOLÓGICAS DA

FORMAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DOS SOLOS NO ESTADO

DO ACRE

Paulo Guilherme Salvador Wadt, Dr. em Solos e Nutrição

de Plantas | Embrapa -Acre

Luciana Mendes Cavalcante, M.Sc.. em Geologia

e Geoquímica | PETROBRÁS

Adriano Alex Santos e Rosário, Engº Agrônomo | SEMA

- Revisão Técnica

FORMAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO

GEOGRÁFICA DOS SOLOS DO ACRE

José Ribamar Torres da Silva, Dr. em Ciências

do Solo | UFAC

João Luiz Lani, Dr. em Solos e Nutrição de Plantas | UFV

Paulo Emílio Ferreira da Motta, Dr. em Ciências do Solo |

EMBRAPA -Solos

Manuel Alves Ribeiro Neto, M.Sc.. em Ciências

do Solo | UFAC

João Martiniano Pereira, M.Sc.. em Solos | Embrapa -Acre

Adriano Alex Santos e Rosário, Engº Agrônomo | SEMA

- Revisão Técnica

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O Zoneamento Ecológico ‑Econômico (ZEE) tem como atribuição fornecer sub‑sídios para orientar as políticas públicas relacionadas ao planejamento, uso e ocu‑pação do território, considerando as po‑tencialidades e limitações do meio físico, biótico e socioeconômico, tendo como eixo norteador os princípios do Desenvol‑vimento Sustentável. É uma ferramenta essencial para a definição de estratégias compartilhadas de gestão do território en‑tre governo e sociedade.

No território acreano, a elaboração par‑ticipativa do ZEE envolveu estudos sobre sistemas ambientais, potencialidades e li‑mitações para o uso sustentável dos recur‑sos naturais, relações entre a sociedade e o meio ambiente e identificação de cená‑rios, de modo a subsidiar a gestão do terri‑tório no presente e no futuro, num grande pacto de construção da sustentabilidade a partir de uma economia de base florestal com foco na melhoria de qualidade de vida da população.

O Zoneamento Ecológico ‑Econômico do Acre Fase II – Escala 1:250.000 foi elabo‑rado a partir da contribuição de inúmeros especialistas, em diferentes campos do co‑nhecimento cujos subsídios foram incor‑porados ao Documento Síntese. São estu‑dos inéditos, elaborados especificamente para subsidiar nas decisões a serem toma‑das sobre o território do Acre.

Tornar acessíveis, na íntegra, os es‑tudos temáticos do ZEE é o objetivo da Coleção Temática do ZEE Fase II. O tema interessa não somente àqueles que estu‑dam a realidade acreana ou amazônica, mas também aos que vêem o zoneamento como instrumento estratégico primordial

Apresentação Geral

de ordenamento do espaço, dos recursos e das atividades econômicas.

A presente Coleção Temática do ZEE Fase II é dividida em Livros Temáticos, compostos de vários artigos específicos que permitem a visão de temas como: Concepção filosófica e metodológica da construção do ZEE; Geolo‑gia, geomorfologia e Solos do Acre; A biodi‑versidade do Acre; Os ambientes do Acre e a Vulnerabilidade Ambiental; Situação Fun‑diária e Conflitos; Aspectos socioeconômi‑cos; Uso dos Recursos Naturais; M.Sc..ória, Identidades e Territorialidade; As Cidades e as fronteiras; Aspectos Político e Institucio‑nal e a percepção social; A Gestão Territorial do Acre e outros temas a serem inseridos no decorrer do processo de implementação do ZEE, se mostrando uma coleção aberta para novas atualizações e temas.

Com essa iniciativa o Governo do Estado do Acre busca reafirmar seu compromisso com um futuro do Acre e da Amazônia, cons‑truído por todos e pautado no conhecimen‑to da realidade, no planejamento das ações e na permanente ampliação dos benefícios do desenvolvimento sustentável para toda a sociedade. É a Florestania que vai além da cidadania dos povos da floresta. É o embasa‑mento cultural de um projeto de desenvol‑vimento sustentável que deseja colaborar e ter a cooperação de parceiros para constru‑ção da Sociedade do Século XXI.

É uma pequena contribuição de quem está vencendo uma realidade desfavorável de conservar a floresta e criar esperança para seus povos. Muito ainda há por se fazer neste varadouro da sustentabilidade, porém o conhecimento do território é a base para tornar realidade o sonho de viver em um mundo sustentável.

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Sumário

Capítulo 1. Geologia do Estado do Acre .....................................................................101. Introdução .................................................................................................................. 10

2. Descrição Metodológica ........................................................................................... 10

2. 1. Material Utilizado ...................................................................................... 10

2. 2. Estudos Preliminares.................................................................................. 11

2. 3. Estudo Temático ........................................................................................ 11

3. Geologia do Acre ....................................................................................................... 11

4. A Geologia nas Regionais do Acre ........................................................................... 19

5. Potencialidades de Uso e Aplicação ........................................................................ 24

6. Neotectônica no Acre ............................................................................................... 27

7. Considerações Finais .......................................................................................................

Capítulo 2. Geomorfologia do Estado do Acre ............................................................321. Introdução .................................................................................................................. 32

2. Descrição Metodológica ........................................................................................... 32

2. 1. Material Utilizado ...................................................................................... 32

2. 2. Estudos Preliminares.................................................................................. 33

2. 3. Estudo Temático ........................................................................................ 33

2. 4. FundamentaçãoTeórica ............................................................................ 33

3. Geomorfologia da Área ............................................................................................ 34

4. A Geomorfologia nas Regionais do Acre ................................................................ 40

Capítulo 3. Bases Geológicas e Geomorfológicas da Formação e Distribuição dos Solos no Estado do Acre .......................................................................................44

1. Introdução .................................................................................................................. 44

2. O Papel da Geotectônica do Acre na Formação dos Solos ................................ 45

3. O Papel da Geotectônica do Acre na Formação dos Solos ................................ 56

4. Considerações Finais .................................................................................................. 62

Capítulo 4. Formação, Classificação e Distribuição Geográfica dos Solos do Acre .........641. Gênese dos Solos do Acre ........................................................................................ 64

2. Principais Classes de Solos ........................................................................................ 65

3. Considerações Finais .................................................................................................. 91

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O uso adequado dos recursos naturais de forma sustentável não pode e nem deve ser mais um sonho efêmero e passageiro. Tem que ser real em razão de se garantir a pró‑pria existência da raça humana. Os recursos naturais não podem ser, na visão financista, simplesmente um dos fatores de enrique‑cimento e de uso infinito. Eles são, na sua maioria, finitos, vivos, interdependentes e carecem de cuidados de forma a serem utili‑zados com sabedoria. Nos dizeres da ordem divina referentes a Adão e Eva: é preciso cuidar, amar e não destruir o que nos foi le‑gado e se agirmos de maneira irresponsável seremos expulsos, como aqueles, do “paraí‑so”. Foi a primeira missão dada ao homem. Cuidar da Terra.

Conscientes disso e desejando tornar rea‑lidade nossos sonhos, sabemos que é preciso AGIR, com temor e de forma sensata e sábia. Lavrar e guardar a terra. Usar de forma que atenda as nossas necessidades, mas também, que permaneça para os outros ‑ sustenta-bilidade. Mas como cuidar bem e adequa‑damente se não conhecemos os princípios, as inter ‑relações da natureza de forma que possamos planejar as ações adequadas? Não podemos mais nos aventurar ou como dizem: “atirar no escuro”. Não há mais tem‑po para erros grosseiros ou irresponsabili‑dades, até porque os recursos naturais estão cada vez mais escassos e o tempo de agir se esvai apressadamente.

Diante desses desafios a serem enfrenta‑dos para o bem da humanidade o Governo do Acre num esforço integrado, amadureci‑do e com todo o respeito à natureza e acima de tudo com o desejo de acertar, disponibi‑liza a sociedade esta coleção temática que faz parte dos produtos oriundos dos estudos do PROGRAMA ESTADUAL DE ZONEAMEN‑TO ECOLÓGICO ‑ECONÔMICO DO ACRE – FASE II. O objetivo é trazer à sociedade os

conhecimentos atuais a respeito do Acre para o seu melhor uso. Terra amazônica, dis‑tante dos grandes centros brasileiros, dife‑rente, com gente valente, altaneira, vibrante e disposta, a exemplo de Chico Mendes e tantos outros e com um ambiente peculiar do resto da Amazônia. Terra de solos férteis e ricos, cujos rios corriam para o oceano Pa‑cífico e atualmente para o Atlântico. Talvez nesta inversão, ocorrida há tantos anos a natureza nos lega um grande ensino: DA NE‑CESSIDADE DE PROCURAR NOVOS CAMI‑NHOS. Vencer cordilheiras intransponíveis, entremear entre opiniões diversas, povos e críticas, mas à semelhança dos rios, procu‑rar sempre os caminhos mais baixos – o da humildade. Vencendo no tempo e no espa‑ço as barreiras aparentemente difíceis ou impossíveis de serem superadas. Mas, a se‑melhança dos rios que encontraram novos caminhos, o povo acreano talvez tenha um “destino, uma grande responsabilidade, uma dádiva” de mostrar para o mundo os novos caminhos de uso da natureza: de viver na floresta e com a floresta.

Diante de tantos desafios talvez também os rios Acre, Juruá, Purus e tantos outros que banham esta terra nos ensinem a ter tempo de cheia e de vazantes. Abundância e escassez. Transportar riquezas pelas suas águas e deixar nas vazantes os seus leitos férteis para a produção de alimentos à hu‑manidade. Nos seus leitos meândricos talvez uma grande lição: é preciso tempo, paciência para se chegar ao destino, mas nem por isto, na demora, deixar de sermos úteis. Banhar com as suas águas os solos férteis e deixar as argilas nas suas barrancas. Ao mesmo tempo caminhar e deixar ser caminhado. Re‑ceber, às vezes, o pior do ser humano, lixo, descaso, mas no seu silêncio tentar levar tudo isso adiante. Morrer silenciosamente, mas nunca deixar de tentar vencer.

Apresentação

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Assim, são as palavras aqui contidas, nos seus diversos capítulos, que o Governo coloca a disposição da sociedade de forma simples, de fácil compreensão tanto para es‑pecialistas como para leigos.

A Geologia – que trata da origem das ter‑ras do Acre. Como foi formada? Quais são os seus constituintes?

A Geomorfologia – como foram esculpi‑das as suas formas, seu relevo. O que eles nos indicam?

As Bases geológicas e geomorfológicas da formação e distribuição dos solos no Estado do Acre – como estas bases influen‑ciaram a formação dos diferentes tipos de solos existentes?

Os Solos – a sua formação (gênese), clas‑sificação e sua distribuição geográfica no Estado do Acre.

É um exercício. Não é, com certeza, um trabalho acabado e plenamente correto ain‑da que feito por especialistas. Oxalá fosse. Foi o melhor de cada um. O possível. Talvez aos leitores, a semelhança dos olhos d’água, nascentes, igarapés que na sua pequenez, mas que são a origem dos grandes rios, juntem ‑se a nós, com as suas críticas, su‑gestões e possam ao longo do tempo, aper‑feiçoar, melhorar, e assim no transcurso da vida, como partículas de um todo, possamos cuidar de forma melhor o legado que nos foi dado e chegarmos ao destino final a se‑melhança dos rios, a foz, belos e essenciais a vida.

João Luiz Lani

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1Capítulo

Livro Temático | Volume 2 Coleção Temática do ZEE

Recursos Naturais Geologia, Geomorfologia e Solos do Acre

Geologia do Estado do Acre

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A gestão territorial consiste na ocupa-ção racional do território e uso eco-nômico e sustentável dos recursos naturais. Portanto, o Zoneamento

Ecológico-Econômico é um instrumento de or-denamento territorial para orientar o planeja-mento de uso e ocupação do território confor-me os condicionantes do meio físico, biótico e socioeconômico (SAE, 1991).

No tocante ao meio físico, partindo de uma visão holística em que todos os com-ponentes interagem entre si e são inter-dependentes, há que ser feita uma estra-tificação baseada na análise das relações existentes entre esses principais compo-nentes: rochas, relevo, solos, hidrografia, vegetação e clima para que se proceda ao diagnóstico ambiental e a avaliação da vulnerabilidade e potencialidade natural de uma dada região. É nesse contexto que o estudo da geologia do Estado do Acre, enfocada em nível regional ao longo do presente texto, se faz necessário.

O Zoneamento Ecológico-Econômi-co do Estado do Acre, em sua primei-ra fase, apresentou dados em escala 1:1.000.000. Na versão atual os re-sultados são compatíveis com a escala 1:250.000, o que proporciona maior grau de detalhamento nos produtos gerados. Para o tema Geologia a tarefa foi a de compilar um leque de informa-

ções dispersas e gerar mapas temáticos a partir do banco de dados do projeto SIPAM – IBGE (Sistema de Proteção da Amazônia – Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística). Os aspectos gerais da geologia retratados no mapa geo-lógico e detalhados ao longo do texto, constituem informações que subsidia-ram a elaboração do Mapa de Gestão do ZEE/AC. O mapa geológico em desta-que, portanto, informa a área de ocor-rência de determinados tipos de rochas nos domínios do Estado do Acre, agru-padas em unidades litoestratigráficas ou edafoestratigráficas, e as suas rela-ções espaciais e cronológicas. A partir disso, pode -se concluir seus ambientes de formação e seus comportamentos mediante processos físicos naturais ou antrópicos que podem afetar sua dis-posição e determinar seu grau de vul-nerabilidade, além das potencialidades em relação à concentração de bens mi-nerais de interesse econômico.

2. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA

2. 1. Material Utilizado

O material em formato digital utilizado durante a pesquisa pertence ao acervo do IMAC, já os em formato analógico foram

Geologia do Estado do Acre

Texto:b Luciana Mendes Cavalcante1

1. INTRODUÇÃO

1 MestreemGeologiaeGeoquímica|Petrobrás

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consultados na EMBRAPA - Amazônia Orien-tal, constando de:

Banco de dados gráficoalfanumérico desenvolvido e alimentado pelo IBGE para o Projeto SIPAM, consistindo de mapas no formato digital de geologia com escala de entrada 1:250.000, e dados alfanuméricos sobre os diversos temas.

1. Arquivos vetoriais contendo a hidro-grafia das cartas topográficas do IBGE e DSG na escala 1:250.000 disponíveis para a área, e das cartas planialtimétri-cas do Projeto RADAMBRASIL na mes-ma escala (Quadro 1).

2. Imagens ETM do satélite LANDSAT 7, em formato digital com as configura-ções constantes no Quadro 1.

Quadro 1. Materiais utilizados neste trabalho.

Imagens de Satélite Órbita – ponto WRS*

Base topográfica de acordo com o corte

internacional na escala 1:250.000**

001/067 004/066 SB18ZC SC19VD

002/066 004/067 SB18ZD SC19XA

002/067 005/065 SB19YC SC19XC

002/068 005/066 SB19YD SC19XD

003/066 005/067 SC18XA SC19YA

003/067 006/065 SC18XB SC19YB

003/068 006/066 SC18XD SC19YD

004/065 SC19VA SC19ZA

SC19VB SC19ZB

SC19VC SC19ZC

Fonte: *Inpe, 2006; **Radambrasil, 1976.

2. 2. Estudos Preliminares

Os estudos preliminares envolveram a reunião, o cadastramento e a sistematização das informações geológicas obtidas através

de levantamentos bibliográficos, e o prepa-ro do material básico – imagens de sensores remotos - para interpretação.

2. 3. Estudo Temático

O procedimento de obtenção de informa-ções geológicas para o estudo temático em si compreendeu duas vertentes principais: síntese e revisão bibliográfica e elaboração de bases cartográficas através da interpreta-ção de produtos de sensores remotos.

A síntese e a revisão bibliográfica envol-veram consultas sobre a geologia em diferen-tes escalas disponíveis na literatura sobre a área de estudo, além dos materiais cartográ-ficos e dos produtos de sensores remotos.

Os resultados apresentados quanto à Geologia dizem respeito à delimi-tação de unidades litoestratigráficas, localização de ocorrências fossilífe-ras e minerais, além da delineação das principais estruturas tectônicas.

O ajuste das informações geoló-gicas às bases cartográficas foi fei-to por meio de técnicas de geopro-cessamento utilizando o programa ARCGIS 9.0. Foram gerados mapas geológicos digitais e analógicos e posteriormente comparados. Isto se deu para fins de maior confiabilidade nos produtos finais.

3. GEOLOGIA DO ACRE

No Estado do Acre, a unidade geotectônica mais importante é a Bacia do Acre (Figura 1), que com-preende, em superfície, unidades essencialmente cenozóicas. Entre-tanto, em sua porção mais a oeste ocorrem remanescentes mesozóicos e até pré -cambrianos. Sua história geológica envolve primeiramente

deposição pericratônica e marginal aberta no Paleozóico, resultando em sedimentos continentais intercalados a sedimentos ma-rinhos. Segundo Oliveira (1994), partindo de análises de feições sismoestratigráficas em seções sísmicas realizadas pela Petro-

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brás, e das principais estruturas da bacia, a sedimentação inicial se deu por rifteamen-to intracontinental com possíveis incursões marinhas. Entretanto para Caputo (1973) tal possibilidade só é vislumbrada para as Bacias do Solimões e do Amazonas. Após o soerguimento do Andes, a deposição se deu em ambiente essencialmente intracontinen-tal, com a presença de lagos e posteriormen-te, de megaleques aluviais.

O embasamento da Bacia do Acre é re-presentado pelo Complexo Jamari, sua unidade litoestratigráfica mais antiga que aflora nas cabeceiras do rio São Francisco (extremo oeste do Estado, na Serra do Ja-quirana), e compreende rochas gnáissicas, granulitos, anfibolitos, quartzo -dioritos e

xistos. Corresponde ao Complexo Xingu citado na primeira fase do ZEE, mas aqui diferenciado deste por maior complexi-dade litológica, bem como por ambiência tectônica, posto que a Bacia ter -se -ia de-senvolvido sobre a Faixa Móvel Rondo-niana, cujo embasamento é o chamado Complexo Jamari.

Em discordância com essa unidade ocor-re a Formação Formosa, cujos litotipos são resultantes de uma emersão do escudo bra-sileiro, conforme Caputo (1973). Após essa deposição houve manifestação ígnea alcali-na (subida de magma), causando metafor-mismo de contato na Formação Formosa. Esse evento originou corpos intrusivos de pequenas dimensões (Sienito República).

Figura 1. Localização da Bacia do Acre no contexto geotectônico amazônico. (1) a - Formação Soli-

mões, b - sedimentos terciários; (2) Formação Içá; (3) Formação Alter do Chão; (4) coberturas protero-

zóicas; (5) rochas paleozóicas; (6) coberturas do Quaternário. Fonte: Adaptado de Bezerra, 2003.

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Durante o Cretáceo, houve momentos de incursões e regressões marinhas sucessi-vas, resultando na deposição do Grupo Acre. De uma forma geral, houve subsidência na área, desta feita do tipo flexural em resposta à sobrecarga imposta já nesta época pelos dobramentos andinos. O Arco de Iquitos (que separa a Bacia do Acre da Bacia do So-limões) funcionava como área fonte de se-dimentos nos momentos de sedimentação clástica regressiva (momentos de saída do mar). Após o soerguimento dos Andes (Oro-genia Quéchua), o Arco de Iquitos foi rebai-xado e a Bacia do Acre tornou -se intraconti-nental ou de antepaís, com área fonte vinda do oeste. Nesse momento depositaram -se os litotipos da Formação Solimões e, pro-vavelmente, concomitantemente ou logo após a deposição da Formação Içá que foi depositada a seguir, houve a inversão dos sistemas de drenagem para leste e formação dos rios Solimões e Amazonas. Maia et al (1977), em razão de análises de sondagens e perfurações, separa o material da base da então Formação Solimões em uma outra formação, a Ramon (constituída por siltitos e arenitos de ambiente oxidante). Não há

Quadro 2. Coluna Estratigráfica das unidades florantes no Estado do Acre.

Era Período Época Formação Características Litológicas

Cen

ozó

ico

Qua

tern

ário

Ho

loce

no

Aluviões holocênicos

(QHa) depósitos grosseiros a conglomeráticos, representando residuais de canal, arenosos relativos

a barra em pontal e pelíticos relacionados a transbordamentos.

Coluviões holocênicos

(QHc) material grosso disposto no sopé de montanhas em forma de leque aluvial.

Terraços holocênicos

(QHt) depósitos de planície fluvial, cascalhos lenticulares de fundo de canal, areias de barra em pontal e siltes e

argilas de transbordamento.

Areias quartzosas

(QHaq) areais inconsolidados em interflúvios.

Plei

sto

ceno

Terraços Pleistocênicos

(QPt) terraços fluvias antigos. Argilas, silte e areias, localmente com intercalações lenticulares de argilitos e

conglomerados.

registros no banco de dados do SIPAM so-bre a mesma, provavelmente porque foram descritas somente unidades que afloram em território acreano.

Em seguida, já no Pleistoceno, alterna-ram-se momentos de quietude (em que se dá instalação dos perfis lateríticos – co-berturas detritolateríticas) com outros de movimentação tectônica. Essa nova tectô-nica (Neotectônica) gerou reativações de antigas falhas, soerguendo e rebaixando blocos e sendo a responsável pela deposi-ção do material holocênico, além de con-trolar a distribuição do relevo e da dre-nagem atuais. Na tabela a seguir (Quadro 2) estão listadas as unidades mapeadas na escala de 1:250.000, que compreendem a coluna litoestratigráfica da área. Em seguida é apresentado o mapa geológico do Estado do Acre (Figura 2). Em com-paração às unidades relatadas em escala 1:1.000.000 (na primeira fase do ZEE), verifica -se uma melhor separabilidade em função da diminuição da escala, pois as unidades do Pleistoceno eram restritas a Formação Cruzeiro do Sul e as do Holoce-no, aos aluviões.

Continua

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Quadro 2. Coluna Estratigráfica das unidades florantes no Estado do Acre.

Era Período Época Formação Características Litológicas

Plei

sto

ceno Coberturas

detrito--lateríticas

(QPdl) material argiloarenoso amarelado, caolinítico, alóctone e autóctone.

Cen

ozó

ico

Formação Cruzeiro do Sul

(QPcs) terraços, originados através de sedimentação fluvial, flúviolacustre e aluvial, constituídos por arenitos

finos a médios, friáveis, maciços e argilosos, com intercalações de argilitos.

Terc

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o

Plio

ceno

M

ioce

no Formação Solimões

(TNs) sedimentos pelíticos fossilíferos (argilitos com intercalações de siltitos, arenitos, calcários e material

carbonoso), de origem fluvial e flúviolacustre, com estratificações planoparalelas e cruzadas tabulares e

acanaladas.

Mes

ozó

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ano

*Formação Divisor

(Kd) arenitos brancos, amarelos e vermelhos, maciços ou com estratificação cruzada, médios, bem selecionados,

com intercalação de siltitos.

Cam

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ano

Tur

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ano

C

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iano

*Formação Rio Azul

(Kra) compõe -se de arenitos finos, com intercalações de folhelhos e níveis de calcário (na base) e para o

topo esses arenitos contêm intercalações de siltitos cinzaesverdeados.

*Formação Moa

(Km) conglomerados polimíticos basais encimados por arenitos finos a conglomeráticos com estratificação

cruzada. No topo, arenitos finos a médios, estratificação cruzada e níveis conglomeráticos.

Pré -

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(PS(L))r composta por quartzo traquito pórfiro, ultramilonito, microsienito, sienito, traquito pórfiro cataclástico, sienito pórfiro, nordmarkito, quartzo

traquito e traquito amigdaloidal, constituem corpos de pequenas dimensões.

Form

ação

Fo

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sa (PSf) quartzitos cinzaescuros, muito duros, camadas de chert cinzaclaro e esbranquiçadas, metassiltitos e arenitos quartzíticos. Apresenta metamorfismo

de contato devido à intrusão de rocha sienítica.

Pré -

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Jam

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(PIMj) rochas de alto grau de metamorfismo na forma de gnaisses, migmatitos, granitos anatéticos, granulitos, leptitos e charnockitos.

Fonte: IBGE, 1999. *Grupo Acre

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Complexo Jamari (PIMj)

Esta unidade representa a associação de rochas mais antiga da região, ocorrendo no extremo oeste do Estado do Acre. Foi desig-nada por Silva et al. (1974) como Complexo Xingu. Entretanto, Isotta et al. (1978), consi-derando que em Rondônia o Complexo Xin-gu envolveria determinadas litologias, como xistos, quartzitos e rochas intrusivas, não encontradas no embasamento da região, e ainda, que seria bastante difícil à identifi ca-ção pura e simples de Complexo Xingu, pro-puseram a denominação Complexo Jamari, a qual está sendo adotada aqui.

Os principais litotipos são rochas de alto grau metamórfi co na forma de gnaisses, migmatitos, granitos anatéticos, anfi bolitos, leptitos e charnoquitos.

Formação Formosa (PSf)

A primeira citação sobre litologias desta unidade encontra -se em Moura & Wander-ley (1938); posteriormente Leite (1958) in-troduziu a denominação Formação Formosa em referência às rochas que sustentam a cachoeira homônima no igarapé Capanaua, na serra do Divisor. Esta unidade é constitu-ída de quartzitos altamente metamorfi zados

devido à intrusão de rochas ígneas alcalinas. Com relação à idade desta unidade, vários autores atribuem a tais litologias idade pa-leozóica (MOURA & WANDERLEY, 1958; LEITE, 1958; MIURA, 1972). Caputo (1973) considerou que tais rochas seriam do Pro-terozóico Superior, uma vez que se encon-tram cortadas por rochas ígneas atribuídas ao Escudo Brasileiro, o que é considerado neste estudo.

Sienito República (PS(L)r)

As rochas alcalinas reunidas sob a deno-minação Sienito República ocorrem somen-te na serra do Divisor, em exposições restri-tas aos leitos dos igarapés Capanaua, Índio Coronel, Tachipá, República e Paraná João Bezerra. Essas rochas encontram -se cortan-do as litologias da Formação Formosa, nas quais produzem transformações devido ao metamorfi smo de contato, sendo constituí-das por quartzo traquito pórfi ro, ultramilo-nito, microsienito, sienito, quartzo traquito, traquito pórfi ro cataclástico, sienito pórfi ro, nordmarkito e traquito amigdaloidal. Pode--se correlacionar tal unidade com rochas graníticas que ocorrem no Estado de Ron-dônia, o que se faz crer que essas litologias sejam do Proterozóico Superior.

Figura 2. Mapa geológico do Estado do Acre com unidades litoestratigráficas aflorantes

(o Sienito República, a Formação Formosa e o Complexo Jamari não são visualizados nessa escala).

Fonte: ZEE/Acre

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Grupo Acre

Sob essa denominação reúnem -se as formações Moa, Rio Azul e Divisor. Tais li-tologias sustentam as serras que ocorrem a oeste do Estado do Acre (Serra do Jaquirana, Serra do Moa, Serra, do Juruá -Mirim e Serra do Rio Branco) e estão condicionadas a uma estrutura dobrada. No flanco interno da dobra está a Formação Rio Azul, na porção central, a Formação Moa e no flanco externo e ocidental, a Formação Divisor.

Formação Moa (Km)

O ambiente deposicional admitido para esses sedimentos é dominantemente conti-nental (CAPUTO, 1973). Os litotipos predo-minantes são arenitos, com intercalações de camadas de argilitos e siltitos, e níveis con-glomeráticos. Sua idade baseia -se em corre-lação estratigráfica, e a maioria dos traba-lhos a posiciona no intervalo Cenomaniano – Coniaciano, ou seja, no Cretáceo Superior.

Formação Rio Azul (Kra)Moura & Wanderley (1938) chamaram

ao conjunto de rochas desta unidade de “Sé-rie com folhelhos e calcários”, formalizando depois o termo Rio Azul, devido às boas ex-posições nesse rio. A unidade é caracteriza-da por uma seqüência de arenitos finos a médios, ocasionalmente com disseminação ferruginosa. Na porção basal existem inter-calações de folhelhos e níveis de calcários.

Para o topo existem intercalações de folhe-lhos e siltitos. Sua idade é dada com base em correlação estratigráfica, principalmente com relação à Formação Moa. Os trabalhos realizados até então a posicionam no inter-valo Turoniano – Campaniano, ou seja, no Cretáceo Superior (BARROS et al., 1977).

Formação Divisor (Kd)

Sua idade baseia -se na relação estrati-gráfica no topo do Cretáceo Superior, no intervalo Maestrichtiano. Caracteriza -se do-minantemente por um pacote de arenitos médios bem selecionados. Ao longo da se-ção contém intercalações de siltitos averme-lhados, e localmente silicificados e brecha de falha. Na porção basal esses arenitos são mais friáveis e porosos, chegando a exibir grandes cavernas. Para o topo são mais fer-ruginosos, chegando a desenvolver crostas e concreções com até 30 cm de espessura. O ambiente de deposição admitido por Ca-puto (1973) e adotado até então é flúvio--litorâneo, sendo mais fluvial para o topo.

Formação Solimões (TNs)

As primeiras referências aos sedimen-tos da Formação Solimões datam do século XIX e encontram -se nos trabalhos de Hartt (1870), Orton (1870, apud Oliveira & Leo-nardos, 1943), Orton (1876) e Brown (1879), entre outros.

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A Formação Solimões é a mais exten-sa das unidades litoestratigráficas do Acre, estendendo -se além fronteira para os terri-tórios peruano e boliviano. Encontra -se, em algumas partes no lado leste, encoberta pelas coberturas detrito -lateríticas pleistocênicas, expondo -se nas áreas próximas aos vales.

A seqüência litológica constitui -se de ar-gilitos sílticos cinza a esverdeados; siltitos ar-gilosos, localmente com concreções e lentes calcárias, concreções gipsíferas e limoníticas, e níveis ou lentes com matéria vegetal carbo-nizada (turfa e linhito) em geral fossilíferos.

Intercalados ou sobrepostos aos pelitos ocorrem arenitos finos a grosseiros. Em deter-minadas áreas, predominam sobre os pelitos, permitindo sua individualização. Esses litoti-pos estão dispostos em seqüências cíclicas, tí-picas de ambiente continental fluvial e flúvio--lacustre, com fácies de leque aluvial (SILVA et al., 1976).

Maia et al. (1977), com base em seu con-teúdo fossilífero, estabeleceram o intervalo de idade Mioceno -Plioceno. Latrubesse et al. (1994) admitiram para Formação Solimões um único ciclo deposicional contínuo, por meio de leques gigantes, durante o Mioceno Superior e o Plioceno, idade correlacionada à da fauna abundante e variada de mamíferos Huayqueriense montehermosense.

Formação Cruzeiro do Sul (QPcs)

Foi definida primeiramente por Boin & Bonatti como parte superior da Forma-ção Solimões (apud. BARROS et al., 1977), referindo -se aos sedimentos arenosos que se encontram sobrepostos aos terraços infe-riores, localizados nas imediações da cidade de Cruzeiro do Sul. Os autores do projeto PMACI II (PINTO et al., 1994) adotaram a denominação: Formação Cruzeiro do Sul para os sedimentos acima referidos, ratifica-da no presente trabalho.

Pouco estudada em suas características específicas, devido sua recente separação a partir da Formação Solimões, a Formação Cruzeiro do Sul ocorre sobreposta a feições tipo terraço, sendo sua maior exposição lo-calizada ao sudoeste da cidade de Cruzeiro do Sul, na confluência dos rios Moa e Juruá. São sedimentos depositados por correntes fluviais, flúviolacustre e em leques aluviais, compostos por arenitos finos, friáveis, maci-ços, argilosos, com intercalações de argilitos lenticulares e estratificação cruzada; sobre-tudo em sua porção inferior.

Coberturas detrito -lateríticas neopleistocênicas (QPdl)

A partir da década de 60, a comunidade geológica brasileira despertou para o estu-do das lateritas da Região Amazônica devido principalmente a sua grande potencialidade mineral (Fe, Al, Au, Ti, Nb etc.). Diversos au-tores como Towse & Vinson (1959), Som-broek (1966), Costa (1985, 1988a e b e 1990a e b) e Costa & Araújo (1990) estuda-ram as lateritas da Amazônia. Costa (1991) reconheceu dois principais eventos de late-rização durante o Cenozóico: um primeiro, no Eoceno -Oligoceno, formador das lateri-tas maturas ricas em caulinita e um outro mais recente, no Pleistoceno, formador das lateritas imaturas com alto teor de ferro. A cobertura detrito -laterítica neopleistocêni-ca é, portanto, similar ao segundo evento (DEL’ARCO & MAMEDE, 1985).

No Acre, dispõe -se sobre os sedimentos da Formação Solimões, restringindo -se a parte sudeste do Estado. Compõe -se de sedi-mentos argiloarenosos de cor amarelada, ca-

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oliníticos, parcial a totalmente pedogeneiza-dos, gerados por processos alúviocoluviais.

Sua delimitação é feita basicamente por interpretação visual de imagens de radar e de satélite (aspecto textural liso e homo-gêneo). Por conta disso, e em face da con-temporaneidade entre a deposição dessas coberturas e a elaboração das superfícies de aplainamento, admite -se para essa unidade a idade neopleistocênica.

Terraços pleistocênicos (QPt)

As antigas planícies de inundação, atu-almente definidas como superfícies aplai-nadas e possivelmente escalonadas, as quais representam Aluviões antigos, foram individualizadas sob a designação Aluviões Indiferenciadas, por Silva et al. (1976). No presente trabalho esses depósitos foram de-signados Terraços pleistocênicos.

Mostram uma distribuição descontínua, representando diferentes comportamen-tos dos meios deposicionais, provavelmen-te ocasionados por diferentes fatores, tais como: oscilações climáticas, movimentos eustáticos, ou mesmo a ação de algum even-to de caráter tectônico, inclusive de bascu-

lamento local. No presente trabalho estes depósitos estão diferenciados dos Terraços holocênicos devido principalmente à sua dissecação por drenagem de primeira e se-gunda ordem e pela presença de raros me-andros colmatados, os quais são mais abun-dantes nos terraços holocênicos.

São constituídos por argilas, siltes e areias, às vezes maciços, de colorações aver-melhadas, depositados em terraços fluviais antigos e rampas terraços. Localmente en-globam intercalações lenticulares de argili-tos e conglomerados. Conglomerados com seixos de material carbonático e quantida-de expressiva de fauna fóssil pleistocênica são encontrados na região do Alto Juruá. Nas rampas terraços incluem sedimentos colúvioaluviais arenoargilosos, provavel-mente depositados em condições paleo--hidrológicas distintas das atuais; relaciona-das às variações climáticas.

Terraços holocênicos (QHt)

Esses depósitos mostram características típicas de depósitos de planície fluvial, isto é, são constituídos por cascalhos lenticu-lares de fundo de canal, areias quartzosas

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inconsolidadas de barra em pontal e siltes e argilas de transbordamento. Ocorrem ao longo das principais drenagens.

Areias quartzosas inconsolidadas (QHaq)

Inicialmente incluídas como parte areno-sa da Formação Solimões nas imediações de Cruzeiro do Sul, Pinto et al. (1994) separa-ram as areias quartzosas que ocorriam nas áreas de campinas, posicionando -as na por-ção superior da Formação Cruzeiro do Sul.

Esses sedimentos arenosos, resultantes de processos pedogenéticos, constituem produto de intensa lixiviação sobre sedi-mentos de porção superior da Formação Cruzeiro do Sul, tendo sua área de exposi-ção delimitada pela presença das campinas. Ocorrem, portanto, em áreas interfluviais com lençol freático elevado, sendo uma for-mação superficial edafoestratigráfica, cor-respondendo aos Neossolos quartzarênicos.

Apresenta um relevo geralmente tabular, que representa um platô residual, desen-volvendo uma drenagem com vales de fun-do chato e planícies de inundação amplas. Encontra -se recobrindo um pacote argiloso de caráter redutor (depósito de transbor-damento), representativo de um ciclo mais antigo. Este apresenta um relevo mais mo-vimentado, com formas de topo convexo e/ou aguçado.

Depósitos coluvionares (QHc)

Dispõem -se no sopé dos relevos do Com-plexo Fisiográfico da Serra do Divisor, com-pondo os chamados leques aluviais com seu padrão de drenagem distributário bem característico. São compostos por arcósios, conglomerados, grauvacas e fragmentos de rocha de má classificação.

Depósitos aluvionares (QHa)

As acumulações mais expressivas ocor-rem nas planícies dos rios maiores, sobre-tudo daqueles com cursos meândricos e sinuosos. Os sedimentos apresentam carac-terísticas gerais semelhantes e constituem

depósitos de canal, incluindo depósitos de barra em pontal e os depósitos residuais de canal e de transbordamento.

Nos depósitos de canal, que formam praias de extensão variável, ocorrem areias quartzosas de granulação fina a grosseira. Os depósitos de transbordamento são cons-tituídos por silte e argila com granulometria decrescente da base para o topo. Nas seções basais são encontradas comumente areias quartzosas fina, porcentagem variável de argila e presença freqüente de muscovita e minerais pesados.

Os sedimentos sílticos e argilosos sempre sucedem as areias da base, apresentando -se maciços ou finamente laminados. Comu-mente incluem restos vegetais de troncos e folhas parcialmente carbonizados.

4. A GEOLOGIA NAS REGIONAIS DO ACRE

O Estado do Acre foi divido em cinco regionais (Alto Acre, Baixo Acre, Purus, Ta-rauacá e Envira e Juruá) que tiveram como base principal as bacias hidrográficas, que caracterizam identidades culturais e de pro-dução distintas. Na Tabela 1 verifica -se a distribuição das formações geológicas em cada regional.

A predominância da Formação Soli-mões no Estado do Acre é notável (cerca de 85% da área do Estado). Sobre a mes-ma desenvolveram -se diversos tipos de solos, onde diversas tipologias vegetais instalaram -se. O porquê dessa diversidade de ambientes diz respeito à própria gêne-se geológica e geomorfológica presentes, entretanto carecem de estudos específicos. Apesar dessas lacunas de informação, al-guns direcionamentos podem ser dados.

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Pelos dados acima apresentados e con-forme as figuras mostradas á seguir (Figuras 3, 4, 5, 6 e 7), observa -se que a regional com maior diversidade geológica é a do Juruá e a de menor diversidade é a do Tarauacá. Pela história geológica da região é compreensível que isto ocorra, pois a parte mais a oeste do Estado está incluída na faixa de dobramentos da Cordilheira dos Andes. Com os dobramen-tos e falhas de empurrão, houve uma sobre-carga litosférica compensada por subsidência flexural periférica e formação das bacias de antepaís, onde se insere a bacia do Acre. Com a progressão da deformação da faixa andina porções do embasamento da bacia foram so-erguidas, propiciando a exposição de rochas paleozóicas e mesozóicas, normalmente enco-bertas pela Formação Solimões.

Com exceção da regional do Juruá, há cer-ta uniformidade geológica no restante da área. As diferenciações ficam por conta da ocorrên-cia de diferentes níveis de terraços fluviais nas regionais do Purus e Baixo Acre (terraços pleistocênicos e holocênicos) (pelas falhas e fraturas analisados nesse trabalho, acredita -se que a tectônica teve um papel importante para sua diferenciação. Levando em conta dados morfométricos obtidos pelo levantamento ge-

omorfológico realizado também nessa segun-da fase do ZEE, verifica -se nessas regionais, um posicionamento altimétrico condizente com diferenciações causadas por basculamen-tos pretéritos); e pela presença de coberturas detritolateríticas ao leste do Estado, inseridas nas regionais do Baixo e Alto Acre. A gênese desses depósitos em tais locais precisa ser estudada com mais detalhe, mas de qualquer modo, trata -se de uma possibilidade de inves-timentos para essas regionais caso seja com-provada alguma potencialidade mineralógica.

5. POTENCIALIDADES DE USO E APLICAÇÃO

No tocante às potencialidades de uso e aplicação a escassez de informações sobre os materiais disponíveis no Estado do Acre é fator limitante. Há litotipos presentes nas diversas formações geológicas passíveis de exploração, entretanto, não há segurança de que sua exploração seja profícua e pos-sível, visto que facultam estudos de campo, levantamentos e ensaios com os materiais. É necessário, portanto, que se verifique onde estão os afloramentos que podem ser explo-rados, a qualidade desses materiais, qual o

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Figura 4. Mapa geológico da regional do Baixo Acre. Fonte: Acre, 2006

Figura 5. Mapa geológico da regional do Purus. Fonte: Acre, 2006

Figura 3. Mapa geológico da regional do Alto Acre. Fonte: Acre, 2006

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Figura 6. Mapa geológico da regional do Tarauacá. Fonte: Acre, 2006

Figura 7. Mapa geológico da regional do Juruá. Fonte: Acre, 2006

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volume que pode ser explorado, que medi-das de controle ambiental precisam ser con-sideradas, etc.

Formação Solimões

As principais potencialidades no Estado, dentro da Formação Solimões (que é a princi-pal formação geológica em termos de área de ocorrência) são a gipsita e argilas. Ocorrências de gipsita e de argilas têm sido descritas des-de os primeiros trabalhos de reconhecimento geológico na região.

Quanto à forma de ocorrência, são conhe-cidas três variedades de gipsita: a selenita, a gipsita fibrosa (a mais freqüente e economi-camente importante) e o alabastro. A gipsita do Acre é do tipo selenita e ocorrem predomi-nantemente, nos rios Purus, Chandless e Iaco, nas imediações de Sena Madureira e Manuel Urbano, além de ocorrências menores nas proximidades de Marechal Thaumaturgo. Nas descrições são destacadas as pequenas espes-suras de suas exposições e inibidas iniciativas exploratórias, entretanto, cabe ser ressaltado aqui os múltiplos usos desse mineral: a gipsita é consumida sob as formas bruta e beneficia-da. Sob a forma bruta é utilizada pelos setores cimenteiro e agrícola. Sob a forma beneficia-da, denominada gesso, é utilizada predomi-nantemente pela indústria da construção civil

na forma de pré -moldados, em revestimento de paredes e como elemento de decoração ar-quitetônica e, subordinadamente, pelos seto-res ceramista, odontológico, médico e de ade-reços (joalharia). Dessa forma, por ser o Acre um local carente de matéria prima, torna -se útil uma melhor investigação sobre a ocorrên-cia de gipsita e seu volume exploratório.

O mesmo ocorre com as argilas. Alguns testes realizados pelo IPT (Instituto de Pesqui-sas Tecnológicas) indicam boa qualidade. Pela característica litológica da Formação Soli-mões pode haver um volume compatível para exploração mesmo em nível local. Entretanto, ressalta -se a necessidade de melhor avaliação desses depósitos através de prospecção e de definições de parâmetros para controle e re-cuperação do meio ambiente, em função da fonte energética disponível na região e da de-manda do mercado consumidor (colaboraria em parte com a diminuição de matéria vinda de outros estados).

Coberturas detrito -lateríticas pleistocênicas

Desde os anos 80, com a investida go-vernamental para construção de rodovias, a atenção voltou -se para a necessidade de se obter material utilizado na construção civil no Acre pela ausência de rocha dura

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no Estado. Por outro lado, a descoberta das coberturas lateríticas na região e a utilização desse material em outras regi-ões da Amazônia e em alguns locais do Nordeste, fez com que se desse á devida atenção à questão. Alguns trabalhos, como o de Azevedo (1982) e o de Costa (1985) serviram como estímulo a exploração das lateritas no Estado, além de pesquisas es-pecíficas realizadas por empresas constru-toras de rodovias.

Costa (1985) cita a já utilização de la-terita fina na capa asfáltica e da grossa como base e sub -base e asfalto. Não se tra-ta, obviamente, de material excelente para tal aplicação, mas em face da disponibili-dade e de sua razoável qualidade, trata -se de uma boa frente de aplicação. O DERA-CRE, nas regionais do Alto e Baixo Acre, utilizam outro tipo de material. Segundo o órgão, trata -se de matéria mais resistente, entretanto em Cruzeiro do Sul, as lateritas são utilizadas, conforme dados do IMAC.

Formação Cruzeiro do Sul

Nessa unidade há uma grande quantida-de de areias, o que possibilita sua explora-

ção. As atividades contam com a fiscalização do IMAC. O material retirado é de excelente qualidade, além de apresentar variedade de aplicações em função de variação granulo-métrica (as areais vão de muito finas a con-glomeráticas).

Terraços holocênicos e pleistocênicos

Em determinados locais do Estado, as unidades de terraços apresentam grande volume de areia. Nos municípios do Baixo e Alto Acre, são amplamente exploradas e tais atividades são regularizadas e fiscalizadas pelo IMAC, ou estão em processo de regu-larização. Há retirada regular de areia tam-bém em Feijó, Tarauacá e Manoel Urbano.

Mais uma vez ressalta -se que toda explo-ração deve ser sustentada por avaliações preliminares onde se verificam a disponibili-dade do recurso, a possibilidade de extração, a relação custo -benefício e, principalmente, os impactos gerados no ambiente por con-ta da exploração. Em Sena Madureira, por exemplo, há retirada direta das praias no Rio Iaco sem a percepção de que a atividade promove acréscimo de movimento de mas-sa, tornando as áreas altamente instáveis do

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ponto de vista geotécnico, além de causar degradação ambiental.

Coluviões Holocênicos

Em geral, os colúvios são fontes impor-tantes de recursos minerais. Na Amazônia, são importantes fontes de ouro e quartzo.

No Acre, como se vê no mapa geológi-co, há uma ocorrência restrita desse tipo de depósito no oeste do Estado. É possí-vel a ocorrência de mineralizações nessa região em função dos litotipos presentes (Grupo Acre) e os colúvios seriam dissemi-nadores e ao mesmo tempo concentrado-res desses minérios. Entretanto, localiza--se numa área de proteção integral (Par-que Nacional da Serra do Divisor), o que inviabiliza a retomada de prospecção e de possível exploração.

Desde o Radambrasil, as informações sobre potencialidades minerais no Esta-do do Acre continuam precárias. Algumas investidas da CPRM foram realizadas, mas nenhuma evidenciou um caráter ex-ploratório factível dessas ocorrências, o que nos leva a crer na sua inviabilidade. Entretanto, sugere -se aqui, maior grau de detalhamento a fim de se conhecer a real situação dessas ocorrências para emitir pareceres mais confiáveis.

Paleontologia

O Estado do Acre, sem dúvida, se desta-ca pela presença de localidades fossilíferas disseminadas, grosso modo, por todo seu território associadas em grande parte à Formação Solimões, mas também a depósi-tos desde o Cretáceo (como dentes de tuba-rões encontrados na Serra do Moa) (RANCY, 2000) até o Holoceno.

Trata -se de sítios de grande valor cientí-fico e, passíveis de se constituir em áreas de relevante interesse científico ou de Proteção Ambiental. A presença de fósseis é fundamen-tal para o entendimento da história geológica e paleontológica do Estado, e isto torna im-prescindível a conscientização da população local sobre a importância dessas ocorrências

no município para que se busquem formas de preservação dos locais de coleta de material fossilífero e do próprio conteúdo coletado. Não raro fósseis são descobertos pela popu-lação e perdidos em seguida por inadequação de acondicionamento.

6. NEOTECTÔNICA NO ACRE

Da teoria de Tectônica de Placas, sabe--se que a Terra constitui -se de um mosai-co de blocos, chamados Placas Tectônicas. Tais blocos estão em movimento, em seus limites ocorrem movimentos distensivos, compressivos ou transformantes (uma placa desliza em sentido contrário a adja-cente). Essas movimentações geram a tec-tônica (do grego tecktos = construção) da Terra e isso ocorre em ciclos. Ao ciclo de movimentações mais recente chamamos de Neotectônica.

As questões envolvendo os limites da Neotectônica (ou seja, até quando pode-mos recuar no tempo geológico para con-siderar o prefixo “neo”) começaram a ser elucidadas a partir da análise das várias propostas disponíveis na literatura por Pavlides (1989). Este autor concluiu que o início do período neotectônico não repre-senta um marco estratigráfico na evolução da Terra, mas vincula -se às particularida-des de cada ambiente geotectônico. Outro aspecto importante nesse contexto é que os movimentos atuais, que sempre foram considerados dentro de uma categoria in-dependente, uma vez que não se admitia deformação da crosta no Holoceno, passa-ram a integrar a Neotectônica. A principal consequência desse entendimento é que: as transgressões e regressões marinhas, o desenvolvimento e a organização de ba-cias hidrográficas, além da elaboração de sistemas de relevo atuais - antes vincula-dos apenas às idéias de oscilações eustá-ticas - passaram a ser associados também aos movimentos orogenéticos e epiroge-néticos da crosta (BEMERGUY, 1997).

Segundo Hasui & Costa (1996) a Neo-tectônica apresenta caráter multidiscipli-nar que requer a utilização de métodos e

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técnicas de investigação geológicos, geo-físicos e geoquímicos; as aplicações são encontradas em quase todas as frentes de utilização prática (mineração, exploração mineral; hidrogeologia, obras de engenha-ria, estudos ambientais, planejamento de ocupação do espaço, ecoturismo, etc) ou científica da informação geológica (evo-lução geológica, evolução da paisagem e outros). Também possibilita extrapolações para deduzir manifestações ou prever ris-cos naturais ou artificiais no meio físico.

Os aspectos gerais da Neotectônica no interior da placa Sulamericana, em parti-cular no Brasil, foram abordados por Hasui (1990) e Costa et al. (1996). Desses traba-lhos conclui -se que o início da Neotectônica está sendo vinculado à mudança do regime tectônico de caráter distensivo, a que se liga a abertura do Atlântico, para um regi-me transcorrente, ora em vigor, relacionado com a rotação da Placa Sulamericana para oeste, com o pólo de rotação localizado a sul -sudeste da Groelândia. A época des-sa mudança de regime foi tentativamente fixada no Mioceno Superior, assim, a Neo-tectônica abrangeria o Neógeno (Mioceno--Plioceno) /Quaternário. A Neotectônica tem

manifestações em termos de evolução do re-levo, sedimentação e geração de estruturas geológicas notáveis;

Na região amazônica, Costa et al. (1996) demonstraram que a complexa coexistên-cia de extensas planícies com sistemas de serras de altitudes superiores a 2.500 m só pode ser mais bem entendida se forem con-siderados os elementos estruturais gerados pelos movimentos tectônicos do Cenozóico, sobretudo no Neógeno/Quaternário. Tais es-truturas são consideradas neotectônicas se forem geradas ou reativadas no período ci-tado. Se essas estruturas estão em movimen-tação, precisam ser levadas em conta antes de qualquer iniciativa de planejamento e ordenamento territorial, pois podem envol-ver riscos para as populações. Os trends de estruturas mais importantes são os de dire-ção NE -SW, NW -SE e E -W reativados com a instalação da faixa transcorrente do Juruá. Esta direção, aliás, promove reorganizações importantes nos principais rios do Estado, pois geralmente deslocam seus cursos para a esquerda em função dessas falhas E -W. Momentos de transpressão alternados com transtensão são responsáveis pela elabora-ção da paisagem atual.

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No Acre, tem -se uma das mais importan-tes zonas sismogênicas do Brasil (áreas com risco de ocorrer sismos - terremotos). Os sis-mos representam alívios de tensão ao longo de falhas, em geral em ciclos recorrentes de cargas/descargas de tensão ou quiescência/manifestação de abalos, e são analisados por seus efeitos em superfícies ou registra-dos em sismógrafos.

O Estado carece de estudos nesse senti-do. Frente aos grandes projetos de constru-ção civil, abertura de estradas, construção de pontes, etc., que estão sendo ou serão desenvolvidos, é importante que atenção seja dispensada aos efeitos da Neotectônica na determinação de áreas aptas a receber aqueles empreendimentos ou áreas com-pletamente inaptas. Isso diz respeito à vul-nerabilidade dessas áreas, de que tratamos no início do texto. É imprescindível a deline-ação de falhas ativas no território acreano e de estruturas que imprimam fragilidade aos ambientes.

Um primeiro passo é a análise do rele-vo gerado por tectônica e da drenagem. Os

cursos de água geralmente adaptam -se às orientações das estruturas geológicas ou são afetadas por elas, resultando no desen-volvimento de cachoeiras, ou barragens, ou deslocamentos dos canais dependendo do tipo de falha; já o relevo tectônico expressa um espectro de feições topográficas que po-dem ser empregadas como indicadoras de estilo, magnitude e taxa de movimentos tec-tônicos, destacando -se as seguintes: escar-pas de falhas; paleoterraços desnivelados; deslocamento de escarpas fluviais; mudan-ça brusca de declividade; deslocamento de construções feitas pelo homem historica-mente comprovadas; cristas, etc.

Nesse momento, tais estruturas serão visualizadas no mapa geológico a ser publi-cado nesta segunda fase do ZEE, com base em análise de drenagem e de relevo, mas cabe aqui ressaltar a iminente necessidade de aprofundar esses estudos, determinar a gênese dessas estruturas, a cronologia dos eventos que as geraram, sobretudo em áre-as no sudeste acreano, onde a antropização é maior.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como explicado anteriormente, a base de dados utilizada neste trabalho foi a do SI-PAM/IBGE. Entretanto alguns ajustes foram realizados, como por exemplo, a adequação da legenda geológica para o Estado do Acre e a presença de algumas lacunas de infor-mação que foram sanadas a partir da análise de imagens de satélite e de radar.

Destaca -se o grande avanço nesta se-gunda fase do ZEE haja vista a ampliação da escala de trabalho de 1:1.000.000 para 1:250.000. Isso possibilita um maior poder de análise em todos os temas trabalhados. Os avanços no tema Geologia são notáveis. Em sua primeira fase, o ZEE apresentou dez unidades litoestratigráficas contra quinze publicadas nesse momento. Principalmente no período de tempo mais recente é impor-tante esse detalhamento. A separação dos diversos níveis de terraços, por exemplo,

pode explicar o desenvolvimento deste ou daquele tipo de solo e suas conseqüências. A separação de depósitos de colúvio daque-les aluvionares proporciona melhor enten-dimento dos processos erosivos neste ou naquele setor do Estado, etc.

Diante dos avanços obtidos nessa etapa do ZEE cabe ressaltar a necessidade de um deta-lhamento maior das informações geológicas, com investimentos em trabalhos de campo e análises laboratoriais dos materiais encontra-dos no Estado. No tocante a litologia (tipo de material ou rocha), a necessidade primeira é a de conhecer melhor nossas potencialidades de exploração de bens minerais e determinação/quantificação de aquíferos (rochas que permi-tem acúmulo e fluxo de água subterrânea); no que diz respeito a estruturas tectônicas, possi-bilidade de ampliar e direcionar investimentos de construção civil e planejamento ambiental como um todo a determinadas áreas menos vulneráveis tectonicamente, etc.

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2Capítulo

Livro Temático | Volume 2 Coleção Temática do ZEE

Recursos Naturais Geologia, Geomorfologia e Solos do Acre

Geomorfologia do Estado do Acre

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O processo de Zoneamento Ecoló-gico-Econômico envolve, preli-minarmente, estudos ambientais que examinam os efeitos da inter-

ferência do homem sobre os diversos am-bientes naturais, por meio de abordagens multidisciplinares. Nesse ínterim, destaca--se a análise do relevo como um dos compo-nentes básicos desse tipo de pesquisa.

A Geomorfologia compreende a descri-ção, classificação e elucidação dos proces-sos de evolução das formas de relevo, que expressam o arcabouço litoestrutural e re-tratam a atuação de condições climáticas pretéritas e atuais. Sobre elas, desenvolvem--se os tipos de solos, os quais, por sua vez, permitem a instalação das variadas co-munidades vegetais. A partir desse ponto, vislumbra -se o emaranhado de relações existentes entre ambiente e ser humano, o modo como uma esfera atua sobre a outra e como são interdependentes.

Dessa feita, a segunda fase do Zonea-mento Ecológico-Econômico do Acre, por meio de mapeamento em escala 1:250.000, pretende apresentar a geomorfologia do Estado do Acre. Tal ação foi realizada por meio de compilação bibliográfica e geração de mapas temáticos a partir do banco de dados ambientais do projeto SIPAM – IBGE. O grande avanço com relação à primeira fase foi a de ampliação de classes temáti-cas (três classes geomorfológicas anterio-res versus nove atuais). Esse detalhamento

permite inferir sobre processos morfoge-néticos de maneira mais precisa e, conse-quentemente, permite melhorar a acurá-cia na determinação de vulnerabilidades/potencialidades do meio físico por meio da superposição dos mapas temáticos do eixo de recursos naturais.

2. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA

2. 1. Material Utilizado

O material em formato digital utilizado durante a pesquisa pertence ao acervo do IMAC, já os em formato analógico foram consultados na Embrapa Amazônia Oriental, constando de:

Banco de dados gráfico alfanumérico desenvolvido e alimentado pelo IBGE para o Projeto SIPAM (IBGE, 1999), consistindo de mapas no formato digital de geomorfo-logia e cartografia, com escala de entrada 1:250.000, e dados alfanuméricos sobre os diversos temas.

Arquivos vetoriais contendo a hidrogra-fia das cartas topográficas do IBGE e DSG na escala 1:250.000 disponíveis para a área, e das cartas planialtimétricas do Projeto RA-DAMBRASIL na mesma escala (Quadro 3).

Imagens ETM do satélite LANDSAT 7, em formato digital com as configurações cons-tantes no Quadro 1.

PC Dell Pentium 4 com configuração de 3.2 GHz e 2 1Gb de memória RAM.

Geomorfologia do Estado do Acre

Texto:b Luciana Mendes Cavalcante1

1. INTRODUÇÃO

1 MestreemGeologiaeGeoquímica|Petrobrás

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Programa ARCGIS para tratamento e gerenciamento dos dados cartográficos em formato digital.

2. 2. Estudos Preliminares

Nessa fase são sistematizadas as infor-mações geomorfológicas obtidas através de levantamentos bibliográficos. Aqui também são reunidos e preparados os materiais bá-sicos (imagens de sensores remotos e ma-pas planimétricos e/ou planialtimétricos), para interpretação.

2. 3. Estudo Temático

Aqui são realizadas síntese e revisão bi-bliográfica e elaboração de bases cartográ-ficas por meio de interpretação de produtos de sensores remotos e de bases topográfi-cas. Para os dados de campo, uma vez que não houve ações nesse sentido, foram uti-lizados dados secundários (banco de dados do Projeto SIPAM).

A síntese e revisão bibliográ-fica envolveram consultas sobre a geomorfologia do Estado, além dos materiais cartográficos e dos produtos de sensores remotos. Os resultados apresentados dizem respeito à delimitação de unidades morfográficas ou geomorfológicas.

Por meio de técnicas de geo-processamento foram elaboradas as bases cartográficas (utilizando o programa ARCGIS 9.0). O re-sultado foi comparado a mapas gerados analogicamente.

2. 4. FundamentaçãoTeórica

A geração das bases analógi-cas pautou -se na aplicação das técnicas de fotoleitura, fotoanáli-se e fotointerpretação recomen-dadas por Soares & Fiori (1976) envolvendo a interpretação de imagens de radar e de satélite. É igualmente relevante à aplicação

do conceito de sistemas de relevo (COOKE & DOORNKAMP, 1978), que compreende a análise das formas e dos grupos de formas de relevo e se aproxima das bases do mape-amento de land -system. Esse procedimento busca a subdivisão de uma região em áreas que tenham em seu interior atributos físicos comuns que são diferentes das áreas adja-centes. Internamente, os sistemas de relevo apresentam um padrão recorrente de topo-grafia, solos e vegetação.

Uma breve revisão de conceitos faz -se necessária a fim de introduzir o assunto tra-tado adiante. O mapeamento geomorfológi-co permite uma ordenação dos fatos geo-morfológicos mapeados em uma taxonomia que os hierarquiza (IBGE, 1995).

Em função da gênese e da geometria, uma forma de relevo é considerada um modelado (podendo ser resultante de acumulação (A), aplanamento (P), dissecação (D) e dissolu-ção (K)). Determinados tipos de modelado, a predominância de determinados processos morfogenéticos e a ocorrência de forma-ções superficiais diferentes de outras cons-

Quadro 1. Materiais utilizados neste trabalho.

Imagens de Satélite Órbita – ponto WRS*

Base topográfica de acordo com o corte

internacional na escala 1:250.000**

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002/066 004/067 SB18ZD SC19XA

002/067 005/065 SB19YC SC19XC

002/068 005/066 SB19YD SC19XD

003/066 005/067 SC18XA SC19YA

003/067 006/065 SC18XB SC19YB

003/068 006/066 SC18XD SC19YD

004/065 SC19VA SC19ZA

SC19VB SC19ZB

SC19VC SC19ZC

Fonte: Inpe, 2006* e Radambrasil**, 1976.

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tituem a Unidade Geomorfológica ou Mor-fográfica (classificação adotada aqui); aos grupamentos de unidades geomorfológicas que apresentam semelhanças resultantes da convergência de fatores de sua evolução chamamas aqui de Regiões Geomorfológi-cas e aos grandes conjuntos estruturais, ou conjuntos de regiões geomorfológicas, que geram arranjos regionais de relevo, guar-dando entre si relação de causa, chamamos de Domínios Morfoestruturais.

Na primeira fase do ZEE/AC, as unidades geomorfológicas eram aquelas apresenta-das e descritas pelo Projeto RADAM (SILVA et al., 1976; BARROS et al., 1977) - Planí-cie Amazônica, Depressão Rio Acre -Javari e Planalto Rebaixado da Amazônia Ocidental. Com a ampliação da escala de mapeamento para 1:250.000, novas unidades foram inse-ridas em função do maior grau de detalhe (descritas a seguir).

3. GEOMORFOLOGIA DA ÁREA

Um dos objetivos do mapeamento geomor-fológico é o zoneamento do relevo e o princi-pal fator utilizado para tal é a altimetria. Entre-tanto, há na Amazônia uma relativa homoge-neidade altimétrica. Por conta disso, busca -se uma diferenciação em termos morfogenéticos e em termos texturais (analisando imagens de satélite e de radar).

Para fins de zonea-mento, a avaliação do re-levo reporta -se, principal-mente, ao seu uso, e para tanto não basta à carac-terização da forma, mas também do grau de dis-secação, o que é função basicamente do grau de aprofundamento das inci-sões nos modelados e da densidade da drenagem.

Este plano de informa-ção, portanto, apresenta e descreve as formas do relevo e a sua configura-ção superficial. O Estado

do Acre mostra -se dividido em nove unida-des geomorfológicas: a Planície Amazônica, a Depressão do Endimari -Abunã, a Depres-são do Iaco -Acre, a Depressão de Rio Branco, a Depressão do Juruá -Iaco, a Depressão do Tarauacá -Itaquaí, a Depressão Marginal a Ser-ra do Divisor, a Superfície Tabular de Cruzei-ro do Sul e os Planaltos Residuais da Serra do Divisor (ver mapa geomorfológico em anexo).

Planície Amazônica

Unidade com altitudes variando entre 110 e 270m, situada ao longo dos principais rios. O processo de formação da planície amazôni-ca se dá por colmatagem de sedimentos em suspensão e construção de planícies e terra-ços orientada por ajustes tectônicos e acele-rada por evolução de meandros. Os padrões de drenagem nela presentes são o meândrico (Figura 1) e o anastomosado, indicando ajus-te hidrodinâmico em áreas rebaixadas. É ca-racterizada por vários níveis de terraços e as várzeas recentes contêm diques e paleocanais, lagos de meandro e de barramento, bacias de decantação, furos, canais anastomosados e trechos de talvegues retilinizados por fatores estruturais. O contato desta unidade com as demais é em geral gradual, mas com ressaltos nítidos nos contatos das planícies com as for-

Figura 1. Padrão meândrico típico da planície amazônica, ao longo do Rio

Juruá, oeste do Acre. Na parte superior da figura, a cidade de Cruzeiro do Sul.

Fonte: Google Earth, 1999.

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mas de dissecação mais intensas das unida-des vizinhas. Já os contatos com os terraços mais antigos podem ser disfarçados.

A composição das formações superficiais é de níveis de argilas, siltes e areias muito finas a grosseiras, estratificadas, localmente interca-ladas por concreções ferruginosas, e concen-trações orgânicas, resultando em Neossolos flúvicos, Luvissolos hipocrômicos, Gleissolos melânicos, Argissolos vermelho -amarelo e amarelo e Plintossolos háplicos (Ver Figura 2).

Apresenta -se, na área em questão, em quatro categorias distintas de modelados, São elas:

a Terraços fluviais. São acumulações fluviais de forma plana, apresentando ruptura de declive em relação ao leito do rio e às várzeas recentes situadas em nível infe-rior, entalhadas devido à variação do ní-vel de base. Ocorrem nos vales contendo aluviões finas a grosseiras, pleistocênicas e holocênicas.

a Planícies e terraços fluviais. São áreas pla-nas resultantes de diferentes acumulações fluviais, periódica ou permanentemente inundadas, comportando meandros aban-donados e diques fluviais com diferentes orientações, ligadas com ou sem ruptura de declive a patamar mais elevado. Ocor-rem nos vales com preenchimento aluvial contento material fino a grosseiro, pleis-tocênicos e holocênicos.

a Planícies fluviais. Áreas planas resultantes de acumulação fluvial e sujeitas á inun-dações periódicas, incluindo as várzeas atuais, podendo conter lagos de mean-dros, furos e diques aluviais paralelos ao leito atual do rio. Ocorrem nos vales com preenchimento aluvial.

a Planícies e terraços flúvio -lacustres. Área plana resultante de processos de acu-mulação fluvial/lacustre, podendo com-portar canais anastomosados ou diques

marginais, com ou sem ruptura de declive em relação à bacia do lago e às planícies flúvio -lacustres situadas em nível inferior. Ocorrem em setores sob o efeito de pro-cessos de acumulação fluvial e lacustre, su-jeitos ou não a inundações periódicas, com barramentos formando lagos.

a Depressão do Edimari -ABUNÃ. Unidade com altitude variando entre 130 e 200m, nivelada por pediplanação pós -terciária, posteriormente dissecada pela drenagem atual. Trata -se de superfície suavemente dissecada, com topos tabulares e algumas áreas planas. No trecho que acompanha longitudinalmente o rio Abunã ocorrem re-levos um pouco mais dissecados e de topos convexos (limite leste do Estado). Sedimen-tos da Formação Solimões geraram Argis-solos vermelho -amarelos, como próximo a Xapuri. Observam -se ainda Latossolos de diversas texturas. Seu contato com as unidades vizinhas é gradual. Esta unidade caracteriza -se por formas de dissecação, descritas a seguir:

a Dissecação homogênea convexa. Gera for-mas de relevo de topos convexos, escul-pidas em variadas litologias, às vezes de-notando controle estrutural, definidas por vales pouco profundos, vertentes de decli-vidade suave, entalhadas por sulcos e ca-nais de primeira ordem.

a Dissecação homogênea tabular. Gera formas de relevo de topos tabulares, conformando feições de rampas suavemente inclinadas e lombas esculpidas em coberturas sedimen-tares inconsolidadas, denotando eventual controle estrutural.

Além dessas, há ainda modelado de apla--amento:

a Pediplano retocado inumado. Trata -se de superfície de aplanamento elaborada du-rante fases sucessivas de retomada dos

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processos de erosão, os quais geraram sistemas de planos inclinados, às vezes le-vemente côncavos. Aparece inumada por coberturas detríticas e/ou de alteração.

Depressão do Iaco -Acre

Unidade com altitude variando entre 160 e 290m, com padrão de drenagem dendríti-co. Admite -se para sua formação um possível truncamento pela pediplanação pós -terciária,

podendo ter sofrido tectônica de soergui-mento relacionada à reativação do Arco de Iquitos. Posteriormente foi dissecada pela drenagem atual.

Compreende uma superfície muito disse-cada e com declives muito expressivos. As áre-as de topo aguçado com declives fortes e as de topo convexo com declives medianos refletem a presença de fácies arenosa da Formação Solimões. De um modo geral, o contato com outras unidades é gradacional. No segmento

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mais setentrional, percebe -se uma nítida dife-renciação na intensidade da dissecação sem, contudo, definir uma linha de ruptura entre uma unidade e outra.

Os sedimentos da Formação Solimões ge-raram principalmente Argissolos com cará-ter plíntico. No segmento mais ao noroeste, a fácies arenosa dessa formação deu origem a Plintossolos háplicos e Argissolos vermelho--amarelos. Suas formas de dissecação são a convexa e a tabular, descritas anteriormente e a aguçada, a seguir:

a Dissecação homogênea aguçada. Trata -se de um conjunto de formas de relevo de topos estreitos e alongados, esculpidas em sedimentos, denotando controle es-trutural, definidas por vales encaixados.

Depressão de Rio Branco

Unidade com padrão de drenagem angular, o que implica um controle estrutural. Varia na altimetria de 140 a 270m. A tectônica parece ter um papel importante na área, provavelmen-te uma movimentação tardia no Arco de Iqui-tos provocou o soerguimento da unidade de relevo, que foi posteriormente dissecada pela drenagem atual.

Caracteriza -se por um relevo muito disseca-do, com topos convexos e densidade de drena-gem muito alta, apresenta declives medianos na parte centro -norte, diminuindo para sul, onde se torna suave ondulado (Figura 2). O contato com outras unidades se dá de forma gradual. No en-tanto, com a Depressão do Iaco -Acre observa -se diferença na altitude e na intensidade da disse-cação, porém, sem que se perceba a presença de uma linha nítida de ruptura topográfica.

Os sedimentos da Formação Solimões pre-sentes nessa unidade originaram dominante-mente Argissolos vermelho -amarelos.

As formas de dissecação relacionadas a essa unidade são a convexa e a tabular (descrições apresentadas anteriormente).

Depressão do Juruá -Iaco

Esta unidade apresenta altitude variável entre 150 a 440m. Trata -se de uma área ni-

velada por pediplanação pós -terciária e pro-vavelmente afetada por neotectônica tardia. A erosão descaracterizou o aplainamento re-sultando em modelados de dissecação. Sua principal característica é a de apresentar -se como uma superfície dissecada com elevada densidade de drenagem de primeira ordem e padrão dendrítico. Apresentam -se modela-dos de topos convexos, por vezes aguçados, com declives que variam de medianos a for-tes (Figura 3). Seus contatos são graduais, de um modo geral, e por diferença altimé-trica, mas sem gerar linha de ruptura mar-cante com as depressões do Purus - Juruá e do Iaco - Acre. Em termos sedimentológicos há domínio dos sedimentos síltico -argilo--arenosos, com presença de material carbo-nático da Formação Solimões. Nesses locais imprime caráter carbonático aos solos ge-rados. Apresenta dominantemente Cambis-solos háplicos. Em menor escala, exibem Luvissolo hipocrômico, Vertissolo cromado, Plinossolo argilúvico e Argissolos vermelho--amarelos. Suas principais formas de disse-cação são a convexa e a aguçada.

Depressão do Tarauacá -Itaquaí

Unidade com variação altimétrica de 220 a 300m. A abertura das depressões circunvizinhas deixou relevos residuais de

Figura 3. Relevo colinoso de dissecação convexa de

baixa amplitude nas imediações de Rio Branco.

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uma topografia mais elevada que consti-tuem os relevos desta unidade. Trata -se de relevos de topos convexos (com dissecação convexa), como é o caso do Acre, com alta densidade de drenagem de primeira ordem organizadas em um padrão essencialmente subdendrítico. Apresenta descontinuidade espacial pela planície do Juruá e pelos re-levos mais baixos das unidades vizinhas, ou seja, os contatos são nítidos e bem marca-dos com os relevos em posição altimétrica mais baixa das depressões do Javari - Juruá e Juruá - Iaco.

Os siltitos e argilitos da Formação Soli-mões deram origem a Luvissolos hipocrô-micos e Cambissolos háplicos e, secundaria-mente, a Argissolos amarelos e vermelho--amarelos e Plintossolos argilúvicos.

Depressão Marginal a Serra do Divisor

Unidade com altitude variando de 230 a 300m e padrão de drenagem dendrítico. Constitui um gráben (área rebaixada) asso-ciado à Falha Batã, com possíveis rearranjos pela pediplanação pós -terciária. A instala-ção da drenagem atual resultou na disseca-ção da área. Basicamente, trata -se de relevo dissecado de topos convexos, comportando

declives suaves, esculpidos em litologias da Formação Soli-mões que originaram principal-mente Argissolos amarelos em associação com Plintossolos argilúvicos, Cambissolos há-plicos e localmente Vertissolos crômicos carbonáticos devido à presença de material carbo-nático na formação geológica. O contato com a Superfície Tabular de Cruzeiro do Sul se dá em aclive, através da zona dissecada, e por escarpas com os Planaltos Residuais da Ser-ra do Divisor (Figura 4); além de apresentar contato gradual com as depressões vizinhas.

A dissecação dessa unidade na área se dá de forma tabular, aguçada e convexa (descritas

anteriormente). Entretanto há modelados de aplanamento (o pediplano retocado inu-mado, já descrito na Depressão do Endimari--Abunã, e o pediplano retocado desnudado).

Pediplano retocado desnudado. Superfí-cie de aplanamento elaborada durante fases sucessivas de retomada dos processos de erosão que desnudaram o relevo, geran-do sistemas de planos inclinados em que rochas pouco alteradas foram truncadas pela pediplanação.

Superfície Tabular de Cruzeiro do Sul

Unidade de relevo com altitude média entre 150 e 270m, padrão dendrítico a subparalelo (associado a estruturas tectô-nicas). A unidade constitui um horst (área elevada) associado à Falha Batã e pode ter sido afetada por pediplanação pós -terciária. Predominam relevos tabulares com decli-ves suaves, à exceção de alguns trechos, como sua borda oeste, onde os declives são mais acentuados.

Os arenitos e argilitos da Formação Cruzeiro do Sul geraram Argissolos ama-relos e vermelho -amarelos e trechos de Latossolos amarelos típicos. Porém, ocor-rem de modo disperso áreas de material

Figura 4. Relevo colinoso de média amplitude com dissecação agu-

çada e convexa localizado na BR -364, no trecho entre Feijó e Ta-

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arenoso esbranquiçado que constituem Neossolos quartzarênicos.

Na parte oeste, o contato com a depres-são se faz por diferença de declive, marca-da por faixa de relevo mais dissecado. Em trechos do contato com o rio Juruá, exibe ressaltos de 40 m (Figura 5). No restante, é gradacional.

São formas de dissecação da unidade, a tabular, a convexa e a aguçada (descritas an-teriormente). Entretanto, ocorre dentro da unidade um modelado de acumulação des-crito a seguir:

a Planos abaciados de inundação. Área aba-ciada definida por planos convergentes, com material arenoso e/ou argiloso, su-jeita á inundações, podendo apresentar arreísmo (ausência de curso fluvial per-manente) ou impedimento de drenagem, com lagoas fechadas ou precariamente incorporadas à rede de drenagem.

Planaltos Residuais da Serra do Divisor

Unidade com altitudes variando entre 270 e 750m, apresentando padrão dendrí-tico e paralelo (forte controle estrutural). As serras constituem estruturas anticlinais assimétricas, com escarpas voltadas para leste e reverso para oeste, intensamente dis-secadas pela drenagem atual. De norte para sul têm -se as serras do Jaquirana, do Moa (Figura 6), do Juruá -Mirim e do Rio Bran-

co, compreendendo as maiores altitudes da Amazônia Ocidental. Predominantemente constituídas de sedimentos cretáceos, as serras comportam, sobretudo, Luvissolos crômicos, Argissolos amarelos e vermelho--amarelos e localmente, Vertissolos crômi-cos. Nas áreas mais íngremes originaram -se Neossolos litólicos. Há contato em declive por escarpas abruptas na parte leste; a oes-te, contato gradacional e, localmente, atra-vés de chevrons (crenulações simétricas).

Suas formas de dissecação são: a aguça-da, a tabular, a convexa (descritas anterior-mente) e a encosta íngreme de erosão.

a Dei: encosta íngreme de erosão. Feição de relevo com declives muito acentuados que ocorre em encostas ravinadas, ligan-do dois planos altimétricos distintos, po-dendo exibir trechos de paredão desnu-do em sua parte superior.

Figura 5. Relevo característico da Depressão Mar-

ginal à Serra do Divisor. Ao fundo da figura nota -se

relevos do Planalto Residual da Serra do Divisor.

Figura 6. Superfície Tabular de Cruzeiro do Sul em

contato com o rio Juruá. Sede do Município de Ro-

drigues Alves.

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4. A GEOMORFOLOGIA NAS REGIONAIS DO ACRE

O Estado do Acre foi divido em cinco regionais (Alto Acre, Baixo Acre, Purus, Ta-rauacá e Envira e Juruá) que tiveram como base principal as bacias hidrográficas, que caracterizam identidades culturais e de pro-dução distintas. Na tabela 2 verifica -se a dis-tribuição das unidades geomorfológicas em cada regional.

Em todas as regionais, modelados da Pla-nície Amazônica estão presentes. São áreas de alta atividade morfogenética, além de que seus depósitos associados estão em constan-te formação. Isso contribui para uma limita-ção de uso nessas áreas, portanto são áreas onde a preservação deve ser predominante.

Na regional do Juruá existem depres-sões (Depressão do Juruá -Iaco e Depressão Marginal á Serra do Divisor) relativamente estabilizadas morfologicamente pela pre-

sença intensa de vegetação (floresta densa incluindo associações com floresta aberta com palmeira, floresta aberta com bambu e floresta aberta com bambu dominante). Entretanto, localiza -se em área de inten-sa estruturação tectônica, o que contribui para um incremento dos processos de dis-secação do relevo. Nos Planaltos Residuais da Serra do Divisor e na Superfície Tabular de Cruzeiro do Sul a morfogênese também é controlada pela presença de litotipos me-nos friáveis e de cobertura vegetal. Nas áre-as onde predominam materiais arenosos e nas áreas antropizadas circundantes às se-des municipais, a dissecação é mais intensa, sendo, portanto, interessante à preservação dessas áreas.

A regional do Tarauacá está predominan-temente inserida na Depressão do Juruá--Iaco. Modelados de dissecação aguçada com altos níveis de dissecação estão asso-ciados à fácies arenosas da Formação Soli-mões, quando há predominância de material mais argiloso, há também formas de disse-cação convexa. Tais dados associados a in-formações sobre os solos permitem verificar que em tal regional, determinados usos da terra são limitados em função de uma maior vulnerabilidade do meio. O mesmo ocorre em grande parte da regional do Purus e no setor sudeste da regional do Juruá.

Nas regionais a leste do Estado (Alto e Baixo Acre), predominam áreas das Depres-sões do Rio Branco, Iaco -Acre e Endimari--Abunã. São áreas bastante similares em termos morfogenéticos, diferenciando -se entre si nos padrões de dissecação do relevo por maior ou menor incisão das drenagens e pelos litotipos predominantes. Áreas mais estáveis morfogeneticamente estão relacio-nadas a presença de coberturas lateríticas ou locais onde ocorre dissecação tabular. Verifica -se maior vulnerabilidade geomor-fológica nas áreas antropizadas, entretanto algumas práticas de manejo de bacias hi-drográficas (incluindo preservação das nas-centes, manutenção de mata ciliar, planeja-mento urbano e rural, etc.) podem ser utili-zadas para viabilizar o equilíbrio ambiental dessas áreas.

Figura 7. Ponto de inserção do Rio Moa na serra ho-

mônima.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O que aqui se apresenta é sem dúvida um avanço das informações geomorfológicas do Estado do Acre. O detalhamento das unida-des geomorfológicas possibilita um maior entendimento sobre os processos morfo-genéticos pertinentes a cada uma delas e a relação morfogênese/pedogênese pode ser melhor vislumbrada. A conseqüente defini-ção de vulnerabilidade morfológica em con-junto com dados de geologia, solos e de ve-getação permite o maior detalhamento das unidades de paisagem biofísicas. Por outro

lado, ressalta -se não olvidar a necessidade de maiores detalhamentos das informações visto que a quantificação dos dados sobre vulnerabilidade deve englobar muitos ou-tros aspectos (clima, presença de estruturas sedimentares e/ou tectônicas, biodiversida-des, antropização das áreas, etc.)

Os dados, conforme destacado, foram os pertencentes ao banco de dados do projeto SIPAM, entretanto houve avanços na adap-tação das legendas, no preenchimento de algumas lacunas no mapa base, por meio de interpretação visual de imagens de satélite e de radar.

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3Capítulo

Livro Temático | Volume 2 Coleção Temática do ZEE

Recursos Naturais Geologia, Geomorfologia e Solos do Acre

Bases Geológicas e Geomorfológicas da Formação e Distribuição dos Solos no Estado do Acre

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da acessibilidade. Entre os cientistas de re‑nome daquele período, destacam ‑se Willian Chandless, Katzer e Euclides da Cunha. Nos primeiros anos do século 20, o recém ‑criado Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil realizou extensos trabalhos geológicos no Estado, através de Pedro de Moura e Victor Oppenheim. Uma visão completa, embora generalizada, da geologia e da geomorfo‑logia acriana, contudo, só seria obtida com os trabalhos do Projeto RADAMBRASIL, em escala 1:250.000 e publicação em escala de

As primeiras informações geoló‑gicas e geomorfológicas sobre o território do atual Estado do Acre se iniciaram com exploradores e

naturalistas de várias nacionalidades, que desde o final do século XIX, subiram a Bacia Amazônica, alcançando os principais rios acreanos, como Purus, Juruá e Acre. Em suas viagens descreveram as rochas aflorantes ao longo dos rios, raramente percorrendo os interflúvios, que permanecem praticamente desconhecidos, principalmente em função

Bases Geológicas e Geomorfológicas da Formação e Distribuição dos Solos no Estado do Acre

Texto:b Eufran Ferreira do Amaral1 Carlos Ernesto Schaefer2 Luciana Mendes Cavalcante3 Sérvulo Batista de Rezende4 João Luiz Lani5

1. INTRODUÇÃO

1 DoutoremSoloseNutriçãodePlantas|SEMA|EMBRAPA/AC2 Ph.DemCiênciadoSolo|UFV3 MestreemGeologiaeGeoquímica|PETROBRÁS4 DoutoremSoloseNutriçãodePlantas|UFV5 DoutoremSoloseNutriçãodePlantas|UFV

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1:1.000.000, além dos diversos trabalhos mais recentemente realizados pela PETRO‑BRAS e o Serviço Geológico do Brasil ‑CPRM.

O presente capítulo baseou ‑se em ex‑tensa revisão bibliográfica e em análise interpretativa de imagens de radar e de satélite, associada à base cartográfica em escala 1:100.000, o que permitiu a elabo‑ração de um modelo preliminar dos blocos geotectônicos do Acre e suas principais características pedológicas, considerando que os processos geológicos mais recentes na região foram decisivos na elaboração da paisagem atual.

2. O PAPEL DA GEOTECTÔNICA DO ACRE NA FORMAÇÃO DOS SOLOS

No Estado do Acre, a principal unidade geotectônica é a Bacia do Acre (Figura 1), que se encontra delimitada pelo Arco de Iquitos e pela Faixa Andina. A bacia é for‑mada por rochas sedimentares pouco con‑solidadas, essencialmente Cenozóicas, que dominam quase toda a paisagem acriana. Predominam rochas maciças de argilitos sílticos e siltitos, ou rochas finamente lami‑nadas com concreções carbonáticas e gip‑

síticas e arenitos finos, micáceos (BRASIL, 1976; PMACII, 1990; ACRE, 2000; LANI e AMARAL, 2002).

A área da bacia do Acre é de, aproxima‑damente, 230.000 km², em Território Brasi‑leiro (POPP, 1999), corresponde a toda a su‑perfície do Estado do Acre, parte do Estado do Amazonas e pequena porção do Estado de Rondônia, além de ocupar extensões em território peruano, boliviano e equatoriano.

O embasamento cristalino da Bacia do Acre é representado pelo Complexo Jama‑ri, a unidade litoestratigráfica mais antiga, que aflora em diminuta área da Serra da Jaquirana, nas cabeceiras do rio São Fran‑cisco, extremo oeste do Estado compreende rochas gnáissicas, granulitos, anfibolitos, quartzo ‑dioritos e xistos, sendo correlata ao Complexo Xingu, possuindo, entretanto uma complexidade litológica maior (CAVAL‑CANTE, 2006).

Na porção oeste do Estado, por outro lado, ocorrem pequenas manchas de rochas mesozoicas, paleozoicas e pré ‑cambrianos, em área muito reduzida e em domínio mon‑tanhoso (Figura 2).

A seqüência sedimentar que recobre a bacia do alto Amazonas, bacia do Acre e ba‑cias de Pastaza e Ucayali, no Peru e leste do

Figura 1. Localização da Bacia do Acre (hachuras) no contexto geológico da Amazônia. Fonte:

Modificado de Cavalcante, 2006.

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Equador, foi estudada e descrita por vários autores (OLIVEIRA & LEONARDOS, 193; ALMEIDA, 1974; SANTOS, 1975; MONTAL‑VÃO, 1976 e POPP, 1998).

A história geológica da Bacia do Acre envolve primeiramente a deposição de se‑dimentos na borda de um cráton situado a leste, formando uma bacia marginal, aberta desde o Paleozoico, resultando em sedimen‑tos continentais muito intemperizados, in‑tercalados a sedimentos marinhos. A análise de feições sísmicas e perfis estratigráficos realizada pela Petrobrás (OLIVEIRA, 1994) mostram que a bacia é um rifte intracon‑tinental, onde ocorreram episódios de in‑cursões marinhas vindas de Oeste. Após o soerguimento da Cordilheira dos Andes, a deposição sedimentar passou a um regime continental, com a presença periódica de um sistema de grandes lagos, posteriormen‑te entulhados por sedimentos, posterior‑mente soerguidos e recobertos por grandes leques aluviais.

Pressupõe ‑se que a bacia do Acre, mar‑ginal e aberta ao Pacífico durante todo o Cretáceo e Terciário Inferior, foi bloqueada pelo soerguimento da cordilheira oriental andina, transformando ‑se em uma bacia intracontinental (ASMUS & PORTO, 1973;

CAMPOS e BACOCCOLI, 1973), invertendo a direção da sedimentação.

No final do Terciário o fluxo hídrico mu‑dou drasticamente, o que é comprovado atu‑almente pelos planos frontais de estratifica‑ção cruzada contida na Formação Solimões, que mergulham para nordeste (BRASIL, 1976).

As estruturas geológicas mais importan‑tes na configuração da paisagem atual (Fi‑gura 3) são: o Arco de Purus, alto estrutural existente desde o Paleozoico, que represen‑tou até o início do Cenozoico um divisor de águas (terras altas) entre as drenagens de leste e oeste, até que o soerguimento da cadeia andina, no Mesozoico, deslocasse o divisor para oeste, na atual Cordilheira dos Andes (BEMERGUY & COSTA, 1991; WAN‑DERLEY FILHO, 1991); o Lineamento Ma‑deira, que forma o limita sudeste da bacia do Acre, e também constituiu um divisor de drenagem no Cretáceo; o Arco de Iquitos, alto estrutural que separa a bacia do Acre da bacia do Solimões, e o lineamento Juruá.

Tal estrutura parece controlar a disposi‑ção dos blocos tectônicos acreanos, descri‑tos à frente.

Sobreposta em discordância ao embasa‑mento cristalino (complexo Jamari) ocorre a

Figura 2. Vista aérea do ponto de inserção do rio Moa, seguindo as falhas, em área de domínio

montanhoso no extremo oeste do Estado do Acre. Fonte: Eufran Ferreira do Amaral.

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Formação Formosa, cujos litotipos são resul‑tantes de uma emersão do escudo brasileiro, conforme Caputo (1973). Após essa deposi‑ção houve a intrusão de corpos plutônicos alcalinos, como sienitos (Sienito República), causando metaformismo de contato com a Formação Formosa.

O levantamento geral das Cordilheiras dos Andes teve o seu início remoto no final do Cretáceo Superior (Figura 4) e atingiu o seu clímax no Mioceno Superior, modelan‑do o atual aspecto geográfico sulamericano (MIURA, 1972). Nessa fase, a bacia do Acre, passou por profundas alterações, além da inversão do seu sistema de drenagem, os levantamentos, dobramentos e falhamentos contribuíram para modelar a sua constitui‑ção geológica e geomorfológica atual (LEI‑TE, 1958).

Já durante o Jurássico, houve evento tec‑tônico compressivo (Tectônica Juruá) que inverteu a bacia, soerguendo ‑a. A partir do Cretáceo, alternam ‑se episódios de incur‑sões e regressões marinhas, resultando na deposição do Grupo Acre, predominando a tendência de subsidência na área. O Arco de Iquitos (que separa a Bacia do Acre da Bacia do Solimões) funcionou como área de ero‑são, fornecendo sedimentos clásticos nos momentos de recuo do mar. Com a Oroge‑

nia Andina, na fase de deformação Quéchua, originou ‑se a Serra do Divisor, através de forte compressão e inversão na área pelo avanço da cadeia andina para leste. O Arco de Iquitos foi então rebaixado pela erosão, e a Bacia do Acre tornou ‑se continental, com sedimentos provindos de oeste. Esse evento acarretou uma inversão geral no fluxo das principais drenagens da bacia amazônica, que se mostra até hoje (rios Solimões e Ama‑zonas passaram a correr de oeste para leste, por exemplo).

A Serra do Moa (situada no extremo oeste do Estado do Acre, na fronteira com o Peru) é uma dobra anticlinal, que se apresenta como última dobra a leste da Cordilheira oriental (MOURA & WANDERLEY, 1938) e pertence ao mesmo ciclo tectônico Quéchu

Antes da completa inversão são deposi‑tados os sedimentos da Formação Solimões (argilitos, siltitos e arenitos com interca‑lações de finos níveis de calcário, linhito e turfa). Maia et al. (1977), em função de aná‑lises de sondagens e perfurações, separa o material da base da então Formação Soli‑mões em uma formação separada, chamada Ramon (constituída por material arenoso de ambiente oxidante).

As litologias da Formação Solimões apresentam ‑se em camadas lenticulares de

Figura 3. Contexto geotectônico do Acre na Bacia Amazônica. Fonte: Modificado de Cavalcante,

2006.

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extensões variáveis, cujas transições verti‑cais e laterais se fazem tanto de forma brus‑ca quanto gradativa, o que evidenciaria uma constante oscilação na energia de transporte durante o período de deposição de seus se‑dimentos. De acordo com Maia et al. (1977), os sedimentos da Formação Solimões, de ambiente eminentemente redutor, gradam tanto vertical como lateralmente para uma seção inferior de ambiente oxidante, per‑tencente à Formação Ramon cuja idade se estende do Cretáceo Superior ao Paleoceno.

Os sedimentos da fácies redutora, For‑mação Solimões, são, em geral, abundan‑temente fossilíferos, micáceos e localmen‑te calcíferos. Os níveis de linhito estão na maior parte das vezes piritizados e gradam inferior e superiormente para argilitos car‑bonosos. A seção de ambiente oxidante na base, a Formação Ramon, compõe ‑se de ar‑gilitos, siltitos e arenitos e apresenta colo‑ração avermelhada, arroxeada, amarelada e esbranquiçada, sendo comum a ocorrência de todas estas tonalidades mescladas em conjunto (BEZERRA, 2003).

Maia et al. (1977) analisaram bioestra‑tigraficamente e redefiniram a Formação Solimões, ou seja, abstraindo ‑se do conjunto sedimentar cenozoico a seção superior inte‑grante da Formação Içá, bem como a seção inferior integrante da Formação Ramon. A análise deste material paleontológico indi‑cou o intervalo do Mioceno ao Plioceno para a sedimentação da unidade.

Latrubesse et al. (1994) confirmam o in‑tervalo Mioceno Superior – Plioceno para a deposição das porções superiores da For‑mação Solimões, de onde descrevem uma abundante e variada fauna de mamíferos do Mio ‑Plioceno coletada em toda a sequência exposta, tanto nos barrancos dos rios como nos interflúvios no topo da formação.

Räsänen et al. (1998) define o ambien‑te de sedimentação da Formação Solimões no Brasil como um sistema lacustre que cobria inteiramente a Amazônia Ocidental, com uma estreita conexão com o mar. Os rios que drenavam os Andes em processo de levantamento ingressavam neste lago pelo oeste, passando através de uma zona

costeira aluvial de antearco relativamente estreita. Durante os milhões de anos de sua existência a bacia lacustre esteve em cons‑tante subsidência, e o registro sedimentar mostra que a linha de costa progradou e retrogradou repetidamente. Por volta de 12 Ma BP (no Mioceno), dois processos teriam atuado de forma simultânea: as incursões marinhas que ingressaram a bacia lacustri‑na pelo norte (região da Venezuela), e um incremento da deposição fluvial dos rios de origem andina. Estes depósitos fluviais, com influência estuarina e de maré, teriam alcan‑çado a região do Acre, depositando ‑se por longo intervalo.

Räsänen et al (1998) concluem que a origem da Formação Solimões vincula ‑se a um sistema fluvial que drenava a região de leste para oeste, em direção a uma área deprimida posicionada nas bordas da ca‑deia andina em processo de soerguimento (Orogenia Quéchua), que também recebia sedimentação de alta energia sob a forma de leques aluviais provenientes de oeste, ou seja, da Cordilheira Andina. Tais sedimentos foram acumulados em ambiente de lagos rasos ou áreas pantanosas, o que gerou as condições de ambiente redutor característi‑co da Formação Solimões. Decorre disso a abundância de níveis carbonosos e de fós‑seis, e a predominância de sedimentos finos, ocasionalmente com precipitação química carbonática ou sulfatada.

O padrão de drenagem festonada atual (ALMEIDA, 1974), indica o encaixe dos rios atuais a um sistema de estratificação cruza‑da fluvial pretérita, que exerceu o controle dos cursos de água durante a gênese da ba‑cia. Este sistema fluvial pretérito, que foi de‑nominada por Almeida (1974) de Sanozama (Amazonas, ao contrário), foi depositado por um rio, que corria no sentido geral de leste para oeste. Esta Formação teria sido depo‑sitada do Plioceno superior ao Pleistoceno inferior e ocupou uma área aproximada de 950.000 km² no Brasil.

Frailey et al. (1988) sugere o modelo de formação do Lago Amazonas (Figura 4 – Fase III), a partir dos movimentos tectônicos na Cordilheira dos Andes, que causaram um

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Figura 4. Evolução da paisagem da região da bacia do Acre. As feições de paisagem são indicadas

pelas fases em seqüência. A Fase 4 mostra o Oceano Pacífico, no extremo oeste, a Cordilheira dos

Andes, ao centro e a paisagem que predomina no sudeste acreano. No extremo leste pode -se

observar os primeiros dobramentos, que correspondem a Serra do Divisor, no Estado do Acre.

Figura 5. Contexto geotectônico do Acre na Bacia Amazônitca. Fonte: Modificado de Cavalcante,

2006.

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rebaixamento ativo e substancial da borda ocidental da bacia amazônica, e que a área situada nas proximidades de Rio Branco estava situada às margens deste lago. A Figura 5 ilustra a distribuição hipotéti‑ca do paleolago Amazonas no período de máximo desenvolvimento.

Figura 5. Distribuição do lago Amazo‑nas. As margens do lago foram delimitadas pela cota 152,4 metros. Fonte: Modificado de Frailey, et al.,1988.

A hipótese do Lago Amazonas (FRAI‑LEY et al., 1988), reforça a teoria de que as condições geológicas, pedológicas e biológicas só podem ser bem entendi‑das a partir de um modelo de evolução da paisagem.

Para Frailey et al. (1988), nesta região da Amazônia Ocidental, houve influência de um controle tectônico intermitente, que condicionou mudanças significativas no grau de intemperização dos sedimentos na bacia do Acre, quando comparada com os sedimentos da bacia do Amazonas. Assim a atividade tectônica inundou a bacia com sedimentos e cobriu os mesmos antes do

processo de intensa intemperização, o que permitiu formação do ambiente deposicio‑nal para os sedimentos atualmente expos‑tos no Rio Acre (Estado do Acre, Oeste da Amazônia).

Utilizando dados de altitude mais pre‑cisos é possível detalhar melhor as bordas do lago (Figura 5) e compreender a situação da bacia do Acre que durante este período ficou numa posição geográfica de borda, provavelmente em ambiente de águas rasas, tendo como limite oeste a atual cordilheira dos Andes.

O primeiro aspecto que se deve destacar é que boa parte do paleolago Amazonas é hoje constituída por terras firmes associa‑das aos Plintossolos e Argissolos plínticos além de Gleissolos, o que indica um forte hidromorfismo em período subatual, refor‑çando a hipótese lacustre.

As evidências atuais da presença de gip‑sita (CaSO4) (Figura 6), concreções carbo‑náticas (CaCO³) (KRONBERG et al., 1989), fósseis de grandes répteis (CUNHA, 1963) e pequena profundidade do solum indicam a presença de um ambiente lacustre (BRASIL,

Figura 6. Reconstrução do lago Amazonas. Fonte: Baseado nas informações de Frailey,

et al. (1988) e em um Modelo Digital de Elevação Hidrologicamente Corrigido do projeto SIVAM (SIF/

SIVAM, 2003).50

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1976), com períodos de forte dessecação (áridos) que concentrava sais solúveis trazi‑dos pelos rios.

Portanto, fases de clima árido atuaram sobre um sistema flúvio ‑lacustre intermiten‑te e descontínuo que ocorreu na Amazônia Ocidental no Quaternário e condicionou a formação de evaporitos. Atualmente este material se encontra distribuído na região na forma de veios e níveis de carbonato de cálcio e sulfato de cálcio (AMARAL, et. al., 2002; LANI & AMARAL, 2002).

As principais mudanças climáticas e fitogeográficas ocorridas durante o Qua‑ternário foram resultados de freqüentes alterações glaciais e interglaciais, as quais produziam bruscas mudanças, tais como, a troca de vegetação predominantemente de floresta para savanas, durante os períodos de clima mais frio e seco (FISH et al., 1998).

Latrubesse (2000), a partir do modelo de circulação dos ventos (IRIONDO & LATRU‑BESSE, 1994; LATRUBESSE & RAMONELL, 1994; RAMONELL & LATRUBESSE, 1991), ressalta que a extensão da aridez na Ama‑zônia alcança o seu clímax durante o Pleis‑toceno tardio. Provavelmente, nesta fase sedimentos arenosos eólicos se estenderam sobre a parte central e norte da Amazônia, enquanto a vegetação de savana alcançava a sua extensão máxima.

No início do Quaternário, tem ‑se a depo‑sição fluvial da Formação Cruzeiro do Sul e os terraços pleistocênicos. Em seguida são alternados momentos de quietude (em que se dá o desenvolvimento dos perfis de in‑temperismo – Coberturas detrito ‑lateríticas) com outros de movimentação tectônica. Essa nova tectônica ressurgente (Neotec‑tônica) gera reativações de antigas falhas, soerguendo ou rebaixando blocos. A partir do encaixamento da drenagem, há deposi‑ção do material holocênico (terraços holo‑cênicos, areias quartzosas inconsolidadas, aluviões holocênicos e coluviões holocêni‑cos) elaborando o relevo colinoso atual, em clima úmido.

Utilizando o modelo proposto de evolu‑ção da paisagem somente nas bacias dos rios Acre e Iaco, é possível destacar eventos mais relevantes, a partir das observações de campo, simulações em ambiente digital e es‑tudos já realizados (Quadro 1).

A análise paleogeográfica tem como obje‑tivo a interpretação histórica das principais propriedades da estrutura contemporânea das paisagens, a determinação dos fatores principais e as direções de evolução, o tem‑po em que se formaram as características principais da natureza e seus ritmos.

Nos estudos de Dias et al. (1976), foi de‑tectada a Falha do Iquiri, que corresponde

Figura 7. Gipisita (1,2 metros de profunfidade) localizada após o rio Caeté no Município de Sena

Madureira às margens da BR -364. Fonte: Eufran Ferreira do Amaral.

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Há episódios

tectônicos,

que

reorganizam

a rede de

drenagem,

facilitando

uma

drenagem

mais rápida,

culminando

com a

formação

da falha do

Iquiri (Arco de

Iquitos), que

controla a

dissecação nos

dias atuais.

Em clima mais úmido, há revegetação com

presença de Floresta Aberta. Pelas condições

de baixa permeabilidade dos solos a gipsita foi

preservada. Ela foi formada, provavelmente,

a partir da dissolução dos carbonatos pré-

-existentes.

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -Discordância - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Plei

sto

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Solim

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Na bacia do

Acre, há uma

drenagem

mais rápida

pela sua

posição de

borda. Recebe

a última fase

de deposição

da formação

Solimões,

composta de

sedimentos

grosseiros.

Sob influência lacustre e em ambiente de

redução, sob clima árido há redução nos

processos pedogenéticos, em detrimento

da evolução geológica, com formação dos

evaporitos

Terc

iári

o

Plio

ceno

Clímax da orogenia da Cordilheira dos Andes. Pela sua posição

geográfica as duas bacias ficam sobre influência lacustre e iniciam o

processo de drenagem e dissecação da paisagem.

Em função da formação de ilhas em arco, como produto do início

da orogenia andina, nas bacias ocorreu continuada sedimentação e

inundação por mares rasos.

Quadro 1. Coluna dos principais eventos da evolução da paisagem das bacias dos rios Acre e Iaco.

Continua

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As bacias fazem parte do conjunto de bacias do Sanozama. É uma

bacia marginal e aberta e tem sentido geral de drenagem leste -oeste,

em direção ao atual Oceano Pacífico.

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ERA

PERÍODO

(milhões de

anos)

Começo (Mês

e dia)1

Começo (idade

por analogia) ÉPOCA FORMAÇÃO LITOLOGIAS EVENTOS PRINCIPAIS

Cen

ozó

ico

Quaternário

(0-2)Dez, 31 3h48m00 seg2 Holoceno

Alu

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olo

cêni

cos [Qa] Sedimentos inconsolidados de planícies

fluviais. Depósitos recentes e atuais.

[Qai] Aluvião indiferenciado: depósitos em

terraços fluviais holocênicos elaborados sobre

Formação Solimões; Colúvios e eflúvios:

material detrítico arenoso depositado no sopé

da serra e depósitos detríticos originados in situ.

Sedimentos relacionados à rede de drenagem atual (rios)

Pleistoceno

Cru

zeir

o d

o S

ul

[QPcs] Arenitos finos a médios, friáveis com

intercalações de argilitos e areias (aa)Efetivo controle da drenagem por falhas e fraturas

Terciário (2-65)

Dez, 27 5 d

Solim

ões

[Tqs] Argilitos silticos e siltitos, maciços ou

finamente laminados, cor cinza-chumbo,

esverdeado-avermelhados com concreções

carboníferas e gipsíticas.

[ar] Arenitos finos, micáceos, castanho-

amarelado e avermelhado.

A bacia do Acre torna-se intracontinental. Processa-se uma inversão no sentido da rede de

drenagem que passa a fluir para leste (sentido a Manaus) em ambiente tipicamente fluvial.

Deposição de espessos pacotes argilo-arenosos, que passaram a assorear a bacia do Acre. Esta

teoria é fundamentada pela presença de deposição de camadas horizontais sobre camadas

dobradas. Nesta formação há ocorrência de veios de gipsita e material carbonático, indicando

a presença de clima semi-árido. Estes materiais foram carregados pelos cursos d´água de fontes

situadas a oeste da bacia do Acre e depositados em lagos existentes, que em clima árido, sofreram

evaporação intensa suficiente para formação destes evaporitos.

PliocenoEventos diastróficos (fase orogênica), com soerguimento da Cordilheira Andina. A bacia do Acre, o

grupo Acre foi soerguido, originando o complexo fisiográfico da Serra do Divisor.

Mioceno Paleoceno

Ram

on [Tr] Argilitos, siltitos e folhelhos intercalados por

camadas calcáreas. Subordinadamente, arenitos

e folhelhos calcíferos.

Novo ciclo deposicional, predominantemente continental, com incursões marinhas. Sedimentos de

rochas pré-existentes, localizados a leste da área de subsidência.

Mes

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Cretáceo (65-

180)

Dez, 21 11 d Maestrichtiano

Div

iso

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Gru

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cre

[Kd] Arenitos maciços de cores variadas, com

intercalações de arenitos silicificados, brechas

de falha e siltitos cinzas.

Movimentos da crosta provocados pelas orogenias. Levantamento das áreas situadas à leste, com

rápida deposição de arenitos grosseiros.

Campaniano

Turoniano Rio

Azu

l [Kra] Superior: Arenitos finos com intercalações

de siltitos cinza-esverdeados.

Inferior: Arenitos finos intercalados com

folhelhos e níveis de calcário.

Ocorre uma suave mudança no ambiente de deposição com uma transgressão marinha, com

evidências atuais de fósseis.

Cenomaniano Mô

a

[Km] Água Branca: Arenitos creme, amarelos,

finos a médios, com níveis conglomeráticos e

finas camadas de argilas e siltes.

Capanauá: Arenitos vermelhos, argilosos,

granulometria fina a conglomerática, friáveis.

O sentido deposicional era leste-oeste, em um ambiente de deposição rápida de várias fontes não

muito distantes.

Pal

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Permiano

Carbonífero

(270-320)

Dez, 5 27 d

Pensilvaniano

Sienito República[r] Diques de Quartzo-sienitos, Quartzo-

traquitos cortando a F. Formosa.Eventos ígneos de natureza alcalina formando diques e pequenas intrusões.

Formosa[CPf] Quartizitos, arenitos quartzíticos e

metasiltitos

Transgressões marinhas na bacia do Acre com deposição em ambiente marinho. Evidências atuais de

fósseis marinhos na cordilheira dos Andes fundamenta, esta teoria.

Pré-

Cam

bria

no

Superior (1.000) 365 d

Complexo Xingu

[pEx] Gnaisses, granulitos, anfibólitos e veios de

pegmatitos, que afloram no tempo presente na

Serra da Jaquirana (Moa)

Primeiras células eucarióticas

Primeiras células fotossintetizantes

Formação de compostos orgânicos que

originaram a vida e os primeiros seres

procarióticos

Origem dos invertebrados, das algas, dos fungos. Intensa atividade tectônica, causando formação de

novas rochas

Médio (1.800)

Inferior (2.500)

4.600

Quadro 2. Eras geológicas, períodos, relação com o ano, época, formação, litologias e principais eventos na bacia do Acre.

Page 55: livro 2 PB - SIAGEO Amazônia 2... · Recursos naturais: geologia, geomorfologia e solos do Acre. ZEE/AC, fase II, escala 1:250.000 / Programa Estadual de Zoneamento Ecológico-Econômico

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PERÍODO

(milhões de

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Começo (Mês

e dia)1

Começo (idade

por analogia) ÉPOCA FORMAÇÃO LITOLOGIAS EVENTOS PRINCIPAIS

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(0-2)Dez, 31 3h48m00 seg2 Holoceno

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cos [Qa] Sedimentos inconsolidados de planícies

fluviais. Depósitos recentes e atuais.

[Qai] Aluvião indiferenciado: depósitos em

terraços fluviais holocênicos elaborados sobre

Formação Solimões; Colúvios e eflúvios:

material detrítico arenoso depositado no sopé

da serra e depósitos detríticos originados in situ.

Sedimentos relacionados à rede de drenagem atual (rios)

Pleistoceno

Cru

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[QPcs] Arenitos finos a médios, friáveis com

intercalações de argilitos e areias (aa)Efetivo controle da drenagem por falhas e fraturas

Terciário (2-65)

Dez, 27 5 d

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ões

[Tqs] Argilitos silticos e siltitos, maciços ou

finamente laminados, cor cinza-chumbo,

esverdeado-avermelhados com concreções

carboníferas e gipsíticas.

[ar] Arenitos finos, micáceos, castanho-

amarelado e avermelhado.

A bacia do Acre torna-se intracontinental. Processa-se uma inversão no sentido da rede de

drenagem que passa a fluir para leste (sentido a Manaus) em ambiente tipicamente fluvial.

Deposição de espessos pacotes argilo-arenosos, que passaram a assorear a bacia do Acre. Esta

teoria é fundamentada pela presença de deposição de camadas horizontais sobre camadas

dobradas. Nesta formação há ocorrência de veios de gipsita e material carbonático, indicando

a presença de clima semi-árido. Estes materiais foram carregados pelos cursos d´água de fontes

situadas a oeste da bacia do Acre e depositados em lagos existentes, que em clima árido, sofreram

evaporação intensa suficiente para formação destes evaporitos.

PliocenoEventos diastróficos (fase orogênica), com soerguimento da Cordilheira Andina. A bacia do Acre, o

grupo Acre foi soerguido, originando o complexo fisiográfico da Serra do Divisor.

Mioceno Paleoceno

Ram

on [Tr] Argilitos, siltitos e folhelhos intercalados por

camadas calcáreas. Subordinadamente, arenitos

e folhelhos calcíferos.

Novo ciclo deposicional, predominantemente continental, com incursões marinhas. Sedimentos de

rochas pré-existentes, localizados a leste da área de subsidência.

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Cretáceo (65-

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Dez, 21 11 d Maestrichtiano

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[Kd] Arenitos maciços de cores variadas, com

intercalações de arenitos silicificados, brechas

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Movimentos da crosta provocados pelas orogenias. Levantamento das áreas situadas à leste, com

rápida deposição de arenitos grosseiros.

Campaniano

Turoniano Rio

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l [Kra] Superior: Arenitos finos com intercalações

de siltitos cinza-esverdeados.

Inferior: Arenitos finos intercalados com

folhelhos e níveis de calcário.

Ocorre uma suave mudança no ambiente de deposição com uma transgressão marinha, com

evidências atuais de fósseis.

Cenomaniano Mô

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[Km] Água Branca: Arenitos creme, amarelos,

finos a médios, com níveis conglomeráticos e

finas camadas de argilas e siltes.

Capanauá: Arenitos vermelhos, argilosos,

granulometria fina a conglomerática, friáveis.

O sentido deposicional era leste-oeste, em um ambiente de deposição rápida de várias fontes não

muito distantes.

Pal

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Permiano

Carbonífero

(270-320)

Dez, 5 27 d

Pensilvaniano

Sienito República[r] Diques de Quartzo-sienitos, Quartzo-

traquitos cortando a F. Formosa.Eventos ígneos de natureza alcalina formando diques e pequenas intrusões.

Formosa[CPf] Quartizitos, arenitos quartzíticos e

metasiltitos

Transgressões marinhas na bacia do Acre com deposição em ambiente marinho. Evidências atuais de

fósseis marinhos na cordilheira dos Andes fundamenta, esta teoria.

Pré-

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Superior (1.000) 365 d

Complexo Xingu

[pEx] Gnaisses, granulitos, anfibólitos e veios de

pegmatitos, que afloram no tempo presente na

Serra da Jaquirana (Moa)

Primeiras células eucarióticas

Primeiras células fotossintetizantes

Formação de compostos orgânicos que

originaram a vida e os primeiros seres

procarióticos

Origem dos invertebrados, das algas, dos fungos. Intensa atividade tectônica, causando formação de

novas rochas

Médio (1.800)

Inferior (2.500)

4.600

1 ‑ Considerando os eventos dentro de uma escala de 1 ano (365 dias).2 ‑ Logo este fato ocorreu em um ano às 3 horas, 48 minutos e 0 segundos do 31 de dezembro. Demonstra que é algo muito recente em uma escala geológica.

Quadro 2. Eras geológicas, períodos, relação com o ano, época, formação, litologias e principais eventos na bacia do Acre.

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aos atuais limites leste da bacia do rio Acre e ao Arco de Iquitos e divide esta região em dois blocos sedimentares. O bloco ocidental encontra ‑se rebaixado em relação ao orien‑tal, que possui uma espessura média de 330 m, enquanto que o Ocidental possui uma es‑pessura menor, de 140m.

Esta falha foi classificada como normal e encoberta (BRASIL, 1976) e provocou uma reorganização da rede de drenagem e uma conseqüente sedimentação poste‑rior, mais evidente na Bacia do Acre, onde os processos pedogenéticos também foram mais intensos.

A área da bacia do Acre (que engloba as sub ‑bacias do rio Acre e Iaco) é de, aproxi‑madamente, 230.000 km², em Território Brasileiro (POPP, 1999), corresponde a toda a superfície do Estado do Acre, parte do Es‑tado do Amazonas e pequena porção do Es‑tado de Rondônia, além de ocupar extensões significativas em território peruano, bolivia‑no e equatoriano.

No Quadro 2 há uma síntese dos prin‑cipais eventos que ocorreram nesta região durante sua evolução geológica.

3. O PAPEL DA GEOTECTÔNICA DO ACRE NA FORMAÇÃO DOS SOLOS

A bacia do Acre ocorre em uma área sob domínio morfoestrutural, onde a gênese e evolução do relevo estão diretamente rela‑cionadas à estruturação crustal antiga, que marca zonas de fraqueza potencialmente favoráveis à reativação no desenvolvimento de processos geológicos posteriores, como o próprio processo de desenvolvimento da bacia (COSTA et al., 1996; BEZERRA, 2003).

Um certo controle morfotectônico tam‑bém pode ser inferido. A presença da zona sismogênica (Figura 7) de Cruzeiro do Sul (relacionada com a subducção da placa Na‑zca sob a placa Sulamericana) gera sismos profundos, e também sismos rasos, ainda pouco estudados. Esta zona é coincidente com a faixa de sutura do Acre/Serra do Di‑visor, revelando uma área tectonicamente ativa e, portanto, com forte influência mor‑fotectônica (ASSUMPÇÃO, 1983 e 1998; AS‑SUNÇÃO & SUAREZ, 1988; ASSUMPÇÃO et al., 1983; MIOTO, 1993).

Figura 8. Distribuição da zona sismogência de Cruzeiro do Sul, com os limites do Estado do Acre

(linha preta) e identificação dos epicentros (círculos vermelhos). Fonte: Adaptado de IBGE, 2006.

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Segundo Cavalcante (2006) utilizando imagens de satélite e de radar é possível evi‑denciar algumas características morfotectô‑nicas bem evidentes da atual bacia do Acre:

a Assimetria de bacias, o que seria indicati‑vo de basculamentos que deslocaram os rios (ex: bacia dos rios Acre, Xapuri, Purus, Juruá, do igarapé São Francisco e outras);

a Bruscas mudanças nas direções de esco‑amento de rios, indicando seus condicio‑namentos às estruturas tectônicas da área (mais expressivas nos rios Acre, Purus e Juruá);

a Desnivelamento de terraços, indicando basculamentos recentes;

a Trechos retilinizados em alguns rios alter‑nados com trechos meandrantes;

a Compartimentação da bacia em áreas ou blocos elevados ou blocos subsidentes.De maneira geral, o primeiro pulso cine‑

mático neotectônico com influência direta na bacia do Acre, ocorre no Mioceno Supe‑rior ‑ Plioceno com o rebaixamento do eixo do Arco de Purus. Nessa etapa os litotipos da Formação Solimões foram soerguidos em função de movimentação do Arco de Jutaí. Paralelamente diversas estruturas geradas ou reativadas durante este evento cinemáti‑co foram movimentadas segundo as direções

principais E ‑W e NE ‑SW, estabelecendo ‑se ao longo delas as principais drenagens.

Após esse primeiro pulso cinemático, toda a região Amazônica experimentou um perío‑do de estabilidade tectônica com incidência por volta do Pleistoceno Médio, quando da ocorrência de glaciação houve implantação, na região equatorial, de climas áridos a semi‑áridos e rebaixamento do nível dos mares. Na região intraplaca este fenômeno foi respon‑sável pela elaboração da extensa superfície de aplainamento neopleistocênica, denomi‑nada por Costa et al. (1978) de Pediplano Ne‑opleistocênico, atualmente preservada sob a forma de interflúvios tabulares. Ocorre a formação generalizada de canga laterítica e solos concrecionários nas partes mais eleva‑das da paisagem sob cerrados.

No final do Pleistoceno, após o desenvol‑vimento desta superfície de aplainamento, toda a região Amazônica experimentou um segundo pulso cinemático do regime neotec‑tônico transcorrente, o qual responde pela configuração do relevo e pelo desenho da rede de drenagem tal como se mostra atu‑almente. A região ao longo do Lineamento Madeira sofreu transtensão e decorrente dessa movimentação, parte da drenagem que se dirigia para norte ‑nordeste foi capturada

Figura 9. Paisagem atual da bacia do Acre com a cordilheira dos Andes a oeste. Fonte: Imagem de

satélite Landsat, 2002.

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por falhas de direção NE ‑SW, em seguida deslocadas por outras de direção E ‑W, de‑senvolvendo o curso atual do rio Purus e do Juruá que deságuam no Solimões. Os antigos cursos das paleodrenagens, com direciona‑mento geral N ‑S, encontram ‑se registrados sob a forma de terraços, caracterizados como Terraços pleistocênicos.

O trecho do rio Juruá, no Acre (Figura 22), manteve seu curso geral SW ‑NE, controlado pelas estruturas transpressivas do primeiro pulso cinemático. Ao adentrar o Estado do Amazonas, o rio Juruá é infletido para E ‑W segundo o lineamento homônimo. A rede de drenagem atual mostra os efeitos de todas essas etapas evolutivas, encontrando ‑se em estágio avançado de desenvolvimento entre os rios Juruá e Purus, cuja configuração do relevo e da rede de drenagem praticamente não sofreu modificações durante o segundo pulso cinemático. Já entre os rios Purus e Madeira, as modificações foram mais acentu‑adas, com a rede de drenagem em processo de organização.

As transformações impostas ao relevo e ao sistema de drenagem, durante o regime neotectônico, desempenharam um impor‑tante papel no desenvolvimento dos solos

e da cobertura vegetal. Os processos de so‑erguimento e rebaixamento da superfície, e o bloqueio e desvios de rios, são marcados, inicialmente, pela formação de grandes áre‑as inundáveis e pântanos. O alagamento ou inundação, nessas áreas, promoveu a degra‑dação, ou mesmo degeneração da cobertura vegetal original, passando a ocorrer um ciclo de regeneração (sucessão primária) que se inicia com a ocupação por Campinarana com predominância de gramíneas e arbustos. A colmatação e dessecação final dessas áreas alagadas foram acompanhadas de uma in‑tensa destruição das argilas e preservação de areias, onde os processos pedogenéticos de‑senvolvem Neossolos quartzarênicos, como na área norte de Cruzeiro do Sul. Estes aspec‑tos são muito importantes, pois mostram que a evolução da paisagem nessas áreas areno‑sas está ligada à colonização vegetal, e que depende subordinamente do lençol freático e do encaixamento da drenagem.

Em síntese, por situar ‑se na área da ba‑cia sedimentar do Amazonas mais próxima a Cordilheira dos Andes, o território do Acre ilustra, em sua paisagem, os efeitos mais sen‑síveis da mobilidade neotectônica andina, na forma de blocos falhados, escalonados, que

Figura 10. Compartimentação geotectônica do Estado do Acre baseada nas evidencias atuais e sua

distribuição em relação à cobertura pedológica.

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dirigem o entalhamento da drenagem atual, de oeste para leste, de forma muito evidente. Analisando do ponto de vista pedológico o controle neotectônico, podemos traçar os li‑mites de alguns ambientes significativos para a gestão do território:

a O Arco de Iquitos e Falha de Iquiri/Abunã controlam a distribuição de Latossolos ‑ caso do Rio Purus, abaixo de Boca do Acre – zonas transpressivas;

a Depocentro da Formação Solimões não coincide com drenagem atual, o que suge‑re uma reativação Pleistocênica da Bacia do Acre;

a Ocorrem falhas de empurrão na borda oeste e falhas transcorrentes na borda leste da bacia do Acre;

a Há uma sucessão escalonada de blocos e ocorre assimetria dos mesmos em blocos em forma de romboedros, que controlam a hidrografia e solos: Latossolos na mar‑gem esquerda, Vertissolos/Neossolos Flú‑vicos Vérticos/Cambissolos vérticos com carbonato na margem direita;

a A presença de Latossolos rasos, argissó‑licos, com abundantes nódulos e concre‑ções sugere reativação recente de uma antiga baixada quaternária, com plintita disseminada. É o clássico processo de des‑

truição da canga laterítica em clima úmi‑do e após soerguimento.

a O Processo neotectônico deve ser bem re‑cente a julgar pela presença de solos com carbonato e sulfato no topo de colinas, e ocorrência de Podzóis nas partes rebai‑xadas dos blocos, com fraca dissecação e sob intenso hidromorfismo, associados com burititizais e campinas, a oeste.Assim, a sub ‑bacia do Acre possui uma

compartimentação geotectônica fortemente associada à cobertura pedológica (Figura 9). É possível definir 21 grandes compartimen‑tos de acordo com a cobertura pedológica, falhas, dissecação e embasamento geológico.

No extremo oeste do Estado do Acre (Fi‑gura 10) tem ‑se o bloco Serra do Divisor que possui uma área de 174.637 hectares e uma altitude média de 316 metros. A amplitude altimétrica é de 503 metros, com altitude máxima de 734 metros. Este se constitui no bloco mais elevado do Estado possuindo também uma alta diversidade pedológica que inclui Argissolos, Cambissolos, Vertissolos e Luvissolos. O rio Moa é o principal compo‑nente da drenagem deste bloco. Tal diversi‑dade é também associada à expressiva varia‑ção litológica e geomorfológica do bloco.

Figura 11. Modelo proposto de compartimentos neotectônicos e pedológicos da bacia do Acre nos

limites do Estado do Acre.

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Ao leste e paralelo ao compartimento da Serra do Divisor, ocorre o compartimento denominado de Mâncio Lima. É uma exten‑sa área (1.151.630 ha) de domínio de Argis‑solos Amarelos e Plintossolos Argilúvicos. É uma área mais rebaixada que o bloco ao oes‑te e mais elevada que o bloco ao leste (Cru‑zeiro do Sul). Possui uma altitude média de 254 metros e uma amplitude de 365 metros, onde a menor altitude é de 185 e a maior é de 550 metros.

Na margem esquerda do Juruá, outro compartimento denominado Cruzeiro do Sul, é mais rebaixado que os compartimentos ao Leste (Rodrigues Alves ‑Porto Walter) e oeste (Mâncio Lima), possuindo uma altitude mé‑dia de 220 metros, sendo mais elevado ape‑nas que os blocos Acrelândia ‑Epitaciolândia (118 m), Bujari (192 m) e Feijó (208 m). Neste bloco predominam Argissolos Amare‑los, Latossolos e Neossolos Quartzarênicos, sendo formados de extensos depósitos are‑nosos e intemperizados, oriundos de deposi‑ções fluviais vindas da Serra do Divisor, com natureza quartzosa.

O bloco Rodrigues Alves/Porto Walter é delimitado pelo Rio Juruá a oeste e pelo rio Liberdade ao leste. Argissolos Amarelos e Vermelhos predominam neste compar‑timento. Há ocorrência também de Plin‑tossolos e Neossolos Flúvicos; Ocupa uma extensão territorial de 1.048.222 hectares dispostos numa extensa faixa norte ‑sul. A altitude média é de 232 metros com uma altitude máxima de 341 metros e a mínima de 146 metros. Constituindo ‑se num blo‑co soerguido em relação ao bloco Cruzeiro do Sul.

A seguir coexistem dois grandes blocos no território acreano: Jordão/Marechal Thau‑maturgo (642.910 ha) e Jordão (1.110.926 ha). Embora a altitude média dos dois blocos seja praticamente igual com 301 metros para o Jordão e 302 metros para Jordão/Thauma‑turgo, o primeiro bloco apresenta uma maior amplitude (298 m) o que indica uma maior dissecação. Predominam aqui os Luvissolos Hipocrômicos com ocorrência de Chernos‑solos Háplicos indicando um ambiente de menor intemperismo. Em contrapartida, no

compartimento Jordão, predomina Cambis‑solos com uma amplitude altimétrica de 239 metros. Correspondem aos litotipos mais ri‑cos da Formação Solimões.

Em relação ao bloco Rodrigues Alves/Porto Walter o compartimento denominado Tarauacá (1.364.641 ha), apresenta ‑se mais soerguido. Tem um formato de cunha trape‑zoidal, apresentando relevo mais dissecado e entalhe mais profundo de drenagem. For‑mando morros e colinas mais acentuados e bem mais dissecados. Com uma amplitude de 266 metros e altitude média de 253 este bloco termina abruptamente ao confrontar a drenagem do rio Liberdade. Nele predomi‑nam Luvissolos e Cambissolos.

O bloco Feijó ‑Tarauacá delimitado pelos rios Tarauacá e Envira, possui uma área de 1.014.739 hectares, com amplitude altimé‑trica de 242 metros e altitude média de 243 metros. Este bloco encontra ‑se soerguido em relação ao bloco Feijó (média altimétrica de 221 metros). Predominam Cambissolos eu‑tróficos neste compartimento. Com perfis pouco desenvolvidos e ocorrência comum de carbonato de cálcio nos horizontes sub‑‑superficiais.

No bloco Feijó, com uma amplitude alti‑métrica de 208 metros, predomina Luvisso‑los Hipocrômicos, constituindo a área mais rebaixada dos compartimentos a oeste.

Os blocos Manuel Urbano (média altimé‑trica de 223 metros) e Santa Rosa (média altimétrica de 270 metros) estão situados na região central do Estado. Ambos os com‑partimentos estão associados a Cambissolos Eutróficos Ta, indicando que houve um so‑erguimento recente de uma ampla baixada imperfeitamente drenada, com um sistema complexo de lagos, que constitui hoje o me‑gabloco central do Acre, separado por feições neotectônicas e marcado pela presença de gipsita e solos carbonáticos, todos com argila de alta atividade e solos mais jovens. Este me‑gabloco foi segmentado por falhas inversas, de direções variadas, predominando formas trapezoidais com limites NE/SW e NNE/SSW. A parte central desse compartimento, os sub‑‑blocos Feijó, Feijó/Tarauacá e Taraucá, cor‑

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respondem aos solos mais desenvolvidos do conjunto (Luvissolos e Argissolos).

No megabloco Sena Madureira, com uma extensão de 2.202.197 hectares, encontra ‑se o ponto de convergência de falhas de direção NNE ‑SSE que separam os blocos 5 e 11 do mapa (Figura 11). Este bloco apresenta um compartimento ligeiramente soerguido e de origem lacustre, em drenagem imperfeita, representando uma antiga depressão holocê‑nica semi ‑árida, onde predominam atualmen‑te Vertissolos com carbonato, Cambissolos e Argissolos.

O compartimento denominado Bujari possui uma extensão de 1.055.073 hecta‑res com uma altitude média de 192 metros, constituindo atualmente um setor deprimido com predominância de Argissolos, Luvissolos e Plintossolos.

Ao leste, o prolongamento das falhas de direção NE/SW, seguindo o curso do Rio Acre e do Rio Madeira, separa dois blocos geotec‑tônicos distintos: o primeiro bloco é aqui de‑nominado Acrelândia/Epitaciolâncdia (média altimétrica 188 metros), onde se encontram as principais áreas de solos latossolizados do Estado, nos topos mais soerguidos e drenados da região. Neste bloco se encontra a principal evidência da atividade neotectônica na com‑

partimentalização dos solos. Aqui, solos mais desenvolvidos e intemperizados do Estado estão na situação de menor cota altimétrica relativa indicando que todo o outro conjunto de blocos a oeste deste foi soerguido em dife‑rentes graus, em período geológico recente.

No oeste deste bloco, e separado por fa‑lhas, pode ‑se individualizar os blocos Rio Branco e Brasiléia ‑Assis Brasil/Rio Branco, de terras ligeiramente rebaixadas e embuti‑das, com dissecação mais pronunciada, com tributários de direção E ‑W, aos quais se as‑sociam solos eutróficos mais jovens, como Luvissolos (Rio Branco/Bujari), os Argissolos Vermelhos ou Vermelhos Amarelos (Brasi‑léia/Assis Brasil). Esses blocos elevam ‑se su‑ave e gradativamente até os divisores mais elevados, com Argissolos ou Latossolos mais rasos, próximo à drenagem do rio Iaco, que banha Sena Madureira.

Fazendo ‑se um corte altimétrico da Serra do Divisor até o município de Acrelândia (Fi‑gura 12) verifica ‑se a concordância do mode‑lo proposto, onde há um gradativo soergui‑mento de leste para oeste até atingir a Serra do Divisor que se caracteriza no primeiro dobramento da Cordilheira dos Andes neste sentido. Essa subida gradativa reforça a in‑versão neotectônica recente da região.

Figura 12. Corte altimétrico da Serra do Divisor ao município de Acrelândia no Estado do Acre,

indicando os blocos pedológicos e neotectônicos.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os dados expostos levam a conclusão que a grande diversidade, o relevo e a rede de drenagem da bacia do Acre só se explica se for levado em consideração os processos geotectônicos de ocorrência recente (endó‑genos), tanto os relacionados à sua evolução litoestratigráfica quanto à sua evolução tec‑tônica, interagindo com fatores climáticos ou paleoclimáticos.

Tais considerações são imprescin‑díveis para a definição e distinção dos graus de vulnerabilidade ecológica e am‑biental face aos fenômenos naturais e à intervenção antrópica.

A neotectônica tem um papel importante na configuração da atual bacia do Acre e na distribuição dos solos e dos ambientes neles desenvolvidos: a presença de campinarana associada aos Neossolos Quartzarênicos e Espodossolos, os Latossolos em menor cota

altimétrica relativa e a presença de floresta de bambu com Vertissolos e solos de argila de atividade alta são alguns dos indicadores destes processos diferenciais no Acre, em relação ao restante da Amazônia.

As unidades morfoestratigráficas repre‑sentam, em si mesmas, efeitos de soergui‑mentos e rebaixamentos de blocos, desvios e bloqueios de drenagem pelas estruturas neotectônicas (p.ex. inflexões no rio Juruá na direção E ‑W e N ‑S). A presença de uma zona sismogênica, a oeste da bacia, implica na provável atuação dessas estruturas atu‑almente, o que torna a caracterização das mesmas, ainda mais necessária.

Ao entender a história da evolução da paisagem é possível tomar decisões mais acertadas sobre as alternativas de uso atual destes ambientes, tão frágeis e vulneráveis.

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4Capítulo

Livro Temático | Volume 2 Coleção Temática do ZEE

Recursos Naturais Geologia, Geomorfologia e Solos do Acre

Formação, Classificação e Distribuição Geográfica dos Solos do Acre

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REA formação geológica de maior ex‑

pressão no Acre, presente em mais de 80% do Estado, é a formação Solimões. De idade cenozoica, que

ocupa quase todos os interflúvios, exceção feita apenas à região da Serra do Divisor e Serra do Moa, na fronteira com o Peru (ACRE, 2000), extremo oeste do Estado, onde predominam rochas mais antigas (paleozoicas e mesozoicas). Esta formação apresenta várias litologias, na sua maior parte argilitos com concreções carbonáticas

e gipsíferas, ocasionalmente com material carbonizado (turfo e linhito), concentrações esparsas de pirita e grande quantidade de fósseis de vertebrados e invertebrados. Su‑bordinadamente ocorrem siltitos, calcários silticos ‑argilosos, arenitos ferruginosos, conglomerados plomíticos e áreas com predominância de sedimentos arenosos. Esta grande variedade litológica, combi‑nada com a ação do clima, condiciona, por sua vez, uma grande diversidade de solos e relevo associados.

Formação, Classificação e Distribuição Geográfica dos Solos do Acre

Texto:b Nilson Gomes Bardales1 Tarcísio Ewerton Rodrigues2 Henrique de Oliveira3 Eufran Ferreira do Amaral4 Edson Alves de Araújo5 João Luiz Lani6 Antonio Willian Flores de Melo7 Emanuel Ferreira do Amaral8

1. GÊNESE DOS SOLOS DO ACRE

1 DoutoremSoloseNutriçãodePlantas|ConsultorZEE2 (inmemoriam)3 (inmemoriam)4 DoutoremSoloseNutriçãodePlantas|EMBRAPA/SEMA5 DoutoremSoloseNutriçãodePlantas|SEAP/SEMA6 DoutoremSoloseNutriçãodePlantas|UFV7 MestradoemEcologiadeAgroecossistemas|UFAC8 EngenheiroAgronômo|VECTRAEngenharia

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Os solos do Acre são, na maior parte, originados de materiais pelíticos muito ri‑cos em silte, daí a grande presença desta partícula em sua granulometria. Diferenças entre solos ocorrem em função do maior ou menor grau de intemperismo e da natureza e intensidade dos processos pedogenéticos. Nas várzeas, em função da capacidade de transporte da corrente, estabelece ‑se uma distribuição de partículas segundo um gra‑diente energético, ou seja, há uma tendência de se processar um depósito seletivo de par‑tículas mais grosseiras mais perto do canal do rio e partículas mais finas, inclusive o sil‑te, em zonas mais afastadas. Mais próximo dos canais dos rios os solos são, portanto, menos siltosos.

As condições climáticas do Acre são fran‑camente favoráveis ao estabelecimento de uma floresta densa. O domínio de floresta aberta com palmáceas e com bambu indica menor disponibilidade de água, o que talvez esteja relacionado com a limitada capaci‑dade dos solos em absorver, reter e ceder água o que poderia ser condicionado pela pequena espessura efetiva, pelo predomínio de argila de atividade alta e pela baixa per‑meabilidade. A atividade antrópica tende a favorecer a expansão das palmáceas.

No Acre os Cambissolos são mais co‑muns no interflúvio entre os rios Iaco e Ta‑rauacá. Esses são solos rasos, ricos em nu‑trientes e com argila de atividade alta. Essas características são anômalas para as con‑dições bioclimáticas do Acre. Na realidade o pedoclima é mais seco do que o previsto pelo macroclima. Há muita perda de água e de sedimentos pelas enxurradas. A taxa de pedogênese até pode ser relativamente alta, mas a da erosão também.

A princípio, pela sua posição receptadora na paisagem os solos de várzeas da depres‑são central deveriam ser mais ricos do que os outros, mas os solos de várzeas podem ter seus sedimentos vindos de muito distan‑te. Esse é o caso dos solos de várzeas do rio Amazonas, influenciados por sedimentos vindos dos Andes.

A presença de Vertissolos sob condições acrianas é do ponto de vista pedogenético,

um tanto quanto inesperada, uma vez que a bissialitização, ou seja, a gênese das argi‑las de retículo 2:1, que predominam nestes solos, está condicionada aos locais de maior déficit hídrico e a um sistema mais fechado para onde ocorram migração e acumulação de bases e sílica. Uma das hipóteses para a ocorrência deste fato é a de que os pelitos da formação Solimões, além de ricos em ba‑ses e de liberarem muita sílica, originam so‑los com drenagem deficiente, em que é bai‑xa a taxa de lixiviação, já que grande parte da água precipitada escorre pela superfície resultando em uma baixa infiltração ou bai‑xa precipitação efetiva local. Se a precipita‑ção efetiva que é a que mais interessa em termos de pedogênese, depende da natureza do solo, não se pode prever, necessariamen‑te, as características do solo pelos fatores de formação.

No caso do Acre as relações de gênese foram percebidas a partir dos solos, e não deduzidas a partir de correlações com seus fatores de formação. Conclui ‑se, portanto, que para as condições do Acre não é pos‑sível substituir o levantamento direto das informações pedológicas diretas por mo‑delos que se baseiam apenas na integra‑ção de informações temáticas como vege‑tação, morfologia de superfície, substrato geológico etc.

2. PRINCIPAIS CLASSES DE SOLOS

As principais classes de solos do Acre, tendo como referência o primeiro compo‑nente das unidades de mapeamento são em termos de 1º nível categórico (ordem) e em ordem decrescente de expressão territorial: Argissolos, Cambissolos, Luvissolos, Gleisso‑los, Latossolos, Vertissolos, Plintossolos, Ne‑ossolos Flúvicos e Neossolos Quartzarênicos (Tabela 1). Em termos de 2º nível categórico (subordem), predominam os Cambissolos Háplicos, abrangendo cerca de 32% da área estadual e Argissolos Vermelho ‑Amarelos, ocupando cerca de 23% (Tabela 2).

Em função da evolução do Sistema Brasi‑leiro de Classificação de Solos (SiBCS), com

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a publicação de nova versão em 2006, ao se comparar as informações do mapa pedo‑lógico atual do Acre com os anteriormente apresentados (ACRE, 2000 e MELO, 2003), algumas diferenças são evidentes e mere‑cem um breve comentário. Os Luvissolos, atualmente aqui considerados, estavam, em sua maioria, incluídos na classe dos Argisso‑los Eutróficos. A ordem Alissolo foi extinta, sendo os solos ali anteriormente incluídos, distribuídos em outras ordens. Plintossolos já haviam sido identificados e descritos no Estado, porém, em virtude da pequena es‑cala do mapa então disponível, ainda não haviam sido mapeados como componentes

dominantes de unidades de mapeamento. No mapa atual observa ‑se um incremento da área de Latossolos em relação aos tra‑balhos anteriores, o que se deve ao maior detalhamento cartográfico.

Com base no mapa 1:250.000 (Figura 1) pode ‑se dividir o Estado em três grandes pe‑doambientes: um situado ao leste do Estado, outro na região mais central do Estado e ou‑tro no extremo oeste.

No pedoambiente do leste encontra ‑se a maioria dos Latossolos e Argissolos com características intermediárias para Latosso‑los. A vegetação nativa dominante é do tipo floresta densa com sub ‑bosque de musáceas

Tabela 1. Expressão geográfica e distribuição relativa de classes de solos no nível de subordem

no Estado Acre, de acordo com mapa de solos na escala 1:250.000 do ZEE Fase II.

Classe no nível de ordem

Classes no nível de subordem Área (ha)Percentual do

Estado (%)

Argissolos

Argissolo Vermelho-Amarelo 3775449,066 22,99

Argissolo Amarelo 1.660.277,95 10,11

Argissolo Vermelho 857.235,50 5,22

Cambissolos Cambissolos Háplico 5.182.826,12 31,56

Luvissolos

Luvissolo Hipocrômico 2.382.851,93 14,51

Luvissolo Crômico 14.779,92 0,09

Gleissolos Gleissolo Melânico 982.043,73 5,98

Latossolos

Latossolo Vermelho 270.965,24 1,65

Latossolo Vermelho-Amarelo 211.845,55 1,29

Latossolo Amarelo 32.844,27 0,2

Plintossolos

Plintossolo Háplico 331.727,15 2,02

Plintossolo Argilúvico 29.559,84 0,18

Vertissolos Vertissolo Cromado 499.232,93 3,04

Neossolos

Neossolo Flúvico 183.927,92 1,12

Neossolo Quartzarênico 4.926,64 0,03

TOTAL 16.422.136,00 100

Fonte: Amaral et al. (2006)

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Tabela 2. Expressão geográfica e distribuição relativa de classes de solos no nível de ordem no

Estado do Acre, de acordo com o mapa de solos na escala de 1:250.000 do ZEE Fase II.

Classes no nível de ordem Área (ha) Percentual do Estado (%)

Argissolos 6.292.962,52 38,32

Cambissolos 5.182.826,12 31,56

Luvissolos 2.397.631,86 14,60

Gleissolos 982.043,73 5,98

Latossolos

Vertissolos

Plintossolos

Neossolos

517.297,28

499.232,93

362.929.21

190.496,78

3,15

3,04

2,21

1,16

Total 16.422.136,00 100,00

Fonte: Amaral et al. (2006).

Figura 1. Mapa de solos em nível de ordem do Estado do Acre.

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e, por vezes, bambu. O relevo é menos mo‑vimentado, em sua maioria, plano a suave ondulado. Nessa região, próximo à cidade de Rio Branco ocorrem também áreas de Plin‑tossolos e outros solos com caráter plíntico.

O pedoambiente da região central com‑preendida entre os municípios de Sena Ma‑dureira e Tarauacá, corresponde a uma área abaciada, com predomínio de solos mais ra‑sos, de argila de atividade alta, originados de sedimentos argilosos que imprimem a estes solos sérias restrições de drenagem. Nessa área, predominam Cambissolos e Ver‑tissolos, sendo a vegetação dominante do tipo floresta aberta com bambu.

O pedoambiente do extremo oeste é constituído por solos desenvolvidos a partir de sedimentos, relacionados à bacia do rio Juruá cuja textura mais grosseira confere aos mesmos, boas condições de drenagem apesar de contribuir para sua evidente po‑breza química. Predominam nessa região Argissolos, Gleissolos, Luvissolos e peque‑nas áreas de Latossolo.

A seguir são apresentadas as principais classes de solos do Estado, suas caracte‑rísticas físicas e químicas, potencial pro‑dutivo, principais limitações ao uso e área de ocorrência.

Argissolos

São solos constituídos por material mi‑neral, apresentando horizonte B textural imediatamente abaixo do A ou E, com ar‑gila de atividade baixa ou alta conjugada com saturação por bases baixa e/ou cará‑ter alítico na maior parte do horizonte B, podendo apresentar horizonte plíntico ou horizonte glei, desde que não satisfaça os requisitos para Plintossolos ou Gleissolos (EMBRAPA, 2006).

Os Argissolos ‑ em algumas regiões ‑ apresentam drenagem interna naturalmen‑te deficiente e baixa ou média fertilidade natural. Por ocorrem muitas vezes em con‑dições de relevo mais movimentado, são também bastante suscetíveis à erosão. A presença de caráter plíntico em parte des‑tes solos evidencia problemas por deficiên‑

cia de drenagem. As cores do horizonte Bt variam de acinzentadas a avermelhadas e as do horizonte A, são sempre mais escure‑cidas. A profundidade dos solos é variável, mas em geral são pouco profundos e pro‑fundos (IBGE, 2005).

No Acre os Argissolos ocupam mais de 6 milhões de hectares, cerca de 38% da área do Estado (AMARAL et al., 2006), constituindo, no nível de ordem, a classe que ocupa a maior extensão territorial (Ta‑bela 3).

Quanto ao nível de subordem, o Argis‑solo Vermelho ‑Amarelo é segunda classe em termos de extensão ocupando mais de 3 milhões de hectares, ou seja, 23% da área do Estado (Tabela 2).

Encontra ‑se distribuída em todas re‑gionais do Estado, principalmente no Alto Acre (89%), Juruá (65,9%) e Baixo Acre (60,5%), e, em menor área, nas zonas do Purus (33%) e Tarauacá/Envira (2,7%) (Fi‑gura 2).

Estes solos apresentam seqüência de horizontes A, Bt, C ou A, E, Bt, C , com hori‑zonte A subdividido em A/B ou A/E, e hori‑zonte B em BA, B1, B2.... ou Btf1, Btf2, Btf3.

Em nível categórico mais baixo têm ‑se os Argissolos Vermelho ‑Amarelos (maior ocorrência), Argissolos Amarelos (segun‑do em ocorrência no Estado) e Argissolos Vermelhos. Em níveis logo abaixo (3º e 4° níveis) ocorrem no Estado, Argissolos Vermelho ‑Amarelos Ta Distrófico, Argisso‑los Vermelho ‑Amarelos Alítico Distrófico típico, Argissolos Vermelho ‑Amarelos Alu‑mínico típicos, Argissolos Vermelhos Dis‑tróficos típicos, Argissolo Vermelho Alítico (típico?), Argissolo Vermelho Distrófico plíntico, Argissolo Amarelo Ta alumínico, Argissolo (Amarelo) Alítico típico (MAR‑TINS, 1993; AMARAL & ARAÚJO, NETO, 1998; SILVA, 1999; AMARAL, 2000; ARAÚ‑JO, 2000; AMARAL, et al., 2001a; ARAÚJO, et al., 2004; BARDALES, 2005).

Em termos de Argissolos Vermelho‑‑Amarelos, morfologicamente apresentam horizontes A, AB, BA, B1t, B2t,.... ou A, AE, BE, B1t, B2t, B3t.... (GAMA, 1986; GAMA, 1992; MARTINS, 1993; AMARAL & NETO,

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1998; SILVA, 1999; AMARAL, 2000; ARAÚ‑JO, 2000; AMARAL, et al., 2001a; MELO 2003; BARDALES, 2005).

Os Argissolos Vermelho ‑Amarelos (PVA) são solos que apresentam cores em matizes 5YR ou mais vermelho e mais amarelos que 2,5 YR na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B, inclu‑sive BA. São solos bem a moderadamente desenvolvidos, que podem apresentar defi‑ciência de drenagem interna em decorrên‑cia do acúmulo de argila em profundidade. Regionalmente, o horizonte A destes solos é moderado, podendo ocorrer também A fraco. São caracterizados pela presença de horizonte superficial de textura média e horizonte sub ‑superficial de textura mais argilosa (MARTINS, 1993; ARAÚJO et al., 2004). A coloração varia de bruno ‑escuro a bruno ‑forte em superfície e bruno ‑forte, vermelho ‑amarelo a vermelho em subsu‑perfície, apresentando às vezes, mosque‑ados. A estrutura predominante no hori‑zonte B, de grau moderado a forte, é do tipo blocos angulares e subangulares, que

podem ou não compor prismas em função da atividade da argila.

Os Argissolos Amarelos (PA) diferem dos PVA basicamente pelas cores mais amarela‑das, com matiz 7,5 YR ou mais amarelo na maior parte dos primeiros 100 cm (EMBRA‑PA, 2006), enquanto os Argissolos Verme‑lhos (PV) apresentam cores no matiz 2,5 YR ou mais vermelho.

Os PA e os PV apresentam diversas ca‑racterísticas morfológicas comuns, como profundidade (são solos profundos), relevo suave ondulado a ondulado, estrutura em blocos angulares e subangulares, moderada a forte. A textura é argilosa, o que eviden‑cia o processo de translocação (AMARAL, 2003). Pode ou não apresentar cerosidade, geralmente, são bem drenados e distróficos com altos teores de alumínio, podendo apre‑sentar deficiência em drenagem, quando ocorrer horizonte plíntico. As cores verme‑lhas nem sempre indicam solos eutróficos. O horizonte B textural do Argissolo Vermelho se assemelha em alguns aspectos ao hori‑zonte B latossólico, deste se diferindo, po‑

Figura 2. Perfil modal de Argissolos no estado do Acre. (A) Prisma pedológico, em escala e com a

indicação dos horizontes. (B) Padrão fisiográfico na imagem de satélite LANDSAT TM 5. (C) Paisagem

de ocorrência. (D) Localização no estado do Acre.69

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rém, ante ao expressivo aumento do teor de argila em relação ao horizonte A.

Os Argissolos, com atividade de argi‑la alta ou baixa, podem ser distróficos (V< 50%), alíticos, ou alumínicos, às vezes epieu‑tróficos

Tanto os PVA quanto os PA apresentam valores de soma de bases elevados princi‑palmente em superfície (Tabela 3), com va‑lores máximos de 94, 8 cmolc dm‑3 e 28,0 cmolc dm‑3 respectivamente. Em subsuper‑fície os teores são mais baixos, com teores máximos 6,2 cmolc dm‑3 para os PVA e 41,9 cmolc dm‑3 para os PA. Os valores mais ele‑vados constatados para os Argissolos Ama‑relos correspondem à maior riqueza em cál‑cio e magnésio.

Os teores de cálcio e magnésio trocáveis são elevados em ambas às classes (Tabela 3), principalmente em superfície. Observa‑‑se um decréscimo dos teores destes cá‑tions em profundidade, o que denota uma combinação da perda destes cátions por lixiviação e/ou erosão com a reciclagem biológica, em que parte dos nutrientes ex‑traídos das camadas mais profundas do solo pelas raízes das plantas são adicionados à superfície na forma de resíduos vegetais, que, após decomposição biológica, são in‑corporados à camada superficial do solo.

Os teores de Al3+ trocáveis nos PVA e PA variaram de 0 a 12,1 cmolc dm‑3 e 0,2 a 4,8 cmolc dm‑3 respectivamente em superfície e em subsuperfície 0,6 a 14,1 cmolc dm‑3 e 4,2 a 15,0 cmolc dm‑3.

Os teores de alumínio trocável aumen‑tam comumente com a profundidade, ape‑sar da presença de teores significativos de cálcio e magnésio, o que, aparentemente não se traduz em toxidade para as plantas, não devendo, por isso, ser utilizado como índice de acidez nos solos acreanos. Caso outras condições não forem limitantes, é possível que a correção do solo não seja necessária (WADT, 2002).

A reação destes solos varia de 4,1 a 5,2 nos PVA e 3,3 a 4,8 nos PA, aumentan‑do os teores em profundidade, caracteri‑zando uma acidez extremamente acida a média. Estes teores de pH estão coerentes

com os teores de alumínio, que tendem a aumentar em profundidade, e com a bai‑xa disponibilidade de nutrientes (ARAÚJO, 2000).

Os teores de matéria orgânica nos hori‑zontes superficiais variam entre 0,6 e 11, 7 dag.kg ‑1 nos PVA e entre 3,3 e 7,0 dag.kg ‑1 nos PA, enquanto nos horizontes sub‑‑superficiais variam entre 0,2 e 6,2 dag.kg‑‑1 e entre 0,0 e 6,9 dag.kg ‑1 para os PVA e PA, respectivamente (Tabela 5). Estes teo‑res, médios em superfície e baixos em sub‑‑superfície, contribuem para uma menor capacidade de troca de cátions total (CTC), o que sugere, por sua vez, uma alta possibili‑dade de lixiviação de bases trocáveis.

A capacidade de troca catiônica (CTC) dos Argissolos estudados (Tabela 5) é no geral muito baixa, já que a CTC está intima‑mente ligada a fertilidade de um solo, uma vez que indica a capacidade deste para ab‑sorver cátions em forma trocável, os quais, em geral irão servir de nutrientes às plantas.

Face à grande diversidade de caracte‑rísticas que apresentam no que se refere à saturação por bases e por alumínio, textura, profundidade, atividade de argila e varie‑dade de relevo, os Argissolos são também muito variáveis quanto ao seu potencial de uso agrícola.

Com relação à fertilidade, os Argissolos álicos ou distróficos, apresentam um baixo potencial nutricional, normalmente mais acentuado no horizonte B (ocorre nos so‑los acreanos), requerendo, para seu uso agrícola, práticas de correção de acidez e adubação.

A deficiência de água é significativa prin‑cipalmente quando a textura do horizonte A for arenosa, melhorando um pouco quando for média. Por outro lado, o aumento do teor de argila eleva a possibilidade de compacta‑ção do solo quando sob uso intensivo.

De maneira geral, os Argissolos são solos bastante susceptíveis à erosão, sobretudo quando há combinação de grande diferença de textura do horizonte A para o horizonte B e relevo acidentado, neste caso não é reco‑mendável para agricultura, sendo mais indi‑

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cados para pastagens bem manejadas, reflo‑restamento ou preservação da fauna e flora.

Como potencialidades podem ser favorá‑veis ao desenvolvimento radicular de algu‑mas culturas, entretanto, deve ser feita uma correção da acidez e uma adubação, já que estes são solos distróficos.

Cambissolos

Solos constituídos por material mineral com horizonte B incipiente subjacente a qualquer tipo de horizonte superficial, exce‑to hístico com 40 cm ou mais de espessura, ou horizonte A chernozêmico quando o B in‑cipiente apresentar argila de atividade alta e saturação por bases alta. Plintita e petro‑plintita, horizonte glei e horizonte vértico, se presentes, não satisfazem os requisitos para Plintossolos, Gleissolos e Vertissolos, respectivamente (EMBRAPA, 2006).

Os Cambissolos do Estado são em sua maioria háplicos e eutróficos e apresentam argila de atividade alta (Ta), característica esta que resulta na alternância de expan‑são e contração significativas da massa do solo em função da variação de umidade. No período seco estes solos tornam ‑se muito duros e cheios de fendas sendo, por outro lado, difíceis de trafegar durante a estação chuvosa por se tornarem aderentes e escor‑regadios. São solos normalmente rasos ou pouco profundos apresentando restrição de drenagem principalmente em razão da presença de minerais de argila expansíveis (argilas 2:1). Quando Eutróficos apresentam altos teores de cálcio (Ca), magnésio (Mg) e surpreendentemente alumínio (Al). Quando distróficos apresentam baixos teores de cál‑cio e magnésio, situação em que a saturação por alumínio, muitas das vezes é superior a 50%, ou seja, apresentam restrições no to‑cante a fitotoxidez por alumínio (AMARAL et al., 2006).

Os Cambissolos ocupam mais de 5 mi‑lhões de hectares, ou 31,56% das terras do Acre, condicionando situações distin‑tas de manejo (AMARAL et al., 2006). Em nível categórico mais baixo (subordem) os Cambissolos até o momento, descritos no

Acre, se enquadram como Háplicos, apre‑sentando os 3º e 4º níveis, argila de ati‑vidade alta (Ta) ou baixa (Tb), eutróficos, distróficos e caráter vértico (GAMA, 1986; AMARAL, 2003; MELO, 2003; BARDALES, 2005).

Os Cambissolos são encontrados em maior proporção no pedoambiente da re‑gião central do Estado (Figura 3) sob con‑dições de relevo suave ondulado e ondu‑lado. Grande parte apresenta argila de atividade alta (Ta), sendo desenvolvidos de sedimentos pelíticos de origem andi‑na. Estes solos são submetidos à intensa pluviosidade e quase toda a água que se perde o faz forçosamente por fluxo super‑ficial. Constituem, portanto, um sistema que tende aexportar muito pela erosão (RESENDE et al., 1988).

São solos pouco espessos (30 a 50 cm), que o enquadra como solo raso, ou seja, pouca profundidade efetiva. Como heran‑ça do material de origem, sedimentos psa‑míticos, apresentam com mais freqüência classes texturais franca siltosa ou arenosa. A estrutura é em geral granular com grau fraco de desenvolvimento quando de argila de atividade baixa (AMARAL, 2003). A tex‑tura nos horizontes superficiais é média, nos subsuperficiais franco argilosa e média (Ta‑bela 4).

Os Cambissolos Háplicos Ta eutróficos, típicos na região central do Estado, apresen‑tam no horizonte superficial uma estrutura forte, de tamanho médio a grande, em blo‑cos angulares e subangulares. A consistên‑cia é muito dura a extremamente dura desde a superfície até as camadas mais profundas do solo, quando seco e, plástico e pegajoso a muito pegajoso quando úmidos (BARDALES, 2005).

A drenagem interna dos Cambissolos Háplicos com Ta é em geral restrita, cor‑respondente às classes mal drenado e im‑perfeitamente drenado. Já nos Cambissolos Háplicos Tb, a drenagem é moderada a bem drenada, prevalecendo na massa do solo co‑res acinzentadas e brunadas nos matizes 7,5 YR, 10 YR e 5 YR, com valores de 3 a 5 e

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cromas de 2 a 6 para o solo úmido (GAMA, 1986; AMARAL, 2003 e BARDALES, 2005).

Os Cambissolos vertissólos das regiões de Sena Madureira e Manoel Urbano, são mal ou imperfeitamente drenados, com elevada saturação de bases, devido princi‑palmente à presença de elevados teores de Ca2+ e Mg2+ (Tabela 4), com teores nulos ou baixos de alumínio trocável. Apresenta fendas no perfil e seqüência de horizontes A, Biv, C. A mineralogia dominante desses solos é geralmente constituída por minerais primários silicatados com estrutura 2:1 o que lhes confere a característica diagnósti‑ca de argila de atividade alta (CTC sem cor‑reção para carbono > 27 cmolc.kg de argila (EMBRAPA, 2006)).

Nos solos estudados os valores de pH em água variaram entre 3,5 a 6,9 nos horizon‑tes superficiais e entre 4,2 a 6,8 nos sub‑‑superficiais (Tabela 4), caracterizando em

ambos os casos uma acidez entre elevada (< 5,0) e média (< 7,0). Na maioria dos perfis estudados sempre a acidez elevada ocorreu nos horizontes superficiais, provavelmente devido ao estágio de evolução dos Cambis‑solos, já que são solos poucos desenvolvidos.

Apesar dos Cambissolos do Acre apre‑sentar em geral boa fertilidade natural (eu‑trofismo) em todo o perfil, com valores altos de saturação por bases (Tabela 4), no entan‑to, existem solos distróficos, cujos valores de saturação por bases (SB) variam entre 9,6 cmolc dm‑3 e 94, 4 cmolc dm‑3 nos hori‑zontes superficiais e entre 1,7 cmolc dm‑3 e 97,6 cmolc dm‑3 nos sub ‑superficiais, sendo que os valores médios dos perfis estudados oscilam em torno de 61,3 cmolc dm‑3 em su‑perfície e 50,6 cmolc dm‑3 em subsuperfície

Os teores de Ca2+ variaram entre 0,5 a 20 cmolc dm‑3 e entre 0,1 a 40 cmolc dm‑3, respectivamente nos horizontes superficiais

Tabela 4. Atributos físicos e químicos de horizontes superficiais e subsuperficiais de Cambissolos

do Estado do Acre.

Horizonte Silte Argila AreiapH

H2OCa Mg Al SB MO

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Máximo66,0 35,0 69,0 6,9 20,0 4,3 8,6 94,4 19,1 28,2

V. Mínimo 5,0 13,0 6,0 3,5 0,5 0,2 0,0 9,6 0,8 7,0

D. Padrão 19,6 7,3 21,2 1,1 7,0 1,6 2,7 35,5 5,0 7,2

Bi dag,kg -1 cmolc dm-3 dag,kg -1

Média 36,9 39,7 23,5 5,1 12,3 2,9 4,9 50,6 0,4 23,9

V.

Máximo52,0 57,0 58,0 6,8 40,0 10,4 13,4 97,6 0,7 51,7

V. Mínimo 20,1 20,0 2,0 4,2 0,1 0,0 0,0 1,7 0,1 5,3

D. Padrão 11,7 11,4 19,8 0,8 12,5 2,9 3,9 35,7 0,2 13,8

Fontes: Gama (1986); Martins (1993); Silva (1999); Araújo (2000); Amaral (2003); Melo (2003) &

Bardales (2005). Obs.: Os valores estatísticos foram retirados a partir de vários perfis estudados

pelos autores acima citados.

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e sub ‑superficiais enquanto os de Mg2+ va‑riaram entre 0,2 a 4,3 cmolc dm‑3 e de 0 a 10,4 cmolc dm‑3. Estes altos valores de cál‑cio e magnésio estão, possivelmente, rela‑cionados com a maior riqueza do material de origem.

Os teores de alumínio trocável varia‑ram de 0,0 a 8,6 cmolc dm‑3 nos horizontes superficiais e de 0,0 a 13,4 cmolc dm‑3 nos sub ‑superficiais, o que deve possivelmente à menor interferência de matéria orgâni‑ca em profundidade, complexando menos alumínio trocável e mantendo assim os al‑tos teores nos horizontes sub ‑superficiais. Mesmo com altos teores de Al3+ no com‑plexo de troca, espera ‑se que os mesmos não interfiram de forma acentuada no de‑senvolvimento mineral das plantas, uma vez que se constataram altos teores de bases trocáveis nos perfis estudados. Isso deve de certa forma limitar a atividade do alumínio no complexo de troca, diminuin‑do a sua fitotoxidez.

A CTC, na maior parte das vezes é mui‑to alta, acima de 10 cmolc dm‑3, tendendo a aumentar ainda mais em profundidade, podendo atingir valores médios de 23,9

cmolc dm‑3, refletindo os altos teores de soma de bases e H+Al (Tabela 4).

Os teores de matéria orgânica (MO) va‑riaram de 0,8 a 19,1 dag kg ‑1 na superfície e de 0,1 a 0,7 dag kg ‑1 em profundidade. Esses valores muito baixos nos horizontes sub ‑superficiais já eram esperados. Princi‑palmente, pelas condições do solo em re‑ter água e cobertura vegetal, propiciando o acúmulo de matéria orgânica em superfície, além da alta capacidade de expansão (quan‑do seco) e contração (quando úmida) da ar‑gila (BARDALES, 2005).

Em função da variabilidade do mate‑rial de origem e do relevo, principalmente, as possibilidades de uso agrícola também são bastante variáveis. A alta fertilidade da maior parte destes solos no Acre potenciali‑za seu uso, enquanto a profundidade exígua do solo e sua ocorrência em relevo movi‑mentado, condicionando grande risco à ero‑são, exigem, sobretudo, na parte central do Estado, a adoção de práticas intensivas de conservação de solos. A drenagem interna deficiente ‑ no caso de solos com argila de atividade alta – constitui fator limitante adi‑cional para o seu aproveitamento agrícola.

Figura 3. Perfil modal de Cambissolo no Estado do Acre. (A) Prisma pedológico, em escala e com a

indicação dos horizontes. (B) Padrão fisiográfico na imagem de satélite LANDSAT TM 5. (C) Paisagem

de ocorrência. (D) Localização no Estado do Acre.74

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No caso dos Cambissolos Vertissolos as principais limitações decorrem das más condições físicas que conferem a estes so‑los baixas permeabilidade e condutividade hidráulica e elevadas plasticidade e pega‑josidade quando úmidos, o que dificulta so‑bremaneira o seu manejo, sobretudo no que tange à utilização de implementos agrícolas. Quando secos tornam ‑se extremamente du‑ros e fendilhados, o que prejudica sensivel‑mente o sistema radicular das plantas.

Plintossolos

São solos constituídos por material mi‑neral, apresentando horizonte plíntico, li‑toplíntico ou concrecionário, em uma das seguintes condições: começando dentro de 40 cm da superfície; ou começando dentro de 200 cm da superfície quando precedido de horizonte glei ou de horizonte A, ou E, ou de outro horizonte que apresente cores pálidas, variegadas ou com mosqueados em quantidade abundante. Quando precedidos de horizonte ou camada de coloração pálida (acinzentadas, pálidas ou amarelado claras), estas deverão ter matizes e cromas de con‑forme os itens a e b definidos abaixo, poden‑do ocorrer ou não mosqueados de coloração desde avermelhadas até amareladas. Quan‑do precedidos de horizontes ou camadas de coloração variegada, pelo menos uma das cores deve satisfazer as condições dos itens a e b definidos abaixo.

a ‑ matiz 5Y; oub ‑ matizes 7,5YR, 10YR ou 2,5Y com cro‑

ma menor ou igual a 4 (EMBRAPA, 2006).A plintita, cuja ocorrência em quantidade

significativa caracteriza o horizonte plínti‑co, submetida a diversos ciclos de umedeci‑mento e secagem e após o rebaixamento do lençol freático, desidrata irreversivelmente tornando ‑se extremamente dura.

Os Plintossolos no Estado ocupam cerca de 361 mil hectares, ou 2,3% de toda área, dentre os quais 2,02%, ou 330 mil ha corres‑pondem a Plintossolos Háplicos e 0,18%, ou 30 mil ha, a Plintossolos Argilúvicos (AMA‑RAL et al., 2006). Em níveis categóricos mais baixos (3º e 4º níveis) ocorrem Plintossolos

Háplicos Distróficos típicos, Plintossolos Háplicos Eutróficos típicos e Plintossolos Argilúvicos Distróficos abrúpticos. Ocorrem principalmente na região leste do Estado, no município de Rio Branco, e no extremo oeste (Figura 4). São solos sujeitos a excesso de água (encharcamento) temporário, apresen‑tando classe de drenagem imperfeitamente ou mal drenado. Isso resulta numa variabili‑dade morfológica e analítica, o que dificulta sua caracterização. Tendo horizonte plíntico de coloração variegada com cores acinzen‑tadas, alternadas com cores avermelhadas e intermediárias entre elas.

Os Plintossolos localizados em terraços de sedimentação recente (ambientes conser‑vadores), têm o predomínio de cores mais claras no horizonte plíntico (2,5Y), o valor varia de 6 a 7 e o croma entre 1 e 2.

Em ambientes de menor sedimentação, ou seja, em níveis mais elevados na paisa‑gem, estes solos apresentam cores mais avermelhadas com matizes 5 YR e 2,5 YR, o que indica um ambiente de maior oxidação e menor flutuação do lençol freático.

Estes solos apresentam no Estado grande diversificação de textura, tendo sido consta‑tados solos desde arenosos até argilosos, sendo uma característica marcante dos Plin‑tossolos Argilúvicos a grande diferença de textura do horizonte superficial A ou E para o sub ‑superficial B às vezes, configurando mudança textural abrupta.

A estrutura, em blocos angulares e su‑bangulares, apresenta grau de desenvolvi‑mento fraco a moderado, enquanto a consis‑tência a seco varia de dura a muito dura. No geral apresentam boa profundidade efetiva.

Quanto às características químicas, so‑los normalmente são de argila de atividade baixa e, menos frequentemente, de argila de atividade alta. O pH varia de 4,6 a 4,9 nos horizontes superficiais e de 4,7 a 5,2 nos sub ‑superficiais (Tabela 5), evidenciando a dominância de solos ácidos.

Os teores de Al3+ oscilam de 3,0 a 6,0 cmolc dm‑3 em superfície e de 3,2 a 30,0 cmolc dm‑3, ou seja, estes solos exibem ca‑ráter alítico ou alumínico dependendo da atividade da argila. São, portanto, em con‑

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Figura 4. Perfil modal de Plintossolo no Estado do Acre. (A) Prisma pedológico, em escala e com a

indicação dos horizontes. (B) Padrão fisiográfico na imagem de satélite LANDSAT TM 5. (C) Paisagem

de ocorrência. (D) Localização no Estado do Acre.

Tabela 5. Atributos físicos e químicos de horizontes superficiais e subsuperficiais de Plintossolos do

Estado do Acre.

Horizonte Silte Argila AreiapH

H2OCa Mg Al SB MO

CTC (pH 7,0)

A dag,kg -1 cmolc dm-3 dag,kg -1 cmolc dm-3

Média 27,3 33,8 41,5 4,8 2,6 1,5 4,4 41,3 1,4 12,6

V.

Máximo31,0 64,0 59,0 4,9 3,5 2,0 6,0 47,0 1,8 13,4

V. Mínimo 25,0 23,0 5,0 4,6 1,8 0,9 3,0 30,0 1,0 11,2

D. Padrão 2,6 20,2 24,6 0,1 0,8 0,5 1,3 7,7 0,3 0,9

Bf dag,kg -1 cmolc dm-3 dag,kg -1 cmolc dm-3

Média 29,3 56,0 18,8 4,9 2,0 5,2 20,1 19,6 0,4 28,6

V.

Máximo33,0 68,0 31,0 5,2 3,5 11,9 30,0 30,0 0,6 43,1

V. Mínimo 27,0 23,0 1,0 4,7 0,1 0,1 3,2 3,5 0,1 4,8

D. Padrão 2,6 22,0 14,4 02 1,4 5,1 12,2 11,5 0,2 17,5

Fontes: Gama (1986); Martins (1993); Silva (1999); Araújo (2000); Amaral (2003); Melo (2003) &

Bardales (2005).Obs.: Os valores estatísticos foram retirados a partir de vários perfis estudados pelos

autores acima citados.

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sonância com as observações de Oliveira e Alvarenga (1985), solos ácidos e distróficos cuja saturação por bases varia em torno de 41,3 cmolc dm‑3 nos horizontes superficiais e de 19,6 cmolc dm‑3 em profundidade.

Em razão da restrição de drenagem tí‑pica desses solos, seu uso com cultivo de plantas suscetíveis ao encharcamento é problemático. Nesse caso, deve ‑se priorizar o cultivo de plantas com sistema radicular pouco profundo e que se adaptem às condi‑ções de excesso de água como, por exemplo, o Açaí, em condições atuais são mais utili‑zados com pastagem natural, devendo ser, o seu manejo, entretanto, direcionado no sentido de evitar o processo de degradação dos solos e das pastagens, além procurar es‑clarecer e sanar o problema recentemente identificado com relação a morte das pasta‑gens em Plintossolos.

Latossolos

Solos minerais não hidromórficos, que apresentam horizonte B latossólico imedia‑tamente abaixo de qualquer tipo de hori‑zonte A, dentro de 200 cm da superfície do solo ou dentro de 300 cm, se o horizonte A apresenta mais que 150 cm de espessura (EMBRAPA, 2006).

No Acre são encontrados principalmente na região leste e em algumas áreas do extre‑mo oeste (Figura 5), onde ocorrem em áreas de relevo plano a suave ondulado e corres‑pondem aos solos mais velhos da paisagem. Apresentam uniformidade de cor e textura ao longo do perfil, sendo em geral distrófi‑cos, profundos e bem drenados. Possuem acidez elevada e baixos teores de cálcio, magnésio e potássio.

Os Latossolos recobrem 515,489 mil hectares, ou 3,15% da área total do estado (Tabela 1), sendo 1,65% correspondentes a Latossolos Vermelhos (LV); 1,29% a Latos‑solos Vermelho ‑Amarelos (LVA) e 0,20% a Latossolos Amarelos (LA) (Tabela 2).

Figura 5. Perfil modal de Latossolo no Estado do Acre. (A) Prisma pedológico, em escala e com a

indicação dos horizontes. (B) Padrão fisiográfico na imagem de satélite LANDSAT TM 5. (C) Paisagem

de ocorrência. (D) Localização no Estado do Acre.

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São profundos, bem drenados com textura argilosa, muito argilosa ou mé‑dia. Os solos de textura argilosa ou mui‑to argilosa de constituição mais oxídica, possuem densidade do solo baixa (0,86 a 1,21 g/cm3) e porosidade total alta a muito alta (56 a 68%). Os solos de tex‑tura média normalmente possuem densi‑dade aparente pouco maior e porosidade total média.

Em termos de características químicas, são solos ácidos, com saturação de bases baixa (distróficos) por vezes alíticos.

Os LV apresentam cores vermelho escu‑ras, vermelhas ou bruno ‑avermelhado escu‑ras, em matiz 2,5 YR ou mais vermelho na maior parte dos primeiros 100 cm do hori‑zonte B (inclusive BA). A atração magnética é fraca ou inexistente. São muito profundos, bem drenados, friáveis ou muito friáveis, de textura argilosa e média. Os solos mais oxídicos de textura argilosa ou muito argi‑losa são bastante porosos, indicando boas condições físicas.

Os LA’s têm cores amareladas de matiz mais amarelo que 5YR na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive BA). Apresentam baixos teores de Fe2O3, geralmente inferiores a 7%. A fração argila é constituída essencialmente de caulinita e uma porcentagem pequena de goethita. São bem drenados, profundos a muito profundos, com predominância de textura média, baixa relação textural e pouca diferenciação entre os horizontes.

Sob o aspecto químico, apresentam bai‑xos teores de saturação por bases, para o que contribuem também os baixos teores de cálcio e magnésio trocável (Tabela 6). São ácidos com valores de pH em água en‑tre 3,8 e 5,0 no horizonte superficial e entre 4,2 a 4,9 no horizonte B. Estes baixos valo‑res de pH influenciam o desenvolvimento das plantas, interferindo negativamente na disponibilidade de bases e alguns micronu‑trientes, além de induzir a maior disponibi‑lidade de alumínio, cuja concentração não raro atinge níveis tóxicos. Os teores de Al3+ são um pouco mais elevados em superfície do que em subsuperfície (Tabela 8). Este

aspecto pode ser favorecido pela lixiviação de sílica e bases no perfil.

Como os Latossolos têm uma baixa CTC, têm ‑se valores mais baixos de matéria or‑gânica, principalmente em sub ‑superfície. Os teores de matéria orgânica (MO) são maiores em superfície, como já era de se esperar nos solos tropicais em geral (Tabe‑la 6).

As boas condições físicas inerentes dos Latossolos fazem com que esta classe de solos apresente bom potencial agrícola. No entanto, em virtude de suas condições químicas deficientes torna ‑se necessária a adoção de práticas de calagem e adubação sistemáticas para a obtenção de boas pro‑dutividades das culturas.

As principais limitações dos LVA decor‑rem da acidez elevada e da fertilidade bai‑xa, mais pronunciadas nos solos de textura média, naturalmente mais pobres. A defi‑ciência de micronutrientes pode ocorrer, sobretudo, nos solos de textura média. Prá‑ticas de controle de erosão são necessárias, sobretudo, nos solos de textura média que são susceptíveis à erosão.

Os LV’s apresentam ótimas condições físicas as quais, aliadas ao relevo plano ou suave ondulado onde ocorrem, favorecem sua utilização com as mais diversas cultu‑ras adaptadas à região. Por serem ácidos e distróficos, ou seja, com baixa saturação de bases, estes solos requerem correção de acidez e fertilização baseada em análises de solos.

Os solos argilosos e muito argilosos possuem melhor aptidão agrícola que os de textura média tendo em vista que estes são mais pobres e mais susceptíveis à erosão, porém, em contraposição, os argilosos estão mais sujeitos à compactação pelo emprego inadequado de equipamentos agrícolas.

As principais limitações dos LA’s solos decorrem da forte acidez, alta saturação com alumínio extraível (caso dos alumíni‑cos), e a pobreza generalizada em nutrien‑tes, o que inevitavelmente implicaráno uso intensivo de adubação e prática de cala‑gem, objetivando a neutralização do efeito tóxico do alumínio para as plantas.

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Luvissolos

São solos minerais de argila de atividade alta, alta saturação por bases e horizonte B textural imediatamente abaixo de horizonte A fraco, moderado ou proeminente ou horizon‑te E, e que satisfazem os seguintes requisitos:

a horizontes plíntico, glei e plânico, se pre‑sentes, não satisfazem os critérios para Plintossolos, Gleissolos e Planossolos, respectivamente; não é coincidente com a parte superficial do horizonte B textural;

a horizonte glei, se ocorrer inicia ‑se após 50cm de profundidade, não coincidindo com a parte superficial do horizonte B textural (EMBRAPA, 2006).Os Luvissolos, normalmente associados a

solos pouco profundos, ocorrem em áreas de relevo mais movimentado, o que lhes confe‑re certo grau de susceptibilidade à erosão, o que, aliado ao fato de apresentarem drena‑gem deficiente, restringe seu uso agrícola, apesar da elevada fertilidade natural (AMA‑RAL et al., 2006).

Os Luvissolos eram anteriormente classi‑ficados como Bruno Não Cálcico, Podzólico

Vermelho ‑Amarelo eutrófico com argila de atividade alta (Ta) e Podzólico Vermelho‑‑Escuro eutrófico com argila de atividade alta (Luvissolo Crômico). Podzólico Acinzentado eutrófico com argila de atividade alta, par‑te do Podzólico Vermelho ‑Amarelo eutrófi‑co com argila de atividade alta e Podzólico Bruno ‑Acinzentado eutrófico com argila de atividade alta (Luvissolo Háplico).

Ocorrem preferencialmente na parte oes‑te e central do Estado, podendo ser consta‑tadas também algumas ocorrências esparsas nos municípios de Rio Branco, Porto Acre e Mâncio Lima (Figura 6).

Os Luvissolos ocupam mais de 2 milhões de hectares, ou seja, cerca de 14,6% do Es‑tado, sendo que 14,5% correspondem a Lu‑vissolos Hipocrômicos e 0,1% a Luvissolos Crômicos (tabela 4) (AMARAL et al., 2006).

Os Luvissolos no Acre, apresentam hori‑zonte B textural ou B nítico, com argila de atividade alta e saturação de bases alta, ime‑diatamente abaixo do horizonte A fraco ou moderado, ou horizonte E.

Os Luvissolos no Acre variam de bem a imperfeitamente drenados, normalmente,

Figura 6. Perfil modal de Luvissolo no Estado do Acre. (A) Prisma pedológico, em escala e com a

indicação dos horizontes. (B) Padrão fisiográfico na imagem de satélite LANDSAT TM 5. (C) Paisagem

de ocorrência. (D) Localização no Estado do Acre.

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pouco profundos (60 a 120 cm), com seqüên‑cia de horizontes A, Bt e C, e nítida diferen‑ciação entre os horizontes A e Bt, devido ao contraste de textura, cor e/ou estrutura entre os mesmos. A transição do horizonte A para o B textural é clara ou abrupta, sendo que grande parte dos solos desta classe apresen‑ta mudança textural abrupta, conforme defi‑nido em EMBRAPA (2006).

São solos moderadamente ácidos a ligei‑ramente alcalinos, com teores de alumínio extraível baixos ou nulos e com valores ele‑vados de Ki no horizonte Bt, normalmen‑te entre 2,4 e 4,0, denotando presença de argilominerais do tipo 2:1 (AMARAL et al., 2001).

Os valores de pH variam de 4,5 a 6,6 nos horizontes superficiais e de 4,6 a 7,5 eviden‑ciando o que foi acima comentado com rela‑ção à acidez destes solos do Acre. Os teores de Al3+ são muito baixos em superfícies com valor máximo de 0,6 cmolc dm‑3 e em sub‑superfície apresenta teores mais elevados, com valores médios de 4,3 cmolc dm‑3.

Estes solos apresentam alta CTC, com va‑lores máximos de 67,1 cmolc dm‑3 nos ho‑rizontes superficiais e 60,6 cmolc dm‑3 nos horizontes sub ‑superficiais, evidenciando a riqueza em nutrientes, principalmente cál‑cio e magnésio (Tabela 7).

Em termos de fertilidade natural estes solos são os que apresentam maior poten‑cial agrícola do Estado. Porém, devem ser consideradas, no entanto, suas limitações físicas quanto à profundidade, exígua, e o predomínio de argila expansiva, aspectos estes que elevam o risco de erosão. O fen‑dilhamento ocasionado pelos fenômenos de contração ‑expansão da massa do solo pode comprometer o sistema radicular das cultu‑ras. Parte destes solos apresenta mudança textural abrupta do horizonte A para o ho‑rizonte B o que ocasiona problemas de infil‑tração de água no solo.

Gleissolos

São solos minerais com horizonte glei iniciando ‑se dentro de 150 cm da superfí‑cie, imediatamente abaixo de horizontes A

ou E, ou de horizonte hístico com menos de 40 cm de espessura e não apresentando ho‑rizonte vértico ou horizonte B textural com mudança textural abrupta acima ou coinci‑dente com horizonte glei, tampouco qual‑quer outro tipo de horizonte B diagnóstico acima do horizonte glei, ou textura exclusi‑vamente areia ou areia franca em todos os horizontes até a profundidade de 150 cm da superfície do solo ou até um contato lítico. Horizonte plíntico se presente deve estar à profundidade superior a 200 cm da superfí‑cie do solo (EMBRAPA, 2006).

São característicos de áreas alagadas ou sujeitas á alagamento temporário (margens de rios, ilhas, grandes planícies, etc.). Apre‑sentam cores acinzentadas, azuladas ou es‑verdeadas, dentro de 50 cm da superfície. Podem ser de alta ou baixa fertilidade na‑tural e têm nas condições de má drenagem a sua maior limitação de uso. Ocorrem em praticamente todas as regiões brasileiras, ocupando principalmente as planícies de inundação de rios e córregos (IBGE, 2005).

No Acre ocorrem às margens dos princi‑pais rios e igarapés que compõe a bacia hi‑drográfica do Estado (Figura 7), onde estão permanentemente ou periodicamente satu‑rados por água. Caracterizam ‑se pela forte gleização (cores acinzentadas), em decor‑rência do regime de umidade que favorece as condições redutoras do solo. Geralmente apresentam argilas de alta atividade e, em‑bora caracterizados por elevados teores de alumínio trocável, não apresentam grandes problemas de fertilidade (AMARAL et al., 2001; AMARAL et al., 2006).

Ocupa no Acre uma área de mais de novecentos mil hectares, ou seja, cerca de 5,98% do Estado (AMARAL et al., 2006). Em termos de sub ‑ordem, foram descritos e classificados até o momento Gleissolos Me‑lânicos e Gleissolos Háplicos, com destaque para o primeiro, que representa toda área de Gleissolos mapeadas até o momento. Em níveis categóricos mais baixos destacam ‑se no Estado, Gleissolos Melânicos Ta ou Tb Eutróficos típicos, Gleissolos Melânicos Ta Alítico (típicos?), Gleissolos Melânicos Tb Alumínicos típicos e Gleissolos Háplicos(Tb

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distróficos ou Ta distróficos ou Tb eutróficos ou Ta eutróficos?) típicos.

São solos mal ou muito mal drenados e apresentam seqüência de horizontes A/Cg, A/Big/Cg, A/Btg/Cg, A/E/Btg/Cg, A/Eg/Btg/Cg, Ag/Cg, H/Cg, tendo o A cores desde cin‑zentas até pretas, espessura normalmente entre 10 e 50 cm e teores médios a altos de carbono orgânico. Apresentam ocasional‑mente textura arenosa nos horizontes su‑perficiais, aos quais se seguem um horizonte glei de textura franco arenosa ou mais fina.

Grande parte da área mapeada como de Gleissolos por BRASIL (1976 e 1977), inclui na verdade outras classes de solo, como os Neossolos Flúvicos e Vertissolos. Prova dis‑so é a redução em cerca de 1,4% da área de Gleissolos e incremento de 1,1% da área de Neossolos Flúvicos no mapeamento realiza‑do em ACRE (2000), em relação ao trabalho do RADAM.

A ocorrência de Gleissolos em áreas de aluviões, pode ser explicada pela grande oscilação das cotas fluviométricas dos rios e igarapés entre o período de chuvas e es‑tiagem (RESENDE e PEREIRA, 1988), o que faz com que grande parte desses solos per‑maneça em condições de anaerobiose por

tempo prolongado, o que favorece a gênese de Plintossolos, Neossolos Flúvicos e outros. Amaral et al., (2001), relataram a existência de Vertissolos às margens do rio Juruá, no extremo oeste do Estado.

Em termos de características químicas destaca ‑se a convivência de altos teores de cálcio e magnésio trocável com altos teo‑res de Al3+ nos horizontes superficiais. Em profundidade os teores de Ca2+ e Mg2+ di‑minuem substancialmente enquanto o Al3+ mantém e aumenta seu teor (Tabela 8).

A acidez praticamente não se altera ao longo do perfil, com o pH variando de 4,0 a 4,3 em superfície e de 4,5 a 5,0 no horizonte Cg.

A saturação por bases (V) é bastante ele‑vada nos perfis estudados, com teores acima de 80%, demonstrando a estreita relação do solo com o material de origem.

Os teores de matéria orgânica variam entre 6,2 e 7,8 dag kg ‑1 no horizonte A e entre 0,2 e 0,6 dag kg ‑1 (tabela 8) no ho‑rizonte Cg. As condições de encharcamen‑to freqüente propiciam o acúmulo de ma‑téria orgânica por limitar a atividade dos organismos decompositores.

Figura 7. Perfil modal de Gleissolo no Estado do Acre. (A) Prisma pedológico, em escala e com a

indicação dos horizontes. (B) Padrão fisiográfico na imagem de satélite LANDSAT TM 5. (C) Paisagem

de ocorrência. (D) Localização no Estado do Acre.

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A CTC a pH 7,0 apresentou valores entre 52,7 e 72,0 cmolc dm‑3 nos hori‑zontes superficiais e entre 19,3 e 73,4 cmolc dm‑3 nos sub ‑superficiais (tabela 8). Estes valores altos devem ‑se principal‑mente aos teores de cálcio, magnésio e a alumínio trocável.

As principais limitações ao uso agrícola destes solos decorrem da má drenagem na‑tural em função da presença de lençol fre‑ático próximo à superfície e dos riscos de inundação, que são freqüentes. A adoção de práticas de drenagem é imprescindível para torná ‑los aptos à utilização com um maior número de culturas. Há limitações também ao emprego de máquinas agrí‑colas, sobretudo nos solos com argila de atividade alta.

Após drenagem e correção das deficiên‑cias químicas, sobretudo nos solos alíticos e distróficos, estes solos prestam ‑se para pas‑tagens, capineiras e diversas culturas, como, banana e olericultura. Em áreas próximas aos grandes centros consumidores, estes solos podem ser usados intensivamente com olericultura.

Neossolos

Solos pouco evoluídos e sem qualquer tipo de horizonte B diagnóstico. Horizontes glei, plíntico e vértico, quando presentes, não ocorrem em condição diagnóstica (EM‑BRAPA, 2006).

Apresentam como principais caracterís ticas:

a Ausência de horizonte glei, exceto no caso de solos com textura areia ou areia franca, dentro de 50 cm da superfície do solo, ou entre 50 cm e 120 cm de profun‑didade, se os horizontes sobrejacentes apresentarem mosqueados de redução em quantidade abundante;

a Ausência de horizonte vértico imediata‑mente abaixo de horizonte A;

a Ausência de horizonte plíntico dentro de 40 cm, ou dentro de 200 cm da superfí‑cie se imediatamente abaixo de horizon‑tes A, E ou precedidos de horizontes de coloração pálida, variegada ou com mos‑

queados em quantidade abundante, com uma ou mais das seguintes cores:

a Matiz 2,5Y ou 5Y; ou a Matizes 10 YR a 7,5 YR com cromas

baixos, normalmente iguais ou infe‑riores a 4, podendo atingir 6, no caso de matiz 10 YR;

a Ausência de horizonte A chernozêmico conjugado a horizonte cálcico ou C car‑bonático (IBGE, 2005).Congregam solos rasos, Neossolos Litó‑

licos (antigos Solos Litólicos); ou profundos e arenosos Neossolos Quartzarênicos (an‑tigas areias quartzosas); ou com presença considerável de minerais primários de fácil intemperização, Neossolos Regolíticos (an‑tigos Regossolos); ou ainda, solos constitu‑ídos por sucessão de camadas de natureza aluvionar, sem relação pedogenética entre si, Neossolos Flúvicos (antigos Solos Alu‑viais) (IBGE, 2005).

Assim como os Gleissolos, geralmen‑te ocorre nas margens dos rios e igarapés, sendo que sua fertilidade está diretamente relacionada com a qualidade do sedimento depositado (Figura 8).

No Acre os Neossolos ocupam uma exten‑são territorial de aproximadamente 189 mil hectares, ou 1,16% da área total do Estado. Em termos de subordem, destacam ‑se os Neosso‑los Flúvicos com uma extensão territorial de mais 180 mil hectares (1,12%) e os Neossolos Quartzarênicos com uma área de pouco mais de 4 mil hectares (AMARAL et al., 2006). Em seus 3º e 4º níveis categóricos destacam ‑se os Neossolos Flúvicos Tb Eutrófico típico, Neos‑solos Flúvicos Tb Eutróficos, Neossolos Quart‑zarênicos Hidromórficos espódico.

Apresentam horizonte A sobre um pacote sedimentar subdividido em horizontes C, com cores brunadas em todo perfil, com matiz 10 YR, valores de 4 a 5, e o croma de 3 a 6. A tex‑tura dos horizontes é em geral franca arenosa e a estrutura em blocos e granular com grau fraco de desenvolvimento.

No Neossolo Flúvico e no Neossolo Quart‑zarênico, o pH apresenta valores desde in‑feriores a 5 até 6,4, configurando, portanto uma acidez entre elevada a fraca (Tabela 9). Segundo Amaral (2003), os maiores valo‑

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res de pH no Acre estão associados a solos menos desenvolvidos.

Os teores de cálcio e magnésio são bastan‑te altos nos horizontes superficiais, tendo sido encontrado valores mais elevados nos Neos‑solos Flúvicos (34,3 comolc dm‑3 e 11,0 cmolc dm‑3 respectivamente, decrescendo brusca‑mente em profundidade (tabela 9), principal‑mente no Neossolo Quartzarênico.

Os teores de saturação por bases são tam‑bém bastante altos com valor máximo de 96,0 cmolc dm‑3, nos horizontes superficiais e de 90,9 cmolc dm‑3 nos horizontes sub‑‑superficiais, o que está relacionado à riqueza dos sedimentos andinos.

Os teores de Al3+ são baixos, com valor má‑ximo de 0,5 cmolc dm‑3 nos horizontes super‑ficiais e de 2,3 nos horizontes sub ‑superficiais.

As principais limitações destes solos de‑correm dos riscos de inundação por cheias periódicas ou de acumulação de água de chu‑vas na época de intensa pluviosidade (Figu‑ra 8). De uma maneira geral, em quase todo mundo, os solos aluviais são considerados de grande potencialidade agrícola, mesmo os de baixa saturação de bases. As áreas de várzeas

onde ocorrem são de relevo plano, sem riscos de erosão. Pela própria origem estes solos são heterogêneos no que diz respeito às caracte‑rísticas físicas e químicas, o que certamente vai influenciar seu uso. Os solos eutróficos de textura média são os mais apropriados para diversas culturas.

As várzeas do rio Acre apresentam em ge‑ral grande potencial agrícola, embora sujeitas á inundações sazonais, sendo que o planeja‑mento de uso feito de forma criteriosa pode, entretanto, permitir a manutenção adequada das comunidades ribeirinhas.

Vertissolos

São solos minerais com horizonte vértico, cores desde escuras a amareladas, acinzenta‑das ou avermelhadas. Profundos a pouco pro‑fundos, geralmente com presença de fendas no perfil, como conseqüência da expansão e contração do material argiloso, superfícies de fricção (slickensides) e estrutura fortemente desenvolvida do tipo prismática (IBGE, 2005).

Os Vertissolos, que não foram registrados no Estado pelo levantamento de recursos na‑

Figura 8. Perfil modal de Neossolo Flúvico no Estado do Acre. (A) Prisma pedológico, em escala e

com a indicação dos horizontes. (B) Padrão fisiográfico na imagem de satélite LANDSAT TM 5. (C)

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turais do Projeto RADAMBRASIL (BRASIL, 1976), ocorrem, em geral, em áreas com al‑titudes médias de 170 m, estando restritos a região entre os municípios de Sena Madureira e Manuel Urbano, às cabeceiras do rio Iaco e ao extremo oeste do Estado, nos municípios de Rodrigues Alves e Mâncio Lima (Figura 9), ocupando colinas suaves com baixo grau de dissecação. Ocorrem sob florestas abertas com bambu e com palmeiras (ACRE, 2000), constituindo áreas pouco alteradas, devido à dificuldade de acesso.

Os Vertissolos ocupam uma extensão terri‑torial de aproximadamente 500 mil hectares, ou seja, 3,04% da área do Estado. Dentre estes os Vertissolos Háplicos, descritos anterior‑mente como Vertissolo Cromado por Amaral et al. (2006), ocupam cerca de 3,04% da área, Outra classe no nível de subordem descrita no Estado foi o Vertissolo Hidromórfico registra‑da no município de Sena Madureira (BARDA‑LES, 2005).

Em níveis categóricos mais baixos destacam ‑se, os Vertissolos Háplicos Órticos tí‑picos, Vertissolos Háplicos Carbonáticos e Ver‑tissolos Hidromórficos Carbonáticos típicos.

São solos rasos, imperfeitamente drena‑dos, com horizonte A moderado. As cores no horizonte A têm matiz 7,5YR, valor 5 e croma 2. O horizonte C apresenta cores de mesmo matiz porém com valores e cromas mais altos, conferindo ‑lhe colorações mais acinzenta‑das. O escurecimento superficial é devido aos maiores teores de matéria orgânica. A consis‑tência a seco é extremamente dura e a textura do horizonte A é, geralmente, argilo ‑siltosa (tabela 10). A estrutura maciça se desfaz em forte pequena e média, blocos angulares e sub ‑angulares como resultado dos processos de expansão e contração.

Apresenta elevada restrição de uso, o que é inclusive sugerido pela predominância atual de pastagens extensivas, mesmo nos projetos de assentamento.

BARDALES (2005) estudou estes solos de‑talhadamente através de um levantamento de solos numa escala de 1:100.000 nos arredo‑res de Sena Madureira, o que permitiu enten‑der as relações espaciais com outras classes a eles associadas.

Os Vertissolos até então estudados no estado apresentam valores de pH (3,5) que indicam extrema acidificação em superfície,

Figura 9. Perfil modal de Vertissolo no Estado do Acre. (A) Prisma pedológico, em escala e com a

indicação dos horizontes. (B) Padrão fisiográfico na imagem de satélite LANDSAT TM 5. (C) Paisagem

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até alcalinidade em subsuperfície com valo‑res máximos de 8,3 (BARDALES, 2005). Com ampla dominância de cálcio no complexo de troca (Tabela 10). Com baixos teores de alu‑mínio em superfície, mas podendo apresentar valores muito altos em subsuperfície, como nos solos do entorno da cidade de Sena Madu‑reira. Como já comentado acima e de acordo com Wadt (2002), estes altos teores de alumí‑nio em profundidade aparentemente não cau‑sam efeito fitotóxico para as plantas.

A elevada acidez superficial, observada não só nos Vertissolos como também em grande parte dos solos menos desenvolvidos do Esta‑do, reforça a idéia de que o intemperismo no Acre é um fenômeno de fraco aprofundamen‑to, possivelmente pelo caráter horizontalizado e algo impermeável dos estratos sedimentares da formação Solimões (BARDALES, 2005).

Os Vertissolos apresentam altos valores de soma de cátions trocáveis e alta capacidade de troca catiônica associados à presença de quantidades razoáveis de minerais primários como o quartzo e até mesmo sulfatos, como a gipsita, esta provavelmente herdada do material originário e formada em condições paleoclimáticas essencialmente diferentes das atuais.

Suas características de consistência, muito dura quando secos, firme quando úmidos e plástico e pegajoso quando molhados, fazem com que o intervalo de umidade em que as condições sejam adequadas para o preparo do solo seja muito estreito. A baixa permeabilida‑de faz com que os Vertissolos, assim como os Luvissolos, sejam muito susceptíveis a erosão, principalmente laminar.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos esforços dos pesquisadores que trabalham com os solos do Acre, houve um grande incremento de informações sobre as características morfológicas, químicas, físicas e mineralógicas. Entretanto, permanece a necessi‑dade de estudos mais localizados, principalmen‑te na parte central do Estado, que ainda carece de informações mais detalhadas em termos pe‑dológicos, visto que esta região apresenta mui‑tas peculiaridades pedológicas, que requerem

certos cuidados, sobretudo, com relação ao uso da terra.

De acordo com os estudos disponíveis, o Acre é constituído, predominantemente por solos do tipo Argissolos e Cambissolos e, em menores proporções, Luvissolos.

Quanto à fertilidade, a limitação para a uti‑lização racional dos solos do Acre relaciona ‑se basicamente ao baixo nível de fósforo disponível e ao elevado teor de alumínio, já que o nível de potássio é alto e os teores de cálcio e magnésio são ordinariamente suficientes.

Por serem originados de sedimentos oriun‑dos dos Andes, os solos acreanos apresentam características bastante peculiares, entre elas a ocorrência de características vérticas e eutrofis‑mo acentuado, incomuns na Amazônia. Baseado nos trabalhos de levantamento e classificação de solos realizados principalmente a partir de 2001 com o intuito de subsidiar a elaboração do mapa de solos do Estado na escala de 1:250.000, foi possível um maior detalhamento dos solos que compõem o ambiente pedológico do Estado.

A caracterização dos Vertissolos (solos de alta fertilidade natural e com sérios problemas físicos relacionados ao elevado conteúdo de ar‑gilas 2:1 expansivas) foi de grande importância devido ao seu elevado potencial agrícola e ne‑cessidade de adoção de um manejo bastante es‑pecífico para o seu aproveitamento.

Outra ordem caracterizada também em es‑tudos recentes foi a dos Luvissolos (solos que apresentam grande potencial agrícola e/ou agroflorestal para o Estado) devido a sua rique‑za química natural conjugada com melhores condições físicas que a dos Vertissolos.

Ressalta ‑se que, apesar de todos os tra‑balhos realizados até o momento e do ganho em conhecimento pedológico obtido com os trabalhos mais recentes, é necessária a manu‑tenção de um esforço no sentido da realização de levantamentos mais detalhados, em esca‑las menores, de modo a permitir orientar o melhor uso da terra em nível de propriedades rurais e projetos de assentamentos visando, em última análise, a promoção de um maior desenvolvimento regional consonante com proteção ambiental e, consequentemente, a melhoria das condições de vida para a po‑pulação do Estado.

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Conheci o Dr. Tarcísio antes de con‑cluir o curso de Agronomia na Univer‑sidade Federal do Acre, fazendo levan‑tamento de Solos na BR 364, trecho Rio Branco‑Cruzeiro do Sul, ali começava não só uma relação de respeito e admi‑niração pelo trabalho de solos, mas um compartilhar de conhecimento.

Sua contribuição para o conhecimen‑to dos solos do Acre foi imensurável, pois além de participar de vários tra‑balhos relevantes, foi inspiração para outros pedólogos acreanos. Esteve pre‑sente no levantamento de solos da área experimental da Embrapa, do Projeto de Proteção ao Meio Ambiente e Comu‑nidades Indígenas‑PMACI I e II, dos zo‑neamentos agroecológicos de quatro municípios do Estado, das duas fases do Zoneamento Ecológico‑Econômico e mais recentemente dos levantamentos de solos em projetos de assentamento. Saiu de escalas de pouco detalhe para escalas muito detalhadas.

Nestes anos de convivência sempre demonstrou aprender com cada traba‑lho e compartilhar com sua equipe níveis diferenciados de percepção ambiental, mesmo nas horas mais difíceis e duras dos trabalhos de campo se mantinha reto, com os objetivo do trabalho em primeiro lugar.

Foi um incansá‑vel produtor de conhecimento, neste período mudou sua forma de expressar os resultados para aumentar o alcance dos resultados e mostrou ser um pesquisador dedicado, que fazia a mais pura ciência básica de perceber o recurso solo, saindo da percepção para a integração de vulnerabilida‑des e potencialidades com outras áreas de conhecimento.

Nestes anos mostrou, acima de tudo, como ser um bom amigo, construindo nas trincheiras da vida, conhecimento e acima de tudo mostrando a relevância do trabalho do pedólogo. Seu espírito jamais envelheceu, no campo era um menino e mostra‑va uma sabedoria peculiar em reconhecer os ambientes.

São algumas lições que este senhor de espírito jovem nos deixou e nos fazem re‑pensar o sentido da vida no que se refere a produção de conhecimento pedológico.

Descanse em paz Dr. Tarcísio.

Eufran AmaralAmigo do Tarcísio

Conheci o Dr. Tarcísio antes de con‑cluir o curso de Agronomia na Univer‑sidade Federal do Acre, fazendo levan‑tamento de Solos na BR 364, trecho Rio Branco‑Cruzeiro do Sul, ali começava não só uma relação de respeito e admi‑niração pelo trabalho de solos, mas um compartilhar de conhecimento.

Sua contribuição para o conhecimen‑to dos solos do Acre foi imensurável, pois além de participar de vários tra‑balhos relevantes, foi inspiração para outros pedólogos acreanos. Esteve pre‑sente no levantamento de solos da área experimental da Embrapa, do Projeto de Proteção ao Meio Ambiente e Comu‑nidades Indígenas‑PMACI I e II, dos zo‑neamentos agroecológicos de quatro municípios do Estado, das duas fases do Zoneamento Ecológico‑Econômico e mais recentemente dos levantamentos de solos em projetos de assentamento. Saiu de escalas de pouco detalhe para escalas muito detalhadas.

Nestes anos de convivência sempre demonstrou aprender com cada traba‑lho e compartilhar com sua equipe níveis diferenciados de percepção ambiental, mesmo nas horas mais difíceis e duras dos trabalhos de campo se mantinha reto, com os objetivo do trabalho em primeiro lugar.

Foi um incansá‑vel produtor de conhecimento, neste período mudou sua forma de expressar os resultados para aumentar o alcance dos resultados e mostrou ser um pesquisador dedicado, que fazia a mais pura ciência básica de perceber o recurso solo, saindo da percepção para a integração de vulnerabilida‑des e potencialidades com outras áreas de conhecimento.

Nestes anos mostrou, acima de tudo, como ser um bom amigo, construindo nas trincheiras da vida, conhecimento e acima de tudo mostrando a relevância do trabalho do pedólogo. Seu espírito jamais envelheceu, no campo era um menino e mostra‑va uma sabedoria peculiar em reconhecer os ambientes.

São algumas lições que este senhor de espírito jovem nos deixou e nos fazem re‑pensar o sentido da vida no que se refere a produção de conhecimento pedológico.

Descanse em paz Dr. Tarcísio.

Eufran AmaralAmigo do Tarcísio

Um Jovemsábio pedólogoda Amazônia

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