capÍtulo 4 - zee :: zoneamento ecológico econômico · figura 4.1 - localização das 39 ......

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89 CAPÍTULO 4 CLIMA Luiz Gonsaga de Carvalho Marcelo Silva de Oliveira Marcelo de Carvalho Alves Rubens Leite Vianello Gilberto C. Sediyama Pedro Castro Neto Antonio Augusto Aguilar Dantas 4.1 APRESENTAÇÃO O zoneamento climático é de extrema importância para subsidiar a implantação e planejamento de diversas áreas de desenvolvimento sócio-econômico e ecológico de uma região (VIANELLO & ALVES, 1991). A delimitação das regiões climaticamente homogêneas permite, não só estabelecer os indicadores do potencial do meio físico e biótico para a região em estudo, mas também, juntamente com as delimi- tações das áreas homogêneas sob o ponto de vista sócio-econômico, contribui para o desenvolvimento sustentável da região. Embora mudanças climáticas ocorram em médio e longo prazo, o zoneamento climático deve ser reavaliado e atualizado constantemente visando obter maiores informações sobre as condições climáticas e, sobretudo, proporcionar maior adequação dos investimentos sócio-econômicos na região. Há necessi- dade, portanto, de aquisição e criação de banco de dados mais completos e consistentes, principalmente pela ampliação da rede meteorológica através de instalações de estações de observações meteorológicas distribuídas em todo o Estado. Em estudos climáticos, o balanço hídrico climatológico (BHC) normal de um local ou região é considerado um dos melhores referenciais para a caracterização climática. O BHC, segundo Thornthwaite e Mather (1955), descrito detalhadamente por VIANELLO & AL- VES (1991), fornece informações da disponibilidade hídrica local ou regional, pelo cálculo da deficiência hídrica (Def), excesso hídrico (Exc), retirada e reposição de água no solo. Para a sua elaboração, efetua- se o balanço entre entradas e saídas de água no sistema solo-planta levando em conta a capacidade de armazenamento de água pelo solo. Para os cálculos do BHC, além da necessidade de informar geograficamente o local por meio de suas coordenadas geográficas, são também necessários, para todos os meses do ano, dados de uma série longa dos elementos climáticos sendo, muito comum, utilizar dados normais, ou seja, dados publica- dos nas Normais Climatológicas. Normais Climatológicas se referem aos dados médios de 30 anos. Para maior padronização das informações, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) estabeleceu que as primeiras normais climatológicas se referissem aos dados médios de 1901 a 1930, a segunda de 1931 a 1960, a terceira e mais atual, de 1961 a 1990, e assim por diante. Assim, para o desenvolvimento do BHC, os dados normais necessários são os valores mensais de precipitação pluvial e temperatura média. A partir daí, a evapotranspiração potencial (ETP) pode ser estimada pelo método de Thornthwaite. Se- gundo a metodologia do BHC proposta por Thornthwaite e Mather (1955), a evapotranspiração potencial é estimada em função somente da temperatura média normal de acordo com o método proposto pelo próprio Thornthwaite (PEREIRA et al., 1997). Quando a elaboração do BHC tem finalidade puramente climatológica recomenda-se utilizar a capacidade de armazenamento de água no solo equivalente a 100 ou 125 mm, como valor médio para a maioria das plantas cultivadas. Complementando o BHC, Thornthwaite propôs uma classificação climática utilizando índices cal- culados a partir de parâmetros do próprio balanço hídrico, ou seja, de valores anuais da evapotranspira- ção potencial (ETP), excesso hídrico (Exc) e deficiência hídrica (Def), conforme apresentados a seguir. Ressalta-se que, na equação 4.1, o parâmetro Ia (índice de aridez) não está sendo ponderado por um fator multiplicador igual a 0,6, pois este fator era utilizado quando se calculava o índice de umidade a par- tir dos parâmetros do balanço hídrico climatológico proposto originalmente por Thornthwaite em 1948.

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89

CAPÍTULO 4

CLIMA

Luiz Gonsaga de CarvalhoMarcelo Silva de Oliveira

Marcelo de Carvalho AlvesRubens Leite VianelloGilberto C. Sediyama

Pedro Castro NetoAntonio Augusto Aguilar Dantas

4.1 APRESENTAÇÃO

O zoneamento climático é de extrema importância para subsidiar a implantação e planejamento de diversas áreas de desenvolvimento sócio-econômico e ecológico de uma região (VIANELLO & ALVES, 1991). A delimitação das regiões climaticamente homogêneas permite, não só estabelecer os indicadores do potencial do meio físico e biótico para a região em estudo, mas também, juntamente com as delimi-tações das áreas homogêneas sob o ponto de vista sócio-econômico, contribui para o desenvolvimento sustentável da região.

Embora mudanças climáticas ocorram em médio e longo prazo, o zoneamento climático deve ser reavaliado e atualizado constantemente visando obter maiores informações sobre as condições climáticas e, sobretudo, proporcionar maior adequação dos investimentos sócio-econômicos na região. Há necessi-dade, portanto, de aquisição e criação de banco de dados mais completos e consistentes, principalmente pela ampliação da rede meteorológica através de instalações de estações de observações meteorológicas distribuídas em todo o Estado.

Em estudos climáticos, o balanço hídrico climatológico (BHC) normal de um local ou região é considerado um dos melhores referenciais para a caracterização climática.

O BHC, segundo Thornthwaite e Mather (1955), descrito detalhadamente por VIANELLO & AL-VES (1991), fornece informações da disponibilidade hídrica local ou regional, pelo cálculo da deficiência hídrica (Def), excesso hídrico (Exc), retirada e reposição de água no solo. Para a sua elaboração, efetua-se o balanço entre entradas e saídas de água no sistema solo-planta levando em conta a capacidade de armazenamento de água pelo solo.

Para os cálculos do BHC, além da necessidade de informar geograficamente o local por meio de suas coordenadas geográficas, são também necessários, para todos os meses do ano, dados de uma série longa dos elementos climáticos sendo, muito comum, utilizar dados normais, ou seja, dados publica-dos nas Normais Climatológicas. Normais Climatológicas se referem aos dados médios de 30 anos. Para maior padronização das informações, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) estabeleceu que as primeiras normais climatológicas se referissem aos dados médios de 1901 a 1930, a segunda de 1931 a 1960, a terceira e mais atual, de 1961 a 1990, e assim por diante. Assim, para o desenvolvimento do BHC, os dados normais necessários são os valores mensais de precipitação pluvial e temperatura média. A partir daí, a evapotranspiração potencial (ETP) pode ser estimada pelo método de Thornthwaite. Se-gundo a metodologia do BHC proposta por Thornthwaite e Mather (1955), a evapotranspiração potencial é estimada em função somente da temperatura média normal de acordo com o método proposto pelo próprio Thornthwaite (PEREIRA et al., 1997).

Quando a elaboração do BHC tem finalidade puramente climatológica recomenda-se utilizar a capacidade de armazenamento de água no solo equivalente a 100 ou 125 mm, como valor médio para a maioria das plantas cultivadas.

Complementando o BHC, Thornthwaite propôs uma classificação climática utilizando índices cal-culados a partir de parâmetros do próprio balanço hídrico, ou seja, de valores anuais da evapotranspira-ção potencial (ETP), excesso hídrico (Exc) e deficiência hídrica (Def), conforme apresentados a seguir. Ressalta-se que, na equação 4.1, o parâmetro Ia (índice de aridez) não está sendo ponderado por um fator multiplicador igual a 0,6, pois este fator era utilizado quando se calculava o índice de umidade a par-tir dos parâmetros do balanço hídrico climatológico proposto originalmente por Thornthwaite em 1948.

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Portanto a equação 4.1 é válida para o balanço hídrico climatológico que foi mais tarde aperfeiçoado segundo Thornthwaite e Mather (1955) o qual é utilizado no presente estudo.

Índice de umidade de Thornthwaite (Iu):

(4.1)

em que, o índice hídrico (Ih) e índice de aridez (Ia), são calculados respectivamente por:

(4.2)

(4.3)

Com base no índice de umidade (Iu), Thornthwaite (1974) e sob uma revisão de especialistas ocorrida na Índia em 1980 (ICRISAT, 1980) foram definidos os seguintes tipos climáticos (Tabela 4.1):

Tabela 4.1 - Tipos climáticos segundo Thornthwaite (1974) e Icrisat (1980), baseados no índice de umidade (Iu)

gerado a partir dos parâmetros do BHC de Thornthwaite e Mather (1955)

Tipo de Clima Iu

A Superúmido Iu ≥ 100

B4 Úmido 80 ≤ Iu < 100

B3 Úmido 60 ≤ Iu < 80

B2 Úmido 40 ≤ Iu < 60

B1 Úmido 20 ≤ Iu < 40

C2 Subúmido 0 ≤ Iu < 20

C1 Subúmido seco -33,3 ≤ Iu < 0

D Semi-árido -66,7 ≤ Iu < -33,3

E Árido -100 ≤ Iu < -66,7

4.2 ABORDAGEM METODOLÓGICA

4.2.1. Base de dados

Para efeito do presente trabalho, foram utilizados dados mensais dos elementos climáticos de 39 Estações Climatológicas Principais pertencentes à rede nacional de observações meteorológicas de superfície do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), sendo estas estações distribuídas no território do Estado de Minas Gerais e estados circunvizinhos (Figura 4.1). Esta base de dados está presente nas Normais Climatológicas (1961-1990) (BRASIL, 1992) publicada pelo próprio INMET. Somente a estas estações é que foi possível acrescentar o vento, elemento climático que não consta nas Normais Cli-matológicas, justificando a escassez de informações pontuais. Assim, com o acréscimo do vento a esta base de dados torna-se possível efetuarem cálculos das estimativas de evapotranspiração potencial por diversos métodos.

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Figura 4.1 - Localização das 39 Estações Climatológicas Principais do INMET utilizadas para calcular o índice de

umidade de Thornthwaite (1948) no Estado de Minas Gerais.

4.2.2 Cálculo do indicador climático

Tendo em vista que o método de Penman-Monteith-FAO (ALLEN et al.,1998), é considerado in-ternacionalmente o de melhor acurácia na estimativa da evapotranspiração potencial1, esta foi, portanto, estimada pelo referido método em substituição ao método de Thornthwaite, originalmente proposto na elaboração do BHC pelo próprio Thornthwaite (1948).

Uma vez elaborado o banco de dados mensais de precipitação pluvial e evapotranspiração poten-cial estimada por Penman-Monteith-FAO (PM-FAO), procedeu-se a elaboração do BHC segundo Thorn-thwaite e Mather (1955) para todas as localidades (estações do INMET, Figura 4.1) do contexto deste zoneamento para efeito de interpolação dos índices climáticos. A capacidade de água disponível adotada no solo foi de 100 mm, sendo a mais usual para efeito de estudos climatológicos.

Após a geração do BHC de cada localidade, tomou-se os totais anuais da evapotranspiração po-tencial (ETP), deficiência hídrica (Def) e excesso hídrico (Exc) para os cálculos dos índices de umidade (Iu), segundo Thornthwaite (equações 4.1, 4.2 e 4.3). Desta forma, foram gerados os índices de umidade para cada localidade.

O esquema de todas as operações envolvidas para os cálculos dos índices de umidade de Thorn-thwaite (Iu) para cada localidade é apresentado na Figura 4.2.

1 Ressalta-se que a evapotranspiração de referência (ETo), estimada pelo método Penman-Monteith-FAO ficou denominada, para os propósitos deste

trabalho, de evapotranspiração potencial por ser o atual estudo de natureza climatológica.

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EC

ETP - PM-FAO BHC

Def

Ih

Exc

Ia Iu

P

Figura 4.2 - Fluxograma do procedimento de obtenção dos índices de umidade de Thornthwaite (Iu) de cada locali-

dade para o zoneamento climático.

No fluxograma da Figura 4.2, tem-se que,EC – elementos climáticos mensais: temperaturas média, máxima e mínima (oC); umidade relati-

va (%); pressão atmosférica (mb); vento (m s-1) e insolação (h);P – precipitação pluvial mensal (mm);ETP - PM-FAO – evapotranspiração potencial estimada pelo método de Penman-Monteith-FAO

(mm);BHC – balanço hídrico climatológico;Def – deficiência hídrica anual (mm);Exc – excesso hídrico anual (mm);Ia – índice de aridez;Ih – índice hídrico;Iu – índice de umidade de Thornthwaite.

4.2.3 Método de espacialização dos índices de umidade

Antes de optar pela metodologia de espacialização apresentada no contexto deste trabalho, foram testadas e avaliadas alternativas, incluindo estimativas de temperaturas e evapotranspiração potencial para outras localidades do Estado que continham dados de Estações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), disponíveis na internet (www.ana.gov.br). Contudo, ao utilizar somente a base de dados das 39 estações do INMET aplicando a técnica da co-krigagem (ISAAKS & SRIVASTAVA, 1989) ao indicador climático adotado, ou seja, ao índice de umidade (Iu), procurando trabalhar com dados reais e eliminan-do estimativas de temperaturas e evapotranspiração potencial, notou-se pelos resultados dos parâmetros geoestatísticos e pela correspondência geográfica do Estado melhores resultados, razão pela qual se optou por esta técnica de interpolação. Para tanto, com o propósito de melhorar a qualidade da interpolação dos dados e aumentar a resolução espacial das estimativas, utilizou-se uma base de dados de altitude, latitude e longitude, composta pelo Modelo Digital de Elevação (MDE) da superfície terrestre com resolução espacial de 90 m (NASA, 2005). O MDE foi reclassificado para a resolução espacial de 1 km, compondo malhas retangulares de 1 km2. Adicionou-se a esta malha no interior de Minas Gerais, os valores de altitude, latitu-de e longitude referente às estações do INMET. Em seguida, aplicou-se a técnica da co-krigagem (ISAAKS & SRIVASTAVA, 1989), para espacializar o índice de umidade (Iu). A análise de correlação de Pearson foi utilizada para verificar as relações lineares entre as variáveis estudadas de modo a justificar o uso da co-krigagem como método de interpolação.

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Além do anteriormente mencionado, optou-se pela técnica da co-krigagem para explorar a influên-cia conhecida da altitude, latitude e longitude na variação dos elementos climáticos (SEDIYAMA & MELLO JÚNIOR, 1998).

4.2.4 Programas computacionais utilizados

Os cálculos iniciais referentes ao BHC, até gerarem os índices de umidades, foram processados em planilha eletrônica. Posteriormente, a base de dados composta por estes índices foi importada para o programa ArcGis 9.1®, onde se procedeu às análises Geoestatísticas gerando os semivariogramas, ajuste de modelos e a realização da interpolação por co-krigagem. Para validar os métodos de interpolação e realizar o cálculo das estatísticas descritivas e análise de correlação de Pearson utilizou-se o programa SAS v. 8.1® e Sisvar®.

4.3 RESULTADOS

Na Tabela 4.2 é apresentado um extrato da planilha dos cálculos efetuados onde se tem além das localidades com as respectivas coordenadas geográficas, os dados observados médios anuais de tempe-ratura (T) e precipitação pluvial acumulada (P), assim como os resultados anuais para evapotranspiração potencial (ETP), deficiência hídrica (Def), excesso hídrico (Exc), o índice hídrico (Ih), o índice de aridez (Ia) e por fim o índice de umidade de Thornthwaite (Iu). Os três últimos são adimensionais.

Os resultados finais representados pelos mapas atendem ao termo de referência que norteou as atividades do ZEE, onde o espaço físico territorial é o determinado pelas áreas de abrangência das Re-gionais do COPAM, sendo estas: Regional Sul, Regional do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, Regional do Leste Mineiro, Regional do Alto São Francisco, Regional Central, Regional da Zona da Mata, Regional Noroeste, Regional Norte e Regional do Vale do Jequitinhonha.

Definido o método da interpolação (co-krigagem), o zoneamento climático com base no índice de umidade de Thornthwaite é apresentado na Figura 4.7 de acordo com a classificação de Thornthwaite (Tabela 4.1), verificando as zonas com características climáticas homogêneas. Semelhantemente, a Fi-gura 4.8 mostra o mapa de interpolação do índice de umidade, porém representado em campo contínuo, onde é possível identificar o índice de umidade de forma pontual, ou seja, por malhas retangulares de 1 km2, para a qual ficou definida a resolução. Subsidiando a discussão são acrescentados os mapas de tem-peratura média anual e precipitação total anual para todo o Estado de Minas Gerais, (Figuras 4.3 a 4.6).

De acordo com a Figura 4.7, são verificadas todas as classificações climáticas conforme a pro-posição de Thornthwaite, podendo, além das classes dos índices de umidades mostrados na Tabela 4.1, caracterizar o clima conforme as descrições seguintes:

D – Semi-árido: com intervalo do índice de umidade entre –66,7 e –33,3, pode-se caracterizar por serem regiões com baixos índices de chuvas, normalmente com média anual abaixo de 850 mm, as-sociados com elevadas taxas de evapotranspiração, referenciando-se pelas temperaturas mais altas com médias anuais superando 25 oC, o que condiciona a um clima semi-árido.

C1 – Subúmido seco: com intervalo do índice de umidade entre –33,3 e 0 são verificados índices de chuvas acumuladas, em média durante o ano, na ordem de 850 a 1100 mm. Possui temperaturas médias anuais relativamente mais baixas com relação ao clima semi-árido compreendendo uma faixa que pode variar de 21 a 25 oC, que levam a demanda de evapotranspiração relativamente menor, a qual, por sua vez, gera índices de umidade pouco maiores.

C2 – Subúmido: nesta classe o intervalo do índice de umidade está compreendido entre 0 e 20. Quanto ao índice pluviométrico anual são verificados valores em torno de 1100 a 1400 mm e, por sua vez a temperatura média anual gira em torno de 22,0oC condicionando regiões transitórias entre os climas mais secos para aqueles caracterizados como úmidos. Contudo, tal como em regiões onde são encontrados os climas com características como aos anteriores (Semi-árido e Subúmido seco), são ne-cessárias atenções especiais pelos usuários e gestores públicos dos recursos naturais nestas regiões que normalmente se refletem na disponibilidade dos recursos hídricos naturais principalmente quando se trata da atividade agropecuária.

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Tabela 4.2 - Extrato da planilha de cálculos para geração do indicador climático representado pelo índice de umida-

de de Thornthwaite (1948)

CidadeLatitude

(dec)

Longitu-

de

(dec)

Altitude

(m)

T

(oC)

P

(mm)

ETP

(mm)

Def

(mm)

Exc

(mm)Ih Ia Iu

Aimorés -19,48 -41,07 82,74 24,6 1163 1252 236 147 11,7 18,9 -7,1Araçuaí -16,87 -42,07 284,39 24,4 842 1176 353 19 1,6 30,0 -28,4Araxá -19,57 -46,93 1003,87 20,4 1574 1115 139 598 53,7 12,4 41,2

Bambuí -20,00 -45,98 661,27 20,7 1425 1034 97 488 47,2 9,4 37,8Barbacena -21,25 -43,77 1126,00 18,0 1437 939 60 558 59,5 6,4 53,1

BH -19,93 -43,93 850,02 21,1 1490 1151 216 555 48,3 18,8 29,5Caparão -20,52 -41,87 843,18 18,8 1339 1011 60 387 38,3 5,9 32,4

Capinópolis -18,68 -49,57 620,60 23,0 1528 1226 219 521 42,5 17,8 24,6Caratinga -19,80 -42,15 609,05 21,2 1194 1058 88 224 21,2 8,3 12,9C. Mato

Dentro-19,03 -43,43 652,00 20,8 1520 1009 108 619 61,3 10,7 50,6

Diamantina -18,25 -43,60 1296,12 18,1 1405 1076 175 504 46,9 16,2 30,6Espinosa -14,92 -42,85 569,84 24,1 749 1574 767 -57 -3,6 48,7 -52,3

Gov. Vala-

dares-18,85 -41,93 277,45 24,5 1114 1050 145 209 19,9 13,8 6,1

Ibirité -20,02 -44,05 814,54 20,5 1479 1063 157 573 53,9 14,8 39,2Itamarandiba -17,85 -42,85 1097,00 20,1 1083 1005 200 278 27,7 19,9 7,7João Pinheiro -17,70 -46,17 760,36 22,5 1439 1255 333 517 41,2 26,5 14,7Juiz de Fora -21,77 -43,35 939,96 19,3 1644 913 45 776 85,0 4,9 80,1

Lavras -21,23 -45,00 918,84 19,5 1529 1063 92 559 52,6 8,7 43,9Machado -21,67 -45,92 873,35 19,6 1592 1007 31 616 61,2 3,1 58,2

Monte Azul -15,08 -42,75 603,63 24,0 827 1452 625 0 0,0 43,0 -43,0Montes

Claros-16,72 -43,87 646,29 22,4 1082 1336 442 188 14,1 33,1 -19,0

Paracatu -17,22 -46,87 711,40 22,6 1439 1159 242 523 45,1 20,9 24,2Patos de

Minas-18,60 -46,52 940,28 21,1 1474 1187 266 553 46,6 22,4 24,2

Pedra Azul -16,00 -41,28 648,91 22,1 848 1219 391 20 1,6 32,1 -30,5Pompéu -19,22 -45,00 690,91 22,1 1228 1097 188 319 29,1 17,1 12,0

São Lourenço -22,10 -45,02 900,32 19,1 1567 1005 15 577 57,5 1,5 56,0Sete Lagoas -19,47 -44,25 732,00 20,9 1328 1178 257 407 34,6 21,8 12,8Teófilo Otoni -17,85 -41,52 356,38 22,4 1059 1011 118 166 16,4 11,6 4,8

Uberaba -19,75 -47,92 742,90 21,9 1589 1196 163 556 46,5 13,7 32,8Viçosa -20,75 -42,85 689,73 19,4 1222 990 104 335 33,8 10,5 23,4

Carinhanha-

BA-14,17 -43,92 440,10 25,0 813 1563 750 0 0,0 48,0 -48,0

Guaratinga-

BA-16,73 -39,73 323,75 23,3 1247 1086 3 164 15,1 0,3 14,8

C. Itapem.-

ES-20,85 -41,10 77,53 23,7 1062 1167 130 25 2,1 11,1 -9,0

Itaperuna-RJ -21,20 -41,88 123,59 23,5 1176 1118 92 150 13,4 8,2 5,2C. Jordão-SP -22,73 -45,58 1578,81 13,4 1785 796 0 989 124,3 0,0 124,3

Franca-SP -20,55 -47,43 1026,20 17,9 1624 973 86 736 75,7 8,8 66,9S. Carlos-SP -22,02 -47,88 856,00 19,6 1495 1104 113 505 45,7 10,3 35,5Brasília-DF -15,78 -47,93 1159,54 21,2 1553 1273 313 592 46,5 24,5 22,0

S. Simão-SP -21,48 -47,55 617,39 21,7 1491 1166 107 433 37,1 9,2 27,9

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B1 – Úmido: é a primeira classe com características de clima úmido, cujo intervalo do índice de umidade varia entre 20 e 40. Neste caso, o padrão de chuvas acumulada durante o ano, varia em torno de 1400 a 1700 mm, com média aproximada de 1500 mm. A temperatura média anual chega a oscilar de 18 a 23oC, levando a deficiência hídrica anual em valores bastante variáveis, pois a demanda de eva-potranspiração assim a caracteriza. Para as regiões onde se verificam este tipo climático, atividades que dependem estritamente dos recursos naturais, tal como a agricultura, podem se emergir sem grandes investimentos.

B2 – Úmido: este tipo climático situa-se na classe entre 40 e 60 para o índice de umidade. Veri-fica-se que a temperatura e precipitação total acumulada, médias anuais, são da ordem de 19,0 a 20oC e 1500 a 1600 mm, respectivamente. Por sua vez a evapotranspiração potencial segue valores relativa-mente mais baixos, com deficiência hídrica anual no solo agrícola da ordem de 87 mm. As regiões onde são verificadas estas condições climáticas já possuem características marcantes de desenvolvimento sócio-econômico devido à melhoria das condições naturais auto-sustentáveis.

B3 – Úmido: o intervalo da classe para este tipo climático é de 60 a 80, cujo índice de chuvas anual chega a superar a 1600 mm, podendo a temperatura média anual ser inferior a 18,0oC. O clima assim caracterizado fornece de maneira geral condições favoráveis a diversos empreendimentos, tor-nando as regiões, do ponto de vista dos recursos naturais, pouco restritivas ao desenvolvimento auto-sustentável.

B4 – Úmido: Neste caso, o clima possui características notórias de umidade mais elevada associa-da com níveis de temperatura mais baixas, sofrendo influências de regiões serranas. O intervalo para o índice de umidade corresponde de 80 a 100. O índice pluviométrico supera 1700 mm e as temperaturas amenas favorecem menor demanda de evapotranspiração, o que condiciona valores do índice de umidade de Thornthwaite mais elevados. A prática da agricultura irrigada é bastante restrita nestas regiões, pois as condições climáticas favorecem a agricultura sem necessariamente ter que utilizar-se desta tecnolo-gia. Além disso, estas condições climáticas favorecem melhoria na disponibilidade dos recursos hídricos naturais, o que, entre outros fatores, condicionam o maior desenvolvimento para as regiões que se enquadram neste tipo climático.

A – Superúmido: os índices climáticos superam o valor numérico 100, possuindo temperaturas médias anuais inferiores a 14 oC e, apresentando precipitações médias acumuladas superiores a 1750 mm. São climas que apresentam baixa demanda de evapotranspiração em virtude dos valores relativa-mente baixos para a temperatura. Por conseguinte, traduzem em deficiências hídricas baixas, elevando os índices de umidade. Quase sempre, são regiões que sofrem forte influência de altitudes mais elevadas, como é o caso do sul do Estado, devido à influência da Serra da Mantiqueira. Para atividades agrícolas, na maioria das áreas ocorrem restrições térmicas para muitas culturas, onde o risco de ocorrência de geadas agronômicas são bastante freqüentes, o que se torna fator limitante. Por outro lado, algumas potencia-lidades para o desenvolvimento regional podem ser destacadas como é verificada em certas localidades para a indústria têxtil de malhas principalmente para o vestuário de inverno. A paisagem natural oferece excelentes condições para atividades ecoturísticas.

96

Figura 4.3 - Mapa das classes de temperatura média anual (oC) para o Estado de Minas Gerais.

Figura 4.4 - Mapa representado como campo contínuo de temperatura média anual (oC) para o Estado de Minas

Gerais.

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Figura 4.5 - Mapa das classes de precipitação pluvial total média anual (mm) para o Estado de Minas Gerais.

Figura 4.6 - Mapa representado como campo contínuo de precipitação pluvial total média anual (mm) para o Estado

de Minas Gerais.

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Figura 4.7 - Zoneamento climático com base no índice de umidade de Thornthwaite (Iu) para o Estado de Minas

Gerais.

Figura 4.8 - Zoneamento climático representado como campo contínuo com base no índice de umidade de Thorn-

thwaite (Iu) para o Estado de Minas Gerais.

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A seguir são apresentadas detalhadamente, para as regionais estudadas, as respectivas descri-ções das classes climáticas segundo a classificação de Thornthwaite.

4.3.1 Classificação climática por regionais do COPAM segundo o indicador climático de Thornthwaite

São apresentadas as classificações climáticas por regionais do COPAM, segundo o critério preco-nizado por Thornthwaite (1948) e que são definidas de acordo com as classes da Tabela 4.1.

Desta forma, como para os demais componentes deste ZEE, por meio de um “zoom”, é possível obter uma informação de forma pontual detectando peculiaridades geográficas locais.

4.3.1.1 Regional Sul

As caracterizações climáticas do tipo B2 e B3 (tipos climáticos úmidos) são as que predominam em grande parte da regional Sul. O clima B2 ocorre mais ao norte desta regional em continuidade com partes da regional do Triângulo Mineiro, Alto São Francisco, Central e Zona da Mata. Fazendo parte desta regio-nal, verifica-se no extremo sul do Estado os tipos climáticos B4 (Úmido) e A (Superúmido), onde o clima sofre influência da Serra da Mantiqueira, se referenciando principalmente à base de dados da Estação Climatológica do município de Campos do Jordão no Estado de São Paulo.

4.3.1.2 Regional do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba

Nesta regional, em extensão territorial um pouco superior, há a ocorrência do clima caracterizado como B1 (Úmido). Em segundo na ordem de extensão territorial, aparece o tipo climático classificado como B2 (Úmido), concentrando-se mais ao centro desta regional delimitando-se com as regionais do Alto São Francisco e Sul. Há a ocorrência também do tipo climático C2 (Subúmido) em estreita faixa a nordeste desta regional e ainda uma pequena área do clima tipo B3 (Úmido) ao extremo sudeste desta regional.

4.3.1.3 Regional Leste

Nesta regional, abrangendo de norte a sul e do centro a leste limitando-se com os estados do Espí-rito Santo e Bahia, ocorre o clima tipo C1 (Subúmido seco). Mais ao centro em faixa indo do sul ao norte desta regional, predomina o tipo climático C2 (Subúmido) e também em áreas isoladas ao norte, leste e sul. A oeste/sudoeste, confrontando com a regional Central do Estado e a do Vale do Jequitinhonha, verifica-se a ocorrência do clima caracterizado como B1 (Úmido).

4.3.1.4 Regional do Alto São Francisco

Nesta regional, do sul para o norte verificam-se os tipos climáticos B2 (Úmido), B1 (Úmido) e C2 (Subúmido), sendo o tipo B1 o que ocorre em maior extensão territorial. O tipo B3 (Úmido), também é verificado a sudoeste nesta regional fazendo divisa com as regionais do Triângulo Mineiro e Sul.

4.3.1.5 Regional Central

De forma semelhante à regional do Alto São Francisco, na regional Central, do sul para o norte são predominantes os tipos climáticos B2 (Úmido), B1 (Úmido) e C2 (Subúmido).

4.3.1.6 Regional Zona da Mata

Nesta regional, seguindo de sudoeste a nordeste, ocorrem pequenas áreas com o tipo climático B4 (Úmido), seguindo com o tipo B3 (Úmido) e depois com a caracterização climática B2 (Úmido) abrangendo faixa central da regional indo da divisa com a regional Central até a divisa com o Estado do Rio de Janeiro. Seguindo o mesmo sentido anterior e atingindo maior extensão territorial, predomina o tipo climático B1 (Úmido), limitando-se com as regionais Central, Leste e Estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro. Em áreas isoladas e em menor extensão, fazendo divisa com os Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo e

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regional Leste de Minas Gerais, ocorre o tipo C2 (Subúmido). Por fim em transição com a regional Leste, começa a ocorrer uma pequena área do tipo C1 (Subúmido seco).

4.3.1.7 Regional Noroeste

De norte a sul nesta regional, abrangendo extensa área central, predomina o tipo climático C2 (Su-búmido). A oeste, fazendo divisa com o Estado de Goiás ocorre uma faixa de tipo climático B1 (Úmido), assim como no extremo sul desta regional. Ao norte, nordeste e leste ocorre o tipo climático classificado como C1 (Subúmido seco).

4.3.1.8 Regional Norte

Ao extremo norte desta regional e do Estado de Minas Gerais verifica-se a ocorrência do tipo climático D (Semi-árido). Em maior extensão territorial, em toda esta regional, indo de oeste a leste, predomina o tipo climático C1 (Subúmido seco). Ao longo da faixa sul desta regional, nota-se a ocorrên-cia de clima C2 (Subúmido) e em três pequenas áreas isoladas no extremo sul ocorre o tipo climático B1 (Úmido).

4.3.1.9 Regional Vale do Jequitinhonha

É uma região de grande diversidade climática sofrendo influência geográfica do Serra do Espinha-ço até o Baixo Jequitinhonha em divisa com o Estado da Bahia. Mais ao sul desta regional encontra-se o tipo climático B2 (Úmido). Logo acima, abrangendo a região do município de Diamantina, verifica-se o tipo B1 (Úmido), seguindo com o clima C2 (Subúmido) em proporções de áreas semelhantes. Da região central a nordeste desta regional predomina o tipo caracterizado como clima C1 (Subúmido seco) abrangendo cerca de 50 % ou mais em área total nesta regional. E, ainda, no extremo nordeste, nota-se a ocorrência do clima D (Semi-árido), envolvendo municípios como Almenara, Jacinto, Jordânia e Salto da Divisa. Nas imediações dos municípios de Itaobim, Itinga e Medina, em área menor de ocorrência, também verifica-se esta última condição climática (clima D -Semi-árido).

4.4 GLOSSÁRIO

Evapotranspiração – transferência de água do sistema solo-planta para a atmosfera por evapora-ção direta da água e transpiração das plantas.

Evapotranspiração potencial (ETp) – evapotranspiração em extensa área com vegetação densa, rasteira, de crescimento ativo, cobrindo toda a superfície (grama batatais) e sob condições de solo sem restrição hídrica. Conceito introduzido por Thornthwaite em 1948 sendo mais apropriado para estudos climatológicos.

Evapotranspiração de referência (ETo) – conceito introduzido por Doorenbos e Pruitt (1977) e adotado pela FAO - Food and Agriculture Organization, em substituição ao conceito de evapotranspiração potencial, sendo a ETo utilizada como referência para obter a evapotranspiração de uma cultura agrícola qualquer para efeitos de manejo de irrigação. Nesse conceito a grama foi substituída por uma cultura hipotética (ALLEN et al., 1998).

Normais Climatológicas – média de série de 30 (trinta) anos de elementos meteorológicos diários,

sendo as últimas normais correspondente ao período de 1961-1990.

4.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALLEN, R.G.; PEREIRA, L.S.; RAES, D.; SMITH, M. Crop evapotranspiration - Guidelines for computing crop water requirements. Rome: Food and Agriculture Organization of the United Nations - FAO, 1998. 300p. (FAO Irrigation and Drainage Paper, 56).

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BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Secretaria Nacional de Irrigação. Departamento Nacional de Meteorologia. Normais climatológicas (1961-1990). Brasília: 1992. 84p.

DOORENBOS, J.; PRUITT, W.O. Crop water requirements. Rome: Food and Agriculture Organization of the United Nations - FAO, 1977. 144p. (FAO Irrigation and Drainage Paper, 24).

ICRISAT – International Crops Research Institute for the Semi-Arid Tropics. Climatic Classification: A Consultants’ Meeting, 14-16, April, 1980, ICRISAT Center, Patancheru, A.P. 502324, Índia, 1980. 153 p.

ISAAKS, E. H.; SRIVASTAVA, R. M. Applied geostatistics. New York: Oxford University Press, 1989. 561p.

NASA, Shuttle Radar Topography Mission (SRTM) 2000. Land Information Worldwide Mapping, LLC. Raster, 1:50000.2005.

PEREIRA, A.R.; VILLA NOVA, N.A.; SEDIYAMA. G.C. Evapo(transpi)ração. Piracicaba: FEALQ, 1997. 183p.

SEDIYAMA, G.; MELLO Jr., J. C. Modelos para estimativas das temperaturas normais mensais médias, máximas, mínimas e anual no estado de Minas Gerais. Revista Engenharia na Agricultura. Viçosa, v.6, n.1, p.57-61, 1998.

VIANELLO, R.L.; ALVES, A.R. Meteorologia básica e aplicações. Viçosa: Imprensa Universitária/UFV, 1991. 449p.

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