zee acre faseii parte1 baixareol

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  • 7/30/2019 ZEE Acre FaseII Parte1 Baixareol

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    Zoneamento EcolgicoEconmico do Acre Fase II Documento Sntese Escala 1:250.000 11

    SUMRIO

    O MAPA DO SONHO ............................................................................................................................................................ 9

    I INTRODUO ......................................................................................................................................................................13

    1.1.TRAJETRIAS ACREANAS ............................................................................................................................................13

    1.2. A CONSTRUO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL NO ACRE E O ZONEAMENTO ECOLGI-

    CO-ECONMICO ....................................................................................................................................................................251.2.1. A primeira ase do Zoneamento EcolgicoEconmico do Acre ................................................................28

    1.2.2. A Segunda ase do Zoneamento EcolgicoEconmico e a elaborao do mapa de gesto territo

    rial .................................................................................................................................................................................................30

    1.2.3. A mudana de paradigma metodolgico ...........................................................................................................35

    1.3. CARACTERSTICAS GERAIS DO ESTADO DO ACRE ...........................................................................................37

    II. RECURSOS NATURAIS E USO DA TERRA ......................................................................................................................39

    1. O MEIO FSICO ......................................................................................................................................................................40

    1.1. Geologia .............................................................................................................................................................................40

    1.2. Geomorologia .................................................................................................................................................................43

    1.3. Solos .....................................................................................................................................................................................46

    1.4. Bacias Hidrogrcas .......................................................................................................................................................50

    2. O MEIO BITICO ..................................................................................................................................................................54

    2.1. Vegetao ...........................................................................................................................................................................54

    2.2. Biodiversidade ..................................................................................................................................................................59

    3. A VISO INTEGRADA DOS RECURSOS NATURAIS ....................................................................................................64

    3.1. Vulnerabilidade Ambiental ..........................................................................................................................................64

    3.2. Unidades de Paisagem Biosicas ...............................................................................................................................70

    4. USO DOS RECURSOS ..........................................................................................................................................................77

    4.1. Uso da Terra , Desmatamentos e Queimadas ........................................................................................................77

    4.2. Passivos Florestais: diagnstico .................................................................................................................................91

    5. CONCLUSO .........................................................................................................................................................................95III ASPECTOS SCIOECONMICOS ...............................................................................................................................96

    1. ESTRUTURA FUNDIRIA ...................................................................................................................................................98

    2. ECONOMIA ......................................................................................................................................................................... 120

    3. INFRAESTRUTURA PBLICA E PRODUTIVA............................................................................................................ 127

    3.1. Transporte ....................................................................................................................................................................... 127

    3.2. Energia ............................................................................................................................................................................. 131

    3.3. Comunicao ................................................................................................................................................................. 132

    4. PRODUO FLORESTAL ................................................................................................................................................. 134

    4.1. Produtos Florestais No Madeireiros..................................................................................................................... 134

    4.2. Produo Florestal Madeireira ................................................................................................................................. 142

    4.2.1 Cenrios, demanda e origem de matriaprima Florestal ......................................................................... 1445. PRODUO AGROPECURIA ....................................................................................................................................... 148

    6. POPULAO E CONDIES DE VIDA ........................................................................................................................ 158

    6.1. Populao ....................................................................................................................................................................... 158

    6.2. Condies de Vida ........................................................................................................................................................ 165

    7. CIDADES DO ACRE ........................................................................................................................................................... 175

    8. CONCLUSO ...................................................................................................................................................................... 178

    IV CULTURA, GESTO E PERCEPO SOCIAL .............................................................................................................. 182

    1. CULTURA ............................................................................................................................................................................. 184

    1.1. Territrios e Territorialidades ................................................................................................................................... 184

    1.2. Patrimnios Histricos e Naturais ......................................................................................................................... 191

    2. GESTO TERRITORIAL ..................................................................................................................................................... 197

    2.1. Sistema Estadual de reas Naturais Protegidas e os Instrumentos de Planejamento e Gesto ..... 197

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    Zoneamento EcolgicoEconmico do Acre Fase II Documento Sntese Escala 1:250.00012

    2.1.1. As Unidades de Conservao de Proteo Integral .................................................................................... 199

    2.1.2. Unidades de Conservao de Uso Sustentvel ............................................................................................. 203

    2.1.3. Terras Indgenas ........................................................................................................................................................ 213

    2.1.4. Reserva Legal e reas de Preservao Permanente .................................................................................... 220

    2.2. As pequenas, mdias e grandes propriedades rurais .................................................................................... 221

    2.3. Assentamentos Rurais ............................................................................................................................................... 224

    2.4. Confitos Agrrios ........................................................................................................................................................ 2283. PLANEJAMENTO E POLTICA AMBIENTAL .............................................................................................................. 233

    3.1. Planejamento e Gesto Urbana ............................................................................................................................. 234

    3.2. Desenvolvimento Poltico e Institucional ............................................................................................................ 239

    3.3. Gesto Ambiental Compartilhada ......................................................................................................................... 241

    3.4. Interaes Transronteirias ...................................................................................................................................... 246

    3.5. Fronteiras e Povos Indgenas ................................................................................................................................... 252

    3.6. Passivos Florestais ........................................................................................................................................................ 259

    3.7. Compatibilizao com as Normas Federais ........................................................................................................ 264

    4. PERCEPO SOCIAL ........................................................................................................................................................ 270

    4.1. Orientaes polticas recentes do modelo de desenvolvimento do Acre ............................................... 270

    4.2. Viso de Presente e Futuro: as ocinas e o perl dos participantes........................................................... 2735. CONCLUSO ...................................................................................................................................................................... 277

    V O MAPA DE GESTO TERRITORIAL DO ESTADO DO ACRE ................................................................................ 279

    5.1. A Construo do Mapa de Gesto Territorial (MGT) do Acre ....................................................................... 280

    5.2. Caractersticas e Diretrizes de Utilizao de Zonas e Subzonas ............................................................... 297

    5.3. Consideraes sobre a Implementao das Diretrizes do Mapa de Gesto Territorial ...................... 310

    VI MONITORAMENTO E CONTROLE DO ZEE ............................................................................................................ 313

    1. INDICADOR DE SUSTENTABILIDADE DOS MUNICPIOS DO ACRE ISMAC ................................................. 314

    VII REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .............................................................................................................................. 318

    VIII GLOSSRIO DE TERMOS TCNICOS ..................................................................................................................... 330

    IX SIGLAS UTILIZADAS ..................................................................................................................................................... 344

    X PARTICIPARAM DO ZEEACRE FASE II ..................................................................................................................... 347

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    Zoneamento EcolgicoEconmico do Acre Fase II Documento Sntese Escala 1:250.000

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1. Localizao do Acre na Amrica do Sul e Brasil .........................................................................................37

    Figura 2. Regionais de Desenvolvimento do Estado do Acre ..................................................................................38

    Figura 3. Distribuio das Unidades Geolgicas do Estado do Acre ...................................................................41

    Figura 4. Distribuio das Unidades Geomorolgicas do Estado do Acre .......................................................43

    Figura 5. Distribuio dos Solos do Estado do Acre, simplicado em nvel de ordem .................................46Figura 6. Distribuio das Tipologias Florestais no Estado do Acre .....................................................................56

    Figura 7. Distribuio da Vulnerabilidade do Estado do Acre ................................................................................65

    Figura 8. Distribuio da Vulnerabilidade na regio do entorno da sede do Municpio de Rio Branco,

    capital do Estado do Acre ....................................................................................................................................................67

    Figura 9. Distribuio das unidades de paisagens biosicas no Estado do Acre ............................................72

    Figura 10. Distribuio das unidades de paisagens no entorno da sede do Municpio de Cruzeiro do Sul

    ........................................................................................................................................................................................................73

    Figura 11. rea Plantada das Principais Lavouras Temporrias, por Municpio, para o ano de 2004, no

    Estado do Acre ........................................................................................................................................................................79

    Figura 12. rea Plantada das Principais Lavouras Permanentes, por Municpio, para o ano de 2004, no

    Estado do Acre ........................................................................................................................................................................80

    Figura 13. Percentual de reas desmatadas e reas de foresta por Municpio no Estado do Acre, no ano

    de 2004 ......................................................................................................................................................................................82

    Figura 14. Distribuio das reas desmatadas e reas de foresta por Municpio no Estado do Acre, at o

    ano de 2004 ..............................................................................................................................................................................83

    Figura 15. Agrupamento da Intensidade de Desmatamento nos Municpios do Acre, 2004 .....................84

    Figura 16. Participao em percentual dos Estados do Mato Grosso, Par, Rondnia, Amazonas, Acre,

    Maranho e Tocantins no desmatamento total da Amaznia no perodo de 2001 2005 ........................85

    Figura 17. Incremento da rea de Desmatamento em Km por ano dos Estados do Acre, Par, Rondnia,

    Mato Grosso e Amazonas, no perodo de 1999 2005 ............................................................................................85

    Figura 18. ndices percentuais de incremento anual de Desmatamento na Amaznia e no Acre no perodo de 1988 2005 ...............................................................................................................................................................86

    Figura 19. Mapa Poltico com os novos limites municipais e incluso da Linha Cunha Gomes, Estado do

    Acre, 2006 ............................................................................................................................................................................... 101

    Figura 20. Sistema Estadual de reas Naturais Protegidas, Estado do Acre, 2006 ....................................... 107

    Figura 21. Crescimento acumulado do Valor Adicionado das atividades econmicas entre 1998 2004 .

    ..................................................................................................................................................................................................... 122

    Figura 22. Eixos de integrao das rodovias do Estado do Acre com pases sulamericanos, 2006 ....... 129

    Figura 23. Rotas Areas do Estado do Acre, 2006 .................................................................................................... 130

    Figura 24. Quantidade de Borracha subsidiada, em toneladas, no perodo de 1999 2006 .................. 135

    Figura 25. Produo de Castanha do Brasil, em toneladas, no perodo de 1998 2006 ........................... 136

    Figura 26. Preo da lata de Castanha do Brasil, no perodo de 1998 2006, Estado do Acre .................. 137Figura 27. Renda do Extrativista com a Castanha do Brasil, no perodo de 1998 2006, Estado do Acre ..

    ..................................................................................................................................................................................................... 138

    Figura 28. Evoluo da rea colhida com lavouras temporrias e lavouras permanentes e rea total cul

    tivada com agricultura no Acre, entre 1990 e 2004 ................................................................................................ 150

    Figura 29. Taxa de lotao das pastagens nos Municpios do Estado do Acre, em 2004 .......................... 152

    Figura 30. Variao do rebanho bovino e da rea desmatada no Acre, entre 1990 e 2004 ...................... 154

    Figura 31. Recursos prprios do Tesouro aplicado, em Educao, no perodo de 1998 2005 .............. 167

    Figura 32. Taxa de Mortalidade Bruta do Acre, em relao Regio Norte e Brasil, no perodo de 2000 a

    2003 .................................................................................................................................. ........................................................ 168

    Figura 33. Percentual de cobertura populacional da Estratgia de Sade da Famlia no Acre, no perodode 1999 2005 ....................................................................................................................................... .............................. 169

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    Zoneamento EcolgicoEconmico do Acre Fase II Documento Sntese Escala 1:250.000

    Figura 34. Evoluo de investimento per capita em sade por onte de Financiamento, no Estado do

    Acre, no perodo de 1999 2005 ................................................................................................................................... 172

    Figura 35. Distribuio, quantitativo e comparativo dos patrimnios identicados no Estado por regio

    nais (Fonte: ZEE/AC 2005) ................................................................................................................................................ 192

    Figura 36. Densidade de Stios Arqueolgicos do Estado do Acre .................................................................... 194

    Figura 37. Modelo Simplicado de Interaes entre Cidades Gmeas ........................................................... 247

    Figura 38. Tipologias das Interaes Fronteirias, Brasil (Acre), Peru (Madre de Dios), Bolvia (Pando),2005 ............................................................................... ........................................................................................................... 249

    Figura 39. Interaes nas Cidades Gmeas Assis Brasil/ Iapari Fronteira Brasil (Acre)/ Peru (Madre de

    Dios) 2006 ............................................................................................................ ............................................................... 250

    Figura 40. Perl de participantes das Ocinas realizadas nos 22 Municpios do Estado do Acre, 2006 ......

    ..................................................................................................................................................................................................... 274

    Figura 41. Grau de relevncia do Tema gua nas Ocinas realizadas nos 22 Municpios do Estado do

    Acre, 2006 ............................................................................................................................................................................... 274

    Figura 42. Grau de relevncia do Tema Produo nas Ocinas realizadas nos 22 Municpios do Estado do

    Acre, 2006 ............................................................................................................................................................................... 275

    Figura 43. Grau de relevncia do Tema Confitos nas Ocinas realizadas nos 22 Municpios do Estado do

    Acre, 2006 ............................................................................................................................................................................... 275Figura 44. Grau de relevncia do Tema Desmatamento nas Ocinas realizadas nos 22 Municpios do

    Estado do Acre, 2006 .......................................................................................................................................................... 275

    Figura 45. Fluxograma Simplicado da Elaborao do Mapa de Gesto Territorial do Estado do Acre

    ..................................................................................................................................................................................................... 282

    Figura 46. Distribuio hierrquica de Zona, Subzona e Unidade de Manejo, no mbito do ZEE/AC ..........

    ..................................................................................................................................................................................................... 289

    Figura 47. Ocupao do territrio da Zona 1, no Estado do Acre .................................................... .................. 290

    Figura 48. Ocupao do territrio da Zona 2, no Estado do Acre .................................................... .................. 291

    Figura 49. Ocupao do territrio da Zona 3, no Estado do Acre ...................................................................... 292

    Figura 50. Ocupao do territrio Zona 4, no Estado do Acre ......................................................... ................... 292

    Figura 51. Distribuio das Zonas do Territrio acreano, no mbito do ZEE Acre .................................... 293

    Figura 52. Ocupao do Territrio pela Subzona 1.1 ............................................................................................ 300

    Figura 53. Ocupao do Territrio pela Subzona 1.2 ............................................................................................ 302

    Figura 54. Distribuio das Subzonas na Zona 2 .................................................................................................... 303

    Figura 55. Indicadores de Sustentabilidade dos Municpios do Acre ISMAC ............................................... 316

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1. Descrio das Unidades Pedolgicas do Estado do Acre, com base no Mapa de Pedologia do

    ZEE Fase II ..................................................................................................................................................................................47Tabela 2. Distribuio das Ordens de Solos no Estado do Acre, de acordo com o Mapa de Solos na escala

    1:250.000 do ZEE Fase II .......................................................................................................................................................48

    Tabela 3. Classes de Vegetao ocorrentes no Estado do Acre ZEE ase II .....................................................55

    Tabela 4. Riqueza de Espcies de Vertebrados no Estado do Acre (ZEE/AC), no Brasil (LEWINSOHN & PRA

    DO, 2002) e em todo o mundo (BRASIL, 1998) ............................................................................................................61

    Tabela 5. Classes de Fragilidade Ambiental para o Estado do Acre .....................................................................67

    Tabela 6. Descrio do nmero de classes para Geologia, Geomorologia, Pedologia e Tipologias Flores

    tais, para a composio das Unidades de Paisagem do Estado do Acre ............................................................71

    Tabela 7. Anlise sntese da distribuio das Unidades de Paisagem nas Regionais do Estado do Acre ....

    ........................................................................................................................................................................................................72

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    Tabela 8. Anlise sntese da distribuio das Unidades de Paisagem nos Municpios do Estado do Acre

    ........................................................................................................................................................................................................75

    Tabela 9. ndice de Diversidade relacionado com a populao (IDPOP) e ndice de Diversidade relaciona

    do com o remanescente forestal (IDFlo) dos Municpios do Estado do Acre ..................................................76

    Tabela 10. Incremento e taxa mdia anual do Desmatamento no Acre e na Amaznia, no perodo de

    1988 a 2005 ..............................................................................................................................................................................86

    Tabela 11. reas dos Territrios Municipais, por Regional, antes e aps incluso do novo limite da LinhaCunha Gomes, Estado do Acre, 2006 ........................................................................................................................... 100

    Tabela 12. Situao das Terras do Estado do Acre, 2006 ....................................................................................... 102

    Tabela 13. reas Naturais Protegidas do Estado do Acre, 2006 .......................................................................... 103

    Tabela 14. Comparao dos dados das reas Ociais, Reais e do Geoprocessamento do ZEE II em relao

    s Unidades de Conservao do Estado do Acre, 2006 ......................................................................................... 106

    Tabela 15. Diagnstico das Terras Indgenas do Estado do Acre, 2006 ............................................................ 108

    Tabela 16. Projetos de Assentamentos no Estado do Acre, 2006 ....................................................................... 114

    Tabela 17. Produto Interno Bruto (PIB), do Estado do Acre, perodo de 1998 2004 ................................. 120

    Tabela 18. Participao (%) dos Setores e das Atividades Econmicas no Valor Adicionado (VA) Acreano,

    no perodo de 1998 2004 .............................................................................................................................................. 122

    Tabela 19. Participao (%) das atividades econmicas no crescimento do Valor Adicionado (VA) Acreano, no perodo de 1998 2004 ....................................................................................................................................... 123

    Tabela 20. Valor Bruto da Produo (VBP) do Acre, no perodo de 1999 2003 .......................................... 125

    Tabela 21. Estimativa da distribuio das forestas do Acre, por regime de propriedade, por regionais ....

    ..................................................................................................................................................................................................... 144

    Tabela 22. Participao Percentual da Populao Urbana sobre a Populao Total, no Brasil e Estados da

    Regio da Amaznia Legal 1980/1991/2000 ................................................................ .......................................... 160

    Tabela 23. Taxa mdia geomtrica de crescimento anual da populao residente, Brasil e Acre 1950/2000

    ..................................................................................................................................................................................................... 160

    Tabela 24. Distribuio de Populao residente no Estado do Acre, em 2000 e 2005 .................... ........... 163

    Tabela 25. ndices de Abandono e Reprovao, no Estado do Acre, em 2000 e 2004 ............................ ... 167

    Tabela 26. Taxas de Mortalidade Inantil, Perinatal e Neonatal, no Estado do Acre, no perodo de 2001 a

    2005 .................................................................................................. ........................................................................................ 169

    Tabela 27. Tipos de Unidades do Estado do Acre, por Municpio, no ano de 2005 ......................... ............ 170

    Tabela 28. Oerta de consultas mdicas por habitanteano, nas especialidades bsicas, no perodo de

    2001 a 2005, no Estado do Acre ...................................................................................... ............................................... 171

    Tabela 29. Situao das Unidades de Conservao do Acre, em relao ao Plano de Manejo e Conselho

    Gestor, 2006 ........................................................................................................................................................................... 198

    Tabela 30. Caracterizao das Reservas Extrativistas do Acre, 2006 ................................................................. 205

    Tabela 31. Relao das Associaes Indgenas do Estado do Acre, de acordo com os Municpios e Terras

    Indgenas ................................................................................................................................................................................ 217

    Tabela 32. Relao de reas Protegidas do Estado do Acre, situadas na ronteira internacional BrasilPer .......................................................................................................................................................................................... 253

    Tabela 33. Relao de reas Protegidas na ronteira peruana, 2006 ................................................................ 254

    Tabela 34. Dados sobre recursos naturais no Estado do Acre no mbito do ZEEAC, Fase II ................... 286

    Tabela 35. Matriz de critrios e indicadores para a estraticao de espaos territoriais em zonas .... 294

    Tabela 36. Valores sntese dos indicadores para Inraestrutura, Demograa, Intensidade de Uso, Social,

    Economia e ocupao da terra que compen o Indicador Sntese de Sustentabilidade dos Municpios do

    Acre (ISMAC) .......................................................................................................................................................................... 317

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    Governo do Estado do Acre

    Secretaria de Estado de Planejamento e Desenvolvimento EconmicoSustentvel

    Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais

    Programa Estadual de Zoneamento EcolgicoEconmico do Acre

    ZONEAMENTO ECOLGICOECONMICO DO ACRE FASE IIDOCUMENTO SNTESE

    ESCALA 1:250.000

    Rio Branco Acre

    2006

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    ENDEREO:

    Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais SEMA

    Rua Rui Barbosa, 135 Centro

    Rio Branco Acre Brasil CEP: 69.000120

    Fone: 55 (OXX68) 3224 5497

    Email: [email protected]

    Homepage: www.seiam.ac.gov.br

    ACRE. Governo do Estado do Acre. Programa Estadual de Zoneamento EcolgicoEconmico do Estado do Acre. Zonea

    mento EcolgicoEconmico do Acre Fase II: documento Sntese Escala 1:250.000. Rio Branco: SEMA, 2006. 354p.

    1. ACRE Zoneamento EcolgicoEconmico, 2. Meio Ambiente Socioeconomia Cultural/Poltico, 3. Gesto Ter

    ritorial Acre, I. Ttulo.

    Nota:A Base topogrca digital oi elaborada a partir de olhas topogrcas geradas pela DSG/MEx, na escala de 1:100.000,

    atualizadas atravs de imagens do sensor ETM 7 a bordo do satlite LandSat, obtidas na melhor condio visual das

    imagens nos anos de 2001 e 2002. Nas cartas ainda no restitudas e expeditas, oram utilizados dados do SRTM (Shuttle

    Radar Topography Mission) adquiridos no perodo de 11 a 22 de evereiro de 2000. As inormaes sobre a atual situao

    undiria oram ornecidas em meio digital pelo INCRA. Os dados de localidades oram digitalizados a partir de croquis

    elaborados pela FUNASA. Os limites das Unidades de Conservao e Terra Indgena oram cedidos, respectivamente, pelo

    IBAMA, SEF, ITERACRE e DAF/FUNAI.

    O mapa de gesto apresentado em 16 cartas na escala 1:250.000 que representam o cruzamento e sistematizao

    dos mapas temticos e outras inormaes espacializadas, sendo alguns citados ao longo do texto do documento sntese

    e outros em anexo, como ZEE/AC, Fase II 2006.

    ZONEAMENTO ECOLGICOECONMICO DO ACRE FASE IIDOCUMENTO SNTESE ESCALA 1:250.000

    2006 SEMA

    FICHA CATALOGRFICA

    CAPA: MXdesign

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    Luiz Incio Lula da Silva

    Presidente da Repblica

    Marina Silva

    Ministra do Meio Ambiente

    Jorge Viana

    Governador do Estado do Acre

    Arnbio Marques de Almeida Jnior

    Vicegovernador

    Gilberto do Carmo Lopes SiqueiraSecretrio de Estado de Planejamento e Desenvolvimento

    EconmicoSustentvelPresidente da Comisso Estadual do ZEE/AC

    Carlos Edegard de DeusSecretrio de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais

    Presidente do Instituto de Meio Ambiente do AcreSecretrio Executivo do ZEE/AC

    Joo Csar DottoDiretorPresidente da Fundao de Tecnologia do Estado do

    Acre

    Carlos Ovdio Duarte da RochaSecretrio de Floresta

    Mauro Jorge RibeiroSecretrio de Agricultura e Pecuria

    Denise Regina GarraelSecretria de Extrativismo e Produo Familiar

    Jos Henrique Corinto de MouraDiretorPresidente do Instituto de Terras do Acre

    Marcos Incio FernandesSecretrio Executivo de Assistncia Tcnica e Extenso Rural

    Paulo Roberto Viana de ArajoDiretorPresidente Instituto de Deesa Agropecuria e

    Florestal

    Srgio Yoshio NakamuraSecretrio de InraEstrutura e Integrao

    Eduardo Nunes VieiraSecretrio de Obras Pblicas

    Tcio de BritoDiretor do Departamento de guas e Saneamento

    Maria Corra da SilvaSecretria de Educao

    Maria das Graas Alves PereiraSecretria de Cidadania e Assistncia Social

    Suely de Souza Melo da CostaSecretria de Sade

    Antnio Monteiro NetoSecretrio de Justia e Segurana Pblica

    Francisco Pereira de SouzaPresidente da Fundao de Cultura e Comunicao Elias

    Mansour

    Edson Amrico ManchiniProcurador Geral do Estado

    Orlando Sabino da CostaSecretrio de Fazenda

    Flora Valladares CoelhoSecretria do Servidor e Patrimnio Pblico

    Anbal DinizSecretrio de Comunicao

    Tatianna Rebello MansourSecretria de Estado de Modernizao e Tecnologia da

    Inormao

    Carlos Alberto Bernardo de ArajoSecretrio Extraordinrio de Desenvolvimento das Cidades e

    Habitao

    Francisco da Silva PinhantaSecretrio Extraordinrio dos Povos Indgenas

    Leonardo Cunha BritoSecretrio Extraordinrio da Juventude

    Mara Regina Aparecida VidalSecretria Extraordinria da Mulher

    Jos Alicio Martins da SilvaSecretrio Extraordinrio do Esporte

    Roberto Ferreira da SilvaChee do Gabinete do Governador

  • 7/30/2019 ZEE Acre FaseII Parte1 Baixareol

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    Zoneamento EcolgicoEconmico do Acre Fase II Documento Sntese Escala 1:250.000

    Passamos mais de quinze anos ouvindo alarno Zoneamento. No comeo era reivindicao de

    alguns: ndios, seringueiros, gente interessada em

    denir limites e proteger suas reas. Depois virou

    consenso entre todos os setores, pois ningum

    mais agentava a ausncia de regras claras e de

    nidas que orientassem os investimentos e ativida

    des econmicas.

    Durante esse tempo, algumas antasias oram

    criadas. A principal delas era a de que o Zonea

    mento seria a soluo milagrosa para todos os

    confitos, que ele colocaria cada um no seu espa

    o adequado, possibilitando um

    ordenamento na sociedade e no

    espao geogrco que ela ocupa.

    Hoje sabemos que no bem

    assim que as coisas acontecem,

    mas podemos extrair algo de

    bom desse acmulo de expecta

    tivas em relao ao Zoneamento:

    o crescimento, em todos os seto

    res, da vontade de negociar, dedialogar, de ceder, de respeitar a

    presena dos outros. Aproveitan

    do essa possibilidade de enten

    dimento, assim que assumimos o

    Governo do Acre, em 1999, demos

    prioridade ao Zoneamento Ecol

    gicoEconmico e procuramos ser

    bem simples: recolhemos os estu

    dos j realizados e reconhecemos

    o Zoneamento real, histrico, j

    existente. Recolher os estudos j

    O Mapa do Sonho

    realizados era necessrio para no carmos repetindo o que j havia sido eito. Isso no quer dizer

    que tenhamos negligenciado a elaborao de no

    vos estudos e pesquisas. Ao contrrio, no apenas

    recolhemos as inormaes j existentes, mas as

    vericamos e atualizamos. Buscamos novas in

    ormaes, recorrendo ao trabalho dos melhores

    prossionais em cada setor. Mas o mais importan

    te, a meu ver, e que constitui uma novidade do

    trabalho que zemos, o que chamamos de reco

    nhecer o Zoneamento que a Histria realizou.

    Simplesmente constatamos que, ao longo de

    um sculo, nas lutas, nos ciclos e

    ases da economia, nas migraes,

    nas enchentes e vazantes dos rios,

    na abertura de estradas, nas al

    deias, vilas e cidades, o Acre oi se

    azendo o que hoje . A populao

    oi se distribuindo e se concentran

    do, as regies oram descobrindo

    potencialidades e vocaes, cada

    um oi lutando e conquistandoseu espao. Esse o Zoneamento

    real, eito pela vida.

    Foi em busca dessa realidade

    que percorremos o Acre inteiro

    e desenvolvemos uma manei

    ra nova de pesquisar, deixando

    que a populao, as lideranas,

    os grupos, as minorias, todo

    mundo ale e mostre sua identi

    dade e suas reivindicaes Fico

    eliz de ver que a prioridade que

    Foi em buscadessa realidadeque percorremoso Acre inteiro edesenvolvemos umamaneira nova depesquisar, deixando

    que a populao, aslideranas, os grupos,as minorias, todomundo fale e mostresua identidade e suasreivindicaes. Ficofeliz de ver que aprioridade que demosao Zoneamentorevela-se cada vez

    mais acertada.

    oltar

  • 7/30/2019 ZEE Acre FaseII Parte1 Baixareol

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    Zoneamento EcolgicoEconmico do Acre Fase II Documento Sntese Escala 1:250.00010

    demos ao Zoneamento revelase cada vez mais

    acertada. Fico eliz de ter podido contar com

    dirigentes, tcnicos e consultores to qualii

    cados e dedicados. Fico ainda mais eliz com a

    participao popular na elaborao do Zonea

    mento j a partir da primeira ase do programa,

    cujos resultados apresentamos ao pblico noprimeiro semestre de 2000. Agora, temos a sa

    tisao de apresentar o Mapa de Gesto Ter

    ritorial do Acre como resultado principal dos

    trabalhos da segunda ase do Programa Esta

    dual do Zoneamento EcolgicoEconmico.

    Este mapa refete a viso do governo e da so

    ciedade sobre o novo estilo de desenvolvimen

    to local e regional que queremos e que estamos

    construindo em nosso Estado, pautado na valo

    rizao do patrimnio sciocultural e ambiental

    e na participao popular, o que chamamos deFlorestania.

    O apoio do companheiro Luiz Incio Lula da

    Silva, da ministra Marina Silva e de vrios rgos

    do governo ederal oi undamental para a con

    solidao de mais esta etapa do Zoneamento do

    Acre. Tenho certeza de que no estamos apresen

    tando um produto rio, uma pea tcnica despro

    vida de emoo. Estamos, na verdade, mostrando

    uma maneira despojada e sincera de azer as coi

    sas: a maneira como o herico povo acreano quer

    e merece ser tratado.

    Estamos realizando uma parte do sonho de

    companheiros valorosos, como Chico Mendes,

    cuja presena ainda sentimos ao nosso lado a

    cada passo da caminhada. Estamos estabelecen

    do limites para que o respeito vida seja ilimitado,denindo cada parte para que a foresta permane

    a inteira e tornando prtica a idia da sustentabi

    lidade, tendo o zoneamento como base do Plano

    de Desenvolvimento do Estado.

    Sem arrogncia, sabemos da importncia da

    nossa experincia para a construo do uturo, co

    locando essa realidade num mapa e sobre ele de

    senhando nosso sonho. O que estamos azendo

    nas cabeceiras dos rios pode espalharse por toda

    a Amaznia. essa a contribuio de nosso povo a

    um esoro que toda a humanidade az para renovar a esperana no incio de um novo milnio.

    Com o lanamento do Mapa de Gesto Territo

    rial do Acre, estamos completando mais um passo

    importante na execuo do Programa Estadual do

    Zoneamento EcolgicoEconmico. Um prximo

    desao avanar na incorporao das diretrizes do

    Mapa de Gesto Territorial entre os instrumentos

    de polticas pblicas ans. Vamos adiante: modes

    tamente, estamos apenas comeando.

    Jorge Viana

    Governador

    oltar

  • 7/30/2019 ZEE Acre FaseII Parte1 Baixareol

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    Zoneamento EcolgicoEconmico do Acre Fase II Documento Sntese Escala 1:250.000 13

    O Estado do Acre desempenhou um papel re

    levante na histria da regio Amaznica durante

    a expanso da economia da borracha no m do

    sculo XIX pelo potencial de riqueza natural dos

    rios acreanos e pela qualidade e produtividade

    dos seringais existentes em seu territrio. O Acre

    oi cenrio do surgimento de organizaes sociais

    e polticas inovadoras nas ltimas dcadas do s

    culo XX baseadas na deesa do valor econmico

    dos recursos naturais. E hoje, tendo optado por

    um modelo de desenvolvimento que busca conci

    liar o uso econmico das riquezas da foresta com

    a modernizao de atividades que impactam omeio ambiente, reassume importncia estratgi

    ca no uturo da Amaznia. O Acre vem mostrando

    que possvel crescer com incluso social e prote

    o do meio ambiente.

    Nessa permanente relao entre histria,

    ambiente, economia e sociedade, em dierentes

    momentos no tempo, a sociedade acreana cons

    tituiu dierentes identidades sociais: de ndios,

    seringueiros, regates, ribeirinhos e paulistas,

    resultado da insero de cada segmento em um

    momento dierente da histria. O resultado uma

    sociedade multiacetada, no raro em confito,

    que se desenvolveu em um contexto de disputa

    por territrios e recursos.

    O perodo histrico coberto pela constituio

    desses atores sociais amplo: desde os primeiros

    grupos indgenas que se deslocaram para esta re

    gio h mais de cinco mil anos, os povos que vie

    ram em uno do extrativismo da borracha, nor

    destinos, alm dos srios e libaneses e, nalmente,

    o contingente das recentes migraes do sul dopas ocorridas no incio dos anos 70 do sculo XX.

    A perspectiva histrica perpassa todos os te

    mas abordados no Programa Estadual de Zonea

    mento EcolgicoEconmico (ZEE) do Acre: da si

    tuao atual dos recursos naturais, passando pela

    evoluo econmica e populacional e chegando

    aos aspectos sociais, culturais e polticos, tema

    principal desta introduo. A infuncia mais mar

    I INTRODUO1.1. TRAJETRIAS ACREANAS1

    1

    BEZERRA, M. J.; NEVES, M. V. Trajetrias Acreanas ndios, Seringueiros, Ribeirinhos, SrioLibaneses e Sulistas como atores deormao do Acre. Rio Branco: SEMA/IMAC. Artigo produzido para o ZEE Fase II, 2006. Trabalho no publicado.

    oltar

  • 7/30/2019 ZEE Acre FaseII Parte1 Baixareol

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    cante do processo de ocupao est no ato de o

    Acre ainda manter quase a totalidade de sua fo

    resta intacta. Isso decorre da poca, do modo e da

    relativa recentidade de seu processo de ocupao

    e, ao mesmo tempo em que explica o passado,

    constitui a base do uturo.

    Sociedades indgenas

    O povoamento humano do Acre teve incio,

    provavelmente, entre 20 mil e 10 mil anos atrs,

    quando grupos provenientes da sia chegaram

    Amrica do Sul aps uma longa migrao e ocu

    param as terras baixas da Amaznia. Registros

    arqueolgicos s recentemente estudados vm

    permitindo o conhecimento das origens dessas

    culturas imemoriais. Mas oi do confito entre

    grupos indgenas e migrantes nordestinos que seoriginou a sociedade acreana tal como a conhece

    mos na atualidade.

    Em meados do sculo XIX, quando a regio

    amaznica comeou a ser conquistada e inserida

    no mercado, a ocupao dos altos rios Purus e Ju

    ru pelos povos nativos apresentava uma diviso

    territorial entre dois grupos lingsticos com sig

    nicativas dierenas: no Purus havia o predom

    nio de grupos Aruan e Aruak, do mesmo tronco

    lingstico, no vale do Juru havia o predomnio

    de grupos Pano. Cinco grupos nativos dierentes

    ocupavam os espaos da Amaznia Sul Ocidental.

    No mdio curso do rio Purus, hoje Estado do

    Amazonas, habitavam povos de lngua Aruan do

    tronco Aruak. Grupos pouco aguerridos, eram ge

    ralmente submetidos por outros ou se reugiavam

    na terra rme, espalhandose por diversos afuen

    tes de ambas as margens do mdio Purus. Segun

    do recentes anlises lingsticas, essa amlia teria

    uma antiguidade em torno de 2 mil anos.

    No alto curso do rio Purus e no baixo rio Acre

    estavam estabelecidas diversas tribos do troncolingstico Aruak: Apurin, Manchineri, Kulina,

    Canamari, Piros, Ashaninka. Esses grupos se espa

    lhavam desde a confuncia do Pauini com o Pu

    rus at a regio das encostas orientais do Andes,

    cerca de 5 mil anos atrs. Teriam resistido expan

    so das civilizaes andinas antes de enrentar o

    avano dos brancos sobre suas terras na poca da

    borracha.

    No alto curso dos rios Acre, alto Iquiri, Abun e

    outros afuentes do rio Madeira, em territrio boli

    viano, havia um enclave de grupos alantes de ln

    gua Takana e Pano. Alguns eram bastante aguer

    ridos, como os Pacaguara, e outros mais sociveis,

    como os Kaxarari, que mantinham ativo contato

    com os Apurin, apesar das dierenas lingsticas

    e culturais entre os dois grupos. A lngua Takana

    de origem mais recente, tendo surgido entre 3 mil

    e 2 mil anos atrs.

    Na regio intermediria entre o mdio curso

    do Purus e o Juru, ao norte do Acre, habitavam

    os Katukina, sobre os quais h raras inormaes.Esse grupo teria surgido h cerca de 2 mil anos.

    Eram pouco numerosos e cavam contidos entre

    os Aruak ao leste e os Pano a oeste, restandolhes

    a explorao das terras rmes menos ricas em ali

    mentos que as margens dos grandes rios.

    Considervel espao do mdio e alto curso

    do rio Juru e seus afuentes como o Tarauac, o

    Muru, o Envira, o Moa era dominado por numero

    sos grupos alantes da lngua Pano: Kaxinawa, Ja

    minawa, Amahuaca, Arara, Rununawa, Xixinawa,

    grupo lingstico com cerca de 5 mil anos. Devido

    Zoneamento EcolgicoEconmico do Acre Fase II Documento Sntese Escala 1:250.00014

    oltar

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    Zoneamento EcolgicoEconmico do Acre Fase II Documento Sntese Escala 1:250.000 15

    ao seu carter guerreiro, os Pano conquistaram

    territrios de outros povos e tambm do mesmo

    tronco lingstico. Esse ato ajuda a explicar a rag

    mentao que eles apresentavam quando os nor

    destinos comearam a chegar regio.

    Economia da borrachaA ocupao do territrio habitado por indge

    nas e que hoje orma o Estado do Acre teve in

    cio com o primeiro ciclo econmico da borracha,

    por volta da segunda metade da dcada de 1800.

    Esse ciclo, que marcou os Estados da Amaznia,

    em geral, est associado com a demanda indus

    trial internacional da Europa e dos EUA, a partir de

    ns do sculo XIX. Para suprir procura pela bor

    racha, oi organizado um sistema de circulao de

    produtos e mercadorias conectando seringueirose seringalistas que comandavam a produo na

    Amaznia a comerciantes do Amazonas e Par e

    grupos nanceiros da Europa, lanando os unda

    mentos da empresa extrativa da borracha.

    A ocupao do Estado do Acre, dierentemen

    te de outros Estados da Amaznia, apresenta al

    gumas particularidades que merecem destaque,

    por suas conseqncias sociais, culturais e pol

    ticas. Grande parte dessas particularidades est

    associada com questes undirias histricas e

    as lutas que essas desencadearam, desde 18672 ,

    quando o governo do Imprio do Brasil assina o

    Tratado de Ayacucho, reconhecendo ser da Bol

    via o antigo espao que hoje pertence ao Estado

    do Acre.

    A partir de 1878, a empresa seringalista alcan

    ou a boca do rio Acre controlando a explorao

    em todo o mdio Purus e, em 1880, ultrapassou a

    Linha Cunha Gomes, limite nal das ronteiras le

    gais brasileiras, expandindose para territrio boli

    viano. Intensa seca ocorrida na regio nordestina,

    em 1877, disponibilizou a modeobra necess

    ria para o empreendimento extrativista, popula

    o que no estava conseguindo a sobrevivncia

    em azendas e pequenas propriedades agrcolasdo Nordeste. Na seqncia, em 1882, os migran

    tes que vieram do Nordeste brasileiro, ugindo

    das secas, undaram o seringal Empresa, que mais

    tarde veio a ser a capital do Acre, Rio Branco.

    Nessa poca, o governo da Bolvia pretendia

    passar o controle do territrio do Acre para o An

    gloBolivian Syndicate de Nova York, por meio

    de um contrato que concedia no s o monop

    lio sobre a produo e exportao da borracha,

    como tambm aueria os direitos scais, manten

    do ainda as tareas de polcia local. A reao dosacreanos se concretizou com a rebelio de Plci

    do de Castro. Tambm o governo brasileiro iniciou

    aes diplomticas, capitaneadas pelo Baro de

    Rio Branco.

    Em 1901, Lus Galvez, com o apoio do gover

    nador do Estado do Amazonas, proclamou o Acre

    Estado Independente, acirrando os confitos entre

    bolivianos, seringueiros e seringalistas.

    As negociaes entre o governo brasileiro e o

    boliviano chegaram a um acordo em 1903, com

    a assinatura do Tratado de Petrpolis, por meio

    do qual o Brasil incorporou ao territrio nacional

    uma extenso de terra de quase 200 mil km, que

    oi entregue a 60 mil seringueiros e suas amlias

    para que l pudessem exercer as unes extrati

    vas da borracha.

    Historicamente, a migrao dos nordestinos

    ampliou as ronteiras do pas na Regio Norte e

    2 SCHEFFLER, L. F. Macrotendncias ScioEconmicas do Estado do Acre. Rio Branco: SEMA/IMAC. Artigo produzido para oZEE Fase II, 2006. Trabalho no publicado

    oltar

  • 7/30/2019 ZEE Acre FaseII Parte1 Baixareol

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    Zoneamento EcolgicoEconmico do Acre Fase II Documento Sntese Escala 1:250.0001

    contribuiu para a gerao de riquezas oriundas do

    crescente volume e valor das exportaes brasi

    leiras de borracha no perodo. A crise de preos

    desse produto, nos primeiros anos do sculo XX,

    acabou dando origem a um modelo de ocupao

    baseado em atividades de subsistncia e comer

    ciais em escala reduzida, dependente diretamente dos recursos naturais disponveis no local.

    Contudo, a partir de 1912, o Brasil perdeu a

    supremacia da borracha. Esse ato oi ocasionado

    pelos altos custos da extrao do produto, que

    impossibilitavam a competio com as planta

    es do Oriente; inexistncia de pesquisas agro

    nmicas em larga escala devidamente amparadas

    pelo setor pblico; alta de viso empresarial dos

    brasileiros ligados ao comrcio da goma elstica;

    carncia de uma modeobra barata da regio,

    elemento essencial ao sistema produtivo; insucincia de capital nanceiro aliada distncia e

    s condies naturais adversas da regio. Os se

    ringueiros que trabalhavam na extrao do ltex

    se mantiveram em alguns seringais, sobreviven

    do por meio da explorao da madeira, pecuria,

    comrcio de peles e atividades ligadas coleta e

    produo de alimentos.

    Por mais de cem anos essa sociedade teve

    como base a explorao da borracha, castanha,

    pesca, madeira, agricultura e pecuria em peque

    na escala. Se, por um lado, essa tradio contribuiu

    para a manuteno quase inalterada dos recursos

    naturais, gerou graves desigualdades sociais pela

    ausncia de polticas de inraestrutura social e

    produtiva para a maioria da populao.

    Impacto sobre as sociedadesindgenas

    Como parte do mesmo processo desencadeado

    pela demanda da borracha, caucheiros peruanosvindos do sudoeste cortavam a regio das cabe

    ceiras do Juru e do Purus, enquanto os primeiros

    seringalistas bolivianos comeavam a se expandir

    pelo vale de Madre de Dos e ocupar as terras acre

    anas pelo sul. Frente a essas investidas, os povos

    nativos da regio viramse cercados por brasileiros,

    peruanos e bolivianos sem ter para onde ugir ou

    como resistir enorme presso que vinha do capi

    tal internacional, que dependia da borracha amaz

    nica. Para os ndios inaugurouse um novo tempo:

    de senhores das terras da Amaznia sulocidental

    passaram a ser vistos como entrave explorao

    da borracha e do caucho na regio.

    Desde o estabelecimento da empresa extrati

    vista da borracha at a dcada de 1980, os ndios

    do Acre passaram por uma longa ase de degra

    dao de sua cultura tradicional, que inclui expro

    priao da modeobra, descaracterizao da

    cultura e desestruturao da organizao social.O encontro entre culturas indgenas e noin

    dgenas oi marcado pelo conronto, que se ex

    pressou de orma cruel e excludente. Entre os anos

    de 1880 e 1910, o intenso ritmo da explorao da

    borracha resultou no extermnio de inmeros

    grupos indgenas. Alm disso, o estabelecimen

    to da empresa extrativista da borracha alterou a

    orma de organizao social dos ndios. Alguns

    pequenos grupos ainda conseguiram se reugiar

    nas cabeceiras mais isoladas dos rios, mas a gran

    de maioria oi pressionada a se modicar para no

    desaparecer.

    A escassez da modeobra levou ao emprego

    crescente das comunidades indgenas remanes

    centes nos seringais. Os comerciantes srioliba

    neses substituram as casas aviadoras de Belm

    e Manaus na uno de abastecer os barraces

    e manter ativos os seringais, e a populao oi se

    estabelecendo na beira dos rios, dando origem a

    um segmento social tradicional do Estado, os ri

    beirinhos.

    Srios e libaneses

    No passado, os regates mascates das guas

    da Amaznia aportavam s margens dos serin

    gais abastecendo seus moradores de produtos di

    versos, inclusive miudezas, destacandose, entre

    esses personagens, os srios e libaneses, que reali

    zaram uma trajetria histrica signicativa para a

    ormao do Acre. Essa migrao de origem sria e

    libanesa oi realizada por conta dos prprios imi

    oltar

  • 7/30/2019 ZEE Acre FaseII Parte1 Baixareol

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    Zoneamento EcolgicoEconmico do Acre Fase II Documento Sntese Escala 1:250.000 1

    grantes, de maneira noocial ou subsidiada.

    Esses imigrantes e seus descendentes conse

    guiram vencer a opinio corrente que um dia os

    considerou marginais. Pesou tambm o ato de

    que, com o passar do tempo, houve uma gradativa

    miscigenao com a populao local, proporcio

    nando uma descendncia de legtimos lhos daterra. Como acreanos natos, os lhos do Oriente

    Prximo estavam em igualdade de condies com

    os de outros imigrantes nacionais ou estrangeiros.

    O bemestar econmico alcanado por muitos s

    rios e libaneses assegurou educao de qualidade

    para seus lhos, que passaram a se integrar, em su

    cessivas geraes, economia e elite local.

    Ribeirinhos

    No curso dos anos de explorao da borracha

    e mesmo entre as crises, s margens dos rios do

    Acre estabeleceramse os ribeirinhos, que cons

    tituram comunidades organizadas a partir de

    unidade produtivas amiliares que utilizam os rioscomo principal meio de transporte, de produo

    e de relaes sociais.

    O ribeirinho, em sua maioria, oriundo do

    Nordeste ou descende de pessoas daquela re

    gio. Destacamos que, com as agudas crises da

    borracha, muitos desses homens e suas amlias

    se xaram nas margens dos rios, constituindo um

    tipo de populao tradicional com estilo prprio

    na qual o rio tornouse um dos elementos centrais

    de sua identidade.

    Os produtores ribeirinhos desenvolvem uma

    economia de subsistncia bastante diversica

    da, ao mesmo tempo adaptada e condicionada

    pelo meio ambiente, sem agredilo com prticas

    como queima e desmatamento da foresta. Por

    isso, sempre estiveram junto com os seringueiros

    na organizao e deesa dos direitos de ocupao

    das reas onde viviam.

    Autonomia acreana

    Apesar de o Tratado de Petrpolis ter reco

    nhecido o territrio acreano como brasileiro, a

    incorporao ocorreu na orma de territrio e no

    como um Estado independente. Isso desagradou

    o povo acreano, em razo de sua dependncia

    do poder executivo ederal, pois signicava que

    o Acre no tinha direito a uma Constituio pr

    oltar

  • 7/30/2019 ZEE Acre FaseII Parte1 Baixareol

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    Zoneamento EcolgicoEconmico do Acre Fase II Documento Sntese Escala 1:250.00018

    pria, no podia arrecadar impostos, dependia dos

    repasses oramentrios do governo ederal e sua

    populao no poderia votar nas unes executi

    vas ou legislativas.

    Alm disso, os administradores nomeados

    pelo governo ederal no tinham nenhum com

    promisso com a sociedade acreana, situaoagravada pela distncia e isolamento das cidades

    e inecincia dos servios pblicos.

    A autonomia poltica do Acre tornavase, en

    to, a nova bandeira de luta. Comearam a ser

    undados clubes polticos e organizaes de pro

    prietrios e/ou de trabalhadores em diversas cida

    des como Xapuri, Rio Branco e Cruzeiro do Sul. Em

    poucos anos a situao social acreana se agravaria

    em muito devido reduo no preo da borracha,

    que passou a ser produzida no sudeste asitico.

    A radicalizao dos confitos logo produziriaeeitos mais graves: o assassinato de Plcido de

    Castro, em 1908, um dos lderes da oposio ao

    governo ederal, e em 1910, registrouse a primei

    ra revolta autonomista em Cruzeiro do Sul, sendo

    seguida por Sena Madureira, em 1912, e em Rio

    Branco, em 1918, todas suocadas ora pelo go

    verno brasileiro.

    A sociedade acreana viveu ento um dos pe

    rodos mais diceis da sua histria. Os anos 20

    oram marcados pela decadncia econmica

    provocada pela queda dos preos internacionais

    da borracha. Os seringais aliram. Toda a riqueza

    acumulada havia sido drenada, cando o Acre iso

    lado.

    A populao local buscou novas ormas de or

    ganizao social e de encontrar novos produtos

    que pudessem substituir a borracha no comrcio

    internacional. Os seringais se transormaram em

    unidades produtivas mais diversicadas. Tiveram

    incio a prtica de agricultura de subsistncia que

    diminua a dependncia de produtos importados,a intensicao da colheita e exportao da cas

    tanha e o crescimento do comrcio de madeira e

    de peles de animais silvestres da auna amazni

    ca. Comeavam assim, impulsionadas pela neces

    sidade, as primeiras experincias de manejo dos

    recursos forestais acreanos.

    A situao de tutela poltica sobre a sociedade

    acreana, entretanto, mantinhase inalterada. Nem

    mesmo o novo perodo de prosperidade da bor

    racha, provocado pela Segunda Guerra Mundial,

    oi capaz de modicar esse quadro. Durante trs

    anos (19421945), a Batalha da Borracha trouxe

    mais amlias nordestinas para o Acre, repovoan

    do e enriquecendo novamente os seringais.

    Essa melhoria do contexto econmico ez com

    que os anseios autonomistas ganhassem nova or

    a e, em 1962, depois de uma longa batalha legis

    lativa, o Acre ganhou o status de Estado e o povopassou a exercer plenamente sua cidadania.

    Segunda Guerra Mundial

    A ecloso da Segunda Guerra Mundial em

    1939 possibilitou um novo alento economia ex

    trativa da borracha em decorrncia dos Acordos

    de Washington, que asseguraram o ornecimento

    de ltex para os pases aliados (Frana, Inglaterra e

    E.U.A.), em confito com os pases do Eixo (Alema

    nha, Itlia e Japo) devido ao controle dos seringais asiticos pelos japoneses.

    Na dcada de 1940, teve incio um aumento na

    demanda externa por ltex, o que levou o governo

    brasileiro a promulgar o decretolei n 5.813, de

    14/09/45, criando no pas a oportunidade de tra

    balho na extrao do ltex, em lugar de prestao

    do servio militar obrigatrio. Isso resultou, nova

    mente, na vinda de contingentes de nordestinos

    para o Acre, mas esse novo ciclo durou pouco.

    A mobilizao e encaminhamento de mo

    deobra para a Amaznia oram realizados por ini

    ciativa de rgos governamentais especialmente

    criados para esse m, como o DNI (Departamento

    Nacional de Imigrao), SEMTA (Servio de Mobili

    zao de Trabalhadores para a Amaznia) e CAETA

    oltar

  • 7/30/2019 ZEE Acre FaseII Parte1 Baixareol

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    Zoneamento EcolgicoEconmico do Acre Fase II Documento Sntese Escala 1:250.000 1

    (Comisso Administrativa de Encaminhamento de

    Trabalhadores para a Amaznia). O objetivo era su

    prir os seringais de trabalhadores, uma vez que, no

    perodo de 1920 a 1940, a taxa de crescimento de

    mogrco da regio chegou ao percentual irris

    rio de 0,05%. A populao do Par decresceu 0,01%

    ao ano e a do Amazonas cresceu taxa de 0,1% aoano, enquanto no antigo territrio do Acre a po

    pulao decresceu taxa de 8,8% ao ano, transor

    mandose numa zona de repulso demogrca.

    (Vergolino, apud Martinello, 2004).

    medida que a crise da economia extrativista

    da borracha se acentuava, os seringalistas reivin

    dicavam do governo ederal uma poltica de va

    lorizao da borracha. Foram realizadas Conern

    cias Nacionais da Borracha, no perodo de 1946 a

    1950. Entretanto, apesar das polticas implemen

    tadas, a produo da borracha acreana no maisvoltou aos patamares do perodo da guerra.

    Entre os anos de 1940 at nal de 1960, o

    Acre cou relativamente isolado da economia

    internacional e nacional, mesmo aps a constru

    o das rodovias BelmBraslia e BrasliaAcre. A

    partir desse perodo, a migrao para os Estados

    da Amaznia brasileira, em geral, acelerase, pois

    coincide com o momento em que o planejamento

    regional se mostrava como uma sada para o orde

    namento do crescimento econmico, resultando

    na transormao da antiga Superintendncia de

    Valorizao Econmica da Amaznia em Superin

    tendncia de Desenvolvimento da Amaznia (Su

    dam), do Banco de Crdito da Borracha em Banco

    da Amaznia (Basa) e na criao da Zona Franca

    de Manaus.

    Expanso da ronteiraagropecuria

    A dcada de 70 trouxe proundas alteraesnesse cenrio decorrente da reorientao do mo

    delo de desenvolvimento da Amaznia produzido

    pelos militares. Visto como um Estado marginali

    zado e pouco desenvolvido, para o Acre oram

    orientados investimentos em pecuria e agricul

    tura que alterariam radicalmente a base de recur

    sos naturais e a vida de sua populao.

    O Estado do Acre no cou imune aos avan

    os nas rentes de expanso e a outros enme

    nos ligados dinmica da economia brasileira.

    Por exemplo, ao nal da dcada de 1960, con

    gurouse um contexto de valorizao do mercado

    de terras, em conseqncia da concretizao das

    condies prvias para a expanso da produo

    agropecuria no pas: implantao de indstrias

    produtoras de mquinas, implementos e insumos

    qumicos e biolgicos para essa produo, bem

    como as indstrias que beneciam as matriasprimas agropecurias; tambm desse perodo a

    institucionalizao do Sistema Nacional de Crdi

    to Rural (1965).

    Em conseqncia, constituramse os comple

    xos agroindustriais no Brasil, em geral dominados

    por empresas transnacionais, que passam a esti

    mular o que e como produzir para o mercado in

    terno e externo, pois detm expresso econmica

    e poltica capaz de impor seus interesses.

    Sulistas no Acre

    Os anos 70 e 80 desenharam outro contexto

    para o Acre com a vinda dos chamados paulistas.

    Essa identidade oi atribuda de orma genrica a

    grandes empresrios sulistas e migrantes rurais

    que vieram para o Acre com objetivo de especular

    com a compra de grandes seringais.

    importante salientar que, apesar de nmero

    razovel de pessoas oriundas das regies Sul e Su

    deste para os Projetos de Colonizao, houve umgrande nmero de pessoas residentes em reas

    de forestas ou rurais dirigidas para os Projetos de

    Assentamento. Nesse sentido, os assentamentos

    serviam para atenuar presses do Sul e Sudeste,

    mas principalmente das existentes no Acre, pela

    qual muitas pessoas oram mortas e expulsas de

    suas terras.

    Embora dados do Incra indiquem a atual exis

    tncia de concentrao de reas nas mos de

    grandes proprietrios, mesmo dentro dos proje

    tos de colonizao, esse ato no ocorria na po

    oltar

  • 7/30/2019 ZEE Acre FaseII Parte1 Baixareol

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    Zoneamento EcolgicoEconmico do Acre Fase II Documento Sntese Escala 1:250.00020

    ca da criao deles. Naquela oportunidade, esses

    espaos oram loteados e ocupados por amliaspobres e sem terra, basicamente seringueiros e

    posseiros.

    Presses vindas de vrios segmentos sociais

    contriburam para a criao dos projetos de colo

    nizao do Acre, entre os quais se destacaram os

    exseringueiros e posseiros expulsos dos seringais

    por ocasio do processo de transerncia das ter

    ras acreanas para os azendeiros do CentroSul.

    Em meados de 70 do sculo XX, as tenses en

    tre pecuaristas e latiundirios de um lado e serin

    gueiros do outro omentaram a expropriao des

    tes dos seringais, dando origem a um contingente

    de desempregados nos bairros e no entorno das

    cidades acreanas. Parcela signicativa de amlias

    migrou para os seringais da Bolvia, ali constituin

    do amlia e criando novas identidades. Esse novo

    ator social oi designado por um grupo de estu

    diosos como brasivianos.

    Contexto dierente ocorreu nos anos 80, quan

    do os seringueiros passaram a se organizar poli

    ticamente devido as ortes tenses e pela expropriao de suas terras e da proibio do uso dos

    recursos naturais.

    Reao da sociedade

    Dierentemente de outras regies da Ama

    znia, que passaram pelo mesmo processo e, ao

    m da dcada de 90, havia sido alterada proun

    damente a congurao scioeconmica de sua

    populao, por infuncia de migrantes oriundos

    do Sul do Brasil, no Acre comunidades tradicio

    nais de seringueiros, indgenas e pequenos agri

    cultores reagiram s mudanas. Apoiados porinstituies da Igreja Catlica como CPT e CIMI,

    organizaes sindicais como Contag, polticas

    como PT e CUT, segmentos at ento marginaliza

    dos organizaram a deesa de territrios, recursos

    e modos de vida. Iniciativas voltadas para impedir

    desmatamentos base econmica e meio de vida

    dessas populaes caram conhecidas no mun

    do inteiro, dando origem a alianas estratgicas

    que persistem ainda hoje.

    Ao custo de muitos confitos e mortes, a socie

    dade acreana conseguiu redirecionar o modelo

    econmico implantado pelos militares na dcada

    de 60. O assassinato de lderes representativos

    como Wilson Pinheiro e Chico Mendes, entre ou

    tros, evidenciou a ora da reao da sociedade

    local aos agentes externos e produziu o recuo

    daqueles investidores que apenas buscavam ex

    plorao de curto prazo dos recursos naturais e da

    ora de trabalho.

    A partir dos ltimos anos da dcada de 70 e du

    rante os anos 80 e 90, o Acre passou a ser o cenriode inmeras experincias inovadoras de gesto

    de recursos naturais e investimentos sociais, em

    parceria com instituies nacionais e internacio

    nais. Ao mesmo tempo em que deendiam seus

    direitos, os diversos grupos sociais elaboravam

    novas propostas que oram sendo implementa

    das, em pequena escala, em todo o Estado. Deve

    se destacar a regularizao de territrios e acesso

    a recursos naturais na orma de Terras Indgenas,

    Projetos de Assentamento Extrativistas e Reservas

    Extrativistas e iniciativas voltadas para adquirir

    oltar

  • 7/30/2019 ZEE Acre FaseII Parte1 Baixareol

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    Zoneamento EcolgicoEconmico do Acre Fase II Documento Sntese Escala 1:250.000 21

    novas tecnologias e conhecimentos para utilizar

    esses recursos.

    Nesse contexto, merece destaque a atuao

    das populaes tradicionais, mesmo daquelas

    que migraram para as cidades por ora da deses

    truturao dos seringais, da valorizao das terras

    e da conseqente concentrao undiria, conorme mencionado anteriormente.

    A partir de 1975, as populaes tradicionais

    da foresta comearam a se organizar e a desen

    volver dierentes estratgias de resistncia. Foram

    undados os primeiros sindicatos de trabalhado

    res rurais em Brasilia, Xapuri, Rio Branco e Sena

    Madureira. A implantao da primeira Ajudncia

    da Funai no Estado possibilitou que se iniciasse o

    processo de demarcao e regularizao das ter

    ras indgenas acreanas. A Igreja Catlica do Vale

    do Acre reorou a luta popular com as Comunidades Eclesiais de Base.

    Os confitos oram se tornando cada vez mais

    explosivos e, em 1980, Wilson Pinheiro, presidente

    do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasilia,

    oi assassinado. Muitas outras mortes ocorreriam,

    culminando com a de Chico Mendes, em 1988,

    que provocou o reconhecimento internacional da

    sua causa, na luta em deesa da foresta e de seus

    povos.

    No deve ser esquecida, nesse contexto, a im

    portncia crescente que as questes ambientais

    vm assumindo, internacional e nacionalmente.

    Essa conjugao de circunstncias ez com

    que as populaes tradicionais recebessem apoio

    nacional e internacional dos diversos movimen

    tos que apontavam a necessidade da manuteno dos recursos naturais.

    No perodo de 1976 a 1985, o governo ederal,

    por meio do Incra, deu incio a um processo massi

    vo de discriminao das terras no Estado do Acre,

    cujo objetivo era identicar as terras pblicas das

    particulares, reando a ao nociva dos especula

    dores e grileiros. No m da dcada de 70, utilizan

    do o procedimento de desapropriao para ns

    de reorma agrria, oram criados os primeiros

    Projetos de Assentamentos Dirigidos (PAD): Peixo

    to e Boa Esperana, marco da colonizao ocialda Amaznia ao longo da BR364.

    Dcada de 0

    A partir de meados dos anos 90, com a implan

    tao do Plano Real e a relativa estabilidade mo

    netria, os investimentos de longo prazo caram

    mais atraentes, provocando queda no preo da

    terra. Essa queda, por sua vez, tornou mais aces

    oltar

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    Zoneamento EcolgicoEconmico do Acre Fase II Documento Sntese Escala 1:250.00022

    svel a aquisio de lotes que, associada aos pro

    gramas de acesso ao crdito para a produo em

    pequenas e mdias reas (Prona e Procera), igual

    mente estimulou a ocupao da Amaznia.

    Ainda no contexto de entendimento da ocupao do Acre, marcada pelo ciclo econmico da

    borracha, cuja matriaprima ltex extrada

    da natureza e no propriamente produzida, me

    rece meno que as atividades extrativas, histo

    ricamente, no tm gerado um processo de acu

    mulao e crescimento econmico no local de

    onde so extrados os produtos e/ou matrias

    primas. Em geral, a realizao desse potencial

    deslocada para as regies onde os produtos so

    industrializados e/ou comercializados. Assim, o

    potencial de acumulao gerado pelo ltex oi,

    em sua menor parte, apropriado pelos comer

    ciantes e investido nas capitais dos Estados do

    Par e do Amazonas, porm, a maior parte oi

    realizada no exterior, onde a borracha era indus

    trializada.

    Nesse sentido, o capital gerado no oi rein

    vestido no setor industrial, de beneciamento do

    prprio ltex ou de outros produtos extrativistas

    regionais ou, ainda, em outros setores produtivos.

    Em conseqncia, o ciclo da borracha no oi capaz de engendrar oportunidades de crescimento

    econmico e gerao de emprego e renda.

    No entanto, pouco impactou os ecossistemas

    regionais, o que congura um dos aspectos posi

    tivos do processo de ocupao do Estado do Acre,

    que, como se ver na seqncia, ainda dispe de

    um patrimnio natural praticamente conservado.

    Em sntese, no Acre surgiram os movimentos

    sociais contra o desmatamento na dcada de 70

    e as primeiras propostas da sociedade

    civil para conciliao entre desenvolvi

    mento e meio ambiente na dcada de

    80. Alm disso, tambm ali se desen

    volveu a nica experincia continuada

    de mais de dez anos de gesto pblica,

    municipal e estadual, voltada para aimplementao de um modelo de de

    senvolvimento baseado na valorizao

    dos recursos forestais e da biodiversi

    dade. Agora, o Acre inicia o processo

    de consolidao das mudanas para se

    constituir, de orma permanente, em

    reerncia para o Brasil, as demais regies amaz

    nicas e os pases vizinhos como o Estado brasileiro

    da forestania3.

    As trajetrias sociais e o Acreatual

    A territorialidade construda por ndios, serin

    gueiros, regates, ribeirinhos e sulistas, a partir

    de suas trajetrias, condiciona sua participao

    no processo de construo de uma identidade

    acreana. Cada um desses segmentos atua como

    sujeito social que busca a realizao de um pro

    jeto que possibilite a manuteno dos modos de

    vida que historicamente vm constituindo uma

    relao tensa e confituosa de uns com os outros

    e de todos com a natureza. As trajetrias histri

    cas e culturais experimentadas por to dierentes

    atores sociais ao longo da ormao da sociedade

    acreana deram origem a uma realidade multiace

    tada que, mais do que uma sntese das dierenas,

    realiza e atualiza a noo de uma identidade re

    gional a partir de sua interao.

    Essa contnua construo das identidades

    acreanas detm ocos, sendo o principal deles a

    relao cultural com a foresta. Esse imaginrioforestal, portanto, tornase uma das ormas de

    resistncia e um dos elementos de contgio s

    demais raes territoriais existentes no Estado.

    O reconhecimento das territorialidades e iden

    tidades desse atores sociais e a compreenso de

    suas dierenas histricoculturais constituem os

    elementos undantes da concepo de um zo

    neamento ecolgicoeconmico do Acre como

    instrumento de um modelo de desenvolvimento,

    3 O conceito de forestania sintetiza esse pensamento de melhoria de qualidade de vida e de valorizao dos ativos ambientaisdas populaes que vivem da foresta.

    oltar

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    Zoneamento EcolgicoEconmico do Acre Fase II Documento Sntese Escala 1:250.000 23

    centrado na perspectiva da sustentabilidade e

    gestado a partir de sua prpria histria e congu

    rao social.

    Atualidade

    Com o objetivo de executar e promover a regularizao, ordenamento e reordenamento un

    dirio rural e mediao de confitos pela posse da

    terra, em 2001 o Estado criou o Instituto de Terras

    do Acre (Iteracre), com a nalidade de apoiar o go

    verno do Estado na criao de novas reas de inte

    resse pblico como as Unidades de Conservao

    (Uso Sustentvel e Proteo Integral), Projetos de

    Assentamentos e Terras Indgenas.

    No se pode desconsiderar, nesse contexto de

    confitos e avanos na apropriao do patrimnio

    natural do Acre, que grandes reas de forestasesto atualmente protegidas sob o regime de

    Parques Nacionais, Unidades de Conservao, Re

    servas Extrativistas e Terras Indgenas, conorme

    ser visto na Parte II desta publicao. Agregue

    se a esses confitos o ato de que no Acre encon

    trase, tambm, um grande nmero de pequenas

    reas ocupadas pela populao ribeirinha. Alguns

    detm a propriedade legal da terra que ocupam,

    outros, no.

    Na atualidade, ainda persistem confitos pelaposse e uso dos recursos naturais no Estado do

    Acre, mas com congurao dierenciada. Aconte

    cem, em sua maioria, entre grandes proprietrios

    que querem retirar a madeira e posseiros, mesmo

    nas reas que oram objeto de reorma agrria.

    Outros ainda esto relacionados com o desmata

    mento e/ou retirada ilegal de madeira.

    Em geral, os confitos atuais pela posse de

    terra identicados no Acre tiveram origem na de

    manda reprimida de pretensos benecirios da

    reorma agrria e na presso de grandes proprietrios, para estender o desmatamento sobre reas

    de posse de seringueiros ou pequenos agriculto

    res amiliares.

    oltar

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    Zoneamento EcolgicoEconmico do Acre Fase II Documento Sntese Escala 1:250.00024

    Recentemente, ocorreram ocupaes espon

    tneas de reas destinadas s reservas legais de

    grandes propriedades, motivando aes de rein

    tegrao de posse por parte dos proprietrios. A

    compra de grandes seringais, com moradia ee

    tiva de ocupantes tradicionais, tambm constitui

    importante ator de gerao de confito.H mais de trs dcadas, o desmatamento

    se apresenta como uma prtica comum, princi

    palmente em grandes reas, quando a madeira

    de maior valor econmico j oi retirada e a rea

    est ocupada com pastagem. Essa prtica adquire

    maior gravidade quando atinge reas ocupadas

    por populaes extrativistas, que tm a foresta

    como base de atividade econmica. Como essas

    reas esto condicionadas a atividades forestais

    e extrativistas, as populaes tradicionais preser

    vam os recursos naturais de orma sustentvel, oque torna tais reas alvo de atrao para os ma

    deireiros.

    Finalmente, importante lembrar que o con

    junto de circunstncias aqui apresentadas, acerca

    do processo de ocupao do Estado do Acre, so

    responsveis pela conormao da sociedade, da

    economia e mesmo da situao atual dos recursos

    naturais do Estado do Acre. responsvel, ainda,

    por uma srie de problemas sociais, econmicos eambientais, cuja resoluo, em particular daque

    les de incluso social, ordenamento territorial e

    desenvolvimento sustentvel, um dos principais

    objetivos do Zoneamento EcolgicoEconmico,

    em sua segunda ase.

    oltar

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    Zoneamento EcolgicoEconmico do Acre Fase II Documento Sntese Escala 1:250.000 25

    1.2. A CONSTRUO DODESENVOLVIMENTO SUSTENTVELNO ACRE E O ZONEAMENTO

    ECOLGICO-ECONMICO4

    No Acre, o Programa Estadual de Zoneamen

    to EcolgicoEconmico tem assumido um papel

    undamental na construo do desenvolvimento

    sustentvel. O Zoneamento EcolgicoEconmico

    do Acre constituise num instrumento privilegia

    do de negociao entre o governo e a sociedade

    de estratgias de gesto do territrio. O ZEEAcre

    tem a atribuio de ornecer subsdios para orien

    tar as polticas pblicas relacionadas ao planeja

    mento, uso e ocupao do territrio, consideran

    do as potencialidades e limitaes do meio sico,

    bitico e scioeconmico, seguindo princpios

    do desenvolvimento sustentvel5.

    Dadas as especicidades culturais, ambientais,

    sociais e econmicas dos lugares, os problemas,

    os potenciais e as oportunidades so distintos, e,

    assim, o padro de desenvolvimento sustentvel

    no pode ser uniorme para toda a Amaznia.Uma caracterstica positiva da busca de um novo

    padro sustentvel da vida social justamente

    valorizar a dierena, que se traduz em vanta

    gem competitiva do territrio para construo

    do desenvolvimento scioeconmico e melhor

    qualidade ambiental (Rgo, 2003). Desse modo,

    o desenvolvimento sustentvel congurase como

    desenvolvimento sustentvel local e o ZEE deve

    ajustarse, na Amaznia, em seus objetivos e pro

    cedimentos, s realidades especcas dos Estados

    e ao projeto poltico de sua populao. Nesse sentido, uma das atribuies do ZEE contribuir para a

    espacializao de polticas pblicas, no sentido de

    adaptlas a realidades especcas do territrio.

    As especicidades culturais e a reivindicao

    de participao das comunidades locais salientam

    cada vez mais o papel das mesmas na construo

    de solues locais para uma sociedade sustent

    vel. Por isso, o planejamento regional s poderter eccia e eetividade se compartilhar as deci

    ses com os setores sociais tradicionalmente ex

    cludos, a sociedade civil e o empresariado (Rgo,

    2003). Ou seja, a implementao prtica do zo

    neamento est relacionada consolidao de um

    novo estilo de gesto das polticas pblicas en

    volvendo processos de empoderamento, dilogo

    e negociao entre o governo, a sociedade civil

    organizada e o setor privado.

    Durante os anos 80, o ZEE surgiu como respos

    ta de rgos governamentais ao agravamento deproblemas scioambientais na Amaznia, espe

    cialmente o desmatamento acelerado e confitos

    violentos sobre o acesso terra e a outros recur

    sos naturais, a exemplo do assassinato de Chico

    Mendes, em Xapuri, em dezembro de 1988. Des

    de ento, as experincias de zoneamento ecolgi

    4 PASSOS, V. T. R. et al. Diretrizes Estratgicas para o Zoneamento Fase II do Estado do Acre Documento Base do ZoneamentoEcolgicoEconmico Fase II. Rio Branco: Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais, 20045 O termo desenvolvimento sustentvel pode ser denido como um padro de desenvolvimento que tem como princpio asse

    gurar condies dignas de vida para as geraes atuais, baseado em modelos de produo e consumo que mantm os estoquesde recursos naturais e a qualidade ambiental, de orma a permitir condies de vida igual ou superior s geraes uturas.

    oltar

  • 7/30/2019 ZEE Acre FaseII Parte1 Baixareol

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    Zoneamento EcolgicoEconmico do Acre Fase II Documento Sntese Escala 1:250.0002

    coeconmico promovidas pelo governo ederal e

    governos estaduais na Amaznia tm gerado uma

    srie de debates, aprendizados e reormulaes de

    estratgia6. No caso do Acre, o ZEE, sem embargo

    de colher ensinamento de experincias de outros

    espaos da Amaznia, teve como reerncia e ins

    pirao, a histria, a cultura, o saber tradicional, osonho, o projeto de desenvolvimento e vida do

    seu povo, para criar um mtodo inovador e um

    zoneamento que d conta das caractersticas pe

    culiares da natureza e das sociedades locais.

    No mbito ederal, a Comisso Coordenadora

    do Zoneamento EcolgicoEconmico do Territ

    rio Nacional, composta por 13 ministrios coor

    denados pelo Ministrio do Meio Ambiente, tem

    a atribuio de planejar, coordenar, acompanhar

    e avaliar a execuo dos trabalhos de ZEE. Uma

    das unes dessa comisso articularse com osgovernos estaduais, apoiandoos na execuo de

    suas iniciativas de zoneamento, buscando a com

    patibilizao com os trabalhos do governo ederal.

    A comisso conta com a assessoria tcnica de um

    Grupo de Trabalho Permanente para a Execuo

    do ZEE, denominado Consrcio ZEE Brasil (decre

    to de 28 de dezembro de 2001).

    No Acre, o Programa Estadual de Zoneamento

    EcolgicoEconmico oi criado pelo governador

    Jorge Viana por meio do decreto estadual n 503,

    de 6 de abril de 1999, segundo o qual os trabalhos

    do ZEE devem ser conduzidos de acordo com os

    seguintes princpios:

    Participativo: os atores sociais devem intervir

    durante todas as ases dos trabalhos, desde

    a concepo at a gesto, com vistas cons

    truo de seus interesses prprios e coleti

    vos, para que o ZEE seja autntico, legtimoe realizvel.

    Eqitativo: igualdade de oportunidade de de

    senvolvimento para todos os grupos sociais e

    para as dierentes regies do Estado.

    Sustentvel: o uso dos recursos naturais e do

    meio ambiente deve ser equilibrado, buscan

    do a satisao das necessidades presentes

    sem comprometer os recursos para as gera

    es uturas.

    Holstico: abordagem interdisciplinar para

    integrao de atores e processos, considerando a estrutura e a dinmica ambiental e

    econmica, bem como os atores histrico

    evolutivos do patrimnio biolgico e natural

    do Estado.

    Sistmico: viso sistmica que propicie a an

    lise de causa e eeito, permitindo estabelecer

    as relaes de interdependncia entre os sub

    sistemas sicobitico e scioeconmico.

    A elaborao do ZEE envolve a realizao de

    estudos sobre sistemas ambientais, as potencia

    lidades e limitaes para o uso sustentvel dos

    recursos naturais, as relaes entre a sociedade

    e o meio ambiente e a identicao de cenrios

    tendenciais e alternativos, de modo a subsidiar

    negociaes entre o governo, o setor privado e a

    sociedade civil sobre estratgias