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VII ESOCITE.BR tecsoc - ISSN 1808-8716 Miara, Laurindo. Anais VII Esocite.br/tecsoc 2017; 5(gt12):1-12 Das imagens realistas de Courbet as impressões das cores contrastantes de Manet: utilizando-se da técnica/serigrafia GT 12– Estudos Interdisciplinares da Imagem Marisol Luciane Miara Anderson Pedro Laurindo Resumo: O artigo aborda uma pesquisa no trabalho interdisciplinar entre Arte e Ciência, desenvolve as diferentes técnicas de representar a imagem com apontamentos críticos sobre as imagens dos artistas Gustave Courbet e Édouard Manet, ambos artistas pertencem a diferentes momentos históricos artísticos, porém ambos assombraram a sociedade do século XIX com suas pinturas. Courbet representou em suas pinturas uma sociedade simples, mostrando-os em suas atividades do cotidiano. Enquanto Manet trouxe uma imagem borrada e diferente as que a sociedade burguesa estava acostumado, ambos artistas utilizaram suas pinturas para realizar críticas contra aos costumes da sociedade da época. Assim, a pesquisa teve por objetivo desenvolver três momentos específicos. No primeiro momento apresentou a histórica e seu desenvolvimento na revolução da através da irreverencia de Courbet e Manet. No segundo momento trabalhou a construção da serigrafia adaptando e contextualizando formando uma relação entre teoria e pratica interdisciplinar na serigrafia. No terceiro momento finalizou com a conclusão da serigrafia e o trabalho interdisciplinar. A pesquisa foi fundamentada com os teóricos, Gombrich (2008); Kossoy (2014); Freitas (2005) e Fazenda (2002). Para auxiliar os alunos a compreenderem a relação entre Arte e Ciência com trabalho interdisciplinar produzido, em sala de aula. Palavras chave: Interpretação de Imagens; Interdisciplinaridade; Arte e Ciência

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VII ESOCITE.BR tecsoc - ISSN∕ 1808-8716 Miara, Laurindo. Anais VII Esocite.br/tecsoc 2017; 5(gt12):1-12

Das imagens realistas de Courbet as impressõesdas cores contrastantes de Manet: utilizando-seda técnica/serigrafia

GT 12– Estudos Interdisciplinares da Imagem

Marisol Luciane MiaraAnderson Pedro Laurindo

Resumo: O artigo aborda uma pesquisa no trabalho interdisciplinar entre Arte e Ciência, desenvolve asdiferentes técnicas de representar a imagem com apontamentos críticos sobre as imagens dos artistasGustave Courbet e Édouard Manet, ambos artistas pertencem a diferentes momentos históricosartísticos, porém ambos assombraram a sociedade do século XIX com suas pinturas. Courbetrepresentou em suas pinturas uma sociedade simples, mostrando-os em suas atividades do cotidiano.Enquanto Manet trouxe uma imagem borrada e diferente as que a sociedade burguesa estavaacostumado, ambos artistas utilizaram suas pinturas para realizar críticas contra aos costumes dasociedade da época. Assim, a pesquisa teve por objetivo desenvolver três momentos específicos. Noprimeiro momento apresentou a histórica e seu desenvolvimento na revolução da através dairreverencia de Courbet e Manet. No segundo momento trabalhou a construção da serigrafiaadaptando e contextualizando formando uma relação entre teoria e pratica interdisciplinar naserigrafia. No terceiro momento finalizou com a conclusão da serigrafia e o trabalho interdisciplinar. Apesquisa foi fundamentada com os teóricos, Gombrich (2008); Kossoy (2014); Freitas (2005) e Fazenda(2002). Para auxiliar os alunos a compreenderem a relação entre Arte e Ciência com trabalhointerdisciplinar produzido, em sala de aula.

Palavras chave: Interpretação de Imagens; Interdisciplinaridade; Arte e Ciência

VII ESOCITE.BR tecsoc - ISSN∕ 1808-8716 Miara, Laurindo. Anais VII Esocite.br/tecsoc 2017; 5(gt12):1-12

Introdução

A pesquisa aborda diferentes interpretações sobre o desenvolvimento da representação das

imagens sob o contexto cientifico, histórico e cultural das principais obras que ocasionaram a transformação

artística, como aponta Gombrich (2008). Estas imagens instigaram uma análise sobre duas obras especificas,

como as pinturas dos franceses, Gustave Courbet (1819/1877) com a obra Bonjour Monsieur Courbet (1854)

e Édouard Manet (1832-1883), com a obra O balcão (1868-9). Para Gombrich (2008), ambas obras

ocasionaram mudanças tanto na técnica artística como no comportamento social e cultural da sociedade

parisiense. Segundo Kossoy (2014) as imagens revelam o olhar subjetivo social e cultural da sociedade e

foram interpretadas como narrativas históricas. Para tanto, a pesquisa indica como problema o trabalho

interdisciplinar, em sala de aula com a abordagem do contexto histórico e social, relacionando-as com

temas do cotidiano dos alunos. Assim, o objetivo da pesquisa foi apresentar uma proposta de romper com a

disciplinaridade e dar espaço para a interdisciplinaridade a partir de uma oficina teórico-prática que utilize

as obras: Bonjour Monsieur Courbet e O balcão para desenvolver uma a leitura de imagem ligada ao

contexto social e histórico no qual estas foram criadas. Essa análise busca, através de um tema/obra, levar a

um conhecimento mais humano e atual, sem que cada uma das áreas perca suas particularidades, porém,

contribuindo uma para a outra. A partir das análises das imagens, foi realizada uma oficina com a utilização

da serigrafia, técnica surgiu no século XX, muito utilizada na década de 60 por muitos artistas devidos aos

temas sociais que buscava relacionar arte e contexto social do século XIX, com a contemporaneidade

(FREITAS, 2005). O trabalho realizado com os alunos faz jus ao que Fazenda (2002), afirma, pois para ela,

tratar da interdisciplinaridade é tratar da superação do dualismo existente, um dualismo que se remete à

pesquisa teórica confrontando com a pesquisa prática, fazendo com que aconteça então uma educação

permanente.

A evolução da pintura através da irreverencia de Courbet e Manet.

As imagens desde o início da história da humanidade contam histórias através dos desenhos

deixados nas paredes, com o decorrer do tempo elas tornaram-se fontes de pesquisa e desenvolveram-se

em inúmeras técnicas e formas para representar ícones, símbolos ou simples objetos. No entanto devemos

rever a base deste desenvolvimento tecnológico e cientifico, que teve uma grande contribuição com pintor,

escultor e engenheiro Leonardo da Vinci (1452-1519), suas pesquisas foram culminantes para a

transformação social e cultural, constatando que o desenvolvimento social apresentado nas artes não são

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atividades isoladas, elas tiveram o apoio no trabalho interdisciplinar [...]” refletia o caráter

interdisciplinar da cultura técnica renascentista. Seus projetos de máquinas e edificações e suas

pinturas são testemunhos da cultura de toda uma época” (Braga; Guerra; Reis, p. 36, 2004).

O artista e seu estilo de representar suas produções artísticas passaram por uma grande

revolução no século XIX, pois os mesmos que eram acostumados a fazer retábulos, pintar retratos

para enfeitar os grandes salões de festas. Esta inovação artística ocasionou uma ruptura na tradição e

limitou o trabalho o trabalho do artista, este que foi forçado a desenvolver outras técnicas e formas

criativas para garantir a sua sobrevivência na sociedade, suas artes não eram aceitas na sociedade

tradicional pois de acordo com Gombrich (2008, p. 502) “As regras e convenções do seu estilo eram

tão rigorosas que haviam bem poucas oportunidades para uma livre opção”.

Esta situação não permitia o artista ser livre para criar, a arte estava muito ligada aos padrões

e estéticas presentes neste período, com igrejas voltadas ao estilo gótico para enfatizar a fé do povo,

a arquitetura dos teatros e palácios eram voltadas ao estilo barroco e assemelhavam as

características das formas o aspecto do Renascentismo Italiano (GOMBRICH, 2008).

Este conhecimento cientifico mostrado no período Renascentista, com pinturas ostentando o

requinte, luxo ou imagens sacras, confrontou-se com a revolução do século XIX com pinturas de

imagens que mostravam um outro lado da sociedade, como o cotidiano e a simplicidade do povo.

Esta nova forma de pintar ocasionou uma ruptura social entre imagens tradicionais com as imagens

realista do artista Gustave Courbet (1819-77), suas pinturas incomodaram a sociedade parisiense.

Courbet sem importar-se com a negação de suas pinturas, aprimorou seu estilo vindo a representar

imagens simples do homem do campo, diante de sociedade complexa, tradicionalista e capitalista.

Assim, o artista marcou a história da arte com obras originais e realista, manifestando-se através da

sua pintura, a sua própria irreverencia (GOMBRICH, 2008).

Em 1855 Courbet fez uma mostra em telas, com uma pequena exposição, em um local isolado

de Paris, denominada de Le Réalisme, G. Courbet. O artista procurava representar com suas pinturas,

a realidade, tal qual ela era formada, sem esconder ou maquiar os problemas sociais e culturais. Que

suscitou em uma das pinturas acadêmicas mais comentadas até os dias atuais (figura 1), com uma

obra que representa a sua própria identidade, em que o autor se coloca na obra de “Bonjour

Monsieur Courbet”, 1854. (GOMBRICH, 2008).

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Figura 1 – Revolução Permanente. Gustave Courbet. O encontro, ou “Bonjour Monsieur Courbet”,1854. Óleo sobre tela, 129x149cm; Musée Fabre, Montpellier.

Fonte: (GOMBRICH, 2008, p. 510).

O artista se auto retratou na tela mostrando cenas do seu cotidiano, utilizando-se das cores

para narrar o estilo simples e enfatizar a cena, mas sua pintura foi rejeitada na sociedade e

comparada as pinturas clássicas da época, a representação do camponês foi um insulto aos olhos da

burguesia, como cita Gombrich (2008, p. 511) “Para quem estava habituado aos quadros

espetaculares da arte acadêmica, essa tela deve ter parecido sobretudo pueril. Não há poses

graciosas, linhas fluentes, cores impressionantes”. Courbet, escandalizou a sociedade e os pintores

com sua forma de utilizar a pintura, como um meio de protesto, contra a sociedade parisiense e seus

tradicionais costumes e culturas, expos sua indignação diante das divisões artísticas e das rejeições

que os mesmos sofriam quando surgiam com técnicas diferentes, na pintura.

De acordo com Gombrich (2008), Courbet apresentou obras que mostravam a realidade, da

forma, como elas se apresentavam para a sociedade, sem se importar com o olhar reprovador, de

seus colegas, utilizava da sinceridade artística contra o uso da representação da imagem

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estereotipada, apresentada pela burguesia. O artista deixou uma carta em 1854 que, revelava seus

sentimentos, em relação a sociedade da época, que citamos um pequeno trecho: “Espero sempre

ganhar a vida com minha arte, sem me desviar um centímetro dos meus princípios, sem ter mentido

à minha consciência nem por único momento, sem pintar sequer o que pode ser coberto pela palma

da mão” (GOMBRICH, 2008, p.511), suas sinceras palavras revelam sua renuncia com relação a arte

realizada para agradar o olhar da sociedade e esconder a realidade vivida pelo povo.

A carta de Courbet, surgiu com a intenção de declarar, sua indignação, com relação as

pinturas e obras produzidas por artistas que, vendiam suas obras e deformavam-nas, para que elas

fossem aceitas pela sociedade. Assim, surge o grupo dos pintores do movimento do realismo, estes

que eram contra os princípios que sustentaram, por muito tempo o estilo artístico, que se

apresentava na religiosidade e idealização da natureza. A originalidade das pinturas de Courbet, abriu

precedentes para outros pintores, que se sentiram motivados a embarcar junto nas novas técnicas

artística, que deram início em outras formas de representação de imagens (GOMBRICH, 2008).

A representação da imagem despontara um novo grupo de artistas que formaram uma

conjuntura entre o conhecimento, teoria e prática reflexiva, como descreve Gombrich (2008, p. 514)

“Os grandes artistas dos períodos subsequentes realizaram descobertas atrás da descoberta, o que

lhes permitiu criar um quadro convincente do mundo visível”, esta indagação inspirou o audacioso

artista Édouard Manet (1832-83) a desenvolver e criar outras técnicas para representar as imagens,

através das produções artísticas, estas eram realizadas em estúdios e utilizavam -se da luz vinda da

janela, para aproveitar sua sombra para dar volume e consistência, nas suas obras. (GOMBRICH,

2008)

A inovação artística de Manet, tornou-o um artista muito requisitado por aprendizes de

pinturas, ao qual, utilizavam das esculturas antigas de gesso, para mostrar o jogo de luz que se

formavam sobre elas, utilizavam-nas para exemplificar as formações de suas formas. Assim, os jovens

aprendizes buscavam na captação da luz desenvolver em suas produções artísticas um método ideal

para fazer o sombreado, adequando-se as diferentes técnicas que, utilizavam-se do contraste entre o

claro e escuro. Esta técnica apresentava diferentes tonalidades, pois as partes das esculturas

iluminadas dentro do estúdio, mostravam brilhos que se modificavam diante da iluminação natural,

devido o reflexo que se formava, a partir dos outros objetos que estavam em volta da pintura. Isto

altera a mostra da realidade da representação de uma imagem, nem mesmo os tons de preto e cinza

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podem ser considerados autênticos. Manet, abandona a pintura acadêmica e suas tonalidades

suaves, isto o torna mais um artista revolucionário, responsável pelos protestos realizados aos

membros conservadores da sociedade parisiense. Em 1863 quando o artista teve suas obras

recusadas pelos colegas defensores do academicismo, sua exposição ficou conhecida como “Salon

dos Recusados” e, foram 30 anos lutando contra os dogmas da arte. Entre as obras que

escandalizaram a sociedade parisiense estão “O balcão”, 1868-9, localizado no Museu d’Orsay, Paris,

em que, o artista trabalhou os contrastes de claro e escuro na pintura (figura 2) representada nas

damas, sem uma definição nos rostos (GOMBRICH, 2008).

Figura 2 – O século XIX. Édouard Manet. O balcão, 1868-9. Óleo sobre tela, 169x125cm. Muséed’Orsay, Paris.

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Fonte- GOMBRICH (2008, p. 515).

A obra apresenta características da técnica de Manet, com imagens manchadas, sem nitidez e

com fundo dotado de profundidade, com cores escuras que se contrastam com as cores claras que

são inseridas na tela, para dar contrastes e movimento.

Assim pode-se concluir que ambos artistas Courbet e Manet, produziram imagens em

diferentes técnicas e períodos, mas cada os artistas defenderam seus ideais, como Courbet

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representou a simplicidade social e cultural, assim como Manet abandonou o estilo clássico e

apresentou obras totalmente inovadoras para a época. Os dois artistas apresentaram conjuntamente

imagens que escandalizaram a sociedade parisiense, acostumada as tradições e imagens clássicas, os

artistas apresentaram obras com originalidade, sem preocupar-se em mascarar a falsa ideologia, suas

pinturas eram a própria representação da imagem social e cultural da época.

A relação da teoria e pratica interdisciplinar na serigrafia.

O desenrolar da representação das imagens desenvolveu-se com uma das maiores invenções

do século XIX, a máquina fotográfica, esta inovação trouxe grandes avanços principalmente para os

meios de comunicação. A fotografia transcorre como fonte histórica, segundo Kossoy (2014) ela foi

fragmentada por três estágios: o primeiro é regido pela intenção ou vontade do fotografo em realizar

o registro; o segundo estágio se dá em decorrência do primeiro estágio, de registrar o fato e o

terceiro estágio é o de captar o máximo de sentimentos subjetivos que estão ao redor da imagem,

congelar não só em papel, mas na memória tudo o que pode ficar na lembrança, a partir da imagem.

A imagem passa a ser um meio de guardar as lembranças dos fatos que marcaram um determinado

momento, como cita Kossoy (2014, p. 49) “Toda fotografia é um resíduo do passado. Um artefato que

contém em si um fragmento determinado da realidade registrado fotograficamente”. Todo este

conjunto de informações se juntam em uma construção histórica que se formam a partir de técnica

que se fundamentam em um documento que tem como base os elementos constitutivos, como:

tema, fotógrafo e tecnologia. Incorporando-se as imagens aos fatos como objeto de estudo tanto

para a ciência, arte e tecnologia.

O questionamento interdisciplinar vem de tempos, porém, no século passado que tomou a

roupagem que é visto e vivenciado hoje, devido a uma inquietude grande de professores e

pesquisadores que queriam sair de uma disciplinaridade que levava a um individualismo

desenfreado. Conforme Aiub (2006), a palavra interdisciplinaridade é composta por três termos:

inter - que significa ação recíproca, ação de A sobre B e de B sobre A; disciplinar –termo que diz respeito à disciplina, do latim discere – aprender, discipulus – aqueleque aprende. (...) O termo dade, corresponde a quantidade, estado ou resultado da

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ação. Desta forma, uma ação recíproca disciplinar – entre disciplinas, ou de acordocom uma ordem – promovendo um estado, qualidade ou resultado da açãoequivaleria ao termo interdisciplinaridade. (AIUB, 2006, p. 1,2).

Para Fazenda (2002), tratar da interdisciplinaridade é tratar da superação do dualismo

existente, um dualismo que se remete à pesquisa teórica confrontando com a pesquisa prática,

fazendo com que aconteça então uma educação permanente. A autora afirma que “[...] a

interdisciplinaridade consiste num trabalho em comum tendo em vista a interação das disciplinas

científicas, de seus conceitos e diretrizes, de sua metodologia, de seus procedimentos, de seus dados

e da organização do seu ensino”. (FAZENDA, 2002, p. 14). Neste contexto, a autora esclarece que o

termo interdisciplinaridade não possui um sentido único e imutável, como já explicado

anteriormente. Tratando-se de um neologismo cuja significação nem sempre é compreendida de

forma ampla por todos.

Fazenda (2002) afirma que a interdisciplinaridade surge em decorrência da diversidade de

várias disciplinas, aproveitando sua identidade individual e suas ideias, que são aceitas como

enriquecimento e complementariedade de aquisições e concepções coletivas. Para a autora, a

interdisciplinaridade “só ocorre quando cada um dos envolvidos, consegue ser autônomo o suficiente

para confiar em si mesmo, para reconhecer os erros, e ao mesmo tempo, apontar soluções criativas”

(FAZENDA, 2002, p. 39).

Para desenvolver o trabalho interdisciplinar em sala de aula, utilizamos as impressões

realistas nas pinturas de Courbet e a utilização dos contrastes do preto e branco das criações artísticas

de Manet para avançar na história da arte, adaptar o conteúdo no comportamento social e cultural

do aluno utilizando-se dos negativos apresentados das fotos analógicas para produzir a técnica da

serigrafia em três momentos específicos.

No primeiro momento abordamos uma prévia história da fotografia e das transformações e

mudanças apresentadas nas imagens, tendo como fonte incentivadora as pinturas audaciosas e

polemicas dos artistas Courbet e Manet.

Em seguida abordamos a utilização das diferentes técnicas para representar as imagens

resultou em novas produções sobre as formas de impressões de imagens principalmente na

revolução do século XIX, que teve a comercialização das imagens produzidas pela máquina

fotográfica, com fins comerciais. Com grande influência na tipográfica com o uso de cores, ou seja, a

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cromotipia, uma técnica que já perdurava com a arte chinesa. Mas, foi no século XVIII, sob influência

das estampas europeias e temas com cenas do cotidiano e com o abandono dos temas tradicionais,

que a técnica da xilogravura desenvolveu as relações comerciais no século XIX. As estampas eram

comercializadas nas casas de chá, que tiveram como grandes apreciadores artistas como Manet e

seus seguidores. “[...] As gravuras japonesas os ajudaram a observar até que ponto as convenções

europeias ainda persistiam entre eles, sem que se dessem conta. Os japoneses compraziam-se em

todos os aspectos inesperados e não convencionais” (GOMBRICH, 2008, p. 525).

Após a abordagem histórica, sobre como emergiu a necessidade de representar a imagem e

obter o efeito que ocasionou a ruptura tradicional na forma de representação da imagem, e do

surgimento da técnica da serigrafia. Apontamos o procedimento metodológico da oficina sobre

serigrafia, que consiste em fazer reproduções de imagens não somente em papeis e estamparia,

atualmente muito utilizada em camisetas.

Na oficina adaptamos a técnica que originalmente ela consiste na produção realizada a partir

de uma tela fina estendida, esticando o tecido sobre a tela e inserindo tinta no tecido, entre a tela e o

tecido tem um molde ao qual a tinta não deve sobrepor e este local deve manter a cor original do

tecido (COLL, TEBEROSKY, 2000).

CONTEÚDOS OBJETIVOS

1° Momento apresentação histórica. Desenvolver a evolução da pintura através dairreverencia de Courbet e Manet.

2° Momento construção da serigrafia. Contextualizar a relação da teoria e praticainterdisciplinar na serigrafia.

3° Finalização e conclusão da serigrafia. Finalizar e concluir o trabalho interdisciplinar.

Quadro elaborado pelos autores.

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As imagens (figura 3), foram extraídas de revistas e desenhadas sobre um papel branco A4,

em seguida foram ressaltadas as principais partes da imagem, como contorno do rosto, boca, nariz.

Os cortes finalizaram com a construção da matriz, ou seja, as imagens cortadas formaram em molde

vazado. Concluindo com o molde inserido em cima de outro papel A4 branco, pode - se observar os

pequenos defeitos de cortes, pois a serigrafia é técnica para fazer a impressão das imagens de forma

econômica e rápida. No momento de produzir as imagens, elas podem sofrer alteração de acordo

com os desenhos com linhas pré determinada produzida pelos pintores, no momento de transferir as

imagens para o molde, como pode – ser analisada com as imagens no processo de construção

realizado pelos alunos.

Figura 3 – Processo da construção técnica da serigrafia.

Fonte - Autores da pesquisa (2017).

Desta forma podemos concluir que o trabalho interdisciplinar entre a interpretação das

imagens, foi contextualizada e adaptada para a realidade dos alunos, para que eles conseguissem

compreender a relação entre Arte e Ciência. Tendo o conhecimento cientifico e a interdisciplinar para

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diminuir a complexidade que encontramos em um único ambiente com diferentes culturas e

pluralidades, como a sala de aula.

Referências:

AIUB, Monica. Interdisciplinaridade: da origem à atualidade. O Mundo da Saúde [Internet], v. 30, n.1, p. 107-16, 2006.

COLL, César; TEBEROSKY, Ana. Aprendendo arte: conteúdos essenciais para o ensino fundamental.São Paulo: Ática, 2000.

BRAGA. Marco et al. Breve história da ciência moderna - das máquinas do mundo ao universo –máquina, 2 vol. Ed. Zahar, Rio de Janeiro – RJ. 2004.

FAZENDA, Ivani C. A. Interdisciplinaridade: um projeto em parceria. 5 ed. São Paulo: Loyola, 2002.

GOMBRICH, E.H. (2008). A História da Arte. Rio de Janeiro: LTC.

KOSSOY. Boris. Fotografia & História. 5° ed. ver. Ateliê Editorial, São Paulo – SP, 2014.

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