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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

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FACULDADE DE ARTES DO PARANÁ - FAP

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE

O ROSTO EM SUA TRAJETÓRIA ESTÉTICA E HISTÓRICA

ARACELI ULRICH

CURITIBA2011

Artigo apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, na área de Arte Orientador: Prof. Dr. Artur Freitas

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Resumo Autora: Araceli Ulrich¹ Artur Freitas²

O presente artigo relata a aplicação da proposta “O rosto e sua trajetória

estética e histórica”, realizada no ano de 2010, no Colégio Estadual João

Mazzarotto, com alunos da 1º Série do Ensino Médio, descrevendo os

procedimentos metodológicos em observação, reflexão, estudos e produção de

retratos, propostas no Caderno Pedagógico, que se divide em quatro eixos

temáticos abrangendo desenho, pintura, fotografia e gravura; viabilizando um

trabalho gradativo com orientação textual sobre registros históricos a partir de

estudos de retratos, sua compreensão estética e o que ela revela em cada

rosto exposto no contexto histórico cultural e na mídia visual. Retratar com

conhecimento histórico, estético e aprimoramento de técnicas permite aos

alunos do Ensino Médio, um novo modo de pensar sobre si mesmo, sua

atitude, sua necessidade de interagir, de aceitar e ser aceito pelo outro, na

compreensão de que emoções e sentimentos podem ser legíveis em todos os

rostos e que somos interpretes desse legado humano, o retrato.

Palavras-chaves: desenho, pintura, fotografia, gravura

1 Professora da Rede Pública Estadual de Ensino, formada em Comunicação Visual pela Universidade Federal do Paraná UFPR, formada em Licenciatura em Artes pelo Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná CEFET e pós graduada em Metodologias Inovadoras Aplicadas a Educação pela Faculdade Internacional de Curitiba FACINTER

2 Professor adjunto da Faculdade de Artes do Paraná FAP, crítico, historiador da arte, doutor e mestre em História pela Universidade Federal do Paraná

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Abstract

This present paper describes the implementation of the proposal on

“The face on its aesthetic and historical trajectory” carried out in the year of

2010 at Colégio Estadual João Mazzarotto, with High School freshman students

describing the methodological procedures in observation, reflection, studies and

portraits works set forth in the Pedagogical Book which is divided into themes

gathering drawing, painting, photography and engraving; enabling a gradual

work with textual orientation on history records from portrait studies; its

aesthetics comprehension and what it reveals itself in each face shown on the

cultural history context and on the visual media. The observation of the

aesthetic and historical knowledge and enhancement techniques enable the

High School students a new way of thinking about themselves, their attitude,

their need for socialization, accept themselves and others, understanding that

the emotions and feelings can be displayed on the faces.

Keywords: Drawing, Painting, Photography, Engraving

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1 Introdução

Responder a intrigantes questões: Quem somos? O que conhecemos de

nós mesmos? nos remetem ao autoconhecimento: Como sou? Quem sou eu

para mim? Como sou para você? Como você é para mim? Posso me

reconhecer ou te conhecer em retratos e autorretratos? O que conseguimos

desvendar de verdades do nosso eu? O que compreendemos do outro e de

nós mesmos?

A representação humana em retratos e autorretratos, na trajetória

histórica; confirma-nos a presença de vida e existência de cada ser, em seu

rosto, seu corpo, sua alma, seu pensamento e sua voz; precisamos

proporcionar a nós mesmos a sensibilidade de ouvir e refletir sobre nossos

sentimentos e emoções como participantes do patrimônio histórico humano,

que insinua e instiga, nos leva a buscar respostas nas imagens de seus rostos.

O rosto de um próximo é um espelho móvel que me devolve minha

própria imagem tal como ele a representa sem disso ter consciência. Assim

que sustento seu olhar, sinto, imediata e confusamente, a imagem que ele

forjou de mim. Enquanto diante de um espelho percebo o reflexo de minha

aparência, diante do rosto que encaro e que me encara apreendo o que sou

para o outro. Assim o espelho reflete minha imagem especular, enquanto o

rosto expressivo do outro refrata minha própria imagem interior tal qual ele a

interpreta. ( NASCIO, 2008.p.143)

Quando vemos nosso corpo refletido, nos sentimos humanos, e quando

vemos nosso rosto, nos sentimos nós mesmos.

A imagem de si é acima de tudo, um sentimento, o sentimento de existir

e ser um si; um si que amamos ou rejeitamos, que protegemos ou expomos.

Ela se forma ao longo de toda a vida e a nossa revelia. (NASCIO, 2008.p.143-

145).

As reflexões de Nascio (2008) são esclarecedoras, na compreensão da

formação do eu pelo outro.

Assim devemos perceber o que interfere de nossos alunos na

construção do nosso eu e a nossa interferência da construção do eu deles.

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O conhecimento em arte no ensino médio exige do professor uma nova

consciência e aprofundamento sobre arte como atuação social, num mundo

que oferece informações de efeito rápido, de produto final, sem demonstrar

percursos e construções em arte.

“É bom enfatizar essa ânsia em que vive a sociedade contemporânea

que opta pela quantidade em detrimento do aprofundamento/mergulho nas

situações vividas/sentidas/observadas e consequentemente na qualidade das

relações e descobertas. Ânsia esta que se reflete na educação, no educador

que quase sempre está em busca de novidade, passando de uma atividade a

outra sem perceber os tempos das crianças” – Educadora Nilza Alves de

Souza – em depoimento.

O professor que se sente incomodado pelo tempo que atua em seus

projetos, muitas vezes preocupado em dar conta de conteúdos dos

planejamentos, sem perceber o envolvimento e disposição dos educandos, que

desejam explorar as possibilidades de suas propostas.

Retratos refletem a subjetividade e aparência de pessoas, mas nas

imagens também existem lacunas, rostos forjados e inexistentes onde há

interferência, na experiência e sensibilidade do retratista interagindo com a

expectativa e revelação do retratado, em quem ele é, quem ele aparenta ser,

ou quem deseja ser. Para tanto é necessária uma leitura criteriosa, sem

conclusões imediatas, é preciso rever todo contexto histórico, ideológico e

político:

O sucesso da forma portinaresca se deveu sobretudo ao fato de o artista

ter sabido atender às expectativas de representação simbólica nutridas pelos

setores de elite que acabaram convertendo a encomenda dessas obras numa

marca excepcional de requinte e prestígio. O elemento de base dessa

linguagem plástica empregada nos retratos de Portinari encontra-se ao mesmo

tempo dentro e fora das telas propriamente ditas. Vale dizer, Portinari foi

firmando sua reputação artística ancorado na produção concomitante de dois

gêneros pictóricos distintos, as cenas populares e os retratos de integrantes

das elites social, intelectual e política. A medida que foi sendo aclamado como

um reinventor poeticamente habilidoso dos pobres e maltrapilhos, das crianças

do interior, de todos esses cenários e personagens de um Brasil que estava

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sendo modelado e “redescoberto” em quase todas as frentes de uma política

cultural a um só tempo empreendedora e “saudosista”, os retratos também não

poderiam deixar de registrar algumas marcas dessa “brasilidade” de seiva

“autêntica” e “popular”. A política cultural oficial abriu espaço aos novos meios

de comunicação como o rádio e o cinema, buscando, por outro lado, construir

uma história de sociedade-nação capaz de silenciar sobre a experiência e a

contribuição dos trabalhadores industriais, dos imigrantes, das metrópoles

urbanas. (MICELLI, 1996.p.118)

Os grandes dramas humanos estão também dentro da literatura em

todas suas produções, ali se encontram rostos tão bem descritos que são

perfeitamente identificados por artistas plásticos, cineastas e fotógrafos, que

materializam, dão vida e imortalidade aos retratados. Jorge Amado pronunciou

sobre arte e literatura:

“A solução dos problemas humanos terá que contar sempre com a

literatura, a música, a pintura, enfim as artes.

O homem necessita de beleza como necessita de pão e liberdade. As

artes existirão enquanto o homem existir sobre a face da terra. A literatura será

sempre uma arma pela terra, em busca de felicidade.”

Para solucionar problemas humanos pela arte, pode-se considerar que

ela é um aprendizado contínuo, porque sempre orienta e revela aos olhos,

coração, alma e pensamento, o que sempre buscamos: a compreensão de nós

mesmos.

O escritor afirma que artes existirão enquanto o homem existir sobre a

face da terra, assim, dentro da arte conhecemos, aprendemos e trabalhamos,

desde as séries iniciais, proporcionando aos educandos arte com criação,

conhecimento e possibilidades de crescimento em formação estética.

A leitura minuciosa de retratos fotográficos permite observar valores

estéticos através dos tempos:

A pose, todo ritual fotográfico (nos primórdios uma verdadeira tortura

para os retratados que tinham a cabeça imobilizada por uma forquilha metálica)

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e, sobretudo, seu caráter de grande acontecimento, faziam com que o modelo

fosse posar compenetrado, imbuído da importância daquele momento na

história da sua vida. É por isso que nos retratos antigos ninguém sorri, todos os

rostos são circunspectos, e até as crianças têm cara de missa de sétimo dia,

obrigadas que eram naqueles tempos a serem meros espelhos dos desejos

paternos. Era preciso então a genial displicência de um Offenbach, para ousar,

com um sorriso franco e aberto para Carjat, numa imagem que tem seu valor

realçado por este sorriso nada giocondiano.

Antigamente as pessoas iam ao fotógrafo para adquirir o status e a

eternidade barata que a emulsão fotográfica fornecia. Não havia então espaço

para as brincadeiras de botar chifrinhos e o empurra-empurra das

descontraídas fotos atuais; as pessoas postavam-se diante da câmara com a

mesma naturalidade com que enfrentariam um pelotão de fuzilamento.

(Vasquez, Pedro, 1986,p.15-16)

Vasquez nos indica a dificuldade em representar o inesperado e

espontâneo, que só se consegue em rápidos instantes e revelam o fascínio e

encantamento que sentimos no inesperado.

Observando o sorriso de Mona Lisa de Leonardo da Vinci, concluímos

que é indecifrável. E outros sorrisos? Sabemos identificá-los em outras obras?

Atualmente convivemos com sorrisos, ele representa: saúde, conquista,

felicidade e sucesso, mas ele tem realmente seu valor se nos contagiar, com

presença e proximidade, assim poderemos questionar as intenções de um

sorriso em todas suas expressões, ou questionar como ele sai do controle até

se transformar em gargalhada, como é instintivo, prazeroso ou forjado.

Em fotografia é necessário considerar todo aspecto emocional e cultural

que se revela, nas palavras de Sebastião Salgado:

“Existe uma corrente que diz que a fotografia é o objetivo, representa

uma realidade nem mais nem menos. Ela é imparcial e mostra a realidade total.

Não é verdade. Isso é a maior mentira do mundo. Você não fotografa com sua

máquina. É a coisa mais subjetiva que existe. Você fotografa com toda sua

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cultura, os seus condicionamentos ideológicos. Você aumenta. diminui,

deforma, deixa de mostrar...”

“Não faço fotos de modas ou paisagens. Só fotografo gente, quer seja

em ação social ou política.” (VASQUEZ, Pedro, 1986,p.68-69)

Nos autorretratos de Keila Alaver, Sandra Cinto, Edouard Fraipont,

Lourdes Colombo ou Rodrigo Cunha interpretamos além da imagem do artista,

o seu envolvimento no estudo, preparo e feitura de sua obra, é o arista na sua

apresentação, onde vale sua aparência revelada na sua liberdade de sonhos

ou realidades com seu eu no seu ser, construído pelo que ele quer expor de si

mesmo, onde ele se funde com o conteúdo pictórico da obra.

Frente as câmaras os artistas são retratados e sua maneira de se expor

é descrita por Pedro Vasquez:

Essa disponibilidade dos artistas plásticos em relação a Cartier-Bresson

não é exceção e sim regra geral. Existe uma disponibilidade exibicionista na

maioria dos artistas plásticos para com os fotógrafos, mensageiros da

posteridade. Os escritores costumam posar a contragosto, ostentando um olhar

triste e evasivo de quem está submerso em seus pensamentos, submetendo-

se àquela provação apenas por interesse comercial ou delicadeza, enquanto os

artistas têm o hábito de posar com boa vontade e alegria, contribuindo

ativamente para o trabalho do fotógrafo. Toulouse-Lautrec, por exemplo

costumava montar pequenas farsas fotográfica. (VASQUEZ, Pedro, 1986,p.82).

Devemos aprender com artistas retratistas que é preciso transpor nossa

dimensão, é preciso ver e conhecer o que emana de nós para o outro, e

percebê-lo na sua integridade de ser humano sensível e confiante em sua

imagem, reconhecendo-se como identidade única e verdadeira.

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2 Aplicação das atividades em sala de aula

Sabemos que a educação é mais abrangente do que transmissão de

saberes, educadores transmitem formas de pensar, de refletir e analisar cada

conteúdo repassado, e pela maneira da apresentação desses conhecimentos o

aluno do ensino médio percebe a importância que o professor confere a cada

assunto.

O professor de arte passa também sua sensibilidade e seu olhar a cada

leitura ou interpretação de obras, seja na apresentação de trabalhos de artistas

ou no acompanhamento e orientação em estudos e trabalhos criativos de seus

alunos.

Ao buscar no processo de ensino aprendizagem uma abordagem que

promovesse a humanização de olhares para o outro, adentrei meus estudos

em retratos que revelasse o outro, em padrões estéticos diferenciados, onde a

coerência e interpretação da realidade retratada fossem questionadas.

Os procedimentos metodológicos instigam novos olhares na percepção

do rosto retratado, sua abrangência e interferência no contexto histórico, social,

cultural e artístico, numa posição que orienta padrões estéticos de todos os

tempos.

O Caderno Pedagógico trabalhado com os alunos das Turmas A e B do

1º Ano do Ensino Médio abrangem reflexões sobre textos elaborados para as

atividades, pesquisas, estudos e criação com acabamento final em desenho,

pintura, fotografia e gravura.

A aula inicial é uma apreciação e interpretação sobre a obra – Velho e

Menino – de Domenico Ghirlandaio com observação do olhar do menino ao

velho com pólipo no nariz.

Cada aluno reflete e responde questões sobre o seu olhar e o olhar do

outro direcionado a pessoas com anomalias faciais e a interferência desses

olhares na vida pessoal de quem possui um rosto diferente.

2.1 Desenho

2.1.1 Desenho de elementos do rosto

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O desenho de olhos, nariz, boca e orelhas de frente e perfil permite que

cada aluno reproduza o seu padrão estético, na percepção de linhas, traços e

sombreamento que define formas.

O uso de papel canson e lápis 6B oferecem um aperfeiçoamento na

representação dos olhos e nariz que exigem sombreamento esfumaçado.

2.1.2 Rosto de frente

Primeiramente foi repassado para leitura o texto da atividade, para

debate e questionamento sobre a importância do desenho do rosto de frente,

na identificação de um rosto e de como ele se modifica com uso de drogas

como crack e a própria ação do tempo.

A partir de modelo, os alunos reproduzem o rosto humano, ampliando-o

nas dimensões 12x16cm reproduzindo-o de forma a perceber a centralização e

alinhamento dos olhos na vertical e horizontal, a simetria do nariz e boca, e

também as medidas de distanciamento entre elementos do rosto.

Com essas informações constata-se que é possível desenhar o rosto

natural de qualquer pessoa, de forma adequada, equilibrada e harmoniosa.

2.1.3 Rosto de perfil

Leitura e compreensão do texto que trata da representação do rosto de

perfil traçado pelos egípcios, na Lei da Frontalidade.

Nem de frente, nem de perfil, mostra as diferenças na representação de

um único retratado no olhar de diferentes retratistas, como o retrato de Maria

Portinari, pintado por Hugo Van der Góes e por Hans Memling.

Após a leitura os alunos pesquisaram em revistas e recortaram perfis de

pessoas, reproduzindo num único traço e a partir daí aperfeiçoar o contorno.

2.1.4 Autorretrato

Leitura e reflexão sobre o retrato de si mesmo e o resultado do olhar

para si, os alunos escrevem suas reflexões sobre estética do rosto e sua

posição na mídia da televisão,imprensa, publicitária e internet.

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A orientação da professora foi para que os alunos autorretratassem seu

melhor momento ou seu melhor ângulo.

2.1.5 Retrato em grupo

O texto da atividade é de Susan Woodford, sobre a pintura impessoal da

Guarda Cívica (1533) de Cornelis Anthonisz e O Banquete dos Oficiais de São

José (1616) por Frans Hals.

Nesta parte só foi realizada a parte interpretativa do texto, os alunos

sentiram um saturamento do tema desenho de rostos.

2.2 Pintura

A primeira atividade em pintura repassada aos alunos foi a de completar

a metade de um retrato de revista, assim eles perceberam que conseguem

desenhar e pintar retratos.

A atividade consistiu em pesquisar em revistas um rosto de tamanho

proporcional a folha A4 em canson. Após a seleção, o retrato é recortado ao

meio e uma parte é colada na folha de papel, a outra metade é reproduzida ao

lado da colagem em desenho e a pintura é feita com uso de pó de pontas de

lápis de cor, raspadas com tesouras onde é aplicada sobre o desenho com

auxílio de algodão e cotonetes.

2.2.1 Observação de Maximilian Zu Wied-Neuwied

O texto sobre a atividade despertou curiosidade dos alunos quanto a

viagens e expedições do século XIX. Para melhor compreensão das distorções

ocorridas na produção da “Dança dos puri”, antes da experiência do item 2 das

atividades, expliquei o caso do trocadilho da charge “alto-retrato” de Millor

Fernandes, pois o exercício 2 consiste na reprodução de um desenho, onde um

aluno desenha e pede que o colega reproduza o seu desenho, dando pistas

apenas na oralidade, sem ver o que o colega desenha, quando o desenho fica

pronto e o aluno recebe o trabalho é em muitos casos uma surpresa, muitos

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acharam graça na interpretação oral e no traçado dos colegas o que foi bom

para descontrair a turma.

No final refletimos sobre nossa capacidade de relatar e assimilar

conhecimentos na oralidade e a importância de tornar legíveis nossos

desenhos, quando o objetivo e representar a realidade de imagens.

2.2.2 Releitura de retratos de Picasso

Para que os alunos compreendessem a obra de Picasso – Retrato de

Dora Maar – a professora explicou que o cubismo era estranho para muitas

pessoas e explicou o que narra Fayga Ostrower:

- Mas que horror! Veja só aqui! Os olhos, o nariz, a boca, está tudo

deformado, as mãos, os braços! Tudo está fora do lugar, tudo parece

quebrado! Será que Picasso não sabia desenhar direito?

- É claro que Picasso sabia desenhar direito – retruquei- , se por “direito”

se entende reproduzir as feições anatomicamente corretas. Aos quinze anos,

Picasso já terminara os estudos na Escola de Belas Artes em Barcelona, onde

seu pai era um dos professores de arte. Em termos acadêmicos, o jovem

artista não tinha mais nada a aprender. (Fayga, 1998.p.2-3)

A atividade proposta foi desenvolvida em 4 estudos de rostos em linha

contínua, o que despertou gosto dos alunos que em outros trabalhos

aproveitaram seus estudos elaborados em sulfite A4 , o aluno escolhe o estudo

que mais lhe agradar e amplia em folha de papel criative collor, na folha

colorida ele pinta seu desenho com giz de cera em cores contrastante e

percebe que no seu retrato o rosto está de perfil e de frente na mesma

imagem.

2.2.3 Interpretação e releitura da obra Máscaras de Lourdes Colombo

Após leitura do texto houve comentário sobre a pele do rosto e seus

cuidados, como são importantes conhecer tipos de produtos indicados a todos

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os tipos de pele, que buscam a melhoria e correção de pequenas imperfeições,

com olheiras, acne e manchas na pele, muitos citaram as receitas de sucesso

e insucesso indicadas por colegas e familiares. Para verificar a oleosidade de

sua pele cada aluno utilizou um lenço de papel e pressionou sobre seu rosto,

ficando evidente essa percepção.

Ao final os alunos concluíram que homens e mulheres devem sim cuidar

de sua aparência, mas sem exageros e que o certo é aceitar seus limites e

buscar ajuda para problemas mais sérios.

2.3 Fotografia

2.3.1 Fotografia pintada a partir de xérox de foto

O texto da atividade cita a evolução da fotografia e seus primeiros

procedimentos e técnicas para torná-la colorida, após leitura muitos alunos

confirmaram seu interesse, conhecimento em fotografia e prática em operar

câmaras digitais e também dar tratamento em fotografias e inseri-las no campo

virtual.

O texto: Andy Warhol e seu trabalho a partir da fotografia, demonstra

possibilidades em criação de obras artísticas com fotografias. Ao final da leitura

os alunos responderam a pergunta: “No futuro todos serão mundialmente

famosos por 15 minutos” – é a frase mais conhecida de Andy Warhol (1968) –

Se você tivesse 15 minutos para se apresentar, falar ou representar, diante da

mídia televisiva o que você revelaria de si mesmo?

As respostas foram bem diversificadas e muitas chamam atenção pelo

alerta que fazem a preservação da vida e do planeta.

A parte prática foi um único trabalho com base fotográfica e tratamento

em desenho e pintura.

2.3.2 Retratos de Marcos Magaldi e Keila Alaver

Reconhecer o trabalho do artista fotógrafo e apreciar seu trabalho, levou

alunos trabalharem pesquisa e seleção de fotos de revistas, para realizarem

composições com elementos do rosto recortados, onde era utilizada uma

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seqüência criativa do mesmo elemento do rosto, por exemplo diversas bocas

coladas em papel carmim A3.

2.3.3 Expressões fisionômicas

2.3.4 Fotografia da memória familiar

As atividades Expressões fisionômicas e Fotografia da memória familiar

foram trabalhadas paralelamente, textos e atividades buscam a compreensão

e valorização da fotografia, na sensibilidade do observador.

“Que cara de pau!” – “Ficou com cara de tacho” – “Mas tá com uma

cara...” São interpretações de instantes, flagradas geralmente de surpresa. As

fotos congelam todos os traços no momento da expressão desejadas ou não.

Em nossos diálogos e conversas interpretamos e lemos as expressões

fisionômicas dos falantes e ouvintes e se estamos atentos compreendemos

melhor os discursos verbais e suas intenções. O texto diz:

Para compreendermos o outro é necessário perceber o que ele sente e

pensa, percebemos muito do outro nas suas expressões faciais, nos seus

gestos e na sua fala.

Como podemos desenvolver sensibilidade social e flexibilidade de

comportamento?

- Tendo melhor conhecimento de si próprio

- Tendo melhor compreensão dos outros

- Tendo melhor convivência em grupo

- Desenvolvendo aptidões para um relacionamento mais eficiente com

os outros. (Profº Maria Cecília)

Após leitura e interpretação do texto os alunos responderam

questionário referente aos seus sentimentos e a percepção dos sentimentos do

outro, referentes a felicidade, emoção, serenidade e constrangimento

2.4 Gravura

O início das atividades em gravura coincidiu com a Feira de Ciências da

escola, os alunos do 1º Ano do Ensino Médio participaram com suas produções

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artísticas realizadas no terceiro bimestre de 2010 e realizadas no mês de

outubro, a exposição foi realizada na segunda quinzena de outubro.

Também trabalho com gravura no Projeto Viva Escola, os alunos desse

projeto participaram da exposição, com trabalhos e na demonstração de de

técnicas de xilogravura, molde vazado e serigrafia, assim os alunos do Ensino

Médio tiveram um contato direto com produção de gravura, e houve bastante

interesse e desejo de realizar gravuras.

2 .4 .1 Processos de gravura

Com o texto referente a processos de gravura os alunos

compreenderam que cada processo de gravura exige a escolha adequada do

desenho a ser transferido ara matrizes de impressão.

O trabalho em gravura foi realizado com seleção de imagens, de

retratos, destaque de áreas em positivo e negativo, recorte da matriz e

impressão de imagens.

2.4.2 Fotolito a partir de fotografia

A atividade dessa aula foi repassada a aula anterior, com tratamento em

retratos, para confecção de matrizes de gravura.

2.4.3 Trabalho de Ana Prego

Os alunos apreciaram a seqüência da produção do trabalho de Ana

Prego e também pela leitura e explicações do texto da atividade seguinte

compreenderam o processo, as técnicas e possibilidades em realizar obras em

gravura.

2.4.4 Apreciação das obras dos grandes gravuristas

Aula trabalhada paralelamente com – Trabalho de Ana Prego.

Os temas desenho, pintura e fotografia, realizados no 1º Bimestre e

durante o mês de outubro foram realizados integralmente, observando-se

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qualidade na compreensão dos temas e nas atividades que exigiam

observação, concentração e criação para produção de desenhos e pinturas.

As aulas sobre gravura foram demonstradas na sala de aula, não foi

possível a realização de todos os processos devido ao grande número de

atividades que envolveram o tema desenho.

Trabalhar com materiais como papel canson, lápis 6B, giz de cera e

papel criative collor plus, permitiu um trabalho diferenciado e de maior

qualidade.

O envolvimento da turma propiciou aulas abrangentes em todas as

etapas desde as iniciais que buscavam a conscientização de si mesmo na sua

identidade e a sensibilização do olhar ao compreender o outro, até as etapas

finais de exposição e avaliação de trabalhos.

3 Resultados

Apreciar retratos é instintivo para o ser humano, somos atraídos pela

imagem do outro; aprender desenhar, pintar fotografar e gravar rostos exigem

percepção, observação, reflexão e estudos em história da arte, em técnicas e

tecnologias que promovem o retrato artístico.

Textos e exercícios do Caderno de Atividades propõe mudanças nas

atitudes frente a compreensão, interpretação e produção de retratos, como

capacidade criadora única e individual de cada aluno.

3 .1 Desenho

A atividade inicial propõe uma reflexão sobre a percepção do rosto com

deformidade física e o sentimento e emoção que provoca no observador. A

obra interpretada Velho e Menino - Domenico Ghirlandaio na visão do rosto

com deformidade física. Nas respostas pessoais sobre percepção da maneira

como são tratadas as pessoas com deformidades no rosto, 33% responderam

que não percebem diferenças e 64% responderam que observam preconceito,

exclusão, rejeição e discriminação – “Olho tentando descobrir a causa da

anomalia ou deformidade” – foi a resposta de um aluno.

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Quanto ao olhar do outro e sua interferência na construção da imagem

que tenho de mim mesmo, 75% responderam que sim, o olhar do outro

interfere na atitude das pessoas.

Estudos e desenhos de elementos do rosto, levou ao questionamento

sobre a aprendizagem de se desenhar rostos, 70% dos alunos responderam

que sua experiência em desenhar rostos foi na escola quando a professora

solicitava , 6% fizeram cursos de desenho e 24% tem seu estilo próprio de

desenhar retratos.

Para a maioria 58% a dificuldade foi desenhar as orelhas, 18% foi o

nariz, 12% foi a boca e 12% os olhos. É possível concluir que as dificuldades

encontradas foram nas áreas mais sombreadas nariz e orelhas.

Após reflexão do texto “Rosto de frente” os alunos compreenderam a

importância do estudo para representar a imagem do rosto na sua simetria e o

alinhamento dos elementos do rosto. A atividade é a ampliação do modelo do

rosto em suas proporções estéticas.

Percebe-se nessa fase que o aluno torna-se confiante ao representar o

rosto na sua integridade , um aluno que já fez curso de desenho de retratos

comentou que seus trabalhos evoluíram e que o retrato fica mais expressivo

com os estudos.

Rosto de perfil e Rosto nem de frente nem de perfil são textos

informativos sobre história da arte e as diferentes percepções de dois artistas

Hans Memling e Hugo van der Góes na pintura do retrato de uma mesma

pessoa Maria Portinari. Desenhar e pintar metade da imagem do rosto

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recortada de revistas garantiu a percepção em formas e texturas , o colorido

ficou a desejar; existem poucas tonalidades pele em conjuntos de lápis de cor.

Autorretrato exige atenção e observação de si mesmo ultrapassando o

olhar na aparência, é olhar a si como se é, e reconhecer-se como ser em si.

Compreendendo a necessidade do encontro consigo mesmo, no

entendimento das emoções e ações, 86% dos alunos responderam que o(a)

brasileiro(a) valoriza sua imagem e que frente a olhares alheios ele(a) devem

se comportar normalmente, gostar de sua aparência, se olhar no espelho, ter

auto confiança e auto estima.

Quanto a imagem do rosto perfeito divulgado na mídia publicitária, 55%

dos alunos responderam que a perfeição do rosto não é suficiente, sendo

necessário também ter personalidade diferente, talento, qualidades interiores e

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porte adequado – “ A beleza do rosto feminino no século XXI é de traços

delicados e pele bronzeada.” – foi resposta de um aluno.

3.2 Pintura

Desenhar rostos em linha contínua foi de agrado de todos, alguns alunos

queria mais produções com a mesma técnica, o que permitiu a compreensão

do retrato cubista visto de frente e perfil na mesma imagem. Após a seleção

dos estudos os alunos ampliaram e coloriram seu trabalho com giz de cera.

Com produções em desenho e pintura cada aluno fez sua auto avaliação

selecionando um trabalho para a Feira Cultural realizada na escola; foi uma

etapa de trabalho coletivo selecionar e organizar montagens para a exposição,

todos os trabalhos foram apreciados e elogiados pelos visitantes; alunos de

todas as séries manhã e tarde, pais de alunos, professores, direção, equipe

pedagógica funcionários e equipe de apoio.

A Interpretação e releitura da obra “Máscaras” de Lourdes Colombo foi

interpretada por todos alunos e a confecção de máscaras sugerida como

atividade foi elaborada apenas por alguns alunos que tinham concluído os

acabamentos em trabalhos que ficariam na exposição da Feira Cultural da

escola.

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3.3 Fotografia

Fotografia pintada a partir de xérox de foto – A leitura e reflexão do texto

esclarece o processo evolutivo da imagem fotográfica colorida, as atividades

propostas foram desenvolvidas parcialmente, sendo coincidentes com a data

da Feira cultural.

Andy Warhol e seu trabalho a partir de fotografia – A frase de Warhol -

“No futuro todos serão mundialmente famosos por 15 minutos” – o

questionamento foi: - Se você tivesse 15 minutos para se apresentar, diante da

mídia televisiva o que você revelaria de si mesmo? – As respostas foram bem

diversificas:

7% - Amor e agradecimento a família

39% - Seu jeito pessoal de ser com auto confiança e valorização pessoal

28% - Talentos artísticos

9% - Críticas sobre problemas sociais

10% - Valores, meio ambiente e paz mundial

7% - Não se apresentariam

Fica clara a compreensão do estudante do ensino médio na sua

participação em convivências sociais e seu desejo de aceitação pelos grupos

aos quais pertence – “ Talvez alguma coisa que há de errado na sociedade e

que me incomoda” – foi a resposta de um aluno.

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Retratos de Marcos Magaldi e Keila Alaver – O texto da atividade

permitiu que os alunos compreendessem novas formas bidimensionais e

tridimensionais de trabalhar retratos.

Expressões fisionômicas – O texto reflete sobre nossas expressões

fisionômicas e nossas emoções, o questionário respondido revela que a

fisionomia feliz é presente em situações atuais como festas, aniversários e

reuniões, é importante para o jovem conversar sobre esses momentos.

Ao responder sobre uma emoção despertada por fotografia, uma aluna

escreveu – “As vezes vou olhar o álbum de fotos e vejo quando minha família

era bem unida, todos rindo, acho que era o mais importante, mais do que

qualquer briga ou outra coisa. Isso me comove, a expressão em nossos rostos

no passado”.

As respostas sobre fisionomia de paz e serenidade foram muito

diversificadas e uma resposta se destaca – “Serenidade está no rosto de uma

pessoa que tem intimidade com Deus, isso me transmite uma paz imensa”.

Quanto a percepção de constrangimento – “Quando minha prima falou

uma palavra errada ela ficou constrangida e eu percebi isso”.

3.4 Gravura

Os alunos compreenderam processos de gravura, xilogravura, serigrafia

e técnicas de impressão durante a demonstração dos alunos da gravura do

Projeto Viva Escola, preparei o material adequado com alunos do projeto e

solicitei aos alunos que orientassem os visitantes para que eles desenhassem

e imprimissem gravuras em moldes de isopor.

A orientação sobre gravuras na Feira Cultural propiciou o entendimento

dos alunos a representar positivo e negativo em retratos, onde a partir de

estudos em desenhos de imagens fotográficas de rostos conseguiram

compreender a passagem do retrato natural e a matriz de gravura.

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Alguns alunos chegaram a transformar retratos em fotolitos, e por

iniciativa própria realizaram recortes , montagem de matriz e gravação em

molde vazado, por falta de espaço adequado para um grupo grande de alunos ,

o tempo não foi suficiente para dividir a turma em pequenos grupos e realizar

gravura na oficina Viva Escola.

Os textos sobre Apreciação de Gravuras e o Trabalho e Ana Prego

foram trabalhados juntos como reflexão e percepção em criação e tratamento

em fotografias e nas próprias gravuras.

No desenvolvimento do projeto foi perceptível como o aluno considera a

imagem de seu rosto, a imagem do rosto do outro, numa evolução gradativa

que conduz modos de ver a si mesmo e o mundo, em novas formas de

conhecer, olhar, pensar e produzir arte.

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4 Conclusão

Que o estranho não seja nosso eu interior e/ou exterior a nós mesmos,

mas que eu seja condutor consciente de mim mesmo, sendo decifrável e

compreensível ao outro, em relações coerentes com o que somos de verdade.

O retrato não é só o resultado congelado do instante, ele é o

multiplicador das lembranças históricas, da identificação antropológica e do

envolvimento afetivo, que permite o trabalho em sala de aula, com o Caderno

Pedagógico direcionado para alunos do 1º Ano do Ensino Médio, com a

proposta de observação e apreciação de retratos, reflexão, estudos e produção

em retratos que identifiquem o ser humano na sua capacidade criadora a partir

de sua postura como retratado; como retratista, a partir de estudos iniciais em

desenhos ou espectador de obras de artistas renomados ou iniciantes, em

olhar e compartilhar olhares aos trabalhos finais dos colegas, na valorização e

aceitação de novas possibilidades de tratamento, montagens e refinamento de

retratos, com entendimento do trabalho intelectual, da pesquisa e

experienciação em técnicas utilizadas pelos artistas: Keila Alaver, Marcos

Magaldi, Lourdes Colombo e Ana Prego.

A realização gradativa de retratos em desenho, pintura, fotografia e

gravura assegurou o desenvolvimento da auto-estima e auto confiança no

desempenho dos alunos, que antes diziam: - Eu não sei desenhar - por

perguntas: - Como desenho cabelos? – Como melhorar e sombrear a boca

entreaberta? – Posso misturar cores para pintar e sombrear a pele? – ou

afirmação: - Já sei quem vou retratar!

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Referências

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