curso de especializaÇÃo em gestÃo pÚblica...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL MODALIDADE A DISTÂNCIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
ELEMENTOS PARA A GESTÃO DEMOCRÁTICA NA EDUCAÇÃO
CÉLIA MEDEIROS SULPINO
Pós-graduada lato sensu em Gestão Pública Municipal - UFPB
ROSÂNGELA PALHANO RAMALHO
Professor do Departamento de Economia - UFPB
RESUMO
A gestão democrática citada na Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional - 9394/96 foi
uma conquista dos segmentos populares organizados, principalmente dos educadores.
Entretanto, essa gestão ainda merece ser vista e executada de forma a atender as reais
necessidades do seu público alvo - os alunos. A partir das diversas mobilizações sociais em
busca de direitos, a educação brasileira vem conquistando melhoria em seus serviços, porém
ainda está longe de se ter uma educação ideal, a de primeiro mundo, isto se dar por vários
fatores, sobretudo por ainda existir características de poder autoritário pautado na ótica
empresarial e de controle, deixando de se cumprir os princípios democráticos na constituição
de 1988. Este tem como objetivo realizar estudos teóricos e refletir sobre a estrutura da
gestão democrática na educação. Como metodologia foi realizada pesquisa bibliográfica de
autores e artigos científicos diversos já publicados e analises dos fundamentos teóricos. Neste,
enfatizou-se o papel das relações humanas e a administração de conflitos, a importância do
conselho escolar bem como o projeto político pedagógico.. A partir do estudo considera-se os
tema em evidencia de grande relevância para o fortalecimento das ações da escola e da gestão
participativa.
Palavras–chaves: gestão democrática, relações humanas, projeto político pedagógico,
conselho escolar.
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1. INTRODUÇÃO
As mudanças que se processam na política social e educacional brasileira, em
decorrência das profundas transformações ocorridas no mundo do trabalho, na organização do
processo ensino-aprendizagem e suas relações sociais na organização do processo produtivo e
participativo, nortearam o presente estudo que objetiva evidenciar os princípios democráticos
que regem uma gestão participativa no âmbito escolar.
Historicamente falando, a educação brasileira sempre foi marcada pela desigualdade,
no que tange o acesso ao conhecimento escolar e a qualidade de serviços prestados a clientela
menos favorecida. O sistema educacional brasileiro, apesar das normas constitucionais que
lhe dão respaldo, desde a década de trinta e das reformas de ensino realizadas, não tem
conseguido superar suas próprias deficiências, materializadas em altas taxas de repetência,
evasão e um fluxo escolar emperrado e oneroso. (FILHO apud PATTO, 1999, p. 24)
Desta forma, mesmo não ocorrendo mudanças significativas na estrutura social, a
ponto de provocar mudanças no sistema escolar, podem ocorrer melhorias na forma de agir
dos educadores, no modo de enfocar os conteúdos, promovendo uma visão ampla e crítica do
mundo. A interação com os pais, alunos e toda comunidade escolar se faz necessário, o que
conduz à implantação definitiva de uma gestão democrática e participativa.
A LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n° 9394/96, no seu Art. 14,
traz explicita a Gestão Democrática na escola pública, deixando claro o princípio que esta
deve seguir, condicionando a melhoria e eficiência da qualidade do sistema educacional
brasileiro. Mesmo com essa asseguridade, muitas escolas ainda não têm uma proposta
adequada às necessidades do aluno que convive com a desigualdade social e outros fatores
que impedem as crianças, jovens e adultos das camadas pobres de concluírem o ensino
fundamental e médio. Tais problemas sustentam algumas discussões como afirma Filho apud
Libâneo (1987, p. 37):
A valorização da escola pública não somente em reivindicá-la para todos,
mas, acima, de tudo, planejar uma ação educativa diferenciada em termos
didáticos pedagógicos, oferecendo oportunidades ao aluno para saber e saber
fazer de forma crítica, como primeira condição para sua participação ativa
em outras situações da vida social, inclusive para melhorar suas condições
de vida (ibidem p. 38).
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Refletindo sobre esta assertiva, pode-se afirmar que isto só será possível quando todos
os envolvidos na educação, seja familiar ou escolar, tomarem consciência da responsabilidade
que tem em suas mãos, uma vez que a educação é responsabilidade e interesse de todos e que
para se ter qualidade só é possível a partir de uma gestão participação.
É justamente a gestão democrática que será discutida neste trabalho que tem como
objetivo realizar estudos teóricos e refletir sobre sua estrutura com ênfase ao papel das
relações humanas na gestão democrática, o poder da liderança do gestor no âmbito
educacional, os conselhos escolares e projeto político-pedagógico como instrumentos de
transparência na gestão democrática e as transformações necessárias à gestão democrática no
âmbito educacional
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A gestão democrática no âmbito educacional é uma preocupação que vem sendo
estudada desde a Constituição de 1988 com a descentralização da educação já inserida na Lei
de Diretrizes e Bases dentro dos seus princípios. A gestão democrática propõe uma educação
com relevante valor social já que, é a partir de uma ação coletiva que as mudanças acontecem
e consequentemente qualidade de vida nos vários segmentos. Referenciada pela legislação, o
processo de gestão democrática municipal pressupõe a participação social nas tomadas de
decisões, na fiscalização dos recursos financeiros e nas necessidades de investimento, na
execução das deliberações coletivas e nos processos de avaliação.
Na gestão democrática merecem destaque as relações humanas como uma das
ferramentas fundamentais. Do ponto de vista teórico as relações humanas resultam da mútua
interação interindividual e coletiva, esta interação gera uma dinâmica que é uma área das
ciências sociais, em particular da sociologia e da psicologia, chamada de dinâmica de grupos,
esta procura aplicar métodos científicos ao estudo dos fenômenos grupais.
2.1 O papel das relações humanas na gestão democrática
As relações humanas são muito importantes seja na vida pessoal e ou profissional, por
meio delas é que se conseguem "fazer" como pessoas, como seres humanos. Este fato se
confirma quando observamos os relacionamentos sociais. Tudo é questão da forma, da
maneira como se estabelecem as relações. Percebe-se então que o ser humano desde o
princípio precisou do outro para existir, se desenvolver, se multiplicar e numa atitude de
doação e de cuidar do outro.
Por isso pode-se dizer que o ser humano vive num processo de aprendizagem. A vida
se faz, se constitui, portanto em todos os atos que se realiza. Assim também deve ser a gestão
democrática, desenvolvida a partir de princípios e ações participativos, numa necessidade de
colaboração das pessoas envolvidas no processo administrativo, de ensino – aprendizagem e
de todas as tomadas de decisões, tendo como referência o próprio diretor. Estas questões ao
serem analisadas permitem a concretização de que é fundamental a participação efetiva de
mestres e funcionários da escola, pais, alunos e toda comunidade social e escolar.
Talvez uma das realidades mais difíceis com que o ser humano se defronta, seja a
realidade relacional, não que o ato de se relacionar seja difícil, o difícil mesmo é está na forma
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de como construir as relações. É nas relações que se podem ter os mais diferentes rumos,
edificando ou destruindo as pessoas, assim, as relações entre o gestor escolar, seus
funcionários, alunos e pais de alunos deve ser conduzida de forma prazerosa uma vez que ele
é capacitado para manter o equilíbrio e a motivação da equipe, sendo idealizador,
incentivador, dinâmico, criativo e amigo, buscando constantemente transformar a realidade
através de uma integração coletiva firmando parceria entre a escola e a comunidade. De
acordo com Cury (2001, p. 51):
Não navegue mais sozinho. Não seja auto-suficiente. Treine dividir o barco
de sua vida com seus íntimos. Treine penetrar no barco de alguém [...]. Uma
mão lava a outra. A família deve ser uma grande equipe. Os colegas de
trabalho deve ser uma grande família. A gestão participativa em qualquer
esfera social expande as soluções e transforma o ambiente num oásis.
Trabalhar em equipe é uma arte.
Nessa ótica, o trabalho coletivo flui melhor, sobretudo no âmbito educacional, onde
tem pessoas de vários níveis e idades onde deve prevalecer o respeito entre os alunos,
professores e comunidade são justamente nesses relacionamentos que o gestor deve se
preocupar para se fazer uma administração de paz. Atualmente, a participação do gestor é
fundamental em várias Instituições, seja no ramo educacional ou empresarial onde haja a
preocupação com o desenvolvimento humano. Porém, em nenhum outro é mais complexo e
necessário a presença do gestor do que na educação, já que é neste setor que se dá o processo
de formadores de opiniões e por onde passa os profissionais de todas as áreas valorizando e
acrescentando os conhecimentos e experiências adquiridos e no cotidiano.
Importante seria se o gestor se preocupasse também com as relações humanas, uma
vez que é a partir delas que os seres humanos conduzem seu pensar, seu sentir e seu modo de
agir dentro e fora do processo de ensino e aprendizagem pela qualidade e verdadeiro
significado da vida.
A gestão democrática tem o direito e o dever de promover ações voltadas aos
conselhos existentes como forma controle e transparência nos serviços públicos, isto só é
possível a partir da ética, boa vontade e coerência do gestor para mudar e transformar a
realidade conjuntamente com toda comunidade escolar e sistema de ensino.
Outro aspecto presente nas relações humanas é a administração dos conflitos
existentes no âmbito escolar, uma vez que em todo setor existem as divergências. O segredo
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da administração de conflitos em grupos é o envolvimento vigilante, ativo e construtivo dos
membros envolvidos. “A cooperação não elimina o conflito: Quanto mais as pessoas
dependem uma das outras, maior é a possibilidade de conflitos.” (URY, 2000, p. 25). Para o
autor citado, é fundamental que se tome a iniciativa de contribuir para construção da boa
convivência buscando um relacionamento harmonioso, seja ele no trabalho, no lar, na escola e
comunidade.
O líder democrático é aquele que lança mão de certo tipo de poder, com base em
determinada perspectiva com fundamentos para entendimento mútuo, que apóia determinado
método de diálogo e negociação e tem certo produto como objetivo.
Apesar das diversas transformações ocorridas no campo da educação visando para
uma gestão participativa de qualidade, tais perspectivas ainda estão um tanto distantes.
Vivencia-se uma Gestão autocrata, ou seja, não definida, limitada, imposta, manipuladora e
opressora. As escolas não têm uma proposta adequada às necessidades do aluno que convive
com a desigualdade social, com o racismo, a discriminação e tantos outros fatores que
impedem as crianças, jovens e adultos das camadas pobres de concluírem o ensino
fundamental, ensino médio e outros, daí afirmar que: "queremos uma escola realmente
competente, que respeite a forma de está sendo de seus alunos, seus padrões de classes, seus
valores, sua sabedoria, sua linguagem”. Filho apud Libâneo (1987, p. 19)
No entanto, sabe-se que deve existir a mesma responsabilidade e interesse destes
últimos citados, pois a organização só é vivida a partir da participação democrática. A
valorização da escola pública não está tão somente em reivindicá-la para todos, mas, acima de
tudo, planejar uma ação educativa diferenciada em termos didáticos pedagógicos, oferecendo
oportunidades ao aluno para saber e saber fazer de forma crítica, como primeira condição para
sua participação ativa em outras situações da vida social, inclusive para melhorar suas
condições de vida a partir das relações existentes na escola.
Para Cury, todo profissional deveria fazer o treinamento da emoção e da arte de pensar
para trabalhar em equipe, só assim daria a importância necessária de se valorizar o ambiente
de forma saudável uma vez que este é o lugar onde se passa mais tempo em convívio com os
colegas do que com a família.
Hoje em dia nenhum um homem consegue realizar um trabalho sozinho, e tem que
executar em si a capacidade de escutar os outros, colocar-se no lugar deles, numa atitude de
aceitar e entender suas limitações a partir da compreendendo de que relacionar-se é uma troca
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entre dar e receber e ao mesmo tempo uma abertura para o novo. Dessa forma, as relações
humanas trabalhadas diferenciadas na escola sejam na parte administrativa ou pedagógica, os
objetivos serão alcançados, isto é, se tiverem um bom entrosamento e diálogo, cultivando o
respeito às diferenças, as habilidades e competências de cada um.
2.2 O poder da liderança do gestor no âmbito educacional
Para a formação de liderança democrática Peters (2002, p. 87) comenta que: a
liderança é um processo de estimulo mútuo, pelo qual por meio de ações recíprocas bem
sucedidas, as diferenças individuais são controladas e a energia humana delas deriva
encaminhada em beneficio de uma causa comum. Segunda a lógica dessa definição, líder é a
pessoa cujas idéias auxiliam pelo grupo a orientar-se na direção dos seus objetivos.
Todos que estão envolvidos na condução do ramo educacional devem desenvolver
ações de lideranças em suas Instituições, sobretudo numa gestão democrática. O que é ser um
bom líder? Que qualidades um líder já possuí? Quais as qualidades que ele desenvolve ou
adquire? Que limitações são necessárias para se superar? Existe alguma formula mágica que
ensine a liderar? Não é simples responder a essas perguntas. Uma coisa é certa: é preciso
aprender a se aperfeiçoar nas habilidades necessárias para se liderar pessoas, projetos,
empresa, escola, é preciso desenvolver habilidade de liderança sendo fundamental nesse
processo conhecer os elementos essenciais para formação da liderança democrática.
Para Chiavenato apud Baptista (1994, p. 127), “liderança é uma influência
interpessoal exercida em uma dada situação e dirigida através do processo de comunicação
humana, para consecução de um ou mais objetivos”. Para os mesmos autores a liderança pode
ser dividida em:
a) Liderança como influência: uma pessoa pode influenciar outra em função do
relacionamento existente entre elas;
b) Liderança que ocorre em determinada situação: Quando é dada em estrutura social
decorrente da atribuição de autoridade para a tomada de decisão;
c) Liderança dirigida pelo processo de comunicação humana: capacidade de induzir o
grupo a cumprir as obrigações atribuídas a cada um com zelo e correção;
d) Liderança visando à concepção de um ou de diversos objetivos específicos: o líder
como meio para atribuir seus objetivos ou necessidades.
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Estas definições são amplas e se referem a todas as relações interpessoais em que
estão envolvidas nas tentativas de influencias. Por exemplo: supervisor-subordinado,
professor-aluno, vendedor–freguês, médico-cliente, pai-filho. São papéis complementares.
Não há líder sem liderado. Percebe-se que o processo de liderança é uma função do líder, do
liderado e de variáveis situacionais. O papel do líder nem sempre é desempenhado
continuamente por um mesmo individuo, poderá em certas ocasiões, ser assumido por outra
pessoa do grupo, dependendo da situação.1
No papel de líder democrático, o gestor deve atuar como negociador de conflitos, pois
ele é aquele que lança mão de certo tipo de poder, o poder dos iguais com base em
determinada perspectiva com fundamentos para entendimento mútuo, que apóia determinado
método de diálogo e negociação e como produto: seus objetivos alcançados.
Ainda para Ury (2000, p. 26) são muitos os meios pelos quais um gerente ou gestor
sob a orientação prevê e evita um conflito. Quando toma ciência do mesmo passa a
estabelecer um objetivo e elaborar um plano de ação para executá-lo, repassando aos seus
colaboradores a melhor forma de como proceder nas diversas situações problemas. Quando o
conflito ocorre entre líder autoritário e colaboradores, na maioria das vezes não há espaço
para debate, exposição de idéias e ponto de vista, o que predomina é a repressão, obrigação e
obediência.
Tais métodos repressivos geram efeitos colaterais como falta de confiança, inibição da
criatividade, insatisfação, alta rotação de pessoal e queda na produtividade, influenciando
negativamente no trabalho coletivo. Na concepção de Ury (ibidem, p. 26), existem três
maneiras para enfrentar o conflito:
“- Evitando que ele aconteça;
- Em acontecendo, procurar resolvê-lo;
- Não sendo possível uma solução imediata, tentar administrá-lo para evitar que cresça
e se intensifique. O tema da resolução do conflito é, portanto: “Conter se necessário,
resolver se possível, melhor que tudo: evitar”.
É preciso que o gestor tenha maturidade para lidar com determinadas situações, uma
vez que ele é o elo entre escola, comunidade e alunos. Porém, muitos gestores ainda utilizam
seu poder para fazer ameaças, e esta é uma das piores atitudes por parte de um líder, elas não
1 Texto baseado nos livros: “Psicologia para Administradores de Empresas”, Hersey e Blanchard -Ed. EPU e
“Liderança e o Gerente Minuto” – Kenneth Blanchard – Ed. Record. Disponível em:
http://dc190.4shared.com/doc/lqISUDPz/preview.html - Acesso em 20/10/2011.
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funcionam, excluem e manipulam pessoas, para esse estilo de líder o autoritarismo é iminente.
A maneira de como o líder se comporta com seus subordinados é um dos fatores mais
importantes para seu sucesso ou fracasso. A motivação, a participação, a valorização dos
envolvidos e a satisfação são os maiores aliados para a qualidade nos serviços, sobretudo no
setor público onde tudo já é muito difícil.
Hersey (2004, p. 18), considera que, tem igual relevância o grupo e ou gestor que tem
consciência do dever de “auxiliar o amadurecimento de seus membros”. Isso significa que, de
certo modo, os membros precisam conhecer o grau de relações humanas de cada um e
cooperar para o entendimento e a criação de situações sociais que favoreçam esse
amadurecimento. As normas e aptidões fundamentais dessas qualidades de relações humanas
podem ser aprendidas e comunicadas.
Ao líder, realmente empenhado na resolução de conflitos cabe está alerta aos sinais e
utilizar suas habilidades de comunicação pessoal para reverter à situação de desconforto no
desempenho de suas funções no cotidiano, prevalecendo o caminho da imparcialidade, usando
a diplomacia e protocolo para poder restaurar a harmonia nos relacionamentos. Essa prática
promove o sentimento de solidariedade e ajuda a desarmar o colaborador potencialmente
descontente dando um verdadeiro tratamento a situação de conflito utilizando a liderança
democrática pelo bem comum, seja na sua atuação prática de líder nas relações interpessoais,
na prática pedagógica ou na administração dos conselhos escolares existentes. Mas, como
efetivamente a gestão democrática no campo educacional? Para tentar entender se faz
necessário o processo de escolha do diretor como mostra o organograma:
Fonte: Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos escolares; 2004 p.34
Plano de
carreira
Livre indicação
pelos poderes
públicos
Eleição direta
Concurso
público
Listas tríplices, sêxtuplas
ou mistos
FORMAS DE
ESCOLHAS DOS
DIRIGENTES
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Como mostra o organograma acima e fonte de outros estudos fica claro que a escolha
do gestor acontece através de um processo de eleição direta de forma democrática onde
podem se candidatar professores do quadro efetivo, sendo que a equipe é composta por
diretor, vice diretor, secretário e tesoureiro para direcionar os diversos trabalhos da unidade
escolar, por ser democrática tem direito a voto: pais de alunos, funcionários, alunos e
professores, o tempo de gestão varia de dois a quatro anos dependendo do regimento interno
de cada escola podendo a equipe ser reeleita.
Quanto à gestão democrática, ela deve ser desenvolvida a partir de ações
participativas, onde se vê a necessidade de colaboração das pessoas envolvidas no processo
administrativo e pedagógico nas tomadas de decisões, tendo como referencia o próprio
diretor. Estas questões permitem a concretização de que é fundamental a participação efetiva
de mestres e funcionários da escola, pais, alunos e toda comunidade social e escolar
(CARTILHA DE INDICADORES DA QUALIDADE NA EDUCAÇÃO - 2004, p. 31).
A gestão democrática se dá não somente pela inserção dos conselhos escolares, mas
por todas as ações que envolvem uma administração publica educacional, no caso, além dos
conselhos escolares, a gestão abrange também o projeto político pedagógico com todos os
seus desafios (avaliação, currículo, planejamento, formação continuada para educadores), à
administração dos recursos e a sua transparência. Quanto aos conselhos escolares, estes
acontecem de forma democrática, sendo que deve ter representações do poder publico, da
sociedade civil, de aluno, de pais de alunos e da comunidade escolar. De acordo com a
Cartilha acima citada (ibidem, 2004):
A função dos conselhos é orientar, opinar e decidir sobre tudo o que tem a
ver com a qualidade da escola (como participar da construção do projeto
político pedagógico e dos planejamentos anuais, avaliar os resultados da
administração e ajudar na busca de meios para solucionar os problemas
administrativos e pedagógicos, decidir sobre os investimentos prioritários).
Na gestão democrática os conselhos dão suportes aos diretores para o fortalecimento
que garantem a valorização e a integração. A vigilância critica, o acompanhamento e o apoio
são algumas das atribuições mais importantes dos conselhos escolares e do projeto político
pedagógico.
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3. METODOLOGIA
É sabido que todo e qualquer estudo científico requer uma prévia pesquisa
bibliográfica, a leitura é primordial no processo de elaboração e execução de trabalhos
acadêmicos, seja para sua necessária fundamentação teórica, ou para justificar seus limites e
os próprios resultados. Segundo Cervo e Bervian (1996, p. 48):
A pesquisa bibliográfica é meio de formação por excelência. Como trabalho
científico original, constitui a pesquisa propriamente dita na área das
Ciências Humanas. Como resumo de assunto, constitui geralmente o
primeiro passo de qualquer pesquisa científica.
Assim, para elaboração deste trabalho utilizou-se de critérios e procedimento
bibliográficos do tipo explicativo, tiveram como fonte de dados revistas, livros e sites, nestes
foram analisados artigos científicos já publicados a cerca do tema, bem como o conhecimento
adquirido na vivencia cotidiana no setor de trabalho. De acordo com Gil (2007, p.42): “Este
instrumento, possibilita o levantamento de dados e a análise de verdades vivenciadas e ou
escritas por outros autores. Ainda segundo os mesmos autores (ibidem);
A pesquisa explicativa preocupa-se em identificar os fatores que determinam
que contribua para a ocorrência dos fenômenos, a mesma aprofunda-se no
conhecimento da realidade e o porquê das coisas [...], elas podem ser as
continuações de outra descritiva, posto que a identificação dos fatores que
determinam um fenômeno exige que este esteja suficientemente descrito e
detalhado.
Optou-se pela pesquisa bibliográfica explicativa por esta proporcionar vários subsídios
perpassando por vários teóricos bem como a familiaridade com o tema, seja o contato direto
com tudo o que já foi publicado, dito, filmado ou de alguma outra forma registrada sobre o
tema, inclusive através de conferências seguidas de debates vivenciadas no exercício da
profissão. Após a análise foram selecionados os autores: Hamilton Werneck, Carlos Roberto
Jamil Cury, Heloísa Lück, William Ury, Idalberto Chiavenato, Paulo Freire, livros didáticos
pedagógicos onde foi possível aprofundar os conhecimentos teóricos a partir dos temas e
subtemas: O papel das relações humanas na gestão democrática, o poder da liderança do
gestor no âmbito educacional, os conselhos escolares e projeto político-pedagógico como
instrumentos de transparência na gestão democrática e as transformações necessárias à gestão
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democrática no âmbito educacional. A análise de dados foi realizada a partir da seleção de
referências, montagem, elaboração e conclusão deste trabalho se deu entre os meses de agosto
a dezembro de 2011.
4. CONSELHOS ESCOLARES E PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO COMO
INSTRUMENTOS DE TRANSPARÊNCIA NA GESTÃO DEMOCRÁTICA
A Constituição de 1988 e a criação da Lei de Diretrizes e Bases n° 9394/96, deram
suporte para a melhoria da qualidade no sistema de ensino público. No artigo 14 desta mesma
lei fica claro no inciso “II - Participação das comunidades escolares e locais em conselhos
escolares ou equivalentes” dando abertura para a gestão participativa, esta tem um papel
fundamental no desenvolvimento escolar e autonomia dos conselhos que passam a fazer parte
efetiva do acompanhamento e controle escolar.
Nesta ótica, Prioll2 questiona: Que mudanças aconteceram ao longo dos tempos acerca
dos conselhos e conselheiros? De que forma as condições sociais são influenciadas no âmbito
escolar na atualidade? Como a educação pode ajudar as questões das desigualdades sociais?
Esses questionamentos possibilitam perspectivas de ações diversas onde costumam vir à tona
quando se reflete sobre o papel da Educação na sociedade. E dar conta desse compromisso -
ou, ao menos, tentar - sempre foi o grande desafio das escolas, embora, muitas vezes, as
mazelas sociais funcionem como uma justificativa quando professores e diretores falham em
suas tarefas. As famílias e a comunidade demandam da escola soluções para problemas
sociais.
De acordo com Luck (1998, p. 23), os conselhos devem ter: um regimento interno,
elaboração, aprovação, acompanhamento e avaliação do projeto político Pedagógico, criação
e garantia de mecanismos de participação efetiva e democrática da comunidade escolar,
definição e apoio ao plano de aplicação financeira, constituição de comissões especiais para
estudos relacionados aos aspectos administrativos pedagógicos e financeiros da escola e
2 Quando o diretor se torna um gestor de Julia Priolli. Disponível em
http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/diretor/quando-diretor-se-torna-gestor-423962.shtml.
Acesso em 22/11/2011.
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participação de outras instâncias democráticas (Conselho Regional, Municipal e Estadual - da
Estrutura Educacional para definição, acompanhamento e fiscalização de políticas
educacionais). Afinal, qual é a função dos conselhos escolares? De acordo com Fialho3 a
cerca da função dos conselhos, se destacam:
- Função pedagógica - acompanha o processo de aprendizagem dos alunos e garante uma
educação de qualidade, de acompanhar todas as ações definidas na escola, de articulação com
a comunidade;
- Função fiscalizadora de todas as verbas que a escola recebe, e também de fiscalizar a
aplicação da verba, do funcionamento da própria escola, da gestão da escola e do processo
ensino-aprendizagem;
- Tem uma função deliberativa ajudando na gestão da escola, porque faz parte da gestão. Tem
outra uma função consultiva - é ouvido, é chamado pra dar a sua opinião, pra fazer a sua
apreciação de todas essas decisões que precisam ser deliberadas na escola.
- O conselho tem um papel fundamental no processo sobre a gestão democrática da escola, no
processo da descentralização. São eles que converge a melhoria para qualificar o processo da
gestão democrática na escola.
No dia a dia, a realidade mostra que com tantas funções, as pessoas integradas no
conselho escolar, deveriam estar cientes de toda a situação que envolve o sistema escolar,
participar ativamente das tomadas de decisão. No entanto, percebe a inexistência de tudo isto
em quase todas as escolas brasileiras, os que fazem o conselho escolar, servem simples e
puramente para assinar livros e atas de reuniões que não se tem conhecimento de sua
existência, e ainda, decisões que não se está de acordo.
Percebe-se ainda, inúmeras falhas em relação à participação efetiva dos conselheiros,
porém é relevante lembrar que isto pode acontecer muitas vezes devido à imposição de
gestores, em fazê-lo de maneira tal, que deixa de lado tudo àquilo que poderia e deveria ser
feito de acordo com o regimento dos conselhos, fato que ajuda a construir cada vez mais uma
3Conselho Escolar legitima gestão democrática. Entrevista cedida da professora Pedagoga Edina
Fialho da Universidade do Estado do Pará - Coordenadoria de Integração Regional (Cointer) da Seduc.
Cedida em. 20/05/2009. Disponível no portal:
http://www.seduc.pa.gov.br/portal/?action=Destaque.show&iddestaque=297&idareainteresse=3.
Acesso em 02/12/2011.
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escola burocrática, permitindo que só ele e por ele sejam tomadas as decisões e todo
acompanhamento necessário fica para trás, dificultando a cada dia a efetivação de uma gestão
democrática transparente e participativa. O ideal seria então que todo gestor colocasse em
prática o que está previsto na lei, pois, como afirma Werle (2003, p.32):
O conselho escolar se relaciona com os princípios da igualdade, da liberdade
e do pluralismo devido à sua composição por diferentes segmentos da
comunidade escolar em regime de paridade, assegurando o direito de
manifestação de diversos pontos de vista e de diferentes opiniões. Como
órgão consultivo e deliberativo, o conselho deve tratar de problemas
financeiros, administrativos e pedagógicos da escola, contribuindo com
propostas e projetos da escola, com vistas a uma educação de qualidade.
Assim, deveria ser o gestor que garantisse a implementação da participação nas
escolas, que partilhasse, descentralizasse, dialogasse, participasse, possibilitando uma
transformação na dinâmica escolar. Através da vivência destas características, só assim seria
capaz de transformar por completo a imagem e até mesmo as condições com que se trabalham
os conselhos hoje, deixando clara a deliberação e a garantia de uma atividade honesta e de
confiança para um promissor desempenho dos conselheiros, tornando básica a implementação
do gestor facilitador e comprometido com a democracia e participação.
O Projeto Politico Pedagogico, assim também como o conselho escolar também
permite a participação social. O PPP é garantido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, onde está claro no artigo 12 que dispõe: "Os estabelecimentos de ensino [...] terão
incumbência de: (Inciso I:) elaborar e executar sua proposta pedagógica". Já no Artigo 13 fala
das incumbências dos docentes, no Inciso I onde se lê: "participar da elaboração da proposta
pedagógica do estabelecimento de ensino"; e o Inciso II lê-se: "elaborar e cumprir plano de
trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino".
Nessa perspectiva, profissionais da educação, alunos e comunidade vêem-se diante da
possibilidade real de construir democraticamente e coletivamente o projeto político
pedagógico da escola, buscando interagir cotidianamente nos processos de constituição de
novas identidades e solidariedade, na produção e socialização de códigos e conteúdos
culturais, de informações e de experiências, enfim, na consolidação das aspirações de novas
formas de ação coletiva.
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Para tanto, exige-se inicialmente uma mudança de mentalidade de todo o corpo e
comunidade escolar. Mudança essa que impõe deixar de lado o velho pensamento de que a
instituição pública de ensino é um setor menos importante e que os serviços podem acontecer
de qualquer jeito, a qualquer tempo. É necessário transformar a escola onde todos os usuários
sejam agentes ativos a participativos e não apenas fiscalizadores ou meros recebedores dos
serviços, neste tipo de gestão, todos assumem sua função e suas responsabilidades através do
Projeto Político Pedagógico da escola. Como ressalta Maturana (1998, p. 29):
O educar constitui no processo em que a criança ou o adulto convive com o
outro e ao conviver com o outro se transforma espontaneamente, de maneira
que seu modo de viver se faz progressivamente mais congruente com o do
outro no espaço de convivência.
Uma escola realmente democrática promove o acesso e a permanência do aluno na
escola, uma vez que é neste espaço que se constituem os fenômenos sociais, devendo ela
preocupar-se primeiramente com o saber do seu aluno. Para Freire (2005, p. 30) a eficácia da
educação está em seus limites e lembra aos educadores progressistas que a “educação não é a
alavanca da transformação da sociedade, mas sabem também o papel que ela tem nesse
processo”. Ainda para o mesmo autor que é incumbência dos professores observarem as
competências dos alunos de acordo com a realidade.
Nessa perspectiva, profissionais da educação, alunos e comunidade vêem-se diante da
possibilidade real de construir democraticamente e coletivamente o projeto político
pedagógico da escola, buscando interagir cotidianamente nos processos de constituição de
novas identidades e solidariedade, na produção e socialização de códigos e conteúdos
culturais, de informações e de experiências e em fim a consolidação das aspirações de novas
formas de ação coletiva.
Como enfatiza Paulo Freire quando criou a frase em sua gestão de Secretário de
Educação em São Paulo: “participação popular para nós não é um slogan, mas a expressão e,
ao mesmo tempo, o caminho da realização democrática”. Ainda segundo o mesmo sobre a
atuação pedagógica na escola:
Tudo deve ser visível. Tudo deve ser explicado. O caráter pedagógico do ato
de governar, sua missão formadora, exemplar, que demanda por isso mesmo
dos governantes, seriedade irrecusável. Não há governo que persista
16
verdadeiro, legitimado, digno de fé, se seu discurso não é confirmado por
sua prática, se apadrinha e favorece amigos, se bem duro apenas com os
oposicionistas e suave e ameno com os correligionários (FREIRE, 1992, p.
174).
A constituição da prática pedagógica está ligada à concepção de que o homem através
do conhecimento se fundamenta com as relações cotidianas, portanto necessário se faz
compreender a função social da escola. Nessa ótica a participação dos envolvidos no setor
educacional requer planejamento, conhecimento, valores e procedimentos adequados na
vivencia do Projeto Político Pedagógico. Portanto, é preciso atitude revolucionária a fim de se
trabalhar a favor do rigor criativo e coletivo. Conhecimento requer disciplina. Conhecer o
novo exige muitas coisas, pois, não é meramente algo que aconteça por acaso, é preciso seguir
em frente, constantemente, sempre aprendendo, conhecendo e mudando.
Outro fator relevante da gestão democrática relacionada ao Projeto Político
Pedagógico é a questão do currículo já que ele está no centro das discussões atuais sobre a
educação escolar. Mestres, estudantes, governantes, de forma geral a preocupação é unânime,
embora com diferentes ênfases e objetivos em examinar e compreender a forma de como se
conduz o processo da escolarização.
4.1 As transformações necessárias à gestão democrática no âmbito educacional
Os indiscutíveis e evidentes indícios de que transformações radicais estão ocorrendo
nas diferentes maneiras de pensar, conviver e expandir a diversificação às perspectivas de
análise e reflexão da educação brasileira. Provavelmente, para se ter um ensino de qualidade é
necessário que os docentes incorporem um repertório rico e variado de metodologias de
ensino, dentre eles destaca-se a valorização do contexto histórico, político, econômico e social
dos discentes. Quanto mais se investir na realidade dos estudantes, melhor será para os
docentes na resolução das diversidades e de necessidades educativas dentro e fora da sala de
aula. Pensar o currículo de uma escola pressupõe viver o seu cotidiano, que surge de uma
série de processos que podem ser planejados, implementados, executados e avaliados, só a
partir desse pensar e repensar será possível propiciar práticas pedagógicas inovadoras aos
professores que participam da formação continuada, de modo que favoreça a melhoria no
processo ensino-aprendizagem.
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Aliado e este envolvimento vale destacar a importância de algumas estratégias por
parte do gestor, onde ele mostre sua capacidade e eficiência como ressalta Luck (Ibidem, p.
37) nos tópicos abaixo:
- Identificar as oportunidades apropriadas para a ação e decisão compartilhada;
- Estimular a participação dos membros da comunidade escolar;
- Estabelecer normas de trabalho em equipe e orientar a sua efetivação;
- Transformar boas idéias individuais em idéias coletivas;
- Garantir os recursos necessários para apoiar os esforços participativos;
- Promover reconhecimento coletivo pela participação e pela conclusão de tarefas.
É missão de o gestor fazer com que todos participem ativamente das atividades da
escola garantindo a promoção de planejamentos participativos bem como a integração de
professores e funcionários, pais e alunos, uma vez que o planejamento participativo é
fundamental para o desenvolvimento de um trabalho pedagógico de qualidade, promovendo a
expressão e participação nas decisões.
Planejamento participativo é um processo em que as pessoas realmente
participam porque a estas são entregues não só a decisão especifica, mas os
próprios rumos que se deve imprimir a escola. Os diversos saberes são
valorizados, cada pessoa se sente construtor - e realmente o é - de um todo
que vai fazendo sentido à medida que a reflexão atinge a prática e esta vai
esclarecendo a compreensão e a medida que os resultados práticos são
alcançados em determinado rumo.
Quando a escola se insere num bairro, a equipe educacional deve conhecer a realidade
local, só assim será possível conhecer as necessidades das pessoas e adequar-se a elas. A
parceria entre a comunidade e a escola é uma das mais relevantes para a construção de uma
educação de qualidade, esta ação faz com que o projeto político pedagógico seja construído de
forma democrática e com responsabilidade a atender as reais necessidades de toda
comunidade.
Cabe-se lembrar que toda pessoa tem um poder de influência sobre o
contexto ao qual faz parte, exercendo-o independentemente da sua
consciência dessa interferência resulta em uma falta de consciência do poder
de participação que tem, de que decorrem resultados negativos para a
organização social e para as próprias pessoas que constituem o ambiente
escolar.
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Mas, qual é o papel e a meta do gestor? Lidar com a burocracia não pode ocupar todo
o tempo do diretor. Além de conhecer leis e normas e saber gerir recursos, o foco principal
deve ser a aprendizagem de crianças e adolescentes. Assim, a equipe de professores precisa se
organizar para promover discussões sobre temas locais e globais. Além disso, a postura da
equipe e as situações vivenciadas na escola servem como base para abordar temas como
cidadania, tolerância e respeito.
É o gestor quem imprime uma cara à instituição, quem retoma os projetos
institucionais, que são permanentes e abrangem a escola como um todo. É ele quem lembra a
todos o que o grupo quer ser e que aluno pretende formar. Porém, a necessidade dos
questionamentos sobre estes acontecimentos é fundamental, pois, este é o papel do diretor
como sugere Luck (ibidem p. 36):
- Facilitador e estimulador da participação dos pais, alunos, professores e demais
funcionários, na tomada de decisão e implementação de ações;
- Promotor da comunicação aberta;
- Demonstrador de orientação pró ativa;
- Construtor de equipes participativas;
- Incentivador da capacitação e desenvolvimento dos funcionários e de todos da escola;
-Criador de clima de confiança e receptividade;
- Mobilizador de energia, dinamismo e entusiasmo.
Tendo em vista as deficiências que abrangem o processo de formação do diretor junto
à gestão participativa, detectam-se alguns abusos destes, como é o caso do autoritarismo,
negligência, descompromisso, individualismo, falta de formação e informação, trabalhos
aleatórios, etc., fazendo-se necessário um estudo minucioso sobre a gestão escolar,
principalmente na formação dos gestores, pois muitas pessoas que hoje atuam neste cargo
desenvolvem trabalhos sem direcionamento.
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5. CONCLUSÕES
Tomando como ponto de partida os objetivos propostos e o aprofundamento teórico da
pesquisa, os resultados obtidos constituíram indicadores relevantes na construção de novos
conhecimentos acadêmicos relacionados à gestão democrática educacional. Assim destacam-
se aqui algumas considerações:
A observação e entendimento do processo e atribuições do gestor, bem como sua influencia na
instituição sob sua responsabilidade no que tange aos conselhos escolares até o planejamento
participativo, o plano político pedagógico e tudo o que envolve a administração escolar bem como as
relações humanas;
Enquanto líder, o gestor deve fazer a política da justiça, da imparcialidade e da boa convivência,
buscando sempre colaboradores (alunos, professores, profissionais, pedagogos e pais de alunos)
sempre em busca de solução coletiva. É sabido também que existem alguns líderes que, embora se
esforcem, ainda não entenderam o papel e a força que tem um conselho escolar como seu aliado na
transparência e da qualidade nos serviços públicos, apresentando-se autoritários, centralizadores e
ou desmotivadores.
Acredita-se ainda que, apesar das dificuldades desde a Constituição de 1998, muitas coisas
mudaram na educação, e que podem melhorar ainda para tanto é preciso o esforço de profissionais
comprometidos com mudanças significativas na estrutura social a ponto de provocar novas
possibilidades voltadas para o desenvolvimento e a valorização de todo processo do sistema
educacional brasileiro.
Por fim, conclui-se que, o processo de gestão democrática só será possível quando o
poder público juntamente com a sociedade civil colocarem em prática as leis, criando
mecanismos que possibilitem a agilidade e a qualidade educacional. É preciso também que os
conselhos escolares atuem de forma consciente participando das tomadas de decisões, já que
são eles os responsávéis direto pela transparência na gestão democrática
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CÉLIA MEDEIROS SULPINO
Graduada em Psicologia – UNIPÊ - 2002
Pós - Graduada em Gestão Municipal Pública – UFPB – 2011
Psicóloga do CRAS de Água Branca-PB – 2005/2011
Secretária Municipal de Assistência Social de São José de Espinharas- PB – 2009/2011
(83)99040283 – (83)81077776
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