a gestÃo escolar democrÁtica participativa...
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JLIO DE MESQUITA FILHO
Faculdade de Cincias Campus de Bauru
CAMILA PILASTRI MODOLO
A GESTO ESCOLAR DEMOCRTICA
PARTICIPATIVA E A AO DOCENTE
BAURU 2007
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JLIO DE MESQUITA FILHO
Faculdade de Cincias Campus de Bauru
CAMILA PILASTRI MODOLO
A GESTO ESCOLAR DEMOCRTICA
PARTICIPATIVA E A AO DOCENTE
Trabalho apresentado como exigncia parcial para a Concluso do Curso de Pedagogia da Faculdade de Cincias UNESP campus de Bauru sob a orientao da Prof. Ms. Thais Cristina Rodrigues Tezani.
BAURU 2007
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Agradecimentos:
Agradeo ao Senhor Deus, autor e consumador da nossa f, que
sempre esteve presente em todas as etapas deste trabalho, sendo Deus
Elohim.
minha amada famlia, sempre presente, prestativa, solidria e
amorosa nos momentos mais difceis.
orientadora Prof. Ms. Thais Cristina Rodrigues Tezani por aceitar este
trabalho, por sempre orientar, apoiar, incentivar e confiar neste trabalho.
Prof. Dr. Vera Maria Casrio, por aceitar, gentilmente, compor a
banca examinadora e por todas as correes realizadas.
Prof. Dr. Fabola Pereira Soares, por todo incentivo, apoio, idias e
correes desde o pr - projeto desta pesquisa.
Ao amado Andr, por todo apoio, incentivo, idias, compreenso e
colaborao para a realizao deste trabalho.
s amigas da faculdade que todo o tempo confiaram neste trabalho.
A todos aqueles que, direta ou indiretamente, possibilitaram a realizao
desta pesquisa.
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H no ensino, na funo de
ensinar, em grmem, sempre uma
ao administrativa.
Ansio Teixeira
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RESUMO
Discusses tm sido feitas em todo o pas, e at mundialmente, buscando-se novas alternativas de propiciarmos uma educao de qualidade para todos. Leis tm sido redigidas como diretrizes para as mudanas necessrias, mas a implementao das discusses e anseios sociais e das diretrizes propostas no penetraram, ainda, de forma eficaz, clara e transformadora, na escola, como instituio social educativa. A pesquisa em desenvolvimento visa ressaltar que para os professores no suficiente apenas desenvolver saberes e competncias dentro da sala de aula, preciso que compreendam como e porque so tomadas certas decises no sistema de ensino; quais relaes de poder h nessas decises, e quais as implicaes das decises tomadas. Emerge, assim, um novo processo educativo, no qual a gesto escolar democrtica participativa adquire dimenso articuladora dos recursos humanos, burocrticos e financeiros, objetivando fazer da educao, tanto formal, quanto no formal, espao de formao crtica. A gesto escolar democrtica participativa concebida como elemento de democratizao da escola, auxiliando a compreenso da cultura da instituio escolar e seus processos e, a articulao das relaes sociais, da qual fazem parte, os desafios concretos do contexto histrico. A construo do processo de gesto escolar democrtica participativa implica repensar a lgica da organizao e participao nas relaes e dinmica escolar, tendo como fundamento a discusso dos mecanismos de participao, as finalidades da escola, bem como, a definio de metas e a tomada de deciso consciente e coletiva. , nesta perspectiva, muito til aos objetivos da gesto escolar democrtica participativa que, os professores, compreendam os processos de tomada de decises do Estado e sistemas educativos, percebendo que a escola no est isolada do sistema social, poltico e cultural; assim como compreender que, enquanto profissional da educao tem uma importante funo a exercer: oportunizar meios para que a educao de qualidade torne-se uma realidade para todos.
Palavras-chave: professor- gesto democrtica - educao
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SUMRIO Introduo 9
CAPTULO I: A organizao da escola pblica contempornea 11
1.1 Administrao ou Gesto Escolar: qual terminologia utilizar? 13
1.2 As variantes da gesto escolar 22
1.2.1 A gesto escolar democrtica e participativa 25
1.3 Concurso, indicao, diretor de carreira e eleio de diretores. 28
1.4 A gesto escolar democrtica e participativa e o Projeto Poltico
Pedaggico
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1.5 Gesto escolar e os mecanismos de ao coletiva 36
1.6 Autonomia e gesto escolar 39
CAPTULO II: Professor e as atuais exigncias da educao escolar 43
2.1 As diretrizes legais para a formao de professores e a gesto da
escola.
45
2.2 O papel do professor na participao da gesto da escola 53
2.3 A escola como local de formao permanente do professor 56
CAPTULO III: Metodologia 62
3.1 Pesquisa Qualitativa em Educao 63
3.2 - Descrio do local da pesquisa 64
3.3 Objetivos 64
3.4 Sujeitos e critrios para a sua escolha 65
3.5 - O Questionrio 65
CAPTULO IV: Anlise dos dados 66
4.1 Composio dos eixos temticos de anlise 67
4.2 Apresentao dos Eixos Temticos 68
4.3 Discusso e anlise dos dados 74
Consideraes finais 85
REFERNCIAS
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LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 Elementos fundamentais para a implementao de um processo de gesto democrtica e participativa na escola.
17
FIGURA 2 - Mudanas de paradigma de administrao para gesto
18
FIGURA 3 - Mudana de paradigma de administrao para
gesto: organizao e aes dos dirigentes.
20
FIGURA 4: Aspectos de gesto: enfoques e atitudes
22
FIGURA 5: EXIGNCIAS ECONMICAS, POLTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS.
24
FIGURA 6: Concepes de organizao e gesto escolar
26
FIGURA 7: Estrutura organizacional
27
FIGURA 8: Articulao entre a democratizao da gesto, a
autonomia e os Conselhos Escolares.
29
FIGURA 9: Formas de escolha dos dirigentes escolares
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FIGURA 10: reas de atuao da organizao e gesto da
escola.
35
FIGURA 11: As dimenses bsicas da autonomia
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LISTA DE TABELAS Tabela 1 Rendimento mdio mensal e nmero de profissionais por tipo de profisso segundo regies geogrficas e Brasil 2001.
49
Tabela 2 Distribuio percentual dos professores por escolaridade e srie, segundo o salrio do professor Sistema de Avaliao da Educao Bsica Saeb/2001.
50
Tabela 3 - Distribuio dos Professores da Educao Bsica por faixa de renda.
50
Tabela 4 Distribuio percentual dos professores por disciplina e srie, segundo o nvel de ps-graduao e a unidade geogrfica Sistema de Avaliao da Educao Bsica Saeb/2001.
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INTRODUO
Nas ltimas dcadas tem sido discutido um novo projeto de educao para o
Brasil, como forma de enfrentar o desafio de constituir-se uma educao de
qualidade para todos.
Foram formulados princpios bsicos para nortear as mudanas propostas neste
novo paradigma educacional, que elegem a gesto democrtica como um dos meios
para o processo de construo de uma cidadania emancipadora, autnoma e capaz
de integrar-se aos processos de tomada de deciso (BRASIL, 2005). Tais princpios
encontram-se na Constituio Federal de 1988, em seu artigo 206 e, so assumidos
no artigo 3, da Lei 9.394/96, a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional.
Emerge, assim, um novo processo educativo, no qual a gesto escolar
democrtica participativa adquire dimenso articuladora dos recursos humanos,
burocrticos e financeiros, objetivando o cumprimento da essncia da educao:
fazer da educao, tanto formal, quanto no formal, um espao de formao crtica
e no apenas formao de mo de obra para o mercado (GADOTTI, 2006, p.52).
A gesto escolar democrtica participativa concebida como um elemento de
democratizao da escola, que auxilia na compreenso da cultura da instituio
escolar e seus processos e, na articulao das relaes sociais, da qual fazem
parte, os desafios concretos do contexto histrico que vivenciamos.
A construo do processo de gesto escolar democrtica participativa implica
repensar a lgica da organizao e participao nas relaes e dinmica escolar,
tendo como fundamento a discusso dos mecanismos de participao, as
finalidades da escola, bem como, a definio de metas e a tomada de deciso
consciente e coletiva. Pensar a gesto escolar democrtica participativa engloba
tambm, ampliar os horizontes histricos, polticos e culturais das instituies
educativas, objetivando-se alcanar mais autonomia (BRASIL, 2005, p 46).
A concepo de gesto escolar democrtica participativa necessita no apenas
criar espaos e atitudes autnomas, mas criar e sustentar processos e posies
independentes. Nesse sentido, faz-se necessrio, repensar o papel do professor,
uma vez que, a gesto escolar democrtica participativa se constri no cotidiano
escolar, pela vontade, autonomia e objetivos definidos coletivamente.
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Os professores tornam-se tambm responsveis pelas formas de organizao e
gesto. Seu trabalho em sala de aula a razo de ser da organizao e gesto
escolar (LIBNEO, 2005). , nesta perspectiva, muito til aos objetivos da gesto
escolar democrtica participativa que, os professores, compreendam os processos
de tomada de decises do Estado e sistemas educativos, percebendo que a escola
no est isolada do sistema social, poltico e cultural. Tambm preciso esclarecer
como esta insero social levada a efeito na escola e nas salas de aula.
de extrema relevncia a compreenso e participao do professor nesta nova
concepo de gesto, que est definida, como j citada, em nossa Constituio e na
LDBEN. Entretanto, faz-se necessrio esclarecer que a organizao e a gesto so
meios para se atingir as finalidades do ensino (LIBNEO, 2005, p.301) e, no fins,
muito menos atitudes estanques em si mesmas.
Apenas existe sentido, na melhora das prticas de gesto, na participao dos
professores e os processos democrticos, caso estes se encontrem associados
melhoria dos mtodos de ensino e aprendizagem fator de maior relevncia e
eficcia na produo e garantia da qualidade de ensino.
O captulo 1 deste trabalho contempla a organizao da escola pblica
contempornea, diferenciando as terminologias de gesto e administrao; as
variantes da gesto escolar; o provimento do cargo de diretor; o Projeto Poltico
Pedaggico; os mecanismos de ao coletiva, e a autonomia da gesto escolar.
O captulo 2 apresenta o professor e as atuais exigncias da educao
escolar; as diretrizes legais para a formao de professores e a escola como local de
formao permanente do professor.
O captulo 3, a proposta metodolgica qualitativa caracterizada e justificada,
juntamente com os elementos que a compem. A apresentao do percurso
metodolgico esclarece ainda os critrios para anlise e apresentao dos dados.
O captulo 4 introduz e analisa os dados da pesquisa, tendo como base os
questionrios e o referencial terico sobre os diferentes eixos temticos examinados.
As consideraes finais abordam concluses relativas s anlises apontadas
e algumas contribuies deste trabalho para a sociedade.
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CAPTULO I
A organizao da escola pblica contempornea
Vivenciamos uma poca em que o pluralismo poltico (GADOTTI,1994)
torna-se um valor universal, com intensa atividade poltico educacional, permeada
por um grande nmero de leis e normatizaes federais, estaduais e municipais, que
atingem diretamente as instituies escolares, e, especificamente, a unidade
escolar.
A unidade escolar o lugar onde concretizado o objetivo mximo do
sistema educacional, no qual as metas governamentais so atingidas, ou no, em
que as polticas educacionais so realizadas conforme o previsto, ou sofrem
distores (SILVA, 1996).
A escola o lugar que representa a esperana, o desejo humano de
aperfeioar-se, de mudar, de fazer-se e promover-se o integralmente, o lugar social
no qual a expectativa de mudana o trao mais marcante (SILVA, 1996, p.52).
O desejo de mudana pode deparar-se com duas possibilidades: encontrar
realizao no trabalho ou mortificao na lei.
A lei que vale para todos a regra gramatical e o significado do dicionrio. Se eu no respeitar estas leis, ningum me compreender;provavelmente, ningum me aceitar (GAIARSA,1990, p.53).
A educao brasileira com a Constituio Federal de 1988 adquiriu maior
prestgio, obtendo uma seo inteira no captulo III (Da Educao, da Cultura e do
Desporto), com nove artigos, alm de trs textos nas Disposies Transitrias.
Pouco tempo depois, em 1996, com a promulgao da Lei de Diretrizes e Bases da
Educao Nacional (LDBEN 9394/96), foram especificados os dispositivos
constitucionais e definidas as diretrizes para a educao nacional em noventa e dois
artigos, subdividida em oito ttulos, mais as disposies transitrias (SEVERINO,
2004). H tambm a aprovao em 09/01/2001 do Plano Nacional da Educao, lei
nmero 10.172/2001, exigncia da Constituio Federal de 1988 (artigo 14) e da Lei
de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDBEN 9394/96), com durao de dez
anos (2001-2010). Seus principais objetivos contemplam a elevao da escolaridade
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da populao; melhoria na qualidade de ensino em todos os nveis; reduo das
desigualdades sociais e regionais quanto ao acesso e permanncia escola pblica;
democratizao da gesto do ensino pblico, obedecendo aos princpios de
participao dos profissionais da educao na elaborao do Projeto Poltico
Pedaggico da escola e da participao da comunidade escolar em conselhos
escolares e equivalentes (LIBANEO, 2005).
O prestgio que a educao brasileira conquistou fruto da luta pela
democratizao do ensino como um direito social (OLIVEIRA,2004), ou a
preconizao da educao como um direito subjetivo, com o homem sendo
respeitado em suas singularidades (MACHADO,2006).
Atentamos, entretanto, que o direito a educao no se esgota na
escolarizao (MACHADO,2006,p.25), por isso, percebe-se um hiato real entre as
leis e normatizaes (poltica educacional) e a democratizao da sociedade e da
instituio escolar (MAIA; LIMA, 2006, p.45)
A escola pblica vital para que haja mais justia social e todos possam
usufruir do bem comum produzido pela sociedade (SILVA, 1996).
Iniciativas existem, esforos so realizados, recursos so consumidos: todavia h um erro no princpio em todas essas situaes quando se imagina que um autntico trabalho educativo possa acontecer sem que haja pessoas autnomas, portanto livres e responsveis (...). A persistncia de formas administrativas que no levam a uma mobilizao da criatividade do pessoal que se envolve diretamente ou que presta apoio, no trabalho de ensino aprendizagem, resulta no s em uma subutilizao do potencial humano disponvel, mas inviabiliza qualquer ao educativa digna desse nome (SILVA, 1996, p.37).
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1.1 Administrao ou Gesto Escolar: qual terminologia utilizar?
A administrao educacional, instncia inerente prtica educativa, abrange o
conjunto de normas/diretrizes e as prticas/atividades que garantem de um lado o
significado ou o sentido histrico do que se faz e, de outro, a unidade do conjunto na
diversidade de sua concretizao (WITTMAN;FRANCO,1998). um processo
racional, linear e fragmentado, com uma viso objetiva e verticalizado. A
administrao da educao, no contexto das transformaes sociais, atravessa uma
fase de profunda transformao que se constitui em conjuntos de diferentes medidas
e construes que objetivam:
Alargar o conceito de escola, reconhecer e reforar sua autonomia e promover a associao entre escolas e sua integrao em territrios educacionais mais vastos e adotar modalidades de gesto especficas e adaptadas diversidade das situaes existentes (BARROSO, 1998,apud FERREIRA, 2004, p.304).
Exige-se da administrao da educao novas formas de organizao que
possibilitem participao efetiva de todos no processo do conhecimento e de tomada
de deciso (FERREIRA, 2004).
A gesto escolar evidencia-se na literatura a partir dos anos 90, sendo
reconhecida como base fundamental para a organizao significativa e
estabelecimento dos processos educacionais e mobilizao de pessoas voltadas
para o desenvolvimento e melhoria da qualidade de ensino (LUCK, 2006, a, p.33).
O conceito de gesto resulta de uma nova compreenso da conduo das
organizaes. Surge como superao dos limites da administrao. Emerge um
novo paradigma, isto , viso de mundo e ptica com que se percebe e reage em
relao realidade (KUHN, 1982 apud LUCK,2006,a, p.34).
A Constituio Federal de 1998, em seu artigo 206, inciso VI, pe a gesto
democrtica como princpio da educao pblica, assumidos no artigo trs da Lei de
Diretrizes e Bases da Educao Nacional, inciso VIII, explicitando gesto
democrtica do ensino pblico na forma de lei e da legislao do sistema de ensino
(BRASIL,2005,a p.22), como contraste com a gesto hierrquica e hegemnica da
coisa pblica, entendendo que a gesto democrtica exigncia de transparncia,
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impessoalidade, moralidade, expressando a vontade de participao da sociedade
civil (CURY,2004).
BORDIGNON;GRACINDO (2004,p.148) esclarecem-nos que, apesar da
superficialidade com que a LDBEN trata a gesto da educao em seu artigo 14,
A referida lei define que os sistemas de ensino devem estabelecer normas para o desenvolvimento da gesto democrtica nas escolas pblicas da educao bsica e que essas normas devem, primeiro, estar de acordo com as peculiaridades de cada sistema e, segundo, garantir a participao dos profissionais da educao na elaborao do Projeto Pedaggico da escola, alm da participao das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.
Neste sentido, a gesto democrtica da educao requer mais que mudanas
institucionais, requer mudanas de paradigmas, que fundamentem a construo de
novas propostas educacionais, que faa emergir uma gesto diferenciada, na qual a
administrao da educao constitui-se em fazer coletivo permanentemente em
processo. Mudana esta pautada nos avanos da sociedade do conhecimento, que
por sua vez, fundamentam a concepo de qualidade na educao e define a
finalidade da escola (BORDIGNON;GRACINDO,2004, p.148-149).
Esta mudana de concepo de escola advinda de alteraes globais da
sociedade subsidia um novo paradigma marcado pela alterao de conscincia a
respeito da realidade e da relao entre as pessoas (MAIA;LIMA,2006).
(...) no se trata de uma simples mudana terminolgica e sim de uma fundamental alterao de atitude e orientao conceitual. Portanto, sua prtica (gesto) promotora de transformao de relaes de poder, de prticas e da organizao escolar em si, e no de inovaes como costumava acontecer com a administrao cientifica (LUCK,2000, p.15).
Alguns autores a exemplo de MAIA;LIMA (2006), consideram perigosa a
adeso ao termo gesto, por temerem uma aproximao da organizao escolar
organizao empresarial, escolhendo mediante este temor, utilizar o termo
administrao escolar, por considerarem sua amplitude em termos polticos e
pedaggicos e no apenas a aplicao tcnica de regras impostas por nveis
superiores (MAIA;LIMA,2006,p.51).
Entendemos o temor dos autores quanto as escolas tornarem-se
organizaes empresarias, porm entendemos que:
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Uma mudana de denominao s significativa quando representa uma mudana de concepo da realidade e de significados de aes mediante uma postura e atuaes diferentes (LUCK, 2006a, p.47).
A gesto da escola se traduz cotidianamente como um ato poltico, que
implica a tomada de deciso dos atores sociais. Sua construo no pode ser
individual e sim coletiva, partilhada (BRASIL, 2005e).
Essa dinmica se efetiva como processo de aprendizagem poltico
fundamental para a construo de uma cultura de participao e,
consequentemente, nova escola.
A figura 1 apresenta quais so os elementos fundamentais para
implementao de um processo de gesto escolar democrtica participativa na
escola.
FIGURA 1 Elementos fundamentais para a implementao de um processo
de gesto democrtica e participativa na escola.
Fonte: BRASIL,2005e, p.27
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A gesto educacional abrange a articulao dinmica do conjunto de
atuaes como prtica social que ocorre em mbito macro (sistema), micro (escola)
e na interao de ambos, atravs da mudana paradigmtica que visa superar a
fragmentao da realidade.
No se creia que a reconfigurao da escola passa apenas por uma substituio de dispositivos pedaggicos. No se trata de substituir artefatos de engenharia curricular, porque a mudana no consiste num mero exerccio de bricolagem. preciso reconfigurar os sistemas de relaes, a racionalidade que subjaz aos modelos de gesto e diretorias. preciso estabelecer rupturas com um discurso poltico estril e recontextualizar a escola na cidade educativa (PACHECO, 2005, p.61).
A tenso dialtica e a circularidade complementar entre as concepes de
administrao e gesto, demonstra que as duas vises se interpenetram e
influenciam-se reciprocamente.
Com o objetivo didtico, apresentamos a figura 2, com as principais
caractersticas de uma e outra concepo, esclarecendo que ambas so parte de
uma mesma realidade, com maior ou menor intensidade.
FIGURA 2- Mudanas de paradigma de administrao para gesto
ADMINISTRAO GESTO
A realidade regular, estvel,
previsvel.
Crise, ambigidade, contradies
e incertezas so disfunes e devem ser
evitadas.
Importao de modelos que
deram certo em outras organizaes
base para a realizao de mudanas.
Mudanas ocorrem mediante
processo de inovao, caracterizado
A realidade dinmica,
imprevisvel
Crise, ambigidade, contradies
e incertezas so elementos naturais dos
processos sociais e condies de
aprendizagem.
Experincias positivas em outras
organizaes servem de referncia
reflexo e busca das prprias solues e
mudanas.
Mudanas ocorrem mediante
processo de transformao,
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pela importao de idias, processos e
estratgias impostos de fora para dentro
e de cima para baixo.
A objetividade e a capacidade de
manter um olhar objetivo sobre a
realidade no influenciado por aspectos
particulares determinam a garantia de
bons resultados.
A estrutura das organizaes,
recursos, estratgias, modelos de ao
e insumos so elementos bsicos da
promoo de bons resultados.
A disponibilidade de recursos a
servirem como insumos constitui-se em
condio bsica para a realizao de
aes e melhoria.
Os problemas so considerados
co sendo localizados, em vista do que
podem ser erradicados.
O poder considerado como
limitado e localizado; se repartido
diminudo.
caracterizada pela produo de idias,
processos e estratgias promovidos pela
mobilizao do talento e energia
internos, e de acordos consensuais.
A sinergia coletiva e a
intersubjetividade determinam o alcance
de bons resultados.
Os processos sociais, marcados
pelas contnuas interaes de seus
elementos plurais e diversificados,
constitui-se na energia mobilizadora
para a realizao de objetivos de
organizao.
Recursos no valem por eles
mesmos, mas pelo uso que deles se
faz, a partir do significado a eles
atribudos pelas pessoas, e a forma
como so utilizados, podendo, portanto
ser maximizados, pela adoo da ptica
proativa.
Os problemas so sistmicos,
envolvendo uma srie de componentes
interligados.
O poder considerado como
ilimitado e passvel de crescimento, na
medida em que compartilhado. Fonte: Luck ( 2006a, p.102-104)
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H tambm formas organizacionais diversificadas nas duas concepes. A
figura 3 demonstra a organizao e a gesto nas concepes de administrao e
gesto.
FIGURA 3- Mudana de paradigma de administrao para gesto: organizao e
aes dos dirigentes.
ADMINISTRAO GESTO
O direcionamento do trabalho
consiste no processo racional,
exercido objetivamente de fora
para dentro, de organizao das
condies de trabalho e do
funcionamento de pessoas, em
um sistema ou unidade social.
Ao administrar compete manter-
se objetivo, imparcial e
distanciado dos processos de
produo, como condio para
poder exercer controle e garantir
bons resultados.
Aes e prticas que produzem
bons resultados no devem ser
mudadas, a fim de que estes
continuem sendo obtidos.
A autoridade do dirigente
centrada e apoiada em seu cargo.
O dirigente exerce ao de
comando, controle e cobrana.
A responsabilidade maior do
dirigente a de obteno e
garantia de recursos necessrios
para o funcionamento da unidade.
O direcionamento do trabalho
consiste no processo
intersubjetivo, exercido mediante
liderana, para a mobilizao do
talento humano coletivamente
organizado, para melhor emprego
de sua energia e de organizao
de recursos, visando realizao
de objetivos sociais.
Ao gestor compete envolver-se
nos processos sob sua
orientao, interagindo
subjetivamente com os demais
participantes, como condio para
coordenar e orientar seus
processos e alcanar melhores
resultados.
A alterao contnua de aes e
processos considerada como
condio para o desenvolvimento
contnuo; sua manuteno,
mesmo favorvel, leva
estagnao.
A autoridade do dirigente
centrada e apoiada em sua
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O dirigente orienta suas aes
pelo princpio da centralizao de
competncia e especializao da
tomada de decises.
A responsabilidade funcional
definida a partir de tarefas e
funes.
Avaliao e anlise de ao e de
desempenho so realizados com
foco em indivduos e situaes
especificas, considerados
isoladamente, visando identificar
problemas.
O importante fazer mais, em
carter cumulativo.
competncia e capacidade de
liderana.
O dirigente exerce ao de
orientao, coordenao,
mediao e acompanhamento.
A responsabilidade maior do
dirigente a sua liderana para a
mobilizao de processos sociais
necessrios promoo de
resultados.
O dirigente orienta suas aes
pelo principio da descentralizao
e tomada de deciso
compartilhada e participativa.
A responsabilidade funcional
definida a partir dos objetivos e
resultados esperados com as
aes.
Avaliao e anlise de ao e de
desempenho so realizadas com
foco em processos, em interaes
de diferentes componentes e
em pessoas coletivamente
organizadas.
O importante fazer melhor em
carter transformador.
Fonte: Luck ( 2006a, p.105-107)
No novo paradigma emergente, o poder no se situa em nveis hierrquicos,
mas nas diferentes esferas de responsabilidade, garantindo relaes interpessoais
entre sujeitos iguais e ao mesmo tempo diferentes. Importante ressaltar que esta
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nova concepo organizacional no diminui a importncia e autoridade dos gestores
educacionais, ao contrrio, destaca a funo fundamental destes na gesto
democrtica e a importncia de que sua prtica seja mais competente tecnicamente
e mais relevante socialmente (BORDIGNON;GRACINDO, 2004).
A figura 4 explicita as mudanas de enfoque e atitudes que o novo paradigma
emergente prope.
FIGURA 4: Aspectos de gesto: enfoques e atitudes
ENFOQUES E ATITUDES
ASPECTOS DA GESTO PARADIGMA VIGENTE
(TRADICIONAL)
PARADIGMA EMERGENTE
(NOVO)
Relaes de poder Verticais Horizontais
Estruturas Lineares/ segmentadas Circulares/ integradas
Espaos Individualizados Coletivos
Decises Centralizadas/ imposio Descentralizao/
dilogo/negociao
Formas de ao Autocracia/ paternalismo Democracia/ autonomia
Centro Autocentrismo/
individualismo
Heterocentrismo/ grupo-
coletivo
Relacionamento Competio/ apego/
independncia
Cooperao/ cesso/
interdependncia
Meta Eliminao de conflitos Mediao de conflitos
Tipos de enfoque Objetividade Subjetividade
Viso Das partes Do todo
Objetivo Vencer de- convencer Vencer com- co- vencer
Conseqncia Vencedores - perdedores Vencedores
Objeto de trabalho informao Conhecimento
Base A - tica tica
nfase No TER No SER Fonte: Bordignon; Gracindo (2004, p.152-153)
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oportuno ressaltar que o processo de gesto da educao no acontece apartado dos imperativos da globalizao, que vem gerando mudanas na organizao do trabalho dos paises capitalistas, trazendo a excluso de uma significativa massa de trabalhadores e conseqncias importantes para a gesto das empresas. Com isso a gesto democrtica da educao precisa estar mais atenta a essas mudanas para poder tornar-se instrumento de resistncia excluso social e a transformao dos homens em simples mercadorias (BORDIGNON; GRACINDO, 2004, p.175).
Acreditamos que a gesto escolar democrtica possa contribuir, efetivamente,
para o processo de construo da cidadania emancipadora, do ato pedaggico,
centrado no conhecimento, interativo, interpessoal, participativo e democrtico, uma
vez que compreendemos gesto como um processo poltico administrativo
contextualizado que organiza, orienta e viabiliza a prtica social da educao, e a
plenitude dos ideais da educao, verdadeiramente, pblica e, com qualidade, para
todos.
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1.2 As variantes da gesto escolar
No so as estruturas organizacionais que conduzem as mudanas pretendidas;
estas podem facilitar ou dificultar as conquistas dos objetivos. So os sujeitos
coletivos, que verdadeiramente, podem concretizar as transformaes e a
implantao das propostas (SILVA, 1996).
Tem-se por pressuposto que a gesto a atividade pela qual so mobilizados
meios e procedimentos para atingir os objetivos da organizao, envolvendo
aspectos gerenciais e tcnicos administrativos (LIBNEO, 2005, p.318). Em outras
palavras, a organizao e a gesto colocam-se a servio dos objetivos educacionais
e so os meios para atingir esses objetivos.
A figura 5 demonstra esta articulao de meios e objetivos
FIGURA 5: EXIGNCIAS ECONMICAS, POLTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS
Fonte: Libneo (2005, p. 305)..
EXIGNCIAS ECONMICAS, POLTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS
OBJETIVOS PLANEJAMENTO PROJETO PEDAGGICO PLANOS DE ENSINO
ORGANIZAO E GESTO PRTICAS DE GESTO
CURRCULO CONTEDOS ENSINO
QUALIDADE
COGNITIVA E
OPERATIVA DAS
APRENDIZAGENS
AVALIAO
-
23
Organizar estruturar, planejar aes. Assim, organizao escolar refere-se
aos princpios e procedimentos relacionados a atos escolares.
As organizaes so unidades sociais (e, portanto, constitudas de pessoas que trabalham juntas) que existem para alcanar determinados objetivos. Os objetivos podem ser o lucro, as transaes comerciais, o ensino, a prestao de servios pblicos, a caridade, o lazer, etc. Nossas vidas esto intimamente ligadas s organizaes, porque tudo o que fazemos feito dentro das organizaes (CHIAVENATO,1989, p.3).
A organizao e os processos de gesto assumem diferentes modalidades
conforme a concepo que se tenha das finalidades sociais e polticas da educao
em relao sociedade e a formao dos alunos.
Como forma de analise sinttica, apresenta-se a figura 6, com as variantes de
concepes, de organizao e gesto da escola.
FIGURA 6: Concepes de organizao e gesto escolar
-
24
Fonte: Libneo (2005, p. 327)
CONCEPES DE ORGANIZAO E GESTO ESCOLAR
AUTOGESTIONRIA
Vnculo das
formas de gesto
interna com as
formas de
autogesto social;
Decises
coletivas,
eliminando toda
forma de exerccio
de autoridade e
poder;
nfase na auto-
organizao do
grupo
Recusa a
normas-
responsabilidade
coletiva
Recusa do poder
institudo
nfase nas
inter- relaes,
mais do que nas
tarefas.
INTERPRETATIVA A escola
uma realidade
social
subjetivamente
construda;
Privilegia
menos a
organizao e
mais a ao
organizadora, com
valores e prticas
compartilhadas;
A ao
organizadora
valoriza muito as
interpretaes,
destacando o
carter humano e
preterindo o
carter formal,
estrutural,
normativo
DEMOCRTICO-
PARTICIPATIVA
Definio explcita
por parte da equipe
escolar, de objetivos
sociopolticos e
pedaggicos da
escola;
Articulao da
atividade de direo
com a participao
das pessoas da
escola;
Qualificao e
competncia
profissional;
Objetividade nas
questes organi-
zacionais, mediante
coleta de
informaes reais;
Acompanhamento
e avaliao siste-
mtica com finali-
lidades pedaggi-
cas: diagnstico,
acompanhamento
dos trabalhos;
Todos dirigem e
so dirigidos
nfase tanto nas
tarefas quanto nas
relaes.
TCNO-
CIENTIFICA
Prescrio
detalhada de
funes e tarefas;
Poder
centralizado no
diretor,
destacando as
relaes de
subordinao;
nfase na
administrao
regulada (rgido
sistema de
normas, regras,
procedimentos
burocrticos de
controle das
atividades);
Comunicao
linear (de cima
para baixo)
baseada em
normas e regras;
Mais nfase nas
tarefas do que nas
pessoas.
-
25
1.2.1 A gesto escolar democrtica e participativa
A terminologia gesto escolar democrtica traz em si o carter participativo,
assim como o traz a democracia. Por isso de certa forma redundante a utilizao
das expresses gesto participativa e democracia participativa. Mas uma
redundncia til para reforar uma das dimenses mais importantes da gesto
educacional democrtica, sem a qual esta no se efetiva (LUCK,2006c, p.27).
A gesto democrtica participativa valoriza a participao da comunidade
escolar no processo de tomada de deciso, apostando na construo coletiva dos
objetivos e do funcionamento da escola atravs do dilogo, do consenso (LIBNEO,
2005).
Na gesto democrtica participativa comum desenhos circulares exibirem a
integrao entre as vrias partes (funes) da estrutura organizacional (figura 7)
FIGURA 7: Estrutura organizacional
Fonte: Libneo (2005, p.344)
ESCOLA
CONSELHO DE ESCOLA
DIREO, ASSISTENTE
COORDENADOR
SETOR PEDAGGICO
PROFESSORES ALUNOS
SETOR TCNICO ADMINISTRATIVO
PAIS E COMUNIDADE
APM
-
26
O conceito de gesto tem carter paradigmtico, tanto horizontal quanto
verticalmente. Fortalece-se assim a democratizao do processo de gesto
educacional pela participao, isto , por meio do compromisso coletivo com
resultados educacionais (LUCK, 2006a, p.37).
A gesto permite superar a limitao da fragmentao e da
descontextualizao e construir aes articuladas e resistentes; aes de trabalho
em equipe.
A gesto democrtica participativa pressupe que o processo educacional s
se transforma e se torna mais competente na medida em que seus participantes
tenham conscincia de que so responsveis pelo mesmo, buscando aes
coordenadas e horizontalizadas (LUCK, 2006a).
A gesto democrtica participativa exige uma mudana de mentalidade de
todos os membros da comunidade escolar (GADOTTI,1994, p.5).
A democratizao da gesto da escola constitui-se numa das tendncias atuais mais fortes do sistema educacional, apesar da resistncia oferecida pelo corporativismo das organizaes de educadores e pela burocracia instalada nos aparelhos de estado, muitas vezes associados na luta contra a inovao educacional (GADOTTI,1994, p.6).
Marques (1987) indica que a participao de todos, nos diferentes nveis de
deciso, essencial para assegurar o eficiente desempenho da organizao.
Assim, a medida que a conscincia social se desenvolve, o dever vai se
transformando em vontade coletiva (CARVALHO,1979, apud LUCK, 2006c, p.56).
A gesto democrtica implica a efetivao de novos processos de
organizao e gesto baseados em uma dinmica que favorea os processos
coletivos e participativos de deciso (BRASIL, 2005e).
Para que a participao seja realidade, so necessrios meios e condies favorveis, ou seja, preciso repensar a cultura escolar e os processos, normalmente autoritrios, de distribuio do poder no seu interior (...) Outro dado importante entender a participao como processo a ser construdo coletivamente. Nessa direo, fundamental ressaltar que a participao no se decreta, no se impe e, portanto, no pode ser entendida apenas como mecanismo formal/legal (BRASIL,2005, e, p.15).
A figura 8 apresenta a articulao entre a democratizao da gesto, a
autonomia e os Conselhos Escolares.
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27
FIGURA 8: Articulao entre a democratizao da gesto, a autonomia e os
Conselhos Escolares.
Fonte: BRASIL (2005e, p. 12)
A escola um espao de contradies e diferenas. Nesse sentido, quando
buscamos construir na escola um processo de participao baseado em relaes de
cooperao, partilhamento de poder, dilogo, respeito as diferenas, liberdade de
expresso, garantimos a vivencia de processos democrticos, a serem efetivados no
cotidiano, em busca da construo de projetos coletivos.
A construo de uma escola em que a participao seja uma realidade
depende, portanto, da ao de todos, que se traduz em atos polticos, com tomada
de deciso (BRASIL, 2005e).
Gesto democrtica: aprendizado me exerccio de
participao Educao como direito
A construo dos processos de gesto e participao
Educao, escola e legislao
Por uma cultura de participao escolar
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28
1.3 Concurso, indicao, diretor de carreira e eleio de diretores.
Os anos 90 trouxeram alteraes nos padres estatais e nos mecanismos de
gesto, redirecionando as polticas pblicas, especialmente as educacionais,
rearticulando a funo social da educao e da escola, usando como pressupostos a
ideologia da globalizao da economia. Por conseguinte, tem-se destacado o papel
da educao bsica como insumo ao desenvolvimento econmico (DOURADO,
2003).
No Brasil, as polticas educacionais so demarcadas pela Lei de Diretrizes e
Bases da Educao Nacional (9394/1996), que embora apresente inmeras
limitaes representa as lutas sociais e orienta as polticas educacionais em nosso
pas, redimensionando a escola, principalmente a pblica, como instituio
formadora e poltica, resgatando sua importncia e relevncia social.
Concebe-se a educao como constitutiva das relaes sociais, considerando o
contexto em que esto inseridas, suas necessidades e como se efetivam.
A importncia do enfoque cultural se acentua hoje diante da necessidade de resgatar, luz da relevncia humana, o verdadeiro valor instrumental da eficincia e da eficcia que se reafirmam como critrios definitrios da lgica produtivista e competitiva que caracteriza a sociedade atual. A estratgia para atingir elevados nveis de relevncia, capaz de resgatar o verdadeiro valor dos demais critrios de desempenho administrativo na gesto da educao, a participao cidad no contexto da democracia como forma de Governo (SANDER,1995,p.41-42).
A gesto escolar um ato poltico e, a ao educativa, embora nem sempre
assuma dimenso poltica sempre poltica. Dessas reflexes emerge a
problematizao das formas de provimento ao cargo de dirigentes escolar, como
contraposio ao carter autoritrio e clientelista em que se inseriam as prticas
escolares (DOURADO, 2003, p.82).
A eleio de diretores no Brasil teve incio na dcada de 1980, aps o regime
militar (1964-1984), como parte da redemocratizao do pas. Em 1998, era
praticada por dezessete estados brasileiros.
Cabe lembrar que no eleio em si, como evento, que democratiza, mas sim o que ela representaria, como parte de um processo participativo global, no qual ela corresponderia apenas a um movimento de culminncia num processo construtivo e significativo para a escola (LUCK,2006b, p.77).
-
29
Paro (1996) entende a eleio de diretores como um importante mecanismo
de democratizao da escola. Variadas so as formas e as propostas de acesso
gesto das escolas pblicas.
A figura 9 apresenta as que mais destacam-se:
FIGURA 9: Formas de escolha dos dirigentes escolares
Fonte:BRASIL (2005e, p.34)
Ao concurso pblico creditada a objetividade na escolha baseada em
mritos intelectuais. A maioria dos estados no adota tal modalidade por considerar
que a gesto escolar no se reduz a dimenso tcnica (atividades administrativas
rotineiras e burocrticas) deixando em segundo plano a compreenso do processo
poltico pedaggico. No parecer do Ministrio da Educao a forma mais leal de
ingresso para a carreira docente no setor pblico, sendo o concurso de provas e
ttulos o ponto de partida no sistema de ensino, mas no a mais apropriada para a
-
30
escolha de dirigentes escolares, pois a gesto escolar no deve constituir-se cargo
ou funo vitalcia.
A livre indicao dos diretores pelos poderes pblicos se fundamenta no
gestor pblico indicar o diretor como um cargo de confiana da administrao
pblica. Historicamente, contudo, essa modalidade parece ter incorporado o
clientelismo, na medida em que se distinguia a poltica do favoritismo e da
marginalizao das oposies. Geralmente tambm, este diretor no contava com o
respaldo escolar. Essa modalidade articulada ao conservadorismo poltico permitia a
transformao das escolas em espao instrumentalizador de prticas autoritrias e
barganhas polticas.
O diretor de carreira uma modalidade pouco utilizada. Configura-se
atravs de critrios rgidos ou no. Considera aspectos como tempo de servio,
merecimento, distino, escolarizao. No setor pblico apresenta-se como variao
da modalidade de indicao poltica, apesar de parecer fundada no mrito das
pessoas.
As listas trplices ou sxtuplas consistem na consulta comunidade
escolar, ou a setores desta, para a indicao de nomes de possveis dirigentes.
Cabe, portanto ao Executivo, nomear o diretor entre os nomes destacados e/ou
submet-los a uma segunda fase, que consiste em provas ou atividades de
avaliao de sua capacidade cognitiva para a gesto.
A eleio direta para diretores, historicamente, tem sido uma das
modalidades tidas como mais democrtica, apesar de gerar grandes polmicas. A
defesa dessa modalidade a conquista da deciso sobre os destinos da escola.O
processo de eleio apresenta-se de formas variadas:
a) delimitao do colgio eleitoral- restrito a parcela da comunidade ou totalidade
(pais, estudantes, professores, tcnicos e funcionrios);
b) mecanismo de escolha associada a provas especficas, planos de trabalho, etc.
(BRASIL, 2005e).
A forma de provimento no cargo pode no definir o tipo de gesto, mas,
certamente, interferir no curso dela
As causas do autoritarismo existente nas unidades escolares no advm exclusivamente do provimento do diretor pela via de nomeao poltica. Desse modo, reafirmar a prtica democrtica e o exerccio da cidadania fundamental para romper com essas prticas conservadoras nas escolas (BRASIL,2005e, p.40)
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31
O envolvimento das pessoas como sujeito na conduo das aes apenas
uma possibilidade, no uma garantia. Precisamos, portanto implementar
mecanismos reais de participao envolvendo todos no processo de tomada de
deciso, no compartilhamento de responsabilidades, assumindo-se como sujeito,
profissional da educao, cidado, agente de transformao, reflexivo, atuante,
capaz de projetar, de ir alm, de almejar ter sonhos, objetivos, buscando meios para
atingi-los, super-los e concretiz-los
Considerando o contexto em que se materializam as prticas educativas e, fundamentalmente, buscando compreender a importncia de aes polticas visando o redimensionamento da gesto escolar, no sentido de democratiz-la, essencial repensarmos os modelos de gesto vigentes, a noo de democratizao que possumos, bem como aperfeioarmos os mecanismos de participao existentes (BRASIL, 2005e, p.41).
A democratizao da gesto escolar est intrnsecamente relacionada a
concepo de democracia que possumos. Desta forma, apenas aperfeioaremos a
democracia e os mecanismo de aprticipao existentes praticando-os em nosso
cotidiano, nas unidades escolares em que estamos direta, ou indiretamente,
inseridos.
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32
1.4 A gesto escolar democrtica e participativa e o Projeto Poltico
Pedaggico
Procurar compreender a escola como uma cultura com identidade prpria
descobrir seus valores, atitudes, imagens da realidade, manifestaes verbais e no
verbais. Significa conhecer seu projeto de ao, fruto da ao coletiva dos
participantes da escola (SILVA, 1996, p.49).
A prtica da gesto no se esgota no mbito da instituio escolar nem se reduz ao dos gestores nos processos administrativos e pedaggicos. Deve ter em conta um projeto pedaggico, assegurado por organizao do trabalho escolar colegiado, envolvendo, se possvel, todos os personagens que atuam na escola - pois uma prtica que d respostas a alguns problemas existentes uma construo coletiva na qual devem comprometer-se diferentes aes individuais (DE ROSSI, 2004, p.36-37).
A consolidao da educao bsica como direito de todos os cidados um
objetivo no somente do governo, mas de toda a sociedade brasileira. Assim, alm
de garantir as condies de acesso e permanncia dos alunos preciso construir o
projeto poltico pedaggico da educao bsica, comprometido com as mltiplas
necessidades sociais e culturais da populao.
O projeto um meio de engajamento coletivo para integrar aes dispersas, criar sinergias no sentido de buscar solues alternativas para diferentes momentos do trabalho pedaggico administrativo, desenvolver o sentimento de pertena, mobilizar os protagonistas para a explicitao de objetivos comuns definindo o norte das aes a serem desencadeadas, fortalecer a construo de uma coerncia comum, mas indispensvel, para que a ao coletiva produza seus efeitos (VEIGA, 2003a, p.275).
A Lei n9.394/96 prev em seu artigo 12, inciso I, que os estabelecimento de
ensino, respeitadas as normas comuns e as do sistema de ensino, tero a
incumbncia de elaborar e executar sua proposta pedaggica. Este preceito legal
sustenta a idia de que a escola deve assumir o trabalho de refletir acerca de sua
intencionalidade educativa. H, entretanto, uma variedade terminolgica
empregada pelo legislador: proposta pedaggica (artigo 12 e 13), plano de trabalho
(artigo 13), projeto pedaggico (artigo 14), o que gera algumas confuses
conceituais.
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33
Proposta pedaggica ou projeto pedaggico relacionam-se organizao do
trabalho pedaggico da escola como um todo. Plano de trabalho est ligado s
questes de sala de aula e outras questes pedaggicas e administrativas. Isto , o
plano de trabalho o detalhamento do projeto e, compete aos docentes, equipe
tcnica (supervisor, coordenador pedaggico, diretor, orientador educacional) e aos
funcionrios elaborar e cumprir o plano de trabalho, tambm chamado de plano de
ensino e plano de atividades (VEIGA, 2003b, p.12).
Podemos caracterizar o Projeto Poltico Pedaggico como um movimento de
luta pela democratizao da escola, que para isso, necessita enfrentar o desafio da
educao emancipatria tanto nas formas de organizar o processo de trabalho
pedaggico, como repensar as estruturas de poder (VEIGA, 2003a, p.276-277).
A figura 10, demonstra as reas de atuao da organizao e gesto da
escola.
FIGURA 10: reas de atuao da organizao e gesto da escola.
Fonte: Libneo (2005, p.356)
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34
Libneo (2005, p.357-359), apresenta quatro razes que justificam a
importncia do Projeto Poltico Pedaggico:
1- Na escola, diretores, especialistas, professores, funcionrios, alunos e
comunidade esto envolvidos em uma atividade conjunta para a formao
humana, que implica valores, convices. Por isso o Projeto Poltico
Pedaggico a expresso das aspiraes e interesses do grupo.
2- O Projeto Poltico Pedaggico resultado de prticas participativas, de
trabalho coletivo, propiciando a realizao dos objetivos propostos e o bom
funcionamento da escola.
3- A formulao do Projeto Poltico Pedaggico tambm uma prtica
educativa, porque a organizao escolar constitui espao de formao.
Todos podem aprender a fazer do exerccio do trabalho um objeto de
reflexo e pesquisa.
4- O Projeto Poltico Pedaggico expressa a autonomia da equipe escolar. Na
realizao do trabalho coletivo significa que o grupo definiu princpios (ponto
de partida) e os objetivos (ponto de chegada), envolvendo prticas de gesto
negociadas, unidade terico-metodolgica, sistema de acompanhamento e
avaliao.
A instituio educativa no apenas uma instituio que reproduz relaes sociais e valores dominantes, mas tambm uma instituio de confronto, de resistncia e proposies de inovaes. A inovao educativa deve produzir rupturas e, sob essa tica, ela procura romper com a clssica ciso entre concepo e execuo, uma diviso prpria do trabalho fragmentado (VEIGA, 2003a, p.277).
A elaborao do Projeto Poltico Pedaggico um processo de vivncia
democrtica. Por isso, caminhos e descaminhos, erros e acertos no s
responsabilidade da equipe coordenadora, mas do todo que ser responsvel pela
recuperao do carter pblico, democrtico e gratuito da educao estatal,
atendendo aos interesses e anseios da maioria da populao.
Concebe-se, ento, o Projeto Poltico Pedaggico como meio potencializador
do trabalho colaborativo e do compromisso com objetivos comuns (VEIGA, 2003a).
Pode-se considerar a educao como intrinsecamente poltica numa dupla dimenso: por um lado, por meio da educao, entendida como atualizao histrico-cultural, que o homem se constri em sua historicidade (historicidade esta que traz inclusa a dimenso poltica); por
-
35
outro lado, a educao, fundada na aceitao do outro como legitimo sujeito, apresenta-se como a realizao da convivncia pacifica e cooperativa que nega a dominao e labora em favor da democracia (PARO, 2002, p.17)
Considera-se a dimenso poltica da educao e as potencialidades de sua
realizao como prtica democrtica, necessria para a construo de uma
sociedade mais justa, que, como defendia Gramsci (1978 apud Paro, 2002, p.18), exige uma reforma intelectual e moral.
No podemos equivocar-nos de acreditar que tudo ser feito com
tranqilidade e que nunca ser necessrio uma disputa de posies e defesa de
pontos de vista contrrios aos dos companheiros (PARO, 2002, p.21).
A crtica que se pode fazer concepo conservadora de administrao escolar que aceita a aplicao na escola dos mesmos princpios e mtodos da empresa mercantil (porm com as devidas adaptaes, pois se reconhece tratar-se de empresas diferentes) a observao de que os objetivos da escola no so apenas diferentes mais antagnicos aos da empresa capitalista (PARO, 2002, p.21).
O processo de planejamento deve considerar a atividade prtica/ reflexiva das
pessoas envolvidas que, a partir de suas prticas sociais transformam o
planejamento em aes conscientes e intencionais
A elaborao do projeto pedaggico deve implicar o planejamento da ao cotidiana, da prtica educativa,no podendo ser algo a mais ou em anexo, devendo estar encarnado nas relaes educativas e no resultar numa mera encadernao a ser apresentada (SOUZA; CORREA, 2002, p.69).
A construo do Projeto Poltico Pedaggico um ato deliberado de sujeitos
envolvidos com o processo educativo da escola. o resultado de um processo
complexo de debate, que requer tempo, estudo, reflexo e aprendizagem de
trabalho coletivo. um dos instrumentos para que a escola construa sua identidade,
exera seu direito a diferena, a singularidade, transparncia, solidariedade e
participao (VEIGA, 2003b, p.30-31).
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36
1.5 Gesto escolar e os mecanismos de ao coletiva
As instituies humanas necessitam de pessoas que as faam surgir e manter-
se (SILVA, 1996).
Democratizar a conquista de poder por quem no o tem (GHANEN,1998).
Os mecanismos de participao so resultados da mobilizao e do envolvimento de todos no partilhamento do poder e no compromisso com o aprendizado poltico desse processo que se efetiva no exerccio de construo cotidiana de vrias formas de participao (BRASIL, 2005e, p.47-48).
A escola uma instituio na medida em que a concebemos como a
organizao das relaes sociais entre os indivduos dos diferentes segmentos.
Analisar a escola como instituio apreender o sentido global de suas estruturas e
de seu conjunto de normas, valores e relaes, numa dinmica singular e viva. Por
isso, a importncia do Projeto Poltico Pedaggico como organizador da diversidade,
construo da autonomia escolar, impulsionando atitudes democrticas e
comunicativas.
Neste sentido a estrutura organizacional da escola condiciona tanto sua
configurao interna, como o estilo de interaes que estabelecem com a
comunidade. As instancias de ao colegiada, como por exemplo a Associao de
Pais e Mestres (APM) e o Grmio Estudantil, so instituies auxiliares para o
aprimoramento do processo educativo (VEIGA, 2003b, p. 113-114).
necessrio considerar a inter-relao das instancias colegiadas. Esse um desafio: o compromisso e a participao ativa dos integrantes da comunidade escolar, mobilizados pela reflexo crtica, de projetarem-se para o futuro (VEIGA, 2003b, p.115).
O Conselho Escolar concebido como local de debate e tomada de
decises. Permite que professores, funcionrios, pais e alunos explicitem seus
interesses, suas reivindicaes.
O Conselho Escolar favorece a aproximao dos centros de deciso dos
atores, o que facilita a comunicao vertical e horizontal, possibilitando a delegao
de responsabilidades e o envolvimento de diversos participantes. o rgo mximo
de deciso no interior da escola.
-
37
Embora a participao de pais e alunos nas decises do Conselho de Escola nem sempre se faa de forma intensa que muitos poderiam esperar, o fato de ser a o local onde se tomam ou se ratificam decises de importncia para o funcionamento da unidade escolar tem feito com que este rgo se torne a instancia onde se explicita e procura resolver importantes contradies da vida escolar (PARO, 1995 apud VEIGA, 2003 p.116).
Outra instituio auxiliar que merece destaque, o Conselho de Classe. a
possibilidade de articulao dos segmentos da escola e tem por objeto de estudo o
processo de ensino em sua relao com a aprendizagem e a avaliao desta
aprendizagem.
O Conselho de Classe um espao de encontro de posies diversificadas
relativas ao desempenho do aluno, que no fica, assim, restrito a avaliao de
apenas uma pessoa. Sua funo analisar questes didtico-pedaggias,
aproveitando seu potencial de gerador de idias e espao educativo.
tambm um meio para democratizar, realmente a instituio educativa,
trazendo o aluno e sua famlia para a escola, democratizando sua permanncia
(VEIGA, 2003, p. 118).
A Associao de Pais e Mestres (APM) a instituio que tem como
finalidade colaborar no aprimoramento da educao e na integrao famlia-escola-
comunidade. Foi regulamentada em 1978, substituindo a Caixa Escolar criada em
1956.
A APM deve exercer a funo de sustentadora jurdica das verbas pblicas
recebidas e aplicadas na escola. um instrumento para que os pais possam opinar,
reivindicar e compreender a relevncia de seu papel na vida da escola, mobilizando
a populao para uma educao mais democrtica e compromissada.
A APM, com a participao de pais, professores, alunos e funcionrios, seria o rgo mais importante de uma escola autnoma, estando envolvido na organizao do trabalho pedaggico e no funcionamento administrativo da escola (MINASI, 1996 apud VEIGA, 2003, p.120).
H tambm organizao estudantil, sancionada atravs da Lei Federal n
7.398/85 que explicitou a criao e organizao do Grmio Estudantil como direito
dos alunos, como um rgo independente da direo da escola, escolhido por meio
de voto direto e secreto. o rgo que incentiva a participao poltica dos alunos.
um mecanismo democrtico. uma forma dos alunos aprenderem a resolver seus
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38
problemas entre si. o processo e o produto da ao dos alunos como sujeitos
coletivos concretos (VEIGA, 2003a).
A instituio de rgo colegiados expresso os fundamentos da gesto
democrtica, com as escolas preocupando-se em formas alternativas para a
construo de sua identidade, almejando uma educao de qualidade sustentada
em concepes cooperativas, solidrias, autnomas, intra e inter escolares
(VEIGA, 2003b, p.125).
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39
1.6 Autonomia e gesto escolar
A autonomia um processo complexo, dinmico, porm necessrio ao
desenvolvimento e aprimoramento das instituies. Tem principio o atendimento da
necessidade e orientao humana da liberdade e de independncia , garantindo
espaos e oportunidades para a iniciativa e a criatividade que so impulsionadoras
do desenvolvimento (KARLING,1997, apud Luck, 2006b, p.15)
A escola fruto da ao humana, ao essa que condiciona e condicionada
pelo ambiente e sua prpria criao. (SILVA, 1996, p.46). tambm o resultado de
suas prprias contradies.
(...) significa conceber as instituies enquanto prticas sociais que, em sua particularidade, existem pela ao dos que cotidianamente as fazem e pelo reconhecimento desse fazer como uno, necessrio e justificado. Significa, ainda, estabelecer as distancias entre o real e o discurso analtico bem como as distines dos planos em que este discursos se d ou em que se prope a compreender as relaes concretas. Conhece-se a instituio a partir de certa concepo do que ela seja e faz-se um inevitvel recorte desde a perspectiva em que se d o conhecimento, ou melhor, desde o nvel ou ngulo a partir do qual se constri o conhecimento (GUIRARDO,1986, apud SILVA 1996,p.46).
Foucalt (1977), mostra que as sociedades contemporneas o poder
exercido no mais pelo controle direto e coercitivo, mas de forma profunda, embora
mais sutil, mediante a produo de identidades. A liberdade humana uma
liberdade limitada. O homem no livre de certas condies. Mas livre para tomar
posies diante delas. As condies no o condicionam inteiramente (SILVA 1996,
p.86).
A autonomia a conquista que ocorre mediante um processo de
humanizao que exige liberdade para que aparea com responsabilidade.
No basta querer que a unidade escolar se torne autnoma e nem mesmo autoriz-la, mediante decretos, a isso. necessrio investir recursos na formao de sujeitos coletivos que possam assumir o comando dessa autonomia. (SILVA,1996,p.117)
A Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (9394/96) estabelece em
seu artigo 15 que os sistemas de ensino oportunizaro s escolas pblicas da
-
40
educao bsica progressivos graus de autonomia pedaggica administrativa e
financeira seguindo as normas gerais do direito financeiro pblico.
O conceito de autonomia est relacionado a tendncias mundiais de
globalizao e mudana de paradigmas. Descentralizao de poder, democratizao
de ensino, autogesto, flexibilizao, cooperativas, so alguns conceitos
relacionados a essas mudanas.
A autonomia escolar evidencia-se como uma necessidade quando a
sociedade pressiona as instituies para que promovam mudanas urgentes e
consistentes (LUCK, 2006b, p.62).
A aproximao entre tomada de deciso e ao no apenas garante a maior adequao das decises e efetividade das aes correspondentes, como tambm condio de formao de sujeitos de seu destino e maturidade social (LUCK, 2006b, p.64).
A autonomia no um valor absoluto, mas sim um valor que se determina
nas relaes de interao social. Possui quatro dimenses bsicas articuladas entre
si:administrativa, jurdica, financeira e pedaggica (VEIGA, 2003,a).
A figura 11 apresenta as dimenses bsicas da autonomia
FIGURA 11: As dimenses bsicas da autonomia
Fonte: Veiga (2003a, p.16)
PEDAGGICA
ADMINISTRATIVA JURDICA
FINANCEIRA
ESCOLA
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A autonomia administrativa, a possibilidade de elaborar e gerir seus
planos e projetos. a organizao da escola e nela destaca-se o estilo de gesto
adotado.Envolve relaes internas e externas com o sistema educativo e com a
comunidade em que a escola est inserida.
Traduz a possibilidade de escolha de seu dirigente por meio de processo
eleitoral que verifique a competncia profissional e liderana dos candidatos e a
constituio dos conselhos escolares.
um espao de negociao permanente pelos atores diretamente envolvidos,
pela participao, interveno e dilogo que a constri e internaliza.
A autonomia jurdica refere-se a elaborao de suas prprias normas e
orientaes escolares. Mesmo estando vinculada s legislaes dos rgos centrais
devem policiar-se para no se tornar mais uma instancia burocrtica, por meio de
estatutos, regimentos, portarias, avisos, memorandos, que inviabilizem a
participao cultural, profissional e sociopoltico.
A autonomia financeira pode ser total ou parcial. total quando a escola
administra todos os recursos a ela destinados pelo Poder Pblico. parcial
administra apenas parte dos recursos repassados. A LDBEN explicita a incumbncia
da escola de elaborar sua proposta pedaggica (artigo 12, inciso I), define tambm
a responsabilidade em administrar seu pessoal e recursos financeiros (artigo 12,
inciso II).
A autonomia pedaggica a expresso da liberdade de ensino e pesquisa.
a base da identidade, funo social, organizao curricular, avaliao da escola.
Diz respeito as medidas essencialmente pedaggicas, necessrias ao trabalho de
elaborao, desenvolvimento, avaliao do projeto poltico pedaggico, de acordo
com as polticas publicas e as orientaes do sistema de ensino.
Transformar escolas meta importante e tarefa urgente. A escola uma
instituio social com mentalidade prpria. A busca de autonomia em cada escola
a oportunidade de reviso do compromisso do magistrio com a tarefa educativa
(MARTINS, 2003, in VEIGA, 2003, p.64).
A autonomia no algo a ser implantado, mas sim, a ser assumido pela prpria Escola. No se pode confundir ou permitir que se confunda a autonomia da Escola com apenas a criao de determinadas decises
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administrativas e financeiras. A autonomia escolar no ser uma situao efetiva se a prpria Escola no assumir compromissos com a tarefa educativa;com relao a esse ponto preciso lembrar, insistentemente, que o destino das reformas de ensino decidido nom interior das salas de aula (AZANHA,1995 apud CAVAGNARI,2003, p. 98).
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CAPTULO II
Professor e as atuais exigncias da educao escolar
A ao docente um dos eixos responsveis pela implementao e xito da
gesto escolar democrtica e participativa, embora no existam estudos
especificamente relacionados a esta questo.
A gesto escolar democrtica hoje um valor j consagrado em nosso pas e
no mundo, embora ainda no seja plenamente compreendida e aplicada a prtica
educacional brasileira e mundial. incontestvel sua importncia como recurso para
a participao e formao da cidadania, como necessria para a construo de uma
sociedade mais justa, humana e igualitria.
Igualdade de oportunidades para a democracia significa igualdade de
possibilidades reais para todos que so desiguais e, como tal, necessitam de todas
as possibilidades diferenciadas para se desenvolverem (FERREIRA, 2000).
A viabilidade de tal compreenso s possvel mediante a gesto
democrtica da educao, uma vez que esta favorece a participao coletiva para a
superao de prticas autoritrias que permeiam as prticas sociais e, entre estas,
as prticas educativas.
O termo participao, designa presena ativa, em situaes nas quais o
indivduo esteja investido de poder e possa analisar alternativas para tomar decises.
O desafio da educao escolar neste contexto o de estabelecer o
conhecimento como mote propulsor da emancipao humana, colocando a escola a
servio das novas finalidades, para tentar superar tudo o que tem corrodo a
humanidade.
Almeja-se uma educao que reabilite/habilite os cidados a participar das
decises, dialogando, buscando o consenso, racionalidade e emancipao das
formas de dominao, sobrepondo escola como instituio capaz de otimizar a
discusso e as aes referentes ao direito de cidadania para todos, como questo
tico - poltica, apontando o dever do Estado em prol de uma sociedade mais justa e
democrtica (LIBNEO, 2005).
Para garantir a educao como direito, a poltica educacional vigente
estabeleceu trs diretrizes gerais: democratizao do acesso e garantia de
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permanncia; qualidade social da educao; instaurao do regime de colaborao e
de democratizao da gesto (LIBNEO, 2005).
A escola tornou-se (ou sempre foi) o primeiro lugar de aproximao com a
diversidade existente e crescente na sociedade global. nela que a criana convive
sistematicamente com outras origens, raas, culturas e classes, o cenrio da
realizao de um direito social para todos o direito educao. O desafio da escola
hoje legitimar este direito.
Surge aqui o professor. Professor como cidado e profissional e, mais ainda,
como funcionrio, deve aplicar o que a sociedade quer, e se, por alguma razo
considerar que os critrios devem mudar, deve ater-se aos procedimentos
democrticos, concebendo a escola como um servio pblico (ENGUITA, 2004).
Emergem novos paradigmas mundiais, novas formas econmicas e culturais,
formulam-se novos objetivos de mercado e reca sobre a escola a incumbncia de
adequar-se, oportuna e imediatamente s atuais exigncias educacionais.
O ideal democrtico supe cidados atentos evoluo da coisa pblica,
informados dos acontecimentos polticos, dos principais problemas, aptos a escolher
entre diversas alternativas a mais adequada.
Mais do que nunca os professores percebem a necessidade da participao e
da construo de uma forma especfica de gesto participativa:
Educao no obra de solista: ou se orquestra, ou no ocorre. Entre os professores tem de haver coordenao, diga-se cooperao em torno de objetivos comuns, entre funcionrios (todos) e professores, tanto quanto entre alunos e corpo de professores e funcionrios, preciso construir, de alguma forma, uma comunidade de destino, por ltimo, comunidade direta e indiretamente envolvida na escola precisa, de alguma forma, participar do processo (BATISTA E CODO,1999, p.189).
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2.1 As diretrizes legais para a formao de professores e a gesto da escola.
As reformas educacionais trouxeram muitas alteraes na vida profissional e
na formao dos professores. As mudanas socioeconmicas, polticas e culturais
apresentam novas exigncias e paradoxos: Ampliao de tarefas, de cobranas e
formao contnua so algumas exigncias atuais.
A Constituio Federal, 1988, estabelece a necessidade de assegurar
estatutos, planos de carreira e valorizao profissional, o que regulamentado no
artigo 67 da LDBEN:
Os sistemas de ensino promovero a valorizao dos profissionais da educao, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistrio pblico.
A formao dos profissionais de ensino sofreu reformulaes com a Lei de
Diretrizes e Bases da Educao Nacional (BRASIL, 1996) e com as resolues que
a sucederam.
Anterior Lei, a formao de professores, realizava-se em nvel de segundo
grau (magistrio) e por meio de cursos de Licenciatura em nvel superior.
A LDBEN (BRASIL, 1996) nos artigos 61 a 67, contempla os profissionais da
educao, estabelecendo as finalidades, os fundamentos e os nveis da formao
para a educao bsica e educao superior, definindo locais de formao, prtica
de ensino, experincia docente como pr-requisito para exercer outras funes do
magistrio, alm de assegurar itens que promovam a valorizao dos profissionais
da educao nos estatutos e planos de carreira.
Como est expresso nos referidos artigos 61 a 67, a formao docente para a
educao bsica em cursos superiores de Licenciatura Plena, sendo admitida como
formao mnima o nvel mdio, na modalidade Normal (Magistrio) para o exerccio
da docncia na educao infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental. A
prtica de ensino de, no mnimo 300 horas, mas Resolues posteriores ampliam
este tempo pra 400 horas de estgio supervisionado e mais 400 horas para prtica
de ensino (LIBNEO, 2005).
A LDBEN vigente no apresenta, especificamente, uma conceituao dos
profissionais da educao. A referida lei sugere que os graduados em Licenciatura,
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no exerccio da docncia, ou os que administram, planejam, inspecionem,
supervisionam e orientam educacionalmente, ocupando cargos administrativos,
sejam os profissionais da educao.
As funes relacionadas a seguir esto em consonncia com os artigos 1,2 e
13 da LDBEN, que abordam as finalidades e incumbncias atribudas, legalmente
aos professores:
a) participar da elaborao do Projeto Poltico Pedaggico da escola e dos
conselhos escolares;
b) zelar pelo desenvolvimento pessoal dos alunos, considerando aspectos ticos
e de convvio social;
c) criar situaes de aprendizagem para todos os alunos das diferentes faixas
etrias;
d) conceber, realizar, analisar e avaliar as situaes didticas, mediando o
processo de construo de conhecimento nas diferentes reas;
e) gerir os trabalhos da classe;
f) propiciar e participar da integrao da instituio educativa com as famlias e
da comunidade;
g) participar da comunidade educativa e profissional.
Com relao a valorizao profissional,o Plano Nacional da Educao, 2001,
no item IV, inciso 10, apresenta a seguinte anlise:
Anos aps anos, grande nmero de professores abandonam o magistrio devido aos baixos salrios e as condies de trabalho nas escolas. Formar mais e melhor os profissionais do magistrio apenas uma parte da tarefa. preciso criar condies que mantenham o entusiasmo inicial, a dedicao e a confiana nos resultados do trabalho pedaggico (...) Salrio digno e carreira de magistrio entram aqui como componentes essenciais.
Esse trecho do Plano Nacional da Educao (BRASIL, 2001) mostra
claramente por parte do governo o conhecimento das condies adversas em
que os professores tm exercido sua profisso (LIBNEO, 2005, p. 280).
A valorizao do magistrio, embora assegurada por lei, ainda no uma
realidade para os profissionais da educao brasileiros. As tabelas 1 e 2
apresentam um panorama da atividade docente e sua remunerao salarial no
Brasil.
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Tabela 1 Rendimento mdio mensal e nmero de profissionais por tipo de profisso segundo regies geogrficas e Brasil 2001 (Em R$ 1,00)
Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios (Pnad) 2001. Nota: (1) Valor em R$ de setembro de 2001
A tabela 1 apresenta o rendimento mdio de alguns tipos de profissionais.
Percebe-se que os professores so um dos profissionais que menor so
remunerados, inclusive com diferenciaes salariais, dentro da mesma profisso
(professores de educao infantil, professor de 1 a 4 sries, professor de 5 a 8
sries), alm de grandes diferenas salariais entre as regies (Nordeste e Norte com
menores salrios e as demais regies equacionando-se entre si).
Aliado a questo salarial diferenciada entre professores das cinco regies
brasileiras, h ainda a diferenciao salarial considerando-se a escolaridade
docente, ou a falta de escolaridade docente, verificada em maior nmero nas
regies norte e nordeste.
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Tabela 2 Distribuio percentual dos professores por escolaridade e srie, segundo o salrio do professor Sistema de Avaliao da Educao Bsica Saeb/2001
Os dados apresentados na tabela 2 confirmam a inexistncia de uma poltica
de valorizao do magistrio , bem como a discrepncia salarial entre os nveis de
ensino, relegando de forma salarial os anos iniciais da educao bsica,
assegurados como direito de todos e dever do Estado.
Dados recentes do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Ansio Teixeira) demonstram que no houve avano na situao
salarial docente no Brasil. Em 2007 a situao apresenta-se:
Tabela 3 Distribuio dos Professores da Educao Bsica por faixa de renda
Os salrios foram padronizados para uma jornada de 40 horas semanais, num universo de mais de 1,8 milho de professores das redes pblicas da educao bsica.
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Confirmando o descaso com os profissionais da educao bsica, percebe-
se,novamente, que no h poltica de valorizao do magistrio, uma vez que os
salrios apresentados na tabela 3, referem-se a jornadas de 40 horas semanais, isto
, professores lecionando em dois perodos. Considerando-se apenas um perodo, a
mdia salarial retorna aos ndices apresentados na tabela 2, que apresenta dados
de 2001.
A tabela 4 relaciona a distribuio dos professores com ps-graduao nas
unidades geogrficas brasileiras.
Tabela4 Distribuio percentual dos professores por disciplina e srie, segundo o nvel de ps-graduao e a unidade geogrfica Sistema de Avaliao da Educao Bsica saeb/2001.
Os dados da tabela 4 que buscam relacionar a participao dos professores
em cursos de ps-graduao com o desempenho dos alunos no Saeb mostram que,
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de uma forma geral, este impacto positivo, em especial para aqueles que possuem
mestrado ou doutorado e ministram a disciplina de Lngua Portuguesa.
H, sempre, contudo, que se olhar com muita cautela esses dados, pois como
no h um controle sobre o perfil dos alunos, o que o desempenho pode estar
captando no um efeito da melhor qualificao do professor e sim o fato de que
professores mais qualificado tendem a lecionar para alunos com melhor nvel
socioeconmico e que, normalmente, j apresentam melhor desempenho no Saeb.
Por outro lado, os cursos de formao continuada, aparentemente apresentam
pouco impacto no desempenho dos alunos, e isto significa que mudanas sensveis
devem ser feitas nesta rea, pois, como vimos, boa parte dos professores participa
desses cursos.
Outra fonte de anlise utilizada no trabalho o Censo Escolar 2006, que
apresenta os seguintes ndices:
Existncia de 203,9 mil estabelecimentos educacionais, dos quais 82,6% so
pblicos e 17,4% privados.
54,8% em rea urbana, com 86,6 milhes de matrculas da educao bsica,
e 45,2% em rea rural, com 13,3 % das matrculas.
Na regio Sudeste, principalmente devido aos estados do Rio de Janeiro, So
Paulo e Minas Gerais, nos quais a concentrao de pessoas vivendo em
cidades mais elevada, 95,9% das matrculas so provenientes das escolas
urbanas.
Os dados apresentados pelo INEP e pelo Censo de 2003 e 2006 buscam
evidenciar que os princpios contidos na Constituio Federal, 1988, artigo 206,
incisos V, Vi e VII, so referenciais polticos que ainda no foram alcanados.
V valorizao dos profissionais do ensino, garantidos, na forma da lei, planos de carreira para o magistrio pblico, com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso pblico de provas e ttulos; VI gesto democrtica do ensino pblico, na forma da lei; VII garantia de padro de qualidade.
Contribuindo regulamentao legal, a formao e exercicio do magistrio
temos o Conselho Nacional da Educao - Conselho Pleno, que por meio da
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Resoluo CNE/CP,n01, de 15 de maio de 2006, institui as Diretrizes Curriculares
Nacionais para o curso de Graduao em Pedagogia, Licenciatura , do qual
elencamos alguns artigos referentes aos princpios de gesto democrtica da
escola.
O referido parecer, institui nas Diretrizes Curriculares Nacionais, os prncipios, as
condies de ensino e de aprendizagem, procedimentos a serem observados em
seu planejamento e avaliao pelos rgos do sistema de ensino e pelas instituies
de educao superior do pas. Aplicam-se formao inicial para o exerccio da
docncia na Educao Infantil e nos anos inicias do Ensino Fundamental, nos
cursos de Ensino Mdio na modalidade Normal e em cursos de Educao
Profisional na rea de servios e apoio escolar (artigo 2). Identifica a docncia
como ao educativa e processo pedaggico metdico e intencional (artigo 2 1).
O artigo 3, contempla o estudante de Pedagogia, fundamentando em princpio
de interdisciplinaridade, contextualizao, democratizao, pertinncia e relevncia
social, tica e sensiblidade afetiva e esttica. Nessa formao o Licenciado deve:
a) conhecer a escola como organizao complexa que promova a educao na
e para a cidadania;
b) participar na gesto de processos educativos e na organizao e
funcionamento de sistemas de ensino (incisos I e III).
O artigo 4, pargrafo primeiro, especifica a atividade docente como tambm
compreendendo a participao na organizao e gesto de sistemas e instituies
de ensino.
Espera-se que o egresso do curso de Pedagogia (artigo 5) esteja apto, no
paradigma da gesto democratica da educao a:
Desenvolver trabalho em equipe, estabelecendo dilogo entre rea
educaional e as demais reas (inciso XI).
Participar da gesto das instiuies contribuindo para a elaborao,
implementao, coordenao, acompanhamento e avaliao do Projeto
Poltico Pedaggico (inciso XII).
Participar da gesto das instituies planejando, executando, acompanhando
e avaliando projetos e programas educacionais, em ambientes escolares e
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no escolares (inciso XIII).
Estudar, aplicar criticamente as diretrizes curriculares e outras determinaes
que lhe caiba implantar, executar, avaliar e encaminhar o resultado de sua
avaliao s instncias competentes (inciso XVI).
Estas Diretrizes Curriculares para Licenciatura em Pedagogia asseguram
a formao de profissionais da educao, prevista no artigo 64, em conformidade
com o inciso VIII, do artigo 3 da lei 9394/96, que regulamenta e direciona o ensino
e, especificamente a profissionalizao docente em nosso pas.
As regulamentaes legais apresentadas explicitam o paradigma
educacional vigente, no qual a gesto democrtica da educao tem nfase
especial.
Essa nova forma de administrar a educao constitui-se num fazer coletivo, permanentemente em processo. Processo que mudana contnua e continuada. Mudana que est baseada nos paradigmas emergentes da nova sociedade do conhecimento, que, por sua vez, fundamentam a concepo de qualidade na educao e definem, tambm , a finalidade da escola (BORDIGNON, GRACINDO, 2004, p.148).
As questes de qualidade na educao o grande desafio posto aos
professores. A gesto escolar democrtica surge como uma alternativa real para o
enfrentamento desta questo.
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2.2 O papel do professor na participao da gesto da escola
A gesto da escola, entendida como a coordenao dos propsitos, aes e
recursos que uma instituio empreende para alcanar objetivos institucionais e
sociais propostos, o desafio que posto aos professores no processo de gesto
participativa na escola.
A tendncia no modelo de gesto escolar democrtica vem orientando as
polticas educacionais no que se refere qualidade da educao, pressuposto que
exige o envolvimento do grupo no sentido de unir esforos para a efetivao dos
objetivos apontados. Assim sendo, a gesto j pressupe, em si, a idia de
participao, isto , do trabalho associado de pessoas analisando situaes,
decidindo sobre seu encaminhamento e agindo sobre elas em conjunto. (LCK et
al., 1998, p. 15).
Participao a interveno dos profissionais da educao na gesto da
escola, articulando o carter interno e externo. O carter interno refere-se a
questes pedaggicas, curriculares e organizacional, compreendendo a escola
como local de aprendizagem de conhecimentos e desenvolvimento de capacidades
intelectuais, sociais, afetivas, ticas e estticas, favorecendo a participao na vida
social, econmica e cultural. O carter externo pelo qual a comunidade escolar
compartilha processos de deciso um dos meios de fazer a escola sair de sua
redoma e conquistar o status de comunidade educativa que interage com a
sociedade civil (LIBNEO, 2005, p.328-331).
A participao um dos meios para alcanar melhor os objetivos da escola,
os quais se localizam na qualidade dos processos de ensino e aprendizagem.
A compreenso de que participar significa atuar conscientemente em
determinado contexto, faz dessa ao um impulsionador do ambiente escolar. Nesse
sentido, a instituio escolar no transformada apenas por sua determinao a
partir de leis, decretos ou programas. importante e necessrio que a gesto
escolar promova um clima propcio participao das pessoas, dos professores, dos
alunos, dos pais e dos demais membros da comunidade, no processo de
implementao de uma reforma educacional.
A implementao da reforma educacional revela que a mudana exige um
trabalho profundo daqueles que buscam ser agentes de transformao. Estudo
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realizado por Schneckenberg (2000), que analisa a relao entre poltica pblica de
reforma educacional e a gesto do cotidiano escolar demonstra que a atitude de mudar no apenas a de busca por melhorar algo que j existe, mas sim a atitude
de pensar um futuro diferente.
So as atitudes dirias que determinam o sucesso ou o fracasso da gesto
escolar. So os atores escolares, entre eles os professores, que participam e
enfrentam e efetuam as mudanas almejadas pela equipe escolar.
A figura 11 apresenta um organograma bsico da escola, no qual a relao de
participao est intrinsecamente presente.
FIGURA 11 ORGANOGRAMA BSICO DA ESCOLA.
Fonte: Libneo (2005, p.340)
O professor, como todo profissional, deseja obter xito em seu trabalho. Seu
envolvimento nos processos da gesto democrtica participativa determinante
para transformar o cotidiano escolar e busca pelo efetivo sucesso escolar.
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Frente aos desafios da profissionalizao faz-se necessrios que os
professores, individual e coletivamente, explicitem os propsitos que definem a
intencionalidade e a dimenso das transformaes necessrias ao ambiente escolar,
a fim de que sua atuao no se restrinja a legitimar polticas oficiais, que invadem a
escola e, especificamente, a sala de aula, sem um comprometimento efetivo da
prtica pedaggica e do Projeto Poltico Pedaggico definido pela escola.
Santiago (1995 apud VEIGA, 2003a) apresenta os professores participantes
da gesto por meio do domnio de um corpo terico consistente, atualizado pela
reflexo coletiva, conferindo aos professores autonomia de ao, criatividade, e em
sntese, capacidade de gesto.
No se pode esquecer que a escola e, principalmente a sala de aula so espaos em que se concretizam as definies sobre a poltica e o planejamento que as sociedades estabelecem para si prprias, como projeto ou modelo educativo que se tenta por em ao (AZEVEDO, 1997 in FERREIRA; AGUIAR, 2004).
O comprometimento com a gesto escolar, evidenciado diariamente nas salas
de aula, expresso do projeto educativo que oferecemos a sociedade,portanto, se
queremos, verdadeiramente, uma sociedade mais justa e democrtica faz-se
necessrio que vivenciar a democracia nas unidades escolares.
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2.3 A escola como local de formao permanente do professor
A formao do professor, dentro da concepo de educao comprometida
com o processo social requer um profissional com capacidade de inovao, de
participao nos processos de tomada de deciso, de vivncia social e
implementao da cidadania.
Essa formao constitui-se em aes coletivas, permanentemente em
processo. A relao entre sociedade, educao, formao, polticas educacionais e
gesto da educao intrnseca. A gesto da educao ao concretizar as direes
traadas, estuda, examina as condies e coloca em prtica os objetivos das
polticas pblicas na complexa trama das relaes sociais mundiais. A gesto da
educao assume, mais do que nunca, o papel fundamental na conduo da
educao e do ensino (FERREIRA, 2004, p.297).
A gesto escolar constitui uma dimenso da educao institucional cuja prtica pe em evidencia o cruzamento de intenes reguladoras e o exerccio do controle por parte da administrao educacional, as necessidades sentidas pelos professores de enfrentar seu prprio desenvolvimento profissional no mbito mais imediato de seu desempenho e as legtimas demandas dos cidados de terem interlocutor prximo que lhes d razo e garantia de qualidade na prestao coletiva, deste se