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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: UM ESTUDO SOBRE SEU SURGIMENTO E SUAS ATUAIS ATRIBUIÇÕES POR: GISELLE COUTINHO FERREIRA ORIENTADORA: GENI LIMA RIO DE JANEIRO, 2009.

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: UM ESTUDO SOBRE SEU

SURGIMENTO E SUAS ATUAIS ATRIBUIÇÕES

POR: GISELLE COUTINHO FERREIRA

ORIENTADORA: GENI LIMA

RIO DE JANEIRO,

2009.

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇAO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: UM ESTUDO SOBRE O SEU SURGIMENTO

E SUAS ATUAIS ATRIBUIÇÕES

• OBJETIVO: Analisar o contexto de surgimento da Orientação

Educacional e suas atuais atribuições.

Orientação Educacional e Pedagógica

Giselle Coutinho Ferreira

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AGADECIMENTOS

Ao meu bom Deus que me permitiu chegar até aqui.

À minha família que tem me apoiado nessa caminhada

da minha vida.

A todos que contribuíram direta ou indiretamente para a

realização desse trabalho.

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DEDICATÓRIA

Dedico esta pesquisa a todos que me apoiaram e jamais

permitiram que eu desistisse dos meus sonhos.

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EPIGRAFE

Eu ainda acredito

Num futuro mais bonito,

Que o novo é bem vindo

E o amor é infinito.

Eu ainda acredito

Que nem tudo está perdido,

Que o sorriso é sagrado

[...]

Eu ainda acredito

No carinho ao invés do grito,

Na doçura dos meninos

Que no fundo todos somos.

Eu ainda acredito

Nos heróis adormecidos,

Nessa força que revolta

E nos faz ficar erguidos

Cada vez que nos sentimos

Derrotados ou punidos.

[..]

(Jorge versilo)

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METODOLOGIA

A metodologia que embasa o presente estudo é de ordem

bibliográfica. Através de uma pesquisa exploratória, onde se destacam os

autores Candau, Grinspun, Giacaglia e Libâneo.

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RESUMO

Este estudo tem por objetivo apresentar uma análise sobre os

elementos históricos que contribuíram para a determinação das práticas atuais

da Orientação Educacional. Promove uma análise sobre o contexto de

surgimento dessa profissão, abordando a relação entre teoria e prática ao

longo de toda a sua trajetória no Brasil. Frisando, ainda, os aspectos que

devem ser observados atualmente no campo de atuação do Orientador

Educacional.

PALAVRAS – CHAVE: Orientação Educacional, teoria/prática, atualidade.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I - O CONTEXTO DE SURGIMENTO DA 12

OREIENTAÇÃO EDUCACINAL

CAPÍTULO II - A RELAÇÃO ENTRE TEORIA E PRÁTICA 19

NO COTIDIANO DA ORIENTAÇAO EDUCACINAL

CAPÍTULO III - AS ÁREAS DE ATUAÇÃO DO ORIENTADOR 24

EDUCACIONAL

CAPÍTULO IV – AS ATUAIS ATRIBUIÇÕES DA ORIENTAÇÃO 36

EDUCACIONAL

CONSIDERAÇÕES FINAIS 44

ÍNDICE 46

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INTRODUÇÃO

Na trajetória da Orientação Educacional, seu significado foi sendo

construído na dimensão de seu contexto histórico, com o qual mantém estreitas

relações. Daí a necessidade de resgatar o contexto de surgimento desse

profissional para que haja uma real compreensão de sua prática.

Compreender em que momento foi sentido a necessidade de

surgimento do profissional de Orientação Educacional nos ajudará a refletir

sobre o processo de evolução do nosso sistema educacional até o modelo que

temos atualmente. Permitirá ainda, observamos os fatores sociais que

possibilitaram o surgimento desse profissional enquanto elemento

indispensável em uma unidade escolar, já que o Brasil foi o primeiro país no

mundo a ter a Orientação Educacional proclamada obrigatória através de

documento legal.

Somente a partir dessa análise histórica poderemos compreender o

caminho percorrido até as práticas atualmente atribuídas ao profissional da

Orientação Educacional.

A Orientação Educacional inicialmente tinha uma representação

neutra no processo educacional, estando destinada a auxiliar os alunos em sua

formação moral, religiosa e cívica.

No entanto, é questionável até que ponto tal posicionamento trazia um

real comprometimento com a esfera pedagógica e com a formação do cidadão.

Nesse sentido, é valido nos questionarmos em que contexto social foi

percebido a necessidade do Orientador no ambiente escolar e a que

necessidades ele buscava atender nos diferentes momentos de sua história.

Apenas dessa forma poderemos estabelecer comparações com a

situação atual em que a prática da orientação se fortalece pelo viés da

educação, estando cada vez mais comprometida no intuito de favorecer e

promover os meios necessários para que se efetive uma educação de

qualidade em todos os níveis e modalidades de ensino.

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Atualmente a Orientação Educacional passou a desempenhar um

papel muito significativo junto à educação. Visto que, hoje não mais por

imposição legal, já que a atual lei, 9394/96, não traz mais a obrigatoriedade da

Orientação, mas, por ter conquistado o seu espaço, o Orientador tem o seu

lugar junto aos demais profissionais da educação.

No entanto, a equipe técnico-pedagógica que atua nas escolas é

formada por um grande número de especialistas oriundos das diferentes

habilitações do curso de pedagogia. E o fato de terem formação acadêmica

semelhante e de atuarem no mesmo espaço visando interesses comuns, torna

importante uma delimitação clara das atribuições de cada profissional.

Em contra partida, o desconhecimento das atribuições e de seus

limites claros pode gerar expectativas infundadas quanto ao desempenho de

cada especialista.

Pelos motivos expostos acima, visando a melhor compreensão do

papel da Orientação Educacional, faz-se importante a explicitação das

atribuições constituídas historicamente para esse profissional. Encima dessa

temática, visando principalmente contribuir para o fortalecimento da identidade

dos que trabalham como orientadores educacionais e para a busca de um

cotidiano que una a prática a uma base teórica, através de uma constante

reflexão do educador sobre sua prática e para o despertar do pensamento

crítico e da cidadania, é que esse trabalho foi desenvolvido.

No primeiro capítulo, O contexto de surgimento da Orientação

Educacional, faço uma breve analise da trajetória histórica dessa profissão,

dando ênfase a seu contexto de surgimento no Brasil.

No capítulo dois, A relação entre teoria e prática no cotidiano da

Orientação Educacional, investigo as influências sofridas pela Orientação

Educacional no decorrer do tempo e as perspectivas teóricas-práticas a que foi

submetida.

No terceiro capítulo, As áreas de atuação do Orientador Educacional,

pesquiso as principais áreas de atuação do profissional da orientação

Educacional na atualidade e as preocupações mais pertinentes a cada área.

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No quarto e último capítulo, As atuais atribuições da Orientação

Educacional, verifico suas atribuições relevantes hoje, no contexto educacional

Brasileiro.

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CAPÍTULO l

O CONTEXTO DE SURGIMENTO DA ORIENTAÇÃO

EDUCACIONAL

Do ponto de vista institucional a trajetória de surgimento da Orientação

Educacional tem início pela área da Orientação Vocacional, sendo todo o seu

procedimento voltado para a escolha de uma profissão ou ocupação.

De acordo com Grinspun (2006), em todos os países que

implementaram a Orientação Educacional nas escolas a característica

marcante era a Orientação Vocacional. Tendo esta uma concepção que se

configurava no aconselhamento que marcou significativamente toda a sua

trajetória.

Em relação à organização escolar, ela surge, nas escolas, em 1912, em

Detroit, nos Estados Unidos, porém sua característica básica era atender à

problemática vocacional e social dos alunos.

1.1- A Orientação Educacional no Brasil

No Brasil, as primeiras experiências datam da década de 20. Sendo

que, em sua implementação, a orientação educacional teve uma grande

influência da orientação americana, em especial o aconselhamento, e também

da Orientação Educacional francesa.

Em 1942, pela Reforma Capanema, o Brasil foi o primeiro país no

mundo a ter a Orientação Educacional proclamada obrigatória através de

documento legal. A Lei Orgânica do Ensino Industrial instituiu o serviço de

orientação educacional.

De acordo com GRINSPUN (2006),

“Ela aparece na década de 20, quando também surge todo um movimento em prol da educação do povo. O governo estava

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interessado em dar educação para todas as pessoas. A educação então representaria para o povo uma ascensão social, pela via da escolaridade, abafando, dessa forma, os descontentamentos com a grave crise social e política da década de 20” (GRINSPUN, 2006, P. 23).

Dessa forma, foi sendo configurado um ambiente propicio à

Orientação Educacional, enquanto ela poderia tanto contribuir para melhoria de

seu povo, quanto encontrar espaço nas reformas que começavam a surgir no

país. Estando fundamentada em um referencial basicamente psicologizante.

As transformações sociais e econômicas foram gradativamente

ampliando e modificando o papel da escola e do individuo dentro dela e da

sociedade. Na busca da consciência de que há uma intencionalidade no

processo educativo.

“Tem sido uma preocupação constante dos educadores, hoje, e em

especial dos orientadores educacionais, analisar a serviço de quem serve a orientação educacional. Na medida em que essa especialização sofreu uma transformação em seus conceitos, parece-nos necessário refletir sobre essa área, partindo dos próprios conceitos que a caracterizam em seus diferentes momentos histórico” (GRINSPUN, 1986, P. 96).

Segundo Grinspun (2008), para que haja uma compreensão das

atividades desenvolvidas atualmente pelos orientadores, temos que nos deter

aos diferentes períodos em a Orientação foi desenvolvida e o que era esperado

dos orientadores em cada período.

Inicialmente houve uma fase em que se achava que a Orientação por

si resolveria todos os problemas que envolvessem direta ou indiretamente os

alunos. Nesta fase o ajustamento era a palavra determinante, havendo

modelos a serem alcançados. Outra fase poderia se chamada de objetiva,

onde a Orientação era considerada prestadora de serviços de várias ordens,

afim de não permitir que os alunos incorressem em problemas.

Nesta fase a Orientação estaria sempre atenta esclarecendo com

objetividade as situações emergenciais, procurando mostrar a necessidade de

dominar conceitos e normas, prevenindo problemas posteriores. Nesse

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momento o conceito chave era a prevenção. A orientação educacional buscava

se adiantar em todas as circunstancias para que não se instalassem conflitos.

Seguindo esta linha de análise, atualmente na orientação vivemos a fase

crítica, em que se procura ajudar o aluno como um todo, considerando seus

conflitos e o significado dos mesmos junto ao momento histórico que vivemos.

Dessa forma, estando ao lado do aluno, fazendo-o se perceber enquanto

agente de sua própria história de vida.

A evolução do conceito de Orientação Educacional no Brasil está

vinculada a cinco períodos marcantes (GRINSPUN, 2008):

• Período Implementador (de 1920 a 1941);

• Período Institucional (de 1942 a 1960);

• Período Transformador (de 1961 a 1970);

• Período Disciplinador (de 1971 a 1980);

• Período questionador (a partir de 1980).

No período Implementador, o conceito de Orientação Educacional era

importado e apresentava uma concepção nitidamente vocacional. Sendo o

objetivo básico da orientação a seleção para o treinamento profissional. Tendo

como estratégia as técnicas psicométricas. Essas técnicas eram importadas

principalmente dos Estados Unidos. Houve tentativas de adaptar as técnicas ao

contexto brasileiro, porém sem realmente uma efetivação significativa. O

resultado dos testes aplicados era devolvido aos alunos sob a forma de perfis

profissionais.

“A Orientação Educacional Métrico-Profissional, conforme conceituação nesse período estava intimamente relacionada com as oportunidades profissionais existentes na sociedade brasileira e contribuía, com empenho, para o desenvolvimento do modelo sócio-econômico existente, adequando, da melhor forma possível, o jovem estudante às profissões disponíveis” (BONFIM, 1981, P.21).

O período Institucional caracterizou-se pelo surgimento da Orientação

Educacional na legislação brasileira. Nesse período ocorreu toda a exigência

legal da Orientação nas escolas com grande esforço do Ministério da Educação

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e Cultura para dinamizá-la e os cursos que cuidavam da formação de

orientadores educacionais.

De acordo com Bonfim (1981), a Orientação Educacional, nesse

período em que é instituída por lei, no Brasil, buscava, com bases científicas,

alcançar o desenvolvimento integral da adequação da personalidade do

educando, visando o seu ajustamento pessoal, escolar e social. Não tendo em

vista a formação da personalidade do aluno em função de princípios morais e

religiosos, e nem mesmo a sua adequação ao exercício da profissão.

Estando, nessa fase, o sucesso do orientador dependendo

diretamente da sua compreensão da escola como um sistema social, a fim de

determinar o tipo de ajuda que deveria oferecer e ainda como oferecê-la. As

contradições da própria sociedade não eram questionadas e as atividades da

orientação eram marcadas por um cunho assistencial.

No início da década de 60 surge um movimento com o objetivo de

transformar a orientação importada em uma orientação necessária à realidade

brasileira, assinalando assim o surgimento de um novo período na orientação

educacional, denominado período transformador. Nessa fase cria-se a

profissão do orientador educacional no Brasil, sistematizada pela Lei de

Diretrizes e Bases n 4024 de 1961, que buscava delinear um campo próprio

para a orientação Educacional, além de reafirmar a sua obrigatoriedade e

estabelecer normas para a formação desse profissional.

Em 1968, a Lei 5562 preceitua em seu artigo primeiro, que a

Orientação Educacional seja realizada de maneira a integrar os elementos que

exercem influência na formação do individuo, preparando-o para p exercício

das opções básicas. Passando então a ser inserida no programa geral da

escola, com o objetivo de favorecer a existência de um ambiente educativo

saudável, pela interação das várias funções e papéis dos que formavam a

comunidade escolar.

Ainda nesse período, por meio do parecer n 252, de 12 de maio de

1969, estabeleceu-se a formação do orientador educacional em nível fé

graduação, como uma das habilitações do curso de pedagogia.

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Em 1971, com a Lei n 5692, tem inicio o período Disciplinador. Nessa

fase, observa-se o surgimento de uma ênfase de adaptação às necessidades

sociais e à formação profissional. No artigo 10 da referida lei, o

aconselhamento vocacional, em cooperação com os professores, a família e a

comunidade escolar, veio fazer brotar uma nova fase na Orientação

Educacional. Nesse momento o exercício da função de orientador educacional

põe em destaque a orientação vocacional detalhando-a desde a caracterização

da comunidade, da escola e da clientela, ao processo de sondagem de

interesses, aptidões e habilidades, à informação profissional, ao

acompanhamento pós escolar e a integração entre escola, família,

comunidade.

Nesse momento, surgem várias correntes ou concepções de

orientação educacional. Segundo Bonfim (1981), é uma fase em que vamos

encontrar uma abordagem:

“Que se preocupava em propiciar oportunidades de individuação da educação, visando a garantir a todos os alunos condições de formação de uma personalidade crítica e objetiva, favorecendo o desenvolvimento de cada aluno no sentido da construção saudável de sua autonomia” (p.29).

Passando a Orientação Educacional a ser vista como responsável

pelo desenvolvimento das relações interpessoais e, por isso, passível de ser

estendida a todos os níveis de ensino. Surgindo dessa forma uma nova

estratégia de trabalho, em que a Orientação estava centrada no professor e

enfatizava-se o envolvimento de toda a equipe educativa.

Essa perspectiva de Orientação Educacional foi a precursora de todo

o movimento crítico a se desencadear na década de 80, começam a surgir os

questionamentos dos profissionais com relação tanto à ideologia que regia a

prática da Orientação Educacional, como as próprias teorias e instrumentos

utilizados. Tendo início assim o Período Questionador.

O Período Questionador se configurou como um momento de parada

e reflexão que retrata as inquietações pelas quais passou a Orientação

Educacional na busca por um espaço próprio, específico e definido no campo

educacional. Havendo nesse período uma busca intensa por uma análise

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critica do papel do orientador educacional nas escolas, bem como por uma

caracterização do próprio serviço de Orientação Educacional no processo

educativo.

Nesse momento os orientadores, enquanto trabalhadores, organizam-

se de maneira mais objetiva através dos sindicatos, fortalecendo sua relação

com os demais profissionais da educação.

O papel do orientador educacional enquanto trabalhador foi

amplamente discutido, desvelando seu compromisso político e pedagógico. A

pratica dos orientadores ia sendo diferenciada de acordo com as possibilidades

e espaços conquistados.

Dessa forma, toda a prática da Orientação ia se debruçando nesta

concepção de educação como um ato político, estando intrinsecamente

relacionada com as mudanças ocorridas no núcleo da sociedade. Discutia-se a

questão do trabalho não pelo caminho da sondagem de aptidões individuais,

mas pelas questões sociais e pelo significado do próprio trabalho.

A partir de 1990, no dizer de Grinspun (2008) “inúmeros são os fatores

que nos mostram um novo momento vivido por esta área” (p.25). Houve a

extinção da Federação Nacional de orientação educacional (FENOE), e, em

uma tentativa de unificação dos trabalhadores de educação, a criação de uma

entidade nacional, a Confederação Nacional dos Trabalhadores de Educação.

De acordo com Grinspun, foi precipitada a extinção de um órgão para o

fortalecimento de outro, pois estes não seriam excludentes, mas

complementares.

Surge nesse momento, para muitos, uma grande insegurança em

relação ao espaço ocupado pelo orientador educacional, em termos de prática

e de mercado de trabalho. Segundo Grinspun:

“A prática que virá esta sendo construída, uma vez que os orientadores têm que buscar – sem o apoio específico de sua categoria em termos de órgão de classe _ a especificidade requerida no trabalho com os demais educadores” (2008, p.25).

Porém, de acordo com a autora, a orientação nunca deixará de existir

embora sua prática deva relacionar-se com o novo contexto, social, político e

histórico que iremos experienciar, e, ainda, não deixará de existir, pois nunca

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deixará de existir a educação, e elas estão ligadas a tal ponto que o próprio

conceito etimológico de educação se compromete, enquanto educare, com

orientação, isto é, refere-se a orientar, guiar, conduzir o indivíduo. (Ibidem,

p.26).

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CAPÍTULO ll

A RELAÇÃO ENTRE TEORIA E PRÁTICA NO

COTIDIANO DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

A Orientação Educacional caminha de acordo com a educação,

sofrendo as mesmas influências desta no decorrer do tempo, sendo submetida

à mesma perspectiva teórico-prática a qual a educação é submetida.

Durante um longo período a escola teve como função ensinar o aluno

que, por sua vez, tinha a função de aprender. Se nesse processo alguma coisa

desse errado, a causa era de inteira responsabilidade do aluno, precisando ele

de um acompanhamento para a resolução de seu problema. E nesse contexto

é que aparecia a função do orientador, tendo esse profissional apenas que

fazer com que o aluno a se encaixasse no sistema.

Com o tempo, a educação passa a sofrer grande influência de outras

instâncias da sociedade, por exemplo, dos meios de comunicação. Nesse

contexto o aluno passa a perceber com mais clareza a sua posição de sujeito,

fazendo sua história, sua formação. E a orientação educacional passa a ter

uma amplitude de ações nessa prática pedagógica, sendo um profissional que

respeita o senso comum, aprecia o conhecimento científico, e esta ciente de

que seu exercício só é possível porque existe uma teoria que lhe permite

desenvolver sua proposta pedagógica (GRINSPUN, 2002, p.48).

Para Grinspun (2008) podemos interpretar a teoria como um pensar,

um raciocinar, a partir de determinados princípios e pressupostos; a prática

seria a realização, a ação e os resultados.

São muitas as formas de conceber a relação entre teoria e prática.

Havendo um grupo de teóricos que percebe uma relação de unidade entre

teoria e prática e outro uma visão dicotômica. Candau (1990) identifica dois

agrupamentos responsáveis pela visão dicotômica e pela visão de unidade.

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A primeira forma esta centrada na separação entre teoria e prática,

estando esses componentes totalmente isolados, até opostos. Dessa maneira,

os teóricos pensam e os práticos executam. Na visão associativa os pólos não

são opostos, mas justapostos, teoria e prática são indissociáveis da práxis,

definida, de acordo com Vasquez, como:

“Atividade teórico-prática, ou seja, tem um lado ideal, teórico, e um

lado material, propriamente prático, com a particularidade de que só

artificialmente, por um processo de abstração, podemos separar,

isolar um do outro” (VASQUEZ, 1977, apud GRINSPUN, 2008).

Na visão de Grinspun, o educador trabalha a relação entre teoria e

prática de três formas distintas. Na primeira as duas áreas separadamente,

justapostas, onde o professor estuda as teorias e posteriormente efetiva a sua

prática. Na segunda forma é a concepção de que a prática significa a aplicação

da teoria pedagógica. Tendo de um lado as abordagens teóricas e do outro o

resultado dos estudos realizados. A terceira forma seria o tratamento conjunto

e integrado da teoria com a prática. O pensar e o agir estariam juntos. Nessa

forma última o educador desenvolve uma práxis criadora, na medida em que a

vinculação entre o pensar e o agir se fazem presentes em termos de unicidade.

A produção intelectual no Brasil já conta com um considerável número

de pesquisas sobre a evolução teórico-prática da educação, mas na prática

não há o devido entendimento do que propõem as teorias. Sendo necessária

uma pesquisa junto ao movimento da Educação brasileira para captar a

concretude da relação teórico-prática do fenômeno educativo. Para a

construção de uma prática educativa que de fato contemple a união entre teoria

e prática, é necessária a realização de pesquisas sobre o processo educativo,

que não se distanciem da educação construída no dia-a-dia das relações entre

os agentes pedagógicos da escola.

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2.1- As tendências pedagógicas e a Orientação Educacional

Da mesma forma que a educação acompanha o perfil que

determinada época lhe impõe, na Orientação educacional ocorre igual

procedimento. Sobre isso Grinspun (2008), traz que cada linha teórica acabou

definindo a prática educativa do orientador dentro do âmbito da escola.

Veremos a seguir alguns pontos dessa orientação a partir das tendências

educacionais contemporâneas destacadas por Libâneo (1996), relacionando as

teorias não-críticas e críticas da educação.

Na educação tradicional a orientação se caracteriza como terapêutica

e psicológica, estando destinada aos alunos problemáticos com o objetivo de

ajustá-los aos modelos apresentados pela família, pela escola e pela

sociedade. Nessa abordagem teórica o problema, tanto da aprendizagem,

como da conduta, era sempre uma questão referente ao aluno, desprezando as

variáveis que interferiam nesse contexto.

Na educação renovada progressivista o orientador tinha como função

auxiliar o desenvolvimento cognitivo dos alunos, identificando-o através de

testes específicos e trabalhando em termos individuais.

Na renovada não-diretiva a orientação esta relacionada à afetividade,

tendo nesse momento a função de facilitadora de mudanças.

A educação tecnicista apresenta uma linha funcionalista, com ênfase

nas técnicas de seu processo. Com a preocupação principal de identificar as

aptidões dos alunos para um determinado mercado de trabalho.

Na educação libertária a orientação tinha a função de assessorar o

professor na medida em que era o catalisador do grupo junto aos alunos. A

orientação discutiria as formas de poder, as questões da relação do poder com

as classes trabalhadoras, subsidiando a formação dos alunos para a vivencia

grupal e a consciência da participação crítica na sociedade.

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Na libertadora a orientação possui o papel de captar o mundo real dos

alunos, sendo que estes devem ser percebidos como sujeitos históricos,

concretos e reais. A orientação trabalhava questionando concretamente a

realidade das relações do homem com a natureza e com os outros homens,

visando a uma transformação, sendo, por isso, considerada uma educação

crítica. Nessa tendência o educador e os educandos se posicionam como

sujeitos no processo de ensino aprendizagem. Sob essa ótica, uma perspectiva

política também constitui um fundamento da educação.

Na educação crítico-social dos conteúdos a educação prepara para o

mundo e suas contradições, fornecendo instrumental, através da aquisição do

conteúdo e da socialização. A orientação procura valorizar o aluno e sua

experiência em um contexto cultural para posteriormente confrontá-lo com os

conteúdos e modelos apresentados pelo educador. Nesse contexto, orientador

procura ser um mediador nessa busca, auxiliando o aluno na busca pela

autonomia, ajudando-o dessa forma a compreender as realidades sociais

enquanto sujeito de sua história.

Na concepção de educação fundamentada em uma abordagem

construtivista, a orientação teria a função de promover os meios para a

aquisição do conhecimento por parte do aluno, procurando resgatar sua

realidade cultural e ainda promover o desenvolvimento e aquisição do

conhecimento. Nessa prática pedagógica acreditasse que todo conhecimento

provem de uma prática social e que o conhecimento é um empreendimento

coletivo, não podendo, portanto ser produzido na solidão do sujeito.

A orientação acompanhou a evolução teórico-prática da educação. No

caso das teorias acríticas, a orientação também fez seu papel acrítico em sua

concepção de educação e na metodologia empregada. A Orientação procurava

identificar as aptidões dos alunos e seu possível ajustamento na escola, família

e na sociedade. Estando comprometida com o aluno problema e as situações

de desajustamento do mesmo nas instituições, enfatizando sempre os

aspectos individuais.

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Hoje, na predominância das teorias críticas, o comprometimento da

orientação está relacionado à dimensão coletiva que favorece o

desenvolvimento do aluno. O orientador educacional tem como objeto

“a articulação currículo-sociedade, homem-natureza, homem-sociedade,

escola-trabalho, escola-vida e, como ação fundamental, a leitura crítica

permanente da sociedade e do mundo em que vivemos” (Ibidem, p.50).

A Orientação Educacional busca compreender a teoria e a prática em

uma relação de mutualidade, de dependência e de reciprocidade. Objetivando

auxiliar na construção de uma prática emancipatória, encontrando na teoria a

função de mediação.

Toda atividade realizada na orientação deve ser dirigida pela

integração entre teoria e prática, englobando os aspectos do campo cognitivo e

os valores da própria prática. Essa junção é que vai direcionar a ação da

Orientação Educacional, que deve partir do cotidiano da escola para o

conhecimento de sua realidade, e assim buscar o conhecimento teórico e

retornar ao cotidiano, para um real conhecimento e melhor avaliação para nele

intervir.

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CAPÍTULO III

AS ÁREAS DE ATUAÇÃO DO ORIENTADOR

EDUCACIONAL

A Orientação Educacional deve ser estabelecida como um processo

dinâmico, contínuo e sistemático, que está presente em toda a vida acadêmica

do educando, considerando o seu desenvolvimento global, de forma

harmoniosa e equilibrada.

A função de orientar fica a cargo do orientador educacional,

profissional formado em pedagogia, habilitado ou pós-graduado em Orientação

Educacional.

No plano de ação do orientador educacional, deve ser observado que,

em virtude de mudanças sócio econômicas ocorridas na sociedade brasileira, a

escola teve que reformular suas funções tradicionais, redefinir o seu papel e

criar novos serviços, aumentando-se, assim, o número de pessoas envolvidas

no processo educativo assim como o nível de complexidade dessa instituição.

Assim, acabou gradativamente por assumir a responsabilidade pelo

desenvolvimento integral do educando em seus diferentes aspectos: físico,

intelectual, social emocional, moral, vocacional, profissional, enfim, os aspectos

em relação aos quais a criança e o adolescente se desenvolvem, enquanto

nela permanecem (GIACAGLIA, 1997, p. 11).

Como o aluno passa um grande número de horas na escola, e como

esta instituição é, ou ao menos deveria ser a instituição mais bem aparelhada

para exercer influencia sistemática e científica na educação dos jovens,

espera-se dela atualmente mais que a transmissão de conhecimentos.

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Enquanto uma função complementar ao processo de ensino-

aprendizagem, a Orientação Educacional é:

“Atualmente concebida, por especialistas como um processo sistemático e contínuo que se caracteriza por uma assistência profissional realizada por meio de métodos e técnicas pedagógicas e/ou psicológicas, exercida direta ou indiretamente sobre os alunos, levando-os ao conhecimento de suas características pessoais e do ambiente sócio-cultural, a fim de que possam tomar decisões apropriadas às melhores perspectivas de seu desenvolvimento pessoal e social” (Ibidem, p. 11).

Dessa forma, a Orientação torna-se cada vez mais necessária ao

processo de ensino-aprendizagem, concluindo-se que a educação não pode se

esgotar unicamente na relação entre professor e aluno. Impondo-se entre nós

não como um recurso adicional para o aprimoramento da escola, mas, sim,

como uma necessidade para responder às demandas do desenvolvimento

pessoal e social do aluno.

Dadas à necessidade e a importância que a Orientação Educacional

assume nas escolas brasileiras, conhecendo suas atribuições legais e

alertando sobre os processos éticos que devem reger seu comportamento

profissional, ao iniciar o exercício de suas funções, o Orientador Educacional,

conforme a época e as condições de trabalho, precisa conhecer as

características da escola e da comunidade; os fundamentos para a formulação

de objetivos em educação; estratégias adequadas a sua atuação, bem como

instrumentos e técnicas úteis para essas tarefas.

A seguir veremos algumas áreas de atuação do profissional de

orientação educacional na atualidade.

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3.1- A Orientação Educacional e a família do aluno

A Orientação Familiar é uma das atribuições do orientador educacional

de acordo com o decreto que regulamenta sua profissão. De acordo com a

legislação vigente, a Orientação educacional será exercida em cooperação

com a família, cabendo ao orientador educacional participar no processo de

integração entre escola, família e sociedade.

A criança, de modo geral, se desenvolve na instituição familiar que é

encarregada de prover recursos necessários a sua sobrevivência; da

assistência na área da saúde; ministrar-lhe os primeiros ensinamentos e de

propicia-lhe uma base afetiva. A escola, por sua vez, esta incumbida de realizar

a instrução formal das crianças e dos jovens. Surge então, como condição

básica para que possam ser cumpridas as finalidades educacionais, a

necessidade do conhecimento mútuo entre ambas para a compatibilização das

expectativas e para a integração entre as duas instituições.

Como elemento de ligação entre a escola e a família o orientador

educacional deve manter uma comunicação constante com a família,

respeitando seus valores e procurando obter sua colaboração, já que ambos

têm como objetivo o bem estar, o desenvolvimento e a formação do educando.

Ao planejar o trabalho na área de Orientação Familiar, é necessário

levantar um conjunto amplo de informações para caracterizar as famílias, seus

valores e suas expectativas. Com o conhecimento dos dados básicos haverá

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maior facilidade para manter um canal e um fluxo permanente de informações

entre a Orientação Educacional e a família e vice-versa.

“O conhecimento da família e uma comunicação efetiva entre ela e a escola, além de condições básicas para a realização de uma Orientação Familiar eficiente, são essenciais para a busca de uma unidade de princípios de atuação entre ambas as instituições” (Ibidem, p.57).

A atuação da escola em relação ao aluno é bastante ampla e

diversificada não se atendo apenas aos aspectos de aprendizagem de

conteúdos escolares. São inúmeros os aspectos em que é necessário haver

concordância de princípios e de atuação entre a família e a escola, cabendo ao

orientador trabalhar diversos temas, dentre eles, tudo o que se refere à

execução das tarefas escolares e às atividades extracurriculares.

Principalmente nos tempos atuais, muitos pais sentem-se inseguros

para educar seus filhos e em nome de teorias mal entendidas, adotam atitudes

muito permissivas temendo causar problemas para os filhos. Outros optam por

atitudes extremas e opostas, e ainda há outros que alternam tratamentos

rigorosos e permissivos, conforme a situação.

A criança necessita na sua educação de uma orientação segura e do

estabelecimento de limites para o seu comportamento.

A discussão sobre essa temática pode ser útil para alertar os pais

sobre a necessidade do estabelecimento de limites e para dar parâmetros aos

que necessitam de orientação. A falta do estabelecimento de limites e de

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disciplina no lar tem reflexos no comportamento do aluno na escola e no seu

rendimento escolar.

A eficiência do trabalho na área de orientação familiar depende, em

grande parte do conhecimento da comunidade e das famílias dos alunos. Boa

parte dos dados necessários é encontrada na caracterização da comunidade

que faz parte do Projeto Político Pedagógico e nas fichas dos alunos que ficam

na secretaria da escola.

Podem ser utilizadas diferentes estratégias para o levantamento de

informações, dentre essas, destacam-se as reuniões as entrevistas solicitadas

pelos pais ou pelo Orientador Educacional, cursos e palestras promovidas pela

escola.

Na maior parte das situações é difícil manter um contato individual e

sistemático com todas as famílias dos alunos, sendo a reunião com pais ou

responsáveis o recurso mais prático e mais freqüente de interação entre escola

e família.

Considerando-se, pois, a freqüência com que ocorrem essas reuniões

e a importância que assumem, é importante atentar para alguns pré-requisitos

que assegurem a elas maior eficácia. Dentre esses se destacam: boa

organização e planejamento, periodicidade, datas, duração e escolha de

horários favoráveis à presença do maior número possível de pais;

pontualidade, elaboração de pautas contendo temática de interesse geral,

convocação por escrito e local adequado.

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A elaboração de festas escolares e de atividades extra classe, embora

não seja responsabilidade do Orientador Educacional, constituem uma

oportunidade de manter contato com os pais e a comunidade, facilitando assim

a sua atuação.

É importante mostrar que as relações entre escola e família não se

restringem a punições ou recriminações mútuas. Antes devem se basear no

cooperativismo e na interatividade.

A partir das informações colhidas de várias fontes e do convívio com

as famílias o Orientador Educacional terá a oportunidade de conhecer os pais e

saber do interesse, das capacidades e da disponibilidade deles para colaborar

com as atividades da escola a fim de colaborar com o processo de ensino

aprendizagem de seu filho.

3.2- A Orientação Educacional e a integração do aluno à

escola e à sociedade

O aluno que ingressa na escola irá passar nela muitas horas do

dia e muitos dias de sua vida. Portanto é importante que a mesma se

constitua em um ambiente interessante e agradável que, além da

formação intelectual favoreça o desenvolvimento sadio do educando.

Entretanto, por outro lado, ela pode vir a se tornar um meio hostil onde

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problemas preexistentes se agravam e/ou onde sérios problemas têm

inicio.

Dessa forma, a adaptação do aluno ao ambiente escolar e ao

meio social no qual está inserido deve ser foco da ação do orientador

educacional, tendo em vista que a adaptação do individuo ao meio

interfere diretamente na sua produtividade. Em grande parte,

experiências positivas ou negativas vivenciadas na escola irão refletir-se

por toda a vida do educando.

Costuma ocorrer, com freqüência, a existência de estudantes

que, por pertencerem a minorias de algum tipo, são rejeitados pelos

colegas. Com relação a essa situação de discriminação, o orientador

educacional deve recorrer a técnicas como o aconselhamento, para

ajudar a enfrentar situações difíceis que irão vivenciar, na escola e na

vida em geral. Entretanto, não basta dar apenas assistência às vitimas

de discriminação, ele deve, também, aproveitar a situação para orientar

os que exercem a discriminação.

Se não for dada a devida atenção a tais problemas, eles

poderão contribuir para a deterioração das relações no ambiente

escolar.

A atuação do Orientador Educacional deverá ser preventiva.

Estratégias como palestras, filmes, leituras, intercâmbios, visitas e

discussões em grupo sobre a diversidade de costumes, religiões,

crenças, etnias, classes sociais, etc., existentes entre pessoas devem

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ser empregadas para desenvolver o respeito à tolerância do aluno

quanto às diferenças individuais.

Estudantes com falta de base ou com dificuldade de

aprendizagem também requerem atenção especial para que esses

problemas não dêem origem a desajustamentos em relação à escola.

Tanto os defasados dos demais em conteúdo ou em ritmo de

aprendizagem quanto os superdotados podem apresentar dificuldades

de adaptação ao sistema escolar e, dificilmente as escolas estão

preparadas para lidar de modo adequado com esses alunos. De modo

geral, a seleção dos conteúdos e do ritmo do processo de ensino

aprendizagem tem como base a capacidade média da classe, e, por

esse motivo, acabam não sendo adequados para os menos aptos e

também não representam desafios para os superdotados, o que leva ao

desinteresse e a falta de motivação para o estudo. Em cooperação com

os professores, o Orientador Educacional deve procurar identificar tais

estudantes para buscar desenvolver suas potencialidades e canalizá-las

tanto em benefício do próprio aluno como de seus colegas e da escola

como um todo.

É necessário que o orientador educacional tenha sempre em

mente, para melhor compreender o comportamento de seus alunos que,

principalmente na adolescência, a determinação do comportamento

sofre a influencia da necessidade e a busca pela aceitação. Giacaglia

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(1997) fala sobre essa busca pelo pertencimento a um grupo que

influencia no comportamento dos jovens.

“Dois motivos mostram-se particularmente importantes na determinação desses comportamentos. São os motivos de afiliação e o gregário. O adolescente deseja “pertencer” ao grupo do qual faz parte e, muitas vezes, para conseguir se integrar chega a comportamentos extremos para chamar a atenção” (Ibidem, p.90).

Ao buscar a solucionar os conflitos existentes o primeiro foco do

orientador deve ser a busca pelo que desencadeou o conflito.

Cabe ao Orientador Educacional, com o auxílio dos demais

educadores, o desafio de fazer da escola um ambiente adequado e

agradável para todos e, sobretudo, fazer dela uma instituição educativa,

no sentido mais amplo do termo.

3.3- A Orientação Educacional e o desenvolvimento físico e

emocional do aluno

A função precípua da escola é o ensino, porém ela tem

assumido, cada vez mais, a responsabilidade pela educação integral do

aluno. Esse contexto não deixa de ser legitimo, pois, no dizer de

Giacaglia:

“O individuo que aprende é um ser complexo que se desenvolve não só no aspecto intelectual, como também, e concomitante, no afetivo-

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emocional, físico-motor, social, sexual, vocacional, enfim, em todos os aspectos de sua personalidade” (Ibidem, p.99).

Por essa razão e também porque dificuldades ou problemas

nessas áreas poderão afetar o rendimento escolar do aluno, o

Orientador Educacional não pode desconsiderá-las no seu trabalho.

A escola deve atentar para a problemática de seus alunos e

estar preparada para lidar, da melhor maneira possível como ela.

Crianças e adolescentes costumam lidar com conflitos não só do ponto

de vista interno de suas frustrações ou complexos, mas também em

relação aos colegas que podem usar tais problemas para agredi-los

aumentando a proporção do problema.

Além da ajuda que o Orientador Educacional possa dar a esses

alunos, é necessário, às vezes, estabelecer contato com médicos,

psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, de um lado, e com

professores e pais de outro.

Mesmo estudantes sem problemas especiais de saúde

precisam ser orientados sobre doenças e higiene pessoal. Da mesma

forma ocorre com relação às doenças. Em caráter preventivo, O

orientador Educacional poderá sugerir campanhas diversas sobre saúde

e higiene, na escola, em conjunto com professores de áreas afins e, se

for o caso, com membros da equipe técnica ou outros pessoas da

comunidade.

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Dentre os aspectos do desenvolvimento do educando, uma

área que merece grande atenção é a orientação sexual-afetiva. Jovem e

crianças necessitam de assistência nesses aspectos da educação e,

dificilmente, encontram na família e em outras instituições, orientação

útil e adequada. Existindo a necessidade de que o Orientador

Educacional procure se informar sobre a filosofia e a posição da escola

e da comunidade, sobre as expectativas dos pais, a programação dos

professores e as necessidades dos alunos a fim de programar as

intervenções mais adequadas.

Ao tratar de temas complexos, com múltiplas implicações, é

importante que o orientador educacional esteja bem preparado para lidar

com eles, atualizando-se constantemente e, solicitando auxílio de

especialistas.

Além da saúde física do aluno, há que se considerar, também o

emocional. Considerando a complexidade e a problemática familiar,

agravada pelas crises sócio-econômicas que afetam a família, a

freqüência de alunos com problemas emocionais tem aumentado

gradativamente. A tendência natural de crianças e adolescentes é

demonstrar que estão passando por problemas através de seu

comportamento. Nesse contexto, muitos alunos apresentam

comportamentos agressivos, de revolta ou de apatia. Outros se mostram

tímidos ou superprotegidos. É necessário que o Orientador educacional

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juntamente com os professores esteja preparado para orientar os alunos

de acordo com cada situação.

Crianças e jovens podem apresentar sinais indicativos de

sintomas psicossomáticos relacionados à escola ou/e a problemas

familiares. Expressando, por meio de sintomas físicos, a existência de

conflitos emocionais.

Dificilmente, tais alunos conseguirão superar, sozinhos esses

problemas, que acabam por interferir tanto na saúde mental como no

desempenho escolar do aluno. Sendo extremamente relevante um

trabalho do Orientador Educacional no sentido de lidar da melhor

maneira possível, com essas situações tão comuns nas escolas, e que,

muitas vezes, são ignoradas ou negligenciadas.

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CAPÍTULO IV

AS ATUAIS ATRIBUIÇÕES DA ORIENTAÇÃO

EDUCACIONAL

Como vimos anteriormente, a Orientação Educacional sofreu

uma evolução gradativa em sua prática. Sendo influenciada por

diferentes linhas teóricas, essas que acabaram definindo a atuação do

orientador no âmbito da escola.

Atualmente, as tendências críticas são predominantes no

cenário educacional. Havendo o comprometimento da Orientação com

uma formação que contemple os diferentes aspectos do

desenvolvimento humano.

De acordo com GRINSPUN (2008),

“À medida que se procura novos caminhos para a educação, para que sua construção ocorra de forma mais coerente e de acordo com o principio da realidade de homem e sociedade de hoje, é natural que se busque também um novo olhar para a função orientadora no cotidiano escolar” (ibidem, p. 50).

Hoje, a Orientação Educacional è entendida como um processo

continuo e dinâmico, estando integrada em todo o currículo escolar sempre

encarando o aluno como um ser global que deve desenvolver-se harmoniosa e

equilibradamente em todos os aspectos.

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Através de uma ação integrada com o corpo docente e os demais

agentes da comunidade escolar, a Orientação Educacional deve estabelecer

um processo cooperativo. Devendo mobilizar a escola, a família e a criança

para a investigação coletiva da realidade na qual todos estão inseridos.

O Orientador deverá cooperar com professor através de um constante

contato e auxiliando-o na tarefa de compreender o comportamento das classes

e dos alunos em particular. Mantendo os professores informados quanto às

atitudes da Orientação Educacional junto aos alunos. Esclarecendo a família

quanto às finalidades e o funcionamento da escola, e assim atrair os pais para

escola para que participem de forma ativa, desenvolvendo trabalhos de

integração entre pais, professores e filhos.

No que diz respeito à legislação que rege a prática do orientador

educacional, iremos destacar e comentar algumas atribuições presentes na

resolução do CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇAO – CONSELHO PLENO

– N 1, DE 15 DE MAIO DE 2006.

• Planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação

de projetos e experiências educacionais escolares e não escolares.

Cabe ao orientador, desenvolver projetos que possam contribuir para a

elaboração e implementação do projeto político pedagógico da escola, de tal

forma que se faça agente mediador entre o trabalho escolar e a prática social

global, almejando sempre a emancipação dos alunos enquanto sujeitos

históricos.

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• Atuar com ética e compromisso, tendo em vista uma sociedade justa,

equânime e igualitária.

O Orientador deve agir na sua prática, a partir de ideais e convicções pessoais,

aliados a valores como respeito, solidariedade e humanismo, de forma que seu

trabalho contribua para o desenvolvimento de uma sociedade que rompa com

as barreiras sociais existentes.

• Reconhecer e respeitar a diversidade de necessidades do educando,

assim como promover a aprendizagem em espaços não-escolares.

O orientador não deve possuir uma visão homogeneizadora, que vê todos os

educandos como iguais. Ao contrário, deve reconhecer as complexidades

individuais de cada um, buscando ações que atendam a todos, em suas várias

demandas.

• Promover e facilitar as relações entre escola, família e comunidade.

A promoção da relação harmoniosa entre as instituições envolvidas no

processo educacional, é uma das principais funções do educador, pois esta

dimensão coletiva favorece o desenvolvimento do aluno.

• Identificar e intervir de forma investigativa e positiva na realidade sócio-

educacional e econômica.

A busca de informações a respeito do contexto em que a escola e seus alunos

estão inseridos é fonte necessária e fundamental para uma intervenção real e

eficaz.

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• Estudo das relações entre sociedade x sociedade contemporânea.

A compreensão da sociedade e suas constantes transformações proporciona

uma reflexão acerca do papel da educação dentro da mesma, dando base para

um processo de questionamentos e atitudes, que resulta na busca de

mudanças.

• Utilizar com propriedade, instrumentos próprios para a construção de

conhecimentos pedagógicos e científicos.

Sendo a educação um processo político, cabe ao orientador dentro da escola

trabalhar com a realidade, buscando superar o senso comum, através do

conhecimento científico, procurando analisar o cotidiano escolar, relacionando-

o com o cotidiano de fora da escola.

No entanto, o Orientador em sua prática cotidiana precisa conhecer a

realidade da escola, para promover um projeto que atenda as demandas dos

educandos, da família da escola e de todos os envolvidos e inseridos no

processo educativo. Devendo assumir uma postura firme, quando necessário,

sem intimidação, criando um clima de cooperação na escola.

O orientador educacional não pode fazer e dar soluções a todos os

problemas que ocorrem no âmbito da escola, mas deve ter ciência de que é um

profissional habilitado e capaz de planejar, e através deste planejamento,

atender as necessidades e demandas, de forma a alcançar resultados

positivos.

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Mas para alcançar tais objetivos, ele necessita estar preparado,

através de recursos que possibilitem sua prática, que tem como um dos pilares

o planejamento e o ato de planejar, definido por Josi (2003) como:

“Planejar significa estabelecer objetivos bastante amplos, descobrir a realidade social concreta, observar recursos disponíveis (humano, materiais e financeiro), determinar uma metodologia (prática) viável e que unifique os diferentes recursos, estabelecer um tempo mínimo e máximo para a execução das etapas, viabilizar itens, que permi0tam a efetivação deste plano inicial” (JOSI, 2003, P.85).

O planejamento educacional pressupõe propostas de trabalho e

habilidades específicas que o Orientador Educacional deve conhecer. Sendo

fundamental no desenvolvimento de um trabalho pedagógico de qualidade a

clareza de objetivos, tarefas e componentes do processo de

ensino/aprendizagem. Devendo o planejamento conter elementos e etapas, os

quais fundamentem o seu sucesso, como: pesquisa / reflexão, aplicabilidade /

clientela, previsão / organização, objetividade, coerência, flexibilidade, recursos

materiais, questões norteadoras, avaliação e feedback.

A Orientação Educacional não pode se basear em ações

improvisadas, por isso a importância do planejamento. Este feito com a

participação de todos os atores educacionais, é sempre ideal, sendo seu

sucesso fundamentado na realidade e em acontecimentos do percurso. (JOSI,

2003).

Nesse contexto, o Orientador Educacional é de suma importância, pois

possibilita a execução do planejamento de forma abrangente, por conhecer

individualmente todas as particularidades envolvidas nesse processo e manter

contato com todos os agentes da comunidade escolar.

Para tanto cabe ao Orientador viabilizar articulações no processo de

ensino aprendizagem, promovendo abertura no interior da escola, para que

professores, alunos, família e comunidade, possam como um todo, estudar,

discutir e avaliar tudo o que faz parte do trabalho pedagógico na sua totalidade.

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Desta forma o Orientador Educacional estará comprometido com a

construção de uma sociedade democrática, visando à superação do trabalho

fragmentado dentro da estrutura educacional.

Fazendo-nos compreender a importância do Orientador Educacional

na esfera escolar, como alguém que quando exerce de forma plena e

consciente o seu papel possibilita o enfrentamento das dificuldades através de

ações reais.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como vimos na trajetória da Orientação Educacional – história,

origens, teorias/práticas – a questão de orientar existiu em diferentes

momentos, sendo interpretada de acordo com as finalidades a ela destinadas.

A Orientação ao longo de sua trajetória teve que se adequar e

incorporar a realidade social de seu tempo. O que não a impedia de buscar

mudanças na esfera política a fim de afetar o social.

Atualmente, temos um mundo em que o conhecimento é cada vez

maior e as informações chegam rapidamente. Existem novas tecnologias que

assinalam mudanças irreversíveis, fazendo com que surja um novo contexto

social/cultural, histórico/político.

O aluno de hoje faz parte desse novo tempo, e, portanto a Orientação

Educacional deve considerar e acompanhar tais mudanças ao definir sua

prática.

Neste tempo, em que há espaços diferenciados para a produção do

conhecimento, é preciso que a Orientação Educacional se debruce sobre a

análise e reflexão do que temos e para onde queremos chegar. É necessário

contemplar o quadro onde se insere a educação de nosso tempo, verificar e

constatar tal realidade e dela participar e interferir da melhor maneira possível.

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Para tal, não devemos permitir rupturas, em termos de analise e

estudos, entre os conhecimentos advindos da prática e os conhecimentos ditos

científicos. A escola deva se preocupar com todos esses aspectos, sob o risco

de fragmentar um processo que se dá como um todo.

É necessária a existência de cuidados para não se manter discursos

com ausência de prática. O momento atual é de se trabalhar nas escolas os

valores, a capacidade de se posicionar diante do que se apresenta, tendo em

vista a diversidade atual.

Ao analisar as questões da educação, e o papel da Orientação

Educacional dentro dela, se nos utilizarmos apenas do viés do conhecimento e

das teorias da educação sem integrar todos os agentes e variáveis que fazem

parte dessa relação, não se conseguirá superar os problemas da escola e dos

alunos. Há que se estabelecer uma relação de parceria, buscando uma

estrutura que nos permita pensar em uma pedagogia prática e transformadora,

que não se esgote no seu fazer, mas que busque a realização em um conjunto

de fazeres, vivencias e saberes.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I–O CONTEXTO DE SURGIMENTO 12 DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

1.1 - A Orientação Educacional no Brasil 12

CAPÍTULO II – A RELAÇÃO ENTRE TEORIA E PRÁTICA 19

NO COTIDIANO DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

2.1-As tendências pedagógicas e a Orientação Educacional 21

CAPÍTULO III - AS ÁREAS DE ATUAÇÃO DO ORIENTADOR 24

EDUCACIONAL

3.1- A Orientação Educacional e a família do aluno 26

3.2-A Orientação Educacional e a integração do aluno à sociedade 29

3.3 - A Orientação Educacional e o desenvolvimento físico e emocional 32

CAPÍTULO IV – AS ATUAIS ATIBUIÇÕES DA ORIENTAÇÃO 36

EDUCACIONAL

CONSIDERAÇÕES FINAIS 42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 44

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