contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO NUMÉRICO- EXPERIMENTAL DA ESTABILIDADE DE EDIFICAÇÕES EM CONCRETO ARMADO KELLY ATAIDE RODRIGUES NAHUM 2009

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Page 1: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO NUMÉRICO-

EXPERIMENTAL DA ESTABILIDADE DE EDIFICAÇÕES

EM CONCRETO ARMADO

KELLY ATAIDE RODRIGUES NAHUM

2009

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO NUMÉRICO-

EXPERIMENTAL DA ESTABILIDADE DE EDIFICAÇÕES

EM CONCRETO ARMADO

ENG. CIVIL KELLY ATAIDE RODRIGUES NAHUM

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do Pará, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil.

ORIENTADOR: DÊNIO RAMAM CARVALHO DE OLIVEIRA

Belém, 08 de dezembro de 2009

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CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO NUMÉRICO-

EXPERIMENTAL DA ESTABILIDADE DE EDIFICAÇÕES

EM CONCRETO ARMADO

ENG. CIVIL KELLY ATAIDE RODRIGUES NAHUM

Dissertação julgada adequada para a obtenção do Título de MESTRE em Engenharia Civil e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil - PPGEC, da Universidade Federal do Pará - UFPA.

Aprovado em 08 de dezembro de 2009

___________________________________________________ Prof. Alcebíades Negrão Macêdo, Dr. COORDENADOR, FEC/ITEC/UFPA

___________________________________________________ Prof. Dênio Ramam C. de Oliveira, Dr.

ORIENTADOR, FEC/ITEC/UFPA

COMISSÃO EXAMINADORA

___________________________________________________ Prof. Guilherme Sales Soares de Azevedo Melo, Ph.D.

EXAMINADOR EXTERNO, PECC/FT/UnB

___________________________________________________ Prof. Ronaldson José de França M. Carneiro, Dr.

EXAMINADOR INTERNO, FEC/ITEC/UFPA

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iii

“Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de

muitos dias o acharás”.

(Eclesiastes, cap. 11, verso 1º)

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iv

Ao meu Criador, meu Deus, por toda benevolência, me

guiando em todos os caminhos, principalmente o do céu.

Aos meus pais, Ruy e Ana, amores da minha vida, onde

todo agradecimento não seria suficiente, pois com muito amor me deram o ensino, base de todo o meu

sucesso, sempre me estimulando a dar grandes passos, vocês são meus exemplos de dedicação, por estarem

sempre com as mãos estendidas, tendo sempre palavras sábias para todos os momentos difíceis.

Aos meus irmãos, Keanny, Karinny e Ruy Junior, pelo

carinho, compreensão e cuidados valiosos durante toda a vida e também pela valorização profissional

exprimida em seus olhares.

Ao meu esposo Dino Kalyton Nahum, pelo inexprimível amor, amizade, cumplicidade, e estímulos durante todos

esses anos de convivência e ao fruto do nosso amor, nosso filho Murillo, que apesar de muito pequeno tem

acrescido muita alegria às nossas vidas.

Page 6: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

v

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Denio Ramam, não somente pela importantíssima orientação prestada, mas

também pela paciência e estímulos constantes durante todo o desenvolvimento desta pesquisa.

Aos integrantes do Grupo GAEMA-UFPA, principalmente pela amizade conquistada durante

este período e pelo prazer de compartilhar os conhecimentos adquiridos durante todo o curso,

quero exprimir os meus sinceros agradecimentos a: Adelana Guimarães, Agleílson Borges,

Andréia Gonçalves, Antônio Carvalho, Bernardo Neto, Guilherme Melo, Guilherme Salazar,

Hugo Henriques, Leonyce Santos, Leonardo Lago, Mikhail Luczynski, Marlon Oliveira,

Natasha Costa, Régis Santos, Shirley Melo, Sandro Dias, Tiago Ribeiro e Valdemir Colares.

Em especial ao amigo Alexandre Vilhena, pelo companheirismo e amizade incomparáveis

desde a graduação e pelo apoio constante em todas as etapas das leituras experimentais deste

trabalho como também em todos os momentos difíceis aos quais estavas sempre pronto a

ajudar.

À minha amiga Nívea Gabriela Albuquerque, pela amizade conquistada no mestrado e pelos

estímulos constantes durante todo o curso, compartilhando conhecimentos essenciais para o

término deste trabalho.

Aos amigos Amaury Aguiar, Ritermayer Monteiro e Vitor Branco, pelos conhecimentos

fundamentais para a elaboração da parte numérica deste trabalho, sem as quais não teria

conseguido.

À engenheira Ivana Demétrio, pela amizade e pela paciência durante todo o período de

estágio, e pelo cuidado em atender e solucionar problemas relacionados a este trabalho.

Aos professores Ronaldson Carneiro, Antônio Malaquias e Perilo Rosa pelo carinho, amizade

e contribuições valiosas para a elaboração deste trabalho.

Aos funcionários do Laboratório de Engenharia Civil, em especial ao técnico Urbano, pelo

auxílio em todos os ensaios desta pesquisa.

À CAPES e CNPq pelo auxílio financeiro cedidos para a elaboração deste trabalho.

A todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho.

Page 7: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

vi

RESUMO

NAHUM, K. A. R. (2009). Contribuição ao estudo numérico-experimental da estabilidade

de edificações em concreto armado. Belém, 100p. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-

Graduação em Engenharia Civil, Instituto de Tecnologia, Universidade Federal do Pará.

A simulação do comportamento estrutural por programas computacionais pode ser menos

precisa, uma vez que as cargas idealizadas no cálculo não simulam a verdadeira distribuição

do carregamento, onde essa disparidade torna-se mais significativa em edificações altas,

devido às ações verticais e horizontais que causam efeitos globais de 2º ordem nos pilares,

tornando a precisão no cálculo de grande relevância para a estabilidade global da estrutura.

Este trabalho visa contribuir com o estudo dos parâmetros utilizados nos cálculos estruturais,

como também o entendimento do comportamento global dos edifícios e ao estudo da

interação solo-estrutura, de grande importância para garantir a estabilidade de obras como

pontes e barragens, onde as fissuras conseqüentes de recalques diferenciais podem levar a

estrutura ao colapso com pouco ou nenhum aviso prévio. Os resultados foram obtidos através

do monitoramento de 7 pilares selecionados de um prédio, que receberão 3 barras extras

instrumentadas com dispositivo strain-gages, que foram dispostos ao longo de sua altura em

dois níveis, antes da concretagem. As medições foram executadas com a evolução do edifício,

finalizando com a execução completa da estrutura, alvenarias externas e internas sem reboco e

a caixa d´água. Foram coletadas amostras do concreto e do aço empregados para realização

dos ensaios que foram essenciais para obtenção de valores precisos de módulos de

elasticidade e resistência à compressão, resultando melhores interpretações das medições. As

cargas simuladas da edificação, utilizando os softwares comerciais CAD/TQS e SAP2000,

foram comparadas às cargas obtidas experimentalmente. De uma forma geral as deformações

lidas apresentaram um bom comportamento, atingindo em média 0,5 ‰. Os resultados das

cargas simuladas com o CAD/TQS foram as que mais se aproximaram do experimental, já os

momentos, utilizando os dois programas, apresentaram maiores disparidades quando

comparados aos lidos nos pilares.

Palavras-chave: Concreto armado, Pilares, Estabilidade, Edifícios.

Page 8: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

vii

ABSTRACT

NAHUM, K. A. R. (2009). Contribution to numerical and experimental study of high

reinforced concrete buildings’ stability. 100p. M.Sc. Dissertation - Masters Degree Program.

In Civil Engineering, Institute of Technology, Federal University of Pará.

Program. In Civil Engineering, Institute of Technology, Federal University of Para.

The simulation of the structural behavior by computer programs can be quite different from

reality, since idealized loads on calculation does not simulate the real distribution of loading,

which disparity becomes more significant in high buildings because of the vertical and

horizontal actions which cause 2nd order global effects on columns, making the calculation

accuracy have a great importance for the stability of the overall structure. This work aims to

contribute to the study of parameters used on structural calculations as well as understanding

the global behavior of buildings and studying the soil-structure interaction, which has great

importance for guaranteeing the stability of construction works like bridges and dams, where

consequent fissures of differential settlement may collapse the structure with little or any

notice. The results were obtained through the monitoring of 7 selected columns that have

received 3 extra bars with strain-gage devices, disposed along its height in two levels, before

molding. The measurements carried out with the evolution of the building, concluding with

the complete structure execution, external and internal masonries but with no plaster and no

water tank. Samples of concrete and of the employed steel were collected for testing

accomplishment, which were essential for obtaining the necessary values of modulus of

elasticity and tensile and compression strength, resulting in better measurements

interpretations. The simulated building loads, using CAD/TQS and SAP2000 commercial

softwares were compared to the loads obtained experimentally. In general way, the read

strains showed a good performance, averaging 0.5 ‰. CAD/TQS results were closest to

experimental, while the bending moments, using both programs, showed greater differences

when compared to the read results from columns.

Key-words: Reinforced concrete, Columns, Stability, Buildings.

Page 9: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

viii

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ________________________________________________________ 1

1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ______________________________________________ 1

1.2 JUSTIFICATIVA ________________________________________________________ 3

1.3 OBJETIVOS ____________________________________________________________ 3

1.4 CONTEÚDO ____________________________________________________________ 4

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ______________________________________________ 5

2.1 INTRODUÇÃO __________________________________________________________ 5

2.2 CONCEITOS BÁSICOS __________________________________________________ 5

2.2.1 Análise não-linear ___________________________________________________________ 5

2.2.1.1 Não-Linearidade Geométrica ________________________________________________ 6

2.2.1.2 Não-Linearidade Física ____________________________________________________ 6

2.2.2 Materiais __________________________________________________________________ 7

2.2.2.1 Concreto ________________________________________________________________ 7

2.2.2.2 Aço ___________________________________________________________________ 11

2.2.3 Pilares de concreto _________________________________________________________ 12

2.2.3.1 Considerações iniciais ____________________________________________________ 12

2.2.3.2 Classificação quanto à solicitação ___________________________________________ 13

2.2.3.3 Classificação quanto à esbeltez _____________________________________________ 15

2.2.3.4 Excentricidades de 1ª ordem _______________________________________________ 19

2.2.3.5 Excentricidade de 2ª ordem ________________________________________________ 22

2.2.3.6 Consideração da fluência __________________________________________________ 24

2.2.3.7 Momento mínimo ________________________________________________________ 25

2.2.3.8 Resistência de pilares à flexão composta ______________________________________ 26

2.2.4 Extensometria _____________________________________________________________ 30

2.2.4.1 Tipos de ligação na Ponte de Wheatstone _____________________________________ 31

2.2.5 Determinação das ações de vento ______________________________________________ 35

2.2.5.1 Velocidade característica do vento ___________________________________________ 36

2.2.5.2 Coeficiente de arrasto _____________________________________________________ 38

2.3 TRABALHOS REALIZADOS EM CAMPO ________________________________ 39 2.3.1 Glisic et al. (2003) _________________________________________________________ 39

2.3.2 Soares (2004) _____________________________________________________________ 42

2.3.1.1 Edifício San Pietro _______________________________________________________ 43

2.3.1.2 Edifício Confort Flat Taguatinga ____________________________________________ 47

2.4 TRABALHOS REALIZADOS EM LABORATÓRIO _________________________ 52 2.4.1 Oliveira (2004) ____________________________________________________________ 52

2.4.2 Lima (1997) ______________________________________________________________ 56

3. PROGRAMA EXPERIMENTAL ___________________________________________ 61

3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ____________________________________________ 61

3.2 CARACTERÍSTICAS DO EDIFÍCIO ______________________________________ 61

3.3 CARACTERÍSTICAS DOS PILARES _____________________________________ 62

3.4 INSTRUMENTAÇÃO DOS PILARES _____________________________________ 69

3.5 SISTEMA DE MONITORAMENTO _______________________________________ 74

4. ANÁLISE NUMÉRICA __________________________________________________ 79

4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ____________________________________________ 79

4.2 MODELAGEM CAD/TQS _______________________________________________ 79

Page 10: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

ix

4.3 MODELAGEM SAP2000 _________________________________________________ 82

5. RESULTADOS _________________________________________________________ 86

5.1 MATERIAIS ___________________________________________________________ 86

5.1.1 Concreto _________________________________________________________________ 86

5.1.2 Aço _____________________________________________________________________ 87

5.2 SOLICITAÇÕES NOS PILARES__________________________________________ 88

5.2.1 Esforço normal ____________________________________________________________ 88

5.2.2 Momento fletor ____________________________________________________________ 92

6. CONCLUSÕES _________________________________________________________ 98

6.1 CONCLUSÃO __________________________________________________________ 98

6.1.1 Esforço normal ____________________________________________________________ 98

6.1.2 Momento fletor ____________________________________________________________ 99

6.1.3 Leituras __________________________________________________________________ 99

6.2 TRABALHOS FUTUROS ________________________________________________ 99

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ______________________________________ 101

APÊNDICE _____________________________________________________________ 104

1. LEITURAS DAS DEFORMAÇÕES NOS PILARES ___________________________ 104

1.1 Pilar P9 ___________________________________________________________________ 104

1.2 Pilar P10 __________________________________________________________________ 105

1.3 Pilar P12 __________________________________________________________________ 106

1.4 Pilar P13 __________________________________________________________________ 107

1.5 Pilar P14 __________________________________________________________________ 108

1.6 Pilar P15 __________________________________________________________________ 109

1.7 Pilar P16 __________________________________________________________________ 110

2. FORMAS _______________________________________________________________ 111

2.1 Térreo ____________________________________________________________________ 111

2.2 Mezanino I _________________________________________________________________ 112

2.3 Mezanino II ________________________________________________________________ 113

2.4 Lazer _____________________________________________________________________ 114

2.5 Tipo 1 ____________________________________________________________________ 115

2.6 Tipo 2 a 3 __________________________________________________________________ 116

2.7 Tipo 4 a 34 _________________________________________________________________ 117

2.8 I Duplex ___________________________________________________________________ 118

2.9 II Duplex __________________________________________________________________ 119

2.10 Cobertura _______________________________________________________________ 120

2.11 Caixa d’água _____________________________________________________________ 121

2.12 Tampa __________________________________________________________________ 122

Page 11: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

x

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Valores de 1 correspondente a cada intervalo de resistência do concreto __ 27

Tabela 2.2 – Resultados das cargas nos pilares obtidas através do cálculo estrutural

(SOARES, 2004) ___________________________________________________________ 44

Tabela 2.3 – Resultados encontrados nos pilares P324 e P233 com a instrumentação

(SOARES, 2004) ___________________________________________________________ 46

Tabela 2.4 – Resultados dos esforços nos pilares obtidos pelo programa (SOARES, 2004) 48

Tabela 2.5 – Resultados encontrados nos pilares apenas considerando o peso próprio do

edifício (SOARES, 2004) ____________________________________________________ 50

Tabela 2.6 – Resultados encontrados das cargas experimentais e de projeto (SOARES, 2004)

________________________________________________________________________ 51

Tabela 2.7 – Propriedade geométrica dos pilares ensaiados por OLIVEIRA (2004) ______ 52

Tabela 2.8 – Previsão das Forças últimas dos pilares encontradas por OLIVEIRA (2004) _ 55

Tabela 2.9 – Características geométricas dos pilares ensaiados por LIMA (1997) _______ 56

Tabela 2.10 – Análise dos esforços resistentes para a relação proposta por LIMA (1997) _ 60

Tabela 3.1 – Características dos pilares monitorados _____________________________ 63

Tabela 3.2 – Cronograma do monitoramento ____________________________________ 75

Tabela 4.1 – Tipos de combinações de cargas ____________________________________ 80

Tabela 5.1 – Propriedades mecânicas das barras de aço ___________________________ 88

Tabela 5.2 – Esforços normais experimentais e teóricos nos pilares __________________ 90

Tabela 5.3 – Relação entre os resultados teóricos e experimentais dos pilares __________ 92

Tabela 5.4 – Momentos fletores experimentais e teóricos nos pilares __________________ 92

Tabela 5.5 – Relação dos momentos fletores experimentais e teóricos no topo dos pilares _ 94

Tabela 5.6 – Relação dos momentos fletores experimentais e teóricos na base dos pilares _ 94

Page 12: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 – Foto do arranha-céu construído na cidade de Dubai-Emirados Árabes Unidos e

antigo marco da cidade de Nova York, as Torres Norte e Sul (Torres Gêmeas) ___________ 2

Figura 2.1 – Comportamentos típicos de tensão-deformação da pasta de cimento, agregado e

concreto (Hsu, T. C., ACI Monograph 6, p.100, 1971) apud METHA et al. (2008) ________ 7

Figura 2.2 – Diagrama tensão-deformação idealizado de acordo a NBR 6118 (ABNT, 2003) 8

Figura 2.3 – Módulo de elasticidade tangente inicial (PINHEIRO, 2005) ______________ 10

Figura 2.4 – Gráfico tensão-deformação dos aços laminados (PINHEIRO, 2005) _______ 11

Figura 2.5 – Gráfico tensão-deformação dos trefilados (PINHEIRO, 2005) ____________ 12

Figura 2.6 – Principais elementos que compõe o pilar de concreto armado ____________ 13

Figura 2.7 a – Pilar intermediário sujeito à compressão axial (BASTOS et al.., 2004 figura

adaptada) ________________________________________________________________ 14

Figura 2.7 b – Pilar de extremidade sujeito à flexo-compressão normal (BASTOS et al., 2004

figura adaptada) ___________________________________________________________ 14

Figura 2.7 c – Pilar de canto sujeito à flexo-compressão obliqua (BASTOS et al., 2004 figura

adaptada) ________________________________________________________________ 15

Figura 2.8 – Comprimentos de flambagem usuais em projeto (SCADELAI, 2004) _______ 16

Figura 2.9 – Imperfeições geométricas globais segundo a NBR 6118 (ABNT, 2003) ______ 20

Figura 2.10 – Imperfeições geométricas locais segundo a NBR 6118 (ABNT, 2003) ______ 21

Figura 2.11 – Atuação da força normal e momento fletor em uma seção transversal do pilar

________________________________________________________________________ 28

Figura 2.12 – Configuração do pilar considerando o eixo de rotação da peça no centróide 30

Figura 2.13 – Montagem de EER’s em uma barra solicitada ________________________ 32

Figura 2.14 – Extensômetros em ponte completa _________________________________ 32

Figura 2.15 – Extensômetros em ______________________________________________ 33

Figura 2.16 – Extensômetros em ______________________________________________ 34

Figura 2.17 – Coeficiente de arrasto para edificações de baixa e alta turbulência segundo a

NBR 6123 (ABNT, 1988) ____________________________________________________ 39

Figura 2.18 – Vista do bloco 166A durante a construção do projetto Punggol EC26 (Glisic et

al., 2003) _________________________________________________________________ 40

Figura 2.19 – Posição dos pilares no térreo equipados com sensores (Glisic et al., 2003) _ 40

Figura 2.20 – Posição do sensor no pilar e Glisic et al., 2003) ______________________ 41

Page 13: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

xii

Figura 2.21 – Evolução das deformações médias nos pilares monitorados pelo sistema SOFO

(Glisic et al., 2003) _________________________________________________________ 42

Figura 2.22 – Vista e corte do Edifício San Pietro (SOARES, 2004) __________________ 43

Figura 2.23 – Barra instrumentada inserida no pilar (SOARES, 2004) ________________ 45

Figura 2.24 – Pilares que foram instrumentados nos blocos B e C (SOARES, 2004) ______ 45

Figura 2.25 – Comportamento dos pilares P324 e P233 ____________________________ 47

Figura 2.26 – Modelagem e Vista do Edifício Confort Flat (SOARES, 2004) ___________ 48

Figura 2.27 – Posição dos pilares instrumentados no edifício Confort Flat (SOARES, 2004)

________________________________________________________________________ 49

Figura 2.28 – Equipamentos utilizados para realizar as leituras nos pilares (SOARES, 2004)

________________________________________________________________________ 50

Figura 2.29 – Gráfico comparativo das cargas medidas com as cargas calculadas no

CAD/TQS ________________________________________________________________ 51

Figura 2.30 – Detalhamento da armadura do pilar P1-10,0-120 (OLIVEIRA, 2004) _____ 53

Figura 2.31 – Localização dos extensômetros nos estribos dos pilares e Instrumentação

empregada nas armaduras longitudinais e transversais dos pilares (OLIVEIRA, 2004 figura

adaptada) ________________________________________________________________ 54

Figura 2.32 – Instrumentação empregada nas armaduras longitudinais e transversais dos

pilares ensaiados à flexão normal por LIMA (1997) _______________________________ 57

Figura 2.33 – Hipótese de distribuição de deformações e de tensões em pilares proposta por

LIMA (1997) ______________________________________________________________ 59

Figura 3.1 – Edifício monitorado (esquerda) ____________________________________ 62

Figura 3.2 – Planta baixa do pavimento-tipo indicando os pilares monitorados _________ 63

Figura 3.3 – Edifício com revestimento externo e interno concluído (esquerda) _________ 64

Figura 3.4 – Armação dos pilares P9 e P10 _____________________________________ 65

Figura 3.5 – Armação dos pilares P12 e P13 ____________________________________ 66

Figura 3.6 – Armação dos pilares P14 e P15 ____________________________________ 67

Figura 3.7 – Armação do pilar P16 ____________________________________________ 68

Figura 3.8 – Detalhe das barras instrumentadas _________________________________ 69

Figura 3.9 – Posição e nomenclatura das barras instrumentadas nos pilares ___________ 70

Figura 3.10 – Inserção das barras instrumentadas nos pilares ______________________ 71

Figura 3.11 – Barras posicionadas nos pilares ___________________________________ 72

Figura 3.12 – Concretagem dos pilares com as barras posicionadas __________________ 73

Figura 3.13 – Realização de medição no edifício _________________________________ 75

Page 14: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

xiii

Figura 3.14 – Esquema do sistema de monitoramento dos pilares na obra _____________ 76

Figura 3.15 – Pilares instrumentados e concretados_______________________________ 77

Figura 3.16 – Caixa d’água concluída _________________________________________ 77

Figura 3.17 – Corte do edifício mostrando o nível monitorado ______________________ 78

Figura 4.1 – Vistas do edifício monitorado no CAD/TQS V13 _______________________ 81

Figura 4.2 – Perspectiva do pavimento-tipo modelado no CAD/TQS V13 ______________ 81

Figura 4.3 – Forma do pavimento-tipo _________________________________________ 82

Figura 4.4 – Modelagem do pavimento-tipo _____________________________________ 84

Figura 4.5 – Modelagem do edifício do térreo até a caixa d’água ____________________ 85

Figura 5.1 – Curva típica do concreto a partir dos ensaios de corpos-de-prova _________ 86

Figura 5.2 – Corpos-de-prova de concreto instrumentados _________________________ 87

Figura 5.3 – Realização dos ensaios com os corpos-de-prova _______________________ 87

Figura 5.4 – Diagrama tensão-deformação do aço a partir do ensaio de tração no

laboratório _______________________________________________________________ 88

Figura 5.6 – Gráfico comparativo dos esforços normais de projeto e experimental nos pilares

________________________________________________________________________ 91

Figura 5.7 – Gráfico da relação entre os resultados teóricos e experimentais dos pilares _ 91

Figura 5.8 – Gráfico comparativo dos momentos de projeto e experimental nos pilares ___ 93

Figura 5.9 – Deformações médias dos pilares ____________________________________ 95

Figura 5.10 – Tendência das cargas com o aumento do número de lajes _______________ 95

Figura 5.11 – Gráficos das deformações com o aumento do carregamento nos pilares P9,

P10, P12 e P13 ____________________________________________________________ 96

Figura 5.12 – Gráficos das deformações com o aumento do carregamento nos pilares P14,

P15 e P16 ________________________________________________________________ 97

Page 15: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

xiv

LISTA DE SÍMBOLOS

Símbolo Significado

sA Área da seção transversal das barras da armadura longitudinal

cA Área de concreto da seção transversal do pilar

b Largura da seção transversal do pilar

d Altura útil da seção transversal do pilar

'd Distância do eixo da armadura longitudinal à face do pilar

e Excentricidade

ciE Módulo de elasticidade do concreto

sE Módulo de elasticidade do aço

cf ′ Resistência à compressão do concreto

ckf Resistência característica à compressão do concreto

cjf Resistência à compressão do concreto aos j dias

H Altura total da edificação

I Momento central de inércia

el Comprimento equivalente do pilar

min,1dM Momento total de 1ª ordem de cálculo mínimo

dM1 Momento fletor de 1ª ordem de cálculo

dM2 Momento fletor de 2ª ordem de cálculo

RdM Momento fletor resistente de cálculo

SdM Momento fletor solicitante de cálculo

RdN

Força Normal resistente de cálculo

SdN

Força Normal solicitante de cálculo

φ Diâmetro das barras de aço

ρ Taxa de armadura

Page 16: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

xv

1θ Desaprumo de um elemento vertical contínuo

Excentricidade de 1ª ordem Excentricidade de 2ª ordem Excentricidade devida ao fenômeno da fluência Coeficiente de ponderação da resistência do concreto

Coeficiente de ponderação da resistência do aço

Coeficiente de majoração dos esforços globais de 1ª ordem

Deformação específica do concreto

Deformação específica do aço

Deformação específica do aço na ruptura

Deformação específica de escoamento do aço

Valor limite para índice de esbeltez

Tensão à compressão no concreto

Tensão normal no aço de armadura passiva

Parâmetro de instabilidade

Índice de esbeltez

Coeficiente de Poisson

Coeficiente de fluência

Page 17: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

1

1. INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

Atualmente a construção de edifícios altos tem sido uma alternativa vantajosa, uma vez que as

áreas horizontais nos centros das grandes cidades têm-se tornado menores e de elevado custo,

além das torres altas no centro urbano serem um marco para a cidade, pois mostra a evolução

da engenharia e da economia com o aumento no número de pavimentos.

A estrutura mais alta em terra é a Burj Dubai na cidade de Dubai, Emirados Árabes Unidos ,

com 643,3 m até o telhado e 818 m contando com a antena. É um arranha-céu com 163 andares

totalizando uma área de 335.000 m² superando o edifício Taipei 101.

Os atuais recordes em edifícios altos usam na sua maioria a estratégia de diminuição dos

pavimentos à medida que vão crescendo verticalmente, com o objetivo de diminuir os custos

com materiais aço e concreto como também as cargas horizontais e verticais nessas

construções. Considerando este ponto de vista as torres Norte e Sul popularmente conhecidas

como Torres Gêmeas do complexo Word Trade Center eram consideradas um marco para a

cidade com 110 pavimentos sem redução, totalizando 800.000 m² (torre 1 e 2) e 417 m de

altura até o telhado do último pavimento e 526,3 m até a antena, localizadas no coração do

centro financeiro da cidade de Nova York, foram construídas no ano de 1961 durante o

período pós-Segunda Guerra Mundial devido o crescimento econômico da cidade. No dia 11

de setembro de 2001, em um maior atentado da história, foram destruidas 3 torres e

danificadas as outras 4 torres que faziam parte do complexo Word Trade Center.

Atualmente, está sendo construído no local do antigo World Trade Center um novo complexo,

que levará o mesmo nome. Ele será um dos projetos arquitetônicos mais avançados do

mundo. Até 2012, o novo World Trade Center terá 5 torres (uma delas já está construida). A

previsão é de que, em 2015, será construída uma sexta torre, chamada de 130 Liberty. O

edifício principal do complexo, a Freedom Tower, o novo WTC 1, terá 108 andares e 124

metros a mais que as Torres Gêmeas onde mais de 40 bilhões de dólares serão usados para

concluir este projeto. A Figura 1.1 mostra o arranha-céu na cidade de Dubai - Emirados

Árabes que é o mais alto do mundo com 643 m de altura até o último pavimento e 818 m até a

Page 18: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

2

antena, que foi inaugurado este ano e as Torres Norte e Sul (Torres Gêmeas) que foram

destruídas no atentado de 11 de setembro.

Figura 1.1 – Foto do arranha-céu construído na cidade de Dubai-Emirados Árabes Unidos e antigo

marco da cidade de Nova York, as Torres Norte e Sul (Torres Gêmeas)

Os edifícios altos de concreto armado apresentam, em sua maioria estruturas aporticadas. Os

pórticos são formados por vigas e pilares que recebem as cargas dos pavimentos transferindo

às fundações. Os pórticos estruturais são responsáveis por resistir às cargas verticais e

horizontais e garantir a estabilidade dos edifícios. Numa seqüência de carga, as lajes

distribuem o carregamento para as vigas que por sua vez carregam os pilares em cada andar, e

a carga total do edifício são suportadas pelas fundações.

Pilares são elementos estruturais lineares, em geral dispostos verticalmente, que suportam

cargas axiais centradas ou excêntricas. No caso de pilares de concreto armado, encontram-se

na literatura diversas soluções para o dimensionamento das armaduras necessárias para

suportar determinada solicitação. Entretanto, ainda são necessários estudos experimentais para

melhorar a compreensão do comportamento de pilares de concreto armado com diferentes

índices de esbeltez e diferentes taxas de armadura longitudinal submetidos a carregamento

axial com diferentes valores de excentricidade.

Page 19: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

3

1.2 JUSTIFICATIVA

Levando em consideração as características dos edifícios altos, os efeitos inesperados dos

carregamentos nessas construções são maiores devido ao número considerável de pavimentos

e esbeltez dos pilares, tornando a verificação do comportamento estrutural, após a fase de

execução da estrutura, de fundamental importância uma vez que pode ser bem diferente do

idealizado, basta que a distribuição dos carregamentos se diferencie do simulado pelo

programa utilizado pelos projetistas. Esta situação é bastante comum, e seus efeitos são os

recalques diferenciais e/ou fissuras na estrutura, entretanto, estes efeitos podem ser

potencializados pelas ações dinâmicas do vento comprometendo a integridade da estrutura de

forma irreversível. Os efeitos são mais significativos quando se trata de estruturas altas devido

aos efeitos de 2ª ordem global.

Os efeitos inesperados dos carregamentos recaem sobre os pilares e as fundações da

edificação, que são os últimos elementos na cadeia da estabilidade estrutural. A avaliação do

carregamento nos pilares de uma edificação é baseada em diversas hipóteses de combinações

de cargas, de difícil verificação e amplamente reconhecida como de elevado grau de

imprecisão. Uma das formas de se verificar o comportamento real das estruturas é através do

monitoramento estrutural, verificando exatamente a carga que solicita os pilares. Ainda são

poucos os trabalhos que apresentam esse tipo de técnica, um deles é o apresentado por

SOARES (2004), que será mostrado no próximo capítulo, o qual apresentou muitos

problemas na instrumentação e monitoramento dos pilares, com isso este trabalho visa

melhorias nesses métodos, visando obter melhores resultados.

1.3 OBJETIVOS

O objetivo principal deste trabalho é monitorar o comportamento estrutural dos pilares de um

edifício em concreto armado com 42 pavimentos, até agora o mais alto na cidade de Belém,

desde o início da construção até a conclusão da estrutura, rebocos e revestimentos internos e

externos. Os resultados obtidos são comparados aos estimados pelos programas CAD/TQS e

SAP2000, visando verificar se os programas computacionais simulam satisfatoriamente o real

comportamento dos pilares do prédio, aumentando a confiabilidade dos projetistas no cálculo

de edifícios altos.

Page 20: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

4

Os valores obtidos também são utilizados de forma a comparar com as estimativas da norma

brasileira verificando seus métodos de cálculo, de forma a contribuir com o entendimento do

comportamento global da estrutura e fornecer informações mais seguras ao estudo da

interação solo-estrutura.

1.4 CONTEÚDO

No Capítulo 2 são apresentados 4 trabalhos relacionados com essa pesquisa, sendo 2

realizados em campo e 2 em laboratório, onde são analisados para contribuir com o estudo e

verificação de alguns procedimentos adotados. São apresentados, também, alguns conceitos e

equações da norma brasileira utilizados para a obtenção dos resultados e melhor entendimento

do assunto.

No Capítulo 3 é apresentado o programa experimental adotado nessa pesquisa para o

monitoramento dos pilares e as propriedades dos materiais utilizados para melhor

entendimento e verificação dos resultados.

No Capítulo 4 são apresentadas as análises numéricas realizadas neste trabalho com o

objetivo de comparar os resultados teóricos com os experimentais utilizando o programa

CAD/TQS, baseado na NBR 6118 (ABNT, 2003), e o programa de elementos finitos

SAP2000.

No Capítulo 5 são apresentados os resultados experimentais e teóricos com comparações e

razões.

No Capítulo 6 são apresentadas as conclusões deste trabalho e sugestões para trabalhos

futuros.

Page 21: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

5

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 INTRODUÇÃO

Neste capitulo são apresentados alguns conceitos necessários para o melhor entendimento

deste trabalho como análise não-linear, as propriedades dos materiais e as prescrições

normativas para o estudo de pilares. Também, serão mostradas as equações utilizadas para estimar

as solicitações nos pilares que foram monitorados. São citados alguns trabalhos relacionados

com a pesquisa, com o objetivo de analisar o tratamento dos dados obtidos, tipo de

equipamento utilizado e metodologia aplicada. Estes trabalhos foram realizados de forma a

verificar o comportamento de edifícios de concreto armado considerando a interação solo-

estrutura, mas foram analisadas apenas as informações relevantes para essa pesquisa como a

instrumentação dos pilares para a realização do monitoramento. Devido ainda ser

relativamente insuficientes os trabalhos que apresentam o monitoramento das cargas

solicitantes nos pilares em edifícios, serão apresentados alguns trabalhos realizados com

pilares em laboratório, para melhor entendimento do assunto.

2.2 CONCEITOS BÁSICOS

2.2.1 Análise não-linear

A análise estrutural tem como objetivo determinar o comportamento da estrutura quando

submetida a ações externas, ou seja, obter tensões, deformações e deslocamentos. É

importante notar que, a cada passo do processo de otimização, é necessário se determinar a

resposta da estrutura de forma a verificar se as condições de projeto são atendidas.

A maioria das estruturas de engenharia exibe aproximadamente um comportamento linear

elástico sob cargas de serviços. Existem exceções como arcos e edifícios altos, e estruturas

sujeitas a uma plastificação localizada, por exemplo, que apresentam um comportamento não-

linear. Antes de alcançar o seu limite de resistência, quase todas essas estruturas vão

apresentar uma resposta não-linear significativa.

Page 22: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

6

Na análise não-linear tenta-se melhorar a simulação do comportamento de uma estrutura, para

se obter uma previsão segura do comportamento do sistema, visto que os cálculos se tornam

mais próximos da realidade. Basicamente existem dois fatores que geram o comportamento

não-linear à medida que a estrutura recebe o carregamento: A não-linearidade geométrica que

é uma alteração na geometria da estrutura e a não-linearidade física que é a alteração da

rigidez (fissura/fluência) dos materiais utilizados na confecção da estrutura.

2.2.1.1 Não-Linearidade Geométrica

Uma estrutura pode ter um comportamento não-linear, ainda que constituída de um material

que obedeça à lei de Hooke. Para valores relativamente grandes de deslocamentos, a flexão

lateral de um membro pode trazer como conseqüência o aparecimento de momentos fletores

adicionais (denominadas de 2º ordem), em virtude da presença de um esforço normal. A esse

tipo de comportamento não-linear, dá-se o nome de não-linearidade geométrica. Neste caso,

os efeitos não-lineares estão associados às equações de equilíbrio, que consideram a

configuração deformada e as relações deformação-deslocamento.

2.2.1.2 Não-Linearidade Física

Decorre do fato do material não apresentar uma relação tensão-deformação linear (não segue

a lei de Hooke), isto é, o comportamento do material não é elástico linear. Os efeitos não

lineares são descritos por formas mais complexas de equações constitutivas (matrizes

constitutivas não-lineares e/ou equações constitutivas em termos de “taxas” ou

“incrementos”). Pode-se ter também não-linearidade física nas relações momento-rotação de

conexões semi-rígidas ou flexíveis, ou de rótulas inelásticas oriundas de mecanismos de

colapso localizados (flambagem, plastificação ou fissuração localizada em componentes

estruturais).

Page 23: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

7

2.2.2 Materiais

2.2.2.1 Concreto

O concreto não é um material elástico, por isso as propriedades mecânicas deste material

podem ser estimadas, como é o caso do módulo de deformação longitudinal que é a relação

entre a tensão aplicada e a deformação instantânea dentro de um limite proporcional.

Diferente das curvas tensão-deformação da pasta de cimento e agregado, o concreto apresenta

comportamento não-linear, a deformação resultante da ação de uma carga instantânea em um

corpo de prova mostra não ser diretamente proporcional à tensão aplicada, e nem é totalmente

recuperada no descarregamento. Segundo METHA et al. (2008), na prática, as relações

tensões-deformação no concreto podem ser mais complexas, pois os materiais que o

constituem têm módulo de elasticidade diferente causando fissuras na zona de transição, na

interface, mesmo antes da aplicação de carga. A Figura 2.1 compara o comportamento dos

materiais agregado, pasta e concreto.

Figura 2.1 – Comportamentos típicos de tensão-deformação da pasta de cimento, agregado e concreto

(Hsu, T. C., ACI Monograph 6, p.100, 1971) apud METHA et al. (2008)

Page 24: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

8

O comportamento do concreto depende de vários fatores como resistência do concreto, idade,

velocidade de carregamento, formato da seção transversal, tipo de solicitação, etc. A NBR

6118 (ABNT, 2003) recomenda a utilização de um diagrama de deformação simplificado,

onde admite-se um trecho linear para tensões menores que 0,5·fc e um trecho parabólico. Este

diagrama, representado na Figura 2.2, funciona adequadamente para o dimensionamento de

seções transversais de concreto armado no ELU.

Figura 2.2 – Diagrama tensão-deformação idealizado de acordo a NBR 6118 (ABNT, 2003)

A Equação 2.1 é utilizada para estimar os valores σc em função da deformação εc no trecho

parabólico, observando que a parcela de resistência do concreto é reduzida em 15 %, devido o

produto de três fatores que levam em conta a perda de resistência por solicitação mantida ao

longo do tempo (Efeito Rüsch), igual a 0,75, o ganho de resistência do concreto ao longo do

tempo por conta da reação química do cimento, igual a 1,2, e por último, o coeficiente 0,95

que considera a relação entre resistência do concreto na estrutura e a medida em corpos-de-

prova moldados no dia da concretagem da estrutura.

0,85 · · 1 1 0,002 Equação 2.1

Page 25: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

9

a) Resistência à compressão

A resistência à compressão simples, denominada , é a característica mecânica mais

importante do concreto. Segundo a NBR 5739 (ABNT, 1994), a resistência pode ser estimada

realizando ensaios de compressão axial em corpos-de-prova cilíndricos, com 150 mm de

diâmetro e 300 mm de altura, e a idade ideal para o ensaio é 28 dias. A partir do gráfico

denominado Curva Estatística de Gauss, criado após a realização de ensaios com um número

grande de corpos-de-prova, contendo os valores obtidos de versus a quantidade de corpos-

de-prova relativos a determinado valor de , baseando-se na freqüência de ocorrências, o

valor de pode ser estimado de acordo a Equação 2.2.

! 1,65 · #$ Equação 2.2

sendo,

#$ : desvio padrão que depende da qualidade do controle empregado na dosagem e manuseio

do concreto. A norma brasileira estabelece para o desvio padrão os valores de 4 MPa, 5,5

MPa e 7 MPa para controle rigoroso, controle regular e controle razoável, respectivamente.

! : resistência de dosagem estabelecida.

b) Módulo de elasticidade

Geometricamente, o módulo de elasticidade é a tangente do ângulo que o trecho retilíneo do

diagrama tensão-deformação forma com o eixo das deformações. Assim, para se atingir uma

determinada deformação, quanto maior for o valor de Eci, mais tensão necessita-se aplicar,

evidenciando que o módulo de elasticidade caracteriza a rigidez do material. Segundo a NBR

6118 (ABNT, 2003), quando não forem realizados ensaios e não existirem dados mais

precisos sobre o concreto usado na idade de 28 dias, a Equação 2.3 pode estimar o módulo de

deformação tangente inicial do concreto visto que a relação tensão-deformação não é uma reta

como mostra a Figura 2.3.

Page 26: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

10

%& 5600 · / Equação 2.3

onde,

%& e são dados em megapascal.

Nas análises elásticas do projeto deve ser utilizado, especialmente para determinação de

esforços solicitantes e verificação de limites de serviço, o módulo de elasticidade secante, Ecs,

calculado pela Equação 2.4.

% 0,85 · %& Equação 2.4

Na avaliação do comportamento de um elemento estrutural ou de uma seção transversal, pode

ser adotado um módulo de elasticidade único, à tração e à compressão, igual ao módulo de

elasticidade secante (Ecs).

Figura 2.3 – Módulo de elasticidade tangente inicial (PINHEIRO, 2005)

Page 27: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

11

2.2.2.2 Aço

O aço obtido nas aciarias apresenta granulação grosseira, é quebradiço e de baixa resistência,

precisando sofrer modificações para ser utilizado como elemento estrutural, o que é feito

basicamente por dois tipos de tratamento: à quente e à frio. De acordo com a NBR 6118

(ABNT, 2003), nos projetos de estruturas de concreto armado devem ser utilizados aços

classificados pela NBR 7480 (ABNT, 1986) com os valores característicos da resistência de

escoamento classificados nas seguintes categorias: CA-25, CA-50 e CA-60.

Os aços da categoria CA-25 e CA-50 passam pelo tratamento à quente sofrendo uma

modificação da sua estrutura interna, melhorando as características mecânicas do material,

esses tipos de aço apresentam melhor trabalhabilidade, aceitam solda comum, possuem

diagrama tensão-deformação com patamar de escoamento, e resistem à incêndios moderados,

perdendo resistência, apenas, com temperaturas acima de 1150 °C.

Os aços da categoria CA-60 passam pelo tratamento à frio ou encruamento. Neste tratamento

ocorre uma deformação dos grãos por meio de tração, compressão ou torção, que resulta no

aumento da resistência mecânica e da dureza, e diminuição da resistência à corrosão e da

ductilidade, ou seja, decréscimo do alongamento e da estricção. Os gráficos tensão-

deformação dos aços laminado e trefilado são apresentados nas Figuras 2.4 e 2.5

respectivamente.

Figura 2.4 – Gráfico tensão-deformação dos aços laminados (PINHEIRO, 2005)

Page 28: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

12

Figura 2.5 – Gráfico tensão-deformação dos trefilados (PINHEIRO, 2005)

Os aços devem ter seus diâmetros e seções transversais nominais estabelecidos na NBR 7480

(ABNT, 1986). Os fios e barras podem ser lisos ou providos de saliências ou mossas. Para

cada categoria de aço, o coeficiente de conformação superficial mínimo, ηb, determinado por

meio de ensaios de acordo com a NBR 7477 (ABNT, 1982), deve atender ao indicado na

NBR 7480 (ABNT, 1986). Para o valor da massa específica do aço de armadura passiva pode-

se adotar o valor de 78,5 kN/m3. Para temperaturas compreendidas entre –20 ºC e 150 ºC pode

ser usado o valor de 10-5/ºC para o coeficiente de dilatação térmica do aço, e na falta de

ensaios experimentais ou valores fornecidos pelos fabricantes, o módulo de elasticidade do

aço pode ser admitido igual a 210 GPa.

2.2.3 Pilares de concreto

2.2.3.1 Considerações iniciais

Os pilares e as fundações são elementos principais de uma construção, pois a ruína de um

deles pode provocar danos em toda a estrutura, podendo acarretar até mesmo o colapso

progressivo. O concreto resiste a maior parte da solicitação que chega aos pilares, as

armaduras longitudinais além de colaborarem absorvendo parte dos esforços de compressão,

contribuem principalmente na resistência dos pilares nos casos de excentricidades da força

normal que causam momentos que tracionam o pilar, e diminuem as deformações decorrentes

Page 29: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

13

da retração e da fluência. As armaduras transversais exercem a função de evitar com que as

barras longitudinais flambem, além de confinar o concreto solicitado, manter o

posicionamento das barras longitudinais e absorver os cortantes. A Figura 2.6 mostra

detalhadamente os elementos que compõem o pilar.

Figura 2.6 – Principais elementos que compõe o pilar de concreto armado

Segundo PFEIL (1988b), as forças axiais tanto de tração como compressão constituem, na

verdade, idealizações de cálculo. Na prática, existem sempre excentricidades nos pilares,

decorrentes de imperfeições geométricas e de momentos por causa das ligações. Os momentos

das imperfeições geométricas são considerados nos projetos, inserindo excentricidades

mínimas de cálculo, determinadas em função de uma dimensão transversal ou do

comprimento de haste.

2.2.3.2 Classificação quanto à solicitação

Para efeito de cálculo, os pilares são classificados como: pilares intermediários, extremos e de

canto. Os primeiros podem ser dimensionados à compressão simples, considerando apenas o

esforço normal axial atuando no pilar, desde que obedeçam a determinadas condições. Os

Page 30: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

14

pilares extremos são, obrigatoriamente, calculados à flexo-compressão normal, ou seja, além

da força normal existe um momento fletor atuando num dos eixos principais. Para os pilares

de canto deve-se dimensionar a flexo-compressão oblíqua, devido à ocorrência de uma força

normal concomitante a dois momentos fletores atuando sobre os eixos principais da seção. As

disposições dos pilares encontradas nas estruturas são mostradas na Figura 2.7 a, 2.7 b e 2.7 c.

Figura 2.7 a – Pilar intermediário sujeito à compressão axial (BASTOS et al.., 2004 figura adaptada)

Figura 2.7 b – Pilar de extremidade sujeito à flexo-compressão normal (BASTOS et al., 2004 figura

adaptada)

Page 31: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

15

Figura 2.7 c – Pilar de canto sujeito à flexo-compressão obliqua (BASTOS et al., 2004 figura

adaptada)

2.2.3.3 Classificação quanto à esbeltez

A flambagem é um fenômeno de instabilidade que pode causar a ruptura do pilar antes mesmo

que a sua resistência à compressão seja alcançada. Para a verificação dos efeitos da

flambagem se faz necessário a determinação do índice de esbeltez λ conforme mostrado na

Equação 2.5

()* ()+ ,-

Equação 2.5

Observa-se que de acordo com a Equação 2.6, para um comprimento de flambagem constante,

a maior possibilidade de flambagem ocorre no eixo de momento de inércia mínimo da seção

transversal, fornecendo λmax. A Equação 2.6 determina o valor de λmax para uma seção

Page 32: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

16

transversal retangular de dimensão mínima b. Em projeto, considerando o pé direito, procura-

se estabelecer valores para b que satisfaçam o índice de esbeltez.

./0 3,46 · ()3 Equação 2.6

Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2003), o comprimento equivalente () do pilar, suposto

vinculado em ambas às extremidades, é o menor dos seguintes valores:

() 5 6(7 8 9( :

(; : distância entre as faces internas dos elementos estruturais, supostos horizontais, que

vinculam o pilar;

9 : altura da seção transversal do pilar, medida no plano da estrutura;

( : distância entre os eixos dos elementos estruturais aos quais o pilar está vinculado.

A Figura 2.8 mostra os comprimentos equivalentes dos vínculos mais usais. Na definição do

comprimento equivalente (), a norma brasileira não fez distinção entre as estruturas de nós

móveis e as estruturas de nós fixos, estabelecendo para os dois casos os mesmos valores.

Figura 2.8 – Comprimentos de flambagem usuais em projeto (SCADELAI, 2004)

Page 33: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

17

De acordo com o índice de esbeltez, os pilares podem ser classificados em:

⇒ pilares robustos ou pouco esbeltos → λ ≤ ;

⇒ pilares de esbeltez média → < λ ≤ 90;

⇒ pilares esbeltos ou muito esbeltos → 90 < λ ≤ 140;

⇒ pilares excessivamente esbeltos → 140 < λ ≤ 200.

A NBR 6118 (ABNT, 2003) não admite, em nenhum caso, pilares com índice de esbeltez λ

superior a 200. Os esforços locais de 2ª ordem em elementos isolados podem ser desprezados

quando o índice de esbeltez for menor que o valor limite λ1. Este valor limite depende de

diversos fatores, mas os mais relevantes são:

⇒ a excentricidade relativa de 1º ordem ( ⁄ 9);

⇒ a vinculação dos extremos da coluna isolada;

⇒ a forma do diagrama de momentos de 1º ordem.

Com isso o valor de pode ser obtido através da Equação 2.7.

25 8 12,5 · 9⁄= Equação 2.7

onde:

35= 5 5 90

onde o valor de = deve ser obtido conforme estabelecido a seguir:

a) Para pilares biapoiados sem cargas transversais:

= 0,60 8 0,40 · ?@?A B 0,40 Equação 2.8

Page 34: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

18

sendo,

1,0 B = B 0,4

onde,

MA e MB são os momentos de 1ª ordem nos extremos do pilar. Deve ser adotado para MA o

maior valor absoluto ao longo do pilar biapoiado e para MB o sinal positivo, se tracionar a

mesma face que MA, e negativo em caso contrário.

b) Para pilares biapoiados sem cargas transversais significativas ao longo da altura:

= 1,0 Equação 2.9

c) Para pilares em balanço:

= 0,80 8 0,20 · ?C?A B 0,85 Equação 2.10

sendo,

1,0 B = B 0,85

onde,

MA o momento de 1ª ordem no engaste e Mc é o momento de 1ª ordem no meio do pilar em

balanço.

d) Para pilares biapoiados ou em balanço com momentos menores que o momento mínimo de 1º ordem que é determinado pela Equação 2.23:

= 1,0 Equação 2.11

Page 35: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

19

2.2.3.4 Excentricidades de 1ª ordem

a) Excentricidade inicial

Nos casos usuais, admite-se que as excentricidades iniciais surgem nos pilares de extremidade

e de canto, em função da falta de continuidade das vigas. As cargas que solicitam as vigas

geram momentos nos pilares uma vez que a ligação entre eles é monolítica. Chama-se DE (excentricidade inicial) a excentricidade da carga normal aplicada. No caso de momentos

aplicados o valor desta excentricidade é o momento dividido pela força no topo ou na base

como mostra a Equação 12 e 13.

b) Excentricidade local

As excentricidades locais decorrentes das imperfeições geométricas do eixo dos elementos da

estrutura descarregada devem ser consideradas na verificação do estado limite último das

estruturas reticuladas segundo a NBR 6118 (ABNT, 2003). Essas imperfeições podem ser

divididas em dois grupos: imperfeições globais e imperfeições locais.

b.1) Imperfeições globais

Na análise global das estruturas reticuladas, sejam elas contraventadas ou não, deve ser

considerado um desaprumo dos elementos verticais, conforme a Figura 2.9.

&,FGHG ?FGHGI

Equação 2.12

&,=/) ?=/)I

Equação 2.13

Page 36: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

20

Figura 2.9 – Imperfeições geométricas globais segundo a NBR 6118 (ABNT, 2003)

O desaprumo não deve ser necessariamente superposto ao carregamento de vento, deve-se

considerar, entre os dois, o mais desfavorável, que pode ser definido considerando o que

provocar maior momento total na base da construção. O desaprumo é obtido através das

Equações 2.14 e 2.15.

J 1100 · √L Equação 2.14

J/ J · M1 8 1 N⁄2

Equação 2.15

onde,

n é o número total de elementos verticais contínuos

H é a altura total da estrutura em metros

J.&O 1 400⁄ para estruturas de nós fixos

J.&O 1 300⁄ para estruturas de nós móveis e imperfeições locais

J.á0 1 200⁄

Page 37: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

21

b.2) Imperfeições Locais

Na análise local de elementos dessas estruturas reticuladas, devem também ser levados em

conta efeitos de imperfeições geométricas locais. Para a verificação de um lance de pilar deve

ser considerado o efeito do desaprumo ou da falta de retilineidade do eixo do pilar como

mostra a Figura 2.10. Admite-se que, nos casos usuais, a consideração da falta de retilineidade

seja suficiente.

Figura 2.10 – Imperfeições geométricas locais segundo a NBR 6118 (ABNT, 2003)

Assim, as excentricidades acidentais (ea) podem ser obtidas pela Equação 2.16 no caso de

elementos de travamento (tracionado ou comprimido) e desaprumo no topo do pilar, enquanto

a Equação 2.17 é utilizada na falta de retilineidade no meio do pilar, nos casos usuais apenas

esta última se faz necessário de acordo a NBR 6118 (ABNT, 2003).

/ J · L& Equação 2.16

/ J · L&2 Equação 2.17

Page 38: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

22

2.2.3.5 Excentricidade de 2ª ordem

Segundo BORGES (1999), analisar o comportamento de um pilar de concreto armado com

base na teoria de 2ª ordem significa considerar a não-linearidade geométrica, ou seja,

momentos devidos aos deslocamentos da estrutura por ação das solicitações iniciais e também

pelo seu comportamento não-linear observado nos gráficos tensão-deformação dos materiais

aço e concreto, não havendo proporcionalidade entre causa e efeito, o aumento das

solicitações atribui às características mecânicas grandes variações.

Sob a ação de cargas verticais e horizontais, os nós da estrutura deslocam-se horizontalmente.

Os esforços de 2ª ordem decorrentes desses deslocamentos são chamados efeitos globais de 2ª

ordem. Nas barras das estruturas, como um lance de pilar, os respectivos eixos não se mantêm

retilíneos, ocasionando assim os efeitos locais de 2ª ordem que em princípio afetam

principalmente os esforços solicitantes ao longo delas.

a) Efeitos locais de 2ª ordem

a.1) Método geral

O método geral para a determinação dos efeitos locais de 2ª ordem consiste na análise não-

linear efetuada com discretização adequada da barra, considerando a relação momento

curvatura real em cada seção, e a não-linearidade geométrica de maneira não aproximada, ou

seja, considera o comportamento do pilar à medida que se incrementa o carregamento ou a

excentricidade, este método é obrigatório para pilares com λ > 140. Os outros 3 métodos

apresentados pela norma são aproximados e apresentados à seguir.

a.2) Métodos aproximados

a.2.1) Método do pilar-padrão com curvatura aproximada

Neste método, a não-linearidade geométrica é considerada de forma aproximada, supondo-se

que a deformação da barra seja senoidal e a não-linearidade física é considerada por meio de

uma expressão aproximada da curvatura na seção crítica. O método do pilar padrão é utilizado

Page 39: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

23

em pilares com λ ≤ 90, de seção retangular constante e armação simétrica e constante ao

longo de seu eixo.

?,FGF = · ?,A 8 I · ()10 · 1Q B ?,A Equação 2.18

onde:

R() 10⁄ S · 1 Q⁄ : excentricidade de 2a ordem;

1 Q⁄ 0,005 R9 · TU 8 0,5VS⁄ 5 0,005 9⁄ : curvatura na seção crítica;

() : comprimento de flambagem do pilar;

9 : altura da seção na direção considerada;

U I T- · V⁄ : força normal adimensional;

?,A B ?,.&O

O momento ?,.&O é calculado pela Equação 2.23. O momento ?,A e o coeficiente αb têm

as mesmas características do item 2.2.3.3, sendo ?,A o valor de cálculo de 1ª ordem do

momento ?A.

a.2.2) Método do pilar-padrão com rigidez k aproximada

O método do pilar padrão é utilizado em pilares com λ ≤ 90, de seção retangular constante,

armadura simétrica e constante ao longo de seu eixo. A não-linearidade geométrica deve ser

considerada de forma aproximada, supondo-se que a deformação da barra seja senoidal e a

não-linearidade física deve ser considerada através de uma expressão de rigidez. Este método

pode ser aplicado em pilares submetidos à flexão composta oblíqua, analisando-se cada uma

Page 40: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

24

das duas direções principais, simultaneamente. O momento total máximo no pilar deve ser

calculado a partir da majoração do momento de 1ª ordem através da Equação 2.19.

?,FGF = · ?,A1 120 · W U⁄

B X ?,A ?,.&O Y Equação 2.19

Sendo o valor da rigidez adimensional k obtido aproximadamente pela Equação 2.20.

W 32 · 1 8 5 · ?,FGF9 · I · U Equação 2.20

As variáveis utilizadas na Equação 2.20 são as mesmas utilizadas no item anterior.

a.2.3) Método do pilar-padrão acoplado a diagramas M, N, 1/r

A determinação dos esforços locais de 2ª ordem em pilares com λ ≤ 140 pode ser feita pelo

método do pilar-padrão ou pilar-padrão melhorado, utilizando-se para a curvatura da seção

crítica valores obtidos de diagramas M, N, 1/r específicos para o caso.

2.2.3.6 Consideração da fluência

A consideração da fluência deve obrigatoriamente ser realizada em pilares com índice de

esbeltez λ > 90 e pode ser efetuada de maneira aproximada, considerando a excentricidade

adicional ecc de acordo com a Equação 2.21 e 2.22.

Z?[\I[\ 8 /] · Z2,718 _·`ab`cd`ab 1] Equação 2.21

Page 41: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

25

onde,

I) 10 · %& · ,() Equação 2.22

/ e excentricidade devida a imperfeições locais;

?[\ I[\ : esforços solicitantes devidos à combinação quase permanente;

: coeficiente de fluência

2.2.3.7 Momento mínimo

Em estruturas reticulares, a NBR 6118 (ABNT, 2003) permite que o efeito das imperfeições

geométricas locais nos pilares seja substituído pela consideração de um momento mínimo de

1ª ordem. A esse momento mínimo calculado pela Equação 2.23, devem ser acrescidos os

momentos de 2ª ordem.

onde,

9 : altura total da seção transversal na direção considerada, em metros.

Nd : Força normal de cálculo que atua no pilar

?,.&O I · T0,015 8 0,03 · 9V Equação 2.23

Page 42: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

26

2.2.3.8 Resistência de pilares à flexão composta

a) Esforço normal

Segundo SHAH e AHMAD (1994), para os concretos de resistência usual, quando os mesmos

atingem um ponto de não-linearidade significativo (aproximadamente na deformação 1 ‰), o

aço ainda está na fase elástica e, por conseguinte, começa a suportar uma parte maior da ação.

Quando a deformação está perto de 2 ‰, o declive da curva do concreto é quase zero, e há

pequena mudança na tensão. O aço alcança o ponto máximo de rendimento sob esta tensão.

Através da utilização dos diagramas tensão-deformação é possível estabelecer níveis de

tensão para cada material, além do que o pilar de concreto armado é composto pelos materiais

aço e concreto onde a aderência entre eles faz com que a força centrada aplicada gere

deformações longitudinais iguais nos materiais, tornando possível a determinação da

resistência do pilar NRk. A resistência do pilar pode ser estimada pela Equação 2.24.

b) Momento fletor

Como citado anteriormente os pilares de uma estrutura são sujeitos à momentos fletores

originados por excentricidade iniciais e acidentais, realizando a interação entre a carga axial e

o momento solicitante e resistente para uma coluna considerada homogênea e elástica com

resistência a compressão do concreto f, a ruptura ocorrerá quando a máxima tensão

solicitante alcançar a resistência fcomo mostra as Equações 2.25, 2.26 e 2.27.

Ig 0,85 · f · - 8 · - Equação 2.24

I - 8 ? · h, f Equação 2.25

Page 43: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

27

Segundo OLIVEIRA (2005), para o cálculo da resistência do pilar onde atua conjuntamente a

força normal e momento fletor, deve-se considerar a contribuição da armadura comprimida.

Na Figura 2.11 são mostradas as deformações das armaduras que estão sob tensão de

compressão variando linearmente da mais comprimida até a menos comprimida. Considera-se

uma distribuição simétrica das camadas da armadura em relação ao centro de gravidade da

seção. Essa consideração partiu devido à distribuição ser mais utilizada em pilares de

edifícios. Para valores de é apresentada a Tabela 2.1 cujos valores definidos são em função

da relação entre a área do diagrama parábola-retângulo obtidas com as tensões no concreto e a

retangular que é adotado para simplificação de cálculo.

Tabela 2.1 – Valores de correspondente a cada intervalo de resistência do concreto

ijf TklmV no

f 5 28 0,85

28 p f 5 56 1,05 0,05 q f7

f r 56 0,65

I f · - 8 ? · hf · , 1

I Ig 8 ? ?g 1

Equação 2.26

Equação 2.27

Page 44: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

28

Figura 2.11 – Atuação da força normal e momento fletor em uma seção transversal do pilar

A distribuição adotada para deformações, considera uma deformação máxima do concreto de

2 ‰ (deformação limite para compressão) e um valor arbitrado para a armadura menos

comprimida. Através da Equação 2.28 obtém-se o valor da linha neutra na configuração

adotada. O cálculo da deformação para cada camada pode ser calculado de acordo com a

Equação 2.29, onde os valores negativos indicam tração nas barras. Obtendo a deformação e

multiplicando-se pelo valor do módulo de elasticidade têm-se a tensão em cada camada

através da Equação 2.30.

s 0,0020,002 8 · $ Equação 2.28

& s $&s · 0,002 Equação 2.29

& & · % Equação 2.30

Page 45: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

29

De acordo o exposto, as resultantes para o concreto e para aço são encontrados através das

Equações 2.31 e 2.32 respectivamente.

Entretanto, quando se considera a seção de concreto está se acrescentando a tensão em cada

barra de aço, onde se pode corrigir subtraindo a parte referente ao concreto com a Equação

2.33. Com isso somando-se as resultantes no concreto e no aço encontra-se a carga centrada

que o pilar resiste de acordo a Equação 2.34.

Considerando que o centróide do pilar está no eixo de rotação do pilar como mostra a Figura

2.12, o momento resistente é determinado pela Equação 2.35.

t 0,85 · f · u · 3 Equação 2.31

v w v&O

&x wT& · -&VO

&x

Equação 2.32

v w v&O

&x w -&

O&x

· T& 0,85 · fV Equação 2.33

Ig t 8 w v&O

&x Equação 2.34

Page 46: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

30

Figura 2.12 – Configuração do pilar considerando o eixo de rotação da peça no centróide

2.2.4 Extensometria

A extensometria é uma técnica utilizada para a análise experimental de tensões e deformações

em estruturas. Estas estruturas apresentam deformações sob carregamento ou sob efeito da

temperatura. Os extensômetros são sensores utilizados experimentalmente, para avaliar as

deformações ocorridas num dado ponto e numa dada direção em uma peça. Na realidade, os

extensômetros apenas medem a variação de distância (∆L) de dois pontos inicialmente

afastados de (L), distância essa que se designa por base de medida, sendo a deformação

calculada através da Equação 2.36.

?g t · 92 u2 8 w v&O

&x· 92 $& Equação 2.35

∆zz Equação 2.36

Page 47: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

31

A maioria dos aparelhos utilizados para leitura das deformações sofridas pelos extensômetros

registra as variações das respectivas resistências elétricas com um circuito de ponte de

Wheatstone. A variação de resistência de um extensômetro é dada pela Equação 2.37.

Onde R é a resistência inicial do extensômetro, ∆R a variação dessa resistência por

deformação e k conhecido como fator do extensômetro. Partindo da equação que governa o

comportamento da Ponte de Wheatstone usada em medidas de deformação tem-se a tensão de

saída representada pela Equação 2.38.

De acordo a Equação 2.37, a Equação 2.38 pode ser novamente reescrita como mostra a

Equação 2.39, percebendo que os sinais dos extensômetros em braços opostos da ponte se

somam, enquanto nos braços adjacentes se subtraem.

2.2.4.1 Tipos de ligação na Ponte de Wheatstone

Os tipos de ligações mais utilizados na Ponte Wheatstone são a ponte completa, ½ ponte e ¼

de ponte. Considerando W W W W| W para facilitar a apresentação das fórmulas e a

Figura 2.13 onde mostra uma barra instrumentada com EER’s na superfície superior e inferior

onde os posicionamentos relacionam as deformações longitudinais e transversais, tem-se:

∆ W · Equação 2.37

∆% ~4 ∆ ∆ 8 ∆ ∆|| Equação 2.38

∆% ~4 TW · W · 8 W · W| · |V Equação 2.39

Page 48: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

32

Figura 2.13 – Montagem de EER’s em uma barra solicitada

a) Montagem dos EER’s E1, E2, E3 e E4 em Ponte completa de acordo a Figura 2.14 e

Equação 2.40.

Figura 2.14 – Extensômetros em ponte completa

Page 49: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

33

∆% ~4 · W · T` 8 8 ∆FV U · T` 8 V 8 ∆F 8 T` 8 ∆FV U · T` V 8 ∆F

Os efeitos de temperatura (∆t) são compensados.

b) Montagem dos EER’s E1 e E2 em ½ ponte de acordo a Figura 2.15 e a Equação 2.42

Figura 2.15 – Extensômetros em ½ ponte

∆% ~4 · W · T 8 |V Equação 2.40

∆% ~4 · W · 2 · T1 8 UV · ` Equação 2.41

Page 50: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

34

∆% ~4 · W · T` 8 8 ∆FV T` 8 8 ∆FV

Os efeitos de temperatura (∆t) novamente são compensados.

c) Montagem do EER E1 em ¼ ponte de acordo a Figura 2.16 e a Equação 2.44

Neste caso os efeitos da variação de temperatura podem ser compensados com a substituição

do resistor R2 pelo extensômetro E1’ou utilizando extensômetro compensador para o material

onde está instalado.

Figura 2.16 – Extensômetros em ¼ ponte

∆% ~4 · W · T V Equação 2.42

∆% ~4 · W · 2 · Equação 2.43

Page 51: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

35

2.2.5 Determinação das ações de vento

Para a determinação das ações do vento nas estruturas dos edifícios, são adotadas as

recomendações da NBR 6123 (ABNT, 1988). As pressões do vento são transformadas em

forças estáticas, atuando na superfície perpendicular à direção do vento. A força global do

vento sobre uma edificação (Fg), ou parte dela, é obtida pela soma vetorial das forças do

vento que aí atuam. Em termos de análise do efeito do vento nos edifícios necessita-se

conhecer a componente da força global na direção do vento. Essa força é chamada força de

arrasto, sendo obtida pela Equação 2.46, apresentada pela NBR 6123 (ABNT, 1988).

onde:

t/= coeficiente de arrasto;

= pressão de obstrução;

- = área da superfície perpendicular à direção do vento.

A pressão de obstrução (qw) é obtida no ponto de estagnação, ponto no qual a velocidade é

nula. Seu valor é de interesse para o cálculo das estruturas, uma vez que supõem-se as forças

estáticas. Para sua determinação, utiliza-se a Equação 2.47 deduzida a partir do Teorema de

Bernouilli.

∆% ~4 · W · Equação 2.44

∆% ~4 · W · T` 8 8 ∆FV Equação 2.45

v t/ · · - Equação 2.46

0,613 · ~ Equação 2.47

Page 52: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

36

onde:

= pressão de obstrução (N/m2);

~ = velocidade característica do vento (m/s).

2.2.5.1 Velocidade característica do vento

Denomina-se velocidade característica do vento, a velocidade utilizada no cálculo da pressão

dinâmica nas estruturas obtida a partir da velocidade básica corrigida por fatores de ajuste,

segundo a Equação 2.48 apresentada pela NBR 6123 (ABNT, 1988).

onde:

U7 = velocidade básica do vento;

#, #, # = coeficientes de ajuste da velocidade básica.

A velocidade básica do vento é, por definição, a velocidade de uma rajada de três segundos,

com probabilidade de 63 % de ser excedida em média uma vez em 50 anos, a 10 m acima do

terreno, em campo aberto e plano. Os valores das velocidades básicas são obtidos do gráfico

das isopletas da NBR 6123 (ABNT, 1988), o qual foi elaborado a partir dos registros de

diversas estações meteorológicas. Os coeficientes de ajuste têm como finalidade adequar a

velocidade básica às particularidades do local da edificação, suas dimensões e grau de

segurança desejado.

a) Fator topográfico S1

O fator S1 leva em consideração a influência da topografia local na variação da velocidade do

vento. Como primeira aproximação, a NBR 6123 (ABNT, 1988) sugere os valores indicados

no seu item 5.2, ressaltando que estes devem ser usados com precaução. Caso seja necessário

um conhecimento mais preciso da influência do relevo ou se a complexidade deste tornar

difícil a aplicação dos valores sugeridos, deve-se proceder a ensaios de modelos topográficos

em túnel de vento ou a medidas anemométricas no próprio terreno.

~ # · # · # · U7 Equação 2.48

Page 53: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

37

b) Fator de rugosidade S2

De acordo com a NBR 6123 (ABNT, 1988), o fator S2 considera o efeito combinado da

rugosidade do terreno, da variação da velocidade do vento com a altura acima do terreno e das

dimensões da edificação ou parte desta.

A altura considerada é tomada a partir do nível do terreno ao ponto desejado. Entretanto,

pode-se dividir a altura do edifício em trechos, determinando-se S2 com base na altura medida

do terreno à cota do topo de cada trecho.

A rugosidade do terreno é classificada em cinco categorias que abrangem de superfícies lisas

com grandes dimensões a terrenos cobertos por obstáculos numerosos, grandes, altos e pouco

espaçados. A norma considera ainda, no seu item 5.5, os casos de transição de rugosidade.

A velocidade do vento varia continuamente e o seu valor médio é calculado sobre qualquer

intervalo de tempo. O mais curto desses intervalos é de três segundos e corresponde a rajadas

capazes de envolver obstáculos com dimensão de até 20 m na direção do vento médio.

Aumentando-se o intervalo de tempo para o cálculo da velocidade média, aumenta-se a

distância abrangida pela rajada.

A norma divide as edificações e suas partes em três classes, com intervalos de tempo para o

cálculo da velocidade média de 3, 5 e 10 segundos e dimensões máximas, vertical ou

horizontal, de 20, 50 e 80 m. Nas edificações em que a maior dimensão ultrapasse 80 m, o

intervalo de tempo é obtido das instruções fornecidas no anexo A da citada norma.

O fator S2 pode ser obtido a partir da Equação 2.49 ou através da tabela 2 da NBR 6123

(ABNT, 1988), sendo permitida a interpolação linear entre os valores apresentados. Na

Equação 2.49, os parâmetros b, Fr e p são retirados da tabela 1 da referida norma.

onde:

b = parâmetro meteorológico;

p = expoente da lei potencial de variação de S2;

# 3 · v · 10H Equação 2.49

Page 54: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

38

Fr = fator de rajada, sendo sempre o correspondente à categoria II;

z = altura acima do nível geral do terreno.

c) Fator estatístico S3

O fator S3, baseado em conceitos estatísticos, considera o grau de segurança requerido e a vida

útil da edificação. Seus valores mínimos são apresentados na tabela 3.7 da NBR 6123 (ABNT,

1988). O grau de segurança necessário é função da finalidade da edificação, que é classificada

pela norma em cinco grupos dentro desse critério.

No caso de edificações normais destinadas a moradias, hotéis, etc., adota-se uma vida útil de

50 anos. A probabilidade (Pm) da velocidade ser ultrapassada pelo menos uma vez ao longo

desse período é de 63%. É possível também se obter S3 para outros níveis de probabilidade e

vida útil a partir da Equação 2.50, observando-se que os valores encontrados não podem ser

inferiores aos valores estabelecidos pela NBR 6123 (ABNT, 1988).

onde:

. = probabilidade de ocorrência;

= período de retorno ou tempo de recorrência.

2.2.5.2 Coeficiente de arrasto

O coeficiente de arrasto (Ca) da Equação 2.46, para edificações de forma retangular é

determinado através dos gráficos da NBR 6123 (ABNT, 1988), apresentados pela Figura 2.17,

para ventos de baixa e alta turbulência. Nestes gráficos, os coeficientes de arrasto dependem

das dimensões da edificação. Para edificações com outras formas, os coeficientes de arrasto

são fornecidos na tabela 10 da mencionada norma.

# 0,54 · (O · 1 . d7, Equação 2.50

Page 55: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

39

Figura 2.17 – Coeficiente de arrasto para edificações de baixa e alta turbulência segundo a NBR 6123 (ABNT, 1988)

2.3 TRABALHOS REALIZADOS EM CAMPO

2.3.1 Glisic et al. (2003)

Como parte da qualidade em segurança de construções altas, o conselho e habitação e

desenvolvimento (HDB), decidiu realizar o monitoramento estrutural de um novo edifício

(Punggol EC26) na Cidade de Singapura. O monitoramento desse edifício, foi considerado

pioneiro nessa cidade e possuía 2 objetivos: desenvolver uma estratégia de monitoramento

para construções suportadas por pilares e coletar dados relacionados ao comportamento dessas

construções particulares proporcionando informações importantes.

O projeto Punggol EC26, é composto por seis blocos fundados sobre estacas, e cada bloco é

um prédio de 19 andares, composto de 6 unidades apoiados em mais de 50 pilares ao nível do

solo. O bloco chamado 166A, foi selecionado para o monitoramento. A construção começou

em dezembro de 2000 e no momento da escrita, os 19 andares estavam concluídos. Uma vista

do edifício em construção é apresentada na Figura 2.18.

Page 56: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

40

Figura 2.18 – Vista do bloco 166A durante a construção do projetto Punggol EC26 (Glisic et al., 2003)

O autor instrumentou 10 pilares do térreo com sensores de deformação SOFO. Os pilares do

térreo foram selecionados por serem os elementos mais críticos no edifício, ou seja, os que

apresentam maiores cargas, enquanto o número de sensores foi determinado de acordo o valor

disponível para a sua compra. A carga dominante em cada pilar foi a força de compressão

normal, portanto, o autor considerou a influência da flexão na deformação desprezível. A

Figura 2.19 mostra os pilares selecionados para a instrumentação.

Figura 2.19 – Posição dos pilares no térreo equipados com sensores (Glisic et al., 2003)

Page 57: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

41

Para instrumentar os pilares, o autor instalou um único sensor em cada pilar na seção paralela

ao seu eixo, não necessariamente no centro de gravidade da seção transversal. A posição do

sensor no pilar é, esquematicamente, apresentada na Figura 2.20. O comprimento dos

sensores foi determinado de acordo a altura do pilar (3500 mm), e sobre as condições do

terreno, portanto, o comprimento dos sensores utilizados foi de 2000 mm. Os sensores foram

fixados no aço antes da concretagem como mostrado na Figura 2.20.

Figura 2.20 – Posição do sensor no pilar e Glisic et al., 2003)

O conector do sensor foi protegido por uma pequena caixa de conexão, que também ficou

embutida no concreto, desta forma os conectores e os fios não são vistos no pilar e são

acessíveis após a concretagem dos pilares. Para diminuir os custos de monitoramento, as

leituras foram realizadas periodicamente, a cada andar concluído, até a conclusão da

construção. A forma periódica, adotada pelo autor, de obtenção de dados, é justificada pelo

fato de que nenhum problema foi detectado durante a fase de construção. A Figura 2.21

mostra as deformações médias encontradas nos pilares até o término da construção.

Page 58: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

42

Figura 2.21 – Evolução das deformações médias nos pilares monitorados pelo sistema SOFO (Glisic et al., 2003)

2.3.2 Soares (2004)

Segundo SOARES (2004), o monitoramento em pilares metálicos é menos complexo, pois a

simples colocação de uma célula de carga na extremidade inferior seria suficiente para a

obtenção da medida de carga. No entanto, em concreto armado esta instrumentação não é tão

simples, pois se adota a medida indireta de carga utilizando-se de um equipamento chamado

de “defórmetro mecânico”, para medir o deslocamento entre dois pontos localizados em faces

paralelas do pilar à medida que a carga aumenta, porém, resultados utilizando este

equipamento não foram encontrados.

Medidas de carga em pilares de concreto armado “in situ” por meio de extensômetros

elétricos na literatura são inéditas ou pouco divulgadas. Na maioria dos trabalhos de ISE

(Interação solo-estrutura), o carregamento ao longo da construção é sempre estimado em

função do número de pavimentos adicionados na edificação, não sendo este carregamento

medido durante a construção do edifício, em virtude da dificuldade de instrumentar os

elementos estruturais na obra.

O autor realizou monitoramento em pilares de dois edifícios em concreto armado no Distrito

Federal, San Pietro e Confort Flat, com o objetivo de coletar dados para auxiliar o estudo da

Page 59: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

43

interação solo-estrutura (ISE). Devido às perdas e falhas na instrumentação dos pilares, o

autor não adquiriu todas as respostas experimentais e as leituras obtidas apresentaram

resultados pouco confiáveis.

2.3.1.1 Edifício San Pietro

O Edifício San Pietro é do tipo residencial localizado no Setor de Habitações Coletivas Norte

(SHCN), Super-Quadra Norte (SQN) 212, projeção 8, bloco E. O edifício possui um subsolo

(garagem), um pavimento térreo (pilotis), seis pavimentos-tipo, cobertura e ático conforme

mostrado na Figura 2.22. Ele é dividido em três blocos A, B e C, sendo o bloco A simétrico

do C, e em cada bloco cada andar apresenta 4 apartamentos totalizando 12 a cada nível de

pavimento. As áreas dos blocos A, B e C são, respectivamente, 308,5 m², 538,5 m² e 308,5

m². Neste edifício a instrumentação dos pilares foi realizada nos blocos B e C.

Figura 2.22 – Vista e corte do Edifício San Pietro (SOARES, 2004)

A Tabela 2.2 apresenta as características dos pilares com suas respectivas cargas verticais impostas

pela superestrutura no nível das fundações a partir do cálculo estrutural considerando apenas o peso

próprio. Os momentos apresentados pelo autor foram apenas nos pilares P114=P314, P115=P315 e

P221=P224, com o valor de 600 kN.m. Neste edifício, as lajes do subsolo, térreo, cobertura e

ático são do tipo maciça, enquanto as lajes dos demais pavimentos são nervuradas com faixas

Page 60: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

44

protendidas. Na alvenaria foram utilizados tijolos cerâmicos de 8 furos. A resistência à

compressão do concreto utilizado na superestrutura foi de 30 MPa.

Tabela 2.2 – Resultados das cargas nos pilares obtidas através do cálculo estrutural (SOARES, 2004)

BLOCO C BLOCO B

Pilar Dimensões Força Normal

Pilar Dimensões Força Normal

(mm) F (kN) (mm) F (kN) P121 P321

300x1000 3700 P231 P235

300x1000 2700

P122 P322

300x1000 4700 P232 P234

400x1000 7300

P123 P323

300x1000 6200 P233 350x1000 6300

P124 P324

300x1000 4800 P207 P212

250x800 2150

P125 P325

300x1000 2500 P208 P211

250x800 3700

P126 P326

250x800 3100 P209 P210

250x800 3000

P127 P327

250x800 1750 P213 P214

200x1820 2900

P139 P339

250x800 2200 P215 P216

140x1820 1450

P140 P340

250x800 2200 P236 P242

200x800 1500

P128 P328

250x800 2100 P237 P241

200x800 1150

P113 P313

250x800 2500 P238 P240

200x800 700

P114 P314

160x1870 1700 P239 300x800 3500

P115 P315

160x1870 1700 P222 P223

150x800 500

P143 P343

120x400 80 P221 P224

14x188,5 1450

P129 P329

300x800 3900 P226 P229

150x800 1000

P130 P330

300x800 4400 P227 P228

200x1335 3300

P131 P331

300x800 4000 P248 P250

200x500 500

P132 P332

300x800 4500 P225 P230

200x1000 2200

P133 P333

300x800 2400 - - -

Segundo o autor, os pilares foram monitorados através de uma barra instrumentada com 500

mm de comprimento e 16 mm de diâmetro com 4 extensômetros elétricos ligados em ponte

Page 61: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

45

completa, instalados a meia altura do pilar conforme mostrado na Figura 2.23. A barra

instrumentada foi instalada em 5 pilares, sendo estes denominados P322, P323 e P324 do

bloco C, e os pilares P232 e P233 do bloco B. A Figura 2.24 indica os pilares instrumentados

no subsolo do edifício.

Figura 2.23 – Barra instrumentada inserida no pilar (SOARES, 2004)

Figura 2.24 – Pilares que foram instrumentados nos blocos B e C (SOARES, 2004)

Dos pilares que SOARES (2004) monitorou neste edifício, apenas em 2 foram obtidas as

respostas. Além de perder as leituras nos outros pilares, o P233 apresentou respostas de cargas

Page 62: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

46

com problemas, pois houve decréscimos nas leituras com o aumento do carregamento. Os

resultados das cargas são apresentados na Tabela 2.3 onde se observa que as cargas para o

pilar P324 variaram entre 2391 kN a 2970 kN, até a concretagem da última laje. Já no pilar

P233 as cargas variaram entre 2467 kN a 3059 kN onde apresentou problemas devido a

regressão das cargas. Houve variação de carga com o acréscimo dos outros pavimentos,

porém este foi de pequena magnitude nas primeiras medições não condizendo com o

esperado, uma vez que a adição de um novo pavimento aumenta consideravelmente a carga

nos pilares. Observa-se, também, que a carga correspondente à última leitura feita, foi 60 %

da carga de projeto com o prédio totalmente construído, especificado conforme informado

nesta tabela entre parênteses. Segundo o autor, isso evidencia que a instrumentação foi afetada

de alguma forma. O tempo de uma leitura para outra ficou em média 13 dias apresentando um

tempo maior na medição com 7 lajes com 36 dias. O autor relata vários imprevistos durante o

monitoramento entre eles o vandalismo na obra devido o corte dos fios elétricos e falta de

interesse da construtora no referido trabalho, ocasionando a perda das instrumentações com a

concretagem e falhas na comunicação referentes ao avanço da obra.

Tabela 2.3 – Resultados encontrados nos pilares P324 e P233 com a instrumentação (SOARES, 2004)

Pavimento Pilar

Data P324 (4800 kN)

P233 (6300 kN)

0 0 0 10/10/2001

3 2391 2467 21/02/2002

4 2413 2440 07/03/2002

5 2476 2365 19/03/2002

6 2520 2382 01/04/2002

7 2649 2729 06/05/2002

Ático 2970 3059 -

A Figura 2.25 apresenta o gráfico do comportamento da carga nos pilares à medida que

aumenta o número de pavimentos. O gráfico mostra a tendência das leituras, onde se observa

um ângulo maior de aclive no P324 em comparação com o P233.

Page 63: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

47

Figura 2.25 – Comportamento dos pilares P324 e P233

Não houve problemas na instalação das barras instrumentadas pelo autor, as perdas ocorreram

devido ao fato da fiação das instrumentações terem sido concretadas dentro dos pilares,

restando a instrumentação em apenas dois, P233 e P324 dos cinco presentes no subsolo. Com

isso, as informações de medição de cargas não foram utilizadas nos cálculos de ISE

apresentados pelo autor, ficando registradas de forma que outros autores possam analisar as

causas e evitar alguns erros nos próximos experimentos.

2.3.1.2 Edifício Confort Flat Taguatinga

Trata-se de um edifício do tipo comercial e encontra-se localizado no Setor Hoteleiro D de

Taguatinga. O edifício é constituído por dois subsolos, um pavimento térreo, um mezanino,

primeiro pavimento, sete pavimentos-tipo, o nono pavimento, uma cobertura e ático. As

etapas de infra-estrutura e superestrutura da obra foram iniciadas no segundo semestre de

2001, e o edifício foi concluído no segundo semestre de 2003. Para a modelagem do edifício

SOARES (2004) utilizou todas as plantas de forma do projeto original, sendo levada em

consideração a resistência do concreto da superestrutura igual a 35 MPa e as dimensões das

peças estruturais (lajes, vigas e pilares), de acordo com o referido projeto. A Tabela 2.4

apresenta os resultados dos esforços obtidos nos pilares através do programa CAD/TQS sem

coeficiente de majoração de cargas, e a Figura 2.26 mostra a modelagem do edifício e seus

respectivos pavimentos e a perspectiva após a conclusão.

Page 64: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

48

Tabela 2.4 – Resultados dos esforços nos pilares obtidos pelo programa (SOARES, 2004)

Pilar F (kN) Mx

(kN.m) My

(kN.m)

P24 10516 54 3

P26 11149 81 -40

P27 11661 -37 2

P28 10638 57 4

P45 10787 -87 5

P46 6360 -16 -

P47 6691 46 -13

P48 12188 39 15

P62 1581 -121 -3

P88 2429 -123 1

Figura 2.26 – Modelagem e Vista do Edifício Confort Flat (SOARES, 2004)

A instrumentação dos pilares foi realizada apenas no 5º pavimento, porque na época seria o

próximo pavimento a ser construído. Os pilares instrumentados pelo autor foram o P24, P26,

P27, P28, P45, P46, P47, P48, P68 e P69, conforme mostrado na Figura 2.27. A

instrumentação dos pilares consistiu na inserção de uma barra de 500 mm de comprimento e

16 mm de diâmetro que foi instrumentada com 4 extensômetros elétricos ligados em ponte

completa de Wheatstone, técnica utilizada pelo autor de forma à minimizar os efeitos de

temperatura. Como os pilares P68 e P69 eram de geometria irregular optou-se em inserir em

Page 65: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

49

cada um, duas barras instrumentadas visando observar os efeitos dos momentos, contudo

devido aos problemas verificados nestes dois pilares estes momentos não foram medidos.

Figura 2.27 – Posição dos pilares instrumentados no edifício Confort Flat (SOARES, 2004)

Como as leituras dos pilares da escada foram perdidas (P68 e P69), o autor apenas obteve as

medidas de 9 pilares. Os resultados das cargas nos pilares são apresentados na Tabela 2.5

onde o acréscimo com as letras a e b foram destinadas aos pilares instrumentados com dois

extensômetros. Nesta tabela são apresentados os resultados a cada acréscimo de laje até o

final da estrutura do edifício, a sigla FP significa que a instrumentação realizada no pilar foi

perdida, pois os fios elétricos foram partidos e a e sigla SF significa a não concretagem do

pilar no dia da leitura. Os pavimentos finais (11 e 12) da superestrutura já não apresentavam

variações nas leituras, logo o autor considerou não ser mais necessário realizar as leituras. O

equipamento de leitura apresentou problemas quando foi concretado o 9º pavimento (não

estabilização das leituras), impossibilitando o registro da carga. Porém todos os pontos

instrumentados forneceram leituras coerentes quando nestes foi verificada a resistência

equivalente da ponte completa. Após o conserto do equipamento foram retomadas as leituras,

porém estas passaram a fornecer valores pouco confiáveis com base no histórico anterior. A

Figura 2.28 apresenta os equipamentos utilizados para as medidas de carga nos pilares deste

pavimento do Confort Flat Taguatinga.

Page 66: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

50

Tabela 2.5 – Resultados encontrados nos pilares apenas considerando o peso próprio do edifício

(SOARES, 2004)

Pav. Data Pilar

P24 P26 P27 P28 P45 P46 P47 P48 P68a P68b P69a P69b 5 08/10/2002 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 SF SF 6 10/11/2002 138 285 77 835 88 578 FP 231 281 0 0 FP 7 02/12/2002 511 93 431 1339 79 595 FP 564 1063 FP FP FP 8 02/01/2003 1036 229 609 1670 111 610 315 714 1313 245 FP FP 9 04/02/2003 Problemas no equipamento FP FP 10 12/03/2003 895 192 841 5410 402 583 399 858 1547 76 FP FP 11 05/04/2003 922 219 912 7452 429 578 427 907 1563 17 FP FP 12 20/05/2003 922 239 912 7371 429 589 441 907 1547 -3 FP FP

Figura 2.28 – Equipamentos utilizados para realizar as leituras nos pilares (SOARES, 2004)

O cálculo no CAD/TQS foi feito considerando-se apenas as cargas da superestrutura (peso

próprio). Foram considerados todos os carregamentos dos elementos estruturais existentes

(pilar, viga e lajes). Não foram consideradas cargas acidentais e outras cargas como, por

exemplo, vento, uma vez que as alvenarias não tinham sido construídas na época das

medições apenas a superestrutura foi feita. Para fins de comparação a Tabela 2.6 apresenta os

resultados das cargas dos pilares que obtiveram leituras aceitáveis comparando as cargas

medidas na obra e as calculadas no CAD/TQS e também a relação entre esses valores

(v)0H vHG!⁄ V que apresentou uma média de 0,08, excluindo apenas os três valores que

Page 67: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

51

ocorreram problemas na medição. A Figura 2.29 mostra o gráfico de comparação dos

resultados obtidos onde a carga de projeto apresentou valor superior em média de 7580 kN.

Tabela 2.6 – Resultados encontrados das cargas experimentais e de projeto (SOARES, 2004)

Pilar Fexp (kN) Fproj (kN) Fexp/Fproj

P24 922 10516 0,09

P26 239 11149 0,02

P27 912 11661 0,08

P28 7371 10638 0,69

P45 429 10787 0,04

P46 589 6360 0,09

P47 441 6691 0,07

P48 907 12188 0,07

P68a 1547 1581 0,98

Média 0,08

Figura 2.29 – Gráfico comparativo das cargas medidas com as cargas calculadas no CAD/TQS

Page 68: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

52

2.4 TRABALHOS REALIZADOS EM LABORATÓRIO

2.4.1 Oliveira (2004)

Um dos principais objetivos da pesquisa de OLIVEIRA (2004), era obter informações sobre o

comportamento de pilares submetidos à compressão centrada moldados com concreto de

resistência média à compressão de 40 MPa. Os resultados obtidos experimentalmente foram

comparados com os obtidos por meio da análise numérica.

O programa experimental constou de 16 pilares, sendo quatro com dimensões da seção

transversal de 200 mm × 200 mm e altura de 1200 mm (série P1) e doze com dimensões da

seção transversal de 150 mm × 300 mm e altura de 900 mm (séries P2, P3 e P4). As

dimensões dos modelos foram estabelecidas para que os mesmos pudessem ser calculados de

modo simplificado, ou seja, sem a consideração dos efeitos de segunda ordem, com força

suposta centrada. A NBR 6118 (ABNT, 2003), considerando que não há escorregamento

relativo entre as extremidades dos pilares e as prensas da máquina de ensaio, define que o

comprimento de flambagem (ℓe) dos modelos é igual à altura dos mesmos. A Tabela 2.7

apresenta as características geométricas dos pilares.

Tabela 2.7 – Propriedade geométrica dos pilares ensaiados por OLIVEIRA (2004)

Modelo b

(mm)

h

(mm)

Armadura transversal Armadura longitudinal

Øt (mm)

s (mm)

ρw (%)

Número de

barras

Øℓ (mm)

ρℓ (%)

P1-10,0-120 200 200 5,0 120 0,198 4 10,0 0,79

P1-12,5-200 150 300 6,3 200 0,189 4 12,5 1,23

P1-12,5-150 150 300 6,3 150 0,252 4 12,5 1,23

P1-12,5-100 150 300 6,3 100 0,378 4 12,5 1,23

P2-10,0-120 200 200 5,0 120 0,172 6 10,0 1,05

P2-12,5-150 150 300 6,3 150 0,219 6 12,5 1,64

P2-12,5-100 150 300 6,3 100 0,328 6 12,5 1,64

P2-12,5-075 150 300 6,3 75 0,438 6 12,5 1,64

P3-10,0-120 200 200 5,0 120 0,215 6 10,0 1,05

P3-12,5-150 150 300 6,3 150 0,274 6 12,5 1,64

P3-12,5-100 150 300 6,3 100 0,412 6 12,5 1,64

P3-12,5-075 150 300 6,3 75 0,549 6 12,5 1,64

P4-10,0-120 200 200 5,0 120 0,259 6 10,0 1,05

P4-12,5-150 45,0 38,8 6,3 150 0,330 6 12,5 1,64

P4-12,5-100 43,4 40,8 6,3 100 0,495 6 12,5 1,64

P4-12,5-075 42,5 40,9 6,3 75 0,660 6 12,5 1,64

Page 69: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

53

Junto às extremidades dos pilares foram dispostas armaduras de fretagem compostas por seis

estribos com diâmetro de 6,3 mm, espaçados de 2,5 cm, e com configuração idêntica aos

estribos do trecho central do pilar. A definição dos modelos feitas por OLIVEIRA (2004)

levou em consideração a resistência à compressão do concreto aos 14 dias de idade, as

dimensões dos pilares e os diâmetros nominais das armaduras utilizadas e o detalhamento

dessas armaduras. A Figura 2.30 mostra o detalhamento do pilar P1-10,0-120.

Figura 2.30 – Detalhamento da armadura do pilar P1-10,0-120 (OLIVEIRA, 2004)

A instrumentação da barras para realizar a medição das deformações nas armaduras dos

pilares ensaiados por OLIVEIRA (2004) foi feita por meio de extensômetros elétricos de

resistência fixados nas barras longitudinais e transversais, na seção média dos modelos. Para a

medição das deformações, foram utilizados LVDTs (Linear Variable Displacement

Transducers). A Figura 2.31 apresenta os desenhos das barras instrumentadas dos pilares de

Page 70: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

54

seção quadrada e retangular e a esquematização em 3D dos pilares mostrando a

instrumentação completa de um pilar da série P1 e de um pilar da série P4. Todas as

armaduras foram ligadas em canais diferentes no sistema de aquisição de dados, assim, tanto

os transdutores quanto as armaduras receberam a numeração a partir de 1.

Figura 2.31 – Localização dos extensômetros nos estribos dos pilares e Instrumentação empregada nas

armaduras longitudinais e transversais dos pilares (OLIVEIRA, 2004 figura adaptada)

Através da Equação 2.51 e considerando o valor da resistência do concreto no pilar o autor

calculou as forças últimas previstas para os modelos.

vF)G ,H&/ · T- -V 8 · - Equação 2.51

A Tabela 2.8 apresenta os valores das forças últimas teóricas calculadas com os três critérios

escolhidos pelo autor, onde esses valores foram comparados aos valores das forças últimas

experimentais utilizando os dados de resistência do concreto, resistência do aço e demais

dados. Os critérios são os seguintes.

⇒ adotando o valor de k2 igual a 0,95 como sugere FUSCO (1989);

Page 71: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

55

⇒ adotando os valores de k2 calculados com a relação entre as resistências à compressão

do concreto medidas nos prismas de concreto simples e nos corpos-de-prova

cilíndricos;

⇒ adotando os valores de k2 calculados com base nos valores sugeridos pela NS 3473 E

(1992).

Tabela 2.8 – Previsão das Forças últimas dos pilares encontradas por OLIVEIRA (2004)

Modelo

k2

Fusco

(1989)

Fteo (kN)

Fusco

(1989)

k2

Deste autor

Fteo (kN)

Deste autor

k2

NS 3473E

(1992)

Fteo

NS 3473E

(1992)

Fexp

P1-10,0-120 0,95 1941,12 0,871 1794,89 0,824 1709,09 1732,4

P1-12,0-200 0,95 2230,48 0,892 2110,73 0,825 1973,51 1810,6

P1-12,0-150 0,95 2230,91 0,874 2074,46 0,825 1973,82 1939,1

P1-12,0-100 0,95 2129,00 0,963 2154,40 0,833 1899,51 1880,1

P2-10,0-120 0,95 2008,44 0,880 1881,20 0,826 1782,39 2022,7

P2-12,5-150 0,95 2302,45 0,917 2237,18 0,829 2061,56 2335,1

P2-12,5-100 0,95 2225,50 0,937 2201,11 0,835 2005,20 1985,5

P2-12,5-075 0,95 2220,87 0,981 2279,97 0,835 2001,80 2099,0

P3-10,0-120 0,95 2008,44 0,891 1901,48 0,826 1782,39 2054,6

P3-12,5-150 0,95 2302,45 0,862 2127,63 0,829 2061,56 2266,5

P3-12,5-100 0,95 2235,17 0,940 2215,72 0,834 2012,31 2283,2

P3-12,5-075 0,95 2199,01 0,962 2221,61 0,837 1985,69 2159,3

P4-10,0-120 0,95 2008,44 0,891 1901,48 0,826 1782,39 1951,9

P4-12,5-150 0,95 2302,45 0,862 2127,63 0,829 2061,56 2295,7

P4-12,5-100 0,95 2235,17 0,940 2215,72 0,834 2012,31 2084,9

P4-12,5-075 0,95 2199,01 0,962 2221,61 0,837 1985,69 2042,4

Médias 0,95 0,91 0,83

As conclusões de OLIVEIRA (2004) foram que os valores de k2 sugerido por FUSCO (1989)

apresentaram os piores resultados, ficando em média 6% acima dos valores experimentais.

Com o valor de k2 obtido pela relação entre a resistência medida nos prismas de concreto

simples e a resistência medida nos corpos-de-prova cilíndricos, os valores das forças últimas

teóricas ficaram, em média, 2,6% acima dos valores experimentais, ou seja, foram os que

mais se aproximaram, em média, dos valores experimentais.

Page 72: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

56

2.4.2 Lima (1997)

Os modelos ensaiados à flexão composta por LIMA (1997) foram 5 séries cada uma com 2

pilares. As características mecânicas dos concretos de cada modelo foram determinadas em

ensaios de corpos-de-prova cilíndricos de 100 mm x 200 mm. De acordo CARRASQUILLO

et al. (1981) apud LIMA (1997) ensaios de concreto com corpos-de-prova 100 mm x 200 mm,

superestimam os resultados de resistência do concreto, logo foi determinado pelo autor uma

redução de 0,95·fc proposto por METHA et al. (1994).

A Tabela 2.9 apresenta as características geométricas e mecânicas dos pilares identificando-se

as diferenças entre os modelos ensaiados. Na Figura 2.32 observa-se o esquema estático dos

ensaios e a instrumentação utilizada. As seções transversais foram retangulares de 150 mm x

300 mm e de 120 mm x 300 mm com alturas de 1740 mm e 2470 mm, respectivamente.

Tabela 2.9 – Características geométricas dos pilares ensaiados por LIMA (1997)

Pilar b (mm)

h (mm)

llll

(mm) Ac

(mm²) Arm. longit.

As (mm²)

ρllll (%)

fy

(MPa) ρw

(%) estribo

e (mm)

P5/1 300 150 1.740 45.000 8Ø12,5 1.016 2,26 543,3 2,52 6,3c5 15

P5/2 300 150 1.740 45.000 8Ø12,5 1.016 2,26 543,3 2,52 6,3c5 15

P6/1 300 150 1.740 45.000 8Ø16 1.554 3,45 710,5 2,52 6,3c5 15

P6/2 300 150 1.740 45.000 8Ø16 1.554 3,45 710,5 2,52 6,3c5 15

P7/1 300 150 1.740 45.000 8Ø10 569 1,26 681,2 1,8 6,3c7,5 15

P7/2 300 150 1.740 45.000 8Ø10 569 1,26 681,2 1,8 6,3c7,5 15

P8/1 300 150 1.740 45.000 8Ø10 569 1,26 681,7 1,8 6,3c7,5 25

P8/2 300 150 1.740 45.000 8Ø10 569 1,26 681,2 1,8 6,3c7,5 25

P9/1 300 120 2.470 36.000 8Ø10 603 1,67 676,4 2,73 6,3c6 30

P9/2 300 120 2.470 36.000 8Ø10 603 1,67 676,4 1,32 6,3c12 30

Page 73: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

57

Figura 2.32 – Instrumentação empregada nas armaduras longitudinais e transversais dos pilares

ensaiados à flexão normal por LIMA (1997)

Os modelos foram moldados horizontalmente para possibilitar as excentricidades das ações, e

também pelo fato da necessidade de armaduras adicionais de confinamento na base e no topo.

Os ensaios se desenvolveram com acompanhamento de deformações e de deslocamentos no

monitor do sistema de aquisição de dados, sendo observada coerência nas leituras. A partir

dos valores médios das deformações lidas nas faces dos pilares, utilizando extensômetro

elétricos, foram calculadas as variações da deformação na seção transversal (situação a)

através da Equação 2.52.

Page 74: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

58

T0V 9 · s 8 Equação 2.52

onde,

x : altura da linha neutra conforme indicado na Figura 2.24;

: deformação média na face mais comprimida, em valor absoluto;

: deformação média na face menos comprimida, em valor absoluto;

h : altura da seção transversal, em metro.

Em outra situação (b) o autor considerou apenas as medições feitas nas armaduras, admitindo

serem mais confiáveis que as medições no concreto, de posse das deformações médias das

armaduras determinam-se a variação da deformação ao longo da seção através da Equação

2.53.

T0V $ $f · s 8 · $ · $f$ $f

Equação 2.53

onde,

x : altura da linha neutra conforme indicado na Figura 2.24;

: deformação média na armadura mais comprimida, em valor absoluto;

: deformação média na armadura menos comprimida, em valor absoluto;

d : altura útil da seção transversal, em metro.

d’ : altura da seção transversal menos a altura útil, em metro.

Page 75: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

59

Para obter o esforço normal resistente teórico e o respectivo momento fletor, o autor utilizou a

variação das deformações ao longo da seção transversal, relacionou com o gráfico tensão x

deformação do concreto, e estabeleceu a variação da tensão normal ao longo da altura da

seção, de posse das Equações 2.54 e 2.55.

I · $- 8 w -&&· & Equação 2.54

? · s · $- 8 w -&&· & · s& Equação 2.55

A Figura 2.33 apresenta as hipóteses admitidas por LIMA (1997) para a distribuição das

deformações e das tensões nos pilares ensaiados e submetidos à compressão excêntrica com a

força aplicada ao longo do eixo paralelo à menor dimensão.

Figura 2.33 – Hipótese de distribuição de deformações e de tensões em pilares proposta por LIMA

(1997)

A Tabela 2.10 apresenta os resultados obtidos por LIMA (1997) através da proposta de

relação tensão-deformação do concreto nas situações a (1) e b (2). A tabela também mostra a

relação entre Fexp e o Fteo nos dois casos e na ultima linha da tabela são apresentas as médias

dos valores obtidos.

Page 76: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

60

Tabela 2.10 – Análise dos esforços resistentes para a relação proposta por LIMA (1997)

Pilar Fexp

(kN)

M exp

(kN.cm)

Fteo,a

(kN)

M teo,a

(kN.cm)

Fexp/

Fteo,1

M exp/

M teo,1

Fteo,b

(kN)

M teo,b

(kN.cm)

Fexp/

Fteo,2

M exp/

M teo,2

P5/1 2842 4263 2818 2106 1,01 2,02 3197 2239 0,89 1,90 P5/2 2806 4209 2790 1993 1,01 2,11 3008 2787 0,93 1,51 P6/1 3227 4840 2842 2293 1,13 2,11 3383 2158 0,95 2,24 P6/2 3218 4827 3452 2287 0,93 2,11 3688 2917 0,87 1,65 P7/1 3012 4518 2837 1374 1,06 3,28 3110 1585 0,97 2,85 P7/2 3118 4677 3772 1335 0,84 3,12 3672 1785 0,85 2,62 P8/1 3252 8130 3127 1896 1,04 4,29 3251 2456 1,00 3,31 P8/2 3250 8125 3414 1856 0,95 4,37 3619 1506 0,90 5,39 P9/1 2388 7164 2263 1920 1,05 3,73 2513 2875 0,95 2,49 P9/2 2143 6438 2428 1891 1,01 3,40 2115 2287 1,01 2,81 1,01 0,94

Os resultados das forças experimentais e teóricas se aproximaram bastante nos casos das

deformações medidas durante os ensaios da situação “a” do que em relação à situação “b”,

onde as deformações no concreto foram calculadas a partir das deformações medidas nas

barras de aço. Os valores das relações Fexp / Fteo para as duas situações de etapas de aplicação

de forças e para as duas situações de deformações, foram tais que, para a hipótese “b” de

consideração de deformações, os valores resultaram menores que quando se consideraram as

hipóteses na situação “a”. Isto mostra que houve consistência na determinação experimental

das deformações nas barras da armadura e no concreto nas faces externas dos pilares.

Page 77: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

61

3. PROGRAMA EXPERIMENTAL

3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

No projeto estrutural de edifícios altos é extremamente importante uma correta avaliação da

resposta estrutural, considerando-se os efeitos não-lineares decorrentes da geometria da

estrutura e da características do material na análise estrutural. De fato, os deslocamentos e

esforços da estrutura são determinados pelo carregamento, pelos efeitos decorrentes da

mudança de posição da estrutura no espaço – não-linearidade geométrica – e pelo

comportamento não-linear do concreto armado – não-linearidade física. Com o avanço da

tecnologia e da informática, os conceitos da não-linearidade têm sido utilizados nos cálculos

de estruturas mais arrojadas, no entanto, a verificação experimental dessas análises faz com

que possa aplicar com segurança a análise não-linear.

Neste capítulo, são apresentados os procedimentos da parte experimental da pesquisa como a

metodologia aplicada para a instrumentação dos pilares no edifício, os equipamentos

utilizados e as características dos pilares escolhidos.

3.2 CARACTERÍSTICAS DO EDIFÍCIO

O edifício monitorado é atualmente considerado o mais alto na cidade de Belém e o segundo

mais alto das regiões Norte e Nordeste, sendo do tipo residencial e possuindo 1 térreo, 2

níveis de mezanino, 1 nível de área de lazer, 34 pavimentos-tipo, 2 níveis de duplex e 1 ático

(máquinas e barrilete), comportando um total de 41 pavimentos. Os pavimentos apresentam

área de 308 m² com 20 pilares, e as lajes são nervuradas com faixas protendidas, com altura

de 170 mm. Os pavimentos-tipo têm 3.070 mm de pé direito e a altura total do edifício é de

129 metros. Ao lado do edifício monitorado encontra-se outro edifício com as mesmas

características estruturais. A Figura 3.1 mostra os edifícios no estágio final da estrutura e

alvenarias externas e internas.

Page 78: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

62

Figura 3.1 – Edifício monitorado (esquerda)

3.3 CARACTERÍSTICAS DOS PILARES

Os pilares foram selecionados após a realização da pré-análise estrutural do edifício,

verificando-se fatores julgados relevantes como a maior solicitação normal e as geometrias

mais simples. Os pilares escolhidos foram: P9, P10, P12, P13, P14, P15 e P16, totalizando 7

pilares, sendo que o P9 é igual ao P10, o P12 é igual ao P13 e o P14 é igual ao P15. A Tabela

3.1 informa as principais características dos pilares sendo Ac a área de concreto da seção

transversal dos pilares e As o somatório das seções transversais das barras de aço

longitudinais. A Figura 3.2 mostra a planta baixa do pavimento tipo indicando os pilares

monitorados e a Figura 3.3 mostra o prédio monitorado com o revestimento externo e interno

concluído.

As armaduras dos pilares foram definidas pelo projetista estrutural com armaduras

longitudinais de 25 mm de diâmetro e estribos de 5 mm de diâmetro, espaçados à 150 mm.

Todos os pilares apresentaram ganchos com objetivo de evitar a flexão lateral dos estribos e,

consequentemente, a flambagem das barras longitudinais. O concreto utilizado para a

superestrutura foi usinado, cujo valor para a resistência foi especificado em 35 MPa.

Page 79: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

63

As Figuras 3.4, 3.5, 3.6 e 3.7 apresentam o detalhamento das armaduras dos pilares

monitorados, igualando os simétricos com a mesma configuração de armadura.

Tabela 3.1 – Características dos pilares monitorados

Pilar Seção Ac

Armadura Longitudinal As

λ (mm) (mm) (mm²) (und) ø(mm) (mm²)

P9 400 1.100 440.000 36

25

17.671 23 P10 400 1.100 440.000 36 17.671 23 P12 350 1.300 455.000 18 8.835 26 P13 350 1.300 455.000 18 8.835 26 P14 350 1.200 420.000 38 18.653 26 P15 350 1.200 420.000 38 18.653 26 P16 350 2.500 875.000 60 29.452 26

Figura 3.2 – Planta baixa do pavimento-tipo indicando os pilares monitorados

Page 80: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

64

Figura 3.3 – Edifício com revestimento externo e interno concluído (esquerda)

Page 81: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

65

Figura 3.4 – Armação dos pilares P9 e P10

Page 82: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

66

Figura 3.5 – Armação dos pilares P12 e P13

Page 83: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

Figura

Figura 3.6 – Armação dos pilares P14 e P15

67

Page 84: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

68

Figura 3.7 – Armação do pilar P16

Page 85: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

69

3.4 INSTRUMENTAÇÃO DOS PILARES

Os pilares escolhidos foram monitorados ainda em fase de execução do prédio, e como os

pilares em geral trabalham sob estados uniaxiais de tensão, a técnica empregada no

monitoramento consistiu basicamente do posicionamento de barras curtas adicionais

instrumentadas e inseridas nas armaduras existentes, no pavimento mezanino I. As barras de

600 mm de comprimento e 12,5 mm de diâmetro foram instrumentadas com um extensômetro

elétrico de resistência da marca Kyowa (Kyowa Eletronic Instruments Co. Ltd), modelo KFG-

5-120-C1-11, e posteriormente posicionadas nas armaduras, antes da concretagem, nas 3 faces

dos pilares e em dois níveis, de modo que o primeiro extensômetro ficasse a 1.200 mm da

superfície superior da laje inferior e a segunda a 2.200 mm, distando 1.000 mm entre as

leituras. A Figura 3.8 mostra o detalhe da instrumentação nas barras.

Figura 3.8 – Detalhe das barras instrumentadas

Locada a posição do extensômetro na barra, preparou-se a superfície com o auxilio de um

lima fina para retirar saliências e óxidos encontrados nos aços, e em seguida foi realizada uma

limpeza com álcool para retirar todo resíduo de pó e óleo evitando assim falhas na leitura.

Page 86: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

70

Após a preparação da superfície, o extensômetro foi fixado em fita adesiva para facilitar a

movimentação do mesmo no processo de colagem. O adesivo foi colocado em pequena

quantidade no extensômetro, e em seguida fixado no aço com uma pressão durante 30

segundos de forma a eliminar o excesso de adesivo e bolhas de ar. Com a colagem realizada, a

fita adesiva foi retirada e o extensômetro foi protegido com uma camada de araudite e fita

isolante de alta-fusão após soldar o fio elétrico ao extensômetro e verificar com o multímetro

possíveis problemas devido ao manuseio e colagem dos materiais.

Os extensômetros elétricos utilizados possuem resistência de 120 ± 2 Ω e foram ligados em ¼

de ponte onde esta configuração responde às deformações devido à carga axial e de flexão que

agem na barra. As posições dos níveis para a realização das leituras foram escolhidas visando

encontrar a deformação média das leituras obtidas nas faces da parte superior e inferior do

pilar. A Figura 3.9 mostra o posicionamento das barras nos pilares sendo que as barras

superiores foram denominadas de AS, AS1 e BS, e as inferiores AI, AI1 e BI. Como o

monitoramento foi realizado nas duas faces menores (tipo A) diferenciou-se acrescentando o

número 1 em apenas uma face, esta nomenclatura não foi necessário na face maior (tipo B)

devido apenas uma ter sido monitorada. As Figuras 3.10, 3.11 e 3.12 mostram a

instrumentação dos pilares até a concretagem.

Figura 3.9 – Posição e nomenclatura das barras instrumentadas nos pilares

Page 87: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

71

Figura 3.10 – Inserção das barras instrumentadas nos pilares

Page 88: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

72

Figura 3.11 – Barras posicionadas nos pilares

Page 89: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

73

Figura 3.12 – Concretagem dos pilares com as barras posicionadas

Page 90: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

74

3.5 SISTEMA DE MONITORAMENTO

Os pilares são peças alongadas em que predominam força normal de compressão, a maior

parte da força é absorvida pelo concreto, servindo as armaduras para auxiliar na resistência e

atender a inevitáveis excentricidades de força axial. As peças comprimidas, com esbeltez

elevada, estão, ainda, sujeitas a efeitos de segunda ordem, que é a instabilidade decorrente de

deslocamento transversal do eixo do elemento.

Há certa complexidade em prever o comportamento de pilares em edifícios altos, devido ao

carregamento elevado, pois nessa situação as fissuras mudam o centróide da seção, originando

excentricidades. Além de que, esses elementos sofrem ações externas como o vento, e são

constituídos de materiais diferentes, aço e concreto, onde este último apresenta micro fissuras

que afetam a resistência dos pilares. A maioria das normas reconhece isso e, tenta obter

resultados mais próximos da realidade. Porém, examinando as diferenças em desempenho de

pilares de concreto, é válido aprimorar o estudo desses elementos.

Para prever a carga que chega aos pilares foi realizada uma análise experimental através da

instrumentação desses elementos antes da realização da concretagem, verificando as cargas

que chegam aos pilares com o apoio de um equipamento de leitura de deformações

denominado Spider8, da Hottinger Baldwin Messtechnik, compatível com o software Catman,

devidamente calibrado, com o auxilio de um Notebook, verificando o aterramento do

equipamento.

A primeira leitura foi a de referência para obter o zero de cada leitura por barra e ocorreu

depois da desforma dos pilares, a segunda foi após a concretagem do piso do primeiro

pavimento-tipo e, a partir desta leitura, a seqüência das medições ocorreu a cada pavimento

concretado. Após a leitura realizada com o piso do 7º pavimento-tipo as leituras ocorreram

esporadicamente com a concretagem do 10º, 19º, 27º, 29º, 2º nível de duplex, cobertura e

reservatório. A Tabela 3.2 informa as datas das medições, o número de lajes concretadas e

seus níveis. As Figuras, 3.13 e 3.14 mostram a realização das leituras no edifício e o esquema

do sistema de monitoramento, respectivamente.

Page 91: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

75

Tabela 3.2 – Cronograma do monitoramento

Data das leituras

Laje concretada

Nível

11/09/2006 4º Laje Lazer

20/09/2006 5º Laje 1º Pav. tipo

28/09/2006 6º Laje 2º Pav. tipo

06/10/2006 7º Laje 3º Pav. tipo

17/10/2006 8º Laje 4º Pav. tipo

25/10/2006 9º Laje 5º Pav. tipo

03/11/2006 10º Laje 6º Pav. tipo

10/11/2006 11º Laje 7º Pav. tipo

15/12/2006 14º Laje 10º Pav. tipo

06/03/2007 23º Laje 19º Pav. tipo

04/06/2007 31º Laje 27º Pav. tipo

26/06/2007 33º Laje 29º Pav. tipo

02/10/2007 40º Laje 2º Duplex

14/11/2007 41º Laje Cobertura

15/01/2008 43º Laje Tampa da caixa d’água

Figura 3.13 – Realização de medição no edifício

Page 92: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

76

Figura 3.14 – Esquema do sistema de monitoramento dos pilares na obra

A Figura 3.15 mostra os pilares instrumentados e concretados prontos para a realização do

monitoramento e a Figura 3.16 é a caixa d’água concluída possibilitando a realização da

última leitura no edifício. A Figura 3.17 ilustra o corte do edifício indicando o nível em que

foram inseridas as barras instrumentadas nos pilares para o monitoramento após o edifício

pronto.

Page 93: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

77

Figura 3.15 – Pilares instrumentados e concretados

Figura 3.16 – Caixa d’água concluída

Page 94: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

78

Figura 3.17 – Corte do edifício mostrando o nível monitorado

Page 95: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

79

4. ANÁLISE NUMÉRICA

4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Neste capítulo são analisadas as modelagens numéricas do edifício em questão, através do

software comercial CAD/TQS V13, que considera as recomendações normativas da NBR

6118 (ABNT, 2003) e o programa de elementos finitos SAP2000, que constituem o método

mais utilizado de análise numérica, uma vez que é uma ferramenta capaz de simular

variedades de tipos de estruturas. De posse dessas modelagens, o objetivo da análise numérica

para essa pesquisa, é verificar os esforços solicitantes que teoricamente atuam nos pilares e

compará-los aos observados no monitoramento do edifício.

De acordo FERREIRA e OLIVEIRA (2005), a mudança do processo de cálculo dos pilares é

um grande avanço presente nas recomendações da NBR 6118 (ABNT, 2003), tornando este

processo mais rigoroso em relação à durabilidade e gerando pilares com quantidade de aço

satisfatória e menor que sua versão anterior utilizando os programas computacionais.

4.2 MODELAGEM CAD/TQS

Para a simulação dos elementos estruturais utilizando o CAD/TQS, fixou-se em atender a

geometria do projeto, visto que o programa possui ferramentas precisas no lançamento da

estrutura, não foi necessário alterar as seções das lajes nervuradas com 170 mm de altura total,

sendo 50 mm de capa, as vigas de 700 mm de altura máxima e pilares de geométrica irregular.

As vigas com faixas protendidas, existente no projeto estrutural original do edifício, não

foram consideradas na modelagem, devido algumas limitações do programa ao empregar a

protensão, o que impossibilitou esse arranjo.

Alguns critérios foram estabelecidos para a modelagem, como a ação do vento (31 m/s),

classe de agressividade II (ambiente urbano), diâmetro máximo do agregado graúdo (19 mm)

e do vibrador (35 mm). A resistência característica utilizada pelo projetista foi de 35 MPa e o

modelo estrutural utilizado na análise do edifício foi o de pórtico espacial com nós

deslocáveis admitindo a não-linearidade da estrutura e dos materiais.

Page 96: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

80

Na avaliação da estabilidade global de uma estrutura, é muito importante considerar os efeitos

da não-linearidade física presente em edifícios de concreto, o sistema CAD/TQS realiza esse

processo de forma aproximada através da simples redução de rigidezes dos pilares e das vigas

de acordo o item 15.7.3 da NBR 6118 (ABNT, 2003). O CAD/TQS considera a interação

solo-estrutura (análise considerando apoios deslocáveis), porém neste trabalho não foi

possível tal análise devido a falta de integração dos projetos estrutural e geotécnico.

As cargas apresentadas neste trabalho, obtidas utilizando o programa CAD/TQS, foram

apenas do peso próprio da estrutura completa com alvenaria externa e interna sem reboco,

para a correta comparação dos valores obtidos, com a última leitura realizada, ocorrida logo

após a conclusão da caixa d’água.

Ao analisar um pórtico através do CAD/TQS, são gerados automaticamente os casos de

carregamentos de 1 a 9 apresentados na Tabela 4.1. Para a obtenção das cargas para essa

análise apenas utilizou-se as ações verticais dos casos 2 e 3 combinando com os casos 6, 7, 8

e 9 que representam as ações horizontais. Como o vento não foi medido durante as leituras, os

casos assumidos que mais se aproximaram do experimental foram os 6 e 8. As Figuras, 4.1 e

4.2, mostram as vistas do edifício e a perspectiva do pavimento-tipo modelado,

respectivamente. A Figura 4.3 mostra a forma do pavimento-tipo obtida através do programa

CAD/TQS, observando que para a simulação da escada, apenas foi lançada a laje L1 de 100 m

de espessura, igualando à técnica utilizada no projeto original.

Tabela 4.1 – Tipos de combinações de cargas

Caso 1 C1 Cargas verticais acumuladas (pp+g+q)

Caso 2 C2 Peso próprio pp

Caso 3 C3 Cargas permanentes g

Caso 4 C4 Cargas variáveis q

Caso 5 C5 Cargas variáveis com redução das cargas acumuladas piso à

piso devido simultaneidade de atuação destas cargas qr

Caso 6 C6 Vento frontal à 90º V1

Caso 7 C7 Vento frontal à 270º V2

Caso 8 C8 Vento lateral à 0º V3

Caso 9 C9 Vento lateral à 180º V4

Page 97: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

81

Figura 4.1 – Vistas do edifício monitorado no CAD/TQS V13

Figura 4.2 – Perspectiva do pavimento-tipo modelado no CAD/TQS V13

Page 98: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

82

Figura 4.3 – Forma do pavimento-tipo

4.3 MODELAGEM SAP2000

Para se obter melhores conclusões para essa dissertação, também se modelou o edifício

utilizando o programa SAP2000 com o objetivo de verificar a distribuição dos esforços na

estrutura baseado no MEF para comparação dos resultados obtidos experimentalmente.

Inicialmente modelou-se o pavimento térreo obedecendo criteriosamente as dimensões das

lajes, vigas e pilares definidas pelo projetista e posteriormente multiplicou-se o pavimento 42

vezes para atingir a altura real do prédio, em seguida foram realizadas as devidas

Page 99: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

83

modificações para cada andar, uma vez que o edifício possui 8 pavimentos-tipo diferentes. O

projetista adotou lajes nervuradas devido serem mais leves e apresentarem menor rigidez,

porém para simplificar a modelagem no SAP2000, visto que o objetivo é analisar o

comportamento dos pilares, adotaram-se lajes maciças equivalentes em peso às lajes

nervuradas adotadas pelo projetista, resultando em uma altura de 100 mm. Também foi

considerada a isotropia nas lajes que não condiz com a realidade, pois as lajes reais são

unidirecionais.

Os pilares de seções irregulares foram desenhados no programa com auxílio de coordenadas,

evitando diferenças em relação ao projeto original como momentos de inércia e peso próprio

da estrutura. Para simular cada pilar foi utilizado um elemento frame na posição do centro de

gravidade unindo às vigas por uma barra de rigidez superior. Os pilares foram apoiados em

apoios de 2º gênero para simular as fundações, o que corresponde a bloquear os graus de

liberdade de translação no eixo perpendicular ao plano xy.

Apenas as cargas permanentes foram lançadas na estrutura por serem satisfatoriamente

conhecidas e o objetivo das análises serem de simular o comportamento real da estrutura sem

a utilização das combinações. O lançamento do vento na estrutura foi idealizado, uma vez que

não atua continuamente na estrutura e não foi possível medi-lo durante a realização das

leituras. A Figura 4.4 mostra o pavimento-tipo modelado no SAP2000.

As vigas e os pilares foram modelados em frame totalizando 22.091 elementos e as lajes

foram modelados em Shell totalizando 40.978 elementos. O módulo de elasticidade utilizado

foi o obtido experimentalmente com os corpos de prova da obra igual a 35,8 GPa. O elemento

concreto assumiu características de material homogêneo e isotrópico, considerando-se o seu

comportamento elástico-linear, uma vez que a consideração da não-linearidade física por este

programa seria inviável neste trabalho. O coeficiente de Poisson utilizado nesta análise foi

igual a 0,2. Para obter os resultados das cargas nos pilares, admitiu-se análise não-linear

geométrica para melhor simular o edifício que é considerado alto. A Figura 4.5 é a

modelagem do edifício em 3D.

Page 100: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

84

Figura 4.4 – Modelagem do pavimento-tipo

Page 101: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

85

Figura 4.5 – Modelagem do edifício do térreo até a caixa d’água

Page 102: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

86

5. RESULTADOS

5.1 MATERIAIS

5.1.1 Concreto

Os ensaios para a determinação da resistência à compressão do concreto foram realizados de

acordo a NBR 5739 (ABNT, 1994), utilizando 3 corpos-de-prova cilíndricos com dimensões

(100 x 200) mm sob compressão axial, moldados na obra durante a concretagem dos pilares

do mezanino I. Para a determinação do módulo de elasticidade do concreto também foram

confeccionados 3 corpos-de-prova cilíndricos com dimensões (100 x 200) mm e

instrumentados com extensômetros elétricos para registro das deformações com maior

precisão. Os resultados obtidos para a resistência média à compressão foi de 34,1 MPa e o

módulo de elasticidade médio foi de 35,8 GPa aos 28 dias de idade. A curva característica do

concreto foi adquirida de posse dos valores das tensões e suas respectivas deformações a

partir dos ensaios de corpos de prova instrumentados com extensômetros elétricos de

resistência de acordo a NBR 8522 (ABNT, 1984). Na Figura 5.1 é mostrada a curva

característica do concreto para que assim fossem estimadas as cargas nos pilares de posse das

leituras experimentais. A Figura 5.2 mostra os corpos-de-prova instrumentados e na Figura

5.3 a realização dos ensaios.

Figura 5.1 – Curva típica do concreto a partir dos ensaios de corpos-de-prova

Page 103: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

87

Figura 5.2 – Corpos-de-prova de concreto instrumentados

Figura 5.3 – Realização dos ensaios com os corpos-de-prova

5.1.2 Aço

Com 3 amostras das barras de aço idênticas às adicionadas aos pilares, com 600 mm de

comprimento e 12,5 mm de diâmetro, realizou-se os ensaios de tração do aço de acordo com a

NBR 6152 (ABNT, 1992). A Figura 5.4 mostra os diagramas tensão-deformação para as

amostras ensaiadas, de onde se obteve a curva média para o cálculo das propriedades

Page 104: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

88

mecânicas das mesmas, e que são apresentadas na Tabela 5.1. O resultado para o módulo de

elasticidade foi admitido igual ao módulo médio das barras das armaduras.

Figura 5.4 – Diagrama tensão-deformação do aço a partir do ensaio de tração no laboratório

Tabela 5.1 – Propriedades mecânicas das barras de aço

∅ (mm) fys (MPa) εys (‰) fyu (MPa) εyu (‰) Es (GPa) 12,5 553 2,7 713 - 204,8

5.2 SOLICITAÇÕES NOS PILARES

Todos os carregamentos nos pavimentos foram considerados nos cálculos sem coeficientes de

ponderação, dentre eles: paredes internas e externas, contrapisos, peso próprio da estrutura

(com armaduras) e cargas de vento. A sobrecarga não foi acrescentada visto que o

monitoramento foi realizado sem a ocupação do edifício e sem a utilização do reservatório

superior de água.

5.2.1 Esforço normal

Para estimar os esforços normais nos pilares utilizou-se a curva característica do concreto

obtida com os ensaios de compressão axial dos corpos-de-prova, o módulo de elasticidade das

barras de aço ensaiadas e a deformação média obtida na última leitura no término da

Page 105: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

89

construção da parte estrutural. A Figura 5.5 mostra os pilares com suas respectivas

deformações, máximas e mínimas, utilizadas para o cálculo dos esforços solicitantes.

Figura 5.5 – Pilares e a média das deformações máximas e mínimas

Page 106: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

90

A verificação do esforço normal solicitante nos pilares foi calculada através da Equação 5.1.

onde,

v : força no pilar;

- : área total da seção transversal;

- : soma das áreas das barras da armadura longitudinal;

: tensão no concreto obtida através da curva característica a partir da deformação;

: tensão média atuante nas barras.

A Tabela 5.2 apresenta os valores dos esforços normais obtidos através da modelagem da

estrutura pelo programa CAD/TQS e SAP2000 e os obtidos experimentalmente através do

monitoramento dos pilares escolhidos. A Figura 5.6 mostra graficamente esses valores e

Figura 5.7 mostra a relação entre eles que não ultrapassou 25 % entre os programas de cálculo

e, experimentalmente, os valores foram razoavelmente maiores aos teóricos até 30 % com

exceção do Pilar P16 que apresentou resultado superior no TQS em relação ao experimental.

A Tabela 5.3 apresenta esses valores e suas médias numericamente.

Tabela 5.2 – Esforços normais experimentais e teóricos nos pilares

Pilar

F Proj (TQS)

F Proj (SAP)

F Exp

Mezanino I Mezanino I Mezanino I

com vento com vento (kN) (kN) (kN)

P9 8766 7105 8886 P10 5509 7006 7059 P12 5943 6211 7425 P13 7455 5371 7634 P14 8496 7167 8799 P15 8179 7181 8375 P16 18546 14830 17858

v T- -V. 8 - . Equação 5.1

Page 107: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

91

Figura 5.6 – Gráfico comparativo dos esforços normais de projeto e experimental nos pilares

Figura 5.7 – Gráfico da relação entre os resultados teóricos e experimentais dos pilares

Page 108: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

92

Tabela 5.3 – Relação entre os resultados teóricos e experimentais dos pilares

Pilar Fproj,TQS/FExp Fproj,SAP/ FExp

Fproj,TQS / Fproj,SAP

P9 0,99 0,80 1,23 P10 0,78 0,99 0,79 P12 0,80 0,84 0,96 P13 0,98 0,70 1,39 P14 0,97 0,81 1,19 P15 0,98 0,86 1,14 P16 1,04 0,83 1,25

Média 0,93 0,83 1,13

5.2.2 Momento fletor

Em cada nível de pilar monitorado foram considerados os efeitos da flexo-compressão visto

que sempre os pilares apresentam excentricidades decorrentes de vários fatores como

excentricidade das vigas e desaprumo do pilar. Os valores encontrados experimentalmente

para os momentos fletores foram relativamente baixos e foram calculados a partir do item

2.2.3.7 e apresentados na Tabela 5.4.

Tabela 5.4 – Momentos fletores experimentais e teóricos nos pilares

Pilar

Mproj,TQS (carga permanente)

Mproj,SAP (carga permanente) MExp

Mezanino I (com vento)

Mezanino I (com vento)

Mezanino I

Topo Base Topo Base Topo Base (kN.m) (kN.m) (kN.m) (kN.m) (kN.m) (kN.m)

P9 205 319 155 38 184 38 P10 226 294 50 60 643 62 P12 518 654 49 4 136 14 P13 536 637 28 97 478 279 P14 445 530 40 48 262 122 P15 346 551 9 5 59 64 P16 2.420 3.263 490 464 221 1.314

Page 109: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

93

A grande diferença entre os momentos fletores experimentais e teóricos pode ser explicada

devido a não incidência de ventos fortes no momento da realização das leituras, mas essa

situação torna-se duvidosa, pois não foi verificada a atuação de ventos no momento da

realização do monitoramento.

A Figura 5.8 mostra o gráfico comparativo dos momentos fletores experimentais e teóricos

encontrados no topo e na base dos pilares escolhidos.

Figura 5.8 – Gráfico comparativo dos momentos de projeto e experimental nos pilares

Page 110: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

94

Tabela 5.5 – Relação dos momentos fletores experimentais e teóricos no topo dos pilares

Pilar Mproj,TQS/

MExp Mproj,SAP/

MExp Mproj,TQS/ Mproj ,SAP

P9 1,11 0,84 1,32

P10 0,35 0,08 4,49

P12 3,81 0,36 10,68

P13 1,12 0,06 19,42

P14 1,70 0,15 11,10

P15 5,91 0,15 39,77

P16 10,94 2,22 4,93

Média 3,56 0,55 13,10

Tabela 5.6 – Relação dos momentos fletores experimentais e teóricos na base dos pilares

Pilar Mproj,TQS /MExp

Mproj,SAP /MExp

Mproj,TQS /Mproj ,SAP

P9 8,29 0,98 8,44 P10 4,74 0,97 4,89 P12 46,10 0,27 172,11 P13 2,28 0,35 6,57 P14 4,34 0,39 11,11 P15 8,56 0,08 103,96 P16 2,48 0,35 7,04

Média 10,97 0,48 44,87

A Figura 5.9 mostra as deformações médias utilizadas no cálculo da força nos pilares. A

deformação média encontrada experimentalmente nos pilares foi de 0,5 ‰, correspondendo a

25 % da deformação limite de 2 ‰ para compressão e 15 % para a deformação limite de 3,5

‰ recomendado para flexo-compressão.

Os momentos fletores apresentaram maiores diferenças entre os programas computacionais

CAD/TQS e SAP/2000, uma vez que o SAP se aproximou consideravelmente dos resultados

experimentais, o que não ocorreu com o CAD/TQS. Os momentos nas bases foram os que

mais apresentaram disparidades comparando-os com os momentos no topo.

Page 111: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

95

Figura 5.9 – Deformações médias dos pilares

Na Figura 5.10 mostra o gráfico das tendências das cargas à medida que se aumenta o número

de lajes, observa-se uma aproximação da inclinação nos primeiros pilares enquanto o pilar

P16 tem aumento de carga considerado concordando com estimativas de projeto. Os pilares

simétricos que mais se aproximaram foram o P14 e P15 e os que apresentaram mais

divergência foram o P9 e P10.

Figura 5.10 – Tendência das cargas com o aumento do número de lajes

As Figuras 5.11 e 5.12 mostram a evolução das deformações médias lidas nos pilares

monitorados com o aumento do número de pavimentos. As leituras eram realizadas em cada

Page 112: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

96

barra após obter-se a estabilização do valor lido, o que ocorria entre 15 e 30 minutos. A

primeira leitura foi realizada quando havia 2 lajes acima do nível que foi realizada a

instrumentação dos pilares. As leituras continuaram a cada laje executada, porém, a partir da

9º laje essa sequência não foi possível devido alguns imprevistos ocorridos na obra, mas esses

fatores não foram julgados como erros, pois se observou ótimo comportamento das leituras.

Figura 5.11 – Gráficos das deformações com o aumento do carregamento nos pilares P9, P10, P12 e

P13

Page 113: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

97

Figura 5.12 – Gráficos das deformações com o aumento do carregamento nos pilares P14, P15 e P16

Page 114: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

98

6. CONCLUSÕES

6.1 CONCLUSÃO

Como citado anteriormente este trabalho é pioneiro na região norte e não foram encontrados

outros trabalhos em outras regiões utilizando metodologia equivalente e apresentando leituras

de acordo o esperado, sem falhas na medição, entretanto, os resultados apresentados são de

origem acadêmica, servindo de base para futuros pesquisadores em busca de melhores

resultados.

6.1.1 Esforço normal

Comparando os resultados experimentais com os teóricos observou-se que a média dos

valores estimados pelo programa CAD/TQS ficou diferente em 7 % enquanto a média

apresentada pelo SAP/2000 foi de 17 %. Os pilares que mais se distanciaram dos resultados

experimentais em relação ao SAP/2000 e ao CAD/TQS foram o P13 e P10 respectivamente, e

os pilares que mais se aproximaram foram o P12 e P14. O pilar P16 foi o único caso onde o

TQS apresentou resultado maior que o experimental. Em geral, os resultados encontrados para

o esforço normal nos pilares foram satisfatórios, e se aproximaram das análises numéricas,

mostrando a eficácia da técnica empregada para o monitoramento de pilares à medida que o

nível do edifício aumenta.

O carregamento apresentado pelos pilares foi abaixo da carga final, uma vez que as

deformações lidas com a conclusão apenas da estrutura ficaram em torno de 0,5 ‰, estando

todos os pilares correspondendo bem à carga solicitante. Quanto aos cálculos do carregamento

para essa deformação, não foram considerados os efeitos de 2º ordem, pois a análise tanto

física como geométrica se aproxima de uma análise linear.

SOARES (2004) apresentou resultados para o segundo edifício em média de 0,08, com o

mesmo procedimento adotado neste trabalho, diferindo na instrumentação das barras onde a

ligação utilizada pelo autor foi a de ponte completa. Esse valor é relativamente baixo

mostrando a não eficácia das leituras por erros ocasionados na obra mencionados neste

trabalho. Isso mostra que o referente trabalho apresentou resultados satisfatórios comparados

aos de SOARES (2004), apesar de muitos imprevistos encontrados em um caso real de obra.

Page 115: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

99

6.1.2 Momento fletor

Os resultados encontrados experimentalmente para os momentos ficaram distantes dos

teóricos, os que mais se aproximaram foram os momentos apresentados pelo SAP2000. Esses

resultados já eram esperados, pois não foi medida a pressão do vento. Mesmo que tivéssemos

anemômetros disponíveis para medir a velocidade do vento, as medições teriam que ser feitas

ao longo de toda edificação e em todas as faces, o que não foi possível neste trabalho. Os

valores para os momentos fletores extraídos do CAD/TQS foram maiores que os

experimentais, devido suas combinações de norma, que considera momentos ocasionados de

rajadas de vento. Os valores do SAP2000 foram muito baixos se comparados aos

experimentais. As cargas de vento foram lançadas manualmente no SAP2000 sem

combinação, mas, de um modo geral, essas considerações ainda precisam ser melhor

analisadas.

6.1.3 Leituras

Em algumas leituras realizadas nos pilares ocorreram descompressão, isso pode ser entendido

se considerar a ação do vento no momento da leitura ocasionando tração nesta face do pilar.

Esses valores não prejudicaram os resultados uma vez que se trabalhou com uma reta de

tendência. No entanto, observou-se que as leituras realizadas logo após a concretagem de um

andar, apresentaram melhor comportamento, devido uma seqüencia nas leituras. Em geral as

leituras foram satisfatórias e seguiram a tendência esperada com o aumento do número de

pavimentos.

6.2 TRABALHOS FUTUROS

Mediante as idéias e conclusões observadas, seguem-se algumas sugestões para possíveis

trabalhos futuros:

• Executar as leituras no pilar em todas as barras ao mesmo tempo.

• Verificar a velocidade do vento no momento da realização das leituras em cada

fase do edifício.

Page 116: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

100

• Implementação nos modelos computacionais para se atingir resultados mais

próximos dos reais.

• Estudo de possíveis métodos de leitura das deformações nos pilares que não

sejam afetados por temperatura e outros fatores externos.

Page 117: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

101

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8522 – Concreto –

Determinação do módulo de deformação estática e diagrama tensão-deformação –

Método de Ensaio. Rio de Janeiro, 1984.

2. _________________________________________________. NBR 7480 – Barras e Fios

de aço destinados a armaduras para concreto armado – Especificação. Rio de Janeiro,

1996.

3. _________________________________________________. NBR 6152 – Materiais

Metálicos. Determinação das Propriedades Mecânicas à Tração. Métodos de Ensaio. Rio

de Janeiro, 1992.

4. ___________________________________________________. NBR 6118 - Projeto de

estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2003.

5. __________________________________________________. NBR 5739 – Ensaio de

compressão de corpos de prova cilíndricos de concreto. Rio de Janeiro, 1994.

6. BASTOS, P. S. S; OLIVEIRA NETO, L.. Dimensionamento de pilares de canto segundo a

NBR 6118/2003. 46º Congresso Brasileiro do Concreto. Florianópolis, 2004.

7. BASTOS, P. S. S; OLIVEIRA NETO, L.. Dimensionamento de pilares de extremidade

segundo a NBR 6118/2003. 46º Congresso Brasileiro do Concreto. Florianópolis, 2004.

8. BASTOS, P. S. S; OLIVEIRA NETO, L.. Dimensionamento de pilares intermediários

segundo a NBR 6118/2003. 46º Congresso Brasileiro do Concreto. Florianópolis, 2004.

9. BORGES, A. C. L. Análise de pilares esbeltos de concreto armado submetidos à flexo-

compressão obliqua. Dissertação (Mestrado) - Escola de Engenharia de São Carlos,

Universidade de São Paulo, São Carlos, 1999.

10. DANTAS A. B.. Estudo de Pilares de Concreto Armado Submetidos à Flexão Composta

Reta. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Tecnologia Universidade de Brasília,

Distrito Federal, 2006.

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11. FERREIRA, M. P. e OLIVEIRA, D. R. C.. Análise Quantitativa dos dimensionamentos

de um Edifício Residencial de Concreto Armado de Acordo as Recomendações

Normativas da NBR 6118:1978 e da NBR 6118:2003. 47º Congresso Brasileiro do

Concreto. Recife, 2005.

12. FUSCO, P. B.. O cálculo de concreto armado em regime de ruptura. In: SIMPÓSIO

EPUSP SOBRE ESTRUTURAS DE CONCRETO, São Paulo, 1989.

13. GLISIC B., INAUDI D., HOONG K.C., LAU J.M.. Monitoring of building columns

during construction, 5th Asia Pacific Structural Engineering & Construction Conference,

26-28 August 2003, Malaysia

14. LIMA, F. B. Pilares de concreto de alto desempenho: fundamentos e experimentação.

Tese (Doutorado) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São

Paulo, São Carlos, 1997.

15. MEHTA, P. K. e MONTEIRO, P. J. M.. Concreto: Estrutura, propriedades, e materiais.

São Paulo, PINI, 1994.

16. MEHTA, P. K. e MONTEIRO, P. J. M.. Concreto: Microestrutura, propriedades, e

materiais. 3ª ed. São Paulo, IBRACON, 2008.

17. OLIVEIRA, D. R. C. Estruturas de concreto armado (Notas de aula) – Faculdade de

Engenharia Civil, Universidade Federal do Pará, Belém, 2005.

18. OLIVEIRA, W. L. A.. Análise teórica e experimental de pilares de concreto armado sob

ação de força centrada com resistência média à compressão do concreto de 40 MPa /

Dissertação (Mestrado) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo,

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de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2005.

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21. RAMOS, R. F. Análise experimental de pilares de concreto armado sob ação centrada

com resistência do concreto de 25 MPa. Dissertação (Mestrado) - Escola de Engenharia

de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2001.

22. SCADELAI, M. A.. Dimensionamento de pilares de acordo com a NBR 6118:2003.

Dissertação (Mestrado) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo,

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23. SHAH S. P.; AHMAD, S. H.. High performance concrete and applications. London:

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24. SOARES, J. M.. Estudo Numérico Experimental da Interação Solo-Estrutura em dois

Edifícios do Distrito Federal. Tese (Doutorado) – Departamento de Engenharia Civil e

Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, Distrito Federal, 2004.

Page 120: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

104

APÊNDICE

1. LEITURAS DAS DEFORMAÇÕES NOS PILARES

1.1 Pilar P9

BARRA 11/9/2006 20/9/2006 28/9/2006 6/10/2006 17/10/2006 P9AI -0,082 -0,181 -0,164 -0,166 -0,164 P9AS -0,028 -0,051 -0,057 -0,076 -0,173 P9BI -0,044 -0,060 -0,088 -0,107 -0,131 P9BS -0,005 -0,008 -0,010 -0,011 -0,049 P9AI1 -0,074 -0,162 -0,147 -0,113 -0,222 P9AS1 -0,075 -0,088 -0,151 -0,172 -0,206

BARRA 25/10/2006 3/11/2006 10/11/2006 15/12/2006 6/3/2007 P9AI -0,184 -0,205 -0,235 -0,276 -0,401 P9AS -0,186 -0,222 -0,180 -0,226 -0,363 P9BI -0,156 -0,180 -0,236 -0,256 -0,314 P9BS -0,072 -0,087 -0,095 -0,131 -0,237 P9AI1 -0,260 -0,317 -0,321 -0,356 -0,461 P9AS1 -0,262 -0,256 -0,285 -0,299 -0,343

BARRA 4/6/2007 26/6/2007 2/10/2007 14/11/2007 15/1/2007 P9AI -0,460 -0,504 -0,631 -0,565 -0,553 P9AS -0,383 -0,391 -0,399 -0,554 -0,529 P9BI -0,392 -0,482 -0,557 -0,556 -0,473 P9BS -0,315 -0,376 -0,374 -0,437 -0,378 P9AI1 -0,489 -0,610 -0,670 -0,715 -0,575 P9AS1 -0,394 -0,498 -0,536 -0,536 -0,428

Page 121: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

105

1.2 Pilar P10

BARRA 11/9/2006 20/9/2006 28/9/2006 6/10/2006 17/10/2006 P10AI -0,058 -0,067 -0,116 -0,135 -0,163 P10AS -0,214 -0,147 -0,177 -0,002 -0,132 P10BI -0,024 -0,038 -0,048 -0,055 -0,126 P10BS -0,049 -0,084 -0,112 -0,142 -0,153 P10AI1 -0,026 -0,027 -0,028 -0,104 -0,070 P10AS1 -0,193 -0,230 -0,203 -0,171 -0,306

BARRA 25/10/2006 3/11/2006 10/11/2006 15/12/2006 6/3/2007 P10AI -0,185 -0,212 -0,240 -0,273 -0,173 P10AS -0,216 -0,251 -0,272 -0,347 -0,173 P10BI -0,162 -0,172 -0,189 -0,117 -0,101 P10BS -0,175 -0,200 -0,280 -0,150 -0,261 P10AI1 -0,089 -0,145 -0,250 -0,124 -0,247 P10AS1 -0,268 -0,277 -0,374 -0,254 -0,293

BARRA 4/6/2007 26/6/2007 2/10/2007 14/11/2007 15/1/2008 P10AI -0,203 -0,204 -0,297 -0,314 -0,404 P10AS -0,278 -0,280 -0,285 -0,265 -0,231 P10BI -0,194 -0,193 -0,276 -0,315 -0,235 P10BS -0,293 -0,344 -0,463 -0,494 -0,472 P10AI1 -0,328 -0,328 -0,357 -0,348 -0,371 P10AS1 -0,357 -0,468 -0,577 -0,583 -0,574

Page 122: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

106

1.3 Pilar P12

BARRA 11/9/2006 20/9/2006 28/9/2006 6/10/2006 17/10/2006 P12AI -0,013 -0,089 -0,150 -0,209 -0,236 P12AS -0,018 -0,053 -0,096 -0,129 -0,174 P12BI -0,032 -0,060 -0,064 -0,027 -0,153 P12BS -0,012 -0,017 -0,094 -0,016 -0,059 P12AI1 -0,033 -0,040 -0,066 -0,047 -0,203 P12AS1 -0,014 -0,035 -0,043 -0,059 -0,095

BARRA 25/10/2006 3/11/2006 10/11/2006 15/12/2006 6/3/2007 P12AI -0,265 -0,295 -0,304 -0,327 -0,397 P12AS -0,220 -0,252 -0,325 -0,346 -0,407 P12BI -0,084 -0,076 -0,253 -0,253 -0,253 P12BS -0,052 -0,045 -0,086 -0,138 -0,240 P12AI1 -0,139 -0,140 -0,307 -0,337 -0,427 P12AS1 -0,150 -0,208 -0,271 -0,259 -0,225

BARRA 4/6/2007 26/6/2007 2/10/2007 14/11/2007 15/1/2008 P12AI -0,448 -0,433 -0,462 -0,457 -0,452 P12AS -0,406 -0,411 -0,456 -0,459 -0,487 P12BI -0,322 -0,342 -0,413 -0,438 -0,433 P12BS -0,253 -0,280 -0,349 -0,360 -0,396 P12AI1 -0,359 -0,385 -0,451 -0,468 -0,445 P12AS1 -0,307 -0,323 -0,396 -0,404 -0,419

Page 123: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

107

1.4 Pilar P13

BARRA 11/9/2006 20/9/2006 28/9/2006 6/10/2006 17/10/2006 P13AI -0,119 -0,260 -0,134 -0,150 -0,267 P13AS -0,105 -0,135 -0,153 -0,171 -0,301 P13BI -0,166 -0,177 -0,216 -0,072 -0,233 P13BS -0,083 -0,191 -0,271 -0,070 -0,354 P13AI1 -0,052 -0,070 -0,105 -0,137 -0,171 P13AS1 -0,069 -0,092 -0,072 -0,086 -0,220

BARRA 25/10/2006 3/11/2006 10/11/2006 15/12/2006 6/3/2007 P13AI -0,318 -0,386 -0,403 -0,389 -0,578 P13AS -0,350 -0,406 -0,427 -0,430 -0,528 P13BI -0,252 -0,259 -0,270 -0,096 -0,243 P13BS -0,366 -0,402 -0,426 -0,443 -0,489 P13AI1 -0,231 -0,299 -0,319 -0,505 -0,362 P13AS1 -0,250 -0,289 -0,305 -0,358 -0,419

BARRA 4/6/2007 26/6/2007 2/10/2007 14/11/2007 15/1/2008 P13AI -0,533 -0,554 -0,582 -0,596 -0,565 P13AS -0,543 -0,567 -0,608 -0,594 -0,558 P13BI -0,357 -0,346 -0,455 -0,510 -0,581 P13BS -0,606 -0,585 -0,635 -0,627 -0,649 P13AI1 -0,377 -0,550 -0,492 -0,588 -0,423 P13AS1 -0,174 -0,186 -0,355 -0,400 -0,320

Page 124: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

108

1.5 Pilar P14

BARRA 11/9/2006 20/9/2006 28/9/2006 6/10/2006 17/10/2006 P14AI -0,065 -0,021 -0,035 -0,049 -0,052 P14AS -0,083 -0,124 -0,146 -0,167 -0,201 P14BI -0,037 -0,056 -0,062 -0,078 -0,152 P14BS -0,066 -0,110 -0,146 -0,178 -0,212 P14AI1 -0,123 -0,148 -0,157 -0,173 -0,143 P14AS1 -0,126 -0,149 -0,163 -0,174 -0,187

BARRA 25/10/2006 3/11/2006 10/11/2006 15/12/2006 6/3/2007 P14AI -0,063 -0,075 -0,100 -0,178 -0,278 P14AS -0,236 -0,284 -0,297 -0,325 -0,409 P14BI -0,168 -0,189 -0,199 -0,254 -0,420 P14BS -0,249 -0,285 -0,295 -0,354 -0,531 P14AI1 -0,194 -0,266 -0,287 -0,313 -0,392 P14AS1 -0,245 -0,313 -0,320 -0,354 -0,456

BARRA 4/6/2007 26/6/2007 2/10/2007 14/11/2007 15/1/2008 P14AI -0,348 -0,388 -0,454 -0,471 -0,454 P14AS -0,434 -0,483 -0,628 -0,536 -0,512 P14BI -0,353 -0,423 -0,589 -0,601 -0,600 P14BS -0,410 -0,459 -0,592 -0,596 -0,540 P14AI1 -0,388 -0,533 -0,657 -0,656 -0,515 P14AS1 -0,436 -0,494 -0,590 -0,636 -0,650

Page 125: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

109

1.6 Pilar P15

BARRA 11/9/2006 20/9/2006 28/9/2006 6/10/2006 17/10/2006 P15AI -0,124 -0,133 -0,129 -0,142 -0,198 P15AS -0,109 -0,119 -0,114 -0,128 -0,184 P15BI -0,034 -0,062 -0,068 -0,092 -0,182 P15BS -0,051 -0,071 -0,022 -0,056 -0,073 P15AI1 -0,013 -0,030 -0,027 -0,020 -0,215 P15AS1 -0,036 -0,080 -0,072 -0,066 -0,092

BARRA 25/10/2006 3/11/2006 10/11/2006 15/12/2006 6/3/2007 P15AI -0,252 -0,322 -0,321 -0,320 -0,318 P15AS -0,238 -0,308 -0,307 -0,305 -0,304 P15BI -0,173 -0,134 -0,239 -0,227 -0,192 P15BS -0,018 -0,249 -0,301 -0,336 -0,439 P15AI1 -0,285 -0,375 -0,365 -0,355 -0,375 P15AS1 -0,140 -0,183 -0,227 -0,288 -0,270

BARRA 4/6/2007 26/6/2007 2/10/2007 14/11/2007 15/1/2008 P15AI -0,432 -0,457 -0,473 -0,475 -0,484 P15AS -0,418 -0,456 -0,470 -0,482 -0,490 P15BI -0,364 -0,367 -0,438 -0,460 -0,497 P15BS -0,508 -0,539 -0,561 -0,603 -0,551 P15AI1 -0,435 -0,455 -0,495 -0,505 -0,515 P15AS1 -0,335 -0,354 -0,410 -0,505 -0,518

Page 126: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

110

1.7 Pilar P16

BARRA 11/9/2006 20/9/2006 28/9/2006 6/10/2006 17/10/2006 P16AI -0,024 -0,034 -0,049 -0,072 -0,149 P16AS -0,047 -0,079 -0,093 -0,095 -0,177 P16BI -0,049 -0,078 -0,098 -0,118 -0,154 P16BS -0,047 -0,053 -0,094 -0,127 -0,162 P16AI1 -0,061 -0,095 -0,122 -0,151 -0,228 P16AS1 -0,028 -0,032 -0,055 -0,075 -0,081

BARRA 25/10/2006 3/11/2006 10/11/2006 15/12/2006 6/3/2007 P16AI -0,160 -0,177 -0,202 -0,166 -0,310 P16AS -0,186 -0,214 -0,217 -0,215 -0,282 P16BI -0,169 -0,194 -0,201 -0,226 -0,212 P16BS -0,200 -0,229 -0,247 -0,415 -0,454 P16AI1 -0,256 -0,298 -0,308 -0,097 -0,163 P16AS1 -0,080 -0,084 -0,156 -0,165 -0,276

BARRA 4/6/2007 26/6/2007 2/10/2007 14/11/2007 15/1/2008 P16AI -0,458 -0,495 -0,647 -0,624 -0,643 P16AS -0,396 -0,427 -0,479 -0,525 -0,553 P16BI -0,282 -0,288 -0,398 -0,461 -0,545 P16BS -0,424 -0,581 -0,633 -0,655 -0,682 P16AI1 -0,286 -0,276 -0,465 -0,471 -0,469 P16AS1 -0,362 -0,429 -0,524 -0,549 -0,528

Page 127: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

111

2. FORMAS

2.1 Térreo

Page 128: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

112

2.2 Mezanino I

Page 129: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

113

2.3 Mezanino II

Page 130: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

114

2.4 Lazer

Page 131: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

115

2.5 Tipo 1

Page 132: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

116

2.6 Tipo 2 a 3

Page 133: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

117

2.7 Tipo 4 a 34

Page 134: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

118

2.8 I Duplex

Page 135: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

119

2.9 II Duplex

Page 136: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

120

2.10 Cobertura

Page 137: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

121

2.11 Caixa d’água

Page 138: contribuição ao estudo numérico experimentalda estabilidade de

122

2.12 Tampa