uma contribuição na análise da estabilidade transitória dos
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UMA CONTRIBUIÇÃO NA ANÁLISE DA ESTABILIDADE TRANSITÓRIA DOS SISTEMAS ELÉTRICOS DE DISTRIBUIÇÃO NA PRESENÇA DE
GERAÇÃO DISTRIBUÍDA
CLAYTON GUIMARÃES DA MATA
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO PROGRAMA DE PÓS-
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL
DE JUIZ DE FORA COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A
OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM ENGENHARIA ELÉTRICA.
Aprovada por:
__________________________________________________ Prof. Márcio de Pinho Vinagre – Orientador - UFJF
__________________________________________________
Prof. Antonio Carlos Siqueira – COPPE/UFRJ
__________________________________________________
Prof. Pedro Gomes Barbosa – UFJF
__________________________________________________
Prof. Paulo Augusto Nepomuceno Garcia – UFJF
JUIZ DE FORA, MG – BRASIL. AGOSTO DE 2005
ii
DA MATA, CLAYTON GUIMARÃES.
Uma contribuição na análise da estabilidade
transitória dos sistemas elétricos de distribuição na
presença de geração distribuída. [Juiz de Fora] 2005
XIII, 122 p. 29,7 cm. (UFJF, M.E.E.,
Engenharia Elétrica, 2005)
Tese – Universidade Federal de Juiz de Fora
1. Máquinas Síncronas
2. Estabilidade transitória
3. Fluxo de carga trifásico
4. Sistemas distribuídos
I. UFJF II. Título (Série)
iii
Aos meus queridos pais, José Glicério e Pompéia,
às minhas irmãs, Cleonice e Claudilene e
à minha noiva Amanda
com muito carinho
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela vida e pelos dons a mim confiados, a Nossa Senhora
Aparecida, pela sua intercessão poderosa a qual confio minhas maiores dificuldades.
Agradeço ao professor Márcio de Pinho Vinagre na orientação e dedicação
dispensadas para a realização deste trabalho; pela confiança e afeição.
Aos professores Pedro Gomes e José Luís pelo esforço aplicado em meu favor para
manter-me nesta instituição.
Agradeço a João Clávio Salari Filho e Carlos Júlio Dupont, meus superiores no
CEPEL, pela credibilidade, pelas conversas no cafezinho que tanto me ensinaram. A todos
os amigos deste centro de pesquisa, em especial aos do projeto DianE.
Aos amigos que conquistei ao longo destes sete anos de UFJF, principalmente aos
bolsistas do LABSPOT, LABSEL.
Ao LABSPOT, pela disponibilidade de utilização de recursos computacionais. À
Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF pelo ensino gratuito e de qualidade e ao
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, pelo suporte
financeiro.
À minha querida noiva, Amanda R. de Oliveira, pelo amor, compreensão e pelo
apoio nos momentos adversos.
Agradeço a meus familiares por acreditar que era possível. E compreenderem os
momentos de ausência.
“Não só isto, mas nos gloriamos até das tribulações, pois sabemos que a tribulação produz a paciência, a
paciência prova a fidelidade e a fidelidade, comprovada, produz a esperança. E a esperança não engana.”
Paulo, em carta aos romanos 5, 3-5ss
v
Resumo da Dissertação apresentada à UFJF como parte dos requisitos necessários para a
obtenção do grau de Mestre Engenharia Elétrica (M.E.E.)
UMA CONTRIBUIÇÃO NA ANÁLISE DA ESTABILIDADE TRANSITÓRIA DOS SISTEMAS ELÉTRICOS DE DISTRIBUIÇÃO NA PRESENÇA DE
GERAÇÃO DISTRIBUÍDA
Clayton Guimarães da Mata
Agosto / 2005
Orientador: Márcio de Pinho Vinagre, Dr. Eng.
Programa: Engenharia Elétrica
Este trabalho é uma contribuição à análise da estabilidade transitória de sistemas
elétricos na presença de sistemas geração dispersa e distribuída. Atualmente, os estudos de
estabilidade transitória são realizados considerando modelos monofásicos equivalentes ou
circuitos de seqüência positiva. Contudo esta aproximação é inadequada quando correntes
desequilibradas, devido a sistemas de geração distribuídos, fluem nas barras da rede elétrica.
A modelagem matemática desses sistemas desequilibrados não é trivial, pois, em regime
permanente, as tensões internas dos geradores são consideradas equilibradas
independentemente do carregamento desequilibrado da rede elétrica. Assim, para
contornar o problema das tensões desequilibradas nas barras geradoras é proposto um
fluxo de potência trifásico especial. Um outro ponto importante é que os ângulos rotóricos
dos geradores, calculados através de circuitos equivalentes, apresentam incorreções quando
o sistema elétrico está desequilibrado. Como o cálculo desses ângulos é fundamental nos
estudos de estabilidade é apresentado um processo para estimar com maior precisão os
ângulos rotóricos para máquinas de pólos lisos ou de pólos salientes. Finalmente, a
proposta apresentada neste trabalho permite uma análise mais fiel das condições da rede
elétrica e dos geradores, evitando aproximações grosseiras dos circuitos desequilibrados por
circuitos monofásicos equivalentes e imprecisos.
vi
Abstract of Dissertation presented to UFJF as a partial fulfillment of the requirements for a
Master of Electrical Engineering (M.E.E.)
A CONTRIBUTION IN THE STUDY OF THE STABILITY OF DISTRIBUTION
ELECTRIC SYSTEMS PRESENTING DISTRIBUTED GENERATION
Clayton Guimarães da Mata
August / 2005
Advisor: Prof. Márcio de Pinho Vinagre, Dr. Eng.
Departament: Electrical Engineering
This work presents a contribution to the analysis of transient stability studies of
electric systems with disperse and distributed generation systems. Nowadays, the dynamic
stability studies are carried out considering single-phase equivalent models or positive
sequence circuits. However this approach is inadequate when unbalanced currents due to
distributed generation systems flow in the bars of the electric network. The mathematical
modeling of those unbalanced systems is not trivial, since the internal voltages of the
generators are considered balanced independently of the unbalanced loading of the electric
network. Thus, the problem of the unbalanced voltages in the generating bars is avoided
through the proposal of a special three-phase load flow. Another important point is that
the rotor angles of the generators, obtained with the use of equivalent circuits, have
mistakes when the electric system is unbalanced. As the calculation of those angles is
fundamental in the studies of stability a process is presented for estimate the correct angles
for non-salient or salient pole machines. Finally, the proposal presented in this work allows
more precise analysis of the stability of an electric network with the generators avoiding
rudeness approximations of the unbalanced circuits.
vii
ÍNDICE Capítulo 1
Introdução ................................................................................................................1 1.1. Considerações iniciais .....................................................................................................1 1.2. Revisão Bibliográfica.......................................................................................................2 1.3. Proposta de trabalho.......................................................................................................5 1.4. Estrutura do trabalho......................................................................................................7
Capítulo 2 Introdução ao Problema da Estabilidade Transitória. ........................................... 9 2.1. Introdução ........................................................................................................................9 2.2. Características gerais sobre a Estabilidade.................................................................10 2.3. Estudos de estabilidade transitória..............................................................................12 2.4. Modelagem matemática do problema básico. ...........................................................13 2.5. Análise qualitativa de estabilidade para um sistema de uma máquina contra o barramento infinito. ....................................................................................................................15 2.6. Conclusões do capítulo.................................................................................................17
Capítulo 3 Inicializações das variáveis do problema de estabilidade .....................................19 3.1. Introdução ......................................................................................................................19 3.2. Inicialização do SEP......................................................................................................20 3.2.1. Desenvolvimento do Fluxo de Carga Trifásico Especial....................................21 3.3. Inicialização dos ângulos rotóricos das máquinas síncronas...................................29 3.3.1. Inicialização para Máquinas de Pólos Lisos ..........................................................29 3.3.2. Inicialização para Máquinas de Pólos Salientes. ...................................................30 3.3.3. Validação do processo de inicialização dos ângulos δ's ....................................32 3.4. Conclusões do Capítulo................................................................................................33
Capítulo 4 Implementação do modelo da máquina síncrona e inclusão dos controles utilizando a abordagem trifásica............................................................................34 4.1. Introdução ......................................................................................................................34 4.2. Implementação dos modelos dinâmicos das máquinas síncronas .........................35 4.2.1. Inicialização das variáveis do modelo da máquina...............................................36 4.2.2. Dinâmica das máquinas síncronas na atualização da rede ..................................37 4.3. Inclusão dos Controles .................................................................................................39 4.3.1. Principais Malhas de Controle Associadas a um Gerador Síncrono.................40 4.3.1.1. Controle de Excitação..............................................................................................41 4.3.1.2. Regulador de Velocidade .........................................................................................43 4.3.1.3. Estabilizador do Sistema de Potência – PSS.........................................................46 4.3.2. Efeitos dos Controles sobre a Estabilidade ..........................................................49 4.3.3. Importância dos Estudos de Controle e Estabilidade .........................................50 4.4. Conclusões do capítulo.................................................................................................50
Capítulo 5 Estudo de Casos e Resultados ...............................................................................52 5.1. Introdução ......................................................................................................................52 5.2. Estudo de caso 1............................................................................................................53 5.2.1. Cálculo da inicialização do sistema elétrico...........................................................56 5.2.2. Cálculo da inicialização das máquinas síncronas: .................................................58
viii
5.2.3. Cálculo da atualização do sistema elétrico.............................................................60 5.2.4. Simulações no tempo ...............................................................................................62 5.3. Estudo de Caso 2...........................................................................................................70 5.3.1. Situação 1 ...................................................................................................................70 5.3.1.1. Escolha e sintonia dos controladores: ...................................................................71 5.3.1.2. Resultados comparativos: ........................................................................................72 5.3.2. Situação 2 ...................................................................................................................79 5.3.3. Inicialização das variáveis elétricas .........................................................................79 5.3.4. Resultados ..................................................................................................................80 5.4. Estudo de caso 3............................................................................................................83 5.4.1. Situação 1 ...................................................................................................................84 5.4.2. Situação 2 ...................................................................................................................88 5.5. Conclusões do capítulo.................................................................................................91
Capítulo 6 Conclusões Finais e Observações..............................................................................93
6.1. Conclusões......................................................................................................................93 6.2. Propostas de desenvolvimentos futuros ....................................................................94
Apêndice A A.1. Introdução ......................................................................................................................96 A.2. Impedância de seqüência positiva ...............................................................................96 A.3. Impedância de seqüência negativa obtida por ensaio ..............................................97 A.3.1. Impedância de seqüência negativa obtida analiticamente ...................................98 A.4. Impedância de seqüência zero ...................................................................................100
Apêndice B B.1. Introdução ....................................................................................................................103 B.2. Arquivo IEEE14.BLT ................................................................................................103 B.3. Arquivo IEEE14.STB.................................................................................................105
Referências Bibliográficas ....................................................................................... 107
ix
LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 – Sistema elétrico sob estudo ......................................................................................15 Figura 2.2 – Curvas de excursão do ângulo rotórico..................................................................16 Figura 3.1 – Modelo clássico do gerador síncrono.....................................................................19 Figura 3.2 – Circuito equivalente trifásico ...................................................................................20 Figura 3.3 – Decomposição de Vt e I nos eixos d e q ...............................................................29 Figura 3.4 – Método da interpolação para determinação do ângulo rotórico ........................31 Figura 3.5 – Fluxograma do processo de inicialização dos ângulos rotóricos........................32 Figura 4.1 – Modelo subtransitório da máquina síncrona .........................................................35 Figura 4.2 – Representação dos controles de um gerador síncrono ........................................40 Figura 4.3 – Sistema de Excitação tipo SCRX – BUS FED .....................................................42 Figura 4.4 – Decomposição do bloco avanço-atraso .................................................................43 Figura 4.5 – Modelo de um regulador de velocidade para um gerador síncrono...................44 Figura 4.6 – Diagrama de blocos representativo da dinâmica da turbina ...............................45 Figura 4.7 – Diagrama de blocos para um regulador de velocidade ........................................46 Figura 4.8 – Modelo de um PSS....................................................................................................47 Figura 4.9 – Diagrama de blocos representativo do PSS...........................................................47 Figura 4.10 – Sistema de excitação com PSS...............................................................................48 Figura 5.1 – Sistema elétrico 9b3m em estudo............................................................................53 Figura 5.2 – Sistema 9b3m ampliado............................................................................................56 Figura 5.3 – Evolução do ângulo rotórico simulado pelo programa desenvolvido...............63 Figura 5.4 – Evolução do ângulo rotórico simulado pelo MATLAB/PST ............................63 Figura 5.5 – Evolução da velocidade angular simulada pelo programa desenvolvido ..........63 Figura 5.6 – Evolução da velocidade angular simulada pelo simulado pelo MATLAB/PST
...................................................................................................................................................64 Figura 5.7 – Evolução do ângulo rotórico simulado pelo programa desenvolvido...............64 Figura 5.8 – Evolução do ângulo rotórico simulado pelo MATLAB/PST ............................64 Figura 5.9 – Diferença entre ângulos para simulação no MATLAB/PST..............................65 Figura 5.10 – Diferença entre ângulos para simulação no programa desenvolvido ..............65 Figura 5.11 – Curva do ângulo rotórico sem controladores .....................................................66 Figura 5.12 – Curva da velocidade sem controladores...............................................................66 Figura 5.13 – Curva do ângulo rotórico com o controlador de tensão ...................................67 Figura 5.14 – Curva da velocidade com o controlador de tensão ............................................67 Figura 5.15 – Curva do ângulo rotórico com o controlador de tensão e velocidade ............68 Figura 5.16 – Curva da velocidade com o controlador de tensão e velocidade. ....................68 Figura 5.17 – Tensão de campo Efd em (pu) devido a ação do controlador de tensão.........69 Figura 5.18 – Potência mecânica em (pu)devido a ação do controlador de velocidade........69 Figura 5.19 – Potência elétrica em (pu), com a inclusão dos controles de tensão e
velocidade. ...............................................................................................................................70 Figura 5.20 – Sistema de 4 barras..................................................................................................70 Figura 5.21 – Diagrama de blocos para modelo do regulador de tensão................................71 Figura 5.22 – Diagrama de blocos para modelo do PSS............................................................72 Figura 5.23 – Diagrama de blocos para modelo do regulador de velocidade.........................72 Figura 5.24 – Valor do ângulo rotórico simulado pelo ANATEM..........................................73 Figura 5.25 – Valor do ângulo rotórico simulado pela ferramenta desenvolvida ..................73 Figura 5.26 – Valor da freqüência simulado pelo ANATEM...................................................74 Figura 5.27 – Valor da freqüência simulado pela ferramenta desenvolvida............................74 Figura 5.28 – Valor da tensão terminal do gerador simulado pelo ANATEM......................75
x
Figura 5.29 – Valor da tensão terminal do gerador simulado pela ferramenta desenvolvida....................................................................................................................................................75
Figura 5.30 – Valor da tensão na barra 3 simulada pelo ANATEM........................................75 Figura 5.31 – Valor da tensão na barra 3 simulada pela ferramenta desenvolvida ................76 Figura 5.32 – Tensão de campo simulada pelo ANATEM.......................................................76 Figura 5.33 – Tensão de campo simulada pela ferramenta desenvolvida ...............................77 Figura 5.34 – Sinal de controle do PSS simulado pelo ANATEM ..........................................77 Figura 5.35 – Sinal de controle do PSS simulado pela ferramenta desenvolvida...................77 Figura 5.36 – Valor da potência mecânica simulado pelo ANATEM.....................................78 Figura 5.37 – Valor da potência mecânica simulado pela ferramenta desenvolvida..............78 Figura 5.38 – Valor do ângulos rotórico da máquina 1 .............................................................80 Figura 5.39 – Valor da velocidade do eixo da máquina 1 ..........................................................81 Figura 5.40 – Valor do módulo da tensão da barra 1.................................................................81 Figura 5.41 – Valor da potência elétrica gerada por fase ...........................................................82 Figura 5.42 – Valor da velocidade do eixo da máquina 1 ..........................................................82 Figura 5.43 – Valor da velocidade do eixo da máquina 1 ..........................................................83 Figura 5.38 – Sistema teste IEEE1-14 .........................................................................................83 Figura 5.39 – Evolução Diferença entre ângulos rotóricos do gerador 1 e 2, simulado pelo
ANATEM................................................................................................................................84 Figura 5.40 – Diferença entre ângulos rotóricos do gerador 1 e 2, simulado pelo programa
desenvolvido............................................................................................................................85 Figura 5.41 – Velocidade do gerador da barra 1 simulado pelo ANATEM...........................86 Figura 5.42 – Velocidade do gerador da barra 1 simulado pela ferramenta desenvolvida....86 Figura 5.43 – Tensões das barras terminais dos geradores simuladas pelo ANATEM ........87 Figura 5.44 – Tensões das barras terminais dos geradores simuladas pela ferramenta
desenvolvida ............................................................................................................................87 Figura 5.45 – Diferença angular entre os geradores do sistema IEEE-14..............................89 Figura 5.46 – Módulo da tensão terminal do gerador 1.............................................................89 Figura 5.47 – Módulo da tensão terminal do gerador 4.............................................................90 Figura 5.48 – Potência elétrica do gerador 1 ...............................................................................90 Figura 5.49 – Potência elétrica do gerador 2 ...............................................................................91
xi
LISTA DE SÍMBOLOS
••θ Aceleração angular δ Ângulo do rotor da máquina síncrona em relação à referência ℑ Representação do componente imaginário da variável em questão ℜ Representação do componente real da variável em questão δ1
o Ângulo rotórico inicial τe Conjugado elétrico ∆Ik Resíduo de corrente injetada na barra k δm Ângulo mecânico do rotor da máquina τm Conjugado mecânico ωo Velocidade mecânica do eixo inicial τr Conjugado resultante θs Ângulo da referência síncrona ωs Velocidade síncrona B Matriz de susceptâncias na linha entre a barra terminal e interna Baa Susceptância própria da fase a Bab Susceptância mútua entre as fases a e b D Coeficiente de Amortecimento Ei Fasor da tensão na barra interna do gerador síncrono Ej Fasor da tensão na barra j
aim
E Componente imaginário do fasor tensão na barra interna na fase a air
E Componente real do fasor tensão na barra interna do gerador na fase a
Ek* Fasor conjugado da tensão na barra k
fem Força eletromagnética fmm Força magnetomotriz G Matriz de condutâncias na linha entre a barra terminal e interna Gaa Condutância própria da fase a Gab Condutância mútua entre as fases a e b H Constante de inércia J Momento de inércia Pk
esp Potência ativa especificada na barra k
PkG Potência ativa gerada na barra k
PkL Potência ativa consumida na barra k
PQ Potência ativa e potência reativa constantes PSS Estabilizador do Sistema de Potência (Power System Stability) Qk
esp Potência reativa especificada na barra k
QkG Potência reativa consumida na barra k
QkG Potência reativa gerada na barra k
xii
SEP Sistemas Elétricos de Potência Vθ Tensão e ângulo constantes Vt Fasor da tensão na barra terminal do gerador síncrono Vt
+ Fasor tensão terminal de seqüência positiva at r
V Componente real do fasor tensão na barra terminal do gerador na fase a atm
V Componente imaginário do fasor tensão na barra terminal na fase a
Ykj Admitância entre as barras k-j
xiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 5.1 – Dados dos geradores ................................................................................................54 Tabela 5.2 – Dados dos reguladores de tensão ...........................................................................54 Tabela 5.3 – Dados dos reguladores de velocidade....................................................................54 Tabela 5.4 – Dados de barra e linha para o sistema 11b3m......................................................54 Tabela 5.5 – Dados de barra e linha para o sistema 11b3m......................................................55 Tabela 5.6 – Valores da impedâncias série da linhas internas ...................................................57 Tabela 5.7 – Resultado do fluxo de carga ....................................................................................57 Tabela 5.8 – Valores das tensões e correntes dos geradores na forma retangular .................58 Tabela 5.9 – Valores convergidos do fluxo de potência ............................................................59 Tabela 5.10 – Valores calculados pelo processo de inicialização..............................................59 Tabela 5.11 – Valores inicais das variáveis de estado para o eixo q.........................................59 Tabela 5.12 – Valores inicais das variáveis de estado para o eixo d.........................................59 Tabela 5.13 – Valores iniciais para os parâmetros do controlador de tensão.........................60 Tabela 5.14 – Valores iniciais para os parâmetros do controlador de velocidade..................60 Tabela 5.15 – Valores das tensões terminais e de campo para os geradores ..........................60 Tabela 5.16 – Valores das derivadas das variáveis de estado ....................................................61 Tabela 5.17 – Valores dos enlaces de fluxos atualizados para primeira iteração....................61 Tabela 5.18 –Valores das tensões dos geradores para primeira iteração .................................62 Tabela 5.19 –Valores das cargas por fase do sistema TESTECA ............................................79 Tabela 5.20 –Valores das tensões por fase do sistema TESTECA..........................................79 Tabela 5.21 –Valores das tensões por fase do sistema TESTECA..........................................80 Tabela 5.22 –Valores das potências consumidas por fase do sistema TESTECA ................80
1
Capítulo 1
Introdução
1.1. Considerações iniciais
A interligação do sistema de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica
propicia maior confiabilidade, redução de custos e atendimento da crescente demanda de
energia. A interligação é conveniente também por possibilitar ajuda mútua entre áreas,
compra e venda de energia e um melhor aproveitamento dos recursos hídricos, pois
permite menor reserva girante para atender cargas em horários de pico e entrada de cargas
súbitas. Entretanto, gera algumas desvantagens como maior risco de blecautes de maior
proporção geográfica, maiores correntes de curto-circuito, tornando a operação do sistema
mais complexa. Para que a confiabilidade do sistema seja adequada, é necessário um
planejamento detalhado da operação, bem como os conhecimentos da proteção e análise
das condições de estabilidade.
Os sistemas de potência são projetados com o principal objetivo de atender à
demanda de energia requerida pelos seus consumidores dentro de certos limites de tensão e
freqüência. Além dos sistemas de potência serem capazes de operar satisfatoriamente em
regime permanente, eles devem ser flexíveis na presença de defeitos ou perturbações de
forma a garantir a continuidade da prestação de serviço quando sujeitos a defeitos. Estas
perturbações podem ser ocasionadas por curtos-circuitos, rompimento de linhas de
transmissão, descargas atmosféricas, entrada ou saída de cargas de grande porte, etc., e
afastam o sistema do seu ponto de operação original. Em certas condições de carregamento
e topologia, perturbações de pequena amplitude também podem inviabilizar a operação de
um sistema de potência devido a oscilações em baixa freqüência de fluxo de carga entre
Capítulo 1 – Introdução
2
geradores e cargas. A natureza deste último problema é analisada de forma diferente
daquela utilizada para grandes perturbações.
Os estudos de estabilidade transitória analisam o comportamento dos sistemas após
perturbações de grande impacto e se o sistema será capaz de encontrar um novo ponto de
operação após o impacto e quais os procedimentos necessários para que isso aconteça.
Uma preocupação básica na engenharia de sistemas elétricos de potência é voltada
para os sistemas de transmissão, que lidam com grandes blocos de energia e que
apresentam equilíbrio de cargas. Toda a noção de estabilidade é oriunda dos fenômenos
que ocorrem no sistema de transmissão de alta energia. No entanto, hoje é possível que um
gerador independente disponibilize energia em uma rede de subtransmissão ou mesmo
numa rede de distribuição, promovendo um desafio técnico para os engenheiros. Em um
cenário que apresenta muitos geradores de pequena potência interligados pela rede de
distribuição, o comportamento dinâmico destes geradores pode provocar oscilações no
sistema de subtransmissão ou distribuição que, por sua vez, podem ocasionar problemas
ainda não enfrentados ou mesmo reportados nas empresas ou na literatura técnica.
Estes pequenos geradores independentes, fornecendo potência a uma rede de
subtransmissão ou distribuição compõem o que se denomina geração distribuída,
abrangendo unidades geradoras de 2 a 50 MW (Gomes, 1999). A geração dispersa refere-se
ao uso de unidades de geração ainda menores, inferiores a 500 kW e normalmente
utilizadas para atender individualmente a instalações residenciais ou comerciais (Philipson,
2000).
1.2. Revisão Bibliográfica
A estabilidade de sistemas elétricos de potência é um dos assuntos bem estudados
na engenharia elétrica. Diversos livros e artigos se tornaram leitura clássica e servem como
base para qualquer estudo específico que se deseja fazer. Dentre as referências utilizadas no
desenvolvimento deste trabalho merecem destaque especial os autores e textos descritos a
seguir.
Em (ANDERSON E FOUAD, 1977) e (KUNDUR, 1933) são descritas as
particularidades do desempenho dinâmico dos sistemas elétricos multimáquinas.
Capítulo 1 – Introdução
3
Apresentam as características das grandezas elétricas do sistema perante contingências,
mostrando o comportamento transitório dos geradores síncronos, tais grandezas mecânicas
são representadas matematicamente por equações diferenciais.
Em estudos sobre máquinas elétricas, é conveniente a transformação de
coordenadas de Park, ou abc-dq0, pois com a velocidade síncrona na referência do sistema
dq0 as grandezas elétricas são constantes no tempo para operação em regime permanente.
A referência (KRAUSE, 1986) mostra algebricamente esta transformação de coordenadas.
A escolha do modelo de máquina síncrona é um uma etapa decisiva para o estudo
de dinâmica de sistemas elétricos, podendo ser o principal diferenciador de resultados. Em
(MELLO, 1974), (MELLO, 1977) são apresentados modelos de geradores síncronos,
descrito por equações diferenciais referenciadas aos eixos e q da máquina. Em (IEEE STD
1110, 1991) é sugerido o modelo subtransitório, também chamado de modelo 4, para
estudos de estabilidade transitória.
Nas referências (ANSI/IEEE STD 421.1, 1986) e (IEEE STD 421.5, 1992) são
apresentados os diversos tipos de reguladores de tensão; características, definições e
modelos práticos para o sistema de excitação dos geradores.
(BELCHIOR E GUIMARÃES, 2003) descrevem um modelo de controlador de
velocidade, analisando o comportamento deste sistema regulador para geradores síncronos.
Detalha o modelo do regulador de velocidade de turbina térmica / hidráulica, sintonia dos
parâmetros de controle e estudo de casos para máquina contra barra infinita e sistema
multimáquinas.
Em (KUNDUR et alii , 1989) é apresentado um projeto de estabilizadores de
sistemas de potência, que detalha os parâmetros do estabilizador para aplicação em estudos
de pequenos sinais e estabilidade transitória, comprovando sua eficácia no sistema inter-
área. (GUIMARÃES et alii, 2000) apresentam um desenvolvimento analítico para o projeto
de estabilizadores por posicionamento parcial de par de pólos complexos conjugados.
A determinação da sintonia dos controladores estabilizadores é um processo
importante na operação do sistema elétrico. Técnicas de ajuste baseadas em diagramas de
bode são frequentemente utilizadas. Em (OGATA, 1982) é mostrada a escolha destes
parâmetros.
EL-ABIAD (1976) descreve um fluxo de potência trifásico, uma modelagem das
linhas de transmissão trifásica e transformadores trifásicos. Descreve a inclusão da barra
Capítulo 1 – Introdução
4
interna do gerador, representando-a no fluxo de potência por equações da potência
mecânica em função da tensão interna equilibrada gerada. Nesta consideração, o módulo da
tensão equilibrada da barra interna é definida como a média aritmética dos módulos das
tensões nas três fases da barra externa.
A referência (DA COSTA et alii, 1988) descreve uma formulação para o fluxo de
cargas baseada em injeção de correntes nas barras, nas quais a linearização das equações da
rede elétrica é resolvida pelo método de Newton Raphson. As equações de corrente
trifásica são descritas em coordenadas retangulares, e o resultados é um sistema de
equações 2n, onde n o número de barras do sistema. Os elementos da matriz jacobiana são
formados por submatrizes, sendo composta de blocos 2x2, e possuem a mesma estrutura
da matriz admitância nodal.
GARCIA et alii (2000) apresenta uma formulação esparsa para a solução de fluxo
de carga trifásico, usando o método de injeção de corrente. Assim como referência (DA
COSTA et alii, 1988), as equações de corrente trifásica são descritas em coordenadas
retangulares, formando um sistema de equações 6n. Os elementos da matriz jacobiana são
formados por submatrizes, sendo composta de blocos 6x6, possuindo a mesma estrutura
da matriz admitância nodal.
Na utilização do modelo subtransitório para representação do gerador síncrono é
necessário o conhecimento de alguns parâmetros que nem sempre estão disponíveis. A
referência (REIS et alii, 2000) especifica valores típicos de projetos para os parâmetros das
máquinas síncronas, e analisam as influências destes para estudos de estabilidade.
GOMES (1999) analisa a influência da incorporação da geração distribuída no
desempenho de sistemas elétricos. Em (PHILIPSON, 2000) é discutido os aspectos
relacionados com o aumento deste tipo de produção de energia em relação ao total da
geração no suprimento de um dado sistema.
Recentemente, vários trabalhos têm sido realizados nas áreas de reconfiguração e
expansão do sistema elétrico considerando os aspectos eletromecânicos. A referência
(ROCHA, 2004) analisa o desempenho dinâmico de alternativas de expansão de geração
dispersa, em (MOREIRA, 2005) é avaliado o problema da reconfiguração do sistema em
fechamento de anel, como restrição da potência máxima gerada para garantir a estabilidade
do sistema e o sincronismo entre os geradores síncronos.
Capítulo 1 – Introdução
5
1.3. Proposta de trabalho
O objetivo deste trabalho é investigar os resultados de simulações de fortes
perturbações em sistemas de subtransmissão e de distribuição que possuem geração
distribuída. As simulações buscam basicamente o conhecimento, por parte da operadora da
rede elétrica, de que os geradores ligados no sistema se manterão em sincronismo após a
ocorrência de algum grande impacto. Esta informação se torna mais importante na medida
em que é maior a potência total proveniente da geração distribuída em um sistema elétrico.
A existência de cargas desequilibradas é uma realidade nos sistemas de distribuição,
e a simplificação usual nos estudos de estabilidade pode levar a resultados bem diferentes
daqueles reais, comprometendo alguns estudos mais críticos. Assim, deve ser utilizada a
abordagem trifásica no cálculo de fluxo de carga no sistema, evitando-se desta forma a
metodologia simplificada que considera o sistema de potência simétrico e balanceado.
Em um sistema trifásico equilibrado, o processo de inicialização dos geradores
síncronos é descrito pelo modelo equivalente monofásico. Nesse caso, é considerada uma
barra adicional, em que o módulo da tensão é a tensão interna da máquina (Ei) e a fase é o
ângulo do rotor (δ); adiciona-se uma nova linha ao sistema, ligando a nova barra e a barra
terminal do gerador; esta linha equivalente possui a impedância do gerador segundo o
modelo adotado para ele. Adicionalmente, as novas barras internas passam a ser
caracterizadas como tipo tensão e ângulo constantes (V, θ), e a barra original de geração
passa a ser do tipo barra de carga (P,Q) com potências P e Q iguais a zero.
Alternativamente, pode-se utilizar o equivalente de Norton na barra de geração incluindo a
reatância e a resistência da máquina em estudo no elemento diagonal da matriz admitância
nodal correspondente à barra de geração. Esta alternativa é usada mais frequentemente
pelos programas computacionais por não alterar o número de barras do sistema elétrico.
Neste trabalho, foi considerado para efeito de simulação das máquinas síncronas, o
modelo subtransitório com possibilidade da inclusão de controladores de tensão e
velocidade e de amortecimento de oscilações (PSS). Esta formulação, embora envolva mais
equações diferenciais para cada gerador, desconsidera a assimetria física entre o eixo direto
e eixo quadratura durante o regime subtransitório (saliência subtransitória) e,
consequentemente, utiliza um circuito equivalente para o gerador do tipo tensão
subtransitória atrás de reatância subtransitória, mesmo para máquinas de pólos salientes.
Capítulo 1 – Introdução
6
No estudo de estabilidade transitória em sistemas trifásicos, o problema se torna
mais complexo quando são considerados os desequilíbrios entre as variáveis das fases, pois
as cargas desequilibradas solicitam aos geradores correntes também desequilibradas,
refletindo em desequilíbrio entre os fasores de tensões nas barras internas, contradizendo o
princípio físico de fluxo girante na máquina síncrona, descrito com detalhes
posteriormente. Sendo assim, os algoritmos convencionais de fluxo de potência não se
adaptam satisfatoriamente para a análise de estabilidade transitória. O equivalente de
Norton do sistema também não pode ser mais aplicado, pois este circuito exige equilíbrio
das fontes trifásicas de tensão.
Para contornar o problema das tensões internas desequilibradas nos geradores, este
trabalho utiliza um fluxo de potência especial solucionado por algoritmo de Newton-
Raphson, expresso em termos das equações de injeção de corrente nas barras, em
coordenadas retangulares, associado ao método de componentes simétricos e acrescido das
equações para a inclusão das restrições de estabilidade.
Os ângulos rotóricos dos geradores são grandezas fundamentais no estudo de
estabilidade, sendo responsáveis pela mudança de referência de correntes nas fases a, b e c
para o sistema de coordenadas em qd0. Quando o sistema é desequilibrado o ângulo
rotórico calculado por circuito equivalente apresenta incorreções. Este trabalho apresenta
uma contribuição para indicação destes ângulos, válida para qualquer tipo de rotor, seja de
pólos lisos ou salientes.
Adicionalmente, foram incluídos os controles locais dos geradores, modelados para
o sistema trifásico. A metodologia proposta foi testada por meio da utilização de sistemas
testes e os resultados encontrados serviram para validação do método proposto.
Para que o estudo de estabilidade transitória pudesse ser feito em sistemas
desequilibrados, a presente proposta apresentou as seguintes características principais:
1. Uma modificação no programa de fluxo de carga para análise trifásica de
estabilidade transitória que possibilita representar as barras de geração
desequilibradas;
2. Um processo de inicialização das variáveis de estado, tensão interna e
ângulos rotóricos, para as máquinas síncronas, decorrente do fluxo de carga
especial;
Capítulo 1 – Introdução
7
3. Modelagem das máquinas síncronas para a análise de estabilidade transitória
numa abordagem trifásica desequilibrada;
4. Validação da modelagem proposta através de simulações de casos teste e
posterior comparação com programas já utilizados para esses estudos
(ANATEM e MATLAB).
Pode-se citar como principais contribuições do trabalho desenvolvido os seguintes
itens:
1. Apresentação de um fluxo de carga especial para calculo do ponto de
operação de sistemas trifásicos desequilibrados;
2. Metodologia para cálculo do ângulo rotórico válida tanto para máquinas de
pólos lisos quanto de pólos salientes;
3. Criação de uma ferramenta para análise de estabilidade transitória de
sistemas trifásicos.
4. Extensão da modelagem das máquinas síncronas para a análise de
estabilidade transitória em sistema trifásico desequilibrado.
1.4. Estrutura do trabalho
Esta dissertação está organizada da seguinte forma:
No segundo capítulo é apresentada uma análise qualitativa de estabilidade para um
sistema de uma máquina contra uma barra infinita.
O terceiro capítulo trata do processo de inicialização das variáveis do problema de
estabilidade. Na fase de inicialização do sistema elétrico, será mostrado o fluxo de carga
especial, capaz de obter as condições iniciais de correntes e ângulos rotóricos, tanto das
máquinas síncronas de pólos lisos quanto das máquinas síncronas de pólos salientes. Esta
inicialização é feita simultaneamente com a solução do sistema elétrico.
No quarto capítulo é mostrada a implementação dos modelos dinâmicos das
máquinas síncronas e a inclusão dos controladores utilizando a abordagem trifásica;
descreve o processo de inicialização das variáveis de estado para as grandezas do modelo da
Capítulo 1 – Introdução
8
máquina, e apresenta o detalha a implementação computacional para estudo de estabilidade
transitória.
O quinto capítulo discute os resultados obtidos por simulações dos sistemas testes.
São validados o algoritmo e as equações diferenciais utilizadas para o modelo, comparando
resultado com um programa consolidado na área de estabilidade eletromecânica.
Finalmente, o sexto capítulo comenta o trabalho como um todo e apresenta as
conclusões finais ao estudo realizado.
9
Capítulo 2
Introdução ao Problema da
Estabilidade Transitória.
2.1. Introdução
O comportamento dinâmico de máquinas em sistemas elétricos é de fundamental
importância para o desempenho global e continuidade do fornecimento de potência. O
sucesso da operação de um Sistema Elétrico de Potência (SEP) depende da habilidade de
várias máquinas síncronas manterem o sincronismo em condições transitórias que pode ser
criadas por diferentes distúrbios.
O estudo do comportamento transitório das máquinas síncronas envolve tanto o
fenômeno elétrico, que relaciona fluxos e correntes, como o fenômeno mecânico, que
descreve as variações da velocidade do eixo e dos ângulos rotórico.
Este capítulo tem por finalidade apresentar uma revisão sobre o problema de
estabilidade no sistema de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica,
apresentando as características gerais sobre o assunto, com enfoque sobre a estabilidade
transitória. Apresenta a modelagem matemática básica e uma análise qualitativa de
estabilidade transitória de uma máquina contra uma barra infinita.
Capítulo 2 – Introdução ao Problema da Estabilidade Transitória
10
2.2. Características gerais sobre a Estabilidade
Nesta seção será descrita uma visão geral dos efeitos transitórios em sistemas
interligados de energia elétrica perante um distúrbio. Para efeito de ilustração, considere a
entrada de uma carga à rede de energia. Após esta entrada, os geradores que têm seus eixos
acionados por turbinas a vapor ou hidráulicas produzem energia para a carga, porém isto
não ocorre de maneira imediata.
Em torno do período de 10-3 segundos, a energia elétrica suprida à carga vem do
próprio circuito elétrico próximo à carga, podendo ser perceptível ou não, dependendo da
carga. Nesta faixa de tempo, a nova carga exige parte da energia armazenada no campo
magnético local, podendo haver uma queda de tensão considerável. A este fenômeno dá-se
o nome de transitório eletromagnético (MONTICELLI E GARCIA, 2003).
Após o impacto inicial, há uma resposta mecânica do sistema. A energia adicional
passa a ser provida pelos rotores dos geradores (e turbinas) que funcionam como volantes
armazenadores de energia cinética. A conseqüência imediata da perda de energia cinética
nas partes girantes é uma queda correspondente na freqüência da rede de energia elétrica. A
este fenômeno, predominante em torno de 10-1 segundo, dá-se a denominação de
transitório eletromecânico (MONTICELLI E GARCIA, 2003).
Em um período de tempo superior, na ordem de 1s, começam a atuar os
reguladores locais nos geradores. No caso do exemplo citado, agirá o atuador de velocidade
na tentativa de restabelecer a freqüência, neste caso propiciando o aumento da potência
gerada.
Terminando o período transitório, o sistema está operando em regime permanente,
as diferenças entre os ângulos de fase permanecem constantes e o fluxo de potência
também permanece constante. A potência ativa está diretamente relacionada às diferenças
entre os ângulos de fase dos geradores e, assim, o novo ponto de operação corresponde a
um novo arranjo de ângulos rotóricos das máquinas do sistema.
Também, na situação de regime permanente após a perturbação, todas as máquinas
síncronas possuirão a mesma velocidade angular, e o total das potências elétricas geradas
nas máquinas é exatamente igual à soma das potências absorvidas nas cargas mais as perdas
nas linhas, e diz-se que o sistema está em um ponto de operação estável. No exemplo de
um grande impacto, um novo ponto de operação é excursionado, e dependendo das
Capítulo 2 – Introdução ao Problema da Estabilidade Transitória
11
condições do sistema elétrico ou da magnitude da perturbação, este ponto de operação
pode não ser atingido, levando o sistema à instabilidade.
Quando as perturbações são pequenas, o estudo de estabilidade é conhecido como
estabilidade dinâmica. Pequenas perturbações são variações normais de cargas nas barras
do sistema. Nesse tipo de estudo, as equações do sistema são linearizadas em torno de um
ponto de operação estável, e o modelo matemático utilizado é um conjunto de equações
diferenciais lineares, descrito na equação a seguir.
xAx ⋅=•
(2.1)
As técnicas de análise empregadas neste caso são as de sistemas lineares. A análise
está diretamente associada ao estudo dos autovalores da matriz de transição de estados em
(2.1). Nesse tipo de estudo, o interesse recai no comportamento ao longo tempo do
sistema e, portanto, a influencia de reguladores deve ser levada em consideração, pois como
mencionado, a ação dos reguladores é eficaz após alguns segundos.
Quando os distúrbios são grandes, as não-linearidades, inerentes aos sistemas de
potência, não podem ser desprezadas, e o estudo de estabilidade é conhecido como
estabilidade transitória. O modelo matemático utilizado neste estudo é um conjunto de
equações diferenciais não-lineares.
Pode-se entender a estabilidade de um sistema como uma condição de equilíbrio
entre forças opostas. As máquinas síncronas interconectadas mantêm-se sincronizadas
através de forças denominadas “forças restauradoras”. No estado de regime permanente
existe um equilíbrio entre o torque mecânico motriz e o torque de carga elétrica em cada
máquina, fazendo com que a velocidade do rotor permaneça constante. Se o sistema é
perturbado, esse equilíbrio se desfaz, resultando em aceleração ou desaceleração dos
rotores das máquinas.
A preocupação primordial nos estudos de estabilidade transitória é a verificação da
manutenção do sincronismo entre as máquinas num curto período de tempo após a
ocorrência do distúrbio, durante o qual, a ação dos controladores não causa efeitos
significativos no comportamento do sistema.
Capítulo 2 – Introdução ao Problema da Estabilidade Transitória
12
2.3. Estudos de estabilidade transitória
Considere um sistema de potência operando em regime permanente com as
velocidades das máquinas constantes e iguais a ωo (1 pu ou velocidade síncrona) e com os
ângulos das forças eletromotrizes das máquinas δ1o’s. Nessa condição, a potência mecânica
fornecida aos geradores é exatamente igual à potência mecânica nas cargas mais a potência
perdida nas linhas. Suponha que no tempo t = to ocorra um grande distúrbio, como a perda
de uma linha ou um curto-circuito em alguma barra ou linha. Devido à mudança
topológica, o distúrbio causará um desequilíbrio de potência. Surge um excesso ou déficit
de energia nas máquinas, que ocasionará a aceleração ou desaceleração de seus rotores.
Conseqüentemente, os ângulos das máquinas alterar-se-ão no tempo, na tentativa de
restabelecer o novo equilíbrio de potência.
Se um gerador se acelera em relação a um outro, a posição angular do seu rotor em
relação ao da máquina mais lenta avançará. Esta diferença angular faz com que parte da
carga do gerador mais lento se transfira para o gerador mais rápido, dependendo da relação
potência-ângulo. Este fenômeno tende a reduzir a diferença de velocidade, e, por
conseguinte a diferença angular, entre os dois geradores. A relação potência-ângulo é não-
linear e, após certo limite, um aumento na separação angular não é mais acompanhado por
uma variação de potência transferida (denominada potência sincronizante); e isto faz
aumentar ainda mais a separação angular entre as máquinas acarretando o fenômeno da
instabilidade, ou perda de sincronismo. Em qualquer situação, a estabilidade do sistema
dependerá da existência de torques restauradores suficientes após uma perturbação.
Considerando o sistema dinamicamente estável, se o impacto for pequeno, o
sistema pode, por si só, encontrar um novo ponto de operação restabelecendo o balanço
de potência para a uma nova configuração dos ângulos δo’s. Quando o distúrbio é mais
significativo, o sistema torna-se instável, ou seja, não encontra um estado no qual ocorre o
equilíbrio de potência. Nessa situação, é necessário atuar no sistema, podendo-se até
realizar corte de algumas cargas. Quando isto ocorre, o sistema passa a ter uma nova
configuração topológica e se busca saber se o excesso de energia cinética, adquirido durante
o defeito pelos rotores das máquinas, pode ser reabsorvido pelo novo sistema de forma
que a estabilidade de ângulos e velocidades das máquinas seja mantida.
Quando um gerador síncrono perde o sincronismo do resto do sistema, o seu rotor
gira numa velocidade maior (ou menor) da que é necessária para gerar energia na
Capítulo 2 – Introdução ao Problema da Estabilidade Transitória
13
freqüência do sistema. O desacoplamento entre a velocidade do campo do estator de uma
máquina, que possui uma freqüência de rotação imposta pelos outros geradores do sistema,
e a velocidade do campo do seu rotor resulta em grandes flutuações na potência de saída
desta máquina, nas correntes e nas tensões, fazendo com que o sistema de proteção isole a
máquina do resto do sistema. A perda de sincronismo pode ocorrer entre um gerador e o
resto do sistema ou entre grupos de geradores. Neste ultimo caso, o sincronismo poderá
ser mantido nos sistemas isolados.
Se após a eliminação do defeito o sistema encontrar um ponto de operação estável,
este é dito ser estável transitoriamente. A atuação no sistema de forma a isolar o defeito
deve ser feita rapidamente para que se garanta a estabilidade. O tempo máximo em que o
isolamento de defeito deve ser feito, tal que o sistema permaneça estável, é conhecido
como tempo critico de abertura, tcr. Assim, a eliminação do defeito antes do tempo crítico
proporciona um sistema estável; se a eliminação do defeito ocorrer após o tempo crítico o
sistema se torna instável.
2.4. Modelagem matemática do problema básico.
Para estudar a estabilidade de um sistema, é necessário que este seja
convenientemente descrito através de equações matemáticas. As equações diferenciais que
descrevem o comportamento dinâmico de cada uma das máquinas do sistema podem ser
obtidas através de seus balanços de potência. A máquina é acionada por um elemento
primário que lhe fornece potência mecânica. A maior parte desta energia mecânica é
convertida em energia elétrica, que por sua vez é entregue à rede. A parte que não é
convertida em potência elétrica transforma-se em potência de aceleração do rotor da
máquina.
Pelas leis físicas, o momento de inércia, multiplicado pela aceleração angular é igual
ao torque total aplicado, τr, ao rotor da máquina síncrona, conforme descrito na equação a
seguir.
J rτ=θ⋅••
(2.2)
sendo θ, em radianos, o ângulo mecânico do rotor com relação ao eixo de referência fixo.
A grandeza τr é o torque resultante da diferença entre o torque mecânico e o torque
eletromagnético. O torque mecânico tem origem no agente motor (turbina movida por
Capítulo 2 – Introdução ao Problema da Estabilidade Transitória
14
águas em hidrelétricas ou turbina movida a vapor em termoelétricas), e a potência elétrica,
exigida pelas cargas, origina o torque eletromagnético que, através do campo magnético,
contrabalança o torque mecânico. Para o caso da máquina funcionando como gerador, o
torque eletromagnético desacelera o mesmo. A equação do torque resultante em função do
torque mecânico e do eletromagnético é dada por:
emr τ−τ=τ (2.3)
No estudo de estabilidade, adota-se uma referência síncrona única. Todas as
máquinas terão seus ângulos em relação a esta referência. O avanço no tempo do ângulo da
referência síncrona é dado pela expressão θs=ωs t. Uma máquina qualquer do sistema,
girando na velocidade síncrona, tem o seu ângulo de rotor, correspondendo ao seu eixo
direto, equacionado por:
)t()t()t( ms δ+α+ω=θ (2.4)
Na qual δm é o ângulo de carga da máquina, que é o ângulo entre o seu eixo
quadratura e o ângulo da referência síncrona.
Derivando a equação (2.4) em relação ao tempo, obtém-se as equações para calcular
a velocidade angular mecânica e aceleração angular, mostradas em (2.5) e (2.6)
respectivamente.
)t()t( msm
••δ+ω=θ=ω (2.5)
)()( tt m
••••= δθ (2.6)
A equação diferencial que descreve o comportamento do ângulo rotórico δm em
relação ao tempo é a mesma de θ em (2.6), e assim:
J emm τ−τ=δ⋅••
(2.7)
Em sistemas elétricos de potência é mais conveniente trabalhar com potências do
que trabalhar com torque. Através de manipulações algébricas em (2.2), (2.3), (2.5) e (2.6) e
multiplicando pela aceleração angular, obtém-se (2.8), descrita a seguir:
em PPM −=δ⋅••
(2.8)
Capítulo 2 – Introdução ao Problema da Estabilidade Transitória
15
Sendo M a constante de inércia em pu, que corrigido pelo número de pólos (P),
resulta em:
B
s
SP
J2M
⋅ω⋅⋅=
(2.9)
As equações diferenciais de balanço do rotor, implementadas para a análise
dinâmica do sistema, em função da constante de inércia e coeficiente de amortecimento da
máquina, H e D respectivamente, são apresentadas a seguir:
elemec
...
s
PPDH2 −=δ⋅+δ⋅
ω⋅ (2.10)
ω=δ.
(2.11)
2.5. Análise qualitativa de estabilidade para um sistema de uma máquina contra o barramento infinito.
Segundo (MELLO, 1977), uma grande quantidade de informações pode ser extraída
de um sistema bastante simplificado em termos de topologia, constando simplesmente de
uma máquina síncrona, uma barra infinita e uma linha de transmissão interligando-as. Um
primeiro estudo da estabilidade transitória de uma máquina síncrona pode ser feito
utilizando-se este sistema simples. Os efeitos de reguladores podem ser incluídos e
testados, e após os ajustes e testes neste sistema reduzido, a máquina é simulada no sistema
elétrico real em conjunto com as outras máquinas eletricamente próximas. Aplicando-se
esta idéia, esta seção realça os principais aspectos e eventos decorrentes de um caso de
estabilidade transitória. Considere a Figura 2.1 onde se tem uma máquina de pólos lisos e
duas linhas modeladas considerando apenas seus parâmetros transversais. A curva de
potência transmitida nas linhas em função da abertura angular entre as duas barras é uma
senóide.
Figura 2.1 – Sistema elétrico sob estudo.
Capítulo 2 – Introdução ao Problema da Estabilidade Transitória
16
Antes de um defeito (neste caso, um curto circuito no meio de uma das linhas), o
sistema está operando em equilíbrio com a potência mecânica da máquina igual à potência
elétrica fornecida à carga. O ângulo da máquina é igual à δo e o sistema está operando no
ponto indicado com o número 1 sobre a curva de potência do regime pré-defeito da Figura
2.2. Ao ocorrer o curto, a capacidade de transmissão de potência do sistema diminui e é
descrito pela curva de potência com menor valor de pico da Figura 2.2. Como o ângulo da
máquina não pode variar de maneira descontínua, a potência elétrica da máquina diminui
instantaneamente, passando da curva de pré-defeito no ponto 1 para o ponto 2 na curva de
potência do novo sistema; a potência mecânica é maior do que a potência elétrica, logo a
máquina começa a acelerar. Note-se que a curva de potência elétrica do sistema em falta
permanece sempre abaixo da potência mecânica; portanto, se o sistema fosse mantido nesta
situação, a máquina permaneceria indefinidamente acelerando. No instante ta (tempo de
abertura), o defeito é eliminado e o ângulo tem o valor δa. Com a remoção da linha em
curto, o sistema passa do ponto 3 sobre a curva de potência do sistema em falta para o
ponto 4 na curva do sistema pós-falta. Essa configuração o sistema tem uma capacidade de
transmissão um pouco mais elevada. Como a máquina se acelerou durante o período de
defeito, a sua velocidade neste ponto é superior à velocidade do eixo de referência
síncrona. A potência elétrica tornou-se maior que a potência mecânica e, assim, o sistema
estará desacelerando, embora o ângulo continue aumentando até a velocidade do rotor se
igualar novamente à velocidade síncrona.
Pm
4
3
2
1
Pe pré-falta
Pe pós-falta
Pe falta
Pot
ênci
a E
létr
ica
Tempo (seg)
δa
t a
δo
Figura 2.2 – Curvas de excursão do ângulo rotórico.
Capítulo 2 – Introdução ao Problema da Estabilidade Transitória
17
A área sob a curva de potência versus ângulo corresponde à energia cinética
armazenada no rotor da máquina durante o defeito. Em caso de equilíbrio entre a potência
elétrica gerada e a potência mecânica no eixo, nenhuma energia cinética extra se acumula na
máquina. Quando há o desequilíbrio devido a um defeito, como aquele descrito
anteriormente, a diferença entre potência elétrica e potência mecânica causa variação de
energia acumulada nas partes girantes da máquina. Se toda a energia extra que foi ganha
pela massa girante da máquina durante a excursão angular puder ser devolvida ao sistema
elétrico após o isolamento do defeito, a máquina permanece em sincronismo. Caso
contrário, a máquina perde o sincronismo e deve ser isolada do sistema elétrico. Percebe-se
na Figura 2.2 que a área entre a linha representativa da potência mecânica na turbina do
gerador e a curva de potência elétrica fornecida durante o período de curto, deve ser igual à
área entre a curva de potência elétrica fornecida ao sistema após o isolamento do defeito e
a linha representativa da potência mecânica na turbina do gerador. O ângulo no qual o
sistema deve ter o defeito isolado é chamado de ângulo crítico e ocorre em um tempo
denominado tempo crítico. Se o isolamento do defeito ocorrer após este tempo crítico, a
energia de aceleração não poderá mais ser totalmente devolvida à rede, provocando
consequentemente a perda de sincronismo do gerador.
2.6. Conclusões do capítulo
Foram apresentados neste capítulo os conceitos de estabilidade em sistemas
elétricos de potência. Comentou-se também sobre os estudos de estabilidade transitória e
estabilidade dinâmica. A estabilidade transitória é uma característica desejável nos sistemas
elétricos quando estes sofrem grandes impactos tais como curto circuitos ou saídas ou
entradas de linhas de transmissão ou grandes cargas. A estabilidade dinâmica é uma
característica desejável nos sistemas elétricos na presença de pequenas perturbações. O
estudo de estabilidade transitória e o de estabilidade dinâmica necessitam de ferramentas
matemáticas diferentes para análise. Enquanto a estabilidade dinâmica lança mão da
linearização do sistema e das máquinas em torno de um ponto de operação de interesse, a
estabilidade transitória deve utilizar equações diferenciais não-lineares, normalizadas para as
máquinas síncronas do sistema de potência.
Capítulo 2 – Introdução ao Problema da Estabilidade Transitória
18
Um estudo teórico de estabilidade transitória foi apresentado e explicado através da
utilização de um sistema simples e do critério denominado “áreas iguais”.
19
Capítulo 3
Inicializações das variáveis do
problema de estabilidade
3.1. Introdução
A inicialização do sistema para estudo de estabilidade transitória consiste no cálculo
dos módulos das tensões e ângulos das barras e das máquinas geradoras do sistema elétrico
de potência (SEP) trifásico em regime permanente.
Quando possível, um gerador síncrono é representado por uma fonte de tensão
ideal ligada a uma barra interna extra, criando-se uma linha de transmissão entre a barra
interna e a barra original; a impedância desta linha de transmissão equivalente é a
impedância do gerador. A reatância do gerador depende do tipo de modelo usado.
A Figura 3.1 ilustra o modelo monofásico clássico, representado por uma fonte de
tensão atrás de uma impedância transitória.
rs jx'd
Barra de Carga
Ig
Barra Swing(Antiga Barra de Geração)(Barra Interna)
Figura 3.1 – Modelo clássico do gerador síncrono
Capítulo 3 – Inicializações das variáveis do problema de estabilidade
20
O presente capítulo apresenta as alternativas desenvolvidas para o processo de
inicialização do SEP e dos ângulos rotóricos das máquinas síncronas, para análise da
dinâmica dos sistemas de distribuição na presença de geração dispersa e distribuída.
3.2. Inicialização do SEP
A inicialização do sistema elétrico de potência em problema monofásico ou
trifásico equilibrado é feita partindo-se do fluxo de potência para o sistema reduzido
original e depois se inserem as novas barras e linhas internas de interligação, sendo
calculados as tensões e ângulos.
Para o sistema trifásico desequilibrado, esta metodologia não é eficaz e a
inicialização da rede se torna mais complexa. Considerando a velocidade síncrona mantida,
o fluxo girante proveniente do campo do rotor da máquina síncrona gera, nos
enrolamentos do estator, fluxos senoidais de mesmos módulos e defasados 120o entre si.
Estes fluxos existentes nas três bobinas de estator irão gerar tensões induzidas internas, Ei,
equilibradas e independentes das condições de carregamento do sistema. Com isto, sugere-
se que as correntes desequilibradas de linha não desequilibrem as tensões internas dos
geradores, contrariando seu princípio físico de funcionamento como fonte de tensão ideal
atrás de impedância, segundo (EL ABIAD, 1976).
O cálculo da inicialização das tensões e ângulos das barras internas dos geradores
síncronos em um sistema de potência trifásico desequilibrado pode ser resolvido com o
fluxo de cargas aplicado ao sistema ampliado com os geradores, ou seja, para cada máquina
foram consideradas novas barras internas e linhas, como ilustrado na Figura 3.2. As
grandezas mostradas na Figura 3.2 são a reatância de seqüência zero (reatância de
dispersão, Xl), a reatância de seqüência positiva subtransitória (X”d) e a média das reatâncias
representando a reatância de seqüência negativa. A matriz A de componentes simétricos é
responsável pela mudança de referência de coordenadas 012 para abc, conforme descrito
no Apêndice A.
Figura 3.2 – Circuito equivalente trifásico.
Capítulo 3 – Inicializações das variáveis do problema de estabilidade
21
A utilização de reatância subtransitória, com a saliência subtransitória desprezada,
possibilita a representação de uma fonte atrás de impedância. O problema de fluxo de carga
pode ser assim resolvido desde que se introduzam as restrições especiais que regem o
gerador síncrono. Este procedimento se denomina aqui de fluxo de carga especial trifásico.
3.2.1. Desenvolvimento do Fluxo de Carga Trifásico Especial
O cálculo do ponto de operação inicial do sistema é obtido via solução do fluxo de
carga trifásico especial, descrito numa formulação Newton-Raphson esparsa em
coordenadas retangulares das tensões nas barras, expressa em termos das equações de
injeção de corrente. As equações básicas do resíduo de corrente e potência na barra k são
apresentadas nas equações (3.1), (3.2)e (3.3):
0EYE
jQPI
n
1jjkj*
k
espk
espk
k =−−=∆ ∑=
(3.1)
sendo:
Lk
Gk
espk PPP −=
Lk
Gk
espk QQQ −=
(3.2)
(3.3)
A dependência da potência da carga com a tensão é modelada na forma polinomial
descrito pelas seguintes equações:
( )( )2
kqkqq0k
Lk
2kpkpp
0k
Lk
VcVbaQQ
VcVbaPP
++=
++=
(3.4)
(3.5)
sendo:
1
1
=++
=++
qqq
ppp
cba
cba
(3.6)
(3.7)
As barras internas das máquinas são classificadas como de potência constante. Os
ângulos dos fasores são deslocados de 120o e das seis grandezas descritoras da barra interna
(magnitude e fase das tensões), é necessário se conhecer duas delas como o módulo do
Capítulo 3 – Inicializações das variáveis do problema de estabilidade
22
fasor de tensão na fase a e o ângulo do fasor de tensão da fase a. Precisa-se então de duas
equações para este tipo de barra. Após a inclusão da barra interna de geração, a antiga barra
de geração passa a ser uma barra PQ normal, na qual as tensões devem ser calculadas.
As duas equações relativas às barras internas de geração são a do balanço do fluxo
de potência ativa do gerador para a rede e da média aritmética do módulo de tensão das
fases a, b e c na barra externa. Assim tem-se para esta barra interna as seguintes equações:
*3
i teleP real E Y V⋅ ⋅ ⋅φ
⎛ ⎞⎛ ⎞⎜ ⎟= ⋅ ⋅∑ ⎜ ⎟⎜ ⎟⎝ ⎠⎝ ⎠
(3.8)
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 3VVVVVVV2c
t
2ct
2bt
2bt
2at
2at
medt mrmrmr ⎟
⎠⎞
⎜⎝⎛ +++++=
(3.9)
O valor da tensão interna Ei referenciada para fase A é obtido pela equação (3.10); a
admitância da linha interna em (3.11) e a tensão terminal do gerador para as três fases em
(3.12):
⎥⎥⎥⎥⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢⎢⎢⎢⎢
⎣
⎡
+−
−−⋅−
⎥⎥⎥⎥⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢⎢⎢⎢⎢
⎣
⎡
−−
+−=⋅+=⋅
ai
ai
ai
ai
ai
ai
ai
ai
ai
ai
iii
rm
rm
m
mr
mr
r
mr
E2
3E
2
1
E2
3E
2
1
E
j
E2
3E
2
1
E2
3E
2
1
E
EjEE (3.10)
⎥⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢⎢
⎣
⎡⋅+
⎥⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢⎢
⎣
⎡=⋅+=
⋅
cccbca
bcbbba
acabaa
cccbca
bcbbba
acabaa
BBB
BBB
BBB
j
GGG
GGG
GGG
BjGY (3.11)
⎥⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢⎢
⎣
⎡
⋅−⎥⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢⎢
⎣
⎡
=⋅+=⋅
ct
bt
at
ct
bt
at
mtrtt
m
m
m
r
r
r
V
V
V
j
V
V
V
VjVV (3.12)
A representação matricial ampliada de (3.8), em coordenadas retangulares é descrita
por
Capítulo 3 – Inicializações das variáveis do problema de estabilidade
23
r
r mr m r m
r m
m
m rm r m r
m r
ai
3 a at tele i i i i
a ai i
ai
a at ti i i i
a ai i
E 0 0
1 3P 0 E E 0 G E V B E V . . .
2 2
1 30 0 E E
2 2
E 0 0
1 30 E E 0 G V E B V E
2 2
1 30 0 E E
2 2
φ
⎡ ⎤⎢ ⎥⎢ ⎥
⎛ ⎞⎢ ⎥ ⎛ ⎞ ⎛ ⎞= − + ⋅ ⋅ − − ⋅ −∑ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎜ ⎟⎢ ⎥ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠⎝ ⎠⎢ ⎥⎢ ⎥− −⎢ ⎥⎣ ⎦⎡ ⎤⎢ ⎥⎢ ⎥
⎛ ⎞⎢ ⎥ ⎛ ⎞ ⎛ ⎞− − − ⋅ ⋅ − + ⋅ −⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎜ ⎟⎢ ⎥ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠⎝ ⎠⎢ ⎥⎢ ⎥− +⎢ ⎥⎣ ⎦
As novas variáveis de estados serão os incrementos da tensão interna da fase a na
representação fasorial retangular; em sua parte real, r
aiE∆
, e sua parte imaginária, aim
E∆ . A
forma compacta do sistema linear aumentado a ser resolvido a cada iteração pelo método
de Newtom-Raphson neste fluxo de potência especial é dado por:
r m
r m
r m
r m
r m
r m
r
a am ma ai i
b bm ma ai i
c cm ma
m a ab i im
a ac r rma a
a i irb bbr rra aci ir
c cr r
3 a aele i imed
3eleat
I I
E E
I I
E E
I II
E EI
I IIE E
I
I II
E EI
I I
P E EV
P
V
φ
φ
∂ ∂
∂ ∂
∂ ∂
∂ ∂
∂ ∂⎡ ⎤∆⎢ ⎥ ∂ ∂⎢ ⎥∆⎢ ⎥ ∂ ∂∆⎢ ⎥⎢ ⎥ ∂ ∂∆⎢ ⎥⎢ ⎥ = ∂ ∂∆⎢ ⎥⎢ ⎥ ∂ ∂∆⎢ ⎥⎢ ⎥ ∂ ∂⎢ ⎥⎢ ⎥∆ ∂ ∂⎢ ⎥∆⎢ ⎥⎣ ⎦
∂ ∂
∂
L
L
M
M M O M M
r r m m m r m
r r r m m m
3 3 3 3 3 3 3ele ele ele ele ele ele eleb c a b c a at t t t t i i
med med med med med meda b c a b ct t t t t t
P P P P P P P
V V V V V E E
V V V V V V0 0
V V V V V V
φ φ φ φ φ φ φ
⎡ ⎤⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂⎢
∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂⎢⎢∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂⎢⎢
∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂⎢⎢⎣ ⎦⎢
L
L
r
m
arbrcrambmcm
ai
ai
V
V
V
V
V
V
E
E
⎡ ⎤∆⎢ ⎥⎢ ⎥∆⎢ ⎥
∆⎢ ⎥⎢ ⎥
∆⎢ ⎥⎢ ⎥
⎥ ∆⋅ ⎢ ⎥⎥ ⎢ ⎥∆⎥ ⎢ ⎥⎥ ⎢ ⎥⎥ ⎢ ⎥⎥ ⎢ ⎥∆⎥ ⎢ ⎥⎥ ⎢ ⎥∆⎥ ⎢ ⎥⎣ ⎦⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥
M
(3.13)
Jacobiana Convencional
(3.14)
Capítulo 3 – Inicializações das variáveis do problema de estabilidade
24
A dimensão da matriz jacobiana convencional é proporcional ao número de barras do
sistema ampliado, os termos de derivadas relativos às barras originais do sistema são
descritas em vários trabalhos, (DA COSTA Et alii, 1988) e (GARCIA et alii, 2000). Os
termos novos que devem ser adicionados à matriz jacobiana são dados pelas equações a
seguir:
• Equação da derivada da potência elétrica total em relação à componente real da
tensão terminal para um gerador:
+⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛+−⋅−⋅−⋅−=
∂∂ a
iaibn
aian
aiann
t
elemrrr
r
E2
3E
2
1GEBEG
V
P
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−⋅−⎟⎟
⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−−⋅−⎟⎟
⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−−⋅− a
iaicn
ai
aicn
ai
aibn mrmrmr
E2
1E
2
3BE
2
3E
2
1GE
2
1E
2
3B
(3.15)
A equação (3.15), genérica em n, representa cada uma das fases a, b, c.
• Equação da derivada da Potência elétrica total em relação à componente imaginário
da tensão terminal, de fase k, para um gerador:
+⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛+−⋅+⋅−⋅=
∂∂ a
iaibn
aian
aiann
t
elemrrr
m
E2
3E
2
1BEGEB
V
P
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−⋅−⎟⎟
⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−−⋅+⎟⎟
⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−−⋅− a
iaicn
ai
aicn
ai
aibn mrmrmr
E2
1E
2
3GE
2
3E
2
1BE
2
1E
2
3G
(3.16)
Capítulo 3 – Inicializações das variáveis do problema de estabilidade
25
• Equação da derivada da Potência elétrica total em relação à componente real da
tensão interna para um gerador:
+⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−+−⋅⎟⎟
⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⋅+⋅−−−=
∂∂ b
tai
aicbbb
cbbbaba
i
elermr
r
VE2
3E
2
1B
2
3B
2
3
2
G
2
GG
E
P
+⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−+−⋅⎟
⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⋅+⋅−−− c
tai
aicc
bcccbcac
rmrVE
2
3E
2
1B
2
3
2
B
2
3
2
G
2
GG
+⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−−⋅⎟
⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⋅−⋅+++− b
tai
aicbbb
cbbbab
mmrVE
2
1E
2
3G
2
3G
2
3
2
B
2
BB
+⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−−⋅⎟
⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⋅−⋅+++− c
tai
aicc
bcccbcac
mmrVE
2
1E
2
3G
2
3
2
G
2
3
2
B
2
BB
+⎟⎟⎟
⎠
⎞
⎜⎜⎜
⎝
⎛⋅+−⋅⎟
⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⋅−⋅+−− a
i
ai
bcbbbcbb
bam
r E2
3
2
EB
2
3B
2
3
2
G
2
GG
+⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⋅−−⋅⎟⎟
⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⋅−⋅+−− a
i
ai
cccbcccb
ca m
r E2
3
2
EB
2
3B
2
3
2
G
2
GG
+⎟⎟⎟
⎠
⎞
⎜⎜⎜
⎝
⎛−⋅−⋅⎟
⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛++⋅−⋅+−−
2
EE
2
3
2
B
2
BG
2
3G
2
3B
aia
ibcbb
bcbbbam
r
+⎟⎟⎟
⎠
⎞
⎜⎜⎜
⎝
⎛−⋅⋅⎟
⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛++⋅−⋅+−−
2
EE
2
3
2
B
2
BG
2
3G
2
3B
aia
icccb
cccbcam
r
( )+−⋅⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⋅+⋅−−− a
taicaba
cabaaa
rrVEB
2
3B
2
3
2
G
2
GG
( )+−⋅⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⋅−⋅+++− a
taicaba
cabaaa
mmVEG
2
3G
2
3
2
B
2
BB
+⋅⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⋅−⋅+−− a
iacabacab
aar
EB2
3B
2
3
2
G
2
GG
ai
acabacabaa
mE
2
B
2
BG
2
3G
2
3B ⋅⎟
⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−−⋅+⋅−
(3.17)
Capítulo 3 – Inicializações das variáveis do problema de estabilidade
26
• Equação da derivada da Potência elétrica total em relação à componente imaginário
da tensão interna para um gerador:
+⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−+−⋅⎟⎟
⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⋅+⋅+−−=
∂∂ b
tai
aicbbb
cbbbaba
i
elermr
m
VE2
3E
2
1G
2
3G
2
3
2
B
2
BB
E
P
+⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−−−⋅⎟
⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⋅+⋅+−− c
tai
aiccbc
ccbcac
rmrVE
2
3E
2
1G
2
3G
2
3
2
B
2
BB
+⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−−−⋅⎟
⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⋅−⋅−−− b
tai
aicbbb
cbbbab
mmrVE
2
1E
2
3B
2
3B
2
3
2
G
2
GG
+⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−−⋅⎟
⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⋅−⋅−−− c
tai
aiccbc
ccbcac
mmrVE
2
1E
2
3B
2
3B
2
3
2
G
2
GG
+⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛+−⋅⎟
⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⋅−⋅+++− a
iaibcbb
bcbbba
mrE
2
3E
2
1G
2
3G
2
3
2
B
2
BB
+⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−−⋅⎟
⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⋅−⋅+++− a
iaicccb
cccbca
mrE
2
3E
2
1G
2
3G
2
3
2
B
2
BB
+⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛+⋅⎟
⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⋅+⋅−++− a
iaibcbb
bcbbba
mrE
2
3E
2
1B
2
3B
2
3
2
G
2
GG
+⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−⋅⎟
⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⋅+⋅−++− a
iaicccb
cccbca
rrE
2
3E
2
1B
2
3B
2
3
2
G
2
GG
( )+−⋅⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⋅+⋅+−− a
taicaba
cabaaa
mmVEB
2
3B
2
3
2
G
2
GG
( )+−⋅⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⋅−⋅+−− a
taicaba
cabaaa rr
VEG2
3G
2
3
2
B
2
BB
+⋅⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⋅−⋅+++− a
iacabacab
aar
EG2
3G
2
3
2
B
2
BB
aiacab
acabaa
mEB
2
3B
2
3
2
G
2
GG ⋅⎟
⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⋅+⋅−−−
(3.18)
Capítulo 3 – Inicializações das variáveis do problema de estabilidade
27
• Equação da derivada da Tensão média em relação à componente real da tensão
terminal para um gerador:
( ) ( )2nt
2nt
nt
nt
medt
mr
r
r VV3
V
V
V
+⋅=
∂∂ (3.19)
• Equação da derivada da tensão média em relação à componente imaginário da
tensão terminal para um gerador:
( ) ( )2nt
2nt
nt
nt
medt
mr
m
m VV3
V
V
V
+⋅=
∂∂ (3.20)
• Equação das derivadas da tensão média em relação à componente real da tensão
interna para um gerador:
0E
V
E
Vai
medt
ai
medt
mr
=∂
∂=∂
∂ (3.21)
• Equação da derivada da componente imaginário de corrente do gerador em relação
à componente real da tensão interna:
ncnbncnbnaai
nm G
2
3G
2
3G
2
1B
2
1B
E
I
r
⋅−⋅+⋅+⋅+−=∂∂ (3.22)
• Equação da derivada da componente real da corrente do gerador em relação ao
componente imaginário da tensão interna:
ncnbncnbnaai
nm B
2
3B
2
3B
2
1G
2
1G
E
I
m
⋅+⋅−⋅+⋅+−=∂∂ (3.23)
Capítulo 3 – Inicializações das variáveis do problema de estabilidade
28
• Equação da derivada da componente real da corrente do gerador em relação à
componente real da tensão interna:
ncnbncnbnaai
nr B
2
3B
2
3G
2
1G
2
1G
E
I
r
⋅+⋅−⋅+⋅+−=∂∂ (3.24)
• Equação da derivada da componente real da corrente do gerador em relação à
componente imaginária da tensão interna:
ncnbncnbnaai
nr G
2
3G
2
3B
2
1B
2
1B
E
I
m
⋅+⋅−⋅−⋅−=∂∂ (3.25)
Para as barras internas, os resíduos eleP∆ e medtV∆ são dados por:
calcele
espeleele PPP ∑−=∆ (3.26)
( ) 3VVV calct
medt
medt ∑−=∆ (3.27)
O cálculo da potência gerada por fase, para as barras internas resulta em:
calcmi
calcri
Gk IEIEP
mr⋅+⋅= (3.28)
A cada iteração, as componentes retangulares da tensão interna na fase a das barras
internas são atualizadas como mostrado nas seguintes equações:
)h(i
)h(i
)1h(i rrr
EEE ∆+=+ (3.29)
)h(i
)h(i
)1h(i mmm
EEE ∆+=+ (3.30)
Convergido o processo de Newton-Raphson e conhecidas as tensões trifásicas das
barras do sistema e as tensões internas das barras geradoras, basta fazer o cálculo de
rotação fasorial para determinação das demais fases das barras internas. Tem-se assim a
finalização do processo de inicialização da rede.
As tensões e ângulos internos encontrados são para fase a, para as demais fases
simplesmente é feito o giro fasorial, já que estas são equilibradas e simétricas.
Capítulo 3 – Inicializações das variáveis do problema de estabilidade
29
3.3. Inicialização dos ângulos rotóricos das máquinas síncronas
O conhecimento da real posição do ângulo rotórico das máquinas é fundamental,
pois este ângulo é responsável pela mudança de referência das grandezas do sistema,
passando-as de coordenadas em abc para coordenadas qd0, para quais as reatâncias do
modelo das máquinas síncronas são constantes.
Os valores de correntes e tensões trifásicas calculadas no processo de inicialização
da rede são convertidos para valores em componentes simétricos, sendo adotada a
seqüência positiva para os cálculos. Isto decorre do fato das grandezas de seqüência
positiva serem as únicas relacionadas ao fluxo de potência ativa e, conseqüentemente, ao
ângulo rotórico.
Os itens a seguir descrevem o processo de inicialização dos ângulos rotóricos
separadamente para máquinas de pólos lisos e pólos salientes.
3.3.1. Inicialização para Máquinas de Pólos Lisos
Nas máquinas de pólos lisos, o ângulo δ é determinado de maneira análoga à análise
monofásica, sendo o seu valor igual ao ângulo da tensão Eq (tensão atrás da impedância
síncrona) quando resolvido pelas grandezas da rede em seqüência positiva.
A Figura 3.3 apresenta a decomposição da tensão terminal e da corrente de um
gerador na seqüência positiva, Vt+ e I+ respectivamente, rebatidos nos eixos ortogonais d e
q, (KRAUSE, 1986).
Referência
Eixo d
Eixo qEq
Iq
Id
I+
Vt+
RsI+
jXqI+
βα
δ
Figura 3.3 – Decomposição de Vt e I nos eixos d e q
Capítulo 3 – Inicializações das variáveis do problema de estabilidade
30
É interessante notar que o ângulo da barra interna calculado pelo fluxo de potência
especial, α, é diferente do ângulo rotórico da máquina.
O cálculo de .
qE é expresso por:
.
q
.
s
.
t
.
q IXjIRVE +++ ⋅⋅+⋅+= (3.31)
A localização do ângulo rotórico é obtida por:
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛∠=δ
⋅qE (3.32)
No item 3.3.3 será descrito o processo de conferência e validação para os ângulos
rotóricos das máquinas síncronas de pólos lisos para a metodologia utilizada.
3.3.2. Inicialização para Máquinas de Pólos Salientes.
Para as máquinas de pólos salientes, o processo de inicialização do ângulo rotórico
é mais complexo, pois não há um modelo matemático que o represente.
O cálculo dos ângulos rotóricos para máquinas síncronas de pólos salientes é
determinado por um processo iterativo. Sabendo que em máquinas de pólos salientes a
tensão transitória de eixo direto, E’d, é nula, deve-se encontrar um δ que satisfaça tal
condição.
A variação de E’d em função do δ é apresentada pela equação em (3.34).
++++⋅⋅⋅⋅⋅
⋅⋅+⋅⋅+⋅+= q'qd
'dst IXjIXjIRV'E
(3.33)
⎟⎠⎞
⎜⎝⎛ ℑ⋅δ−ℜ⋅δ=∴
⋅⋅)'E()(cos)'E()(sen'E d (3.34)
As correntes dos eixos q e d calculadas por:
δ∠⎟⎠⎞
⎜⎝⎛ ℑ⋅δ+ℜ⋅δ= +++
⋅⋅⋅)I()(sen)I()(cosIq (3.35)
)90()I()(cos)I()(senI od −δ∠⎟
⎠⎞
⎜⎝⎛ ℑ⋅δ−ℜ⋅δ= +++
⋅⋅⋅ (3.36)
Capítulo 3 – Inicializações das variáveis do problema de estabilidade
31
O valor inicial de δ para o processo iterativo é igual ao ângulo da tensão interna ,
α, sendo incrementado a cada iteração, atualizando as correntes +⋅qI e +
⋅qI ,
posteriormente E'd de (3.34).
Como os incrementos de δ são discretos, da ordem de 10-4 radianos, pode ocorrer
que E’d pule o valor de convergência, para contornar esta situação, passou a observar o
ponto de cruzamento da evolução de E’d por zero, utilizando o método da interpolação
para acomodação no valor zero. A Figura 3.4 ilustra o procedimento descrito
anteriormente.
Âng
ulo
Rot
óric
oE
'd
59 59.5 60.5 61.56160 62
59 59.5 60.5 6160 61.5 62
0.0626
0.0626
0.0626
0.0626
0.0626
2
0
-2
-4
x 10-4
Número de iterações
Figura 3.4 – Método da interpolação para determinação do ângulo rotórico
O fluxograma da Figura 3.5 resume a metodologia empregada para determinação
dos ângulos rotóricos.
Capítulo 3 – Inicializações das variáveis do problema de estabilidade
32
Entrada de dados
Inicialização de δ
Repr. Seq. positiva
Transf. RI dq
Cálculo de E'd(δ)
E'd < tol.
δ = δ + ∆δ
Atualização de Id e Iq
Sim
Não
Fim
1
2
3
4
5
6
7
8
Figura 3.5 – Fluxograma do processo de inicialização dos ângulos rotóricos.
O bloco 4 do fluxograma da Figura 3.5 representa a transformação de real e
imaginário das variáveis elétricas da rede na seqüência positiva para as coordenadas dq0.
3.3.3. Validação do processo de inicialização dos ângulos δ's
Para efeito de conferência e validação, o ângulo δ encontrado deve satisfazer às
condições de tensão e potência para cada máquina. A tensão interna subtransitória em
coordenadas qd0 é dada por:
++++⋅⋅⋅⋅⋅
⋅⋅+⋅⋅+⋅+= q"qd
"dst IXjIXjIRV"E (3.37)
A tensão subtransitória em coordenadas abc deve ser igual à tensão interna
calculada no fluxo de carga especial, conforme mostrada na equação (3.38).
⎥⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢⎢
⎣
⎡
=⋅⋅
0
"E
0
)abc("E (3.38)
Na verificação da potência elétrica total de cada máquina, a condição a ser satisfeita
é descrita por (3.39):
Capítulo 3 – Inicializações das variáveis do problema de estabilidade
33
( ) ( )d"dq
"q
cG
bG
aGele IEIE3PPPP ⋅+⋅⋅=++= (3.39)
Sendo os valores dos módulos da tensão subtransitória referida aos eixos d e q
calculados pelas expressões em (3.40) e (3.41).
⎟⎠⎞
⎜⎝⎛ℑ⋅δ+⎟
⎠⎞
⎜⎝⎛ℜ⋅δ=
⋅⋅"E)(sen"E)(cosE"
q (3.40)
⎟⎠⎞
⎜⎝⎛ℑ⋅δ−⎟
⎠⎞
⎜⎝⎛ℜ⋅δ=
⋅⋅"E)(cos"E)(senE"
d (3.41)
Depois de verificadas as condições estabelecidas em (3.38) e (3.39), está terminado
o processo de inicialização das variáveis do problema de estabilidade transitória.
3.4. Conclusões do Capítulo
Este capítulo apresentou a modelagem e a incorporação das barras internas dos
geradores no problema de fluxo de carga via injeção de correntes. Para isto, utiliza-se um
sistema aumentado de equações de modo a determinar o ponto de operação do SEP
simultaneamente com as tensões internas dos geradores, numa abordagem trifásica. As
equações especiais que fazem parte da matriz jacobiana foram apresentadas.
Em seguida, foram apresentados os métodos para determinação da posição dos
ângulos rotóricos das máquinas síncronas, tanto para pólos lisos como para pólos salientes
e o método de conferência para validação destes ângulos.
34
Capítulo 4
Implementação do modelo da
máquina síncrona e inclusão dos
controles utilizando a abordagem
trifásica.
4.1. Introdução
Na simulação do comportamento dinâmico de sistemas elétricos as máquinas
síncronas são representadas na forma de modelos matemáticos, expressa por equações
diferenciais.
Estes modelos são determinados em termos dos parâmetros (Xd, X’d, X”d, T’d0, etc.)
(MELLO, 1974).
Assim como para os geradores, existem os modelos para os controladores de
tensão, velocidade e estabilizador. Estes podem possuir diversas formas aos quais,
dependem de cada fabricante.
Neste capítulo são descritas a implementação dos modelos dinâmicos dos geradores
síncronos e a inclusão dos reguladores locais da máquina síncrona. A seção seguinte tratará
da descrição matemática da máquina, e na próxima seção da implementação dos controles
utilizados neste trabalho.
Capítulo 4 – Implementação do modelo da máquina síncrona e inclusão dos controles
35
4.2. Implementação dos modelos dinâmicos das máquinas síncronas
Para o estudo de estabilidade transitória, as variáveis de estado do modelo dos
geradores devem ser inicializadas antes da ocorrência do defeito a ser simulado. A Figura
4.1 ilustra o diagrama de blocos do modelo subtransitório das máquinas síncronas.
Figura 4.1 – Modelo subtransitório da máquina síncrona.
Capítulo 4 – Implementação do modelo da máquina síncrona e inclusão dos controles
36
Nesta seção é apresentado o diagrama de blocos da máquina síncrona, a seção
seguinte apresenta as equações de estado para o estudo de estabilidade transitória assim
como a inicialização destas variáveis. Também é descrito como simular o sistema elétrico
durante o defeito.
4.2.1. Inicialização das variáveis do modelo da máquina.
A tensão subtransitória E” é montada ao longo do tempo através de seus
componentes de eixo direto e eixo quadratura. Estes componentes em pu são iguais aos
enlaces de fluxo por segundo subtransitórios nos eixos quadratura e eixo direto. Para
determinação destes valores ao longo do tempo é necessário um conjunto de equações
envolvendo E’d e ψkq para o eixo q e E’q e ψkd para o eixo d. As equações destas variáveis de
estado são descritas por (MELLO, 1977) e são mostradas a seguir:
( ) ( )( ) ( )
( ) ⎟⎟⎟⎟
⎠
⎞
⎜⎜⎜⎜
⎝
⎛
⋅−
−⋅−−⋅
⎟⎟⎟
⎠
⎞
⎜⎜⎜
⎝
⎛
−++ψ⋅
−⋅−= q
l'q
l''q
'qq'
d2l
'q
1kq2
l'q
1'0q
'd i
xx
xxxxE
xx
K1
xx
K
T
1E
dt
d (4.1)
( )( )ql'q
'dkq''
0qkq ixxE
T
1
dt
d ⋅−++ψ⋅−=ψ (4.2)
( ) ( )( ) ( )
( )' ''
q q q l' '2 2q fd kd q q' 2 2 '' 'd0 q lq l q l
x x x xK Kd 1E E 1 E i
dt T x xx x x x
⎛ ⎞⎛ ⎞ − ⋅ −⎜ ⎟⎜ ⎟= ⋅ + ⋅ ψ − + ⋅ − ⋅⎜ ⎟⎜ ⎟
−⎜ ⎟⎜ ⎟− −⎜ ⎟⎜ ⎟⎝ ⎠⎝ ⎠
(4.3)
( )( )' 'kd kd q d l d' '
d0
d 1E x x i
dt Tψ = − ⋅ −ψ + − − ⋅ (4.4)
Sendo K1 e K2 definidas pelas equações (4.5) e (4.6) respectivamente.
( ) ( )( )2l
'q
''q
'q
1xx
xxxxK
−
−⋅−=
(4.5)
( ) ( )( )2l
'd
''d
'd
'dd
2xx
xxxxK
−
−⋅−=
(4.6)
Capítulo 4 – Implementação do modelo da máquina síncrona e inclusão dos controles
37
Em regime estas grandezas em coordenadas qd0 são constantes. Assim, fazendo-se
as derivadas de (4.2) e (4.4) serem nulas tem-se:
( ) ql'q
'dkq ixxE ⋅−−−=ψ (4.7)
( )' 'kd q d l dE x x iψ = − − ⋅ (4.8)
As inicializações de E’d e E’q são determinadas algebricamente rebatendo a tensão
E’, em (3.34), para os eixos d e q. Com isso, termina a fase de inicialização das variáveis
para o processo de integração do modelo da máquina.
4.2.2. Dinâmica das máquinas síncronas na atualização da
rede
A simulação da máquina síncrona no problema de estabilidade transitória é realizada
no tempo. A evolução de ω e δ durante um defeito, será determinada através das condições
do SEP, que irá responder à contingência de acordo com o modelo dinâmico da máquina.
Para cada iteração de tempo tem-se os seguintes passos:
− Passo 1 - Evolução de ω e δ:
A evolução da velocidade e ângulos rotóricos é apresentada segundo as equações de
balanço, (swing), das máquinas, conforme mostrado em (2.10) e (2.11). Para o cálculo da
variável em um passo à frente utiliza-se um método de integração numérica.
− Passo 2 - Cálculo das novas derivadas das variáveis do modelo da
máquina:
Conhecido o ângulo δ, as correntes de seqüência positiva dos geradores são
transformadas para coordenadas em qd0. Estas correntes serão as entradas no diagrama de
blocos do modelo da máquina utilizado.
O cálculo das derivadas das variáveis do modelo da máquina é apresentado em
(4.1), (4.2), (4.3) e (4.4). O valor da tensão de campo, Efd, é descrito por:
( ) ddd'qfd I'xxEE ⋅−+= (4.9)
Capítulo 4 – Implementação do modelo da máquina síncrona e inclusão dos controles
38
− Passo 3 - Atualização das variáveis:
Para cada máquina do sistema, a atualização das variáveis de estado é realizada pela
operação dada por:
)t(
kq
'q
kd
'd
)t(
kq
'q
kd
'd
)tt(
kq
'q
kd
'd
E
E
E
E
E
E
⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢
⎣
⎡
ψ∆∆ψ∆
∆ω∆δ∆
+
⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢
⎣
⎡
ψ
ψ
ωδ
=
⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢
⎣
⎡
ψ
ψ
ωδ ∆+
(4.10)
A atualização das tensões subtransitórias de eixo d e q, provenientes da equação
(4.10) é descrita por:
⎟⎟⎟
⎠
⎞
⎜⎜⎜
⎝
⎛⋅⎟
⎟
⎠
⎞
⎜⎜
⎝
⎛
−
−+ψ⋅⎟
⎟
⎠
⎞
⎜⎜
⎝
⎛
−
−−=ψ= '
dl
'q
l''q
kql
'q
''q
'q''
q''d E
xx
xx
xx
xxE (4.11)
'q
l'd
l''d
kdl
'd
''d
'd''
d''q E
xx
xx
xx
xxE ⋅⎟
⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛
−
−+ψ⋅⎟
⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛
−
−=ψ= (4.12)
É necessário formar o fasor da tensão subtransitória na referência síncrona do
sistema elétrico. Esta transformação é realizada primeiramente para a seqüência positiva e
dada por:
( ) ( ) ( )''q
''dr sencosE ψ−⋅δ+ψ⋅δ=+ (4.13)
( ) ( ) ( )''q
''dm cossenE ψ−⋅δ−ψ⋅δ=+ (4.14)
Onde, +rE e +
mE são as tensões internas subtransitórias de seqüência positiva real e
imaginária respectivamente. O valor da tensão interna subtransitória de cada máquina do
sistema, na representação retangular expressa em coordenadas abc, é descrito por:
⎥⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢⎢
⎣
⎡⋅+⋅= ++
0
EjE
0
AE mrint (4.15)
Onde A é a matriz de transformação em componentes simétricos.
Capítulo 4 – Implementação do modelo da máquina síncrona e inclusão dos controles
39
− Passo 4 - Cálculo do novo ponto de operação do sistema
Os valores dos módulos das tensões e dos ângulos das barras internas, de tipo Vθ,
determinados no passo 3 e atualizados por (4.15) substituem os valores do passo anterior.
São então recalculadas todas as tensões das barras do sistema e as correntes dos geradores.
Nesta nova situação, as potências geradas pelas máquinas terão novos valores, resultando
na mudança de posição do ângulo rotórico em relação à referência síncrona do sistema e
em um desvio de velocidade do rotor da máquina.
Completado esta etapa, o tempo e incrementado e volta-se ao passo 1. Esse
procedimento é repetido até atingir o tempo final de simulação.
4.3. Inclusão dos Controles
A função dos controles de sistemas elétricos é manter o sistema operando em um
determinado ponto de operação. Em outras palavras, tratam de garantir suprimento
contínuo de energia respeitando-se simultaneamente certos padrões de qualidade. Estes
últimos consistem basicamente na manutenção da freqüência e tensão dentro de certos
limites.
Manter a freqüência próxima do valor nominal constante é importante para o
desempenho de muitos processos industriais baseados em máquinas de corrente alternada.
Também a eficiência da maioria das máquinas de corrente alternada industriais é função da
freqüência. A característica mais importante em um sistema ao se manter a freqüência igual
ao valor nominal é que isto indica que o balanço de potência ativa está sendo
adequadamente cumprido. Em outras palavras, a potência ativa fornecida pelos geradores é
igual à potência ativa solicitada pelas cargas.
Quanto à tensão, pode-se igualmente dizer que o desempenho de vários
componentes da carga (torque de motores de indução, fluxo luminoso de lâmpadas, etc.) é
também fortemente ligado à tensão, além do fato de que o nível de tensão no sistema, de
maneira análoga à freqüência para a potência ativa, é um indicador do balanço de potência
reativa.
Devido a estes fatos o estudo da estabilidade transitória deve incluir os reguladores
quando o período de estudo a ser investigado é maior que o tempo de ação dos mesmos.
Capítulo 4 – Implementação do modelo da máquina síncrona e inclusão dos controles
40
Esta seção apresentará uma breve descrição dos controladores utilizados nas
máquinas síncronas, e mostrará alguns dos controles utilizados e implementados neste
trabalho.
4.3.1. Principais Malhas de Controle Associadas a um Gerador Síncrono
São três os principais sistemas de controle que atuam sobre o gerador síncrono:
− Controle da Excitação;
− Controle primário de velocidade ou regulador de velocidade;
− Estabilizador do Sistema de Potência ou PSS.
A Figura 4.2 apresenta um diagrama de blocos simplificado com os sistemas de
controle de um gerador síncrono.
PSS
Sistema deExcitação
GeradorSíncrono
Sensor deTensão
TurbinaComportaVálvula
Regulador deVelocidade
Águaou
Vapor
Pe, ω, f
DespachoEconômico
ControleComplementar
SISTEMA
DE
TRANSMISSÃO
...
...
...
...
Sensor deFluxo de
Entercâmbio
Sensor deVelocidade
Figura 4.2 – Representação dos controles de um gerador síncrono.
O controle primário de velocidade monitora a velocidade do eixo do conjunto
turbina-gerador e controla o torque mecânico da turbina de modo a fazer com que a
Capítulo 4 – Implementação do modelo da máquina síncrona e inclusão dos controles
41
potência elétrica gerada pela unidade se adapte às variações de carga. As constantes de
tempo do controle primário são de ordem de alguns segundos.
Como a atuação do controle primário normalmente resulta em desvios de
freqüência, é necessário que se conte com a atuação de um outro sistema de controle para
restabelecer a freqüência ao seu valor nominal. Este sistema é chamado controle
suplementar (ou Controle Automático da Geração) que, no caso de sistemas interligados,
tem ainda a incumbência de manter o intercâmbio de potência entre concessionárias
vizinhas tão próximo quanto possível dos valores previamente programados. Trata-se de
um sistema de controle centralizado, executado no centro de operações das empresas, e
cujas constantes de tempo são de ordem de minutos, por esta razão não será considerado
para o estudo da estabilidade transitória.
O controle da excitação é responsável por manter a tensão terminal do gerador
dentro de tolerâncias especificadas; regular o fluxo de reativo entre máquinas e amortecer
as oscilações do rotor da máquina na ocorrência de perturbações no sistema. Esta última
função de regulador de tensão vem do fato de que a tensão do campo do gerador afeta
significativamente o torque eletromecânico da máquina. As constantes de tempo do
sistema de controle de excitação são de ordem de milissegundos.
Os sistemas de excitação podem ser classificados de acordo com a fonte de
potência associada, podendo ser um gerador de corrente contínua (DC), alternador rotativo
com retificação (CA), ou completamente estático (ST).
A seguir, apresenta-se cada tipo de controle implementado, bem como os processos
para sintonia e ajuste dos parâmetros dos controladores.
4.3.1.1. Controle de Excitação
A função do sistema de excitação é estabelecer a tensão interna do gerador
síncrono. Em conseqüência, o sistema de excitação é responsável não somente pela tensão
de saída da máquina, mas também pelo fator de potência e pelo módulo da corrente gerada.
Até bem recentemente, a excitatriz da maioria dos sistemas era um gerador de
corrente contínua acoplado ao eixo do gerador. Atualmente, outros sistemas mais rápidos e
que exigem menos manutenção vão aos poucos substituindo o sistema clássico.
Capítulo 4 – Implementação do modelo da máquina síncrona e inclusão dos controles
42
Um sistema de excitação tipo AC-SCRX (Supplied Controlled-Retifier Exciter –
Thyristor Bridges) é usualmente apresentado na literatura técnica pelo diagrama de blocos
mostrado na Figura 4.3, (ANSI/IEEE Std. 421.1, 1986).
1 + sTA
1 + sTB
KE
1 + sTE
Efd
VMAXVREF
+
_|VT| AUXV2 AUXV1
VMIN
Figura 4.3 – Sistema de Excitação tipo SCRX – BUS FED
Esta representação para o controle de excitação em diagrama de blocos garante a
regulação de tensão simples nos geradores síncronos. Para a variável de entrada módulo da
tensão terminal, é utilizada a média aritmética dos módulos das tensões das três fases do
barramento de saída, segundo (EL-ABIAD, 1976). A equação (4.16) mostra esta situação:
3
VVVV
CT
BT
AT
T
++=
(4.16)
As equações diferenciais que regem o modelo do regulador da Figura 4.3 são
descritas a seguir:
t1AUXV2AUXVT
T1AUXV
B
A +⋅= (4.17)
t1AUXVT
12AUXV
T
TT
dt
t1dAUXV
B2B
AB ⋅−⋅−
= (4.18)
( ) ( ) ( )tET
1t1AUXV
T
K
dt
tdEfdfd
EB
E ⋅−⋅= (4.19)
A variável AUXV1t surge da síntese do bloco avanço-atraso de função de
transferência própria para estritamente própria, conforme mostrado na Figura 4.4.
Capítulo 4 – Implementação do modelo da máquina síncrona e inclusão dos controles
43
1 - TA/TB
1 + sTB+
+
TA
TB
AUXV2 AUXV1AUXV1t
Figura 4.4 – Decomposição do bloco avanço-atraso
Convém notar que a inicialização do modelo do sistema de excitação de uma
máquina síncrona é realizada após a conclusão da inicialização do modelo da máquina.
A inicialização do modelo do sistema de excitação, parte assim, do conhecimento
dos valores de VT e Efd. Seguindo o diagrama de blocos da Figura 4.3, da saída para a
entrada, chega-se a estabelecer as seguintes relações para o regime permanente reinante no
instante inicial:
fdE
EK
11AUXV ⋅= (4.20)
fdE
EK
12AUXV ⋅= (4.21)
( )TfdE
REF VEK
1V +⋅= (4.22)
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⋅⋅⎟⎟
⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−= fd
EB
A EK
1
T
T1t1AUXV (4.23)
4.3.1.2. Regulador de Velocidade
A principal função do sistema de regulação de velocidade é controlar a velocidade
do gerador pelo ajuste do suprimento de potência ao gerador. Em outras palavras, o
regulador deve acompanhar a variação de velocidade do gerador durante todo o tempo e
em qualquer condição de carga, agindo no sentido de mantê-la na condição especificada.
Em conseqüência disto, pode-se dizer que os reguladores de velocidade também controlam
a potência ativa gerada, já que esta é dependente da potência (ou do torque) de
acionamento imprimido pela máquina primária no eixo do gerador.
Capítulo 4 – Implementação do modelo da máquina síncrona e inclusão dos controles
44
Ação do regulador de velocidade garante uma rotação constante, na velocidade
síncrona, durante a operação em regime permanente de um gerador síncrono. Durante o
regime transitório, este atua no sentido de minimizar as variações de velocidade e de
freqüência, melhorando a estabilidade de um sistema elétrico.
A Figura 4.5 mostra o diagrama de blocos empregado para representar o modelo do
regulador de velocidade (BELCHIOR e GUIMARÃES, 2003).
1 - sT4
1 + sT5
-
+
G
1 + sTfb
1 + sT3
1 + sTC
1/R
1 + sTS
++
PMAX
Pmec
PREFωmaq
ωref
AUXW1AUXW2
AUXW4
AUXW5
AUXW3
"Flyballs" Sistema de Controle Turbina
Figura 4.5 – Modelo de um regulador de velocidade para um gerador síncrono.
Na representação do regulador de velocidade para o estudo da estabilidade, utiliza-
se T4 igual a zero para máquinas conectadas a turbina térmica e diferente de zero para as
máquinas conectadas a turbina hidráulica.
As equações diferenciais que regem o comportamento dinâmico do sistema
representado pela Figura 4.5 são descritas a seguir pelas seguintes equações:
( )( )2AUXWGT
1
dt
2dAUXWmaqref
fb
−ω−ω⋅⋅= (4.24)
⎟⎠⎞
⎜⎝⎛ −⋅⋅= 3AUXW2AUXW
R
1
T
1
dt
3dAUXW
S
(4.25)
⎟⎠⎞
⎜⎝⎛ −⋅+⋅= 4AUXW
dt
3dAUXWT3AUXW
T
1
dt
4dAUXW3
C
(4.26)
mec4 mec
5
dP 1 dAUXW5AUXW5 T P
dt T dt⎛ ⎞= ⋅ − ⋅ −⎜ ⎟⎝ ⎠
(4.27)
Sendo AUX5 =AUX4 + PREF.
Os valores iniciais das variáveis de estado apresentadas anteriormente, admitindo as
derivadas nulas, são dadas por:
Capítulo 4 – Implementação do modelo da máquina síncrona e inclusão dos controles
45
AUXW2 G AUXW1= ⋅ (4.28)
1AUXW3 AUXW2
R= ⋅ (4.29)
AUXW4 AUXW3= (4.30)
Para explicitar a variável de saída Pmec em função das variáveis de estado do
diagrama de blocos, é utilizado o processo de divisão de fração para desmembrar o bloco
de avanço-atraso representativo da dinâmica da turbina. A Figura 4.6 ilustra esta
particularidade.
1 - T4/T5
1 + sT5+
+
T4
T5
AUXW5 Pmec
Pmect
Figura 4.6 – Diagrama de blocos representativo da dinâmica da turbina.
As novas equações para o diagrama de blocos da Figura 4.6 são descritas por:
5AUXVWsT1
sT1P
5
4mec ⋅⎟⎟
⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−−
= (4.31)
mec5
4mec P5AUXVW
T
TP +⋅−= (4.32)
Sendo Pmect definido em (4.33):
5AUXVWsT1
TT1
P5
5
4
mec ⋅⎟⎟⎟⎟
⎠
⎞
⎜⎜⎜⎜
⎝
⎛
−
+= (4.33)
A derivada da nova variável de estado auxiliar é dada por:
mect5
25
45mect PT
15AUXW
T
TT
dt
dP ⋅−⋅⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛ += (4.34)
Capítulo 4 – Implementação do modelo da máquina síncrona e inclusão dos controles
46
A inicialização desta nova variável resulta em:
5AUXWT
TTP
5
45mect ⋅⎟⎟
⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛ +=
(4.35)
Adicionalmente a este modelo descrito anteriormente, foi implementado um
modelo mais simples de regulador de velocidade representado pelo diagrama de blocos da
Figura 4.7.
1 + sT4
1 + sT5
-
+
1
R
1 + sT3
1 + sTC
1
1 + sTS
+
P MAX
P MEC
P REFω MAQ
ω REF
AUXW1AUXW2
AUXW3
+
AUXW4
Figura 4.7 – Diagrama de blocos para um regulador de velocidade.
Este modelo é sugerido pelo tutorial simulação PST (CHOW, 1999).
4.3.1.3. Estabilizador do Sistema de Potência – PSS
O emprego de controladores PSS’s na operação dos geradores síncronos é objetivo
de pesquisas constantes, sendo este um aspecto essencial para uma operação bem sucedida
do sistema interligado. Atualmente, a literatura dispõe de inúmeros estudos sobre o assunto
e este pode ser considerado o mais visado entre as pesquisas no controle dos geradores.
Em sistemas com interligações fracas, ou bastante carregados, podem surgir
oscilações pouco amortecidas em regime permanente na faixa de freqüência de 0,2 a 2,5 Hz
que limitam a capacidade de transferência de potencia, (LARSEN, 1981). Para
amortecimento destas oscilações, as máquinas podem ser equipadas com um sistema de
controle adicional, comumente chamados de PSS.
O ajuste coordenado e sintonia dos PSS podem ser realizados por vários métodos
propostos na literatura. Dentre estes métodos, pode destacar a alocação de pólos utilizando
a matriz jacobiana e a matriz de funções de transferência do sistema (CHEN, 1987) e o
projeto pelo método de Nyquist envolvendo alocação de par de pólos (GOMES ETI
ALLI, 1998).
Capítulo 4 – Implementação do modelo da máquina síncrona e inclusão dos controles
47
O diagrama de blocos da Figura 4.8 representa o modelo do PSS implementado
neste trabalho.
1 + sT4
1 + sT5KSTAB
1 + sT3
1 + sTC
1
1 + sTS
AUXE4∆ω
AUXE1AUXE2
AUXE3
"Washout" "Lead-Lag"
Figura 4.8 – Modelo de um PSS
Analogamente aos controladores de excitação e de velocidade, o diagrama da Figura
4.8 pode ser redesenhado de tal forma que suas variáveis de estado estejam explícitas, ou
seja, as equações diferenciais das variáveis de estado não estejam em função das derivadas
das demais variáveis. Figura 4.9 mostra a situação descrita anteriormente.
1
1 + sTw+
+
1
1 - T3/T4
1 + sT4+
+
T3
T4
1 - T1/T2
1 + sT2+
+
T1
T2
KSTAB
∆ω AUXE4AUXE1tAUXE2t
AUXE3tAUXE4t
AUXE2AUXE3
Figura 4.9 – Diagrama de blocos representativo do PSS.
As equações que descrevem matematicamente o diagrama de blocos da Figura 4.9
são dadas pelas equações a seguir:
0AUXEk1AUXE stab ⋅= (4.36)
[ ]t2AUXE1AUXET
1
dt
t2dAUXE
w
−⋅= (4.37)
⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡−⋅⎟⎟
⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−⋅= t3AUXE2AUXE
T
T1
T
1
dt
t3dAUXE
2
1
2
(4.38)
⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡−⋅⎟⎟
⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−⋅= t4AUXE3AUXE
T
T1
T
1
dt
t4dAUXE
4
3
2
(4.39)
Sendo:
t2AUXE1AUXE2AUXE −= (4.40)
Capítulo 4 – Implementação do modelo da máquina síncrona e inclusão dos controles
48
2AUXET
Tt3AUXE3AUXE
2
1 ⋅+= (4.41)
3AUXET
Tt4AUXE4AUXE
4
3 ⋅+= (4.42)
Fazendo as derivadas iguais à zero, encontra-se os valores para a inicialização das
variáveis de estado do modelo, descritas pelas seguintes equações:
1AUXEt2AUXE = (4.43)
2AUXET
T1t3AUXE
2
1 ⋅⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−= (4.44)
3AUXET
T1t4AUXE
4
3 ⋅⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−= (4.45)
Um esquema mais elaborado para o controle de excitação é sugerido por
(KUNDUR et alii, 1989). Neste, é representado um sistema de excitação com excitatriz
estática realimentada pelo sinal de controle do PSS. A Figura 4.10 ilustra esta situação.
KE
1 + sTEEfd
VMAX
VREF
+
_|VT|
VMIN
1
1 + sTw+
+
1
1 - T3/T4
1 + sT4+
+
T3
T4
1 - T1/T2
1 + sT2+
+
T1
T2
KSTAB
∆ω
AUXE4
AUXE1tAUXE2t
AUXE3t
AUXE4tAUXE2
AUXE3
KA 1 - TA/TB
1 + sTB+
+
TB
TA
AUXV4
AUXV1
AUXV2E fdt
Figura 4.10 – Sistema de excitação com PSS
As seguintes equações descrevem o modelo:
⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡−⋅⎟⎟
⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−⋅= fdt
B
A
B
fdt E1AUXVT
T1
T
1
dt
dE (4.46)
Capítulo 4 – Implementação do modelo da máquina síncrona e inclusão dos controles
49
( )2AUXVVT
1
dt
2dAUXVT
C
−⋅= (4.47)
A variável de entrada do bloco avanço-atraso, AUXV1, é definida por:
REFAUXV1 V AUXV2 AUXV4= − + (4.48)
Sendo a saída Efd descrita por:
1AUXVT
TEE
B
Afdtfd ⋅+= (4.49)
Na inicialização, são usadas as seguintes equações:
TV2AUXV = (4.50)
1AUXVT
T1E
B
Afdt ⋅⎟⎟
⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−= (4.52)
4.3.2. Efeitos dos Controles sobre a Estabilidade
O fato das constantes de tempo da malha de excitação serem significantemente
menores do que as constantes de tempo das malhas de regulação de velocidade torna o
controle de excitação muito mais efetivo no que diz respeito à manutenção da estabilidade
de tensão do que no controle de velocidade. As exigências sobre o controle de excitação
em estudos de estabilidade transitória são normalmente a rapidez de resposta e um alto
valor de tensão máxima. O objetivo é tentar reduzir a magnitude das primeiras oscilações
aumentando a potência de sincronização.
No caso de estabilidade dinâmica, espera-se que o controle de excitação propicie
não apenas o reforço da potência de sincronização, mas também um aumento do
amortecimento de oscilações decorrentes de uma pequena perturbação. Em alguns casos, a
rapidez de resposta exigida em problemas de estabilidade transitória (e que caracteriza os
sistemas de excitação tiristorizados modernos para hidrogeradores) pode ser conflitante
com a manutenção da estabilidade dinâmica.
Capítulo 4 – Implementação do modelo da máquina síncrona e inclusão dos controles
50
4.3.3. Importância dos Estudos de Controle e Estabilidade
Em uma concessionária típica de geração, transmissão e distribuição de energia
elétrica,os estudos de controle e estabilidade são importantes em diversos setores dentro da
empresa. Na operação, por exemplo, é freqüente a realização de estudos de análise de
estabilidade para os quais são importantes ajustes adequados dos diversos controladores do
sistema. É, portanto, necessário que os engenheiros que atuam neste setor disponham de
meios para projetar adequadamente os parâmetros dos diversos controladores, bem como
detenham os conhecimentos necessários para analisar os resultados de simulações
transitórias do sistema e propor alterações em ajustes previamente estabelecidos.
Em estudos de planejamento da expansão, torna-se cada vez mais importante a
consideração de restrições de estabilidade para as diversas configurações de geração, carga e
topologia da rede que se planeja uma expansão futura.
Finalmente, nas áreas ligadas à geração térmica e hidráulica, estudos visando obter
os ajustes mais eficazes para parâmetros de reguladores de velocidade e de controladores
ligados aos sistemas de excitação constituem-se em tarefas regulares dos engenheiros
atuantes nestes setores das empresas.
4.4. Conclusões do capítulo
No presente capítulo foram apresentadas as equações e particularidades da
metodologia para implementação computacional no estudo da estabilidade transitória das
máquinas síncronas, e mostradas as equações para inicialização das variáveis de estado
necessárias à simulação.
Sobre os controladores, foram apresentados os conceitos, descrição matemática e
equacionamento das variáveis de estado para implementação computacional. Foi descrita a
metodologia para estudo de sensibilidade para a localização da inclusão dos PSS nos
sistemas trifásicos.
No desenvolvimento deste trabalho não se preocupou com a sintonia ótima dos
controladores para as diversas situações de controle possíveis, já que este aspecto não é o
objetivo principal.
Capítulo 4 – Implementação do modelo da máquina síncrona e inclusão dos controles
51
A finalidade da inclusão dos reguladores é justificada pelo aspecto qualitativo,
visando analisar a influência das malhas de controle sobre as variáveis de interesse no
estudo da estabilidade transitória.
52
Capítulo 5
Estudo de Casos e Resultados
5.1. Introdução
Na apresentação dessa nova metodologia, torna-se necessária a apresentação
pormenorizada dos modelos utilizados e/ou desenvolvidos e das implementações
computacionais, baseados nas teorias que os fundamentam.
O atual capítulo, aborda a aplicabilidade da ferramenta computacional
desenvolvida, sendo este dividido em duas seções referentes a:
- Demonstração da metodologia desenvolvida e das particularidades
computacionais;
- Validação da metodologia por comparações com o ANATEM;
A base de dados de um sistema elétrico de onze barras e três máquinas será
empregada para demonstração da metodologia proposta. Adicionalmente, um sistema
constando de uma máquina oscilando contra barra infinita e um outro sistema elétrico
possuindo quatorze barras e cinco máquinas serão utilizados para validação do algoritmo
frente comparações com outros programas relacionados ao tema.
A seguir, é comentado um exemplo de aplicação para a utilização do programa
desenvolvido.
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
53
5.2. Estudo de caso 1
Para estudo do caso, será simulado um problema clássico de estabilidade transitória,
apresentado em (ANDERSON e FOUAD, 1977), sendo este redefinido para a situação em
estudo, ou seja, para um sistema trifásico equilibrado, utilizando o modelo subtransitório
para os geradores síncronos.
A Figura 5.1 ilustra a representação monofásica de um sistema trifásico equilibrado
de nove barras e três máquinas (11b3m).
1 4 5 7 2
86
9
3
Pg = 0,7164 puQg = 0,2685 pu
Pg = 1,6300 puQg = 0,0669 pu
Pg = 0,8500 puQg = -0,108 pu
Pd = 1,25 puQd = 0,50 pu
Pd = 0,90 puQd = 0,30 pu
Pd = 1,00 puQd = 0,35 pu
Figura 5.1 – Sistema elétrico 9b3m em estudo.
Os dados das máquinas são apresentados na Tabela 5.1, sendo os valores
referentes à X”d, X”q, T”d0 e T”q0 estimados dentro da padronização de valores típicos
para geradores síncronos, conforme (ANDERSON e FOUAD, 1977).
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
54
Tabela 5.1 – Dados dos geradores
Gerador 1 2 3 Tipo Hidogerador Turbogerador Turbogerador Base 247,50 192,00 128,00 Xd 0,1460 0,8958 1,3125 X’d 0,0608 0,1198 0,1813 X”d 0,0400 0,1000 0,1200 Xq 0,0969 0,8645 1,2578 X’q 0,0969 0,1969 0,2500 X”q 0,0300 0,1000 0.1200 Xl 0,0336 0,0521 0,0742 T’d0 8,9600 6,0000 5,8900 T”d0 0,0340 0,0400 0,0350 T’q0 -------- 0,5350 0,6000 T”q0 0,0700 0,1000 0,0780
H (MW.s) 2364 640 301
Os valores adotados para as variáveis dos controladores de tensão, velocidade e são
mostrados na Tabela 5.2 e na Tabela 5.3 respectivamente. Os valores utilizados estão
dentro de uma faixa típica usualmente encontrada na literatura (ANDERSON e FOUAD,
1977), (KUNDUR et alii, 1989), e (BELCHIOR e GUIMARÃES, 2003).
Tabela 5.2 – Dados dos reguladores de tensão.
No. Ger TA TB KE TE VMÁX (pu) VMIN (pu) 1 1,00 10,00 120,00 0,05 10,00 -2,00 2 1,00 10,00 120,00 0,05 10,00 -2,00 3 1,00 10,00 120,00 0,05 10,00 -2,00
Tabela 5.3 – Dados dos reguladores de velocidade.
Ger 1/R PMÁX TS TC T3 T4 T5 G Tfb 1 20 10,00 0,30 1,00 1,00 -0,05 5,00 1,00 0,20 2 20 10,00 0,30 1,00 1,00 0,00 0,10 1,00 0,20 3 20 10,00 0,30 1,00 1,00 0,00 0,10 1,00 0,20
Os dados especificados de tensões, ângulos e carregamentos das barras para o
sistema 9b3m são descritos na Tabela 5.4. Os valores das impedâncias série e capacitores
em derivação (Shunts) das linhas de transmissão são mostrados na Tabela 5.5
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
55
Tabela 5.4 – Dados de barra e linha para o sistema 11b3m
No.Barra Tensão (pu) Ângulo (rad) Pg (pu) Pd (pu) Qd (pu) Tipo 1 1,04000 0,0000 - - - - - - Vθ 2 1,02533 - - - 1,63 - - - - - - PV 3 1,02536 - - - 0,85 - - - - - - PV 4 - - - - - - - - - 0,00 0,00 PQ 5 - - - - - - - - - 1,25 0,50 PQ 6 - - - - - - - - - 0,90 0,30 PQ 7 - - - - - - - - - 0,00 0,00 PQ 8 - - - - - - - - - 1,00 0,35 PQ 9 - - - - - - - - - 0,00 0,00 PQ
Tabela 5.5 – Dados de barra e linha para o sistema 11b3m
De Para R (pu) X (pu) Shunt (pu) 1 4 0,0000 0,0576 0,0000 2 7 0,0000 0,0625 0,0000 3 9 0,0000 0,0586 0,0000 4 5 0,0100 0,0850 0,1760 4 6 0,0170 0,0920 0,1580 5 7 0,0320 0,1610 0,3060 6 9 0,0390 0,1700 0,3580 7 8 0,0085 0,0720 0,1490 8 9 0,0119 01008 0,209
Para simulação transitória, será aplicado um curto-circuito trifásico próximo à barra
7, com saída da linha de 5 para 7. O sistema é restabelecido em cinco ciclos, ou seja, em
0,083 segundos.
O objetivo principal do estudo é obter as evoluções no tempo das grandezas
eletromecânicas do sistema elétrico, durante e após o defeito. Sendo assim, o ponto de
partida para o estudo de estabilidade é a determinação dos valores destas grandezas antes
do defeito.
As simulações de interesse para as grandezas elétricas são as tensões, correntes e
fluxos dos geradores. Para as grandezas mecânicas, têm-se os ângulos rotóricos, as
velocidades dos rotores e as potências mecânicas.
A próxima seção mostrará o cálculo destas grandezas para um sistema elétrico
trifásico, conforme ilustrado na Figura 3.5.
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
56
5.2.1. Cálculo da inicialização do sistema elétrico
O processo de inicialização do sistema elétrico consiste em calcular o ponto de
operação inicial do sistema antes do defeito, por intermédio de um fluxo de potência
trifásico. Este fluxo de potência é chamado de especial, pois garante que as tensões da
barras internas dos geradores da Figura 5.2 sejam equilibradas, independentemente das
condições de carregamento do sistema, que pode ser desequilibrado, conforme descrito no
Capítulo 4.
1 4 5 7 2
86
9
3
Pg = 0,7164 puQg = 0,2685 pu
Pg = 1,6300 puQg = 0,0669 pu
Pg = 0,8500 puQg = -0,108 pu
Pd = 1,25 puQd = 0,50 pu
Pd = 0,90 puQd = 0,30 pu
Pd = 1,00 puQd = 0,35 pu
10 11
12
Figura 5.2 – Sistema 9b3m ampliado
O sistema da Figura 5.1 é equivalente ao sistema da Figura 5.2. As barras 10, 11 e
12 para o sistema 9b3m ampliado são referentes às barras internas dos geradores, não
representando um barramento físico como as demais barras do sistema.
Admitindo que as resistências dos condutores sejam de valores bem menores que as
reatâncias, podendo ser desprezadas, a matriz de impedância série das linhas internas para
cada gerador, é definida como se segue:
[ ]( )
[ ] 1
""
" A
2
XX00
0X0
00X
AZ −⋅
⎥⎥⎥⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢⎢⎢⎢
⎣
⎡
+⋅=
qd
d
l
(5.1)
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
57
A matriz [A] de transformação para componentes simétrica é responsável em
referenciar as impedâncias em coordenadas qd0, para a base do sistema. Os elementos
diagonais representam as impedâncias de seqüência zero, positiva e negativa
respectivamente, conforme descrito na Referência A.
Os valores das impedâncias das novas linhas fictícias criadas deverão ser
considerados para cálculo da matriz admitância nodal. Logo, para cada máquina, a equação
(5.1) assume os valores mostrados na Tabela 5.6.
Tabela 5.6 – Valores da impedâncias série da linhas internas
No. Gerador Impedâncias (pu)1 0,0345 2 0,0840 3 0,1047
Com a ampliação do sistema elétrico, as antigas barras de geração se transformam
em barras de carga, passando a características de barra de geração para as novas barras
internas.
Como mostrado em (3.8), (3.9) e (3.14), o processo numérico de Newton-Raphson
é considerado convergido quando as variáveis de estado do sistema e das máquinas estão
dentro de um intervalo numérico considerado próximo aos valores esperados, definidos
por (3.15) e (3.16).
A Tabela 5.7 mostra os valores convergidos de tensões, ângulos, potências ativas e
reativas geradas das barras do sistema para a fase a.
Tabela 5.7 – Resultado do fluxo de carga
No. Barra: Tensão (pu) Ângulo (graus) PGER 1φ (pu) QGER 1φ (pu) 1 1,0400 0,0000 0,000 0,000 2 1,0253 9,2715 0,000 0,000 3 1,0254 4,6587 0,000 0,000 4 1,0259 -2,2165 0,000 0,000 5 0,9958 -3,9885 -1,2500 -0,5000 6 1,0128 -3,6873 -0,9000 -0,3000 7 1,0261 3,7147 0,000 0,000 8 1,0162 0,7242 -1,000 -0,3500 9 1,0327 1,9625 0,000 0,000 10 1.0493 1.3165 0,7164 0,2874 11 1.0440 18.030 1,6300 0,3200 12 1.0176 10.268 0,8500 -0, 0242
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
58
5.2.2. Cálculo da inicialização das máquinas síncronas:
O processo de inicialização das máquinas síncronas consiste no cálculo da posição
rotórica de cada um dos geradores. Conforme detalhado na Seção 3.3, as variáveis tensões
e correntes originárias da inicialização do sistema elétricos serão transformadas em
componentes simétricos de seqüência positiva.
Devido ao sistema estar equilibrado, tem-se apenas o componente de seqüência
positiva. Mesmo estando o sistema desequilibrado, não é utilizado o componente de
seqüência negativa ou zero, pois estas não afetam significativamente os ângulos rotóricos.
Os valores das tensões terminais e correntes dos geradores em seqüência positiva, na
formulação retangular, são mostrados na Tabela 5.8 a seguir:
Tabela 5.8 – Valores das tensões e correntes dos geradores na forma retangular
No. Gerador Tensão (pu) Corrente (pu) 1 1,0400 + j0,0000 0,6888 - j0,2582 2 1,0119 + j0,1652 1,5795 + j0,1918 3 1,0220 + j0,0833 0,8177 + j0,1723
Para os geradores 2 e 3, que são de pólos lisos, os valores das posições dos ângulos
rotóricos são definidos por (3.20) e (3.21); logo:
δ = 61,0658o
δ = 54,0872o
Para o gerador de pólos salientes, o cálculo do ângulo não é algébrico, sendo
necessário o processo iterativo descrito na Seção 3.3.3. Neste caso o valor do ângulo
rotórico é:
δ = 3,5924o
Sendo δ incrementado de 0,001 radianos, do valor inicial do ângulo da barra
terminal até o valor que forneça E’d nulo, segundo (3.22).
Conhecidos os valores dos ângulos rotóricos, é feito o caminho inverso para
conferência dos cálculos. As equações (3.26) e (3.27) devem ser satisfeitas para os valores
calculados de δ.
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
59
A Tabela 5.9 mostra os valores das tensões e correntes da fase a e potência trifásica,
convergidas pelo fluxo de potência.
Tabela 5.9 – Valores convergidos do fluxo de potência.
No. Barra Tensão (pu) Ângulo (rad) Potência Elétrica 10 1,0413 0,1895 2,1491 11 1,0261 10,1592 4,8900 12 1,0234 5,5870 2,5500
A Tabela 5.10 apresenta os valores das grandezas elétricas, calculadas pelo processo
de inicialização.
Tabela 5.10 – Valores calculados pelo processo de inicialização
No. Barra Tensão (pu) Ângulo (rad) Potência Elétrica 10 1,0413 0,1895 2,1491 11 1,0261 10,1592 4,8900 12 1,0234 5,5870 2,5500
Finalmente, passa-se para o último passo do processo de inicialização, referente às
variáveis de estado do modelo da máquina e dos controles, como apresentado nas Seções
4.2 e 4.3 respectivamente.
As variáveis de estado a serem inicializadas são; E’d e ψkq para o eixo q, e E’q e ψkd
para o eixo d, conforme mostrado nas equações (4.11) e (4.12) do modelo da máquina.
Sendo consideradas nulas todas as derivadas em regime permanente, os valores iniciais das
variáveis de estado estão apresentados na Tabela 5.11 e na Tabela 5.12.
Tabela 5.11 – Valores iniciais das variáveis de estado para o eixo q
No. Gerador E’d ψkq 1 0,0001 -0,0426 2 0,6222 -0,7571 3 0,6240 -0,7329
Tabela 5.12 – Valores iniciais das variáveis de estado para o eixo d
No. Gerador E’q ψkd 1 1,0562 1,0481 2 0,7886 0,7013 3 0,7687 0,7086
Os valores iniciais das variáveis de estado para os controladores de tensão e
regulador de velocidade são mostrados na Tabela 5.13, e na Tabela 5.14 respectivamente:
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
60
Tabela 5.13 – Valores iniciais para os parâmetros do controlador de tensão
No. Gerador Efd (pu) VREF AUXV1 AUXV3 AUXV1t 1 1,0819 1,0490 0, 0090 0, 0090 0,0081 2 1,7893 1,0402 0,01490 0,01490 0,0134 3 1,4034 1,0371 0,01170 0,01170 0,0105
Tabela 5.14 – Valores iniciais para os parâmetros do controlador de velocidade
No. Ger. AUXW1 AUXW2 AUXW3 AUXW4 AUXW5 1 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 2,4191 2 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 4,8900 3 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 2,5500
Terminado o processo de inicialização, o algoritmo entra no ciclo descrito na Seção
4.4. Se não for encontrada nenhuma contingência, os valores calculados para as derivadas
do estado continuarão nulos, indicando que o ponto de operação do sistema não se alterou.
5.2.3. Cálculo da atualização do sistema elétrico
Para complementar o exemplo de aplicação, são mostrados nesta seção os valores
das variáveis eletromecânicas da primeira iteração após o distúrbio, no tempo to.
A simulação do curto-circuito em barras do sistema é realizada por um artifício
computacional de adicionar uma susceptância de grande valor na barra desejada. Quando o
curto-circuito ocorre em uma linha de transmissão, é criada uma barra fictícia auxiliar, que
receberá o curto e retornará para o sistema as informações das grandezas elétricas do ponto
de falta.
Com a adição de uma grande carga na barra 7, o sistema muda de configuração e
consequentemente o seu ponto de operação, exigindo dos geradores um grande valor de
corrente para suprir esta nova carga. Em contrapartida, os valores de tensões das barras,
diminuíram instantaneamente, acarretando na mudança da tensão de campo Efd (sinal de
saída do controlador de tensão), que atua no sentido de restabelecer o valor de referência.
A Tabela 5.15 apresenta os valores das tensões terminais e de campo de cada gerador em
um instante após a contingência.
Tabela 5.15 – Valores das tensões terminais e de campo para os geradores
No. Gerador Efd (pu) VREF (pu) 1 1,5231 0,8561 2 2,4139 0,7651 3 1,8619 0,8343
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
61
Devido às constantes de tempo dos reguladores de velocidade serem da ordem de
grandeza maior que o intervalo de tempo considerado para a simulação, os valores das
variáveis de saídas, potências mecânicas, não se alteram para esta primeira iteração após o
curto-circuito.
Com as mudanças das potências elétricas geradas, há um excesso ou déficit de
energia cinética nas máquinas, que ocasiona uma aceleração ou desaceleração do rotor e
promove alterações nos ângulos rotóricos. As correntes elétricas dos geradores,
representadas nos eixos q e d, modificam seus valores devido às mudanças dos ângulos
rotóricos e das correntes geradas na base do sistema. Deste modo, os valores das variáveis
de estado do modelo das máquinas, que são responsáveis por atualizar as tensões
especificadas nas barras de geração do sistema elétrico também mudam. Os valores
atualizados das variáveis envolvidas nesta análise são descritos na Tabela 5.16.
Tabela 5.16 – Valores das derivadas das variáveis de estado.
No. Ger. ω(rad/s) δ(pu) E’d (pu) E’q (pu) ψkq (pu) ψkd (pu)
1 377,08 0,0627 1,0566 0,0001 -0,0376 1,0062 2 377,78 1,0658 0,7886 0,6222 -0,7232 0,6801 3 377,63 0,9440 0,7687 0,6240 -0,7030 0,6810
Sendo δ em radianos, ω radianos por segundo, os enlaces de fluxo do circuito amortecedor
e tensões transitórias, de eixo direto e eixo quadratura, em pu.
Os valores em pu dos enlaces de fluxos atualizados são mostrados na Tabela 5.17.
Tabela 5.17 – Valores dos enlaces de fluxos atualizados para primeira iteração.
No. Ger. ψ”q (pu) ψ”d (pu)
1 0,0397 1,0181 2 0,6898 0,7568 3 0,6824 0,7185
Conhecido os novos valores dos ângulos rotóricos e dos enlaces de fluxos, atualiza-
se o valor da tensão de cada máquina. As equações (5.2) e (5.3) mostram a transformação
inversa de Park.
"q
"dr )(sen)cos(E ψ⋅δ+ψ⋅δ= (5.2)
"q
"dr )cos()(senE ψ⋅δ−ψ⋅δ= (5.3)
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
62
A Tabela 5.18 apresenta os valores das tensões da fase a para cada barra interna dos
geradores:
Tabela 5.18 - Valores das tensões dos geradores para primeira iteração.
No. Gerador Fase a (pu) 1 1,0189∠1,35560
2 1,0240∠18,71770 3 0,9909∠10,55900
Com os valores das tensões e ângulos nas barras internas determinados,
incrementa-se o tempo de simulação, finalizando a iteração. Se o tempo atualizado for
menor que o tempo final de simulação, o processo numérico continua e retorna a um novo
fluxo de potência com os valores das tensões e ângulos gerados pela atualização da iteração
anterior.
Ressalta-se aqui que o fluxo de potência utilizado durante o processo iterativo é um
fluxo trifásico convencional. O fluxo especial é empregado apenas na inicialização do
sistema, ampliando-o com o acréscimo das barras internas de cada gerador síncrono.
5.2.4. Simulações no tempo
A seguir são apresentados os resultados das as simulações completas para o sistema
da Figura 5.1. É feita uma comparação entre o programa desenvolvido pela metodologia
proposta e um programa desenvolvido pela toolbox do PST/MatLab.
Na simulação pelo PST, é usado o modelo clássico de gerador, com fonte de tensão
atrás da reatância síncrona de eixo direto, sendo utilizado o equivalente monofásico para tal
aplicação, pois esta ferramenta do MatLab não possui recursos para uma análise trifásica.
A Figura 5.3, a Figura 5.4, a Figura 5.6, a Figura 5.7 e a Figura 5.8 mostram
respectivamente a evolução das grandezas elétricas para o evento considerado,
comparativamente para as duas simulações realizadas sem a inclusão dos controles.
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
63
Figura 5.3 – Evolução do ângulo rotórico simulado pelo programa desenvolvido.
Figura 5.4 – Evolução do ângulo rotórico simulado pelo MATLAB/PST.
Figura 5.5 – Evolução da velocidade angular simulada pelo programa desenvolvido.
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
64
Figura 5.6 – Evolução da velocidade angular simulada pelo simulado pelo MATLAB/PST.
Figura 5.7 – Evolução do ângulo rotórico simulado pelo programa desenvolvido.
Figura 5.8 – Evolução do ângulo rotórico simulado pelo MATLAB/PST.
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
65
Note que as diferenças entre as curvas devem-se ao fato do modelo de máquina
utilizado ser diferente. Neste caso, há uma grande discrepância entre as modelagens, pois
enquanto o trabalho desenvolvido utiliza o modelo completo, a simulação pelo PST utiliza
o modelo mais simples de máquina existente na literatura.
Para a verificação da eficácia do modelo subtransitório utilizado para a simulação da
dinâmica dos geradores, o caso foi simulado novamente nos dois programas para o mesmo
evento de curto trifásico, porém desta vez, retardando o tempo de restabelecimento da rede
até a saída de sincronismo de uma das máquinas. Os resultados desta comparação são
mostrados nas curvas de diferença dos ângulos rotóricos da Figura 5.9 e da Figura 5.10.
Figura 5.9 – Diferença entre ângulos para simulação no MATLAB/PST
Figura 5.10 – Diferença entre ângulos para simulação no programa desenvolvido.
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
66
Na Figura 5.9 observa-se que os perfis das curvas de diferenças angulares simuladas
no PST indicam instabilidade, lembrando que foi utilizado o modelo clássico de máquina.
A simulação do mesmo caso aplicado às condições anteriores no programa desenvolvido
fornece uma resposta amortecida estável, fato justificado pela utilização de um modelo
mais completo para as máquinas síncronas, Figura 5.10. Nesta situação, os enrolamentos
amortecedores compensam as oscilações nos primeiros ciclos do período subtransitório.
Após as simulações comparativas para análise de desempenho dos modelos,
passou-se para a inclusão dos controladores de tensão e velocidade. Os resultados
apresentados a seguir mostram o comportamento do ângulo rotórico e da velocidade das
três máquinas. Este exemplo foi simulado apenas no programa desenvolvido.
A Figura 5.11 e a Figura 5.12 ilustram os valores dos ângulos e velocidades,
respectivamente, sem nenhum tipo de controle.
Figura 5.11 – Curva do ângulo rotórico sem controladores.
Figura 5.12 – Curva da velocidade sem controladores.
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
67
Neste caso, como o ângulo rotórico cresce indefinidamente à medida que a
máquina acelera.
A Figura 5.12 e a Figura 5.13 apresentam os valores das mesmas variáveis, ângulos
e velocidades, porém com a inclusão do controlador de tensão.
Figura 5.13 – Curva do ângulo rotórico com o controlador de tensão.
Figura 5.14 – Curva da velocidade com o controlador de tensão.
Com o regulador de tensão, observa-se que a velocidade é rapidamente estabilizada
quando comparado com o caso anterior, porém existe um erro de regime devido a não
estabilização do ângulo rotórico. De acordo com (2.11), a velocidade é a derivada do
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
68
ângulo rotórico, a derivada da rampa é uma constante, justificando o erro em regime da
velocidade. E finalmente, a Figura 5.15 e a Figura 5.16 mostram os valores dos ângulos e
velocidades com a inclusão do regulador de velocidade.
Figura 5.15 – Curva do ângulo rotórico com o controlador de tensão e velocidade.
Figura 5.16 – Curva da velocidade com o controlador de tensão e velocidade.
Com a inclusão dos controladores de tensão e de velocidade foi eliminado o erro
em regime de velocidade e de ângulos rotóricos. As velocidades retornam aos valores
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
69
anteriores à falta, pois a derivada do ângulo (constante) é zero, sendo restabelecida devido à
atuação dos reguladores de velocidade.
A ação de controladores nas variáveis das máquinas é ilustrada na Figura 5.17, Figura 5.18 e Figura 5.19 mostradas a seguir:
Figura 5.17 – Tensão de campo Efd em (pu) devido a ação do controlador de tensão.
Figura 5.18 – Potência mecânica em (pu)devido a ação do controlador de velocidade.
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
70
Figura 5.19 – Potência elétrica em (pu), com a inclusão dos controles de tensão e velocidade.
5.3. Estudo de Caso 2
5.3.1. Situação 1 Um sistema equivalente monofásico de máquina oscilando contra barra infinita em
uma rede de quatro barras foi usado com o objetivo de validar a implementação dos
modelos apresentados, confirmando a coerência das equações diferenciais inerentes ao
estudo de estabilidade transitória e verificando a aplicação destas no algoritmo criado. A
Figura 5.20 a seguir apresenta o sistema elétrico do exemplo ilustrativo.
Para tal finalidade, a simulação computacional de comparação será feita com os
resultados do programa ANATEM, de propriedade do Centro de Pesquisas de Energia
Elétrica (CEPEL), (ALVES et alii, 2005). O estudo de caso analisa o comportamento do
sistema, simulado pelo algoritmo desenvolvido, sendo desconsiderado os desequilíbrios.
1
2 3
P = 400 MWQ = -60,2 MVAr
P = 199,3 MWQ = 42,2 MVAr4
P = 200,0 MWQ = 100,0 MVAr
BarraInfinita
Figura 5.20 – Sistema de 4 barras.
-
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
71
O evento estudado é aplicação de curto-circuito trifásico na barra 2 em 0,1
segundo, retirando-o e restabelecendo a rede após 3 ciclos, em 0,15 segundos.
Os arquivos do sistema da Figura 5.20 necessários para a simulação pelo ANATEM
são fornecidos durante a instalação do programa, encontrados na seção “Exemplos”,
denominados “TESTECA”.
5.3.1.1. Escolha e sintonia dos controladores:
O ajuste ótimo dos parâmetros de sintonia dos controles locais dos geradores não é
o objetivo deste trabalho. Neste estudo de caso, os tipos de controladores utilizados para
simulação pela ferramenta computacional criada são os mesmo apresentados no Capítulo 4,
e a sintonia realizada de acordo com valores típicos existentes na literatura (ANDERSON e
FOUAD, 1977).
Contudo, os controladores utilizados na simulação pelo ANATEM, diferem dos
utilizados, sendo mais eficazes devido ao fato de possuírem mais blocos de compensação
de fase, além de possuírem sintonias mais eficientes para o problema proposto.
Tal fato não chega a comprometer o processo de comparação pois é possível avaliar
os perfis e tendências das curvas simuladas, verificando o principal requisito que é a
validação do algoritmo desenvolvido, comprovando a veracidade das equações diferenciais
e seus métodos numéricos de solução.
Os modelos de reguladores de tensão, estabilizador e de velocidade usados no
AMATEM são mostrados na Figura 5.21, na Figura 5.22 e na
Figura 5.23, respectivamente.
+1 + sT1
1 + sT2
+
+
1
1 + sTM
L MAX
VTER
-
VREF
1
1 + sTM
VSAD
KA
1 + sT3
1 + sT4
Efd
Figura 5.21 – Diagrama de blocos para modelo do regulador de tensão
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
72
xKP
1 + sT2
VE MAX
sT1
1 + sT1
-1
1 + sT3
1 + sT4
x
VSAD
Se VPMIN < x < VPMAX
y = 1,0
Senão
y = 0,0
sT5
1 + sT5
x y
PE
Figura 5.22 – Diagrama de blocos para modelo do PSS
+1
1 + sTG
-
+
1
Rp
1 + sTR
sTR
1
1 + sTF
L MAX
ω REF
∆ω -
R
x
DT
D
+ + AT x1
sTH
+ x2 :PMEC
-
1,0
++-
QNL
+++
- -
Figura 5.23 – Diagrama de blocos para modelo do regulador de velocidade.
5.3.1.2. Resultados comparativos: A Figura 5.24 e a Figura 5.25 mostram o comportamento do ângulo rotórico do
gerador da barra 1, simulado pelo ANATEM e pela ferramenta desenvolvida
respectivamente.
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
73
Figura 5.24 – Valor do ângulo rotórico simulado pelo ANATEM.
Figura 5.25 – Valor do ângulo rotórico simulado pela ferramenta desenvolvida.
Como é observado na curva do ângulo rotórico, as ações dos controles realizadas
no ANATEM proporcionam uma excursão angular menor, em contrapartida, o ajuste
realizado pela metodologia desenvolvida fornece uma estabilização do valor final mais
rápida.
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
74
A Figura 5.26 e a Figura 5.27 ilustram a freqüência do gerador.
Figura 5.26 – Valor da freqüência simulado pelo ANATEM.
Figura 5.27 – Valor da freqüência simulado pela ferramenta desenvolvida.
As figuras a seguir mostram os módulos das tensões na barra do curto-circuito
trifásico e na barra vizinha, barra 3, comparativamente para as duas situações analisadas.
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
75
Figura 5.28 – Valor da tensão terminal do gerador simulado pelo ANATEM.
Figura 5.29 – Valor da tensão terminal do gerador simulado pela ferramenta desenvolvida.
Figura 5.30 – Valor da tensão na barra 3 simulada pelo ANATEM.
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
76
Figura 5.31 – Valor da tensão na barra 3 simulada pela ferramenta desenvolvida.
As figuras a seguir ilustram as ações dos reguladores de tensão, do estabilizador e da
velocidade, simuladas pelo ANATEM e pela ferramenta desenvolvida respectivamente.
Figura 5.32 – Tensão de campo simulada pelo ANATEM.
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
77
Figura 5.33 – Tensão de campo simulada pela ferramenta desenvolvida.
Figura 5.34 – Sinal de controle do PSS simulado pelo ANATEM.
Figura 5.35 – Sinal de controle do PSS simulado pela ferramenta desenvolvida.
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
78
É importante observar que os limites inferior e superior do sinal do estabilizador
são diferentes nos dois casos. A simulação realizada pelo ANATEM permite uma excursão
do sinal estabilizador maior, fato justificado pela diferença no modelo de estabilizador
utilizado para cada simulação.
Figura 5.36 – Valor da potência mecânica simulado pelo ANATEM.
Figura 5.37 – Valor da potência mecânica simulado pela ferramenta desenvolvida.
Analisando as figuras referentes às ações dos controladores, observa-se a diferença
entre os modelos e ajustes dos reguladores utilizados em cada simulação, acarretando no
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
79
“swing” aproximado entre as grandezas eletromecânicas mostradas neste estudo de caso.
Estas diferenças estão dentro de certa tolerância aceitável, na qual é validada a
implementação numérica da ferramenta computacional criada.
5.3.2. Situação 2
Nesta situação, será simulado o sistema com a mesma topologia de barras e linhas
mostrado na Figura 5.20. Entretanto, é aplicado um desequilíbrio de cargas por fase,
descrito na Tabela 5.19, a seguir:
Tabela 5.19 - Valores das cargas por fase do sistema TESTECA.
No Barra Pa (MW) Pb (MW) Pc (MW) Qa (MW) Qb (MW) Qc (MW) 3 200 0,00 0,00 0,00 0,00 100
Para esta simulação não será feita comparações de resultados com o programa
ANATEM.
O evento aplicação é um curto-circuito trifásico idêntico à Situação 1, ocorrido no
tempo igual a 0,1 segundos e restabelecido após 3 ciclos, em 0,15 segundos.
Os modelos de controladores utilizados são descritos na Seção 3.3.1.1.
5.3.3. Inicialização das variáveis elétricas
A Tabela 5.20 a seguir mostra os valores dos módulos e ângulos das tensões das
barras do sistema, determinado pelo fluxo de potência trifásico convencional.
Tabela 5.20 - Valores das tensões por fase do sistema TESTECA.
No Barra Va (pu) θa (graus) Vb (pu) θb (graus) Vc (pu) θc (graus) 1 1,0000 6,7926 1,0000 -115,7487 1,0000 124,1417 2 0,9996 3,3491 1,0011 -117,4671 1,0071 122,4335 3 1,0007 1,7452 1,0019 -118,2669 1,0107 121,6455
Sendo a barra 4 uma barra infinita, os módulos e ângulos das tensões nas
fases a, b e c serão sempre constantes e iguais a 1∠0o pu, 1∠-120o pu e 1∠120o pu,
respectivamente. A Tabela 5.21 apresenta os valores dos módulos e ângulos das tensões das
barras do sistema calculados pelo fluxo de potência desenvolvido.
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
80
Tabela 5.21 - Valores das tensões por fase do sistema TESTECA.
No Barra Va (pu) θa (graus) Vb (pu) θb (graus) Vc (pu) θc (graus) 1 0, 9943 4.5049 0, 9992 -114.3797 1, 0065 125.5633 2 0,9963 1,9830 1,0025 -116,5695 1,0107 123,4103 3 0,9979 0,8115 1,0045 -117,5852 1,0132 122,4131 5 1,0028 14.0807 1,0028 -105.9193 1,0028 234.0807
Onde a barra 5 é a barra interna do gerador 1, equilibrada independente da
condição do desequilíbrio no sistema.
Observe que a média aritmética entre as tensões das fases a, b e c da barra 1 é igual
à tensão equilibrada especificada, ou seja, 1 pu.
Tabela 5.22 - Valores das potências consumidas por fase do sistema TESTECA.
No Barra Pa (MW) Pb (MW) Pc (MW) 3 200 0 0 4 90,4 252,7 253,8
5.3.4. Resultados
Nesta seção serão apresentados os resultados gráficos da simulação da Situação
2. A figura 5.38 e a Figura 5.39 mostram a evolução do ângulo rotórico, em graus, e da
velocidade, em radianos elétricos por segundo, da máquina da barra 1 respectivamente.
Figura 5.38 – Valor do ângulo rotórico da máquina 1
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
81
Figura 5.39 – Valor da velocidade do eixo da máquina 1
A Figura 5.40 e a Figura 5.41 mostradas a seguir representam a variação do módulo
da tensão na barra 1, em pu, e a variação da potência elétrica gerada por fase na máquina da
barra 1, em MW, respectivamente.
Figura 5.40 – Valor do módulo da tensão da barra 1
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
82
Figura 5.41 – Valor da potência elétrica gerada por fase.
A ação dos controladores locais do gerador síncrono é mostrada nas Figuras a
seguir. A Figura 5.42 representa o sinal de controle de campo, em pu, e a Figura 5.43 ilustra
a ação do estabilizador, em pu.
Figura 5.42 – Valor da velocidade do eixo da máquina 1.
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
83
Figura 5.43 – Valor da velocidade do eixo da máquina 1.
5.4. Estudo de caso 3
O objetivo deste estudo de caso é apresentar os resultados obtidos através da
metodologia proposta para o estudo da estabilidade transitória de sistemas elétricos
trifásicos desequilibrados. Para tanto, será utilizado o sistema acadêmico de teste IEEE14,
que é composto por quatorze barras, vinte circuitos e cinco máquinas síncronas, ilustrado
na Figura 5.44.
Figura 5.44 – Sistema teste IEEE1-14.
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
84
Os limites de tensão e de potência reativa das barras deste sistema não são
considerados no fluxo de potência, não fazendo parte do escopo deste estudo.
5.4.1. Situação 1 Esta análise considera que o sistema IEEE-14 sofre um curto-circuito no instante
0,5 segundos na barra de número 11. A duração do curto é de 3 períodos, ou seja, 50
milissegundos, após este tempo, o sistema se recompõe com o curto sendo eliminado.
A Figura 5.45 e a Figura 5.46 mostram a diferença entre os ângulos rotóricos dos
geradores da barra 1 e barra 2. A simulação foi realizada no ANATEM e na ferramenta
computacional desenvolvida.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1047
48
49
50
51
52
53
54dif delta
Tempo (s)
Dif.
Del
ta (
grau
s)
Figura 5.45 – Evolução Diferença entre ângulos rotóricos do gerador 1 e 2, simulado pelo ANATEM.
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
85
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1045
46
47
48
49
50
51
52
53
54dif delta
Tempo (seg)
Dife
renç
a A
ngul
ar (
Gra
us)
Figura 5.46 – Diferença entre ângulos rotóricos do gerador 1 e 2, simulado pelo programa desenvolvido.
Um fator decisivo para o “swing” das curvas dos ângulos rotóricos é regido pela
regulagem do PSS. No caso de sistemas multimáquinas, o processo de sintonia é bem mais
complexo que no caso de máquina contra barra infinita. Um procedimento comum é
sintonizar cada estabilizador isoladamente, e para cada regulagem, testar a estabilidade do
sistema, repetindo o processo até o ajuste do último PSS.
Pode-se notar que as curvas não estão exatamente iguais, fato justificado pela ação
da regulação, pois foram implementados modelos diferentes com distintos valores de
parâmetros para os controladores.
Uma análise importante sobre as Figuras 5.39 e Figuras 5.40 deve-se ao fato da
similaridade no comportamento do primeiro ciclo, que é o mais importante na abordagem
subtransitória, sendo os valores de pico (overshoot) e de período aproximadamente iguais.
A evolução da curva de diferença angular para o valor de regime permanente (valor
inicial antes do curto) é mais lenta quando simulada pela metodologia proposta; Este fato
também decorre do fato dos controles e respectivos ajustes serem diferentes.
O sistema permanece estável após a contingência, com as máquinas funcionando
em sincronismo.
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
86
A Figura 5.47 e a Figura 5.48 apresentam a variação da velocidade do gerador da
barra 1, simuladas pelo ANATEM e pela ferramenta computacional desenvolvida,
respectivamente. Percebe-se que a tendência de ambas é de estabilização lenta no valor de
referência, mas enquanto a simulação do ANATEM resulta em uma tendência decrescente,
o programa proposto possui tendência estável crescente.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10376.4
376.6
376.8
377
377.2
377.4
377.6w M1
Tempo (s)
w
Figura 5.47 – Velocidade do gerador da barra 1 simulado pelo ANATEM.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10376.5
377
377.5
378w M1
Tempo (s)
w
Figura 5.48 – Velocidade do gerador da barra 1 simulado pela ferramenta desenvolvida
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
87
A Figura 5.49 e a Figura 5.50 mostram as tensões das barras terminais dos
geradores da barra 1, 2 e 6, simuladas pelo ANATEM e pela ferramenta desenvolvida
respectivamente.
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
0.6
0.7
0.8
0.9
1
1.1
Tempo (s)
Ten
sao
(pu)
Vter
M1
Vter
M2
Vter M3
Figura 5.49 – Tensões das barras terminais dos geradores simuladas pelo ANATEM.
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
0.6
0.7
0.8
0.9
1
1.1
Vter
Tempo (seg)
Ten
sao
(pu)
Vter M1
Vter M2
Vter
M4
Figura 5.50 – Tensões das barras terminais dos geradores simuladas pela ferramenta desenvolvida.
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
88
5.4.2. Situação 2
O objetivo desta seção é mostrar a aplicabilidade da ferramenta computacional
desenvolvida em uma situação especial, que não é possível de ser representada com
facilidade em programas de estabilidade que utilizam o circuito monofásico equivalente do
sistema elétrico.
A situação 2 considera que o sistema IEEE-14 sofre um curto-circuito bifásico
entre as fases b e c envolvendo a terra, no meio da linha de 6 para 13. Este curto acontece
no tempo inicial de 0,02 segundos. Para eliminar o curto, uma chave tripolar de proteção
na linha deverá abrir no tempo 0,123 segundos, após 6 ciclos. Porém, houve uma falha no
pólo da fase a, deixando-a fechada até 0,1563 segundo. Depois do oitavo ciclo, o pólo da
fase a abre, completando a retirada das três fases da linha de transmissão. Deseja-se
conhecer o comportamento das grandezas eletromecânicas para esta situação e se os
geradores síncronos manterão o sincronismo.
A linha de transmissão 6-13 foi escolhida devido a esta ser a mais crítica do sistema
IEEE-14, que transporta maior fluxo de potência.
Como o sistema muda a topologia, os ângulos rotóricos tendem alterar o valor em
regime, porém, neste caso em particular, somente dois geradores fornecem potência ativa,
com uma máquina gerando apenas 0,4 pu. Devido às linhas de transmissão não terem
restrição de fluxo, a carga do sistema continua sendo suprida pela máquina de referência,
máquina da barra 1.
As máquinas síncronas do sistema IEEE-14 permanecem em sincronismo para o
evento aplicado. A Figura 5.51 ilustra a diferença angular entre os geradores 1 e 2.
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
89
0 2 4 6 8 10 12 14 1647
48
49
50
51
52
53
54
55Dif Delta
Tempo (seg)
Dif.
Del
ta (
Gra
us)
Figura 5.51 – Diferença angular entre os geradores do sistema IEEE-14.
A Figura 5.52 e a Figura 5.53 apresentam respectivamente os módulos das tensões
terminais do gerador 1 e do gerador 4, próximo ao curto, durante o momento do evento
simulado.
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.350.8
0.85
0.9
0.95
1
1.05
1.1
1.15
Vter
M1
Tempo (s)
Vte
r (pu
)
Fase AFase BFase C
Figura 5.52 – Módulo da tensão terminal do gerador 1.
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
90
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.350.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
1.1
Vter
M4
Tempo (s)
Vte
r (pu
)
Fase AFase BFase C
Figura 5.53 – Módulo da tensão terminal do gerador 4.
A Figura 5.54 e a Figura 5.55 mostram as potências elétricas geradas pelas máquinas
1 e 2 do sistema IEEE-14.
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.351.6
1.7
1.8
1.9
2
2.1
2.2
2.3
2.4
2.5
Pele M1
Tempo (s)
Pel
e (p
u)
Fase AFase BFase C
Figura 5.54 – Potência elétrica do gerador 1.
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
91
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.350.2
0.25
0.3
0.35
0.4
0.45
0.5
0.55
Pele
M2
Tempo (s)
Pel
e (pu
)
Fase AFase BFase C
Figura 5.55 – Potência elétrica do gerador 2.
5.5. Conclusões do capítulo
O atual capítulo apresentou os resultados das simulações realizadas nos três
sistemas de teste escolhidos.
No estudo de caso 1 considerou um sistema clássico de 3 máquinas e 11 barras,
encontrado em vários livros sobre estabilidade transitória. Ainda neste estudo de caso,
verificou a robustez do modelo escolhido para representação dos geradores síncronos. Foi
realizada uma comparação entre o modelo clássico de geradores (fonte de tensão atrás de
uma reatância transitória de eixo direto) e o modelo subtransitório. Para simular a máquina
no modelo clássico, utilizou as rotinas fornecidas pela toolbox PST, no MatLab.
O estudo de caso 2 teve por finalidade a validação dos modelos de máquinas e
reguladores implementados, verificando ainda a autenticidade da implementação numérica
das equações diferenciais inerentes ao estudo, resolvidas pelo método de integração
numérica.
Para o estudo de caso 3, foram feitas duas situações; A situação 1 teve com objetivo
a regulagem dos controladores de tal forma que o sistema, perante um distúrbio,
respondesse de forma a permanecer em sincronismo, e ainda, verificando esta situação com
Capítulo 5 – Estudo de Casos e Resultados
92
simulações do mesmo evento no ANATEM. A situação 2 teve como meta um evento
peculiar não abrangido pelo programa ANATEM, mostrando a aplicabilidade da
ferramenta desenvolvida em um sistema desequilibrado.
Capítulo 6 – Conclusões Finais
93
Capítulo 6
Conclusões Finais e Observações
6.1. Conclusões
Esta dissertação apresentou uma contribuição no estudo da estabilidade transitória
dos sistemas elétricos que apresentam geração dispersa e distribuída. O fluxo de potência
trifásico especial implementado permitiu a determinação mais fiel dos valores reais do
módulo e ângulo das tensões das barras internas dos geradores, possibilitando a
representação da máquina síncrona como uma fonte de tensão atrás de uma impedância
subtransitória, reduzindo incertezas e/ou aproximações decorrentes do método usual,
representado por circuito equivalente de seqüência positiva.
A localização do ângulo rotórico, determinado a partir das grandezas elétricas
procedente do fluxo trifásico especial, mostrou-se eficaz às condições de carregamento do
sistema de distribuição, que em alguns casos, pode ser muito desequilibrado.
A implementação dos controladores locais nos geradores provou a funcionalidade
destes e suas influências sobre as variáveis eletromecânicas envolvidas no estudo de
estabilidade. Através da escolha dos parâmetros de sintonia dos controles, comprovou-se
que o ajuste, quando mal determinado, pode levar o sistema à instabilidade. Fato marcante
para o PSS, cuja sintonia não é trivial e requer muitos estudos e experiência na área de
teoria de controle. Os ajustes realizados neste trabalho para os reguladores de tensão e
velocidade não são ótimos, sendo especificados dentro de uma gama de valores típicos.
Para os parâmetros do PSS, utilizou-se uma técnica de controle baseada na compensação
dos pólos dominantes, aproximando a máquina de um sistema RLC de segunda ordem, por
Capítulo 6 – Conclusões Finais
94
tentativa e erro, a fim de injetar um sinal de controle no regulador de tensão em contra fase
à velocidade.
O modelo da máquina síncrona escolhido, modelo subtransitório, representou com
fidelidade o comportamento deste elemento nos sistemas trifásicos desequilibrados em
regime permanente e durante o transitório.
Foi verificada a validação das equações diferenciais dos modelos utilizados através
de comparações realizadas com o programa ANATEM, em sua versão acadêmica, de
propriedade do CEPEL (Centro de Pesquisas de Energia Elétrica), permitindo testar a
ferramenta desenvolvida tanto numérica quanto computacionalmente, que se mostrou
coerente em ambas as simulações, conforme comentado no estudo de caso 2, da Seção 5.3.
A criação da ferramenta para análise de estabilidade transitória de sistemas trifásicos
é de fácil utilização, sendo possível reproduzir as mais diversas situações, não abrangentes,
ou de complexa implementação, pelo ANATEM, conforme indicado no estudo de caso 3,
situação 2, da Seção 5.4.2.
Durante o decorrer deste trabalho, verificaram-se algumas dificuldades, como por
exemplo, a obtenção de base de dados para o modelo de máquina utilizado e para os
valores dos parâmetros de controle.
Deste modo, tendo em vista os resultados obtidos, constata-se que a metodologia
apresentada nesta dissertação mostrou-se como uma útil contribuição para estudos de
estabilidade transitória em sistemas elétricos que apresentam geração distribuída, resultando
em uma maior precisão nos valores iniciais das variáveis eletromecânicas envolvidas na
análise.
6.2. Propostas de desenvolvimentos futuros
Seguindo a linha de pesquisa desenvolvida nesta dissertação e tendo em vista os
resultados obtidos, pode-se citar como propostas de trabalhos futuros:
− Consideração de motores de indução no sistema elétrico e geradores
assíncronos representando as gerações eólicas;
− Inclusão de compensadores ao problema, tais como Compensador estático
de reativos (CER) e Compensadores série controláveis (CSC);
Capítulo 6 – Conclusões Finais
95
− Desenvolvimento de um processo de fatoração que torne a metodologia
mais rápida e robusta em sua execução, como por exemplo, a fatoração
LDU;
− Implementação do algoritmo em uma linguagem computacional de alto
desempenho, por exemplo, C++;
− Inclusão de mais modelos de reguladores, implementação dos modelos
utilizados pelo ANATEM para comparações mais severas;
− Estudo envolvendo teoria de controle para ajuste ótimo dos parâmetros
dos controladores locais das máquinas
96
Apêndice A
Impedância de seqüência de
máquinas síncronas
A.1. Introdução
Neste apêndice, são demonstrados os cálculos necessários para obtenção dos
parâmetros das máquinas síncronas por intermédio de ensaios e analiticamente quando
possível determinar, segundo (ELGERD, 1970).
A.2. Impedância de seqüência positiva
Este é o parâmetro de determinação mais simples. Um componente de sistema
funcionando sob condições equilibradas de tensões e correntes (de seqüência de fase abc)
está, efetivamente, funcionando em “seqüência positiva”.
Em regime permanente, é usado:
djXX =+ (A.1)
Para falta, se o primeiro ciclo transitório for de interesse, tem para o valor de
reatância positiva:
"djXX =+ (A.2)
97
Se houver interesse no terceiro ou quarto ciclo transitório:
'djXX =+ (A.3)
Para a obtenção de X+ por ensaio, o procedimento mais simples é curto-circuitar a
máquina (em vazio) tendo-a excitação, com uma fem de 100%. Se, com ajuda de um
oscilograma, forem medidos os valores eficazes em pu dos componentes de 60 Hz da
corrente, |I”|, |I’| e |ISS|, no primeiro, terceiro e quarto ciclos, e em regime permanente,
respectivamente, então obteremos as reatâncias:
puI
1X
SSd = (A.4)
pu'I
1X'
d = (A.5)
pu"I
1X"
d = (A.6)
A.3. Impedância de seqüência negativa obtida por ensaio
A Figura A.1 mostra esquematicamente a montagem para a obtenção da
impedância de seqüência negativa por ensaio. Com a máquina acionada por um motor com
100% da velocidade e com as fem reduzidas à zero, a alimentação de campo é curto-
circuitada, e uma tensão de seqüência negativa é aplicada por uma fonte externa (por
exemplo, uma outra máquina síncrona). As correntes resultantes que alimentam a máquina
sob ensaio são medidas. A reatância negativa é obtida por:
a
a
I
VX =−
(A.7)
a Ia
Ib
Ic
Va
Vb
Vc
bc
Campo Curto-circuitado
Máquina sob ensaio.Velocidade no sentido
positivo, abc.
Máquina síncronagerando fem de sentido
negativo, acb. Figura A.1 – Esquema para a medição da impedância negativa de uma máquina síncrona
98
A.3.1. Impedância de seqüência negativa obtida analiticamente
Na obtenção da reatância de seqüência negativa da máquina síncrona, o
procedimento será injetar correntes de estator de seqüência de fase negativa, tal que:
tcosii maxa ω= (A.8)
)120tcos(ii 0maxa +ω= (A.9)
)120tcos(ii 0maxa −ω= (A.10)
Aplicando a transformação de Blondel a essas correntes, obtêm-se:
t2cosii maxd ω= (A.11)
t2senii maxq ω−= (A.12)
0i0 = (A.13)
O significado físico das equações acima é que a fmm do estator medida em relação
ao rotor pulsa a 120 Hz, induzindo correntes de 120 Hz no enrolamento de campo. A onda
de fmm progride, realmente, com velocidade síncrona total em sentido oposto ao rotor.
Desprezando a resistência de armadura, e utilizando as definições da transformação
de Blondel, e substituindo as Equações A.11, A.12 e A.13 nas equações de tensão, tem-se:
t2senILdt
diLt2senIL2v maxq
rSmaxdd ωω−+ωω=
(A.14)
t2cosILiL(t2cosIL2v maxdrSmaxqq ω−ω+ωω= (A.15)
dt
diL
2
3
dt
diL0 d
5r
4 += (A.16)
A última equação nos diz que a corrente induzida no enrolamento do rotor vale
t2cosiL
LL
2
3i
L
L
2
3i max
4
55d
4
5r ω==
(A.17)
Substituindo o valor da Equação A.17 nas Equações A.14 e A.15, tem-se:
99
t2senILL
L
2
3L2iv maxq
4
25
dmaxd ω⎥⎥⎦
⎤
⎢⎢⎣
⎡ω−⎟⎟
⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−ω=
(A.18)
t2cosIL
L
2
3LiL2v max
4
25
qmaxqq ω⎥⎥⎦
⎤
⎢⎢⎣
⎡⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−ω−ω=
(A.19)
Nas Equações A.18 e A.19, reconhecem-se as expressões de Xq e Xd’ e então se
pode simplificá-las como segue.
( ) t2seniX2Xv max'ddd ω−−= (A.20)
( ) t2cosiX2Xv maxq'dq d
ω−−= (A.21)
Por transformação inversa de Blondel, obtêm-se as tensões de estator, tal que:
tsenvtcosvv qda ω−ω= (A.22)
( ) ( ) ωω−+ωω−−= tsen2cosiX2Xtcost2seniX2Xv maxq'dmax
'dqa (A.23)
( ) ( ) t3seniXX2
390tcosi
2
XXv max
'dq
omax
'dq
a ω−−+ω+
−=∴ (A.24)
Se fossem injetas no enrolamento do estator correntes senoidais de freqüência ω e
seqüência negativa de fases, as tensões de estator resultantes conterão um componente de
freqüência ω e outro de freqüência 3ω.
Se atentar para o componente ω da tensão e se o componente 3ω for desprezado, a
impedância da máquina deverá ser igual a:
2
XXjX
'dq +
=− (A.25)
Na verdade, as Equações A.24 e A.25 não são muito precisas porque as equações
gerais foram deduzidas supondo a não existência de enrolamentos de amortecimento.
Como nesse caso a fmm do estator passa pelo rotor com uma velocidade de 2ω, os
enrolamentos de amortecimento que estão presentes numa máquina real, estarão muito em
100
evidência. Assim, a máquina, ao invés de “sentir” a reatância transitória X’d a partir do
estator, “sentirá” a reatância subtransitória X”d ,uma vez que as correntes induzidas (de
freqüência 2ω) no enrolamento de amortecimento irão predominar sobre as do
enrolamento de campo do rotor. Analogamente, ao invés de sentir Xq no eixo q, sentirá
uma reatância efetiva menor, X”q, devido aos enrolamentos de amortecimento no eixo q. A
reatância de seqüência negativa real, considerando os enrolamentos de amortecimento,
será:
2
XXjX
"d
"q +
=− (A.26)
Se levarmos em consideração o efeito dos enrolamentos de amortecimento, o
componente 3ω da tensão será:
( ) max"d
"q iXX
2
3 − (A.27)
Esse componente é numericamente muito pequeno comparado com o componente
de ω que vale:
max
"d
"q i
2
XX⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛ +
(A.28)
E confirma a aproximação feita, de se desprezar a componente 3ω em face do
componente ω.
A.4. Impedância de seqüência zero
A Figura A.2 mostra a montagem pela qual a impedância de seqüência zero de uma
máquina síncrona pode ser obtida por ensaio. A máquina está girando com velocidade
síncrona e seu campo está curto-circuitado. Uma fonte monofásica imprime potências de
seqüência zero nos três enrolamentos de estator.
101
A impedância de seqüência zero é obtida por:
00 I
EX =
(A.29)
a Ia = I0
Va Vb Vc
bc
Campo Curto-circuitado
Ib = I0
Ic = I0
= =
E
= E
Figura A.2 – Esquema para a medição da impedância de seqüência zero de uma máquina síncrona
A determinação analítica da reatância de seqüência zero segue um roteiro
semelhante ao usado para determinar a reatância de seqüência negativa. Agora, injeta-se no
estator correntes de seqüência zero, e pode-se, portanto, escrever:
tcosiiii maxcba ω=== (A.30)
Aplicando a transformação de Blondel, tem-se:
tcosii
0i
0i
max0
q
d
ω=
==
(A.31)
E ainda:
tseniLdt
diLv
0v
0v
max00
00
q
d
ωω=−=
==
(A.32)
Por transformação inversa de Blondel, obtêm-se as tensões de estator:
( )omax0max00a 90tcosiLtseniLvv +ωω=ωω== (A.33)
102
Logicamente, a reatância de seqüência erro vale:
l00 jXLjX =ω= (A.34)
Onde Xl na Equação (A.34) é considerado como sendo a reatância de dispersão da
máquina síncrona.
Conhecido os valores das reatâncias de seqüência positiva, negativa e zero na base
da máquina síncrona, para referenciar estas grandezas em coordenadas do sistema elétrico é
feito uma transformação inversa de coordenadas 012 para abc, a Equação (A.35) e a
Equação (A.36) mostram esta transformação:
AXAX 0121abc ⋅⋅= − (A.35)
Logo:
( )A
2
XXX
X
AX"q
"d
"d
l1abc ⋅
⎥⎥⎥⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢⎢⎢⎢
⎣
⎡
+⋅= −
(A.36)
103
Apêndice B
Arquivos IEEE14 para simulação no ANATEM B.1. Introdução
Este apêndice apresenta os arquivos necessários para simulação do sistema IEEE-
14 utilizando o programa ANATEM.
B.2. Arquivo IEEE14.BLT (********************************************************************* ( * * ( * ARQUIVO vinculado ........ 4BARRAS.STB * ( * * ( * FORMATO ........ ANATEM VERSAO 09-12/01 * (* * (********************************************************************* ( (===================================================================== ( MODELOS DE GERADORES COM POLOS SALIENTES (===================================================================== DMDG MD02 (No) (CS) (Ld )(Lq )(L'd) (L"d)(Ll )(T'd0 (T"d0(T"q0 (No) (Ra )( H )( D )(MVA)Fr C (....... Funil 0003 3 94.6 62.1 31.0 27.4 20.2 8.13 .048 .140 0003 3.588 100. N 9999 ( (===================================================================== ( MODELOS DE REGULADORES DE TENSAO (===================================================================== DRGT MD12 (No) (CS) (Ka )(Ke )(Kf )(Kp )(Ki )(Kg )(Tq )(Ta )(Te )(Tf1)(Tf2) (No) (Ln1)(Lx1)(Ln2)(Lx2)(Ln3)(Lx3)L (....... Funil 0002 61 25.0 -.05 .080 .0 1.0 1.0 .0 .20 .50 1.0 .0 0002 -1.0 1.0 -4.6 4.6 .0 .0D (....... Brasilia Geral 0001 64 25.0-.014.0545 .0 1.0 1.0 .0 .10 .10 2.18 .0 0001 -1.0 1.0 -7.0 7.0 .0 .0D ( 0004 62 400.0 1.0 .060 .0 1.0 1.0 .0 .05 .92 1.0 .0
104
0004 -7.0 10.0-10001000. .0 .0D 9999 ( (===================================================================== ( CURVAS DE SATURACAO (===================================================================== DCST (....... Curvas de Saturacao de Geradores (No) T ( Y1 ) ( Y2 ) ( X1 ) (....... Angra I 0001 2 0.016 8.198 0.8 (....... Luiz Ccarlos Barreto 0002 2 0.013 7.92 0.8 (....... Funil 0003 2 0.051 7.564 0.8 (....... Furnas 0004 2 0.034 7.106 0.8 (....... Itumbiara 0005 2 0.017 10.13 0.8 (....... Marimbondo 0006 2 0.016 8.068 0.8 (....... Mascarenhas de Moraes A e B 0007 2 0.056 5.696 0.8 (....... Porto Colombia 0008 2 0.019 7.124 0.8 (....... Santa Cruz 0009 2 0.032 8.120 0.8 (....... Brasilia Sul e Vitoria 0010 2 0.019 8.371 0.8 ( (....... Curvas de Saturacao das Excitatrizes (....... Angra I 0060 2 .0147 1.206 (....... Funil 0061 2 0.024 1.36 (....... Santa Cruz 0062 2 0.016 1.54 (....... Brasilia Sul e Vitoria 0063 2 0.062 .307 (....... Brasilia Geral 0064 2 .0047 .478 9999 ( (===================================================================== ( MODELOS DE REGULADORES DE VELOCIDADE (===================================================================== DRGV MD01 (No) ( R )(Rp )(At )(Qnl)(Tw )(Tr )(Tf )(Tg )(Lmn)(Lmx)(Dtb)( D )(Pbg)(Pbt) (....... Funil 0004 0.05 0.501.233 0.08 1.5 5.0 0.05 0.5 0.0 .914 .233 1.0 1.0 1.0 0002 0.02 0.101.233 0.08 1.5 5.0 0.05 0.5 0.05.914 .233 1.0 1.0 1.0 9999 ( (===================================================================== ( MODELOS DE SINAIS ESTABILIZADORES EM REGULADORES DE TENSAO (===================================================================== DEST MD01 (No) ( K )( T )(T1 )(T2 )(T3 )(T4 )(Lmn)(Lmx) (....... Funil 0001 0.0 3.0 1.0 0.05 1.0 0.05 0.0 0.0 9999 FIM
105
B.3. Arquivo IEEE14.STB ( ********************************************************************** ( * * ( * ARQUIVO ........ 14BARRAS.STB * ( * * ( * FORMATO ........ ANATEM VERSAO 09-12/01 * ( * * ( ********************************************************************** ( (======================================================================= ( TITULO DO CASO (======================================================================= TITU * Sistema IEEE de 14 Barras * ( (======================================================================= ( ASSOCIACAO DE ARQUIVO PARA SAIDA DE RELATORIOS ( opcao FILE ) (======================================================================= ULOG 4 c:\cepel\anatem\Ieee14.out ( (======================================================================= ( DADOS DE OPCOES DEFAULT DE EXECUCAO (======================================================================= DOPC IMPR (Op) E (Op) E (Op) E (Op) E (Op) E (Op) E (Op) E (Op) E (Op) E (Op) E IMPR L CONT L 80CO L FILE L 9999 ( (======================================================================= ( ASSOCIACAO DE ARQUIVO COM FLUXO DE POTENCIA ( ANAREDE ) (======================================================================= ULOG 2 c:\cepel\anatem\ieee14.sav ( (======================================================================= ( RESTABELECIMENTO DO CASO DE FLUXO DE POTENCIA (======================================================================= ARQV REST IMPR 01 !Caso 01 = Não otimizado com 80 graus na barra 4 ( ULOG 3 c:\cepel\anatem\ieee14.blt ( (======================================================================= ( RESTABELECIMENTO DOS MODELOS DOS REGULADORES (======================================================================= ARQM ( ( (======================================================================= ( ASSOCIACAO DE ARQUIVO COM DADOS PARA PLOTAGEM (======================================================================= ULOG 8 c:\cepel\anatem\Ieee14.plt ( (======================================================================= ( ASSOCIACAO DE ARQUIVO DE SAIDA DE MENSAGENS DE EVENTOS
106
(======================================================================= ULOG 9 c:\cepel\anatem\Ieee14.log ( (======================================================================= ( TOLERANCIA DE CONVERGENCIA DESEJADA PARA O FLUXO DE POTENCIA (======================================================================= DCTE IMPR (Ct) (Val ) TEPQ .1 9999 ( (======================================================================= ( DADOS DE MAQUINAS E ASSOCIACAO DAS MAQUINAS AOS CONTROLES (======================================================================= DMAQ IMPR (No) Mq (P) (Q) Un (Mg) (Mt)u(Mv)u(Me)u(Xvd)(Nb) 1 10 1 3 2 10 1 3 3 10 1 3 6 10 1 3 8 10 1 3 9999 ( (======================================================================= ( DADOS DE EVENTOS (======================================================================= DEVT IMPR (Tp) (Tmp) (El)(Pa)Nc(Ex)(% )(ABS )MqUn(Bl)P( Rc )( Xc )( Bc ) APCB 0.5 12 RMCB 0.55 12 9999 ( (======================================================================= ( DADOS DE SIMULACAO (======================================================================= DSIM (Tmax (Stp) (P) (I) 10.0 .0005 9 9 ( (======================================================================= ( EXECUCAO DA SIMULACAO (======================================================================= EXSI ( (======================================================================= ( DADOS DE OPCOES DEFAULT DE EXECUCAO (======================================================================= DOPC IMPR (Op) E (Op) E (Op) E (Op) E (Op) E (Op) E (Op) E (Op) E (Op) E (Op) E CONT L FILE D 9999 ( (======================================================================= ( FIM DA SIMULACAO (======================================================================= FIM
107
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