conjuntura econômica - aula 04

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1 AULA 04 - MEDIDAS DO DESENVOLVIMENTO (IDH) AULA 04 MEDIDAS DO DESENVOLVIMENTO (IDH) CONJUNTURA ECONÔMICA

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Conjuntura Econômica - aula 04

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1AULA 04 - MEDIDAS DO DESENVOLVIMENTO (IDH)

AULA 04MEDIDAS DO DESENVOLVIMENTO (IDH)

CONJUNTURAECONÔMICA

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2 CONJUNTURA ECONÔMICA

MEDINDO O DESENVOLVIMENTO

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Desenvolvimento Econômico é o aumento no Produto Interno Bruto (PIB) e na renda per capita, acompanhado de modificações técnicas na estrutura produtiva e melhoria nas condições de acesso, pela população, às necessidades básicas como habitação, saúde, alimentação e educação.

Perceba que o conceito de Desenvolvimento Econômico carrega consigo o conceito de Crescimento Econômico. Isso porque, para que uma nação alcance o estágio de Desenvolvimento Econômico, é necessário que haja Crescimento. Porém, deve ocorrer uma mudança na estrutura produtiva, ou seja, inovação tecnológica, e redução nas desigualdades sociais.

Discutimos a importância da inovação tecnológica no Tópico III e podemos relacioná-la com o Desenvolvimento Econômico com base no aumento do grau de educação da população e de seu acesso ao mercado de bens de consumo, pois uma população com mais educação é mais produtiva no trabalho e seus salários tendem a ser mais elevados.

Caracterizando o Desenvolvimento Econômico

Para caracterizar o processo de Desenvolvimento Econômico, devemos observar os seguintes detalhes:

a) Crescimento Econômico;

b) Redução da pobreza e das desigualdades sociais;

c) Melhoria nos indicadores sociais como saúde, educação, habitação, violência etc.

É importante destacar que o conceito de Crescimento Econômico é um conceito quantitativo do produto gerado em uma economia. Procura demonstrar o quanto a economia cresceu. É uma simples relação entre o produto gerado na economia (PIB) ou a riqueza gerada, dividido pela população total.

Já o conceito de Desenvolvimento Econômico é um conceito qualitativo da riqueza (PIB) gerada na economia. Perceba que o conceito de Desenvolvimento Econômico procura demonstrar como a economia cresceu e como distribuiu os “frutos” do crescimento na sociedade.

Note que a palavra “como” aparece em dois momentos na oração anterior: primeiro em relação ao crescimento da produção (indústria), no que se refere à inovação tecnológica, e depois em relação à distribuição deste crescimento, ou seja, em relação à absorção deste crescimento pela população, a partir do bem-estar e da qualidade de vida

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3AULA 04 - MEDIDAS DO DESENVOLVIMENTO (IDH)

da sociedade.

Então, podemos concluir que o Crescimento Econômico com inovação tecnológica, acompanhado de distribuição de renda, nos remete ao estágio de Desenvolvimento Econômico.

A questão com a qual nos defrontamos agora é a seguinte: medir Crescimento Econômico é relacionar produto (PIB) e população, mas como podemos medir o Desenvolvimento Econômico?

Para tanto, o economista indiano Armatya Sen desenvolveu um indicador de medição denominado Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Vamos falar mais deste índice no próximo item.

DESENVOLVIMENTO HUMANO

Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), desenvolvimento humano pode ser definido como um processo de abrangência e de expansão do acesso às escolhas individuais relacionadas à vida econômica, social, política e cultural.

O direito por uma vida longa e saudável, por adquirir conhecimento e exercer a cidadania é de caráter fundamental para qualquer ser humano.

Segundo o PNUD, frequentemente nota-se uma tendência a identificar a noção de desenvolvimento humano, tanto com o desenvolvimento dos recursos humanos, quanto com as necessidades básicas ou com o bem-estar do ser humano. Essa concepção é incorreta, pois o conceito de desenvolvimento humano é mais abrangente do que qualquer dessas noções.

O desenvolvimento dos recursos humanos vê os seres humanos como insumos no processo produtivo, não como beneficiários do processo. O desenvolvimento humano trata do desenvolvimento dos recursos humanos com ênfase no incremento do capital humano, mas, ao mesmo tempo, destaca os seres humanos como beneficiários do processo de desenvolvimento.

Em se tratando de necessidades básicas, considera-se a satisfação dos requisitos mínimos dos seres humanos, mas não escolhas. Já a noção de bem-estar vê as pessoas como receptores no processo de desenvolvimento, mas não como participantes ativos do mesmo.

O conceito de desenvolvimento humano não é parcial como o desenvolvimento dos recursos humanos, ou o de necessidades básicas, ou mesmo o de bem-estar. Na verdade, a ideia de desenvolvimento humano engloba todas as outras e, portanto, representa uma noção mais abrangente do desenvolvimento, sendo assim, um conceito holístico.

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4 CONJUNTURA ECONÔMICA

ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO (IDH)

O IDH é um índice que varia entre 0 e 1, abrangendo três dimensões do desenvolvimento econômico: Longevidade (expectativa de vida ao nascer), Educação e PIB per capita.

Quanto maior for a expectativa de vida de uma sociedade, menor é o grau de desigualdade social, pois as condições básicas de vida como habitação, alimentação e saúde estão sendo atendidas, reduzindo assim as doenças, o envelhecimento precoce, as epidemias, a desnutrição etc.

Quanto mais alto o índice de educação de uma sociedade, maior é a produtividade do trabalho e maior é o desenvolvimento de pesquisas, refletindo diretamente na eficiência tecnológica da economia.

O aumento no PIB per capita, acompanhado de distribuição equitativa na renda, permite mais acesso da população aos bens de consumo, podendo desfrutar do crescimento econômico e da tecnologia desenvolvida na economia.

Classificação VariaçãoBaixo desenvolvimento 0 a 0,500Médio desenvolvimento 0,501 a 0,800Alto desenvolvimento 0,801 a 1

Seu resultado expressa uma vida longa e saudável, o acesso ao conhecimento e um padrão de vida econômico decente. Expressa de certa forma, a qualidade de vida.

O grande alvo da população de qualquer nação é usufruir do bem-estar social, ou seja, ter qualidade de vida. O caminho para o bem-estar é o Crescimento Econômico, porém, não adianta apenas crescer, é necessário crescer e distribuir.

Medir o Crescimento Econômico não é uma tarefa difícil, já que pegamos o resultado do PIB e dividimos pela população. Porém, medir o Desenvolvimento Econômico é algo mais complexo.

Vimos neste item que para medir o Desenvolvimento Econômico podemos utilizar o IDH, já que este índice engloba variáveis relacionadas às questões sociais.

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5AULA 04 - MEDIDAS DO DESENVOLVIMENTO (IDH)

Efetue uma pesquisa sobre o IDH no site do IPEA (www.ipea.gov.br) e elabore uma série histórica (para os anos de 1970, 1980, 1990, 2000 e 2010) do IDH no Brasil e nas Unidades da Federação (estados). Ordene os dados em uma simples tabela.

ANÁLISE CONJUNTURAL

MODELO DE ANÁLISE DA CONJUNTURA ECONÔMICA

Para efetuarmos uma análise da conjuntura econômica, construiremos um “modelo” a partir de fontes de informações secundárias. Basicamente, todas as informações necessárias para a elaboração desta análise estão disponíveis em sites de órgãos do Governo Federal, como IBGE, IPEA, Banco Central e Ministérios.

VARIÁVEIS SELECIONADAS

As variáveis selecionadas, a princípio, têm como objetivo efetuar uma análise da conjuntura econômica do país. As variáveis estão divididas em grupos e subgrupos, conforme abaixo. São 9 grupos e 20 subgrupos que podem ser alterados conforme a necessidade e a disponibilidade de informações.

Grupo 1 – Investimento Produtivo

• Produção Industrial

• Produto Interno Bruto (PIB)

Grupo 2 – Desempenho do Comércio

• Desempenho das vendas no varejo

Grupo 3 – Mercado de Trabalho

• PEA

• Taxa de Desemprego

• Emprego Formal

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6 CONJUNTURA ECONÔMICA

• Novos postos de trabalho

Grupo 4 – Taxa de Juros

• Selic

Grupo 5 – Situação dos Preços

• Índice de preços (IPCA e IPC)

Grupo 6 – Mercado Externo

• Exportação

• Importação

• Saldo na Balança Comercial

Grupo 7 – Câmbio

• Taxa de câmbio

Grupo 8 – Ciência e Tecnologia

• Ocupações Científicas

• Publicações

• Registro de Patentes

• Investimentos em P&D

Grupo 9 - Renda

• Rendimento Médio dos Trabalhadores

• Índice de Gini

NOTAS METODOLÓGICAS DAS VARIÁVEIS SELECIONADAS

Para a construção destes indicadores são necessários a elaboração de séries históricas e o cruzamento entre as variáveis do “modelo”. A obtenção destas informações deverá seguir um critério metodológico simples, mas segundo as fontes de informações.

A maioria das informações das variáveis do “modelo” está disponível em pesquisas de periodicidade mensal e anual, conforme notas metodológicas a seguir.

O que estudaremos nos próximos itens se refere às notas metodológicas das

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7AULA 04 - MEDIDAS DO DESENVOLVIMENTO (IDH)

variáveis selecionadas para a análise conjuntural. Cada item a seguir procura apresentar, de forma sintética, os conceitos das variáveis selecionadas, bem como as pesquisas e publicações nas quais podemos encontra-las.

Grupo 1 - Investimento Produtivo

As principais fontes de pesquisa para este grupo são a Pesquisa Industrial e a Pesquisa de Inovação Tecnológica do IBGE.

A Pesquisa Industrial Empresa reúne informações econômico-financeiras sobre o setor industrial brasileiro, abrangendo dados sobre pessoal ocupado, salários, remuneração, receitas, custos e despesas, e valor da produção e da transformação industrial.

Nesta pesquisa são descritos os aspectos metodológicos que nortearam a classificação dos setores industriais de acordo com a intensidade tecnológica, as características dos grupos qualificados como de alta, média alta, média baixa e baixa tecnologia, onde são destacados os principais setores de acordo com essa caracterização.

Já a Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (PINTEC) tem por objetivo a construção de indicadores setoriais, nacionais e regionais das atividades de inovação tecnológica nas empresas industriais brasileiras. Os resultados da pesquisa poderão ser usados pelas empresas para análise de mercado, pelas associações de classe para estudos sobre desempenho e outras características de suas indústrias, pelo governo para desenvolver e avaliar políticas e para efetuar uma análise conjuntural com enfoque tecnológico.

A referência conceitual e metodológica da PINTEC é o Manual Oslo e o modelo proposto pela Oficina Estatística da Comunidade Europeia - EUROSTAT, a terceira versão da Community Innovation Survey (CIS III) 1998 - 2000, da qual participaram os 15 países-membro da comunidade europeia. A partir destas referências, as informações da PINTEC concentram-se na inovação tecnológica de produtos e processos.

É importante destacar que a unidade de investigação da PINTEC é a empresa industrial. Segundo a PINTEC a empresa é industrial quando a sua principal receita provém da atividade industrial.

Para que possamos entender um pouco mais sobre esta importantíssima pesquisa, vamos compreender a estrutura lógica do questionário da PINTEC. Este questionário segue uma divisão na qual os temas da pesquisa estão organizados em 13 blocos, conforme apresentado na Figura 1.

A PINTEC desenvolveu uma classificação específica para o grau de intensidade tecnológica dos diversos tipos de indústrias:

a) Alta intensidade tecnológica;

b) Média-alta intensidade tecnológica;

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8 CONJUNTURA ECONÔMICA

c) Média-baixa intensidade tecnológica;

d) Baixa intensidade tecnológica.

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No grupo de alta intensidade tecnológica estão atividades voltadas em grande parte para a produção de bens de capital e de bens de consumo duráveis (exceto o refino de petróleo), consideradas difusoras de progresso técnico e que realizam intensivamente o desenvolvimento de novas tecnologias, adotando procedimentos para ampliar sua competitividade.

O grupo de média-alta intensidade tecnológica, com presença tanto de produtores de bens intermediários como de bens de consumo duráveis, tem perfil mais heterogêneo, com destaque para aqueles setores intensivos em economias de escala, em recursos naturais e em conhecimento, como é o caso das indústrias química e farmacêutica.

O grupo de média-baixa intensidade tecnológica é composto pelos bens intermediários. Os bens intermediários estão em setores com proporção de gastos em P&D baixa e intensivo esforço para minimizar os custos de produção, em grande parte por meio da aquisição de máquinas e equipamentos e da melhoria dos processos produtivos.

A categoria de baixa intensidade tecnológica reúne os setores tradicionais que inovam, incorporando tecnologia desenvolvida em outros setores, como, por exemplo, o têxtil, ao incorporar fios sintéticos (novos ou melhorados) e tintas, desenvolvidos pelo setor químico. São setores nos quais também não existem grandes possibilidades de ampliar gastos em P&D, como, por exemplo, as atividades de beneficiamento de arroz ou de abate de animais.

O Quadro 1 apresenta a tipologia da intensidade tecnológica segundo o grau de intensidade.

Classificação Divisões e agregações CNAE (1)

Razão gastos P&D/ receita

líquida de vendas (%)

Alta intensidade técnológica

Total 1,31Outros equipamentos de transporte 35 2,72

Equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, instrumentos de precisão

e óticos, equipamentos para automação industrial, cronômetros e relógios

33 1,77

Máquinas, aparelhos e materiais elétricos 31 1,76Material eletrônico e de aparelhos e

equipamentos de comunicação322,323 1,75

Máquinas para escritório e equipamentos de informática

30 1,30

Máquinas e equipamentos 29 1,15Veículos automotores, reboques e

carrocerias341, 343 e 345 1,04

Refino de pretróleo 232 0,96

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10 CONJUNTURA ECONÔMICA

Média alta intensidade técnológica

Total 0,63Produtos farmacêuticos 245 0,83

Material eletronico básico 321 0,69Produtos do fumo 16 0,64

Produtos Químicos241 e 244,246 e 249

0,62

Peças e acessórios para veículos 344 0,55Produtos diversos 369 0,50

Celulose e outras pastas para a fabricação de papel

211 0,49

Média baixa intensidade técnológica

Total 0,21Produtos siderúrgicos 271, 272, 273 0,44

Artigos de borracha e plástico 25 0,42Produtos de metal 28 0,35

Metalurgia de metais não-ferrosos e fundição

274, 275 0,33

Papel, embalagens e artefatos de papel 212 e 214 0,32Produtos de minerais e não metalicos 26 0,30Couros, artefatos de couros, artigos de

viagem e calçados19 0,29

Baixa intensidade técnológica

Total 0,21Produtos téxteis 17 0,27

Produtos alimentícios 151 e 158 0,25Artigos do mobiliário 361 0,24Indústrias extrativas 10, 11, 13, 14 0,23

Confecção de artigos do vestuario e acessórios

18 0,21

Produtos de madeira 20 0,19Edição, impressão e reprodução de

gravações22 0,07

Bebidas 159 0,06Coque, álcool e elaboração de

combustiveis nucleares231, 233, 234 0,03

Fonte: IBGE, Diretoria de pesquisas, Coordenação de Indústria, Pesquisa Industrial Inovação e Técnológica 2000. Nota: Na classificação acima, a reciclagem não foi incluida na industria por que não apresentou gastos em P&D na PINTEC 2000.(1) Códigos do CNAE a dois e três digitos.

Para acompanhar o desempenho da produção anual podemos verificar o comportamento do PIB. O IBGE apresenta os valores correntes e os índices de volume (sendo o ano de 1990=100,0), trimestralmente, para o Produto Interno Bruto a preços de mercado.

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Para acompanhar a produção mensalmente, deveremos utilizar as informações da Pesquisa Industrial Mensal Produção Física (PIM-PF), a qual produz indicadores de curto prazo, desde a década de 1970, relativos ao comportamento do produto real das indústrias extrativa e de transformação.

Grupo 2 – Desempenho do Comércio

Os dados do setor terciário podem ser diagnosticados por meio da Pesquisa Mensal de Comércio, a qual apresenta informações econômico-financeiras das empresas de comércio atacadista e varejista do país, abrangendo dados sobre receitas, pessoal ocupado, salários, remunerações, compras, estoques e margem de comercialização, com destaque para as empresas com 20 ou mais pessoas ocupadas.

A pesquisa inclui indicadores regionalizados, informações sobre as formas de comercialização das empresas de comércio varejista, notas técnicas com a metodologia utilizada na pesquisa e comentários analíticos sobre a estrutura produtiva do setor, que contemplam, especialmente, as transformações ocorridas nos principais segmentos do comércio varejista no período de 1996 a 2003.

Já para os Serviços, podem-se obter os dados a partir da Pesquisa Anual de Serviços, a qual apresenta informações sobre a situação econômico-financeira das empresas como receitas, valor bruto da produção, valor adicionado, custos e despesas, pessoal ocupado e gastos com pessoal, entre outras, apresentadas para segmentos selecionados do setor produtor de serviços empresariais não-financeiros do país, com destaque para as empresas com 20 ou mais pessoas ocupadas.

Esses segmentos abrangem os grupos de atividades ligadas aos serviços prestados às famílias e às empresas, aos serviços de informação e de correio, ao transporte e serviços auxiliares, às atividades imobiliárias e aluguel de veículos, máquina e equipamentos e outros serviços.

Grupo 3 – Mercado de Trabalho

Vale destacar que a dinâmica do mercado de trabalho é um reflexo de curto prazo da conjuntura econômica.

Para representar o mercado de trabalho utilizaremos a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), entre outras. Essa pesquisa produz indicadores do mercado de trabalho sobre a condição de atividade da população residente, com 10 anos ou mais de idade, ocupação e desocupação das pessoas economicamente ativas, rendimento médio nominal e real, posição na ocupação, posse de carteira de trabalho assinada das pessoas ocupadas e a taxa de desocupação, acompanhando a dinâmica conjuntural da ocupação e desocupação, tendo como unidade de coleta os domicílios.

A pesquisa foi iniciada em 1980, e as principais alterações metodológicas que ocorreram desde sua implantação referem-se à abrangência geográfica, população em

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12 CONJUNTURA ECONÔMICA

idade ativa, conceitos segundo recomendações da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

É importante destacar que por “trabalho” entende-se o exercício de:

a) ocupação remunerada em dinheiro, produtos, mercadorias ou benefícios (moradia, alimentação, roupas, treinamento, etc.) na produção de bens e serviços;

b) ocupação remunerada em dinheiro ou benefícios (moradia, alimentação, roupas, etc.) no serviço doméstico; ou

c) ocupação econômica sem remuneração na produção de bens e serviços, em ajuda na atividade econômica de membro da unidade domiciliar.

Sinteticamente, os principais dados do mercado de trabalho são:

• População em Idade Ativa (PIA): pessoas com 10 anos e mais, aptas para ingressar no mercado de trabalho.

• População Economicamente Ativa (PEA): pessoas ocupadas e desocupadas, representando o potencial do mercado de trabalho.

• Pessoas Ocupadas: pessoas que estão atuando no mercado de trabalho formal e informal.

• Pessoas Desocupadas: pessoas sem trabalho e que estão tomando providência efetiva de procurar trabalho.

• Pessoas não Economicamente Ativas: estudantes, donas de casa, aposentados.

• Taxa de desemprego: é a relação entre o número de pessoas desocupadas e o número de pessoas economicamente ativas (PEA).

Taxa de desemprego = (Desocupados ÷ PEA) x 100

É importante avaliar também as flutuações no mercado de trabalho com base em informações referentes à admissão e demissão. Para tanto, utilizaremos o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED).

Os conceitos utilizados no CAGED referem-se às alterações de empregos formais (carteira de trabalho assinada). Considera-se como admissão toda entrada de trabalhador numa empresa no mês corrente e, como desligamento, toda saída de pessoa cuja relação empregatícia cessou durante o mês, seja por iniciativa do empregador ou do empregado.

Grupo 4 – Taxa de Juros

Com relação à taxa de juros básica, a Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia dos Títulos Públicos), o Banco Central publica mensalmente em sua página, na internet.

A Selic é considerada a taxa básica porque é usada em operações entre bancos tendo influência sobre os juros de toda a economia, ou seja, é a taxa primária do sistema financeiro. A partir dela, os bancos também definem quanto cobram em empréstimos a empresas e pessoas físicas.

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Grupo 5 – Situação dos Preços

Para medirmos a inflação, faremos uso do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o qual também é utilizado pelo Banco Central para projetar a inflação futura.

O IPCA abrange as famílias residentes nas áreas urbanas, que tenham rendimentos mensais compreendidos entre 1 (um) e 40 (quarenta) salários-mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos, com base em 7 cestas de consumo:

• Alimentação,

• Artigos de Residência,

• Habitação,

• Transporte e Comunicação,

• Vestuário,

• Saúde e

• Despesas Pessoais.

Grupo 6 – Mercado Externo

Sobre mercado externo, os resultados das exportações e importações são publicados mensalmente pelo Ministério do Desenvolvimento, em dólares, em sua página na internet, assim como o resultado da Balança Comercial. Quando as exportações são maiores que as importações, o resultado da Balança Comercial é denominado de superavitário (superávit na Balança Comercial), e quando as exportações são menores que as importações, o resultado na Balança Comercial é deficitário (déficit na Balança Comercial).

Grupo 7 – Câmbio

A taxa de câmbio é publicada diariamente pelo Banco Central, assim como as médias mensais e anual.

Como já estudamos, a taxa de câmbio tem forte influência sobre diversas variáveis da economia brasileira, como por exemplo, o resultado das exportações e a pressão sobre o índice geral de preços.

Grupo 8 – Ciência e Tecnologia

No que diz respeito às informações sobre ciência e tecnologia, podemos utilizar também os dados sobre mercado de trabalho, a partir das ocupações de Perfil Técnico-Científico.

A seleção das ocupações qualificadas, segundo os dados da Relação Anual de

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14 CONJUNTURA ECONÔMICA

Informações Sociais1 (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), tem por base as categorias ocupacionais que compõem a Classificação Brasileira de Ocupações2 (CBO).

Para selecionar tais ocupações, pode-se utilizar as categorias dos Grupos de Base de Ocupações (Famílias da CBO) com perfil técnico-científico que estão relacionadas com as atividades de C,T&I, ou seja, ocupações que se vinculam com o processo de geração e difusão de novos conhecimentos e processos técnicos e científicos.

As Famílias que representam as atividades de C,T&I são divididas em três agrupamentos distintos de acordo com o perfil da ocupação e das funções desempenhadas na atividade produtiva:

1) Ocupações Tecnológicas - ocupações de grau superior relacionadas ao desenvolvimento de pesquisa e gestão;

2) Ocupações Técnicas - ocupações que exigem a educação de grau médio, mas que exercem uma importante atividade no processo de geração e difusão de novos conhecimentos;

3) Ocupações Operacionais - ocupações cujo grau de educação é relativamente baixo, mas que se destacam pelo elevado conteúdo de capacitação em operações e montagem de máquinas.

Também podem ser utilizadas as informações dos registros de patentes, artigos científicos publicados e número de doutores.

Grupo 9 – Renda

O rendimento médio mensal pode ser encontrado na Pesquisa Mensal do Emprego (PME). Considera-se como rendimento mensal do trabalho aquele recebido por um mês completo de trabalho. No caso de remuneração fixa, considera-se o rendimento mensal habitual. No caso de remuneração em dinheiro variável, considera-se o rendimento mensal que a pessoa recebia em média, referente ao mês de referência.

1 Segundo o MTE, “RAIS é um Registro Administrativo, de periodicidade anual, criada com a finalidade de suprir as necessidades de controle, de estatísticas e de informações às entidades governamentais da área social. Constitui um instrumento imprescindível para o cumprimento das normas legais, como também é de fundamental importância para o acompanhamento e a caracterização do mercado de trabalho formal”.2 Segundo o MTE, “a CBO é o documento normalizador do reconhecimento das ocupações do mercado de trabalho brasileiro, tendo por finalidade permitir a identificação dos trabalhadores nos censos e pesquisas domiciliares, nos registros administrativos (Rais/Caged, Pis/Pasep, seguro-desemprego, aposentadorias, imigração), no dimensionamento do mercado de trabalho, no agenciamento e colocação de mão-de-obra de organismos como o Sine e assemelhados, resultante do convênio entre o Brasil e a Organização das Nações Unidas - ONU, por intermédio da Organização Internacional do Trabalho – OIT. É também utilizada na sistematização de estatísticas de emprego e comparação com estatísticas internacionais, dentre outras. Além disso, serve como ponto de partida na organização de currículos de cursos profissionalizantes, dos mais diversos níveis”.

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15AULA 04 - MEDIDAS DO DESENVOLVIMENTO (IDH)

Além do rendimento médio, é importante acompanhar a distribuição de renda no país. Como já estudamos, não basta crescer, é necessário que o crescimento seja acompanhado de distribuição de renda.

Um dos indicadores de distribuição de renda mais utilizados, devido a sua facilidade de compreensão, é o índice de Gini (nome do autor do índice). O índice varia entre 0 (zero) e 1. Quanto mais próximo de zero, mais igual é a distribuição de renda, e quanto mais distante de zero, ou mais próximo de 1, mais desigual é a distribuição de renda.

SITES PARA O DESENVOLVIMENTO DO MODELO DE ANÁLISE

Neste item serão dispostos os principais sites para pesquisa sobre as informações das variáveis do modelo.

www.bcb.gov.br

www.ibge.gov.br

www.ipea.gov.br

www.redesist.ie.ufrj.br

www.desenvolvimento.gov.br

www.bndes.gov.br

www.finep.gov.br

www.mct.gov.br

www.mte.gov.br

www.cnpq.br

www.cni.org.br

www.ibict.br

www.prossiga.br

O objetivo da elaboração do Índice de Desenvolvimento Humano foi o de oferecer um contraponto a outro indicador muito utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que considera apenas a dimensão econômica do desenvolvimento. Criado por Mahbub ul Haq com a colaboração do economista indiano Amartya Sen, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1998, o IDH pretende ser uma medida geral, sintética, do desenvolvimento humano.

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16 CONJUNTURA ECONÔMICA

Não abrange todos os aspectos de desenvolvimento e não é uma representação da “felicidade” das pessoas, nem indica “o melhor lugar no mundo para se viver”’ (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).

Além de computar o PIB per capita, depois de corrigi-lo pelo poder de compra da moeda de cada país, o IDH também leva em conta dois outros componentes: a longevidade e a educação.

Para aferir a longevidade, o indicador utiliza números de expectativa de vida ao nascer. O item educação é avaliado pelo índice de analfabetismo e pela taxa de matrícula em todos os graus de ensino. A renda é mensurada pelo PIB per capita, em dólar PPC (paridade do poder de compra, que elimina as diferenças de custo de vida entre os países).

Essas três dimensões têm a mesma importância no índice, que varia de zero a um. Apesar de ter sido publicado pela primeira vez em 1990, o índice foi calculado para os anos anteriores, a partir de 1975. Aos poucos, o IDH tornou-se referência mundial. É um índice-chave dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas. No Brasil, tem sido também utilizado pelo Governo Federal e pelas administrações municipais o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), que pode ser consultado no Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, um banco de dados eletrônico com informações socioeconômicas sobre os 5.507 municípios do país, os 26 Estados e o Distrito Federal.

“Devo reconhecer que não via, no início, muito mérito no IDH em si, embora tivesse tido o privilégio de ajudar a idealizá-lo. A princípio, demonstrei bastante ceticismo ao criador do Relatório de Desenvolvimento Humano, Mahbub ul Haq, sobre a tentativa de focalizar, em um índice bruto deste tipo apenas um número , a realidade complexa do desenvolvimento e da privação humanos. (...) Mas, após a primeira hesitação, Mahbub convenceu-se de que a hegemonia do PIB (índice demasiadamente utilizado e valorizado que ele queria suplantar) não seria quebrada por nenhum conjunto de tabelas.

As pessoas olhariam para elas com respeito, disse ele, mas quando chegasse a hora de utilizar uma medida sucinta de desenvolvimento, recorreriam ao pouco atraente PIB, pois apesar de bruto era conveniente. (...) Devo admitir que Mahbub entendeu isso muito bem.

E estou muito contente por não termos conseguido desviá-lo de sua busca por uma medida crua. Mediante a utilização habilidosa do poder de atração do IDH, Mahbub conseguiu que os leitores se interessassem pela grande categoria de tabelas sistemáticas e pelas análises críticas detalhadas que fazem parte do Relatório de Desenvolvimento Humano. (Armatya Sen)”.

Fonte: www.pnud.org.br/idh/

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17AULA 04 - MEDIDAS DO DESENVOLVIMENTO (IDH)

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD. Relatório de Desenvolvimento Humano. Disponível em: <http://www.pnud.org.br/>

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA. Disponível em: < http://www.ipea.gov.br/portal/>

Pesquisa Anual da Indústria (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/pesquisas/pesquisa_resultados.php?id_pesquisa=32>

Pesquisa Anual do Comércio (IBGE). Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/pesquisas/pesquisa_resultados.php?id_pesquisa=28>

Pesquisa Anual dos Serviços (IBGE). Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/pesquisas/pesquisa_resultados.php?id_pesquisa=29>

Pesquisa Mensal do Emprego (IBGE). Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/pesquisas/pesquisa_resultados.php?id_pesquisa=38>

Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (IBGE). Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/pesquisas/pesquisa_resultados.php?id_pesquisa=33>

Registros do CAGED do Ministério do Trabalho. Disponível em: < http://portal.mte.gov.br/portal-pdet/o-pdet/registros-administrativos/caged/apresentacao.htm>