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Boletim de Conjuntura Econômica e Social Número 1, setembro de 2015 Centro de Análise de Conjuntura Econômica e Social - CACES 1 Apresentação Esse primeiro boletim de conjuntura econômica é resultado do projeto de extensão Centro de Análise de Conjuntura Eco- nômica e Social (CACES), vinculado ao Departamento de Eco- nomia da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). O objetivo deste boletim é trazer informações e análises da conjuntura econômica e social dos municípios de Ilhéus e de Itabuna, visando proporcionar às entidades públicas e privadas, assim como à comunidade regional, informações trimestrais e semestrais através de dados e índices - sobre o comportamento econômico e social no que diz respeito ao PIB (Produto Interno Bruto), ao mercado de trabalho, às finanças públicas, ao comér- cio exterior e às transferências de renda dos programas sociais neste primeiro boletim. A proposta do projeto e do boletim é trazer informações e dados das atividades econômicas setoriais (indústria, comércio, serviços, agropecuária, finanças públicas, comércio exterior), do mercado de trabalho e da área social (a exemplo dos programas sociais de transferência de renda) que possam informar e contribuir sobre as decisões e planejamento destas entidades no que diz respeito aos investimentos, às polí- ticas públicas e, enfim, ao desenvolvimento destes municípios e à melhoria das condições de vida da população. Antes dos dados e da análise da conjuntura dos municípios, traremos inicialmente, considerações gerais sobre o compor- tamento econômico da economia brasileira e baiana, para que assim possamos embasar comparativamente o comportamento econômico dos respectivos municípios. Esperamos que essa iniciativa possa alcançar a finalidade a que se propôs. Agradecemos o apoio do Departamento de Economia (DCEC) através de seu diretor Pedro Lopes Marinho. Ao dia- gramador Marcos Mauricio, Edvaldo Oliveira (Editor) e Laíse Galvão (distribuição), na Assessoria de Comunicação Social da Uesc (ASCOM) e ao gerente da Imprensa Universitária, Luiz Farias. Agradecemos também às pessoas que indiretamente em- bora não citadas se empenharam na confecção deste boletim. Este boletim estará disponível em versão digital na página da Uesc, no endereço (www.uesc.br/dcec/index.php). 1 Projeto de Extensão do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Estadual de Santa Cruz - DCEC/UESC.

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Boletim de Conjuntura Econômica e Social

Número 1, setembro de 2015

Centro de Análise de Conjuntura

Econômica e Social - CACES1

Apresentação

Esse primeiro boletim de conjuntura econômica é resultado

do projeto de extensão Centro de Análise de Conjuntura Eco-

nômica e Social (CACES), vinculado ao Departamento de Eco-

nomia da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC).

O objetivo deste boletim é trazer informações e análises da

conjuntura econômica e social dos municípios de Ilhéus e de

Itabuna, visando proporcionar às entidades públicas e privadas,

assim como à comunidade regional, informações trimestrais e

semestrais – através de dados e índices - sobre o comportamento

econômico e social no que diz respeito ao PIB (Produto Interno

Bruto), ao mercado de trabalho, às finanças públicas, ao comér-

cio exterior e às transferências de renda dos programas sociais

neste primeiro boletim. A proposta do projeto e do boletim é

trazer informações e dados das atividades econômicas setoriais

(indústria, comércio, serviços, agropecuária, finanças públicas,

comércio exterior), do mercado de trabalho e da área social (a

exemplo dos programas sociais de transferência de renda) que

possam informar e contribuir sobre as decisões e planejamento

destas entidades no que diz respeito aos investimentos, às polí-

ticas públicas e, enfim, ao desenvolvimento destes municípios

e à melhoria das condições de vida da população.

Antes dos dados e da análise da conjuntura dos municípios,

traremos inicialmente, considerações gerais sobre o compor-

tamento econômico da economia brasileira e baiana, para que

assim possamos embasar comparativamente o comportamento

econômico dos respectivos municípios.

Esperamos que essa iniciativa possa alcançar a finalidade a

que se propôs.

Agradecemos o apoio do Departamento de Economia

(DCEC) através de seu diretor Pedro Lopes Marinho. Ao dia-

gramador Marcos Mauricio, Edvaldo Oliveira (Editor) e Laíse

Galvão (distribuição), na Assessoria de Comunicação Social da

Uesc (ASCOM) e ao gerente da Imprensa Universitária, Luiz

Farias.

Agradecemos também às pessoas que indiretamente – em-

bora não citadas – se empenharam na confecção deste boletim.

Este boletim estará disponível em versão digital na página

da Uesc, no endereço (www.uesc.br/dcec/index.php).

1Projeto de Extensão do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Estadual de Santa Cruz - DCEC/UESC.

2 Boletim de Conjuntura Econômica e Social

Metodologia

A avaliação da conjuntura econômica e social será trimestral, semestral e

anual, conforme a natureza e disponibilidade de dados de cada setor de atividade.

Analisamos neste boletim os dados relativos aos meses de abril, maio e junho (2º

trimestre), incluindo os dados de julho, lançados recentemente sobre mercado de

trabalho e sobre o PIB; no próximo boletim (3º trimestre) analisaremos os dados

de julho, agosto e setembro, fechando o ano com a análise dos dados e informa-

ções referentes ao 4º trimestre, o segundo semestre e o ano de 2015.

As informações mais atualizadas do comportamento da produção e do

PIB (indústria, comércio e serviços, agropecuária) para os municípios terão

por base o indicador do consumo de energia - pois não há dados secundários

atualizados do PIB disponíveis para municípios no IBGE. Assim mesmo, trou-

xemos a evolução do PIB de 1999 a 2012 para Ilhéus e Itabuna, pois, embora

desatualizado, permite que possamos ter compreensão do comportamento da

economia desses dois municípios.

Na análise do mercado de trabalho (evolução do emprego) fizemos uma

análise do 2º trimestre (abril-maio-junho) de 2015 comparativamente ao mes-

mo trimestre de 2014 para observarmos como vem se comportando o emprego

neste ano de crise econômica. Ainda fizemos uma avaliação de janeiro a julho

de 2015, assim como sobre a evolução do emprego por setores econômicos.

Economia Brasileira

A crise na economia brasileira e as incertezas em relação à política eco-

nômica no país estão gerando expressivos impactos na economia e na so-

ciedade. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CA-

GED)3 , do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o Brasil registrou

saldo líquido negativo de 389.533 empregos formais no primeiro semestre

de 2015 (ANEXOS, Tabela 1), em comparação com o número de empregos

formais de 1º Janeiro de 2015 que foi de 41.205.485 postos de trabalhos.

Para o segundo trimestre deste ano foram desativados 324.626 empre-

gos, enquanto para o mesmo trimestre de 2014 foram incorporadas 189.583

pessoas em empregos formais (carteira assinada). No acumulado do ano, de

janeiro a julho, houve saldo negativo de 494.386 postos de trabalho.

Estes dados demonstram o cenário desalentador neste ano e as perspec-

tivas sombrias para o conjunto da economia brasileira.

Economia baiana

A economia baiana, em termos gerais, vem acompanhando a eco-

nomia brasileira em relação ao comportamento do PIB e do merca-

do de trabalho. Com relação ao PIB, a economia baiana teve retração

3 O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED é um regis- tro Administrativo instituído pela Lei n° 4923 em dezembro de 1965. A infor- mação aqui selecionada é a “Flutuação do Emprego Formal”, que se refere ao comportamento do emprego, ou seja, quantos trabalhadores assalariados foram admitidos e quantos foram desligados, sendo que o saldo é o resultado dos admitidos menos os desligados.

de 0,5% nesse segundo trimestre em relação ao primeiro trimestre de

2015; comparado com o segundo trimestre de 2014, a economia da

Bahia teve recuo de 1,9%. A situação do PIB reflete diretamente sobre

o mercado de trabalho.

Quanto à evolução do emprego no estado da Bahia, o segundo trimes-

tre de 2015 apresentou retração de 17.436 postos de trabalho, enquanto o

2º trimestre de 2014 apresentou saldo positivo de 6.523 postos de traba-

lho; no acumulado do primeiro semestre, a retração foi de 28.275 empre-

gos para um número total de empregos formais de 1º Janeiro de 2015 que

foi de 1.832.137 postos de trabalhos; em termos relativos, a redução foi

de -1,54%. No acumulado de janeiro a julho de 2015, o estado da Bahia

perdeu 36.482 empregos (MTE/CAGED, 2015).

Fonte: SEI-BAHIA, 2015.

Ilhéus

Evolução do PIB

O PIB de Ilhéus, entre 1999 e 2012 (Gráfico 14) manteve-se estável,

apresentando leve queda em meados da década de 2000, voltando a recu-

perar-se a partir de 2007, embora este crescimento tenha se dado a taxas

decrescentes se comparado ao crescimento do PIB da Bahia. Em 1999, a

participação do PIB de Ilhéus no PIB da Bahia era de 2,02% e em 2012

cai para 1,45%, o que é considerável (ver gráfico 14).

Analisando a evolução dos setores econômicos do PIB para o perío-

do 1999-2012 (Gráfico 1 e ANEXOS, Tabela 3), os serviços tiveram uma

retração entre 1999 e 2004, voltando a recuperar-se a partir de 2005; a

indústria teve maior crescimento entre 2002 e 2006 e 2009 e 2010, cain-

do nos últimos anos (2011∕2012); o comportamento da agropecuária tem

sido, de certa forma, instável; os impostos apresentaram crescimento até

2004, acompanhado de queda brusca a partir de 2005, quando comparado

a 2004. A dinâmica da economia do município tem sido o setor de serviços,

respondendo – com exceção de 2002 a 2004 – com mais de 50% do PIB.

Evolução do Emprego

Para o segundo trimestre de 2015, o emprego tem apresentado saldo

negativo de 297 postos de trabalho, com 144 em abril, 112 em maio e

41 em junho. Nesse segundo trimestre os setores que mais empregaram

foram em ordem decrescente: serviços (701), comércio (470), constru-

ção civil (331), indústria de transformação (160) e agropecuária (90).

3 Boletim de Conjuntura Econômica e Social

Gráfico 1: Valor Adicionado Bruto por atividade econômica no PIB Ilhéus com impostos sobre produtos a preços correntes. Fonte: Atualização do VAB por município e setor de atividade: serviços, administração pública, indústria, valor impostos e agropecuária em 2012.URL: ftp://ftp.ibge.

gov.br/Pib_Municipios/2012/base/base_1999_2012_xlsx.zip. Disponível em IBGE, acessado em 15/04/2015.

Em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto o segundo tri-

mestre de 2014 apresentou saldo positivo de 79 empregos, no segundo

trimestre deste ano foram eliminados 297 empregos. No gráfico abaixo

visualiza-se que – com exceção de abril – o saldo de empregos foi po-

sitivo em 2014, enquanto no segundo trimestre deste ano manteve-se

negativo, embora em sua evolução, tenha melhorado.

Gráfico 2: Evolução do emprego no segundo trimestre em Ilhéus - 2014∕2015

Fonte: MTE∕CAGED, 2015.

No acumulado de janeiro a julho de 2015 (Gráfico 3), em relação

à 2014, nota-se saldo negativo no emprego apenas com exceção em

março. Mas, mesmo em 2014, a situação do emprego não foi favorável

para Ilhéus, pois em julho o emprego foi nulo, sendo negativo em abril,

com leve melhora em maio e junho.

Os setores que mais desempregaram foram, por ordem: serviços

(793), comércio (492), indústria de transformação (426), construção ci-

vil (335) e agropecuária (106). No cruzamento entre admissões e desli-

gamentos o saldo tem sido negativo para todos os setores. O saldo mais

Gráfico 3: Evolução do emprego em Ilhéus no acumulado do ano – janeiro a ju-

lho - 2014∕2015

Fonte: MTE∕CAGED, 2015.

negativo foi da indústria de transformação, com 266 desligamentos.

Para o primeiro semestre de 2015 a evolução do emprego também

foi negativa, eliminando 390 empregos; o primeiro semestre de 2014

também apresentou saldo negativo, embora com menos 91 empregos.

Tendo-se que o número de empregos formais em 1º Janeiro de 2015

era de 25.715 postos de trabalhos, em termos relativos houve redu-

ção de -2,12% no semestre. Os setores com mais admissões foram:

serviços (1.576), comércio (935), construção civil (787), indústria de

transformação (433) e agropecuária (285). Os setores que tiveram mais

desligamentos foram: serviços (1.873), comércio (1.157), indústria de

transformação (726), construção civil (677) e agropecuária (224).

4 Boletim de Conjuntura Econômica e Social

O saldo positivo para o emprego, no cômputo geral, para o semestre

ficou por conta da construção civil, com 110 novos empregos, adminis-

tração pública direta e autárquica com adição de 99 postos de trabalho e

agricultura, silvicultura, criação de animais, extrativismo vegetal, com

61 empregos gerados (ANEXOS, Tabela 1).

Ainda conforme o CAGED, na análise dos subsetores do setor de

serviços, os que mais eliminaram postos de trabalhos foram: comércio

e administração de imóveis, valores mobiliários, serviço técnico (-205)

e transportes e comunicações (-147). Já no caso do comércio, este sub-

divide-se em comércio de varejo e atacadista: o primeiro acompanhou

o cenário nacional e baiano reduzindo 236 postos de trabalho; o se-

gundo teve padrão atípico em relação à Bahia e ao Brasil apresentando

saldo positivo de 14 (ANEXOS, Tabela 1).

No que tange à indústria de transformação, os subsetores de pior

desempenho foram: indústria mecânica (-123), indústria de material

elétrico e de comunicações (-97), indústria de produtos alimentícios,

bebidas e álcool etílico (-30), indústria metalúrgica (-15), indústria

química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria (-12), in-

dústria da borracha, fumo, couros, peles, similares, indústrias diversas

(-10) (ANEXOS, Tabela 1).

No comportamento geral, observa-se que no segundo trimestre des-

te ano comparado ao mesmo em 2014, a performance do emprego em

Ilhéus vem acompanhando o cenário baiano e nacional, ou seja, com

saldo negativo de emprego, embora comparando abril a junho deste

ano, os desligamentos tenham sido atenuados. Para o semestre, o qua-

dro de desligamentos foi bem pior que o primeiro semestre de 2014

(ANEXOS, Tabela 2).

Finanças Municipais

A arrecadação tributária do setor público do município de Ilhéus

(Gráfico 4) apresentou um crescimento real no primeiro semestre de

2015 em comparação com o mesmo período de 2014, chegando a

79,95%, medido em valores corrigidos pelo IGP-DI da FGV como foi

também o caso de Itabuna. A arrecadação de IPTU teve um destacado

desempenho nesse resultado embora aqui não tenha sido considera-

do esse tipo de imposto. Em relação ao ISS (Imposto sobre Servi-

ços) e ITBI (Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis), tiveram

crescimento real de 30,21% e 363,12% em termos reais em relação

ao mesmo período de 2014, corrigidos pelo IGP-DI Índice Geral de

Preços). O número extraordinário que apresenta a variação do

ITBI tem que ser atribuído ao fato de que nos meses de janeiro e

março de 2014 não foram computados valores de arrecadação

desse imposto favorecendo o período atual na comparação

realizada. Pode ser visto a seguir os gráficos que apresentam essas

variações:

Gráfico 4 Evolução e comparação receita tributária total de Ilhéus, jan-jun 2014

e 2015, em valores constantes

Fonte: Relatórios resumidos da execução orçamentária, Secretaria da Fazen-

da de Ilhéus.

Nota: valores atualizados pelo IGP-DI/FGV, preços constantes de julho de 2015.

Gráfico 5 Receita tributária de Ilhéus, ISS e ITBI, 2015. (R$1,00)

Fonte: Relatórios resumidos da execução orçamentária, Secretaria da Fazen-

da de Ilhéus.

Nota: Valores atualizados pelo IGP-DI/FGV, preços constantes de julho de 2015.

Em termos nominais, em relação aos impostos municipais, quer dizer cuja

arrecadação fica integralmente no governo da prefeitura de Ilhéus, ISS e ITBI,

ambos apresentam bom desempenho tanto em 2014 como no mesmo período

janeiro-julho 2015 se descolando em praticamente todo o período da crise eco-

nômica em andamento, embora de maio para junho o ISS tenha tido queda de

19,85% nominal o que leva a colocar mais atenção no comportamento desse

imposto, no próximo período em que sejam levantados os dados. De fato, o

ISS é também uma boa proxy da atividade econômica de um município, assim

como é o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).

Em relação aos impostos estaduais que são arrecadados no município de

Ilhéus, o ICMS apresentou na comparação com o primeiro semestre de 2014,

crescimento real de 3,2% , o que é um bom desempenho diante da crise eco-

nômica que vive o Brasil e que está espalhada por todo o território nacional,

incluindo o Estado da Bahia e seus municípios. De fato, a arrecadação fede-

ral teve quedas durante o semestre de 2015, levando a reduzir as expectativas

de possibilidade de retomada do crescimento no país no futuro imediato e

aprofundando a recessão econômica que é também alimentada pela instabi-

lidade política, embora fatores estruturais vinculados ao sistema capitalista e,

não apenas, elementos conjunturais, devam ser considerados para entender

5 Boletim de Conjuntura Econômica e Social

Gráfico 6 Arrecadação ICMS e IPVA Ilhéus (Jan 2014 – Julho 2015; R$1,00)

Fonte: Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia.

a crise atual. Em termos reais a arrecadação apresentou crescimento apenas

de janeiro a fevereiro de 2014, tendo se estabilizado até junho do mes-

mo ano, quando inicia um processo de diminuição da arrecadação até

julho, quando voltou a quase o mesmo montante de janeiro do citado

ano, quando ainda não havia, praticamente, manifestação da grave crise

econômica que hoje vive o Brasil. Em termos nominais, em janeiro de

2015, o ICMS teve um crescimento nominal de quase 50% em relação

a janeiro de 2014, mas iniciando em fevereiro um processo de queda

que o fez voltar, em março de 2015, ao montante de janeiro de 2014,

tendo sido uma queda tão acentuada que anulou o inicial acréscimo

de janeiro de 2015. Já em abril do mesmo ano, o ICMS se recupera

novamente, crescendo quase em 45% nominal. Entre maio e junho so-

fre nova queda nominal acentuada de 40,45%. Finalmente, de junho a

julho, se recupera a arrecadação de ICMS nominal, atingindo 53,53%

de crescimento, alcançando o valor de R$ 9.688.691,65. Esse desem-

penho é surpreendente em função da grave crise que vive o Brasil e que

também se reflete na perda de emprego na Microrregião Ilhéus-Itabuna.

O IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores) teve

crescimento real de 26,72% na comparação entre ambos semestres (10

semestre de 2014 e 2015), portanto, bem melhor do que a arrecadação

de ICMS; a queda na venda de carros no país, que também aconteceu

em Ilhéus, torna esse resultado da arrecadação do IPVA bem surpreen-

dente.

Itabuna

Evolução do PIB

O PIB de Itabuna (Gráfico 7) teve uma favorável evolução entre 2004 e 2012,

quase alcançando a cifra de 3 milhões de reais. Itabuna teve nesse intervalo de

13 anos um crescimento geográfico, principalmente a partir da segunda metade

de 2000, quando o PIB entre 2005 e 2008 cresce aproximadamente 50% e, mais

ainda, se considerarmos o período 2008 a 2012, quando, em termos absolutos au-

mentou em um milhão (crescimento também de 50%). Importante ressaltar que

o PIB de Itabuna cresceu sua participação no PIB do Estado, passando de 1,71%

em 1999 (abaixo do de Ilhéus) para 1,86% em 2012 (acima do PIB de Ilhéus).

Com relação à importância por setores de atividade, os serviços despon-

tam – com significativa distância em relação aos demais setores -, chegando

a alcançar em determinados períodos 70% do PIB do município. A indús-

tria teve leve retração em 2006∕2007, recuperando-se e tendo leve aumento

nos anos seguintes. A agropecuária manteve-se estável. Os impostos tiveram

queda na segunda metade da década e assim se mantendo até 2012.

Evolução do Emprego

A economia de Itabuna está fortemente ancorada no setor de serviços e

no comércio, os quais, devido à crise econômica, sofreram fortes impactos

nesse primeiro semestre de 2015, como veremos abaixo.

Para o segundo trimestre de 2015, o emprego tem apresentado saldo nega-

tivo de 260 postos de trabalho, com retração de 62 em abril, aumento de 30 em

Gráfico 7: Valor Adicionado Bruto por atividade econômica no PIB de Itabuna com impostos sobre produtos a preços correntes.

Fonte: Atualização do VAB por município e setor de atividade: serviços, administração pública, indústria, valor impostos e agropecuária em 2012 URL: ftp://ftp.ibge.gov.

br/Pib_Municipios/2012/base/base_1999_2012_xlsx.zip. Disponível em IBGE, acessado em 15/04/2015.

6 Boletim de Conjuntura Econômica e Social

maio e retração de 228 em junho. Ainda nesse segundo trimestre os setores que

mais empregaram foram: serviços (1.030), comércio (809), construção civil

(524), indústria de transformação (276) e agropecuária (125). Em comparação,

o segundo trimestre de 2014, para todos os setores, apresentou saldo positivo

Gráfico 8: Evolução do emprego no segundo trimestre em Itabuna - 2014∕2015

Fonte: MTE∕CAGED, 2015.

de 432 empregos. Observa-se no gráfico abaixo que ainda em 2014 o emprego

vem caindo, embora a taxas positivas. Em 2015, para o 2º trimestre, o saldo de

empregos é negativo em abril e junho, com queda considerável neste último

mês, embora em maio tenha sido positivo.

No acumulado do ano, comparando a evolução do emprego em 2014 e

julho - 2014∕2015

Fonte: MTE∕CAGED, 2015.

2015, no gráfico abaixo, nota-se claramente o efeito da crise neste ano, com

saldo negativo durante, praticamente, todo o período. Observa-se em junho-ju-

lho de 2014 uma expansão do emprego, enquanto no mesmo período de 2015,

o que houve foi apenas um amortecimento do saldo negativo de emprego.

Os setores que mais desligamentos (ANEXOS, Tabela 1) foram, por or-

dem: serviços (1.010), comércio (906), construção civil (565), indústria de

transformação (431), e agropecuária (120). No cruzamento entre admissões

e desligamentos para o trimestre, o saldo foi levemente negativo para a in-

dústria de transformação, construção civil e comércio, e também com leve

saldo positivo para serviços e agropecuária.

Para o primeiro semestre de 2015, o saldo também foi negativo, elimi-

nando 387 postos de trabalho formais. Para o mesmo período do ano passa-

do, teve-se saldo positivo de 361 empregos. Em comparação com o número

de empregos formais de todos os setores em 1º janeiro de 2015, num total de

42.201 postos de trabalhos, a redução foi de 0,92%. Em termos de volume ab-

soluto de admissões e desligamentos, os setores que mais tiveram admissões

foram: serviços (2.100), comércio (1.626), construção civil (937), indústria

de transformação (276) e agropecuária (125). Os setores que apresentaram

mais desligamentos foram: serviços (1.948), comércio (1.881), construção

civil (565), indústria de transformação (431), e agropecuária (236).

O saldo positivo para o emprego, no cômputo geral, para o semestre ficou

por conta dos serviços, com 152 novos empregos, administração pública di-

reta e autárquica, com adição de 10.

Ainda conforme o CAGED, na análise dos subsetores do comércio, estes

se subdividem em comércio de varejo, que teve saldo negativo de 175 postos

de trabalho, e atacadista, que teve redução de 80 empregos, seguindo o pa-

drão da Bahia e do Brasil no semestre.

O setor serviços que apresentou saldo positivo no seu cômputo geral, em

termos de subsetores, a contribuição positiva foi do comércio e administração

de imóveis, valores mobiliários, serviços técnicos (230), ensino (43) e ser-

viços médicos, odontológicos e veterinários (11). Contudo, teve subsetores

com saldo negativo como serviços de alojamento, alimentação, reparação,

manutenção, etc. (-82) e transportes e comunicações (-43) (ANEXOS, Tabela 1).

Já a indústria de transformação, após o comércio, que foi o segundo setor

produtivo mais afetado pelos desligamentos em Itabuna, tendo como subsetores

de pior desempenho: indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos (-269),

indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico (-27), indústria meta-

lúrgica (-10) e indústria de produtos minerais não metálicos (-7). O saldo positivo

ficou por conta do subsetor de indústria da borracha, fumo, couros, peles, simi-

lares, indústrias diversas (113) e do subsetor de indústria química de produtos

farmacêuticos, veterinários, perfumaria (17) (ANEXOS, Tabela 1).

A análise geral do emprego aponta para Itabuna, tanto para o segundo tri-

mestre como para o primeiro semestre de 2015 em relação ao mesmo período

de 2014, uma situação desfavorável, resultante do desaquecimento da econo-

mia do município, principalmente nos serviços, comércio e construção civil.

De certa forma, a situação favorável da economia e do mercado de trabalho no

primeiro semestre de 2014 foi anulada pela conjuntura desfavorável no mes-

mo período em 2015. Basta esperar como ficará os dois últimos trimestres e o

segundo semestre do ano para vermos o resultado do ano de 2015.

Finanças Municipais

A arrecadação tributária do setor público do município de Itabuna apre-

sentou crescimento real de 14,93% no primeiro semestre de 2015 em com-

paração ao mesmo período de 2014, com base em valores corrigidos pelo

Índice Geral de Preços (Disponibilidade Interna) calculado pela Fundação

Getulio Vargas desde 1944. Isso significa que em meio da grave crise econô-

mica que atribula ao país, Itabuna manteve uma tendência de crescimento de

suas receitas tributarias, principalmente o Imposto sobre Transação Intervi-

vos de Bens Imóveis – ITBI (crescimento real de 12,13%), o Imposto sobre

Serviços (ISS) (crescimento real de 9,91%): pago por empresas e profissio-

Gráfico 9: Evolução do emprego em Itabuna no acumulado do ano – janeiro a

7 Boletim de Conjuntura Econômica e Social

Gráfico 10: Evolução e comparação receita tributária total de Itabuna, jan-jun 2014

e 2015, em valores constantes.

Fonte: Relatórios resumidos da execução orçamentária, Secretaria da Fazen-

da de Itabuna.

Nota: valores atualizados pelo IGP-DI/FGV, preços constantes de julho de 2015.

nais liberais (médicos, advogados, engenheiros) que têm base no município,

em função do que recebem de seus clientes por serviços prestados. Outros

impostos importantes que fazem parte da Receita Tributária de Itabuna são:

IPTU, IRRF e “Outras receitas tributárias”.

Em relação a impostos que são de competência estadual, mas, cuja arreca-

dação acontece nos municípios, destaca-se o Imposto sobre a Propriedade de

Veículos Automotores (IPVA), que apresentou crescimento real de 21,73% no

primeiro semestre de 2015 em comparação com o mesmo período de 2014.

Já o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) apresentou

crescimento real de 8,17%; embora com menor crescimento do que os outros

impostos, o ICMS representou o maior montante de arrecadação do Estado

e de Itabuna, correspondendo a mais de 75 milhões no primeiro semestre de

2015 (R$ 75.136.244,39).

Esses quatro impostos são importantes também para verificar o desempe-

nho da atividade econômica, pois, é consenso entre os economistas que o com-

portamento da arrecadação do ICMS, por exemplo, funciona como uma proxy

da atividade econômica (quer dizer é uma variável que mede indiretamente o

que se pretende medir).

Os valores do ICMS e IPVA, que são de competência estadual, foram

incluídos aqui por tratar-se da parcela da arrecadação total efetivamente

gerada com base nas atividades econômicas dos municípios, porém não

significa que esses valores arrecadados em Ilhéus e Itabuna foram repas-

sados integralmente aos mesmos. O critério de distribuição é a cota-parte

referente a 25% do ICMS recolhido.

Mesmo com o saldo negativo do emprego em Itabuna no primeiro semes-

tre de 2015, que indicaria uma retração na atividade econômica, a arrecadação

do ICMS teve um crescimento de 45,65 % de janeiro para fevereiro, em termos

nominais. Porém esse desempenho positivo não se sustentou como mostram

os dados de fevereiro para março que apresentaram uma queda de 40,83%

no ICMS gerado em Itabuna. De março para abril houve, novamente, uma

recuperação da arrecadação nominal de ICMS de 13,78%, e nova queda, de

9,65% em maio, e de 5,11% em junho.

No caso do estado da Bahia, o ICMS teve um desempenho ruim no primeiro

trimestre de 2015, se recuperando em abril, com uma variação de 22,8% em ter-

mos nominais (aumento de 18,2% em termos reais), em relação ao mês anterior

(Ver Boletim de Conjuntura Econômica da Bahia em http://www.sei.ba.gov.br/

Gráfico 11 Receita tributária de Itabuna, ISS e ITBI, 2015. (R$1,00)

Fonte: Relatórios resumidos da execução orçamentária, Secretaria da Fazenda de

Itabuna.

Nota: valores atualizados pelo IGP-DI/FGV, preços constantes de julho de 2015.

images/releases_mensais/pdf/bceb/bceb_jul_2015.pdf). Os gráficos a seguir per-

Gráfico 12 Arrecadação ICMS e IPVA Itabuna (Jan 2014 – Julho 2015) Valores no-

minais (R$1,00)

Fonte: Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia.

mitem verificar a variação da receita real do ITBI e ISS, no primeiro semestre de

2015, assim como a arrecadação do ICMS e IPVA em termos nominais.

Balanço do Comportamento dos Setores Econô-

micos para os municípios de Ilhéus e de Itabuna

O objetivo desta seção é fazer uma análise conjunta e comparativa

do comportamento dos dois municípios.

Iniciando com a evolução do emprego, nota-se no gráfico abaixo que Ilhéus

e Itabuna iniciaram 2015 com saldo negativo no emprego, recuperando-se em

fevereiro e continuando negativo nos meses subsequentes. O saldo negativo

atingiu mais fortemente Itabuna, pois neste município é mais forte o setor de

Gráfico 13 Evolução do emprego para Ilhéus e Itabuna – janeiro a julho de 2015

Fonte: MTE∕CAGED, 2015.

8 Boletim de Conjuntura Econômica e Social

serviços e comércio. Comparando-se com o mesmo período de 2015, tivemos

em 2014, de janeiro a julho, saldo positivo no emprego em Ilhéus e em Itabuna.

Do ponto de vista da produção, observa-se que – a preços constantes

(reais), o PIB de Itabuna vivenciou uma trajetória de crescimento, prin-

cipalmente a partir de 2009, se comparado ao PIB de Ilhéus. Importante

esta queda deva ser atribuída à crise econômica. Mas, mesmo assim,

o consumo de energia em Itabuna manteve-se à frente do de Ilhéus.

Quando se analisa agora o primeiro semestre - janeiro-junho – (Gráfico

16), o comportamento se repete para os dois municípios, mantendo Itabuna

Gráfico 14 Evolução do PIB de Ilhéus e de Itabuna a preços constantes, 1999-2012

Fonte: IBGE, 2015.

ressaltar que a partir de 2005 o PIB de Itabuna não só ultrapassa o PIB

de Ilhéus, como começou a manter certo distanciamento.

O PIB per capita dos dois municípios acompanha a evolução do

PIB absoluto. Mas, praticamente para todo o período de análise entre

2000 e 2012, o PIB per capita de Itabuna manteve-se à frente do de

Ilhéus, mantendo nos dois últimos anos (2011-2012) uma relativa dis-

tância. Para uma análise mais detalhada é necessário investigar como

se deu a evolução da população nos dois municípios, assim como a

PEA (População Economicamente Ativa) dos mesmos.

Como não se dispõe de dados atualizados do PIB para municípios, a

análise dos setores da indústria, do comércio (incluindo serviços) e da agro-

pecuária foi feita com base no consumo de energia, de modo que, a depen-

der do comportamento deste consumo, pudemos inferir, aproximadamente,

observações sobre os mesmos para os dois trimestres e o semestre de 2015,

comparando com o mesmo período de 2014, expostos nos gráficos abaixo.

Observa-se no Gráfico 15, para Ilhéus, uma estabilização do con-

sumo de energia para o conjunto das atividades econômicas, enquan-

to para Itabuna houve queda no 2º trimestre de 2015. Possivelmente,

Gráfico 16 Comportamento do consumo de energia (KW∕h) em Ilhéus e em Itabu-

na, janeiro a julho - 2014-2015.

Fonte: COELBA, 2015.

queda em 2015. É de se supor que o PIB de Itabuna venha se mantendo

acima do de Ilhéus.

Com relação aos setores da economia (ver Gráfico 17), para o se-

gundo trimestre de 2015, o consumo de energia do setor industrial

em Itabuna e Ilhéus está acima do consumo nos demais setores, sen-

do acompanhado de perto pelos setores de comércio e serviços, de

modo que os três setores (indústria, comércio e serviços) respondem

por 98,21% do total do consumo de energia no semestre, excluindo o

consumo doméstico. O setor dinâmico da economia na indústria – em

termos de consumo de energia - ficou por conta da indústria de confec-

ções (Itabuna) e da indústria de transformação de alimentos (Ilhéus).

Em relação a 2014, ainda para Itabuna, a indústria, no primeiro tri-

mestre deste ano apresentou leve queda no consumo de energia, de

2,17 %; no segundo trimestre, queda maior de 10,2% e, para o semes-

tre, queda de 6,25%. Para o comércio e serviços, juntos, comparando

com 2014, houve saldo positivo nos dois trimestres e, também, para o

Gráfico 15 Comportamento do consumo de energia (KW∕h) no conjunto dos seto-

res em Ilhéus e em Itabuna, 2º Trimestre - 2014-2015.

Fonte: COELBA, 2015.

Gráfico 17 Comportamento do consumo de energia (KW∕h) no segundo trimestre

por setores de atividade em Ilhéus e em Itabuna, 2014-2015.

Fonte: COELBA, 2015.

9 Boletim de Conjuntura Econômica e Social

semestre. O setor rural também apresentou consumo positivo, embora

muito abaixo dos setores de comércio e serviços.

Como o setor industrial é mais sensível ao comportamento do consumo

de energia – de maneira que o comércio, devido à sua peculiaridade, mesmo

sem vendas, mantém o consumo de energia -, observa-se que, possivelmen-

te, houve retração da atividade industrial em 2015 comparado a 2014.

Em relação à Ilhéus, para os dois trimestres e para o semestre de

2015, o consumo de energia da indústria esteve acima em relação ao

consumo total, acompanhado do comércio e dos serviços e a agricul-

tura, mantendo-se estável no crescimento em 2015 para 2014 (Gráfico

17). O setor dinâmico da indústria em termos de consumo de energia foi

o de transformação de alimentos, respondendo com 83,15%. Já para o

setor de serviços, o dinamismo ficou por conta do turismo e alimentos

(lanchonetes e restaurantes), acompanhado pelo comércio atacadista. Na

agropecuária, foi dominante o consumo de energia para a produção de

cereais em geral.

No acumulado da insdústria no ano (janeiro a julho), no Gráfico 18,

o consumo de energia manteve-se estável para Ilhéus em 2014 e 2015,

enquanto em Itabuna houve uma leve queda. Já para comércio e serviços

há crescimento significativo para os dois municípios, enquanto na agro-

pecuária manteve-se estável.

Do ponto de vista geral e da indústria, observa-se que o consumo

de energia apresentou queda em 2015 (comparado a 2014) em Itabuna,

mantendo-se estável em Ilhéus, enquanto no comércio e serviços apre-

sentou crescimento para o mesmo período nos dois municípios. Isso pode

significar um arrefecimento da economia de Itabuna, mas que não tenha

comprometido o PIB, pois, embora com queda, em termos absolutos, o

Gráfico 18 Comportamento do consumo de energia (KW∕h) por setores de ativida-

de em Ilhéus e em Itabuna, 2014-2015.

Fonte: COELBA, 2015.

consumo manteve-se mais alto que o de Ilhéus (Gráfico 18).

Comércio Exterior em Ilhéus e Itabuna

A seguir são apresentados dados sobre movimentação de comércio

Tabela 2 Evolução do comércio exterior entre Ilhéus e Itabuna para o primeiro

semestre - 2014∕2015

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de Aliceweb 2.0

exterior de Ilhéus e Itabuna, municípios de maior destaque econômico

da região Sul baiana.

A Tabela 2 reúne informações pertinentes aos totais exportados por

Ilhéus e Itabuna, sendo os dados apresentados por meio da variação

percentual das exportações e importações de produtos do primeiro se-

mestre de 2015 em relação ao de 2014.

Para ambos os municípios percebe-se uma elevação da quantidade expor-

tada, com destaque para Itabuna, que apresentou incremento de aproximada-

mente 55% nos produtos exportados no primeiro semestre deste ano em rela-

ção ao mesmo período de 2014. Observa-se ainda que o volume monetário das

exportações ilheenses é mais vultoso, atingindo US$ 93,67 mi. Isso se deve à

existência de outros modais de transporte e distribuição de mercadorias que

não se verificam na cidade vizinha de Itabuna: porto e aeroporto.

Os principais mercados de destino das exportações da região são Argenti-

na, Estados Unidos e Chile.

As importações, por seu turno, apresentam redução significativa, com

destaque para a cidade de Ilhéus: redução de, praticamente, 53% dos valores

importados. O município teve suas importações reduzidas em US$ 100 mi.

Esses dados mostram que a economia da região está seguindo proximamente

a nacional: com a situação econômica do país, a partir de indicadores macro-

econômicos, deteriorando-se (aumento do desemprego, queda na demanda,

disparada inflacionária, desvalorização cambial forte, redução da credibilidade

do setor público frente à política econômica e dificuldade de acesso ao crédito),

as importações apresentam queda devido ao recrudescimento do consumo (de-

manda) dos agentes econômicos por bens transacionáveis oriundos do exterior.

Em se tratando de balança comercial, a situação do saldo dos municípios

encontra-se no patamar demonstrado a seguir: comparando-se o primeiro se-

mestre de 2015 com o mesmo período de 2014, Ilhéus apresenta superávit

comercial, ante déficit da ordem de US$ 100 mi no primeiro semestre do ano

anterior, e Itabuna reduz seu déficit comercial para o saldo negativo em torno

de US$ 4,05 mi (Tabela 3). Novamente, a economia municipal acompanha o

movimento da economia nacional.

Tabela 3 Saldo da balança comercial para Ilhéus e Itabuna para os primeiros

semestres de 2015 e 2014

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de Aliceweb 2.0, 2015.

10 Boletim de Conjuntura Econômica e Social

Gráfico 19 Exportação, importação e saldo comercial para o município de Ilhéus,

primeiro semestre de 2015.

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de Aliceweb 2.0, 2015.

Gráfico 20 Exportação, importação e saldo comercial para o município de Itabu-

na, primeiro semestre de 2015.

Os principais mercados fornecedores de produtos para a região são China,

Gana e Taiwan (Formosa).

A análise das exportações ilheenses auxilia na definição da espe-

cialização do comércio exterior do município: voltada à tradicional

cultura e produção cacaueira e a alguns artigos utilizados em máqui-

nas e dispositivos de informática, em telefonia e outras tecnologias

integrantes das tecnologias da informação e comunicação (TIC’s).

Do total de exportações, a maioria se relaciona com a cacauicul-

tura: 99,16% das exportações concentram-se em três classes, todas

relacionadas ao beneficiamento do cacau para obtenção de derivados.

Os demais produtos, manufaturados com maior valor agregado, res-

pondem pelos outros 0,84% restantes. Mas, deve-se ressaltar que em

termos de participação no PIB de Ilhéus, o setor industrial está muito

à frente, com maior contribuição das indústrias de estética e eletro-

-eletrônicos.

Para o comércio exterior itabunense, a situação praticamente não

Tabela 4 Exportação FOB em US$, por classe de produto, de acordo com a

Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), para Ilhéus e Itabuna no

primeiro semestre de 2015

Fonte: Elaboração própria a partir de dados de Aliceweb 2.0, 2015.

se altera: 96,61% das exportações estão concentradas nas mesmas

classes do município vizinho.

Programas Sociais de Transferência de

Renda para Ilhéus e Itabuna

O Benefício de Prestação Continuada

(BPC)

Em relação ao BPC (Gráfico 21), no período entre 2004 e 2015

(acumulado até o mês de julho), observou-se que os maiores vo-

lumes monetários nominais transferidos estavam atrelados ao pú-

blico idoso, bem como esta população representa a maior parcela

de beneficiários do Programa, segundo análise pelo município

pagador do benefício. Os gráficos evidenciam essa evolução no

número de benefício de Ilhéus (a) e Itabuna (b), além da evolução

11 Boletim de Conjuntura Econômica e Social

Gráfico 21 Evolução quantitativa e monetária (nominal) dos benefícios do BPC

entre 2004 e julho de 2015

Fonte: MIV, 2015.

dos valores monetários nominais transferidos (repassados) para

Ilhéus (c) e Itabuna (d).

Em atenção a RMV (Renda Mensal Vitalícia), segundo o município pa-

gador, embora o mesmo esteja em processo de extinção, ao longo do tempo,

apresenta um comportamento diferente do BPC (que é o benefício substitutivo

do RMV) ao ter seu maior número de benefícios voltados não ao idoso, mas

ao portador de deficiência (PCD). O comportamento de transferência de renda

via esse benefício, de 2009 até o mês de julho de 2015, apresentou maior frequ-

ência em Itabuna que em Ilhéus. Assim, o gráfico abaixo resume o comporta-

mento evolutivo (decrescente) do número de benefícios em Ilhéus (a) e Itabuna

(b), além da evolução monetária nominal dessas transferências para Ilhéus (c)

e Itabuna (d). É válido destacar que observou-se, para o município de Ilhéus,

Gráfico 22 Evolução quantitativa e monetária (nominal) dos benefícios da RMV

entre 2009 e julho de 2015.

Fonte: MIV, 2015.

12 Boletim de Conjuntura Econômica e Social

uma redução em menor velocidade dos benefícios para pessoas com defici-

ência do que em Itabuna e que para os idosos no próprio município de Ilhéus.

O Programa Bolsa Família

Em relação aos municípios de Ilhéus e Itabuna para o Programa

Bolsa Família, o que se observa na tabela abaixo é um aumento nomi-

nal dos valores transferidos entre 2004 e o primeiro semestre de 2015,

conforme tabela 5:

Quando comparado com o número de beneficiários do mesmo (Tabela

6), para o período de 2004 a 2014, observa-se a mesma tendência de cresci-

mento apresentada pelos valores transferidos, o que sugere que não apenas

os valores vêm aumentando, dados os reajustes das bolsas, mas a quantidade

de beneficiários, também (com exceção de 2014 e levando em consideração

as projeções para o primeiro semestre de 2015). Conforme a tabela 6.

É valido salientar, nessa análise, que o aumento no número de benefícios,

bem como dos valores nominais transferidos não representa um aumento no

número famílias pobres ou em extrema pobreza, mas, sim, no aumento de

famílias assistidas pelo Programa e ao aumento nas dotações orçamentárias

destinadas ao programa (que compõe seu financiamento).

Dado importante a ser destacado, também, é o número de penalidades/

suspensão/cancelamentos de benefícios por descumprimento das condi-

cionalidades do Programa, principalmente no município de Itabuna, que

concentra 73% das repercussões por descumprimentos das condiciona-

lidades no Litoral Sul da Bahia. Dentre estas repercussões, o município

é responsável, ainda, pelo maior número de suspensão dos benefícios na

região (56,25%), enquanto Ilhéus representou, respectivamente, 6,25% e

18,75% dessas situações, em 2015. As repercussões se atrelam ao des-

cumprimento das condicionalidades e se relacionam com a advertência

(sem efeito no benefício); o bloqueio (durante 1 mês); a suspensão (du-

rante 2 meses) e o cancelamento (quando a família beneficiada incorre

Tabela 5: Evolução das transferências de renda via PBF, 2004-2015 (valores nominais)

Fonte: Portal da Transparência (setembro/2015); MIV (2015).

* acumulado até o mês de julho.

Tabela 6 Evolução do número benefícios do PBF, 2004-2014

Fonte: Portal da Transparência (setembro/2015); MIVetor/MDS, 2015

13 Boletim de Conjuntura Econômica e Social

ANEXOS

Tabela 1 Saldos de empregos formais por município e região (janeiro-junho) - 2015

14 Boletim de Conjuntura Econômica e Social

Tabela 3 Participação das atividades econômicas no PIB de Ilhéus

Fonte: IBGE/ 2015

15 Boletim de Conjuntura Econômica e Social

Tabela 4 Participação das atividades econômicas no PIB de Itabuna

Fonte: IBGE/ 2015

16 Boletim de Conjuntura Econômica e Social

EquIPE dE TRABAlhO

Prof. Msc. Carlos Eduardo Ribeiro Santos

Prof. Msc. Marcelo dos Santos da Silva

Prof. Dr. Ricardo Candea Sá Barreto

Prof. Dr. Sérgio Ricardo Ribeiro Lima (Coordenador)

Prof. Dr. Sócrates Moquete Jacobo Guzmán

COlABORAdORES EXTERNOS

COElBA

Sr. Marcelo Vasconcelos Machado – Itabuna

Sra. Rejane Azevedo Deiró da Silva – Salvador

Sr. Rafael Cezar Sardeiro - Salvador

FIEB

Sr. Antônio Ricardo Alvarez Alban - Presidente

Sra. Giselda Federico

JuCEB

Sr. Antônio Carlos Marcial Tramm - Presidente

Sr. João Carlos de Oliveira - Vice Presidente

Sra. Juliana da Silva Heeger

SudIC - IlhÉuS

Sr. João Fortunato

Sra. Railda

SECRETARIA dA RECEITA ESTAduAl– IlhÉuS

Sr. José Antônio

Sr. Rui Alves de Amorim

SECRETARIA dA INdÚSTRIA E COMÉRCIO dA PRE-

FEITuRA MuNICIPAldE IlhÉuS

Sr. Roberto Garcia - Secretário

Ricardo Cerqueira dos Santos – Coordenador de Projetos