concepções de território para entender a desterritorialização

8/13/2019 Concepções de território para entender a desterritorialização

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Rogério Haesbaert



Linhas de abordagemO território relacionado a territorialização,

desterritorialização, multiterritorialização

As três vertentes básicas do território

1- jurídico-política 2- culturalista 3 - econômica



• Um dos debates mais importantes na últimadécada dentro da geografia constitui-se nades-re-territorialização, ou seja, sobre acriação e o desaparecimento dos territórios.

• Há um diálogo oculto sobre a questão dadesterritorialização por parte dos geógrafos e

demais ciências sociais.• Há uma redescoberta do território para

proclamar o seu fim (O fim dos territórios -Bertrand Badie, 1996).



Clima fin-de-siécle Transição modernidade/pós-modernidade.

Tese de Francis Fukuyama sobre o fim dahistória.



Para entender o processo dedesterritorialização é necessário entender as

grandes linhas de interpretação doterritório vigentes até hoje nas ciênciassociais.



Mapeando as Concepções de território

A) o binômio materialismo e idealismo – a visãomais totalizante e parcial – o vínculosociedade/natureza; as dimensões sociaisprivilegiadas (econômica, política, cultural).

B) a historidade do conceito em dois sentidos- suaabrangência histórica: é um componente oucondição geral de qualquer sociedade ou estácircunscrito a um período ou grupo social. Seucaráter mais absoluto ou relacional (físico-concreto,a priori, social histórico).



Superar a dicotomia material/ideal, com umterritório que expresse a dimensão espacial

concreta das relações sociais e o conjunto derepresentações e o imaginário do espaço. Um dos legados da pós-modernidade é

justamente esta abertura para um maiorcruzamento de influências teóricas.



A vertente predominante é a que vê oterritório numa perspectiva material.

Até mesmo antropólogos que priorizam osimbólica remontam a dimensão concretado território.

A ligação do território com a natureza – oterritório antes de mais nada é fonte derecursos (concepção pouco usada).



É comum mesmo entre os geógrafos,negligenciar a relação entre sociedade e

natureza. A desterritorialização natural (vulcões e

terremotos). Dentro da dimensão material de haver a

dimensão natural.



Maurice Godelier em sua posição materialistade território, refere-se a apropriação do

mesmo, através das realidade visíveis e dospoderes invisíveis. Na Geografia, onde a dimensão cultural do

espaço é mais apreendida por meio deconcepções como lugar e paisagem, a leituracultural do território é minoritária.



Bonnemaison e Cambrèzi criticam a lógica

territorial cartesiana moderna dos Estados-nações. Enfrentamento entre a lógica funcional estatal

moderna e a lógica identitária pós-moderna. “... o pertencimento ao território implica a

representação da identidade cultural e não mais aposição em uma poligono” (Bonnemaison e

Cambrèzi). Território= valores éticos, espitituais, simbólicos,

afetivos, identitários, de pertencimento.



As comunidades tradicionais e sua intensaapropriação simbólico-religiosa.

Não se pode esquecer a espiritualidade ligadaao território. Território=construtor de identidade.



Dimensões priorizadas na definição de território.Duas tradições principais:- privilégio à dimensão natural (espaço vital).

- as relações de poder (estado-nação). A dimensão simbólico-cultural representa um grupo

minoritário.

A gestão do território não fica apenas ao encargo doEstado, deve compreender as múltiplas dimensõessociais.



O território como componente ontológico ou emseu sentido restrito.

O território como Estado – restringe-se as

sociedades modernas (estado-nação). O território como a produção de grupos sociais –

aplica-se a toda a humanidade, em todos ostempos.

O território das relações de poder – também podese estende a todos os grupos sociais. O território define-se pelas relações sociais que são

relações de poder.



Discussão: O território é absoluto como algoa priori, é uma coisa (substrato concreto);

O território é relacional, fruto das relaçõessociais e de poder. Marcelo L. de Souza enfatiza o sentido

relacional através da crítica a Raffestin. Souza critica a “espaciologia” – determinismo

das formas espaciais.



O território é relacional não apenas porincorporar um conjunto de relações sociais.

O autor cita Godelier – relação complexaentre processos sociais e espaço material.



Território e rede Castells propõe a ideia da emergência de uma

sociedade “em rede”. Território – estável, enraizado.

X Território-rede – mais instável, fluído.



A distinção entre território e rede possui trêspespectivas:

Postura mais radical – são opostos. A sociedadeterritorial estaria sendo substituída pelo território emrede.

Postura intermediária – território e rede formam um

binômio. A rede fortalece internamente edesestrutura externamente (desterritorialização).

Territorialistas – a rede está diluída no processo deterritorialização, integrando o território.

A rede torna-se um dos mais importantes referenciasteóricos no entendimento da territorialidadecontemporânea.



I- Desterritorialização como domínio das redes, dosfluxos, da mobilidade.

II- Desterritorialização como perda de referenciais

espaciais concretos, sob o domínio das relaçõesimateriais.

III- Desterritorialização como perda de poder sobreos processos sociais. Enfraquecimento do territóriodos Estados-nações.

IV- Desterritorialização como deslocalização. Amobilidade das transnacionais.



V- Desterritorialização como fruto da crescentehomogeneidade cultural do planeta.

Numa concepção mais social (Bauman), diferencia a

desterritorialização entre ricos e pobres. Para os ricos – uma desterritorialização segura,

com múltiplas possibilidades, o espaço virtual. Para os pobres – uma desterritorialização insegura,

sem alternativas, o espaço brutal.



Uma das temáticas mais difundidas pelos paísescentrais.

O ciberespaço estaria substituindo o espaço

geográfico. Um dos autores mais importantes da questão do

ciberespaço é o filósofo francês Pierre Lévy emCibercultura.

Lévy considera virtual a manifestação concreta quenão depende da fixidez de um lugar e tempo emparticular.



Relações sociais que não prescidem de umespaço-temporal (Lévy).

Mas, mesmo nessa esfera Lévy reconheceque haverá resistências quanto ao “fim dageografia”(Paul Virílio)



A precarização social que leva muitos àmiséria faz com que estes revalorizem seus

vínculos básicos com o território. O território associado a “terra”, ao substrato

físico, podemos identificar duas leituras: O território dos sem terra (meio de produção)

e o território indígena (simbólico-cultural).



Além das mais abordadas questões queenvolvem a desterritorialização é marcante o

processo de exclusão social (aglomeradoshumanos de exclusão). Deve-se combater a desterritorialização

enquanto exclusão nesse territóriomultiescalar, nesse território-rede.

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