como um pato vol. xxii • n° 383 • montreal, 7 de dezembro...

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8042 boul. St-Michel Satellite - Écran géant - Événements sportifs Ouvert de 6 AM à 10 PM 37 37 376-2652 Cont. na pág 2 Em Santa Cruz: «Nas asas da memória» • Leia texto de Norberto Aguiar, pág. 10 Daniel Bastos: Publica novo livro... Terras de Monte Longo • Leia artigo na pág. 3 A N I V E R S Á R I O . . º º A INTERAÇÃO DA COMUNIDADE ATLÂNTICA... UM OLHAR PARA O FUTURO Leia artigo de Lélia PEREIRA NUNES, pág. 6 Vol. XXII • N° 383 • Montreal, 7 de dezembro de 2017 EDITORIAL COMO UM PATO Por Carlos DE JESUS Como dizem os ingleses, se se parece com um pato, anda como um pato e grasna como um pato, é porque é pato. O mesmo se pode dizer de Donald Trump. Se sempre se mostrou amigo e admirador de Vladimir Putin, se nunca se opôs à in- vasão da Ucrânia nem à anexação da Cri- meia e se sempre tentou anular os inquéri- tos sobre o papel da Rússia na sua eleição, é porque deve muito à Rússia. Senão, vejamos. Em 2013, na eleição de “Miss Univer- so”, em Moscovo, Donald Trump, pro- prietário da marca, encontrou-se com Vladimir Putin e vários oligarcas – aqueles multimilionários que devem a fortuna e a vida a Putin. Desses encontros nasceu o projeto de construir a maior Trump Tower do mundo em Moscovo. Michael Flynn, antigo general do exército, que em 2012 fora designado por Barack Obama para dirigir os serviços se- cretos das forças armadas (DIA), é pouco depois destituído devido à sua tendência em acreditar nas teorias do complô. Em 2015, com o filho, cria uma agência de in- formação. Naquele ano, pai e filho, fazem várias viagens à Rússia. Aparece, num jantar de gala, sentado ao lado de Vladimir Putin. Depois das suas visitas a Moscovo, e apesar de ser um reconhecido eleitor de- mocrata, Michael Flynn oferece-se para a campanha de Donald Trump. Este, saben- do que Obama tinha despedido Flynn, TRÊS RITMOS. UMA VOZ: SUZI Por Raul MESQUITA Piano, contrabaixo, bateria, percussão, guitarra eléctrica e acordeão, panó- plia de instrumentos que a Suzi escolheu para fazer a música do Fad’AZZ, um “projeto musical híbrido e mestiço” como a artista afirma na sua apresentação do es- petáculo, que teve lugar no anfiteatro Óscar Peterson da Universidade Concórdia em Montreal, no passado dia 30 de novembro. Leia artigo na página 12. EM VIANA DO CASTELO DIÁSPORA REUNIDA VIANA DO CASTELO, Minho - Catorze membros do Governo e mais de 20 entidades estatais vão participar no II Encon- tro dos Investidores da Diáspora, dias 15 e 16 de dezembro, em Viana do Castelo, anunciou o secretário de Estado das Comunidades Portu- guesas. José Luís Carneiro, que falava em confe- rência de imprensa na Câmara da capital do Alto Minho, adiantou que “já há mais de 220 inscritos, de 32 países”.. “Estamos convictos de que será o maior encontro dos empresários da diáspora”, disse, referindo que a edição realizada em 2016, em Sintra, contou com mais de 300 participantes de 38 países. Além dos 14 membros do Governo, entre eles, os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Economia, estarão presentes “entidades responsáveis pela informação, pelo conheci- mento e pelos instrumentos de apoio ao inves- timento em Portugal e, muito particularmente, as instituições geradoras de oportunidades de investimento em Portugal”. José Luís Carneiro, que falava aos jornalis- tas durante a apresentação do programa da ini- ciativa, realçou que, em 2016, foi registado “o maior valor de sempre das transferências dos Cont. na pág 9

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8042 boul. St-MichelSatellite - Écran géant - Événements sportifs

Ouvert de 6 AM à 10 PM

3737376-2652

Cont. na pág 2

Em Santa Cruz:«Nas asas da memória»• Leia texto de Norberto Aguiar, pág. 10

Daniel Bastos:Publica novo livro...Terras de Monte Longo• Leia artigo na pág. 3

ANIVERSÁRIO

..ºº

A INTERAÇÃO DA COMUNIDADE ATLÂNTICA...

UM OLHAR PARA O FUTUROLeia artigo de Lélia PEREIRA NUNES, pág. 6

Vol. XXII • N° 383 • Montreal, 7 de dezembro de 2017EDITORIAL

COMO UM PATO• Por Carlos DE JESUS

Como dizem os ingleses, se separece com um pato, anda como um patoe grasna como um pato, é porque é pato.O mesmo se pode dizer de Donald Trump.Se sempre se mostrou amigo e admiradorde Vladimir Putin, se nunca se opôs à in-vasão da Ucrânia nem à anexação da Cri-meia e se sempre tentou anular os inquéri-tos sobre o papel da Rússia na sua eleição,é porque deve muito à Rússia.

Senão, vejamos.Em 2013, na eleição de “Miss Univer-

so”, em Moscovo, Donald Trump, pro-prietário da marca, encontrou-se comVladimir Putin e vários oligarcas – aquelesmultimilionários que devem a fortuna e avida a Putin. Desses encontros nasceu oprojeto de construir a maior Trump Towerdo mundo em Moscovo.

Michael Flynn, antigo general doexército, que em 2012 fora designado porBarack Obama para dirigir os serviços se-cretos das forças armadas (DIA), é poucodepois destituído devido à sua tendênciaem acreditar nas teorias do complô. Em2015, com o filho, cria uma agência de in-formação.

Naquele ano, pai e filho, fazem váriasviagens à Rússia. Aparece, num jantar degala, sentado ao lado de Vladimir Putin.

Depois das suas visitas a Moscovo,e apesar de ser um reconhecido eleitor de-mocrata, Michael Flynn oferece-se para acampanha de Donald Trump. Este, saben-do que Obama tinha despedido Flynn, TRÊS RITMOS. UMA VOZ: SUZI

• Por Raul MESQUITA

Piano, contrabaixo, bateria, percussão, guitarra eléctrica e acordeão, panó-plia de instrumentos que a Suzi escolheu para fazer a música do Fad’AZZ, um“projeto musical híbrido e mestiço” como a artista afirma na sua apresentação do es-petáculo, que teve lugar no anfiteatro Óscar Peterson da Universidade Concórdiaem Montreal, no passado dia 30 de novembro.

Leia artigo na página 12.

EM VIANA DO CASTELO

DIÁSPORA REUNIDA

VIANA DO CASTELO, Minho -Catorze membros do Governo e mais de 20entidades estatais vão participar no II Encon-tro dos Investidores da Diáspora, dias 15 e 16de dezembro, em Viana do Castelo, anunciouo secretário de Estado das Comunidades Portu-guesas.

José Luís Carneiro, que falava em confe-rência de imprensa na Câmara da capital doAlto Minho, adiantou que “já há mais de 220inscritos, de 32 países”..

“Estamos convictos de que será o maiorencontro dos empresários da diáspora”, disse,referindo que a edição realizada em 2016, emSintra, contou com mais de 300 participantesde 38 países.

Além dos 14 membros do Governo, entreeles, os ministros dos Negócios Estrangeirose da Economia, estarão presentes “entidadesresponsáveis pela informação, pelo conheci-mento e pelos instrumentos de apoio ao inves-timento em Portugal e, muito particularmente,as instituições geradoras de oportunidades deinvestimento em Portugal”.

José Luís Carneiro, que falava aos jornalis-tas durante a apresentação do programa da ini-ciativa, realçou que, em 2016, foi registado “omaior valor de sempre das transferências dos

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Página 27 de dezembro de 2017 LLLLL u su su su su s oooooPPPPP r e s s er e s s er e s s er e s s er e s s e

nomeou-o para o posto da maior importânciapara a segurança do país, diretor da NSA (Na-tional Security Adviser).

Como é que o governo russo conseguiuconvencer o novo homem forte do futuro go-verno Trump a trabalhar para eles? Tudo leva acrer que não foi por dinheiro. Os serviços secre-tos russos, lídimos herdeiros do KGB, nuncarecusaram deitar mão das mais antigas armadi-lhas para poderem chantagear as suas vítimas.Câmaras escondidas nos quartos de hotel, lin-das e “inocentes loiras”, champanhe e debo-che.

Um antigo espião inglês do MI6 afirmaque, em relação a Trump, os russos têm umdossier escandaloso na matéria.

O que é certo é que toda uma nova plêiadede americanos com relações privilegiadas coma Rússia, aparecem na corte do candidatoTrump.

Carter Page, acionista da Gazprom, umaempresa nacional da Rússia encarregada da ex-ploração e comercialização de gás, aparece co-mo conselheiro político de Trump e faz váriasviagens a Moscovo.

Paul Manafort, um homem de confiançade Putin e que era um agente do antigo presi-dente pró-russo da Ucrânia, oferece-se paradirigir, gratuitamente, a campanha de DonaldTrump.

Roger Stone, sócio de Paul Manafort, re-cebe de um aliado russo não identificado a listade e-mails roubados de Hillary Clinton. É ohomem que serve de ligação com Julian Assan-ge, o responsável de WikiLeaks que divulga oscorreios roubados.

George Papadopoulos, um jovem ambi-cioso, aparece como conselheiro em matériade política estrangeira. Soube-se agora, depoisde confissão incriminatória, ter tido um papelde agente de ligação com os russos.

E a lista de gente com relações pessoaiscom Vladimir Putin e que aparece no governode Trump, não fica por aqui. É o caso do seuatual ministro dos Negócios Estrangeiros (Se-cretary of State).

Em 2013 o presidente executivo da Ex-xonMobil, Rex Tillerson, depois de ter nego-ciado com a petrolífera russa para construir omaior empório do petróleo mundial, recebe aLegião de Honra da Rússia das mãos do pró-prio Vladimir Putin. Donald Trump, apesar denunca o ter conhecido antes, dá-lhe a responsa-bilidade da política externa americana. Porquê?

Se, no caso de Flynn, tudo parece indicarque ele esteja dominado por motivos de chan-tagem escandalosa, no caso de Trump, paraalém dos escândalos sexuais, há questões deordem financeira e mafiosa. Particularmentebranqueamento de dinheiros dos oligarcas rus-sos que utilizam a organização Trump parafazerem sair milhares de milhões de dólares daRússia. Se Donald Trump não conseguir fazerdescarrilar a comissão encarregada de investigarsobre a influência russa na política interna dosEUA, em breve conheceremos o fundo daverdade.

Para já, Robert Mueller, procurador espe-cial encarregado daquela comissão, seguindo ofilão do dinheiro, já conseguiu acusar quatroprotagonistas da conivência com a Rússia:Paul Manafort e o seu sócio, Rick Gates, Geor-ge Papadopoulos e Michael Flynn. As malhasda rede vão-se estreitando ao redor da famíliaTrump.

EDITORIAL...Cont. da pág 1 Olifaque, de João Magueijo – o emigrês ao vivo e em vernáculo

• Por Onésimo TEOTÓNIO ALMEIDA

A diáspora é tema de pouco interes-se para os leitores do Rectângulo, por maisuniversalistas que se afirmem os portugueses.A saudosa Olga Gonçalves, com o seu EsteVerão o Emigrante Là-Bas ainda conse-guiu atrair relativa atenção de um setor dopúblico, mas foi quase uma exceção. Portugalcanta-se universal mas, no que respeita aosseus, é em regra umbilical. Custa-lhe enxergarpara fora do centro, e esse… é Lisboa. Nãoque faltem escritos surgidos nos meios emi-grantes, mas dificilmente penetram no merca-do livreiro lusitano. Uma grande razão, por-tanto, para louvar a coragem do Clube doAutor por ter ousado publicar este livro quenão só é um livro sobre a diáspora como es-tá escrito em émigrés, na variante de umamuito específica comunidade de Portugal-fora-de-muros. (emigrês é termo de EduardoMayone Dias, a quem o João Magueijo re-conhece a importância de um seu livro sobreo tema, pois foi-lhe útil).

O livro é uma novidade inesperada.Quem iria alguma vez imaginar que o físicoteórico, autor de Mais Rápido Que a Luz,viria a publicar o atrevido retrato dos inglesesque é Bifes Mal Passados? E quem, imagi-nando o autor a saltar profissionalmente en-tre Londres e Roma, haveria de prever o apa-recimento deste livro sobre a comunidadeportuguesa de Toronto? Como teria JoãoMagueijo ido parar a Toronto e desaguar nosbares dos clubes portugueses?

Na leitura fui percebendo e o resto foisendo composto com dados posteriores vin-dos daqui e dali: levou-o ao Canadá uma aven-tura de um grupo de investigadores em físicateórica patrocinado por um mecenas milio-nário. Durante os primeiros quatro dias dasemana estava no Perimeter Institute, emWaterloo, mas à 6ª feira trabalhava na Univer-sidade de Toronto. A grande cidade atraiu-oe era lá que passava o fim-de-semana. Cedo,porém, sentiu que precisava de encher o vazionos tempos fora do gabinete e dos debatescom os colegas de trabalho, e foi encalharnum local de ajuntamento de patriotas.Aventureiro como é, em breve se sentia emcasa e os patrícios locais o sentiam comoseu. Durante dois anos conviveu com imi-grantes, sobre copos e comezainas ouviu

estórias, dramas de faca e alguidar, tragédias,muita conversa de macho português que apro-veita a ausência das mulheres para gabarolicespor vezes imaginárias, de machão para impres-sionar os comparsas. E foi-lhe ficando no ou-vido uma música de fundo, uma linha melódicaque se desprendia da cacofonia babilónica dasfalas portugas oriundas de todos os pontosdo Rectângulo, mas sobretudo do Norte, bemcomo de quase todas as ilhas dos Açores emesmo de todos os quadrantes do antigo im-pério hoje denominado lusofonia.

Ainda há dias ouvi a comunicação acadé-mica de uma estudiosa dedicada à aural litera-ture. Pensava eu que o termo se escrevia comoem português – oral – literatura oral – masnão senhor. Era aural, de ouvido. É a escritainfluenciada pelo ouvido do escritor. A estu-diosa mostrava como os três grandes nomesdo cânone brasileiro, Machado de Assis, Clari-ce Lispector e Guimarães Rosa – este aindamuito mais obviamente – escreviam influencia-dos pelas linguagens que ouviam. Pensei deimediato no manuscrito enviado pelo João Ma-gueijo, em que o autor agarrou uma barulhentamultiplicidade de sons a que encostou um em-pático ouvido, e acabou criando dentro do seumágico computador um exímio narrador quehabilmente conseguiu sintetizar as vozes da-quela camaradagem do bar.

Assim nasceu o narrador deste livro, om-nisciente a valer – pois sabe tudo sobre as fes-tanças e a vida dos amigos, que mantém umaforte relação de amizade com o doutor, a perso-nagem em que o autor se disfarça quase até aofinal do livro, onde surge a confessar-se. (Porsinal num capítulo que é um verdadeiro mini-tratado sobre o desdém nacional em relaçãoaos emigrantes, e à diáspora apenas lembradano 10 de Junho). Em cena entra ainda a Can-grua, a parceira do doutor que, por ser australia-na, foi assim baptizada pelos portugas tendoa alcunha colado bem à própria bonitona, fa-lante de um português carregado de sotaque.

São coloridíssimas as personagens e estó-rias que entram num encadeado de narrativasonde predomina a marca da oralidade nortenha,solta e desinibida, escatológica e cheia de pilhé-ria, a matéria prima que Camilo tinha à mão desemear. Ou melhor, de colher.

Falei em “encadeado de narrativas” porqueeste não é propriamente um livro de contosindependentes, mas algo a ser inserido na tradi-

ção inaugurada por Sherwood Andersoncom o seu Winesburg, Ohio, em que cadanarrativa acrescenta às anteriores mais umângulo, ora do cenário social, ora de umapersonagem, contribuindo assim para avolu-mar a densidade do conjunto e aprofundaro retrato dos figurantes principais e do seucomplexo universo. A linguagem do narra-dor acaba entrando no ouvido do leitor eestou convencido de que, excepto nos vestí-bulos auriculares mais puritanos, acabará portocar aqueles leitores de nervo mais sensívelà sua linha melódica. O autor soube instruiro seu narrador acerca dos segredos do con-trolo da linguagem formal, mesmo a maisescatológica, mas soube também – e issocativou-me de modo particular – moldá-locom o tal caráter empático atrás referido. Oleitor acaba envolvendo-se também, sentin-do-se apanhado por esta dupla autor-narra-dor, um par de improváveis amigalhaços queo acaso um dia inverosimilmente juntou eque, sem a menor preocupação com juízosmorais sobre cada uma das estórias contadas,mantém uma atitude ética de total tolerânciae compreensão, como se convencida de quetout comprendre, c’est tout pardonner. Aofim e ao cabo, lá bem no fundo, as persona-gens das estórias aqui narradas são seres hu-manos que se viram na triste necessidade delargar a pátria, e carregando com ela às costastransformada em saudade, foram refazer avida no longe, passando as passas do Algar-ve para se adaptarem, sobreviverem e daremaos filhos aquilo que eles próprios não tive-ram, mesmo que isso signifique dar-lhes umaoutra pátria, onde as saudades não habitam.Essa empatia nada tem de paternalista e cativao leitor precisamente por isso.

Despudorado inclusivé na sintaxe, oarrojo do autor decidiu ignorar a gramáticados livros e captar a gramática viva, autênticaque se solta da boca da gente que, na luta pe-la vida na estranja, tem de adaptar, recriar einventar uma língua de sobrevivência. Paraajuda do leitor, o final do livro traz um glos-sário, mas limitado ao léxico. Quanto à sinta-xe, a única solução é o leitor mergulhar naságuas profundas deste livro e respirar a gra-mática que página a página se vai conjugandológica e coerentemente. Sempre que o leitortropeçar em palavras desconhecidas, sugiroque avance, pois aos poucos a letra acabarápor apanhar a música.

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A VALORIZAÇÃO DO FENÓMENO DA EMIGRAÇÃO EM MELGAÇO

• Por Daniel BASTOS

A o longo dos últimos anos, a vilaraiana de Melgaço, sede do concelho mais anorte de Portugal, situada no distrito de Vianado Castelo, tem sabido preservar e valorizar ofenómeno da emigração, cujas marcas estãomuito presentes na realidade e identidade destaregião fortemente influenciada pela proximi-dade de Espanha e pelo rio Minho.

Um dos aspetos singulares da preservaçãoe valorização do fenómeno da emigração por-tuguesa em Melgaço é a sua ligação estratégicaao desenvolvimento da economia e do turismono território mais setentrional do país. O fenó-meno emigratório, a par da gastronomia, das

paisagens e das tradições, tem contribuído de-cisivamente para o crescimento sustentado doconcelho.

Desde logo, através do Espaço Memóriae Fronteira, um núcleo museológico inseridono antigo edifício do matadouro municipal,remodelado e ampliado em 2007, que no cum-primento da sua missão preserva a história re-cente do concelho, relacionada com o contra-bando e a emigração. Um espaço museológico,onde funciona o Gabinete de Apoio ao Emi-grante, que conduz o visitante pelos diversosmomentos relacionados com a emigração, co-mo as causas, a preparação da viagem e a via-gem, a chegada e vivência no país de acolhi-mento, sem esquecer os reflexos da emigraçãono território.

A valorização da temática migratória está

igualmente presente nestes últimos anos no municípioatravés da realização do Filmes do Homem – FestivalInternacional de Documentário de Melgaço. A inicia-tiva, que este ano se realiza entre 1 e 6 de agosto, organi-zada pela Câmara Municipal de Melgaço e pela Associ-ação Ao Norte, tem como principal objetivo promovere divulgar o cinema etnográfico e social, refletir com osfilmes sobre a identidade, memória e fronteira, e con-tribuir para um arquivo audiovisual sobre a região.

Um dos eixos principais do festival é a progra-mação a partir de uma mostra competitiva de documen-tários candidatos ao prémio Jean Loup Passek. Histo-riador, crítico e cinéfilo francês, Jean Loup Passek (1936-2016), filmou nos anos 70 em Paris um documentáriosobre a emigração portuguesa onde conheceu várioshabitantes de Melgaço, começando aí uma relação queculminou em 2005 na criação do Museu de Cinema deMelgaço, e que tem por base o espólio colecionado aolongo da vida pelo antigo responsável do departamentocinematográfico do Centro Georges Pompidou.

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TEMPOS DIFÍCEISA minha família, do lado materno, é enorme. Para dar

uma ideia, meu avô Manuel Marques da Silva e minha avó IsabelInóia de Rebelo, quando morreram já tinham para cima de meiacentena de netos e bisnetos. E saber que dos filhos e filhas a mi-nha mãe foi quem teve menos rebentos, três apenas. E que dessesfilhos, entre mim e o Luís, o mais novo, existe uma diferença denove anos. Da Mariana são cinco.

Eu sempre tive alguma pena por não ter irmãos mais próxi-mos da minha idade... isto porque em certas ocasiões na minhaadolescência cheguei a sentir-me muito só. Até porque meu paiquando eu nasci já rondava os 40 anos... E sobretudo numa épo-ca em que as relações pais/filhos eram muito mais distantes doque são hoje.

Tudo isto para dizer que, casando, eu queria ter filhos, ou fi-lhas, como aconteceu, com idades próximas.

Mas isto não foi fácil, sobretudo para a Anália, jovem adoles-cente de apenas 17 anos, feitos dois meses antes do nosso enlace.Ainda com 17 anos teve a primeira filha (a Ludmila). Com 18, asegunda (a Petra). Felizmente, por questões óbvias, que a terceita(a Karene) só chegou cinco anos mais tarde...

Para quem tem filhos sabe o que custa criá-los. E nós, queéramos jovens, apesar de maturos, passámos por maus bocados,isto porque havia que trabalhar para «arrumar» a casa, ao mesmotempo que eu estudava com o fito de poder fazer mais e melhornesta terra, mesmo se o objetivo principal era regressar na melhoroportunidade.

Determinado, estudava de dia e trabalhava de noite. A Anália,mesmo se me doia o coração, também teve de ir trabalhar comaquela idade para uma fábrica de roupa, a Paris Star, pois o nossoslogan era «vamos apurar algum dinheiro e depois vamos emborapara a nossa terra». Depois do trabalho, a Anália, na minha au-sência, cuidava da criança. Muitas noites, à espera que eu viessedo trabalho, ela adormecia no sofá em casa dos meus pais porquea viver num bloco de apartamentos, nem ela nem eu estávamosseguros de ela poder permanecer ali sozinha noite adentro...

Depois veio a segunda filha. E a vida tornou-se ainda maiscomplicada para nós ao ponto de eu, nas aulas, beneficiar dacomplacência dos colegas e professores tal era a minha canseira.Nessa altura comecei a pensar que não podia aguentar aquele rit-mo de vida. Nem eu, nem a Anália. Preocupados, meus pais ain-da quiseram ajudar, insistindo para que deixassemos o aparta-mento, visto serem poucas as horas lá passadas, como já percebe-ram. Embora relutante, acedi à proposta, que veio atenuar de cer-ta forma a azáfama em que vivíamos. Foi assim que consegui aca-bar o curso, com a Anália um pouco mais serena. Anos mais tar-de, os papéis inverteram-se e foi ela quem foi para o colégio e eufiquei com o papel de olhar pela casa e pelas filhas. E isso aconteceupor minha insistência, pois ela tinha medo que eu não desseconta do recado, para além de argumentar que já não tinha idadede voltar para os bancos da escola... Hoje ainda falamos nisso,até pelas vantagens conseguidas.

Andávamos nisto. E o regresso aos Açores, sempre desejado,parecia-nos cada vez mais necessário. Mas os anos iam passando.As dificuldades iam-se resolvendo. A família ia criando novas raí-zes. E apareciam cada vez mais amigos, pela escola, pelo trabalhoe, sobretudo, pelo desporto, onde eu abria cada vez mais janelas,mesmo se o meu grande sonho de ser jogador de futebol cadavez estivesse mais distante...

Agora já tenho três filhas, número que alimentei como oideal para a minha vida de família. Nem o facto de não ter tido umrapaz me fez querer aumentar aquele patamar de filhos. E paraaqueles que me abordavam dizendo que «Então não vais à procurado rapaz para jogar à bola contigo?», a minha frase era sempre amesma para todos: – a fábrica fechou.

Quatro anos depois de aqui chegar (1979) fui de férias aosAçores. Nessa altura era refratário perante o serviço militar. Edessa visita, que explicarei no artigo do próximo número, vimainda mais decidido a voltar definitivamente para a minha terra.

Norberto AguiarL P

TERRAS DE MONTE LONGONOVO LIVRO DO HISTORIADOR DANIEL BASTOS

No dia 16 de dezembro (sábado), ohistoriador Daniel Bastos lança em Portugal,no Auditório da Biblioteca Municipal de Fafe,às 21h00, o seu novo livro, intitulado “Terrasde Monte Longo”. A sessão de apresentação,que estará a cargo da professora catedrática Ma-ria Beatriz Rocha-Trindade, reputada sociólogadas migrações, será antecedida por um prelúdiomusical executado pelo compositor e intérpreteNelson de Quinhones.

A obra, uma edição trilingue (português,francês e inglês) assinada pelo tradutor PauloTeixeira, foi concebida a partir do espólio deum dos mais aclamados fotógrafos portuguesesda sua geração, José de Andrade (1927-2008),fotógrafo de renome internacional, premiadoe exposto em vários cantos do mundo, e conta

com prefácio do conhecido fotógrafo franco-haitiano que imortalizou a história da emigra-ção portuguesa, Gérald Bloncourt.

Capa do Livro “Terras de Monte Lon-go”

Neste novo livro, realizado com o apoioda Direção Geral do Livro, dos Arquivos e das

Bibliotecas, e do Centro Português de Fotografia, instituição públicaque assegura a conservação, valorização e proteção legal do patrimóniofotográfico nacional, Daniel Bastos esboça um retrato histórico concisoe ilustrado do interior norte de Portugal em meados dos anos 70.

Através de imagens até aqui inéditas, que José de Andrade captounessa época em povoados rurais de Fafe, um território entre o Minhoe Trás-os-Montes, o historiador e autor de livros sobre a emigração,aborda as memórias do passado, não muito distante, do Portugal pro-fundo e rural na transição da ditadura para a democracia.

Nesses “lugares de memória”, agora resgatados, abundam essen-cialmente rostos, expressões, sentimentos e experiências quotidianas,por que passaram as povoações rurais do Portugal fechado sobre sipróprio. O livro constitui uma cápsula do tempo local, regional e na-cional, que depois de aberta, nos transporta para um período funda-mental da história contemporânea portuguesa, marcado por décadasde carências, isolamento, condições de vida duras e incontáveis episó-dios de emigração “a salto”.

Segundo Gérald Bloncourt, neste livro ilustrado pela objetiva hu-manista de José de Andrade, fotógrafo natural de Santo Tirso que en-controu nas Terras de Monte Longo um palco privilegiado para denun-ciar as agruras da vida quotidiana no interior norte nas vésperas da re-volução democrática de 1974, são-nos reveladas “fotografias sentidasde Portugal, do seu povo, da sua história”, repletas de “sentimentos dedignidade evidenciados por uma forma de estar serena e humana”.

Refira-se que a edição da obra “Terras de Monte Longo” deveu-seem grande parte aomecenato de empre-sas que partilhamuma visão de respon-sabilidade social e umpapel de apoio à cul-tura, com particulardestaque para o grupoempresarial do co-mendador luso-cana-diano Manuel da Cos-ta, um dos mais ati-vos e beneméritosempresários portu-gueses em Toronto.

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Página 47 de dezembro de 2017 LLLLL u su su su su s oooooPPPPP r e s s er e s s er e s s er e s s er e s s e

Dra. Carla Grilo, d.d.s.

Escritório1095, rue Legendre est, Montréal (Québec)Tél.: (514) 385-Dent - Fax: (514) 385-4020

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LusoPresseLe journal de la Lusophonie

SIÈGE SOCIAL6475, rue Salois - AuteuilLaval, H7H 1G7 - Québec, CanadaTéls.: (450) 628-0125 (450) 622-0134 (514) 835-7199Courriel: [email protected] Web: www.lusopresse.com

Editor: Norberto AGUIARAdministradora: Anália NARCISOContabilidade: Petra AGUIARPrimeiros Diretores:• Pedro Felizardo NEVES• José Vieira ARRUDA• Norberto AGUIAR

Diretor: Carlos de JesusCf. de Redação: Norberto AguiarAdjunto/Redação: Jules NadeauConceção e Infografia: N. Aguiar

Escrevem nesta edição:

• Carlos de Jesus• Norberto Aguiar• Onésimo Teotónio Almeida• Raul Mesquita• Daniel Bastos• Osvaldo Cabral• Lélia Pereira Nunes• Anália Narciso

Revisora de textos: Vitória Faria

Societé canadienne des postes-Envois depublica-tions canadiennes-Numéro deconvention 1058924Dépôt légal Bibliothèque Nationale du Québec etBibliothèque Nationale du Canada.Port de retour garanti.

LusaQ TVProdutor Executivo:• Norberto AGUIARContatos: 514.835-7199

450.628-0125Programação:• Segunda-feira: 21h00• Sábado: 11h00; domingo: 17h00(Ver informações: páginas 5 e 8)

O NOVO CICLO: MAIS ENDIVIDADOS E BEM COMIDOS...• Por Osvaldo CABRAL

C o m odiria o nosso po-vo, se lesse a Con-ta da Região: estáaqui um bonitotrabalho!

Sérgio Ávilatem feito todos osmalabarismos pa-ra mostrar que vi-vemos numa região cor de rosa quando setrata de discutir o endividamento da Regiãoe o rigor das “suas” contas.

Como reza a tática do ‘carneirismo’,atrás do cenário idílico vem a cruzada dePopotas e dos encartados partidários emdefesa daquilo que, agora, mais uma vez, oTribunal de Contas vem avisar que estamostodos metidos num grande sarilho se o ca-minho continuar nesta senda abismal.

Quando tudo estava aparentementetranquilo, com o orçamento impoluto de2018 aprovado (até porque a oposição nemse faz ouvir), eis que surge o parecer do Tri-bunal de Contas sobe a conta de 2016, a di-zer exatamente o que, na realidade, fechadasas contas, nada é como diz o governo e asua corte de altifalantes.

Do parecer do Tribunal de Contas re-tira-se mensagens simples:

• O governo não cumpre regras fun-damentais de orçamentação;

• O governo não presta contas com-pletas;

• O governo endivida-se para além doslimites admitidos;

• O governo deixa que as empresaspúblicas se endividem para além dos limitesadmissíveis;

• O governo tem uma empresa públicade dimensão considerável, fora do perímetroorçamental, completamente falida.

De tudo isto podemos deduzir que asituação financeira do setor público dosAçores é um desastre.

Bela herança que fica para os nossosfilhos.

Quando o Tribunal de Contas diz que“a elaboração do Orçamento para 2016 nãofoi enquadrada num quadro plurianual deprogramação orçamental (...) e (...) nãoabrange o conjunto do setor público admi-nistrativo regional, nem estabelece limitesde despesa por programas ou agrupamentode programas, porque não chega a preverprogramas”, acrescentando que “a propos-ta de Orçamento estava incompleta, nãotendo sido acompanhada de um conjuntode anexos informativos legalmente exigi-dos”, e que “o Orçamento inicial e as respe-tivas alterações não contêm o orçamentoconsolidado do setor público administrati-vo regional, o que impossibilita a verifica-ção do cumprimento da regra do equilíbriofixada no n.º 2 do artigo 4.º da Lei de En-quadramento do Orçamento da Região Au-tónoma dos Açores”, está tudo dito sobre

o respeito pelas regras de preparação do orça-mento.

O Tribunal de Contas sublinha ainda:“Conclui-se que o setor público administrativoregional não observa a referida regra, refletindo,em termos previsionais, um saldo global nega-tivo de 41,2 milhões de euros.”

Já não sendo pouco, o parecer é arrasadorpara as contas do Vice-Presidente e do governode Vasco Cordeiro: “A execução orçamentaldo setor público administrativo regional, apre-sentada na Conta, em contabilidade pública,reporta-se, apenas às operações orçamentais,desagregadas por capítulos e por agrupamen-tos económicos, não sendo comparável comos valores orçamentados, dada a sua ausência”.

Então não se dá a informação exigida?Porquê? Custa muito?

Ainda no referido documento do TC lê-se o seguinte: “… verifica-se que, em 2016, asregras do equilíbrio orçamental não foram res-peitadas.”

Afinal, onde está o tão propalado rigordas contas públicas?

É que, “de acordo com o critério definidono n.º 2 do artigo 4.º da Lei de Enquadramentodo Orçamento da Região Autónoma dos A-çores, o saldo global ou efetivo foi negativoem 38,4 milhões de euros.”

Afinal há, houve e continua a haver en-dividamento! Quem diria?

E tudo isto depois de ter havido um au-mento da receita efetiva da ordem dos 59 mi-lhões de euros!

E ainda há por aí trabalhadores de jardinsde infância a rezar pelo subsídio de Natal...

Nem os 26 milhões de euros a mais deimpostos indiretos – os que pagamos sempreque consumimos qualquer coisa – foi motivopara parar o apetite.

Afinal, os interesses são outros. Há que alimentar toda uma máquina pú-

blica que é um monstro a absorver dinheirospúblicos.

Os cidadãos que se lixem.Mais: o saldo, sem juros, “…não foi sufi-

ciente para satisfazer a totalidade dos compro-missos com juros e outros encargos decorren-tes da dívida (62,9 milhões de euros)”.

Quem diria? Acrescenta o documento que “… o saldo

corrente deduzido das amortizações médias deempréstimos foi negativo em 294,8 milhõesde euros, excedendo em 245,7 milhões de euroso limite legal de 5% da receita corrente líquidacobrada”.

Quer dizer, são seguidas que até perdemosa conta.

E o parecer continua: “Considerando acontabilização das transferências do Orçamen-to do Estado de acordo com a sua natureza,este desequilíbrio agrava-se, excedendo, em434,7 milhões de euros, o limite de 5% da recei-ta corrente líquida cobrada”.

Ou seja, até perdemos a conta aos tantosmilhões que os nossos filhos terão de pagar.

Falando de dívidas, o parecer acrescentaainda que, “…em 2016, a dívida total do setorpúblico administrativo regional prosseguiu atrajetória de crescimento já evidenciada no anoanterior, aumentando 104,3 milhões de euros

(6,4%), fixando-se, no final do exercício,em 1 728,3 milhões de euros (44% do PIBda Região Autónoma dos Açores, em 2016,em termos provisórios)…”.

Depois de termos sido resgatados em1998, as futuras gerações açorianas vão terque trabalhar o dobro para pagar tantosdesmandos.

Para além disso, “foram concedidos15 avales, no montante global de 235,8milhões de euros, elevando para 877,4 mi-lhões de euros as responsabilidades assumi-das, por esta via, mais 157,5 milhões deeuros do que em 2015 (...) e foram emitidas,pelo Vice-Presidente do Governo Regio-nal, 16 cartas de conforto, destinadas a ga-rantir operações de crédito que ascenderama 50,6 milhões de euros.”

Paga Zé, que os outros só assinam ospapéis...

Isto para não falar do seguinte primorde uma empresa fora do perímetro orça-mental: “A posição financeira consolidadado grupo SATA evidenciava o agravamen-to da situação de falência técnica, já queapresentava capitais próprios negativos de94,6 milhões de euros (-78,5 milhões deeuros em 2015)”.

É este o cartão de visista de mais deduas décadas de governação de SérgioÁvila.

Note-se que no orçamento de 2017continuava a haver mais endividamento doorçamento regional e mais através das em-presas.

Igual registo acontece em 2018, commais 60 milhões autorizados no orçamentoda administração regional e mais avales daordem dos 130 milhões.

Lá vai que foi aprovada uma propostado PSD para proibir as cartas de conforto.Mas vai-se lá saber em que isto dará, dadosos buracos tapados aqui, ali e acolá, portodo o lado.

O mal, que já era visível a olho nu, fi-cou agora melhor diagnosticado pelos Juí-zes do Tribunal de Contas: enfardamentocrónico de uma rede pública de influênciasque se estende de Santa Maria ao Corvo, àcusta de todos nós, contribuintes.

Um tal enfardar de dívidas para criaruma região que se diz “Autónoma”, 40anos depois, recheada de empresas públicasfalidas, a engrossar a fileira do RendimentoSocial de Inserção, de forte abandono es-colar e de uma população que morre sentadaà espera de uma cirurgia ou de um médicode família.

É isto o ”novo ciclo”?

Telefone e fax: (514) 849-9966Alain Côté O.D.

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Feliz Natala todos!

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Não duvidem. O futuro já chegou eveio a galope pelo caminho equóreo das espu-mas, este mar sanhudo que tanto inspirou opoeta Cruz e Sousa. Este foi o sentimentoque perpassou enquanto eu assistia as sucessi-vas falas durante a 2ª reunião Ministerial e Diá-logo de Alto Nível Indústria-Ciência-Governosobre Interações Atlânticas, tendo como pro-pósito discutir as estratégias para a implemen-tação do Atlantic International ResearchCenter, o AIR Center que terá sede na IlhaTerceira (Açores, Portugal) e contará com aparceria de institutos de pesquisa, organizaçõesgovernamentais e privadas, universidades dosquatro continentes. Trabalhar em comunidade,numa interação científica e humanitária profí-cua, em busca da solução dos problemas doOceano Atlântico. Promover o conhecimento,de modo a identificar as nossas potencialidadesnuma efetiva cooperação científica e tecnoló-gica. O Air Center objetiva compreender osecossistemas marinhos e as inter-relações en-tre oceanos, mudanças climáticas, produçãode alimentos e sistemas de energia, assim comoentender a dinâmica e os sistemas de circulaçãodo oceano Atlântico interconectados desde aAntártida até ao Ártico.

Vale reiterar que o Air Center é uma organi-zação científica internacional criada e lideradapor Portugal, que pretende formar uma redede instituições de ciência, tecnologia e inova-ção visando à promoção de uma abordagemintegradora do conhecimento sobre observa-ção da Terra, mudanças climáticas, mar profun-do e análise e cruzamento de mega dados (bigdata).

Esta 2ª reunião, ocorrida nos dias 20 e 21de novembro passado, teve por palco a cidadede Florianópolis e por cenário a beleza exube-rante da Ilha de Santa Catarina enlaçada peloazul intenso do mar. Tudo conspirou para oclima de integração dos participantes, inclusivea escolha do local do encontro – Centro deEventos Arquipélago dos Açores, sala IlhaTerceira, no Costão do Santinho. Vozes deAngola, Argentina, Brasil, Cabo Verde, Co-lômbia, Estados Unidos, Índia, Nigéria, Portu-gal, Espanha, Uruguai e da Comunidade Euro-peia ecoaram uníssonas em seu apoio ao AirCenter que avançará no estabelecimento de

A INTERAÇÃO DA COMUNIDADE ATLÂNTICA

UM OLHAR PARA O FUTURO“A nossa lavoura futura será no mar.”

Daniel de Sá

• Por Lélia PEREIRA NUNES

parcerias em projetos colaborativos, de acordocom as prioridades dos países alinhados.

Na sessão de abertura, o ministro da Ciên-cia, Tecnologia, Inovações e Comunicaçõesdo Brasil, Gilberto Kassab, disse que a efetivacooperação internacional e a articulação de for-ças entre os países, a circulação de experiênciase do conhecimento científico contribuem parao desenvolvimento sustentável. É sem dúvida,um exercício de cooperação. É preciso que sefaça ciência para beneficiar a sociedade e o pró-prio oceano, preservando e protegendo o nos-so tesouro azul.

O governador de Santa Catarina, Raimun-do Colombo, como anfitrião do evento, desta-cou a importância de sediar este encontro quepotencializa, integra e fortalece nosso estadocomo referência, estabelecendo laços de intera-ção com outros países. Pois, Santa Catarina éum polo reconhecido por sua relevância na á-rea de tecnologia e pesquisa oceânica. Diantedeste contexto, não posso deixar de citar o ex-celente desempenho da Universidade Federal eSanta Catarina – UFSC e da Fundação de Am-paro a Pesquisa de Santa Catarina – FAPESCcomo agentes valorosos no sistema nacionalde tecnologia e inovação para os oceanos. Évisível o interesse e o comprometimento deSanta Catarina com o projeto inovador doAIR. O presidente da FAPESC, Sergio LuizGargioni, durante esta 2ª reunião, firmou coma Fundação para Ciência e Tecnologia – FCT,no ato representada por Paulo Ferrão, o “Me-morando de Entendimentos” para promovero intercâmbio de cooperação científica e tecno-lógica e potencializar o processo de pesquisaem áreas de interesse de Brasil e Portugal, vi-sando a implantação e a consolidação de açõesdo Air Center.

Para a ministra do Ensino Superior, Ciên-cia, Tecnologia e Inovação de Angola, Mariado Rosário Bragança Sambo, o AIR Center, a-lém de pôr em rede vários países, várias institui-ções, oportunizando a interação de conheci-mentos e experiências, vai promover mais de-senvolvimento econômico e gerar mais em-prego para os países envolvidos. “O grandebenefício é conhecer melhor todas es-sas potencialidades e utilizar esse conhecimen-to para a criação da inovação e desta formaentão beneficiar as populações no geral”, des-

tacou Maria do Rosário em sintonia com a re-alidade social de muitos países cuja populaçãoé significativamente jovem e apresenta umaalta taxa de desemprego.

A proposta para a construção do Air Cen-ter partiu do governo de Portugal, sendo lidera-da por Manuel Heitor, ministro da Ciência,Tecnologia e Educação Superior. O ministroManuel Heitor em todas as suas intervençõesdeixou muito claro que se a liderança na criaçãodo AIR Center foi de Portugal, a manutençãodesse grupo, o avanço e consolidação desseprojeto dependem, fundamentalmente, de umaabordagem integradora e do esforço coletivo.Na conversa polida e amável percebia-se o arti-culador nato na condução da cimeira. Seu falarconfiante e transparente uniu autoridades go-vernamentais e privadas, cientistas e fundaçõesde pesquisas em torno do estabelecimento deuma agenda de integração do AIR Center. Disseo ministro Heitor Manuel: “Nós temos umgrande percurso à nossa frente porque o conhe-cimento ainda é muito dividido e por isso oAIR Center tem a missão de integrar diferentestecnologias, com diferentes fontes de conheci-mento em diferentes partes do Atlântico, doSul com o Norte, do Norte com o Norte e oSul com o Sul.” Dito assim podemos entenderque é “um oceano só” e que, para o bem dahumanidade, fazer pesquisas oceânicas comcooperação internacional é a solução para asse-gurar a nossa lavoura do futuro – o mar.

Com referência a localização do Air Cen-ter nos Açores, a comunidade científica inter-nacional considera como um local de excelên-cia, acima de tudo, por causa da posição geográ-fica privilegiada no Atlântico Norte e as con-dições logísticas já existentes. Com a futuradesocupação de parte da Base das Lajes, naPraia Vitória, pelos Estados Unidos, a áreaprivilegiada é o local ideal para o estabelecimen-to físico do AIR Center.

O açoriano da Ilha do Faial, Gui Menezes,secretário regional do Mar, Ciência e Tecnologiaque tem a responsabilidade de gerir – o Mardesse mundo de Ilhas – um dos principais ve-tores de desenvolvimento dos Açores reconhe-ce a importância e a grandiosidade do projetoAIR e está ciente que sua concretização depen-derá da vontade política e econômica de váriospaíses. Na sua breve estadia em Florianópolisnão se surpreendeu ao encontrar tantos sinaishistóricos e culturais da presença açoriana, des-

de o patrimônio edificado até o jeito de falar, de ser eestar do nosso ilhéu de Santa Catarina. Aliás, este foium dos fatores elencados que definiu a vinda destareunião de alto nível para Florianópolis – “havia umlink muito claro do estado de Santa Catarina com oAçores, pela tradição histórica e cultural açoriana aquipresente e muito viva”, enfatizou Andrei Polejack,Coordenador-Geral de Oceanos, Antártica e Geo-ciências do MCTCI do Brasil em entrevista à imprensalocal.

A formalização da criação do Air Center e da co-missão responsável pela implementação desta pla-taforma internacional e intergovernamental ocorreucom a assinatura da “Declaração de Florianópolis”por Portugal e Brasil, Espanha, Angola, Cabo Verde,Nigéria, Uruguai, juntamente com o Governo Regi-onal dos Açores. Subscreveram o documento os re-presentantes de instituições, fundações, organizaçõesgovernamentais e privadas, bem como empresáriosdo setor, parceiros do AIR. Um projeto aberto a no-vas adesões, enfatiza Manuel Heitor. A próxima reu-nião ocorrerá em maio de 2018, na cidade de Mindelo,Cabo Verde.

Finalizo com um componente mítico e culturaldesta Ilha dos casos e ocasos raros. Falo da antológicaapresentação do espetáculo “1717” pela Dois PontosCia de Dança Teatro. A obra tem como tema a históriade Nossa Senhora Aparecida, cuja imagem foi encon-trada em outubro de 1717 no rio Paraíba do Sul, (SP),e que se tornou o ícone religioso nacional. Numamescla de arte, religiosidade e imaginário popular acoreografia costura vários estilos samba, forró, aché,danças urbanas e clássica por trilhas sonoras de ChicoBuarque, Maria Betânia, Alceu Valença até Vivaldi, re-fletindo a grande diversidade cultural deste imenso ar-quipélago chamado Brasil.

A interação da alma atlântica estava ali unida numsentir maior de paz e de irmandade, onde não faltou abenção da Nossa Senhora da Conceição Aparecidanem a magia de Iemanjá, a rainha do mar. L P

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Página 97 de dezembro de 2017 LLLLL u su su su su s oooooPPPPP r e s s er e s s er e s s er e s s er e s s e

IGREJA BAPTISTA PORTUGUESADomingos às 15H00 – Pregação do Evangelho6297 Ave. Monkland, (NDG) Montreal

http://www.madisonbaptistmontreal.com/portugues.htmlTel. 514 577-5150 – [email protected]

emigrantes para Portugal, mais de 3.300 mi-lhões euros”.

Destacou ainda o aumento, “incessante,na procura de cartões de cidadão, na renovação,na procura de passaportes, de vistos para Por-tugal, para turismo e para investir em Portu-gal”.

“Em 2016 alcançámos mais de 1.960 mi-lhões de atos consulares na rede de todo omundo e que este ano ultrapassaremos, signi-ficativamente, os dois milhões de atos consula-res”, referiu, sublinhando que aqueles valoresque “os portugueses que saíram, nas diferentesgerações, continuam a acreditar e a olhar parao futuro do seu país com muita esperança”.

Com o tema “Conhecer para Investir”, oencontro resulta de uma iniciativa conjunta daSecretaria de Estado das Comunidades Portu-guesas, do Gabinete de Apoio ao Investidorda Diáspora (GAID) e da Câmara de Viana doCastelo.

O presidente da Câmara local e líder daComunidade Intermunicipal do Alto Minho,José Maria Costa disse que este encontro vaiservir para “mostrar o trabalho que tem vindoa ser feito na captação de investimento e a es-tratégia de internacionalização de Viana doCastelo”.

“Segundo números do Instituto Nacionalde Estatística (INE), Viana do Castelo foi, em2016, o oitavo município mais exportador donorte do país. Em 2011 tínhamos exportaçõesno valor de 400 milhões de euros e, em 2016,ultrapassámos os 800 milhões de euros. Sendouma região amiga do investimento e amiga deoportunidades de investimento esta é umaoportunidade de ouro”, frisou.

Promover a dinamização do tecido empre-sarial da diáspora portuguesa e do seu duplopotencial, enquanto origem de fluxos de inves-timento e destino de iniciativas de diversifica-ção de mercados por parte de empresários por-tugueses, ao nível das micro e pequenas empre-sas, partilhar experiências e criar uma rede detrabalho são os objetivos do encontro.

O programa foi concebido em torno depainéis dedicados a oportunidades, instituiçõese instrumentos de apoio ao investimento, mo-delos de associação e participação em rede, fo-cados nas universidades, câmaras de comércioe indústria portuguesas no estrangeiro e outrasformas de associativismo empresarial da diás-pora.

O papel das autarquias, regiões, coopera-ção regional e transfronteiriça serão outros dostemas dos painéis a lançar por membros doGoverno com a participação de instituições eentidades nacionais nas áreas do investimentoe empreendedorismo com origem ou destinona diáspora.

Há ainda dois painéis adicionais para apre-sentação de iniciativas e casos concretos deempreendedorismo da diáspora.

DIÁSPORA...Cont. da pág 1

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GRUPO DE FOLCLORE ‘CASA DE PORTUGAL’...

RENOVA ÓRGÃOS SOCIAISA Direção do Grupo de Folclore ‘Casa de Portugal‘, no Principado de Andorra,

acaba de renovar os órgãos sociais para o período 2017-2019.A entidade cultural fundada a 1 de maio de 1996 continuará presidida por Tomás Pi-

res de Jesus, Vania Novais renova como vice-presidente e José Luis Carvalho como se-cretário e diretor artístico. O cargo de tesoureiro passa a ser ocupado pelo jovem PatrickFerreira e os vogais serão Candida de Barros,Manuel Gonçalves e Cami Medeiros, que tam-bém assume a coordenação do trajar.

Durante os próximos dois anos, a novaDireção terá a missão de coordenar a intensaatividade cultural da coletividade, manter a re-presentatividade da cultura tradicional portu-guesa nos Vales de Andorra e fomentar os in-tercâmbios com as instituições e entidades an-dorranas de forma a enriquecer a oferta culturaldo Principado.

Os cerca de 60 membros do Grupo ini-ciam a atividade no mês de janeiro com a tradi-cional visita das Janeiras e tem prevista a reali-zação do seu Festival Internacional de Folclorea finais de abril. Outras participações, como aFesta da Diversidade, em maio, o mercado tra-dicional “O Feirão”, em julho, e a Feira de As-sociações, em outubro, são outras das inicia-tivas culturais e de presença da portugalidadeem Andorra.

Situada na Carretera de la Comella, 10, dacapital do Principado, Andorra la Vella, a sedesocial é o ponto de encontro da cultura tradi-cional portuguesa e está aberta a todos aquelesque querem iniciar-se na dança e música tradi-cional.

Agradecemos a Vossa atenção e disponi-bilidade.

José Luís CarvalhoDiretor-Artístico

Grup de Folklore ‘Casa de Portugal’

Ctra. De la Comella, 10 BAD500 Andorra la VellaPrincipat d’Andorra.

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Página 107 de dezembro de 2017 LLLLL u su su su su s oooooPPPPP r e s s er e s s er e s s er e s s er e s s e

NO SALÃO NOBRE, EM SANTA CRUZ

«NAS ASAS DA MEMÓRIA»• Por Norberto AGUIAR

A Homenagem a Acácio Vieira Januá-rio, poeta e antigo controlador aéreo, organiza-da pela sua filha Ilda Januário, com a colabora-ção dos Amigos da Biblioteca José D’Alman-sor, teve lugar na tarde do passado domingo,no Salão Nobre do complexo Santa Cruz.

A cerimónia começou com a intervençãodo padre Fong, que desejou as boas-vindas atodos, ao mesmo tempo que adiantava quenão, que não era poeta...

Veio a seguir Ilda Januário, que fez o pontoda situação e alargou a sua intervenção ao pro-grama da tarde, composto de três partes: home-nagem ao poeta e à ilha de Santa Maria (Aço-res); declamação de poemas e música; dançasfolclóricas.

Antes, porém, Joaquina Pires apresentouIlda Januário, como já se disse, filha de AcácioVieira Januário e grande responsável pela pro-moção da homenagem.

Ilda Januário nasceu em Famalicão da Na-zaré, mas podia ter nascido, como, aliás, osseus dois irmãos – rapaz e rapariga – na ilha deSanta Maria, nos Açores. Emigrou para o Cana-dá em 1966 com a mãe e o irmão – a irmã nas-ceu e morreu em Santa Maria, onde está enterra-da –, para vir juntar-se ao pai. Em Montrealcompletou os estudos secundários e universi-tários. Desde logo implicou-se na comunidade,ajudando de resto a fundar o Grupo CulturalCana Verde, com as amigas Lídia Ribeiro, Joa-quina Pires, assim como Fernando Pires e ou-tros. Depois mudou-se para Toronto, ondevive, desde 1982. Aqui fez carreira como pesqui-sadora na Universidade de Toronto, além de

trabalhar como voluntária na comunidade.Foi então a vez de Ilda Januário relatar co-

mo surgiu a ideia de homenagear o pai. Pai quefoi seminarista até aos 23 anos. Depois tor-nou-se controlador aéreo e foi transferido paraos Açores (ilha de Santa Maria). Foi o primeirocontrolador de tráfego aéreo a ser ali colocado.Estava-se em 1946. Problemas entre chefias ealguns subordinados, ele que era chefe de turno,fizeram-no deixar os Açores em 1954. Traba-lhou depois no Porto e em Cabo Verde, e em1961 emigrou para o Canadá. Aqui foi profes-sor do ensino secundário e chegou a viver nosTerritórios do Noroeste. Reformou-se e foiviver para St-Mathias-de-Bonneterre, nos Can-tões do Leste. Faleceu em 2001.

Antes de morrer, Acácio Vieira Januário,que era natural de Famalicão da Nazaré, realizouo sonho de publicar o livro de poemas (1942-1978) Samouco. Este livro, agora, serviu deponto de partida para esta homenagem, e ou-tras, particularmente a que foi realizada em San-ta Maria, para onde Ilda Januário se deslocouem agosto de 2016, regressando assim a umaterra onde viveu quatro anos, mas que não fi-cou com nenhuma memória desse período dasua vida.

Na visita que fez à ilha no ano passado,Ilda Januário percorreu os lugares onde viveuparte da sua infância. Foi ao bairro de São Lou-renço, visitou o antigo Hotel Terra Nostra,hoje dá pelo nome de Hotel de Santa Maria,esteve no Clube Asas do Atlântico, onde deuuma entrevista, andou pelo bairro de SantaBárbara, pelo barracão do aeroporto; aeropor-to que antes tinha três pistas e agora só temuma... E visitou a torre de controle, a capela,onde o padre de Vila do Porto, capital da ilha,

apesar de ter carro, recusava-se a ir ali para rezara missa... Mas então houve queixa ao Bispo deAngra e a missa acabou por ser então oficiali-zada.

Construído pelos americanos no tempoda Guerra, o Aeroporto de Santa Maria, quechegou a ter três mil pessoas de fora da ilha,passou para a administração portuguesa em1946. Militar, porém, continuou a ser o Aero-porto das Lajes (Terceira), onde os americanosainda lá estão hoje...

Neste vaguear por Santa Maria, Ilda Janu-ário quis simultaneamente homenagear o paie a ilha, marco importante na vida do seu pro-genitor que em termos de despedida disse que«Sinto que deixo esta terra com saudade. (...)Deixo o mar imenso à volta, esse isolador físi-co do espírito, a aridez do campo nas abegoariaspedregosas, os vales cortados a pique, as ven-tanias impertinentes, as nuvens variadas econstantes ao dia, o azul pardacento do céulimpo da noite...».

A segunda parte da homenagem foi pre-enchida com declamação de poesias do autor.Foi Elizabeth Carreiro, uma lusodescendentemuito virada para a comunidade, que se encar-regou da declamação. E fê-la com mestria, poisdomina o português de forma escorreita. Oprimeiro poema apresentado foi «Espera».

Entretanto, Minah Jardim, que nasceu emLisboa e andou por África, tendo chegado aser «Rainha da Rádio de Angola», em 1963,musicou e cantou alguns dos poemas de Vieira

Januário. Ouviram-se, então, as canções de Mi-nah Jardim, mas apenas em apresentações gra-vadas, isto por razões de ordem técnica, comofoi dito na ocasião, já que a artista ali estava emcarne e osso.

«Barro vermelho», «Cantigas ao mar»,«Moinhos», este fruto de um trabalho de pes-quisa na região da Nazaré, foram poemas deAcácio Vieira Januário, cantados por MinahJardim.

O primeiro lançamento do livro Samoucoteve lugar em Toronto, em novembro de 1996.Vinte anos depois procedeu-se ao lançamentodo CD da autoria de Minah Jardim, com a cola-boração de Ilda Januário e do músico NelsonGago da Câmara, responsável pelos arranjos.

Entretanto, descobriu-se que já havia parti-turas das obras «Barro Vermelho do Monte» ede «Moindos da Cordezina», dos colaboradoresViriato Pacheco da Costa e de Augusto Trigo,datadas de 1947...

Finalmente, o resultado de todo este tra-balho, resultou num CD com sete poemas,feitos canções e cujo título é «Mar fui, barrosou, vento serei...».

Veio depois a atuação do Rancho Portu-guês de Montreal, que cantou a Vila da Nazarésob todas as suas formas.

Este encontro, que teve pouca aderênciapara a qualidade apresentada, acabou com umagradável Porto de Honra e a venda dos exem-plares de Samouco então disponíveis.

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ANA ISABEL ARRUDA FERREIRA

“PINTO PALAVRAS”• Por Carlos DE JESUS

Para o lançamento do seu último livro“Pinto Palavras”, a escritora Ana Isabel ArrudaFerreira esteve entre nós, em Montreal, noCento Comunitário Santa Cruz, no passadodia 24 de novembro.

Este evento foi uma iniciativa da Coorde-nação do Ensino de Português no Estrangeiro– Canadá (CEPE) de parceria com os amigosda Biblioteca José d’Almansor.

Com a sala bem repleta dos seus leitores eadmiradores, a escritora foi apresentada porInês Faro em representação do CEPE emMontreal e Adelaide Oliveira, escritora, em re-presentação dos Amigos da Biblioteca.

Ana Isabel Arruda tinha já estado entrenós, há um ano, por ocasião do lançamentodum outro livro da sua autoria, destinado aopúblico infantil “A Viagem do Pai Natal aosAçores”.

Natural dos Açores, nasceu e vive emPonta Delgada, é licenciada em Ciências daEducação, com pós-graduação em Adminis-

tração Escolar. Para além do seu percurso naárea pedagógica, escritora e poeta, Ana Isabelestá também ligada ao teatro infantil para oqual tem escrito e encenado várias peças.

Neste livro que veio agora apresentar ànossa comunidade “Pinto Palavras – Poemasde mim e de ti” é pela mão da poesia que a au-tora partilha com o leitor os seus estados dealma, os seus horizontes, as suas ilhas. Oraacariciada pelo Sol, ou pelo vento; envolta embrumas ou perdida na neblina; embalada pelomar ou pelo cântico dos búzios; extasiada pe-las hortênsias ou pelos jarros brancos; à som-bra das criptomérias ou da garganta dum vul-cão, a inspirada poetisa, com maestria e sensi-bilidade, leva o leitor pela mão até às suas ilhas.

Durante a apresentação do livro, foram li-dos vários poemas desta obra, ora na voz daautora ou de Adelaide Oliveira. Houve aindaum momento musical pelo acordeonista aço-riano José de Melo. Seguiu-se um período deperguntas e resposta com o público. No finalfoi servido um porto. L P

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Página 117 de dezembro de 2017 LLLLL u su su su su s oooooPPPPP r e s s er e s s er e s s er e s s er e s s e

MORREU DAVID DIASFoi-se um dos nossos maiores!

O que me falta(ou) dizer• Por Norberto AGUIAR

O Senhor David Dias foi o que se pode dizer um me-cenas nesta comunidade! Não só promovendo, a custos do seusuor, o país em que nasceu no Canadá, como ainda trazendomuitos artistas para a descoberta dum mercado novo...

Mas o Senhor David Dias também ajudou muito as organi-zações locais. Concedendo apoios publicitários e não só. Decerteza que as pessoas ainda se lembram dos elencos fadistas doSolmar enviados aqui e ali de maneira a ajudar as promoções fes-tivas dos clubes e associações comunitários... Que eu saiba, oSenhor David Dias a todos sempre quis ajudar.

Também os órgãos de Informação comunitários merece-ram o seu apoio e carinho. Primeiro, ao comprar espaços publici-tários e, depois, tratando-os com o mesmo respeito que dedicavaà Média nacional. Famosos eram também os seus «encontrosde Imprensa», de apresentação da programação anual «Abril emPortugal, no Solmar», quase sempre levados a efeito em feve-reiro/março. Nessas ocasiões alguns participantes relatavam oacontecimento. Outros nem isso. Mas nunca ouvimos um la-mento sequer da sua parte a contestar esse facto ou a criticar umartigo que não fizesse jus ao seu trabalho. Um gentlemen, quoi.

O Senhor David Dias também foi amigo do LusoPresse.Apoiou o jornal desde a primeira hora com a compra de publi-cidade. E colaborou connosco em várias iniciativas. Estou-mea lembrar da reunião que fizemos com todos os colaboradoresdo LusoPresse, em St-Jovite, no seu manoir. Ainda hoje falamosnisso. Nas festas de Natal dos primeiros anos do jornal, o Se-nhor David Dias sempre arranjou maneira para nos fazer umpreço acessível.

Certa vez, apoiou-nos por ocasião da visita da Tuna dasEngenheiras da Universidade Fernando Pessoa, do Porto, umacarga de trabalhos como nunca visto – merece texto à parte, emocasião oportuna. Também foi sensível, numa outra ocasião,quando organizei uma reunião sobre o estado do leitorado por-tuguês na Universidade de Montreal, levada a efeito no seu restau-rante, com a presença do cônsul português da altura e outraspersonalidades, e que nós, por sermos o motivador, tivemos depagar o total da fatura! E ainda foram à volta de 10 pessoas!!!Com razão, o Senhor David Dias ficou escandalizado por todos– menos um, verdade seja dita – terem saído sem terem pedida aadição...

O Restaurante Solmar também colaborou na primeira festado então Círculo Socialista Antero de Quental, que na ocasiãocontou como preletor o professor universitário Onésimo Teo-tónio Almeida, naquela que terá sido a sua primeira intervençãopública na comunidade portuguesa do Quebeque.

Muitas mais colaborações recebemos do Senhor David Dias.Como a vez que nos dispensou os seus aposentos para que fi-zessemos uma entrevista ao popular cantor José Alberto Reis,também conhecido pelo Julio Inglesias português, para a LusaQTV...

E que dizer dos inúmeros profissionais de restauração queformou nas suas instalações, hoje disseminados por tudo quantoé canto em Montreal? Os exemplos são flagrantes, como sepôde ver quando marcaram presença nas duas festas de homena-gem que lhe dedicaram meses antes de falecer...

É por tudo isto e muito mais que consideramos que a Me-dalha que recentemente lhe foi atribuída pela Assembleia da Re-pública e entregue pelo deputado José Cesário poucas semanasantes da sua morte, foi muito pouco para um HOMEM que tu-do deu a esta comunidade.

Assim sendo, a nossa proposta é de que lhe seja atribuídauma comenda a título póstumo, nem que para isso se proceda aum abaixo-assinado na comunidade. Processo que de resto jáfoi seguido para honrar outros comendadores comunitários.

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JOSÉ VIEIRA, O CINEASTA DA EMIGRAÇÃO PORTUGUESA• Por Daniel BASTOS

A 11.ª edi-ção do Lisbon & Sin-tra film Festival, umFestival Internacionalde Cinema que se rea-lizou entre 17 e 26 denovembro, e que se a-firma como um dos maiores eventos culturaisem Portugal, incluiu este ano na sua programa-

ção uma retrospetiva do realizador José Vieira, aclamado cineasta daemigração portuguesa.

Natural de Oliveira de Frades, uma vila da Beira Alta situada no dis-trito de Viseu, José Vieira partiu para França em 1965, com sete anos deidade. A sua experiência pessoal como emigrante e as muitas históriascompartilhadas com outros emigrantes em terras gaulesas, inspiraramassertivamente o percurso profissional do realizador que vive e trabalhaentre Portugal e França.

Licenciado em Sociologia, José Vieira fez do documentário “umaforma de militância”, porquanto se apercebeu de que a maioria das pes-soas “não conheciam a história da emigração portuguesa”, como afir-

Cont. na pág 12

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Página 127 de dezembro de 2017 LLLLL u su su su su s oooooPPPPP r e s s er e s s er e s s er e s s er e s s e

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TRÊS RITMOS. UMA VOZ: SUZI• Por Raul MESQUITA

Piano, contrabaixo, bateria, percussão,guitarra eléctrica e acordeão, panóplia de ins-trumentos que a Suzi escolheu para fazer amúsica do Fad’AZZ, um “projeto musical hí-brido e mestiço” como a artista afirma na suaapresentação do espetáculo, que teve lugar noanfiteatro Óscar Peterson da UniversidadeConcórdia em Montreal, no passado dia 30 denovembro.

Patrocinado pelo Consulado-Geral dePortugal e pelo Instituto Camões, teve a pre-sença do titular português – Dr. José Guedesde Sousa – e de diversos representantes consula-res dos países acreditados na Província e noCanadá. Os portugueses ocuparam o resto doslugares em número bastante considerável. Casapraticamente cheia, o que por si só explica ointeresse e carinho da população lusa pela artis-ta e por este tipo de promoção cultural, umtanto fora dos carris habituais.

Na sua alocução, após a introdução daapresentadora de serviço – a funcionária con-sular Cláudia Chin – o Cônsul-Geral manifes-tou a sua alegria pela presença de tantos convi-dados estrangeiros e de gente portuguesa, elo-giando a iniciativa de Suzi Silva na tentativa daaproximação do Fado – vibrantemente canta-do em todo o lado onde houver portugueses –com outros tipos de música, de ritmos, inter-ligando as caraterísticas musicais de cada género,passando do timbrado fadista aos sons do jazzlatino ou da bossa-nova, profundamente brasi-leiros.

Mas de Suzi e o seu Fad’AZZ cheio debom senso e bom gosto, diria talvez Lopes-Graça mais ou menos isto: “é à sua incansávelatividade e ao seu espírito empreendedor, dotesque nela vão a par duma admirável cultura ede uma inabalável inteireza de caráter,” aquem se fica a dever este período brilhante dasua história musical, com este tipo de iniciativasque se tornam em referências quase essenciais,numa modernização – sem perder a parte tra-dicional – da música portuguesa.

Porque é isso, quanto a mim, o que se dis-tingue deste cruzamento de sons e cores, graçasao trabalho dos arranjos musicais que a artistase empenhou a realizar, juntamente com a poe-sia dos temas. Em qualquer destes interpre-tados por Suzi, sobressaem os inconfundíveistons do Fado que a sua voz reaviva com natu-

ralidade. Tem força. Tem vida. É Fado. E servede base a este arranjo musical, entremeado deoutros sons, que nada estragam, antes pelocontrário, o valorizam.

E a experiência foi, certamente, valorizan-te. O espetáculo de Suzi compositora, que sefez acompanhar de Yannik Anctil no piano,Vincent Compagna no contrabaixo, BrunoRoy percussionista e bateria, Yvon Garzon naguitarra e Sérgio Popa ao acordeão, valeu a penae será, não tenhamos dúvidas, uma referênciaa ser utilizada pelos amantes fazedores da mú-sica.

Para quem se interroga sobre o quem é aSuzi Silva, transcrevemos um resumo da suabiografia musical, tal como ela própria escre-veu. Diz assim: nascida em Portugal, emigroupara o Canadá com apenas 6 anos de idade.Aos 11 anos, produziu-se numa casa de Fadoslocal, no meio da Comunidade Portuguesa deMontreal, tendo surpreendido mais do que umpela sua frescura e natural interpretação. Depois,não cessou de cantar. Voltou a Portugal algunsanos mais tarde e, nunca pondo de lado o Fado,explorou outras facetas da musica portuguesa,tradicional e contemporânea, assim que de ou-tros países. Em 2011 começa os estudos emJazz e frequenta o Curso de Jazz da AssociaçãoCultural Sítio de Sons (Coimbra) e mais tardeo Conservatório de Música Jobra (Albergaria-a-Velha) onde trabalhou com a professora Lui-sa Vieira (Berklee College of Music).

Regressou ao Canadá em julho de 2013perseguindo a pesquisa da sua identidade mu-sical: a sua intenção é de consagrar-se inteira-mente à música. Em 2014 foi admitida no pro-grama de interpretação Jazz na Universidadede Montreal e desde então tem-se produzidoem cenas de jazz e world music. Como artistaconvidada, tem manifestado a sua versatilidadepartilhando os palcos com reconhecidos artis-tas de diversos meios.

A sua carreira como cançonetista e intér-prete passa pela unificação do jazz, da bossa-no-va e do incontornável Fado. Mais recente-mente,como compositora, lançou-se com o seu projecto“Fad’AZZ”, numa experiência musical onde secruzam Fado, Jazz e Músicas do Mundo.

Suzi Silva, que conta com um excelentepalmarés de atuações nas melhores salas dogénero em Montreal e Laval, em toda a Pro-víncia do Québec e nos Estados Unidos, estaráhoje, 7 de dezembro, em Otava, na sala Hu-guette Labelle, Tabaret Hall.

mou no ano passado em entrevista à agênciaLusa.

Desde a década de 1980, o cineasta luso-descendente realizou uma trintena de docu-mentários, nomeadamente para a France 2,France 3, La Cinquième e Arte, onde tem abor-dado sobretudo a problemática da emigraçãoportuguesa para França. Em particular a viagem“a salto”, ou seja, o trajeto clandestino paradeixar Portugal rumo a França nos anos 60 e70, e as condições de vida miseráveis de muitoscompatriotas que nessa época habitaram nos“bidonvilles” (bairros de lata) em Paris.

Na retrospetiva que lhe foi dedicada noLEFFEST2017, festival que procura reunir oque de melhor se faz no mundo da 7ª arte, esti-veram em destaque oito películas suas realizadasentre 2002 e 2016. Como por exemplo, “A fo-tografia rasgada” (2002), onde José Vieira re-trata o código da fotografia rasgada do “passa-dor”, que guardava metade da fotografia dequem emigrava e a outra levava-a o emigranteque, uma vez chegado ao destino, a remetia àfamília, em sinal de que chegara bem e que po-deria ser concluído o pagamento pela sua “pas-sagem”.

Os documentários “O país aonde nuncase regressa” (2005), “Le bateau en carton”(2010) e “A ilha dos ausentes” (2016), que decerto modo descrevem a sua própria experiên-cia de emigrante, estiveram igualmente em focono festival, e são parte integrante do valiosotrabalho cinematográfico de José Vieira sobreos protagonistas anónimos da história portu-guesa que lutaram além-fronteiras por uma vidamelhor.

JOSÉ VIEIRA...Cont. da pág 11

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Página 137 de dezembro de 2017 LLLLL u su su su su s oooooPPPPP r e s s er e s s er e s s er e s s er e s s e

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PARA A ASSOCIAÇÃO DOS MUNÍCIPIOS DA REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES

CRISTINA CALISTO FOI ELEITA PRESIDENTENo dia 28 de novembro, reuniu a

Assembleia Intermunicipal da AMRAA, paratomada de posse dos seus membros e eleiçãodo Conselho de Administração e respetivo Pre-sidente, bem como para eleição da Mesa deAssembleia Intermunicipal.

Na referida reunião Cristina Calisto, Presi-dente da Câmara da Lagoa, foi eleita presidentedo Conselho de Administração da AMRAA,por unanimidade dos votos dos autarcas pre-sentes.

A autarca lagoense destacou-se nas últimaseleições autárquicas do mês de outubro, obten-do uma expressiva maioria de cerca de 70%dos votos dos lagoenses, sendo reconhecidapelos demais autarcas como a figura indicadapara defender o Poder Local açoriano nos pró-ximos quatro anos. Acompanham a autarcada Lagoa no órgão executivo da AMRAA Ti-bério Dinis (Praia da Vitória), Luís Maciel (La-jes das Flores), Ricardo Rodrigues (Vila Francado Campo) e José Soares (Madalena).

Como presidente da Assembleia Intermu-nicipal foi eleito José Leonardo Silva, Presiden-te da Câmara Municipal da Horta.

Cristina Calisto, em declarações, afirmaque “honrará o voto de confiança que lhe foiatribuído pelos demais autarcas e que fará opossível para defender e afirmar o Poder Localdos Açores nos próximos anos”. A nova Presi-dente da AMRAA afirmou ainda que existemdossiers nos quais trabalhará com mais rigor ededicação, tentando criar canais de comunica-ção entre a AMRAA, o Governo Regional doAçores e os órgãos de soberania, no sentidode assegurar um diálogo contínuo que permitaviabilizar da melhor forma as “pretensões eambições” dos municípios açorianos. Disse

ainda que, no plano europeu e internacional,no que respeita a projetos e participação emorganismos europeus, como a Confederaçãode Municípios Ultraperiféricos, privilegiaráuma aproximação aos parceiros e às institui-ções, de modo a que os municípios açorianospossam ter também uma palavra a dizer noque concerne à formatação futura do financia-mento comunitário.

Informou ainda que reunirá de imediatoo órgão executivo da AMRAA, de modo aoperacionalizar linhas de atuação para os pró-ximos 4 anos e anunciou, desde logo, que jámarcou reunião com o Secretário de Estadodos Assuntos Fiscais, a fim de encontrar umaresolução definitiva para o assunto da devolu-ção do valor de participação variável no IRS,relativo aos anos de 2009 e 2010, ainda em dí-vida para com os municípios dos Açores.

NO CENTRO COMUNITÁRIO SANTA CRUZ...

«GALA DOS ARTISTAS» COM CONVIDADOS• Por Anália NARCISO

Cristina Calisto.

graça e beleza. Foram mais alguns minutosbem passados e que ninguém estaria à espera,por ser... diferente.

Já a atuação do duo brasileiro, Leo e Lean-dro, que nos disseram serem nomes artísticos,deu-se aos gritos da assistência! Naturalmentecom predominância da gente feminina, que oshomens, nestas coisas, parecem-nos ser sem-pre muito mais comedidos...

Se a pista de dança, até à chegada dos doiscantores brasileiros, esteve sempre bem preen-chida, a partir daquele momento não só conti-

A quinta «Gala dos Artistas» da comu-nidade montrealense, de gala só teve mesmo onome, pois artistas do seu seio, que atuaramnesta soirée dedicada a eles, só teve apenas co-mo presença o cantor Eddy Sousa, que por si-nal teve papel assaz importante ao preenchertoda a primeira parte do espetáculo com brio emuita animação, tão ao gosto das cerca de 400pessoas presentes na sala do Centro Comunitá-rio Santa Cruz, na noite do passado sábado.

Com efeito, a sala esteve cheia para assis-tir, não à «Gala», como se diz acima, mas parapresenciar o duo brasileiro Leo e Leandro, doisartistas muito queridos, pelos vistos, por partedos amantes locais de música popular brasi-leira.

E para assistirem ao espetáculo até vierampessoas de Gatineau, de Otava, para, claro,não falar de Montreal e suas redondezas, comoLaval, Ste-Thérèse, Blainville...

A quinta «Gala dos Artistas» começoupelo repasto, um prato de rosbife com batatae legumes, antecedido de uma sopa. A sobre-

mesa, bolo e gelado, com café à disposição, vi-ria depois, em tempo já de dança. O cardápiofoi servido, com delicadeza e esmero, peloselementos do grupo folclórico Campinos doRibatejo.

Com apresentação de Virgílio Santos,desde a primeira hora ligado à «Gala dos Artis-tas», o espetáculo começou com a atuação deEddy Sousa, um cantor popular muito aprecia-do, como se pôde ver no decorrer da sua pre-sença em palco. A sua voz, conjugada com asmelodias românticas que interpreta, quase to-das ligadas a legendas brasileiras como RobertoCarlos, Nelson Ned e outros, fazem com queo público lhe dedique muito afeto, manifestadoatravés de uma presença continuada na pistade dança.

E porque o duo brasileiro pareceu chegaratrasado de alguns minutos, Eddy Sousa lá foificando pelo palco sem que, diga-se em abonoda verdade, a plateia mostrasse alguma impaci-ência ou desagrado. De resto, a pista mostravaisso mesmo: muita alegria e animação.

Estava-se nisso quando se fala numa sur-presa. E a surpresa acaba por vir na pessoa deJulia Cristina, uma bailarina andaluza cheia de

nuou assim como ain-da se reforçou. E omais interessante daquestão é que se pas-sou a dançar de frentepara o palco, de bra-ços no ar, não se que-rendo perder nenhumdos gestos e ações deLeo e Leandro. Podedizer-se: um públicoverdadeiramente ren-dido ao charme doisdois cantores, queapesar de brasileiros,vivem na cidade doPorto, em Portugal.

Agora percebe-mos porque alguém,a um tempo a esta par-te, nos falava na von-tade de assistir a umespetáculo de Leo eLeandro, que desco-nhecíamos total-mente.

Pelos vistos, es-

tão de parabéns o Virgílio Santos, e agora oEddy Silva, que acaba de entrar na «dança» da«Gala dos Artistas», pela promoção deste es-petáculo.

Curiosidade foi notarmos que sendo estesdois cantores brasileiros, não se ver na salaninguém (?) oriundo do Brasil...

Alguns êxitos deste duo: «Bailão, cervejae mulher», «Porque o homem não chora»,«Temporal de amor», «Só saudade».

L P

Leo e Leandro, sábado passado em Santa Cruz.

L P

Vendido

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Final da Taça MLS...

Toronto FC ou Sounders de Seattle?• Por Norberto AGUIAR

Depois das finais de zona, tambémqualificadas como meias-finais da Taça da MajorLeague Soccer, ponto alto e final da temporada2017, assiste-se agora ao derradeiro episódiode um filme que começou na primeira semanade março transato e terminna sábado, dia 9 dedezembro.

Com efeito, o jogo final da época 2017disputa-se sábado, na cidade de Toronto, numconfronto que decide quem será o novo cam-peão da MLS 2017!

Os menos atentos perguntar-me-ão por-que é que este jogo derradeiro é em Toronto. Aresposta é a seguinte: quando duas equipas seencontram na final e sendo tudo decidido numsó desafio, recebe a equipa que no decorrer das34 jornadas do Campeonato ficou em melhorposição classificativa.

Posto isto, o Toronto FC terminou o cam-peonato na primeira posição, daí que tenha le-vado para a sua sala de troféus o caneco apeli-dado de Supporters Shield Standings. E levouainda a Taça referente à Zona Este do mesmocampeonato.

Já o Sounders de Portland, que foi o gandevencedor de 2016, precisamente diante do To-ronto FC, com o jogo decisivo a ser disputadono terreno dos torontoenses, também ganhoueste ano o troféu da Zona Oeste, isto apesar

de ter ficado em segundo lugar na sua série, a-trás do Timbers de Portland.

Portanto, um grande jogo em perspetiva,entre o campeão de 2016 e segundo classificadoda Zona Oeste 2017, e o campeão geral datemporada e também vencedor da Zona Esteda MLS.

Para chegar a este jogo, o Toronto FC te-ve de vencer, na final da sua zona, e, por conse-guinte, considerada a meia-final da Taça MLS,o Columbus Crew. Em casa deste, o resultadofoi um renhido empate a zero, enquanto nosegundo embate, os «vermelhos» bateram oCrew por apenas um a zero, de novo em jogoimpróprio para cardíacos.

Já o Sounders de Seattle defrontou os seusrivais do Dynamo de Houston. No primeirojogo, no Texas, o resultado não passou do ze-ro a zero, muito embora tenham havido opor-tunidades para se marcar golos. No desafio dasegunda-mão, os campeões de 2016 acabarampor vencer a contenda, por 2-0.

Assim sendo, estarão sábado em Torontoas duas melhores equipas desta temporada, coma particularidade de terem sido os finalistas daTaça MLS de 2016. Então venceu o Soundersde Seattle, por 1-0, após prolongamento, numajogatana de se lhe tirar o chapéu. De resto, ain-da está na nossa memória a grande defesa deStefan Frei, guardião do Sounders, no final dojogo e que tudo mudou, leia-se derrota, paraos «vermelhos» de Toronto. Para mais, Stefan

Frei tinha sido, antes, guarda-redes das hostestorontoenses...

E, agora, sábado, como vai ser? Quemganha, Toronto FC ou Sounders de Seattle?

Para quem quiser ver este excelente con-fronto futebolístico em perspetiva, encontromarcado para sábado, às 16h00, diante dos ecrãs

da TSN ou da TVA Sports.Nota do autor: No LusoPresse da últi-

ma edição, inadvertidamente referimos que oSorteio do Mundial seria na Suíça quando olocal escolhido foi Moscovo, na Rússia, paísque receberá a competição no verão de 2018.

L P

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Com homenagem a Norberto PonteAssociação Musical comemorou 10 anos

A Associação Musical de Lagoa comemorou o seu 10.º aniversário no dia 1 dedezembro, numa cerimónia que teve lugar na nova sede desta Associação, na rua Dr. Her-culano Amorim Ferreira, no edifício onde funcionava o Catl da autarquia, na freguesia doRosário, uma cerimónia que contou com a presença de sócios, amigos e discentes destaassociação.

Na ocasião foi inaugurada uma exposição fotográfica com momentos marcantes dos10 anos de existência desta instituição e houve lugar para a bênção do edifício pelo párocoda freguesia.

Durante a cerimónia foi ainda descerrado um quadro com a fotografia do fundador esócio n.º um desta Associação, o saudoso Norberto Ponte, que tão cedo nos deixou e quefoi designado como presidente honorário da Associação Musical de Lagoa, a título pós-tumo.

A presidente da Câmara Municipal de Lagoa esteve presente nesta cerimónia, ondedirigiu uma palavra de parabéns à Associação Musical pelos 10 anos de trabalho em prolda formação musical. Cristina Calisto, fez também uma referência emotiva à amizade e es-tima que, pessoalmente, tinha pelo Norberto Ponte, que durante 10 anos foi a “alma”desta Associação, sendo por isso uma justa e meritória homenagem da atual direção a umapessoa que jamais será esquecida.

Cristina Calisto frisou ainda que, “falar em formação musical é falar forçosamente emeducação. É ocupar e educar as nossas crianças e jovens nos tempos livres potenciando-lhes uma vocação, além da formação”, por isso deixou o seu compromisso e a disponibi-lidade no contínuo apoio à Associação Musical de Lagoa. Na ocasião também foi assinadoo protocolo de cedência deste novo espaço. L P

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MUNDIAL 2018

PORTUGAL EM GRUPO ACESSÍVEL?!• Por Norberto AGUIAR

O Sorteio do Campeonato do Mun-do de Futebol que se disputa no verão (14 dejunho a 15 de julho), na Rússia, realizado a se-mana passada, em Moscovo, deu a conheceros respetivos oito grupos de quatro equipas,todas elas com a mira do apuramento para umlugar nos oitavos de final de tão almejada com-petição.

No Grupo «B», o de Portugal, os deusesnão podiam ter sido mais bondosos, pois dasquatro seleções, apenas a Espanha tem gabari-to para se bater de igual a igual com o nosso ti-me. E como se apuram duas seleções para osoitavos de final na circunstância, por isso, desdejá encontro marcado para a fase seguinte, ondePortugal poderá medir forças com as acessíveisequipas da Rússia ou do Uruguai, do Grupo«A», pois que dificilmente veremos Egito eArábia Saudita, os outros dois concorrentes,com argumentos para irem além da primeirafase.

Depois, sim, nos quartos de final, a sele-ção das quinas poderá ter um osso mais difícilde roer, isto se avançarem para os quartos asseleções da França ou Argentina, aquela doGrupo «C», o qual ainda inclui o surpreendentePeru – foi à liguilla de apuramento indireto,contra a pequena Nova Zelândia, provenienteda Oceania –, e as também repescadas Dina-marca e Austrália, a segunda do Grupo «D»

que compõe com a Croácia, Islândia e Nigéria,naquele que deve ser, em nossa opinião, o agru-pamento mais equilibrado do torneio. Não ti-vesse a Argentina o Senhor Messi e não sei doque seria para os raiados das pampas...

Voltando ao Grupo de Portugal, já disse-mos que a Espanha é o nosso grande rival. I-rão e Marrocos, à partida, estarão fora das con-tas do apuramento. No entanto, há que tercuidado porque o Irão já pratica bom futebol,como prova o facto de ser a melhor equipa daÁsia neste momento. Além disso, é dirigidopor Carlos Queiróz, para nós um dos poucosgrandes treinadores portugueses!

De Marrocos, apesar de neste momentonão termos muitas referências em relação aosseus jogadores, a verdade é que há sempre quedesconfiar destas equipas africanas, que dummomento para o outro podem surpreender...Como fez este mesmo Marrocos, em 1986,quando no México eliminou Portugal, ga-nhando o prélio decisivo, por 3-1...

Dos restantes grupos, destaque para o Bra-sil, sempre candidato, que no Grupo «E» de-fronta a Suíça, equipa pequena, mas que deuágua pela barba a Portugal, Costa Rica e Sérvia.

O Grupo «F» também nos parece equi-librado, com as formações da Alemanha, Méxi-co, Suécia e Coreia do Sul.

A Bélgica, que conta, tal e qual a França,com o melhor lote de futebolista internacio-nais da atualidade, está no Grupo «G» com aInglaterra, candidata sempre adiada, Tunísia e

Panamá.O poletão termina com os concorrentes

do Grupo «H» e que são a Polónia, que aindahoje está para saber como chegou à cabeça desérie deste Sorteio, a Colômbia, o Senegal e oJapão.

Nuno BettencourtPoucos foram os que notaram que Nuno

Bettencourt, um dos melhores guitarristasmundiais, atuou na abertura do sorteio doMundial. Nuno Bettencourt, como forma demarcar uma presença nacional forte, vestia umacamisola com o nome de Portugal estampado.

Cristiano Ronaldo, com 32 anos, estará ele a pensar se será o seu último Campeonatodo Mundo em que participa?

Para quem ainda não saiba, Nuno Betten-court é natural da ilha Terceira, apesar da suacarreira artística ter sido construida nos EstadosUnidos, para onde emigrou com a família quan-do jovem. L P

Vítor CarvalhoADVOGADOEscritórioTelef. e Fax. 244403805

2480, Alqueidão da Serra - PORTO DE MÓSLeiria - Estremadura (Portugal)

Page 16: COMO UM PATO Vol. XXII • N° 383 • Montreal, 7 de dezembro ...lusopresse.com/WEB_LUSO_Dezembro7_2017.pdf · Assim nasceu o narrador deste livro, om-nisciente a valer – pois

Página 167 de dezembro de 2017 LLLLL u su su su su s oooooPPPPP r e s s er e s s er e s s er e s s er e s s e

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