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Data de Criação: 05/10/2020 Criado por: Biblioteca Clipping SCA Os artigos reproduzidos neste clipping de notícias são, tanto no conteúdo quanto na forma, de inteira responsabilidade de seus autores. Não traduzem, por isso mesmo, a opinião legal ou manifestação de integrante da SiqueiraCastro.

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Data de Criação: 05/10/2020

Criado por: Biblioteca

Clipping SCA

Os artigos reproduzidos neste clipping de notícias são, tanto no conteúdo quanto

na forma, de inteira responsabilidade de seus autores. Não traduzem, por isso

mesmo, a opinião legal ou manifestação de integrante da SiqueiraCastro.

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Sumário das

Matérias:

Aneel não vê perda de distribuidoras

Valor ––05 de outubro.............................................01

Aneel não vê perda de distribuidoras

Valor ––05 de outubro.............................................04

Marco do gás elevará competitividade industrial, reforça Abrace

Valor ––05 de outubro.............................................07

Como as economias morrem

Valor ––05 de outubro.............................................09

Um ecossistema para o combate à irregularidade digital

Valor ––05 de outubro.............................................11

Governo federal não pode deixar de pagar suas dívidas

Valor ––05 de outubro.............................................13

Fim do desconto acelera projetos de renováveis

Valor ––05 de outubro.............................................15

Precificação horária da energia terá efeitos distintos no mercado

Valor ––05 de outubro.............................................18

Banco do Brasil amplia investimento em geração solar

Valor ––05 de outubro.............................................20

Movimento falimentar

Valor ––05 de outubro.............................................22

CVM prepara unificação das regras de ofertas

Valor ––05 de outubro.............................................24

Justiça do Trabalho concede habeas corpus e libera passaportes de sócios

Valor ––05 de outubro.............................................28

Fundador do Andrade e Fichtner tenta revisão de acordo firmado para sua saída

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Valor ––05 de outubro.............................................31

Grupos econômicos e execuções fiscais

Valor ––05 de outubro.............................................33

Governo quer extinguir desconto de 20% em declaração simplificada do IR

Folha ––05 de outubro.............................................35

Campanha quer regulação para inibir compra de ouro ilegal por instituições financeiras

Folha ––05 de outubro.............................................39

Rio vai ampliar dependência do petróleo, e royalties chegarão a 25% da receita

Globo ––05 de outubro.............................................42

Aumento de queixas leva governo a notificar companhias aéreas

Globo ––05 de outubro.............................................45

Substituto do PIS/Cofins alivia a carga tributária dos mais pobres, mostra estudo da Economia

Globo ––05 de outubro.............................................48

Estados não podem impor cadastro de compradores de celular, diz STF

Conjur ––05 de outubro.............................................51

Sindicato deve retirar negativação de empresa por suposta inadimplência de contribuição

Migalhas ––05 de outubro.............................................54

TJ/MG revoga liminar a mineradora que perdeu propriedade de bem para credor fiduciário

Migalhas ––05 de outubro.............................................55

Economia prepara MP para reduzir de 17 para 3 dias a abertura de empresas

Jota ––05 de outubro.....................................................56

Lutas por reconhecimento, racismo e ações afirmativas privadas

Jota ––05 de outubro....................................................60

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Valor Econômico

Caderno: Primeira Página, segunda-feira 05 de outubro de 2020.

Aneel não vê perda de distribuidoras

Companhias calculam perdas de

R$ 6 bilhões em decorrência da

pandemia, mas a estimativa é

rejeitada informalmente pela

cúpula da agência

Por Daniel Rittner — De Brasília

As distribuidoras de energia terão

dificuldade para alterar contratos e,

assim, obter o reequilíbrio econômico

com o objetivo de compensar possíveis

perdas provocadas pela pandemia. As

companhias estimam prejuízo de R$ 6

bilhões, mas o cálculo é rejeitado pela

cúpula da Aneel. Nos bastidores, a

ordem na agência reguladora é adotar

postura rigorosa com as empresas.

Aneel vê ganhos das distribuidoras e pretende limitar revisão de tarifa

Agência está inclinada por

reequilíbrio inferior aos R$ 6 bi

desejados por empresas

Por Daniel Rittner — De Brasília

As distribuidoras de energia terão

grande dificuldade para emplacar um

01

reequilíbrio econômico da magnitude

pretendida em seus contratos. Elas

calculam perdas de R$ 6 bilhões em

decorrência da pandemia, mas a

estimativa é rejeitada informalmente

pela cúpula da Agência Nacional de

Energia Elétrica (Aneel).

Nos bastidores, a ordem na agência

reguladora é adotar uma postura de

rigor com as empresas do setor, vistas

como menos impactadas pela crise do

que têm dado a entender. O balanço das

principais elétricas no segundo

trimestre, auge da pandemia, tem sido

mencionado pelas autoridades para

justificar essa avaliação.

O lucro líquido da Neoenergia chegou a

R$ 423 milhões, o da Equatorial atingiu

R$ 406 milhões e o da EDP Brasil foi de

R$ 237 milhões no período entre abril e

junho. Cemig e CPFL, com forte

representatividade também no

segmento de geração, tiveram resultado

positivo de R$ 1,043 bilhão e de R$ 462

milhões, respectivamente.

A Energisa teve prejuízo, mas a Aneel

vê influência do desempenho nas

concessões do Acre e de Rondônia -

distribuidoras privatizadas pela

Eletrobras em 2018.

Consulta pública sobre a metodologia

de cálculo de eventuais desequilíbrios

econômicos foi aberta pela agência em

agosto e termina hoje. É a partir dessa

definição que as empresas poderão

apresentar oficialmente seus pedidos,

mas a Associação Brasileira de

Distribuidores de Energia Elétrica

(Abradee) divulgou que estima a

necessidade de reequilíbrio de R$ 5, 5

bilhões a R$ 6 bilhões. Isso resultaria

Page 6: Clipping SCA · 2020. 10. 5. · Data de Criação: 05/10/2020 Criado por: Biblioteca Clipping SCA Os artigos reproduzidos neste clipping de notícias são, tanto no conteúdo quanto

em revisão extraordinária das tarifas

(RTEs) entre 2,5% e 3,5%.

Na Aneel, dois pontos são ressaltados

para minimizar o impacto da pandemia.

Primeiro: a demanda por energia já

voltou ao patamar verificado no mesmo

período do ano passado. Segundo: o

índice de inadimplência das contas de

luz teria ficado em 1,40% nos últimos

60 dias - abaixo da média histórica de

1,9%.

Para um integrante da diretoria da

agência, muitas distribuidoras terão

suas expectativas frustradas sobre o

crescimento do mercado em 2020, mas

isso não significa que os demais

consumidores devam pagar por isso. “O

desequilíbrio não é simplesmente a

diferença entre o mercado projetado

para 2020, no fim de 2019, e o

efetivamente verificado. Uma coisa é

deixar de ganhar o que se almejava,

outra coisa é perder”, diz a autoridade.

De acordo com essa autoridade, não

significa negar uma revisão

extraordinária de tarifa das

distribuidoras, mas que provavelmente

ela ficará abaixo do imaginado pelas

companhias.

Outro argumento citado na Aneel é que

o setor elétrico foi um dos mais

ajudados pelo governo no socorro de R$

15,3 bilhões em empréstimo liderado

pelo Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social

(BNDES) para atenuar prejuízos

imediatos. A amortização do

empréstimo será feita em 54 meses,

com carência até junho de 2021.

O Congresso Nacional pressiona na

mesma linha. Na quinta-feira, um

pedido de auditoria operacional ou

“qualquer outro procedimento” para

02

acompanhar as discussões sobre

reequilíbrio das distribuidoras na Aneel

foi encaminhado ao Tribunal de Contas

da União (TCU) pelo presidente da

Comissão de Minas e Energia da

Câmara, deputado Silas Câmara

(Republicanos-AM).

“A sociedade brasileira já está sendo

excessivamente castigada com os efeitos

da pandemia, não sendo justo que seja

chamada a arcar com todos os prejuízos

dela decorrentes, muito menos em

favor da expectativa de lucro de poucas

empresas”, escreveu o deputado, no

ofício endereçado ao tribunal.

A Abradee discorda da percepção que

foi relatada ao Valor pela Aneel. “Levar

em consideração a performance

financeira de grupos econômicos que

mantêm atividades de geração,

transmissão, comercialização e

distribuição de energia elétrica para

analisar a necessidade de reequilíbrio

das distribuidoras é incorreto. A CP

[consulta pública] 35 trata das

distribuidoras”, afirmou o presidente da

associação Marcos Madureira.

“O poder regulador tem consciência

dessa distinção e sabe que a decisão do

tamanho da RTE das distribuidoras

depende dos impactos de natureza

extraordinária de cada uma delas, e não

de resultados de lucro de geração e da

transmissão”, disse o executivo.

Madureira ressaltou que as empresas

entendem que três fatores devem ser

contemplados na metodologia: queda

de mercado (perdas da parcela B), a

inadimplência (receitas irrecuperáveis)

e a sobrecontratação involuntária de

energia. E lembrou que os contratos

preveem reequilíbrio em caso de

eventos extraordinários.

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Para ele, o não reconhecimento ou

reconhecimento do desequilíbrio a

partir de critérios pouco claros seria um

“sinal temerário”. “Trata-se de respeito

aos contratos, manutenção da

segurança jurídica e preservação da

atratividade do segmento de

distribuição, além de todos os ramos da

infraestrutura, para novos

investimentos”, concluiu.

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020

/10/05/aneel-ve-ganhos-das-distribuidoras-e-

pretende-limitar-revisao-de-tarifa.ghtml

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03

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Valor Econômico

Caderno: Primeira Pagina, segunda-feira 05de outubro de 2020.

Aneel não vê perda de distribuidoras

Companhias calculam perdas de

R$ 6 bilhões em decorrência da

pandemia, mas a estimativa é

rejeitada informalmente pela

cúpula da agência

Por Daniel Rittner — De Brasília

As distribuidoras de energia terão

dificuldade para alterar contratos e,

assim, obter o reequilíbrio econômico

com o objetivo de compensar

possíveis perdas provocadas pela

pandemia. As companhias estimam

prejuízo de R$ 6 bilhões, mas o

cálculo é rejeitado pela cúpula da

Aneel. Nos bastidores, a ordem na

agência reguladora é adotar postura

rigorosa com as empresas.

Aneel vê ganhos das distribuidoras e pretende limitar revisão de tarifa

Agência está inclinada por

reequilíbrio inferior aos R$ 6 bi

desejados por empresas

Por Daniel Rittner — De Brasília

04

As distribuidoras de energia terão

grande dificuldade para emplacar um

reequilíbrio econômico da magnitude

pretendida em seus contratos. Elas

calculam perdas de R$ 6 bilhões em

decorrência da pandemia, mas a

estimativa é rejeitada informalmente

pela cúpula da Agência Nacional de

Energia Elétrica (Aneel).

Nos bastidores, a ordem na agência

reguladora é adotar uma postura de

rigor com as empresas do setor, vistas

como menos impactadas pela crise do

que têm dado a entender. O balanço

das principais elétricas no segundo

trimestre, auge da pandemia, tem

sido mencionado pelas autoridades

para justificar essa avaliação.

O lucro líquido da Neoenergia chegou

a R$ 423 milhões, o da Equatorial

atingiu R$ 406 milhões e o da EDP

Brasil foi de R$ 237 milhões no

período entre abril e junho. Cemig e

CPFL, com forte representatividade

também no segmento de geração,

tiveram resultado positivo de R$

1,043 bilhão e de R$ 462 milhões,

respectivamente.

A Energisa teve prejuízo, mas a Aneel

vê influência do desempenho nas

concessões do Acre e de Rondônia -

distribuidoras privatizadas pela

Eletrobras em 2018.

Consulta pública sobre a metodologia

de cálculo de eventuais desequilíbrios

econômicos foi aberta pela agência

em agosto e termina hoje. É a partir

dessa definição que as empresas

poderão apresentar oficialmente seus

pedidos, mas a Associação Brasileira

de Distribuidores de Energia Elétrica

(Abradee) divulgou que estima a

Page 9: Clipping SCA · 2020. 10. 5. · Data de Criação: 05/10/2020 Criado por: Biblioteca Clipping SCA Os artigos reproduzidos neste clipping de notícias são, tanto no conteúdo quanto

necessidade de reequilíbrio de R$ 5, 5

bilhões a R$ 6 bilhões. Isso resultaria

em revisão extraordinária das tarifas

(RTEs) entre 2,5% e 3,5%.

Na Aneel, dois pontos são ressaltados

para minimizar o impacto da

pandemia. Primeiro: a demanda por

energia já voltou ao patamar

verificado no mesmo período do ano

passado. Segundo: o índice de

inadimplência das contas de luz teria

ficado em 1,40% nos últimos 60 dias -

abaixo da média histórica de 1,9%.

Para um integrante da diretoria da

agência, muitas distribuidoras terão

suas expectativas frustradas sobre o

crescimento do mercado em 2020,

mas isso não significa que os demais

consumidores devam pagar por isso.

“O desequilíbrio não é simplesmente

a diferença entre o mercado projetado

para 2020, no fim de 2019, e o

efetivamente verificado. Uma coisa é

deixar de ganhar o que se almejava,

outra coisa é perder”, diz a

autoridade.

De acordo com essa autoridade, não

significa negar uma revisão

extraordinária de tarifa das

distribuidoras, mas que

provavelmente ela ficará abaixo do

imaginado pelas companhias.

Outro argumento citado na Aneel é

que o setor elétrico foi um dos mais

ajudados pelo governo no socorro de

R$ 15,3 bilhões em empréstimo

liderado pelo Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social

(BNDES) para atenuar prejuízos

imediatos. A amortização do

empréstimo será feita em 54 meses,

com carência até junho de 2021.

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O Congresso Nacional pressiona na

mesma linha. Na quinta-feira, um

pedido de auditoria operacional ou

“qualquer outro procedimento” para

acompanhar as discussões sobre

reequilíbrio das distribuidoras na

Aneel foi encaminhado ao Tribunal de

Contas da União (TCU) pelo

presidente da Comissão de Minas e

Energia da Câmara, deputado Silas

Câmara (Republicanos-AM).

“A sociedade brasileira já está sendo

excessivamente castigada com os

efeitos da pandemia, não sendo justo

que seja chamada a arcar com todos

os prejuízos dela decorrentes, muito

menos em favor da expectativa de

lucro de poucas empresas”, escreveu o

deputado, no ofício endereçado ao

tribunal.

A Abradee discorda da percepção que

foi relatada ao Valor pela Aneel.

“Levar em consideração a

performance financeira de grupos

econômicos que mantêm atividades

de geração, transmissão,

comercialização e distribuição de

energia elétrica para analisar a

necessidade de reequilíbrio das

distribuidoras é incorreto. A CP

[consulta pública] 35 trata das

distribuidoras”, afirmou o presidente

da associação Marcos Madureira.

“O poder regulador tem consciência

dessa distinção e sabe que a decisão

do tamanho da RTE das

distribuidoras depende dos impactos

de natureza extraordinária de cada

uma delas, e não de resultados de

lucro de geração e da transmissão”,

disse o executivo.

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Madureira ressaltou que as empresas

entendem que três fatores devem ser

contemplados na metodologia: queda

de mercado (perdas da parcela B), a

inadimplência (receitas

irrecuperáveis) e a sobrecontratação

involuntária de energia. E lembrou

que os contratos preveem reequilíbrio

em caso de eventos extraordinários.

Para ele, o não reconhecimento ou

reconhecimento do desequilíbrio a

partir de critérios pouco claros seria

um “sinal temerário”. “Trata-se de

respeito aos contratos, manutenção

da segurança jurídica e preservação

da atratividade do segmento de

distribuição, além de todos os ramos

da infraestrutura, para novos

investimentos”, concluiu.

https://valor.globo.com/empresas/noticia/20

20/10/05/aneel-ve-ganhos-das-

distribuidoras-e-pretende-limitar-revisao-de-

tarifa.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Brasil, segunda-feira 05de outubro de 2020.

Marco do gás elevará competitividade industrial, reforça Abrace

Para o presidente da entidade,

Paulo Pedrosa, redução do preço

da energia impulsionará

produção de itens de maior valor

agregado

Por Rafael Bitencourt — De

Brasília

Pedrosa: redução do preço da energia

impulsionará produção com valor

agregado — Foto: Silvia Zamboni/Valor

O novo marco legal do mercado de

gás, que passou pela Câmara e é

analisado no Senado, será capaz de

acionar “gatilhos de competitividade”

na indústria nacional, segundo o

presidente-executivo da Abrace,

Paulo Pedrosa, que representa

grandes consumidores de energia e

07

indústrias eletrointensivas. Ao

participar de Live do Valor na sexta-

feira, ele disse que a redução do preço

da energia, por meio da competição,

impulsionará a produção de bens com

maior valor agregado, que vinha

sendo abandonada nos últimos anos.

A estratégia de reduzir o preço do gás

natural e da conta de luz considera o

fato de, em muitas situações, a

energia responder por 40% do custo

de produtos. Na avaliação de Pedrosa,

é uma oportunidade para a indústria

se tornar mais competitiva, pois o

preço da energia brasileira “não cabe

mais dentro do produto”.

“O Brasil reduziu imensamente a

produção de alumínio. Em vez de

avançarmos na cadeia produtiva,

passar a fabricar ligas especiais de

alumínio e peças para automóveis,

estamos regredindo na cadeia para

exportar produto-base”, disse

Pedrosa, que foi diretor da Agência

Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e

secretário-executivo do Ministério de

Minas e Energia no governo Michel

Temer.

Durante o bate-papo conduzido pelo

jornalista Daniel Rittner, repórter

especial do Valor em Brasília,

Pedrosa disse que a “maioria

esmagadora” do setor produtivo está

engajada na aprovação da versão

atual do texto discutido no Senado.

Segundo ele, estão envolvidos

segmentos que vão da produção “do

biscoito à cerveja, do brinquedo ao

aço, do vidro à indústria química, do

têxtil à siderurgia”.

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A Abrace prevê que a redução do

preço do gás natural, a partir da

entrada em vigor da nova lei, será

capaz de gerar mais quatro milhões

de empregos no país. De acordo com a

associação, a indústria deve triplicar o

consumo do insumo.

“A nova lei cria os elementos para a

gente ter muitos produtores de um

lado, com livre acesso aos sistema de

transporte e tratamento de gás,

atendendo a muitos consumidores do

outro lado. Ter um grande mercado

nacional em que a competição vai

definir os preços e os investimentos

tanto na cadeia do gás quanto da

indústria”, afirmou o presidente-

executivo da Abrace.

Pedroza alerta para o risco da

proposta de modernização do

mercado de gás ser prejudicada com

ajustes no Congresso. Segundo ele,

integrantes do próprio mercado de

gás, como as distribuidoras, ou do

setor elétrico pressionam para

modificar o texto atual. “É importante

apoiá-lo e trabalhar contra

modificações que atrapalham a lógica

do projeto original”, afirmou.

O executivo disse que a proposta atual

já consolida a migração do Brasil do

monopólio estatal da Petrobras para

um mercado competitivo. Durante a

entrevista, ele relatou que o próprio

setor industrial que representa abriu

mão de “alguns avanços” para ter o

projeto de lei aprovado rapidamente,

com entendimento de que o “ótimo é

inimigo do bom”.

Para Pedrosa, o mais importante é

que o princípio da competição

prevaleça sobre mecanismos

sugeridos para atender a interesses de

setores específicos. Ele considera que

08

algumas modificações podem trazer

“vícios” semelhantes aos observados

no setor elétrico, onde metade da

conta é composta por subsídios e

encargos.

“No Brasil, a energia é um tema muito

capturado por especialistas e por

integrantes da cadeia do mercado,

como se a energia fosse um fim em si

mesmo ou um veículo para conduzir

políticas públicas e um conjunto de

interesses pontuais”, disse na

transmissão. Ele se posiciona contra

os subsídios para financiar novos

gasodutos ou termelétricas a gás,

defendidos por alguns agentes

econômicos.

A Abrace chegou a lançar campanha

nas redes sociais para mostrar a

participação da energia no custo de

produtos, como do leite (40%) e da

casa popular (25%). Pedrosa destaca

que o Brasil tem vantagens, em

termos energéticos, em relação a

muitos países. “Na verdade, isso é

capturado e destruído pelas mordidas

que a energia leva do poço de petróleo

ao botijão, à fábrica ou da geração no

painel solar ao franco congelado”,

afirmou, em transmissão pelo site e

pelas páginas do Valor no YouTube,

no LinkedIn e no Facebook.

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2020/

10/05/marco-do-gas-elevara-

competitividade-industrial-reforca-

abrace.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Politica, segunda-feira 05de outubro de 2020.

Como as economias morrem

Depois do teto, próxima vítima

poderá ser a autonomia do

Bacen

As ambições de um político o tornam

capaz de passar por cima de anos de

amizade e a desprezar laços de

parentesco mesmo em momentos

difíceis de saúde - o que dirá em

relação a compromissos com a

estabilidade econômica do país.

Em 1959, Lucas Lopes era o ministro

da Fazenda do presidente Juscelino

Kubitschek. Companheiro fiel desde

os tempos da campanha de JK para o

governo de Minas, o engenheiro foi o

cérebro por trás da criação da Cemig -

polo indutor da industrialização

mineira, que catapultou JK ao

primeiro plano da política nacional - e

idealizador do famoso Plano de

Metas, o programa

desenvolvimentista que prometeu

entregar “50 anos em 5”. JK e Lucas

Lopes eram tão próximos que seus

filhos vieram a se casar.

Após o teto, próxima vítima

poderá ser a autonomia do

Bacen

Depois de presidir o BNDE (o “S” só

viria a ser acrescentado no início da

década de 1980), Lucas Lopes foi

09

escalado para comandar a economia

do país em meio ao desequilíbrio das

contas públicas gerado

principalmente pela construção de

Brasília. Ao lado de Roberto Campos,

concebeu o Plano de Estabilização

Monetária (PEM), cujo propósito era

deter o crescimento do déficit público

por meio de um controle mais rígido

dos gastos e aprovar uma

minirreforma tributária destinada a

aumentar a arrecadação, além de

reduzir a expansão do crédito para

aliviar a inflação. A dupla Lopes &

Campos ainda planejava rever a

política de incentivos para o café e

iniciou negociações de um novo

empréstimo junto ao FMI para evitar

uma crise cambial.

Qualquer ministro da Fazenda que

tenha que defender a austeridade

fiscal frente a um presidente que só

pensa na sua popularidade vive em

permanente estresse - e o de Lucas

Lopes era tão grande que ele acabou

sofrendo um infarto em 30 de maio

de 1959. Com o grande amigo (e

futuro consogro) correndo risco de

vida, JK não pensou duas vezes:

nomeou o expansionista Sebastião

Paes de Almeida em seu lugar,

rompeu com o FMI, autorizou um

reajuste no preço do café e ampliou

ainda mais os gastos públicos para

entregar a nova capital dentro do

prazo. Se o populismo de um político

não respeita nem os laços pessoais

mais íntimos, não serão as

instituições econômicas que o

deterão.

Em 2018 foi lançado o best-seller

“Como as Democracias Morrem”,

escrito por Steven Levitsky e Daniel

Ziblatt, ambos professores de ciência

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política de Harvard. O argumento

central do livro é que líderes

autoritários estariam sorrateiramente

enfraquecendo as instituições ao

rejeitarem as regras do jogo

democrático, encorajarem a

intolerância e a violência e

restringirem as liberdade civis,

atacando especialmente a imprensa.

Desde a campanha eleitoral,

Bolsonaro vem sendo apontado como

o exemplar brasileiro dessa nova safra

de governantes que buscam

permanecer no poder e impor suas

vontades não pelo uso de tanques e

metralhadoras, mas por forçarem

diuturnamente as grades de proteção

da democracia.

A aliança firmada com o Centrão nos

últimos meses tende a arrefecer esses

temores. Cada vez mais refém da

“velha política” para proteger a si

mesmo e à sua família de processos e

também para ampliar sua aprovação

entre a população mais pobre do

Norte e do Nordeste, parece que não é

mais a democracia quem corre perigo

no Brasil - mas sim a economia.

Bolsonaro colheu os frutos imediatos

da enorme injeção de recursos

públicos para combater os efeitos do

coronavírus sobre trabalhadores e

empresas. Com a popularidade em

níveis recordes, inebriou-se com a

perspectiva de uma vitória fácil

quando tentar a reeleição. O

problema é que 2022 está muito

distante.

Os sinais de desequilíbrio na

economia brasileira aparecem em

todas as frentes. O déficit e a dívida

pública estão em trajetória explosiva,

elevando o risco-país e afugentando o

capital externo. A saída de

10

investidores pressiona a taxa de

câmbio, que encarece insumos

importados e estimula o agronegócio

e indústrias nacionais a direcionarem

suas vendas ao exterior. Os índices no

atacado já mostram uma forte

inflação de custos e os consumidores

nos supermercados se assustam com

os preços dos alimentos.

Tecnicamente, não há muita dúvida

sobre o caminho para recuperar o

equilíbrio. Passado o pior da

pandemia, caberia ao governo

recolher a artilharia fiscal montada

para combater a covid e avançar nas

causas estruturais de um

desequilíbrio que já incomodava

desde antes da chegada do vírus:

trabalhar pela aprovação das PECs

emergencial e do pacto federativo e

atacar uma reforma administrativa

muito mais corajosa do que a

apresentada ao Congresso no mês

passado.

O problema é que o receituário

técnico entra em colisão com as

ambições políticas de Bolsonaro. Um

ajuste rigoroso pode abortar a

recuperação e inviabiliza a

continuidade dos agrados

distribuídos aos futuros eleitores de

2022. O teto de gastos parece ser a

primeira vítima do populismo fiscal

do Palácio do Planalto. Mas é pouco

provável que o ataque às instituições

econômicas pare por aí.

O abandono do teto e a falta de

comprometimento do governo com a

sustentabilidade das contas públicas

elevarão ainda mais o câmbio ao

longo de 2021 e 2022, pressionando a

inflação. Estará o presidente

preparado para ver o dólar romper a

barreira dos R$ 6 ou R$ 7? À medida

em que a eleição se aproximar, será

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que Bolsonaro aceitará passivamente

aumentos na taxa de juros?

Uma vez derrubado o teto de gastos,

quem entra na mira do populismo

presidencial é a autonomia

operacional do Banco Central. Para

não colocar em risco seus planos

eleitorais, não me surpreenderia se

Bolsonaro tentasse influenciar o

Comitê de Política Monetária por uma

maior leniência com a inflação ou até

mesmo pela busca de soluções

“criativas” para conter a taxa de

câmbio, como o uso mais intenso das

reservas internacionais ou medidas de

controle de saída de capitais.

Nestes novos tempos, são incomuns

as grandes rupturas

macroeconômicas provocadas por

declaração de moratórias, confisco de

poupanças ou rompimento com o

FMI. O perigo hoje em dia é o

sorrateiro enfraquecimento das

instituições econômicas por líderes

populistas que só pensam em

permanecer no poder a qualquer

custo.

Bruno Carazza é mestre em

economia, doutor em direito e

autor de “Dinheiro, Eleições e

Poder: as engrenagens do

sistema político brasileiro”.

Escreve às segundas-feiras

E-mail:

[email protected]

https://valor.globo.com/politica/coluna/com

o-as-economias-morrem.ghtml

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11

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Valor Econômico

Caderno: Brasil, segunda-feira 05de outubro de 2020.

Um ecossistema para o combate à irregularidade digital

Acordo é inédito no mundo

Por Diogo Rais, Camila Tsuzuki

e Roberta Battisti

O Tribunal Superior Eleitoral

anunciou diversas parcerias para o

combate às irregularidades eleitorais

digitais, em especial, as fake news.

Entre elas, temos o acordo inédito no

mundo que foi feito entre o WhatsApp

Inc e uma autoridade eleitoral

nacional, além de acordos com o

Facebook, Google, Agências de

Checagem e a Conexis Brasil Digital.

Se por um lado esses acordos são

vistos como um avanço no combate a

desinformação e as demais

irregularidades eleitorais digitais, por

outro, surgem preocupações com a

liberdade de expressão tanto de

candidatos quanto de eleitores. Mas o

que podemos esperar dessa parceria?

Nas eleições de 2018 a internet, em

especial nas redes sociais e no

WhatsApp, tornou-se palco de

debates políticos, muitos deles,

infelizmente, alimentados pela

polarização, desinformação e discurso

de ódio. O Ministro Luiz Fux,

presidente do TSE à época, afirmou

11

que, diferente dos Estados Unidos,

onde as “fake news” são monitoradas

e depois reprimidas, aqui, no Brasil, a

remoção das notícias seriam feitas de

forma preventiva. No entanto, irônica

e infelizmente, a Justiça Eleitoral foi

reduzida a uma das maiores vítimas

da desinformação, que não só

alcançou candidatos e partidos, como

também questionou a legitimidade da

votação eletrônica.

Chegamos a 2020 com um cenário

eleitoral, embora incerto,

exponencialmente digital. Esforços

como a possibilidade de realização de

convenções eleitorais virtuais, o

investimento em treinamento virtual

de mesários e as próprias parcerias

firmadas com plataformas e agências

de checagem evidenciam o

reconhecimento pela Justiça Eleitoral

da internet como um espaço para o

debate público e uma oportunidade

para promoção da democracia.

As parcerias firmadas podem

promover o comparecimento às

urnas, garantir que mesários sejam

fortalecidos em seu papel

fundamental no processo e que

eleitores recebam informações de

qualidade, sendo incentivados a

verificar o conteúdo e também em

assumir sua própria responsabilidade

neste ecossistema.

Nos parece que o anúncio dos acordos

de cooperação representa a evolução

no relacionamento entre a Justiça

Eleitoral e as plataformas e o

reconhecimento da internet como um

espaço público relevante na sociedade

brasileira. O fato é que a

movimentação conjunta do poder

público e de plataformas podem

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colocar em xeque a proliferação de

desinformação e impactar

positivamente as eleições de 2020.

Afinal um fenômeno tão complexo

como a desinformação requer

soluções multidisciplinares,

intersetoriais e acima de tudo

coletivas. Esperamos que acordos

como esses possam inspirar e

fomentar outros setores da sociedade

a unir esforços na construção de um

ambiente de cooperação em prol da

democracia.

Diogo Rais é advogado,

professor doutor em Direito

Eleitoral da Universidade

Mackenzie, diretor geral e

fundador do Instituto Liberdade

Digital

Camila Tsuzuki é advogada,

diretora de planejamento do

Instituto Liberdade Digital (ILD)

Roberta Battisti é advogada,

pesquisadora do Instituto

Liberdade Digital (ILD)

https://valor.globo.com/politica/coluna/

um-ecossistema-para-o-combate-a-

irregularidade-digital.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Opinião, segunda-feira 05de outubro de 2020.

Governo federal não pode deixar de pagar suas dívidas

O respeito a contratos e a

decisões judiciais é uma das

bases do Estado democrático de

direito

O que mais espanta na proposta de

limitar o pagamento de precatórios

pela União e usar os recursos que

sobrarem para custear o novo

programa social do governo, chamado

por alguns de Renda Cidadã e por

outros de Renda Brasil, é que ela teve

a chancela do presidente Jair

Bolsonaro e do ministro da Economia,

Paulo Guedes. Os dois estavam

presentes no momento em que o

senador Márcio Bittar (MDB-AC),

relator da proposta orçamentária para

2021, a anunciou, no Palácio da

Alvorada, em nome do governo.

O precatório é uma requisição de

pagamento expedida pela Justiça para

que a Fazenda pública (da União, do

Estado ou do município) pague um

determinado débito. Ele é o resultado

de uma ação que tramitou na Justiça,

normalmente durante anos, passando

por todas as instâncias devidas, e já

com decisão definitiva, transitada em

julgado. Ou seja, o gestor público não

tem mais como recorrer. Só lhe resta

pagar. O precatório, portanto, é uma

dívida líquida e certa da Fazenda

pública.

13

Compete ao Presidente do Tribunal

em que o processo tramitou formular

a requisição do pagamento. No caso

da União, em julho de cada ano, os

Tribunais Superiores encaminham ao

Executivo a relação dos precatórios

que deverão ser incorporados à

despesa orçamentária do exercício

seguinte. O governo não tem,

portanto, qualquer interferência

sobre o valor anual dessa despesa.

O precatório resulta de ação do

cidadão contra o Poder público. As

ações tratam de tudo, desde

reparações por desapropriações feitas

pela União, Estados ou municípios,

perdas em virtude de medidas

adotadas por equipes econômicas no

passado que prejudicaram empresas,

até queixas contra o INSS pelo não

pagamento devido de aposentadorias

e pensões, entre outros benefícios. É o

cidadão que se sentiu lesado em seus

direitos pelo agente público e recorre

ao Judiciário.

Ao propor um limite para o

pagamento dos precatórios, o governo

está simplesmente dizendo que não

quer pagar o montante que a Justiça

determinou. Ou melhor, só pagará um

determinado valor. O resto, ficará

para ser pago pelas gerações futuras.

Em última análise, a atual geração

está transferindo a conta de uma

despesa que fez para ser paga pelas

gerações seguintes.

A forte reação da sociedade brasileira

a essa proposta, que foi expressa na

mídia na semana passada, indica um

amadurecimento importante, que

precisa ser comemorado. A sociedade

expressou sua indignação com uma

iniciativa do governo federal que

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claramente desrespeita decisões

judiciais.

O respeito a contratos e a decisões

judiciais é uma das bases do Estado

democrático de direito. Um governo

que propõe não honrar o pagamento

de suas dívidas está ferindo o

compromisso de respeitar esses

princípios. Não se pode aceitar o

calote como algo justificável, mesmo

que sua finalidade seja, como neste

caso, para financiar um gasto social.

O Brasil deixou claro isso na semana

passada.

Outro fato surpreendente foi a

suspeita levantada pelo ministro

Paulo Guedes, ao sugerir que estaria

ocorrendo “uma indústria do

precatório”, pois esta despesa da

União, segundo informou, “explodiu”

nos últimos anos. Ela teria sido de R$

10 bilhões a R$ 12 bilhões no período

do governo da ex-presidente Dilma

Rousseff e teria saltado para R$ 55

bilhões em 2021.

Sem dúvida, a despesa com o

pagamento de precatórios vem

crescendo muito. De acordo com

dados do Siga Brasil, o sistema

eletrônico de acompanhamento

orçamentário do Senado, esse gasto

ficou em R$ 14,2 bilhões em 2012, em

valores correntes, passou para R$

24,6 bilhões em 2015 e para R$ 41,3

bilhões no ano passado. A previsão

orçamentária para este ano é de R$

54,3 bilhões, sendo que, até setembro,

já havia sido pago R$ 44,1 bilhões.

Para 2021, a previsão é de R$ 55,5

bilhões, sendo R$ 17,2 bilhões de

sentenças judiciais de pequeno valor

(até 60 salários mínimos).

É evidente que, como qualquer

despesa pública, o pagamento de

14

precatórios precisa estar sujeito a

avaliações. É uma boa iniciativa que

se faça uma análise criteriosa dessa

despesa para que sejam verificadas as

razões desse forte crescimento.

Não parece ser prudente, no entanto,

fazer ilações no sentido de que estaria

existindo uma “indústria de

precatórios”, pois isso levanta sérias

suspeitas sobre todo o Judiciário.

https://valor.globo.com/opiniao/noticia/202

0/10/05/governo-federal-nao-pode-deixar-

de-pagar-suas-dividas.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Empresas, segunda-feira 05de outubro de 2020.

Fim do desconto acelera projetos de renováveis

Geradores e desenvolvedores

correm para viabilizar projetos

de fontes “incentivadas” de

energia antes do fim dos

subsídios

Por Letícia Fucuchima — De São

Paulo

A perspectiva de fim dos subsídios às

fontes renováveis de energia, prevista

pela medida provisória 998/2020,

tem levado geradores e

desenvolvedores a acelerarem

negociações e trâmites para entrar

com pedidos de outorga de projetos

na Agência Nacional de Energia

Elétrica (Aneel).

Editada no início de setembro, a MP

998 prevê que o desconto de pelo

menos 50% nas tarifas do uso dos

sistemas de transmissão e

15

distribuição está garantido para

empreendimentos de fontes

“incentivadas” (eólica, solar,

biomassa e PCH) que solicitarem

outorga até 1º de setembro de 2021 e

iniciarem operações em até 48 meses.

Apesar da incerteza sobre a conversão

da MP em lei, agentes do setor

entendem que o assunto, já em

discussão há anos, se tornou mais

concreto com a proposta do governo.

Por isso, as empresas têm preferido

acelerar processos do que correr o

risco de perder o benefício.

Entre os geradores, há quem avalie

inverter a prática comum e pedir

outorgas mesmo sem ter ainda um

contrato de compra e venda de

energia (PPA) assinado. É o caso da

Echoenergia, braço da gestora

britânica Actis para projetos de

energia renovável. “Para projetos que

devemos assinar [com consumidores]

num futuro próximo, entendo que é

responsável da nossa parte começar o

processo de outorga agora, em vez de

esperar. Até porque posso perder essa

janela”, afirma o presidente, Edgard

Corrochano. A companhia tem 1

gigawatt (GW) em complexos eólicos

operacionais e mais 2 GW em projetos

no “pipeline” para os próximos anos.

Normalmente, geradores preferem ter

um contrato em mãos para garantir a

viabilidade das usinas antes de iniciar

os procedimentos junto à Aneel,

aponta Fabiana Vidigal de Figueiredo,

sócia de energia e meio ambiente do

CMT Advogados. Ela observa que o

pedido de outorga exige o aporte de

garantias financeiras, em valores não

desprezíveis. Além disso, quando o

documento é expedido, começam a

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correr prazos para a implantação do

projeto, que podem gerar multas em

caso de descumprimento.

O diretor de Novos Negócios da Casa

dos Ventos, Lucas Araripe, entende

que a fonte solar tem uma facilidade

nesse processo. Isso porque, no caso

da solar, não há obrigação de aporte

de garantias na hora de pedir a

outorga, de forma que o prejuízo

financeiro é menor se o projeto não

sair do papel. “Já o eólico, tem que

ser algo mais concreto para entrar

com o pedido”. A companhia já tem

outorgas para o 1,5 GW em projetos

eólicos que deve construir no Rio

Grande do Norte e na Bahia até 2023.

Outra empresa que tem se apressado

após a edição da MP é a Rio Alto,

desenvolvedora e geradora focada em

energia solar. “Na nossa programação

dos próximos anos, já estamos no

processo de outorga dos parques para

conseguir esse incentivo”, afirma o

sócio-fundador, Rafael Brandão. Ele

defende, porém, que é preciso “certo

cuidado” para que essa correria não

leve a um acúmulo de projetos sem

rigor técnico no mercado. “Muitas

empresas estão outorgando projetos

para depois vendê-los. Não sei se isso

faz sentido, e se você tiver um monte

de outorga e não vender?”

No segmento de geração, é comum

que empresas se especializem nas

diferentes fases dos projetos

(desenvolvimento inicial, construção,

operação), em alguns casos atuando

em apenas uma dessas etapas. Por

isso, especialistas apostam também

num aquecimento no mercado de

fusões e aquisições (M&A, na sigla em

inglês), com empresas de projetos

correndo para obter outorga como

forma de valorizar seus ativos antes

16

de buscar compradores. “Projetos de

desenvolvedores já com requisição de

outorga se tornaram muito mais

valiosos do dia para a noite”, afirma

Raphael Gomes, sócio da área de

Energia do escritório Demarest.

De acordo com a Aneel, ainda não é

possível enxergar efeitos concretos

dessa “corrida” do mercado nos dados

mais recentes, possivelmente pelo

pouco tempo desde a publicação da

MP. De todo modo, o volume de

projetos já outorgados pela agência

mostra o forte interesse do mercado

na geração renovável: neste ano,

foram emitidas 220 outorgas para

projetos eólicos e solares no mercado

livre (ACL), somando 8,2 GW de

potência.

Mesmo com tanto projeto no

mercado, especialistas acreditam que

haverá demanda para colocá-los de

pé. A leitura é que empresas que

estejam capitalizadas podem acelerar

a contratação de energia de longo

prazo para garantir o benefício. Além

disso, as renováveis se tornaram

ainda mais atrativas com o

fortalecimento da agenda “ESG” (sigla

para governança ambiental, social e

empresarial).

Além de negociações bilaterais, outra

forma de viabilizar os

empreendimentos têm sido os leilões

organizados pelas próprias elétricas

para compra de energia de terceiros.

No último mês, Engie e Furnas

abriram certames do tipo. “A energia

vendida para Furnas, a partir do

leilão, necessariamente ainda fará jus

aos incentivos”, explicita a estatal, em

comunicado sobre a licitação.

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Os impactos da retirada dos

incentivos sobre os preços e a

competitividade das renováveis ainda

não são claros. No geral, especialistas

e geradores entendem que a energia

eólica e solar devem continuar

competitivas, a exemplo do observado

nos últimos leilões regulados. Entre

as duas fontes, há quem considere

que a solar pode ser mais afetada pelo

fim do desconto - segundo um estudo

da consultoria Greener, o preço da

energia solar pode ter acréscimo de

quase R$ 20/MWh com o fim do

desconto no “fio”.

https://valor.globo.com/empresas/noticia/20

20/10/05/fim-do-desconto-acelera-projetos-

de-renovaveis.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Empresas, segunda-feira 05de outubro de 2020.

Precificação horária da energia terá efeitos distintos no mercado

Estudo da comercializadora

Trinity aponta que metalurgia e

manufaturados diversos podem

ser os mais afetados pela

mudança do PLD em 2021

Por Letícia Fucuchima — De São

Paulo

Confirmada para janeiro de 2021, a

mudança no preço da energia elétrica

no mercado de curto prazo, o “PLD”,

terá efeitos distintos sobre os vários

setores da economia que contratam o

insumo no ambiente de contratação

livre (ACL) e também sobre as

companhias geradoras de energia.

Do lado dos consumidores, a

passagem para uma variação de

preços hora a hora poderá trazer

custos adicionais a todos os ramos de

atividade, segundo um estudo da

18

comercializadora Trinity. O

levantamento mostra que os

consumidores tendem a ter uma

exposição negativa, ou seja, teriam

que pagar a mais na liquidação

financeira mensal na Câmara de

Comercialização de Energia Elétrica

(CCEE).

Embora grande parte dos contratos

no mercado livre determine uma

entrega constante de energia, o

consumo normalmente varia ao longo

dia e da semana, de maneira que

sempre existem faltas ou sobras de

energia, valoradas ao preço daquele

momento. Hoje, a definição do preço

de curto prazo é feita em base

semanal. A partir do ano que vem,

passa a vigorar um cálculo de preço

horário.

Pelo estudo da Trinity, a entrada do

PLD horário afetará principalmente a

metalurgia e manufaturados diversos.

Para esses setores, foram calculados

custos adicionais de, respectivamente,

R$ 4,73 por megawatt-hora (MWh) e

R$ 5,16 /MWh caso a nova

sistemática já estivesse em vigor. Isso

se deve ao perfil de consumo dessas

indústrias, que teriam mais sobras de

energia aos finais de semana, quando

os preços diminuem

significativamente em relação aos

praticados em horários comerciais.

Os setores de comércio e de serviços

(incluindo shoppings e hotéis), com

elevado número de consumidores no

ACL, devem perceber um efeito mais

brando da aplicação do preço horário,

aponta o levantamento. Já os menos

impactados seriam as atividades de

químicos e saneamento, pelo fato de

possuírem processos contínuos, que

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garantem um perfil de consumo

regular ao longo do dia e da semana.

Já no caso das geradoras, a Trinity

estimou que, com o PLD horário, a

energia solar de uma usina no interior

do Piauí valeria em torno de R$ 1,32 a

mais a cada mil quilowatt-hora (kWh)

gerados. Já a energia eólica de uma

usina no interior do Rio Grande do

Norte, com geração mais intensa à

noite, vale cerca de R$ 10 a menos a

cada mil kWh.

Os dados utilizados no estudo são

baseados na carteira de clientes da

comercializadora, que soma 450

consumidores e geradores, com 2,5

GW. Para preços, foram usadas as

simulações do PLD horário “sombra”

divulgadas pela CCEE no ano de 2019

- os números de 2020 foram

excluídos devido ao impacto da

pandemia sobre os preços, que

distorceria a análise.

Segundo o CEO da Trinity, João

Sanches, muitos consumidores ainda

não estão atentos à mudança para o

PLD horário. “É um assunto bastante

relevante, mas que não está sendo

tratado com a importância que

deveria. Por outro lado, os geradores

estão bem preocupados,

principalmente os de fonte eólica no

Norte e no Nordeste, com geração

mais intensa na madrugada, hora que

está ficando mais barata”, explica.

Para minimizar potenciais efeitos, o

executivo afirma que o consumidor

deve contratar energia de acordo com

seu perfil de consumo. Outra solução

é tentar deslocar o consumo para

horas mais baratas. “Mas isso é difícil,

muitas vezes os custos de fazer esse

tipo de deslocamento são bem

19

maiores do que a eventual exposição

na CCEE”.

Bastante aguardada, a entrada em

vigor do PLD horário em 2021 já foi

confirmada pelo governo, após anos

de postergação. A mudança é bem

vista pelos agentes do setor elétrico: a

expectativa é que os preços fiquem

mais próximos da realidade das

operações do ONS, o que permitirá

identificar ineficiências e

oportunidades de otimização.

“Estamos preparados e a decisão de

um período de análise com a operação

utilizando o novo sistema foi

positiva”, afirmou Rui Altieri,

presidente do conselho de

administração da CCEE, na semana

passada.

https://valor.globo.com/empresas/noticia/20

20/10/05/precificacao-horaria-da-energia-

tera-efeitos-distintos-no-mercado.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Empresas, segunda-feira 05de outubro de 2020.

Banco do Brasil amplia investimento em geração solar

Banco do Brasil expande

investimentos em energia solar

para atender demanda de

agências

Por Gabriela Ruddy — Do Rio

Forni, do BB: aposta no “ganha-ganha”

com donos de usinas fotovoltaícas —

Foto: Divulgação

Em meio à busca por redução de

custos no contexto da crescente

digitalização bancária, o Banco do

Brasil (BB) estuda lançar novas

licitações para contratar usinas de

20

energia solar em São Paulo, no

Paraná e em Santa Catarina. O banco

também tem interesse em levar a

geração solar para agências no Rio

Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rio

Grande do Norte e Espírito Santo.

Os projetos, no entanto, dependem

das discussões sobre as novas regras

para geração distribuída - modalidade

na qual o consumidor gera sua

própria energia, localmente ou de

forma remota.

No momento, a Agência Nacional de

Energia Elétrica (Aneel) debate o

aperfeiçoamento das regras atuais.

Hoje, o consumidor que se encaixa na

categoria não recolhe a tarifa de uso

do sistema de distribuição (Tusd) em

relação à energia que fornece à rede

elétrica, mas as distribuidoras de

energia defendem que a tarifa seja

cobrada para não onerar os custos

para os demais usuários. “Nós, como

investidores, queremos o mercado

estável e com custos transparentes e

eficientes. Temos a predisposição

para investir e estamos focados em

tornar nossa matriz mais limpa, mas a

questão econômica pesa. Se a

alteração regulatória for impor um

custo isso vai, no mínimo, diminuir

nosso apetite”, diz José Ricardo

Forni, diretor de suprimentos,

infraestrutura e patrimônio do BB.

Ao todo, o Banco do Brasil tem sete

projetos de geração solar contratados,

como parte de um plano de

sustentabilidade em curso desde

2004. Juntas, as plantas têm

capacidade para gerar 42 gigawatts-

hora (GWh) de energia por ano. A

expectativa é de uma redução das

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despesas com energia elétrica de R$

277 milhões em 15 anos.

No momento, o BB está homologando

contratos com a EDP para novos

projetos em Goiás, Bahia e Ceará,

enquanto aguarda a entrega de uma

usina no Distrito Federal pelo

consórcio Espaço Y, FazSol (antiga

YES) e a japonesa Shizen. O consórcio

assumiu as obras em Brasília depois

de a Sices, vencedora da licitação,

entrar em recuperação judicial no

começo deste ano.

De acordo com Nélio Pereira, diretor

da FazSol, o andamento do projeto

também foi afetado nos últimos

meses pela pandemia, pois diversas

fornecedoras dedicaram esforços para

a fabricação de equipamentos

hospitalares. “Estamos voltando a

uma situação de normalidade, mas os

fornecedores estão pedindo sempre

prazos maiores agora nas negociações

e isso tem um impacto na engenharia

dos projetos", diz Pereira.

A primeira usina contrata pelo BB

entrou em operação em março deste

ano, em Porteirinha (MG). Entregue

pela EDP, a unidade tem capacidade

instalada de 5 megawatt (MW) e pode

atender até 100 agências. A segunda

usina vai ser inaugurada em 15 de

outubro, em São Domingos do

Araguaia, no Pará. O

empreendimento com capacidade de 1

MW vai garantir o fornecimento de

energia renovável para compensar o

consumo de 35 das agências do banco

no Estado. A expectativa é reduzir em

45% a conta de energia das unidades,

e resultar em economia de R$ 17

milhões em 15 anos. O projeto foi

desenvolvido pelo consórcio Espaço

Y, FazSol (antiga YES) e Shizen, que

21

vai receber R$ 16,7 milhões ao longo

do contrato da operação.

Além dessas, o banco espera contar

com uma terceira unidade de geração

solar para atender a suja demanda em

março de 2021, em Araçuaí, também

em Minas. O foco no Estado está

relacionado não somente ao alto

número de agências - Minas é a

unidade da Federação com o maior

número de municípios -, como

também aos incentivos tributários da

legislação estadual para o setor.

“O perfil da rede de agências está

mudando, o tamanho das unidades

está sendo reduzido, mas elas não vão

desaparecer. Olhamos o consumo de

energia de longo prazo sob essa

perspectiva”, diz Forni, do BB.

“Contratamos a compra da energia ao

longo desse tempo, mas o

investimento é feito pela empresa que

constrói a usina. É um ganha-ganha,

mas o projeto tem que ser de longo

prazo para ser viável.”

https://valor.globo.com/empresas/notici

a/2020/10/05/banco-do-brasil-amplia-

investimento-em-geracao-solar.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Empresas, segunda-feira 05de outubro de 2020.

Movimento falimentar

Falências Requeridas

Requerido: Bruno’s Car Compra e

Venda de Automóveis Eireli ME -

CNPJ: 23.456.604/0001-42 -

Endereço: Av. Automóvel Clube, 164,

Centro - Requerente: Angélica Dutra

Santos Silva - Vara/Comarca: 3a Vara

de São João de Meriti/RJ

Falências Decretadas

Empresa: Fbs Frigorífico Bom Sabor

Eireli - CNPJ: 23.943.126/0001-03 -

Endereço: Rua Sergipe, 03 A, Centro,

Ouro Verde/sp - Administrador

Judicial: O Próprio Administrador

Judicial da Recuperação Judicial

Rescindida, Sr. Artur Bonini do Prado

- Vara/Comarca: 2a Vara de

Dracena/SP - Observação:

Recuperação Judicial convolada em

Falência.

Processos de Falência Extintos

Requerido: Angels Açúcar, Álcool e

Trigo Ltda. - CNPJ: 11.484.230/0001-

90 - Requerente: New Trade Fomento

Mercantil Ltda. - Vara/Comarca: 8a

Vara de Campinas/SP - Observação:

Pedido julgado improcedente.

Requerido: Benge Engenharia e

Serviços Eireli - CNPJ:

22

15.808.984/0001-09 - Endereço: Av.

Dr. Heitor Nascimento, 196, Bloco B,

Sala 63, Bairro Morumbi -

Requerente: Telbra Ex Indústria e

Comércio Ltda. - Vara/Comarca: 1a

Vara de Paulínia/SP - Observação:

Desistência homologada.

Requerido: Godoy & Baptistella

Indústria e Comércio de Produtos de

Higiene Ltda. - CNPJ:

10.619.983/0001-00 - Requerente:

Gama Mpman Importação e

Exportação Ltda. - Vara/Comarca: 1a

Vara de São Pedro/SP - Observação:

Desistência homologada.

Recuperação Judicial Requerida

Empresa: Artluiz Bar e Restaurante

Eireli, Nome Fantasia Choppão

Central Sempre Vila - CNPJ:

28.262.030/0001-95 - Endereço:

Bulevar Vinte e Oito de Setembro,

238, Bairro Vila Isabel -

Vara/Comarca: 2a Vara Empresarial

do Rio de Janeiro/RJ

Recuperação Judicial Deferida

Empresa: Hotéis e Pousadas Belle

Mer Brasil S/A - CNPJ:

33.927.815/0001-70 - Endereço:

Estrada Para Arraial D Ajuda, 07,

Arraial D Ajuda - Administrador

Judicial: Sr. Sebastião Silva Júnior,

Administrador e Técnico Contábil -

Vara/Comarca: Vara Cível de Porto

Seguro/BA

Empresa: Mar D’ouro Hotel e Parque

Ltda., Nome Fantasia Eco Resort -

CNPJ: 25.129.618/0001-87 -

Endereço: Estrada Para Arraial D

Ajuda, 01, Arraial D Ajuda -

Administrador Judicial: Sr. Sebastião

Silva Júnior, Administrador e Técnico

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Contábil - Vara/Comarca: Vara Cível

de Porto Seguro/BA

Empresa: Mwl Brasil Rodas & Eixos

Ltda. - CNPJ: 03.234.027/0001-37 -

Endereço: Rodovia Vito Ardito, S/nº,

Km 01, Bairro Campo Grande -

Administrador Judicial: Brasil

Trustee Assessoria e Consultoria

Ltda., Representada Pelo Dr. Filipe

Marques Mangerona - Vara/Comarca:

1a Vara de Caçapava/SP

https://valor.globo.com/empresas/noticia/20

20/10/05/eaf03f7d-movimento-

falimentar.ghtml

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23

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Valor Econômico

Caderno: Finanças, segunda-feira 05de outubro de 2020.

CVM prepara unificação das regras de ofertas

Novo regime para as ofertas

públicas pode alavancar as

emissões no mercado de

capitais, afirma Marcelo

Barbosa, presidente da CVM

Por Juliana Schincariol — Do Rio

Barbosa, presidente da CVM: A autarquia

pode pedir que companhias divulguem

informações sócio-ambientais — Foto:

Alexandre Campbell/Valor

A Comissão de Valores Mobiliários

(CVM) desenha um novo regime de

ofertas para dar mais fluidez às

emissões no mercado de capitais

brasileiro. O objetivo do regulador é

unificar as regras atuais, e eliminar,

por exemplo, a restrição da

participação de um número máximo

24

de investidores nas emissões via

instrução 476, que não exige registro

prévio na autarquia. A decisão é

estratégica e mira o desenvolvimento

do mercado, segundo o presidente

Marcelo Barbosa. "É importante

também ter ofertas da instrução 400,

que permitem mais dispersão e

liquidez", disse, em entrevista

ao Valor.

As potenciais mudanças - que ainda

dependem de audiência pública -

ocorrem em meio à chegada de mais

de 3 milhões de investidores à bolsa,

em busca de alternativas de

investimentos, diante dos juros em

suas mínimas históricas. Os novos

entrantes aumentam as

responsabilidades do regulador em

todas as esferas, em especial a

educação financeira e proteção do

mercado. Ainda que a CVM tenha

acelerado julgamentos e reduzido o

estoque de processos, para Barbosa, o

melhor efeito da atuação preventiva

da autarquia ocorre quando uma

decisão tomada em um caso repercute

no mercado, mesmo sem um

comando adicional do regulador. Leia

abaixo os principais trechos da

entrevista, concedida às vésperas da

Semana Mundial do Investidor, que

tem início nesta segunda-feira.

É importante olhar para as ações

dos ‘influencers’ do mesmo jeito

que analisaríamos se não

estivessem na rede social”

Valor: Nos últimos três anos, desde

o início do seu mandato na CVM, o

número de investidores em bolsa

disparou. O que foi feito desde então

para facilitar o acesso ao mercado?

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Marcelo Barbosa: Há iniciativas

em diversos campos. O trabalho não é

só para a nova base de investidores,

mas para o desenvolvimento do

mercado como um todo. O avanço no

mercado de dívida, a nova regra de

BDRs e o “crowdfunding” de

investimentos são exemplos de

oportunidades de ativos que até

pouco tempo não estavam

considerados. Intensificamos os

canais de contato com o público

investidor. Temos tido um aumento

das demandas e consultas e

procurado respondê-las. Passamos a

divulgar as informações sobre

prestadores de serviços suspensos, o

que ajuda os investidores a fazerem

escolhas mais conscientes. E a

atividade sancionadora tem

aumentando em eficiência ano após

ano.

Valor: Uma nova regra de ofertas

está entre as prioridades da CVM. O

que esperar das mudanças?

Barbosa: O trabalho tem grande

potencial de alavancar emissões. Um

pedido de registro de oferta é um

processo e queremos agregar fluidez.

Até para ofertas dispensadas de

registro vamos fazer este esforço. Ao

fim do dia, o que vai surgir é uma

norma que vai substituir as regras

400 (que exige registro da CVM) e

476 (que tem dispensa de registro).

Aos poucos, já incorporamos alguns

aprimoramentos, como o pedido de

registro em base confidencial, a

dispensa de aprovação prévia de

material publicitário e eliminação de

janelas para pedidos de registro de

ofertas. Vamos oferecer um regime

inteiro com avanços.

25

Valor: A CVM analisa retirar a

restrição do número de investidores

que participam das ofertas

realizadas via 476. Como isso pode

impulsionar o mercado?

Barbosa: Será dada mais

flexibilidade no momento da

preparação da oferta e será possível

procurar o mercado de forma mais

livre. Também aumenta a

possibilidade de captação e pode

acelerar os processos.

Valor: Como o sr. avalia a instrução

476 da forma que foi feita e adotada

pelo mercado?

Barbosa: Do ponto de vista de

aceitação do mercado, a 476 foi

altamente bem-sucedida. De certa

forma podemos dizer que ela

canibalizou um pouco a [instrução]

400. Resolvemos em dado momento

segurar essa expansão. Porque no fim

do dia é importante também ter

ofertas da 400, que permitem mais

dispersão, maior liquidez. E a 476

tem essas limitações. A decisão

estratégica que tomamos do ponto de

vista de desenvolvimento do mercado

foi concentrar os esforços em um

regime novo, mais amplo, que

permita que os regimes compitam,

vamos dizer, em igualdade de

condições. E achamos que isso será

melhor para o mercado.

Valor: O mercado já consegue

perceber a aplicação da instrução

607, que permite à CVM impor

sanções mais duras?

Barbosa: Para uma avaliação sobre o

efeito da aplicação da instrução 607 é

preciso isolar os casos julgados na

vigência da regra e não compará-los

aos anteriores. É importante olhar o

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valor da penalidade aplicada frente a

conduta em cada caso. Uma multa de

R$ 100 mil é leve? Uma multa de R$

100 milhões é necessariamente

pesada? É preciso olhar a conduta, e a

dosimetria tem que ser proporcional.

Valor: A CVM tende a agir de

maneira mais preventiva para

proteger o mercado?

Barbosa: Existem várias formas de

atuação preventiva, entre elas a

educação (dos investidores) e a

comunicação das nossas atividades. O

ideal é que a cada decisão e

manifestação da CVM seja gerado um

efeito pedagógico para impedir esse

tipo de conduta. Acreditamos que isso

tem acontecido. Estamos sendo

procurados por agentes de mercado

que querem entender melhor as

consequências de decisões que

tomamos. O melhor efeito preventivo

é quando uma decisão tomada em um

caso repercute e o mercado reage a

ela, mesmo sem que tenha sido dado

nenhum comando ao resto do

mercado. Isso é o ideal.

Valor: Houve suspensões

preventivas no passado. Foi o caso,

por exemplo, em 2007, por insider, e

em 2018, com debêntures

irregulares. Isso pode se repetir?

Barbosa: Estes são exemplos de

ações preventivas específicas e não

descartamos fazer novamente. Mas

tem que surgir um caso. O uso deste

tipo de ferramenta é sempre cercado

de um trabalho anterior de avaliação

do impacto. Diversos aspectos são

levados em conta. Os casos de 2018

geraram processos sancionadores que

ainda estão em andamento.

26

Valor: A CVM pretende em algum

momento regular a atuação dos

influencers de investimentos?

Barbosa: É importante olhar para

esses casos do mesmo jeito que

analisaríamos se não estivessem

numa rede social, que tem essa

função propagadora como

particularidade. Recebemos muitas

denúncias e estamos olhando.

Inclusive há um trabalho sendo feito

de ampliação da supervisão sobre

conteúdo das redes sociais.

Valor: Uma recente medida da CVM

foi a redução dos percentuais

mínimos para o exercício de direito

dos minoritários. É um caminho para

facilitar a reparação de danos?

Barbosa: Isso vem desde 2018, de

um trabalho com o ministério da

Economia e apoio da OCDE. É um

trabalho amplo de reforço dos meios

de proteção dos investidores. Essa é

uma das áreas que precisa de

aprimoramento regulatórios e

legislativo. Já começamos a ver

resultados. Os percentuais tinham

que ser ajustados para patamares

mais realistas. A decisão foi para

equilibrar os percentuais entre o que

os torna disponíveis na prática mas

sem ser tão fáceis para que (os

investidores) nem precisem pensar

antes de fazer, para que não haja

abuso.

Valor: Qual o próximo passo?

Barbosa: Uma parte adicional da

entrega será também na parte de

arbitragem. Há aprimoramentos a

serem efeitos. Quando se fala de

arbitragem em companhias abertas, é

muito importante entender que, entre

o sigilo típico da arbitragem e o dever

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de divulgação de fatos relevantes

relacionados a uma companhia

aberta, esse segundo prevalece. O

sigilo típico da arbitragem não afasta

de maneira nenhuma o dever de

divulgação. Os aprimoramentos irão

nesse sentido.

Valor: Com o aumento da demanda

por investimentos ESG, a CVM

também pode pedir que companhias

divulguem informações referentes a

ações sócio-ambientais?

Barbosa: Sim, sem dúvida. Esse é

um aspecto com o qual a CVM tem

uma atenção muito grande. O avanço

da transparência sobre esses aspectos

é uma medida de aumento da

competitividade do mercado. A

evolução das políticas de

investimento de grandes investidores

institucionais estrangeiros leva cada

vez mais em conta esses aspectos.

Valor: A CVM aumentou o ritmo de

julgamentos e reduziu o estoque de

processos. Mas ainda é cobrada por

mais agilidade em suas respostas,

especialmente em casos de maior

repercussão.

Barbosa: Temos que estar sempre

preparados para iniciar os trabalhos

da forma mais tempestiva possível, ao

mesmo tempo não podemos deixar de

apurar. E não podemos tomar

decisões que tenham consequências

tão graves sem ser baseados. É o

devido processo que temos que

seguir, assim como outras autarquias

ou o próprio judiciário. Senão, vamos

acabar pecando pelo outro lado, de

atuação não refletida ou precipitada.

Temos que manter a atuação

equilibrada até para garantir o

respaldo das nossa decisões. Não

27

podemos dar margem para questões

judiciais.

https://valor.globo.com/impresso/20201

005/

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Valor Econômico

Caderno: Legislação e Tributos, segunda-feira 05de outubro de 2020.

Justiça do Trabalho concede habeas corpus e libera passaportes de sócios

Há decisões no TST e nos TRTs

de São Paulo, Pernambuco e Rio

Grande do Sul

Por Adriana Aguiar — De São

Paulo

Advogado Daniel Chiode: habeas corpus

se aplica também ao direito de trabalhar

e de ir e vir ao trabalho — Foto: Claudio

Belli/Valor

Sócios de empresas com dívidas

trabalhistas pendentes têm

conseguido liberar passaportes com

um recurso ainda muito pouco

utilizado na Justiça do Trabalho, o

habeas corpus (HC). Há decisões no

Tribunal Superior do Trabalho (TST)

e em Tribunais Regionais do Trabalho

(TRTs), como os de São Paulo,

Pernambuco e do Rio Grande do Sul.

28

Em todas, os magistrados entenderam

que a retenção do documento

restringe o direito de ir e vir,

assegurado pela Constituição.

Há alguns anos, o habeas corpus era

usado para liberar executivos, na

rescisão de contratos, de acordos com

cláusulas de não concorrência e até

jogadores de futebol ou outros atletas

impedidos de trabalhar por multas

consideradas abusivas ou ilegais

previstas em contratos, segundo o

advogado Daniel Chiode, do Chiode

Minicucci Advogados. Agora, o

recurso passou a ser adotado contra a

apreensão de carteira de motorista e

passaporte, por exemplo.

“A ideia de ir e vir, habitualmente

lembrada como direito protegido em

habeas corpus, se aplica também ao

direito de trabalhar e de ir e vir do

trabalho e garantir a liberdade de

exercer uma atividade profissional e

se manter”, diz o advogado.

Apesar de possível a utilização do

habeas corpus na seara trabalhista,

foram julgados apenas 222 pedidos

em toda a Justiça do Trabalho, de

2015 até julho deste ano, segundo

dados fornecidos pelo Tribunal

Superior do Trabalho (TST), a pedido

do Valor. Boa parte (191 deles) foi

julgada em segunda instância.

Um recente julgamento, da Subseção

II Especializada em Dissídios

Individuais (SDI-2) do Tribunal

Superior do Trabalho (TST),

responsável por consolidar a

jurisprudência, deve dar mais força ao

uso do habeas corpus para a liberação

de passaportes, segundo advogados

trabalhistas. Os ministros, em sessão

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virtual, em agosto, reconheceram a

possibilidade e fundamentaram o

entendimento com julgados do

Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Os magistrados analisaram habeas

corpus impetrado pelo sócio de uma

empresa que teve passaporte retido

pela Vara do Trabalho de Caçapava

(SP). Ele responde por uma dívida de

R$ 105 mil (em valores corrigidos)

com um vigilante. Na execução, a

Justiça do Trabalho não localizou

bens para o pagamento do valor. O

juiz determinou então a retenção da

carteira nacional de habilitação

(CNH) e do passaporte dos sócios da

empresa com a afirmação de “quem

deve, não pode possuir veículo nem

fazer viagens internacionais”.

A decisão foi mantida pelo TRT de

Campinas (15ª Região). No TST, o

relator, ministro Evandro Valadão,

votou pela manutenção do

entendimento. Para ele, o habeas

corpus não é a via adequada, pois não

se trata efetivamente do direito à

liberdade de locomoção. Contudo, ele

ficou vencido.

Prevaleceu voto do ministro Vieira de

Mello Filho. Para ele, essa questão foi

pacificada pelo STJ, a quem cumpre

uniformizar a jurisprudência

processual civil. Foi mantido, porém,

o indeferimento quanto à retenção da

carteira de motorista (RO-8790-

04.2018.5.15.0000).

Para o advogado trabalhista Maurício

Corrêa da Veiga, do Corrêa da Veiga

Advogados, que já assessorou

jogadores de futebol em pedidos de

habeas corpus, o julgamento da SDI-2

do TST deu um novo rumo ao tema.

Desde 2018, o tribunal havia deixado

de admitir o recurso para o direito de

29

ir e vir secundários - que não estão

com sua locomoção cerceada de forma

direta.

“A partir do momento que é possível a

impetração de habeas corpus para

suspender uma ordem de apreensão

de passaporte pelo princípio da

liberdade e dignidade da pessoa

humana, pode ser usado também

quando se trata de dissolução de

vínculo de emprego de atleta”, diz.

A segunda instância também tem

seguido esse caminho. Em recente

decisão do TRT de São Paulo (2ª

Região), os desembargadores da

Seção de Dissídios Individuais - (SDI-

4) foram unânimes ao confirmar no

mérito liminar concedida em habeas

corpus em 2019 para liberar o

passaporte de sócia em uma empresa

de transporte. (HC 1003312-

24.2019.5.02.0000)

Na execução, o juiz determinou a

suspensão de seu passaporte e saída

do país com a fundamentação de que

a sócia tem patrimônio declarado no

exterior no valor de R$ 189 mil e que

a remessa de valores ao exterior seria

uma blindagem patrimonial. Ainda

haveria risco de a executada se

ausentar do país definitivamente.

Ao analisar o caso, contudo, a

desembargadora Sônia Aparecida

Mascaro Nascimento entendeu que a

sócia não estaria ocultando valores no

exterior, pelo fato de os declarar no

Imposto de Renda. “Ademais, inexiste

qualquer restrição legal ao envio de

montantes para contas ou aplicações

no exterior, desde que devidamente

declarados à Fazenda Pública, como

ocorreu na hipótese.”

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Além disso, destacou que o valor

apontado, pouco mais de US$ 30 mil,

apesar de não representar nem 0,2%

da dívida executada, pode ser

perseguido pelo juiz por meio dos

métodos de cooperação internacional.

“Assim, não vislumbro qual a

utilidade/necessidade da suspensão

do passaporte e direito de entrar e

sair do país, pois tais medidas não se

traduzirão, tampouco acarretarão -

nem mesmo de forma indireta -, em

apreensão de bem apto a quitar a

dívida”, diz.

Em Pernambuco, o Pleno do TRT

também liberou passaporte da sócia

de uma empresa, além da carteira

nacional de habilitação. Em decisão

monocrática, a desembargadora

Virgina Malta Canavarro afirma estar

seguindo a jurisprudência do STJ e

também do TRT local (HC nº

0000810-21.2019.5.06.0000).

Há ainda decisão no TRT do Rio

Grande do Sul. O desembargador

Fernando Luiz de Moura Cassal, da 1ª

Seção de Dissídios Individuais, foi

contra a medida tomada contra o

sócio de uma empresa em Sapiranga

(RS). Para ele, a suspensão do

passaporte interfere no direito de ir e

vir (HC 0021023-

05.2019.5.04.0000).

Segundo o advogado criminalista e

professor de direito da FGV-SP, Davi

Tangerino, em princípio não haveria

impedimento para a Justiça do

Trabalho julgar esses casos. Ele

afirma que o habeas corpus é um

instrumento constitucional para

afastar ilegalidade, atual ou iminente,

ao direito de ir e vir.

No Regimento Interno do STJ,

acrescenta, há previsão para que as

30

turmas não criminais (que compõem

a 1ª Seção ao tratar de Direito

Público) julguem, por exemplo, a

expulsão de estrangeiros pelo

ministro da Justiça. “Analogicamente,

a aplicação na Justiça do Trabalho

pode fazer sentido, já que não há uma

vedação constitucional”, diz

Tangerino.

https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2

020/10/05/justica-do-trabalho-concede-

habeas-corpus-e-libera-passaportes-de-

socios.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Legislação e Tributos, segunda-feira 05de outubro de 2020.

Fundador do Andrade e Fichtner tenta revisão de acordo firmado para sua saída

Ex-sócio alega que ao assinar

desligamento sofria de severa

depressão que interferiu na sua

capacidade de negociar contrato

Por Ana Paula Ragazzi — De São

Paulo

Cerca de um ano e meio após se

retirar do escritório que fundou há 35

anos, o advogado José Antonio

Velasco Fichtner Pereira foi à Justiça

para revisar as condições econômico-

financeiras de sua saída, apurou

o Valor. Ele alega que, ao assinar o

seu desligamento, sofria de uma

severa depressão que interferiu na

sua capacidade de avaliar e negociar

os termos do contrato.

O Andrade e Fichtner Advogados foi

um escritório tradicional do Rio de

Janeiro, um dos principais em

questões de arbitragem e contencioso

nas áreas de telecomunicações,

seguros, ambiental e logística. José

Antonio é irmão de Regis Fichtner,

que foi secretário da Casa Civil (2007

-2014) no governo Sérgio Cabral.

Investigado pela Lava-Jato, Regis foi

preso por duas vezes, em 2017 e 2019,

31

por suspeita de recebimento de

propina. Foi solto pela 2ª Turma do

Supremo Tribunal Federal (STF), com

a consideração do relator, ministro

Gilmar Mendes, de que a nova prisão

havia sido baseada apenas em relatos

de delatores, o que violaria a

legislação.

Na ocasião da segunda prisão de

Regis, em fevereiro de 2019, a Polícia

Federal fez buscas também na casa de

José Antonio e em seu escritório,

depois que Cabral afirmou, em

delação, que José Antonio teria

envolvimento em situações ilícitas

junto ao irmão. Desde então, nada

avançou ou foi provado em relação às

denúncias contra os irmãos.

A situação de busca e apreensão no

escritório, no entanto, causou uma

situação insustentável para a

permanência de José Antonio, de

acordo com fontes. Em comum

acordo com outros sócios foi definido

o desligamento, em março. E o

escritório passou a chamar

Mannheimer, Perez e Lyra

Advogados.

O Valor apurou que José Antonio

alega que, no momento em que

assinou sua saída, sofria de séria

depressão que interferia em sua

capacidade cognitiva. Segundo fontes

que tiveram acesso ao processo antes

que fosse decretado segredo de

Justiça, ele teria anexado aos autos do

processo pareceres de médicos

psiquiatras que o acompanharam

naquele momento.

Depois que superou os problemas

psicológicos, José Antonio teria

revisado os contratos e percebido que

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“deixou dinheiro na mesa”. O pedido

dele não é para voltar ao escritório,

mas de uma revisão da remuneração

recebida por processos nos quais

trabalhou e que tiveram desfecho

depois de sua saída.

Segundo fontes do setor, é comum

que se um advogado deixa o escritório

ou em caso de falecimento, que ele ou

família recebam um valor

proporcional às causas que deixou em

andamento. Como exemplo, se ele

saiu em março e uma causa foi

definida em abril, teria direito a

honorário integral. Se a definição foi

seis meses depois, receberia um

determinado percentual do valor.

O que José Antonio alega agora é que

esses cálculos definidos em sua saída

não foram os mais justos. Na ação,

José Antonio alega que era o principal

nome do escritório, e o responsável

por levar 90% das causas à banca,

informam as fontes.

José Antonio entrou como uma ação

de produção de provas contra o

Mannheimer, Perez e Lyra Advogados

e seu principal sócio, Sergio

Mannheimer. Nela, pede que

entreguem uma cópia de um

documento chamado “contrato de

divisão de honorários”, que traz

justamente as regras que ele demanda

agora que sejam cumpridas. Esse

“contrato” teria sido feito pelos sócios

e cada um deles teria cópia.

O curioso, e que tem gerado

comentários no meio advocatício, é

que o “documento” seria uma folha de

papel, mas que não atende a nenhum

procedimento legal: não é assinado

por testemunhas, não prevê

penalidades para o seu

descumprimento, nem um foro para

32

discussão de seus termos. Seria

apenas um registro para guiar a

distribuição das participações.

A discussão do caso, avaliam fontes,

deverá ser em torno da depressão

alegada por José Antonio, se ela, de

fato existiu, e se interferiu na sua

capacidade de decisão.

Em nota, o Mannheimer Perez e Lyra

diz que não pode comentar o caso,

que está em segredo de justiça

decretado a pedido do próprio José

Antonio, e lamenta a publicidade da

discussão sigilosa. Afirma ainda que

José Antonio retirou-se do escritório

“em razão dos notórios problemas do

ex-sócio com as autoridades”, e

assinou um contrato “detalhado e

amplamente negociado”, que lhe

assegura “remuneração condizente

com o papel que exerceu nos

processos anteriores à sua saída” e

vem sendo cumprido integralmente.

Procurado, o Ferro, Castro Neves,

Daltro & Gomide Advogados, que

defende José Antonio, não deu

entrevista.

https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2

020/10/05/fundador-do-andrade-e-fichtner-

tenta-revisao-de-acordo-firmado-para-sua-

saida.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Legislação e Tributos, segunda-feira 05 de outubro de 2020.

Grupos econômicos e execuções fiscais

Não é a caracterização do grupo

econômico em si que enseja a

responsabilização solidária, mas

o abuso da personalidade

jurídica

Por Daniel Zugman e Frederico

Bastos

No atual panorama de crise

econômica, no qual cresce o

inadimplemento de obrigações

tributárias, uma empresa pode correr

o risco de sofrer execuções fiscais

mesmo se estiver com as contas em

dia. Isso porque as procuradorias das

Fazendas Públicas recorrentemente

realizam pedidos de

redirecionamento de execuções fiscais

do CNPJ devedor para outras

empresas do mesmo grupo.

A esse respeito, há controvérsia na

jurisprudência do Superior Tribunal

de Justiça (STJ) sobre a necessidade

de instauração do Incidente de

Desconsideração da Personalidade

Jurídica (IDPJ) para o

redirecionamento da execução fiscal.

Há decisões em ambos os sentidos -

pela incompatibilidade entre o IDPJ e

a Lei de Execuções Fiscais, e pela

obrigatoriedade do IDPJ em

determinadas circunstâncias.

33

Não é a caracterização do grupo

econômico em si que enseja a

responsabilização solidária, mas

o abuso da personalidade

jurídica

A unificação de um entendimento é

fundamental para assegurar maior

segurança jurídica e também porque o

IDPJ garante ao contribuinte o direito

ao contraditório e à ampla defesa em

relação à execução fiscal

redirecionada, bem como a suspensão

do processo executivo.

Embora ainda se aguarde a

consolidação da jurisprudência, é

possível extrair pontos de referência

que podem orientar os contribuintes a

partir da análise das decisões mais

recentes do STJ sobre o tema.

Primeiramente, o fato de pessoas

jurídicas pertencerem a um mesmo

grupo econômico, por si só, não

autoriza a cobrança do crédito

tributário, inadimplido pelo devedor

original, contra outras empresas do

mesmo grupo.

O IDPJ é descabido nos casos em que

a pessoa jurídica para a qual se

pretende redirecionar a execução

consta na Certidão de Dívida Ativa

(CDA). Mesmo que não conste no

título executivo, ainda assim é

descabido o IDPJ desde que o Fisco

efetivamente demonstre a

responsabilidade do novo devedor

com base nos artigos 134 e 135 do

Código Tributário Nacional (CTN).

Em casos não enquadrados nas

referidas hipóteses, o

redirecionamento depende da

comprovação de abuso de

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personalidade, caracterizado pelo

desvio de finalidade ou confusão

patrimonial. Nesse caso, segundo

decisões recentes do STJ, é

imprescindível a instauração do IDPJ

da pessoa jurídica devedora. Ressalte-

se que com a abertura do incidente,

recai sobre o Fisco o ônus de

comprovar eventual abuso de

personalidade.

Se o caso não se enquadrar em

quaisquer das hipóteses acima,

remanesce possibilidade de

redirecionamento da execução fiscal

com fundamento na responsabilidade

solidária do art. 124 do CTN, baseada

no “interesse comum” das partes.

Sobre isso, há dois aspectos que

merecem destaque. O conceito de

interesse comum pressupõe interesse

jurídico das partes no fato gerador do

tributo, e não meramente econômico,

razão pela qual não se admite a

responsabilização unicamente em

virtude de se integrar o mesmo grupo

e eventualmente se beneficiar

economicamente de determinada

situação praticada por outra empresa

do grupo. Por interesse comum,

portanto, entende-se a prática do fato

gerador conjuntamente pelas

empresas, ou a participação efetiva de

ato fraudulento que tenha gerado

economia tributária para uma das

empresas.

Sendo assim, os grupos econômicos

regulares, em que se respeita a

personalidade jurídica das sociedades

integrantes, mantendo-se sua

autonomia patrimonial e operacional,

não podem sofrer a responsabilização

solidária do art. 124 do CTN.

Desta feita, não é a caracterização do

grupo econômico em si que enseja a

34

responsabilização solidária, mas o

abuso da personalidade jurídica. Isso,

inclusive, foi expressamente

consignado no art. 50 do Código Civil,

que foi alterado recentemente para

detalhar as hipóteses de

desconsideração de personalidade

jurídica de devedor.

A outra hipótese do art. 124 do CTN

diz respeito à existência de norma

legal expressa que atribua

responsabilidade tributária a terceiro

vinculado ao fato gerador. Nesse caso,

não há maiores discussões, já que o

devedor a quem a execução é

redirecionada está expressamente

vinculado ao fato gerador desde o

nascimento da obrigação tributária.

Portanto, é possível interpretar, a

partir da jurisprudência do STJ, que o

redirecionamento de execução fiscal a

pessoa jurídica que integra o mesmo

grupo econômico da sociedade

originalmente executada, independe

da instauração do IDPJ caso: (a) a

pessoa jurídica objeto do

redirecionamento conste da CDA; (b)

comprovadamente verifique-se uma

das hipóteses de responsabilização de

terceiros (artigos 134 e 135 do CTN);

(c) a pessoa jurídica tenha interesse

comum no fato gerador (i.e., interesse

jurídico), juntamente à empresa

devedora (artigo 124, I, do CTN), e (d)

exista norma expressa atribuindo

responsabilidade tributária ao

terceiro (artigo 124, II, do CTN).

Nas demais hipóteses, a Corte tem

manifestações no sentido de que o

IDPJ é compatível com a execução

fiscal, devendo ser aplicado

subsidiariamente de modo a permitir

ao contribuinte o exercício do

contraditório e da ampla defesa de

maneira menos gravosa, bem como

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restringindo o redirecionamento de

execução fiscal apenas após

comprovado abuso de personalidade

da pessoa jurídica devedora.

Daniel Zugman e Frederico

Bastos são sócios da área

tributária do escritório BVZ

Advogados e professores de

Direito Tributário nas

instituições Insper, FGV e

Ibmec.

Este artigo reflete as opiniões do

autor, e não do jornal Valor

Econômico. O jornal não se

responsabiliza e nem pode ser

responsabilizado pelas

informações acima ou por

prejuízos de qualquer natureza

em decorrência do uso dessas

informações

https://valor.globo.com/legislacao/notici

a/2020/10/05/grupos-economicos-e-

execucoes-fiscais.ghtml

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35

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Caderno: Mercado, segunda-feira 05 de outubro de 2020.

Governo quer extinguir desconto de 20% em declaração simplificada do IR

Em troca, seria mantido direito às

deduções médicas e de educação; verba

iria para o Renda Cidadã

Bernardo Caram

BRASÍLIA

Com o objetivo de financiar o Renda

Cidadã, o governo estuda extinguir o

desconto de 20% concedido

automaticamente a contribuintes que

optam pela declaração simplificada do

Imposto de Renda da pessoa física. A

medida pode atingir mais de 17 milhões

de pessoas.

Em substituição, segundo fontes que

participam da elaboração da medida,

seria mantido o direito às deduções

médicas e educacionais, benefícios que

estavam na mira da equipe econômica

desde o ano passado.

Criado há 45 anos, o formulário

simplificado da declaração do Imposto

de Renda deixaria de existir.

O objetivo é usar os recursos

economizados com o fim do desconto

padrão de 20% para financiar

a ampliação do Bolsa Família, criando o

novo programa social do governo, com

o nome de Renda Cidadã. Ainda assim

seria necessário, no entanto, abrir

espaço no teto de gastos, regra que

limita as despesas públicas à variação

da inflação.

35

Gabriel Cabral/Folhapress

Quem opta pelo modelo simplificado

tem uma dedução padrão de 20% do

valor dos rendimentos tributáveis,

abatimento que substitui todas as

outras deduções. O limite atual desse

desconto é de R$ 16.754,34 por

contribuinte.

A outra opção existente hoje, e que seria

mantida, é a declaração completa,

atualmente indicada para quem teve

custos que podem ser deduzidos acima

dos 20%. Ela permite que a base

tributável seja reduzida se o

contribuinte apresentar despesas

médicas, educacionais, previdenciárias

e com dependentes.

Inicialmente, a ideia do ministro Paulo

Guedes (Economia) era acabar com as

deduções médicas e de educação. O

argumento era que esses descontos

representam elevados custos à União e

vão diretamente para o bolso da classe

média, sem benefício aos mais pobres.

A conta desses dois descontos é de

aproximadamente R$ 20 bilhões em

um ano.

Agora, o plano mudou, e o Ministério

da Economia quer reforçar o discurso

de que não pretende prejudicar a classe

média, fortemente atingida pela

pandemia do novo coronavírus.

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De acordo um técnico do ministério,

com a manutenção das deduções

existentes hoje no modelo completo, o

contribuinte continuará com o direito

de abater aqueles gastos que

efetivamente foram feitos.

A pasta argumenta que o modelo

simplificado somente fazia sentido

quando o mundo não era digitalizado, e

os contribuintes tinham um trabalho

enorme para guardar, reunir e

recuperar a papelada que seria

apresentada para viabilizar as

deduções.

O time de Guedes ainda trabalha nas

contas da economia que seria gerada

com a medida.

Na declaração referente ao ano de 2019,

17,4 milhões de pessoas optaram pelo

formulário simplificado, enquanto 12,9

milhões usaram o modelo completo.

Para os cadastrados no sistema

simplificado, a redução global na base

de cálculo foi de R$ 136,5 bilhões. Sobre

esse valor, portanto, o imposto não

incidiu. Como o desconto é padrão e

automático, em muitos casos o

contribuinte nem possui, de fato,

despesas a serem deduzidas da base de

cálculo do imposto.

Técnicos explicam que esse montante

de desconto não será eliminado em sua

totalidade com a medida porque muitas

pessoas que optaram pelo modelo

simplificado poderiam passar a declarar

e deduzir pela modalidade completa.

A nova proposta foi formulada para ser

apresentada ao presidente Jair

Bolsonaro como uma das soluções para

o impasse que envolve o novo programa

social do governo, que a equipe de

36

Guedes insiste em batizar de Renda

Cidadã.

Segundo técnicos do Ministério da

Economia, somente com essa medida, o

benefício mensal médio do Bolsa

Família poderia ser ampliado de R$ 190

para valores entre R$ 230 e R$ 240.

Membros da área econômica afirmam

que, diante da urgência de se criar o

novo programa social, a proposta para

extinguir a declaração simplificada tem

de ser apresentada no curto prazo. Isso

seria feito antes mesmo do envio de um

pacote mais amplo da reforma

tributária, que incluiria a ampliação da

faixa de isenção do Imposto de Renda.

A equipe econômica, no entanto,

mantém a defesa de que outros

programas sociais existentes hoje sejam

condensados para formar o Renda

Cidadã.

Guedes tem afirmado que o governo

conta com um cardápio de 27

programas que poderiam ser fundidos.

Como Bolsonaro vetou a extinção de

parte dessas ações, como o abono

salarial, a equipe econômica trabalha na

reestruturação de parte dos programas,

em vez de extingui-los.

A Folha mostrou na última semana

que uma das ideias é limitar faixa de

renda dos beneficiários do abono, uma

espécie de 14º pago a trabalhadores

com renda de até dois salários mínimos.

A mudança liberaria R$ 8 bilhões do

Orçamento.

Em conversas com aliados, Guedes

afirmou no fim de semana que o Renda

Cidadã deveria ser formado pela fusão

desses programas e “turbinado” pela

extinção do desconto padrão do

Imposto de Renda.

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Por se tratar de uma renúncia de

receita, o fim desse benefício ampliaria

a arrecadação do governo, mas não

abriria espaço no teto de gastos.

Portanto, o problema de financiamento

do programa seria resolvido apenas

parcialmente.

Na proposta do Ministério da

Economia, seria feita uma triangulação:

o governo usaria a verba do desconto

padrão para bancar o programa e, ao

mesmo tempo, cortaria outras despesas

para abrir espaço no teto.

Guedes determinou que sua equipe faça

um pente-fino no Orçamento para

encontrar verbas que possam ser

cortadas.

Uma das ideias é a de limitar gastos

com precatórios, dívidas do governo

reconhecidas pela Justiça. Essa

proposta chegou a ser apresentada

como fonte direta de financiamento do

programa social, o que gerou forte

reação negativa do mercado e entre

parlamentares e especialistas.

O ministro da Economia tem se

defendido com o argumento de que a

ideia não estava diretamente ligada ao

programa social e que a limitação de

pagamentos atingirá apenas grandes

débitos, respeitando a lei.

Outra opção defendida por Guedes para

abrir espaço no teto de gastos é a

retirada de amarras do Orçamento, no

que classifica como desvinculação,

desindexação e desobrigação dos

recursos públicos.

37

A medida, no entanto, sofre com

a resistência de Bolsonaro. Isso porque

uma das ações, por exemplo, acabaria

com a correção do salário mínimo pela

inflação e também poderia congelar o

valor de aposentadorias.

GOVERNO PODE EXTINGUIR

DESCONTO PARA

DECLARAÇÕESS

SIMPLIFICADAS DO IR

Qual era a ideia anterior do

governo?

• A equipe econômica defendia o

fim das deduções médicas e de

educação do IRPF (Imposto de

Renda da Pessoa Física)

• O argumento era que esses

descontos tributários têm alto

custo e vão para os bolsos da

classe média, não gerando

benefício aos mais pobres

• Em um ano, o governo deixa de

arrecadar aproximadamente R$

20 bilhões com os dois tipos de

dedução

Qual é a nova proposta?

• O Ministério da Economia quer

acabar com a declaração

simplificada: governo estuda

extinguir o desconto padrão de

20% sobre a base de cálculo

tributável para contribuintes

que optam pelo modelo

simplificado da declaração do IR

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• A declaração simplificada é

vantajosa porque garante um

desconto padrão de 20%

automático, independentemente

de o contribuinte ter ou não

despesas a deduzir

• Nesse caso, o governo abriria

mão de extinguir as deduções

médicas e de educação

• A pasta argumenta que a

medida não prejudica a classe

média porque o contribuinte

seguiria com o direito de

deduzir aquilo que efetivamente

tem direito na declaração

completa

Qual o objetivo?

Recursos economizados pela União com

o fim do benefício seriam destinados ao

novo programa social do governo

Problema de verba para o

programa social estaria resolvido

com a medida?

• Parcialmente. Apesar de

conseguir uma fonte de

recursos, o governo ainda

precisaria abrir espaço no teto

de gastos, que já está esgotado

• Para isso, o time de Guedes

vasculha o Orçamento para

cortar despesas sujeitas ao teto.

Uma das opções avaliadas é

adiar gastos com precatórios

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/

10/governo-quer-extinguir-desconto-de-20-em-

declaracao-simplificada-do-ir.shtml

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38

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Caderno: Mercado, segunda-feira 05 de outubro de 2020.

Campanha quer regulação para inibir compra de ouro ilegal por instituições financeiras

Proposta está em consulta pública e

será encaminhada ao Banco Central e à

CVM

Thais Carrança

SÃO PAULO

Para vender ouro atualmente a uma

instituição financeira, um garimpeiro

precisa apenas mostrar seu documento

de identidade, preencher um formulário

à mão e dizer de onde vem o metal, sem

a necessidade de qualquer

comprovação.

A falta de certificação de origem abre

brecha para que toneladas de ouro

produzidas de maneira ilegal, em terras

indígenas ou unidades de conservação

na Amazônia, entrem no mercado

financeiro, onde passam a ser

comercializadas legalmente, sem

nenhum controle.

Para mudar essa situação e inibir a

compra de ouro ilegal por instituições

financeiras, uma organização não

governamental pretende apresentar ao

Banco Central e à CVM (Comissão de

Valores Mobiliários, que regula o

mercado de capitais) uma proposta de

regulação, que está em consulta pública

até 3 de novembro.

Segundo o Instituto Escolhas,

responsável pela iniciativa, uma

normatização é particularmente

39

relevante no momento atual, em que o

garimpo ilegal na região amazônica está

sendo impulsionado pelo alto preço do

metal no mercado internacional, pela

redução da fiscalização da atividade

garimpeira e pelas indicações do

governo no sentido de legalizar

garimpos em áreas hoje protegidas.

De janeiro a agosto de 2020, a

exportações brasileiras de ouro

cresceram 30,5% em valor em relação a

igual período de 2019, somando US$ 3

bilhões, segundo dados do MDIC

(Ministério da Indústria, Comércio

Exterior e Serviços). Em volume, o

incremento foi de 5,2% na comparação

anual, para 64 toneladas.

Na média de janeiro a agosto, a cotação

do ouro subiu 27% em relação a igual

período de 2019, impulsionada

pela busca dos investidores por ativos

financeiros seguros, em meio à crise

provocada pela pandemia do

coronavírus.

“Queremos que haja mais controle

sobre a comercialização do ouro,

porque hoje não há nenhum controle de

origem e, por isso, os esquemas ilegais

proliferam na Amazônia”, diz Larissa

Rodrigues, gerente de projetos do

Instituto Escolhas.

Segundo ela, das cerca de 100 toneladas

de ouro produzidas pelo Brasil

anualmente, aproximadamente um

terço vem de garimpos, onde se

concentra a produção ilegal do minério.

Esse ouro entra para o mercado

financeiro ao ser vendido para DTVMs

(Distribuidoras de Títulos e Valores

Mobiliários), instituições financeiras

que mantêm postos de compra do metal

na Amazônia.

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“A ideia é que haja uma validação da

comprovação de origem e que isso seja

feito num sistema eletrônico, que

permita o cruzamento com outras bases

de dados, como de arrecadação de

impostos e de produção da Agência

Nacional de Mineração”, explica

Larissa.

A advogada Ana Luci Grizzi, da Veirano

Advogados, autora das minutas da

proposta, diz que a ideia é que a DTVM,

na hora da compra do ouro, faça uma

uma espécie de miniauditoria do

vendedor.

“O comprador deve checar se o ouro foi

extraído de fato de uma área que tem o

direito de lavra concedido pela Agência

Nacional de Mineração e se a pessoa

que está fazendo aquela

comercialização é a titular do direito de

lavra ou tem um contrato com quem

tem esse direito”, afirma. O vendedor

terá que apresentar também a licença

ambiental da área.

O garimpo ilegal tem forte impacto

social, expondo comunidades indígenas

como os Yanomami, em Roraima, e os

Munduruku, no Pará, à violência e a

riscos à saúde, como a contaminação

por mercúrio ou pela Covid-19, trazida

pelos garimpeiros.

Também tem grande impacto

ambiental, contribuindo para o

desflorestamento.

Segundo levantamento divulgado em

junho pelo Greenpeace, com base em

dados do Inpe (Instituto Nacional de

Pesquisas Espaciais), o desmatamento

provocado por garimpos ilegais em

unidades de conservação na

Amazônia aumentou 80,6% nos quatro

primeiros meses de 2020, em relação

ao mesmo período do ano passado. Em

40

terras indígenas, o crescimento do

desmatamento por garimpo foi de

13,4% na mesma comparação.

Nesse cenário, o Instituto Escolhas

destaca a importância das instituições

financeiras e dos órgãos reguladores

participarem do esforço para inibir o

comércio de ouro produzido de forma

ilegal.

“Todo ouro de garimpo

necessariamente precisa entrar no

mercado por uma instituição financeira,

então são elas que podem exigir um

lastro de origem legal e de

conformidade ambiental para esse

ouro”, diz Larissa.

“Os órgãos reguladores devem fazer a

exigência disso, porque se não há

obrigação legal, isso não vira prática,

infelizmente.”

Procurada para comentar a iniciativa, a

Febraban (Federação Brasileira de

Bancos) disse que a entidade e os

bancos a ela associados não

compactuam com más práticas e estão

empenhados em fortalecer

permanentemente práticas de diligência

socioambiental.

“O setor bancário sempre esteve atento

à necessidade do desenvolvimento

sustentável e tem consciência de que é

necessário avançar no gerenciamento e

na mitigação dos riscos socioambientais

nos negócios com os clientes e canalizar

cada vez mais recursos, principalmente

privados, para financiar a transição

para a economia verde, sempre com a

preocupação de garantir a estabilidade

e resiliência do setor financeiro.”

Page 47: Clipping SCA · 2020. 10. 5. · Data de Criação: 05/10/2020 Criado por: Biblioteca Clipping SCA Os artigos reproduzidos neste clipping de notícias são, tanto no conteúdo quanto

O Banco Central disse através de sua

assessoria de imprensa que não iria

comentar e a CVM não respondeu ao

pedido de posicionamento.

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/

10/campanha-quer-regulacao-para-inibir-

compra-de-ouro-ilegal-por-instituicoes-

financeiras.shtml

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41

Page 48: Clipping SCA · 2020. 10. 5. · Data de Criação: 05/10/2020 Criado por: Biblioteca Clipping SCA Os artigos reproduzidos neste clipping de notícias são, tanto no conteúdo quanto

Caderno: Mercado, segunda-feira 05 de outubro de 2020.

Rio vai ampliar dependência do petróleo, e royalties chegarão a 25% da receita

Participação deve crescer em relação

ao volume total de recursos até 2023.

Até 2019, era de 20%. Estado e

municípios vivem a expectativa com o

julgamento no STF que vai decidir

sobre a distribuição dos recursos

Pedro Capetti e Cássia Almeida

Esperança. Pescadores de Saquarema

esperam que os royalties sejam usados

para melhorar a navegabilidade na

laguna, permitindo a pesca na maré baixa

Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo

RIO — Rio de Janeiro, Espírito Santo

e São Paulo recebem o maior volume

de royalties no país. E vão se

beneficiar dessa nova onda de

recursos do pré-sal, o que deve

manter a economia do Rio ainda

dependente da atividade de óleo e gás

e os cofres públicos, dos royalties, por

um bom tempo.

Nos próximos anos, os royalties vão

ocupar mais espaço no total de

receitas do Rio. Pelas previsões no

Orçamento, a parcela vai subir de

20%, em 2019, da receita corrente

líquida (disponível para gastar) para

representar 25% entre 2021 e 2023.

42

— O Rio de Janeiro será por muito

tempo “petrodependente”, e o Brasil

será dependente do Rio. Ainda somos

o maior produtor de óleo do Brasil, e

não vejo nada diferente disso no

futuro. Há outros ambientes de

produção de óleo, mas nada

comparado à produtividade do pré-

sal. É algo imbatível diante do que

conhecemos hoje — afirma Karine

Fragozo, gerente de Petróleo, Gás e

Naval da Firjan.

Nos próximos quatro anos, as cidades

do petróleo vão receber valor recorde

de R$ 47,6 bilhões em royalties.

Ferramenta digital no site do GLOBO,

o Monitor dos Royalties, mostra como

as cidades usam os recursos e o

desempenho de seus indicadores

sociais.

— É fundamental o entendimento

entre os vários poderes e entes

federados, para que o Rio não sofra

essa injustiça. Porém, há um volume

de produção maior com o pré-sal que

pode ser compartilhado com o

conjunto do país.

O Rio aderiu à proposta de acordo do

Espírito Santo para dar fim ao

impasse que se arrasta há sete anos. O

estado propôs mudanças nos termos

desse entendimento com estados não

produtores. Ainda assim, deixaria de

receber R$ 7,7 bilhões até 2025. O

objetivo é evitar o risco de perder R$

67,9 bilhões caso o resultado seja

desfavorável para o Rio.

O ministro de Minas e Energia, Bento

Albuquerque, já se manifestou a favor

do entendimento e disse que a adesão

do Rio ao acordo é passo importante

para encerrar o impasse.

Page 49: Clipping SCA · 2020. 10. 5. · Data de Criação: 05/10/2020 Criado por: Biblioteca Clipping SCA Os artigos reproduzidos neste clipping de notícias são, tanto no conteúdo quanto

Segundo Karine, embora ter recursos

em caixa sobrando seja um aspecto

favorável para a administração

pública, isso não significa,

necessariamente, que o estado ou

município terá avanços substanciais

em educação, saúde, segurança e

emprego. O que pode fazer a

diferença é a capacidade de gestão

dos recursos.

Para analistas, as cidades do Norte

Fluminense tiveram “oportunidades

perdidas” nos últimos anos. Para

Manuel Thedim, diretor executivo do

Instituto de Estudos de Trabalho e

Sociedade (IETS), houve maquiagem

e pouco investimento em

infraestrutura:

— As calçadas de porcelanato ficaram

conhecidas em detrimento da

periferia. Mas as cidades que

começaram a receber os royalties do

pré-sal, como Niterói e Maricá, têm

procurado investir, criaram fundos de

infraestrutura.

Campos chegou a receber mais de R$

2 bilhões por ano do petróleo, mas

com a queda da produção na Bacia de

Campos, recebe cerca de R$ 700

milhões, um terço de sua receita. A

população é o dobro da que registrava

antes dos royalties, mas com metade

do orçamento do passado. O

investimento público desde 2001 era

bem menor que os milhões recebidos

de royalties. E o quadro piorou nos

últimos anos.

Até a pandemia, 10% dos royalties

que Campos recebia iam direto para o

pagamento de empréstimos, no

programa intitulado “Venda do

Futuro":

43

— Infelizmente não tiveram a

responsabilidade de investir onde

precisávamos. Os royalties são finitos

e não trabalharam para tornar a

cidade menos dependente. Campos

deixou de avançar muito diante do

que recebeu — diz o prefeito Rafael

Diniz (Cidadania).

Macaé pode ter uma segunda

oportunidade. Receberá mais R$ 4

bilhões até 2024, mais da metade do

que recebeu entre 2000 e 2019. Pode

ser nova chance de aproveitar melhor

os recursos. A criação de fundos,

como está fazendo Maricá, foi

importante para combater a

pandemia:

Moeda própria. Mumbuca só é aceita em

Maricá e movimenta o comércio Foto:

Brenno Carvalho / Agência O Globo

— Esses fundos mostram que os

municípios aprenderam alguma coisa,

mas quanto ao planejamento de

médio e longo prazo, não sabemos. O

pecado é olhar a cidade como lugar

onde se constroem coisas: asfalto,

iluminação pública, sambódromo, e

não como algo integrado — diz José

Luis Vianna, professor da Cândido

Mendes, que estuda o impacto dos

royalties nas cidades.

Procurada, a Prefeitura Macaé não

quis comentar.

Page 50: Clipping SCA · 2020. 10. 5. · Data de Criação: 05/10/2020 Criado por: Biblioteca Clipping SCA Os artigos reproduzidos neste clipping de notícias são, tanto no conteúdo quanto

Maricá vive a segunda chance de se

desenvolver com base no petróleo. A

primeira foi no Comperj, hoje Polo

Gaslub Itaboraí, obra interrompida

com a crise na Petrobras.

Condomínios de alto padrão

surgiram, mas encalharam.

— Maricá por muito tempo foi algo

como garimpo de ouro, todo mundo

veio pra cá. Mas um novo ciclo está

começando — diz Delfim Moreira,

vice-presidente da Associação

Comercial de Maricá (ACM).

Nos últimos dez anos, a população da

cidade cresceu 30%, segundo o IBGE.

E deve continuar aumentando.

Em Saquarema, os royalties podem

trazer mais renda para 2 mil

pescadores. A pesca só é feita em

horários de maré alta. O canal da

laguna da cidade está assoreado há

cinco anos, impedindo a saída de

barcos para pesca de sardinha e

camarão.

— Hoje temos que esperar a maré

para sair. É prejuízo — reclama Pedro

da Colônia.

Abu Dhabi brasileira

O plano de criar uma Abu Dhabi no

interior fluminense, em referência à

capital dos Emirados Árabes,

naufragou. Chegou-se a oferecer aulas

de mandarim em escolas públicas em

São João da Barra (RJ) na expectativa

da chegada de investimentos com o

Porto do Açu, idealizado pelo

empresário Eike Batista.

— Não se investiu em qualidade de

vida. Houve apropriação do recurso

pela minoria de sempre — afirma

44

Marcos Pedlowski, pesquisador da

Universidade Estadual do Norte

Fluminense.

https://oglobo.globo.com/economia/rio-vai-

ampliar-dependencia-do-petroleo-royalties-

chegarao-25-da-receita-1

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Caderno: Mercado, segunda-feira 05 de outubro de 2020.

Aumento de queixas leva governo a notificar companhias aéreas

Empresas terão que informar número

de consumidores afetados por

cancelamentos de voos e dados de

atendimento

Raphaela Ribas

Avião decolando visto do terminal do

aeroporto Foto: Reprodução

RIO - A Secretaria Nacional do

Consumidor (Senacon), órgão do

Ministério da Justiça, vai notificar na

segunda-feira as companhias aéreas

Gol, Latam, Azul e Passaredo Linhas

Aéreas, para que prestem

esclarecimentos sobre o crescimento

das reclamações durante a pandemia,

especialmente sobre cancelamentos,

reembolsos e a eficácia dos canais de

comunicação para o consumidor.

As empresas terão dez dias para

prestar informações como o número

de voos cancelados,

45

quantos vouchers foram emitidos e

reembolsos mês a mês. As aéreas

também terão de dizer quantos

consumidores foram afetados e quais

os mecanismos de atendimento

oferecidos a essa clientela.

— Se não responderam ou houver

indícios de violação do direito do

consumidor, abriremos um processo

administrativo para cada empresa.

Isso pode gerar multa superior a R$

10 milhões. Elas ainda podem ser

obrigadas a adotar medidas para

ajustar o atendimento ao consumidor

— explica Juliana Domingues, titular

da Senacon.

Aumento nas queixas

Segundo a secretária, de janeiro a

setembro, houve um aumento de

cerca de 55% nas reclamações

registradas no Sistema Nacional de

Informações de Defesa do

Consumidor (Sindec), que reúne as

queixas feitas nos Procons de todo o

país, em relação ao mesmo período do

ano passado.

Já no Consumidor.gov.br, portal de

intermediação de conflitos do governo

federal, houve uma alta de 40% de

janeiro a julho, em relação aos

mesmos meses de 2019. Foram 39.519

contra 28.244 no primeiros setes

meses do ano passado.

Durante a pandemia, as principais

queixas têm sido cancelamento de

voos, dificuldade no reembolso e

cobrança indevida ou abusiva para

alterar ou cancelar o contrato. O pico

de reclamação se deu nos meses de

março e abril, com 6.508 e 11.314

registros, respectivamente. Nos

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mesmos meses de 2019, foram

contabilizadas 2.705 e 3.457.

A Associação Brasileira das Empresas

Aéreas (Abear) lembra que abril foi

um mês crítico de cancelamentos de

voos e, consequentemente, de

reclamações de passageiros devido ao

severo impacto da pandemia do

coronavírus, e destaca que nos meses

seguintes a malha aérea foi se

ajustando.

Espera no telefone

A engenheira Marina Espíndola é uma

das passageiras que tiveram

problema. Ela tinha duas passagens

da Gol. A primeira, marcada para

maio, foi cancelada em abril.

— Tentei contato por telefone várias

vezes. Esperei 58 minutos e desisti.

Pelo site, sempre que tentava

reagendar me cobrariam taxas, só

pelo chat consegui resolver sem a

cobrança.

Marina teve dificuldade para falar

com a Gol depois que cancelaram dois

voos seus Foto: Arquivo pessoal

Em setembro, outro voo de Marina

foi cancelado. Ao tentar remarcar, a

única opção ofertada resultaria em

uma espera de dez horas para pegar a

ponte aérea:

— Pouco antes da viagem, vi que

abriram um voo próximo ao meu

horário original e não avisaram. Tive

46

que insistir, pois teimavam que não

era possível remarcar. Entendo as

mudanças por causa da pandemia,

mas, às vezes, parece que cancelam

para juntar todos os passageiros em

um só voo e reduzir custos. Todos os

voos que peguei estavam lotados.

Já a gestora comercial Isabelle

Rodrigues conseguiu resolver com

facilidade sua troca de voos da Gol,

mas na Latam teve dificuldades. Ela

comprou, em maio, um pacote de

hotel e hospedagem para comemorar

o aniversário da filha em Gramado:

— Em julho, recebi um e-mail da

Latam informando do cancelamento.

Tentei ligar várias vezes, sempre com

espera de mais de 40 minutos.

Quando conseguia falar, a ligação caía

e ninguém retornava. Insisti até que

me deram uma opção, mas ruim. O

pior é o atendimento.

Durante a pandemia também foi

assinado um Termo de Ajustamento

de Conduta (TAC) entre as empresas

aéreas e o governo para minimizar os

impactos para o setor. O TAC prevê

que quem optar pelo reembolso da

passagem deve esperar até 12 meses,

após o fim da pandemia, para receber

o dinheiro, ainda com desconto de

multas e taxas.

Por outro lado, a remarcação deve ser

gratuita. E caso a empresa não tenha

opção de voo, terá que acomodar o

passageiro em outra companhia.

Outra alternativa é manter o crédito

no valor da passagem por até 18

meses.

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Guarde documentos

O diretor de relações Institucionais

do Instituto Brasileiro de Defesa do

Consumidor (Idec), Igor Britto,

argumenta que as novas regras não

são claras e as empresas se

beneficiam nas brechas:

— Além disso, há muitos relatos sobre

falta voos para reacomodar os

passageiros e cobrança por

remarcações.

Caso o cliente não consiga falar com a

empresa nos canais oferecidos, Britto

orienta que procure a Agência

Nacional de Aviação Civil (Anac) no

aeroporto ou recorra aos Procons ou

ao Consumidor.gov.

Flávia Lira, analista de proteção e

defesa do consumidor do Procon RJ,

alerta para a necessidade de guardar

provas:

— Tente documentar tudo,

com prints de conversas no site,

ofertas e e-mails para tentar um

acordo ou processo depois, se for o

caso.

Procurada a Gol não esclareceu as

dúvidas sobre os cancelamentos,

cobranças e falha no canais de

comunicação, apenas informou que a

programação de voos passa por

ajustes constantes para equilibrar a

qualidade do atendimento ao cenário

causado pela pandemia.

Tanto a Latam quanto a Azul

destacaram o efeito da pandemia

sobre as operações, o que levou a uma

queda drástica no número de voos, e

disseram que reforçaram suas equipes

de atendimento ao consumidor, além

de seguir as regras da Anac.

47

A Latam acrescentou que no caso da

Isabelle, a cliente foi reacomodada e

ressaltou ainda que desde o início da

pandemia flexibilizou as suas regras

comerciais.

https://oglobo.globo.com/economia/defesa-

do-consumidor/aumento-de-queixas-leva-

governo-notificar-companhias-aereas-

24675538

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Caderno: Mercado segunda-feira 05 de outubro de 2020.

Substituto do PIS/Cofins alivia a carga tributária dos mais pobres, mostra estudo da Economia

A Contribuição sobre Bens e Serviços

terá, segundo a proposta do governo,

alíquota única de 12% sobre bens e

serviços e pode aliviar a carga

tributária principalmente de famílias

com renda de até R$ 89 por pessoa

Idiana Tomazelli, O Estado de

S.Paulo

05 de outubro de 2020 | 08h30

BRASÍLIA - A criação

da Contribuição sobre Bens e

Serviços (CBS) em substituição

ao PIS e à Cofins pode aliviar a

carga tributária da população de

menor renda e ampliar seu poder de

consumo, principalmente em famílias

que ganham até R$ 89 por pessoa,

afirma a Secretaria de Política

Econômica (SPE) do Ministério da

Economia. Os brasileiros que

ganham acima de R$ 5 mil por pessoa

devem ter o maior aumento relativo

da tributação.

48

No documento, a Economia informou que

expectativa para receitas em 2020 piorou

R$ 9,725 bi, passando a R$ 1,446 tri.

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Os cálculos, antecipados

ao Estadão/Broadcast, serão

divulgados nesta segunda-feira, 5, na

nota “CBS: em direção à menor

regressividade do sistema tributário

brasileiro”. A intenção dos técnicos é

trazer um foco novo de discussão

sobre a unificação de tributos sobre o

consumo, até agora centralizada nos

impactos sobre as empresas.

O setor de serviços é um dos que mais

se opõem à proposta de criar a CBS,

encaminhada pelo governo ao

Congresso Nacional em julho como

primeira fase da reforma tributária. O

projeto de lei está sendo discutido na

mesma comissão mista que trata das

PECs da Câmara e do Senado, mais

amplas e que incluem mudanças na

tributação de Estados e municípios.

As discussões, porém, estão travadas.

Segundo os cálculos da SPE, as

famílias com renda de até R$ 89 por

pessoa terão uma queda de 0,6 ponto

porcentual na sua alíquota efetiva

média (o quanto a pessoa paga de

imposto proporcionalmente à sua

renda). O alívio se estende até

famílias com renda de R$ 1 mil por

pessoa, embora com menos

intensidade. Acima disso, a mudança

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de PIS/Cofins para a CBS levará a

família a pagar mais imposto que no

regime atual, aumento que chega a

0,4 ponto porcentual para quem

ganha acima de R$ 5 mil por pessoa.

A proposta do governo para a CBS

prevê uma alíquota única de 12%

sobre bens e serviços, acabando com

grande parte dos regimes especiais e

simplificando a tributação. O

subsecretário de Política Fiscal da

SPE, Erik Figueiredo, afirma que as

estimativas comprovam que uma

alíquota unificada é capaz de tornar

um tributo mais progressivo, ou seja,

cobrar relativamente mais de quem

tem maior renda.

“A ideia de progressividade hoje é de

alíquotas diferenciadas, variando de

acordo com a renda. Mas isso seria

verdade se todas as pessoas

consumissem bens similares. As

pessoas consomem bens diferentes.

Temos que definir o perfil e qual é a

alíquota dessas pessoas”, explica

Figueiredo.

Cálculo

Para chegar ao resultado, a equipe da

SPE traçou o perfil da cesta de

consumo das famílias de acordo com

a faixa de renda. Além disso, utilizou

a matriz de insumo-produto do IBGE

para identificar por quantos passos na

cadeia de produção um produto ou

serviço passa antes de ser consumido.

Esse procedimento é importante

porque a CBS incide sobre o valor

adicionado em cada uma dessas

etapas de melhoria ou transformação

- ou seja, quanto mais elaborado o

bem ou serviço, maior tende ser a

tributação.

49

No caso das famílias mais pobres,

com renda de até R$ 89 por pessoa,

mais da metade (54%) do orçamento é

destinada a serviços básicos, e 13%

são empregados no pagamento de

contas como água e luz. Apenas 6%

vão para gastos com saúde e educação

privados, e outros 10% vão para a

construção, compra ou aluguel da

casa.

À medida que a renda familiar cresce,

os serviços básicos e as contas de

água e luz perdem peso no

orçamento, enquanto despesas com

saúde e educação e a casa ganham

força. Nos lares com renda acima de

R$ 5 mil por pessoa, 49% do

orçamento vão para serviços

considerados “luxo”, 13% para

compra ou aluguel da casa e 14% para

saúde e educação. A nota não detalha

quais serviços são considerados

básicos ou de luxo.

Para as famílias de baixa renda, a SPE

ainda estimou o efeito prático do

alívio da CBS sobre a renda desses

lares. Para quem ganha até R$ 89 por

pessoa, o “respiro” trazido pelo novo

tributo seria suficiente para arcar com

todo o consumo de legumes e

verduras, por exemplo, uma vez que a

diferença na alíquota efetiva equivale

a 112% do que essas famílias gastam

com esses bens. O alívio ainda

bastaria para garantir 73% do

consumo de leite, ou 173% do gasto

com macarrão.

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“A ideia é mostrar que tem uma parte

significativa dos agentes que estão

fora da discussão, que são os

consumidores. E temos que

considerar a heterogeneidade dos

consumidores. Quando observamos

impactos diferenciados, damos uma

dimensão completamente nova. Às

vezes esse debate fica muito técnico,

sem observar a realidade”, diz

Figueiredo.

https://economia.estadao.com.br/noticias/ge

ral,substituto-do-piscofins-alivia-a-carga-

tributaria-dos-mais-pobres-mostra-estudo-

da-economia,70003463768

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50

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Segunda-feira, 05 de outubro de 2020

Estados não podem impor cadastro de compradores de celular, diz STF

Por Danilo Vital

A competência da União para legislar

sobre tema de telecomunicações tem

caráter exauriente. A intervenção

legislativa por parte dos estados

pressupõe a existência de lei

complementar que os autorize a

abordar questões específicas. Assim,

são inconstitucionais as leis que

impõem obrigação de cadastrar os

compradores de celular.

Competência para dispor sobre criação

de cadastro de usuários de telefonia

celular é da exclusiva da União,

segundo STFReprodução

Foi essa a conclusão alcançada pelo

Plenário Virtual do Supremo Tribunal

Federal, que julgou procedentes duas

ações diretas de inconstitucionalidades

referentes a leis que obrigavam as

empresas de telefonia móveis a criar um

cadastro de todos os compradores e

usuários de telefone celular.

51

Trata-se da Lei 11.707/2001, de Santa

Catarina; e da Lei 16.269/2016, de São

Paulo. Ambos os casos foram relatados

pelo ministro Celso de Mello, decano da

corte, que deu a mesma solução, sendo

acompanhado pela maioria.

Para o relator, a absoluta privatividade

da União para legislar sobre o tema é

apenas reforçada pelas características

do setor de telecomunicações, em que

existe relação de interdependência

entre os diversos serviços que o

compõem.

É por isso que a edição de legislações

locais de caráter fragmentário, que

imponham a operadoras de atuação

nacional, quando não global, regras

específicas destinadas a atender

ambições regionais é medida em

desacordo com a necessidade de

promover e de preservar a segurança

jurídica e a eficiência indispensáveis ao

desenvolvimento das telecomunicações.

Esse desenvolvimento, segundo o

decano, só pode ser proporcionado

“pela adoção de um regime jurídico

coerente, uniforme, estruturado e

operacional, cuja organização , em

conformidade com o que estabelece o

texto constitucional, incumbe , com

absoluta privatividade, à União

Federal”.

“A implementação de um sistema

normativo harmonioso e equilibrado,

vocacionado à integração de tecnologias

e à projeção mundial, mostra-se em

tudo incompatível com a existência de

um mosaico legislativo composto por

regimes jurídicos parciais e

conflitantes, dispersados pelas diversas

regiões do território nacional”, concluiu

o ministro.

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A implementação de um sistema

normativo harmonioso é incompatível

com mosaico legislativo, disse ministro

Celso de MelloSCO/STF

Ressalva

No julgamento do caso referente à lei de

São Paulo, o ministro Luiz Edson

Fachin acompanhou o relator com uma

pequena ressalva: em sua visão de

federalismo cooperativo, o estado pode

exercer competência concorrente

concernente ao direito do consumidor

quando não houver vedação expressa

na legislação federal, como no caso.

“Porém, o cadastro não serve à defesa

do consumidor, mas parece criar um

banco de dados pessoais sem as

cautelas e salvaguardas necessárias e

agora exigidas também pela Lei

13.709/2018 para a proteção do direito

à intimidade e à vida privada”,

acrescentou.

Voto vencido

Ficaram vencidos os ministros Marco

Aurélio e Alexandre de Moraes. Para o

primeiro, as normas não invadiram

competência da União, mas, em vez

disso, potencializaram o mecanismo de

tutela da dignidade dos consumidores.

52

Para ministro Marco Aurélio, as

leis potencializaram o mecanismo de

tutela da dignidade dos consumidores Carlos Moura/SCO/STF

“Ausente interferência na atividade-fim

das pessoas jurídicas abrangidas pela

eficácia do ato atacado, mostra-se

inexistente usurpação de competência

da União”, disse o vice-decano do STF.

E para o ministro Alexandre de Moraes,

o conteúdo das normas estaduais não

interferem no núcleo básico de

prestação dos serviços de

telecomunicações, cuja competência é

privativa da União.

“O objeto da norma questionada é

referente diretamente à segurança

pública, onde a Constituição Federal

preceitua ser dever do Estado (União,

estados/Distrito Federal e municípios),

direito e responsabilidade de todos,

devendo ser exercida para a

preservação da ordem pública e da

incolumidade das pessoas e do

patrimônio, conforme detalhado nos

itens anteriores”, defendeu.

ADI 5.608 (São Paulo)

Clique aqui para ler o voto do

ministro Celso de Mello

Clique aqui para ler a ressalva do

ministro Luiz Edson Fachin

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Clique aqui para ler o voto do

ministro Marco Aurélio

Clique aqui para ler o voto do

ministro Alexandre de Moraes

ADI 2.488 (Santa Catarina)

Danilo Vital é correspondente da

revista Consultor Jurídico em

Brasília.

Revista Consultor Jurídico, 4 de

outubro de 2020, 9h30

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53

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Segunda-feira, 05 de outubro de 2020

Sindicato deve retirar negativação de empresa por suposta inadimplência de contribuição

O magistrado verificou documento

juntado pela empresa que demonstrou

que todas as contribuições pretensas

do sindicato se referem a período

posterior à reforma trabalhista.

O juiz do Trabalho Farley Roberto

Rodrigues de Carvalho Ferreira, da 71ª

vara de SP, deferiu liminar para

determinar que um sindicato exclua o

nome de uma empresa de logística do

cadastro de inadimplentes.

O magistrado verificou documento

juntado pela empresa que demonstrou

que todas as contribuições pretendidas

pelo sindicato se referem a período

posterior à reforma trabalhista.

A empresa ajuizou ação dizendo que o

seu nome foi incluído no sistema do

Serasa por contribuições sindicais,

inclusive anteriores à reforma

trabalhista. Em um primeiro momento,

foi negada a tutela de retirar a

negativação do nome da empresa.

54

No entanto, em um novo requerimento

de tutela de urgência após o pagamento

da contribuição sindical anterior à

reforma trabalhista, o magistrado

verificou que a empresa juntou

documentos que mostraram que todas

as contribuições pretensas do sindicato

referem-se a período posterior à

reforma trabalhista, ou seja, quando a

contribuição já não é mais obrigatória.

Assim, considerou o risco de dano

irreparável, já que "trata-se de fato

notório de que a inclusão em sistema de

proteção ao crédito pode ocasionar

perda de fornecedores, clientes ou

perdas contratuais incompatíveis com o

exercício regular da atividade

econômica pela autora", disse.

Deferiu, por fim a liminar para

determinar que o sindicato exclua o

nome da autora de serviços de proteção

ao crédito, sob pena de multa.

O advogado Vitor Krikor

Gueogjian (Ratc & Gueogjian

Advogados) atuou no caso.

• Processo: 1000727-

43.2020.5.02.0071

Veja a decisão.

https://migalhas.uol.com.br/quentes/334329/sindicato-deve-retirar-

negativacao-de-empresa-por-suposta-inadimplencia-de-contribuicao

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Segunda-feira, 05 de outubro de 2020

TJ/MG revoga liminar a mineradora que perdeu propriedade de bem para credor fiduciário

Para o colegiado, não foi demonstrada

a posse anterior praticada pela parte

autora.

A 12ª câmara Cível do TJ/MG revogou

medida liminar de reintegração de

posse anteriormente concedida a

mineradora. Para o colegiado, não foi

demonstrada a posse anterior praticada

pela parte autora.

Consta nos autos que a mineradora

ajuizou ação de reintegração de posse

alegando ser possuidora de imóvel

rural, o qual fora adquirido pelo

recorrente junto a banco. Sustentou

que, não obstante a aquisição de parte

do bem pelo recorrente, a posse não lhe

teria sido transmitida por meio da

escritura, eis que se encontra pendente

a ação de consignação em pagamento

ajuizada pela mineradora.

Posse do imóvel

Ao analisar o caso, o relator, juiz

convocado Renan Chaves Carreira

55

Machado, observou que a mineradora

se tornou inadimplente em relação à

cédula de crédito bancária emitida,

razão pela qual a instituição financeira

deu início à execução extrajudicial da

garantia de alienação fiduciária.

Para o juiz, inexiste qualquer decisão

oriunda da ação de consignação c/c

revisão contratual que assegure a posse

do bem até decisão final transitada em

julgada. Verificou ainda que, após a

consolidação da propriedade do imóvel

a favor do banco, o agravante adquiriu o

imóvel diretamente da referida

instituição financeira, por meio do

contrato de compra e venda.

"Além da posse indireta recebida, o

agravante passou a exercer a posse

direta do imóvel, na medida em que

compareceu ao local e firmou contrato

de comodato com o então possuidor,

anterior ao ajuizamento da ação de

reintegração de posse."

O colegiado acompanhou o voto do

relator por unanimidade.

O advogado Eduardo Gonzaga de Paula,

da Sociedade de Advogados Lacerda,

Diniz e Sena, atua pelo réu.

• Processo: 1429893-

53.2019.8.13.0000

Veja a decisão.

Por: Redação do Migalhas

Atualizado em: 3/10/2020 14:10

https://migalhas.uol.com.br/quentes/334312/tj-mg-revoga-liminar-a-

mineradora-que-perdeu-propriedade-de-bem-para-credor-fiduciario

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Segunda-feira, 05 de outubro de 2020

Economia prepara MP para reduzir de 17 para 3 dias a abertura de empresas

Ideia é elevar Brasil da 138ª posição

para 12ª em índicador do ranking

Doing Business, do Banco Mundial

• LUCIANO PÁDUA

• GUILHERME PIMENTA

BRASÍLIA

Crédito: José Cruz/Agência Brasil

Técnicos do Ministério da Economia

elaboram uma Medida Provisória

para simplificar e desburocratizar o

registro público de empresas no

Brasil. A ideia é melhorar a posição

do país no Relatório do Doing

Business do Banco Mundial,

parâmetro internacional para

investidores.

De acordo com a proposta obtida

pelo JOTA, que ainda está em estágio

inicial, os técnicos da pasta sugerem a

revisão de 17 dispositivos

empresariais em quatro leis, entre

elas o Código Civil.

56

Essas mudanças, nos cálculos do

Ministério da Economia, reduziriam

de 17 para três dias o

processamento da abertura de

uma empresa, além de reduzir

de 11 para três dias os

procedimentos necessários.

Segundo o documento, haveria

alterações, por exemplo, em

dispositivos que tratam de

simplificação na coleta de dados e

documentos necessários para abrir

uma empresa, simplificação do

licenciamento de atividades

consideradas de médio risco,

modernização de juntas comerciais,

eliminação de documentos após a

digitalização e dispensa de

reconhecimento de firma para

procurações.

Atualmente, o Brasil ocupa a

138ª posição no indicador de

abertura de empresas, e a 124ª

no indicador global que avalia

190 economias. Com as

mudanças, de acordo com os

técnicos, o score do indicador de

Abertura de Empresas avançaria

de 81,3 para 95,9 pontos, e o

Brasil, por sua vez, saltaria da

138ª posição para a 12ª posição

no indicador.

Dado o momento atual, os técnicos do

Ministério da Economia afirmam que

a proposta se reveste de “relevância e

urgência”. “Essas medidas de

simplificação e desburocratização, de

eficácia imediata, incentivarão a

geração de emprego e renda e, por

consequência, impactarão no

crescimento econômico do país”,

assinalam.

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A proposta foi enviada na quinta-feira

(24/9) para avaliação da Secretaria

Especial de Desburocratização,

Gestão e Governo Digital e,

posteriormente, será encaminhada

para a análise jurídica da

Procuradoria-Geral da Fazenda

Nacional (PGFN).

Mudanças

Os técnicos do Ministério citam a

necessidade de revogação do artigo

977 do Código Civil, que

impede cônjuges casados no regime

da comunhão universal de bens ou da

separação obrigatória de contratar

sociedade, entre si ou com terceiros.

“Ocorre que essa previsão é um

verdadeiro retrocesso para o direito

de empresas, uma vez que antes da

entrada em vigor do Código Civil de

2002, tanto a doutrina quanto a

jurisprudência entendiam que não

havia impedimento para a sociedade

entre cônjuges”, argumentam.

Outra proposta em análise para

mudança no Código Civil é deixar

expressa a possibilidade de emissão

de quotas preferenciais por

sociedades limitadas, tema que gera

inúmeros questionamentos.

Nas palavras dos servidores, não se

trata de assunto tratado de forma

pacífica pela doutrina e servidores das

Juntas Comerciais, de forma que

várias sociedades encontram

dificuldades para o registro de atos

empresariais com a distribuição de

quotas preferenciais.

“Consignar de forma expressa no

Código Civil contribuirá para a

pacificação de entendimentos, bem

como para a melhoria do ambiente de

57

negócios, uma vez que as sociedades

limitadas, que representam a maior

parte das sociedades no Brasil,

poderão, dentre outras, ter maior

acesso a recursos financeiros e

investimentos”, aponta o documento.

Juntas comerciais

Na tentativa de modernizar a

administração das juntas comerciais,

o Ministério da Economia propõe

a extinção da figura dos vogais

nos órgãos, responsáveis por

deliberar sobre questões

administrativas das juntas.

Segundo os técnicos, a existência do

“vocalato” nas juntas “é a mais clara

demonstração do quão arcaica e

ultrapassada ainda é a estrutura

administrativa desses órgãos, que

cumprem uma função tão importante

para o ambiente de negócios de um

País: o registro empresarial”.

Outra proposta apresentada pelo

Ministério é a criação de um

procedimento simplificado para

abertura de empresas sem

estabelecimento físico, considerando

que elas não precisam de licenças

nem alvarás para funcionar.

De forma online, seria possível a

abertura simplificada e a realização

do registro em segundos de forma

gratuita para os

empreendedores. Portanto, seria

necessária uma alteração no artigo 11

da Lei 11.598/07.

O JOTA organizou em tópicos todas

as alterações pretendidas pelo ME:

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Veja as alterações pretendidas

pelo Ministério da Economia

Lei 11.598/07, que trata do

registro e legalização de

empresários e pessoas jurídicas

no Brasil

– Desnecessidade de realização de

convênios com estados e municípios

para aderirem à Rede Nacional para a

Simplificação do Registro e da

Legalização de Empresas e Negócios

(REDESIM);

– Da desvinculação da pesquisa

prévia de viabilidade locacional do

processo de registro de empresas, de

modo que não seja mais obrigatória a

resposta da Prefeitura para o

empreendedor realizar o registro da

empresa;

– Simplificação pelo Subcomitês do

Comitê para Gestão da Rede Nacional

para Simplificação do Registro e da

Legalização de Empresas e Negócios

do licenciamento e inspeção de

produtos artesanais, na tentativa

facilitar a comercialização de

produtos artesanais para além das

fronteiras estaduais;

– Possibilidade da utilização do

número do CNPJ como nome

empresarial, eliminando etapa da

análise prévia de nome empresarial

do processo de registro e legalização;

– Coleta única de dados (Proibição de

coletas de dados em duplicidade),

impedindo que o empresário tenha

que notificar seus dados à Junta

Comercia, prefeituras e Receita

Federal. Pela proposta, informaria

somente à junta, que faria a

interseção com os demais órgãos;

58

– Abertura simplificada para

empresas sem estabelecimento, que

não carecem de licenças nem alvarás

para funcionar;

– Simplificação do licenciamento de

atividades consideradas de médio

risco;

Alterações na Lei 8.934/94, que

trata das estruturas das juntas

comerciais

– Exclusão da proibição de

arquivamento de nomes empresariais

semelhantes e revogação de

apresentação da Ficha do Cadastro

Nacional, para que nomes

empresariais sejam analisados do

ponto de vista da identidade e para

que não seja necessária a

apresentação de ficha cadastral (Ficha

do Cadastro Nacional – FCN) para os

pedidos de arquivamento;

– Eliminação de documentos após a

digitalização, ao permitir que, nos

termos da Lei de Liberdade

Econômica, o documento físico possa

ser descartado após o processo de

digitalização. Hoje, essa lei impede

que documentos sejam descartados;

– Revogação da previsão de

inativação por ausência de registro

após decorridos dez anos, já que a

legislação atual determina que “a

firma individual ou a sociedade que

não proceder a qualquer

arquivamento no período de dez anos

consecutivos deverá comunicar à

junta comercial que deseja manter-se

em funcionamento”, sob pena da

“empresa mercantil será considerada

inativa, promovendo a junta

comercial o cancelamento do registro,

com a perda automática da proteção

ao nome empresarial”. Com a

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proposta, o Ministério quer revogar

esse dispositivo;

– Dispensa de reconhecimento de

firma para procurações. Essa

necessidade, de acordo com o

Ministério, não coadunaria com a

atual legislação, em especial, com as

alterações introduzidas pelo Código

Civil, após a revogação do Código

Civil de 1916;

– Inclusão do empresário individual e

da EIRELI no texto do art. 64,

dispositivo o qual determina que a

certidão dos atos de constituição e de

alteração de sociedades mercantis

será o documento hábil para a

transferência, por transcrição no

registro público competente, dos bens

com que o subscritor tiver

contribuído para a formação ou

aumento do capital social;

Código Civil e Lei das S.A.

– Revogação do art. 977 do CC, que

impede cônjuges casados no regime

da comunhão universal de bens ou da

separação obrigatória de contratar

sociedade, entre si ou com terceiros;

– Permissão da emissão de quotas

preferenciais por sociedades

limitadas;

– Possibilitar que as sociedades

realizem as publicações ordenadas

pela lei, de forma discricionária, no

Diário Oficial da União ou dos

Estados e Distrito Federal. Hoje,

segundo o Ministério, as leis abrem

margem para dúvidas quanto à

escolha de publicação;

– Alteração na composição da

denominação social, que hoje é

composta com a indicação do objeto.

De acordo com o Ministério da

59

Economia, nos dias de hoje, a relação

do objeto da empresa a seu nome não

tem o poder de dar conhecimento do

objeto que de fato é exercido por

determinada sociedade, “uma vez que

a grande maioria das empresas

desempenham mais de uma

atividade”;

LUCIANO PÁDUA – Editor JOTA

PRO em São Paulo. Responsável pela

edição dos alertas e de relatórios do

JOTA PRO, além de fazer

atendimento de demandas dos

assinantes. Foi editor-assistente de

editorias especiais do JOTA. Cobriu

polícia, política e economia nacional

nas revistas VEJA, Exame, Jornal do

Brasil e O Antagonista. Email:

[email protected]

GUILHERME PIMENTA –

Repórter do JOTA em Brasília,

acompanha temas ligados ao Banco

Central, CVM, Cade, TCU e Ministério

da Economia. Antes, foi repórter em

São Paulo, onde cobriu Judiciário e

regulação do mercado financeiro. E-

mail: [email protected]

https://www.jota.info/tributos-e-

empresas/mercado/economia-mp-desburocratizar-registro-

publico-empresas-05102020

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Segunda-feira, 05 de outubro de 2020

Lutas por reconhecimento, racismo e ações afirmativas privadas

O caso do processo seletivo exclusivo

para admissão de trainees negros pelo

Magazine Luiza

• ADERRUAN TAVARES

Crédito: Pexels

A empresa Magazine Luiza tomou em

surpresa o Brasil, ao anunciar que

fará processo seletivo exclusivo para

admissão de trainees negros.

Estávamos bem (ou mal)

acostumados com as cotas para

negros em universidades e no serviço

público. Mas processo seletivo

exclusivamente para negros na área

privada não é nada usual, ainda mais

partindo de uma grande empresa do

país.

Contudo, como não haveria de ser

diferente, mencionada ação tem sido

taxada de (vejam o paradoxo) racista:

o tal “racismo reverso”. Sim, as ações

afirmativas incomodam. Para os

proselitistas do racismo, passivos ou

ativos, essas ações tiram as suas

“vagas” e seus “espaços”

60

Embora o atrevimento social seja

evidente, nada mais verdadeiro. Esses

“espaços reservados” eram intocáveis,

ninguém que não fosse igual ou

aceitável poderia entrar neles ou fazer

parte deles. “Retirar” essas vagas e

dá-las a determinado grupo é uma

heresia escabrosa; não pode ser aceito

pelo “bem da nação” e dos “cidadãos

de bem”.

Mais revoltante ainda quando

este processo seletivo se

desenvolve no setor privado,

esse setor liberalmente aberto a

todos e onde o capital impera

com poucas restrições.

O racismo é muito mais do que os

olhos dos mais bem intencionados

podem vem. Em uma sociedade

sedimentada pela escravidão e pela

exploração dos corpos negros, o

racismo está em tudo e só um esforço

monumental de ordem intelectual é

possível percebê-lo devidamente.

Silvio Almeida nos diz que ele é

estrutural assim como institucional[1].

De qualquer forma, o racismo, no

Brasil, é realizado diariamente e de

forma imperceptível. Pelas piadas,

pelos olhares. Pelas mensagens de

WhatsApp, pelas não curtidas. É o

joelho no pescoço e a bala nas costas.

Edifica e estrutura. Cria muros e

grades. Expulsa e humilha.

No país em que, como disse Millôr

Fernandes, “o menino nasceu preto

apesar de todo o esforço dos médios”,

a construção social do outro por trás

do racismo e sua odiosa práxis

natural vem antes mesmo da raça. A

categorização em raça é consequente,

não antecedente. A cor da pele, ou

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qualquer outra forma de rotulação,

para definir as qualidades subjetivas e

objetivas do indivíduo não passa de

vã alegoria do pensamento humano.

É mais uma questão de estratificação

social do que uma questão biológica.

Tudo não passa de uma mera

convenção social surgida para

estabelecer a opressão e justificar o

exercício de poder. O racismo prega a

diversidade desigual e eleva alguma

raça à superioridade,

consequentemente, alguma outra raça

deve ser inferiorizada, se não o

sistema racista não fecha.

O racismo estabelece uma divisão

cidadã. Como pondera Achille

Mbembe, o negro, em seu próprio

país é um cidadão de segunda

categoria, pois possui algo como uma

cidadania de empréstimo

(citoyenneté d´emprunt). Esse tipo

de “cidadania” é um dos resultados do

poder necropolítico.

Para a necropolítica, a morte não tem

significado e nem tragicidade,

porquanto é natural; ela está

permitida a agir por diversos meios,

senão por todos eles (lícitos ou

ilícitos); este poder não possui

quaisquer limites pré-definidos. Em

sociedades (de)formadas pela

escravidão, “o racismo é o motor

princípio da necropolítica”[2].

Refutar o racismo, dizer que ele não

existe ou coisas do tipo “não sou

racista, veja, tenho um amigo

negro”, é uma das primeiras atitudes

racistas. Como alerta Ibram Kendi,

não há neutralidade na luta contra o

racismo; ser contra o racismo é ser

antirracista. Ser apenas “não racista”

permite com que se perpetuem as

condições e estruturas racistas: “a

61

reivindicação do ‘não racista’ neutro

é uma máscara para o racismo”;

assim, o antirracismo é a

identificação e a descrição o racismo,

com o propósito de ter condições

propedêuticas, epistemológicas e

metafísicas de enfrentá-lo[3].

Assim, as ações afirmativas são

tentativas para que as coisas voltem

para os lugares aos quais elas nunca

estiveram. São as lutas por

reconhecimento perdidas na poeira

do tempo e nas telas dos

nossos smartphones. Ademais, não há

como dissociar justiça social das lutas

por reconhecimento.

As lutas por reconhecimento são as

mais puras reinvindicações por

justiça. As lutas por reconhecimento

são sintomáticas, causam convulsões

sociais, estranhamentos estruturais e

inquietações individuais, justamente

porque a sociedade e suas instituições

políticas não lhes conferem a justiça

material devida.

Construir uma sociedade onde há

espaço para todos não é só necessário

como urgente. Para isso, distorções

históricas têm que ser superadas. A

iniciativa privada do Magazine Luiza,

assim como de outras empresas,

contribui para que alguns contextos

individuais sejam minimizados.

Outros contextos maiores de justiça,

de maior amplitude social, ainda

estão em jogo e não serão facilmente

superados. As ações afirmativas são a

pura expressão das lutas por

reconhecimento da minoria afetada.

Elas se aderem a um espaço

amplificado da justiça distributiva,

em busca da faceta material da justiça

social. A ideia central de uma ordem

justa está na ausência de todas as

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formas de arbitrariedade e

dominação[4], entre as quais está o

racismo, assim como o machismo, a

intolerância religiosa, a homofobia e

outras nefastas políticas excludentes.

Termino com a passagem de Millôr

Fernandes: “o Brasil tem um enorme

passado pela frente”. Mantenhamo-

nos firmes.

Afinal, quem é Kassio Nunes? O

que esperar dele no STF? E o que

tiramos do processo de escolha

de Bolsonaro? Ouça no Sem

Precedentes, podcast sobre

Constituição e Supremo:

[1] Almeida, Silvio. Racismo

estrutural. Pólen Produção Editorial

LTDA, 2019.

[2] Mbembe, Achille. Politiques de

l’inimitié. La Découverte, 2018, p.

56.

[3] KENDI, Ibram X. How to be an

antiracist. One world, 2019, pp. 8-9.

[4] FORST, Rainer. The right to

justification: Elements of a

constructivist theory of justice.

Columbia University Press, 2011, p.

189.

ADERRUAN TAVARES –

Mestrando em Direito Constitucional

na UnB. Especialista em Direito

Constitucional pela Escola de Direito

de Brasília/IDP. Assessor de

Conselheiro no Conselho Nacional de

Justiça.

62

Os artigos publicados pelo JOTA não

refletem necessariamente a opinião

do site. Os textos buscam estimular o

debate sobre temas importantes para

o País, sempre prestigiando a

pluralidade de ideias.

https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/lutas-por-

reconhecimento-racismo-e-acoes-afirmativas-privadas-

05102020

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