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Data de Criação: 09/01/2020 Criado por: Biblioteca Clipping SCA Este material não pode ser publicado, reescrito, redistribuído ou transmitido por broadcast sem autorização da Siqueira Castro - Advogados

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Data de Criação: 09/01/2020

Criado por: Biblioteca

Clipping SCA

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por broadcast sem autorização da Siqueira Castro - Advogados

Page 2: Clipping SCA

Sumário das

Matérias:

Pátria e GIC pagam R$ 1,1 bi por rodovia

Valor ––09 de janeiro.............................................01

Embate sobre taxação ‘do sol’ encobre aspecto técnico sobre geração e tarifa

Valor ––09 de janeiro.............................................04

Pressões põem em risco autonomia da Aneel

Valor ––09 de janeiro.............................................07

Marcas e riqueza

Valor ––09 de janeiro.............................................12

Imposto sobre riqueza

Valor ––09 de janeiro.............................................15

Denúncia criminal contra Vale pode sair em breve

Valor ––09 de janeiro.............................................18

Movimento falimentar

Valor ––09 de janeiro.............................................20

Leis de Estados podem ajudar MP em ações penais contra empresários

Valor ––09 de janeiro.............................................21

Projetos na Câmara anulam efeitos de decisão do STF

Valor ––09 de janeiro.............................................24

Valor residual não integra base do ISS

Valor ––09 de janeiro.............................................26

Doria descarta reduzir ICMS sobre combustíveis para atenuar alta da gasolina

Folha ––09 de janeiro.............................................29

Bolsa cria nova taxa e investidores chamam de 'CPMF dos lucros'

Folha ––09 de janeiro.............................................31

Page 3: Clipping SCA

China abre exploração de petróleo a empresas estrangeiras

Globo ––09 de janeiro.............................................33

O novo processo penal argentino com juiz de garantias

OESP ––09 de janeiro.............................................35

Fiador pode pedir exoneração se houver prorrogação contratual

Conjur ––09 de janeiro.............................................38

Versão plausível é suficiente para sentença de júri ser irrecorrível, diz TJ-PE

Conjur ––09 de janeiro.............................................39

PL torna imprescritíveis crimes hediondos e tráfico de drogas

Migalhas ––09 de janeiro.........................................40

Confaz prorroga prazo para que estados divulguem benefícios fiscais irregulares

Jota ––09 de janeiro..................................................41

Ambev é condenada em processo milionário relacionado à 2ª Guerra

Jota ––09 de janeiro..................................................43

Page 4: Clipping SCA

Valor Econômico

Caderno: Primeira Página, quinta-feira 09 de janeiro de 2020.

Pátria e GIC pagam R$ 1,1 bi por rodovia

Consórcio formado pela gestora

Pátria e o fundo soberano de

Cingapura venceu ontem o leilão

de concessão do corredor

rodoviário Piracicaba-Panorama,

no interior paulista

Por Taís Hirata e Letícia

Fucuchima — De São Paulo

Com uma oferta de R$ 1,1 bilhão, mais

que o dobro do valor de outorga

proposto por seu único concorrente, o

consórcio formado pela gestora Pátria e

o fundo soberano de Cingapura (GIC)

venceu ontem o leilão de concessão do

corredor rodoviário Piracicaba-

Panorama, no interior de São Paulo.

Conhecido como “Pipa”, o lote de 1.273

km, o mais extenso sob concessão no

país, será administrado pelo consórcio

durante os próximos 30 anos.

O mercado esperava que outras

empresas se interessassem em disputar

o ativo, mas a avaliação é de que esses

grupos podem ter optado por preservar

seus recursos para outros oito leilões de

rodovias que estão previstos para este

ano. “Pipa” será a terceira concessão

rodoviária do Pátria, que estreou na

atividade em 2017. Em dezembro, a

gestora comprou a Concessionária Auto

Raposo Tavares, que pertencia à

Invepar.

01

Pátria e GIC vencem leilão de ‘Pipa’ com oferta de R$ 1,1 bilhão

Consórcio derrota Ecorodovias;

ausência de operadores

tradicionais decepciona

Por Taís Hirata e Letícia

Fucuchima — De São Paulo

Bruno Serapião, sócio do Pátria, afirmou após o

leilão que o “setor de concessões no Brasil tem

evoluído” e o fundo vai continuar atento a novas

oportunidades — Foto: Silvia Costanti/Valor

O consórcio formado pela gestora Pátria

e pelo fundo soberano de Cingapura

GIC venceu ontem o leilão do corredor

rodoviário Piracicaba-Panorama

(chamado de Pipa) e deverá administrar

por 30 anos a concessão mais extensa

do país, com 1.273 quilômetros. O

grupo ofereceu uma outorga fixa de R$

1,1 bilhão, que será paga ao governo de

São Paulo.

O grupo teve apenas um concorrente, a

Ecorodovias, que fez uma oferta de

outorga bem mais modesta, de R$

527,05 milhões.

Contrato é considerado

desafiador devido ao volume alto

de investimentos exigidos e ao

risco de tráfego

Page 5: Clipping SCA

Uma decepção do leilão foi a ausência

da Arteris, que era considerada uma

favorita por já conhecer bem um trecho

do lote - uma parte das rodovias

leiloadas está atualmente sob concessão

da Centrovias, um contrato da Arteris

que está próximo ao vencimento. Outro

grupo que estudou fazer oferta, mas não

apareceu, foi a CCR.

A avaliação do mercado é que esses

grupos podem ter optado por guardar

munição para oportunidades futuras,

que não serão poucas. Só em 2020, há

outros oito leilões de rodovias

marcados, entre eles, a relicitação da

Nova Dutra, hoje operada pela CCR.

Além disso, há uma percepção de que o

contrato é bastante desafiador. Ao

mesmo tempo em que promete grande

potencial de receita, carrega um risco

alto.

“A maior parte da concessão é hoje

administrada pelo Estado, e não há

informações claras sobre o fluxo de

usuários nessas vias”, afirma a Claudia

Bonelli, sócia do TozziniFreire

Advogados.

O governador de São Paulo, João Doria

(PSDB), que esteve presente na sede da

B3, onde foi realizada a concorrência,

classificou o resultado como "histórico".

Ele minimizou o fato de o certame ter

atraído apenas dois interessados: “o

pior seria termos muitos participantes,

com má qualidade, e ágio baixo”,

afirmou a jornalistas após o leilão.

Outro questionamento foi relativo à

outorga fixa oferecida pelo consórcio

vencedor, que representou ágio de

7209,25% em relação ao mínimo

definida no edital - de apenas R$ 15

milhões.

02

Quando a concessão foi anunciada, no

início de 2019, a previsão do governo

era uma outorga de R$ 2 bilhões, mas o

valor foi reduzido a quase zero, sob a

justificativa de ampliar os

investimentos exigidos. Pelo contrato, o

grupo terá que fazer R$ 14 bilhões em

obras. Haverá duplicações em 600

quilômetros.

Além do pagamento da outorga fixa,

que será feito diretamente ao governo, o

grupo terá que pagar uma outorga

variável ao longo do contrato, definido

em 7% da receita bruta da

concessionária - uma forma de

minimizar o risco do operador. O valor

deverá ser pago a partir do 13º mês,

após a assinatura do contrato.

O valor dessas outorgas variáveis será

direcionado a contas que servirão como

“colchão”, que poderão cobrir eventuais

oscilações cambiais, pleitos de

reequilíbrio econômico-financeiro ou

descontos na tarifa de pedágio dados a

usuários frequentes.

Para Luis Felipe Valerim, professor da

FGV-SP e sócio de XVV Advogados, o

valor ofertado é “saudável”. O perfil dos

integrantes do consórcio também dá

segurança em relação à proposta. “Além

do Pátria, que já é conhecido no setor, a

participação do fundo soberano GIC dá

um selo de governança ao projeto. É um

grupo com característica de ser zero

aventureiro”, diz.

A percepção de analistas logo após o

leilão foi a de que o grupo vencedor

conseguirá ser eficiente e terá um

contrato rentável. “Nossa visão inicial é

que o consórcio tem boas chances de

gerar retornos decentes, apesar do

prêmio relevante em relação à oferta

final da Ecorodovias”, apontou relatório

do Credit Suisse, assinado por Felipe

Page 6: Clipping SCA

Vinagre, Thiago Casseb e Alejandro

Zamacona.

Única concorrente, a Ecorodovias

classificou sua proposta como

“acertada”, segundo o diretor

financeiro, Marcello Guidotti. “A

Ecorodovias quis entrar bem segura”,

disse ele, destacando outros leilões

considerados importantes para a

companhia, como o da Nova Dutra e

das Rodovias do Litoral, em São Paulo,

e da BR-101, em Santa Catarina.

O lote de “Pipa” deverá ser a terceira

concessão do Pátria, que estreou no

setor em 2017, quando venceu o leilão

das rodovias do Centro-Oeste paulista,

derrotando justamente a Ecorodovias.

O grupo opera o contrato por meio da

concessionária Entrevias.

Em dezembro do ano passado, a gestora

deu mais um passo no segmento, com a

aquisição da Concessionária Auto

Raposo Tavares (Cart), da Invepar. A

venda ainda dependerá da aprovação de

autoridades, o que poderá levar até seis

meses.

Considerando o tamanho do lote de

“Pipa”, porém, a vitória de ontem

representa um salto para a gestora de

investimentos.

“A execução dos investimentos exigirá

os mais altos níveis de experiência e

capacidade técnica. No âmbito geral,

percebemos que o setor de concessões

no Brasil tem evoluído, principalmente,

em razão dos esforços do governo para

oferecer aos investidores condições

atraentes”, afirmou o sócio do Pátria,

Bruno Serapião, após a vitória. Ele disse

ainda que o grupo continua atento a

novas oportunidades.

03

A expectativa é que a assinatura do

contrato ocorra ainda no primeiro

semestre deste ano, segundo Renata

Dantas, diretora da Artesp (Agência de

Transportes do Estado de São Paulo).

Já o início da cobrança de pedágio nas

vias, diz ela, dependerá da operadora,

que terá que cumprir requisitos

mínimos antes disso. “Se a empresa for

eficiente, consegue [começar a cobrar a

tarifa] antes de um ano, mas está nas

mãos do licitante.”

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/01/0

9/patria-e-gic-vencem-leilao-de-pipa-com-oferta-de-r-

11-bilhao.ghtml

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Page 7: Clipping SCA

Valor Econômico

Caderno: Brasil, quinta-feira 09 de janeiro de 2020.

Embate sobre taxação ‘do sol’ encobre aspecto técnico sobre geração e tarifa

Revisão de regra busca reduzir

subsídio sem eliminar

atratividade da fonte solar

Por Rodrigo Polito — Do Rio

Lavinia Hollanda, diretora da Escopo Energia:

“Imensa maioria da população está sendo

onerado em sua tarifa” — Foto: Leo

Pinheiro/Valor

O debate em torno da cobrança de

encargo para usuários de geração

distribuída (GD) a energia solar pelo

uso da rede das distribuidoras, que

voltou a ganhar notoriedade após as

recentes declarações do presidente Jair

Bolsonaro, garantindo que não haverá

“taxação de energia solar”, põe em

04

evidência duas causas nobres não

necessariamente opostas: o crescimento

das fontes renováveis e a desoneração

tarifária. A discussão, no entanto, é

técnica e complexa.

A revisão das regras para o uso de GD a

energia solar já estava prevista desde

2012. A expectativa era que a norma

fosse revista em 2019. A Agência

Nacional de Energia Elétrica (Aneel),

porém, estendeu as discussões com o

setor até o fim do ano passado. A

expectativa agora é publicar a nova

norma para o segmento no primeiro

semestre de 2020.

Pela resolução em vigor, os projetos de

GD são isentos do pagamento pelo uso

da rede - a chamada tarifa de uso do

sistema de distribuição (tusd). Quando

a energia gerada pelos painéis

fotovoltaicos não é consumida pelo

usuário, ela é injetada no sistema. O

volume fornecido à rede é descontado

da fatura do usuário cobrada pela

distribuidora. E a tusd é repartida pelos

demais consumidores da

concessionária.

Page 8: Clipping SCA

Com a intensificação de projetos de GD,

devido à redução de custo da energia

solar, o subsídio a ser pago pelos

demais consumidores tende a se tornar

cada vez maior. Estudo feito pelo

Ministério da Economia prevê que o

sistema de compensação hoje em vigor

custaria ao sistema elétrico mais de R$

56 bilhões, entre 2020 e 2035. Em valor

presente, isso seria equivalente a R$ 34

bilhões, diz a pasta.

A proposta colocada em consulta

pública pela Aneel prevê que os

usuários que já possuem sistemas

solares em suas residências só passem a

pagar pela tusd a partir de 2031. Para os

novos usuários, haverá um gatilho para

a cobrança da tusd, quando a

capacidade instalada adicional de

projetos do tipo no país atingir 4,7 mil

megawatts (MW). Hoje, a capacidade

de GD solar no país é de 1,6 mil MW.

Para as “fazendas solares” - usinas que

“alugam” a produção de energia dos

painéis para consumidores -, a Aneel

propõe que a cobrança tenha início já a

partir da publicação da nova resolução.

A indústria de energia solar é contra à

proposta. Na avaliação do setor, a nova

norma tem potencial para eliminar a

atratividade do mercado, que está em

estágio inicial e ainda demanda

incentivos. O segmento alega ainda que

os cálculos da Aneel não levam em

conta outros benefícios da fonte solar,

como redução de emissões de gases

poluentes.

Estudo feito pela Greener, empresa de

pesquisa e consultoria especializada no

setor, indica que o mercado de GD solar

pode perder 50% de seu potencial de

crescimento nos próximos cinco anos,

caso a proposta atual entre em vigor.

05

Já um documento elaborado pelo

núcleo de estudos e pesquisas do

Senado em outubro concluiu que a

proposta da Aneel não põe em risco a

atratividade do setor. “O prazo para

recuperar o investimento aumentará,

mas a opção continuará sendo viável

economicamente”, informa o

documento.

O grau de sensibilidade do assunto

pode ser comprovado pela quantidade

de manifestações recebidas pela agência

na consulta pública sobre o tema. Ao

todo, foram enviadas mais de 160

contribuições.

Nesta semana, as duas principais

entidades envolvidas no assunto se

manifestaram sobre as declarações do

presidente da República. A Associação

Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica

(Absolar) elogiou a articulação entre

Bolsonaro e os presidentes da Câmara,

Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado,

Davi Alcolumbre (DEM-AP), pela

criação de um projeto de lei proibindo a

taxação da energia gerada por radiação

solar.

Em nota, o presidente da Absolar,

Rodrigo Sauaia, disse que a articulação

é uma “iniciativa suprapartidária em

prol do desenvolvimento econômico e

sustentável do país, com geração de

emprego e renda, atração de

investimentos privados, redução de

custos para famílias, empresas e

produtores rurais, com mais liberdade

de escolha para os consumidores”.

Já a Associação Brasileira de

Distribuidores de Energia Elétrica

(Abradee) destacou que, se os subsídios

forem mantidos como estão, em cerca

de dois anos, eles atingirão R$ 2,5

bilhões anuais concedidos a pouco mais

de 600 mil beneficiados. “Para se ter

Page 9: Clipping SCA

uma ideia, será maior do que o

desconto dado na tarifa social aos

consumidores de baixa renda, que são

mais de 9 milhões em todo o Brasil”,

informou a entidade, em nota. No meio

do fogo cruzado, a Aneel já acenou com

a possibilidade de adiar em 25 anos o

início da cobrança da tusd para os

atuais usuários.

Segundo Lavinia Hollanda, sócia e

diretora-executiva da consultoria

Escopo Energia, a agência tem atuado

de maneira técnica, promovendo uma

ampla discussão sobre o

aperfeiçoamento de regras que já era

previsto.

“Pelas regras atuais, o consumidor que

não tem instalação solar fotovoltaica,

ou seja, a imensa maioria da população,

em particular o consumidor com menor

consumo e menor poder de pagamento,

está sendo onerado em sua tarifa,

subsidiando implicitamente o

prossumidor [consumidor que tem GD

solar], que utiliza a rede, mas não paga

a tusd no atual sistema de

compensação”, disse ela.

Para a especialista, o debate atual conta

com informações equivocadas e ganhou

contornos políticos. Por isso, explicou, é

importante a Aneel promover uma

campanha informativa sobre o tema.

06

Em qualquer cenário, porém, a

expectativa do governo é de aumento de

investimentos em energia solar. A

versão preliminar do Plano Decenal de

Expansão de Energia (PDE) 2029, feito

pela Empresa de Pesquisa Energética

(EPE), prevê que, mesmo com as

mudanças regulatórias, a capacidade da

GD alcançará 11 mil MW no fim da

próxima década, com investimentos de

R$ 50 bilhões.

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2020/01/09/e

mbate-sobre-taxacao-do-sol-encobre-aspecto-tecnico-

sobre-geracao-e-tarifa.ghtml

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Page 10: Clipping SCA

Valor Econômico

Caderno: Brasil, quinta-feira 09 de janeiro de 2020.

Pressões põem em risco autonomia da Aneel

Agência é alvo de ações de

políticos até em audiências

públicas

Por Rodrigo Polito e Matheus

Schuch — Do Rio e Brasília

As recentes declarações do presidente

Jair Bolsonaro sobre a cobrança de

encargos para projetos de energia solar

pelo uso da rede de distribuição - um

dos principais temas em discussão na

Agência Nacional de Energia Elétrica

(Aneel) - ameaçam a autonomia do

órgão regulador, justamente no

momento em que o governo busca

atrair investimentos privados para o

setor de infraestrutura no país.

Em vídeo publicado no Twitter e em

declarações feitas a jornalistas no início

desta semana, Bolsonaro afirmou que a

posição do governo é contra a “taxação

da energia solar”.

“Está uma comoção nacional sobre

taxar energia solar. Resolvi ontem

[domingo] a questão. A decisão é

minha. Nenhum ministro, nenhum

secretário, ninguém mais fala no

assunto. A nossa posição é tarifa zero”,

afirmou Bolsonaro a jornalistas, na

segunda-feira.

07

O presidente disse ainda que “talvez

nem precise de nada, a própria Aneel se

conscientiza de que essa fonte de

energia tem que ser estimulada pelo

governo”, sem a influência de “grupos

lobistas” que, segundo ele, atuam

dentro da agência para promover a

taxação.

Bolsonaro já havia se manifestado sobre

o assunto em novembro do ano

passado. Na ocasião, ele disse em sua

conta no Twitter: “O nosso governo está

trabalhando junto à Aneel para atender

ao interesse público nessa questão, ou

seja, estimular a geração de energia

solar (placas fotovoltaicas) sem taxar o

usuário”.

O ano passado foi marcado pelo

aumento de ameaças e intervenções de

políticos sobre as decisões técnicas do

órgão regulador.

Em outubro, durante reunião da

diretoria da Aneel sobre os pedidos de

revisão tarifária extraordinária (RTE)

apresentados pelas distribuidoras

Ceron (RO), Eletroacre (AC) e Cepisa

(PI), políticos locais, principalmente de

Rondônia, utilizaram o espaço de

sustentação oral, na reunião

transmitida ao vivo pela internet, para

discursar contra o aumento das tarifas.

Entre eles os parlamentares, estava o

senador Marcos Rogério (DEM-RO),

que, na ocasião, disse que o Estado de

Rondônia não aceitaria novo aumento

na conta de luz.

Page 11: Clipping SCA

As três distribuidoras foram

privatizadas pela Eletrobras em 2018.

Ceron e Eletroacre foram adquiridas

pelo grupo Energisa, enquanto a Cepisa

foi comprada pela Equatorial Energia.

Na reunião, a diretoria da Aneel

rejeitou o pleito das companhias.

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2020/01/09/p

ressoes-poem-em-risco-autonomia-da-aneel.ghtml

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08

Page 12: Clipping SCA

Valor Econômico

Caderno: Politica, quinta-feira 09 de janeiro de 2020.

Deputado quer mudar regra para repasse do ICMS

Proposta prevê distribuição do

imposto pelo desempenho

educacional das cidades

Por Fernando Taquari — De São

Paulo

Daniel José: “Projeto não gera custos e muda os

incentivos dos prefeitos” — Foto: Divulgação

A Assembleia Legislativa de São Paulo

deve votar em plenário, em 2020, um

projeto de lei que altera os critérios

para distribuição dos 25% de ICMS que

hoje são transferidos e repartidos entre

todos os municípios do Estado. De

autoria do deputado Daniel José

(Novo), a proposta determina que os

repasses sejam feitos com base no

desempenho educacional das cidades, o

que impactará no orçamento dos 645

prefeitos paulistas. Para mensurar os

09

resultados, o parlamentar propõe, no

mesmo projeto, a criação do Índice de

Qualidade da Educação Municipal

(IQEM).

Articulada em conjunto com o governo

estadual, a proposta foi aprovada pela

Comissão de Constituição e Justiça

(CCJ) no fim de 2019 e ainda deve

passar pelas comissões de Educação e

Cultura e Finanças, Orçamento e

Planejamento antes de seguir para o

plenário. Daniel José afirma que o

projeto tem como inspiração uma lei de

2007, aprovada pelo governo do Ceará,

que modificou as regras de rateio do

ICMS repassados para os municípios do

Estado para incentivar os esforços de

prefeitos cearenses em favor de áreas

como educação, saúde e meio ambiente.

“Nosso projeto não gera custos e muda

os incentivos dos prefeitos, pois

influencia diretamente no valor dos

repasses, já que cabe ao Estado definir

os critérios de distribuição de 25%

destes 25% do ICMS que são

transferidos aos municípios”, diz o

parlamentar do Novo. Os outros 75%

deste imposto, conforme a Constituição

Federal, seguem a regra do Valor

Adicionado Fiscal (VAF). “Queremos

estimular os prefeitos a de fato

investirem em soluções e políticas

públicas para melhorar a educação

fundamental, além de ampliar a taxa de

Page 13: Clipping SCA

cobertura das creches”, acrescenta

Daniel José.

No caso do Ceará, segundo o deputado

estadual, os repasses com base no

desempenho educacional - que

correspondem a 18% do rateio de ICMS

- tiveram como foco a alfabetização e a

distribuição das verbas de Fortaleza

para o interior. “Embora a alfabetização

continue a ser um problema, preferimos

olhar o ensino fundamental por inteiro.

Até porque não tem ainda um Ideb

(Índice de Desenvolvimento da

Educação Básica) da educação infantil.

Logo é difícil medir a qualidade do

ensino infantil”, diz Daniel José. Em

São Paulo, a ideia é os 25% sejam

voltados exclusivamente para

Educação.

Segundo o deputado, os critérios de

distribuição do ICMS estão

desatualizados. No rateio, aponta

Daniel José, tem o percentual de terra

alagada, que era um estímulo no

passado para que os municípios

passassem a ter represas para gerar

energia. “Hoje isso é algo que não faz

mais sentido, assim como o percentual

de terra cultivada, que era um estímulo

para que as áreas rurais fossem mais

bem aproveitadas. Mesmo para o

critério populacional, que bem ou mal é

uma maneira de equilibrar as

distribuições, se pode encontrar outras

soluções”, afirma o parlamentar.

Para estipular a nova distribuição do

ICMS, Daniel José propõe,

considerando a aprovação do projeto

neste ano, uma regra de transição

gradual entre 2021 e 2024. Critérios

como população, receita tributária, área

cultivada, reservatórios para geração de

energia, espaços protegidos e

distribuição igualitária, que hoje são

base do repasse deste imposto, seriam

10

substituídos paulatinamente pelo

desempenho da educação e pela

expansão de creches. Anualmente, será

atribuído a cada município um índice

que refletirá a qualidade educacional na

rede de ensino.

Assim, seria criado o Índice de

Qualidade da Educação Municipal

(IQEM), que levará em conta uma série

de variáveis, como a média da última

prova do Saresp (exame que será

universalizado e financiado pelo Estado

a partir de 2020) pelos alunos do

ensino fundamental da rede municipal,

a evolução desta média em relação à

penúltima prova do Saresp, a taxa de

participação dos alunos na prova e o

rendimento escolar medido pelas taxas

de retenção e de abandono, além do

grau de municipalização do ensino

fundamental.

Conforme o projeto, 80% do peso do

IQEM será baseado na aprendizagem

(25% deste percentual) e evolução (os

demais 75%), enquanto outros 20%

serão determinados pelo fluxo, sendo

neste caso, 60% pela taxa de abandono

e 40% pela taxa de reprovação. “O

índice estimula a evolução e premia os

que mais se esforçam,

independentemente do nível de

educação de cada cidade. Municípios

que mostrarem uma evolução

significativa no Saresp serão premiados

com uma fatia maior do ICMS. Além

disso, o IQEM estimula a

municipalização do ensino. Quanto

mais alunos matriculados em escolas

municipais, mais recursos essa cidade

deve receber”, diz.

Page 14: Clipping SCA

Daniel José está otimista sobre a

aprovação da proposta na Assembleia.

“O projeto vai passar, chance zero de

ser reprovado”, afirma. Em minoria no

parlamento, a oposição deve votar

contra, mas não pretende obstruir. O

deputado do Novo, no entanto, prevê a

pressão de cidades e segmentos que

devem, em um primeiro momento,

perder receita com uma eventual

sanção do projeto.

https://valor.globo.com/politica/noticia/2020/01/09/

deputado-quer-mudar-regra-para-repasse-do-

icms.ghtml

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11

Page 15: Clipping SCA

Valor Econômico

Caderno: Opinião, quinta-feira 09 de janeiro de 2020.

Marcas e riqueza

Marcas e outros ativos intangíveis

estão no centro da agenda da

moderna política industrial

Indicadores convencionais, como

participação no PIB e no emprego,

corroboram a já conhecida tese de que o

setor de serviços se tornou a maior e a

mais influente atividade da economia

moderna. Mas indicadores menos

convencionais também reforçam a tese.

Considere o caso das marcas. O mais

recente ranking das marcas mais

valiosas do mundo

(www.brandz.com) mostra que

empresas de tecnologia, serviços

financeiros, entretenimento, logística,

telecom e outros serviços

predominavam com larga folga na lista

das 100 marcas mais valiosas de 2019.

Dentre as dez marcas mais valiosas,

nove eram do setor de serviços. Mas

nem sempre foi assim - em 2006,

primeiro ano do ranking, a participação

de marcas de empresas de serviços era

substancialmente menor.

Marcas valiosas não são obra do acaso e

estão normalmente associadas à

empresas dinâmicas, inovadoras e em

setores em ascensão e à fortes e

coordenados investimentos. Se, de um

lado, marcas de setores com a “face” do

século XXI estão ganhando relevância,

12

de outro lado, marcas de setores com a

“face” do século XX estão perdendo

relevância. Em 2006, 13 marcas de

carros listavam entre as 100 mais

valiosas; em 2019, apenas três

figuravam na lista. Dentre as marcas

que mais ganharam valor no último ano

estão aquelas envolvidas com a oferta

de um leque cada vez mais amplo de

soluções para os clientes e com forte

apelo aos temas da experiência e

lealdade do usuário.

Marcas e outros ativos intangíveis

estão no centro da agenda da

moderna política industrial

Dentre as explicações do substancial

crescimento da participação de marcas

de empresas de serviços estão a

ascensão da economia de plataformas, o

crescimento do comércio de serviços

entre fronteiras, o aumento da

importância dos serviços B2B nas

cadeias de produção e na gestão e

mudanças nas preferências dos

consumidores.

Em 2006, as 100 principais marcas

estavam avaliadas em US$ 1,4 trilhão;

em 2019, estavam avaliadas em US$ 4,7

trilhões. Essa incrível valorização é

reflexo, de um lado, da globalização e

da consolidação dos mercados. De

outro, das mudanças estruturais na

forma de criar riqueza. De fato, muitas

marcas se tornaram o componente mais

valioso dos bens e serviços por

projetarem valor e confiança ao

consumidor e pela noção de reputação.

Marcas reputadas abrem e criam

mercados e até viabilizam o comando

de cadeias de valor e de distribuição.

Page 16: Clipping SCA

Mas as marcas não caminham só e

estão normalmente acompanhadas de

outros ativos intangíveis, incluindo

patentes, acordos de royalties,

certificações, design, contratos de

serviços, acordos de franchising e

bancos de dados de clientes e mercados.

Estudos mostram que ativos intangíveis

já perfazem a maior parte dos ativos de

muitas das maiores empresas globais e

estimativas sugerem que as marcas de

gigantes da tecnologia corresponderiam

a cerca de 30% dos respectivos valores

de mercado daquelas empresas.

Marcas valiosas refletem a posição de

empresas e de países na “cadeia

alimentar” da agregação global de valor

e estão associadas à capacidade de

influência e de crescimento do

faturamento. Não por acaso, marcas e

outros ativos intangíveis estão no

centro da agenda da moderna política

industrial e estão por trás de muitas das

mais contundentes medidas

governamentais recentes, inclusive

geopolíticas, de defesa de interesses de

empresas e de seus ativos intangíveis.

Nesta toada, para muito além de buscar

produzir bens e serviços de mais alta

qualidade e confiabilidade, a China

também está trabalhando para

estabelecer e consolidar marcas globais.

Dentre as dez marcas mais valiosas,

duas já são chinesas e outras tantas já

figuram entre as 100 mais valiosas.

E a América Latina? Algumas

características se destacam no perfil das

marcas mais valiosas da região: elas

pertencem, majoritariamente, a

empresas de setores convencionais e

apenas algumas poucas têm presença

extra-regional significativa. As 50

marcas mais valiosas da região tinham,

juntas, avaliação de mercado

equivalente a 40% do valor da marca

13

global mais valiosa, a Amazon.

Considerando o perfil baixo das nossas

marcas, parece razoável supor que a

região ainda não se deu conta da

importância das marcas como

instrumento de geração de riqueza e de

inserção nos mercados internacionais

“pela porta da frente”. E, ao que parece,

o problema não é de desconhecimento.

Afinal, a região já tem experiências

bem-sucedidas de criação e

estabelecimento de marcas globais -

pense nas sandálias Havaianas e nos

aviões da Embraer, para citar apenas

dois exemplos.

Potencial não falta e a região poderia

trabalhar com mais vigor para

desenvolver marcas globais. Um

caminho natural são as áreas em que já

temos presença importante em cadeias

de valor. Sugestões quase óbvias

incluiriam cafés, proteínas animais,

frutas, moda, design, culinária,

produtos naturais, produtos de beleza,

biodiversidade, certas manufaturas,

novas energias e tantas outras áreas em

que já temos vantagens comparativas

estáticas e dinâmicas reveladas.

Para ilustrar o potencial, considere o

caso do café. O mercado da bebida está

passando por forte expansão e

transformação, o que cria enormes

oportunidades de negócios. Porém,

como mostrou estudo da Organização

Mundial de Propriedade Intelectual,

parcela residual do valor final da bebida

servida num coffee shop ou numa

cápsula fica para o agricultor. Ganha

dinheiro com café quem cria marcas,

inova, oferece qualidade e praticidade

ao cliente, distribui e, sobretudo,

comanda as cadeias de valor. O estudo

do café é uma verdadeira aula de

moderna política industrial e de

Page 17: Clipping SCA

colaboração bem-sucedida entre

governo e setor privado.

O caminho a seguir é trabalhoso, mas é

recompensador. Afinal, a região tem

muitas “sandálias Havaianas”

dormentes e já mostrou enorme

capacidade para inovar. O que nos

resta, agora, é desenhar estratégias e

políticas mais eficientes, desenvolver

parcerias vencedoras e partir para o

mãos à obra.

Jorge Arbache é vice-presidente

de setor privado do Banco de

Desenvolvimento da América

Latina (CAF) e escreve

mensalmente neste espaço.

https://valor.globo.com/opiniao/coluna/marcas-e-

riqueza.ghtml

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14

Page 18: Clipping SCA

Valor Econômico

Caderno: Opinião, quinta-feira 09 de janeiro de 2020.

Imposto sobre riqueza

Para muitos seria mais simples e

mais prudente reformar a lei

existente

Por J. Bradford DeLong

Não fiquei surpreso quando alguns dos

principais candidatos nas primárias

democratas começaram a apoiar um

“imposto sobre a riqueza”, dentro da

linha do que foi proposto por meus

colegas Gabriel Zucman e Emmanuel

Saez, da Universidade da Califórnia,

Berkeley. O que me surpreendeu foi a

rejeição encontrada por esses

candidatos, particularmente a

proveniente daqueles que deveriam ser

favoráveis a quaisquer medidas que

levem os Estados Unidos em direção a

um sistema tributário mais progressivo.

Quando comecei a estudar finanças

públicas, me ensinaram que havia três

princípios para a tributação, todos

originários da máxima do político

francês do século XVII, Jean-Baptiste

15

Colbert, sobre depenar “o ganso de

modo a obter a maior quantidade

possível de penas com o mínimo

possível de grasnidos”.

Lawrence H. Summers alerta para

o risco de que um imposto sobre a

riqueza poderia, na verdade, fazer

os ricos, se não puderem manter a

riqueza para passá-la a suas

gerações futuras, eles vão, em vez

disso, gastá-la para modelar a

sociedade aqui e agora

O primeiro princípio é sempre ampliar

a base tributária para que se possa

atingir a meta de arrecadação com a

alíquota de imposto mais baixa possível

(a que provoque menos grasnidos). O

segundo é tributar itens com demanda

inelástica, de forma a minimizar as

distorções provocadas pelo sistema

tributário em faixas mais amplas da

atividade econômica. Por fim, os atores

que mais deveriam ser tributados são

aqueles para quem os custos de pagar

impostos são menores - ou seja, os

ricos.

Tendo todos esses princípios em mente,

qual é a maior base possível para cobrar

impostos dos ricos? É sua riqueza,

claro. E qual bem os ricos estão menos

dispostos a sacrificar para reduzir sua

carga tributária? Sua riqueza, é claro.

Dados esses princípios básicos, é óbvio,

do ponto de vista tecnocrático, que o

sistema tributário deveria conter um

componente substancial de tributação

da riqueza. Mesmo os que se baseiam

no trabalho de economistas como

Christophe Chamley e Ken Judd para

argumentar que a renda do trabalho

deveria ser tributada no longo prazo

parecem admitir que estabelecer algum

Page 19: Clipping SCA

nível de tributação sobre a riqueza

deveria ser prioridade em termos

imediatos.

É por isso que fiquei surpreso ao ouvir

pessoas inteligentes, sensatas e

preocupadas com o interesse público

opondo-se às propostas de tributação

da riqueza apresentadas por Elizabeth

Warren e Bernie Sanders, entre outros.

De acordo com Alan D. Viard, do

American Enterprise Institute, seria

“mais simples e mais prudente”

reformar “o imposto sobre a renda e os

impostos sobre imóveis e doação de

bens” do que se empenhar em um

imposto sobre a riqueza. Da mesma

forma, William Gale, da Brookings

Institution, defende impostos mais

altos sobre a riqueza, mas diz que “por

diversas razões ainda não está pronto

para ‘comprar’ [a ideia] de um imposto

sobre a riqueza”.

E Karl W. Smith, da Tax Foundation,

acredita que um imposto sobre a

riqueza iria “corroer a ideia motora

central do capitalismo americano”.

Além disso, quando Saez e Zucman

apresentaram sua proposta de impostos

sobre a riqueza em conferência para a

Brooking Institution, foram recebidos

por um coro de críticos, muitos dos

quais temerosos de que a medida iria

reduzir a disposição dos americanos no

que se refere a investimentos de risco.

Até Dean Baker, um antigo coautor

meu, do Center for Economic Policy

Research, receia que um imposto sobre

a riqueza reforçaria os incentivos para

que os ricos “contratem contadores,

advogados e outras pessoas envolvidas

no setor de elisão/evasão fiscal”.

Na mesma linha, meu bom amigo e

patrono de longa data Lawrence H.

Summers alerta para o risco de que um

16

imposto sobre a riqueza poderia, na

verdade, aumentar a influência do

dinheiro na política e nas medidas

econômicas, argumentando que se os

ricos não puderem manter a riqueza

para passá-la a suas gerações futuras,

eles vão, em vez disso, gastá-la para

modelar a sociedade aqui e agora.

Summers vê a ofensiva a favor de um

imposto sobre a riqueza como um fator

de distração: “Que progressistas

invistam sua energia em uma proposta

com chances de mais de 50% de ser

declarada inconstitucional pelo

Supremo Tribunal [...] parece-me

potencialmente sacrificar uma

oportunidade imensa”. Por fim, Janet

Holtzblatt, do Tax Policy Center - que é

melhor em finanças públicas do que eu,

como aprendi, lá atrás, em 1993 -

destaca que um imposto sobre a riqueza

poderia vir acompanhado de “graves

problemas administrativos e de

implementação”.

O argumento de Summers sobre o

possível desperdício de uma

oportunidade parece convincente. Para

que um imposto efetivo sobre a riqueza

seja duradouro, os EUA também

precisariam de um governo

comprometido a dobrar o tamanho do

Supremo Tribunal. Tal medida é mais

do que justificada depois de Bush vs.

Gore (2000), de Cidadãos Unidos vs.

Comissão de Eleição Federal (2011) e de

os republicanos no Senado terem se

recusado até a fazer audiências sobre a

indicação de Merrick Garland.

As preocupações sobre problemas

administrativos e de implementação

também são compreensíveis. Definir e

atribuir um valor para a riqueza (e a

renda) dos ricos seria uma tarefa

imensa e complicada. Para simplificar a

questão, o Serviço de Receitas Internas

Page 20: Clipping SCA

(IRS, a Receita Federal dos EUA) talvez

devesse receber apenas uma missão: ou

tributar toda a renda ou tributar a

riqueza e a renda do trabalho.

Ainda assim, olhando mais além desses

detalhes, não posso deixar de pensar

que a discussão seguiu um rumo

completamente errado. Um argumento

básico das finanças públicas parece ter

sido esquecido. Deveria ser uma

doutrina tecnocrática já resolvida e

estabelecida que a forma ideal de

tributar os ricos é um imposto sobre a

riqueza. Dessa forma, em vez de o ônus

da prova estar com os defensores do

imposto sobre a riqueza, ele não deveria

estar com todos os que defendem um

status quo distante dessa referência

ideal? Estou genuinamente intrigado e

adoraria ouvir uma resposta

convincente a essa

pergunta. (Tradução de Sabino

Ahumada).

J. Bradford DeLong foi

subsecretário - adjunto do

Tesouro dos EUA e é professor de

economia da Universidade da

Califórnia, em Berkeley, e

pesquisador associado do

Gabinete Nacional de Análises

Econômicas dos EUA. Copyright:

Project Syndicate, 2020.

www.project-syndicate.org

https://valor.globo.com/opiniao/coluna/imposto-

sobre-riqueza.ghtml

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17

Page 21: Clipping SCA

Valor Econômico

Caderno: Empresas, quinta-feira 09 de janeiro de 2020.

Denúncia criminal contra Vale pode sair em breve

Número de denunciados deve

variar entre 15 e 20 e incluir

funcionários do alto escalão da

mineradora

Por Beatriz Olivon — De Brasília

A denúncia para responsabilizar

criminalmente envolvidos no

rompimento da barragem da

mineradora Vale em Brumadinho

(MG), em janeiro de 2019, deve ser

oferecida antes do dia 25, quando o

desastre completa um ano. Fonte

ouvida pelo Valor estima que o

número de denunciados deve variar

entre 15 e 20 e incluir funcionários do

alto escalão da Vale.

O desastre deixou 270 vítimas, das

quais onze ainda não foram

encontradas. Logo após o rompimento

da barragem, foram cumpridos

mandados de busca e de prisão

temporária, expedidos pela Justiça

Federal em Belo Horizonte, para apurar

a responsabilidade criminal pelo

rompimento das barragens na Mina

Córrego do Feijão. Mas nenhum dos

investigados teve a prisão mantida

durante as investigações.

18

A denúncia será oferecida pelo

Ministério Público estadual em

procedimento investigatório criminal

aberto no Estado de Minas Gerais.

Depois, será analisada pelo juiz, que

dará início ou não à ação penal.

Além do procedimento investigatório

criminal, o Ministério Público de Minas

Gerais propôs quatro inquéritos civis,

que são procedimentos de investigação.

O objetivo deles se divide entre apurar

perdas sociais e ambientais.

Um dos inquéritos analisa a ocorrência

de danos ambientais; outro levanta

vítimas e seus direitos; e um terceiro

apura os fatos que levaram ao

rompimento da barragem e a

responsabilização dos administradores

do empreendimento. O quarto é para

investigar as repercussões no âmbito

dos direitos humanos.

Além das investigações, foram ajuizadas

quatro ações. Elas pedem o bloqueio de

valores da mineradora para adotar

medidas emergenciais, como o abrigo

das vítimas, além de reparar os danos

ambiental e socioeconômico. Uma delas

pede a adoção de medidas pela Vale em

relação a outras barragens consideradas

em zona de risco ou atenção.

De acordo com a Vale, mais de 4 mil

acordos de indenização individuais e

trabalhistas foram assinados,

envolvendo o pagamento de R$ 2

bilhões. No total, a empresa gastou R$

4,5 bilhões em 2019 em indenizações e

em obras emergenciais relativas à

queda da barragem. Os números foram

fornecidos pela companhia em balanço

realizado em dezembro.

Page 22: Clipping SCA

Na divulgação, a empresa informou que

planeja fazer um parque na área do

desastre. A expectativa é que até

dezembro deste ano todo o território da

área do Córrego do Feijão esteja refeito.

A Vale espera concluir a remoção

integral dos rejeitos até o primeiro

trimestre de 2023. Depois do desastre

de 25 de janeiro, a companhia anunciou

um plano para dar fim a nove de suas

barragens em minas de rejeito de

minério construídas com o mesmo

método da barragem destruída no

desastre.

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/01/0

9/denuncia-criminal-contra-vale-pode-sair-em-

breve.ghtml

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19

Page 23: Clipping SCA

Valor Econômico

Caderno: Empresas, quinta-feira 09 de janeiro de 2020.

Movimento falimentar

Falências Requeridas

Requerido: Lomater Locações e

Serviços Ltda. - CNPJ:

01.983.903/0001-00 - Endereço: Rua

Mariano Sendra Dos Santos, 44, Sala

03, Bairro Jardim Vinte e Cinco de

Agosto - Requerente: Banco Modal S/A

- Vara/Comarca: 3a Vara de Duque de

Caxias/RJ

Requerido: Protex Vigilância e

Segurança Ltda. - CNPJ:

00.215.978/0001-70 - Endereço: Rua

Alentejo, 1408 - Requerente: Álamo

Reformas e Serviços Ltda. ME -

Vara/Comarca: 2a Vara Empresarial de

Belo Horizonte/MG

Processos de Falência Extintos

Requerido: Agropecuária Diza Ltda. -

CNPJ: 05.476.504/0001-04 -

Requerente: Crgb Consultoria

Empresarial Ltda. - Vara/Comarca: 1a

Vara de Videira/SC - Observação:

Homologado acordo celebrado entre as

partes.

Recuperação Judicial Requerida

Empresa: Pavterra Terraplanagens e

Obras Eireli - CNPJ: 73.669.251/0001-

37 - Endereço: Av. Manaus, 540, Sala

01, Bairro Nova Divineia -

Vara/Comarca: Vara Única de

Pinhalzinho/SC

20

Cumprimento de Recuperação

Judicial

Empresa: Transportes Dalçoquio Ltda. -

CNPJ: 84.300.540/0019-00 -

Endereço: Rodovia Jorge Lacerda, 415,

Km 0, Trevo Br 101, Bairro Espinheiros

- Vara/Comarca: 3a Vara de Itajaí/SC -

Observação: Face ao cumprimento do

plano aprovado pela assembleia geral

de credores.

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/01/0

9/0b2929b6-movimento-falimentar.ghtml

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Page 24: Clipping SCA

Valor Econômico

Caderno: Legislação e Tributos, quinta-feira 09 de janeiro de 2020.

Leis de Estados podem ajudar MP em ações penais contra empresários

Normas fixam critérios para

classificar contribuintes como

devedores contumazes

Por Joice Bacelo — De Brasília

Luiz Gustavo Bichara: leis são diferentes, variam

de Estado para Estado, o que pode gerar

desigualdade em ações — Foto: Leo

Pinheiro/Valor

Ao menos 11 Estados têm definidos em

lei os critérios para caracterizar o

devedor contumaz de tributos - que de

maneira reiterada deixa de pagar o

ICMS. Esses contribuintes ficam

sujeitos a ter a situação divulgada no

site das secretarias de Fazenda ou

serem impedidos de aproveitar

benefícios fiscais. Para classificar esses

devedores, todas as normas consideram

o prazo de inadimplência e o valor da

21

dívida. E alguns Estados ainda

compartilham as listas de devedores

com o Ministério Público (MP).

Segundo advogados, essas normas

poderão suprir uma lacuna deixada pelo

Supremo Tribunal Federal (STF) no

julgamento que possibilita criminalizar

empresários que declaram, mas não

recolhem ICMS. Em dezembro, os

ministros julgaram ser crime casos em

que for demonstrado existir dolo

(intenção) e comportamento reiterado

por parte do contribuinte. Os critérios

para a caraterização das duas condutas,

porém, não foram determinados e é

pouco provável que isso conste no

acórdão (ainda pendente de

publicação).

O relator do caso (RHC 163334),

ministro Luís Roberto Barroso, afirmou

à reportagem no fim do julgamento, em

18 de dezembro, que as condutas devem

ser analisadas pelos juízes conforme

cada caso.

O advogado Luiz Gustavo Bichara, sócio

do Bichara Advogados, afirma que a

definição ficou vaga. “E, certamente,

por isso, o Ministério Público vai se

lastrear nas leis estaduais para definir o

que é contumácia e ajuizar a ação

contra o contribuinte”, diz. O problema,

afirma, é que essas leis são diferentes,

variam de Estado para Estado, o que

pode gerar desigualdade.

Os Estados começaram a publicar

legislação específica sobre devedores

contumazes há cerca de cinco anos -

principalmente para a criação de

regimes especiais. O Rio Grande do Sul

é um dos Estados que compartilham as

listas dos devedores com o Ministério

Público. Criou, em 2018, o Comitê

Page 25: Clipping SCA

Institucional de Recuperação de Ativos,

que prevê ações conjuntas entre Receita

Estadual, Procuradoria-Geral (PGE) e

MP.

Mario de Oliveira Palma, auditor-fiscal

da Receita gaúcha, diz que mais de 30

nomes de grupos econômicos do

Estado, classificados como devedores

contumazes, foram compartilhados

desde a criação do comitê. “E agora que

há essa decisão do STF nós vamos

intensificar o trabalho”, afirma.

“Primeiro nós notificamos. Se o devedor

não regulariza a sua situação, fazemos

todo um trabalho de análise de grupo

econômico e desvio patrimonial e

encaminhamos as informações para que

a PGE e o MP tomem as medidas

necessárias.”

Antes da decisão do Superior Tribunal

de Justiça (STJ) sobre a criminalização,

em agosto de 2018, o Rio Grande do Sul

e outros seis Estados tinham leis sobre

esse tema: Bahia, Espírito Santo, Goiás,

Paraná, Santa Catarina e São Paulo.

Outros quatro - Maranhão, Mato

Grosso, Paraíba e Rio Grande do Norte

- publicaram a norma no período entre

o julgamento do STJ e o do Supremo. E

há estimativa de que, com a decisão do

STF, essa lista aumente. O Rio de

Janeiro, por exemplo, poderá ser o

próximo. A Secretaria de Fazenda

informou ao Valor que está em

tratativas com a Procuradoria-Geral do

Estado (PGE) para a elaboração de uma

proposta de lei.

São Paulo, que editou lei em abril de

2018 - quatro meses antes do

julgamento pelo STJ - considera

devedor contumaz o contribuinte que

declara e não paga o imposto por seis

meses, consecutivos ou não, em um

período de 12 meses ou cujo o débito

22

totalize valor superior a 40 mil Ufesps

(Unidades Fiscais), o equivalente a

pouco mais de R$ 1 milhão (Lei nº

1.320, de 2018).

Minas Gerais é o único Estado com

prazo e valores iguais aos de São Paulo.

A maioria - sete dos 11 Estados com lei

sobre o assunto - fixou prazo e/ou

valores menores para o

enquadramento. Alagoas e

Pernambuco, por exemplo,

estabeleceram os mesmos seis meses de

inadimplência, mas o total do valor das

dívidas é mais baixo - a partir 250 mil e

de 500 mil, respectivamente.

Já Bahia e Rio Grande do Norte fixaram

prazo de três meses para configurar a

contumácia. No Espírito Santo são

cinco meses e em Goiás e Mato Grosso

são quatro meses seguidos de

inadimplência ou oito intercalados nos

12 meses anteriores ao último

inadimplemento. Nos três Estados do

Sul do país, por outro lado, os prazos

para caracterizar a contumácia são

maiores, de oito meses.

O advogado Eduardo Muniz Cavalcanti,

do Bento Muniz Advocacia, chama a

atenção que as leis estaduais ainda

passarão pelo crivo do Supremo. Ele

cita uma ação direta de

inconstitucionalidade (ADI 4.854)

ajuizada pelo Partido Social Liberal

(PSL) em 2012 para questionar a lei do

Rio Grande do Sul. No processo, o

argumento do partido é o de que

somente lei complementar poderia fixar

os critérios que constam na lei gaúcha.

Sob relatoria do ministro Celso de

Mello, a ação está parada desde 2015. A

última movimentação, segundo consta

no andamento, aconteceu no dia 3 de

agosto daquele ano com a informação

Page 26: Clipping SCA

de que o processo está pronto para ser

votado pelo relator.

Na visão do advogado Julio Janolio,

sócio do Vinhas e Redenschi, a

iniciativa dos Estados “é interessante”

porque “diferencia os tipos de

contribuintes”. “Separa o joio do trigo”,

diz. O especialista pondera, no entanto,

que quando não há uniformidade, pode

haver excessos e, por esse motivo, ele

entende que seria importante uma lei

federal estabelecer os parâmetros a ser

seguidos.

“E já existem projetos de lei

complementar sobre o devedor

contumaz”, afirma. Um deles, de nº

284/17, tramita no Senado e o outro, de

nº 1.646/19, na Câmara.

Já Humberto Marini, do Campos Mello

Advogados, alerta que a possibilidade

de criminalizar a conduta do

empresário não pode ser vista de forma

isolada - somente pelo viés do devedor

contumaz. “É preciso identificar se

houve dolo”, diz. “E isso não consta em

nenhuma das leis”. Segundo Marini, o

que preocupa é estar enquadrado como

devedor contumaz e ter que demonstrar

que não está na situação de dolo. “Isso é

muito preocupante para o

empresariado, especialmente em um

país como o Brasil, em que crises

econômicas acontecem com

frequência.”

https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2020/01/0

9/leis-de-estados-podem-ajudar-mp-em-acoes-penais-

contra-empresarios.ghtml

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23

Page 27: Clipping SCA

Valor Econômico

Caderno: Legislação e Tributos, quinta-feira 09 de janeiro de 2020.

Projetos na Câmara anulam efeitos de decisão do STF

PLs foram protocolados após

Supremo criminalizar conduta de

empresário

Por Joice Bacelo — De Brasília

PL de autoria de Kim Kataguiri prevê fraude

para caracterização de crime — Foto: Divulgação

Dois projetos de lei (PL) protocolados

na Câmara dos Deputados, após a

decisão do Supremo Tribunal Federal

(STF) pela criminalização da conduta

do empresário que declara e não

recolhe ICMS, poderão esvaziar o

entendimento adotado pelos ministros.

24

Os parlamentares pretendem alterar a

Lei nº 8.137, de 1990, que trata sobre

crime contra a ordem tributária, para

estabelecer que a medida não se aplica

aos casos de inadimplemento.

“Apresentamos o presente PL para

excluir da incidência do tipo penal do

artigo 2º, inciso II, da Lei 8.137, de

1990, a conduta considerada típica pelo

STF no julgamento do RHC 163334”,

afirma o deputado Kim Kataguiri

(DEM-SP), autor de um dos projetos,

na justificativa da proposta.

O PL nº 6.529 foi protocolado pelo

parlamentar no dia 18 de dezembro - a

mesma data em que os ministros

concluíram o julgamento na Corte. O

STF decidiu pela criminalização, por

sete votos a três, mas somente para os

casos em que for demonstrado dolo

(intenção) e comportamento reiterado

por parte do contribuinte.

O deputado Kim Kataguiri propõe, no

entanto, que a criminalização seja

aplicável somente às situações em que o

não pagamento do tributo envolver

fraude. Ele sugere acrescentar um

“parágrafo único” ao artigo 2º para que

isso fique claro na legislação.

“O mero ato de não recolher um

imposto, mesmo que possa e deva gerar

sérias repercussões na esfera

administrativa, não traz ou não deveria

trazer a incidência do direito penal”,

afirma o parlamentar no projeto

apresentado à Câmara.

Kataguiri acrescenta que “as Fazendas

têm à sua disposição amplo rol de

instrumentos legais para cobrar

impostos” e cita o pacto de São José da

Costa Rica, do qual o Brasil é signatário,

Page 28: Clipping SCA

que não permite hipótese de prisão

civil.

O outro PL, nº 6.520, foi protocolado

no dia 17 de dezembro, véspera da

conclusão do julgamento no STF e

quando já havia maioria de votos pela

criminalização.

Dois deputados do partido Novo, Alexis

Fonteyne (SP) e Lucas Gonzalez (MG),

são os autores da proposta. Eles

sugerem alterar dois trechos da lei: a

redação do inciso II do artigo 2º da Lei

nº 8.137 e - assim como o PL de

Kataguiri - a criação de um novo

parágrafo. Os novos textos livrariam os

empresários que declaram e não

recolhem ICMS de responder por crime.

A redação atual do inciso II estabelece

como crime “deixar de recolher, no

prazo legal, valor de tributo ou

contribuição social, descontado ou

cobrado, na qualidade de sujeito

passivo de obrigação que deveria

recolher aos cofres públicos”.

Com a mudança sugerida, esse inciso

ficaria restrito aos casos de substituição

tributária - quando um contribuinte

recolhe o imposto pela cadeia de

produção e comércio - e nas situações

em que se demonstra o “fim de fraudar

a fiscalização tributária”.

A nova redação trata como crime

“deixar de recolher, no prazo legal,

valor de tributo ou de contribuição

social, descontado ou cobrado de

substituto tributário, na qualidade de

sujeito passivo de obrigação e que

deveria recolher aos cofres públicos, a

fim de fraudar a fiscalização tributária”.

Já o parágrafo único, também previsto

no PL, consta que “não configura o

crime de que trata o inciso II o mero

25

inadimplemento de tributo

regularmente declarado”.

Os parlamentares restringem a

responsabilização do contribuinte aos

casos de substituição tributária porque,

segundo eles, somente nesta hipótese

há recolhimento de imposto devido por

terceiro. “Não se pode dizer que o

comerciante comete o delito de

apropriação indébita porque não há

apropriação de tributo devido por

terceiro, o tributo é devido por ele

mesmo e em nome próprio”, afirmam

nas justificativas ao PL.

Acrescentam que a “mera

inadimplência” deve ser tratada no

âmbito da legislação civil e tributária.

Para esses casos, dizem, já existe a

execução fiscal e a penhora de bens. “O

direito penal não pode ser um

instrumento alternativo de arrecadação

tributária, por mais nobres que sejam

os fins do Fisco, pois não se pode

transgiversar com a taxatividade e com

a legalidade em matéria penal. Pelo

contrário, entendemos que a

banalização e a exasperação do direito

penal tem efeitos nocivos sobre o

Estado de Direito e sobre a

democracia.”

Nenhum dos dois projetos teve

andamento na Câmara. Os

parlamentares entraram em recesso no

dia 23 e retornam às atividades no dia 3

de fevereiro.

https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2020/01/0

9/projetos-na-camara-anulam-efeitos-de-decisao-do-

stf.ghtml

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Page 29: Clipping SCA

Valor Econômico

Caderno: Legislação e Tributos, quinta-feira 09 de janeiro de 2020.

Valor residual não integra base do ISS

A inserção do VRG como

elemento integrante da base de

cálculo do ISS contraria a lei que

prevê somente o preço do serviço

como base de cálculo

Por Leonardo Augusto Andrade

Alvo de controvérsias judiciais que

remontam há mais de uma década, a

cobrança de ISS sobre as operações de

leasing deve render mais um capítulo. O

tema desta vez está relacionado à

inclusão do Valor Residual Garantido

(VRG) na base de cálculo do imposto

municipal, que deve ser considerada

ilegítima pelo Superior Tribunal de

Justiça (STJ), conforme tentaremos

demonstrar neste artigo.

Em primeiro lugar, é importante situar

o leitor quanto às duas discussões já

solucionadas pelos tribunais superiores.

A primeira diz respeito à

constitucionalidade da cobrança do ISS

sobre operações de arrendamento

mercantil, fixada pelo Supremo

Tribunal Federal (STF) em 2009 (RE

592.905).

A inserção do VRG como

elemento integrante da base de

cálculo do ISS contraria a lei que

prevê somente o preço do serviço

como base de cálculo

26

A segunda, objeto de repetitivo julgado

pelo STJ, partiu da primeira para fixar

que o elemento central da operação de

leasing financeiro é o financiamento.

Assim, a cobrança do imposto

correspondente caberá ao município

onde está situado o estabelecimento da

instituição financeira com poderes

suficientes para autorizar a operação

(Resp 1.060.210).

Quando o STJ afetou o referido recurso

ao rito dos repetitivos, a discussão

envolvia não apenas a definição do

sujeito ativo da obrigação tributária,

mas também a base de cálculo a ser

observada. Essa última questão,

contudo, ficou prejudicada, tendo em

vista que o município envolvido no caso

concreto selecionado - Tubarão, em

Santa Catarina - foi considerado

incompetente para exigir o ISS da

instituição financeira envolvida,

estabelecida em Osasco, na Grande São

Paulo. Uma vez que a incompetência do

município era suficiente para cancelar

as cobranças de ISS discutidas no

processo, não cabia ao STJ avançar

sobre o critério quantitativo da

obrigação tributária. Obviamente,

nenhum tributo deveria ser pago pela

instituição financeira ao município de

Tubarão.

Entretanto, passados alguns anos da

referida pacificação, o município de São

Paulo, sabidamente onde grande parte

das instituições financeiras concentram

suas atividades, passou a autuar

sujeitos passivos para exigir vultosas

diferenças de ISS sobre operações de

arrendamento mercantil. As autuações

decorrem da não inclusão do VRG na

base de cálculo do tributo.

Page 30: Clipping SCA

Essa postura, contudo, contraria o que

dispõe a lei sobre a base de cálculo do

ISS, vinculada ao preço do serviço. As

autuações também estão em desacordo

com o figurino jurídico do VRG

delimitado pela legislação. Conforme

entendimento já manifestado pela

Seção de Direito Privado do STJ, o valor

tem por função servir de garantia do

arrendador quanto à deterioração do

bem arrendado (Resp Repetitivo nº

1.099.212/RJ).

É pertinente observar, ainda, que o STF

e o STJ identificaram um núcleo na

operação de leasing financeiro,

notadamente a aprovação e a

administração de um financiamento

para a aquisição de um bem. Esse

entendimento foi determinante para

julgar constitucional a cobrança do ISS

sobre a atividade e também para a

definição do seu sujeito ativo. Assim,

considerando que a base de cálculo de

um tributo deve corresponder à

expressão econômica de seu fato

gerador, apenas aquilo que o

arrendador recebe como contrapartida

ao financiamento do bem arrendado

deve integrar o montante tributável.

O VRG visa a atribuir equilíbrio

contratual à operação de leasing,

considerando que nela a opção de

compra do bem pode não ocorrer, ou o

eventual inadimplemento contratual

ocasionar a necessidade de retomada da

sua posse direta pelo arrendador.

Previu-se, portanto, a possibilidade de

estipulação de um valor mínimo a ser

pago, em momento contratualmente

estabelecido, para evitar que a

depreciação do bem arrendado possa

ocasionar prejuízo excessivo ao

arrendador - caso a venda do bem cuja

posse direta recuperou seja insuficiente

27

para recuperar o investimento inicial na

sua aquisição.

Não é por outro motivo que a 2ª Seção

do STJ possui o entendimento pacífico

de que é dever da arrendadora restituir

ao arrendatário o valor arrecadado com

a venda do bem que, somado ao VRG

antecipado, supere o valor residual

mínimo previsto em contrato (REsp nº

1.099.212-RJ). Esse entendimento

corrobora o fato de o VRG não se tratar

de remuneração de um serviço

prestado, mas uma mera garantia de

preservação do investimento, que pode

ser inclusive devolvida ao arrendatário.

Contabilmente, aliás, o VRG, quando

recebido antecipadamente, é registrado

no passivo das arrendadoras até o

término do contrato (Conta Cosif

4.9.9.08.00-8, Credores por

antecipação de valor residual). Isso

ocorre justamente porque existe a

obrigação de devolução do valor ou de

seu abatimento do preço, caso a opção

de compra seja exercida pelo

arrendatário no momento oportuno.

Portanto, a inserção do VRG como

elemento integrante da base de cálculo

do ISS contraria a lei que prevê

somente o preço do serviço como base

de cálculo desse tributo. Tal tratamento

gera insegurança às relações jurídicas já

estabelecidas, devido ao incremento

inesperado do ônus tributário imposto

aos arrendadores, além de majoração

indevida do preço das operações para os

consumidores finais no futuro, caso a

tributação dessa quantia venha a ser

validada.

Page 31: Clipping SCA

Vale observar que o leasing já possui

uma desvantagem competitiva em

relação ao seu equivalente mais

próximo, o Crédito Direto ao

Consumidor (CDC), não alcançado pelo

ISS. A majoração da base de cálculo por

meio da inclusão ilegal do VRG pode

agravar essa disparidade, ferindo de

morte a neutralidade que deve pautar a

tributação.

Espera-se, portanto, que o STJ exerça

seu papel primordial de pacificar a

interpretação da legislação federal,

decidindo que o VRG não integra a base

de cálculo do ISS.

Leonardo Augusto Andrade é

advogado e sócio da área

tributária do Velloza Advogados

Este artigo reflete as opiniões do

autor, e não do jornal Valor

Econômico. O jornal não se

responsabiliza e nem pode ser

responsabilizado pelas

informações acima ou por

prejuízos de qualquer natureza

em decorrência do uso dessas

informações.

https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2020/01/0

9/valor-residual-nao-integra-base-do-iss.ghtml

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28

Page 32: Clipping SCA

Caderno: Mercado, quinta-feira 09 de janeiro de 2020.

Doria descarta reduzir ICMS sobre combustíveis para atenuar alta da gasolina

Medida foi sugerida aos estados pelo

presidente Jair Bolsonaro

Ivan Martínez-Vargas

SÃO PAULO

O governador de São Paulo, João Doria

(PSDB), afirmou que “não se estuda e

não se vai estudar” a redução de ICMS

sobre combustíveis para atenuar

uma eventual alta da gasolina devido à

crescente tensão entre Estados Unidos e

Irã. A medida foi sugerida aos

estados pelo presidente Jair Bolsonaro

(sem partido).

“Não há a menor chance de o governo

federal depositar essa conta [da alta da

gasolina] nos governos estaduais. Não

faz o menor sentido isso”, disse Doria a

jornalistas durante o leilão da

concessão de rodovias Piracicaba-

Panorama.

Doria afirma ter conversado com outros

governadores e que a posição dos

estados é similar à de São Paulo.

“O governo de São Paulo não fará isso

[reduzir o ICMS sobre combustíveis] e

tenho a sensação de que os outros 26

governos também não. O sentimento

que pude aferir dos governadores de

todas as regiões do país é que não

faremos isso. Esse não é um tema

estadual, é federal”, afirmou o

governador.

29

João Doria durante abertura do 2º Seminário de

Gestão Pública em Porto Ferreira, interior de

São Paulo - Governo do Estado de São Paulo

BOLSONARO

Na segunda-feira (6), Jair Bolsonaro

disse que não irá interferir no preço da

gasolina e que a tendência é de que o

valor do combustível se estabilize.

Na entrada do Alvorada ele afirmou que

o Ministério de Minas e Energia iria

promover uma reunião na segunda (6)

com entidades de petróleo e gás para

monitorar a variação de preços.

"Cai tudo no meu colo e parece que sou

responsável por tudo. Querem que eu

tabele. Não tem como tabelar. Nossa

política não é essa. Políticas

semelhantes no passado não deram

certo. A nossa economia tá dando

certo", disse.

O presidente reconheceu que o preço da

gasolina nas bombas dos postos de

gasolina está alto, mas ponderou que

"não foi grande" o impacto do ataque

americano sobre o valor do

combustível.

Page 33: Clipping SCA

Na sexta-feira (3), a cotação do petróleo

negociado em Londres chegou a subir

mais de 4% no início do pregão. Por

volta das 15h, porém, recuou para cerca

de 3,5%. Ao fim do dia, o petróleo

encerrou com alta de 3,70%, cotado em

US$ 68,70.

"Eu reconheço que o preço está alto na

bomba. Graças a Deus, pelo que parece,

a questão lá, o impacto não foi grande.

Foi 5% e passou para 3,5%. Não sei

quanto está hoje a diferença em relação

ao dia do ataque. Mas a tendência é

estabilizar", afirmou

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/01/dor

ia-descarta-reduzir-icms-sobre-combustiveis-para-

atenuar-alta-da-gasolina.shtml

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30

Page 34: Clipping SCA

Caderno: Mercado, quinta-feira 09 de janeiro de 2020.

Bolsa cria nova taxa e investidores chamam de 'CPMF dos lucros'

Cobrança de 0,12% sobre dividendos

pode atingir ao menos um terço dos

investidores

Isabela Bolzani

SÃO PAULO

A Bolsa de Valores brasileira criou uma

nova taxa sobre dividendos que vai

incidir sobre contas com mais de R$ 20

mil em ações ou outros ativos

negociados na B3.

A tarifa será de 0,12% sobre essa

parcela do lucro distribuída aos

acionistas, com um limite de R$ 5.000

para o pagamento da cobrança.

Do total de 1,7 milhões de contas

existentes na operadora, 35% (595 mil)

serão obrigados a pagar essa taxa.

A nova cobrança está entre as

mudanças na política de tarifação

anunciada pela B3 em 2 de janeiro e faz

parte de um movimento da Bolsa

para atrair novos investidores de varejo.

Na conta do Twitter da B3, mais de 500

comentários em resposta à publicação

das novas políticas públicas foram

feitos nesta terça-feira (7), a maioria

contra a taxação dos proventos. A

hashtag #CPMFdosProventosNão

também foi criada.

31

Painel eletrônico da Bolsa de Valores

brasileira; 65% das contas depositárias

têm até R$ 20 mil - Rahel Patrasso -

10.jul.2019/Xinhua

Os internautas também fizeram

pedidos, como a expansão da isenção

para contas com até R$ 200 mil.

O diretor de inteligência do mercado e

tarifação da B3, Tarcisio Morelli, disse

que o novo modelo de tarifação busca

ampliar a base de pessoas físicas na

Bolsa e dar continuidade aos programas

em parceria com corretoras e bancos

para impulsionar o mercado de capitais.

“Os novos formatos de tarifa favorecem

a imensa maioria dos investidores

pessoa física de varejo. Acreditamos

que esse modelo incentivará o mercado

a buscar cada vez mais novos clientes,

favorecendo o pequeno investidor que

está ingressando na Bolsa”, disse.

Segundo informações da operadora, das

1,7 milhões de contas, 65% (1,105

milhão) possuem até R$ 20 mil, o que

significa que estarão isentos da

cobrança da tarifa, independentemente

da quantia de proventos a ser recebida.

A nova tarifa é parte das medidas

da B3 para tentar equalizar as práticas

de preços, compensando parte da perda

que a companhia teria ante a isenção da

tarifa de custódia para os investidores

com menos de R$ 20 mil.

“Ainda para os que tenham mais de R$

20 mil, a tendência é que essa cobrança

pese menos do que o benefício da

isenção da taxa de manutenção. É uma

balança”, afirma Renan Hamilko, sócio

da Allez Invest.

Page 35: Clipping SCA

Outras medidas, como a diminuição

automática de tarifas conforme o

aumento do volume investido, a

equalização de taxas entre os diferentes

investidores, o estímulo a operações de

empréstimos de ativos e uma tabela

específica para grandes day traders (que

fazem a negociação ativos ao longo do

dia), também estão entre as alterações

da nova política de tarifas da Bolsa

brasileira.

Principais mudanças

- Isenção do custo fixo de manutenção

da conta (era cerca de R$ 110)

- Isenção da tarifa de custódia para

investidores com menos de R$ 20 mil

- Início da cobrança de 0,12% pelo

processamento de proventos, com

isenção para investidores de varejo

abaixo de R$ 20 mil

- Redução automática de tarifas de

acordo com o aumento do volume

investido de cada investidor

- Equalização de tarifas entre os

diferentes tipos de investidores

- Estímulo a operações de empréstimos

de ativos e aumento da transparência

nestas operações

- Tabela especial para grandes day

traders

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/01/bol

sa-cria-nova-taxa-para-contas-com-mais-de-r-20-mil-

investidos.shtml

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32

Page 36: Clipping SCA

Caderno: Mercado, quinta-feira 09 de janeiro de 2020.

China abre exploração de petróleo a empresas estrangeiras

Pequim vai permitir, a partir deste ano,

que companhias privadas disputem

espaço com suas estatais do setor no

país

Reuters

09/01/2020 - 10:32

Campo de produção da estatal China National

Petroleum Corp (CNPC) em Bayingol, na região

autônoma chinesa de Xinjiang Uighur Foto:

CHINA STRINGER NETWORK / China

Out/REUTERS

CINGAPURA/PEQUIM (Reuters) - A

China permitirá, neste ano, pela

primeira vez, que empresas estrangeiras

explorem e produzam petróleo e gás no

país, abrindo o setor para empresas que

não sejam gigantes estatais do setor,

conforme Pequim procura aumentar o

fornecimento doméstico de energia.

A tão esperada abertura acompanha

uma remodelação do chamado negócio

de oleodutos midstream, mas

especialistas dizem que ela pode não

despertar o interesse imediato dos

perfuradores globais devido à má

33

qualidade geral dos ativos de reservas

de hidrocarbonetos da China.

A partir de 1º de maio, empresas

estrangeiras registradas na China com

ativos líquidos de 300 milhões de

iuanes (US$ 43 milhões) poderão

participar da exploração e produção de

petróleo e gás, anunciou o Ministério de

Recursos Naturais em entrevista

coletiva.

Atualmente, a China importa 70% do

petróleo que refina e quase metade do

seu consumo de gás natural, e as

empresas estatais enfrentam uma

batalha árdua para aumentar as

reservas e a produção fora do país, em

meio a riscos geopolíticos crescentes.

Anteriormente, empresas

internacionais podiam entrar no setor

apenas por meio de joint ventures ou

cooperação com empresas chinesas,

principalmente empresas estatais como

a China National Petroleum Company

(CNPC), a China Petrochemical Corp

(Sinopec) ou seus veículos listados.

As licenças de exploração de recursos

minerais serão válidas por cinco anos

no registro inicial e poderão ser

estendidas por mais cinco. A alteração

também se aplica a empresas

domésticas que atendem à mesma

condição.

Page 37: Clipping SCA

- A China está acelerando a reforma do

setor devido a preocupações crescentes

com a segurança energética - avaliou

Zhu Kunfeng, diretor associado de

pesquisa da consultoria IHS Markit. -

Vitalizar a indústria diversificando os

participantes, incluindo investidores

estrangeiros e privados, é o foco dessa

reforma.

https://oglobo.globo.com/economia/china-abre-

exploracao-de-petroleo-empresas-estrangeiras-

24179625

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34

Page 38: Clipping SCA

Caderno: Mercado, quinta-feira 09 de janeiro de 2020.

O novo processo penal argentino com juiz de garantias

Vladimir Aras*

Vladimir Aras. FOTO: DIDA

SAMPAIO/ESTADÃO

Os primeiros resultados do novo Código

de Processo Penal Federal argentino,

que entrou em vigor em 2019, começam

a ser vistos.

Um ex-cônsul da Bolívia na Argentina

foi condenado por tráfico de drogas a 5

anos de prisão após acordo com

o Ministerio Público Fiscal (MPF)

argentino. O julgamento teve lugar em

Orán, na Província de Salta, extremo

norte do país. Leia aqui.

O processo teve curso conforme o novo

CPP federal acusatório, que entrou em

vigor em junho de 2019.O novo CPPF

trouxe juízes federais de garantias,

acordos penais, processo penal

acusatório com forte oralidade,

audiências resolutivas, possibilidade de

saídas abreviadas e deu poderes de

35

investigação ao MPF.

Um pacote completo que permite

soluções rápidas e justas contra o crime,

em defesa das vítimas, sem violar as

garantais dos acusados.

No processo contra o ex-cônsul

boliviano em Salta, as partes aceitaram

o rito abreviado ou sumário (juicio

abreviado), e o caso foi julgado em 21

dias, menos de um mês depois da prisão

em flagrante.

É como se a homologação, pelo juiz de

garantias, de um acordo de não

persecução penal (ANPP) previsto no

novo art. 28-A do CPP brasileiro

pudesse resultar na condenação do

celebrante, antes da etapa do

julgamento.

O rito sumário argentino está previsto

no art. 431-bis do CPP federal e é

cabível quando a pena final pedida

(estimada) pelo MPF for inferior a 6

anos de prisão.

“Juicio Abreviado

Art. 431 bis:

1. Si el ministerio fiscal, en la

oportunidad prevista en el

artículo 346, estimare suficiente

la imposición de una pena

privativa de libertad inferior a

seis (6) años, o de una no

privativa de libertad aún

procedente en forma conjunta

con aquélla, podrá solicitar, al

formular el requerimiento de

elevación a juicio, que se

proceda según este capítulo. En

tal caso, deberá concretar

expreso pedido de pena. (…).

Page 39: Clipping SCA

2. Para que la solicitud sea

admisible deberá estar

acompañada de la conformidad

del imputado, asistido por su

defensor, sobre la existencia del

hecho y la participación de

aquel, descriptas en el

requerimiento de elevación a

juicio, y la calificación legal

recaída.”

Diferentemente do que se passou no

Brasil com o Pacote Anticrime, os

legisladores argentinos ordenaram uma

mudança escalonada no processo penal

local. Não pretenderam implantar o juiz

de garantias e as outras novidades

processuais em 30 dias, um prazo

extremamente exíguo é contrário ao

critério de razoabilidade exigido pelo

art. 8º da Lei Complementar 95/1998.

O novo CPPF argentino vai sendo

testado aos poucos, por regiões, com

vigência progressiva começando pelas

Províncias de Salta e Jujuy, na fronteira

com a Bolívia.

Tal como ocorria no Brasil até os anos

1930, as Províncias argentinas,

correspondentes a nossos Estados

federados, legislam em matéria

processual penal. Há códigos

provinciais de processo penal em cada

uma das 24 unidades subnacionais da

federação argentina e outro CPP para a

Justiça Federal.

O acordo penal promovido perante o

juiz federal de garantias de Orán

encerrou a causa, com pena

substancialmente menor para o

acusado do que a que seria possível pelo

crime de tráfico de 8 kg de cocaína. Eis

um resumo do procedimento:

Acuerdo pleno: Tras la estimación de

pena por parte de la fiscalía, surgió

entre las partes la posibilidad de arribar

36

a una solución de conflicto a través de

la aplicación del proceso de juicio

abreviado, procedimiento especial

contemplado en el Código Procesal

Penal Federal”.

“La fiscalía y las defensas acordaron

una condena de 5 años de prisión

efectiva para Vega Ibarra, mientras que

para Cordero Flores se propuso una

pena de 4 años y 6 meses. En ambos

casos, por el delito de transporte de

estupefacientes, tal como fue planteado

en la acusación.”

En virtud de ello, el magistrado

homologó el acuerdo arribado por las

partes y condenó a Vega Ibarra y

Cordero Flores a las penas

preestablecidas por la fiscalía y las

defensas al convenir la resolución del

caso mediante la aplicación del juicio

abreviado.

Um caso simples como este traz várias

lições para o processo penal brasileiro:

acordos penais e forte oralidade são

soluções que se agregaram à introdução

do juiz de garantias no CPP. Mudanças

como essas, especialmente as que se

baseiam em experiências estrangeiras,

têm de pensar no sistema processual

como um todo e passar pelas

necessárias traduções jurídicas, sob

pena de se tornarem

um patchwork grotesco.

Infelizmente, a Câmara dos Deputados

rejeitou o plea bargain na modalidade

de acordo para a fixação de pena, que

estava previsto no Projeto Anticrime.

No PL 8045/2010, o Congresso

Nacional tem a chance de corrigir esta

falha. Ali também está previsto um

acordo de rito sumário. O Brasil ainda

espera por uma verdadeira reforma do

seu processo penal.

Page 40: Clipping SCA

*Vladimir Aras, professor de

Ciências Criminais e de Direito

Internacional, MBA em Gestão

Pública, Mestre e Doutorando em

Direito, membro do Ministério

Público brasileiro desde 1993

https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-

macedo/o-novo-processo-penal-argentino-com-juiz-

de-garantias/

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37

Page 41: Clipping SCA

Quinta-feira, 09 de janeiro de 2020

RENÚNCIA VÁLIDA

Fiador pode pedir exoneração se houver prorrogação contratual

A cláusula que impede o fiador de se

exonerar não tem eficácia após a

prorrogação do contrato de fiança. Isso

porque é inadmissível a pretensão de

vinculação dos fiadores por prazo

indeterminado.

Com esse entendimento, a 3ª Turma do

Superior Tribunal de Justiça permitiu a

exoneração de dois fiadores de um

contrato entre uma empresa e o Banco

do Brasil.

"Arrepia à legalidade a previsão de um

contrato perpétuo, o que ocorreria

acaso aceita a vinculação da fiança ao

contrato principal e a automática

prorrogação deste sem o direito de os

fiadores, obrigados em contrato de

natureza gratuita, se verem exonerados

desta obrigação", observou.

Segundo o relator, ministro Paulo de

Tarso Sanseverino, a jurisprudência do

STJ tem entendimento consolidado no

sentido de que é válida a cláusula

contratual que estabelece a prorrogação

automática da fiança com a do contrato

principal.

Para ele, se o fiador desejar pedir a sua

exoneração, deve fazer, no período de

prorrogação contratual, a notificação

prevista no artigo 835 do Código Civil,

mesmo quando houver expressa

renúncia ao direito à exoneração, mas

antes do início da inadimplência e da

38

cobrança pelo afiançado, contra o

fiador, do crédito por ele garantido.

Segundo Sanseverino, a desobrigação

nascida do pedido de exoneração, tem

eficácia a partir do término do prazo de

60 dias, contado da notificação ou da

citação do réu na ação de exoneração.

"Em que pese a possibilidade de

exoneração, ela não produz efeitos

retroativos em relação aos débitos

verificados antes do pedido

exoneratório e, ademais, há de respeitar

o prazo de 60 dias previsto no CC,

artigo 835, em relação às fianças não

locatícias, contado, na hipótese, da

citação do demandado", afirmou. Com

informações da assessoria de imprensa

do STJ.

REsp 1.673.383

Revista Consultor Jurídico, 9 de

janeiro de 2020, 9h24

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Page 42: Clipping SCA

Quinta-feira, 09 de janeiro de 2020

DECISÃO SOBERANA

Versão plausível é suficiente para sentença de júri ser irrecorrível, diz TJ-PE

Por Fernando Martines

Se júri optou por versão factível do

caso, a sentença não pode ser anulada.

Com este entendimento, a 4ª Câmara

Criminal do Tribunal de Justiça de

Pernambuco não acolheu recurso do

Ministério Público e manteve

o veredicto em um caso de homicídio.

Sentença de júri só pode ser anulada se

decisão foi claramente contrária às

provas

O réu foi indiciado por homicídio

qualificado, acusado de ter atropelado

com um carro um homem com quem

brigou em uma festa e que estava em

uma moto. A defesa, feita pelo

advogado João Vieira Neto, alegava

que houve uma perseguição e o

motociclista caiu e morreu por conta do

acidente. Assim, seria homicídio

culposo e omissão de socorro.

O júri acolheu a tese da defesa e

reformou para homicídio culposo. Ao

39

fixar a sentença, o juiz ressaltou que,

enquadrado dessa forma, o crime já

prescrevera. O MP então recorreu,

alegando que o júri decidiu de modo

frontalmente contrário às provas dos

autos.

O artigo 593 do Código de Processo

Penal estabelece que é possível apelar

de decisão de júri se a "decisão dos

jurados foi manifestamente contrária à

prova dos autos".

Para o desembargador Marco Antonio

Cabral Maggi, relator do caso, o caso

não se encaixa na possibilidade de

recurso, pois havia duas versões

plausíveis e o júri escolheu uma delas.

"O conjunto probatório presente nos

autos possibilita o reconhecimento da

versão apresentada pela defesa, em face

da existência de provas coerentes

quanto à sua plausibilidade", disse o

relator.

O voto do relator foi acompanhado pela

maioria e a sentença do júri foi

mantida.

Apelação Criminal 0000239-

12.2005.8.17.1220

Fernando Martines é repórter da

revista Consultor Jurídico.

Revista Consultor Jurídico, 9 de

janeiro de 2020, 7h18

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Page 43: Clipping SCA

Quinta-feira, 09 de janeiro de 2020

PL torna imprescritíveis crimes hediondos e tráfico de drogas

O texto altera a lei dos crimes

hediondos.

Tramita na Câmara dos Deputados o

PL 5.686/19, que torna imprescritíveis

os crimes hediondos, o tráfico de drogas

e o terrorismo. O texto altera a lei dos

crimes hediondos.

Atualmente, Constituição prevê apenas

dois casos de crimes imprescritíveis:

racismo e ação de grupos armados

contra a ordem constitucional e o

Estado Democrático.

O autor é o deputado Junio Amaral. O

parlamentar acredita que tornar esses

crimes imprescritíveis é uma "questão

de justiça".

Para ele, não há justificativa para que a

legislação não dê o mesmo tratamento

aos delitos hediondos:

“Imaginemos que um dono de

restaurante impede que um cliente

entre em seu estabelecimento por

motivo racial. Esse cliente volta para

casa e no caminho é assassinado por

um assaltante. Ambos os criminosos

fogem e são encontrados décadas

40

depois: o dono do restaurante será

condenado por racismo, uma vez que o

crime é imprescritível, enquanto o

assassino escapará livre. Esse simples

exemplo mostra o quão absurdo é o

ordenamento atual.”

O projeto será analisado pelas

comissões de Segurança Pública e

Combate ao Crime Organizado; e de

Constituição e Justiça e de Cidadania.

Depois seguirá para o plenário da

Câmara.

Veja a íntegra do PL.

https://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI318098,51045-

PL+torna+imprescritiveis+crimes+hediondos+e+trafico+de+drogas

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Page 44: Clipping SCA

Quinta-feira, 09 de janeiro de 2020

LC 160

Confaz prorroga prazo para que estados divulguem benefícios fiscais irregulares

Estados têm até 31/3 para publicar no

Diário Oficial e enviar ao Confaz os

benefícios concedidos

unilateralmente

• BÁRBARA MENGARDO

Crédito Marcos Oliveira/Agência Senado

Apesar dos quase três anos passados

desde a edição da Lei

Complementar (LC) 160/17, que

pretendia dar fim à guerra fiscal, o

tema continua sendo alvo de

regulamentações. A última foi a

edição do Convênio Confaz

228/19, que estendeu o prazo para

que os estados divulguem os

documentos relacionados a benefícios

fiscais concedidos irregularmente.

Com a norma, que foi ratificada pelo

Ato Declaratório do Conselho

Nacional de Política Fazendária

(Confaz) 24/2019, os estados têm até

31 de março para publicar no Diário

Oficial e enviar ao Confaz todos os

benefícios fiscais concedidos de forma

unilateral. As unidades da federação

41

também devem enviar os atos por

meio dos quais foi permitido que

empresas ou setores usufruíssem dos

incentivos.

De acordo com o diretor do Comitê

dos Secretários de Fazenda dos

Estados (Comsefaz), André Horta, o

objetivo da norma é “zerar” todas as

pendências relacionadas à LC 160, já

que alguns estados não enviaram

todas as informações necessárias.

“Existiram algumas dúvidas sobre

prazo de informação de alteração de

atos normativos, concessivos e

adesão, e com este Convênio [228] os

estados terão oportunidade de

regularizar essas pendências”,

afirmou.

A alteração também é uma boa notícia

para as empresas, de acordo com o

advogado Hugo Funaro, do Dias de

Souza Advogados Associados. O

tributarista diz que atua em alguns

casos nos quais o estado de origem do

contribuinte não apresentou a

documentação, e por isso a

companhia foi autuada, tendo

créditos de ICMS cancelados.

Ele cita que o estado de São Paulo

tem aplicado esse posicionamento. “O

estado de São Paulo entende que a

empresa vai ser alcançada pelo

benefício [da LC 160] na medida em

que o ato [concessivo] dela tenha sido

depositado no Confaz”, diz Funaro.

A situação narrada pelo advogado é

similar ao que ocorria antes da edição

da LC 160: empresas utilizavam

benefícios fiscais de ICMS em seus

estados de origem, porém tinham

créditos do tributo cancelados em

outros estados nos casos em que o

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incentivo foi concedido sem a

unanimidade do Confaz.

A LC 160 tentou reverter a situação ao

prever o perdão dessas autuações

fiscais. Para tanto, porém, os estados

deveriam depositar no Confaz tanto

os benefícios fiscais quanto os atos

concessivos por meio dos quais cada

companhia ou setor conseguiu reduzir

a base de cálculo do ICMS.

“A LC 160, regulamentada pelo

Convenio Confaz 190/17, acalmou os

contribuintes de boa-fé, que eram

atraídos por incentivos fiscais para se

instalarem em determinados

estados”, diz a advogada Camila

Tapias, do Utumi Advogados.

Já o advogado Igor Mauler Santiago,

do Mauler Advogados, lembra que

eram muitos os documentos a serem

enviados pelos estados. “Alguns

estados não conseguiram cumprir o

prazo porque os atos são muitos

variados e muito antigos. São

contratos, ajustes, decretos, atos

unilaterais, leis. Uma gama grande de

instrumentos normativos pelos quais

os incentivos foram concedidos”,

afirma o advogado.

Amazonas

O Confaz disponibiliza em seu site

a lista de benefícios irregulares

depositados pelos estados e pelo

Distrito Federal no Confaz após a

edição da LC 160. Apenas o estado do

Amazonas, que questiona a Lei

Complementar no Supremo Tribunal

Federal (STF), não apresentou os

incentivos no prazo inicial, e por isso

em 10 de outubro de 2019 foi editado

o Convênio ICMS 162, que estendeu

até o final de 2019 a data limite para a

entrega do material.

42

Por meio da ação direta de

inconstitucionalidade (ADI) 5902 o

estado do Amazonas aponta, entre

outros pontos, que os termos da Lei

Complementar são incompatíveis com

o regime da Zona Franca de Manaus.

BÁRBARA MENGARDO – Editora

https://www.jota.info/tributos-e-empresas/tributario/confaz-

prorroga-prazo-para-que-estados-divulguem-beneficios-

fiscais-irregulares-09012020

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Quinta-feira, 09 de janeiro de 2020

MERCADO DE CAPITAIS

Ambev é condenada em processo milionário relacionado à 2ª Guerra

F. Laeisz cobra dividendos de ações

da Brahma bloqueadas por decreto de

Vargas. Valor supera R$ 300 milhões

• KALLEO COURA

SÃO PAULO

Publicidade da Brahma, com rótulos

antigos / Crédito: Divulgação

Durante a 2ª Guerra Mundial, depois

de o navio brasileiro Taubaté ser

bombardeado, no mar Mediterrâneo,

por um avião da Força Aérea da

Alemanha, o presidente da República

Getúlio Vargas assinou o Decreto-

Lei nº 4.166/1942, que determinava

o bloqueio de bens de todos os súditos

do Eixo (Alemanha, Itália e Japão)

para garantir uma eventual reparação

a danos causados ao Brasil.

O decreto afetou um lote de ações de

propriedade da empresa de navegação

alemã F. Laeisz, que, no século

passado, transportava insumos para a

43

produção de cervejas da Brahma, e

que, há 116 anos, decidiu investir na

cervejaria.

Parte das ações bloqueadas foi

devolvida à F. Laeisz, depois de uma

decisão favorável do Supremo

Tribunal Federal (STF), em 1975.

Outra parte, mais especificamente

74.211.825 ações ordinárias da

Ambev, dona da Brahma, foram

redescobertas apenas nos anos 90.

A União reivindica as ações para si

sob o argumento de que a empresa

perdeu o direito de requisitar os

papéis pelo decurso do tempo.

Em 2016, a Coordenação-Geral de

Participações Societárias do Tesouro

Nacional (COPAR-STN) enviou ofício

ao Banco Bradesco determinando a

eliminação do CNPJ vinculado à F.

Laeisz e a transferência dos papéis

para a União.

O processo contra a Ambev e a

sentença

A F. Laeisz levou o caso ao Judiciário

e pediu a condenação da Ambev para

que a cervejaria lhe pague os

dividendos a que teria direito. Por

outro lado, a empresa brasileira

argumenta que paira dúvida sobre a

titularidade das ações e,

consequentemente, sobre quem é o

legítimo credor dos respectivos

dividendos. O caso tramita na Justiça

Federal paulista com o número

5020297-24.2018.4.03.6100.

O juiz Djalma Moreira Gomes, da 25ª

Vara Cível Federal de São Paulo,

entendeu que os alemães estão com a

razão e condenou a Ambev a pagar

todos os dividendos, juros sobre o

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capital próprio ou qualquer outra

forma de remuneração paga aos

acionistas desde 10 de abril de 2012

referentes às 74.211.825 ações

nominativas ordinárias em questão.

Estima-se que o valor, que ainda será

calculado na fase de liquidação,

atualmente já supere R$ 300

milhões.

O magistrado considerou que a

dúvida da Ambev quanto à

propriedade das ações é “seletiva”, já

que embora não tenha pagado os

dividendos sob o argumento de que

há incerteza quanto ao detentor dos

títulos, “não teve qualquer dúvida em

admitir a participação da autora [F.

Laeisz] nas assembleias, na condição

de titular dessas mesmas ações”.

No processo, Renato Feitoza Aragão

Junior, advogado da União, alega que

a empresa alemã perdeu o direito de

solicitar para si as ações e, portanto,

elas devem ser incorporadas ao

patrimônio da União. “A decadência é

um fato jurídico, que provoca a

extinção do próprio direito pela

inércia do seu titular, consolidando

situações jurídicas, a fim de fazer

valer o primado da segurança

jurídica”, defende.

Junior argumenta que as ações da

Ambev também já estariam

definitivamente incorporadas ao

patrimônio da União pela decorrência

do prazo de usucapião. A tese é

controversa mesmo entre os órgãos

jurídicos da própria União.

A Procuradoria-Geral da Fazenda

Nacional (PGFN), por sua vez, no

Parecer PGFN/CAF/2371/2008,

entendeu que “a transferência ilegal

da titularidade das ações por parte da

Administração para ela mesma é

44

tipicamente um ato nulo (não apenas

anulável), que não gerou direitos para

terceiros, mas sim, pelo contrário,

confiscou o direito de propriedade

dos legítimos donos das ações em

questão”.

O juiz tem uma visão parecida. Pare

ele, as alegações da União parecem

“as argumentações que o lobo da

fábula de Esopo apresentou ao

cordeiro para justificar porque iria

devorá-lo. Parece dizer: as ações são

minhas, e pronto”.

Segundo o magistrado, o decreto de

Getúlio Vargas apenas estabeleceu um

gravame – retirado por um decreto

posterior – que impedia a venda das

ações, de forma que não houve

apreensão dos títulos. “Se as ações

não foram apreendidas seria ilógico

pretender que o titular fosse pleitear a

liberação do que apreendido não

fora”, decidiu.

Além disso, diz o juiz, a inscrição no

livro de “Registro de Ações

Nominativas” é a formalidade

essencial que comprova a propriedade

justamente porque ela (a inscrição)

não se dá de modo aleatório, mas

reclama a existência de “documento

hábil” (que fica arquivado na

Companhia) a revelar o negócio

jurídico subjacente ou a decisão

judicial que, tomada em processo

regular constitui o título aquisitivo.

Ou seja, escreve o magistrado,

“enquanto não sobrevier DECISÃO

JUDICIAL que declare a NULIDADE

do registro, tem-se, ope legis, que o

proprietário das ações nominativas é

aquele cujo nome constar da inscrição

no livro”. No caso, portanto, a dona

das ações seria a F. Laeisz.

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A Ambev havia considerado a

sentença omissa e, em embargos de

declaração, argumentou que o ofício

encaminhado ao Bradesco em 2016,

que determinou a transferência das

ações para a União, continuaria

produzindo efeitos diante do

insucesso da apelação de um

mandado de segurança impetrado

pelos alemães, no Tribunal Regional

Federal da 1ª Região, com o número

1001586-16.2016.4.01.3400.

No dia 11 de dezembro, contudo, a F.

Laeisz conseguiu um efeito

suspensivo até o julgamento de

embargos no mandado de segurança.

Já no processo contra a Ambev, no

dia 16 de dezembro, o juiz negou

embargos de declaração da Ambev

“uma vez que não busca a correção de

eventual defeito da sentença, mas sim

a alteração do resultado do

julgamento”.

A decisão condenando a Ambev não

produz efeitos imediatos e deverá ser

obrigatoriamente revista pelo

Tribunal Regional Federal da 3ª

Região por envolver a Fazenda

Pública. Posteriormente, o caso deve

chegar aos tribunais superiores. Tudo

indica que esta batalha processual

ainda está longe de terminar.

Procurados, a Ambev e os escritórios

Pinheiro Neto, que defende a F.

Laeisz, e Mattos Filho, que defende a

cervejaria brasileira, não quiseram se

pronunciar.

KALLEO COURA – Editor

executivo

https://www.jota.info/justica/ambev-condenada-f-laeisz-2a-

guerra-09012020

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