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Data de Criação: 25/03/2020 Criado por: Biblioteca Clipping SCA Os artigos reproduzidos neste clipping de notícias são, tanto no conteúdo quanto na forma, de inteira responsabilidade de seus autores. Não traduzem, por isso mesmo, a opinião legal ou manifestação de integrante da SiqueiraCastro.

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Page 1: Clipping SCA - siqueiracastro.com.br · cortar os proventos de R$ 73,9 milhões para R$ 42 milhões na assembleia de 24 de abril. O assunto tem surgido em conversas entre empresas

Data de Criação: 25/03/2020

Criado por: Biblioteca

Clipping SCA

Os artigos reproduzidos neste clipping de notícias são, tanto no conteúdo quanto

na forma, de inteira responsabilidade de seus autores. Não traduzem, por isso

mesmo, a opinião legal ou manifestação de integrante da SiqueiraCastro.

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Sumário das

Matérias:

Empresários querem abreviar o isolamento

Valor ––25 de março.............................................01

Companhias estudam reduzir os dividendos

Valor ––25 de março.............................................04

Empresas buscam orientação para rever contratos

Valor ––25 de março.............................................07

Presidente do TST descarta enxurrada de processos no fim da crise do vírus

Valor ––25 de março.............................................10

Justiça vai tomar decisões equivocadas, diz Toffoli

Valor ––25 de março.............................................12

‘Discutir reequilíbrio de contratos ainda é prematuro’

Valor ––25 de março.............................................14

Empresários discutem prazo do confinamento

Valor ––25 de março.............................................16

Marco Aurélio autoriza Estados a tomarem medidas contra covid-19

Valor ––25 de março.............................................20

Em MP, Bolsonaro restringe atendimento à lei de acesso

Valor ––25 de março.............................................22

Pesquisadores veem impacto imediato da medida

Valor ––25 de março.............................................24

Governo tropeça no apoio ao mercado de trabalho

Valor ––25 de março.............................................26

O desafio ético da pandemia

Valor ––25 de março.............................................28

Siderurgia europeia corta produção e prevê prejuízo

Valor ––25 de março.............................................31

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Movimento falimentar

Valor ––25 de março.............................................33

CVM vai apresentar MP para postergar assembleias

Valor ––25 de março.............................................34

Trabalhador leva tráfego de dados para casa

Valor ––25 de março.............................................36

Sem perdão para os inadimplentes

Valor ––25 de março.............................................38

TST recomendará a tribunais uso de mediação e conciliação

Valor ––25 de março.............................................39

Coronavírus e as fiscalizações tributárias

Valor ––25 de março.............................................41

Justiça obriga Loggi a reintegrar entregadores

Valor ––25 de março.............................................44

Advogado diz que Eike e irmãos Batista se aproveitam da pandemia para tentar comprar liberdade

Folha ––25 de março.............................................45

Governo muda regras de atendimento à Lei de Acesso à Informação durante crise

Folha ––25 de março.............................................46

Coronavírus leva incerteza a advogados autônomos mas amplia demanda de grandes escritórios

Folha ––25 de março.............................................49

Entenda a suspensão de prazos de processos judiciais na crise do coronavírus

Folha ––25 de março.............................................53

Empresários pedem segurança jurídica para medidas de restrição contra o coronavírus

Folha ––25 de março.............................................56

Por coronavírus, Procon deixa de recomendar reembolso em dinheiro ao consumidor

Folha ––25 de março.............................................57

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Crise do coronavírus se agrava e setor aéreo precisa de US$ 200 bilhões, diz Iata

Folha ––25 de março.............................................59

Caixa ampliará para 90 dias suspensão de pagamento de dívidas; juro do cheque especial deve baixar

Globo ––25 de março.............................................60

Empresários defendem ação do governo para ajudar com o pagamento dos salários

Globo ––25 de março.............................................61

Empregado terá de provar que contraiu coronavírus no local de trabalho

Globo ––25 de março.............................................63

Com restrições causadas pelo coronavírus, consumidor pode pedir cancelamento de serviços sem ônus

OESP ––25 de março.................................................64

Senado aprova MP para estimular renegociação de dívida com a União

OESP ––25 de março.................................................66

Alshop anuncia isenção de aluguel a lojistas, mas redes de shoppings negam

OESP ––25 de março.................................................68

MP sobre trabalho retroage para antes da pandemia do coronavírus

Conjur ––25 de março...............................................70

Nova lei afasta expressamente relação de consumo no contrato de franquia

Conjur ––25 de março...............................................72

Partidos alegam no STF que MP 927 viola direitos fundamentais dos trabalhadores

Migalhas ––25 de março...........................................77

Normas sobre transporte intermunicipal durante a pandemia são questionadas no STF

Migalhas ––25 de março...........................................79

Governo facilita operações de empresas estrangeiras no Brasil

Migalhas ––25 de março...........................................80

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Adiamento de eventos mostra importância dos contratos

Jota ––25 de março........................................................81

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Valor Econômico

Caderno: Primeira Página, quarta-feira 25 de março de 2020.

Empresários querem abreviar o isolamento

Quarentena seletiva vem sendo

discutida nos últimos dias

Por Adriana Mattos e Malu

Delgado — De São Paulo

Meirelles: “Primeiro, a vida; segundo, a

renda das pessoas; e terceiro, a

sobrevivência das empresas” — Foto:

Silvia Costanti/Valor

Em círculos ainda restritos,

empresários e executivos da área de

varejo, shoppings e restaurantes têm

discutido os riscos para seus negócios e

para o emprego de uma prolongada

01

quarentena. Ontem, o empresário

Abilio Diniz, presidente do conselho de

administração da Península, disse que

deixar milhões de pessoas sem emprego

no país pode ser pior que a doença

causada pelo coronavírus. Afirmou que

se deve trabalhar, se possível, com data

para término do isolamento no país.

Henrique Meirelles, ex-ministro da

Fazenda, em entrevista ao Valor,

observou que “é importante que

máquina produtiva esteja intacta” e em

condições de funcionar no pós-crise.

Mas acrescentou que as prioridades

atuais devem estar na seguinte ordem:

“Primeiro a vida da população, segundo

a renda das pessoas e terceiro a

sobrevivência das empresas e

preparação da economia para o pós-

crise.”

Segundo médicos sanitaristas, a

quarentena é indispensável no combate

à doença. “É necessário que haja mais

testes do novo coronavírus para criar

uma base de dados que permita analisar

quais públicos poderiam ficar fora da

quarentena”, avalia o médico Pedro

Batista, diretor-executivo da Prevent

Senior, operadora de planos de saúde

com foco em idosos que registra o

maior número de óbitos pela covid-19.

“Ainda não temos base de dados de

testes suficiente para fazer o isolamento

seletivo”, disse Batista.

A quarentena seletiva vem sendo

discutida nos últimos dias. Alguns

acreditam que a economia deve ser

retomada, mantendo afastados apenas

os grupos de riscos, como idosos e

pessoas com doenças crônicas. Outros,

como o diretor da Prevent Senior,

afirmam que não há segurança

suficiente para o retorno, porque a

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doença pode se propagar em larga

escala.

Empresários discutem prazo do confinamento

Abilio Diniz afirma que deixar

pessoas sem renda, sem emprego

e isoladas pode ser pior que a

doença

Por Adriana Mattos — De São Paulo

25/03/2020 05h00 Atualizado há 4

horas

Em círculos ainda restritos,

empresários e executivos da área de

varejo, shoppings e restaurantes têm

discutido os riscos para seus negócios e

para o emprego de uma prolongada

quarentena.

Segundo fontes ouvidas, isso ocorre

como reflexo da indefinição e lentidão

no anúncio de medidas de apoio aos

setores por parte dos governos federal e

estadual.

Ontem, o empresário Abilio Diniz,

presidente do conselho de

administração da Península, levantou

essa questão ao dizer que deixar

milhões de pessoas sem emprego no

país pode ser pior que a doença causada

pelo coronavírus. Ainda afirmou que se

deve trabalhar, se possível, com data

para término da quarentena no país.

“Tem ganhado força a visão de que

devemos parar tudo por algumas

semanas para conter a disseminação do

vírus e adotar todos os preparativos

para que, passado esse período,

tomemos medidas para que a economia

02

volte a funcionar, mas de forma

diferente e mais segura”, publicou

Abilio em sua página no Linkedin.

O empresário afirma que “deixar

milhões de pessoas por meses sem

renda, sem emprego, confinadas em

residências muitas vezes precárias e

sem conforto, pode ser pior que a

própria doença” e deixar as pessoas

“cada vez mais desesperadas”. Ainda

afirma que “a decisão de retomar a vida

produtiva do país após esse período de

parada radical precisa ser tomada

agora, para estarmos prontos”.

Abilio afirma que isso pode ser feito de

forma responsável, mantendo a

proteção aos mais vulneráveis. “Vamos

identificar e proteger os idosos e os

grupos de risco por outras doenças pré-

existentes [...]. Vamos construir

hospitais de campanha, ampliar leitos,

ter mais testes, medicamentos, mais

respiradores, proteger mais os médicos

e o pessoal da saúde, e fazer tudo ao

nosso alcance para poder colocar de

novo a economia andando.”

O ambiente de maior incerteza estaria

gerando essas discussões, diz o diretor

de uma varejista ouvido pela

reportagem. “Há muito temor e

ansiedade nos varejistas hoje. Por isso

ganha força esse debate sobre como

fazer o retorno à alguma normalidade,

obviamente que de maneira responsável

e gradual, para evitar uma parada longa

demais.”

Segundo ele, há executivos do setor que

defendem cautela maior na reabertura

dos pontos, mesmo que leve tempo

maior, pelo risco de que isso seja feito

de forma prematura. Relaxar restrições

poderia aumentar o número de pessoas

contaminadas pelo vírus, e vai na

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contramão do que especialistas em

saúde pública têm defendido.

“É necessário que haja mais testes do

novo coronavírus para criar uma base

de dados que permita analisar quais

públicos poderiam ficar fora da

quarentena, avalia o médico Pedro

Batista, diretor-executivo da Prevent

Senior, operadora de planos de saúde

com foco em idosos e que registra o

maior número de óbitos pela covid-19.

“Ainda não temos base de dados de

testes suficiente para fazer isolamento

seletivo”, disse Batista, durante webinar

organizado ontem pela XP.

A quarentena seletiva vem sendo

discutida nos últimos dias. Alguns

acreditam que a economia deve ser

retomada, mantendo afastados apenas

os grupos de riscos, como idosos e

pessoas com doenças crônicas. Outros,

como o diretor da Prevent Senior,

acham que não há segurança suficiente

para o retorno porque a doença pode se

propagar em larga escala.

“A quarentena é fundamental”, disse

Batista, alertando sobre a resistência do

vírus, que pode permanecer vivo por 72

horas em superfícies de alumínio.

Em entrevista ao Valor na segunda-

feira, a Abrasce, associação dos

shopping centers, fez o mesmo

questionamento de Abilio. Em algumas

regiões do país, os empreendimentos

devem voltar a funcionar após o dia 5

de abril, mas no Estado de São Paulo só

depois de 30 de abril. O prazo pode se

estender, a depender do cenário.

“Será que é necessário mesmo que

fiquemos fechados durante esse

período? Não caberia tratar de uma

reabertura paulatina, sempre

03

respeitando, é claro, o ritmo de

contágio?”, disse Glauco Humai,

presidente da Abrasce.

Na manhã de ontem, o IDV publicou

comunicado em que, pela primeira vez,

levanta o aspecto da retomada imediata

das operações logo que condições de

saúde apontarem para essa

possibilidade. O IDV tem entre seus

associados redes como Magazine Luiza,

GPA, Carrefour e Lojas Americanas. As

70 redes somam faturamento anual de

R$ 345 bilhões, 750 mil empregos

diretos e 30 mil lojas.

Na nota, o instituto afirma que os

associados “corroboram com a

necessidade de fechamento de lojas e

doações significativas no combate à

pandemia, mas esperam um

acompanhamento e análise em tempo

real para que as operações sejam

retomadas imediatamente, assim que

certificada a segurança da saúde da

população. O IDV diz que o governo

“precisará irrigar fortemente a

economia para que não haja um

colapso, com demissões em massa,

além da crise provocada na saúde pelo

vírus”.

https://valor.globo.com/impresso/noticia/2020/03/2

5/empresarios-querem-abreviar-o-isolamento.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Primeira Pagina, quarta-feira 25 de março de 2020.

Companhias estudam reduzir os dividendos

Ideia é resguardar caixa em um

cenário ainda de pouca

visibilidade sobre os efeitos da

pandemia do coronavírus na

economia no médio prazo

Por Maria Luíza Filgueiras — De

São Paulo

25/03/2020 05h00 Atualizado há 4

horas

Conselhos de administração de várias

empresas querem reduzir os dividendos

que seriam distribuídos neste ano. A BR

Properties já informou que pretende

cortar os proventos de R$ 73,9 milhões

para R$ 42 milhões na assembleia de

24 de abril. O assunto tem surgido em

conversas entre empresas e escritórios

de advocacia, que trabalham na

consolidação dos balanços de 2019. A

ideia é resguardar caixa durante a crise.

A Moody’s avalia que a Petrobras pode

ser forçada a fazer mudanças.

04

Empresas discutem revisão de dividendos

Propósito é resguardar caixa em

um cenário ainda de pouca

visibilidade sobre os efeitos da

pandemia do coronavírus na

economia no médio prazo

Por Maria Luíza Filgueiras — De

São Paulo

Renato Ochman, do Ochman Real Amadeo: 30

empresas clientes demandam orientações sobre

balanços neste momento — Foto: Silvia Costanti/Valor

Algumas companhias estão debatendo

em conselho a revisão do montante de

dividendos que seriam distribuídos este

ano. O assunto tem surgido nas

conversas entre empresas e escritórios

de advocacia, que trabalham na

consolidação dos balanços de 2019. O

propósito é resguardar caixa em um

cenário ainda de pouca visibilidade

sobre os efeitos da pandemia do

coronavírus na economia no médio

prazo.

A única companhia aberta que já

anunciou mudanças foi a BR Properties

e a agência de risco Moody’s avaliou

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que a Petrobras pode ter que fazer

alterações. A discussão de dividendos

esbarra numa outra questão: a

realização das assembleias de

acionistas, onde as propostas têm que

ser submetidas.

“As empresas de capital aberto e

também as fechadas estão no momento

de discutir aprovação de contas,

incluindo distribuição ou não de

dividendos. Hoje mesmo recebi

demanda de um cliente para segurar a

documentação, porque vai alterar esse

ponto”, diz Marcela Ejnisman, sócia do

escritório TozziniFreire. “Veremos

alguns casos assim, mas não acho que

se aplica à maioria das empresas. A

discussão de quanto a crise vai afetar o

caixa das empresas todas estão

fazendo.”

A BR Properties prevê levar a proposta

de redução de proventos de R$ 73,9

milhões inicialmente estimados para

R$ 42 milhões na assembleia marcada

para 24 de abril. A empresa avalia que é

preciso ser mais conservadora, dadas as

incertezas do impacto da pandemia.

O assunto também está na pauta no

escritório Ochman Real Amadeo. “As

companhias abertas que já publicaram

demonstrações financeiras precisam de

nova proposta da administração aos

acionistas para rever distribuição de

dividendos. É mais complexo, mas tem

alternativas”, explica o sócio Renato

Ochman. O escritório tem cerca de 30

empresas clientes demandando

orientações sobre balanços nesse

momento.

Ele ressalta que o ofício circular 2/2020

da Comissão de Valores Mobiliários

(CVM), que traz orientações para as

companhias abertas, faz menção ao

tema. O ofício consolida instruções da

05

Lei das S.A. e diz que a companhia que

tiver lucro não pode constituir reservas

em detrimento dos dividendos fixos ou

mínimos. Mas aponta que o dividendo

obrigatório poderá deixar de ser

distribuído no exercício social em que

os órgãos da administração informarem

aos acionistas na assembleia geral

ordinária (AGO) ser incompatível com a

situação financeira da companhia.

Nesses casos, o conselho fiscal deverá

dar parecer sobre essa informação e os

administradores encaminharão o

parecer à CVM, depois da assembleia.

Em um relatório que analisa o possível

impacto da pandemia para empresas

latino-americanas, a agência de

classificação de risco Moody’s considera

que a Petrobras pode ter que cortar

dividendos, dada a queda de preços do

petróleo e desaceleração da economia

mundial. A estatal paga atualmente o

dividendo mínimo obrigatório.

“Nas empresas de capital fechado, isso

poderá ser analisado e decidido nas

assembleias, por isso a importância de

mais prazo para a realizá-las”,

complementa Ochman. As assembleias

gerais ordinárias (AGO) devem ser

feitas até 30 de abril, no entanto as

companhias estão pedindo à CVM e ao

governo um ajuste desse prazo - já que

os acionistas não podem viajar ou se

reunir em grupo devido à pandemia.

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Como a regra é da lei das S.A., precisa

ter alteração transitória por meio de

medida provisória (MP). A Associação

Brasileira das Companhias Abertas

(Abrasca) apresentou uma proposta de

MP ao governo, incluindo a extensão de

prazo em 90 dias para atos societários e

balanços.

https://valor.globo.com/financas/noticia/2020/03/25

/empresas-discutem-revisao-de-dividendos.ghtml

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06

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Valor Econômico

Caderno: Brasil, quarta-feira 25 de março de 2020.

Empresas buscam orientação para rever contratos

Consultas vêm de companhias que

pretendem renegociar ou

encerrar relações de negócios

com parceiros e das que preveem

não conseguir cumprir

compromissos

Por Joice Bacelo — De Brasília

A crise do coronavírus já provoca uma

corrida aos escritórios de advocacia

para esclarecimento de questões

contratuais. As consultas vêm de

empresas que pretendem renegociar ou

encerrar relações de negócios com

parceiros e também daquelas que, com

o caixa esvaziando, preveem não

conseguir cumprir compromissos e

buscam orientação sobre como agir. O

advogado Julio Gonzaga Neves estima

que “mais de 90% do mercado já esteja

atento a questões contratuais e os 10%

restantes terão que ficar”.

07

Empresas buscam escritórios de advocacia para revisar contratos

Consultas são feitas por

companhias de segmentos

diversos como varejo,

agroindústria, automotivo e de

telecomunicações

Por Joice Bacelo — De Brasília

Felipe Hermanny: no Judiciário, a

discussão será saber se existia uma forma

de cumprir o contrato — Foto: Divulgação

Há uma corrida aos escritórios de

advocacia, em meio à crise do

coronavírus, para tratar das questões

contratuais. As consultas vêm de

empresas que já estudam renegociar ou

encerrar a relação com seus parceiros

de negócios e também daquelas que,

com o caixa esvaziando, preveem não

conseguir cumprir os compromissos e

buscam proteção.

Na área de fusões e aquisições, por

exemplo, já há operações suspensas em

razão da pandemia. Os contratos

costumam ser de longo prazo e

geralmente têm cláusula - conhecida

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como MAC (Material Adverse Change)

ou MAE (Material Adverse Effect) -

estabelecendo que se no curso da

operação houver situação adversa,

imprevisível, as partes vão precisar

sentar e renegociar. E isso vem sendo

levado em conta agora.

Especialista na área, Fernando Zanotti

Schneider, que atua no Abe Giovani

Advogados, diz que três operações

importantes que já estavam em

andamento foram suspensas por causa

da crise do coronavírus. Esse tipo de

operação, afirma, é algo demorado,

pode levar de seis a 18 meses, e aquelas

em fase muito preliminar são as mais

afetadas.

“Estão sendo reconsideradas ou tendo

revisado o seu valuation [valor do

negócio]”, destaca. Schneider diz que

uma das operações que coordena,

especificamente, corre o risco de nem

ser mais levada adiante por conta da

imprevisibilidade. “Uma das partes está

alegando que isso [coronavírus] é uma

mudança significativa dos negócios.”

O advogado Julio Gonzaga Neves, do

escritório TozziniFreire, estima que

mais de 90% do mercado esteja atento

às questões contratuais e os cerca de

10% restantes serão forçados a ficar.

“Porque receberão comunicações. Não

consigo visualizar nenhuma indústria

que esteja imune aos efeitos dessa

crise.”

Houve uma primeira leva de consultas,

na banca, de varejistas, setor hoteleiro,

de transporte e eventos. Depois a

agroindústria. E agora começaram a

chegar as consultas do setor

automotivo, de produção de

equipamentos de proteção individual e

de telecomunicações.

08

“Esse é um aspecto inédito da crise. Não

se consegue fazer um top três das

indústrias afetadas”, diz o advogado.

“As consultas, de maneira muito

impressionante, têm vindo de todos os

setores da economia.”

Uma das perguntas mais frequentes aos

advogados é sobre como o Judiciário

deverá se posicionar em relação ao que

acontecer durante a pandemia.

Descumprimento de contrato, por

exemplo, será considerado caso fortuito

e de força maior? Uma resposta positiva

livraria a parte da obrigação de

indenizar a outra por prejuízos que

foram causados nesse período.

Casos fortuito ou força maior estão

previstos no artigo 393 do Código Civil

e têm como elemento essencial o fato de

que a parte não teve poder para evitar

ou impedir tal situação.

Foi com base nesse dispositivo, por

exemplo, que o Tribunal de Justiça de

Santa Catarina (TJ-SC), em 2018,

liberou um produtor de pagar dívidas

contraídas com um banco para investir

na produção de camarão. Isso ocorreu

porque ficou provado no processo que a

produção foi infectada por um vírus -

conhecido como mancha branca - que

gerou a perda da safra e prejuízo de

mais de R$ 180 mil (processo nº

0003671-19.2010.8.24.0040).

“Não há dúvida de que o coronavírus é

um evento de força maior. Mas

certamente a discussão que haverá no

futuro, quando essas demandas

chegarem ao Judiciário, será saber se

existia uma forma de cumprir o

contrato”, diz o advogado Felipe

Hermanny, sócio do escritório Campos

Mello. “A análise será caso a caso. Vai

depender do que consta no contrato, do

comportamento das partes e do cuidado

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de não utilizar o vírus como desculpa

para descumprir o que foi acordado”,

acrescenta.

Esse assunto foi tratado pelo advogado

em uma reunião virtual com mais de 70

clientes da banca na semana passada.

“Há discussão sobre a possibilidade de

cumprir o contrato, mas com mais

custos. Se um fornecedor trazia o

produto da China, por exemplo, e teve

que trocar por um outro, que tem preço

mais alto, o fato vai repercutir no

contrato. E aí entram as análises sobre

renegociar, buscar um equilíbrio ou

mesmo encerrar a parceria”, afirma

Hermanny.

O segmento de atuação, a obrigação

descumprida e a extensão do prejuízo

são fatores determinantes para se

chegar à conclusão de que pode ou não

ser invocada a força maior, diz o

advogado Paulo Bardella Caparelli, do

escritório Viseu. Ele cita o caso de um

cliente, uma rede de supermercados

que têm base em shoppings centers -

impedidos de funcionar, por ordem do

poder público, como medida de evitar a

proliferação do coronavírus.

Esse é um dos casos, afirma, com

aplicação mais clara da força maior

para justificar o descumprimento

contratual. “Está sendo uma catástrofe.

Tiveram que fechar 85 lojas num

primeiro momento e agora estão com

cem por cento dos restaurantes

fechados. O delivery não teve o

aumento esperado. Como vão conseguir

cumprir com os contratos de locação?”,

questiona. “Estão priorizando, nesse

momento, o pagamento dos

funcionários e terão que renegociar os

demais contratos.”

A orientação que o advogado Julio

Gonzaga Neves, do escritório

09

TozziniFreire, tem passado aos seus

clientes é “evitar levar os conflitos

contratuais para o Judiciário”. Primeiro

por causa da demora para se ter uma

decisão definitiva e, depois, em razão da

previsibilidade. “Se você faz um acordo,

sabe exatamente para onde vai em

torno daquelas obrigações. Escolhe os

riscos e os ônus que vai assumir. Já se

você vai para o fórum, a escolha ficará

delegada a um juiz e poderá demorar

anos para você saber o estado do seu

contrato.”

https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2020/03/2

5/empresas-buscam-escritorios-de-advocacia-para-

revisar-contratos.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Brasil, quarta-feira 25 de março de 2020.

Presidente do TST descarta enxurrada de processos no fim da crise do vírus

Por Isadora Peron e Beatriz

Olivon — De Brasília

Maria Cristina Peduzzi: governo precisa

pensar na situação dos autônomos,

como o pagamento de um seguro-

desemprego — Foto: Jorge

William/Agência O Globo

A presidente do Tribunal Superior do

Trabalho (TST), ministra Maria Cristina

Peduzzi, afirmou que o atual momento

de pandemia do coronavírus deixará

uma “sequela” nas relações de trabalho,

mas disse que não espera uma

enxurrada de processos trabalhistas

quando a crise chegar ao fim. Na sua

avaliação, o governo acertou em revogar

o dispositivo da Medida Provisória 927,

10

que previa a suspensão dos contratos de

trabalho por quatro meses sem que

houvesse uma compensação definida.

Em entrevista ao Valor, a ministra

afirmou que é tempo de união e que é

preciso que as três partes envolvidas

neste processo - trabalhadores,

empresas e governo - atuem em

conjunto para encontrar uma solução

para o problema. “Eu confio muito na

conciliação, no bom senso, na vontade

de todos os partícipes de encontrar um

denominador comum, que seja

satisfatório para ambas as partes.

Espero que, ao fim da pandemia, as

partes estejam comemorando a vida, e

estejam dispostas a reconstruir o país

de mãos dadas.”

A presidente do tribunal comparou o

atual momento com os períodos pós-

guerra. “Se nós nos valermos da

história, nós podemos dizer hoje que

temos a consciência de que vamos ter

que reestruturar as nossas relações

profissionais, econômicas, uma sequela

ficará. Veja o que ocorreu nos pós-

guerras. Espero que não haja tanta

gravidade, mas penso que teremos uma

reconstrução substancial na economia”,

disse.

Segundo ela, apesar disso, não há por

que se pensar, como consequência

necessária, em um aumento no número

de reclamações trabalhistas. “Se vai a

juízo quando se tem um direito

subjetivo desrespeitado, não podemos

partir do pressuposto de que isso

ocorrerá”, disse.

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Na visão da ministra não há, até este

momento, “antagonismo e confronto”,

portanto, não haveria por que

registrarmos um crescimento no

número de ações.

Em relação à MP 927 editada pelo

governo e alterada em menos de 24

horas, a presidente do TST defendeu o

recuo do governo em relação à

suspensão dos contratos de trabalho

sem nenhuma contrapartida. “Alguma

maneira deve estar sendo pensada para

que se distribua essa responsabilidade

de forma tripartite. Não pode apenas só

o empregado colaborar. Não é só não

trabalhar e não ganhar nada. Tem que

haver participação do Estado e do

empregador”, disse.

A ministra não entrou em detalhes

sobre outros pontos do texto,

considerando que pode ter que julgar a

validade deles caso algum processo

sobre o tema chegue ao tribunal. Mas

ponderou que algumas alterações, como

as relativas a férias, fazem sentido como

exceções à regra neste momento

peculiar.

Segundo ela, é prudente que se pense

em alguma maneira de garantir uma

remuneração, porque isso é questão de

sobrevivência. "Acho que [a revogação

de parte da MP] foi uma medida

prudente e, certamente, os responsáveis

pela edição da lei encontrarão a solução

política que atenda a todos os atores”,

disse.

A presidente do TST defendeu ainda

que o governo precisa pensar na

situação dos trabalhadores autônomos,

como o pagamento de um seguro-

desemprego enquanto durar a

pandemia. “A situação dessas pessoas

merece um estudo por parte das

autoridades. Seria interessante

11

estabelecer alguma forma de garantia,

um seguro, que possa alcançar essa

parcela da população”, afirmou. A MP

927 trata de emprego e, portanto, não

se aplica aos trabalhadores informais.

Questionada se tinha mais sugestões

que pudessem minimizar o impacto no

mercado de trabalho, ela preferiu não

se manifestar e disse que essa

prerrogativa é do Congresso e do

presidente da República.

Até agora, o TST não recebeu processos

com demandas ligadas ao coronavírus,

mas certamente isso acontecerá,

avaliou. “Sem dúvida, o mais afetado, o

grande reflexo dessa pandemia, é no

mundo do trabalho, não tenho a menor

dúvida. Hoje, ninguém vive sem

trabalhar.”

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2020/03/25/p

residente-do-tst-descarta-enxurrada-de-processos-no-

fim-da-crise-do-virus.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Brasil, quarta-feira 25 de março de 2020.

Justiça vai tomar decisões equivocadas, diz Toffoli

Segundo ele, o importante é

fiscalizar e agir com rapidez

Por Murillo Camarotto e Estevão

Taiar — De Brasília

(Este texto foi corrigido: o

representante do grupo JBS foi

Wesley Batista Filho, presidente

da Seara) Em reunião com

empresários ontem, o presidente do

Supremo Tribunal Federal (STF), Dias

Toffoli, disse que, devido à quantidade

de juízes e de tribunais no Brasil,

haverá algumas decisões equivocadas

no que se refere ao combate à pandemia

do coronavírus. O importante, segundo

ele, é fiscalizar e agir com rapidez.

O assunto surgiu após a fala do

presidente da Federação das Indústrias

do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo

Skaf, que criticou decisões unilaterais

de governadores e prefeitos referentes

ao fechamento de estradas e

estabelecimentos comerciais.

Em tom político, Skaf afirmou que

alguns governantes estão mais

preocupados em “mostrar trabalho” e

“aparecer” do que em resolver todos os

problemas relacionados à pandemia.

12

Ele ficou em terceiro lugar na eleição de

2018 para o governo de São Paulo.

Toffoli disse que, após um início mais

conturbado, as decisões estão

começando a ser tomadas de forma

mais centralizada. Lembrou, no

entanto, que haverá problemas. “Vão

sair decisões desarrazoadas e temos que

ser rápidos no controle”, afirmou ele,

que também comanda o Conselho

Nacional de Justiça (CNJ).

Falando por videoconferência de sua

casa, Toffoli demonstrou alinhamento

com Skaf na preocupação em manter os

serviços essenciais em funcionamento.

Na videoconferência, ele ouviu de

empresários pedidos de “segurança

jurídica” para enfrentar os impactos

econômicos do coronavírus. Segundo

eles, há uma profusão de decretos que

atrapalham o funcionamento das

companhias. “É preciso harmonia entre

os três Poderes e harmonia jurídica”,

afirmou Luiz Carlos Trabuco,

presidente do conselho de

administração do Bradesco, de acordo

com informações divulgadas pelo STF.

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O presidente da presidente da

Coteminas, Josué Gomes da Silva,

também chamou a atenção para a

importância do trabalho conjunto entre

Executivo, Legislativo e Judiciário.

Outros executivos, como Paulo Moll, da

Rede D’Or, e Wesley Batista Filho, da

JBS, mostraram preocupação com o

fornecimento de insumos. Segundo

Moll, já há Estados requisitando 100%

dos estoques existentes de insumos

hospitalares.

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2020/03/25/j

ustica-vai-tomar-decisoes-equivocadas-diz-

toffoli.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Brasil, quarta-feira 25 de março de 2020.

‘Discutir reequilíbrio de contratos ainda é prematuro’

Para secretária, foco neste

momento é garantir a

manutenção dos serviços

essenciais

Por Daniel Rittner — De Brasília

O governo está aberto ao diálogo com as

concessionárias para discutir eventuais

prejuízos decorrentes da pandemia de

coronavírus, mas ainda é muito

prematuro para avaliar reequilíbrios

econômico-financeiros dos contratos,

afirmou ao Valor a secretária de

Fomento, Planejamento e Parcerias do

Ministério da Infraestrutura, Natália

Marcassa.

Segundo ela, o foco neste momento é

garantir a manutenção dos serviços

essenciais, do modo mais seguro

possível, cumprindo os protocolos da

Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (Anvisa). Em paralelo, o

governo tem agido “preventivamente”

para minimizar os efeitos negativos da

emergência sanitária no caixa das

empresas do setor e as agências

reguladoras vêm atuando “com mais

leveza e mais flexibilidade”.

Exemplos disso, diz Marcassa, são o

adiamento para dezembro do

pagamento da parcela anual de outorga

das operadoras privadas de aeroportos

14

e o “waiver” até outubro da medição de

cancelamentos de voos para fins de

distribuição dos slots (horários

autorizados para pousos e decolagens)

das companhias aéreas.

“Com a experiência acumulada, hoje

estamos tendo uma regulação muito

mais responsiva. É não ficar à espera

dos pedidos de reequilíbrio e ter as

agências agindo preventivamente

diante dos efeitos que estão ocorrendo.”

Conforme o Valor mostrou na edição

de ontem, advogados na área de

infraestrutura e executivos do setor -

energia, rodovias, aeroportos - já

anteveem a necessidade de

repactuações contratuais quando a

situação de emergência sanitária

acabar. Eles apontam que, ao contrário

da recessão de 2015-2016, a queda

abrupta de demanda verificada agora

não constitui “risco do negócio” e

caracteriza “caso fortuito” ou “evento de

força maior”.

“Ainda é muito prematuro fazer

avaliações”, afirma a secretária.

“Estamos falando de diminuição de

uma semana, por enquanto, teremos

que entender o real impacto sobre a

demanda. Temos que avaliar com

cautela.”

Marcassa enfatiza que os reflexos estão

sentidos especialmente no tráfego de

passageiros (voos, linhas interestaduais

de ônibus, trens turísticos) e bem

menos no transporte de cargas em

geral.

Ela também afirma que o ministério

ainda não trabalha com um cenário de

mudança no cronograma de leilões do

Programa de Parcerias de

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Investimentos (PPI) na área de

transportes. Projetos importantes da

carteira - a relicitação da Rodovia

Presidente Dutra, a concessão da BR-

381 em Minas Gerais, a próxima rodada

de aeroportos - já cumpriram a etapa de

audiências públicas e estão na fase de

análise das contribuições. Tudo isso,

segundo Marcassa, que pode ser feito

no esquema de teletrabalho e sem

prejuízo do calendário. Da mesma

forma, o leilão da Ferrovia de

Integração Oeste-Leste (Fiol) está

aguardando um parecer do Tribunal de

Contas da União (TCU).

Para a secretária, não há que se falar em

postergação dos leilões previstos para o

restante de 2020, por causa de um

suposto prejuízo à concorrência e

diante do novo cenário de recessão

global. “Temos certeza de vamos sair

logo desta crise e haverá liquidez

grande no mundo atrás de

investimentos oportunos”, acredita.

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2020/03/25/d

iscutir-reequilibrio-de-contratos-ainda-e-

prematuro.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Brasil, quarta-feira 25 de março de 2020.

Empresários discutem prazo do confinamento

Abilio Diniz afirma que deixar

pessoas sem renda, sem emprego

e isoladas pode ser pior que a

doença

Por Adriana Mattos — De São Paulo

Em círculos ainda restritos,

empresários e executivos da área de

varejo, shoppings e restaurantes têm

discutido os riscos para seus negócios e

para o emprego de uma prolongada

quarentena.

Segundo fontes ouvidas, isso ocorre

como reflexo da indefinição e lentidão

no anúncio de medidas de apoio aos

setores por parte dos governos federal e

estadual.

Ontem, o empresário Abilio Diniz,

presidente do conselho de

administração da Península, levantou

essa questão ao dizer que deixar

milhões de pessoas sem emprego no

país pode ser pior que a doença causada

pelo coronavírus. Ainda afirmou que se

deve trabalhar, se possível, com data

para término da quarentena no país.

“Tem ganhado força a visão de que

devemos parar tudo por algumas

semanas para conter a disseminação do

vírus e adotar todos os preparativos

16

para que, passado esse período,

tomemos medidas para que a economia

volte a funcionar, mas de forma

diferente e mais segura”, publicou

Abilio em sua página no Linkedin.

O empresário afirma que “deixar

milhões de pessoas por meses sem

renda, sem emprego, confinadas em

residências muitas vezes precárias e

sem conforto, pode ser pior que a

própria doença” e deixar as pessoas

“cada vez mais desesperadas”. Ainda

afirma que “a decisão de retomar a vida

produtiva do país após esse período de

parada radical precisa ser tomada

agora, para estarmos prontos”.

Abilio afirma que isso pode ser feito de

forma responsável, mantendo a

proteção aos mais vulneráveis. “Vamos

identificar e proteger os idosos e os

grupos de risco por outras doenças pré-

existentes [...]. Vamos construir

hospitais de campanha, ampliar leitos,

ter mais testes, medicamentos, mais

respiradores, proteger mais os médicos

e o pessoal da saúde, e fazer tudo ao

nosso alcance para poder colocar de

novo a economia andando.”

O ambiente de maior incerteza estaria

gerando essas discussões, diz o diretor

de uma varejista ouvido pela

reportagem. “Há muito temor e

ansiedade nos varejistas hoje. Por isso

ganha força esse debate sobre como

fazer o retorno à alguma normalidade,

obviamente que de maneira responsável

e gradual, para evitar uma parada longa

demais.”

Segundo ele, há executivos do setor que

defendem cautela maior na reabertura

dos pontos, mesmo que leve tempo

maior, pelo risco de que isso seja feito

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de forma prematura. Relaxar restrições

poderia aumentar o número de pessoas

contaminadas pelo vírus, e vai na

contramão do que especialistas em

saúde pública têm defendido.

“É necessário que haja mais testes do

novo coronavírus para criar uma base

de dados que permita analisar quais

públicos poderiam ficar fora da

quarentena, avalia o médico Pedro

Batista, diretor-executivo da Prevent

Senior, operadora de planos de saúde

com foco em idosos e que registra o

maior número de óbitos pela covid-19.

“Ainda não temos base de dados de

testes suficiente para fazer isolamento

seletivo”, disse Batista, durante webinar

organizado ontem pela XP.

A quarentena seletiva vem sendo

discutida nos últimos dias. Alguns

acreditam que a economia deve ser

retomada, mantendo afastados apenas

os grupos de riscos, como idosos e

pessoas com doenças crônicas. Outros,

como o diretor da Prevent Senior,

acham que não há segurança suficiente

para o retorno porque a doença pode se

propagar em larga escala.

“A quarentena é fundamental”, disse

Batista, alertando sobre a resistência do

vírus, que pode permanecer vivo por 72

horas em superfícies de alumínio.

Em entrevista ao Valor na segunda-

feira, a Abrasce, associação dos

shopping centers, fez o mesmo

questionamento de Abilio. Em algumas

regiões do país, os empreendimentos

devem voltar a funcionar após o dia 5

de abril, mas no Estado de São Paulo só

depois de 30 de abril. O prazo pode se

estender, a depender do cenário.

17

“Será que é necessário mesmo que

fiquemos fechados durante esse

período? Não caberia tratar de uma

reabertura paulatina, sempre

respeitando, é claro, o ritmo de

contágio?”, disse Glauco Humai,

presidente da Abrasce.

Na manhã de ontem, o IDV publicou

comunicado em que, pela primeira vez,

levanta o aspecto da retomada imediata

das operações logo que condições de

saúde apontarem para essa

possibilidade. O IDV tem entre seus

associados redes como Magazine Luiza,

GPA, Carrefour e Lojas Americanas. As

70 redes somam faturamento anual de

R$ 345 bilhões, 750 mil empregos

diretos e 30 mil lojas.

Na nota, o instituto afirma que os

associados “corroboram com a

necessidade de fechamento de lojas e

doações significativas no combate à

pandemia, mas esperam um

acompanhamento e análise em tempo

real para que as operações sejam

retomadas imediatamente, assim que

certificada a segurança da saúde da

população. O IDV diz que o governo

“precisará irrigar fortemente a

economia para que não haja um

colapso, com demissões em massa,

além da crise provocada na saúde pelo

vírus”.

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2020/03/25/e

mpresarios-discutem-prazo-do-confinamento.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Brasil, quarta-feira 25 de março de 2020.

MP autoriza banco de horas para trabalhador compensar empresa

Texto prevê também que

compensação poderá ser feita

mediante prorrogação de jornada

em até duas horas

Por Edna Simão e Murillo

Camarotto — De Brasília

Com a Medida Provisória 927, o

governo permitiu que as empresas com

banco de horas contabilizem as horas

não trabalhadas pelo funcionário para

compensação futura. Antes, o

trabalhador ficava com saldo de horas

trabalhadas e acertava com o

empregador a compensação, mas havia

controvérsia sobre se o contrário

também poderia ser ocorrer, segundo

Emerson Casali, especialista em relação

trabalhistas.

Um técnico da área econômica, ouvido

pelo Valor PRO, frisou que, com a MP,

os empregadores com estabelecimentos

fechados podem mantém a força de

trabalho e salários e usar o banco de

horas em favor delas. “O banco de horas

normalmente é em favor do

trabalhador. E agora será ao contrário.”

Esse ponto da MP ainda pode passar

por ajustes.

18

Durante o estado de calamidade

pública, a MP 927 prevê a interrupção

das atividades pelo empregador e

criação de regime especial de

compensação de jornada, por meio de

banco de horas, em favor do

empregador ou do empregado,

estabelecido por meio de acordo

coletivo ou individual formal. A

compensação seria no prazo de até 18

meses, contados a partir do próximo

ano. Atualmente, a compensação é feita

em até seis meses.

A MP destaca ainda que a compensação

de tempo para recuperação do período

interrompido poderá ser feita mediante

prorrogação de jornada em até duas

horas, que não poderá exceder dez

horas diárias. Já compensação do saldo

de horas poderá ser determinada pelo

empregador independentemente de

convenção coletiva ou acordo individual

ou coletivo.

Segundo Casali, a medida pode dar um

alívio para as empresas que querem um

pouco mais tempo para decidir sobre

demissão de funcionário. Ele citou que

a empresa poderá compensar banco de

horas, antecipar feriados, dar férias

coletivas ou individuais, antes de

demitir o trabalhador.

Mas ele destacou a necessidade de o

governo anunciar rapidamente as

medidas. Na avaliação dele, se nada for

anunciado até a próxima semana, as

empresas vão iniciar um volume mais

forte de demissão.

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A MP 927 previa a suspensão de

contratos por quatro meses, mas não

havia compensação, ou seja, o

trabalhador poderia ficar sem receber

salário. Devido a repercussão negativa,

o presidente Jair Bolsonaro revogou a

medida. Agora, o Ministério da

Economia está fazendo novamente uma

análise da medida e das compensações

antes de anunciá-la.

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2020/03/25/

mp-autoriza-banco-de-horas-para-trabalhador-

compensar-empresa.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Politica, quarta-feira 25 de março de 2020.

Marco Aurélio autoriza Estados a tomarem medidas contra covid-19

Ministro determinou ainda que,

passada a fase crítica, a questão

seja submetida ao plenário

Por Isadora Peron — De Brasília

O ministro Marco Aurélio Mello, do

Supremo Tribunal Federal (STF),

decidiu ontem que, diante da atual

pandemia do novo coronavírus, a

Medida Provisória 926 não impede a

capacidade de Estados e municípios

adotarem regras restrititivas. A decisão

foi tomada em uma ação impetrada

pelo PDT.

Em seu despacho, o ministro

determinou ainda que, passada “a fase

crítica ora existente”, a questão seja

submetida ao plenário. O pedido foi

atendido pelo presidente do STF, Dias

Toffoli, que pautou a ação para 1º de

abril, quando os ministros voltarão a se

reunir pessoalmente para uma sessão

de julgamentos

Na petição, o PDT argumentou que a

Constituição estabelece que saúde é

uma atribuição que deve ser

compartilhada entre todos os entes

federativos e que, portanto, a atuação

para conter o coronavírus não poderia

ser só do governo federal.

20

A MP, editada na sexta-feira pelo

presidente Jair Bolsonaro, foi vista

como uma resposta a governantes que

impuseram restrições à circulação de

pessoas em rodovias e em aeroportos,

entre eles os governadores de São

Paulo, João Doria (PSDB), e do Rio,

Wilson Witzel (PSC).

O texto da MP afirmava que essas

decisões eram de competência federal e

deveriam obedecer critérios

estabelecidos pelas agências

reguladoras.

Para o ministro, porém, “o que nela

[MP] se contém -- repita-se à exaustão -

não afasta a competência concorrente,

em termos de saúde, dos Estados e

municípios”, disse.

Marco Aurélio afirmou ainda que, neste

momento, “há de ter-se a visão voltada

ao coletivo, ou seja, à saúde pública” e

que “não se pode ver transgressão a

preceito da Constituição Federal” nas

providências tomadas por governadores

e prefeitos.

No texto, Marco Aurélio também

afirmou que a sua decisão não impedia

a União de adotar as medidas que

considerasse necessárias e elogiou a

iniciativa do governo de editar a MP.

“Vê-se que a medida provisória, ante

quadro revelador de urgência e

necessidade de disciplina, foi editada

com a finalidade de mitigar-se a crise

internacional que chegou ao Brasil,

muito embora no território brasileiro

ainda esteja, segundo alguns técnicos,

embrionária. Há de ter-se a visão

voltada ao coletivo, ou seja, à saúde

pública, mostrando-se interessados

todos os cidadãos”, afirmou.

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Como mostrou o Valor na edição de

segunda-feira, a tendência é que os

ministros do Supremo, ao se

manifestarem sobre este embate

federalista no plenário, levem em

consideração o momento atual e que o

debate sobre a constitucionalidade das

medidas tomadas pelos governos

estaduais seja avaliada dentro do

“contexto” de crise causada pela

propagação da doença.

https://valor.globo.com/politica/noticia/2020/03/25/

marco-aurelio-autoriza-estados-a-tomarem-medidas-

contra-covid-19.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Politica, quarta-feira 25 de março de 2020.

Em MP, Bolsonaro restringe atendimento à lei de acesso

Rodrigo Maia afirmou que texto

da medida poderá ser modificado

pela Câmara

Por Murillo Camarotto — De

Brasília

Wagner Rosário, da CGU: “vamos dar

prioridade às demandas de informação

relacionadas à pandemia do

coronavírus. Hoje não há outro

assunto” — Foto: Reprodução de TV

A Controladoria-Geral da República

(CGU) suspendeu os prazos definidos

para atendimento aos pedidos no

âmbito da Lei de Acesso à Informação

(LAI). Por conta da pandemia do

coronavírus, também foram revogados

os prazos para tramitação de processos

administrativos disciplinares (PADs),

movidos contra pessoas e empresas

envolvidas em desvios de recursos

públicos.

22

A suspensão consta na Medida

Provisória 928, publicada ontem no

“Diário Oficial da União”. De acordo

com a CGU, a nova regra valerá durante

o período em que vigorar o estado de

calamidade pública decretado na

semana passada pelo governo.

A MP define que os prazos para as

respostas poderão ser descumpridos

sempre que os órgãos demandados

tiverem estabelecido regime de

quarentena, teletrabalho ou

equivalentes. “Se for possível produzir a

resposta de forma digital, ela será dada

normalmente dentro dos prazos”,

informou a CGU, em nota.

prazo também poderá ser suspenso

caso o agente público responsável pela

resposta esteja prioritariamente

envolvido com as medidas de

enfrentamento da situação de

emergência. “Vamos dar prioridade às

demandas de informação relacionadas

ao coronavírus. Hoje não há outro

assunto”, disse ao Valor o ministro da

CGU, Wagner Rosário.

A repercussão da iniciativa no

Congresso foi ruim. segundo o

presidente da Câmara, Rodrigo Maia

(DEM-RJ), o texto do Executivo deixa

dúvidas. “Temos muitas dúvidas e

vamos construir um texto que não

mude a lei de acesso a informações, ou

então estaremos restringindo

informação, omitindo informação de

qualquer poder que seja”, disse o

deputado, em entrevista à “Globonews”.

Espantado com aumentos de até

2.000% nos preços dos insumos

médicos em meio à pandemia do

coronavírus, Rosário deslocou a maior

parte dos servidores do órgão para

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acompanhar compras que serão feitas

pelo governo nas próximas semanas.

Sem esses profissionais, segundo ele, o

cumprimento dos prazos da LAI ficaria

prejudicado.

Além de garantir a agilidade de

licitações emergenciais, o objetivo da

força-tarefa na CGU é evitar que os

gastos de agora se transformem em

disputa política no futuro. “É preciso

deixar tudo muito bem documentado,

pra depois não vir ninguém dizer que o

empresário X doou recursos para o

candidato Y e depois recebeu o

pagamento”, disse.

De acordo com Rosário, as equipes da

CGU estão fazendo a análise de risco

imediatamente após a conclusão da

contratação. Em seguida, a matriz de

risco é incluída nas informações do

processo e a operação prossegue, de

maneira a dar segurança jurídica aos

gestores que aprovam as aquisições.

Cresceu muito nos últimos anos, na

esteira dos grandes escândalos de

corrupção, o receio de servidores

federais em colocar o próprio nome em

decisões que representem desembolso

elevado de recursos públicos, processo

que ficou conhecido em Brasília como

“apagão de canetas”.

Em meio ao surto do coronavírus e a

consequente explosão nos preços dos

insumos, é compreensível o

crescimento do receio. O próprio

ministro confessa o espanto com a alta

em alguns itens, com destaque para as

máscaras cirúrgicas, cujo preço unitário

para licitação, segundo ele, passou de

R$ 0,11 para R$ 2.

Rosário também destaca, no entanto,

reajustes substanciais nos preços dos

testes para confirmação do diagnóstico

23

do coronavírus, bem como material

hospitalar e demais EPI, como são

chamados os equipamentos de proteção

individual. Um canal de denúncias

relacionadas, entre outras coisas, a

prática de preços abusivos já está

funcionando.

O ministro lembra que a ideia é que as

compras sejam periodicamente

referendadas por um comitê no qual,

além da CGU, têm assento o Supremo

Tribunal Federal (STF), a Procuradoria-

Geral da República (PGR) e o Tribunal

de Contas da União (TCU). Na semana

passada, o TCU anunciou a criação de

uma estrutura própria para

acompanhar as despesas que terão que

ser realizadas pelo Ministério da

Saúde. (Colaborou Cristiane

Agostine, de São Paulo)

https://valor.globo.com/impresso/20200325/

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Valor Econômico

Caderno: Politica, quarta-feira 25 de março de 2020.

Pesquisadores veem impacto imediato da medida

Entidades da sociedade civil

acreditam que iniciativa

compromete transparência

Por André Guilherme Vieira — De

São Paulo

A Medida Provisória (MP) assinada

pelo presidente Jair Bolsonaro que

permite que órgãos públicos deixem de

responder pedidos feitos pela Lei de

Acesso à Informação (LAI) durante a

pandemia do coronavírus prejudica a

execução de políticas públicas e

evidencia o autoritarismo do chefe do

Executivo. A avaliação é do pesquisador

em integridade e transparência no setor

público e doutorando em administração

pública pela FGV, Fabiano Angélico.

“Há um impacto imediato em nível

técnico-operacional, porque

pesquisadores, jornalistas e servidores

públicos usam a LAI para ter acesso a

dados fundamentais à execução de seu

trabalho. É péssimo e afeta de imediato

todas as políticas públicas”, afirma o

pesquisador, que defende que a MP seja

revogada.

“Apesar de o foco agora ser a saúde

pública, todos os outros ministérios

estão operativos, e o ministério da

Economia certamente será impactado

24

por essa medida. E há impacto imediato

na prestação de contas públicas”, diz

Angélico.

O especialista afirma que a medida

provisória precisa ser derrubada pelo

Congresso e que a sua publicação

evidencia o viés autoritário de

Bolsonaro e a falta de confiança do

presidente na relação Estado-

Sociedade. “Se aponta para uma

situação de viés autoritário, de absoluta

falta de confiança do presidente na

relação entre Estado e sociedade.

Precisamos mais do que nunca de

abertura para que possamos ter

conhecimento do que o Estado está

fazendo. Essa MP precisa ser revogada e

o Congresso pode agir nesse caso”.

Bolsonaro assinou a MP 928 na noite de

segunda-feira. No entanto, a medida

prioriza as solicitações por LAI que

tratem de ações para enfrentamento de

emergência de saúde pública. A Lei de

Acesso estabelece que todo órgão

público deve responder em até 20 dias a

todos os pedidos feitos por um cidadão

que envolvam dados, documentos ou

informações de caráter público. Esse

prazo pode ser estendido por mais dez

dias corridos, conforme a lei.

Ontem, o Fórum Brasileiro de

Segurança Pública (FBSP) divulgou

nota afirmando que a Medida

Provisória (MP) 928 foi editada pelo

presidente Jair Bolsonaro “com o

propósito específico de limitar o acesso

a dados governamentais, sob o pretexto

de proteger servidores públicos da

pandemia de coronavírus”. Para a

entidade, apesar da situação de

calamidade, a MP não tem justificativa

prática. “Entendemos a situação

emergencial a que todos estamos

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submetidos, mas também é necessário

alertar que essa medida não se justifica

na prática, uma vez que a grande parte

desses dados pode ser acessada pelos

servidores por meios eletrônicos

largamente estabelecidos e em

funcionamento na administração

pública.”

Também ontem, o Instituto Sou da Paz

divulgou nota de repúdio à MP.

“Somente com mais transparência, e

não o contrário, será possível reforçar a

informação compartilhada com a

população de modo a evitar pânico,

incentivar a cooperação e trazer

confiança sobre as estratégias de

enfrentamento dos governos frente à

crise”, diz trecho do comunicado da

entidade, que também pediu que a

medida seja derrubada.

https://valor.globo.com/politica/noticia/2020/03/25/

pesquisadores-veem-impacto-imediato-da-

medida.ghtml

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25

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Valor Econômico

Caderno: Opinião, quarta-feira 25 de março de 2020.

Governo tropeça no apoio ao mercado de trabalho

Calcula-se que o custo potencial é

de R$ 11 bilhões se 18 milhões de

pessoas forem beneficiadas. Mas

o universo total de informais

chega a 38 milhões de pessoas

Nos últimos dias uma enxurrada de

negociações entre empresas e

empregados foram desencadeadas para

rever convenções coletivas de trabalho.

A intenção é tentar preservar o

emprego, diante do impacto da

pandemia de coronavírus na economia.

O governo já reduziu a previsão para o

Produto Interno Bruto (PIB) deste ano

de crescimento de 2,1% para 0,02%,

considerada otimista.

O Valor apurou que alguns acordos

prevendo redução de jornada e salários

já foram fechados por trabalhadores

das indústrias mecânicas e metalúrgicas

de Blumenau, em Santa Catarina, e da

construção e de bares e restaurantes da

cidade do Rio de Janeiro (20/3). Esses

setores se anteciparam a uma das

propostas do governo para enfrentar a

crise da pandemia, que é permitir a

redução de até 50% da jornada de

trabalho, com corte do salário na

mesma proporção, sem diminuir os

valores recebidos por hora pelo

empregado. Nos casos registrados, a

26

redução é de 25% tanto da jornada

quanto dos salários, respeitando as

regras atuais e o valor do salário

mínimo.

Os acordos também admitem a

suspensão de contratos e a instituição

de férias coletivas, como forma de

preservar os postos de trabalho e ainda

o parcelamento de verbas rescisórias,

em caso de demissões.

Governos do mundo todo receiam as

inevitáveis consequências negativas do

coronavírus na economia e no mercado

de trabalho. Alguns com

disponibilidade de recursos já

anunciaram medidas de exceção. A

Alemanha prometeu compensar os que

tiverem a jornada reduzida para meio

período. O Reino Unido vai pagar até

80% do salário dos trabalhadores nos

próximos meses. Os EUA incluíram no

pacote emergencial a distribuição de

US$ 1 mil para cada americano.

Com muito menos recursos, o governo

brasileiro protagoniza mais confusão.

Na semana passada, anunciou que iria

autorizar a suspensão dos contratos de

trabalho por quatro meses, período em

que o empregador manteria benefícios

como plano de saúde e ofereceria cursos

de qualificação. O governo, de seu lado,

estenderia alguma compensação. Mas a

Medida Provisória (MP) a respeito do

assunto, a 927, que saiu na madrugada

da segunda-feira, não trouxe as

contrapartidas prometidas e deixou o

trabalhador no ar. Bolsonaro teve que

voltar atrás, sob o risco de ser chamado

de “exterminador de emprego”,

acusação que havia dirigido a

governadores que implementaram a

quarentena.

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Mas ficarão valendo outros pontos da

MP, como o que criou o trabalho a

distância, como home office; o regime

especial de compensação de horas no

futuro em caso de eventual interrupção

da jornada de trabalho durante

calamidade pública; a suspensão de

férias para trabalhadores da área de

saúde e de serviços considerados

essenciais; a antecipação de férias

individuais, com aviso ao trabalhador

até 48 horas antes; a concessão de

férias coletivas; o aproveitamento e

antecipação de feriados; a suspensão de

exigências administrativas em

segurança e saúde no trabalho; e o

adiamento do recolhimento do FGTS.

Não foram ainda abordadas, porém,

outras promessas feitas na semana

passada, que tinham como justificativa

a preservação do emprego. Uma delas é

a possibilidade de redução da jornada

em 50% com diminuição proporcional

do salário e apoio da parte do governo.

O governo havia prometido que

compensaria o trabalhador que ganha

até dois salários mínimos com recursos

do Fundo de Amparo ao Trabalhador

(FAT). O

governo calcula que 11 milhões de

trabalhadores poderão ser beneficiados

ao custo de R$ 10 bilhões, bancados

pelo Tesouro porque o FAT é

deficitário.

A MP também não abordou a situação

do trabalhador informal, totalmente

desprotegido. Até o presidente Jair

Bolsonaro percebeu que ambulantes e

trabalhadores informais serão os mais

afetados: “Da nossa parte, criamos um

voucher. É pequeno? É pequeno: R$

200. É o que nós podemos fazer, pra 20

milhões de pessoas”. O auxílio, previsto

para durar três meses também

precisará ser criado legalmente e deverá

27

beneficiar quem não recebe algum

outro tipo de ajuda, como Bolsa

Família. Calcula-se que o custo

potencial é de R$ 11 bilhões se 18

milhões de pessoas forem beneficiadas.

Mas o universo total de informais chega

a 38 milhões de pessoas.

Enquanto o governo tropeça na criação

das novas regras, o noticiário já traz a

paralisação de indústrias e empresas de

varejo, e a previsão de demissões acima

de 5 milhões de pessoas.

https://valor.globo.com/opiniao/noticia/2020/03/25

/governo-tropeca-no-apoio-ao-mercado-de-

trabalho.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Opinião, quarta-feira 25 de março de 2020.

O desafio ético da pandemia

A instabilidade financeira e a

iminente recessão que estamos

vendo chegar vai infligir danos

enormes sobre os países

emergentes

Por Martin Wolf

O coronavírus só quer saber de se

replicar. Nós queremos interromper

essa replicação. Ao contrário dos vírus,

seres humanos podem fazer escolhas.

Esta pandemia entrará para a história.

Mas a maneira como entrará vai definir

o mundo a ser deixado como legado.

Trata-se da primeira pandemia do tipo

em cem anos. E chega em um mundo

que, diferentemente daquele da gripe

espanhola de 1918, está em paz e goza

de uma riqueza sem precedentes.

Devemos ser capazes de administrá-la

28

bem. Se não formos, este será um ponto

de inflexão, e não será para melhor.

Tomar as decisões certas exige

compreender as opções e suas

implicações morais. Agora nos

confrontamos com dois conjuntos

básicos de escolhas a fazer: dentro de

nossos países e entre fronteiras.

A solidariedade entre países

precisa ser tão forte quanto

dentro deles. A instabilidade

financeira e a iminente recessão

que estamos vendo chegar vai

infligir danos enormes sobre os

países emergentes. Eles

precisarão de muita ajuda para

recuperar suas economias

Nos países de alta renda, a principal

escolha é o grau de força com que

devemos interromper a transmissão do

vírus. Também precisamos decidir,

porém, quem vai arcar com os custos

dessa escolha e como.

Alguns argumentam que é errado fazer

a economia entrar em recessão para

suprimir a transmissão do vírus. Isso,

dizem, vai causar uma desestabilização

desnecessária. Se, em vez disso,

permitirmos que o vírus se dissemine

com relativa liberdade, podemos

alcançar a “imunidade de grupo”,

sustentar a economia e ainda orientar

recursos para os vulneráveis.

Ainda não está claro, no entanto, se a

economia se sairia melhor sob essa

política de “mitigação” relativamente

“laissez faire” do que sob uma

“supressão” assertiva. Bem antes dos

confinamentos impostos pelos

governos, muitas pessoas já haviam

deixado de viajar e de ir a restaurantes,

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cinemas e lojas. Além disso, ações

decisivas de supressão do vírus,

acompanhadas de testes e do

rastreamento das novas infecções,

poderiam, muito bem, acabar com o

declínio econômico antes do que seria

de outra forma.

O que parece estar bastante claro é que

o sistema de saúde mundial se sairia

muito melhor com uma supressão do

que uma uma mitigação. Os sistemas de

saúde dos Estados Unidos e do Reino

Unido ficariam sobrecarregados no caso

de uma mitigação, segundo a equipe de

reação à covid-19 do Imperial College

London: grandes números de pessoas,

predominantemente idosas, seriam

deixadas para morrer sem tratamento.

Foi, supostamente, para evitar que isso

acontecesse na China que o governo

chinês suprimiu o vírus tão ferozmente

em Hubei. Será que uma calamidade

pública inaceitável na China seria

aceitável no Reino Unido ou nos EUA?

Os críticos, contudo, também estão

certos: será impossível paralisar

grandes partes de nossas economias por

muito tempo. Caso se opte pela

supressão, essa abordagem precisa ser

bem-sucedida rapidamente e o

ressurgimento do vírus precisa ser

sufocado. Por seu lado, governos

nacionais e bancos centrais precisam

tentar manter o máximo possível da

economia em funcionamento, preservar

o máximo possível de capacidade

produtiva e garantir que as pessoas,

acima de tudo as mais vulneráveis,

sejam generosamente atendidas de

qualquer forma que um país considere

praticável.

A solidariedade entre países precisa ser

tão forte quanto dentro deles. A

instabilidade financeira e a iminente

recessão (provavelmente uma

29

depressão) que estamos vendo chegar

vai infligir danos enormes sobre os

países em desenvolvimento e os

emergentes. O Fundo Monetário

Internacional (FMI) calcula que US$ 83

bilhões já saíram das economias

emergentes. A queda nos preços das

commodities, das quais muitos países

em desenvolvimento e emergentes

dependem, também é profunda.

Esses países também vão precisar lidar

com a disseminação doméstica do vírus

e o enfraquecimento de sua própria

demanda doméstica. Sua capacidade

para administrar tais pressões internas

e externas é limitada. Poderíamos ter

como resultado enormes desastres

sociais e econômicos. O FMI já recebeu

80 pedidos de sua linha de crédito

rápida. Os déficits agregados de

financiamento externo dos países em

desenvolvimento e emergentes

provavelmente estão bem distantes da

capacidade de concessão de crédito do

FMI.

Esses países vulneráveis vão se

beneficiar se os países de alta renda

forem bem-sucedidos na supressão da

doença e no socorro às próprias

economias. Mas isso não se dará no

curto prazo. Os países em

desenvolvimento e emergentes

precisarão de muita ajuda. Isso também

vai ajudar na recuperação econômica de

cada país. O vírus é um problema

compartilhado. O tombo mundial que

se aproxima, também. Questões

práticas e de solidariedade justificam

que a ajuda seja generosa.

O mesmo vale dentro da região do euro.

A característica definidora da união

cambial é que os membros individuais

abriram mão do seguro da autonomia

fiscal e da soberania cambial em favor

de mecanismos coletivos. Durante a

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crise financeira mundial, isso em

grande medida deixou a desejar no caso

de vários países membros. Naquela

situação, contudo, argumentos morais

podiam plausivelmente sustentar que

isso se deu, em boa parte, por culpa

deles próprios. Esta pandemia não é

culpa de ninguém. Se a região do euro

não puder mostrar solidariedade em

crises como esta, seu erro não será

esquecido nem perdoado. As feridas

serão profundas, talvez mortais. Se não

houver solidariedade visível em uma

crise na qual ninguém tem culpa, o

projeto europeu estará moralmente, e

talvez até do ponto de vista prático,

morto.

Além disso, qualquer auxílio entre

fronteiras não pode ser só financeiro.

Ajuda médica também será necessária.

Um passo crucial será acabar com os

controles de exportação que vem

derrubando as cadeias de fornecimento

médicas.

Felizmente, a doença que enfrentamos

agora não é nem de perto tão ruim

quanto as pragas que repetidamente

devastaram as vidas de nossos

ancestrais. Ainda assim, é algo que

virtualmente nenhuma pessoa viva já

testemunhou. É um problema de ordem

prática, que precisa ser enfrentado com

decisões bem informadas. Mas também

é um problema ético. Deveríamos

reconhecer ambos os aspectos das

decisões que precisamos tomar.

Os líderes devem mostrar serenidade e

se valer do uso da razão? Devemos

derrotar a doença e ao mesmo tempo

minimizar os danos econômicos?

Devemos assegurar que as pessoas e

países menos favorecidos estejam

protegidos? Devemos escolher a

solidariedade em vez da hostilidade e a

responsabilidade mundial em vez do

30

nacionalismo voltado para dentro?

Devemos tentar deixar de herança um

mundo pós-pandêmico melhor em vez

de um pior? Ao contrário dos vírus, os

seres humanos podem escolher. Que

escolham bem. (Tradução de Sabino

Ahumada)

Martin Wolf é editor e principal

analista de economia do FT

https://valor.globo.com/opiniao/coluna/o-desafio-

etico-da-pandemia.ghtm

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Valor Econômico

Caderno: Empresas, quarta-feira 25 de março de 2020.

Siderurgia europeia corta produção e prevê prejuízo

Um motivo importante é o

fechamento temporário de todas

as instalações das montadoras de

veículos na região

Por Michael Pooler — Financial

Times

As siderúrgicas europeias, que já

passavam por um péssimo momento no

mercado, reduziram a atividade e

interromperam linhas de produção para

preparar-se contra as consequências do

novo coronavírus. Empresas como

ThyssenKrupp e Tata Steel decidiram

agir em razão da queda nas

encomendas, da falta de pessoal

disponível ou por precaução de

segurança contra infecções, enquanto a

rival Liberty House fechou alguma de

suas usinas menores temporariamente.

A ArcelorMittal, maior produtora de

aço do mundo, reduziu a produção na

maior parte de suas fábricas na Europa

e previu que a pandemia provavelmente

colocará as siderúrgicas europeias “sob

intensa pressão”.

Um motivo importante é o fechamento

temporário de todas as instalações das

montadoras europeias de veículos, sinal

de como o impacto da covid-19 está

reverberando pelas cadeias de

fornecimento industrial.

31

“Este vai ser um ano de prejuízos para a

indústria siderúrgica europeia”, disse

James Campbell, da firma de

consultoria especializada em

commodities CRU. “[A indústria] havia

acabado de passar por um ano ruim e

2020 será muito pior”, disse.

O quadro levou analistas do banco de

investimento Jefferies, por exemplo, a

reduzir sua previsão de lucro para o

setor em 20%.

Para uma indústria básica como a

siderúrgica, considerada pedra angular

de qualquer economia industrial

moderna, o temor é que o período de

pouca atividade acabe se prolongando e

deixando impactos duradouros.

Embora usinas siderúrgicas da

Espanha, Itália, Alemanha, Holanda e

Polônia e de boa parte do resto do

mundo tenham sido afetadas, alguns

especialistas acham que o Reino Unido

poderia estar particularmente

vulnerável, porque sua indústria de aço

tem altos custos de produção e um

legado de investimentos insuficientes.

“A indústria siderúrgica do Reino Unido

é o elo mais fraco na Europa, mesmo

que esteja menos exposta ao [setor]

automotivo”, afirmou um assessor.

O setor siderúrgico europeu nunca se

recuperou plenamente da crise

financeira de 2008 e 2009, que resultou

no fechamento de usinas e em

demissões em massa.

Desde então, as siderúrgicas europeias

têm enfrentado problemas com o

aumento nos níveis de importação, o

que é agravado pelo esquema de

créditos de carbono da União Europeia,

que tributa fábricas poluidoras.

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O bloco econômico foi pego no meio de

uma guerra comercial entre Estados

Unidos e China, cujo resultado foi um

aumento nas remessas de aço para a

Europa em um momento no qual os

preços e a demanda já estavam baixos.

A associação setorial Eurofer

argumenta que as medidas de proteção

de Bruxelas na área de comércio

exterior são inadequadas.

Certos nichos do mercado da siderurgia

vêm se beneficiando porque os

consumidores passaram a comprar

mais produtos enlatados e pilhas para

aparelhos eletrônicos em reação ao

confinamento em suas casas, mas não

se tratam de segmentos muito

significativos.

As montadoras representam

aproximadamente 20% do consumo de

aço na Europa. Também se prevê uma

forte desaceleração no setor de

construção, outro grande usuário de

aço.

Um mês de interrupção no setor

automotivo, em estimativa

conservadora, resultaria em queda de

pelo menos 2% na demanda anual da

região pelo metal, segundo Alex

Griffiths, da firma de consultoria Wood

Mackenzie. “Não estávamos mesmo

esperando crescimento nenhum e isso

daqui vai estragar de vez este ano”,

acrescentou.

Embora nenhum grande corte de

emprego tenha sido anunciado até

agora como resultado do vírus, a

incerteza da profundidade e da duração

do declínio vai pairar sobre as forças de

trabalho, que já vêm sofrendo há anos

com demissões.

A crise do coronavírus abalou o humor

na British Steel, que já havia sido salva

32

da quebra pelo conglomerado chinês

Jinge Group neste mês. “Todos estavam

animados com o futuro, e agora

acontece isso”, disse Paul McBean,

representante sindical na principal

usina da empresa, em Scunthorpe. “A

grande preocupação é quanto tempo

isso vai durar.”

https://valor.globo.com/impresso/20200325/

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Valor Econômico

Caderno: Empresas, quarta-feira 25 de março de 2020.

Movimento falimentar

Falências Decretadas

Empresa: União Motores Elétricos

Ltda. - CNPJ: 00.249.247/0001-46 -

Endereço: Rua Antonio Jasper, 142,

Galpões 04, 05, 06 e 07, Bairro Porto

Grande - Administrador Judicial: Dra.

Simone Muller - Vara/Comarca: 1a Vara

de Araquari/SC

Recuperação Judicial Deferida

Empresa: Celta Serviços Industriais

Ltda. - CNPJ: 19.196.657/0001-02 -

Endereço: Rua Lavras, 100, Bairro

Mathias Velho - Administrador

Judicial: Brizola e Japur Administração

Judicial em Recuperações Judiciais e

Falências, Representada Pelo Dr. José

Paulo Japur - Vara/Comarca: 3a Vara

de Canoas/RS

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/03/2

5/110756ee-movimento-falimentar.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Empresas, quarta-feira 25 de março de 2020.

CVM vai apresentar MP para postergar assembleias

Realização das reuniões anuais de

acionistas, que devem ocorrer até

30 de abril, pode ficar

comprometida por causa do

avanço do coronavírus

Por Juliana Schincariol — Do Rio

A Comissão de Valores Mobiliários

(CVM) trabalha junto com outros

órgãos do governo federal em uma

proposta de medida provisória (MP)

para viabilizar o adiamento de

assembleias de empresas no Brasil, cuja

realização pode ficar comprometida por

causa do avanço do coronavírus, apurou

o Valor. Segundo uma das fontes

envolvidas na discussão, a sugestão de

adiamentos das assembleias deve ser de

seis a nove meses. No momento, estão

sendo feitos os ajustes finais no texto.

Pela lei atual, os conclaves devem

acontecer, em geral, até o dia 30 de

abril. Em paralelo, o regulador discute

internamente orientar o mercado sobre

a extensão de prazos que pode atender

dentro de sua alçada.

A CVM discute a proposta de MP com o

Ministério da Economia, em especial o

Departamento de Registro Nacional e

Integração (Drei). A expectativa é

apresentá-la nos próximos dias.

34

A proposta de MP deve ficar em linha

com a da Associação Brasileira das

Companhias Abertas (Abrasca), já

apresentada, e que menciona uma

extensão de prazos de 90 dias,

prorrogáveis por mais 90, em um total

de seis meses. O texto da Abrasca fala

em extensão das mudanças também

para as companhias de capital fechado.

A entidade quer que as reuniões

também possam ser realizadas fora da

sede das companhias, presenciais ou

não.

Na semana passada, a CVM informou

que analisava prazos para realização

das reuniões. O regulador foi procurado

por companhias preocupadas com o

assunto e em alguns casos, em reuniões

internas, sinalizou que não iria abrir

processos sancionadores contra as

companhias em caso de atrasos. O

presidente da autarquia, Marcelo

Barbosa, também disse em entrevista

ao Valor que mantinha conversas com

o Ministério da Economia.

Há chances de que a covid-19 atinja seu

pico no Brasil nas próximas semanas,

na época da realização das assembleias,

que costumam englobar a aprovação

das demonstrações financeiras,

distribuição de dividendos e eleição de

conselheiros e administradores. E a lei

das S.A. não prevê que sejam realizadas

após o prazo estipulado, mesmo em

caso de força maior. Diante das dúvidas

sobre a realização dos conclaves,

algumas empresas adiaram sua

realização, caso de Lojas Renner e

Magazine Luiza.

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Em paralelo, a Odebrecht obteve uma

decisão judicial para realizar sua

assembleia de credores de forma

virtual. A reunião deve ocorrer na

próxima semana, garantindo a votação

de seu plano de recuperação judicial. A

reunião foi autorizada pelo juiz João de

Oliveira Rodrigues Filho, da 1ª Vara de

Falências e Recuperações Judiciais de

São Paulo.

As mudanças de prazos que não

dependem de lei e que podem ser

determinadas pela CVM também estão

em estudo, segundo uma fonte. “No

momento, a CVM trabalha em todos os

assuntos que envolvam prazos”,

afirmou. A expectativa é dar orientações

ao mercado em breve.

A MP 928 editada recentemente pelo

presidente Jair Bolsonaro, que afeta a

lei de acesso à informação, tem impacto

sobre a CVM. O texto diz que não

correrão prazos processuais em

desfavor dos acusados e entes privados

acusados em processos administrativos

enquanto perdurar o estado de

calamidade no país por causa do

coronavírus.

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/03/2

5/cvm-vai-apresentar-mp-para-postergar-

assembleias.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Empresas, quarta-feira 25 de março de 2020.

Trabalhador leva tráfego de dados para casa

Com ociosidade na área

empresarial, operadoras podem

fortalecer o acesso residencial

Por Ivone Santana — De São Paulo

Ministro Pontes: criação de comitê para

promover o funcionamento das redes e

o acesso da população durante a crise —

Foto: Divulgação

Enquanto o tráfego de dados migra das

empresas para as residências, com os

trabalhadores em “home office” por

causa da pandemia criada pelo novo

coronavírus, a covid-19, muita

capacidade de transmissão ficará ociosa

no meio empresarial. Do lado

residencial, a expectativa é de

congestionamento das redes.

36

Como gestoras, as operadoras devem

transferir o tráfego das empresas para

as residências. No caso de redes

privativas, em que as empresas pagam

muito para ter capacidade garantida, o

tráfego pode ser redirecionado sem que

essas companhias saibam. Isso é

considerado normal e regular por fonte

do setor. O importante, diz, é que a

empresa tenha disponível a capacidade

que contratou a qualquer hora que

precisar. O movimento faz parte da

administração do tráfego da operadora.

Antigamente, as empresas contratavam

linhas privadas, que eram por fio de

cobre, com pouca capacidade. Agora, o

meio é principalmente fibra óptica e

radiocomunicação, com o satélite para

espelhar esse tráfego e alcançar áreas

remotas ou de baixa densidade

populacional.

Pode-se falar dessas redes também

como linhas ponto a ponto, que saem de

um ponto da operadora e vai para

outro. A comunicação de uma empresa

com suas filiais ou parceiros é formada

por várias linhas ponto a ponto.

Grupos de todos os setores contratam

essas redes privativas e pagam um valor

alto para ter a capacidade de tráfego só

para o seu negócio, mesmo que não

usem tudo que está disponível.

Os bancos, por exemplo, usam

intensamente suas redes privadas

durante o dia; à noite, elas ficam

ociosas. A operadora de

telecomunicação pode pegar aquela

capacidade e levar para a rede pública,

transferindo o tráfego dos bancos e de

outras empresas para as casas, diz outro

executivo do setor que prefere ficar no

anonimato.

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Nessa pandemia, parte da população

economicamente ativa se viu

repentinamente levando embaixo do

braço, ou transferindo on-line, seu

trabalho para casa. Um computador de

mesa, um notebook ou um tablet, linha

telefônica e acesso por banda larga dão

vida a jovens “home offices” em todo o

país.

Esses trabalhadores remotos têm

usado, a serviço de seus empregadores,

os recursos disponíveis em suas redes

domésticas, independentemente do

meio físico ou móvel. Quando se

comunicam com os servidores de

comunicação de suas empresas, usam

senhas que funcionam como barreiras

de entrada, os “firewalls”, que cuidam

da segurança.

Nas redes públicas e privadas das

empresas, a segurança da comunicação

é basicamente a mesma. Mas, nessa

última, a empresa pode comprar

equipamentos e sistemas adicionais,

que também podem ser oferecidos pela

tele.

Na semana passada, o ministro Marcos

Pontes, da Ciência, Tecnologia,

Comunicações e Inovações, publicou

portaria criando o comitê Rede

Conectada MCTIC, coordenado por ele

e formado por vários segmentos

empresariais e da sociedade, para o

período da pandemia. Entre suas

atribuições está a de promover a

continuidade do funcionamento das

redes de telecomunicação e

radiodifusão, e de acesso pela

população.

Isso é um desafio. O horário nobre da

internet residencial, que começava no

fim da tarde e início da noite, quando

estudantes e trabalhadores chegam em

casa, agora se dilui durante todo o dia.

37

O temor é que haja estrangulamento

das comunicações.

Isso porque as redes de acesso em

banda larga podem ser comparadas a

tubos muito largos preparados para

escoar tráfego intenso de dados e vídeo.

Possuem “tubulações” paralelas. Desse

modo, se há congestionamento em um

tubo, o tráfego é automaticamente

desviado para outro, mantendo a

comunicação em movimento. Nas

residências, normalmente, tem só uma

rede fixa e uma móvel, embora na

maioria do país o acesso à internet

ocorra só por celular.

“Nos regimes distintos, público ou

privado, não significa que o serviço não

seja de interesse público”, diz Diogo

Moyses, coordenador do programa de

Telecomunicações e Direitos Digitais do

Instituto Brasileiro de Defesa do

Consumidor (Idec). “Há um regime

caduco de telefonia fixa. Reivindicamos

que o acesso à internet, que é regime

privado, seja colocado como serviço de

interesse público”, diz Moyses.

O acesso à internet é regulado pelo

Serviço de Comunicação Multimídia

(SCM). O que não entra nas regras são

os fluxos e conteúdo, as aplicações que

rodam na internet. Mas a portaria visa

protege também o acesso de usuários

aos Serviços de Valor Adicionado, como

as aplicações Over The Top (OTT).

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/03/2

5/trabalhador-leva-trafego-de-dados-para-casa.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Empresas, quarta-feira 25 de março de 2020.

Sem perdão para os inadimplentes

Operadoras estudam como

resolver a questão dos devedores

Por Ivone Santana — De São Paulo

O tratamento que será dado aos

consumidores inadimplentes de

serviços de telecomunicações durante a

crise provocada pelo novo coronavírus

ainda não foi definido pelas operadoras

do setor. As companhias firmaram um

termo de compromisso para estudar

como devem ser endereçadas as

dificuldades dos devedores.

O assunto é discutido pelo comitê

criado pelo Ministério da Ciência,

Tecnologia, Comunicações e Inovações,

com participação da Agência Nacional

de Telecomunicações (Anatel),

empresas e segmentos da sociedade.

Ontem, a diretoria da Agência Nacional

de Energia Elétrica (Aneel) informou

que será vedada a suspensão do

fornecimento de seus serviços por

inadimplência de unidades

consumidoras residenciais urbanas e

rurais, incluindo baixa renda, durante a

crise da covid-19.

38

Para Marcos Ferrari, presidente do

SindiTelebrasil, que representa as

operadoras, essa medida não faz

sentido no seu setor. “Não dá para

limpar o caixa das empresas, elas têm

que manter as redes funcionando”,

disse.

O decreto publicado pelo presidente

Jair Bolsonaro, incluindo

telecomunicação como serviço

essencial, abre espaço para que os

Estados reduzam o ICMS

emergencialmente, para que as contas

dos consumidores fiquem menos

onerosas, disse Ferrari. Para ele, é o

governo que tem o poder de tomar essa

decisão. O setor recolhe R$ 30 bilhões

por ano com o tributo.

Perdoar os inadimplentes “não faz

sentido em qualquer setor, nem o de

energia, muito menos de

telecomunicações”, disse Ferrari. “Isso

gera resultado inverso ao que se deseja,

incentiva o não pagamento.

“Não podemos incentivar o não

pagamento de contas, tem que se

manter a economia ativa em todas as

frentes, disse Diogo Moyses, do Idec.

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/03/2

5/sem-perdao-para-os-inadimplentes.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Legislação e Tributos, quarta-feira 25 de março de 2020.

TST recomendará a tribunais uso de mediação e conciliação

Objetivo é incentivar o uso dos

mecanismos durante pandemia,

para evitar judicialização

Por Beatriz Olivon — De Brasília

39

Luiz Philippe Vieira de Mello Filho:

liminares deveriam ser a última etapa

— Foto: Divulgação/TST

O vice-presidente do Tribunal Superior

do Trabalho (TST), ministro Luiz

Philippe Vieira de Mello Filho, prepara

uma recomendação para que tribunais

trabalhistas realizem mediações e

conciliações entre empresas e

sindicatos neste momento de

pandemia. A ideia central é que, ao

invés de ingressarem com pedidos

urgentes, empresários e trabalhadores

possam se reunir e fechar acordos,

intermediados por integrantes da

Justiça do Trabalho.

A recomendação deve ficar pronta entre

hoje e amanhã e vai se dirigir à Justiça

trabalhista nas esferas municipal,

estadual e federal. Os procedimentos de

conciliação e mediação poderão ser

feitos, respectivamente, por juízes nos

Centros Judiciários de Solução de

Conflitos (Cejuscs), tribunais e, na

esfera federal, pela vice-presidência do

TST.

O objetivo é recomendar o uso dos

mecanismos antes de ser instaurado o

processo, para evitar a judicialização. “É

hora de solução e não de conflitos”,

afirma o ministro Luiz Philippe Vieira

de Mello Filho. “A ideia é dizer que a

Justiça está aberta à mediação. Ao invés

de liminares abrindo ou fechando

estabelecimentos, as partes poderão ir

aos Cejuscs para negociar.”

Para o vice-presidente, as liminares

deveriam ser a última etapa neste

momento para resolver questões locais

de forma adequada. “Evitaríamos

liminares e resolveríamos isso tudo

diante da situação concreta tanto dos

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empregadores quanto dos

trabalhadores”, diz o ministro. O intuito

é evitar decisões extremadas e

equilibrar os conflitos.

A mediação e conciliação pré-

processuais já existem na Justiça do

Trabalho, inclusive no TST. “Tem

solucionado muitos conflitos”, afirma

Vieira de Mello Filho.

A reforma trabalhista (Lei nº 13.467, de

2017) possibilitou esse mecanismo pré-

processual, segundo Samantha Mendes

Longo, sócia do escritório Wald,

Antunes, Vita, Longo e Blattner

Advogados. “O artigo sobre acordo

extrajudicial nada mais é do que sobre

mediar”, diz.

Enquanto o mediador atua como

terceiro imparcial, o conciliador pode

propor soluções para as partes

analisarem. De acordo com a advogada,

a mediação pode ser usada em qualquer

fase antes do processo, realizada por

mediadores judiciais, dentro de

tribunais, ou de forma extrajudicial, em

câmaras de mediação e arbitragem.

É mais vantajoso, acrescenta Samantha,

buscar o acordo extrajudicial do que

entrar com pedidos de liminares ou

ações, especialmente agora com a

suspensão de julgamentos e prazos e o

funcionamento em regime de plantão.

Tanto a mediação quanto a conciliação

podem ser feitas de forma eletrônica.

“Existem várias plataformas que fazem

mediação on-line”, afirma a advogada.

Samantha exemplifica que, na

recuperação judicial da Oi, por meio de

três plataformas on-lines, foram feitos

mais de 50 mil acordos entre credores

da recuperação judicial e devedores.

40

“Absolutamente tudo feito de forma

eletrônica, só levamos para o juiz

homologar”, diz a advogada,

acrescentando que a mediação é

possível para qualquer tipo de conflito.

“O momento atual é bem propício para

meios alternativos de resolução de

conflitos.”

https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2020/03/2

5/tst-recomendara-a-tribunais-uso-de-mediacao-e-

conciliacao.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Legislação e Tributos, quarta-feira 25 de março de 2020.

Coronavírus e as fiscalizações tributárias

Tal como no próprio

enfrentamento do vírus, também

nas questões tributárias a ele

relacionadas a prevenção parece

ser o melhor caminho

Por Daniel Vitor Bellan

O agravamento da crise relacionada ao

coronavírus levou a maioria das

empresas a reduzir ou alterar suas

atividades, incentivando-se o home

office de funcionários como forma de se

reduzir o contato social e, por

consequência, a disseminação da

doença.

A real efetividade destas medidas só

será conhecida nas próximas semanas.

Torcemos, claro, para que elas tenham

sucesso. Enquanto isso, o mundo

jurídico começa a pensar nos efeitos e

impactos do tal vírus. De minha parte,

notei que a pandemia não pediu licença

às autoridades tributárias brasileiras.

Tal como no próprio

enfrentamento do vírus, também

nas questões tributárias a

prevenção parece ser o melhor

caminho

Há uma série de obrigações fiscais cujo

prazo encontra-se em curso, tal como a

41

entrega da declaração de Imposto de

Renda de pessoas físicas. Ainda que se

cogite estender o prazo (tal como já

ocorreu nos EUA), a verdade é que a

rápida entrega da declaração é até

mesmo do interesse dos próprios

contribuintes, especialmente aqueles

que têm restituição a receber.

Do lado das empresas, há a questão do

Sped (escrituração contábil e fiscal) e

também das fiscalizações tributárias em

curso, muitas com prazo de resposta em

aberto. É comum uma mesma empresa

enfrentar múltiplas fiscalizações

tributárias simultaneamente, vindas de

diferentes órgãos federais, estaduais e

municipais. Isso normalmente já é um

desafio no dia a dia empresarial.

A novidade é que as restrições e

contratempos relacionados ao

coronavírus podem dificultar ou até

mesmo impedir a apresentação de

documentos e informações solicitados

por autoridades tributárias em

fiscalizações.

É verdade que houve um rápido

movimento das autoridades fiscais

diante da nova crise (o Conselho

Administrativo de Recursos Fiscais

suspendeu as sessões de julgamento e a

Procuradoria-Geral da Fazenda

Nacional prorrogou a validade das

CNDs). No entanto, no âmbito da

Receita Federal, a Portaria nº 543, do

último dia 20, apenas restringiu o

atendimento pessoal em suas unidades,

mantendo o órgão em funcionamento.

Para algumas atividades ainda se

admite inclusive o atendimento pessoal!

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Embora tenha havido suspensão dos

prazos processuais (prazos legais de

apresentação de defesa ou recurso em

processo administrativo) até 29 de

março (artigo 6º), uma leitura

cuidadosa levanta dúvidas quanto a

aplicação deste dispositivo também

para as fiscalizações, que são,

tecnicamente um procedimento pré-

processual (já que não envolvem ainda

um litígio propriamente dito). Isso pode

parecer um exagero, mas a própria

portaria emprega também a expressão

“procedimento” no artigo 8º, ao se

referir à atividade de malha fina, por

exemplo. Provavelmente não foi a

intenção das autoridades fiscais manter

em curso os prazos de fiscalização,

tendo sido isso o resultado da rápida

edição da norma, como as

circunstâncias exigiam.

Esta mesma preocupação vale para a

recém editada Medida Provisória nº

928, do dia 23, que, aos suspender

prazos, também empregou a expressão

“processos administrativos”.

Como o não atendimento adequado das

solicitações pode ter por efeito o

agravamento de penalidades,

recomendamos atenção especial ao

tema. Na esfera federal, por exemplo, o

contribuinte que não colabora

adequadamente com o Fisco por ter a

penalidade aumentada para 112,5% do

tributo que vier a ser exigido (a multa

normal em autuações fiscais para

contribuintes que colaboram é de 75%).

As fiscalizações tributárias

normalmente já comportavam pedidos

de prorrogação de prazo, especialmente

se feitas dentro de parâmetros de

razoabilidade (uma ou duas

prorrogações, geralmente da mesma

extensão do prazo originalmente

estipulado).

42

No entanto, o atual cenário do

coronavírus pode demandar a

solicitação de prorrogações adicionais.

Isso nos parece razoável e pensamos

que estas solicitações serão em geral

aceitas pelas autoridades fiscais.

Alguns cuidados, porém, devem ser

adotados. As solicitações devem sempre

ser formalizadas por escrito

(atualmente muitos órgãos permitem a

entrega on-line, como é o caso da

Receita Federal via e-CAC/DTE) e,

preferencialmente, fundamentadas. Ou

seja, a empresa deve demonstrar de que

forma exatamente o atual quadro que

enfrentamos está prejudicando a

apresentação das informações e

documentos (licença ou férias coletivas

de funcionários, limitações de TI,

escritório terceirizado de contabilidade

paralisado etc).

É interessante também indicar qual

será o prazo adicional necessário.

Prazos muito longos (superiores a 30

dias) podem enfrentar resistência por

parte das autoridades fiscais. Casos

específicos, porém, que envolvam

grande volume de documentos ou

apuração complexa, podem demandar

prazos superiores.

Ainda que estes pedidos de prorrogação

de prazo não venham a ser

expressamente respondidos pelas

autoridades fiscais (o que infelizmente é

comum), sua apresentação é importante

porque no final do dia o destinatário

final desta solicitação é o órgão julgador

que apreciará o eventual agravamento

de penalidades (Carf, TIT e, em última

instância, o próprio Poder Judiciário).

Este tema certamente será analisado

com cautela e razoabilidade pelos

tribunais administrativos e judiciais. De

toda forma, os cuidados mencionados

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acima podem contribuir para se evitar

maiores problemas ou, ao menos,

deixar o contribuinte em melhor

situação de defesa e com melhores

chances de êxito.

Tal como no próprio enfrentamento do

vírus, também nas questões tributárias

a ele relacionadas a prevenção parece

ser o melhor caminho.

Daniel Vitor Bellan é doutor e

mestre em Direito Tributário pela

PUC-SP, advogado, sócio de Lacaz

Martins, Pereira Neto, Gurevich &

Schoueri Advogados e membro do

Instituto de Pesquisas Tributárias

(IPT)

Este artigo reflete as opiniões do

autor, e não do jornal Valor

Econômico. O jornal não se

responsabiliza e nem pode ser

responsabilizado pelas

informações acima ou por

prejuízos de qualquer natureza

em decorrência do uso dessas

informações

https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2020/03/2

5/coronavirus-e-as-fiscalizacoes-tributarias.ghtml

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43

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Valor Econômico

Caderno: Legislação e Tributos, quarta-feira 25 de março de 2020.

Justiça obriga Loggi a reintegrar entregadores

Juiz considerou que segmento de

entregas é um dos poucos que se

mantêm em funcionamento

durante a pandemia

Por Beatriz Olivon — De Brasília

A Loggi Tecnologia, plataforma on-line

de prestação de serviços por motoboy,

terá que reintegrar 11 entregadores por

decisão da 2ª Vara do Trabalho de

Taguatinga (Distrito Federal). Na tutela

provisória, o juiz substituto Maurício

Westin Costa considerou que o

segmento de entregas é um dos poucos

que se mantêm em funcionamento

durante a pandemia e não havia motivo

para a dispensa.

O magistrado afirma, na decisão, que a

empresa não apresentou os motivos

para o descadastramento dos

trabalhadores ou qualquer

impedimento para realizar um novo

cadastro. Ele acrescenta que, na

situação atual de pandemia de covid-19

pela qual passa o país e o mundo, não

há como exigir dos autores prova de

prejuízo, porque este é absolutamente

presumível, um fato público e notório.

De acordo com o juiz, a atividade da

Loggi, de entregas por motociclistas, é

44

um dos poucos setores que ainda

continuam a funcionar e gerar lucro

para empresas e renda para

trabalhadores. Assim, considerando a

ausência de demonstração de prejuízo

para a empresa e o claro prejuízo aos

entregadores, o julgador decidiu

conceder a tutela provisória.

A decisão determina que a Loggi

providencie o cadastramento dos

entregadores na sua plataforma digital,

permitindo que atuem como autônomos

em condições normais aplicadas a todos

os demais trabalhadores cadastrados na

mesma plataforma. Foi dado prazo de

24 horas para a decisão ser cumprida e

multa de R$ 11 mil. A intimação será

por e-mail. A empresa ainda pode

recorrer (processo nº 0000348-

04.2020.5.10.0102).

https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2020/03/2

5/justica-obriga-loggi-a-reintegrar-entregadores.ghtml

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Caderno: Painel, quarta-feira 25 de março de 2020.

Advogado diz que Eike e irmãos Batista se aproveitam da pandemia para tentar comprar liberdade

Criminalista Alberto Toron diz que

impunidade poderá ser efeito colateral

da crise do coronavírus

O advogado criminalista Alberto

Zacharias Toron é crítico aos acordos

que têm sido costurados com o

empresário Eike Batista e com a J&F,

holding que controla a JBS, dos irmãos

Joesley e Wesley Batista, para levantar

recursos para o combate à crise do

coronavírus.

Ao Painel, Toron afirma que os

empresários estão "aproveitando a

tragédia dos brasileiros para trocar suas

penas por dinheiro para o coronavírus".

"O Brasil pode estar sendo dividido

entre os bilionários que estão dispostos

a pagar por sua liberdade e os simples

mortais. Esse pode ser um gravíssimo

efeito colateral dessa pandemia. A

impunidade não pode ser comprada",

afirma o advogado.

O procurador-geral da República,

Augusto Aras, fechou na segunda

(23), com o empresário Eike Batista, o

primeiro acordo de delação premiada

de sua gestão perante o STF (Supremo

Tribunal Federal).

A colaboração prevê que ele pague

multa de R$ 800 milhões pelos crimes

praticados, dos quais R$ 116 milhões à

45

vista, a partir da homologação dos

termos pelo Supremo.

Na sexta (20), o MPF (Ministério

Público Federal) sugeriu que a J&F

antecipasse R$ 11,4 bilhões em

pagamentos acertados no seu acordo de

leniência, o que a holding recusou.

A ideia é que esses valores sejam

utilizados para fortalecer o orçamento

da saúde durante a pandemia.

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/painel/2020/

03/advogado-diz-que-eike-e-irmaos-batista-se-

aproveitam-da-pandemia-para-tentar-comprar-

liberdade.shtml

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Caderno: Mercado, quarta-feira 25 de março de 2020.

Governo muda regras de atendimento à Lei de Acesso à Informação durante crise

Ficam suspensos os prazos de

atendimento em órgãos cujo pessoal

esteja submetido a quarentena

Fábio Fabrini

BRASÍLIA

O governo federal editou medida

provisória que desobriga

temporariamente órgãos da

administração pública de dar resposta a

parte dos pedidos formulados por meio

da Lei de Acesso à Informação (LAI).

Conforme o texto, assinado pelo

presidente Jair Bolsonaro (sem partido)

na segunda (23), ficam suspensos os

prazos de atendimento às solicitações

de dados e documentos em órgãos cujo

pessoal esteja submetido a quarentena,

teletrabalho ou regimes equivalentes e

que, necessariamente, dependam de

acesso presencial do servidor que vai

analisá-la.

A Controladoria-Geral da União (CGU)

afirma que, se for possível responder de

forma digital, “isso será feito

normalmente, dentro dos prazos da

LAI”. “A MP não compromete esses

casos”, sustentou.

Outra hipótese para sustar o

atendimento se dará quando o pedido

tiver de ser avaliado por funcionário

público designado para o

enfrentamento à Covid-19.

46

“Existem diversas áreas do governo

totalmente envolvidas com o tema,

sendo que algumas respostas dependem

dessas pessoas, que, pela situação

excepcional vigente, não conseguirão

responder os pedidos no prazo

especificado”, justificou a CGU.

As medidas valem até 31 de dezembro

deste ano, fim do estado de calamidade

pública previsto em decreto legislativo

publicado no último dia 20.

Depois dessa data, os requerimentos

pendentes não vão voltar a correr

automaticamente.

A MP de Bolsonaro diz que os cidadãos

que os formularam terão de reiterá-los

no prazo de dez dias.

A nova norma diz que “não serão

conhecidos”, ou seja, nem passarão por

análise de mérito recursos contra

negativas de resposta baseadas na regra

criada pela MP.

O texto, que já está valendo e tem força

de lei, prevê o atendimento prioritário

de pedidos de acesso à informação

relacionados às medidas de

enfrentamento ao novo coronavírus.

A Lei de Acesso à Informação está em

vigor desde 2011. Foi aprovada pelo

Congresso a partir de proposta do

governo Dilma Rousseff.

A legislação regulamenta dispositivos

da Constituição que preveem o acesso

da coletividade aos dados e documentos

produzidos pela administração pública.

A obrigação de transparência consta da

LAI como uma regra geral, salvo

exceções.

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A lei diz que a informação requerida por

qualquer cidadão deve ser respondida

de imediato ou em no máximo 20 dias,

prorrogáveis, justificadamente, por

mais dez.

Em caso de negativa, cabem recursos ao

requerente.

Um dos objetivos da lei é favorecer o

controle social sobre os atos dos

gestores públicos, prevenindo, por

exemplo, a corrupção.

Em um a rede social, o ministro-chefe

da Controladoria-Geral da

União, Wagner Rosário, defendeu a

restrição imposta pela MP.

Segundo ele, trata-se de uma situação

temporária.

“São situações justificáveis,

emergenciais, que vão atrasar um pouco

a respostas. O governo continua

comprometido com a transparência”,

declarou.

A MP não foi submetida a análise prévia

de conselho criado para funcionar como

instância consultiva para questões

relacionadas à LAI.

A Transparência Brasil, uma das

entidades da sociedade civil que

acompanham a aplicação da lei,

afirmou, em notas divulgadas no

Twitter, que a MP é mal redigida e

contraditória.

Um dos problemas, segundo a entidade,

é que o texto trata de suspensão de

prazos mas autoriza o gestor a não

conhecer conhecer recursos.

“O parágrafo 1º [da MP] diz apenas que

os prazos estão suspensos, isto é, um

pedido que deveria ser aceito pode

demorar mais que o prazo legal de 20

47

dias, prorrogáveis por mais 10. Mas o

parágrafo 3º, de forma confusa, fala em

não reconhecer recursos de pedidos

respondidos negativamente”, criticou.

A Transparência Brasil chamou a nova

norma de um retrocesso e disse que

suspeita que, por isso, o governo não

consultou entidades interessadas antes

de editá-la. “Infelizmente, essa é a

marca desse governo”.

“Sabemos o resultado de menos

transparência: mais corrupção e menos

eficiência nas políticas públicas e gastos

governamentais. Já seria grave, mais

ainda nesse momento.”

O Fórum Brasileiro de Segurança

Pública também se manifestou por

meio de nota. A instituição afirmou ter

sido pego de surpresa com a MP

"elaborada com o propósito específico

de limitar o acesso a dados

governamentais".

"É no mínimo contraditório que a

edição dessa MP ocorra em meio a uma

crise de saúde global, em que governos

preparam-se para fazer uso ilimitado de

um grande volume de recursos

públicos", diz a nota.

A alternativa, segundo o fórum, seria

tornar os dados públicos de forma ativa

nos portais de transparência e fazer uso

das informações que podem ser

acessadas pelos servidores por meios

eletrônicos.

"No caso da Segurança Pública, a

transparência de dados faz-se ainda

mais urgente, uma vez que só a

divulgação dos dados nos permitirá

compreender questões decorrentes da

crise de saúde, que envolvem a ação das

forças de segurança, os gastos com

operações e até o aumento da violência

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contra mulheres, que já vem sendo

noticiado em alguns países como China

e EUA", diz a nota.

O Instituto Sou da Paz pediu a

derrubada da MP.

"Reconhecemos o momento delicado

pelo qual o país vive e as limitações

impostas pela exigência de teletrabalho

em várias repartições públicas",

afirmou a organização, em nota.

Porém, segunda a entidade, a

suspensão dos prazos não é a melhor

resposta para o momento.

"Somente com mais transparência, e

não o contrário, será possível reforçar a

informação compartilhada com a

população de modo a evitar pânico,

incentivar a cooperação e trazer

confiança sobre as estratégias de

enfrentamento dos governos frente à

crise", diz a nota.

A MP de Bolsonaro suspende o

atendimento presencial dos pedidos,

prevendo que agora eles só podem ser

feitos pela internet.

Ela também suspende, enquanto durar

a calamidade pública, os prazos de

processos administrativos contra

servidores públicos e entes privados.

Também susta os prazos prescricionais

para a aplicação de sanções aos

envolvidos nesses casos.

A Associação Nacional de Jornais

divulgou nota lamentando a edição da

Medida Provisória 928.

Para a associação, "em situações de

calamidade, a informação pública deve

ser ainda mais transparente,

abrangente e ágil, e não menos".

48

"Embora em situações excepcionais

sejam compreensíveis limitações

isoladas e específicas, tais

circunstâncias deveriam ser

explicitadas nas respostas aos pedidos

de recursos, e não omitidas por força de

uma MP."

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/03/gover

no-muda-regras-de-atendimento-a-lei-de-acesso-a-

informacao-durante-crise.shtml

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Caderno: Mercado, quarta-feira 25 de março de 2020.

Coronavírus leva incerteza a advogados autônomos mas amplia demanda de grandes escritórios

Há ampliação de consultorias

empresariais, enquanto suspensão de

prazos afeta quem atende população de

baixa renda em convênio com

Defensoria Pública

Flávio FerreiraRenata Galf

SÃO PAULO

A suspensão dos prazos processuais e a

criação do sistema de plantão no

Judiciário em razão da pandemia do

coronavírus colocam em risco a renda

de milhares de advogados autônomos e

de pequenos escritórios. Esses não têm

contratos fixos e dependem da

conclusão dos casos para receber os

pagamentos.

Uns dos potenciais afetados são os 47

mil advogados paulistas que atuam na

defesa de pessoas de baixa renda, por

meio de convênio com a Defensoria

Pública estadual. Grande parte desse

contingente depende dessa

remuneração mensal, mas os valores só

são pagos depois do julgamento dos

processos.

Já para os grandes escritórios a crise

gerada pelo coronavírus tem trazido

uma grande demanda de trabalho de

consultoria em algumas áreas. Eles

chegam a contar com centenas de

pessoas, entre sócios e funcionários,

49

mas podem atuar em sistema de

trabalho remoto e têm mais

estabilidade financeira.

O CNJ (Conselho Nacional de Justiça)

suspendeu na semana passada, devido à

crise do coronavírus, todos os prazos

processuais do país (exceto em ações

que envolvam a preservação de direitos

e de natureza urgente) e instituiu um

regime de plantão no Judiciário até 30

de abril —prazo que pode ser

prorrogado.

O setor mais comprometido pela crise

envolve a assistência jurídica pública

gratuita para pessoas que não têm

renda suficiente para arcar com as

despesas de advogados e custas

processuais.

Em São Paulo, essa tarefa

primordialmente cabe à Defensoria

Pública, instituição que recebe recursos

do tesouro estadual, tem autonomia

administrativa e funcional e conta com

777 defensores públicos.

Porém esse número não é suficiente

para atender à demanda do estado, e

por isso a instituição mantém um

convênio com a OAB (Ordem dos

Advogados do Brasil) de São Paulo para

que 47 mil advogados possam trabalhar

nas causas defendendo as pessoas de

baixa renda.

Como a Defensoria só remunera os

advogados depois do julgamento dos

processos, Luiz Eugênio Marques de

Souza, da Comissão de Assistência

Judiciária da OAB-SP, estima que a

suspensão de atividades no Judiciário

por um mês pode impedir pagamentos

de até R$ 15 milhões aos advogados

vinculados aos convênio.

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O cálculo dele tem por base os valores

mais recentes de repasses. “O maior

problema é que não sabemos por

quanto tempo isso ainda vai durar”,

afirmou Souza.

Os advogados autônomos e pequenos

escritórios não vinculados ao convênio,

principalmente aqueles que atuam em

áreas do direito não atendidas pela

Defensoria, como a trabalhista e a

previdênciária, também sentem a

ameaça da queda na remuneração.

Só no estado de São Paulo, das 32 mil

sociedades de advogados, quase 15 mil

são de profissionais que atuam

individualmente, segundo a seção de

São Paulo da OAB.

Além de não terem condições de dar

qualquer previsão para seus atuais

clientes, eles consideram que, durante a

crise, também cairá a quantidade de

novos casos.

A advogada autônoma Daniele

Monteiro, que mora em Campinas (SP)

e atua em casos trabalhistas e

previdenciários, não sabe como vai

manter a renda nos próximos meses.

“Para quem é advogado de pequeno

escritório é complicado, não tenho

fundo de reserva, só tenho ações de

trabalhadores, só recebo quando os

trabalhadores recebem”, disse.

Ela conta que parte das audiências que

foram canceladas estavam marcadas

havia mais de seis meses. “Meus

clientes estão preocupados, me

perguntam como vai ficar diante de

todos os cancelamentos. É uma

angústia dizer que não tenho uma

resposta agora, eles têm na gente uma

esperança, mas temos que aguardar até

uma segunda ordem”, afirmou.

50

O impacto na entrada de novos

processos também já está sendo sentido

nos escritórios. “Estamos bem

preocupadas, embora a gente tenha

uma pequena reserva. Alguns clientes já

ligaram pedindo para não fazer

pagamentos ou para pagar menos”,

conta Bruna Sillos, que tem um

escritório com mais uma sócia em São

Paulo. “Todos estão inseguros, ninguém

consegue assinar nada novo, ninguém

quer entrar com nenhuma ação.”

O Conselho Federal da OAB na última

semana anunciou que criará um fundo

emergencial para receber doações

voltadas a advogados em crise

financeira. OABs estaduais podem

prorrogar prazos de pagamento das

anuidades da ordem dos meses de

março a maio.

O presidente da OAB de São Paulo, Caio

Augusto Silva dos Santos, disse que a

entidade está debatendo medidas de

apoio financeiro à classe. “Vamos levar

essa discussão para os governos

específicos no sentido de priorizar

linhas de crédito para profissionais da

advocacia”, afirmou.

Se por um lado o trabalho está

minguando para os pequenos

escritórios, nas grandes bancas

jurídicas a procura dos clientes por

informação sobre como proceder frente

à crise se intensificou. Clientes com

questões sobre proteção de dados

digitais e trabalho remoto (home office,

em inglês), revisões contratuais,

dúvidas trabalhistas e tributárias são

alguns dos exemplos.

O escritório Opice Blum, Bruno,

Abrusio e Vainzof, especializado em

direito digital, teve um aumento de

trabalho de 40% na área de proteção de

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dados, segundo o sócio-fundador

Renato Opice Blum.

“A área tecnológica está com uma

demanda forte. Há questões sobre

dados pessoais que podem sofrer

vulnerabilidades em função do aumento

no número de conexões, sobre a

mudança ou implementação de novas

medidas para dar mais segurança e

sobre a questão mais atual, de dados de

saúde”, disse o sócio.

O advogado Flávio Pereira Lima, do

escritório Mattos Filho, conta que no

momento a preocupação tem sido

mapear os possíveis cenários e analisar

o efeito da pandemia em cada contrato.

Segundo ele, é preciso identificar

maneiras de seus clientes cumprirem os

contratos, ainda que de forma diferente

do que tiver sido inicialmente acordado.

“Em um cenário extremo como esse é

preciso mudar a forma de resolução

desses conflitos, encontrar soluções em

que todos percam menos, negociando

com todos os envolvidos nessas

cadeias”, afirmou.

O escritório Demarest, por exemplo,

criou uma plataforma com conteúdos

jurídicos sobre as medidas que vêm

sendo tomadas frente à crise e sobre

suas repercussões jurídicas. De acordo

com a advogada e sócia do escritório

Maria Helena Bragaglia, é preciso

cuidado na hora de rever um contrato.

“Muita gente já está querendo usar o

coronavírus como caso de força maior,

para minimizar obrigações, mas isso

não é automático”, afirmou Bragaglia.

Já o escritório Lobo de Rizzo organizou

uma série de webinars para

empresários. Entre os temas abordados

estão, além dos impactos trabalhistas e

51

contratuais, também as repercussões no

direito de ir e vir das pessoas.

O contato com clientes via palestras

online também foi adotado pela banca

jurídica Souto Correa. Na manhã de

sexta-feira (20), advogados da firma,

todos em home office, se revezaram

para aconselhar e tirar dúvidas de

clientes. Segundo assessoria do

escritório, cerca de 300 pessoas

acompanharam a webinar no Brasil e

no exterior.

Entre os advogados autônomos, Daniele

Monteiro também diz estar recebendo

dúvidas dos seus clientes sobre quais

são seus direitos diante da pandemia e

sobre o que os empregadores devem ou

não fazer. No entanto, ela não sabe

como transformar esse tipo de consulta

em renda.

“Como eu vou cobrar por informações

que eu envio pelo WhatsApp? Eu não

posso pedir para eles irem ao escritório,

porque eu mesma não estou indo”,

disse Monteiro.

Apesar da incerteza econômica, ela

acredita que manter o Judiciário

funcionando normalmente não é uma

boa opção. Advogados previdenciários

que atendem pessoas mais velhas ou

sem acesso à internet não teriam opção

de se comunicar virtualmente com seus

clientes, forçando ambos ao contato

social, afirmou.

Maira Machado, que é autônoma e atua

em causas de direito criminal e de

família, conta que, até 16 de março,

ainda tinha audiências, na mesma

semana, que ela não sabia se seriam ou

não canceladas. Ela conta que até

receber a confirmação do cancelamento

viveu um impasse.

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“Eu tinha quatro testemunhas de defesa

para levar, e uma delas era filho de uma

enfermeira. Comecei a me preocupar

por ter que escolher entre exercer uma

defesa efetiva e colocar a saúde das

pessoas em risco”, disse.

Para além das testemunhas, a advogada

Caroline Marchi, do escritório Machado

Meyer, aponta que mesmo dar

andamento aos processos eletrônicos

pode ser complicado. Ela explica que,

com as medidas que estão sendo

adotadas pelas empresas, que podem ir

desde home office até férias coletivas e

individuais, nem sempre é possível ter

acesso a documentos ou até mesmo

realizar os pagamentos exigidos

durante o processo.

Para lidar com a nova rotina, enquanto

a crise persistir, cada um tem criado

estratégias distintas. A advogada

Amanda Claro, que tem um escritório

em São Paulo com outras duas

advogadas, conta que tem feito reuniões

virtuais diárias, sempre no mesmo

horário. “Estamos tentando levar o

trabalho como se não houvesse

suspensão, manter sensação de

normalidade, e tentar passar essa

tranquilidade para os clientes”, relatou.

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/03/coron

avirus-leva-incerteza-a-advogados-autonomos-mas-

amplia-demanda-de-grandes-escritorios.shtml

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Caderno: Poder, quarta-feira 25 de março de 2020.

Entenda a suspensão de prazos de processos judiciais na crise do coronavírus

Determinação do Conselho Nacional de

Justiça vale até 30 de abril e atinge país

inteiro

Renata Galf

SÃO PAULO

Diante da crise do coronavírus, o CNJ

(Conselho Nacional de Justiça)

determinou na última quinta-feira (19)

a suspensão de todos os prazos

processuais do país. A medida assinada

pelo ministro Dias Toffoli, presidente

do STF, não se aplica apenas ao

Supremo Tribunal Federal e à Justiça

Eleitoral.

Durante a suspensão, os prazos dos

processos judiciais deixam de correr.

Assim, quando os prazos forem

retomados, eles voltam a contar de

onde pararam. A suspensão também

não se aplica a processos que envolvam

a preservação de direitos e de natureza

urgente.

53

Sessão ordinária do CNJ, com o ministro Dias

Toffoli, no fim do ano passado - Gil Ferreira -

17.dez.19/Divulgação CNJ

A determinação, que prevê também o

regime de plantão extraordinário, foi

elaborada por uma comissão composta

por membros do CNJ, da Ajufe

(Associação dos Juízes Federais do

Brasil), da AMB (Associação dos

Magistrados Brasileiros), da Anamatra

(Associação Nacional dos Magistrados

da Justiça do Trabalho) e da OAB.

Até então, cada tribunal vinha adotando

medidas diferentes, em alguns casos

suspendendo prazos e audiências e em

outros suspendendo audiências sem

suspender prazos. Escritórios de

advocacia viam com receio a falta de

unidade, que poderia acarretar em

insegurança jurídica.

ENTENDA A MEDIDA E SEUS

EFEITOS

Qual foi a decisão do CNJ?

O Conselho Nacional de Justiça

determinou na última quinta-feira (19)

a suspensão de todos os prazos

processuais do país e a criação de

sistema de plantão judiciário pelo

menos até 30 de abril.

O que significa a suspensão dos

prazos?

Durante a suspensão, os prazos dos

processos judiciais deixam de correr.

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Quando os prazos forem retomados,

eles voltam a contar de onde pararam.

Os prazos foram zerados?

Não, isso aconteceria caso tivesse sido

determinada a interrupção dos prazos,

o que não ocorreu.

Por quanto tempo os prazos estão

suspensos?

Da data de publicação da resolução, que

ocorreu em 19 de março, até 30 de abril.

A depender da avaliação nacional

diante da pandemia, a medida poderá

ser prorrogada.

A decisão vale para processos

eletrônicos?

Sim, a suspensão vale tanto para

processos físicos como eletrônicos

Os prazos de todos os processos

estão suspensos?

Não, os prazos continuam valendo para

processos de natureza urgente e que

envolvam a preservação de direitos,

como concessão de habeas corpus,

questões envolvendo a guarda de

menores de idade, prisão domiciliar,

invasões de propriedade.

Como será definido quais

processos são de natureza

urgente?

Essa decisão caberá a cada juiz.

Segundo a presidente da Anamatra,

Noemia Porto, que integrou o comitê,

adotou-se um conceito amplo, pois

seria muito difícil para o CNJ antever

todas as medidas concretas que

poderiam ser considerados urgentes.

Segundo Renata Gil Videira, presidente

da AMB, situações envolvendo a crise

do coronavírus poderão ser

consideradas de caráter urgente, o que

pode incluir desde questões

trabalhistas, até questões envolvendo

54

transporte de pessoas. Ela deu como

exemplo a colação de grau antecipada

concedida a alunos do sexto ano de

medicina no Piauí, para que eles

possam participar do edital do

programa Mais Médicos.

A quais órgãos se aplica a

determinação?

A todo o Poder Judiciário. As únicas

exceções são o STF (Supremo Tribunal

Federal) e a Justiça Eleitoral, que

continuam com prazos correndo.

Com os prazos suspensos, os

processos ficam parados?

Não. O fato de os prazos estarem

suspensos não significa que os

processos ficarão parados. Magistrados

e servidores continuarão trabalhando

em regime de plantão.

O que fica paralisado são as datas para

que as partes —como defesas ou

Ministério Público— recorram de uma

decisão ou tenha um prazo para

apresentar uma manifestação, por

exemplo.

No entanto, como os prazos para as

partes do processo deixam de contar, a

tendência é que os processos parem em

algum momento.

Caso um juiz decida, por exemplo, que

uma empresa deve indenizar um

funcionário, o prazo para que esse

pagamento ocorra —salvo se o caso for

considerado de natureza urgente—, só

passa a correr quando os prazos forem

retomados. Portanto, enquanto a

empresa não realizar o pagamento, este

processo ficará parado, apesar da

decisão do juiz.

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Por que os prazos foram

suspensos mesmo para processos

eletrônicos?

A avaliação do comitê do CNJ foi de

que, com as medidas tomadas em

diferentes estados para evitar

deslocamento da população, o próprio

contato entre partes e advogados para o

devido andamento do processo estaria

prejudicado.

Inicialmente a posição do presidente

nacional da OAB (Ordem dos

Advogados do Brasil), Felipe Santa

Cruz, era de que apenas processos

físicos deveriam ter seus prazos

suspensos.

No entanto, após debate entre os

presidentes das OABs estaduais, Santa

Cruz afirmou que houve entendimento

de que seria melhor suspender o prazo

de todos os processos.

Além disso, Noemia Porto aponta que

não se sabe se os sistemas teriam

condições técnicas de operar

normalmente com todos trabalhando

remotamente.

“Já temos sistemas instáveis, não

sabemos como vai ser a manutenção

dos sistemas quando todos trabalham

remotamente, nunca experimentamos

isso antes”, disse.

Os prazos de prescrição também

estão suspensos?

Segundo a assessoria do CNJ, os prazos

prescricionais, que são levados em

conta para que uma acusação caduque,

também ficam suspensos. No entanto, a

resolução não menciona esses prazos

especificamente.

Para o presidente da Ajufe, Fernando

Mendes, que também integrou o

comitê, eles não estão suspensos. "Há

55

hipóteses legais em que a suspensão do

processo acarreta a suspensão do prazo

prescricional. Mas a mera suspensão

dos prazos não tem esse efeito

automático", afirmou.

Já a presidente da AMB, Renata Gil,

tem o entendimento de que os prazos

de prescrição também estão suspensos.

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/03/enten

da-a-suspensao-de-prazos-de-processos-judiciais-na-

crise-do-coronavirus.shtml

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Caderno: Mercado, quarta-feira 25 de março de 2020.

Empresários pedem segurança jurídica para medidas de restrição contra o coronavírus

Executivos participaram de um

encontro virtual com o presidente do

STF

Batata quente Ao fim do encontro

virtual entre 30 grandes empresários e

o presidente do STF, Dias Toffoli,

promovido pela Fiesp na terça (24),

parte dos presentes saíram com a

esperança de que a PGR (Procuradoria-

Geral da República), em breve,

provocará o STF por medidas capazes

de dar segurança jurídica ao setor

produtivo neste momento de

instabilidade em que diversos estados e

municípios adotam restrições

desencontradas com efeitos prejudiciais

ao suprimento de itens essenciais.

Pressa Especialistas no assunto

afirmam que os empresários não

precisam esperar da PGR a provocação

ao Supremo porque há outras partes

legitimadas para isso, como partidos

políticos, a OAB, as Mesas da Câmara e

do Senado, ou o próprio setor privado.

A Fiesp não poderia por ser estadual,

mas a confederação nacional pode.

Vai você A avaliação no meio, porém,

é que a iniciativa tem riscos. Há receio

de entrar com uma ação no STF pois é

impossível prever o resultado.

No escuro Em uma hipótese, o

Supremo poderia proibir que

municípios e estados fechem suas

56

fronteiras e, em determinada

localidade, a população adoecer por

consequência direta ou não dessa

medida. O ônus, então, recairia sobre

aquele que requereu a proibição ao STF.

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/painelsa/202

0/03/empresarios-pedem-seguranca-juridica-para-

medidas-de-restricao-contra-o-coronavirus.shtml

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Caderno: Mercado, quarta-feira 25 de março de 2020.

Por coronavírus, Procon deixa de recomendar reembolso em dinheiro ao consumidor

Órgão decidiu padronizar mediação

após disparada das reclamações

SÃO PAULO

Diante de uma disparada de consultas e

reclamações, o Procon-SP divulgará um

comunicado nesta terça (24) para os

órgãos de defesa do estado,

fornecedores e consumidores sobre

como pretende tratar as questões de

consumo no período mais crítico da

calamidade pública.

Segundo Guilherme Farid, chefe de

gabinete do Procon-SP, enquanto durar

a crise do coronavírus, a opção do

reembolso em dinheiro ao consumidor

só será solicitada em casos

excepcionais, quando a alternativa de

um crédito não tiver serventia para o

cliente. "O reembolso será garantido

como um direito mas somente após o

período de crise", diz Farid.

Quem tiver seus direitos afetados por

alguma consequência da pandemia

poderá escolher três medidas

preferenciais: 1) reagendar o serviço, 2)

substituir por outro produto ou serviço

equivalente e 3) utilizar crédito para ser

consumido na mesma empresa.

As medidas poderiam evitar a

devolução de dinheiro pelas empresas

que estão com caixa fragilizado pelas

atividades suspensas.

57

"Não adianta ser inflexível neste

momento, não usar do bom senso, da

boa fé, da razoabilidade, e exigir de

imediato todos os direitos do

consumidor. Porque, passada essa crise,

se não for tomada nenhuma

providência de razoabilidade, de

mediação, é possível que as empresas

sequer existam para cumprirem com as

obrigações que assumiram com o

consumidor", afirma Farid.

A orientação, segundo ele, é

compatibilizar a defesa do consumidor

com a necessidade de continuidade da

atividade econômica. "Então, neste

período de crise, o Procon tem

recomendado e vai adotar essa linha de

negociação: que os valores já pagos pelo

consumidor sejam utilizados em crédito

após o período de crise sem nenhuma

penalidade contratual. Ou a empresa

remarca, ou substitui por outro produto

e serviço ou dá crédito para o

consumidor. Nas três hipóteses, sem

penalidade contratual", diz ele.

Casos especiais em que o consumidor

não se encaixar em nenhuma das três

alternativas serão tratados em

negociação específica, diz o órgão.

Por exemplo, se um cliente contratou

um curso de inglês em São Paulo, mas

as aulas foram suspensas por causa da

pandemia, a escola terá de oferecer

alternativa diferente se esse

consumidor não puder usar o crédito

porque teve que se mudar de cidade.

Em outro exemplo, se o consumidor

perdeu a passagem para viajar nas

férias e não puder remarcar em 12

meses, o órgão também pretende

analisar separadamente.

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Apesar da ponderação nas negociações,

o Procon-SP afirma que não vai tolerar

praticas abusivas e má fé, como

disparada de preços de produtos,

como álcool em gel e máscara.

Até segunda-feira (23), o Procon-SP

registrou 5.914 casos, sendo 1.910 sobre

agências de viagens e 1.210 sobre

companhias aéreas.

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/painelsa/202

0/03/por-coronavirus-procon-deixa-de-recomendar-

reembolso-em-dinheiro-ao-consumidor.shtml

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Caderno: Mercado, quarta-feira 25 de março de 2020.

Crise do coronavírus se agrava e setor aéreo precisa de US$ 200 bilhões, diz Iata

Valor é o dobro do estimado no começo

do mês; sem receita, empresas estão à

beira de ficar sem caixa

Ana Estela de Sousa Pinto

BRUXELAS

As empresas aéreas precisam de uma

injeção imediata de recursos de US$

200 bilhões (cerca de R$ 1 trilhão) para

que não haja uma onda de falências,

afirmou nesta terça (24) o diretor-geral

da Iata (associação internacional do

setor), Alexandre de Juniac, em

conferência online.

O dinheiro é necessário para compensar

a perda de receitas provocadas

pela pandemia de coronavírus, que

restringiu gravemente as viagens em

todo o mundo. Como as empresas

precisam honrar seus custos fixos, mas

estão faturando menos, estão em vias

de queimar todo seu caixa, disse Juniac.

Segundo ele, há empresas mais e menos

preparadas para enfrentar a crise, mas

o setor como um todo precisa de uma

injeção urgente (na forma de

empréstimos, garantias ou subsídios).

“No futuro, quando começar a

retomada, o mercado se encarregará de

separar as mais bem administradas das

outras”, afirmou.

A Iata estima que faturamento do setor

aéreo sofra um tombo em 2020 de 60%

59

do que faturou no ano passado, ou US$

252 bilhões (R$ 1,26 trilhão), num

cenário de viagens restritas por mais

três meses e recuperação gradual a

partir de meados do ano.

O número é mais que o dobro do que a

entidade havia previsto no dia 5, antes

de governos por todo o mundo

fecharem aeroportos e proibirem a

entrada de estrangeiros. “Nossos piores

cenários no começo do mês hoje

parecem leves”, disse Juniac.

Para o executivo, a recuperação do setor

aérea deve ser lenta, porque a pandemia

trará recessão, desemprego e perda de

confiança do consumidor.

“Os governos, porém, devem agir

imediatamente para impedir a

destruição do transporte aéreo, que é

crucial para ativar a economia quando

começar a retomada”, afirmou.

A Iata estima que cada dólar perdido

pelo setor de aviação signifique uma

perda de US$ 3,8 no valor adicionado

dos países mais desenvolvidos. “É a

avaição que conecta cidades, gera

negócios e investimentos, e garante 65

milhões de empregos indiretos no

mundo.”

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/03/cri

se-do-coronavirus-se-agrava-e-setor-aereo-precisa-de-

us-200-bilhoes-diz-iata.shtml

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Caderno: Mercado, quarta-feira 25 de março de 2020.

Caixa ampliará para 90 dias suspensão de pagamento de dívidas; juro do cheque especial deve baixar

Medidas fazem parte de novo pacote a

ser anunciado pelo banco nesta quarta

Geralda Doca

Caixa vai ampliar para 90 dias suspensão do

pagamento das dívidas parceladas de pessoas físicas e

empresas Foto: Reuters

BRASÍLIA - A Caixa Econômica Federal

vai ampliar para 90 dias a suspensão do

pagamento das dívidas parceladas de

pessoas físicas e empresas. Na semana

passada, o banco já tinha anunciado

uma pausa nos pagamentos, incluindo a

prestação da casa própria, em 60

dias. Outra novidade deve ser o corte

na taxa do cheque especial, atualmente

em 4,95% ao mês.

As medidas fazem parte de um novo

pacote de ações a ser anunciado pelo

presidente da Caixa, Pedro Guimarães

nesta quarta-feira, no Palácio do

Planalto, após videoconferência do

presidente Jair Bolsonaro com

governadores da região Sudeste.

60

Na tentativa de mostrar alinhamento, o

governo decidiu concentrar os anúncios

no Planalto e não mais de forma

individual por bancos e agentes

públicos.

Na ultima quina-feira, a Caixa já tinha

anunciado um amplo pacote de

medidas, com redução dos juros em

várias linhas de crédito, sobretudo nas

linhas de capital de giro para micro e

pequenas indústrias, além da suspensão

do pagamento de dívidas .

As novas condições do crédito entraram

em vigor na segunda-feira. Veja

aqui como os bancos vão funcionar no

Rio durante o isolamento por causa do

coronavírus.

https://oglobo.globo.com/sociedade/coronavirus-

servico/caixa-ampliara-para-90-dias-suspensao-de-

pagamento-de-dividas-juro-do-cheque-especial-deve-

baixar-24327227

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Caderno: Mercado, quarta-feira 25 de março de 2020.

Empresários defendem ação do governo para ajudar com o pagamento dos salários

Em teleconferência, líderes do varejo

deixaram claro que angústia é quitar

folha salarial que vence no início de

abril

Henrique Gomes Batista

Lojas na tradicional Rua Teodoro Sampaio, em

Pinheiros, fecharam as portas e movimento

acabou Foto: Renato Andrade / Renato Andrade

SÃO PAULO - Líderes do setor

empresarial querem que o governo

adote alguma medida que ajude as

companhias a continuarem pagando

seus funcionários enquanto estão com

seus negócios parados por conta das

medidas adotadas para conter o avanço

do novo coronavírus.

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Um debate realizado na noite desta

terça-feira pela XP Investimentos com

alguns executivos do setor de varejo

revelou que a grande angústia dos

empresários é como efetuar o

61

pagamento da próxima folha salarial,

que vence no dia 5 de abril.

- A folha de pagamento é a maior

angústia de todos os empresários no

momento e ela vence agora no dia 5. A

iniciativa privada não está pedindo

doação, o que se precisa, neste

momento, é no mínimo empréstimo -

afirmou Sebastião Bomfim, fundador

da Centauro.

Carlos Jereissati, do Grupo Iguatemi,

anunciou no evento online que o grupo

está suspendendo o pagamento de

aluguéis de lojas no período em que os

centros de compras estão fechados por

causa da crise do coronavírus, e

reduzindo ao mínimo o valor do

condomínio.

Mas ele disse que as empresas têm um

certo limite de ação e que, nestes casos,

é preciso de uma atuação do governo:

- A gente vê uma bela condução pela

saúde, nos estados e no ministério, mas

não vê a mesma agilidade na área da

economia, para salvar as empresas e os

empregos. A gente precisa que a mesma

agilidade que a saúde tem de um lado, a

economia tenha do outro. Faltam

medidas claras, para a economia real. É

necessário ser criativo para encontrar

caminhos - disse Jereissati, que afirma

que falta um “Mandetta” da economia,

em referência ao ministro da saúde.

Mercado parado

Na mesma linha, Rafael Salles, do

grupo de shoppings Aliansce, afirmou

que sua empresa também está

suspendendo cobranças dos lojistas.

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Embora reconheça que a prioridade

agora é salvar vidas e ajudar as pessoas

que estão no desalento, são necessárias

medidas para evitar que a economia

piore ainda mais a situação de

calamidade social. Ele afirmou que a

crise agora tende a ser muito pior que a

de 2008:

- O mercado parou, não valem as regras

de mercado. Se é um momento de

exceção, são novas soluções que são

necessárias - disse ele.

Os empresários criticaram a MP que o

governo editou - e depois voltou atrás -

que permitia às empresas não pagar

salário por até quatro meses. Cobrando

uma atuação social, inclusive doação e

mobilização para o combate ao

coronavírus, Alexandre Birman, da

Arezzo, afirmou que o momento é de

união nacional:

- O empresário tem que anunciar que a

última decisão será a demissão. Vamos

lutar para evitar isso - disse Birman. -

Neste momento, temos que nos unir,

temos visto, por exemplo, que a união

entre empresários e sindicatos é

fundamental.

https://oglobo.globo.com/economia/empresarios-

defendem-acao-do-governo-para-ajudar-com-

pagamento-dos-salarios-1-24326249

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Caderno: Mercado, quarta-feira 25 de março de 2020.

Empregado terá de provar que contraiu coronavírus no local de trabalho

MP editada pelo governo no domingo

não considera doença como

ocupacional

Cássia Almeida

A MP ainda precisa passar pelos plenários da

Câmara e do Senado Foto: Divulgação

A Medida Provisória 927, editada no

último domingo pelo governo, em seu

artigo 29, determina que os casos de

coronavírus não serão considerados

doenças do trabalho, a não ser que o

trabalhador consiga comprovar que

contraiu o vírus na empresa. A licença

médica ocupacional garante a

estabilidade de 12 meses ao funcionário

quando volta ao trabalho. Além disso, o

patrão é obrigado a continuar

depositando o FGTS no período da

licença. Por doença comum, não há

estabilidade na volta nem depósitos ao

fundo.

- Não dá para saber hoje onde se

contraiu a doença. Agora, há situações

excepcionais. Se o patrão te obrigar a

trabalhar, você pode guardar as

63

mensagens trocadas para comprovar

que foi obrigado a ir trabalhar _ explica

a advogada trabalhista Juliana Bracks.

O Ministério Público do Trabalho

defende que a doença ocupacional por

coronavírus para profissionais de

saúde, segurança e limpeza pública que

estejam atuando na linha de frente no

combate ao vírus deve ser presumida.

_ São os heróis da nação, e o estado tem

dee garantir a estabilidade para esses

profissionais se adoecerem. Estão sendo

submetidos a todo tipo de situação

gravíssima _ afirma a procuradora do

Trabalho Carolina Mercante, que faz

parte do grupo de traballho da Covid-19

do MPT.

Segundo a procuradora, a medida

provisória não exime o empregador que

for negligente ou imprudente com a

saúde do trabalhador ao não seguir as

recomendações do Ministério da Saúde.

Nessas condições, a doença pode ser

considerada ocupacional.

_ Expedimos recomendação para as

empresas de teleatendimento, para ter

menos empregados por turno,

distanciamento de pelo menos dois

metros, equipamento de proteção

individual e home office.

https://oglobo.globo.com/economia/empregado-tera-

de-provar-que-contraiu-coronavirus-no-local-de-

trabalho-24325885

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Caderno: Mercado, quarta-feira 25 de fevereiro de 2020.

Com restrições causadas pelo coronavírus, consumidor pode pedir cancelamento de serviços sem ônus

Código de Defesa do Consumidor

permite ao cliente pedir o cancelamento

dos serviços em situações como a

emergência atual

Renata Okumura, O Estado de

S.Paulo

25 de março de 2020 | 05h00

Diante das restrições impostas

pelo novo coronavírus com a

suspensão de aulas e o fechamento

temporário de academias, muitos

consumidores se perguntam como fica

o pagamento das mensalidades. “A

pandemia atual no mundo dos

contratos é muito devastadora. Quase

todos foram afetados”, afirmou João

Pedro Biazi, advogado e mestre em

Direito Civil pela Universidade de São

Paulo (USP). Segundo o Código de

Defesa do Consumidor, é permitido

ao cliente pedir o cancelamento dos

serviços sem ônus em situações como a

emergência atual que o Brasil enfrenta.

No caso das mensalidades escolares, se

o colégio não pode prestar o serviço

educacional temporariamente, ele não

poderia cobrar a mensalidade. “Ao

contrário das instituições que

conseguiram rapidamente se adaptar às

64

aulas online, algumas não têm estrutura

para aulas remotas. É importante

avaliar se existe ou não a

impossibilidade da prestação dos

serviços educacionais”, disse Biazi.

Código de Defesa do Consumidor Foto:

Divulgação

Além disso, mesmo nas aulas remotas

há uma diminuição do serviço

oferecido. “As aulas online conseguem

mitigar um pouco, mas a parcela total

das atividades não será prestada, como

aulas de laboratório e refeições”,

afirmou ele. Quem perdeu parte da

renda mensal em razão dos prejuízos

econômicos pode entrar em contato

com a direção da escola para pedir o

abatimento desses custos.

Se o contrato não puder ser cumprido, o

consumidor que não realizar o

pagamento não poderá ter o nome

incluído em cadastro de devedores.

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Academias e cursos

A regra é semelhante para academias de

ginástica. Quem pagou adiantado pode

solicitar o reembolso compatível ao

serviço que não chegou a utilizar ou

ainda pedir para o contrato ser

estendido, quando a situação for

normalizada. A possibilidade de

encerramento de contrato anual sem o

pagamento de multas é a mesma para

cursos de idiomas, danças e pré-

vestibulares, por exemplo. Segundo a

Fundação Procon-SP, a solução de

problemas em contratos deverá ser

guiada “pelos princípios da boa-fé,

razoabilidade, proporcionalidade e

transparência, sendo imprescindíveis

equilíbrio e bom senso”.

https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,com-

restricoes-causadas-pelo-coronavirus-consumidor-

pode-pedir-cancelamento-de-servicos-sem-

onus,70003246806

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Caderno: Mercado, quarta-feira 25 de março de 2020.

Senado aprova MP para estimular renegociação de dívida com a União

Medida é uma aposta do governo para

conseguir receber débitos que

dificilmente seriam pagos no cenário

atual; a votação foi unânime entre os 77

senadores que participaram da sessão.

Daniel Weterman, O Estado de

S.Paulo

BRASÍLIA - O Senado aprovou

a Medida Provisória do

Contribuinte Legal, que prevê regras

de estímulo à renegociação de dívidas

de pessoas físicas e empresas com

a União. A norma possibilita que o

governo negocie os débitos abrindo

margem para um "novo Refis" e agora

passará pelo crivo do presidente Jair

Bolsonaro.

A votação foi unânime entre os 77

senadores que participaram da sessão.

O texto já tinha sido aprovado, na

semana passada, pelos deputados.

Senador Antônio Anastasia (PSDB-MG)

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasi

66

A MP é uma aposta do governo para

conseguir receber débitos que

dificilmente seriam pagos no cenário

atual. O texto se limita a dívidas

classificadas como "irrecuperáveis ou

de difícil recuperação". Débitos

relacionados ao Imposto de Renda

(IR) e à Contribuição Social sobre

o Lucro Líquido (CSLL), por

exemplo, poderão ser renegociados.

Dívidas com o Simples Nacional e

o FGTS, por outro lado, não estão

abrangidas.

A medida foi assinada pelo presidente

Jair Bolsonaro em outubro. De acordo

com o governo, será possível alcançar

1,9 milhão de devedores, cujos débitos

inscritos na dívida ativa da União

superam R$ 1,4 trilhão. Além disso, um

montante de R$ 600 bilhões em

processos no Conselho

Administrativo de Recursos

Fiscais (Carf) poderão ser resolvidos.

São dívidas que o governo cobra após

tributos deixarem de ser pagos por

empresas e pessoas físicas.

Em plena crise do novo

coronavírus no Brasil, a medida é

vista como uma saída para empresas

continuarem funcionando apesar da

queda na atividade.

O Senado manteve um dispositivo que

muda radicalmente os julgamentos

do Conselho Administrativo de

Recursos Fiscais (Carf). O trecho

prevê que, em caso de empate nos

processos do órgão, a decisão será

automaticamente favorável aos

contribuintes.

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Por outro lado, os senadores retiraram

a previsão de bônus por produtividade a

auditores fiscais previsto no

texto encaminhado pela Câmara. A

exclusão foi feita após decisão do vice-

presidente do Senado, Antonio

Anastasia (PSD-MG), que apontou o

tema como um "jabuti" incluído

pela Câmara, estranho ao escopo da

MP.

Descontos e prazos

Pela MP, governo e devedores poderão

renegociar os débitos com até 50% de

desconto no valor dos juros e multas.

Será possível conceder um prazo de

quitação de até 84 meses (sete anos).

Para pessoas físicas, micro e pequenas

empresas, Santas Casas e instituições

de ensino, o benefício é ainda maior:

até 70% de desconto e 145 meses para

pagar (12 anos). No texto original, a

ampliação era possível apenas para

pessoa física e micro e pequenas

empresas com prazo menor: 100 meses.

Para dívidas menores, de até 60 salários

mínimos (R$ 62,7 mil), de pessoas

físicas e empresas pequenas, o governo

poderá conceder 50% de desconto sobre

o valor total do débito e negociar um

prazo de quitação em 60 meses (5

anos).

https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,senad

o-aprova-mp-para-estimular-renegociacao-de-divida-

com-a-uniao,70003246626

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Caderno: Mercado quarta-feira 25 de março de 2020.

Alshop anuncia isenção de aluguel a lojistas, mas redes de shoppings negam

Circe Bonatelli

Foto: Ina FASSBENDER / AFP

Após as vendas nos shopping centers

irem à lona com a crise do coronavírus,

a Associação Brasileira de Lojistas de

Shopping (Alshop) publicou um

comunicado afirmando que foi fechado

acordo com os donos dos

empreendimentos para isenção do

aluguel dos varejistas nesse período de

crise. O problema é que esse acordo

nunca existiu. O comunicado pegou de

surpresa até alguns lojistas consultados

pela Coluna do Broadcast. “Foi um

blefe. Nunca teve nada de oficial”, disse

o dono de uma rede de moda, que

reprovou a postura da Alshop. “É

mentira mesmo. Parece uma guerra de

posicionamento para forçar

negociação”, comentou o diretor de

rede de shopping.

68

Alerta. O comunicado da Alshop atraiu

a atenção do mercado financeiro. O

Credit Suisse chegou a publicar um

relatório prevendo queda de 12% a 15%

no lucro operacional de BRMalls,

Iguatemi e Multiplan (maiores

empresas do setor) por mês de aluguel

suspenso, caso essa medida fosse

verdadeira.

Esclarecimento. A Associação

Brasileira de Shopping Centers

(Abrasce) esclareceu que há apenas

uma “sugestão” para as donas das redes

adiarem a cobrança de aluguel, mas não

a isenção, e ainda chamou o

comunicado da Alshop de “nonsense”.

Segundo a Abrasce, os contratos são

individuais e cabem às partes

negociarem.

Resposta. Procurada, a Alshop

afirmou que houve apenas uma

“discrepância” entre os termos usados

pelas associações, mas há entendimento

de que as negociações são individuais.

Também afirmou que é inviável a

manutenção do pagamento do aluguel

sem as lojas estarem operando e

acrescentou esperar que os

empreendimentos se solidarizem.

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Nariz crescendo. A Alshop é

presidida por Nabil Sahyoun e

representa Riachuelo, Polishop,

Pernambucanas, Habib’s, Cacau Show,

Divino Fogão, Amor aos Pedaços, entre

outras. Esta é a segunda vez que a

associação é desautorizada em público.

No Natal, ela divulgou um crescimento

nas vendas na ordem de 9,5%, mas esse

dado foi negado por uma outra

agremiação de lojistas, e a Alshop

acabou “corrigindo” o dado para 7,5%.

Notícia publicada no Broadcast no dia

24/03/2020, às 17h26

https://economia.estadao.com.br/blogs/coluna-do-

broad/alshop-anuncia-isencao-de-aluguel-a-lojistas-

mas-redes-de-shoppings-negam/

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Quarta-feira, 25 de março de 2020

AFRONTA À CONSTITUIÇÃO

MP sobre trabalho retroage para antes da pandemia do coronavírus

Por Luiza Calegari

A Medida Provisória 927, que altera os

contratos de trabalho por causa da

pandemia do novo coronavírus, prevê a

retroação das medidas anunciadas, o

que é inconstitucional. O artigo 36

considera "convalidadas as medidas

trabalhistas adotadas por empregadores

que não contrariem o disposto nesta

Medida Provisória, tomadas no período

dos 30 dia anteriores à data de entrada

em vigor desta Medida Provisória".

MP dá "carta branca" para ilegalidades

cometidas antes da edição da norma Marcos Santos / USP Imagens

Na verdade, são três os problemas com

este único parágrafo. Primeiro, o

ordenamento pátrio não aceita

conceder caráter retroativo a norma

legal. Segundo, o período de 30 dias de

retroação alcança dias em que ainda

não tinha sido registrado o primeiro

70

caso de contaminação por coronavírus

no Brasil. E, por fim, a expressão

"medidas trabalhistas" dá margem para

conceder um "perdão" generalizado por

toda e qualquer irregularidade

cometida pelo empregador no mês

anterior à edição da medida.

Os três pontos foram apontados pelo

advogado Rafael Carneiro em

uma ação direta de

inconstitucionalidade apresentada pelo

Partido Socialista Brasileiro (PSB) no

Supremo Tribunal Federal.

Retroação

A possibilidade de retroação dos efeitos

da medida fere o artigo 5º, XXXVI, que

diz que "a lei não prejudicará o direito

adquirido, o ato jurídico perfeito e a

coisa julgada".

"Com efeito, a medida retira

integralmente a segurança jurídica das

relações de trabalho, concedendo ao

empregador um "perdão" generalizado

por toda e qualquer irregularidade

cometida no último mês", aponta o

advogado na ADI.

Em nota técnica, a Ordem dos

Advogados do Brasil (OAB) também já

tinha chamado a atenção para o mesmo

ponto, conforme aponta outra ADI,

ajuizada pela Rede. Para a OAB, trata-

se de "uma aberrante tentativa de

subtrair direitos adquiridos e atos

jurídicos perfeitos da esfera do

escrutínio judicial".

Início da pandemia

O primeiro caso de Covid-19 no Brasil

foi confirmado em 25 de fevereiro deste

ano. A Medida Provisória foi editada em

22 de março.

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"Logo, além do prazo de 30 dias

previsto na MVP contemplar período

em que sequer havia confirmação de

casos do novo coronavírus no país, não

é razoável supor que os empregadores

implementaram medidas de resposta à

pandemia imediatamente após a

chegada da doença ao Brasil", mostra

Carneiro.

Ou seja, o prazo estipulado na MP

anistia irregularidades trabalhistas

ocorridas fora do contexto da pandemia

(que, aliás, foi decretada pela

Organização Mundial da Saúde em 11

de março).

Expressão genérica

O terceiro problema apontado na ADI é

o uso da expressão vaga "medidas

trabalhistas", que "pode abranger

qualquer aspecto da relação de

trabalho, desde férias, jornada

extraordinária, editadas de segurança e

saúde ocupacional", o que impede

trabalhadores de buscar a tutela judicial

de seus direitos, ainda que esses não

tenham relação com a crise de saúde

vigente.

Luiza Calegari é editora da revista

Consultor Jurídico.

Revista Consultor Jurídico, 24 de

março de 2020, 20h03

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Quarta-feira, 25 de março de 2020

ENTENDIMENTO DO STJ

Nova lei afasta expressamente relação de consumo no contrato de franquia

25 de março de 2020, 9h33

A nova Lei de Franquia (Lei

13.966/2019), que entra em vigor nesta

quarta-feira (25/3), promete trazer

mais transparência e segurança jurídica

para o setor. Ao afastar expressamente

a caracterização da relação de consumo

no contrato de franquia —

entendimento consolidado na

jurisprudência do Superior Tribunal de

Justiça que foi incorporado pelo

legislador —, o novo texto previne

conflitos e contribui para a redução da

judicialização.

Nova Lei de Franquia incorpora

entendimento do STJ sobre

inaplicabilidade do CDC aos contratos

de franquiaReprodução

A reforma da Lei de Franquia assegura

ao franqueado o acesso a mais

informações para embasar sua decisão

de investimento e reduz o campo para

demandas judiciais ao estabelecer a

inexistência de vínculo trabalhista entre

72

as duas partes do contrato, bem como

entre o franqueador e os empregados

do franqueado.

Segundo dados da Associação Brasileira

de Franchising (ABF), o setor

representa atualmente 2,6% do PIB do

Brasil e emprega mais de 1,36 milhão

de pessoas, principalmente nos ramos

de alimentação, saúde, beleza e bem-

estar.

A franquia é uma estratégia de negócios

que comercializa o direito de uso de

marca ou patente, infraestrutura,

práticas comerciais e distribuição.

Segundo a ABF, é um arranjo comercial

no qual a rede franqueadora concede ao

franqueado uma parcela do seu

negócio.

O modelo também pode ser classificado

como uma espécie de clonagem de

negócio. Ele proporciona que o serviço,

o conceito e a imagem da marca sejam

replicados em diferentes localidades,

nas diversas unidades espalhadas pelas

regiões de atuação.

Criação americana

Franquia como nos moldes atuais foi

uma inovação dos Estados Unidos em

1850, quando a fabricante de máquinas

de costura Singer Sewing Machine

Company passou a outorgar licenças de

uso de sua marca para terceiros.

A ideia da Singer era aumentar as

vendas sem a necessidade de expansão

por conta própria. Com o

franqueamento do seu produto, foi

possível atingir outras áreas dos

Estados Unidos.

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Em 1898, a General Motors seguiu a

mesma ideia e iniciou a expansão de

seus pontos de venda, criando o

conceito do que hoje é conhecido como

concessionária de veículos, comum a

todos os fabricantes do ramo.

No mesmo período, a Coca-Cola criou a

sua primeira franquia de fabricação. A

empresa disponibilizou algumas

licenças para que empresários

pudessem produzir e comercializar seus

refrigerantes em outros locais,

garantindo a disseminação do produto

no mercado.

No Brasil, a primeira franquia surgiu

em 1954, na cidade de São Paulo, com a

escola de idiomas Yázigi Internexus.

Em 1994, já no contexto da globalização

e do comércio mundial interligado, o

Brasil aprovou a primeira lei específica

para tratar do tema: a Lei 8.955/1994,

que dispôs sobre o contrato de franquia

empresarial (franchising).

Passados 25 anos do primeiro texto

legislativo, o Congresso Nacional

aprovou, em dezembro de 2019, a nova

Lei de Franquia, com previsão para

entrar em vigor 90 dias após sua

publicação oficial.

Entre as novidades para o setor, estão a

possibilidade expressa de adoção da

arbitragem para solução de conflitos

relacionados ao contrato de franquia

(parágrafo 1º do artigo 7º) e a

inaplicabilidade das normas protetivas

do Código de Defesa do Consumidor

(CDC), que frequentemente eram

invocadas pelo franqueado em litígio

com o franqueador (artigo 1º da nova

lei).

Na sequência, algumas decisões

importantes do STJ sobre o setor de

franquias.

73

Equilíbrio contratual

Em 2006, ao julgar o Recurso Especial

687.322, o ministro Carlos Alberto

Menezes Direito (já morto) afirmou que

a relação entre o franqueador e o

franqueado não está subordinada ao

CDC. Em seu voto, ele destacou as

ponderações da doutrina sobre a

caracterização de consumidor.

"O critério fundamental, sem dúvida,

para a melhor identificação da

existência de relação de consumo é o da

vulnerabilidade, nas suas diversas

projeções, porque permite enlaçar o

Código de Defesa do Consumidor com a

teoria moderna dos contratos, que finca

raízes mais fortes na boa-fé e na

destinação social", argumentou.

Ele lembrou as alterações promovidas

pelo Código Civil de 2002 na questão

dos contratos, disciplinando-os também

sob princípios entranhados no CDC.

"Modernamente, portanto, seja no

regime do Código Civil, seja no regime

do Código de Defesa do Consumidor, há

proteção específica para assegurar o

necessário equilíbrio contratual,

partindo-se do pressuposto de que o

contrato não pode ser instrumento de

proteção a uma das partes contratantes

em detrimento da outra" — afirmou o

ministro, ao defender um

balanceamento entre os conceitos de

vulnerabilidade e de destinatário final.

Menezes Direito disse que, após as

alterações do Código Civil, não é mais

preciso buscar o abrigo do CDC para

proteger o equilíbrio de forças entre as

partes contratantes, "porquanto o

Código Civil tem suficiente instrumento

técnico para calçar as decisões judiciais

que ao longo do tempo foram

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construídas com esse sentido e

alcance".

Contrato complexo

Ao analisar a questão dos contratos no

âmbito das franquias, o ministro

considerou que a própria lei embute no

conceito de franquia empresarial várias

modalidades obrigacionais,

mencionando outros contratos que

estão enlaçados com o de franquia: o de

uso de marca e patente, o de

distribuição exclusiva ou semiexclusiva

de produtos ou serviços, o de uso de

tecnologia de implantação e

administração de negócios.

"É um dos contratos tidos como

complexos, porque prevê uma série de

relações jurídicas entre o franqueador e

o franqueado", destacou.

Ele ressaltou que a existência de um

contrato padrão — tecnicamente, um

contrato de adesão assinado pelo

franqueado — pode induzir uma

apressada conclusão para considerar o

contrato de franquia subordinado ao

CDC. Essa linha de pensamento,

segundo o ministro, busca a aplicação

do artigo 51 do CDC para inibir as

cláusulas abusivas.

Entretanto, Menezes Direito disse que

não é possível, mesmo em uma

perspectiva maximalista, equiparar o

franqueado ao consumidor.

Relação diferenciada

"No contrato de franquia, dá-se uma

transferência do direito de uso do

sistema inerente à franquia conforme o

tipo de franquia, sendo o franqueado

claramente um elo na cadeia de

consumo entre o franqueador e o

consumidor. A relação entre eles não é

de consumo", defendeu.

74

A boa-fé contratual, segundo o

ministro, vale para ambas as partes, já

que o franqueado contrata sabendo com

antecedência aquilo que contrata, não

sendo pessoa fora do mercado,

hipossuficiente ou ignorante da prática

comercial.

"Não se trata nem de relação de

consumo nem de consumidor, nem, no

meu entender, de equiparação a

consumidor. E, o que me parece

relevante: não há falar em tal situação

na existência de prejuízo indireto ao

consumidor. Não é, portanto, caso de

aplicação do Código de Defesa do

Consumidor", concluiu.

Financiamento

Em outro caso referenciado com

frequência sobre o assunto — o REsp

1.193.293, julgado em 2012 —, a

3ª Turma também decidiu que não há

relação de consumo entre o franqueado

e o franqueador.

O caso analisado pelos ministros foi de

um franqueado que firmou contratos de

financiamento em dólar com um banco

para viabilizar a abertura de uma loja

da rede de lanchonetes McDonald's.

Segundo o franqueado, o contrato

assinado para viabilizar a nova loja

previa financiamentos de um banco

norte-americano com a intermediação

do McDonald's. O franqueado se

insurgiu contra a revisão dos valores em

dólar e invocou as regras do CDC

buscando evitar o aumento nas

parcelas.

Ele afirmou que o financiamento estava

vinculado à disponibilização de

equipamentos por parte do McDonald's

para o funcionamento da lanchonete.

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No recurso especial, o franqueado

defendeu a aplicação das regras do CDC

a esse contrato, que lhe seriam

favoráveis, já que o código prevê a

proteção do consumidor como parte

vulnerável na relação.

No entanto, segundo o relator do

recurso, ministro Sidnei Beneti

(aposentado), no caso sob exame é

inviável a equiparação do empresário ao

consumidor, razão pela qual o CDC é

inaplicável.

Atividade empresarial

"Não há como se reconhecer a

existência de relação de consumo, uma

vez que os empréstimos tomados

tiveram o propósito de fomento da

atividade empresarial exercida pelo

recorrente, não havendo, pois, relação

de consumo entre as partes."

Ele disse ter ficado incontroverso nos

autos que os contratos de

financiamento em moeda estrangeira

tinham por objetivo viabilizar a

franquia para exploração da rede de

lanchonetes, ou seja, os empréstimos

tomados tiveram o propósito de

fomento da atividade empresarial – o

que implica a inexistência de relação de

consumo.

Beneti esclareceu que a interpretação

quanto a ser a relação comercial ou de

consumo não exigia o reexame de

provas dos autos, rejeitando a tese de

que o tribunal não poderia rever o caso

em virtude da Súmula 7.

Arbitragem

Ao julgar o REsp 1.602.076, em 2016, a

3ª Turma definiu a possibilidade de

declaração de nulidade de cláusula de

contrato de franquia nos casos em que é

identificado um compromisso arbitral

75

claramente ilegal, independentemente

do estado em que se encontra o

procedimento arbitral.

No recurso analisado pelo colegiado,

uma empresa pretendia anular ou

rescindir contrato de franquia, com a

devolução dos valores pagos a título de

taxas de franquia e de royalties, além do

pagamento de multa, em caso de

rescisão.

O juízo de primeira instância afastou a

cláusula de arbitragem por entender

que o contrato era de adesão e não

estava observando a formalidade do

parágrafo 2º do artigo 4º da Lei de

Arbitragem, segundo a qual a cláusula

compromissória só possui validade "se

o aderente tomar a iniciativa de

instituir a arbitragem ou concordar,

expressamente, com a sua instituição,

desde que por escrito em documento

anexo ou em negrito, com a assinatura

ou visto especialmente para essa

cláusula".

Antes de abordar a questão da

arbitragem, a ministra Nancy Andrighi,

relatora do caso no STJ, destacou que

no contrato de franquia "não há uma

relação de consumo tutelada pelo

Código de Defesa do Consumidor, mas

de fomento econômico, com o intuito de

estimular as atividades empresariais do

franqueado".

Contrato de adesão

Ao considerar correta a interpretação

da sentença, a ministra explicou que "o

contrato de franquia é, inegavelmente,

um contrato de adesão", e que todos os

contratos de adesão, "mesmo aqueles

que não consubstanciam relações de

consumo, como os contratos de

franquia, devem observar o disposto no

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artigo 4º, parágrafo 2º, da Lei

9.307/1996 (Lei de Arbitragem)".

Segundo a relatora, não há

embasamento jurídico para limitar o

alcance do disposto na Lei de

Arbitragem aos contratos

representativos de relações de

consumo. Por outro lado, a ministra

afirmou que entre o artigo 51, inciso

VII, do CDC e o artigo 4º, parágrafo 2º,

da Lei de Arbitragem "há uma grande

área de sobreposição, mas é inegável

que ambos os dispositivos não se

confundem e continuam a proteger

bens jurídicos distintos".

Nancy Andrighi citou o jurista Carlos

Alberto Carmona, para quem a função

do dispositivo da Lei de Arbitragem é

"favorecer o contratante

economicamente mais fraco, a fim de

evitar a imposição da arbitragem como

mecanismo de solução de controvérsias,

ao prever requisitos para a validade do

compromisso arbitral em contratos de

adesão".

Exceções

Conforme a ministra, em regra, a

jurisprudência do STJ indica a

prioridade do juízo arbitral para se

manifestar acerca de sua própria

competência e, inclusive, sobre a

validade ou nulidade da cláusula

arbitral. Porém, "toda regra comporta

exceções para melhor se adequar a

situações cujos contornos escapam às

situações típicas abarcadas pelo núcleo

duro da generalidade e que, pode-se

dizer, estão em áreas cinzentas da

aplicação do direito".

Para Nancy Andrighi, o princípio da

competência-competência (kompetenz-

kompetenz) deve ser privilegiado,

"inclusive para o indispensável

fortalecimento da arbitragem no país".

76

Entretanto, segundo ela, tal princípio

admite exceções em situações

limítrofes, como é o caso das cláusulas

compromissórias "patológicas", dos

"compromissos arbitrais vazios" ou que

não atendam o requisito legal

especificado no dispositivo em questão

da Lei de Arbitragem — "cuja

apreciação e declaração de nulidade

podem ser feitas pelo Poder Judiciário

mesmo antes do procedimento

arbitral". Com informações da

assessoria de imprensa do STJ.

Revista Consultor Jurídico, 25 de

março de 2020, 9h33

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Quarta-feira, 25 de março de 2020

Inconstitucionalidade

Partidos alegam no STF que MP 927 viola direitos fundamentais dos trabalhadores

Um dos partidos questiona a

preponderância de acordos individuais

escritos sobre os demais acordos legais

e negociais.

O PDT, a Rede Solidariedade e o PSB

ajuizaram no STF as

ADIn 6.342, 6.344 e 6.348,

respectivamente, contra dispositivos

da MP 927/20 que facultam aos

empregadores adotar algumas medidas

trabalhistas em razão do estado de

calamidade pública declarado diante da

pandemia do novo coronavírus.

Direitos fundamentais

Na ADIn 6.342, o PDT questiona a

preponderância de acordos individuais

escritos sobre os demais acordos legais

e negociais, a possibilidade de

interrupção das atividades pelo

empregador e a constituição de regime

especial de compensação de jornada,

77

por meio de banco de horas, no prazo

de até 18 meses.

O partido sustenta que a medida

provisória afronta vários direitos

fundamentais dos trabalhadores

listados no artigo 7º da CF, entre eles a

reserva à lei complementar da proteção

contra a despedida arbitrária ou sem

justa causa (inciso I) e a redução de

riscos inerentes ao trabalho (inciso

XXI). Contesta ainda a possibilidade de

prorrogação da jornada de trabalho dos

profissionais da área da saúde, entre

diversos outros pontos.

Redução salarial

A Rede, na ADIn 6.344, argumenta que

o objetivo da MP é permitir a redução

de salário de trabalhadores em até 25%

mediante acordo individual na forma

do artigo 503 da CLT, dispositivo

anterior à CF e incompatível com o

direito do trabalhador à irredutibilidade

salarial, salvo se respaldada em

negociação coletiva.

Ainda segundo a legenda, a

Constituição estabelece a necessidade

de lei complementar para dispor sobre

a multa indenizatória em caso de

despedida sem culpa do trabalhador e,

portanto, o tema não pode ser objeto de

medida provisória. O partido também

argumenta que diversos dispositivos da

MP 927/20 trazem a prevalência do

acordo individual sobre a negociação

coletiva a critério do empregador e à

revelia dos trabalhadores, o que

possibilita restrições a direitos sociais já

conquistados.

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Violação de dispostivos

constitucionais

Na ADIn 6.348, o PSB elenca

disposições da MP que "violam

diretamente dispositivos

constitucionais, orientados a

resguardar a negociação coletiva,

proteger a saúde e a integridade do

trabalhador, garantir o acesso ao

Poder Judiciário e a eficácia dos atos

jurídicos já concluídos".

O partido diz que a medida em

referência consiste em verdadeiro

dissenso principiológico da matriz

constitucional de 88, vez que conta com

determinações que atacam

frontalmente princípios fundantes da

CF, como a dignidade da pessoa

humana, o valor social do trabalho e a

valorização do trabalho humano como

fundamento da ordem econômica.

• Confira a inicial da ação do PSB.

Os advogados Rafael

Carneiro (Carneiros Advogados),

Arthur Vieira Duarte e Gabriella Souza

Cruz assinam a petição do PSB.

Informações: STF.

https://www.migalhas.com.br/quentes/322643/partidos-alegam-no-

stf-que-mp-927-viola-direitos-fundamentais-dos-trabalhadores

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Quarta-feira, 25 de março de 2020

Normas sobre transporte intermunicipal durante a pandemia são questionadas no STF

Para a Rede Sustentabilidade,

"emaranhado de exigências"

compromete a essência do pacto

federativo brasileiro.

quarta-feira, 25 de março de 2020

0

O partido Rede Sustentabilidade

ajuizou ação no STF contra normas do

governo relacionadas ao enfrentamento

do coronavírus, que tratam do

transporte intermunicipal durante a

pandemia. A ADIn 6.343, com pedido

de medida liminar, questiona

dispositivos da lei 13.979/20, e das

MPs 926/20 e 927/20.

Exigências

Na avaliação da legenda, os trechos

violam as competências material e

legislativa dos Estados e do DF para

cuidar da saúde e do transporte

intermunicipal, previstas na CF (artigos

79

23 e 24). O relator é o ministro Marco

Aurélio.

Segundo a Rede, a MP 926 condicionou

a restrição de locomoção intermunicipal

à recomendação técnica e

fundamentada da Anvisa e, por

extensão, do ministério da Saúde. A MP

927, por sua vez, exige para essa

restrição ato conjunto dos ministros de

Estado da Saúde, da Justiça e

Segurança Pública e da Infraestrutura.

Para o partido, esse "verdadeiro

emaranhado de exigências"

compromete a essência do pacto

federativo brasileiro. "Força-se, em

momento de crise, um calhamaço de

medidas extremamente burocráticas

de modo a impossibilitar uma ação

rápida e efetiva conforme verificado no

território de cada ente federativo."

O partido questiona ainda dispositivo

da lei 13.979/20, que prevê que as

medidas contra a pandemia somente

poderão ser determinadas com base em

evidências científicas e em análises

sobre as informações estratégicas em

saúde e deverão ser limitadas no tempo

e no espaço ao mínimo indispensável à

promoção e à preservação da saúde

pública.

"Muitas das medidas adotadas por

governos pelo mundo não têm sólida

comprovação científica", alega. "Tudo é

muito novo no que toca ao

enfrentamento da pandemia”.

• Processo: ADIn 6.343

https://www.migalhas.com.br/quentes/322636/normas-sobre-

transporte-intermunicipal-durante-a-pandemia-sao-questionadas-no-

stf

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Quarta-feira, 25 de março de 2020

Governo facilita operações de empresas estrangeiras no Brasil

Mudança está prevista em IN publicada

nesta terça-feira, 24, no DOU e entra

em vigor em 1° de abril.

quarta-feira, 25 de março de 2020

0

O ministério da Economia publicou

a IN 77/20 que pretende facilitar

operações de empresas estrangeiras no

Brasil. As medidas entrarão em vigor

em 1º de abril.

Além de solicitar pelo portal

único gov.br a abertura de filiais,

sucursais, agências e estabelecimentos

no Brasil, esse tipo de empresa agora

pode cancelar operações sem precisar

de autorização prévia do ministério da

Economia. Basta procurar a junta

comercial da unidade da Federação

onde estiver localizada.

As regras para o funcionamento de

filiais de empresas estrangeiras no país

permitem eliminar a burocracia com a

utilização do papel nesse tipo de

80

operação e estão reunidas na IN

77/20 do Drei - Departamento Nacional

de Registro Empresarial e Integração,

da secretaria de Governo Digital do

ministério da Economia. Alterações de

contrato ou estatuto igualmente podem

ser solicitadas on-line.

O diretor do Drei, André Santa Cruz,

ressalta: “Estamos fazendo um esforço,

enquanto governo, para agilizar e

simplificar cada vez mais as operações

de empresas no país, sejam brasileiras

ou não. A solução digital é, neste

momento, fator decisivo”.

A compilação das regras em apenas

uma única IN ainda permite que os

cidadãos interessados no assunto

deixem de procurá-las em quatro

diferentes normativos que estavam

valendo até então.

Informações: ministério da Economia.

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Quarta-feira, 25 de março de 2020

Adiamento de eventos mostra importância dos contratos

Grandes eventos, como os Jogos

Olímpicos, e eventos menores foram

remarcados. Para advogados, cabe às

partes negociar acordo

• ÉRICO OYAMA

SÃO PAULO

Festival Lollapalooza foi um dos eventos

cancelados em decorrência da pandemia de

coronavírus - Crédito: Lollapalooza

2018/Divulgação

O Comitê Olímpico Internacional

comunicou um fato inédito nesta

terça-feira (24/03): os Jogos

Olímpicos de Tóquio, que

começariam em julho, serão adiados

para 2021 por causa da pandemia do

coronavírus que se espraiou pelo

mundo. Assim como o maior evento

esportivo do mundo, outros eventos

também estão tendo de ser

remarcados. Para tratar de situações

como essa, os contratos possuem

cláusulas tratando de “força maior”.

Advogados ouvidos pelo JOTA não

têm dúvidas de que a pandemia do

81

coronavírus configura força maior.

Quanto às negociações entre as

partes, há um consenso de que o

melhor caminho será o bom senso,

uma vez que estamos passando por

um período excepcional.

No Brasil, o Código Civil estabelece

no artigo 393 que “o devedor não

responde pelos prejuízos resultantes

de caso fortuito ou força maior, se

expressamente não se houver por eles

responsabilizado”.

No entanto, há contratos sem

cláusulas abordando casos de força

maior. “Como as pessoas entendem

que um motivo de força maior

raramente vai acontecer, elas não se

prendem a essa cláusula”, diz Lúcio

Feijó Lopes, sócio sênior do escritório

Feijó Lopes Advogados. “E essas

situações nem são tão raras. Grandes

enchentes e vendavais, por exemplo,

configuram força maior. A partir de

agora devem começar a ver que é

preciso prestar atenção a isso.”

Ainda de acordo com Lopes, no Brasil

as empresas de pequeno e médio

porte tendem a dar pouca

importância à elaboração de contratos

por entender se tratar de um custo.

“Empresas de capital aberto ou de

grande porte que já sofreram

prejuízos por força maior passaram a

dar mais importância aos contratos”,

diz.

No caso dos eventos que já estavam

programados e tiveram que ser

adiados, a recomendação é pela busca

da negociação. “O ideal é haver uma

negociação para mitigar os prejuízos.

Entendo que a remarcação de data é o

melhor caminho”, avalia Luciana

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Abreu, advogada especialista em

direito empresarial e sócia do

escritório Garmeiro Advogados. “Se

houver o cancelamento, os contratos

geralmente trazem cláusulas

abordando essa opção”.

Grandes eventos

O festival de música Lollapalooza, que

seria realizado no começo de abril em

São Paulo, foi adiado para dezembro.

Os ingressos continuam válidos para

a nova data e não houve uma

definição de qual será a política no

caso daqueles que não poderão

comparecer. O site da Tickets For Fun

diz: “em breve divulgaremos todas as

informações sobre a política de

cancelamentos e reembolsos dos

ingressos”.

“Se a pessoa não puder ir, entendo

que deve haver o reembolso integral.

Pode haver flexibilidade no

reembolso, talvez um prazo mais

alongado”, diz André Muszkat, sócio

do CSMV responsável pela área cível.

“O mais importante é a busca do

equilíbrio contratual, com bom senso

de todas as partes.”

Para a advogada Luciana Abreu, o

ideal seria um reembolso parcial.

“Pode ser adotada a mesma política

de quando a pessoa cancela o

ingresso”.

“O consumidor precisa ter seus

direitos respeitados, mas com

equilíbrio. Um exemplo é a medida

provisória que tratou do reembolso

pelas companhias aéreas”, lembra

Muszkat.

A Medida Provisória 925/20,

aprovada semana passada no

Congresso, estabelece prazo de 12

82

meses para que as empresas aéreas

reembolsem os passageiros que

tiveram voos cancelados por causa do

coronavírus. A regra vale para viagens

até o dia 31 de dezembro.

Em situações em que o organizador

do evento se recusar a reembolsar o

valor do ingresso, um dos caminhos é

acionar órgãos de defesa do

consumidor como o Procon. Também

é possível entrar com ação em

Juizados Especiais Cíveis, onde não é

exigido o auxílio de um advogado se a

causa envolver valor até 20 salários

mínimos.

Remarcação de datas

Há grandes eventos cujas novas datas

não foram definidas e existem casos

em que há dúvida se serão realizados.

Os campeonatos estaduais de futebol,

por exemplo, foram paralisados e não

se sabe se serão finalizados.

Os eventos que envolvem celebrações

— como festas de aniversário,

casamentos e formaturas – também

estão sendo remarcados. “É preciso

ver caso a caso. Pode haver um

aumento de valores a depender do

período. O que temos defendido é que

a cooperação e a solidariedade

precisam ser praticadas no

momento”, diz Daniel Koehler, sócio

da área cível do escritório Andrade

Maia.

Se o espaço não tiver mais datas para

a remarcação do evento ou o

contratante quiser desistir de realizar

a festa, o indicado é buscar um acordo

extrajudicial. “Sempre vale tentar

negociações de boa fé entre as partes,

sendo a conversa o pontapé inicial. Se

houver um acordo, recomendo a

formulação de um documento em que

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coloquem suas obrigações, até para

dar uma segurança maior à parte que

pagou”, explica o advogado André

Muszkat.

Importância dos contratos

Os advogados ouvidos

pelo JOTA avaliam que o cuidado

com a elaboração de contratos deve

ser maior após a crise do coronavírus.

“Trabalho na elaboração de contratos

há 15 anos e nunca vi uma situação

como essa. Talvez comecem a

especificar um pouco mais em

contratos situações que podem

acontecer”, avalia a advogada Luciana

Abreu.

Acontecimentos de saúde não

costumam ser previstos em contratos.

“Talvez a partir de agora aqueles

contratos que devem prever força

maior passem a colocar uma

qualificador de ‘pandemias

reconhecidas pela OMS”, projeta o

advogado Lúcio Feijó Lopes. “No

passado, por causa das guerras,

Estados Unidos e Europa passaram a

prever ações em caso de ‘locaute de

pessoas”, lembra.

ÉRICO OYAMA – Repórter

https://www.jota.info/justica/contratos-coronavirus-

importancia-25032020

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