ciclo de debates segurança do paciente e iras - relatório ... · para ampliar este espaço de...

55
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO SÃO PAULO 2015 CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

Upload: votuong

Post on 21-Dec-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

SÃO PAULO

2015

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E

SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A

PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO

PACIENTE: Relatório Final

Relatório Final do projeto apresentado ao

Ministério da Ciência, Tecnologia e

Informação (MCTI) por intermédio do

Conselho Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico (CNPq) e da

Financiadora de Projetos (FINEP).

Referência: Processo nº 457752/2013-0 -

ARC

Coordenação:

Profa. Dra. Anna Sara Levin – Faculdade

de Medicina da USP

Profa. Dra. Maria Clara Padoveze –

Escola de Enfermagem da USP

SÃO PAULO

2015

SUMÁRIO

PREFÁCIO 4

APRESENTAÇÃO 5

1. INTRODUÇÃO 6

2. OBJETIVOS 9

3. METODOLOGIA ADOTADA 10

3.1 Coordenação do Projeto 11

3.2 Comitê Científico do Projeto 11

4. SÍNTESE DAS APRESENTAÇÕES 13

4.1 Eixo Temático 1: Resistência Microbiana nos Serviços de Saúde e na Comunidade 13

4.1.1 Contextualização do Problema no Brasil 14

4.1.2 Contextualização do Problema no Mundo 18

4.1.3 Lacunas de Pesquisa Identificadas 22

4.2 Eixo Temático 2: Sistemas de Vigilância e o desenvolvimento de Recursos Humanos para prevenção de Infecções relacionadas à Assistência à Saúde e Segurança do Paciente 25

4.2.1 Contextualização do Problema no Brasil 26

4.2.2 Contextualização do Problema no Mundo 27

4.2.3 Lacunas de Pesquisa Identificadas 30

4.3 Eixo Temático 3: Impacto do Cenário Externo sobre os Serviços de Saúde: efeito das epidemias e de grandes problemas endêmicos 31

4.3.1 Contextualização do Problema no Brasil 32

4.3.2 Contextualização do Problema no Mundo 35

4.3.3 Lacunas de Pesquisa Identificadas 39

5. CONCLUSÕES 41

6. REFERENCIAS 43

6.1 Referencias Citadas 43

6.2 Referencias Recomendadas 45

ANEXOS 46

Anexo 1 – Programa Eixo Temático 1 46

Anexo 2 – Programa Eixo Temático 2 49

Anexo 3 – Programa Eixo Temático 3 52

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

4

PREFÁCIO

As infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) provocam diversos

impactos assistenciais, econômicos e jurídicos, o que as tornam um dos principais

desafios atuais para a qualidade dos cuidados em saúde e segurança dos pacientes.

Neste cenário, a análise da situação de saúde e o desenvolvimento de ações para a

prevenção e controle deste evento são estratégias fundamentais que, embora

complexas dado a multifatorialidade do fenômeno em questão, devem ser

planejadas de forma a garantir uma assistência livre de danos ao paciente.

O conhecimento da situação epidemiológica é um passo fundamental, porém

não suficiente para consolidar o desenvolvimento de políticas públicas eficientes e

eficazes para a prevenção de IRAS. É necessário expandir esta discussão numa

lógica social. Não só as práticas institucionais devem ser abordadas, mas outros

fatores como modelos assistenciais, características populacionais, impactos

culturais, políticos, ambientais, entre outros.

O ciclo de debates cujos resultados são aqui apresentados, foi estruturado

como um espaço de reflexão e geração de conhecimentos visando favorecer o

desenvolvimento das políticas públicas para o controle e prevenção de IRAS. Esta

publicação busca compartilhar experiências e discussões proporcionadas,

apresentando ao leitor estratégias e lacunas de investigação identificadas para

referência na definição de objetivos, princípios e diretrizes de políticas públicas como

um mandatório técnico e social para a área de segurança do paciente.

Maria Clara Padoveze

Anna Sara Levin

Escola de Enfermagem / Faculdade de Medicina

Universidade de São Paulo

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

5

APRESENTAÇÃO

A Universidade de São Paulo (USP), por meio da Escola de Enfermagem e da

Faculdade de Medicina, com o apoio da Secretaria Estadual de Saúde do Estado de

São Paulo e da Universidade do Estado de São Paulo (UNESP), promoveu no ano

de 2014 um Ciclo de Debates em Políticas Públicas para a prevenção e controle de

IRAS e segurança do paciente. Este ciclo buscou fomentar discussões e propor

soluções para problemas atuais e emergentes em prevenção e controle de IRAS

junto à comunidade científica, formuladores de políticas públicas e praticantes de

prevenção e controle de IRAS e segurança do paciente.

O ciclo proposto se compôs de três encontros, com profissionais nacionais e

internacionais de notório saber na área, que aconteceram entre os meses de março

e maio de 2014 na cidade de São Paulo (USP). O evento foi aberto a participação de

profissionais de saúde e especialistas. Estes encontros organizaram as discussões

em três eixos temáticos:

• 1º encontro: “Resistência antimicrobiana nos serviços e na comunidade”

• 2º encontro: “Sistemas de vigilância e desenvolvimento de recursos humanos”

• 3º encontro: “Impacto do cenário externo sobre os serviços de saúde”.

O presente documento apresenta os resumos de cada encontro e a

compilação das apresentações e discussões ocorridas durante todo o Ciclo de

Debates, definindo os pontos prioritários para a formulação de estratégias

governamentais em torno dos principais problemas de prevenção e controle de IRAS

e segurança do paciente no Brasil e em demais países em desenvolvimento.

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

6

1 INTRODUÇÃO

Estima-se que a cada ano dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo

sofram danos, ferimentos ou mortes decorrentes das atividades assistenciais em

saúde. Muitos destes chamados eventos adversos podem ser evitados através do

reconhecimento e atuação sobre estas ocorrências. A segurança no

desenvolvimento dos cuidados em saúde vem tornando-se um tema amplamente

discutido nos dias atuais, recebendo atenção especial em âmbito mundial, como

requisito fundamental para a qualidade da assistência. (World Health Organization,

2009)

Em 2004, a Organização Mundial de Saúde (OMS), estabeleceu a Aliança

Mundial para a Segurança do Paciente com objetivo de despertar a consciência e o

comprometimento dos diversos países para o desenvolvimento de políticas públicas

e práticas para segurança do paciente. (World Health Organization, 2009)

Um dos elementos centrais definidos para a atuação desta aliança é a

questão da prevenção e controle das infecções relacionadas à assistência à saúde

(IRAS). Estas infecções constituem um fenômeno histórico e social decorrente da

evolução tecnológica da assistência à saúde, sendo uma importante causa de

morbimortalidade. As IRAS provocam diversos impactos assistenciais, econômicos e

jurídicos, o que as tornam um dos principais desafios para melhoria da qualidade

assistencial (Lacerda, Jouclas, Egry, 1996; Lacerda, Egry, 1997; Stone et al, 2005;

WHO, 2009; Padoveze, Figueiredo,2014; Padoveze, Fortaleza, 2014).

A manifestação destas infecções se relaciona transversalmente com as

concepções do processo de saúde-doença e com as práticas intervencionistas.

Trata-se de um evento complexo, que não envolve somente a assistência e o estado

de saúde do indivíduo, mas diversos outros fatores vinculados a todo este processo

assistencial. (Lacerda, Jouclas, Egry, 1996; Lacerda, Egry, 1997; Padoveze,

Figueiredo,2014; Padoveze, Fortaleza, 2014)

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

7

Dados norte-americanos estimam que a cada ano aproximadamente dois

milhões de pessoas sejam acometidas por este evento nos Estados Unidos (EUA),

sendo que destes, noventa mil evoluem para morte. Os custos com esta assistência

chegam a aproximadamente 4,5 milhões de dólares por ano, elevando bruscamente

os gastos com a saúde (Ducell, Fabri, 2002; McKibben et al., 2005; Stone et al.,

2005)

Neste contexto, o reconhecimento e o empenho das diversas nações pelo

mundo para o desenvolvimento de políticas públicas em prol da prevenção e

controle de IRAS, é uma exigência para a promoção da segurança na assistência.

Assim, distintas ações devem ser planejadas de modo a favorecer o reconhecimento

do fenômeno e os fatores relacionados a este, com vistas a eliminação ou

minimização de danos decorrentes deste processo. (Stone, 2005; Allegranzi, 2011;

Pdoveze, Assis, Freire, et al, 2010; St. Louis, 2012; Costa, Cardoso, et al, 2013;

Maciel, de Assis, Madalosso, et al, 2014; Nogueira Junior, Melo, et al, 2014;

Padoveze, Fortaleza, 2014)

O grande volume das ações de prevenção e controle de IRAS tem dirigido

seu enfoque prioritário no âmbito dos serviços de saúde, particularmente unidades

hospitalares. As principais investigações científicas estão direcionadas ao espaço

interno destas instituições, como foco elementar nas práticas intervencionistas. Este

pensamento restrito ao nível institucional remete a uma perspectiva meramente

funcionalista, onde o surgimento das IRAS seria apenas o resultado direto do

processo assistencial em saúde. (Viana et al, 2013; Nogueira Junior, Melo, 2014;

Nogueira Junior, Padoveze, Lacerda, 2014; Padoveze, Figueiredo, 2014; Padoveze,

Fortaleza, 2014)

Entretanto, não se pode esquecer que estes serviços de saúde constituem

parte de uma conjuntura econômica, política e ambiental que exercem fortes

influências em todo este processo. De tal modo, é necessário expandir esta

discussão numa lógica social, onde não só as práticas institucionais sejam

abordadas, mas diversos outros fatores como: modelos assistenciais; características

populacionais; impactos culturais, políticos e ambientais, localização geográfica,

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

8

preservação ambiental, entre outros. (Padoveze, Figueiredo, 2014; Padoveze,

Fortaleza, 2014)

Deste modo, reconhecer outros elementos para além do universo institucional

e identificar lacunas que envolvam a prevenção e o controle destas infecções é uma

respeitável tática para os diversos governos. Esta estratégia pode ampliar o

conhecimento e favorecer a estruturação de políticas públicas que eficazmente

direcionem práticas de um cuidado humanizado e de qualidade, com visíveis

impactos para a saúde coletiva.

Algumas experiências exitosas estão se concretizando pelo mundo e

tornando-se referências. Um cenário de discussão apresenta-se como necessário

para ampliar este espaço de investigação de estratégias e estruturação de

metodologias para o desenvolvimento destas políticas nas diversas realidades pelo

mundo.

Esta perspectiva governamental para a prevenção e controle de IRAS ainda é

um cenário pouco explorado e pesquisado apesar de sua extrema seriedade.

Escassos estudos são encontrados no que diz respeito ao desenvolvimento destas

ações. Visando preencher esta lacuna do conhecimento científico, a Universidade de

São Paulo, por meio da Escola de Enfermagem e da Faculdade de Medicina,

realizou entre os meses de março e maio de 2014 um Ciclo de Debates em Políticas

Públicas para a prevenção e controle de IRAS e segurança do paciente.

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

9

2 OBJETIVOS

Como objetivo geral o ciclo de debates procurou estabelecer um espaço de

reflexão para a busca de soluções para problemas atuais e emergentes em

prevenção e controle de IRAS, junto à comunidade científica, formuladores de

políticas públicas e praticantes de prevenção e controle de IRAS e segurança do

paciente.

Os objetivos específicos do ciclo foram: compartilhar experiências bem

sucedidas de modelos governamentais de prevenção e controle de IRAS em países

com tradição e excelência na área; identificar lacunas de pesquisas em políticas

públicas para o enfrentamento de problemas no campo das IRAS e segurança do

paciente; e apontar diretrizes para apoiar a formulação de políticas públicas no Brasil

e demais países em desenvolvimento no que tange a prevenção e controle de IRAS

e a segurança do paciente.

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

10

3 METODOLOGIA ADOTADA

O ciclo abrangeu três encontros, com temáticas pré-estabelecidas, com

duração de 2 dias cada, totalizando 8 horas por dia e 18 horas por encontro, em um

total de 54 horas em todo o ciclo.

A metodologia adotada em cada encontro incluiu: mesas redondas,

apresentações de palestras e espaço para as discussões relativas aos temas

apresentados. Ao fim das apresentações foi aberto espaço para perguntas, dúvidas

e considerações a serem feitas aos palestrantes pelo público presente.

Três eixos temáticos direcionaram o processo de construção do

conhecimento. Estes eixos foram formados a partir do reconhecimento de aspectos

fundamentais para definição destas políticas, bem como áreas com escassas

investigações cientificas. Os eixos temáticos definidos para este ciclo foram:

I. Resistência microbiana nos serviços de saúde e na comunidade;

II. Sistemas de vigilância e o desenvolvimento de recursos humanos para

prevenção de infecções relacionadas à assistência à saúde e segurança do

paciente;

III. Impacto do cenário externo sobre os serviços de saúde: efeito das epidemias

e de grandes problemas endêmicos.

Cada encontro seguiu uma lógica de apresentação do tema para a discussão

e definição de estratégias:

� Apresentação do problema no Brasil e em outros países;

� Apresentação de experiências bem sucedidas e falhas no controle do

problema;

� Debate da potencial aplicabilidade das experiências externas para o contexto

do Brasil e demais países em desenvolvimento;

� Identificação de necessidades de pesquisa no eixo temático abordado.

As apresentações dos três encontros contou com a participação total de 16

profissionais de notório saber, incluindo: pesquisadores de universidades nacionais,

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

11

envolvidos em pesquisas e estudos nos eixos temáticos selecionados; profissionais

da Divisão de Infecção Hospitalar do Centro de Vigilância Epidemiológica da

Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (DIH/CVE); profissionais da Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA); profissionais dos Ministérios da Saúde do

Brasil, Chile, e Israel; profissionais do Centers for Disease Control and Prevention

(CDC-Estados Unidos) e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Destes profissionais, cada encontrou contou com: quatro palestrantes, sendo

dois para expor a perspectiva nacional em relação a temática e dois para a

perspectiva internacional; um apresentador, responsável por desenvolver uma

síntese das apresentações e introduzir o debate; e dois debatedores, responsáveis

por estimular a discussão da temática junto ao palestrantes e público presentes.

O primeiro e terceiro encontro foram realizados na Escola de Enfermagem e o

segundo encontro na Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. O evento foi

gratuito e contou com a divulgação através das páginas eletrônicas das instituições

envolvidas. O público total do evento foi de 253 participantes (75 participantes no 1º

encontro, 97 participantes no 2º encontro e 81 participantes no 3º encontro), com

média de 84 participantes por encontro.

3.1 Coordenação do Projeto

A Coordenação foi desenvolvida pelas professoras Dra. Maria Clara

Padoveze e Dra. Anna Sara Levin, respectivamente da Escola de Enfermagem e

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, contando com a parceria de

uma equipe de apoio de profissionais atuantes na área e alunos de pós graduação.

3.2 Comitê Científico do Projeto

Os seguintes profissionais participaram e apoiaram o planejamento e

desenvolvimento do projeto:

Prof. Dr. Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza (Universidade Estadual Paulista

Júlio de Mesquita Filho- UNESP);

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

12

Profa. Dra. Suely Itsuko Ciosak (Escola de Enfermagem da Universidade de São

Paulo);

Dra. Denise Brandão de Assis (Divisão de Infecção Hospitalar, Centro de Vigilância

Epidemiológica, Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo);

Enf. Mestre Cassimiro Nogueira Junior (Escola de Enfermagem da Universidade de

São Paulo).

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

13

4 SÍNTESE DAS APRESENTAÇÕES

O evento definiu uma linha norteadora das discussões por meio de três eixos-

temáticos principais relativos às políticas públicas para a prevenção e controle de

IRAS e segurança do paciente. Cada eixo temático foi estruturado em duas partes:

1) contextualização do tema em questão no Brasil e no Mundo, apresentando as

experiências exitosas e os fracassos no controle do problema e 2) debate sobre a

aplicação potencial das experiências externas apresentadas para o Brasil e para

países emergentes, identificando lacunas de pesquisa sobre a temática.

Os palestrantes autorizaram a gravação de suas apresentações,

disponibilizando-as em meio digital e enviaram um resumo sobre o tema

desenvolvido para compor esta publicação e outras que decorrerem deste projeto.

As apresentações estão resumidas a seguir visando apresentar uma síntese

das principais questões discutidas em cada encontro. Cada eixo temático será

didaticamente dividido em duas partes, conforme a apresentação do evento, para

possibilitar uma melhor compreensão do conteúdo discutido e das propostas

apresentadas.

4.1 Eixo Temático 1: Resistência Microbiana nos Serviços de Saúde

e na Comunidade

O primeiro encontro aconteceu nos dias 26 e 27 de março de 2014 na Escola

de Enfermagem da Universidade de São Paulo. Como apresentador, palestrantes e

debatedores este encontro contou com a ilustre presença dos seguintes

profissionais:

� Apresentador: Anna Sara Levin – Professora Associada da Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo;

� Palestrantes Nacionais:

o Ana Cristina Gales – Professora Adjunta da Escola Paulista de

Medicina da Universidade Federal de São Paulo

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

14

o Maria Helena Matté – Professora Associada da Faculdade de Saúde

Pública da Universidade de São Paulo;

� Palestrantes Internacionais:

o Mitchell J. Schwaber – Diretor do National Center for Infection Control

do Ministério da Saúde de Israel

o Ana Paula Coutinho Rehse do Department of Global Capacities, Alert

and Response (GCR) da Organização Mundial da Saúde (OMS);

� Debatedores:

o Luis Fernando Waib – Presidente da Associação Brasileira de

Profissionais em Controle de Infecção e Epidemiologia Hospitalar

(ABIH)

o Silvia Figueiredo Costa - Professora Associada da Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo.

4.1.1 Contextualização do Problema no Brasil

O primeiro encontro do ciclo versou sobre segurança nos cuidados de saúde

abordando a questão da resistência microbiana. Neste contexto, foi apresentada a

realidade deste fenômeno no panorama brasileiro dentro e fora dos serviços de

saúde através das experiências e investigações de renomados pesquisadores desta

área.

As conferências evidenciaram o preocupante cenário com a resistência

microbiana no Brasil. Foram citados importantes estudos que permitiram a

construção de bancos de dados sobre a ocorrência de microrganismos

multirresistentes (MDR) nos serviços de saúde, como: dados do Programa

Internacional de Vigilância Microbiana (SENTRY) para o Brasil, dados do

Surveillance and Control of Pathogens of Epidemiologic Importance (SCOPE), dados

da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e resultados do estudo

brasileiro INVITA.

O primeiro microrganismo abordado foi o Staphylococcus aureus. Destacou-

se, no cenário brasileiro, a presença desta bactéria apresentando resistência a

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

15

oxacilina - Methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA) em uma proporção

entre 30 a 45 % dos casos de infecção. Em relação a linhagem genética presente,

uma cepa encontra-se disseminada: o clone epidêmico brasileiro (BEC) - amostras

ST239 oferecendo multirresistência antibiótica (MDR-MRSA) com o cassete

estafilocócico de resistência à meticilina (SCCmec) tipo III, e ausente desta

multirresistência (não MDR-MRSA) com a apresentação do cassete estafilocócico de

resistência à meticilina (SCCmec) tipo IV (nosocomial) e, mais recentemente, com o

(SCCmec) tipo II. Também foram identificados elevação dos padrões de resistência

com a presença de casos de Vancomycin intermediate-resistant Staphylococcus

aureus (VISA), Vancomycin-resistant Staphylococcus aureus (VRSA) e

Staphylococcus aureus resistentes a linezolida.

Os Staphylococcus coagulase negativa identificados apresentaram padrão

expressivo de resistência à oxacilina, ultrapassando os 70% dos casos de infecção

avaliados. Surtos destes microrganismos resistentes à linezolida também foram

evidenciados.

Com referência aos Enterococcus spp, análises moleculares demonstraram a

aquisição do transposon Tn1546 mediando mecanismos de resistência com maior

proporção de casos entre a espécie E. faecalis, e as demais por E. faecium, outras

espécies são infrequentes.

Em relação aos casos de Klebsiella pneumoniae como agente de infecção no

Brasil, em pelo menos 50% destas ocorrências estes microrganismos apresentaram

produção de ß-lactamases de amplo espectro (ESBL), e em mais de 10% foram

identificadas resistência aos carbapenêmicos. As ESBL comumente isoladas nestes

microrganismos são as pertencentes a família CTX-M, sendo frequente o grupo

CTX-M-2 e mais recentemente o grupo CTX-M-15. Estas enzimas tem a alteração

de porinas como o mecanismo de resistência mais frequente.

Recentemente, foram descritos surtos de K. pneumoniae produtoras de

metalo ß-lactamases IMP-1 em hospitais de São Paulo. Em 2006, foram isoladas

produtoras de KPC-2 (K. pneumoniae carbapenemase) proveniente de quatro cepas

deste microrganismo na cidade de Recife, onde foi identificado o envolvimento do

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

16

complexo clonal CC 258. As suspeitas, neste último caso, foram de importação dos

microrganismos junto com roupas sujas dos Estados Unidos. Também foram

registrados casos de K. pneumoniae produtora de GES (Guiana-extended spectrum)

e coprodutoras de KPC-2 - plasmidial e NDM-1 (New Delhi metallo-β-lactamase) -

cromossomial.

A respeito de casos de infecção por Acinetobacter baumannii

multirresistentes, dados apontam que entre 25 e 80% estiveram relacionados aos

carbapenêmicos. As cepas isoladas muitas vezes são produtoras de variações de

carbapenemases do tipo oxacilinases (OXA) ou de metalo ß-lactamases IMP-1.

Quanto aos casos de infecção por Pseudomonas aeruginosa, os mecanismos de

resistência frequentemente identificados neste agente foram a produção das metalo-

β-lactamases SPM-1, IMP e VIM. A propagação dos produtores de SPM-1 é

associada a um perfil alélico idêntico, recebendo o tipo de sequência ST277.

Também, foram isoladas no país, no ano de 2007, cepas de P. aeruginosa

produtoras de metilase 16S rRNA expressando um fenótipo de resistência a maioria

dos aminoglicosídeos.

Além destes isolados nos serviços de saúde, a detecção de microrganismos

multirresistentes também tem sido identificada em diferentes tipos de amostras

provenientes do meio ambiente, uma outra preocupação neste cenário.

Pesquisadores tem questionado a origem destes padrões de multirresistência: as

atividades assistenciais em saúde determinariam estes padrões de resistência para

o meio ambiente ou o próprio meio através de mecanismos de seleção estão

determinando esta expressão?

Alguns aspectos referentes a esta situação no país foram discutidos, como a

questão dos poluentes. Águas de rios, ambiente natural de muitos microrganismos,

são receptores de diversos poluentes como os compostos de amônio quaternários.

Estes compostos são capazes de promover em alguns microrganismos o

desenvolvimento de mecanismos de resistência a determinadas classes de

antimicrobianos. A sucessiva pressão seletiva favorece a manifestação de alguns

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

17

padrões como a expressão de integrons de classe 1, muitas vezes identificados em

casos de surtos de infecção de origem hospitalar.

Existe a necessidade de monitorar o meio ambiente procurando prever a

emergência de patógenos resistentes. Cepas de bactérias produtoras de KPC-2

pertencentes ao complexo clonal CC11 foram isoladas em rios urbanos da cidade de

São Paulo e em amostras de água tratada procedentes de estação para tratamento

de esgoto. Também Aeromonas hydrophila produtoras de ESBL, metalo ß-

lactamases e β-lactamases AmpC foram identificadas no lodo destas estações. Um

contexto que torna mandatório a constante revisão dos processos de tratamento de

água e esgoto, assim como dos processos de desinfecção ambiental.

Novos genes carreadores de mecanismos de resistência em microrganismos

foram identificados em alguns produtos antes que em seres humanos. A

identificação destes genes ocorreu no mercado de alimentos, sendo isolados em

carnes e alimentos congelados. Este fato eleva a preocupação com o tratamento da

água proveniente tanto de esgotos domésticos quanto industriais. Qual o produto

mais adequado e qual o impacto deste para o tratamento do esgoto? Alguns estudos

recomendam o uso de hipoclorito, de polímeros, cal ou cloreto férrico (FeCl3).

Os apresentadores discutiram sobre o papel da vigilância sanitária neste

panorama. Como lidar com o movimento global de bactérias e multirresistência?

Qual deve ser o foco das ações de vigilância sanitária? Como controlar a

transmissão de microrganismos multirresistentes? Lembrando que, assim como no

Brasil, a disseminação da resistência microbiana deve ser permanentemente

investigada sob focos diferenciados como: em referência ao paciente, à produção de

alimentos, ao cuidado veterinário – assistência aos animais e ao próprio meio

ambiente.

O contexto apresentando causa grande preocupação com o rápido

crescimento e alteração deste perfil de resistência microbiana nos serviços de saúde

e na comunidade. Este processo é favorecido por diversos aspectos, como: o uso

não racional de antimicrobianos, o processo lento e a carência de inovação no

desenvolvimento de novas drogas, a insuficiência de um sistema de vigilância

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

18

epidemiológica eficiente e eficaz para a prevenção e controle da situação e também

a escassez de pesquisas em políticas públicas dirigidas às reais necessidades de

saúde pública. Urgindo a necessidade de intensificar pesquisas neste espaço.

4.1.2 Contextualização do Problema no Mundo

O panorama da resistência microbiana no mundo começou a ser apresentado

a partir do cenário israelense. Foram apresentadas medidas governamentais adotas

pelo governo de Israel para a prevenção e controle de infecção em um país com

pouco mais de 8 milhões de habitantes que conta com um sistema universal de

atenção à saúde fundamentado no recolhimento de contribuições.

Até o ano de 2007 não existiam medidas governamentais efetivas para o

controle de infecção em Israel. Neste contexto, os serviços de saúde (hospitais,

centros de atenção à saúde, entre outros) contavam com poucos profissionais

especializados em controle de infecção para a discussão de casos e colaboração na

seleção de condutas para tratamento das diversas infecções. Esta situação requeria

a formação de novos profissionais e fortalecimento desta área de conhecimento na

região.

Para a época, uma das poucas medidas empregadas pelo Ministério da

Saúde foi a convocação de algumas reuniões consultivas anuais para discussão de

aspectos do controle de infecção. Até então, não existia nenhum investimento

governamental na área, nem mesmo legislações que regulamentassem as ações

relacionadas ao fenômeno em questão.

Em 2006, surtos de enterobacterias resistentes aos carbapenêmicos (CRE) e,

em 2007, 22% das Klebsiellas identificadas em infecções de corrente sanguíneas

eram resistentes a carbapenêmicos, com mortalidade atribuída de 40%, fato este

que induziu a transformação do cenário israelense. A ocorrência e evidência de

alguns surtos no país provocou, a partir de 2007, uma pressão e preocupação que

demandaram ações significativas por parte do governo federal em torno da

resistência microbiana e do controle de infecção.

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

19

Neste período, a atenção à saúde em Israel não possuía pessoal preparado e

qualificado em número suficiente para garantir ações de qualidade para o controle

de infecção. Não existia regulamentação para o uso de antimicrobianos. E ainda, o

país constituía um espaço para o turismo médico, recebendo profissionais de

diversas localidades no mundo. As instalações das instituições de saúde de longa

permanência, reservatórios de microrganismos resistentes, sofriam com a ausência

de estrutura e com a carência de conhecimento, convertendo-se em uma barreira

importante para o controle da disseminação de patógenos multi-resistentes.

Esta situação inquietante suscitou uma análise da situação do controle de

infecção naquele país, o que culminou por favorecer políticas públicas para a

prevenção e controle de infecção. O Ministério da Saúde determinou uma força-

tarefa, baseada na autoridade sanitária, que trabalhou com a coleta de dados

epidemiológicos sobre as ocorrências, elaborando políticas e supervisionando sua

execução e intervenção.

Manuais de orientação foram criados buscando capacitar o corpo de clínico e

de outros profissionais da saúde determinando medidas para o controle de infecção

como parte dos cuidados em saúde.

Como principais demandas originadas a partir deste processo podem ser

destacados: a responsabilização dos administradores dos serviços de saúde pela

qualidade dos serviços prestados; a melhoria no sistema nacional de informação,

através da obtenção de dados dos hospitais, das comissões de controle de infecção,

e dos laboratórios de microbiologia; o reporte diário de dados sobre surtos; a

supervisão institucional e governamental da conformidade das ações propostas; e a

utilização de websites de referência para atualização sobre prevenção e controle de

infecção.

Estas experiências trouxeram algumas lições ao governo israelense. Os

diversos serviços de saúde e o próprio governo adotaram posições de tolerância

zero frente a problemática, definindo ações estratégicas com supervisão da

implantação das mesmas. A melhoria do processo de comunicação foi incorporada

através da inclusão de um sistema de vigilância constante, com obtenção, análise e

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

20

retroalimentação de dados que permitissem a comparação do desempenho das

diversas instituições. Este processo buscou sempre respeitar a privacidade e

resguardo do sigilo de informações institucionais dos serviços, tendo como propósito

constituir uma base para futuras melhorias e readequações das intervenções.

De um modo geral, os resultados destas ações puderam ser percebidos ao

longo do tempo com a brusca redução dos casos de infecção envolvidos nos surtos.

Os casos CRE apresentaram queda de 79% das ocorrências (redução de 55,5 para

11,7 casos/ 1000 pacientes-dia em 15 meses de intervenções). A vigilância ativa foi

incorporada nas atividades das instituições, com controle da admissão de pacientes

de alto risco, criação de protocolos e adequação de recursos humanos para atuar no

controle de infecção.

Outro ganho deste processo foram as intervenções nas instituições de saúde

de longa permanência. Este cenário foi analisado em profundidade como um nó

crítico para a disseminação de microrganismo multirresistentes. Foram avaliados os

principais fatores de risco e, então, desenvolvidos específicos manuais de

orientação para os cuidados em saúde neste cenário.

Por fim, para toda a assistência em saúde sofreu transformações com

aquisições relevantes de recursos. Esta situação impulsionou a permanente

avaliação das comissões de controle de infecção. E, alguns componentes puderam

ser avaliados como forma de identificar o padrão de desempenho dos diversos times

e assim, propor intervenções permanentes para melhorias no cuidado em saúde.

O debate prosseguiu com a apresentação do contexto europeu de combate a

resistência microbiana. Em uma análise ampliada, a Europa foi apresentada como

um cenário que vem desenvolvendo um trabalho e discussão contínuas visando as

melhorias para a vigilância e ações de combate a resistência microbiana na região.

Os diversos países vêm delimitando ações que buscam primariamente o controle do

uso de antimicrobianos como uma das principais atividades neste processo.

A autonomia das diferentes nações europeias na definição de estratégias

para esta a batalha contra a resistência microbiana foi uma questão assinalada. A

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

21

apresentação apontou a liberdade que o governo dos diferentes países possui para

compreender o fenômeno e se posicionar diante dele. Neste sentido, as discussões

buscaram expor alguns destes posicionamentos.

O Reino Unido foi caracterizado como Estado que percebe a resistência

microbiana como elemento gerador de custos. Para o governo desta união política

os microrganismos multirresistentes podem ser controlados mas não erradicados. A

Alemanha já entende que a resistência microbiana é um fator que eleva a

mortalidade, e que necessita de ações urgentes de controle e prevenção. Para a

Holanda as ações de controle e prevenção da resistência microbiana devem focar a

identificação e a destruição destes microrganismos. Esta compreensão de cada

nação vai configurar como linha guia para a definição de estratégias governamentais

de combate do evento em cada contexto.

Foram também abordados os sistemas de monitoramento da resistência

microbiana. Atualmente existem dois principais sistemas de vigilância para

resistência microbiana utilizados no continente europeu: o European Antimicrobial

Resistance Surveillance Network (EARS – Net), utilizado pelos países membros da

união europeia; e o Central Asian and Eastern European Surveillance of

Antimicrobial Resistance (CAESAR) utilizados pelos demais. A preocupação

permanece em torno das diferenças e semelhantes entre os sistemas. Variações

estruturais e conceituais podem prejudicar a comparação de dados e indicar falsas

condutas na luta contra o problema.

Outras questões abordadas foram a qualidade dos resultados microbiológicos

e o controle do uso de antimicrobianos. Algumas pesquisas levantaram

questionamentos sobre a qualidade dos laboratórios europeus, que, quando de

baixa qualidade, implicaria em resultados questionáveis que podem interferir na

qualidade assistencial gerando riscos para a segurança do paciente. A área de

prevenção e controle de infecção necessita de suporte laboratorial de qualidade para

condutas de assistência adequadas.

Foi apontado a diversidade de patógenos com diferentes mecanismos de

resistência causando infecções no cenário europeu. Este fato, mais uma vez, impõe

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

22

a necessidade de suporte laboratorial adequado na identificação dos agentes para

um controle adequado da prescrição de antimicrobianos. A definição de prioridades

no uso das drogas para diferentes agentes e topografias infecciosas deve ser uma

estratégia fundamental para racionalizar o uso destas substâncias.

Diante deste cenário, foi apresentado o plano estratégico para controle da

resistência microbiana definido pelos países europeus em conjunto com a

Organização Mundial da Saúde (OMS) e com órgãos de prevenção e controle de

infecção. Este plano objetiva progressos em alguns aspectos principais: trabalho e

comunicação intersetorial, vigilância permanente da resistência microbiana, uso

racional e vigilância do consumo de antimicrobianos, vigilância e prevenção de

IRAS, controle na produção e uso de alimentos industrializados e produtos

veterinários, inovações e pesquisas em novas drogas para tratamento de infecção, e

empoderamento do paciente, com melhorarias do conhecimento e da segurança nos

cuidados em saúde.

Neste sentido, algumas campanhas já foram instituídas. Em 2011, o Dia

Mundial da Saúde, organizado pela OMS, trabalhou com a temática “Resistencia

Microbiana: nenhuma ação hoje, nenhuma cura amanhã”, buscando conscientizar

serviços e governantes sobre o perigo do uso sem controle de antimicrobianos. E

desde 2011, o European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC)

estabelece anualmente o dia 18 de novembro como European Antibiotic Awareness

Day, procurando conscientizar população e profissionais de saúde sobre os riscos

da automedicação e do uso indiscriminado destas drogas.

4.1.3 Lacunas de Pesquisa Identificadas

A partir do debate sobre resistência microbiana nos serviços de saúde e na

comunidade algumas lacunas de pesquisa emergiram. As principais questões de

pesquisa identificadas neste eixo foram: disseminação de patógenos através das

fronteiras, microrganismos multirresistentes na comunidade, multirresistência em

serviços de saúde para cuidados não agudos, gerenciamento de microrganismos

multirresistentes, qualidade e uso de antimicrobianos, multirresistência fora de seres

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

23

humanos, estrutura do controle de infecção e taxas de microrganismos

multirresistentes.

Com relação a disseminação de patógenos entre países os especialistas

questionaram como é possível monitorar as pessoas além das fronteiras num

contexto de intenso incentivo ao turismo em todo o mundo. Foi mencionado a

necessidade de identificar determinados genes de resistência usando serviços de

medicina em viagem permitindo acompanhar determinados patógenos frente a

intensa migração entre países. Foram sugeridas pesquisas que avaliem a magnitude

do problema, através de estudos pilotos com grupos localizados em determinadas

situações.

Discorrendo sobre multirresistência na comunidade foram questionados quais

os fatores de riscos para a colonização por microrganismos multirresistentes nos

domicílios. Foram sugeridos estudos que avaliassem o impacto destes patógenos na

comunidade, identificando populações em risco e sugerindo estratégias para o

controle do problema.

Em um debate sobre a multirresistência em serviços de saúde para cuidados

não agudos, os especialistas apontaram a necessidade de dados sobre colonização

e infecção por microrganismos multirresistentes em instituições de longa

permanência. Foi debatida a necessidade de informações sobre o número de

instituição de longa permanência, o número de pequenos hospitais, informações

sobre serviços de assistência a pessoa idosa. Pensando nos patógenos relevantes,

eles recomendaram o desenvolvimento de investigações que buscassem esclarecer

o fluxo de atendimento entre atenção primária, instituições para cuidados não

agudos e instituições para cuidados agudos e seu impacto para assistência à saúde.

Para o gerenciamento de microrganismos multirresistentes foram discutidos

aspectos da comunicação intra-hospitalar para o gerenciamento dos casos de MDR

e as implicações do modelo assistencial (sistema de saúde) na redução dos

impactos. Foram indicados estudos que avaliassem o impacto da organização do

sistema de saúde com a multirresistência: identificando padrões de cuidado para

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

24

minimizar resultados indesejados, e avaliando recursos físicos, administrativos e

humanos necessários para prevenir e controlar tal evento.

Ainda neste contexto, foram discutidas as lacunas presentes nas

investigações sobre a qualidade e uso dos antimicrobianos e a importância desta

abordagem para a segurança do paciente. Foi sugerido intensificar o planejamento

de estudos para: avaliação da eficácia dos diversos tratamentos (farmacocinética

das drogas e pesquisas clínicas); avaliação do impacto da presença de MDR em

determinados cenários; e a identificação dos aspectos (comportamentos, crenças,

acesso, entre outros) que influenciam o uso de antimicrobianos. Neste sentido, foi

observado o papel do laboratório e sua influência para a qualidade destas ações e a

importância da inserção da administração pública na regulação do uso de

antimicrobianos indicando outros questionamentos a serem investigados.

Também foi tratada a questão da presença de MDR em outros reservatórios

não humanos. Pensando neste objeto de investigação, algumas questões de

pesquisa foram mencionadas recomendando explorar mais este cenário no que

tange a: mapeamento de genes de multirresistência em microrganismos da flora

gastrointestinal de populações em geral e o impacto da transmissão destes MDR

através do esgoto; mapeamento de genes de resistência no sistema de saneamento

básico com identificação dos padrões de colonização de MDR nos reservatórios de

agua; uso de antimicrobiano na assistência veterinária e a colonização e

transmissão de MDR por animais domésticos.

Foi ressaltada a necessidade de investigação sobre o impacto dos

determinantes sociais de saúde nesta conjuntura. O quanto a limpeza ambiental

doméstica utilizando germicidas e as condições de vida das pessoas em geral

impactam na seleção e transmissão de MDR? Os especialistas recomendaram

pesquisas que rastreiem a presença de MDR nos diversos contextos e explorem a

conexão da transmissão e colonização destes microrganismos neste território.

A discussão findou com a abordagem da importância da estrutura do controle

de infecção para obtenção de taxas de microrganismos multirresistentes e

consequente prevenção e controle da ocorrência de MDR. Os especialistas

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

25

indicaram a estruturação de estudos para: avaliar os componentes essenciais para o

controle de infecção e a qualidade e quantidade de notificações de MDR; e o

impacto dos programas de acreditação nas taxas de MDR. Foi ressaltado a

importância da análise criteriosa dos resultados das taxas MDR, com correta

interpretação da mensagem que está sendo transmitida através destes dados.

4.2 Eixo Temático 2: Sistemas de Vigilância e o desenvolvimento de

Recursos Humanos para prevenção de Infecções relacionadas à

Assistência à Saúde e Segurança do Paciente

O segundo encontro aconteceu nos dias 09 e 10 de abril de 2014 na

Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Como apresentador, palestrantes e

debatedores este encontro contou com a presença dos seguintes profissionais:

� Apresentador: Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza – Professor Adjunto

da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (UNESP);

� Palestrantes Nacionais:

o Denise Brandão de Assis – Diretora Técnica da Divisão e Infecção

Hospitalar do Centro de Vigilância Epidemiológica “Alexandre Vranjac”

de São Paulo (DIH-CVE);

o Maria Clara Padoveze - Professora Associada da Escola de

Enfermagem da Universidade de São Paulo

o Zenewton André da Silva Gama – Professor Adjunto da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte (UFRN);

� Palestrante Internacional:

o Fernando Otaiza O’Ryan – Ministério da Saúde do Chile;

� Debatedores:

o Silvia Nunes Szente Fonseca – Gerente Médica do Hospital São

Francisco de Ribeirão Preto

o Suely Itsuko Ciosak – Professora Associada da Escola de Enfermagem

da Universidade de São Paulo.

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

26

4.2.1 Contextualização do Problema no Brasil

O segundo encontro do Ciclo de Debates iniciou com uma discussão sobre a

vigilância de IRAS e a formação de recursos humanos para atuar no controle e

prevenção de IRAS no Brasil. O panorama nacional foi apresentado sob a ótica de

dois diferentes profissionais de regiões distintas do país.

As apresentações iniciaram com um resumo histórico sobre as principais

legislações para a vigilância de IRAS no Brasil, enfatizando o atual Programa

Nacional de Prevenção e Controle de IRAS da Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA). Dados nacionais de vigilância e metas do programa foram

citados assinalando uma escassez de sistemas de vigilância em algumas regiões e

um quantitativo reduzido de recursos humanos para atuar nas vigilâncias estaduais

de IRAS.

A vigilância de IRAS no estado de São Paulo foi destacada pelo seu avanço

na consolidação de um sistema operante de vigilância em relação aos demais

Estados no país. Alguns aspectos positivos deste sistema foram mencionados como:

a descentralização de ações no processo de informação com a participação das

vigilâncias municipais e grupos regionais de vigilância; a criação e atuação efetiva

de um comitê estadual de controle de IRAS; e a divulgação permanente de dados

com a criação de projetos baseados nestas informações.

Alguns desafios foram apontados: a necessidade de fortalecer a atuação do

grupo estadual de controle de infecção (GECIH), dando maior visibilidade as ações

de controle e prevenção de IRAS no contexto do cuidado em saúde; a necessidade

de formação e capacitação eficaz de recursos humanos para atuar no segmento; e a

integração com um sistema nacional de vigilância de IRAS eficiente e eficaz com

permanente avaliação e propostas de melhorias.

Outras legislações no âmbito da segurança do paciente e vigilância de

eventos adversos foram referidas. Neste contexto, a necessidade de equilíbrio da

função fiscalizatória foi ressaltada, para um cenário onde a vigilância não seja

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

27

associada apenas a simples contagem de casos, mas envolva uma análise ampliada

da situação e dos fatores associados ao evento em questão com a efetivação de um

plano de ação concreto baseado nestas informações.

Por fim, os apresentadores caracterizaram o cenário de formação de

profissionais de saúde. O Brasil ainda não possui um currículo nacional que inclua a

questão da segurança para a formação de profissionais de saúde, embora este

movimento esteja se fortalecendo. Existe a necessidade de formação específica de

recursos humanos para a efetivação das políticas públicas propostas, com

fortalecimento das práticas baseadas em evidências e benchmarking com serviços

de excelência. Os dados de vigilância não podem apenas constituir bancos de dados

inertes, mas ser transformados em informações consistentes utilizadas para

embasar o planejamento estratégico das ações em saúde orientando-as

permanentemente.

4.2.2 Contextualização do Problema no Mundo

O cenário chileno de prevenção e controle de IRAS no âmbito governamental

foi o primeiro a ser apresentado. O Chile é um país com pouco mais de 16 milhões

de habitantes, 198 hospitais públicos e 190 hospitais privados; possui hoje um dos

programas governamentais de vigilância de IRAS de destaque na América do Sul.

O programa chileno teve início na década de 80, com predomínio de ações de

vigilância passiva e normas ainda em processo de estruturação. No ano de 2013,

com 30 anos de história do programa, o mesmo encontrava-se com uma estrutura

sólida baseada em ações de vigilância ativa e uma equipe de enfermeiros e médicos

capacitados para atuar no seguimento. A base do programa está no processo de

vigilância, na edição de legislações e normas técnicas, na avaliação externa e na

monitorização contextualizada.

O fortalecimento do programa pode ser caracterizado em duas fases: anos

80, quando houve intensa capacitação e informação epidemiológica com formação

de alianças com sociedades de especialistas e universidades; e a década de 90 até

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

28

os anos 2000 com a redução insuficiência de médicos e enfermeiros nos hospitais,

edição de normas técnicas, fortalecimento das ações de vigilância, da acreditação

hospitalar, melhorias no manejo de surtos e atuação especializada para situações

especiais.

O cenário chileno alcançou paulatinamente melhorias; os hospitais

aperfeiçoaram sua atuação na vigilância de IRAS notificando-as por sistema

informatizado, houve elevação dos surtos notificados e a redução da incidência de

IRAS de 30 a 50 % nos dez últimos anos, principalmente aquelas associadas a

dispositivos. Contudo, o crescimento da resistência microbiana ainda configura como

um sério problema, principalmente com o avanço da presença de S. aureus

resistentes a meticilina (MRSA), e muitos hospitais realizam exclusivamente a

vigilância de eventos que sejam indicados pelo Ministério da Saúde.

Em relação ao recrutamento e formação de recursos humanos para atuar no

seguimento chileno, os serviços de saúde contam com profissionais com formação

especializada na área de saúde e gestão: médicos cumprindo carga horária de cinco

horas/semana e enfermeiros cumprindo 44 horas/semana para cada 250 leitos, além

de microbiologistas e outros. Existe a exigência de um curso com carga horária de

180 horas para supervisores de instituições hospitalares e são oferecidos com

frequência cursos do Ministério da Saúde e de sociedades de controle de IRAS

voltados para a temática em questão.

Nos dias atuais, os principais desafios desta área que despontam para o Chile

são: a necessidade de aumentar o acesso ao processo de formação e atuação no

controle e prevenção de IRAS, a qualificação do manejo de outros surtos, a

capacitação de autoridades para a compreensão e valorização da segurança do

paciente no que tange a prevenção e controle de IRAS.

Outros contextos mundiais também foram apresentados. Alguns dos

principais programas de vigilância de IRAS da Europa e Américas foram citados.

Elementos associados a esta recente expansão dos programas também foram

abordados indicando as áreas de consenso e as de dissenso.

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

29

Em todo mundo, alguns programas se destacam pelo seu pioneirismo e

avanço no contexto de vigilância de IRAS. Cabe destaque: ao programa norte

americano National Healthcare Safety Network (NHSN), precursor deste processo e

principal referência mundial; ao progresso dos programas europeus como o Hospital

in Europe Link for Infection Control Through Surveillance (HELICS), que busca

unificar o continente europeu, o Krankenhaus Infektions Surveillance System (KISS)

programa do governo alemão que possui uma ampla atuação no monitoramento de

indicadores e ao programa holandês Preventie van Ziekenhuisinfecties door

Surveillance (PREZIES); na América do Sul, além do Chile, a Argentina se destaca

com o Programa Nacional de Vigilancia de las Infecciones Hospitalarias de

Argentina (VIHDA) que desenvolveu um software próprio para a coleta e análise dos

dados epidemiológicos e na Oceania, o estado australiano de Victoria que conta

com a organização do programa Victorian Nosocomial Infections Sureveillance

Systems (VICNISS).

Todos estes programas possuem particularidades que os assemelham, porém

algumas divergências também podem ser percebidas. As avaliações externas e as

comparações tornam-se inúteis se os sistemas já formados e os novos sistemas não

apresentarem requisitos mínimos de homogeneidade. Os recursos humanos para

atuar neste contexto devem ser qualificados e adequados e necessitam ser providos

adequadamente para atuar nos modelos de vigilância. Além destes, periódicos

processos de avaliação e validação devem ser incorporados como forma de garantir

a permanência da qualidade de cada programa.

Um percurso histórico em relação a preocupação da Organização Mundial da

Saúde (OMS) com a questão das IRAS também foi apresentado (2002 – 2008).

Neste caminho, o estabelecimento de componentes essenciais de vigilância; o

cumprimento de requisitos mínimos para a formação de um programa de vigilância

(diagnóstico de situação, surtos, população de risco, avaliação de ações); e os

principais atributos de um sistema de vigilância (simplicidade, flexibilidade,

aceitabilidade, consistência, sensibilidade, especificidade e oportunidade), foram

alguns aspectos que vieram a ser recomendados pela organização.

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

30

Em relação à composição de recursos humanos, foi abordada a necessidade

de definição de competências para atuar junto ao prevenção e controle de IRAS.

Algumas associações europeias (APIC, ECDC) definem algumas competências

desejadas.Contudo, quais serias as exigências para esta formação se ainda, em

muitos contextos, inexistem estratégias curriculares para a formação de novos

profissionais? Neste aspecto, houve a publicação de alguns documentos

internacionais, como o manual da Organização Pan Americana da Saúde

(OPAS/OMS), este, entretanto sem caráter regulatório. É necessário ampliar esta

discussão e definir estratégias para a formação de novos profissionais e atualização

dos já formados como forma de qualificar o processo de prevenção e controle de

IRAS.

4.2.3 Lacunas de Pesquisa Identificadas

Diante do cenário exposto, os especialistas discutiram e listaram lacunas de

pesquisa reunidas em torno de quatro questões principais: avaliação da magnitude

do dano; impacto das intervenções para a segurança do paciente; formação

profissional; e diagnóstico situacional.

A avaliação da magnitude do dano recomenda investigar questões relativas a

segurança do paciente no âmbito nacional. Foram sugeridas: pesquisas sobre novos

sistemas e metodologias de vigilância (inovação tecnológica, avaliação dos atributos

de sistemas, entre outros) tanto para o cenário intra quanto extra hospitalar; estudos

epidemiológicos sobre a magnitude e causa de danos ao paciente; estímulo aos

estudos sobre modelos de vigilância para serviços não hospitalares; e avaliação da

sensibilidade, especificidade e custo de modelos de vigilância para cenários

específicos.

Frente a questão das intervenções para a segurança do paciente foram

sugeridos: estudos sobre intervenções ainda não elucidadas na literatura para a

segurança do paciente; estudos sobre adesão e seus fatores associados e

engajamento/participação da família para práticas de segurança já estabelecidas; e

estudos sobre avaliação das medidas de dimensionamento de pessoal, dos modelos

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

31

de atenção, da adequação de atividades e processos de trabalho, e da criação de

novos modelos de comissões/programas de controle de infecção para a redução de

infecções e segurança do paciente.

A formação de profissionais para atuar neste seguimento foi amplamente

discutida, e diante desta questão também foram sugeridos novos estudos, como:

avaliação do impacto das atividades de grupos e canais de comunicação para a

educação continuada em prevenção e controle de infecção; estudos sobre o impacto

dos modelos de aprendizagem para o controle de infecção e para os profissionais de

saúde; e estudos sobre a implantação de programas padronizados de formação e

avaliação de egressos de cursos da área de saúde frente a questão da segurança

do paciente.

Este eixo findou sua discussão em torno das lacunas presentes no

diagnóstico situacional para a segurança do paciente, onde foram recomendados:

estudos de avaliação situacional dos profissionais de controle de infecção no

contexto do controle; identificação de barreiras para a prevenção e controle de

infecção a partir de distintas perspectivas (gestores, lideranças, profissionais

pacientes, entre outros); e estudos quantitativos e qualitativos sobre gestão

hospitalar, clima organizacional, e índices de IRAS e outros danos.

4.3 Eixo Temático 3: Impacto do Cenário Externo sobre os Serviços

de Saúde: efeito das epidemias e de grandes problemas

endêmicos.

O terceiro encontro aconteceu nos dias 07 e 08 de maio de 2014 na Escola

de Enfermagem da Universidade de São Paulo. Como apresentador, palestrantes e

debatedores este encontro contou com a presença dos seguintes profissionais:

� Apresentador: Maria Clara Padoveze - Professora Associada da Escola de

Enfermagem da Universidade de São Paulo;

� Palestrantes Nacionais:

o Cláudio Maierovitch P. Henriques – Ministério da Saúde do Brasil

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

32

o Diana Carmen Almeida Nunes de Oliveira – Agencia Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA);

� Palestrantes Internacionais:

o Denise Mary Cardo – Diretora da Divisão de Promoção da Qualidade

dos Cuidados em Saúde do Centro de Controle de Doenças, Estados

Unidos da América (CDC)

o Valeska de Andrade Stempliuk - Organização Pan-Americana da

Saúde (OPAS/OMS);

� Debatedores:

o Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza – Professor Adjunto da

Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (UNESP)

o Silvia Nunes Szente Fonseca – Gerente Médica do Hospital São

Francisco de Ribeirão Preto.

4.3.1 Contextualização do Problema no Brasil

Este encontro discutiu a questão do impacto do cenário externo nas práticas

assistenciais dos serviços de saúde. Foram tratados aspectos das epidemias e

grandes endemias e sua repercussão nos serviços de saúde, avaliando as

consequências deste processo para a estrutura administrativa, recursos humanos e

recursos físicos das diferentes instituições brasileiras.

Neste sentido, a organização do sistema de saúde brasileiro começou a ser

pautada considerando a formação histórica do Sistema Único de Saúde (SUS).

Atualmente, a disposição das estruturas governamentais dentro deste sistema,

formam uma rede, conformando um mecanismo de envolvimento e de

compartilhamento de decisões. A partir deste entendimento, a formação de

estratégias de combate às diversas doenças deve ser planejada em interface com

os distintos níveis administrativos e assistenciais, contextualizando e fortalecendo o

processo de tomada de decisão para ações planejadas e eficazes.

Inseridos neste processo, os eventos epidêmicos e as grandes endemias são

fenômenos que amplificam a necessidade de cuidados nos diversos serviços de

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

33

saúde e geram sobrecarga. Este fato pode contribuir positivamente e negativamente

para a assistência a saúde.

Os aspectos negativos se referem a sobrecarga de trabalho, com aumento da

carga assistencial. Este fato pode alterar as condições de resposta das instituições,

aumentando os riscos decorrentes do processo assistencial. Nestas situações, em

necessidade de rápida resposta, os serviços podem converter-se de locais de

recuperação para epicentros de disseminação do agravo. A disseminação de

doenças infecciosas pode ser favorecida através de ações mal planejadas, como o

uso descontrolado de antimicrobianos e a oferta desorganizada de assistência a

saúde.

Porém, em uma outra face esta condição também pode contribuir para a

qualidade da assistência. De forma positiva, algumas ações podem ser promovidas

como a necessidade de repensar e aprimorar estratégias de combate, atualizando e

inovando mecanismos de prevenção e controle de infecções; a busca por

reorganização do espaço assistencial, na definição de um plano de contingência em

curto prazo para o controle da situação; e o aperfeiçoamento dos processos de

gestão, através do constante diagnóstico de situação para direcionar e racionalizar

recursos físicos, humanos e administrativos para potencializar as ações propostas.

Diante desta situação os órgãos governamentais devem dar suporte as

diversas instituições com o reconhecimento precoce dos diversos eventos e envio de

alertas e orientações que possam nortear a formação rápida, eficiente e eficaz de

um plano de contingência. Este alerta aumenta a capacidade de resposta dos

serviços e reduzem os impactos negativos deste processo.

Para isto, é necessária a constante análise da dinâmica das doenças

infecciosas no cenário brasileiro. A vigilância epidemiológica torna-se um

mecanismo fundamental para a qualidade do planejamento de ações. Os diversos

níveis devem estar articulados em um processo contínuo de coleta, processamento,

análise e transmissão de informações formando um canal de comunicação e

orientação para as diferentes transformações.

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

34

Neste sentido, uma ação claramente recomendada é o fortalecimento da

vigilância em saúde e suas ferramentas de captação de dados como forma de

reconhecer o comportamento de agravos emergentes e reemergentes. Este trabalho

no nível federal deve partir da articulação entre Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA) e Ministérios da Saúde (MS), em um trabalho conjunto com os

autônomos estados brasileiros por meio das Secretarias Estaduais de Saúde. A

formação desta rede, ainda, deve articular e incluir a definição de atividades junto

com as Secretarias Municipais de Saúde e com os Serviços de Atenção à Saúde,

dando essencial suporte aos que vão planejar e agir nos cuidados diretos aos

portadores de doenças infecciosas.

O Brasil possui hoje capacidade básica de resposta diante destes eventos. As

discussões devem pautar melhorias neste cenário de combate da transmissão das

doenças infecciosas potencializando suas competências. Ainda, alguns recursos

fundamentais para a qualidade das ações carecem de recursos básicos para

suportar situações corriqueiras e emergenciais.

A formação de um sistema operante e integrado de vigilância, o aumento da

capacidade e da qualidade dos laboratórios, a qualificação de canais de notificação

rápidos para as situações emergenciais como surtos, entre outros. São necessárias

ações governamentais pautadas nos distintos perfis institucionais que favoreçam a

cultura da informação, da prevenção, do controle de drogas e do uso racional de

antimicrobianos, buscando tornar mínimo os impactos destes grandes eventos.

Durante o debate, algumas ações foram sugeridas para qualificar esta

capacidade nos pais, como: investimentos em recursos laboratoriais, aperfeiçoando

a análise microbiológica, sustentáculo fundamental para o diagnóstico destas

doenças; qualificação na investigação e notificação de surtos relacionados a

produtos e práticas assistenciais, estrutura fundamental para intervenções rápidas e

direcionadas; e fortalecimento do programa de controle de infecções relacionadas à

assistência à saúde, linha guia fundamental para as ações de segurança do

paciente.

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

35

O Programa Nacional de Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à

Saúde (2013-2015) foi apresentado como uma essencial estratégia para o combate

das doenças infeciosas. Nos últimos anos, este passou por uma reestruturação e

adequação, inspirado em referências internacionais, indicando metas e ações de

controle e prevenção no contexto dos cuidados em saúde.

Contudo, ainda, segundo avaliação da OMS, o programa necessita de

aperfeiçoamentos. Uma análise detalhada dos atributos deste programa

governamental demonstrou que aspectos de sua organização, dos recursos

humanos, dos guias técnicos e suporte de laboratórios, do ambiente, da sua

capacidade de monitoramento e avaliação e seu vínculo com a saúde pública, ainda

são insuficientes. Melhores resultados foram apresentados apenas no atributo

vigilância, conquanto, ainda, não completamente satisfatórios.

O cenário posto, segundo os debatedores, demonstra que ainda existe um

longo caminho a seguir. É necessário modernizar a gestão administrativa e o modelo

de controle de infecção implantado no país, que ainda não atende a demanda de

cuidados. O fortalecimento dos vínculos governamentais deve ser pautado como

premissa da formação de um sistema de informação fundamental para ampliação da

capacidade de resposta. E todos os atores sociais devem ser envolvidos neste

processo de tomada de decisão, objetivando uma administração participativa e

transparente, princípio constitucional da atuação governamental.

4.3.2 Contextualização do Problema no Mundo

A experiência do governo norte-americano no controle de surtos e seu

impacto para os programas de controle de infecção inicialmente foi apresentada.

Foram avaliados aspectos relacionados às pandemias, surtos de produtos

contaminados, emergência da resistência microbiana e a repercussão de todos

estes eventos para o cuidado em saúde.

A discussão iniciou com a contextualização das emergências infecciosas.

Este fenômeno foi caracterizado com um processo que decorre de perturbações do

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

36

sistema ecológico, formando um ambiente favorável ao aparecimento de casos

iniciais de infecção em humanos que posteriormente são disseminados. Esta

ocorrência amplifica a necessidade de cuidados em saúde, elevando a densidade de

portadores nas instituições de assistência, que podem tornar-se epicentros de

transmissão da doença.

Esta permanente ameaça envolve desde circunstâncias que exigem cuidados

mínimos até mesmo outras, onde o risco e a iminência de mortes são elevadas. Os

serviços são obrigados, muitas vezes em um curto período de tempo, a articular

medidas para a manutenção do seu processo de trabalho em ordem, com adequada

provisão de suprimentos, recursos humanos e assistenciais necessários.

Desta forma, caracteriza-se a necessidade de uma resposta rápida e

articulada dos serviços. Ação que deve permitir a definição, identificação e

interrupção precoce dos casos da doença, instituir práticas eficazes de controle,

prevenir respostas inadequadas e garantir a segurança dos trabalhadores em saúde,

através de um plano estratégico que envolvam medidas administrativas e de

controle de infecção (higiene de mãos, precauções especiais, limpeza e desinfecção

ambiental, entre outros).

Toda esta preparação e orientação de ações deve contar com a participação

de uma “tríade de ouro” formada pelas agências e órgãos governamentais de saúde

pública, pelos serviços e organizações para o cuidado em saúde, e por profissionais

de saúde (médicos, enfermeiros, profissionais de laboratório). Equipes

multidisciplinares com conhecimento em controle de infecção devem ser formadas, e

devem atuar integradas com órgãos da saúde pública, preparando e planejando um

plano de contingência fundamentado nos riscos e na capacidade de saúde existente

para o controle da situação.

Diante destes aspectos, algumas experiências foram compartilhadas. Lições

aprendidas com a pandemia de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), surtos

do vírus Ebola, surtos com microrganismos multirresistentes e outros surtos

decorrentes de materiais contaminados demonstraram que a disseminação de uma

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

37

infecção pode ser extremante rápida e que a formação prévia de planos de

contingência é imprescindível para contenção do agravo.

Estes episódios evidenciaram que para a contenção destas ocorrências é

indispensável: a formação de programas de controle de infecção que tenham

expertise e condições para atuar antes mesmo da identificação do patógeno,

desenvolvendo processos educacionais, trabalhando com outros serviços e órgãos

governamentais de saúde pública. O serviço deve possuir infraestrutura adequada

para detectar e responder aos eventos de forma ágil e manter estratégias de

prevenção continuas da transmissão de IRAS. O engajamento de todos os atores do

processo, fundamentado em conhecimento cientifico e na responsabilidade, é

essencial para resultados eficazes e qualidade assistencial.

Abordou-se a atuação da Organização Mundial da Saúde (OMS) neste

cenário. Algumas questões do Regulamento Sanitário Internacional (RSI) e aspectos

sobre condições estruturais mínimas para o controle de infecção dos serviços de

saúde das Américas foram discutidos.

O RSI foi apresentado como um documento mundial que tem a finalidade de

colaborar com a prevenção e proteção das nações contra a propagação de doenças.

O documento foi criado para orientar respostas para a redução dos diversos fatores

de riscos na disseminação destas infecções.

Algumas capacidades básicas, a partir deste documento, foram colocadas

como essenciais para o êxito no controle de emergências em saúde pública. Dentro

delas, foram citadas: o estabelecimento de normas, leis nacionais e financiamento

para as ações, coordenação e comunicação, vigilância, resposta, prevenção,

comunicação de risco, recursos humanos e laboratório.

Os países devem estabelecer planos de contingência nacionais e locais com

condições mínimas para orientar medidas de controle da propagação de patógenos.

Um sistema de alerta e resposta rápida para as situações de emergência deve

proporcionar comunicação e investigação de possíveis ocorrências e nortear

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

38

medidas de controle para a interrupção da transmissão e o tratamento das pessoas

já infectadas.

Diante da desigualdade de condições assistenciais em saúde presentes no

continente americano a OMS, o RSI constitui-se em uma ferramenta que

estabeleceu um processo de avaliação do aparato estrutural para o cuidado de

saúde nas Américas. As capacidades básicas dos países foram avaliadas e os

Estados-Membros foram instados a definir os seus planos nacionais de ação como

forma de desenvolver a capacidade de resposta rápida aos agravos de interesse

internacional.

Além disto, um guia de avaliação dos programas hospitalares de controle de

infecção relacionada a assistência à saúde (IRAS) foi instituído, direcionando um

processo criterioso de análise das condições de alguns países. Os resultados

evidenciaram estruturas mínimas precárias para a assistência à saúde com falta de

insumos para higienização das mãos na área de cuidado e preparo de medicações,

inexistência de condições básicas para precauções especiais, inexistência de

condições seguras para o descarte de perfurocortantes e falta de sistemas de

notificação de surtos e orientações para estas situações.

Algumas experiências no controle de epidemias foram apresentadas, como o

surto de Ebola na Guiné, de Middle East Respiratory Syndrome Coronavirus (MERS)

nos serviços de saúde, de peste no Peru, tuberculose no Texas, e influenza A,

Chikungunya e KPC na América Central.

De um modo geral os surtos demonstraram que as medidas de contenção

básicas ainda necessitam ser implementadas. Estas situações evidenciaram

limitações estruturais para o controle de infecção nas diversas instituições e

apontam para a necessidade de melhorias nos processos de vigilância, na

implantação das precauções padrão e precauções especiais e na educação de

profissionais de saúde, visitantes e pacientes.

O controle de infecção deve constituir parte dos planos contingência tanto no

nível local quanto nacional, como forma de diminuir o impacto das situações de

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

39

emergências em saúde pública. A capacidade técnica e o apoio político foram

citados como elementos chaves para o desenvolvimento de programas exitosos de

prevenção e controle de infecção relacionada a assistência à saúde (IRAS), que

deve sempre ser analisado como um sério problema de saúde pública.

4.3.3 Lacunas de Pesquisa Identificadas

A partir da discussão da realidade brasileira e mundial frente aos impactos

que as epidemias e grandes endemias exercem sobre os serviços de saúde

algumas lacunas de pesquisa foram identificadas: capacidade instalada e potencial,

perspectiva dos profissionais, paradigmas de prevenção, modelos de prevenção,

efeitos das epidemias, custo e efetividade da comissão controle de infecção,

avaliação de sistemas laboratoriais.

Sobre a capacidade instalada e potencial, os especialistas sugeriram a

formação de pesquisas que investiguem a capacidade dos hospitais para o

enfrentamento de epidemias. Foram recomendados estudos sobre: avaliação da

correspondência entre capacidade declarada e capacidade real dos hospitais –

avaliação dos recursos físicos, humanos e administrativos, processo de trabalho e

mobilização para treinamentos; e estudos sobre planos de contingência em

epidemias.

A perspectiva dos profissionais de saúde, se refere a visão que estes

possuem em relação a epidemia. Foram recomendadas investigações que

reconhecessem esta compreensão dos profissionais de saúde e dos profissionais de

controle de IRAS, procurando apreender a percepção dos mesmos sobre o impacto

da epidemia em sua vida e na de seus familiares; a análise destes profissionais

sobre o suporte institucional; e perspectiva diferenciada frente a distintos agravos.

Os paradigmas de prevenção também foram indicados como alvo de estudos.

Nesta parte os especialistas indicaram: explorar o índice de conhecimento dos

profissionais de saúde a respeito dos aspectos de prevenção como parte da

estrutura do programa de controle de infecção da instituição; e correlacionar o

conhecimento de aspectos de prevenção e a adesão às práticas recomendadas.

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

40

Além deste, em relação aos modelos de prevenção, é identificada a necessidade de

explorar modelos alternativos para serviços hospitalares, e iniciar o desenvolvimento

de modelos para serviços não hospitalares.

Sobre os efeitos das epidemias é mencionada a necessidade de investigar os

efeitos colaterais deste processo, identificando seus impactos administrativos e

assistenciais para o cuidado em saúde, como: avaliação da mortalidade e do risco

para outros eventos adversos, índice de absenteísmo, avaliação do custo para

contenção da epidemia e repercussão da epidemia na visibilidade e no processo de

trabalho da comissão de controle de infecção. Neste sentido, também foram

sugeridos novos estudos que respondessem questões relativas ao custo e

efetividade das comissões de controle de infecção, correlacionando as

características dos hospitais brasileiros e seus resultados frente aos indicadores de

IRAS (sua posição em relação as demais instituições).

Por fim, os participantes deste eixo temático debateram sobre a avaliação de

sistemas laboratoriais como suporte para estes grandes eventos. Os especialistas

debateram sobre a potencial utilização do Sistema de Gerenciamento do Ambiente

Laboratorial (GAL), vinculado a Secretaria de Vigilância em Saúde e que articula

laboratórios de referência, como uma das ferramentas para monitorização da

resistência microbiana. Frente a este aspecto foram sugeridas: avaliações dos

sistemas laboratoriais de diferentes países identificando possibilidades de

intervenção para a melhoria da qualidade dos laboratórios brasileiros; e estudos

sobre as características diferenciais na definição de bases microbiológicas.

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

41

5 CONCLUSÕES

O Ciclo Internacional de Debates em Políticas Públicas para a prevenção e

controle de IRAS e segurança do paciente cumpriu seus objetivos de estabelecer um

espaço reflexivo para a busca de soluções de problemas atuais e emergentes em

prevenção e controle de IRAS. Experiências foram compartilhadas e a identificação

de lacunas de pesquisas para as políticas públicas no campo das IRAS e segurança

do paciente esteve presente nos três encontros.

Durante os três encontros, que somaram 6 dias de atividades, o debate entre

os palestrantes e o público permitiu a identificação de ações passíveis de serem

implementadas no Brasil e outros países em desenvolvimento. A promoção do

debate evidenciou que a identificação e priorização de problemas e proposição de

soluções na prevenção de IRAS na perspectiva de Estado ainda é uma abordagem

pouco explorada. Não obstante, ao longo do processo do ciclo de debates,

emergiram algumas diretrizes para apoiar a formulação de políticas públicas para a

prevenção e controle de IRAS e a segurança do paciente.

Neste contexto, considerou-se como indispensável:

• manifestação concreta do engajamento político, com ações coordenadas

entre os diferentes níveis e órgãos governamentais (ANVISA, Ministério da

Saúde e Secretarias da Saúde nos Estados e Municípios);

• valorização do conhecimento epidemiológico, fortalecendo grupos de

vigilância com experiências bem sucedidas para o apoio às principais ações

de prevenção e controle de IRAS;

• estimulo à prática da pesquisa, com definição de linhas de financiamento que

estimulem a investigação de aspectos técnicos, sociais, humanos e filosóficos

dirigidas aos interesses de saúde pública e que possam dar suporte às ações

governamentais para a prevenção e controle de IRAS e segurança do

paciente;

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

42

• capacitação técnica e formação de novos profissionais, com a definição de

diretrizes pedagógicas que envolvam a formação para segurança do paciente

e controle de IRAS e a capacitação permanente para atuação nestas áreas;

O controle de IRAS como ação fundamental para a segurança do paciente é

uma responsabilidade de todos nós, profissionais de saúde, gestores, fornecedores

e usuários dos sistemas de saúde. Cabe nos conscientizar sobre o nosso papel,

compreendendo a dimensão do fenômeno e desenvolvendo uma atuação ética para

um cuidado humanizado e de qualidade.

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

43

6 REFERÊNCIAS

6.1 Referencias Citadas

Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Regulamento Sanitário Internacional. RSI –

2005. Disponível em: <www.anvisa.gov.br/paf/legislacao/regulatec.pdf>. Acesso

em: 10 dez. 2014.

Allegranzi B, Bagheri Nejad S, Combescure C, Graafmans W, Attar H, Donaldson L,

Pittet D. Burden of endemic health-care-associated infection in developing

countries: systematic review and meta-analysis. Lancet. 2011 Jan 15;

377(9761):228-41.

Costa LB, Cardoso MR, Ferreira CG, Levy CE, Borba HM, Sallas J, Santana HT,

Lima RS, Ferraz LR, Reis JD, Santi LQ, Levin AS. National prevalence survey in

Brazil to evaluate the quality of microbiology laboratories: the importance of

defining priorities to allocate limited resources. Rev Panam Salud Publica. 2013

Jan;33(1):73-8.

Ducel G, Fabry J, Nicolle L. Prevention of Hospital-Aquired Infections: A Practical

Guide. 2nd Edition. World Health Organization 2002; Dec:1-4.

Lacerda RA, Egry EY. As Infecções Hospitalares e sua relação com o

Desenvolvimento da Assistência Hospitalar: reflexões para a análise de suas

Práticas Atuais de Controle. Revista Latino-Americana De Enfermagem, Ribeirão

Preto, São Paulo, 1997; 5(4):13-23.

Lacerda RA, Jouclas VMG, Egry EY. Infecções Hospitalares No Brasil. Ações

Governamentais para o seu Controle enquanto Expressão de Políticas Sociais

na área de Saúde. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo 1996;

30(1): 93-115.

Maciel AL, de Assis DB, Madalosso G, Padoveze MC. Evaluating the quality of

outbreak reports on health care-associated infections in São Paulo, Brazil, during

2000-2010 using the ORION statement findings and recommendations. Am J

Infect Control. 2014 Apr;42(4):e47-53

McKibben L, Horan T, Tokars JI, Fowler G, Cardo DM, Pearson ML, et al. Guidance

on public reporting of healthcare-associated infections: recommendations of the

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

44

Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee. Am J Infect Control.

2005; 33:217-26.

Nogueira Junior C, Mello DS, Padoveze MC, Boszczowski I, Levin AS, Lacerda RA.

Characterization of epidemiological surveillance systems for healthcare-

associated infections (HAI) in the world and challenges for Brazil. Cad Saude

Publica. 2014 Jan;30(1):11-20. Review.

Nogueira Junior C, Padoveze MC, Lacerda RA. Governmental surveillance system of

healthcare-associated infection in Brazil. Rev Esc Enferm USP. 2014

Aug;48(4):656-61.

Padoveze MC, Assis DB, Freire MP, Madalosso G, Ferreira SA, Valente MG,

Fortaleza CM. Surveillance Programme for Healthcare Associated Infections in

the State of São Paulo, Brazil. Implementation and the first three years' results. J

Hosp Infect. 2010 Dec;76(4):311-5

Padoveze MC, Figueiredo RM. The role of primary care in the prevention and control

of healthcare associated infections. Rev Esc Enferm USP. 2014 Dec;48(6):1137-

44.

Padoveze MC; Fortaleza CMCB. Healthcare-associated infections: challenges to

public health in Brazil. Rev Saude Publica. 2014 Oct; 48(6): 995–1001.

St. Louis M. Global Health Surveillance. MMWR. 2012; 61: 15-9.

Stone PW, Braccia D, Larson E. Systematic review of economic analyses of health

care-associated infections. Am J Infect Control 2005; 33:501-509.

Viana N, Soares CB, Campos CMS. Reprodução Social e Processo Saúde-Doença:

Para compreender o objetivo da saúde coletiva. In: Soares CS, Campos CMS,

organizadores. Fundamentos de Saúde Coletiva e o Cuidado de Enfermagem.

São Paulo: Manole; 2013. p. 107-142.

World Health Organization. Patient safety research. França: WHO; 2009. 16p.

World Health Organization. Core components for infection prevention and control

programmes. Assessment tools for IPC programmes.

(WHO/HSE/GAR/BDP/2011.3). Geneva: World Health Organization; 2013.

Disponível em:

http://whqlibdoc.who.int/hq/2011/WHO_HSE_GAR_BDP_2011.3_eng.pdf.

Acesso em 17 de fevereiro de 2015.

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

45

6.2 Referencias Recomendadas

Carlet J, Rambaud C, Pulcini C. Save Antibiotics: a call for action of the World

Alliance Against Antibiotic Resistance (WAAAR). BMC infectious diseases, 2014;

14: 436.

European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC). Core competencies

for infection control and hospital hygiene professionals in the European Union.

Stockholm: ECDC; 2013 Disponível em:

http://www.ecdc.europa.eu/en/publications/publications/infection-control-core-

competencies.pdf. Acesso em 17 de fevereiro de 2015.

Murphy DM, Hanchett M, Olmsted RN, Farber MR, Lee TB, Haas JP, Streed SA.

Competency in infection prevention: A conceptual approach to guide current and

future practice. Am J Infect Control 2012;40(4): 296-303.

Organización Panamericana de la Salud. Guía de evaluación rápida de programas

hospitalarios en prevención y control de las infecciones asociadas a la atención

de salud. Washington: OPAS, 2010. 49 p.

World Health Organization. Antimicrobial Resistance: Draft global action plan on

antimicrobial resistance. Executive Board. 136th session. Geneva: World Health

Organization; 2014. Disponível em:

http://apps.who.int/gb/ebwha/pdf_files/EB136/B136_20-en.pdf. Acesso em 17 de

fevereiro de 2015.

World Health Organization. Department of Communicable Disease. Surveillance and

Response. Prevention of hospital-acquired infections: a practical guide 2nd ed.

Geneva: World Health Organization; 2002. Disponível em:

http://www.who.int/csr/resources/publications/drugresist/WHO_CDS_CSR_EPH_

2002_12/en/. Acesso em 17 de fevereiro de 2015.

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

46

ANEXOS

Anexo 1 – Programa Eixo Temático 1

PROGRAM

March 26 - 27th

Theme 1: Antimicrobial resistance in healthcare and in the community

Main objective: to stimulate the debate and the search for solutions on current and

emergent problems affecting the prevention and control of healthcare-associated

infections, addressed to the scientific community, policy makers and practitioners in

infection control and patient safety.

Local: School of Nursing, University of São Paulo. Av. Dr. Enéas de Carvalho

Aguiar, 419. São Paulo

March 26th

8:00-09:00 - Registration and reception.

9:00-10:00 - Presentation of the problem in Brazil

• Ana Cristina Gales (UNIFESP)

• Maria Helena Matté (FSP-USP)

10:30-11:30 - Presentation of the problem in other countries

• Mitchell J. Schwaber. (Israel)

• Ana Paula Coutinho (WHO, Denmark)

11:30-12:00 –Questions

14:00-15:00 - Presentation of successful experiences and failures in control of the

problem

• Ana Cristina Gales (UNIFESP)

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

47

• Maria Helena Matté (FSP-USP)

• Mitchell J. Schwaber. (Israel)

• Ana Paula Coutinho (WHO, Denmark)

3:30-5 PM - Questions

27th March:

9:00-9:40 - Summary of the main points presented

• Anna Sara Levin (FM-USP)

10:00-12:00– Debate on potential application of external experiences in Brazil and in

other emerging countries.

Panelists:

• Luis Fernando Waib (ABIH)

• Silvia Figueiredo Costa (FM-USP)

14:00-17:00 - Identification and discussion about areas in which research is needed

Coordination

Maria Clara Padoveze. School of Nursing, University of São Paulo

Anna Sara Levin. Faculty of Medicine, University of São Paulo

Scientific Committee

Carlos Magno CB Fortaleza.Faculty of Medicine, São Paulo State University

Cassimiro Nogueira Junior. School of Nursing, University of São Paulo

Denise Brandão de Assis. Hospital Infection Division. São Paulo State Health

Department.

Eliseu Alves Waldman. Faculty of Public Health, University of São Paulo.

Rúbia Aparecida Lacerda. School of Nursing, University of São Paulo.

Suely Itsuko Ciosak. School of Nursing, University of São Paulo.

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

48

Sponsor

CNPQ:

National Counsel of Technological and Scientific Development

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

49

Anexo 2 – Programa Eixo Temático 2

PROGRAMA

09 e 10 de Abril

Tema 2: Sistemas de vigilância e desenvolvimento de recursos humanos

Objetivo principal: estimular o debate e a busca por soluções em problemas atuais

e emergentes que afetam a prevenção e o controle de infecções relacionadas aos

serviços de saúde e segurança do paciente, dirigido à comunidade científica,

formuladores de políticas e praticantes na área.

Local: Auditório José Ademar. Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. São

Paulo. Av. Dr. Arnaldo, 351, térreo.

09 de Abril

8:00-09:00 - Inscrições e recepção

9:00-10:00 - Apresentação do problema no Brasil

• Denise Brandão de Assis (DIH-CVE)

• Zenewton A.S. Gama (UFRN)

10:30-11:30 - Apresentação do problema em outros países

• Fernando Otaiza (Chile)

• Maria Clara Padoveze (EEUSP)

11:30-12:00 – Perguntas

14:00-15:00 - Apresentação de experiências de sucesso e falhas no controle do

problema.

• Denise Brandão de Assis (DIH-CVE)

• Zenewton Gama (UFRN)

• Fernando Otaiza (Chile)

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

50

• Maria Clara Padoveze (EEUSP)

3:30-5 PM - Perguntas

10 de Abril

9:00-9:40 - Sumário das apresentações

• Carlos Magno C.B. Fortaleza (UNESP)

10:00-12:00– Debate em aplicações potenciais de experiências externas no Brasil e

em outros países emergentes.

Debatedores:

• Silvia Fonseca (Hospital São Francisco, Ribeirão Preto)

• Suely Itsuko Ciosak (EEUSP)

14:00-17:00 - Identificação e discussão sobre potenciais áreas de interesse em

pesquisa

Coordenação

Maria Clara Padoveze. Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo.

Anna Sara Levin. Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo

Comitê Científico

Carlos Magno CB Fortaleza. Faculdade de Medicina, UNESP

Cassimiro Nogueira Junior. Escola de Enfermage, USP.

Denise Brandão de Assis. Divisão de Infecção Hospitalar, CVE, São Paulo

Eliseu Alves Waldman. Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo

Rúbia Aparecida Lacerda. Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo.

Suely Itsuko Ciosak. Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo.

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

51

Sponsor

CNPQ:

National Counsel of Technological and Scientific Development

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

52

Anexo 3 – Programa Eixo Temático 3

PROGRAMA

07 e 08 de Maio

Tema 3: Impacto do cenário externo nos serviços de saúde: efeito das epidemias e

grandes endemias.

Objetivo principal: estimular o debate e a busca de soluções para os problemas

atuais e emergentes que afetam a prevenção e controle de infecções relacionadas

aos serviços de saúde e segurança do paciente, dirigido a comunidade científica,

formuladores de políticas e praticantes em controle de infecção e segurança do

paciente.

Local: Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo. Av. Dr. Enéas de

Carvalho Aguiar, 419. São Paulo

07 de Maio

9:00-10:00 - Apresentação do problema no Brasil

• Cláudio Maierovitch P Henriques (SVS-MS)

• Diana Carmen Almeida Nunes de Oliveira (ANVISA)

10:30-11:30 - Apresentação do problema em outros países

• Denise Mary Cardo (CDC-USA)

• Valeska Stempliuk (PAHO)

• Sergey Eremin (WHO) (videoconferência)

11:30-12:00 – Perguntas

14:00-15:00 - Apresentação de experiências de sucessos e falhas no controle do

problema

• Cláudio Maierovitch P Henriques (MS)

• Diana Carmen Almeida Nunes de Oliveira (ANVISA)

• Denise Mary Cardo (USA)

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

53

• Valeska Stempliuk (PAHO)

3:30-5 PM - Perguntas

08 de Maio

9:00-9:40 - Sumário dos principais pontos apresentados

• Maria Clara Padoveze (EE-USP)

10:00-12:00 - Debate sobre a aplicação potencial de experiências externas no Brasil

e em outros países emergentes.

Debatedores:

• Silvia Fonseca (Hospital São Francisco - RP)

• Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza (FM-UNESP)

14:00-17:00 - Identificação e discussão de lacunas de pesquisa na temática

Coordenação

Maria Clara Padoveze. Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo

Anna Sara Levin. Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo

Comitê Científico

Carlos Magno CB Fortaleza. Faculdade de Medicina, UNESP

Cassimiro Nogueira Junior. Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo

Denise Brandão de Assis. Divisão de Infecção Hospitalar, SES-SP

Eliseu Alves Waldman. Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo.

Rúbia Aparecida Lacerda. Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo

Suely Itsuko Ciosak. Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo

CICLO DE DEBATES EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE IRAS E SEGURANÇA DO PACIENTE: Relatório Final

54

Sponsor

CNPQ:

National Counsel of Technological and Scientific Development