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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS
CAROLINE FLORES SCACIOTTI
ESTUDO SOBRE A CARACTERIZAÇÃO DE ATENUADORES DE
VIBRAÇÃO DE COMPRESSORES
ABORDAGEM EXPERIMENTAL PARA A OBTENÇÃO DE PARÂMETROS DE
AMORTECIMENTO
São Carlos
2017
CAROLINE FLORES SCACIOTTI
ESTUDO SOBRE A CARACTERIZAÇÃO DE ATENUADORES DE
VIBRAÇÃO DE COMPRESSORES
ABORDAGEM EXPERIMENTAL PARA A OBTENÇÃO DE PARÂMETROS DE
AMORTECIMENTO
Monografia apresentada ao Curso de
Engenharia Mecânica, da Escola de Engenharia
de São Carlos da Universidade de São Paulo,
como parte dos requisitos para obtenção do
título de Engenheira Mecânica.
Orientador: Prof. Dr. Marcelo Areias Trindade
São Carlos
2017
AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO,
POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE
ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Scaciotti, Caroline S292e ESTUDO SOBRE A CARACTERIZAÇÃO DE ATENUADORES DE
VIBRAÇÃO DE COMPRESSORES : ABORDAGEM EXPERIMENTAL PARA A OBTENÇÃO DE PARÂMETROS DE AMORTECIMENTO / Caroline Scaciotti; orientador Marcelo Areias Trindade. São
Carlos, 2017.
Monografia (Graduação em Engenharia Mecânica) -- Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de
São Paulo, 2017.
1. Viscoelasticidade. 2. Amortecimento. 3.
Compressores. 4. Vibrações Mecânicas. I. Título.
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, heróis da minha vida,
por serem fontes inesgotáveis de
amor, inspiração e incentivo.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pelas bênçãos no meu caminho e pela chance de cada novo dia.
À Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, por abrir portas e por me
proporcionar oportunidades essenciais para o meu desenvolvimento pessoal, acadêmico e
profissional.
Ao Professor Doutor Marcelo Areias Trindade, pela orientação e por aceitar comigo o desafio
de extrair o máximo do projeto base deste trabalho.
À Tecumseh, em especial à equipe de Pesquisa e Desenvolvimento da Tecumseh do Brasil, pela
oportunidade de evoluir diariamente junto a pessoas de excelência. Ao Sr. Eduardo Pereira, por
toda generosidade e paciência durante o processo de aprendizado e pela confiança. Ao Vitor
Ferreira e Tiago Botega por me acolherem tão bem na equipe e pelo repasse constante de
conhecimento. À diretoria, a todos os técnicos, engenheiros, funcionários e colaboradores que
cooperaram de forma notável e imprescindível para a realização do estágio, alicerce deste
estudo.
Aos meus pais, pela dedicação, suporte e incentivo incansáveis. Por serem minha inspiração,
meus exemplos de vida, de caráter e de amor. O melhor de mim é de vocês.
À toda minha família, por estarem sempre presentes, me impulsionando e acolhendo, quando
preciso.
A todos os amigos que contribuíram de alguma forma para que essa etapa fosse concluída com
sucesso. Faltaria espaço para agradecer nominalmente a todos que me acompanham há anos e
àqueles que tive o prazer de conhecer durante esse processo de formação e que, certamente,
colaboraram para que esse trabalho fosse a conclusão de uma fase tão prazerosa e inesquecível.
Aos que, direta ou indiretamente, fizeram parte da minha formação.
A todos, meu muito obrigada.
RESUMO
SCACIOTTI, C. F. Estudo sobre a caracterização de atenuadores de vibração de
compressores: Abordagem experimental para a obtenção de parâmetros de amortecimento.
2017. 70 f. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Escola de Engenharia de São
Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2017.
Durante o processo de pesquisa e desenvolvimento de produtos cada vez mais
competitivos, é recorrente o desafio de mitigar vibrações indesejáveis nas estruturas. Costuma-
se dividir os problemas de vibroacústica em fontes, caminhos de transmissão e receptor. Então,
buscando uma melhoria dos níveis de vibração dos compressores, este estudo analisou um dos
caminhos de transmissão, os chamados grommets, visando sua compreensão e a caracterização
de suas propriedades. Devido à complexidade analítica envolvida na formulação matemática de
sistemas com vários corpos acoplados, como é o caso dos compressores, há crescente interesse
em resultados empíricos. Como ponto de partida, realizou-se, então, estudos experimentais
feitos com seis tipos distintos de grommets, os quais diferenciam entre si em dureza, perfil,
altura, diâmetro e material. A fim de simular a pré-carga e representar o compressor, utilizou-
se uma massa rígida acoplada a quatro grommets e, assim, extraiu-se valores de rigidez e de
fator de amortecimento equivalentes. Os testes foram fundamentados na teoria do método do
decremento logarítmico e do método da meia amplitude. Observou-se que a variação da pré-
carga utilizada, por exemplo, não foi suficiente para causar mudanças relevantes na capacidade
de amortecimento dos atenuadores. Percebeu-se também que, para alguns grommets, a
frequência natural amortecida é próxima da de funcionamento do compressor, o que pode
ocasionar problemas relacionados ao fenômeno da ressonância. Os primeiros resultados
indicam que um dos grommets estudados oferece uma atenuação de vibrações superior à dos
demais, os quais apresentaram valores de rigidez e de fator de amortecimento mais próximos
entre si. Os primeiros resultados do teste feito com excitador eletrodinâmico confirmam a ordem
de grandeza obtida no primeiro teste, realizado com um martelo de impacto adaptado.
Palavras-chave: Viscoelasticidade. Amortecimento. Compressores. Vibrações Mecânicas.
ABSTRACT
SCACIOTTI, C. F. Study on characterization of compressors` vibration attenuators:
Experimental approach to obtain damping parameters. 2017. 70 f. Graduation Work - São
Carlos School of Engineering, University of São Paulo, São Carlos, 2017.
During the process of research and development of increasingly competitive products,
it is recurrent the challenge to mitigate undesirable vibrations in the structures. It is customary
to divide the problems of vibroacoustic into sources, transmission paths and receiver. So,
looking for an improvement in the compressors vibration levels, this work studied one of the
transmission paths, the so-called grommets, aiming their understanding and a characterization
of their properties. Due to the analytical complexity involved in the mathematical formulation
of systems with multiple linked bodies, compressors' case, there is a growing interest in
empirical results. As a starting point, experimental essays were realized with six different types
of grommets, which differ in their hardness, profile, height, diameter and material. In order to
simulate the preloading of the compressor weight, a rigid mass coupled to four grommets was
used and, thus, equivalent stiffness and damping factor values were extracted. The tests were
based on the theory of the logarithmic decrement method and the half amplitude method. It was
observed that the variation of the preload, for example, is not sufficient to cause relevant
changes in the damping capacity of the attenuators. Also, that for some grommets, the damped
natural frequency is close to that of the compressor operation, which may cause problems
related to the resonance phenomenon. The results indicate that one of the studied grommets
offers a higher vibration attenuation over the others, which presented stiffness and damping
factor closer to each other. The test with electrodynamic shaker confirms the magnitude order
obtained in the first test, performed with an adapted impact hammer.
Keywords: Viscoelasticity. Damping. Compressors. Mechanical Vibrations.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Seis modelos de grommet testados, todos em EPDM, ordenados por diâmetro de
base crescente ..........................................................................................................................32
Figura 2 – Detalhe dos diâmetros internos dos grommets 6, 2 e 3. O diâmetro de base é o
mesmo, assim como a altura ....................................................................................................32
Figura 3 – Vibração média (mm/s) em um dos pontos de medição do compressor variando-se
a velocidade e o grommet utilizado (x, y, z) .............................................................................36
Figura 4 – Vibração média (mm/s) de compressor, a velocidade fixa, utilizando 5 grommets
distintos (x, y, z, w, u) ..............................................................................................................36
Figura 5 – Espectro das características dos materiais: materiais reais apresentam
comportamento intermediário, o chamado viscoelástico .........................................................42
Figura 6 – Curvas de tensão e deformação cíclicas vs. tempo para os 3 tipos de materiais .......43
Figura 7 – Variação do Módulo Complexo com a temperatura para um material viscoelástico
típico ........................................................................................................................................45
Figura 8 – Variação da parte real do modulo e do fator de perda com a frequência ..................46
Figura 9 – Variação da parte real do módulo e do fator de perda com o aumento da pré-carga
estática .....................................................................................................................................47
Figura 10 – Elementos do mais simples sistema de 1GDL .......................................................49
Figura 11 – Resposta do movimento oscilatório livre não amortecido para 1GDL ..................51
Figura 12 – Resposta do movimento oscilatório livre amortecido para 1GDL .........................53
Figura 13 – Amplitudes utilizadas para o cálculo do decremento logarítmico, δ, utilizando a
resposta do movimento oscilatório livre amortecido.................................................................................58
Figura 14 – Equação da curva envelope presente no gráfico de resposta do movimento
oscilatório livre amortecido e utilizada no método da meia-amplitude.....................................60
Figura 15 – Relação entre a amplitude e a faixa de frequência delimitada por 𝜔1 e 𝜔2.............61
Figura 16 – Variação da amplitude da resposta em função da razão de amortecimento ζ..........61
Figura 17 – Bloco de aço 1020, de massa variável, soldado aos pés dos compressores e
acoplado a 4 grommets.............................................................................................................63
Figura 18 – Martelo modificado para teste de impacto .............................................................64
Figura 19 – Demonstrativo de local de impacto e de captação do sinal de saída .......................64
Figura 20 – Interface do programa em LabVIEW desenvolvido, para o teste com o martelo
modificado, pela equipe de Instrumentação da Tecumseh do Brasil ........................................66
Figura 21 – Configuração do teste com excitador eletrodinâmico............................................67
Figura 22 – Curva típica obtida pelo teste com o Shaker...........................................................68
Figura 23 – Gráfico com os valores do fator de amortecimento em Z para cada grommet e cada
massa testados..........................................................................................................................72
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Transformações entre os parâmetros que expressam o amortecimento do sistema...57
Tabela 2 – Parâmetros extraídos do teste com o martelo adaptados, pré-carga de 6,505 Kg e 4
grommets acoplados .................................................................................................................69
Tabela 3 – Parâmetros extraídos do teste com o martelo adaptados, pré-carga de 8,507 Kg e 4
grommets acoplados .................................................................................................................71
Tabela 4 – Parâmetros extraídos do teste com o martelo adaptados, pré-carga de 11,675 Kg e 4
grommets acoplados .................................................................................................................71
Tabela 5 – Analise da influência do diâmetro de base e da altura do grommet no fator de
amortecimento resultante..........................................................................................................73
Tabela 6 – Valores de fator de amortecimento extraídos do teste com o excitador
eletrodinâmico...........................................................................................................................75
Tabela 7 – Comparativo dos valores de fator de amortecimento obtidos nos dois testes, para
cada grommet e pré-carga testados ............................................................................................76
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 31
1.1 Contexto e motivação ..................................................................................................................... 31
1.2 Objetivos Geral e Específico .......................................................................................................... 33
1.2.1 Objetivo geral ........................................................................................................................ 33
1.2.2 Objetivos específicos............................................................................................................. 33
2 O COMPRESSOR E OS GROMMETS ......................................................................................... 35
3 VIBRAÇÃO E AMORTECIMENTO – Visão Geral ..................................................................... 37
3.1 Vibração .......................................................................................................................................... 37
3.2 Amortecimento ............................................................................................................................... 38
3.2.1 Amortecimento ou atrito interno ........................................................................................... 38
3.2.2 Amortecimento estrutural ...................................................................................................... 39
4 MATERIAIS VISCOELÁSTICOS ................................................................................................ 41
4.1 Comportamento intermediário – Representação por mola - amortecedor ...................................... 42
4.1.1 Caracterização das propriedades dos materiais viscoelásticos .............................................. 43
4.1.2 Módulo complexo ................................................................................................................. 44
4.1.3 Efeito da temperatura ............................................................................................................ 45
4.1.4 Efeito da frequência .............................................................................................................. 46
4.1.5 Efeito da pré-carga estática ................................................................................................... 47
5 MODELAGEM DO SISTEMA ..................................................................................................... 49
5.1 Equações de movimento ................................................................................................................. 49
5.2 Movimento oscilatório livre não-amortecido ................................................................................. 50
5.3 Movimento oscilatório livre amortecido......................................................................................... 52
5.4 Movimento oscilatório forçado amortecido .................................................................................... 54
5.5 Caso do sistema compressor + atenuadores .................................................................................... 54
6 MÉTODOS EXPERIMENTAIS PARA A OBTENÇÃO DE PARÂMETROS DE
AMORTECIMENTO ............................................................................................................................ 57
6.1 Método do Decremento Logarítmico .............................................................................................. 58
6.2 Método da Meia Amplitude ............................................................................................................ 60
6.3 Método da Meia-Potência ............................................................................................................... 60
6.4 Análise Modal e Superposição Modal ............................................................................................ 62
7 PROCEDIMENTO ......................................................................................................................... 63
7.1 Teste com Martelo Modificado – Método do Decremento Logarítmico ....................................... 64
7.2 Teste com excitador eletrodinâmico ............................................................................................... 66
8 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................................. 69
8.1 Resultados do Teste com o Martelo Modificado ............................................................................ 69
8.2 Discussão Complementar e Limitações do Teste com o Martelo Modificado ............................... 74
8.3 Resultados do Teste com o Excitador Eletrodinâmico ................................................................... 74
9 CONCLUSÕES .............................................................................................................................. 77
10 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .......................................................................... 79
31
1 INTRODUÇÃO
O objetivo desta sessão é caracterizar o cenário corporativo no que tange ao sistema de
amortecimento dos compressores. Para isso, visando o entendimento das abordagens seguidas,
faz-se necessário revisar alguns dos conceitos físicos envolvidos.
1.1 Contexto e motivação
Durante o processo de pesquisa e desenvolvimento de produtos cada vez mais
competitivos, é recorrente o desafio de mitigar vibrações e ruídos indesejáveis nas estruturas.
O efeito destes fenômenos, no caso dos compressores, pode variar desde a falha de componentes
devido à fadiga até a percepção do consumidor sobre a má qualidade do ruído irradiado ou
sobre a vibração excessiva de um produto. Ou seja, um nível de ruído ou vibração excessivo
pode comprometer o correto funcionamento de componentes, diminuir a vida útil do sistema,
prejudicar o conforto humano, comprometer a homologação de produtos e, ademais, diminuir
a venda e a produção de tecnologias. Portanto, a análise e o controle sobre os níveis de vibração
dos compressores são extremamente necessários e desejáveis nos projetos da Tecumseh, seja
no momento de concepção ou no de análise de protótipos.
Motivado pela atenuação das vibrações decorrentes, primordialmente, do movimento
alternativo do pistão no compressor hermético, iniciou-se então na Tecumseh do Brasil o estudo
sobre alternativas de balanceamento do sistema mecânico. Tal estudo evidenciou a
complexidade analítica envolvida na compreensão de sistemas com vários corpos acoplados, o
que fortaleceu o interesse em resultados empíricos ou provenientes de simulações.
A Tecumseh do Brasil (TDB) domina a parametrização no que tange corpos rígidos e a
maioria dos corpos flexíveis componentes de seus produtos. No entanto, parâmetros de
amortecimento e rigidez das molas e dos grommets (atenuadores usados entre o compressor e
o gabinete), permanecem como objetos de estudo para mais adequada caracterização e posterior
inserção em modelos de simulação.
Busca-se, ao fim, obter modelos numéricos suficientemente representativos da realidade
para, além de resolver o desafio das vibrações causadas pelo movimento alternativo do pistão
e por outras fontes internas, propiciar o desenvolvimento de produtos mais competitivos e
refinados.
A TDB disponibiliza 18 tipos de grommets no total, porém apenas seis foram utilizados
como objeto deste estudo. Houve o cuidado, contudo, de que o grupo dos selecionados fosse o
32
mais representativo possível do total. Entre os tipos abordados, há diferenças de diâmetro,
altura, perfil, material, dureza e memória elástica.
A Figura 1 ilustra diferenças de diâmetro, altura e perfil. Nota-se que os grommets 1, 2,
3 e 6 têm mesmo diâmetro de base. No entanto, o grommet 1 é mais alto, enquanto que os
diâmetros internos de 2, 3 e 6 são distintos, como pode ser observado na Figura 2.
Outra característica é ilustrada na Figura 2: os grommets 6 e 2 apresentam rebaixo no
diâmetro interno; o grommet 3 não.
O grommet 5 tem diâmetro de base maior, assim como o grommet 4. Este último, além
de ter o maior dos diâmetros de base, também difere na altura e no perfil.
Figura 1 - Seis modelos de grommet testados, ordenados por diâmetro de base crescente. Fonte: a
autora.
Figura 2 - Detalhe dos diâmetros internos dos grommets 6, 2 e 3. O diâmetro de
base é o mesmo, assim como a altura. Fonte: a autora.
Para os ensaios e simulações, fixou-se uma mesma pré-carga, buscando-se representar
a maioria dos compressores da TDB.
33
1.2 Objetivos Geral e Específico
1.2.1 Objetivo geral
Caracterização dos atenuadores de vibração utilizados nos compressores da Tecumseh
do Brasil. Obter dados de rigidez e amortecimento para inserção em modelos de dinâmica de
multicorpos.
1.2.2 Objetivos específicos
• Compreender qual o grau de influência que a capacidade de amortecimento dos
grommets tem sobre a qualidade dos produtos: avaliar o quanto um sistema adequado
de amortecimento pode reduzir os níveis de vibração e ruído dos compressores da
Tecumseh do Brasil;
• Prever resultados de rigidez e amortecimento com teste desenvolvido pela equipe de
Pesquisa e Desenvolvimento - Instrumentação, Acústica e Vibração da Tecumseh do
Brasil;
• Analisar quais fatores (perfil, material, dureza, etc) podem ser determinantes para a
obtenção de um atenuador de vibrações ideal;
• Colaborar para o desenvolvimento de novos procedimentos para caracterização dos
atenuadores;
• Validar os procedimentos de teste desenvolvidos;
• Extrair resultados confiáveis de rigidez e amortecimento dos atenuadores e inseri-los
em modelos multicorpos;
• Validar o modelo numérico a partir de resultados reais.
34
35
2 O COMPRESSOR E OS GROMMETS
Costuma-se dividir um problema vibro acústico em fontes, caminhos de propagação e
receptor. Internamente ao compressor hermético, as vibrações poderão ser geradas por:
variações temporais da pressão do fluido refrigerante, movimento da serpentina de transporte
de fluido (principalmente quando ocorre o fenômeno da ressonância), funcionamento do motor
e forças geradas pelos movimentos rotacional e translacional do mecanismo do pistão. Tais
vibrações são transmitidas à carcaça através dos tubos de descarga e de sucção, do gás contido
entre o kit mecânico e a carcaça, e através das molas de suspensão que sustentam o kit mecânico
(VENDRAMI, 2013).
Por outro lado, a excitação sentida pela carcaça é, por sua vez, transmitida ao gabinete
através das conexões dos tubos de conexão com o sistema (condensador, válvulas e evaporador)
e pelos grommets.
Entende-se, então, que, no caso abordado neste trabalho, os componentes internos ao
compressor fazem as vezes da fonte, os amortecedores e os tubos de transporte de refrigerante
(sucção e, principalmente, descarga) apresentam-se como caminhos de propagação, e o
gabinete, como receptor.
Dessa forma, visando a melhoria dos níveis de vibração transmitidos ao receptor, há
algumas mudanças possíveis:
• Na fonte – aspectos mecânicos do compressor, como balanceamento e alterações no
motor;
• Na transmissão – mudanças de projeto dos tubos (dobra, diâmetro) e novas alternativas
de amortecimento (materiais ou mecânicas).
O presente trabalho priorizou o estudo das alternativas de isolamento, os grommets.
Segundo Vendrami (2013), estes componentes têm, do ponto de vista vibroacústico,
participação significativa principalmente em frequências de até 400Hz.
Dados experimentais coletados pela equipe de P&D da Tecumseh do Brasil apontam
que, para um mesmo compressor, apenas com a adequação do modelo de grommet usado,
ocorrem melhorias significativas na atenuação de vibração. Abaixo, dois gráficos ilustram
alguns desses resultados experimentais, nos quais nota-se expressiva atenuação nos níveis de
vibração apenas com a mudança do modelo de atenuador utilizado:
36
Figura 3 - Vibração média (mm/s) em um dos pontos de medição do compressor variando-
se a velocidade e o grommet utilizado (x, y, z). Fonte: Adaptado de relatório interno produzido pela equipe de R&D - Instrumentação da Tecumseh do Brasil.
Figura 4 – Vibração média (mm/s) de compressor, a velocidade fixa, utilizando 5 grommets distintos (x, y, z, w, u) Fonte: Adaptado de relatório interno produzido pela equipe de R&D -
Instrumentação da Tecumseh do Brasil.
Diferentes estudos foram feitos para determinar quais os melhores procedimentos para
obtenção dos parâmetros necessários para a caracterização destes componentes, assim como
quais seriam as limitações físicas, os desafios teóricos e os parâmetros desconhecidos que
deveriam ser mapeados para caracterização adequada destes atenuadores. Deseja-se,
posteriormente, desenvolver soluções otimizadas.
17,0
6,78,3
11,4
7,4
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
x y z w u
Vib
raçã
o [
mm
/s]
Grommet
37
3 VIBRAÇÃO E AMORTECIMENTO – Visão Geral
3.1 Vibração
“Qualquer movimento que se repita após um intervalo de tempo é denominado vibração
ou oscilação” (RAO, 2011, p.13).
Os primeiros estudiosos da área de vibração concentraram seus esforços no
entendimento dos fenômenos naturais e no desenvolvimento de teorias matemáticas para
descrever a vibração de sistemas físicos. Mais recentemente, muitas investigações foram
motivadas pelas aplicações da vibração na área da engenharia, como projeto de máquinas,
fundações, estruturas, motores, turbinas e sistemas de controle.
O advento de computadores digitais de alta velocidade na década de 1950 possibilitou
o tratamento de sistemas de moderada complexidade. O desenvolvimento simultâneo do
método dos elementos finitos habilitou os engenheiros a usar computadores digitais para
realizar análises numericamente detalhadas de vibrações de sistemas mecânicos, veiculares e
estruturais complexos que apresentam milhares de graus de liberdade. (RAO, 2008, p.5)
Até hoje a evolução da tecnologia renova os recursos computacionais e eletrônicos,
tornando-os cada vez mais potentes e robustos com relação à capacidade de captação e
simulação das vibrações nas estruturas.
Há diferentes formas de classificar as vibrações em sistemas mecânicos:
• Quanto à excitação: as vibrações podem ser livres - sistema vibra nas suas frequências
naturais e não há força de excitação externa - ou forçadas - sistema vibra na frequência
de excitação.
• Quanto ao amortecimento: as vibrações podem ser amortecidas ou não amortecidas.
• Quanto ao deslocamento: podendo ser retilíneo ou torsional, ou combinação de ambos.
• Quanto às propriedades físicas: o sistema pode ser discreto, neste caso tem um número
finito de GDL, ou contínuo, neste caso tem um número infinito de GDL.
• Quanto às equações envolvidas: o sistema pode ser linear (potência 0 ou 1 e não existe
produto entre estas e suas derivadas) ou não-linear, quando não é válido o princípio da
superposição.
38
3.2 Amortecimento
Amortecimento refere-se, segundo RAO (2003), à extração de energia mecânica de um
sistema vibratório, na maioria das vezes através da conversão dessa energia em calor.
Uma estrutura submetida a deformações oscilatórias contém uma combinação de
energia cinética e potencial. No caso de estruturas reais, há também um elemento de dissipação
de energia por ciclo de movimento sendo a quantidade de energia dissipada equivalente ao grau
de amortecimento do conjunto. (MACIOCE, s.d).
Fala-se em amortecimento principalmente quando deseja-se atenuar picos de aceleração
e de deslocamentos estruturais causados por vibrações e seus efeitos secundários, como ruído
ou desgaste de componentes, por exemplo.
No caso de estruturas excitadas por um carregamento dinâmico qualquer, o principal
efeito do amortecimento é a atenuação dos picos de aceleração e deslocamento da estrutura.
Porém, esse efeito é mais significativo quando a estrutura trabalha em ressonância, pois, caso
não houvesse amortecimento, os valores de aceleração e deslocamento da estrutura tenderiam
a infinito, ao passo que, na presença dele, estes valores são limitados.
O amortecimento se relaciona com a medida da dissipação de energia de uma estrutura
em vibração que resulta em trazê-la a um estado de equilíbrio. A capacidade de amortecimento
é definida como a razão entre a energia dissipada em um ciclo de oscilação pela máxima
quantidade de energia acumulada, naquele ciclo.
Existem muitos mecanismos de amortecimento de um sistema, sendo que as
classificações variam de autor para autor. Aqui utilizou-se a divisão em dois mecanismos que
foram considerados mais relevantes para o caso: o amortecimento interno e o estrutural. Seus
detalhamentos são feitos a seguir.
3.2.1 Amortecimento ou atrito interno
Em Nashif, Jones e Henderson (1985), independentemente dos precisos mecanismos
físicos envolvidos, todos os materiais reais dissipam energia, ainda que pouco, durante
deformações cíclicas. Esses efeitos são altamente não-lineares, e, portanto, a análise detalhada
da resposta devida a mecanismos de amortecimento interno é geralmente difícil.
Segundo Cossolino e Pereira (2010), o amortecimento interno está associado aos
defeitos de microestrutura, como por exemplo, contornos de grãos e impurezas, efeitos
termoelásticos causados por gradientes locais de temperatura, efeitos de correntes de Foucault
39
em materiais ferromagnéticos, movimentos de discordâncias em metais, e movimento das
cadeias em polímeros. Os autores especificam que existem dois tipos diferentes de modelos que
são utilizados para representar o amortecimento interno: o modelo de amortecimento
viscoelástico e o de amortecimento histerético.
O amortecimento viscoelástico foi o estudado neste trabalho por estar fortemente
presente em muitos polímeros. É resultado do relaxamento e da recuperação das condições de
equilíbrio após deformação, estando atrelado à dependência existente entre frequência e
temperatura dada a relação direta entre a temperatura do material e seu movimento molecular
(COSSOLINO E PEREIRA, 2010).
A seção 4 caracterizará os materiais viscoelásticos.
3.2.2 Amortecimento estrutural
O amortecimento estrutural é resultado da dissipação de energia mecânica causada por
fricção devido ao movimento relativo entre componentes e por impacto ou contato intermitente
nas articulações de um sistema mecânico ou estrutura. O comportamento da energia de
dissipação depende do sistema mecânico em particular e, portanto, é extremamente difícil
desenvolver um modelo analítico generalizado. Uma grande proporção da energia mecânica
dissipada em edifícios, pontes, trilhos e muitas outras estruturas de engenharia civil e
maquinários, como robôs e veículos, ocorre através do mecanismo de amortecimento estrutural.
Neste sentido, o amortecimento interno torna-se normalmente insignificante comparado ao
amortecimento estrutural (COSSOLINO E PEREIRA, 2010).
40
41
4 MATERIAIS VISCOELÁSTICOS
Para melhor compreensão das características de um isolador de vibração, faz-se
necessária a caracterização do material do qual é constituído e o quanto as propriedades desse
material podem influenciar na capacidade de atenuação do isolador.
Durante este trabalho, analisou-se dois materiais da classe dos polímeros, ambos
borrachas, e, portanto, elastômeros: EPDM, borracha de etileno-propileno-dieno, e SBR,
borracha de butadieno estireno. Este último foi incorporado ao estudo como uma resposta à
demanda para obtenção de materiais alternativos para fabricação dos atenuadores.
Os termos polímero, elastômero e borracha são definidos, de acordo com a “Norma ISO
1382:1996 - Rubber Vocabulary” como:
▪ Polímero - Substância composta por moléculas caracterizadas pela repetição
múltipla de uma ou de várias espécies de átomos ou de grupos de átomos ligados
entre si em quantidade suficiente para conferir um conjunto de propriedades que
não variam de uma forma marcada por adição ou remoção de uma ou de algumas
unidades constitutivas;
▪ Elastómero - Material macromolecular que recupera rapidamente a sua forma e
dimensões iniciais, após cessar a aplicação de uma tensão;
▪ Borracha - Elastómero que já está ou pode ser modificado para um estado no qual
é essencialmente insolúvel, se bem que susceptível de aumentar de volume num
solvente em ebulição, tal como benzeno, metiletilcetona e etanol-tolueno
azeotrópico, e que, no seu estado modificado, não pode ser reprocessado para
uma forma permanente por aplicação de calor e pressão moderadas.
Nem todos os polímeros amorfos são elastômeros. Porém, pode-se dizer, como regra
geral só aplicável a polímeros amorfos, que aquele o qual tiver uma Tg inferior à temperatura
ambiente - caso aplicável ao EPDM e ao SBR (Tg = -50°C) - será um elastômero.
Apesar de serem os dois classificados como borrachas, são diferenciados pelo grupo ao
qual pertencem: EPDM é borracha do grupo M - cadeia principal de carbono, somente com
unidades saturadas (“metileno”); SBR é borracha do grupo R cadeia principal de carbono com
unidades insaturadas ("borracha"). Apesar dessa diferença, os dois são materiais viscoelásticos.
Apresentar reologia viscoelástica significa, essencialmente, exibir, concomitantemente,
comportamentos viscoso e elástico frente a tensões e deformações. Tal característica é de
notável relevância para o emprego de materiais viscoelásticos na atenuação de vibrações e, por
isso, faz-se necessária uma compreensão mais profunda de suas características.
42
4.1 Comportamento intermediário – Representação por mola - amortecedor
Geethamma et al (2014) afirmam que há dois extremos que delimitam um espectro vasto
de materiais: de um lado o solido elástico perfeito; de outro, o líquido viscoso perfeito.
A seguir, a Figura 5 ilustra esse comportamento intermediário.
Figura 5 - Espectro das características dos materiais: materiais reais
apresentam comportamento intermediário, o chamado viscoelástico. Fonte: Adaptado de Geethamma et al (2014).
O material puramente elástico é aquele no qual toda energia armazenada durante o
carregamento é restaurada quando o carregamento é retirado. Como resultado, as curvas de
tensão e de deformação para materiais elásticos mostram-se completamente em fase. Para esses
materiais, aplica-se a lei de Hooke, onde a deformação é proporcional à tensão, e o módulo é
definido como a razão entre tensão e deformação. Ou seja, 𝜎 = 𝐸휀, sendo 𝜎, 𝐸, 휀 a tensão, o
módulo de elasticidade e a deformação, respectivamente. Representa-se esse comportamento
pelo modelo mecânico de mola.
Por outro lado, Macioce (s.d.) define um material puramente viscoso como aquele no
qual toda a energia absorvida durante o carregamento é perdida em forma de amortecimento
puro quando tal carregamento cessa. Em outras palavras, o trabalho realizado para causar
deformação no fluido viscoso não é armazenado mas sim dissipado, irreversivelmente, como
calor – ocorre deformação permanente. Tal processo reduz a energia cinética do sistema e
resulta em amortecimento, que representará a capacidade de dissipar energia. Neste caso, vale
a Lei de Newton, na qual a tensão é proporcional à taxa de deformação, e a razão entre tensão
e taxa de deformação é conhecida como viscosidade. Equacionando, 𝜎 = 휂휀̇, onde , 𝜎, 휂, 휀̇ são,
respectivamente, a tensão, a viscosidade e a taxa de deformação no tempo. Esses materiais
puramente viscosos, ou seja, não apresentam a propriedade da rigidez, apenas do
amortecimento, e são representados pelo modelo do amortecedor mecânico.
Todos os materiais reais apresentam tanto características elásticas quanto viscosas. Tal
comportamento intermediário é classificado como viscoelástico. Os polímeros são exemplos
típicos de materiais viscoelásticos devido à sua estrutura.
43
Ou seja, para representar materiais como os polímeros estudados, deve-se considerar
tanto o comportamento elástico como o viscoso: por este motivo, a representação mecânica
desses materiais é feita utilizando sistemas massa-mola-amortecedor.
4.1.1 Caracterização das propriedades dos materiais viscoelásticos
Como visto, um material viscoelástico é caracterizado por possuir comportamento tanto
elástico como viscoso. Os três diferentes comportamentos são representados na Figura 6.
Figura 6 - Curvas de tensão e deformação cíclicas vs. tempo para os 3 tipos de
materiais. Fonte: Adaptado de Macioce (s.d.)
Macioce (s.d) guia a interpretação dos gráficos e explica que, dada uma tensão cíclica e
a uma frequência de carregamento 𝜔, defasada da deformação por um ângulo 𝜙 (onde 0 < 𝜙 <
𝜋
2), tem-se que o ângulo 𝜙 é a medida do nível de amortecimento do material. Assim, quanto
maior esse ângulo, maior a capacidade de amortecimento do material. Nota-se, dessa análise,
44
novamente o comportamento combinado dos materiais viscoelásticos, nos quais o ângulo 𝜙
adquire valores intermediários.
Por vezes, os materiais viscoelásticos aplicados em tratamentos para amortecimento são
interpretados como homogêneos, com as propriedades sendo consideradas idênticas em todo o
volume da amostra de material, e como isotrópicos, com propriedades idênticas em qualquer
direção.
Por outro lado, segundo Nashif, Jones e Henderson (1985), as propriedades de
amortecimento desses materiais podem variar conforme o meio envolvente e compreender
como ocorrem essas variações é essencial para um controle eficiente do ruído e da vibração.
Apesar de algumas condições secundárias como vácuo, radiação e lubrificação também
influenciarem, considerou-se três fatores como os principais no que diz respeito à dependência
da característica de amortecimento: temperatura, frequência e pré-carga estática. Compreender
como se dá a variação dessas propriedades com o meio envolvente é essencial para um controle
eficiente do ruído e da vibração.
4.1.2 Módulo complexo
Antes de mais nada, fala-se em módulo complexo, uma abordagem válida para a
descrição do comportamento de materiais viscoelásticos.
A parte real desse termo complexo relaciona-se com o comportamento elástico do
material, define a rigidez deste e é representada pelo módulo de armazenamento, 𝐸1; o
componente imaginário relaciona-se com o comportamento viscoso do material, define sua
capacidade de dissipar energia, seu amortecimento, e é representada pelo módulo de perda, 𝐸2
(MACIOCE, s.d.).
Partindo-se da Lei de Hooke, define-se, então, o módulo complexo, 𝐸∗:
𝐸∗ = 𝐸1 + 𝑖𝐸2 = 𝜎0
휀0𝑒−𝑖𝜙 (4.1)
Uma das características peculiares dos materiais viscoelásticos é que suas propriedades
são influenciadas por muitos parâmetros, como já exposto: frequência, temperatura, taxa de
deformação dinâmica, pré-carga, entre outros.
45
Ao trabalhar com esses materiais, faz-se necessário a definição do módulo complexo
(propriedade de rigidez e de amortecimento) também em função desses parâmetros
influenciadores.
4.1.3 Efeito da temperatura
Nashif, Jones e Henderson (1985) ressaltam que a temperatura é geralmente considerada
o fator ambiental mais impactante no que tange as propriedades de amortecimento dos
materiais.
Seu efeito será explicado com base na Figura 7:
Figura 7 – Variação do Módulo Complexo com a temperatura para um material viscoelástico típico. Fonte: Adaptado de Macioce (s.d.).
Há quatro regiões distintas. A primeira, chamada de região vítrea, é onde os materiais
têm seus máximos valores de módulo de armazenamento – rigidez – e menores valores para o
módulo de perda – amortecimento – e para o fator de perda. Nessa região, a derivada da curva
do módulo de armazenamento é baixa, enquanto que a do fator de perda é bem acentuada, varia
consideravelmente com a temperatura. A chamada temperatura de transição vítrea, Tg, é
utilizada para definir o pico da curva de módulo de perda, 𝐸2, e a variação mais acentuada do
módulo de armazenamento passando da região vítrea para a de transição.
A segunda região é conhecida como região de transição. Nela, há aumento da variação
do módulo de armazenamento e valores máximos de fator de perda. Essa região comporta a
temperatura de referência de um material, To, usada para definir o pico da curva do fator de
perda. Em Macioce (s.d.d) “nesta região, as cadeias moleculares longas dos polímeros estão em
Mó
du
los
de
Arm
azen
ame
nto
e d
e P
erd
a;
Fato
r d
e P
erd
a
Fato
r d
e P
erd
a
Temperatura
Vítrea Transição Borrachoso Escoamento
46
Fato
r d
e p
erd
a, ƞ
Frequência (escala logaritmica)
estado semi-rígido e semi-flow, e são capazes de esfregar contra cadeias adjacentes. Esses
efeitos de fricção resultam na característica de amortecimento mecânico de materiais
viscoelásticos”.
Na terceira região nota-se maior resistência à temperatura, tanto do módulo quanto do
fator. Por apresentar essa maior estabilidade frente à temperatura, essa região concentra os
materiais mais utilizados como amortecedores e atenuadores. Para tanto, é a área de maior
relevância dentro deste estudo.
Até o presente momento, as análises experimentais não incluíram testes em temperatura
porque buscou-se, a priori, resultados que serão utilizados como guias de estudos futuros.
Todavia, entende-se que, localizados nessa terceira região do gráfico, os atenuadores podem ser
inicialmente caracterizados à temperatura ambiente.
Por fim, a quarta região, embora importante para complementar a caracterização em
temperatura do material, não é muito analisada pois, segundo Nashif, Jones e Henderson (1985),
ela apresenta grande instabilidade e outras propriedades físicas indesejadas.
4.1.4 Efeito da frequência
O efeito mais importante da frequência sobre o amortecimento é que o módulo de
armazenamento sempre aumenta com o aumento da frequência. Esse aumento é maior na região
de transição viscoelástica se comparado ao existente nas regiões vítrea e borrachoso.
Com relação ao fator de perda, ele aumenta com o aumento da frequência na região
borrachoso, atinge seu máximo na região de transição e, então, diminui com o aumento da
frequência na região vítrea.
Figura 8 - Variação da parte real do modulo e do fator de perda com a frequência. Fonte: Adaptado de Nashif, Jones e Henderson (1985).
Par
te r
eal d
o m
ódulo
, E
47
4.1.5 Efeito da pré-carga estática
Os efeitos da pré-carga estática sobre as propriedades dinâmicas dos materiais são
normalmente mais importantes na região borrachoso. A tendência é de aumento do módulo com
o aumento da pré-carga; para o fator de perda o efeito é o inverso.
Figura 9 - Variação da parte real do módulo e do fator de perda com o aumento da pré-carga estática. Fonte: Adaptado de Nashif, Jones e Henderson (1985).
Par
te r
eal
do
mó
du
lo E
Frequência
Pré-carga
crescente
Pré-carga
crescente
Fato
r d
e p
erd
a, η
48
49
5 MODELAGEM DO SISTEMA
Segundo Silva (2009), o número de graus de liberdade (GDL) usado na análise de um
sistema mecânico é o número de coordenadas, cinematicamente independentes, necessárias
para descrever completamente - localizar e orientar - o movimento espacial de toda partícula de
um sistema em qualquer instante de tempo.
O sistema de um grau de liberdade será utilizado na modelagem do sistema compressor
+ atenuadores. Parte-se dessa análise de 1GDL por dois motivos: (1) a fim de compreender a
influência de cada parâmetro na capacidade de amortecimento, o movimento do sistema pode
ser expresso em termos de uma única coordenada, então a solução de 1 GDL fornece um
resultado final adequado; (2) em um segundo momento, se houver o interesse de sobrepor as
respostas em outras direções, a resposta total do sistema pode ser expressa como uma soma das
respostas de sistemas de um grau de liberdade associados.
5.1 Equações de movimento
As expressões matemáticas que definem os deslocamentos dinâmicos de uma estrutura
são chamadas de equações de movimento (CLOUGH. PENZIEN, 1975, p.9). Estas equações
descrevem o comportamento da estrutura frente a uma excitação.
No caso do sistema linear de um grau de liberdade, sendo 𝑥 a coordenada de localização
da massa a partir de uma posição de equilíbrio estático (Fig. 10), a 2ª Lei de Movimento de
Newton fornece a equação de movimento:
𝑚�̈� + 𝑐�̇� + 𝑘𝑥 = 𝑓(𝑡) (5.1)
Figura 10 - Elementos do mais simples sistema de 1GDL. Fonte: McConnell e Varoto (2008).
50
Onde,
m = massa do sistema;
�̈� = aceleração ou derivada segunda do vetor deslocamento;
𝑐 = amortecimento linear viscoso;
�̇� = velocidade, derivada primeira do vetor deslocamento;
k = rigidez de mola linear;
x = deslocamento;
𝑓(𝑡) = força de excitação.
A parcela 𝑚�̈� representa as forças de inércia da estrutura, enquanto 𝑐�̇� representa as de
amortecimento e 𝑘𝑥, as forças elásticas.
De modo geral, a solução da Eq.(5.1) é a soma de duas partes: a primeira parte
corresponde à solução da equação homogênea, onde f(t) = 0; a segunda corresponde à solução
particular, função do carregamento aplicado.
McConnel e Varoto (2008) ressaltam que, idealmente, tal equação é linear. Porém, em
situações reais, haja visto que o amortecimento e as forças restauradoras tendem a ter
comportamentos não-lineares, principalmente a altas amplitudes de vibração, essa equação é
apenas aproximadamente linear.
Quatro situações são possíveis de acordo com essa equação, cada qual descrevendo um
tipo de movimento:
• Movimento oscilatório livre não-amortecido: 𝑚�̈� + 𝑘𝑥 = 0
• Movimento oscilatório livre amortecido: 𝑚�̈� + 𝑐�̇� + 𝑘𝑥 = 0;
• Movimento oscilatório forçado não-amortecido: 𝑚�̈� + 𝑘𝑥 = 𝑓(𝑡);
• Movimento oscilatório forçado amortecido: 𝑚�̈� + 𝑐�̇� + 𝑘𝑥 = 𝑓(𝑡);
Segue um detalhamento dos movimentos oscilatórios livres e do forçado amortecido.
5.2 Movimento oscilatório livre não-amortecido
Tal vibração é caracterizada pela força de inércia anulando a força de mola.
Substituindo-se 𝑥 = 𝐴𝑒𝑠𝑡 na Eq.(5.1), tem-se a equação de frequência característica:
51
𝑚𝑠2 + 𝑘 = 0 (5.2)
De onde tira-se:
𝑠 = ±√−𝑘
𝑚= ±𝑗𝜔𝑛 (5.3)
Sendo 𝜔𝑛 = √𝑘
𝑚 a frequência natural (em 𝑟𝑎𝑑/𝑠), propriedade do sistema e
independente das coordenadas selecionadas para descrever o sistema.
Uma solução complementar da equação Eq.(5.2) – alternativa a 𝑥 = 𝐴𝑒𝑠𝑡 – é dada por:
𝑥 = 𝐴 cos(𝜔𝑛𝑡) + 𝐵 sin(𝜔𝑛𝑡) = 𝐴∗ + 𝐵∗ (5.4)
Substituindo, tem-se:
𝑘(𝐴∗ + 𝐵∗) − 𝑚𝜔𝑛2(𝐴∗ + 𝐵∗) = 0 (5.5)
Tal equação mostra que, como dito de início, independentemente da amplitude A, a
força de inércia cancela-se com a de mola nas frequências naturais. Esse cancelamento é
responsável pelo fenômeno da ressonância no caso do movimento oscilatório forçado.
Figura 11 – Resposta do movimento oscilatório livre não amortecido para 1GDL. Fonte: relatório interno produzido pela equipe de R&D - Instrumentação da Tecumseh do Brasil.
Des
loca
men
to, x
(t)
Tempo de oscilação, t
52
5.3 Movimento oscilatório livre amortecido
Neste caso, usa-se ainda 𝑓(𝑡) = 0 e 𝑥 = 𝐴𝑒𝑠𝑡 . Tem-se, então, a equação:
𝑚𝑠2 + 𝑐𝑠 + 𝑘 = 0 (5.6)
Lembrando que 𝜔𝑛 = √𝑘
𝑚, segue a solução:
𝑠 = −𝑐
2𝑚± √(
𝑐
2𝑚)
2
− 𝜔𝑛2 (5.7)
Tal solução depende do valor de c, relativamente ao valor crítico de amortecimento,
definindo:
𝑐𝑐 = 2𝑚𝜔𝑛 = 2𝑚√𝑘
𝑚 (5.8)
Por conveniência, costuma-se definir a razão de amortecimento, 휁, como sendo:
휁 = 𝑐
𝑐𝑐𝑟=
𝑐
2√𝑘𝑚 (5.9)
Define-se também a frequência amortecida, 𝜔𝑑:
𝜔𝑑 = 𝜔𝑛√1 − 휁2 (5.10)
Dependendo do valor sob a raiz da Eq.(5.7) - nulo, negativo ou positivo - tem-se um
sistema criticamente amortecido, subamortecido e superamortecido, respectivamente. O caso
considerado durante o trabalho é o subamortecido e, por isso, ele será o utilizado nas
formulações que segue.
A solução complementar que surge considerando então a razão de amortecimento, a
frequência amortecida e um movimento subamortecido é:
53
𝑥𝑐 = 𝑒−𝜁𝜔𝑛𝑡[𝐴 cos(𝜔𝑑𝑡) + 𝐵 sin(𝜔𝑑𝑡)] (5.11)
Pode-se reescrever essa equação ainda de duas formas:
• Em função da amplitude máxima do movimento, 𝑋, e da fase, 𝜙:
𝑥(𝑡) = 𝑋𝑒−𝜁𝜔𝑛𝑡[sin(𝜔𝑑𝑡 + 𝜙)] (5.12)
• Em função de 𝜏 =1
𝜁𝜔𝑛:
𝑥(𝑡) = 𝑋𝑒−
𝑡𝜏 [sin(𝜔𝑑𝑡 + 𝜙)] (5.13)
Considerando que o movimento oscilatório é livre, ou seja, 𝑓(𝑡) = 0, e que 𝑥0 e 𝑣0 são
as condições iniciais para o tempo 𝑡 = 0, tem-se:
𝑥𝑐 = 𝑒−𝜁𝜔𝑛𝑡[𝑥0 cos(𝜔𝑑𝑡) +
𝑣0 + 휁𝜔𝑛𝑥0
𝜔𝑑sin(𝜔𝑑𝑡)] (5.14)
Essa equação traz a informação de que o decaimento desse tipo de vibração tem como
envelope uma função exponencial 𝑒−𝜁𝜔𝑛𝑡, enquanto a oscilação ocorre à frequência amortecida
𝜔𝑑.
Figura 12 - Resposta do movimento oscilatório livre amortecido para 1GDL. Fonte: relatório interno produzido pela equipe de R&D - Instrumentação da Tecumseh do Brasil.
Des
loca
men
to, x
(t)
Tempo de oscilação, t
54
Desse equacionamento exposto deriva-se o método do decremento logarítmico, que será
apresentado na Seção 6.1.
5.4 Movimento oscilatório forçado amortecido
Nesse caso, a solução estacionária para a equação Eq.(5.1) é dada por um fasor:
𝑓(𝑡) = 𝐹0𝑒𝑗𝜔𝑡 (5.15)
Onde 𝐹0 é o vetor de excitação.
Assumindo que o fasor de resposta tem a mesma frequência 𝜔, tem-se:
𝑥(𝑡) = 𝑋0𝑒𝑗𝜔𝑡 (5.16)
Sendo 𝑋0 o vetor de resposta, o equacionamento segue e, substituindo as equações
Eq.(5.13) e Eq.(5.14) acima na Eq.(5.1), obtém-se:
𝑋0 =
1
𝑘 − 𝑚𝜔2 + 𝑗𝑐𝜔𝐹0 =
1
𝑘[1 − 𝑟2 + 𝑗2휁𝑟]𝐹0 = 𝐻(𝜔)𝐹0 (5.17)
Onde 𝑟 =𝜔
𝜔𝑛 é a razão de frequências.
𝐻(𝜔) é uma função resposta em frequência (FRF), chamada de receptância, (ou também
admitância, ou flexibilidade dinâmica) a qual relaciona a saída – deslocamento, nesse caso –
por unidade de entrada – força de excitação, nesse caso – a cada frequência 𝜔.
Nota-se na equação Eq.(5.17) a natureza complexa de 𝐻(𝜔), com uma parte imaginária
e outra real.
5.5 Caso do sistema compressor + atenuadores
Na abordagem experimental do trabalho, conforme detalhamento da próxima sessão,
utilizou-se uma massa rígida para representar o compressor e 4 atenuadores reais. A rigor, tal
sistema tem 6GDL, porém, buscando a compreensão inicial proposta pelo estudo e valores
55
equivalentes de rigidez e amortecimento, considerou-se o sistema como sendo de 1GDL, assim
como o usado para o desenvolvimento matemático deste capítulo.
A situação estudada a princípio foi a do movimento oscilatório livre amortecido
(subamortecido, mais especificamente) descrito pela Eq.(5.14), já que a aquisição do sinal de
deslocamento era iniciada uma vez cessada a força de excitação (impacto ou excitação pelo
Shaker).
Porém, como dito, o objetivo final é obter modelos otimizados de grommet, com
parâmetros de rigidez e amortecimento bem definidos, podendo, assim, incluir tais
características nos modelos numéricos de multicorpos. Para tanto, a situação do movimento
oscilatório amortecido passaria de livre a forçado, uma vez que valores reais de força seriam
inseridos como inputs do sistema, esperando-se obter valores de deslocamento como outputs.
Ou seja, busca-se, no final, compreender a FRF de receptância - Eq.(5.17) - obtida quando há
inclusão dos corpos flexíveis grommets no sistema completo.
56
57
6 MÉTODOS EXPERIMENTAIS PARA A OBTENÇÃO DE PARÂMETROS
DE AMORTECIMENTO
Nesta seção serão apresentadas as metodologias para extração de parâmetros
importantes dos grommets a partir de testes experimentais. Os métodos do decremento
logarítmico e da meia-amplitude já foram aplicados nos cálculos que serão apresentados na
seção 7.
O método da meia-potência será empregado às curvas já recuperadas dos testes, porém
é necessário ainda o ajuste matemático e por isso não será utilizado como ferramenta neste
trabalho. Já para a análise modal, os testes terão de ser reformulados a fim de obter curvas
representativas para um range adequado de frequência.
Há várias formas de expressar o amortecimento de um sistema e, dependendo do método
e de sua respectiva formulação matemática, extrai-se com maior facilidade um tipo de
parâmetro capaz de descrever o movimento oscilatório desse sistema. As transformações entre
esses parâmetros seguem as fórmulas apresentadas na tabela abaixo, a qual considera sistemas
subamortecidos cuja frequência amortecida pode ser considerada numericamente igual à
natural:
Tabela 1 - Transformações entre os parâmetros que expressam o amortecimento do sistema. Fonte: Adaptado de relatório interno produzido pela equipe de R&D - Instrumentação da Tecumseh do Brasil.
Desconhecido 𝜉 = 𝜎 = 𝜏 = 𝛿 = Unidade
Conhecido
Fator de
amortecimento, 𝜉 𝜉 2𝜋𝑓𝜉
1
2𝜋𝑓𝜉 2𝜋𝜉 Adimensional
Constante de
decaimento, 𝜎
𝜎
2𝜋𝑓 𝜎
1
𝜎
𝜎
𝑓 𝑠−1
Constante de
tempo, 𝜏
1
2𝜋𝑓𝜏
1
𝜏 𝜏
1
𝑓𝜏 𝑠
Decremento
logarítmico, 𝛿
𝛿
2𝜋 𝛿𝑓
1
𝛿𝑓 𝛿 Adimensional
58
6.1 Método do Decremento Logarítmico
O método do decremento logarítmico, δ, permite uma estimativa dos parâmetros de
rigidez e amortecimento a partir da análise do comportamento vibratório da estrutura em
resposta a uma deformação inicial. Esse método foi aplicado tanto no teste com o martelo
adaptado quanto com o excitador eletrodinâmico.
Como dito anteriormente, o estudo considerou a suposição que a estrutura se comporta
como um sistema de 1GDL. A partir dessa premissa, determina-se com o método os valores do
fator de amortecimento, 휁, e da rigidez, k.
A formulação matemática é simples, leva em conta apenas a resposta do sinal no tempo
e o logaritmo natural da razão entre duas amplitudes conhecidas, obtendo-se o decremento
logarítmico, 𝛿. Segue:
δ = ln (
𝑥(𝑡)
𝑥(𝑡 + 𝑡𝑑)) (6.1)
Sendo 𝑡𝑑 =2𝜋
𝜔𝑑 o período entre duas oscilações sucessivas.
Para ilustrar o explicado, retoma-se aqui o decaimento apresentado também na Figura
12:
Figura 13 – Amplitudes utilizadas para o cálculo do decremento logarítmico, δ, utilizando a resposta do movimento oscilatório livre amortecido. Fonte: Adaptado de relatório interno produzido pela equipe de R&D - Instrumentação da
Tecumseh do Brasil.
Des
loca
men
to, x
(t)
Tempo de oscilação, t
𝒙(𝒕)
𝒙(𝒕 + 𝒕𝒅)
59
Para o caso geral:
δ =
1
𝑛ln (
𝑥0
𝑥𝑛) (6.2)
Onde n é o número de ciclos realizados durante o trecho considerado.
Relembrando a Eq.(5.12) para um sistema subamortecido:
𝑥(𝑡) = 𝑋𝑒−𝜁𝜔𝑛𝑡 [sin(𝜔𝑑𝑡 + 𝜙)]
Substituindo-se a Eq.5.12 na Eq.6.2, para n=1, chega-se a:
δ = ln (
𝑥0
𝑥𝑛) = ln (
𝑋𝑒−𝜁𝜔𝑛𝑡0 sin(𝜔𝑑𝑡0 + 𝜙)
𝑋𝑒−𝜁𝜔𝑛𝑡1 sin(𝜔𝑑𝑡1 + 𝜙)) (6.3)
Sendo 𝑡1 = 𝑡0 + 𝑡𝑑. Após manipulações algébricas, tem-se:
δ =
2𝜋휁
√1 − 휁2 (6.4)
Isolando 휁:
휁 =
δ
√4𝜋2 + δ2 (6.5)
Considera-se, ainda, para 휁 ≪ 1:
δ ≅ 2𝜋휁 (6.6)
Assim, o método garante que, conhecendo-se duas amplitudes do sinal, é possível
calcular o fator de amortecimento do sistema, 휁.
60
6.2 Método da Meia Amplitude
O método da meia-amplitude utiliza o mesmo gráfico de resposta no tempo do método
anterior, porém, os valores são resultantes da curva envelope do gráfico, dada pela equação
𝑥 = 𝑋𝑒−𝜁𝜔𝑛𝑡.
Figura 14 – Equação da curva envelope presente no gráfico de resposta do movimento oscilatório livre amortecido e utilizada no método da meia-amplitude. Fonte: Adaptado de relatório interno produzido pela equipe de R&D -
Instrumentação da Tecumseh do Brasil.
Do teste experimental, retira-se os valores da amplitude inicial, X e da frequência
natural amortecida, 𝜔𝑑. Assim, pela formulação matemática, obtém-se os valores do fator de
amortecimento.
6.3 Método da Meia-Potência
Este é um dos métodos que utilizam a resposta em regime permanente para estimar o
amortecimento de uma estrutura.
Aseka (2002) explica que ele consiste em determinar uma faixa de frequência delimitada
por frequências 𝜔1e 𝜔2, nas quais as amplitudes das respostas são uma fração 1
𝑛, geralmente de
1
√2, da amplitude na frequência de ressonância, como ilustrado:
Des
loca
men
to, x
(t)
Tempo de oscilação, t
𝑿𝒆−𝜻𝝎𝒏𝒕
61
Figura 15 – Relação entre a amplitude e a faixa de frequência delimitada por 𝜔1 e 𝜔2.
Fonte: Aseka (p.33, 2002).
Como há a necessidade de determinar uma frequência de pico, este método é limitado a
estruturas cujo amortecimento não é alto o suficiente para tornar o pico da amplitude de
ressonância pouco pronunciado.
A figura abaixo evidencia o abrandamento do pico de amplitude de ressonância
conforme há aumento do fator de amortecimento.
Figura 16 – Variação da amplitude da resposta em função da razão de amortecimento ζ.
Fonte: Aseka (p.33, 2002).
62
6.4 Análise Modal e Superposição Modal
A análise modal é o estudo do comportamento dinâmico de um sistema a partir de uma
entrada vibracional. Esse comportamento é, matematicamente, descrito por uma função de
transferência ou FRF (Função Resposta em Frequência), a qual relaciona as características de
saída e entrada do comportamento do sistema em função de frequências.
Como visto na seção 5, essa função é chamada de receptância e é representada
por 𝐻(𝜔), tal que
𝐻(𝜔) =
𝑋0
𝐹0=
1
𝑘 − 𝑚𝜔2 + 𝑗𝑐𝜔 (6.7)
Onde 𝐻(𝜔) é de natureza complexa, com uma parte imaginária e outra real.
Definindo-se as características de transferência da estrutura, a dinâmica estrutural é
conhecida e, consequentemente, os modos de vibração podem ser obtidos.
A análise modal experimental (AME) consiste em extrair os chamados parâmetros
modais de um sistema mecânico. Os parâmetros modais são parâmetros característicos do
sistema e são compostos por frequências naturais, fatores de amortecimento e modos de vibrar.
Se forem corretamente obtidos, é possível descrever o comportamento de um sistema vibratório
sem necessitar de um modelo matemático.
63
7 PROCEDIMENTO
Para representar as possíveis pré-cargas, às quais os amortecedores são submetidos
dependendo do modelo do compressor, usinou-se uma base de aço 1020 com dimensões
(128)x(125)x(h), sendo h variável de acordo com a massa desejável a ser obtida. Uniu-se à essa
base duas estruturas em aço 1020 similares aos chamados “pés dos compressores”, aos quais 4
grommets são acoplados (Fig 17).
Figura 17 - Bloco de aço 1020, de massa variável, soldado aos pés dos compressores e
acoplado a 4 grommets. Fonte: a autora.
O conjunto descrito foi utilizado em todos os testes performados no estudo em questão.
Diferentes tipos de grommets foram testados, e, para cada tipo, dois sets de grommets. Ou seja,
8 grommets de cada tipo foram testados, agrupados em dois sets de quatro. O objetivo de dividir
os grommets em diferentes sets do mesmo material foi de verificar também a repetibilidade dos
resultados.
Entende-se que, apesar de na formulação teórica ser possível considerar o material como
homogêneo e isotrópico, na realidade há variabilidade na fabricação dos atenuadores. Dado
isto, optou-se por testar o conjunto bloco + grommets, em detrimento de um sistema com um
único grommet, afim de obter valores médios de rigidez e amortecimento os quais de fato
servem o compressor quando em sua aplicação real. Ou seja, o conjunto fornece valores
equivalentes de rigidez e amortecimento. Portanto, para estimar os valores unitários, dividiu-se
os resultados ditos equivalentes por 4.
64
7.1 Teste com Martelo Modificado – Método do Decremento Logarítmico
Visando aproximar-se ao máximo das excitações reais do compressor, buscou-se um
teste cuja entrada pudesse ser a mais generalista possível, tanto em magnitude de força ou
formato do sinal de entrada, quanto em local de aplicação. Ainda, como neste teste o interesse
foi de coletar apenas dados de saída, sem a necessidade de controlar os de entrada, usou-se um
martelo com a extremidade adaptada, como mostrado na Figura 18:
Figura 18 - Martelo modificado para teste de impacto. Fonte: a autora.
Um estudo prévio foi feito sobre o melhor local de impactação com o martelo e o melhor
local de captação do sinal de saída. No entanto, observou-se que, com este teste, as diferenças
causadas por tais variáveis não seriam captadas, logo optou-se pela seguinte configuração de
teste:
Figura 19 - Demonstrativo de local de impacto e de captação do sinal de saída. Fonte: a autora.
65
Feita a impactação, o sinal foi captado pelo acelerômetro e enviado para o Programa em
LabVIEW desenvolvido pela equipe de Instrumentação da área de Pesquisa e Desenvolvimento
da Tecumseh do Brasil. Tal programa segue as seguintes etapas principais:
a. Atribuição, pelo operador de parâmetros de entrada: massa base que será utilizada
durante o teste, número de pontos a serem coletados, taxa de aquisição
(pontos/segundo), número mínimo de pontos válidos necessários, valor máximo do erro
entre curvas teórica e experimental;
b. Pré-processamento do sinal de entrada: filtro passa-baixa (50Hz, afim de mitigar
influência do ruído elétrico), trigger de mínima amplitude (eliminação parcial de ruído
no sinal) e quantidade de pontos considerados;
c. Se houver número mínimo de pontos válidos (parâmetro de entrada), calcula-se a curva
teórica do sinal (a partir da frequência e amplitude de entrada, medidas pelo
acelerômetro) e há continuidade no processamento do sinal, dividindo-o em blocos com
3 picos;
d. Utilizando a localização, no tempo, dos picos e dos vales, calcula-se a frequência média
amortecida, 𝜔𝑑,𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜, do conjunto bloco+grommets analisado;
e. Corrige-se a curva considerando o “shift” com relação ao eixo das abscissas e a fase;
f. Com base nos equacionamentos feitos e na teoria de Decremento Logarítmico, calcula-
se a rigidez equivalente do conjunto, k, e o Tau, τ;
g. Por mínimos quadrados, utilizando os valores coletados de amplitude, fator de
amortecimento e frequência, calcula-se o erro entre a curva teórica calculada e a curva
experimental obtida;
h. Fazendo-se a varredura em todo o sinal após os filtros iniciais, considera-se como
válidos os pontos em que o erro ficou abaixo de valor pré-estabelecido como parâmetro
de entrada. Valores de rigidez, k, e de Tau, τ, finais são os resultados das respectivas
médias considerando, para cada set de cada grommet, 20 medições classificadas como
válidas.
66
Figura 20 - Interface do programa em LabVIEW desenvolvido, para o teste com o martelo modificado, pela equipe de
Instrumentação da Tecumseh do Brasil. Fonte: a autora.
7.2 Teste com excitador eletrodinâmico
O mesmo bloco de aço, soldado aos pés do compressor e acoplado a 4 grommets, é
posicionado, sem fixação, na base do Shaker MAGTRON.
Quatro acelerômetros são postos na estrutura: dois em um dos pés e outros dois no topo
da base de aço. Um acelerômetro do pé e outro da base são conectados ao módulo B&K, com
conexão ao Programa PULSE: estes acelerômetros são responsáveis pela captação dos
deslocamentos de saída, os outputs. Os outros dois acelerômetros são conectados ao sistema de
aquisição com conexão ao programa de controle do Shaker (também em LabVIEW): estes
servem como guias para controle do sinal de entrada, apenas mostrando a coerência entre os
sinais (entrada Shaker x entrada acelerômetro) e mostrando a transmissibilidade da aceleração
de entrada.
A Figura 21 ilustra o posicionamento do bloco no Shaker e dos acelerômetros:
67
Figura 21 - Configuração do teste com excitador eletrodinâmico. Fonte: a autora.
Fixando-se a aceleração de controle do excitador de maneira a garantir que não haja
movimento translacional do conjunto massa + grommets com relação à base do Shaker, faz-se
uma varredura com sinal senoidal de 15 a 500Hz. Determina-se, então, dentro dessa faixa de
frequências, a primeira frequência de ressonância do conjunto, 𝑓𝑟𝑒𝑠.
Submete-se o conjunto a essa excitação 𝑓𝑟𝑒𝑠 fixa por um tempo e, em seguida, desliga-
se o Shaker. Faz-se então a aquisição do sinal, medindo-se, no domínio do tempo, o sinal
resiliente de atenuação da vibração.
Abaixo, tem-se uma curva obtida pelo teste e tratada pelo Programa PULSE:
Acelerômetro “no topo”
Acelerômetro “no pé”
Bloco de aço
Base do excitador
Grommets
68
Figura 22 - Curva típica obtida pelo teste com o Shaker.
Nota-se, no gráfico, o caráter amortecido do movimento, com amplitudes decrescendo
exponencialmente assim que cessada a excitação. Os picos e vales do decaimento são os utilizados para
o cálculo do fator de amortecimento, 휁, como exibido na Seção 6.1 (método do decremento
logarítmico).
Na Figura 27, o cursor do programa foi propositalmente posicionado em um ponto da curva
onde observou-se não haver mais influência da vibração causada pela excitação e do amortecimento.
Como aponta o indicador à direita superior do gráfico, o valor da amplitude de aceleração a 45,867 s é
1,499 x 10-3 m/s2.
69
8 RESULTADOS E DISCUSSÕES
8.1 Resultados do Teste com o Martelo Modificado
Os resultados obtidos a partir do teste com o martelo adaptado são expostos a seguir. Os
valores apresentados já consideram que há 4 grommets acoplados ao sistema testado, ou seja,
assumindo que a constante de tempo e a frequência amortecida são iguais para todos os 4
atenuadores acoplados ao pé do bloco de aço, os valores equivalentes extraídos do teste são
divididos por 4. Obtêm-se, assim, a rigidez, o fator de amortecimento, o fator de perda e o
decremento logarítmico por grommet:
Tabela 2 - Parâmetros extraídos do teste com o martelo adaptados, pré-carga de 6,505 Kg e 4 grommets acoplados.
A análise desta primeira tabela já evidencia a interdependência entre os resultados de
rigidez (k) e da constante de tempo (τ) para os grommets quando submetidos à massa de
6,505Kg: quanto maior o valor de rigidez, há tendência de menor ser o de tau. Ou seja, quanto
mais rígido o material, menor é o tempo para o material voltar à posição de equilíbrio após a
perturbação.
Confirmando a teoria (𝜏 =1
2𝜋𝑓𝜉, como exposto na Tabela 1) , os resultados exibidos na
tabela indicam que, para se obter valores maiores de tau, deve-se diminuir a rigidez do material.
• O menor Tau foi apresentado pelo grommet 1 Baseline, o qual apresentou maior rigidez;
• O maior Tau foi apresentado pelo grommet 4 Baseline, o qual apresentou menor rigidez;
ωd
(rad/s)
f
(Hz)
15,62 0,02 307,27 48,90 0,18 0,36 1,14
7,29 0,06 209,84 33,40 0,08 0,16 0,51
7,48 0,04 212,56 33,83 0,11 0,23 0,72
9,70 0,03 242,18 38,54 0,12 0,25 0,78
8,97 0,04 232,89 37,07 0,11 0,22 0,69
5,77 0,07 186,67 29,71 0,08 0,16 0,51
7,24 0,06 209,23 33,30 0,08 0,16 0,49
8,44 0,06 225,80 35,94 0,07 0,14 0,43
13,25 0,03 283,00 45,04 0,10 0,21 0,65
M= 6,505 Kg
Longitudinal Z
6 Baseline
Frequência
amortecidaRigidez,
k
(kgf/mm)
Constante
de tempo,
τ
(s)
Fator de
amortecimento,
ζ
Fator de
perda,
η
Decremento
logarítmico,
δ
5 Baseline EPDM
5 + Dureza EPDM
3 Baseline
4 Baseline EPDM
1 + Mem. Elást.
2 Baseline
1 Baseline
1 + Dureza
Grommet
70
Nota-se, contudo, que a relação entre rigidez e dureza não ficou clara a partir desses
primeiros resultados: para o grommet 1, o modelo Baseline, cuja dureza Shore A é menor que
para o modelo de maior dureza, apresentou maior rigidez; já para o grommet 5, o modelo
Baseline, com menor dureza, apresentou rigidez ligeiramente menor que o modelo com maior
dureza.
Ainda da análise da Tabela 1, destaca-se a diferença entre as frequências amortecidas,
apesar de estarem todas abaixo de 50Hz, faixa restrita se comparada ao espectro de frequência
dos compressores. Atenuadores do material 1 podem ter suas frequências distintas de 15 Hz por
consequência de mudanças na dureza ou na memória elástica do componente. Já entre os 6
grommets, há diferença de frequência de quase 20 Hz. O que chama a atenção nesse aspecto é
o fato dos grommets 1 e 6 Baseline apresentarem frequências naturais próximas a 50 Hz. Haja
visto que existem compressores fabricados pela Tecumseh cuja aplicação é nessa frequência,
há alto risco de ocorrer o fenômeno da ressonância se houver essa grande proximidade entre a
frequência de funcionamento, excitação, e a frequência natural de vibração.
• Todos os grommets apresentaram frequências naturais amortecidas abaixo de 50 Hz;
• Os grommets 1 e 6 Baseline apresentaram frequências naturais amortecidas muito
próximas de 50 Hz, o que pode representar risco de ressonância para algumas
aplicações.
No que concerne ao fator de amortecimento - e, consequentemente ao fator de perda e
ao decremento logarítmico, já que ambos são calculados diretamente a partir ζ - observa-se
novamente a discrepância da amostra 1 Baseline frente aos demais. Buscando-se um maior fator
de amortecimento, tal grommet 1 Baseline seria a melhor opção. Ademais, confirma-se com
tais valores o caráter subamortecido do sistema estudado.
• O grommet 1 Baseline apresentou o maior fator de amortecimento;
• Confirmou-se, experimentalmente, a característica subamortecida do sistema.
Como já exposto neste documento, muitos são os fatores que podem influenciar as
propriedades de amortecimento das estruturas. Visando o estudo da influência da massa, testes
com massas maiores foram realizados. Seguem os resultados:
71
Tabela 3 - Parâmetros extraídos do teste com o martelo adaptados, pré-carga de 8,507 Kg e 4 grommets acoplados.
Por último, variou-se a massa para 11,675Kg, buscando-se representar os compressores
maiores.
Tabela 4 - Parâmetros extraídos do teste com o martelo adaptados, pré-carga de 11,675 Kg e 4 grommets acoplados.
Observa-se que, para ambas as massas, 8.570Kg e 11.675Kg, novamente confirma-se a
tendência na relação entre os valores de rigidez e de Tau:
• O menor Tau foi apresentado pelo grommet 1 Baseline, o qual apresentou sempre a
maior rigidez;
• Os maiores valores de Tau continuam correspondendo aos menores valores de rigidez;
ωd
(rad/s)
f
(Hz)
16,23 0,02 272,73 43,41 0,17 0,35 1,10
7,42 0,07 184,46 29,36 0,08 0,16 0,51
7,79 0,04 188,90 30,06 0,13 0,26 0,83
11,53 0,04 229,92 36,59 0,11 0,22 0,70
11,25 0,04 227,11 36,15 0,10 0,20 0,62
6,25 0,07 169,19 26,93 0,09 0,17 0,54
8,33 0,07 195,40 31,10 0,08 0,16 0,49
9,29 0,07 206,32 32,84 0,07 0,14 0,44
13,61 0,04 249,74 39,75 0,10 0,21 0,66
M=8,570 Kg
5 Baseline EPDM
5 + Dureza EPDM
6 Baseline
1 Baseline
1 + Dureza
1 + Mem. Elást.
2 Baseline
3 Baseline
4 Baseline EPDM
Grommet
Longitudinal Z
Rigidez,
k
(kgf/mm)
Constante
de tempo,
τ
(s)
Frequência
amortecidaFator de
amortecimento,
ζ
Fator de
perda,
η
Decremento
logarítmico,
δ
ωd
(rad/s)
f
(Hz)
15,73 0,03 230,05 36,61 0,17 0,33 1,04
7,97 0,12 163,77 26,06 0,05 0,11 0,33
8,58 0,05 169,85 27,03 0,12 0,24 0,77
13,17 0,05 210,53 33,51 0,10 0,19 0,61
10,46 0,06 187,60 29,86 0,09 0,18 0,57
7,62 0,11 160,08 25,48 0,06 0,12 0,36
8,31 0,08 167,16 26,60 0,08 0,16 0,50
11,73 0,09 198,66 31,62 0,06 0,11 0,36
15,12 0,04 225,54 35,90 0,10 0,20 0,63
Fator de
amortecimento,
ζ
Fator de
perda,
η
Decremento
logarítmico,
δ
Longitudinal Z
M=11,675 Kg
2 Baseline
3 Baseline
4 Baseline EPDM
5 Baseline EPDM
5 + Dureza EPDM
6 Baseline
1 Baseline
1 + Dureza
1 + Mem. Elást.
GrommetRigidez,
k
(kgf/mm)
Constante
de tempo,
τ
(s)
Frequência
amortecida
72
Igualmente à analise anterior, a presente, com maiores pré-cargas, também não
apresentaram padrão na relação entre rigidez e dureza. A relação observada no grommet 1
novamente foi oposta à no grommet 5.
O aumento da pré-carga, diante dessa análise inicial, também não influenciou de forma
significativa o fator de amortecimento, sendo difícil de predizer o comportamento de cada
grommet. Tal ausência de padrão na variação do ζ pode ser observado no gráfico a seguir.
Figura 23 - Gráfico com os valores do fator de amortecimento em Z para cada grommet e cada massa testados.
As próximas analises baseiam-se na tabela a seguir e exploram as possíveis influências
do diâmetro de base e da altura do grommet:
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
1 Baseline 1 + Dureza 1 + Mem.Elást.
2 Baseline 3 Baseline 4 BaselineEPDM
5 BaselineEPDM
5 + DurezaEPDM
6 Baseline
Fato
r d
e am
ort
ecim
ento
, ζ
Z
Grommet
Fator de amortecimento, ζ - em Z
M=6,505 M=8,570 M=11,675
73
Tabela 5- Analise da influência do diâmetro de base e da altura do grommet no fator de amortecimento resultante.
A primeira parte da tabela, à esquerda, é baseada no diâmetro de base. Tem-se 3
divisões: d1 (diâmetro de base dos grommets 1, 2, 3 e 6), d2 (diâmetro de base do grommets 5) e
d3 ((diâmetro de base do grommets 4), sendo que d1 < d2 < d3.
Nota-se que, o menor diâmetro, d1, forneceu valores maiores de fator de amortecimento.
Ainda, o grommet 1 apresentou, para as três pré-cargas, os maiores valores de 𝜉 dentre os 4
grommets com o mesmo diâmetro d1.
Por outro lado, o maior diâmetro, d3, forneceu o menor valor de fator de amortecimento.
A variação da pré-carga não alterou esse padrão.
Assim:
• Um menor diâmetro forneceu, sob as 3 pré-cargas testadas, valores maiores de
fator de amortecimento;
• Diante de uma maior pré-carga, um maior diâmetro mostrou-se a opção menos
eficiente.
A segunda parte da tabela, à direita, é baseada na altura. Tem-se 4 divisões: h1 (altura
dos grommet 5), h2 (altura dos grommets 2, 3 e 6), h3 (altura do grommet 1) e h4 (altura do
grommet 4), sendo que h1 < h2 < h3 < h4.
Nota-se que, entre h1, h2 e h3, uma maior altura forneceu um melhor fator de
amortecimento: No entanto, ao aumentar mais a altura para h4, ocorreu uma queda da atenuação.
74
Os padrões verificados na divisão a partir do diâmetro de base não foram encontrados na divisão
baseada na altura do grommet. Contudo, vale ressaltar que não apenas a altura do grommet 4 é
diferente como também seu perfil, em várias camadas – único grommet com esse aspecto.
8.2 Discussão Complementar e Limitações do Teste com o Martelo Modificado
Apesar de compatível com a intenção de recriar um cenário o mais próximo possível da
realidade, tal teste tem um considerável desvio padrão intrínseco, haja visto que incorpora uma
soma de imprecisões.
Como a impactação é feita pelo operador, inevitavelmente existe a variação da força de
entrada, do ângulo e do local de impactação. A isso é somado o fato de, a cada impactação, a
frequência ser diferente, logo o valor do amortecimento é, também por essa variante,
modificado.
8.3 Resultados do Teste com o Excitador Eletrodinâmico
Tendo como base os resultados do teste com o martelo modificado, entendeu-se que as
variações de pré-carga às quais os grommets são submetidos na vida real não ocasionam grandes
mudanças nas propriedades analisadas. Assim, por questões práticas, optou-se por delimitar a
realização dos próximos testes à massa fixa de 7,695Kg, que representa bem os compressores
mais comercializados atualmente pela Tecumseh do Brasil.
Os resultados preliminares obtidos até o momento a partir do teste com o excitador
eletrodinâmicos são então apresentados:
75
Tabela 6 - Valores de fator de amortecimento extraídos do teste com o excitador eletrodinâmico.
Nota-se, de imediato, que as medições no topo e no pé, para cada grommet, forneceram
valores praticamente iguais de fator de amortecimento.
Para este teste, como dito no início deste documento, foram incorporados às amostras
iniciais feitas de EPDM grommets feitos de SBR para verificar a possibilidade de utilizar esse
material como alternativa mais barata de fabricação. Os testes no excitador eletrodinâmico
mostraram pouca diferença nos resultados de fator de amortecimento, tanto para o caso do
grommet 4 quanto para o 5.
Como pode ser observado na tabela seguinte, os valores obtidos nesse teste não são
idênticos aos do teste anterior, porém há satisfatória proximidade. A essa altura, não há dados
suficientes para determinar o quanto dessas diferenças é proveniente de imprecisões da medição
ou maior adequação de um teste em detrimento do outro.
Topo Pé Média
1 +MemoElastica 0,114 0,113 0,11
3 Baseline 0,112 0,115 0,11
4 Baseline EPDM 0,102 0,100 0,10
4 Baseline SBR 0,088 0,085 0,09
5 Baseline EPDM 0,116 0,105 0,11
5 Baseline SBR 0,102 0,100 0,10
5 +Dureza 0,100 0,091 0,10
Fator de amortecimento médio,
ζ
Longitudinal Z
M=7,695 Kg
Grommet
76
Tabela 7 - Comparativo dos valores de fator de amortecimento obtidos nos dois testes, para cada grommet e pré-carga testados.
Shaker
6,505 Kg 8,570 Kg 11,675 Kg 7,695 Kg
1 +MemoElastica 0,11 0,13 0,12 0,11
3 Baseline 0,11 0,10 0,09 0,11
4 Baseline EPDM 0,08 0,09 0,06 0,10
4 Baseline SBR - - - 0,09
5 Baseline EPDM 0,08 0,08 0,08 0,11
5 Baseline SBR - - - 0,10
5 +Dureza 0,07 0,07 0,06 0,10
Grommet Martelo
Fator de amortecimento médio,
ζ
Longitudinal Z
77
9 CONCLUSÕES
• Todos os grommets apresentaram frequências naturais amortecidas abaixo de 50 Hz;
• Em ambos os testes se confirmou a natureza subamortecida do sistema;
• Variando-se a massa do bloco rígido utilizado nos testes, 6,505 Kg, 8,570 Kg
e11,675Kg, as variações nos parâmetros estudados não forneceram resultados
conclusivos a respeito da influência da pré-carga nos valores de amortecimento final.
Testes posteriores são previstos;
• No que concerne à influência do diâmetro de base, os resultados obtidos apontam para
uma variação inversamente proporcional entre este parâmetro e a eficiência de
amortecimento, principalmente frente a um valor maior de pré-carga;
• Em primeira análise, a influência da altura não seguiu um padrão linear para cada pré-
carga;
• Usualmente, o grommet 4 é o utilizado para o amortecimento de compressores maiores.
No entanto, os resultados apontam para uma menor eficiência desse atenuador quando
sob maior pré-carga;
• Observou-se que, para o grommet 1, uma maior dureza fornece resultados
expressivamente menores de fator de amortecimento; já para o grommet 5, um aumento
da dureza fornece resultados praticamente iguais ao Baseline;
• Ambos os materiais, EPDM e SBR, apresentaram valores similares de fator de
amortecimento;
• As comparações dos resultados extraídos pelos dois métodos experimentais fornecem a
ordem de grandeza dos parâmetros analisados e uma ideia prévia dos valores reais. Os
valores extraídos de rigidez e amortecimento já podem servir como guias para
complementar os modelos de dinâmica de multicorpos.
78
79
10 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
➢ Verificar se os comportamentos observados no eixo longitudinal Z se repetem nos
eixos X e Y, com cisalhamento predominante;
➢ Explorar técnicas para obtenção de propriedades dinâmicas de materiais viscoelásticos
como: vigas de Oberst e vigas sanduíche;
➢ Fazer a análise modal da estrutura;
➢ Ensaios em temperatura;
➢ Estudar a transmissibilidade para o gabinete;
➢ Estudar outras alternativas de material;
➢ Utilizar ferramentas de simulação multicorpos e de elementos finitos para validar os
resultados.
80
81
REFERÊNCIAS
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Viscoelastico para Uso em Estruturas. 2002. Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia
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